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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHO CENTRO DE CINCIAS TECNOLGICAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DISCIPLINA: CONTROLE DE POLUIO DO MEIO PROF.: LCIO MACEDO

JOS ALEXANDRE DA COSTA MACHADO 0311118 JOENY MARTINS RABELO 0411210 MARLY DA COSTA LIMA 0411211

LEVANTAMENTO SANITRIO-AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRFICA DO RIO PACINCIA

So Lus 2009

JOS ALEXANDRE DA COSTA MACHADO JOENY MARTINS RABELO MARLY DA COSTA LIMA

LEVANTAMENTO SANITRIO-AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRFICA DO RIO PACINCIA

Trabalho apresentado para obteno parcial de nota referente primeira avaliao da disciplina de Controle de Poluio do Meio do Curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual do Maranho UEMA. Professor: Prof. Dr. Lcio Antnio Alves de Macedo.

So Lus 2009

1. IntroduoA bacia hidrogrfica, dentro de uma viso integrada, deve ser a unidade de caracterizao, diagnstico, planejamento e gesto ambiental, com vistas ao desenvolvimento regional sustentvel, pois os impactos ambientais podem ser mensurados e corrigidos mais facilmente. A delimitao de uma bacia hidrogrfica um dos primeiros e mais comuns procedimentos executados em anlises hidrolgicas ou ambientais. A Ilha de So Lus est situada ao norte do estado do Maranho, regio nordeste do Brasil. Est enquadrada pelas coordenadas geogrficas 2 24 10 e 2 46 37 de latitude Sul e 44 22` 39 e 44 22` 39 de longitude Oeste, com rea total de aproximadamente 831,7 Km . A Ilha composta pelos seguintes municpios: So Lus (capital), So Jos de Ribamar, Pao do Lumiar e Raposa. Juntos, estes municpios perfazem uma populao em torno de 1.211.270 habitantes (IBGE, 2008). Limita-se, ao norte, com o Oceano Atlntico; ao sul, com a Baa do Arraial e com o Estreito dos Mosquitos; a leste, com a Baa de So Jos, e a Oeste, com a Baa de So Marcos. A hidrografia da regio formada pelos rios Anil, Bacanga, Tibiri, Pacincia, Maracan, Calhau, Pimenta, Coqueiro e Cachorros (Figura 1). So rios de pequeno porte que desguam em diversas direes abrangendo dunas e praias. Sendo que o rio Anil com 12.63km de extenso, e Bacanga com 233,84km drenam para a Baa So Marcos tendo em seus esturios reas cobertas de mangues. Embora existam diversos rios na ilha de So Lus, esta tem como principal fonte de abastecimento o Rio Itapecuru.2

Figura 1

Apesar da grande importncia dos recursos naturais para a sobrevivncia da dos seres humanos, a explorao inadequada tem levado a um acelerado processo de degradao ambiental que compromete o abastecimento de gua da ilha de So Lus. Diante disto, o presente trabalho tem por objetivo identificar e descrever a atual situao sanitrio-ambiental da bacia hidrogrfica do rio pacincia da Ilha de So Lus - MA.

2. Contexto da situao scio-espacialO Rio Pacincia nasce na chapada do Tirirical e sua foz est localizada prximo ilha do Curupu, sendo seus principais afluentes os rios Itapirac e Miritiua. Possui 27,3 km de extenso e uma rea de 143,7 km. A sua extenso e rea no Municpio de Pao do Lumiar so 17,5 km e 73,9 km respectivamente.

Fonte: Google Earth O Rio Pacincia desemboca na baa de Curupu e apresenta caractersticas singulares que provocam controvrsias quanto a esta denominao, pois grande parte do seu curso inundado pelas guas das mars durante a preamar. As maiores altitudes registradas chegam a 65 m, esto localizadas na chapada do Tirirical e a direo do curso do rio varia entre Norte, Nordeste e Leste.

O clima da regio, segundo a classificao de Koppen, tipo AW, tropical chuvoso, com predominncia de chuvas nos meses de janeiro a abril. A temperatura mdia anual oscila em torno de 28. O principal rio da bacia o rio Pacincia. Seu regime hidrolgico, no perodo de estiagem, perene mas bastante limitado. Durante veres mais rigorosos ele se torna pouco relevante e depende bastante das contribuies de esgotos sanitrios de seu mdio curso ou de pequenas nascentes que, por sua vez, no garantem fluxos constantes. Durante as chuvas h um evidente acrscimo de vazes que provocam mudanas importantes nos nveis dgua do canal. Da mesma maneira, seus afluentes (grande parte intermitentes) possuem caractersticas hidrolgicas equivalentes, com regime hidrolgico tambm dependente das precipitaes estacionais. Os mais importantes so: Margem esquerda: Arroio do So Bernardo, Igarap da Cohab, Igarap do Cohatrac e rio Itapirac; Margem direita: Igarap da Cidade Operria, Igarap do Cajueiro, Arroio do Maiobo e Igarap de Genipapeiro. A sua cobertura vegetal composta de mata de galerias com vegetao arbrea de mdio porte que protegem suas margens e nos baixos cursos, tem-se a presena de manguezais razoavelmente conservados (vide foto).

