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EXECUÇÃO PENAL – LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984 Art. 1

EXECUÇÃO PENAL –LEI Nº 7.210,

DE 11 DE JULHO DE 1984

Institui a Lei de Execução Penal.

` TÍTULO I – DO OBJETO E DA APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL

Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal eproporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.

1. BREVES COMENTÁRIOS

A pena tem tríplice finalidade (polifuncional): retributiva, preventiva (geral e especial)

e reeducativa. Explica Flávio Monteiro de Barros (Direito Penal – Parte Geral, Ed. Saraiva,p. 435):

a) a prevenção geral (visa a sociedade) atua antes mesmo da prática de qualquer infraçãopenal, pois a simples cominação da pena conscientiza a coletividade do valor que o direitoatribui ao bem jurídico tutelado.

b) a prevenção especial e o caráter retributivo atuam durante a imposição e execução dapena.

c) finalmente, o caráter reeducativo atua somente na fase de execução. Nesse momento,

o escopo é não apenas efetivar as disposições da sentença (concretizar a punição e pre-venção), mas, sobretudo, a ressocialização do condenado, isto é, reeducá-lo para que, nofuturo, possa reingressar ao convívio social. O art. 6º da Resolução 113 do CNJ, em cum-primento ao artigo 1º da Lei nº 7.210/84, determina: “o juízo da execução deverá, dentreas ações voltadas à integração social do condenado e do internado, e para que tenhamacesso aos serviços sociais disponíveis, diligenciar para que sejam expedidos seus docu-mentos pessoais, dentre os quais o CPF, que pode ser expedido de ofício, com base noartigo 11, V, da Instrução Normativa RFB nº 864, de 25 de julho de 2008”.

A LEP também será aplicada (no que couber) às hipóteses de sentença absolutória im-

própria (execução das medidas de segurança). Não se aplica, porém, nos casos de medidassocioeducativas (resposta estatal aos atos infracionais), regradas pelo Estatuto da Criança edo Adolescente (ECA). Vejamos:

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Art. 1 EXECUÇÃO PENAL – LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984 .

Penas (LEP) Medida de segurança (LEP) Medida socioeducativa (ECA)

Em abstrato: prevenção geral(positiva e negativa)

Essencialmente preventiva. Responsabilização doadolescente.

Em concreto:

Prevenção especial + retribuição

Não se nega, porém, seu caráterpenoso, em especial na de natureza

detentiva

Integração social do adolescente +garantia de seus direitos individuais e

sociais

Em execução:

Concretização dos objetivos dasentença + ressocialização

Doença curável: objetiva a cura;

Doença incurável: deixá-lo apto aconviver em sociedade

Desaprovação daconduta social.

Pressupõe fato típico, ilícito, pratica-do por agente culpável

Pressupõe fato típico, ilícito, praticadopor agente não imputável, porém

perigoso (periculosidade)

Pressupõe fato típico, ilícito praticado poradolescente (jamais criança) em conflito

com a Lei.

São princípios orientadores da execução penal:

a) Legalidade: Em vários dispositivos da LEP a legalidade é anunciada. No art. 2º, por exem-plo, “A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o TerritórioNacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Códigode Processo Penal”. O art. 3º, por sua vez: “Ao condenado e ao internado serão assegura-dos todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei”.

b) Igualdade: “Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou política”(art. 3º, parágrafo único, LEP). Assegura que na execução da pena não serão concedidasrestrições ou privilégios de modo indiscriminado, por origem social, política, de raça, cor,

sexo etc.c) Individualização da pena: “Os condenados serão classificados, segundo os seus ante-

cedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal” (art. 5º daLEP). Em síntese, a pena será individualizada conforme a personalidade e antecedentes doagente, bem como o tipo de delito por ele praticado (item 26 da Exposição de Motivos daLEP).

d) Princípio da jurisdicionalidade: o processo de execução será conduzido por um juiz dedireito, como estabelecido no art. 2º: “A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça

ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida...”. A natureza jurisdicional da exe-cução se extrai, ainda, da simples leitura do art. 194: “O procedimento correspondente àssituações previstas nesta Lei será judicial, desenvolvendo-se perante o Juízo da execução”.

