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Manual do Companheiro

Manual do Companheiro

Franco Maom

Estudo Interpretativo dos Smbolos e Alegorias

Do Segundo Grau Manico

Este segundo grau no qual fostes admitido, o resultado natural dos vossos esforos; primeiramente: tendo aprendido, tereis de provar, ou seja, demonstrar na prtica, com uma atividade fecunda, os vossos conhecimentos e reconhecimentos interiores. Nisso essencialmente se insere a qualidade de Companheiro, ou obreiro da inteligncia construtora, no qual se converteu como resultado de um aprendizado fiel e perseverante.

Sua iniciao efetiva nessa arte, como obreiro ou artista, o faz companheiro de todos os que praticam em comunho de ideais e objetivos, compartilhando o po dos conhecimentos e capacidades, adquiridos por meio do estudo e da experincia, como resultado dos esforos numa atividade til e construtiva.

O sentimento de solidariedade ou companheirismo que nasce de to ntima comunho, , e deveria ser a caracterstica fundamental deste grau manico. O aprendiz, em virtude de seus conhecimentos ainda rudimentares, e de sua incapacidade simblica para uma obra realmente eficiente, por no ter sido ainda provadas sua perseverana e firmeza de propsitos, no pode sentir ainda esta solidariedade que nasce do sentimento de igualdade com os que praticam a Arte; sendo que deve esforar-se constantemente para estar alinhado com os Princpios, e poder chegar assim em nvel com aqueles que se estabeleceram nos mesmos.

A liberdade o ideal e a aspirao do Aprendiz, cujos esforos se dirigem principalmente a libertar-se dos julgo das paixes, dos erros e vcios; j que cada vcio um vnculo que o detm, retardando o seu progresso. Por meio do esforo vertical, simbolizado pelo prumo (em sentido oposto gravidade das propenses negativas que constituem a polaridade inferior de seu ser), chega a conquistar aquela liberdade que s se encontra na fidelidade aos Ideais, Princpios e Aspiraes mais elevados de nosso ser.

A igualdade deve ser a caracterstica principal do Companheiro que aspira elevar-se interiormente at o seu mais elevado Ideal e, em conseqncia, ao nvel dos que se esforam no mesmo caminho e para as mesmas finalidades. Enquanto para a fraternidade no pode ser, se no o resultado de haver-se identificado de uma maneira ainda mais ntima com seus irmos, quaisquer que sejam as diferenas exteriores que, como barreiras, aparentam elevar-se algumas vezes entre os homens.

Sem dvida, o aprendizado que o Aspirante terminou simbolicamente, ao ser admitido no segundo grau, ainda no est concludo: onde quer que estejamos e em qualquer condio, em qualquer grau manico no deixamos de ser aprendizes, porque sempre temos algo a aprender. E este desejo ou atitude para aprender a condio permanente de toda possibilidade de progresso interior.

Porm qualidade de aprendiz deve agregar-se algo mais: a capacidade de demonstrar e colocar em prtica em atividade construtiva os conhecimentos adquiridos, e por meio desta capacidade realizadora como se chega a converter-se em verdadeiros Companheiros. Igualmente, a capacidade de alcanar um estado mental de firmeza, perseverana e igualdade no os dispensa da necessidade de seguir esforando-se para estar constantemente em prumo com os seus ideais, princpios e aspiraes espirituais.

Cada grau manico simboliza, pois, uma condio, qualidade, prerrogativa, dever e responsabilidade que se somam s precedentes sem que nos dispensem de cumprir com as mesmas. Portanto, qualidade de Companheiro deve agregar-se a de Aprendiz de maneira que, sem que cesse o esforo de aprender e progredir, esta atividade se faa fecunda e produtiva, segundo o expressa o sentido da palavra que indica a passagem do primeiro ao segundo grau.

Assim pois, por haver sido admitido em um grau superior, no deveis esquecer vossa instruo de Aprendiz, nem tampouco deixar de continuar estudando e meditando o simbolismo do primeiro grau: o malho, o cinzel e o esquadro no so menos necessrios pelo fato de que aprendestes tambm o uso do compasso, da alavanca e da rgua, que os complementam, porm no os substituem.

Cada grau manico , sobre tudo, um novo grau de compreenso da mesma doutrina, um grau situado alm da capacidade no uso dos mesmos instrumentos, cujas infinitas possibilidades dependem somente de nosso desenvolvimento interior. Com o mesmo malho e cinzel, far o humilde canteiro ao princpio de sua carreira, uma pedra toscamente lapidada; o obreiro esperto um trabalho muito mais proveitoso para os objetivos da construo; um artista de maior habilidade saber fazer dela um capitel ou outra obra ornamental. Porm o escultor que sabe expressar na mesma pedra um ideal de beleza, far dos mesmos instrumentos um uso infinitamente superior, e o valor de sua obra ser por certo muito maior.

O mesmo ocorre com os graus manicos, caracterizados tanto por uma maior capacidade no uso dos primeiros e fundamentais instrumentos da Arte, como por novos instrumentos simblicos desconhecidos nos primeiros graus. Porm, o uso sempre perfeito dos instrumentos elementares, o que torna teis e proveitosos os demais instrumentos, que de nada serviriam, para aqueles que no tivessem aprendido ainda a manejar os primeiros.

No esqueais, portanto, ao ingressar nessa segunda etapa de vossa carreira manica, que todo vosso progresso nela, como na sucessivas, dependem de vossa crescente capacidade de interpretar os elementos fundamentais do simbolismo da Arte, aprendendo a viv-los e realiz-los de uma forma sempre mais perfeita e proveitosa; j que cada grau no outra coisa que uma melhor, mais iluminada, elevada e profunda compreenso e realizao do programa de Aprendiz, que ser para sempre a base do Edifcio Manico, dado que no seu simbolismo est concentrada toda a doutrina que se desenvolve e se explica nos graus sucessivos.

PRIMEIRA PARTEO DESENVOLVIMENTO HISTRICO DAMAONARIA MODERNAO grau de Aprendiz, busca a resposta pergunta (de onde viemos?) e a esse grau compete o estudo das origens primeiras da nossa ordem, as quais tivemos buscando no primeiro Manual desta srie, assim tambm especial a competncia do segundo grau simblico em responder pergunta (quem somos ?), estudando a histria da Maonaria Moderna.

Os princpios da Maonaria, conforme os conhecemos atualmente, se devem principalmente ao estado de decadncia em que se encontravam, ao fim do sculo XVII, os antigos grupos de construtores, assim como as demais corporaes de ofcio, que tinham florescido nos sculos anteriores, alcanando o seu apogeu prximo ao fim da idade mdia. As causas dessa decadncia foram por um lado a diminuio do fervor religioso que seguiu a Reforma, de maneira que a construo das igrejas foi cedendo seu lugar a outros edifcios profanos, tanto pblicos como privados; e tambm por um grau maior de especializao dos operrios nos respectivos trabalhos, e a falta de convenincia por parte desses, de seguirem reunindo-se em associaes organizadas para a prtica de uma arte determinada.

Precisamente por esta razo, no mesmo sculo XVII, havia se estendido a prtica de admitir nos grupos de construtores, membros honorrios (maons aceitos), ainda inteiramente estranhos prtica da arte de construir, porm que cooperavam para proverem materialmente e moralmente esses grupos. O dia em que estes maons-aceitos comearam a prevalecer sobre os de ofcios, e se lhes concederam cargos de direo (dos quais estavam excludos anteriormente), foi precisamente o ponto que assinalou a transformao conhecida com nome de maonaria operativa em especulativa; ainda que o desenvolvimento de um carter teve de ser mais gradual, entretanto de nenhuma maneira necessariamente implicado pela presena dos membros honorrios, apesar do nmero destes.

A GRANDE LOJA DE LONDRESAssim foi que, em 1717, os escassos membros remanescentes de quatro lojas londrinas, que tinham os seus lugares de permanncia (segundo o costume naquela poca), em quatro diferentes hospedarias, decidiram celebrar juntos na hospedaria do Manzano sua reunio anual de 24 de junho (dia de So Joo Batista). Nessa reunio, que depois se tornou tradicional por essa razo histrica, sem que os seus participantes pudessem dar-se conta disso, tratando de buscar uma soluo para as suas condies, que nos ltimos tempos se encontravam cada vez menos prsperas. Os presentes decidiram juntar-se na, que depois (em 1738) passaram a chamar uma Grande Loja, elegendo para presidi-la oficiais especiais, que deviam promover a sua prosperidade. Esses foram: Antnio Sayer, homem desconhecido e de modesta condio, inteiramente estranho ao ofcio de pedreiro, que foi nomeado Gro Mestre; Jacob Lamball, carpinteiro; Jos Elliot, capito; foram eleitos grandes vigilantes1.

Dados que essas Lojas no eram as nicas ento existentes (algumas das outras, como de Preston chegaram at os nossos dias) no h dvida de que de nenhuma maneira poderia tratar-se ento de eleger a um "Gro Mestre dos Maons", que para tal no tinham autoridade, se no apenas dessas quatro Lojas, no se podendo sequer assegurar-se que tal ttulo foi efetivamente utilizado nessa ocasio, ainda que poderia muito bem ter sido; com esta atribuio restrita. Sem dvida, somente depois, e por mrito de homens que, sob diversas circunstncias foram atrados essa "Grande Loja", que as denominaes de Gro Mestre e Grande Loja adquiriram real significado e importncia.

O desenvolvimento futuro de nossa Instituio, a partir dessa modesta reunio, no estava de nenhuma forma condicionado mesma, e s se deve Fora Espiritual que aproveitou e vivificou esse pequeno e modesto agrupamento do qual brotou um movimento que se estendeu para toda a superfcie da terra. Sempre so, pois, as idias, as que operam no mundo, por sobre os indivduos que se fazem seus meios, veculos e instrumentos. na fora das idias, que animam e inspiram os homens, que se deve todo o progresso e toda a obra ou instituio de alguma importncia, por traz daqueles que aparecem exteriormente como seus fundadores e expoentes.

No que particularmente se refere Maonaria, no h dvida que suas origens mais verdadeiras, vo muito alm desses homens de boa vontade e de medocre inteligncia que unicamente se preocuparam em salvar suas lojas da decadncia que as ameaava, por meio da unio das mesmas. Deve-se buscar essas origens na Idia Espiritual central, que oculta no seu cerne, o verdadeiro segredo manico, assim como das demais idias relacionadas com aquela, das quais se fez, em diferentes momentos e circunstncias especiais.

A essa idia central, ainda oculta e secreta para a maioria de seus adeptos, tambm devemos o conjunto de tradies, alegorias, smbolos e mistrios, que tem vindo se apropriando, e em parte criando e modificando, para embelezar e dar maior brilho a seus trabalhos, cujas origens, como a de seus cerimoniais, so antiqussimos, tendo nos sido transmitindo atravs de diferentes civilizaes que se desenvolveram sucessivamente sobre o nosso planeta. Desse ponto de vista est perfeitamente justificado o empenho dos primeiros historiadores manicos, comeando com Anderson, e dos que fizeram ou adaptaram os seus rituais, para relacionar nossa instituio com todos os movimentos espirituais e tradies msticas iniciticas da antigidade, segundo tambm tratamos de faze-lo no manual do Aprendiz.

Pois se certo que a Maonaria Moderna tem sua iniciao nessa fortuita agremiao de quatro Lojas que juntando-se, puderam salvar-se da dissoluo a que pareciam inevitavelmente destinadas - como so todas as coisas que no sabem renovar-se quando chega o momento oportuno - e que, dessa maneira prosperaram muito alm de suas expectativas, no menos certo que souberam recorrer em segredo a herana de todos os segredos, mistrios e tradies, assim como souberam fazer-se o receptculo das grandes e nobres idias que constituem um fermento vital e um impulso renovador no meio em que atuavam.

