Megalitismo Vida e Morte na Fachada Atlacircntica Peninsular
de Gibraltar aos Pireneacuteus
4 |
DE GIBRALTAR AOS PIRENEacuteUS Megalitismo Vida e Morte na Fachada Atlacircntica Peninsular
Editores CientiacuteficosJoatildeo Carlos de Senna-Martinez (UniarqFLUL)Mariana Diniz (UniarqFLUL)Antoacutenio Faustino de Carvalho (CEAACPU Algarve)
EdiccedilatildeoFundaccedilatildeo Lapa do Lobo
Design Graacutefico Maria Tavares de AlmeidaImpressatildeo graacutefica GrafinelasTiragem 120 exemplaresDepoacutesito Legal 44724218ISBN 978-989-98163-5-0Ano 2018
| 5
| 2018
iacutendice
Prefaacutecio11
Apresentaccedilatildeo15
Comissotildees19
Ana Cristina Martins21Megalitismo e discursos identitaacuterios textos contextos e pretextos
Pedro Sobral de Carvalho e Antoacutenio Faustino Carvalho37 Para uma recuperaccedilatildeo do megalitismo de Lafotildees O concelho de Vouzela (Distrito de Viseu) enquanto case-study
Joseacute Manuel Quintatilde Ventura51 Nuacutecleo Megaliacutetico dos Fiais-Azenha (Carregal dos Sal) um balanccedilo
Rita Peyroteo Stjerna Ana Cristina Arauacutejo e Mariana Diniz65The dead at Escoural Cave (Montemor-o-Novo Portugal) early farmerrsquos interactions in south-western Iberian Peninsula
Ramoacuten Faacutebregas Valcarce Carlos Rodriacuteguez-Rellaacuten Juliaacuten Bustelo Abuiacuten e Viacutector Barbeito Pose85Building up the land a new appraisal to the megalithic phenomenon in the Barbanza peninsula (Galicia NW Spain)
Juan Carlos Castro Carrera 99 Actuaciones de excavacioacuten y rehabilitacioacuten en los conjuntos de tuacutemulos funerarios de Chan de Castintildeeiras y Chan de Armada peniacutensula del Morrazo Galicia
Faacutebio Soares 123A invulgar localizaccedilatildeo de uma estrutura em negativo na Mamoa de Eireira (Afife Viana do Castelo)
6 |
Pablo Arias Cabal e Miriam Cubas 133Muerte y ritual en el Neoliacutetico del noroeste El megalitismo y otras manifestaciones del comportamiento funerario de las sociedades de los milenios V y IV aC en el cuadrante noroccidental de la peniacutensula ibeacuterica
Elsa Luiacutes e Telma Ribeiro155As comunidades neocalcoliacuteticas de Traacutes-os-Montes pensar a sua tradiccedilatildeo ceracircmica numa perspectiva de perenidade
Joatildeo Carlos Senna-Martinez167 A shrine in the Neolithic Orca da Lapa do Lobo Nelas (c5000-3000 BC)
Joatildeo Carlos Senna-Martinez e Margarida M Carvalho183 Ideotechnical representations in the Megalithism of Mondegoacutes Platform The stelae of Orca da Lapa do Lobo
Antoacutenio Faustino Carvalho 201Anta da Lapa da Meruje (Vouzela Viseu) resultados preliminares dos trabalhos em curso
Antoacutenio Faustino Carvalho Telmo Pereira Juan Francisco Gibaja217 Proveniecircncias e utilizaccedilatildeo do siacutelex no Megalitismo de Lafotildees (Viseu Portugal) Primeira abordagem a partir dos conjuntos dos doacutelmenes da Lapa da Meruje e de Antelas
Nelson J Almeida Luiz Oosterbeek Chris Scarre Cristiana Ferreira Joatildeo Belo e Luiacutes Costa233Dawn of the dead funerary behavior in the Middle Tagus Neolithic
Telmo Pereira Sandra Assis Patriacutecia Monteiro Eduardo Paixatildeo Sofia Baacuterbara David Nora Vacircnia Carvalho e Trenton Holliday247Abrigo da Buraca da Moira contributos para o conhecimento da ocupaccedilatildeo humana do Neoliacutetico finalCalcoliacutetico na regiatildeo de Leiria Portugal
Leonor Rocha Gertrudes Branco Antoacutenio Monteiro e Fernando Silva263 Estudo do espoacutelio arqueoloacutegico da Anta da Casa da Moura (Soure Portugal)
Joatildeo Carlos de Senna-Martinez277Parasitic frequentation or cultural continuity The re-use of megalithic monuments in the AncientMiddle Bronze Age of the Mondegorsquos Platform
| 7
| 2018
Mariana Dniz303The origins of Megalitism in Western Iberia resilient signs of a symbolic revolution
Ceacutesar Neves e Mariana Diniz321Agrave procura da Terra dos Vivos os lugares de povoamento das primeiras fases do Megalitismo funeraacuterio no Centro e Sul de Portugal
Leonor Rocha e Pedro Alvim 341O menir do Cabeccedilo da Areia (Brotas Mora)
Marco Antoacutenio Andrade Rui Mataloto e Andreacute Pereira353Territoacuterios de fronteira o Megalitismo nas abas da Serra drsquoOssa (Estremoz-Redondo Alto Alentejo Portugal)
Filipa Rodrigues393Muitas antas e muita gente As relaccedilotildees entre os recintos de fossos e os monumentos megaliacuteticos no Alentejo Central
Maria Joatildeo Neves e Ana Maria Silva411Uma anaacutelise arqueotanatoloacutegica em trecircs hipogeus os contributos dos siacutetios de Monte Canelas I (Portimatildeo) e do Monte do Carrascal 2 (Ferreira do Alentejo) para a compreensatildeo das praacuteticas funeraacuterias nos 4ordm e 3ordm mileacutenio aC no Sul de Portugal
Pedro Sobral de Carvalho e Lara Bacelar Alves431A Necroacutepole da Lobagueira Viseu expressotildees de arte e arquitetura do megalitismo da Beira Alta Centro de Portugal
Seacutergio Monteiro Rodrigues e Ceacutesar Oliveira453A Anta dos Currais do Galhordas (Castelo de Vide Alto Alentejo Portugal) anaacutelise quiacutemica de resiacuteduos orgacircnicos identificados em recipientes ceracircmicos
Yolanda Costela Muntildeoz Vicente Castantildeeda Ivaacuten Garciacutea e Fernando Prado 481La necroacutepolis de cuevas artificiales de Los Algarbes (Tarifa Caacutediz) Un ejemplo de la permanencia temporal de las construcciones megaliacuteticas
Mariacutea Lazarich Antonio Ramos-Gil Mercedes Versaci Mariacutea Narvaacuteez Cabeza de Vaca501La necroacutepolis megaliacutetica del Tajo de las Figuras (Benalup-Casas Viejas Caacutediz)
8 |
Joseacute Antonio Linares Catela519Megalitismos del aacuterea de Huelva Investigacioacuten y puesta en valor
Estefaniacutea Carrillo Vaacutezquez 539Bases para el estudio de los rituales de comensalidad en las sepulturas megaliacuteticas de la Peniacutensula Ibeacuterica
Antoacutenio Ramos Gil549iquestYarda megaliacutetica o vara megaliacutetica
Mariacutea Narvaacuteez Cabeza de Vaca Perintildean565Aportacioacuten al estudio de los cilindros decorados de la Prehistoria Reciente de la Peniacutensula Ibeacuterica Los hallazgos en megalitos
| 9
| 2018
10 |
| 11
| 2018
Prefaacutecio
A Fundaccedilatildeo Lapa do Lobo eacute uma entidade privada sem fins lucrativos com objetivos culturais e educativos A aacuterea de abrangecircncia geograacutefica da sua atuaccedilatildeo eacute fundamentalmente os concelhos de Nelas e Carregal do Sal envolvendo-se pontualmente em alguns projetos de acircmbito mais alargadoNasce da vontade de uma famiacutelia com fortes ligaccedilotildees agrave aldeia da Lapa do Lobo que decidiu numa determinada fase da sua vida e com os seus proacuteprios recursos desenvolver um projeto local de serviccedilo agrave comunidade que pudesse ajudar a desenvolver o pensamento cultural das pessoasCriada em 2007 inicia a sua accedilatildeo na preservaccedilatildeo do patrimoacutenio arquitetoacutenico civil da aldeia e nos apoios a estudantes dos dois conce- lhos A reaccedilatildeo da comunidade e dos agentes locais aos projetos e ati- vidades que vai desenvolvendo progressivamente origina uma dinacircmica crescente que leva agrave inauguraccedilatildeo da sua sede em 9 de outubro de 2010 e passados 5 anos agrave ampliaccedilatildeo das suas instalaccedilotildees A 3 de abril de 2017 recebe a visita do Senhor Presidente da Repuacuteblica de Portugal que a definiu como ldquoum bom exemplo da forma como os cidadatildeos tambeacutem podem ter um papel importantiacutessimo no desenvolvimento do nosso paiacutesrdquo Cultura e educaccedilatildeo em sentido lacto satildeo sem duacutevida os grandes pilares da atuaccedilatildeo da Fundaccedilatildeo Lapa do Lobo A Biblioteca o Serviccedilo Educativo os Cursos e Ateliers de artes e ofiacutecios as Exposiccedilotildees e a Programaccedilatildeo Cultural variada (cinema teatro muacutesica debates conferecircncias etc) satildeo os instrumentos de trabalho que privilegiamos Como natildeo poderia deixar de ser a Fundaccedilatildeo tem vindo a acompanhar e a apoiar desde o primeiro momento em conjunto com a Cacircmara Municipal de Nelas Associaccedilatildeo Humanitaacuteria dos Bombeiros Voluntaacuterios de Canas de Senhorim e Juntas de Freguesia de Canas de Senhorim e de Lapa do Lobo as campanhas de escavaccedilotildees no siacutetio arqueoloacutegico da Orca da Lapa do Lobo (Concelho de Nelas Distrito de Viseu) Intervenccedilatildeo esta realizada no acircmbito do Projeto NeoMega dirigido pelo Prof Doutor Joatildeo Carlos de Senna-Martinez (Uniarq) tambeacutem director da escavaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo da Mestre Telma Ribeiro e da Drordf Margarida Carvalho
12 |
e com a participaccedilatildeo de alunos de Mestrado em Arqueologia das Uni-versidades de Lisboa e Coimbra e da Licenciatura em Arqueologia das Universidades de Lisboa e EacutevoraA divulgaccedilatildeo dos resultados obtidos nas quatro campanhas jaacute efetuadas (2015-2018) no siacutetio da Orca da Lapa do Lobo agrave comunidade cientiacutefica na proacutepria aldeia da Lapa do Lobo cenaacuterio real dessa ldquoHistoacuteriardquo eacute um motivo de enorme orgulho para a Fundaccedilatildeo Lapa do Lobo que abre as-sim as suas portas para a realizaccedilatildeo do Congresso ldquoDe Gibraltar aos Pireneacuteus Megalitismo Vida e Morte na Fachada Atlacircntica Peninsularrdquo nestes dias 2 3 e 4 de Novembro de 2018Aquilo que somos hoje deve-se sempre em parte agravequilo que fomos on-tem Soacute conhecendo a fundo de onde vimos poderemos perceber o que somos e decidir para onde vamosA todos os que participam neste Congresso bem como a todos os que em conjunto connosco tornaram possiacutevel a sua realizaccedilatildeo na Fundaccedilatildeo Lapa do Lobo um grande bem-haja
Maria do Carmo BatalhaVice-presidente da Fundaccedilatildeo Lapa do Lobo
| 13
| 2018
14 |
| 15
| 2018
APRESENTACcedilAtildeO
O livro que agora se apresenta De Gibraltar aos Pireneacuteus Megalitismo Vida e Morte na Fachada Atlacircntica Peninsular eacute o resultado de um Con-gresso que decorreu em Nelas e Carregal do Sal realizado em parceria com a Fundaccedilatildeo Lapa do Lobo nos dias 2 3 e 4 de Novembro de 2018 Era objectivo nuclear deste Congresso discutir no espaccedilo da fachada atlacircn- tica da Peniacutensula Ibeacuterica de Gibraltar aos Pireneacuteus o Megalitismo como fenoacutemeno amplo do espaccedilo europeu que encontra neste territoacuterio da Beira Alta um dos seus nuacutecleos mais pujantes e com uma mais longa histoacuteria de investigaccedilatildeo Entender o Megalitismo significa para aleacutem da atenccedilatildeo ao regional e ao local cruzar territoacuterios analisar num tempo lon-go e num espaccedilo amplo as arquitecturas os rituais as paisagens onde se cruzam vivos e mortos e onde se materializam as cosmogonias das antigas sociedades agro-pastoris A reconstituiccedilatildeo de redes de circulaccedilatildeo de mateacuterias-primas e de artefactos mas tambeacutem de pessoas e de siacutem-bolos de curta mas tambeacutem de meacutedia e longa distacircncia eacute nos quadros da presente investigaccedilatildeo fundamental para explicar um fenoacutemeno que combina elementos de grande dispersatildeo com materialidades especiacuteficas de um Tempo e de um Espaccedilo Agrave chamada numa demonstraccedilatildeo clara das presentes dinacircmicas da in-vestigaccedilatildeo arqueoloacutegica responderam investigadores de toda a fachada atlacircntica da Peniacutensula Ibeacuterica da Universidade de Caacutediz agrave Universidade da Cantaacutebria passando pela Universidade de Huelva do Algarve de Eacutevo-ra de Lisboa de Coimbra do Porto do Minho e de Santiago de Compos-tela e Valladollid investigadores provenientes do sector empresarial da administraccedilatildeo puacuteblica e de museusOs capiacutetulos deste livro reflectem a diversidade de toacutepicos de debate e de metodologias de anaacutelise que hoje definem os trabalhos sobre Mega- litismo O estudo de monumentos especiacuteficos o Megalitismo de aacutereas re-gionais a Arqueotanatologia e as praacuteticas funeraacuterias o significados dos siacutembolos e a construccedilatildeo das paisagens significativas a historiografia as siacutenteses e os modelos explicativos e ainda aspectos de gestatildeo e valori-zaccedilatildeo do patrimoacutenio arqueoloacutegico satildeo algumas das temaacuteticas fundamen
16 |
tais desta obra discutidas naqueles dias de Novembro Esta apresentaccedilatildeo breve natildeo estaria concluiacuteda sem um agradecimento agraves Cacircmaras Municipais de Nelas e Carregal do Sal pelo apoio concedido a esta iniciativa e agrave Fundaccedilatildeo da Lapa do Lobo inexcediacutevel anfitriatilde destes trabalhos Um agradecimento particular eacute devido agrave Engordf Maria do Carmo Batalha cuja inesgotaacutevel energia foi fundamental ao longo de toda a or-ganizaccedilatildeo deste Congresso e das publicaccedilotildees que lhe estatildeo associadas e agrave Designer Maria Tavares de Almeida que as levou a bom termo
Joatildeo Carlos de Senna-MartinezMariana Diniz
Antoacutenio Faustino de Carvalho
| 17
| 2018
18 |
| 19
| 2018
ORGANIZACcedilAtildeO
Fundaccedilatildeo Lapa do LoboCentro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (Uniarq)Centro de Estudos de Arqueologia Arte e Ciecircncias do Patrimoacutenio da Universidade do Algarve
Comissatildeo de Honra
Presidente da Cacircmara Municipal de NelasPresidente da Cacircmara Municipal de Carregal do SalPresidente da Fundaccedilatildeo Lapa do LoboPresidente da Associaccedilatildeo Humanitaacuteria dos Bombeiros Voluntaacuterios de Canas de Senhorim
Comissatildeo Organizadoraexecutiva
Prof Doutor Joatildeo Carlos Senna-Martinez (UniarqFLUL)Profordf Doutora Mariana Diniz (UniarqFLUL)Prof Doutor Antoacutenio Faustino de Carvalho (CEAACPUAlg)Engordf Maria do Carmo Batalha (Fundaccedilatildeo Lapa do Lobo)Soacutenia Simatildeo (Fundaccedilatildeo Lapa do Lobo)Aires Manuel Antunes dos Santos (Cacircmara Municipal de Nelas)Dr Seacutergio Espiacuterito Santo (Cacircmara Municipal de Nelas)Dr Joseacute Sousa Baptista (Cacircmara Municipal de Carregal do Sal)
Comissatildeo Cientiacutefica
Prof Doutor Joatildeo Carlos Senna-Martinez (UniarqFLUL)Profordf Doutora Mariana Diniz (UniarqFLUL)Prof Doutor Antoacutenio Faustino de Carvalho (CEAACPUAlg)Prof Doutor Pablo Arias Cabal (U Cantaacutebria)Doutora Gertrudes Branco (DGPC-DRCC)Doutora Ana Cristina Martins (IHC-CEHFCI-UIE-FCSH-UNIUniarqFLUL)
20 |
| 21
| 2018
Megalithism and identity dialogues texts contexts and pretexts
Megalitismo e discursos identitaacuterios textos contextos e pretextos
laquoOs megaacutelitos satildeo sem duacutevida os mais comuns e ao mesmo tempoos mais impressionantes monumentos preacute-histoacutericos da Europaraquo
(Arnaud 1977)
ABSTRACTSince at least the medieval time that the megalithic structures have aroused curiosity and pretexted various theories around its construction and functio- nality With the beginning of the formative process of the lsquonation-statesrsquo they became particularly interesting in visually marking the territory and referring to a certain pre-Roman ancestry A preterit that was reinforced already in the 19th century in reaction to the Napoleonic political project that legitimized subsequent national and regional identity affirmationsPortugal was no exception not so much for the political assertion as for the need felt by the pioneers of archaeology in the country to fit into the lsquostate of the artrsquo of European research regarding prehistoric archaeology From then on this theme no longer went beyond its horizons but rather strengthened according to the prevalence of personal (rather than institutional) agendasWe will therefore proceed to a very brief analysis of some of the contexts that in Portugal have pretexted the production of texts on megalithic structures from the end of the 19th century to the 3rd Archaeological Conference of the Association of Portuguese Archaeologists (1977)KEY WORDS History of Archeology Megalithism Portugal
RESUMODesde pelo menos os tempos medievos que as estruturas megaliacuteticas susci-taram curiosidade e pretextaram diversas teorias em torno da sua construccedilatildeo e funcionalidade Com o iniacutecio do processo formativo dos Estados-naccedilatildeo elas tornaram-se particularmente interessantes ao marcarem visualmente o ter-
Ana Cristina Martins (FCT IHC-CEHFCI-UEacute-FCSH-NOVA Uniarq-UL)
22 |
ritoacuterio e remeterem para uma determinada ancestralidade preacute-romana Um preteacuterito que foi reforccedilado jaacute no seacuteculo 19 em reacccedilatildeo ao projecto poliacutetico napoleoacutenico que legitimou subsequentes afirmaccedilotildees identitaacuterias de acircmbito nacional e regionalPortugal natildeo foi excepccedilatildeo natildeo tanto pela asserccedilatildeo poliacutetica quanto pela necessidade sentida pelos pioneiros da arqueologia no paiacutes de se enquadrarem no lsquoestado da artersquo da investigaccedilatildeo europeia em mateacuteria de arqueologia preacute-histoacuterica De entatildeo em diante esta temaacutetica natildeo mais saiu dos seus horizontes antes fortalecendo de acordo com a prevalecircncia de agendas pessoais (mais do que institucionais)Procederemos por conseguinte a uma breviacutessima anaacutelise de alguns dos contextos que em Portugal pretextaram a produccedilatildeo de textos sobre o mega- litismo desde finais de Oitocentos ateacute agraves III Jornadas Arqueoloacutegicas da Associaccedilatildeo dos Arqueoacutelogos Portugueses (1977)PALAVRAS -CHAVEHistoacuteria da Arqueologia Megalitismo Portugal
1 GENERAL CONTEXTS AND PRETEXTSAs far as we know it was especially during medieval times that megaliths motivated several and contradictory feelings among European people The reasons were certainly various but their usual mega dimension was cer-tainly central together with the lack of knowledge regarding its meaning and purpose And the continuous questioning about their use signified that there were no written sources or even oral traditions which could help deciphering this kind of enigma And this meant that no one knew who their builders and users were simply because they belonged to very old times from which there was no intellectual clue And the absence of knowledge in first place and of clues in second opened a Pandorarsquos box to most fascinating theoriesUnsurprisingly common people dealt with their presence very easily and somehow comfortably They have stood there ever since in the middle of nowhere useful in rainy and stormy days in protecting shepherds during their transhumance paths Moreover they served as unofficial landmarks extremely important for several reasons one of them being the need of people to belong to a place a territory a geography to an identity however restricted it could be Additionally deprived of their original meaning some of them were totally or partially reused accordingly to circumstantial needsBut this was letrsquos say the practical side of the megaliths as there was anoth-er one the mystery they carried on in consequence of the ignorance about their origins But one thing was for sure they were built by giants or even clever dwarfs More than that they could simply be the result of some telluric
| 23
| 2018
phenomenon It could not be otherwise If not how were they built them especially dolmens And how to explain the fact that in most cases their raw material was carried from far regions Yes their builders should be giants giants that no longer existedIn the meanwhile the increasing presence and prevalence of Christianity in the country ended with some ndash then already seen as pagan - periodical festivities always linked to the agriculture cycles or ndash more wisely - incorpora- ted them into new religious practices Gradually some megaliths were trans-formed in chapels others in shelters of witches and therefore abandoned and untouched until the forests covered them totally and were forgotten for centu-ries But other megaliths continued to be used accordingly ancient practices far from the church control Mainly by women unmarried and unchilded wo- men who expected to be touched by the strength of an ancient mystery stron-gly embodied of magic a magic condemned by the Church with fire And this condemn began to frighten common people and to keep them away from those bizarre abnormal structures It was another way of controlling minds and social practicesBut this apparent fear fascination ndash two very close feelings - had a positive effect the megaliths were preserved in most of the cases and some of the unintelligible (for those times) artefacts discovered inside and or around them were included in the social prestigious and private lsquocabinet of curiosi-tiesrsquo At least until the 18th century when a new entourage political economic social and cultural justified the multiplication of academies libraries hortus zoological gardens laboratories collections etc together with the publication of monographs and scientific journal It was the ante camera of the Illuminated Era And it was precisely with the advent of this intellectual movement that some researchers began to link the Celts to the megaliths which lead to the recognition of a pre-Gaul period mostly known through the Julius Cesarrsquos descriptions which interpreted the megaliths as altars of human sacrifices An idea which survived all over a significant part of the 19th century But the most important thing here was that they began to be analysed as resulting from human action More than that they were assumed as endogenous structures built by the hands of the Gaulrsquos eager-ly accepted by academicians as direct ancestors of the French It was then time to search for their primeval roots as the origin ndash somehow ndash of the 19th century Liberalism Predictably Napoleon I financed the lsquoAcadeacutemie Celtiquersquo (lsquoCeltic Academyrsquo) (1804) and in 1858 it was founded the lsquoCommission de Topographie des Gaulesrsquo (Commission for the Topography of the Gaulsrsquo) which members studied the French geography history and archaeology previously to
24 |
the Carolingian EmpirePortugal also had its kind of ante-chamber of the Enlightenment when one of the officious Maecenas of catholic Rome King Joatildeo V (1689-1750) foun- ded the Royal Academy of History (RAH) (1720) followed one year later by the decree obliging everyone who found ancient artefacts during their agricultu- ral activities to notify the regional governors who in return should send them to Lisbon to be analysed studied and divulged by the academicians in confe- rences and papers published in the RAHrsquo annals And the interesting thing is that due to this decree there were identified more than 300 megalithic struc-tures in the country not knowing their prehistorical origin as it would be neces-sary to wait for more than a century to classify them as soUnfortunately the earthquake of 1755 which affected tremendously Lisbon and had serious impacts in other Portuguese and even Spanish locals and regions obliged politicians to left aside most of the previously established cul-ture issues There was simply no time and no room for them The priority was to bury the death bodies and to take care of the livings whilst the new prime minister Sebastiatildeo Joseacute de Carvalho e Melo (1699-1782) future Marquis of Pombal mason projected a new capital based on the prevailing French ra-tionalistic principles rebuilding the historical centre with orthogonal streets situated between its two main squares one of which opened to the river-sea welcoming the outlanders Of course he was attentive to the heritage situation He simply could not ignore totally the decree 1721 (see above) but there were other priorities Even so he asked for instance Lisbon priests to list every his-torical building situated in each parish to have a better notion of the damages and to save them from future hazards An aim expanded by Queen Maria I (1734-1816) in creating the Royal Academy of Sciences (1779) to which were transferred some projects took on by the RAH shut down after the earthquakeBut what about megaliths during Neoclassicism following the rediscovery of such ancient cities as Pompeii Herculaneum and Stabia Who cared about megalithic structures when the elites the intellectuals of the western world were amazed and delighted with the very few news coming from the excava-tions financed nearby Naples by the future Spanish King Carlos III (1816-1888) before they could read about them in rare illustrated albums of big dimension or even in some examples of voyage literature and in the writings of Johann Joachim Winckelmannrsquos (1717-1768)Who could be really interested in this archaic architecture when the recen- tly available private collections of Carlos III brought together the splendour of roman times exhumed directly from some of its primary sources and what was more important unveiling the colourful of their everyday lifersquos What
| 25
| 2018
could be better than to collect artefacts from these and other classical pla- ces obtained through a growing illicit market of antiquities Antiquities which became a source of social prestige not so for nobles as for the bourgeoisie even if nobles including princes and kings made use of collections museums academies laboratories etc as an invigorating way of competing ideologically and politically with each other mainly in the context of the making of the lsquoNa-tion-statesrsquo which urged for a new iconography It was the beginning of neoclassical times which influenced greatly the western aesthetics the way of thinking and of living inspiring artists architects decorators writers and some manufactures and industries such as furniture ceramics jewellery and clothing Altogether it became the metaphorical vestibule of the 19th century revivals being the 18th century Neoclassicism the inspirational oneSo which context allowed reviving the interest towards other preterits beyond the classics which were also much appreciated in Portugal considering the works of priest Manuel do Cenaacuteculo (1724-1814) and the personal investment of Queen Maria I in the study of the roman ruins of Troacuteia (Setuacutebal Portugal)We argue that regardless of dominant neoclassical aesthetics and ornament grammar a tiny - but significant - number of intellectuals valued other antiquities as they symbolized the uniqueness of their regions and countries far beyond classical times especially the roman ones and more specifical-ly the ones that could testify its imperial period ie their dominance over local people In truth a long path had been already crossed in this direction if we remind the consequences of Reform and Counter-Reform in historical studies as it was the commencement of lsquonational antiquitiesrsquo in counterpoint to the lsquoclassicalrsquo ones So there was already a basis where to build new projects concerning megaliths Megaliths or other pre and post-roman structures as was the case for iron age hill-forts and elements from primeval Christianity But the world was bigger than that and the need to expand horizons of knowledge led 18th century naturalists and adventurers to other continents in search for the diversity of Godrsquos work and information relevant to the new western indus-tries and markets whilst Napoleon I (1769-1821) was organizing the first truly holistic Expedition to Egypt (1798) giving way to the lsquoEgyptomaniarsquo which would overwhelm every angles of western elites day lifeOf course there were always local elites curious about megalithic structures for all the mystery which surrounded them and because they represented the long ancestry of some places and regions Nonetheless one political episode established their systematic inventory and study and linked them to national feelings and needs I fact the lsquoContinental Blockadersquo (1789-1915) imposed
26 |
to Great-Britain by Napoleon I had some unpredictable consequences one of them being cultural and more specifically archaeological in its - yet - anti-quarian version Why With difficulties in accomplishing the Grand Tour during those years young nobles gentries and representatives from high bourgeoisie whose close male relatives were mostly members of such respected socie- ties as the Dilettanti (1734) and the Antiquaries of London (1751) were forced to travel around their own country in search for its natural and cultural distinctiveness Suddenly they discovered a territory full of different geogra-phies physical cultural and psychological which should be described be-fore being destroyed distorted or forgotten by the strength of the locomotive symbol of the accelerated industrial process started in the Highlands And these travellers found draw and wrote about many ancient buildings includ-ing hundreds of megaliths mostly of them dolmens A precious work since for different reasons some of these specimens do not exist anymore or were reused in a such way that one hardly can recognize themAnd we must not Forget that this episode went together with the quarrel between lsquoAncient and Modernsrsquo leading for example to minucious excava-tions of ancient monuments whilst there were some efforts to connect the Bible genealogy to the cultural specificity of each country to legitimate and honour each of them (Mintielle 1972) Partially due to the Celtic revival connected to the megaliths emerged a certain urgency in demonstrate that these ancient structures existed long before any material evidence of the ex-orient lux theory holding that together with Egyptians and Chinese the Celts was one of the oldest people in the World Besides they were at the basis of Monotheism to withdraw the idea about dolmens as places for the pagan barbarian practice of human sacrifices (Daniel 1963 p 24-42) Even if not officially and unconsciously this was an attempt to contradict the generally accepted idea regarding the Germanic supremacy ndash the Kulturvolker ndash and migration (more than diffusion) of new modus vivendi e faciendi arriving from the Near EastA revival to be introduced also in Portugal at least by the hands of Augusto Filipe Simotildees (1835-1884) referring to dolmens as culturally belonging to the Celts and to some artefacts discovered inside them as being originally used by druids being however one of the first ones to sustain the endogenous evolution of the megaliths in the country The same was affirmed by Joaquim Possidoacutenio Narciso da Silva (1806-1896) namely during the seminars he coordinated in 1872 on history of art and archaeology (AHAAP Actas do Conselho Facul-tativo n ordm 99 1521872) at the lsquoRoyal Association of Portuguese Archaeolo-gistsrsquo and still by the end of the 80s when described some dolmens from the
| 27
| 2018
lsquoBeira interiorrsquo as Celtic tombs of higher priests and chief leaders disproving hence their assumed use as altar for human sacrifices Subsequent authors ndash like Manuel Heleno (1894-1970) the second director of the nowadays Nation-al Museum of Archaeology (1893) - sustained the endogenous phenomenon of megalithism in what Portugal is nowadays by saying that ldquomaybe we should invert the itinerary to contradict the idea of a megalithic civilization resulting from external influences spread by sea throughout European shoresrdquo (Severo 1905-1908 p 7015 Our translation)But the importance of all these exercises was more than a dilettanti way of live The typologies repeatedly found in these sketchbooks and memoires ndash megaliths and churches (mainly Anglican built in a gothic or neogothic style) ndash indicated a silent but vibrant opposition to the roman imperial period ichno-graphically adopted by Napoleon I as he visual grammar of his political agen-da Predictably megaliths become for opponents of napoleon era a central topic of many paintings watercolours and drawings intertwined with elements of druidism considered distinctive of the British culture Thoughts feelings ideologies and political needs which went side by side with an increasing romantic scenario expanded by intellectuals such as Johann Wolfgang von Goumlethe (1749-1832) in a time when the nostalgia for a non-imperial classical preterit lived together with the necessity to underline medieval and pre-clas-sical predicates of each region and country required by the French Empire An Empire that unexpectedly also rooted its programme in megalithic times even if in an anachronic way by linking it to the hero Vercingetorix (82-46 aC) But this was a bit latter episodeIt was the past serving as nuclear argument to oppose territorial pretensions It was the beginning of a systematic use of the ancestors to reaffirm borders both geographical ethnical cultural and or psychological In short it was the implementation of a geo-political strategy based on memories renamed as heri- tage transformed in national because presumably unique (as symbols)
2 MEGALITHS IN PORTUGAL AND ITS STUDY DURING THE 19TH CENTURY (a brief glimpse)Differently of what happened in such countries like Great-Britain or France the nonexistence of regional pro-autonomy actions in the Portugal may explain the absence of similar iconographic registers observed beyond our boundaries where images of antiquarians portrayed next to megalithic monuments were getting usualNevertheless Portugal could not ignore he amount and diversity of studies published abroad on this theme That is also why amongst activities undertook
28 |
by the lsquoComissatildeo Geoloacutegica do Reinorsquo (lsquoGeological Commission of the King-domrsquo) (1857) the most studied megalithic typology - dolmens - was included in the general category of prehistoric monuments thought anachronically under-stood as Celtic graves A conclusion certainly resulting from the weak links their leaders still maintained with the most recent European research networks on this subject Notwithstanding their authors tried to understand the emergence and geo-graphical distribution of the identified dolmens (lsquoantasrsquo in Portuguese) by analysing its architectural characteristics having in mind that ldquomore civilised nations do not stop from the performance of their archaeological researches because they may be thought of as sublimerdquo (Silva 1888 p 26 Our transla-tion) Additionally it was stated that ldquothe different objects discovered during excavations conducted under those monuments are now attributed to the first Prehistoric migrations whose period and duration are unknown (Id 1881 p 69-71 Our translation) So there was a strong believe that megaliths were built in what is now Portugal as a result of a migration process to be examined fol-lowing the work of the French prehistorian Eacutemille Cartailhac (1845-1921) lsquoLes Acircges Preacutehistoriques drsquoEspagne et du Portugalrsquo (1886) where their architectural types were connected to associated assemblages as probable clues to under-stand the occupational evolution in a given region In relation to this one of our researchers V do M Gabriel Pereira (1847-1911) stated that
Eacutevora dolmens [Southeast Portugal] are undoubtedly unique and their study important to the establishment of the civilisation and relations between primitive people living here if attention is given to differences observed between them and those from other areas [] not so much in their construction but in their position [in relation to] objects found in the surrounding area (IANTT 1876 VIIIa 8ordf 1260 Our translation and original underscore)
Because some Portuguese researchers were much interested in this mega-lithic research ldquoagendardquo and since some of them had been already totally or partially destroyed by landowners to reuse their stone elements in different ways the Board of the lsquoReal Associaccedilatildeo dos Arqueoacutelogos Portugueses (lsquoRoyal Association of Portuguese Archaeologistsrsquo) (1863) requested (1874) its mem-bers to survey the megaliths eventually standing in their regions and to draw them (Id 1885 XVI 8ordf 3320) enlarging the geographic spectrum of the pre-vious one focused on Eacutevora and undertook in 1871 by the lsquoDirecccedilatildeo Geral dos Trabalhos Geoloacutegicosrsquo (lsquoGeneral Board of Geologic Worksrsquo) probably aiming to obtain something similar to the Archeacuteologie Nationale of the French archaeol-ogist pioneer of the Gaul and Gaul-roman archaeology founder and first direc-
| 29
| 2018
tor of the Museacutee des Antiquiteacutes Nationales (Saint-Germain-en-Laye) Alexandre Louis Joseph Bertrand (1820-1902) Additionally these maps should become eventually included in a more ambitious project of recording archaeological heritage ldquoavant que le vandalisme nrsquoait deacutetruir un plus gran nombre de ces anciennes constructionsrdquo (ldquoDiscussionrdquo 1873 p 726 Our underscore)
3 THE ldquoPORTUGUESErdquo MEGALITHS ABROAD (another brief vision)Based on the information sent by regional memberships an advised by Eacute Cartailhac regarding the method of classification to be adopted for standing stones the president of the lsquoRoyal Associationrsquo the architect and archaeolo-gist J Possidoacutenio N da Silva (1806-1896) compared published and presen- ted them in 1879 to the lsquoCongregraves International drsquoanthropologie et drsquoarcheacuteolo-gie Preacutehistoriquersquo and the lsquoCongregraves de lrsquoAssociation Franccedilaise pour lrsquoAvance-ment des Sciencesrsquo The result of this was the travel of the Swedish archaeo- logist Oscar Montellius (1843-1921) to Lisbon to study artefacts exhibited at the lsquoMuseu Arqueoloacutegico do Carmorsquo (lsquoCarmo Archaeological Museumrsquo) (1864) Afterwards he stated that Portuguese archaeological studies were ldquobeaucoup plus avanceacutes qursquoen Espagne [et] peut nous donner la solution de bien des questions importants relatives aux peuples des dolmensrdquo (IANTT 1879 XI 8ordf 1767 Original underscore) lsquoDolmen peoplerdquo which he considered as ex-clusively prehistoric and generating in the North of Europe whereas in 1868 the Portuguese writer and historian Inaacutecio de Vilhena Barbosa (1811-1890) published a paper in the journal lsquoArchivo Pittorescorsquo arguing their belonging to Neolithic till Bronze Age In the meanwhile other national authors searched for the ethnogenesis of this lsquonomad peoplersquo in the Near East believing in its Semitic origins hence reinforcing the theory on cultural precedency of South Europe by claiming a direct inheritance from pre-classical civilizations emerged in that region Comparing the dolmens existing in Portugal and Spain and based on a linear evolutionist approach some Portuguese scholars concluded that the first would be older as the stones used in the latter ones ldquoare more regular and the vertical remain in a position closer to the vertical conceptrdquo (Mello 1886 p 121 Our translation) whilst Possidoacutenio da Silva was persuaded that ldquoles Celtes sont venus dans la peacuteninsule Ibeacuterique para la rive droite de la Guadi-anardquo (Silva 1881 p 620 Our underscore) Moreover ldquoCette circonstance doit servir beaucoup pour aider agrave faire les recherches pour trouver la marche que les Celtes auront prise pour entrer dans lrsquoEuroperdquo (ldquoDiscussionrdquo 1873 p 726 Our underscore) Besides during a presentation at the lsquoAssociation Franccedilaise pour lrsquoAvancement des Sciencesrsquo (Montpellier 1879) he referred that the Celts
30 |
gave preference to what was nowadays Portugal ldquoaux cours de riviegraveres [as] ils ont en suite laisseacute ces monuments sur leur chemin pour marquer leur passage dans la contreacutee aux tribus qui les auraient suivis dans leur immigration pour les indiquer aussi ougrave eacutetaient enselevis leurs chefsrdquo (Silva 1879 p 1)This meant that he thought megaliths began by being built in Iberia more spe-cifically in what is now Portugal and concretely in South Alentejo A conclusion mostly interesting since Portugal had no need to emphasize the legitimacy of its political frontiers as it was one of the oldest European countries to have them established and had no internal movements towards autonomy which could put in danger its unity Quite the opposite as shown during the Napo-leonic invasions and the presence of the British troops in the first half of the centuryBut this was the decade ndash 70s ndash of some Iberian union revival supported by many politicians and intellectuals Fiercely opponent to this purpose Possidoacute-nio da Silva tried to demonstrate through archaeology the logics of our nation-al frontiers unique and cohesive More than this and even unconsciously he considered megaliths as a lsquofossil-directorrsquo of the Celtic presence Even though he was aware that much more Portuguese regions should have dolmens in its domains the reason why he asked for an intensive and extensive geographic survey of the toponym anta the word by which dolmens were widely known in Portugal (Silva 1881b p 620) In addition some Portuguese authors like A Filippe Simotildees and Possidonio da Silva believed that some associated mate-rials like engraved stone plaques which seemed to abound in what was now-adays Portugal could be specific of this Iberian region which in their minds seemed to indorse the logics of our national frontier an interpretation suppor- ted by 20th century Portuguese archaeologists like the priest and prehistorian Eugeacutenio Jalhay (1891-1950) for instance Moreover they intended to esta- blish a dolmenrsquos chronology by analysing the shape and contents of those same engrave plaques
4 PROTECTING MEGALITHS IN PORTUGAL TO KEEP HISTORY ALIVE (one more brief insight)Mapping the different megalithic typologies known in Portugal linked to its asso-ciated artefacts and obeying to a specific methodology like the one discussed during the lsquoInternational Congress for Anthropology and Prehistorical Archaeolo-gyrsquo (Budapest 1878) (Silva 1879 p 4) Possidoacutenio da Silva intended to call the attention of politicians towards the importance of their study and the urgency of their protection and aware provincial scholars of their relevance for local history though believed that Central Government should be responsible for
| 31
| 2018
their good preservation not only to avoid their destruction and loss capital that they repre-sent but also that they may be converted into productive capital for the Country in general and a true and active element of prosperity for the lands that have them since everywhere they form a powerful stimulus to the curiosity of travellers (Silva 1888 p 7 Our translation and underscore)
In brief they could contribute to the establishment and development of the most recent western industry tourism especially cultural tourism This could be achieved by creating community museums holding archaeological collec-tions also to reinforce local and regional feelings essential to sustain heritage safeguard and the inherent common historical memories Consequently they could become an important source of national and regional and local revenue considering that
If some of these antiquities have escaped constant destruction continued to the present it is because the dust and the earth lifted by storms and dragged by torrential rains during centuries have gathered over those precious relics of an extinct greatness until hiding them entirely for the coveting gaze of destroyers as implacable as they are ignorant (Ibidem Our translation)
But stoping their destruction required their classification as ldquonational mo- numentsrdquo (AHAAP Actas da Assembleia Geral 132 741889 Id Idem 137 22121889) which demanded an exhaustive inventory not only of the building itself but of all the artefacts and other realities identified inside and on them simply because these data could differentiate chronologies and cultu- ral belongings as remembered the archaeologist art historian and Professor Vergiacutelio Correia Pinto da Fonseca (1888-1944) when referring to rock paint-ings wrote in an almost kossinian statement on the hypothetical symbiosis between territory ethnos and material culture and interpreting megaliths as a Neolithic phenomenon that
The stylised and schematic character of those figures shows that they are Neolithic like those discovered throughout the neighbouring country especially in the mountains of the South betraying the occupation of the Peninsula by a single population in race and culture (Correia 1922 p 147 Our translation and underscore)
Independently to these questions the efforts of Portuguese scholars many acting in the context of activities developed in connection with the lsquoRoyal Asso-ciation of Portuguese Archaeologistsrsquo resulted in the creation of the lsquoComissatildeo
32 |
dos Monumentos Nacionaisrsquo (lsquoCommission for National Monumentsrsquo) (1881) after the elaboration of a first list of ancient structures which should deserve such a classification including dolmens and standing stones This effort would be crowned in 1910 year of the publication of the first list of classified monu-ments as ldquonational monumentsrdquo including the relation of megaliths A list little different from that proposed some years earlier although resulting from suc-cessive explorations conducted in the field by the mentor and Director of the lsquoMuseu Etnograacutefico Portuguecircs (lsquoPortuguese Ethnographic Museum) (1893) the archaeologist ethnographer and Professor Joseacute Leite de Vasconcellos (1858-1941) who manifested always a particular interest by this archaeolo- gical typology whose effective preservation was much complicated by the fact that the monuments were located in private lands
5 SOME FINAL REMARKSContinuing to call the attention of several scholars amateurs and common people thanks to their ancestry diverse typology abundance high visibility unique and almost indecipherable associated artefacts ample geographical distribution the awareness of their link to the Neolithic phenomenon and their reuse by several generations megaliths played and stil play a central role in many archaeological projects as they have much to ldquotellrdquo to all those who em-brace them as their scientific programIt could be almost enough to read the works of our main archaeologists from the first half of the 20th century to be sure of this above all about the quarrels established between those like M Heleno who argued about multiple focus of emergency and development of megalithism in our country and its spread from here to French and British shores (Moita 1956 p 135-136) and the ones who claimed almost the opposite as was the case for A Mendes Correia (1888-1960) from the University of Porto ldquothe Northwest Iberia [hellip] [was] the focus from where irradiated a certain megalithic culturerdquo (Correia 1944 p 32 Our translation) diffused to the North of Europe as ldquopresumptuous example of and old Atlantic thalassocracy of a true anonymous western empire with more than 4 000 yearsrdquo (Ibidem Our translations and underscores)This was perhaps one of the attempts of using archaeological artefacts in a pre-sumable scientific narrative to reaffirm individual agendas and or to sensitize politicians towards the relevance of financing archaeological research in this case by connecting ancestral realities to the Portuguese overseas mission A link underlined when Spain related the idea of its own empire to the hypothetical endogenous Tartessian Empire (Wulff Alonso and Martiacute-Aguilar 2003 p 124- -133) before Portugal began the feel the international pressure over its Empire
| 33
| 2018
However the 1st National Congress of Archaeology (Lisbon 1958) demons- trated how this subject continued to be central in national studies and was up-dated amongst national and international archaeologists From the 84 papers published in two volumes (1959 and 1970) only seven included the words lsquomegalithrsquo and lsquomegalithismrsquo in their titles But this did not mean a disinterest over the them It only meant that other papers dealt with it from other points of view and that many other scholars began to work on different thematics from Palaeolithic to museum studies The same can be observed reading the proceedings from the Archaeological Colloquiums of Oporto (1961-1966) or even the ones from the 1st Archaeological Journeys organized by the Asso-ciation of Portuguese Archaeologists (1969) where among 36 papers only two expressed indirectly the analysis of this issue by using the word lsquoNeolithicrsquo clearly more adequate to the new theoretical demands of the time Theories and new methods like thermoluminescence and the C14 which would be de-tailed analysed by one member of the new generation of archaeologists acting in Portugal after the Revolution April 1974th Joseacute Morais Arnaud writing from Cambridge University where thanks to a scholarship conceded by the State Office of Culture he was getting a specialization And with these last editions a new chapter was open to the Neolithic and almost inherently to the megalithic studies in PortugalNevertheless this does not mean that there is no currently revival of the megalithic imagetics due to some political and social groups acting all around Europe An issue to be scrutinized very seriously considering their eventual consequences
Lisbon October 2018
AcknowlegmentTo the Congress organizers for all the solidarity and for accepting this paper sent long beyond all deadlines
ReferencesArchivesAHAAP (1889) - Actas da Assembleia Geral Lisboa 132 74AHAAP (1889) - Actas da Assembleia Geral Lisboa 137 2212IANTT (1876a) - Correspondecircncia artistica e scientifica mantida com J Pos-sidoacutenio da Silva Lisboa VIIIa 8ordf 1260IANTT (1876b) - Correspondecircncia artistica e scientifica mantida com J Pos-sidoacutenio da Silva Lisboa VIIIa 8ordf 1353IANTT (1879) - Correspondecircncia artistica e scientifica mantida com J Pos-
34 |
sidoacutenio da Silva Lisboa XI 8ordf 1767IANTT (1885) - Correspondecircncia artistica e scientifica mantida com J Pos-sidoacutenio da Silva Lisboa XVI 8ordf 3320
BIBLIOGRAPHY(1873) ndash Discussion Compte Rendu de la 1egraveme session de lrsquoAssociation Franccedilaise pour lrsquoAvancemente des Sciences Paris Secreacutetariat de lrsquoAssociation p 726ARNAUD J M (1978) ndash ldquoO megalitismo em Portugal problemas e perspectivasrdquo Actas das III Jornadas Arqueoloacutegicas 1977 Lisboa Associaccedilatildeo dos Arqueoacutelogos PortuguesesCARTAILHAC Eacute (1886) ndash Les ages preacutehistoriques de lrsquoEspagne et du Portugal Paris Reinwald LibraireCORREIA V (1922) - Arte rupestre em Portugal A Pala Pinta Aditamento Terra Portuguesa 32-34 p 147DANIEL G (1963) ndash The megalith builders of Western Europe London Penguin BooksDIacuteAZ-ANDREU M (1997) - ldquoNacioacuten e internacionalizacioacuten La Arqueologiacutea en Espantildea en las tres primeras deacutecadas del siglo XXrdquo La Cristalizacioacuten del Pasado Geacutenesis y Desarrollo del Marco Institucional de la Arqueologiacutea en Espantildea MORA G e DIacuteAZ-ANDREU M eds lits ndash Maacutelaga Servicio de Publicaciones de la Universidad de MaacutelagaFABIAtildeO C (1999) - ldquoUm seacuteculo de Arquelogia em Portugal - Irdquo Al-madan S 2 8 Almada Centro de Arqueologia de AlmadaHELENO M (1956b) - ldquoUm quarto de seacuteculo de investigaccedilatildeo arqueoloacutegicardquo O Arqueoacutelogo Portuguecircs N s 3 Lisboa MNAELVJALHAY E (1936) - ldquoAs Novas Directrizes no Estudo da Preacute-Histoacuteriardquo Trabalhos da Associaccedilatildeo dos Ar-queoacutelogos Portugueses 2 Lisboa AAPJAMES S (1999) ndash The atlantic celts Ancient people or modern invention London British Museum PressJORGE V O (2002) - ldquoMegalitismo Europeu e Portuguecircs breves consideraccedilotildees histoacutericas em jeito de balanccedilordquo Arqueologia e Histoacuteria 54 Lisboa AAP p 79-85MARTINS A C (2003) - Possidoacutenio da Silva (1806-1896) e o elogio da Memoacuteria Um percurso na Arque-ologia de oitocentos Lisboa AAPMARTINS A C (2005) ndash A Associaccedilatildeo dos Arqueoacutelogos Portugueses na senda da salvaguarda patrimo-nial Cem anos de (trans)formaccedilatildeo 1863-1963 Texto policopiado Tese de doutoramento em Histoacuteria apresentada agrave Universidade de LisboaMARTINS A C (1999a) ndash Possidoacutenio da Silva a RAACAP e os Estudos Preacute-Histoacutericos no Portugal Oitocen-tista Arqueologia Porto 24MARTINS A C (1999b) ndash Possidoacutenio da Silva a RAACAP e a Arqueologia no Portugal de Oitocentos A Conservaccedilatildeo dos Monumentos Arqueoloacutegicos Actas do 3ordm Congresso de Arqueologia Peninsular Vila RealMARTINS A C (2001a) - Estudos Preacute-histoacutericos e Nacionalismo uma Perspectiva Possidoniana Revista Portuguesa de Arqueologia Lisboa 4 1MARTINS A C (2001b) - O 1ordm Curso Elementar de Archeologia (Lisboa 1885) Trabalhos de Antropologia e Etnologia Porto 55MARTINS A C (2003) - Possidoacutenio da Silva (1806-1896) e o Elogio da Memoacuteria Um Percurso na Arque-ologia de Oitocentos Lisboa AAPMELLO A J de (1886) - Primeiro Curso de Archeologia Boletim de Architectura e Archeologia Lisboa S 2 5 9 p 121
| 35
| 2018
MINTIELLE P (1972) ndash Sur les chemins de la Preacutehistoire Paris DecoeumllROCHA L M P (2005) - Origens do megalitismo funeraacuterio no Alentejo central a contribuiccedilatildeo de Manuel Heleno Texto policopiado Tese de Doutoramento em Preacute-histoacuteria Faculdade de Letras da Universidade de LisboaSEVERO R (dir) ndash Portugalia materiaes para o estudo do povo portuguez T 2 fasc 1 a 4 (1905-1908) Porto Imprensa PortuguezaSILVA J P N da (1881a) - Archeologia Prehistorica Boletim de Architectura e Archeologia Lisboa S 2 3 5 p 69-71SILVA J P N da (1881b) - Fouilles faites dans les dolmens en Portugal en 1881 Compte Rendu de la 11egraveme session de lrsquoAssociation Franccedilaise pour lrsquoAvancemente des Sciences Paris Secreacutetariat de lrsquoAs-sociation p 620SILVA J P N da (1888a) - Monumentos Celticos Boletim de Architectura e Archeologia Lisboa S 2 6 2 p 26SILVA J P N da (1888b) - Monumentos Celticos Boletim de Architectura e Archeologia Lisboa S 2 6 9 p 7SILVA J P N da (1897) Notice sur les Monuments Meacutegalithiques du Portugal Association Franccedilaise pour lrsquoAvancement des Sciences Paris Secreacutetariat de lrsquoAssociationVVAA (1970) ndash Actas das I Jornadas Arqueoloacutegicas 2 vols Lisboa Associaccedilatildeo dos Arqueoacutelogos Portu-guesesWULFF ALONSO F and MARTIacute-AGUILAR Aacute (eds) (2003) ndash Antiguumledad y Franquismo (1936-1975) Maacutelaga Diputacioacuten Provincial de MaacutelagaCORREIA A A E M (1944) ndash Geacutermen e cultura Porto Imprensa Portuguesa SPAE
36 |
| 37
| 2018
PARA UMA RECUPERACcedilAtildeO DO MEGALITISMO DE LAFOtildeES (VISEU PORTUGAL) O CONCELHO DE VOUZELA ENQUANTO CASE-STUDY
PIECING TOGETHER THE LAFOtildeES MEGALITHISM (VISEU PORTUGAL) THE MUNICIPALITY OF VOUZELA AS CASE-STUDY
RESUMOO fenoacutemeno tumular da regiatildeo de Lafotildees revelado pelos trabalhos pioneiros de Amorim Giratildeo de haacute cem anos integra o contexto e tradiccedilatildeo megaliacuteticas da Beira Alta A prospeccedilatildeo arqueoloacutegica realizada em 2017-2018 no concelho de Vouze-la beneficiou de condiccedilotildees de visibilidade do solo muito favoraacuteveis propiciadas pelo incecircndio de Outubro de 2017 e permitiu aumentar o nuacutemero de siacutetios de 40 para 114 que poderatildeo assim constituir-se como um case-study muito rele-vante na regiatildeo Foi possiacutevel (re)identificar vaacuterias dezenas de monumentos funeraacuterios de diver-sas tipologias e cronologias distribuiacutedos maioritariamente pela Serra do Cara-mulo os quais indicam uma variedade arquitetoacutenica modos de implantaccedilatildeo e dimensotildees que parecem revelar padrotildees recorrentes Os megaacutelitos neoliacuteticos satildeo de grandes dimensotildees e surgem isolados ou agrupados em pequenas necroacutepoles Na Idade do Bronze observa-se a construccedilatildeo de pequenos tumu-li nalguns casos satelizando monumentos neoliacuteticos preexistentes formando grandes necroacutepoles compostas por cinco a duas dezenas de mamoasIdentificou-se tambeacutem um novo tipo de monumento associado a necroacutepoles neoliacuteticas difiacutecil de reconhecer no terreno ldquoafloramentos monumentalizadosrdquo isto eacute estruturas monticulares construiacutedas em torno de afloramentos naturais Tratar-se-atildeo de monumentos simboacutelicosrituais relacionados com as praacuteticas funeraacuterias levadas a cabo naqueles doacutelmenes
Pedro Sobral de CarvalhoEON - Induacutestrias Criativas Lda Rua D Duarte 55-57 3500-120 Viseu PortugalE-mail pedrosobraldecarvalhoeonicpt
Antoacutenio Faustino CarvalhoCEAACP - Centro de Estudos de Arqueologia Artes e Ciecircncias do Patrimoacutenio Universidade do Algarve FCHS Campus de Gambelas 8000-117 Faro PortugalE-mail afcarvaualgpt [autor para correspondecircncia]
38 |
Este mundo funeraacuterio lafonense em curso de redescoberta eacute extremamente diversificado nas suas manifestaccedilotildees materiais e eacute testemunho de um passado dinacircmico pelo que exige projetos de investigaccedilatildeo que privilegiem os estudos sistemaacuteticos das necroacutepoles como um todo PALAVRAS-CHAVE Lafotildees Megalitismo Neoliacutetico Calcoliacutetico Idade do Bronze
ABSTRACTRevealed by the pioneer work of Amorim Giratildeo one hundred years ago the nu-merous mound structures of the Lafotildees region integrates the broader megalithic context and tradition of the Beira Alta province of central-northern Portugal The systematic survey carried out in 2017-2018 at the municipality of Vouzela benefi- ted from very favourable visibility conditions permitted by the October 2017 for-est fires The outcome of this work was an increase in the number of sites from 40 to 114 a number that may constitute itself as a relevant case-study within the region It was possible to (re)identify several dozens of funerary monuments of diversi-fied typologies and chronologies mainly distributed in the Caramulo mountain range which seem to reveal variable architectonic location and size patterns The Neolithic megaliths are large-sized and can be found isolated or clustered in small necropolises In the Bronze Age the building of small mounds can be observed sometimes bordering older Neolithic monuments These form vast necropolises with five to more than twenty moundsAlthough of difficult recognition in fieldwork a new type of monument associa- ted to Neolithic necropolises was also identified ldquomonumentalized outcropsrdquo ie stone mounds built around natural outcrops These may be symbolicritual monuments related to the funerary practices that were carried out in the near dolmensThis funerary world at Lafotildees presently under re-discovery is extremely di-versified in its material manifestations This is testimony of a dynamic past thus demanding research projects aiming at the systematic study of complete necropolises KEY WORDS Lafotildees Megalithism Neolithic Chalcolithic Bronze Age
INTRODUCcedilAtildeO O MEGALITISMO NA REGIAtildeO HISTOacuteRICA DE LAFOtildeES O setor mais setentrional da proviacutencia portuguesa da Beira Alta eacute marcado por dois importantes domiacutenios geomorfoloacutegicos Por um lado os planaltos centrais e a Plataforma do Mondego que se constituem como o coraccedilatildeo desta ampla regiatildeo e por outro uma importante cadeia de montanhas de orientaccedilatildeo Norte-Sul mdash Serra do Montemuro Maciccedilo da Gralheira e Serra do Caramulo mdash que separa aquelas terras altas das planiacutecies litorais do centro-norte de Portugal Eacute entre a Gralheira e o Caramulo mdash portanto no meacutedio curso do Rio Vouga mdash que
| 39
| 2018
se encontra a regiatildeo histoacuterica de Lafotildees (Fig 1 A) cuja origem remonta agrave Idade Meacutedia a qual foi municiacutepio ateacute agrave reforma territorial definida pelo Decreto de 6 de Novembro de 1836 Com a reorganizaccedilatildeo administrativa saiacuteda desta lei o con-celho de Lafotildees foi extinto e o seu territoacuterio deu lugar aos atuais municiacutepios de S Pedro do Sul Oliveira de Frades e Vouzela com algumas das suas freguesias a serem incorporadas tambeacutem nos concelhos vizinhos de Sever do Vouga Castro Daire e Viseu Aleacutem dessa longevidade histoacuterica Lafotildees apresenta tambeacutem algumas carac-teriacutesticas biogeograacuteficas particulares que lhe advecircm da sua posiccedilatildeo de charnei-ra entre o interior beiratildeo e o litoral atlacircntico agraves quais se devem adicionar alguns traccedilos de personalidade cultural que a distinguem dos territoacuterios envolventes Natildeo cabe aqui desenvolver a questatildeo da individualidade histoacuterico-geograacutefica de Lafotildees mas deve ser salientado que esse quadro particular poderaacute recuar a periacuteodos proto-histoacutericosE com efeito a proacutepria histoacuteria dos estudos megaliacuteticos em Lafotildees tem mereci-do natildeo sem interrupccedilotildees a atenccedilatildeo de diversos investigadores O iniacutecio destes estudos em termos sistemaacuteticos tem lugar com o trabalho pioneiro de prospeccedilatildeo e escavaccedilatildeo levado a cabo por A de Amorim Giratildeo (1921) haacute um seacuteculo Depois dele seraacute sob a direccedilatildeo de L Albuquerque e Castro que se identificaratildeo e es-
Figura 1 A - Localizaccedilatildeo da da regiatildeo histoacuterica de Lafotildees na Peniacutensula Ibeacuterica B - Mapa do concelho de Vouzela com indicaccedilatildeo dos monumentos tumulares conhecidos (ciacuterculos) e da aacuterea representada na Figura 3 (retacircngulo) Mapa elaborado pelos serviccedilos da Cacircmara Mu-nicipal de Vouzela
40 |
tudaratildeo novos monumentos do meacutedio Vouga (Castro et al 1956) entre os quais o notaacutevel doacutelmen pintado de Antelas (Castro et al 1957) Os dados resultantes de ambas as investigaccedilotildees satildeo depois incorporados em siacutenteses regionais prin-cipalmente por I Moita (1966) e V Leisner (1998) ou mesmo de escala penin-sular mdash relembremo-nos da tese ldquoocidentalistardquo de Bosch-Gimpera (1966) que colocava a origem do megalitismo ibeacuterico no quadrante noroeste da peniacutensula incluindo portanto a Beira Alta Mais recentemente outras siacutenteses circunscritas ao municiacutepio de Vouzela retomaratildeo novamente aquelas contribuiccedilotildees (Cardoso 1999 Marques 1999) As uacuteltimas intervenccedilotildees em megaacutelitos de Vouzela em concreto na Malhada do Cambarinho (Carvalho et al 1993) tiveram lugar haacute exatamente um quarto de seacuteculoFoi este o historial que determinou os objetivos e a estruturaccedilatildeo do projeto de investigaccedilatildeo ldquoEstudo do patrimoacutenio histoacuterico-cultural de Vouzelardquo (Real et al 2017) estabelecendo-se entatildeo que a prospeccedilatildeo de monumentos tumulares preacute e proto-histoacutericos se direcionaria preferencialmente para os locais onde havia jaacute conhecimento preacutevio da sua existecircncia O objetivo desta opccedilatildeo era duplo por um lado avaliar e documentar o estado de conservaccedilatildeo das ocorrecircncias jaacute conhe-cidas e por outro identificar novas mamoas eventualmente associadas a essas necroacutepoles Com efeito a densa cobertura florestal da regiatildeo impedia a obser-vaccedilatildeo do solo na larga maioria da sua extensatildeo e soacute nalguns setores se poderia ambicionar a descoberta de siacutetios ineacuteditos No entanto o traacutegico incecircndio de 15 de outubro de 2017 implicou uma alteraccedilatildeo completa dessa estrateacutegia A partir daquela data desenhou-se uma abordagem extensiva agraves aacutereas ardidas agora desprovidas de vegetaccedilatildeo tendo em vista a avaliaccedilatildeo do impacte do sinistro sobre este patrimoacutenio e aproveitar as condiccedilotildees favoraacuteveis de observaccedilatildeo do ter-reno para a busca de novos monumentos Tendo o incecircndio consumido mais de 90 do coberto florestal do territoacuterio vouzelense nunca ateacute agora teratildeo havido semelhantes condiccedilotildees para tal empreendimento
