UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CINCIAS DA EDUCAO CED
CURSO DE PEDAGOGIA
MEMORIAL DO ESTGIO EM EDUCAO INFANTIL (2014.1)
NO NCLEO DE EDUCAO INFANTIL COLNIA Z11
Catrine de Moraes Pereira
Daniela Fonseca
Fernanda Hartmann Ramos
Francine Gomes da Silva
Gabriela Botelho P. Korus
Giselli de Oliveira da Silveira
Kachiri Carminati dos Santos
Karla Regina de Souza
Kenya Gladys Paulo Campagnolo
Este memorial tem como objetivo
compartilhar nossas observaes,
aprendizagens e reflexes referentes ao nosso
estgio supervisionado na Educao Infantil,
realizado no NEI Colnia Z11, localizado no
bairro Barra da Lagoa, em Florianpolis, sob a
orientao da professora Dr Ktia Adair
Agostinho.
Florianpolis
2014
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AGRADECIMENTOS
Em especial a todas as crianas do Ncleo de Educao Infantil NEI Colnia Z -11, por
permitir a nossa presena em sala, dividindo suas vivncias e espaos, a fim de que
pudssemos vivenciar a docncia em sua plenitude.
A nossas famlias, pela compreenso e pacincia.
A toda equipe da unidade por ter nos recebido de forma acolhedora.
E principalmente, nossa orientadora de estgio, Prof. Dr. Ktia Adair Agostinho, por
contribuir em nossas reflexes com tamanha dedicao e amabilidade.
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SUMRIO
1 APRESENTAO as concepes que orientam o campo...................................04
2 O CAMPO: Ncleo de Desenvolvimento Infantil Colnia Z11...............................06
3 VIVNCIAS DE L E C: PLANEJANDO E REPLANEJANDO NA
EDUCAO INFANTIL...........................................................................................09
4 IMAGINAO E BRINCADEIRAS NO DIA A DIA COM AS CRIANAS.....30
5 VIVENCIANDO E COMPARTILHANDO EXPERINCIAS COM O G5: O
FOCO NOS DESENHOS DAS CRIANAS...........................................................47
6 LINGUAGENS ORAL E ESCRITA: DA BRINCADEIRA AO LETRAMENTO
O LUGAR DO ESTGIO..........................................................................................73
7 REGISTRO FOTOGRFICO NA EDUCAO INFANTIL: capturando
movimentos, sons, e cores das infncia - uma experincia docente no NEI
Colnia Z-11.................................................................................................................92
8 O DIREITO DE PARTICIPAO DAS CRIANAS E SUA EFETIVAO
NAS PRTICAS EDUCACIONAIS.......................................................................118
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1. APRESENTAO as concepes que orientaram o campo
A Educao Infantil a primeira etapa da Educao Bsica. oferecida em creches e
pr-escolas, que se constituem em estabelecimentos educacionais pblicos e privados, onde o
cuidar e o educar devem ser indissociveis. importante compreender que alm da
especificidade j conhecida, o cuidar e o educar, h existncia de outras, tais como: o recente
reconhecimento da profisso, a docncia compartilhada, o sujeito da educao infantil
crianas de zero a seis anos, a necessidade de considerar a criana como ponto de partida para
a construo da proposta/interveno pedaggica.
O reconhecimento profissional ocorreu h dezoito anos quando a LDB 9.394/96 previu
que [...] a educao infantil passou a fazer parte da educao bsica como sua primeira etapa,
e o professor tornou-se o profissional exigido para atuar junto s crianas (FERNANDES,
2012, p. 1).
O eixo Educao e Infncia nos acompanha durante todo o curso, mas ao iniciar essa
fase de estgio, preciso relembrar alguns conceitos, e, o principal deles o conceito de
criana e infncia que temos. A criana no deve ser vista como um vir a ser um sujeito de
diretos, que produz cultura e deve ter seu direito garantido infncia e instituio de
Educao Infantil. Segundo Rocha e Ostetto, sujeito social de direitos, um ser completo em
si mesmo, que pensa, se expressa por meio de mltiplas linguagens, que produz cultura e
produzido numa cultura (2008, p. 104).
Entendemos que o estgio, o exerccio da docncia, em que no encontro com a
realidade educativa fazemos o cruzamento de olhares, ao pensar os projetos educativos dos
diferentes grupos e o Projeto Poltico e Pedaggico da Unidade, tudo isso por meio do
exerccio das ferramentas da ao pedaggica, que so: observao, registro, planejamento,
avaliao e documentao, portanto:
[...] o estgio pressupe o cruzamento de diversos olhares e saberes,
advindos de lugares igualmente diferenciados: das crianas, das alunas
estagirias, dos professores e demais profissionais de educao infantil e dos
professores orientadores de estgio. (ROCHA & OSTETTO, 2008, 107).
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Na prtica, o estgio o momento de apreender a realidade, adentrar na instituio de
educao infantil, lugar este at ento desconhecido por alguns de ns discentes; propor e
vivenciar aes que contribuiro efetivamente para nossa formao e concomitantemente para
a formao das crianas e/ou bebs. Portanto, ao oportunizar a docncia compartilhada aos
estudantes de pedagogia, os mesmos exercero a observao do espao, das crianas, do
relacionamento entre criana-criana e criana-adulto; exercitaro o registro, a reflexo, o
planejamento e a avaliao do processo proposto e vivido, deste modo pautaro as aes e
reflexes embasadas no conhecimento terico. Deste modo, necessrio cultivar a
sensibilidade do olhar, como afirmam Rocha e Ostetto (2008) em uma postura de observar a
criana em um todo, ou seja, o olhar do professor por meio da sensibilidade, a fim de perceber
as manifestaes to sutis, que nos permitir conhecer melhor os modos de ser e fazer das
crianas.
Falar sobre o cotidiano institucional ocupando um lugar de estagiria (o) docente
uma questo um tanto delicada na medida em que no estamos integralmente imersos na
rotina da instituio, considerando o tempo do estgio que um recorte. No entanto, medida
que nos aproximamos do contexto cultural, do espao e das vivncias, buscamos compreender
e refletir cuidadosamente sobre o cotidiano do NEI Colnia Z-11, sua Pedagogia, seu fazer
pedaggico na Educao Infantil e a partir dessas vivncias ento traamos nosso percurso de
estgio.
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2. O CAMPO: Ncleo de Desenvolvimento Infantil Colnia Z11
O Ncleo de Educao Infantil (NEI) Colnia Z11, na comunidade da Barra da Lagoa,
leste da Ilha de Florianpolis, prximo ao mar, est localizado na Rua Desembargador Ivo
Guilhon Pereira de Mello, n 1. A unidade tem uma infraestrutura grande, arejada e com
bastante verde, que comporta em seus espaos 6 salas, do G2 ao G6; parque com banco de
areia e casinha de boneca; espao para horta; espao ao ar livre para oficina com mesa da
altura das crianas, secretaria, biblioteca, sala de professores, cozinha, um refeitrio para as
crianas, cujas mesas, pia e buffet so da altura das mesmas; sala de materiais de limpeza;
espao para oficinas, alm de banheiros proporcionais ao tamanho das crianas e outro para
uso dos adultos. O espao do NEI plano, sem obstculo, amplo e com apoiadores que
facilitam tambm a passagem de pessoas com deficincia.
vlido ressaltar que o NEI Z-11 fica bem prximo da praia e do projeto TAMAR, o
qu contribui para sadas das crianas para alm da instituio, a fim de auxiliar e ser uma
ferramenta facilitadora do contato das crianas com a natureza, alm de estar rodeado por
prdios e casas residenciais.
O NEI Z -11, atende 235 crianas, cuja faixa etria varia de 4 meses a 6 anos de idade,
a instituio conta com uma equipe de 39 profissionais, sendo 8 professoras com graduao e
ps-graduao; 12 auxiliares de sala com magistrio; 4 merendeiras; 5 auxiliares de servios
gerais; 4 auxiliares de ensino; 1 supervisora e 1 diretora; 1 professora; 1 professora
readaptada, 1auxiliar de servios gerias e 2 cozinheiras readaptadas, alm de uma
nutricionista. A instituio funciona todos os dias das 07h00min s 13h00min no horrio
matutino e das 13h00min s 19h00min no horrio vespertino, sendo os grupos vespertinos
(G2 G6) so divididos e mistos, ou seja, recebem meninos e meninas na mesma sala.
A nova unidade foi construda no ano de 2004, em decorrncia da necessidade de uma
estrutura fsica apropriada para as crianas, substituindo a unidade antiga construda em 1992
em outro local da comunidade. Desde ento, no mesmo ano teve uma ampliao para mais
duas salas. Atende seis grupos no perodo matutino e outros seis no perodo vespertino.
Conhecer a comunidade e os espaos fsicos e geogrficos da unidade tem seu papel
fundamental em nosso estgio no NEI, j que precisamos nos aproximar e conhecer o mximo
possvel desse contexto em que as crianas esto inseridas para uma melhor aproximao e
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interao com as mesmas. Assim, ainda em nossa primeira ida unidade fomos passear pelo
bairro e pudemos perceber o contexto que nos cercaria nesse perodo de estgio e de onde
viriam as crianas.
Passamos pela praia, pela beira do canal da Barra e pela avenida principal. Na beira do
canal pudemos perceber os barcos pesqueiros, os pescadores, as redes de pesca e os inmeros
pontos de vendas de frutos do mar. A comunidade basicamente formada por pescadores. O
bairro pequeno, em poucas ruas conseguimos conhec-lo de uma forma bem panormica,
porm a populao numerosa, nota-se isso devido presena de muitas casas e apartamentos
dentro do mesmo terreno, j que a estrutura fsica/geogrfica do local limitada.
Antes de nossa visita ao campo j tnhamos lido o Projeto Poltico Pedaggico (PPP)
do NEI Colnia Z-11. O PPP, construdo coletivamente, elemento fundamental na
organizao das atividades, mediador das decises e conduo das aes do espao educativo,
permitindo a anlise dos seus resultados e impactos. Ainda segundo o documento o PPP se
constitui num retrato da memria histrica construda, num registro que permite a escola rever
sua intencionalidade e sua histria (SOUZA, 2005). Assim, destacamos o PPP como um
fruto da interao entre os objetivos e prioridades estabelecidas pela coletividade, que
estabelece, atravs da reflexo, as aes necessrias construo de uma nova realidade. ,
antes de tudo, um trabalho que exige comprometimento de todos os envolvidos no processo
educativo: os professores, as crianas, os pais e a comunidade como um todo.