ATENÇÃO: a lei reserva à autoridade administrativa a decisão sobre pontos secundários da execuçãoda pena, tais como: horário de sol, cela do preso, alimentação etc. Mesmo nesses casos, resguarda-sesempre o acesso do prejudicado ao judiciário.

e) Outros dispositivos constitucionais relevantes na aplicação da LEP: XLV - nenhumapena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a

decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores econtra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; artigo 5º inciso“XLVII – não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do

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EXECUÇÃO PENAL – LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984 Art. 1

art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis”;“XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a naturezado delito, a idade e o sexo do apenado”; “XLIX – é assegurado aos presos o respeito à inte-gridade física e moral”; “L – às presidiárias serão asseguradas condições para que possam

permanecer com seus filhos durante o período de amamentação”.

2. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA

 ` STF – 640 – “Habeas corpus” e direito de detento a visitas

É cabível “habeas corpus” para apreciar toda e qualquer medida que possa, em tese, acarretar constran-gimento à liberdade de locomoção ou, ainda, agravar as restrições a esse direito. Esse o entendimento daTurma ao deferir “habeas corpus” para assegurar a detento em estabelecimento prisional o direito de recebervisitas de seus filhos e enteados. Na espécie, o juízo das execuções criminais decidira que o condenado nãoteria jus à visitação, visto que a prisão seria local impróprio aos infantes, o que poderia trazer-lhes prejuízosna formação psíquica. A defesa, então, impetrara “habeas corpus” no STJ, que o indeferira liminarmente, ao

fundamento de que a pretensão não se compatibilizava com a modalidade eleita, uma vez que não ofendidoo direito de locomoção do ora paciente. De início, rememorou-se que a jurisprudência hodierna da Corte es-tabelece sérias ressalvas ao cabimento do “writ”, no sentido de que supõe violação, de forma mais direta, aomenos em exame superficial, à liberdade de ir e vir dos cidadãos. Afirmou-se que essa orientação, entretanto,não inviabilizaria, por completo, o processo de ampliação progressiva que essa garantia pudesse vir a desem-penhar no sistema jurídico brasileiro, sobretudo para conferir força normativa mais robusta à Constituição. Arespeito, ponderou-se que o Supremo tem alargado o campo de abrangência dessa ação constitucional, comono caso de impetrações contra instauração de inquérito criminal para tomada de depoimento, indiciamentode determinada pessoa, recebimento de denúncia, sentença de pronúncia no âmbito do processo do Júri edecisão condenatória, dentre outras. Enfatizou-se que a Constituição teria o princípio da humanidade como

norte e asseguraria aos presidiários o respeito à integridade física e moral (CF, art. 5º: “XLIX – é assegurado aospresos o respeito à integridade física e moral” e Pacto de São José da Costa Rica: “Art. 5º Direito à IntegridadeSocial 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e moral. 2. Nin-guém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada da liberdade deve ser tratada com respeito devido à dignidade inerente ao ser huma-no”). Preconizou-se, por conseguinte, que não se poderia tratar a pena com objetivo de retaliação, mas de ressocialização. HC  107701, Rel. Min. Gilmar  Mendes, 13.9.2011. 2ª  T. 

3. QUESTÕES

01. (Defensoria Pública – SP - 2013 – FCC) Sobre a relação entre o sistema penal brasileiro contemporâneo e a ConstituiçãoFederal, é correto afirmar que:

(A) o princípio constitucional da humanidade das penas encontra ampla efetividade no Brasil, diante da adequação concretadas condições de aprisionamento aos tratados internacionais de direitos humanos.

(B) o princípio constitucional da legalidade restringe-se à tipificação de condutas como crimes, não abarcando as faltasdisciplinares em execução penal.

(C) o estereótipo do criminoso não contribui para o processo de criminalização, pois violaria o princípio constitucional danão discriminação.

(D) a seletividade do sistema penal brasileiro, por ser um problema conjuntural, poderia ser resolvida com a aplicação doprincípio da igualdade nas ações policiais.

(E) o princípio constitucional da intranscendência da pena não é capaz de impedir a estigmatização e práticas violadoras dedireitos humanos de familiares de pessoas presas.