2 EXPRESSOtildeES TUMULARES E CULTUAIS NA PREacute E PROTO-HISTOacuteRIA DO MUNICIacutePIO DE VOUZELA21 O territoacuterioO municiacutepio de Vouzela (Fig 1 B) ocupa o setor norte e noroeste da Serra do Caramulo e os vales encaixados adjacentes correspondentes ao Vouga e seus tributaacuterios da margem esquerda Poreacutem uma vez que a larga maioria dos mo- numentos identificados se distribui pela serra (ver adiante) a morfologia deste acidente orograacutefico confere alguma inteligibilidade agraves estrateacutegias de ocupaccedilatildeo deste espaccedilo que conveacutem portanto esboccedilar Um dos aspetos que melhor caracteriza a metade norte daquela serra (Ferrei-
| 41
| 2018
ra 1978) eacute a dissimetria das suas vertentes Enquanto o lado ocidental desce progressivamente dos 1050-1000 m ateacute dominar a plataforma litoral a vertente oposta eacute formada por uma escarpa Poreacutem esta natildeo se compotildee de um soacute lanccedilo eacute possiacutevel observarem-se patamares a altitudes intermeacutedias com aacutereas reduz-idas mas muitas vezes aproveitadas para a construccedilatildeo de tumuli Nos pontos mais altos da serra em torno do veacutertice de Janus (1043 m) podem-se observar aplanamentos talhados nos chamados ldquogranitos de Lafotildeesrdquo onde se encon-tram as mais emblemaacuteticas necroacutepoles megaliacuteticas do municiacutepio (Vale drsquoAnta e Malhada do Cambarinho) A sudoeste de Janus aqueles aplanamentos agora de granitos porfiroides e xistos tornam-se mais estreitos e formam cumeadas alongadas Neste setor localiza-se por exemplo a importante necroacutepole de S Barnabeacute A norte de Destriz desenvolve-se um amplo niacutevel agrave cota dos 500-450 m designado por ldquoniacutevel de Campiardquo que se delimita a sudoeste e a noroeste por vertentes altas e iacutengremes Os principais cursos de aacutegua do ldquoniacutevel de Campiardquo o Rio Alfusqueiro e o seu subsidiaacuterio o Alcofra deveratildeo ter assumido um papel central na implantaccedilatildeo das necroacutepoles dos finais da Idade do Bronze dada a densidade de tumuli desta eacutepoca aqui existentes22 As realidades tumulares identificadasA cartografia e tipologia dos monumentos sob tumuli do concelho de Vouzela assim como o seu elevado nuacutemero vieram colocar a descoberto a fragilidade dos atuais estereoacutetipos sobre as arquiteturas dos monumentos e as opccedilotildees subjacentes agrave sua implantaccedilatildeo no territoacuterio Por outro lado estes novos dados demonstram tambeacutem a necessidade de alargar este tipo de trabalhos sistemaacuteti-cos a aacutereas geograacuteficas contiacuteguas Com efeito tudo aponta para que as reali-dades agora identificadas no setor setentrional da Serra do Caramulo se esten-dam pelas aacutereas adjacentes e possam mesmo conformar-se como um traccedilo cultural comum a todo o territoacuterio de LafotildeesComo eacute oacutebvio as observaccedilotildees que se apresentam de seguida constituem-se apenas como primeiros apontamentos resultantes da inspeccedilatildeo superficial de monumentos que com exceccedilatildeo da anta da Lapa da Meruje (Carvalho 2018) natildeo estatildeo a ser objeto de qualquer intervenccedilatildeo arqueoloacutegica intrusiva Este texto reveste-se portanto de um caraacuteter preliminar No entanto eacute hoje possiacutevel con-tabilizar 114 monumentos (sete dos quais destruiacutedos no uacuteltimo meio seacuteculo) distribuiacutedos entre o Neoliacutetico Meacutedio (iniacutecios do IV mileacutenio aC) e o final da Idade do Bronze (seacuteculos XII-VIII aC) Daquele total 75 satildeo completamente ineacuteditos o que corresponde a um aumento de quase 200 face ao inventaacuterio disponiacutevel antes do arranque do projeto Apesar de natildeo escavados esta densidade de monumentos na paisagem vouzelense confere alguma solidez ao seu tratamen-to integrado e permite mesmo a utilizaccedilatildeo do modelo resultante deste exerciacutecio
42 |
como um case-study para outros setores da Beira AltaDe uma forma geral os monumentos podem ser ordenados tendo como base dois indicadores principais a sua arquitetura e a respetiva localizaccedilatildeodis-tribuiccedilatildeo geograacutefica Eacute seguro afirmar que existem monumentos muito diferentes nas suas com-posiccedilotildees arquitetoacutenicas diferenccedilas que deveratildeo corresponder a soluccedilotildees funeraacuterias diferenciadas (Quadro 1) Os paralelos existentes na Beira Alta per-mitem distinguir sepulcros de inumaccedilatildeo coletivos e individuais e sepulcros de incineraccedilatildeo Os monumentos de inumaccedilatildeo coletiva corresponderatildeo aos grandes monumentos do Neoliacutetico e os de inumaccedilatildeo individual (em cista) faratildeo parte de um novo paradigma da Morte que se teraacute generalizado na Idade do Bronze mas cujo iniacutecio poderaacute remontar ao periacuteodo calcoliacutetico anterior Por uacuteltimo os mo- numentos de incineraccedilatildeo deveratildeo datar dos finais da Idade do Bronze e satildeo de pequena dimensatildeo apresentando-se pouco expressivos no terreno
Quadro 1 - Siacutentese das manifestaccedilotildees tumulares preacute e proto-histoacutericas do concelho de Vouzela
| 43
| 2018
Figura 2 A - Mamoa 1 do Rebordinho (Necroacutepole de Campia) vista de poente no centro da imagem (cortada pelo caminho) B - afloramento monumentalizado de Vale drsquoAnta (Fornelo do Monte) no centro da imagem em frente das infraestruturas do parque eoacutelico local notando-se a cintura monticular em torno do afloramento C e D - Mamoa 2 de Valampra Urgueira vista de oeste e pormenor do topo dos esteios da cista E - vista geral das Mamoas 19 e 20 de Albitelhe que se salientam pela pre-senccedila de blocos de quartzo branco F - Monumento 1 de Morroloba notando-se em primeiro plano o anel liacutetico que delimita a mamoa e no horizonte a Serra da Estrela
44 |
221 NeoliacuteticoOs monumentos neoliacuteticos caracterizam-se em termos arquitetoacutenicos pe-los grandes tumuli ou mamoas algumas com diacircmetros superiores a 20 m e aneacuteis peacutetreos exteriores que incorporam doacutelmens simples ou de corredor Estas grandes mamoas satildeo constituiacutedas por camadas de terra e pedra que lhes con-ferem uma elevada robustez mdash como se pode verificar no corte da Mamoa 1 de Rebordinho (Fig 2 A) mdash a que acresce o facto de poderem conter contrafortes como jaacute documentado na Lapa da Meruje (Carvalho 2018) e terem sido reves-tidas por carapaccedilas ou couraccedilas peacutetreas A observaccedilatildeo das estruturas internas de alguns monumentos permite conside- rar a existecircncia de pelo menos dois subtipos de doacutelmenes simples as cacircmaras poligonais com nove esteios (p ex Mamoa 1 de Vale drsquoAnta) algo comuns no megalitismo beiratildeo e as cacircmaras simples de planta sub-retangular (p ex Ma-moa 1 do Salgueiral) bastante mais raras e muito mal estudadas Deste uacuteltimo caso eacute exemplo a Pedra da Moura 5 em Sever do Vouga (Carvalho 2013) Por seu lado os doacutelmens complexos satildeo compostos por cacircmaras poligonais corre-dores de acesso e toda a complexidade de estruturas adjacentes a estes uacuteltimos (aacutetrios corredores intratumulares) Deve referir-se que existe um conjunto consideraacutevel de tumuli de menor tama- nho de difiacutecil caracterizaccedilatildeo cronoloacutegica mas que poderatildeo ser neoliacuteticos com diacircmetros em torno dos 10 m e alturas que natildeo atingem 1 m Estes tumuli que tanto se encontram englobados em necroacutepoles megaliacuteticas (p ex Mamoa 2 da Malhada do Cambarinho) como em necroacutepoles de pequenas mamoas (p ex Levides) podem encerrar por vezes pequenos doacutelmens de corredor (eacute o caso da Mamoa 2 do Marco da Mata e da Mamoa 2 da Malhada de Cambarinho) Um dos dados mais importantes deste trabalho foi o reconhecimento de um novo tipo de siacutetio que natildeo se integra na categoria dos monumentos funeraacuterios megaliacuteticos Agrave falta de melhor denominaccedilatildeo sugere-se a designaccedilatildeo de ldquoaflo-ramento monumentalizadordquo (Fig 2 B) Efetivamente associados agraves necroacutepoles da Malhada do Cambarinho e do Vale drsquoAnta foram identificados afloramentos rochosos bem destacados envoltos numa estrutura de tipo tumulus em tudo semelhante agrave dos monumentos funeraacuterios Estas cinturas monticulares satildeo mais baixas que os afloramentos centrais natildeo parecendo ter sido edificadas por forma a cobri-los parecendo antes terem visado a criaccedilatildeo de um ambiente ce-nograacutefico muito proacuteprio O primeiro siacutetio apresenta tambeacutem um anel liacutetico exteri-or Natildeo foram ainda intervencionados mas a sua localizaccedilatildeo junto a necroacutepoles megaliacuteticas permite colocar a hipoacutetese de uma correlaccedilatildeo cronoloacutegica e logo funcional entre ambas as realidades No caso do afloramento monumentalizado da Malhada do Cambarinho existe um conjunto de fossetes distribuiacutedas pela
| 45
| 2018
estrutura central e pelos blocos do anel liacutetico exterior no exemplar do Vale drsquoAnta haacute tambeacutem trecircs fossetes no afloramento central Todos estes dados sugerem a presenccedila de um tipo de monumento provavelmente votivo associado a rituais estruturados e relacionados com os monumentos funeraacuterios vizinhos O parale-lo mais proacuteximo formalmente parece ser o siacutetio da Pedra Encavalada (Abrantes) onde num primeiro momento (V mileacutenio aC) se aproveitou um grande aflo-ramento em gnaisse para a construccedilatildeo de uma cacircmara simples de inumaccedilatildeo individual e de um recinto com 10 m de diacircmetro tendo sido depois (V-IV mileacutenio aC) construiacuteda uma mamoa peacutetrea que cobria nove fossas de enterramento individual dispostas em torno daquele afloramento (Cruz 2016)Em termos de implantaccedilatildeo um aspeto arquitetoacutenico recorrente nos monumen-tos neoliacuteticos eacute a inserccedilatildeo ou aproveitamento de afloramentos rochosos nas mamoas Se de facto este pode ateacute nem ser um fator ineacutedito no megalitismo regional ele natildeo eacute no entanto muito comum Contudo assume em Vouzela uma expressatildeo significativa ao ponto de se tornar quase uma norma em algu-mas necroacutepoles como eacute o caso do Vale drsquoAnta Estas necroacutepoles satildeo por regra formadas por pequenos nuacutecleos de dois ou trecircs monumentos mdash eacute o caso das necroacutepoles da Malhada do Cambarinho Marco da Mata e Vale drsquoAnta mdash ou sur-gem isoladamente mdash doacutelmenes de Adside Mamoa do Cabo das Moutas e Lapa da Meruje mdash em planaltos rechatildes ou pequenos vales de montanha Um aspeto interessante eacute o facto de algumas se encontrarem junto a nascentes ou aacutereas alagadiccedilas como acontece respetivamente com a necroacutepole da Malhada do Cambarinho (junto ao Rio Alfusqueiro) ou com a Lapa da Meruje222 Calcoliacutetico e Idade do BronzeUm tipo particular de monumento com apenas um exemplar identificado mdash a Mamoa 2 de Valampra Urgueira (Fig 2 C-D) mdash caracteriza-se por apresentar uma uacutenica estrutura cistoide na aacuterea central do tumulus Trata-se de uma soluccedilatildeo tumular rara para inumaccedilatildeo individual O paralelo mais evidente e geograficamente proacuteximo pode ser encontrado na Sepultura do Rei em Se- ver do Vouga (Carvalho 2013 Marques e Marques 2013) mas haacute registos similares noutros setores da Beira Alta mdash por exemplo nas cistas de Vale da Casa em Vila Nova de Foz Cocirca (Cruz 1998) ou dos Lenteiros em Vila Nova de Paiva (Cruz 2001) mdash que foram datadas do Calcoliacutetico e da Idade do Bronze respetivamente Soacute a escavaccedilatildeo de algumas destas mamoas vouzelenses poderaacute esclarecer a cronologia deste tipo de monumentos na regiatildeoNa fase final na Idade do Bronze proliferaratildeo os pequenos tumuli com diacircme- tros que variam nos 4-10 m de diacircmetro e com uma altura de 02-05 m portanto muito pouco visiacuteveis na paisagem Na construccedilatildeo de alguns recor-
46 |
reu-se agrave utilizaccedilatildeo de elementos em quartzo nas mamoas certamente para os evidenciar Este eacute o caso por exemplo dos monumentos da necroacutepole de Albitelhe cujas mamoas 19 e 20 incluem tambeacutem pequenas lajes em xisto cinzento luzente certamente para as tornar ainda mais visiacuteveis e brilhantes (Fig 2 E) Um grande nuacutemero destes tumuli apresenta aneacuteis peacutetreos de con-tenccedilatildeodelimitaccedilatildeo perifeacuterica mas o aspeto construtivo mais comum seraacute o envolvimento de afloramentos rochosos nas suas estruturas monticulares Alguns apresentam tambeacutem estruturas anexas agraves mamoas Eacute o exemplo das Mamoas 2 e 5 de Levides onde encostadas ao rebordo Este dos tumuli se encontram pequenos montiacuteculos com diacircmetros em torno dos 2 m cuja fun-cionalidade soacute poderaacute ser esclarecida atraveacutes da sua escavaccedilatildeo O achado de um fragmento ceracircmico de tipo BaiotildeesSanta Luzia na super-fiacutecie do que restava da Mamoa 12 das Almas do Capitatildeo eacute um elemento importante para a atribuiccedilatildeo destes tuacutemulos ao final da Idade do Bronze Estes monumentos vouzelenses deveratildeo ser assim interpretados agrave luz do que tem sido proposto para siacutetios similares da Beira Alta onde se admite que estes cairns ldquoteratildeo sido utilizados para guardar resiacuteduos eventualmente de incineraccedilotildees ocorridas em pira crematoacuteria das imediaccedilotildees estes seriam de-positados nos recetaacuteculos centrais neste caso definidos por singelas lajes e blocosrdquo (Cruz e Vilaccedila 1999 p 155)No acircmbito destes monumentos deve assinalar-se um interessantiacutessimo caso na vertente Este do Caramulo sobranceiro ao planalto beiratildeo (sobre o qual tem aliaacutes uma visibilidade iacutempar) e com a Serra da Estrela no horizonte trata-se do Monumento 1 da Morroloba (Fig 2 F) primeiramente identifica-do por Caninas et al (2004) O montiacuteculo tem cerca de 9 m de diacircmetro e exibe um anel liacutetico com cerca de 6 m de diacircmetro definido por pequenas lajes de granito fincadas verticalmente O enchimento eacute constituiacutedo por blo-cos de granito e de quartzo leitoso estes de menores dimensotildees Embora se encontre parcialmente violado natildeo restam duacutevidas de que se insere no mesmo contexto cronoloacutegico-cultural da Lameira da Travessa dos Lobos em Castro Daire (Vilaccedila 2017 Vilaccedila et al 2017) As semelhanccedilas arquitetoacuteni-cas entre ambos satildeo impressionantes natildeo tendo apenas sido possiacutevel de-terminar se as lajes do monumento vouzelense por estarem quase totalmente enterradas se encontraratildeo tambeacutem gravadas com temas abstratos Os numerosos monumentos da Idade do Bronze parecem obedecer a dois ti-pos de implantaccedilatildeo Se por um lado satildeo construiacutedos nas imediaccedilotildees das necroacutepoles neoliacuteticas satelitizando as grandes mamoas mdash havendo hoje da-dos que apontam tambeacutem para a ocasional realizaccedilatildeo de tumulaccedilotildees no interior dos doacutelmenes como no caso da Lapa da Meruje (Carvalho 2018) mdash
| 47
| 2018
por outro tendem tambeacutem a agrupar-se em amplas necroacutepoles localizadas em pequenas cumeadas e esplanadas de vertentes sobranceiras a vales feacuterteis e bem irrigados em particular nas que se encontram voltadas para os rios Alfusqueiro (p ex Almas do Capitatildeo Vale de Espinho Levides) e Alcofra (p ex Albitelhe Lousa e Tapadinho) A distribuiccedilatildeo das mamoas do Tapadi- nho ao longo da vertente eacute um excelente exemplo de tipo de implantaccedilatildeo des-tas necroacutepoles (Fig 3) Esta dicotomia significa que em algum momento houve um movimento de necropolizaccedilatildeo de novos espaccedilos na paisagem Aquela proli- feraccedilatildeo de pequenos monumentos ao longo dos referidos rios em nuacutemero de 61 tumuli eacute sem duacutevida o exemplo mais flagrante de uma realidade que urge estu-dar uma vez que esta se constitui como uma das maiores concentraccedilotildees deste tipo de estruturas funeraacuteriasrituais da Idade do Bronze de toda a Beira Alta
3 CONCLUSAtildeO LINHAS DE INVESTIGACcedilAtildeO FUTURAComo referido no iniacutecio o objetivo deste texto eacute uma primeira apresentaccedilatildeo dos dados receacutem-obtidos na prospeccedilatildeo extensiva realizada no municiacutepio de Vouze-la em 2017-2018 isto eacute apoacutes os incecircndios florestais de outubro de 2017 Neste momento os dados de terreno estatildeo ainda a ser objeto de tratamen-to Porque apenas a Lapa da Meruje foi escavada (Carvalho 2018) as con-
Figura 3 Localizaccedilatildeo das mamoas 1 a 6 da Necroacutepole do Tapadinho (Campia) e do castro do Cabeccedilo do Couccedilo (Bronze Final e Idade do Ferro) sobre extrato da Carta Mi- litar de Portugal nordm 187 Atente-se na localizaccedilatildeo de todo este complexo arqueoloacutegi-co sobranceiro ao Rio Alcofra
48 |
clusotildees que se podem retirar destas inspeccedilotildees de terreno mdash ou seja sem qualquer trabalho intrusivo mdash seratildeo certamente alteradas agrave medida que se possam vir a escavar alguns monumentos sob tumuli agora identificadosDe todo o modo os dados satildeo jaacute suficientemente robustos para abordar a tipologia destes monumentos propor cronologias relativas com base em paralelos regionais e abordar as distintas espacialidades que este exerciacutecio permite inferirPerante o desconhecimento de contextos habitacionais neoliacuteticos mdash ateacute ao momento apenas na Casa da Moura do Vale da Redonda (Tente e Carvalho 2017) e sob a mamoa da Lapa da Meruje (Carvalho 2018) foram identifica-dos com as devidas reservas contextos que poderatildeo ser deste tipo mdash os potenciais fatores subjacentes agrave localizaccedilatildeo das necroacutepoles deste periacuteodo satildeo presentemente inuacutemeros Soacute uma anaacutelise mais fina dos padrotildees loca-tivos destes megaacutelitos e o contexto socioeconoacutemico e ideoloacutegico dos seus construtores poderaacute revelar as hipoacuteteses interpretativas mais verosiacutemeisAo Calcoliacutetico parecem neste momento da investigaccedilatildeo ser de atribuir mui-to poucos monumentos Eacute provaacutevel que a maior parte das tumulaccedilotildees ocor-ridas nesta eacutepoca tenham tido lugar em doacutelmenes neoliacuteticos preexistentes agrave imagem aliaacutes do que parece ser o padratildeo na restantes regiatildeo beiratilde (p ex Cruz 2001 Senna-Martinez e Ventura 2008) A grande mudanccedila nos paradigmas da gestatildeo da Morte e consequente-mente nas suas manifestaccedilotildees materiais parece ter lugar apenas na Idade do Bronze e em particular na sua fase final Para a Beira Alta dispotildee-se de importantes paralelos formais (ver acima) que ilustram natildeo apenas as soluccedilotildees arquitetoacutenicas agora recorrentes (Quadro 1) como tambeacutem as praacuteticas e rituais que lhes estariam associadas No caso concreto de Lafotildees deve notar-se que estes monumentos deveratildeo ter sido construiacutedos pelas co-munidades que habitariam nos vaacuterios povoados fortificados por vezes exis-tentes nas suas proximidades cujo tratamento ultrapassa os objetivos deste texto No entanto esta correlaccedilatildeo espacial pode ser observada a tiacutetulo de exemplo entre a necroacutepole do Tapadinho e o castro do Cabeccedilo do Couto (Fig 3) onde as sondagens realizadas em 1997 revelaram ocupaccedilotildees do Bronze Final e da Idade do Ferro (Marques 1999)Com a conclusatildeo do projeto no quadro do qual estes trabalhos de prospeccedilatildeo tiveram lugar (Real et al 2017) ir-se-aacute avanccedilar com um modelo interpreta-tivo destas realidades sob tumuli do municiacutepio de Vouzela por forma a pro- videnciar um corpo estruturado de dados de terreno que se constitua como um soacutelido case-study que possa assim orientar a proacutepria investigaccedilatildeo na regiatildeo de Lafotildees e de um modo geral em toda a Beira Alta
| 49
| 2018
NOTA FINAL E AGRADECIMENTOSDeve ser aqui feita menccedilatildeo ao facto de todo o trabalho de campo de que resul-tou este trabalho ter sido suportado pela Cacircmara Municipal de Vouzela o que se deve ao dinamismo e entusiasmo com que o seu Presidente o Sr Engordm Rui Ladeira tem promovido o estudo e a valorizaccedilatildeo do patrimoacutenio histoacuterico-cultural do seu concelho Agradecemos tambeacutem a Daniel de Melo Branco e Luiacutes Andreacute Pereira toda a colaboraccedilatildeo prestada durante estes trabalhos
BIBLIOGRAFIABOSCH-GIMPERA P (1966) - Cultura megaliacutetica portuguesa y culturas espantildeolas Revista de Guimaratildees 76 3-4 p 249-306CANINAS JC HENRIQUES F SABROSA A CANHA A CHAMBINO M (2004) - Estudo de in-cidecircncias ambientais do Parque Eoacutelico da Bezerreira - Serra do Caramulo e interligaccedilatildeo eleacutec-trica ao Parque Eoacutelico de Fornelo do Monte (Oliveira de Frades Vouzela e Tondela Relatoacuterio de prospeccedilatildeo policopiadoCARDOSO JL (1999) - Monumentos megaliacuteticos do concelho de Vouzela Vouzela estudos histoacutericos Lisboa Academia Portuguesa da Histoacuteria p 169-208CARVALHO AF (2018) - Anta da Lapa da Meruje (Vouzela Portugal) Resultados preliminares dos trabalhos em curso In SENNA-MARTIacuteNEZ JC DINIZ M CARVALHO AF eds - De Gibral-tar aos Pireneacuteus Megalitismo vida e morte na fachada atlacircntica peninsular Nelas Fundaccedilatildeo Lapa do Lobo neste volumeCARVALHO PMS (2013) - Preacute-Histoacuteria os senhores das montanhas Genius loci O espiacuterito do lugar Sever do Vouga Cacircmara Municipal de Sever do Vouga p 42-65CARVALHO PMS GOMES LFC COIMBRA AMM (1993) - Casa da Orca da Malhada de Cambarinho (Vouzela distrito de Viseu) Estudos Preacute-Histoacutericos 1 p 97-103CASTRO LA FERREIRA OV VIANA A (1956) - Acerca dos monumentos megaliacuteticos da Bacia do Vouga XXIII Congresso Luso-Espanhol 7ordf Secccedilatildeo Ciecircncias Histoacutericas e Filoloacutegicas VIII Coimbra Associaccedilatildeo Portuguesa para o Progresso das Ciecircncias p 471-481CASTRO LA FERREIRA OV VIANA A (1957) - O doacutelmen pintado de Antelas (Oliveira de Frades) Comunicaccedilotildees dos Serviccedilos Geoloacutegicos de Portugal XXXVIII II p 325-348CRUZ AR (2016) - Pedra Encavalada (Abrantes Portugal) um monumento que justapocircs a singularidade e a mudanccedila Almadan On-Line II Seacuterie 211 p 34-44CRUZ DJ (1998) - Expressotildees funeraacuterias e cultuais no Norte da Beira Alta (V-II mileacutenios aC) A Preacute-Histoacuteria na Beira Interior Viseu Centro de Estudos Preacute-Histoacutericos da Beira Alta (Estudos Preacute-Histoacutericos 6) p 149-166CRUZ DJ (2001) - O Alto Paiva Megalitismo diversidade tumular e praacuteticas rituais durante a Preacute-Histoacuteria recente Coimbra Universidade de Coimbra (Dissertaccedilatildeo de Doutoramento policopiada)CRUZ DJ VILACcedilA R (1999) - O grupo de tumuli da Senhora da Ouvida (Monteiras Castro Daire Viseu) Resultado dos trabalhos arqueoloacutegicos Estudos Preacute-Histoacutericos VII p 129-161FERREIRA AB (1978) - Planaltos e montanhas do Norte da Beira Estudo de Geomorfologia Lisboa Centro de Estudos Geograacuteficos (Memoacuterias 4)GIRAtildeO AA (1921) - Antiguidades preacute-histoacutericas de Lafotildees Contribuiccedilatildeo para o estudo da
50 |
arqueologia portuguesa Coimbra Imprensa da UniversidadeLEISNER V (1998) - Die megalithgraumlber der Iberischen Halbinsel Die Westen Berlin Walter de GruyterMARQUES FT MARQUES M F P (2013) - Museu do Passado Ecomusealizaccedilatildeo da pais-agem A Sepultura do Rei Relatoacuterio policopiadoMARQUES JAM (1999) - Carta arqueoloacutegica do concelho de Vouzela Vouzela Cacircmara Mu-nicipal de VouzelaMOITA IN (1966) - Caracteriacutesticas predominantes do grupo dolmeacutenico da Beira Alta Ethnos V p 189-297REAL ML CARVALHO AF TENTE C (2017) - Projeto de estudo do patrimoacutenio histoacuterico- -arqueoloacutegico de Vouzela (Viseu) objetivos e primeiros resultados II Congresso da Associaccedilatildeo dos Arqueoacutelogos Portugueses Arqueologia em Portugal 2017 - Estado da questatildeo Lisboa Associaccedilatildeo dos Arqueoacutelogos Portugueses p 113-123SENNA-MARTINEZ JC VENTURA JMQ (2008) - Neolitizaccedilatildeo e Megalitismo na plataforma do Mondego algumas reflexotildees sobre a transiccedilatildeo Neoliacutetico Antigo Neoliacutetico Meacutedio IV Con-greso del Neoliacutetico Peninsular II Alicante Museo Arqueoloacutegico de Alicante p 77-84TENTE C CARVALHO AF (2018) - Casa dos Mouros de Vale do Redondo (Vasconha Quei- ratilde concelho de Vouzela) Relatoacuterio de escavaccedilatildeo policopiadoVILACcedilA R (2017) - Da morte e seus rituais em finais da Idade do Bronze no Centro de Portu-gal 20 anos de investigaccedilatildeo Atas da Mesa-Redonda ldquoA Preacute-Histoacuteria e a Proto-Histoacuteria no cen-tro de Portugal avaliaccedilatildeo e perspectivas de futurordquo Viseu Centro de Estudos Preacute-histoacutericos da Beira Alta (Estudos Preacute-Histoacutericos XVII) p 101-133VILACcedilA R CRUZ DJ (1999) - Praacuteticas funeraacuterias e cultuais dos finais da Idade do Bronze na Beira Alta Arqueologia 24 p 73-99VILACcedilA R CRUZ DJ SANTOS AT MARQUES JN (2017) - Encenar a morte ritualizar o espaccedilo o monumento da Travessa da Lameira de Lobos (Castro Daire Viseu Portugal) In ADROIT S GRAELLS R eds - Arquitecturas funerarias y memoria La gestioacuten de las necroacutepolis en Europa occidental (ss X-III aC) Osanna Edizioni (Archeologia Nuova Serie 4) p 129-141
| 51
| 2018
Nuacutecleo Megaliacutetico dos Fiais-Azenha (Carregal do Sal Portugal) um balanccedilo
The Megalithic Cluster of Fiais-Azenha (Carregal do Sal Portugal) State of the question
RESUMOApresenta-se aqui um balanccedilo de 33 anos de investigaccedilatildeo arqueoloacutegica na plataforma do Mondego em especial no concelho de Carregal do SalUm dos aspetos mais marcantes foi sem duacutevida o reconhecimento da existecircncia de uma ocupaccedilatildeo do Neoliacutetico antigo bem como a relaccedilatildeo entre estas primei-ras comunidades a sua evoluccedilatildeo e posteriormente o arranque do fenoacutemeno megaliacutetico na regiatildeoJulgamos que estas comunidades desenvolveram formas de subsistecircncia e de apropriaccedilatildeo do territoacuterio que foram cristalizadas no planeamento construccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos sepulcros megaliacuteticos da plataformaEsta inter-relaccedilatildeo iraacute manter-se bem ateacute momentos mais tardios jaacute integraacuteveis na Idade do Bronze regionalPALAVRAS-CHAVE Neoliacutetico antigo Neoliacutetico meacutedio Neoliacutetico final Megalitis-mo Beira Alta
ABSTRACTWe present here a balance of 33 years of archaeological research on the Mondego platform especially in the municipality of Carregal do SalOne of the most striking aspects was undoubtedly the recogni-tion of the existence of an occupation from the ancient Neolithic period as well as the relation between these early communities their evolution and later the megalithic phenomenon in the regionWe believe that these communities developed forms of subsistence and appropriation of the territory which were crystallized in the planning construction and orientation of the megalithic tombs of the platformThis interrelationship will continue until later times in communities of the regional Bronze AgeKEY WORDS Early Neolithic Middle Neolithic Late Neolithic Mega-lithism Beira Alta
Joseacute Manuel Quintatilde Ventura1
1Licenciado em Histoacuteria e em Histoacuteria variante de Arqueologia pela FLUL Mestrado em Preacute-Histoacuteria e Arqueologia FLUL Investigador do NeoMega e colaborador da UNIARQ FLUL Av Dr Joseacute Pontes n45 8ordmEsq Venteira 2720-205 Amadora PORTUGAL
52 |
Passado o periacuteodo pioneiro de Joseacute Leite de Vasconcelos nesta regiatildeo muito por accedilatildeo do seu empregado Maximiano Apolinaacuterio seraacute soacute nos anos sessen-ta do seacuteculo passado com Irisalva Moita (MOITA 1966) que os monumentos megaliacuteticos da plataforma do Mondego seratildeo revisitados mas mais uma vez numa situaccedilatildeo episoacutedicaA partir de 1985 primeiro com um reconhecimento mas seguido em 1986 por um conjunto de trabalhos arqueoloacutegicos teve iniacutecio uma dinacircmica de investi-gaccedilatildeo que persiste ateacute agrave atualidadeSe num primeiro momento o estudo se concentrou nos monumentos megaliacuteti-cos entatildeo existentes eou redescobertos pelos trabalhos de 1985 correspon-dendo a um grande monumento (Lapa da Moura ou Orca dos Fiais da Telha) jaacute identificado e outro redescoberto depressa a dinacircmica da investigaccedilatildeo ar-queoloacutegica foi permitindo a identificaccedilatildeo de outros arqueossiacutetios envolvendo abrigos habitats e gravuras rupestresNa realidade um dos aspetos mais marcantes desta investigaccedilatildeo foi o reconhe-cimento da existecircncia de um Nuacutecleo Megaliacutetico numa aacuterea associada ao Mon-dego bem como a existecircncia de um Neoliacutetico Antigo regional (SENNA-MARTINEZ amp VENTURA 2000b)
O TERRITOacuteRIOA nossa zona preferencial de estudo eacute a plataforma do Mondego aacuterea aplana-da rasgada pelo vale do Mondego e limitada a norte pelo vale encaixado do rio Datildeo e caracterizada a niacutevel geomorfoloacutegico maioritariamente por granitos ainda que esporadicamente estes sejam atravessados por filotildees quartzosos O granito surge nas suas variedades de monozoniacutetico de duas micas e biotiacutetico de gratildeo meacutedio a fino Os depoacutesitos quaternaacuterios de cobertura satildeo formados por argilas e arcoses diversas (TEIXEIRA 19618-9) de fraca potecircncia reduzidos a escassas manchas na envolvecircncia imediata do siacutetio arqueoloacutegico em questatildeo A zona em questatildeo abrange grosso modo os atuais concelhos de Carregal do Sal e Nelas ainda que as mesmas caracteriacutesticas se possam aplicar aos conce- lhos vizinhos a norte do Datildeo bem como a sul do Mondego DOS PEQUENOS MONUMENTOS AOS GRANDES COM UMA PASSAGEM PELOS PRIMEIROS POVOADORESPor volta dos iniacutecios do V mileacutenio cal aC o som dos primeiros rebanhos a subi- rem as vertentes da plataforma do meacutedio e alto Mondego constitui o primeiro indicador das profundas alteraccedilotildees que iratildeo ocorrer nos mileacutenios seguintes transformando a paisagem de uma aacuterea de onde ateacute entatildeo a presenccedila hu-mana estava mais ou menos arredada ndash apesar de ter sido possiacutevel a incursatildeo
| 53
| 2018
de grupos do Paleoliacutetico superior por zonas das Beiras ao longo das bacias hidrograacuteficas mais importantes como os dados de Foz Coa e do Prazo (MON-TEIRO-RODRIGUES 2010) podem comprovarO reconhecimento da existecircncia de um Neoliacutetico antigo no interior da Peniacutensula inicia-se nos finais dos anos 80 do seacuteculo passado nomeadamente na Meseta mas tambeacutem no nordeste portuguecircs onde foram surgindo arqueossiacutetios inte-graacuteveis neste momento cronoloacutegico e datados dos iniacutecios do V mileacutenio cal aC no caso do niacutevel 4 do abrigo do Buraco da Pala (SANCHES 1997) Na Beira Alta nomeadamente na Plataforma do Mondego a primeira identifi-caccedilatildeo de um siacutetio arqueoloacutegico integraacutevel naquela etapa crono-cultural ocorre em 1991 com a descoberta do siacutetio das Carriceiras (SENNA-MARTINEZ amp ESTE-VINHA 1994) Nos anos seguintes vatildeo surgindo materiais atribuiacuteveis ao Neoliacutetico antigo remo-bilizados em duas mamoas do Nuacutecleo Megaliacutetico do Ameal-Azenha bem como a identificaccedilatildeo de cabanas sob a Orca do Folhadal (SENNA-MARTINEZ amp VENTU-RA 1999b) consubstanciando os dados anteriores Mas estas descobertas satildeo seguidas de outras que neste momento ascendem a cerca de uma dezena de siacutetios conhecidos ateacute agora na Plataforma do Mon-dego quatro siacutetios de habitat abertos (Folhadal Outeiro dos Castelos de Beijoacutes Quinta da Assentada e Quinta das Rosas) duas oficinas de talhe (Carriceiras e Quinta do Soito) duas ocupaccedilotildees em abrigo (Penedo da Penha 1 e Buraco da Moura de S Romatildeo) trecircs situaccedilotildees estratigraacuteficas de palimpsesto com materi-ais remobilizados em terras de mamoas pertencentes a monumentos megaliacuteti-cos de primeira fase (Orca 2 do Ameal Orca 2 de Oliveira do Conde e Orca do Folhadal)No estado atual dos nossos conhecimentos o povoamento associado ao Neoliacuteti-co antigo parece escolher locais abertos sem condiccedilotildees especiais de controlo da paisagem e muito menos defensivas localizados preferencialmente em ver-tentes suaves ou rechatildes com boa exposiccedilatildeo a nascente ou ainda em abrigos sob penedos graniacuteticos que no caso do Complexo 1 do Penedo da Penha tam-beacutem abre a nascente A detecccedilatildeo de remobilizaccedilotildees de materiais atribuiacuteveis ao Neoliacutetico antigo em ter-ras das mamoas de monumentos megaliacuteticos (casos da Orca 2 do Ameal Orca 2 de Oliveira do Conde e Folhadal mas agraves quais se podem associar monumen-tos como a Orca de Travanca) simultaneamente com a identificaccedilatildeo do Habitat do Folhadal indiciam localizaccedilotildees coincidentes de habitats na proximidade de locais onde futuramente se desenvolveraacute a implantaccedilatildeo de necroacutepoles megaliacuteti-cas Julgamos que natildeo se trata de uma singular coincidecircncia mas antes que a implantaccedilatildeo dos primeiros monumentos megaliacuteticos na regiatildeo ndash reconheccedila-se
54 |
a singularidade desta situaccedilatildeo que ateacute ao momento natildeo foi reconhecida em nenhuma outra regiatildeo ndash vem legitimar tanto pela dupla presenccedila proacutexima dos antepassados como pela construccedilatildeo de espaccedilos formais de deposiccedilatildeo dos mortos a hipoacutetese da reocupaccedilatildeo sazonal dos territoacuterios de invernia situados nas terras ldquobaixasrdquo da Plataforma do Mondego por parte de comunidades que cada vez mais julgamos ocuparem as terras altas da Serra da Estrela durante a primavera e o veratildeoComo resultanotdo do estudo palinoloacutegico de uma seacuterie de sondagens efetuadas nas deacutecadas de oitenta e noventa nas turfeiras da Serra da Estrela (cf KNAAP amp LEEUWEN 1994) eacute hoje possiacutevel ler a evoluccedilatildeo holoceacutenica do respetivo cober-to vegetal como a sucessatildeo de uma seacuterie de episoacutedios de degradaccedilatildeo cuja cau-sa mais plausiacutevel parece ter sido a intervenccedilatildeo antroacutepica provavelmente atra- veacutes do pastoreio (revelada nomeadamente por indiacutecios de desflorestaccedilotildees por incecircndio sem consequente regeneraccedilatildeo integral da floresta Idem)Pelos dados cronomeacutetricos pode-se atribuir uma cronologia de segunda meta-de do V mileacutenio cal AC2 para um primeiro episoacutedio de desflorestaccedilatildeo (KNAAP amp JANSSEN 1991) que podem consubstanciar uma do Neoliacutetico antigo regio- nal no que satildeo coevas com as cronometrias radio-carboacutenicas disponiacuteveis para etapas similares da Serra da Freita (CORDEIRO 1992) Galiza (RAMIL REGO SOBRINO amp GOacuteMEZ-ORELLANA 2001) as ocupaccedilotildees do Buraco da Pala da Fraga drsquoAia e do Prazo (SANCHES 1997 RODRIGUES 2000) e com os conjun-tos de datas da Estremadura (SIMOtildeES 1999) Sul de Portugal (SIMOtildeES 1999 e DINIZ 2001) e Meseta Norte (ESTREMERA PORTELA 2003 ROJO GUERRA amp ESTREMERA PORTELA 2000)As formas de subsistecircncia destas comunidades neoliacuteticas na plataforma do Mondego tecircm levantado vaacuterias questotildees nomeadamente pela falta de elemen-tos diretos que nos permitam recriar a ldquopaisagem neoliacuteticardquo em especial se em comparaccedilatildeo com outras aacutereas mais a sul natildeo parece ter-se verificado uma ocupaccedilatildeo agriacutecola do espaccedilo dadas as caracteriacutesticas dos solos e o quadro hoje disponiacutevel para realidades posteriores a partir do Neoliacutetico Final (SENNA-MARTI-NEZ 19951996 SENNA-MARTINEZ amp VENTURA 2000a amp 2000b)Poreacutem se analisarmos os dados das turfeiras da Serra da Estrela na longa du-raccedilatildeo tudo parece indiciar uma relativa manutenccedilatildeo da floresta densa de Quer-cus sp3 sem grande evidecircncia de desbaste (cf KNAAP amp LEEUWEN 1994) numa dinacircmica algo diferente do que parece ocorrer em outras aacutereas onde o ritmo de degradaccedilatildeo da cobertura original de Quercus parece ser superior (FERNAacuteNDEZ RODRIacuteGUEZ amp RAMIL REGO 1994) Para o caso da Galiza temos um marcador para estes acontecimentos entre 5400 a 3000 BP onde ocorre uma laquoregressatildeo paulatina do bosque de Quercusraquo 2 Esta cronologia resulta da calibragem das datas obtidas por aqueles investigadores como termini post quem para os pri-meiros episoacutedios como tal interpretados nos perfis da Candeeira (C10D1 - 5730 100 BP = 4802-4354 cal AC) e da Lagoa das Salgadeiras (45 - 5700 60 BP = 4713-4369 cal AC) cf KNAAP amp JANSSEN 1991
| 55
| 2018
(cf GUITIAN RAMIL-REGO GOacuteMEZ-ORELLANA E SOBRINO 1996 RAMIL REGO SOBRINO amp GOacuteMEZ-ORELLANA 2001) Se a esta regressatildeo satildeo normalmente associados fenoacutemenos de erosatildeo e accedilatildeo antroacutepica mas sendo a regressatildeo con-tiacutenua ao longo do processo com os niacuteveis poliacutenicos de Quercus a regredirem de valores proacuteximos dos 80 para menos de 50 no final do espaccedilo temporal referido situaccedilatildeo que parece natildeo ser paralelizaacutevel com a situaccedilatildeo das turfeiras da Serra da EstrelaPor outro lado a relativa ausecircncia de elementos de moagem nos siacutetios conhe-cidos ndash quando comparados com arqueossiacutetios localizados mais a sul ndash bem como a fraca representaccedilatildeo (contrastando com momentos subsequentes) de instrumentos cortantes em pedra polida satildeo elementos a favor da fraca compo-nente agriacutecola nas economias regionais deste periacuteodoEm textos anteriores foi jaacute possiacutevel defender para esta aacuterea um modelo para a economia dos construtores e utilizadores dos sepulcros megaliacuteticos valorizan-do como elementos fundamentais praacuteticas de recoleccedilatildeo e torrefaccedilatildeo (bolota e outros ldquofrutos de invernordquo) caccedila e pastoriacutecia num processo de transumacircncia (SENNA-MARTINEZ 1994a 19951996 e 1996 SENNA-MARTINEZ LOacutePEZ PLAZA amp HOSKIN 1997) A manutenccedilatildeo e a pouca degradaccedilatildeo da cobertura vegetal original entre 6400-3400 cal BP (CONNOR ARAUacuteJO KNAAP amp LEEU-WEN 2012) parecem indicar que ao contraacuterio de outras aacutereas onde a floresta original eacute sistematicamente desbastada e o espaccedilo ocupado por variedades de gramiacuteneas na Beira Alta a cobertura de Quercus seria lato senso mantida e preservada pelas comunidades neoliacuteticasEste bosque de Quercus vai manter-se na longa duraccedilatildeo (6400-3400 cal BP) onde os valores de presenccedila variam entre os 65 e os 55 ao longo deste periacuteodo com pouca flutuaccedilatildeo A maior flutuaccedilatildeo ocorre nos poacutelenes de elemen-tos vegetais de menor porte estando estas flutuaccedilotildees associadas ao surgimen-to de poacutelenes e cinzas de cereais a partir de 6000 cal BP (CONNOR ARAUacuteJO KNAAP amp LEEUWEN 2012117 Fig2) mas numa percentagem iacutenfimaAteacute um certo ponto as comunidades humanas neolitizadoras da Plataforma do Mondego poderatildeo assim corresponder a sociedades de pastores caccediladores-re-colectores ndash para o que temos jaacute o estudo das pontas de projeacutetil (VENTURA amp SENNA-MARTINEZ 2003) ndash e com uma agricultura incipiente esta uacuteltima em pequenas veigas e zonas de lameiras Estas comunidades parecem desenvol- ver um padratildeo de subsisnottecircncia caracterizado pela enorme mobilidade por isso mesmo baseada em recursos tambeacutem eles moacuteveis e natildeo fixos a um espaccedilo especifico o que implica a exploraccedilatildeo de diversos tipos de territoacuterios de forma sazonalmente diferenciadaCom um valor nutricional de 509 calorias4 por cada 100 gramas a bolota sob 3Em especial as espeacutecies autoacutectones com a Q coccifera Q ilex subsp Ballota Q suber Q roacutebur Q pyrenaica Q faginea subsp faginea4Cf httpswwwyaziocomptalimentosbolota-secahtml
56 |
a forma de fruto seco ou torrado apresenta-se como um elemento de grande valor energeacutetico bem mais elevado que o trigo que apresenta valores caloacutericos de 337 por 100 gramas quando moiacutedo5Em texto recente (CARVALHO PEREIRA DUARTE amp TENTE 2017) desenvolve-se um modelo explicativo onde se apresentam diversas razotildees restritivas em como seria difiacutecil a subsistecircncia destas comunidades neoliacuteticas transumantes nas aacutereas mais altas da Serra da Estrela se os cereais como o trigo fossem um dos elementos fundamentais uma vez que a produccedilatildeo deste se encontra limitada a um maacuteximo de 800 m de altitude E de facto tendo em conta estas variaacuteveis os autores tecircm razatildeo mas apenas se o trigo for aqui o elemento primordial A mancha de Quercus na altura poderia ir ateacute aos 1200 metros de altitude e o processo de floraccedilatildeo corresponderia exatamente ao momento de ida das co-munidades para a serra (SENNA-MARTINEZ 19951996 SENNA-MARTINEZ LOacutePEZ PLAZA amp HOSKIN 1997) coincidindo o regresso com a conclusatildeo da formaccedilatildeo da bolota Na nossa perspetiva durante o V mileacutenio cal aC a pressatildeo humana sobre os espaccedilos da Beira Alta cresceu progressivamente Assim proacuteximo da charnei-ra quintoquarto mileacutenios aC as linhas de cumeada e os interfluacutevios entre os cursos de aacutegua vatildeo comeccedilar a povoar-se dos primeiros monumentos de um es-paccedilo crescentemente humanizado Vatildeo assim nascer as primeiras necroacutepoles megaliacuteticasEntendemos aqui o conceito de monumentos como o reflexo de padrotildees de identidade social que extravasam de longe o simples significado de grandeza (Mega) mas como um elemento uacutenico distinto ocupando uma posiccedilatildeo proe- minente na paisagem ou que reforccedila essa mesma paisagem Aqui os monu-mentos megaliacuteticos na nossa opiniatildeo tecircm por funccedilatildeo cristalizar um conjunto de padrotildees sociais e de os relembrar ou reconstruir para a manutenccedilatildeo da repro-duccedilatildeo social e cultural do grupo a que pertencem Assim ultrapassam a simples funccedilatildeo de aacutereas de deposiccedilatildeo formal dos mor-tos e de marcadores de um espaccedilo sacralizado sendo tambeacutem estruturas de referecircncia coletivas quase sempre localizadas em zonas onde tenham uma elevada visibilidade ainda que o monumento seja ele proacuteprio muitas vezes in-visiacutevel de uma certa distacircncia como ocorre no nuacutecleo em apreccedilo onde tudo parece indicar que os monumentos natildeo satildeo soacute locais de laquorecolharaquo e comuni-caccedilatildeotransmissatildeo de significados ndash sobre o grupo valores conceitos e os an-tepassados ndash mas tambeacutem agentes indispensaacuteveis de criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo da sociedade ndash ou seja a reproduccedilatildeo socialJaacute anteriormente tiacutenhamos descrito a nossa conceccedilatildeo dos espaccedilos frontais que comeccedilam a estar associados a monumentos megaliacuteticos mais evoluiacutedos 5 Cf httpswwwyaziocomptalimentostrigo-moidohtml
| 57
| 2018
e a sua funccedilatildeo (VENTURA 1998a) numa sociedade que se encontra em plena expansatildeo demograacutefica e territorial onde os rituais artefactos ideoteacutecnicos e os proacuteprios monumentos permitem a manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo desta realidadeAssim nesta perspetiva os monumentos natildeo soacute satildeo laquomeios de comunicaccedilatildeoraquo mas tambeacutem laquotutoresraquo a estabelecer e relembrar o que eacute social cultural e con-ceptualmente correto numa funccedilatildeo normativa que engloba a laquomemoacuteria coleti-varaquo e construccedilatildeo de uma paisagem culturalEsta forma de memoacuteria coletiva dos monumentos megaliacuteticos ultrapassa o conceito mais associado a mitos e conceccedilotildees fantasistas de um passado e res-petivos rituais (druiacutedicos ou natildeo) plasmando uma memoacuteria social dos constru-tores ou reutilizadores destes monumentos jaacute que cada vez mais se comeccedila entender o ciclo de vida de um monumento para aleacutem da sua primeira fase de construccedilatildeo e utilizaccedilatildeo mas tambeacutem com reutilizaccedilotildees laquodesconstruccedilotildeesraquo e laquore-construccedilotildeesraquo que vatildeo muito para aleacutem da simples laquoparasitagemraquoEsta forma de prolongar o tempo de vida das memoacuterias ou tradiccedilotildees orais faz destes monumentos formas de transmissatildeo de conhecimento institucionalizado (BRADLEY 2002)Monumentalidade poderaacute ser assim uma praacutetica de estabilizar um territoacuterio de forma visual natildeo soacute para os ancestrais mas tambeacutem para as geraccedilotildees futuras como forma de laquomemoacuteria socialraquoDesta forma os monumentos megaliacuteticos correlacionam-se normalmente des-de a sua geacutenese com estrateacutegias de utilizaccedilatildeo do espaccedilo com fixaccedilatildeo sazon-al ou permanente Deste modo os mais antigos monumentos megaliacuteticos da Plataforma do Mondego quase sempre de dimensotildees modestas constituem a um tempo uma primeira monumentalizaccedilatildeo arquitetural funeraacuteria e verdadei-ras acircncoras na paisagem para populaccedilotildees que por outro lado parecem manter uma grande mobilidade sazonal (Senna-Martinez e Ventura 2008b 324)Julgamos como foi jaacute afirmado ser tambeacutem marcante a sobreposiccedilatildeo destes monumentos a espaccedilos de habitat anteriores6 numa situaccedilatildeo que julgamos agora natildeo ser coincidecircncia processo este de continuidade de um determinado grupo humano bem como de uma certa laquomanipulaccedilatildeoraquo ou laquodomesticaccedilatildeoraquo do espaccediloDesta forma ocorreraacute o que consideramos ser regionalmente uma das trans-formaccedilotildees fundamentais do Neoliacutetico meacutedio a passagem dos ldquoterritoacuterios de utilizaccedilatildeordquo a ldquoterritoacuterios de ocupaccedilatildeordquo (SENNA-MARTINEZ amp VENTURA 1999b 2000a 2000b e 2008a)Do ponto de vista arquitetural e associados a esta primeira fase do megali- tismo regional conhecemos monumentos de cacircmara poligonal sem corredor (Orcas 1 e 2 do Ameal por exemplo) monumentos de corredor curto (Orca 6Nos casos dos monumentos 2 do Ameal e 2 de Oliveira do Conde detetou-se remobilizaccedilatildeo de materiais nas terras da ma-moa materiais esses muito provavelmente provenientes das terras existentes antes da construccedilatildeo dos monumentos
58 |
1 dos Troviscos) e em alguns casos quase simboacutelico (como o caso proacuteximo da Orca de Pramelas e Orca de Santo Tisco) aos quais se pode integrar um monumento de cacircmara eventualmente megaliacutetica mas com um corredor in-tra-tumular (Orca 2 de Oliveira do Conde)Quanto agraves mamoas (nos casos em que as mesmas foram alvo de escavaccedilatildeo) estas revelam uma grande homogeneidade nas soluccedilotildees encontradas para a sua edificaccedilatildeo aos esteios normalmente cravados em fossas abertas na rocha da base e calccedilados com pedras de meacutedias dimensotildees surge adossado pelo exterior um contraforte em pedra vatilde no qual em alguns casos eacute possiacutevel distinguir diferentes etapas construtivas um enchimento (ou anel) de terras envolve o contraforte e eacute sustido por um anel exterior de pedra Deste anel exterior parte uma carapaccedila de pedras que recobria a mamoa A interrupccedilatildeo da mamoa na aacuterea frontal do monumento pode dar origem como vimos a um corredor intratumular e a um espaccedilo de aacutetrio empedradoDeste modo tambeacutem para a Beira Alta e agrave semelhanccedila do que acontece noutras aacutereas regionais peninsulares as soluccedilotildees construtivas apresentam desde cedo um marcado polimorfismo nas arquiteturasO caacutelculo das ldquomassas tumulares meacutediasrdquo efetuado para seis monumentos da Plataforma do Mondego (VENTURA 1999b Quadro 1) aponta para um valor meacutedio de 71plusmn108 m3 o que equivale a uma meacutedia de 2235plusmn44 horas de trabalho Por outro lado o mesmo caacutelculo efetuado para o peso da laje de maiores dimensotildees da estrutura megaliacutetica (normalmente a tampa da cacircmara) forneceu um valor meacutedio de 135plusmn025 t implicando a utilizaccedilatildeo de um nuacutemero meacutedio miacutenimo de 8plusmn15 indiviacuteduos para o seu arrastamento com roletes (Idem Quadro 2) Estes valores indicam que a respetiva construccedilatildeo estaria ao alcance de uma comunidade familiar alargada ou de uma pequena aldeiaO nuacutemero relativamente reduzido dos elementos de espoacutelio encontrados nos monumentos do Neoliacutetico meacutedio sobretudo se tivermos em consideraccedilatildeo o que sucede na etapa seguinte no Neoliacutetico final pode querer dizer que nem todos os elementos da comunidade aiacute encontraram a uacuteltima morada Outras das realidades identificadas na plataforma do Mondego foi o reconhe-cimento de que nesta plataforma estes monumentos tecircm como laquohorizonte organizadorraquo a Serra da Estrela acidente geograacutefico que ao longo da histoacuteria regional desempenha um papel organizador da paisagem e da vida das gen-tes do Mondego interior A partir do Neoliacutetico meacutedio esta apresentar-se-ia entatildeo como uma aacuterea im-portante do espaccedilo ocupado por estas comunidades a um tempo fonte de recursos e local de deslocaccedilatildeo sazonal obrigatoacuteria (fundamental pelos pas-
| 59
| 2018
tos de primaveraveratildeo que oferecia) e ldquohorizonte geograacutefico de referecircnciardquo dominando do alto as terras da plataforma do Mondego sobre o qual as dife- rentes posiccedilotildees ocupadas pelo sol nascente ao longo do ano serviriam even-tualmente de referecircncia agrave organizaccedilatildeo do calendaacuterio sazonal de atividadesNum momento de transiccedilatildeo para o Neoliacutetico final comeccedilam a surgir monu-mentos onde estatildeo patentes teacutecnicas construtivas complexas natildeo obstante manterem uma certa continuidade A um tempo surgem grandes monumen-tos de corredor desenvolvido e diferenciado em altura em relaccedilatildeo agrave cacircmara agora de estrutura poligonal de nove esteios como o caso da Orca dos Fiais da Telha ou entatildeo raramente de sete esteios e com estruturas complexas na aacuterea frontal com abandonocondenaccedilatildeo de vaacuterios monumentos de menores dimensotildees e construccedilatildeo menos complexa da fase antecedente (por exemplo a Orca do Folhadal cf SENNA-MARTINEZ amp VENTURA 1999a)Mas um dos elementos mais importantes desta evoluccedilatildeo seraacute a laquonova vidaraquo que alguns destes monumentos teratildeo jaacute no III mileacutenio aC que em alguns casos parece estar associado a um processo de laquodesconstruccedilatildeo e recons- truccedilatildeoraquo de alguns monumentosNo caso da Orca 1 de Troviscos no limite norte do nuacutecleo em apreccedilo a um monumento eventualmente do Neoliacutetico meacutedio ou mesmo das primeiras fases do Neoliacutetico final no qual mais uma vez se sobrepotildeem as estruturas de habi- tat anteriores eacute apresentada uma cacircmara megaliacutetica claacutessica de 7 esteios ndash ateacute mais ver ndash e um corredor baixo quase simboacutelico de cerca de 2 metros associado a um curto corredor intratumular e a um fecho do mesmo na zona frontalEm momento ainda natildeo determinado o monumento eacute encerrado por uma estrutura de condenaccedilatildeo que parece associar-se a uma ampliaccedilatildeo em di-mensatildeo da estrutura tumular e assiste-se a uma remoccedilatildeo e recolocaccedilatildeo de alguns elementos peacutetreos ndash esteios e tampas de corredor ndash sendo-lhe tambeacutem adicionadas estruturas complexas tipo laquoaacutetrioraquo na zona frontal onde ocorrem deposiccedilotildees de materiais de momentos coevos do III mileacutenio aC regionalA mesma situaccedilatildeo parece tambeacutem ocorrer mais a norte noutro nuacutecleo no concelho de Nelas na Orca do Pinhal dos Amiais onde numa estrutura de fecho que se expande em forma de laquoaacutetrio empedradoraquo na zona frontal foram sistematicamente identificadas deposiccedilotildees de materiais maioritariamente ceracircmicos de um periacuteodo que podemos situar tambeacutem no III mileacutenio aC momento esse que julgamos estar associado agrave reativaccedilatildeo do monumen-to megaliacutetico para algumas deposiccedilotildees funeraacuterias mas principalmente na sua manutenccedilatildeo como elemento monumental da renovaccedilatildeo da reproduccedilatildeo
60 |
social de um determinado grupo social
Carregal do Sal 22 de julho de 2018
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICASBRADLEY Richard (2002) - The Past in Prehistoric Societies LondonCARRIOacuteN JOSEacute (coord) (2015) Cinco millones de antildeos de cambio floriacutestico y vegetal en la Peniacutensula Ibeacuterica e Islas Baleares Universidade de Muacutercia y Fundacioacuten Seacuteneca MuacuterciaCARVALHO A F (1999) - 0s siacutetios de Quebradas e de Quinta da Torrinha (Vila Nova de Foz Coa) e o Neoliacutetico antigo do Baixo Coa in Revista Portuguesa de Arqueologia 2(1) pp39-70CARVALHO A F PEREIRA V DUARTE C amp TENTE C (2017) - Neolithic archaeology at the Penedo dos Mouros rock-shelter (Gouveia Portugal) and the issue of primitive transhumance practices in the Estrela Mountain range in ZEPHYRVS Vol LXXIX pp19-38CONNOR SE ARAUacuteJO J KNAAP W amp LEEUWEN J (2012) - A long-term perspective on biomass burning in the Serra da Estrela Portugal in Quaternary Science Reviews 55 (2012) pp 114-124CORDEIRO AMR (1992) - ldquoO Homem e o Meio no Holoceacutenico Portuguecircs Paleo-ambientes e erosatildeordquo in Mediterracircneo 1 pp89-109DINIZ M (2001) - ldquoUma dataccedilatildeo absoluta para o siacutetio do Neoliacutetico Antigo da Valada do Mato Eacutevorardquo in Revista Portuguesa de Arqueologia 4(2) pp111-113ESTREMERA PORTELA M S (2003) - Primeros agricultores y ganaderos en la Meseta Norte El Neoliacutetico de la Cueva de la Vaquera (Torreiglesias Sogovia) Zamora Junta de Castilla y Leoacuten Memorias Arqueologiacutea en Castilla y Leoacuten 11FERNAacuteNDEZ RODRIacuteGUEZ C amp RAMIL REGO P (1994) - ldquoFechas de C14 en yacimientos arqueoloacutegicos depoacutesitos orgaacutenicos y suelos de Galiciardquo in Gallaecia 13 pp151-176FERREIRA AB (1978) - Planaltos e Montanhas do Norte da Beira Memoacuterias do Centro de Estudos Geograacuteficos 4 Lisboa FURHOLT M and MUumlLLER J (2011) - The earliest monuments in Europe ndasharchitecture and social structures (5000-3000 cal BC) in Megaliths and Identities Dr Rudolf Habelt GmbH Bonn pp 15-32HOSKIN M et alii (1998) - ldquoStudies in Iberian Archaeoastronomy (5) Orientations of Megalith-ic Tombs of Northern and Western Iberiardquo in Archaeoastronomy 23 (JHA xxix) pp S39-S87HOSKIN M (2001) Tombs Temples and their Orientations A new perspective on Mediterra-nean Prehistory Bognor Regis OcarinaKNAAP W O V amp JANSSEN C R (1991) - Utrecht on the Rocks - Serra da Estrela (Portugal) XV Peat Excurnotsion of the Syst-Geobo Institute University of Bern Part II Laboratory of Paleo-botany and Palynonotlogy State University of UtrechtThe NetherlandsKNAAP W O V amp VAN LEEUWEN J F N (1994) - ldquoHolocene vegetation human impact and climatic change in the Serra da Esnottrela Portugalrdquo in A F LOTTER amp B AMMANN Eds Fest-schrift Gerhard Lang laquoDissertationes Botanicaeraquo 234 pp497-535MOITA I (1966) - ldquoCaracteriacutesticas predominantes do grupo dolmeacutenico da Beira Altardquo in Eth-nos V pp189-297RAMIL-REGO P SOBRINO C M GOacuteMEZ-ORELLANA L (2001) ndash Histoacuteria Ecoloacutegica de Galiza Modificaciones del paisaje a lo largo del Cenozoico in SEMATA vol13 pp67-103 RODRIGUES S (2000) - ldquoA estaccedilatildeo neoliacutetica do Prazo (Freixo de Numatildeo ndash Norte de Portu-
| 61
| 2018
gal) no contexto do Neoliacutetico Antigo do Noroeste Peninsular Algumas consideraccedilotildees prelimi- naresrdquo149-168ROJO GUERRRA M amp ESTREMERA PORTELA S (2000) - ldquoEl valle de Ambrona y la Cueva de la Vaquera testimonios de la primera ocupacioacuten neoliacutetica en la cuenca del Duerordquo in Actas do 3ordm Congresso de Arqueologia Peninsular III ndash Neolitizaccedilatildeo e Megalitismo da Peniacutensula Ibeacuterica pp91-95SANCHES M J (1995) - O Abrigo do Buraco da Pala (Mirandela) no contexto da Preacute-Histoacuteria recente de Traacutes-os-Montes e Alto Douro Tese de Doutoramento em Preacute-Histoacuteria e Arqueologia Porto FLUP 2 Vol policopiadoSANCHES M J (1997) - Preacute-Histoacuteria Recente de Traacutes-os-Montes e Alto Douro O Abrigo do Buraco da Pala (Mirandela) no contexto regional 2 vols Porto Sociedade Portuguesa de Antropologia e EtnologiaSENNA-MARTINEZ J C (1994) - ldquoMegalitismo habitat e sociedades a Bacia do Meacutenotdio e Alto Mondego no conjunto da Beira Alta (c5200-3000 BP)rdquo in Actas do Seminaacuterio ldquoO Megalitis-mo no Centro de Portunotgalrdquo laquoEstudos Preacute-Histoacutericosraquo 2 pp15-29SENNA-MARTINEZ J C (19951996) - ldquoPastores recolectores e construtores de megaacutelitos na Plataforma do Mondego no IV e III mileacutenios AC (1) O siacutetio de Habitat do Ameal-VIrdquo in Tra-balhos de Arqueologia da EAM 34 Lisboa Colibri pp85-126SENNA-MARTINEZ J C (1996) - ldquoDo espaccedilo domeacutestico ao espaccedilo funeraacuterio ideologia e cul-tura material na Preacute-Histoacuteria Renotcente do Centro de Portugalrdquo in OPHIUSSA 0 Revista do Instituto de Arqueologia da FLUL Lisboa Colibri pp65-76SENNA-MARTINEZ J C LOacutePEZ PLAZA M S amp HOSKIN M (1997) ldquoTerritorio ideologiacutea y cultura material en el megalitismo de la plataforma del Mondego (Centro de Portugal)rdquo in O Neoliacutetico Atlaacutentico e as Orixes do Megalitismo Actas del Coloquio Internacional (Santiago de Compostela 1-6 de Abril de 1996) Santiago de Compostela laquoCursos e Congresos da Univer-sidade de Santiago de Compostelaraquo 101 pp657-676SENNA-MARTINEZ J C amp ESTEVINHA I (1994) - O siacutetio de habitat das Carriceiras (Carregal do Sal) Notiacutecia preliminar Actas do Seminaacuterio laquoO Meganotlinottismo no Centro de Portugalraquo (Man-gualde Nov 1992) Viseu CEPBA p55-61SENNA-MARTINEZ J C amp VENTURA J M Q (1994a) - ldquoA Orca dos Fiais da Telha a Cam-panha 2(987)rdquo in Inform Arqueoloacutegica 9 pp86-87 e 95-96SENNA-MARTINEZ J C amp VENTURA JMQ (1999a) - ldquoEvoluccedilatildeo das Paisagens Culturais na Preacute-Histoacuteria Recente na Plataforma do Mondego - O Projecto PAISAGENSrdquo in Trabalhos de Arqueologia da EAM 5 pp9-20SENNA-MARTINEZ J C amp VENTURA JMQ (1999b) - ldquo Espaccedilo Funeraacuterio e ldquoEspaccedilo Ceacutenicordquo a Orca do Folhadal (Nelas)rdquo in Trabalhos de Arqueologia da EAM 5 pp21-34SENNA-MARTINEZ J C amp VENTURA JMQ (2000a) - ldquo Espaccedilo Funeraacuterio e ldquoEspaccedilo Ceacuteni-cordquo a Orca do Folhadal (Nelas)rdquo in Actas do II Congresso de Arqueologia Peninsular Vol III pp379-397SENNA-MARTINEZ J C amp VENTURA JMQ (2000b) - ldquoOs Primeiros Construtores de Megaacuteli-tosrdquo in J C SENNA-MARTINEZ amp I PEDRO Eds Por Terras de Viriato Arqueologia da Regiatildeo de Viseu Viseu Governo Civil do Distrito de Viseu e Museu Nacional de Arqueologia pp35-38SENNA-MARTINEZ J C amp VENTURA JMQ (2000c) - ldquoPastores recolectores e construtores de megaacutelitos O Neoliacutetico Finalrdquo in J C SENNA-MARTINEZ amp I PEDRO Eds Por Terras de Viriato Arqueologia da Regiatildeo de Viseu Viseu Governo Civil do Distrito de Viseu e Museu Nacional de Arqueologia pp53-62
62 |
SENNA-MARTINEZ J C amp VENTURA JMQ (2008a) ldquoNeolitizaccedilatildeo e Megalitismo na Plata-forma do Mondego Algumas reflexotildees sobre Transiccedilatildeo Neoliacutetico AntigoNeoliacutetico Meacutediordquo in Actas do IV Congreso del Neoliacutetico en la Peniacutensula Ibeacuterica Alicante II pp 77-84SENNA-MARTINEZ J C e VENTURA JMQ (2008b) ndash Do mundo das sombras ao mundo dos vivos Octaacutevio da Veiga Ferreira e o megalitismo da Beira Alta meio seacuteculo depois Homena-gem a Octaacutevio da Veiga Ferreira Estudos Arqueoloacutegicos de Oeiras Oeiras Cacircmara Municipal 16 p317-350SIMOtildeES T (1999) - O Siacutetio Neoliacutetico de Satildeo Pedro de Canaferrim Sintra Contribuiccedilotildees para o estudo da neolitizaccedilatildeo da peniacutensula de Lisboa laquoTrabalhos de Arqueologiaraquo 12 Lisboa IPASILVA Fabio (2012) - Landscape and Astronomy in Megalithic Portugal the Carregal do Sal Nucleus and Star Mountain Range Papers from the Institute of Archaeology 22 pp 99-114SILVA Fabio (2013) - Astronomia e Paisagem no Megalitismo do Norte do Paiacutes problemas e perspectivas In Arqueologia em Portugal ndash 150 anos pp 427-433SILVA Fabio (2014) - A Tomb with a View New Methods for Bridging the Gap Between Land and Sky in Megalithic Archaeology Advances in Archaeological Practice 2 pp 24-37SILVA Fabio (2015a) - The View from Within a lsquoTime-Space-Actionrsquo Approach to Megalithism in Central Portugal In SILVA Fabio CAMPION Nicholas - Skyscapes the role and importance of the sky in archaeology Oxford Oxbow Books pp 120-139SILVA Fabio (2015b) - lsquoOnce Upon a Timersquo When Prehistoric Archaeology and Folklore Con-verge Journal for the Academic Study of Religion 282 pp158-175TEIXEIRA CARVALHO BARROS MARTINS HAAS PILAR amp ROCHA (1961) - Notiacutecia explicativa da folha 17-C Santa Comba Datildeo Lisboa Serviccedilos Geoloacutegicos de Por-tugalVENTURA J M Q (1993) - ldquoNovos monumentos megaliacuteticos no Concelho de Carregal do Sal Viseu notiacutecia prenotliminarrdquo in Trabalhos de Arqueologia da EAM 1 Lisboa Colinotbri pp9-21VENTURA J M Q (1994) - ldquoOrca 1 do Ameal (Carregal do Sal)rdquo in Actas do Seminaacuterio ldquoO Megalitismo no Centro de Portugalrdquo laquoEstudos Preacute-Histoacutericosraquo 2 pp31-42VENTURA J M Q (1994b) - ldquoA Orca 2 do Ameal Carregal do Sal resultados preliminaresrdquo in Trab Antrop e Etnotnol XXXV (1) Porto SPAE pp47-57VENTURA J M Q (1994c) - ldquoO Nuacutecleo Megaliacutetico de FiaisAmeal problemas e perspectivasrdquo in Trabalhos de Arqueolonotgia da EAM 2 Lisboa Colibri pp1-8VENTURA J M Q (1994d) - ldquoA Orca 2 do Ameal (Carregal do Sal) a campanha 2(993)rdquo in Trabalhos de Arqueolonotgia da EAM 2 Lisboa Colibri pp241-243VENTURA J M Q (1995) - ldquoOrca 2 do Ameal Carregal do Sal Viseu resultados preliminaresrdquo in Trabalhos de Antropol Etnol XXXV (1) pp47-62VENTURA J M Q (1998a) - A Necroacutepole Megaliacutetica do Ameal no contexto do Megalitismo da Plataforma do Mondego Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Preacute-Histoacuteria e Arqueologia apresenta-da agrave Faculdade de Letras da Universidade de LisboaVENTURA J M Q (1998b) - ldquoO nuacutecleo megaliacutetico dos FiaisAmeal um novo balanccedilordquo in Actas do Seminaacuterio ldquoA Preacute-Histoacuteria na Beira Interiorrdquo laquoEstudos Preacute-Histoacutericosraquo 6 pp11-31VENTURA J M Q (19951996)) - ldquoA Orca 2 do Ameal (Oliveira do Conde Carregal do Sal) a campanha 3(994)rdquo in Trabalhos de Arqueolonotgia da EAM 34 Lisboa Colibri pp271-276VENTURA J M Q (19951996) ldquoA Orca 2 de Oliveira do Conde (Carregal do Sal) a cam-panha 1(994)rdquo in Trabalhos de Arqueolonotgia da EAM 34 Lisboa Colibri pp277-280VENTURA J M Q (1999a) - ldquoOs Materiais da Mamoa da Orca 2 do Ameal (Carregal do Sal Viseu) Anaacutelise Tipoloacutegica e Enquadramento Cronoloacutegicordquo in Estudos Preacute-Histoacutericos 7 pp65-84
