Download pdf - LONA 631-18.05.2011

Transcript
Page 1: LONA 631-18.05.2011

Curitiba, quarta-feira, 18 de maio de 2011

reda

caol

ona@

gmai

l.com

@jo

rnal

lona

lona.up.com.br

O único jornal-laboratório

DIÁRIOdo Brasil

Ano XII - Número 631Jornal-Laboratório do Curso de

Jornalismo da Universidade Positivo

O cotidiano dos malabaristas, cus-pidores de fogo, es-tátuas vivas e pin-tores curitibanos

Pág. 4 e 5

Coluna

Especial

Estudantes de Jornalismo da UP visitam o Clarín em Buenos Aires

Zaclis Veiga

A moda e o dia em que o mundo parou para ver o casamento real inglês

“O Vestido Azul”, de Cintia Aleixo, e “De Volta Pra Curitiba”, de Sofi a Ricciardi

Pág. 7

LiteraturaNesta última quinta-feira (12), estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Positivo via-jaram para Buenos Aires a fi m de conhecer a comunicação na Argentina. Durante a visita, que durou quatro dias, os estudantes visitaram a Universidade de Buenos Aires (UBA) e a redação do Grupo Clarín, maior grupo de informação do país. O embate entre o Grupo Clarín e o go-verno Kirchener foi a tônica dos debates.

Pág. 03

O novo fi lme da saga Piratas do Caribe

Pág. 6

Curitiba, quarta-feira, 18 de maio de 2011

Page 2: LONA 631-18.05.2011

Curitiba, quarta-feira, 18 de maio de 2011 2

Expediente

Editorial

Reitor José Pio Martins

Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto

Pró-Reitora de Graduação Marcia Sebastiani

Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Bruno Fernandes

Coordenação dos Cursos de Comunicação SocialAndré Tezza Consentino

Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira

Professores-orientadores Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima

Editores-chefes Daniel Zanella, Laura Bordin, Priscila Schip

O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universi-dade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 -

Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba -PR CEP 81280-30

Fone: (41) 3317-3044.

Opinião

Interesse pessoal versus interesse do povoGislaine Silva

Manobras jurídicas e uso da casa do povo para defender as-suntos pessoais. É assim a rotina dos vereadores da Câmara Muni-cipal de Campo Largo nas últimas semanas. Após uma agressão do vereador Nelson Silva de Souza (PMDB) ao também vereador Wilson Andrade (PSB) ao tér-mino de uma sessão ordinária no mês de março, outros assun-tos que deveriam ser discutidos pelo Legislativo local em prol da população perderam espaço no plenário. Agora, as atenções estão voltadas para um processo que pede a cassação do peemedebis-ta Nelson, acusado de quebra de decoro parlamentar. E o processo segue do plenário para a Comis-são de Ética, da comissão para o plenário e assim por diante.

O vereador deve sim ser puni-do por suas atitudes que afetam a imagem e a dignidade da Câmara como um espaço de debate e in-teresse público. No entanto, é pre-ciso levantar as causas das agres-sões pessoais entre os vereadores. Será que Nelson ou Wilson são os únicos culpados? Será que se os

vereadores se ativessem a debater somente os projetos de lei e reque-rimentos que beneficiam a popu-lação, essa violência existiria? Por que eles insistem em utilizar a tri-buna livre para colocar em discus-são assuntos que são de interesse pessoal? Por que os vereadores não resolvem seus problemas em espaços fora da instituição Câ-mara? Se a agressão não tivesse ocorrido, a imagem do Legislati-vo Municipal permaneceria pre-servada e certamente outras ma-térias teriam espaço no plenário.

As agressões dos vereadores Nelson Silva de Souza (PMDB) e Wilson Andrade (PSB) não são novas. Um acusa o outro de tentar denegrir a imagem do companheiro, de utilizar a im-prensa tendenciosamente para manchar o trabalho dos demais vereadores e de seus assessores.

Muitos parlamentares apre-sentam projetos de lei ou re-querimentos que interessam a pequenos grupos de pessoas. O objetivo deles é agradar o eleitor, já que 2012 é ano eleitoral. A crí-tica aqui não vai apenas para os

vereadores, mas também para a população. Em dias de sessão or-dinária, da para contar “no dedo” quantas pessoas acompanham a tramitação de matérias e fisca-lizam o trabalho dos políticos.

Na Câmara de Curitiba, a situação é um pouco parecida. Não se trata de agressões ou quebra de decoro parlamentar, mas sim o tempo gasto dos ve-readores com projetos de lei que denominam bens públicos e ruas da cidade. Não que esse tipo de proposição não seja importan-te. O problema é que muitos parlamentares tornam isso uma “festa” e deixam de apresen-tar outras propostas que visem melhoria na condição de vida e garantam os direitos dos curiti-banos. Felizmente, um projeto de lei apresentado pelo vereador Juliano Borghetti (PP) pretende limitar por vereador a quanti-dade de proposições que no-meiam bens públicos da cidade.

Novamente: os eleitores estão atentos ao trabalho desempe-nhado por aqueles que escolhe-ram como seus representantes?

Metalinguagem da metalinguagemGiulia Lacerda

Já é usual da Globo transfor-mar aqueles que para ela traba-lham em estrelas para alcançar mais audiência, mas essa tática não é de sua exclusividade, já foi usada anteriormente nas telonas. No início do cinema brasileiro havia duas companhias mais famosas: Atlântida e Vera Cruz. Por alguns anos a primeira deti-nha o mercado cinematográfico e se preocupava pouco com a qua-lidade das produções. Em 1949, no entanto, surge a primeira con-corrente, em meio a efervecência cultural em São Paulo, com um ritmo intenso de produção com padrão internacional. A alternati-va da Atlântida, entre outras, foi utilizar-se de um sistema de es-trelato para atrair o público. Tal-vez não por conta do filme, mas para ver o ator ou atriz X.

