Mestrado em Enfermagem Comunitária
Marisa Isabel Raposo Martins
Mestrado em Enfermagem Comunitária
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Mestrado em Enfermagem Comunitária
Marisa Isabel Raposo Martins
AGRADECIMENTOS
Ao meu marido e à minha filha pela paciência e por todos os momentos em que não pude estar
presente…
Aos meus pais, em especial à minha mãe, pela força e estímulo dado em mais uma etapa da
minha vida.
Á comunidade de Almoster no geral e aos idosos em particular, pelo carinho com que me rece-
beram e pela disponibilidade em participarem o projeto.
Á professora Alcinda Reis, orientadora deste trabalho, pelo humanismo e profissionalismo que
sempre demonstrou.
Á enfermeira Ana Silva, orientadora do estágio, pela sua colaboração e apoio.
A todos os que direta ou indiretamente contribuíram para que este trabalho se realizasse, o
meu muito obrigado.
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Marisa Isabel Raposo Martins
“A expansão do envelhecer não é um problema. É sim uma das maiores conquistas da huma-
nidade. O que é necessário é traçarem-se politicas ajustadas para envelhecer são, autónomo,
ativo e, plenamente integrado”.
(Kofi Anam, 2002)
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SIGLAS
ACES – Agrupamento de Centros de Saúde
AEEASG – Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e Solidariedade entre Gerações
CIPE – Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem
CMS – Câmara Municipal de Santarém
CPCJ – Comissão de Proteção de Crianças e Jovens
DGS – Direção Geral de Saúde
ECCI – Equipa de Cuidados Continuados Integrados
EUA – Estados Unidos da América
HTA – Hipertensão Arterial
INE – Instituto Nacional de Estatísticas
MEC – Mestrado Enfermagem Comunitária
OE – Ordem dos Enfermeiros
PNSE - Programa Nacional de Saúde Escolar
RNCCI – Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados
SINUS – Sistema de Informação para as Unidades de Saúde
UCC – Unidade de Cuidados na Comunidade
USF – Unidade de Saúde Familiar
UTIs – Universidade da Terceira Idade
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ABREVIATURAS
Enf.ª – Enfermeira
E – Entrevista
h – Hora
Km – Quilómetro
Km2 – Quilómetro quadrado
nº - Número
p. - página
s.d. – sem data
SÍMBOLOS
% - percentagem
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RESUMO
O Mestrado em Enfermagem Comunitária visa promover a aquisição e o desenvolvimento de
competências pessoais e profissionais, nesta área do conhecimento em enfermagem, através
da autoformação e da reflexão crítica sobre os cuidados prestados. O presente relatório, reali-
zado no âmbito da Unidade Curricular Estágio e Relatório visa descrever de forma sucinta e
reflexiva, as atividades desenvolvidas e as competências específicas adquiridas de enfermeiro
especialista em Enfermagem Comunitária. O Diagnóstico de Saúde realizado aos idosos da
freguesia de Almoster permitiu identificar os seguintes problemas de saúde: sedentarismo,
isolamento social e oportunidades de distração insuficientes. Com vista à sua resolução desen-
volveu-se o projeto de intervenção comunitária “Clube Sénior: Fique Ativo, Viva Melhor”, no
qual foram implementadas diversas estratégias e atividades, destacando-se as sessões de
educação para a saúde, atividades de intergeracionalidade e de interação social entre os ido-
sos. Para a consecução das atividades foram mobilizadas parcerias estratégicas, sem as quais
o sucesso deste projeto não seria possível. Com o objetivo de identificar e analisar as evidên-
cias científicas sobre as estratégias utilizadas pelos enfermeiros na promoção da saúde nos
idosos, foi realizada revisão sistemática de literatura, com recurso à metodologia PI[C]O. Os
estudos analisados referem que os enfermeiros ocupam uma posição privilegiada para promo-
ver a saúde e desenvolver cuidados biopsicossociais preventivos alargados. Definem como
estratégias de promoção de saúde dos idosos, entre outras, a educação para a saúde, ações
de intergeracionalidade e a atividade física. Neste sentido, as intervenções implementadas na
prática clinica vão ao encontro da evidência científica. Sendo a nossa sociedade cada vez mais
exigente ao nível da qualidade dos cuidados prestados, a prática baseada na evidência é fun-
damental pois fornece ao enfermeiro especialista em Enfermagem Comunitária conhecimentos
científicos atualizados para fazer face a esta realidade.
Palavras-chave: Enfermagem Comunitária; Promoção da Saúde; Idosos.
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Marisa Isabel Raposo Martins
ABSTRACT
The Master in Community Nursing aims to promote the acquisition and development of personal
and professional skills in this area of nursing knowledge, through self-education and critical
reflection on the care provided. This report was conducted within the framework of the course
and internship and aims to describe in a succinctly and reflective manner, the activities and
specific skills acquired as specialist in Community Nursing. The health diagnosis carried out
among the elderly of the Almoster parish, allowed us to identify the following health problems:
physical inactivity, social isolation and insufficient opportunities for distraction. In order to solve
them, a community intervention project was implemented: "Clube Sénior: Fique Ativo, Viva
Melhor" in which various strategies and activities were undertaken, highlighting the education
sessions for health, intergenerational and social interaction among the elderly. To promote ac-
tivities, strategic partnerships were constituted, without which the success of this project would
not be possible. Aiming to identify and analyze the scientific evidence on the strategies used by
nurses in the elderly health promotion, a systematic review of the literature was performed using
the methodology PI[C]O. The carried out studies reveal that nurses are in a unique position to
promote health and develop extended preventive biopsychosocial cares, and they point out as
strategies to promote the elderly's health, the health education, intergenerational actions and
physical activities, among others. In this sense, the implemented interventions in clinical prac-
tice are accordingly with the scientific evidence. As our society demanding is increasing in terms
of quality care, the adjusted practice to the experience is critical as it provides the specialist
nurse in Community Nursing with updated scientific knowledge to cope with this reality.
Keywords: Community Nursing; Health Promotion; Older Adults.
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Marisa Isabel Raposo Martins
INDICE
p.
INTRODUÇÃO ………………………………………………………………………………….
10
1 - ESTÁGIO DESENVOLVIDO NA UCC DE SANTARÉM ……………………………… 14
1.1 - O SISTEMA IDOSO NA COMUNIDADE DE ALMOSTER …………………………. 18
1.2 - ATIVIDADES DE INTERVENÇÃO DESENVOLVIDAS PARA OS IDOSOS DA
COMUNIDADE DE ALMOSTER ……………………………………………………………...
24
1.2.1- Avaliação das atividades de intervenção no sistema idoso de Almoster …..
34
2 - A PROMOÇÃO DA SAÚDE NOS IDOSOS ……………………………………………..
40
3 - PERCURSO METODOLÓGICO ………………………………………………………… 43
3.1 - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE REFLEXIVA DOS RESULTADOS ………………...
44
4 – CONCLUSÃO ………………………………………………………………………………
50
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS …………………………………………………….. 53
ANEXOS
ANEXO I – Projeto de Estágio ………………………………………………………………..
58
ANEXO II - Projeto de Intervenção Comunitária “Clube Sénior: Fique Ativo, Viva
Melhor”……………………………………………………………………………………………
59
ANEXO III - Guião de entrevista ao Presidente da Junta de Freguesia de Almoster …..
60
ANEXO IV - Guião de entrevista à Enfermeira da USF Almeida Garrett-Unidade de
Almoster …………………………………………………………………………………………
61
ANEXO V - Análise de conteúdos das entrevistas realizadas aos Informantes-Chave ..
62
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ANEXO VI - Critérios para a elaboração dos diagnósticos de enfermagem em lingua-
gem classificada CIPE …………………………………………………………………………
63
ANEXO VII - Panfletos informativos para divulgação do Projeto de Intervenção Comu-
nitária …………………………………………………………………………………………….
64
ANEXO VIII - Panfleto informativo para divulgação da atividade Avaliação de TA, Gli-
cemia Capilar e Peso ……………………………………………………………………..……
65
ANEXO IX - Plano da Sessão “Promoção do Envelhecimento Ativo” …………………
66
ANEXO X - Plano da Sessão “Exercício Físico e Saúde” …………………………………
67
ANEXO XI - Panfleto informativo para divulgação da visita à Casa Museu Paços
Canavarra ……………………………………………………………………………………….
68
ANEXO XII - Panfleto informativo para divulgação da ida à Peça de Teatro “O melhor
de Lá Féria” ……………………………………………………………………………………..
69
ANEXO XIII - Critérios para formulação da questão PI[C]O ………………………………
70
ANEXO XIV - Limitadores específicos das Bases de Dados ……………………………..
71
ANEXO XV - Critérios de inclusão e exclusão ……………………………………………...
72
ANEXO XVI - Cruzamento das palavras-chave …………………………………………….
73
ANEXO XVII - Artigo 1: Upstream Thinking and Health Promtion Planning for Older
Odults at Risk of Social Isolation ……………………………………………………………..
74
AANNEEXXOO XXVVIIIIII -- Artigo 2: Health Practices of Older adults in Good Health ………………
75
AANNEEXXOO XXIIXX -- Artigo 3: Interventions to Reduce Cognitive Decline in Aging …………….
76
AANNEEXXOO XXXX -- Análise dos artigos ……………………………………………………………..
77
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ÍNDICE DE IMAGEM
p.
Imagem 1- Área de influência UCC Santarém ………………………………………………
15
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INTRODUÇÃO
O envelhecimento populacional é um fenómeno mundial. Perspetiva-se que o século
XXI será o século dos idosos, pelo envelhecimento em curso nos países desenvolvidos e pelo
rápido envelhecimento populacional projetado para os países em desenvolvimento.
Considerado como um processo dinâmico e progressivo, o envelhecimento humano
envolve um conjunto de alterações da estrutura biológica, psicológica e social dos indivíduos
que, iniciando-se mesmo antes do nascimento, se desenvolve ao longo da vida, segundo a
DIREÇÃO GERAL DA SAÚDE (DGS, 2006).
Analisado numa perspetiva individual, que consiste na maior longevidade dos indiví-
duos, e numa perspetiva demográfica que diz respeito ao aumento da proporção das pessoas
idosas na população total, o fenómeno do envelhecimento caracteriza-se pela transição de um
modelo demográfico de fecundidade e mortalidade elevados, para um modelo em que ambos
os fenómenos atingem níveis baixos (MARCIEL; MANATA, 2008, p. 41-46). Desta forma, depa-
ramo-nos com o estreitamento da base da pirâmide de idades, fruto do declínio da taxa de
natalidade, e o alargamento do topo, consequência do aumento da esperança média de vida,
que traduz os progressos na medicina e a melhoria das condições de vida (MOURA, 2012, p.
25-27).
Atualmente, o envelhecimento demográfico constitui um dos desafios mais sérios que a
Europa enfrenta. De acordo com previsões recentes, o número de europeus com 65 e mais
anos de idade irá quase duplicar nos próximos 50 anos, subindo de 87 milhões em 2010 para
148 milhões em 2060 (COMISSÃO EUROPEIA, 2012, http://eur-
lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=COM:2012:0083:FIN:PT:PDF).
Portugal acompanha esta tendência. Os resultados obtidos nos últimos censos revelam
que a população portuguesa com 65 e mais anos atingiu os 2 022 504 o que corresponde a
cerca de 19% da população total. Na última década o número de idosos cresceu 19%. A ten-
dência do envelhecimento demográfico manter-se-á, projetando-se que em 2060 residam no
território nacional, 3 idosos por cada jovem (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, INE,
2011).
Esta evolução demográfica deve ser encarada como uma oportunidade, contudo, pelo
que já foi referido, constitui um desafio para a sociedade, para o sistema de saúde e de prote-
ção social. De facto, uma das principais consequências do aumento da longevidade, com fortes
implicações estruturantes, dá-se a nível do setor da saúde. A emergência de forma acelerada
do envelhecimento tem levado à procura de novas estratégias de resolução dos problemas
quer ao nível da saúde, quer ao nível da prestação de cuidados (COSTA, 2005, p. 259-284).
Neste sentido, os temas relacionados com o envelhecimento humano têm vindo a ser, nas
últimas décadas, alvo de crescente interesse por parte de políticos e profissionais das diversas
Mestrado em Enfermagem Comunitária
11
Marisa Isabel Raposo Martins
áreas, no nosso país, na Europa e no mundo industrializado em geral (MACHADO; GARCIA;
SILVA, 2010, http://www.ordemenfermeiros.pt/sites/acores/artigospublicados).
A OMS adotou no final dos anos 90, o paradigma “Envelhecimento Ativo”, entendido
como o processo de otimização das oportunidades de participação, segurança e melhor quali-
dade de vida às pessoas que envelhecem (DECISÃO nº 940/2011, http://eur-
lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2011:246:0005:0010:PT:PDF).
O envelhecimento ativo está relacionado com uma atitude mais preventiva e promotora
da saúde e da autonomia. A promoção de um envelhecimento saudável engloba vários setores
como a saúde, a educação, a segurança social, a habitação, os transportes, a cultura, entre
outros (DGS, 2006).
É importante apoiar um envelhecimento ativo e saudável, não só para melhorar a qua-
lidade de vida dos cidadãos idosos e ajudá-los a participar ativamente na sociedade à medida
que envelhecem, como também para reduzir a pressão insustentável sobre os sistemas de
saúde. Neste sentido, é imprescindível que se desenvolvam medidas de caráter preventivo que
fomentem a vivência e o desenrolar de uma vida saudável, evitando desta forma a solidão, a
doença e a incapacidade, mediante a implementação de programas de promoção da saúde
que estimulem a inclusão do idoso na tomada de decisão da sua saúde (MACHADO; et al.
2010, http://www.ordemenfermeiros.pt/sites/acores/artigospublicados).
Portugal tem vindo a desenvolver medidas de política que contribuem para um enve-
lhecimento ativo e para a qualidade de vida nos idosos. Das várias medidas que têm vindo a
ser concretizadas destacam-se: o Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas apro-
vado (2004), e que assenta em três dimensões: promoção do envelhecimento ativo; melhor
adequação dos cuidados de saúde às pessoas idosas; e promoção de ambientes seguros e
capacitadores de autonomia; e o Plano Nacional de Saúde 2012-2016. Este último refere que
as intervenções aos idosos devem basear-se nos princípios da autonomia, participação ativa,
autorrealização e dignidade da pessoa idosa. Podem desenvolver-se em contexto familiar, de
trabalho e lazer e na comunidade (DIREÇÃO GERAL DA SAÚDE, DGS, 2012,
http://pns.dgs.pt/files).
Uma nova orientação nos cuidados de saúde aos idosos significa mudanças de diretri-
zes sociais, politicas, económicas e estruturais.
Sendo que a enfermagem comunitária e de saúde pública desenvolve uma prática glo-
bal centrada na comunidade, é imprescindível a intervenção e o empenho do enfermeiro espe-
cialista em enfermagem comunitária na implementação dos programas promotores de saúde
com vista à capacitação e “empowerment” das comunidades. É fundamental que orientem a
sua ação para a dimensão saudável dos indivíduos/comunidade, alertando para a importância
da vigilância de saúde que conduza à adoção de estilos de vida saudáveis. Também é essen-
cial programar atividades que valorizem os aspetos relacionados com o bem-estar do idoso em
todas as suas dimensões: física, psíquica, social e espiritual (MACHADO et al., 2010,
http://www.ordemenfermeiros.pt/sites/acores/artigospublicados).
Mestrado em Enfermagem Comunitária
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Marisa Isabel Raposo Martins
O presente relatório reporta-se ao estágio desenvolvido na Unidade de Cuidados na
Comunidade (UCC) de Santarém, no âmbito do 2º Curso de Mestrado em Enfermagem Comu-
nitária na Escola Superior de Saúde de Santarém. Decorreu no período de 27 de fevereiro a 6
de julho de 2012 com duração de 18 semanas tendo sido, a intervenção comunitária, realizada
na freguesia de Almoster.
A intervenção na comunidade está contemplada na política de saúde nacional como
diretriz, sendo que no disposto na alínea h) do número 1, Base II do Artigo 3º da Lei de Bases
da Saúde n.º 48/90 se pode ler o seguinte: “É incentivada a educação das populações para a
saúde, estimulando nos indivíduos e nos grupos sociais a modificação dos comportamentos
nocivos à saúde pública ou individual” (DECRETO-LEI nº 48/90).
A elaboração do trabalho teve como suporte teórico o Modelo Sistémico de Betty Neu-
man. Sendo a intervenção realizada na comunidade considerei este modelo concetual o mais
adequado à prática da enfermagem comunitária, porque enfatiza uma abordagem da prática
holística “na qual qualquer parte do sistema ou sub sistema pode organizar-se como um todo
interrelacionado que idealmente funciona como um sistema total” (NEUMAN, 1995, p. 410)
Foram simultaneamente seguidas as etapas do processo de enfermagem e do pla-
neamento em saúde na perspetiva de IMPERATORI; GIRALDES (1993), tendo por base as
competências do enfermeiro especialista em enfermagem comunitária.
Para a realização do estágio integrei-me essencialmente na área dos Cuidados Conti-
nuados Integrados. A participação neste projeto prendeu-se por um lado com a possibilidade
de dar continuidade à temática já desenvolvida no Estágio I (promoção do envelhecimento
ativo), e por outro lado, porque tendo sido o ano de 2012 declarado o Ano Europeu do Enve-
lhecimento Ativo e Solidariedade entre Gerações, a equipa de cuidados continuados integrados
não tinha desenvolvido nenhuma iniciativa neste âmbito, pelo que este trabalho veio colmatar a
lacuna existente.
Este tema é pertinente e atual, pois o envelhecimento populacional emerge na nossa
sociedade constituindo-se como um importante desafio que os políticos e profissionais das
diferentes áreas, nomeadamente os enfermeiros, têm de enfrentar. Efetivamente cabe aos
profissionais de saúde e, em particular, aos enfermeiros especialistas em enfermagem comuni-
tária, a motivação e responsabilização pela efetivação do seu papel como promotores da edu-
cação para a saúde na comunidade (STANHOPE; LANCASTER, 1999). “Os cuidados centra-
dos na população estão a renascer, e a comunidade como cliente é importante para a prática
da enfermagem” (STANHOPE; LANCASTER, 2011, p. 360).
A elaboração do relatório, que teve por base o projeto de estágio (Anexo I), visa tradu-
zir o resultado da operacionalização da intervenção na prática clinica de enfermagem procu-
rando refletir sobre essa mesma prática, de acordo com o esperável para o período de forma-
ção em que me encontro. Analisar de forma crítica e reflexiva os fenómenos vividos é essencial
para que possa crescer como pessoa e profissional. A capacidade de reflexão e as competên-
cias de autorreflexão e autoformação têm de ser adquiridas e desenvolvidas na formação base
e devem manter-se ao longo da vida profissional, com o objetivo de atualizar continuamente os
Mestrado em Enfermagem Comunitária
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Marisa Isabel Raposo Martins
conhecimentos adquiridos ALFARO (2005), citado por CROSSETTI; BITTENCOURT; SCHAU-
RICH; TANCCINI; ANTUNES (2009, http://scielo.br/pdf/rgenf/v30n4/a21v30n4.pdf). Neste sen-
tido, o presente relatório suporta-se na via indutiva, partindo do que é realmente específico, as
experiências adquiridas na prática clínica, para posteriormente as aprofundar, com o objetivo
de promover a reflexão na ação e sobre a ação.
O presente relatório de estágio tem como objetivos:
Enquadrar a prática dos cuidados na comunidade baseada na evidência, com recurso
à metodologia científica;
Fundamentar a singularidade do cuidado de enfermagem aos idosos em contexto
comunitário, e os potenciais de mudança identificados com recurso à revisão sistemáti-
ca;
Inventariar os recursos necessários para uma intervenção de enfermagem baseada na
evidência;
Fundamentar as competências desenvolvidas ao longo da prática clínica, nos diferen-
tes contextos da comunidade, sustentando-as na natureza da enfermagem avançada.
Para facilitar a compreensão do caminho percorrido, o presente trabalho encontra-se
organizado em duas partes. Na primeira é apresentado o percurso desenvolvido ao longo do
estágio e a segunda parte apresenta a fase metodológica com recurso à metodologia PI[C]O.
Mestrado em Enfermagem Comunitária
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1 – ESTÁGIO DESENVOLVIDO NA UCC DE SANTARÉM
O Estágio II, a que se reporta o presente relatório, desenvolveu-se na UCC de Santa-
rém e teve início a 27 de fevereiro de 2012.
O conhecimento aprofundado do local onde decorre o ensino clinico é fundamental
para que se consigam traçar metas e objetivos mensuráveis. Desta forma, conhecer a estrutura
física, orgânica e funcional e integrar a equipa multidisciplinar é o primeiro passo a dar para
que o estágio se inicie em pleno.
As UCC têm a dimensão de uma por concelho e atuam na prestação de cuidados de
saúde e apoio psicológico e social de âmbito domiciliário e comunitário, essencialmente a pes-
soas, famílias e grupos mais vulneráveis em situação de maior risco, dependência física e fun-
cional, ou doença que requeira acompanhamento próximo, atuando ainda na educação para a
saúde, integração de redes de apoio a família e implementação de unidades móveis (DESPA-
CHO nº 10143/2009).
A UCC de Santarém constitui uma das seis unidades funcionais do Centro de Saúde de
Santarém. Foi aprovada a 18 de dezembro de 2009 e iniciou a sua atividade a 6 de fevereiro
de 2010. É constituída por uma equipa multidisciplinar, que inclui: 7 enfermeiros, 1 médico, 1
fisioterapeuta, 1 terapeuta ocupacional, 1 psicóloga, 1 administrativa e apoio de profissionais
de outras unidades funcionais. Tem um horário de funcionamento de segunda a sexta-feira das
8h as 20 horas, e nos sábados, domingos e feriados funciona das 9h as 13 horas (UNIDADE
DE CUIDADOS NA COMUNIDADE DE SANTARÉM, 2010).
Esta unidade funcional apresenta um conjunto de programas e projetos específicos da
UCC e projetos em parceria. Os programas e projetos específicos são: Educar Para a Parenta-
lidade; Saúde Escolar; Espaço ao Jovem; A UCC de Santarém na Internet; Cuidados Conti-
nuados e Integrados e Programas e Atividades Especificas de Promoção da Mobilidade e Rea-
bilitação Funcional. Os projetos em parceria são: Projeto de Intervenção Precoce de Santarém;
Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco; Rede Social; Rendimento Social de
Inserção; Programa Operacional de Respostas Integradas e Saúde na UTIS (UNIDADE DE
CUIDADOS NA COMUNIDADE DE SANTARÉM, 2010).
A sua área geográfica de influência corresponde à parte Sul e Oeste do concelho de
Santarém, com cerca de 195,614 Km2 e abrange 12 freguesias: Abitureiras, Azoia de Baixo,
Romeira, Moçarria, Várzea, Ribeira de Santarém, Povoa da Isenta, Vale de Santarém, Salva-
dor (Santarém), São Nicolau (Santarém), Marvila (Santarém) e Almoster.
Mestrado em Enfermagem Comunitária
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Marisa Isabel Raposo Martins
Imagem 1 – Área de influência UCC Santarém
(Fonte: UNIDADE DE CUIDADOS NA COMUNIDADE DE SANTARÉM, 2010)
Ao longo das duas primeiras semanas de estágio tive oportunidade de me integrar em
várias atividades da UCC que se traduziram em momentos de aprendizagem e reflexão.
A existência de uma vasta carteira de serviços, referidos anteriormente, implicou uma
seleção prévia dos projetos a acompanhar, dada a limitação temporal do estágio. Os progra-
mas/projetos foram selecionados após reunião com a Enf.ª Coordenadora e com a Enf.ª Orien-
tadora, sendo eles: CPCJ e Saúde na UTIS (projetos em parceria) e Saúde Escolar e ECCI
(projetos específicos da UCC).
A opção por integrar os projetos supracitados emergiu da necessidade de perceber a
dinâmica de intervenção nos diferentes contextos de cuidados, uma vez que, preconiza-se que
o enfermeiro especialista em enfermagem comunitária adquira competências que lhe permita
intervir em múltiplos contextos (ORDEM DOS ENFERMEIROS, OE, 2010).
Comissão de Proteção de Crianças e Jovens - CPCJ
A CPCJ é uma instituição oficial não judicial, com autonomia funcional que visa promo-
ver os direitos da criança e do jovem e prevenir ou pôr termo a situações suscetíveis de afetar
a sua segurança, saúde, formação, educação ou desenvolvimento integral (DECRETO-LEI nº
147/99).
A UCC de Santarém é uma das várias entidades que constitui a CPCJ de Santarém e
tem como finalidade integrar, em articulação com os restantes parceiros, as atividades desen-
volvidas na área da saúde na CPCJ, uma vez que estas são essencialmente de intervenção
comunitária.
Participei numa das reuniões efetuadas semanalmente, acompanhada pela enfermeira
que representa a UCC de Santarém, e esclareci algumas dúvidas acerca do funcionamento da
instituição junto do Presidente da CPCJ e da Enf.ª responsável.