02. (Agente Penitenciário - CESPE - 2009 - SEJUS-ES) Em relação à Lei de Execução Penal (LEP), julgue os itens a seguir.

– O objetivo da execução penal é efetivar as disposições de decisão criminal condenatória, ainda que não definit iva, deforma a proporcionar condições para a integração social do condenado, do internado e do menor infrator.

GAB 1 E 2 E

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Art. 2 EXECUÇÃO PENAL – LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984 .

Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Território Nacional,será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal.

Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado pela JustiçaEleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária.

1. BREVES COMENTÁRIOS

Todo condenado ficará sujeito à jurisdição comum, isto é, jurisdição ordinária (federal ouestadual), mesmo que condenado pela Justiça Militar ou Eleitoral (jurisdição especial).

ATENÇÃO: compete ao Juízo das Execuções penais do Estado a execução das penas impostas asentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitosà administração estadual (STJ – súmula 192), e, no mesmo espírito, ao juiz federal da execução criminalcompete a execução da pena dos condenados que estiverem cumprindo pena em presídios federais,mesmo que condenados pela Justiça Estadual, Militar ou Eleitoral.

O presente dispositivo anuncia, ainda, o princípio da legalidade na execução penal: aexecução das sanções penais “não pode ficar submetida ao poder de arbítrio do diretor, dosfuncionários e dos carcereiros das instituições penitenciárias, como se a intervenção do juiz,do Ministério Público e de outros órgãos fosse algo de alheio aos costumes e aos hábitos doestabelecimento” (René Ariel Dotti: “Problemas atuais da execução penal”. RT 563/286).

A Lei 7.210/84 atua como norma primária, ficando a aplicação das regras do CPP na de-pendência de lacuna na Lei de Execução Penal.

Por força do art. 2º, parágrafo único, a LEP aplica-se também ao preso provisório e aocondenado pela Justiça Eleitoral e Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à juris-dição ordinária (impedindo, assim, tratamento discriminatório de presos ou internados sub-metidos a jurisdições diversas).

Os presos que estiverem recolhidos em estabelecimento penal militar, devido à omissãoda Lei castrense, também serão submetidos aos preceitos desta Lei. Nesse sentido: STF, HC104174 / RJ – RIO DE JANEIRO, julgado em 29/03/2011 e STJ, HC 215.765-RS, Rel. Min. GilsonDipp, julgado em 8/11/2011.

Estão assegurados aos presos cautelares (prisão temporária e preventiva, abrangendo,por óbvio, os condenados provisórios) os mesmos direitos dos condenados definitivos (noque couber).

Do exposto, conclui-se ser possível execução penal provisória (antecipando-se benefíciosde execução penal) na hipótese de condenado em 1º grau, preso, aguardando julgamento doseu recurso. Nesse sentido, temos não apenas as Súmulas 716 e 717, ambas do STF, mas, emespecial, a Resolução 113 do CNJ, que disciplina o procedimento.

Conclui Renato Marcão:

“A execução provisória pressupõe, nesses termos, o encarceramento cautelar decorrenteda prisão preventiva e a existência de sentença penal condenatória, sem trânsito em jul-gado definitivo.

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Assim, não havendo recurso do Ministério Público, do assistente de acusação ou do que-relante, restando somente o da defesa, a execução pode ser iniciada em caráter provisó-rio” (Curso de Execução Penal, Ed. Saraiva, p. 37).

A quem compete decidir sobre pedidos formulados pelo réu em sede de execução pro-

visória?

Apesar de haver corrente no sentido de ser o juiz da condenação (TRF 1ª Região, HC1998.01.00.057816-8-DF), entendemos que a Resolução 113 do CNJ, no seu art. 8º, acompa-nhou entendimento diverso, determinando: Tratando-se de réu preso por sentença condena-tória recorrível, será expedida guia de recolhimento provisória da pena privativa de liberdade,ainda que pendente recurso sem efeito suspensivo, devendo, nesse caso, o juízo da execuçãodefinir o agendamento dos benefícios cabíveis.

2. ENUNCIADOS DE SÚMULAS DE JURISPRUDÊNCIA

 ` STF – Súmula 716

Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menossevero nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.

 ` STF – Súmula 717

Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada em julgado, ofato de o réu se encontrar em prisão especial.