Esse mesmo sistema é cla-ramente observado há muito tempo na Rede Globo. Para programas de entretenimento é até considerável, o problema é quando apresentadores, repórte-res, jornalistas entram em cena. Nesse caso, a notícia deixa de ser o ator principal. Torna-se algo secundário, perdendo assim seu caráter relevante. Um exemplo

nítido é a “conversa” que existe en-tre o público e o casal que tem tri-gêmeos, que apresentam um pro-grama em sintonia e dão boa noite todos os dias a quem os assiste. A emissora criou uma imagem para os apresentadores do telejornal di-ário mais visto no país para que a atenção fosse para eles e não neces-sariamente para o que está sendo dito. Como eles já fazem parte da família brasileira, cria uma credibi-lidade e um público fiel.

Mas o assunto da vez não é o casal William e Fátima. É o mais novo “casal” do Fantástico: Zeca Camargo e Renata Ceribelli. O que se discute domingo agora é: será que eles vão conseguir ema-grecer em três meses? A princípio não quis criticar, levei como uma forma do programa de informar e até de mostrar que as estrelas da TV não brilham tanto assim. Po-rém, nos últimos domingos ficou claro que o objetivo é fazer uma espécie de novela dentro do pro-grama. “Quantos quilos o Zeca já perdeu? Descubra domingo que vem” são algumas frases que demonstram isso, fora os comen-tários fora de hora de Zeca e Pa-trícia a respeito do tal desafio da balança.

Parece-me que o jornalismo contemporâneo tem se utilizado de uma metalinguagem exacerba-da. Em quase tudo se dá um jei-to de transformar o jornalista no centro da atenção. Está certo que o Fantástico não pode ser conside-rado um programa 100% jornalís-tico, mas a proposta também não é apenas entreter. Levando isso em consideração, a meu ver, não caberia um quadro como o que está sendo veiculado: tendo como foco principal dois dos apresenta-dores do programa e utilizando parte considerável da programa-ção. Se o objetivo principal fosse informar como melhorar a saúde e o estilo de vida usando os apre-sentadores em um papel secundá-rio, talvez até fosse interessante e mais construtivo, pensando que a saúde do brasileiro tem piorado e que o sobrepeso atinge quase 50% da população, segundo dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico divulgados esse ano. O que tenho visto, no entanto, é a exposição da rotina de vida dos participantes do chamado “Desafio Fantástico” de uma maneira que tira a aten-ção do problema maior: a saúde.

A recente viagem de alunos do curso de Jor-nalismo da Universidade Positivo até Buenos Aires para conhecer a redação do Clarín, maior grupo de comunicação da Argen-tina, pode ser utilizada como parâmetro no en-tendimento do intrinca-do papel do jornalista na sociedade em que presta serviços.

País envolvido em grande discussão acerca dos limites, deveres e di-reitos da Comunicação, a Argentina assiste - de modo ativo - o embate entre o Clarín e o gover-no Kirchner. As dispu-tas envolvem direitos de transmissão, rescaldos da ditadura, alegações de censura e poder.

Como diz o professor de Comunicação da Uni-versidade de Buenos Ai-res Washington Uranga, em matéria especial da nossa página 3, é preci-so desconfiar de todas as versões. “O Clarín alega que o governo mente. O governo alega que é o

Clarín que mente. É pos-sível especular que os dois lados estão corretos no quesito mentira”, diz.

Correspondente lo-cal da influência e base tentácular que a Orga-nizações Globo tem no Brasil, o Clarín é também um exemplo de inovação e adequação aos novos tempos informativos.

O Grupo é considera-do o primeiro a conse-guir estabelecer a con-vergência informativa em todos os seus setores de fabricação da infor-mação. O jornalista, para trabalhar no Clarín, se-gundo seus editores, pre-cisa entender que não há mais como dizer que não gosta de determinada função dentro da cadeia de produção.

A discussão e o real surgimento de uma nova forma de fazer jornalísti-co é conhecida de nosso cotidiano universitário e revela o quanto o desafio de ingressar no mercado de trabalho será árduo e extenuante.

Page 3: LONA 631-18.05.2011

Curitiba, quarta-feira, 18 de maio de 2011

COMUNICAÇÃO

A Universidade Positivo en-viou para Buenos Aires, Argenti-na, nesta última quinta-feira (12), um grupo de 20 estudantes do curso de Jornalismo para o Projeto de Extensão Clarín e Multimídia. O objetivo foi visitar a redação do jornal Clarín e entender um pouco mais do processo de con-vergência midiática que o grupo atravessa. O grupo foi monitora-do pelas professoras Zaclis Veiga, Elza Oliveira e Ana Paula Mira.

Para entender a importância do Clarín no cotidiano portenho, é preciso conhecer um pouco de sua cidade. Buenos Aires, em si, é uma capital sem cachorros soltos e com problemas crôni-cos de lixo nas ruas. Os taxistas dirigem sem cinto de seguran-ça e nunca sinalizam quando mudam de faixa, as avenidas são amplas e a cada esquina há uma banca de jornais, que os portenhos chamam de kiosco. Leem-se muitos jornais impres-sos na capital e são muitos os obcecados por futebol e política.

A metrópole de concretos fa-miliares impressiona pela quan-tidade de pichações nos muros e paredes, quase todas com conota-ção ideológica: a política permeia a dinâmica da cidade e também a palestra de Washington Uran-ga, professor de Jornalismo da Universidade de Buenos Aires, (UBA) a maior do país, e edito-rialista do impresso Página 12, quarto jornal mais vendido da Argentina, com tiragem de, em média, 60 mil exemplares por dia.

O prédio da Universidade de Buenos Aires era uma antiga fábrica de alimentos e resguar-da alguns elementos de uma era perdida: em cada pátio há um exaustor enferrujado. Ou-tras características peculiares da universidade são os banheiros masculinos sem papel higiênico e as senhoras que servem café e croissants gratuitos aos estudan-tes durante o intervalo. Mas é a política o tensor mais evidente no ambiente universitário que abri-ga diversos cartazes de contor-nos socialistas nos corredores. “É preciso dizer que este é um país

Convergência midiática, poder e EstadoOs bastidores do embate entre o Clarín, maior grupo de comunicação do país, e o governo Kirchner

de tonalidades extremas: ou se é branco ou se é preto, não há meio termo. É difícil encontrar uma voz imparcial e suficientemente dis-tante quando o assunto é política e os seus bastidores”, diz Uranga.

