Transcript

Territrio vs. SustentabilidadeProjecto-piloto para a converso da agricultura tradicional em modo de produo biolgico

Manual de Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

NOTA PRVIATerras de Bouro um municpio de montanha onde a ruralidade comea a dar lugar a um destino turstico preferido por muitos portugueses e alguns estrangeiros. O corao do Parque Nacinal da Peneda-Gers, as termas do Gers, o santurio de So Bento da Porta Aberta, as barragens de Vilarinho das Furnas e de Caniada, a pousada de Juventude de Vilarinho, a consagrao da Geira (via romana) como patrimnio nacional e a preparao da sua candidatura a patrimnio da UNESCO conferem a este concelho um potencial turstico nico na regio e, at, no pas. Virada a pgina da emigrao e o consequente abandono da agricultura de subsistncia, assistimos, hoje, a grandes investimentos em infra-estruturas e equipamentos de modo a criar um produto turstico de excelncia que promova a criao de emprego e xe a populao, nomeadamente os mais jovens. Alm da beleza da sua paisagem e do patrimnio, Terras de Bouro tem outros atractivos para oferecer, como o artesanato (bordados, cestaria, trabalhos em linho, madeira, etc.) e a gastronomia. Para aqueles que teimam em se manter arreigados terra, quer a tempo inteiro, quer em part time, a Cmara Municipal avanou com um projecto pioneiro denominado Territrio vs. Sustentabilidade: projecto-piloto para a converso da agricultura tradicional em modo de produo biolgico, com o objectivo de combater o crescente abandono das terras e criar uma mais-valia para aqueles que teimam em manter a sua ligao terra. Partindo da constatao que os mtodos de cultivo utilizados pelos nossos agricultores esto muito prximo dos da agricultura biolgica, avanmos com uma campanha de sensibilizao que teve resultados muito positivos, pois lanaram-nos um desao: se tivermos quem nos compre os produtos, ns produzimos! Perante esta realidade, implementmos este projecto cientes que a preocupao dos portugueses com os produtos que ingerem, e que os leva a estarem dispostos a pagar mais por um produto de melhor qualidade, levar, num futuro muito prximo, ao aumento da procura dos produtos de origem biolgica, alis, Portugal importa uma grande quantidade de produtos biolgicos. Para o municpio, esta iniciativa insere-se nos seus objectivos de valorizao dos recursos naturais e articula-se com outros projectos como a rede de trilhos pedestres na senda de Miguel Torga e a recuperao do patrimnio construdo ligado agricultura (espigueiros, moinhos, sequeiras, eiras, etc.) potenciador de um turismo rural em grande expanso.Alm disso, contribui para a conservao da paisagem evitando que o equilbrio do ecossistema seja posto em causa.

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

5

Territrio vs. Sustentabilidade

Por ltimo, convm referir o papel fundamental que a agricultura biolgica dever ter na rea da gastronomia que, como sabemos, um dos pilares de sustentao de um turismo de excelncia. Quantas pessoas no abririam os cordes bolsa para comer um cabrito das encostas de Brufe, do monte de Santa Isabel, da Ermida, ou para saborear o famoso mel da serra do Gers, j para no falar do famoso cozido de couves com feijo acompanhado de um naco de pernil de porco criado em plena liberdade campestre? Numa altura em que tanto se fala em preservao ambiental e em desenvolvimento sustentvel, Terras de Bouro passa das palavras aco e procura, vencendo todas as contrariedades inerentes a um municpio afastado dos grandes centros urbanos e muitas vezes esquecido pelo poder central, implementar um verdadeiro processo de desenvolvimento rural sustentado que coloque este municpio na rota dos destinos tursticos por excelncia.

O Presidente da Cmara Municipal de Terras de Bouro, (Antnio Jos Ferreira Afonso)

6

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

INTRODUONas ltimas dcadas, a agricultura intensiva introduziu elevadas quantidades de pesticidas, adubos, hormonas e outros produtos qumicos de sntese, alterou os ecossistemas, prejudicou a fertilidade dos solos e a qualidade da cadeia alimentar. Abandonaram-se prticas como a fertilizao orgnica dos solos com estrumes, o cultivo de variedades agrcolas e hortcolas tradicionais, a utilizao das raas autctones e o maneio animal ao ar livre, reconhecendo-se, actualmente, que as prticas agrcolas que se utilizam no so sustentveis. A sustentabilidade da agricultura requer a salvaguarda do ambiente e da paisagem e, por isso, deve ser remunerada tambm por esse servio. A Agricultura Biolgica uma das formas de actuar de forma construtiva e equilibrada nos sistemas agrcolas, inseridos nos sistemas naturais, melhorando a fertilidade dos solos, promovendo o correcto uso da gua e preservando a biodiversidade, para alm de produzir alimentos de elevada qualidade. Em 1972 foi fundada a Federao Internacional de Movimentos de Agricultura Biolgica (IFOAM), actualmente com sede na Alemanha. Em Portugal, a Associao Portuguesa de Agricultura Biolgica (AGROBIO) surgiu em 1985 e em 1991 a Comunidade Europeia publicou o regulamento (CE) n 2092/91, denindo as normas do modo de produo biolgico, incluindo o controlo e a rotulagem dos produtos vegetais. Em 1999, o modo de produo biolgico animal foi contemplado no regulamento CE n 1804/99. Segundo a IFOAM, a agricultura biolgica engloba todos os sistemas que promovem a produo de alimentos e bras sos sob um ponto de vista ambiental, social e econmico. Estes sistemas baseiam-se na fertilidade do solo a nvel local como chave para uma produo de sucesso.Ao respeitar a capacidade natural das plantas, animais e paisagem, visa optimizar a qualidade em todos os aspectos da agricultura e do ambiente. A agricultura biolgica reduz substancialmente a utilizao de factores de produo externos explorao, atravs da no utilizao de fertilizantes e pesticidas qumicos de sntese e de produtos farmacuticos. A Cmara Municipal de Terras de Bouro deseja incentivar a agricultura no modo de produo biolgico, de modo a preservar os ecossistemas e a beleza paisagstica do seu territrio, atravs de vrias aces, entre as quais a publicao do presente Manual de Agricultura Biolgica, que pretende colaborar para a tomada de deciso das culturas agrcolas e das espcies animais que podem ser produzidas em Terras de Bouro. As culturas aqui abordadas como a batata, a couve, a cebola e o milho ao ar livre e ainda o feijo verde, como exemplo de uma cultura protegida, so conhecidas dos agricultores locais. Estas culturas permitem desenvolver diferentes rotaes culturais, para diferentes condies locais, que possibilitam as melhores solues em termos de utilizao dos nutrientes dos resduos orgnicos restitudos ao solo, de menores riscos de incidncia de pragas e doenas e das oportunidades de mercado. As raas de bovinos e de pequenosManual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

7

Territrio vs. Sustentabilidade

ruminantes, de sunos e de aves de capoeira produzidas no modo de produo biolgico e referidas neste manual, so adaptadas ao meio ambiente de Terras de Bouro, podendo ser produzidas em diferentes locais do seu territrio. A apicultura outra actividade que pode contribuir para a proteco ambiental e assumir importncia, perante um mercado alimentar cada vez mais exigente em produtos naturais ou produzidos no modo de produo biolgico. A fertilidade orgnica do solo, que bsica para a sustentabilidade do modo de produo biolgico, referida neste manual com destaque para o processo de compostagem, a qualidade do composto e a sua aplicao ao solo agrcola. Os editores

8

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

NDICENOTA PRVIA ------------------------------------------------------------------------------ 5 INTRODUO ------------------------------------------------------------------------------- 7 I -PRODUO VEGETAL --------------------------------------------------------------------- 111 .Batata --------------------------------------------------------------------------------13 2 .Cebola -------------------------------------------------------------------------------23 3 .Couve repolho ---------------------------------------------------------------------33 4 .Culturas protegidas - Feijo verde ----------------------------------------------43 5 .Milho ---------------------------------------------------------------------------------51

ANEXO (Lista de fertilizantes orgnicos) ------------------------------------------------------ 59 II -PRODUO ANIMAL -------------------------------------------------------------------- 631 .Bovinos ------------------------------------------------------------------------------65 2 .Pequenos ruminantes -------------------------------------------------------------75 3 .Aves de capoeira -------------------------------------------------------------------83 4 .Sunos --------------------------------------------------------------------------------93 5 .Apicultura ------------------------------------------------------------------------- 101

ANEXO

(Matrias-primas e aditivos para alimentao animal e produtos para limpeza e desinfeco) -------------------------------------------------------------------------------------- 109

BIBLIOGRAFIA E LEGISLAO --------------------------------------------------------115 III - COMPOSTAGEM PARA A AGRICULTURA BIOLGICA ----------------------------------------1191 .Introduo ------------------------------------------------------------------------ 121 2 .O processo de compostagem ------------------------------------------------- 126 3 .Caractersticas do composto -------------------------------------------------- 130 4 .Utilizao do composto -------------------------------------------------------- 133 Bibliograa --------------------------------------------------------------------------- 137Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

9

Territrio vs. Sustentabilidade

10

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

IProduo Vegetal

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

11

Territrio vs. Sustentabilidade

12

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

BATATA

(Solanum tuberosum L.)

Isabel Mouro (ESAPL/IPVC; Proj. Agro 747) Rui Pinto (Quinta Casal de Matos)

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

13

Territrio vs. Sustentabilidade

14

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

Batata L.) (Solanum tuberosumCICLO CULTURALPlantao em Abril/Maio e colheita em Agosto/Setembro. Exemplo:1 Maio Plantao1 Junho 50% emergncia

15 Junho Incio da tuberizao

1 Julho 50% Florao

1 Agosto Incio da maturao dos tubrculos

1 Setembro Colheita

ROTAESA batateira deixa o terreno sem muiitas infestantes para a cultura seguinte. As culturas anteriores favorveis so aquelas que deixam no terreno uma grande quantidade de resduos da cultura. A rotao recomendada para a cultura da batata de, no mnimo, 4 anos. Exemplos de rotaes de culturas para diferentes zonas:

Zonas Abrigadas1 Ano Mai-Ago Batata 4 Ano Mai-Ago Cebola Set-Fev Couve Set-Mar Nabo/Nabia 2 Ano Abr-Jul Alho francs 5 Ano Abr-Jul Feijo Ago-Mar SideraoProj. Agro 747

3 Ano Set-Fev Ervilha gro/queb Mai-Jul Alface Ago-Abr Trevo+azevm

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

15

Territrio vs. Sustentabilidade

1 Ano

Zonas de planaltoMai-Ago Batata Set-Abr Couve galega Set-Mar Siderao

2 Ano Mai-Ago Feijo

3 Ano Set-Jul Centeio Ago-Abr Trevo+ azevm

4 Ano Mai-Set Milho

Proj. Agro 747

CRESCIMENTOA cultura da batata muito sensvel s geadas. As temperaturas de crescimento so as seguintes: mnima: 6 a 8C; mxima: 30C; ptima: 15-18C.

