SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDECOORDENADORIA DE CONTROLE DE DOENÇAS
INSTITUTO ADOLFO LUTZDIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO
Ref.: PROCESSO: 0001 0701 000.242/2010
INTERESSADO: CASA DO LABORATORIO COMERCIAL DO RIO PRETO
ASSUNTO: APLICAÇÃO DE MULTA
Em,26/04/2010
Oficio nº 299/2010
Senhor Diretor,
Considerando a interposição de recursos
apresentada pela empresa Casa dos Laboratórios Comercial Rio Preto Ltda -
Me, com data de 30/03/2010, temos o seguinte posicionamento sobre a
possível aplicação de multa por atraso de entrega dos bens permanentes
adquiridos pelo Instituto Adolfo Lutz.
A empresa Casa dos Laboratórios
Comercial Rio Preto Ltda - Me, foi vencedora do Pregão e Eletrônico nº
42/2009 do processo nº 242/2009, cujo objetivo era o fornecimento de
equipamentos laboratoriais no valor de R$ 40.022,00 ( quarenta mil e vinte
dois reais), cujo prazo de entrega constantes no edital eram de15 (quinze) dias
após a retirada da 2009NE1204 emitida em 18.09.2009 e data limite de
entrega dos equipamentos era em 05.11.2009.
Em 04.11.2009, a empresa Casa dos
Laboratórios Comercial Rio Preto Ltda- Me, manifestou – se formalmente,
solicitando a prorrogação de forma tempestiva e ainda informou que a entrega
dos equipamentos seria efetuada de forma parcial sendo para o dia
06.11.2009, a primeira entrega e a segunda para o dia 30.11.2009,
A Administração, autorizou a prorrogação
por meio do Oficio DG nº 620/2009, considerando a justificativa apresentada
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pela empresa, e ficou aguardando a entrega dos equipamentos. Em
06/11/2010, ocorreu a primeira entrega, motivo pelo qual a empresa foi
isentada da aplicação de multa por esta Administração, e o Instituto ficou
aguardando a entrega final se concretizar em 30.11.2009.
Ocorre que, no dia fixado pela empresa
para concluir a entrega, esta não se concretizou, somente em 02/03/2010, a
mesma manifestou – se formalmente, informando que a entrega final dos
equipamentos estava prevista para o dia 05.03.2010, e vem alegando que o
motivo principal do atraso se deu por FORÇA MAIOR.
Esta Administração, em 25.03.2010,
exarou o Oficio nº 151/2010, para notificar a empresa Casa dos Laboratórios
Comercial Rio Preto Ltda – Me.
Analisando as simples alegações da
empresa, e os ditames legais pertinentes a contrações e aquisições de
materiais e equipamentos que são efetuadas nas varias, esferas públicas, é
oportuno deixar claro que, quando o Instituto Adolfo Lutz decidiu efetuar a
aquisição dos equipamentos foi porque necessitava de desenvolver suas
atividades, focado na melhoria continua da saúde publica da população.
Na ocasião do certame, existiam outras
empresas participantes e a empresa Casa dos Laboratórios Comercial Rio
Preto Ltda- Me, venceu por ter ofertado o menor preço, porém a licitação não
se pauta somente no critério de menor preço, as empresas tem que cumprir os
demais critérios, a saber: prazo de entrega, documentação, qualidade dos
equipamentos e outros, tem que ter certeza que irá cumprir a totalidade dos
critérios.
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Insta salientar que, a licitação destina-se
a garantir dentre outros a observância do princípio constitucional da isonomia
e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e deve ser
processada e julgada em conformidade como os princípios listados no art.3º
da Lei 8.666/93. Sabe-se que a Administração não pode em hipótese alguma,
fazer exigências que frustrem o caráter competitivo do certame, mas sim
garantir a ampla participação na disputa licitatória, possibilitando que
compareça o maior número possível de interessados, desde que tenham
qualificação técnica e econômica para garantir o cumprimento das obrigações.
Isso também possibilita que a proposta mais vantajosa para a Administração
seja encontrada em um universo mais amplo.