E se pela natureza da obra pode-se reconhecer o artista que a concebeu e realizou, julgamos a Maonaria pela mstica beleza de seu conjunto simblico- ritual, a essa obra sem dvida no se pode dar outro qualificado que no o de Magistral. em sua essncia mais ntima e profunda, qualquer que possa ser sua filiao exterior e aparente, no pode ser se no Obra de Mestre na acepo mais profunda da palavra. Essa essncia ntima o Logos, ou verdadeira palavra que deve buscar-se em toda Loja Justa e Perfeita, a idia espiritual que nela se deve realizar.

Essa mesma idia, cujas latentes possibilidades foram depois se desenvolvendo - a maioria delas esperam ainda a oportunidade para vir luz - tem sido a semente da rvore poderosa que representa a Maonaria Moderna : um meio destinado ao reconhecimento e prtica da fraternidade, um crisol de idias e um movimento libertador das conscincias e dos povos.

PRIMEIROS DIRIGENTESNas sucessivas assemblias solsticiais de 1718 e 1719 foram eleitos Grandes Mestres da Grande Loja de Londres, respectivamente, Jorge Payne e Juan Tefilo Desagulier, o primeiro dos quais tomou novamente o malhete presidencial de 1720.

A esses dois homens se devem, o nascimento da Grande Loja e o impulso espiritual renovador, assim como as linhas ideolgicas que depois caracterizaram a Maonaria Moderna. O primeiro, ex-funcionrio governamental, homem muito ativo, enrgico e de posies liberal, parece haver sido levado sociedade, a que levou o prestgio de sua personalidade e de suas numerosas relaes sociais, por sua afeio pelas antigidades. O segundo, nascido em La Rochelle e filho de um pastor Hugonote, telogo e jurista, amigo pessoal de Newton e vice-presidente da Real Sociedade de Londres, contribuiu sobre tudo, especialmente em colaborao com Anderson, para o desenvolvimento de sua parte ideolgica.

Esses tambm foram os que atraram para a Sociedade outras eminentes personalidades como Duque de Montague quem, em 1721, aceitou a nomeao de Gro-Mestre, sucedendo G. Payne. A eleio, feita com a representao de 12 Lojas, de um membro da nobreza, foi sem dvida muito acertada quanto ao objetivo de assegurar para a Ordem prestgio e prosperidade material: tornou-se, pois, moda o pertencer Maonaria, buscando-se nela uma espcie de ttulo de reputao e honradez.

Se fez ento necessria a formulao de uma maneira mais clara e completa dos estatutos e regulamentos da Ordem, sobre a base das antigas Constituies colecionadas por G. Paynes, e das "General Regulations " compiladas pelo mesmo no segundo ano de sua presidncia. Desta forma, o Duque de Montague solicitou ao Rev. Jaime Anderson, que foi valiosamente assistido em sua obra por G. Paynes e J. T. Desagulier, para os quais colocou "as antigas constituies Gticas" em uma forma nova e melhor.

Assim nasceu o Livro das Constituies dos Franco-Maons, tratando da histria, deveres e regulamentos daquela antiqussima e mui-venervel Fraternidade. O manuscrito foi examinado pela primeira vez por uma comisso de 14 Irmos, nomeada no fim do mesmo ano de 1721 pelo Duque Montague, e foi aprovado em 25 de maro seguinte, com as emendas sugeridas pelos mesmos, depois do que ordenou a sua impresso, estando 24 Lojas representadas na assemblia.

O livro foi publicado e foi presenteado solenemente por Anderson na assemblia da Grande Loja que se verificou no dia 17 de janeiro de 1723, sendo ento confirmado e proclamado Gro-Mestre o Duque de Wharton, quem se havia feito nomear como tal no dia 24 de junho do ano anterior, numa assemblia convocada irregularmente por ele mesmo. Foi sucedido pelo Conde de Dalkeith, continuando-se depois com o mesmo costume de eleger-se para o cargo de Gro-Mestre um membro destacado da nobreza.

A CONSTITUIO DE ANDERSONA Obra de Anderson foi sempre considerada nos ambientes Manicos com muita benevolncia, sem indagar-se at que ponto seu livro das constituies correspondia com a Obra "Las Antiguas Constituciones Gticas" que no nos foram transmitidas, e passando por cima das faltas, erros, omisses e invenes que pudessem conter.

A histria legendria das origens Manicas que aqui se relata, repousa, como natural, sobre A Bblia, livro que para os povos anglo-saxos foi sempre objeto especial de venerao. Caim e seus descendentes como os descendentes de Seth, se consideram como os primeiros edificadores, mencionando-se a continuao a Arca de No, que mesmo sendo de madeira foi fabricada segundo os princpios da geometria e das regras da Maonaria.

No e seus trs filhos foram, assim, "verdadeiros Maons que, depois do dilvio, conservaram as tradies e artes dos antediluvianos e a transmisso ampla a seus filhos. Depois do qual, se menciona os Caldeus e os Egpcios e aos descendentes de Jafet que emigraram as ilhas "Gentiles", como todos igualmente hbeis na Arte Manica. Considera-se os israelenses, ao sair do Egito, como todo um povo de maons, bem instrudos sob a liderana de seu Gro-Mestre, Moiss, que as vezes os reuniu numa loja geral e regular".

Finalmente se fala na construo do Templo de Jerusalm, por Salomo, sendo Hiran o Mestre da Obra. Tambm a Nabucodonosor, depois de haver destrudo e saqueado esse mesmo Templo, lhe atribudo haver posto o seu corao na Maonaria, construindo as muralhas e os edifcios da sua cidade, auxiliado pelos hbeis artfices da Judia e de outros pases que haviam sido levados cativos para a Babilnia.

Tambm cita-se os gregos, a Pitgoras, os Romanos e os Saxes, que com natural disposio para a maonaria, apressaram-se a imitar os Asiticos, Gregos e os Romanos na instalao de Lojas, traando-se uma histria sumria sobre o desenvolvimento da Arte manica na Inglaterra.

Somente na segunda edio da obra, redigida no ano de 1738, se dava escassas notcias sobre a fundao da primeira Grande Loja que teve lugar em 1717, dizendo-se somente na primeira edio que naquela poca, em Londres e em outros lugares floresciam diversas e dignas lojas individuais que celebravam um conselho trimestral e uma junta geral anual para nelas conservar sabiamente as formas e os usos da mui antiga e venervel Ordem, cuidar devidamente a Arte Real e conservar a argamassa da Fraternidade, afim de que a Instituio parecesse uma abbada bem ajustada.

DEVERES MANICOSSegue uma compilao dos Deveres de um Franco-Mao "retirados de antigos documentos", que tratam:

1. 1. de Deus e da religio,

2. 2. do chefe de estado e dos seus subordinados,

3. 3. das Lojas,

4. 4. dos Mestres, Vigilantes, Companheiros e Aprendizes,

5. 5. dos trabalhos das Oficinas,

6. 6. da conduta em Loja bem como fora da mesma, em passos perdidos, em presena de profanos, no lar e na vizinhana.

No que concerne a Deus e Religio dizem : "um maom est obrigado, como tal, a obedecer a lei moral; e, se bem compreende a Arte, nunca se ser um ateu estpido, nem um libertino irreligioso.

"Ainda que, antigamente, os maons estiveram obrigados, em cada pas, a praticar a correspondente religio, qualquer que fosse, estima-se atualmente oportuno que se lhes imponha outra religio, fora daquela sobre a qual todos os homens esto de acordo, deixando-lhes toda a liberdade no que concerne as suas opinies particulares. Assim, pois, suficiente que sejam homens bons e leais, honrados e probos, qualquer que sejam as confisses e convices que os constituam".

"Assim a maonaria ser o centro de unio e o meio para estabelecer uma sincera amizade entre pessoas as quais, fora dela, sempre estiveram mantidas mutuamente afastadas".

Sobre o assunto da autoridade civil escreve : "O Maom um sujeito tranqilo diante dos poderes civis, em qualquer lugar em que resida ou trabalhe; nunca deve estar implicado em compls e conspiraes contra a paz e contra a prosperidade da nao, nem comportar-se incorretamente com os magistrados subalternos, porque a guerra, o derramamento de sangue e as insurreies foram em todo o tempo funestas para a Maonaria ...

"Se algum Irmo viesse a insurrecionar-se contra o estado, deveria se cuidar de favorecer sua converso, ainda que tendo piedade dele, com um desgraado. Sem dvida, se no est envolvido em nenhum outro crime, a leal fraternidade, ainda que desaprovando sua rebeldia, fiel ao governo estabelecido, sem dar-lhe motivo de desconfiana poltica, no poderia expuls-lo da Loja, j que suas relaes com ela so indispensveis ".

E sobre a conduta na Loja nos recomenda : "que vossos desgostos e pleitos no passem nunca do umbral da Loja; mais ainda : evitar as controvrsias sobre religio, nacionalidades e poltica, pois, em nossa qualidade de maons no professamos mais que a Religio Universal antes mencionada. Por outro lado, somos de todas as naes, de todos os idiomas, de todas as raas, e se excluirmos toda poltica por razo de que nunca contribuiu no passado para a prosperidade das Lojas, nem o far no futuro ".

A ESSNCIA DA MAONARIA MODERNADestes estratos se depreende a orientao estabelecida naquele tempo pelo movimento que produziu a maonaria moderna cujos princpios fundamentais podem ser formulados, como se segue:

1) um reconhecimento implcito da Universalidade da Verdade acima de toda opinio crena, confuso ou convico.

2) a necessidade de obedecer a lei moral, como caraterstica e condio "sine qua non" da qualidade de maons.

3) a prtica da tolerncia em matria de crenas, opinies e convices.

4) o respeito, o reconhecimento e a obedincia s autoridades constitudas, desaprovando-se toda forma de insurreio ou rebeldia, ainda que no se considere como crime que merea a expulso da Loja.

5) a necessidade de fazer nas Lojas um trabalho construtivo, buscando o que une os Irmos e fugindo daqueles que os dividem.

6) A prtica de uma fraternidade sincera e efetiva, sem distino de raa, nacionalidade e religio, deixando fora das Lojas toda luta, questes ou diferena pessoal.

7) Considerar e julgar os homens por suas qualidades interiores, espirituais, intelectuais e morais, muito mais que pelas distines exteriores da raa, posio social, nascimento e fortuna.

A promulgao destes princpios realmente universais (que constituem a essncia do humanismo e cuja perfeita aplicao faria desaparecer todas as diferenas entre os homens, todo motivo de luta e de inimizade, fazendo reinar em toda a parte a Harmonia e a Paz), no livro de Anderson foi o que atraiu Sociedade um nmero crescente de simpatizantes e ocasionou sua rpida expanso e difuso em todos os pases.

Todos os idealistas se sentiram no dever de colaborar com ela, encontrando na mesma um campo de ao e uma riqueza exterior, apropriados para expressar e realizar suas particulares idias e propsitos. Assim foi como convergiram a ela os homens mais distintos da poca e se concentraram muitos esforos at ento isolados e separados.

MULTIPLICAO DAS LOJASPor um duplo impulso da exposio dos Princpios e de prestgio pessoal de seus Grandes Mestres, assim como dos que se haviam agrupados ao movimento, as Lojas se multiplicaram rapidamente: as doze Lojas que haviam tomado parte na eleio do duque de Montague ascenderam a 20 no fim do ano, e 49 Lojas foram representadas na assemblia de 1725.

