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LEGITIMAÇÃO SUCESSÓRIA

LEGITIMAÇÃO SUCESSÓRIA

• O primeiro passo é a identificação da condição de herdeiro que se dá:

• A) Pela previsão como sucessor na ordem de vocação hereditária ou;

• B) Através de nome indicado em testamento.

• A transmissão causa mortis necessita: 1) da condição de herdeiro e 2) legitimação para suceder.

• Essa legitimação consiste na aptidão para receber a herança.

• Momento para verificação: na abertura da sucessão (art. 1.798 CC)

• Importante: verificar, de acordo com a legislação vigente na data da abertura da sucessão.

• A aptidão para suceder é aferida de acordo com a possibilidade de a pessoa vir a ser titular de uma herança e exige-se alguns critérios:

• Personalidade• Coisas inanimadas ou animais não têm legitimidade sucessória.• O chamado a suceder deve existir no momento da abertura da sucessão.

• Se já falecido na sucessão legítima: defere-se a herança aos demais da mesma classe ou da seguinte por direito de representação dos descendentes do pré-morto.

• Se já falecido na sucessão testamentária: torna-se ineficaz o benefício devolvendo-se o quinhão ou legado à massa.

• Excepcionalmente: defere-se a herança a pessoa ainda não existente no momento da abertura da sucessão.

• Direito do nascituro (art. 1798): se já concebido quando da abertura da sucessão tem preservada a titularidade condicionado ao nascimento com vida.

• Prole eventual (art. 1799, I): eventual concepção de um filho. Neste caso o direito é condicional, se subordinando a sua aquisição ao evento futuro e incerto.

• De acordo com o art. 1800, §4º o prazo para concepção é de 2 anos a partir da abertura da sucessão (prazo de espera). O testador pode impor um limite inferior.

• Pessoa Jurídica: inscrição do ato constitutivo no respectivo registro.

• Somente se previsto em testamento, exceto o Poder Público (herança vacante)

• Pode também destinar bens a pessoa jurídica não existente: (art. 1799, III)

• O Código Civil restringe em determinadas situações aqueles que não podem receber a herança, dentre elas:

• Indignidade;• Deserdação e;• Inaptidão de ser herdeiro testamentário.

• Exclusão pela indignidade:

• É a retirada da sucessão de quem era, até então capaz, em virtude de atos de ingratidão.

• O legislador criou uma pena civil ao sucessor pela conduta ofensiva à pessoa ou honra do de cujus ou atentatória contra sua liberdade de testar.

• O CC/02: acrescentou o cônjuge - herdeiro necessário.

• Causas de exclusão por indignidade:

• Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:

• I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente;

• OBS: para aplicação da exclusão não há necessidade de prévia condenação criminal.

• II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;

• III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.

• OBS: se a conduta não produzir efeito de inibir a livre disposição de bens desconsidera-se a ofensa não se justificando a exclusão do herdeiro.

• Procedimento para obtenção da exclusão.

• Só se fará por sentença proferida em ação declaratória com esta finalidade (art. 1815). Mesmo condenado criminalmente é necessário um processo próprio no juízo cível.

• A legitimidade para propor ação é estendida a qualquer interessado.

• Momento para propositura da ação: a partir do falecimento com prazo prescricional de 4 anos (art. 1815, parágrafo único).

• O próprio ofendido se quiser excluir o herdeiro necessário da sucessão deverá fazer por deserdação.

• A indignidade favorece apenas os descendentes do indigno, que receberão o quinhão deste por representação, não podendo dele se beneficiar os demais herdeiros previstos na ordem de vocação hereditária.

• Na ausência de descendentes do indigno, os sucessores da classe imediata receberão.

• Efeitos do reconhecimento judicial da indignidade:

• A sentença declaratória produz efeito ex tunc, retroagindo à data da abertura da sucessão.

• Os efeitos são pessoais. Se não existir descendentes seu quinhão volta ao monte.

• Não poderá administrar estes bens em favor dos filhos e nem participará desta parte numa possível sucessão de seus filhos.

• E exclusão só se opera após o trânsito em julgado: condição resolutiva. É o chamado herdeiro aparente.

• Terceiros de boa-fé não podem ser lesados, salvo se receberem gratuitamente.

• A exclusão é limitada à herança do ofendido, podendo receber heranças de outros parentes que vierem a falecer.

• Reabilitação do indigno:

• Perdão do indigno (art. 1818)

• Ato exclusivo do ofendido e exige-se ato autêntico ou testamento perdoando. A declaração é expressa.

