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Já há 211 anos, o Marques de
Pombal fazia seus governadores
indiretos. E ensinava-lhes como
bem governar. Onde.a novidade ?
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koluna
aborta
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O idolo barrado-
1
Mais dramática que a saída dé Tostão do
Cruzeiro, está sendo a saída de José Luiz
Magalhães Lins do Banco Nacional de
Minas Gerais. Como Tostão, José Luiz
abandonou o time porque não concorda
com a nova disciplina interna. Ele era
dono do time. Dizem mesmo que a cada
partida o José Luiz ganhava mais. E
assim como Tostão tem dinheiro para es-
fregar na cara do Felício Brandi, assim o
José Luiz, que é inegavelmente um era-
que na sua posição, tem
quase tanto di-
nheiro quanto o dono do Banco.
O José Luiz Magalhães Lins chegou àque-
Ia posição em que só voltará a jogar se
receber uma proposta mirabolante. De
outro Banco ou do próprio Nacional.
Como é natural, são muitos os bancos
que querem o José Luiz. O que faz o seu
passe subir de preço. Mas assim como o
Cruzeiro precisa livrar-se do "mito"
Tostão, assim o Nacional precisa remover
o seu mito José Luiz.
3
O José Luiz, como o Tostão, é desses"avantes"
que precisam de espaço para
construir suas jogadas. Enquanto o velho
Magalhãés jogava em outra área e o
Eduardo e o Marcos estavam ainda nos
juvenis, o José Luiz marcava o ritmo de
atuação de seu time. Ele era, o meio-
campo e o homem de área. Distribuidor
de bolas e goleador. Uma vocação total
de ídolo e de líder.
4
Mas os tempos mudam, e as táticas de
jogo, também. Os mesmos anos que fize-
ram o Marcos e o Eduardo subir para o
time de cima, tornaram o Zé Luiz enfas-
tiado do gol. Ultimamente, ele só jogava
no segundo tempo, isto é, no expediente
da tarde. E o que é pior: toda vez que
entrava, como um Di Stefano decadente,
embaralhava tudo. Na ánsiao de conti-
nuar marcando gols, avançava sobre os
próprios companheiros, desperdiçando
bolas que o Marcos e o Eduardo, melhor
colocados, facilmente converteriam. A
torcida começou a perceber que o velho
ídolo estava gasto. E, esquecida das gló-
rias passadas (nada é mais inconstante do
que uma torcida de Banco ou de fute-
boi), chegou até a vaiar o José Luiz em
algumas partidas. Até o pessoal do time,
que deveu ao José Luiz muitas vitórias
no antigamente, começou a perceber que
era uma bobagem centrar a bola para ele.
Os ídolos, hoje, são outros.
Com muifa dignidade (a dignidade que o
excesso de dinheiro ganho no clube faci-
lita), o José Luiz*^passou ao Eduardo a
camisa 10. Para muitos clubes menores,
o José Luiz ainda tem jogo de sobra. Mas
o Nacional, com a sua barração, está de
alma nova. E o Eduardo e o Marcos estão
correndo o campo todo, engolindo a
bola, como se quisessem ganhar as parti-
das sozinhos. Voltou a ser emocionante
atuar pelo Nacional.
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MBiMWi: . ' -X*-. ,-mk ,*l .
José Luís de Magalhães Lins
Delfim Neto
AGENDA
Não é que o Brasil já está
posando de grande potên-
cia. Bastaram quatro anos
de milagre para que a trans-
formação se operasse. Nem
Hermann Kahn com os seus
130 de Ql seria capaz de fa-
zer uma previsão tão teme-
rária: 4 anos para sairmos
do subdesenvolvimento.
Neste fim-de-semana Delfim
Neto esteve em Caracas. Foi
como Observador notem
bem observador, da reunião
de 14 ministros da Fazenda
de países latino-americanos
que foram tomar posição
prévia com relação à reu-
nião da UNCTAD, que se
realiza, dia 13 deste mês em
Santiago do Chile.
Delfim estava de passa-
gem para os Estados Uni-
dos, em mais uma de suas
periódicas, que estão se tor-
nando constantes, viagens
para assinatura de mais um
empréstimo para o nosso
desenvolvimento, e resolveu
fazer escala na capital vene-
zuelana, somente para
observar, porque
o Brasil já
havia deliberado que não
participará mais de grupos e
que reivindica para si uma
situação diferente, não quer
mais se ombrear com os
subdesenvolvidos. Exige que
se lhe reconheçam um sts-
tus de potência.
— Não queremos mais pe-
dir favores. Não mais parti-
ciparemos de grupos de
pressão política. Perdere-
mos as vantagens que são
dadas às nações pobres, mas
conquistaremos os privilé-
gios das nações ricas - disse
um técnico da assessoria in-
ternacional do Delfim, defi-
nindo a nova estratégia bra-
sileira.
O Brasil quer negociar li-
vremente. Concorrer no
mercado internacional ofe-
recendo seus produtos pelos
preços correntes e, se possí-
vel, ditar os seus preços. Co-
mo concessão aos 77 sub-
desenvolvidos da UNCTAD,
concordamos em apoiar al-
gumas teses de grupo, como
por exemplo a da poluição
que estamos considerando
como uma casca de banana
jogada na estrada do desen-
volvimento pelos países que
já alcançaram suas metas.
A Editoria
A tese de Vi lar de Quei-
rós de que devemos defen-
der a poluição como fator
de desenvolvi mento - a
poluibrás —
será pregada pe-
Io Brasil no Chile. Procura-
remos interessar os sub-
desenvolvidos para ela, ape-
sar de não nos engajarmos
nas teses deles.
Dizem que esta posição
prévia do Brasil com relação
ao não engajamento poli ti-
co tem endereço certo: a
China Comunista pela pri-
me ira vez participará de
uma reunião de âmbito tão
grande — 143 países, e cer-
tamente procurará tirar pro-
veito, pelo menos formando
um grupo numeroso de na-
ções para segui-la. O Brasil
comparece ao Chile vacina-
do. De antemão todos já sa-
bem que não assumiremos
qualquer compromisso. Va-
mos nos desligar dos sub-
desenvolvidos, os que mais
protestam, para procurar-
mos uma terceira posição,
em termos de riqueza é cia-
ro. Só que potência inter-
mediária não existe, é uma
terminologia nova. E se Mao
resolver ficar conosco, rei-
vindicando as mesmas con-
dições para a China?
Muita expectativa em tor-
no da fala do presidente
Mediei no dia 31 de março,
anunciando novas medidas
para contenção da inflação.
No Ministério da Fazenda
foram feitas muitas reuniões
nos últimos dias, mas nin-
guém revelou nada a respei-
to. Não se sabe como a in-
fiação será garroteada.
Quem tem ido constante-
mente lá são os presidente
do BNH, Rubens Costa, e
da Caixa Econômica Fede-
ral, Giampaolo Marcelo Fal-
co. Será que o PIS c as casas
populares estão contribuin-
do para aumentar a infla-
ção?
A venda indiscriminada
de açúcar pelo Brasil ao ex-
terior, ocupando o lugar
deixado vago por Cuba, está
preocupando alguns setores
das classes produtoras. Esta-
mos exportando sem qual-
quer medida de precaução e
uma crise no abastecimento
interno já se prenuncia para
os próximos meses.
una
H9
Oliveira
Bastos
A vida religiosa na América
Latina continua dependente do
exterior, ao passo que
todas
as congregações que
nasceram
aqui, não passam
de imitação
CURSILH
VES TI BULA R
ãJê
1LPE
Assim
como
se fala de uma
dependência
econômica, de uma
dependência tecnológica,
de uma dependência
militar, pode-se e
deve-se falar de uma
dependência religiosa.
Segundo pesquisa
realizada pela CLAR,
em fins do ano passado,
existem, na América
Latina, 37.224
religiosos e 130.
709 religiosas, ou seja,
um total de 167.933
religiosos. Deste total,
45,42% dos religiosos
e 25,48% das religiosas
são estrangeiros.
No Brasil, a
porcentagem de religiosos
estrangeiros é de
49,29% e 15,95% de
religiosas.
Diante
desses
dados, que
conclusões
tiraram os pesquisadores?
Limito-me a
transcrever: "a)
a Vida
Religiosa na América
Latina continua ainda
dépendente do Exterior,
b) Os centros de decisão
governos gerais
e
bom número de provinciais
estão na Europa ou na
América do Norte.
c) Os tipos de vida
religiosa que medraram
entre nós foram
transplantados de
formas exteriores.
d) As Congregações que
nasceram entre nós
não passam de imitação
- seja no espíHto, nas
obras e na organização -
de modelos europeus e
americanos, e) Se de
um momento para outro
os religiosos
estrangeiros se
retirassem, a Igreja
local entraria em colapso
em amplas regiões, ao
menos em sua forma
estrutural." (Ver
SEDOC, 44, janeiro
de 1972).
Esta
citação
é importante,
a meu ver,
para que situemos o
problema dos "Cursilhos
de Cristandade", hoje
em franca expansão em
toda a América Latina.
Trata-se de mais uma
forma de vida religiosa
importada, regida por
uma estrutura de poder
hierarquizada, mas com
seus comandos de
decisões instalados fora
de nossos países e de
nosso continente. O fato
de existirem
Secretariados Nacionais
e mesmo um Escritório
Latino-Americano de
Cursilhos de Cristandade
não implica numa
descentralização
completa de competências,
até porque, como
veremos no documento que
adiante divulgamos, os
Secretariados Nacionais
latino-americanos estão
sendo publicamente
submetidos a críticas,
duras críticas de
estratégia.
kontexto
SE
TOMEI a
decisão de tratar
deste assunto,
foi para preservar a
posição do Sebastião Néry
e a do próprio jornal.
E para dizer: ninguém
aqui, no POLITIKA,
é contra os Cursilhos.
Vou mais longe:
eu sou até a favor.
E sou a favor justamente
porque vejo, nos
Cursilhos, um potencial
político de
extraordinária
maleabilidade. Não creio,
como o Néry, que os
Cursilhos sejam um
movimento politicamente
de direita. Embora
reconheça que muitos
cursilhistas brasileiros
são de "extrema
direita".
Embora reconheça que
a origem espanhola do
movimento force uma
conclusão dessa natureza.
in*:- k: jjiMIfc
is.®:'>. *#'
JUSTAMENTE
porque os
Cursilhos
ainda não se
comprometeram com
nenhuma força
política atuante na
América Latina, é
possível esperar-se que
o empenho "na
promoção
de laicato adulto,
plenamente comprometido
na ordenação do mundo
com o espírito do
Evangelho", se traduza,
entre nós, numa tomada
de posição política
mais profunda e mais
revolucionária.
E
poiitika!
kontexto
O cursilho seleciona os seus
agentes nos pré-cursilhos, e
os prepara para
assumirem a
vanguarda das transformações,
sociais, em todos os níveis.
CURS/LHO.
VESTIBULAR
DO GOLPE
O
SEBASTIÃO
Néry quis
apenas agitar
a questão,
jornalisticamente. E
o conseguiu. Se o
movimento é de direita
ou não, pouco importa
no momento. A questão
central, levantada por
este jornal, é que
ninguém deve olhar o
movimento como
politicamente neutro.
Porque o próprio
movimento não pretende
ser neutro. O movimento
tem "objetivos",
e
alcançará esse objetivo,
com maior eficácia,
dentro de essência
própria, finalidade e
método, "na
medida em
que selecione, no
pré-cursilho, os agentes
mais responsáveis pela
transformação social
em todos os níveis".
Qualquer que seja a
noção que tenhamos
de religião ou de política,
não resta dúvida que
esse objetivo e a forma
de alcançá-lo são
eminentemente políticos.
0 DARMOS
publicidade
ao documento
aprovado no II Encontro
Mundial de
Secretariados nacionais
de Cursilhos de
Cristandade, realizado
em maio de(17 a 21),
em Tlaxcala (México),
queremos reafirmar a
nossa convicção de que
o movimento tem
objetivos políticos
e deixar ao tempo e aos
leitores a conclusão
sobre a tendência (se
de direita, do centro
ou de esquerda) do
mesmo. Nem se diga que
este é um documento
secreto. Ele foi
divulgado, no Brasil,
pelo próprio Secretariado
nacional dos Cursilhos,
conforme indicação da
revista SE DOC, no. 29,
de outubro de 1970.
Que falem os cursilhos
por suas próprias palavras.
A
DEPOIMENTO
Guilherme Souza Magalhães mora
em Niterói e fez, no México, o
T.L.C. Este é o seu depoimento
f >
Não
li a reportagem de Sebastião
Nery, que admiro muito, sobre
os cursilhos, somente o artigo do
Pe. Paulo Martinechen Neto"Terapêutica
ocupacional da direita".
Fiz o T.L.C. (Treinamento de Lideran-
ça Cristã) que é um movimento associado
ao Cursilho. Aqui vai um esclarecimento,
algumas críticas e sugestões sobre o mo-
vimento.
Em 17-21 de maio de 1970 realizou-se
em Tlaxcalo (México) o II Encontro
Lati no-Americano e II Mundial de Secre-
tariados Nacionais de CursHhos da Cris-
tandade; entre outras coisas consta nas
suas conclusões:
10 — Deve-se evitar os desvios do méto-
do que se traduzam numa pressão moral
sobre os cursilhistas, porque poderia levá-
los a uma posição sacramentaiista, carente
de compromisso e vice-versa.
12 — 0 cursilhista deve ser conscienti-
zado na projeção social através da atuali-
zação dos esquemas em seus aspectos
bíblico,, doutrinai e social, e através da
sua adequação às realidades locais .na*
linha do Vaticano II e de Medellin...
13 — Esta atualização e adequação con-
tribuirão mais eficazmente à solução da
problemática latino-americana, se unidas
à mentalização e conscientização dos diri-
gentes num Evangelho encarnado na reali-
dade do homem hodierno.
26 - Visto que a grande maioria dos
nossos irmãos da América Latina vive em
situação injusta de miséria, recomenda-se
aos membros do movimento e especial-
mente aos dirigentes, orientar a sua ação
apostólica à promoção integral deles
apoiando-a com a vivência de uma autên-
tica pobreza evangélica, em consonância
com os documentos de Medellin: "São
responsáveis pela injustiça todos os que
não atuam em função da justiça na plenamedida das suas possibilidades e permane-
cem passivos por temor aos sacrifí-
cios. .. ".
(Ver SEDOC, outubro de
Í970).
O próximo encontro se realizará agora
em abril, aqui no Brasil.
Bem, vê-se por ai que nem tudo está
tão preto no Cursilho. Nota-se nitidamen-
te uma preocupação primária com a pro-
moção do homem onde isto é necessário.
Não se pode ser sem ter.
Se os Cursilhos forem um veículo de
conscientização, de promoção do homem,
e de combate às injustiças, serão uma
força.
No entanto, daquilo que tenho conheci-
mento, o movimento aqui no Brasil tem
errado redondamente, por que?
~_Ê apresentado e visto por muitos
que vão fazê-lo como uma última tenta ti-
va de aproximação da religião, da Igreja.
Como o Cursilho nao dá uma visão geral e
critica da religião, e sim uma quantidadeenorme de informação e conselho - é
como encher um copo rachado com
muita água, dura pouco.
A resposta que se dá a esta crítica é
que o Cursilho continua (4o. dia), então
aí o pessoal conseguiria se estruturar
melhor. Mas, de 500 pessoas que fazem o
encontro umas 50-se tanto - conti-
nuam a freqüentá-lo. Será válido por
causa destes 50 queimar o último cartu-
cho de 450? -
Seria muito melhor dar um amplo apa-
nhado da Igreja como encarnação na his-
tória, mostrando todos os erros e acertos,
derrotas e vitórias; passando por uma
visão do que se leva hoje para cada um
tirar uma perspectiva da Igreja do futuro.
— Um dos pontos considerados
chaves são os depoimentos dados por
pessoas convertidas pelo movimento. Até
que ponto isto é válido e duradouro
frente os, em números muito maiores,
contra-testemunhos que recebemos cada
dia se não se tem uma estrutura sólida?
— A quantidade de conhecimento
transmitidos é tão grande que atua como
uma verdadeira massificação porque:
Vem a primeira matraca (palestra),
nasce uma dúvida, discordo disto, daquilo
mais; não posso discutir, não conheço
ninguém, não tem tempo. Vem a segunda
matraca, mais dúvidas, mais dúvidas, não
discute. Vem a terceira, a quarta, a
quinta, a décima; as dúvidas são muitas, jáesqueci mais da metade delas, as poucas
que me lembro não há tempo pra discutir.
Acaba a pessoa desistindo, cedendo e
aceitando por comodidade, por cansaço
tudo o que é dito.
Alguns vão dizer que após as matracas
há tempo para discutir. Bem, o tempo é
tão pequeno e as dúvidas tão grandes que
a maioria das discussões fica por terminar.
4 - No Cursilho é difícil a pessoa man-
ter uma lucidez crítica porque o ambiente
é de um envolvimento emocional muito
grande. Os que conseguem resistir muitas
vezes são tidos como prejudiciais ao gru-
po, ao andamento do trabalho. A pessoamesma'fica numa angústia trem da (es-tarei fazendo o papel do advogado do
diabo? será que só eu não entendo o quedizem? ) e muita
gente acaba cedendo na
última hora.
Sugestões:
— Num movimento grande como este
é fundamental uma volta constante às
origens, aos objetivos primeiros. Uma das
causas das diferenças que se vê em sua
aplicação. Conheço dirigentes e muitos
cursilhistas e nunca ouvi falar neste II
Encontro Internacional, nas suas conclu-
sões.
- Como foi muito bem colocado no
Encontro Internacional, o Cursilho deve
ser antes de tudo um movimento que
possibilite um encontro consigo mesmo e
com os outros como pessoas (promoção)
para sobre esta base dar informações e
esclarecimentosda atividade-encarnação
da Igreja. Não deve ser seu objetivo arras-
tar pessoas para suas fileiras, mas sim dar
uma abertura neste sentido.
Para terminar — a hora é de agir, de
apontar falhas para construir, é importan-
te pesquisar e aproveitar o que tem de
bem em cada movimento. Se ficarmos
sentados esperando que ele ressuscite é
bem possível que se torne uma força de
direita. Não se muda uma estrutura sem
se participar dela.
\
Precisamos incentivar e lutar por uma
Igreja que aos poucos volta às origens,
que aos poucos volta às catacumbas...
4
o
o
i
CURSILHO,
VESTIBULAR
DO GOLPE
POLITIKA
Deve-se evitar os desvios
do método que se traduzam
numa pressão moral sobre os
cursilhistas para não levá-los
a uma posição sacramentalista
5kontexto
*1* CUMENTOA revista SEDOC divulgou como selo
"internacional" ais
conclusões do II Econtro latinoamericano e II Mundial dós
cursilhos, realizados no México
^¦"teç*
:&*
CURSILHO DE CRISTANDADE
De 17-21 de maio p.p. realizou-se em
Tlaxcala (México) o II Encontro
latino-americano e II Mundial de
Secretariados nacionais de Cursilhos de
Cristandade. Apresentamos a seguir as
conclusões do encontro que nos foram
enviados pelo Secretariado Nacional.
INTRODUÇÃO
0 Segundo Encontro latino-americano
de Delegados Nacionais de Cursilhos de
Cristandade, em cumprimento à
recomendação do Primeiro Encontro
realizado em Bogotá, em agosto de 1968,
continuou a reflexão iniciada naquela
ocasião, à luz das experiências havidas e
do espírito das decisões pastorais tomadas
pelo Episcopado latino-americano.
Os Documentos de Medellin,
inspirados no Concilio Vaticano II, são o
testemunho de uma Igreja que toma
consciência do mundo em que vive e no
qual quer encarnar-se como força
transformante e libertadora.
Neste espírito, o encontro aceita plenae conscientemente o seu compromisso na
ação da Igreja no mundo, como agente da
pastoral segundo a sua essência própria e
finalidade; preocupado com os bispos da
América Latina em seu esforço portransformar as comunidades em família
de Deus, empenha-se na promoção de um
laicato adulto, plenamente comprometidona ordenação do mundo com o espírito
uo Evangeiho.
