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TERCEIRIZAÇÃO

TRABALHO TEMPORÁRIOORIENTAÇÃO AO TOMADORDE SERVIÇOS

BRASÍLIA – 2001

Ministério do Trabalho e Emprego
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© 2001 – Ministério do Trabalho e Emprego

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – CIPBiblioteca. Seção de Processos Técnicos – MTE

T315 Terceirização : trabalho temporário : orientação ao tomadorde serviços : apresentação de Vera Olímpia Gonçalves. –Brasília : MTE, SIT, 2001.

p.57

1. Terceirização, Brasil. 2. Trabalho temporário, Brasil.3. Contrato de trabalho, Brasil. 4. Trabalhador temporário,Brasil. 5. Relação de trabalho, Brasil. Ministério do Trabalho eEmprego (MTE). II. Título.

CDD – 341.65

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................. 5

TRABALHO TEMPORÁRIOIntrodução ................................................... 9Histórico.................................................... 11Legislação ................................................... 12Empresas de Trabalho Temporário .................................. 12Empresa Tomadora ou Cliente ..................................... 13Trabalhadores Temporários ....................................... 13Natureza Jurídica do Contrato de Trabalho Temporário .................... 13Relação entre as Partes .......................................... 15Responsabilidade das Partes ...................................... 15Direitos Trabalhistas ............................................ 16Pressupostos Objetivos do Contrato de Trabalho Temporário ................ 17Os Abusos e a Fraude à Lei ....................................... 18Contratos de Trabalho Temporário Nulos e Anuláveis ..................... 21Conclusão................................................... 25

BIBLIOGRAFIA.................................................. 27

ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOSO que É Terceirização .......................................... 31

Abrangência dos Segmentos .................................... 33

Contratação ............................................... 35Monitoramento ............................................... 37

Retenção – INSS ............................................ 40Retenção – IRF ............................................. 41Conclusão do Monitoramento ................................... 42

Segurança e Saúde no Trabalho e Qualidade na Terceirização de Serviços ...... 42Segurança e Saúde no Trabalho.................................. 43Qualidade na Terceirização de Serviços ............................ 45

Anexo – Tabelas Básicas de Encargos Sociais e Trabalhistas ................. 53

As relações de trabalho têm se transformado de forma in-tensa nas últimas duas décadas, principalmente em conseqüên-cia do processo tecnológico e da integração do comércio mun-dial. Nós como operadores do direito trabalhista, sempre emcontato com a realidade, já transformada, temos consciênciada importante contribuição que podemos agregar na sedimen-tação dos institutos jurídicos.

Os Auditores Fiscais do Trabalho muito têm constatado aprática de terceirização, em suas mais variáveis nuanças, sem-pre buscando conclusões e resoluções baseadas na hercúleadisposição de aperfeiçoamento pela doutrina e jurisprudênciaem formação.

Os relatórios fiscais, quando constatada situação que de-mande apreciação judicial, representam hoje importante ins-trumento para municiar o Ministério Público do Trabalho e Mi-nistério Público Federal no desempenho de suas funções cons-titucionais de defesa do direito coletivo e difuso da sociedade. Édessas contribuições que o Judiciário vem moldando os limitese adequação das terceirizações.

Nós como responsáveis pelo cumprimento da legislaçãotrabalhista temos a obrigação de conhecer a terceirização, paraidentificar de imediato sua adequação à legalidade.

A terceirização fundou seus princípios e qualidades noprocesso produtivo, de forma inarredável, exigindo cada vez maisatenção da sociedade para evitar que o vínculo empregatício, econseqüentemente, todos os direitos trabalhistas, então advindos,se distanciem ad infinitum de qualquer responsável.

APRE

SENT

AÇÃO

Com o intuito de enriquecer o conhecimento dos nossos Auditores Fiscais do Tra-balho e diante do destaque que o presente assunto vem assumindo no cenário do merca-do de trabalho brasileiro é que pautamos esta publicação.

Apresentamos primeiramente o texto da nossa colega Therezinha Gomes D’Angelo,DRT/SP, no qual adentramos em uma discussão acadêmica sobre trabalho temporáriocom maestria, que descortina fatos históricos, natureza jurídica do contrato de trabalhotemporário e demais discussões que ajudem a desvendar dúvidas e aprofundar o conhe-cimento sobre o assunto.

Em seguida, reproduzimos a “Cartilha de Orientação ao Tomador de Serviços”, queteve por objetivo orientar a clientela da terceirização sobre seus limites e cuidados neces-sários quando do fechamento do contrato de serviços e, ainda, do monitoramento domesmo para evitar surpresas futuras, apresentando até planilhas que podem facilitar otomador a esmiuçar o orçamento proposto.

O texto da “Cartilha de Orientação ao Tomador de Serviços” ́ e produto da CâmaraInterinstitucional de Serviços Terceirizáveis nos Segmentos Asseio, Conservação, Seguran-ça, Vigilância e Trabalho Temporário, criada pela Delegacia Regional do Trabalho, em Mi-nas Gerais. Integram o grupo técnico responsável pela redação: Alessandra Parreiras Fialho(DRT/MG), César Augusto Alves Neto (Superintendência Estadual do INSS, em Minas Gerais),Rodrigo Assunção Oliveira (Sindicato dos Empregados em Edifícios, Empresas de Asseio eConservação e Cabineiros de Belo Horizonte e Federação dos Empregadores em Turismo eHospitalidade do Estado de Minas Gerais) e Rodrigo Magalhães Ribeiro (Departamento deEngenharia de Produção da Universidade Federal de Minas Gerais). Esse grupo técnicocontou com a colaboração do Dr. Guilherme de Oliveira Horta (DRT/MG).

VERA OLÍMPIA GONÇALVESSECRETÁRIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO

TRAB

ALHO

TE

MPOR

ÁRIO

8TERCEIRIZAÇÃO

9TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

A própria natureza induz a vida em sociedade, o que motiva o surgimento de conflitosde interesses entre os indivíduos que a compõem. Daí a necessidade de uma força

disciplinadora que reintegre a ordem social quando violada. Essa força que limita a liberdade decada um em proveito da faculdade congênere dos outros, ora prevenindo as possíveis violações daordem jurídica, ora restaurando-a quando desintegrada, é o Direito.

Reflete o Direito, no tempo e no espaço, os usos e costumes dos povos, retratando as cons-tantes mutações ocorridas na vida social, bem como as transformações das necessidades do serhumano. Em virtude do desenvolvimento social do homem, surgem situações para as quais o Direi-to ainda não está preparado. Por isso, há necessidade constante de elaborar novos preceitos legaisque estejam de acordo com a época em que vivemos.

Com efeito, foi o que ocorreu com a modalidade do trabalho temporário.

INTRODUÇÃO

1 0TERCEIRIZAÇÃO

1 1TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

No final da década de 40, mais precisamente em 1948, nos Estados Unidos, oadvogado Winters necessitava apresentar um recurso à Suprema Corte, cujo prazo

estava se esgotando e que se consubstanciava em 120 laudas datilografadas, quando, repentina-mente, sua secretária adoeceu, deixando-o em situação delicada e angustiosa.

Comentando sua desdita com um colega de profissão, este lembrou-se de Mary, uma antigasecretária, que havia se casado e dedicava-se então exclusivamente ao lar. Talvez ela pudesseajeitar a situação.

Consultada, revelou dois detalhes importantes: ter folga em suas tardes e vontade de ganharum dinheiro extra.

O recurso foi realmente elaborado e oferecido em tempo hábil. Mary recebeu um dinheiroinesperado, e o advogado, feliz com o resultado, começou a pensar seriamente em quantas pessoaspoderiam ter problemas semelhantes. (Artigo publicado na revista da Associação dos InspetoresFederais do Trabalho, em São Paulo, nº 01, 1997, de autoria de O. P. de Baptista, de onde retiramosestas informações).

A partir daí foi criada a manpower (mão-de-obra), que cresceu geometricamente, mantendoespalhados pelo mundo milhares de escritórios, empregando numerosos temporários em váriospaíses.

A manpower foi a primeira na utilização de trabalhos temporários no Brasil, onde se instaloupela primeira vez em 1963. No entanto, devido à ausência de uma legislação específica, afastou-sedo mercado brasileiro em 1969, retornando apenas em 1978, dessa vez ligada à Ática, subsidiáriada Ofício Serviços Gerais.

HISTÓRICO

1 2TERCEIRIZAÇÃO

LEGISLAÇÃO

O diploma legal específico é a Lei nº6.019, de 3 de janeiro de 1974, publicada noDOU em 4 de janeiro de 1974 e regulamenta-da pelo Decreto nº 73.841, de 13 de março de1974 (DOU, 13.3.74).

Para os efeitos do disposto no art. 10 dareferida Lei e no art. 27 do Regulamento, foiexpedida pelo Departamento Nacional de Mão-de-Obra do Ministério do Trabalho a Portarianº 66, de 24 de maio de 1974, no DOU de 7 dejunho de 1974, que em seus oito artigos tratada aplicação da lei sob comento.

Conforme a lei vigente, as empresas detrabalho temporário são aquelas cuja atividadeconsiste em colocar à disposição de outras em-presas, temporariamente, trabalhadores devida-mente qualificados, por elas remunerados e as-sistidos (art. 4º), sendo sempre e necessariamen-

EMPRESAS DE TRABALHOTEMPORÁRIO

te urbanas. Assim, não é possível essa espéciede empresa no setor rural. Por expressa dispo-sição legal, esse tipo de contratação também éproibida no trabalho portuário (Lei nº 8.630,de 25.2.93, art. 45).

Pode ser pessoa física ou jurídica quepreencha os requisitos elencados nas alíneas“a” a “f” do art. 6º da Lei nº 6.019/74.

Para evitar fraudes e garantir os direitosdos trabalhadores, há muito rigor quanto à cons-tituição de uma empresa de trabalho temporá-rio. Entre os requisitos, cumpre destacar a exi-gência de um capital social com valor relativa-mente elevado, e a necessidade de que o Mi-nistério do Trabalho e Emprego conceda a au-torização para o seu funcionamento.

A empresa de trabalho temporário é afornecedora ou locadora de mão-de-obra tem-porária, sendo a outra empresa (cliente), atomadora de mão-de-obra temporária.

Pela leitura do art. 6º, alínea “a”, da re-ferida lei, a empresa de trabalho temporário écomercial, vez que condiciona seu funciona-mento ao prévio registro na Junta Comercial dalocalidade em que tenha sede.

