Download pdf - Mar e Ambientes Costeiros

Transcript
  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    1/324

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    2/324

    raslia DF2008

    Mar e

    ambientescosteiros

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    3/324

    Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE)

    PresidentaLucia Carvalho Pinto de Melo

    Diretor Executivo

    Marcio de Miranda Santos

    DiretoresAntonio Carlos Filgueira GalvoFernando Cosme Rizzo Assuno

    Edio e reviso / Tatiana de Carvalho Pires

    Projeto grfico e diagramao / Andr Scofano e Paulo Henrique Gurjo

    Grficos / Eduardo Oliveira e Paulo Henrique Gurjo

    Capa / Eduardo Oliveira e Paulo Henrique Gurjo

    Centro de Gesto e Estudos EstratgicosSCN Qd 2, Bl. A, Ed. Corporate Financial Center sala 110270712-900, Braslia, DF

    Telefone: (61) 3424.9600http://www.cgee.org.br

    Esta publicao parte integrante das atividades desenvolvidas no mbito do Contrato de Gesto CGEE/MCT/2007.

    Todos os d ireitos reservados pelo Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE). Os textos contidos nestapublicao podero ser reproduzidos, armazenados ou transmitidos, desde que citada a fonte.Impresso em 2008

    C389mMar e Ambientes Costeiros - Braslia, DF : Centro de Gesto e

    Estudos Estratgicos, 2007.

    323 p.; Il.; 24 cmISBN - 978-85-60755-05-9

    1. Recursos Marinhos. 2. Explorao Sustentvel. 3. MudanasClimticas. I. CGEE. II. Ttulo.

    CDU 351.797

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    4/324

    Mar eambientescosteiros

    Superviso:ntonio arlos ilgueira alvo

    Consultores:elmiro endes de astro (coordenador)bio Hissa ieira HazinKaiser onalves de ouza

    Equipe Tcnica CGEE:ntonio Jos eixeira (coordenador)

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    5/324

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    6/324

    rasil possui cerca de mil km de litoral e pode chegar a ter controle jurisdicional sobre uma rea

    marinha de , milhes de km, ou mais da metade da rea do territrio brasileiro emerso, que de

    , milhes km. ssim, o componente mar e ambientes costeiros deve necessariamente ser parte

    integrante de qualquer estudo que envolva a dimenso territorial brasileira e o aproveitamento sus-

    tentvel dos seus recursos naturais.

    interao entre o homem e o mar no territrio nacional proporciona um grande nmero de

    oportunidades econmicas, sociais e de integrao, o que, em contrapartida, acarreta uma quanti-

    dade considervel de problemas ambientais. s caractersticas geogrficas e de ocupao territorial

    conferem ao rasil uma posio estratgica privilegiada em termos de explotao sustentvel dos

    recursos do mar, incluindo no s a pesca, o transporte, o lazer e a segurana, mas tambm a ex-

    plotao mineral.

    odavia, para que a explotao seja sustentvel indispensvel o conhecimento dos processos oce-

    nicos e dos recursos marinhos, o que s pode ser atingido por meio da pesquisa cientfica e tecno-

    lgica. ornam-se igualmente importantes tanto a formao de pessoal como a divulgao desse

    conhecimento nos mais diferentes mbitos da sociedade, a fim de promover o desenvolvimento e a

    consolidao de uma conscincia ambiental sobre o uso do mar e de seus recursos.

    presente estudo visa construo de uma agenda de prioridades para orientar o estabelecimento

    de estratgias governamentais relativas ao desenvolvimento cientfico e tecnolgico em temas liga-

    dos ao mar, explorao sustentvel de recursos marinhos existentes em reas de grande interesse

    para o rasil no tlntico ul e quatorial, e aos estudos necessrios para elucidar o papel dessas re-

    gies ocenicas no clima sobre o territrio nacional.

    aptulo introduz o tema geral do documento. aptulo trata do arcabouo legal, nacional

    e internacional, a respeito dos recursos do mar. aptulo apresenta os principais recursos mine-

    rais conhecidos no spao arinho rasileiro, e discute a sua importncia socioeconmica e polti-co-estratgica. aptulo contm a descrio dos recursos vivos e prope formas sustentveis de

    seu aproveitamento. aptulo apresenta as atividades de cincia e tecnologia () necessrias

    para validar a ocupao e a apropriao sustentvel dos recursos marinhos de interesse para o rasil,

    bem como discute a importncia do tlntico ul e quatorial para o clima do pas.

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    7/324

    s horizontes temporais propostos para este estudo, , , e , esto em consonnciacom o Projeto Brasil empos, preparado pelo cleo de ssuntos stratgicos da residncia da

    epblica, em que os objetivos nacionais estratgicos seriam implementados progressivamente, a

    partir de instrumentos interativos entre o governo e a ao. estudo leva em considerao fatos

    portadores de futuro, aqueles sobre os quais no temos controle e que determinaro uma situao

    inevitvel, em funo da qual deveremos tomar providncias cabveis.

    o que concerne aos recursos minerais, destacam-se os seguintes fatos portadores de futuro:

    xausto das reservas e restries ambientais para a minerao de recursos minerais

    continentais;

    rescente explorao mineral em guas cada vez mais profundas;

    roso costeira;

    rescente dependncia nacional dos fertilizantes importados;

    orrida internacional para requisio de stios de explorao mineral na rea internacional

    dos oceanos.

    estudo tambm aborda aspectos relacionados, entre outros, a :

    ecursos minerais e reas geogrficas prioritrias;

    ulnerabilidade ambiental;

    rcabouo legal;

    bstculos ao desenvolvimento da pesquisa mineral e lavra de recursos minerais

    marinhos;

    es prioritrias;

    novao e desenvolvimento cientifico e tecnolgico;

    apacidade instalada.

    e forma a dar as devidas prioridades aos recursos minerais, estes foram subdivididos em dois

    grupos distintos:

    queles situados na plataforma continental brasileira (PCB) que tm valor socioecon-

    mico, pois podem movimentar a economia e gerar empregos no curto e mdio prazos;

    queles situados no tlntico ul e quatorial, em reas adjacentes PCB, que tm valor

    poltico-estratgico, pois sua identificao e requisio de reas de explorao junto u-

    toridade nternacional dos undos arinhos (rganizao das aes nidas, ONU) ga-

    rantem a ampliao da presena do pas em reas internacionais, especialmente naquelas

    adjacentes plataforma continental juridica brasileira.

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    8/324

    estudo mostra que entre os recursos minerais prioritrios de valor socioeconmico figuram emprimeiro plano os agregados (areias e cascalhos). sses bens minerais tm especial interesse para a in-

    dstria da construo civil e para a recuperao de praias erodidas. calcrio bioclstico representa

    igualmente um recurso prioritrio, face importncia da sua utilizao como fertilizante, rao ani-

    mal, complemento alimentar, implante em cirurgia ssea, indstria cosmtica e no tratamento de

    gua e esgotos domsticos e industriais. s plceres de minerais pesados (cassiterita, ouro, diamante,

    ilmenita, rutilo, zirco, monazita e magnetita, entre outros) foram indicados na mesma ordem de

    prioridade, apesar de serem considerados menos urgentes do que os precedentes. or sua impor-

    tncia como fertilizantes, as rochas fosfticas (fosforitas) fecham o ciclo de prioridade .

    prioridade coube aos recursos energticos, o carvo e os hidratos de gs, que tm despertado o

    interesse de cientistas, de rgos pblicos e da iniciativa privada. utros depsitos categorizados no

    mesmo patamar incluem o enxofre e o potssio. ntre os recursos minerais da rea internacional dos

    oceanos que apresentam valor poltico-estratgico destacam-se, em ordem de prioridade, as crostas

    cobaltferas, os sulfetos polimetlicos e os ndulos polimetlicos. s crostas cobaltferas so aponta-

    das como prioridade por serem abundantes na rea da levao do io rande, regio contgua aolimite externo da PCB que j vem atraindo interesse de outros pases para futuras exploraes. ma

    das razes para a escolha de sulfetos polimetlicos como segunda prioridade reside no fato de que

    esse recurso ocorre associado a organismos de interesse biotecnolgico de alto valor comercial.

    ste estudo mostra que a tecnologia marinha brasileira teve um grande desenvolvimento na rea do

    petrleo e do gs . o que diz respeito explorao de recursos minerais no-petrolferos, entretan-

    to, o desenvolvimento foi quase nulo. ontudo, existe no rasil um grande potencial para adaptar e

    inovar a tecnologia existente para a explorao de recursos minerais no-petrolferos da PCB e reas

    ocenicas adjacentes.

    odo tipo de explorao de recursos minerais marinhos implica impacto ambiental. o entanto,

    esse impacto pode ser minimizado pelo uso de tecnologias adequadas. lm disso, toda atividade

    de explorao mineral marinha deve ser precedida pela elaborao de estudos de impacto ambien-

    tal que tambm identifiquem possveis medidas mitigadoras. m alguns casos, ao menos at que as

    questes ambientais possam ser satisfatoriamente resolvidas, a extrao no deve ser permitida. eoutro lado, a criao de reas protegidas ou de conservao sem que haja um conhecimento geol-

    gico adequado da rea submersa baseado em cartografia morfo-sedimentar em escala apropriada,

    pode ser considerada um obstculo ao desenvolvimento sustentvel de recursos minerais e energ-

    ticos marinhos, que poderiam trazer progresso e incluso social para localidades litorneas, muitas

    vezes desprovidas de qualquer atividade econmica.