Fruto desta reflexão são os seguintes:
ACORDO
1. Cremos que nosso Movimentoalcançará o seu objetivo com maioreficácia dentro da sua essência própria,finalidade e método, e inserido na
pastoral da Igreja, na medida em queselecione, no pré-cursilho, os agentes mais
responsáveis pela transformação social em
todos os n íveis.
2. Referidos agentes, ao compreenderno Cursilho que um compromisso comCristo supõe um compromisso com omundo e com o desenvolvimento integraloe todo o homem e de todos os homens.
cooperarão na ordenação das estruturas
segundo o espírito evangélico.
3. É, agora mais do que nunca,
necessário conhecer os elementos chaves
de cada ambiente, as vértebras. Importa
conhecer a possibilidade de nuclear
cristãmente a vértebra com os elementos
disponíveis, se aquela, eleita, tem quem a
ajude e a quem ajudar. Ou seguramente
saber se há problemas de base queaconselhem uma abstenção momentânea
da ação, por impossibilidade de esperar-se
um resultado adequado. Muitos outros
aspectos importantes devem ser objeto de
estudo profundo no pré-cursilho, com
vista ao pós-cursilho.4. Deve-se procurar, a partir do
pré-cursilho, a possibilidade de que os
candidatos sejam apoiados no seu
peregrinar do Quarto Dia. Deve-se
programar, portanto, o mais breve
possível, a assistência ao Cursilho de
outros candidatos do mesmo ambiente.
5. Não se deve passar em silêncio a
importância de selecionar também
elementos que, ainda que não estejam
comprometidos na mudança, tenham um
potencial que os faça capazes de
encontrar a sua vocação pessoal de
compromisso.
6. É finalidade dos Cursilhos a
cristianização dos ambientes, e como a,
tendência do homem moderno é
associar-se em grupos eleitos livremente e
não em grupos territoriais, deve dar-se
prefe/ência às comunidades ambientais,
que em muitos casos podem coincidir
com comunidades paroquiais ou
territoriais.
7. É necessário que no Cursilho se
evidencie, por atos, atitudes e palavras
que seus próprios carismas suscitem, o
testemunho individual e coletivo da
Equipe comprometida, para se tornar
comunitários esses carismas.
8. Para assistir a um Cursilho, são
requeridos a preparação, constantemente
renovada, dos dirigentes (sacerdotes e
leigos) e o seu testemunho dentro e fora
do Movimento, bem como a manutenção
viva e atual da dinâmica do Cursilho.
9. Recordamos aqui no Encontro de
Bogotá também se faz a mesma
recomendação. Insiste-se nela por
considerar que essa tem que ser a linha
devida que até agora não foi cumprida
plenamente.10. Deve-se evitar os desvios do
método que se traduzam numa pressão
moral sobre os cursilhistas, porque
poderia levá-los a uma 'posição
sacramentalista, carente de compromisso
ou vice-versa.
11. Dever-se-ia incluir nos "rollos"
o
maior número possível de testemunhos de
ação comunitária em ambiente
tipicamente temporal e mundano, e não
tão — somente nos eclesiais. Importa
indicar também, com a maior clareza, que
a ação comunitária e apostólica não se
realiza necessariamente em campanha
exclusivamente de católicos e muito
menos de cursilhistas.
12. O cursilhista deve ser
conscientizado na projeção social através
da atualização dos esquemas, em seus
aspectos bíblico, doutrinai e social, e
através da sua adequação as realidades
locais na linha do Vaticano II e de
Medellin, efetuada por uma comissão de
sacerdotes e leigos.
13. Esta atualização e adequação
contribuirão mais eficazmente à solução
da problemática latino-americana, se
unidas à mentalização e conscientização
dos dirigentes num Evangelho encarnado
na realidade do homem hodierno.
14. O esforço dd u-Cato-ai na América
Latina, segundo a decisão do Episcopado
em Medellin, deve estar orientado para a
transformação das comunidades de base
em família de Deus. O movimento de
Cursilhos portanto, dentro da sua
finalidade própria, deve participar neste
esforço comum.
15. Na reunião de Grupos deve o
cursilhista encontrar a vivência da
comunhão cristã a que foi chamado.
16. Deve ser a reunião de Grupo,
conseqüentemente, não somente um
núcleo de comunidade, mas mais ainda,
uma verdadeira comunidade cristã.
l&fe
- :¦¦ .m^k là-í*
f?í"
POLITIKA
kontexto
Os Cursilhos admitem que
não
há miséria igual à da América
Latina. E mostram que
tudo é
solucionado com a
"vivência
de
uma total pobreza
evangélica
CURS/LHO,
VESTIBULAR
DO GOLPE
São responsáveis
pela injustiça todos os que
não atuam para que
haja uma completa justiça.
t:
17. Como comunidade, assim mesmo
está aberta à realidade da Igreja e do
mundo, e há de ser, por sua vez, núcleo
comunitário de verdadeira influência no
mundo e nas comunidades eclesiais de
base.
18. Seu fim, por conseguinte, é ser
fermento comunitário do Evangelho nas
comunidades humanas e nas estruturas
temporais.
19. Deve-se revisar o dinamismo e a
estrutura da reunião de Grupo e fazer as
adaptações necessárias para conseguir que
ela alcance plenamente a sua finalidade,
tendo em conta o seu nascimento,
crescimento e desenvolvimento, bem
como as eondições e circunstâncias das
pessoas que a compõem.
20. Nesta linha de pensamento,
cremos que a dinâmica comunitária da
reunião de Grupo permite a possível
participação de cristãos que não tenham
feito o Cursilho, mas que compartilham a
vivência do cristianismo e seu
compromisso, sobre a base da amizade.
21. O que se disse da finalidade
dinâmica da reunião de Grupo,
excetuadas as diferenças, deverá aplicar-se
também à Ultréya.
22. Para conseguir<se esta abertura
necessita-se de uma mentalização e
conscientização prévias em cada lugar,
iniciando-se este trabalho na Escola de
Dirigentes.
23. Recomenda-se e urge aos
Secretariados Nacionais e Diocesanos que
na Escola e nos demais meios de que
disponham se mentalizem os dirigentes,
estudando os documentos Papais, os do
Vaticano II, os de Medellin, Episcopais de
cada país, e as Conclusões de Bogotá e de
Tlaxcala.
24. Deve o Movimento de Cursilho
dispensar maior atenção à promoção da
mulher, lá onde não o faz, reconhecendo
o seu papel na Igreja e no mundo e o seu
lugar nas estruturas do próprio
Movimento.
25. Convém que as Escolas convidem
técnicos especializados nos problemas
específicos da Pastoral.
26. Visto que a grande maioria dos
nossos irmãos da América Latina vive em
situação injusta de miséria, recomenda-se
aos membros do Movimento, e
especialmente aos dirigentes, orientar a
sua ação apostólica à promoção integral
deles, apoiando-a com a vivência de uma
autêntica pobreza evangélica, em
consonância com os Documentos de
Medellin: "São
responsáveis pela injustiça
todos os tttjr não atuam 'tjn
função da
justiça ilp, plena medida dás suas
possibilidiÍ|Í e permanecem passivos por
temor ao» si^nfícios .. <
27. Quf se celebrem Encontros
latino-americanos de Delegados Nacionais
de CursMos de Cristandade cada dois
anos. Propõe-se que a sede do II
Encontro, em 1972, seja o Brasil, e no
caso de que aceite, recomende-se a sua
organização ao Secretariado Nacional
desse País, que contará para isso com a
ajuda de todos os Secretariados Nacionais
da América Latina.
28. Aprova-se a criação de um
Escritório latino-americano de Cursilhos
de Cristandade que funcionará como
órgão de serviço, de informação e de
comunicação; terá a sua sede no país
onde se celebrar o imediato Encontro de
Delegados Nacionais. Terminado o
Encontro o Escritório mudará a sua sede
ao país onde se celebrará o Encontro
seguinte.
PRÉ—CURSILHO
Reafirmamos serem necessárias as
qualidades que sempre se exigiram dos
candidatos ao Cursilho; mas cremos
necessário insistir em que os candidatos
sejam pessoas maduras, ao menos" em
potência e que possam ser fermentos de
cristandade, com inquietude social.
0> pré-cursilho será preferen temente
uma atividade apostólica de uma
comunidade cristã, porque os homens que
se pretende levar aos Cursilhos devem ser
requisitados e preparados em uma ação
comunitária (trabalho de grupos,
comunidades de base) e em ordem a uma
futura integração em um grupo, para a
vertebração da cristandade.
CURSILHO
Posto que esta visão comunitária
sempre foi algo peculiar ao Movimento de
Cursilhos de Cristandade, este tem direito
de esperar do Cursilho, como método:
Umá mentalização que origine atitudes
novas na piedade, como expressão da
vivência comunitária da salvação, pela
palavra e pelo testemunho.
A decisão de insertar-se em uma
comunidade de amigos (reunião de
Grupo) que o impulsione do grupo à
inserção e compromisso com a sua
comunidade humana e o leve a pasmá-la
como concretização de Igreja.
A decisão de incorporar-se à
Comunidade de Salvação (Igreja), plena e
ativamente.
O pós-cursi!ho deve propiciar o pleno
desenvolvimento desta mentalidade e
assegurar o conseguido no Cursilho,
sobretudo através da Escola de Dirigentes
e da Ultréya.
É necessário que a figura de Cristo,
"Encarnado" no mundo e solidário com o
destino de todos os homens, seja
apresentada com o caráter de Libertador.
Por isso, julgamos que se deve fazer
finca-pé no aspecto da* Igreja como Povo
de Deus, realização histórica desse Cristo
Libertado, insistindo na solidariedade da
sua dimensão humana.
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A revista
SE DOC, editada
pela Igreja, dá
a prova de que
os Cursilhos são
internacionais
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CURSILHO.
VESTIBULAR
DO GOLPE
Enquanto os que
concluíram
o Cursilho não se incorporam
à comunidade, os dirigentes
ficam como responsáveis pela
perseverança de seus ideais
kontexto
SEDOC
O internacionalismo é
uma de suas dominantes
internacional
Cursilhos de Cristandade
De 17-21 de maio p.p. realizou-se em Tlaxcala
(México) o II Encontro latino-americano
e II Mundial de Secretariados nacionais
de Cursilhos de cristandade. Apresentamos a
seguir as conclusões do encontro que nos
foram mviadas pelo Secretqriado Nacional.
IntroduçAo
0 Segundo Encontro Latino-americano de De-
legados Nacionais de Cursilhos de Cristandade,
em cumprimento à recomendação do Primeiro
Encontro realizado em Bogotá, em agôcto de
1968, continuou a reflexão iniciada naquela
ocasião, à luz das experiências havidas e do es-
pirito das decisões pastorais tomadas pelo Epis-
copado Latino-americano.
Os Documentos de Medellin, inspirados no
Concilio Vaticano II, sâo o testemunho de uma
Igreja que toma consciência do mundo em que
vive e no .qual quer encarnar-se como fArça
transformante e libertadora.
Neste espirito, o encontro aceita plena e cons-
cientemente o seu compromisso na ação da Igre-
ja no mundo, como agente da pastoral
segundo
a sua essência própria e finalidade; preocupa-
do com os bispos da América Latina em seu
esfôrço por transformar as comunidades em fa-
mflia de Deus, empenha-se na promoção de um
laicato adulto, plenamente comprometido na or-
denação do mundo com o espirito do Evangelho.
Fruto desta reflexão sãos os seguintes:
abstenção momentânea da ação, por impôs-
sibilidade de esperar-se um resultado adequado.
Muitos outros aspectos importantes devem ser
objeto de estudo profundo no pré-cursilho, com
vista ao pós-cursilho.4. Deve-se procurar, a partir do pré-cursilho,
a possibilidade de que os candidatos sejam
apoiados no seu peregrinar do Quarto Dia. Deve-
se programar, portanto, o mais breve possível,
a assistência ao Cursilho de outros candidatos
do mesmo ambiente.
5. Não se deve passar em silêncio a importán-
cia de selecionar também elementos que, ainda
que não estejam comprometidos na mudança,
tenham um potencial que os faça capazes de en-
contrar a sua vocação pessoal de compromisso.
6. E* finalidade dos Cursilhos a cristianização
dos ambientes, e como a tendência do homem
moderno é associar-se em grupos eleitos livre-
mente e não em grupos territoriais, deve dar-se
preferência às comunidades ambientais, que em
muitos casos podem coincidir com comunidades
paroquiais ou territoriais.
7. E' necessário que no Cursilho se evidencie,
por atos, atitudes e palavras que seus próprios
carismas suscitem, o testemunho individual e I
coletivo da Equipe comprometida, para se tornar
comunitários êsses carismas.
8. Para assistir a um Cursilho, são requeri-
dos a preparação, constantemente renovada, dos
dirigentes (sacerdotes e leigos) e o seu teste-
munho dentro e fora do Movimento^ bem como
a manutenção viva e atual da dinâmica do
Cursilho.
9. Recordamos aqui que no Encontro de Bo-
?.mKAm M Iàt » mi f»rnm»nHarin In-
O compromisso social
do cursilhista não é
entrave ao movimento
Afirmamos, por isso, que o Movimento
de Cursilhos pretende realizar uma
conversação evangélica pessoal do
cursilhista. Quer dizer, visa a reestruturar
toda a sua vida sobre o verdadeiro eixo,
que deve ser Jesus Cristo Ressuscitado em
seu Mistério Pascal, e, dessa maneira,
integrá-lo consciente e responsável mente
na história da salvação, bem como
projetá-lo, como Homem Cristão, na
construção do mundo novo, que seja
autêntica comunidade de amor.
Com relação a esta comunidade de
amor, é necessário insistir sobre a
urgência de se viver uma escala dé valores
real e cristã, visto que, não se dando isso,
correríamos o perigo de desenvolver o
individualismo. No desenvolvimento da
nossa escala de valores tornaremos
possível captar mais facilmente os sinais
dos tempos, e ao interpretá-los e vivê-los,
desenvolveremos uma comunidade
solidária e cristã.
0 movimento de Cursilhos terá que
buscar o equilíbrio entre a pessoa e a
comunidade.
PÓS-CURSILHO
0 Movimento de Cursilhos de
Cristandade sempre procurou colaborar
com a ação de toda a Igreja na promoção
de comunidade cristã; não obstante, a sua
colaboração tem sido limitada por
algumas deficiências, como, por exemplo,
o fenômeno dos grupos fechados, em
situação de "ghetto",
as reuniões de
Grupos e Ultréya exclusivamente como
meios de perseverança, sem projeção
comunitária, etc.
Para evitar tudo isto, sem
comprometer a essência, finalidade e
método do Movimento, deve-se melhorar
a atitude de solidariedade, mentaiizando e
conscientizando os cursilhistas e,
especialmente os dirigentes, acerca^ da
produção do homem, da consolidação e
espiritualidade da sua própria família e da
dos outros e do compromisso com os
irmãos em todos os planos, assim como
também acerca da colaboração e serviço
nas campanhas de caridade e de
apostolado, inclusive no nível
internacional.
Todavia, o compromisso social do
cursilhista não deverá ser tanto fruto de
uma motivação exterior, como de uma
tomada de consciência do seu
compromisso e união com Cristo. A
projeção social não é um objetivo, é uma
conseqüência do compromisso batismal.
Não é praticamente o Movimento de
Cursilhos de Cristandade, como
instituição, mas o cristão é que deve
tomar o seu compromisso dentro do
temporal.
Reconhecemos que muitas das
deficiências que se notam no Pós-cursilho
se devem principalmente à mentalidade
de alguns dirigentes, como conseqüência
de uma visão defeituosa da Pastoral e da
Igreja e das realidades e problemas do seu
mundo.
Por isso, a Escola cuidará da sua
formação cristã integral, ao mesmo tempo
que da formação como dirigentes do
Movimento, visto que este será o que
forem aqueles.
Os dirigentes devem-se responsabilizar
pela perseverança dos que assistiram ao
Cursilho, durante o tempo prudencial,
enquanto se incorporam plenamente em
sua comunidade cristã.
A perseverança específica, dentro das
estruturas do Momento, não esgota a
autêntica vida comunitária do cristão que
participou de um Cursilho, nem
tampouco as responsabilidades do próprio
Movimento; em razão do que, temos que
aceitar que a Ultréya é uma comunidade
de educação na fé e de transição, para
viver em íntima colaboração como as
estruturas eclesiais, numa ação pastoral de
conjunto. Nesta linha de pensamento,
cremos que a dinâmica comunitária da
reunião de Grupo e da Ultréya (salvas as
diferenças) permite a possível
participação de cristãos que não tenham
feito o Cursilho, mas que compartilham a
vivência do cristianismo e seu
compromisso, sobre a base da amizade.
Nos pós-cursilhos, o mesmo que no
Cursilho, deve-se motivar para fomentar
Comunidade Eucarística, tendo-se como
linha mestra a sacramentalidade da
comunidade. O Povo de Deus, não
somente é conduzido e invisivelmente
sustentado pelo Espírito de Cristo, senão
que, ademais, segundo a vontade de seu
Fundador, tem que formar uma
verdadeira família visível.
"Deve-se
patentear o que todos viam na primeira
comunidade cristã: que eram um só
coração e uma só alma. Isto exige que na
Cristandade Católica, pequenas
cristandades se reúnam ao redor da Mesa
Eucarística, para viverem a unidade e para
comunicarem essa unidade de amor.
RECOMENDAÇÕES
Suscite-se uma renovação progressiva
de esquemas e "rollos"
à luz do Vaticano
II, das Conferências Episcopais.
Encontros Mundiais de Cursilhos,
j tendo-se em conta os ambientes,
circunstâncias e necessidades da Igreja em
cada país. Para acertar nesta adaptação
importa conhecer a fundo o fundamental,
o importante e o acidental. É isto uma
atribuição dos Secretariados Nacionais,
que pode ser aquilatada em encontros
internacionais, procurando suscitar o
desenvolvimento na identidade da
essência, finalidade e método.
Sejam tidos mais em conta no
pré-cursilho os operários, camponeses e
jovens, porque ao conviverem e
compartilharem as vivências do Cursilho
podem contagiar com eficácia as
inquietudes que eles vivem na própria
carne.
Promocione-se, dentro do Movimento,
onde isto não se faz, e com especiaí
atenção, a mulher, reconhecendo o seu
papel na Igreja e no mundo e o seu lugar
nas estruturas do próprio Movimento.
Insista-se em manter, em face á
tendência dessacralizadora, as formas
externas de espiritualidade em todas as
manifestações e atos do^Moyimento.
Impulsionem-se as comunidades de
base territoriais ou ambientais, através de
reuniões de Grupo e Ultréyas.
Faça-se nas Escolas um sério e
profundo estudo do conteúdo dos
"rollos" e da sua concatenação, a fim de
conseguir uma melhor e mais clara
consciência da dimensão comunitária da
Salvação. Assim poderão os dirigentes
transmitir esta atitude ao nível de
vivência em Ultréyas, reuniões de grupos
e contatos pessoais.
Capacite-se aos dirigentes para que
saibam interpretar os sinais dos tempos,
pondo uma atenção especial na reflexão
sobre o tema da Graça em relação com as
realidades terrestres (cultura, trabalho,
economia, etc.)
Procure-se, para se obter melhores
frutos, facilitar tudo o que leve o
Movimento a uma comunicação maior
com o seu meio ambiente e evite-se tudo
o que tenda a isolá-lo ou encerrá-lo em si
mesmo.
Os frutos do Encontro requerem de
todos:
Progressiva conversão pessoal e
estrutural.
Renovação de mentalidades,
atitudes e condutas.
Maior espírito de abertura e
compromisso, características todas da
Igreja de hoje.
Tlaxcala — México, 21 de maio de 1970.
a
e
¦
0Fl
POLITIKA
8konjuntura
¦
O governador indireto, feito
sob medida para acabar com asucessão de crises, não teve
sua missão cumprida em Natal.
Cortês é o próprio crisófilo.
Santana
Junior
DESCORTESIAO governador indireto
é o Menino Jesus nacional:
veio para trazer a paz."Glória à ARENA em
Brasília e paz nos Estados
aos correligionários deboa vontade.