1 3TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

É a pessoa física ou jurídica que, em vir-tude de necessidade transitória de substituiçãode seu pessoal regular e permanente, ou de acrés-cimo extraordinário de tarefas, contrate locaçãode mão-de-obra com empresa de trabalho tem-porário (art. 14 do Decreto nº 73.841/74).

Tais obreiros são conceituados pela leicomo as pessoas físicas que prestam trabalhotemporário a uma empresa para atender a ne-cessidade transitória de substituição de seu pes-soal regular e permanente, ou a acréscimo ex-traordinário de serviço (art. 16 do Decreto nº73.841/74).

Deverão ser “devidamente qualificados”no sentido de aptidão ao desempenho do tra-balho. O decreto regulamentador conflita coma lei ao usar a palavra “especializado”, dandoa entender que o trabalhador há de possuir es-pecialização técnica, o que não se coadunacom o diploma legal. O Ministério do Traba-

EMPRESA TOMADORA OU CLIENTE

TRABALHADORES TEMPORÁRIOS

lho, pela Secretaria de Fiscalização do Traba-lho, por meio da Instrução Normativa nº 03, de29 de agosto de 1997, deu interpretação amplia-tiva da regra no sentido de que é suficiente umaaptidão genérica, ou seja, trabalhadores capa-citados à realização do trabalho.

NATUREZA JURÍDICA DOCONTRATO DE TRABALHO

TEMPORÁRIO

Neste particular, por muito tempo, a dou-trina não era pacífica quanto à natureza jurídi-ca do trabalho temporário. Havia os que o con-siderava modalidade de trabalho avulso; haviaos que o caracterizavam como contrato suigeneris; e havia até mesmo os que renegavama condição de contrato de trabalho. Somenteapós a Constituição Federal de 1988, que es-tendeu o regime do FGTS aos trabalhadores tem-porários, a promulgação da Lei nº 8.036/90 e oDecreto que a regulamentou, é que o TrabalhoTemporário pôde ser classificado como moda-lidade de contrato a prazo determinado. Defato, o art. 20, inciso IX, da Lei nº 8.036/90, aoautorizar a movimentação da conta vinculada

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do trabalhador, expressamente, inclui o con-trato de trabalho temporário entre as modali-dades de contrato a termo. Por outro lado, oart. 9º do Decreto nº 99.684, de 8 de novem-bro de 1990, que regulamentou a Lei nº 8.036/90, ao tratar da extinção normal do contrato atermo, incluem, expressamente, o “TrabalhadorTemporário”.

O art. 10 da Lei nº 6.019/74 fixa em trêsmeses o prazo máximo do contrato firmadoentre a fornecedora e a tomadora, em relaçãoa um mesmo empregado, com a ressalva conti-da na Portaria nº 66/74, do extinto Departamen-to Nacional de Mão-de-Obra, que autorizava aprorrogação do prazo na ocorrência de forçamaior ou necessidade imperiosa de serviço, nãopodendo o período total ultrapassar os 135 dias.Porém, aquela referida portaria sofreu altera-ções pela Portaria nº 02, de 29 de maio de 1996,e pela Portaria nº 01, de 2 de julho de 1997,ambas da Secretaria de Relações de Trabalho,do Ministério do Trabalho.

O prazo foi ampliado por mais três me-ses, alterando-se, também, a sistemática da pror-rogação, eis que no sistema anterior a prorroga-ção dependia de pedido prévio à Delegacia Re-gional do Trabalho e, atualmente, basta o em-

pregador comunicar a ocorrência do pressupos-to que justifica a prorrogação, podendo a fiscali-zação comprovar a veracidade do alegado pormeio de diligências, quando julgar necessário.

Por outro lado, a Previdência Social atéo advento da Lei nº 8.212, de 24 de julho de1991, considerava o trabalhador temporáriocomo segurado autônomo. No entanto, as no-vas leis de Custeio, de Benefícios, bem comoseus respectivos regulamentos da PrevidênciaSocial, elenca-os como segurados obrigatóriosna condição de empregados.

Assim, trata-se de modalidade de contra-to a termo com características próprias, guardan-do algumas semelhanças com o contrato a pra-zo determinado previsto no art. 443 da CLT, mastambém, com algumas diferenças. O dispositi-vo consolidado estipula como prazo máximo operíodo de dois anos, permitindo dentro desseperíodo uma prorrogação com a observação doart. 451 daquele diploma legal, ou seja, se noprazo de dois anos ocorrer mais de uma prorro-gação restará desnaturado o contrato a prazo quepassará a viger por tempo indeterminado. Já oprazo do contrato de trabalho temporário é deaté três meses, prorrogável por igual período,conforme anteriormente exposto.

1 5TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

Estabelece-se entre as partes relação tri-angular tendo num dos vértices da figura geo-métrica o trabalhador temporário e, nos outrosdois, a empresa fornecedora de um lado, e dooutro, a empresa tomadora. Entre os três forma-se uma relação contratual de trabalho.

O vínculo que se cria entre a fornecedo-ra e a tomadora é de natureza civil, ou seja,entre as empresas há um contrato de prestaçãode serviços.

A relação jurídico-trabalhista estabelece-se entre a fornecedora e o trabalhador, que sãoos sujeitos da relação de emprego, e o trabalha-dor temporário gozará a condição de emprega-do da fornecedora, enquanto achar-se trabalhan-do ou prestando serviços a terceiros (tomadora).

Já a relação estabelecida entre o traba-lhador temporário e a empresa tomadora não éde emprego apesar da dupla subordinação dotrabalhador temporário às duas empresas (for-necedora e tomadora). A fornecedora delega opoder de comando à tomadora, permanecen-do com o poder disciplinar (§ 2º do art. 12 e noart. 13 da lei sob comento). Por sua vez, o em-

pregado obriga-se a prestar serviços em favorda empresa tomadora Segundo Octávio BuenoMagano a relação entre o trabalhador e o cli-ente é fática.1

Há responsabilidade solidária da empre-sa tomadora para com os débitos previden-ciários ou trabalhistas da fornecedora em casode falência.

Há responsabilidade da tomadora porculpa in eligendo nos casos em que ela contra-ta com fornecedora que não preenche os re-quisitos legais para sua constituição, ou seja,aqueles elencados no art. 6º da lei em apreço.

A responsabilidade recai exclusivamen-te no tomador quando a intermediação for ile-gal. Por sinal, essa é a interpretação dada pornossos tribunais, conforme se deflui do Enuncia-do nº 331, item I, do Tribunal Superior do Traba-lho. Assim, o direito não reconhece, no caso deintermediação irregular, a relação entre a em-presa de trabalho temporário e a empresa cli-

RELAÇÃO ENTRE AS PARTES

RESPONSABILIDADE DAS PARTES

1MAGANO, Octávio Bueno. Contrato de prazo determi-nado. São Paulo : Saraiva, 1984, p. 15.

1 6TERCEIRIZAÇÃO

ente, reconhecendo apenas a relação entre otrabalhador e a empresa tomadora dos serviçosque se transforma em relação de emprego deprazo indeterminado.

No caso de inadimplência da fornece-dora de mão-de-obra temporária para com osdébitos de natureza trabalhista, a responsabili-dade da tomadora será apenas subsidiária, con-forme interpretação do Egrégio Tribunal Supe-rior do Trabalho no Enunciado nº 331, item IV.

A empresa tomadora ou cliente é obri-gada a comunicar à empresa de trabalho tem-porário a ocorrência de todo acidente cuja víti-ma seja um trabalhador temporário posto à suadisposição. Considera-se local de trabalho, tantoaquele onde se efetua a prestação de serviço,quanto a sede da empresa de trabalho tempo-rário (art. 12, § 2º, da Lei nº 6.019/74).

Na forma do art. 12 da lei, aos trabalha-dores temporários, são assegurados os seguin-tes direitos:

a) remuneração equivalente à perce-bida pelos empregados da mesmacategoria da empresa tomadora ou

cliente calculados à base horária, ga-rantida, em qualquer hipótese, a per-cepção do salário mínimo regional;

b) jornada de oito horas, remuneradasas horas extraordinárias não exce-dentes de duas, com acréscimo de20% (vinte por cento);

c) férias proporcionais, nos termos doart. 26 da Lei nº 5.107, de 13 de se-tembro de 1966;

d) repouso semanal remunerado;e) adicional por trabalho noturno;f) indenização por dispensa sem justa

causa ou término normal do con-trato, correspondente a 1/12 (umdoze avos) do pagamento recebido;

g) seguro contra acidente de trabalho;h) proteção previdenciária nos termos do

disposto na Lei Orgânica da Previdên-cia Social, com as alteraçõesintroduzidas pela Lei nº 5.890, de 8 dejunho de 1973 (art. 5º, item III, letra“c” do Decreto nº 72.771, de 6.9.73).

Note-se que no texto original da lei nãoconstam o 13º salário ou gratificação natalina, osalário-família e o Fundo de Garantia do Tempode Serviço – FGTS, tendo o legislador, quantoao último, escolhido a indenização proporcio-nal e direta, talvez pela exigüidade do contrato.

DIREITOS TRABALHISTAS

1 7TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

Entretanto, com o advento da Constitui-ção Federal de 1988, o art. 7º estendeu a todosos trabalhadores urbanos e rurais o direito aosalário-família, ao 13º salário e ao FGTS.

Assim, entende-se que a indenizaçãoduodécima imposta pela Lei nº 6.019/74, nocaso de extinção do contrato pelo advento doseu termo final, foi revogada tacitamente sen-do substituída pelo montante depositado naconta vinculada do trabalhador, mas sem oacréscimo dos 40% (quarenta por cento) portratar-se de contrato a prazo determinado.

Por analogia aos demais contratos a ter-mo, não se aplicam o aviso prévio, nem a estabi-lidade da gestante ou do acidentado no trabalho.

Na Carteira de Trabalho será registrada asua condição de temporário de acordo com o §1º do art. 12 da Lei nº 6.019/74.

O instituto da justa causa poderá ser le-vantado pela fornecedora e tomadora, nos ca-sos elencados no art. 482 da CLT. No caso doempregado, fica mantida a correspondência aoque dispõe o art. 483 do mesmo diploma legal.

Indaga-se da possibilidade de pluralidadede empregos temporários, ou seja, um mesmotrabalhador celebrar contrato de trabalho tem-porário com mais de uma fornecedora de mão-de-obra.