Ao nos aproximarmos das vivncias no Nei tomamos conhecimento das formas como
essas experincias so elaboradas pelas crianas e por todos envolvidos no fazer pedaggico.
Um dos objetivos especficos da unidade est em Desenvolver um trabalho integrado com as
crianas, famlias e educadores do N.E.I. Colnia Z 11, (PPP, 2014, p. 8). Desta forma, o
PPP da unidade discorre sobre os projetos coletivos que envolve todos do NEI Z11:
_ Projeto Educao Ambiental do qual pudemos presenciar e viver a relao com a
horta e a composteira.
_ O Projeto Atividade Integrada em que as propostas so planejadas para a vivncia
coletiva. Presenciamos alguns momentos desse projeto proposto pela unidade e tambm ns
estagirias propomos em nossa ltima docncia propostas coletivas no parque da unidade.
_ Projeto Um Lugar, Um Olhar, Um Sonho que prev uma organizao semanal do
parque com brincadeiras dirigidas que envolvero adultos e crianas, como momento de
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descontrao, de vivenciar experincias novas e interaes com as crianas do prprio grupo
como dos outros e os diferentes adultos.
_ Projeto Com Alegria Comendo Todo Dia que objetiva a autonomia e a integrao
das crianas nos momentos das refeies.
_ Projeto Um mar de histrias elaborado partindo do principio que O acesso
literatura infantil um direito do cidado. Toda semana, as crianas so levadas at a
biblioteca para escolherem um livro e levar para casa pra ler com a famlia.
_ Projeto Alevanta Boi Malhado Faz Sorrir a Multido que perpetua a prtica
popular da dana do boi de mamo.
Aps essa breve apresentao do NEI Z11, seguimos agora no memorial socializando
o vivido por ns.
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3. VIVNCIAS DE L E C: PLANEJANDO E REPLANEJANDO NA
EDUCAO INFANTIL
Fernanda Hartmann Ramos
Kenya Gladys Paulo Campagnolo
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A alegria no chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca.
E ensinar e aprender no pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria.
Paulo Freire
Apresentao
O memorial tem por objetivo relatar um pouco da nossa anlise entre as teorias da qual
tivemos subsdios desde o incio do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC) com as prticas, na qual se realizou na creche Ncleo de Educao Infantil
Colnia Z-11, localizada na Barra da Lagoa, em Florianpolis.
No primeiro momento, falaremos sobre a nossa preparao para adentrarmos ao
campo do estgio na Educao Infantil, que no nosso caso no tnhamos nenhuma
experincia. Portanto as teorias se tornaram importante para a nossa preparao, como no
tnhamos a prtica, o estgio seria o momento para colocarmos em prtica as teorias at ento
estudadas.
Logo em seguida, iremos escrever o nosso olhar sobre este espao e estas crianas,
colocando em destaque alguns recortes do nosso cotidiano observado. Mas queremos deixar
claro que ramos observadoras participativas. Ao mesmo tempo em que estvamos ali
observando e registrando, tambm participvamos efetivamente de cada momento junto s
crianas, queramos sentir de perto o que as nossas propostas proporcionava aos bebs.
Apresentaremos a nossa viso sobre o que planejar na Educao Infantil,
principalmente para o Grupo 2, como construmos o nosso planejamento, quais propostas
realizaremos na Docncia Compartilhada.
Tambm iremos relatar as nossas experincias, o vivido e refletido enquanto
professoras-estagiria na Educao Infantil, para e com crianas de um ano e dois meses a
dois anos, onde apresentaremos alguns relatos deste cotidiano e reflexes sobre os mesmos
que possam lanar luz sobre a especificidade dessa docncia.
Para finalizar, apresentaremos as nossas consideraes finais relatando o que
aprendemos, e refletimos, atravs do estgio com as crianas do Grupo 2, com as professoras,
o espao e o que permeou esta experincia para ns na Educao Infantil.
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Grupo G2
A turma escolhida por ns foi o Grupo II. um grupo de 12 crianas de um ano e dois
meses dois anos, sendo 8 meninas e 4 meninos, a maioria so moradoras do bairro Barra da
Lagoa, tinha 1 professora com Formao em Pedagogia (que ficou at o fim do ms de Abril,
e depois houve a troca de professora e a mesma permanece com o grupo at hoje, com
formao em Magistrio e tambm Pedagogia) e uma auxiliar com formao em Magistrio e
finalizando a graduao de Pedagogia.
Ao entrarmos na sala do G2 nos deparamos com um amplo espao, onde as crianas
podem circular livremente, uma vez que h poucos obstculos que impedem ou dificultam a
explorao do espao pelas crianas. Perto de uma das paredes prxima s janelas h um
bero e um chiqueiro que est disposio das crianas para que elas possam explorar, seja
brincando em cima do bero ou dentro do chiqueiro, seja jogando brinquedos ou dormindo.
H tambm uma prateleira grande onde ficam os brinquedos, livros infantis, material
didticos da professora, como rdio, pinceis, caixa com tesoura, colo; canetas; lpis; fita
crepe, alm da caixa com os copos todos identificado com os nomes das crianas. Tanto o
trocador como porta mochila (identificados com os nomes das crianas), tambm ficam na
parede.
Pelo cho possvel observar um tapete colorido onde s crianas costumam levar
brinquedos, livros e almofadas para interagirem entre si e com os materiais, ali tambm ocorre
o momento em que as crianas fazem o lanche da tarde, ou tiram um cochilo no beb
conforto, ou ouvem histrias narradas pela professora.
Ainda no espao h um banheiro cujo espelho, a pia e os vasos sanitrios so da altura
e proporo das crianas, o que facilita sua autonomia e independncia, no que tange a
higiene das mos, boca e necessidades fisiolgicas. Alm do espao da sala as crianas
tambm tem acesso ao solrio, que por sua vez d para um dos parques da instituio.
Os espaos de referncias para as crianas so a sala, o solrio, os dois parques o
refeitrio e o banheiro. Quando as crianas vo a outros espaos com a professora de
Educao Fsica, elas se divertem e exploram o mximo que podem. A turma bem
participativa e aberta s proposies. Entretanto, tem situaes que elas precisam sair da sala,
ir para um espao maior para correr mais e se soltar, como o parque, que parece ser um dos
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lugares mais adorado por elas, pois sempre que as crianas esto no parque, percebemos que
elas ficam mais independentes nas suas aes, como sentar e embalar-se no balano sem o
auxlio de um adulto ou outra criana, ou quando escalam obstculos sozinhos como subir nos
pneus ou na casinha do escorregador, tambm observamos que mesmo estando dentro da sala,
as crianas ficam de olho nas demais crianas que esto no parque e interagem com esses pela
janela ao chamar com balbucios ou gritos, com acenos de mo ou se a porta que d acesso ao
solrio est aberta, os bebs ficam por ali e solicitam a professora para irem at o parque.
Ao identificarmos as crianas do G2, usamos como base de informao o nome, idade,
com quem mora, se tem irmos(s), a permisso de imagens, e tambm se houvesse alguma
observao especfica escrita na ficha.
NOME IDADE MORA COM: ONDE MORA
Maria Ravasio
Teixeira
1 ano e 7 meses mora com os pais e
um irmo e uma
irm mais velhos
Rio Vermelho
Ceclia Martins
Sobral
1 ano e 9 meses mora com os pais,
filha nica
Barra da Lagoa
Ceclia Almeida
1 ano e 8 meses filha nica, mora
com a me (menor
de idade) e a av
materna
Barra da Lagoa
Isabela Vitria
Lima
1 ano e 11 meses filha nica, mora
com a me e os
avs maternos
Barra da Lagoa
Marcela Florindo
1 ano e 9 meses mora com os pais e
uma irm mais
Barra da Lagoa
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velha
Pietra Coelho 1 ano e 10 meses mora com os pais Rio Vermelho
Zoe Oliveira 1 ano e 11 meses filha nica, mora
com os pais
Barra da Lagoa
Sophia Valentina
Antunes
1 ano e 10 meses filha nica, mora
com os pais
Lagoa da Conceio
Francisco Maciel 1 ano e 7 meses mora com os pais e
um irmo
Lagoa da Conceio
Pedro Henrique
Santos
1 ano e 3 meses Mora com os pais e
uma irm mais
velha
Barra da Lagoa
Vitor Souza
1 ano e 9 meses Mora com os pais e
uma irm mais
velha
Barra da Lagoa
Vitor Martins 1 ano e 9 meses Mora com os pais Barra da Lagoa
O exerccio nas ferramentas da ao:
Aps a leitura das Orientaes Curriculares da Rede Municipal de Florianpolis,
especificamente o texto Estratgias de Ao Pedaggica (2012) fundamentalmente,
entendemos que para conseguirmos nos aproximar das crianas e de suas mltiplas linguagens
precisamos estar atentas at no que no ouvimos, observando os gestos, os movimentos que
mesmo com a ausncia da fala, so momentos de conhecimentos, de produes de cultura, de
troca e de interaes entre elas.
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Logo, necessrio tirarmos o olhar s do plano horizontal, s do que est a nossa
frente, e direcionar o olhar verticalmente, lateralmente, at mesmo o que est cima de ns,
como as rvores no ptio, os brinquedos mais altos do parque entre outros.
E para conseguirmos dar conta de ambos os planos tanto verticais quanto o
horizontais, visando criana na sua subjetividade e percebendo suas mltiplas linguagens,
extremamente necessrio que faamos o uso das ferramentas de ao pedaggica, que seriam:
Observao;
Registro;
Planejamento;
Anlise/reflexo desses registros;
Documentao;
Avaliao:
Sendo que todas essas ferramentas so indissociveis para a realizao da prtica
pedaggica, a prtica docente. Uma complementa a outra, o registro nasce da observao das
crianas ao realizarem a vivncia de um planejamento que est sendo refletida, analisada,
documentada e avaliada sistematicamente, essa ltima, a avaliao, sem o objetivo de seleo
ou classificao, e sim de revelar e documentar a proposta pedaggica, as vivncias e
aprendizagens e o desenvolvimento das crianas, em suas experincias no cotidiano da
educao infantil, para em fim tornar-se um documento do respectivo grupo.