VARIEDADESAs variedades a utilizar devem ser semi-tardias (100-120 dias, necessitando de uma acumulao trmica de 2000 a 2500C) e devem ser pouco susceptveis ao mldio.

SOLOA batata muito sensvel compactao e m estrutura do solo. Os melhores solos so de textura mdia, com os agregados homogneos, arejado, rico em matria orgnica e moderadamente cidos, preferindo valores de pH de 5,0 a 6,8. Se for necessrio aumentar o pH do solo, a calagem deve ser efectuada 1 a 2 anos antes da cultura da batata, com calcrio dolomtico, que tambm contm magnsio. O solo deve ser trabalhado em profundidade, a lavoura para incorporao dos fertilizantes orgnicos no deve ser inferior a 25 cm, seguida de uma escaricao. A profundidade das razes de 45 a 60 cm.

16

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

FERTILIZAOPara uma produtividade de 20 a 30 t/ha de batata necessrio cerca de 100-120 kg/ha de azoto. Aplicao de fundo: Os compostos maduros devem ser aplicados com a antecedncia de cerca de 15 dias a 1 ms antes da plantao, na dose de 20 a 30 t/ha. Como complemento podem utilizar-se fertilizantes orgnicos comerciais (Anexo 1). O potssio um elemento muito importante nesta cultura pois concede maior resistncia s doenas, aumenta o calibre e o poder de conservao dos tubrculos. A cultura no tolera decincias em magnsio. Recomenda-se a aplicao de fosfatos naturais e sais de potssio se os valores de fsforo e potssio do solo forem: inferiores a 150 g/g - aplicar 50 kg/ha de P2O5 e 70 kg/ha de K2O; inferiores a 200 g/g - aplicar 30 kg/ha de P2O5 e 60 kg/ha de K2O. Aplicao em cobertura: 2-3 semanas aps a plantao recomendvel a aplicao de 20-25 t/ha de chorume produzido em MPB ou realizar fertirrigao com um adubo orgnico (Anexo 1).

Proj. AGRO 747

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

17

Territrio vs. Sustentabilidade

PLANTAOA data de plantao deve ser bem adaptada a cada regio, pois no incio da Primavera as condies de humidade podem provocar infeces de mldio e mais tarde corre-se o risco de ocorrncia de duas geraes de escaravelho da batateira para a mesma cultura. Cerca de 1 a 1,5 meses antes da plantao deve colocar-se a batata-semente num local com iluminao indirecta, temperatura de 10 a 15C e humidade relativa alta, para estimular o grelamento. A abertura de regos para a plantao pode ser realizada com um abre-regos. De preferncia deve plantar-se as batatas inteiras para evitar o seu apodrecimento no solo. Distncia de plantao: Entre linhas: 70-75 cm; Entre plantas na linha: 30 cm. Profundidade de plantao: 8-10 cm. Quantidade de batata-semente: 1500 a 2500 kg/ha.

SACHA E AMONTOAA sacha elimina as infestantes e promove o arejamento do solo. A amontoa deve ser feita quando as plantas tm cerca de 20 a 25 cm de altura. Em estado mais avanado a amontoa prejudicial devido destruio das razes.

REGAA batateira muito sensvel aos excessos e s decincias de gua. A primeira rega deve ocorrer antes do incio da tuberizao. Durante o crescimento dos tubrculos (1,5 a 3 meses aps a plantao) as plantas devem dispor de gua sem restries. Ao iniciar a maturao dos tubrculos a rega deve cessar pois o excesso de gua atrasa a maturao e provoca apodrecimento.

18

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

Sistemas de rega: Podem utilizar-se os seguintes sistemas de rega: por asperso, gota-a-gota, por sulcos ou alagamento. A rega gota-a-gota no contribui para uma boa distribuio das razes no solo, apesar de ajudar na preveno de doenas e de permitir a fertirrigao.

PRAGASEscaravelho da batateira (Leptinotarsa decemlineata) Os adultos em hibernao no solo emergem na Primavera efectuando a postura durante cerca de 1 ms. Os ovos so de cor amarela que evolui para cor laranja forte, situam-se na pgina inferior da folha e eclodem num perodo de aproximadamente uma semana. As larvas alimentam-se das folhas da batateira durante 2 a 3 semanas e transformam-se em ninfas no solo a 5-20 cm de profundidade. Os adultos emergem 1 a 2 semanas mais tarde e hibernam no solo a 25-50 cm de profundidade. Medidas culturais: Realizar a rotao das culturas; Utilizar plantas-armadilha. Plantar uma variedade de batata que se desenvolva rapidamente em climas frios, no intervalo entre a cultura de batata do ano anterior e a cultura actual. Destruir com uma chama de gs propano a populao de adultos quando estes estiverem em grande nmero.

Proj. AGRO 747

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

19

Territrio vs. Sustentabilidade

Tratamentos tossanitrios: Pulverizar a cultura ao aparecimento das primeiras larvas, alternativamente com: Spinosad (*) Neem (*) - Molhar bem as plantas e efectuar 3-4 pulverizaes em intervalos de 5 dias. Bacillus thuringiensis var. tenebrionis (*) - Especco para esta praga. Rotenona (*) - Utilizar apenas em ltimo recurso devido sua toxicidade. Deve ser aplicada ao m da tarde devido degradao do produto pelos raios ultra-violetas. Como norma no se deve aplicar o mesmo produto a duas geraes seguidas da mesma espcie. Alternar com Spinosad ou Neem. Os insecticidas no se devem misturar. Afdeos (Myzus persicae, Macrosiphum euphorbiae) Ver Medidas culturais e Tratamentos tossanitrios para a cultura do Feijo.(*) A utilizao do produto requer autorizao da entidade certicadora.

DOENASMldio (Phytophthora infestans) O desenvolvimento da doena ocorre quando a temperatura mdia do ar se situa entre 10 e 24 C e a humidade relativa for superior a 75% durante 2 ou mais dias. A chuva pode arrastar esporos das folhas para o solo e infectar os tubrculos jovens. Os esporos apenas hibernam em restos da cultura, normalmente em tubrculos deixados no solo. As folhas apresentam-se amareladas na pgina superior com lamentos brancos na parte inferior. As folhas da base so atacadas em primeiro lugar principalmente nos bordos. Medidas culturais: No deixar tubrculos no solo. Realizar rotaes de culturas no mnimo de 4 anos. Utilizar variedades menos sensveis ao mldio. Utilizar rega gota-a-gota para manter a folhagem seca ou rega por asperso, aplicada ao amanhecer de modo a que as plantas estejam secas durante o dia. Proporcionar um bom arejamento da cultura, atravs do aumento da distncia entre plantas, da colocao das linhas de plantas paralelas direco predominante do vento e evitar locais abrigados. 20Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

No incio da epidemia deve eliminar-se os primeiros focos, queimando as plantas. No fazer a colheita em tempo hmido. Tratamentos tossanitrios: Efectuar os primeiros tratamentos preventivamente quando as condies forem propcias ao desenvolvimento da doena ou logo aps a deteco dos primeiros focos com: Sulfato de cobre (*) ou hidrxido de cobre (*) (em tempo seco pois este mais facilmente lavado pela chuva). Adicionar leo de pinho como molhante. Molhar bem as plantas e efectuar 3-4 pulverizaes em intervalos de 7 dias, se as condies se mantiverem. Sarna vulgar (Streptomyces scabies) O inculo de sarna sobrevive muitos anos no solo ou pode ser transmitido pela batatasemente. Medidas culturais: Utilizar batata-semente isenta e variedades mais resistentes. Evitar solos alcalinos (abaixo de pH 5,5 a doena no se manifesta). A aplicao de calcrio ao solo, quando necessria, no deve ser realizada antes da plantao. Os compostos devem estar amadurecidos e devem ser aplicados com a antecedncia de pelo menos 15 dias a 1 ms antes da plantao.A siderao com plantas leguminosas, especialmente trevo, deve ser realizada com a antecedncia de pelo menos 1 ms antes da plantao, pois o enterramento na altura da plantao pode provocar o desenvolvimento da sarna. Uma boa conduo da rega, mantendo o solo capacidade de campo, no perodo crtico de cerca de 1,5 a 3 meses aps a plantao, diminui a incidncia da sarna vulgar.(*) A utilizao do produto requer autorizao da entidade certicadora.

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

21

Territrio vs. Sustentabilidade

COLHEITAQuando a rama inicia a secagem, os tubrculos encontram-se em completa maturao. A colheita deve ser realizada nas horas mais frias do dia e com tempo seco. Em caso de ataque de mldio o corte da parte area deve ser efectuado 2 semanas antes da colheita. Produtividade: 20 a 30 t/ha

ARMAZENAMENTOAntes do armazenamento: secagem: ao ar durante 1-2 dias. fase de cura: 15C durante 1-2 semanas. Armazenamento: Local arejado e com pouca luz. Condies ptimas de armazenamento: 7-10C; 90-95% de humidade relativa; durante 5 a 10 meses. Para evitar a traa da batata (Phtorimaea operculella) cobrir a batata com rama de eucalipto e em caso de ataque severo polvilhar com rotenona em p (*). A rega por asperso, com maior cobertura de gua, proporciona uma menor abertura de fendas superfcie do solo, impedindo o acesso da praga. No entanto, a rega deve ser aplicada antes do amanhecer, de modo a que as plantas estejam secas durante o dia.(*) A utilizao do produto requer autorizao da entidade certicadora.

22

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

CEBOLA(Allium cepa L.)

Isabel Mouro (ESAPL/IPVC; Proj. Agro 747) Rui Pinto (Quinta Casal de Matos)

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

23

Territrio vs. Sustentabilidade

24

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

CebolaL.) (Allium cepaCICLO CULTURALPlantao em Abril/Maio e colheita em Agosto/Setembro. Ecemplo:1 Maio PlantaoPlantas com 7 folhas (1 folha murcha)

1 Junho

rea foliar mxima Incio da formao do bolbo

15 Julho

Folhas prostadas Incio da maturao do bolbo

15 Agosto

1 Setembro Colheita

ROTAESA rotao recomendada para a cultura da cebola de 5 anos. Exemplo de uma rotao de culturas de 5 anos:1 Ano Mai-Ago Cebola 4 Ano Abr-Jul Alho Francs Set-Mar Ervilha gro/queb Set-Fev Couve 2 Ano Abr-Jul Feijo 5 Ano Abr-Jul Alface Ago-Abr Trevo+azevmProj. Agro 747

3 Ano Ago-Mar Siderao Mai-Ago Batata Set-Fev Nabo/ Nabia

CRESCIMENTOAs temperaturas de crescimento so as seguintes: mnima: 12C; mxima: 25C; ptima: 20C. Para que o bolbo se desenvolva necessrio que o fotoperiodo seja superior a 14 horas de luz para as cultivares precoces e 16 horas para as tardias.Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

25

Territrio vs. Sustentabilidade

CULTIVARESAs cultivares regionais com maior adaptao s condies de solo e clima devem ser utilizadas. A cebola vermelha da Pvoa tem manifestado boas caractersticas de produo na Regio Norte.