Entendemos não haver restrições nessesentido, desde que haja compatibilidade dehorários e a não-concorrência na atividadeexercida pelo empregado em cada empresa, vezque o princípio da liberdade de trabalho é pre-ceito constitucional, e uma limitação a esse di-reito seria inteiramente ilegal.

Da mesma forma, se é permitida apluralidade de empregos, é possível a um em-pregado contratado de forma permanente poruma empresa, trabalhar como temporário emuma outra, observando-se sempre as ressalvascitadas no parágrafo anterior.

Quanto ao percentual das horas extraor-dinárias, a Constituição Federal de 1988 ele-vou-as para, no mínimo, 50%.

De acordo com o art. 2º da lei em estu-do e o art. 1º de seu decreto regulamentador,somente em duas hipóteses há a possibilidadede contratação de mão-de-obra temporária:

a) a necessidade transitória de substi-tuição de pessoal regular e perma-nente;

PRESSUPOSTOS OBJETIVOSDO CONTRATO DE TRABALHO

TEMPORÁRIO

1 8TERCEIRIZAÇÃO

b) o acréscimo extraordinário de ser-viço.

Assim, o legislador teve o cuidado depreservar a contratação normal, comum ou tra-dicional. O Direito do Trabalho tem como prin-cípio norteador a proteção ao hipossuficiente ea continuidade da relação empregatícia, sendoregra o contrato por prazo indeterminado e so-mente por exceção o contrato a prazo determi-nado. Motivo que levou o legislador a conce-der prazos exíguos de duração a esse tipo decontrato e responsabilidade solidária ou subsi-diária do tomador em relação às obrigações tra-balhistas, conforme o caso.

O contrato entre a empresa fornecedorae cada um dos trabalhadores há de ser obriga-toriamente escrito, devendo constar expressa-mente os direitos que lhes são conferidos e omotivo ensejador.

Por meio de pesquisa estatística, verifi-cou-se alta aceitação do trabalho temporáriopelas empresas européias, americanas e por ou-tras espalhadas pelo mundo, em suas necessi-dades de mão-de-obra suplementar.

No Brasil, apesar de ramificações em vá-rios pontos do território nacional, os empreendi-mentos dessa espécie, em sua grande maioria,encontram-se operando no Centro-Sul do País.

Grande número de pessoas realizam oujá realizaram trabalhos temporários, principal-mente no eixo econômico Rio-São Paulo, oupara não ter seus vencimentos interrompidosenquanto aguardavam um emprego fixo, ou es-tudantes em férias escolares, ou pessoas quedispunham de duas ou três horas diárias para otrabalho, etc.

Entretanto, como tudo que parece bomde início, com o passar do tempo e à mercê damanipulação do homem, inúmeros são os abu-sos cometidos em nome do trabalho temporá-rio, que terminam por distorcer sua finalidadesocial.

Como se sabe, a chamada marchandage,considerada como atividade anti-social, é proi-bida em nosso meio jurídico. No entanto, o le-gislador pátrio fez editar a Lei nº 6.019/74 pos-sibilitando a locação de mão-de-obra, mas ape-nas em caráter excepcional e mediante contra-tos cercados de formalidades essenciais. Esse cui-dado foi também observado pelo Tribunal Supe-rior do Trabalho, que editou o Enunciado nº 256

OS ABUSOS E A FRAUDE À LEI

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no intuito de coibir a intermediação de mão-de-obra de forma desordenada, permitindo-a so-mente nos casos de trabalho temporário e de ser-viço de vigilância. O referido Enunciado passoupor uma revisão no Enunciado nº 331, cuja re-dação passou a ser a seguinte:

I – “a contratação de trabalhadores porempresa interposta é ilegal, forman-do-se o vínculo com o tomador deserviços, salvo no caso de trabalhotemporário (Lei nº 6.019, de 3.1º.74);

II – a contratação irregular de trabalha-dor, por meio de empresa interposta,não gera vínculo de emprego com osórgãos da Administração Pública Di-reta, Indireta ou Fundacional (art. 37,II, da Constituição da República/88);

III – não forma vínculo de empregocom o tomador a contratação deserviços de vigilância (Lei nº7.102, de 20.6.83), de conserva-ção e limpeza, bem como a de ser-viços especializados ligados à ati-vidade-meio do tomador, desdeque inexistente a pessoalidade e asubordinação direta;

IV – o inadimplemento das obrigaçõestrabalhistas por parte do emprega-dor implica a responsabilidade sub-

sidiária do tomador dos serviçosquanto àquelas obrigações, desdeque este tenha participado da rela-ção processual e conste também dotítulo executivo judicial”*.

Assim, o novo enunciado considera le-gal a locação de mão-de-obra nos serviços delimpeza e conservação e especialização liga-dos à atividade-meio da empresa tomadora.Pelo item II, reconhece-se a impossibilidade deformação do vínculo empregatício com a Ad-ministração Pública sem concurso público porforça do art. 37, II, da Constituição Federal/88.

Em decorrência do estabelecido no itemIV do Enunciado em tela, aconselha-se quenuma reclamação trabalhista o autor acione asduas empresas, em litisconsórcio passivo, inte-grando-se na lide a mesma relação processualtriangular.

*O inciso IV foi alterado pela Resolução nº 96/2000 DJ18.9.00, passando a ter a seguinte redação:IV – O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por par-te do empregado, implica na responsabilidade subsidiáriado tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclu-sive quanto aos órgãos da administração direta, dasautarquias, das fundações públicas, das empresas públicas edas sociedades de economia mista, desde que hajam parti-cipado da relação processual e constem também do títuloexecutivo judicial (art. 71 da Lei nº 8.666/93).

2 0TERCEIRIZAÇÃO

O Ministério do Trabalho e Emprego, pormeio de seus agentes, recebe constantes denún-cias sobre irregularidades cometidas por algu-mas dessas empresas ou por outras que contra-tam empregados efetivos a pretexto de traba-lho temporário, desrespeitando a legislação.Existem inúmeros casos de contratação a títulotemporário que não se coadunam com o espí-rito e a finalidade da lei.

Conforme determina o referido diplomalegal, somente em duas situações é permitidoesse tipo de contratação, ou seja, substituiçãode pessoal efetivo e acúmulo extraordinário deserviço. O que não estiver dentro desses limi-tes, configura-se fraude à lei, e o contrato fir-mado torna-se nulo, sujeitando o infrator, nocaso a empresa tomadora, às conseqüências deinfração ao art. 41 da CLT, pois o trabalhadorem questão é considerado como não registra-do, configurando um contrato de trabalho táci-to com a tomadora.

A título de ilustração, não se pode con-tratar como temporário um trabalhador parasubstituir um empregado efetivo que veio a fa-lecer, porque o objetivo da lei é a substituiçãode pessoal regular e permanente, dando a en-tender que o substituto deva retornar ao traba-lho que, por qualquer motivo deixou de ser exer-

cido. Nesse caso, o contrato de trabalho tem-porário firmado é nulo de pleno direito, aindaque atenda formalmente aos pressupostos ob-jetivos desse contrato especial.

Da mesma forma, é preciso atentar-separa a segunda hipótese desse tipo de contra-tação, qual seja, o acúmulo extraordinário deserviço. Por extraordinário entende-se aquiloque não é comum ou normal. O diploma con-solidado prevê a possibilidade do trabalhoextraordinário, entendendo-se como tal aque-las horas suplementares à jornada normal. Maso assunto em questão não trata de horas suple-mentares, mas de serviço extraordinário quenão esteja previsto pelo movimento normal daempresa, ligado, por exemplo, à sua produtivi-dade. Pode acontecer a uma empresa o recebi-mento de um pedido volumoso para o qual nãoesteja preparada em razão de seu quadro deempregados, cujo número atende apenas à pro-dução normal da empresa. No caso, justifica-se a contratação de mão-de-obra temporáriapara atender àquela situação extraordinária.Não configurado o serviço extraordinárioensejador da contratação a título temporário,da mesma forma, há nulidade do contrato, e asconseqüências são as mesmas do comentadoanteriormente.

2 1TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

Também não há como aceitar que umempregado posto a serviço de uma empresacomo temporário e que, posteriormente venhaa ser admitido por ela, tenha de firmar, na se-qüência, um contrato de experiência cujo ob-jeto principal é a avaliação e o desempenhoprofissional do empregado que o tomador játeve oportunidade de testar durante o trimestree sua prorrogação, quando houver. Como é sa-bido, o pacto laboral se presume como de tem-po indeterminado, sendo exceção os celebra-dos a termo, pela incerteza que o último causaao empregado quanto ao seu futuro. Caso issoocorra, tem-se como fraudulento o contrato deexperiência firmado em seqüência a um con-trato de trabalho temporário.

É comum, também, confundir-se as em-presas de trabalho temporário com as agênciasde emprego. Com certeza não são. São estasúltimas apenas intermediárias na indicação deum trabalhador no mercado de trabalho paracontratação a terceiros. Para tanto, a agênciade colocação cobra uma taxa de serviço o queé proibido pela Lei nº 6.019/74, art. 18. Tam-bém não há qualquer contrato, seja cível outrabalhista, vinculando um trabalhador cadas-trado numa agência de emprego, diferente do

que acontece em relação ao trabalho temporá-rio, vez que há vínculo empregatício ligando otrabalhador à fornecedora de mão-de-obra tem-porária. Há contrato civil entre a empresa detrabalho temporário e a empresa cliente.

O Direito do Trabalho tem como princípionorteador a proteção ao hipossuficiente e a con-tinuidade da relação empregatícia, sendo regra ocontrato por prazo indeterminado e, somente porexceção, o contrato a prazo determinado.

Certo também que esse direito especial éformado de normas, em sua maioria, de ordempública, motivo pelo qual se, num contrato hou-ver a presença de cláusula nula ou anulada, nãoprejudica o contrato todo, que é mantido, e acláusula nula substituída por aquela que a leiprevê para a situação jurídica denunciada.

O trabalhador temporário tem seus direi-tos individuais previstos expressamente na lei emapreço, bem como outros existentes na legisla-ção trabalhista em geral. Por isso, qualquer cláu-sula contratual que infrinja aqueles direitos é nula,

CONTRATOS DE TRABALHOTEMPORÁRIO NULOS E ANULÁVEIS

2 2TERCEIRIZAÇÃO

e o direito do trabalhador temporário é preserva-do com a substituição automática da cláusulanula pela condição prevista em lei.