"Só que o
Menino Jesus nacionalfalhou. Não trouxe a paz.
Trouxe a crise. Sem estrela
do Oriente e sem ReisMagos, trouxe a crise.
E que crises!
Cortês Pereira, governadordo Rio Grande do Norte,
por exemplo. Não tem
ainda um ano deadministração, mas já teve
oportunidade de mostrar
que é um crisófilo:
tem a crise nas veias.
BflflflftV^fl «fll.
Cortês Pereira
O Menino Jesusde Natal sem paz
Começou com inescondfvel delírio «de grandeza. Achava-se capaz dedominar as forças internas e desencontradas da ARENA e esmagar os
adversários — a maior parte deles refugiada no MDB, através da liderança
do deputado federal Henrique Eduardo Alves.
Em almoço com os repórteres políticos, Cortês não foi cortês com seu
ex-adversário, deputado federal o governador do Rio Grande do Norte,
Aluízio Alves. Perguntado o que achava da declaração do governador de
Pernambuco, Eraldo Gueiros, ex-procurador e ex-Ministro do Superior
Tribunal Militar, que, no mesmo local e em almoço semelhante, citara
como uma das injustiças da Revolução a cassação dos direitos políticos do
sr. Aluízio Alves, respondeu peremptório e dogmático:
- Osr. Aluízio Alves está morto. E eu não trato de pessoas mortas."Não significava sinal de vida, para Cortês, a circunstância de o filho do
ex-governador, com 21 anos de idade, estudante, sem dinheiro, ter obtidomais de 70 mil votos em duzentos e poucos dias, ou seja um cada trêsvotos, numa eleição proporcional, fato inédito na história política doBrasil.
Cortês Pereira estava no auge de seu poder e de sua gloria. Mas, as coisasassim muito esplendorosas não costumam durar muito. Talvez Cortês jáesteja aprendendo essa lição. Pois tem vários motivos para aprendê-la.
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POLITIKA
O Menino Jesus
de Natal sem paz
Os economistas ensinam quecustos diretos são muito mais
inflacionários que os custos
indiretos. Em política, não. E
o país está pagando caríssimo
9konjuntura
Os governadores indiretos estão aí para provar
que o povo
é o melhor
conselheiro- 0 primeiro foi a demissão do
major Ronaldo Leite do comando
da Polícia Militar. Riograndense do
Norte, com largo prestígio na Guar-
nição Militar, acreditou nas inten-
ções superiores do novo Governo.
Em menos de 6 meses, largava a
Polícia em protesto aos processos
da politicagem e voltou à corpora-
ção militar, após atuação isenta.
- Outra crise estourou na Gua-
nabara: o jornalista Fernando Luís
da Câmara Cascudo, que concor-
dará em chefiar o escritório do Es-
tado no Rio, para transformá-lo
num pólo de irradiação e prestígio,
também não suportou as intrigas
que foram envolvendo o governo de
Cortez.
- Felinto Rodrigues, diretor
do Serviço Nacional do Teatro,
aceitara ser presidente de um órgão
estadual de turismo. Quando se pre-
parava para assumir o posto, Cortez
assina um contrato que onerava a
nova organização em um milhão de
cruzeiros para um escritório desço-
nhecido estudar a viabilidade do
turismo no Rio Grande do Norte.
Estava provado, aí, que Cortez Pe-
reira ia viver de crises, e sem saber
resolvê-las.
- Na correnteza, explodiu a
crise maior: um auxiliar de Cortez
agrediu em um restaurante o ho-
mem de sua maior confiança, Secre-
tário de Finanças com carta branca,
espécie de primeiro secretário do
governo, com o agravante de ter de-
sacatado o secretário e sua mulher,
em meio ao estarreci mento geral.Cortez ficou fazendo apelos aosHnic 1 Inr» oorn pr.rir.lir r>c rlocofnm .vjwio. Oiii, |juiu onywici >_/»> uv_jUlwlu>J|
ajudado pela mulher, ferida na sua
honra. Outro, para evitar novas ce-
nas daquele tipo.
0 Secretário de Finanças, Aris-
tides Braga, foi embora para seu
posto no Banco do Nordeste, com
mais dois auxiliares técnicos, masrompido com o governador. Estásubstituído, até hoje, interinamen-te, sem Cortez encontrar saída.
Vindo ao Rio, e perguntado pelascrises, deu uma de falso poder:
- Não há crise. Tenho, agora, umsecretariado homogêneo e ccmpe-tente.
5 - E voou para Natal. 24 horas
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MM HL TlÊÚ^^tÊÈÈÊí *^____________________________B
depois, o prefeito da Capital, Ubi-
rata Pereira Galvão, sobrinho legíti-
mo de Cortez, filho de uma sua
irmã, entrega-lhe o cargo irrevoga-
velmente, porque não quer admitir
interferências familiares na adminis-
tração. E sai do governo acusado
pelo tio de ser "instrumento
hábil
da oposição".
A substituição foi uma novela. A
cidade passou 20 dias, inclusive du-
rante o carnaval, sem prefeito, a
administração entregue à matroca.
O substituto legal era o vereador
Gilberto Rodrigues, do MDB. O
governador não deixou que ele assu-
misse, retardando a publicação da
demissão, até encontrar o substitu-
to, que saiu de outro setor, por in-
dicação familiar, em nada fortale-
cendo o governo.Perdeu o prefeito, que era o pon-
to alto de sua administração; per-
deu*a amizade do sobrinho; deixou
a cidade sem prefeito quase um
mês, e, no fim, transferiu de uma
repartição para outra o novo prefei-
to, que tinha as graças domésticas.
Este já revelou o alcance do tiro:
convidou um advogado para chefe
da Casa Civil, que aceitou, ex-verea-
dor pela cidade de Natal. Depois de
uma semana, mandou chamá-lo e
disse que o governador achara boa a
escolha, mas exigia uma carta em
que o advogado dissesse que já nao
pertencia ao MDB. O homem re-
cusou-se. Foi desconvidado.
6 - Em meio a isto, outro secre-
Aloisio Alves
tário deixa o governo: o de Águas e
Esgotos, engenheiro conceituado jia
cidade. Não suportara as interferên-
cias domésticas, e, sobretudo, os
desmandos do irmão do governa-
dor, que é diretor administrativo,
um dos 13 parentes próximos no-
meados por Cortez para o primeiro
e o segundo escalão do Governo.
7 - A essa altura, não sabemos se
o Cortez ainda fala com a arrogân-
cia inicial. Até porque, nesse inte-
rim, houve uma "prova
de povo". O
município de Arez foi sempre
domínio tradicional dos grupos que
formam a Arena. O MDB pratica-
mente não existia. Apresentou,
quase por simbolismo, dois cândida-
tos a prefeito e vice-prefeito, que
haviam sido derrotados fragorosa-
mente para vereadores, há dois
anos. A tônica da campanha foi o
governo Cortez. Com surpresa até
para os candidatos do MDB, o go-
verno foi esmagadoramente derrota-
do. Em pouco mais de 1.000 votos,
a derrota foi de algumas centenas.
8 - Agora, Cortez Pereira terá
umas explicações novas a dar ao
ministro Andreazza, ao sr. Eliseu
Resende, ao Ministério da Fazenda,
a todas as autoridades federais que
concordaram em delegar recursos
da União, e, ainda, em avaliar em-
préstimo de 5 milhões de dólares
para Cortez Pereira aplicar na BR
227, no RGN.
A história é contada por um en-
genheiro, Luís Jorge, diretor de
Obras e Operações do Departamen-
to Estadual de Estradas de Roda-
gem. Foi chamado pelo Diretor Ge-
ral para acrescentar nas folhas de
pagamento, 600 mil cruzeiros que
se destinavam a pagar juros por fora
do empréstimo em dólares. Re-
cusou-se. Viu-se na contigência de
afastar-se do cargo em comissão, ls-
to foi em junho de 71.
Pois agora verifica o engenheiro
que as folhas de pagamento haviam
sido inchadas, não em 600 mil, mas
em CrS 2.715.000,00. Ou seja, 10%
do total do empréstimo. Vai ver
como foi. Da primeira à 6a. medi-
ção, os custos de transporte de ma-
terial eram de uma distância média
de 4 quilômetros. Distância real.
Pois, na 7a. medição, os 4 quilôme-
tros passaram a 8, como se a terra
fosse de borracha. E mais: com
luxos retrospectivos, pois, para a
conta chegar aos dois milhões e se-
tecentos mil e quinze cruzeiros, foi
necessário aumentar a distância des-
de a primeira medição, ou seja, nas
7 medições. O homem, escandaliza-
do, pôs a boca no mundo, e come-
çaram as investigações. Em que
estão essas investigações, ministro
Andreazza? Que nos diz a dr. Eli-
seu Resende?
E há outras investigações. Mas,
até agora, elas vão ficando em
algum esconderijo protegido de
algum órgão governamental. Vez
por outra, aparece uma luzinha: o
juiz de crimes em Natal manda fa-
zer perícia e pede certidões de óbi-
to e sepultamento. . . Os rumores
aumentam e os inquéritos voltam
ao silêncio que convém a um gove-
rno indireto que, a esta altura, tal-
vez tenha que se preocupar com ou-
trás mortes - e verdadeiras - que
não as dos seus adversários. Ou em
sair da prisão familiar, que dia^a dia
escraviza o governo a conveniências
e interesses que terminarão por con-
duzí-lo a um beco também indireto.
E sem saída.
Os economistas ensinam que os
custos diretos são muito mais infla-
cionários que os custos indiretos.
Em política, não. O País está pagan-
do custos indiretos que nunca ima-
ginou. Os governadores indiretos
estão aí provando que o povo é
sempre o melhor conselheiro. No
mínimo, o povo sabe que a paz
pode até não vir pela estrela dos
três Reis magos. Mas sabe que ja-
mais viria pelo telefone de Brasília.
POLITIKA
IOekonomia
Os governadores da área do
polígono das secas perderam o
direito de discutir e aprovaros programas de aplicações de
recursos da SUDENE na região
•\mTmmmW ______________ * W\ •\sWm\mmm\^^^^****
________L^_______I _________L'fl_____l ______a. ^__H il
DB EY'___fl ______________ ^1
__B _H_j ' hH_I
Hélio
Duque
ESPOLIAÇÃOJA NÃO HÁ COMO NEGAR: 0 ESVAZIAMENTO DA SUDENE
Ê UM FATO. FORA DE DISCUSSÃO. NUMA DAS
SUAS ÚLTIMAS REUNIÕES, 0 SEU CONSELHO
DELIBERATIVO, QUE Ê INTEGRADO, ENTRE OUTROS,
PELOS GOVERNADORES DOS ESTADOS NORDESTINOS
E MAIS 0 DE MINAS GERAIS, POR TER GRANDE
PARTE DE SUA REGIÃO NORTE NA ÁREA DO POLÍGONO
DAS SECAS, RECEBEU 0 GOLPE FINAL. OS CHEFES
DOS EXECUTIVOS NORDESTINOS JÁ NÃO TÊM MAIS
O DIREITO DE DISCUTIR E APROVAR PROGRAMAS
DE APLICAÇÕES DE RECURSOS NA REGIÃO. TODOS
ESSES PODERES FORAM ENFE/XADOS NAS MÃOS
DO SUPERINTENDENTE DO ÕRGÃO.
,
O SUL ESTAEXPLORANDO
O NORDESTEO tradicional
"O Estado de S. Paulo", no seu editorial de 7-3-72, vê assim essa medida:
"Não há como negar o risco de agravar-se o
esvaziamento da SUDENE. Não há a menor dúvida que esse esvaziamento é um fato. Não exageraremos em afirmar, até, que a SUDENE éhoje um órgão sem maior poder de decisão e que sua crescente inanidade entremostra há já alguns anos, o seu enfraquecimento político,mas também a evasão de técnicos, responsável pelo clima de apatia e indiferença que nela reina, agravado ainda pela indicação, para seus ^
principais postos, a partir da própria superintendência, de pessoas desprovidas de maiores conhecimentos técnicos, econômicos ou dos mais ™simples problemas regionais .'Esse esvaziamento do órgão que deveria ser o responsável pela política de planejamento governamental na regi-
So, não se circunscreve apenas ao episódio lembrado pelo "Estado".
Ele vem se processando de maneira gradativa. Por exemplo, no mo-
mento em que o governo federal adotou uma série de medidas para a região, nem ao menos consultou aquele organismo.
*-**#.
POLITIKA
0 SUL ESTA
EXPLORANDO
O NORDESTE
O esvaziamento da SUDENE
começou com a diminuição de
sua autonomia e prosseguiu
com o desvio de seus recursos
para outros órgãos regionais
ekonomia
A disparidade de níveis de renda existente
entre o nordeste e o centro-sul é o
problema
É o caso da Transamazônica, que
terá parte dos recursos da sua cons-
trução carreados da região, portan-
to retirados dos incentivos fiscais; o
Reílorestamento; o Turismo regio-
nal; a Pesca; e o Proterra.
Configurava-se assim no próprio
procedimento do governo
federal
uma forma de ação de ignorar a
existência da SUDENE.
Necessário se torna recordar que
a SUDENE foi criada em seguida a
uma seca dizimadora e de um nú-
mero enorme de gritos e protestos
contra a situação de atraso e de
subdesenvolvimento em que se en-
contrava o Nordeste, em relação ao
País. 0 descompasso era, como ain-
da hoje o é, flagrande entre o Nor-
deste e o Centro-Sul. Enquanto
aquele ficava mais pobre, mais sub-
desenvolvido, o que quer dizer mais
miserável, no outro ocorria exata-
mente o contrário. E foi assim que
uma consciência nacional pela re-
denção do nordeste foi criada. No
entender de muitos até mesmo
como um fundamento de segurança
nacional. Já que uma região em
processo de empobrecimento e uma
outra em processo de enriquecimen-
to poderia causar inquietações in-
temas.
0 grupo de trabalho que foi res-
ponsável pela sua constituição e que
tinha no então economista Celso
Furtado seu coordenador afirmava:"A
disparidade de níveis de rendas,
existentes entre o Nordeste e o
Centro-Sul do País constitui, sem
lugar de dúvida, o mais grave pro-
blema a enfrentar na etapa presente
do desenvolvimento econômico
nacional".
Daí nasceu a SUDENE, como
objetivo maior de fazer com que o
nordeste crescesse harmonicamente
com as outras regiões brasileiras. E
data de então, os incentivos fiscais,
notadamente, o 34/18. Sem dúvida,
esse mecanismo foi responsável pela
canalização de recursos para a re-
9>ão, numa primeira etapa. Mas
numa segunda etapa, iniciou-se a
fase de mutilação do 34/18. E al-
9uns dos recursos que era canali-
zados para a região são desviados
para outros setores igualmente con-
siderados pelo governo como priori-
tários. E assim o esvaziamento foi
se estendendo no que diz respeito à
aplicação de recursos na região.
Agora, apenas 50 por cento dos
recursos provenientes dos incenti-
vos fiscais são aplicados na região.
O desenvolvimento da indústria
hoteleira, o incremento da pesca e a
necessidade de renovação contínua
das reservas florestais consumidas
pelo parque industrial absorverão
nos próximos anos os 50 por centos
dos recursos que ainda estão livres.
Dos 50 por cento restantes, 30 por
cento serão aplicados obrigatoria-
mente noPIN (Plano de Integração
Nacional, avultando aí as rodovias
amazônicas, mais particularmente a
Transamazônica), ficando para o
Nordeste, nada mais que o -saldo
final de 20 por cento. Pode-se mes-
mo verificar que à Amazônia está
atribuída soma de recursos bem j
mais significativo do que a que foi
-
posta à disposição dos nordestinos,
pois na Amazônia residem aproxi-
madamente 8 milhões de brasilei-
ros, já no Nordeste residem 30 mi-
Ihões de brasileiros.
E mais: há pouco tempo o Banco
do Nordeste comprovou que dos
incentivos fiscais destinados à
SUDENE, entre 10 e 25 pór cento
ficam nos Estados sulistas, onde
estão as matrizes das empresas fi-
nanciadoras e beneficiárias do abati-
mento de tributos, com os escritó-
rios de captação de recursos. Os
próprios setores oficiais revelaram,
ainda, que certas agências de capta-
ção de recursos cobram uma taxa
nunca inferior a cinco por cento do
total de investimentos projetados, a
título de serviços prestados e despe-
sas realizadas. Outros estudos feitos
no Nordeste, inclusive por governos
estaduais revelaram que o Imposto
de Circulação de Mercadorias tam-
bém atua contrariamente aos inte-
resses nordestinos.
Como sabem os entendidos cm
tributação, foi o sr. Roberto Cam-
pos um dos inspiradores da nossa
reforma tributária. As vendas passa-
ram a ser tributadas, a partir de
então, com o ICM o qual incide,
sobre a diferença de preços, de
compra ® venda, de um mesmo
produto num estabelecimento.
Quando uma fábrica efetua uma
venda para um comprador de outro
Estado, a mesma é tributada em 1 b
por cento e o imposto pago pelo
consumidor do Estado é recolhido
pelo Estado exportador.
Com essa sistemática criou-se o
paradoxo dos contribuinetes dos
Estados mais pobres recolherem im-
postos para os Estados mais ricos,
os quais se tornam mais ricos. Se-
gundo a Fundação IBGE, o Nordes-
te exportou em 1969 um total de
CrS 373.622.000 e importou Cr$
2.553.376.000 dos Estados do
Centro-Sul. Calculando o ICM cor-
respondente, encontramos:
ICM pago pelo Nordeste
ao Centro-Sul Cr$ 383.006.400
ICM pago pelo Centro-Sul
ao Nordestte Cr$ 56.043.300
Diferença Cr$ 326.963.100
Isso vem a significar recursos dre-
nados da região pobre para a região
rica. Nesse mesmo ano o Noreste
recolheu sob a forma de incentivos
fiscais, inclusive a sua própria con-
tribuição, o total de CrS
456.682.000 valores em cruzeiro no
mesmo ano.
Continuando no nosso raciocí-
nio, se retirássemos o artigo 34/18
advindo do próprio Nordeste, o
valor dos incentivos fiscais da região
Centro-Sul, investido lá deve-ficar
em torno de Cr$ 388.000.000
Valor equivalente ao que o Nordes-
te pagou de ICM, no mesmo ano.
São dados oficiais, que compro
vam uma crescente espoliação da
região pobre pela região rica sob o
ponto de vista jurídicô-econômico.
E isso fica acrescido então de um
novo ingrediente: o esvaziamento
dos órgãos que teriam que coorde-
nar e planejar o desenvolvimento
regional.
Esse esvaziamento iniciou-se
quando o superintendente da
SUDENE perdeu a condição de su-
hordinado diretamente ao Presiden
te da República. Quando da sua
criação, além de estar subordinada
ao poder central o seu superin-
tendente tinha um "status"
de mi-
nistro de Estado. Com o advento da
Revolução, o órgão iniciara sua fase
aguda de esvaziamento, perdendo
numa primeira etapa, a subordina-
ção ao Presidente da República,
passando a ligar-se ao Ministro de
Coordenação de Organismos Regio-
nais, hoje Ministério do Interior.
Acreditamos que por ser um órgão
de planejamento, o setor em que
deveria se subordinar à SUDENE
devesse ser o Ministério do Planeja-
mento.
Essa simpies subordinação redu-
ziu os seus poderes. Passou a ser um
dos órgãos a mais que tem atuação
sobre toda a problemática regional,
em setores específicos. A exemplo
do Departamento Nacional de
Obras contra as Secas, da Comissão
do Vale do São Francisco, etc. Al-
gum tempo depois, a criação do
Grupo Especial de Racionalização
da Agro-lndústria Canavieira do
Nordeste, foi outra forma de esva-
ziamento. Aliás esse órgão,
GERAN, foi extinto recentemente,
após ser consagrado quando do seu
surgimento como o verdadeiro sal-
vador da economia açucareira regio-
nal.