O professor está a discursar sobre o assunto que mais suscita discussões no país: a relação con-flituosa do Grupo Clarín, o maior conglomerado de informação da Argentina com o governo de Cris-tina Kirchner. “O Clarín é o maior grupo midiático do país, podero-síssimo, um poder paralelo e en-fático que abriga uma gama varia-da de jornais impressos, revistas, rádios, canais de televisão, portais de internet, editora e parques gráficos”, complementa Uranga.

O jornal Clarín vende, na mé-dia, 260 mil exemplares por dia. Na década de 80 chegou a ser o impresso de maior circulação em língua espanhola, com tiragens diárias de 600 mil exemplares. As novas tecnologias e a disse-minação de novos impressos di-minuíram a circulação do jornal, mas não a sua influência. Segun-do Uranga, todos os presidentes negociam com o Grupo. “Sem o apoio do Clarín, qualquer gover-no fica sem governabilidade.”

O imbróglio do Clarín com o governo começou quando o go-verno de Cristina Kirchner deci-diu aumentar os impostos do setor de agronegócios – setor conserva-dor e detentor de grande parte das ações do Clarín. “O governo projetou uma distribuição dife-renciada de impostos e acertou em cheio nos interesses de gente muito poderosa. O Clarín contra-atacou com suas ferramentas – e por todos os lados. O impresso, por exemplo, passou a focar na temática da segurança pública, já que os índices de violência, de fato, aumentaram no país nos últimos anos”, diz Uranga.

A crise entre os dois poderes desencadeou uma série de reta-liações e reações extremadas de parte a parte. O governo resol-veu mexer na Lei de Audiovi-sual do país, reduzir concessões e desbaratar o monopólio de comunicação do Clarín. “Cada lado utiliza as armas que tem. O Clarín ataca diariamente o go-verno, o governo cassou recente-mente os direitos de transmissão do Campeonato Argentino de

Futebol e faz grande alarde do caso dos filhos adotivos de Er-nestina Herrera de Noble, atual proprietária do grupo. Inclusive, abriu processo contra a família Noble”. A ação trata da denúncia de que os filhos adotivos da em-presária seriam dois dos muitos filhos de desaparecidos políticos durante a ditadura militar ar-gentina – muitas crianças foram roubadas dos pais nos porões da ditadura e distribuídas entre as famílias de aliados do regime.

As transmissões do Campeo-nato Argentino, que pertenciam ao Grupo e transmitia as partidas através de seus canais de televi-são a cabo foi um dos maiores embates públicos da história recente do país. Para retirar o di-reito de exclusividade do Clarín, o governo instituiu uma emen-da de interesse nacional sobre o futebol, levando, assim, as trans-missões para a televisão aberta e legitimando juridicamente suas decisões. “Deve-se desconfiar de todas as versões, de tudo”, com-pleta o professor de Jornalismo.

O prédio do Clarín não chega a causar grande impressão, mas está alojado em uma das regiões mais nobres da cidade: o bairro San Telmo. Não é permitido tirar fotos na frente do prédio, na Rua Tacuarí, 842. Os seguranças são intransigentes e monitoram com certa rispidez a movimentação de câmeras. A guia da visita à reda-ção, Anabel Atimira, é uma moça de sorriso fácil e polidez exemplar.

O Grupo Clarín é considera-do um exemplo de convergência midiática. A sua extensa redação abriga jornalistas que trabalham em diversos meios e executam serviços para mais de um veícu-lo. Daniel Vitar, editor da seção Mundo do impresso, analisa que um dos grandes desafios do Grupo está sendo compreender a dinâmica atual da informa-ção. “Estamos numa experiên-cia profunda de adaptação às novas formas de se comunicar. Sempre tivemos uma linha edi-torial padronizada, entretanto, os nossos diversos produtos nem sempre trabalharam em sintonia, separavam-se. A união de todos os produtores de infor-mação em um só lugar procura o elemento complementar, agre-gador da informação.”, diz Vitar.

O Clarín tem 17 mil funcioná-rios. Um mural na entrada explica o crescimento do Grupo, fundado em 1945. O Olé, o maior jornal impresso de esportes do país, lo-caliza-se um andar abaixo da re-dação, num espaço próprio. Boca Junior e River Plate, os dois maio-res clubes da cidade, têm sala pró-pria no ambiente. Nas paredes, fotografias em altíssima definição ilustram as mais marcantes con-quistas esportivas do país, como a conquista da Copa Davis de Tê-nis e o Campeonato Mundial de Basquete. Do Brasil, uma imagem da vitória de Ayrton Senna em Interlagos, em 1991, e um drible de Ronaldinho Gaúchos sobre

defensores da seleção da Croácia.O Papel Prensa é outro ele-

mento de discórdia entre o Cla-rín e o governo. O maior parque gráfico do país é de propriedade do Grupo e é responsável pela distribuição de todo o papel de jornal do país. O governo acusa o Clarín de ter pressionado a venda da empresa na época da ditadura, dizendo ter documentos compro-vatórios de que a empresa foi ven-dido por um preço muito abaixo de mercado e de que seus antigos proprietários foram vítimas de extorsão. O Clarín teve estreita relação com o regime militar.

Dario Datre, chefe-editor de clarín.com, defende o Grupo e alega que os ataques sistemáticos do governo decorrem da ‘posi-ção independente’ adotada pelo veículo. “O governo subsidia os meios favoráveis, os oficialistas, utiliza todo o aparato do Estado no sentido de apequenar o Cla-rín. É uma cenário preocupante para os jornalistas do país e para a liberdade de expressão, em si.

O clarín.com, segundo Da-tre, tem, na média, 13 milhões de acessos únicos por mês. “É um mercado que estamos co-nhecendo. O que sabemos é que o perfil do jornalista mo-derno mudou. Não há mais periodista que possa dizer que não gosta dessa ou daquela função, tem que saber fazer um pouco de tudo”, completa.

A profissão de jornalista não é regulamentada no país.

Daniel ZanellaLaura Beal Bordin

Especial de Buenos Aires

3

Estudantes da UP tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre o Grupo Clarín e o seu processo de convergência

Arquivo LONA

Page 4: LONA 631-18.05.2011

Curitiba, quarta-feira, 18 de maio de 2011 4

O Brasil registrou a criação de 272.225 novas vagas de emprego com carteira assinada em abril de 2011, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Em relação a março, houve uma expansão de 0,75% no número de trabalhadores empregados.