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    9/324

    s instrumentos legais referentes minerao marinha existentes no rasil foram amplamente dis-cutidos neste estudo. o entanto, as peculiaridades do ambiente marinho demandam que sejam

    criados instrumentos especficos na legislao mineral e ambiental, a fim de que a pesquisa e a lavra

    mineral sejam desenvolvidas de forma sustentvel, incluindo ainda a necessidade de que a atividade

    pesqueira e as outras atividades marinhas sejam convenientemente protegidas. ssas sugestes te-

    ro aplicao mais direta na explorao de granulados e plceres, pois so eles os recursos minerais

    passveis de explorao em curto prazo, j havendo demanda para eles no rasil. legislao am-

    biental muito extensa, avanada e conflitante, o que vem criando uma srie de dificuldades para

    sua aplicao e requer uma compatibilizao. o entanto, uma vez criados esses instrumentos, suaaplicabilidade ainda pode ser comprometida pela falta de pessoal especializado e de recursos ma-

    teriais para aplic-los, assim como pela falta de integrao entre os rgos fiscalizadores, no caso o

    epartamento acional de roduo ineral (DNPM) e o nstituto rasileiro do eio mbiente e

    dos ecursos aturais enovveis (bama).

    ntre as aes prioritrias a serem implementadas nos diferentes horizontes temporais com vistas

    efetiva ocupao do mar brasileiro e ampliao da presena brasileira no tlntico ul e quatorialde forma racional e sustentvel nos planos regional, nacional e internacional, destacam-se:

    ampliao e o fortalecimento de redes de pesquisa de forma a nortear a avaliao do

    potencial mineral marinho e a caracterizao tecnolgica dos recursos minerais de inte-

    resse socioeconmico;

    criao de um centro nacional de gesto de meios flutuantes e equipamentos ocea-

    nogrficos e de geologia e geofsica marinha, de forma a otimizar e viabilizar uma infra-

    estrutura bsica de pesquisa marinha; sistematizao e a integrao de informaes geolgicas e geofsicas da PCB e das reas

    ocenicas adjacentes por meio da construo de um anco de ados eoreferenciados

    associado a um istema de nformaes eogrficas (SIG) e pela elaborao de docu-

    mentos normativos para o levantamento e armazenamento das informaes geolgicas

    e geofsicas;

    realizao de levantamentos sistemticos visando a identificar as caractersticas geol-

    gicas e geomorfolgicas do fundo marinho e do subsolo da PCB de modo a identificar asdiferentes feies geolgicas que a caracterizam;

    identificao de reas de ocorrncia de novos recursos minerais e o levantamento de

    informaes geolgicas de base para o manejo e a gesto integrada da PCB e da zona cos-

    teira associada;

    realizao de estudos de viabilidade tcnica, econmica e ambiental para subsidiar a po-

    ltica de planejamento e gesto da PCB e da zona costeira e as entidades reguladoras, por

    meio da definio de critrios tcnicos para a explorao desses recursos minerais;

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    10/324

    elaborao e implementao de um plano de fortalecimento das instituies de pes-

    quisa do pas, incluindo um programa de formao e capacitao de recursos humanosna rea de cincia e tecnologia;

    ampliao das atividades de pesquisa e o incio de atividades de lavra mineral de plce-

    res e granulados siliciclsticos e carbonticos na PCB;

    ampliao de atividades de recuperao da costa brasileira, com base em inventrio da

    potencialidade de areia da plataforma continental interna;

    avaliao e adequao da legislao mineral e ambiental com vistas a sistematizar, racio-

    nalizar e modernizar o marco legal dessa atividade, levando em conta as especificidadesdos recursos minerais marinhos;

    incio da pesquisa mineral na rea internacional dos oceanos e a requisio de stios de

    explorao utoridade nternacional dos undos arinhos (ONU) em regies adjacentes

    PCB com o objetivo de ocup-las antes que sejam requisitadas por outros pases;

    estabelecimento de cooperaes internacionais e regionais que fortaleam a presena

    do rasil no tlntico ul e quatorial, tanto no que diz respeito pesquisa de conheci-

    mento do ambiente marinho como pesquisa mineral;

    gerao e/ou adaptao de novas tecnologias de pesquisa mineral e lavra aliceradas na

    sustentabilidade ambiental, social e econmica da atividade;

    consolidao do setor mineral marinho alicerada sobre uma base produtiva social, eco-

    nmica e ambientalmente sustentvel, realizando uma explorao mineral plena e ade-

    quadamente ordenada, com base em instrumentos de gesto modernos, transparentes e

    participativos, incluindo a utilizao de reas marinhas protegidas e com uma estrutura

    de fiscalizao gil e eficiente.

    m virtude de o estado da arte do desenvolvimento tecnolgico possibilitar a explorao sustent-

    vel dos recursos minerais dos fundos marinhos em profundidades cada vez maiores e considerando

    que as atividades de explorao desses recursos movimenta de forma grandiosa a economia de v-

    rios pases, com a gerao de elevado nmero de empregos, o rasil, pas com grande tradio na

    atividade da minerao, deve desenvolver polticas e aes que garantam s geraes vindouras um

    patrimnio de recursos naturais j considerado estratgicos para um futuro no muito distante.

    m relao aos recursos vivos do mar, o estudo contextualiza inicialmente a produo brasileira de

    pescado em relao ao resto do mundo. egundo a ood and gricultural rganization (FAO), em

    a produo mundial de pescado por captura situou-se prxima a milhes de toneladas,

    cerca de acima da quantidade de anos antes. esse mesmo perodo, a produo de pesca-

    do pela aqicultura cresceu de pouco mais de , milhes de toneladas para cerca de , milhes,

    um crescimento da ordem de vezes. inda segundo a FAO (), em mais da metade ()

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    11/324

    dos estoques pesqueiros marinhos mundiais encontrava-se sob explotao plena, enquanto cerca

    de estavam sobre-explotados, exauridos ou em recuperao, de forma que apenas cerca de /

    dos estoques () apresentavam alguma possibilidade de ampliao da produo. concluso

    de que a produo mundial de pescado por captura j se encontra no limite de sua capacidade m-

    xima sustentvel, no havendo, portanto, maiores perspectivas para o seu crescimento.

    o longo da histria, a utilizao dos recursos vivos do mar no rasil, como objeto da atividade pes-

    queira, tem ocorrido de forma desordenada e mal planejada, estando centrada, quase que exclusi-

    vamente, sobre os recursos costeiros. omo conseqncia, atualmente grande parte dos estoquespesqueiros marinhos encontra-se plenamente explotada ou em situao de evidente sobrepesca.

    m funo do declnio da produtividade, o setor pesqueiro vem enfrentando uma grave crise eco-

    nmica e social. lm da precria condio de muitos estoques, que se encontram sob intenso

    esforo de pesca, mtodos inadequados de manuseio, beneficiamento, conservao e transporte

    contribuem para reduzir drasticamente a qualidade do pescado. sso ocorre tanto a bordo como ao

    longo do trajeto produtor-consumidor, elevando o ndice de perdas e, conseqentemente, agregan-

    do custos indesejveis ao preo final do pescado. insuficincia de dados estatsticos consistentessobre a atividade pesqueira constitui outro grave problema para o pas, dificultando sobremaneira o

    diagnstico adequado do real estado dos estoques pesqueiros e do prprio processo de sua explo-

    tao. produo pesqueira no rasil apresentou crescimento vertiginoso a partir de , em funo

    de um intenso processo de industrializao promovido a reboque dos incentivos fiscais institudos pelo

    ecreto-ei n (BRASIL, a). o incio da dcada de , a produo pesqueira do rasil chegou

    a atingir valores prximos a milho de toneladas (. t em ), declinando a partir de ento para

    pouco mais de mil t em . ntre e , a produo nacional de pescado voltou a oscilar

    em torno de milho de toneladas. crescimento observado em anos recentes ocorreu particular-mente em funo do aumento da produo oriunda da pesca ocenica e de cultivo.

    pesar de possuir uma das maiores linhas de costa do mundo, com . km, e perto de , mi-

    lhes de km de zona econmica exclusiva, o rasil produz apenas cerca de mil toneladas pela

    pesca martima, o que representa somente , da produo mundial. principal causa para a bai-

    xa produo pesqueira nacional reside no fato de as condies oceanogrficas na costa brasileira no

    favorecerem a ocorrncia de processos de enriquecimento do ambiente marinho. m relao s esp-cies ocenicas, como os atuns e afins, a produo nacional responde por cerca de apenas do to-

    tal produzido no ceano tlntico. mbora no que cabe pesca costeira e de plataforma existam

    poucas perspectivas de aumento de produo, a posio ocupada pelo pas no cenrio da pesca

    ocenica no se justifica, j que ele encontra-se estrategicamente bem situado em relao s reas

    de ocorrncia das principais espcies ocenicas no tlntico, com grande vantagem comparativa

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    12/324

    em relao a outras naes com tradio pesqueira. mesmo aplica-se maricultura, na qual

    marcante o contraste entre o potencial do pas e o seu atual nvel de produo.

    evido deficincia tecnolgica para cultivo em guas profundas, a maricultura no rasil tem se

    desenvolvido em guas costeiras de pouca profundidade. elevado grau de poluio e a degrada-

    o dos hbitats costeiros comprometem a qualidade da gua, o que pode, em decorrncia, afetar

    severamente a sanidade dos organismos cultivados e sua produtividade, assim como a qualidade

    dos produtos do cultivo. sse quadro se agrava na proximidade dos grandes centros urbanos, jus-

    tamente onde h maior disponiblidade de infra-estrutura e de facilidades logsticas, fatores que socruciais para a rentabilidade econmica da atividade. s inmeros conflitos de uso de reas de cul-

    tivo se devem tanto pouca disponibilidade dessas reas, quanto ao fato de elas se situarem prxi-

    mas de locais que abrigam ecossitemas frgeis, a exemplo de recifes e manguesais. ara reduzir esses

    conflitos com a sociedade em geral e com outros setores produtivos, faz-se necessria a criao de

    polticas pblicas e de diretrizes claras e bem definidas, especialmente quantro aos espaos onde a

    atividade possa se desenvolver de forma ambientalente sustentvel.

    s problemas enfrentados pela pesca extrativa brasileira, por sua vez, incluem o sobre-dimensiona-

    mento dos meios de produo, a abundncia relativamente baixa dos recursos pesqueiros marinhos

    em funo da reduzida produtividade de nossas guas, a degradao ambiental dos ambientes cos-

    teiros em decorrncia da ao antrpica, particularmente a poluio (urbana, agrcola e industrial)

    nas reas mais prximas aos grandes centros urbanos, o esforo de pesca excessivo e concentrado

    sobre um pequeno grupo de recursos tradicionalmente pescados, a utilizao de padres de pesca

    inadequados e predatrios, e o baixo nvel de conscientizao do setor produtivo.

    m relao aos recursos pesqueiros de guas profundas no talude continental, os dados disponveis

    confirmam que eles so, em geral, pouco produtivos, no apresentando nveis de biomassa suficien-

    temente elevados para garantir a explotao industrial em larga escala. pesar de relativamente re-

    duzidos em termos de volume, contudo, esses recursos podem aportar uma importante contribui-

    o ao setor pesqueiro nacional, particularmente em funo do seu valor de mercado, normalmente

    bastante elevado.

    principal alternativa para o desenvolvimento do setor pesqueiro nacional, porm, excetuando-se

    a aqicultura, reside certamente na pesca ocenica, voltada para a captura de atuns e peixes afins

    (espadarte, agulhes e tubares), os quais apresentam uma srie de vantagens comparativas em rela-

    o aos recursos costeiros, entre as quais se destaca o fato de o seu ciclo de vida ser completamente

    independente dos ecossistemas costeiros, j intensamente degradados. ma vantagem adicional

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    13/324

    que, desde que adequadamente planejado, o desenvolvimento da pesca ocenica nacional poderia

    resultar na reduo do esforo de pesca sobre os estoques costeiros, j sobre-explotados.

    rios so os entraves, porm, para o desenvolvimento da pesca profunda e ocenica no pas, com

    destaque para a falta de mo-de-obra especializada, de tecnologia e de embarcaes adequadas, as

    quais, devido ao seu elevado custo, encontram-se comumente muito alm da capacidade de inves-

    timento das empresas de pesca brasileiras. ara que o rasil consiga, portanto, ampliar a sua par-

    ticipao na pesca ocenica, precisar ampliar quotas de captura, consolidar uma frota pesqueira

    nacional, formar mo-de-obra especializada e gerar conhecimento cientfico e tecnolgico sobre asespcies explotadas.