Assim, no estgio vamos gradativamente sendo introduzidas na prtica destas
ferramentas da ao pedaggica.
Observao
Dentre todas as ferramentas de ao e mesmo elas sendo indissociveis, a observao
a principal delas, o ponto de partida que abre um caminho para uma prtica pedaggica
significativa, onde entenderemos pontos fundamentais das produes e reprodues culturais
das crianas, assim com diz a citao:
Observar atentamente as crianas ponto de partida para uma aproximao
s crianas reais, concretas, com o intuito de saber quem so o que fazem
como vivem suas infncias, uma aproximao aos possveis modos com
estabelecem relaes com seus pares, como significam as proposies feitas
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pelas profissionais, como interagem com ambientes e materiais
(FLORIANPOLIS SME, 2012 p.05).
Entendemos que a observao constri o registro e ao registrar trazemos novos
elementos s nossas observaes e nossas prticas pedaggicas, pois ao escrevermos o
registro estamos construindo uma memria, um documento com acontecimentos e
informaes importantes para nossa ao educativa. E na escrita do registro podemos sentir
falta de especificidades de alguns acontecimentos e de alguns elementos que se tivssemos
realizado uma observao mais criteriosa, mais detalhada, mais focada em alguns detalhes,
tais elementos enriqueceriam o atual e os prximos registros, bem como a nossa ao
educativa.
Ento como um ciclo no qual vamos planejando e replanejando as propostas
pedaggicas com intencionalidade, pensando na organizao dos espaos, dos tempos
(principalmente no tempo da criana) e dos materiais utilizados nas respectivas propostas,
alimentado pelas observaes que vamos realizando do vivido.
Registro
Aps as primeiras aulas acerca das bases fundamentais da rea e do que o estgio na
mesma, fomos nos encontrar com o campo de estgio, local onde nossos registros nasceram
das nossas observaes, indo ao encontro com as teorias at ento estudadas.
Em nosso primeiro dia de observao e registro no grupo G2, sentamos no canto da
sala, com uma caneta e um bloco de anotaes, para registrarmos momentos que nos
chamassem ateno, mas tivemos que deixar de lado o registro escrito porque os bebs
pegavam nossas canetas e papis e faziam desenhos em nossos blocos de anotao. Ento a
partir desse dia optamos por realizar registros imagticos, batendo fotos com nossos celulares.
Nossos registros imagticos, no tem a inteno de ser ilustrativos, ns procuramos
realizar o que nos apresenta a autora Stela Guedes Caputo em seu artigo Fotografia e
pesquisa em dilogo sobre o olhar e a construo do objeto 2001, de que a fotografia
contribui para um olhar ativo, um olhar observador, um olhar examinador, um olhar
intencional, com isso iremos olhar ativamente, portanto iremos ver ao invs de somente olhar.
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Com a leitura de Caputo (2001), percebemos que nossos registros imagticos no
poderiam ser fotos de qualquer momento, nem de qualquer local da instituio, por se tratar
de um texto sensvel que d ao leitor uma leitura por outras vias que no s a via cognitiva.
Os nossos registros imagticos tiveram um foco, pois os mesmos nos revelaram
acontecimentos que analisamos e refletimos posteriormente, nos auxiliando na elaborao dos
planejamentos e replanejamento das vivncias.
Ao realizarmos as vivncias ns sempre participamos das mesmas, seja na organizao
do espao bem como dos materiais a serem utilizados, auxiliando a professora e a auxiliar
quanto ao cuidado das crianas diante das vivncias propostas por ns, ou participando
diretamente junto s crianas quando necessrio (quando as mesmas nos pegavam pelas mos
ou nos puxavam pela roupa, nos levando onde queriam) no foi possvel termos em mos
cadernos e canetas para realizarmos o registro escrito durante as vivncias.
Por sentirmos essa dificuldade de realizarmos o registro escrito, optamos pelo registro
imagtico em todas as vivncias, sendo esses ferramentas para a construo posterior do
registro escrito, consequentemente do planejamento/replanejamento e tambm a avaliao do
vivido,
(...) outra razo para registrarmos, encontra-se no fato dos registros serem
fundamentais para a construo do planejamento e de aes intencionais nos
contextos de educao infantil, assim como sua avaliao permanente, (...)
para avaliar o proposto, planejar e replanejar as experincias educativas a
serem propostas e as formas de organizao dos espaos, dos tempos e dos
materiais (FLORIANPOLIS SME, 2012 p.06-07).
Avaliao
Avaliao, uma das ferramentas de ao pedaggica, um instrumento fundamental
para a reflexo sobre a nossa prtica docente. Ao buscar sempre melhorar nossas propostas
para as crianas a dupla decidiu participar ativamente em todas as vivncias junto aos bebs,
para podermos experimentar e enxergar o que eles tambm esto experimentando e
vivenciando com as propostas.
Com a nossa participao ativa em todas as vivncias, priorizamos focar na
observao minuciosa dos acontecimentos, a fim de memorizar detalhes primorosos sendo
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importantes informantes acerca do grupo, que poderiam ser gestos, sorrisos, gritos, balbucios,
pulos, ou qualquer reao vinda das crianas em relao a cada vivncia. Tambm
observamos se houve alguma diferena na reao das crianas em relao s vivncias
realizadas dentro e fora da sala.
Realizamos nossa avaliao no com fins de seleo, nem de comparao, nem de
classificao, mas levamos em considerao s especificidades, a subjetividade, as
particularidades de cada criana, assim como consta no prprio Projeto Poltico Pedaggico
da Instituio:
importante considerar que cada criana nica e como tal, adjetivar seu
processo de desenvolvimento enquadr-la e resumi-la a padres que negam
as diferenas e as relaes sociais, econmicas e culturais em que cada
sujeito se constitui, negar o desejo de fazer a diferena com as propostas e
vivncias que cotidianamente planejamos, reduzi-la a modelos de
desenvolvimento que massificam e subjugam... Queremos trazer o que
constitui cada criana como ser nico, em processo de desenvolvimento,
com um mundo repleto de desafios e possibilidades a serem explorados
(PPP, 2014, p.29).
Planejamento
Para realizar o planejamento na Educao Infantil essencial a utilizao das
ferramentas de ao pedaggica como j apresentamos anteriormente. Ferramentas estas, que
vo desde a observao diria do cotidiano das crianas, seguida do registro das mesmas
sejam eles de origem escrita, imagtica ou filmagens, junto anlise desses registros, vo
permitir que o(a) professor(a) avalie o proposto, pois vai conhecendo as crianas do seu grupo
em suas interaes sociais, suas brincadeiras, nas mais diversas formas de linguagens e
contextos comunicativos, possibilitando planejamentos e replanejamentos da sua prtica
docente.
Concordando com as Orientaes Curriculares de Florianpolis (2012), ns
elaboramos os nossos planejamentos a partir dos registros das observaes feitas durante os
dias em que estivemos presentes no G2 no NEI Colnia Z-11, onde ao conhecermos as
crianas, identificamos alguns interesses por parte das mesmas no que tange ao manuseio de
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caneta esferogrfica, lpis e os nossos cadernos de registros, a professora do grupo nos
informou que as crianas ainda no tinham contato com esses materiais em sala e a mesma
exps na reunio pedaggica com as famlias que a introduo de tais materiais faz parte do
seu projeto pedaggico.
Nossos registros nos levaram a planejar vivncias nas linguagens plsticas mais
expressivas, que sugerimos o uso da tinta guache para proporcionar as crianas esse momento
de expressarem-se atravs do guache.
Consideramos a importncia de
Pensar na presena da arte como um componente do projeto educacional-
pedaggico na educao infantil considerar a caracterstica de um campo
de conhecimento que no se define pela norma, pois no h regras fixas no
modo de produo da arte, suas linguagens so territrios sem fronteiras
(FLORIANOPOLIS-SME, 2010, p. 56).
Trazemos a contribuio de Ostetto (2000), para traduzir o que a dupla sentiu, e o
que compreendeu sobre o ato de planejar, e tambm porque concordamos com a autora, no
que se refere em buscarmos propostas que consideramos significativas para aquele grupo,
segundo nossos apontamentos referidos anteriormente.
Planejar essa atitude de traar, projetar, programar, elaborar um roteiro
para compreender uma viagem de conhecimento, de interao, de
experincias mltiplas e significativas para/com o grupo de crianas.
Planejamento pedaggico atitude critica do educador diante de seu trabalho
docente. (OSTETTO, 2000, p.177).
Concordamos com a autora quando afirma que o ato de elaborar um planejamento
envolve escolhas de contedos e formas advindas do modo como o professor v educao, a
criana, o mundo ao seu redor e atento s necessidades das crianas em sala, ele vai lapidando
o seu planejamento a partir do que acha importante ou no abordar com as crianas, foi
pensando assim que realizamos nossos planejamentos para as crianas do GII, e sem esquecer
que devemos ter cautela quanto aprendizagem, uma vez que no devemos fazer um
planejamento voltado para a existncia da criana ideal, ou seja, devemos levar em conta
que cada criana um ser, um sujeito histrico e de direito, e com isso cada uma possui uma
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caracterstica histrica de contexto e origem sociocultural que diferencia das demais,
conforme nos alerta Ostetto (2000).
Outro aspecto que foi fundamental para execuo de nossos planejamentos, o fato
de acreditarmos que o tempo da criana diferente do tempo do adulto, no que se refere s
produes, a realizao das vivncias, a plenitude com que as crianas se entregam
literalmente da cabea aos ps, sem pensar no depois, sem preocupaes com horas nem
minutos, eles simplesmente vivem aquele momento com intensidade.