Uma vez que a proteção de crianças e jovens em risco tem vindo a merecer uma maior
atenção pela sociedade em geral, e em especial pelas entidades competentes no âmbito da
vigilância na infância e juventude, esta atividade permitiu-me perceber a importância desta
instituição na comunidade. De acordo com a Comissão Nacional de Proteção de Crianças e
Mestrado em Enfermagem Comunitária
16
Marisa Isabel Raposo Martins
Jovens em Risco (CNPCJR, 2012, http://www.cnpcjr.pt/left.asp?13.02) entende-se por risco
todas as situações que constituam uma ameaça para a concretização dos direitos fundamen-
tais das crianças e jovens. A manutenção ou a agudização dos fatores de risco poderão, na
ausência de medidas de proteção, conduzir a situações de perigo. Neste caso, a intervenção
visa remover o perigo em que a criança se encontra.
O conhecimento mais aprofundado sobre a CPCJ levou-me a identificar esta parceria
como uma mais-valia nos cuidados específicos do enfermeiro especialista em enfermagem
comunitária, pois permite-lhe identificar situações de risco, estabelecendo posteriormente a
articulação necessária com outros profissionais de saúde e parceiros comunitários, com vista à
resolução dos problemas.
Saúde na UTIs
As Universidades da Terceira Idade são uma realidade em Portugal desde a década de
90 e têm como objetivo possibilitar aos mais velhos o acesso a cursos e disciplinas adaptadas
à sua realidade e promover a integração dos idosos na sociedade através de atividades recrea-
tivas, estimulando a criação de hábitos de vida saudáveis (UNIDADE DE CUIDADOS NA
COMUNIDADE DE SANTARÉM, 2010).
Neste sentido, a UCC estabeleceu uma parceria com a UTIs de Santarém onde dispo-
nibiliza semanalmente profissionais de saúde das diferentes áreas para lecionar a disciplina de
Saúde. Esta disciplina tem como objetivos gerais: refletir sobre alguma patologias relacionadas
com o processo de envelhecimento nas vertentes física, psicológica e social; e fomentar o
envelhecimento ativo.
Assisti a uma aula lecionada por uma Enfermeira da UCC sobre a importância da moti-
vação na terceira idade, tendo sido uma experiência muito enriquecedora. Pela observação da
dinâmica da aula (comentários dos presentes, relatos de experiências de vida), bem como pelo
conhecimento que a Enf.ª tem acerca de cada um dos alunos, percebi que os idosos que fre-
quentam esta disciplina são maioritariamente cidadãos que desempenham um papel ativo na
comunidade onde se inserem, pelo que podem ser uma mais-valia na aquisição de estilos de
vida saudáveis.
Vários determinantes demográficos, culturais e económicos fazem com que a questão
do idoso seja extremamente relevante para a sociedade. Assim sendo, promover a saúde e
prevenir a doença junto da população idosa deverá constituir uma prioridade nos Cuidados de
Saúde Primários. Neste âmbito, o enfermeiro especialista em enfermagem comunitária desem-
penha um papel fundamental na medida em que no seu percurso de formação especializada
adquiriu competências que lhe permite contribuir para o processo de capacitação de grupos
com maior vulnerabilidade.
Mestrado em Enfermagem Comunitária
17
Marisa Isabel Raposo Martins
Programa Saúde Escolar
O Programa Nacional de Saúde Escolar (PNSE) refere que a saúde escolar é o refe-
rencial do sistema de saúde para o processo de promoção e educação para a saúde na escola
(DIREÇÃO GERAL DA SAÚDE, DGS, 2006,
http://www.dgs.pt/default.aspx?cn=5518554158276378AAAAAAAA).
O DESPACHO n.º 12.045/2006 estabelece as orientações estratégicas para o desen-
volvimento do PNSE, propondo atividades assentes em dois eixos: a vigilância e proteção da
saúde e a aquisição de conhecimentos, capacidades e competências em promoção da saúde.
É indiscutível a importância deste programa no âmbito dos Cuidados de Saúde Primá-
rios, quer pelo seu papel na promoção da saúde e prevenção da doença, quer pela sua contri-
buição no desenvolvimento de um ambiente escolar favorecedor de saúde.
A escola, sendo o local onde as crianças e os jovens passam grande parte do seu tem-
po, é considerado um ambiente facilitador no desenvolvimento de atividades relacionadas com
promoção e educação para a saúde. Neste sentido acompanhei a equipa de Saúde Escolar da
UCC numa ação de educação para a saúde dirigida às crianças do 1º ciclo, subordinada ao
tema “Os afetos”.
A infância é a fase ideal para fazer aquisições sólidas de estilos de vida saudáveis.
Promover estilos de vida saudáveis deve ser um objetivo de todos os membros da comunidade
educativa, entre os quais os profissionais de saúde. Participar nesta atividade permitiu concre-
tizar, na prática, o contributo dos enfermeiros comunitários na dinamização e participação no
programa de Saúde Escolar, dado o seu campo de atuação.
Cuidados Continuados Integrados - CCI
A ECCI é uma equipa multidisciplinar da responsabilidade dos cuidados de saúde pri-
mários e dos recursos sociais, para a prestação de serviços domiciliários, decorrentes de ava-
liação integral, de cuidados médicos, de enfermagem, de reabilitação, e de apoio social ou
outros a pessoas que se encontrem em situação de dependência funcional, doença terminal,
ou em processo de convalescença, com rede de suporte social cuja situação não requer inter-
namento, mas que não se podem deslocar de forma autónoma (DECRETO-LEI nº 101/2006).
Ao longo de um dia de trabalho acompanhei a equipa de cuidados continuados integra-
dos (ECCI) nas visitas domiciliárias, tendo tido oportunidade de observar e participar nos cui-
dados prestados aos utentes e de esclarecer dúvidas acerca do funcionamento do projeto.
Este projeto abrange 12 das 28 freguesias do concelho de Santarém e funciona 7 dias
por semana. A equipa multiprofissional é composta por enfermeiros, terapeuta ocupacional,
técnico superior de serviço social, fisioterapeuta e um médico. Este último dá resposta a situa-
ções em que o utente não possui médico de família, ou na sua ausência, e em situações mais
específicas como controlo de sintomas em estadios terminais, garantindo assim cuidados de
saúde personalizados e humanizados (UNIDADE DE CUIDADOS NA COMUNIDADE DE SAN-
TARÉM, 2010).
Mestrado em Enfermagem Comunitária
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Marisa Isabel Raposo Martins
A acessibilidade a esta equipa é assegurada através da referenciação pela RNCCI e
pelo atendimento telefónico para referenciação, acompanhamento, supervisão e aconselha-
mento do utente e do seu cuidador.
Refletindo acerca dos cuidados continuados, percebe-se que as estratégias de inter-
venção vão ao encontro dos enfoques da Carta de Ottawa (1986), pois se por um lado contri-
buem para a Promoção da Saúde, pela melhoria da qualidade de vida dos mais idosos e/ou
dependentes, por outro protegem os mais carenciados. O contacto que estas equipas estabe-
lecem com o utente é muito próximo, o que contribui para a humanização dos cuidados de
saúde.
Foi no âmbito deste projeto da UCC que desenvolvi o projeto de intervenção comunitá-
ria (Anexo II). A sua realização teve como ponto de partida o trabalho efetuado no Estágio I
intitulado: “Diagnóstico da Situação de Saúde da Comunidade da Póvoa da Isenta: A ocupação
dos idosos com mais de 75 anos e o impacto na saúde”. Este estudo permitiu identificar o iso-
lamento social e o sedentarismo como os principais problemas de saúde deste grupo popula-
cional.
Para desenvolver um projeto de intervenção comunitária é necessário, antes de mais,
proceder à elaboração do diagnóstico da situação de saúde que consiste na primeira etapa do
planeamento em saúde. Só a partir da definição do diagnóstico é que será possível intervir,
pois até lá o enfermeiro tem no seu inconsciente apenas um diagnóstico implícito baseado nos
factos observados (IMPERATORI; GIRALDES, 1993). De acordo com os mesmos autores, o
diagnóstico deve ser suficientemente rápido para permitir uma ação em tempo útil e, suficien-
temente aprofundado para que as medidas de intervenção sejam pertinentes.
Para a elaboração do diagnóstico procedi, de acordo com a perspetiva teórica de
enfermagem de NEUMAN (1995) a uma colheita de dados alargada, integrando variáveis
socioeconómicas e ambientais, indicadores estatísticos, entre outros, que me permitiu identifi-
car os principais problemas de saúde dos idosos da freguesia de Almoster e os seus fatores
determinantes.
1.1 – O SISTEMA IDOSO NA COMUNIDADE DE ALMOSTER
A comunidade é, segundo uma perspetiva sistémica, um sistema aberto no qual as
pessoas e os seus ambientes se encontram em interação dinâmica. De acordo com NEUMAN
(1995), o ambiente é definido como as influências internas e externas que rodeiam e afetam o
sistema cliente. A mesma autora considera ainda a existência de linhas flexíveis de defesa que
protegem de forma dinâmica o sistema, definindo a sua estabilidade que representa o nível
habitual de bem-estar do sistema cliente, e as linhas de resistência que contêm fatores que
apoiam as linhas de defesa e protegem a estrutura base (STANHOPE; LANCASTER, 1999).
No Modelo dos Sistemas, a estabilidade equivale ao melhor estado de saúde para o cliente.
Mestrado em Enfermagem Comunitária
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Marisa Isabel Raposo Martins
Emerge então a necessidade de definir saúde. Não pretendo apresentar conceitos de
forma exaustiva, mas apenas os aspetos que ajudem a compreender o sistema cliente numa
perspetiva sistémica.
Quanto ao conceito de saúde NEUMAN (1995) define-o como uma harmonia de intera-
ção entre o sistema cliente tendo em vista o bem-estar. Considera a saúde como uma manifes-
tação do nível de energia do cliente para preservar e acentuar a integridade do sistema. Esta
troca de energia deve ser constante entre o cliente e o ambiente, sendo que estes níveis de
energia estão em constante interação face aos possíveis stressores.
Dado que as pessoas e o seu ambiente se encontram em interação dinâmica, e que a
saúde e bem-estar prevalecem quando existe harmonia entre a totalidade da comunidade e
todas as variáveis e ambiente interno e externo, é fundamental fazer uma apreciação global da
comunidade como cliente de forma a conhecê-la e compreendê-la numa abordagem lógica e
sistemática. Uma vez clarificada a comunidade como cliente far-se-á a apreciação do sistema
cliente em estudo, os idosos. Esta apreciação ajuda a identificar as suas necessidades, a clari-
ficar os problemas e identificar recursos. A obtenção da informação foi possível quer pela com-
pilação de dados já existentes, quer pela produção de dados diretos (realização de entrevistas
a informantes-chave), e indiretos (análise secundária de dados dos Censos 2011).
A freguesia de Almoster é uma das 28 que compõem o concelho de Santarém. Situada
a poente de Santarém, no início de uma elevação que se prolonga pelo concelho de Rio Maior,
a freguesia de Almoster é uma freguesia rural, dista 12Km da sede concelhia e ocupa atual-
mente uma área de 40.963 Km2. É composta por onze lugares: Almoster (sede de freguesia),
Atalaia, Vale de Moinhos, Vila Nova do Coito, Gúxerre, Casal da Charneca, Albergaria, Alfor-
zemel, Casal Paúl, Louriceira e Freiria (CÂMARA MUNICIPAL DE SANTARÉM, CMS, sd,
http://www.cm-santarem.pt/concelho/juntasdefreguesia/Paginas/Almoster.aspx).
Trata-se de uma freguesia com um grande passado histórico. Foi nesta terra que a 18
de fevereiro de 1834 as forças liberais, comandadas pelo Marechal Saldanha, obtiveram uma
das mais importantes vitórias sobre os absolutistas de D. Miguel (CMS, sd, http://www.cm-
santarem.pt/concelho/juntasdefreguesia/Paginas/Almoster.aspx.).
A sua evolução demográfica tem sido pautada por um decréscimo da população,
nomeadamente desde a década de 90 até aos nossos dias. Nos Censos de 1991 a população
residente era composta por 1954 habitantes, baixando, de acordo com os resultados dos Cen-
sos 2011, para 1818 habitantes o que corresponde a uma densidade populacional de
44,38habitantes/Km2. A população apresenta atualmente a seguinte composição: 244 indiví-
duos têm entre os 0 e 14 anos; 147 encontram-se entre os 15 e os 24 anos; 906 situam-se
entre os 25 e os 64 anos; e 521 indivíduos têm 65 ou mais anos (INE, 2011).
Sendo a comunidade um sistema constituído por subsistemas que se interrelacionam e
interagem com o núcleo básico da comunidade, quando um se encontra alterado, a comunida-
de é alterada como um todo (STANHOPE; LANCASTER, 1999). Desta forma, a avaliação ini-
cial das infraestruturas da comunidade torna-se fundamental.
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Marisa Isabel Raposo Martins
Dado que a sede de concelho se localiza a cerca de 12Km, a rede viária e de transpor-
tes é um fenómeno importante na mobilidade das pessoas e dos bens. Para a sua deslocação,
a população utiliza os transportes públicos, que servem a comunidade de Almoster duas vezes
por dia, e o transporte próprio.
A comunidade em estudo, ao nível do subsistema educação, dispõe de um estabeleci-
mento de ensino pré-primário e três escolas do 1º ciclo. Os alunos dos restantes escalões
escolares têm de frequentar as escolas de Santarém.
Relativamente aos recursos de saúde a população dispõe de uma Extensão de Saúde
da Unidade de Saúde Familiar Almeida Garrett, sediada na sede de freguesia. Funciona todos
os dias úteis, exceto às quartas, que funciona das 8h às 13h. Às segundas e quartas-feiras são
efetuadas consultas de todas as valências, as terças-feiras são destinadas à Saúde do Adul-
to/Idoso e nas quintas-feiras funcionam as consultas da Saúde Materna e Infantil. O período da
tarde é destinado à visitação domiciliária. A equipa é constituída por um médico, uma enfermei-
ra e um administrativo. Como recursos de saúde para esta comunidade, pode-se referir ainda o
Hospital Distrital de Santarém, a UCC de Santarém e a existência de uma farmácia localizada
na sede de freguesia.
No âmbito das infraestruturas básicas existentes na freguesia de Almoster e respetivos
graus de operacionalidade, a rede pública de distribuição domiciliária de água e energia elétrica
cobre praticamente toda a freguesia (segundo fontes da junta de freguesia, existem dois ou
três fogos que ainda não possuem luz elétrica). A rede de saneamento básico é inexistente,
recorrendo-se para o efeito às fossas séticas.
Os habitantes de Almoster em idade ativa dividem as suas atividades essencialmente
por dois setores: primário e secundário. No domínio do setor primário, a agricultura é exercida
essencialmente para consumo próprio e a pecuária está presente através de diversas explora-
ções de gado ovino, bovino e suíno. O setor secundário está atualmente representado por
pequenas empresas e algum comércio tradicional.
No que respeita aos aspetos sociais, esta comunidade dispõe dos serviços de apoio
domiciliário da Santa Casa da Misericórdia de Santarém relativamente ao apoio para higiene
pessoal, higiene da casa e serviço de alimentação. Ao nível privado dispõe de um Lar de Ido-
sos.
No que se refere à cultura e etnografia, a freguesia de Almoster tem dois ranchos fol-
clóricos de danças e cantares. Praticamente todos os lugares da freguesia dispõem de asso-
ciações recreativas e culturais, exceto na Louriceira e Freiria. Na esfera desportiva, a freguesia
conta com campos de jogos, registando-se uma vida associativa rica, essencialmente o futebol.
No campo da religião os habitantes desta freguesia são maioritariamente católicos.
No âmbito do subsistema recreação, Almoster dispõe de 7 associações recreativas,
contudo a sua maioria só funciona aos fins-de-semana. Diariamente, a população dispõe de
apenas 2 cafés abertos em toda a freguesia.
Como foi referido anteriormente, os subsistemas que compõem a comunidade intera-
gem com o núcleo básico, no qual se incluem as pessoas e seus valores.
Mestrado em Enfermagem Comunitária
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Marisa Isabel Raposo Martins
Segundo NEUMAN (1995) citada por FREESE (2004, p. 340) pessoa é:
(…) enquanto cliente/sistema de cliente que pode ser indivíduo, família, grupo ou comunidade ou questão social (…) é um composto dinâmico de inter-relações entre factores fisiológicos, psicológi-cos, sócio-culturais, espirituais e de desenvolvi-mento (…) em constante mudança ou deslocação e como um sistema aberto em interacção recípro-ca com o ambiente.
A variável fisiológica refere-se à estrutura e funcionamento do organismo, a variável
psicológica refere-se às características cognitivas e de relacionamento, a sociocultural às fun-
ções do sistema relativamente às expectativas e às atividades sociais e culturais. A variável de
desenvolvimento refere-se aos processos relativos ao desenvolvimento ao longo do ciclo de
vida e por fim a variável espiritual refere-se aos valores morais e religiosos (STANHOPE; LAN-
CASTER, 1999).
A definição de pessoa apresenta o que a autora considera ser pessoa enquanto siste-
ma, ou seja, um composto da inter-relação das cinco variáveis. O cliente pode influenciar ou
ser influenciado, positiva ou negativamente por forças do ambiente, num dado momento, pelo
que é considerado como um sistema aberto em total inter-relação com o ambiente. Estas for-
ças/estímulos que podem ser externos ou internos e que podem influenciar de forma positiva
ou negativa o sistema cliente designam-se stressores.
O sistema cliente em estudo representa um grupo populacional específico, os idosos.
Assim sendo, é fundamental caracterizar de forma pormenorizada o sistema idoso na comuni-
dade de Almoster, de forma a identificar os seus principais problemas e os recursos existentes
na comunidade para este grupo populacional.
Nesta linha de pensamento surge um outro conceito indispensável de referenciar que é
o de idoso. Apesar de não existir um consenso quanto à definição de pessoa idosa, o critério
mais usado tem sido a idade cronológica. No entanto, este mostra-se insuficiente pois não há
unanimidade quanto à data do início desta fase da vida. Por critérios de funcionalidade nas
sociedades industrializadas, em que o trabalho produtivo é a marca de qualidade, convencio-
nou chamar-se idoso ao indivíduo que atingiu a idade da reforma e, por conseguinte, o afasta-
mento da atividade laboral, ou seja, os 65 anos (STANHOPE; LANCASTER, 2011). Neste tra-
balho consideraram-se pessoas idosas os homens e mulheres com idade superior ou igual a
65 anos, indo ao encontro do que foi estabelecido no Programa Nacional para a Saúde das
Pessoas Idosas, 2004 (DGS, 2006).
Como foi referido anteriormente, dos 1818 habitantes na freguesia de Almoster, 521
pessoas têm 65 ou mais anos, o que representa quase 29% da sua população total. O número
de idosos aumentou face ao recenseamento de 2001 onde se registavam 467 idosos. Verifica-
se assim a existência de um nítido envelhecimento populacional nesta freguesia que acompa-
nha a tendência nacional e mundial. Mundialmente vive-se uma situação sem precedentes no
que respeita ao quantitativo de pessoas com mais de 65 anos. Contabilizam-se cerca de 559
Mestrado em Enfermagem Comunitária
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Marisa Isabel Raposo Martins
milhões de indivíduos, o que representa 8% de toda a população do planeta. Estima-se que,
em 2030, atinjam mil milhões (STELLA, 2012, p. 101-107).
De acordo a lista do SINUS, cedida pela Enf.ª de Família da Extensão de Saúde da
USF Almeida Garrett, pôde verificar-se que o lugar da freguesia mais envelhecido é a sede de
freguesia seguindo-se o Casal da Charneca.
Os resultados obtidos nos últimos Censos também revelaram um problema importante
associado ao envelhecimento populacional, à desertificação e à transformação do papel da
família na sociedade moderna, a solidão. Das 521 pessoas com 65 e mais anos da freguesia
de Almoster, 316 vivem sós o que corresponde a 61% da população idosa.
Relativamente ao Índice de Envelhecimento (IE), corresponde à relação existente entre
o número de idosos e a população jovem), a freguesia de Almoster possui um IE quase duas
vezes superior ao IE nacional. Os resultados dos censos 2011 indicam que o IE do país é de
129, o que significa que por cada 100 jovens (0 aos 14 anos) Portugal tem hoje 129 idosos (65
e mais anos). Em Almoster o IE é de 213, a população idosa e jovem representam 29% e 13%
respetivamente (INE,2011). Este processo encontra a sua justificação por um lado, na queda
das taxas de fecundidade e por outro no aumento da longevidade.
No que respeita ao Índice de Dependência dos Idosos (IDI), isto é, a relação entre a
população idosa e a população potencialmente ativa (15 aos 64 anos de idade), na freguesia
de Almoster é de 50 idosos por cada 100 indivíduos em idade ativa (INE, 2011). O agravamen-
to do IDI está relacionado com o aumento da proporção da população idosa, conjuntamente
com o decréscimo da população em idade ativa.
A colheita destes dados estatísticos foi crucial na medida em que me ajudaram a carac-
terizar o sistema idoso da comunidade de Almoster do ponto de vista demográfico. Contudo,
por si só são insuficientes para identificar os principais problemas de saúde dos idosos e os
recursos existentes na comunidade para fazer face a esses problemas. Neste sentido, foram
por mim realizadas entrevistas aos informantes chave da freguesia: Presidente da Junta de
Freguesia e Enf.ª de Família da USF Almeida Garrett-Extensão de Almoster, com vista à apre-
ciação global da comunidade em estudo.
De acordo com FORTIN (2009), a entrevista é o principal método de colheita dos dados
nas investigações qualitativas. É um modo particular de comunicação verbal entre duas pes-
soas, em que o entrevistador recolhe os dados e o entrevistado fornece a informação. Para a
realização deste estudo optei pela entrevista semidirigida, designada por alguns autores como
semi-estruturada, já que me parece ser a que mais se adequa ao estudo, uma vez que permite
o acesso a grande quantidade de informação e ao seu esclarecimento. Segundo a autora
supracitada, o investigador recorre à entrevista semidirigida nos casos em que deseja obter
mais informações particulares sobre um tema, no sentido de compreender a significação de um
acontecimento ou de um fenómeno vivido pelo participante. Neste tipo de entrevista, o entrevis-
tador determina uma lista de temas a abordar, formula questões respeitantes a esses temas e
apresenta-os ao entrevistado, numa ordem que ele julga apropriada (FORTIN, 2009). Acres-
Mestrado em Enfermagem Comunitária
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Marisa Isabel Raposo Martins
centa ainda que possibilita ao entrevistado exprimir os seus sentimentos e as suas opiniões
sobre um determinado tema, pelo que se assemelha geralmente a uma conversa informal.
Considerei o Presidente da Junta de Freguesia e a Enf.ª da Extensão de Almoster
como informantes chave porque são pessoas com funções e cargos relevantes no desenvolvi-
mento da comunidade. As entrevistas a informantes chave são, para STANHOPE; LANCAS-
TER (2011, p. 370) “boas formas de produzir informações sobre as crenças, normas, valores,
poder, estruturas influentes e processos de resolução de problemas da comunidade”.
Neste estudo, as entrevistas realizaram-se de modo formal e individual nos dias 26 e
27 de março, tendo recorrido a dois instrumentos: o guião da entrevista e um gravador áudio. O
guião de entrevista (Anexo III e IV) foi orientado para a temática em estudo, a fim de perceber
de que forma os idosos ocupam o seu tempo e quais os recursos de que dispõe na comunida-
de. A duração média das entrevistas foi de 50 minutos, foram gravadas com o devido consen-
timento dos entrevistados e transcritas posteriormente. Para analisar os dados recorri a uma
das técnicas mais comuns utilizada no tratamento de dados em ciências sociais e humanas, a
análise de conteúdo. Esta técnica permite “medir a frequência, a ordem ou a intensidade de
certas palavras e frases (…). Ordenam-se os acontecimentos por categorias, mas as caracte-
rísticas do conteúdo a avaliar são geralmente definidas e determinadas pelo investigador”
(FORTIN, 2009, p.379). Foi realizada a análise de conteúdo das entrevistas de acordo com as
dimensões do Modelo Teórico de Betty Neuman (ANEXO V).
Pela análise efetuada percebeu-se que o sistema idoso da freguesia de Almoster, no
âmbito da dimensão fisiológica, tem um estilo de vida sedentário (E1) “(…) de grosso modo
vêem televisão”; “3 a 4 frequentam cafés; “…cultivo de pequenas hortas”; (E2), “…não são
pessoas ativas”, “não praticam qualquer tipo de atividade física”. No que respeita à dimensão
psicológica, a dispersão dos lugares da freguesia conduz ao isolamento social deste grupo
populacional (E1) “…Vivem mais isolados. Muitos vivem sozinhos…”e, de acordo com a infor-
mação da E2, apresenta características de depressão “alguns andam sempre tristes, com falta
de interesse pelas atividades do dia-a-dia”. Relativamente à dimensão sociocultural verificou-se
que a participação dos idosos nas atividades recreativas é reduzida, pela falta de recursos na
freguesia a este nível: (E1) “(…) para esta faixa etária, a junta de freguesia apenas organiza o
passeio dos avós 1 vez por ano”; (E2) “apesar de existirem algumas associações recreativas, a
verdade é algumas nem sequer funcionam e as que têm algum tipo de atividade não estão
voltadas para esta faixa etária”.
