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212ª EDIÇÃO QUINTA-FEIRA, 6 DE JUNHO DE 2013 A GAZETA

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Comissão veta“dupla função”de Afif

A Comissão de Ética do Estadode São Paulo opinou ontem pela“impossibilidade” e pela “inconveniência”do acúmulo de cargos de Afif Domingos(PSD), vice-governador e ministro daSecretaria da Micro e Pequena Empresa.

NO ESTADOLEI FACILITA A CRIAÇÃODE MAIS 12 MUNICÍPIOSVila Velha também pode perder a região de Terra Vermelha

VERA FERRAÇOEDUARDO FACHETTI

A decisão da Câmara dosDeputados em modificar alegislaçãoedevolveraosEs-tadosodireitodecriarnovosmunicípios pode mudar omapadoEspíritoSanto. IssoporquenaAssembleiaLegis-lativa já existem 12 pedidosdeemancipaçãodebairrosedistritos,denorteasuldoEs-tado. Desses, pelo menostrês se enquadram no crité-rio populacional de ter, nomínimo, 12 mil habitantes.

Além disso, 26 bairrosde Vila Velha, que hojecompõem a chamada Re-gião5, jásearticulamparaformar uma nova cidade.

A criação de novos mu-nicípios, entretanto, impli-ca em aumento de gastospara custear as estruturasde Executivo e Legislativodanovacidade,oqueincluinovos prefeitos e vereado-res a serem eleitos e os ser-vidores públicos que darãosuporte à administração.

AeconomistaTâniaVille-la, diretora da Aequus Con-sultoria, responsável pelaRevista Finanças dos Muni-cípios Capixabas, ponderaque “cidades pequenas nãotêm base de arrecadaçãoprópriasignificativa”.Aprin-cipalfontedefinanciamentodelaséoFundodeParticipa-ção dos Municípios (FPM),repassado pela União.

O projeto de lei comple-mentar, aprovado pela Câ-mara dos Deputados na ter-ça-feira, reabre o caminhoparaacriaçãodenovascida-des no país, mas estabelecenormasmais rígidasdasqueexistiamantesde1996.Parabarrar a farra na emancipa-ção de cidades, a Emenda

Constitucional 15/1996 foiaprovada e passou a subor-dinar ao Congresso o surgi-mento de novos municípios.

ESTUDOAgora, o projeto aprova-

do exige a realização de umEstudodeViabilidadeMuni-cipalearealizaçãodeplebis-citosenvolvendonãosóapo-pulação a ser emancipada,como a da chamada cida-de-mãe,queiráperderpartedeseu território.Entreas re-gras está a exigência de umnúmeromínimodehabitan-tes, que irá variar de acordocom a região, além de con-dições econômicas que per-mitam a consolidação e de-senvolvimento dos municí-pios.NoSudeste,queincluioEspíritoSanto,onovomuni-cípio deve ser igual ou supe-rior a 12 mil habitantes.

NoEstadosão12pedidosde emancipação que estãoparadosearquivadosnaAs-sembleia: Itaoca (Cachoei-ro); Nestor Gomes e Guriri(São Mateus); Pedra Azuldo Aracê (Domingos Mar-tins); Campo Grande (Ca-riacica); Santa Cruz (Ara-cruz);BraçodoRio(Concei-ção da Barra); Bebedouro eDesengano (Linhares); Pia-çu (Muniz Freire); Pequiá(Iúna); Paulista (Barra deSão Francisco); e Ibituba(Baixo Guandu). Todos de-ram entrada antes de 1996.

Somente Guriri, Cam-po Grande e Santa Cruzpossuem população igualou superior a 12 mil, se-gundo dados do IBGE.

Diretor da Agência De-senvolvimento SustentáveldePedraAzul,oempresárioCláudio Calmon defende aemancipação da região. “O

distrito de Aracê está aban-donado há décadas. Alémdadistânciafísicade60qui-lômetrosdasede,DomingosMartins, a gestão não chegaperto da gente há muitotempo.Queremosmelhoraros serviços públicos da re-gião”. Para ele, o assuntonão deve ser “polarizado nofatodesecriarmaisgastos”.“Isso é muito simplório”.

VEREADOREm Vila Velha, bastou sa-

berquepoderiaarticularummovimento separatista parao vereador Valter Rocon(PDT) marcar dia para ir àAssembleia. Ele pretendeiniciar conversas com depu-tadoshojepara juntardocu-mentos e tirar a região daGrande Terra Vermelha domapamunicipal.“Voupegartodas as informações neces-sáriasparadarmosapartidanaemancipação.Temoscer-ca de 30 mil habitantes,agênciasdaCaixaEconômi-ca, do Banestes, indústrias eaté o futuro porto de águasprofundas de Ponta da Fru-ta”, defendeu Rocon.