Por isso, decidimos respeitar esse tempo das crianas ao realizarmos nossos
planejamentos, mesmo estando cientes de que existe uma rotina da prpria instituio, isso
no nos impediu de planejar momentos flexveis, no sendo estticos e nem rgidos. Pois a
rigidez da rotina no pode se tornar uma barreira, ela limitadora e tem que ser respeitada em
muitos aspectos, mas isso no nos impede de pensarmos em possibilidades de driblar essa
rotina.
Trazemos como base Tristo, que vai ao encontro do que pensamos referente a no
deixar que a rotina impea a realizao se novas experincias:
(...) bastante tnue a fronteira entre os reais impedimentos estruturais e a
acomodao ou o temor de fazer diferente, ou ainda, o deixar que a rotina
atropele oportunidades de novas experincias (TRISTO, 2006, p.42).
Ao concluir trazemos como referencia Ostteto, ao esclarecer que um planejamento
bem feito traz em si, a entrega do professor ao se permitir mergulhar juntamente com as
crianas no mundo da descoberta, do desconhecido, ao construir junto com seus educandos, a
identidade do grupo e de cada criana e complementa sua fala ao citar Machado (1996, p. 8)
que diz o pedaggico no a atividade em si que ensina, mas que a possibilidade de
interagir, de trocar experincias e partilhar significados que possibilita s crianas o acesso a
novos conhecimentos.
Aprofundando saberes sobre o replanejamento
Nesse eixo do memorial iremos destacar brevemente as principais vivncias que
marcaram a nossa experincia do estgio no NEI Z-11, onde cruzaremos os textos tericos
com as aes vividas nele, aprofundaremos a cerca da necessidade e da importncia do
20
replanejamento pelo o que vivemos contundentemente junto ao G2, haja vista que situaes
ou acontecimentos imprevistos ocorrem e precisam ser pensados de modo que o planejamento
possa ser organizado prevendo as possibilidades dos mesmos terem de ser replanejados.
Ao buscarmos embasamento terico que abordasse sobre o imprevisto no
planejamento, nos deparamos com Catarsi (1994) o mesmo defende que o planejamento
enquanto uma programao, no precisa ser composta com extrema rigidez e defende um
planejamento cuja elaborao todos participem e que leve em conta a observao constante
das necessidades infantis, onde:
Em primeiro lugar, se os objetivos so adotados como referncias pelo
educador, para seu prprio consumo, a situao real continua aberta s
experincias das crianas, que podem inclusive contribuir para enriquecer
estes objetivos. Por outro lado, quando os objetivos so previamente
definidos, tornam possvel a verificao e avaliao dos resultados obtidos
(BUFALO apud CATARSI, 1999, pg. 121).
E quando ns pensamos, planejamos vivncias para o G2, foi principalmente
pensando em cada beb, o que cada um poderia ou no poderia fazer, o que cada um gostaria
ou no gostaria de fazer, e a cada planejamento, a cada observao e registros das vivncias,
amos nos surpreendendo mais e mais com todos eles, aconteciam imprevistos que ns no
tnhamos pensado o que fazer, ou no tnhamos nos preparado para um plano B, mas
mesmo com estes imprevistos, em nossos planejamentos e vivncias os bebs no s
alcanaram nossos objetivos, como tambm os superaram nos surpreendendo bastante.
Fizemos vivncias com tinta guache, com livros na biblioteca, com argila, entre
outras, e em cada uma delas, aprendemos que o planejamento no rgido e nem esttico, ele
tem que ser flexvel malevel a modo de contemplar o momento e o ritmo dos bebs, as suas
contribuies, suas manifestaes e suas diferentes formas de expresso. Como podemos
perceber nos registros escritos e imagticos que seguem:
No dia 05 de maio do decorrente ano, cuja proposta planejada era uma
vivncia com tinta guache, proporcionamos s crianas uma vivncia em que
pudessem se exercitar atravs das linguagens plsticas mais expressivas,
uma vez que o grupo ainda no havia passado por essa experincia. Ento no
cho da rea externa da sala (denominada Solrio), esticamos grandes folhas
de papel pardo, com diversas cores de tinta guache que colocamos em 6
bandejas de isopor sem antes pensar na quantidade de tinta que
21
disponibilizaramos em cada bandeja. Nossa intencionalidade nessa ao
pedaggica era que as crianas pudessem expressar-se livremente sob o
papel, sejam com os ps, com as mos, ou com os braos e pernas, nossa
inteno era que seus pequenos corpos fossem a principal ferramenta,
visando dessa forma expresso corporal das crianas. (Registro de
Fernanda e Kenya, Maio, 2014).
A princpio tnhamos como objetivo, observar as aes das crianas ao se depararem
com as bandejas cheias de tintas, bem como as grandes folhas de papel pardo espalhadas pelo
cho como se fossem tapetes para caminhar, deitar e rolar, assim como fazem no espao da
sala do G2.
Porm ao levarmos os 12 bebs para o local das tintas, ns nos deparamos com a
necessidade do nosso primeiro replanejamento, pois fomos orientadas pela professora de sala
que seria muito difcil ou quase impossvel realizar a vivncia com todo o grupo, pois para
muitos deles seria o primeiro contato com tinta, ento teramos que ter bastante ateno em
cada beb ao primeiro toque da tinta, o que seria muito difcil fazer com os 12 bebs ao
mesmo tempo, ento replanejamos o planejamento ao realizarmos a vivncia em trs grupos
de quatro bebs a cada vez.
Nessa vivncia, ns nunca imaginamos que os bebs iriam explorar as tintas ao
mesmo tempo e se surpreender com a criao de outras cores, e foi isso que aconteceu, por
exemplo, com a beb Zo.
Inicialmente ela estava com a tinta azul nas duas mos, e colocou uma das
mos na bandeja com a tinta amarela, passou uma mo sobre a outra e notou
a mudana das cores, transformando-se em verde. Na mesma hora ela
esticou os braos abrindo as mos dizendo assim: Vedi, vedi foi uma descoberta, um aprendizado, uma conquista que ela mesma realizou
literalmente com as prprias mos, e para ns estagirias foi muito
gratificando ter proporcionado esse momento Zo. (Registro Fernanda e
Kenya, Maio, 2014).
Essa vivncia em especial experimentada pela Zo, nos fez refletir no trecho do NAP
de Linguagem Visual, onde:
Devemos ter presente que os bebs, de modo mais intenso, descobrem o
mudo atravs do prprio corpo, dos objetos e dos elementos da natureza com
os quais eles tm possibilidade de interagir, descobrir e experimentar. Assim,
os bebs devem ser inseridos no mundo das sensaes, das materialidades,
formas, linhas, cores, espao, pontos, imagens, texturas e volumes diversos e
desafiados a desvendar de modo sistemtico, e cada vez mais complexa esse
mundo [...]. Devemos propor situaes nas quais crianas pequenas
22
investiguem maneiras de criar e deixar marcar feitas pelo movimento das
mos, dos ps, enfim, do corpo todo em diferentes suportes
(FLORIANPOLIS, 2012, p.08).
Aps a descoberta da Zo, observamos que os demais bebs tambm mostraram
interesse em misturar as cores, ento novamente nos deparamos com o replanejamento da
vivncia j planejada, uma vez que pegamos as bandejas das tintas azul, verde, amarelo,
vermelho e branco, convidamos os bebs para tambm passarem as mos sobre diferentes
cores de tintas, a fim de mistur-las obtendo novas cores.
Diante dessa situao criada por Zo, ns estagirias, nos identificamos na condio
de aprendiz, e mais uma vez concordamos com a autora ao destacar que o imprevisto no
importante somente para a criana, tambm importante para o adulto, pois lhe proporciona a
possibilidade de descobrir e conhecer a criana, logo o adulto tambm posto na condio de
aprendiz. E por meio da observao que o adulto se coloca na posio de aprendiz, e passa a
conhecer melhor a criana, permitindo responder ou ao menos tentar responder s suas
necessidades e ao inesperado.
E pensando nas instituies de educao infantil como um local de educao no s
das crianas, mas tambm do adulto, trazemos o seguinte excerto:
[...] a partir da iniciativa da criana, que introduz o inesperado e o no
planejado, necessrio que o adulto seja capaz de interpretar e
reorganizar as condies do momento sem, no entanto, esquecer-se dos
objetivos propostos. Nessa perspectiva, o adulto pode ser considerado
tambm um aprendiz na medida em que, ao observar, conhece a criana e
responde (ou ao menos tenta) s necessidades e ao inesperado (BUFALO,
1999, p.12. Grifo nosso).
Diante do excerto citado, consideramos que ao aceitarmos os momentos inesperados,
criados pelas crianas nas propostas de vivncias, vamos dar maior voz a elas e nos
posicionarmos como ouvintes e observadores, sendo assim, demonstramos que as crianas
ocupam um lugar muito importante dentro da proposta educativa do grupo e da unidade.
O registro imagtico a seguir, elucida alguns momentos da vivncia relatada acima.
23
Joseane Maria Patrice Bufalo em seu artigo O imprevisto previsto (1999), ressalta
a importncia dos momentos de expresso da criana, momentos estes onde ir expressar sua
criatividade, sua iniciativa, e tambm a sua forma de ver e pensar o mundo. Podemos assim
compreender que ao efetivarmos os nossos planejamentos teremos toda a contribuio das
diferentes crianas que compe o grupo. Indicando assim a importncia de mantermos
ateno nesses possveis contributos. Podemos visibilizar pelos registros escritos e imagticos
do dia 19 de maio importantes elementos para esta reflexo:
Na vivncia da ida biblioteca, nossa proposta era levarmos os bebs at a biblioteca
da instituio para que pudessem manusear outros livros alm dos que eles j tinham em sala,
cuja intencionalidade era deix-los escolher quais livros quisessem, dos quais ns j havamos
pr-selecionado, organizando o local, colocando um livro em cada almofada sobre o tapete,
pensando que os bebs chegariam e iriam pegar um dos livros sentar-se no tapete ou na
almofada.