| 63
| 2018
VENTURA J M Q (1999b) - ldquoMonumentalidade e visibilidade nos monumentos megaliacuteticos da Plataforma do Mondegordquo in Trabalhos de Arqueologia da EAM 5 pp35-49VENTURA J M Q (2000e) - ldquoOrca 2 de Oliveira do Conde Carregal do Sal Viseurdquo in Tra-balhos de Arqueologia da EAM 6 pp1-24VENTURA J M Q amp SENNA-MARTINEZ J M (2003) - ldquoDo conflito agrave guerra Aspectos do desenvolvimento e institucionalizaccedilatildeo da violecircncia na Preacute-Histoacuteria Recente Peninsularrdquo in Turres Veteras V Torres Vedras Cacircmara Municipal de Torres Vedras pp9-19
64 |
| 65
| 2018
The dead at Escoural Cave (Montemor-o-Novo Portugal) early farmerrsquos interactions in south-western Iberian Peninsula
Os mortos na Gruta do Escoural (Montemor-o-Novo Portugal) interaccedilotildees nas primeiras sociedades camponesas do sudoeste da Peniacutensula Ibeacuterica
ABSTRACTThe arrival of farmers to the south-western Iberian Peninsula was followed by a period of complex human interaction after 5500 BCE This marked the arrival of new technologies and subsistence practices such as pottery husbandry and do-mestication of plants but also the co-existence of diverse social structures and world-views in a territory populated by hunter-gatherersBiological and sociocultural interactions between local and migrant groups at the onset and establishment of the Neolithic in Atlantic Europe are poorly un-derstood The Neolithic funerary context in the Escoural cave Montemor-o-Novo Portugal offers a research opportunity to examine these processes because it is uniquely well preserved and its use intersects key periods to understand multi-layered human interaction In this paper we present a synthesis of what is known about the Neolithic use of the cave complemented by new observations in the scope of a multidisciplinary project centred on the Escoural Cave started in 2018 KEY WORDS Escoural Cave Neolithic Archaeology of Death Archaeolo- gical Science
Rita Peyroteo-StjernaritapeyroteostjernaebcuuseHuman Evolution Department of Organismal Biology Uppsala University SwedenUNIARQ Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa Portugal
Ana Cristina ArauacutejoacaraujodgpcptLARC Laboratoacuterio de Arqueociecircncias da DGPCCIBIOInBIO Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos GeneacuteticosUNIARQ Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa Portugal
Mariana DinizmdinizflulptUNIARQ Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa Portugal
66 |
RESUMOA entrada dos primeiros agricultores no SO da Peniacutesula Ibeacuterica c 5500 BCE foi acompanhada pela introduccedilatildeo de novas tecnologias e formas de subsistecircncia As interacccedilotildees que se estabeleceram entre grupos locais e mi-grantes nesta etapa do processo histoacuterico que marca o advento e a con-solidaccedilatildeo do Neoliacutetico na Europa Atlacircntica satildeo mal conhecidas O con-texto funeraacuterio da Gruta do Escoural (Montemor-o-Novo) constitui uma oportunidade para investigar estes processos natildeo soacute devido ao seu grau de preservaccedilatildeo mas porque a sua utilizaccedilatildeo intercepta periacuteodos-chave para a compreensatildeo de muacuteltiplos aspectos dessa interacccedilatildeo humana Os materiais arqueoloacutegicos escavados na deacutecada de 1960 incluem restos humanos arte-factos em pedra e osso ceracircmicas e adornos Apesar de a cultura material sugerir uma afiliaccedilatildeo ao Neoliacutetico Meacutedio (c 4500-3500 BCE) a dataccedilatildeo de restos humanos sugere um intervalo de tempo mais tardio (c 3500- -3000 BCE) marcado pela construccedilatildeo de monumentos megaliacuteticos na regiatildeo O cruzamento de culturas de cronologia neoliacutetica no Es-coural eacute igualmente apoiado por ceracircmicas cardiais e impressas su-gerindo uma utilizaccedilatildeo da cavidade no Neoliacutetico Antigo (c 5500- -4700 BCE)Neste artigo apresentamos uma siacutentese dos dados conhecidos sobre a ocupaccedilatildeo Neoliacutetica da Gruta do Escoural a par de novas observa- ccedilotildees realizadas no acircmbito de um projeto iniciado em 2018 e centrado nesta cavidade O objectivo deste projecto eacute implementar uma perspec- tiva interdisciplinar ao estudo da Arqueologia da Morte investigan-do paralelamente as interacccedilotildees humanas criadas com a introduccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de novas formas de vida na regiatildeo (c 5400-3000 BCE)PALAVRAS-CHAVE Gruta do Escoural Neoliacutetico Arqueologia da Morte Arqueociecircncias
1 INTRODUCTION The arrival of farmers to the south-western Iberian Peninsula was fol-lowed by a period of complex human interaction after 5500 BCE This marked the arrival of new technologies and subsistence practices such as pottery husbandry and domestic plants but also the co-existence of diverse social structures and world-views in a territory previously popu-lated by hunter-gatherers Also recent studies suggest greater diversity among first farmers (DINIZ et al 2016) adding layers of complexity to processes of sociocultural and biological interaction during the Neolithic in south-western Europe c 5500 ndash 3000 BCE
| 67
| 2018
Interactions between early farmers as well as between first farmers and the last hunter-gatherers during the establishment of new ways of living and world-views are poorly understood In this paper we argue that the Neolithic funerary context in the Escoural Cave offers a research oppor-tunity to examine these processes in south-western Europe because this archaeological site is uniquely well preserved and its use intersects key periods to understand multilayered human interactionThe Escoural Cave is located in southern Portugal in Montemor-o-Novo in the Alentejo region (Fig 1) The site is unique in the landscape because 1) it is the only karst system known in the interior of Alentejo 2) it is lo-cated on the interface of two key regions for human settlement in west Iberia ie the Tagus and the Sado palaeoestuaries in the north and west (the most important regions of Mesolithic settlement in Iberia) and the Eacutevora plains in the south-east (one of the main landscapes of Iberian megalithism) 3) it is naturally protected and strategically located at the edge of the Monfurado mountain range with a privileged view over the surrounding plains 4) it offers easy access to water making it a favour-able place for early populationsEscoural is the most south-western cave in Europe with Palaeolithic rock art and was classified as National Monument since its discovery in 1963 Despite its unique features the site was not continuously used by hunter-gatherers After the end of its long use during the Palaeolithic the cave was abandoned regaining its symbolic importance only several thousand years later with the placement of the dead in its underground space by Neolithic farmers being largely ignored by Mesolithic hunt-er-gatherers The use of natural caves in south-western Iberia by Mesolithic hun- ter-gatherers is well attested in other regions (ARAUacuteJO 2016) but open-air sites were preferred for the placement of the dead during this phase (PEYROTEO STJERNA 2016) In contrast the oldest evidence of Neo-lithic funerary practices in south-western Iberia was identified in caves (eg BOAVENTURA 2009 ZILHAtildeO 1992) Neolithic human remains are relatively abundant in the karst landscapes of Portuguese Estremadura and coastal Alentejo In Estremadura one of the most remarkable sites is Algar do Bom Santo Cave (CARVALHO 2014) and like Escoural it was sealed until its discovery preventing the disturbance of original contexts
68 |
by post-Neolithic occupations In this context the Escoural Cave stands out as exceptional because of 1) the preservation of articulated human remains in association with material culture such as complete vessels offers a unique opportunity to investigate Neolithic funerary practices
Figure 1 Location of the Escoural Cave Montemor-o-Novo Portugal in the context of Iberia (A) and Portugal (B)
| 69
| 2018
2) the outstanding bone preservation (human remains bone artefacts) provided by the karst environment is in contrast with the surrounding re-gion where acidic soils inhibit organic preservation 3) it is one of the few interior locations in south-western Iberia with cardial pottery (eg DINIZ 2007 ZILHAtildeO 1992) ndash an exogenous ware introduced in Iberia by early farmers of Mediterranean origin c 5400 BCE (ZILHAtildeO 2001) 4) current radiocarbon data show intensive funerary use of the cave c 3500 ndash 3000 BCE (ARAUacuteJO amp LEJEUNE 1995) while megalithic tombs were built in the region for the same function (BOAVENTURA 2009) 5) despite the late chronology of the dated human remains the material culture parallels for the most part with Middle Neolithic contexts such as Algar do Bom Santo c 3800 ndash 3400 BCE (CARVALHO 2014) The cave was surveyed and excavated in 1963ndash1968 and 1989ndash1992 while a project dedicated to the study of the rock art took off in 1977 (ARAUacuteJO 1995a SANTOS et al 1980) Most of the archaeological mate-rial was excavated in the 1960s but the results were sparsely published and focused on selected artefacts (SANTOS 1967a b) In 1989ndash1992 A C Arauacutejo and colleagues inventoried and examined for the first time the material excavated in the 1960s The resulting monograph (ARAUacuteJO amp LEJEUNE 1995) presented an overview of the main finds and is the only comprehensive work about the Neolithic use of the cave and was fol-lowed by the first attempt to address issues related with the funerary ritu-al practices (CAUWE 1996) Thus more than 50 years after its discovery Escouralrsquos Neolithic population remains unknown Standard analyses of the human skeletons remain to be done such as estimate of the number of individuals biological profile or reconstruction of funerary practices Moreover the Neolithic activity in the cave intersecting key periods in the process of establishing the farming lifeway can be further explored such as the penetration of pioneer farmers from the coast to the interior as suggested by the cardial pottery in the cave or the development of farmer groups in south-western Iberia using multiple architectures for the dead (eg caves megalithic tombs of various types) suggesting a complex Neo-lithic ideologyThe aim of this paper is to present a synthesis of what is known about the Neolithic use of the cave complemented by new observations in the scope of the ongoing project for the Escoural Cave started in 2018
70 |
2 WHATrsquoS IN THE CAVE The Escoural Cave was identified in April-17 1963 during stone mining work (SANTOS 1964) as described in several documents in the archives of the National Museum of Archaeology (MNA Museu Nacional de Arque-ologia APMHArquivo Pessoal Manuel Heleno) Human crania and complete ceramic vessels were exposed on the floor of the cave attracting the attention not only of the local population but also of the national newspapers who reported the discovery as extraor-dinary (MNAAPMH6141) Original documentation in the museumrsquos archives (MNAAPMH2311) indicate that excavations started shortly after its discovery in April-28 by a small group of experienced field work-ers from the museum (Jaime Pereira Roldatildeo Dario de Sousa) later ac-companied by the archaeologist Manuel Farinha dos Santos Initial work was focused on documenting what was perceived as distinct concentra-tions of human remains and artefacts lying on the surface (photography drawings) as well as securing the entrance of the cave and recovering artefacts removed from the cave by locals The exterior of the cave was also occupied during prehistoric times sug-gesting an understanding of the ancestry of the place as demonstrated by the chrono-cultural succession of archaeological remains A Chalcolith-ic fortified settlement was built on top of the hill above the cave (GOMES RV et al 1983 GOMES et al 2012ndash2013) as well as a megalithic tomb for the collective placement of the dead tholos (SANTOS 1967a SANTOS amp FERREIRA 1969) ndash a type of monument generally dated to c 3000 ndash 25002750 BCE Late NeolithicChalcolithic (BOAVENTURA et al 2014) An engraved outcrop was found under the structures of the settlement possibly dated to the Late Neolithic due to its stratigraphic po-sition (GOMES M V et al 1983 1994) Additionally one human burial was excavated in the exterior of the cave at the south-eastern entrance but its chronology remains unclear (ARAUacuteJO 1995a p 16 22 SANTOS 1971) Lithic material and abundant Pleistocene fauna dated to the Mid-dle Palaeolithic were excavated in the cave in 1989ndash1992 (OTTE amp SILVA 1996) However spatial distribution analyses demonstrated that this ma-terial was originally accumulated in the exterior of the cave and was trans-ported to the interior by post-depositional events The secondary position of artefacts found in the interior of the cave was observed in other areas
| 71
| 2018
such as in the archaeological context with impressed ceramics and other artefacts of Early Neolithic chronology found in the exterior and interior of the cave which due to taphonomic processes became part of the filling of the cave (ARAUacuteJO 1995a p 22 1995b p 53) Despite the large number of well-preserved Neolithic human remains and artefacts found in the cave the research has been traditionally focused on the Palaeolithic rock art (LEJEUNE 1995 GLORY et al 1966 GOMES et al 1990 OTTE amp SILVA 1996 SANTOS 1964 1967b SANTOS et al 1980 SILVA et al 2017) 21 Archaeological material in Neolithic contextThe cave is made up of a network of several galleries in three distinct levels The most important archaeological sector consists of a large room located immediately after the current entrance (room 1 sala 1) and con-nected galleries The archaeological material associated with the funer-ary use of the cave during the Neolithic was mostly found on the floor of the cave concentrated in room 1 and distributed along the galleries (6 7 and 11) (Fig 2) Most material was completely or partially covered with calcite and in extreme cases the funerary deposits containing human remains and artefacts became sealed under this layer (Fig 3) Archaeological material consists of human remains bone and stone ar-tefacts pottery personal adornments and other remains (ARAUacuteJO amp LE-JEUNE 1995) (Fig 4) The material is curated by MNA although selected assemblages are on display in local exhibitions at Centro Interpretativo da Gruta do Escoural and Museu dos Amigos de Montemor-o-NovoThe human remains excavated in the cave consist of complete and as-sociated skeletons (Fig 3) as well as disarticulated bones commingled and scattered elements at different levels of preservation A number of skeletons retained their anatomical topography and are in association with artefacts such as ceramic vessels (ARAUacuteJO 1995a CAUWE 1996) These are clear examples of deposits in primary position where the bod-ies were placed on the floor of the cave after death while still retaining their anatomical integrity Often the bones were found scattered in sec-ondary position While in some instances scattering could be explained by taphonomic processes in other cases it suggests post-depositional manipulation of the cadavers such as in the case of the crania found in niches (ARAUacuteJO 1995a CAUWE 1996) Secondary manipulation of
72 |
human remains could also be explained by the practice of reduction en-tailing the removal of the remains of a previous deposit to give place to new individuals At present the human osteological collection is considered to be of Neo-lithic chronology and there are no contextual or typological elements sug-gesting otherwise The collection remains to be studied although some specimens were analysed from an osteometric perspective (ISIDORO 1981) Preliminary estimates of the minimum number of individuals (MNI) suggest that more than 50 individuals were placed in the cave after death (Cidaacutelia Duarte pers comm)The bone industry consists of a small assemblage of bone points (n=18)
Figure 2 Plan of the Escoural Cave main and upper floors Shade highlights the archaeological areas with (A) Palaeolithic rock art Early and Late Neolithic remains (B) Middle Palaeolithic Early Neolithic remains G gallery Numbers 1ndash77 indicate locations with rock art Adapted from ARAUacuteJO amp LEJEUNE 1995
| 73
| 2018
Figure 3 Human remains in association with material culture covered with calcite Ex-cavated in 1963 in the Escoural Cave and curated at the National Museum of Archae-ology Lisbon Reproduced with permission Copyright copy Joseacute Pessoa ADF Arquivo de Documentaccedilatildeo Fotograacutefica DGPC
Figure 4 Example of archaeological material excavated in the 1960s in the Escoural Cave Reproduced with permission Copyright copy Joseacute Pessoa ADF Arquivo de Docu-mentaccedilatildeo Fotograacutefica DGPC
74 |
mostly made from long bones of ovicaprid species At least one point was carved from a red deer bone (Cervus elaphus) and was engraved with incisions The study of this material is limited to preliminary description which includes location of the artefacts in the cave and individual draw-ings (ARAUacuteJO et al 1995) Lithic industry consists of knapped and polished stone tools Prelimi-nary description drawings and the location of the finds in the cave has been published (ARAUacuteJO et al 1995) Stone tools were knapped from non-local flint and consist of a relatively homogeneous groups of blades (n=34) knapped by indirect percussion and pressure in some cases and microliths made from elongated blanks (geometric trapezes n=12) The assemblage contains three cores one prismatic for blades (flint) one bipolar for bladelets (hyaline quartz) and one interpreted as a possible scrapper (hyaline quartz) The assemblage of polished stone tools is com-posed by axes (n=6) adzes (n=10) and chisels (n=3) Macroscopic ob-servation of the material suggests that most of these artefacts were not used (ARAUacuteJO et al 1995) Other stone artefacts include polishers (n=3) and a sharpener (n=1) covered with red ochre Preliminary analysis indi-cates a non-local provenance of the raw material Pottery in Escoural is composed by several complete or almost complete vessels However most of the assemblage consists of a large number of plain fragments For this reason it has been difficult to estimate the number of vessels (ARAUacuteJO et al 1995) First analyses of the assem-blage (ARAUacuteJO et al 1995) indicate that clay matrices were homoge-nous and surfaces were smoothed out and often polished Vessel shape types include globular (19ndash23 cm in diameter) small globular (10ndash12 cm in diameter) oval mouth (9ndash16 cm in diameter) bowls and a few carenated bowls Some vessels have elements of suspension such as handles mamelon and plastic cordons The few decorated fragments found in the cave were decorated with impressed techniques Among these are the fragments with impressed cardial (n=9) which were found scattered in room 1 and seem to belong to one globular vessel (ARAUacuteJO 1995b) Other impressed ware was found in the exterior of the cave at the south-eastern entrance as well as in the interior but in secondary position (see above) One group of impressed fragments (n=8) seem to belong to one large globular vessel with narrow opening The second
| 75
| 2018
group of impressed ware (n=2) consists of one handle of a globular vessel and were found in the exterior of the cave Personal adornments were made of bone stone and shell (ARAUacuteJO et al 1995) The assemblage consists of bone (n=5) and stone (n=10) beads one hair pin made of bone (SANTOS et al 1991) a bracelet made from shell of dog cockle (Glycymeris sp) and coin shaped objects (n=3) made from common cockle shell (Cerastoderma edule) Other objects found in the cave include one fragment of a ceramic spoon and a fragment of what could be the base of a polished lime-stone object Two perforated sandstone plaques (SANTOS 1971) are among the archaeological collection but the context of their excavation is unclear (ARAUacuteJO et al 1995 p 72) Other remains found in the cave in association with archaeological ma-terial include a few large scallop shells (Pecten sp) mussels (Mytilus edulis) and oysters (Ostrea sp) as well as pebbles of various sizes foreign to the cave environment Red ochre charcoal and burnt sedi-ments were also largely documented and collected during the 1960s excavations 22 Radiocarbon datesRadiocarbon (14C) measurements on archaeological material found inside the cave were carried out in 1989ndash1995 (ARAUacuteJO amp LEJEUNE 1995) Samples consisted of human bone collected in 1989 (n=4) and in 1964 (n=1) (Table 1) One sample revealed poor quality during laboratory anal-ysis and the measurements were rejected (human tibia 1963 gallery 7 group 18 OxAndash4444 5560 plusmn 160 BP) (MONGE SOARES 1995 p 111) The oldest dates on human bone collagen from the Escoural Cave are represented by two individuals in room 1 and gallery 4 (G43) with a pos-terior density estimate for the time of burial of 3618 ndash 3102 cal BCE (95 probability) and 3506 ndash 3107 cal BCE (95 probability) respectively The other three 14C dates obtained from burials found in galleries 4 and 12 cluster in the time span c 3300 ndash3000 cal BCE (95 probability) The abundant human remains in galleries 6 7 11 have not been successfully datedCurrent 14C data predicts the start of the use of the cave for the depo-sition of the dead to have been 3841 ndash 3124 cal BCE (95 probabili-ty start of funerary activity) and its end to have been in 3344 ndash 2708
76 |
cal BCE (95 probability end of funerary activity) (Fig 5) The activity is estimated to have continued for between 0 and 506 years (95 prob-ability site use for funerary activity) It is important to emphasize that these boundaries are date estimates which have not been dated directly by 14C measurements and were calculated by OxCal (BRONK RAMSEY 2009) from the dated human remains of the series Model boundaries do not depend on any particular 14C date but on the whole assemblage of considered dates (see BRONK RAMSEY 2000 2001) As discussed below the current dataset has low resolution and new measurements will certainly refine current estimates At present Start and End boundaries were predicted based on five dates with relatively large uncertainties and should not be used to define the use of the Escoural Cave for funerary practices However while these boundaries must be used with caution as they do not represent direct dates they can be used as guidelines to
Table 1 Human bone collagen (5) samples from the Escoural Cave (ARAUacuteJO amp LE-JEUNE 1995)
| 77
| 2018
inform further research and to test hypotheses allowing refinement of further and more robust chronologies
3 DISCUSSIONDespite the number of published papers a monograph and its status as a National Monument the use of the Escoural Cave by Neolithic popula-tions and how its use intersects key periods of the neolithisation of the territory are not well understood The chronology of the funerary activity in the cave remains an open ques-tion and multilayered intersections of this occupation with key periods in the process of establishing farming lifeway should be investigated The Early Neolithic (c 5500 ndash 4700 BCE) presence in the cave is attest-ed by impressed pottery but the nature of this occupation and its abso-lute chronology are unknown Fragments of impressed cardial ware were
Figure 5 Chronological model for the funerary activity at Escoural Cave based on 14C dates on human bone collagen Agreement index for each dated event is high (Age75) and in good convergence (Cge98) The model shows satisfactory overall agreement (Aoverall=85) indicating that the 14C dates are in accordance with the prior informa-tion incorporated in the model which does not assume phases and does not impose any relative order to the dated events Calibrated with OxCal 43 (BRONK RAMSEY 2009) using atmospheric curve IntCal13 (REIMER et al 2013)
78 |
identified in room 1 where most human remains were found however its exact provenance and association with funerary deposits is unclear Whether this ceramic tradition was associated with funerary practices or with other uses of the cave during the Early Neolithic can only be tested by a systematic 14C dating programme of the human remains in the vari-ous sections of room 1 and galleries Testing the hypothesis of the use of the cave by early farmers as a place for the dead is particularly relevant because while Early Neolithic settlements are well known in the region (eg Valada do Mato c 10 km NE from the cave DINIZ 2007) the places for the dead remain unidentified Current radiometric chronology is based on human bone remains found in room 1 (n=1) and in galleries 4 (n=2) and 12 (n=2) While these results are coherent with the funerary use of the cave during one main phase further dates may refine this chronology in terms of additional phases masked by the limited number of dates The material culture ie plain globular pottery axes adzes and chisels small blades and trapezes and personal adornments such as the Pecten bracelet suggest that the main phase of funerary activity in the cave was during the Middle Neolithic (c 4500 ndash 3500 BCE NEVES amp DINIZ 2014) However the oldest dated human remains are more recent (ICEN-861 Lv-1923) ranging from c 3600 to 3100 cal BCE (95 confidence) sug-gesting either that the Middle Neolithic human remains have not been directly dated yet andor that the artefactual tradition associated with the Middle Neolithic persisted for a longer period of time at least in fu-nerary contexts indicating conservatism and continuity in the Escoural Cave The other available dates (Lv-1925 Lv-1924 Lv-1922) collected from individuals placed in different areas of the cave cluster in the time span between 3300 and 3000 cal BCE This Late Neolithic chronology is at odds with the bulk of the material culture which parallels with Middle Neolithic contexts elsewhere Although current estimates of the start and end of the funerary activity in the cave must be interpreted with caution these highlight issues requiring further investigation At present there are no burials dated after c 3300 ndash 3000 cal BCE However the extend-ed end boundary predicted by the model (c 3300 ndash 2700 cal BCE) may be plausible as it accommodates the typically later temporal framework attributed to a few artefacts also found in the cave such as the carena-
| 79
| 2018
ted vessels perforated sandstone plaques (n=2) and a fragment of po-lished limestone object (ldquoidolrdquo) In the context of the whole assemblage these elements are low in number and the context of excavation of these artefacts is not clear however the hypothesis of a later use of the cave must be investigated and further 14C dating should provide direct data to confirm or reject this hypothesis Understanding the use of the cave during the Neolithic may become more complex but better defined as more 14C measurements become available securely dating human activity over time To investigate these intricacies we need a dataset with greater resolu-tion This includes new dates with smaller uncertainties representative of the s-patial distribution of the funerary depositions in the cave allowing to effectively investigate when the funerary activity started and when it ended as well as to estimate the frequency of mortuary depositions in the caveAnalysis of the archaeological assemblage in the Escoural Cave raises se- veral important issues for the research on Neolithic population interaction and funerary practices Firstly the material culture associated with Middle Neolithic funerary practices in natural caves seems to suggest at least two cultural traditions i) a phase andor tradition defined by the presence of flaked and polished stone tools such as blades trapezes axes and adzes personal adornments on shells such as Glycymeris bracelets and few pot-tery vessels ndash largely based on recent research in Algar do Bom Santo Cave c 3800 ndash 3400 cal BCE (CARVALHO 2014) ii) a phase andor tradition char-acterized by the same votive package outlined above but with an import-ant ceramic component such as plain globular vessels in association with the dead as observed in the Escoural Cave which chronology remains to be refined Whether these traditions are the result of different chronological phases or co-existing practices remains an open question Secondly the Escoural Cave was used as a funerary space while several megalithic architectures of funerary and non-funerary nature (eg dolmens menhirs stone circles) emerged in the area (c 36003500 ndash 3000 cal BCE BOVENTURA 2009) raising interesting questions about socio-cultural diver-sity and interaction during the Neolithic After death while some individuals were placed in the Escoural Cave others were placed in dolmens or other megalithic structures Escoural is the only cave in the interior of Alentejo and even though its use for funerary practices may seem odd in a landscape po-
80 |
pulated by megalithic architectures this was common practice since the Ear-ly Neolithic in the cave rich limestone areas of Estremadura Natural caves such as Escoural were possibly prioritized by Neolithic populations for the placement the dead (BOAVENTURA 2009) Thus to understand this parti- cular place it is important to establish the origins of Escouralrsquos population as well as to investigate contemporary funerary practices in relation with choice of containers (eg cave megalithic structures) The main question that remains to be answered is who were the people placed in the Escoural Cave after death Were these people from a local population using the cave as a funerary space or from non-local groups deliberately choosing the single nat-ural cave in the area to reproduce a foreign funerary tradition Or were the dead at Escoural Cave an admixture of local and non-local groups performing and re-interpreting funerary traditions
4 FURTHER WORKThe funerary context in the Escoural Cave offers a unique research opportunity for in-depth analysis of how early farmers treated the dead to establish more accurate chronotypologies for the Neolithic for high- -resolution physical and biochemical analyses of Neolithic remains (hu-man bone artefacts) to examine sociocultural and biological interaction within early farmer groups as well as with past hunter-gatherer popula-tionsThe key questions which need to be addressed are 1) Who was placed in the Escoural cave after death 2) Can we distinguish between farmer groups at biological and sociocultural levels 3) Was the cave used by pioneer farmers for funerary practices If so how did these first farmers adapt to a new landscape and interact with local hunter-gatherersTraditional archaeological methods alone have not been able to resolve these questions The aim of the current projected focused on the Escour-al Cave is to implement an integrated interdisciplinary high-resolution ap-proach to understand human interaction at the onset and establishment of new lifeways in south-western Iberia (c 5400 ndash 3000 BCE) through the explicit application of archaeological science to archaeology of deathThe dead at Escoural must be examined in terms of time population and practice by integrating several scales of analysis osteoarchaeology genomics palaeodiet and subsistence mobility funerary practices ma-
| 81
| 2018
terial culture and chronological framework With this approach we aim to provide new knowledge from the exceptional archaeological assemblage already excavated in the Escoural Cave contributing with new value to the museum collections of this National Monument
ACKNOWLEDGMENTSThe Markus Borgstroumlm Grant Uppsala University for funding this re-search the National Museum of Archaeology (MNA) for providing access and facilities to study the Escoural collection and the National Archive of Photographic Documentation (Arquivo de Documentaccedilatildeo Fotograacutefica da DGPC) for permission to reproduce photographic material
REFERENCES ARAUacuteJO Ana Cristina (1995a) ndash O Siacutetio In ARAUacuteJO Ana Cristina LEJEUNE Marylise eds ndash Gruta do Escoural necroacutepole neoliacutetica e arte rupestre paleoliacutetica Lisboa IP-PAA pp 12ndash34 (Trabalhos de Arqueologia 8)ARAUacuteJO Ana Cristina (1995b) ndash O Neoliacutetico Antigo In ARAUacuteJO Ana Cristina LE-JEUNE Marylise eds ndash Gruta do Escoural necroacutepole neoliacutetica e arte rupestre pa-leoliacutetica Lisboa IPPAA pp 51ndash56 (Trabalhos de Arqueologia 8)ARAUacuteJO Ana Cristina (2016) ndash Une histoire des premiegraveres communauteacutes meacuteso-lithiques au Portugal Oxford BAR International Series 2782ARAUacuteJO Ana Cristina LEJEUNE Marylise (1995) ndash Gruta do Escoural necroacutepole neoliacutetica e arte rupestre paleoliacutetica Lisboa IPPAA (Trabalhos de Arqueologia 8)ARAUacuteJO Ana Cristina CAUWE Nicolas SANTOS Ana Isabel (1995) ndash A Necroacutepole Neoliacutetica (Estudo das Colecccedilotildees das Antigas Escavaccedilotildees) In ARAUacuteJO Ana Cristina LEJEUNE Marylise eds ndash Gruta do Escoural necroacutepole neoliacutetica e arte rupestre pa-leoliacutetica Lisboa IPPAA pp 57ndash109 (Trabalhos de Arqueologia 8)BOAVENTURA Rui (2009) ndash As antas e o Megalitismo da regiatildeo de Lisboa Lisboa Universidade Unpublished PhD dissertationBOAVENTURA Rui FERREIRA Maria Teresa NEVES Maria Joatildeo SILVA Ana Maria (2014) ndash Funerary practices and Anthropology during Middle-Late Neolithic (4th and 3rd millennia BCE) in Portugal old bones new insights Anthropologie LII2 pp 183ndash205BRONK RAMSEY Christopher (2000) ndash Comment on the use of Bayesian statistics for 14C dates of chronologically ordered samples a critical analysis Radiocarbon 42 (2) pp199ndash202BRONK RAMSEY Christopher (2001) ndash Development of the radiocarbon dating pro-gram Radiocarbon 43 (2A) pp 355ndash363BRONK RAMSEY Christopher (2009) ndash Bayesian analysis of radiocarbon dates Ra-diocarbon 51 (1) pp 337ndash360CARVALHO Antoacutenio Faustino (2014) ndash Bom Santo Cave (Lisbon) and the Middle Neo-lithic societies of Southern Portugal Faro Universidade do Algarve (Promontoria
82 |
Monograacutefica 17)CAUWE Nicolas (1996) ndash La neacutecropole de la grotte drsquoEscoural (prov drsquoEvora Por-tugal) essai drsquointerpreacutetation des rites funeacuteraires In OTTE Marcel SILVA Antoacutenio Carlos eds ndash Recherches preacutehistoriques agrave la grotte drsquoEscoural Portugal Liegravege Uni-versiteacute de Liegravege Service de Preacutehistoire pp 287ndash311 (ERAUL 65) DINIZ Mariana (2007) ndash O siacutetio da Valada do Mato (Eacutevora) aspectos da neolitizaccedilatildeo no interiorSul de Portugal Lisboa IPA (Trabalhos de Arqueologia 48)DINIZ Mariana NEVES Ceacutesar MARTINS Andreia (2016) ndash Sociedades neoliacuteticas e comunidades cientiacuteficas questotildees aos trajectos da Histoacuteria In DINIZ Mariana NEVES Ceacutesar MARTINS Andreia eds ndash O Neoliacutetico em Portugal antes do Horizonte 2020 perspectivas em debate Lisboa Associaccedilatildeo dos Arqueoacutelogos Portugueses pp131ndash153 (Monografias da AAP 2)GLORY Andreacute VAULTIER Maxime SANTOS Manuel Farinha dos (1966) ndash La grotte orneacutee drsquoEscoural (Portugal) Bulletin de la Socieacuteteacute preacutehistorique franccedilaise Paris 62 (1) pp 110ndash17 GOMES Maacuterio Varela CARDOSO Joatildeo Luiacutes SANTOS Manuel Farinha dos (1990) ndash Artefactos do Paleoliacutetico superior da Gruta do Escoural (Montemor-o-Novo Eacutevora) Almansor Montemor-o-Novo 8 pp 15ndash36GOMES Maacuterio Varela GOMES Rosa Varela SANTOS Manuel Farinha dos (1983) ndash O Santuaacuterio exterior do Escoural Sector NE (Montemor-o-Novo Eacutevora) Zephyrvs 36 pp 287ndash307GOMES Maacuterio Varela GOMES Rosa Varela SANTOS Manuel Farinha dos (1994) ndash O Santuaacuterio exterior do Escoural Sector SE (Montemor-o-Novo Eacutevora) In Actas das V Jornadas Arqueoloacutegicas Lisboa AAP pp 93ndash108GOMES Maacuterio Varela NINITAS Joatildeo Borralho Rita (2012ndash2013) ndash Artefactos liacuteticos do povoado calcoliacutetico do Escoural (Montemor-o-Novo) Almansor Montemor-o-Novo 10 pp 5ndash60 GOMES Rosa Varela GOMES Maacuterio Varela SANTOS Manuel Farinha dos (1983) ndash Santuaacuterio exterior e povoado calcoliacutetico do Escoural Clio Arqueologia Lisboa 1 pp 77ndash78ISIDORO Agostinho Farinha (1981) ndash Espoacutelio oacutesseo humano da Gruta Neoliacutetica do Escoural Trabalhos de Antropologia e Etnologia Porto XXIV (1) pp 5ndash46LEJEUNE Marylise (1995) ndash LrsquoArt Parietal de La Grotte Drsquo Escoural In ARAUacuteJO Ana Cristina LEJEUNE Marylise eds ndash Gruta do Escoural necroacutepole neoliacutetica e arte rup-estre paleoliacutetica Lisboa IPPAA pp 123ndash233 (Trabalhos de Arqueologia 8)MONGE SOARES Antoacutenio (1995) ndash Dataccedilatildeo absoluta da necroacutepole ldquoneoliacuteticardquo da Gruta do Escoural In ARAUacuteJO Ana Cristina LEJEUNE Marylise eds ndash Gruta do Es-coural necroacutepole neoliacutetica e arte rupestre paleoliacutetica Lisboa IPPAA pp 111ndash119 (Trabalhos de Arqueologia 8)NEVES Ceacutesar DINIZ Mariana (2014) ndash Acerca dos cenaacuterios da acccedilatildeo estrateacutegias de implantaccedilatildeo e exploraccedilatildeo do espaccedilo nos finais do 5ordm e na primeira metade do 4ordm mileacutenio AC no sul de Portugal Estudos do Quaternaacuterio Braga APEQ 11 pp 45ndash58OTTE Marcel SILVA Antoacutenio Carlos (1996) ndash Recherches preacutehistoriques agrave la grotte drsquoEscoural Portugal Liegravege Universiteacute de Liegravege Service de Preacutehistoire (ERAUL 65) PEYROTEO STJERNA Rita (2016) ndash Roots of death origins of human burial and the re-search on Early Holocene mortuary practices in the Iberian Peninsula In GRUumlNBERG
| 83
| 2018
Judith GRAMSCH Bernhard LARSSON Lars ORSCHIEDT Joumlrg MELLER Harald eds ndash Mesolithic burials ndash Rites symbols and social organisation of early postglacial communities Halle (Saale) Tagungen des Landesmuseums fuumlr Vorgeschichte Halle pp 629ndash643 (Band 13II)REIMER Paula J BARD Edouard BAYLISS Alex BECK J Warren BLACKWELL Paul G RAMSEY C Bronk BUCK Caitlin E CHENG Hai EDWARDS R Lawrence FRIED-RICH Michael GROOTES Pieter M GUILDERSON Thomas P HAFLIDASON Haflidi HAJDAS Irka HATTEacute Christine HEATON Timothy J HOFFMANN Dirk L HOGG Alan G HUGHEN Konrad A KAISER K Felix KROMER Bernd MANNING Sturt W NIU Mu REIMER Ron W RICHARDS David A SCOTT E Marian SOUTHON John R STAFF Richard A TURNEY Christian S M VAN DER PLICHT Johannes (2013) ndash In-tCal13 and Marine13 Radiocarbon Age Calibration Curves 0ndash50000 Years cal BP Radiocarbon 55(4) pp 1869ndash1887SANTOS Manuel Farinha dos (1964) ndash Vestiacutegios de pinturas rupestres descobertos na Gruta do Escoural O Arqueoacutelogo Portuguecircs Lisboa 2(5) pp 5ndash47SANTOS Manuel Farinha dos (1967a) ndash A necroacutepole de tipo ldquotholosrdquo de Santiago do Escoural O Arqueoacutelogo Portuguecircs Lisboa 3(1) pp 107ndash13SANTOS Manuel Farinha dos (1967b) ndash Novas gravuras rupestres descobertas na Gruta do Escoural Revista de Guimaratildees Guimaratildees 72 pp 18ndash34SANTOS Manuel Farinha dos (1971) ndash Manifestaccedilotildees votivas da necroacutepole da Gruta do Escoural In Actas do II Congresso Nacional de Arqueologia Coimbra Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nacional vol I pp 95ndash97SANTOS Manuel Farinha dos FERREIRA Octaacutevio da Veiga (1969) ndash O monumento eneoliacutetico de Santiago do Escoural O Arqueoacutelogo Portuguecircs Lisboa 3(3) pp 37ndash62SANTOS Manuel Farinha dos GOMES Maacuterio Varela CARDOSO Joatildeo Luiacutes (1991) ndash Dois artefactos de osso poacutes-paleoliacuteticos da Gruta da Escoural (Montemor-o-Novo Eacutevora) Almansor Montemor-o-Novo 9 pp 75ndash94SANTOS Manuel Farinha dos GOMES Maacuterio Varela MONTEIRO Jorge Pinho (1980) ndash Descobertas de arte rupestre na Gruta do Escoural In Altamira Symposium Ma-drid Ministerio de Cultura Subdireccioacuten General de Arqueologiacutea pp 205ndash242SILVA Antoacutenio Carlos MAURAN Guilherme ROSADO Tacircnia MIRAtildeO Joseacute CANDE-IAS Joseacute CARPETUDO Carlos CALDEIRA Ana Teresa (2017) ndash A arte rupestre da Gruta do Escoural novos dados analiacuteticos sobre a pintura paleoliacutetica In Arqueologia em Portugal 2017 estado aa questatildeo Lisboa Associaccedilatildeo dos Arqueoacutelogos Portu-gueses pp 1003ndash1019 ZILHAtildeO Joatildeo (1992) ndash Gruta do Caldeiratildeo O Neoliacutetico Antigo Lisboa IPPAA (Tra-balhos de Arqueologia 6) ZILHAtildeO Joatildeo (2001) ndash Radiocarbon evidence for maritime pioneer colonization in the Iberian Peninsula Proceedings of the National Academy of Sciences 98(24) pp14
84 |
| 85
| 2018
Building up the land a new appraisal to the megalithic phenomenon in the Barbanza peninsula (Galicia NW Spain)
Construindo o territoacuterio uma nova abordagem do fenoacutemeno megaliacutetico na Peniacutensula do Barbanza (Galiza NO de Espanha)
ABSTRACTFunerary mounds whether megalithic or not feature prominently among the Galician archaeology and their sheer number and monumentality have attracted the attention of scholars ever since the end of the 19th century The Barbanza peninsula (western coast of Galicia) stands out for its numer-ous barrows with a noticeable cluster of those on the high plateau where spatial analyses were undertaken by researchers in the early 80rsquoIn the last decade there has been a renewed effort at surveying the Barbanza peninsula leading to the discovery of scores of new mounds thus significan- tly modifying the distribution of these monuments and breaking some-what the paramount role of the high sierra Moreover by employing new methodologies such as Geographical Information Systems and spatial statistics we can observe that mounds are indeed associa- ted with transit routes and at a local scale with conspicuous areas more often than for instance rock art sitesTherefore an image surges forward where megalithic architecture does not act exclusively as a static milestone but rather as a dynamic agent linked to a cognitive geography developed by communities in the Late Prehistory that undertake the exploitation of different landscapes and resources from the very coast to the uplands In the framework of this process however a marked variability can be observed regarding the conspicuity that these monuments might have had in the prehistoric lands- cape This may suggest a multiplicity of roles or audiences ranging from those intended to be real landmarks to others apparently designed to go unnoticed KEY WORDS Prehistoric mounds prehistoric mobility perceptibility GIS spa-tial statistics
Ramoacuten Faacutebregas Valcarce1 Carlos Rodriacuteguez-Rellaacuten1 Juliaacuten Bustelo Abuiacuten1 Viacutector Barbeito Pose2
1GEPN-AAT Facultade de Xeografiacutea e Historia Universidade de Santiago de Compostela Praza da Universidade 1 15703 Santiago de Compostela A Coruntildea Spain ramonfabregasusces2Centro Arqueoloacutexico do Barbanza 15991 Cespoacuten Boiro A Coruntildea Spain
86 |
RESUMOOs tuacutemulos funeraacuterios sejam megaliacuteticos ou natildeo destacam-se dentro da ar-queologia galega e o seu nuacutemero e monumentalidade tecircm atraiacutedo a atenccedilatildeo dos estudiosos desde o final do seacuteculo XIX A peniacutensula de Barbanza (costa ocidental da Galiza) destaca-se pelos seus numerosos tumulos com um no-taacutevel agrupamento daqueles no planalto onde as anaacutelises espaciais foram rea- lizadas por investigadores no iniacutecio dos anos 80Na ultima deacutecada houve um esforccedilo renovado de examiner peniacutensula de Barbanza levando agrave descoberta de dezenas de novos tumulos modifi-cando significativamente a distribuiccedilatildeo desses monumentos e quebrando um pouco o papel primordial da alta serra em relaccedilatildeo a esse fenoacutemeno fune- raacuterio Aleacutem disso ao empregar novos meacutetodos como Sistemas de Informaccedilatildeo Geograacutefica e estatiacutesticas espaciais podemos observar que os tumulos estatildeo de facto associados a rotas de tracircnsito e em escala local com aacutereas conspiacutecuas mais frequentemente do que por exemplo siacutetios de arte rupestrePortanto surge uma imagem onde a arquitectura megaliacutetica natildeo atua como um marco estaacutetico mas sim como um agente dinacircmico ligado a uma geografia cognitiva desenvolvida por comunidades na preacute-histoacuteria tardia que empreendem a exploraccedilatildeo de diferentes paisagens e recursos desde a costa agraves terras altas No acircmbito deste processo no entanto uma variabilidade acentuada pode ser observada em relaccedilatildeo agrave conspicuidade que esses monumentos poderiam ter na paisagem preacutehistoacuteri-ca Isso pode sugerir uma multiplicidade de papeacuteis ou audiecircncias variando daqueles destinados a ser marcos reais para outros aparentemente destinados a passar despercebidoPALAVRAS-CHAVE Tumulos preacute-histoacutericos mobilidade preacute-histoacuterica perceptibilidade GIS estatiacutesticas espaciais
1 FOREWORDThe relationship between megaliths and movement has been tirelessly explored in the last three decades in almost every area of the Iberian Peninsula where these monuments are present Galicia has not been an exception the impact that ldquoLandscape Archaeologyrdquo had in the area during the 90s leading to the pub-lication of numerous studies exploring the correlation between the mound loca-tion and paths across the landscape (Criado amp Vaquero 1993 Criado amp Faacutebre-gas 1994) Thus Galician mounds have been systematically linked to what has been called the ldquogeography of movementrdquo (Infante amp alii 1992) with their loca-tion analysed in terms of proximity to paths and key points for the transit across the prehistoric landscapes In such a theoretical framework monuments were
| 87
| 2018
understood as agents humanising and structuring the space shaping it accor- ding to the perceptions and beliefs of the groups responsible for the cons- truction of the monuments (Criado amp Villoch 2000)The Barbanza peninsula (Figure 1) has been the paradigmatic sce-nario of several of the most influential approaches of this kind (Criado amp Villoch 1998 2000 Villoch 1995) and the research in the area continues to the present with work carried out after the genera- lization of the GIS (Llobera 2015 Rodriacuteguez-Rellaacuten amp Faacutebregas IP) Still several of these attempts share limitations from a metho- dological and archaeological point of view A thorough review of the inventory of monuments -leading to the discovery of 29 new mounds- combined with the use of GIS and statistics can help us to take a step forward towards the unders- tanding of the role that megaliths played within the landscape and the mobility patterns of the prehistoric human groups in the Barbanza peninsula
2 MOUNDS IN THE BARBANZA PENINSULAThe most up-to-date inventory for the Barbanza Peninsula comprises a total of 209 mounds including 29 new monuments and discarding 6 sites mista- kenly catalogued as such but being ndashin factndashaccumulations of earth of natural origin or recent chronology This inventory shows that while the highlands of the Barbanza peninsula follow the general distribution patterns of the funerary
Figure 1 Top Location of mounds with-in the Barbanza Peninsula Bottom Al-titudinal distribution of mounds (line) compared to that of the terrain in the study area (bars)
88 |
tumuli in north-west Iberia which tends to show a noticeable concentration of these along medium-height plateaus and the flattened top of mountain ranges (Figure 1) barely 46 (22 ) of the reported 209 mounds are located above 400 meters high while 138 (66 ) are found on the coastal platform (0-200 masl) (Bustelo amp alii IP) If we consider the relative presence of monuments against the weight of the different altitudinal ranges within the study area (Figure 1 bottom) the per-centage of mounds in the highlands is higher than the terrain in that specific altitudinal range but ndashagainndash so it is in the coastal platform Moreover the lat-ter is densely populated and the landscape there has been much more altered It is quite possible ndashthereforendash that the initial number of mounds in the coastal platform were even greater with a good proportion of monuments destroyed over the last two centuries due to agricultural and building activities Signifi-cantly the 3 mounds that have been recently destroyed in the study area were located in the coastal areaRegarding the density of monuments in the highlands the highest values identi-fied (185 mounds per km2) are not superior to the lower areasrsquos (239 mounds per km2) Finally no significant statistical differences have been found between the mounds located at the top of the sierra and those in other areas of the Bar-banza peninsula in terms of size (diameter height or volume) or structural cha- racteristics (Bustelo amp alii IP)
3 PREVIOUS APPROACHES Despite recent analyses suggesting the absence of an altitudinal zonation of the megalithic phenomenon of the Barbanza Peninsula many of the studies in the area have focused on the monuments located at the top of the Sierra (Criado amp Villoch 1998 Llobera 2015) These approaches have remarked the existence of an alleged link between mounds and highlands (Criado amp Faacutebre-gas 1994 Criado amp alii 1991) opposing the distribution of these monuments to that of other archaeological sites such as petroglyphs and settlements (Faacutebregas amp Rodriacuteguez 2012) These proposals have contributed to promote a ndashsomehowndash dualistic vision of the landscape in which the highlands would have been a territory with a high symbolic content and partially devoid of po- pulation (Criado 2005) The reason why these works have focused almost exclusively on the highland tumuli is difficult to determine but it seems to be more aesthetic than strictly archaeological The landscape on the top of the Serra do Barbanza has been significantly less transformed by the pass of time apparently retaining a more ldquoprehistoricrdquo appearance The absence of buildings trees etchellip makes the
| 89
| 2018
mounds more easily perceptible and its monumentality seems to be some-what increased therefore providing a good framework for testing hypotheses about the role of these monuments in the creation and organization of terri-tories However the results of these approaches are in our view dangerouly skewed given the reduced size and low variability of the sample used during the analysis Although the results achieved by some of the traditional studies in the area are undoubtedly useful (eg Criado amp Villoch 1998 Villoch 1995) they tend to show some of the limitations typical of these pioneering approaches such as the ldquogratuityrdquo of many of the statements made regarding complex processes such as movement and perception (Llobera 2001) Thus in most cases the paths and routes through which the movement would have been implemented were defined in an ad hoc manner based on field observations conducted only in the proximity of the sites subjected to analysis (Bradley amp alii 1994 Criado amp Villoch 1998) As it happens the resulting path networks do not actually connect different places in the landscape but rather different clusters of monuments (Cri-ado amp Villoch 2000) and ndashas suchndash they have little in common with the tradition-al road network (Figure 2) This kind of approaches increase the risk of artificially overestimating the spatial relationship between mounds or other sites (such as petroglyphs) and transit routes The surge of the GIS technology has drastically changed the analysis of move-
Figure 2 A Paths as proposed by Criado amp Villoch (1998) B Historic paths across the Barbanza (orange The Way of Saint-James according to Naacuterdiz amp alii 1999 red roads in D Fontaacutenrsquos map) C Least-Cost-Paths net-work and density kernel derived from it
90 |
ment and perceptibility allowing the calculation ndash in a quick and relatively simple manner ndash of potential routes across the landscape based on the economy of effort and the energy consumption of the virtual walkers Thus least cost path (LCP) analyses have become routine in the archaeological studies Among the numerous works applying this kind of simulations some have included innova-tive solutions trying to solve the limitations of the LCP analysis such as those derived from the impact of the election of different points of origin and destina-tion on the final outcome (Faacutebrega-Aacutelvarez 2006 White amp Barber 2012 among many others)The Barbanza peninsula has been also the subject to attention by other research-ers using GIS (Rodriacuteguez 2012 Rodriacuteguez amp Faacutebregas 2015) Among them we must highlight the recent work by Llobera (2015) which shows the existence of a link between the mounds located ndashagainndash in the highlands of the Barbanza and the transit corridors connecting different parts of the peninsula
4 ONE MORE APPROACH FROM THE GISIn this paper we have taken into account variables such as altitude slope distance to the nearest LCP density of LCPs topographic prominence (Llobera 2001) cumulative viewsheds horizon height (Hofierka amp alii 2007) and sky-view factor (Zakšek amp alii 2011) registering their values in the locations of the 209 mounds known in the Barbanza In order to determine whether they are different from those of any other place within the study area the same variables have been analysed in the location of 209 (the same number as the mounds) points randomly distributed across the Barbanza peninsula These calculations have been conducted over a 5-metre resolution DEM and using GRASS GIS (version 74) Aiming to detect the existence of significant differenc-es regarding the aforementioned variables the mounds and random points have been analysed together using a generalised linear model (GLM) Such statistical analyses have been conducted on R version 350 (R Core Team 2018)In order to contextualise the monuments within the general movement net-work across the study area we have used a simple approach based on the calculation of a dense net of LCPs connecting those points in the study area where prehistoric settlements have been documented (Faacutebregas amp Rodriacuteguez 2012) that may be coetaneous with the construction and use of the megaliths and thus may have belonged to the same communities those areas that may have played a significant role in getting in and out of the Barbanza peninsula and ndashfinallyndash random points located in both the Northern and Southern shores of the Barbanza
| 91
| 2018
The selection of these areas as points of origin and destiny of our LCP has allowed us to calculate the movement network independently from the mounds contextualising these monuments in the general transit network across the study area which connected the settled zones with both shorelines and with the paths in and out of the Barbanza peninsula This network probably reflects some of the everyday movement patterns of the local groups during the prehis-tory in a reasonably realistic wayThus 5800 LCPs have been calculated across the Barbanza peninsula The sum of all the routes ndash despite being sensibly lower in number than those cal-culated by Llobera (2015) ndash allowed us to estimate the potential transit intensi-ty for the study area identifying those places with a higher probability of having acted as nodes or key points in the transit network (Figure 2C) The results identify several areas that would have higher probabilities of being walked some of which closely match some of the historical routes in the Barbanza such as the local branches of the Way of St James (Naacuterdiz amp alii 1999) (Figure 2A) or the roads featuring in the map by Domingo Fontaacuten (1817-1834) (Figure 2B) thus suggesting that this method might be useful for approaching the tra-ditional movement strategies across the landscapeThe interaction between mounds petroglyphs and the prehistoric landscape was probably not only determined by the remoteness or proximity to important transit routes but also by their capacity of being noticed from the surroundings However while remoteness is relatively easy to approach from a GIS perspec-tive the simulations of the level of perceptibility of a given spotmonument have not yet been implemented in a satisfactory manner Regarding the Gali-cian prehistoric monuments their perceptibility has only been addressed spo-radically (Bradley 2009) usually being confused with the ldquovisibilityrdquo exerted from the monuments (Faacutebregas amp Rodriacuteguez-Rellaacuten 2015)The specific location size or the presence of a cairn made of quartz cobbles or other shining stones would have acted as important elements for modulating the perceptibility of a given mound (Bradley amp alii 2000) However it is impor- tant to remember that the capacity to be noticed is not entirely (or even mainly) based on physical factors the social or ritual significance of a specific mound might have multiplied its perceptibility regardless of its remoteness or size However this kind of socially-based factors can hardly be managed by either Archaeology or ndashmore specificallyndash spatial and GIS studies (Gaffney amp Leusen 1995) Nonetheless very interesting approaches have been carried out trying to determine the possible significance of specific places within the landscape (Rennell 2012 Wheatley 2000) Most of them are based on similar concepts those areas more noticeable from the surroundings are more likely to have
92 |
acted as landmarks and thus might have played a significant role within the cognitive and symbolic geography of the human groups living nearby A recurrent setting of archaeological sites in those prominent or conspicuous areas might imply that these were purposely built in those places where they would have had a higher chance of being noticed and they also shared the im-portance andor symbolism of the place One of the approaches to analyse the potential significance of a given area within the local landscape is the ldquotopo-graphic prominencerdquo described as the percentage of locations that lie below a specific location within a certain radius (Llobera 2001) Another important characteristic for ensuring the perceptibility of a given mo- nument is whether it is located in an open space where it could be easily seen from the surroundings In his work analysing the mounds of the Sierra del Bar-banza Llobera (2015) remarked upon the tendency of mounds to be located in places that would have acted as local horizons as a circumstance that he relates with the will of modulating the perceptibility of these monuments either making them patent or restricting their view to certain areas (Ibid)We have also approached this variable albeit in a much simpler way For this purpose we have calculated the horizon height (Hofierka amp alii 2007) in the areas where mounds petroglyphs and random points are located A type of calculation with outcomes similar to these is the sky-view factor a value deter-mining the portion of the visible sky from each area as limited by the surround-ing relief (Zakšek amp alii 2011) The higher this factor the higher the openness of the area where the monument is located thus increasing its possibilities of being noticed The next step in attempting to measure the perceptibility of mounds and petro-glyphs of the Barbanza peninsula was to calculate the level of conspicuity of their specific locations The calculation of such a variable can be very difficult to implement although several approaches such as the ldquovisual affordancesrdquo or ldquovisualscapesrdquo have proven quite useful (Llobera amp alii 2010) These simu-lations are based on calculating either a cumulative viewshed for a significant number of points unevenly distributed across the area of interest or a total viewshed in which a viewshed analysis is conducted for each of the cells in the study area In our case we have created a cumulative viewshed from points generated every 500 metres along the 5800 routes crossing the study area 5400 points randomly generated and 2193 points forming a grid separated by 500 metres
5 RESULTSThe distribution of the 209 mounds known in the Barbanza peninsula suggests
| 93
| 2018
that mounds are not specially linked to higher altitudes As we have already no- ted only 22 of these are located above 400 meters high while the 66 are found in the coastal platform While the GLM suggests that the altitude may have had some statistical significance in explaining the location of mounds (Table 1) the Estimate points to a decrease in the probability of finding mounds as the al-titude increases clearly indicating that the traditional link between mounds and highlands in the study area should be qualified In fact the results of the GLM show that -rather than altitude- slope gradient is much more powerful as explanatory variable (Table 1) suggesting that the mounds were preferentially located in places with no or gentle slopes rather than in areas with a specific altitude This circumstance may explain also the altitu-dinal distribution of megaliths in the Barbanza Peniacutensula since mounds tend to cluster in the ranges between 0 and 200 masl and ndashagainndash between 500 and 650 meters Meanwhile monuments are very scarce in those intermediate altitudes which ndashin the Barbanza peninsulandash are characterized by the presence of strong slopes The analysis of the monuments in our inventory suggests the existence of a strong relationship between mounds and LCPs especially in the case of the
Table 1 Generalized Linear Model showing the comparison between mounds and random points (Significant at 01 level Significant at 0001 level)
Figure 3 Detail of the den-sity of Least-Cost-Paths and accumulative viewsheds in the mounds at the top of Ser-ra do Barbanza
94 |
cluster located at the top of the Sierra del Barbanza (Figures 2 and 3) ndashwhere all the megaliths located on or immediately adjacent to those areas have a higher probability of being walked as Llobera (2015) has already reported- and also in several areas of the coastal platform The results of the GLM specifically comparing mounds and random points show that the variable LCP density is significantly different and thus the proximity to areas that are more likely to have played an important role in the movement across the Barbanza peninsu-la would be a useful predictor for the position of barrows (Table 1) This is not the case for the variable ldquodistance to LCPrdquo which ndashunlike in former analyses (Rodriacuteguez-Rellaacuten amp Faacutebregas IP)ndash does not seem to be statistically relevantThe distribution of mounds regarding the other variables considered in this paper shows how mounds tend to be mainly located in those places with a low horizon height and a high sky-view factor that is in open spaces with no ma-jor topographic obstacles hampering their conspicuousness (Figure 3) Being
Figure 4 Classification of mounds according to the sum of accumulative viewsheds of their locations
| 95
| 2018