A elaboração do diagnóstico da situação permitiu assim identificar os principais pro-
blemas de saúde deste grupo populacional, relativamente à ocupação. De acordo com IMPE-
RATORI; GIRALDES (1993) o diagnóstico efetuado deverá ser confrontado com as necessida-
des sentidas pela população de forma a complementar os dados disponíveis e aumentar a
recetividade às intervenções que se venham a desenvolver. Neste sentido, os problemas iden-
tificados no diagnóstico foram validados junto de contactos informais (elementos pertencentes
ao sistema cliente em estudo).
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Marisa Isabel Raposo Martins
Esta fase do trabalho, na qual se colheram/produziram dados e se procedeu à sua
interpretação e análise dos problemas, permitiu desenvolver a primeira unidade de competên-
cia definida pela Ordem dos Enfermeiros para o enfermeiro especialista em enfermagem
comunitária – Procede à elaboração do diagnóstico de saúde de uma comunidade (OE, 2010).
Cada problema necessita de ser claramente identificado e apresentado sob a forma de diag-
nóstico de saúde (ANEXO VI). Esta etapa representa a terceira fase do processo de enferma-
gem da comunidade como cliente (STANHOPE; LANCASTER, 2011). Neste sentido, formulei,
a partir de linguagem classificada CIPE, diagnósticos de enfermagem em grupos da comunida-
de, uma vez que esta nos faculta uma linguagem unificada de enfermagem para documentar a
prestação de cuidados.
Foram identificados os seguintes diagnósticos:
Grupo de idosos com autocuidado atividade física reduzida em grau elevado
Grupo de idosos com interação social comprometida em grau moderado
Grupo de idosos com autocuidado atividade recreativa comprometida em grau elevado.
O diagnóstico de enfermagem da comunidade apresenta os problemas identificados e
clarifica quem recebe os cuidados. O desenvolvimento dos diagnósticos de enfermagem ajuda
a clarificar o problema, constituindo-se num passo importante para a fase seguinte, o planea-
mento. Esta fase inclui a análise dos problemas de saúde do grupo de idosos, a definição dos
objetivos e a identificação de atividades de intervenção que permitam atingir os resultados
esperados pelos quais o enfermeiro é responsável (STANHOPE; LANCASTER, 2011).
1.2 – ATIVIDADES DE INTERVENÇÃO DESENVOLVIDAS PARA OS IDOSOS DA COMUNI-
DADE DE ALMOSTER
De acordo com NEUMAN (1995, p.46) a enfermagem “ (…) é a única profissão interes-
sada no modo como as diferentes variáveis afectam os clientes no seu ambiente”. Os stesso-
res podem afectar o sistema de diferentes modos, por excesso, privação, mudança e intolerân-
cia. Quando o sistema está sob a influência de fatores de stress, estes podem atingir as linhas
de defesa e as linhas de resistência, podendo as intervenções de enfermagem orientarem-se
no sentido de fortalecer o cliente, reduzindo o efeito daqueles stressores, de modo a restabele-
cer um novo equilíbrio (STANOPHE; LANCASTER, 1999).
O enfermeiro especialista de enfermagem comunitária tem um papel fundamental neste
âmbito, pois tem a competência específica de contribuir para o processo de capacitação de
grupos e comunidades, com vista à consecução de projetos de saúde coletivos. Para tal deve
liderar processos comunitários, estabelecendo parcerias na comunidade para identificar pro-
blemas de saúde, para posteriormente participar/elaborar, planear e implementar projetos de
intervenção que visem resolver os problemas de saúde.
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Marisa Isabel Raposo Martins
Nesta linha de pensamento desenvolvi o projeto de intervenção comunitária intitulado:
“Clube Sénior: Fique Ativo, Viva Melhor”. Este nome surge envolto em dois aspetos fundamen-
tais: por um lado constituir um grupo de idosos no qual se promova a interação e convívio,
podendo desta forma ocupar o seu tempo de forma ativa e, por outro promover a ideia que
nunca é tarde para mudar os hábitos de vida. Para a consecução deste projeto de intervenção
foram, desde logo, mobilizados responsáveis organizacionais e políticos da freguesia de
Almoster.
Trabalhar com grupos é uma capacidade importante da enfermagem comunitária, pois
são um meio eficaz de implementar mudanças nos indivíduos, famílias e comunidades. Através
dos grupos podem desencadear-se mudanças para melhorar a sua saúde e bem-estar, a nível
individual e coletivo (STANHOPE; LANCASTER, 2011).
De acordo com a metodologia do planeamento em saúde é necessário traçar objetivos
com a finalidade de resolver ou atenuar os problemas identificados (IMPERATORI; GIRALDES,
1993). No projeto de intervenção “Clube Sénior: Fique Ativo, Viva Melhor” foram delineados os
seguintes objetivos:
1. Aumentar a literacia em saúde em relação à temática “Viver com Saúde” na população
com mais de 65 anos de Almoster;
2. Promover a intergeracionalidade através do convívio entre os idosos e as crianças da
freguesia de Almoster;
3. Promover a integração dos idosos com mais de 65 anos de Almoster nas sessões prá-
ticas “Movimento é Saúde;
4. Fomentar o interesse pela prática de atividades recreativas/lúdicas nos idosos com
mais de 65 anos da freguesia de Almoster.
Dado o sistema cliente em estudo e a natureza dos problemas identificados, os objeti-
vos mencionados anteriormente também pretenderam ir ao encontro de uma das 3 grandes
estratégias de intervenção preconizadas no Programa Nacional para a Saúde das Pessoas
Idosas (2004), nomeadamente no que respeita à promoção de um envelhecimento ativo (DGS,
2006). As recomendações definidas neste programa para promover um envelhecimento ativo
são informar e formar as pessoas idosas sobre:
Atividade física moderada e regular e as melhores formas de a praticar;
Estimulação das funções cognitivas;
Gestão do ritmo sono-vigília;
Nutrição, hidratação, alimentação e eliminação;
Manutenção de um envelhecimento ativo, nomeadamente na fase de reforma.
Neste sentido, a promoção da autonomia das pessoas idosas, o direito à sua autode-
terminação (mantendo a sua dignidade liberdade de escolha) e a aprendizagem ao longo da
vida, contribuem para se envelhecer saudavelmente uma vez que ajuda a conservar as capaci-
dades cognitivas (DGS, 2006).
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Marisa Isabel Raposo Martins
Tendo sido 2012 declarado, pela Comissão Europeia e Parlamento Europeu, o Ano
Europeu Do Envelhecimento Ativo E Da Solidariedade Entre Gerações, o presente projeto de
intervenção também pretendeu ir ao encontro das iniciativas traçadas para o AEEASG. Desta
forma, estruturou-se à volta de dois eixos operativos do AEEASG: Saúde, bem-estar e condi-
ções de vida e Solidariedade e diálogo intergeracional. Nestes dois eixos preconiza-se: “Sentir-
se saudável e seguro, ter o suficiente, divertir-se e, se for preciso, receber cuidados” e “Uma
sociedade para todas as idades é criada na interação entre pessoas com diferentes biografias
e talentos, respetivamente. (AEEASG, DECISÃO nº 940/2011/UE, http://eur-
lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2011:246:0005:0010:PT:PDF),
Desta forma, o projeto de intervenção “Clube Sénior: Fique Ativo, Viva Melhor”, procu-
rou enquadrar-se nestas novas estratégias de promoção do envelhecimento saudável e ativo,
promovendo oportunidades de participação e criando mecanismos facilitadores de acesso a
uma vivência que se pretende multidimensional.
O envelhecimento ativo permite que as pessoas realizem o seu potencial de bem-estar
físico, social e mental ao longo da vida e que participem na sociedade, ao mesmo tempo que
lhes são proporcionados proteção, segurança e cuidados adequados quando necessários.
Neste sentido, a promoção do envelhecimento ativo exige uma abordagem multidimensional e
a responsabilização e apoio permanente entre todas as gerações. Deste modo: saímos de uma
visão reativa, centrada nas necessidades básicas e na qual a pessoa é um agente passivo,
para uma pró-ativa onde se reconhece a pessoa como um elemento capaz e atuante no pro-
cesso político e na mudança positiva das sociedades (DECISÃO nº 940/2011, http://eur-
lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2011:246:0005:0010:PT:PDF).
A enfermagem deve fortalecer a sua prática no que se refere à prestação de cuidados
à pessoa idosa, priorizando a autonomia dos idosos, e atendendo às necessidades biopsíqui-
cas, socioculturais e espirituais, estimulando o autocuidado, autodeterminação e a indepen-
dência, de modo a manter sua capacidade e qualidade de vida (FREITAS, et al., 2010,
http://seer.ufrgs.br/RevEnvelhecer/article/viewFile/12836/11549). Educar os idosos, torna-se
nos dias de hoje um dos principais objetivos dos prestadores de cuidados.
Com base na pesquisa bibliográfica efetuada, desenvolvi as atividades de intervenção
necessárias para atingir os objetivos. Para cada objetivo foi traçada uma atividade especifica
de intervenção.
ANA (2003) citada por STANHOPE; LANCASTER (2011, p.202) refere que as interven-
ções são: “acções em benefício das comunidades, dos sistemas, dos indivíduos e das famílias
para melhorar ou proteger o estado de saúde”.
A escolha das intervenções adequadas depende da finalidade da intervenção, sendo
que estas se podem situar nos três níveis de prevenção: primária, secundária e terciária. De
acordo com os problemas identificados as atividades planeadas assentaram ao nível da pre-
venção primária e secundária.
A prevenção primária consiste na identificação dos stressores que sejam potenciais
causadores de desequilíbrio no sistema. Promove assim alguns objetivos como o informar,
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Marisa Isabel Raposo Martins
motivar, integrar e educar, de forma que o ser humano possa manter ou atingir o seu bem--
estar. A prevenção secundária situa-se na fase da monitorização dos stressores, visando a
proteção da estrutura básica. Promove objetivos que se relacionam com, o monitorizar, envol-
ver, promover, providenciar e apoiar, fortalecendo as linhas internas de resistência (FRESSE,
2004 citado por SILVA, 2008).
Antes de proceder à fase de implementação das atividades, propriamente dita, foi defi-
nido um conjunto de estratégias de modo a obter o sucesso pretendido com o projeto.
De acordo com STANOPHE; LANCASTER (2011), o sucesso das intervenções depen-
de em grande parte pela forma como o enfermeiro é reconhecido. Para a comunidade de
Almoster eu era um elemento estranho. Neste sentido, na fase da recolha de dados, o estabe-
lecimento de contacto com os informantes-chave e com elementos informais permitiram-me
“entrar” na comunidade. As visitas regulares à freguesia de Almoster também permitiram um
reconhecimento cada vez maior por parte da população em geral. Posto isto, o passo seguinte
consistiu na divulgação do projeto junto dos profissionais de saúde e dos parceiros sociais para
o promoverem, e junto do sistema cliente em estudo, através da distribuição de panfletos
informativos (ANEXO VII).
Como estratégia de incentivo à participação foi salientada a gratuitidade no acesso às
atividades. A inexistência de um espaço físico na freguesia onde os idosos se reunissem cons-
tituiu um obstáculo ao desenvolvimento do projeto, havendo então necessidade de o ultrapas-
sar. Uma vez que o lugar de Almoster é de todos os lugares que compõem a freguesia o mais
envelhecido, o que tem transportes públicos mais regulares e onde se encontra sediada a
Extensão de Saúde, defini como local para a realização das atividades as instalações da Asso-
ciação Recreativa de Almoster, permitindo assim envolver um maior número de participantes.
O estabelecimento de um local e horário fixo (terças-feiras de manhã) para a realização
das atividades teve como objetivo permitir uma melhor interiorização por parte dos participan-
tes das atividades a desenvolver.
Aquando da divulgação do projeto junto da população alvo denotou-se uma falta de
motivação por parte dos idosos em participar nas atividades planeadas. Este sentimento possi-
velmente estaria relacionado com a “acomodação” à rotina diária e com um dos mitos negati-
vos relacionados com o envelhecimento, que considera ser tarde demais, quando se é mais
idoso, para alterar o modo como se vive (DGS, 2006).
Face ao exposto houve necessidade de desenvolver estratégias que incentivassem
este grupo populacional a participar no projeto. Como se apurou na entrevista realizada à Enf.ª
da Extensão de Saúde de Almoster, os principais problemas de saúde dos idosos desta fre-
guesia são as doenças crónicas como a HTA e Diabetes Mellitus. Tendo em conta estes factos,
a estratégia passou pelo planeamento de uma atividade na qual fossem avaliados os seguintes
parâmetros: Tensão Arterial, Glicemia Capilar e Peso (ANEXO VIII). Sendo que os idosos per-
ceberam esta intervenção como algo benéfico para a sua saúde, a adesão à atividade permitiu
por um lado promover hábitos e estilos de vida saudáveis e por outro, divulgar informação per-
Mestrado em Enfermagem Comunitária
28
Marisa Isabel Raposo Martins
tinente acerca do projeto. Esta atividade realizou-se no dia 24 de abril de 2012 e contou com a
participação de 10 idosos.
De acordo com MACHADO et al. (2010,
http://www.ordemenfermeiros.pt/sites/acores/artigospublicados) é fundamental que os enfer-
meiros orientem a sua ação para a dimensão saudável dos indivíduos/comunidade, alertando
para a importância da vigilância de saúde que conduza à adoção de estilos de vida saudáveis.
Os hábitos saudáveis incluem, entre outros: alimentação equilibrada, prática regular de exercí-
cio físico, convivência social estimulante e atividade ocupacional agradável. Neste sentido, é
importante programar atividades que valorizem os aspetos relacionados com o bem-estar do
idoso em todas as suas dimensões: física, psíquica, social e espiritual. Pode-se entender a
Promoção da Saúde como as ações responsáveis pelo aumento das condições de saúde atra-
vés de adoção de hábitos saudáveis, mudança nos estilos de vidas, visando a cidadania e
inserção social (VICTOR; VASCONCELOS; ARAÚJO; XIMENES; ARAÚJO, 2007,
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v41n4/25.pdf).
Tendo em conta os problemas identificados no diagnóstico de situação de saúde efe-
tuado à população alvo, foram planeadas atividades de intervenção com vista à sua resolução.
Com o objetivo de adequar as atividades o mais corretamente possível aos problemas identifi-
cados e ao grupo populacional em questão, de forma a efetuar a mudança, o trabalho desen-
volvido assentou em parcerias estratégicas para obter resultados de forma mais célere e
abrangente. Também a este nível o enfermeiro especialista em enfermagem comunitária
desempenha um papel fundamental, como aponta um dos critérios de avaliação do ponto G1.4.
relativamente à competência específica “Estabelece com base na metodologia do planeamento
em saúde, a avaliação do estado de saúde de uma comunidade” do regulamento das compe-
tências dos enfermeiros especialista em enfermagem comunitária, na medida em que o enfer-
meiro deve promover o trabalho em parceria no sentido de garantir uma maior eficácia das
intervenções (OE, 2010). Este conjunto alargado de experiências e contactos permitiu assim
desenvolver competências na área do que deve ser o perfil do enfermeiro especialista. Foi
estabelecida parceria com a Scalabisport (empresa de atividades desportivas de Santarém) no
sentido de facultar um professor de educação física para, em conjunto com a promotora do
projeto, delinear as atividades que promovessem hábitos de vida saudável, nomeadamente a
prática da atividade física. A colaboração de profissionais da área social (Animadora sociocultu-
ral da Câmara Municipal de Santarém e 2 alunas a frequentar o último ano do curso de Anima-
ção Cultural e Educação Comunitária) permitiu definir estratégias que promovessem a sociali-
zação dos idosos.
As atividades foram organizadas de acordo com os objetivos e por temáticas: Ativida-
de 1: “Viver com Saúde”; Atividade 2: “Voltar à escola”; Atividade 3: “Movimento é Saúde e
Atividade 4: “Viva Ativo”. Seguidamente são apresentadas e justificadas cada uma das ativi-
dades de intervenção desenvolvidas para os idosos da comunidade de Almoster.
Mestrado em Enfermagem Comunitária
29
Marisa Isabel Raposo Martins
Atividade1: “Viver com Saúde”
A melhoria significativa das condições socioeconómicas e de saúde na população
mundial e os progressos da tecnologia, ocorridos nos últimos anos, contribuíram para o aumen-
to da longevidade da população. Estas alterações colocaram o envelhecimento no centro das
atenções sociais, politicas e económicas, trazendo aos responsáveis governamentais, às famí-
lias e à sociedade em geral desafios para os quais não estavam preparados (MACHADO; et al.
2010, http://www.ordemenfermeiros.pt/sites/acores/artigospublicados).
A conquista do tempo de vida aumenta de forma relevante a probabilidade de ser por-
tador de doenças crónicas e incapacitantes, associadas a uma diminuição da qualidade de
vida. Deste modo, a longevidade na sociedade atual despoleta desafios na saúde e na presta-
ção de cuidados: “ao nível da saúde, porque esta constitui um recurso adaptativo essencial
para o idoso ter um envelhecimento normal, e ao nível da prestação de cuidados, porque o
avançar da idade implica um maior risco de doença e, consequentemente, um maior índice de
dependência, ao qual se associa uma maior necessidade de cuidados formais e informais”
(SEQUEIRA, 2007, p.27).
A manutenção de hábitos saudáveis durante toda a vida é muito importante para enve-
lhecer com saúde. O mundo tem assistido a um aumento significativo das doenças cardiovas-
culares, cancro, diabetes e doenças respiratórias crónicas. O aumento global destas doenças
está estritamente relacionado com alterações dos estilos de vida, nomeadamente, o tabagismo,
inatividade física (sedentarismo) e a uma alimentação não saudável. O sedentarismo é mais
prevalente nas mulheres, idosos, indivíduos de grupos socioeconómicos baixos e nos indiví-
duos com incapacidades (DGS, 2006).
Sendo que o envelhecimento não é um problema, mas uma parte natural do ciclo de
vida, os cuidados de enfermagem devem ir ao encontro das necessidades dos idosos com
práticas que contribuam para um envelhecimento saudável.
A educação para a saúde é fundamental na enfermagem. A promoção, manutenção e
restabelecimento da saúde exigem que os clientes recebam informação compreensível relacio-
nada com a saúde, permitindo-lhes desta forma tomar decisões, no âmbito da saúde, de forma
fundamentada (STANHOPE; LANCASTER, 2011).
No seguimento do que foi explicitado, a primeira atividade de intervenção denominada
“Viver com Saúde”, consistiu na apresentação de duas sessões de educação para a saúde
sobre: Promoção do Envelhecimento Ativo e Exercício físico e Saúde, efetuadas em momentos
diferentes.
A metodologia utilizada tem de estar adaptada à população alvo. Sendo que a maioria
dos idosos de Almoster possuem apenas o ensino básico e 6,3% não apresentam qualquer
nível de escolaridade (INE, 2011), a abordagem dos conteúdos foi feita com recurso a metodo-
logias interativas e reflexivas.
A primeira ação de educação para a saúde “Promoção do Envelhecimento Ativo” rea-
lizada no dia 1 de maio de 2012 foi apresentada por mim e apenas compareceram seis idosos
Mestrado em Enfermagem Comunitária
30
Marisa Isabel Raposo Martins
(ANEXO IX). A fraca adesão esteve relacionada com o facto de ser feriado nacional, apesar de
ter sido divulgada informação que haveria atividade mesmo sendo feriado. Contudo, a presen-
ça de pouco idosos permitiu estabelecer um ambiente mais “intimista”, o que tornou esta ativi-
dade muito enriquecedora, na qual houve momentos de partilha de experiências de vida e
momentos de reflexão nomeadamente do conceito de saúde e envelhecimento.
Na atividade seguinte foi abordada a temática “Exercício Físico e Saúde” (Anexo X). A
escolha desta temática teve por base o problema identificado do sedentarismo. Para tal foram
utilizadas as recomendações da pesquisa bibliográfica efetuada onde refere que, para esta
faixa etária, é importante ressaltar os benefícios da atividade física moderada e regular na saú-
de, nomeadamente efeitos antropométricos, metabólicos, terapêuticos, cognitivos, psicosso-
ciais e efeito nas quedas. Devem-se privilegiar as atividades associadas à capacidade de exe-
cutar os gestos necessários ao auto cuidado, conduzindo desta forma ao bem-estar dos ido-
sos, tanto ao nível orgânico e psicológico como social. O Programa Nacional para a Saúde das
Pessoas Idosas (2004) recomenda, entre outras, informar as pessoas idosas sobre a atividade
física moderada e regular e as melhores formas de a praticar, e a manutenção de um envelhe-
cimento ativo, principalmente na fase da reforma (DGS, 2006).
A consecução desta atividade contou com a participação do professor de educação
física da Scalabisport. A atividade foi organizada por mim, embora a apresentação tenha sido
da responsabilidade do professor, contribuindo assim com uma intervenção mais alargada e
abrangente, e dessa forma mais completa. Esta sessão teórica, com duração de 30 minutos,
realizou-se no dia 8 de maio de 2012 seguindo-se a aula prática de ginástica, com o objetivo de
aplicar na prática os conhecimentos adquiridos na teoria. A realização da atividade contou com
a participação de dezasseis idosos. Esta situação ocorreu porque os participantes começaram
a divulgar positivamente as atividades, incentivando a que novas pessoas aderissem ao proje-
to.
Os indivíduos presentes foram ativamente envolvidos no processo de aprendizagem,
através da colocação de perguntas e relato das próprias experiências. Dos 16 participantes
apenas 1 referiu praticar exercício físico com regularidade, andar de bicicleta. Face ao que foi
anteriormente exposto, é urgente alterar os hábitos de vida sedentários dos idosos.
Atividade 2: “Voltar à escola”
O envelhecimento ativo e a solidariedade intergeracional são considerados elementos-
chave da coesão social, contribuindo para uma maior qualidade de vida à medida que as pes-
soas vão envelhecendo (DECISÃO nº 940/2011, http://eur-
lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2011:246:0005:0010:PT:PDF).
Hoje em dia, além da preocupação com a longevidade, há cada vez mais a preocupa-
ção com a qualidade de vida. Não se trata apenas da ausência de doenças físicas, mas sobre-
tudo de qualidade de vida em termos de bem-estar psíquico (VICTOR, et al. 2007,
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v41n4/25.pdf).
Mestrado em Enfermagem Comunitária
31
Marisa Isabel Raposo Martins
As ações de "intergeracionalidade" promovem a saúde mental do indivíduo idoso pos-
sibilitando-lhe bem-estar psicológico. Para o idoso, o contacto com a criança permite-lhe
aprender novas coisas, animá-lo e sentir-se útil. De acordo com AFONSO (2009), para os mais
velhos, estes momentos de interação permitem-lhes estimular as funções cognitivas e psicos-
sociais, bem como aumentar a sua autoestima no que diz respeito à sua integração e impor-
tância dentro da comunidade. A intergeracionalidade também traz benefícios para os mais
novos na medida em que, entre outros, permite aumentar a capacidade empática, os relacio-
namentos sociais e melhoria da sua perceção sobre o envelhecimento.
A atividade 2 intitulada “Voltar à escola” pretendeu promover a intergeracionalidade,
atenuando o problema identificado no grupo populacional em estudo, o isolamento social.
Segundo AFONSO (2009), para os mais velhos, estes momentos de interação permitem-lhes
estimular as funções cognitivas e psicossociais, bem como aumentar a sua auto-estima no que
diz respeito à sua integração e importância dentro da comunidade.
A atividade consistiu na preparação de um grupo de idosos para a representação de
um conto infantil, para apresentar posteriormente às crianças do jardim-de-infância e primeiro
ciclo da freguesia de Almoster. Para a sua consecução foi pedida colaboração à UTIs de San-
tarém no sentido de facultar o professor da disciplina de teatro para a encenação do conto
infantil, e aos professores das 3 escolas para cederem uma manhã do horário letivo para leva-
rem as crianças a assistir à peça.
Esta atividade suscitou desde logo grande interesse e expectativa por parte dos idosos,
pois de alguma forma tentam manter uma ligação a uma parte da vida que deixaram para trás.
A escolha do conto foi feita pelo grupo e optaram pela história do “Capuchinho Verme-
lho”. Houve necessidade de formar um grupo mais restrito para representar as personagens do
conto (6 idosos) e para fazer a sua narração (3 idosos). Também foram os idosos que, entre
eles, decidiram quem participaria na história e que personagem atribuir a cada um. Foi interes-
sante perceber que a organização do grupo bem como a atribuição das personagens foi ao
encontro das características pessoais de cada um. A título de exemplo: a personagem do
“Capuchinho Vermelho”, a que tinha uma intervenção maior ao longo da história (dançava,
apanhava flores do chão, etc.), foi representada por uma idosa extrovertida e com boa condi-
ção física.