    m termos de infra-estrutura logstica, h uma grande necessidade de um nstituto acional de es-

    quisa e esenvolvimento esqueiro (INPDP), que deveria ser dotado de pelo menos duas embarca-

    es modernas multi-especficas para o desenvolvimento de pesquisas sobre os recursos pesqueiros

    do rasil. lm disso, necessrio o treinamento de pescadores, estudantes de scolas cnicas de

    esca e alunos dos cursos de ngenharia de esca j existentes no pas, assim como dos cursosafins, como ceanografia e iologia arinha. ensino tcnico de nvel mdio deveria ser reforado

    a partir da criao de novas unidades e do fortalecimento das j existentes, de forma a possibilitar o

    treinamento de mo-de-obra especializada para a pesca industrial, como patres de pesca, moto-

    ristas, pescadores, geladores, etc.

    onsiderando-se que a disponibilidade de informaes fidedignas sobre a realidade do setor pes-

    queiro nacional condio essencial para um adequado planejamento e ordenamento da pesca, o

    controle estatstico da atividade pesqueira deveria ser substancialmente melhorado, por meio deuma rede de coletores nos principais pontos de desembarque, um controle mais efetivo do istema

    de apas de ordo e o acompanhamento sistemtico dos desembarques. esse sentido, seria de

    fundamental importncia, tambm, a criao de um anco acional de ados esqueiros (BNDP)

    que agregasse todas as informaes relativas s diferentes modalidades de pesca existentes no rasil,

    principalmente no que se refere estatstica das capturas, ao cadastro da frota em operao, ao

    monitoramento por satlite dessa frota, ao embarque de observadores de bordo, fiscalizao,

    legislao em vigor, etc.

    s rgos governamentais gestores da pesca no rasil tm sido incapazes de formular, estabelecer

    e aplicar uma poltica pesqueira capaz de conduzir os legtimos interesses do setor de forma satisfa-

    tria. al incapacidade decorre diretamente da estrutura institucional equivocada, com trs rgos

    federais responsveis pela pesca no pas a ecretaria special de qicultura e esca da residncia

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    14/324

    da epblica (eap/PR), o inistrio da gricultura, ecuria e bastecimento (apa), e o nstituto

    rasileiro do eio mbiente e dos ecursos aturais enovveis (bama) , no havendo sintonia

    nem coerncia entre eles. organizao institucional deveria ser, assim, unificada em torno de um

    s rgo com a estrutura necessria consecuo de uma poltica pesqueira nica para o pas. ma

    alternativa seria a elevao da atual eap/PR ao status de inistrio de qicultura e esca, com

    infra-estrutura para atender a todas as demandas da pesca e da maricultura, porm com orientao

    mais tcnica e menos poltica, atuando em sinergia com os diversos ministrios que possuem inter-

    faces com a atividade pesqueira como, por exemplo, os do eio mbiente, da efesa (por interm-

    dio da ecretaria da irm, rgo da arinha), da ducao, da incia e ecnologia, do esenvolvi-mento, da ndstria e omrcio e das elaes xteriores.

    or fim, o desenvolvimento do setor pesqueiro nacional deveria ser pautado por um lano de e-

    senvolvimento esqueiro, como j houve em outras pocas no pas, alicerado num processo de

    articulao interministerial, no s em relao aos recursos vivos do mar, mas a todos os demais, in-

    cluindo os recursos no-vivos, o turismo, etc. al coordenao deveria caber omisso nterminis-

    terial para os ecursos do ar (irm), que j tem essa misso e essa prerrogativa institucional, sendocontudo necessrio e urgente, para o pleno e adequado cumprimento de sua finalidade, que ela seja

    consideravelmente fortalecida poltica e estruturalmente.

    m relao cincia e tecnologia marinhas (C&TM), que compreende tanto a pesquisa bsica como a

    pesquisa aplicada, o estudo aponta direes para minimizar os impactos negativos do homem sobre

    os ambientes marinhos e dos oceanos e das regies costeiras sobre a sociedade. ssim sendo, a ativi-

    dade de pesquisa em C&TM est intrinsecamente ligada criao de metodologias, veculos e instru-

    mentos que possibilitem acesso eficiente, eficaz, rpido e de baixo custo ao meio ambiente marinho.

    onceitualmente, o captulo de C&TM foi dividido em trs conjuntos que interagem entre si, a saber:

    clima, ecossistemas marinhos e oceanografia operacional/tecnologia, que sero apresentados sucin-

    tamente a seguir.

    e acordo com o International Panel on Climate Change (IPCC), a emisso de gases estufa por aes

    antrpicas provoca mudanas significativas na dinmica da atmosfera, com fortes implicaes so-cioeconmicas. lm disso, eltier e ushingham () postulam que o nvel global dos oceanos

    aumentou cerca de mm por ano no sculo , taxa esta que, provavelmente, foi muito menor no

    milnio anterior. ntretanto, o quadro observacional para o oceano muito esparso e intermitente,

    com exceo da viso por satlite da superfcie do mar. or exemplo, no h dados para enormes

    reas do ceano tlntico ul e quatorial.

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    15/324

    rente a esse quadro, e reconhecendo que preciso avaliar o provvel impacto das mudanas glo-

    bais no ceano tlntico ul e quatorial, imprescindvel a formao de recursos humanos de alto

    nvel, inclusive em instituies de pesquisa de ponta do exterior. endo em conta o enorme inte-

    resse cientfico da ceanografia sica e das suas aplicaes tecnolgicas nos estudos sobre o clima,

    impe-se que seja dada prioridade formao de recursos humanos nessa rea do conhecimento

    de forma a suprir a falta de especialistas devidamente qualificados em nmero suficiente para sanar

    deficincias com que o pas ainda hoje se debate. ssim, faz-se necessrio investir no rigoroso treina-

    mento de pessoal, de forma a constituir um quadro que domine as modernas tcnicas e os mtodos

    de observao, anlise e previso oceanogrfica.

    o que tange aos ecossistemas marinhos, a ameaa representada pelas mudanas climticas e pela

    perda da biodiversidade global fez com que a preocupao com a qualidade ambiental e a susten-

    tabilidade dos recursos no-renovveis e renovveis, marinhos e terrestres, passasse a ocupar lugar

    de destaque na agenda de todos os setores da comunidade internacional. rgos governamentais,

    empresas privadas e sociedade civil organizada buscam parcerias multissetoriais para a soluo des-

    ses conflitos em todas as esferas de deciso nacional e internacional.

    esse contexto, a sociedade brasileira ainda no est suficientemente informada sobre o papel cru-

    cial do mar territorial em todos os aspectos de seu legado histrico e cultural e de seu arcabouo

    socioeconmico. Quase uma dcada aps o "elatrio da omisso acional ndependente obre

    os ceanos" () ter descrito e avaliado o potencial martimo brasileiro como fonte de recursos

    vivos e no-vivos, ainda h enormes lacunas no seu aproveitamento racional . omo prprio da

    natureza marinha, essas lacunas precisam ser preenchidas com aes multidisciplinares, interminis-

    teriais e, obrigatoriamente, multissetoriais.

    o que se refere ceanografia peracional (cp), ela difere da pesquisa acadmica caracteri-

    zada pela coleta intermitente de dados para a realizao de estudos cientficos pois requer a coleta

    contnua de informaes e a sua disponibilizao em curto espao de tempo para tomadas de deci-

    so. lm do mais, tais dados devem ser aplicados por meio de tcnicas de assimilao em modelos

    numricos de previso ocenica, cujos resultados tambm devem ser disponibilizados para todo o

    pblico em ambiente aberto de rede.

    ode-se dizer que a cp caracteriza-se pela nfase na preparao de equipamentos e sensores, nas

    suas calibraes, na instalao de equipamentos no mar e na coleta, na edio, no processamento

    e na interpretao rotineira de dados, com o intuito de: gerar descrio acurada do estado presen-

    te do mar, incluindo os recursos vivos; gerar continuamente prognsticos das condies futuras do

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    16/324

    mar; e analisar dados paleoceanogrficos, provendo descrio de estados passados e sries tempo-

    rais mostrando tendncias e mudanas.

    ntretanto, para que se processem de forma sustentvel, as atividades econmicas, de proteo am-

    biental, de pesquisa e de coleta de dados operacionais no mar exigem um forte apoio tecnolgico.

    as ltimas dcadas a tecnologia submarina diretamente relacionada explorao e produo de

    petrleo e gs no mar progrediu rapidamente no pas,. al avano permitiu consolidar na indstria

    do petrleo a imagem do rasil como lder de produo em guas profundas.

    utra rea da tecnologia marinha importante para o rasil, no mdio e longo prazos, o desenvolvi-

    mento de instrumentos e veculos para monitoramento e medies. implantao da ceanogra-

    fia peracional sugerida neste documento, em consonncia com a tendncia internacional, requer

    o monitoramento medies contnuas dos processos costeiros e ocenicos, tal como as esta-

    es meteorolgicas realizam rotineiramente com a atmosfera. raticamente no h instrumentos

    autnomos para medies contnuas de parmetros marinhos fabricados no rasil. onsiderando a

    demanda por esse tipo de instrumentao, por conta da extenso da costa e das guas jurisdicionaisbrasileiras, bem como as possibilidades de exportao para a mrica atina, possvel que empre-

    sas nacionais encontrem nichos nesse mercado de alta tecnologia.

    iante da exposio at aqui realizada, e mais detalhadamente apresentada ao longo do captulo,

    foram identificados os seguintes fatos portadores de futuro que exigem providncias de curto,

    mdio e longo prazos para a C&TM:

    udanas climticas; udana no paradigma de explotao de recursos do mar;

    cupao e utilizao imprprias da zona costeira;

    xpanso das atividades de explotao de leo e gs na margem continental.

    ara fazer f rente a esses fatos portadores de futuro, foram propostos os seguintes projetos estrutu-

    rantes para os horizontes temporais de curto (), mdio () e longo ( e ) prazos:

    stabelecimento da ceanografia peracional, contemplando uma rede de monitora-

    mento ambiental marinho, plataformas para coleta de dados e estruturao de banco de

    dados oceanogrficos;

    evitalizao e conservao da zona costeira voltadas ao combate poluio marinha,

    eroso e ao assoreamento;

    ivulgao da incia e ecnologia do ar, a se incluindo cursos de divulgao para alu-

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    17/324

    nos de ensino mdio, cursos para professores do ensino fundamental e mdio voltados

    para a incluso das cincias do mar nos currculos tradicionais, implantao de oceanriose divulgao das informaes provenientes de programas e projetos de pesquisa por meio

    eletrnico;

    stabelecimento de arques ecnolgicos arinhos, que compreendam atividades de

    maricultura offshore , fazendas de biotecnologia, extrao de biodiesel da biomassa ma-

    rinha e energia renovvel.