Segundo o Ministério, o desempenho de abril foi possibilitado pela expansão generalizada do emprego em todos os setores. Serviços e Comércio tiveram um saldo recorde para o mês, com 114.434 e 41.587 novos postos, respectivamente. Entre os 25 sub-setores pesquisados pelo Caged, seis obtiveram saldo recorde para o mês, enquanto quatro registraram seu segundo melhor saldo.

Brasil está gerando mais empregos Setores em Expansão

ESPECIAL

Holofotes verdes, amarelos e vermelhos

Malabaristas, cuspidores de fogo, estátuas vivas e pintores têm como palco o asfalto da cidade

Abaixo da luz vermelha do semáforo e do amarelo cinzento do sol curitibano, um garoto faz malabarismo com bolas de tênis encardi-das. Duas quadras adiante, um homem e uma mulher, ambos peruanos, lançam para o alto objetos que se assemelham a pinos de bo-liche. Em uma rua paralela um jovem manipula com ha-bilidade pequenas tochas em chamas, cuspindo fogo no ar frio de Curitiba. Sua pla-teia: um conjunto de carros, motocicletas e ônibus, cujos condutores e passageiros lançam alternadamente olha-res de interesse e indiferen-ça, curiosidade e desprezo.

Por manterem um ofício irregular e, quase sempre, não oficializado pelo gover-no, não há estimativas oficiais do número de artistas de rua presentes em Curitiba. Mas é de conhecimento popular que não se pode caminhar ou dirigir pelo centro da cida-de por mais de dez minutos sem encontrar ao menos um cuspidor de fogo, um dança-rino de break ou um compo-sitor de músicas alternativas expondo sua arte diante da maior quantidade possível de pessoas. Geralmente tra-balhando em condições pre-cárias, é necessário que estes artistas façam da criatividade seu instrumento de traba-lho, das calçadas seu palco e dos pedestres seus clientes.

As ramificações artísti-cas presentes no cenário ur-bano são extensas: da estátua humana e sua pele prateada ao compositor barbado de

sandálias. Dos pintores que fazem da rua seu portfólio aos hippies de longas tranças vendendo seus artesanatos. Os palhaços e mímicos nas praças, os artistas circenses nas esqui-nas, os mágicos e seus truques apresentados diante dos bares no Largo da Ordem; todos eles demonstram por meio de seu individualismo a coleti-vidade da expressão artística.

Contudo, a beleza poética de suas performances e traba-lho contrasta fortemente com as dificuldades encontradas pela profissão. Gustavo Hele-no Xavier, conhecido artisti-camente como Tuta, apresen-ta seu malabarismo nas ruas próximas ao Teatro Guaíra, região que, segundo ele, pode ser considerada maravilhosa e horrível para os artistas de rua. “Com o dinheiro que tiro aqui, consigo sobreviver e ainda aju-dar minha mãe que mora no interior do Paraná”, afirma. “O problema é que tem muita dis-puta de território entre a gente, já fui impedido várias vezes de ficar nesse ou naquele sinalei-ro, porque não queriam dividir o espaço. Existem lugares e ho-rários específicos onde eu pos-so ficar.” Gustavo diz trabalhar cerca de três horas por dia, al-ternando seu local de apresen-tação entre três ruas principais. “Faço isso porque não tenho um local fixo onde possa mos-trar meu trabalho”, justifica.

Uma situação similar já ocorreu com Ediara Delgado, de 25 anos. Nascida em Criciú-ma, Santa Catarina, ela faz de-monstrações performáticas nos semáforos de Curitiba utilizan-do-se do “swing poi”, espécie de bastões com fitas coloridas que criam belos efeitos visuais ao serem manejados. “Traba-lho na rua faz seis anos”, conta.

“Mas estou em Curitiba há um ano. Já fui para Foz do Iguaçu, São Paulo, Belo Horizonte, fi-quei um tempo na Bolívia e na Argentina.” Ela diz que costuma viajar com amigos que mantêm a mesma ocupação – artistas de rua, malabaristas ou músicos em geral. “Não gosto de ficar mui-to tempo em um mesmo lugar, gosto de conhecer novas cultu-ras e outras cidades.”

Quando questionada sobre a dificuldade em relação ao es-paço de trabalho, ela diz: “Hoje eu me apresento junto com ami-gos e conhecidos, por isso rola muito companheirismo entre nós. Mas quando comecei a me apresentar era bem mais difícil. Já briguei com um grupo de ar-tistas em São Paulo porque não me deixavam ficar na mesma praça que eles, diziam que eu

estava atrapalhando.” Ela revela que, nestes casos, a solução é ten-tar dialogar com os artistas que estão no local há mais tempo. “Se a conversa não funcionar, o jeito é sair dali e procurar um lu-gar menos movimentado. Tem sempre muito preconceito com os artistas mais novos, que ainda estão procurando seu espaço.”

Em meio às vitrines, res-taurantes, ofertas anunciadas ao microfone e a multidão habitual que navega através da monocro-mia do calçamento, está exposta a arte de Humberto de Olivei-ra Gonzaga, que diz trabalhar como pintor no centro da cidade desde 2002, onde expõe seus re-tratos próximo à região da Boca Maldita. Entre suas pinturas e esboços estão artistas famosos, cantores, animais e pessoas co-muns. “Meu trabalho aqui não é

fixo”, afirma. “Exponho minhas obras quatro ou cinco vezes du-rante a semana. Às vezes mudo de região, para conseguir novos clientes. Já fiquei por um tempo na feirinha do Largo, mas acabei voltando para cá.” Humberto revela que mora com as duas filhas e a esposa, e tem orgulho de sua família e de seu trabalho. “Muitas pessoas passam por aqui, param e ficam olhando para as pinturas. Algumas per-guntam o preço, pedem para fa-zer um retrato ou compram um que já está pronto. Outras ape-nas olham e fazem um elogio.” Humberto estima que consiga ganhar em torno de R$150,00 a R$200,00 por dia. “Às vezes mais, às vezes menos. Depende do dia. O importante mesmo é mostrar meu trabalho, o di-nheiro é só uma consequência.”