Entretanto, pode a nulidade afetar a subs-tância de todo o contrato. Por tratar-se de umcontrato especial e excepcional, o contrato detrabalho temporário tem de preencher todos osrequisitos previstos na Lei nº 6.019/74. Casocontrário, será tido como nulo, sendo logo subs-tituído pelo contrato de trabalho por prazoindeterminado tacitamente celebrado entre aspartes. Com a transformação, a relaçãoempregatícia forma-se diretamente com a em-presa tomadora, vez que a prestação laboraldeu-se em favor dela, e o contrato de trabalhotemporário nulo tem-se por inexistente, sujei-tando a empresa tomadora às conseqüênciasprevistas no art. 41 da CLT.

São motivos ensejadores de nulidade docontrato de trabalho temporário:

a) falta de registro da empresa de tra-balho temporário no MTE (art. 5º);

b) falta de contrato de trabalho tem-porário por escrito da fornecedoracom a tomadora ou cliente (art. 9º);

c) quando não constar no contrato ex-pressamente o motivo justificador dademanda do trabalho temporário, bemcomo as modalidades de remunera-ção da prestação de serviço (art. 9º);

d) quando o serviço prestado pelo tra-balhador temporário não se destinaà necessidade transitória de substi-tuição do pessoal regular e perma-nente, ou ao acréscimo extraordi-nário de serviço (art. 2º);

e) quando exceder de três meses aprestação temporária, sem a prorro-gação autorizada pelas Portarias nos

02/96 e 01/97 da Secretaria de Re-lações do Trabalho, do Ministério doTrabalho e Emprego;

f) falta de contrato escrito entre a em-presa de trabalho temporário e cadaum dos assalariados (art. 11);

g) falta de anotação da condição de tra-balhador temporário na CTPS (art. 12);

h) contratação de estrangeiro comvisto provisório como trabalhadortemporário (art. 17);

2 3TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

i) cobrança de qualquer taxa do tra-balhador temporário a título de me-diação (art. 18);

j) quando a empresa de trabalho tem-porário dedica-se a outras ativida-des estranhas às previstas na Lei nº6.019/74(arts. 3º e 4º);

k) a permanência do trabalhador naempresa, após o prazo ou términoda obra ou atividade que autorizouo contrato temporário;

l) a contratação de outro trabalhadortemporário para o mesmo posto detrabalho;

m) a contratação do mesmo trabalha-dor, para o mesmo posto, por meiode diversas empresas de trabalhotemporário, que atuam em sistemade rodízio;

n) a contratação de trabalhador tem-porário para substituir trabalhadorefetivo que se desligou definitiva-mente da empresa tomadora;

o) a transferência de empregados per-manentes da empresa tomadorapara a empresa fornecedora;

p) rescisões contratuais com os empre-gados permanentes por trabalhado-res temporários de quase todos ospostos de trabalho da empresatomadora.

2 5TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

1. As empresas de trabalho temporário são sempre urbanas.

2. O contrato de trabalho temporário é modalidade de contrato a prazo, formal, com carac-terísticas próprias.

3. O prazo máximo desse tipo de contrato é de três meses, podendo ser prorrogado porprazo que não ultrapasse seis meses, no total.

4. A relação que se estabelece entre as partes é triangular. O contrato entre a tomadora e afornecedora é de natureza civil.

5. Há responsabilidade solidária da empresa tomadora para com os débitos previdenciáriosou trabalhistas no caso de falência. Há responsabilidade da tomadora por culpa in eligendo.No caso de inadimplência da fornecedora de mão-de-obra temporária para com os débi-tos de natureza trabalhista, a responsabilidade da tomadora será apenas subsidiária, con-forme interpretação do Egrégio Tribunal Superior do Trabalho pelo Enunciado nº 331, IV;

6. Os direitos trabalhistas não se esgotam no elenco do art. 12, abrangendo outros previstosna legislação trabalhista em geral.

7. Os motivos que autorizam o contrato de trabalho temporário são apenas dois, os previstosno art. 2º da Lei nº 6.019/74.

8. Os trabalhadores temporários são segurados obrigatórios da Previdência Social na condi-ção de empregados.

9. O contrato de trabalho temporário pode ser nulo ou anulável: à medida que nele conte-nham cláusulas que infrinjam normas de ordem pública que serão automaticamente subs-tituídas pela condição legal (anulável).

Será inteiramente nulo quando a nulidade contaminar sua substância e quando não pre-enchidos os pressupostos objetivos da Lei nº 6.019/74.

CONCLUSÃO

2 6TERCEIRIZAÇÃO

No caso da nulidade absoluta, as responsabilidades do contrato de trabalho passarão àempresa tomadora.

10. É da Justiça do Trabalho a competência para dirimir os conflitos surgidos entre as partes(empresa fornecedora e o trabalhador temporário), com a ressalva das divergências ocor-ridas entre a tomadora e fornecedora cujo contrato é de natureza civil, sendo da JustiçaEstadual a competência nas controvérsias surgidas.

2 7TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

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2 8TERCEIRIZAÇÃO

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ORIENTAÇÃO AO TOMADOR

DE SERVIÇOS

3 1TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

Terceirização é a contratação de servi-ços por meio de empresa, intermediária entreo tomador de serviços e a mão-de-obra,mediante contrato de prestação de serviços. Arelação de emprego se faz entre o trabalhadore a empresa prestadora de serviços, e não dire-tamente com o contratante destes.

É permitida a terceirização nos seguin-tes casos:

• atividades de segurança e vigilância;

• atividades de conservação e limpeza;

• serviços especializados ligados à ati-vidade-meio do tomador de serviços(com exceção do trabalho temporá-rio, com base na Lei nº 6.019/74, naqual também se permite a contrataçãode trabalhadores para atuarem na ati-vidade-fim da empresa).

Em princípio, pode-se definir comoatividade-meio aquela não-represen-tativa do objetivo da empresa, desfrag-mentada, portanto, de seu processoprodutivo, configurando-se como ser-

viço necessário (paralelo ou secundá-rio), porém não essencial. A atividade-fim é aquela que compreende as ativi-dades essenciais e normais para asquais a empresa se constituiu. É o seuobjetivo a exploração do seu ramo deatividade expresso em contrato social;

• trabalho temporário: para atender ànecessidade transitória de substituiçãode pessoal regular e permanente ou aacréscimo extraordinário de serviços.

A terceirização deve sempre ser vistacomo exceção, só sendo possível nos casos es-pecíficos acima relacionados, e, mesmo assim,só sendo considerada lícita se preenchidos to-dos os requisitos exigidos.

Em todos esses casos, existe uma rela-ção triangular ou trilateral. Salientamos que aterceirização, fora dessas hipóteses, é conside-rada ilícita pela legislação trabalhista (mesmoque idônea e regularmente constituída a em-presa intermediadora), formando-se a relaçãode emprego diretamente com a empresa con-tratante.

Um ponto comum à terceirização, nasatividades de asseio, conservação, segurança,vigilância e de serviços especializados relacio-

O QUE É TERCEIRIZAÇÃO

3 2TERCEIRIZAÇÃO

nados com as atividades-meio, é a proibiçãoexpressa de existência de pessoalidade e su-bordinação1 com o tomador de serviços, sendoque, constatada a presença de tais requisitos, arelação de emprego também passa a existir comeste tomador. Tal fato não ocorre, contudo,quando o tomador for ente integrante da admi-nistração pública, diante da necessidade deaprovação prévia em concurso público, comodetermina a Constituição Federal. Da mesmaforma, situação especial ocorre no trabalho tem-porário, no qual a subordinação se manifestaentre trabalhador e as empresas fornecedoras ecliente.

Excluído o trabalho temporário, nos ou-tros três casos de terceirização, não há limita-ção de tempo para que o trabalhador, empre-gado da empresa fornecedora de mão-de-obra,permaneça prestando serviços para o mesmotomador, desde que – repita-se – inexistentes apessoalidade e a subordinação com ele.

Se lícita a terceirização, o prestador deserviços será empregado da empresaterceirizante, mantendo com o tomador ape-nas uma relação de trabalho. Se ilícita, o vín-culo empregatício será formado diretamentecom o tomador de serviços, que será responsá-vel direto por todos os direitos trabalhistas eprevidenciários.

Dessa forma, a assinatura da Carteira deTrabalho e Previdência Social – CTPS, o paga-mento dos salários e das demais verbas a quetiver direito, bem como a aplicação de puni-ções, ficam sempre a cargo da prestadora. En-tretanto, se as obrigações trabalhistas não foremintegralmente cumpridas por esta, a cliente res-ponde de forma subsidiária pelo seu pagamen-to, mas apenas no período em que tiver se be-neficiado do trabalho. A cliente também pode-rá responder solidariamente como no caso defalência da empresa de trabalho temporário.

1Pessoalidade: Juridicamente o tomador contrata serviços– e não mão-de-obra – da empresa prestadora, não po-dendo vincular obrigatoriamente um determinado empre-gado dessa empresa prestadora ao serviço contratado.

Subordinação: É o prestador de serviços que contrata,demite, promove ou pune o empregado.

3 3TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

ABRANGÊNCIA DOS

SEGMENTOS

ASSEIO E CONSERVAÇÃO

O setor de Asseio e Conservação com-preende prestação de serviços terceirizados, pormeio de empresas especializadas, suprindo ne-cessidade de mão-de-obra para as atividades-meio do tomador de serviços.

Dentre outras funções, estão abrangidaspela categoria: porteiros e vigias em geral, in-clusive de condomínios e edifícios; faxineirosou serventes; limpadores de caixas-d’água; tra-balhadores braçais; agentes de campo; ascen-soristas; copeiros; capineiros; dedetizadores;limpadores de vidros; manobristas; garagistas;operadores de carga; auxiliares de jardinagem;contínuos ou office-boys; faxineiros de limpe-za técnica industrial; líderes de limpeza técni-ca industrial; recepcionistas ou atendentes.

SEGURANÇA E VIGILÂNCIA

É prerrogativa exclusiva das empresas desegurança regularmente constituídas a presta-ção dos serviços de segurança/vigilância2, ca-bendo apenas aos profissionais devidamentequalificados o exercício regular dos trabalhosem questão.