Foto: Rio Pacincia (Estrada da Maiobinha, atrs da FEBEM)

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No que concerne ao processo de urbani ao, veri ica que o sistema -se urbanstico existente possui trs plos bsicos a partir dos quais se irradiam e desenvolvem os processos de ocupao da bacia: o eixo formado pela av. Jernimo de Albuquerque, que representa a li ao natural dos bairros mais recentes e populosos da cidade com o aeroporto e BR-135; o eixo da MA-206, mais conhecida como estrada de Ribamar , e o eixo em desenvolvimento da estrada da Maioba, uma variante importante para li ao com os municpios vi inhos da ilha. Destes, o primeiro se destaca por atender uma rea privilegiada, com grande poder de crescimento e que se constitui em plo de atrao para investimentos, principalmente no setor de servios, o segundo pelo aspecto tradicional de expanso, e o terceiro por apresentar a nova fronteira urbanstica, de potencial quase intocado, da cidade. Ao longo de toda a sua extenso o rio apresenta sinais de desmatamentos e poluio (vide foto), todavia algumas comunidades pesqueiras da Ilha de SoLus ainda exploram algumas espcies de peixes na regio, principalmente os arideos (bagres) e os ciandeos (pescadas e cabeudos). Outra funo desse rio era como fonte de lazer nos finais de semana em alguns trechos do seu curso.

Foto: Rio Pacincia (Ponte na Travessa Paulo VI, Jd. So Cristvo II)

4. Proble tica sanitria na rea pesquisada da baciaA ocupao da bacia do rio Pacincia iniciou-se em meados dos anos oitenta, seguindo-se a construo de grandes conjuntos habitacionais, destinadas s classes mdia e mdia baixa, e numerosas invases caracterizadas por habitaes de baixa renda. H 40 anos, o rio Pacincia era responsvel pelo abastecimento de gua de grande parte da cidade e pelo sustento das famlias de pescadores e agricultores. Segundo o estudo, a paisagem mudou depois da dcada de 70 com a criao de loteamentos, conjuntos habitacionais, como o Maiobo e invases.

Foto area: Cohab Cohatrac

O rio pacincia contribui para o abastecimento de gua de So Lus e desempenha um importante papel na economia local, atravs da irrigao da horticultura e floricultura. Possui duas baterias de poos profundos, produzindo uma vazo em torno de 300 l/s. Nas reas rurais a CAEMA utiliza atualmente 8 (oito) poos com vazo de 60m/h, cada.

5. Aspectos rele antes da conta inao e/ou insalubridade da rea pesquisada na bacia idrogrficaO acelerado processo de ocupao no rio Pacincia resultou no desmatamento da vegetao e conseqentemente o assoreamento do canal, deve ser apontado como um dos principais fatores responsveis pela a degradao do leito do rio (vide foto). A ocupao desordenada da bacia traz como grande conseqncia a impermeabilizao do solo prejudicando desta maneira a recarga do aqfero.

Foto: Rio Pacincia (Tirirical)

As principais fontes de poluio so de origem antrpica e decorrem do uso e ocupao desordenada do solo, sendo identificadas como principais agentes: o lanamento de efluentes domsticos a cu aberto; a canalizao direta de esgotos para os cursos dgua sem prvio tratamento (vide foto 1); a precariedade das solues individuais de esgotamento, notadamente o uso de fossas e a inexistncia de solues sistmicas e de grande abrangncia para a coleta e tratamento dos esgotos gerados. O que perceptvel, tambm, que a drenagem superficial que deveria escoar apenas as guas pluviais, se confunde com as guas servidas das residncias (vide foto 2).

Foto 1: Rio Pacincia (Av. 02 Jd. So Cristvo II)

Foto 2: Rio Pacincia (Rua Santo Antnio Jd. So Cristvo II)

Notou-se o intenso processo de degradao ambiental do rio Pacincia, que se encontra praticamente assoreado e poludo por esgotos domstico e industrial e explorao mineral com a retirada de argila. Verifica-se no rio Pacincia, assim como em outros rio tambm contaminados que as principais doenas que afetam a populao circunvizinha so: diarrias, disenterias, salmoneloses e parasitoses.

6. Parecer tcnicoOs principais motivos de impacto negativo na bacia do rio Pacincia so: ocupao desordenada das reas circunvizinhas das nascentes, desmatamento, eroso e poluio. O rpido incremento populacional ocorrido nos ltimos anos no recebeu estrutura adequada do municpio, acarretando grandes prejuzos ao meio ambiente, dentre os quais se destacam a poluio das guas, atravs do despejo de esgoto e lixo nos rios, e do solo, devido grande ocupao e tambm ao acmulo de lixo em reas imprprias. Foi constatado que h uma grande deficincia na questo da educao ambiental e de projetos de revitalizao da rea. Dessa forma faz-se necessrio uma atuao energtica e efetiva para agir enquanto h tempo. Lembrando que a comunidade o principal ponto de apoio a todos essas aes, j que sem incentivo e contribuies das mesmas o resultado no poder ser positivo.

7. RefernciasMACEDO, Lcio Antnio Alves de. Qualidade A biental dos Rios da il a de So Lus. Maranho: Mestrado de Sade e Ambiente, 2003. 74p. SILVA, A. C. F., et al. Regi e ali entar de stellifer naso (percifor es, scianidae) e trs igaraps do rio Pacincia, il a de So Lus, Maran o. Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil, Caxambu MG, Brasil, 23-28 setembro 2007. ARAJO, Eliene Pontes de; TELES, Mrcia Gabriely Linhares; LAGO, Willinielsen Jackieline Santos. Deli itao das bacias idrogrficas da Il a do Maran o a partir de dados SRTM. Anais XIV Simpsio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 abril 2009, INPE, p. 4631-4638.