O art. 55 da Lei 8.666/93 (Lei de
Licitações), estabelece as cláusulas necessárias que deve conter em todo
contrato administrativo, entre elas destaca-se a do inciso IV:
“Art. 55
(...) IV- os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de observação e de recebimento definitivo, conforme o caso;
”O art. 57, § 1º, II, por sua vez, dispõe:
“§ 1º Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico—financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos, devidamente autuados em processo:
II superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condições de execução do contrato;”(GN)
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Na situação em questão, está bem
delineado que a empresa Casa dos Laboratórios Comercial Rio Preto Ltda -
Me, só atendeu naquele momento (licitação), o critério do menor preço e
apresentação de documentos, pois se somarmos atualmente todos os gastos
com telefonia, tendo em vista que ficamos por diversas vezes cobrando
insistentemente uma posição sobre a entrega e sempre foi infrutífera. Houve
um custo para Administração, fora isto, o equipamento não foi entregue como o
esperado, causando um transtorno ao desenvolvimento das atividades do
Instituto Adolfo Lutz.
A empresa Casa dos Laboratórios
Comercial Rio Preto Ltda - Me, alega que o atraso ocorreu em virtude de ser
um representante comercial e depende de terceiros, que (mudaram de
instalação) para fabricar os equipamentos solicitados por esta instituição, e
ainda justifica que é por motivo de “FORÇA MAIOR”, o não cumprimento dos
prazos propostos por esta Administração.
Talvez a empresa Casa dos
Laboratórios Comercial Rio Preto Ltda- Me, desconheça os diplomas legais
que regem o assunto e que a administração tem o dever de respeitar os
princípios constitucionais entre eles o da moralidade administrativa. O nosso
ordenamento jurídico, já prevê fatos supervenientes ou motivo de “FORÇA
MAIOR” como a empresa menciona.
É oportuno mencionar que segundo
HELY LOPES MEIRELLES (Direito Administrativo, 1996, p. 204), os fatos
supervenientes ou motivo de “FORÇA MAIOR” estão abrangidos pela Teoria
da imprevisão:
*Quando sobrevêm eventos extraordinários, imprevistos ou imprevisíveis, onerosos,
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retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, a parte atingida fica liberada dos encargos originários e o contrato há que ser revisto ou rescindido, pela aplicação da teoria da imprevisão provinda da cláusula /rebus sic stantibus/, nos seus desdobramentos de força maior, caso fortuito, fato do príncipe, fato da administração e interferências imprevistas*.
Para a Prof.ª Dr. ª MARIA SYLVIA
ZANELLA DI PIETRO (Direito Administrativo, 2003, p. 255), porém, a teoria da
imprevisão seria aplicável tão somente na chamada álea econômica.
A teoria da imprevisão consiste no
reconhecimento de que a ocorrência
de eventos novos, imprevistos e imprevisíveis pelas partes, autoriza a revisão
do contrato, para seu ajustamento às circunstâncias supervenientes.
Ressalte-se que, se não fosse aplicada
tal teoria, a própria Administração poderia sofrer sérias conseqüências: os
concorrentes, sabendo dos riscos a que estariam sujeitos, incluiriam isso no
custo de suas propostas, elevando-as consideravelmente. Isso, obviamente, na
hipótese de haver algum interessado em contratar com a Administração.
FORÇA MAIOR é um evento humano,
imprevisível e inevitável, que impede absolutamente a execução do
contrato (MEIRELLES,H.L.Direito,Administrativo,1996,p.206).(GN)
A conseqüência da FORÇA MAIOR é a
liberação de ambas as partes do cumprimento do contrato; (DI PIETRO,
M.Z. Direito Administrativo, 2003, p. 263), ensejando sua rescisão, conforme
art. 78, XVII, da Lei Federal nº 8.666.93 e demais alterações.