    as a implementao de tais projetos requer uma srie de facilidades de infra-estrutura que ainda

    no existem no pas. coleta de dados deve ser contnua e expandida sempre que possvel. ma-nuteno das estaes autnomas fundeadas e das estaes costeiras envolve tarefas que, apesar

    de rotineiras, precisam ser cumpridas em tempo hbil para que no haja perda de dados nem de-

    gradao da qualidade das informaes.

    construo ou aquisio de navios oceanogrficos, bem como sua manuteno e operao,

    fundamental para que os projetos estruturantes sejam implementados. administrao, o geren-

    ciamento e a operao dessas embarcaes devem ser geis e eficientes, pois alm de cruzeirosoceanogrficos pr-agendados sero necessrias viagens emergenciais para a manuteno sbita ou

    a recuperao inesperada das estaes autnomas fundeadas.

    m conformidade com uma poltica de coleta de dados in situ, deve haver garantia de futuras mis-

    ses de satlites brasileiros que contemplem a necessidade de aquisio de dados ocenicos, com

    particular ateno para o monitoramento de eventos extremos que se desenvolvem no mar e afe-

    tam a zona costeira e a rea continental adjacente.

    manuteno e a atualizao sistemtica e contnua dos laboratrios e dos equipamentos ocea-

    nogrficos, com especial ateno calibrao de sensores e instrumentos conferindo aos dados o

    padro de confiabilidade exigido pelos projetos estruturantes , um forte requisito que necessita

    de infra-estrutura adequada e eficiente.

    inda, a partir do aprimoramento da infra-estrutura existente e de outras que venham a ser cria-

    das, deve-se buscar um sistema de informaes oceanogrficas que possa harmonizar os padresde coleta e armazenamento de dados, alm de disponibilizar as informaes aos usurios de forma

    gil e eficiente. m outras palavras, deve ser implantado um sistema de aquisio, recepo, proces-

    samento, anlise e disseminao de dados e produtos ambientais para as zonas costeira e ocenica

    de interesse nacional.

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    18/324

    o necessrios investimentos na infra-estrutura de centros de ensino e pesquisa em C&TM, visando

    ao desenvolvimento de tecnologias especficas para o aprimoramento e a expanso da habilidade

    em observar o oceano em diversas escalas espaciais e temporais. s investimentos para suporte aos

    projetos estruturantes devem ser contnuos e aplicados com a mxima eficincia, evitando redun-

    dncias e propiciando desenvolvimento regional harmnico nas diversas reas geogrficas do pas.

    ara atender a todos os aspectos de coordenao, gerenciamento, ampliao e manuteno da

    infra-estrutura e operao de um sistema harmnico e nacional de C&TM, prope-se a criao de

    uma organizao para a administrao ocenica.

    ortanto, sugere-se a estruturao de um sistema nacional de C&TM que siga duas vertentes princi-

    pais, a saber: interao e dispndio racional de recursos. primeiro modelo baseado no conceito

    de redes de conhecimento. segundo fundamentado na operao de um centro nacional. ais

    modelos no so excludentes e podem ser combinados, visando ao melhor aproveitamento dos

    dois conceitos a eles inerentes, interao e racionalizao.

    econhecendo, ento, a capacitao j instalada no pas, seja de infra-estrutura, seja laboratorial, seja

    de recursos humanos especializados, propem-se as seguintes aes:

    riao de uma ede acional de incias e ecnologia arinha (RNCTM);

    anuteno e melhoria da infra-estrutura laboratorial dos centros existentes;

    riao de um nstituto acional de ceanografia peracional e ecnologia arinha.

    Quando se considera que a C&TM importante no apenas para o aproveitamento dos recursosmarinhos, mas tambm para subsidiar programas e servios com fortes vnculos socioeconmico-

    ambientais indiretamente relacionados ao uso sustentvel dos recursos marinhos e ocupao ra-

    cional da zona costeira, tais aes tornam-se essenciais para a manuteno e a melhoria da qualida-

    de de vida da populao brasileira.

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    19/324

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    20/324

    gua central do tlntico ul

    n ssociation ranaise pourltude et la echerche des odules

    AL lagoas

    A.M. lto mar

    AM mazonas

    SEDS mazon helf SEDimenttudy

    AMRJ rsenal de arinha do io deaneiro

    ANA gncia acional das guas

    AO valiao operacional

    rea(s) de relevante interessepara a minerao

    . rtigo

    ssistncia cnica e xtensoural

    AUV utonomous underwater vehicle

    AVHRR dvanced very high resolutionradiometer

    BA ahia

    BGR undensanstalt freowissenschaften und ohstoffe

    BNDO anco acional de adosceanogrficos

    BNDP anco acional de adosesqueiros

    C&T incia e tecnologia

    C&TM incia e tecnologia marinhas

    oordenao deperfeioamento de essoal de veluperior

    n entro de nlises de istemasavais

    C.E. omunidade uropia

    CE ear

    CEA omissariado para nergiatmica (rana)

    entro de studos osteiros ecenicos

    entros ederais de nsinoecnolgico

    CGEE entro de esto e studosstratgicos

    n entro de esquisas daetrobrs

    oastal ngineering and esearch

    enter

    entro de ecnologia ineral

    omisso nterministerial para osecursos do ar

    onveno sobre o omrcionternacional das spcies da lora eauna elvagem em erigo de xtino

    CLC onveno nternacional sobreesponsabilidade ivil por anos

    ausados por oluio por leoCNC ontrole numricocomputadorizado

    CNCMB omit acional de ontroleiginico-anitrio de oluscos ivalves

    CNUDM onveno das aes nidassobre o ireito do ar

    CNEN omisso acional de nergiauclear

    CNEXO entro acional para axplotao dos ceanos (rana)

    CNP onselho acional deesenvolvimento ientfico eecnolgico

    CNUDM onveno das aes nidassobre o ireito do ar

    CNUMAD onferncia das aesnidas sobre o eio mbiente e

    esenvolvimento ompanhia doesenvolvimento do ale do orancisco e do ale do arnaba

    COI omisso ceanogrficantergovernamental

    ontinental marginenvironments and mineral resources

    hina cean ineralesources esearch and evelopmentssociation

    n onselho acional de eiombiente

    COPPE/UFRJ oordenao dosrogramas de s-graduao de

    ngenharia da niversidade ederal doio de aneiro

    CPG/ omit onsultivoermanente de esto dos ecursosemersais de rofundidade

    CPRM ervio eolgico do rasil

    CPTEC entro de reviso de empo estudos limticos

    CPUE aptura por unidade de esforo

    CTMSP entro ecnolgico da arinhaem o aulo

    z oastal zone as a resource on itsown right

    DAS ssessoramento uperior

    DEN iretoria de ngenharia aval

    DGMM iretoria-eral do aterial daarinha

    DGN iretoria eral de avegao

    DHN iretoria de idrografia eavegao

    DNOCS epartamento acional debras ontra as ecas

    DNPM epartamento acional deroduo ineral

    DOD epartment of ceanevelopment

    eep ocean research anddevelopment

    DPA epartamento de esca eqicultura

    DPC iretoria de ortos e ostas daarinha do rasil

    EIA studo de mpacto mbiental

    EMA stado aior da rmada

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    21/324

    n l io-outhern oscillation

    EPA nvironment rotection gency

    EPS xopolissacardios

    ES sprito anto

    EUA stados nidos da mrica

    FAO ood and griculture rganization

    FPSO loating productionstorage andoffloading systems

    undao niversidade ederaldo io rande

    rojeto de eologia arinha

    rograma de erenciamentoosteiro

    - lobal ea evelbserving ystem-rasil

    lobal cean bserving ystem

    - lobal cean bservingystem-rasil

    GPS lobal ositioning ystem

    nstituto rasileiro do eiombiente e dos ecursos aturaisenovveis

    ICCAT onveno nternacional para aonservao do tum tlntico

    IDH ndice de esenvolvimentoumano

    IEAPM nstituto de studos do arlmirante aulo oreira

    nstitut ranais de echerchepour lxploitation de la er

    IFRPI nternational ood olicyesearch nstitute

    I.N. nstruo ormativa

    INPDP nstituto acional de esquisa eesenvolvimento esqueiro

    n nstituto acional de esquisasspaciais

    IOC ntergovernmental ceanographicommittee

    istema de ntercmbionternacional de ados e nformaesceanogrficas

    IOM nteroceanmetal ointrganization

    nstituto ceanogrfico daniversidade de o aulo

    IPCC nternational anel on limatehange

    IPM nstituto de esquisas da arinha

    IPT nstituto de esquisas ecnolgicas

    nternational eabed uthority

    apan gency for arine-arth cience and echnology

    KCON ennecott onsortium

    KORDI orean eep-sea esourcesesearch enter

    LA icenciamento mbiental

    n aboratrio de ecnologiacenica

    aboratrio de eologiaarinha do nstituto de eocincias

    n aboratrio de nlisesinerais

    rograma de evantamento dalataforma ontinental rasileira

    ei de egurana do rfegoquavirio em guas sob urisdioacional

    LTS aboratrio de ecnologiaubmarina

    MA aranho

    inistrio da gricultura,

    ecuria e bastecimenton ata ase arine ineralsatabase

    onveno nternacional paraa reveno da oluio por avios

    MB arinha do rasil

    MCT inistrio de incia e ecnologia

    MEC inistrio da ducao e ultura

    ercado omum do ul

    MET inistrio do sporte e urismo

    MMA inistrio do eio mbiente

    MME inistrio de inas e nergia

    MMS arine anagement ervice

    MNE inistrio dos egciosconmicos (lgica)

    MPOG inistrio do lanejamento,ramento e esto

    MRE inistrio das elaes xteriores

    MT ar erritorial

    orte

    NAE cleo de ssuntos stratgicos

    orth merican ree radedministration

    NE ordeste

    orma da utoridade

    arinhan uclemon nero-Qumica tda.

    ceanografia operacional

    ODP cean drilling project

    OEA rganizao dos stadosmericanos

    rgos staduais de eiombiente

    OMA cean ining ssociates

    OMC rganizao undial doomrcio

    OMCO cean inerals ompany

    OMI cean anagement ncorporated

    ONU rganizao das aes nidas

    OPRC onveno nternacional sobrereparo, esposta e ooperao em caso

    de oluio por leoOSNLR cean science in elation tonon-living resources

    P&D esquisa e desenvolvimento

    PA ar

    PB araba

    PBDCT lano sico deesenvolvimento ientfico eecnolgico

    PC lataforma continental

    PCB lataforma continental brasileira

    PCJB lataforma continental jurdicabrasileira

    PE ernambuco

    n rograma de ngenhariacenica

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    22/324

    IUU esca ilegal, no-reportada eno-regulada

    ompanhia de etrleorasileiro . .