SOLOOs melhores solos so de textura mdia, com boa drenagem, ricos em matria orgnica e com valores de pH superiores a 5,8 de preferncia entre 6,0 e 6,5. A cebola muito sensvel compactao e m estrutura do solo. Para solos com valores de pH inferiores a 6,0 a calagem deve ser efectuada. Para um solo com pH de 5,0 deve aplicar-se 6 t/ha de calcrio dolomtico, que tambm contm magnsio. Profundidade das razes: 30 cm.

FERTILIZAOPara uma produtividade de 20 a 30 t/ha de cebola necessrio cerca de 80-120 kg/ha de azoto. Aplicao de fundo: Os compostos bem curtidos devem ser aplicados com a antecedncia de cerca de 1 ms, na dose de 20 a 30 t/ha. Como complemento podem utilizar-se fertilizantes orgnicos comerciais (Anexo 1). O potssio um elemento muito importante pois concede maior resistncia s doenas e maior poder de conservao dos bolbos. Se os valores de fsforo e potssio do solo forem inferiores a 150 g/g, recomenda-se a aplicao de fosfatos naturais e sais de potssio nas doses de 60 kg/ha de P2O5 e de K2O, respectivamente. Aplicao em cobertura: 2-3 semanas aps a plantao recomendvel a aplicao de 20-25 t/ha de chorume produzido em MPB ou realizar fertirrigao com um adubo orgnico (Anexo 1).

26

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

PLANTAOAs plantas produzidas em viveiro, semeadas em tabuleiros de alvolos ou em cama quente, demoram cerca de 3 meses desde a sementeira at ao estado de 3-4 folhas, com 3 a 6 mm de dimetro. A plantao pode ser feita manualmente ou com o apoio de um plantador montado em tractor. As plantas no devem ser plantadas a mais de 3 a 4 cm de profundidade. Distncia de plantao: Entre linhas: 30 cm; Entre plantas na linha: 10 cm.

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

27

Territrio vs. Sustentabilidade

SACHAA sacha elimina as infestantes e promove o arejamento do solo. Pode ser realizada manualmente ou com apoio mecnico. Entre as linhas a sacha pode ser executada com um moto-cultivador ou com um sachador manual com cerca de 20 a 24 cm de largura e na entre-linha a sacha manual. A sacha deve ser realizada quando as plantas infestantes tm 1 a 2 cm de altura para evitar a concentrao de humidade no interior da cultura. A monda trmica ( presso de 2 kg) pode tambm realizar-se logo aps a germinao das plantas infestantes.

REGAA cebola muito sensvel aos excessos e s decincias de gua. A primeira rega deve ser realizada a seguir plantao. Desde a plantao para o desenvolvimento das folhas e principalmente durante o perodo de formao dos bolbos (2 a 3,5 meses aps a plantao), as plantas devem dispor de gua sem restries. Ao iniciar a maturao dos bolbos a rega deve cessar. O excesso de gua provoca o apodrecimento durante o armazenamento. Sistemas de rega: Podem utilizar-se os seguintes sistemas de rega: por asperso, gota-a-gota ou alagamento. A rega por asperso deve ser efectuada de manh para que as folhas sequem rapidamente, de modo a diminuir a incidncia de doenas.

PRAGASMosca da cebola (Delia antiqua) Os adultos em hibernao no solo emergem na Primavera, vivem cerca de 2 meses e pe 150-200 ovos, colocados em grupos de 15-20 na proximidade das plantas, junto ao colo ou na axila das folhas. Os ovos alongados so de cor branca, e as larvas da mesma cor medem cerca de 8 mm. As larvas alimentam-se das razes e dos bolbos de uma ou mais plantas, causando o amarelecimento e posterior morte das folhas. As larvas vivem cerca de 45 dias temperatura do ar de 15C e 17 dias a 25-30C, enterrando-se em seguida no solo para pupar.

28

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

Medidas culturais: No fertilizar com estrume fresco pois o cheiro atrai a praga. Arrancar as plantas atacadas. Mtodo para evitar a postura: Utilizar uma cobertura directa da cultura com plstico (lme de polipropileno, 17 g/m2), desde a plantao e durante cerca de 1 a 1,5 meses. Acresce ainda as melhores condies de crescimento das plantas, devido a aumentos da temperatura do ar e do solo. Aps a colheita destruir as cebolas atacadas para destruir as larvas das moscas Tratamentos tossanitrios: A rotenona (*) ecaz apenas durante os primeiros dias de vida das larvas e deve ser aplicada ao m da tarde. Tripes (Thrips tabaci) O adulto tem entre 0,8 e 1,2 mm de comprimento de cor amarelada e possui bandas transversais no abdmen. Os ovos esbranquiados tm forma elptica e so colocados nos tecidos da folha ou da or, deixando uma ligeira salincia visvel. Cada gerao dura cerca de 10-20 dias, podendo existir at 5 geraes por ano. Os tripes instalam-se na pgina inferior das folhas mais jovens e alimentam-se das clulas, deixando manchas prateadas nas folhas. Em consequncia as folhas cam distorcidas e acabam por secar. Esta praga ataca diversas culturas hortcolas incluindo as couves, alho francs, tomate, batata e beterraba. Medidas culturais: Utilizar cultivares no susceptveis praga. Evitar a proximidade de campos de trigo, aveia e luzerna ajuda a diminuir o potencial de ataque. Tratamentos tossanitrios: Pulverizar a cultura ao aparecimento das primeiras larvas com Spinosad (*) Apesar de no ser sistmico, este produto penetra nas folhas apresentando bons resultados no controle de tripes.(*) A utilizao do produto requer autorizao da entidade certicadora.

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

29

Territrio vs. Sustentabilidade

DOENASMldio (Peronospora destructor) O desenvolvimento da doena ocorre em condies de grande humidade do ar e a partir de valores de temperatura mdia diria do ar de 10C, situando-se a temperatura ptima em cerca de 15C. Se a temperatura do ar atingir valores superiores a 25C durante o dia, a doena termina. Os esporos do fungo podem conservar-se no solo durante 4 a 5 anos. As folhas amarelecem e acabam por secar e os bolbos podem tambm ser atacados. Medidas culturais: Praticar rotaes de culturas de pelo menos 5 anos. Tratamentos tossanitrios: Efectuar os primeiros tratamentos preventivamente quando as condies forem propcias ao desenvolvimento da doena ou logo aps a deteco dos primeiros focos com: Sulfato de cobre (*) ou hidrxido de cobre (*) (em tempo seco pois este mais facilmente lavado pela chuva). Molhar bem as plantas e efectuar 3-4 pulverizaes em intervalos de 7 dias, se as condies se mantiverem. Adicionar leo de pinho como molhante. Alternariose (Alternaria porri) Desenvolvimento da doena: temperatura mdia do ar entre 6 e 34C (temperatura ptima de 25C) e tempo hmido (90% de humidade relativa do ar). Todas as partes da planta podem ser atacadas por este fungo que provoca manchas deprimidas brancas com o centro de cor prpura. Tratamentos tossanitrios: Proceder de igual modo como para o mldio. Ferrugem (Alternaria porri) O desenvolvimento da doena ocorre quando a temperatura mdia do ar se situa entre 10 e 24C e com tempo hmido (90-100% de humidade relativa do ar). As folhas apresentam pequenas pstulas alongadas de cor amarela-laranja, volta das quais o tecido da epiderme se pode elevar, tornando-se progressivamente negro. Tratamentos tossanitrios: Pulverizar a cultura com enxofre ou argila.(*) A utilizao do produto requer autorizao da entidade certicadora.

30

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

COLHEITAQuando a rama amarelece os bolbos encontram-se amadurecidos, devendo torcer-se as folhas junto ao bolbo para evitar a entrada de gua e acelerar a sua maturao. Esta operao pode ser realizada com a passagem de um rolo sobre a cultura. A colheita manual ou com um arrancador mecnico realiza-se quando pelo menos 50% das folhas se encontram prostradas Produtividade: 20 a 30 t/ha

ARMAZENAMENTOAntes do armazenamento: Secagem ao ar por 1-2 semanas, ao abrigo da chuva e orvalho. Armazenamento: Locar arejado e seco - at 6 meses. Armazm com ventilao: 0 a 5C; 70-75% humidade relativa; durante 4 a 8 meses. Armazm com refrigerao: -2 a 0C; 75-80% humidade relativa; durante 4 a 6 meses.

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

31

Territrio vs. Sustentabilidade

32

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

COUVE REPOLHO(Brassica oleracea var. capitata L..)

Isabel Mouro (ESAPL/IPVC; Proj. Agro 747) Rui Pinto (Quinta Casal de Matos)

Proj. AGRO 747

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

33

Territrio vs. Sustentabilidade

34

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

Couve Repolho L..) (Brassica oleracea var. capitataCICLO CULTURALPlantao em Agosto/Setembro e colheita em Janeiro/Fevereiro. Exemplo:1 Setembro Plantao 15 Outubro Incio do fecho do repolho 1 Dezembro Repolho fechado 1 Janeiro Colheita

ROTAESA rotao mnima recomendada para a cultura da couve de 3 anos. Exemplo de uma rotao de culturas de 5 anos:1 Ano Mai-Ago Cebola 4 Ano Abr-Jun Alho Francs Set-Mar Ervilha gro/queb Set-Fev Couve* 2 Ano Abr-Jun Feijo 5 Ano Abr-Jul Alface Ago-Abr Trevo+azevm* No perodo de Setembro a Dezembro, para alm da couve repolho, pode plantar-se couve penca e couve brcolo, ou ainda a couve galega que termina em Fevereiro. Proj. Agro 747

3 Ano Ago-Mar Siderao Mai-Ago Batata Set-Fev Nabo/ Nabia

CRESCIMENTOAs temperaturas de crescimento so as seguintes: mnima: 5C; ptima : 15-20C; mxima: 25C.

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

35

Territrio vs. Sustentabilidade

CULTIVARESDevem ser utilizadas as cultivares regionais, com maior adaptao s condies de solo e clima. Das cultivares comerciais disponveis, escolher as que apresentam melhor adaptao poca do ano, s condies ambientais de produo e s preferncias dos consumidores.

SOLOOs melhores solos so de textura franco-argilosa, com elevada capacidade de reteno de gua, boa drenagem e com valores de pH de 6,0 a 6,8. Maior acidez do solo resulta em ataques mais frequentes da doena potra da couve. Para solos com valores de pH inferiores a 6,0 a calagem deve ser efectuada antes da plantao ou de preferncia no ano anterior. Para um solo com pH de 5,0 deve aplicar-se 6 t/ha de calcrio dolomtico, que tambm contm magnsio. Profundidade das razes: 45 a 60 cm.

FERTILIZAOPara uma produtividade de 30 a 40 t/ha de repolho necessrio cerca de 100-120 kg/ha de azoto. Aplicao de fundo: Os compostos amadurecidos devem ser aplicados com a antecedncia de cerca de 15 dias a 1 ms, na dose de 20 a 30 t/ha. Como complemento podem utilizar-se fertilizantes orgnicos comerciais (Anexo 1). Se os valores de fsforo e potssio do solo forem inferiores a 150 g/g, recomenda-se a aplicao de fosfatos naturais e sais de potssio nas doses de 60 kg/ha de P2O5 e de K2O, respectivamente. O boro, mangansio e enxofre so nutrientes que, apesar de normalmente existirem no solo, tambm devem ser avaliados. Aplicao em cobertura: 2-3 semanas aps a plantao recomendvel a aplicao de 20-25 t/ha de chorume produzido em MPB ou realizar fertirrigao com um adubo orgnico (Anexo 1).