Exige-se para exercício profissional queo vigilante receba treinamento específico comreciclagens periódicas, só podendo exercer asatividades de segurança quando, comprovada-mente, não possuir antecedentes criminais. Ade-mais, devem ser preparados física e psicologi-camente para as funções que lhes são atribuí-das, por meio de cursos de formação, acompa-nhados e fiscalizados pela Polícia Federal, do-tada de arquivo que controla os vigilantes, ar-mamento e munição de todas as empresas re-gulares. Em relação ao vigia, essas condiçõesnão são exigidas.

Vigilância não é somente a segurança ar-mada, mas toda aquela atividade voltada à se-gurança de instalações e segurança física depessoas.

2A segurança armada, ou desarmada, tem sua regulamen-tação nas Leis n

os 7.102/83, 8.863/94 e 9.107/95, nos De-

cretos nos 89.056/83 e 1.592/95 e na Portaria nº 992/95.

3 4TERCEIRIZAÇÃO

TRABALHO TEMPORÁRIO

Diferentemente dos demais segmentostratados nesta Cartilha, o trabalho temporário,conforme definido na Lei nº 6.019/74, só se ca-racteriza como tal quando destinado a atendera uma necessidade transitória da empresa, de-corrente do afastamento ou impedimento de umempregado permanente por motivo de férias,auxílio-doença, licença-maternidade, etc., oua um acréscimo extraordinário de serviços daempresa tomadora (pico de produção).

O contrato entre a empresa de trabalhotemporário e a empresa tomadora ou clientedeverá ser obrigatoriamente escrito e dele de-verá constar expressamente o motivojustificador da demanda de trabalho temporá-rio. Tal contrato, com relação a um mesmo em-pregado, não poderá exceder de três meses,podendo ser prorrogado pelo período máximode três meses mediante comunicação ao órgãolocal do Ministério do Trabalho e Emprego.

O tomador deve estar atento para o fatode que o funcionamento da empresa de traba-lho temporário depende de registro no Ministé-rio do Trabalho e Emprego, sendo sua ativida-de a de colocar à disposição de outras empre-

sas, temporariamente, trabalhadores, devida-mente qualificados, por elas remunerados e as-sistidos. Assim, ao contratar um trabalhadortemporário, o tomador deverá observar essesrequisitos para que a “empresa de trabalho tem-porário” não venha a lhe acarretar transtornos.

3 5TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

Recomendamos os seguintes passos paracontratação de serviços pelos tomadores:

1º) dimensionar os serviços a seremcontratados em número de pessoal,especificando a função e a jornadade cada trabalhador no setor de ser-viço respectivo;

2º) solicitar propostas de posse do nú-mero de pessoas necessárias e res-pectivas jornadas;

3º) tomar as propostas apresentadascom discriminação de preços paracada trabalhador disponibilizado,observado o piso da categoria esta-belecido para cada função, e apli-car a tabela de encargos sociais etrabalhistas sobre os mesmos – parâ-metro fornecido pela Fundação Ge-túlio Vargas (Anexo – página 51).

As obrigações que emergem de qualquercontrato de prestação de serviços, além do pa-gamento de salário equivalente ao pisonormativo da categoria, discriminado em con-venção coletiva anualmente, e dos encargos so-ciais, são as seguintes:

• uniformes e Equipamentos de Prote-ção Individual – EPIs estimados empelo menos 3% sobre o piso salarial;

• vale-transporte (parte da empresa) es-timado em 14,25% sobre o piso sala-rial;

• Imposto de Renda Retido na Fonte de1% sobre o valor da nota fiscal;

• COFINS de 3% sobre o valor da notafiscal;

• PIS de 0,65% sobre o valor da notafiscal;

• ISSQN sobre o valor da nota fiscal,conforme percentual definido pelomunicípio;

• contribuição social de 8% sobre o lu-cro líquido apurado no exercício, eINSS de 20% sobre o valor do prolabore empresário, geralmente embu-tidos na taxa de administração.

A partir dessas alíquotas, da quanti-dade de trabalhadores e jornadas de-finidas, dos pisos salariais e dos en-cargos sociais e trabalhistas, é possí-vel ao contratante de serviços terceiri-zados obter um valor-referência docontrato a preço exeqüível. Os demais

CONTRATAÇÃO

3 6TERCEIRIZAÇÃO

fatores componentes do preço, já re-lacionados, serão a taxa de lucro, ma-terial de limpeza (se necessário), ho-ras extras e reflexos no repouso sema-nal remunerado, adicional de insalu-bridade/periculosidade quando for ocaso, adicional noturno e demaisproventos que tenham como base osalário normativo, além de obrigaçõesrelacionadas com a segurança e saú-de do trabalhador.

4º) analisar as propostas, desconsi-derando as que tenham apresenta-do valores incompatíveis com os demercado;

Exija do prestador de serviços odetalhamento máximo da proposta!

5º) verificar a idoneidade das empresasescolhidas.

Para essa verificação, o tomador deveráexigir do prestador de serviços:

• certidões atualizadas e negativas dedébito da empresa prestadora junto aoINSS, Receita Federal, prefeitura mu-nicipal e FGTS;

• contrato social e as alterações, comatenção para a composição societária;

• autorização de funcionamento e cer-tificado de segurança, expedidos pelaPolícia Federal e renovados anual-mente (apenas para o segmento segu-rança e vigilância).

Além disso, as seguintes fontes de infor-mação poderão ser utilizadas adicionalmente:

• sindicatos patronal e profissional, paraverificar se há alguma pendência;

• Departamento de Polícia Federal, nocaso de segmento segurança;

• apontamento junto ao PROCON;

• empresas ou condomínios para osquais a empresa prestadora executouou executa serviços, inclusive comvisita para avaliação do desempenhodo serviço.

O tomador deverá buscar inserir no con-trato com a empresa prestadora de serviços clá-usulas punitivas a serem aplicadas em caso dedescumprimento do mesmo. Outra alternativaseria a exigência contratual de garantias, taiscomo caução em dinheiro ou títulos de dívida

3 7TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

pública, fiança bancária ou seguro-garantia,para futura indenização trabalhista.

Porém, não bastam somente esses cui-dados para evitar prejuízos. É necessário omonitoramento mensal, conforme os procedi-mentos a seguir.

A contratante monitora a contratada me-diante a exigência da nota fiscal de serviços e,antes de seu pagamento, da cópia dos contra-cheques de cada trabalhador locado, assimcomo da guia de Fundo de Garantia do Tempode Serviço individualizada para cada contratoespecífico. Os protocolos de entrega de vales-transporte, uniforme e Equipamento de Prote-ção Individual – EPI também são importantes.

Como a mão-de-obra terceirizada pres-ta serviços nas dependências do tomador deserviços, mas com vínculo empregatício juntoà empresa prestadora, a Previdência Social e oMinistério do Trabalho e Emprego exigem a fis-calização dessas empresas pelos seus contra-tantes. Caso os tomadores de serviços sejam co-niventes com a sonegação de impostos, frau-des sociais e/ou trabalhistas, serão denuncia-dos como co-responsáveis nos respectivos pro-cessos previdenciários ou trabalhistas movidoscontra essas empresas. Essa co-responsabildadepode assumir a forma jurídica de responsabili-dade solidária ou subsidiária.

MONITORAMENTO

3 8TERCEIRIZAÇÃO

A responsabilidade solidária, como opróprio nome indica, refere-se à quitação dedívidas por sonegação previdenciária ou tra-balhista tanto pela prestadora de serviços quantopelo tomador de serviços. O empregado ou oFisco optará pela execução judicial de uma oudas duas empresas. A responsabilidade solidá-ria ocorre, por exemplo, no caso de falência daempresa de trabalho temporário.

A responsabilidade subsidiária refere-seà determinação para que o tomador de servi-ços responda pelas obrigações trabalhistas,quando estas não são cumpridas pela empresaprestadora de serviços. Ao contrário da respon-sabilidade solidária, que permite a execuçãode qualquer das empresas – tomadora ouprestadora –, na responsabilidade subsidiária,existem sempre dois devedores diferentes: umprincipal (no caso, a empresa fornecedora demão-de-obra), do qual tem de ser cobrada pri-meiro a dívida; e outro subsidiário (no caso, em-presa tomadora), que só pagará em caso deinadimplemento do primeiro.

Assim, além de escolher corretamenteuma empresa prestadora de serviços idônea nacontratação, o tomador deverá monitorá-la mêsa mês, arquivando os documentos fornecidos.

Resumindo, o tomador deverá mensal-mente:

1º) reter e recolher para o INSS;

2º) exigir os recibos de pagamento dossalários, férias e demais proventos,GFIP (Guia de Recolhimento doFGTS e Informações à PrevidênciaSocial), guia de Imposto Sobre Ser-viços – ISS, nota fiscal, recibos deentrega do vale-transporte;

3º) orientar os funcionários que lhe pres-tam serviços para que verifiquem seos depósitos do FGTS estão sendocorretamente efetuados na CAIXA(lembramos que o prazo para reco-lhimento pela prestadora é até o 7ºdia do mês subseqüente ao da pres-tação de serviços). Para tanto, bastauma visita a qualquer agência daCAIXA a cada três meses a fim deretirar o extrato analítico da conta.

Outros pontos que deverão ser verifica-dos pelo tomador:

1º) registro do empregado, quando dasua admissão ou substituição; se osalário contratado está sendo efeti-vamente pago;

3 9TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

2º) se os benefícios convencionados es-tão sendo efetivamente concedidos(ex.: cesta básica, seguro de vida,uniforme, etc.);

3º) se não há desvio na prestação deserviços em relação aos originaria-mente contratados.

Caso o contratante não cumpra seupapel fiscalizador, poderá arcar com aresponsabilidade solidária e subsidiária.

O grande trunfo do tomador está em exigirtoda a documentação ANTES de pagar a nota

fiscal mensal.

É importante saber que os contratantes(pessoas jurídicas de direito público, privado,misto e condomínios) terão de efetuar a reten-ção de 11% sobre as notas fiscais, faturas ourecibos, que forem pagas, referentes a serviçosprestados em suas dependências, e recolher jun-to ao INSS, nos termos da Lei nº 9.711/98 e Or-dem de Serviço INSS nº 209/99. A retenção foicriada para garantir o recolhimento ao INSS dascontribuições referentes aos empregados colo-cados no tomador de serviços, como procedi-

mento substituto da responsabilidade solidáriaanteriormente vigente. Para tanto, é imprescin-dível que o valor da nota fiscal seja “real”, com-patível com a folha de pagamento/encargos, re-lativa aos empregados disponibilizados. Ressal-tamos, porém, que o prestador de serviço con-tinua responsável pelo recolhimento normal dascontribuições previdenciárias relativas a estesempregados, inclusive da parte descontada dosegurado.