Nesse tento processo de esvazia-
mento da SUDENE, os Planos Dire-
tores do Nordeste desapareceram e
em seu lugar surgiu o plano de
Desenvolvimento Regional, enqua-
drado nos princípios emanados do
Ministério do Planejamento. Mais a
frante, diante da frágil atuação do
organismo no setor agrícola, o go-
verno lançou o PROTERRA, alte-
rando a política agrária regional. E
a SUDENE só tomou conhecimento
quando o fato estava oficializado.
Em 1972, em fevereiro, ocorreu
o lançamento do PROVALE, alte-
rando a programação da SUDENE
para a região banhada pelo Rio São
Francisco. E mais uma vez, a
SUDENE fora marginalizada.
No entender de diversos técnicos
em planejamento, a existência da
SUDENE após esses fatos, perdera a
sua razão de ser, como órgão de
planejamento econômico do Nor-
deste e, até mesmo, como órgão de
planejamento do qoverno federal.
Temos, portanto, que constatar
que a resolução última do órgão
retirando o poder de atuação dos
governadores e outros membros no
seu Conselho Deliberativo, foi um
capítulo a mais na marginalização
da SUDENE, que após 12 anos se
vê reduzida quase que à condição
de órgão indesejado.
Enquanto isso, sua missão funda-
mental que é superar o subdesenvol-
vimento nordestino vai sendo es-
quecida e relegada a uma posição
secundária. Até quando?
¦
^^^HEiKp»fl^^^^^^Hb2^^^n^9HPL <B<lliFW\f*9' * * ^^Hv*Il fHK^
^¦¦r KH ^^Vf* fe»>
POLITIKA
Segurança e
Insegurança
Com a explosão da refinaria de
Duque de Caxias, o município não
é mais considerado como área de se-
gurança. Os moradores das redon-
cfezas esrôb focfos se mudando. £ a
insegurança. £ a insegurança. Nin-
guém segura mais o caxiense.
Meu Deus,
que seja
Já
O governo, ao que tudo indi-
ca, resolveu segurar o touro da
inflação pelos cornos. Só mere-
ce aplausos pela disposição.
Ainda mais que a nossa infla-
ção tem fôlego de sete gatos. E
se alimenta por sete mil bocas,
nem todas visíveis.
Vejam o caso do crédito di-
reto ao consumidor. Consumi*
dor, como todo manual de eco-
nomia explica, é aquele que é
consumido pela inflação. Pois o
consumidor de bens ditos durá-
veis tem duas inflações em ei-
ara dele: a propriamente dita e
a do crédito direto. £ na hora
do crédito direto que o consu-
mi dor se estrepa e o país se en-
rola Como?
É fácil de ver. No ano passa-
do,*o PNB cresceu 11,3 por
cento e a inflação oficial foi de
18,5 por cento. Digamos que a
economia, infiacionada, cres-
eeu 29,8 por cento. Pois bem:
o crédito direto ao consumi-
dor, segundo revelações ofi-
ciais, cresceu mais de 100 por
cento. Uma diferença brutal.
Se o crédito direto cresceu 10
vezes mais do que a produção
(11,3%), é sinal de que ele, nes-
se período, financiou a própria
inflação, isto é, financiou mais
títulos (vencidos) do que novos
objetos de consumo.
O presidente disse que, a
partir de 31 de março, a luta
contra a inflação tomaria outro
aspecto. Para valer. Só dizendo
como Casimiro de Abreu:"Meu
Deus, que seja já".
Os médicos
explorados
Os médicos cariocas que tra-
balham para a SUSEME estão
reclamando. Dizem que seus
vencimentos são aviltantes —
recebem três salários-mínimos
regionais para um horário que
prevê de duas a quatro horas
diárias — o que lhes obriga a
constantes pulações, para en-
contrarem o decantado equilí-
brio orçamentário. Existem ca-
sos, por exemplo, de profissio-
nais que lecionam na parte da
manhã, em Faculdades, traba-
lham à tarde nos hospitais e co-
brem o horário noturno com
mais algumas aulinhai. Ora, mi-
nha gente, qual poderá ser o
aproveitamento desse pessoal,
em qualquer de suas atividades,
uma vez que eles não têm, se-
quer, tempo para prepará-las.
Afinal, esse negócio de lidar
com a vida dos outros é uma
coisa, parece, que merece
maior respeito. Mas o nosso
amigo Antônio de Pádua Cha-
gas Freitas não pensa assim. E a
situação persiste.
Já temos
candidato
Mediei mandou o reca-
do: é um desserviço ao
país e, sobretudo, ao regi-
me a discussão prematura
da sucessão presidencial.
Concordamos. Nós aqui no
POLITIKA já temos o nos-
so candidato e não admiti-
mos que surja outro.
Assim sendo, é melhor que
o debate seja encerrado lo-
go. Antes de começar.
Falar com
tamboretes
S/A do 4B
"Depois
que o Brasil
deixou de ter vergonha de
ser um País capitalista, tu-
do vai", disse o ministro
Delfim Neto no grande
banquete com que o Jor-
nal do Brasil lançou um su-
plemento econômico inti-
tu lado (ó tempos! ó costu-
mes!) BRASIL S.A.
A festa, com o motivo e
os convidados, transfor-
mou-se numa situação-sím-
bolo. O governo, represen-
tado por três ministros da
área econômica, serviu de
avalista a uma picaretagem
de longo curso. Um suple-
mento em que as empre-
sas, quase compulsoria-
mente, transferiram ao jor-
nal da condessa mais de
dois bilhões de cruzeiros.
E em que as autoridades
econômico-financeiras,
também quase compulso-
riamente, escreveram arti-
gos mais ou menos óbvios,
sobre o BRASIL S.A., isto
é, sobre o . país olhado
como engrenagem comer-
ciai, explorado publici-
tariamente como se fosse
uma marca de sabonete ou
de papel yes.
Não temos mais vergo-
nha do nosso capitalismo,
disse o ministro. E mais dó
que disse, provou.
Arena compra
o POLÍTIKA.
Queda
ministerial
O ministro Mário
Gibson Barboza caiu do
cavalo. Machado de Assis
dizia que é preferível cair
das núvens do que do ter-
ceiro andar. Pois nós dize-
mos que é preferível cair
do cavalo do que do Minis-
tério. Bom ginete ministe-
rial, Gibson revelou-se um
mau administrador de
montar ias.
O pior é que o ministro
quebrou uma perna (logo a
direita) e, segundo os pri-
meiros telegramas, parece
ter afetado a bacia.
Até que ponto a queda
ministerial, por sua vez,
afetará a diplomacia brasi-
leira, é o que veremos. Pois
do jeito que está o minis-
tro não poderá tocar se-
quer nos problemas da Ba-
cia do Prata.
O leitor menos avisado
poderá pensar que esta foto
foi encomendada. Mas não
foi. Ela veio do Serviço de
Imprensa da Secretariado
Interior do Estado de São
Paulo. E é a demonstração de
que POLITIKA é aquele
negócio: os 1.400
convencionais da Arena
portavam, como não poderia
deixar de acontecer, seu
exemplarzinho do jornal.
Era a demonstração, que se
tornava por demais óbvia,
de nossa penetração.
Estamos penetrando, cada
dia, mais um pouco. O que
é bom. Em tempo: da
Convenção da Arena de São
Paulo, foi reeleito o
deputado estadual
Salvador Julianelli.
bacia
das alma*
No já célebre banquete do Bra-
sil S.A., Roberto Campos
(BIG-Univest) e Marcí/io Mar-
ques Moreira (União de Ban-
cosj encontraram-se. Marcílio
elogiou o bom aspecto do ex-
ministro do Planejamento.
Campos, numa clara alusão à
fusão Bradesco-União de Ban-
cos, fez blague: "Como?
Você
ainda fala com tamboretes? ".
Por falar em fusões, uma das
bombas do Brasil S.A. é a pro-
palada (nos bastidores) fusão
Banco Nacional de Minas Ge-
rais — B/G Univest. Magalhães
Pinto que, no governo Costa e
Silva, lutou para
"humanizar"
a política econômica de Cam-
pos, teria oportunidade, com
essa fusão, de "humanizar"
os
juros de seu complexo bancá-
rio.
¦mi
Editorial
SÔ QUERIA LEMBRAR QUE, DESDE QUE O V/SCONHF df /IDIir*iia t c»Â ¦»
ESCREVEU 0 TRATADO DE DIREITO ADMINISTRATIVO OU QUEMULn pflhn eu ,00»
PUBLICOU SEU MAGNÍFICO ENSAIO RETRATO DO BRtólL
DOS TRAÇOS CARACTERÍSTICOS DE UM CERTO TIPO DE BRAU?F!Rn fSliZfa ha >
IMITAÇÃO. DA IMITAÇÃO GERAL OU DE MODELOS JÁ OBSOI^TOS^MAL^OMPRFF/jnmnv
OU INSUFICIENTEMENTE DIGERIDOS. POR EXEMPLO COPIAR MODELOS np /nur^rln
REVOLUCÃO^ÍBERN^VCAENn^FvÁ^n1^57^'^' QUANDO NOSSO TEMPO ÊO DA
REVOLUÇÃO C/BERNET/CA E NOSSO ESPAÇO Ê O BRASIL(MARCÍLIO MARQUES MOREIRA).
POLI TI K A
bada
ydasalmas
Solidão
remunerada
0 governador Euclides Tri-
ches esteve no Rio, almoçou
com os repórteres políticos,
elogiou o presidente Mediei, su-
biu ao Pão de Açúcar, enfim,
fez todas as coisas que se reco-
mendam a um turista político.
Na sua ausência, o vice-gover-
nador Edmar Fetter assumiu o
governo, como manda a Consti-
tuição do Estado. A Arena gaú-
cha, depois dessa viagem, está
pacificada. Sim, amigos, por-
que o grande problema pol ítico
do R.G. do Sul era que o gover-
nador não podia viajar. Viajan-
do, o vice-governador teria que
assumir e isso o Euclides não
permitia. Mas Edmar e Euclides
trocaram de bem e quem levou
a culpa foi um assessor de Ed-
mar Fetter, a quem se atribuiu
todas as maquinações que sepa-
ravam os dois homens públicos.
Ao comunicar a sua demissão
do gabinete do vice-governa-
dor, o assessor acusado, Rober-
to Aveline, distribuiu nota sibi-
lina à imprensa, por onde se vé
que a malícia e a picardia estão
correndo soltas na política gaú-
cha. Diz a nota: "A
opção do
sr. Edmar Fetter levou-me à
exoneração de seu gabinete.
Deixo minhas funções sem má-
goas e sem ressentimentos. 0
vice-governador é um homem
bom, correto e digno. Por tais
qualidades sempre revelou sua
inconformidade em viver numa
solidão remunerada. Por esta e
outras razões deve-se a sua in-
sistência em assumir o governo
do Eblado. Soube peio noticiá-
rio da imprensa que o sr. Ed-
mar Fetter vai assumir o gover-
no no dia 3 de abril e por um
período de quatro dias. E isto,
coincidentemente, com o meu
afastamento do gabinete. É fá-
cil deduzir-se o preço da transa-
ção".
Para um país que comemora
oito anos de vitória sobre os
maus costumes políticos, essas
palavras de Roberto Aveline
soam um pouco fortes. Mas é o
estilo: sutileza de gaúcho é o
mesmo que um Fenemé passan-
do por um campo de camélias.
Hepatite
conjuntural
0 colunista Sérgio Fi-
gueiredo (Correio da Ma-
nhã, Última Hora) é um
dos homens que melhor
conhecem os bastidores do
poder econômico, no Bra-
sil. Sua coluna, não raro,
assume o aspecto de um
boletim oficial antecipado
das medidas que vão ser
adotadas pelas autoridades
financeiras. Os empresá-
rios, sempre supersticiosos,
consultam a coluna do Sér-
gio como se fosse uma
bola de cristal infal ível.
Boêmio e franzino, o
Sérgio não se cuida. Por
esse motivo, viu-se atacado
e quase abatido por molés-
tia insidiosa. 0 ministro da
Fazenda foi visitá-lo, quan-
do Sérgio já estava melhor
e terçando armas verbais.
Houve um diálogo:
Delfim:
isso, rapaz?
Como foi
Sérgio: —
Uma hepatite
conjuntural. Mas, por fa-
vor, não me receite doses
maciças de PNB.
Olha os "orne",
oh Lidovlno
0 deputado (estadual)
gaúcho Lidovino Fontes
abandonou a secretaria do
MDB para dedicar-se, se-
gundo ele, a um verdadei-
ro apostolado. Vai percor-
rer o Brasil inteiro pregan-
do a doutrina trabalhista
de Alberto Pasqualini, na
esperança de que o MDB
venha a adotar essa bandei-
ra. Para os amigos que o
aconselham a desistir da
idéia "face
à abafada
atmosfera de exceção" que
estamos vivendo, o deputa-
do gaúcho, já em plena
pregação, responde:
"Uma
formiguinha preta numa
noite escura sobre a terra
preta, Deus a vê".
Pois nós achamos que o
perigo para o Lidovino é
de ser descoberto. Não
tanto por Deus, mas pelos
homens.
Antonio, voce
é bárbaro !
Bastou o Ziraldo inventar o neo-
logismo Baihunos, para o governa-
dor Antônio Carlos Magalhães ater-
rar no Rio com força total. (Publici-
tária, naturalmente). Quem não viu
as fotos imensas nas páginas nobres
do Jornal do Brasil? Era o próprio
Átila do Nordeste.
E mandou brasa: — "Já vi os
homens mais honestos do Brasil,
como Otávio Mangabeira, pedindo
votos de integralistas e de comunis-
tas". Mas esqueceu de dizer que a
Bahia já viu um dos governadores
mais honestos do Brasil (ele, Antô-
nio Carlos) elegendo-se várias vezes
deputado à custa dos votos de um
ilustre precursor do Esquadrão da
Morte na Bahia, o famoso Urbano
de Almeida Neto, vulgo "Urbano
Cem Contos", legendário no Esta-
do.
E mais: a outra banda de suas
eleições sempre veio das centenas,
milhares de nomeações feitas nos
Correios e Telegráfos da Bahia, que
ele controlou nos governos de Jus-
celino, Jânio e Jango. Será que o
doutor Plinio Salgado acha os votos
que elegiam Antônio Carlos mais
limpos do que os dele?
O governador supõe que jornal
só se lê até as primeiras páginas. Do
contrário, não deixaria o JB fazer
aquela falseta de publicar, na 3a.
página, íntegra de seu discurso
(como se fosse um pronunciamento
presidencial) e, lá no fim da edição,
uma gorda, gordíssima página de
publicidade de seu governo, no mes-
mo dia.
Será possível? Nem se disfarça
mais neste País?
Cartilha
antropóloga
Esta vem de Mato Gros-
so. Dirigentes do Mnhral,
lá das bandas dos índios,
quiseram impressionar o
ministro Costa Cavalcanti.
Trouxeram-lhe um índio
com uma cartilha debaixo
do braço:
0 que é isto, meu
filho?
Ê a cartilha, doutor.
Você aprendeu a ler?
Aprendi. Graças ao
Mobrai, aprendi.
E aquele menino sen-
tado ali no chão?
Almoço!
©s empregados
desempregados
Departamento
Intersindical de Estatística e
Estudos Sócio-Econõmicos —
DIEESE — é conhecido de
todo mundo. E se sabe que ele
não brinca em serviço. Depois
de fazer uma pesquisa no
mercado de trabalho, chegou à
seguinte conclusão: embora
continuem crescendo as
oportunidades de novos
empregos, o desemprego está
cada vez maior. Incoerência?
Vejam:
— Em São Paulo, que
absorve aproximadamente 45%
da força de trabalho do País,
no ano passado, foram admiti-
das no mercado 1,5 milhão de
pessoas, ao passo que 1,2 mi-
íhão foram dispensadas, o que
corresponde a um ingresso de
300 mil pessoas, das quais 200
mil para o chamado primeiro
emprego. A Guanabara, segun-
da colocada, tem como núme-
ros: 500 mil admissões e 400
mil demissões.
- O número de desempre-
gados cresceu, de 1940 até
1969, quando o IBGE fez sua
última pesquisa por amostra-
gem de domicílios, nas seguin-
tes proporções: de 15 a 19
anos, de 19,9% para 7,8%; de
20 a 24 anos, de 3,1% para
5,8% de 25 a 34 anos, de 2,7%
para 3,4%; de 35 a 44 anos, de
2,3% para 3,8%; de 45 a 54
anos, de 3,3% para 6,7%; de 55
a 64 anos, de 7,0% para 16,1%;
e de mais de 65 anos, de 20,0%
para 43,2%.
- E o importante é que nos
atuais levantamentos estatísti-
cos só são indicados como de-
sempregados os que não esta-
vam exercendo qualquer tipo
de atividade na época em que a
pesquisa foi feita. Porisso, são
considerados empregados todos
os trabalhadores que, durante
aquele período, apesar de de-
sempregados, realizavam pe-
quenas tarefas, como abrir um
poço, capinar um j2rcS• rn cü
regar uma horta.
- 570 mil pessoas consegui-
ram, no ano passado, seu pri-
meiro emprego, o que prova
que o mercado absorve, anual-
mente, um número maior de
desempregados, o que não im-
pede, no entanto, que o desem-
prego continue em níveis altos
nas zonas urbanas: 3 milhões
de trabalhadores, em 1970, fo-
ram demitidos por motivos
econômicos. Somente em São
Paulo e na Guanabara há, pela
menos, 480 mil desemprega-
dos.
Barraram
ffTio Patinhas"
wm§ •
w/\m
Antenor Patifto, o homem
que durante muitos anos contri-
buiu para que o povo boliviano
permanecesse na miséria, agindo
como uma ave de rapina rouban-
do as riquezas do pais andino,
chegou ao Brasil todo presun-
çoso, pensando que havia desem-
barcado em La Paz. No aeropor-
to mesmo anunciou que seria re-
cebido por Delfim Neto.Os asses-
sores do ministro ficaram sur-
presos com a declaração, pois na
agenda ministerial não constava
nenhuma audiência com o rei do
estanho, que associado a Antô-
nio Sanchez Galdeano, está
transferindo sua área de atuação
para o Brasil. Assim mesmo, *5
marcaram a audiência, pedida
por telefone pelo representante
da Companhia Estanífera Brasi-
leira. Delfim concordou em rece-
bê-lo — depois de dar um "chá
de cadeira" no presunçoso indus-
trial — desde que ele dissesse a
que vinha.
Como pensava que estava na
La Paz de outrora, Patino
negou-se a revelar previamente o
que queri3. Delfim, mostrando
que não se curvava à pretensão do"Tio
Patinhas", recusou-se a
recebê-lo. O negócio dele é com
o Ministério das Minas e Energia,
disseram alguns assessores. Mes-
mo porque Delfim não recebeu
qualquer convite quando da"festa
do século", dada em Lis-
boa para 1.400 convidados."Tio
Patinhas" ficou com os
seus milhões e Delfim com sua
importância de ministro de país *
desenvolvido.
w
POLITIKA
história
O marquês de Pombal era quem
indicava os governadores das
províncias e.como era um fiel
seguidor de el-rei, lhes dava
as normas de como se conduzir
Jorge
França
ELEIÇÃO
.V. -
Quando o Brasil era colônia
de Portugal, isso há muitos
anos, e os governadoresde suas províncias eram
escolhidos indiretamente,
sem qualquer participaçãodo povo, que apenas devia
obediência a el-rei, ao
contrário do que ocorre
agora, com os governantesdevendo obediência ao
povo, o Marquês de Pombal,
uma das principais figuras
da Europa de então,
Primeiro-Ministro de
D. Maria I, e que granjearafama por ter expulsado os
Jesuítas de Portugal e do
Brasil, nomeou para o
cargo de Capitão-General
do Maranhão, em 1761- 47 anos portanto antes
de D. João VI fugir para
a colônia em companhia da
corte - a Joaquim de
Melo e Povoas, a quem
entregou uma carta
recomendando a forma
de governar.0 documento redigido pelo
Marquês de Pombal, na
mesma linha de Maquiavel
em seu primoroso"O
Príncipe", envelhecido
por 211 anos, é de muito
valor, pelo que representa
no estudo comparativo
da história política do
Brasil. Há 211 anos
escolhia-se um governador
para uma província do
Brasil, e a este dirigente
dizia o homem que o elegeu,
que o povo que iria
governar era obediente,
fiel a el-rei, aos seus
generais e ministros.