Nesse momento nos deparamos com o inesperado, foi bem difcil darmos conta do
imprevisto, pois ao organizarmos a sala para os bebs explorarem os livros que j estavam
pr-selecionados e posicionados sobre as almofadas, queramos que cada um escolhesse 1
livro para explor-lo, e naquele momento perdemos o controle da situao pois
24
Ao chegarem na biblioteca, os bebs foram explorar o espao, o tempo, os
objetos e os movimentos, demonstrando interesse nos livros que estavam nas
prateleiras e no nos pr-selecionados por ns. Tamanha era a interao, que
eles acharam uma forma divertida de brincar em derrubar os livros das
prateleiras para o cho, o que na nossa viso de adulto, os livros jogados no
cho viraram uma baguna, mas aos olhos dos bebs, aquela ao era mais
uma descoberta em ver os livros carem, em ouvir as folhas baterem uma nas
outras ao cair no cho, o qu gerou risadas nos bebs e ao mesmo tempo nos
deixou tensas por no conseguirmos dar continuidade ao nosso
planejamento. (Registro Fernanda e Kenya, Maio, 2014).
Essa ao dos bebs nos fez refletir e questionar o nosso planejamento, e
concordamos com Bufalo ao pontuar a importncia da observao, pois ao sairmos dali, ao
registrarmos e refletirmos sobre esta vivncia, vimos necessidade de mantermos em ateno,
a convico de que os planejamentos no so rgidos, como j tnhamos afirmado
anteriormente, haja vista que o mesmo precisa ter essa abertura para a participao das
crianas.
Dessa vivncia, o que ficou para ns que as crianas do novos sentidos aos
objetos, criam um novo olhar para a proposta apresentada e com isso vo descobrindo novos
sentidos e funes, seja para um objeto, brinquedo ou uma brincadeira, seja para o mundo ao
seu redor, onde cada criana desenvolve-se em ritmo e tempo diferente umas das outras, todos
esses aspectos chamam a ateno para a importncia do professor manter em seu
planejamento espao e tempo para o contributo das crianas sem cair em prticas
espontanestas.
Fica assim ressaltada a importncia da observao dos professores em que
aprendemos a manter a ateno s contribuies que as crianas vo trazendo ao longo do
nosso planejamento. E essa observao mais atenta se efetiva mais contundentemente no
momento do registro, quando resgatamos os pequenos apontamentos em presena e as
memrias, e ao refletir sobre o vivido cruzamos com as teorias e adensamos nossa
compreenso sobre a prtica pedaggica, assim como ocorreu na vivencia da ida biblioteca,
primeira experincia das crianas naquele espao, gerando dessa forma a curiosidade de
explorar aquele espao, bem como os objetos que tinham l, esta novidade instaurou a
25
necessidade de explorao por parte dos bebes e novos aprendizados e sensibilidades em ns
estagirias-professoras.
O registro imagtico que segue abaixo contempla os dois momentos, o planejado
(almofadas organizadas) e o inesperado (livros no cho).
Tambm concordamos com Bufalo, quanto importncia da criatividade na prtica
educativa, quanto possibilidade de replanejar a proposta sem perder seus objetivos, sua
intencionalidade. Podemos visibilizar um exemplo dessa ao atravs do registro escrito e
imagtico do dia 26 de maio que seguem abaixo:
Nessa vivncia realizamos a pintura das peas de argila produzidas pelas
crianas em um momento anterior, a princpio o planejamento era levarmos
o grupo para o espao de artes da instituio que fica na rea externa ao lado
do parque. Chegando ao local, aconteceu algo que no tnhamos previsto no
planejamento e novamente nos deparamos com o imprevisto, os bebs se
dispersaram e foram correndo para o parque, o que no teria problema
adaptar essa ao vivncia, se o parque no estivesse todo molhado da
chuva, ento nossa professora orientadora de estgio, nos sugeriu voltarmos
para a sala e replanejarmos a vivncia no solrio, onde tambm um espao
amplo, porm no molhado por ser coberto, para este replanejamento.
Para esse replanejamento imprevisto, por sugesto da professora orientadora
de estgio, colocamos a mesa que fica na sala do G2 no solrio e forramos
26
com a toalha j utilizada na mesa do espao de artes, e ao invs de dividi-los
em pequenos grupos como nas vivncias anteriores, deixamos todos os bebs
participarem simultaneamente, para que dessa forma pudessem vivenciar
junto a pintura das peas de argila feitas por eles. (Registro Fernanda e
Kenya, Maio, 2014).
Aqui tambm ficou de aprendizado para ns que em alguns casos teremos que
replanejar o planejamento, e ter criatividade para contornar situaes onde a natureza
intervm, pois assim como nas vivncias anteriores, o inesperado pode surgir no s por parte
das crianas, mas tambm pela natureza ou impasses de ltima hora, ento, por exemplo, no
podemos deixar que um parque molhado pela chuva, acaba com o proposto. Abaixo
apresentamos o registro imagtico da vivncia relatada a cima.
Consideraes finais
Antes de iniciarmos a escrita do memorial, ao olharmos para trs, vamos o estgio
como algo assustador e tnhamos medo do desconhecido, pois estvamos invadindo o espao
que no nos pertencia, ramos estranhos em meio s crianas, a professora, a instituio, a
27
sensao que tnhamos que ramos como os bonecos de Olinda, desengonadas em meio
aos olhares atentos das crianas, atropeladas pelo carro alegrico que a observao, o
registro, a reflexo.
Ao partirmos para as vivncias da docncia no NEI, chegamos ali cheias de receios e
angstias, mas tambm iniciamos essa docncia com olhares curiosos, animados, apaixonados
e sonhadores, e era com esses olhares sonhadores que tivemos que ter cautela, haja vista que
como iniciantes, tudo era novo, grande e rpido aos nossos olhos, nos programamos em olhar
tudo o que estava ao nosso redor para que dessa forma nada passasse despercebido, porm
tivemos que silenciar em alguns momentos a fim de observarmos os movimentos, os gestos, o
modo como s crianas pensavam, expressavam seus desejos, preferncias, como entendiam o
mundo ao seu redor, foi preciso olhar as crianas como sujeitos em diferentes contextos
sociais, suas culturas, suas capacidades intelectuais, criativas, expressivas e emocionais,
conforme nos mostra Rocha e Ostetto (2008, p. 104).
Aprendemos durante a vivncia do estgio que no devemos subestimar as crianas,
pois nem sempre a proposta ser feita com as crianas pequenas, realizada como o previsto,
uma vez que elas do novas funes aos objetos, as brincadeiras, e para isso temos que estar
preparadas para surpresas vindas das crianas, e foi dessas surpresas que trabalhamos e
focamos o nosso memorial no planejamento e replanejamento.
Ressaltamos aqui a importncia de permitirmos a expresso das crianas ao gerarem
os momentos imprevistos, porque alm de possibilitar ao professor ser ouvinte e tambm
observador, de conhecer as crianas com que trabalha, os momentos imprevistos podem ser
extremamente enriquecedores, pois trazem expresses do imaginrio infantil, permitindo
trocas de experincias entre as crianas, dando a oportunidade de a criana aprender a
conviver com as diferenas, de ampliar seu repertrio de conhecimentos revelando a criana
como sujeito ativo no processo educativo na Educao Infantil, e fundamentalmente permitem
aos adultos conhecerem a criana atravs de suas formas de comunicao e expresso.
Considerando a especificidade da Educao Infantil como sendo a primeira etapa da
educao bsica cuja importncia do educar e cuidar so indissociveis, e tratando-se de um
grupo de bebs com idades entre um ano e dois meses a dois anos, tomamos como
aprofundamento da experincia que foi o estgio docente na educao infantil, os momentos
imprevistos criados pelos bebs nas vivncias propostas, onde demos maior voz a elas e nos
28
posicionamos como ouvintes e observadoras, sendo assim, demonstramos que os bebs
ocupam um lugar muito importante dentro da proposta educativa do grupo e da unidade, haja
vista que as crianas so sujeitos de direitos.
Iniciamos a escrita do memorial com muitas incertezas e inseguranas, uma vez que
escrever produzir o memorial doloroso, porque samos da nossa zona de conforto em
somente observar, precisamos colocar para o papel nossas aes e emoes, porm ao
finalizarmos o terminamos com o sentimento de satisfao. Satisfao pela nossa parceria
enquanto dupla, pelo aprendizado desse tempo de estgio, pela oportunidade de poder
vivenciar, na prtica, os preceitos tericos que estudamos at o momento.
Pensando profundamente sobre o que ns estagirias aprendemos com nossas
experincias realizadas nas vivncias propostas no grupo G2, podemos afirmar que foram
aprendizados no somente para nossa formao acadmica, nem formao profissional, foram
tambm para nossa formao de vida.
Referncias:
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29
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FLORIANPOLIS- SME. Educao Infantil Orientaes Curriculares para educao
infantil da rede municipal de Florianpolis / Prefeitura Municipal de Florianpolis.
Secretaria Municipal de Educao. Florianpolis: Prelo Grfica e Editora Ltda., 2012.
FLORIANPOLIS- SME. Diretrizes educacionais pedaggicas para educao infantil /
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Prelo Grfica & Editora Ltda, 2010.
30
4. IMAGINAO E BRINCADEIRAS NO DIA A DIA COM AS CRIANAS
Francine Gomes da Silva
Kachiri Carminati dos Santos
Cantinho das crianas
O Grupo 3 e 4 composto por 20 crianas entre a faixa etria de 2 anos 4 anos, que
frequentam o NEI no perodo vespertino. Uma professora efetiva, com pedagogia e vinte e
sete anos de docncia e uma auxiliar do Grupo, efetiva, com magistrio, pedagogia e ps-
graduao em Gesto e tm doze anos de docncia. chamado de grupo misto, o grupo
tambm tem a professora de Educao Fsica efetiva, formada em Educao Fsica, com dez
anos de docncia na Educao infantil.
O espao da creche bem amplo e verde, alm das salas serem bem espaosas e a
colhedoras, tambm possui um parque com caixa de areia, balanos de pneu, balanos de
avio, gangorra, escorregador com tnel, escorregador, casinha, entre outros e no tempo que
ficamos, percebemos como o espao do parque bem explorado pelas crianas, um
momento que elas adoram. Percebemos isso atravs dos sinais que elas nos diziam, como por
exemplo, a euforia ao dizer que amos para o parque. Ou at mesmo quando fazamos
atividades fora da sala o primeiro lugar para onde as crianas iam era o parque.