Diante da má conduta de alguns empre-gadores e condomínios em descontar do em-pregado e não recolher o INSS respectivo, ca-racteriza-se o ilícito penal da “apropriaçãoindébita”, pois, se houve o desconto em folha,o trabalhador cumpriu com sua contribuição,sendo obrigação do patrão – empresa ou con-domínio – efetuar o recolhimento do que já des-contou. Essas transgressões prejudicam a Pre-vidência Social (evasão de receita), podendotambém prejudicar o trabalhador, em termosde aposentadoria.

Por isso, é importante a conferência pelotomador de serviços da GFIP específica dos em-pregados nele alocados, que lhe deve ser apre-sentada pelo prestador do serviço. Explicare-mos o procedimento da retenção a seguir.

4 0TERCEIRIZAÇÃO

RETENÇÃO – INSS

A Lei nº 9.711/98, dando nova redaçãoao art. 31 da Lei nº 8.212/91, criou o procedi-mento denominado retenção em substituição àsolidariedade prevista na redação anterior, es-pecificamente com relação à contribuiçãoprevidenciária. Trata-se de uma antecipaçãocompensável da contribuição devida peloprestador de serviço. Não é novo ônus tributá-rio para o tomador do serviço, pois ele vai re-colher ao INSS o que reteve do valor da notafiscal a ser pago ao prestador. Também não énovo ônus para este, que compensará, quandodo recolhimento da sua contribuiçãoprevidenciária normal, o valor retido e recolhi-do pelo tomador.

Os serviços de limpeza, conservação, ze-ladoria, vigilância e segurança, executados me-diante cessão de mão-de-obra ou empreitada,assim como os serviços contratados com em-presa de trabalho temporário, estão sujeitos àretenção a partir de 1º.2.99 (art. 29 da Lei nº9.711, de 20 de novembro de 1998).

O procedimento de retenção, ora emtela, deverá ser aplicado aos casos de cessãode mão-de-obra e empreitada, definidos segun-

do os conceitos específicos do INSS, dispostosno art. 31 da Lei nº 8.212/91 (com a nova reda-ção da Lei nº 9.711/98) e no art. 219 do Regu-lamento da Previdência Social – RPS (Decretonº 3.048/99), normatizados pela Ordem de Ser-viço nº 209/99.

Para melhor esclarecimento, temos deapresentar o seguinte conceito específico dalegislação previdenciária:

Empreitada: É a execução de tarefa, obraou serviço, contratualmente estabele-cida, relacionada ou não com a ativida-de-fim da empresa contratante, nas suasdependências, nas da contratada ou nasde terceiros, tendo como objeto um fimespecífico ou resultado pretendido.

Existem algumas situações nas quais aretenção é dispensada:

a) quando o valor retido for menor doque R$25,00 (por nota fiscal/fatura/recibo);

b) o serviço for prestado pessoalmen-te pelo titular/sócio;

c) o faturamento da contratada no mêsanterior for menor ou igual a duasvezes o limite máximo do Salário deContribuição – SC;

4 1TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

d) a contratada não tiver empregado;

e) serviços relativos ao exercício deprofissão regulamentada prestadospessoalmente pelos sócios nas so-ciedades civis.

Observação: O valor do salário de con-tribuição é atualizado conforme tabelade salários de contribuição divulgadapelo INSS.

O prestador do serviço deverá destacar,na nota fiscal/fatura/recibo, o valor da reten-ção – INSS. A base de cálculo da retenção é ovalor bruto da nota fiscal/fatura/recibo, porémsão admitidas deduções dos valores referentesa material, equipamento, vale-transporte e vale-alimentação, observada a regulamentação doINSS.

O tomador do serviço deverá reter 11%do valor bruto da nota fiscal/fatura/recibo e re-colher ao INSS em nome do prestador do servi-ço, até o 2º dia do mês subseqüente ao da emis-são da respectiva nota fiscal/fatura/recibo. Essaretenção presume-se feita, e o INSS poderá co-brar do tomador o efetivo recolhimento, mesmoque ele não tenha feito a retenção quando dopagamento da nota fiscal, ainda que o prestadornão tenha efetuado o destaque do valor.

RETENÇÃO – IRF

O tomador de serviços deverá reter e re-colher, a título de Imposto de Renda na Fonte,1% sobre as importâncias pagas ou creditadaspela prestação de serviços de: limpeza e con-servação de bens imóveis, exceto reformas eobras assemelhadas; segurança e vigilância; elocação de mão-de-obra.

Fica dispensado o recolhimento quando ovalor do imposto for inferior a R$10,00 (dez reais),devendo este recolhimento ser efetuado no mêsem que o valor acumulado (somatório resultantedo valor do Imposto de Renda apurado nos mesesanteriores) ultrapassar R$10,00 (dez reais).

Está dispensada dessa retenção a empre-sa prestadora imune ou isenta. Também os con-domínios não estão obrigados a reter o Impos-to de Renda na Fonte. Da mesma forma, os ór-gãos, autarquias e fundações da administraçãofederal, quando pagarem rendimentos aosprestadores de serviços, ficam dispensados deefetuar tal retenção (Parecer Normativo CST nº37, de 24 de janeiro de 1972).

O recolhimento do valor retido deveráser efetuado até o 3º dia útil da semana subse-qüente à ocorrência da prestação de serviços.

4 2TERCEIRIZAÇÃO

Quaisquer dúvidas que surgirem duran-te o monitoramento poderão ser solucionadaspelos órgãos regulamentadores das respectivasnormas. Subsidiariamente, se surgirem confli-tos durante essa fase com a prestadora de ser-viços, procurar os sindicatos profissional e pa-tronal é uma boa alternativa para a solução deproblemas advindos da terceirização, a fim deque possam conduzir corretamente uma medi-ação desses conflitos, assim como tomar as pro-vidências legais que o caso possa requerer.

Até este ponto temos tratado das exigên-cias legais necessárias à atuação regular das em-presas.

Entendemos que a busca da qualidadena prestação de serviços vai além da sua meraregularização. Outros aspectos devem ser con-siderados, tais como: segurança e saúde no tra-balho e qualidade na terceirização de serviços.

A contratação de um preço além do mí-nimo pode se justificar em função desses as-pectos.

CONCLUSÃO DO

MONITORAMENTOSEGURANÇA E SAÚDE NO

TRABALHO E QUALIDADE NATERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS

4 3TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

Todos os trabalhadores têm direito a umtrabalho seguro e saudável, e também, no casode prestação de serviço e terceirização, devemser observadas as disposições do Capítulo V daConsolidação das Leis Trabalhistas e das Nor-mas Regulamentadoras – NR da Portaria nº3.214, de 8 de junho de 1978. A responsabili-dade solidária também é aplicada nas questõesrelacionadas com a segurança e a saúde dostrabalhadores. Dentre muitas, julgamos neces-sário ressaltar as seguintes obrigações:

1ª) Comissão Interna de Prevenção deAcidentes – CIPA: As CIPAs deve-rão ser constituídas pela empresacontratada, no estabelecimento deprestação de serviços, sempre quese enquadrar no disposto na NR-5.Seus membros serão eleitos entre osempregados daquele estabeleci-mento e, quando a empresa for dis-pensada de sua constituição, desig-nará um responsável pelo cumpri-mento dos objetivos da NR-5, po-dendo ser adotados mecanismos de

participação dos empregados, pormeio de negociação coletiva. Ha-vendo CIPA na empresa tomadora,os trabalhos das duas comissões po-derão ser integrados;

2ª) Programa de Controle Médico deSaúde Ocupacional – PCMSO: Todaempresa deve elaborar e imple-mentar o PCMSO conforme dispos-to na NR-7. O PCMSO da empresacontratada deve considerar, obriga-toriamente, os riscos existentes notrabalho a ser realizado para a em-presa tomadora. Embora a contra-tada possa ter um programa global,devem ser incluídas as ações relati-vas aos trabalhadores de cada novafrente de trabalho, em especial emcaso de riscos não-previstos anteri-ormente. Os exames de saúdeocupacional devem ser obrigatori-amente realizados à época da ad-missão, periodicamente conformeprevisto no PCMSO e por ocasiãoda rescisão do contrato de trabalho.Em todos os casos, o Atestado deSaúde Ocupacional – ASO deveráser emitido em duas vias, sendo a

SEGURANÇA E SAÚDE NOTRABALHO

4 4TERCEIRIZAÇÃO

segunda entregue ao trabalhadormediante recibo;

3ª) Programa de Prevenção de RiscosAmbientais – PPRA: Também é obri-gatório para todas as empresas, in-clusive as prestadoras de serviço efornecedoras de mão-de-obra. En-tretanto, nesses casos, devem sersempre considerados os riscos exis-tentes no ambiente de trabalho daempresa tomadora. Esta devedisponibilizar as informações neces-sárias ou o seu próprio PPRA paraque a contratada elabore o seu pro-grama. A adoção de medidas corre-tivas no local de trabalho cabe à em-presa tomadora, que é a responsá-vel pelo ambiente de trabalho;

4ª) Medidas de Proteção Coletiva eEquipamentos de Proteção Individu-al – EPIs: O empregador deve distri-buir gratuitamente e tornar obriga-tório o uso de EPIs adequados aosriscos a que estarão expostos os tra-balhadores, nas condições previstasna NR-6. Ressalte-se, entretanto,que as medidas de proteção coleti-va e correção do meio ambiente de

trabalho são prioritárias, e não de-vem ser substituídas pelo uso deEPIs. A contratada e a tomadora de-vem estabelecer comunicação cons-tante para o estabelecimento da ne-cessidade e adequação dos EPIs, de-vendo a contratada formalizar a co-municação dos riscos não previa-mente identificados para que pos-sam ser adotadas as medidas decontrole necessárias.