built in these areas mounds may have been able to act as local horizons and thus become significant landmarks Likewise the analysis of the relationship between mounds and topographic dominance points towards a trend of these monuments to being located in places with a higher prominence than the im-mediate surroundings (Rodriacuteguez-Rellaacuten amp Faacutebregas IP) However the GLM shows that the difference between mounds and random locations is significant in the case of the topographic prominence (Table 1) but not for the variables horizon and sky-view and viewshed suggesting that the latter have a low predictive power regarding the location of mounds within the study area Such a circumstance does not exclude the possibility of mounds sometimes being preferentially located at open places where they could have acted as local horizons and therefore being widely seen as it seems to happen in the clusters analysed in detail in this paper or previous ones (Llobera 2015) although our analyses suggest that this is not a characteristic widely shared by the barrows in our areaAs a result the analysis of mounds in the Barbanza peninsula seems to sug-gest an important variability regarding the location of these monuments with monuments located near major routes or easily perceptible from the surroun- dings while others seem to have been conceived to go almost unnoticed (Figure 4) resembling the relationship with the landscape shown by the rock art (Rodriacuteguez-Rellaacuten amp Faacutebregas IP)
6 CONCLUSIONSA case has been made for mounds in NW Iberia acting not as simple land-marks but rather as reference points in a social landscape presided by a no-ticeable degree of mobility This seems to be fit among communities whose life was not altogether settled until well into the Copper Age and groups or individu-als moved about relatively ample distances and exploited different sections of the landscape which included both high- and lowland or coastal areas Assu- ming this circumstance we have tried to ascertain and objectify the relation-ship between mounds and mobility across the landscape choosing an area ndash the Barbanza peninsula ndash that has been well studied in recent decadesThe results of the calculations made using the GIS and statistical tools suggest that the mounds of the Barbanza peninsula tend to be located near those ar-eas that might have played a significant role as keypoints or nodes in the mo-bility across the study area Such a circumstance seems to endorse the results of both the traditional approaches and previous GIS analyses implemented in this area and it reinforces the notion of the Galician megaliths as monuments linked to the movement between different sectors of the landscape
96 |
However at the same time our results convey the idea that the levels of percep-tibility or conspicuity of the monumentsrsquo settings are highly variable with mounds placed in areas that may have acted as local landmarks and others situated in spots that ndash at least apparently ndash would have made them less noticeable from the surroundings Such diversity calls for a qualification of the automatic consideration of these monuments as landmarks intended to be seen Although such a wish is indubitable for some barrows in the study area there would be other monuments that may be intended to pass as unnoticed as possible This variability is only un-derstandable for a cultural phenomenon that ndash in NW Iberia ndash comprises several thousand tumuli and lasted for more than 2500 years
7 REFERENCESBRADLEY Richard (2009) ndash Image and Audience Rethinking prehistoric art Oxford Oxford University PressBRADLEY Richard CRIADO BOADO Felipe FAacuteBREGAS VALCARCE Ramoacuten (1994) ndash Rock art research as landscape archaeology a pilot study in Galicia North-West Spain World Archaeology 253 pp 374ndash390BRADLEY Richard PHILLIPS Tim RICHARDS Colin WEBB Matilda (2000) ndash Decorating the Houses of the Dead Incised and Pecked Motifs in Orkney Chambered Tombs Cam-bridge Archaeological Journal 111 pp 45ndash67BUSTELO ABUIacuteN Juliaacuten RODRIacuteGUEZ-RELLAacuteN Carlos FAacuteBREGAS VALCARCE Ramoacuten BAR-BEITO POSE Viacutector (In Press) ndash Aleacuten da Serra O fenoacutemeno tumular na Peniacutensula do Bar-banza a traveacutes dos SIX e a estatiacutestica espacial GallaeciaCRIADO BOADO F (ed) (1991) ndash Arqueologiacutea del Paisaje El aacuterea Bocelo-Furelos entre los tiempos paleoliacuteticos y medievales ArqueoloxiacuteaInvestigacioacuten 6 Santiago de Compostela Xunta de GaliciaCRIADO BOADO Felipe (2005) ndash Megalitismo da Barbanza In AYAacuteN VILA X M ed ndash Os Castros de Neixoacuten Boiro A Coruntildea Noia Toxosoutos pp 13ndash35CRIADO BOADO Felipe FAacuteBREGAS VALCARCE Ramoacuten VAQUERO LASTRES Jacobo (1994) ndash Regional Pattering among the Megaliths of Galicia Oxford Journal of Archaeology 131 pp 33ndash47CRIADO BOADO Felipe VAQUERO LASTRES Jacobo (1993) ndash Monumentos nudos en el pantildeuelo Megalitos nudos en el espacio Anaacutelisis del emplazamiento de los monumentos tumulares gallegos Espacio Tiempo y Forma 6 pp 205ndash248CRIADO BOADO Felipe VILLOCH VAacuteZQUEZ Victoria (1998) ndash La monumentalizacioacuten del paisaje percepcioacuten actual y sentido original en el Megalitismo de la Sierra de Barbanza (Galicia) Trabajos de Prehistoria 551 pp 63ndash80CRIADO BOADO Felipe VILLOCH VAacuteZQUEZ Victoria (2000) ndash Monumentalizing landscape from present perception to the past meaning of Galician megalithism (North-West Iberian Peninsula) European Journal of Archaeology 32 pp 188ndash216LLOBERA Marcos FAacuteBREGA-AacuteLVAREZ P PARCERO-OUBINtildeA C (2011) ndash Order in move-ment a GIS approach to accessibility Journal of Archaeological Science 384 pp 843ndash851FAacuteBREGAS VALCARCE Ramoacuten RODRIacuteGUEZ RELLAacuteN Carlos (2012) ndash A Prehistoria Recen-
| 97
| 2018
te do Barbanza In FAacuteBREGAS VALCARCE Ramoacuten amp RODRIacuteGUEZ RELLAacuteN Carlos eds ndash A arte rupestre no Norte do Barbanza Santiago de Compostela Andavira Editora pp 61ndash84FAacuteBREGAS VALCARCE Ramoacuten RODRIacuteGUEZ-RELLAacuteN Carlos (2015) ndash Walking on the stones of years Some remarks on the north-west Iberian rock art In SKOGLUND Peter LING Johan amp BERTILSSON Ulf eds ndash Picturing the Bronze Age Oxford Oxbow Books pp 47ndash63GAFFNEY V LEUSEN V (1995) ndash PostscriptmdashGIS environmental determinism and archae-ology a parallel text In LOCK G R amp STANCIC Z eds ndash Archaeology and geographic in-formation systems a European perspective New York Taylor and Francis pp 367ndash382HOFIERKA J HULD T CEBECAUER T SURI M (2007) ndash Open Source Solar Radiation Tools for Environmental and Renewable Energy Applications ndash International Symposium on Environmental Software Systems PragueINFANTE ROURA Faustino VAQUERO LASTRES Jacobo CRIADO BOADO Felipe (1992) ndash Vacas caballos abrigos y tuacutemulos definicioacuten de una geografiacutea del movimiento para el es-tudio arqueoloacutegico Cuadernos de Estudios Gallegos 40105 pp 21ndash39LLOBERA Marcos (2001) ndash Building Past Landscape Perception With GIS Understanding Topographic Prominence Journal of Archaeological Science 289 pp 1005ndash1014LLOBERA Marcos (2015) ndash Working the digital some thoughts from landscape archaeolo-gy In CHAPMAN R amp WYLIE Alison eds ndash Material Evidence Learning from archaeologi-cal practice Abingdon Routledge pp 173ndash188LLOBERA Marcos WHEATLEY David STEELE James COX Simon PARCHMENT Oz (2010) ndash Calculating the inherent visual structure of a landscape (inherent viewshed) using high-throughput computing Tomlin 1990NAacuteRDIZ ORTIZ Carlos CREUS ANDRADE Juan VARELA GARCIacuteA Alberto (1999) ndash Car-tografiacutea histoacuterica de los Caminos de Santiago en la provincia de A Clruntildea A Coruntildea Diputacioacuten Provincial de A CoruntildeaR_CORE_TEAM (2018) ndash R A Language and Environment for Statistical ComputingR_Core_Team 2016 Vienna (Austria 2018) httpwwwR-projectorgRENNELL Rebecca (2012) ndash Landscape Experience and GIS Exploring the Potential for Methodological Dialogue Journal of Archaeological Method and Theory 194 pp 510ndash525RODRIacuteGUEZ AacuteLVAREZ Emilio (2012) ndash Os petroacuteglifos do Barbanza dende unha perspectiva espacial In FAacuteBREGAS VALCARCE Ramoacuten amp RODRIacuteGUEZ RELLAacuteN Carlos eds ndash A arte rupestre no Norte do Barbanza Santiago de Compostela Andavira Editora pp 119ndash134RODRIacuteGUEZ RELLAacuteN Carlos FAacuteBREGAS VALCARCE Ramoacuten (2015) ndash Arte rupestre galai-ca unha achega dende a estatiacutestica espacial e os SIX Semata Ciencias Sociais e Humani-dades 27 pp 9ndash34RODRIacuteGUEZ-RELLAacuteN Carlos FAacuteBREGAS VALCARCE Ramoacuten (In Press) ndash Monuments on the move Assessing megalithsrsquo interaction with the NW Iberian Landscapes In HINZ Mar-tin ed ndash Megaliths Societies and Landscapes Early Monumentality and Social Differenti-ation in Neolithic Europe Kiel Universitaumlt zu Kiel VILLOCH VAacuteZQUEZ Victoria (1995) ndash Monumentos y petroglifos la construccioacuten del espacio en las sociedades constructoras de tuacutemulos del Noroeste peninsular Trabajos de Prehisto-ria 521 pp 39ndash55VILLOCH VAacuteZQUEZ Victoria (1998) ndash Un nuevo menhir en Cristal Gallaecia 17 pp 107ndash120
98 |
WHEATLEY D (2000) ndash Spatial Technology and archaeologial theory revisited In LOCK-YEAR K SLY J T amp MIHAILESCU-BIRLIBA V eds ndash CAA rsquo96mdashcomputer applications and quantitative methods in archaeology Oxford Archaeopress pp 123ndash132WHITE Devin A BARBER Sarah B (2012) ndash Geospatial modeling of pedestrian transporta-tion networks a case study from precolumbian Oaxaca Mexico Journal of Archaeological Science 398 pp 2684ndash2696ZAKŠEK Klemen OŠTIR Kristof KOKALJ Žiga (2011) ndash Sky-view factor as a relief visualiza-tion technique Remote Sensing 32 pp 398ndash415
| 99
| 2018
ldquoActuaciones de excavacioacuten y rehabilitacioacuten en los conjuntos de tuacutemulos funerarios de Chan de Castintildeeiras y Outeiro de Ombra peniacutensula del Morrazo Galiciardquo
ldquoExcavation and restoration interventions in the burial mounds of Chan de Castintildeeiras and Outeiro de Ombra peniacutensula of Morrazo Galiciardquo
Juan C Castro Carrera arqueoacutelogo Anta de Moura SLjuancastroantademouracom
RESUMENEn relacioacuten con su puesta en valor se llevan a cabo una serie de actua-ciones de conservacioacuten y rehabilitacioacuten de los conjuntos megaliacuteticos de Chan de Castintildeeiras Outeiro de Ombra y Chan de Armada en los ayun-tamientos de Vilaboa y Mariacuten en la peniacutensula del Morrazo suroeste de Galicia Se actuacutea en un total de doce tuacutemulos de un aacutembito total que in-tegra a veinte si bien con distinto grado de intensidad En tres de ellos se llevan a cabo intervenciones de excavacioacuten con el objeto de rehabilitar sus caacutemaras funerarias En este texto nos centraremos en la descripcioacuten de las intervenciones y resultados para los dos primeros conjuntos cita-dos que han permitido mejorar las condiciones de conservacioacuten y legibi-lidad de los monumentos funerarios al tiempo que un registro preciso de su morfologiacutea y nuevos datos sobre sistemas constructivos que permiten un mejor conocimiento de la arquitectura megaliacutetica del NW peninsularPALABRAS CLAVE Maacutemoa rehabilitacioacuten arquitectura
ABSTRACTIn relation to its enhancement a series of conservation and restoration actions are carried out on the megalithic groups of Chan de Castintildeeiras Outeiro de Ombra and Chan de Armada in the municipalities of Vilaboa and Mariacuten on the Morrazo peninsula southwest of Galicia The actions were carried out on a total of twelve mounds of an area that integrates twenty although with different degrees of intensity In three of them exca-vation interventions are carried out in order to rehabilitate their burial chambers In this text we will focus on the description of the interventions and results for the first two sets which have allowed for the improvement of the conditions of conservation and readability of the funeral monu-
100 |
ments while providing an accurate record of their morphology and new data on construction systems that allow for a better knowledge of the megalithic architecture of the NW peninsulaKEY WORDS Maacutemoa restoration architecture
INTRODUCCIOacuteNLos trabajos de campo de las actuaciones arqueoloacutegicas y de rehabilitacioacuten objeto de este texto tuvieron lugar en varios tuacutemulos funerarios de los ayun-tamientos de Vilaboa Mariacuten y Moantildea situados en la Peniacutensula del Morrazo entre las riacuteas de Vigo y Pontevedra provincia de Pontevedra en el suroeste de Galicia
Las intervenciones se encuadraron en un proyecto de puesta en valor de un conjunto de monumentos megaliacuteticos Estas maacutemoas1 estaacuten situadas entre los lugares de Chan de Castintildeeiras y Chan de Arquintildea y se define una ruta de poco maacutes de 7 kiloacutemetros que permite visitar un total de 20 tuacutemu-los Promovidos por la Direccioacuten Xeral de Patrimonio Cultural de la Xunta de Galicia (en adelante DXPC) se redactan en 2005 de forma coordinada dos proyectos el de acondicionamiento fiacutesico y ambiental de una senda y el de actuaciones arqueoloacutegicas y de conservacioacuten a llevar a cabo en todo el aacutem-bito (redactado este por quien suscribe)No seraacute hasta 2008 cuando las actuaciones se ejecuten siendo las arqueo- loacutegicas financiadas por los ayuntamientos de Vilaboa (las que centran este texto) Mariacuten la DXPC y la Comunidad de Montes de Domaio (Moantildea) El objetivo principal de las intervenciones era rehabilitar las estructuras intra-tumulares de algunas de las maacutemoas y hacer reconocibles los tuacutemulos en todas ellas toda vez que algunos de ellos teniacutean una capa de humus sobre su superficie que modificaba considerablemente su fisonomiacutea En el caso de las estructuraras megaliacuteticas la rehabilitacioacuten estaba condicionada por los resultados de la excavacioacuten arqueoloacutegica previa Tiene esto que ver con las 1 Topoacutenimo maacutes extendido en Galicia para hacer referencia a un tuacutemulo funerario prehistoacuterico
Fig 1 Localizacioacuten del aacutembito de estudio en el NW peninsular
| 101
| 2018
conocidas alteraciones generalizadas de los tuacutemulos funerarios de Galicia debido a acciones furtivas en busca de los tesoros que la tradicioacuten oral deciacutea que se escondiacutean bajo tierra o el aprovechamiento de las propias losas que conformaban el megalito En uacuteltima instancia se trataba de facilitar a los visi- tantes la legibilidad de cada tuacutemulo en el marco de la puesta en valor de los yacimientos Es por lo anterior que desde el proyecto inicial se establecieron distintos grados de intervencioacuten desde limpiezas de cubierta vegetal hasta excavaciones en aacutereaLas excavaciones aportaron mucha informacioacuten relativa al proceso con-structivo de los megalitos a las cimentaciones de los ortostatos y en general sobre la arquitectura de estos monumentos Esta informacioacuten fue poste-riormente incorporada a las rehabilitaciones que en general siguieron los procesos teacutecnicas y materiales documentados aunque no los medios em-pleados Esto uacuteltimo hubiera sido de enorme intereacutes para avanzar auacuten maacutes en el conocimiento de la arquitectura megaliacutetica pero como es obvio habriacutea requerido de mayor disponibilidad econoacutemica y de tiempo y desde el prin-cipio no se contemplaba esta opcioacutenEl precedente de este proyecto fue la rehabilitacioacuten de la ldquoMaacutemoa do Reirdquo (Chan de Castintildeeiras 1) ejecutada entre los antildeos 2001-03 (Castro y Vaacutezquez 2006 p 205-211) Aquella actuacioacuten tuvo como objetivo principal mejorar las condiciones de conservacioacuten del monumento megaliacutetico de cara a su futura puesta en valor y la intensa rehabilitacioacuten se concibioacute como un proyecto experimental y privilegiando los aspectos didaacutecticos Quince antildeos despueacutes de concluido con la perspectiva del uso de este espacio por el puacute-blico en general y el conocimiento de sus reacciones consideramos que la actuacioacuten fue acertada y funciona plenamente desde los puntos de vista de conservacioacuten y didaacutectico el visitante tiene en este monumento la opcioacuten de entrar en una tumba de comprender en toda su complejidad la arquitectura megaliacutetica y asiacute luego visitar el resto de los tuacutemulos con una idea maacutes pre-cisa de los elementos presentes y ausentes y la variabilidad que caracteriza a estos monumentosCentraremos este artiacuteculo en las intervenciones realizadas en el tramo norte de la ruta con 13 tuacutemulos a lo largo de 2 kiloacutemetros de senda en las necroacutepolis de Chan de Castintildeeiras y Outeiro de Ombra Comentaremos tambieacuten la intervencioacuten puntual en la maacutemoa situada en el extremo sur de la ruta (Chan de Arquintildea) y citaremos la realizada en una de las de mayor entidad del conjunto Chan de Armada 1 que debido a su complejidad resulta imposible abordar aquiacute El objetivo es aportar una visioacuten general de las actuaciones realizadas centraacutendonos maacutes en los aspectos
102 |
vinculados a la rehabilitacioacuten que en los estrictamente arqueoloacutegicosEn su conjunto la actuacioacuten fue un trabajo interdisciplinar como no podiacutea ser de otro modo en el que ademaacutes de arqueoacutelogos participaron especialis-tas en diversas disciplinas bajo la direccioacuten de quien suscribe2Contexto arqueoloacutegico La peniacutensula del Morrazo es un espacio geograacute- fico de gran riqueza arqueoloacutegica con una notable concentracioacuten de yacimientos catalogados y como han puesto en evidencia las numerosas intervenciones arqueoloacutegicas realizadas y sus resultados Existe en el Mor-razo un buen nuacutemero de ldquomaacutemoasrdquo pero destaca el grupo que se localiza en la parte alta de su eje central en el extremo norte por el gran nuacutemero de caacutemaras megaliacuteticas conservadas algunas de corredor incluso con presen-cia de arte parietal (Carrera 2011 pp 385-404)En el extremo norte del aacutembito de actuacioacuten se localiza el conjunto fune- rario maacutes numeroso el de ldquoChan de Castintildeeirasrdquo Este grupo estaacute emplaza-do entre las cotas de 405-425 m en los teacuterminos municipales de Vilaboa y Mariacuten y estaacute compuesto por 8 tuacutemulos Todos ellos tienen vestigios visibles de caacutemara funeraria con distinto grado de conservacioacuten pero en general afectados por expolios y en varios casos con excavaciones arqueoloacutegicas de los antildeos 50 del pasado siglo Nos referimos a los trabajos de Ramoacuten Sobrino Lorenzo-Ruza si bien su prematura muerte nos dejoacute sin gran parte
2 Al margen del equipo de arqueoacutelogos auxiliares y topoacutegrafos formaron parte del equipo en la fase de rehabilitacioacuten Rosa Benavides Garciacutea e Iria Loacutepez Baltar (restauradoras) Joseacute Luis Basanta (arquitecto) A Otero y Miguel Aacute Fandintildeo Gondar (canteros) y Mariacutea Formoso Beloso (ingeniera forestal y de montes) Contamos ademaacutes con el asesoramiento y participacioacuten
Fig 2 Localizacioacuten de las maacutemoas del aacutembito de actuacioacuten Con nuacutemero rojo aquellas en las que se intervino
F
| 103
| 2018
de los datos que aportaron sus investigaciones (Sobrino 1956a) Intervino en las maacutemoas de Chan de Castintildeeiras 1 2 3 y 4 Pedralonga en Chan de Armada 1 y 2 y en Chan de Arquintildea (Sobrino 1956b) y existen dudas sobre algunos de los otros tuacutemulos En general estos tuacutemulos tienen diaacutemetros de entre 11-15 m alturas entre 050-110 m con presencia de coraza en la mayoriacutea Del conjunto sobresale la ldquoMaacutemoa do Reirdquo que haciendo honor a su topoacutenimo tiene un diaacutemetro de 26 m y una altura de 2 m con caacutemara poligonal con corredor de acceso y con gravados y restos de pintura en uno de sus ortostatos Tambieacuten tiene gravados en su caacutemara la maacutemoa de Pe-dralongaEl otro conjunto del que daremos cuenta es el de Outeiro de Ombra situado aproximadamente a 1 kiloacutemetro al SW del anterior y compuesto por 5 tuacutemu-los Cuatro de ellos estaacuten muy cercanos entre siacute a una cota en torno a 410 m y fue en ellos en los que se intervino Son tuacutemulos con diaacutemetros de entre 13-18 m y alturas entre 080-145 m con presencia en todos ellos de vestigios de caacutemara funeraria y coraza peacutetrea El quinto tuacutemulo del grupo tiene dimensiones algo inferiores y tambieacuten se aprecian restos de caacutemara funeraria estaacute situado a unos 250 m al SW de los anteriores a una cota maacutes bajaRelacionamos en la tabla que sigue los monumentos que forman parte de la ruta en su mitad norte que fue donde se actuoacute con el antildeadido de Chan de Arquintildea situada en el extremo sur Estaacuten numerados de norte a sur (1ordf columna que es el nuacutemero con el que se identifican en el plano de la Figura
puntual del Dr Fernando Carrera Ramiacuterez arqueoacutelogo y restaurador especialista en arte parietal megaliacutetico(Escuela Superior de Restauracioacuten y Conservacioacuten de Bienes Culturales de Galicia) y del Dr Antonio Martiacutenez Cortizas edafoacutelogo (Departa-mento de Edafologiacutea y Quiacutemica Agriacutecola Universidad de Santiago de Compostela) a quienes agradecemos su desinteresada colaboracioacuten
104 |
2) con fondo en gris en aquellos en los que se intervino en las actuaciones de las que damos cuenta En la segunda columna relacionamos la clave con la que figuran en el Inventario de la DXPCLos 4 tuacutemulos restantes son los dos de Chan de Fonteseca y los otros dos de Lagocheiras en S Tomeacute de Pintildeeiro (Mariacuten) situados a escasa distancia al SW del conjunto de Chan de Armada En todos los casos la propiedad es privada comunal En total se intervino en 12 tuacutemulos que se suman a la actuacioacuten previa en la ldquoMaacutemoa do Reirdquo (Chan de Castintildeeiras 1) si bien soacutelo en tres de ellos se rehabilitoacute la caacutemara funeraria
CRITERIOS DE INTERVENCIOacuteN- Garantizar la reversibilidad de la intervencioacuten permitiendo asiacute la posibilidad de una eventual correccioacuten y mejora futura- Identificacioacuten de los nuevos elementos que se incorporen a fin de que sea posible diferenciar original de antildeadido- La restitucioacuten volumeacutetrica del tuacutemulo deberaacute disponer de una base arqueo- loacutegica solvente para evitar una reconstruccioacuten artificiosa non deseable- La exposicioacuten nunca pondraacute en riesgo la conservacioacuten del monumento siendo un objetivo la compatibilizacioacuten de ambos fines- En la rehabilitacioacuten de las caacutemaras se respetan las teacutecnicas constructivas ori- ginales empleando teacutecnicas actuales tan solo cuando es imprescindible garan-tizar la estabilidad de la estructura peacutetrea cuestioacuten que se considera prioritaria La consecucioacuten de este fin no debe suponer una alteracioacuten de las caracteriacutesticas arquitectoacutenicas del monumento- La excavacioacuten arqueoloacutegica deberaacute aportar todos los datos necesarios para permitir llevar en su caso los ortostatos desplazados a su posicioacuten original Asiacute mismo aportaraacute los datos que se utilizaraacuten en la eleccioacuten del sistema que garan-tice la estabilidad de la estructura- La rehabilitacioacuten de la estructura intratumular tendraacute como prioridad garan-tizar su solidez evitando asiacute posibles problemas en el futuro Este objetivo deberaacute alcanzarse en coherencia con la esteacutetica y arquitectura original del monumento- Seraacute necesario reconstruir el suelo original para volver a abrir las fosas de cimentacioacuten de las losas caiacutedas Para esto ese suelo reconstruido deberaacute tener la compactacioacuten necesaria para garantizar la estabilidad de la pieza- Si a los efectos de garantizar la estabilidad y durabilidad de la estructura intra-tumular o de facilitar la comprensioacuten del monumento por el puacuteblico fuese preci-so reponer alguna pieza esta se obtendraacute mediante las teacutecnicas constructivas originales y su condicioacuten seraacute reconocible en el monumento original y en la totalidad de la documentacioacuten que se elabore
| 105
| 2018
- En la restitucioacuten volumeacutetrica de la masa tumular el volumen a restituir seraacute cubierto con geotextil que actuaraacute como un elemento diferenciador separando las partes intervenidas del tuacutemulo de aquellas no intervenidas- En los trabajos de cubierta vegetal no se emplearaacute ninguacuten tipo de herbicida a fin de evitar cualquier contaminacioacuten de las muestras que eventualmente se pudieran recoger La revegetacioacuten no podraacute afectar a la conservacioacuten del monu-mento ni alterar el paisaje en el que se inserta
ACTUACIONES REALIZADAS EN CADA MAacuteMOADescribimos ahora la actuacioacuten realizada en cada uno de los tuacutemulos en los que se intervino volviendo despueacutes con maacutes detalle sobre aquellos en los que se realizoacute una rehabilitacioacuten del dolmen La descripcioacuten de los trabajos realizados es necesariamente somera para adaptarnos al espacio del que disponemosComentamos a continuacioacuten brevemente algunos aspectos comunes a todas las actuacionesElemento diferenciador en tumulacioacuten Se utilizoacute siempre geotextil para cubrir las superficies del tuacutemulo donde se detuvo la excavacioacuten tanto planta como perfiles antes de comenzar su restituacioacuten volumeacutetricaCubierta vegetal Sobre el tuacutemulo y contorno inmediato se sembroacute una foacutermula cespitosa similar a la existente de forma natural si bien privilegiando especies de crecimiento maacutes lento y de mayor resistencia a fin de facilitar el manten-imiento En los tuacutemulos en los que la coraza quedariacutea a la vista (los de Outeiro de Ombra) se utilizoacute otra especie la festuca ovina Fue la elegida por ser tapizante (crece muy poco) cubriendo con tierra los huecos entre las piedras de la coraza de manera que evita la erosioacuten Tiene un sistema radicular potente pero no tanto como para mover las piedras de las corazas Ya la habiacuteamos empleado unos antildeos antes en la coraza de la ldquoMaacutemoa do Reirdquo de Chan de Castintildeeiras y los resultados en los antildeos posteriores a su implantacioacuten fueron excelentesEn todos los casos se llevaron a cabo las siguientes intervenciones que relacio-namos ahora y ya no lo citaremos en cada una de las actuacionessectDocumentacioacuten topograacutefica fotograacutefica y planimeacutetricasectLimpieza en detalle de la cubierta vegetal sobre el tuacutemulo y su contorno inme-diatosectRevegetacioacuten del tuacutemuloEstas intervenciones baacutesicas fueron las uacutenicas realizadas en las actuaciones llevadas a cabo en Chan de Castintildeeiras 5 Chan de Castintildeeiras 8 y Chan de Castintildeeiras 7 En las demaacutes maacutemoas se realizaron otras intervenciones a mayores de las baacutesicas que pasamos a describir
106 |
Chan de Castintildeeiras 4 sectDefinicioacuten de la morfologiacutea del tuacutemulo (mediante sondeos y posterior retirada de rellenos de eacutepoca contemporaacutenea identificados)sectExcavacioacuten arqueoloacutegica en aacuterea centrada en la caacutemarasectRehabilitacioacuten de la caacutemarasectRestitucioacuten volumeacutetrica de la masa tumular Se llevoacute a cabo en los siguientes sectores- Los excavados con metodologiacutea arqueoloacutegica en esta intervencioacuten- Los excavados en intervenciones antiguas- Los excavados por furtivos yo animales- Huecos dejados por tocones de aacuterboles
Chan de Castintildeeiras 3sectLimpieza y documentacioacuten de los perfiles de la excavacioacuten de los antildeos 50sectReconstruccioacuten del craacuteter de expolio central como medio de devolver la fi-sonomiacutea del tuacutemulo a una situacioacuten anterior a su excavacioacuten arqueoloacutegica en los antildeos 50 del pasado siglo al tiempo que constituiacutea la mejor manera de ldquosujetarrdquo el uacutenico ortostado conservado y proteger la masa tumular visible en los perfiles que dejoacute la excavacioacuten de los antildeos 50
Fig 3 Chan de Castintildeeiras 8 a la finalizacioacuten de la intervencioacuten desde S
| 107
| 2018
Fig 4 Outeiro de Ombra limpieza cubierta vegetal desde SE
Chan de Castintildeeiras 2 sectDefinicioacuten de la morfologiacutea del tuacutemulo (mediante sondeos y posterior retirada de los rellenos de eacutepoca contemporaacutenea identificados)sectExcavacioacuten arqueoloacutegica en aacuterea centrada en la caacutemarasectRehabilitacioacuten de la caacutemarasectRestitucioacuten volumeacutetrica de la masa tumular Se llevoacute a cabo en los siguientes sectores Los excavados con metodologiacutea arqueoloacutegica en esta intervencioacuten Los excavados en intervenciones antiguas Los excavados por furtivos yo animales Huecos dejados por tocones de aacuterboles
Outeiro de Ombra 1 2 3 y 4sectAcondicionamiento espacio entre piedras de las corazas a fin de facilitar el crecimiento de la cubierta herbaacutecea y de este modo asegurar la coraza al ti-empo que se deja visiblesectRevegetacioacuten de la masa tumular y coraza
108 | 3 Esta intervencioacuten complementaria fue financiada por la DXPC siendo la inicial por el Ayuntamiento de Mariacuten
Fig 5 Outeiro de Ombra al finalizar la intervencioacuten desde SE En primer teacutermino la 10 detraacutes la 11 y al fondo la 12 (seguacuten numeracioacuten de Fig 2)
Chan de Armada 1Como dijimos y debido a su gran complejidad no podremos tratar en este texto la actuacioacuten realizada en este megalito pero siacute queremos apuntar las liacuteneas baacutesicas que la caracterizaron La excavacioacuten dio a conocer un mo- numento complejo en el que se advierten reformas y distintas estructu- ras ademaacutes de la intratumular previamente conocida (caacutemara poligonal con corredor) sin duda el principal hallazgo es una caacutemara peacutetrea anterior al monumento conocido y auacuten otra estructura anterior insuficientemente caracterizada La rehabilitacioacuten fue muy compleja y delicada condicionada por la ausencia de un suelo interior y por las patologiacuteas de los ortostatos La actuacioacuten realizada consistioacute ensectDefinicioacuten de la morfologiacutea del tuacutemulo mediante sondeos y posterior retira-da de los rellenos de eacutepoca contemporaacutenea identificadossectExcavacioacuten arqueoloacutegica Se centroacute en la estructura intratumular pero se realizaron sondeos complementarios3 en distintos puntos del tuacutemulo debido a los hallazgos que se dieron en los sondeos previos de definicioacutensectRehabilitacioacuten de la caacutemarasectRestitucioacuten volumeacutetrica de la masa tumular
| 109
| 2018
Fig 6 Chan de Arquintildea al finalizar la intervencioacuten desde S
Chan de Arquintildea (Castro 2008) sectAporte de tierra vegetal entre las piedras de coraza descubiertas por la erosioacutensectRevegetacioacuten de la masa tumular y coraza
La excavacioacuten y rehabilitacioacuten de Chan de Castintildeeiras 4De todas las intervenciones de este proyecto esta fue sin duda la maacutes com-pleja en lo que a la caacutemara megaliacutetica se refiere no asiacute en cuanto al tuacutemulo que fue la de Chan de Armada 1Antes del inicio de la intervencioacuten en la parte central del tuacutemulo se apre-ciaban cinco ortostatos y restos pertenecientes a otros dos ademaacutes de una losa de funcioacuten indeterminada Los ortostatos estaban caiacutedos en casi todos los casos como probable consecuencia de su apeo con maderas en la excavacioacuten de los antildeos 50 (que finalmente acabaron pudriendo) y por la accioacuten furtiva posterior dando un aspecto de caos al conjunto
110 |
Fig 8 Chan de Castintildeeiras 4 previo retirada ortostatos desde W
Se planteoacute la excavacioacuten de una superficie rectangular de 650 x 400 m que la incluiacutea completamente la caacutemara Dentro de esta superficie se optoacute por excavar soacutelo el nivel superficial en una franja de 350 x 100 m a fin de proteger y garantizar la estabilidad de los 2 ortostatos que conservaban su posicioacuten original
Fig 7 Chan de Castintildeeiras 4 estado inicial
| 111
| 2018
Fig 9 Chan de Castintildeeiras 4 tras retirada ortostatos y antes de completar la excavacioacuten de las fosas de cimentacioacuten desde W
Al finalizar la excavacioacuten se retiraron las piezas caiacutedas y las desplazadas para poder asiacute definir el sistema de cimentacioacuten compuesto por fosas in-dividuales para cada ortostato calzos y una preparacioacuten del terreo previo a la excavacioacuten de las fosas Soacutelo dos de las piezas permanecieron in situ al encontrarse en la ubicacioacuten original aunque con los calzos del interior a la vista Esto tambieacuten nos permitioacute estudiar su morfologiacutea y disposicioacuten No entraremos en los detalles de los resultados de esta excavacioacuten soacutelo apun-tamos que aportoacute una caracterizacioacuten muy completa de la planta del mo- numento que permitioacute asiacute proceder a la rehabilitacioacuten Todos los ortostatos fueron inspeccionadas con luz natural y artificial a fin de verificar la eventual existencia de grabados o restos de pinturaAl disponer de todos los datos necesarios que permitiacutean la restitucioacuten de los ortostatos a su posicioacuten original se pudo realizar una rehabilitacioacuten cientiacutefi-camente rigurosa de otra manera no se hubiera hecho La excavacioacuten nos aportoacute la planta de la caacutemara de forma que la fase de rehabilitacioacuten comenzoacute en gabinete con la elaboracioacuten de un modelo digital Se trabajoacute en base a las dimensiones de las piezas originales los giros de las dos piezas que todo el tiempo permanecieron in situ y la geometriacutea y las distintas op-ciones de aacutengulos de giro de cada pieza retirada que obviamente debiacutean ser
112 |
Fig 10 Chan de Castintildeeiras 4 caacutemara restituida desde E En el ortostato de la izquierda se aprecia un grabado pero es de hace unas deacutecadas
coherentes con las improntas de cimentacioacuten documentadas y compatibles con las piezas conservadas in situ Una vez concluido el trabajo de gabinete se replanteo en campo y se comenzoacute la restitucioacutenLas piezas previamente retiradas fueron restituidas a su posicioacuten original a la fosa previamente definida en la excavacioacuten arqueoloacutegica Con respecto a la cubierta la ausencia de restos de las losas que suponemos tuvo la caacutemara imposibilitaba que la rehabilitacioacuten abordara este aspecto Para la uacutenica pieza que planteaba dudas finalmente la interpretamos como ortosta-to de cierre de la caacutemara por el este como luego comentaremosUna vez restituidas ortostato de cabecera y los dos que apoyan en aquel se procedioacute a asegurarlos en su base por dentro y por fuera con el material elegido como sustituto del suelo original la zahorra Tras compactar conve-nientemente continuamos con la colocacioacuten de piezas hasta completar la caacutemara a excepcioacuten de la pieza que faltaba
| 113
| 2018
Fig 11 Chan de Castintildeeiras 4 aspecto final soacutelo a falta de la revegetacioacuten del tuacutemulo
Luego se comenzoacute la tumulacioacuten utilizando el mismo sedimento previamente extraiacutedo en la fase de excavacioacutenAntes de concluir la restitucioacuten volumeacutetrica del tuacutemulo se colocoacute un ortostato nuevo por la ausencia del original en el lateral sur de la caacutemara Una vez co-locado se continuoacute y finalizoacute la tumulacioacuten para despueacutes concluir la rehabi- litacioacuten con la revegetacioacuten del tuacutemulo Tambieacuten se restituyeron a su posicioacuten original varias piezas de coraza peacutetrea que habiacutean sido retiradas al inicio de la excavacioacuten no sin antes registrar su posicioacuten tridimensional para que la poste-rior restitucioacuten fuera precisaPor su ubicacioacuten y morfologiacutea interpretamos una de las piezas como la ldquopuer-tardquo de la caacutemara que cerrariacutea su acceso por el este Antes de tumular compro-bamos que esta pieza es faacutecil de mover giraacutendola sobre si misma para permitir el acceso a la caacutemara y para ello fueron suficientes dos personasEl ortostato nuevo se elaboroacute siguiendo la morfologiacutea de los originales ya que no teniacuteamos siquiera un fragmento del ausente Su introduccioacuten estaba justifi-cada por la necesidad de dar solidez a la estructura y evitar su futuro deterioro y tambieacuten para evitar confusioacuten en la lectura del visitante para que el hueco existente no pareciera el acceso que no eraLa caacutemara rehabilitada es poligonal y la conforman 8 ortostatos todos originales excepto el antes citado
114 |
La planta tiene unas dimensiones de 240 x 170 m (en cota de uso) y los ortostatos tienen dimensiones de entre 160-190 x 080-100 m con un espe-sor en su parte media de en torno a 30 cmHay que sentildealar tambieacuten que se actuoacute sobre el tuacutemulo para mejorar su apre-ciacioacuten retirando tierras acumuladas puntualmente En este sentido fue relevante la identificacioacuten (mediante un sondeo) y posterior retirada de una escombrera de tierra sobre el tuacutemulo que interpretamos se generoacute en la excavacioacuten de los antildeos 50
La excavacioacuten y rehabilitacioacuten de Chan de Castintildeeiras 2Esta maacutemoa fue excavada en los antildeos 50 del pasado siglo y en 1982 se llevoacute a cabo una intervencioacuten limpieza y registro planimeacutetrico por parte del Museo de Pontevedra (bajo la direccioacuten de A de la Pentildea Santos) El aspecto que nos encontramos era el que ya teniacutea en esta uacuteltima intervencioacuten con las dos losas del lateral sur caiacutedas contra las dos del lateral norte que permaneciacutean en su ubicacioacuten original
Fig 12 Chan de Castintildeeiras 2 estado inicial desde NW
| 115
| 2018
Fig 13 Chan de Castintildeeiras 2 estado al final de la excavacioacuten desde NW
Pese a esto destacaba la fuerte deformacioacuten del tuacutemulo por estar cortado por el norte por una carretera y por el depoacutesito sobre eacutel y su contorno inmediato de tierras procedentes del acondicionamiento de la cuneta de esa carretera y de un cortafuegos cercanoLa definicioacuten del tuacutemulo resultoacute muy laboriosa con sondeos previos que nos ayudaron a diferenciar el original de los aportes recientes y con la posterior retirada de todos ellos Con todo se trata de un tuacutemulo de pequentildeas dimen-siones poca altura y muy poco resaltado en el terreno No se identificoacute ni cora-za ni anillo liacutetico perimetralEn cuanto a la caacutemara se planteoacute la excavacioacuten de una superficie rectangular de 550 x 250 m que la incluiacutea completamente y una serie de sondeos com-plementarios que en conjunto permitieron caracterizar convenientemente su sistemas de cimentacioacuten y constructivo Una vez excavada pudimos compro-bar que la construccioacuten de la caacutemara no se realizoacute por fosas individuales de cimentacioacuten para cada ortostato sino que se excavoacute en el terreno una uacutenica fosa para luego instalar en su interior las losas y rellenarla construyendo asiacute un nuevo suelo La definicioacuten de este sistema de cimentacioacuten encontroacute poco
116 |
despueacutes un paralelo en la misma provincia de Pontevedra en el tuacutemulo de Chousa Nova 1 (Boacuteveda y Vilaseco 2015) con una caacutemara ademaacutes muy pare-cida a la que nos ocupa Sin duda el tamantildeo relativamente pequentildeo de los ortostatos y su verticalidad unido al trabajo estructural de las losas de cubier-ta (desparecidas) le daba al conjunto estabilidad suficiente Ademaacutes de estas losas de cubierta que suponemos existieron ya que no quedaba ninguacuten vesti-gio tambieacuten faltaba el ortostato de cabecera La excavacioacuten permitioacute definir la estructura de cierre del acceso a la caacutemara orientada al sureste constituida por una suerte de ldquotapoacutenrdquo conformado por varias piedras de formas irregu-lares apiladas y con tierra entre mediasLa rehabilitacioacuten centroacute los trabajos en- Restitucioacuten a su posicioacuten original de las dos losas caiacutedas- Elaboracioacuten de una nueva losa de cabecera Esta pieza resultaba impres- cindible no tanto para la comprensioacuten de la caacutemara como por su estabilidad ya que las dos siguientes que conforman los laterales ya apoyan en ella y las siguientes en las anteriores Si bien las cargas y empujes no son las mis-mas que en una estructura megaliacutetica al uso con unos giros maacutes acusados la funcioacuten de este ortostato de cabecera es la misma en el funcionamiento como estructura de la caacutemara- Restauracioacuten de una de las losas laterales a la que fue preciso unirle un fragmento roto empleando para ellos varilla de fibra de vidrio y resinas Tam-bieacuten se siguioacute la misma metodologiacutea para unir los dos fragmentos en los que estaba rota una de las piezas del cierre del acceso- Reconstruccioacuten del suelo interior de la caacutemara con aporte de zahorra y pos-terior compactacioacuten- Tumulacioacuten y compactacioacuten de la masa tumular restituida- Revegetacioacuten del tuacutemuloLa estructura intratumular tiene planta rectangular con aspecto de cista con-formada por 4 losas en los laterales (2 en cada uno) y una losa en la cabecera En el extremo SE se encuentran dispuestas varias piedras de tamantildeo pequentildeo y mediano a modo de cierre del acceso Una vez rehabilitada presenta una longitud maacutexima de unos 255 m en su eje longitudinal (excluido el cierre) y ancho maacuteximo de unos 143 m miacutenimo de unos 052 m (extremo SE) y 120 m (extremo NW) Las dimensiones interiores son de 210 m x 085 m si bien a penas 050 m en el extremo SE Las losas laterales tienen una longitud de entre 140-170 m altura entre 100-130 m y espesor en torno a 10 cm si bien una de ellas es maacutes gruesa y llega a superar los 20 cm Todas las piezas fueron inspeccionadas con luz artificial y natural a fin de verificar la eventual existencia de grabados o restos de pintura
| 117
| 2018
VALORACIONESDesde una perspectiva arqueoloacutegica hay que sentildealar en primer lugar que las intervenciones realizadas permitieron disponer de unos datos precisos de las dimensiones de tuacutemulos estructuras intratumulares y otros aspectos de estas construcciones gracias a la limpieza en detalle de la cubierta vegetal de los tuacutemulos Fue un trabajo maacutes laborioso de lo previsto por el espesor del manto vegetal que en general cubriacutea cada tuacutemulo pero al tiempo el resul-tado superoacute los objetivos Se mejoroacute considerablemente la percepcioacuten de los tuacutemulos en el paisaje cuestioacuten especialmente destacable ya que en general son tuacutemulos de poca altura y se registraron caracteriacutesticas significativas de la morfologiacutea general que no habiacutean sido registradas con anterioridad (existencia de estructura intratumular coraza anillo liacutetico perimetral dimensiones de or-tostatos etc) Sirvan de ejemplo los casos de Chan de Castintildeeiras 7 y 8 que soacutelo despueacutes la retirada de una muy espesa capa de humus (con abundantes restos vegetales consecuencia del aprovechamiento forestal de la zona du-rante deacutecadas) dejaron ver los vestigios de caacutemara y coraza Tambieacuten en el caso de los 4 tuacutemulos intervenidos en Outeiro de Ombra en los que sin duda llama la atencioacuten las imponentes corazas peacutetreas que quedaron a la vista en particular en Outeiro de Ombra 2 y 3 que recubren toda la superficie tumular
Fig 14 Chan de Castintildeeiras 2 estado final con su nueva cubierta vegetal creciendo desde NW
118 |
Aunque no tratamos la cultura material en este texto siacute haremos un breve apunte soacutelo relativo a las dos excavaciones en aacuterea A pesar de que estas se centraban en las caacutemaras ya excavadas en los antildeos 50 y objeto ademaacutes de expolio fue auacuten posible el registro de materiales ceraacutemicos (muy escaso el prehistoacuterico) y liacuteticos Tanto en Chan de Castintildeeiras 2 como 4 la mayor parte de los registros son de liacuteticos con predominio de las lascas de cuarzo Tambieacuten se documentaron en ambas maacutemoas manos de molino y un cierto nuacutemero de prismas de cuarzo mayoritariamente semicristalinoDesde la perspectiva de conocimiento de la arquitectura megaliacutetica las rehabilitaciones han aportado una gran cantidad de datos acerca del com-portamiento de las caacutemaras como estructuras la loacutegica de su geometriacutea los sistemas de cimentacioacuten la preparacioacuten del terreo previo al inicio de la erec-cioacuten de los ortostatos o la configuracioacuten de los tuacutemulos en este uacuteltima caso tanto desde una perspectiva constructiva como simboacutelica La metodologiacutea de rehabilitacioacuten de estructuras intratumulares empleada implica un impres- cindible proceso continuo de investigacioacuten sobre arquitectura megaliacutetica a nivel general y en lo particular sobre aspectos relativos al sistema con-structivo los giros de las piezas y su grado de empotramiento en el suelo funcionamiento de los calzos aprovisionamiento y acondicionamiento de ortostatos construccioacuten de contrafuerte de la caacutemara coraza etc El re- gistro fue minucioso con el dibujo de todos los ortostatos de las caacutemaras rehabilitadas dimensiones aacutengulos de giro o fracturas de preparacioacutenResultan muy interesantes los datos que aportoacute Chan de Castintildeeiras 2 en relacioacuten a la cimentacioacuten de las losas A diferencia de lo que es habitual no se excavoacute una zanja continua o fosas de cimentacioacuten para cada orto-stato sino que se excavoacute una gran fosa y se metieron dentro las losas en posicioacuten vertical para luego sujetarlas mediante un relleno que convenien-temente compactado sirvioacute para dar estabilidad a la estructura conjunta-mente con las losas de cubierta que suponemos tuvo Tambieacuten el periacuteme- tro exterior de la caacutemara tuvo un relleno con una composicioacuten que facilita-ba su compactacioacuten y contribuiacutea a su solidezDesde la perspectiva de la conservacioacuten lo primero que hay apuntar es que las intervenciones de rehabilitacioacuten en las caacutemaras permitieron fre-nar su deterioro solucionar patologiacuteas existentes y facilitar su legibilidad al visitante cuestioacuten importante en el marco de un proyecto de puesta en valor del conjunto Los datos arqueoloacutegicos que proporcionaron las excavaciones previas permitieron restituir con rigurosidad las piezas a su posicioacuten original devolviendo a la estructura la solidez que tuvo gracias esa restitucioacuten y la introduccioacuten de una pieza ausente (una en cada caso
| 119
| 2018
en Chan de Castintildeeiras 2 y 4) o extremadamente deteriorada (en Chan de Armada 1) Tambieacuten mediante la reconstruccioacuten de un suelo original que habiacutea desaparecido por las excavaciones de los antildeos 50 La utilizacioacuten de zahorra como material para dicha reconstruccioacuten ya se habiacutea contrastado anteriormente en rehabilitaciones que habiacuteamos acometido como la de Maacutemoa do Rei de Vilaboa siendo los antildeos transcurridos sin ninguacuten tipo de problema el mejor aval para su eleccioacutenEsa misma perspectiva temporal avala la metodologiacutea empleada y la bue-na ejecucioacuten de los trabajos realizados ya que no se han producido de-splazamientos o caiacutedas de ortostatos ni asentamientoshundimientos de la masa tumular restituida En cambio si debemos decir que hubo prob-lemas con la revegetacioacuten de la cubierta vegetal en el caso de las maacutemoas de Outeiro de Ombra (en parte por el traacutensito de motos y bicicletas sobre ellas una vez vandalizada la valla de proteccioacuten que se habiacutea instalado) que requieren de una nueva actuacioacuten que garantice la visualizacioacuten de las corazas sin comprometer su conservacioacuten cuestioacuten esta factible como demuestra el caso de la ldquoMaacutemoa do Reirdquo de Chan de Castintildeeiras Otro caso de revegetacioacuten de cubierta vegetal que no funcionoacute fue el de Chan de Arquintildea La actuacioacuten tratoacute soacutelo de reforzar esa cubierta vegetal de pradera natural a fin de que ldquosujetarardquo la masa tumular y la coraza con la que cuenta el monumento en particular en los sectores erosionados La intervencioacuten no resultoacute efectiva porque el denso arbolado a penas dejaba pasar el sol impidiendo asiacute que la hierba se recuperase en las zonas maacutes pisadas por los visitantesComo es habitual en actuaciones de puesta en valor el principal proble-ma una vez concluidas es el mantenimiento en general no fue distinto en este caso Los trabajos sobre la cubierta vegetal fueron esporaacutedicos sin la necesaria regularidad que ademaacutes permite que el terreno empradice Tampoco hubo esa regularidad en el mantenimiento de las estructuras in-tratumulares si bien estas aguantaron bastante bien Por fin en 2016 en Chan de Castintildeeiras se realizoacute un desbroce general del aacuterea entre Chan de Castintildeeiras 5 y 2 por iniciativa de la Comunidad de Montes propietaria4 y se intervino en ldquoMaacutemoa do Reirdquo que desde su rehabilitacioacuten no habiacutea tenido una intervencioacuten de mantenimiento sobre su coraza y estructura in-tratumular en este caso promovida por la DXPC (Castro 2016) Confiemos en que estas actuaciones tengan continuidad y se extiendan a todo el aacutem-bito ya que su regularidad es la mejor garantiacutea de conservacioacuten y correcta exposicioacuten del conjunto arqueoloacutegico ademaacutes de que a la larga conllevaraacute un menor coste de mantenimiento 4 Se realizoacute una supervisioacuten de estos trabajos por quien subscribe y se instaloacute un panel interpretativo
120 |
BIBLIOGRAFIacuteA BOacuteVEDA FERNANDEZ Mordf J y VILASECO VAacuteZQUEZ X I (2015) - La caacutemara megaliacuteti-ca de Chousa Nova 1 (Silleda Pontevedra) iquestRotura intencional o colapso en Actas del 5ordm Congresso do Neoliacutetico Peninsular (7-9 abril 2011) ed Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa pp 564-570 CARRERA RAMIacuteREZ F (2011) - El arte parietal en monumentos megaliacuteticos del No-roeste Ibeacuterico Valoracioacuten diagnoacutestico conservacioacuten Oxford Archaeopress (BAR In-ternational Series 2190) pp 385-404 CASTRO CARRERA J C (2005) - Proyecto de ldquoAcondicionamento arqueoloacutexico e am-biental dun sendeiro das maacutemoas do Morrazo entre o Lago Castintildeeiras e Monte Faro Vilaboa-Mariacuten-Moantildea (Pontevedra)rdquo Anta de Moura SL proyecto teacutecnico in-eacutedito depositado en la DXPC CASTRO CARRERA J C y VAacuteZQUEZ COLLAZO S (2007) - La `Maacutemoa do Reiacute re-habilitacioacuten de un yacimiento tumular en el marco de su puesta en valor (Chan de Castintildeeiras - Vilaboa - Pontevedra) en Actas del IV Congreso internacional sobre musealizacioacuten de xacementos arqueoloacutexicos onservacioacuten e presentacioacuten de xace-mentos arqueoloacutexicos no medio rural Impacto social no territorio ed Conselleriacutea de Cultura e Deporte de la Xunta de Galicia 2007 pp 205-2011 CASTRO CARRERA J C (2008) - Memoria Teacutecnica de ldquoIntervencioacuten arqueoloacutexica no monumento megaliacutetico de Chan de Arquintildea no contexto dos traballos de acondicio-
Fig 15 Maacutemoa do Rei al finalizar la intervencioacuten de acondicionamiento de 2016 desde E
| 121
| 2018
namento arqueoloacutexico e ambiental dun sendeiro das maacutemoas do Morrazordquo Anta de Moura SL informe teacutecnico ineacutedito depositado en la DXPC CASTRO CARRERA J C (2016) - Memoria Teacutecnica del ldquoAcondicionamento da Maacutemoa do Rei San Martintildeo de Vilaboa Vilaboardquo Anta de Moura SL informe teacutecnico ineacutedito depositado en la DXPC SOBRINO LORENZO-RUZA R (1956a) - Prospecciones arqueoloacutegicas en Morrazo El Museo de Pontevedra Pontevedra 10 pp 17-22 SOBRINO LORENZO-RUZA R (1956b) - Excavacioacuten de una sepultura megaliacutetica en Moantildea Peniacutensula de Morrazo (Pontevedra) Noticiario Arqueoloacutegico Hispaacutenico Ma-drid III y IV Cuadernos 1-3 1954-55 pp 27-36
122 |
| 123
| 2018
A INVULGAR LOCALIZACcedilAtildeO DE UMA ESTRUTURA EM NEGATIVO NA MAMOA DE EIREIRA (AFIFE VIANA DO CASTELO)
ldquoThe unusual location of a negative structure of Eireirarsquos Mound (Afife Viana do Castelordquo
Faacutebio Soares Arqueoacutelogo Universidade do Minhofabiosoaresarqgmailcom
RESUMOO presente trabalho tem como objetivo dar a conhecer a localizaccedilatildeo invulgar de uma estrutura em negativo aberta no substrato rochoso na aacuterea do corredor detetada no decurso das duas uacuteltimas campanhas de escavaccedilatildeo levadas a cabo na Mamoa de Eireira (Afife Viana do Castelo) por Eduardo Jorge Lopes da Silva na segunda metade da deacutecada de 80 do seacuteculo passado Tendo em conta que a mesma em mo-mento algum foi referida quer nas parcas publicaccedilotildees sobre o imoacutevel em causa quer nos relatoacuterios entregues agrave tutela e que da sua esca- vaccedilatildeo resultou espoacutelio significativo de acordo com as gentis infor-maccedilotildees facultadas por Horaacutecio Faria que na eacutepoca teve a oportuni-dade de participar voluntariamente nos trabalhos arqueoloacutegicos eacute nosso objetivo analisaacute-la de forma mais detalhada Neste sentido em julho de 2013 de modo a cumprir o objetivo atraacutes descrito pro-cedemos em primeiro lugar agrave limpeza desta estrutura dado que se encontrava repleta de vegetaccedilatildeo herbaacutecea e de escassos sedimen-tos e de seguida efetuamos o seu registo graacutefico e fotograacutefico com vista agrave sua possiacutevel interpretaccedilatildeo PALAVRAS-CHAVE Neoliacutetico Contextos e praacuteticas funeraacuterias NW de Portugal Mamoa de Eireira
ABSTRACTThe present paper presents and discusses the unusual location of an open negative structure on the rocky substrate in the cor- ridor area detected during the last two excavation campaigns car-ried out at Mamoa de Eireira (Afife Viana do Castelo) by Eduardo Jorge Lopes da Silva in the second half of the eighties of last centu-
124 |
ry In view of the fact that it has not been mentioned at all in the few publications on the monument in question or in the reports submitted to the DGPC and that from its excavation come several artefacts according to the kind information provided by Horacio Faria who at the time had the opportunity to participate voluntarily in the archaeologi-cal digg it is our goal to analyse it in more detail In this sense in July 2013 in order to fulfill the objective described above we first cleaned this structure since it was full of herbaceous vegetation and scarce sediment and then we recorded it graphically and photographically with a view to its possible interpretationKEY WORDS Neolithic Contexts and funerary practices NW of Portu-gal Mamoa de Eireira
1 INTRODUCcedilAtildeOA Mamoa de Eireira foi alvo de quatro campanhas de escavaccedilatildeo entre 1986 e 1989 por Eduardo Jorge Lopes da Silva no acircmbito do projeto de investi-gaccedilatildeo ldquoO Estudo do Megalitismo Minhoto e a sua Correlaccedilatildeo com o Douro Litoral e Beirasrdquo No entanto a publicaccedilatildeo monograacutefica dos resultados natildeo foi levada a cabo tendo o monumento sido apenas referido parcialmente em alguns artigos (SILVA 1988 1991 1992 1997) e em capiacutetulos de atas de congresso (Idem 1994 2003) Desconhecem-se assim as carateriacutesti-cas construtivas deste imoacutevel a mateacuteria com que foi erigido e a sua contex-tualizaccedilatildeo no espaccedilo em que se insere Trabalhos de limpeza efetuados em julho de 2013 no acircmbito do projeto ENARDAS permitiram detetar novos motivos de arte megaliacutetica gravada e pintada precisar a sua localizaccedilatildeo identificar esteios com tons alaranjadosavermelhados de origem natural (SOARES 2013) assim como detetar uma estrutura em negativo de loca- lizaccedilatildeo invulgar no interior da estrutura dolmeacutenica a qual foi escavada mas em momento algum referenciada por Eduardo Jorge Lopes da Silva e que aqui pretendemos dar a conhecer
2 LOCALIZACcedilAtildeO E CONTEXTO FIacuteSICO E AMBIENTALA Mamoa de Eireira localiza-se no distrito e concelho de Viana do Castelo freguesia de Afife no lugar da Eireira ou Madorro O monumento encon-tra-se a uma altitude de cerca de 30 m numa plataforma da vertente no-roeste da Serra de Santa Luzia a cerca de 400 m para nascente da linha de costa e nas imediaccedilotildees de um vale bem irrigado que lhe fica a sul As co- ordenadas geograacuteficas em graus decimais no sistema WGS 84 satildeo La- titude 41 792883ordm N e Longitude -8 867022ordm W (Fig 1) O substrato
| 125
| 2018
Fig 1 Localizaccedilatildeo da Mamoa de Eireira na Carta Militar de Portugal 27 na escala 125000
Fig 2 Vista geral da Mamoa de Eireira a partir de W com o esteio de cabeceira deslocado
126 |
geoloacutegico eacute composto por granitos de duas micas de gratildeo meacutedio a fino por vezes com turmalina e raras granadas que afloram em alguns locais (TEI- XEIRA et al 1972) Tambeacutem ocorre mas com menor expressatildeo um grani-to de duas micas porfiroide de gratildeo meacutedio a fino (Idem 1972)
3 DESCRICcedilAtildeO DO MONUMENTOA Mamoa de Eireira apresenta um tumulus de contorno ovalar com 2450 m no sentido E-W e 1990 m no sentido N-S A estrutura dolmeacutenica orientada no sentido W-E tem uma cacircmara e um corredor duplamente indiferenciados ndash em planta e alccedilado ndash (SILVA 1988b129) preservando ainda 16 esteios in situ embora o esteio de cabeceira esteja deslocado Todos os esteios que configuram a estrutura dolmeacutenica apresentam a mesma altimetria e estatildeo acentuadamente inclinados para o interior embora alguns tambeacutem estejam ligeiramente deslocados (Idem 1988129-130) Natildeo se encontrou qualquer laje de cobertura (Fig 2) Junto agrave cabeceira foi encontrado um pilar derruba-do que por conter pinturas bem preservadas encontra-se depositado no Museu de Artes Decorativas de Viana do Castelo
Fig 3 Fotografia da cacircmara e corredor da Mamoa de Eireira podendo observar-se ao fundo do corredor uma estrutura em negativo (SILVA 1992)
| 127
| 2018
Fig 4 Plano da estrutura em negativo na aacuterea do corredor Registo graacutefico elaborado agrave escala 120
Fig 5 Perfil sul da estrutura em negativo na aacuterea do corredor Registo graacutefico elaborado agrave escala 120
128 |
Fig 6 Perfil oeste da estrutura em negativo na aacuterea do corredor Registo graacutefico elaborado agrave escala 120
Fig 7 Secccedilatildeo AB da estrutura em negativo na aacuterea do corredor Registo graacutefico elaborado agrave escala 120
| 129
| 2018
4 A ESTRUTURA EM NEGATIVONa aacuterea do corredor entre os esteios nos 7 6 e 5 ndash do alccedilado norte ndash e os esteios nos 10 11 e 12 ndash do alccedilado sul respetivamente foi detetada e escavada em profundidade uma estrutura em negativo nas uacuteltimas duas campanhas de escavaccedilatildeo levadas a cabo na Mamoa de Eireira Em momen-to algum Eduardo Jorge Lopes da Silva faz referecircncia agrave mesma quer nos relatoacuterios entregues agrave tutela os quais tivemos a oportunidade de consultar quer nas publicaccedilotildees onde refere este monumento Sabemos que foi en-contrada aquando das escavaccedilotildees porque aparece na fotografia final dos trabalhos que se publicou num desdobraacutevel de divulgaccedilatildeo (Fig 3) (Idem 1992) como nos foi referida pelo Engenheiro Horaacutecio Faria funcionaacuterio da Cacircmara Municipal de Viana do Castelo e membro do NAIAA que com cerca de 20 anos participou na escavaccedilatildeo deste monumento e na escavaccedilatildeo da referida estrutura Segundo este erudito de arqueologia teraacute sido desta aacuterea que resultou o material mais significativo tal como ldquopontas de seta de siacutelex e xistordquo ldquolouccedila grosseirardquo e ldquoum fragmento osteoloacutegico que talvez perten-cesse a um maxilar inferiorrdquo Neste sentido em julho de 2013 procede- mos agrave limpeza desta estrutura registo graacutefico e fotograacutefico com vista agrave sua possiacutevel interpretaccedilatildeo Esta apresenta um contorno grosseiramente ovalar tendo cerca de 250 m de comprimento por 1 m de largura maacutexima com um estrangulamento no meio num dos lados como se tivesse resultado de duas fossas (Figs 4 5 e 6) A sua profundidade maacutexima aproxima-se dos
Fig 8 Secccedilatildeo CD da estrutura em negativo na aacuterea do corredor Registo graacutefico elaborado agrave escala 120
130 |
Fig 9 Estrutura em negativo na aacuterea do corredor vista a partir de W
| 131
| 2018
040 m Atualmente haacute uma acumulaccedilatildeo de calhaus e de blocos de granito e de quartzo e de um seixo rolado no interior W desta estrutura que natildeo sabemos se era original motivo pela qual natildeo os retiramos A secccedilatildeo longi-tudinal desta estrutura que se orienta no sentido W-E (Fig 7) mostra que a sua base era aplanada mas com diferentes profundidades Jaacute a secccedilatildeo N-S mostra uma maior irregularidade (Figs 8)
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAISTendo em conta as afirmaccedilotildees de Horaacutecio Faria assim como as dimensotildees que a referida estrutura apresenta apenas podemos colocar a hipoacutetese desta ter servido originalmente para um enterramento individual na qual o cadaacutever estaria numa posiccedilatildeo de decuacutebito lateral com o cracircnio voltado para leste acompanhado claro de oferendas simboacutelicas que poderiam ou natildeo refletir as suas atividades em vida No entanto a localizaccedilatildeo desta no seio da estrutura dolmeacutenica em pleno corredor natildeo eacute algo usual Tambeacutem natildeo podemos descartar um outro dado incontornaacutevel isto eacute grosso modo os monumentos funeraacuterios megaliacuteticos foram alvo de violaccedilotildees e atos de vandalismo durante o periacuteodo romano e em eacutepocas posteriores na acircnsia de encontrar ldquotesourosrdquo Contudo e para dececcedilatildeo destas comunidades muitas vezes os ldquotesourosrdquo eram ingloacuterios e natildeo valiam sequer o esforccediloempenho nos atos deliberados de saque e vandalismo Ainda assim estes atos afetaram indubitavelmente os monumentos funeraacuterios megaliacuteticos A Mamoa de Eireira natildeo foi exceccedilatildeo Assim e tendo em conta que da estru-tura em negativo resultou ldquolouccedila grosseirardquo houve necessariamente um revolvimento das terras que ateacute entatildeo cobriam o espaccedilo sepulcral o que por conseguinte fez com que muitos artefactos se deslocassem das suas posiccedilotildees originais Neste sentido e de acordo com o que atraacutes foi descri-to colocamos muitas aspas em qualquer tentativa de categorizaccedilatildeo desta estrutura
AGRADECIMENTOSEste trabalho foi desenvolvido no acircmbito do projeto de dissertaccedilatildeo de mes- trado do signataacuterio intitulado ldquoContextos e praacuteticas funeraacuterias do Neoliacuteti-co na fachada costeira entre o Acircncora e o Lima (Norte de Portugal) a partir da Mamoa de Eireirardquo que por sua vez se inseria na tarefa 2 do projeto Espaccedilos Naturais Arquiteturas Arte rupestre e Deposiccedilotildees na Preacute-histoacuteria recente da Fachada Ocidental do Centro e Norte Portuguecircs das Accedilotildees aos Significados ndash ENARDAS (PTDCHIS-ARQ112983) finan-
132 |