No dia 29 de maio ocorreu o ensaio geral de preparação para a apresentação do conto
infantil. Foi curioso observar a grande envolvência por parte de todos nesta atividade. Apesar
do grupo que encenou a peça ser constituído apenas por 9 elementos, estiveram a assistir ao
ensaio 11 idosos.
No dia 8 de junho foi então apresentado o conto às crianças. No final da representação,
surgiu a ideia por parte de um idoso em convidar duas crianças para representarem a persona-
gem do “capuchinho vermelho” e do “lobo mau” em conjunto com as restantes personagens e,
desta forma voltou-se a apresentar a história. Foi um momento de grande diversão para todos
e no final as crianças entregaram pessoalmente a cada um dos participantes da história, uma
lembrança como forma de agradecimento por esta oportunidade de interação.
Mestrado em Enfermagem Comunitária
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Marisa Isabel Raposo Martins
Atividade 3: “Movimento é Saúde
O envelhecimento conduz a uma perda progressiva das aptidões funcionais do orga-
nismo. Essas alterações, nos domínios biopsicossociais, põem em risco a qualidade de vida do
idoso, por limitar a sua capacidade para realizar, com vigor, as suas atividades do quotidiano e
colocar em maior vulnerabilidade a sua saúde.
A adoção de estilos de vida mais saudáveis e uma atitude mais participativa na promo-
ção do autocuidado são fundamentais para se viver com mais saúde e por mais anos.
As principais barreiras para a prática do exercício físico na população idosa incluem:
saúde precária, receio de lesões e a inacessibilidade aos locais onde se realizam as atividades.
O mesmo autor ainda aponta como principais fatores associados à sua fraca adesão: atividade
profissional sedentária, tempo de lazer inativo e ocupação inativa (MATZUDO, 2009,
http://web.ebscohost.com/ehost/pdfviewer/pdfviewer?sid).
A realização da atividade 3 denominada “Movimento é Saúde” está diretamente rela-
cionada com a atividade 1, na qual foi apresentada uma sessão de educação para a saúde
sobre “Exercício Físico e Saúde”, mas numa vertente prática.
Esta atividade consistiu na realização de uma aula de ginástica e uma caminhada
ministrada/orientada pelo professor de educação física. A primeira ocorreu no seguimento da
sessão “Exercício Físico e Saúde”. Foram ensinados e treinados essencialmente os exercícios
associados à capacidade de executar os gestos necessários ao auto cuidado, como recomen-
dado na literatura consultada.
A opção pela caminhada também ocorreu pelo fato dos mesmos não apresentarem
uma atividade física regular, o que pode potencializar as alterações do processo de envelheci-
mento. Antes da sua realização foram avaliados os seguintes parâmetros: tensão arterial e
glicemia capilar, com a finalidade de identificar possíveis contraindicações para a prática desta
atividade, o que não se verificou. A par desta atividade os idosos foram esclarecidos sobre a
importância da prática contínua e regular do exercício físico.
Para a prática da caminhada, os idosos foram previamente orientados para a importân-
cia da utilização de vestuário e calçado adequado, como forma de prevenir traumatismos mús-
culo-esqueléticos, alimentação e hidratação (foi fornecida a cada um dos participantes uma
garrafa de água antes de iniciar a caminhada). Esta atividade decorreu a 15 de maio no horário
da manhã, das 10 às 10h45 num percurso ao ar livre pré-definido. Participaram nesta atividade
17 idosos. Logo após a caminhada foram realizados exercícios de alongamento durante 15
minutos, nomeadamente exercícios de alongamento dos músculos cervicais, da coluna torácica
e lombar, dos membros inferiores e superiores.
Atividade 4: “Viva Ativo”
A inexistência de recursos na comunidade para os idosos no âmbito das atividades
recreativas e de lazer e o isolamento social foram os problemas identificados que conduziram
Mestrado em Enfermagem Comunitária
33
Marisa Isabel Raposo Martins
ao planeamento da atividade 4 intitulada “Viva Ativo”. Aqui o conceito “ativo” não se refere ape-
nas ao estar fisicamente ativo, mas a uma participação ativa a nível social e cultural.
O conceito de isolamento social tem vindo a ser desenvolvido ao longo dos anos, após
o seu reconhecimento como um risco ara a saúde. Frequentemente é definido como a ausên-
cia de laços sociais ou relações (ARTHUR, citado por WILSON; HARRIS; HOLLIS; MOHAN-
KUMAR, 2010, http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer). O isolamento pode ocorrer atra-
vés da escolha do individuo em não se relacionar com os outros, mas com maior frequência,
trata-se da consequência de determinadas circunstâncias que conduzem à diminuição da
capacidade ou oportunidade do individuo interagir com os outros (WILSON et al., 2010,
http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer). Numa perspetiva de promoção da saúde do ido-
so, o isolamento pode ser evitado ou pode melhorar com as atividades ao ar livre e de grupo.
As pessoas idosas devem participar em atividades de grupo, atividades de aprendizagem e de
conhecimento de novos lugares.
A vantagem de se manter ativo consiste em poder integrar-se de uma forma mais
ampla na sociedade, evitando ou adiando, a diminuição dos contactos sociais e institucionais
Como definido pela OMS, o conceito “saúde” refere-se ao bem-estar físico, mental e
social, e não apenas à ausência de doença. O termo “bem-estar” foi criado com a finalidade de
ajudar a compreender a saúde de forma holística. Assim sendo, num projeto onde se pretende
promover um envelhecimento ativo, as atividade que promovem a saúde mental e relações
sociais são tão importantes quanto aquelas que melhoram as condições físicas de saúde (VIC-
TOR, et al., 2007, http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v41n4/25.pdf).
O bem-estar psíquico e intelectual, como a memória ou raciocínio, fundamentais no
envelhecimento ativo e saudável, também se protegem e promovem com cuidados permanen-
tes como, realização de jogos que estimulam raciocínio, manutenção de atividades dentro e
fora de casa (passeios, visitas), entre outros (MEIRELES, 2008,
http://www.saudepublica.web.pt/TrabCatarina/EnvelhecimentoActivoIdoso_CMeireles.htm).
Estudos efetuados na faixa etária dos 65 e mais anos revelaram que a manutenção de
interesses ocupacionais e de atividades recreativas proporcionam uma melhoria da qualidade
de vida à população idosa (MARTINS, 2010, http://www.ipv.pt/millenium/Millenium32/10.pdf.).
A inserção de idosos em atividades sociais tem sido reconhecida como valiosa para a
qualidade de vida deste segmento, com repercussões positivas na saúde. Sabe-se que a
recreação possibilita interações sociais, sentimentos agradáveis de alegria e bem-estar (VIC-
TOR, et al., 2007, http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v41n4/25.pdf).
Face ao exposto foi programada a atividade “Viva Ativo” na qual se realizaram ativida-
des recreativas em grupo, uma vez que, como afirma RODRIGUES (2007) referindo-se a
GREAVES; FARBUS (2006), as atividades sociais e lúdicas nos idosos que se encontram iso-
lados na comunidade aumentam a potencialidade da sua atividade cognitiva, assim como o
sentimento de autoestima, de identidade de grupo, e de bem-estar psíquico e físico, apesar das
limitações funcionais, diminuindo os sintomas de vulnerabilidade emocional e de depressão.
Isto sugere que a par do incremento do exercício físico, se devem associar atividades de con-
Mestrado em Enfermagem Comunitária
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Marisa Isabel Raposo Martins
texto social e ocupacional porque, para além de estimularem a atividade física e mental, tam-
bém proporcionam uma razão social para o convívio.
A convivência em grupo é importante para um equilíbrio biopsicossocial, reduzindo os
conflitos pessoais e ambientais, facilitando a socialização e oferecendo suporte social para
enfrentar as dificuldades que o envelhecimento traz.
Uma das atividades recreativas consistiu na realização de jogos lúdicos, estimulando a
memória, o raciocínio e a interação social entre os participantes. Nesta atividade colaboraram
comigo 2 alunas do curso de Animação Cultural e Educação Comunitária e uma Técnica do
serviço de Ação Social da Câmara Municipal de Santarém na seleção e implementação das
atividades a realizar. Esta intervenção foi efetuada no dia 22 de maio e contou com a participa-
ção de 20 idosos. É importante salientar o entusiasmo demonstrado por todos os participantes
na adesão aos diferentes jogos.
A outra atividade consistiu na organização de um passeio e uma visita fora da freguesia
de Almoster. A realização desta atividade prendeu-se com o facto de muitos idosos não possuí-
rem condições financeiras para se deslocarem a locais que gostavam de conhecer.
Inicialmente apenas foi programada uma visita guiada à Casa Museu Passos Canavar-
ro em Santarém. Esta visita já tinha sido programada em tempos pela Junta de Freguesia, mas
por diferentes motivos acabou por não se concretizar, ficando contudo a curiosidade por parte
deste grupo populacional em conhecer. Este passeio ocorreu em parceria da Câmara Municipal
de Santarém e da junta de freguesia de Almoster na cedência de transporte.
Posteriormente, já no decorrer das atividades planeadas, surgiu por parte dos idosos o
pedido para organizar uma ida ao teatro ver a peça “O melhor de Lá Féria”. Este desejo era
comum à maioria dos participantes, e há muito que manifestavam esta vontade junto do Presi-
dente da Junta de Freguesia, mas por razões financeiras vinha sendo adiada. Foram então
estabelecidos vários contactos e, em conjunto com a Junta de Freguesia foi programada a ida
ao teatro para o dia 19 de maio de 2012. Esta atividade contou com a participação de 30 ido-
sos.
Em suma, cuidar de pessoas idosas não é apenas responder às suas necessidades
básicas, mas sim garantir o alto nível de bem-estar e uma máxima utilização do seu potencial,
ou seja promovendo o envelhecimento ativo. Dado o aumento significativo de pessoas idosas,
é importante que se mantenham os interesses ocupacionais e se aumentem as atividades
recreativas tornando estes anos tardios da vida, satisfatórios e produtivos, promovendo a saú-
de nas suas várias dimensões.
1.2.1. Avaliação das atividades de intervenção no sistema idoso de Almoster
Avaliar consiste em comparar algo com um padrão ou modelo com o objetivo de corrigir
ou melhorar (IMPERATORI; GIRALDES, 1993). De acordo com STANHOPE; LANCASTER
Mestrado em Enfermagem Comunitária
35
Marisa Isabel Raposo Martins
(2011, p. 381), “a avaliação é a apreciação dos efeitos de uma atividade organizada ou pro-
grama.”
O projeto de intervenção “Clube Sénior: Fique Ativo, Viva Melhor” foi avaliado de forma
contínua ao longo da sua execução quanto à estrutura, processo e resultados. Para tal recor-
reu-se à observação participante e à entrevista informal. A observação participante permitiu
captar os comportamentos dos idosos (atitudes, expressões faciais) face às diversas atividades
implementadas. As entrevistas informais foram realizadas com o objetivo de avaliar o impacto
das experiências vivenciadas, nas várias atividades, na vida dos idosos. Para registar as infor-
mações obtidas recorreu-se ao diário de campo, realizado no decorrer ou no final de cada ati-
vidade através de anotações de falas e palavras-chave, e à fotografia.
No que respeita à estrutura do projeto, nomeadamente o espaço físico para a realiza-
ção das atividades (condições físicas e geográficas), os horários estabelecidos e duração, na
opinião dos participantes foi adequado e apropriado. Esta constatação resultou da captação de
algumas falas entre os participantes como por exemplo: “Aqui temos muito espaço, estamos à
vontade”. Apenas a referir que em termos geográficos, o facto de as atividades decorrerem na
sede de freguesia causou, numa fase inicial, algum transtorno aos idosos que habitavam nou-
tros lugares da freguesia e que não possuíam veículo próprio para se deslocar. Esta situação
foi ultrapassada com o apoio dos vizinhos que rapidamente se organizaram de forma a solu-
cionar o problema.
Quanto ao processo, a sua avaliação passou pela reflexão acerca da metodologia utili-
zada nas atividades desenvolvidas. Como foi referido anteriormente, a metodologia tem de
estar sempre adaptada à população alvo. Dado que o nível de escolaridade da população de
Almoster é baixo ou, numa percentagem significativa, mesmo inexistente, e atendendo à faixa
etária alvo das intervenções, optou-se pelo recurso a metodologias interativas e reflexivas e
utilização de materiais audiovisuais (diapositivos). Desta forma, pretendeu-se promover a dis-
cussão sobre os assuntos abordados recorrendo aos conhecimentos de cada um dos partici-
pantes, e valorizar as suas experiências de vida. De acordo com STANHOPE; LANCASTER
(2011, p. 309) “estar sentado a ouvir não é tao eficaz como uma discussão, mesmo quando a
apresentação é estimulante, interessante e dinâmica”. O envolvimento ativo dos participantes
permitiu aumentar o seu nível de motivação contribuindo de forma positiva para a sua aprendi-
zagem.
A avaliação dos resultados é uma parte particularmente importante do processo de
avaliação. O resultado pode ser medido tanto quantitativamente como qualitativamente (STA-
NHOPE; LANCASTER, 2011). Para a apreciação dos efeitos das atividades de intervenção na
comunidade recorreu-se a uma avaliação qualitativa, baseada na satisfação dos idosos face à
implementação das atividades desenvolvidas, uma vez que a avaliação da satisfação do utente
deve ser considerada como indicador de qualidade dos cuidados, e na compreensão do modo
como as atividades desenvolvidas promoveram a saúde dos participantes, na sua perspetiva,
procurando-se desta forma perceber se houve ganhos em saúde. Os ganhos em saúde são
entendidos como “resultados positivos em indicadores da saúde (…). Expressam a melhoria
Mestrado em Enfermagem Comunitária
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Marisa Isabel Raposo Martins
dos resultados” e traduzem-se, entre outros “por ganhos em anos de vida, pela redução de
episódios de doença ou encurtamento da sua duração (…), pelo aumento da funcionalidade
física e psicossocial e, ainda, pela redução do sofrimento evitável e melhoria da qualidade de
vida relacionada ou condicionada pela saúde (DGS, 2012, http://pns.dgs.pt/files).
A satisfação dos idosos, face às intervenções implementadas, foi avaliada tendo em
conta os seguintes itens: assiduidade, participação e interesse demonstrado. A adesão dos
idosos às atividades foi gradual. Na primeira atividade compareceram apenas seis idosos, con-
tudo o número de participantes foi aumentando semanalmente. Este facto pode justificar-se
pela divulgação positiva das atividades no ambiente comunitário, que conduziu à promoção do
projeto, incentivando a que novas pessoas procurassem integrar as atividades. É importante
ressaltar que os idosos que estiveram presentes aquando do primeiro encontro participaram ao
longo das diversas atividades. Em cada encontro havia quase sempre um elemento novo a
integrar o grupo. A excelente assiduidade dos idosos evidencia a satisfação em participar nas
atividades desenvolvidas. O interesse por fazer parte deste projeto do início ao fim também foi
demonstrado através de conversas entre elementos do grupo: “(…) gosto tanto de vir para
aqui. Tenho pena porque marcaram-me uma consulta para a próxima terça e assim não posso
vir”.
O facto de o grupo se encontrar satisfeito com as atividades desenvolvidas pode estar
na base do aumento da sua motivação em participar dessas mesmas atividades. Esta afirma-
ção vai ao encontro de estudos realizados nesta área, em que demonstraram que utentes
satisfeitos são mais colaborantes e encontram-se mais motivados para participar em planos
terapêuticos (ASCENSÃO, 2010).
Com o objetivo de avaliar se as atividades desenvolvidas influenciaram a saúde dos
idosos recorreu-se a entrevistas informais onde foram colocadas questões sobre a importância
das atividades nas suas vidas e de que forma influenciaram a sua saúde. Através destas entre-
vistas obtiveram-se diferentes relatos das vivências experienciadas. Os relatos foram poste-
riormente transcritos e categorizados em função da sua convergência. Para proceder à sua
categorização teve-se por base a definição de saúde como “um estado de funcionalidade e
bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença e enfermidade (TERRIS,
1975, citado por STANHOPE; LANCASTER, 2011).
Na perspetiva dos idosos as atividades desenvolvidas promoveram o bem-estar físico e
social.
Promoção da Saúde Física
O envelhecimento é um processo biológico intrínseco, progressivo e universal que con-
duz a uma perda progressiva das aptidões funcionais do organismo. O envelhecimento traz
consigo uma série de alterações fisiológicas que podem pôr em risco a qualidade de vida do
idoso, por limitar a sua capacidade para realizar com vigor as suas atividades do quotidiano,
colocando em maior vulnerabilidade a sua saúde (STANHOPE; LANCASTER, 2011).
Mestrado em Enfermagem Comunitária
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Marisa Isabel Raposo Martins
Perante estas possíveis alterações, a prática do exercício físico reveste-se de uma
crescente importância na medida em que contribui para a promoção e manutenção da saúde.
Alguns idosos referiram que as atividades desenvolvidas ajudaram a melhorar a apti-
dão física, quer pela aquisição de conhecimentos teóricos, quer pela componente prática, e
contribuíram para atenuar a problemática do sedentarismo. De seguida são apresentados
pequenos excertos das entrevistas efetuadas onde se tornam evidentes as afirmações anterio-
res.
“Os meus dias são sempre a mesma coisa. Levanto-me, faço as minhas coisinhas lá
de casa e depois sento-me a ver televisão. Quis participar em todas as atividades por-
que sempre saía de casa e tinha oportunidade de fazer coisas diferentes. Por exemplo,
há muito tempo que não dava uma caminhada e sei que me faz bem por causa dos
diabetes, mas sozinha não me apetece”.
“Gostei tanto das aulas de ginástica. Até parece que me sentia mais leve”.
“Foi muito bom ter aprendido a fazer alguns exercícios, que são muito simples, e que
nos podem ajudar a manter a capacidade para fazer as coisas do dia-a-dia sem ajuda
de outras pessoas”.
“Confesso que me custava sair de casa, mas assim que chegava ficava logo animada.
Tenho sempre muitas dores nos meus ossos, mas enquanto participava nas atividades
nem me lembrava delas”.
“Vir para aqui deixa-me tao bem-disposta. Até parece que ganho anos de vida”.
“As atividades trazem-me uma energia positiva, dão-me ânimo. Gostei muito da aula de
ginástica e da caminhada. Nunca fiz ginástica na minha vida, mas percebi que é impor-
tante para a minha saúde. Gostava de ter oportunidade de continuar”.
O projeto de intervenção Clube Sénior: Fique Ativo, Viva Melhor contribuiu para que os
idosos percebessem os benefícios da prática do exercício físico na sua saúde global. Dado que
o grupo tinha, na sua maioria, hábitos sedentários, os exercícios implementados foram ligeiros
para evitar efeitos nocivos, uma vez que existe uma diminuição da capacidade do organismo
em se adaptar a cargas elevadas. Pela limitação temporal do projeto não foi possível avaliar,
neste grupo, se a iniciação e continuação da atividade física traz mudanças significativas na
vida dos idosos. Contudo, os relatos descritos anteriormente deixam transparecer que a reali-
zação de atividades que promovem a capacidade de executar os gestos necessários ao auto
cuidado conduzem ao bem-estar dos idosos, pois contribui para a manutenção de uma vida
independente e autónoma. De acordo com MOREIRA; FERREIRA; MACIEL; SILVA; SANTOS
(2010, p. 1069, http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v44n4/30.pdf): “Manter os idosos funcionalmen-
te independentes é o primeiro passo para se atingir uma melhor qualidade de vida. Acrescen-
tam ainda que a participação dos idosos em atividades físicas leves e moderadas, são um
importante fator no retardo dos declínios funcionais, melhorando a sua saúde física e mental.
Mestrado em Enfermagem Comunitária
38
Marisa Isabel Raposo Martins
Também foi referido por alguns idosos boa disposição e ânimo quando participavam
nas atividades. Esta sensação de bem-estar pode estar relacionada com a libertação de endor-
finas e neurotransmissores, dos quais se destaca a serotonina promovida pela prática do exer-
cício físico (NUNEZ, 2009, http://web.ebscohost.com/ehost/pdfviewer/pdfviewer?sid).
A atividade física adaptada para a terceira idade é um exemplo que contribuiu para o
prolongamento do tempo de vida, fazendo com que o idoso deixe de ser sedentário para ser
uma pessoa ativa e em progresso.
Promoção da Saúde Social
O processo de envelhecimento conduz a alterações no quotidiano dos indivíduos, de
um modo geral, da desobrigação do cuidado com os filhos, diminuição da capacidade econó-
mica, perda do papel social e da identidade por rutura com a atividade profissional e os laços aí
estabelecidos. Estas mudanças exigem uma adaptação a novas situações e vivências que
levam frequentemente ao isolamento e à perda das relações sociais.
A integração dos idosos em atividades sociais tem sido reconhecida como valiosa para
a qualidade de vida deste grupo populacional, com repercussões positivas na sua saúde.
Alguns dos participantes entrevistados referiram que a participação nas atividades
implementadas promoveu uma maior interação social e ocupacional, considerando-a uma
mais-valia na melhoria do seu bem-estar.
“… em grupo é melhor, é o social.”
“Tenho pena de não poder vir mais vezes. Vivo sozinho e praticamente não tenho vizi-
nhos. Pelo menos enquanto estou aqui tenho alguém com quem conversar, estou dis-
traído e isso deixa-me animado.”
Adorei ir a Lisboa ver a peça de teatro. Aquele convívio na viagem…diverti-me tanto.
Nunca tive oportunidade de ir ao teatro, mas gostei tanto que se pudesse voltava.”
Gostei de participar em todas as atividades, mas em especial na preparação e apre-
sentação da história do capuchinho vermelho às crianças. Fez-me sentir útil porque
sabia que íamos deixar as crianças felizes.
Passo dias e dias sozinha e sem nada para fazer… sinto uma grande tristeza. Vir para
aqui e estar em grupo fez-me muito bem. Sinto-me mais alegre.
Pelos relatos acima descritos verifica-se que, tal como refere a literatura consultada, a
participação dos idosos em atividades de grupo favorece a vivência de um estado de plenitude
e bem-estar, que possibilita um reforço no seu sentido existencial (VICTOR, et al. 2007,
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v41n4/25.pdf).
Pode dizer-se então que a estimulação de interações sociais, em particular nos idosos,
é importante para um equilíbrio biopsicossocial, contribuindo assim para uma melhor qualidade
de vida.
Mestrado em Enfermagem Comunitária
39
Marisa Isabel Raposo Martins
Este projeto de intervenção possibilitou a grande parte destes idosos a oportunidade
de, pela primeira vez, terem acesso a determinados bens culturais, que por razões económi-
cas, por falta de oportunidade, ou por outros motivos, nunca tinham assistido a uma peça de
teatro ou visitado um museu.
MOREIRA, et al. (2010, http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v44n4/30.pdf), refere que para
alguns autores, a procura pelo lazer nesta fase de vida pode estar associada à fuga da solidão
e à possibilidade de desfrutar o tempo livre.
Pelo que foi referido anteriormente, os idosos viram de forma positiva o projeto, referin-
do a sociabilidade e o acesso à cultura, lazer e exercício físico como os fatores que influencia-
ram positivamente o seu bem-estar.
A enfermagem tem uma vasta capacidade criativa na prestação dos cuidados seja qual
for o sistema cliente alvo, independentemente do contexto, utilizando estratégias que favore-
cem a alegria e o bem-estar. Neste sentido, os enfermeiros devem desenvolver estratégias, em
especial na terceira idade, que promovam a saúde nos idosos.
Mestrado em Enfermagem Comunitária
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Marisa Isabel Raposo Martins
2. A PROMOÇÃO DA SAÚDE NOS IDOSOS
A saúde e a sua promoção ocupam hoje em dia um lugar preponderante em vários
setores, particularmente nos da saúde e educação.
O termo Promoção da Saúde tem vindo a ser discutido ao longo dos anos, tendo
começado a ser equacionado com a Declaração de Alma-Ata (1978), ao conceber a saúde
como uma produção social, apontando para a cooperação entre os vários setores da comuni-
dade e para o estímulo à participação social (STANHOPE; LANCASTER, 2011).
O amadurecimento destas ideias levou à realização da primeira Conferência Interna-
cional sobre Promoção da Saúde, em Ottawa (Canadá) em 1986. No mesmo documento defi-
niu-se o conceito de Promoção da Saúde. Neste documento, a promoção da saúde é vista
como o processo que capacita os indivíduos e a comunidade a controlarem a sua saúde, no
sentido de a melhorar. Este conceito reforça a responsabilidade e os direitos de cada um e da
comunidade pela sua própria saúde. Desta forma, a saúde é percebida como um recurso para
a vida e não como uma finalidade de vida (PORTUGAL. Ministério da Educação e Ciência.
Direção Geral de Educação, 2012, http://www.dgidc.min-
edu.pt/educacaosaude/index.php?s=directorio&pid=96).