Mas no deve crer-se que nesse nmero foram compreendidas todas as Lojas ento existentes: muitas das que existiam em 1717 no aderiram ao movimento iniciado pelo nascimento da Grande Loja por vrias razes, entre elas a de crer usurpada a autoridade dela, e preferiram permanecerem independentes. Algumas Lojas no aprovaram as novidades introduzidas no Livro das Constituies, sustentando a obrigao da crena em Deus e a fidelidade as prticas religiosas; isto, assim como outras razes, produziu, como veremos, um cisma que conduziu a fundao de outra Grande Loja.

Alm de incrementar-se na Inglaterra, Esccia e Irlanda, o nmero de Lojas, passou de pronto a multiplicar-se sobre o continente, estendendo-se o movimento em todo o mundo civilizado.

As primeiras Lojas que se constituram fora da Inglaterra, a base do modelo Ingls (j existia antes e depois da fundao da Grande Loja), foram constitudas em geral por maons isolados; desejosos de propagar o ideal manico, em virtude do direito que acreditavam ser inerente a essa qualidade.

Toda vez que um maom isolado, desejoso de formar uma Loja, no podia juntar-se com outro, ou com outros dois para formar uma loja simples, iniciavam um profano que julgavam digno de pertencer a Ordem; os dois juntos procediam a iniciao de um terceiro, formando-se assim a Loja simples, que sucessivamente podia fazer-se justa e perfeita.

Assim, pois, no primeiro perodo, a maioria das Lojas se formaram simplesmente em virtude desse natural direito manico, independente de toda carta patente ou da autoridade de uma Grande Loja, cuja autoridade no reconhecida por todos, reservando-se outras Lojas, e fazendo expedir mais tarde uma patente regular.

Um local qualquer, disposto para a ocasio, com a condio de que pudesse fechar-se e estar abrigado das indiscries profanas, era tudo o que se necessitava para as reunies, traando-se no solo cada vez, com giz, os desejos simblicos que os transformavam no Templo dos mistrios manicos.

Assim, pois, muitas destas Lojas, que contriburam na formao de maons e a rpida propagao da Ordem em sua nova orientao, puderam forma-se e dissolver-se sem desejar nenhum trao ou recordao. Por conseqncia muito difcil fixar com segurana a data do comeo da Maonaria Moderna nos diferentes pases: como sempre, as origens se acham envoltas na obscuridade.

O trabalho das Lojas, segundo dos costumes ingleses, consistia essencialmente nas recepes ou iniciaes, que se fazia com grande cuidado e ateno, j as que se alternavam com muita freqncia festividades e gapes fraternais consolidando-se ao redor de uma mesa comum o esprito de igualdade e da solidariedade entre seus membros. No se havia introduzido o costume de tratar diferentes temas, e especialmente se fugir de todas as discusses que pudessem comprometer a harmonia e o bom entendimento entre os irmos. Sem dvida, sempre se praticava alguma forma de beneficncia.

Por essa razo as Lojas se constituram especialmente nas hospedarias que costumavam ser freqentadas por pessoas distintas. Ali se alternava a vida exterior de sociedade com os ntimos trabalhos de ritual. Como a Inglaterra, tambm a Frana encontramos as primeiras Lojas das quais se tem notcias histricas, instaladas em hospedaria. Duas delas foram constitudas, respectivamente em 1725 e 1729, em Paris, na casa de um hospedeiro ingls cuja hospedaria levava o nome de "Au Louis d'Argent"; a ltima delas obteve em 1733 a carta patente nmero 90 da Grande Loja de Londres. Nesse mesmo ano as Oficinas que pertenciam a Grande Loja chegaram ao nmero 109. Nessas Lojas tambm se pronunciaram homens eminentes, e durante o Gro-Mestrado do duque de Wharton os maons impuseram a mostrar-se em pblico com suas insgnias simblicas.

O DESENVOLVIMENTO NA INGLATERRAA Loja de York foi talvez a mais importante entre as que no reconheceram a autoridade da Grande Loja londrina e se mantiveram apartadas. Considerada como a Oficina mais antiga, fazendo remontar suas origens ao ano 600, na qual o Rei Edwin havia se assentado "como Gro-Mestre". Em 1725 assumiu o ttulo de "Grande Loja de York ", dizendo que seu Grande Mestre devia ser reconhecido como tal em toda Inglaterra; mas no fundo nem teve outras Lojas sob sua dependncia at 40 anos depois.

Essa Grande Loja, que professava e praticava os mesmos princpios que a Grande Loja de Londres, no foi a mesma a causa de dificuldades; mas o que foi bastante a que se ops em 1751 e se constituiu praticamente em 1753. Nasceu ela principalmente pela iniciativa de um irlands, Lorenzo Dermot (na Irlanda, desde 1724, j se havia fundado uma Grande Loja semelhante da de Londres), iniciado em Dublin em 1740, na qual, visitando uma Oficina londrina em 1748, no ficou muito satisfeito com as inovaes que encontrou nos rituais. Formou ento um movimento que teria por objetivo uma maior fidelidade aos usos antigos, e sete Lojas se uniram em Londres desde 1751, fundando uma Grande Loja da qual foi Grande Secretrio.

A nova Grande Loja distinguia os seus membros com o nome de Ancient Masons (velhos maons), em contraposio com os "Modern Masons" (maons modernos) da qual se constituiu em 1717, baseando sua constituio sobre outra que se supunha datada do ano de 926.

No prosperou essa Grande Loja menos que a outra, a qual fixou uma sria competncia (dado que a denominao de antigos angariava maiores simpatias que a dos modernos), chegando a ter em 1813, quando finalmente se uniram as duas Grandes Lojas, entre as quais quase no havia nenhuma diferena, 359 Oficinas sob sua jurisdio.

Foram constitudas por estas duas Grandes Lojas muitas Lojas regimentais, formadas por militares e que se transladavam com eles, e tambm algumas Lojas martimas, a bordo dos navios de guerra.

Alm das Grandes Lojas citadas existia em Edimburgo a Grande Loja da Esccia, fundada por 34 Lojas em 1736.

A MAONARIA NA FRANADepois da Inglaterra a Frana foi o primeiro pas no qual fincou suas razes a Maonaria Moderna. Lojas manicas isoladas fundadas por ingleses, parecem haver existido neste pas desde antes de 1700 ; mas tal fato no tem veracidade histrica.

As primeiras quatro Lojas parisienses, sobre as que se tem notcias certas, se reuniram em 1736, estando presentes cerca de 60 membros, e procedendo-se pela primeira vez a eleio de um Grande Mestre na pessoa de Charles Radcliff, conde de Derwentwater, fundador que foi da primeira Loja na hospedaria Au Louis d'Argent. Devendo este abandonar o pas, foi elegido em 1783, em uma segunda assemblia, como Grande Mestre ad vitam, Louis de Pardaillon, duque de Antin, quem aceitou o cargo, apesar de o Rei Luis XV ter ameaado com a Bastilha ao francs que a aceitara.

Principia nessa poca as primeiras graves hostilidades contra a Maonaria, tanto de carter poltico como religioso. As primeiras suspeitas nasceram quando ela j no se limitava a reunir entre si elementos estrangeiros, se no que admitia igualmente a membros da nobreza e cidados ordinrios, fraternizando mutuamente com toda aparncia de conspirao. Ento as Lojas foram vigiadas e se chegou at a suspende-las, aprendendo-se os Maons e a todos que os hospedassem; sem dvida, tudo isto no obstruiu seu processo, e as lojas seguiram reunidas, aumentando-se as precaues e at o lance a que se expunham, mas atrativo em pertencer a mesma.

Tampouco impediram seu processo da bula de Clemente XII e os meios que se usaram para difamar a Maonaria e coloc-la em ridculo, como j se havia feito na Inglaterra; quando em 1743 morreu prematuramente o duque de Antin, havia na Frana mais de 200 Lojas, 22 das quais atuavam em Paris.

Remonta a essa poca, e precisamente a 21 de maro de 1737, o famoso discurso de Andrs Miguel Ransay, Grande Orador da Ordem, pronunciado durante uma recepo, e que tanta importncia teve depois por suas mltiplas repercusses, as quais ocasionaram por um lado a concepo e criao daquela famosa obra que foi a Enciclopdia, e pelo outro movimento conhecido com o nome de Mestres Escoceses, que principiaram em juntar um quarto grau privilegiado (isto tambm havia sido feito pela Grande Loja dissidente fundada na Inglaterra em 1751, com o nome de Real Arco), que depois se multiplicou em uma srie de graus suplementares que queriam reproduzir as antigas Ordens cavalheirescas, crescendo at os 33 graus atuais do Rito Escocs Antigo e Aceito.

Essa ltima novidade no foi a princpio muito bem acolhida, e um artigo das Ordenanas Gerais da "Grande Loja Inglesa da Frana" (como assim se chamava ento) no reconhecia os Mestres Escoceses, quanto aos direitos ou privilgios acima dos trs graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. Sem dvida, doze anos mais tarde, repudiando-se o nome da Grande Loja Inglesa, substitudo pelo nome simples de "Grande Loja da Frana", e revisando-se os Estatutos de Lojas, o privilgio de permanecer cobertos nas posses, assim como o direito de inspecionar as Lojas restabelecendo a ordem quando fora necessrio.

O conde de Clermont, que em 1743 havia sido eleito em substituio ao duque de Antin, no levou a srio o cargo aceito, e at transcorridos os primeiros quatro anos no se atreveu a ostentar o ttulo de Grande Mestre. Para esquivar sua responsabilidade elegeu em princpio um substituto que no foi mais ativo que ele, e depois um intrigante mestre de dana que levantou veementes protestos, e recusa pela maioria dos componentes da Grande Loja a reunir-se sob sua presidncia. Apesar de haver sido, em 1762, revogado seu cargo e substitudo pelo Deputado Grande Mestre e no obstante a boa vontade deste, no se pode evitar a anarquia, que levou as Lojas a autonomia mais completa, dissolvendo-se praticamente a Grande Loja; esta, por mandato do rei, foi suspensa em 1767, quatro anos antes da morte do conde de Clermont.

Nessa ocasio foi novamente convocada, sendo eleito como Grande Mestre o duque de Chartres. E como desde um princpio no se faziam demasiadas iluses os maons franceses sobre suas funes essencialmente honorficas, se nomeou tambm, como Administrador Geral, ao duque de Luxemburgo, destinado a substitu-lo efetivamente.

O duque de Luxemburgo, que teria ento 33 anos, tomou como muito zelo e ardor seu cargo, elaborando um plano completo de reorganizao, convocando em Assemblia, para aprov-lo, os representantes de todas as Lojas da Frana. Ficou assim constituda a Grande Loja Nacional, sendo representadas permanentemente nas mesmas, por meio de disputas (eleies), todas as Lojas, juntas a autoridade central direta que tomou o nome de Grande Oriente da Frana. Tambm se ps fim ao privilgio dos Mestres de Lojas, que se consideravam at ento vitalcios, estipulando-se que todas as oficinas elegeriam anualmente seus oficiais.

Como nem todas as Lojas reconheceram essas reformas, se formou tambm, em oposio ao Grande Oriente, a Grande Loja de Clermont, que reconhecia igualmente como Grande Mestre o Duque de Chartres.

