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Com toda a certeza muitos de vocês,para não dizer todos,

reconheceram o telescópio da figura 01,embora acredito que tenham achadoalgo de estranho. Eu mesmo tive umproblema de localização espaço-temporal ao olhar de perto o nossoquerido 1,6 m P-E em outro local! Sim,este é o ''irmão gêmeo'' que estálocalizado no Observatoire Mont-Mégantic (OMM), em Québec, QC,Canadá1.Nosso irmão é mantido pelo Centro dePesquisa em Astrofísica de Québec(CRAQ – da sigla em francês) eadministrado em conjunto pelaUniversité Laval (na cidade de Québec)e pela Université de Montréal (nacidade de mesmo nome). Uma pequenadiferença estrutural entre os irmãos éque o brasileiro tem uma razão focal def/10, enquanto o quebequá tem umarazão focal de f/8. Este é o maiortelescópio da costa Leste da Américado Norte, igual nosso querido 160 cm –

que é o maior da costa Leste daAmérica do Sul.O observatório está situado no topo doMonte Mégantic, a uma altitude de 1111 m e a uma distância média de 250km das cidades de Montréal e deQuébec – a saber, cada uma para umlado, esta para o Norte e aquela para oOeste. A cúpula é um pouco diferentedaquela do OPD, está instalada em umprédio menor em altura e num formatomais exótico (Figura 02), algunsequipamentos são diferentes, mas amontagem e o telescópio são osmesmos. Claro que, considerando quea evolução após a construção foicompletamente distinta, hoje assoluções para alguns problemascomuns são diferentes. Algo comoseparar fisicamente uma espécie porgerações … Darwin ficaria orgulhosopor sua teoria ser aplicada, de formabem rude eu confesso, aos telescópios.

Figura 01 – Telescópio de 1,6 m de diâmetro no espelho principal, construído pela Perkin-Elmer, comprojeto óptico de Ritchey-Chrétien. Imagem de abril de 2014

Notícias do OPDTelescópio de 1,60 m P­EVinicius de Abreu Oliveira

1- Visite o site: http://omm.craq-astro.ca/)

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OPDA equipe responsável é bem menor do

que a do OPD, são três técnicos que re-vezam entre si o papel de assistentesnoturnos e diurnos, um diretor geral, umdiretor executivo, um zelador e uma co-zinheira. De forma geral, a parte admi-nistrativa é realizada pelasuniversidades, e a parte eletro-mecâni-ca e de inovação é realizada em parce-ria com empresas quebequás detecnologia e engenharia. Segundo meinformaram, seria uma forma do gover-no da provincia incentivar o crescimentodestas empresas, além de criar um póloindustrial tecnológico forte. A parceriauniversidade-indústria aqui é bem inten-sa, o que facilita o desenvolvimento denovas soluções. Por outro lado, quandoo problema é algo rápido e de fácil solu-ção, os técnicos não possuem materiale autonomia para resolverem eles mes-mo! Não se pode ter o melhor dos doismundos.Bem, de fato, quando vi o telescópiopela primeira vez, logo me vieram boasrecordações, de repente tudo ficou maisfamiliar e o trabalho passou a ser maisfácil. Nesta missão, o ''mano'' está sen-do utilizado com o espectroscópio SpI-OMM2 – um imageador comTransformada de Fourier, que pode ser

considerado como o protótipo do SI-TELLE, que será utilizado pelo CFHT noHavaí (EUA). Dentre as várias vanta-gens deste equipamento, que não vêmao caso neste pequeno artigo, uma dasmaiores é o campo de visão: algo do ti-po 10' x 10'. Desta forma resulta em umcubo de dados – largura x altura x com-primento de onda – de todo o alvo, pelomenos daqueles que estou observandoaqui. Para quem sempre usou fendalonga, deslocando em off-set para cubrirtodo o objeto, é uma evolução muitobem vinda.Comparando as fotos (Figura 03) se vêque as dificuldades e os anos foramgentis com ambos, mesmo com o que-bequá tendo iniciado o trabalho doisanos antes do que o brasileiro, tendo aprimeira luz em 1978. Sobre as solu-ções encontradas por cada equipe, notelescópio quebequá existem pequenasaberturas laterais próximos ao espelhoprincipal que permitem minimizar a con-densação sobre o espelho. Dificilmenteobservável na figura 03, mas inclusiveconta com pequenas lâmpadas infraver-melhas para agilizar o processo, antesde iniciar as observações. Por outro la-do, o brasileiro já tem fechamento auto-mático do telescópio!