No espao da sala contm duas mesas uma retangular e outra hexagonal com
bancos e cadeiras, um espelho mdio fixado na parede na altura das crianas. Possui um
cantinho da leitura onde tem livros e banquinhos, cantinho da casinha onde se encontra
bonecas, varal, loucinhas. Localizada no funda da sala h um armrio grande que fecha toda a
parede onde so armazenados os materiais, a bandeja com copos e gua, caixa com os itens de
higiene de cada criana. Localizada a frente, h trs janelas de frente para o parque. No
espao entre as duas salas encontram-se o banheiro, que usado pelas crianas dos dois
grupos. Nas paredes esto expostas as atividades realizadas com as crianas.
Moradores da Barra da Lagoa, as crianas e os profissionais do NEI tm o privilgio
de possuir espaos que possibilitam o contato dos mesmos com a natureza. Um espao que
31
possui um parque bem estruturado, com areia e demais elementos que ampliam as
possibilidades de movimentao corporal das crianas.
Ao conviver com as crianas e professoras do Grupo 3 e 4, do NEI Colnia Z 11,
pudemos melhor compreender o que indica Tristo (2006) sobre o entendimento de que
educar crianas to pequenas em ambientes coletivos uma profisso caracterizada pela
sutileza.
As professoras do Grupo 3 e 4 tm uma prtica reflexiva acerca dos indicativos que as
crianas do no dia-a-dia. Toda a prtica desenvolvida proposta atravs de indicaes
voluntrias que as crianas expressam em suas vivncias. E em grande parte do tempo, em
que permanecem no NEI, as crianas e as professoras esto envolvidas em atividades como:
chegada, momento da roda, da chamada, alimentao, vivncias, parque, higiene e sada. Em
todos esses momentos podemos observar que as professoras objetivam as suas prticas
sempre com um propsito pedaggico.
Nas prticas pedaggicas desenvolvidas pela professora e auxiliar fica evidente a
sutileza com que elas interagem e se relacionam com as crianas. Exemplos simples que
mostram essa sutileza, so os momentos da roda, que s vezes algumas crianas no esto se
concentrando a professora chama a criana com calma sem alterar a voz e a trs de volta
para o ambiente da sala e ao momento da roda. Momentos das vivncias, algumas crianas
no querem fazer, ento as professoras conversam com as crianas, mostram como legal e
interessante a atividade e fazem com que elas realizem a atividade.
A perspectiva da Pedagogia da Educao Infantil tem indicado a necessidade
de colocar a criana como ponto de partida para a organizao do trabalho
pedaggico e de ensaiar uma aproximao aos universos infantis buscando
estranhar o que parece familiar, pois todos os dias vemos as crianas
brincando, chorando, dormindo, comendo, desenhando... e isto no tem
ressonncia, no tem eco na organizao do trabalho pedaggico.
Conseqentemente estes e tantos outros dos seus modos de viver no tm
sido considerados pontos relevantes para refletirmos sobre a organizao do
cotidiano das crianas e o viver da infncia nas instituies de educao
infantil. (CERISARA, 2002, [s/p]).
Essa perspectiva da Pedagogia na Educao Infantil nos possibilitou enquanto alunas
do curso de Pedagogia ter uma aproximao com esse universo, muitas vezes ainda
desconhecido por ns.
32
Ao olhar as fichas das crianas, percebemos e conhecemos um pouco da vida da
criana, de onde vieram, onde moram, com quem moram, profisses dos pais ou responsveis
e a renda, nessa turma a renda da famlia das crianas vai de R$530,00 R$5.350.00 reais.
Atualmente todas as crianas do grupo moram na Barra da Lagoa e Fortaleza da Barra.
Abaixo os dados obtidos das fichas de cada criana:
Crianas Data de
Nascimento
Natural de: Mora com:
Ana Paula 05/07/2010 Ararangu Pais e irmos
Carolinna Minorelli 17/04/2010 Torino-Itlia Pais e irm
Catharina Felippe Martins 28/08/2011 Florianpolis Pais
Davi Bittencourt Furtuoso 16/12/2011 Florianpolis, Pais.
Diego Vieira de Oliveira
Ferreira
01/12/2010 Florianpolis Pais e trs irmos
Felipe Ribas Funagali 16/09/2010 Rio Grande do
Sul
Av e tia menor
de idade
Isadora de Bastian Lemos 29/11/2010 Florianpolis Pais e Irm
Julia Vitria Florindo 01/03/2011 Florianpolis Pais
Karina Sagaz Lemos 28/03/2011 Florianpolis Pais e irmos
Luiza dos Santos Eufrzio 17/07/2010 Florianpolis Pais e irm
Luiza Luz da Silva 20/05/2011 Florianpolis Pais
Maria Eduarda Da Silva do
Esprito Santo
03/03/2011 Florianpolis Pais e trs irmos
Marina da Fonseca Silva 06/10/3011 Florianpolis -
33
Alves
Matheus Carvalho da Silva 07/06/2011 Florianpolis Pais
Miguel Gonalves Arago
Sena
26/05/2011 Florianpolis Pais
Natally Garbim Ribeiro 25/08/2011 Florianpolis Pais
Rafaela Rocha Ferreira 22/04/2011 Porto Alegre Pais e Irmos
Sophia Flor Esteves 20/01/2011 Florianpolis Pais
Vicente Miranda Vieira 03/01/2011 - Pais
Aprendendo a ser professora das crianas pequenas
Assim que chegamos para nossas primeiras observaes nos Grupos 3 e 4, percebemos
que tnhamos que chegar com muita naturalidade, pois nossa preocupao tambm era uma
possvel rejeio por parte das crianas, j que ramos adultos estranhos dentro de um espao
que era somente delas e das professoras responsveis.
Porm desde o primeiro dia de observao fomos muito bem recebidas pelas crianas
e pelas professoras, claro que tivemos que encarar alguns olhares e algumas atitudes de
distanciamentos porque alguns ainda estavam desconfiados de ns. Mas com o passar dos dias
e das nossas aproximaes se tornarem constantes fomos ganhando o carinho e a confianas
dos pequenos, com a parceria das professoras que em todos os momentos estavam sempre
dispostas a nos ajudar, nos dando dicas, nos ensinando por meio de seus gestos de muita
delicadeza, muito carinho, muita compreenso com cada uma das crianas nos ajudavam
principalmente a perceber o que ser professora na Educao Infantil.
Percebemos ao longo das nossas observaes e evidenciamos isso em nossos registros,
o quanto importante a parceria entre as professoras e do quanto a docncia compartilhada se
faz presente na rotina do grupo. Alm da ajuda das professoras, nossa querida orientadora foi
34
tambm grande responsvel por esse trabalho, sempre intervindo quando necessrio, nos
ajudando nas observaes, registros, planejamentos, enfim nos ajudando a abrir nosso
caminho para nossa iniciao na Educao Infantil.
Planejar: Um olhar atento aos indicativos das crianas
Aps o perodo de observao, demos inicio a elaborao do planejamento da nossa
docncia com o Grupo III e IV. Nossas reflexes tiveram como base o texto Planejar na
Educao Infantil: mais que atividade, a criana em foco, de Luciana Ostetto (2000), e nas
Orientaes Curriculares. Esses textos nos deram subsdios para entendermos o que planejar
na educao infantil, nos indicando, assim como outros textos j estudados, que nessa etapa
da educao se visa planejar aes a serem desenvolvidas junto s crianas partindo de sua
rotina.
Segundo Ostetto (2000), no processo de elaborao do planejamento o educador vai
aprendendo e exercitando sua capacidade de perceber as necessidades do grupo de crianas
(p.178). E a partir disto que percebemos a importncia do registro dirio, pois como
professoras devemos estar atentas a toda forma de expresso das crianas que indicam suas
necessidades.
Ao fazer nossos registros de observao, alm da folha e da caneta, usamos o registro
fotogrfico. O registro de imagens uma interpretao do fotgrafo, mas, ao mesmo tempo,
um redefinidor de significaes e sentido.
ao regular a abertura de sua mquina, ao optar por este ou aquele filtro de
luz, ao decidir que velocidade ser usada na hora do clic, ou seja, no exato momento da captura do objeto a ser fotografado, o fotgrafo o faz baseado em seus pressupostos tericos. (CAPUTO, 2001, p. 6).
Estar atento, observar e registrar as relaes das e entre as crianas no espao
educativo pea chave para o rendimento de um bom planejamento, j que planejamento no
tem receita e um exerccio constante de questionamento sobre o que fazer, mas,
principalmente, sobre para que e para quem fazer (OSTETTO, 2000, p.176). importante,
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tambm, que o planejamento seja flexvel, em constante movimento e no engessado,
contento sim a participao das crianas.
Comeamos a planejar em dilogo com as aes da observao e do registro escrito e
visual. Foi partindo de nossos registros que nossos planejamentos estiveram todos voltados
para a brincadeira e a imaginao. No ato de planejar estivemos atentas orientao de que na
educao infantil o desenvolvimento das proposies se preocupa em ampliar e diversificar o
acesso das crianas a outras linguagens, sempre por meio da brincadeira na qual a imaginao
e a fantasia esto presentes, resultando na produo de novas aes pelas crianas e
possibilitando o surgimento de relaes entre as crianas e os adultos.
Nossas proposies foram elaboradas de modo que as crianas pudessem explorar de
modo significativo os espaos da instituio e at mesmo o da prpria sala. Nesse sentido,
planejamos proposies para os espaos da sala e tambm para o parque.
Contribuindo para a imaginao em nossas vivncias
Todas as nossas proposies tiveram como objetivo desenvolver ainda mais a
imaginao das crianas, pois, nesse grupo as crianas nos deram indicativos de que a
imaginao um dos principais combustveis que movimentam suas vivncias na Educao
Infantil j que A infncia a grande fonte da nossa vitalidade imaginria. (GIRARDELLO,
2005, p. 03). Nossos principais instrumentos para que pudssemos desenvolver ainda mais a
imaginao das crianas foram propor vivncias que estivessem presentes as contaes de
histrias, as artes, as rodas de conversas com as crianas e principalmente as brincadeiras dos
diversos espaos da instituio.