Tambm tiveram existncia na Frana, nessa poca, vrios ritos e ordens mais ou menos relacionadas com a Maonaria, entre aos quais o rito do "Elu Cohen" fundado por Martinez de Pasquallis (Elu Cohen significa sacerdote eleito), que teve entre seus adeptos o clebre Louis Claude de Saint-Martin, chamado de o Filsofo Desconhecido. Igualmente deve ser notado o rito de Menfis-Misraim ou Maonaria Egpcia fundada por Jos Blsamo, mais conhecido com o nome de Conde de Cagliostro, que admitia a mulher e compreendia 96 graus.

Vrias associaes destinadas a dar mulher a participao nos trabalhos manicos foram criadas cerca do sculo XVIII; e em 1774 a Maonaria concordou oficialmente em reconhecer a Maonaria de Adoo, com o rito especialmente elaborado para a mulher, constituindo-se ento muitas Lojas femininas.

Desde 1773 a 1789 tomou a Maonaria na Frana um impulso formidvel, passando de 600 o nmero das Lojas, sem contar cerca de 70 Lojas regimentais.

Se fizeram iniciar na Maonaria homens mais conhecidos da poca, entre eles Voltaire, com idade de 80 anos, que foi recebido em 1778, apresentado por Franklin e Court de Gebelin, sendo a assemblia presidida pelo clebre astrnomo Lalande. Com a revoluo a Maonaria suspendeu na Frana suas atividades. Se lhe atribui erroneamente haver participado diretamente na revoluo, se bem certo que participou na revoluo intelectual que a precedeu, com a afirmao do trinmio liberdade-igualdade-fraternidade que, interpretado profanamente, pode ter sido causa indireta de muitos excessos. Mas um conhecimento mais profundo da verdadeira essncia da Instituio, e de como deva realmente interpretar-se esse trinmio, colocam-na acima de toda efetiva responsabilidade daquele cataclisma, do qual foi tambm uma das vtimas.

PRIMEIRO ANTEMAO primeiro antema contra a Maonaria foi lanado como vimos, em 1738, pelo papa Clemente XII, havendo preocupado muito o clero de ento, de que "homens de todas as religies e de todas as seitas, satisfeitos com a pretendida aparncia de certa classe de honradez natural, se aliam em estreito e misterioso lao". O segredo manico (cuja verdadeira natureza tratamos de por em evidncia nestes manuais) foi o ponto de acusao contra a Ordem. Os homens em geral, e ainda mais as autoridades, divagam e desconfiam e tem medo de tudo aquilo que no compreendem: a crena no mal (o verdadeiro pecado original do homem) lhes faz supor que ali deva esconder-se algo mal e indesejvel, e portanto atribuem facilmente ms intenes ainda que onde no h o menor trao delas. Assim nasce a suspeita, e dessa passa facilmente acusao, condenao e perseguio.

A encclica no teve o mesmo efeito em todos os pases: ainda que os Estados Pontifcios e a Pennsula Ibrica, a qualidade de maom se castigou at com a pena da morte (e no faltaram Maonaria seus mrtires), na Frana, pelo contrrio, nem essa encclica nem a seguinte (que o Parlamento francs recusou registrar) foram tomadas em considerao: prelados e sacerdotes continuaram sendo recebidos nas Lojas, dado que tal qualidade lhe abria facilmente suas portas.

Uma segunda bula papal, publicada em 1751, por Benedicto XIV, foi tambm causa, nos pases acima mencionados, de perseguies sangrentas, considerando-se isto como se fra um crime, o privilgio de pertencer a Ordem.

PRIMEIROS ANTEMASO primeiro antema contra a Maonaria foi lanado como dissemos, em 1738, pelo papa Clemente XII, houve muita preocupao do clero de que "homens de todas as religies e de todas as seitas, satisfeitos com a pretendida aparncia de certa classe de honradez natural, se aliam no estreito e misterioso lao". O segredo manico (cuja a verdadeira natureza tratamos de pr em evidncia nestes manuais) foi o ponto de acusao fundamental contra a Ordem. Os homens em geral, e ainda mais as autoridades, teimam desconfiar e ter medo de tudo aquilo que no chegam a compreender: a crena no mal (o verdadeiro pecado original do homem) faz supor que ali esconde algo de mal e indesejvel, e portanto atribuem facilmente ms intenes onde no h o menor trao delas. Assim nasce a suspeita, e desta passa-se facilmente acusao, condenao e perseguio.

A encclica no teve o mesmo efeito em todos os pases: enquanto nos Estados Pontifcios e na Pennsula Ibrica, a qualidade de maom se castigou com pena de morte (e no faltaram a maonaria seus mrtires), na Franca, pelo contrrio, nem esta encclica nem a seguinte (que o Parlamento francs recusou registrar) foram tomadas em considerao: prelados e sacerdotes seguiram recebendo nas Lojas, dado que tal qualidade abriria facilmente suas portas. Uma segunda bula papal, lanada em 1751, por Benedito XIV, foi tambm causa, nos pases acima mencionados, de perseguies sangrentas, considerando nesses como se fosse um crime, o privilgio de pertencer a Ordem.

O EXRDIO NA ITLIAA Maonaria conforme o uso ingls foi introduzida na Itlia em torno do ano de 1733, por Charles Sackville em Florena, em princpio unicamente entre os ingleses que visitavam as Academias, aos que no tardaram em juntarem-se vrios italianos entre os mais cultos.

A idia se propagou rapidamente, primeiro em Toscana e depois em toda a pennsula. Fundou-se uma Loja em Livorno, na que trabalharam harmoniosamente, catlicos, protestantes e judeus e que, precisamente por tal razo, no tardou em excitar as suspeitas do clero romano, preocupado pela nascente sociedade na qual via sobre tudo um perigo para sua hegemonia espiritual. E essa foi a origem da encclica em eminente da qual acabamos de falar.

O antema pontifical no pode ser contrrio ao auge da Maonaria, que seguiu difundindo-se, naquela mesma poca, pelas principais cidades da Itlia setentrional. Porem um Maom florentino, Tommaso Crudili, denunciado involuntariamente pela indiscrio entusiasta de um abade companheiro de Loja, teve de pagar com a tortura e com a morte (apesar de haver sido posto em liberdade pela enrgica interveno do duque Francisco Esteban, iniciado na Haya em 1731) o crime de pertencer a Sociedade.

Em Npoles a Maonaria floresceu notavelmente, constituindo-se ali, cerca da metade do sculo, uma Grande Loja, enquanto as demais oficinas da pennsula dependiam de Londres. No teve nenhuma restrio sob o reinado de Carlos VII, porem no ocorreu o mesmo com seu sucessor Fernando IV, que chegou a odiar a Instituio por sua mesma debilidade de carter, tendo medo das provas da iniciao. Sem dvida, os maons napolitanos receberam durante certo tempo a ajuda e proteo inesperada da rainha Carolina, que fez num princpio revogar o editorial, suprimindo-se as sanes penais contra os maons (1783); porem, depois, a morte de sua irm Maria Antonieta na revoluo francesa foi causa dessa simpatia se mudar totalmente.

NA PENNSULA IBRICAA pennsula ibrica tem, indubitavelmente a primazia no martirolgio manico, em que o privilgio de haver iniciado a perseguio contra os maons corresponda melhor ao clero catlico da Holanda que, desde 1734, iniciou com suas calnias as massas ignorantes, fazendo que fosse invadida uma Loja em Amsterd, destruindo-se mveis e cometendo violncia contra as pessoas.

Por causa da perseguio que lhe foi imposta, assim que as primeiras lojas foram constitudas em 1726 e 1727, respectivamente em Gibraltar e Madri, tardou na Espanha quase meio sculo antes de que pudesse constituir uma Grande Loja, sob o reinado de Carlos III, mais liberal que seu predecessor, o qual havia autorizado o desterro dos maons e dado carta branca a Inquisio.

Quase ao mesmo tempo que na Espanha, (1727) foi introduzida a Maonaria em Portugal pelo capito escocs sir George Gordon; porem desde de 1735 se empenhou em derramar sangue dos maons por obra de um Frater fantico que denunciou 17 irmos por conspiraes e heresia. Desde de ento os pedreiros livres foram caados, condenados morte e atormentados nas formas mais brbaras, at o reinado de Jos I.

Em Madri, os primeiros maons foram arrastados e conduzidos aos crceres da Inquisio em 1740: oito deles foram condenados s galeras, os demais a diferentes penas. A Maonaria foi tolerada e pode prosperar unicamente durante o mencionado reinado de Carlos III (1759-1788), depois do qual se proibiu todo trabalho manico at a entrada dos franceses em 1808.

No ano de 1750 tambm floresceu a Maonaria por algum tempo em Portugal, sendo primeiro ministro do rei Jos I, Sebastio de Carvalho, depois marqus de Pombal, que foi iniciado em Londres em 1744. Esse ministro foi muito benfico para o pas ao qual deu uma constituio mais liberal, abolindo a Inquisio e desterrando os jesutas. Porem aps a morte do rei, eles se vingaram fazendo-o cair em desgraa com a rainha Maria I e, depois de ser condenado morte e anistiado teve o ex-ministro que abandonar Lisboa na idade de 78 anos.

Renovando, a rainha Maria, a lei de Joo V contra os maons, estes foram novamente perseguidos: alguns puderam escapar, porem outros tiveram que sofrer por vrios anos as penas da Inquisio. Apesar disso, algumas Lojas seguiram trabalhando em certos barcos ingleses ancorados no porto, um dos quais se fez clebre como a Fragata Manica. Em que no se ousara proceder de uma maneira direta a execuo dos maons apreendidos, muitos deles morreram nas masmorras.

NA ALEMANHA E USTRIASe bem que Lojas manicas de carter mais transitrio existiram na Alemanha anteriormente (sem falar, naturalmente, das antigas corporaes de construtores de igrejas), a primeira que teve certa a importncia e durao parece ter sido a que foi fundada em Hamburgo em 1737, com o nome francs de Socit des accepts Maons Libres de la Ville dHambourg. O baro de Oberg, Venervel da mesma, teve no ano seguinte a fortuna e a honra de iniciar na Ordem ao prncipe herdeiro Frederico da Prussia. Enquanto o pai dele, ento reinante, sempre se ops a introduo da Maonaria em seus estados, Frederico se fez desde o princpio seu protetor, e ao subir ao trono em 1740 declarou publicamente sua qualidade de Maom.

A iniciativa do jovem imperador se deve a fundao em Berlim da Loja Os trs Globos, que em 1744 foi elevada a categoria de Grande Loja. Desde ento a maonaria pode desenvolver-se livremente naquele pas e se estabeleceram Lojas nos principais povoados alemes.

Em Viena foi fundada em 1741, pelo bispo de Breslau, a Loja Os trs Cnones a que pertenceu o imperador Francisco I, que foi iniciado em La Haya, em 1731, por Desaguliers, recebendo mais tarde na Inglaterra o grau de Mestre. O imperador protegeu a Maonaria da qual se fez protetor numa ocasio, quando, em 1743, foram arrastados por ordem de Maria Teresa os membros de uma Loja. Durante a segunda metade do sculo, na Alemanha como na Franca, houve um especial fervor na criao de graus suplementreis aos trs simblicos e manicos propriamente ditos, relacionando a Maonaria com a Ordem do Templo, a qual se pretendeu reconstruir, e com outras tendncias msticas da mesma poca.