Lembrava ainda que quase
todos os que governam
querem que os lisongeiem,
e sempre ouvem com agrado
os elogios que se lhes
fazem, recomendando que
quando os aduladores se
chegassem a ele, os
fizesse afugentar.
¦iftbLAi-4
WfW '¦ a. .
' ' ^mm^ma*-s-smmmmmmaammm~m——o~~a^m^»^~—»~^^^m^^^m********^
No tempo do Brasil
colônia, era um marquês
¦
quem escolhia os
governadores indiretos\
lt arquei d* Pombmi.
"Justo me pareceu, depois de querer
V: exc. entrar instruído no seu
generalato, sabendo do clima, dos
fructos/viveres da jornada e do precisocommodo delia para o seu transporte,
que tambem se instruísse no gênio dos
que tambem se instruísse no gênio dos
povos e em um breve methodo de
governar, e dirigir suas acções com
menos embaraço do que acontece a quem
primeiro ha de praticar para conhecer,
e que quando se chega a fazer senhor das
cousas, é quando tem involuntariamente
errado com animo de acertar.
O povo que v. exc. vai governar,é obediente, fiel a el-rei, aos seus
generais e ministros:com essas
circumstanclas, é certo que ha de
amar a um general prudente, affavel,
modesto e civil."A
justiça, e a paz com que v. exc. o
governar, o farão igualmente bem-quisto
e respeitado, porque, com uma e outra
cousa, se sustenta a saúde publica.Engana-se quem entende que o temor com
que se faz obdecer, é mais conveniente
do que a benignidade com que se faz amar;
pois a razão natural ensina que a
obediência forçada é violenta, e ^^
voluntária segura W^
No tempo do Brasil
colônia, erauf
quem escolhia os
Quase todos os que governamchegados ao poder pelas viasindiretas, vivem dos elogiosfáceis dos aduladores. Todosdependem dos que os bajulam.
POLITIKA
15história
'Imite oo primeiro em tudo aquilo em que achar
ter sido grato ao povo, ao rei e à república""Mmc
montora***,**: ciiHctitnp plrm rt con 7*\*r. , P rl-**, rum iHIí^q • nôn , !?<-..-.-. „i_ . ¦ ¦ . _ • . ."Nos
generaes substitue el-rei o seu alto
poder, fazendo duas imagens suas: esta
lembrança fará a v.exc. exemplar de
predicados virtuosos, para que não vejam
os subditos a sombra da copia desmentir
as luzes do original, que é puro e perfeito.
Conheçam todos em v.exc. que el-rei é
pio, e que o manda para ser pae, e não
tyranno: porque isto é o mesmo quev.exc. vé praticar pelo seu regio ministro:
casos ha em que se deve usar de rigor,
apezar da própria vontade; assim como
vemos pelo professor, ou cauterisar uma
chaga, ou cortar um braço para restaurar
a saude de uma vida, da mesma forma
quem governa se não pôde conservar a
saude do corpo mixto de republica, porcausa de um membro podre, justo é
cortal-o, para não contaminar a saude dos
mais. Pese v.exc. na balança do
entendimento a sua benevolência, quenão diminua a autoridade do respeito,
nem a justa severidade das leis, obrigado
do amor, porque neste equilíbrio está a
arte de um feliz governo. A jurisdição queel-rei confere a v.exc. jamais sirva paravingar as suas paixões; porque é injuria do
poder, usar da espada da justiça fora dos
casos delia."Duvido
se ha quem saiba executar estas
virtudes; com tudo seja v.exc. o exemplar,
para conseguir a palavra de uma victoria,
tão heróica como invencível. Defenda
v.exc. o respeito do lugar pela autoridade
de el-rei, castigando a quem pretendermanchai-o; porém os seus aggravos
pessoaes saiba dissimular, e esquecer-se
delles. Os aduladores não se conhecem¦pelas roupas que vestem, nem pelas
palavras que falam; quasi todos os que os
ouvem, são do gênio do rei Achab, que sóestimava os profetas que lhe prediziamcousas que o lisongeavam; e porqueMicheas em certa oceasião lhe disse o quelhe não convinha, logo o apartou de si
com ódio. Quasi todos os que governam,
querem que os lisongeem, e sempre
ouvem com agrado os elogios que se lhes
fazem. Desta espécie de homens ou de
inimigos em toda a parte se encontram; e
v.exc. se achará também no seu governo;aparte-os pois de si, como veneno mortal.
0 Es pi ri to-San to diz que os que
yovernam, devem ter os ouvidos cercadosde espinhos, só para que, quando osaduladores se cheguem a elles, osestimem, e os façam afugentar. Um crimeha em direito, que os jurisconsultoschamam crime stelionatus, crime deengano, derivando a sua etymologiadaquelle animal stelião que não mata comveneno, e só entorpece a quem vé,introduzindo diversas quantidades eeffeitos no animo: castigue v.exc. a estessteliões, e, negue-lhes attenção, para queo deixem obrar livre, e lhe não paralisemos sentidos, nem o animo. V.exc. vae paraum governo tão moderno, que é o 4o.
Peneral que o continua a crear: imite aoPrimeiro em tudo aquilo que achar ters|do grato ao povo, e util ao serviço do rei
e da republica; não altere cousa algumacom força, e nem violência, porque é
preciso muito tempo, e muito geito, paraemendar costumes inveterados, ainda quesejam escandalosos. Os mesmos príncipesencontram difficuldades neste empenho;
Tiberio não conseguio tirar os jogosiIlícitos e públicos, introduzidos porAugusto; Galba pouco tempo reinou por
querer emendar as desenvolturas de Nero,
e Pertinaz pouco menos de um anno
empunhou o sceptro por intentar
reformar as tropas relaxadas por seu
antecessor Cômodo! Com tudo, quando a
razão o permitte, e é preciso desterrar
abusos, e destruir costumes perniciosos,em beneficio de el-rei, da justiça e do bem
commum, seja com muita prudência e
moderação; que o modo vence mais que o
poder. Essa doutrina é de Aristóteles, e
todos aquelles que a praticaram não se
arrependeram."Em
qualquer resolução que v.exc.
intentar observe estas tres cousas —
prudência para deliberar, destresa paradispor, e perseverança para acabar. Não
resolva v.exc. com acceleração as
dependências árduas de seu governo para
que lhe não aconteça logo emendal-as;
menos mal é dilatar-se para acertar com
maduro conselho, que deferir com
ligeiresa para se arrepender com pesar sem
remédio. Quando duvidar, informe-se;
pergunte; e para não dar a entender o que
quer obrar, figure o caso, como questão,
as pessoas que o possam saber, para o
informarem em termos. Também não
quero dizer que por isso se sujeite v.exc. a
tudo e a todos; mas sim que ouça e
pratique para resolver por si o que
entender; porque de v.exc. confiou el-rei
o governo, e não de outro. A familia de
v.exc. seja a cousa mais importante e
escolhida, que comsigo leve, pois por ella
ha de v.exc. ser amado, ou aborrecido; e
por ella ha de ser applaudido, ou
murmurado. São os creados inimigos
domésticos, quando são desleaes e
companheiros estimaveis, quando são
fieis; se não são como devem ser,
participam para fora o que sabem de
dentro e depois passam a dizer dentro o
que se não sonha fora; e o mais é que,man,—,*-. i-***i-* tirlric tr*r*r l.i-Kír o Ver(Í9de'rO<:
acham grata atenção no que contam,
prejudicando muitas vezes com mentira a
innocencia do aceusado por vingança dos
seus particulares interesses. É muito
precisa a boa eleição da familia que um
general ha de levar comsigo,
principalmente para a America, porque o
paiz influe, em quasi todos, o espirito da
ambição e relaxação das virtudes,
mormente na da caridade, cujo despreso
abre a porta para outros muitos males e
vicios."Por
mão dos criados não aceite v.exc.
petição, e nem requerimento, ainda que
seja daquelle de que v.exc. formar o mais
solido conceito; para que não aconteça
que, á sombra da supplica, que vai
despida de favor, se introduza a que se
acompanha de empenho e de interesse. A
mentira veste galas; a verdade não: esta,
por innocente, presa-se de andar nua;
aquella, por maliciosa, procura enfeites,
•para parecer formosa; e como os olhos se
namoram do que vêem, e os ouvidos do
que ouvem em taes casos a confidencia
que v.exc. fizer do criado, e a informação
que elle der do requerimento que
apadrinha, quando não obrigue que v.exc.
pela sua rectidão offenda a puresa da
justiça, pôde facilmente inclinalo a
favorecer o despacho; mas, para que assim
não sueceda (que a experiência é a melhor
mestra, e o primeiro documento para o
acerto) dissera a v.exc. que mandasse
fazer uma pequena caixa com abertura
para as partes meterem dentro os papeis,
posta em alguma casa exterior, cuja chave
só v.exc. confiará de si, para a mandar
abrir, e despachar de noite, para de
manhã se entregar ás partes, e não receber
requerimento algum por mão de pessoa
sua, que não seja a própria ou procurador
das partes.
"Tiradas as horas do seu precioso e
natural descanço, dê v.exc. audiência,
todos os dias, e a todos e em qualquerocasião que lhe queiram falar. Das
primeiras informações nunca v.exc. se
capacite, ainda que estas venham
acompanhadas de lagrimas, e a causa
justificada com o sangue do próprio
queixoso; por que nesta mesma figura
podem enganar a v.exc; e se a natureza
deu com previdência dous ouvidos, seja
um para ouvir o ausente e o outro para o
aceusador. Attenda v.exc. e escute o
afflicto que se queixa, lastimado e
offendido; console-o; mas comtudo não
lhe defrra sem plena informação, e esta
que seja pelo ministro, ou pessoa muito
confidente; para que assim defira v.exc.
com maduresa e rectidão, sem que lhe
fique lugar de se arrepender de que tiver
obrado; com este método livra-se v.exc.
também de muitas queixas vãs e falsas de
muitos que sem verdade as fazem,
confiados na promptidão com que alguns
superiores castigam, levados da primeiraaceusação que se lhes faz. Quando assim
--,*-*»,- -**,. *-l%*tK* c4 lf»CXCt V*liyUH^IM, IIIOMUt
castigar o informante, e o queixoso, ainda
que tenha mediado tempo; isto tanto parasatisfação da justiça e de seu respeito,
como para exemplo dos que quizeremintentar o mesmo. Não consinta v.exc.
violência dos ricos contra os pobres; seja
defensor das pessoas miseráveis; porquede ordinário os poderosos são soberbos, e
pretendem destruir e desestimar oshumildes; esta recomendação é das leisdivinas e humanas e sendo v.exc. o fielexecutor de ambas, como bom catholico,e bom vassalo, fará nisso serviço a Deus e
a el-rei."Toda
a republica se compõe de mais
pobres e humildes, que de ricos e
opulentos; e nestes termos, conheça antes
a maior parte do povo a v.exc. por pai,
para o acclamarem defensor da piedade,do que a menor protector das suas
temeridades para se gloriarem do seu
rigor. Pouco importará que se estimulem
de v.exc. não concorrer para que as suas
violências; porque estes mesmos queagora se queixaram conhecendo a justiçacom que v.exc. procede logo confissão a
verdade; porque a virtude tem comsigo a
proeminencia de se vêr exaltada pelosmesmos que a perseguem e aborrecem. Há
muitos casos que merecendo castigo,
primeiro ha-de haver uma prudenteadmoestação reprehensiva, ou pela
qualidade da pessoa, ou pela natureza da
culpa; esta é a oceasião em que v.exc. ha
de mandar chamar o culpado e com elle
somente sem outras testemunhas,
reprehendel-o, e encarregar-lhe a emenda
com segredo de correção, com tanto
empenho, que se revelar ou abusar do
conselho, que lhe será preciso, castigal-o
publica e asperamente para exemplo dos
mais; esta reprehensão deve ser cheia de
gravidade, e de palavras moderadas;
porque estas infundem no réo um certo
espirito de pejo para emenda, e respeito
para com v.exc. a cuja autoridade em
muitas oceasiões é mais efficaz a
moderação com que se reprehende, de
que a severidade com que se castiga: o
concerto de modo nas oceasiões faz uma
suave harmonia e este a mando e a
obediência."Nunca
v.exc. trate mal de palavras nem
aeções a pessoa alguma dos seus subditos,
e que lhe fazem requerimento; porque o
superior deve mandar castigar, que paraisso tem cadeias, ferros e officiaes que lhe
obedeçam; mas nunca deve injuriar com
palavras e afrontas, porque os homens se
são honrados, sentem menos o peso dos
grilhões e a privação da liberdade, que a
descompostura de palavras ignominiosas;
e se o não são, nenhum frueto se tira em
proferir impropérios.
Quem se preoecupa das suas paixõesfaz-se escravo dellas, e descompõe a sua
própria autoridade."Mostre-se
v.exc. em todos os momentos
de paixão e de perigo, superior e
inalterável; porque com os dous atributos,rfO nrnHonon o wolr\r r\ tnrv» r>r~\r\ r\t* rnnr
subditos. Tenha por descrédito, como
superior, provar o seu poder na fraquesa
dos miseráveis pretende pretendentes. Só
tres Divindades sei que pintaram os
antigos com os olhos vendados, signal de
que não eram cegas: mas que elles as
faziam e adoravam: ha um Pluto, Deus da
riquesa; um Cupido, Deus do amor; e uma
Astréa, Deusa da justiça. Negue v.exc.
culto a semelhantes Divindades, e nunca
consinta que se lhes erijam templos e se
lhes consagrem votos pelos officiaes de
el-rei; porque é prejudicial em quem
governa riquesa cega, amor cego, — e
justiça cega." ^^
A <
CAXIAS
CONSTRÓI
MUSEU
PARA
CAXIAS
Como parte das solenidades comemorativas do oitavo
aniversário da Revolução de 31 de Março, o prefeito
de Duque de Caxias, general Carlos Marciano de
Medeiros, recebeu a visita dos governadores Raimundo
Padilha e Chagas Freitas, do Rio de Janeiro e da
Guanabara, e do comandante do I Exército,
general Sílvio Coelho da Frota, para a inauguração
da cobertura das ruínas onde nasceu Duque de
Caxias e do Museu que guarda objetos pertencentes
ao Patrono do Exército e do Município.
Hpr>«
A
O prefeito Carlos Marciano de Medeiros quando entrega ao Exército o
Museu de Caxias, construído sobre as ruínas da casa onde nasceu o Patrono
do Município, que virá a se constituir no mais novo ponto de atraçao
turística do Estado do Rio de Janeiro.
I '7
M
A nova sede da Prefeitura
Municipal, inaugurada
pelo general Carlos Marciano
de Medeiros no dia 31
de março, após vários
atos de paralisação
em sua construção.** - •<
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4r
jjf I£TJS»
Os governadores Raimundo Padilha e Chagas Freitas, acompanhados do comandante dó I Exército,
general Sílvio Coelho da Frota, desatam a fita simbólica do Museu de Duque de Caxias.
Dr. José Corroí diretor de Relações Públicas da Prefeitura, falando na ho-
mèmigem prestada ao marechal Eurico Gaspar Dutra.
A solenidade marcou o ponto alto das
comemorações levadas a efeito pelo gene-
ral Carlos Marciano de Medeiros, que inau-
gurou, no mesmo dia 31 de março, a
Ponte Laguna e Dourados, a Praça Presi-
dente Dutra, a Escola Moacir Padilha, a
nova sede da Prefeitura Municipal de
Duque de Caxias — (iujas obras vinham se
desenrolando há vários anos —
e homena-
geou o governador Raimundo Padilha,
inaugurando um seu retrato na Galeria de
Honra da Câmara de Vereadores.
O MUSEU
Contando com a presença do general
Sílvio Coelho da Frota, comandante do I
Exécito; do general Fritz de Azevedo
Manso, comandante da I Divisão do Exér-
cito; do general José Pinto de Araújo, co-
mandante da Artilharia Divisionária; do
general Carlos Alberto Cabral Ribeiro, co-
mandante da I Brigada de Infantaria; do
general Gentil Marcondes Filho, coman-
dante da II Brigada de Infantaria; do gene-
ral Arnaldo Calderari, comandante do
Grupamento de Unidade-Escola; o gover-
nador Raimundo Padilha, acompanhado
do Chefe do Executivo da Guanabara,
inaugurou o Museu de Caxias, afirmando
que
"em seu perfil moral não se encon-
tram falhas".
Disse, adiante, que,
"soldado
por exce-
lência, Caxias nos inspira a todos e deve
servir como um exemplo sempre vivo para
a mocidade brasileira. Quantas nações po-
derão orgulhar-se de um filho tão perfei-
to? "
E enfatizou que esta é a hora da
"afirmação e definição nacionais, ao res-
saltar que a Revolução de 31 de março de
1964 foi um movimento cívico que pôs
fim à fraude e às distorções, que quase
levam o País ao abismo", para, voltando
ao Patrono do Exército, dizer que
"guer-
reiro" pacificador e inspirador do movi-
mento redentor que visa a união e a inte-
gridade da Pátria, nada melhor que se falar
de Duque de Caxias hoje".
AS OBRAS
Tendo como representante do presiden-
te Garrastazu Mediei o dr. Felício dos
Santos, o prefeito Carlos Marciano de Me-
deiros inaugurou a Ponte Laguna e Doura-
dos, em homenagem à turma da qual fize-
ram parte o presidente da República e o
Chefe do Executivo Caxiense. A seguir, o
Prefeito Municipal, acompanhado de seu
staff, inaugurou a Praça Presidente Dutra,
tendo discursado em nome do ex-presi-
dente da República o dr. José Carbeiro,
diretor da Divisão de Relações Públicas da
Prefeitura de Caxias, que agradeceu a ho-
menagem, dizendo que as realizações do
general Carlos Marciano de Medeiros
"sempre foram os ideais do Marechal
Dutra".
Em companhia do governador Raimun-
do Padilha, o Prefeito de Caxias inaugu-
rou, na localidade de Vila Selma, o Grupo
Escolar Municipal Jornalista Moacir Padi-
lha, filho do governador fluminense. A
fita simbólica foi desatada pelo governa-
dor e senhora Raimundo Padilha-e pela
viúva do homenageado. Por fim, a convite
dos vereadores, o Chefe do Executivo do
Estado do Rio de Janeiro compareceu à
Câmara Municipal, onde teve seu retrato
inaugurado na Galeria de Honra, ocasião
em que afirmou "que
o povo não se enga-
na. Sabe o que quer. E por isso sabe esco-
lher seus verdadeiros líderes, autênticos e
devotados à causa pública".
Ainda em prosseguimento ao seu pro-
grama de inaugarações, prefeito Carlos
Marciano de Medeiros entregou à popula-
ção de Santa Lúcia a Praça Engenheiro
Edgard Prado Lopes, sendo saudado, na
ocasião, pelo filho do homenageado, enge-
nheiro Edgard Prado Lopes Filho, Diretor
da Divisão de Obras e Viação do Municí-
pio, que disse que
"sei das emoções que
me vão na alma quando realizo a inaugura-
ção de uma obra de engenharia com o
nome de meu pai. E concluiu: "o
rastilho
solar de inteligência e de inteireza ética do
engenheiro Edgard Prado Lopes haverá de
nortear sempre aos elementos que lhe
foram devotados, pelas obras que reali-
zou".
A PREFEITURA
Finalizando a série de inaugurações, o
prefeito Carlos Marciano de Medeiros en-
tregou ao povo a nova sede da Prefeitura
Municipal, afirmando que o nome do go-
vernador Raimundo Padilha havia sido
dado àquele próprio Municipal, "em
agra-
decimento ao muito que tem feito em
prol do engrandeci mento de Duque de
Caxias e de outros municípios do Estado
do Rio de Janeiro". Agradecendo, o Chefe
do Executivo fluminense disse que se sen-
tia emocionado, frisando que
"na terra do
Pacificador, a pacificação é uma realidade
política e administrativa", ressaltando que"para
empreendermos a obra ciclópica de
restauração fluminense era mister que ti-
véssemos a habilidade e a humildade de
impor as fórmulas corretas".