Em muitas de nossas primeiras observaes pudemos perceber a presena dos livros
de histrias na sala, e como as crianas ficavam envolvidas com eles nas suas brincadeiras.
Elas traziam para as suas brincadeiras personagens e palavras que ouviam durante a contao
da professora, que sempre utilizava tambm da sua imaginao para chamar ateno e deixar
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a histria mais interessantes, despertando assim o interesse nas crianas em ouvir determinada
histria.
Observando-as e escutando-as aprendemos a respeit-las, a compreender
suas aes e experincias, seus processos de desenvolvimento,
conhecimentos, e modos de expresso. A construo de um olhar
constantemente voltado s crianas e suas experincias abre caminho para
uma prtica pedaggica significativa que efetivamente considera e qualifica suas produes e reprodues culturais. (FLORIANPOLIS, 2012,
p.43)
Ao propormos a contao de histria, desde o incio, tentamos utilizar dos mesmos
artifcios que a professora, pois sabamos que surtiria talvez o efeito que desejvamos o
mesmo efeito que ela causava nas crianas. Claro que no ficou igual, porm as crianas no
se mostraram menos interessadas. Durante o decorrer de toda docncia pudemos notar o
quanto importante o uso da literatura na educao infantil para desenvolver a imaginao
das crianas.
Nas histria desenhadas e contadas pelas crianas apareceram: Meninos e
meninas, jacar, dinossauro, tartarugas, prncipes e princesas, carro, boi,
cavalo, bernuna, drago de quatro dentes e at o Bem 10. Essas vivncias
serviram para desenvolver ainda mais a imaginao das crianas, pois se no
for desenvolvida a criana ter uma imaginao limitada. (Registro:
05/05/14)
Nessa proposio em especial conseguimos unir narrativa e imaginao. Depois de
narrarmos histria s crianas, demos a elas a oportunidade de fazer a sua prpria histria.
Cada criana usou sua autonomia para criar suas histrias e ao narrarem cada uma a sua
histria podemos conhecer um pouco mais de cada uma, pois, em suas histrias algumas
desenharam e contaram mostrando acontecimentos e pessoas presentes em sua vida. Isso
oportunizou tambm a busca em suas lembranas talvez desses momentos e pessoas.
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Foto1: contao de histria
Ao continuarmos nossa busca de nos formarmos professoras da Educao Infantil e
alimentar os repertrios imaginativos das crianas propusemos a caa ao Livro perdido, pois
durante o tempo que ficamos na instituio pudemos perceber que o espao tambm se
constitui como um terceiro educador, e isso efetivamente se confirma na organizao do
espao feita pelas professoras, alguns cantinhos, como da leitura, chamada, de brinquedos e o
que nos abriu o caminho para essa vivncia que foi o cantinho das fantasias.
O espao nessa perspectiva representa um terceiro educador, junto com os
demais profissionais da sala. Contudo no um educador, formado por si
mesmo ou pelo acaso, mas sim pela ao humana, primeiramente pela ao
dos adultos que, de forma consciente ou no, vo circunscrevendo nele suas
concepes a respeito das crianas, de seu papel e das relaes a serem ali
vivenciadas. Ele se transforma num lugar pelas marcas sociais e pessoais que
os sujeitos vo lhe conferindo em suas relaes, (SCHMITT, 2011, p. 25).
Podemos visualizar a vivncia da proposta em nosso registro do dia 20 de maio, que
segue:
medida que amos encontrando as pistas as crianas ficavam mais
ouriadas e empolgadas para encontrar mais pistas que chegasse at o
tesouro. Vicente estava muito feliz e assim que achou sozinho uma das pistas ele disse para ns: Pode deixar que eu vou encontrar mais pista! Era
um tal de empurra empurra que a estagiria Francine chegava a quase cair no
cho.
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Quando a estagiria Francine entrou na sala fantasiada de pirata as crianas ficaram
assustadas - olhos arregalados, sussurros e trocas de olhares entre eles e as professoras
algumas falavam que era a estagiria Francine outras diziam que era mesmo a pirata.
Entretanto, ao longo da roda de conversa, as crianas ficaram convencidas ou entraram na
brincadeira de que era realmente um pirata que estava falando com elas e lhes pedindo uma
ajuda para encontrar seu tesouro.
Queramos utilizar todos os recursos disponveis na instituio para proporcionar
momentos j conhecidos por elas, porm explorados em lugares diferentes. Por isso
escolhemos a parte externa da creche, muito ampla, rica em verde e com outras
possibilidades. Foi interessante o desenrolar dessa vivncia, pois, usamos imagens parecidas
com os locais existentes na creche, com dicas escritas que auxiliassem as crianas a
descobrirem que lugar era aquele onde estaria escondida a prxima pista e assim chegar ao
tesouro: O Livro! Foi um momento onde as crianas tiveram que usar seus conhecimentos
prvios e sua imaginao para chegarem ao lugar certo e enfim achar o tesouro do Pirata.
Pensar o espao da creche, a forma como ele se torna lugar socialmente
construdo pelas crianas e adultos que o habitam, exige que incluamos as
crianas, que consideremos suas manifestaes e expresses e seus pontos de
vista, concebendo-as como seres sociais plenos, com especificidades
prprias desta etapa da vida. (AGOSTINHO, 2003, p. 05).
Foto 2: contao de histria com a pirata
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Observamos do aqui apresentado na vivncia do pirata o quanto as prticas na
Educao Infantil precisam estar atentas a diferenciar os espaos e os elementos constitutivos
do mesmo, assim proporcionando criana a ampliao das suas possibilidades de
manifestaes, expresses e ponto de vista.
Depois de utilizarmos a fantasia como um elemento de ampliao dos repertrios de
brincadeiras e imaginao das crianas, propomos uma vivncia em que elas continuassem
ampliando ainda mais a sua imaginao, pois segundo GIRARDELLO (2005) possvel
educar a imaginao infantil, cultiv-la como se faz com a inteligncia ou a sensibilidade. H
mesmo quem diga que a tarefa mais importante da educao a educao da imaginao,
(p.04).
Desde o inicio a proposio da massinha foi muito interessante, pois, como houve um
imprevisto tivemos que fazer uma massinha caseira, para substituir a massinha pronta. Esse
imprevisto no poderia ter vindo em melhor hora, pois fizemos juntos com as crianas e isso
fez com que a vivncia ficasse melhor do que o que tnhamos planejado. As crianas estavam
atentas a cada ingrediente colocado na bacia pela estagiria Francine. Ela mostrava e elas
quase entravam na bacia, tamanha era curiosidade para ver como estava ficando.
Foi ento que a estagiria Francine colocou a mo na massa, comeou a
fazer a massinha, com as crianas ao seu redor olhando enquanto a estagiria
Kachiri colocava os ingredientes. As crianas ficaram observando e olhando
atentamente cada movimento das estagirias, at que Luiza Eufrzio falou
que nojo pois, a massinha no estava no ponto e grudava na mo da estagiria Francine.(Registro: 19/05/2014)
Nessa proposio, as crianas utilizaram muito os seus conhecimentos prvios, sua
cultura e seus gostos. Cada uma modelou figuras que fazem parte da sua vida. As figuras que
saram foram: cachorro, drago, microfones, sorvete, caracol, panquecas, bolinhas, bonecos,
princesas. Figuras sempre muito presentes na dia a dia das crianas na instituio, vindas das
suas relaes com as brincadeiras de parque e das contaes de histrias. Isso nos deixa claro
que Os diversos aspectos sobre criana que aparecem nas diferentes produes artsticas
mostram que a imaginao um lugar de memria. um lugar de ao. (HONORATO. p.
01).
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Foto 3: modelando com massinha
E sendo assim da responsabilidade do professor enriquecer na imaginao da criana
aspectos que tenham significado para a ela, com isso tornando a vivncia proposta mais
prazerosa. O imaginrio infantil um elemento nuclear das culturas da infncia. As crianas
desenvolvem a imaginao atravs das suas experincias de vida e as situaes que imaginam
do-lhes o poder de compreender o mundo que habitam, (MARIA, p, 02).
Ainda mais instigadas com os nossos objetivos j alcanados, muitas ideias vinham a
nossa mente, a grande tarefa era selecionar aquela que fosse bem aceita pelas crianas do
grupo. Sempre na busca por trazer vivncias em que pudssemos explorar a imaginao das
crianas e tambm de proporcionar a elas momentos agradveis, de aprendizados de contato,
de estmulo s relaes entre o grupo de uma forma geral, trouxemos para nossa docncia o
contato com os fantoches. Junto com eles trouxemos tambm para a docncia livros
disponveis na sala. A inteno era que eles utilizassem os fantoches juntos com os livros, que
pudessem manuse-los a fim de contar as histrias disponveis, cada um claro, do seu jeito.
A estagiria Francine, tambm entrou na brincadeira para convida-los a usar os dois recursos.
Houve disputa pelos fantoches disponveis, principalmente por aqueles j bem conhecidos por
eles de outras contaes de histrias.
Levamos os fantoches dentro de uma sacola, a estagiria Francine fez um
suspense a fim de deix-los curiosos com o contedo que havia dentro da
sacola. Assim que tirou o primeiro fantoche percebeu que um dos nossos
objetivos havia se efetivado, pois era ntido no olhar de cada um a surpresa e
o encanto com aquele boneco. Foi tirando um por um: mdico, cachorro,
saci, curupira, rato, ndio, foram muitos, at que chegou ao jacar e no lobo,
e a foi um alvoroo s! Era quem mais podia chegar perto dos bonecos e a
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disputa para t-los nas mos foi grande. Separou alguns livros que estavam
na sala para que eles fizessem a utilizao do livro junto com os fantoches.
Felipe queria muito brincar com o fantoche do lobo e assim que o conseguiu
no o largou mais. (Registro: 21/05/2014).