Nasceu assim entre outras, a Ordem da Estrita Observncia, fundada em 1754, pr J.B. von Hund, que se bem no sobreviveu a morte de seu fundador (em 1776), no deixou de ter certo xito e ampla ressonncia, tambm fora da Alemanha, durante sua breve existncia, e seguiu exercendo sua influncia em outras ordens, como na Martinista, que a sucederam. Todas essas ordens, de efmera durao, tiveram sem dvida uma influncia decisiva na criao do Rito Escocs, primeiro em 25 e logo em 33 graus, cuja a instituio foi falsamente atribuda ao mesmo imperador Frederico, que parece no ter possudo outros graus que os trs primeiros, desaprovando ademais a introduo de outros graus. Entre os homens mais celebres que, no sculo XVIII, se iniciaram na Maonaria na Alemanha, e escreveram entusiasmadamente sobre a Ordem, citamos Lessing e Goethe que foram recebidos nela em 1771 e em 1780, respectivamente.

NOS DEMAIS PASES DA EUROPANa Blgica a primeira Loja segundo o uso ingls foi a Perfeita Unio, estabelecida em 1721, que converteu-se depois na Grande Loja Providencial.

Na Holanda j havia Lojas em 1725, que se regularizaram dez anos mais tarde sob a jurisdio da Grande Loja de Londres. Em 1757a Grande Loja Providencial tinha treze oficinas e em 1770 se fez independente.

Na Sua a cidade de Genebra e sua regio foram os primeiros onde se formaram Lojas Manicas; a vida da Sociedade foi ali muito ativa, porem no menos agitada por causa das sises internas que esgotaram suas energias.

Na Sucia a primeira Loja foi constituda em redor de 1735 pelo conde Axel Ericson Vrede-Sparre, que foi iniciado em Paris quatro anos antes. Como conseqncia da encclica papal, o rei Frederico I ameaou castigar com a morte a participao em reunies manicas, retardando assim o desenvolvimento da Instituio. Depois, sem dvida, os reis da Sucia se distinguiram em proteger a Ordem, sendo atualmente uma de suas caractersticas que os monarcas daquele pais unem a essa qualidade de Gro Mestres. Uma Grande Loja se constituiu em 1761, reorganizando-se em 1780 com um rito especial de 12 graus, que rege na atualidade.

Na Polnia, introduzida em 1739, foi proibida pouco depois e tardou em propagar-se at o ultimo quarto do sculo. As Lojas reconheciam em primeiro a autoridade do Grande Oriente da Franca, e em 1785 se fundou em Varsvia um Grande Oriente nacional, que chegou a ter em poucos anos mais de 70 oficinas.

Falam que a Maonaria foi introduzida na Rssia por Pedro o Grande, iniciado numa Loja de Londres. De todos os modos certo que, em 1731, o capito Juan Phillips foi nomeado Gro Mestre Provincial da Rssia pela Grande Loja da Inglaterra, ao qual sucedeu em 1740 Jaime Keith, que ento servia no exercito russo. Vrios aristocratas russos, comerciantes e marinheiros se fizeram ento maons.

Mais tarde a idia manica recebeu um notvel impulso pelo celebre gravador Lorenzo Natter, que em Florena conheceu o Lorde Sackville. Nesta poca de florescimento, a Maonaria russa foi muito influenciada pelos sistemas e ritos alemes, e duas figuras dominantes foram nela, o professor Eugnio Schwarz e o escritor Nicolas Novikov.

Caracterstica da Maonaria Russa foi o desenvolvimento de benficas atividades em favor das massas populares, combatendo o analfabetismo e a falta de cultura, mediante a impresso e difuso de muitas obras de autores estrangeiros, fundao de escolas, hospitais e outras instituies, e iniciativa de beneficncia.

A segunda metade do sculo dominavam dois sistemas rivais, o ingls e o sueco, cuja a unio se logrou em 1776. A Maonaria, num princpio protegida por Catarina II, foi depois repudiada por essa Imperatriz, e sua atividade se restringiu notavelmente a fins do sculo, sendo depois proibida por completo durante o reinado de Pablo I.

Desde de ento a vida da Maonaria na Rssia foi muito precria e ocasional: teve a efmera esperana de poder ressurgir sob o regime de Kerensky, porem encontrou no Bolchevismo um inimigo ainda mais implacvel que a monarquia derrotada, motivando-se esta ltima perseguio pelo fato de tratar-se de uma instituio tipicamente burguesa.Tambm se estendeu a Maonaria inglesa, em seu primeiro sculo de vida, em Constantinopla, Egito, Prsia e ndia, at chegar a frica do Sul. Em Calcut a primeira Loja foi fundada em 1728 por sir Jorge Pombret, e a esta seguiram depois muitas outras nas principais cidades daquele pais. Cerca da metade do sculo XVIII havia Lojas em todas as partes do mundo.

NA AMRICANa Amrica a primeira Loja parece ter sido fundada em Louisburg (Canad) em 1721. Quando em 1730 Daniel Coxe era Gro Mestre Provincial em New Jersey das colnias inglesas da Amrica, se estabeleceram vrias Lojas e a imprensa deu conta do acontecimento.

Benjamin Franklin fez em 1734 a primeira edio americana do Livro das Constituies de Anderson, e no mesmo ano foi eleito Gro Mestre. A atividade manica se expandiu assim rapidamente.

A diviso inglesa entre Antigo e Moderno Maons, no deixou de refletir-se em suas colnias, particularmente na Amrica, onde assumiu um carter especial pelos acontecimentos polticos que culminaram na Guerra da Independncia, contando-se entre os modernos especialmente os funcionrios, conservadores e partidrios do governo ingls, e entre os antigos, os impulsores da Independncia.

Apesar de que os trabalhos das Lojas no tiveram um carter verdadeiramente poltico (os Templos sempre foram lugares de reunio onde os mesmos adversrios se acolhiam fraternalmente), nas Lojas dos "antigos" foi concebida e se concretizou a idia da Unio Americana. A maioria dos que levaram a cabo a independncia desse pas foram maons, como o demonstra o fato de que 53 dos 56 que entregaram a declarao de Independncia ostentaram tal ttulo.

Washington foi iniciado em 1752, e durante toda sua existncia tomou parte muita ativa na vida manica: todos os atos de sua vida pblica levam impressos os imortais princpios da Instituio. Quando foi eleito Primeiro Presidente dos Estados Unidos, prestou seu juramento sobre a Bblia da St. Johns-Lodge, e em 1793, quando se colocou a primeira pedra do Capitlio, apareceu com as insgnias de Venervel honorrio de sua Loja.

A atividade manica no sofreu nenhuma interrupo durante a campanha da Independncia, seno que constituram nos partidos muitas Lojas regimentais que contriburam notavelmente a manter a unio e o espirito de solidariedade entre seus membros, fazendo mais ntimos os laos da disciplina exterior.

Tambm entre os adversrios de ambos campos, o reconhecimento da recproca investidura manica deu lugar a muitos atos de generosidade e, assim como em outros pases tal circunstncia punha em perigo vida e liberdade, aqui no, poucos deveram uma ou outra coisa ao fato de serem maons.

Estes fatos, parte que teve a Ordem no movimento de independncia, explicam a extraordinria difuso que teve depois a Maonaria nesse pais, no qual se contam atualmente 82 por 100 dos maons do mundo inteiro.

A MAONARIA NA PRIMEIRA METADE DO SCULO XIXA princpios do sculo XIX se observa em qualquer lugar um novo florescer do Ideal Manico. Enquanto nos Estados Unidos se constitui definitivamente o Rito Escocs em 33 graus (1801), que to boa acolhida devia ter depois em todo o mundo (apesar de estar hoje demonstrado que o rei Federico da Prussia, ao qual se atribui sua fundao, na data de 1786, pouco antes de seu descenso, nada teve a ver no assunto), na Inglaterra as duas Grandes Lojas rivais se fundem em 1813, na Grande Loja Unida que desde de ento seguiu sem interrupo a frente dos maons da Gr Bretanha.

Na Franca, ressuscita com o advento napoleonico, em que dominada pela vontade ento imperante, que lhe impuseram seus Gros Mestres, aspirando fazer da mesma um instrumento do governo. Por esta razo, em que se encheram de funcionrios, nem todos os antigos maons voltaram a renovar seus trabalhos. E ao estender-se a dominao francesa lhe deu curto parnteses de liberdade nos pases onde estava ento perseguida: em Espanha, Portugal, ustria e Itlia.

Durante as diferentes guerras que tiveram lugar nesse agitado perodo da histria europia, foram muitos os episdios nos quais se revelou a influncia benfica da Maonaria, eliminando os ressentimentos e dios nacionais, e estabelecendo por cima destes os fundamentos de uma Fraternidade Universal e de uma comum compenetrao que talvez seja a nica base de uma paz duradoura entre as naes.

Muitos so os rasgos de herosmo com os quais os maons, sobre os campos de batalha, conseguiram com o perigo da sua, salvar a vida e dar liberdade a inimigos, que se revelaram como irmos. E isto se verificava igualmente nos dois campos contundentes, sem exceo.

Este sentimento de Humanidade, bem pode constituir-se uma acusao pelos que esto cegados pela viso estreita de um nacionalismo mal entendido, constitui uma das melhores demonstraes da influncia, sempre benfica da Instituio: no fazem, por certo, o mesmo os que comungam uma mesma religio, quando se encontram e se reconhecem como tais no campo de batalha.

NOVAS PERSEGUIESCom a queda de Napoleo, empenharam novamente na Espanha e Portugal as mais cruis perseguies contra os Maons, onde a Sociedade teve que viver uma vida secreta e extremamente agitada. Se bem que desde 1868, com o duque Amadeo de Saboya e com a Republica proclamada depois, pode na Espanha desenvolver-se livremente por alguns meses, as perseguies e hostilidades se renovaram logo, em que pese no numa forma to brbara e violenta como as anteriores. O mesmo sucedeu em Portugal, onde o Grande Oriente Lusitano, constitudo desde 1805, no pode trabalhar livremente at 1862.

O anti-maonismo se estendeu nesta poca em toda Europa: na mesma Inglaterra, o ministro Liverpool pediu em 1814, sem conseguir, sua supresso. Esta se fez efetiva na ustria at 1768, assim como na Rssia praticamente seguiu sendo por mais de um sculo (apesar de vrias tentativas espordicas e das 30 Lojas, aproximadamente, que puderam existir durante a guerra),depois de um curto perodo de florescimento, entre 1803 e 1822.

Os papas Pio VII, Leo XII, Pio VIII e Pio IX, continuaram confirmando os antemas de seus predecessores, e numa forma mais violenta o fez em 1884 Leo XIII, definindo-a, em sua encclica Humanum genus, como opus diabuli. As palavras do chefe da Igreja tiveram, como natural, larga ressonncia no clero romano, que iniciou, de todas as maneiras possveis, uma vasta campanha contra a Maonaria, a qual unicamente se deve (apesar do carter ecltico da Instituio, que nunca pode ser anti-religiosa) a um carter decididamente anti-clerical.

Todas estas acusaes mostram uma falta de conhecimentos da verdadeira natureza e intentos de nossa Augusta Sociedade, apesar de que seus princpios foram vrias vezes declarados publicamente, em obras das quais no h dvida se encontram exemplares na mesma Biblioteca Vaticana. suficiente dizer que o papa Leo XIII atribui a Sociedade comprometer seus membros, obrigando-os a uma obedincia absoluta, para estar seguros de que aqui no pode referir-se Maonaria conhecida pelos maons, seno mais bem a Companhia de Jesus, cuja a imitao nossa Instituio no foi por certo forjada.

O efeito no deixou de fazer sentir nos pases catlicos: na Blgica se declarou uma perseguio aberta aos maons, alem de serem excomungados, foram danados material e moralmente. Na Frana se formaram bandos de fanticos que iam recorrendo a diferentes populaes, com o objetivo de renegarem os maons, porm no conseguiram o xito pretendido. E quando em 1861, numa circular relativa as sociedades, o ministro Pessigny, se atreve a por no mesmo nvel a Maonaria com as sociedades catlicas, eminentes arcebispos levantaram sua voz contra essa tolerncia que consideravam como monstruosa impiedade, sem obter mais sinal de xito.