ciado pelo COMPETE e pelo FEDER Agradecemos ao Eng Horaacutecio Faria as informaccedilotildees prestadas relativas agrave estrutura em negativo objeto de anaacutelise neste trabalho e a Filipe Pereira pela cartografia usada neste trabalho REFEREcircNCIASSILVA E J L (1988) ndash A Mamoa de Afife breve siacutentese de 3 campanhas de escavaccedilatildeo Trabalhos de Antropologia e Etnologia ISSN 2183-0266 Porto Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia Vol 281-2 p 127-132SILVA E J L (1991) ndash Descobertas recentes de arte megaliacutetica no Norte de Portugal Cadernos Vianenses ISSN 0871-4282 Viana do Castelo Cacircmara Municipal Nordm 15 p 31-45SILVA E J L (1992) ndash Estaccedilotildees arqueoloacutegicas de Viana ndash Mamoa de Afife Viana do Castelo Cacircmara Municipal [Desdobraacutevel]SILVA E J L (1994) ndash Megalitismo do Norte de Portugal o litoral minhoto In Actas do Seminaacuterio ldquoO Megalitismo no Centro de Portugal novos dados problemaacutetica e relaccedilotildees com outras aacutereas peninsularesrdquo Viseu Centro de Estudos Preacute-histoacutericos da Beira Alta p 157-169 SILVA E J L (1997) ndash Arte megaliacutetica da costa norte de Portugal Brigantium ISSN 0211-318X Galiza Museu Arqueoloacutexico e Histoacuterico de Coruntildea Vol 10 p 179-189 SILVA E J L (2003) ndash Novos dados sobre o Megalitismo do Norte de Portugal In Tra-balhos de Arqueologia ndash Muita gente poucas antas Origens espaccedilos e contextos do Megalitismo Actas do II Coloacutequio Internacional sobre Megalitismo ISBN 972-8662-09-2 Lisboa Ministeacuterio da Cultura e Instituto Portuguecircs de Arqueologia Nordm 25 p 269-279 SOARES F (2013) ndash New data from the megalithic art of the Eireira Mound (Viana do Castelo) and some reflections on death conceptions in the Neolithic 2nd Colloquium Enardas Recorded places experienced places Matter space time liminarity and mem-ory in the holocene rock art of the Iberia atlantic margin Braga Associaccedilatildeo Portuguesa para o Estudo do Quaternaacuterio ndash APEQ Departamento de Histoacuteria da Universidade do Minho Centro de Investigaccedilatildeo Transdisciplinar Cultura Espaccedilo e Memoacuteria ndash CITCEMUM Disponiacutevel na wwwltURL URLhttpswwwacademiaedu5170513New_data_from_the_megalithic_art_of_the_Eireira_Mound_Viana_do_Castelo_and_some_reflec-tions_on_death_conceptions_in_the_NeolithicgtTEIXEIRA C MEDEIROS A C e COELHO A P (1972) ndash Carta Geoloacutegica de Portugal na escala 150000 Notiacutecia explicativa da folha 5-A (Viana do Castelo) Lisboa Serviccedilos Geoloacutegicos de Portugal
| 133
| 2018
Muerte y ritual en el Neoliacutetico del noroeste ibeacuterico El megalitismo y otras manifestaciones del comportamiento funerario de las sociedades de los milenios V y IV aC en la regioacuten cantaacutebrica y Galicia
Death and ritual in the Neolithic of the Iberian North West Megaliths and other pieces of evidence of the funerary behaviour of the 5th and 4th millennia cal BC in Cantabrian Spain and Galicia
RESUMENEl noroeste de la peniacutensula ibeacuterica es un aacutembito geograacutefico particularmente interesante para estudiar la evolucioacuten del comportamiento funerario durante el Neoliacutetico Desde el mismo proceso de neolitizacioacuten se observan transfor-maciones muy relevantes en el registro sepulcral Los cazadores-recolecto-res del VI milenio cal BC realizaban inhumaciones individuales en cuevas en ocasiones agrupadas Sin embargo en la primera mitad del V milenio en un contexto de continuidad con el Mesoliacutetico final se observa un brusco abandono de estas praacutecticas Los testimonios del comportamiento funerario en esta fase se limitan a algunos restos humanos aislados en cuevaEn el segundo tercio del V milenio se inicia en toda la regioacuten la construccioacuten de monumentos megaliacuteticos Estos no obstante muestran una gran variabilidad regional y en algunos casos ciertas evidencias de conti- nuidad con la tradicioacuten mesoliacutetica sugiriendo que la adopcioacuten del mega- litismo se debe considerar como una serie variada y heterogeacutenea de inter-pretaciones del nuevo universo funerario por parte de comunidades neoliacuteti-cas diversas En torno a 4000 cal BC se produce en el NO peninsular una verdade-ra explosioacuten del fenoacutemeno megaliacutetico La regioacuten se cubre de millares de
Pablo Arias Instituto Internacional de Investigaciones Prehistoacutericas de Cantabria UNIVERSIDAD DE CANTABRIApabloariasunicanes
Miriam Cubas Departamento de HistoriaSociedad de Ciencias Aranzadimcubasmoreragmailcom
134 |
monumentos configurando un auteacutentico paisaje simboacutelico El registro funerario del IV milenio cal BC presenta una enorme complejidad Des- taquemos entre sus rasgos maacutes sobresalientes el desarrollo de construc-ciones megaliacuteticas maacutes convencionales como caacutemaras ortostaacuteticas o se- pulcros de corredor la destacada presencia de expresioacuten graacutefica en el interior de las caacutemaras o los indicios de relaciones a larga distancia de los que son un ejemplo particularmente notorio la presencia en los ajuares de hachas pulimentadas en rocas exoacuteticas No obstante los doacutelmenes no eran la uacutenica opcioacuten para disponer de los cuerpos de los difuntos pues hay evidencia de otras praacutecticas como la utilizacioacuten de cuevas sepulcrales PALABRAS CLAVE Simbolismo Neolitizacioacuten Arqueologiacutea de la Muerte Peniacutensula Ibeacuterica
ABSTRACTThe Northwest of the Iberian Peninsula can be considered a particularly interes- ting area for the study of the evolution of the funerary behaviour during the Neolithic Since the very process of transition from the Mesolithic outstanding changes in the sepulchral record can be observed The 6th millennium cal BC hunter- -gatherers produced individual occasionally clustered burials in caves Yet during the first half of the 5th millennium in a cultural context of continuity with the late Mesolithic a sharp abandonment of those practices can be observed The evidence of funerary behaviour in this stage is limited to some loose human remains in caves Building of megalithic monuments starts along the region during the second third of the 5th millennium However they display a large regional variability and in some cases indices of continuity with the Mesolithic tradition sugges- ting that the adoption of megalithism should be considered to be the result of va- ried and heterogeneous interpretations of the new funerary realm by diverse Neolithic communitiesAround 4000 cal BC a real explosion of the megalithic phenomenon occurred in Northwestern Iberia The region was covered by thousands of monuments shaping a real symbolic landscape The funerary record of the 4th millen-nium cal BC is particularly complex Let us highlight the development of more conventional megalithic buildings such as polygonal dolmens or pas-sage graves the outstanding presence of pieces of graphic expression in the inside of the chambers or the evidence of long distance contacts of which a particularly noticeable example are the presence among the grave goods of polished axes made in exotic rocks However dolmens were not the only option to dispose of the deceasedrsquos bodies as evidence of other practices such as the use of burial caves existsKEY WORDS Symbolism Neolithisation Archaeology of Death Iberian Peninsula
| 135
| 2018
INTRODUCCIOacuteNEn el presente trabajo expondremos y discutiremos la documentacioacuten ar-queoloacutegica disponible para el Neoliacutetico del norte y el noroeste de la peniacutensu-la ibeacuterica durante los milenios V y IV intervalo cronoloacutegico que corresponde aproximadamente al Neoliacutetico regional entendiendo como tal el periacuteodo comprendido entre la adopcioacuten de la agricultura y la ganaderiacutea y la aparicioacuten de los primeros testimonios de la metalurgia que en esta aacuterea es aproxi-madamente simultaacutenea de cambios en los sistemas sociales que parecen relacionados con una mayor complejidad social (Arias 1991 Alonso Mathias y Bello 1997 Ontantildeoacuten 2003 Cubas et al 2016) La zona de estudio inclu-iraacute Galicia y la regioacuten cantaacutebrica comprendiendo eacutesta Asturias Cantabria Vizcaya Guipuacutezcoa y la parte atlaacutentica de Navarra aunque se tendraacute en cuenta la documentacioacuten de las zonas vecinas (norte de Portugal y vertiente meridional de la cordillera cantaacutebrica) Previamente presentaremos de for-ma sucinta los precedentes inmediatos la informacioacuten disponible para el Mesoliacutetico avanzado
LOS PRECEDENTES EL COMPORTAMIENTO FUNERARIO DE LOS UacuteLTIMOS CAZADORESEl norte de Espantildea es una de las regiones maacutes ricas en testimonios arque-oloacutegicos del ritual funerario mesoliacutetico en la peniacutensula ibeacuterica (Arias et al 2009 Arias 2012a 2012b 2014) La mayor parte se situacutean en la parte oriental de Asturias (destaquemos Los Canes El Molino de Gaspariacuten o Tito Bustillo) aunque tambieacuten se conocen algunos en Cantabria (El Truchiro) el Paiacutes Vasco (J3 Linatzeta) y las montantildeas de Leoacuten (La Brantildea-Arintero) En Galicia hasta el presente no se dispone de informacioacuten de este tipo pues los restos humanos de Chan do Lindeiro (Lugo) no parecen corresponder a un depoacutesito funerario sino a una muerte accidental (Vidal et al 2017) Todos los contextos funerarios del Mesoliacutetico cantaacutebrico conocidos hasta el presente se localizan en cuevas y abrigos que por lo general presentan indicios de asentamiento del periacuteodo No obstante en muchos casos parece que el uso sepulcral no fue simultaacuteneo del habitacional o al menos existioacute una separacioacuten espacial entre las aacutereas domeacutesticas y las funerariasEn lo que se refiere al tipo de estructura sepulcral se observa un claro pre-dominio de la inhumacioacuten individual en fosas A diferencia de otras aacutereas del Mesoliacutetico europeo no se conocen enterramientos muacuteltiples o dobles pues aunque existen algunos casos en los que se han encontrado restos de maacutes de un individuo en la misma estructura parecen corresponder a la remocioacuten de tumbas anteriores para practicar nuevas sepulturas individuales o a su
136 |
reutilizacioacuten tal como sucede en la compleja tumba II de Los Canes No obstante el predominio de la inhumacioacuten individual se constata una cierta variabilidad en la morfologiacutea sepulcral Si bien lo maacutes frecuente es la existencia de fosas rellenas de sedimento conocemos al menos un caso de un sepulcro hueco a modo de sarcoacutefago (de nuevo Los Canes II) y otros en los que el cadaacutever fue depositado en el suelo de una galeriacutea interior de la caverna sin enterrar como sucede en La Brantildea-Arintero y en Tito Bustillo Una interesante informacioacuten adicional se ha obtenido en El Truchiro donde se constatoacute que el cadaacutever estaba colocado sobre una estructura de corteza de roble Desde otro punto de vista se observa una considerable regulari-dad en la posicioacuten de los cuerpos que suelen estar tumbados de espalda con las piernas fuertemente flexionadas Al igual que en otras zonas de Europa en buena parte de las sepulturas no aparece nada maacutes que el esqueleto de la persona inhumada No obstante hay varios casos de asociacioacuten con objetos que parecen corresponder a una ofrenda funeraria En su mayor parte consisten en objetos de uso cotidiano en ocasiones aparentemente no usados como sucede con los picos astu- rienses de El Molino de Gaspariacuten (Arias 1991) y restos de fauna probable-mente relacionados con piezas de carne depositadas junto al esqueleto o con restos de banquetes rituales Tambieacuten se encuentran frecuentemente elementos de adorno en su mayor parte conchas perforadas que parecen corresponder a la vestimenta y los ornamentos personales del difunto En al-gunos casos se documentan ajuares de considerable complejidad tal como sucede con la tumba II de Los Canes (fig 1) uno de los casos maacutes notables del sur de Europa con diversos objetos interpretables como objetos de pres-tigio (un bastoacuten perforado un gran punzoacuten de hueso un canto rodado con restos de pintura una posible figurilla antropomorfa) decenas de conchas perforadas y uno de los pocos casos en la peniacutensula ibeacuterica de depoacutesito fu-nerario de testuces de animales un comportamiento bien representado en el Mesoliacutetico de la Francia atlaacutentica y el norte de Europa (Arias 2016)La presencia de indicios de sepulturas infantiles en contextos del VII y VI milenios cal BC (Los Canes Linatzeta) sugiere que al igual que sucede en otras zonas de la peniacutensula ibeacuterica el tratamiento funerario de los nintildeos era anaacutelogo al de los adultos (Arias y Aacutelvarez Fernaacutendez 2004) Se constata tambieacuten otra tendencia general del Mesoliacutetico peninsular y en general del continente europeo (Arias y Aacutelvarez Fernaacutendez 2004 Gruumlnberg 2000) el in-cremento de los testimonios funerarios durante el Mesoliacutetico final algo que probablemente se relacione con la tendencia al comportamiento territorial y con el conocido fenoacutemeno de los cementerios
| 137
| 2018
Fig1 - Sepultura II de la cueva de Los Canes (Cabrales Asturias)
Conviene indicar tambieacuten que en el Mesoliacutetico cantaacutebrico se han documen-tado bastantes casos de huesos humanos aislados (Poza lrsquoEgua Balmori Mazaculos Cuartamentero Arangas) Es este un fenoacutemeno de difiacutecil inter-pretacioacuten pues podriacutea explicarse por el desmantelamiento de tumbas du-rante el propio periacuteodo mesoliacutetico pero tambieacuten como testimonio de otras praacutecticas funerarias (descarnado de los esqueletos descomposicioacuten al aire libre conservacioacuten de reliquias de los ancestroshellip) De hecho la aparicioacuten de huesos humanos sueltos (etiquetados frecuentemente con las siglas in-glesas LHB) es relativamente frecuente en el Paleoliacutetico final y el Mesoliacutetico europeo (Meiklejohn et al 2009 Osterholtz et al 2014 Hellewell y Milner 2016)
UNA EacutePOCA OSCURA LA PRIMERA MITAD DEL V MILENIO A pesar de la intensa actividad investigadora centrada en los inicios del Neoliacutetico regional desde la deacutecada de 1980 la introduccioacuten de la economiacutea de produccioacuten uacutenicamente se puede explorar a partir de un reducido nuacuteme-ro de yacimientos arqueoloacutegicos diseminados a lo largo del territorio (Cubas et al 2016) Frente al relativamente abundante registro funerario mesoliacutetico los restos humanos datados en el V milenio cal BC son muy escasos y vaga-
138 |
mente permiten una reconstruccioacuten del comportamiento funerario ligado a la introduccioacuten de las praacutecticas agriacutecolas y ganaderas La evidencia funeraria maacutes occidental procede de la ya mencionada cueva de Los Canes El inicio del V milenio cal BC estaacute representado por la unidad estratigraacutefica 7 en la que se han documentado restos de varios individuos Las dataciones radiocarboacutenicas reflejan que algunos de ellos proceden de estructuras mesoliacuteticas del VI milenio desmanteladas sin embargo uno se ha datado directamente en la primera mitad del V milenio cal BC (TO-11219 5980 plusmn 65 BP) A esta misma eacutepoca se puede adscribir un peroneacute humano procedente de Lumentxa (Lequeitio Vizcaya) datado directamente en el segundo cuarto del V milenio cal BC (OxA-18236 6122 plusmn 38 BP) aunque su adscripcioacuten es-tratigraacutefica es problemaacutetica Las intervenciones arqueoloacutegicas en la cavidad fueron dirigidas por Telesforo de Aranzadi y Jose Miguel de Barandiaraacuten en-tre 1926 y 1929 (Aranzadi y Barandiaraacuten 1935) quienes documentaron un nivel neoliacutetico por encima de la secuencia pleistocena La datacioacuten radiocar-boacutenica permitiriacutea situar este resto humano en el Neoliacutetico inicial sin embargo la ausencia de un contexto arqueoloacutegico claro impide precisar con seguridad su atribucioacuten cultural La informacioacuten proporcionada por el anaacutelisis isotoacutepico (δ13C δ15N) evidencia una elevada contribucioacuten de proteiacutenas de origen ma-rino que tradicionalmente se han relacionado con una alimentacioacuten carac-teriacutestica de grupos de cazadores-recolectores Sin embargo la informacioacuten isotoacutepica disponible en la peniacutensula ibeacuterica entre el ca 8000 y el 3000 cal BC refleja la gran heterogeneidad de la base de subsistencia de las pobla-ciones mesoliacuteticas que presentan una mayor contribucioacuten de proteiacutenas de origen marino frente a las posteriores comunidades neoliacuteticas aunque eacutesta no estaacute completamente ausente (Cubas et al en prensa) Tambieacuten estaacute datado en este momento un hueso humano de El Portillo del Arenal (Pieacutelagos Cantabria) (AA-20043 5743plusmn111 BP) Procede de una prospeccioacuten superficial en una cueva en la que se han recuperado restos de al menos dieciseacuteis individuos junto con indicios arqueoloacutegicos de di-versas cronologiacuteas desde la Prehistoria reciente a la Edad Media (Muntildeoz y Morlote 2000) La datacioacuten por termoluminiscencia de una ceraacutemica (MAD-667 5193 plusmn 405 BP) sugiere que parte de los materiales se podriacutean asociar al posible enterramiento Las dataciones absolutas permiten reconocer una cierta actividad sepulcral de la cavidad durante la primera mitad del V mile- nio cal BCComo acabamos de exponer el registro funerario adscrito a la primera mitad del V milenio cal BC en la regioacuten estaacute compuesto por restos humanos
| 139
| 2018
aislados cuyo contexto arqueoloacutegico no permite realizar inferencias sobre el comportamiento funerario asociado ya que o bien los conjuntos son muy escasos o bien se trata de hallazgos superficiales Hasta el momento no se ha identificado ninguna estructura sepulcral como las que se conocen en el valle del Ebro y la Meseta (Rojo et al 2016) fosas con enterramientos primarios en cuevas (Chaves) o al aire libre (El Prado Paternanbidea Los Cascajos) (Garciacutea Gazoacutelaz 2007 Garciacutea Gazoacutelaz y Sesma 2007 Rojo et al 2016 Alonso Fernaacutendez 2017)
MONUMENTOS FUNERARIOS EN EL PAISAJE EL MEGALITISMO Los monumentos megaliacuteticos constituyen la parte fundamental del registro funerario del Neoliacutetico del NO peninsular (Teira 1994 de Blas 1997b Faacutebre-gas y Vilaseco 2004 2006 2016 Arias et al 2005 2006) La regioacuten es particularmente rica en este tipo de sepulcros Aunque no existe un cataacutelogo fiable y contamos con numerosos testimonios de destrucciones en oca- siones masivas (Martinoacuten-Torres 2001 2002 Suaacuterez 2001) en eacutepoca histoacuterica se puede estimar miacutenimo de 4000 monumentos para Galicia y unos 1400 para la regioacuten cantaacutebrica Por su abundancia y por su tendencia a localizarse en sitios muy destacados del territorio (lugares elevados re- ferencias topograacuteficas viacuteas de comunicacioacutenhellip) (Criado y Vaquero 1993 Teira 1994) constituyen hitos fundamentales que han articulado el paisaje de la regioacuten desde el Neoliacutetico Como sucede en otras zonas de la fachada atlaacutentica europea no es faacutecil establecer la cronologiacutea de su inicio pues la datacioacuten de los monumentos megaliacuteticos es un problema muy arduo debido a la complejidad del uso de estas construcciones y a la deficiente conservacioacuten de la mayor parte de ellas No obstante tanto en Galicia como en el Cantaacutebrico (y en zonas vecinas como el norte de Portugal o el alto Ebro) la evidencia disponible per-mite constatar la existencia de megalitos en torno al 4300 cal BC (Scarre et al 2003) e incluso existen indicios aunque problemaacuteticos que permitiriacutean adelantar la cronologiacutea a alguacuten momento del segundo tercio del VI milenio Se observa no obstante un importante incremento en el nuacutemero de data-ciones situadas en el traacutensito del V al IV milenios Todo apunta a que en torno a 4000 aC se produjo una verdadera explosioacuten en la construccioacuten de monumentos megaliacuteticos que en poco tiempo debieron de cubrir toda la regioacuten desde la costa hasta las maacutes altas montantildeas (hay monumentos en el sector central del Cantaacutebrico a maacutes de 1800 msnm) proporcionando la pri-mera evidencia clara de colonizacioacuten humana en el conjunto la regioacuten Esta fiebre constructiva parece haberse prolongado a lo largo de la primera mitad
140 |
del IV milenio A partir de ahiacute la situacioacuten es maacutes confusa Ciertamente en los uacuteltimos siglos del IV milenio y durante el III e incluso ocasionalmente en la primera mitad del II existen indicios de la construccioacuten de monumentos megaliacuteticos pero las referencias cronoloacutegicas disponibles en muchos casos apuntan en mayor medida a la utilizacioacuten y en ocasiones la transformacioacuten de monumentos erigidos anteriormente que a la construccioacuten ex novo El caso mejor estudiado es el del famoso monumento de Dombate en Cabana (La Coruntildea) donde se ha documentado una larga secuencia que se inicia verosiacutemilmente en el V milenio cal BC con la construccioacuten de una pequentildea caacutemara poligonal que es derruida y sustituida por un gran sepulcro de corre-dor en torno a 3700 cal BC el cual se mantuvo en uso hasta su clausura ritual en torno a 28002700 cal BC (Bello 199293 Alonso Mathias y Bello 1997) en total en torno a milenio y medio de actividad funeraria y ritual Las investigaciones de los uacuteltimos antildeos han puesto de relieve que la reali-dad arqueoloacutegica del megalitismo del NO peninsular es mucho maacutes comple-ja que lo que suponiacutea la visioacuten monoliacutetica que predominaba hasta no hace mucho tiempo En realidad bajo el teacutermino ldquomegalitismordquo cubrimos una enorme variedad de soluciones constructivas y de actividades funerarias y rituales dotadas de relativa unidad ademaacutes de por la aparente uniformi-dad exterior proporcionada por las masas tumulares en forma de casquete esfeacuterico por la nocioacuten de la monumentalidad aplicada al comportamiento funerario Sin embargo si profundizamos en la realidad arqueoloacutegica con-creta constatamos una gran variabilidad Esto es particularmente notorio en la propia fase de constitucioacuten del fenoacutemeno megaliacutetico regional en la que junto a construcciones que podriacuteamos calificar de convencionales como las pequentildeas caacutemaras ortostaacuteticas poligonales sin corredor que pare-cen caracterizar esta etapa en Galicia y que tambieacuten encontramos en el Cantaacutebrico tambieacuten se documentan otras soluciones como espacios defini-dos por losas de pequentildeo tamantildeo empedrados estructuras de madera simples agujeros excavados en el suelo natural postes o estelas peacutetreas hincadas Podemos citar ejemplos como Cotogrande 1 (Abad 1992-93) o Illade 0 (Vaquero 1995) en Galicia los monumentos V y XII de Monte Areo (de Blas 1999) y el tuacutemulo 24 de Sierra Plana de la Borbolla (Arias y Peacuterez 1990) en Asturias Hayas I en Cantabria (Serna 1997) o Trikuaizti I en el Paiacutes Vasco (Mujika y Armendariz 1991)Este fenoacutemeno no es exclusivo de la parte atlaacutentica del NO peninsular pues si dirigimos la mirada al Alto Ebro nos encontramos un panorama similar con algunas estructuras datadas en el V milenio como Valdemuriel o Fuen-tepecina II (Delibes et al 1993) bien distintas de los grandes sepulcros de
| 141
| 2018
Fig2 - Sierra Plana de la Borbolla Tuacutemulo SV 24 Estructura megaliacutetica no dolmeacutenica datada en el V milenio cal BC
corredor que seraacuten caracteriacutesticos de la zona maacutes tarde Esto apunta a que la extensioacuten del megalitismo por la fachada atlaacutentica se explica de forma maacutes satisfactoria por la difusioacuten entre comunidades neoliacuteticas diversas de una serie de ideas y nociones simboacutelicas rituales (la monumentalidad en las construcciones funerarias la inhumacioacuten colectiva) que por otro tipo de explicaciones que se han propuesto como la expansioacuten deacutemica de determi-nados grupos (Gonzaacutelez Morales 1992) o el proselitismo religioso En relacioacuten con lo anterior cabe preguntarse si en algunos casos las comu-nidades que levantaron estos monumentos podriacutean considerarse herederos de algunos aspectos de la tradicioacuten funeraria de los cazadores-recolectores regionales A ello parece apuntar la compleja documentacioacuten de la Sierra Plana de la Borbolla (Llanes Asturias) donde ademaacutes de algunas construc-ciones ldquoatiacutepicasrdquo como la del monumento SV24 donde se levantoacute una gran estela hincada frente a un arco de pequentildeas lajas con un hoyo entre ellas (fig 2) (Arias y Peacuterez 1990) o las enigmaacuteticas estructuras descritas por J F Meneacutendez en los antildeos 1920 (Meneacutendez 1927) cabe destacar la aparicioacuten en los megalitos de picos asturienses la misma ofrenda funeraria obser-vada en la vecina sepultura mesoliacutetica de el Molino de Gaspariacuten (Carbal-lo 1926) La inusual circunstancia de que los picos de ambos yacimientos
142 |
carezcan del caracteriacutestico desgaste en la punta (Arias 1991) refuerza la hipoacutetesis de que se trate de una ofrenda deliberada que estableceriacutea un puente simboacutelico a traveacutes del proceso de neolitizacioacuten Tambieacuten cabe pre-guntarse si la antiquiacutesima datacioacuten de Monte Areo VI situada en torno a 4700 cal BC (de Blas 1999) se debe considerar necesariamente un outlier o por el contrario nos proporciona un indicio de ensayos muy tempranos de monumentalizacioacuten en pleno proceso de transicioacuten al Neoliacutetico bien do- cumentado en la comarca del cabo Pentildeas a traveacutes de los estudios paleo-ambientales (Loacutepez Merino et al 2010) A este respecto conviene resentildear que en el NO peninsular tambieacuten se ha encontrado alguacuten indicio de que las construcciones megaliacuteticas se erigieron sobre ocupaciones anteriores tal como sugieren los datos de Illade 0 y tal vez la presencia repetida en varios doacutelmenes gallegos de polen de cereal en los paleosuelos datados en el VI milenio que eacutestos cubren (Barbanza As Rozas Parxubeira As Pereiras) (veacuteanse comentarios al respecto en Arias 2007)Es interesante resentildear que la variabilidad arquitectoacutenica no es exclusiva de las fases tempranas En la eacutepoca de apogeo del fenoacutemeno megaliacutetico en la primera mitad del IV milenio cal BC se constata tambieacuten una marcada regionalizacioacuten Ciertamente en toda la regioacuten parece asistirse a una ten-dencia a una mayor monumentalizacioacuten a la construccioacuten de estructuras maacutes grandes en ocasiones realmente enormes como la propia segunda fase de Dombate los tuacutemulos gallegos de A Mota Grande (Chao 2000) y A Madorra da Granxa (Chao y Aacutelvarez Merayo 2000) o el caacutentabro del Cotero de la Mina (Armendariz y Teira 2000) No obstante es notable la existencia de soluciones distintas en unas zonas y otras Asiacute como en Galicia la opcioacuten preferida parece haber sido la ereccioacuten de grandes sepulcros de corredor en el Cantaacutebrico este tipo arquitectoacutenico estaacute totalmente ausente sustitui-do en cualquier caso por grandes caacutemaras poligonales que en ocasiones tienen una especie de poacutertico marcado - caso del dolmen de la capilla de Santa Cruz (fig 3) (Vega del Sella 1919 de Blas 1979) o de Monte Areo XV (de Blas 1999) y quizaacute del Cotero de la Mina - aunque lo maacutes frecuente son caacutemaras de planta rectangular o trapezoidal de pequentildeo tamantildeo (Tei-ra 1994 Arias et al 2005 2006) Al sur de la cordillera Cantaacutebrica en la vecina regioacuten del Alto Ebro y en la submeseta septentrional volvemos a en-contrarnos desde al menos la constitucioacuten en torno a 4000 cal BC de la lla-mada ldquofacies funeraria Miradero-San Martiacutenrdquo (Delibes et al 1987) grandes construcciones que ciertamente son definibles como sepulcros de corredor pero que en realidad son bastante distintas de las gallegas con caacutemaras de tendencia circular con una cubricioacuten indeterminada (posiblemente de
| 143
| 2018
Fig3 - Planta y repre-sentaciones graacuteficas del dolmen de la capilla de Santa Cruz (Cangas de Oniacutes Asturias) (A partir de Blas 1979)
madera) Parece por tanto que las comunidades neoliacuteticas del NO penin-sular continuacutean interpretando de maneras muy diversas la nocioacuten de monu-mentalidad y las tendencias evolutivas generales extendidas por la fachada atlaacutentica europea del comportamiento funerarioEscasa es la informacioacuten que tenemos sobre la disposicioacuten de los cadaacute-veres pues el predominio en el aacuterea de estudio de suelos aacutecidos hace que raramente se conserven los restos oacuteseos No obstante en los pocos casos (sobre todo en la parte oriental del territorio) en que se han conservado parece que se confirma la asociacioacuten de los monumentos megaliacuteticos a la inhumacioacuten colectiva tal como se constata en Larrarte (12 individuos a pesar del reducido tamantildeo de la caacutemara) en Jentillari (27 individuos) o en Igaratza Sur (30 individuos) asiacute como la presencia de personas de am-bos sexos y de todas las edades Por otra parte en el mencionado dolmen de Larrarte se ha constatado una praacutectica que debioacute ser frecuente y ha sido
144 |
certificada tambieacuten en cuevas sepulcrales de la regioacuten consistente en el reacondicionamiento del sepulcro para dejar espacio a nuevas inhuma-ciones (Mujika y Armendariz 1991)Un aspecto particularmente notable del megalitismo de la regioacuten es el gran desarrollo de la expresioacuten graacutefica De hecho el NO de la peniacutensula ibeacuteri-ca es uno de los grandes nuacutecleos del arte megaliacutetico europeo (Shee-Two-hig 1981) En los uacuteltimos antildeos se ha constatado que este fenoacutemeno estaacute mucho maacutes extendido en la peniacutensula ibeacuterica de lo que se presumiacutea (Bueno y Balbiacuten 2006 2009 2012 Bueno et al 2013) Esto no obsta para corrobo-rar que el NO peninsular y muy en particular Galicia es una de las aacutereas de mayor densidad de manifestaciones graacuteficas megaliacuteticas con la particulari-dad ademaacutes del uso sistemaacutetico de la teacutecnica pictoacuterica muy rara aunque no totalmente ausente en otras zonas de Europa (Bueno et al 2016) El nuacutecleo galaico se extiende hacia el Cantaacutebrico (de Blas 1997a) donde las manifestaciones en esta regioacuten son mucho maacutes escasas si bien incluyen un importante nuacutecleo en el valle del Sella con dos monumentos muy rele-vantes los doacutelmenes de Santa Cruz (fig 3) y Abamia (de Blas 1979 1997a) Aunque existe alguna problemaacutetica datacioacuten maacutes antigua (Anta do Serramo Coto dos Mouros Monte dos Marxos) la cronologiacutea de las manifestaciones parietales parece situarse en un segmento temporal relativamente restrin-gido ca 3900-3600 cal BC (Carrera y Faacutebregas 2006) Parecen coetaacuteneas por tanto de la fase de apogeo caracterizada por la construccioacuten de grandes sepulcros de corredor y de hecho se asocian por lo general a este tipo de sepulturas (Bello y Carrera 1997) Es evidente que las pinturas y grabados parietales de los doacutelmenes tienen una relacioacuten directa con el universo fune- rario Maacutes complejo es acercarse a su papel en el simbolismo y el ritual De hecho la iconografiacutea no es faacutecil de interpretar Los motivos representados describibles como formas geomeacutetricas son de difiacutecil lectura y se han pro-puesto diversas alternativas de problemaacutetica contrastacioacuten (casas mortuo-rias ofidioshellip) No obstante en los uacuteltimos antildeos parece abrirse camino una hipoacutetesis que a nuestro juicio abre perspectivas muy interesantes la inter-pretacioacuten de algunos ortostatos como representaciones antropomorfas en las que los motivos geomeacutetricos pintados y grabados tratariacutean de sugerir la vestimenta de forma anaacuteloga a la de objetos mobiliares como las placas decoradas Un caso claro seriacutea el de Santa Cruz (fig 3) en el que a la forma vagamente antropomorfa de la gran laja de cabecera se le uniriacutean motivos en zigzag y triaacutengulos que encontramos en representaciones interpretables como personas vestidas (Bueno 2010) La importancia simboacutelica de la figura humana se confirma por la existen-
| 145
| 2018
Fig4 - Representaciones antropomorfas esquemaacuteti-cas del megalitismo galle-go (seguacuten Faacutebregas y Vila-seca 2004 parcialmente basadas en Rodriacuteguez Casal 1988)
cia en numerosos monumentos megaliacuteticos particularmente gallegos pero tambieacuten algunos cantaacutebricos de representaciones de bulto redondo va- gamente antropomorfas como cantos con escotaduras (Faacutebregas 1993 Faacutebregas y Vilaseco 2006) o estelas (fig 4) Se ha constatado su presencia en los corredores tal como sucede en Dombate donde estaban colocadas en hilera en el umbral de la sepultura (Bello 1994) Otro caso notable es el del dolmen coruntildeeacutes de A Mina de Parxubeira en el que se encontraron alineados en una zona exterior denominada ldquoaacuterea santuariordquo cuatro es-telas antropomorfas y dos betilos (Rodriacuteguez Casal 1988) En el caso del Cantaacutebrico cabe mencionar la estela recuperada en la caacutemara de Larrarte (Guipuacutezcoa) (Mujika y Armendariz 1991) o en un contexto maacutes tardiacuteo ya Calcoliacutetico la estela hincada ante el dolmen de Collaacute Cimera en Asturias (de Blas 1992) Posiblemente quepa incluir tambieacuten aquiacute algunos objetos muebles vinculados al megalitismo asturiano como los cantos con liacuteneas
146 |
pintadas o grabadas de El Baradal y Las Paniciegas comparables a los ejemplares gallegos mencionados maacutes arribaFinalmente quedan por considerar los ajuares que acompantildeaban habitual-mente a los individuos inhumados Aparecen compuestos por elementos de iacutendole muy diversa como corresponde a las presumiblemente variadas tradiciones culturales en un aacuterea tan extensa y al largo intervalo cronoloacutegi-co en que se desarrolla el fenoacutemeno megaliacutetico A pesar de ello se obser-van algunas pautas comunes Una parte importante se compone de ciertos utensilios liacuteticos estandarizados y en ocasiones elaborados con el uacutenico fin de su depoacutesito en las sepulturas Se trata de microlitos geomeacutetricos que a partir de fines del IV milenio son sustituidos por puntas de retoque plano y hojas que se elaboran en siacutelex de excelente calidad Junto a ello son tam-bieacuten frecuentes las hachas de piedra pulimentada La presencia de objetos de evidente valor simboacutelico como las armas y las hachas muy vinculados con los nuevos modos de vida neoliacuteticos parece evidente (Bradley 1990) Por su parte las ceraacutemicas de los megalitos neoliacuteticos son por general muy simples formas globulares sin decoracioacuten o con decoracioacuten muy sumaria lo que contrasta visiblemente con la aparicioacuten en los ajuares del III milenio de producciones ricamente decoradas sobre todo en Galicia donde apare-cen vasijas con esquemas inciso-metopados y ceraacutemicas campaniformes (Faacutebregas y Vilaseco 2004) relativamente frecuentes estas en esta regioacuten y en el Paiacutes Vasco Mencioacuten aparte merece la aparicioacuten de materiales exoacuteticos como las hachas pulimentadas realizadas en materiales exoacuteticos entre los que desta-can unos pocos casos de jadeiacuteta alpina (Faacutebregas et al 2017) la magniacutefica hacha de silimanita del dolmen de la capilla de Santa Cruz (elaborada en una roca aunque probablemente ibeacuterica de origen lejano) el azabache de Dombate (Bello 1995) o la mayoriacutea del siacutelex de buena calidad que aparece en los doacutelmenes gallegos y buena parte de los asturianos
OTRAS PRAacuteCTICAS FUNERARIASLa introduccioacuten y apogeo del megalitismo en la regioacuten no supone el fin de los enterramientos en cueva que se mantienen a lo largo del IV milenio cal BC A esta cronologiacutea se adscriben evidencias funerarias de distinta entidad En la mayor parte de los casos la ausencia de publicaciones completas o el caraacutecter del depoacutesito funerario provoca una imagen claramente fragmenta- ria En cualquier caso la documentacioacuten de estos restos aislados en cueva denota una perduracioacuten de esta praacutectica funeraria Posiblemente el caso maacutes conocido en la bibliografiacutea sea el enterramiento
| 147
| 2018
Fig5 - Esquema de la sepultura neoliacutetica en cueva de Marizulo (Guipuacutezcoa) (seguacuten Laborde et al 1967)
de Marizulo (Urnieta Guipuacutezcoa) datado en torno a 4000 cal BC Se trata de un individuo adulto masculino en posicioacuten flexionada y cuyo espacio fu-nerario estaba configurado por tres grandes rocas de caliza abierto hacia el este y aparentemente asociado a los restos de un perro y una oveja (fig 5) (Laborde et al 1967) La inhumacioacuten aparecioacute en la base del nivel I en cuya parte superior se documentaron numerosos restos adscritos al Calcoliacutetico y la Edad del Bronce (Alday y Mujika 1999)A esta misma cronologiacutea corresponden los restos humanos recientemente documentados en la cueva de Linatzeta (Deba Guipuacutezcoa) auacuten no publica-dos en detalle (Tapia et al 2008) y una mandiacutebula humana hallada en la cueva de Ekain (Deba Guipuacutezcoa) (Altuna 2009) En este uacuteltimo caso se trata de un fragmento de mandiacutebula infantil asociada a algunos fragmentos ceraacutemicos con decoracioacuten impresa a base de ungulaciones y digitaciones La datacioacuten directa del fragmento mandibular permite adscribirlo al IV milen-io cal BC (Ua-36855 4960plusmn60BP) Un hueso humano procedente del Portillo del Arenal (Pieacutela-gos Cantabria) (Muntildeoz y Morlote 2000) estaacute datado directa-mente a finales del IV o inicios del III milenio cal BC (AA-20044 4443plusmn104BP) El nuacutemero de huesos humanos adscritos a estas cronologiacuteas ha aumentado exponencialmente gracias a la excavacioacuten de nuevos yacimientos arqueoloacutegicos como El Carabioacuten (Voto Cantabria) o El Toral III (Llanes Asturias) o a la revisioacuten y datacioacuten de otros tradicio- nalmente conocidos como por ejemplo Los Avellanos (La Busta Canta-bria) (Vega y Gonzaacutelez Morales 2016) o Las Caacutescaras (Ruiloba Cantabria) En el primero de los yacimientos se documentaron seis fragmentos de craacuteneo de un individuo juvenil en el nivel I cuya datacioacuten (Poz-30592 5440plusmn40BP) permite adscribirlo a esta cronologiacutea La UE 3 del yacimiento de El Toral III tambieacuten ha registrado un fragmento humano datado a finales
148 |
del Neoliacutetico (Noval 2013) Como se puede observar la evidencia funeraria neoliacutetica en cuevas de la regioacuten cantaacutebrica es muy pobre y aun lo es maacutes en Galicia donde la uacutenica datacioacuten de un enterramiento de esta cronologiacutea procede de Pala do Rebolal (Vidal et al 2017) Sin embargo la presencia de estas evidencias funerar-ias aisladas nos permiten sostener una cierta continuidad en las praacutecticas rituales de las poblaciones asentadas en la regioacuten cantaacutebrica que no se ven interrumpidas con la introduccioacuten y apogeo del megalitismo La documentacioacuten de restos humanos en cuevas y monumentos megaliacuteti-cos reflejan una dualidad en las tradiciones funerarias difiacutecil de valorar adecuadamente ante la falta de informacioacuten detallada sobre el ritual fune- rario (Ontantildeoacuten y Armendariz 20052006)
REFLEXIOacuteN FINALComo acabamos de ver el noroeste de la peniacutensula ibeacuterica es una de las aacutereas maacutes relevantes para el estudio del comportamiento funerario de las comunidades neoliacuteticas de la peniacutensula ibeacuterica La regioacuten posee una ele- vadiacutesima densidad de sitios (probablemente cerca de 5000 en su mayor parte monumentos megaliacuteticos) y un registro funerario bastante completo Se constata la brusca extincioacuten del ritual funerario caracteriacutestico del Me-soliacutetico final y su sustitucioacuten a mediados del V milenio cal BC tras una etapa mal documentada en la fase de neolitizacioacuten por la inhumacioacuten colectiva en monumentos megaliacuteticos Estos muestran una gran variabilidad regional y en algunos casos ciertas evidencias de continuidad con la tradicioacuten mesoliacuteti-ca sugiriendo que la adopcioacuten del megalitismo se debe considerar como una serie variada y heterogeacutenea de interpretaciones del nuevo universo fu-nerario por parte de comunidades neoliacuteticas diversas En la primera mitad del IV milenio cal BC la regioacuten se cubre de millares de monumentos configurando un auteacutentico paisaje simboacutelico El registro funer-ario de este periacuteodo presenta una enorme complejidad Destaquemos entre sus rasgos maacutes sobresalientes el desarrollo de construcciones megaliacuteticas maacutes convencionales como caacutemaras ortostaacuteticas simples o sepulcros de corredor la destacada presencia de expresioacuten graacutefica en el interior de las caacutemaras o los indicios de relaciones a larga distancia de los que son un ejemplo particularmente notorio la presencia en los ajuares de hachas pu-limentadas en rocas exoacuteticas No obstante los doacutelmenes no eran la uacutenica opcioacuten para disponer de los cuerpos de los difuntos pues hay evidencia de otras praacutecticas como la utilizacioacuten de cuevas sepulcrales
| 149
| 2018
AGRADECIMIENTOS Este trabajo se ha realizado en el marco del proyecto de investigacioacuten ldquoSiacutem-bolos subterraacuteneos Una aproximacioacuten al pensamiento de los cazadores-re-colectores del Tardiglacial y el Holoceno usando tecnologiacuteas informaacuteticasrdquo (SimTIC) del Plan Estatal de Investigacioacuten Cientiacutefica y Teacutecnica y de Inno-vacioacuten 2013-2016 (HAR2017-82557-P)
REFERENCIAS BIBLIOGRAacuteFICASABAD XC 1992-93 Balance de las actuaciones arqueoloacutegicas llevadas a cabo en la necroacutepolis megaliacutetica de Cotogrande (Cabral) (Canmpantildeas de 1989-1992 Castrelos 5-6 pp 7-28ALDAY A y MUJIKA JA 1999 Nuevos datos de cronologiacutea absoluta concerniente al Holoceno medio en el aacuterea vasca XXIV Congreso Nacional de Arqueologiacutea Cartagena 1997 Murcia Instituto de Patrimonio Histoacuterico Comunidad Autoacutenoma de la Regioacuten de Murcia pp 95-106ALONSO FERNAacuteNDEZ C 2017 Vida y muerte en el asentamiento del Neoliacutetico Antiguo de El Prado (Pancorbo Burgos) Construyendo el Neoliacutetico en la Peniacutensula Ibeacuterica Ar-chaeoress (BAR International Series 2876) Oxford Oxford ArchaeopressALONSO MATHIAS F y BELLO JM 1997 Cronologiacutea y periodizacioacuten del henoacutemeno megaliacutetico en Galicia a la luz de las dataciones por C14 In AA RODRIacuteGUEZ CASAL ed O Neoliacutetico Atlaacutentico e as orixes do megalitismo Actas do Coloquio Internacional Santiago de Compostela 1-6 de abril de 1996 Santiago de Compostela Servicio de Publicacioacutens e Intercambio Cientiacutefico da Universidade de Santiago de Compostela pp 507-520ALTUNA J 2009 Cueva de Ekain 2ordf fase I Campantildea Arkeoikuska 2008 Arkeologi Iker-ketaInvestigacioacuten Arqueoloacutegica Vitoria Servicio Central de Publicaciones del Gobierno Vasco pp 358-365ARANZADI T y BARANDIARAacuteN JM 1935 Exploraciones en la caverna de Santimamintildee (Basondo Corteacutezubi) 3ordf memoria-Yacimientos azilienses y paleoliacuteticos Exploraciones en la caverna de Lumentxa (Lequeitio) Bilbao Excma Diputacioacuten de VizcayaARIAS P 1991 De cazadores a campesinos La transicioacuten al neoliacutetico en la regioacuten cantaacutebrica Santander Servicio de Publicaciones de la Universidad de Cantabria-Asam-blea Regional de CantabriaARIAS P 2007 Neighbours but diverse social change in north-west Iberia during the transition from the Mesolithic to the Neolithic (5500-4000 cal BC) In A WHITTLE y V CUMMINGS eds Going OverThe Mesolithic-Neolithic Transition in North-West Europe Oxford Oxford University Press pp 53-71ARIAS P 2012a Despueacutes de Los Azules Las praacutecticas funerarias en las sociedades mesoliacuteticas de la regioacuten cantaacutebrica In JR MUNtildeIZ ed Ad Orientem Del final del Paleo-litico en el norte de Espantildea a las primeras civilizaciones del Oriente Proacuteximo Estudios en homenaje al profesor Juan Fernaacutendez-Tresguerres Velasco Oviedo Universidad de Oviedo-Meacutensula Ediciones pp 253-273ARIAS P 2012b Funerary practices in Cantabrian Spain (9000-3000 cal BC) In JF GIBAJA AF CARVALHO y P CHAMBON eds Funerary Practices in the Iberian Peninsula
150 |
from the Mesolithic to the Chalcolithic Oxford Archaeopress pp 7-20ARIAS P 2014 La muerte entre los cazadores-recolectores El comportamiento funer-ario en la Peniacutensula Ibeacuterica durante el Paleoliacutetico Superior y el Mesoliacutetico In E GUERRA y J FERNAacuteNDEZ MANZANO eds La muerte en la Prehistoria ibeacuterica Casos de estudio Valladolid Universidad de Valladolid pp 49-75ARIAS P 2016 Grave goods in the Mesolithic of Southern Europe an overview In JM GRUumlNBERG B GRAMSCH L LARSSON J ORSCHIEDT y H MELLER eds Mesolithic Burials ndash Rites symbols and social organisation of early postglacial communities = Me-solithische Bestattungen ndash Riten Symbole und soziale Organisation fruumlher postglazialer Gemeinschaften Halle Landesamt fuumlr Denkmalpflege und Archaumlologie Sachsen-Anhalt pp 693-704ARIAS P y AacuteLVAREZ FERNAacuteNDEZ E 2004 Les chasseurs-cueilleurs de la Peacuteninsule Ibeacuterique face agrave la mort Une reacutevision des donneacutees sur les contextes funeacuteraires du Paleacuteo-lithique supeacuterieur et du Meacutesolithique In M OTTE ed La Spiritualiteacute Actes du Colloque international de Liegravege (10-12 deacutecembre 2003) Liegravege Universiteacute de Liegravege pp 221-236ARIAS P ARMENDARIZ Aacute BALBIacuteN RD FANO MAacute FERNAacuteNDEZ-TRESGUERRES JA GONZAacuteLEZ MORALES MR IRIARTE MJ ONTANtildeOacuteN R ALCOLEA JJ AacuteLVAREZ FERNAacuteNDEZ E ETXEBERRIA F GARRALDA MD JACKES M y ARRIZABALAGA Aacute 2009 Burials in the cave new evidence on mortuary practices during the Mesolithic of Cantabrian Spain In SB MCCARTAN RJ SCHULTING G WARREN y P WOODMAN eds Mesolithic Horizons Papers presented at the Seventh International Conference on the Mesolithic in Europe Belfast 2005 Oxford Oxbow pp 650-656ARIAS P ARMENDARIZ Aacute y TEIRA LC 2005 El fenoacutemeno megaliacutetico en la regioacuten Cantaacutebrica Estado de la cuestioacuten In P ARIAS R ONTANtildeOacuteN y C GARCIacuteA-MONCOacute eds Actas del III Congreso del Neoliacutetico en la Peninsula Ibeacuterica Santander 5 a 8 de octubre de 2003 Santander Servicio de Publicaciones de la Universidad de Cantabria pp 751-759ARIAS P ARMENDARIZ Aacute y TEIRA LC 2006 The megalithic complex in Cantabrian Spain In AA RODRIacuteGUEZ CASAL ed Le Meacutegalithisme AtlantiqueThe Atlantic Mega-liths Acts of the XIVth UISPP Congress University of Liegravege Belgium 2-8 September 2001 Symposium 94 Oxford Archaeopress pp 11-29ARIAS P y PEacuteREZ C 1990 Investigaciones prehistoacutericas en la Sierra Plana de La Bor-bolla (1979-1986) Excavaciones arqueoloacutegicas en Asturias 1983-86 Oviedo Servicio de Publicaciones del Principado de Asturias pp 143-151ARMENDARIZ Aacute y TEIRA LC 2000 El megalitismo en la Marina occidental de Canta-bria Excavacioacuten arqueoloacutegica del dolmen Cotero de la Mina (San Vicente de la Barquera) In R ONTANtildeOacuteN ed Actuaciones arqueoloacutegicas en Cantabria 1984-1999 Santander Consejeriacutea de Cultura y Deporte del Gobierno de Cantabria pp 283-284BELLO JM 199293 El monumento de Dombate en el marco del megalitismo del no-roeste peninsular Aspectos arquitectoacutenicos Portugaacutelia Nova seacuterie 13-14 pp 139-148BELLO JM 1994 Grabados pinturas e iacutedolos en Dombate (Cabana La Coruntildea) iquestGru-po de Viseu o grupo noroccidental Aspectos taxonoacutemicos y cronoloacutegicos O megalitismo no centro de Portugal-novos dados problemaacutetica e relaccedilotildees com outras aacutereas peninsu-lares Viseu CEPBA pp 287-304BELLO JM 1995 Autoctonismo vs relaciones en el megalitismo noroccidental El caso de los monumentos de Dombate Actas del XXII Congreso Nacional de Arqueologiacutea Vigo
| 151
| 2018
1993 Vigo pp 25-32BELLO JM y CARRERA F 1997 Las pinturas del monumento megaliacutetico de Dombate estilo teacutecnica y composicioacuten In AA RODRIacuteGUEZ CASAL ed O Neoliacutetico Atlaacutentico e as orixes do megalitismo Actas do Coloquio Internacional Santiago de Compostela 1-6 de abril de 1996 Santiago de Compostela Servicio de Publicacioacutens e Intercambio Cientiacutefico da Universidade de Santiago de Compostela pp 819-828BLAS MAacute 1979 La decoracioacuten parietal del dolmen de la Santa Cruz (Cangas de Oniacutes Asturias) Boletiacuten del Instituto de Estudios Asturianos 33(98) pp 717-757BLAS MAacute 1992 Trabajos finales en el dolmen de la Collaacute Cimera y en la necroacutepolis de La Cobertoria (divisoria Lena-Quiroacutes) Excavaciones arqueoloacutegicas en Asturias 1987-90 Oviedo Servicio de Publicaciones del Principado de Asturias pp 53-57BLAS MAacute 1997a El arte megaliacutetico en el territorio cantaacutebrico un fenoacutemeno entre la nitidez y la ambiguumledad III Coloquio Internacional de Arte Megaliacutetico La Coruntildea Museo de La Coruntildea pp 69-89BLAS MAacute 1997b Megalitos en la Regioacuten Cantaacutebrica una visioacuten de conjunto In AA RODRIacuteGUEZ CASAL ed O Neoliacutetico Atlaacutentico e as orixes do megalitismo Actas do Colo-quio Internacional Santiago de Compostela 1-6 de abril de 1996 Santiago de Compos-tela Servicio de Publicacioacutens e Intercambio Cientiacutefico da Universidade de Santiago de Compostela pp 311-334BLAS MAacute 1999 El Monte Areo en Carrentildeo (Asturias) un territorio funerario de los milenios V a III a de JC Candaacutes Ayuntamiento de CarrentildeoBRADLEY R 1990 The passage of arms An Archaeological analysis of Prehistoric hoards and votive deposits Cambridge Cambridge University PressBUENO P 2010 Ancestros e imaacutegenes antropomorfas muebles en el aacutembito del megal-itismo occidental las placas decoradas In C CACHO R MAICAS E GALAacuteN and JA MARTOS eds Ojos que nunca se cierran iumldeolos en las primeras sociedades campesi-nas Madrid Ministerio de Cultura pp 39-77BUENO P y BALBIacuteN R 2006 Arte parietal megaliacutetico en la Peniacutensula Ibeacuterica In F CARRERA y R FAacuteBREGAS eds Arte arietal megaliacutetico en el noroeste peniacutensular cono-cimiento y conservacioacuten Santiago de Compostela Toacuterculo pp 61-151BUENO P y BALBIacuteN R 2009 Marcadores graacuteficos y territorios tradicionales en la Pre-historia de la peniacutensula ibeacuterica Cuadernos de Prehistoria y Arqueologiacutea de la Universidad de Granada 19 pp 65-100BUENO P y BALBIacuteN R 2012 Holocene rock art of the Iberian Peninsula 2005-2009 In PG BAHN N FRANKLIN y M STRECKER eds Rock Art Studies News of the World IV Oxford Oxbow pp 45-59BUENO P BALBIacuteN R BARROSO R CARRERA F y AYORA C 2013 Secuencia de arquitecturas y siacutemblos en el dolmen de Viera (Antequera Maacutelaga Espantildea) Menga 04 pp 251-266BUENO P BALBIacuteN R LAPORTE L BARROSO R GOUEacuteZIN P COUSSEAU F HER-NANZ A y IRIARTE M 2016 Decorative techiniques in Breton megalithic tombs (France) the role of paintings In L LAPORTE y C SCARRE eds The megalithic architec-tures of Europe Oxford Oxbow pp 197-205CARBALLO J 1926 El esqueleto humano maacutes antiguo de Espantildea Santander edicioacuten del autorCARRERA F y FAacuteBREGAS R 2006 Datacioacuten directa de pinturas megaliacuteticas de Galicia
152 |
In F CARRERA y R FAacuteBREGAS eds Arte arietal megaliacutetico en el noroeste peniacutensular conocimiento y conservacioacuten Santiago de Compostela Toacuterculo pp 37-60CHAO FJ 2000 Intervencioacuten arqueoloacutegica en A Mota Grande aproximacioacuten a su arqui-tectura Brigantium pp 23-40CHAO FJ y AacuteLVAREZ MERAYO IA 2000 A Madorra da Granxa iquestO tuacutemulas maacutesi grande de Galicia Brigantium 12 pp 41-63CRIADO F y VAQUERO J 1993 Monumentos nudos en el pantildeuelo Megalitos nudos en el espacio Anaacutelisis del emplazamiento de los monumentos tumulares gallegos Espacio Tiempo y Forma-Prehistoria y Arqueologiacutea 6 pp 205-248CUBAS M ALTUNA J AacuteLVAREZ FERNAacuteNDEZ E ARMENDARIZ Aacute FANO MAacute LOacutePEZ-DOacuteRIGA I MARIEZKURRENA K TAPIA J TEIRA LC y ARIAS P 2016 Re-evaluating the Neolithic the impact and consolidation of farming practices in the Can-tabrian region (northern Spain) Journal of World Prehistory 29 pp 79-116CUBAS M STJERNA RP FONTANALS MF LLORENTE L LUCQUIN A CRAIG OE y COLONESE AC in press Long-term dietary change in Atlantic and Mediterranean Iberia with the introduction of agriculture a stable isotope perspective Archaeological and Anthropological SciencesDELIBES G ALONSO M y ROJO MAacute 1987 Los sepulcros colectivos del Duero medio y Las Loras y su conexioacuten con el foco dolmeacutenico riojano El megalitismo en la Peniacutensula Ibeacuterica Madrid Ministerio de Cultura pp 181-197DELIBES G ROJO MAacute y REPRESA JI 1993 Doacutelmenes de La Lora Burgos Valladolid Junta de Castilla y LeoacutenFAacuteBREGAS R 1993 Representaciones de bulto redondo en el megalitismo del No-roeste Trabajos de Prehistoria 50 pp 87-101FAacuteBREGAS R RODRIacuteGUEZ RELLAacuteN C y LOMBERA AD 2017 Des Alpes agrave la peacuteninsule Ibeacuterique une longue route sinueuse In P PEacuteTREQUIN E GAUTHIER y A PEacuteTREQUIN eds Jade Objets-signes et interpreacutetations sociales des jades alpins dans lrsquoEiurope neacuteo-lithique Tome 3 Besanccedilon Presses Universitaires de Franche-Comteacute-Centre de Recher-che Archeacuteologique de la Valleacutee de lrsquoAin pp 419-429FAacuteBREGAS R y VILASECO XI 2004 El megalitismo gallego a inicios del xiglo XXI Main-ake XXVI pp 63-87FAacuteBREGAS R y VILASECO XI 2006 En torno al megalitismo gallego In F CARRERA y R FAacuteBREGAS eds Arte arietal megaliacutetico en el noroeste peniacutensular conocimiento y conservacioacuten Santiago de Compostela Toacuterculo pp 11-36FAacuteBREGAS R y VILASECO XI 2016 Building forever or just for the time being A view from north-western Iberia In L LAPORTE y C SCARRE eds The megalithic architectures of Europe Oxford Oxbow pp 101-110GARCIacuteA GAZOacuteLAZ J 2007 Los enterramientos neoliacuteticos del yacimiento de Paternan-bidea (Ibero) La tierra te sea leve Arqueologiacutea de la muerte en Navarra Pamplona Go-bierno de Navarra pp 59-65GARCIacuteA GAZOacuteLAZ J y SESMA J 2007 Enterramientos en el poblado neoliacutetico de Los Cascajos (Los Arcos) La tierra te sea leve Arqueologiacutea de la muerte en Navarra Pamplo-na Gobierno de Navarra pp 52-58GONZAacuteLEZ MORALES MR 1992 Mesoliacuteticos y megaliacuteticos la evidencia arqueoloacutegica de los cambios en las formas productivas en el paso al megalitismo en la costa cantaacutebri-ca In A MOURE ed Elefantes ciervos y ovicaprinos economiacutea y aprovechamiento del
| 153
| 2018
medio en la Prehistoria de Espantildea y Portugal Santander Servicio de Publicaciones de la Universidad de Cantabria pp 185-202GRUumlNBERG JM 2000 Mesolithische Bestattungen in Europa Ein Beitrag zur vergle-ichenden Graumlberkunde RahdenWestfalen LeidorfHELLEWELL E and MILNER N 2016 Analyses of the placement of disarticulated hu-man remins in the Stone Age shell middens in Europe In JM GRUumlNBERG B GRAMSCH L LARSSON J ORSCHIEDT and H MELLER eds Mesolithic Burials ndash Rites symbols and social organisation of early postglacial communities = Mesolithische Bestattungen ndash Riten Symbole und soziale Organisation fruumlher postglazialer Gemeinschaften Halle Landesamt fuumlr Denkmalpflege und Archaumlologie Sachsen-Anhalt pp 545-554LABORDE M BARANDIARAacuteN JM ATAURI JM and ALTUNA J 1967 Excavaciones en Marizulo (Urnieta) (Campantildeas de 1965 y 1967) Munibe XIX pp 261-270LOacutePEZ MERINO L MARTIacuteNEZ CORTIZAS A and LOacutePEZ JA 2010 Early agriculture and paleoenvironmental history in the North of the Iberian Peninsula a multi-proxy analysis of the Monte Areo mire (Asturias Spain) Journal of Archaeological Science 37 pp 1978-1988MARTINOacuteN-TORRES M 2001 Os monumentos megaliacuteticos depois do megalitismo Ar-queoloxiacutea e Historia dos megalitos galegos a traveacutes das fontes escritas (s VI-XIX) Valga Concello de ValgaMARTINOacuteN-TORRES M 2002 Defying God and the King a 17th century gold rush for megalithic treasure Public Archaeology 2(4) pp 220-235MEIKLEJOHN C BRINCH PETERSEN E and BABB J 2009 From single graves to cem-eteries An initial look at chronology in Mesolithic burial practice In SB MCCARTAN RJ SCHULTING G WARREN and P WOODMAN eds Mesolithic Horizons Papers presented at the Seventh International Conference on the Mesolithic in Europe Belfast 2005 Ox-ford Oxbow pp 639-645MENEacuteNDEZ JF 1927 La necroacutepolis dolmeacutenica de la Sierra Plana en Vidiago Primera estacioacuten neoliacutetica descubierta en Asturias Ibeacuterica XXVII(678) pp 312-317MUJIKA JA and ARMENDARIZ Aacute 1991 Excavaciones en la estacioacuten megaliacutetica de Murumendi (Beasain Gipuzkoa) Munibe (Antropologia-Arkeologia) 43 pp 105-165MUNtildeOZ E and MORLOTE JM 2000 Documentacioacuten arqueoloacutegica de la cueva del Calero II y la sima del Portillo del Arenal en Pieacutelagos In R ONTANtildeOacuteN ed Actuaciones arqueoloacutegicas en Cantabria 1984-1999 Santander Consejeriacutea de Cultura y Deporte del Gobierno de Cantabria pp 263-266NOVAL MA 2013 Excavacioacuten arqueoloacutegica en la cueva de El Toral III (Andriacuten Llanes) Excavaciones arqueoloacutegicas en Asturias 2007-2012 En el centenario del descubrimien-to de la caverna de La Pentildea de Candamo Oviedo Consejeriacutea de Educacioacuten Cultura y Deporte del Principado de Asturias pp 381-384ONTANtildeOacuteN R 2003 Caminos hacia la complejidad el Calcoliacutetico en la regioacuten cantaacutebrica Santander Servicio de Publicaciones de la Universidad de CantabriaONTANtildeOacuteN R and ARMENDARIZ Aacute 20052006 Cuevas y megalitos los contextos sep-ulcrales colectivos en la Prehistoria reciente cantaacutebrica Homenaje a Jesuacutes Altuna Tomo II Arqueologiacutea San Sebastiaacuten Sociedad de Ciencias Aranzadi pp 275-286OSTERHOLTZ AJ BAUSTIAN KL and MARTIN DL eds 2014 Commingled and disar-ticulated human remains Working toward improved theory method and data New Yorl Springer
154 |
RODRIacuteGUEZ CASAL AA 1988 La necroacutepolis megaliacutetica de Parxubeira A Coruntildea Mu-seu Arqueoloacutexico ProvincialROJO MAacute GARCIacuteA MARTIacuteNEZ DE LAGRAacuteN IacuteNtildeIGO GARRIDO R TEJEDOR C SUBIREacute ME GARCIacuteA GAZOacuteLAZ J SESMA J GIBAJA JF UNZU M PALOMINO L JIMEacuteNEZ I ARROYO E y ARCUSA H 2016 Enterramientos del Neoliacutetico antiguo en el interior peninsular nuevos datos para una actualizacioacuten de la evidencia empiacuterica Del neoliacutetic a lrsquoedat del bronze en el Mediterrani occidental Estudis en homenatge a Bernat Martiacute Oliver Valencia SIP pp 181-210SCARRE C ARIAS P BURENHULT G FANO MAacute OOSTERBEEK L SCHULTING RJ SHERIDAN A y WHITTLE A 2003 Megalithic chronologies In G BURENHULT ed Stones and bones Formal disposal of the dead in Atlantic Europe during the Mesoli thic-Neolithic interface 6000-3000 BC Archaeological Conference in Honour of the Late Professor Michael J OrsquoKelly Proceedings of the Stones and Bones Conference in Sligo Ireland May 1-5 2002 Oxford Archaeopress pp 65-111SERNA MR 1997 Neolitizacioacuten y megalitismo en la Cornisa Cantaacutebrica el yacimiento de Guriezo-Hayas In R BALBIacuteN y P BUENO eds II Congreso de Arqueologiacutea Peninsu-larTomo II-Neoliacutetico Calcoliacutetico y Bronce Zamora Fundacioacuten Rei Afonso Henriques pp 199-206SHEE-TWOHIG E 1981 The megalithic art of Western Europe Oxford Clarendon PressSUAacuteREZ J 2001 Tesoros ayalgas y chalgueiros la fiebre del oro en Asturias Gijoacuten Museo del Pueblo de AsturiasTAPIA J AacuteLVAREZ FERNAacuteNDEZ E CUBAS M CUETO M ETXEBERRIA F GUTIEacuteRREZ ZUGASTI I HERRASTI L y RUIZ M 2008 La cueva de Linatzeta (Lastur Deba Gipuz-koa) Un nuevo contexto para el estudio del Mesoliacutetico en Gipuzkoa Munibe (Antropolo-gia-Arkeologia) 59 pp 119-131TEIRA LC 1994 El megalitismo en Cantabria Aproximacioacuten a una realidad arqueoloacutegi-ca olvidada Santander Servicio de Publicaciones de la Universidad de CantabriaVAQUERO J 1995 Tuacutemulos del NW peninsular Escenas Actas del XXII Congreso Nacio-nal de Arqueologiacutea Vigo 1993 Vigo pp 39-45VEGA DEL SELLA CONDE DE LA 1919 El dolmen de la capilla de Santa Cruz (Asturias) Madrid Museo Nacional de Ciencias NaturalesVEGA C y GONZAacuteLEZ MORALES MR 2016 Estratigrafiacutea y cronologiacutea para la ceraacutemica inciso-impresa en el traacutensito del III al II milenio cal aC en Cantabria In G SANZ ed Actuaciones Arqueoloacutegicas en Cantabria 2004-2011 Santander Gobierno de Canta-bria Consejeriacutea de Educacioacuten Cultura y Deporte pp 154-160VIDAL ROMANIacute JR GRANDAL DrsquoANGLADE A y VAQUEIRO RODRIacuteGUEZ M 2017 El mundo de una mujer llamada Elba hace 9300 antildeos Cadernos do Laboratorio Xeoloacutexico de Laxe 39 pp 11-22
| 155
| 2018
AS COMUNIDADES NEOCALCOLIacuteTICAS DE TRAacuteS-OS-MONTES PENSAR A SUA TRADICcedilAtildeO CERAcircMICA NUMA PERSPECTIVA DE PERENIDADE
The Neolithic and Calcolithic communities of Traacutes-os-Montes thinking their pottery tradition in a perspective of perennity
RESUMOAs comunidades neocalcoliacuteticas de Traacutes-os-Montes Oriental deixaram-nos evi-decircncias de uma longa continuidade da sua cultura material na qual a repro-duccedilatildeo repetida de motivos decorativos nos recipientes ceracircmicos ao longo do IV e III mileacutenios aC nos leva a equacionar os mecanismos mentais que condi- cionam a sua produccedilatildeo artesanal Mais que uma simples manifestaccedilatildeo artiacutestica ou preocupaccedilatildeo esteacutetica estas decoraccedilotildees fazem parte de um estilo proacuteprio cons- truiacutedo atraveacutes de uma repeticcedilatildeo de gestos condicionada que entre outras pos-sibilidades poderaacute traduzir um posicionamento destas comunidades perante o passar do tempo distinguindo-se o longo do curto cada um com investimentos diferentes e pautado por continuidades ou mudanccedilasProcuramos assim perceber se esta sua cultura material eacute portanto um mar-cador de dinacircmicas de perenidade e continuidade tal como estaacute inerente ao proacuteprio conceito de megalitismo como construccedilotildees que satildeo feitas para durar por muito tempo na paisagemPALAVRAS-CHAVE Neocalcoliacutetico Cultura Material Decoraccedilatildeo Ceracircmica Traacutes- -os-Montes
ABSTRACTThe Neolithic and Calcolithic communities of Eastern Traacutes-os-Montes region have left us evidence of a long continuity of their material culture in which the repeated reproduction of decorative motifs in the ceramic vessels throughout the IV and III millennia BC leads us to equate the mental mechanisms that condition said production More than a mere artistic manifestation or aesthetic concern these decorations are part of a style of their own built through the repetition of conditioned gestures which among other possibilities can infer a positioning of these communities towards the passage of time distinguishing between long and short conceptions of time each with different investments and based on conti- nuities or changes
Elsa Luiacutes e Telma Susana O Ribeiro
156 |
We aim thus to question if this material culture is therefore a marker of peren- nial dynamics and continuity akin to the very concept of megalithism as constructions that are made to last perpetually in the landscape KEY WORDS Neolithic Chalcolithic Material Culture Pottery Decoration Traacutes-os-Montes
1 INTRODUCcedilAtildeOTomando como pretexto a aparente homogeneidade e padronizaccedilatildeo dos reci- pientes ceracircmicos das comunidades neoliacuteticascalcoliacuteticas de Traacutes-os-Montes Oriental equacionamos um problema aparentemente simples na sua cons- truccedilatildeo mas que enuncia uma enorme complexidade que dificilmente conse-guiremos explorar na sua plenitude as concepccedilotildees que estaratildeo subjacentes a esta padronizaccedilatildeo da cultura material Assumimos que determinado comporta-mento material das sociedades camponesas neocalcoliacuteticas eacute recorrente na cro-nologia e que essa proacutepria recorrecircncia eacute significante quanto agraves estruturas sociais e mentais que lhes subjazem Cumpre-nos assim discutir problematizar ainda que de forma superficial as possiacuteveis razotildees subjacentes a esse comportamen-to repetido