    PGGM rograma de eologia eeofsica arinha

    PIB roduto nterno ruto

    ilot esearch oored rray inthe ropical tlantic

    PJB lataforma jurdica brasileira

    PLDM lanos ocais deesenvolvimento da aricultura

    PMN oltica artima acional

    PNCR lano acional de ontrole deesduos

    PNGC lano acional deerenciamento osteiro

    PNRM oltica acional para osecursos do ar

    PNSAA rograma acional de anidadede nimais quticos

    PPA lano lurianual

    PPG- rograma de onsolidaoe mpliao dos rupos de esquisa es-raduao em incias do ar

    PR residncia da epblica

    lano de ecuperao de reaegradada

    n rograma ntrtico rasileiro- rogramarquiplago o edro e o aulo

    rograma acional debservador de ordo

    rograma deesenvolvimento ecnolgico deistemas de roduo em guasrofundas

    rograma de novaoecnolgica para istemas de xploraoem guas rofundas

    rograma ecnolgico daetrobras em istemas de xplorao emguas ltraprofundas

    n rograma de ncentivo sontes lternativas de nergia ltrica

    rograma de entalidadeartima

    n rograma acional daiversidade iolgica

    -n rograma rindade

    PSRM lano etorial para os ecursosdo ar

    n ede de arcinicultura doordeste

    rograma de so e propriaodos ecursos osteiros

    rojeto de econhecimentolobal da argem ontinental rasileira

    rograma de valiao daotencialidade ineral da lataformaontinental urdica rasileira

    RMS endimento mximo sustentvel

    valiao do otencialustentvel e onitoramento dosecursos ivos arinhos

    z rograma de valiao dootencial ustentvel de ecursos vivosna ona conmica xclusiva

    elatrio de mpacto mbiental

    RJ io de aneiro

    RMS endimento mximo sustentvel

    RN io rande do orte

    RNCTM ede acional de incias eecnologia arinha

    ROV emotely operated vehicle

    RS io rande do ul

    S ul

    ociedade nnimainerao rindade

    SAR adar de bertura inttica

    SC anta atarina

    SE ergipe

    SE udeste

    /PR ecretaria special deqicultura e esca da residncia daepblica

    ecretaria da omissonterministerial para os ecursos do ar

    SGM ecretaria de eologia, ineraoe ransformao ineral

    SIG istema de nformaeseogrficas

    n istema acional do eiombiente

    SNUC istema acional de nidades deonservao

    SP o aulo

    SPD istema de posicionamentodinmico

    SPF ivres de patgenos especficos

    SPR esistentes a patgenos especficos

    SPU ecretaria de atrimnio da nio

    TBA onelagem(ns) bruta(s) dearqueao

    itnio do rasil ..

    TM ecnologia marinha

    TN/RL/GEN/ rade negotiation

    relationship to group on rules

    TSM emperatura da superfcie do mar

    UCG nderground coal gasification

    UE nio uropia

    UFF niversidade ederal luminense

    UFRGS niversidade ederal do iorande do ul

    UFRJ niversidade ederal do io de

    aneiron nited ations ducational,cientific and ultural rganization

    USGS nited tates eological urvey

    USP niversidade de o aulo

    VPM alor da roduo ineralrasileira

    WWF World Wild oundation

    ZC ona contgua

    ZEE ona econmica exclusiva

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    23/324

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    24/324

    unidade de presso = brias

    centmetro(s)

    dixido de carbono

    grama(s)

    h hora(s)

    h hectare(s)

    gs sulfdrico grau(s) elsius

    k quilograma(s)

    k quilmetro(s)

    k quilmetro(s) quadrado(s)

    litro(s)

    libra

    metro(s)

    metro(s) quadrado(s)

    metro(s) cbicos(s)

    n minuto(s) milmetro(s)

    .n. milhas nuticas

    megawatt(s) = watts

    pentxido de vandio

    porcentagem

    parte por milho

    reais

    dixido de enxofre

    tonelada(s) dlares norte-americanos

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    25/324

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    26/324

    2.1 ocalizao da zona econmica exclusiva e da plataforma continental jurdicabrasileira. s limites exteriores da plataforma continental alm das 200 milhasnuticas foram submetidos deliberao na ONU em 2004. 48

    2.2 ceano tlntico ul e quatorial, mostrando a localizao das diferentes zonaseconmicas exclusivas (linhas escuras) e a extenso da plataforma continentalbrasileira (linhas claras). 50

    3.1 strutura geral de uma rede de cooperao. 134

    3.2 xemplo das rim para o territrio nacional terrestre, que poderiam ser utilizadaspara o territrio martimo. 136

    4.1 voluo da produo mundial de pescado por captura. 146

    4.2 voluo da produo mundial de pescado por aqicultura, em guas continentais(grfico superior) e marinhas (grfico inferior). 147

    4.3 voluo da participao percentual dos estoques pesqueiros mundiais que seencontram subexplotados ou moderadamente explotados (underexploited +moderately exploited), plenamente explotados (fully exploited), e sobreexplotados,exauridos ou em recuperao (overexploited + depleted + recovering). 148

    4.4 voluo da produo nacional de pescado entre 1997 e 2005 pela pesca marinha,pela pesca continental e pela aqicultura. 153

    4.5 voluo da balana comercial de pescado do rasil entre 1996 e 2005. 157

    4.6 voluo das exportaes brasileiras de camaro marinho entre 1999 e 2005. 157

    4.7 rincipais mercados importadores de produtos de pescado oriundos do rasil em2004 e 2005. 157

    4.8 rincipais meios de transporte das exportaes brasileiras de pescado em 2004 e2005. 158

    4.9 voluo das capturas nacionais de atuns e afins e do bonito listrado, incluindo a sua

    participao relativa no total capturado. 177

    4.10 endimento mximo sustentvel, captura total no ceano tlntico e capturanacional das quatro principais espcies de atuns e afins. 177

    4.11 voluo da produo nacional das albacoras laje, branca e bandolim, espadartes etubares entre 2000 e 2005. 179

    fi

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    27/324

    4.12 voluo da produo brasileira de espadarte oriunda de embarcaes nacionaise arrendadas (nmeros em azul, no interior da figura, indicam os limites

    correspondentes s quotas conquistadas pelo pas em 2002) entre 1999 e 2004. 180

    4.13 ariao da taxa de cmbio R x US entre janeiro de 2000 e julho de 2007. 182

    4.14 ariao do preo do petrleo entre 1997 e 2007. 183

    4.15 ariao do preo do espadarte fresco (meka) no mercado norte-americano(ercado ulton, de ova York) entre 1991 e 2004. 183

    4.16 voluo da produo nacional dos agulhes negro, branco e vela entre 2000 e 2005. 186

    5.1 iviso conceitual das grandes reas prioritrias de C&TM adotada neste documento. 217

    5.2 ariao do nvel mdio do mar em milmetros. stimativas de hurch et al. (2004,2006) em cinza; olgate e Woodworth (2004), em azul; e dados de altimetria em preto. 220

    5.3 ariao da temperatura mdia entre 1901 e 1998 (painel superior) e da precipitaoanual (painel inferior) relativa mdia climatolgica de 1960 a 1990 (valores de 25oe 1.780 mm, respectivamente). 221

    5.4 udanas na temperatura mdia de superfcie, calculadas para o perodo 1960-2100. dia global (painel superior) e rasil (painel inferior) para quatro cenriosde emisses de gases estufa propostos pelo IPCC. s mudanas observadas at 1998esto indicadas pelas curvas e barras em negrito. 222

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    28/324

    Q 3.1 inerais de valor socioeconmico. 125

    Q 3.2 inerais de valor poltico-estratgico. 125

    Q 4.1 roduo nacional de pescado oriundo da pesca extrativa e da aqicultura, marinhae continental, por stado da ederao, no ano de 2004. 154

    Q 4.2 istribuio da frota pesqueira marinha e estuarina cadastrada, por tipo depropulso e stado da ederao, no ano de 2005. 155

    Q 4.3 istribuio do nmero de fazendas e reas cultivadas, com suas respectivasprodues de camaro marinho, por stado da ederao, em 2004. 156

    Q 4.4 roduo desembarcada de recursos demersais de profundidade nos stados doio de aneiro, de o aulo, de anta atarina e do io rande do ul entre 2000 e2005 (valores em toneladas). 171

    Q 4.5 feitos do aquecimento sobre os ambientes marinhos e costeiros (horizontetemporal de aproximadamente cem anos) 212

    Q 4.6 ndicadores a serem utilizados no processo contnuo de avaliao e quantificaoda eficcia da proposta. 215

    Q 5.1 scalas espaciais e temporais dos principais processos ocenicos. 255

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    29/324

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    30/324

    umrio executivo

    ista de siglas e abreviaturas

    ista de smbolos

    ista de figuras

    ista de quadros

    presetao

    . troduo

    . arcabouo legal relativo aos recursos do mar 2.1. nnn 41

    2.1.1. efinio dos espaos geogrficos 41

    2111 ar erritorial e Zona ontgua 42

    2112 Zona Econmica Exclusiva 42

    2113 lataforma ontinental 43

    2114 rea internacional dos oceanos 452.1.1.4.1. lto mar 45

    2.1.1.4.2. rea e autoridade internacional dos fundos marinhos 452115 espao marinho brasileiro 48

    2.1.2. mplicaes do arcabouo legal internacional para a explotao dos recursos no-vivos do mar 49

    2121 roteo e preservao do ambiente marinho e a explotao de recursos minerais 50

    2.1.3. egislao internacional relacionada aos recursos vivos do mar (pesca e aqicultura) 51

    2.2. nn 53

    2.2.1. oltica nacional para os recursos do mar 53

    2.2.2. lano setorial para os recursos do mar 54

    2.2.3. ona costeira 55

    2.2.4. mplicaes do arcabouo legal nacional para a explotao dos recursos no-vivos do mar 55

    2241 Aspectos legais para a pesquisa e a lavra mineral no mar territorial, na plataforma continental e

    na zona econmica exclusiva 552.2.4.1.1. onstituio ederal 56

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    31/324

    2.2.4.1.2. egislao mineral 572.2.4.1.3. egislao ambiental 60

    2.2.4.1.4. utoridade artima acional 622242 Aspectos legais para a pesquisa e a lavra mineral no mar em outros pases 63

    2243 ugestes para a legislao brasileira 70

    2.2.5. egislao nacional relacionada aos recursos vivos (pesca e aqicultura) 71

    2251 Legislao relativa pesca 71

    2252 Legislao relativa aqicultura 73

    . ecursos o-vivos da plataforma cotietal brasileira e reas

    oceicas adjacetes 3.1. n 77

    3.2. n - 82

    3.2.1. ecursos minerais da parte internacional dos oceanos 83

    3211 dulos polimetlicos 83

    3212 rostas cobaltferas 85

    3213 ulfetos polimetlicos 85

    3.2.2. ncio das atividades de prospeco de ndulos polimetlicos do leito marinho 86

    3.2.3. onveno das aes nidas sobre o ireito do ar e o acordo deimplementao da arte XI da onveno 87