Unicamente durante o reinado de Lus Felipe, at 1848, a Maonaria teve na Frana um perodo de relativa decadncia.

OS "CARBONARIOS"Em vrios Estados da Itlia, a Maonaria continuou sendo perseguida nesta poca, que preparou a unidade e independncia do pas: desta os maons se fizeram especialmente campees, e muito provvel que foram alguns deles que fundaram a sociedade secreta dos carbonari (carbonrios), de carter exclusivamente poltico, que foi ento erroneamente confundida com a Ordem.

Nasceram os carbonrios (1) no sul da Itlia, propondo-se a liberao e independncia da pennsula do jugo estrangeiro, adaptando uma linguagem simblica no qual suas oficinas se chamavam cabanas, suas reunies vendas, seus agregados bons primos, sendo o dever destes a caa dos lobos do bosque, ou seja a luta contra a tirania. Em seu apogeu, na segunda metade do sculo passado, a sociedade chegou a ter na Itlia quase um milho de aderentes.

Os mesmos carbonrios faziam, sem dvida, remontar as origens de sua sociedade para o ano 1000 aproximadamente, surgindo ento com finalidades de ajuda recproca, no meio da geral preocupao do fim do mundo, na parte mais setentrional da Itlia (cerca dos Alpes orientais). Outra sociedade poltica, de inspirao manica a Giovana Itlia (Jovem Itlia) fundada por Jos Mazzini, o imortal autor daquele livrinho que se chama "Os deveres do homem", cujo o ideal estava compreendido no trimonio Dios-Patria-Humanidade, e que foi o principal preparador moral da independncia daquele pais.

EXTENSO DA MAONARIA NO NOVO CONTINENTETampouco os Estados Unidos ficaram isentos da onda anti-maonica que cercara a Europa sobre nossa Instituio, com muito efeitos diferentes. Foi causa deste, o assunto Morgan, originado pelo fato de que, em 1826, alguns maons imprudentes cometeram o erro de raptar, com o nico fim de dissuadir-lhe de seu intento, a um certo William Morgan, canteiro de ofcio, que queria publicar um livro sobre a Maonaria, com todos os detalhes dos rituais, smbolos e sinais de reconhecimento. Seu raptores foram condenados e Morgan reaparece alguns anos depois, se celebraram em todas as partes comcios de protestos, culpando os irmos de assassinato. Se publicaram muitos peridicos anti-manicos e os maons foram boicotados nos empregos pblicos e privados. Por esta razo muitas Lojas cessaram voluntariamente seus trabalhos.

Porm a opinio pblica no tardou em dar-se conta do erro, e quando o presidente Andrew Jackson defendeu abertamente a Ordem Manica proclamando-a como uma Instituio que tem por objetivo o bem da humanidade, se realizou novamente seu prestigio, e desde 1838 seu progresso e extenso seguiram ganhando continuidade. No primeiro quarto do sculo XIX a Maonaria se estendeu igualmente em toda a Amrica Latina, onde empenhou em fincar suas razes desde do sculo precedente, porm sem alcanar a extenso lograda nos Estados da Unio Norte Americana. Assim a encontramos estabelecida em 1815 em So Tomas, em 1819 em Honduras, em 1821 em Cuba, em 1822 no Brasil (onde neste fato foi recebido maom o imperador do Pedro I, depois nomeado Gro Mestre), em 1823 em Haiti, em 1824 em Colmbia e em 1825 no Mxico. digna de notar especialmente a fundao, em 1814, em Buenos Aires, por iniciativa de So Martin e outros maons, da Loja "Lautaro", cujos os membros se fizeram promotores do movimento libertador que conduziu a independncia dos diferentes estados da Amrica do Sul. Nos anos sucessivos foi estabelecendo-se tambm na Austrlia, remontando-se ao sculo anterior sua introduo nas ilhas de Java e Sumatra.

A SEGUNDA METADE DO SCULOApesar das excomunhes da Igreja e da intensa campanha clerical contra ela, a Maonaria seguiu estendendo-se na segunda metade do sculo, progredindo em quase todos os pases. Na Itlia tomou nova fora quando, depois da "Expedio dos Mil", Garibaldi foi eleito Gro Mestre ad vitam.O mesmo escreveu, em 1867, que os maons eram a "parte escolhida do povo italiano". Dois anos depois da tomada de Roma, em ocasio da morte de Mazzini, apareceram pela primeira vez, em 1872, os estandartes manicos pelos quais da Cidade Eterna.

Na Frana, depois de ter, nos estatutos de 1849, proclamado obrigatria "a crena em Deus e na imortalidade da alma", mais tarde (depois da terceira Repblica, na qual a Maonaria levou a cabo uma atividade realadamente poltica, fazendo um alto labor patritico) em 1877, foi revisado este artigo, suprimindo-se esta clausula, e com a mesma tambm suprimindo-se a invocao A\ L\ 0\ G\ D\ G\ A\ D\ U\ .

Este acontecimento atraiu sobre o Grande Oriente da Frana a estigmatizao das Potncias Manicas anglosaxonicas, encabeadas pela Grande Loja Unida da Inglaterra, que considerando minadas com esta supresso as mesmas bases da Instituio, recusaram reconhec-lo. Trs anos depois se verificou uma ciso entre as Lojas dependentes do Supremo Conselho, constituindo-se estas em "Grande Loja Simblica Escocesa": mais tarde o Supremo Conselho achou oportuno conceder a autonomia a todas as Lojas nos trs graus simblicos, terminando-se em 1897 a ciso com a constituio de uma "Grande Loja da Frana".

Enquanto na ustria estava proibida toda atividade manica, na Hungria puderam constituir-se vrias Lojas, que se reuniram em 1870 na Grande Loja, enquanto paralelamente se desenvolvia a atividade de um Supremo Conselho para administrao dos graus superiores. Todos os Supremos Conselhos do Rito Escocs se reuniram num Convento em Lausana, em 1875, com o objetivo de proceder a unificao universal do Rito, adaptando-se s Grandes Constituies que atualmente o regem. Depois desta data os Supremos Conselhos seguiram reunindo-se em cada quinqunio.

Sem dvida, na mesma Sua este Rito no pode estender-se, reconhecendo a Grande Loja Alpina, constituda em 1844, unicamente aos trs graus simblicos.

Na Alemanha um dos acontecimentos mais salientes da Maonaria, que no cessou de progredir durante todo o sculo, foi a admisso dos judeus, que estavam antes excludos naquele pais pelas Grandes Lojas locais. Tampouco nesse pais deixou de exercer-se a campanha anti-maonica, porm em troca, seguiu vendo-se honrada a Ordem pelo favor de prncipes e imperadores que alcanaram a dignidade de Gro Mestres.

No pode omitir-se nesta simples exposio da vida manica no sculo passado uma breve informao da campanha difamatria de Leo Taxil, da qual muito se aproveitaram os adversrios de nossa Instituio, e cujo eplogo pretende demonstrar com toda clareza quo fundamentadas so as acusaes que se fazem Ordem.

Foi este o pseudnimo de um tal Gabriel Pages que, depois de ter sido educado por Jesutas numa casa de correo, se fez anti-clerical e por breve tempo foi maom, ficando unicamente no primeiro grau e no visitando sua Loja mais que trs vezes. Publicou, a partir de 1885, uma srie de obras anti-maonicas, que causaram grande impresso e nas quais (como confessou mais tarde) se props unicamente explorar a credulidade alheia.

Nessas obras, quase de todo fantstica, disse que os maons se dedicam ao culto do diabo, e muitos outros absurdos pelo estilo. Vrios eclesisticos caram na rede, que culminou em 1896 com um xito sem precedentes no Congresso anti-maonico de Trento, com mais de 700 delegados, no qual Leo Taxil foi calorosamente aplaudido. Porem todos que creram tiveram uma merecida lio, quando no ano seguinte declarou publicamente haver logrado com suas obras "a maior mistificao da poca moderna".

Sem dvida os mistificados no se deram por vencidos, e seguiram e seguem em sua campanha difamatria, da qual certo que nossa Ordem, em que no oponha mais que o silncio, no pode deixar de sair definitivamente vencedora, pela simples fora da Verdade que proclama e , assim como por seu labor construtivo. Assim como no mesmo campo dos adversrios da Maonaria se observa j uma troca de ttica, enquanto os mais inteligentes reconhecem que a calnia e a difamao no podem perdurar muito tempo (1).

A MAONARIA ANGLOSAXONICAA maonaria se acha hoje espargida sobre todo o globo, entre os povos de todas as raas. Sem dvida, o povo anglo-saxo, o iniciador da idia em sua atuao moderna, tem uma supremacia indiscutvel de superioridade numrica e organizadora, pois em comparao com os maons anglosaxes os demais constituem uma exgua minoria. Inglaterra segue a frente do movimento como custdia e defensora da antiga tradio, e sua Grande Loja Unida a continuao direta da que se constituiu em 1717. Formam parte da mesma membros da famlia real, da nobreza e do clero e homens de todas as crenas e todas as profisses, trabalhando em perfeita harmonia com a tolerncia mais completa de suas opinies individuais. Se contam, dependendo da Grande Loja Unida, mais de 900 Lojas com quase um milho de maons, repartidos em 70 Grandes Lojas Provinciais, entre as quais 26 se acham nas colnias. A Grande Loja sustenta muitas instituies de beneficncia.

1 No cremos que se deva dar demasiada importncia a sua temporria eclipse quase completa na Europa, devido a instalao e o triunfo dos regimes totalitrios. Cremos melhor que a Maonaria ganhar deste parnteses de inatividade, e que ressurgir inteiramente renovada, e mais forte eficiente, para enfrentar-se com a tarefa social que a incube.

Nos Estados Unidos cada Estado tem sua Grande Loja, com um total de 17.000 Lojas e mais de trs milhes de maons. Se praticam todos os ritos, com predominncia do Rito Escocs de 33 graus, e h Lojas por onde quer. Os Templos Manicos colossais, que se acham nas principais cidades, do uma idia do predomnio e magnitude do movimento. Se d nas Lojas americanas uma importncia fundamental a idia da fraternidade de todos os homens, independentemente de suas respectivas crenas e opinies, reunindo-se volumosas somas para instituies culturais e de beneficncia. No Canad h mais de 1000 Lojas repartidas em 9 grandes Lojas. Na Austrlia as Lojas se constituram inicialmente a obedincia das trs Grandes Lojas da Inglaterra, Esccia e Irlanda, formando depois sete Grandes Lojas independentes com vrios centenas de Lojas.

A Maonaria EUROPIANa Frana segue atuando (1) o Grande Oriente e a Grande Loja em forma independente porem sem hostilidade, com um total de mais de 600 Lojas e 100 captulos. Alem disso h um Supremo Conselho para a administrao dos graus superiores dos membros dependentes da Grande Loja, enquanto este tem como mesmo objetivo um Grande Colgio dos Ritos.

Tambm na Frana se acha estabelecida a organizao manica internacional ou Co-maonaria conhecida com o nome de "Direito Humano", com centenas de oficinas espalhadas por todo o mundo, praticando o Rito Escocs em 33 graus. Esta organizao considerada irregular pelas demais potncias manicas, se caracteriza pela admisso da mulher em seus trabalhos, em paridade com o homem. O movimento se originou em 1882, com a iniciao de Maria Deraismes feita pela Loja Os Livres Pensadores na Provncia de Paris, a qual 11 anos mais tarde se fez promotora da nova organizao. Atualmente o movimento est estritamente ligado com a Sociedade Teosfica.