36

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

PLANTAOAs plantas produzidas em viveiro, semeadas em tabuleiros de alvolos, demoram cerca de 2 meses desde a sementeira at ao estado de 3-4 folhas. A plantao em camalhes pode ser feita manualmente ou com o apoio de um plantador montado em tractor e as plantas devem car profundas de modo a estimular a formao do sistema radicular. Distncia de plantao: Entre linhas: 50-60 cm; Entre plantas na linha: 40 cm.

SACHA E AMONTOAA sacha elimina as infestantes e promove o arejamento do solo e pode ser realizada manualmente ou com apoio mecnico. Na linha, a sacha pode realizar-se atravs de uma amontoa que estimula o crescimento das razes.

REGAA cultura necessita de um fornecimento regular de gua desde a plantao at ao fecho do repolho, perodo com taxas de crescimento mais elevadas. Sistemas de rega: Podem utilizar-se os seguintes sistemas de rega: por asperso e gota-a-gota. A rega por asperso deve ser efectuada de manh para que as folhas sequem rapidamente, de modo a diminuir a incidncia de doenas.

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

37

Territrio vs. Sustentabilidade

PRAGASMosca da couve (Delia radicum) Este dptero passa o Inverno em forma de pupa, os primeiros adultos aparecem na primavera e colocam os ovos no colo das plantas. As moscas adultas so cinzentas escuras e cerca de metade do tamanho das moscas comuns. As fmeas temperatura de 20C duram 12-15 dias e pe cerca de 150 ovos em pequenos grupos junto ao colo das plantas. As larvas eclodem 3 a 8 dias aps a postura e alimentam-se das razes durante 3 a 4 semanas e depois transformam-se em pupas nas razes ou no solo. Aps 2 a 3 semanas emerge o adulto. Esta praga est activa de Abril a Outubro, podendo apresentar 3 a 4 geraes por ano, mas a primeira originada pelas pupas hibernantes, a maior. Acima de 30-35C as larvas cam inactivas e os ovos perdem viabilidade. As larvas comeam por destruir as razes secundrias e depois penetram na raiz principal escavando galerias, causando a murchido e morte das plantas. As plantas jovens so mais susceptveis. Medidas culturais: Usar uma rede de 0,9 mm no viveiro. No fertilizar com estrume fresco pois o cheiro atrai a praga. Os resduos das culturas de couve ou nabo devem ser rapidamente enterrados no solo, de modo a diminuir a populao hibernante Mtodos para evitar a postura: Utilizar uma cobertura directa da cultura com plstico (lme de polipropileno, 17 g/m2), desde a plantao e durante cerca de 1 a 1,5 meses. Acresce ainda as melhores condies de crescimento das plantas, devido a aumentos da temperatura do ar e do solo. A rotao evita que surjam moscas resultantes de pupas hibernante no solo. Cobrir o solo com crculos de plstico ou tecido volta das plantas. Os crculos devem ter cerca de 13 cm de dimetro e no centro o ajuste deve ser chegado ao colo da planta. Tratamentos tossanitrios: Antes da plantao, mergulhar os tabuleiros numa soluo de rotenona (*).

38

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

Rosca (Mamestra brassicae) O adulto uma borboleta nocturna. Os ovos so colocados em folhas ou caules junto ao solo e as larvas penetram no solo e emergem ao anoitecer para se alimentarem, provocando normalmente o corte das plantas ao nvel do solo. Medidas culturais: Soltar galinhas no campo antes da plantao. Manter a cultura livre de infestantes Mtodos de evitar a postura: os mesmos que para a mosca da couve Tratamentos tossanitrios: Se houver indcios de ataque deve espalhar-se e enterrar ligeiramente uma mistura de farelo, acar e Bacillus thuringiensis (BT) antes da plantao. Lagarta da couve (Pieris rapae,Tricholousia ni e Plutella xylostella) As borboletas da Pieris so brancas com duas pintas pretas nas asas e pe os ovos amarelos em grupos de 25 a 50 sobre as folhas. Hiberna como pupa nos resduos das culturas e em campos com infestantes. Medidas culturais: plantao utilizar plantas isentas de pragas. Controlar as plantas infestantes da famlia das Cruciferas (ex. saramago) na imediao dos campos de cultura, pois estas actuam como locais de hibernao de lagartas vindas do exterior e contribuem para tornar o ataque epidmico, de uma gerao para a outra, na mesma estao. Vericar periodicamente a existncia de lagartas jovens na pgina inferior das folhas, especialmente antes do incio do fecho do repolho. Deste modo possvel actuar antes que os estragos se tornem signicativos Tratamentos tossanitrios: Pulverizar a cultura ao aparecimento das larvas, alternativamente com: Spinosad (*) Bacillus thuringiensis (Bt aizawi ou Bt kurstaki) (*) - Em culturas de Outono-Inverno, deve pulverizar-se de manh, num dia quente, quando as larvas esto activas

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

39

Territrio vs. Sustentabilidade

Neem (*) - Demora cerca de 3 a 7 dias aps aplicao a ter o seu efeito mximo. Deve molhar-se bem as plantas e efectuar 3-4 pulverizaes em intervalos de cerca de 5 dias. Tem uma eccia inferior aos insecticidas anteriores. Como norma no se deve aplicar o mesmo produto a duas geraes seguidas da mesma espcie. Alternar com Spinosad ou Neem. Os insecticidas no se devem misturar.(*) A utilizao do produto requer autorizao da entidade certicadora.

DOENASMedidas culturais gerais: plantao utilizar plantas isentas de doenas. As fontes de infeco esto associadas a sementes infectadas, resduos de culturas e plantas infestantes infectadas. Mldio (Peronospora parasitica) A temperatura ptima de desenvolvimento situa-se entre os 8 e os 16C durante a noite e menos de 23C de dia. A presena de chuva ou orvalho nocturno necessria. Os esporos hibernam no solo ou em resduos de culturas. As plantas jovens so as mais sensveis e uma doena grave nos viveiros principalmente no perodo de Outono/Inverno. O mldio provoca manchas amareladas nas folhas e na pgina inferior um p esbranquiado. A folha vai escurecendo e acaba por morrer. Medidas culturais: A rotao de culturas deve ser no mnimo de 3 anos sem culturas da famlia das Crucferas. Evitar a rega por asperso. Proporcionar um bom arejamento da cultura atravs do aumento da distncia entre plantas, da colocao das linhas de plantas paralelas direco predominante do vento e evitar locais abrigados. Tratamentos tossanitrios: Efectuar os primeiros tratamentos preventivamente quando as condies forem propcias ao desenvolvimento da doena ou logo aps a deteco dos primeiros focos da doena com:

40

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

Sulfato de cobre (*) ou hidrxido de cobre (*) (em tempo seco pois este mais facilmente lavado pela chuva). Molhar bem as plantas e repetir se as condies se mantiverem e medida que a cultura cresce para assegurar uma proteco ao estabelecimento da doena. Adicionar leo de pinho como molhante.

Potra da couve (Plasmodiophora brassicae) A doena desenvolve-se principalmente na Primavera e no Outono, em solos cidos (abaixo de pH 7,2), hmidos e com temperatura mdia do ar entre 12 e 27C. Os tumores a princpio so lisos e da cor das razes, depois escurecem e tornam-se rugosos. A parte area das plantas apresenta desenvolvimento reduzido e as folhas murcham durante as horas quentes do dia. Se as plantas atingidas forem dadas aos animais, os esporos resistem ao processo digestivo e consequentemente a doena disseminada. Os esporos podem permanecer no solo 7 a 12 anos. Medidas culturais: Realizar rotaes no mnimo de 7 anos. Corrigir o pH do solo. Plantar o repolho aps a cebola ou o alho francs. Eliminar as infestantes que pertenam mesma famlia (mostarda, saramago, rbano silvestre, etc.).(*) A utilizao do produto requer autorizao da entidade certicadora.

Proj. AGRO 747

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

41

Territrio vs. Sustentabilidade

COLHEITAA colheita manual realizada quando o repolho se apresentar consistente. Produtividade: 30-40 t/ha

PS-COLHEITAArrefecer os repolhos aps a colheita, se necessrio. Comercializao imediata: manter a temperatura de 4C. Armazenamento: 2 a 4 meses em cmaras a 0C e 95% de humidade relativa.

42

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

FEIJO VERDE(Phaseolus vulgaris L.)

(Culturas hortcolas protegidas)Isabel Mouro (ESAPL/IPVC; Proj. Agro 747) Rui Pinto (Quinta Casal de Matos)

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

43

Territrio vs. Sustentabilidade

44

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

Feijovulgaris L.) Verde (PhaseolusCICLO CULTURAL

(Culturas hortcolas protegidas)

Plantao em Maro/Abril e nal da colheita em Setembro. Exemplo:1 Maro Sementeira 1Maio Incio da florao 1 Junho Incio da Colheita 1 Setembro Final da Colheita

ROTAESA rotao mnima para a cultura do feijo verde de 3 anos. Exemplo de uma rotao de culturas protegidas de 4 anos:1 Ano Mar-Set Feijo Verde 3 Ano Jul-Ago Solarizao Set-Mar Ervilha gro/queb Out-Fev Alface 2 Ano Abr-Set Tomate 4 Ano Abr-Ago Meloa Out-Fev Couve brcolo Set-Mar Nabo/ NabiaProj. Agro 747

CRESCIMENTOA cultura do feijoeiro muito sensvel s geadas. Temperatura de germinao: mnima: 12C; mxima: 25-30C. Temperatura de crescimento: mnima: 10C; ptima: 20-25C; mxima: 30C.Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

45

Territrio vs. Sustentabilidade

CULTIVARESDevem ser utilizadas cultivares regionais de feijo verde de trepar, com maior adaptao s condies de solo e clima. As sementes so viveis durante 3 anos e existem cerca de 2 a 4 sementes em 1 g.

SOLOOs melhores solos so de textura mdia, com boa drenagem, ricos em matria orgnica e com valores de pH de 6,0 a 6,5. Muito sensvel salinidade do solo (acima de 1,0 dS/m). Profundidade das razes: 60 a 90 cm.

INOCULAO COM RIZBIOA simbiose com o rizbio (Rhizobium leguminosarum bv. phaseoli) provoca ndulos nas razes laterais e proporciona um aumento de azoto equivalente a 25-50 kg/ha, para valores de pH do solo superiores a 5,5. A inoculao com o rizbio realiza-se misturando as sementes com o inculo adquirido comercialmente.