A promoção da saúde desenvolve-se através da ação concreta e efetiva na comunida-
de, estabelecendo prioridades, tomando decisões, planeando estratégias e implementando-as
visando atingir melhor saúde. No centro deste processo encontra-se o reforço do poder
(empowerment) das comunidades, para que estas assumam o controlo dos seus próprios
esforços e destinos (PORTUGAL. Ministério da Educação e Ciência. Direção Geral de Educa-
ção, 2012, http://www.dgidc.min-edu.pt/educacaosaude/index.php?s=directorio&pid=96). Assim
sendo, o ganho de poder terá como principal finalidade auxiliar as pessoas a tornarem-se mais
independentes, fomentando a autoconfiança.
A partir da primeira conferência foram realizadas mais seis conferências internacionais
com a finalidade de consolidar e expandir a proposta de Promoção da Saúde, tendo a mais
recente ocorrido em 2009 no Quênia, na qual se reforçou a necessidade de implementar ações
reais de Promoção da Saúde, visando a melhoria das condições de saúde da população mun-
dial.
De acordo com STANHOPE; LANCASTER (2011), as atividades de promoção da saú-
de envolvem comportamentos que afetam positivamente o estado de saúde das pessoas, atra-
vés de adoção de hábitos saudáveis, mudança no estilo de vida, visando a cidadania e inser-
ção social.
Mestrado em Enfermagem Comunitária
41
Marisa Isabel Raposo Martins
“A promoção da saúde constitui um objetivo consensual da prática de enfermagem”
(STANHOPE; LANCASTER, 2011, p. 338). Para LEITE; CLAUDINO; SANTOS (2009,
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/cogitare/article/view/14142/9520), a enfermagem é um
instrumento de ação e efetivação do cuidar, sendo percebida como uma presença próxima e
aberta para o ser cuidado, lidando sempre com o processo dinâmico de saúde, adoecimento e
bem-estar de cada pessoa.
O foco dos enfermeiros comunitários é a promoção e manutenção da saúde e preven-
ção da doença, tendo como finalidade a melhoria da saúde dos indivíduos e da comunidade
com a colaboração dos outros membros da equipa de cuidados (STANHOPE; LANCASTER,
2011). De acordo com as mesmas autoras, melhorar a saúde da comunidade é o principal
objetivo da intervenção de enfermagem na medida em que, a saúde individual está relacionada
com a saúde da população como um todo.
Entende-se por saúde comunitária “a satisfação de necessidades coletivas através da
identificação de problemas e gestão de interações dentro da comunidade e entre a comunidade
e a sociedade alargada (STANHOPE; LANCASTER, 2011, p. 362).
No que respeita à promoção da saúde nos idosos, o enfoque deve estar voltado para o
bom funcionamento físico, mental e social, assim como à prevenção das doenças e incapaci-
dades. Tal enfoque foi proposto em Portugal, em 2004, com o Programa Nacional para a Saú-
de das Pessoas Idosas que pretende refletir a preocupação do setor da saúde pela necessida-
de em desmistificar estereótipos negativos ligados ao envelhecimento e contribuir para a pro-
moção de um envelhecimento ativo e saudável ao longo de toda a vida. Considera que a pro-
moção da saúde e os cuidados de prevenção, dirigidos às pessoas idosas, aumentam a longe-
vidade e melhoram a saúde e a qualidade de vida, ajudando desta forma a racionalizar os
recursos da sociedade (DGS, 2006).
A necessidade de assegurar uma abordagem preventiva nos cuidados aos idosos
levanta questões importantes para os enfermeiros que trabalham em ambientes de cuidados
de saúde primários e na comunidade. Nesse sentido, a enfermagem deve fortalecer a sua prá-
tica no que se refere ao cuidado gerontológico, priorizando a autonomia dos idosos, e atendi-
mento das necessidades biopsíquicas, socioculturais e espirituais, estimulando o autocuidado,
autodeterminação e a independência, de modo a manter sua capacidade e qualidade de vida
(FREITAS, et al., 2010, http://seer.ufrgs.br/RevEnvelhecer/article/viewFile/12836/11549)
As intervenções para a promoção da saúde incluem o encorajamento dos indivíduos
para adotarem estilos de vida saudáveis, ajudando-os a tomar consciência do seu próprio
poder para o conseguirem. Os enfermeiros especialistas em enfermagem comunitária, pelo seu
conhecimento profundo e contacto permanente com a comunidade, têm uma oportunidade
única de obter a liderança na promoção da saúde dos indivíduos, famílias e comunidades (OE,
2010).
Atendendo a que a enfermagem é uma ciência com os seus próprios saberes e auto-
nomia de intervenções, a sua prática é indissociável de uma atualização permanente de
conhecimentos. Deve então ser uma preocupação nossa do dia-a-dia refletir sobre a “prática”,
Mestrado em Enfermagem Comunitária
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Marisa Isabel Raposo Martins
de forma a aprofundar e consolidar conhecimentos, com vista à prestação de cuidados basea-
dos na evidência científica para que autonomamente possamos obter ganhos em saúde. A
aplicação, na prática clínica, do conhecimento mais atualizado e adequado permitir-nos-á fazer
face aos desafios colocados pelo mundo global em que vivemos.
Mestrado em Enfermagem Comunitária
43
Marisa Isabel Raposo Martins
3 – PERCURSO METODOLÓGICO
Na tomada de decisão clínica, os enfermeiros utilizam diversas fontes de conhecimen-
to, entre outras, a intuição, a tradição e a experiência. Porém, nem todas as fontes de conhe-
cimento são fiáveis e nem todas produzem, de forma consistente, resultados desejados. A prá-
tica de enfermagem deve ser continuamente revista, questionada e as decisões devem ser
tomadas com base na evidência científica, pois a utilização da investigação no apoio à prática
clínica conduzirá a melhores resultados no cliente e maior eficácia da prática (STANHOPE;
LANCASTER, 2011).
Na enfermagem, a prática baseada na evidência possibilita a melhoria da qualidade
dos cuidados prestados e incentiva o profissional de saúde a procurar conhecimento científico
proveniente de várias fontes como os estudos de investigação, evidência decorrente da expe-
riência e perícia em enfermagem e de líderes da comunidade. Uma das abordagens que permi-
te aos enfermeiros a mobilização de evidências a partir de investigação produzida nas áreas de
interesse é a revisão sistemática.
De acordo com RYCHETNICK, et al, 2003 citado por STANHOPE; LANCASTER (2011,
p. 293), a revisão sistemática é “um método de identificação, avaliação e síntese da evidência
da investigação. O objetivo é avaliar e interpretar toda a investigação disponível que seja rele-
vante para uma dada pergunta de investigação”.
Com o objetivo de comparar e complementar as intervenções que foram implementa-
das ao sistema idoso de Almoster com as evidências científicas, recorri à revisão sistemática
da literatura. Na operacionalização da revisão foram percorridas as seguintes etapas: conce-
tualização teórica da temática em estudo, formulação da questão de investigação, estabeleci-
mento de critérios para seleção dos estudos, avaliação dos estudos encontrados e por fim
interpretação dos resultados.
Para conduzir a revisão sistemática foi formulada a seguinte questão de investigação,
no formato PI[C]O: “Que estratégias os enfermeiros utilizam para (Intervenção) promover a
saúde (Outcomes) dos idosos na comunidade (População)?” No Anexo XIII encontram-se os
critérios subjacentes à elaboração da questão de investigação.
As palavras-chave foram todas validadas como descritores na plataforma MeSH-
BROWSER. No que respeita à hierarquização das palavras-chave parti de conceitos transver-
sais à Enfermagem Nurs* até chegar a conceitos mais específicos relacionados com a temáti-
ca em estudo direcionados para a questão PI[C]O Health Promotion e Older Adults. Poste-
riormente, através do Sítio da Ordem dos Enfermeiros-Área Reservada, acedi à plataforma
EBSCO e selecionei as seguintes bases de dados: CINAHL Plus with full text; MEDLINE with
full text; Cochrane Database of Systematic Reviews, Nursing & Allied Health
Mestrado em Enfermagem Comunitária
44
Marisa Isabel Raposo Martins
Collection Compreensive e MedicLatina. A opção por estas bases prendeu-se com o
facto de estarem relacionadas com a área da saúde em geral e da enfermagem em particular.
Tendo em vista a obtenção de artigos cujo conteúdo fosse ao encontro do estudo, foi
definido como modo de pesquisa: “Localizar todos os meus termos de pesquisa” e definidos
como limitadores gerais de resultados: “Texto completo em PDF”; e “Data de Publicação” dos
artigos no período de Janeiro de 2008 a Junho de 2013. A aplicação do filtro cronológico de
cinco anos teve como objetivo encontrar a evidência científica mais recente que respondesse à
questão definida. Para cada base de dados selecionadas foram definidos limitadores específi-
cos, como se pode verificar no Anexo XIV. Com a finalidade de selecionar apenas os artigos
que respondessem à questão PI[C]O, foram estabelecidos critérios de inclusão e exclusão
(Anexo XV).
A identificação das palavras-chave foi realizada no contexto AB Abstract, de forma
individual e posteriormente efetuei o cruzamento entre todas, como se pode verificar no Anexo
XVI. Após o cruzamento de todas as palavras-chave obtiveram-se 14 artigos. Pela leitura dos
títulos, e tendo em conta os critérios de inclusão e exclusão anteriormente estabelecidos foram
eliminados, a priori, os artigos 3 e 13 por se encontrarem repetidos em mais de uma base de
dados, o artigo 5 por se tratar de um estudo que não inclui a faixa etária pretendida, e o artigo
11 por remeter para o cuidado em contexto hospitalar. Aos restantes 10 “registos” foi efetuada
a leitura dos respetivos resumos. Os artigos 7 e 10 foram excluídos por não apresentarem
metodologia científica, tratando-se de artigos reflexivos, e os artigos 2, 4, 6, 12 e 14 não vão,
de forma clara, ao encontro da questão de investigação.
Deste modo, mobilizaram-se as evidências científicas dos Registo 1 (Anexo XVII), 8
(Anexo XVIII) e 9 (Anexo XIX), para a elaboração da análise reflexiva. Para proceder à análise
dos diversos artigos foram elaborados quadros que se encontram no Anexo XX, nos quais
foram explicitados os seguintes parâmetros: Estudo (Título, autor(es), e ano), Participantes,
Intervenções, Resultados, N.º de Artigo, Nível de Evidência (escala de sete níveis1) e Tipo de
estudo.
3.1 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE REFLEXIVA DOS RESULTADOS
A preocupação com a saúde das pessoas idosas tem crescido nas últimas décadas,
resultante do aumento da longevidade da população mundial. O envelhecimento da população,
os avanços tecnológicos e as restrições orçamentais têm levado a grandes reformas da saúde
1 Nível I: Revisão Sistemática ou Meta-análise de estudos experimentais relevantes ou, guidelines da
prática clínica baseada em revisões sistemáticas; Nível II: Estudo experimental; Nível III: Estudo Experi-
mental sem randomização; Nível IV: Estudos Caso-Controlo ou Coorte; Nível V: Revisão sistemática de
estudos descritivos e qualitativos; Nível VI: Estudo Descritivo e Qualitativo; Nível VII: Opiniões de autori-
dades e relatórios de comités experts. (GUYATT, RENNIE, 2002).
Mestrado em Enfermagem Comunitária
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Marisa Isabel Raposo Martins
em todo o mundo. De acordo com WILSON et al. (2010,
http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer), as doenças que advêm do envelhecimento reve-
lam-se de uma importância adicional para os idosos, ao reduzir a sua saúde e bem-estar. Nes-
te sentido, a evolução demográfica não deve ser vista como um problema mas como uma opor-
tunidade de promover a saúde e a independência dos idosos, com recurso a estratégias pre-
ventivas que permitam manter e melhorar a saúde deste grupo etário.
Os enfermeiros, pela sua visão holística da saúde e bem-estar e enquanto agentes
promotores de saúde, devem acompanhar as mudanças sociais e contribuir para o bem-estar
físico, psicológico e social da sua população alvo. Para além disso, o Enfermeiro Especialista
de Enfermagem Comunitária, segundo a OE (2010, p.32) deve ter “competência científica, téc-
nica e humana para prestar, além de cuidados gerais, cuidados de enfermagem especializada
na área clínica da sua especialidade”.
O presente subcapítulo visa proceder a uma análise reflexiva das atividades desenvol-
vidas na prática clinica com os resultados da evidência científica, obtidos pelo recurso à meto-
dologia PI[C]O.
Com vista à resolução dos problemas identificados no diagnóstico de saúde efetuado
aos idosos da freguesia de Almoster: sedentarismo, isolamento social e oportunidades de dis-
tração insuficientes, desenvolvi o projeto de intervenção comunitária “Clube Sénior: Fique Ati-
vo, Viva Melhor”. A concetualização teórica, com recurso a base de dados científicas e
manuais, permitiu delinear as estratégias de intervenção para fazer face aos problemas encon-
trados no sistema cliente em estudo.
A manutenção de hábitos saudáveis ao longo da vida é fundamental para se envelhe-
cer com saúde. O sedentarismo, combinado a outros fatores de risco contribui para a ocorrên-
cia de doenças crónicas. O diagnóstico de situação efetuado revelou que o sedentarismo ocu-
pa grande parte do tempo dos idosos, com todas as consequências negativas para a saúde
que acarreta. A atividade física adequada nos idosos permite manter e melhorar, entre outros,
a força, o equilíbrio, a função cognitiva o que se reflete numa melhoria da sua qualidade de
vida e independência. Promover a atividade física é, por esta ordem de pensamento, a via indi-
reta ao estímulo mental. Neste sentido, foram implementadas atividades que fomentassem a
prática da atividade física (Movimento é Saúde) e realizadas ações de educação para a saúde
(Viver com Saúde) com o objetivo de transmitir ao grupo alvo informação necessária e com-
preensível sobre a importância do envelhecimento ativo e dos benefícios da prática da ativida-
de física na saúde, capacitando os idosos a fazerem escolhas saudáveis, promovendo desta
forma a sua saúde.
Um estudo realizado nos EUA por WILLIAMS; KEMPER (2010,
http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer/pdfviewer?sid) acerca da promoção do envelheci-
mento cognitivo saudável nos idosos, corrobora a importância da implementação destas ações,
na medida em que identificou a atividade física, a alimentação e a socialização como fatores
adicionais para a manutenção da capacidade cognitiva no envelhecimento. No que respeita à
atividade física, a maioria dos relatórios de investigação analisados referem que a atividade
Mestrado em Enfermagem Comunitária
46
Marisa Isabel Raposo Martins
física beneficia a preservação do desempenho cognitivo no envelhecimento. As autoras refe-
rem que os enfermeiros se encontram numa posição excecional para aconselhar os idosos
sobre a promoção da saúde cognitiva e desenvolver ações de intervenção que otimizem a cog-
nição nos idosos. Apontam como estratégia de intervenção a realização de sessões de aconse-
lhamento aos pacientes sobre os efeitos benéficos da atividade cognitiva, da prática do exercí-
cio físico, a interação social e alimentação equilibrada na saúde cognitiva.
Pelo que foi explicitado anteriormente, as ações de educação para a saúde sobre a
importância do envelhecimento ativo e do exercício físico, bem como a atividade física imple-
mentada (caminhada e aula de ginástica) no projeto de intervenção “Clube Sénior: Fique Ativo,
Viva Melhor” vão ao encontro das evidências científicas que promovem o envelhecimento cog-
nitivo bem-sucedido nos idosos.
O isolamento social acarreta sérios riscos para a saúde dos idosos, com impactos
emocionais desagradáveis. Outras consequências graves do isolamento social como a depres-
são, a desnutrição, várias doenças agudas ou crónicas ou até mesmo a morte prematura, iden-
tificada entre idosos socialmente excluídos, têm-se tornado cada vez mais evidentes. Assim,
promover hábitos de vida saudáveis é fundamental para prevenir o isolamento social (WILSON,
et al., 2010, http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer).
No que respeita ao problema identificado no diagnóstico de situação de saúde “isola-
mento social”, vários são os fatores que possivelmente estão na origem desta problemática. De
acordo com os dados obtidos nos Censos 2011, 61% da população idosa da freguesia de
Almoster vive só, o que por si já torna estas pessoas mais suscetíveis ao isolamento social. As
limitações na mobilidade, a fraca rede de transportes públicos, a desertificação populacional e
a dispersão dos lugares da freguesia conduzem à diminuição da capacidade ou oportunidade
dos idosos para interagir com os outros. Caso não se intervenha, existe uma forte possibilidade
do isolamento social aumentar exponencialmente.
Segundo WILSON, et al. (2010, http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer), os
enfermeiros são um grupo-chave na identificação e na defesa de ações necessárias à preven-
ção do isolamento social pois, dado os diferentes contextos em que trabalham, podem detetar
diretamente idosos em risco. Acrescentam ainda que estes profissionais de saúde são funda-
mentais para garantir que o isolamento social nos idosos seja compreendido e tratado, antes
que o rápido envelhecimento da população torne o isolamento social num problema ainda
maior do que o é atualmente.
O estudo desenvolvido pelos autores supracitados identificou estratégias que permite
aos enfermeiros prevenir o isolamento social nos idosos em risco. Para determinar quais os
idosos suscetíveis de isolamento social é necessária uma consulta inicial de enfermagem
abrangente, na qual se possam reconhecer fatores conducentes ao isolamento social, e a rea-
lização de triagens nas visitas domiciliárias. Feita esta identificação é necessário planear inter-
venções. Para tal é preciso o envolvimento de vários setores como os transportes, os serviços
sociais e a saúde. Nos trabalhos de investigação analisados por WILSON, et al. (2010,
http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer) as estratégias que provam ser eficazes na redu-
Mestrado em Enfermagem Comunitária
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Marisa Isabel Raposo Martins
ção do isolamento social são: as ações de educação para a saúde, a grupos da comunidade,
sobre a importância de se desenvolverem atividades para aumentar a interação social entre
idosos, encorajando os participantes a serem pró-ativos nas suas necessidades de apoio
social. Outra estratégia para prevenir o isolamento social é o “Befriending”, que consiste em
criar laços de amizade. Nestes programas, os idosos são recrutados e treinados para serem
mentores seniores de saúde trabalhando diretamente com os seus pares individualmente ou
em grupo. A troca de conhecimento e experiências partilhados entre participantes podem tam-
bém encorajar a adoção de práticas de saúde positivas. Para que estes programas se mante-
nham é necessário a criação de espaços para que os idosos se encontrem e socializem, atra-
vés de jogos de cartas ou outras atividades. Para finalizar, a evidência científica mostra-nos
que o preconceito para com o envelhecimento e os idosos tem inúmeros impactos, nomeada-
mente o sentimento de insignificância, comprometendo desta forma a participação dos idosos
na sociedade (LILLYMAN; LAND, 2007, citado por WILSON, et al., 2010,
http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer).
Na sociedade atual em que vivemos, com uma estrutura etária envelhecida, é paradoxo
verificar que ao mesmo tempo em que se promove o aumento da esperança média de vida,
ainda não se valoriza o idoso. O não reconhecimento do valor deste grupo populacional faz
emergir a necessidade de uma mudança. O estudo realizado por WILLIAMS; KEMPER (2010,
http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer/pdfviewer?sid) concluiu que a implementação de
ações de intergeracionalidade aumentam a atividade cognitiva nos idosos. Neste sentido, as
ações de intergeracionalidade revelam-se benéficas pois promovem a saúde mental dos idosos
na medida em que aumentam o sentimento de utilidade. Perante estes resultados parece-me
pertinente sugerir que os enfermeiros, pelos vários contextos onde prestam cuidados, podem
assumir a liderança de forma a retomar o envolvimento entre as múltiplas gerações, promo-
vendo assim o envelhecimento cognitivo saudável.
Tal como refere ENGEL (2006), citado por WILSON et al. (2010,
http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer) os enfermeiros ocupam uma posição privilegiada
para promover a saúde e utilizar a sua orientação social para desenvolverem cuidados biopsi-
cossociais preventivos alargados, para além dos tradicionais cuidados de saúde.
Para dar resposta aos problemas identificados de isolamento social e oportunidades de
distração insuficientes, foram implementadas no projeto de intervenção “Clube Sénior: Fique
Ativo, Viva Melhor” as seguintes atividades “Voltar à escola” e “Viva Ativo”. Os resultados dos
estudos analisados vêm comprovar que as atividades desenvolvidas são consonantes com a
evidência científica.
Relativamente à atividade Voltar à escola, a opção pela representação do conto infantil
recaiu no facto de ser uma atividade mais fácil de executar tendo em conta a limitação temporal
do estágio. Numa fase inicial propus, à Professora Coordenadora do Agrupamento das Escolas
de Almoster, a deslocação de grupo de idosos à escola para ensinar as crianças a fazer brin-
quedos artesanais, partilhando desta forma a sua sabedoria e as suas experiências de criança.
Contudo esta atividade não foi possível realizar-se dado que se estava a aproximar o final do
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Marisa Isabel Raposo Martins
ano letivo as atividades já estavam todas programadas e era necessário cumpri-las. A imple-
mentação da atividade de intergeracionalidade foi ao encontro do que preconiza WILSON et al.
(2010, http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer) na medida em que, afirma que os conse-
lhos diretivos das escolas podem ser influenciados pelos enfermeiros, de modo a assegurar
que o trabalho intergeracional seja por estes encarado como uma importante oportunidade de
aprendizagem para os alunos.
A atividade “Viva Ativo” visou promover a saúde mental através da interação entre os
idosos. O estabelecimento de um local fixo para a realização das atividades foi, tal como dizem
WILSON et al. (2010, http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer), fundamental para que as
interações sociais tivessem ocorrido. A realização de atividades lúdicas (dinâmica de apresen-
tação, jogos de mesa, terapia do riso), implementadas no projeto de intervenção comunitária,
pretenderam estimular a memória, o raciocínio e a interação entre os participantes. Trabalhos
de investigação analisados por WILLIAMS; KEMPER (2010,
http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer/pdfviewer?sid) determinaram que a interação
social e as atividades produtivas, reduzem as consequências da mortalidade, da mesma forma
que o exercício físico. Referem que as intervenções cognitivas que promovem o envelhecimen-
to cognitivo saudável consistem no treino de memória, como por exemplo o jogo de xadrez.
Referem também que os enfermeiros devem sistematicamente aconselhar os pacientes a par-
ticipar em atividades cognitivamente desafiantes. Assim sendo, as atividades sociais e lúdicas
desenvolvidas no projeto potenciaram a atividade cognitiva dos idosos e o seu bem-estar psí-
quico.
Devemos fomentar então o convívio e a afetividade, dinamizando grupos de idosos,
uma vez que os resultados de um estudo realizado por LEUVEN (2010,
http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer/pdfviewer?sid) revelam que o envolvimento social
é um importante fator associado à perceção de saúde e, consequentemente, ao envelhecimen-
to bem-sucedido. Os idosos que se autoavaliam como saudáveis estão mais envolvidos com a
família e comunidade e demonstram uma maior resiliência face à mudança. Revela também um
outro dado que me parece importante refletir sobre ele. Os profissionais de saúde referem que
é importante encorajar a autonomia dos idosos contudo, à observação, verificou-se que os
residentes institucionalizados são prevenidos de andar e mantidos sistematicamente com fralda
justificando-se com a tensão existente entre segurança e autonomia. Estas práticas em nada
fomentam a promoção da autonomia à medida que se envelhece, bem pelo contrário, promo-
vem a dependência cada vez maior dos profissionais de saúde, podendo até contribuir para
uma sensação de inutilidade. Apesar deste trabalho de investigação não ter estudado as estra-
tégias que promovem o envelhecimento saudável, com base nos resultados encontrados a
autora sugere que os enfermeiros devem avaliar as necessidades de interação dos idosos, e
analisar cuidadosamente as atividades disponíveis e a capacidade dos idosos em se envolve-
rem nessas mesmas atividades.
Em suma, os três estudos analisados refletem sobre questões fundamentais dos efei-
tos do envelhecimento demográfico e do papel preponderante que os enfermeiros podem
Mestrado em Enfermagem Comunitária
49
Marisa Isabel Raposo Martins
desempenhar na promoção da saúde dos idosos. O facto de terem sido publicados em 2010
mostra também uma preocupação crescente e atual sobre esta temática.
Perante a complexidade do fenómeno do envelhecimento é urgente que se tracem
estratégias, para responder ao desafio demográfico que é uma tarefa de grande responsabili-
dade para todos os setores da sociedade.
O enfermeiro especialista em enfermagem comunitária pelas competências que vai
adquirindo ao longo da sua formação tem capacidade para, tendo por base a prática baseada
na evidência, desenvolver estratégias que promovam um envelhecimento ativo e saudável de
forma a melhorar a qualidade de vida dos idosos, proporcionando efetivos ganhos em saúde.
Contudo, estou ciente que ainda são muitos os caminhos a percorrer para atingir esse objetivo.
Mestrado em Enfermagem Comunitária
50
Marisa Isabel Raposo Martins
4 - CONCLUSÃO
O envelhecimento é um processo que ocorre naturalmente em todos os seres humanos
e caracteriza-se por alterações físicas, sociais e psicológicas que variam de indivíduo para
indivíduo. O envelhecimento demográfico é um fenómeno atual da nossa sociedade que vem
determinar novas necessidades em saúde pelo que é fundamental que se tracem estratégias
para responder a este desafio de forma a minimizar as implicações socias, políticas e económi-
cas que acarreta.