 ` STJ – Súmula 192

Compete ao Juízo das Execuções penais do Estado a execução das penas impostas a sentenciados pela

Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual.

3. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA

 ` STJ – 487 – Progressão. Regime. Cumprimento. Pena. Estabelecimento militar.

A Turma concedeu a ordem para determinar o restabelecimento da decisão de primeiro grau que defer iu aprogressão de regime prisional ao paciente condenado pelo crime previsto no art. 310, caput , do Código Pe-nal Militar (CPM) e recolhido em estabelecimento militar. O Min. Relator, acompanhando o entendimento do STF no  julgamento do HC 104.174-RJ (DJe 18/5/2011), acolheu a aplicação subsidiária da Lei de Execuções Penais (LEP) nos processos de execução referentes a militares em cumprimento de pena nos presídios militares diante da lacuna da lei castrense quanto à citada matéria. Observou, ainda, que

o cumprimento da pena privativa de liberdade no regime integralmente fechado em estabelecimento militarcontraria não só o texto constitucional, mas também todos os postulados infraconstitucionais atrelados aoprincípio da individualização da pena, caracterizando, assim, evidente constrangimento ilegal suportadopelo paciente a ser sanado no writ . HC 215.765-RS, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 8/11/2011.

Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sen-tença ou pela lei.

Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou política.

1. BREVES COMENTÁRIOS

Embora todos os direitos dos condenados e dos internados continuem assegurados (art.5º, inciso XLIX e art. 38 do CP) alguns deles, obviamente, sofrem restrições após a sentençapenal condenatória, como por exemplo, a perda temporária da liberdade.

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Art. 2 EXECUÇÃO PENAL – LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984 .

Questão interessante diz respeito a suspensão dos direitos políticos, conforme estabelecea CF (art. 15): “É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se darános casos de: (...) III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seusefeitos”.

Prevalece, no entanto, tese contrária, isto é, seguindo o mandamento constitucional, sus-pendendo a capacidade ativa do reeducando enquanto durarem os efeitos da sua condena-ção. Nesse sentido parece caminhar o art. 18º da Resolução 113 do CNJ : “O juiz do processode conhecimento expedirá ofícios ao Tribunal Regional Eleitoral com jurisdição sobre o domi-cílio eleitoral do apenado para os fins do artigo 15, inciso III, da Constituição Federal”.

Entretanto, o STF admitiu que “possui repercussão geral a controvérsia sobre a suspensãode direitos políticos, versada no artigo 15, inciso III, da Constituição Federal, no caso de subs-tituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos”. (RE 601182 RG, Relator: Min.

MARCO AURÉLIO, j 03/03/2011).Quanto ao preso provisório, em prestígio ao princípio da presunção de inocência (ou de

não culpa), poderá este votar e ser votado, devendo o Estado adotar as medidas cabíveis paraque sejam instaladas seções nos estabelecimentos coletivos (Lei 4737/65, art. 136).

ATENÇÃO: Nos termos da Lei Complementar 135/10, são inelegíveis os que forem condenados emdecisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até otranscurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes: 1. contra a economiapopular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público; 2. contra o patrimônio privado, osistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência; 3. contra o meio am-biente e a saúde pública; 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade; 5. de abusode autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercíciode função pública; 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; 7. de tráfico de entorpecentese drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; 8. de redução à condição análoga à de escra-vo; 9. contra a vida e a dignidade sexual; e 10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando.

O parágrafo único reforça preceitos garantidos constitucionalmente: art. 3º, IV, art. 4º VIII,e art. 5º, XLII, todos da Carta Magna.

Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de execução da penae da medida de segurança.

1. BREVES COMENTÁRIOS

É de suma importância a cooperação da comunidade no que toca a execução da sançãopenal (pena e medida de segurança), importância essa ressaltada no artigo 25 da Exposiçãode Motivos da Lei de Execução Penal: Muito além da passividade ou da ausência de reaçãoquanto às vítimas mortas ou traumatizadas, a comunidade participa ativamente do proce-dimento da execução, quer através de um Conselho, quer através das pessoas jurídicas ou

naturais que assistem ou fiscalizam não somente as reações penais em meios fechados (penasprivativas da liberdade e medida de segurança detentiva) como também em meio livre (penade multa e penas restritivas de direitos).