    3.2.4. ituao econmica e jurdica das empresas de minerao 89

    3.2.5. nteresse poltico-estratgico dos recursos minerais da rea 90

    3.2.6. reas de interesse de pesquisa mineral para o rasil no tlntico ul e quatorial 91

    3.3. n n 92

    3.3.1. ranulados siliciclsticos (areias e cascalhos) 94

    3.3.2. ranulados bioclsticos (sedimentos calcrios) 96

    3.3.3. epsitos de plceres (ilmenita , rutilo, monazita , z irconita , ouro e diamante) 98

    3.3.4. osfato 100

    3.3.5. vaporitos 102

    3.3.6. nxofre 104

    3.3.7. arvo 105

    3.3.8. idratos de gs 106

    3.3.9. utras ocorrncias 108

    3.3.10. ona osteira como um ecurso em si 109

    3.3.11. mpacto socioeconmico dos recursos minerais da PCB

    3.4. n nh 113

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    32/324

    3.4.1. esquisa mineral 113

    3.4.2. avra 113

    3.4.3. esenvolvimento tecnolgico marinho no rasil 116

    3.4.4. aboratrio de ecnologia ubmarina 117

    3.4.5. entro de esquisas da etrobras 118

    3.4.6. arinha do rasil 120

    3.4.7. entro de ecnologia ineral 121

    3.4.8. reas de inovao e desenvolvimento cientfico e tecnolgico 122

    3.5. n n 1233.5.1. ecursos prioritrios 123

    3.5.2. reas prioritrias 125

    3.5.3. ssociao com outros tipos de recursos naturais 127

    3.5.4. ulnerabilidade ambiental e sustentabilidade da explorao dos recursos minerais doambiente marinho costeiro 128

    3.5.5. struturas institucionais e capacidade instalada no pas 131

    3.5.6. rincipais obstculos para o desenvolvimento sustentvel 134

    3.5.7. Questes estruturantes em relao dimenso territorial 136

    3.5.8. atos portadores de futuro 137

    3.5.9. rojetos estruturantes 138

    3.5.10. orizontes temporais 139

    3.6. n n 143

    . ecursos vivos

    4.1. n 145

    4.2. nfi nn n 158

    4.2.1. onas osteira e stuarina/ lataforma ontinental 158

    4211 Desenvolvimento sustentvel da aqicultura em guas marinhas, estuarinas e costeiras 158

    4212 Desenvolvimento sustentvel da pesca martima, estuarina e costeira 165

    4.2.2. alude continental/ guas profundas: desenvolvimento sustentvel da pesca em guasprofundas do talude continental 170

    4.2.3. ona ocenica e alto-mar : desenvolvimento sustentvel da pesca ocenica 176

    4.3. nfi nh 187

    4.3.1. esquisas voltadas ao desenvolvimento sustentvel da aqicultura em guas marinhas,estuarinas e costeiras 187

    4.3.2. esquisas voltadas ao desenvolvimento sustentvel da pesca martima 190

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    33/324

    4.4. n- n 193

    4.5. Q n n 195

    4.6. n z n nn/ nz nn 198

    4.7. nn 199

    4.8. zn 201

    4.9. 209

    4.10. n nn

    n n 214

    . icia e tecologia

    5.1. n 217

    5.2. 218

    5.2.1. ntroduo 218

    5.2.2. udanas climticas e aumento do nvel do mar 220

    5.2.3. bservaes recentes de tendncias climticas de temperaturae precipitao no rasil 221

    5.2.4. udanas futuras de temperatura e precipitao no rasil 221

    5.2.5. es prioritrias para a explorao racional e sustentvel de recursos marinhos deinteresse socioeconmico e estratgico do tlntico ul e quatorial 222

    5.2.6. esafios futuros 225

    5.3. nh 226

    5.3.1. ntroduo 2265.3.2. lassificao da plataforma continental brasileira e dos recursos marinhos 227

    5.3.3. es governamentais 229

    5331 arinha do Brasil 232

    5332 omisso nterministerial para os ecursos do ar 234

    5.3.4. potencial socioeconmico do mar brasileiro 235

    5.3.5. proveitamento dos recursos marinhos com tecnologias inovadoras 237

    5351 rganizao do espao aqutico marinho 237

    5352 onitoramento ambiental 238

    5353 essurgncias artificiais 239

    5354 ecnologia ROV

    5355 Biotecnologia marinha 240

    5356 ceanrios educativos 241

    5357 Gerao artificial de ondas 242

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    34/324

    5.3.6. mpactos antrpicos 242

    5.3.7. spectos geolgicos 245

    5.3.8. iscusso 251

    5.4. nfi n 252

    5.4.1. esenvolvimento de modelos matemticos numricos regionais 253

    5.4.2. mportncia das observaes para a oceanografia operacional 254

    5.5. n nh 258

    5.5.1. onsideraes preliminares 259

    5.5.2. nstituies internacionais tomadas como referncia 2615521 nstitut Franais de echerche pour lExploitation de la er (fremer) 261

    5522 Japan Agency for arine-Earth cience and echnology (Jamstec) 263

    5.5.3. nfra-estrutura para pesquisas em tecnologia marinha no rasil 263

    5531 obtica submarina 264

    5532 anques ocenicos e de provas 264

    5533 maras hiperbricas 264

    5534 Desenvolvimento e calibrao de instrumentos oceanogrficos 265

    5535 avios e embarcaes de pesquisa 266

    5.6. 266

    5.6.1. udanas climticas 266

    5611 Elevao da temperatura superficial do mar 266

    5612 Elevao do nvel mdio do mar 267

    5.6.2. udana no paradigma de explotao de recursos do mar 267

    5.6.3. cupao e utilizao imprprias da ona osteira 267

    5.6.4. xpanso das atividades da explotao de leo e gs na margem continental 268

    5.7. n hzn 268

    5.7.1. stabelecimento da oceanografia operacional 268

    5711 ede de monitoramento ambiental marinho 2695.7.1.1.1. staes costeiras 2015 2695.7.1.1.2. ede de estaes autnomas fundeadas 2015 a 2022 2705.7.1.1.3. ede de derivadores 2015 271

    5712 lataformas para coleta de dados 272

    5.7.1.2.1. rota de navios de pesquisa 2015 2725.7.1.2.2. atlites oceanogrficos brasileiros 2022 a 2027 273

    5713 Estruturao de banco de dados oceanogrficos 2015 274

    5.7.2. evitalizao e conservao da ona osteira 275

    5721 oluio marinha 2015 275

    5722 Eroso e assoreamento 2015 275

    5.7.3. ivulgao da cincia e tecnologia do mar 277

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    35/324

    5731 ursos de divulgao para alunos de ensino mdio 2015 277

    5732 ursos para professores do ensino fundamental e mdio voltados para a incluso das cincias

    do mar nos currculos tradicionais 2015 2775733 ceanrios 2015 a 2022 278

    5734 Divulgao das informaes provenientes de programas e projetos de pesquisa por meio

    eletrnico 2015 278

    5.7.4. stabelecimento de parques tecnolgicos marinhos 278

    5741 aricultura offshore 2015 a 2022 278

    5742 Fazendas de biotecnologia 2015 a 2022 279

    5743 Extrao de biodiesel da biomassa marinha 2015 a 2022 279

    5744 Energia renovvel 2015 a 2022 279

    5.8. nn 280

    . osideraes fiais

    pdice

    n 293

    pdice

    Qn 299

    efercias

    iografia dos coordeadores e cosultores

    ista de participates do worsop ar e mbietes osteiros

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    36/324

    35

    presente estudo sobre o spao artimo rasileiro, seus recursos naturais e ecossistemas foi em-

    preendido em pelo entro de esto e studos stratgicos () e o ento cleo de stu-

    dos stratgicos () da residncia da epblica, com o objetivo de estabelecer uma agenda de

    prioridades em cincia, tecnologia e inovao, com viso de futuro, em mdio e longo prazos , que

    contribua para a ocupao efetiva dessa rea martima e para a ampliao da presena brasileira no

    tlntico ul e quatorial. ugere, igualmente, aes que contribuam para a superao de dificulda-

    des estruturais e para o aproveitamento de todas as potencialidades que oferecem os cerca de ,milhes de m de mar jurisdicional brasileiro, projetados sobre o tlntico ul e quatorial.

    trabalho se desenvolveu com a direta participao de trs consultores de reconhecida competn-

    cia nas reas das ceanografias sica, iolgica e eolgica, e com a mobilizao em workshops de

    mais de meia centena de outros especialistas ligados a inmeras instituies engajadas em pesquisa

    no mar , localizadas em diversas regies geogrficas do rasil. ma equipe tcnica deste entro par-

    ticipou desse esforo, e o estudo se valeu ainda de consulta estruturada dirigida a especialistas.

    m face ao evidente valor geopoltico desse espao martimo, este documento o aborda segundo

    os planos regional, nacional e internacional, e explora entre outros temas capitais o arcabouo legal

    internacional, com base na definio dos espaos geogrficos marinhos, segundo a onveno das

    aes nidas sobre o ireito do ar; os recursos vivos e no-vivos da lataforma ontinental ra-

    sileira, e o estado da arte da cincia e da tecnologia no mar.

    spera-se que o estudo em causa venha se desdobrar em outros, sobre temas mais especficos dosassuntos do mar, e inspire os tomadores de deciso, a comunidade cientfica e a sociedade civil

    quanto a uma reflexo permanente sobre a importncia presente e futura do mar para o rasil. uas

    concluses ensejam tambm a expectativa de que venham a estimular iniciativas concretas, em

    especial no campo das polticas pblicas, da formao da mentalidade martima e do desenvolvi-

    mento em ,, com vistas a habilitar o pas ao aproveitamento econmico sustentvel dos muitos

    recursos naturais que o mar sob jurisdio brasileira encerra em todas as suas dimenses.