Figura 02 – Cúpula do telescópio de 1,6 m do Observatório Mont-Mégantic, prédio de dois andares com otelescópio e sala de comando ocupando o segundo andar. Imagem de abril de 2014.

2 - Para saber mais: http://www.astro.phy.ulaval.ca/staff/laurent/ARTICLES/OSA-3page.pdf

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Já para uma comparação acadêmico-ci-entífica, temos o gráfico da figura 04,onde se percebe que a quantidade detese e dissertação (produtividade aca-dêmica) são equivalentes em númerosabsolutos, embora o OMM seja utiliza-do, basicamente, por duas universida-des apenas. Com certeza isso deixabem claro que o ''mano'' daqui está sen-do sub-utilizado em suas funções detreinamento de novos astronômos.Por outro lado, a quantidade de artigoscientíficos (produtividade científica) pa-ra o OPD é muito superior, mesmo con-siderando que os valores para o OPDenglobam mais de um teléscópio, e não

apenas o de 1,6 m de diâmetro. Aquipodemos verificar o efeito oposto, pos-sivelmente por termos muito mais pes-quisadores com ascesso direto ao OPD,em relação ao OMM. Esta característicapode ser melhor percebida ao estimar-mos uma média de artigos para o inter-valo de 14 anos da amostra, o queresulta em 17 artigos para o OPD e 8para o OMM.Por fim, vemos que os irmãos seguiramsuas ''vidas'', formando novas geraçõesde astronomos em seus países sede eproduzindo ciência. Esperamos que pormuitos anos ainda.

Figura 03 – A imagem a esquerda é o ''mano do Sul'', imagem disponível no site do OPD; a imagem dadireita é o ''mano do Norte'' com o equipamento SpIOMM acoplado, imagem de abril de 2014

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A Secretaria da Comissão de Pro-gramas do Observatório do Pico

dos Dias (SECOP/OPD) vem comunicarque o prazo para submissão de propos-tas de observações astronômicas noObservatório do Pico dos Dias já estáaberto. O prazo iniciou-se no dia 1° deabril e encerra-se no dia 30 de abril às24h (horário de Brasília).A avaliação dos projetos é realizadacom base no mérito científico, viabilida-de técnica e produtividade científica dospesquisadores envolvidos.

O encaminhamento dos pedidos detempo é aceito somente através de For-mulário on-line, disponível no endereço:http://www.lna.br/opd/info_obs/prazos_-form.html

Dúvidas gerais sobre a submissão deprojetos e formulários on-line, contactea SECOP ([email protected]); ques-tões técnicas e operacionais, contacte oCoordenador do OPD, Rodrigo Campos([email protected]).

OPDVinicius é professor adjunto na Universidade

Federal do Pampa (UNIPAMPA), Campus Caçapavado Sul; atualmente está afastado para realizar pós-

doutorado junto ao Grupo de Pesquisa em Astrofísica,na Université Laval, em Québec, QC, Canadá.

Chamada para submissão deproposta observacional parao semestre 2014BMark Pereira dos Anjos

Prazo final: dia 30 de abril às 24h(horário de Brasília)

Figura 04 – Comparação entre as publicações realizadas com dados do Observatório Pico dos Dias(OPD) e do Observatoire Mont-Mégantic (OMM), para os anos entre 2000 e 2013.

Mark Pereira dos Anjos éassistente em C&T e mebro da

SECOP/OPD


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