FERTILIZAOPara uma produtividade de 1-2 kg/m2 (10-20 t/ha) de feijo verde necessrio cerca de 60-80 kg/ha de azoto. Aplicao de fundo: Os compostos amadurecidos devem ser aplicados com a antecedncia de cerca de 1 ms, na dose de 20 a 30 t/ha. Como complemento podem utilizar-se fertilizantes orgnicos comerciais (Anexo 1). Se os valores de fsforo e potssio do solo forem inferiores a 120 g/g, recomenda-se a aplicao de fosfatos naturais e sais de potssio nas doses de 45 kg/ha de P2O5 e de K2O, respectivamente.

46

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

SEMENTEIRAA sementeira pode ser feita manualmente ou com um semeador. Devem semear-se algumas plantas em vasos para substituio. Distncia de sementeira: Entre linhas: 1 m; ou Entre linhas pareadas: 50 cm entre linhas e 1 m entre pares de linhas. Entre plantas na linha: 5-20 cm, ou 25-30 cm para 2 sementes em cada local. Profundidade de sementeira: 2 cm

TUTORAMENTOAps a emergncia os os de tutoragem devem ser atados no arame e enterrados no solo.

SACHA E AMONTOAA sacha elimina as infestantes e promove o arejamento do solo. Pode ser realizada manualmente ou com apoio mecnico. A sacha na linha pode ser realizada atravs de uma amontoa quando as plantas tiverem cerca de 20 a 25 cm de altura.

REGADurante a germinao deve assegurar-se uma humidade no excessiva no solo, que permita uma boa germinao das sementes. Normalmente suciente uma rega antes ou aps a sementeira. As regas devem ser regulares desde o incio do crescimento e durante todo o ciclo da cultura. O perodo crtico ocorre na orao e incio do vingamento, onde a falta de gua causa a queda de ores e vagens e o enrolamento das vagens. Deve utilizar-se o sistema de rega gota-a-gota.

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

47

Territrio vs. Sustentabilidade

PRAGASAfdeos (Aphis craccivora, Aphis fabae) Os ovos passam o Inverno sobre as plantas hospedeiras. Na Primavera nascem as fmeas que por sua vez, atravs de reproduo vivpara, do origem aos jovens afdeos sem necessidade de fecundao (partenognese). Estas jovens larvas demoram apenas 8 dias a 20C para atingir o estado adulto. Desde a Primavera at ao Outono podem existir entre 13 a 16 geraes. As formas aladas de afdeos formam novas colnias noutras espcies de plantas e aparecem no inicio de Abril, dependendo das temperaturas de Fevereiro e Maro. Os afdeos provocam deformaes nas folhas, inibem o crescimento e as plantas cam enfraquecidas pela existncia da fumagina sobre as folhas e vagens. Os afdeos tambm transmitem vrus. O vrus do Mosaico transmitido pelo piolho preto (Aphis fabae). e pelo iolho verde (Myzus persicae). Os afdeos tm muitos inimigos naturais. Os predadores depositam um ovo no interior do afdeo cuja larva se desenvolve e se alimenta, saindo posteriormente por um orifcio. Um afdeo parasitado apresenta uma cor acastanhada, dourada ou branca e um orifcio de sada do parasita. Medidas culturais: Usar redes de 0,5 mm nas estufas. Favorecer a aco dos predadores e parasitas naturais, evitando a aplicao dos insecticidas rotenona (*) e piretrinas (*) porque tambm eliminam insectos auxiliares, podendo causar aumentos nas populaes de afdeos. Controlar as plantas infestantes que sobreviveram durante o Inverno. Para actuao precoce, vericar 2 vezes por semana a existncia de afdeos nas plantas ou em placas amarelas colocadas nas estufas a cerca de 60 cm do solo. Tratamentos tossanitrios: Pulverizar a cultura no incio do ataque, alternativamente com: Sabo de potssio ou de amonaco - A aplicao deve atingir as zonas onde os afdeos se encontram, como na pgina inferior das folhas. A aplicao deve ser feita com gua no alcalina, de preferncia ao m do dia para que a secagem seja lenta. Podem ocorrer problemas de totoxidade. Neem (*) - Demora cerca de 3 a 7 dias aps aplicao a ter o seu efeito mximo. Deve molhar-se bem as plantas e efectuar 3-4 pulverizaes em intervalos de 5 dias. 48Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

Argila com leo.A argila pode ser aplicada em mistura com sabes e outros pesticidas, mas no com cobre ou enxofre. A aplicao deve ser feita com agitao peridica da suspenso e de modo a cobrir todas as partes das plantas, de preferncia em aplicao de alto volume. leo de vero (*) - A aplicao de leos deve ser de modo a molhar bem as plantas e deve ser repetida para assegurar o controle da praga. A aplicao deve ser feita em dias com sol para evitar problemas de totoxidade que podem ocorrer se o produto demorar a evaporar. Moscas brancas (Trialeurodes vaporariorum, Bemisia tabaci) A mosca branca reproduz-se e mantm-se em pequenas colnias que se expandem pela estufa quando os valores de temperatura aumentam. A 26C cada gerao dura cerca de 20 dias. Medidas culturais: Observar regularmente a estufa para localizar o aparecimento das pragas de modo a que o tratamento possa ser localizado. Tratamentos tossanitrios: Largada de Encarsia formosa que parasita os ovos. Pulverizar com piretrinas (*).(*) A utilizao do produto requer autorizao da entidade certicadora.

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

49

Territrio vs. Sustentabilidade

DOENASPodrido cinzenta (Botrytis cinerea) Desenvolvimento da doena: humidade do ar elevada e valores de temperatura do ar entre 15 e 20C. Medidas culturais: Aumentar o arejamento das estufas. aconselhvel realizar a desfolha, removendo as folhas secas da base das plantas, para melhorar as condies de arejamento. Tratamentos tossanitrios: Em caso de risco em plena orao, pulverizar com: Sulfato de cobre (*) ou hidrxido de cobre (*) (em tempo seco pois este mais facilmente lavado pela chuva). Molhar bem as plantas e efectuar 3-4 pulverizaes em intervalos de 7 dias, se as condies se mantiverem.(*) A utilizao do produto requer autorizao da entidade certicadora.

COLHEITAA colheita escalonada das vagens realiza-se durante cerca de 3 meses, quando as sementes ainda no se desenvolveram signicativamente e a vagem de cor verde brilhante. Produtividade: 1-2 kg/m2 (10 a 20 t/ha)

PS-COLHEITAImediatamente aps a colheita o feijo verde deve ser arrefecido por gua. temperatura de 5-7C e 95-100% de humidade relativa, conserva-se durante 10 dias.

50

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

MILHO(Zea mays L.)

Isabel Mouro (ESAPL/IPVC; Proj. Agro 747) Rui Pinto (Quinta Casal de Matos)

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

51

Territrio vs. Sustentabilidade

52

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

Milho L..) (Zea maysSementeira em Maio e colheita em nais de Setembro Exemplo:1 Maio Sementeira 1 Junho Milho joelheiro 15 Julho Florao 15 AgostoIncio da maturao da espiga

CICLO CULTURAL

15 Setembro Colheita

ROTAESA rotao recomendada para a cultura do milho de 4 anos. O milho consocia-se bem com o feijo e a abbora. Exemplo de uma rotao de culturas de 4 anos:1 Ano Mai-Set Milho 3 Ano Mai-Ago Feijo Set-Mar Siderao 2 Ano Mai-Ago Batata 4 Ano Set-Jul Centeio Set-Abr Couve galega Ago-Abr Trevo+ azevmProj. Agro 747

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

53

Territrio vs. Sustentabilidade

CRESCIMENTOA cultura do milho muito sensvel s geadas. Temperatura de germinao: mnima: 10-12C; mxima: 20-25C. Temperatura de crescimento: mnima: 5-6C; ptima: 20-24C; mxima: 35C.

CULTIVARESDevem ser utilizadas cultivares regionais de milho com maior adaptao s condies de solo e clima. A durao das sementes de 2 anos. Para as condies climticas do concelho de Terras de Bouro deve utilizar-se de preferncia variedades de ciclo curto (FAO 300-400; de 96 a 115 dias).

SOLOOs melhores solos so profundos, com boa capacidade de armazenamento de gua, boa drenagem e com valores de pH de 6,0 a 7,0. O solo deve ser trabalhado em profundidade, a lavoura para incorporao dos fertilizantes orgnicos no deve ser inferior a 25 cm, seguida de uma escaricao ou gradagem, realizando-se uma ou duas passagens at se obter uma boa cama para a sementeira. Profundidade das razes: 50 a 80 cm.

FERTILIZAOPara uma produtividade de 3 a 5 t/ha de milho gro necessrio cerca de 70-120 kg/ha de azoto. Aplicao de fundo: Os compostos amadurecidos devem ser aplicados com a antecedncia de cerca de 1 ms, na dose de 30 t/ha. Como complemento podem utilizar-se fertilizantes orgnicos comerciais (Anexo 1). 54Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

Se os valores de fsforo e potssio do solo forem inferiores a 150 g/g, recomenda-se a aplicao de fosfatos naturais e sais de potssio nas doses de 25 kg/ha de P2O5 e de K2O, respectivamente. Aplicao em cobertura: 2-3 semanas aps a sementeira recomendvel a aplicao de 20-25 t/ha de chorume produzido em MPB ou aplicar um adubo orgnico (Anexo 1).

SEMENTEIRAA sementeira feita com um semeador. Distncia de sementeira: Entre linhas: 70-90 cm Entre plantas na linha: 15 a 20 cm. Profundidade de sementeira: 3 a 6 cm.

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

55

Territrio vs. Sustentabilidade

SACHA E AMONTOANa fase inicial, desde as 2-4 folhas (10 cm) at s 6-10 folhas (30-40 cm), devem evitar-se as plantas infestantes que competem com o milho na utilizao de gua e nutrientes. A sacha na entre-linha pode ser realizada com um sachador manual ou com um motocultivador equipado com uma alfaia de dentes. O sachador manual consiste num pequeno carro com uma roda dianteira possuindo uma lamina que corta as infestantes ligeiramente abaixo do solo e uma alfaia com 3 dentes que remexe o solo. A sacha na linha realiza-se atravs de uma amontoa quando o milho tem aproximadamente 25 cm de altura. Se houver necessidade de efectuar o desbaste, este dever ser efectuado quando as plantas tiverem 20 a 25 cm de altura.