O aparente desapego eco-nômico de Humberto também é compartilhado pelo casal Ana Beatriz Romoli, 22, e Samir Vir-gílio, 25, que vendem seu artesa-nato no centro da cidade. Samir conta que ambos dividem com amigos uma casa alugada em São José dos Pinhais. “A gente vêm para o centro quase todo dia, às vezes de manhã, às ve-zes depois do almoço”, diz o ra-paz. “Voltamos pra casa às oito, nove da noite, quando é dia de semana. Fim de semana a gente fica até o movimento acabar.”

As pessoas que passam não observam as pulseiras, os brincos e colares expostos na calçada da praça Oswaldo Cruz. Ana beatriz tenta chamar a atenção de possíveis com-pradores, mas ninguém parece interessado o suficiente para interromper sua caminhada. “É difícil vender assim, no fim da tarde”, explica ela.

O relógio marca 18h30m, e todos parecem apressados para

Tuta, além de malabarista é também vendedor de pulseiras

Monica AmorimYohan B.

Monica Amorim

Colaboração: Michelle Silva e Fernanda Grein

Page 5: LONA 631-18.05.2011

Curitiba, quarta-feira, 18 de maio de 2011

O percentual de mulheres que ingressaram no mercado de trabalho foi maior do que o de homens, segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta terça-feira. No ano passado, a alta foi de 7,28% para elas, enquanto eles repre-sentaram um crescimento de 6,7%. Eles, porém, ainda são maioria. Enquanto o número de trabalhadores passou de 24,13 milhões, em 2009, para 25,75 milhões no ano passado, o de trabalhadoras foi de 17,01 milhões para 18,31 milhões.

O número de mulheres está aumentadoO ministro Carlos Lupi destacou ainda que o crescimento no número de em-pregos na faixa etária de 50 a 64 anos e acima dos 65 anos. A criação de postos de trabalho para essas idades teve aumento de 10,28% e 12,77%, respectivamente. “Existe uma demanda por mão de obra com experiência, por isso o crescimento no numero de empregos na faixa de 50 a 64 anos. As empresas estão preferindo contratar trabalhadores com mais experiência, portanto, os mais velhos”, disse.

Criação de empregos para a terceira idade

chegar ao seu destino. “Na hora do almoço tem mais movimen-to, mais estudantes”, continua Ana. “É mais fácil vender arte pra gente jovem, eles param e pedem pra ver o artesanato que a gente faz.” Samir acres-centa que a polícia dificulta seu trabalho. “Os policiais já chegaram aqui e nos obriga-ram a recolher nossas coisas, disseram que precisa ter licençapra fazer comércio. Nós tivemos que ir embora, porque eles são a lei. Mas não são eles que co-locam comida no nosso prato.”

Heloise Skraba trabalha como vendedora em uma loja de roupas no centro de Curiti-ba. No trajeto que realiza para ir e voltar do trabalho, ela diz já ter observado artistas urbanos, mas nunca deu muita atenção ao que eles mostravam. “Ge-ralmente estou com pressa para voltar para casa ou chegar no trabalho, por isso acho meio ir-ritante quando tentam me parar e pedir alguma coisa.” Posição similar é tomada por Natália Bresolin, estudante de direito. “Acho que artista de rua não é uma profissão. Sei que são pes-soas sem condições, mas não gosto que fiquem pedindo di-nheiro em cada sinaleiro fecha-do.” Ainda que não sejam bem recebidos por todos, os artistas de rua têm quem os admire.

É o caso de Rômulo Araú-jo de Paula, que trabalha como ilustrador de animações grá-ficas durante a semana e, aos sábados, reúne-se com um gru-po de malabaristas no parque Barigui, fundado por artistas de rua. “Comecei a treinar ma-labarismo há um ano. Eu e um amigo íamos ao parque Barigui todo fim de semana, e acaba-mos encontrando um pessoal que pratica lá há dois anos”, afirma Rômulo. “A maioria trabalha na rua ou em even-tos fechados, como raves. Para quem trabalha na rua ainda existe preconceito. Fazer apre-sentações em uma festa é visto como uma coisa incrível, boa de ver, vale a pena até pagar caro. Mas se fizerem a mesma apresentação na rua, ninguém vai aplaudir ou dar valor.”

“A arte é a forma mais

intensa de individualismo que o mundo conhece”, es-creveu Oscar Wilde. Se assim for, talvez seja necessária uma parcela de distanciamento so-cial para que o artista possa produzir sua arte. Eles estão ali, para todos os efeitos, gos-tem deles ou não.

Com suas preocupações diárias e fragilidades humanas, fazem valer sua existência no mundo ao compartilhar com ele seus talentos, suas necessidades e ambições. E vale lembrar que artistas como Van Gogh e Kafka morreram antes de serem reco-nhecidos pela sociedade de sua época, tendo vivido uma vida de miséria e pobreza. Nunca se sabe quando haverá um gê-nio em uma esquina próxima, exibindo sob um semáforo ou sobre a calçada a arte que tal-vez um dia seja lembrada por todos. Ou, ao menos, por nós.

Estátua Prateada

Caminhando pela Rua das Flores, duas garotas distra-ídas se assustam ao passar em frente à estátua viva conheci-da como Luis Paulo Tondolo. Aos 32 anos, coberto de ma-quiagem prateada, Tondolo permanece imóvel sobre uma caixa retangular de madeira, à espera de passantes distraídos.

Quando a dupla passa por ali, ele ergue os braços subita-mente e inclina-se de maneira cordial diante delas. As meni-nas pulam para o lado, assusta-das por um ou dois segundos, depois caem na gargalhada, ob-servam a estátua de olhar súpli-ce e afastam-se. Nenhuma de-las deixa moedas ou trocados.