Em se tratando da atividade de segu-rança e vigilância prestada às insti-tuições financeiras, caberá aotomador de serviços a elaboração deplano de segurança que poderá sersubmetido à aprovação prévia da Po-lícia Federal e conter, no mínimo, trêsdispositivos de segurança, tais como:porta giratória, sistema de alarmes ecabina blindada (Lei nº 7.102/83 ePortaria nº 992/95);

5ª) Comunicação de Acidentes de Tra-balho – CAT: Na ocorrência de aci-dentes de trabalho, a tomadora de-verá comunicar imediatamente àcontratada para que a CAT seja emi-tida e sejam adotadas as providên-

4 5TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

cias previstas na legislação em vi-gor. A comunicação será feita aoINSS por intermédio do formulárioCAT, preenchido em seis vias, coma seguinte destinação:

• 1ª via – ao INSS;

• 2ª via – à empresa;

• 3ª via – ao segurado ou depen-dente;

• 4ª via – ao sindicato de classedo trabalhador;

• 5ª via – ao Sistema Único de Saú-de – SUS;

• 6ª via – à Delegacia Regional doTrabalho.

No item Apresentação, logo no iníciodesta Cartilha, fala-se em “êxito” na terceiri-zação de serviços. Mas que “êxito” é esse, bus-cado pelos tomadores de serviços, a ser obtidocom a terceirização? Como fazer para obtê-loquando da contratação e monitoramento de em-presas terceiras?

Embora varie de setor para setor e depen-da da natureza do serviço, a terceirização temsido buscada com os objetivos primeiros de:

a) redução de custos;

b) concentração de esforços dos toma-dores de serviços nas suas compe-tências principais, deixando de re-alizar serviços que consideram nãopossuir a tecnologia necessária ouserviços ditos de “apoio”.

Assim sendo, tem-se, por um lado, acontratação de serviços especializados ligadosà atividade-meio do tomador, que tem o objeti-vo de aumentar a produtividade e a qualidadedo seu produto ou serviço por meio do knowhow de empresas terceiras em atividades qua-

QUALIDADE NA

TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS

4 6TERCEIRIZAÇÃO

se sempre intensivas em tecnologia e de altovalor agregado.

Por outro lado, encontram-se as ativida-des objeto desta Cartilha, consideradas como“apoio” em que, com algumas exceções, o ob-jetivo principal dos tomadores de serviços coma terceirização é simplesmente a redução decustos. Essas atividades são quase sempre con-sideradas como “secundárias” e cuja contribui-ção, para a obtenção de uma melhor qualida-de e produtividade nos tomadores de serviços,é geralmente considerada mínima ouirrelevante.

Mas será que isso é verdade? Até queponto as atividades ditas de “apoio” tambémnão interferem na produtividade e na qualida-de do produto ou serviço gerado pelostomadores? Até onde vale a pena reduzir os“custos” pela contratação contínua pelos pre-ços mínimos? E, caso as respostas para essasquestões mostrem que existe um limite, ummeio termo a ser buscado pelos tomadores deserviços, que outros itens, além do preço, essesdevem verificar, buscar e exigir quando da es-colha da empresa terceira e durante o monitora-mento da mesma?

Para não ficar tentando responder a taisquestões de uma maneira abstrata e teórica, lon-ge da realidade das pessoas e empresas, estaparte da Cartilha pretende respondê-las pormeio da análise de casos reais coletados juntoa profissionais dos segmentos de asseio e con-servação e segurança e vigilância.3 Com basenesses casos, serão feitas algumas discussões,para mostrar aos tomadores de serviços o quemais, além do preço, deve-se buscar para atin-gir o tão almejado “êxito” na sua política deterceirização de serviços.

Caso 01: “Rotatividade, qualidade, cus-tos e competências principais”

Foram entrevistados uma ascensorista e umzelador de um edifício comercial que pos-sui 256 salas e cujo número médio de visi-tantes é na faixa de 800 pessoas por diaútil, com picos de até 2.000 pessoas. Esse

3O pesquisador, professor Rodrigo Magalhães Ribeiro,agradece a colaboração dos profissionais entrevistadosque, com sua experiência adquirida ao longo de anosde trabalho, puderam enriquecer esta Cartilha com ca-sos reais do dia-a-dia, que demonstram a necessidadede se fazer uma análise mais aprofundada para se esco-lher uma empresa terceira. O pesquisador agradece, tam-bém, aos sindicatos dos trabalhadores desses segmentospor auxiliarem na marcação das entrevistas com os pro-fissionais.

4 7TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

edifício tem cinco elevadores e uma porta-ria com dois porteiros. Ao falar sobre o seutrabalho, a ascensorista disse que, além delevar as pessoas ao andar desejado, ela cos-tuma fornecer informações sobre onde fi-cam determinadas salas: “Mas isso não éminha obrigação. Isso é função da porta-ria... quando não sei informar, mando a pes-soa para a portaria” – completou ela. O ze-lador, por sua vez, disse: “Ela deve conhe-cer somente uns 100 condôminos, os maisprocurados (...)”.

Percebe-se, nesse caso, que tanto a as-censorista como o zelador deram pouca impor-tância ao fato de ela conhecer somente “uns100 condôminos, os mais procurados...” Supon-do que as outras ascensoristas possuam os mes-mos cinco anos de serviço no prédio que a as-censorista entrevistada e, portanto, também co-nheçam os 100 condôminos mais procurados,é fácil deduzir que elas, juntas, devem forne-cer uma quantidade considerável de informa-ções aos visitantes do prédio durante um dia.Caso as ascensoristas não fizessem esse traba-lho informal, quantos porteiros a mais não seri-am necessários para dar tais informações?

Esse caso se mostra muito interessanteporque, sem uma análise mais aprofundada, amaioria dos tomadores de serviços diria que arotatividade de pessoal é problema da empresaterceira, que o que eles querem é somente teros cinco elevadores funcionando. Mas já se viuque não é bem assim... Somente o fato de ha-ver baixa rotatividade das ascensoristas possi-bilita a elas formar esse “arquivo mental” dassalas mais procuradas, abrindo espaço para re-dução de custos, devido ao alívio de trabalhopara a portaria, e para a melhoria da qualidadede atendimento aos visitantes do prédio (mui-tos deles “clientes” dos donos das salas...).

Além disso, quando chega um novato emseu setor, quanto tempo você não gasta, expli-cando como quer que as coisas sejam feitas?Isto é, menor rotatividade na empresa terceirasignifica também mais tempo livre para atomadora de serviços poder focar seus esforçosem suas competências principais, um dos ob-jetivos buscados com a terceirização.

Caso 02: “Estar vigilante, preparo pro-fissional, qualidade no atendimento e prejuí-zos”

4 8TERCEIRIZAÇÃO

O banco estava cheio, com filas muitos gran-des. Nesse momento, uma pessoa muito bemvestida aproximou-se de outra na fila queiria fazer depósito apresentando-se como ge-rente do banco, oferecendo-se para fazer odepósito direto na tesouraria. A pessoa, sa-tisfeita, passou-lhe o dinheiro e os cheques.O suposto gerente deu algumas voltas den-tro do banco e entrou na porta giratória emdireção à rua. Porém, o vigilante já vinhaacompanhando de longe tudo o que ocor-ria, percebendo a atuação do senhor, que,na realidade, não era gerente coisa nenhu-ma. Assim, no exato momento em que o fal-so gerente passava pela porta giratória, ele atravou, deixando-o preso até a chegada dapolícia, que o prendeu.

Dois pontos merecem destaque nessecaso. O primeiro ponto é o fato de o profissio-nal prestador de serviços não só ser um vigilan-te, mas estar vigilante a tudo que ocorria naagência. Caso ele estivesse preocupado comoutras coisas ou houvesse desvio de sua fun-ção (alguns contratantes põem vigilantes paradar informações, atender a fornecedores, etc.),talvez ele não tivesse conseguido prestar aten-

ção ao movimento das pessoas dentro da agên-cia. O segundo ponto, de suma importância,foi o preparo profissional do vigilante. A suaopção por prender o falso gerente na porta gi-ratória ao invés, por exemplo, de enfrentá-lo,evitou até uma troca de tiros, com possíveis mor-tos e feridos. Ao impedir que um cliente daagência fosse roubado dentro da mesma, o vi-gilante auxiliou o banco a prover melhor quali-dade no atendimento, além de o banco evitarprejuízos monetários e até de imagem, pela pos-sibilidade de ter seu nome associado a deslei-xo com a segurança patrimonial e pessoal deseus clientes.

ANÁLISE DOS CASOS APRESENTADOS

O que existe por trás da baixa rotativi-dade da ascensorista entrevistada, que se sen-tiu imprescindível para um melhor atendimen-to aos visitantes do prédio, para se reduziremcustos e para economizar tempo do tomadorde serviços? Resposta: Uma política de pessoalséria por parte da empresa terceira. Somenteassim ela tem chance de manter seu pessoal, jáque, com o passar do tempo, os empregadosganham experiência e se qualificam mais, co-meçando a buscar melhores oportunidades.

4 9TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

E no caso do vigilante? O que existe portrás da sua atenção ao que estava acontecendoe do seu preparo profissional, que foram a basepara que ele pudesse oferecer proteção ao cli-ente ao mesmo tempo em que evitava prejuí-zos ao banco? Resposta: Um suporte por parteda empresa terceira para que ele pudesse tra-balhar com qualidade. Mas que suporte seriaesse? Treinamento para obtenção de preparoprofissional e qualificação necessários, suportedado pelo monitoramento da empresa de se-gurança e vigilância4, apoio psicológico (con-siderando a “pressão” inerente à função) e, nemprecisava ser dito, pagamento em dia e paga-mento do que é determinado em lei e conven-ções coletivas.

Percebe-se claramente, por meio dessescasos reais, que a qualidade na terceirização,isto é, a qualidade da prestação de serviços queserá recebida pelo tomador está diretamente re-lacionada a aspectos qualitativos da empresaterceira, como sua política de pessoal, sistemas

de treinamento e suporte aos empregados, en-tre outros.

QUALIDADE NA TERCEIRIZAÇÃO:ANÁLISE FINAL

Com a “onda da terceirização”, criou-seum mito de que, ao terceirizar, a contratante selivraria de todas as questões relativas às ativi-dades terceirizadas e às pessoas ligadas a elas.Além disso, em todos os lugares a pressão porredução de custos vem sendo acompanhada pordemissões e por uma elevação da carga de tra-balho, fato que, às vezes, impede que os res-ponsáveis pela terceirização tenham o devidoconhecimento e tempo para analisar todos ospontos necessários. O mito de uma terceiri-zação “perfeita”, sem uma fiscalização por partedo contratante, já caiu por terra; a falta de co-nhecimento sobre como contratar, monitorar eobter qualidade está sendo suprida, em parte,por esta Cartilha.