REGAA cultura particularmente sensvel falta de gua cerca de 15 dias antes e 15 dias aps a orao masculina, mas a rega deve manter-se at ao estado de gro pastoso (aproximadamente entre 2 e 3,5 meses aps a sementeira). Nos perodos de grande necessidade de gua pode prever-se 25 a 30 mm de gua por semana. Sistemas de rega: Podem utilizar-se os seguintes sistemas de rega: por asperso ou por sulcos. 56Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

PRAGASBrocas (pirale: Ostrinia nubilalis e sesamia: Sesamia nonagrioides) As borboletas da pirale aparecem no princpio do Vero e pem os ovos em conjuntos de 15 a 20 na pgina inferior das folhas. As lagartas comeam por comer as folhas e depois penetram na medula dos caules e mais tarde nas espigas. As lagartas hibernam nos ltimos 15-20 cm do caule ou noutras plantas hospedeiras. As borboletas da sesamia pem os ovos em grupos de 100 na base dos caules, onde as lagartas penetram e cavam galerias. Medidas culturais: No usar a palha na cama dos animais. Aps a colheita destroar os caules e incorporar os resduos com uma lavoura para eliminar as lagartas hibernantes. A mosca Lydella thompsoni parasita as larvas da pirale devendo, por isso, preservar-se os seus hospedeiros naturais como as canas. Tratamentos tossanitrios: Pulverizar com: Bacillus thurigiensis var. kurstaki (Bt) (*) Pulverizar quando as lagartas comeam a penetrar o colmo ou as espigas. As aplicaes devem ter incio quando mais de 15% das plantas apresentam lagartas jovens e os tratamentos devem ser repetidos pois a aco do produto tem uma curta durao. Se existirem borboletas na fase inicial do crescimento da espiga, necessrio pulverizar novamente, aps a ecloso das lagartas. Spinosad (*) - Como tem uma aco mais prolongada do que o Bt, necessita de um menor nmero de aplicaes. Como norma no se deve aplicar o mesmo produto a duas geraes seguidas da mesma espcie para evitar a resistncia dos insectos. Alternar Bt com Spinosad.(*) A utilizao do produto requer autorizao da entidade certicadora.

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

57

Territrio vs. Sustentabilidade

COLHEITAA colheita realiza-se quando a humidade do gro de 25-35%. A colheita no deve ser realizada em tempo hmido. Produtividade: 3 a 5 t/ha

ARMAZENAMENTOAs caixas do milho devem ser desinfectadas com uma mecha de enxofre antes de colocar o milho. Na Primavera, antes da postura das borboletas sobre os gros, deve colocar-se nas caixas recipientes de cor amarela, com leo ou gua para captura das borboletas. Se a infestao for grande pulverizar com piretrinas (*).(*) A utilizao do produto requer autorizao da entidade certicadora.

58

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

Anexo

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

59

Territrio vs. Sustentabilidade

60

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

ANEXO - Lista de fertilizantes orgnicos considerados adubos (a)Aplicao ao SoloAdubos orgnicos % de Outros nutrientes azoto N-P-K: 5-5-3,5 Biorgano 5 N-P-K: 10-3-3 Dix 10 N-P-K: 5-5-8 MgO: 2%; CaO: 4,3% MO: 55%; C/N: 6/7 c. hm.: 3%; c. Flv.: 7% Duetto 5 pH: 7,3; H mx: 11% N-P-K: 6-4-0 CaO: 7,0% Farinha de peixe 6 H mx: 11% N-P-K: 6-15-3 MgO: 2%; CaO: 8% MO: 57%; C/N: 6/6; C org.: 32% c. hm: 3,5%; c. Flv.: 7,5% Guanito 6,4 pH: 6,6; H mx: 8,8% N-P-K: 4-4-3 MgO: 1,5% MO: 75%; C org.: 44% c. hm.: 5%, c. flv.: 5% Italpollina 4 pH: 7; H mx: 12% Estrume de galinha Granulado CRIMOLARA Estrume de Granulado galinha e de aves marinhas e vinhaa CRIMOLARA Farinha de peixe Farinha Diversas Estrume de galinha Granulado e de aves marinhas (guano) e melao de beterraba MO: 82% Hidrolizado de Granulado penas, estrume de galinha e melao de beterraba MgO: 0,8%; CaO: 12,0% MO: 60%; H mx: 10% Materiais constituintes Formulao Empresa INTERADUBO Quinta Monte Ruivo, Vrzea - Apartado 521, 2001-906 Santarm T. 243 359 100; F. 243 359 119 CRIMOLARA - Campo Grande, n 30, 8 H 1700- 093 Lisboa T. 217 818 940; CRIMOLARA

Estrume de galinha Granulado

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

61

Territrio vs. Sustentabilidade

N-P-K: 13-0-0 MgO: 0,2%; CaO: 1,2% MO: 87%; C/N: 2 Monterra 13 pH: 7; ; H mx: 10% N-P-K: 6-8-15 MgO: 2%; CaO: 4% MO: 56%; C/N: 4,6; C org.: 32% c. hm.: 6%; c. flv.: 7% Phenix 6 pH: 7,5; H mx: 8% N-P-K: 5-7-15 MO: 35% QuimiOrgan 5

Vinhaa, melaos, Granulado farinha de ossos e farinha de penas

ECOVEG Pau Queimado Apartado 280 2874-908 Montijo T. 212 326 220; F. 212 326 227 CRIMOLARA

Vinhaa concentrada, guano e estrume de galinha

Granulado

Estrume de vaca e de galinha

Granulado

NEOQUMICA Largo da Estao, 2580-000 Carregado T. 263861010; F. 263856210

(a) Norma Portuguesa 1048-2/1990 (teores mnimos em % peso comercial) - MO: 50%; N-P-K (N-P2O5-K2O): 3-0-0, 2-2-2 (total=10%), 2-3-0 (total=6%), 3-0-6 (total=10%)

Aplicao foliar ou fertirrigaoAdubos orgnicos % de azoto Outros nutrientes Materiais constituintes Formulao Empresa

Goemar BM 86

4,2

B: 2%; MgO: 4,8% SO3: 9,7%; Mo: 0,02% N-P-K: 2,5-0-5 MO: 43%

Algas (aminocidos, Pulverizao vitaminas e foliar tohormonas de crescimento) Vinhaa de beterraba

PERMUTADORA Av. da Igreja, n42, 3 Esq. 1700-036 Lisboa T. 217 998 440

Mol

2,5

Fertirrigao RASP Estrada Nac. (gota-a-gota) 109; Regueira de PontesEstrada Nac. 109; Regueira de Pontes - 2400-927 Leiria T. 244 860 210; F. 244 860 219 Pulverizao foliar Agro-Nutrientes Especiales, S.L.

MO: 33%; C/N: 4 C Org.: 18,1% Myr N 5 Amin. liv: 22%; c. Hum: 6% pH: 4,6; Dens.:1,15 kg/L

Gros de leguminosas

62

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

IIProduo Animal

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

63

Territrio vs. Sustentabilidade

64

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

BovinosJos Pedro Arajo (ESAPL/IPVC) Jesus Cantalapiedra (Xunta de Galicia, Espanha)

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

65

Territrio vs. Sustentabilidade

66

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

BovinosO nmero de vitelos criados por uma vaca de carne um bom indicador da sua qualidade como reprodutora. As melhores vacas so as que parem pela primeira vez a uma idade jovem, apresentam uma longevidade produtiva elevada, desmamam vitelos pesados e apresentam intervalo entre partos reduzidos (Preston e Willis, 1974).

ORIGEM DOS ANIMAIS E CICLO DE PRODUO recomendvel utilizar-se raas autctones, seleccionadas pela sua capacidade de adaptao s condies locais de produo (ex. Barros e Minhota) e seus cruzamentos. Estas raas apresentam como principal aptido a produo de vitelos, geralmente comercializados e abatidos entre os 5 e os 9 meses de idade. As vacas destas raas, revelam excelentes caractersticas maternais e boa capacidade leiteira, conferindo rusticidade aos vitelos. Acresce ainda, a sua elevada longevidade reprodutiva, idades ao primeiro parto entre os 2 e os 3 anos de idade, partos distribudos durante todo o ano, e intervalos entre partos no muito longos (13-16 meses) (Mendes et al., 2001; Arajo et al., 2003; Arajo, 2005).

CONVERSO DOS ANIMAIS E PRODUTOS ANIMAISOs bovinos devem proceder de exploraes em pecuria biolgica, podendo ser convertidos os animais j existentes na explorao. O perodo de converso dos bovinos de pelo menos 12 meses, devendo respeitar-se as normas do modo de produo biolgico (MPB). Quando o efectivo for constitudo pela primeira vez e se no existirem animais produzidos segundo o MPB, podem adquirir-se vitelos destinados reproduo, desde que sejam criados, a partir do desmame, e em qualquer caso, com menos de seis meses em exploraes de agricultura convencional. A renovao do efectivo pode ser autorizada quando no existirem animais criados segundo o MPB, nas seguintes circunstncias: Elevada mortalidade dos animais por doena ou outras calamidades, ou inexistncia de bovinos criados segundo o MPB. A m de completar o crescimento natural e garantir a renovao do efectivo, admitida, at ao limite mximo anual de 10% do efectivo adulto, a introduo de fmeas (nulparas), provenientes de exploraes que no praticam a agricultura biolgica. Para exploraes com menos de 10 bovinos a renovao ser limitada ao mximo de um animal por ano.

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

67

Territrio vs. Sustentabilidade

ALIMENTAOA gua deve estar sempre disposio, em quantidade e qualidade suciente, para evitar o contgio de agentes infecciosos e parasitrios como fases larvares de parasitas. Devem usar-se alimentos produzidos segundo o MPB, podendo fornecer-se at 5% da matria seca de alimentos convencionais, por perodo de 12 meses. A alimentao deve basear-se nos recursos alimentares da prpria explorao (pastagens e forragens) ou dos terrenos baldios (vegetao espontnea), de acordo com as suas disponibilidades nos diferentes perodos do ano.Inverno Estival

Pastoreio diurno Terrenos privados e no baldio (localizado na proximidade da explorao agrcola).Fonte: Cmara Municipal de Terras de Bouro (2005)

Bovinos permanentemente na Serra at Setembro, ou alternncia diria entre as cortes e a Serra.

Como exemplos de alimentos, indicam-se as forragens verdes ou ensiladas, as palhas de cereais (milho), os fenos de consociao gramneas x leguminosas ou de erva espontnea, o milho em gro ou em farinha e as sementes de outros cereais. As forragens grosseiras, frescas, secas ou ensiladas, devem constituir pelos menos 60% da matria seca que compe a rao diria. O aleitamento dos vitelos deve efectuar-se at idades superiores aos 5 meses, situao que normalmente ocorre nas raas autctones. Segundo o MPB os vitelos devem ingerir leite natural durante um perodo mnimo de trs meses. essencial que os vitelos ingiram, nas primeiras horas de vida, o colostro da me, pelas suas propriedades nutritivas, hormonais e de proteco contra doenas. O uso de plantas aromticas e medicinais na alimentao de bovinos benco para a sade do efectivo e na melhoria da ecincia na converso dos alimentos em carne e/ou leite, pois apresentam factores antimicrobianos e reguladores metablicos (Garcia et al., 2003). Recomenda-se a exposio ao sol dos animais estabulados para que possam sintetizar a Vit. D. Quando necessrio podem ser fornecidos complementos vitamnicos de origem natural, como os cereais germinados (Vit. A e E), o leo de fgado de pescado (Vit. E e D2) e a levedura de cerveja (Vit. complexo B), complementos minerais ricos em sdio (sal marinho), fsforo e clcio., referidos no anexo (parte C, ponto 3 e parte D, ponto1). Probe-se o uso de alimentos obtidos a partir de organismos geneticamente modicados ou de produtos derivados destes. 68Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

MANEIO DAS PASTAGENSOs bovinos no tm que alimentar-se exclusivamente das pastagens, sendo permitidos sistemas de produo em semi-estabulao, com fornecimento de alimentos manjedoura, sempre que se garanta o acesso a parques de exerccio ao ar livre. O pastoreio proporciona uma dieta de qualidade insubstituvel, variada e rica em vitaminas e minerais, suciente para cobrir as necessidades de manuteno e de produo, resultando mais econmica. Quando a qualidade das pastagens diminui ou quando os animais se encontram num perodo de mxima produo, devem suplementar-se com forragens (verdes, fenadas ou ensiladas), palha, razes, tubrculos e/ou concentrados biolgicos. Os encabeamentos devero ser sucientemente baixos para evitar a eroso do solo e/ou se destrurem pastos por excesso de sobre-pastoreio. O sobre-pastoreio favorece ainda o desenvolvimento de muitos ciclos biolgicos de agentes patognicos (ex. parasitas) que prejudicam o estado sanitrio dos bovinos, sendo aconselhado o pastoreio rotacional. Para evitar a contaminao do subsolo pelos dejectos dos bovinos, os terrenos segundo o MPB, no devero receber mais de 170 kg de azoto por hectare de superfcie agrcola utilizada, equivalendo no gado bovino aos valores do quadro 1.