1. At a conquista alem em 1940 que, como sabido, imps a supresso da Ordem.

Outras Lojas adaptaram os mesmos princpios admitindo a mulher em seus trabalhos, e uma Grande Loja Mista se separou em 1914 da Co-maonaria.Na Espanha havia, antes da guerra recente a instaurao do regime Franquista, mais de cem Lojas organizadas em Grandes Lojas regionais, dependendo de um s Grande Oriente e outras tantas no Grande Oriente Lusitano, com tendncia decididamente democrtica, sendo todas estas Lojas outros tantos centros de educao liberal, como natural reao a opresso secular da Igreja. As de Espanha favoreceram abertamente a efmera repblica socialista, contra os "rebeldes" quem de antemo decretaram a supresso da Ordem.

Na Itlia havia, em 1922, mais de 500 Lojas sob a dependncia do Grande Oriente, constitudo a imitao da organizao francesa, e um nmero menor a obedincia da Serenssima Grande Loja Nacional, dependendo de um Supremo Conselho em antagonismo com o Grande Oriente. Ao fim deste ano se originou um movimento entre as Lojas desta ltima obedincia, chegando a maioria destas a unir-se com o Grande Oriente. Sem dvida, seguiram subsistindo os dois corpos antagonistas, at que, ao cabo de dois anos, se desencadeou a ofensiva do fascismo contra a Maonaria, cuja a supresso decretara Mussolini, apesar de haver em geral a Maonaria favorecido o movimento fascista, e de haver uma maioria de maons at entre os membros do Grande Conselho do partido.

Atualmente numa forma provisria, o Grande Oriente da Itlia se reconstituiu em Londres, esperando o dia em que seja possvel renovar livremente sua atividade na pennsula cisalpina. Circulam, sem dvida, noticias no sentido de que a Maonaria siga existindo na Itlia dentro do regime fascista, e especialmente entre os oficiais do exrcito.

Na Sua a Grande Loja Alpina constitui uma aliana de Lojas simblicas autnomas, cuja atividade se desenvolve principalmente no campo prtico favorecendo as instituies nacionais e ocupando-se dos grandes problemas internacionais. Um plebiscito de inspirao nazista, que queria acabar com a Ordem na repblica helvtica, foi decidido, pouco antes da ltima guerra, em favor da mesma.

Na Blgica havia 24 Lojas sob a dependncia de um Grande Oriente e um Supremo Conselho para os graus superiores, seguindo um caminho anlogo da Maonaria Francesa. O Grande Oriente da Holanda tinha em suas dependncias mais de 100 Lojas muitas delas nas colnias; a Maonaria holandesa se aproxima da inglesa por seus princpios e fidelidade ao ritual, perseguindo o ideal da fraternidade e da paz universal.

A Maonaria Alem compreendia, antes do triunfo "nazista", 9 Grandes Lojas reunidas em federao (Grosslogenbund) com vrias centenas de Lojas e dezenas de milhares de maons. Se caracterizam por sua variedade e pela importncia dada ao lado especulativo, filosfico e educativo, da Instituio. Havia muitas Lojas decididamente crists, considerando "a mais alta manifestao divina na vida e nos ensinamentos do Mestre de Nazareth"; e alem disso um Grande Loja chamada Ordem Manica do Sol Nascente, com sede em Hamburgo, considerada pelas as demais como irregular. Depois de mais de um sculo de proibio, pode a Maonaria reativar na ustria seus trabalhos, constituindo-se em 1918 a Grande Loja de Viena que funcionou regulamente at anexao da ustria feita pela Alemanha.

Outra Grande Loja se constituiu em 1920 em Checoslovquia, enquanto na Hungria a Grande Loja que pode antes desenvolver-se livremente, chegando em 1919 a ter 93 oficinas, foi suprimida definitivamente em 1920, sendo seu edifcio ocupado pela fora pblica.

Nos pases escandinavos domina o Rito Sueco em 12 graus de inspirao mstica crist, adaptado tambm pela Grande Loja Nacional da Alemanha. Se admitem, por conseqncia, unicamente os cristos e o Gro Mestre o prncipe reinante com o titulo de Vicarius Salomonis (nome do ultimo grau).

Esta concretizao da Maonaria, eminentemente aristocrtica e contava recentemente com cerca de 50 Lojas na Sucia, 16 na Noruega e 12 na Dinamarca.

Na Rssia a Maonaria existiu secretamente a princpios do sculo XX. Tendo sido descoberta pela polcia, teve que suspender seus trabalhos; depois de uma curta revivescncia durante a guerra, no que chegou a ter em 1947 cerca de 30 Lojas, foi novamente suprimida com o triunfo e a instalao sangrenta do regime bolchevique, como "o engano mais contrrio e infame que faz ao proletrio um burguesia inclinada para o radicalismo".

Na Romnia existia tambm uma dezena de Lojas fundadas pelo Grande Oriente da Frana e reunidas na Grande Loja independente.

Em Belgrado existiam, a princpios do sculo, vrias Lojas de diferentes sistemas que em 1912 se submeteram a um Supremo Conselho. Em 1919 se constituiu a Grande Loja de Srvios, Croatas e Eslovenos Iugoslavos a semelhana da Sua. A Maonaria servia foi injustamente acusada de tomar parte no atentado de Sarajevo, que originou a guerra europia.

Na Grcia havia antes de sua ocupao pela Alemanha e Itlia um Grande Oriente com cerca de 20 Oficinas e na Bulgria uma Grande Loja, nascida em Sofia de uma Loja regularmente instalada pela Grande Loja da Frana antes da primeira guerra europia.

Em Constantinopla havia, antes do advento da nova poltica nacionalista, vrios grupos de Lojas de diferentes nacionalidades, alm do Grande Oriente da Turquia que se constituiu depois da guerra europia, cessando recentemente sua atividade, de uma maneira aparentemente "espontnea", para comprazer ao regime imperante.

ASIA E FRICANa Sria a Maonaria muito prspera, contribuindo notavelmente fraternidade e ao bom entendimento entre os homens de diferentes raas e crenas.

Entre os diferentes povos da sia, a Maonaria se acha muito difundida especialmente na ndia, onde as Lojas foram implantadas pelas trs Grandes Lojas da Inglaterra, Esccia e Irlanda. Nos templos manicos se igualam admiravelmente as diferenas de raas, casta e religio, e a Instituio realiza nesse pais um labor verdadeiramente benfico.

A Maonaria inglesa foi introduzida igualmente na China e, em 1888, no Japo.

No Egito h uma Grande Loja Nacional e mais de 50 oficinas. Outra Grande Loja existe na Repblica da Libria, desde de 1850. Noutras partes da frica h lojas dependentes das organizaes manicas estabelecidas na Inglaterra, Frana e Holanda.

NA AMERICA LATINANo Mxico a Maonaria se acha atualmente num perodo de reorganizao: h em todo pais vrios centenas de Lojas sob a obedincia de diferentes Grandes Lojas, entre as quais as principais so a Grande Loja Vale do Mxico e a Grande Loja Unida Veracruz. H um supremo Conselho que trabalha em harmonia com a Grande Loja Vale do Mxico e outras Grandes Lojas que competem com esta na mesma jurisdio do distrito Federal.

Recentemente muitas LL\ independentes, e outras que anteriormente se separaram, foram regularizadas no Vale do Mxico.

Alm desse Supremo Conselho reconhecido, h no pais outros trs, de cada um dos quais depende certo nmero de corpos filosficos: o do Norte (Monterrey), o do Sul (Yucatan)e um Supremo Conselho Nacional na capital.

Deve tambm sinalar-se o Rito Nacional Mexicano em nove graus, que suprime a formula A\ L\ G\ D\ G\ A\ D\ U\ substituindo com outra (Ao triunfo da Verdade e Progresso do Gnero Humano), assim como o uso da Bblia. Admite a mulher e ha apartado outras inovaes, nem todas igualmente felizes no ritual.

Se pratica o princpio da "autonomia das lojas"e h muitas Lojas independentes que trabalham amistosamente e admitem visitantes de qualquer obedincia. O rito dominante o escocs. Os trabalhos se dirigem para a soluo dos grandes problemas sociais e o melhoramento das condies da vida do povo.

Se atribui injustamente a maonaria mexicana de haver determinado a luta religiosa no pais; a maioria dos maons se mantiveram neutros nessa luta, que deve considerar-se como reao natural ao domnio da Inglesa nos sculos passados.

O desejo de unificar a Ordem, sentido por muitos Ir \ de diferentes obedincias, e que pudera realizar-se por meio de um Grande Oriente, como rgo central coordenador, no pode, todavia, levar-se ao fim por falta de uma adequada cooperao.

Em Cuba h uma Grande Loja e um Supremo Conselho fundados em 1859 com um nmero aproximado de 200 oficinas. Em Porto Rico h igualmente uma Grande Loja com 37 Lojas; em Haiti um Grande Oriente fundado em 1824, com 64 lojas e um nmero quase igual de captulos e aropagos; em So Domingo um Supremo Conselho, fundado em 1861, com uma dezena de Lojas.

Um Supremo Conselho da Amrica Central foi fundada tambm em So Jos de Costa Rica em 1870: em 1899 se constituiu uma Grande Loja que conta com uma dezena de oficinas. Igual nmero contam a Grande Loja de Panam e a de Salvador. Tambm em Guatemala h uma dezenas de Lojas sob a jurisdio de uma Grande Loja que substituiu a Grande Oriente de Guatemala, fundado em 1887.

Na Colmbia existe um Supremo Conselho desde 1827, h alem dessa, recentemente no menos de trs Grandes Lojas antagnicas, que em 1938 anunciaram sua unificao. Tambm em Bogot, por iniciativa da maonaria colombiana, se lanou nestes anos a idia de uma Confederao Manica Latino Americana.

Na Bolvia e Venezuela o nmero de Of\ aparece muito reduzido, dependendo na primeira de um Supremo Conselho fundado em 1833, e na segunda de um Grande Oriente fundado em 1865 e de duas Grandes Lojas mais recentes.

No Brasil a Maonaria estava at pouco tempo, muito estendida e ativa, com cerca de 400 Lojas e um nmero considervel de oficinas dos graus superiores, dependentes de um Grande Oriente e de um Supremo Conselho que se fundiram em 1882. A Maonaria se fez promotora neste pais da luta contra a escravido.

No Peru e no Chile, como na Sua, a Maonaria se limita unicamente aos trs graus simblicos: h duas Grandes Lojas (a primeira das quais se remonta ao ano 1831 e a segunda a Maio de 1862) que contam com mais de 50 oficinas entre dois pases. Estes realizam um trabalho muito srio e ativo em beneficio de seus respectivos pases.

No Uruguai h um Supremo Conselho e um Grande Oriente, fundados em 1855, com vinte Lojas aproximadamente. Com a participao do G... A... U... continua o Oriente do Uruguai, foi constitudo tambm em 1859, um Grande Oriente Argentino, que se dissolveu em 1886 e se reconstituiu em 1895, do qual dependem atualmente mais cem Lojas. Alem disso h aqui como em outras partes da Amrica, vrias Lojas a obedincia de Grandes Lojas e Grandes Orientes estrangeiros.

O DOMINIO MUNDIAL DA MAONARIAMuito se escreveu e falou recentemente, atravs de inimigos de nossa Instituio e de sua orientao libertadora das conscincias, sobre o domnio internacional que a Maonaria exercia ou quis exercer, como fim principal de sua organizao. Se diz especialmente que, na organizao manica, com seus altos graus nos diferentes pases, se encontra a obedincia oculta da chamada "internacional hebraica", que tem por fim derrubar todos os governos e de maneira especial as monarquias, estabelecendo uma Repblica Universal com o domnio dos judeus sobre toda a terra.