SSfâwTvJ'
I
Bk*^^^Bk^^E HBl^-a. "* ^.^A
SebastiãoNery
POLITIKA
17folklorepolítiko
Juracy Magalhães
Híf>* ¦'"'.•'"yfl
Lomanto Júnior
Fé é como calo.
Cada um tem o seu e
quanto mais escondido
mais incomoda.
Entre o pensamentomítico e o pensamento
científico, vai
exatamente a distânciaentre adorar o Sol e
pisar na Lua. E ohomem não chegou à lua
de joelhos. Foi de pémesmo. Montado num
cavalo eletrônico.
iSE^T''''Jtfll
^a^a aj flflflflflflflflflflflBflflflflflflflflL... J^BBBBBBBBBBBBBBBBBB
¦HHÉRÉBLuis Vianna Filho
Mas também é verdade
que há mais mistérioneste mundo
do que banhana queixada de Herman
Kahn, o futurólogo.A mão, por exemplo.Estará ou não escrito
nela o destino decada um de nós?
A MAO DOS POLÍTICOSNewton Pinto de Araújo é
um sábio. Um sábio manual.Foi diretor do Departamento
de Saúde da Bahia, é clínico e
pediatra de comprovada com-
potência. Vive cercado de livrosde medicina e quiromancia. Lermãos, para ele, não é hobbynem brincadeira. É ciência,ciência pura. Por isso mesmoele, que as estuda dia a dia, sóas lê excepcionalmente, muitoexcepcionalmente. Os tratados
de ciências ocultas sobem nas
paredes de sua casa como pira-mides. (Aviso: não tem telefo-ne, náo dá consultas e detesta
chatos).
Um dia, elegeu-se deputado
na Bahia. O .secretário da Agri-cultura, do governador «Juracy
Magalhães, Lafaiete Coutinho,
foi à Assembléia prestar infor-
mações. Depois da sessão, ficou
um grupo batendo papo.Newton Pinto viu a mão de La-
faiete pousada sobre a mesa,
olhou, críspou o rosto. Lafaiete
percebeu:O
que é que você viu em
minha mão?
-Nada.
Pode dizer. Sou paraíba-
no. (E deu uma gargalhada).
Não tenho medo de nada.
Então vá para casa, arru-
me sua vida, que você vai mor*
rer dentro de dez dias.
Lafaiete deu outra gargalha-
da. Era um homem saudável,
•generoso, bem humorado,
excepcionalmente inteligente e
ativo:
Então vou matar muita
gente. Viajo amanhã para Porto
Alegre, de avião.
Na saída da Assembléia me
perguntou:Vou ao Rio Grande do Sul
tratar com Osvaldo Aranha da
candidatura do Juracy à presi-
rtênria Ha Rppúhlira Quer ir
comigo?
-Vou.
Só queria saber se você
tinha acreditado na conversa
do Newton Pinto. O que eu
quero é que você vá ao Con-
gresso dos Jornalistas, em For-
taleza, para arrancar uma mo-
ção em favor de uma cândida-
tura do Nordeste, qualquer que
ela seja.
Era 31 de agosto de 1959.
Viajou. Dia 6 de setembro, de
volta de Porto Alegre, desceu
no Rio. Foi ao Banco do Distri-
to Federal, ali na Presidente
Vargas, encontrar-se com Luna
Freire (depois deputado pelaBahia), diretor. Estavam lá ou-
tros baianos: .Hélio Ramos, de-
putado; Salomão Rehm, coro-
nei da Policia Militar, líder do
cacau e deputado; João Nô,
ex-depu tado e advogado no
Rio. Quando Lafaiete saiu, «Sa-
lomão Rehm ficou pálido:
Coitado do Lafaiete.Coitado
por quê? Jovem,
milionário e vai ser o governa-
dor depois de Juracy. E o uni-
co homem, na Bahia, capaz de
unir PSD e UDN.
Pois não vai ser não. Vai
morrer em 24 horas.
Como você sabe?
Não sei. Mas vi a morte na
cara dele. Vai morrer, coitado.
Ninguém levou Salomão a
sério. E Salomão, que morava
no Rio, não sabia nada do que
Newton «Pinto tinha dito. Dia
seguinte, 7 de setembro, La-
faiete «desceu no aeroporto de
Salvador, foi direto ao Palácio
da Aclamação almoçar com Ju-
Saiu, foi para
do jardim, caiu fulminado por
um colapso cardíaco.
Lomanto Júnior, ex-governa-
dor da Bahia, fazia 15 anos.
Houve festa na fazenda do ve-
Iho Tote Lomanto, lá em Itagi,
então município de Jequié, su-
doeste do Estado. Newton Pin-
to, jovem médico da cidade,
amigo da familia, estava lá. Pe-
gou a mão magra do rapazola
alto:
Você gosta de estudar?
Um pouco.
Pois trate de estudar
muito. Já aconteceu muita des-
graça à Bahia e vai ser muito
chato você ser um governador
semi-analfabeto.
Em 1962, prefeito de Je-
quié, Lomanto sai candidato a
governador, pelo PTB, para dis-
putar com Waldir Pires, do
PSD, e Josafá Marinho, da coli-
gação UDN-PR-PL-PDC. Lo-
manto não tinha a menor chan-
ce. l/Valdir e Josafá disputariam
palmo a palmo. Encontro
Newton Pinto (do PL, como
Josafá) na rua:
Como é, mestre, contente
com a candidatura de seu ami-
go Josafá?
Não. É uma pena. É meu
amigo, de meu partido, meu
candidato, mas não vai ser o
governador.
Perde para Waldir?
Não. O governador vai ser
o Lomanto. Há mais de 20
anos vi a mão dele e ontem vi
de novo. Como é que vai ser,
não sei. Só sei que o governa-
dor vai ser ele.
À noite era a convenção da
UDN para homologar a candi-
datura de Josafá, já publica-
mente apoiada por Juracy, go-
vemador e dono do partido.
Nove horas da noite, a conven-
ção pelo meio, discurso de lá,
discurso de cá, Josafá em casa
amarrando a gravata e esperan-
do o resultado, Lomanto tem
um encontro com os dois filhos
de Juracy no apartamento de
Manoel Navais, presidente do
PR, no Hotel da Bahia, saem os
quatro para o palácio, conver-
sam, Juracy liga para a conven-
ção, chama Rui Santos dá a or-
dem:
O candidato é Lomanto.
Duas horas depois, Lomanto
entra sob palmas na convenção
da UDN, abençoado por Jura-
cy, que não o tolerava. Atrás
de Juracy vieram Manoel No-
vais e seu PR, Luis Viana e seu
PL, Rubem Nogueira e seu
PRP, Hélio Machado e seu
PDC, Josafá continuou em
casa, de gravata amarrada, traí-
do por Juracy.
Três de outubro, candidato
pelo PSD ao Senado, Josafá re-
cebe uma consagração e derro-
ta o candidato de Juracy. Mas
Lomanto se elege governador.
Semi-analfabeto, como Newton
Pinto vira, aos quinze anos, na
mão magra.
Em dezembro de 1929, Ge-
t'j!ÍO VflfflES £"1*"*'''' •"'•¦-S'*!*~*S!T*V*>
do Rio Grande do Sul (naquele
tempo governador era presiden-
te, hoje é proconsul) veio ao
Rio ler sua plataforma de can-
didato à presidência da Repú-
blica.
Depois da solenidade, foi
jantar no Hotel Glória. Esta*
vam lá João Neves da Fontou-
ra, Batista Luzardo, outros.
Entra o deputado Auler Defrei-
tas com um rapaz magro, more-
no, que acabava de chegar de
Paris e apresenta-o a Getulio:
— Presidente, sou um estu-
dioso de quiromancia e queria
ver a mão de V. Exa.
Mas eu não acredito.Exa., a quiromancia é uma
ciência, que estudei na Europa.
Os senhores, que estão inician-
do esta luta política, devem
aproveitar a experiência da qui-romancia como mais um instru-
mento de ajuda para encontrar
os melhore caminhos para o
País.
Getulio concordou. 0 rapaz
magro e moreno olhou a mão
de Vargas e arregalou os olhos:
Presidente, estou vendo
candelabros em sua mão. «Só
tinha visto isto na mão de Cie-
menceau. Mas um só. Na mão
de V. Exa. estou vendo quatro.
V. Exa. não chegará ao poder
pelo voto, mas pelas armas. Te-
rá 3 lustros (15 anos) de poder,com as luzes dos candelabros
ameaçando apagar-se várias ve-
zes, até que enfim se apagam.
Mas logo depois há novo bri*
Iho, os candelabros de novo se
acendem, para, afinal, sumirem
definitivamente nas sombras.
Getulio achou graça, João
Neves e Batista Luzardo riram
muito, o rapaz magro e moreno
foi-se embora. Não aconteceu
outra coisa. Essa história está
contada no livro de memórias
de João Neves da Fontoura.
O nome do rapaz era «Sana
Khan.
Um estudante m agri cel a de
olho esbugalhado saía do escri-
cório do advogado Vicente
Rao, ex-ministro da Justiça de
Getulio Vargas, em São Paulo.
Na porta, encontra-se com um
senhor magro e moreno que
chegava. Apresentados, come-
çaram a conversar e foram até a
sala de Vicente Rao. 0 senhor
magro e moreno pediu para ver
a mão do estudante m agri cel a
de olho esbugalhado:
0 que é que você faz?
Estudo direito e ensino
português.Você vai ser político. Ve-
reador, deputado, prefeito, go-vemador, presidente da Repú-
blica, em pouco tempo. Sai da
Presidência e a ela volta depois
para ser assassinado.
0 estudante magricela e
olho esbugalhado chamava-se
Jânio Quadros. O senhor magro
e moreno. Sana Khan.
wfflmmtmmam mm ^+*>i^U^mffi.W*M
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ByiO^iSHw^y
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¦V, la Bfl
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'V;? ¦ ¥? ¦
I Lgtafl ^b|
POLITIKA
POLÍTIKA está apoiando a
companha liderada por jovens
que reivindicam só o direito
de ter onde morar. O ministro
Passarinho apoia a iniciativa
Philomena
Gebran
ALBERGUE
0 primeiro Albergue da
Juventude apareceu na Ale-
manha, em 190Q. Em 1929/
vários foram instalados fia
França. Em 1945, foi orga-
nizada uma Federação In-
ternacional. Hoje, as estatís-
ticas mostram que existem
61000
"albergues
na Europa,
2.500 na América do Norte,
900 no Japão,- alguns na
América Latina, espalhados
entre Uruguai e Argentina.
No Chile estão sendo cons-
truídos30.
E no Brasil? No Brasil é
ainda um movimento que
muito breve se tornará reali-
dade. É o "Movimento
Na-
cional de Albergue da
Juventude", lançado no dia
13 de maio de 1971, na
Casa do Estudante do
Brasil, na presença de vários
reitores e do ministro da
Educação, Jarbas Passari-
nho. 0 movimento nasceu
da sensibilidade e do des-
prendimento de uma das
pessoas que mais se preo-
cupa e trabalha pela juven-
tude brasileira: Paschoal
Carlos Magno. Na verdade,
Paschoal não iniciou agora o
movimento, pois há muito
sua casa de Santa Tereza é
um verdadeiro abrigo para
tantos jovens do País, que
aqui. chegam assutados à
procura de seu caminho e
dali partem orientados e
incentivados pelo entusias-
mo e confiança que Pas-
choal tem na juventude. Por
isso não é de estranhar que
de suas mãos tenha brotado
o Movimento dos Alber-
gues, que tem como elemen-
to básico a "Federação
Bra-
sileira dos Albergues de
Juventude", filiada à "Inter-
national Youth Hostel
Federation", representante
de 46 países) com o objeti-
vo de fundar, organizar e
supervisionar os albergues
em todo o País. A Federa-
ção tem como presidente
eleito Luiz Santiago Alves
de Mesquita, diretor-secretá-
rio da CEB.
4
kampanha
J
4«S
Albergue. Casa de pouso.
Asilo para passar a noite.
Segundo a Delta
Larousse,"nome dado
aos antigos palácios dos
Cavaleiros da Ordem de
Malta". (Ilha do
Mediterrâneo onde foi
instalada a "Ordem
Hospitaeira" dos
«veleiros cristãos).
. Ã Europa foi pioneira
em transformar esses
asilos em casas de
férias ou simplesmente
acolhimento para jovens.
Especificamente para
jovens. Seja qual for
sua condição social,
estudantes, operários,
hippies, etc. A única
condição necessária, é
ser jòvem, menor de 30
anos. O resto é simples.
Chega. Entra. Fica.
E parte quando quiser.
Mas não ó um hotel.
£ muito mais simples que
um hotel, é uma casa.
Mas muito mais amplo
que uma casa.
E uma comunidade.
dormir
Jarbas PassarinhoMário Andreazza
i
0^ a
Pe/o#direito
de dormir——————-«^—._——___^
POLITIKA
Estudante sugere aproveitaros vagões de trem que estãonos
" cemitérios
" para deles
fazer dormitórios adptados.
Andreazza está com a palavra
19kampanha
Albergues mostrarão aos jovens nossa culturaUma pergunta feita constantemente a
Paschoal é de que forma começaram osalbergues. Como sempre, Paschoal tem tu-do pensado:
- "A 9 de agosto de 1971, a Casa do
Estudante do Brasil enviou uma carta aoministro Jarbas Passarinho, propondouma fórmula simples e de baixo custo, e
porisso fácil de ser realizada em curto pra-zo ou até mesmo imediatamente, até queo Brasil tenha uma rede de albergues da
juventude, especialmente construídos eequipados. Pedimos ao ministro colocar
prédios escolares a disposição que durante
as férias seriam transformados em alber-
gues da juventude, mediante o pagamentode uma taxa mínima de manutenção. Este
pedido já foi amplamente divulgado e odr. Luiz Mesquita já informou que a Se-cretaria de Turismo da GB está fazendo
um cadastramento de escolas do Estado,
que possam ser aproveitadas. Há poucotempo recebemos uma carta de um estu-
dante, com uma interessante sugestão,
que aproveito para passar ao Ministro An-
dreaza."Existem
nos Cemitérios de Trens, das
mais distantes e variadas regiões, um nú-
mero considerável de vagões de madeira,
tipo passageiros, já com compartimentos
sanitários e lavabo, que adaptados, até
mesmo pelos setores de recuperação das
próprias estradas de ferro, poderiam ser
aproveitados como albergues. Bastaria,
neste caso, substituir os bancos por beli-
ches móveis. A curto prazo, para execu-
ção, e a longo prazo, para utilização, devi-
do a resistência de seu material, os vagões
são a mais simpática alternativa pra o mo-
mento". s
Está dado o recado, Paschoal.
Mas, enquanto aguarda, Paschoal não
descansa. Em julho do ano passado foi ao
Paraná, para o 11 Congresso da Campanha
Nacional de Escolas da Comunidade. E
sua proposta aos delegados do Congresso,
para usar as escolas, principalmente as da
orla marítima e das cidades históricas, co-
mo pousadas para os jovens viajantes, ob-
teve logo a maior receptividade. Aqui
mesmo, no Rio, Paschoal já conseguiu
abrir um albergue na própria Casa do Es-
tudante do Brasil, com 100 lugares, ocu-
pando dois andares de sua sede. E no Es-
tado do Rio, além da Aldeia de Arcozelo,nontra •* sede campestre do Centro Excur-
sionista Brasileiro, no Arraial do Cabo, -
Cabo Frio.
Para Paschoal, os Albergues da Juven-
tude "permitirão
aos jovens uma visão
global dos problemas nacionais, principal-mente regionais, constando - in loco as
condições e necessidades das diversasáreas, tendo uma vivência física dos pro-blemas".
"Mas, para isso precisaríamos contar
com a colaboração de todos. Tenho lem-
brado muito a figura de meu grande ami-
go e grande brasileiro Euvaldo Lodi, quemuito nos ajudou no Teatro de Estudantee no teatro Deuse. Muitas vezes bati à sua
porta, para que ajudasse corais, orques-trás, teatros, competições esportivas, se-
minanos de jovens e sempre fui atendido
prontamente".
"A Federação das Indústrias criou o
Instituto Euvaldo Lodi, que tem a suafrente Jorge Behring Matos. Dirigi ao Ins-tituto, recentemente, ofício solicitandosua ajuda na campanha dos albergues. Suacolaboração poderá ser feita através deconvênios para uso dos albergues com
programações que visem a integração em-
presa-universidade. Todos os universitá-rios indicados por esse Instituto terão
prioridade assegurada nos nossos alber-
gues. É uma pena que o Instituto EuvaldoLodi não tenha compreendido a missãodos albergues. Daí o silêncio a esse ofício,enviado por uma instituição da importân-cia da Casa do Estudante do Brasil, quetem 43 anos de existência, reconhecida deutilidade pública, federal e municipal."
- De 22 a 28 de setembro último, rea-
lizou-se, em Buenos Aires o I Congresso
Lati no-Americano de Albergues de Juven-
tude, - a que estiveram presentes repre-
sentantes da Argentina, Uruguai, Chile,Equador, México. O Brasil se fez repre-
sentar pela Casa do Estudante do Brasil,
que está à frente, desde maio passado, do
Movimento Nacional de Albergues de Ju-
ventude - com uma delegação dos estu-
dantes Aurora Maria Dias da Cunha, Lenir
Eliza Barbosa, Flavio Peixoto, Paulo Hen-
rique Almeida Rodrigues e pelo Professor
Joaquim Trotta, presidente da Associação
Guanabarina de Albergues da Juventude.
São Paulo esteve presente pelo dinâmico
presidente de seus Albergues, o advogado
João Martins. A International Youth Hos-
tel Federation - mandou, de Londres, pa-ra presidir os trabalhos, seu secretário-ge-
ral, Graham Heath.
Durante o Congresso, foi lida a seguin-
te mensagem do ministro Jarbas Passari-
nho:
"No momento em que é inaugurado na
bela capital da Argentina o Primeiro Con-
gresso Latino-Americano de Albergues de
Juventude, saúdo seus organizadores e
participantes com o melhor do meu entu-
siasmo.
* 'à -• •Mais da metade da população brasileira
tem menos de 20 anos. A educação no
exercício de 1971 confirma a decisão na-
cional de ser área prioritária na atuação
administrativa. E posso comunicar-lhes,
com alegria, que o Brasil figura entre os
países que mais estão investindo no ensi-
no. Essa é a imagem do meu país que hoje
tem 93 milhões e que terá 100 milhões de
habitantes nos próximos dois anos. Com-
preende-se pois que o Movimento Nacio-
nal de Albergues de Juventude patroci-nado pela Casa do Estudante do Brasil,
mereça o melhor dos apoios.
A menos de um ano, num encontro
realizado em Brasília, foi estudada a pos-sibilidade de que fortalezas sem mais ser-
ventia militar e pontos históricos, enobre-
cidos pelo tempo, fossem preservados e
transformados em pousadas úteis ao de-
senvolvimento do turismo dentro do terri-
tório brasileiro. Não pensávamos escrupu-
losamente naquele momento em alber-
gues para jovens, mas hoje diante do mo-
vimento cada vez maior, que vivamente
interessa à mocidade do meu país, sou
dos que concordam em que essas fortale-
zas, devidamente recuperadas, esses mo-
numentos salvos da ação destruidora dotempo, transformem-se em albergues de
juventude.
O Ministério da Educação e Cultura háde amparar dentro de suas possibilidadesesse movimento, que tem-na Casa do Es-tudante do Brasil - de tão admirável cré-dito diante da mocidade do meu país eem Paschoal Carlos Magno, seu grande be-nemérito a garantia do seu êxito.
