MARIA ESTHER BUENO: ENTRE SAQUES E VOLEIOS ELA FEZ HISTÓRIA
Giovanna Garcia Ticianelli1
Helena Altmann2
PALAVRAS-CHAVE: tênis; esporte; Maria Esther Bueno; gênero;
INTRODUÇÃO
Maria Esther Bueno — importante tenista brasileira detentora de 19 títulos de Grand
Slam — nasceu em São Paulo no dia 11 de outubro de 1939, tendo se aproximado do tênis
por influência do seu pai Pedro de Oliveira Bueno, um homem de classe média, que a
incentivou a jogar desde criança. Além do seu pai, seu irmão, dois anos mais velho, também
praticava o jogo com ela no Clube Regatas do Tietê.
Maria Esther Bueno é um exemplo de mulher que conseguiu inserir-se no esporte em
uma época em que a participação das mulheres, embora permitida nesta modalidade,
enfrentava dificuldades e obstáculos. No Brasil, a ampliação da participação de mulheres no
âmbito esportivo se deu no começo do século XX. O país passava pelo contexto da
industrialização e urbanização, o que permitiu a prática esportiva pelo incentivo à educação
do corpo, expresso na construção de novas praças, parques e lugares destinados aos
momentos de lazer e divertimento, com o objetivo de fortalecer os corpos para o
desenvolvimento e fortalecimento da nação (GOELLNER, 2005).
OBJETIVOS
O objetivo desse trabalho foi investigar a trajetória da tenista ao longo da sua carreira
através de fontes históricas (jornais e revistas). Pretendeu-se identificar suas facilidades e
dificuldades como atleta no período em que praticou o tênis, o contexto brasileiro da época e
quais foram os elementos que tornaram possíveis as conquistas ao longo da sua carreira.
METODOLOGIA
Para atingir o objetivo proposto foram utilizadas três fontes: as revistas “O cruzeiro” e
“Manchete” e o jornal “Tribuna da imprensa”. Foram analisadas todas as incidências da
tenista nesses veículos de informação entre 1950 e 1970, através da Hemeroteca digital e dos
exemplares presentes na biblioteca da Faculdade de Educação Física da Unicamp.
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Os anos pesquisados são justificados por constituírem o período em que a tenista
estava presente no circuito internacional de tênis.
ANÁLISE E DISCUSSÃO
Pelo levantamento feito, é perceptível a falta de destaque no cenário brasileiro das
conquistas adquiridas por Maria Esther Bueno. O incentivo dado à tenista pelo Brasil também
foi escassa, Maria Esther iniciou sua carreira e suas conquistas ainda nova e passou a viver
muito tempo sozinha em suas viagens internacionais, as quais foram financiadas por amigos e
por incentivos negociados e conquistados por ela mesma. Além de preocupar-se com o seu
jogo, precisava dar conta de suas viagens, hospedagens, alimentação, relatando ter vivido
situações difíceis por falta de dinheiro.
A partir das fontes foi possível perceber o sentimento negativo da tenista para com o
país, uma vez que o representou sempre com grandes dificuldades e obteve pouco
reconhecimento das suas conquistas. Foi encontrada também dificuldade para a construção da
trajetória da tenista, já que a maioria das informações publicadas são notas de resultados de
campeonatos, não há muitas informações sobre os seus treinos, suas viagens e o seu dia-a-dia.
CONCLUSÕES
Conclui-se que o país além de não ter dado incentivo a carreira de Maria Esther,
algumas vezes a dificultou, cassando o seu passaporte e taxando os seus troféus na alfândega.
Seu destaque como tenista foi maior em âmbito internacional do que nacional. No exterior
conquistou espaço e reconhecimento através do seu jogo de tênis potente e então de suas
vitórias, sendo considerada a rainha do tênis.
REFERÊNCIAS
CARTA, Gianni. MARCHER, Roberto. O tênis no Brasil. De Maria Esther Bueno a Gustavo
Kuerten. São Paulo: Códex, 2004.
GOELLNER, S. Mulheres e futebol no Brasil: entre sombras e visibilidades. Revista
Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 19, n. 2, p. 143-151, abril/jun. 2005.
SCHPUN, M. R. Códigos sexuados e vida urbana em São Paulo: as práticas esportivas da
oligarquia nos anos vinte. In: SCHPUN, M. R. Gênero sem fronteiras. Florianópolis: Editora
Mulheres, 1997.
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Revista “O Cruzeiro”. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=003581&pasta=ano%20195&pesq=Mar
ia%20Esther%20Bueno. Acesso em: 17 set. 2015.
Jornal “Tribuna da Imprensa”. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=154083_01&PagFis=41663&Pesq=M
aria%20Esther%20Bueno. Acesso em: 17 set. 2015.
1 Bacharel em Educação Física pela Faculdade de Educação Física da Unicamp e estudante dessa
mesma faculdade na modalidade licenciatura em Educação Física, http://lattes.cnpq.br/3304989248835824.
2 Profa. Dra. Helena Altmann, é professora doutora da Universidade Estadual de Campinas, na Faculdade de Educação Física, e também professora do Programa de Pós-graduação em Educação, http://lattes.cnpq.br/5864710654350240.