Às segundas, quartas e sextas-feiras Luis Paulo fanta-sia-se como uma estátua grega e permanece por cerca de três ou quatro horas em cima de seu caixote, também utilizado para guardar o dinheiro que recebe. “Costumo fazer um intervalo de dez minutos a cada uma hora e meia”, revela. “Às vezes é can-sativo, principalmente nos dias em que tem muito sol.” Luis afirma que já conseguiu per-manecer imóvel por duas horas e que, apesar de movimentar-

separa saudar transeuntes oca-sionais, normalmente espera receber uma doação antes de se mexer. “Uma estátua viva deve ser capaz de transmitir a emoção de seu personagem em silêncio, sem movimentos. Le-vei alguns anos para aprender as técnicas. Muita gente acha que eu apenas coloco uma fan-tasia e fico parado, esperando ganhar dinheiro, mas ser uma estátua exige muito mais que isso.” Luis Paulo não revela a origem da tinta de fabricação caseira que utiliza sobre a pele, mas diz que é um processo complicado, transmitido a ele por um homem-estátua que conheceu nos Estados Unidos. “Levo 40 minutos para aplicar a maquiagem, e meia hora para tirá-la”, conta. “O mais compli-cado é fazer com que a tinta não escorra. Uma vez caiu nos meus olhos enquanto eu trabalhava. Fui parar no pronto-socorro.”

Riscos e Perigos

Riscos à saúde fazem par-te, em extensões variadas, do

cotidiano dos artistas de rua. Os perigos podem ser ofereci-dos pelo meio instável onde se apresentam, pelo clima, pela violência urbana ou inclusive por seus próprios instrumen-tos de trabalho. É o caso de Christiano Gondim, 28, e Fábio Resende, 23, que manipulam o fogo durante suas performan-ces. Fazendo uso, cada um, de três malabares inflamáveis, Christiano e Fábio trabalham juntos nos semáforos circun-dantes à praça Rui Barbosa. “Começamos a nos apresentar juntos há seis meses”, diz Fábio. “É melhor ter alguém por per-to, não só pela companhia, mas porque se algo sair errado, um pode ajudar o outro”, completa.

Christiano afirma já ter sofrido queimaduras leves du-rante as apresentações, e exibe pequenas manchas no pescoço, provocadas por um acidente. “Comecei a fazer malabarismo aos 15 anos. Com 19, comecei a praticar a pirofagia. Estava mui-to confiante e ainda não tinha sofrido nenhum acidente.” O ar-tista conta que, logo após os pri-

meiros meses de treinamento, decidiu fazer uma apresenta-ção para alguns amigos duran-te uma festa. “Fui cuspir fogo, achando que já tinha treinado o suficiente e nada ia dar errado. Só que o vento mudou de di-reção, e quando cuspi a quero-sene a chama voltou na minha cara.” Apesar de não ter sofri-do ferimentos graves, o cuspi-dor de fogo diz que procura se lembrar deste momento com frequência, para evitar a ocor-rência de acidentes posteriores.

A auxiliar de enferma-gem Denise de Quadros faz algumas recomendações para quem deseja iniciar a prática do engolimento de fogo. “É fundamental evitar bebidas ácidas antes da apresentação. O leite é uma forma eficaz de combater a acidez. Tomar anti-ácidos também ajuda.” Após a apresentação, ela salienta que o ideal é ingerir uma boa fatia de pão. “É comum que um pouco do combustível utilizado seja ingerido durante a demons-tração, e o pão pode auxiliar na absorção desses líquidos.”

Bolovianos se apresentam na Praça Osório

Monica Amorim

5

Page 6: LONA 631-18.05.2011

Curitiba, quarta-feira, 18 de maio de 2011

Mais ação, menos arte

Do simples ao clássico,

o que usar?

Os filmes da saga “Piratas do Caribe” nunca foram inovado-res, nem artísticos. O quarto lon-ga da franquia não é diferente, e assim foi recebido pelo público exigente do Festival de Cannes.

O novo filme é intitulado “Piratas do Caribe 4: Navegan-do em Águas Misteriosas” e es-treou no último sábado, dia 14, em um horário difícil, às 8h30, no tradicional festival de cinema que acontece no sul da França.

As reações não fugiram do esperado: a recepção foi fria e os risos baixos. Uma jornalista espanhola chegou a dizer que esse quarto capítulo é o mais fraco de todos, além de afirmar que não existe química entre Penélope Cruz e Jhonny Depp.

O novo Piratas do Caribe chega às telas de cinema do mundo todo nesta sexta, dia 20, e conta uma nova história sobre Jack Sparrow (Johnny Depp), que dessa vez está atrás da fonte da juventude. Pené-lope Cruz aparece na pele de Bárbara, a filha do lendário Barba Negra (Ian McShane), e alia-se ao pirata nessa busca.

Além de Penélope, o lon-ga traz outra novidade: as se-reias. Essas criaturas são metade

Dia 26/04/2011 o mundo pa-rou. Todos queriam ver a épica união entre o príncipe e a ple-beia. Às 7h, horário de Brasília, Kate Middleton entrou deslum-brante vestindo um Alexander McQueen, por Sarah Burton.

O tema de hoje é dress code* e a ideia é mostrar que por mais que pareça difícil, vestir-se cor-retamente não é tão compli-cado assim. Afinal, como dis-se a importante consultora de moda Gloria Kalil em seu livro Chic[érrimo], “nada pior do que errar o tom e ir com uma roupa equivocada a uma festa ou ce-rimônia, ou seja, errar o dress code. Você tem vontade de fi-car invisível num canto da sala ou se atirar embaixo do tapete”.

Quem, ao se deparar com um convite de uma ocasião es-pecial, nunca se perguntou: e agora, com que roupa eu vou? Esse é um dilema que todos já passaram pelo menos uma vez na vida. Há basicamente quatro tipos de trajes que geralmente são especificados nos convites formais. São eles: esporte, esporte fino, passeio completo e black-tie.

O primeiro pede uma roupa informal, porém sem desleixo. Mulheres podem abusar dos vestidos de alcinhas, calças, ca-misetas, sapatilhas, botas, entre outros. Já os homens devem for-mar o conjunto calça, camisa e sapato esportivos. Normalmen-te é o código de eventos como almoços mais descontraídos.

Já o traje esporte fino, ou passeio, necessita um pouco de formalidade. Vestidos, calças e blusas mais elegantes são per-mitidos; sapatos ou sandálias de

Cinema Moda

Jéssica Carvalho Camila Tuleski Tebet

6

@jessdiz

Cursa o 5ºperíodo da noite e publica seus textos no endereço http://jesscarvalho.wordpress.com/

@Camitebet

Cursa o 1º período da manhã.

real, metade computação gráfi-ca, e foram escalados atletas do nado sincronizado para execu-tarem seus difíceis movimentos.