2 A PRODUCcedilAtildeO CERAcircMICA DAS SOCIEDADES NEOCALCOLIacuteTICAS DE TRAacuteS-OS-MONTES ORIENTALTraacutes-os-Montes Oriental eacute considerada uma regiatildeo geograacutefica com limites claros situada entre a cadeia montanhosa das serras da Brunheira Padrela Falperra a Oeste (Lemos 1993 p 98) a fronteira com Espanha a Norte e Este e o rio Douro a Sul correspondendo genericamente ao distrito de Braganccedila e agrave parte Leste do distrito de Vila Real No que respeita agraves suas sociedades camponesas do IV e III mileacutenios aC o estado actual dos conhecimentos ainda se encontra longe do desejaacutevel e do que jaacute estaacute disponiacutevel para outras aacutereas regionais faltando nes-ta regiatildeo uma concentraccedilatildeo da investigaccedilatildeo na recolha de dados sobretudo atraveacutes da escavaccedilatildeo arqueoloacutegica de siacutetios jaacute identificados e o desenvolvimen-to de projectos de investigaccedilatildeo Seria igualmente fundamental conduzir novas escavaccedilotildees que permitissem obter uma estratigrafia mais fina e consequen-temente uma melhor caracterizaccedilatildeo da evoluccedilatildeo diacroacutenica dos materiais e estruturas idealmente pautadas com uma bateria de dataccedilotildees radiomeacutetricas Satildeo vaacuterios os siacutetios identificados com ocupaccedilotildees desta cronologia relativa-mente faacuteceis de identificar em contexto de prospecccedilatildeo pela homogeneidade da sua produccedilatildeo ceracircmica ainda que quanto a estruturas sejam muito pouco visiacuteveis na paisagem
| 157
| 2018
Figura 1 ndash Mapa de localizaccedilatildeo dos siacutetios arqueoloacutegicos 1 Xaires 2 Alto da Mador-ra 3Cunho 4 Barrocal Alto 5 Quinta do Rio 16 6 Monte da Poia [base cartograacutefica de Rui Boaventura adaptado]
Figura 2 ndash Tabela de formas neocalcoliacuteticas (segundo Luiacutes 2016)
158 |
Os conjuntos ceracircmicos aqui considerados provecircm na totalidade de siacutetios in-terpretados como sendo de habitaccedilatildeo concentrando-se nos actuais concelhos de Mogadouro Torre de Moncorvo e Macedo de Cavaleiros coincidindo com os territoacuterios que foram alvo de mais intervenccedilotildees e projectos de investigaccedilatildeo Muitos dos siacutetios sofreram intervenccedilatildeo sob a forma de sondagem ou vaacuterias sondagens dificultando o cruzamento de informaccedilatildeo dentro do mesmo siacutetio ou a compreensatildeo da estrutura interna dos povoados Consideramos aqui os conjuntos ceracircmicos provenientes de Xaires em Talhas Macedo de Cavaleiros (Carvalho Ventura e Pinheiro 2009 2010 2011 Luiacutes 2016) Alto da Madorra em Vale Benfeito Macedo de Cavaleiros (Carvalho et alli 1997 Luiacutes 2016) Cu- nho (Sanches e Marcos 1985 Sanches 1992 Luiacutes 2016) e Barrocal Alto (San- ches 1992 Luiacutes 2016) ambos em Peredo da Bemposta Mogadouro Quinta do Rio 16 (Gaspar et al 2014 Luiacutes 2016) e Monte da Poia (Martins 2009 Luiacutes 2016) ambos em Cardanha Torre de Moncorvo Na generalidade trata-se de siacutetios com posiccedilatildeo de destaque na paisagem com domiacutenio visual e controlo territorial das aacutereas envolventes nomeadamente siacutetios
Figura 3 ndash Tabela de organizaccedilotildees decorativas (segundo Luiacutes 2016)
| 159
| 2018
em topos de cabeccedilo e aproveitando em muitos casos os afloramentos rocho-sos para apoio de estruturas ou protecccedilatildeo do povoado relativamente a ventos Em nenhum dos siacutetios intervencionados e aqui considerados se identificaram vestiacutegios de estruturas de caraacutecter defensivo As estruturas habitacionais iden-tificadas satildeo sempre arquitecturalmente simples recorrendo a uma maioria de materiais pereciacuteveis e o recurso agrave pedra faz-se apenas para estruturas de pequena dimensatildeo como lareiras buracos de poste alinhamentos e empedra-dos por vezes recorrendo ao complemento de fragmentos ceracircmicos e argila para os preenchimentos Em vaacuterios siacutetios detectou-se a presenccedila em quanti-dades diferentes de barro de revestimento indicando que as paredes das estru-turas habitacionais seriam revestidas a argila Natildeo parece existir um grande in-vestimento construtivo para estabilidade e durabilidade sendo necessaacuteria uma renovaccedilatildeo perioacutedica das estruturas A anaacutelise particular e comparativa dos conjuntos ceracircmicos destes siacutetios arqueo- loacutegicos permitiu verificar que existe uma tendecircncia para a homogeneidade da produccedilatildeo dos aspectos formais e das estrateacutegias decorativas dos recipientes ceracircmicos com variaccedilotildees de menor significado estatiacutestico (Luiacutes 2016) Enten-demos assim que estamos perante uma produccedilatildeo ceracircmica organizada com a reproduccedilatildeo de traccedilos e elementos estruturantes que se repetem nos vaacuterios contextos considerados Apesar das dificuldades de reconstituiccedilatildeo das formas e das organizaccedilotildees decorativas devido ao quase sempre elevado grau de frag-mentaccedilatildeo dos recipientes verifica-se que se trata na esmagadora maioria dos casos de recipientes de bases convexas raramente englobando elementos de preensatildeo com bordos quase sempre direitos ou exvertidos cujas formas predominantes satildeo por ordem de importacircncia as taccedilas os globulares e os esfeacutericos As decoraccedilotildees encontram-se bem representadas nos conjuntos (aproximada-mente 20 das formas reconstituiacuteveis) situando-se na esmagadora maioria dos casos no lado exterior do recipiente e quando eacute possiacutevel aferir na sua parte superior onde seria mais visiacutevel Dentro das teacutecnicas decorativas sobressai a impressatildeo simples seguida da incisatildeo simples depois a combinaccedilatildeo da im-pressatildeo com incisatildeo o boquique e a incisatildeo penteada Nos motivos decorativos em quase todos os contextos domina a organizaccedilatildeo decorativa III as sequecircn-cias horizontais de impressotildees com excepccedilatildeo do sector B do Alto da Madorra e o Monte da Poia em que predomina a organizaccedilatildeo V A segunda organizaccedilatildeo melhor representada eacute a II os triacircngulos preenchidos na generalidade dos siacute-tios Nos contextos onde os motivos a incisatildeo penteada (organizaccedilatildeo V) estatildeo identificados esta tende a ser a segunda opccedilatildeo atraacutes da organizaccedilatildeo III em detrimento da II Por outro lado as organizaccedilotildees menos representadas satildeo as
160 |
restantes dentro das quais a I (organizaccedilatildeo metopada) a VII (linhas incisas ho rizontais paralelas) a X (banda em ziguezague) a XII (linhas incisas largas em ziguezague) e a XL (banda de impressotildees circulares associada a espiga incisa)A ocupaccedilatildeo destes siacutetios teraacute ocorrido de uma forma geral entre os finais do IV e meadosfinais do III mileacutenio aC podendo em alguns contextos particu-lares ter-se estendido aos finais do III mileacutenio aC ou iniacutecios do II mileacutenio aC subsistindo a dificuldade de uma cronologia mais fina e de situar as diversas ocupaccedilotildees numa diacronia As dataccedilotildees disponiacuteveis satildeo muito escassas e mes-mo a comparaccedilatildeo dos conjuntos com outros provenientes de siacutetios arqueoloacutegi-cos de outras aacutereas regionais com maior quantidade de dados natildeo permitiram avanccedilar substancialmente num esboccedilo de comportamento diacroacutenico da pro-duccedilatildeo ceracircmica Algumas inferecircncias importantes foram feitas para os contex-tos com predomiacutenio da organizaccedilatildeo decorativa V associada agrave teacutecnica da incisatildeo penteada verificando-se que seraacute a partir de meados do III mileacutenio aC que se tornaraacute progressivamente na organizaccedilatildeo decorativa predominante (Luiacutes 2016 p 202-203) ou seja estamos perante uma modificaccedilatildeo na decoraccedilatildeo dos recipientes introduzida jaacute numa eacutepoca mais avanccedilada de uma tradiccedilatildeo oleira genericamente designada de neocalcoliacutetica Ora esta dificuldade de definiccedilatildeo diacroacutenica decorre essencialmente de um
Figura 4 ndash Graacutefico de representatividade das formas por contexto (segundo Luiacutes 2016)
| 161
| 2018
problema de amostra arqueoloacutegica mas deveraacute tambeacutem relacionar-se com uma grande perduraccedilatildeo no tempo dos mesmos modelos de produccedilatildeo ceracircmica com a repeticcedilatildeo constante das mesmas formas e das mesmas organizaccedilotildees decorativas ainda que com pequenas variaccedilotildees estatiacutesticas
3 INFEREcircNCIAS SOCIAIS A PARTIR DE UMA MODA OLEIRAA produccedilatildeo ceracircmica das sociedades transmontanas do IV-III mileacutenios aC apesar do muito que nos falta ainda conhecer e compreender aparenta demons- trar uma manutenccedilatildeo no tempo e no espaccedilo de formas concretas de saber faz-er e uma reproduccedilatildeo constante de elementos considerados estruturantes (pelo menos por noacutes) Natildeo parece neste sentido existir uma liberdade criativa ainda que este seja um conceito provavelmente demasiado contemporacircneo para a produccedilatildeo artesanal concretamente neste acircmbito para a produccedilatildeo oleira E a questatildeo que se impotildee vem exactamente nesta sequecircncia quais satildeo as razotildees que subjazem a esta reproduccedilatildeo artesanal (e cultural) controlada que aparen-temente natildeo deixa espaccedilo e liberdade para a criaccedilatildeo particular ou individual A produccedilatildeo artesanal nestas sociedades preacute-histoacutericas como vimos nos casos acima referidos e como eacute jaacute substancialmente conhecido (Lemonnier 2002 Shanks e Tilley 1987 Lima 2011 Sanches 1997 Plog 1980 Dietler e Her-bich 1998) estaacute embutida de formas de fazer especiacuteficas de escolhas que as comunidades tomaram nos modos de produccedilatildeo que consideram eficazes e que assumem como suas e como expressatildeo de si mesmas e das suas estrutu-ras mentais e culturais ou seja tecircm um estilo proacuteprio que eacute ensinado e repetido ao longo de um tempo variaacutevel A estandardizaccedilatildeo da cultura material ou o seu estilo ldquoprovides a coherence consistency to the fabric of everyday existence that promotes social livingrdquo (Sackett 1977 p 372) e eacute tambeacutem parte activa de uma identidade de grupo e porque presente e observaacutevel garante o sentimento de pertenccedila (ou por oposiccedilatildeo de diferenccedila) a um grupo e a um conjunto de nor-mas e prerrogativas sociais que enquadram a vida do indiviacuteduo e igualmente a sobrevivecircncia identitaacuteria do grupo Portanto a cultura material ldquois in no sense to be regarded as a product of unmediated individual intentionality but as a produc-tion of the intersubjective social construction of reality Individuals are structured in terms of the social and concomitantly material culture is socially rather than individually structuredrdquo (Shanks e Tilley 1987 p 97-98)Neste mesmo sentido a cultura material assume estrutura de comunicaccedilatildeo dentro das comunidades como vaacuterios autores tecircm apontado (Jones 2007 Shanks e Tilley 1987 Karacan 2016 Rowlands 1993 Ames 1980) sendo assim os recipientes ceracircmicos similarmente recipientes de mensagens e de coacutedigos com significado social Dificilmente conseguiremos lsquotraduzirrsquo essas
162 |
mensagens na sua plenitude contextual no que realmente cada organizaccedilatildeo decorativa ou cada fusatildeo entre formadecoraccedilatildeo e ateacute funccedilatildeocontexto de uti-lizaccedilatildeo representa mas podemos discutir concepccedilotildees mais abstractas subja-centes a estes coacutedigos sociais Um sentido mais imediato eacute o de que a cultura material constitui parte de um sistema geral de depoacutesito de memoacuteria colectiva pelo menos a dois niacuteveis Um deles eacute a transmissatildeo do saber fazer antigo e instituiacutedo que funciona tecnicamente a mais faacutecil transmissatildeo de ferramentas do dia a dia porque implica pouco tempo de conceptualizaccedilatildeo e experimentaccedilatildeo teacutecnica agilizando o quotidiano e criando poucas tensotildees sociais em eventuais alturas de premecircncia dos proacuteprios objectos Este niacutevel entraraacute no campo do en-raizamento de praacuteticas sociais pouco pensadas muitas vezes ateacute inconscientes da sua origem ou justificaccedilatildeo praacutetica mas que por habitus (segundo P Bordieu apud Garciacutea Borja Molina Balague e Bernabeu Aubaacuten 2005) satildeo ensinadas e reproduzidas ldquoporque sempre se fez assimrdquo ou numa melhor descriccedilatildeo porque ldquoa central part of social memory and the transmission of cultural knowledge is associated with repeated habitual actions such as learning to hunt learning to make poterry etcrdquo (Lucas 2005 p 77)Um segundo niacutevel em que a cultura material pode ser considerada de repositoacuterio da memoacuteria colectiva eacute talvez mais difiacutecil de conceptualizar que seraacute o de en-carar a cultura material como forma activa de transmissatildeo cultural e de conhe-cimento social (Jones 2007) especialmente utilizado em sociedades orais ou natildeo literatas como ldquoa symbolic medium for orientating people in their natural
Figura 5 ndash Graacutefico das organizaccedilotildees decorativas por contexto (segundo Luiacutes 2016)
| 163
| 2018
and social environment because of the relative permanence of material culture vis a vis speech actsrdquo (Shanks e Tilley 1987 p 96-97) Sendo uma forma de linguagem utilizamo-la para ldquoorganize transfer and understand ideas notions and values of group members which makes it a precondition for a collectively constructed pastrdquo (Karacan 2016 p 34) tendo ainda a ldquocapacity to evoke and to establish with past experience [hellip] because as a material symbol rather than verbalized meaning they provide a special form of access to both individual and group unconscious processesrdquo (Rowlands 1993 p 144) Neste particular os objectos a cultura material servem como uma mnemoacutenica como um elemento activador da memoacuteria colectiva e provavelmente remetem para um sentido de passado comum conferindo estabilidade ao colectivo e agrave identidade individual e do grupo No entanto da mesma forma que a presenccedila da cultura material e a sua re-produccedilatildeo controlada remetem para um passado colectivo quer enquanto elemento agregador quer enquanto transmissor de valores e praacuteticas sociais podem tambeacutem traduzir uma forma particular de estar no mundo de enca- rar o seu proacuteprio devir social e cultural Referimo-nos concretamente agrave forma destas sociedades encararem o passar do tempo ldquohow a society views the world is inextricably linked to their material relations with the world that material culture encapsulates the conceptual symbolic or cognitive structure of a society as much as its technology or economyrdquo (Lucas 2005 p67) Desta forma po-demos admitir que a produccedilatildeo material tem sempre em si impliacutecita a noccedilatildeo de ldquotempordquo e as estrateacutegias temporais da sociedade em que se insere Como Lucas (2005 p68) afirma ldquoIndeed not only will certain activities be structured in a temporal manner (eg harvesting the crop at a certain time burying the dead on a certain day) the temporal perceptions associated with the activity form an inte-gral part of the nature of that activityrdquo Atraveacutes da repeticcedilatildeo de gestos e praacuteticas e de histoacuterias e objectos estas comunidades poderiam querer evocar ateacute de forma inconsciente um sentido de continuidade com o passado conferindo es-tabilidade na vida quotidiana que em uacuteltima anaacutelise poderaacute ser encarada como eventual mecanismo de resposta a inseguranccedilas e ser uma forma de lidar com as preocupaccedilotildees do futuro Inerentemente presumimos um sentido de previsi-bilidade no quotidiano justificado pela repeticcedilatildeo de ensinamentos antigos que confinaraacute uma maior confianccedila ao futuro e agraves novas geraccedilotildees E neste sentido a cultura material pode ser encarada tambeacutem como uma ponte de ligaccedilatildeo entre o passado as origens a tradiccedilatildeo a estabilidade do grupo e o proacuteprio futuro na transmissatildeo desses mesmos valores e sobretudo da passagem de um testemu-nho uma heranccedila cultural antiga mas actual conferindo continuidade e esta-bilidade A forma de olhar para o tempo eacute de certa forma um acto continuado
164 |
entre o passado e o futuroDa mesma forma que a cultura material moacutevel como os recipientes ceracircmicos que aqui destacaacutemos os proacuteprios monumentos megaliacuteticos realidade pre-sente em Traacutes-os-Montes Oriental (Sanches 1992 Sanches e Nunes 2005) serviratildeo ldquocomo repositoacuterios mais visiacuteveis das memoacuterias identitaacuteriasrdquo (Sanches e Nunes 2005 p 60) que dentro dos seus muacuteltiplos significados e funciona-lidades enunciam uma marca na paisagem construiacuteda para a longa duraccedilatildeo novamente remetendo para dinacircmicas de continuidade e perpetuaccedilatildeo de es-truturas sociais Poderemos entatildeo equacionar como Shanks e Tilley (1987 p103-104) diferentes escalas e meios de transmissatildeo renovaccedilatildeo e garante de continuidade cultural sendo o megalitismo o meio de maior escala fiacutesica de maior visibilidade e ateacute o testemunho de uma preocupaccedilatildeo pela passagem de um longo tempo por outro lado a ceracircmica e a sua decoraccedilatildeo podem aqui ser entendidos como meios de menor escala fiacutesica e temporal mas que vecircm ain-da assim reforccedilar a ideia de perenidade pois ldquo(hellip)os artefactos ou construccedilotildees satildeo mais ou menos duraacuteveis ou renovaacuteveis de acordo natildeo somente com as suas propriedades fiacutesicas mas essencialmente em funccedilatildeo do valor cultural de que satildeo imbuiacutedos Eacute esse valor ou carga simboacutelica que determina a sua atem-poralidade (ou longevidade) [hellip] Sendo renovaacuteveis conduzem em princiacutepio agrave repeticcedilatildeo ou fabrico segundo ldquoum certo estilordquo conforme ao anterior pois deste modo asseguraratildeo a continuidade entregeracional desejadardquo (Sanches 1997 p158)
4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAISNeste breve ensaio pretendemos aflorar a problemaacutetica dos significados da ma-nutenccedilatildeo da cultura material tomando como ponto de partida as sociedades neoliacuteticas e calcoliacuteticas de Traacutes-os-Montes Oriental De facto apesar da carecircncia de dados e investigaccedilatildeo eacute possiacutevel identificar-se nestes contextos uma repro-duccedilatildeo recorrente de um estilo ceracircmico com poucas variaccedilotildees de significado estatiacutestico que nos sugere uma intencionalidade e um controlo social da pro-duccedilatildeo artesanal Pensamos que esta homogeneidade da cultura material estaraacute relacionada com a funccedilatildeo social desses mesmos objectos o de constituiacuterem expressatildeo activa destas comunidades como forma de linguagem de materializaccedilatildeo de elemen-tos socialmente importantes e como repositoacuterio de memoacuteria social portanto e como tal passiacuteveis de enorme controlo social da sua reproduccedilatildeo A cultura ma-terial incluindo as formas de a saber fazer e o proacuteprio objecto terminado satildeo ele-mentos de memoacuteria de registo identitaacuterio que eacute preciso manter e colocar como legado histoacuterico e ancestral para as proacuteximas geraccedilotildees A forma como essa
| 165
| 2018
mensagem eacute transmitida poderaacute ter diferentes meios e escalas de repeticcedilatildeo dentro de uma esfera de continuidade como parece acontecer com a produccedilatildeo ceracircmica e sua decoraccedilatildeo e claramente com a construccedilatildeo de monumentos megaliacuteticos Por outro lado a proacutepria reproduccedilatildeo cultural parece ter inerente um sentido de tempo de longa duraccedilatildeo que aproxima atraveacutes da repeticcedilatildeo continuada de ges-tos e materialidades o passado e as origens do futuro conferindo estabilidade e seguranccedila ao todo social As especificidades e contingecircncias de cada grupo especialmente destas socie-dades transmontanas seratildeo muito mais complexas do que esta aproximaccedilatildeo necessariamente abstracta e superficial poreacutem pelo menos procuraacutemos criar linhas de pensamento e de anaacutelise que possam encaminhar-nos no progressivo conhecimento das dinacircmicas sociais e culturais destes seres humanos que tatildeo distantes no tempo continuam a manter vivas tenuemente a sua histoacuteria e as suas mensagens
BIBLIOGRAFIAAMES KL (1980) ndash Material Culture as NonVerbal Communication A Historical Case Study Journal of American Culture 3(4) p619-641CARVALHO H A VENTURA JMQ PINHEIRO P (2011) ndash Xaires (Macedo de Cavaleiros) Um siacutetio de habitat calcoliacutetico em Traacutes-os-Montes Oriental A campanha 3 (2010) Cadernos Terras Quentes 8 p 25-32CARVALHO H A VENTURA J M Q PINHEIRO P A (2010) ndash Um Habitat Calcoliacutetico em Traacutes-os-Montes Oriental O Arqueosiacutetio de Xaires (Macedo de Cavaleiros) Cadernos Terras Quentes 7 p 7-13CARVALHO H A VENTURA JMQ PINHEIRO P (2009) ndash Xaires (Macedo de Cavaleiros) Um siacutetio de Habitat da Preacute-Histoacuteria Recente em Traacutes-os-Montes Oriental A Sondagem (2008) Cadernos Terras Quentes 6 p 91-96CARVALHO P S GOMES LF FRANCISCO J P BOTELHO I T (1997) ndash Os habitats preacute-histoacutericos do Alto da Madorra e Urreta de Moacutes (Macedo de CavaleirosBraganccedila) Em Busca do Passado 19941997 Lisboa Junta Autoacutenoma das Estradas p 92-108DIETLER M HERBICH I (1998) ndash Habitus techniques style an integrated approach to the social understanding of material culture and boundaries In STARK M (ed) The Archaeology of Social Boundaries Smithsonian Institution Press p 232-263GARCIacuteA BORJA P MOLINA BALAGUE L BERNABEU AUBAacuteN J (2005) ndash Primeros resultados en el estudio estiliacutestico ceraacutemico neoliacutetico Las cuevas de Sarsa y Nerja In Arias P Ontantildeoacuten R Garciacutea-Moncoacute C (eds) III Congreso del Neoliacutetico en la Peniacutensula Ibeacuterica Universidad de Cantabria p 316-326GASPAR R DONOSO G MAY A VAZ F (2014c) ndash Relatoacuterio Final das sondagens de diag-noacutestico Quinta do Rio 16 EP627 Plano de Salvaguarda do Patrimoacutenio da Empreitada Geral de Construccedilatildeo do Aproveitamento Hidroeleacutectrico do Baixo Sabor Relatoacuterio policopiadoJONES A (2007) ndash Memory and material culture Cambridge Cambridge University PressKARACAN E (2016) ndash Remembering the 1980 Turkish Military Coup drsquoEacutetat Memory Vio-
166 |
lence and Trauma Springer VSLEMONNIER P (ed) ndash Technological choices Transformation in material cultures since the Neolithic RoutledgeLEMOS F S (1993) ndash O Povoamento Romano de Traacutes-os-Montes Oriental Dissertaccedilatildeo de Doutoramento na especialidade de Preacute-histoacuteria e Histoacuteria da Antiguidade apresentada agrave Uni-versidade do Minho Braga policopiadoLIMA T A (2011) ndash Cultura Material a dimensatildeo concreta das relaccedilotildees sociais Boletim do Museu Paraense Emiacutelio Goeldi Ciecircncias Humanas 6 (1) p 11-23LUCAS G (2005) ndash The Archaeology of Time Abingdon amp New York RoutledgeLUIacuteS E (2016) ndash Mudanccedila e transformaccedilatildeo Calcoliacutetico Bronze Inicial e Bronze Meacutedio em Traacutes-os-Montes Oriental reflexotildees a partir dos recipientes ceracircmicos Tese de Doutoramento apresentada agrave Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa PolicopiadoMARTINS C (2010) ndash Relatoacuterio final ndash sondagens diagnoacutestico do Monte da Poia EP337 Plano de Salvaguarda do Patrimoacutenio da Empreitada Geral de Construccedilatildeo do Aproveitamento Hidroeleacutectrico do Baixo Sabor Relatoacuterio policopiadoPLOG S (1980) ndash Stylistic Variation in Prehistoric Ceramics Cambridge University Press Cam-bridgeROWLANDS M (1993) ndash The role of memory in the transmission of culture World Archaeolo-gy Conceptions of Time and Ancient Society 25(2) p 141-151SACKETT JR (1977) ndash The meaning of style in Archaeology a general model American An-tiquity 42(3) p 369-380SANCHES M J (1997) ndash Preacute-Histoacuteria Recente de Traacutes-os-Montes e Alto Douro O Abrigo do Buraco da Pala (Mirandela) no contexto regional Porto Sociedade Portuguesa de Antropolo-gia e Etnologia 2 volumesSANCHES M J (1992) ndash Preacute-Histoacuteria Recente no Planalto Mirandecircs (Leste de Traacutes-os-Mon-tes) Monografias Arqueoloacutegicas 3 Porto Grupo de Estudos Arqueoloacutegicos do PortoSANCHES M J MARCOS D (1985) ndash O povoado preacute-histoacuterico do Cunho ndash Mogadouro (resul-tados preliminares da escavaccedilatildeo de 1983) Arqueologia 12 p 141-154SANCHES M J MARCOS D (1984) ndash Relatoacuterio da estaccedilatildeo do Cunho 2ordf campanha de escavaccedilatildeo Relatoacuterio policopiadoSANCHES M J NUNES S (2005) ndash Monumentos em pedra numa regiatildeo de Traacutes-os-Mon-tes ndash Nordeste de Portugal Sua expressatildeo na paisagem habitada durante o 4ordm e 3ordm mil BC Revista da Faculdade de Letras Ciecircncias e Teacutecnicas do Patrimoacutenio I Seacuterie vol IV p 53-82SHANKS M TILLEY C (1987) ndash Social theory and archaeology University of New Mexico Press
| 167
| 2018
A Shrine in the Neolithic Orca da Lapa do Lobo Nelas (c 5000-3000 BC)
Um Santuaacuterio no Neoliacutetico A Orca da Lapa do Lobo Nelas (c 5000-3000 a C)
ABSTRACTThe Orca of Lapa do Lobo is already mentioned in a medieval document (1303) as defining one of the limits of the then ldquoCanas de Senhorimrdquo county In 1905 Leite de Vasconcelos mentions it as a megalithic monument in the place of Lapa of Lobo near the geodesic landmark of ldquoOrcardquo and that would have been de-stroyed by the construction of the current EN-234 (Vasconcelos 1905 p313) As early as 1966 Irisalva Moita again refers to it as being lost Similarly we could not find it during the regional surveys we conducted in the summer of 1985It was necessary to wait until October 2013 so that a cut of vegetation on the site would reveal what appeared to be the remains of a tumulus buried under scrub and very close to the place where in previous editions of the CMP sheet 211 we can read the place name ldquoOrcardquoDuring a vegetation clean-up action on April 23 2014 on the initiative of the Countyrsquos Council and with the presence of the regional representative of the DGPC it was possible to confirm that it looked like a tumulus which led to its study during four excavation campaigns in 2015 2016 2017 and 2018In this paper we present and discuss the surprising results of these campaigns namely the existence of a stratigraphically underlying Early Neolithic habitat and the fact that more than a grave site it looks like a ldquoSanctuaryrdquo Finally we address the regional implications of these findings to our understanding of the regional Neolithic ways of lifeKEY WORDS Megalithism Mondego Platform Neolithic Symbolic Practices
RESUMOMencionada jaacute num documento de 1303 como definindo um dos limites dos ldquocoutos de Canas de Senhorimrdquo a Orca da Lapa do Lobo volta ser referida em 1905 por Leite de Vasconcelos como tratando-se de um monumento megaliacutetico sito no lugar da Lapa do Lobo proacuteximo do marco geodeacutesico da ldquoOrcardquo e que te-ria sido destruiacutedo pela construccedilatildeo da actual EN-234 (Vasconcelos 1905 p313)
Joatildeo Carlos de Senna-Martinez1
1 Centre for Archaeology (Uniarq) University of Lisbon 1600-2014 Lisbon smartinezflulpt
168 |
Jaacute em 1966 Irisalva Moita volta a referir-se-lhe como perdido Do mesmo modo natildeo a conseguimos encontrar durante prospecccedilotildees efectuadas no veratildeo de 1985Foi preciso esperar por Outubro de 2013 para que um corte de matos no local viesse revelar o que pareciam ser os restos de uma mamoa sepultada sob mata-gal e muito proacuteximo do local onde em anteriores ediccedilotildees da folha 211 da CMP se pode ainda ler o topoacutenimo ldquoOrcardquoAlvo de uma acccedilatildeo de limpeza da vegetaccedilatildeo em 23 de Abril de 2014 de iniciativa da Autarquia e com a presenccedila da representante regional da DGPC foi possiacutevel confirmar que se tratava de uma mamoa o que conduziu ao seu estudo de que se efectuaram jaacute quatro campanhas de escavaccedilotildees em 2015 2016 2017 e 2018Satildeo os surpreendentes resultados dessas campanhas nomeadamente a existecircn-cia de um habitat do Neoliacutetico Antigo subjacente ao monumento e o facto de este se configurar mais como um ldquoSantuaacuteriordquo do que uma sepultura que aqui se discutem nas suas implicaccedilotildees regionais PALAVRAS-CHAVE Megalitismo Plataforma do Mondego Neoliacutetico Praacuteti-cas Simboacutelicas
Fig 1 ndash Orca da Lapa do Lobo location in Sheet 211 of the Carta Militar de Portugal scale 125000
| 169
| 2018
1 GEOGRAPHICAL SETTING AND SITE BACKGROUNDThe Orca da Lapa do Lobo (ORLL ndash CNS34620) is located in the homonymous village in Central Portugal on a flat terrain occupied by olive trees bordering the 9th July Avenue part of the EN234 that connects the Counties of Nelas and Carregal do Sal (Latitude 40470802 Longitude -7922419 - Sheet 211 of CMP 125000 1992 edition ndash Fig1)The Orca of Lapa do Lobo is already mentioned in a medieval document (1303) as defining one of the limits of the then ldquoCanas de Senhorimrdquo county Leite de Vasconcelos refers the existence of a megalithic monument in the place of Lapa do Lobo near the geodetic vertex Orca concluding that it would have been destroyed by the construction of EN-234 (Vasconcelos 1905 p313)In turn in 1966 Irisalva Moita describes it as ldquo Completely destroyed rdquo (Moi-ta 1966)When in the summer of 1985 we carried out a survey in the region for the preparation of our PhD thesis and in the framework of the ldquoArchaeological Study Program for the Middle and Upper Mondego Basin (PEABMAM)rdquo in vain searching for traces of this monument we came to wonder if there would be any confusion with the Orca do Outeiro do Rato relatively close (Senna-Marti-nez 1989 p70)It was necessary to wait for October 2013 when a local co-worker Horaacutecio
Fig 2 ndash Location of the toponim Orca in 1866 Carta Corografica
170 |
Fig 3 ndash Orca da Lapa do Lobo elevated view from SE at the end of 2014 clean-up in griseacute the remains of the surface carapace [3] emplacement of pit SU[2] [27] emplacement of pit SU[28] ORLL-1460 emplacement of the stela-menhir ORLL-1460
Fig 4 ndash Orca da Lapa do Lobo upper interface of the earth level [SU9] under the dolmen tumulus cut by the post-holes of four huts (CABANA 1 2 3 and 4) and the base of a fire-pit of Cabana 1 belonging to the Early Neolithic habitat
| 171
| 2018
Peixoto relocated it buried under shrubs and near the place where in old edi-tions of the Portu-guese 125000 Military Map (Fig1) as well as in the Choro-graphic Chart 1100000 of 1886 (Fig2) one can still read the toponym ldquoOrcardquo referring to the respective geodetic vertex but lying 700m further east and in the northern side of the roadIn 2014 our colleague Gertrudes Branco (DGPC-DRC) after a vegetation clean-up was then able to confirm that it was a seemingly ruined tumulus cor-responding to the lost monumentAt the Nelas County invitation we began the first of our four excavation seasons in the monument (20015-2018) in July 2015
2 RESULTS OF THE 2015-2018 CAMPAIGNS THE FIELD DATAThe archaeological site of ORLL has revealed a long and complex stratigraphic story After the 2014 clean-up (Fig3) we could see that the south-western quarter of the tumulus as well as its central areas were well preserved while most of the northern parts were partially destroyed by previous earth removing which in some places reached the inner stone buttress [SU26] In the south-western quarter of the tumulus even the cover-ing carapace of quartz pebbles [SU4] was partially preserved The remaining preserved tumulus surface showed a uniform brown-yellowish earth level [SU1] that was cut by two pits [SUs2 and 28] seemingly filled by stones On the south-eastern corner of the tumulus we found a stela-menhir lying down on its decorated face (ORLL-1460)So we started by a clean-up of the previously destroyed parts of the tumulusThe Early Neolithic Habitat ndash After cleaning the destruction areas of the south-western quarter of the tumulus we discovered partially underneath it traces of the first human occupation of the site represented by evidence (a few post-holes) of a habitat stratigraphically underlying its constructionAs we did previously at Orca do Folhadal (ORFOL ndash Senna-Martinez and Ventu-ra 1999) we decided to extend the clean-up of the area where we found evi-dence of a first hut that encompasses the area outside of the full south-eastern quarter of the tumulus (Fig4) This was we were able to recover the complete layout of an ellipsoidal hut (Cabana 1) of about 46m x 3m with 19 peripheral post-holes and 3 interior ones probably to support a thatched roof In its north-eastern half we found the scorched bottom of a fire pit [SU22]As can be seen in Fig4 we were also able to expose the partial floor plan of another three huts (cabanas 2 3 and 4) and of a smaller pentagonal structure made with three posts probably to sustain an elevated siloSince the depth of the recovered post-holes averaged only 8cm we interpreted
172 |
Fig 5 ndash Orca da Lapa do Lobo stone artefacts from the Early Neolithic habitat remobilized into the earth [SU1] of de dolmen tumulus 1718- prox-imal end of a silex bladelet 1803- quartz cortical bladelet 1795- scraper 2774- geomet-ric microlith (triangle) in quartz shown both sides
Fig 6 ndash Orca da Lapa do Lobo The stela-menhir ORLL-1460 after it was redressed
Fig 7 ndash Orca da Lapa do Lobo ldquoidol-likerdquo quartz pebbles from the tumulus cara-pace 881 1233 and 3598 pentagonal type 1087 1120 and 1337 anthropomor-phic type
| 173
| 2018
this habitat as we did with the Folhadal one as being composed of pole and daub ellipsoidal huts (we actually found some pieces of daub-like burnt clay in the excavation) from witch only remained the lower part of the post-holes and the basis of one of the inner fireplaces The upper two-thirds of the huts floor were surely removed and we found evidence of the removed earth being reused in the building of the dolmen tumulus together with some Early Neo-lithic stone artefacts like it happened at ORFOL (Fig5 ndash Senna-Martinez and Ventura 1999 24) and other nearby megalithic tombs excavated by our teamAs no further evidence of this habitat was recovered in the rest of the exposed tumulus periphery we suppose it extended south-westwards to the area now occupied by olive trees which prevented further excavation to expose itSo with the ORLL habitat we have the second confirmed finding of an Early Neolithic habitat site having a Middle Neolithic dolmen built over its remains ever found in this regionThe ldquoStelae Sanctuaryrdquo ndash After discovering the stela-menhir ORLL-1460 (Fig6) we were already aware that something different from a regional stan-dard Middle Neolithic dolmen was awaiting us So after exposing the huts of the Early Neolithic habitat we registered and removed what was left of the mon-ument carapace [SU4] paying close attention to what stones were laying there That is how we noticed that six of the revetment pebbles we recovered (Fig7) had shapes that reminded us of the Stelae previously found in several mega-lithic monuments in Iberia ndash as in the dolmen of Lagunita III (Bueno Ramiacuterez Barroso Bermejo and Balbiacuten Behrmann 2012 fig14) and systematised by Marta Diacuteaz-Guardamino (2010) ndash we consider them to be idoliforme pebbles specially chosen by their anthropomorphic shape like in other known cases The laying place o the stela-menhir also could be significant perhaps marking the front of the monument It has the shoulders cut to enhance the head and in the front two crude arms can be found in relief (Fig6) giving it an unmis- takable human shapeAs no other disturbances could be found at the monuments surface we exca-vated next the two pits that cut it beginning by [SUs2] After cleaning up the surface earth filling the pit it become apparent a situation where two granite Stelae were lying as they were left within two small to medium stones circles thus enabling us to redress them upright to be photographed in what we sup-pose to be their original position (Fig8) After registering and securing these first two stelae as we excavated further down the infillings of pit [SUs2] we found successive stelae lying down one upon another complete but some-times broken into two fragments either in pairs or alone (33 in total) till the bottom of the pit as well as three idoliforme pebbles
174 |
Fig 8 ndash Orca da Lapa do Lobo Stelae 271 and 353 in their supposed original places after being redressed
| 175
| 2018
Fig 9 ndash Orca da Lapa do Lobo The second phase interface of the ldquostelae-shrinerdquo exposed after removal of [SU1] [26] the inner buttress spreading like an U and opening to South-East around the shrine area [141 154156] second phase pits with stelae and ldquoidol-likerdquo quartz pebbles [163] support structure for stele-monolith 4387 in the inner buttress 3627 stele-monolith fixed into [UE140]
Fig 10 ndash Orca da Lapa do Lobo Vertical drone photo of the whole site at the end of 2018 fieldwork showing the reconstructed tumulus and the musealization of part of the Early Neolithic habitat on the lower left corner
176 |
Fig 12 ndash Orca da Lapa do Lobo Geometric Microliths trapezes
Fig 11 ndash Orca da Lapa do Lobo Vertical drone photo of the central area at the end of 2018 campaign [157] the third phase interface of the ldquostelae-shrinerdquo exposed after removal of infillings of [SU141] and [SU158] E1 E2 E3 E4 four stone uprights probably from the chamber of the original dolmen
| 177
| 2018
From the other pit [SU28] a very shallow one only one stele was found (2199)In order to further understand what the central layout of the monument was we then started to excavate the upper level of the tumulus [SU1] which we proceeded to remove in a square area of 8m X 6mThus we exposed what we interpreted as the upper interface [SU140] of the ldquostelae-shrinerdquo building middle phase featuring (Fig9)- Three new pits [SUs141 154 156] filled with stones making support struc-tures for stelae and ldquoidol-likerdquo quartz pebbles (49 stelae and 11 ldquoidol-likerdquo quartz pebbles in total)- The upper part of the inner buttress [SU26] with a supporting structure [163] for the stele-monolith 3627 and another stele-monolith in the top northwest of the excavated area (3627)- Another stele (3982) was found laying in the surface of [SU140]So we excavated the infillings of the new three pits starting by [SU141] We were thus able to recover- From pit [SU141] infillings [SUs139 142 144 146 148 150] 42 stelae and 11ldquoidol-likerdquo quartz pebbles- From [SUs 153 155] six other stelaeThe bottom of pit [SU141] is constituted by the superior interface of a new earth level [SU157] into which a smaller pit was cut [SU159] filled with brown-ish-dark earth [SU158] containing five stelae and five ldquoidol-likerdquo quartz peb-bles At the lower inter-face of [SU158] we found a layer of small to medium quartz pebbles and granite stones and protruding from it the upper part of four stones upright probably from the previous megalithic chamber but rearranged to be one in front of another from what would have been the back of the cham-ber (Figs10 11)The Middle Neolithic Dolmen ndash Accordingly to the situation at the end of campaign 4(2018) it seems that probably in the Middle Neolithic a megalithic monument (the Orca) is constructed that seems to have had a small polygonal chamber without corridor To the use of this funerary space may correspond to two geometrics made on flint blade fragments and recovered this year in [SU158] in a probably remobilized situation (Fig12)
3 THE STRATIGRAPHIC STORY OF THE SITE OF ORCA DA LAPA DO LOBO AS WE UNDERSTAND IT AT THE END OF CAMPAIGN 4(2018)In this archaeological site we are facing a complex story that we are trying to reconstruct from the recovered stratigraphic sequence- In a first moment an Early Neolithic habitat occupied the site in a situation simi-lar to what we found at Orca do Folhadal Orca 2 do Ameal and Orca 2 de
178 |
Oliveira do Conde (Ventura this volume)- Then somewhere in the Middle Neolithic a megalithic monument was built over it with probably a small polygonal orthostatic chamber To it would belong the four orthostats we found remobilized at the end 2018 campaign and the two geometric microliths made on flint blade fragments- In a third moment what initially would have been a burial monument was transformed into an ldquoancestorrsquos sanctuaryrdquo The chamber was dismantled and the four orthostats were rearranged one packed against the other in where the headstone of the chamber would have been Then the tumulus was raised three times with successive earth levels accumulation each corresponding to the structuring of a pit in the middle of the monument with ldquostone nestsrdquo built to support granite stelae andor ldquoidol-likerdquo quartz pebbles (Senna-Martinez and Carvalho this volume) In the middle tumulus rising the central pit was complemented with two smaller ones with equal function and in the upper phase with one more with identical functionAs seen in Figs 9 and 11 the rearrangement of the chamber orthostats the central pit and the two complementary ones belonging to the middle tumulus rising are in alignment NW-SE as the axis of a regional megalithic monument would be The modern place name of the local ldquoCruz Altardquo hints at a Christianization of a previous sacred place of an ancient ldquomemory placerdquo So what do we have in this siteOur proposed interpretation is as follows (1) the Middle Neolithic dolmen was built in a chosen high place in order to be central to the settlements and other contemporary monuments dispersed around it (2) at the end of the Middle Neolithic or the beginnings of the Late Neolithic the chamber of the dolmen was rearranged in order to transform a previous ldquoplace of memoryrdquo (for the first lineage ancestors) into an ldquoancestors sanctuaryrdquo where further rituals would be practiced by laying new ancestors representations (the granite stelae and the ldquoidol-likerdquo quartz pebbles) in successive moments In this way the place would function as an axis mundi for the surrounding populations to con-gre-gate This could have happened in a simpler but not so different way from the South-western Portugalrsquos enclosures (Valera 2016)
4 CONCLUDINGSo once again we face a situation that can validate our previous assumption that ldquo the megalithic monuments would take on a multifunctional and orga-nizer character of the life of these communities that would absolutely surpass the role of a simple formal area of deposition of the deadrdquo (Senna-Martinez
| 179
| 2018
1996 72 Senna-Martinez Loacutepez Plaza e Hoskin 1997 671)This assumption is both right for the first megalithic monuments of the Mon-degorsquos Platform almost always of modest dimensions and the later Late Neo-lithic big dolmens with large chambers and corridors differentiated in height In both cases we think dolmens constitute at the same time first funerary architectural monuments and true anchors in the landscape for populations that on the other hand maintain a great seasonal mobilityOur hypothesis that the food-economy with acorn-intensive recollection and roasting proved regionally by archaeologically recovered data from the Late Neolithic to the Late Bronze Age (Senna-Martinez and Ventura 2000b Sen-na-Martinez and Pedro 2000) can be associated with the whole old peasant societies (from the Early Neolithic to the Late Bronze Age) of our work region ndash recently discussed and reinforced by Ventura (this volume) ndash can probably help to explain the behavior behind their symbolic practicesWe think that the Neolithic saw a change both of territorial behavior and terri-torial awareness for which the implantation of the megalithic necropolis would provide the legitimatizing of increasing territorial appropriation of space Acorn recollection probably being one of the critical economic resources behind it This practice can thus justify the frequent founding of manual grinding stone quern parts incorporated into megalithic structures (as in the present case of ORLL) or even as in the case of Orca de Pramelas (Senna-Martinez and Valera 1989) deposited as an offeringFall acorn and other winter fruits gathering and processing seems to go to-gether in sev-eral Iberian regional areas with the period (fall and winter) when building of megalithic tombs took place either we agree with the solar hypoth-esis for their orientations (Hoskin et al 1998 Hoskin 2001) or take into con-sideration other proposed astronomical orientations (Silva 2012)As we argued before in more general terms (Senna-Martinez 2014) most of the sym-bolic components associated with life and death in the Mondegoacutes Platform Neolithic can be viewed as part of the symbolic of the agricultural cycle as metaphor for life and death (Williams 2003) as well as closely con-nected to the lineage system responsible for these communities biological and cultural reproduction These symbolic expressions probably reflect a long trend world view we can call Neolithic and that we think characterize this first stage of the Prehistory of Peasant SocietiesBesides seeing the the seasonal cycle of activities being stabilized the Late Neolithic also saw some changes in the interrelation of the living with the dead (Senna-Martinez and Ventura 2008) The perception of the ancestorsdead as ldquoprotective entitiesrdquo seems to be reinforced in the Late Neolithic to take into
180 |
account the increased effort in the construction of the great monumentsThe Late Neolithic dolmens all endowed with complex entrances and atrium would welcome (as in other regional areas) an increased number of bodies materialized in the clear increase of the artefactual assemblages deposited with them The parallel growth of complexity between the socio-economic and symbolic aspects of society could then perhaps find a particular regional ex-pression in the case of Orca da Lapa do Lobo with the transformation of an early dolmen into a ldquosanctuaryrdquo for the local lineages ancestors
Canas de Senhorim Calberlah-Allerbuumlttel and Moumlrfelden-Walldorf August 2018
REFERENCESBUENO RAMIacuteREZ P BALBIacuteN BEHRMANN R and BARROSO BERMEJO R (2016) ndash Mega-lithic art in the Iberian Peninsula Thinking about graphic discourses in the European Mega-liths Guillaume Robin et al Eds Fonctions utilisations et repreacutesentations de lrsquoespace dans les seacutepultures monumentales du Neacuteolithique europeacuteen Paris Presses Universitaires de France p185-203BUENO RAMIacuteREZ P BARROSO BERMEJO R and BALBIacuteN BEHRMANN R (2012) ndash Meacutega-lithes Statues Gravures et Peintures dans le Bassin Inteacuterieur du Tage Espagne Maiumlteacute-na Sohn et Jean Vaquer Eds Seacutepultures collectives et mobiliers funeacuteraires de la fin du Neacuteolithique en Europe occidentale Paris Eacutecole des Hautes Eacutetudes en Sciences Sociales p333-358DIacuteAZ-GUARDAMINO M (2010) ndash Las estelas decoradas en la Prehistoria de la Peniacutensula Ibeacuterica Madrid Universidad Complutense de Madrid PhD ThesisHOSKIN M et al (1998) ndash Studies in Iberian Archaeoastronomy (5) Orientations of mega-lithic Tombs of Northern and Western Iberia Archaeoastronomy 23 (JHA xxix) p S59-S62HOSKIN M (2001) ndash Tombs Temples and their Orientations Bognor Regis Ocarina BooksMOITA I (1966) ndash Caracteriacutesticas predominantes do grupo dolmeacutenico da Beira Alta Eth-nos V p189-297SENNA-MARTINEZ JC (1989) ndash Preacute-Histoacuteria Recente da Bacia do Meacutedio e Alto Mondego algumas contribuiccedilotildees para um modelo sociocultural Lisboa Faculdade de Letras da Uni-versidade de Lisboa Tese de Doutoramento em Preacute-Histoacuteria e Arqueolo-gia 3 VolsSENNA-MARTINEZ J C (1996) ndash Do Espaccedilo Domeacutestico ao Espaccedilo Funeraacuterio Ideologia e Cultura Material na Preacute-Histoacuteria Recente do Centro de Portugal Lisboa Uniarq OPHIUSSA 0 p65-76SENNA-MARTINEZ JC and CARVALHO Margarida M (this volume) ndash Ideotechnical Repre-sentations in the Megalithism of Mondegoacutes Platform The case of Orca da Lapa do Lobo J C Senna-Martinez Mariana Diniz e A Faustino de Carvalho Eds De Gibraltar aos Pireneacuteus Megalitismo Vida e Morte no Ocidente Peninsular Fundaccedilatildeo Lapa do LoboSENNA-MARTINEZ JC LOacutePEZ PLAZA S amp HOSKIN M (1997) ndash Territorio ideologiacutea y cultura material en el megalitismo de la plataforma del Mondego (Centro de Portugal) O Neoliacutetico Atlaacutentico e as Orixes do Megalitismo Actas del Coloquio Internacional (Santiago de Compostela 1-6 de Abril de 1996) Santiago de Compostela Cursos e Congresos da Universidade de Santiago de Compostela 101 p 657-676
| 181
| 2018
SENNA-MARTINEZ JC amp PEDRO I (2000) ndash O Grupo BaiotildeesSanta Luzia no Quadro do Bronze Final do Centro de Portugal J C SENNA-MARTINEZ e I PEDRO Eds Por Terras de Viriato Arqueologia da Regiatildeo de Viseu Viseu Governo Civil do Distrito de Viseu e Museu Nacional de Arqueologia p 119-131SENNA-MARTINEZ J C amp VALERA A C (1989) ndash A Orca de Pramelas Canas de Senhorim Actas do I Coloacutequio Arqueoloacutegico de Viseu Viseu p 37-50SENNA-MARTINEZ J C amp VENTURA J M (1999) ndash Espaccedilo Funeraacuterio e laquoEspaccedilo Ceacutenicoraquo a Orca do Folhadal (Nelas) Trabalhos de Arqueologia da EAM Lisboa 5 p21-34SENNA-MARTINEZ JC and VENTURA JMQ (2000) ndash Pastores recolectores e constru-tores de megaacutelitos O Neoliacutetico Final J C SENNA-MARTINEZ e I PEDRO Eds Por Terras de Viriato Arqueologia da Regiatildeo de Viseu Viseu Governo Civil do Distrito de Viseu e Museu Nacional de Arqueologia p 53-62SENNA-MARTINEZ JC and VENTURA JMQ (2008) ndash Do mundo das sombras ao mundo dos vivos Octaacutevio da Veiga Ferreira e o megalitismo da Beira Alta meio seacuteculo depois Homenagem a Octaacutevio da Veiga Ferreira Estudos Arqueoloacutegicos de Oeiras Oeiras Cacircmara Municipal 16 p317-350SILVA F (2012) ndash Landscape and Astronomy in Megalithic Portugal the Carregal do Sal Nucleus and Star Mountain Range Papers from the Institute of Archaeology (PIA) 22 p99-114 DOI httpdxdoiorg105334pia405VALERA AC (2016) ndash Ditched enclosures and the ideologies of death in the Late Neolithic and Chalcolithic South Portugal V Ard and L Pillot Eds Giants in the land-scape Monu-mentaly and Territories in the European Neolithic Oxford Archaeopress p69-84VASCONCELOS JL (1905) ndash Antiguidades prehistoricas da Beira IV- Notiacutecia de duas Orcas O Archeoacutelogo Portuguecircs 10 P313VENTURA JMQ (this volume) ndash O Nuacutecleo Megaliacutetico dos Fiais-Azenha (Carregal do Sal Portugal) um balanccedilo J C Senna-Martinez Mariana Diniz e A Faustino de Carvalho Eds De Gibraltar aos Pireneacuteus Megalitismo Vida e Morte no Ocidente Peninsular Fundaccedilatildeo Lapa do LoboWILLIAMS M (2003) ndash Growing metaphors The agricultural cycle as metaphor in the later prehistoric period of Britain and North-Western Europe Journal of Social Ar-chaeology 3 p223-255
182 |
| 183
| 2018
IDEOTECHNICAL REPRESENTATIONS IN THE MEGALITHISM OF MONDEGOacuteS PLATFORM THE CASE OF ORCA DA LAPA DO LOBO NELAS
Representaccedilotildees Ideoteacutecnicas no Megalitismo da Plataforma do Mondego O caso da Orca da Lapa do Lobo Nelas
Joatildeo Carlos de Senna-Martinez Centre for Archaeology (Uniarq) University of Lisbon 1600-214 Lisbon Portugal smartinezflulpt
Margarida M Carvalho MA in Archaeology Centre for Archaeology (Uniarq) University of Lisbon 1600-214 Lisbon Portugalmaggiecarvalhosapopt
ABSTRACTThe four excavation campaigns (2015-2018) carried out in the ldquo Orca da Lapa do Lobordquo (County of Nelas District of Viseu) revealed a situation unique in the regional context in which it operates of a tumular structure functioning in fact as an ldquoancestors sanctuaryrdquoThe symbolic practices associated with the various regional groups of Ibe-rian Peninsula Megalithism have been receiving increasing attention in particular in what regards the ideotechnical representations associated with it both structurally and within the scope of the mobile elements that make up the respective list of offeringsIn the second case we have the elements identified as ldquostelaerdquo or ldquoidolsrdquo usually of anthropomorphic interpretation From the site un-der study the set of one hundred thirty four mobile ideotechnical representations and a ldquofixedrdquo one the study of which is presented here ndash 98 stelae 4 stele-monoliths 31 ldquoidol-like pebblesrdquo and one ceramic representation in the first group and a stela-menhir in the se- cond - constitutes the largest group of ideotechnique artefacts so far re-covered in Iberia from a single megalithic monumentWe also discuss the possible significance of these items within the frame-work of the symbolic practices known and associated with the Neolithic of the Mondego PlatformKEY WORDS Megalithism Mondego Platform Ideotechnical Represen-tations
184 |
RESUMOAs quatro campanhas de escavaccedilotildees (2015-2018) efectuadas na ldquoOrca da Lapa do Lobordquo (Concelho de Nelas Distrito de Viseu) revela- ram uma situaccedilatildeo unica no acircmbito regional em que se insere de uma estrutura tumular funcionando de facto como um ldquosantuaacuterio de ante- passadosrdquo As praacuteticas simboacutelicas associadas aos diversos grupos regionais do megalitismo da Peniacutensula Ibeacuterica tecircm vindo a merecer crescen-te atenccedilatildeo em particular no que toca agraves representaccedilotildees de cariz ideoteacutecnico a ele associadas quer estruturalmente quer no acircmbito dos elementos moacuteveis que integram o respectivo espoacutelio associadoNo segundo caso se inserem elementos identificados como ldquoestelasrdquo ou ldquoiacutedolosrdquo normalmente de interpretaccedilatildeo antropomoacuterfica No caso em estudo o conjunto de cento e trinta e quatro representaccedilotildees ideo- teacutecnicas moacuteveis e uma ldquofixardquo cujo estudo aqui se apresenta ndash 98 es-telas 4 estelas-monoacutelitos 31 ldquoseixos idoliformesrdquo e uma figuraccedilatildeo ceracircmica no primeiro grupo e uma estela-menhir no segundo ndash cons- titui no acircmbito peninsular o maior conjunto de artefactos ideoteacutecni-cos provenientes de um uacutenico monumento megaliacutetico ateacute agora conhecidoDiscute-se ainda a respectiva integraccedilatildeo no acircmbito das praacuteticas simboacuteli-cas conhecidas e associadas ao Neoliacutetico da Plataforma do MondegoPALAVRAS-CHAVE Megalitismo Plataforma do Mondego Represen-taccedilotildees Ideoteacutecnicas
The symbolic practices associated with the various regional groups of Iberian Peninsula Megalithism have been receiving increasing attention in particu-lar in what regards the ideotechnical representations associated with it both structurally and within the scope of the mobile elements that make up the respective list of offerings (Bueno Ramiacuterez Balbiacuten Behrmann and Barroso Bermejo 2016)In the second case we have the elements identified as ldquostelaerdquo or ldquoidolsrdquo usually of an-thropomorphic interpretation From the site under study the set of one hundred thirty four mobile ideotechnical representations and a ldquofixedrdquo one a first attempt to the study of which is presented here ndash 98 stelae 4 stele-monoliths 31 ldquoidoliform pebblesrdquo and one ceramic represen-tation in the first group and a stela-menhir in the second ndash constitutes the largest group of ideotechnique artefacts so far recovered in Iberia from a single megalithic monument
| 185
| 2018
1 ORCA DA LAPA DO LOBO GEOGRAPHICAL SETTING SITE DISCO- VERY AND EXCAVATION BACK-GROUNDThe region surrounding the archaeological site is covered by the geological sheet no 17C (Santa Comba Datildeo) of the Portuguese Geological Map at the scale 150 000 edited by Serviccedilos Geoloacutegicos de Portugal in 1961 It cor-responds to a flat area that rises slightly to the west reaching altitudes over 400 meters in the region of Canas de Senhorim This flat area between the Serras do Caramulo and Estrela is strongly incised by the deep and narrow valleys of the Mondego and Datildeo river basins which inland from their conflu-ence at Santa Comba Datildeo are closely parallel to each other with a NE-SW orientation Considering the paleogeographic divisions of the Iberia Peninsula the area of study belongs to the Central Iberian Zone which is according to Azevedo and Aguado (2013 p 377) the segment of the European variscan orogeny where granitic rocks outcrop ex-tensively and with great typological variabilityIn the surroundings of the archaeological site it is possible to find three diffe- rent varie-ties of two mica monzonite granite described in the geological map
Fig 1 ndash Geological map of the region south of Viseu with the location of the archaeo-logical site (adapted from the Geological Map of Portugal scale 1500000 1992 ed acquired by WMS from LNEG at httpwwwigeoptWMSGeologiaCGP500K) (Oliveira Pereira Antunes et al 1992)
186 |
(Fig1) The archaeological site is located on an outcrop of porfiroid grani- te with very coarse grain to medium grain however nearby there are also porfiroid granite with minerals of metamor-phism (cordierite silimanite and andalusite) porfiroid granite with medium to fine grain and lastly two mica granite with medium to fine grain (Teixeira Brito de Carvalho Barros et al 1961 p 16ndash20) Partially covering the granites it is possible to find arkose-clay deposits which include three different levels ndash (from top to bottom) quartz and quart-zite cobbles thick arkosic-sandstone and green compact colored clay (Tei- xeira Brito de Carvalho Barros et al 1961 p 9ndash10) Since the geological map of Santa Comba Datildeo (1962) is much older than the map of the region of Viseu (sheet no17-A of 2009 ) which is more detailed and uses different nomenclature it was deemed important to co-relate the granitic rocks des- cribed in both maps The granites found in the region of Viseu are mainly divided according to the third variscan deformation phase (D3) and the ones described to the SE of the Viseu geologi-cal map and therefore closest to the area of study are latepost-tectonic granites These are not as deformed as the
Fig 2 ndash Google aerial photo (2015) of the Orca da Lapa do Lobo and surroundings (1) Av 9 de Julho 109 (2) The frontier marker between Nelas and Carregal do Sal counties
1 1303 Agosto 3 Viseu ndash Sentenccedila sobre a devaccedilatildeo do couto de Canas dada por juiacutezes de Viseu em que anulam e revogam a sentenccedila dada por Lourenccedilo Pirez de Oliveira do Conde contra os herdamentos do Cabido no couto de Canas de Senhorim Arquivo Distrital de Viseu Pergaminhos m29 doc24 170x410 mm goacutetica semi-curs
| 187
| 2018
sin-tectonic variety and include calcic plagioclase two mica (mostly biotite) and have a porfiroid texture (Godinho Neves Pereira et al 2010 p 15) which in general matches the granites described in the geological map of Santa Comba DatildeoThe Orca da Lapa do Lobo (ORLL ndash CNS34620) is located in the homony-mous village in Central Portugal on a slightly elevated terrain occupied by olive trees bordering the 9th July Avenue part of the EN234 that connects the Counties of Nelas and Carregal do Sal (Latitude 40470802 Longitude -7922419 - Sheet 211 of CMP 125000 1992 edi-tion ndash Fig2)The monument has a long story beginning with a mention in a medieval document (1303) when it is referred to as defining one of the limits of the then ldquoCanas de Senhorimrdquo county1All trace of the site location was then lost during the XIXth and XXth centu-ries Succes-sively sought for by Leite de Vasconcelos (Vasconcelos 1905 p313) Irisalva Moita (Moita 1966) and one of us (Senna-Martinez 1989 p70) only in 2013 it was redis-covered by Horaacutecio Peixoto (Senna-Marti-nez this volume)
Fig 3 ndash Orca da Lapa do Lobo The stela-menhir ORLL-1460 after it was redressed
2 Our field work was supported by Nelas County Lapa do Lobo Foundation The Fireman Humanitarian Association of Canas de Senhorim and the parishes of Canas de Senhorim and Lapa do Lobo
188 |
In 2014 our colleague Gertrudes Branco (DGPC-DRC) after a vegetation clean-up was then able to confirm that it was a seemingly ruined tumulus corresponding to the lost monumentAt the Nelas County invitation we began the first of our four excavation sea-sons in the monument (20015-2018)2 in July 2015
2 GRANITE STELA-MENHIR STELAE AND STELAE-MONOLITHS AND ldquoIDOL-LIKErdquo QUARTZ PEBBLES STRATIGRAPHIC CONTEXT TYPOLOGY AND CLASSIFICATIONWe have discussed elsewhere the complex stratigraphic situation presen- ted by the site of Orca da Lapa do Lobo (Senna-Martinez this volume) so
Fig 4 ndash Orca da Lapa do Lobo ldquoidol-likerdquo quartz pebbles from the tumulus carapace 881 1233 and 3598 pentagonal type 1087 1120 and 1337 anthropomorphic type
3 The artefacts from this site are identified by the sitersquos acronym ORLL followed by a serial number (so the stele-menhir is ORLL-1460) in this paper and for the sake of simplicity we retain only the number as we assume the referred to items all belong to ORLL
| 189
| 2018
wersquoll only discuss here briefly those aspects pertaining to the discovery of the ideotechnic elements The first to be found was the stele-menhir 14603
This granite upright was found laying in the tumulus surface and its laying place could be significant perhaps marking the front of the monument The stele-menhir was made of a stone slab 80cm long by 68cm wide and with a medium thickness of 14cm it has the shoulders cut to enhance the head and in the front two crude arms can be found in relief (Fig3) giving it an unmistakable human shapeAfter discovering the stela-menhir we became aware that something diffe- rent from a regional standard Middle Neolithic dolmen was awaiting us So we proceeded to re-move with extra care what was left of the monument carapace We found it to be made mostly of unprocessed quartz pebbles six of which had shapes that reminded us of the Stelae previously found in several megalithic monuments in Iberiandash as in the dolmen of Lagunita III (Bue-no Ramiacuterez Barroso Bermejo and Balbiacuten Behrman n 2012 fig14) ndash we consi- der them to be idoliforme pebbles specially chosen by their anthropomorphic shape like in other known cases (Fig4)The remaining elements come from a completely different stratigraphic layout that left no doubt of its deliberate nature Wersquoll summarize here our interpretation of the site stratigraphic layout
1- In a first moment an Early Neolithic habitat occupied the site in a situation similar to what we found at Orca do Folhadal Orca 2 do Ameal and Orca 2 de Oliveira do Conde (Ventura this volume)2- Then somewhere in the Middle Neolithic a megalithic monument was built over it with probably a small polygonal orthostatic chamber3- In a third moment what initially would have been a burial monu-ment was transformed into an ldquoancestorrsquos sanctuaryrdquo The chamber was dismantled and the four orthostats were rearranged one packed against the other in where the head-stone of the chamber would have been The deliberate nature of this situation is substantiated by the fact that the tumulus was raised three times with successive earth levels accumulation each corresponding to the structuring of a pit in the middle of the monument with ldquostone nestsrdquo built to support granite stelae andor ldquoidol-likerdquo quartz pebbles In the middle phase of tumulus rising the central pit was complemented with two smaller ones with equal function and in the upper phase with one more with identical function (Senna-Martinez this volume)