O enfermeiro especialista em Enfermagem Comunitária deve possuir conhecimentos
científicos e técnicos adequados e atualizados para prestar cuidados de saúde ao mais alto
nível. Perante uma sociedade cada vez mais exigente no que respeita à qualidade dos cuida-
dos prestados, os enfermeiros que desenvolvem a sua prática centrada na comunidade devem
responder adequadamente às carências e necessidades detetadas proporcionando ganhos em
saúde.
A evidência científica mostra-nos que do ponto de vista funcional, quanto mais ativo for
o idoso, maior será o seu grau de integração social. Neste sentido, uma das grandes metas
para a saúde é o de oferecer cuidados de saúde que tenham em conta as dimensões biopsi-
cossociais dos idosos.
Relativamente à comunidade de Almoster, o envelhecimento demográfico e as suas
consequências são uma realidade presente nesta freguesia, como demonstrou o Diagnóstico
de Saúde. Assim, face aos problemas encontrados, desenvolvi e implementei o projeto de
intervenção comunitária “Clube Sénior: Fique Ativo, Viva Melhor”, fomentando a promoção da
saúde dos idosos.
A realização do MEC foi um importante contributo para o meu crescimento e desenvol-
vimento enquanto pessoa e profissional. A Unidade Curricular Estágio II possibilitou-me a aqui-
sição de competências específicas e o desenvolvimento e aprofundamento de outras como a
capacidade de iniciativa, criatividade, comunicação e trabalho em equipa.
Tendo por base o preconizado pela OE (2010), concluo que a Unidade Curricular Está-
gio II permitiu dar resposta a pelo menos duas das competências específicas do enfermeiro
especialista em enfermagem comunitária: “Estabelecer, com base na metodologia do Planea-
mento em Saúde, a avaliação do estado de saúde de uma comunidade”, e “Contribuir para o
processo de capacitação de grupos e comunidades”.
Inicialmente elaborei um diagnóstico de situação de saúde, no qual identifiquei, tendo
por base as metodologia do Planeamento em Saúde, os principais problemas de saúde dos
idosos da freguesia de Almoster. Posteriormente desenvolvi o projeto de intervenção comunitá-
ria designado “Clube Sénior: Fique Ativo, Viva Melhor” com vista à resolução desses
Mestrado em Enfermagem Comunitária
51
Marisa Isabel Raposo Martins
problemas. Deste modo, posso concluir que a realização do estágio II permitiu adquirir compe-
tências ao nível do planeamento em saúde, colocando assim em prática os conhecimentos
adquiridos na teoria.
A competência “Integra a coordenação dos Programas de Saúde de âmbito comunitário
e na consecução dos objetivos do Plano Nacional de Saúde” também foi atingida na medida
em que este projeto de intervenção comunitária implementou e promoveu atividades conducen-
tes a um dos objetivos do Plano Nacional de Saúde (2012-2016), nomeadamente “Promover
contextos favoráveis à saúde ao longo do ciclo de vida. Para a faixa etária do grupo alvo, o
Plano Nacional de Saúde preconiza que as intervenções se baseiem nos princípios da auto-
nomia, participação ativa, auto realização e dignidade da pessoa idosa (DGS, 2012, p. 7).
Relativamente à competência “Realiza e coopera na vigilância epidemiológica de âmbi-
to geodemográfico, apesar de passar particularmente pela intervenção das estruturas da Saú-
de Pública, a apreciação do sistema cliente em estudo quer pela compilação de dados já exis-
tentes, quer pela colheita de dados efetuada através de entrevistas aos informantes-chave e de
análise de dados estatísticos, permitiu-me sistematizar indicadores necessários para elaborar o
perfil epidemiológico dos idosos da freguesia de Almoster.
Julgo desta forma ter conseguido ampliar o meu leque de competências, adquirindo
algumas e desenvolvido outras, de uma forma concertada e organizada, tendo em vista o
desenvolvimento de cuidados especializados em Enfermagem Comunitária.
Sendo que o meu percurso profissional se tem desenvolvido em cuidados de saúde
diferenciados, onde o alvo dos cuidados é o indivíduo, a frequência deste curso de mestrado e
especialização foi um verdadeiro desafio, na medida em que a prática é orientada para a
comunidade como cliente. Também contribuiu para perceber a importância que a intervenção
global e contínua do enfermeiro especialista em Enfermagem Comunitária tem no seio da
comunidade. No meu contexto de prática de cuidados contribuiu para uma visão mais ampla do
indivíduo a quem presto cuidados.
Tendo em conta a complexidade do trabalho surgiram algumas dificuldades, nomea-
damente no que respeita ao período temporal destinado à elaboração dos objetivos e à imple-
mentação do projeto. A conciliação das horas de estágio com o horário de trabalho e, por sua
vez, aliar as responsabilidades familiares com o trabalho também foi outra dificuldade sentida.
Pretendi com este relatório analisar de forma objetiva e reflexiva as atividades desen-
volvidas e as experiências relevantes no processo de formação, dando ênfase ao desenvolvi-
mento e à aquisição de novas competências na prestação de cuidados especializados de
enfermagem comunitária. A análise reflexiva efetuada de todo o percurso revelou-se construti-
va e enriquecedora, na medida em que contribuiu para uma auto-consciencialização das capa-
cidades adquiridas.
No que se refere ao trabalho desenvolvido, considero ter atingido os objetivos delinea-
dos para a obtenção do grau de Mestre em Enfermagem Comunitária. Para tal também foram
importantes os contributos da Professora Orientadora, bem como dos elementos da equipa da
UCC de Santarém e dos parceiros sociais estabelecidos. Por tudo o que foi explicitado ante-
Mestrado em Enfermagem Comunitária
52
Marisa Isabel Raposo Martins
riormente e apesar do esforço despendido para a sua conclusão, o curso de MEC traduziu-se
numa experiência enriquecedora e gratificante ao nível pessoal e profissional.
Mestrado em Enfermagem Comunitária
53
Marisa Isabel Raposo Martins
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Mestrado em Enfermagem Comunitária
54
Marisa Isabel Raposo Martins
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57
Marisa Isabel Raposo Martins
AANNEEXXOOSS
Mestrado em Enfermagem Comunitária
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Marisa Isabel Raposo Martins
AAnneexxoo II
Projeto de Estágio
3
Instituto Politécnico de Santarém
Escola Superior de Saúde de Santarém
2º CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM COMUNITÁRIA
Unidade Curricular: Estágio II e Relatório
Projeto de Estágio II
Santarém, maio 2012
A mestranda:
Marisa Martins nº100431016
Professor Orientador:
Professora Maria Rosário
Machado
Enfª Orientadora:
Enfermeira Ana Silva
2
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 2
1 – BREVE CARACTERIZAÇÃO DA UCC DE SANTARÉM 4
2 – PARTICULARIDADES DA FREGUESIA DE ALMOSTER 5
3 – ENVELHECIMENTO ATIVO 6
4 – PLANO DE ATIVIDADES A DESENVOLVER NO ESTÁGIO 8
5 – CRONOGRAMA DE ATIVIDADES 12
6 – CONCLUSÃO 13
7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 14
Mestrado em Enfermagem Comunitária
3
INTRODUÇÃO
A enfermagem comunitária e de saúde pública desenvolvem uma prática global
centrada na comunidade. O envelhecimento populacional, as mudanças nos indicado-
res de morbilidade e a emergência das doenças crónicas conduzem a novas necessida-
des em saúde, pelo que tem sido reconhecido o papel determinante dos cuidados de
saúde primários na capacidade de resposta na resolução de problemas colocados pelos
cidadãos com o objetivo de formar uma sociedade forte e dinâmica (ORDEM DOS
ENFERMEIROS, 2010).
Neste sentido, o enfermeiro especialista de enfermagem comunitária e de saú-
de pública, assume um entendimento sobre as respostas humanas aos processos de
vida e aos problemas de saúde e uma elevada capacidade para responder adequada-
mente às necessidades dos clientes, proporcionando ganhos em saúde. É da compe-
tência do enfermeiro especialista, a participação na avaliação multicausal e nos pro-
cessos de tomada de decisão dos principais problemas de saúde pública e no desen-
volvimento de programas e projetos de intervenção com vista à capacitação das
comunidades na consecução dos projetos de saúde coletiva e ao exercício da cidadania
(OE, 2010).
O estabelecimento de programas e projetos de intervenção e a respetiva ava-
liação, com o objetivo de resolver os problemas identificados na primeira etapa, diag-
nóstico de enfermagem comunitária, é um elemento importante face à promoção do
máximo potencial de saúde da comunidade.
O estágio II do 2º CMEC corresponde ao ensino clínico do 3º semestre e decor-
re no contexto de cuidados de saúde comunitária, em continuidade com o estágio
anterior. Deste modo será realizado na UCC de Santarém, tem uma duração de 18
semanas, iniciando-se a 27 de Fevereiro e terminando a 6 de Julho.
Estava inicialmente previsto que o presente estágio fosse desenvolvido na
comunidade da Póvoa da Isenta, onde foi efetuado o diagnóstico de saúde na área da
Mestrado em Enfermagem Comunitária
4
ocupação, dando então seguimento ao trabalho já iniciado. Contudo, surgiu a sugestão
por parte da enfermeira orientadora em mudar o local de estágio para a freguesia de
Almoster dado que na Póvoa da Isenta já estava a ser implementado um projeto de
intervenção comunitária.
A mudança para a freguesia de Almoster foi aceite pelos seguintes motivos:
1. Na Póvoa da Isenta já foi realizado um diagnóstico da situação de saúde na área
da ocupação à população com mais de 75 anos. Desta forma foram identifica-
dos os problemas existentes nesta atividade de vida, havendo portanto uma
cobertura assegurada para se poder intervir na comunidade. A freguesia de
Almoster não tem qualquer estudo efetuado e por conseguinte a realização do
estágio da especialidade em enfermagem comunitária será uma mais-valia na
medida em que se poderão diagnosticar problemas para posteriormente se
intervir.
2. Dando continuidade à temática desenvolvida no primeiro estágio, atrás referi-
da, e sendo 2012 o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade
entre Gerações há todo o interesse que as intervenções comunitárias a desen-
volver abranjam o maior número de idosos possíveis. Neste sentido, a freguesia
de Almoster tem praticamente o dobro de pessoas com 65 ou mais anos que a
freguesia da Póvoa da Isenta, como é visível nos resultados preliminares dos
Censos 2011 (521-279 indivíduos respetivamente).
Para melhor entender o percurso, foi elaborado o planeamento formal das ati-
vidades de estágio com a finalidade de guiar os passos do aluno e demonstrar, em
linhas gerais, o que se pretende fazer.
Tendo em vista a operacionalização do presente de estágio, foram propostos
no programa de estágio os seguintes objetivos gerais:
1. Aprofundar a análise de situações de saúde/doença no contexto da enferma-
gem comunitária;
2. Desenvolver estratégias de intervenção em enfermagem comunitária e de
saúde familiar em contexto transdisciplinar;
Mestrado em Enfermagem Comunitária
5
3. Criticar os resultados das intervenções de enfermagem no contexto dos cuida-
dos especializados em enfermagem comunitária e de saúde familiar.
A partir dos objetivos gerais atrás descritos serão traçados os objetivos especí-
ficos, as atividades a desenvolver, os intervenientes bem como a duração das mesmas.
Este trabalho encontra-se dividido em duas partes, em que na primeira (nos
capítulos 1, 2 e 3) é feito um breve enquadramento relativamente ao local onde decor-
re o presente estágio, à comunidade onde será desenvolvido o projeto de intervenção
e à temática em estudo. Nos capítulos 4 e 5 são apresentados, em forma de quadro, as
atividades a desenvolver e o cronograma respetivamente.
Mestrado em Enfermagem Comunitária
6
1 – BREVE CARACTERIZAÇÃO DA UCC DE SANTARÉM
A UCC de Santarém foi aprovada a 18 de dezembro de 2009, tendo iniciado a
sua atividade a 6 de fevereiro de 2010. Tem como missão prestar cuidados de saúde e
apoio psicológico e social de âmbito domiciliário e comunitário, essencialmente a pes-
soas, famílias e grupos mais vulneráveis em situação de maior risco, dependência física
e funcional, ou doença que requeira acompanhamento próximo, atuando ainda na
educação para a saúde, integração de redes de apoio à família e implementação de
unidades móveis (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
A UCC de Santarém é constituída por uma equipa multidisciplinar, que inclui: 7
enfermeiros, 1 médico, 1 fisioterapeuta, 1 terapeuta ocupacional, 1 psicóloga, 1 admi-
nistrativa e apoio de profissionais de outras unidades funcionais. Tem um horário de
funcionamento de segunda a sexta-feira das 8 às 20 horas, sendo que sábados, domin-
gos e feriados funciona das 9 às 13 horas (ACES RIBATEJO, 2010).
Possui um conjunto de programas e projetos específicos da UCC (em que o Cen-
tro de Saúde de Santarém através da UCC é promotor) e projetos em parceria (são
outras entidades as promotoras). Os programas e projetos específicos são: Educar Para
a Parentalidade; Saúde Escolar; Espaço ao Jovem; A UCC de Santarém na Internet; Cui-
dados Continuados e Integrados e Programas e atividades específicas de promoção da
mobilidade e reabilitação funcional. Os projetos em parceria são: Projeto de Interven-
ção Precoce de Santarém; Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco; Rede
Social; Rendimento Social de Inserção e Programa Operacional de Respostas Integra-
das (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
A área geográfica de influência da UCC de Santarém corresponde à parte sul e
oeste do concelho de Santarém, com cerca de 195,614 Km2. A área abrange 12 fregue-
sias, sendo a Póvoa da Isenta uma das freguesias da área de abrangência (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2010).
Mestrado em Enfermagem Comunitária
7
2 – PARTICULARIDADES DA FREGUESIA DE ALMOSTER
A Freguesia de Almoster é uma das 28 que compõem o concelho de Santarém.
Situada a poente de Santarém, no início de uma elevação que se prolonga pelo conce-
lho de Rio Maior, a freguesia de Almoster (antiga paróquia de Santa Maria de Almos-
ter) dista doze quilómetros da sede concelhia e ocupa atualmente uma área de 40.963
quilómetros quadrados. É composta por onze lugares (Almoster, Atalaia, Vale de Moi-
nhos, Vila Nova do Coito, Gúxerre, Casal da Charneca, Albergaria, Alforzemel, Casal
Paúl, Louriceira e Freiria).
Trata-se de uma freguesia com um grande passado. Foi nesta terra que a 18 de
fevereiro de 1834 as forças liberais, comandadas pelo Marechal Saldanha, obtiveram
uma das mais importantes vitórias sobre os absolutistas de D. Miguel.
A freguesia de Almoster detém, de acordo com os resultados preliminares dos
CENSOS 2011, 1818 residentes sendo que: 244 indivíduos têm entre os 0-14 anos, 147
entre 15-24 anos, 906 entre 25-64 anos e 521 pessoas têm 65 ou mais anos (INE,
2011).
O número de idosos aumentou face ao recenseamento de 2001 onde se regis-
tavam 467 indivíduos com 65 ou mais anos. Estes números revelam a existência de um
nítido envelhecimento populacional nesta freguesia que acompanha a tendência
nacional e mundial.
Com base nestes dados, e sendo o presente ano de 2012 considerado pela
União Europeia o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre
Gerações, penso ser relevante desenvolver um projeto de intervenção nesta área. Esta
temática vai de encontro às definidas no Programa Nacional para a Saúde das Pessoas
Idosas.
Mestrado em Enfermagem Comunitária
8
3 – ENVELHECIMENTO ATIVO
As alterações demográficas verificadas no último século, que se traduziram na
modificação e inversão das pirâmides etárias, refletindo o envelhecimento da popula-
ção, vieram colocar aos responsáveis governamentais, às famílias e à sociedade em
geral desafios para os quais não estavam preparados. Hoje em dia, envelhecer com
qualidade, prolongando a autonomia e independência por períodos tão longos quanto
possível, constitui um desafio à responsabilidade individual e coletiva (ORDEM DOS
ENFERMEIROS, 2010).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define Envelhecimento Ativo como o
processo de otimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança,
para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem (WHO, 2002).
2012 é o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gera-
ções. A OMS disponibiliza assim uma oportunidade para todos refletirem sobre o facto
de os europeus viverem agora mais tempo e com mais saúde do que nunca e aprovei-
tar as oportunidades que se oferecem (DGS, 2011).
Segundo a DGS (2011), a OMS promove a ideia de um envelhecimento ativo
que permita dar aos idosos a oportunidade de:
Permanecerem no mercado do trabalho e partilharem a sua experiência;
Continuarem a desempenhar um papel ativo na sociedade;
Viverem uma vida o mais saudável e gratificante possível.
A manutenção de hábitos saudáveis durante toda a vida é muito importante
para envelhecer com saúde (cuidado com a alimentação, evitar vícios como o tabagis-
mo, exagero com bebidas alcoólicas e prática de exercício físico regular). O sedenta-
rismo é o estilo de vida que traz maiores problemas no envelhecimento (NAHAS,
2001).
Mestrado em Enfermagem Comunitária
9
Estudos efetuados na faixa etária dos 65 e mais anos revelaram que a manu-
tenção de interesses ocupacionais e de atividades recreativas proporcionam uma
melhoria da qualidade de vida à população idosa (MARTINS, 2010,
http://www.ipv.pt/millenium/Millenium32/10.pdf.).
GLASS et al (1999) evidenciaram que as atividades sociais e ocupacionais envol-
vendo pouco ou nenhum desenvolvimento de condição física, diminuíam o risco de
todas as causas associadas a mortalidade tais como as relacionadas com as atividades
de aptidão física (RODRIGUES, 2007). Isto sugere que a par do incrementar de exercí-
cios físicos, se deveriam associar atividades de contexto social e ocupacional, espe-
cialmente para os idosos mais vulneráveis.
Segundo NELSON (2007) citado por MATZUDO (2009) os efeitos benéficos da
prática regular de exercício físico incluem: efeitos antropométricos, metabólicos, tera-
pêuticos, cognitivos, psicossociais e efeito nas quedas.
BARATA (2003) refere que os idosos têm a capacidade de melhorar a sua per-
formance física, com os respetivos benefícios para a saúde, em resposta a um treino
adequado. Ressalva contudo que esta capacidade diminui ao longo dos anos, pelo que
a atividade física deve ser ligeira a moderada. Acrescenta ainda que se devem privile-
giar as atividades que se associam à capacidade de executar os gestos necessários ao
auto cuidado. A concretização destas atividades conduz ao bem-estar dos idosos, tanto
ao nível orgânico e psicológico como social pois contribui para uma integração social.
Face ao que foi anteriormente exposto, parece urgente, alterar os hábitos de
vida sedentários dos idosos e contrariar a degeneração e enfraquecimento global.
Mestrado em Enfermagem Comunitária
10
4 –
PLA
NO
DE
ATI
VID
AD
ES A
DES
ENV
OLV
ER N
O E
STÁ
GIO
OBJETIVO GERAL: APROFUNDAR A ANÁLISE DE SITUAÇÕES DE SAÚDE/DOENÇA NO CONTEXTO DA ENFERMAGEM COMUNITÁRIA
OBJETIVO ESPECIFICO ATIVIDADES A DESENVOLVER INTERVENIENTES DURAÇÃO
- Integrar a dinâmica de fun-
cionamento da UCC de Santa-
rém
- Reunião informal com a enfª coordenadora e com a enfª orienta-
dora
- Consulta documental existente na UCC nomeadamente o Plano de
Ação e Relatório de Atividades
- Observar a dinâmica e metodologia de trabalho da equipa da UCC
na execução dos seguintes projetos:
Saúde Escolar
Equipa de cuidados continuados integrados
Comissão de proteção de crianças e jovens
Saúde na UTIS
Equipa da UCC
Mestranda
1 dia
2 semanas
Mestrado em Enfermagem Comunitária
11
OBJETIVO GERAL: Desenvolver estratégias de intervenção em enfermagem comunitária e de saúde familiar em contexto transdisciplinar
OBJETIVO ESPECIFICO ATIVIDADES A DESENVOLVER INTERVENIENTES DURAÇÃO
Elaborar o diagnóstico de
saúde relativamente à ocupa-
ção dos idosos com mais de
65 anos da comunidade de
Almoster
Validar os problemas identifi-
cados no diagnóstico de saúde
- Pesquisa bibliográfica e revisão sistemática de literatura;
- Caracterização da comunidade com vista ao início da apreciação da
população alvo
Visita à comunidade;
-Contactos com a comunidade:
Entrevista com a Enf. de Família desta comunidade;
Entrevista com o Sr. Presidente de Junta desta Freguesia
- Validação do problema junto da enfermeira orientadora
- Realização de fórum nominal com alguns elementos da comunida-
de de Almoster com mais de 65 anos de idade
Mestranda
Mestranda
Sra. Enf.ª Luísa
Sr. Presidente da
junta de freguesia
de Almoster
2 semanas
1 semana
Mestrado em Enfermagem Comunitária
12
OBJETIVO GERAL: Desenvolver estratégias de intervenção em enfermagem comunitária e de saúde familiar em contexto transdisciplinar
OBJETIVO ESPECIFICO ATIVIDADES A DESENVOLVER INTERVENIENTES DURAÇÃO
Elaborar o projeto de inter-
venção na comunidade com
mais de 65 anos de Almoster
com vista à resolução do pro-
blema identificado no diag-
nóstico
Implementar o projeto de
intervenção
- Estabelecimento de parcerias com os responsáveis organizacionais
e políticos
- Pesquisa bibliográfica com recurso à revisão sistemática de litera-
tura
- Definição de objetivos e metas a atingir
- Definição dos recursos necessários à consecução das intervenções
inerentes ao projeto
- Elaboração de panfletos sobre a importância do Envelhecimento
Ativo
- Elaboração de sessões de educação para a saúde
- Apresentação das sessões de educação para a saúde
Mestranda
Equipa UCC
Sra. Enf.ª Pólo
USF Almeida Gar-
ret
Presidente da
Junta Almoster
Mestranda
Equipa da UCC
Parcerias estabe-
lecidas
2 semanas
Ao longo do
estágio
2 semanas
2 semanas
1 dia
1 semana
8 semanas
Mestrado em Enfermagem Comunitária
13
- Realização de caminhadas e sessões práticas de exercício físico em
grupo
Mestranda
3 semanas
Mestrado em Enfermagem Comunitária
14
OBJETIVO GERAL: Criticar os resultados das intervenções de enfermagem no contexto dos cuidados especializados em enfermagem
comunitária e de saúde familiar.
OBJETIVO ESPECIFICO ATIVIDADES A DESENVOLVER INTERVENIENTES DURAÇÃO
Avaliar a eficácia do projeto
de intervenção com vista à
resolução do problema identi-
ficado
- Avaliação do projeto de acordo com estrutura, processo e resulta-
dos;
- Avaliação do projeto com indicadores de qualidade (entrevistas
informais aos participantes sobre a sua satisfação, expressões refe-
ridas)
- Reformulação dos objetivos e estratégias, se necessário
- Apresentação do trabalho desenvolvido sob a forma de seminário
na ESSaúde de Santarém
- Elaboração do relatório de estágio
Mestranda
2 dias
2 semanas
2 dias
Ao longo do
estágio
Mestrado em Enfermagem Comunitária
15
5
–
C R O N O G R A M A D E A T I V I D A D E S
Atividades a desenvolver
Ano 2012
Mestrado em Enfermagem Comunitária
16
Mês Fevereiro/Março Abril Maio Junho Julho
Dia 27 02
05 08
12 16
19 23
26 30
02 06
09 13
16 20
23 27
30 04
07 11
14 18
21 25
28 01
04 08
11 15
18 22
25 29
02 06
Elaboração do projeto de estágio
FÉR
IAS
DA
PA
SCO
A
Reunião com enfª coordenadora e orientadora
Consulta documental existente na UCC e observação da dinâmica e metodologia de trabalho da equipa na execução dos projetos existentes
Definição dos objetivos e metas a atingir no projeto de intervenção
Definição dos recursos necessários à consecução das intervenções
Estabelecimento de parcerias com os responsáveis organizacionais e políticos
Elaboração de panfleto sobre Envelhecimento Ativo
Elaboração das sessões de educação para a saúde
Apresentação das sessões de educação para a saúde
Realização de caminhadas e sessões práticas de exercício físico em grupo
Elaboração do relatório de estágio
Apresentação do trabalho desenvolvido em seminário na ESSaúde de Santarém
Reunião com a professora orientadora
Pesquisa bibliográfica
Mestrado em Enfermagem Comunitária
17
6 – CONCLUSÃO
O projeto de estágio teve por finalidade demonstrar, em linhas gerais, o que se
pretende fazer ao longo do estágio, dar a conhecer as perspetivas de trabalho e de
aprendizagem, orientar, desenvolver e avaliar as mesmas.
O presente projeto também serve de linha orientadora para este percurso.