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EXECUÇÃO PENAL – LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984 Art. 5

Para o auxílio da execução da pena e medida de segurança, a LEP prevê dois importantesórgãos (setores de participação): Patronato (vide arts. 78 e 79) e Conselho da Comunidade(vide arts. 80 e 81).

` TÍTULO II – DO CONDENADO E DO INTERNADOCAPÍTULO I – DA CLASSIFICAÇÃO

Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, paraorientar a individualização da execução penal.

1. BREVES COMENTÁRIOS

A individualização da pena está prevista constitucionalmente (art. 5º, XLVI, da CF). Comobem observa Mirabete (Execução Penal, Ed. Atlas, p.48), “é uma das chamadas garantiasrepressivas, constituindo postulado básico de justiça. Pode ser ela determinada no plano le-

gislativo, quando se estabelecem e se disciplinam as sanções cabíveis nas varias espécies de-lituosas (individualização in abstracto), no plano judicial consagrada no emprego do prudentearbítrio e descrição do juiz, e no momento executório, processada no período de cumprimen-to da pena e que abrange medidas judiciais e administrativas, ligadas ao regime penitenciário,à suspensão da pena, ao livramento condicional etc”.

Seguindo esse espirito, o art. 5º determina que os condenados serão classificados se-gundo os seus antecedentes e personalidade, buscando, desse modo, separar os presosprimários dos reincidentes, os condenados por crimes graves dos condenados por delitos

menos graves etc.a) antecedentes: é o “histórico de vida” criminal do reeducando.

b) personalidade: envolve uma estrutura complexa de fatores que determinam as formasde comportamento da pessoa do executado. Conforme lição de Guilherme de Souza Nucci, “é um conjunto somatopsíquico (ou psicossomático) no qual se integra um com-ponente morfológico, estático, que é a conformação física; um componente dinâmico--humoral ou fisiológico, que é o temperamento; e o caráter, que é a expressão psicológicado temperamento. Na configuração da personalidade congregam-se elementos heredi-tários e socioambientais, o que vale dizer que as experiências da vida contribuem para asua evolução.” (Leis Penais e Processuais Comentadas, ed. RT, p.458).

2. QUESTÕES

01. (Promotor de Justiça - MPE-SC - 2013) Consoante a Lei n. 7210/84, os condenados serão classificados, na sua totalida-de, segundo os seus antecedentes, personalidade e culpabilidade, para orientar a individualização da execução penal.

Resposta: errada

02. (Analista Jurídico - TJ-SC – 2009) De acordo a Lei n. 7210 de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal), assinalea alternativa correta:

I. Os condenados serão classificados, por Comissão Técnica de Classificação, segundo os seus antecedentes e personalida-

de, para orientar a individualização da execução penal.II. Constituem sanções disciplinares: advertência verbal; repreensão; suspensão ou restrição de direitos; incomunicabilida-

de; inclusão no regime disciplinar diferenciado.

III. A execução penal competirá ao Juiz indicado na lei local de organização judiciária e, na sua ausência, ao da sentença.

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IV. O preso provisório ficará separado do condenado por sentença transitada em julgado. Também o preso que, ao tempodo fato, era funcionário da Administração da Justiça Criminal ficará em dependência separada.

(A) Somente as assertivas I, III e IV estão corretas.

(B) Somente as assertivas I, II e III estão corretas.

(C) Somente as assertivas II, III e IV estão corretas.

(D) Somente as assertivas III e IV estão corretas.(E) Todas as assertivas estão corretas.

GAB 1 E 2 A

Art. 6° A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o programaindividualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório.

1. BREVES COMENTÁRIOS

Os condenados serão classificados, segundo seus antecedentes e personalidade, para

orientar a individualização da execução penal (art. 5º da LEP) . Essa classificação deve ser fei-ta por uma Comissão Técnica de Classificação (CTC), incumbida de elaborar o programa in-dividualizador adequado ao reeducando, levando-se em consideração seus antecedentes epersonalidade. Para tanto, contará com a ajuda do Centro de Observação Criminológica, querealizará os exames necessários para que a CTC tenha subsídios suficientes para construir seuestudo de execução da pena com foco na reinserção social do apenado.

Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será presidida pelodiretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um)assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade.

Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será integradapor fiscais do serviço social.

1. BREVES COMENTÁRIOS

Todo estabelecimento possuirá uma Comissão Técnica de Classificação, incumbida deelaborar o programa individualizador adequado ao condenado (art. 6º). A composição dessaComissão depende do tipo de pena a ser executada:

Pena privativa e

liberdade Demais casos

2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psi-cólogo, 1 (um)  assistente social e será presidida pelo diretor

atuará junto ao Juízo da Execução e será composta dos fiscaisdo serviço social

2. QUESTÕES DE CONCURSOS

01. (Inspetor de Segurança e Administração Penitenciária – SEAP-RJ – CEPERJ – 2012) Consoante a Lei de Execução Pe-nal, os condenados serão classificados, segundo seus antecedentes e sua personalidade, para orientar a individualização

da execução penal. Essa classificação será fe ita por Comissão Técnica de Classificação presidida pelo:

(A) Diretor do estabelecimento

(B) Juiz da Execução(C) Promotor de Justiça

(D) Secretário de Justiça

(E) Presidente do Conselho Criminal

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02. (Analista de Promotoria I - VUNESP - 2010 - MPE-SP) Determina a Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84) que, a fimde orientar a individualização do cumprimento da pena do sentenciado condenado à privação de liberdade, os estabe-lecimentos prisionais devem contar com Comissão Técnica de Classificação, a qual obrigatoriamente deve ser composta,entre outros, por

I. psiquiatra;

II. psicólogo;

III. assistente social.

  É correto o que se afirma em

(A) I, apenas.

(B) III, apenas.

(C) I e II, apenas.

(D) II e III, apenas.

(E) I, II e III.

03. (Promotor de Justiça – ES/2009/CESPE – adaptada)  Eduardo foi condenado a 25 anos de reclusão, em regime ini -cialmente fechado, pela prática do crime de homicídio qualificado com o uso de veneno. Transitada em julgado a con-denação, o sentenciado foi recolhido a estabelecimento prisional em Vitória, no Espírito Santo. A partir dessa situação

hipotética e com base na legislação aplicável às execuções penais, analise os itens a seguir:  Para orientar a individualização da execução penal, Eduardo deve ser submetido à classificação a cargo de comissão

técnica, presidida pelo juízo das execuções, responsável por elaborar o programa individualizador da pena privativa deliberdade adequada ao condenado. A aplicação desse programa condiciona-se à aquiescência e aprovação do membrodo MP com atuação junto à vara de execuções penais.

GAB 01 A 02 E 03 F

Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será sub-metido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificaçãoe com vistas à individualização da execução.

Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumpri-

mento da pena privativa de liberdade em regime semi-aberto.

1. BREVES COMENTÁRIOS

O exame criminológico, usado para individualizar determinadas execuções envolvendofatos mais graves e/ou presos rotulados como perigosos, serve, não raras vezes, para orientaro Magistrado nos incidentes de progressão e livramento condicional, não se confundindocom o exame de classificação tratado no art. 5º da LEP. Vejamos, em resumo, as diferenças noquadro abaixo:

exame de classificação exame criminológicoamplo e genérico Específico

orienta o modo de cumprimento da pena., guia seguro visan-do a ressocialização.

busca construir um prognóstico de periculosidade – temibi-lidade – do reeducando, partindo do binômio delito-delin-quente.

envolve aspectos relacionados à personalidade do condena-do, seus antecedentes, sua vida familiar e social, sua capaci-dade laborativa.

envolve a parte psicológica e psiquiátrica, atestando a matu-ridade do condenado, sua disciplina e capacidade de supor-tar frustrações (prognóstico criminológico).

Antes da Lei 10.792/03, o exame criminológico era considerado obrigatório na execução

da pena no regime fechado, e facultativo na pena cumprida no regime semiaberto, em es-pecial quando se tratava de condenação por crime doloso praticado com violência ou graveameaça á pessoa.

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Art. 8 EXECUÇÃO PENAL – LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984 .