Table-I summarizes the stratigraphic distribution of the ideotechnique items found
190 |
Fig 5 ndash Orca da Lapa do Lobo A- granite Stelae (5421751 664 3758 3760 4433) and ldquoIdol-likerdquo quartz pebbles (4576 4939) of Type-1 (Pentagonal) B- granite Stelae (662 549 353689 1125 2016 570) and ldquoIdol-likerdquo quartz pebbles (2939 282 989 576) of Type-2 (Anthropomorphic) C- granite Stelae (4153 4092 3768 1988 2199 2016) and ldquoIdol-likerdquo quartz pebbles (2108 4564 2353 3091) of Type-3 (Lozengic) D- granite Stelae (1088 671 663 4135 3660 2560 570 3616) and ldquoIdol-likerdquo quartz pebbles (4294 2552 2632) of Type-4 (Necked) E- granite Stelae (3955 3033 4329 1713 41303793 4291 927) of Type-5 (Sub-parallelepiped) F- Stelae-monoliths (4329 3627 4387)
| 191
| 2018
The recent attempt by Diaacutez Guardamino (2010) to systematize the ideo-graphic stele-like elements present in the Iberian Prehistory of Peasant Societies addressed mainly the larger ones stelae-menhir and other upright stones and left much of the mobile ones out So next we will address the question of typologyAfter considering shape and relative dimensions of the items under study we propose the following types to classify themType 1 ndash Pentagonal ndash Its one of the most obvious ones and with some variation it can be considered as expressing a clear enough anthropo-morphic resemblance (Fig5-A) as registered by Bueno Ramiacuterez Balbiacuten Behrmann and Barroso Bermejo (2016 fig5B)Type 2 ndash Anthropomorphic ndash As the first exemplar to be found (353) they have shapes hinting to a human one with variations (Fig5-B)
192 |
Type 3 ndash Lozengeful ndash With the approximate shape of a lozenge but closely anthropo-morphic (Fig5-C)Type 4 ndash Necked ndash With a well marked neck (Fig5-D)Type 5 ndash Sub-parallelepiped ndash With a sub-rectangular shape in front view (Fig5-E)Type 6 ndash Irregular ndash All other shapes vaguely anthropomorphicStelae-monoliths ndash Another category of ideotechnic items less mobile then Stelae and ldquoidol-likerdquo pebbles is the Stelae-monoliths They are cha- racteristically very elongated their widthlength ratio being always inferior to 38 (Fig5-F) We found four of them one in the upper shrine phase two in the middle shrine phase and one in the buttress The one in the upper phase and another of the middle phase were found in their original positions (Fig6)Pottery idol or idols ndash One of the only two non-lithic items in our collection is ORLL-4037 an idol-like pentagonal figure (Type-1) made of pottery (Fig7) Its fabric is very coarse crudely finished and at first sight we took it to be another idol-like pebble This finding makes us sure the shape is no coincidence It be-longs to the upper phase of the ldquoancestorrsquos sanctuaryrdquo buildingThe other non-lithic item that can be addressed as a possible ideotechnique artefact is an octagonal short prism in pottery (ORLL-4617 ndash Fig8) that was found at the bottom of the lower shrine phase and for which we donrsquot have any direct parallel The closest artefacts we find regionally with any simila-
rities are much later and slightly different We are thinking of the Buraco da Moura de S Romatildeo Early Bronze Age small pottery reel (Senna-Martinez 1993) Nevertheless we could be in presence of an early prototypeWe compare in Table-II the stelae and idol-like pebbles according to type re- presenta-tivenessThe results show quite different situations for the considered classes of
| 193
| 2018
ideotechnique artefacts While for stelae types 1 4 and 5 (anthropomor-phic necked and sub-parallelepiped) account for about one fourth of the whole sample each for the pebbles types 1 with 45 and 2 with 39 together represent more than 80 If in the stelae case we can suppose other anthropic reasons behind form-choosing in the pebbles case the choosing would be regulated by geological constraints determining what natural forms would be availableIn what regards the geological nature of the stelae and ldquoidol-likerdquo pebbles found at Orca da Lapa do Lobo there are two main groups ndash quartz pebbles and graniteThe 31 ldquoidoliformrdquo pebbles are made out of quartz and are generally white with an av-erage size of 738 cm of length 585 cm of width and 319 cm of thick-ness These rocks were most likely recovered from the previously mentioned Coja Nave de Haver and Longroiva Arkose formation that outcrop at about 1km NW of the site
Fig 6 ndash Orca da Lapa do Lobo Stele-monolith 4387 viewed from SE-NW after it was redressed
194 |
Fig 7 ndash Orca da Lapa do Lobo Pottery idol-like pentagonal figure (Type-1)
Fig 8 ndash Orca da Lapa do Lobo Octagonal pottery prism (4617) from the lower phase of the shrine
| 195
| 2018
Regarding the stelae these are made out of granite and consist of two main groups in terms of texture 75 are phaneritic equi- or inequigranular while 25 are porfiroid with feldspar minerals generally over 1cm of length In terms of mineralogy these rocks are mostly composed of quartz feldspar phyllosili-cate minerals and mafic minerals (amphibole andor pyroxene) the difference usually concerns the presence of either more muscovite or more biotite This type of granite including differences in texture occurs in the location of the ar-chaeological site or near it as was previously mentioned in the geological set-ting In terms of measurements these stelae have an average length of 2074 cm width of 1324 cm and thickness of 606 cm For both the ldquoidoliformrdquo peb-bles and the stelae the width and thickness rise proportionally to the length and more dramatically so for the four stele-monoliths (Fig9)
Fig 9 ndash Orca da Lapa do Lobo Graphic representation of Length vs Thickness and Length vs Width for the 101 Stelae and Stele-monoliths (the 4 outliers) and 31 ldquoIdol-Likerdquo pebbles recovered
196 |
3 CONCLUDINGhellip ldquoANCESTORS SHRINErdquo AND REGIONAL CULTURAL SETTINGThe emergence of early peasant societies brings in what we can consider an increased awareness of the natural seasonal cycle for plants and animals and its parallels with the agricultural cycle One of the consequences of this state of affairs will be that these cy-cles become a metaphor for the symbolic explanation and regulation of life and deathAnother consequence will be that almost everywhere the earliest peasant societies will develop more or less schematic ideotechnique representations of women which consti-tute according Gimbutas a part of a ldquomatrifocal and probably matrilineal agricultural and sedentary egalitarian and peacefulrdquo society (Gimbutas 1996 p9)The transition to a peasantrsquos way of life occurred at a different pace and in multiple forms in the different regions of Iberia combined or not with hunter-gatherer practices This way itrsquos by no means a sure thing that ag-riculture was everywhere in Iberia a pre-condition to the emergence of the construction of megalithic funerary monumentsIn several areas it can be argued that animal husbandry predominates (namely of ovi-caprids) together with different degrees of what we can call horticulture hunting and gathering Such is the case we have been arguing for Beira-Alta (Senna-Martinez 1989 Senna-Martinez and Ventura 2008b Ventura this volume) In our case study we have been stressing the impor-tance of acorn gathering Specialized gathering such as acorns as in Central Portugal have in common with the different regional scales of agriculture and animal husbandry the adoption of a proprietarily attitude toward land (Fairbairn 2000) leading to what we have called the passage from ldquouse- -territoriesrdquo to ldquooccupation territoriesrdquo (Senna-Martinez and Ventura 1999a 2008a) which we think to be behind the beginnings of the megalithism (Senna-Martinez and Ventura 2008b)The Neolithic saw a change both of territorial behavior and territorial aware-ness that we think would be legitimatized by the implantation of the mega-lithic necropolis Thus local ancestorsrsquo presence account for an increasing territorial appropriation of spaceThe surge in complexity brought about in the Late Neolithic megalithic mo- numents both in their architecture and the funerary offerings found with-in (Senna-Martinez and Ventura 2000 2008a) represents a positive rein-forcement of the legitimizing relation-ship between the livings with the dead The perception of the ancestorsdead as ldquoprotec-tive entitiesrdquo seems thus to be reinforced in the Late Neolithic to take into account the increased effort
| 197
| 2018
in the construction of the great monumentsThe Late Neolithic dolmens would welcome (as in other regional areas) an in-creased number of bodies materialized in the clear increase of the artefac-tual assemblages de-posited within them while their complex intra-tumular corridors and atriums would accommodate a growing number of participants in the rituals taking place (Senna-Martinez and Ventura 1999b)We think that the case of the Orca da Lapa do Lobo ldquoancestors shrinerdquo can thus be seen in the light of these transformations So the story of the site could probably be told like this
Fig 10 ndash Habitat sites and megalithic monuments of the Orca da Lapa do Lobo surroundings(1) Early Neolithic habitat sites near or under Middle Neolithic dolmens 6 - Orca 2 do Ameal 8 - Orca 2 de Oliveira do Conde 11 ndash Orca da Lapa do Lobo (2) Other Middle Neolithic dolmens 5 - Orca 1 do Ameal (3) Late Neolithic habitat sites large dolmens and the stelae ldquoancestors shrinerdquo of Orca da Lapa do Lobo 1- Habitat do Ameal-VI 2 - Habitat do Mimosal 3 - Habitat do Campo de Tiro 4 - Orca dos Fiais da Telha 7 - Orca 1 de Oliveira do Conde 9 - Orca do Santo 10 - Orca do Outeiro do Rato 11 ndash Orca da Lapa do Lobo
4 Fall acorn and other winter fruits gathering and processing seems to go together in several Iberian re-gional areas namely in Beira--Alta with the period (fall and winter) when building of megalithic tombs took place either we agree with the solar hypothesis for their orientations (Hoskin et al 1998 Hoskin 2001) or take into consideration other proposed astronomical orientations (Silva 2012)
198 |
1- Somewhere during the Early Neolithic the highest place in the area would see the establishment of a small village already living through a seasonal cycle wintering in the lowlands and using springsummer highland pastures in Serra da Estrela42- With the reinforcement of a more territorial attitude in the Middle Neo-lithic the building of a small dolmen begun the process of legitimizing the nearby settlement of people Would it be the tomb of the local first lineage ancestors3- The more complex situation developing with the beginning of the Late Neolithic led to the establishing of a necropolis of several large dolmens with several habitat sites in between them (Fig10) The site of Orca da Lapa do Lobo would then be transformed into a kind of an ldquoancestorsrsquo shrinerdquo like an axis mundi organizing the symbolic life of the surrounding communities4- The site being abandoned at the end of the Neolithic somewhere in the Middle Age the local place name was changed to ldquoCruz Altardquo reclaiming to the Christian orbit an ancient ldquomemory placerdquo
Canas de Senhorim Bruxelas Lisboa August 2018
REFERENCESAZEVEDO M and AGUADO B (2013) ndash Origem e instalaccedilatildeo de Granitoacuteides Varis-cos na Zona Centro-Ibeacuterica Geologia de Portugal Lisboa Escolar Editora Vol I ndash Geologia Preacute-Mesozoacuteica de Portugal p377ndash401BUENO RAMIacuteREZ P BALBIacuteN BEHRMANN R and BARROSO BERMEJO R (2016) ndash Megalithic art in the Iberian Peninsula Thinking about graphic discourses in the Europe-an Megaliths Guillaume Robin Andreacute DrsquoAnna Aurore Schmitt and Maxence Bailly Eds Fonctions utilisations et repreacutesentations de lrsquoespace dans les seacutepultures monumentales du Neacuteolithique europeacuteen Aix-en-Provence Presses Universitaires de Provence p185-203DIacuteAZ-GUARDAMINO M (2010) ndash Las estelas decoradas en la Prehistoria de la Peniacutensunot-la Ibeacuterica Madrid Universidad Complutense de Madrid PhD ThesisFAIRBAIRN AS (2000) ndash On the spread of crops across Neolithic Britain with spe-cial reference to the southern England AS FAIRBAIRN ed Plants in Neolithic Brit-ain and beyond Oxford Oxbow Books p107-121GIMBUTAS M (1996) ndash The Goddesses and Gods of Old Europe London Thames and HudsonGODINHO M M NEVES L PEREIRA A SEQUEIRA A CASTRO P and BENTO DOS SANTOS T (2010) ndash Notiacutecia Explicativa da Folha 17-A (Viseu) (N Ferreira Ed) Lisboa Unidade de Geologia e Cartografia Geoloacutegica (Laboratoacuterio Nacional de Energia e Geolo-gia)HOSKIN M et al (1998) ndash Studies in Iberian Archaeoastronomy (5) Orientations of
| 199
| 2018
megalithic Tombs of Northern and Western Iberia Archaeoastronomy 23 (JHA xxix) p S59-S62HOSKIN M (2001) ndash Tombs Temples and their Orientations Bognor Regis Ocarina BooksMOITA I (1966) ndash Caracteriacutesticas predominantes do grupo dolmeacutenico da Beira Alta Eth-nos V p189-297OLIVEIRA J T PEREIRA E ANTUNES M T and MONTEIRO J H (1992) ndash Carta Geoloacutegi-ca de Portugal Escala 1500000 Serviccedilos Geoloacutegicos de PortugalSENNA-MARTINEZ JC (1989) ndash Preacute-Histoacuteria Recente da Bacia do Meacutedio e Alto Monde-go algumas contribuiccedilotildees para um modenotlo sociocultural Lisboa Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Tese de Doutoramento em Preacute-Histoacuteria e Arqueolo-gia 3 VolsSENNA-MARTINEZ JC (1993) ndash A ocupaccedilatildeo do Bronze Pleno da lsquoSala 20rsquo do Bura-co da Moura de Satildeo Romatildeo Tranotbanotlhos de Arqueologia da EAM 1 p55-76SENNA-MARTINEZ JC (this volume) ndash A Shrine in the Neolithic Orca da Lapa do Lobo Nelas (c 5000-3000 BC) J C Senna-Martinez Mariana Diniz e A Faustino de Carval-ho Eds De Gibraltar aos Pireneacuteus Megalitismo Vida e Morte no Ocidente Peninsular Fundaccedilatildeo Lapa do LoboSENNA-MARTINEZ JC amp VENTURA JMQ (1999a) ndash Evoluccedilatildeo das Paisagens Culturais na Plataforma do Mondego na Preacute-Histoacuteria Recente (c5000-550 cal AC) Trabalhos de Arqueologia da EAM Lisbon Colibri 5 p 9-20SENNA-MARTINEZ J C amp VENTURA J M (1999b) ndash Espaccedilo Funeraacuterio e laquoEspa-ccedilo Ceacuteni-coraquo a Orca do Folhadal (Nelas) Trabalhos de Arqueologia da EAM Lisboa 5 p21-34SENNA-MARTINEZ JC and VENTURA JMQ (2000) ndash Pastores recolectores e constru-tores de megaacutelitos O Neoliacutetico Final J C SENNA-MARTINEZ e I PEDRO Eds Por Terras de Viriato Arqueologia da Regiatildeo de Viseu Viseu Governo Civil do Distrito de Viseu e Museu Nacional de Arqueologia p 53-62SENNA-MARTINEZ JC e VENTURA JMQ (2008a) ndash Do mundo das sombras ao mun-do dos vivos Octaacutevio da Veiga Ferreira e o megalitismo da Beira Alta meio seacuteculo de-pois Homenagem a Octaacutevio da Veiga Ferreira Estudos Arqueoloacutegicos de Oeiras Oeiras Cacircmara Municipal 16 p317-350SENNA-MARTINEZ JC e VENTURA JMQ (2008b) ndash Neolitizaccedilatildeo e Megalitismo na Plataforma do Mondego Algumas Reflexotildees sobre a Transiccedilatildeo Neoliacutetico Anti-goNeoliacuteti-co Meacutedio Actas del IV Congreso del Neoliacutetico en la Peniacutensula Ibeacuterica Ali-cante 2 p 77-84SILVA F (2012) ndash Landscape and Astronomy in Megalithic Portugal the Carregal do Sal Nucleus and Star Mountain Range Papers from the Institute of Archaeology (PIA) 22 p99-114 DOI httpdxdoiorg105334pia405TEIXEIRA C BRITO DE CARVALHO L H BARROS R F AacuteVILA MARTINS J and HAAS W E L (1961) ndash Notiacutecia Explicativa da Folha 17-C (Santa Comba Datildeo) Lisboa Serviccedilos Geoloacutegicos de PortugalVASCONCELOS JL (1905) ndash Antiguidades prehistoricas da Beira IV- Notiacutecia de duas Orcas O Archeoacutelogo Portuguecircs 10 p313WILLIAMS M (2003) ndash Growing metaphors The agricultural cycle as metaphor in the later prehistoric period of Britain and North-Western Europe Journal of Social Archaeol-ogy 3 p223-255
200 |
| 201
| 2018
ANTA DA LAPA DA MERUJE (VOUZELA PORTUGAL) RESULTADOS PRELIMINARES DOS TRABALHOS EM CURSO
DOLMEN OF LAPA DA MERUJE (VOUZELA PORTUGAL) PRELIMINARY RESULTS OF ONGOING RESEARCH
Antoacutenio Faustino Carvalho CEAACP - Centro de Estudos de Arqueologia Artes e Ciecircncias do Patrimoacutenio Universidade do Algarve FCHS Campus de Gambelas 8000-117 Faro Portugalafcarvaualgpt
RESUMO A anta da Lapa da Meruje foi descoberta e primeiramente sondada por A de Amorim Giratildeo em 1917 tendo sido dada a conhecer na sua obra de 1921 ldquoAntiguidades preacute-histoacutericas de Lafotildeesrdquo e desde aiacute citada por outros investigadores que se dedica- ram ao estudo do megalitismo beiratildeo A sus escavaccedilatildeo foi retomada em 2016 tendo por fim uma caracterizaccedilatildeo arqueoloacutegica mais aprofundada e a sua futura valori-zaccedilatildeo in situ para usufruto puacuteblicoTrata-se de um doacutelmen de grandes dimensotildees com cacircmara e corredor diferenciaacuteveis em planta e alccedilado A cacircmara de sete esteios tem 3x3 metros e o corredor atinge 9 metros de comprimento Dispotildee ainda de um aacutetrio que teraacute sido deliberadamente colmado aquando do encerramento do doacutelmen A mamoa com um diacircmetro de 32 metros e uma espessura maacutexima de 2 metros conserva uma carapaccedila peacutetrea na maior parte da sua extensatildeo O topo do chapeacuteu apresenta gravuras modernas (covinhas e um ldquojogo do alquerquerdquo) e a face interna dos esteios da cacircmara e do corredor tecircm gravuras preacute-histoacutericas esquemaacuteticas para aleacutem de uma custoacutedia feita em eacutepoca muito recente (seacuteculo XX) Na linha da escassez de espoacutelio que caracteriza o megalitismo lafonense a primei-ra utilizaccedilatildeo da anta estaacute representada principalmente por geomeacutetricos em siacutelex Alguma ceracircmica pedra polida e grandes lacircminas de siacutelex pertencem a ocupaccedilotildees mais tardias Estes dois conjuntos artefactuais sugerem que a construccedilatildeo do doacutelmen ocorreu no IV mileacutenio AC (Neoliacutetico Meacutedio) e que o seu encerramento teraacute tido lugar entre finais do IV iniacutecios do III mileacutenio AC (Neoliacutetico Final Calcoliacutetico) Sob a ma-moa identificou-se um niacutevel formado por talhe da pedra ceracircmica lisa e abundantes carvotildees cujo estatuto (ritual preacutevio agrave construccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo anterior) estaacute por definir cabalmente Outros achados indicam reutilizaccedilotildees proto-histoacutericas medie- vais e contemporacircneasPALAVRAS-CHAVE Megalitismo Lafotildees Neoliacutetico
202 |
ABSTRACTThe dolmen of Lapa da Meruje was discovered and first tested by A de Amorim Giratildeo in 1917 having been made known in his work of 1921 ldquoAntiguidades Preacute-histoacutericas de Lafotildeesrdquo (ldquoPrehistoric Anti- quities of Lafotildeesrdquo) and since then cited by other researchers working in the region Its excavation was resumed in 2016 aiming at a comprehensive archae-ological characterization of the site for future restoration and in situ opening to the publicThis is a large dolmen with chamber and passage which are differentiated in both plan and profile The chamber with seven orthostats has an area of 3X3 metres and the passage is around nine metres long There is also a vestibule that was deliberately infilled when the dolmen was closed The mound is 35 metres in diameter and has a preserved height of two metres A stone cairn is still very well preserved in most of the moundrsquos area On top of the capstone there is a set of modern engravings (cupmarks and a traditional game known as ldquoalquerquerdquo) in the orthostats of the chamber and passage there are also schematic prehistoric engravings besides a very recent (20th century) depiction of a Christian cross In line with the scarcity of grave goods that characterises the Lafotildees mega-lithism the first funerary occupation recorded at Lapa da Meruje is mainly represented by flint geometrics A few potsherds polished stone tools and large flint blades belong to later occupations Together both assemblages suggest the beginning of the fourth millennium BC (Middle Neolithic) as the dolmenrsquos cons- truction date and its closure in the late 4th early 3rd millennium BC (Late Neo-lithic Chalcolithic) An archaeological level formed by knapped stone plain pottery and abundant charcoal was found below the mound its status (a ritual related to the building of the monument an older occupation) is still be fully understood Other finds indicate Protohistoric Medieval and contemporary re-uses of the dolmenKEY WORDSMegalithism Lafotildees Neolithic
1 INTRODUCcedilAtildeOPor solicitaccedilatildeo da Cacircmara Municipal de Vouzela teve iniacutecio em 2016 um projeto de estudo intitulado ldquoEstudo do patrimoacutenio histoacuterico-cultural de Vouzelardquo Com conclusatildeo prevista para 2019 o seu acircmbito e principais ob-jetivos foram jaacute entretanto tornados puacuteblicos Como explicitamente afirma-do ldquo[o] conjunto de dados assim reunidos constituiraacute a base sobre a qual se procederaacute com a conclusatildeo do presente projeto agrave elaboraccedilatildeo de um programa que vise atraveacutes de diversas valecircncias e accedilotildees a definir nesse momento a valorizaccedilatildeo deste patrimoacutenio e a definiccedilatildeo de estrateacutegias para o seu usufruto puacuteblicordquo (Real et al 2017 p 116) Assim o projeto encon-
| 203
| 2018
Figura 1 Localizaccedilatildeo da anta da Lapa da Meruje no territoacuterio portuguecircs
204 |
tra-se estruturado em quatro eixos de investigaccedilatildeo principais levantamen-to documental prospeccedilatildeo arqueoloacutegica estudo de espoacutelios de escavaccedilotildees antigas e escavaccedilatildeo de siacutetios selecionados mdash isto eacute escavaccedilotildees dirigidas a locais de potencial museoloacutegico tendo em vista a sua futura valorizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo ao puacuteblico Eacute neste quadro que tecircm tido lugar os trabalhos de escavaccedilatildeo na anta da Lapa da Meruje localizada neste municiacutepio (Fig 1) os quais se iniciaram logo no primeiro ano de funcionamento do projeto A seleccedilatildeo deste siacutetio como exemplo dos vaacuterios monumentos megaliacuteticos ex-istentes no municiacutepio natildeo foi casual Com efeito a sua localizaccedilatildeo a 925 m de altitude no ambiente paisagiacutestico beliacutessimo proporcionado por uma depressatildeo situada na vertente noroeste da Serra do Caramulo adjacente a uma lagoa artificial onde se dispotildee jaacute de diversas infraestruturas de apoio construiacutedas pela autarquia na deacutecada de 1990 (acessos para automoacuteveis aacuterea de estacionamento delimitaccedilatildeo fiacutesica do siacutetio e um passadiccedilo de ma-deira em torno da mamoa) foram criteacuterios que pesaram bastante nessa es-colha (Fig 2A) Para aleacutem disso e num criteacuterio mais estritamente cientiacutefico o bom estado de conservaccedilatildeo da arquitetura do monumento fazia tambeacutem antever um potencial arqueoloacutegico significativo por forma a providenciar natildeo soacute conteuacutedos concretos para a sua integraccedilatildeo num roteiro patrimonial megaliacutetico concelhio (com data de inauguraccedilatildeo prevista para 2018) como tambeacutem contribuir para uma recuperaccedilatildeo do megalitismo lafonense e sua integraccedilatildeo no contexto regional mais alargado da Beira Alta (Carvalho e Car-valho 2018)O objetivo do presente texto eacute assim a apresentaccedilatildeo sumaacuteria dos objeti-vos que presidiram agraves campanhas de escavaccedilatildeo de 2016-2018 na Lapa da Meruje e dos principais resultados que se obtiveram O ano de 2019 reserva-se para a completaccedilatildeo pontual dos trabalhos de campo (p ex de-calque de gravuras) Os estudos finais compreenderatildeo a interpretaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo geograacutefica e estruturas arquitetoacutenicas das suas diversas componentes artefactuais e elementos paleoambientais e respetiva inte-graccedilatildeo regional Estes toacutepicos de estudo de caraacuteter interdisciplinar encon-tram-se neste momento em curso
2 A ANTA DA LAPA DA MERUJE21 Descoberta e primeiros trabalhosA anta da Lapa da Meruje foi noticiada pela primeira vez nas ldquoAntiguidades preacute-histoacutericas de Lafotildeesrdquo por A de Amorim Giratildeo [1895ndash1960] onde este autor a descreve do seguinte modo ldquoSubindo ao alto da serra em direcccedilatildeo a Vermilhas (Vouzela) encontraremos uma
| 205
| 2018
nova anta no siacutetio denominado Meruje Esta anta vulgarmente conhecida pela de- signaccedilatildeo de Lapa da Meruje eacute um soberbo exemplar sobretudo pelas dimensotildees da tampa que mede 320 m de comprimento por 280 m de largura sendo susten- tada por seis esteios monoliacuteticos de cecircrca de 3 m de altura tendo a mamoa 10 m de raio aproximadamente [] A situaccedilatildeo decircste monumento mesmo no centro duma bacia de fundo pouco deprimido onde a mamoa coberta de mato sobres-sai rodeada por uma grinalda de pequenas elevaccedilotildees em que o granito assume por vezes formas muito caprichosas eacute das mais interessantes que conhecemos A anta encontra-se ainda bem conservada apesar de terem sido desviadas vaacuterias
Figura 2 A - Vista aeacuterea da escavaccedilatildeo a partir de Sul durante a campanha 2016 B - Vista da cacircmara e corredor a partir de Nascente segundo A de Amorim Giratildeo (1921) C - Fo-tografia publicada por C Moreira de Figueiredo (1953)
206 |
pedras da galeria e de apresentar evidentes sinais de violaccedilatildeo no recinto da cacircmara sepulcral Uma ligeira escavaccedilatildeo que fizemos nesta uacuteltima parte do megaacutelito nada produziu digno de menccedilatildeordquo (Giratildeo 1921 p 47)Conquanto natildeo se encontre explicitado deduz-se do proacutelogo daquela obra que os trabalhos de escavaccedilatildeo (ldquouma ligeira pesquisardquo como referido na p VII) teratildeo tido lugar a 29 de marccedilo de 1917 Esta sondagem teraacute sido precedida de uma ldquoexploraccedilatildeordquo que se deduz ter sido apenas de reconhe- cimento em data incerta mas no decorrer do ano de 1916 Amorim Giratildeo refere tambeacutem que o doacutelmen havia sido anteriormente ldquo[] visitado pelo saacutebio botacircnico Sr Dr Juacutelio Henriquesrdquo (p VI) mas natildeo refere no entanto onde ou como obteve esta informaccedilatildeo O facto de nesta obra haver outras referecircncias a este investigador e mesmo fotografias da sua autoria suge-re uma proximidade entre estes professores conimbricenses que explicaraacute algum tipo de colaboraccedilatildeo entre ambos Eacute tambeacutem aqui que se publica a primeira fotografia conhecida desta anta (Fig 2B)A partir deste trabalho pioneiro a Lapa da Meruje constaraacute depois em di-versas outras siacutenteses sobre o megalitismo regional (Moita 1966 Leisner 1998) sobre o patrimoacutenio de Vouzela (Marques 1999 2014) ou mesmo a propoacutesito de outras temaacuteticas Eacute o caso do ensaio de Moreira de Figueiredo (1953) sobre as vias romanas da regiatildeo que a ilustra com a segunda fo-tografia mais antiga que se lhe conhece (Fig 2C) Note-se a este propoacutesito que o inventaacuterio descritivo de ldquoDie megalithgraumlber der Iberischen Halbinselrdquo (Leisner 1998 p 68 e taf 59) refere erradamente esta anta como perten-cente ao concelho de Tondela um lapso que teraacute induzido em erro autores posteriores mdash p ex natildeo figura na siacutentese de Cardoso (1999) sobre o mega- litismo vouzelense mdash mas que se explica pela sua localizaccedilatildeo a menos de um quiloacutemetro das extremas de ambos os municiacutepios o que teraacute propiciado esta confusatildeo22 Os trabalhos de 2016-2018Enquadrados pelos objetivos-base do projeto de investigaccedilatildeo mdash que re-corde-se se constitui como etapa de estudo preacutevia agrave valorizaccedilatildeo e museal-izaccedilatildeo do patrimoacutenio histoacuterico vouzelense mdash os trabalhos mais recentes na Lapa da Meruje obedeceram a uma estrateacutegia de intervenccedilatildeo delibera-damente subordinada a opccedilotildees de preservaccedilatildeo in situ de elementos ar-quitetoacutenicos com potencial de valorizaccedilatildeo no futuro Tratou-se assim de uma intervenccedilatildeo minimalista com objetivos muito especiacuteficos direcionados para os diversos espaccedilos do monumento a saber1 Escavaccedilatildeo da cacircmara do doacutelmen atraveacutes da realizaccedilatildeo de um corte para a relocalizaccedilatildeo da sondagem de 1917 avaliar o impacto de violaccedilotildees que
| 207
| 2018
possam ter ocorrido no passado e identificar a eventual presenccedila de grafis-mos preacute-histoacutericos nos esteios2 Escavaccedilatildeo do corredor conectando-se assim a aacuterea da cacircmara ao ex-terior do monumento de modo a documentar este setor do monumento e permitir depois o acesso dos visitantes agraves proacuteprias aacutereas de circulaccedilatildeo originais (leia-se neoliacuteticas) do mesmo3 Escavaccedilatildeo do aacutetrio tendo em vista a documentaccedilatildeo desta realidade ar-quitetoacutenica (cuja existecircncia se presumia desde o iniacutecio dos trabalhos dada a depressatildeo na topografia da mamoa que se observava neste sector) e a criaccedilatildeo futura de um espaccedilo de acesso ao interior do monumento4 Abertura de uma sanja de orientaccedilatildeo Norte-Sul na metade Sul da ma-moa para registo das respetivas sequecircncias estratigraacuteficas e construtivas e averiguaccedilatildeo da existecircncia de ocupaccedilotildees anteriores agrave sua construccedilatildeo A natildeo intervenccedilatildeo noutros quadrantes da mamoa deveu-se agraves referidas con-tingecircncias autoimpostas para a conservaccedilatildeo de elementos arquitetoacutenicos originais do monumentoApoacutes os trabalhos de escavaccedilatildeo realizados pode-se hoje descrever com maior rigor as caracteriacutesticas arquitetoacutenicas deste monumento A Lapa da Meruje eacute pois um doacutelmen de grandes dimensotildees cuja cacircmara e corredor se distinguem tanto em planta como em alccedilado (Fig 2A) A cacircmara eacute forma-da por sete esteios e mede cerca de 3times3 m de aacuterea enquanto o corredor irregular e ligeiramente desviado para nordeste tem 8-9 m de comprimento Apenas na cacircmara se preserva ainda uma laje de cobertura de contorno trapezoidal com cerca de 6times6 m e uma espessura variando entre 30 e 50 cm Haacute a registar a existecircncia de gravuras nos esteios da cacircmara e corre-dor de tipologia claramente preacute-histoacuterica ou que se encontravam totalmente cobertas por sedimentos ateacute agrave sua escavaccedilatildeo mdash baacuteculo luacutenula covinhas e signos de tendecircncia pectiforme mdash que estatildeo presentemente em curso de le-vantamento e estudo Junto a esta arte megaliacutetica haacute ainda a representaccedilatildeo de uma custoacutedia na cacircmara que de acordo com informaccedilotildees orais teraacute ter sido realizada na segunda metade do seacuteculo XX enquanto que no topo do chapeacuteu se encontra um numeroso conjunto de grafismos de eacutepoca histoacuteri-ca que inclui covinhas cruzes e um tabuleiro de ldquojogo do alquerquerdquo natildeo referenciados ateacute ao momento em qualquer publicaccedilatildeo acerca deste siacutetio 221 CacircmaraAs escavaccedilotildees realizadas em 2016-2017 na cacircmara que atingiram a sua base permitiram identificar uma depressatildeo oval preenchida com sedimen-tos muito finos e pulverulentos soltos com ocasionais blocos de granito e quase sem materiais arqueoloacutegicos que deveraacute corresponder agrave sondagem
208 |
aberta por Amorim Giratildeo em 1917 Abaixo desta unidade desenvolvem-se niacuteveis de remeximentos mais antigos que incorporam diversos fragmentos de ceracircmica medieval (atribuiacutevel ao seacuteculo XII) o que permitiu concluir que a cacircmara teraacute sido esvaziada do seu conteuacutedo preacute-histoacuterico original muito provavelmente durante a Idade Meacutedia Por seu lado a escavaccedilatildeo junto agrave face interna de um dos esteios natildeo revelou quaisquer pinturas Este facto aliado agraves observaccedilotildees anteriores quanto reutilizaccedilatildeo do doacutelmen em eacutepocas poacutes-neoliacuteticas sugere que a terem existido pinturas estas natildeo teratildeo sobre-vivido aos episoacutedios de reutilizaccedilatildeo deste espaccedilo apenas as gravuras se conservaram ateacute hojePara aleacutem da ceracircmica medieval foi possiacutevel recolher tambeacutem geomeacutetricos em siacutelex (trapeacutezios e crescentes sobre lacircmina) nos sedimentos remexidos da cacircmara os quais se constituem como testemunhos da fase de construccedilatildeo e primeira utilizaccedilatildeo do monumento Com a mesma proveniecircncia haacute ainda ceracircmica decorada de cronologia calcoliacutetica (triacircngulos preenchidos a pon-tilhado) e um elemento de xorca de ldquotipo sanguessugardquo em bronze dataacutevel do final da Idade do Bronze Este conjunto de achados mdash a que se devem adicionar as gravuras modernas e as tradiccedilotildees orais que estatildeo associadas agrave anta mdash evidencia o papel que este monumento nunca deixou de desem-penhar na paisagem para as sucessivas comunidades que a percorreram ou exploraramNote-se que por razotildees que se prendem com a estabilidade da cacircmara e a seguranccedila da equipa natildeo foi escavado o depoacutesito sedimentar que se en-contra sob o pesado chapeacuteu que muito singularmente caracteriza a Lapa da Meruje (Fig 2A) mdash e de onde lhe adviraacute certamente o nome A futura esca- vaccedilatildeo deste depoacutesito poderaacute vir a proporcionar observaccedilotildees que consubs- tanciem de forma mais robusta as ideias jaacute adquiridas acerca dos processos de formaccedilatildeo deste sector do monumento222 CorredorO corredor da Lapa da Meruje eacute formado por nove esteios na sua parte norte e dez na sua parte sul perfazendo um comprimento total aproximado de nove metros (Fig 3A) Em planta pode observar-se que os esteios que fazem a ligaccedilatildeo com a cacircmara estatildeo dispostos de modo a conformar um estrangulamento depois afunila ligeiramente na direccedilatildeo da entrada (de 18 m para 12 m) onde os esteios aiacute existentes definem um outro estrangula-mento (de cerca de 08 m de largura ao longo de um troccedilo de 15 m) A escavaccedilatildeo do corredor que teve lugar em 2018 revelou que o seu sector mais proacuteximo da cacircmara se encontrava igualmente violado pela ocupaccedilatildeo medieval do monumento A separaccedilatildeo entre a parte reocupada na Idade
| 209
| 2018
Meacutedia e a parte conservada do corredor estava claramente definida por uma acumulaccedilatildeo caoacutetica de blocos graniacuteticos Na parte conservada o topo do depoacutesito apresentava-se quase esteacuteril em termos arqueoloacutegicos o que ates-ta o estado intocado da sua parte inferior E aqui com efeito encontrou-se um pequeno mas significativo conjunto artefactual formado por ceracircmica (pelo menos um vaso liso quase inteiro) e uma enxoacute em pedra polida ao niacutevel da base Esta uacuteltima peccedila em particular estava colocada num inters- tiacutecio entre dois esteios do lado norte do corredor e junto agrave entrada suger-indo tratar-se de uma deposiccedilatildeo intencional A proximidade espacial entre os diversos fragmentos de ceracircmica alguns dos quais ainda em conexatildeo sugere o mesmo comportamento no que respeita a esta classe artefactualO pequeno nuacutemero de artefactos recuperados no corredor natildeo permite uma atribuiccedilatildeo cronoloacutegico-cultural fina mas a presenccedila de ceracircmica indica que se trataratildeo de deposiccedilotildees posteriores ao momento de construccedilatildeo e primeiro uso do monumento223 AacutetrioA escavaccedilatildeo da aacuterea em frente da entrada do corredor que se desenrolou em 2017-2018 veio comprovar que de facto a depressatildeo que se obser-vava na mamoa correspondia a um sector que estaria originalmente ao ar livre De facto foi possiacutevel documentar aqui a existecircncia de um aacutetrio orig-inalmente lajeado com grandes blocos graniacuteticos que conformaria um es-paccedilo exterior adjacente agrave entrada do monumento A entrada do corredor
Figura 3 A - Vista geral do aacutetrio e corredor apoacutes a sua escavaccedilatildeo em 2018 B - Vista geral do aacutetrio e da entrada onde se pode observar em primeiro plano parte do lajeado original do aacutetrio e do lado esquerdo um esteio que formaria a fachada deste espaccedilo (o esteio do lado oposto teraacute sido arrancado em data indeterminada)
210 |
estaria assim ladeada do seu lado exterior por esteios dispostos de forma perpendicular ao mesmo resultando numa autecircntica fachada que delimita-va o aacutetrio pelo menos na sua parte poente (Fig 3A e B) Poreacutem todo este espaccedilo exterior seria colmatado em data posterior A sua escavaccedilatildeo permitiu verificar que parte do lajeado foi levantada principal-mente na sua periferia e que o aacutetrio foi depois preenchido com uma cama-da de terra e blocos de meacutedias dimensotildees sobre a qual se colocou uma car-apaccedila peacutetrea rematada com um niacutevel de clastos de pequenas dimensotildees bem acamados e imbrincados Trata-se portanto da selagem intencional do monumento ou em suma da construccedilatildeo de uma ldquoestrutura de conde-naccedilatildeordquo equiparaacutevel a outras jaacute identificadas em monumentos megaliacuteticos da Beira Alta Estaacute por esclarecer a cronologia (coevo do lajeado ou da ldquoes-trutura de condenaccedilatildeordquo) e funcionalidade de um murete circular que de-limita o aacutetrio pelo exteriorAs componentes artefactuais associadas a esta ldquoestrutura de condenaccedilatildeordquo poreacutem satildeo muito escassas o que limita inferecircncias acerca da cronologia
Figura 4 Vista do corte nascente da sanja nos trabalhos de 2016 Note-se a acumulaccedilatildeo de blocos correspondente ao preenchimento do contraforte delimitado por dois grandes blocos (na parte mais profunda da sanja) e o niacutevel superior de blocos que cobre toda a estrutura e se prolonga ateacute ao limite inferior da mamoa
| 211
| 2018
deste evento de encerramento definitivo do doacutelmen A presenccedila de restos de ceracircmica e de lacircminas robustas de siacutelex sugere que esta colmataccedilatildeo teraacute ocorrido no Neoliacutetico Final ou o mais tardar jaacute em eacutepoca calcoliacutetica224 MamoaNo contacto entre a base da mamoa e o paleossolo foi identificado um delgado (lt10 cm) niacutevel arqueoloacutegico formado por ceracircmica lisa associada a uma induacutestria de lascas (sobretudo em quartzo) de boa fatura A ine- xistecircncia de outros elementos impede a determinaccedilatildeo de uma cronolo-gia fina (que seraacute no entanto neoliacutetica) e a interpretaccedilatildeo das atividades que lhe teratildeo dado origem (contexto habitacional praacuteticas rituais preacutevias agrave construccedilatildeo do monumento) A identificaccedilatildeo de troccedilos muito bem con-servados da couraccedila peacutetrea em quadrados adjacentes agrave sanja inicial (ver abaixo) impediu por razotildees de conservaccedilatildeo a sua escavaccedilatildeo ateacute agrave base e deste modo a documentaccedilatildeo de uma aacuterea maior deste niacutevel preacute-megaliacuteti-co O interior do setor escavado da mamoa por seu lado revelou duas importantes componentes da arquitetura da mamoasect Um contraforte com uma largura de cerca de 65 m composto por uma densa acumulaccedilatildeo de blocos de dimensotildees meacutedias (40-50 cm) em-balados em sedimentos arenoargilosos de coloraccedilotildees negras (Fig 4) e contidos no seu limite externo pela colocaccedilatildeo de grandes blocos (gt1 m) de formato lajiforme que formam um anel liacutetico de contenccedilatildeo do contraforte (Figs 4 e 5) sect Uma couraccedila peacutetrea com 30-40 cm de espessura mas que se vai adelgaccedilando agrave medida que se aproxima do exterior da mamoa (Figs 4 e 5) Tratar-se-aacute da base conservada e compactada da couraccedila original uma vez que o topo desta estrutura se encontra hoje pelo menos meio metro abaixo da cota de topo do chapeacuteu da cacircmara Eacute formada por blocos graniacuteti-cos de dimensotildees pequenas a meacutedias (10-50 cm) e sedimentos iguais aos do contraforte Junto ao seu rebordo exterior haacute um alinhamento de lajes colocados na vertical (Fig 5) que a delimitava provavelmente em todo o periacutemetro Uma vez que os objetivos da escavaccedilatildeo estavam determina-dos pela sua valorizaccedilatildeo posterior optou-se por natildeo sacrificar atraveacutes de escavaccedilatildeo este elemento arquitetoacutenico ilustrativo das teacutecnicas e opccedilotildees construtivas do monumento em eacutepoca neoliacutetica A localizaccedilatildeo da sanja para escavaccedilatildeo da mamoa visou averiguar uma de-pressatildeo existente na sua superfiacutecie A escavaccedilatildeo revelou com efeito que a couraccedila se encontrava parcialmente destruiacuteda na sua metade superior pela extraccedilatildeo de pedra em eacutepoca moderna para construccedilatildeo dos muros de divisatildeo de propriedade que se encontram em torno do monumento
212 |
3 CONCLUSOtildeES A LAPA DA MERUJE E O MEGALITISMO DE LAFOtildeESUma das uacuteltimas siacutenteses sobre o megalitismo vouzelense destacava uma tendecircncia de acordo com a qual os doacutelmenes deste municiacutepio se localizaratildeo por norma em plataformas ou rechatildes ldquo[] implantando-se frequentemente em pequenos cocircmoros deles destacados Torna-se deste modo evidente que os monumentos natildeo se distribuem no terreno de forma aleatoacuteria [] Quanto agrave micro-distribuiccedilatildeo dos monumentos eacute frequente observarem-se nuacutecleos de dois ou trecircs monumentos a curta distacircncia entre si sendo mutuamente intervisiacuteveis configurando a situaccedilatildeo de verdadeiras necroacutepoles megaliacuteticas []rdquo (Cardoso 1999 p 192) Nos seus traccedilos essenciais esta observaccedilatildeo foi corroborada pelos resultados das prospeccedilotildees de 2017-2018 (Carvalho e Carvalho 2018) em particular no que respeita agrave dupla circunstacircncia de se acharem doacutelmenes isolados ou agrupados em pequenas necroacutepoles de dois a trecircs tumuli A Lapa da Meruje eacute assim um testemunho da primeira destas realidades e encontra paralelo noutros doacutelmenes vouzelenses tais como Adside (Campia) ou Cabo das Moutas (Alcofra) No estado atual dos estudos megaliacuteticos da regiatildeo de Lafotildees eacute ainda difiacutecil propor cenaacuterios explicativos soacutelidos para a referida dicotomia ou mesmo para os padrotildees gerais de implantaccedilatildeo destes monumentos Tal como se tecircm vindo a reconhecer no caso de Vouzela (Carvalho e Carvalho 2018) estes monumentos localizam-se sempre em ambiente de montanha mdash seja em planaltos rechatildes ou pequenos vales elevados mdash e muitas vezes junto a nascentes ou aacutereas alagadiccedilas Ou seja neste caso a Serra do Caramulo e as terras altas adjacentes reuacutenem a quase totalidade dos doacutelmenes jaacute registados O desconhecimento dos respetivos contextos habitacionais que poderatildeo talvez estar soterrados nos depoacutesitos sedimentares dos fundos dos vales eacute uma limitaccedilatildeo severa no conhecimento dos modelos gerais de ocu-paccedilatildeo do territoacuterio Portanto o papel desempenhado pela Lapa da Meruje nos momentos iniciais da ocupaccedilatildeo megaliacutetica daquela serra mdash isto eacute nos primeiros seacuteculos do IV mileacutenio aC correspondentes ao Neoliacutetico Meacutedio mdash eacute ainda difiacutecil de avaliar Eacute certo que de um modo geral a topografia e as condiccedilotildees edaacuteficas deste maciccedilo natildeo satildeo de molde a favorecer uma pre-senccedila neoliacutetica de caraacuteter permanente nos seus setores mais elevados A informaccedilatildeo disponiacutevel para a Serra da Estrela onde a investigaccedilatildeo tem sido mais sistemaacutetica pode constituir-se como analogia para o caso do Caramulo Ali a compartimentaccedilatildeo altitudinal das culturas tradicionais es-tabelece os 800 m anm como o limite superior do cultivo do trigo (Ribeiro e Santos 1951) e talvez os 1500 m para a cevada (sujeito a confirmaccedilatildeo) Isto significaraacute que em eacutepoca neoliacutetica apenas o pastoreio teria sido viaacutevel
| 213
| 2018
Figura 5 Vista da escavaccedilatildeo da sanja em 2017 No lado esquerdo sobre o substrato graniacuteti-co veem-se os dois blocos que fazem parte do anel liacutetico do contraforte no lado direito vecirc-se a couraccedila peacutetrea conservada na parte inferior da qual existe um alinhamento de lajes originalmente colocadas na vertical (para sustentaccedilatildeo da couraccedila)
214 |
nas aacutereas planaacutelticas superiores Poreacutem foi recentemente avanccedilado um modelo segundo o qual o pastoreio se teria entatildeo confinado agraves terras baixas (lt 600 m) em torno do sopeacute da serra (Carvalho et al 2017) Este pastoreio seria levado a cabo no quadro geral de uma mobilidade humana de tipo residencial associado agrave agricultura nos territoacuterios abaixo dos 600 m pontu-ado por monumentos dolmeacutenicos Portanto ao inveacutes do defendido por ou- tros autores este modelo de pastoriacutecia natildeo defende a existecircncia de praacuteticas transumantesEste sistema de povoamento pode ser provisoriamente extrapolado para a Serra do Caramulo embora este exerciacutecio deva futuramente atender tam-beacutem aos particularismos bioclimaacuteticos deste territoacuterio no Holoceno Meacutedio Deste quadro comparativo parecem poder resultar dois modelos alternati-vos para a ocupaccedilatildeo das suas rechatildes e planaltos da faixa dos 800-1050 m onde se localizam diversas necroacutepoles dolmeacutenicas (a proacutepria Lapa da Meruje estaacute a 925 m de altitude) um em que a atividade econoacutemica as-sentaria em exclusividade no pastoreio outro em que a esta praacutetica se as-sociaria uma agricultura especializada na cevada Claramente a segunda possibilidade parece menos verosiacutemil uma vez que as praacuteticas agriacutecolas jaacute documentadas para o Neoliacutetico Antigo e Meacutedio do atual territoacuterio portu-guecircs parecem assentar numa agricultura mista com trigos e cevadas e uma importante componente de leguminosas (para uma siacutentese atualizada ver Carvalho 2018) Assim a natildeo ser que se equacione a possibilidade alter-nativa de estarmos unicamente perante uma ldquopaisagem ritualrdquo os setores mais elevados do Caramulo seriam natildeo propriamente ocupados mas sim frequentados no quadro de um regime de pastoreio itinerante de pequena ou meacutedia escalaNo sentido desta hipoacutetese de trabalho os diversos doacutelmenes assim como os ldquoafloramentos monumentalizadosrdquo do Vale drsquoAnta e da Malhada do Cam-barinho (Carvalho e Carvalho 2018) poderatildeo estar a marcar simultanea-mente uma apropriaccedilatildeo simboacutelica (funeraacuteria e ritual) deste territoacuterio e os caminhos percorridos pelos pastores neoliacuteticos e seus rebanhos Este papel duplo dos monumentos megaliacuteticos do Caramulo e por extensatildeo tambeacutem de toda a regiatildeo de Lafotildees teraacute de ser avaliado no prosseguimento da in-vestigaccedilatildeo Para jaacute o ambiente natural em que se insere a Lapa da Meru-je junto a um acesso natural aos planaltos mais elevados da serra e as caracteriacutesticas da sua arquitetura designadamente a existecircncia de um aacutetrio exterior consignado a rituais hoje impossiacuteveis de recuperar totalmente satildeo elementos que parecem ilustrar bem aquele duplo caraacuteter de que se teraacute revestido o megalitismo deste antigo territoacuterio
| 215
| 2018
AGRADECIMENTOSA imagem aeacuterea com drone da Figura 2A foi obtida por Juacutelio Rocha e a vis-ta geral do corredor e aacutetrio reproduzida na Figura 3A eacute da autoria de Joatildeo Rocha Agradece-se agrave Cacircmara Municipal de Vouzela a disponibilizaccedilatildeo do apoio logiacutestico necessaacuterio para os trabalhos na Lapa da Meruje e em parti- cular a prestimosa colaboraccedilatildeo de Luiacutes Andreacute Pereira e Daniel Melo Branco
BIBLIOGRAFIACARDOSO JL (1999) - Monumentos megaliacuteticos do concelho de Vouzela Vouzela Estu-dos Histoacutericos Lisboa Academia Portuguesa da Histoacuteria p 169-208CARVALHO AF (2018) - When the Mediterranean met the Atlantic A socio-economic view on Early Neolithic communities in central-southern Portugal Quaternary Interna-tional 470 p 472-484 DOI httpsdoiorg101016jquaint201612045CARVALHO AF PEREIRA V DUARTE C TENTE C (2017) - Neolithic archaeology at the Penedo dos Mouros Rock-shelter (Gouveia Portugal) and the issue of primitive transhu-mance practices in the Estrela mountain range Zephyrus LXXIX p 19-38 DOI httpsdoiorg1014201zephyrus2017791938CARVALHO PS CARVALHO AF (2018) - Para uma recuperaccedilatildeo do megalitismo de Lafotildees (Viseu Portugal) O concelho de Vouzela enquanto case-study In SEN-NA-MARTIacuteNEZ JC DINIZ M CARVALHO AF eds - De Gibraltar aos Pireneacuteus Megal-itismo vida e morte na fachada atlacircntica peninsular Nelas Fundaccedilatildeo Lapa do Lobo neste volumeFIGUEIREDO CJM (1953) - Subsiacutedios para o estudo da viaccedilatildeo romanas das Beiras Beira Alta 122-3 p 153-208GIRAtildeO AA (1921) - Antiguidades preacute-histoacutericas de Lafotildees Contribuiccedilatildeo para o estudo da arqueologia portuguesa Coimbra Imprensa da UniversidadeLEISNER V (1998) - Die megalithgraumlber der Iberischen Halbinsel Die Westen Berlin Walter de GruyterMARQUES JAM (1999) - Carta Arqueoloacutegica do Concelho de Vouzela Vouzela Cacircmara Municipal de VouzelaMARQUES JAM (2014) - Lafotildees Histoacuteria e Patrimoacutenio Viseu Ediccedilotildees EsgotadasMOITA IN (1966) - Caracteriacutesticas predominantes do grupo dolmeacutenico da Beira Alta Ethnos V p 189-297REAL ML CARVALHO AF TENTE C (2017) - Projeto de estudo do patrimoacutenio histoacuteri-co-arqueoloacutegico de Vouzela (Viseu) objetivos e primeiros resultados II Congresso da Associaccedilatildeo dos Arqueoacutelogos Portugueses Arqueologia em Portugal 2017 - Estado da questatildeo Lisboa Associaccedilatildeo dos Arqueoacutelogos Portugueses p 113-123RIBEIRO O SANTOS MAP (1951) - Montanhas pastoris de Portugal Tentativa de rep-resentaccedilatildeo cartograacutefica Compte Rendu du XVIe Congregraves International de Geacuteographie Travaux de la Section IV vol III Lisboa Union Geacuteographique International p 59-69
216 |
| 217
| 2018
PROVENIEcircNCIAS E UTILIZACcedilAtildeO DO SIacuteLEX NO MEGALITISMO DE LAFOtildeES (VISEU PORTUGAL) PRIMEIRA ABORDAGEM A PARTIR DOS CONJUNTOS DOS DOacuteLMENES DE LAPA DA MERUJE E DE ANTELAS
FLINT PROVENANCE AND USE IN THE LAFOtildeES MEGALITHISM (VISEU PORTUGAL) FIRST APPROACH BASED ON THE ASSEMBLAGES FROM THE DOLMENS OF LAPA DA MERUJE AND ANTELAS
Antoacutenio Faustino Carvalho CEAACP - Centro de Estudos de Arqueologia Artes e Ciecircncias do Patrimoacutenio Universidade do Algarve FCHS Campus de Gambelas 8000-117 Faro Portugalafcarvaualgpt [autor para correspondecircncia]
Telmo Pereira ICArEHB - Interdisciplinary Center for Archaeology and Evolution of Human Behaviour Universidade do Algarve FCHS Campus de Gambelas 8000-117 Faro Portugaltelmojrpereiragmailcom Juan Francisco Gibaja Institucioacuten Milaacute i Fontanals (IMF CSIC) - Grupo de Arqueologiacutea de las Dinaacutemicas Sociales C Egipciacuteaques Barcelona 08001 Espanhajfgibajaimfcsices
RESUMO Os artefactos em siacutelex dos doacutelmenes da Lapa da Meruje (Vouzela) e de Antelas (Oliveira de Frades) cuja construccedilatildeo se atribui aos iniacute- cios do IV mileacutenio aC foram analisados por forma a providenciar uma primeira imagem abrangente das estrateacutegias de exploraccedilatildeo circulaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do siacutelex no megalitismo da regiatildeo de Lafotildees uma das subaacutereas do importante nuacutecleo megaliacutetico da Beira Alta Os conjun-tos satildeo formados sobretudo por geomeacutetricos trapezoidais surgindo os segmentos em segundo plano A origem do siacutelex pocircde determinar-se para o primeiro caso (aacuterea de Rio Maior) sendo que em Antelas se observaram cinco possiacuteveis aacutereas de aprovisionamento (por identifi-car) A anaacutelise traceoloacutegica revelou que a larga maioria das peccedilas de Antelas natildeo foi utilizada antes da sua deposiccedilatildeo naqueles doacutelmenes inversamente os geomeacutetricos da Lapa da Meruje foram obtidos a partir lacircminas previamente utilizadas e depois efetivamente usados como pon-tas de projeacutetil Nota-se nestes casos que as pontas foram encabadas
218 |
transversalmente uma teacutecnica que jaacute havia sido reconhecida na famosa pintura de arqueiro do doacutelmen de Juncais (Vila Nova de Paiva) No seu conjunto estes primeiros resultados revelam uma elevada complexidade dos circuitos de abastecimento de siacutelex no megalitismo beiratildeo As dife- rentes intensidades observadas no seu uso significaraacute tambeacutem dife- rentes capacidades de aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas exoacutegenas A expli-caccedilatildeo para tais contrastes deveraacute radicar no quadro socioeconoacutemico e na organizaccedilatildeo social destas comunidadesPALAVRAS-CHAVE Megalitismo anaacutelise liacutetica proveniecircncia intercacircmbio traceologia
ABSTRACTThe flint artefacts from the dolmens of Lapa da Meruje (Vouze-la) and Antelas (Oliveira de Frades) which were built at the begin-ning of the fourth millennium BC were analysed in order to provide a first comprehensive portrayal of its exploration circulation and use in the megalithic region of Lafotildees one of the subareas of the impor- tant megalithic clusters of Beira Alta These assemblages are formed main-ly by trapezoidal geometrics followed by segments The origin of the flint could be determined for the first case (Rio Maior area) with five possible supply areas (to be identified) being observed among the Antelas material The analysis showed that the vast majority of the Antelas artefacts were not used before their deposition conversely the geometrics from Lapa of Meruje were obtained from previously used blades and later effectively used as projectile points It should be noted in these latter cases that they were transversely hafted a technique that had already been recognized in the famous painting of an archer at the dolmen of Juncais (Vila Nova de Paiva) Taken together these preliminary results reveal a high complexi-ty of the flint supply circuits in the Beira Alta megalithism The different intensities observed in the use of flint artefacts will also mean different capacities for the acquisition of exogenous raw materials An explanation for such contrasts should lie in the socioeconomic and social organization framework of these communitiesKEY WORDS Megalithism lithic analysis provenance exchange use- -wear
1 INTRODUCcedilAtildeOEacute comumente aceite que na regiatildeo portuguesa da Beira Alta se encontra um dos grupos mais pujantes do megalitismo da Peniacutensula Ibeacuterica Natildeo cabe aqui fazer o historial da investigaccedilatildeo mas deve assinalar-se que os
| 219
| 2018
primeiros trabalhos cientiacuteficos entatildeo sobretudo de inventariaccedilatildeo e cartogra-fia tiveram o seu iniacutecio ainda em meados do seacuteculo XIX O prosseguimento desta investigaccedilatildeo viria a revelar uma realidade muito singular com mon-umentos tumulares de diversas tipologias dispersos por uma vasta aacuterea e ostentando frequentemente manifestaccedilotildees pictoacutericas pintadas e grava-das Nos iniacutecios do seacuteculo seguinte reconhecer-se-ia que estas realidades neoliacuteticas se estendiam igualmente para a regiatildeo histoacuterica de Lafotildees (Giratildeo 1921) A partir do uacuteltimo quartel do seacuteculo XX os estudos megaliacuteticos na Beira Alta superam aquela perspetiva sobretudo descritiva mdash ou quanto muito de raiz histoacuterico-culturalista mdash e direcionam-se para outros toacutepicos de investigaccedilatildeo Entre estes emergem as questotildees relacionadas com a proveniecircncia e cir-culaccedilatildeo de mateacuterias-primas Houve desde cedo a perceccedilatildeo de que os por vezes abundantes conjuntos em siacutelex encontrados no megalitismo beiratildeo teratildeo sido importados a partir da Estremadura Portuguesa regiatildeo onde se localizaratildeo as fontes de aprovisionamento mais proacuteximas e que a sua cir-culaccedilatildeo se faria no acircmbito de diversos circuitos de trocas de escala inter-re-gional Como referido haacute jaacute um quarto de seacuteculo por Senna-Martinez (1994 p 17) ldquo[u]ma origem estremenha para o megalitismo da Beira Alta pode aliaacutes explicar a origem do siacutelex (inexistente na Beira Alta) que [] domina desde o iniacutecio as produccedilotildees artefactuais em pedra talhada do megalitismo regional e como veremos ateacute momentos bem avanccedilados Como contra-par-tida para a lsquoimportaccedilatildeorsquo do siacutelex poderiacuteamos ter as rochas anfiboacutelicas uti-lizadas para a produccedilatildeo de artefactos polidos e inexistentes na Estremad-ura [] O mesmo pode ter sucedido com as lsquovariscitesrsquo e outras lsquorochas verdesrsquo utilizadas para a produccedilatildeo de adornos e potencialmente existentes nos afloramentos siluacutericos da Beira Alta []rdquo Hoje sabe-se que elementos de adorno em variscite de doacutelmenes beirotildees seratildeo importaccedilotildees das minas de Palazuelo de las Cuevas (Zamora) embora a exploraccedilatildeo de pequenas jazidas de minerais verdes locais natildeo possa por enquanto ser totalmente descartada (Carvalho sd) Que estas redes de circulaccedilatildeo poderiam atingir escalas suprarregionais eacute um facto testemunhado pelo achado de um longo machado em xisto no doacutelmen I do Carapito (Aguiar da Beira) uma imitaccedilatildeo local de protoacutetipos fabricados em jade alpino que entatildeo circulariam pela Eu-ropa ocidental (Faacutebregas et al 2012 2018) Esta peccedila particular encontra-va-se associada a um pequeno machado em fibrolite trecircs geomeacutetricos em siacutelex 320 contas discoides em xisto seis em variscite e uma conta esfeacuteri-ca em grauvaque (Leisner e Ribeiro 1968) constituindo-se portanto como uma associaccedilatildeo artefactual mdash datada de c 3650 cal BC (GrN-5110 4850 plusmn
220 |
Figura 1 Localizaccedilatildeo dos doacutelmenes mencionados em texto 1 - Lapa da Meruje (Vouzela) 2 - Antelas (Oliveira de Frades) 3 - Juncais (Vila Nova de Paiva) 4 - Carapito (Aguiar da Beira) A seta indica a proveniecircncia do siacutelex de Rio Maior identificado no primeiro siacutetio
| 221
| 2018
40 BP) a partir de carvotildees da lareira em torno da qual se estruturava mdash que ilustra muito bem a diversidade de proveniecircncias materiais e de influecircncias estiliacutesticas de que se revestiram as fases iniciais do megalitismo beiratildeo isto eacute durante o Neoliacutetico MeacutedioAssim o objetivo do presente trabalho eacute um primeiro estudo integrado dos artefactos em siacutelex provenientes dos doacutelmenes da Lapa da Meruje (Vouzela) e de Antelas (Oliveira de Frades) localizados na regiatildeo de Lafotildees mdash portanto no setor mais ocidental da Beira Alta (Fig 1) mdash por forma a produzir uma pri-meira caracterizaccedilatildeo das origens circulaccedilatildeo e uso desta mateacuteria-prima na regiatildeo em contexto megaliacutetico Este estudo envolve a realizaccedilatildeo de anaacutelis-es geoquiacutemicas para caracterizaccedilatildeo do siacutelex e determinaccedilatildeo das respetivas proveniecircncias anaacutelise de tecnologia e tipologia e microscopia liacutetica para classificaccedilatildeo funcional
2 MATERIAL E MEacuteTODOS21 Os doacutelmenes da Lapa da Meruje e de AntelasA anta da Lapa da Meruje foi primeiramente referenciada por Amorim Giratildeo (1921) pioneiro da arqueologia preacute-histoacuterica da regiatildeo de Lafotildees que a descreve A ldquoligeira escavaccedilatildeordquo que realizou em 1917 na cacircmara natildeo teraacute produzido qualquer resultado ldquodigno de menccedilatildeordquo pelo que muito pouco se conhece destes trabalhos No entanto esta anta entraraacute depois em im-portantes siacutenteses sobre o megalitismo da Beira Alta ateacute agrave retoma do seu estudo em 2016 (Carvalho 2018) Trata-se de um doacutelmen de grandes di-mensotildees que apresenta cacircmara e corredor diferenciaacuteveis em planta e alccedila-do A cacircmara de sete esteios tem 3x3 m e o corredor atinge cerca de 10 m de comprimento A mamoa com um diacircmetro de 32 m e uma altura de 2 m conserva ainda parte substancial da sua carapaccedila peacutetrea O topo do chapeacuteu da cacircmara apresenta gravuras modernas e os esteios tecircm diversas repre-sentaccedilotildees preacute-histoacutericas gravadas para aleacutem da representaccedilatildeo recente de uma custoacutedia junto ao esteio de cabeceira da cacircmara Na linha da escas-sez de espoacutelio que caracteriza o megalitismo lafonense a fase de utilizaccedilatildeo neoliacutetica da anta estaacute representada quase exclusivamente por um pequeno conjunto de geomeacutetricos em siacutelex o que de acordo com o esquema evolu-tivo do megalitismo regional e a cronologia absoluta disponiacutevel (Cruz 2001 Senna-Martinez e Ventura 2008) indica que este monumento dataraacute dos primeiros seacuteculos do IV mileacutenio aCPor seu lado o doacutelmen de Antelas conquanto identificado tambeacutem pelo mesmo investigador (Giratildeo 1921) soacute eacute escavado em 1956-1957 (Castro et al 1957) e depois em 1993 para trabalhos de restauro (Cruz 1995)
222 |
Este monumento eacute formado por uma cacircmara de oito esteios com 25times3 m de aacuterea e um corredor de 35 m de comprimento que tal como no caso da Lapa da Meruje se diferencia em planta e alccedilado A mamoa apresentava 20 m de diacircmetro e 25 m de altura ao momento da escavaccedilatildeo Poreacutem a componente mais notaacutevel de Antelas satildeo as impressionantes pinturas a negro e vermelho que graccedilas agrave sensata opccedilatildeo tomada por Castro et al (1957) de imediato soterramento do doacutelmen apoacutes a escavaccedilatildeo podem ainda hoje ser vistas apesar da raacutepida degradaccedilatildeo que as tem atingido desde os uacuteltimos trabalhos A dataccedilatildeo direta das pinturas atraveacutes de uma amostra de pigmento preto resultou em cerca de 3450 cal BC (OxA-5433 4655 plusmn 60 BP) poreacutem as cinco dataccedilotildees sobre corticcedila carbonizada encontrada sob as lajes do corredor intratumular (Cruz 2001) sugerem que a sua construccedilatildeo remontaraacute provavel-mente a 3900-3700 cal BCNo seu total a amostra analisada no presente estudo eacute composta por 22 peccedilas em siacutelex quatro geomeacutetricos da Lapa da Meruje (Fig 2) e uma lacircmina e 14 geomeacutetricos de Antelas (Fig 3) Para efeitos comparativos utilizam-se