Voltemos, então, aos objetivos buscadospela terceirização. Como um contratante podefocar seus esforços em suas competênciasprincipais se ele tem de gastar tanto tempo parachecar e exigir tudo isso das empresas terceiras?

4Segundo os entrevistados, “alguns fiscais costumam nãoatender às reclamações dos vigilantes quanto às condi-ções da arma e munição, troca de uniforme, etc., e, emalguns casos, tratam os vigilantes de maneira muito rude(...) Em vez de a fiscalização ser um ponto de ‘apoio’ aovigilante, ela (...) pode ser mais um ponto de ‘tensão’...”

5 0TERCEIRIZAÇÃO

E a redução de custos? Como obtê-la se há todoum custo nas tomadas de preços e nomonitoramento das empresas terceiras?

Como pontuado na análise do caso daascensorista, existem vários aspectos negativosassociados a uma alta rotatividade de pessoalna empresa terceira: perda de qualidade do ser-viço, aumento de pessoal e perda de tempo comconstantes períodos de treinamento e adapta-ção de novos empregados.5 Os tomadores deserviços, percebendo que, na prática, no dia-a-dia, as pessoas não são tão intercambiáveis comse imaginava, têm evitado a rotatividade daspessoas de duas formas:

a) manutenção dos empregados, mu-dando-se somente as empresasprestadoras que os contratam;

b) escolha e manutenção de uma em-presa terceira profissional que apre-sente baixos índices de rotatividade.

A opção de manter o empregado, alter-nando-se somente a empresa terceira, sujeita otomador a ter caracterizado o vínculo emprega-tício – pelo elemento pessoalidade – entre oempregado e sua própria empresa/condomínio,constituindo-se, portanto, em uma opção não-recomendável.

Resta, então, a opção de os tomadoresde serviços selecionarem e manterem empre-sas terceiras profissionais, que se distingam dasdemais nos vários aspectos abordados nestaCartilha. Assim sendo, sugere-se primeiramen-te aos tomadores de serviços que façam a sele-ção das empresas terceiras ao longo do tempo,buscando verificar conjuntamente a idoneida-de e o profissionalismo da empresa – analisa-dos nos itens de “contratação” e “monitoramento”– e aspectos mais qualitativos, como as condi-ções gerais às quais as pessoas das empresasterceiras estão submetidas, comentados na aná-lise dos casos. Uma maneira fácil de verificaressas “condições gerais” é se colocar no lugardo funcionário da empresa terceira. O que valepara você vale também para as pessoas que es-tão trabalhando para as empresas terceiras...

5Esses mesmos aspectos negativos ocorrem na troca cons-tante de empresas terceiras e dos empregados a ela vin-culados, podendo-se adicionar outros aspectos negati-vos nesse caso, tais como os custos tangíveis e intangí-veis associados às constantes tomadas de preços egerenciamento das mudanças e de seus impactos naspessoas e nos trabalhos prestados. Outro problema é queessa rotatividade de empresas terceiras tem sido feita,geralmente, tendo-se o preço como parâmetro único.Assim sendo, ao selecionar continuamente pelo preçomínimo, sem levar em conta outros aspectos, como oque a empresa oferece aos seus empregados, o tomadorde serviços age contra a melhoria dos serviços que iráreceber.

5 1TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

À medida que essa seleção das empre-sas terceiras ocorrer um pouco na base da “ten-tativa e erro” mesmo e muito devido a um es-forço contínuo de análise e comparação, ostomadores de serviços conseguirão encontrarempresas que realmente tenham a prestação deserviços como sua competência principal. Con-seqüentemente, eles poderão tirar proveito daseconomias de escala, sistema de treinamentomais organizado, estrutura mais “azeitada”, etc.,advindos da especialização das empresas ter-ceiras.

Após a etapa de seleção, sugere-se aotomador de serviços tentar estabelecer em con-junto com a empresa terceira relação comercialmais a longo prazo. Assim, evita-se a já comen-tada rotatividade de empresas terceiras e os cus-tos daí advindos. Além disso, espera-se que osprocedimentos de monitoração fiquem mais efi-cientes no decorrer do tempo e que os proble-mas sejam resolvidos mais facilmente, uma vezque as pessoas de ambas as partes saberão aquem procurar para resolvê-los rapidamente.Tudo isso, em conjunto, abre espaço para redu-ção de custos e para que o tomador economizetempo e esforço para seus negócios. Enfim, abreespaço para que os tomadores de serviços te-

nham como retorno da terceirização um serviçode qualidade até superior ao que era feito inter-namente, e a custos menores.

Mais qualidade e menos custo! Porém,não confunda custos inferiores aos seus custosinternos, prezado tomador de serviços, com o“menor preço da praça”! Esta Cartilha já de-monstrou, em todas as suas partes, que existelimite para a redução de custos na terceirização,tanto em termos quantitativos como em termosqualitativos. Isto é, o “menor preço da praça”pode se transformar em maior custo, proble-mas legais, trabalhistas, previdenciários, aindamais a serem assumidos por uma qualidade du-vidosa.

Por fim, vale lembrar que a razão de serdesta Cartilha é real e concreta: ela foi criadapara orientar os tomadores de serviços nos seg-mentos de asseio e conservação, segurança evigilância e trabalho temporário, visto o elevadí-ssimo número de problemas verificados pelossindicatos patronais e de empregados e por ór-gãos do poder público. Com esta Cartilha, acre-dita-se que os aspectos mais relevantes daterceirização nesses segmentos foram, portan-to, cobertos.

5 2TERCEIRIZAÇÃO

Agora, uma vez devidamente orientado,cabe a você, tomador de serviços, pessoa jurí-dica legalmente constituída, decidir que cami-nhos seguir dentro de sua política deterceirização. A escolha é sua, como tambémo são as boas (ou más) conseqüências daíadvindas!

5 3TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

ANEXO

TABELAS BÁSICAS DE ENCARGOS SOCIAIS E TRABALHISTAS– SEGMENTO ASSEIO E CONSERVAÇÃO –TABELA DE ENCARGOS SOCIAIS E TRABALHISTAS

GRUPO A – ENCARGOS BÁSICOSTítulo do Encargo Alíquota (%)

INSS 20,00FGTS 8,00SESC 1,50SENAC 1,00SEBRAE 0,60INCRA 0,20Salário-Educação 2,50Seguro-Acidente de Trabalho 2,00Total do Grupo A 35,80

GRUPO B – ENCARGOS TRABALHISTASTítulo do Encargo Alíquota (%)

Férias 15,17Auxílio-Enfermidade 1,90Faltas Legais 0,76Licença-Paternidade 0,01Acidente de Trabalho 0,32Aviso-Prévio Trabalhado 0,3413º Salário 11,53Total do Grupo B 30,03

5 4TERCEIRIZAÇÃO

GRUPO CTítulo do Encargo Alíquota (%)

Indenização para Rescisão Sem Justa Causa 3,04Aviso-Prévio Indenizado 14,03Indenização Adicional (reflexos do avisoprévio nas férias e 13º Salário)

0,56

Total do Grupo C 17,63

GRUPO D – INCIDÊNCIA CUMULATIVATítulo do Encargo Alíquota (%)

Incidência Cumulativa (Grupo A x B) 10,75Total dos Encargos (A + B + C + D) 94,21Fonte: Fundação Getúlio Vargas

SEGMENTO SEGURANÇA E VIGILÂNCIA

TABELA DE ENCARGOS SOCIAIS E TRABALHISTAS

GRUPO A – ENCARGOS BÁSICOSTítulo do Encargo Alíquota (%)

INSS 20,00FGTS 8,00SESC 1,50SENAC 1,00SEBRAE 0,60INCRA 0,20Salário-Educação 2,50Seguro-Acidente de Trabalho 3,00Total do Grupo A 36,80

5 5TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

GRUPO B – ENCARGOS TRABALHISTASTítulo do Encargo Alíquota (%)

Férias 14,92Auxílio-Enfermidade 1,96Faltas Legais 0,75Licença-Paternidade 0,09Acidente de Trabalho 0,14Aviso-Prévio Trabalhado 0,1013º Salário 11,35Total do Grupo B 29,21

GRUPO CTítulo do Encargo Alíquota (%)

Indenização para Rescisão Sem Justa Causa 2,69Aviso-Prévio Indenizado 12,41Indenização Adicional (reflexos do avisoprévio nas férias e 13º salário)

0,59

Total do Grupo C 15,69

GRUPO D – INCIDÊNCIA CUMULATIVATítulo do Encargo Alíquota (%)

Incidência Cumulativa (Grupo A x B) 10,75Total dos encargos (A + B + C + D) 92,45Fonte: Fundação Getúlio Vargas

5 6TERCEIRIZAÇÃO

TRABALHO TEMPORÁRIO

TABELA DE ENCARGOS SOCIAIS E TRABALHISTAS

GRUPO A – ENCARGOS BÁSICOSTítulo do Encargo Alíquota (%)

INSS 20,00FGTS 8,00Salário-Educação 2,50Seguro-Acidente de Trabalho 2,00Total do Grupo A 32,50

GRUPO B – ENCARGOS TRABALHISTASTítulo do Encargo Alíquota (%)

Férias Proporcionais 8,331/3 Férias 2,78Faltas Legais 0,76Salário 8,33Encargos 13º Salário 2,71FGTS na Rescisão Antecipada 3,20Total do Grupo B 25,35

GRUPO CTítulo do Encargo Alíquota (%)

Auxílio-Doença 1.25Auxílio-Acidente 1,25Total do Grupo C 2,50

5 7TRABALHO TEMPORÁRIO E ORIENTAÇÃO AO TOMADOR DE SERVIÇOS

GRUPO D – INCIDÊNCIA CUMULATIVATítulo do Encargo Alíquota (%)

Incidência do Grupo A sobre o C 0,81Incidência do Grupo B sobre o C 0,63Higiene e Segurança do Trabalho 0,44Total dos Grupos A, B, C e D 62,23

ENCARGOS FISCAIS SOBRE TOTAL DA NOTA FISCAL

Título do Encargo Alíquota (%)

ISS (conforme percentualdefinido pelo município)

PIS 0,65COFINS 3,00Imposto de Renda 1,00

Custos indiretos/taxa de administração a critério de cadafornecedoraFonte: Fundação Getúlio Vargas


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