Nesse momento j havias alcanado mais um objetivo, pois as crianas ficaram muito
envolvidas com ambos os recursos disponveis. A estagiria Francine pegou um livro que
contava a histria de uma borboleta e usou o curupira para contar a histria. Eles ficaram
concentradssimos ouvindo as histrias, com o olhar fixo na estagiria ao mesmo tempo
alguns at interagiam respondendo aos questionamentos da estagiria sobre a histria, isso nos
confirma que A necessidade de histrias tem sido identificada como um aspecto central na
vida imaginativa das crianas. (GIRARDELLO, 2011, p. 82).
Vicente pegou um livro e comeou a folhe-lo, pediu que a estagiria Francine
contasse a histria e assim ela o fez. A maioria pegou um fantoche para brincar. O fantoche
serviu como um instrumento de exerccio da imaginao juntamente com os livros, mesmo
porque era esse o nosso objetivo, que as crianas fizessem uso dos dois.
Nossa proposio coletiva foi importante para todas as estagirias, crianas,
professoras e instituio, pois, houve um encontro planejado pelas estagirias com a ajuda
tambm das professoras.
Propomos um cantinho de leitura no parque. Colocamos um tapete, com a
ideia e ajuda da professora Ktia colocamos um tecido verde, como se fosse
uma tenda, e duas caixas dessas de madeira que tem nas feiras para colocar
as frutas, para que colocssemos os livros. Ficou um cantinho muito
aconchegante, no imaginvamos que ficaria desse jeito. (Registro:
04/06/2014)
Contamos histria e conversamos com muitas crianas de diferentes grupos. Foi um
momento muito prazeroso e de muitas interaes com as outras crianas que no tnhamos
muito contato. Elas ficaram ali sentadas, folheando, lendo os livros, pedindo para que
lssemos os livros para elas. Nosso cantinho at que ficou bem movimentado, quase nem deu
tempo de passarmos nas outras propostas. Algumas passavam de longe, s observando,
chegavam perto, pegavam um livro queriam lev-lo para outro lugar.
Percebendo o espao do parque como um lugar institudo nas instituies
para a brincadeira livre, mas tambm, uma oportunidade para a criana se movimentar amplamente, fazer escolhas, determinar seus prprios tempos,
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no qual a professora interfere pouco, deixando apenas seus olhos sobre elas,
vejo o quanto importante refletir sobre a dicotomia instaurada entre
espaos construdos (internos) e no construdos (externos), intramuros no
cotidiano das Instituies de Educao Infantil. (FRANCISCO, 2005, p. 20).
Foto 4: contao de histria no parque
Uma menina a Jlia, acredito que ela do Grupo V, sentou e pediu para a estagiria
Francine contar a histria da Chapeuzinho Vermelho, no incio ela estava bem concentrada,
porm foi se dispersando, a estagiria comeou a dar mais nfase na histria mudando o tom
da voz, lendo mais alto, pois no queria que ela sasse dali. Conseguiu fazer com que ela
ficasse at o fim, e logo ela escolheu outra histria para ela contar de novamente.
Com tudo isso, percebemos o quando importante o desenvolvimento da imaginao
na educao infantil, pois, a criana brinca e constri o imaginrio a partir do seu contexto de
vida. Cabe s professoras criar espaos para que as crianas possam realizar o mesmo.
O brincar a condio da aprendizagem e, desde logo, da aprendizagem da
sociabilidade. No espanta, por isso, que o brincar, o jogo e o brinquedo
acompanhem as crianas nas diversas fases da construo das suas relaes
sociais. (SARMENTO, 2002, P.12)
Atravs dessa aprendizagem da sociabilidade que as crianas interagem entre si e
com os outros, aprendendo e trocando conhecimento com o prximo. Segundo Sarmento
43
(2002) as crianas, nas suas interaes com os pares e com os adultos, estabelecem processos
comunicativos configuradores dos seus mundos de vida. (p. 15).
Percebemos ao longo de nossa observao e docncia, como as crianas desenvolvem
sua imaginao atravs da brincadeira, da sua imaginao, criando e revivendo momentos do
seu dia-a-dia e imitando as atividades realizadas pelos adultos no seu convvio.
As crianas desenvolvem a sua imaginao sistematicamente a partir do que
observam, experimentam, ouvem e interpretam da sua experincia vital, ao
mesmo tempo que as situaes que imaginam lhes permite compreender o
que observam, interpretando novas situaes e experincias de modo
fantasista, at incorporarem como experincia vivida e interpretada.
(SARMENTO, 2002, p.14).
Percebemos, por fim, que todas as crianas so diferentes e cada uma tem seu tempo
de aprendizagem e de realizar suas experincias e as atividades. E cabe a ns, professoras,
colaborar e no forar as crianas em suas vivncias. Criana tambm precisa de respeito,
ateno, carinho e amor. E o importante respeitar as diferenas.
Consideraes finais
De nossa experincia, realizando o estgio com as crianas, retiramos de aprendizado
que cada criana apreende e significa suas experincias de modo diferente, e que no h uma
homogeneidade nesse processo de explorao e reconhecimento do mundo ao seu redor, pois
cada criana estabelece diferentes relaes com os objetos e com o outro, seja criana ou
adulto. Aprendemos, tambm, que ns professoras precisamos estar atentas a cada movimento
e significao que cada criana nos mostra em seus momentos de experincias e de
explorao.
Com nossas observaes e prticas pedaggicas, assim como, observando as aes
cotidianas das professoras, aprendemos o quanto o dilogo, a conversa constante com as
crianas seja nos momentos de roda, alimentao ou brincadeiras importante e apresenta
a sutiliza do que trabalhar crianas pequenas, j que a todo o momento estamos
(re)significando suas aes, ampliando seu vocabulrio e construindo relaes afetivas.
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Em nosso estgio e tambm nas reflexes que buscamos construir neste memorial
pudemos melhor compreender o que indica Schmitt (2011):
importante observar que nas relaes entre crianas pequenas e com
crianas pequenas, no est presente apenas a quantidade de experincia, na
definio do mais ou menos experiente, daquele que sabe mais ou daquele
que sabe menos, mas essencialmente a diversidade dessas experincias que
forjam a infncia ou a idade adulta no como uma, mas reconhecidamente
composta por mltiplos outros. (p. 20-21).
Pudemos observar e vivenciar com as crianas o que reflete a autora e nesse sentido
ficou muito claro para ns que o ambiente educacional um espao de trocas e aprendizado
entre criana-criana, criana-professor e entre todos os sujeitos que fazem parte deste espao
e tempo.
Tambm refletimos neste trabalho sobre as mltiplas linguagens, as interaes entre as
crianas e a explorao dos diferentes espaos da creche. Todo esse processo reflexivo nos
proporcionou grande aprendizado, levando-nos a compreender como as crianas estabelecem
relaes e transformam estes espaos a todo o momento e que esse movimento muito
importante para o desenvolvimento das dimenses que constituem esses sujeitos de pouco
idade.
O desenvolvimento de nossa ao pedaggica surgiu por meio dos indcios que as
crianas demonstravam, atravs das suas brincadeiras e tambm das atividades propostas pela
professora regente. Foi com base nessas observaes que voltamos nossas proposies para a
temtica exposta durante todo o memorial, a imaginao.
As crianas exploraram seus limites e nos surpreenderam. Foram muito alm do que
espervamos delas. E foram assim, partindo das observaes e das situaes em sala, que
procuramos ampliar seus conhecimentos cotidianos, trazendo ao grupo diversos materiais e
proposies que viessem enriquecer os nossos saberes, os saberes das crianas e dos
profissionais da Colnia Z11.
Aprendemos com nossas proposies que a imaginao um elemento fundamental na
Educao Infantil, que ela deve ser sempre enriquecida e estimula na criana atravs da
ludicidade, das brincadeiras, das artes e das contaes de histrias. Instrumentos esses que
utilizamos para proporcionar elas momentos prazerosos, de trocas e de aprendizado.
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principalmente na infncia que desenvolvemos nossa imaginao e levamos para toda nossa
vida.
Referncias:
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Dissertao (Mestrado em Educao) Universidade Federal de Santa Catarina, 2003.
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objeto.TEIAS, Rio de Janeiro, ano 2, n. 4, jul/dez 2001.
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FLORIANPOLIS/PMF/SME. Prefeitura Municipal de Educao. Secretaria Municipal de
Educao. Orientaes Curriculares para a educao infantil da rede municipal de
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GIRARDELLO, Gilka. O florescimento da imaginao: crianas, histrias e TV. 2005, p.
01 10.
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OSTETTO, Luciana Esmeralda. Planejamento na educao infantil: mais que a atividade, a
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46
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estgios: dilogos com a cultura escolar. Florianpolis: Letras Contemporneas, 2008, p. 103
116.
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dilogo. Campinas: Papirus, 2011, p.17-35.
TRISTO, Fernanda. A sutil complexidade da prtica pedaggica com bebs: In: MARTINS
FILHO, Altino Jos (Org.). Infncia plural: crianas do nosso tempo. Porto Alegre:
Mediao, 2006, p.39-58.
47
5. VIVENCIANDO E COMPARTILHANDO EXPERINCIAS COM O G5: O
FOCO NOS DESENHOS DAS CRIANAS
Karla Regina de Souza
Contemplaes e perspectivas sobre o estgio
O ano letivo na Universidade Federal de Santa Catarina teve incio no dia 17 de Maro
de 2014 e junto a ele iniciou-se uma nova caminhada. Dava incio preparao de um
momento to esperado por mim ao longo do curso de Pedagogia e de extrema importncia
para a minha formao: o estgio!
Depois da teoria, chegara a hora de traduzir todo o conhecimento apreendido na
prtica, que era concedida atravs do estgio. Essa etapa era uma oportunidade de exercitar-
me como professora da Educao Infantil, e tambm uma caminhada que me causava certa
aflio, um receio talvez do que ainda no conhecia, ou do que ainda estava para ser
descoberto.
Finalmente iria a campo, era chegada a hora de aprender a olhar para as crianas,
observar suas aes, brincadeiras, manifestaes e formas de se relacionar, para poder
entender, refletir e conhecer as crianas concretas com que me depararia. Poderia ento
apreciar, contemplar, conhecer de perto, vivenciar e experi