LídercomunitáriodoPar-que Residencial Terra Ver-melha,otaxistaWashingtonCamilo aprova a ideia. “Te-mos comércio diversificadoe estamos no foco do cresci-mento comercial. Precisa-mosde independência,por-queospolíticosdeVilaVelhasónosenxergamnoperíodoeleitoral”, disse.

Otextooriginaljátinhasi-do aprovado no Senado,mas como foi modificadopelaCâmara,teráquepassarpor nova votação na Casa.

CONTINUA pág. 22

Documento:AG06CA021;Página:1;Formato:(274.11 x 381.00 mm);Chapa:Composto;Data:05 de Jun de 2013 23:31:05

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22 POLÍTICAA GAZETA QUINTA-FEIRA, 6 DE JUNHO DE 2013

NOVOS MUNICÍPIOS

Deputados avaliam queperda de receita é problemaParlamentares dizemque crise financeiraexige cautela e podeatrapalhar novas cidades

EDUARDO [email protected]

Caso passe pelo Senado eentreemvigor,a leiqueper-miteacriaçãodenovosmu-nicípiosvaiesbarrarnocrivodosdeputadosestaduais.NaAssembleia Legislativa, par-lamentaresponderamqueacrise financeira pela qualpassam as 78 cidades capi-xabas deve ser levada emcontaantesdequalquermo-dificação no mapa estadual.

O presidente da Casa,Theodorico Ferraço(DEM), é um dos que de-fendequeosparlamentareslevem em consideração ocenárioeconômico. “Omo-mento exige cautela. Já pe-di à Procuradoria-geral daAssembleia para nos apre-sentar um raio-X completoda situação”, afirmou.

Existem na Assembleia12 pedidos de criação de ci-dades; além deles, lideran-ças de 26 bairros de Vila Ve-lha já falam em emancipa-ção.Aatitudeécriticadape-lodeputadoMarceloSantos(PMDB),quetememCaria-cica seu principal redutoeleitoral – lá, Campo Gran-de tenta se separar da atualestrutura administrativa.

“A maioria desses movi-mentos de emancipaçãosurgedemovimentospolíti-cos de alguém que quer setornaroprimeiroprefeitodacidade.OrepassedoEstadocaiu,omomentoédecrisee

aprovar isso seria distribuirpobreza”, dispara Marcelo.

Dary Pagung (PRP),que pretende se reunircomliderançasdeIbituba,em Baixo Guandu, paratratar da emancipação,também é cauteloso. “Dojeito que a crise atingiu os

municípios, temos queanalisar todososdetalhes.Todos os atuais prefeitosestão reclamando de que-da de arrecadação”, diz.

JoséCarlosElias (PTB),por sua vez, afirma que omovimento separatistadas comunidades de Be-

bedouro e Desengano, emLinhares, perdeu força.“Achodifícil que issoacon-teça. Ninguém toca maisno assunto”, avaliou.

Já o governador RenatoCasagrande (PSB) infor-mou, via assessoria, quenão ia comentar o assunto.

CHICO GUEDES

“Aprovar (o projeto de lei) seria distribuir pobreza”, critica Marcelo Santos

Municípios mais novos passam por dificuldadesO município mais jovem

do Espírito Santo é Gover-nador Lindenberg, no No-roeste. Em maio de 1998, acidade deixou de pertencera Colatina e hoje é coman-dadaporPauloCézarCora-dini (PDT). A cidade possuinove vereadores e, em2010, registrou a 21ª piorarrecadação do Estado: R$23,9 milhões. Mais de umterçodisso(R$9,7milhões)foigastoparacustearofun-cionalismo municipal.

Situação semelhante vi-veSãoRoquedoCanaã, ci-dade localizada no Norte

capixabaecriadaem1997.Por lá vivem 11,2 mil pes-soas, segundo o IBGE.

Só com a folha de paga-mento, a prefeitura gastouR$7,7milhõesdosR$17,6milhões da receita total. ACâmara, com nove parla-mentares, consumiu R$855,5 mil há três anos.