Os três primeiros filmes foram bons para os cofres dos estúdios Disney, rendendo 3 bilhões de dólares. Talvez por esse motivo foram confirmados mais dois fil-mes para a saga algumas sema-nas antes da estréia do quarto.

Johnny Depp permanece no elenco e, feliz, disse que sua per-manência não tem nada a ver com o dinheiro e que interpreta-rá o Capitão Jack Sparrow com prazer enquanto se produzirem bons roteiros e o público qui-ser vê-lo como esse personagem.

A bela MaryEsse mês o mundo do cine-

ma perdeu mais uma excelente atriz. Mary Murphy morreu dia 4 de maio em Nova York, aos 80 anos, com problemas no coração.

Mary foi famosa nos anos 50, quando chegou a interpre-tar Kathie Bleeker, a namora-da de Johnny Strabler (Marlon Brando), em O Selvagem (1953).

Sua última aparição no cine-ma foi em 1974, em “I Love You... Good Bye”, filme de Sam O’Steen.

salto alto junto com acessórios bonitos e discretos ajudam a equi-librar. Se o evento for antes das 18h, os homens devem estar com camisa e calça esportiva junto com blazer. A partir deste horário deve-se usar terno com gravata.

Em jantares, coquetéis e casamentos geralmente é pedido traje passeio completo. Neste caso deve-se optar por vestidos curtos formais, com detalhes como bri-lho, decotes, fendas ou transpa-rências. Salto alto e maquiagem mais elaborada são essenciais. Os homens devem usar ternos escu-ros com camisa social e gravata, junto com sapatos sociais pretos.

Por último, e embora menos comum não menos importante, vem o traje black-tie, ou rigor. É pedido em eventos mais re-quintados, em noites de gala, bailes ou grandes premiações. Mulheres devem usar vestidos longos ou curtos muito sofis-ticados, em tecidos mais finos. Nesta ocasião, “pretinhos” bá-sicos não são uma boa ideia. Para os homens, o smoking. Hoje em dia, são permitidas variações mais modernas, que dispensam a gravata borboleta.

O casamento real teve o se-guinte dress code: uniforme, somente para membros do exér-cito e Forças Armadas; social completíssimo com chapéu, que abrange vestido com terninho e, esporte fino. O evento, que contou com grande varieda-de de estilos, relembra que seja qual for o país ou a situação, é importante estar de acordo para estar bem com si mesmo.

* dress code: código de vestimenta.

Divulgação

Page 7: LONA 631-18.05.2011

Curitiba, quarta-feira, 18 de maio de 2011 7

LITERATURA

Eram exatamente seis e pouco quando ela chegou e sentou ao meu lado no bal-cão do bar, olhou pra mim e sorriu, chamou o balconista e pediu um uísque com gelo – já que o calor estava de ma-tar. Vestia um lindo vestido azul, solto e leve e quando caminhava parecia estar nas nuvens. Fiquei hipnotizado por sua beleza. Logo pergun-tei qual era o nome dela e se costumava frequentar aquele lugar – cantadinha velha, mas muitas vezes funciona – ela disse “me chamo Cláudia e ve-nho aqui todas as sextas-feiras para o happy hour. E você?”

Ah! Essa resposta seguida de uma pergunta fez meu dia ganhar brilho, respondi a ela que ia ao bar umas duas ve-zes na semana, para dar uma relaxada depois do trabalho, e foi assim que a conversa começou e fluiu durante o resto da tarde e início de noi-te. Lá pelas tantas da noite, já havíamos tomado todas e mais algumas, já havíamos perdido a compostura e a

nossa conversa de longe se ouvia, todos ao nosso redor sabiam do que estávamos fa-lando, rimos, rimos e rimos muito de qualquer bobeira imaginada. Paguei a conta e a convidei para ir até meu apartamento, ela aceitou.

No caminho fomos con-versando e nos conhecendo

melhor, eu me sentia a cada instante mais encantado por aquela bela mulher, como um pássaro que estava preso e ganhou a liberdade. Desce-mos do táxi – deixei o carro no estacionamento devido à embriaguez – e seguimos para o prédio onde moro, entramos no elevador e apertei o 15º an-

dar, é lá onde moro. Ao sair do elevador, ela ainda indagou.

– Nossa, como esse prédio é lin-do! A decora-ção é uma graça!

Tirei a chave do meu bolso, mirei a fechadura, mas ela parecia fugir de mim a todo tempo, enfim acertei a chave, gi-rei e abri a porta, ela entrou e eu entrei em seguida, fechei a porta ainda com di-ficuldade (fechadura travessa essa, só quer saber de correr) e me virei de frente a ela, foi quando ela pulou

em meu pescoço, me agar-rou, me beijou, puxou meus cabelos, como diz uma músi-ca da banda Velhas Virgens:

Você mordeu meu pescoçoEncheu meus ouvidos de salivaComeu a carne e roeu o ossoCafé da manhã, jantar, almoçoNão sobrou nada de mim

Foi uma loucura total, nos-sa que mulher, que avião... Quando acordei pela manhã, suas roupas não estavam mais lá, nem ela estava ao meu lado, procurei no banheiro, na cozinha, pela casa toda e nada, ela havia partido, mas deixou um bilhete que dizia:

A noite foi maravilhosa, você é uma pessoa encantadora e diver-tida, porém não quero me envol-ver, eu matei o meu desejo e você o seu, agora é cada um para um lado, seguindo sua vida. BeijosCláudia.

Fiquei sem entender muito bem, pois sempre escuto que são os homens que fazem este tipo de coisa e porque comi-go tinha que ser o contrário? Não consigo entender, passei muitas sextas-feiras bebendo naquele bar, esperando en-contrá-la para mais uma noite de amor, porém ela ainda não apareceu e só me resta a lem-brança daquele lindo vestido azul, bailando sobre a cama em que nos amamos loucamente.