Hoje, porém, o entendimento que prevalece nos Tribunais Superiores é de que se trata deestudo facultativo (não importando o regime de cumprimento de pena), devendo o Magistra-do fundamentar sua necessidade aquilatando as peculiaridades do caso concreto (gravidadeda infração penal e condições pessoais do agente).

2. ENUNCIADOS DE SÚMULAS DE JURISPRUDÊNCIA

 ` STF – Súmula Vinculante 26

Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízoda execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem preju-ízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendodeterminar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.

` STJ – Súmula 439

Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada.

3. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA

 ` STF – 687 - Exame criminológico e livramento condicional

A 1ª Turma extinguiu habeas corpus, uma vez que substituto de recurso constitucional, mas concedeu, deofício, a ordem para restabelecer decisão do juízo das execuções que implementara o livramento condi-cional do paciente. Na situação dos autos, após o citado deferimento, o parquet interpusera agravo emexecução, provido pelo Tribunal local, ao entender que se imporia o exame criminológico. Qualificou-se que,com a edição da Lei 10.792/2003, o mencionado exame teria sido expungido da ordem jurídica. Além disso,repisou-se que o magistrado admitira o livramento condicional. Alfim, ponderou-se ter havido o desprezoàs condições impostas pela lei para a benesse: decurso do tempo e certidão de bom comportamento carce-

rário. HC 109565/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 6.11.2012. (HC-109565)

 ` STJ – 435 – Exame criminológico. Série. Crimes.

O paciente está a cumprir mais de 21 anos de pena em razão das condenações pelos crimes de furto, roubo,latrocínio e posse de entorpecentes. Formulou, então, ao juízo da execução pedido de progressão de regi-me, o que foi atendido. Contudo, mediante agravo de execução interposto pelo MP, o tribunal de origemachou por bem cassar a decisão concessiva da benesse ao fundamento de que haveria a necessidade desubmissão ao exame criminológico. O impetrante, por sua vez, alegou a desnecessidade de realização doexame, visto que ele foi abolido pela Lei 10.792/2003. Quanto a isso, a jurisprudência do STJ já se firmouno sentido de que, embora a referida lei não o exija mais, o exame criminológico pode ser determi-nado pelo  juízo mediante decisão fundamentada (Súm. 439/STJ), pois cabe ao magistrado verificar os requisitos subjetivos à luz do caso concreto. Ao  juízo também é lícito negar o benefício quando recomendado pelas peculiaridades da causa, desde que também haja a necessária fundamentação, em observância do princípio da individualização  da pena (art. 5º, XLVI, da CF). Na hipótese, a cassaçãodo benefício encontra-se devidamente fundamentada, pois amparada na aferição concreta de dados acercado paciente, condenado, pela prática de uma série de crimes, a uma longa pena a cumprir, o que recomendauma melhor avaliação do requisito subjetivo mediante a submissão ao exame criminológico. HC  159.644, Rel. Min. Laurita Vaz,  j. 18.5.10. 5ª  T.

4. QUESTÕES DE CONCURSO

01. (Agente Penitenciário - CESPE - 2009 - SEJUS-ES) Em relação à Lei de Execução Penal (LEP), julgue os itens a seguir.

  O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade e restritiva de direitos deve ser submetido a exame crimi-nológico a fim de que sejam obtidos os elementos necessários à adequada classificação e individualização da execução.

GAB 01 E

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EXECUÇÃO PENAL – LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984 Art. 9

Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da personalidade, observandoa ética profissional e tendo sempre presentes peças ou informações do processo, poderá:

I – entrevistar pessoas;

II – requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a respeito do con-denado;

III – realizar outras diligências e exames necessários.

1. BREVES COMENTÁRIOS

Andou bem o legislador ao ampliar as possibilidades de obter dados reveladores da per-sonalidade do preso, verdadeiro estranho aos membros da Comissão.

Como bem observa Mirabete (ob. cit. P.60): “Os exames do condenado constituem, como já visto, o estudo científico da constituição, temperamento, caráter, inteligência e aptidão do

preso, ou seja, da sua personalidade. Assim, os membros da Comissão Técnica de Classifica-ção devem recolher o maior número de informações a respeito do examinado, não só atravésde entrevistas e peças de informação do processo, o que restringiria a visão do condenado acerto trecho de sua vida, mas não a ela toda, mas de outras fontes. Por essa razão, concedea lei a possibilidade ao perito de entrevistar pessoas, requisitar de repartições ou estabeleci-mentos privados dados e informações a respeito do condenado ou realizar outras diligênciase exames necessários”.

Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra

pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1o da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, serãosubmetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA - ácidodesoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor.

§ 1º A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme re-gulamento a ser expedido pelo Poder Executivo.

§ 2º A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente, no caso de in-quérito instaurado, o acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético.

1. BREVES COMENTÁRIOS

Com o advento da lei 12.654 de 2012 os condenados por crime praticado, dolosamente,com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes etiquetadoscomo hediondos ou equiparados, a identificação do perfil genético é obrigatória, medianteextração de DNA, devendo seguir técnica adequada e indolor.

A identificação aqui imposta (tratando-se da fase de execução da pena) não serve, ne-cessariamente, para subsidiar qualquer investigação criminal em curso, muito menos paraesclarecer dúvida eventualmente gerada pela identificação civil (ou mesmo datiloscópica),tendo como fim principal abastecer banco de dados sigiloso, a ser regulamentado pelo PoderExecutivo (podendo servir para investigação futura).

Para muitos, a inovação é inconstitucional, configurando verdadeiro direto penal do autor(remontando ao conceito de “criminoso nato” de Lombroso), ferindo a segurança jurídica,desequilibrando a balança da punição x garantias, sendo campo fértil para abusos.

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Art. 10 EXECUÇÃO PENAL – LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984 .

Pensamos diferente. A medida é salutar quando se pensa num Estado que deve ser efi-ciente no combate a crescente criminalidade (garantismo positivo), sem desconsiderar as ga-rantias do cidadão (garantismo negativo). Criticamos, apenas, aqueles que já se pronunciaminterpretando a novel lei no sentido de ser obrigatório o fornecimento do material pelo con-

denado. Isso nos parece inconstitucional.É assegurada a garantia constitucional de não produzir prova contra si (nemo tenetur se

detegere), direito implícito na CF/88 e expresso no art. 8.2 da Convenção Americana de Direi-tos Humanos (toda pessoa tem direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem aconfessar-se culpada), da qual o Brasil é signatário.

Diante disso, ao obrigar alguém a fornecer material para traçar seu perfil genético, mes-mo que de forma indolor, é constrangê-lo a produzir prova contra si mesmo (ainda que fu-tura). O condenado (ou investigado ou acusado) pode se recusar a fornecer o material para a

identificação do seu perfil genético.

ATENÇÃO: o Estado não está impedido de usar vestígios para colher material útil na identificação doindivíduo. Não há nenhum obstáculo para sua apreensão e verif icação (ou análise ou exame). São partesdo corpo humano (vivo) que já não pertencem a ele. Logo, todas podem ser apreendidas e submetidasa exame normalmente, sem nenhum tipo de consentimento do agente ou da vítima. Exemplo: exame doDNA, da saliva que se achava nos cigarros fumados e jogados fora pelo condenado.

2. QUESTÃO CONCURSO

01. (Agente penitenciário – PR – 2013) Nos casos legais de submissão do condenado à identificação do seu per fil genético,é correto afirmar que essa identificação

(a) será armazenada em banco de dados sigiloso.

(b) será realizada mediante extração de tecido muscular.

(c) é condicionada à autorização do condenado.

(d) é obrigatória para os condenados por crimes contra o patrimônio.

(e) deve ser realizada na presença da autoridade judicial.

GAB 01 A

` CAPÍTULO II – DA ASSISTÊNCIA

SEÇÃO I – DISPOSIÇÕES GERAISArt. 10 A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e

orientar o retorno à convivência em sociedade.

Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.

1. BREVES COMENTÁRIOS

Visando a evitar a reincidência, criando condições suficientes ao preso ou internado retor-nar ao convívio social (transformando o criminoso em não criminoso), o Estado deve prestar--lhe assistência material, saúde,  jurídica, educacional, social e religiosa (art. 11), estendendo-se

o tratamento especial também ao egresso (liberado definitivo, pelo prazo de 1 ano a contarda saída do estabelecimento, e liberado condicional, durante o período de prova, nos termosdo art. 26, desta Lei).