Constitui um conjunto de atividades e tarefas que decorrem num período de tempo
bem delimitado, visando obter um resultado específico.
Não se pretende que o mesmo seja rígido e imutável, mas sim flexível, visando
uma melhor gestão do tempo disponível e a obtenção de uma melhor aprendizagem.
Mestrado em Enfermagem Comunitária
18
7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Acção. 2010. Acessível na UCC de Santarém, Portugal.
BARATA, T (2003) – Mexa-se…pela sua saúde – Guia prático da atividade física e
emagrecimento para todos. Lisboa. Dom Quixote
DGS - Envelhecimento activo. Ministério da Saúde[Em linha]. (2011) [Consult.
2012-01-20]. Disponível em http://www.dgs.pt
INSTITUTO NACIONAL DE ESTATISTICA – Censos 2011. [Em linha], 2011 [Con-
sult. 2011-12-04]. Disponivel em:
http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos2011_apresent
acao
MATZUDO, Sandra – Envelhecimento, Atividade Física e Saúde. [Em linha].
Brasil, 2009. [Consult. 2012-02-18]. Disponivel em:
WWW:http://web.ebscohost.com/ehost/pdfviewer/pdfviewer?sid
MAZO, G (2007) – Atividade física no idoso. Concepção gerontológica. 2ª edi-
ção. Porto Alegre. Sulina
MINISTÉRIO DA SAÚDE. ACES RIBATEJO. Unidade de Cuidados na Comunidade
de Santarém – Plano de Acção. 2010. Acessível na UCC de Santarém, Portugal.
NAHAS. M (2001) – Atividade Física e Saúde. Conceitos e sugestões para um
estilo de vida ativo. 3ª edição. Londres
NUNEZ, Vitor – Sedentarismo como fator de riesgo de trastornos depresivos
en adultos mayores. Un estúdio exploratório. [Em linha]. Zaragoza, 2009.
[Consult. 2012-02-18]. Disponivel em:
WWW:http://web.ebscohost.com/ehost/pdfviewer/pdfviewer?sid
ORDEM DOS ENFERMEIROS (2010). Regulamento das competências do Enfer-
meiro
Especialista em Enfermagem Comunitária e de Saúde Publica. Lisboa. Autor
WHO (2002) - Ative ageing: a policy Framework. Genebra
Mestrado em Enfermagem Comunitária
59
AAnneexxoo IIII
Projeto de Intervenção Comunitária “Clube
Sénior: Fique Ativo Viva Melhor”
Instituto Politécnico de Santarém
Escola Superior de Saúde de Santarém
2º CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM COMUNITÁRIA
2º CURSO DE PÓS LICENCIATURA EM ENFERMAGEM COMUNITÁRIA
Unidade Curricular: Estágio II e Relatório
PROJETO DE INTERVENÇÃO
“CLUBE SÉNIOR: FIQUE ATIVO, VIVA MELHOR”
Mestranda:
Marisa Martins 100431016
Professor Orientador:
Prof. Rosário Machado
Enfermeiro orientador:
Enfª Ana Silva
Santarém, Março 2012
INDICE
INTRODUÇÃO …………………………………………………………………………………………………………………….……3
1 - PROJETO DE INTERVENÇÃO COMUNITÁRIA – “CLUBE SÉNIOR: FIQUE ATIVO, VIVA
MELHOR” ……………………………………………………………………………………………………………………………....5
1.1 – ENVELHECIMENTO ATIVO ……………………..………………………………………………………………………6
2 - DESCRIÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO ……………………………………………………………………..8
2.1 – POPULAÇÃO ALVO ………………………………………………………………………………………………..……….8
2.2 – HORIZONTE TEMPORAL ………………………………………………………………………………………….………8
2.3 – OBJETIVOS ………………………………………………………………………………………………………………………8
2.4 – RECURSOS ………………………………………………………………………………………………………………………9
2.4.1 – Recurso humanos ………………………………………………………………………………………………….. 9
2.4.2 – Recursos materiais …………………………………………………………………………………………….…….9
2.5 – METODOLOGIAS/ESTRATÉGIAS …………………………………………………………………………………….10
2.5.1 – Divulgação do projeto …………………………………………………………………………………………. 10
2.6 – ATIVIDADES A REALIZAR ……………………………………………………………………………………………….11
2.7 – AVALIAÇÃO DO PROJETO ……………………………………………………………………………………………..12
2.7.1 – Indicadores de atividade/execução ………………………………………………………………….….12
2.7.2 – Indicadores de impacto …………………………………………………………………………………..……13
3 - CRONOGRAMA DE ATIVIDADES …………………………………………………………………………..…….14
4 - CONCLUSÃO ……………………………………………………………………………………………………….………15
5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ………………………………………………………………………….………16
3
INTRODUÇÃO
A intervenção na comunidade está contemplada na política de saúde nacional como
diretriz, sendo que no disposto na alínea h) do número 1, Base II do Art. 3º da Lei de Bases da
Saúde n.º 48/90 se pode ler o seguinte: “É incentivada a educação das populações para a saú-
de, estimulando nos indivíduos e nos grupos sociais a modificação dos comportamentos noci-
vos à saúde pública ou individual”.
De acordo com DECRETO-LEI nº 35/2011, é da competência do enfermeiro especialista
em enfermagem comunitária a participação em projetos de intervenção com vista à capacita-
ção e ao empowerment das comunidades. No seguimento do referido Decreto-lei, o Enfermei-
ro Especialista em Enfermagem Comunitária “estabelece, com base na metodologia do Pla-
neamento em Saúde, a avaliação de saúde de uma comunidade”.
Para a consecução do planeamento em saúde é necessário seguir um conjunto de eta-
pas: elaboração do diagnóstico de saúde de uma comunidade, estabelecer prioridades em
saúde e formular objetivos e estratégias face às mesmas, estabelecer programas e projetos de
intervenção e avaliação dos mesmos.
De acordo com TAVARES (1990, pág. 29) “Em saúde, planear é um processo contínuo
de previsão de recursos e de serviços necessários, para atingir objetivos determinados segun-
do a ordem de prioridade estabelecida, permitindo escolher as soluções ótimas entre várias
alternativas (…)”.
Na sequência do processo formativo iniciado no estágio I do 2º semestre, no qual se
desenvolveu um diagnóstico de saúde, este estágio é orientado para a intervenção na comuni-
dade.
O projeto de intervenção vai o encontro das estratégias definidas no Programa Nacio-
nal para a Saúde das Pessoas Idosas e assenta numa temática atual, o Envelhecimento Ativo. O
Parlamento Europeu e a Comissão Europeia decidiram proclamar 2012 como o “Ano Europeu
do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre as Gerações.
O presente projeto de intervenção visa dar resposta aos problemas de saúde identifi-
cados no diagnóstico de saúde. Como houve mudança de freguesia, pelos motivos apontados
no projeto de estágio, surgiu a necessidade de realizar um diagnóstico da situação
4
de saúde da comunidade com mais de 65 anos da freguesia de Almoster, mantendo a área de
interesse – necessidade ocupar-se.
O diagnóstico da situação de saúde acima referido foi efetuado através de entrevistas
aos informantes-chave (presidente da junta de freguesia Almoster e enfermeira da unidade de
saúde de Almoster) e contactos informais.
Pelos dados recolhidos nas entrevistas e contactos com a comunidade, percebeu-se
que, na freguesia de Almoster as oportunidades de distração para as pessoas com mais de 65
anos são insuficientes. De uma forma geral, a população nesta faixa etária ocupa o seu tempo
de forma sedentária. É ainda de salientar o facto de não existirem quaisquer instituições de
apoio tais como centro de dia. Apesar de existirem associações recreativas nos diferentes luga-
res que compõem a freguesia, os idosos não desempenham um papel ativo.
Este projeto enriquece e promove o trabalho de equipa multiprofissional, visto fomen-
tar a participação não só de profissionais de saúde, como também de profissionais da educa-
ção e social.
O presente projeto encontra-se estruturado da seguinte forma: apresentação do pro-
jeto “Clube Sénior: fique ativo, viva melhor” com a justificação do tema (o “porquê”), qual a
população alvo de intervenção (“quem”), os objetivos a atingir (“onde”), “quais” os recursos,
as estratégias utilizadas e as atividades a desenvolver para atingir os objetivos, o espaço tem-
poral em que se pretende desenvolver o projeto, e por último a avaliação das intervenções de
modo a perceber se os objetivos foram atingidos.
5
1 – PROJETO DE INTERVENÇÃO COMUNITÁRIA – “CLUBE SÉNIOR: FIQUE ATIVO, VIVA
MELHOR”
O projeto de intervenção comunitária pretende promover o envelhecimento ativo de
forma a dar resposta aos problemas do sedentarismo e da insuficiente oportunidade de distra-
ção na freguesia de Almoster e intitula-se “Clube Sénior: fique ativo, viva melhor”. Este nome
surge envolto em dois aspetos fundamentais, por um lado proporcionar um espaço de intera-
ção e convívio entre os idosos, no qual possam ocupar o seu tempo de forma ativa e por outro
tentar desmistificar a ideia que ainda prevalece de que os idosos são pessoas frágeis, débeis e
incapazes e que nunca é tarde mudar os hábitos de vida.
A UCC de Santarém, onde decorre o presente estágio, não possui nenhum projeto nes-
ta área pelo que considero pertinente a temática selecionada, dado que permite a manuten-
ção de interesses ocupacionais nos idosos permitindo-lhes uma melhor qualidade de vida e
promovendo a adoção de estilos de vida saudáveis.
O presente projeto pretende ir ao encontro de uma das 3 grandes estratégias de inter-
venção preconizadas no Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas, nomeadamente
no que respeita à promoção de um envelhecimento ativo.
Uma boa saúde é essencial para que as pessoas mais idosas possam manter uma qua-
lidade de vida aceitável e possam continuar a assegurar os seus contributos na sociedade, uma
vez que as pessoas idosas ativas e saudáveis, para além de se manterem autónomas, consti-
tuem um importante recurso para as suas famílias, comunidades e economia (DGS, 2006).
Numa perspetiva de promoção da saúde do idoso, o isolamento pode ser evitado ou
pode melhorar com as atividades ao ar livre e de grupo. As pessoas idosas devem participar
em atividades de grupo, de preferência intergeracionais, atividades de aprendizagem e de
conhecimento de novos lugares.
Com intervenções nesta área, pretende-se que os idosos com mais de 65 anos de
Almoster adquiram conhecimentos acerca da importância do envelhecimento ativo, mante-
nham ou promovam atividades de ocupação/distração e se reforcem as relações intergeracio-
nais.
6
1.1 – ENVELHECIMENTO ATIVO
As alterações demográficas verificadas no último século, traduzidas na modificação e
inversão das pirâmides etárias, vieram colocar aos responsáveis governamentais, às famílias e
à sociedade em geral desafios para os quais não estavam preparados (ORDEM DOS ENFER-
MEIROS, 2010). Este ganho em anos de vida conduziu à necessidade, a nível mundial, de carac-
terizar o fenómeno do envelhecimento, de repensar o papel da pessoa idosa, os seus direitos e
as responsabilidades das entidades governamentais e da sociedade para com este grupo popu-
lacional.
O envelhecimento conduz a uma perda progressiva das aptidões funcionais do orga-
nismo. Essas alterações, nos domínios biopsicossociais, põem em risco a qualidade de vida do
idoso, por limitar a sua capacidade para realizar, com vigor, as suas atividades do quotidiano e
colocar em maior vulnerabilidade a sua saúde.
A manutenção de hábitos saudáveis durante toda a vida é muito importante para
envelhecer com saúde (cuidado com a alimentação, evitar vícios como o tabagismo, exagero
com bebidas alcoólicas e prática de exercício físico regular). O sedentarismo é o estilo de vida
que traz maiores problemas no envelhecimento (NAHAS, 2001).
A saúde é o recurso pessoal mais importante para uma vida de qualidade e por isso, há
que preservar as competências mentais e físicas dos idosos de forma a garantir-lhes a sua
autonomia e independência (RAPOSO, 2005).
Promover o envelhecimento ativo significa criar melhores oportunidades para que as
mulheres e os homens mais velhos desempenhem o seu papel no mercado de trabalho, com-
bater a pobreza, sobretudo das mulheres, e a exclusão social, encorajar o voluntariado e a
participação ativa na vida familiar e na sociedade, e incentivar o envelhecimento com dignida-
de (Decisão nº 940/2011/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 14 de Setembro,
2011).
O envelhecimento ativo depende de uma série de influências ou determinantes que
rodeiam os indivíduos, as famílias e as nações, entre os quais se incluem condições materiais,
bem como os fatores sociais que afetam os tipos de comportamento e os sentimentos de cada
indivíduo (OMS, 2007).
Segundo a DGS (2011), a OMS promove a ideia de um envelhecimento ativo que per-
mita dar aos idosos a oportunidade de:
Permanecerem no mercado do trabalho e partilharem a sua experiência;
Continuarem a desempenhar um papel ativo na sociedade;
Viverem uma vida o mais saudável e gratificante possível.
7
Neste sentido, a promoção da autonomia das pessoas idosas, o direito à sua autode-
terminação (mantendo a sua dignidade liberdade de escolha) e a aprendizagem ao longo da
vida, contribuem para se envelhecer saudavelmente uma vez que ajuda a conservar as capaci-
dades cognitivas (DGS, 2006).
As iniciativas no âmbito do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e Solidariedade
entre Gerações, enquadram-se em cinco eixos chave que abrangem os temas que darão os
motes e conteúdos a este ano de 2012:
Emprego, trabalho e aprendizagem ao longo da vida;
Saúde, bem-estar e condições de vida;
Solidariedade e diálogo intergeracional;
Voluntariado e participação cívica;
Conhecimento e sensibilização social.
O enfermeiro especialista de enfermagem comunitária e saúde pública tem um papel
fundamental neste âmbito na medida em que, é da sua competência participar no desenvol-
vimento de programas e projetos de intervenção com vista à capacitação e “empowerment”
das comunidades.
O projeto de intervenção “Clube Sénior: fique ativo, viva melhor” estrutura-se à volta
de dois eixos operativos: Saúde, bem-estar e condições de vida e Solidariedade e diálogo
intergeracional. O programa de ação do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e Solidariedade
entre Gerações, preconiza para os eixos acima referidos respetivamente: “Sentir-se saudável e
seguro, ter o suficiente, divertir-se e, se for preciso, receber cuidados” e “Uma sociedade para
todas as idades é criada na interação entre pessoas com diferentes biografias e talentos.
8
2 - DESCRIÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO
O projeto consiste, segundo IMPERATORI; GIRALDES (1993) numa atividade que decor-
re num período de tempo delimitado, com o objetivo de obter um resultado específico e que
contribui para a execução de um programa.
2.1 – POPULAÇÃO ALVO
O presente projeto de intervenção intitula-se “Clube Sénior: fique ativo, viva melhor” e
a população alvo são os idosos com mais de 65 anos residentes na freguesia de Almoster.
2.2 – HORIZONTE TEMPORAL
A previsão temporal de implementação deste projeto corresponde ao período do está-
gio II iniciado a 27 de fevereiro e com término a 6 de julho de 2012. As intervenções serão
planeadas até 15 de junho de 2012.
2.3 – OBJETIVOS
Em conformidade com o que IMPERATORI; GIRALDES (1993) definem, foram fixados
objetivos de médio prazo. Estes objetivos deverão resolver ou atenuar o problema de saúde
ou dar resposta às necessidades que se tenham verificado. Pretende-se que os objetivos tra-
çados vão ao encontro de dois dos cinco eixos operativos definidos para o Ano Europeu do
Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações, referidos anteriormente.
De modo a operacionalizar os objetivos gerais foram planeadas metas ou objetivos
operacionais.
OBJECTIVOS GERAIS OBJECTIVOS OPERACIONAIS/METAS
Aumentar a literacia em saúde em relação à
temática “Viver com Saúde” na população
com mais de 65 anos de Almoster
Apresentar sessões de educação para a saú-
de sobre a temática “Viver com Saúde”
Promover a intergeracionalidade através
do convívio entre os idosos e as crian-
ças da freguesia de Almoster
Organizar um grupo de séniores na represen-
tação de um conto infantil e apresentação do
trabalho às crianças do 1º ciclo da freguesia
9
de Almoster
Promover a integração dos idosos com mais
de 65 anos de Almoster nas sessões práticas
“Movimento é Saúde
Realizar uma aula de ginástica e uma aula de
prevenção de lombalgias
Organizar uma caminhada pela freguesia de
Almoster seguindo um roteiro previamente
definido
Fomentar o interesse pela prática de ativi-
dades recreativas/lúdicas nos idosos com
mais de 65 anos da freguesia de Almoster
Realizar uma visita guiada à Casa-Museu
Passos Canavarro em Santarém
Realizar sessões de jogos (memória, concen-
tração)
2.4 – RECURSOS
2.4.1 – Recursos Humanos
As atividades serão realizadas pela mestranda em parceria com a UCC de Santarém,
USF Almeida Garrett- Unidade de Saúde de Almoster, Câmara Municipal de Santarém e Junta
de Freguesia de Almoster. Pretende-se ainda estabelecer parceria com a UTIS (Universidade da
Terceira Idade de Santarém).
As sessões de educação para a saúde, serão realizadas pela mestranda, e está previsto
o estabelecimento de uma parceria com a Scalabisport no sentido de facultar um professor de
educação física para a realização de algumas atividades.
Para dar cumprimento ao objetivo “Fomentar o interesse pelas atividades recreativas”
será pedida a colaboração das seguintes entidades: Junta de Freguesia de Almoster e da Câma-
ra Municipal de Santarém nomeadamente ao Serviço de Ação Social, com quem já feito um
contacto prévio, para validar a pertinência do projeto.
Para a implementação das sessões práticas “Movimento é Saúde” será estabelecida
parceria com Scalabisport.
A promoção da intergeracionalidade realizar-se-á com a colaboração do Professor da
disciplina de teatro da UTIS e dos professores das 3 escolas do primeiro ciclo da freguesia de
Almoster, que já foram contactados previamente.
10
2.4.2 – Recursos materiais
Relativamente aos recursos materiais, deverá ser necessário:
Computador portátil;
Videoprojetor;
Impressora;
Cartazes;
Papel A4 para panfletos;
Espaço para a realização das atividades;
Meio de transporte, para a deslocação à visita guiada.
2.5 – METODOLOGIAS/ESTRATÉGIAS
Esta etapa pretende conceber o processo mais adequado que permita alcançar os
objetivos fixados de modo a reduzir os problemas de saúde prioritários (IMPERATORI; GIRAL-
DES, 1993).
Os métodos/estratégias a utilizar na implementação de um projeto têm sempre de ser
adaptados à população alvo. Neste sentido, a abordagem dos conteúdos deve ser realizada
recorrendo a metodologias interativas e reflexivas, de modo a gerar discussão baseada nos
conhecimentos de cada um dos participantes e valorizar as suas experiências de vida. IMPERA-
TORI; GIRALDES (1993) referem-se às estratégias para resolver o problema usando a expressão
“como”.
Pretende-se envolver toda a população da freguesia de Almoster com 65 ou mais anos
de idade. Numa primeira fase será realizada, com a colaboração da Enfermeira de família da
Unidade de Saúde de Almoster, pesquisa e identificação no programa SINUS dos residentes na
freguesia de Almoster com idades superiores ou iguais a 65 anos.
Como estratégia de incentivo à participação no projeto será fundamental o envolvi-
mento de elementos chave da freguesia nomeadamente o Sr. Presidente da Junta e a enfer-
meira de família. O acesso às atividades também é gratuito de modo a favorecer a interação
entre a comunidade e o promotor do projeto. Será estabelecido um horário fixo para a realiza-
ção das atividades – terças-feiras de manhã. Nas sessões estará sempre presente o elemento
responsável pelo projeto e um dos profissionais mencionados no ponto 2.4.1.
11
2.5.1 – Divulgação do projeto
Consciente que o desenvolvimento do projeto poderá ter alguns entraves, nomeada-
mente a inexistência de um espaço na freguesia onde os idosos já se reúnam e que poderia ser
aproveitado para ir ao seu encontro, uma das apostas passará pela divulgação do mesmo real-
çando a sua gratuitidade e acessibilidade. Assim sendo planeiam-se as seguintes medidas:
Divulgação do projeto junto dos profissionais de saúde e dos parceiros sociais estabe-
lecidos para que possam promover o projeto;
Divulgação direta do projeto porta a porta. Após identificação da população alvo e das
respetivas moradas será entregue pessoalmente um panfleto informativo incentivan-
do a população à participação;
Afixação de cartazes nos pontos-chave da freguesia: Extensão de Saúde, Edifício da
Junta, nas Associações Culturais existente na freguesia, alguns estabelecimentos
comerciais (que autorizarem), Correios, Igreja etc.
2.6 – ATIVIDADES A REALIZAR
De modo a dar resposta aos objetivos traçados foram programadas as seguintes ativi-
dades:
Atividade 1: “Viver com Saúde”
QUEM Enfermeira (Mestranda); Professor da Scalabisport
COMO Sessões de educação para a saúde sobre:
- Promoção do envelhecimento Ativo;
- Exercício físico e Saúde;
ONDE Instalações da Associação recreativa de Almoster
QUANDO (Ver cronograma de atividades)
DURAÇÃO 30 minutos de exposição e 20 minutos de discussão por sessão
Atividade 2: “Voltar à escola”
QUEM Professor de teatro da UTIS
COMO - Preparação de um grupo de séniores na representação de um conto infan-
til;
- Apresentação do trabalho às crianças do 1º ciclo e jardim-de-infância da
freguesia de Almoster
ONDE Instalações da Associação recreativa de Almoster
QUANDO (Ver cronograma de atividades)
12
DURAÇÃO O tempo de preparação será definido pelo professor
A apresentação terá uma duração de 30 minutos
Atividade 3: “Movimento é Saúde
QUEM Professor de educação física da Scalabisport/Mestranda
COMO - Realização de uma aula de ginástica preparada pelo professor de educação
física;
- Organização de uma caminhada em Almoster com roteiro definido;
ONDE Instalações da Associação recreativa de Almoster
QUANDO (Ver cronograma de atividades)
DURAÇÃO 50 minutos
Atividade 4: “Viva Ativo”
QUEM 2 alunas do curso de Animação Cultural e Educação Comunitária; Técnicas
do serviço de Ação Social da Câmara Municipal de Santarém/Mestranda
COMO - Realização de atividades lúdicas (jogos lúdicos e de memória) - Organização de uma visita guiada à Casa-Museu Passos Canavarro em San-tarém com a colaboração do serviço de Ação Social da Câmara Municipal de Santarém
ONDE Instalações da Associação recreativa de Almoster
QUANDO (Ver cronograma de atividades)
DURAÇÃO A realização de atividades lúdicas terá uma duração de 60 minutos
O tempo dispensado para o passeio a Santarém será definido posteriormen-
te.
2.7 – AVALIAÇÃO DO PROJETO
Avaliar consiste em comparar algo com um padrão ou modelo com o objetivo de corri-
gir ou melhorar (IMPERATORI; GIRALDES, 1993). Deste modo a avaliação deverá ser contínua
ao longo da execução do projeto.
De acordo com DONABEDIAN (1980) citado por IMPERATORI; GIRALDES (1993), o pro-
jeto será avaliado de acordo com a estrutura, processo e resultados.
No que respeita à estrutura será avaliada a coerência do projeto, o espaço físico, em
termos de condições físicas e geográficos para a realização das sessões, os horários estabeleci-
13
dos e duração. Relativamente ao processo serão avaliadas as diferentes metodologias utiliza-
das. A avaliação dos resultados será feita em função:
Da satisfação dos idosos face à implementação do projeto (assiduidade, participação e
interesse demonstrado);
Dos indicadores de atividade e de resultado.
2.7.1 – Indicadores de atividade/execução
nº idosos que frequentaram as atividades
nº total de idosos com 65 ou mais anos na
freguesia de Almoster
nº de atividades realizadas
nº de atividades planeadas
2.7.2 – Indicadores de impacto/resultado
nº de idosos com mais de 65 anos de Almoster que participaram nas atividades “Viver com Saúde” nº de idosos com mais de 65 anos de Almoster
nº de idosos com mais de 65 anos de Almoster que participaram na atividade “Voltar à escola”
nº de idosos com mais de 65 anos de Almoster
nº de idosos com mais de 65 anos de Almoster que participaram nas atividades “Movimento é Saúde”
nº de idosos com mais de 65 anos de Almoster
nº de idosos com mais de 65 anos de Almoster que participaram nas atividades “Viva Ativo”
nº de idosos com mais de 65 anos de Almoster
X 100
X 100
X 100
X 100
X 100
X 100
14
3 –
CR
ON
OG
RA
MA
DE
ATI
VID
AD
ES
Atividades a desenvolver
Ano 2012
Mês Fevereiro/Março Abril Maio Junho Julho
Dia 27 02
05 08
12 16
19 23
26 30
02 06
09 13
16 20
23 27
30 04
07 11
14 18
21 25
28 01
04 08
11 15
18 22
25 29
02 06
Reunião com Sr. Presidente de Junta de Almoster
FÉR
IAS
DA
PA
SCO
A
Reunião com Enfª da Extensão de Saúde de Almoster Pesquisa e identificação no programa S.I.N.U.S. dos residentes na Freguesia de Almos-ter com idade superior ou igual a 65 anos
Reunião na Câmara Municipal de Santarém para estabelecimento de parcerias
Apresentação formal do projeto à Câmara Municipal de Santarém e Junta de fregue-sia de Almoster
Elaboração do cartaz e panfleto a publicitar o projeto
Divulgação do Projeto através da afixação de cartazes nos pontos chave da freguesia
Elaboração das sessões de educação para a saúde
Apresentação das sessões de educação para a saúde
Preparação de um grupo sénior para representação do conto infantil
Apresentação do conto infantil às crianças do 1º ciclo da freguesia de Almoster
Realização de aula de ginástica
Caminhada em Almoster
Sessão de atividades lúdicas
Visita guiada à casa Museu Passos Canavarro
Avaliação do projeto
15
4– CONCLUSÃO
Manter-se ativo é uma das formas que mais concorre para a manutenção da saúde da
pessoa idosa nas componentes física, psicológica e social (DGS, 2006).