Se citam a este propsito os "Protocolos dos Sbios de Sion", nos quais particularmente se afirma esta oculta conexo entre a Maonaria e o judasmo, e que encontraram um eco em vrios ambientes nacionalistas, especialmente na Frana e Alemanha, aproveitando vivamente a ocasio os anti-maons para lanar novos dardos contra a Instituio. Alguns deles, como Ludendorff, chegaram as afirmaes mais ridculas, como por exemplo a da equivalncia do avental manico com a circunciso judaica.

No mesmo campo de nossos adversrios, se levantaram vocs para declararem lealmente o absurdo dessas invenes e lendas que se apoiam na ignorncia do que realmente nossa Instituio. No mesmo Congresso anti-maonico de Trento, foram pronunciadas as palavras "Falsa a idia de um direo central de todas as Lojas do mundo: falsa a idia de chefes desconhecidos e falsa tambm a dos segredos no esclarecidos todavia...".

Enquanto aos judeus suficiente dizer que constituem uma exgua minoria na Instituio, e que foram e seguem sendo excludos em vrios ritos, como por exemplo o Sueco, e esto por conseguinte muito longe de poder exercer uma decidida influncia. A Bblia obrigatria em quase todos os pases e aberta no Evangelho de So Joo, prova a evidncia do carter mais cristo que judaico da Maonaria Moderna, assim como prova certo grau superior.

E no que se refere unidade de mando necessria para este domnio, pode assegurar-se que no existe: as diferentes organizaes manicas nacionais se limitam unicamente a reconhecer-se mutuamente sobre a base dos princpios comuns a seus trabalhos e atividade, e este recproco reconhecimento est muito longe de ser universal.

Tambm a Associao Manica Internacional de Genebra, no tem maior autoridade que a Sociedade das Naes tinha sobre seus componentes, e tampouco logrou em reunir efetivamente a todos os Grandes Corpos que representam oficialmente a Ordem.

Alem disso, este suspeito mando ou domnio, estas ordens que os maons receberam ocultamente e obedeceram cegamente, so fatos contrrios a essncia e aos princpios da Sociedade, que quer libertar os homens e no fazer deles outros tantos escravos. Liberta-los especialmente dos erros, do vcios e dos prejuzos, encaminhando-os para a senda da Verdade e da Virtude.

O nico e verdadeiro "lao universal entre os maons est constitudo pelos Princpios que os unem, na medida que cada maom individualmente os reconhece e pe em prtica, e o nico "domnio" que a Maonaria aspira, a da Verdade, fazendo obra de Fraternidade, de Paz e Cooperao, entre os homens e os povos.

SEGUNDA PARTEO SIGNIFICADO DA CERIMONIA DE RECEPCOCita-se algumas vezes a palavra iniciao no segundo e terceiro graus, assim como nos seguintes; este termo imprprio, dado que no se pode ser iniciado na Maonaria mais que uma vez, quando se ingressa nela no grau de Aprendiz. Depois do qual, um caminho de progresso em diferentes etapas, cada uma das quais precisamente corresponde a um grau manico, ou seja, uma mais perfeita compreenso e realizao do significado da iniciao manica.

Por esta razo, em muitos dos Mistrios Antigos, assim como corporaes construtoras, h uma s e nica cerimonia com a qual se admitia os candidatos nos ensinamentos esotricos, ou bem, no grmio dos que participam da Arte.

Na Maonaria no havia, segundo alguns, at por algum tempo depois da fundao da Grande Loja de Londres, mais que dois graus, depois do qual, com o desenvolvimento ritualistico, se viu a convenincia da diviso ternria, que ficou como uma das principais caractersticas de nossa Ordem. Em que na prtica, o descuido em que se acha o formoso grau do que tratamos neste Manual, demonstre como os trs graus no so ainda efetivos. Qualquer que seja a realidade a este propsito, e apesar de que algumas vezes pode perder-se de vista a necessria graduao do verdadeiro esforo nas etapas sucessivas, s com as quais pode conseguir-se um verdadeiro resultado em qualquer caminho, dita graduao se imps em todos os tempos e toda a forma de atividade, em todo campo prtico ou especulativo.

Em qualquer arte ou ensinamento, em qualquer hierarquia social, inicitica ou religiosa, necessariamente houve e haver constantemente, sob diferentes nomes e ainda sem nomes especiais, Aprendizes, Companheiros e Mestres; correspondendo o primeiro grau ou etapa ao ingresso ou perodo de novio, o segundo a prtica que faz o artista (e portanto um verdadeiro companheiro no grmio ou hierarquia em que se encontra), e o terceiro ao domnio completo ou magistrio da Arte, que d a capacidade de ensinar, dirigir e guiar aos demais.

Assim pois, a diviso em trs graus fundamentais to necessria e natural que sempre se chega a ela, praticamente de uma maneira ou de outra. No menos necessria aparece (o que no corresponde ao presente "Manual" examin-lo detidamente) a adio de graus suplementares, que constituam uma melhor realizao do programa dos primeiros, e apesar de se repudiar, ou no se queira reconhec-los, sempre reapareceram numa forma ou noutra. A Maonaria sempre os teve, ainda que nem sempre se distinguiram exteriormente.

A necessidade de uma Cerimnia de recepo em cada grau se faz evidente com o progresso da organizao: a perfeio destas cerimnias quase sempre um resultado natural do esforo e da prtica constante, de um trabalho coletivo no qual toda inovao deve ser examinada e provada por muitos, antes de que possa adotar-se ou repudiar-se em definitivo, um trabalho, enfim, que tende mais bem que a crer ex nihilo e a priori, a realizar um Plano preexistente, que no pode ser outro que o mesmo Plano do Grande Arquiteto, qualquer que seja a concepo ou interpretao individual deste termo simblico.

A cerimnia de recepo neste segundo grau, completamente estranho, com toda probabilidade, s corporaes medievais das quais tomou diretamente sua origem a Maonaria Moderna, foi o resultado de um trabalho de elaborao coletiva que se fez na primeira metade do sculo XVIII. Um resultado muito feliz por certo, que mostra uma perfeita competncia de seus autores incgnitos, como se pode julgar pelo o que iremos expondo nas pginas seguintes, assim como por sua imediata aceitao e difuso universal.

O MESTRE INSTRUTORNas corporaes de canteiros e pedreiros, o novio para sua aprendizagem sob o guia de um mestre da arte ao qual se confia para que faa dele um obreiro capacitado, obrigando-se este a servi-lhes por certo nmeros de anos, sendo todo o trabalho realizado durante este tempo por conta de seu mestre.

Uma vez que o aprendiz cumpriu o tempo fixado e seu mestre estava satisfeito dele, este o apresentava aos demais como um obreiro devidamente preparado, e ao qual se podia confiar qualquer trabalho, e desde deste momento podia ser contratado livremente recebendo o salrio que lhe correspondia.Viajava ento para praticar a arte e aperfeioar-se na mesma e, a medida que crescia sua habilidade no uso dos diferentes instrumentos, chegava a emancipar-se gradualmente das regras que havia respeitado em seus primeiros passos, adquirindo a genialidade que fazia dele um artista.

A cerimnia de recepo no segundo grau manico reflete em seu simbolismo estas etapas de trabalho e de experincia que constituem o programa inicitico do companheiro, a mstica frmula que deve este compreender e realizar por meio do esforo pessoal, que a base de todo o progresso.

Igualmente em toda a forma de ensinamento terica ou prtica, e de maneira especial no ensinamento inicitico, o novio ou discpulo tem que se submeter ao guia particular de um Mestre Instrutor que dirija e vigie seus passos e esforos sobre a senda de progresso, at que alcance a capacidade de caminhar por si mesmo, sem a necessidade de que seus passos sejam continuamente vigiados.

Assim se fazia nas iniciaes antigas, confiando-se todo nefito a um guia particular que lhe instrua e respondia por ele, e por meio da instruo recebida e das capacidades adquiridas, quando seu instrutor o achava conveniente, lhe dava ou reconhecia o segundo grau que fazia do misto um ponto ou "vidente", preparado e capacitado para realizar a segunda parte do programa, encaminhando-se gradualmente por seus prprios esforos e sob a guia de sua prpria Luz interior, para o Magistrio.

O mesmo deveria fazer-se em todas as Lojas Manicas, quando se queira levar a cabo um labor efetivo, sem deixar nunca aos Aprendizes entregues a si mesmos, ou ao cuidado geral do Segundo Vigilante. Uma vez reconhecidas suas capacidades e tendncias particulares, o Mestre da Loja deveria confiar cada Aprendiz a um Mestre Instrutor, ocupado diretamente de sua instruo e progressos. E s quando a juzo deste os avanos so efetivos e h compreendido o essencial da Doutrina Manica do primeiro grau, e seria proveitoso os estudos dos novos smbolos que se relacionam com o segundo. Ento deveria propor, na Cmara respectiva, para um aumento de salrio.

Como o curto prazo dos simblicos cinco meses que se lhe assina a estncia no primeiro grau, em geral insuficiente para que se adquiram os conhecimentos indispensveis para sacar proveito de um novo estudo, desejvel, para o bem da Instituio e dos mesmos interessados, que se prolongue este prazo a um ano quando menos, pois s com esta condio se evitar que se encham de elementos maonicamente inexperientes, as colunas de Companheiros e Mestres. De que pode servir ao Aprendiz adquirir privilgios e conhecimentos deste grau quando todavia no estudou e meditou o suficiente o simbolismo e o significado do grau de Aprendiz?

EXAME DO CANDIDATO, pois de importncia essencial, o exame do candidato, como conditio sine qua non para que se lhe permita ascender o segundo grau. E este exame no deve se limitar-se a uma pura formalidade, com se faz em algumas Lojas, sendo o conhecimento fundamental do que se relaciona com o primeiro grau a base necessria de todo progresso ulterior.

Este exame se faz, como se costuma, na Cmara do Aprendiz, para que todos se dem conta do progresso dos candidatos, e sirva ao mesmo tempo de lio e estmulo para os demais, com o guia do Catecismo que se acha anexo a toda Liturgia.

Quando o exame comprova no candidato uma compreenso e um amadurecimento suficientes, segundo a opinio unanime de todos os componentes da Segunda Cmara, se procede ento a Cerimnia de Recepo.

O exame do candidato corresponde, pois, no segundo grau, a estncia no quarto de reflexo do primeiro grau, sendo naturalmente, por no tratar-se mais de um profano, as condies muito diferentes. Em vez da solidariedade e da semi-obscuridade de um pequeno quarto negro, o candidato se encontra aqui num Templo iluminado, no meio de seus irmos, que ouvem e julgam suas contestaes, que mostram o que e sabe. E em vez de ser despojado de seus metais, deve aqui luzir e fazer presentes a todos seus novos conhecimentos e aquisies.

PREPARAOAssim como a preparao do candidato ao grau de Aprendiz h de ser material e moral, a preparao ao grau de Companheiro ser especialmente moral e intelectual. No tem, pois, uma verdadeira razo simblica o descobrimento do peito nem do p do lado direito, nem do joelho esquerdo, nem a corda enroscada ao redor do brao, que se usam nas Lojas anglosaxonicas, para a recepo neste grau, (por simetria com a iniciao do Aprendiz); tampouco tem razo de existir a venda sobre um dos olhos para o que j viu a Luz.


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