• O perdão é irretratável e impede qualquer discussão futura.

• Distinção entre a falta de legitimação para suceder e indignidade:

• A falta de legitimação: não há direito. • Já a indignidade: retira o direito de suceder.

• A legitimação é inerente à pessoa do herdeiro. • A indignidade é uma pena imposta em razão de uma conduta

ilícita.

• Ausente a legitimação: nunca existiu o direito. • O indigno: é excluído.

• Como na legitimação: não se chega a adquirir a herança o quinhão da pessoa devolve-se ao monte.

• Na indignidade: o quinhão transmite-se aos seus descendentes, se houver.

SUCESSÃO LEGÍTIMA

• É a transmissão causa mortis deferida às pessoas indicadas na lei.

• Esta indicação é feita através:

• Da ordem de vocação hereditária• Ou por regras próprias (art. 1790)

• As pessoas indicadas são classificadas em classes: existência de um herdeiro em determinada classe exclui os das demais.

• Pessoas da mesma classe: os graus mais próximos excluem os mais remotos, ressalvado o direito de representação.

• Quando o título da herança for idêntico entre os herdeiros (todos na mesma classe e grau) : cabeça ou direito próprio.

• Quando se opera mediante representação (ou por estirpe): os herdeiros recebem o que o por cabeça receberia.

• A sucessão legítima ocorre nas seguintes hipóteses: (Art. 1788)

• 1. Na ausência de testamento válido.

• 2. Se o testamento perder a eficácia.

• 3. Se as disposições não contemplarem a universalidade dos bens deixados pelo testador. O restante irá para sucessão legítima.

• 4. Quando vivos os herdeiros necessários – preservação dos 50% indisponíveis. (art. 1789)

• Atualmente serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau (art. 1839).

• Na falta de familiares a herança irá para o Poder Público.

• Parentesco por afinidade não sucede.

• Critério de convocação: são os herdeiros a serem chamados pela indicação da lei.

• Critério de divisão: a lei determina como será divido cada quinhão hereditário. Diferentes vínculos = partilha desigual

• Ordem de vocação hereditária

• Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:• I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge

sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;

• II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;• III - ao cônjuge sobrevivente;• IV - aos colaterais.

• O legislador deixou de fora os companheiros e tratou no art. 1790 as regras específicas para a união estável:

• Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:

• I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;

• II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles;

• III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;

• IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.

• A distribuição será feita por classes de preferência e seguirá uma ordem legal hierárquica.

• Apenas se não existirem descendentes, ascendentes e viúvo: parentes até o quarto grau.

• Poder Público em último caso.

• A distribuição de verbas relacionadas ao saldo de salário, FGTS, PIS-PASEP, restituição de imposto de renda e saldos bancários de pequeno valor: segue o critério de dependência previdenciária.

• Quanto ao DPVAT: metade ao cônjuge/companheiro não separado e outra metade aos herdeiros indicados na ordem legal de sucessão.

• Sucessão por direito próprio e por representação e partilha em linha.

• Será por direito próprio: o que irá receber é o próprio sucessor do autor da herança - recebendo sozinho ou partilhando com outros de igual preferência e na mesma qualidade.

• Levam-se em conta que os graus mais próximos excluem os mais remotos.

• Na sucessão por direito próprio pode ocorrer a partilha por linha, ao invés de cabeça: só existe na classe dos ascendentes.

• Sucessão por representação

• Direito por representação: os descendentes de um herdeiro pré-morto e se outros existirem na classe e grau do falecido recebem o que aquele teria direito se vivo fosse.

• Preserva-se integralmente o direito dos co-herdeiros, pois os respectivos quinhões são mantidos na proporção original.

• A partilha se faz por estirpe e não por cabeça, assim, independente de quantos forem os herdeiros, receberá a parte que caberia ao seu representado .

• O direito de representação se dá em dois casos:

• Em linha reta descendente

• Em linha colateral em favor somente dos filhos de irmãos do autor da herança quando com irmão concorrer. (tio e sobrinhos)

• Pressupõe a morte antes da abertura da sucessão e que ao menos um herdeiro do grau preferencial exista.

• Caso contrário, todos do grau seguinte receberão por cabeça.

• E se aplica exclusivamente na sucessão legítima.

• Poderá ocorrer:

• Em virtude da pré-morte;• Exclusão por indignidade e • Exclusão por deserdação.


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