Quadro 1 - Nmero mximo de bovinos por ha Classe de bovinos Com menos de 1 ano De 1 a 2 anos Machos com mais de 2 anos Novilhas de recria Outras vacasFonte: Anexo VII do Regulamento CE n 1804/1999

N 5 3,3 2 2,5 2,5

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

69

Territrio vs. Sustentabilidade

ALOJAMENTOS E EQUIPAMENTOSOs animais devem dispor de fcil acesso alimentao e gua. proibido o alojamento de vitelos em boxes individuais aps a sua primeira semana de vida. As instalaes podem ser muito simples, uma vez que os bovinos se adaptam a condies meteorolgicas adversas. No entanto devem apresentar isolamento e ventilao adequadas, com luz abundante e natural. Somente as correntes de ar e/ou as mudanas bruscas de humidade e/ou temperatura podem afect-los negativamente. Os vitelos necessitam de uma maior proteco, uma vez que o seu sistema termo regulador e imunolgico pode no estar completamente desenvolvido. Para garantir o bem-estar dos animais, as superfcies mnimas para estabulao e as zonas de exerccio, devem ser as indicadas no quadro 2.Quadro 2 - Superfcie mnima (m2/animal) interior e exterior para bovinos aleitantes. Peso vivo (kg) At 100 101-200 201-350 > 350 Touros reprodutores Zona coberta (superfcie Zona de exerccio ao ar lquida disponvel livre (excepto de pasto) para os animais) 1,5 2,5 4,0 5 com um mnimo de 1 m2/100 kg PV 10 1,1 1,9 3,0 3,7 com um mnimo de 0,75 m2/100 kg PV 30 Total 2,6 4,4 7,0 8,8 com um mnimo de 1,75 m2/100 kg PV

Fonte: (Anexo VIII do Regulamento CE n 1804/1999

obrigatrio que os bovinos tenham acesso aos pastos ou s zonas abertas de exerccio, sempre que o permitam as condies siolgicas dos animais, as condies atmosfricas e o estado do solo. A fase nal da recria dos bovinos para produo de carne pode ser realizada em estabulao, desde que esse perodo no exceda um quinto do tempo de vida do animal e, de qualquer forma, o prazo de trs meses. Os pavimentos dos edifcios devem ser lisos mas no derrapantes. Pelo menos metade da superfcie dos pavimentos deve ser slida, isto , no ser ripada nem engradada. Os alojamentos devem dispor de uma zona cmoda, limpa e seca para repouso sucientemente grande. A zona de descanso deve possuir camas secas, utilizando-se palhas ou carqueja (Chamaespartium tridentatum), urzes (Erica arbrea L., Erica umbellata L.), tojos (Ulex minor) e fetos, entre outros. Esta prtica contribui para a gesto das reas 70Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

de pastagens naturais e, mais tarde, para a fertilizao dos terrenos agrcolas (estrume proveniente das camas). As instalaes devero facilitar a evacuao frequente e retirada dos dejectos, o mais longe possvel, para transformao em hmus. O maneio deciente dos dejectos origina problemas ambientais, sendo um factor de risco sanitrio para o gado, ao constituir um substrato para a multiplicao e disseminao de parasitas, microrganismos, etc.

MANEIOSistema de cobrio recomendado cobrio natural para partos fceis, sendo permitida a inseminao articial, mas sem a administrao de hormonas ou de substncias similares para controlar a ovulao (ex. induo ou sincronizao do cio). Para se minimizarem problemas sanitrios, no recomendvel a introduo de animais de outras exploraes. Contudo, para melhorar geneticamente o efectivo e evitar a consanguinidade aconselha-se a introduo pontual de um reprodutor masculino e/ou novilhas provenientes de exploraes em MPB.

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

71

Territrio vs. Sustentabilidade

PROFILAXIA E ASSISTNCIA VETERINRIANo MPB de bovinos fundamental a preveno das enfermidades mediante: Utilizao das raas mais adaptadas (raas anteriormente referidas); Alimentao adequada e de boa qualidade; Exerccio e acesso regular s pastagens (com o objectivo de estimular as defesas imunolgicas naturais); Manuteno de um encabeamento adequado por forma a evitar excesso de animais por unidade de superfcie.. No tratamento dos animais podem utilizar-se, preferencialmente, produtos toteraputicos como extractos (com excluso dos antibiticos) e essncias de plantas, e homeopticos (por exemplo, substncias vegetais, animais ou minerais), os oligoelementos e outros produtos em anexo (parte C do Regulamento CE n 1804/1999). Entre as substncias teraputicas naturais com aco sobre o aparelho digestivo podem enunciar-se o Tomilho (Thymus vulgaris), a Menta (Mentha x Piperita), o extracto de alho (Allium vulgare) e a Malva (Malva sylvestris) e sobre o aparelho respiratrio o Tomilho (Thymus vulgaris), o Eucalipto (Eucalyptus spp), e a essncia de pinho (Pinus spp) (Garcia et al., 2003). Se os produtos anteriormente referidos no se revelarem ecazes, podero recorrer-se a medicamentos veterinrios alopticos de sntese qumica (convencionais) ou antibiticos, somente como tratamento curativo. Este far-se- sob a responsabilidade de um veterinrio, identicando-se individualmente os animais tratados. A utilizao de medicamentos deve ser registada, mencionando o tipo de produto (indicao das substncias activas), o diagnstico, a posologia, o mtodo de administrao, a durao do tratamento e o intervalo legal de segurana. Essas informaes so obrigatoriamente comunicadas ao organismo de controlo antes dos bovinos ou seus produtos serem comercializados como provenientes do MPB. O tempo de espera entre a ltima administrao de um medicamento convencional a um animal nas condies normais de utilizao e a obteno de alimentos biolgicos provenientes do referido animal, deve ser o dobro do intervalo legal de segurana, ou se esse perodo no estiver especicado, ser de 48 horas. Com excepo das vacinas e dos desparasitantes, assim como de quaisquer planos de erradicao obrigatrios, se forem administrados a um ou mais bovinos, mais de dois ou um mximo de trs tratamentos com medicamentos convencionais ou antibiticos no prazo de um ano (ou mais de um tratamento se o seu ciclo de vida produtivo for inferior a um ano), os animais em questo, ou os produtos deles derivados, no podero ser vendidos sob a designao de produtos segundo o MPB, devendo os animais ser submetidos aos perodos de converso referidos anteriormente. 72Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

proibida a utilizao de medicamentos convencionais e de antibiticos como preventivos de doenas, a utilizao de substncias para estimular o crescimento ou a produo (antibiticos, coccidiostticos e outras substncias articiais indutoras de crescimento) e a utilizao de hormonas ou substncias similares para melhorar os parmetros reprodutivos (por exemplo, induo ou sincronizao do cio) ou para outras nalidades. No entanto, autorizada a administrao de hormonas como tratamento veterinrio teraputico a um determinado animal Autorizam-se os tratamentos veterinrios, bem como as desinfeces dos edifcios, do equipamento e das instalaes, obrigatrios ao abrigo da legislao, incluindo a utilizao de medicamentos veterinrios imunolgicos caso seja reconhecida a presena de uma doena na zona especca em que se situa a explorao. Limpeza e desinfeco das instalaes e equipamentos: autorizada a utilizao dos produtos mencionados em anexo (parte E do Regulamento CE n 1804/1999).

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

73

Territrio vs. Sustentabilidade

74

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

Pequenos RuminantesLus Filipe Pacheco (DRAEDM) Jos Pedro Arajo (ESAPL/IPVC)

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

75

Territrio vs. Sustentabilidade

76

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

Pequenos RuminantesA Unio Europeia estabeleceu as exigncias mnimas relativas ao modo de produo biolgico (MPB) de produtos agrcolas e sua indicao nos produtos agrcolas e nos gneros alimentcios. Aconselha-se o recurso a animais de raas autctones, como garantia de adaptao s condies locais, vitalidade e resistncia s doenas. As condies de alojamento tm tambm um tratamento especial, concedendo-se especial importncia ao espao mnimo por animal e ao maneio dos estrumes. A alimentao constitui outra matria de vital importncia nestes sistemas de produo. O predomnio dos alimentos brosos na dieta um dos aspectos chave. Finalmente, a aplicao de medidas para reforar a resistncia inata dos animais, sem a utilizao de produtos qumicos, outro aspecto importante do MPB. Em suma, o MPB no dispensa o cumprimento de prticas fundamentais da criao de caprinos e de ovinos, antes o refora. Como tal, passaremos em revista neste texto as principais prticas e tcnicas a aplicar pelos criadores de caprinos e de ovinos, para conseguirem melhorar os resultados tcnicoeconmicos da criao daqueles animais.

CONDIES PRELIMINARES A TER EM CONTAAo pretender-se converter ou instalar uma explorao de ovinos e/ou de caprinos em MPB devero ser tomados em considerao aspectos fundamentais. Entre estes, salientamos que: A explorao dever estar situada em zona de montanha, ou numa zona no sujeita a fontes de contaminao ambientais; A explorao ter de possuir uma rea forrageira para os caprinos ou ovinos de, pelo menos, 7,6 ha por cada 100 cabeas; tratando-se de zonas de montanha, recomenda-se cerca de 20 ha por cada 100 cabeas; possvel utilizar reas de baldio para alimentar o rebanho, mas no pode haver contacto com animais em modo de produo convencional; Os alojamentos devero garantir uma rea coberta de 1,5 m2 por cada ovelha ou cabra, mais 0,35 m2 por cada anho ou cabrito; por outro lado, os animais no podero estar permanentemente estabulados;

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

77

Territrio vs. Sustentabilidade

O perodo de converso de uma explorao est compreendido entre dois e trs anos; mas, dependendo dos antecedentes, este perodo pode ser reduzido; O perodo de converso dos caprinos e ovinos , normalmente, de seis meses; Todo o sistema supervisionado por organismos independentes acreditados, para certicar a autenticidade e qualidade diferenciada dos produtos; A Unio Europeia tem vindo a atribuir ajudas nanceiras aos operadores em MPB.