O Vestido AzulPor Cintia Aleixo

De Volta A CuritibaPor Sofia Ricciardi

Voltei com a sensação de ainda estar olhando para o mar. Dentro da minha cabeça reclamei por não ter um ho-rizonte misturado de mar e nada, de infinito e vazio. Lembrei-me de um email que não tinha respondido. Um email com muitas linhas em branco, mas recheado de amor no verso. Sabe, conheci diversas pessoas que escre-vem para se sentirem mais leves. Esse cara, esse cara escreve e sente o mun-do todo pesar na sua consciência por fazer isso. Desculpa cara, sinto que sou culpada por isso. Mas saiba que lá na ponta da ilha, quando me dei conta do meu tamanho perto de tanta areia e oceano, quando senti saudade de uma pessoa que ainda não entrou na minha vida, quando meus olhos marejaram um pouco ao lembrar que ainda não amei e fui amada com a mesma intensidade, quando tudo pareceu distante demais para o meu entendimento, eu pensei em você.

Priscila Pacheco

Page 8: LONA 631-18.05.2011

Curitiba, quarta-feira, 18 de maio de 2011

PERFIL

O “ser” bailarino

Quem nunca viu uma mãe que sonhava ter uma filha delicada, meiga e que fizesse balé? Para desenvolver essa atividade , mais do que leve-za e esforço, é preciso muita interpretação, não somente para entrar num persona-gem, mas também para com-preender o que é ser, de fato, um bailarino profissional.

A rotina de um bailarino é extremamente exaustiva, há que se ter muita força de vontade. Quando cair, levan-tar; para o medo, coragem e precisão. Já com a dor, paciên-cia e muito c u i d a d o . Certo dia estive num ensaio, ob-servando as expressões faciais das m e n i n a s da turma, e cheguei à conclu-são de que cada pes-soa encara essa arte de uma

forma. Algumas faziam cara de dor, de cansaço, de medo, enquanto outras buscavam no cansaço força para continu-ar e suportar tudo que fosse preciso em nome de um ob-jetivo: a perfeição na dança.

Para essa perfeição, tudo vale a pena, as dores, quedas, ensaios, brigas, noites sem sono, dias sem tempo para nada além da dança, e até a própria loucura psicológica.

O filme Cisne Negro evi-denciou essa confusão psico-lógica que muitos dançarinos enfrentam, na tentativa de se-rem perfeitos e estarem den-tro dos padrões exigidos no balé profissional. Para tornar

aquele per-s o n a g e m quase real, vale pra-ticamente tudo. En-carar como uma tor-tura que, além de necessária, é vital para o bailarino. E a tortu-

ra, não somente física, mas

Mesmo sendo uma arte, o balé masculino ainda é encarado com preconceito no Brasil

Maikon trabalha duro para mostrar que ballet não é só para meninas

Aline Pampuche

Se até Arnold Schwar-zenegger já fez balé para aperfeiçoar alongamento,

expressão corporal e postura, por que garotos

como Maikon não po-dem?

psicológica, pela pres-são, família, professores e tudo o que envolve a atividade.

K a m i l e De Souza faz balé des-de 5 anos de idade, e para ela não há nada me-lhor do que o exercício físico para acalmar e dar forças todos os dias. A cal-ma é algo

que predomina nos ensaios diários, já que na sua opinião, não se pode misturar as coisas: entrou na sala o pensamen-to é só de balé. “Hoje eu vejo que misturar as coisas é o pior erro, nenhum bailarino de ver-dade deixa de viver em fun-ção da dança, mas sim a adota como uma profissão e estilo de vida, assim como qualquer outro advogado, professor o u médico”, raciocina Kamile.

Depois de muito tempo de dança, o bailarino percebe que certas coisas já não importam mais, que o belo não é o que achava que era, que a consci-ência corporal é o que há de mais importante nessa moda-lidade. Saber que tudo está ligado, que os músculos “fa-lam” com o bailarino (além da força e da técnica) , que a força deve ser aliada da respiração, que todos os membros do cor-po são um só no final, que é preciso mentalizar a coreogra-fia, que cada movimento pode comprometer meses de ensaio e dedicação. É uma espécie de situação limite, pois a pessoa se encontra com ela mesma, e com tudo que fez e precisa fazer. Se falhar, o problema será único e exclusivo seu.

Quem deve lapidar o ta-

lento é o próprio bailarino, ninguém mais. Isso é o que acha Patrick Lorenzetti, que faz balé há três anos. “Come-cei muito tarde, acho que sen-ti mais dificul-d a d e do que o nor-m a l . F o i preciso m u i t o m a i s f o r ç a e dedicação para conseguir dançar como hoje”, conta ele.

As aulas somente dão o preparo físico para as apre-sentações, mas é a cabeça que vai determinar o su-cesso do dançarino. É uma vida paralela, nela é preciso esquecer tudo e todos, pois as tentações para não levar tão a sério serão muitas.

“A dança exige uma alta dose de concentração e su-peração. Existe também o estímulo ao companheiris-mo, a divisão de espaço, o trabalho em grupo, abdica-ção do pessoal em favor do coletivo. Afinal, não é fácil aceitar ser a última da fila de corpo de baile sem estar

convencido destes valores”, enfatiza Dora Soares, dire-tora da escola de dança Studio d1.

D e l i c a d e -za não é exclusi-va para mulheres, homens também podem ser deli-cados sem perder a masculinidade. No balé, há um preconceito muito grande em relação aos. homens que praticam a dança

Se até Arnold Schwarzenegger

Arquivo Pessoal

O ser bailarino: desafios para o sucesso

já fez balé para aperfeiço-ar alongamento, expressão corporal e postura, por que garotos como Maikon não podem? Puro preconceito, que no Brasil é excessivo.

A família é um fator de-terminan-te desse p r o c e s -so, se não há apoio as coisas se com-p l i c a m , e muitas vezes, so-

nhos morrem por preconcei-to, dificuldades financeiras, além da própria preguiça. Maikon tem 11 anos e faz balé desde os nove. Vindo de uma família humilde e com poucos recursos, ele tem um objetivo de vida, que é ser um grande baila-rino. Todos os dias o peque-no garoto vai para as aulas de balé, se esforça e acredita que está chegando cada vez mais perto do êxito profis-sional que deseja. Sua avó não acredita no balé como projeto de vida do neto, assim como muitas outras pessoas acham besteira.

Já os pais dele apoiam mui-to, lutam todos os dias junto dele contra o preconceito.

Delicadeza não é exclusiva para mulheres, homens tam-bém podem ser delicados sem perder a masculinidade.

Arquivo Pessoal

8