Na avaliação do espe-cialista em políticas públi-cas Roberto Garcia Si-mões, o panorama dessasduas cidades não é exce-ção à regra. “A grandemaioria dos municípioscriadosnopassadorecente

NOSSA OPINIÃO

Gastos que não beneficiam o povo

Ter a paternidade dacriação de municípios éum trunfo político ten-tador. Mas, dependendodas circunstâncias, po-de ser também um atode inconsequência. Issoocorre quando o distri-to emancipado não temarrecadação suficientepara promover condi-ções de bem-estar à po-pulação – o que já se vêem algumas áreas doEstado. Por isso, épreocupante a existên-

cia na Assembleia Le-gislativa de 12 propos-tas de criação de ci-dades. Implica eleva-dos gastos com a má-quina burocrática daprefeitura e com a Câ-mara de Vereadores,recursos que deveriamser investidos em ser-viços aos cidadãos. Enão se trata de espe-rar que a crise atualpasse ou arrefeça paracriar municípios. Cri-ses vão e voltam.

Metade da bancadavotou a favor da lei

Metade dos 10 deputa-doscapixabasvotouafavordo projeto que abre portaspara criar novos municí-pios:CamiloCola(PMDB),JorgeSilva(PDT),Lauriete(PSC), Manato (PDT) eSueli Vidigal (PDT).

Com restrições ao texto,outros parlamentares te-mem uma brecha que for-mará currais eleitorais ecustaráaltafaturanamanu-tenção da estrutura de ór-gãospúblicos.Votaramcon-traCésarColnago(PSDB)eLelo Coimbra (PMDB). Fal-taram Iriny Lopes (PT),Paulo Foletto (PSB) e Rosede Freitas (PMDB).

“Oprojetoliberalizaumafesta e um gasto imenso. Opeso da máquina adminis-trativa de uma cidade commilou10milhabitantes se-ráomesmo.Estãopegandocarona na realidade do Pa-rá,ondehádistritoscom30eaté40milhabitantes.Temque ter responsabilidade”,

criticaColnago.Paraotuca-no, não é o caso de fazeremancipações no Estado.

Bancado pelos contri-buintes, outro custo desta-cadoporColnago,LeloeFo-letto é o impacto em cadeiada construção de sedes equadro funcionaldeórgãoscomo delegacias, judiciá-rio, Câmaras e MinistérioPúblico. O ideal, avaliam,seria reanexar cidades pe-quenas ao município-mãe.

JáManatoeJorgeressal-tam que o projeto está bemamarrado para evitar ex-cessos. “A regra faz limita-çõesnonúmerodehabitan-teseemrecursossuficientespara a autonomia adminis-trativa”, diz Manato.

Jorge lembra o represa-mentodeemancipaçõesháanos: “A legislação faz umpontodecorteparanãodei-xarcriarmunicípiospeque-nos e condiciona desmem-bramentos a plebiscitos”.(Rondinelli Tomazelli)BETO OLIVEIRA/AGÊNCIA CAMARA

César Colnago foi contra: “Projeto liberaliza festa”

O QUE PREVÊ O PROJETOt Critérios

O projeto fixa critériospara a criação, fusão edesmembramento demunicípios. A formaçãode novas cidades só serápermitida após a realizaçãode Estudo de ViabilidadeMunicipal e de consultaprévia, mediante plebiscito,às populações envolvidas.

t PopulaçãoO texto também exige uma

população mínima, quevaria de acordo com aregião. Na Região Sudeste,que inclui o Espírito Santo,o novo município deve terno mínimo 12 milhabitantes. Pelo projeto, oestudo de viabilidademunicipal precisa ter apoiode 20% dos eleitores daárea a ser emancipada.

t AssembleiaCom isso, o pedido

segue para AssembleiaLegislativa, que vaiavaliar as condiçõeseconômica-financeira,político-administrativa,sócio-ambiental eurbana. Para conquistara viabilidade econômica,a nova cidade terá quecomprovar arrecadaçãoprópria, especialmentepara financiarEducação e Saúde.

passa por dificuldades”.A economista Tânia Vil-

lela, diretora da AequusConsultoria, responsávelpela Revista Finanças dosMunicípios Capixabas,também acende o sinal dealerta. “A criação de novosmunicípios retira dos de-maisumaparceladoFundodeParticipaçãodosMunicí-pios (FPM), transferido pe-la União. Também terá queserdivididocommais cida-desoICMSeoimpactoseráno município de origem. Épreciso se debruçar sobre oprojeto minuciosamente”.

CARLOS ALBERTO DA SILVA

Roberto Simões fazalerta sobre mudança

Documento:AG06CA022;Página:1;Formato:(274.11 x 381.00 mm);Chapa:Composto;Data:05 de Jun de 2013 22:48:00


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