    Lucia Carvalho Pinto de Meloresidenta do CGEE

    Apresentao

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    37/324

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    38/324

    37

    1. Introduo

    rasil possui cerca de , mil km de litoral e pode chegar a ter controle jurisdicional sobre uma

    rea marinha de , milhes de km, ou mais da metade da rea do seu territrio emerso, que de

    , milhes de km. ssim, o componente mar e ambientes costeiros deve necessariamente ser par-

    te integrante de qualquer estudo que envolva a dimenso territorial brasileira e o aproveitamento

    sustentvel de seus recursos naturais.

    s oceanos cobrem cerca de da superfcie da erra e contm ecossistemas primordiais para a

    vida no planeta. onstituem-se, ainda, em fonte muito rica e diversificada de recursos vivos e no-

    vivos, fornecendo direta e indiretamente protenas para a alimentao humana e ampla gama de

    minerais. lm disso, exercem papel preponderante no equilbrio climtico do planeta, transportan-

    do calor das regies equatoriais para as temperadas por meio dos movimentos das massas de gua,

    afetando diretamente o clima da erra.

    rs das cinco maiores cidades brasileiras so litorneas, e o aulo, a maior cidade do pas, encon-

    tra-se a menos de km do mar. ais da metade da populao brasileira vive a menos de km

    da costa. onseqentemente, a interao entre o homem e o mar no territrio nacional proporcio-

    na grande nmero de oportunidades econmicas, sociais e de integrao. s caractersticas geogr-

    ficas e de ocupao territorial conferem ao rasil uma posio estratgica privilegiada em termos de

    uso sustentvel dos recursos do mar, incluindo no s a pesca, o transporte, o lazer e a segurana,

    mas tambm a explotao mineral.

    odavia, para que a explotao seja sustentvel, indispensvel o conhecimento dos processos oce-

    nicos e dos recursos marinhos, o que s pode ser atingido por intermdio da pesquisa cientfica e

    tecnolgica. o igualmente importantes a formao de pessoal e a divulgao desse conhecimento

    nos mais diferentes mbitos da sociedade, a fim de promover o desenvolvimento e a consolidao

    de uma conscincia ambiental sobre o uso do mar e de seus recursos.

    presente trabalho, foi elaborado por um conjunto de consultores, sob a superviso do entro de

    esto e studos stratgicos (CGEE), atendendo a uma demanda do cleo de ssuntos stratgi-

    cos (NAE) da residncia da epblica (PR).

    objetivo geral do estudo o estabelecimento de uma agenda de prioridades com viso de cur-

    to, mdio e longo prazos que contribua para a ocupao efetiva do mar brasileiro e a ampliao da

    Centro de Gesto e Estudos EstratgicosCincia, Tecnologia e Inovao

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    39/324

    38

    presena brasileira no ceano tlntico ul e quatorial, de forma racional e sustentvel, nos planos

    internacional, nacional e regional. sta agenda de prioridades visa a:

    rientar o estabelecimento de estratgias governamentais relativas ao desenvolvimento

    cientfico e explorao sustentvel dos recursos naturais marinhos encontrados em reas

    de grande interesse para o rasil;

    ndicar reas nas quais o rasil necessita adquirir conhecimentos cientficos e tecnolgicos

    para a pesquisa e explotao dos recursos naturais marinhos, reforando a sua insero

    no cenrio internacional;

    ropor formas de aproximao entre os setores pblico, acadmico e empresarial do pas

    e estimular projetos nacionais que utilizem cincia, tecnologia e inovao como ferramen-

    tas para o desenvolvimento nas reas marinhas e ocenicas;

    ncentivar pesquisas cientficas e tecnolgicas voltadas ao conhecimento e ao aproveita-

    mento sustentvel dos recursos naturais marinhos da plataforma continental brasileira e

    das reas ocenicas adjacentes;

    ncentivar pesquisas cientficas e tecnolgicas para implementao da oceanografia ope-

    racional e para elucidar o papel do ceano tlntico no clima do rasil;

    nduzir a criao de ncleos de atividades e promover o aproveitamento de recursos da

    plataforma continental jurdica brasileira e das reas ocenicas adjacentes;

    iscutir aspectos relacionados sustentabilidade ambiental e ao arcabouo legal de ativi-

    dades de explorao dos recursos naturais marinhos.

    s horizontes temporais propostos neste estudo esto em consonncia com o rojeto rasil

    empos (cleo de ssuntos stratgicos da residncia da epblica, ), segundo o qual osobjetivos nacionais estratgicos seriam implementados progressivamente a partir de instrumentos

    interativos entre o governo e a ao, com metas estabelecidas para trs marcos temporais: o ano

    de , marcado pelo incio de um novo governo; , ano no qual o rasil dever ter cumprido

    as etas do ilnio estabelecidas pela ONU; e , quando o pas comemorar anos de inde-

    pendncia, com a expectativa de um contexto de bem-estar social e desenvolvimento econmico

    mximo possvel. meta de , por fim, foi estabelecida tendo em vista que anos o tempo

    mdio em que as atividades de desenvolvimento dos recursos naturais marinhos, incluindo a forma-

    o de recursos humanos, o desenvolvimento de infra-estrutura, a pesquisa aplicada, o desenvolvi-

    mento tecnolgico e a explotao, necessitam para se tornar realidade.

    ste estudo tambm apresenta vrias dimenses, em consonncia com o rojeto rasil empos.

    dimenso econmica, tendo como destaques o crescimento sustentvel, a gerao de empregos

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    40/324

    39

    e renda, a conquista de novos mercados internacionais e a reduo da vulnerabilidade externa; a

    territorial, que visa a buscar a diminuio das disparidades regionais, o desenvolvimento harmniconacional, a integrao regional e a soberania nacional; a do onhecimento, que objetiva principal-

    mente a educao de qualidade e a ampliao da capacidade de gerao do conhecimento cientfi-

    co, tecnolgico e de inovao; e a mbiental, que inclui a preservao do meio ambiente, a amplia-

    o da proteo dos ecossistemas marinhos e o uso sustentvel dos recursos biolgicos, minerais e

    energticos, entre outros.

    metodologia de trabalho adotada para elaborar o presente estudo englobou trs etapas princi-pais, a saber:

    : evantamento e anlise de informaes, realizada por intermdio da redao de

    notas tcnicas por especialistas de diferentes reas e consultas a representantes das comunidades

    cientfica, empresarial e governamental sobre a capacidade instalada do pas para realizar a explora-

    o de recursos marinhos no tlntico ul e quatorial e sobre as necessidades e oportunidades de

    inovao e desenvolvimento cientfico e tecnolgico voltados ao aproveitamento desses recursos

    comparativamente a outros pases (pndices e ). lm dos recursos marinhos propriamenteditos, aspectos relacionados influncia do tlntico ul e quatorial sobre o clima do rasil, aos

    ecossistemas marinhos e tecnologia marinha foram tambm abordados nesta etapa. ste levanta-

    mento incluiu informaes, entre outras coisas, sobre reas geogrficas promissoras, vulnerveis ou

    prioritrias para o desenvolvimento cientfico e tecnolgico ou para a explorao de recursos natu-

    rais marinhos. levantamento tambm incluiu informaes sobre os aspectos legais internacionais

    e nacionais relacionados ao aproveitamento dos recursos naturais marinhos.

    n : iscusso, consolidao de informaes e estabelecimento de uma agenda de priori-

    dades, incluindo propostas de solues de curto, mdio e longo prazo para promover a inovao e o

    desenvolvimento cientfico e tecnolgico voltados tanto para a explorao racional e sustentvel dos

    recursos marinhos identificados como prioritrios encontrados em reas de grande interesse poltico

    e estratgico para o rasil, como para o papel do tlntico ul e quatorial no clima do pas e para a

    preservao dos ecossistemas ocenicos e costeiros. sta etapa foi realizada por meio de uma ofici-

    na de trabalho com representantes das comunidades cientfica, empresarial e governamental, tendo

    contado com a presena de especialistas de vrias reas do conhecimento e de atividades.

    : laborao do documento final, de abrangncia multidisciplinar, que consolida os

    resultados alcanados nas etapas anteriores.

    Centro de Gesto e Estudos EstratgicosCincia, Tecnologia e Inovao

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    41/324

    40

    ste documento est dividido em seis segmentos principais, iniciando pela presente ntroduo

    (aptulo ) e encerrando com as onsideraes inais (aptulo ). aptulo apresenta um ar-cabouo legal internacional e nacional relacionado ao mar e a ambientes costeiros, incluindo o apro-

    veitamento de recursos naturais marinhos. aptulo apresenta os principais recursos minerais

    conhecidos no espao marinho brasileiro e discute sua importncia socioeconmica e poltico-es-

    tratgica. aptulo contm a descrio dos recursos vivos e propostas para o seu aproveitamen-

    to sustentvel. aptulo apresenta as atividades de cincia e tecnologia necessrias para assegu-

    rar a presena no tlntico ul e quatorial e o aproveitamento sustentvel dos recursos marinhos

    de interesse para o rasil nesse oceano. iscute tambm a importncia do ceano tlntico parao clima do rasil, estratgias para a preservao dos ecossistemas marinhos, o desenvolvimento da

    tecnologia marinha e formas operacionais de implementao das cincias do mar.

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    42/324

    41

    2. O arcabouo legal relativo aos recursos do mar

    2.1. O arcabouo legal internacional

    2.1.1. fin fi

    onveno das aes nidas sobre o ireito do ar (CNUDM), promovida pela rganizao das

    aes nidas (ONU) em (ONU, ) denominada onveno neste texto resultado de

    nove anos de negociaes entre mais de uma centena de pases, e foi instituda durante a III onfe-

    rncia das aes nidas sobre o ireito do ar, realizada em ontego ay (amaica) em dezem-

    bro de . ntretanto, s entrou em vigor em julho de , aps um longo debate entre pases

    desenvolvidos e pases em desenvolvimento. s principais questes que pautaram esse embate es-tavam ligadas explorao dos recursos minerais marinhos. lguns dos direitos e deveres atribudos

    aos stados-arte da onveno so decorrentes dos direitos consuetudinrios, j consolidados pe-

    los usos e costumes da navegao internacional; outros, que foram incorporados, adotaram regras

    internacionais j consolidadas, como a proteo da diversidade biolgica.

    onveno (ONU, ) define um quadro detalhado de regulamentao dos espaos ocenicos,

    dos limites da jurisdio nacional, do acesso aos mares, da navegao, da proteo e preservao doambiente marinho, da explorao e conservao dos recursos biolgicos, da investigao cientfica

    marinha, da explorao dos recursos minerais dos fundos ocenicos e de outros recursos no-bio-

    lgicos, alm da soluo de controvrsias: estabelece direitos e deveres sobre as zonas dos oceanos

    e regulamenta todas as atividades a elas relacionadas. egundo a onveno, o stado costeiro tem

    direito a um mar territorial (MT), a uma zona contgua (ZC), a uma zona econmica exclusiva (ZEE) e

    a uma plataforma continental (PC) se esta existir , as quais so regidas por direitos e jurisdies

    especficas. onveno tambm assegura que todos os stados tm direitos e deveres no que

    concerne explorao dos recursos naturais do leito marinho e do alto mar (A.M.) situado alm doslimites das jurisdies nacionais.

    s limites das jurisdies nacional e internacional foram especificados nas delimitaes de espaos

    marinhos, cada qual com diferentes graus de soberania:

    Centro de Gesto e Estudos EstratgicosCincia, Tecnologia e Inovao

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    43/324

    42

    nn:

    o mar territorial;

    a zona contgua;

    a zona econmica exclusiva;

    a plataforma continental.

    nnn:

    o alto mar;

    a zona internacional do leito marinho, denominada rea.