Paschoal não pára. Quando pensa algu-ma coisa, não mais descansa. Nem bemchegou de sua viagem ao Sul, onde foiarticular a criação dos albergues, foi logobolando planos para prosseguir seu traba-lho aqui:
"É preciso
construir
muito mais 33
"Todo um plano está sendo elaborado
no sentido de interessar autoridades esta-
duais, municipais, universidades, entida-
des econômicas, sociedades culturais,
associações artísticas, a favor da criação
de albergues da juventude. A Casa do Es-tudante do Brasil iniciará, na segunda
quinzena de abril, sua nova campanha
através do Brasil, visitando, todos os seusEstados. Uma delegação composta pormim, seu presidente, por Luiz Mesquita,
diretor-secretário e presidente da Feração
Brasileira de Albergues para a Juventude,
do professor Joaquim Motta, presidenteda Associação dos Albergues da Guanaba-ra, e de vários estudantes. Consegui seis
passagens com o Ministério da Educação eas outras vou conseguir batendo na portados amigos.
"Nesta longa e grande jornada falare-
mos sobre os albergues, incansavelmente:
em rádio, televisão, jornais etc, distribui-
remos cartazes, enfim vamos alvoraçar a
mocidade e o povo para um novo e cons-
trutivo ideal. Repetindo neste começo de
velhice, o que fiz em 1929, a favor da
Casa do Estudante do Brasil. A Bandeira,demorará dois ou três dias em cada para-da. E em cada parada faremos exposições
de fotografias (Brasília, Transamazônica,
Aldeia de Arcozelo, arquitetura, artes
plásticas etc.)
"Recebi de Recife através de João
Mendonça de Amorim Filho, que muitotem trabalhado pelos estudantes, inte-ressante sugestão que já foi incluída no
programa:
1. Utilizar para Albergues daJuventude, prédios e locais históricos, for-tes antigos, conventos, mosteiros e casasde personagens de nossa história. Muitasvezes esses locais são abandonados porfalta oe meios para sua conservação e pre-
judicados pela falta de utilização.
2. A utilização desses locais, não sóbeneficiaria seus monumentos, como pre-servaria a beleza paisagística da região. Asua utilização, portanto, traria imensos
benefícios, tanto para os alberguistas, co-mo serviria de ponto de atração turística.
Citei esta carta como exemplo. Pois na
verdade recebo muitas cartas de todo o
Brasil. Todos interessados em colaborar
de São Paulo, recebo carta de João Bap-
tista Martins, presidente dos Albergues da
Juventude de São Paulo comunicando:- A Prefeitura de São Paulo construiu e
equipou dois belos albergues. E o prefeitode Campos do Jordão criou para a moci-
dade do Brasil, a Casa da Cultura que é
também um importante albergue para jo-vens."
A instalação de uma rede de albergues
para a juventude, seria altamente benéfico
para que nossos jovens apreendessem acultura de seu país. Posso até enumerarestes benefícios:
1. Seria uma forma de estímulo para a
juventude brasileira se voltar para o co-
nhecimento dos grandes feitos da História
do Brasil.
2. Levaria os jovens a conhecer o
Brasil, descobrindo aspectos novos da vi-
da, da cuitura, aas tradições e do povobrasileiro.
3. Serviria de apoio infra-estrutural aos
programas de deslocamento de estudantes
e jovens pesquisadores, de uma região
para outra.*>'-*.
4. Proporcionaria o surgimento de pon-tos de atração turística, que estão hoje
abandonados ou são desconhecidos.
5. Proporcionaria.um intercâmbio, en-tre estudantes, escoteiros bandeirantes,
grupos folclóricos, esportivos, etc."
M
NEGÓCIOS E INVESTIMENTOSFrancisco Alexandria
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Quem está rindo à toa é o MaxPaskin, presidente do Grupo que le-va seu nome. É que uma das empre-sas do seu conglomerado, a PAS-KIN S.A. Indústria Petroquímica,inaugurada recentemente, mandou
para a Guanabara 10 toneladas demetacrilato de metila. Trata-se de
produto da maior importância nofabrico de acrílico e quase todo eleera importado de várias procedén-das. £ o País dando seus primeirospassos num setor da maior influên-cia para a meta do Brasil grande quetodos nós almejamos.
Do jovem empresário, apenas 37
anos, Linaldo Uchôa de Medeiros,
conversando numa roda de amigos:"Apesar
da insistência de grandenúmero de amigos no sentido de
que meu nome fosse lançado a um
cargo eletivo, na realidade preferime fixar mesmo na iniciativa priva-da, dando minha modesta contri-
buição à grande meta desenvolvida
pelo ilustre presidente Garrastazu
Mediei". Linaldo é o presidente do
Grupo Empresarial Lume, con glo-merado formado por 14 empresas,
por enquanto, que vai desde finan-
ciamento imobiliário e corretagens
de imóveis, a turismo, construção
civil, mineração, distribuidora de
títulos e valores mobiliários, etc.
Esta é muito boa. O vice-presi-dente da Caixa Econômica Federal,Sebastião França dos Anjos - quenão se perca pelo nome - apesar de
ganhar uma pequena fortuna pormês ainda acha pouco. Tanto assim
que arranjou mais um emprego paraseu filho, Sebastiãozinho. Arranjarmais um emprego todos nós deve-mos, pois a vida está pela hora damorte. Açora arranjar emprego fa-turando importância altíssima àscustas dos cofres públicos, aí é de-
Enquanto o filho do vice-
presidente da Caixa, que não tem
curso superior, náo sendo portantohabilitado, inclusive por ter apenas
20 anos, ganha ordenado altíssimo.
NestorJost
grande número de funcionários daautarquia, com mais de 10 anos decasa, ganha pouco mais de mil cru-zeiros, fato que além de escândalo-soé imoral.
Anjos (dosSebastiãozinho dosanjos?) Filho, foi
professor do Fino de IntegraçãoSocial - PIS - com ordenado dedois mil e quatrocentos cruzeiros.Além disso, presta serviço a seu pai,como oficial de gabinete, perceben-do pela Caixa, segundo consta,outro tanto. Será que o presidenteGiampaoto Falco tem conhecimen-to disso?
Por falar em Caixa: é impressio-
nan te como esta entidade pode che-
gar a uma situação de tanto desta-
que com elementos medíocres e
carreiristas como o atual assessor de
imprensa, José Carauta. Medíocre e
carreirista, Carauta, de fuxico em
fuxico, vai se promovendo e ga-nhando caminho, a ponto de ter
sido nomeado Assessor de Imprensa
da entidade.
Investimento é para quem enten-de do negócio: aí está o exemplo deFernando Torres, que está promo-vendo, com absoluto êxito de bilhe-teria, o espetáculo - Computa,Computador, Computa , - no Tea-tro Santa Rosa. Quatro semanascom a casa praticamente lotada
para ver a excelente interpretaçãode Fernanda Montenegro e o textode Mllôr Fernandes. Não há dúvidade que o bom teatro é sempre umexcelente negócio e
Uma empresa brasileira (Debrás)que tem filial em Nova Iorque estáinteressada em exportar para os Es-tados Unidos apenas isto: 10 mi-Ihões de cabos de vassouras, 1 mi-Ihão de formas para gelo 1 milhão deformas para bolo com fundo remo-vivei. 500 mil capachos e 1 milhão
de rolos de 1/2 quilo de cordão desisal. Se você ó produtor de algumdesses artigos, procure a Debrás naRua México, 111, aqui no Rio.
Está andando de vento em popaa construção do supermercado daCobal, no Leblon. A grande obraestá sendo construída pela Contai, amesma firma que esta construindoo outro mercado da Cobal cm Bra-sília e o Parque Morada do Sol, aliem Botafogo.
Circulando no Rio, onde vieram
a passeio, os jovens - busi-
nessmen - Luiz Carlos e Roberto
Fahel. Dentro de alguns dias eles
irão a São Paulo, onde tratarão de
uma série de assuntos ligados aos
seus inúmeros negócios da Bahia.
No fim do ano, a meta dos irmãos
Fahel é a Europa e África, onde
pretendem praticar seu hoby prefe-rido, que é a caça ao tigre.
O primeiro escalão do Banco do
Brasil tem estado impressionado
com a capacidadeNestor Jost Trabalhando mais de
12 horas por dia, Jost faz questãode tomar conhecimento de tudo o
que acontecer na sua administração.
Tudo isso nem chega a ser novidade
para os que conhecem a capacidade
de trabalho do presidente de nossa
principal casa de crédito.
Nao foi por acaso que um grupode banqueiros suíços que estava noPaís há pouco tempo quis conhecera organização do BB. Depois de to-marem conhecimento de todas asengrenagens do Banco os visitantessuíços não mediram palavras de elo-gios à nossa modelar casa de crédi-to. Hoje não se pode falar em Ban-co do Brasil sem esquecer sua gran-de transformação sofrida nos últi-mos 4 anos. Para melhor, felizmen-te.
______________jili^ ",^_^____________!
____M_^ HÍ "*
• mmW~t^. tL\wW
'\mW^'^mmmtmmmÊLmWr Í^^B
Apesar da grande e natural eufo-iia da exportação, a verdade é queenquanto algumas medidas prclimi-ninares no sentido de proteger o ex-
portador não forem tomadas, esta-remos sempre com nossos preçosfora de competição no disputado
/mercado internacional.
Só para que se tenha uma idéia
da desigualdade, basta se dizer que
a Itália, apenas para se citar um
exemplo, tem seus fretes 50% mais
baixo do que o nosso. Consideran-
do-se que toda mercadoria é expor-
tada FOB, é óbvio que já entra-
mos - se chegarmos a entrar - no
mercado com uma grande desvanta-
gem. Por trás de tudo, como sempre
acontece nestes casos, uma tremen-
da gang, internacional mancomuna-
da com armadores nacionais. Quem
irá tomar providência?
Desde que deixou a presidênciado BNH, a professora Sandra Cavai-canti vem emprestando seu inesgo-tável talento à iniciativa privada.Agora mesmo, está trabalhando vio-lentamente na Lasa, Engenharia eProspecções, onde é muito estimada
por todos, desde os diretores até omais humilde funcionário.
,._^,
.Sandra Cavalcanti
Aplaudida por todos a adminis-
tração do prefeito Oswaldo Pieru-
cetti em matéria de iniciativas visan-
do ao desenvolvimento de Belo Ho-
rizonte. Com larga experiência e
muito folêgo, o prefeito mineiro
vai enfrentando os grandes proble-
mas da capital mineira.
Giampaolo Falco
ponto de
encontroO ministro da Fazenda, Delfim Neto, preparando suas malas com
vistas à próxima reunião de financistas representantes de grandenúmero de países do chamado terceiro mundo. O homem não
pára. +++ Estou recebendo a revista Fiat Lux, por sinal muito bem
paginada, com matérias de real interesse para a coletividade,
inclusive com ampla cobertura às bolsas de estudos que são doadas
pela Rat a dezenas de famílias de poucos recursos. Trata-se de um
órgão criado com o objetivo de divulgar fatos e assuntosrelacionados com a grande indústria de fósforos e é editada sob a
responsabilidade do Chefe de Relações Públicas da empresa, sr. Edu
Vargas, um dos homens que mais entendem de RP em todo o
País. +++ Também em meu poder o Lume órgão oficial do Grupo
dirigido por Linaldo Uchóa de Medeiros. Por sinal está cada vez
melhor, inclusive com informações gerais do interesse de todos.Lume é dirigido pelo jornalista e businessman ÁlvaroAmericano. +++ Na praia de Ipanema, com seus filhos, o homem domercado de capitais José Lúcio Cólen. SuasGuanaminas - Corretora de Títulos vai muito bem. Também,
pudera, poucos entendem do mercado de papéis como José
Lúcio. +++ Vocês já visitaram as novas agências do Banco Halles?
Tanto a nova da Candelária, quanto a da Quitanda com Sete de
Setembro foram montadas dentro do melhor bom gosto. FranciscoPinto, João Jabour e José Sylvio Magalhães estão de parabéns peladinâmica desenvolvida pelo Halles na atual conjuntura do mundodas finanças. +++ Na Presidente Vargas desfilando com aquelaelegância britânica que sempre lhe caracterizou, o empresário do
mercado de capitais, Haroldo Lutterbach, diretor da
Bumerangue - Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários.Trata-se da única empresa brasileira do setor, que tem filial em NovaIorque. A Bumerangue tem anda filiais em São Paulo, capital, e SãoJosé dos Campos. +++ Está havendo tremenda revolta na Barra daTijuco e adjacências, inclusive São Conrado, contra o cidadãoespanhol Orlando Gandola Nestor, proprietário dos hotéis Play Boy,Toledo, Canadá, Serra-Mar - Turist Hotel e Holiday. Ê que o citadosenhor, contrariando todas as leis do Pais, transformou suas casas dehospedagens em ninho de amor. O que mais se estranha é o eternosilêncio da Polícia. +++ O Juiz de futebol José Teixeira,considerado por muitos superior a Armando Marques, está muito
feliz com o sucesso que sua butique vem obtendo. Trata-se de casaespecializada em artigos para homens e fica ali na sobreloja doEdifício Central.
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_______
Murilo
Marroquim
Em 1945, Priestley previu asmutações por que passaria oteatro, passando a refletirtemas políticos ou sociais,deixando de ser só distração
POLITIKA
21eu vi
_________________________________r ¦
\\f ~*£&*M
H-^^_. ^ ______^____
W^"^<_ í- imm1 t^áèm*mmA____>. m^^t^^mmt
Priestley
__M /* guerraacendeu o estopim
da contestaçãoEsta é uma segunda reportagem sobre
"futurologia" no mundo da guerra e do após-guerra. A primeira foi umaentrev.ste com G. B. Shaw e o que/'deveria" ocorrer após a segunda guerra. Esta segunda é com J. B. Prié.tíey Estetambém, nao precisa de apresentação. Mantenho a integridade das minhas notas, para que o leitor se inteire de toda á
lT?^4Am T?3' 5 T6 encontrava na ,inha da f rente- c<>mo correspondente de guerra. A conversa com Priestley foiem torno de política. Onde ele errou ou acertou? É o que o leitor vai observar. Esta é uma história de 1945.
-
1945
Há algumas semanas atrás estive emLondres com J. B. Priestley, que dispensaapresentações em qualquer parte do mun-do onde a moderna literatura inglesa sejaconhecida.
-No seu apartamento em "The
Alba-ny", nos arredores de Piccadilly Circus,Priestley tem dado à luz algumas das me-lhores peças, em novelas ou teatro, da li-
teratura inglesa de hoje. Nesse seu aparta-mento, um tranqüilo e histórico edifício
da velha Londres, falou-me longamente
sobre a orientação pol ítica do mundo dehoje e insistiu particularmente em cha-mar-me a atenção para o potencial revolu-
cionario das classes médias especializadas.
Disse-me que vai a Moscou no próximoverão e confessou também que o Brasilexerce alguma fascinação sobre seu espíri-to; mas viajaria ao Brasil - adiantou-me — somente depois que o seu teatrofosse conhecido da mocidade e das massasbrasileiras.
Priestlev preocupa-se sobretudo, nesta
fase de dúvida literária, com o teatro.
Depois da nossa palestra fiquei de en-viar-lhe um pequeno questionário e ele ga-rantiu-me
que o responderia. Enviei o
questionário e poucos dias depois vim
para a frente ocidental. Ontem, aqui naAlemanha, à margem do Reno, recebi asrespostas de Priestley. E esta coincidênciaé curiosa, pois Priestley narra problemassobre a Alemanha e o mundo de amanhã.
Dou a seguir minhas perguntas e suasrespostas:
"- Que papel está reservado ao teatro
em favor do progresso moral, intelectual epolítico dos povos no após-guerra?
"
é provável que nos próximos dois
anos os povos procurem o teatro a fim deescaparem aos problemas da vida real, e
assim poderemos constatar que muitas pe-ças românticas ou comédias ligeiras obte-nham grande popularidade. Depois disso,contudo, é extremamente provável que osinteresses religiosos, políticos ou sociaissejam refletidos no drama e o teatro seráentão considerado como algo mais do queum centro de fácil distração.
Julga que a política aliada de
"rendi-
ção incondicional" é sábia em face da re-sistência alemã?
Nunca acreditei na política de rendi-
ção incondicional e sempre considerei
mais sábio o ponto de vista assumido pe-los russos -
procurar separar a massa do
povo alemão de seus dirigentes nazistas.
Que se deve esperar nos campos espi-ritual e político com o retorno da Rússiaà Europa depois de vinte e cinco anos?
Esta é uma questão difícil. Tem-se
que a economia socialista planificada rus-
sa terá influência na economia da Europa.
Qt*e os extraordinários feitos do exércitorusso comprovam o fortalecimento donovo espírito comunal russo, e que aomesmo tempo, os próprios russos não
mais sentindo-se ilhados por um mundo
hostil, serão profundamente influenciados
pelas novas relações econômicas, pol íticas
e cultural que manterão com o resto da
Europa.
O temor da Rússia desempenhou um
papel muito sinistro nos negócios mun-
diais, nos últimos vinte e cinco anos. E
temor ao resto do mundo desempenhou
um mau papel nos negócios russos.
Que possibilidades abrem-se ao cam-
po da arte depois da guerra? Julga possi-
vel o aparecimento de novas Barbusse,Remarque etc?
Duvido que esta guerra produza
novos soldados - autores que atraiam amesma atenção conseguida por Barbusse e
Remarque. A razão para isso está em quea resposta individual à guerra moderna jánão é um assunto novo, como o era havia
vinte e cinco anos.
Os aviadores poderão nos dar algum
novo trabalho valioso, e os vários aspectos
da guerra total podem produzir sua pró-
pria literatura. (Minha novela "Daylight
on Saturday", por exemplo, foi lida com
vida numa das vastas novas fábricas de
aviões).
Julga que o choque desta guerra mar-
cará o começo duma nova orientação emliteratura com respeito aos problemassocial, filosófico, ou religioso? Ou nãoterá exercido influência particular sobreescritores?
Outra questão difícil. Mas antecipo
uma certa particularização sobre os pro-blen_t«-fc reíiyiõiot» n<_ literatura do futuro
próximo. Essa particularização se farácontra o maiterialismo marxista, tãoobservada no século XIX, e bem podere-mos ver uma nova ênfase sobre os pontosde vista transcendental, metafísico oumístico. Haverá provavelmente um pro-testo, em nome da alma ou da mente indi-viduaL contra a vasta maquinaria da orga-nização social. Mas este protesto necessa-riamente não seguirá a linha de reação
política de pré-gue rra etc.
Como autor, que espécie de literatu-ra considera ideal em favor da paz univer-sal?"
Pode a literatura desenvolver-se numreinado de opressão e produzir grandes
intelectuais? E que contribuição podemos escritores fazer a fim de salvar funda-mentos morais e ideológicos desta guerracontra possíveis reacionários políticos eintelectuais que surjam no após-guerra?
Os escritores conhecidos tem umagrande responsabilidade pessoal nestesdias, pois um grande número de pessoasespera ser guiado por eles, pois os consi-dera honestos e sensíveis.
"A maioria dos nosso males provém,
primeiro, da má-fé e egoísmo, e desejo de
satisfazer os próprios desejos às expensas
de outras pessoas; segundo, de falta deimaginação, da facilidade para ver e com-
preender que somos todos interdependen-
tes e que nossas vidas estão intimamente
entrelaçadas. Poetas, dramaturgos, nove-
listas, ensaístas, todos estão aptos a tornar
muito claro, sem necessariamente se tor-narem grosseiramente didáticos. Eles po-dem
"compelir" seus leitores ou audiên-
cias a viverem vidas de outras pessoas, arirem com elas e a sofrerem com elas; e aomesmo tempo eles podem claramente
mostrar, como nu._d. viu<_& s><_u entrelaça-
das. (Eu próprio tenho feito isto sempre e
sempre, num novo drama prestes a ser le-
vado aqui em Londres, particularizo esta
questão). Ao mesmo tempo, os escritores,
em sua capacidade de cidadãos respeita-
veis, podem protestar contra políticas e
medidas que lhes pareçam reacionárias e
podem insistir sobre um melhor nível devida para o povo comum. Este não é o
momento em que os escritores devem re-
tirar-se — a menos que julguem não poderagir de outro modo -
pelo contrário, eles
devem insistir em escrever e falar pelasmassas de povos que não podem escrever
ou falar por si mesmas".