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CASO FORTUITO é o evento da
natureza, imprevisto e inevitável, que impede absolutamente a execução do
contrato (MEIRELLES, H.L. Direito Administrativo, 1996, p. 2)
Corroborando mais o assunto,
visando exemplificar para não pairar, dúvidas que por ventura ainda persistam,
trazemos a lume os ensinamentos do jurista Prof. Dr. Orlando de Almeida
Secco :
“a força maior evidencia um acontecimento
resultante do ato alheio
(fato de outrem) que sugere os meios de que
se dispõe para evita-lo, isto é, além das
próprias forças que o indivíduo possua para se
contrapor, sendo exemplos: guerra, greve,
revolução, invasão de território, sentença
judicial específica que impeça o cumprimento
da obrigação assumida, desapropriação etc.”
Ou seja, todos os atos ou ações humanas que
se tornem obstáculos a outrem, impedindo-os
de agir ou cumprir com seus direitos ou
deveres”. (GN) - Introdução ao Estudo do
Direito, Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1981, p.
125.
Sobre o termo CASO FORTUITO, tema
este antigo, segundo o jurisconsulto romano Domicio Ulpiano, assim o
conceituou:
“Fortuitus casus est, qui nullo humano consilio praevideri potest”. Traduzida a frase o conceito seria: caso fortuito é aquele que não pode ser previsto por nenhum meio humano. Em outras palavras seria todo acontecimento de
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ordem natural que gera efeitos no mundo jurídico. Podemos dar como exemplo: as erupções vulcânicas, os terremotos, estiagem, inundação por meio de chuvas abundantes (e não por represas construídas artificialmente), quedas de raio, aluvião, etc.” (GN)
Assim estando os termos bem definidos e
exemplificados, tornam-se inaceitáveis as justificativas arrazoadas pela a
empresa Casa dos Laboratórios Comercial Rio Preto Ltda- Me., uma vez que
quando participou do certame concordou com todos os termos nele
explicitados e estava previsto no instrumento editalício, que o não fiel
cumprimento das cláusulas estipuladas, a empresa estaria sujeita, às sanções
aplicáveis, previstas em lei.
A administração teve como fundamento a
Resolução SS-26 de 09/02/1999, para aplicação da multa, e é possível
observar no bojo do seu art. 2º. que menciona :os atrasos injustificados na
entrega do material, relativamente aos prazos previstos, sujeitarão o
fornecedor a multas calculadas progressiva(GN)
Caso a empresa Casa dos Laboratórios
Comercial Rio Preto Ltda- Me. pretenda que esta administração isente de
multa, terá que justificar sobre quais os motivos que realmente provocaram o
atraso da entrega dos equipamentos.
A conduta praticada por esta
Administração não é isolada e nem pessoal e sim focada estritamente no
disposto nos princípios delineados na Constituição Federal e no diploma legal
de licitações que transcrevemos a seguir:
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Art. 82. Os agentes administrativos que praticarem atos em desacordo com os preceitos desta Lei ou visando a frustrar os objetivos da licitação sujeitam-se às sanções previstas nesta Lei e nos regulamentos próprios, sem prejuízo das responsabilidades civil e criminal que seu ato ensejar.
Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, ainda que simplesmente tentados, sujeitam os seus autores, quando servidores públicos, além das sanções penais, à perda do cargo, emprego, função ou mandato eletivo.
Fica mantida a decisão do Oficio
nº151/2010, e INDEFIRO o solicitado na carta s/nº de 02/03/2010.
Em atenção a norma constitucional que
prevê o amplo direito de defesa constante no inciso LV do art. 5º,: "Aos
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e a ampla defesa, com meios e recursos a ela
inerentes;", e ainda considerando o art.109 alínea “f”, da Lei Federal nº 8
666/93 e demais alterações, fica a empresa notificada a interpor recursos em 05
(cinco) dias, a partir do recebimento da presente.
DRA MARTA LOPES SALOMÃO DIRETOR GERAL
Ilmo Sr.Diretor Comercial CASA DO LABORATORIO COMECIAL RIO PRETO LTDA – MERua João Mesquita,1348-9q Industrial São José do Rio Preto /SP – CEP 15025-035Fone/Fax (17) 3211-8300
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