MANEIOA sustentabilidade da criao de caprinos e ovinos em MPB requer a adopo de um maneio integrador (Caballero et al., 2004), que responda s suas principais necessidades siolgicas, controle as doenas mais frequentes e proporcione aos animais as desejveis condies de conforto e bem-estar. Trata-se, essencialmente, de aplicar um conjunto de medidas que tenham como nalidade: Reforar os mecanismos de defesa; Evitar o stress e outras condies que favorecem o aparecimento de doenas; Encontrar um equilbrio entre a actividade microbiana e a siologia animal.

AS CARACTERSTICAS DOS ANIMAISOs animais a utilizar devero estar adaptados s principais condies ambientais do meio (temperatura, pluviosidade, vegetao, topograa do terreno, etc.) e demonstrar uma boa resistncia sanitria. As raas autctones (como por exemplo a raa caprina Bravia e a raa ovina Bordaleira de Entre Douro e Minho) tm um papel de relevo neste domnio. Em condies normalmente difceis, mostram diversas qualidades: reduzida sazonalidade reprodutiva; boas aptides maternais (facilidade de parto, instinto maternal, capacidade leiteira coerente com a alimentao); facilidade de mobilizao de reconstituio das reservas corporais, acompanhando a oscilao da oferta alimentar pastoril ao longo do ano. Poder, no entanto, recorrer-se tambm a programas de cruzamentos, usando as raas autctones como linha maternal. Mas esta uma prtica que tem de ser bem pensada, tendo em conta os aspectos tcnicos e econmicos. Devem sair da explorao os animais com maus aprumos, cabeas baixas e com uma conformao desadequada. O mesmo dever suceder em relao s cabras ou ovelhas que revelarem frequentemente problemas sanitrios.

78

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

ALIMENTAONormalmente, as cabras e ovelhas pastam diariamente em superfcies de baldio (Brs et al., 2005). Aproveitam alimentos espontneos que, em circunstncias normais, seriam desperdiados e at poderiam constituir uma ameaa. Os reduzidos custos alimentares e a diminuio da vegetao potencialmente combustvel so, pois, vantagens importantes da criao destes animais. Mas h mais benefcios. O pastoreio em superfcies semi-naturais proporciona uma dieta variada, melhorando o consumo alimentar e o fornecimento de diversos minerais e vitaminas. No entanto, podem existir, mesmo assim, carncias de selnio na Primavera, com consequncias nas bras musculares dos animais jovens. Tambm se podero revelar dces de cobalto e cobre em animais jovens com aleitamento deciente, podendo surgir uma deciente resposta imunitria aos parasitas. A prtica tradicional do pastoreio de percurso permite cumprir, sem qualquer transtorno para os criadores, duas regras fundamentais do MPB: Utilizao de alimentos biolgicos, cultivados sem emprego de fertilizantes, herbicidas ou tofrmacos, nem sementes transgnicas (os baldios no tm qualquer interveno humana directa, para alm do fogo); 79

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Territrio vs. Sustentabilidade

O uso de concentrados ter de ser inferior a 40% da matria seca da dieta (os criadores de cabras e de ovelhas aleitante sempre puseram em prtica esta norma). O pastoreio bem organizado um valioso instrumento para o controlo dos parasitas, visto permitir atenuar o risco de contaminao das pastagens por larvas infectantes e/ ou hospedeiros intermedirios e/ou populaes de carraas. O controlo da carga animal constitui uma outra via de evitar reinfestaes e infeces. Apesar das normas do MPB permitirem at 13,3 ovelhas ou cabras por ha, a carga animal recomendada para as nossas condies de montanha claramente inferior quele valor: entre 5 a 9 cabeas por ha. O pastoreio alternante de ovinos ou caprinos com bovinos, combinando reas de pastagem uma outra forma de controlo parasitrio. Com efeito, os pequenos ruminantes so afectados por parasitas distintos dos bovinos (apesar de haver algumas excepes). As necessidades alimentares das ovelhas e cabras variam ao longo do seu ciclo produtivo (cobrio, gestao, aleitamento). Na poca de cobrio, e at s quinze semanas de gestao, as necessidades alimentares so normais. Porm, as ltimas seis semanas de gestao so crticas (Pacheco, 1986). E por vrias razes: A maior parte do crescimento da(s) futura(s) cria(s) ocorre nesta fase; A ingesto (apetite) da fmea gestante diminui; O consumo alimentar em pastoreio menor, porque h menos tempo de pastoreio, maiores diculdades em comer por causa da chuva e menor produo das pastagens; Uma alimentao deciente neste perodo provoca uma diminuio do peso da cria nascena, menor capacidade de sobrevivncia, menor instinto maternal e menor produo leiteira. A partir das seis semanas antes do parto, recomenda-se a utilizao de uma pastagem melhorada e/ou fornecer entre 200 a 400 g de concentrado biolgico por fmea e por dia. Tratando-se de gros de cereais, devero ser fornecidos esmagados. No incio da lactao, as necessidades alimentares aumentam ainda mais. As fmeas paridas devem ter disposio pastagens de melhor qualidade e/ou alimentos concentrados biolgicos: cerca 400 g de concentrado biolgico por fmea e por dia. O maneio alimentar determinante para assegurar a defesa dos animais contra os agentes vivos que esto presentes no meio. E estes cuidados iniciam-se com o nascimento do animal. No dia do parto, aconselhvel vericar se o recm-nascido mama o colostro. Se tal no suceder, devem retirar-se uns jactos, para remover as sujidades que possa ainda haver 80Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

dentro e fora do teto e facilitar o corrimento de colostro. Quer o colostro quer o leite maternal possuem propriedades que reduzem a possibilidade de aparecimento de diversos distrbios digestivos e doenas infecciosas. Mas o colostro deve ser consumido o mais brevemente possvel, porque aps as primeiras 24 horas de vida, a sua absoro intestinal vai baixando. O aleitamento maternal dever ser de, pelo menos, 45 dias. Para reforar os laos entre a me e as crias nas primeiras horas de vida (que so vitais) e facilitar a vigilncia dos recm-nascidos, conveniente instalar nos alojamentos pequenos cubculos (com cerca de 1 m2). Estes acessrios podero ser painis amovveis, que se montam e desmontam de acordo com as necessidades. A partir da terceira semana de vida as crias devem ter acesso a feno biolgico de boa qualidade e concentrado biolgico. Independentemente, do perodo do ciclo produtivo, h um conjunto de normas de maneio alimentar a ter em conta: Evitar mudanas bruscas da alimentao, estabelecendo perodos de adaptao quando se introduzem novos alimentos; No incio da Primavera e Outono, quando surgem as plantas mais tenras, limitar o consumo destes alimentos, obrigando o rebanho a uma passagem rpida e/ou fornecendo feno; Evitar o consumo de alimentos frios ou gelados, retardando a sada do rebanho para a pastagem; Melhorar o aleitamento das crias (anhos e cabritos). Para alm desta condio, fundamental permitir que ele se realize em vrios momentos do dia. Isto porque, quando as crias so aleitadas unicamente aps o regresso das mes do monte, mamam intensamente podendo surgir diversos problemas digestivos (timpanismo, indigestes, diarreias, etc.). A melhoria do aleitamento requer, por isso, uma alimentao cuidada (para que as mes produzam leite em quantidade suciente, podendo ento aleitar as crias durante a noite e incio da manh) e alojamentos adaptados (para fortalecer a relao me/lho).

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

81

Territrio vs. Sustentabilidade

SANIDADEA higiene dos alojamentos e utenslios do rebanho outra prtica fundamental. Os alojamentos devem ser limpos e desinfectados pelo menos duas vezes por ano com produtos autorizados, como por exemplo cal viva. A higiene das instalaes obriga tambm ao controlo dos roedores (com jaulas-tampa) assim como sanidade dos ces e gatos, visto poderem transmitir diversas doenas ao homem e aos pequenos ruminantes. No MPB proibida a utilizao de medicamentos veterinrios alopticos de sntese qumica ou antibiticos nos tratamentos preventivos. Deve-se recorrer aos produtos toteraputicos e homeopticos, os oligoelementos e os produtos constantes no anexo (parte C, ponto 3 do Regulamento (CE) 1804/1999), desde que os seus efeitos teraputicos sejam ecazes para a espcie animal e para o problema a que o tratamento se destina. Se, por razes sanitrias e de bem-estar, os produtos prescritos no forem ecazes, podem usar-se medicamentos veterinrios alopticos. Mas se forem administrados mais de dois tratamentos antiparasitrios ou antibiticos por ano (ou mais de um em ciclos produtivos inferiores a 12 meses), os animais ou os produtos derivados no podem ser vendidos como MPB. Em consequncia, o perodo de espera entre a ltima administrao do medicamento aloptico ao animal e a obteno de produtos alimentares biolgicos que procedam desse animal ser o dobro do tempo legalmente estabelecido para o medicamento, com um mnimo de 48 horas para os produtos que no especiquem o perodo. Os tratamentos biolgicos com vacinas, realizados no mbito de campanhas obrigatrias, so autorizados.

82

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

Aves de CapoeiraJernimo Santos (DRAEDM) Jos Pedro Arajo (ESAPL/IPVC)

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

83

Territrio vs. Sustentabilidade

84

Manual de Agricultura Biolgica - Terras de Bouro

Projecto-Piloto para a Converso da Agricultura Tradicional em Modo de Produo Biolgico

Aves de CapoeiraA produo animal em modo biolgico (MPB) um sistema de criao onde o objectivo dar todas as condies de vida aos animais respeitando os princpios bsicos do seu comportamento inapto (Vaarst, 2003). A criao de aves, pode revelar-se uma actividade rentvel, devido ao curto ciclo de produo, fcil maneio e reduzidos custos de implementao e manuteno da explorao.

ORIGEM DOS ANIMAISA escolha das estirpes de aves deve ter em conta a capacidade de adaptao s condies locais onde vo ser criadas, pelo que se dever dar preferncia s raas autctones (Pedrs Portuguesa, Preta Lusitnica e Amarela).

CONVERSOO processo de converso para o modo de produo biolgico (MPB) pode ser em separado para as terras onde se vo cultivar os alimentos para as aves ou s para os animais, mas tambm pode ser em simultneo, ou seja, para toda a explorao. Para que as aves de capoeira possam ser vendidas como produto biolgico, devem ser criadas segundo as normas do MPB durante pelo menos 10 semanas e desde os trs dias de idade se destinadas para a produo de carne, ou durante 6 semanas se para a produo de ovos.

ALIMENTAOOs animais devem ser alimentados com alimentos produzidos segundo o MPB e de preferncia provenientes da prpria explorao, devendo ter gua limpa e potvel sempre disponvel. autorizada a incorporao de alimentos em converso na rao alimentar, em mdia, at um mximo de 30% da matria seca da dieta no caso dos alimentos serem adquiridos, ou at 60% se forem provenientes da prpria explorao. A