POL5TIKA
koluna do
paskoal
Paschoal
Carlos
Magno
O enterro do
príncipe
Milão, 28 de dezembro
de 1955 -
Numa data
igual a esta, há trinta e sete
anos, descíamos a Rua do
Ouvidor. íamos a caminho
do S. Bento, naquela ma-
nhã cinzenta. Com ameaça
de chuva no ar. Havia mui-
ta gente parada diante da
TJotícia onde um cartaz
anunciava que naquela ma-
drugada morrera Olavo Bi-
lac. Nós o amávamos desde
os tempos da escola de Do-
na Leonor Posada, que fa-
lava dele freqüentemente
com admiração, que era
amor também.
Fazia-nos aprender suas
poesias de cor. 0 chamava
de Príncipe. Sua poesia da-
va-lhe um reinado sem
fronteiras. Tão Príncipe
como os da Itália, cujas fo-
tografias ilustravam uma
das paredes da oficina de
papai. Seu reino era'deste
mundo e do outro, porque
feito de música.
Nunca o tínhamos visto,
a não ser por acaso, senta-
do junto à cascata lumino-
sa mesmo no centro do sa-
lão de espera do Cinema
Odeon, que ficava na es-
quina da Rua Sete com a
Avenida. Lia um livro, de
cabeça baixa. Era feio, ti-
nha um bigode ralo, com
pontas para cima, e usava
pince-nez.
Passamos e repassamos
diante dele, em silêncio,
depois que papai o aponta-
ra, dizendo-nos em voz
baixa: "Aquele
ali é o Bi-
lac..." Lembro-me que,
de pernas cruzadas se po-
dia distinguir entre a meia
e a pele um pedaço de pa-
pel fino ou de tecido bran-
co. Ao que José, diante da
minha descoberta, acres-
centou misteriosamente:"Na
certa é para esconder
alguma ferida... "
E con-
tinuou: Já ouvi dizer, lá no
Ginásio, que ele é morfé-
tico... "
Não lhe perguntei o sen-
tido da palavra morfético.
Guardei-a na memória. Mal
chegado à casa corri ao di-
cionário,que me revelou
ser morfético sinônimo de
leproso.
Muito tvais tarde, Leôn-
cio Correia, na sua casa da
Tijuca, o defendia dessa
acusação, aconselhando-
me: "Vá
se acostumando,
pois se chegar á celebri-
dade, como lhe desejo, di-
rão de você cobras e lagar-
tos... "
Durante a campanha da
Ctsa do Estudante fiquei,
em Belém amigo de um
poeta sensível, iluminado
de bondade, chamado Jon-
athas Batista. Entre os prê-
mios que a vida lhe dera,
havia um cartão de Olavo
Bilac.
Eleito Príncipe dos/Poe-
tas Brasileiros, Olavo Bilac
encontrava-se na Europa.
Na véspera de sua chegada
ao Rio, onde se lhe prepa-
. ravam grandes manifesta-
ções, Maurício de Lacerda
y não se conforma e ataca a
homenagem que a Câmara
lhe prestaria, mandando
saudá-lo a bordo por uma
delegação composta de um
representante de cada Es-
tado.
Maurício de Lacerda se
opõe. Como a Câmara se
faria representar, numa ho-
menagem excepcional,
àquele que era o maior pe-
derasta do Brasil? Jonathas
Batista, em Belém, escreve
uma, duas crônicas defen-
dendo o poeta. Olavo Bilac
as lê e manda-lhe um car-
tão: "Obrigado,
Jonathas
Batista. Não foi este o pri-
meiro nem será o último
Maurício Lacerda na mi-
nha vida. Abraços"
O grande Poeta está
morto. Não tínhamos co-
ragem de andar pelas ruas,
subir o morro de S. Bento,
sentar num banco ouvindo
aulas, estudando. Dona
L eonor Posada — pensava
eu, mastigando minha
emoção de menino — que
foi namorada dele, deverá
estar sofrendo. Eu deveria
correr depressa à sua casa,
na Avenida Mém de Sá, e
consolá-la. Mas que pala-
vras usar para gente grande
que está sofrendo?
O melhor era voltar a
Paula Matos. Papai ficou
surpreso quando me viu
atravessar a xácara, entrar
de cabeça baixa:
Que é que há? Está
doente?
Sentei-me num dos ban-
cos de sua oficina de al-
faiate
Ólavo Bilac morreu.
Li agorinha mesmo na por-
ta da Notícia.
Papai balançou sua ca-
beça:
Que pena!...
No dia seguinte, papai
não trabalhou. Sua oficina
parou. Levou-nos ao Silo-
geu para que estivéssemos
presentes ao enterro do
Príncipe.
Chovia (nuito. Entramos
com dificuldade no grande
salão, onde centenas de
pessoas desfilavam diante
da essa em silêncio ou cho-
rando. Muitas levavam fio-
res que depositavam junto
ao caixão. Meninos esco-
teiros rodeavam a essa. Eu
me encontrava próximo de
uma jovem linda, que dizia
baixo a um amigo, quase
chorando:Quem
agora escreverá
versos para mim? (Anos
mais tarde soube seu no-
me. Chamava-se Rosalina
Coelho Lisboa)
Houve silêncio. Coelho
Neto falou. Pediu a Olavo
Bi lac, que tanto amara e
compreendera as estrelas,
que sua alma se transfor-
masse numa estrela, para
iluminar o Brasil. Não há
palmas. Há soluços. Muitos
soluços.
Cheiro de flores emur-
checendo. Os círios esta-
Iam. Estão levando as co-
roas para fora. Agora os es-
coteiros cantam o Hino à
Bandeira, cujos versos são
dele e que cantávamos to-
das as manhãs na escola de
Dona Leonor. Já não são
mais os escoteiros que can-
tam sozinhos. São todos os
presentes: Salve lindo pen-
dão da esperança...
Fecham o caixão. Papai
nos empurra para a saída.
Chove muito. Muito. O co-
che está parado junto à es-
cadaria do Silogeu. Seus
cavalos empenachados, co-
bertos de mantos de renda
preta. Colocam o caixão
na carruagem.
Há muita gente choran-
do. Distingo, encostada a
uma coluna de pedra, Do-
na Leonor Posada, que dei-
xa de enxugar as lágrimas e
faz com a mão trêmula um
gesto de adeus. A carrua-
gem parte lentamente. Os
cadetes estendem os bra-
ços em continência.
Com a finalidade de comemorar o transcurso do
oitavo aniversário da Revolução de 31 de Março, a
Câmara Municipal de Duque de Caxias, com a
presença do prefeito Carlos Marciano de Medeiros,
realizou Sessão Solene, sob a presidência do
vereador Francisco Estácio da Silva. Além dos
representantes do Comando da Primeira Brigada de
Infantaria, do Primeiro Batalhão de Saúde e
do Batalhão de Infantaria, estiveram presentes
à solenidade os vereadores Durval Gonçalves,
Arando Maia, Enos Figueira, Fernando Figueiredo,
Jorge Fortunato, José Marreto, José Carlos Lacerda,
José Faria, José de Jesus, José Ribeiro Neto, José
Calado, Jovelino Tavares, Laury Vilar, Luiz Braz de
Luna, Luiz Francisco, Manoel Barcelos, Raimundo
Gonçalves Milagres, Tomé Siqeira Barreto e Wilson
Macedo, sendo orador oficial da cerimônia o
prefeito-general Carlos Marciano de Medeiros.
una
¦
oi
-
POLITIKA*
A Editoria
JOSÊ DOS SANTOS CRUZ (Guaratinguetá - SP) - "Que negócio é
esse de Cursi/ho. Embora tenha lido as reportagens que vocês publicaram,permanecem inúmeras dúvidas. Se possível, gostaria que vocês meexplicassem as fina/idades de tais cursos, como são preparados, em quecondições são realizados. Enfim, dessem-me uma orientação completa. Emtempo: muito bom o trabalho que vocês vêm realizando em prol doengrandeci men to do jornalismo político no Brasil".
Como você pode ver, José, na terceira página desse número, o Oliveiraapresenta inúmeros documentos e um depoimento sobre os Cursilhos, quecertamente eliminarão suas dúvidas. Apareça sempre.
23korreio
Cursilho já preocupa. O que é bom.**
CAMILO RICCKruaProme-
rim, 666 - Tucuruvi -SP)
- "Tive o prazer de ter em mi-
nhas mãos o número 21 dePOLITIKA e me interessei peloartigo Cursilho, Terapêutica
Ocupacionai da Direita, do
padre Paulo Martinechen Neto.
Não fiz o cursilho, mas já háum ano venho me interessando
por saber a verdade sobre o
movimento. Daquilo que obser-
vei até agora em grupos decursilhistas e de informações
que tive sobre o assunto, possoconcordar com muitas coisas
que o padre Paulo disse. Outras
afirmações suas não concordo,
no momento, por não ter co-nhecimento de causa. Por isso,
peço aos senhores, se possível,enviarem-me os números atra-
sados de POLITIKA que versa-
rem sobre o assunto cursilho, a
fim de que eu possa me apro-
fundar mais nesta questão, o
que é de meu interesse".
0 negócio é o seguinte,
Camilo: até o momento, tirante
a matéria assinada pelo padrePaulo, POLITIKA não teve par-te ativa nas discussões sobre oscursilhos. Serviu, isto sim, de
meio de divulgação de inúme-
ras opiniões, umas a favpr e ou-
trás contra. Tudo começou
quando o Nery resolveu publi-car uma declaração, devida-
mente gravada, de um grupo decursilhistas. Daí surgiram as
discussões, que como você
pode ver se estendem até estenúmero. Seu pedido foi atendi-
do, seguindo os exemplares
atrasados pelo reembolso pos-tal. Volte sempre.Temos mui-to prazer.
ANTÔNIO DOS SANTOS
(rua do Príncipe,
526 - Recife - PE) - "A ma-
teria (paga, evidentemente
Duque de Caxias acompanha o
desenvolvimento do Brasil,idêntica aos famosos jornais da
tela, que somente interessam
aos personagens neia aborda-
dos, destoa completamente do
espírito de POLITIKA, que se
firmou com magnífico tablói-
de. Levei um tremendo susto.
Por obséquio, quando de outra
carga dessas, coloquem, em
cima do título da reportagem,o aviso: matéria paga ou anún-cio. Vocês têm obrigações com
os jovens brasileiros desinfor-mados da política brasileira,
qye detestam tais tipos de re-
portagem, data vênia. Por ou-tro lado, Mobral neles, de MuryLydia, ocupou espaço muitoimportante de POLITIKA, que
deveria ter dado outra feição
ao artigo. Um recado para oLydia: que seria da vida se nãoexistissem as coisas que
"não
produzem absolutamente nada,não contribuem de nenhumaforma para o desenvolvimento
nacional"? Era melhor ser umGustavo Corção. . Toda socie-
dade organizada pune o erro —
apenas uma frase. Qual a socie-
dade que não mantém seuserros? Ora, há coisas mais im-
portantes para discutir e acusar
no futebol ou coisa que o va-
lha. Francamente, Mury Lydia
devia escrever para jornaleco de
colégio, pelo estilo. Sem mais,
tudo bem. A matéria sobre os
cursilhos só falta uma coisa:
mais matéria. O folclore poli-tiko é um achado. Falta aos ar-
tigos do Murilo Marroquim si-
tuar os fatos no tempo e no es-
paço. Legendas para as fotos".
Olha, Antônio, aqui todos
sabem que estão expostos às
criticas. Por isso, ninguém re-
clama. Acreditamos que, de-
pois de sua análise, tirante o
que não presta, o POLITIKA
até que é bonzinho. O Mury
manda lhe dizer que sabe queas sociedades mantêm - e algu-
mas cultuam — o erro, o quevem, de certa forma, a provar o
que ele pretendia: que as socie-
dades, não organizadas como
tal, preservam o erro para sua
própria sobrevivência. Ade-
mais, as legendas, algumas ve-
zes, são desnecessárias, por se-
rem óbvias. No tocante ao Mar-
roquim, as suas reclamações
coincidem com as de inúmeros
outros leitores, o que o fez al-
terar seus escritos, datando-os.
Suas sugestões foram devida-
mente anotadas e serão estuda-
das, a tempo e hora. Para en-
cerrar: não somos suficiente-
mente loucos para rejeitar
publicidade.
DOMINGOS DINIZ (Pira-
porá — MG) - "Venho me deli-
ciando, toda semana, com
POLITIKA, especialmente com
o folklore polítiko. Parabéns.
O jornal está excelente. A me-
dida exata. Nem tão gosador e
humorístico como o Pasquim,
nem tão sério como a chamada
grande imprensa(? ). Acabo de
ler o artigo do Mury Lydia,
Mobral neles. Ela tocou no
maior tabu do Brasil: futebol.
Só mesmo vocês tiveram a co-
ragem de mexer na ferida. Fu-
tebol, rádio e televisão, neste
País patropi, são sinônimos de
subcultura. E vai a gente falar
deles, que todas as desgraças
caem sobre a gente. Aqui mes-
mo, porque fiz leve crítica à te-
levisão, explicando que há — e
há mesmo - outros problemasmais urgentes: rede de esgoto,
matadouro (as reses são abati-
das no mato, promiscuidade,conduzida a carne em carroças
sujas), centro de abasteci-
mento, curso científico (apenastemos aqui formação e técnico
de comércio), grupos escolares,
professores, assistência social.
E todos eles são mais importan-
tes que a instalação de repeti-
dora de televisão. Pois bem, os
doutíssimos vereadores de mi-
nha terra, num rasgo luminoso
de inspiração, num gesto de
salva-pátrias, aprovaram um
requerimento me considerando
persona non grata ao munici-
pio. Só porque em minha mo-
desta coluna bocapi, no jornallocal, critiquei a televisão, ci-
tando Ponte Preta, Paulo
Autran, Nestor de Holanda e
Antônio Maria. Em anexo, se-
guem alguns exemplares de
nosso jornal zinho, editado nes-
sas perdidas barrancas sanfran-
ciscanas".
Obrigado, Domingos. Um es-
clareei mento: ela não é ela, é
ele. O Mury é homem, e diz-se
fanático. Agora, quanto ao per-sona non grata, convenhamos,
você abusou. Afinal, nem sem-
pre as verdades podem ser ditas
em toda a sua plenitude. Mes-mo porque os donos da verda-
de assim não o desejam. Volte
sempre, colabore conosco em
seu jornal, nunca jornalzinho.
EDGARD VENANT (Brasi-lia) - "Já
faz aproximadamen-
te dois anos que eu não lia jor-nal nem revista e nem escutava
o rádio. Um amigo vem insis-
tindo, há algumas semanas, pa-ra que eu lesse o POLITIKA,
inclusive me trazendo os exem-
plares. Não vou repetir os elo-
gios que já lhes fizeram outros
leitores, mas quero transmitir-
lhes os meus parabéns. Venho
endossar o pedido de uma re-
portagem sobre o ensino brasi-
leiro. Como professor que sou
e que já passou por todas as
etapas do ensino (primário, mé-
dio e universitário, particular e
público) eu faria a sugestão se-
guinte, para um roteiro: (1)filosofia do ensino universi-
tário; basicamente a falha prin-cipal neste setor se encontra
numa reversão lógica: primeirotecnológica e, finalmente, teó-
rica. Freqüentemente, esta últi-
ma não sendo atingida, o ensi-
no universitário fica caracteri-
zado por um derrame de pro
posições práticas sem a devida
justificativa teórica. Ora, é sabi-
do que a tecnologia é uma con-
seqüência simples e fácil da
teoria e mais, que a universi
dade é o local de estudos de
ciência, onde também existem
escolas que aplicam estas ciên-
cias. Em resumo, o modelo
ideal de universidade seria o an-
tigo padrão Universidade de
Brasília, hoje totalmente defor-
mado. Por que? Para que? Por
quem? (2) Filosofia do ensino
secundário: que simplesmente
não existe. Aqui há um amon-
toado de porcarias. As sucessi-
vas tentativas de remendar re-
sultaram numa colcha de reta-
lhos inaceitável. E o piore queseria tão simples definir o ensi-
no secundário como sendo
aquele em que a mente das nos-
sas crianças seria aberta para os
segredos da natureza. A este
respeito eu contaria um fato:
me revoltando contra a idiotice
de uma escola, que insistia em
ensinar o meu filho a escrever
bem bonitinho, tentei dar-lhes
uma prova de que a criança, en-
tão com quatro anos, entende-
ria melhor e aceitaria melhor o
estudo das ciências naturais.
Abri um pinto vivo e mostrei-
lhe o funcionamento do ani-
mal. Aos seus mestres eu o
exibi, respondendo-me com
perfeição às perguntas mais tri-
viais possíveis, como utilidade
do coração ou do pulmão. Na-
turalmente, me responderam os
mestres:"há instruções governa-mentais que dizem o que deve
ser ensinado às crianças". Há
um programa. Se eu quisesse,sendo diretor de uma escola,
modificar o ensino, simples-
mente não poderia. Porque é
proibido. Há os regulamentos.
E, naturalmente, as nossas
crianças é que pagam o pato,
pois ficam sendo embotadas
nas escolas secundárias e depois
nas universidades".
Muito bem, professor Ve-
nant, o tema é dos mais atuais
e será devidamente abordado.
Estamos satisfeitos, principal-mente, por termos conseguido
quebrar seu jejum de leitura. É
uma honra para a gente.
GENERAL TÁCITO REIS
DE FREITAS (presidente da
Comissão Nacional de Defesa e
pelo Desenvolvimento da Ama-
zônia - Rio - GB) - "Temos
a satisfação de enviar-lhe, com
o presente, um exemplar do
sexto número de nossa publica-
ção A Amazônia Brasileira em
Foco, em cujas páginas se en-
contra o trabalho da dra. Irene
Garrido Filha, transcrito no nú-
mero 19 desse excelente e pres-tigioso semanário. Muito gratosficamos pela divulgação e des-
taque dados aos trabalhos da
nossa estimada amiga e colabo-
radora, dra. Irene, e desde jános colocamos à sua disposição
para publicação futura de ou-
trás colaborações que lhe pos-sam interessar".
General, nós é que agrade-
cem os poder contar com traba-
lhos brilhantes como o que
publicamos. A oferta de novas
colaborações só podemos res-
ponder com votos da maior
proximidade.
ANTÔNIO CARLOS SIL-
VEIRA (Rio Grande,
RS) — "Seu jornal, que é de
todos e mesmo dos que não sa-
bem, tem estado excelente. É o
caso da reportagem do Sebas-
tião Nery, número 20, sobre
governadores indiretos. Escre-
vo, aliás, para colocar uma in-
formação complementar ao
assunto: a tendência, a nível
nacional, de condenar à miséria
o interior em benefício de
obras estrondosas nas capitais.
Ao exemplo baiano, ajunto eu,
agora, o caso gaúcho. A Asso-
ciação dos Municípios da Zona
Sul do Estado vai entrar com
recurso administrativo contra
os novos índices de retorno do
ICM, fixados dias atrás. A prin-cipal cidade atingida é Pelotas,
com 205 mil habitantes, segun-
da do Estado, que sofrerá uma
redução de 33,5% na arrecada-
ção do imposto. Mas Santana
de Boa Vista, por exemplo, o
menor município da Associa-
ção, perderá 43%. Diz o presi-dente da entidade ao governa-dor do Estado:
"se não houver
uma revisão nos índices do
ICM recém-divulgados, vão se
verificar paralisações de obras,
fechamento de escolas, dispen-
sa de professores e funcionários
municipais, com as mais desas-
trosas conseqüências para a
Zona Sul do Estado". Vamos
ver o desenrolar da crise. En-
quanto isso, diga ao Sebastião
Nery, por favor, que ele é o res-
ponsável pelo que há de melhor
em POLITIKA."
Antônio, todo mundo está
esperando, esperando, esperan-
do. O Nery agradece os elogios.
E nós, as informações com-
piem en tares. t
Fritz
mmm mIP. © IOTTO
V?
'#// >-;7.'//Y///&Àm
~~7^><7-A _^^^ —*-,,.'
V.
EDI-TORA LTDA.
Diretora
PHILOMENAGEBRAN
Endereço:
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