    2.1.1.1. ar erritorial e ona ontgua

    odos os stados costeiros tm direito a um mar territorial, que no pode exceder milhas mar-

    timas a partir das linhas de base.. om algumas excees relacionadas navegao de passagem

    inofensiva, o stado costeiro exerce soberania sobre seu mar territorial, suas guas, seu leito e sub-

    solo incluindo o espao areo sobrejacente , com direitos exclusivos sobre seus recursos vivos e

    no-vivos.

    omo medida de proteo ao seu territrio, o stado costeiro pode estabelecer uma zona contgua

    que no se estenda alm de milhas martimas das linhas de base a partir das quais o MT medido.

    stado no exerce soberania sobre essa regio, mas deve fiscaliz-la para evitar e reprimir infraes

    s normas sanitrias, fiscais, de imigrao e outras vigentes em seu territrio.

    a verdade, essa zona contgua sobrepe-se ZEE e, com isso, acumula os direitos e as obrigaes decada uma delas, que no so excludentes, pois, muito ao contrrio, complementam-se.

    2.1.1.2. ona conmica xclusiva

    lm do mar territorial, os stados devem estabelecer uma ZEE que no se estenda alm de mi-

    lhas martimas das linhas de base a partir das quais a largura do mar territorial medida. mbora o

    stado costeiro no tenha jurisdio absoluta sobre a zona econmica, ele tem direitos de soberaniaexclusivos para a explorao e o aproveitamento, a gesto e a conservao dos recursos marinhos

    vivos ou no-vivos das guas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e de seu subsolo. s-

    1. linha de base a marca mais baixa deixada pela gua ao longo da linha da costa. ara facilitar o traado da linha nos locaisem que a costa apresenta recortes naturais profundos, adota-se o mtodo das linhas de base retas, ligando pontos de coordenadasgeodsicas estabelecidos ao longo da costa: esse procedimento reduz as reentrncias do litoral.

    arcabouo legal

    relativo aos recursos do mar

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    44/324

    43

    tado costeiro tambm exerce jurisdio sobre as investigaes cientficas marinhas, a colocao e

    utilizao de ilhas artificiais, as instalaes e estruturas e a proteo e preservao do ambiente ma-rinho. navegao e o sobrevo bem como outros usos internacionalmente lcitos so inteira-

    mente livres para todos.

    as disposies relativas ZEE, a onveno (ONU, ) apresenta sugestes e indicativos sobre ges-

    to e conservao dos recursos vivos, mas no se atm pesquisa e ao aproveitamento dos recur-

    sos minerais marinhos: limita-se a estabelecer a soberania dos stados costeiros sobre tais recursos.

    inda assim, importante ressaltar que a onveno estabelece a necessidade de o stado costeiro

    conhecer os direitos e os deveres dos outros stados, at mesmo para evitar confrontos desneces-

    srios e incabveis.

    s direitos da ZEE devem ser exercidos em conformidade com o que estabelece a onveno para a

    lataforma ontinental, mesmo porque, em boa medida, as reas da ZEE e da plataforma continen-

    tal se sobrepem (ONU, ).

    2.1.1.3. lataforma ontinental

    plataforma continental o prolongamento submerso de massa terrestre constituda pelo seu leito,

    subsolo, talude e elevao continental. o compreende nem os grandes fundos ocenicos, com as

    cristas ocenicas, nem o subsolo. onveno (ONU, ) considera plataforma continental a rea

    que se estende alm do mar territorial do stado costeiro em toda a extenso do prolongamento

    natural do seu territrio terrestre at a borda exterior, entendida como a sua margem continental.

    Quando a plataforma continental geolgica se estende alm das milhas martimas, a onveno

    preconiza certos critrios para o estabelecimento dos limites externos, a saber: milhas martimas

    das linhas de base, ou milhas martimas da isbata de . m de profundidade. esses casos, a

    plataforma passa a ser denominada plataforma continental jurdica (ONU, ).

    ntendendo a plataforma continental como uma extenso submersa do territrio, a onveno

    reconhece direitos de soberania do stado costeiro para fins de explorao e aproveitamento dosrecursos marinhos nela existentes. ntretanto essa soberania no plena, pois no inclui as guas

    marinhas e o espao areo sobrejacente, restringindo-se aos recursos minerais e a outros recursos

    no-vivos do leito e do subsolo, alm dos organismos vivos pertencentes a espcies sedentrias, isto

    , organismos que em estgio coletor so imveis ou incapazes de se locomover, exceto por cons-

    tante contato fsico com o leito ou o subsolo (ONU, ).

    Centro de Gesto e Estudos EstratgicosCincia, Tecnologia e Inovao

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    45/324

    44

    e acordo com os direitos de soberania, se o stado costeiro no explorar e aproveitar os recursos mi-

    nerais da plataforma continental, ningum mais poder faz-lo sem o seu expresso consentimento.

    pesar da exclusividade sobre esses recursos, as atividades na plataforma continental, bem como na

    ZEE, devem se dar segundo a poltica ambiental da onveno de proteo e preservao do am-

    biente marinho. stado deve adotar leis e regulamentaes no menos efetivas do que as regras

    internacionais de prticas e procedimentos recomendados para prevenir, reduzir e controlar a po-

    luio das atividades de explorao e aproveitamento dos recursos marinhos, e tambm de instala-

    es, estruturas e ilhas artificiais sob sua jurisdio (ONU, ).

    s termos da investigao cientfica marinha no foram definidos na onveno, mas esta especifi-

    ca que sua realizao na ZEE e na plataforma continental deve ser conduzida com o consentimento

    do stado costeiro. sso significa que o stado costeiro pode permitir projetos cientficos marinhos

    de outros stados ou de competncia de organizaes internacionais, desde que pautados por pro-

    psitos pacficos e voltados ao aumento do conhecimento cientfico sobre ambientes marinhos de

    forma a beneficiar toda a humanidade. stado costeiro deve estabelecer regras e procedimentos

    que assegurem que essa concesso no seja retardada ou negada sem razo.

    stado costeiro pode, segundo seu prprio discernimento, negar esse consentimento se o pro-

    jeto: (a) for de significncia direta para a explorao e o aproveitamento dos recursos naturais, vivos

    ou no-vivos; (b) envolver perfurao na plataforma continental, uso de explosivos ou introduo

    de substncias prejudiciais ao ambiente marinho; (c) implicar a construo, a operao ou o uso de

    ilhas artificiais, instalaes e estruturas (ONU, ).

    mbora em sua arte VI a onveno deixe claro que o stado costeiro exerce direitos de sobera-

    nia sobre a explorao e o aproveitamento dos recursos naturais em sua plataforma continental e

    que ningum pode empreender tais atividades sem seu expresso consentimento , a arte XIII do

    mesmo documento define que, alm dos limites da ZEE da plataforma continental jurdica, o stado

    costeiro no poder exercer o poder discricionrio de recusar consentimento para projetos de pes-

    quisa que influenciem a explorao e o aproveitamento dos recursos marinhos. sso no se aplica

    quelas reas nas quais o stado costeiro esteja desenvolvendo ou venha a faz-lo aes destina-

    das ao aproveitamento e explorao dos recursos naturais (ONU, ). a a enorme importnciade definir os principais recursos e reas de interesse nacional, possibilitando o exerccio dos direitos

    soberanos do pas sobre eles.

    arcabouo legal

    relativo aos recursos do mar

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    46/324

    45

    2.1.1.4. rea internacional dos oceanos

    ara as reas internacionais dos oceanos, que excedem os limites da soberania nacional. a onven-

    o estabelece dois tipos de jurisdio: um refere-se ao alto mar, e o outro rea, tipo de jurisdi-

    o internacional sobre os fundos marinhos (ONU, ).

    2.1.1.4.1. lto mar

    alto mar compreende todos os espaos marinhos no includos na ZEE, no MT ou nas guas inte-

    riores de um stado. egundo a onveno (ONU, ), o alto mar est aberto a todos os stados

    costeiros ou sem litoral, que nele tm total liberdade de navegao e sobrevo, alm de poder colo-

    car cabos e ductos submarinos e construir ilhas artificiais e outras instalaes permitidas pelo irei-

    to nternacional. esde que considerados os interesses de outros stados no exerccio da liberdade

    de alto mar, qualquer stado est livre para exercer atividades pesqueiras e investigaes cientficas

    nessa rea, nos termos da onveno (ONU, ).

    alto mar deve ser utilizado para fins pacficos, e nenhum stado poder legitimamente pretender

    submeter qualquer poro dessa rea sua soberania. s stados devem cooperar entre si na con-

    servao e na gesto dos recursos vivos nas zonas do alto mar (ONU, ).

    2.1.1.4.2. rea e autoridade internacional dos fundos marinhos

    rea correspondente aos fundos marinhos e ocenicos que se situam alm dos limites da jurisdi-

    o nacional referida, na arte XI da onveno, como rea. onveno (ONU, ) define a

    rea e seus recursos como patrimnio comum da humanidade, com justia distributiva. liberda-

    de dos mares implica que todos tenham condies iguais de acesso ao mar e aos seus benefcios.

    s recursos da rea compreendem todos os minerais slidos, lquidos ou gasosos in situ no leito do

    mar ou no seu subsolo, incluindo os ndulos polimetlicos. ma vez extrados da rea, os recursos

    so referidos como minerais, e seus extratores podem deles dispor livremente.

    onveno tambm estabelece uma organizao internacional autnoma de carter suprana-

    cional a nternational eabed uthority (sba utoridade nternacional dos undos arinhos)

    2. ar erritorial, a lataforma ontinental e a Zona conmica xclusiva.

    Centro de Gesto e Estudos EstratgicosCincia, Tecnologia e Inovao

  • 8/8/2019 Mar e Ambientes Costeiros

    47/324

    46

    , atravs da qual os stados-membros organizam e controlam as atividades visando ao aproveita-

    mento dos recursos minerais localizados na rea. utoridade como doravante a sba ser de-nominada neste texto tem, entre suas finalidades, garantir que a utilizao dos fundos marinhos

    internacionais beneficie efetivamente toda a humanidade.

    utoridade constituda por uma ssemblia, um onselho, uma omisso urdica e cnica,

    um omit de inanas, sua mpresa e seu ecretariado. rasil membro do onselho desde a

    sua formao, em , e nele tem presena assegurada at , quando a ssemblia proceder

    a novas eleies (ONU, ).

    a administrao da rea, a utoridade deve atuar em bases comerciais e subordinar-se s limi-

    taes espaciais sua jurisdio se restringe rea , materiais a competncia da utoridade

    limita-se aos recursos minerais in situ da rea e legais atuando de acordo com as competncias,

    as normas e os procedimentos definidos na onveno. ara exercer as suas funes, a utoridade

    dotada de amplas competncias e provida de um brao operacional de ao direta no domnio

    econmico, que a mpresa. entre as atividades da mpresa esto a extrao, o transporte, o pro-

    cessamento e a comercializao dos recursos minerais da rea (ONU, ).

    s discusses que pautaram a elaborao da onveno, desde o incio at a sua entrada em vigor,

    envolveram inmeros interesses, e as questes relacionadas rea originaram as maiores controvr-

    sias durante todo o processo de negociao, geran


Recommended