Figura 2 Geomeacutetricos da Lapa da Meruje 1 e 3 - trapeacutezios (N22 e N2321 respetiva-mente) 2 e 4 - segmentos (N2315 e N235 respetivamente) Desenhos por Y Costela
| 223
| 2018
tambeacutem trecircs peccedilas em siacutelex (uma lacircmina uma lasca natildeo cortical e um noacutedulo parcialmente cortical) da Casa dos Mouros do Vale da Redonda uma pequena gruta-abrigo no concelho de Vouzela que teraacute sido um acampamento tem-poraacuterio em fase indeterminada do Neoliacutetico (Tente e Carvalho 2017)22 Anaacutelise de fluorescecircncia de Raios-X com equipamento portaacutetilA anaacutelise geoquiacutemica dos artefactos liacuteticos em siacutelex foi efetuada atraveacutes de Fluorescecircncia de Raios-X com equipamento portaacutetil (doravante FRXp) e recorrendo a um protocolo que permite a deteccedilatildeo de elementos pesados e leves desde o Magneacutesio (12Mg) ateacute ao Uracircnio (92U) A opccedilatildeo pelo equipa-mento portaacutetil deveu-se agrave necessidade de aceder a materiais de museu neste caso a coleccedilatildeo do doacutelmen de Antelas que se encontra depositada no Museu Geoloacutegico (Lisboa) O equipamento utilizado foi um Brukertrade S1 Titanreg equipado com um tubo de raios-X em Roacutedio um detetor FASTreg SDD e um colimador de 5 mm um filtro S1RemoteCtrl e o software S1Syncreg Foi utilizada a configuraccedilatildeo de calibraccedilatildeo de faacutebrica recomendada para ro-chas usando a aplicaccedilatildeo GeoChem e o meacutetodo DualMining A fiabilidade e
Figura 3 Geomeacutetricos e lacircmina de Antelas (segundo Castro et al 1957 fig 2)
224 |
calibraccedilatildeo foi assegurada pelo representante da Bruker em Portugal Dias de Sousa SA As leituras foram feitas em zonas homogeacuteneas dos artefac-tos seguindo o protocolo utilizado em trabalhos anteriores com o mesmo propoacutesito (Pereira et al 2016 Carvalho e Pereira 2017) isto eacute 120 segun-dos para os elementos pesados e 120 segundos para os elementos leves Os resultados obtidos (ver adiante) seratildeo complementados futuramente e descritos atraveacutes dos respetivos valores numeacutericos absolutos apoacutes confron-taccedilatildeo sistemaacutetica com os dados geoquiacutemicos da LusoLit a litoteca da Uni-versidade do Algarve23 Anaacutelise traceoloacutegicaA observaccedilatildeo das peccedilas foi realizada conjugando uma lupa binocular Leica MZ16A que abarca 10-90 aumentos e um microscoacutepio metalograacutefico Olym-pus BH2 cujos aumentos vatildeo desde 50times a 400times aumentos dotado de uma cacircmara fotograacutefica Canon 450D Para aleacutem disto empregou-se um software fotograacutefico (Helicon Focus v462) para obter imagens totalmente focadas Antes do iniacutecio da limpeza e posterior anaacutelise do material foi efetuada uma primeira observaccedilatildeo com lupa binocular com o objetivo de detetar e registar todos os possiacuteveis registos orgacircnicos e inorgacircnicos que pudessem ainda estar aderidos agrave superfiacutecie das peccedilas Posteriormente efetuou-se uma lim-peza com aacutegua e sabatildeo Natildeo foi necessaacuterio utilizar soluccedilotildees aacutecidas para eliminar concreccedilotildees calcaacuterias pois estas natildeo existiam O material dos trecircs siacutetios estava muito alterado tendo-se observado lustres arredondamentos e por vezes alteraccedilotildees teacutermicas Estas afetaccedilotildees limitaram o diagnoacutestico funcional de algumas peccedilas
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeOA induacutestria em siacutelex analisada da anta da Lapa da Meruje reporta-se apenas ao material recolhido nas campanhas de escavaccedilatildeo de 2016 e 2017 estan-do por analisar as peccedilas de 2018 Assim o conjunto eacute formado apenas por dois trapeacutezios e dois segmentos produzidos com recurso a retoque abrupto direto e tratamento teacutermico a partir de suportes com secccedilotildees triangulares e trapezoidais No caso do doacutelmen de Antelas o conjunto eacute formado origi-nalmente por uma uacutenica lacircmina e 15 geomeacutetricos poreacutem destes uacuteltimos apenas 14 estavam disponiacuteveis para estudo no Museu Geoloacutegico Estes satildeo compostos principalmente por trapeacutezios (n=10) estando os segmentos em segundo plano (n=4) configurados por norma atraveacutes de retoque abrupto direto com tratamento teacutermico aplicado a cerca de metade dos efetivos e foram obtidos sobretudo a partir de suportes laminares de secccedilatildeo triangular (9 em 14 exemplares)
| 225
| 2018
As anaacutelises de FRXp dos quatro geomeacutetricos da Lapa da Meruje que rece-beram os nuacutemeros 452 e 551amp552 a 555amp556 correspondem a uma uacuteni-ca leitura (no caso da peccedila 452) ou a duas leituras em aacutereas homogeacuteneas e separadas (nos restantes trecircs casos 551amp552 553amp554 e 555amp556) A sua classificaccedilatildeo litoloacutegica de base macroscoacutepica indicou um siacutelex de gratildeo fino homogeacuteneo de coloraccedilatildeo bege-acinzentada E com efeito as anaacutelises revelaram composiccedilotildees quiacutemicas bastante semelhantes em que como era expectaacutevel o elemento dominante eacute a siacutelica e depois o alumiacutenio seguido do foacutesforo potaacutessio caacutelcio e ferro Ainda assim observa-se alguma variabili-dade geoquiacutemica neste conjunto Tal situaccedilatildeo eacute sobretudo notoacuteria no que diz respeito ao alumiacutenio onde a peccedila 551amp552 apresenta valores significativa-mente baixos (15076 plusmn 01846) ao passo que a peccedila 553amp554 apresen-ta valores mais elevados (44558 plusmn 02253) Tambeacutem em linha com esta observaccedilatildeo estaacute a peccedila 553amp554 que apresenta maiores frequecircncias de foacutesforo (03552 plusmn 002105) e de potaacutessio (01852 plusmn 000625) valores proacutex-imos dos registados na peccedila 555amp556 (foacutesforo = 02533 plusmn 001825 potaacutes-
Figura 4 Anaacutelise de correspondecircncia dos siacutelices do conjunto de Antelas Siacutelex 1 468 Siacutelex 2 459 461 Siacutelex 3 460 463 465 462 Siacutelex 4 466 467 470 471 Siacutelex 5 464 Siacutelex 6 457 Siacutelex 7 458 469
226 |
Figura 5 Anaacutelise funcional 1 e 2 - geomeacutetricos da Lapa da Meruje empregues como pro-jeacuteteis (N22 e N2315 respetivamente) cujos suportes originais foram utilizados para ras-par pele seca (as fotografias macroscoacutepicas mostram as fraturas de impacto resultantes do seu uso como projeacutetil e as microscoacutepicas as modificaccedilotildees no gume como resultado da raspagem de pele seca) 3 - lacircmina da Casa dos Mouros do Vale do Redondo empregue em ambos os gumes no corte de plantas natildeo lenhosas Fotos micro a 100times
| 227
| 2018
sio = 01765 plusmn 00061) No seu conjunto estes resultados indicam que as quatro peccedilas provecircm se natildeo de uma mesma fonte muito provavelmente de uma aacuterea delimitada De acordo com a composiccedilatildeo quiacutemica observada a possiacutevel fonte de aprovisionamento localizar-se-aacute na extremidade sul do Maciccedilo Calcaacuterio Estremenho a Oeste de Vale Comprido (Rio Maior) Esta jazida de siacutelex onde abundam noacutedulos de excelente qualidade agrave superfiacutecie por erosatildeo total do afloramento original dista da Lapa da Meruje cerca de 170 km em linha retaOs artefactos de Antelas receberam os nuacutemeros 455 a 471 As anaacutelises 455 e 456 referem-se agrave uacutenica lacircmina existente e as anaacutelises 457 a 471 incidi-ram sobre os geomeacutetricos O siliacutecio regista valores sempre acima dos 95 a uacutenica exceccedilatildeo sendo a leitura 468 onde estes valores satildeo relativamente baixos (895065 plusmn 05190) O conjunto de Antelas pode no entanto ser dividido em dois subgrupos um onde o siacutelex eacute mais puro com o siliacutecio a ron-dar valores na ordem dos 100 (plusmn Ma 77352) e outro onde o siliacutecio ronda os 96-98 A seguir ao siliacutecio os elementos que mais se destacam satildeo o alumiacutenio potaacutessio cloro enxofre caacutelcio titacircnio vanaacutedio cromo magneacutesio e ferro com valores variaacuteveis mas que permitem identificar agrupamentos que sugerem a reduccedilatildeo a sete tipos de siacutelex com caracteriacutesticas distintas (Fig 4) Siacutelex 1 468 Siacutelex 2 459 461 Siacutelex 3 460 463 465 462 Siacutelex 4 466 467 470 471 Siacutelex 5 464 Siacutelex 6 457 Siacutelex 7 458 469 Dada a proximidade de resultados obtidos para o Siacutelex 2 3 e 4 poderemos es-tar perante a reduccedilatildeo do mesmo bloco em cada um dos casos ao passo que no caso do Siacutelex 7 poderemos estar perante mateacuteria-prima proveniente de uma mesma aacuterea ou fonte Por seu turno os resultados obtidos para o Siacutelex 1 5 e 6 sugerem que se tratam de casos em que a mateacuteria-prima seraacute proveniente de contextos geoloacutegicos eou tafonoacutemicos distintos entre si e dos demais espeacutecimes analisados Natildeo foi possiacutevel ainda atribuir estas peccedilas a jazidas concretas soacute a continuaccedilatildeo dos estudos permitiraacute aferir a semelhanccedila destes siacutelices com amostras geoloacutegicas recolhidas em territoacuterio portuguecircs reunidas na LusoLit a litoteca da Universidade do Algarve a fim de aferir o seu local de proveniecircnciaNo que respeita agrave anaacutelise funcional os quatro geomeacutetricos da Lapa da Meruje revelaram ldquobiografiasrdquo bastante complexas que podem ser descri-tas do seguinte modo
N22 e N2315 mdash Na zona apical do extremo dos gumes destes geomeacutetri-cos identificam-se fraturas aburiladas associada a importantes marcas de uso Estas modificaccedilotildees indicam-nos que estaremos provavelmente perante projeacuteteis empregues como ldquotranchantsrdquo ou seja encabadas
228 |
transversalmente Mas para aleacutem disso o estudo microscoacutepico dos gumes maiores permitiu-nos documentar que antes da sua configu-raccedilatildeo como geomeacutetricos os respetivos suportes laminares tinham sido empregues na raspagem de pele seca (Fig 5 nordm 1 e 2 respetivamente) Este modelo de reutilizaccedilatildeo natildeo eacute habitual noutros contextos neoliacuteti-cos peninsulares designadamente do atual territoacuterio portuguecircs eacute pos-siacutevel que esteja relacionado com um aproveitamento maximizado dos suportes laminaresN235 mdash Num dos extremos deste segmento observa-se uma fratura de tipo ldquohingerdquo Eacute difiacutecil fazer um diagnoacutestico a partir desta fratura mas eacute possiacutevel conceber que a peccedila tivesse sido utilizada como ponta de pro-jeacutetilN2321 mdash Este trapeacutezio apresenta pequenas fraturas em ambos os ex-tremos de morfologia de tipo ldquosnaprdquo e ldquofeatherrdquo No entanto as suas caracteriacutesticas formais e tamanho natildeo permitem determinar se a peccedila foi ou natildeo usada Estas fraturas podem ter sido produzidas devido ao seu uso como projeacuteteis ou como resultado de alguma alteraccedilatildeo mecacircnica
De Antelas analisaram-se 14 geomeacutetricos e uma lacircmina Em relaccedilatildeo aos primeiros 12 deles natildeo apresentam quaisquer fraturas de impacto A maior parte estaacute intacta ou mostra algumas pequenas marcas de uso ou roturas natildeo diagnosticaacuteveis de tipo ldquosnaprdquo Somente em dois casos se observam possiacuteveis fraturas aburiladas que talvez natildeo tenham origem funcional mas sim em alteraccedilotildees mecacircnicas inclusivamente modernas Em suma podem-os afirmar que 12 geomeacutetricos de Antelas natildeo se apresentam usados e que em dois casos natildeo foi possiacutevel reunir criteacuterios suficientes para afirmar ou negar a sua utilizaccedilatildeo Quanto agrave lacircmina a superfiacutecie estava muito alterada apresentava um lustre de solo consideraacutevel e diversas estrias em direccedilotildees aleatoacuterias pelo que se considera esta peccedila natildeo analisaacutevel A escassez de traccedilos de uso convida-nos a pensar que teraacute sido depositada sem qualquer utilizaccedilatildeo preacutevia poreacutem tratar-se-ia de uma proposta arriscada uma vez que esses sinais de uso poderatildeo ter sido produzidos por alteraccedilatildeo ou mes-mo por utilizaccedilatildeo sobre mateacuteria branda
4 CONCLUSOtildeESPara complementar as inferecircncias que os doacutelmenes da Lapa da Meruje e de Antelas permitem produzir acerca dos sistemas de circulaccedilatildeo de siacutelex no megalitismo de Lafotildees os respetivos resultados foram comparados com os da gruta-abrigo neoliacutetico da Casa dos Mouros do Vale da Redonda Deste siacutetio foram analisados por FRXp um noacutedulo cortical (445 na zona sem
| 229
| 2018
coacutertex e 446 na zona com coacutertex) uma lasca natildeo cortical (447) e uma lacircmi-na (448) Esta anaacutelise revelou que o noacutedulo eacute substancialmente diferente dos restantes siacutelices talhados por apresentar valores muito baixos de siliacutecio na ordem dos 76 e valores elevados de alumiacutenio (77) e de magneacutesio (13) Estes resultados de certa forma surpreendentes parecem sugerir agrave primeira vista a existecircncia de fontes de obtenccedilatildeo e corredores de transporte distintos para noacutedulos brutos e utensiacutelios finais estivessem estes retocados ou natildeo Os doacutelmenes estudados integrar-se-atildeo na segunda situaccedilatildeo Poreacutem haacute que salientar que estamos a trabalhar com uma amostra bastante reduz-ida e num territoacuterio onde o conhecimento acerca das origens e circulaccedilatildeo desta mateacuteria-prima eacute ainda muito incipiente pelo que uma compreensatildeo mais soacutelida destes comportamentos econoacutemicos soacute seraacute possiacutevel atraveacutes de trabalho detalhado e do avolumar de dados empiacutericos De todo o modo a Lapa da Meruje e Antelas distinguem-se claramente quanto agrave proveniecircncia dos siacutelices talhados Enquanto no primeiro caso se definiu uma uacutenica origem para as quatro peccedilas (na aacuterea de Rio Maior) no segundo foi possiacutevel verifi-car uma multiplicidade de proveniecircncias para as 15 peccedilas estudadas que parece apontar para a exploraccedilatildeo de cinco jazidas de siacutelex diferentes (cuja identificaccedilatildeo estaacute por realizar)Quanto agrave anaacutelise funcional a lacircmina da Cova dos Mouros do Vale da Re-donda eacute uma peccedila fragmentada e com sinais de utilizaccedilatildeo em ambos os gumes onde se observa um polimento muito extenso relacionado com o corte de plantas natildeo lenhosas (Fig 5 nordm 3) As caracteriacutesticas do polimento fazem-nos pensar que se teraacute destinado ao corte de cereais verdes ou de algum tipo de planta silvestre O desenvolvimento diferenciado do polimento demonstra que o lado esquerdo esteve muito mais sujeito a utilizaccedilatildeo que o oposto ou seja que quem a utilizou preferiu mudar de gume quando o primeiro perdeu efetividade ao inveacutes de o reavivar Em todo o caso trata-se de um instrumento que natildeo estaacute esgotado e que poderia ter continuado a ser utilizado Este caraacuteter natildeo exaustivo do uso do siacutelex observado nesta gruta-abrigo integra-se no padratildeo tambeacutem verificado em Antelas onde a larga maioria das peccedilas natildeo teraacute sido utilizada previamente agrave sua incorpo-raccedilatildeo no ambiente funeraacuterio Aqui a norma foi a produccedilatildeo intencional de oferendas natildeo o reaproveitamento de artefactos que estivessem ateacute esse momento em utilizaccedilatildeo O contraste com o conjunto da Lapa da Meruje natildeo podia ser mais niacutetido Os quatro geomeacutetricos haviam sido utilizados e dois deles passaram por uma complexa sequecircncia que implicou o talhe e uso das lacircminas originais a sua segmentaccedilatildeo em pontas de projeacutetil de formas geomeacutetricas as quais foram efetivamente utilizadas enquanto tais antes da
230 |
sua deposiccedilatildeo em contexto funeraacuterioA propoacutesito do modo de encabamento dos geomeacutetricos da Lapa da Meruje em posiccedilatildeo transversal assinale-se que apesar da sua singularidade jaacute se conhecia para a regiatildeo da Beira Alta um elemento que providenciava uma imagem muito clara de uma opccedilatildeo funcional por agora aparentemente confinada a esta regiatildeo (Fig 1) trata-se da famosa pintura de um caccedilador de veados acompanhado dos seus catildees executada num dos esteios do doacutelmen dos Juncais (Vila Nova de Paiva) em cujo arco se pode observar claramente o tipo de encabamento agora identificado pela traceologia nos geomeacutetricos da Lapa da Meruje (Leisner 1934 taf 13)Em conclusatildeo os dados obtidos neste estudo mostram uma realidade mais complexa do que inicialmente suposto no que diz respeito agrave circulaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do siacutelex em ambiente megaliacutetico Embora haja necessidade de aumentar as amostras analisadas na Lapa da Meruje a sua comparaccedilatildeo com Antelas revelou natildeo soacute diferentes estrateacutegias de abastecimento ao niacutevel da proveniecircncia e rotas de circulaccedilatildeo do siacutelex (cujos reais contornos soacute se poderatildeo definir apoacutes a determinaccedilatildeo das jazidas de origem do siacutelex do segundo siacutetio exerciacutecio atualmente em curso) como sobretudo permitiu observar estrateacutegias tecnoeconoacutemicas muito contrastantes com conjun-tos fabricados exclusivamente para incorporaccedilatildeo em contexto funeraacuterio e outros previamente utilizados de forma intensiva Este duplo padratildeo parece revelar a existecircncia de grupos humanos com diferentes graus de acesso a mateacuterias-primas exoacutegenas o que abre todo um novo campo de investigaccedilatildeo acerca das condiccedilotildees socioeconoacutemicas e modelos de organizaccedilatildeo social das comunidades do Neoliacutetico Meacutedio da Beira Alta insuspeitos ateacute ao mo-mento e que urge aprofundar mas que talvez estejam na base dos padrotildees de distribuiccedilatildeo desses bens de exceccedilatildeo que agora se comeccedilam a observar
AGRADECIMENTOSAgradecemos ao Museu Geoloacutegico (Laboratoacuterio Nacional de Energia e Geo-logia) a pronta autorizaccedilatildeo e cedecircncia de espaccedilo para a anaacutelise do conjun-to liacutetico do doacutelmen de Antelas e a Yolanda Costela Muntildeoz o desenho das peccedilas em siacutelex da Lapa da Meruje
BIBLIOGRAFIACARVALHO AF (2018) - Anta da Lapa da Meruje (Vouzela Portugal) Resultados prelim-inares dos trabalhos em curso In SENNA-MARTIacuteNEZ JC DINIZ M CARVALHO AF eds - De Gibraltar aos Pireneacuteus Megalitismo vida e morte na fachada atlacircntica peninsular Nelas Fundaccedilatildeo Lapa do Lobo neste volumeCARVALHO AF (sd) - Patterns of variscite acquisition and circulation in Neolithic and
| 231
| 2018
Chalcolithic Portugal In QUERREacute G CASSEN S VIGIER E eds - Roches amp Socieacuteteacutes La parure en callaiumls du Neacuteolithique europeacuteen nature exploitation circulation et utilisation Rennes Presses Universitaires de Rennes (Collection Archeacuteologie et Culture) no preloCARVALHO AF PEREIRA T (2017) - Flint variability in a Cardial context A preliminary evaluation by portable X-ray fluorescence of artefacts from Cerradinho do Ginete (Portu-guese Estremadura) In PEREIRA T TERRADAS X BICHO NF eds - The exploitation of raw materials in Prehistory sourcing processing and distribution Cambridge Cambridge Scholars Publishing p 265-283CASTRO LA FERREIRA OV VIANA A (1957) - O doacutelmen pintado de Antelas (Oliveira de Frades) Comunicaccedilotildees dos Serviccedilos Geoloacutegicos de Portugal XXXVIII II p 325-348CRUZ DJ (1995) - Doacutelmen de Antelas (Pinheiro de Lafotildees Oliveira de Frades Viseu) Um sepulcro-templo do Neoliacutetico Final Estudos Preacute-Histoacutericos 3 p 263-264CRUZ DJ (2001) - O Alto Paiva Megalitismo diversidade tumular e praacuteticas rituais du-rante a Preacute-Histoacuteria recente Coimbra Universidade de Coimbra (Dissertaccedilatildeo de Douto-ramento policopiada)FAacuteBREGAS R LOMBERA A RODRIacuteGUEZ-RELLAacuteN C (2012) - Spain and Portugal long chisels and perforated axes Their context and distribution In PEacuteTREQUIN P CASSEN S ERRERA M KLASSEN L SHERIDAN A eds - Jade Grandes haches alpines du Neacuteolithique europeacuteen Ve et IVe milleacutenaires av J-C vol 2 Besanccedilon Presses Universi-taires de Franche-Comteacute p 1108-1135 FAacuteBREGAS R LOMBERA A RODRIacuteGUEZ-RELLAacuteN C PEacuteTREQUIN P (2018) - Green andor far away the case of the Alpine axes in Iberia In CRUZ AR GIBAJA JF eds - In-terchange in Pre- and Protohistory Case studies in Iberia Romania Turkey and Israel Ox-ford Archaeopress (British Archaeological Reports - International Series 2891) p 61-67GIRAtildeO AA (1921) - Antiguidades preacute-histoacutericas de Lafotildees Contribuiccedilatildeo para o estudo da arqueologia portuguesa Coimbra Imprensa da UniversidadeLEISNER G (1934) - Die malereien des dolmen Pedra Coberta Jahrbuch fuumlr Praumlhis-torische und Ethnographische Kunst 9 p 23-44LEISNER V RIBEIRO L (1968) - Die dolmen von Carapito Madrider Mitteilugen 9 p 11-62 PEREIRA T ANDRADE C COSTA M FARIAS A MIRAtildeO J CARVALHO AF (2016) - Lithic economy and territory of Epipaleolithic hunter-gatherers in the Middle Tagus The case of Pena drsquoAacutegua (Portugal) Quaternary International 412 p 135-144 DOI httpsdoiorg101016jquaint201508081 SENNA-MARTINEZ JC (1994) - Megalitismo habitat e sociedades a bacia do Meacutedio e Alto Mondego no conjunto da Beira Alta (c 5200-3000 BP) Seminaacuterio ldquoO Megalitismo no Centro de Portugalrdquo Viseu Centro de Estudos Preacute-Histoacutericos da Beira Alta (Estudos Preacute-Histoacutericos 2) p 15-30TENTE C CARVALHO AF (2018) - Casa dos Mouros de Vale do Redondo (Vasconha Queiratilde concelho de Vouzela) Relatoacuterio de escavaccedilatildeo policopiado
232 |
| 233
| 2018
Dawn of the dead funerary behaviour in the Middle Tagus Neolithic
O Amanhecer dos Mortos comportamento funeraacuterio no Neoliacutetico do Meacutedio Tejo
ABSTRACTThe Middle Tagus region in central Portugal is a region with significant geolo- gical and geomorphological variability where the funerary behaviour of the first farming societies relates broadly to the type of substrate the areas of the Limestone Massif have cave burials whe-reas in the Hesperic Massif and Tagus Basin dominated by schist granite and detritic deposits megalithic tombs are abundant There are exceptions to this pattern such as the megalithic complex of Rego da Murta in Alvaiaacutezere within the limestone zone but in gene- ral the distinction between the geological zones holds firmWe present a regional synthesis of evidence for land use material culture and chronology alongside the typology of burials and funerary structures Our aim is to contextualize the megalithic fune-rary phenomena within the regional dynamics of funerary behaviour during the Neolithic especially by comparing megalithic burials with cave burialsThe nature and distribution of the evidence currently available raise a number of questions how do the chronologies and material culture(s) of burial caves and megaliths compare and how are the two related in diachronicsynchro- nic terms did burial in megalithic tombs reflect continuity or discontinuity with previous behaviour were megaliths closely connected with a predom-inantly pastoralist way of life how do funerary sites relate to settlements in the region These questions will be discussed in the context of regional and macro-regional perspectivesKEY WORDS Middle Tagus Neolithic funerary behaviour megalithic tombs burial caves
RESUMOA regiatildeo do Meacutedio Tejo em Portugal Central apresenta uma variabi- lidade geoloacutegica e geomorfoloacutegica significante na qual o comportamento funeraacuterio das primeiras sociedades produtoras se relaciona com o tipo de
Nelson J Almeida12 Luiz Oosterbeek123 Chris Scarre4 Cristiana Ferreira23 Joatildeo Belo5 Luis Costa1
1 Polytechnic Institute of Tomar Portugal 2Geosciences Centre University of Coimbra Portugal 3Earth and Memory Institute Portugal 4Department of Archaeology Durham University England 5FlyGIS ndash UAV Surveys Portugal Instituto Terra e Memoacuteria Largo Infante D Henrique 6120-750 Maccedilatildeo Portugal nelsonjalmeidagmailcom
234 |
substrato as aacutereas do Maciccedilo Calcaacuterio Estremenho apresentam enterramentos em gruta enquanto no Maciccedilo Hespeacuterico e Bacia do Tejo dominados por xis-tos granitos e depoacutesitos detriacuteticos o megalitismo funeraacuterio eacute abundante Exis- tem contudo excepccedilotildees a este padratildeo como o complexo megaliacutetico de Rego da Murta em Alvaiaacutezere na zona calcaacuteria mas grosso modo a distinccedilatildeo entre as zonas geoloacutegicas manteacutem-se Apresentamos uma siacutentese regional de uso do solo cultura material e crono- logia assim como tipologia de enterramentos e estruturas funeraacuterias O intuito eacute o de contextualizar o fenoacutemeno megaliacutetico funeraacuterio nas dinacircmicas regionais de comportamento funeraacuterio durante o Neoliacutetico em especial atraveacutes da compara-ccedilatildeo de contextos megaliacuteticos e em grutaA natureza e distribuiccedilatildeo das evidecircncias levantam vaacuterias questotildees como as cronologias e cultura material dos enterramentos em gruta e megaacutelitos se compara e como ambas se relacionam em termos diacroacutenicossincroacuteni- cos os enterramentos em megaacutelitos funeraacuterios reflectem continuidade ou de-scontinuidade com comportamentos anteriores os megaacutelitos estatildeo conecta- dos com um modo de vida predominantemente pastoril como se rela- cionam os siacutetios funeraacuterios com as ocupaccedilotildees de caraacutecter domeacutesti-co na regiatildeo Estas questotildees seratildeo discutidas no contexto de pers- pectivas regionais e macro-regionaisPALAVRAS-CHAVE Meacutedio Tejo Neoliacutetico comportamento funeraacuterio megalitis- mo funeraacuterio grutas necroacutepole
ldquoLife is and death is not at allrdquoFyodor DostoyevskyDemons
1 INTRODUCTIONThe study of Neolithic funerary behaviour has been a major focus of research on the later prehistory of Western Iberia Several of the earliest sites associated with food-producing economies in Central Portugal are funerary contexts a pattern that persists until the late Neolithic since even with the growing number of do-mestic occupations (eg Neves 2018) cave-necropolises and megalithic tombs are still far greater in number (Leisner amp Leisner 1959 Leisner 1967 1998 Kalb 1987 Cruz 1997 Oosterbeek 1997 Zilhatildeo 1992 Boaventura 2009)A relationship may be established between funerary practices and their evolu-tion during the Neolithic period the earlier stages identified in the limestone areas have individualized funerary contexts including on occasions a se-quence of individual burials in spaces that were regularly re-used accompa-
| 235
| 2018
nied essentially by Early Neolithic material culture whereas the collectivization of death seems to start during the Middle Neolithic and become dominant from the mid 4th millennium cal BCEIn this paper we seek to determine how megalithic tombs relate to cave burials in the Portuguese Middle Tagus and discuss the regional dynamics by compar-ing this information with other contexts in the Lower Tagus Basin
2 THE STARTING POINT BURYING AND DWELLINGThe Middle Tagus is a region where three major geomorphological units con-verge the Estremadura Limestone Massif with an abundance of Neolithic cave-necropolises some ephemeral rock-shelter and open-air occupations of a domestic character and more rarely megalithic tombs the Tagus detritic Basin where both open-air occupations and funerary contexts are known and the Hesperic Massif dominated by schist granite and gneiss where a number of megalithic tombs punctuate the landscape The hydrography of this region is dominated by the Tagus River and its main tributaries (Almonda Alviela Nabatildeo and Zecirczere)It is a region with a significant amount of research on the Neolithic transition process and several models have been proposed in the past (eg Zilhatildeo 1992 Cruz 1997 2011 Oosterbeek 1997 Carvalho 2008) Funerary be-haviour assumes an important role in this perspective not only because it is one of the better-known domains of activity of the first food-producing eco- nomies especially in comparison to domestic contexts but also because the organic preservation in some of these deposits allows the acquisition of fine-grained absolute dates and also more recently palaeodietary palaeomobility and palaeogenetic analysesBy contrast funerary megaliths present problems of organic preservation as well as the lack of absolute chronologies (but see Burbidge amp alii 2014) and the re-use and modification of contexts and structures Several authors have discussed how megalithic tombs fit into Neolithic population dynamics (eg Oosterbeek 2003 Boaventura 2009 2011 Boaventura amp Mataloto 2013 Mataloto amp Boaventura 2009)One objective of a current FCT funded project (MTAS ndash PTDCEPH-HIS43562014) comprising field surveys excavations and laboratory ana- lyses is the excavation of relevant funerary contexts both in cave (Gruta do Cadaval Tomar) and megalithic tombs (Anta 1 de Vale da Laje Tomar) along with related settlement contexts (Salvador Abrantes) The main focus is to un-derstand the evolution of settlement patterns and their relationship to the dis-tribution of funerary contexts
236 |
For this paper a number of sites located in the Middle Tagus and beyond have been selected due to the kinds of evidence they offer for discussion of the abovementioned aspects (eg absolute chronologies material culture and other published data) (Figure 1)
3 A BRIEF REGIONAL SYNTHESISThe Neolithic of the region has evidence for two successive funerary cycles The first of these is dated to around 5500 ndash 3800 cal BCE comprising what is traditionally referred as Early Cardial Early Evolved and Initial Middle Neolithic In the Estremadura Limestone Massif this first cycle is represented by sites such as Galeria da Cisterna (Almonda karstic system Torres Novas ndash Zilhatildeo 2001 2008 Zilhatildeo amp Carvalho 2011) Gruta do Caldeiratildeo (Tomar ndash Zilhatildeo 1992) and Gruta de Nossa Senhora das Lapas (Tomar ndash Oosterbeek 1993a)
Figure 1 Digital Terrain Model (DTM) with indication of the limits of the Middle Tagus region and location of selected archaeological sites 1 Algar do Bom Santo 2 Lugar do Canto 3 Carrascos 4 Algar do Barratildeo 5 Galinha 6 Galeria da Cisterna (Almonda) 7 Anta 1 de Vale da Laje 8 Pedra da Encavalada 9 Anta da Foz do Rio Frio 10 Gruta do Caldeiratildeo 11 Gruta do Morgado superior 12 Gruta dos Ossos 13 Nossa Senhora das Lapas 14 Gruta do Cadaval 15 Megalithic Complex of Rego da Murta 16 Cabeccedilo dos Pendentes 17 Anta da Lajinha
| 237
| 2018
These earlier funerary contexts with individualized interments span all of the Early Neolithic and may continue even into the Initial Middle Neolithic as sug-gested by Carvalho amp Cardoso with reference to the layer D of Gruta do Cadaval (Tomar ndash Oosterbeek 1997) and the ldquofounderrdquo phase of Lugar do Canto (Al-canede ndash Carvalho amp Cardoso 2015)In these earlier contexts human remains were normally not found in anatom-ical connection but scattered throughout the stratigraphy due to post-depo-sitional processes (eg Tomeacute amp alii 2017) The re-use of burial spaces is a particular problem and palimpsests are the norm rather than the exception hindering the understanding of the funerary behaviour(s) involved as well as challenging the undisputed relationship between absolute dates and artefacts (Oosterbeek 2000) These factors have occasionally led to the interpretation of some of these contexts as collective burials or even as ossuaries Yet where it is possible to ascertain these earlier contexts correspond to individual inhu-mations mainly of a primary character accompanied by decorated ceramics personal ornaments (beads and pendants of shell animal teeth and bones) blades and bladelets and some polished stone elements The later part of this first cycle overlaps with the earliest megalithic burials whereas its earlier part may be contemporary with the dawn of megaliths represented by the earliest menhirs (eg Vilarinha 3 in southern Portugal ndash Gomes 2008 pp 63-64) Later around 3800 cal BCE (Figure 2) the dynamics of funerary behaviour shift towards collective burials These constitute the second cycle and collec-tive burials predominate up to the Final Neolithic and beyond (eg Tomeacute 2011 Carvalho amp Cardoso 2015 Carvalho 2014a) Among the first collectivized buri-als are those from Lugar do Canto (Alcanede ndash Leitatildeo amp alii 1997 Cardoso amp Carvalho 2008) Algar do Bom Santo (Carvalho 2014a) layer C at the Gruta do Cadaval (Oosterbeek 1997 Cruz 1997) and later Gruta dos Ossos (Tomar) (Oosterbeek 1993b 1997 Cruz 1997)The almost complete lack of absolute dates for funerary megaliths in the region is still a problem and the possible existence of a proto-megalithic phase (Silva amp Soares 2000) comprising simple burials accompanied by a limited number of artefacts should be considered Here the site of Jogada 5 Pedra da Enca- valada (Abrantes ndash Cruz 2011) should be mentioned because it consists of an atypical megalithic monument which incorporates a gneiss bedrock outcrop in a mid-slope position associated with nine deposits in pits that seem to correspond to individual burials (Cruz 2011) TL dates on ceramics gave results that place these contexts at the end of the 5th and beginning of the 4th millennium BCENormally found in clusters of monuments Middle Tagus funerary megaliths are not considered as impressive as that of other regions of Iberia but still
238 |
Figure 2 Absolute dates for collective funerary contexts in the Estremadura region (after Carvalho amp alii 2003 Carvalho and Cardoso 20102011 2015 Carvalho and Petchey 2013 Cruz 1997 Gonccedilalves 2008 Lubell amp alli 1994 Oosterbeek 1997 Tomeacute 2006) Dates calibrated using OxCal 424 (Bronk Ramsey 2009 Bronk Ramsey and Lee 2013) with atmospheric curve IntCal13 (Reimer amp alii 2013)
| 239
| 2018
falls part of that wider phenomenon (eg Bueno Ramirez amp alii 2006 Santos 2000 Oliveira 2000 Cardoso 2008) Scarre amp Oosterbeek (2010) referring specifically to the megalithic tombs of the Northern Maccedilatildeo area suggested that they could be a part of the Proenccedila-a-Nova megalithic cluster representing an inland phenomenon without immediate links to the Tagus valley Nonethe-less the Proenccedila-a-Nova megalithic tombs are part of the larger cluster that includes sites in Vila Velha de Roacutedatildeo which are close to the Tagus Among the main megalithic tombs in the region are Anta 1 de Vale da Laje (Tomar ndash Drewett amp alii 1992 Oosterbeek amp alii 1992) Anta da Lajinha Anta do Pereiro (Maccedilatildeo ndash Silva Louro 1939 Horta Pereira 1970 Scarre amp Ooster-beek 2010) and the megalithic complex of Rego da Murta (Alvaiaacutezere ndash Figuei- redo 2006 2010)
4 THE DEAD AND THE LIVINGAs already observed absolute chronologies are an issue in understanding Neolithic funerary dynamics The individual burials at Pedra da Encavalada (Abrantes ndash Cruz 2011) would fit well within the first cycle of funerary be-haviour ie Early and Initial Middle Neolithic if we accept 3800 cal BCE as marking the beginning of the collectivization of death The absolute dates for collective cave-necropolises in the limestone areas would ideally be compared with similar information from megalithic tombs but the latter is lacking Excep-tions could be Anta da Lajinha (Maccedilatildeo) that has several TL results indicating a chronology of between 4300 and 3800 BCE with tumulus construction pro- bably around 3800 BCE (Burbidge amp alii 2014) and the chronologically more recent contexts of Rego da Murta in the limestone areas of Alvaiaacutezere (Figuei- redo 2006 2010)Available data for Early and Middle Neolithic settlement sites is scarce espe-cially in the inner Tagus regions (Oosterbeek 1994 Cruz 1997 2011 Carva- lho 2008 Neves 2018) Several factors might be hindering the identification of these types of contexts but the use of cave-necropolises for non-funerary activities has already been suggested for the Early Neolithic of Gruta do Cal-deiratildeo (Rowley-Conwy 1992) and the Middle Neolithic of Gruta do Cadaval (Almeida 2017) both in the Nabatildeo area north of Tomar With the exception of a few domestic sites that have evidence of a more per-manent occupation in inland Tagus (Cruz 1997 2011 Oosterbeek 1997) current interpretations indicate the importance of sporadically used sites of a more ephemeral or specialized nature (eg Rowley-Conwy 1992 Carvalho 2008 Correia amp alii 2015) This is not only inferred from the type of occupa-tions and settlement patterns but also from the material culture the lack of
240 |
large pottery vessels being an example These types of contexts are also diffi-cult to identify and easily destroyed or disturbed by agricultural activities (see Carvalho et al 2013)Evidence of material culture and its dispersion along with the direct skeletal analysis of the human groups involved in the earlier development of food-producing economies suggest the very diversified nature of the process itself Looking specifically at data for the Middle (and Final) Neo-lithic published information (Fernaacutendez Domiacutenguez amp Arroyo-Pardo 2014) suggests an interesting scenario of groups composed of individuals from diffe- rent regions with a diversified pattern of provenance and mobility (Price 2014 Waterman amp alii 2013) or palaeodiet (Carvalho 2013 Carvalho amp Petchey 2013 Carvalho amp Rocha 2016 Guiry amp alii 2016)Palaeobotanical studies conducted in the Middle Tagus (synthesis in Ferreira 2017) show that pastoral and agricultural practices co-existed from the appea- ran-ce of the first food-producing economies even if oscillations in their respec-tive importance might have occurred throughout these initial phases In fact di-rect indicators of plant cultivation are generally lacking (but see Carvalho amp alii 2013 Loacutepez-Doacuteriga amp Simotildees 2015) while animal domesticates exist but their relative importance is still far from understood (synthesis in Valente amp Carval-ho 2014 Almeida 2017) and the impact of these activities on the landscape seems to have been negligible until the Final Neolithic Chalcolithic (Almeida amp alii 2014 Ferreira 2017) Besides that the mountainous hinterland areas such as the northern part of Maccedilatildeo region are not easily associated with cereal agriculture due to poor soils and rugged terrain being more suitable for a mobile economy based on pasto-ralism than settled arable farming (Scarre amp Oosterbeek 2010 Scarre amp alii 2011) The only relevant evidence comes from the Middle Neolithic faunal data but it is relatively scarce throughout all of the Lower Tagus basin and limited to sites located at higher altitudes Gruta do Cadaval (Almeida 2017) Costa do Pereiro (Carvalho 2008) and Abrigo da Pena drsquoAacutegua (Valente 1998 Correia amp alii 2015) all in the Limestone Massif It is interesting to note the predominance of Cervus elaphus or OvisCapra at these sites a faunal profile that matches the dominant zoomorphic representations in Tagus basin rock artUnfortunately the chronological geographical or even cultural applicability of this information to the inner areas where funerary megaliths punctuate the landscape is problematic at least and there are no preserved boneshellip
ACKNOWLEDGEMENTSThis research was undertaken in the context of the strategic project UID
| 241
| 2018
Multi000732013 of the Polytechnic Institute of Tomar Instituto Terra e Memoacuteria Geosciences Centre of the University of Coimbra funded by the Por-tuguese Foundation for Science and Technology (FCT) in Portugal under which Luiacutes Costa has a research scholarship It also benefitted from the relevant per-mits of the Portuguese Ministry of Culture for heritage implications Nelson J Almeida is a Postdoctoral research fellow of the Polytechnic Institute of Tomar within the Geosciences Centre of the University of Coimbra in the scope of the MTAS project (PTDCEPH-ARQ43562014) funded by FCT Portugal
BIBLIOGRAPHYALMEIDA NJ (2017) ndash Zooarqueologia e Tafonomia da Transiccedilatildeo para a Agro-Pastoriacutecia no Baixo e Meacutedio Vale do Tejo PhD Thesis Vila Real UTADALMEIDA NJ FERREIRA C ALLUEacute E BURJACHS F CRUZ AR OOSTERBEEK L ROSI-NA P SALADIEacute P (2014) ndash Acerca do impacte climaacutetico e antropozoogeacutenico nos iniacutecios da economia produtora o registo do Alto Ribatejo (Portugal Central Oeste Ibeacuterico) In ZOCCHE J CAMPOS JB ALMEIDA NJ RICKEN C orgs ndash Arqueofauna e Paisagem Erixim Ha-bilis Editora pp 63ndash86BOAVENTURA R (2009) ndash As antas e o Megalitismo da regiatildeo de Lisboa PhD thesis Lis-bon ULBOAVENTURA R (2011) ndash Chronology of megalithism in south-central Portugal In WHEAT-LEY DW SCARRE C GARCIacuteA SANJUAacuteN L eds - Exploring Time and Matter in Prehistoric Monuments Absolute Chronology and Rare Rocks in European Megaliths Menga Revista de Prehistoria de Andaluciacutea 1 pp159-190BOAVENTURA R MATALOTO R (2013) ndash Entre mortos e vivos noacutetulas acerca da crono-logia absoluta do Megalitismo do Sul de Portugal Revista Portuguesa de Arqueologia 16 pp 81-101BRONK RAMSEY C (2009) ndashBayesian analysis of radiocarbon dates Radiocarbon 51 1 pp 337-360BRONK RAMSEY C LEE S (2013) ndash Recent and planned developments of the program OxCal Radiocarbon 55 2-3 pp 720-730BUENO-RAMIacuteREZ P BARROSO BERMEJO R DE BALBIacuteN BEHRMANN R CARRERA RAMIacuteREZ F (2006) ndash Megalitos y Marcadores graacuteficos en el Tajo Internacional Santiago de Alcaacutentara (Caacuteceres) Santiago de Alcaacutentara Ayuntiamento Santiago de AlcaacutentaraBURBIDGE CI TRINDADE MJ CARDOSO GJO DIAS MI OOSTERBEEK L SCARRE C ROSINA P CRUZ A CURA S CURA P CARON L PRUDEcircNCIO MI GOUVEIA A FRANCO D MARQUES R GOMES H (2014) ndash Luminescence dating and associated analyses in transition landscapes of the Alto Ribatejo Central Portugal Quaternary Geo-chronology 20 pp 65-77 CARDOSO JL (2008) ndash The megalithic tombs of southern Beira interior Portugal recent contributions In BUENO RAMIacuteREZ P BARROSO BERMEJO R DE BALBIacuteN BEHRMANN R eds - Graphical Markers and Megalith Builders in the International Tagus Iberian Penin-sula Oxford Archaeopress pp 103-15CARDOSO JL CARVALHO AF (2008) ndash A Gruta do Lugar do Canto (Alcanede) e sua importacircncia no faseamento do Neoliacutetico no territoacuterio portuguecircs In CARDOSO JL ed ndash
242 |
Octaacutevio da Veiga Ferreira Homenagem ao Homem ao Arqueoacutelogo e ao Professor Oeiras Cacircmara Municipal de Oeiras pp 269-300CARVALHO AF (2018) ndash A Neolitizaccedilatildeo do Portugal Meridional Os exemplos do Maciccedilo Calcaacuterio Estremenho e do Algarve occidental Promontoria Monograacutefica 12 Faro Univer-sidade do AlgarveCARVALHO AF (2013) ndash Anaacutelise de isoacutetopos estaacuteveis de quatro indiviacuteduos do Sepulcro 1 da necroacutepole de hipogeus da Sobreira de Cima (Vidigueira Beja) primeiros resultados pal-eodieteacuteticos para o Neoliacutetico do interior alentejano In VALERA AC ed ndash Sobreira de Cima Necroacutepole de hipogeus do Neoliacutetico (Vidigueira Beja) Era Monograacutefic 1 Lisboa Era-Arque-ologia SA pp 109-112CARVALHO AF (2014) ndash Bom Santo Cave (Lisbon) and the Middle Neolithic Societies of Southern Portugal Promontoria Monograacutefica 17 Faro Universidade do AlgarveCARVALHO AF ANTUNES-FERREIRA N VALENTE M J (2003) ndashA gruta-necroacutepole neoliacuteti-ca do Algar do Barratildeo (Monsanto Alcanena) Revista Portuguesa de Arqueologia 6 1 pp 101ndash119CARVALHO AF GIBAJA JF CARDOSO JL (2013) ndash Insights into the earliest agriculture of Central Portugal sickle implements from the Early Neolithic site of Corticcediloacuteis (Santareacutem) Comptes Rendus Palevol 12 pp 31-43CARVALHO AF PETCHEY F (2013) ndashStable Isotope Evidence of Neolithic Palaeodiets in the Coastal Regions of Southern Portugal The Journal of Island and Coastal Archaeology 8 3 pp 361-383CARVALHO AF CARDOSO JL (201011) ndashA cronologia absoluta das ocupaccedilotildees fu-neraacuterias da gruta da Casa da Moura (Oacutebidos) Estudos Arqueoloacutegicos de Oeiras 18 pp 393ndash405CARVALHO AF CARDOSO JL (2015) ndash Insights of the changing dynamics of cemetery use in the Neolithic and Chalcolithic of Southern Portugal Radiocarbon dating of Lugar do Canto Cave (Santareacutem) Spal 24 pp 35-53CARVALHO AF ROCHA L (2016) ndash Dataccedilatildeo directa e anaacutelise de paleodietas dos indiviacutedu-os da Anta de Cabeceira 3ordf (Mora Eacutevora) digitAR Revista Digital de Arqueologia Arquitec-tura e Artes 3CORREIA FR LUIacuteS S FERNANDES PV VALENTE MJ CARVALHO AF (2015) ndash Hunt-er-herders in the limestone massif of Estremadura Middle Neolithic fauna from Pena drsquoAacutegua rock-shelter (Torres Novas Portugal) Estudos do Quaternaacuterio 13 pp 23-31CRUZ AR (1997) ndash Vale do Nabatildeo do Neoliacutetico agrave Idade do Bronze Arkeos 3 Tomar CEI-PHARCRUZ AR (2011) ndash A Preacute-Histoacuteria Recente do Vale do Baixo Zecirczere Arkeos 30 Tomar CEIPHARDREWETT P OOSTERBEEK L CRUZ AR FELIX P (1992) ndash The excavation of a passage grave at Tomar Portugal Bulletin of the Institute of Archaeology 28 pp 133-147FERNAacuteNDEZ E ARROYO-PARDO E (2014) ndash Palaeogenetic study of the human remains in Bom Santo Cave (Lisbon) and the Middle Neolithic Societies of Southern Portugal In CAR-VALHO AF ed ndash Bom Santo Cave (Lisbon) and the Middle Neolithic Societies of Southern Portugal Promontoria Monograacutefica 17 Faro Universidade do Algarve pp 133-142FERREIRA C (2017) ndash Dinacircmicas Ambientais e Humanas durante o Holoceacutenico no Vale do Tejo PhD thesis Vila Real UTADFIGUEIREDO A (2006) ndash Complexo Megaliacutetico de Rego da Murta Preacute-Histoacuteria recente do
| 243
| 2018
Alto Ribatejo (IV-IIordm mileacutenio aC) problemaacuteticas e interrogaccedilotildees PhD thesis Porto UPFIGUEIREDO A (2010) ndash Rituals and death cults in recent prehistory in Central Portugal (Alto Ribatejo) Documenta Praehistorica XXXVII pp 85-94GOMES MV (2008) O alinhamento da Vilarinha (Satildeo Bartolomeu de Messines Silves) Arquitetura e Arte Megaliacutetica Xelb vol 8 pp51-74GONCcedilALVES V S (2008) ndash A utilizaccedilatildeo preacute-histoacuterica da gruta de Porto Covo (Cascais) Tem-pos Antigos 1 Cascais Cacircmara Municipal de CascaisGUIRY E HILLIER M BOAVENTURA R SILVA AM OOSTERBEEK L TOME T VALERA A CARDOSO JL HEPBURN JC RICHARDS MP (2016) ndash The transition to agriculture in south-western Europe new isotopic insights from Portugalrsquos Atlantic coast Antiquity 90 351 pp 604-616HORTA PEREIRA MA (1970) ndash Monumentos Histoacutericos do Concelho de Maccedilatildeo Maccedilatildeo Cacircmara Municipal de MaccedilatildeoKALB P (1987) ndash Monumentos megaliacuteticos entre Tejo e Douro Inn CASTRO GD ed- El megalitismo en la peniacutensula ibeacuterica Madrid Ministerio de Cultura pp 95ndash109LEISNER V (1967) ndash Die verschiedenen phasen des neolithikums in Portugal Palaeohis-toria 12 pp 363-372LEISNER V (1998) ndash Die Megalithgraumlber der Iberischen Halbin- sel Der Westen 4 Lieferung Berlin amp New York Walter de GruyterLEISNER G LEISNER V (1959) ndash Die Megalithgraumlber der Iberischen Halbinsel Der West-en Berlin Walter de Gruyter amp CoLEITAtildeO M NORTH CT NORTON J FERREIRA OV ZBYSZEWSKI G (1987) ndash A gruta preacute-histoacuterica do Lugar do Canto Valderde (Alcanede) O Arqueoacutelogo Portuguecircs Seacuterie IV 5 pp 37-66LOacutePEZ-DOacuteRIGA I SIMOtildeES T (2015) ndash Los cultivos del Neoliacutetico Antiguo de Sintra Lapiaacutes das Lameiras e Satildeo Pedro de Canaferrim resultados preliminares In GONCcedilALVES VS DINIZ M SOUSA AC eds ndash 5ordm Congresso do Neoliacutetico Peninsular Actas Estudos amp Memoacuterias 8 Lisboa UNIARQ pp 96-105LUBELL D JACKES M SCHWARCZ H KNYF M MEIKLEJOHN C (1994) ndash The Mesolith-ic-Neolithic transition in Portugal isotopic and dental evidence of diet Journal of Archaeo-logical Science 21 pp 201ndash216MATALOTO R BOAVENTURA R (2009) ndash Entre vivos e mortos nos IV e III mileacutenios ane do Sul de Portugal um balanccedilo relativo do povoamento com base em dataccedilotildees pelo radiocar-bono Revista Portuguesa de Arqueologia 12 2 pp 31-77NEVES C (2018) ndash O Neoliacutetico meacutedio no Ocidente Peninsular o siacutetio da Moita do Ourives (Benavente) no quadro do povoamento do 5ordm e 4ordm mileacutenio AC PhD thesis Lisbon ULOLIVEIRA J de (2000) ndash O megalitismo de xisto da Bacia do Sever (Montalvatildeo ndash Cedillo) In GONCcedilALVES V ed ndash Muitas Antas Pouca Gente Actas do I Coloacutequio Internacional sobre Megalitismo Lisbon IPA pp 135-158OOSTERBEEK L (1993a) ndash Nossa Senhora das Lapas ndash excavation of Prehistoric cave burials in Central Portugal Papers of the Institute of Archaeology 4 pp 49-62OOSTERBEEK L (1993b) ndash Gruta dos Ossos ndash Tomar um ossuaacuterio do Neoliacutetico final Bole-tim Cultural 18 pp 10-28OOSTERBEEK L (1997) ndash Echoes from the East late Prehistory of the North Ribatejo Arke-os 2 Tomar CEIPHAROOSTERBEEK L (2000) ndash Continuidade e descontinuidade na preacute-histoacuteria - estatuto epis-
244 |
temoloacutegico da Arqueologia e da Preacute-Histoacuteria Trabalhos de Antropologia e Etnologia 40 pp 51-74OOSTERBEEK L (2003) ndash Megaliths in Portugal the western network revisited In Buren-hult G ed ndash Stones and Bones Formal disposal of the dead in Atlantic Europe during the Mesolithic-Neolithic interface 6000-3000 BC BAR-International Series 1201 Oxford Archaeopress pp 27-37OOSTERBEEK L CRUZ AR FEacuteLIX P (1992) ndashAnta 1 de Val da Laje notiacutecia de 3 anos de escavaccedilatildeo 1989-91 Boletim Cultural 16 pp 31-49PRICE T D (2014) ndash Isotope proveniencing In CARVALHO AF ed ndashBom Santo Cave (Lis-bon) and the Middle Neolithic Societies of Southern Portugal Promontoria Monograacutefica 17 Faro Universidade do Algarve pp 151-157REIMER PJ BARD R BAYLISS A BECK JW BLACKWELL PG BRONK RAMSEY C GROOTES PM GUILDERSON TP HAFLIDASON H HAJDAS I HATTEacute C HEATON TJ HOFFMANN DL HOGG AG HUGHEN K KAISER KF KROMER B MANNING SW NIU M REIMER RW RICHARDS DA SCOTT EM SOUTHON JR STAFF RA TURNEY CSM VAN DER PLICHT J (2013) ndash InCal13 and Marine 13 Radiocarbon Age Calibration Curves 0-50000 Years cal BP Radiocarbon 55 4 pp 1869-1887ROWLEY-CONWY P (1992) ndash The Early Neolithic bones from Gruta do Caldeiratildeo In ZILHAtildeO J ed- Gruta do Caldeiratildeo O Neoliacutetico antigo Lisboa Instituto Portuguecircs do Patrimoacutenio Arquitectoacutenico e Arqueoloacutegico pp 231-257SANTOS TA (2000) ndash O megalitismo da aacuterea da Barragem Marechal Carmona (concelho de Idanha-a-Nova) una anaacutelise especial In OLIVEIRA JORGE V ed ndash Neolitizaccedilatildeo e Megal-itismo da Peniacutensula Ibeacuterica Porto ADECAP pp 413-427SCARRE C OOSTERBEEK L (2010) ndash The megalithic tombs of the middle Tagus basin and agro-pastoral origins in Western Iberia In ARMBRUESTER T HEGEWISCH M ed ndash On Pre- and Earlier History of Iberia and Central Europe Studies in honour of Philine Kalb Studien Zur Archaologie Europas 11 Verlag Bonn pp 97-110SCARRE C OOSTERBEEK L FRENCH C (2011) ndash Tombs Landscapes and Settlement in the Tagus Hill-Country In BUENO RAMIREZ P CERRILLO CUENCA E GONZALEZ CORDE-RO A eds ndash From the Origins the Prehistory of the Inner Tagus Region BAR International Series 2219 Oxford Archaeopress pp 83-91SILVA CT SOARES J (2000) ndash Protomegalitismo no Sul de Portugal inauguraccedilatildeo das paisagens megaliacuteticas In GONCcedilALVES V ed ndash Muitas Antas Pouca Gente Actas do I Coloacutequio Internacional sobre Megalitismo Trabalhos de Arqueologia 16 Lisboa IPA pp 117-134SILVA LOURO H de (1939) ndash Monografia de Cardigos Cucujatildeis Escola Tipica das MissotildeesTOMEacute T (2006) ndash Reflexos da Vida na Morte Paleobiologia das populaccedilotildees do Neoliacutetico FinalCalcoliacutetico do Vale do Nabatildeo ndash Gruta dos Ossos MsC thesis Vila Real UTAD TOMEacute T (2011) ndash Ateacute que a morte nos reuacutena transiccedilatildeo para o agro-pastoralismo na Bacia do Tejo e Sudoeste Peninsular PhD thesis Vila Real UTADTOMEacute T CUNHA C SILVA AM OOSTERBEEK L CRUZ A (2017) ndash Assessing spatial dispersion of human remains in collective burials A GIS approach to the burial-caves of the Nabatildeo Valley (North Ribatejo Portugal) In TOMEacute T DIacuteAZ-ZORITA BONILLA M SILVA AM CUNHA C BOAVENTURA R eds ndash Current approaches to collective burials in the Late European Prehistory Oxford Archaeopress pp 119-127VALENTE MJ (1998) ndash Anaacutelise preliminar da fauna mamaloacutegica do Abrigo da Pena drsquoAacutegua
| 245
| 2018
(Torres Novas) Campanhas de 1992-1994 Revista Portuguesa de Arqueologia 1 2 pp 85-96VALENTE MJ CARVALHO AF (2014) ndash Zooarchaeology in the Neolithic and Chalcolithic of Southern Portugal Environmental Archaeology 19 3 pp 226-240WATERMAN AJ FIGUEIREDO A THOMAS JT PEATE DW (2013) ndash Identifying migrants in the Late Neolithic burials of the Antas of Rego da Murta (Alvaiaacutezere Portugal) using Strontium Isotopes Antrope 0 pp 189-196ZILHAtildeO J (1992) Gruta do Caldeiratildeo O Neoliacutetico Antigo Trabalhos de Arqueologia 6 Lis-bon IPPAAZILHAtildeO J (2001) ndash Radiocarbon evidence for maritime pioneer colonization at the origins of farming in west Mediterranean Europe Proceedings of the National Academy of Scienc-es of the USA 98 pp 14180-14185ZILHAtildeO J (2008) ndash The Early Neolithic artifact assemblage from the Galeria da Cisterna (Al-monda karstic system Torres Novas Portugal) In De Meacutediterraneacutee et drsquoailleurs Meacutelanges offerts agrave Jean Guilaine Toulouse Archives drsquoEacutecologie Preacutehistorique pp 821-835ZILHAO J CARVALHO AF (2011) ndash Galeria da Cisterna (Rede Caacuterstica da Nascente do Almonda) In BERNABEU AUBAacuteN J ROJO GUERRA MA BALAGUER LM eds ndashLas Pri-meras Producciones Ceraacutemicas El VI Milenio cal AC en la Peniacutensula Ibeacuterica Sagvntvm Papeles del Laboratorio de Arqueologiacutea de Valencia Extra 12 pp 251-254
246 |
| 247
| 2018
Abrigo da Buraca da Moira contributos para o conhecimento da ocupaccedilatildeo humana do Neoliacutetico finalCalcoliacutetico na regiatildeo de Leiria Portugal
Abrigo da Buraca da Moira contribution for the understanding of the human occupation during the Final NeolithicChalcolithic in Leiria region Portugal
RESUMOA localizaccedilatildeo geograacutefica e o enquadramento ambiental iacutempares da regiatildeo de Leiria teratildeo desde tempos imemoriais contribuiacute-do para a fixaccedilatildeo de grupos humanos De facto vaacuterias satildeo as evi- decircncias arqueoloacutegicas que atestam a presenccedila humana na regiatildeo desde o Paleoliacutetico Inferior Contudo e para o Neoliacutetico Final e Calcoliacutetico poucos
Telmo Pereira ICArHEB - Interdisciplinary Centre for Archaeology and Evolution of Human Behaviour Universidade do Algarve Portugal telmojrpereiragmailcom
Sandra Assis CRIA - Centro em Rede de Investigaccedilatildeo em Antropologia Universidade Nova de Lisboa Portugal CIAS ndash Centro de Investigaccedilatildeo em Antropologia e Sauacutede Universidade de Coimbra Portugal sandraassis78gmailcom
Patriacutecia Monteiro ICArHEB - Interdisciplinary Centre for Archaeology and Evolution of Human Behaviour Universidade do Algarve Portugal patriciaadmonteirogmailcom
Eduardo Paixatildeo TraCEr - Laboratory for Traceology and Controlled Experiments MON-REPOS ndash Archaeological Research Centre and Museum for Human Behavioural Evolution RGZM GERMANY ICArHEB - Interdisciplinary Centre for Archaeology and Evolution of Human Behaviour Universidade do Algarve Portugal paixaorgzmde
Sofia Baacuterbara Faculdade de Ciecircncias e Tecnologia Departamento de Ciecircncias da Vida Universidade de Coimbra Portugal sofiabarbara_95outlookpt
David Nora ICArHEB - Interdisciplinary Centre for Archaeology and Evolution of Human Behaviour Universidade do Algarve Portugal davidacnoragmailcom
Vacircnia Carvalho Museu de Leiria Cacircmara Municipal de Leiria Portugal vcarvalhocm-leiriapt
Trenton Holliday Tulane University New Orleans Estados Unidos da Ameacuterica thollidtulaneedu
248 |
satildeo os dados disponiacuteveis para a bacia hidrograacutefica do Rio Lis A presente comunicaccedilatildeo visa apresentar dados referentes agrave intervenccedilatildeo arqueo- loacutegica realizada entre os anos de 2015 e 2017 no complexo caacutersico do Abrigo da Buraca da Moira localizado no vale dos Murtoacuterios (Boa Vis-ta Leiria) A escavaccedilatildeo arqueoloacutegica decorreu no acircmbito do projeto de investigaccedilatildeo EcoPLis ndash Ocupaccedilatildeo Humana Plistoceacutenica nos Ecoacutetonos do Rio Lis e permitiu identificar numerosos vestiacutegios esqueleacuteticos hu-manos desarticulados designadamente dentes fragmentos de maxila e mandiacutebula e ossos das extremidades (pe falanges) perfazendo ateacute ao momento um total de 990 fragmentos oacutesseos eou peccedilas dentaacuterias pertencentes a cerca de oito indiviacuteduos adultos e natildeo-adultos A recupe- raccedilatildeo de artefactos em quartzo e siacutelex de uma placa de xisto e de adornos em osso e concha associados a estes vestiacutegios esqueleacuteticos humanos sugerem uma ocupaccedilatildeo do Holoceacutenico Meacutedio Pretende-se com esta comunicaccedilatildeo apresentar os dados preliminares referentes ao estudo do espoacutelio osteoloacutegico humano e do acervo material recolhido assim como discutir a funcionalidade e significado da cavidade caacutersica que parece apontar para um espaccedilo funeraacuterio consentacircneo com outros contextos funeraacuterios do NeoliacuteticoCalcoliacutetico da Peniacutensula IbeacutericaPALAVRA-CHAVE Contextos funeraacuterios Grutas Preacute-histoacuteria Recente Leiria Portugal
ABSTRACTThe unique geographic location and environmental setting of the Leiria re-gion have contributed since time immemorial to the establishment of human groups In fact there is a plethora of archaeological evidence that attests to a human presence in the region since the Lower Paleolithic However for the Late Neolithic and Chalcolithic few archaeological data are available for the River Lis basin The current paper presents data concerning the archaeolo- gical excavation carried out between 2015 and 2017 in the Abrigo da Bu-raca da Moira karst complex a cave located in Vale dos Murtoacuterios (Boa Vista Leiria) The archaeological excavation was carried out as part of the research pro-ject called EcoPLis - Pleistocene Human Occupation in the Ecotones of the River Lis and allowed the identification of numerous disjointed skele- tal human remains namely teeth fragments of maxilla and mandible and bones of the extremities (eg phalanges) To date a total of 990 bone frag-ments and or dental pieces belonging to about twelve adult and nona- dult individuals has been recovered The recovery of quartzite quartz and flint artifacts a schist plaque and bone and shell adornments suggests a
| 249
| 2018
Middle Holocene occupation In this communication we present the preliminary data regarding the study of the human osteological spe- cimens and the collected material collection as well as discuss the functionality and meaning of the karst cave which seems to point to a fu-nerary space in line with other funerary contexts of the Neolithic Calco-lithic of the Iberian PeninsulaKEY WORDS Funerary contexts Caves Early Prehistory Leiria Portugal
1 INTRODUCcedilAtildeO11 Localizaccedilatildeo e historialO Abrigo da Buraca da Moira (Leiria) eacute de facto uma gruta localizada a 26 km da atual costa ocidental de Portugal continental na margem esquerda da Ribeira dos Murtoacuterios (Figura 1) uma ribeira que se desenvolve sobre calcaacuterios cretaacuteci-cos do Turoniano formando margens estreitas com paredes rochosas abruptas e um curso bem encaixadoA identificaccedilatildeo do siacutetio tem contornos sinuosos Desde logo e estranhamente natildeo surge referido nem cartografado na Carta Geoloacutegica de Portugal publica-da em 1968 (Teixeira et al 1968) apesar de o ser uma outra gruta esta sem vestiacutegios arqueoloacutegicos localizada a cerca de 200 m Assim a sua primeira referecircncia surge no Plano Nacional de Trabalhos Arqueoloacutegicos (PNTA) A Preacute-histoacuteria do Maciccedilo Calcaacuterio das Serras de Aire e Candeeiros e Bacias de Drena-gem Adjacentes (Cunha-Ribeiro 2003) onde eacute identificado como gruta sem que aiacute se tenham desenvolvido quaisquer trabalhos Mais tarde em 2005 e no acircmbito dos trabalhos de acompanhamento da remodelaccedilatildeo do saneamento in-
Figura 1 Localizaccedilatildeo do Abrigo da Buraca da Moira
250 |
termunicipal o siacutetio foi relocalizado mas referido como abrigo (Carvalho et al 2005 Carvalho amp Pajuelo 2005a Carvalho amp Carvalho 2007 Carvalho 2011) Em ambos os casos natildeo se reportaram vestiacutegios Em 2012 no acircmbito do PNTA FirstHumanEco - Ecodinacircmicas das primeiras ocupaccedilotildees no Oeste Peninsular o local eacute apresentado a Telmo Pereira pela equipa do Gabinete de Arqueologia da Cacircmara Municipal de Leiria a fim de ser reavaliado tendo em vista uma potencial intervenccedilatildeo Esses trabalhos acabam por ocorrer trecircs anos mais tarde jaacute no acircmbito do projeto EcoPLis ndash Ocupaccedilatildeo Humana Plistoceacutenica nos Ecoacutetonos do Rio Lis estando atualmente em plena fase de escavaccedilatildeoEm 2015 o afloramento rochoso onde o siacutetio se localiza encontrava-se de tal forma coberto por silvas que era praticamente impossiacutevel penetrar ou observar a entrada Foi exactamente esse manto de vegetaccedilatildeo (associado aos constran- gimentos que determinavam o estrito seguimento do troccedilo de afectaccedilatildeo da obra) que impediu uma detalhada observaccedilatildeo do local durante os trabalhos de 200512 Caracteriacutesticas gerais do siacutetioApoacutes a limpeza de vegetaccedilatildeo que obstruiacutea o acesso ao afloramento foi pos-siacutevel visualizar com uma parede calcaacuteria parcialmente cortada por uma pe-dreira de idade desconhecida onde no extremo norte se desenvolve uma pequena entrada de gruta abobadada com 4 m de largura por 15 m de altu-ra Do contorno exterior Norte da base desta aboacuteboda arranca um teto baixo entre 30 e 50 cm do chatildeo que se desenvolve ao longo de cerca de 30 m e que lhe daacute entatildeo aspeto de abrigoAgrave superfiacutecie os pacotes sedimentares nestas duas aacutereas eram tambeacutem con-sideravelmente distintos Assim se por um lado na zona exterior onde o tecto quase tocava no chatildeo o sedimento siltoso beije se encontra extremamente carbonatado com abundante cascalho resultante da erosatildeo do tecto e sem vestiacutegios visiacuteveis agrave superfiacutecie na zona mais interior da sala o sedimento era mais acinzentado solto visivelmente perturbado por tocas com vestiacutegios ar-queoloacutegicos e osteoloacutegicos humanos dispersosNa prospeccedilatildeo realizada nas imediaccedilotildees foi possiacutevel detetar outros abrigos com vestiacutegios arqueoloacutegicos e antropoloacutegicos bem como um conjunto de ga-lerias sobrejacentes agrave gruta e que deveratildeo ter ligaccedilatildeo entre si Outras galerias imediatamente a Norte poderatildeo ter ligaccedilatildeo ou natildeo
2 MEacuteTODOS E MATERIAISA fim de caracterizar o depoacutesito foram abertas duas aacutereas Uma na zona ex-terior com 2m2 na aacuterea que tinha dado o aspeto de abrigo e outra na zona interior com 6m2 jaacute dentro da cavidade A metodologia de escavaccedilatildeo jaacute de- talhadamente descrita em Nora et al (2017) pelo que nos abstemos de a