O presente projeto tem como pressuposto criar um espaço onde os idosos da fregue-
sia de Almoster possam conviver e interagir, criando momentos de entretenimento e lazer.
Cabe ao enfermeiro, nomeadamente ao enfermeiro especialista em enfermagem
comunitária, promover a mudança de comportamentos, para que deste modo seja possível
fomentar ganhos em saúde em todas as idades, especialmente nos idosos.
O desenvolvimento deste projeto permitiu perceber que, para que as intervenções de
enfermagem sejam efetivas é necessário sistematizar, utilizando para tal as etapas do planea-
mento em saúde. O sucesso da sua implementação dependerá do empenho de todos aqueles
que nele participem.
A mobilização dos responsáveis organizacionais e políticos e a promoção do trabalho
em parceria/rede são fundamentais no sentido de garantir uma maior eficácia das interven-
ções para a resolução de problemas de saúde complexos. Assim sendo, este projeto terá uma
participação multidisciplinar, sendo por isso, ambicioso, de forma a atingir os objetivos pro-
postos.
16
5 – BIBLIOGRAFIA
BARATA, T (2003) – Mexa-se…pela sua saúde – Guia prático da atividade física e ema-
grecimento para todos. Lisboa. Dom Quixote
DGS - Envelhecimento activo. Ministério da Saúde[Em linha]. (2011) [Consult. 2012-
01-20]. Disponível em http://www.dgs.pt
DIREÇÃO GERAL DE SAÚDE (2006) – Plano Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas.
Autor. Lisboa. ISBN 972-675-155-1
IMPERATORI, Emilio; GIRALDES, Maria (1993) – Metodologia do Planeamento da Saú-
de. 3ª edicao, Lisboa. Escola Nacional de Saude Publica
MATZUDO, Sandra – Envelhecimento, Atividade Física e Saúde. [Em linha]. Brasil,
2009. [Consult. 2012-02-18]. Disponivel em:
WWW:http://web.ebscohost.com/ehost/pdfviewer/pdfviewer?sid
MAZO, G (2004) – Atividade física no idoso. Concepção gerontológica. 2ª edição. Porto
Alegre. Sulina
NAHAS. M (2001) – Atividade Física e Saúde. Conceitos e sugestões para um estilo de
vida ativo. 3ª edição. Londres
NUNEZ, Vitor – Sedentarismo como fator de riesgo de trastornos depresivos en adul-
tos mayores. Un estúdio exploratório. [Em linha]. Zaragoza, 2009. [Consult. 2012-02-
18]. Disponivel em:
WWW:http://web.ebscohost.com/ehost/pdfviewer/pdfviewer?sid
ORDEM DOS ENFERMEIROS (2010). Regulamento das competências do Enfermeiro
Especialista em Enfermagem Comunitária e de Saúde Publica. Lisboa. Autor
RAPOSO, G (2005). Envelhecimento Ativo e educação para a saúde: Uma prioridade.
[Em linha]. (2005). [Consult. 2012.02.18]. Disponivel em
WWW.ordemdosenfermeiros.pt/índex.print.php?
STANHOPE, Marcia; LANCASTER, Jeanette (2011) - Enfermagem de Saúde Pública –
Cuidados de Saúde na Comunidade Centrados na População. Lisboa: Lusociencia, 7a
edicao, ISBN: 978-0-323-04540-7
TAVARES, A. (1990) - Métodos e Técnicas de Planeamento em Saúde. Ministério da
Saúde,Departamento de Recursos Humanos da Saúde, Centro de Formação e Aperfei-
çoamento profissional.
WHO (2002) - Ative ageing: a policy Framework, Genebra
60
AAnneexxoo IIIIII
Guião de entrevista ao Presidente da Junta de
Freguesia de Almoster
1
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE DE SANTARÉM
2º CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM COMUNITÁRIA
GUIÃO DE ENTREVISTA AO INFORMANTE CHAVE PRESIDENTE DA JUNTA DE FRE-
GUESIA DE ALMOSTER
TEMA DA ENTREVISTA: Ocupação dos idosos com 65 e mais anos da freguesia de Almoster
TIPO DE ENTREVISTA: Semi-dirigida
LOCAL DA ENTREVISTA: Junta de Freguesia de Almoster
DATA E HORA DA REALIZAÇÃO DA ENTREVISTA: 26 de Março 2012 (início às 17h30 e
términos 18h30)
OBJECTIVOS DA ENTREVISTA:
- Contactar um testemunho privilegiado na comunidade com vista à obtenção de dados perti-
nentes sobre o núcleo da comunidade, os vários subsistemas e recursos.
QUESTÕES:
1. De acordo com os Censos 2011 quantos habitantes existem na freguesia? E com mais
de 65 anos? Relativamente aos lugares que compõem a freguesia de Almoster, quais
os mais envelhecidos?
2. De uma forma geral, como caracteriza as pessoas da comunidade de Almoster (espirito
de interajuda, vivem sozinhos, cuidam dos netos)?
3. Quais as principais atividades laborais da comunidade em idade ativa/principais seto-
res de atividade (existem empresas, comercio tradicional)?
4. Que recursos socioculturais existem na freguesia (café, associação)?
5. Ao nível educacional, que instituições existem na freguesia? E para adultos?
6. Qual o serviço de rede de transportes existente nesta comunidade? A Junta de Fre-
guesia possui veículo próprio?
7. Como funciona a Junta de Freguesia e que tipo de apoio presta aos idosos (reformas,
correio)?
8. A freguesia proporciona oportunidades de distração à população em geral? (festas,
convívios, passeios)? Se sim com que frequência? E aos idosos?
9. Considera que existem problemas ou necessidades nesta faixa etária que necessitam
de ser resolvidos?
10. Quais Qual a participação comunitária desta faixa etária em actividades socioculturais?
11. No seu ponto de vista, como ocupam os idosos o seu tempo (ativos/sedentários)?
12. Existe solicitação por parte desta população relativamente à criação de um espaço
2
onde se possam manter ocupados, ou alguma atividade especifica (por exemplo ginás-
tica)? Existem projetos feitos na freguesia na área sociocultural?
13. Qual a religião que prevalece na freguesia?
61
AAnneexxoo IIVV
Guião de entrevista à Enfermeira da USF
Almeida Garrett-Unidade de Almoster
1
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE DE SANTARÉM
2º CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM COMUNITÁRIA
GUIÃO DE ENTREVISTA AO INFORMANTE CHAVE: ENFERMEIRA DA UNIDADE
DE SAÚDE FAMILIAR ALMEIDA GARRETT-UNIDADE DE ALMOSTER
TEMA DA ENTREVISTA: Ocupação dos idosos com 65 e mais anos de Almoster
TIPO DE ENTREVISTA: Semi-dirigida
LOCAL DA ENTREVISTA: USF Almeida Garrett – Unidade de Almoster
DATA E HORA DA REALIZAÇÃO DA ENTREVISTA: 27 de Março 2012 (início às
10h30 e términos 11h30)
OBJECTIVOS DA ENTREVISTA:
- Contactar um testemunho privilegiado com longa experiência de enfermagem nesta
comunidade;
- Identificar dados relevantes relativamente aos hábitos, crenças e valores da comuni-
dade de Almoster;
- Analisar aspectos tidos como principais problemas e necessidades da comunidade
na perspectiva da enfermeira, cumulativamente como cidadã local;
- Identificar parcerias existentes na comunidade de Almoster.
2
QUESTÕES:
1. De uma forma geral, como caracteriza as pessoas com mais de 65 anos da
comunidade de Almoster?
2. Como caracteriza este grupo populacional relativamente aos seus problemas
de saúde e necessidades?
3. Quais as parcerias existentes na comunidade?
4. Como funciona a unidade de saúde de Almoster (horários, constituição da
equipa) e com que Instituições se articula a equipa de saúde? Considera que
os serviços de saúde prestados são suficientes?
5. Quais as Instituições que prestam apoio à população? (públicos e privados)
6. Que recursos, ao nível sociocultural existem para os idosos nesta faixa etária
(sociais, saúde, recreativos)?
62
AAnneexxoo VV
Análise de conteúdos das entrevistas realiza-
das aos Informantes-Chave
1
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE DE SANTARÉM
2º CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM COMUNITÁRIA
ANÁLISE DE CONTEÚDO DA ENTREVISTA REALIZADA AO INFORMANTE CHAVE:
PRESIDENTE DA JUNTA DE FREGUESIA DE ALMOSTER
(Análise efetuada de acordo com Modelo Teórico de Betty Neuman)
Dimensões/Variáveis Categoria Unidade de registo
Fisiológica
Estilos de vida
“No geral têm uma vida muito seden-
tária”
“…alguns ocupam o tempo com uma
pequena horta… e de grosso modo
vêm televisão.”
“…procuram encontrar-se uns com os
outros para pôr a conversa em dia”.
Psicológica
Saúde emocional do grupo populacional
“A dispersão entre os vários lugares
da freguesia e a desertificação social
existente não contribui em nada para
o convívio social”.
Muitos idosos também não têm meios
para se deslocarem por isso acabam
por estar mais isolados”.
“existe algum espirito de interajuda…”
Sociocultural
Atividades socias e cul-turais
Recursos
“…para esta faixa etária, a junta de
freguesia apenas organiza o passeio
dos avós 1 vez por ano”
“Há anseio por parte das pessoas na
criação do espaço onde se possam
manter ocupados. Há pessoas inte-
ressadas na prática de ginástica”.
“…existem alguns recursos na fregue-
sia a este nível mas os idosos não
têm uma participação ativa”.
Desenvolvimento
Estado de maturidade da comunidade
“Tem-se verificado um nítido envelhe-
cimento da população… a taxa de
2
natalidade é cada vez é menor”.
“Aparentemente o mais envelhecido é
Almoster…a freguesia toda é idosa”.
Espiritual
Filiação Religiosa
“ maioritariamente é católica”
3
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE DE SANTARÉM
2º CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM COMUNITÁRIA
ANÁLISE DE CONTEÚDO DE ENTREVISTA AO INFORMANTE CHAVE: ENFER-
MEIRA DA UNIDADE DE SAÚDE FAMILIAR ALMEIDA GARRETT-UNIDADE DE
ALMOSTER
(Análise efetuada de acordo com Modelo Teórico de Betty Neuman)
Dimensões/Variáveis Categoria Unidade de registo
Fisiológica
Indicadores de saúde (morbi-
lidade)
Estilos de vida
“Os principais problemas de
saúde são a Diabetes, HTA,
Neoplasias”
“…não são pessoas ativas, que-
ro dizer com isto que não prati-
cam qualquer tipo de atividade
física” “ “…3 a 4 frequentam
cafés”, “…cultivo de pequenas
hortas”.
Psicológica
Saúde emocional do grupo
populacional
“as relações familiares de uma
forma geral são boas”.
“Vivem mais isolados. Muitos
vivem sozinhos…”
“…ocupam o seu tempo em
casa”
“alguns chegam à consulta sem-
pre tristes, com falta de interes-
se pelas atividades do dia-a-dia”.
“muitos só saem de casa para
irem às consultas”.
Sociocultural
Atividades socias e culturais
Recursos
“são pouco participativos nas
atividades recreativas”
apesar de existirem algumas
associações recreativas, a ver-
dade é algumas nem sequer
funcionam e as que têm algum
tipo de atividade não estão vol-
tadas para esta faixa etária
“…para os idosos não existem
recursos…caso estejam interes-
sados têm de se deslocar a San-
tarém…” “sinto que os idosos
deviam ter atividades que lhes
permitissem ocupar o tempo de
outra forma”.
4
Desenvolvimento
Não avaliado
Espiritual
Não avaliado
63
AAnneexxoo VVII
Critérios para a elaboração dos diagnósticos de
enfermagem em linguagem classificada CIPE
1
Sistema/Problemas identifi-
cados
Fatores que contribuíram (Análise de conteúdo das entrevistas)
Diagnóstico de
enfermagem
Grupo de
idosos
como clien-
te (idosos
de Almoster
com 65 e
mais anos)
Sedentarismo
(E1): “(…) de grosso modo vêm televisão”;
(E1): “3 a 4 frequentam cafés; “…cultivo de pequenas hortas”;
(E2): “…não são pessoas ativas, quero dizer com isto que não praticam qualquer tipo de atividade física”
Grupo de idosos com
autocuidado atividade
física reduzida em
grau elevado
Isolamento
social
61% da população idosa de Almoster vive só
(E1): “A dispersão entre os vários lugares da freguesia e a desertificação social existente não contribui em
nada para o convívio social”.
(E1): “Muitos idosos também não têm meios para se deslocarem por isso acabam por estar mais isolados”
(E2): “alguns chegam à consulta sempre tristes, com falta de interesse pelas atividades do dia-a-dia”
(E2): “muitos só saem de casa para irem às consultas”
Grupo de idosos com
interação social com-
prometida em grau
moderado
Oportunidades
de distração
insuficientes
(E1): “para esta faixa etária, a junta de freguesia apenas organiza o passeio dos avós 1 vez por ano”.
(E2): “… apesar de existirem algumas associações recreativas, a verdade é algumas nem sequer funcionam
e as que têm algum tipo de atividade não estão voltadas para esta faixa etária.
(E2): “sinto que os idosos deviam ter atividades que lhes permitissem ocupar o tempo de outra forma”
Grupo de idosos com
autocuidado atividade
recreativa comprome-
tida em grau elevado.
64
AAnneexxoo VVIIII
Panfletos informativos para divulgação do Pro-
jeto de Intervenção Comunitária
64
CLUBE SÉNIOR: FIQUE ATIVO, VIVA MELHOR
2012: Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações
LOCAL: Instalações da Associação Recreativa e Cultural da Freguesia de Almoster
ÀS TERÇAS FEIRAS DAS 10H30 ÀS 12H GRATUITO Elaborado pela Enfª Marisa Martins, com o apoio
de:
Venha ocupar o seu tempo de forma saudável com as atividades que temos para si!
A PARTIR DE 24 DE ABRIL Se tem mais de 65 anos
0
Projeto de Interven-
ção
Elaborado por:
CLUBE SÉNIOR: FIQUE ATIVO,
VIVA MELHOR
2012
Ano Europeu do Enve-
lhecimento Ativo e da
Solidariedade entre
Gerações
Enfermeira Marisa Martins, aluna da especialidade em enfermagem
comunitária, com apoio da Enfermeira Luísa e: INICIO: 24/04/2012
HORA: 10H30 LOCAL: Instalações da Associação Recreati-
va e cultural da Freguesia de Almoster
Apareça! Vai Gostar!
Contamos Consigo!
“Clube Sénior: Fique Ativo, Viva Melhor
Com este projeto pretende-se criar um espaço onde a população com mais de 65 anos da freguesia de Almoster possa conviver, interagir e aprender, proporcionando momen-tos de lazer e diversão!!!
Porque...
O ENVELHECIMENTO DEVE SER
ENCARADO COMO MAIS UM CICLO DE
VIDA QUE SE ABRE E QUE DEVE SER
VIVIDO , NÃO COMO UM LUTO, MAS, E
ANTES DE MAIS, COMO UMA ETAPA A
ULTRAPASSAR DE FORMA POSITIVA
Caso tenha alguma dúvida entre em contacto connos-
co
UCC Santarém: 243330600
1
Atividade 2— “Voltar à escola”
Ensaio de um conto infantil para apresentar
posteriormente às crianças do 1º ciclo da fre-
guesia de Almoster
Este ensaio será realizada por um professor de
teatro
“Clube Sénior: Fique Ativo, Viva Melhor
É um projeto de intervenção desenvolvido
no âmbito do estágio 2 da especialidade
em enfermagem comunitária;
Tem como objetivo promover o envelheci-
mento ativo na freguesia de Almoster,
ocupando de forma saudável o tempo
livre através da prática de várias ativida-
des.
2012 foi proclamado, pela Comissão
Europeia, o Ano Europeu do Enve-
lhecimento Ativo e da Solidariedade
entre Gerações.
O envelhecimento ativo deve permitir
aos idosos a oportunidade de:
Permanecerem no mercado de tra-
balho e partilharem a sua expe-
riência;
Continuarem a desempenhar um
papel ativo na sociedade;
Viverem uma vida o mais saudável e
A quem se destina?
A todos os residentes da freguesia de Almos-
ter que tenham idade superior ou igual a
65 anos.
A sociedade é feita por TODAS as
pessoas, em TODAS AS IDADES...
Inicio marcado para o dia 24 de Abril 2012
nas instalações da Associação Recreati-
va de Almoster
Todas as terças feiras de manhã, entre as
10h30 e as 12h (com duração de dois
meses)
Cada semana uma atividade diferente!!
GRATUITO
Quais as atividades que pode praticar?
Atividade 1— “Viver com Saúde”
Sessões de esclarecimento sobre:
Promoção da qualidade de vida no idoso;
Exercício físico e Saúde;
Atividade 3— “Movimento é Saúde”
Aula de ginástica
Realização de uma caminhada
Aula sobre “Dores nas costas”
Atividade 4— “Viva ativo”
Visita guiada à Casa Museu Passos Canavarro
em Santarém
Sessão de “Terapia do Riso” e jogos para dis-
trair
65
AAnneexxoo VVIIIIII
PPaannfflleettoo iinnffoorrmmaattiivvoo ppaarraa ddiivvuullggaaççããoo ddaa aattiivvii--
ddaaddee AAvvaalliiaaççããoo ddee TTAA,, GGlliicceemmiiaa CCaappiillaarr ee PPeess
1
Projeto de Intervenção Comunitária: “Clube Sénior: Fique Ativo, Viva Melhor”
24 Abril de 2012 (10h30-12h) VENHA AVALIAR A SUA TENSÃO
ARTERIAL, GLICÉMIA E PESO
(Instalações da Associação Recreativa de Almoster)
Viva bem, cuide da sua saúde!
66
AAnneexxoo IIXX
Plano da Sessão “Promoção do Envelhecimen-
to Ativo”
1
FORMADOR
Enf. Marisa Martins
TEMA
Promoção do Enve-
lhecimento Ativo
DURAÇÃO
45 min.
GRUPO-ALVO
Idosos da freguesia de
Almoster
LOCAL/HORÁRIO
Associação Recreativa de
Almoster
1 de maio 2012 (10h)
Fases
Tempo
Conteúdos
Metodologia
Avaliação
Introdução
10 min
Apresentação ao grupo;
Apresentação do projeto de intervenção
Expositivo
Observação de interesse por
parte dos elementos para os
quais a sessão foi preparada,
visualizando a reação facial ao
exposto.
Desenvolvimento
25 min
2012-Ano europeu do Envelhecimento Ativo
O envelhecimento demográfico e individual;
Importância do envelhecimento ativo
Conceito de Saúde/Promoção da Saúde
Expositivo
Interativo e reflexivo
Observação de apreensão e
interesse pelos conteúdos por
parte dos idosos presentes
Conclusão
10 min
Realização da síntese dos principais assuntos
abordados
Agradecimentos
Reflexão e colocação de dúvidas
Interativo e reflexivo
Demonstração de satisfação
por parte dos elementos parti-
cipantes
67
AAnneexxoo XX
Plano da Sessão “Exercício Físico e Saúde”
1
FORMADOR
Prof. João Dias
TEMA
Exercício Físico e
Saúde
DURAÇÃO
60 min.
GRUPO-ALVO
Idosos da freguesia de
Almoster
LOCAL/HORÁRIO
Associação Recreativa de
Almoster
8 de maio 2012 (10h)
Fases
Tempo
Conteúdos
Metodologia
Avaliação
Introdução
5 min
Apresentação do professor ao grupo;
Esclarecimento dos objetivos da sessão e a
forma como decorrerá a mesma
Expositivo
Observação de interesse por
parte dos elementos para os
quais a sessão foi preparada,
visualizando a reação facial ao
exposto.
Desenvolvimento
45 min
(15 minutos de ses-
são teórica, 5 minutos
de intervalo e 25
minutos de sessão
prática)
A importância do exercício físico na saúde
O exercício físico e a prevenção das quedas
Exercícios para praticar em casa
Treinar os exercícios
(aquecimento-exercícios-alongamento)
Expositivo/Interativo
Participativo
Observação de apreensão e
interesse pelos conteúdos por
parte dos idosos presentes
Observação da adesão dos
participantes à execução dos
exercícios
Conclusão
10 min
Realização da síntese dos conteúdos aborda-
dos
Agradecimentos
Reflexão e colocação de dúvidas
Interativo e reflexivo
Demonstração de satisfação
por parte dos elementos parti-
cipantes
68
AAnneexxoo XXII
PPaannfflleettoo iinnffoorrmmaattiivvoo ppaarraa ddiivvuullggaaççããoo ddaa vviissiittaa àà
CCaassaa MMuusseeuu PPaaççooss CCaannaavvaarrrraa
1
PASSEIO À CASA-MUSEU PAS-SOS CANAVARRO SANTARÉM
CLUBE SÉNIOR: FIQUE ATIVO, VIVA MELHOR
Organização
Enfª Marisa Martins Com o apoio: Câmara Municipal de Santarém Junta de Freguesia de Almoster
5 DE JUNHO DE 2012 (TERÇA FEIRA)
SAÍDA DE ALMOSTER PELAS 9H30
PREÇO/PESSOA: 3 EUROS - PAGAMENTO NO ATO
DA INSCRIÇÃO INSCRIÇÃO
NÚMERO DE INSCRIÇÕES LIMITADAS
INSCREVA-SE NA SUA JUNTA DE FREGUESIA ATÉ AO DIA 29 DE MAIO
PARA MAIORES DE 65
ANOS
69
AAnneexxoo XXIIII
PPaannfflleettoo iinnffoorrmmaattiivvoo ppaarraa ddiivvuullggaaççããoo ddaa iiddaa àà
PPeeççaa ddee TTeeaattrroo ““OO mmeellhhoorr ddee LLáá FFéérriiaa””
1
PREÇO/PESSOA: 25 euros - PAGAMENTO NO ATO DA
INSCRIÇÃO
PEÇA DE TEATRO
“O MELHOR DE LÁ FÉRIA”
Enfª Marisa Martins
Junta de Freguesia de Almoster
Organização
SAÍDA DE ALMOSTER PELAS 13H45
CASINO Estoril-lisboa
19 DE MAIO DE 2012 (SÁBADO)
A PEÇA TEM INICIO MARCADO PARA AS 17H
INSCREVA-SE NA SUA JUNTA DE FREGUESIA ATÉ
AO DIA 10 DE MAIO
NÚMERO DE INSCRIÇÕES LIMITADAS
Prioridade na inscrição
a pessoas com mais de
65 anos.
70
AAnneexxoo XXIIIIII
CCrriittéérriiooss ppaarraa ffoorrmmuullaaççããoo ddaa qquueessttããoo PPII[[CC]]OO
1
CRITÉRIOS PARA FORMULAÇÃO DA QUESTÃO PI[C]O
P Participantes Quem foi estu-
dado?
Pessoas idosas (idade
superior ou igual 65
anos)
PALAVRAS-CHAVE:
NURS*
HEALTH PROMOTION
OLDER ADULTS
I Intervenções O que foi feito? Processo de cuidados
de enfermagem
[C] Comparações Não efetuado
O Outcomes Resultados
Promoção da saúde
das pessoas idosas na
comunidade
71
AAnneexxoo XXIIVV
LLiimmiittaaddoorreess eessppeeccííffiiccooss ddaass BBaasseess ddee DDaaddooss
1
LIMITADORES ESPECIFICOS PARA AS BASES DE DADOS SELECIONADAS
BASES DE DADOS LIMITADORES
CINAHL Plus with full text
Resumo disponível Humano Qualquer autor enfermeiro Faixa etária: 65 e mais anos Texto completo em PDF
MEDLINE with full texto Humano Resumo disponível Idoso: 65 e mais anos
Cochrane Database of systematic reviews Sem limitadores disponíveis para o estudo
Nursing & allied Health Collection
Compreensive Texto completo em PDF
MedicLatina Texto completo em PDF
72
AAnneexxoo XXVV
CCrriittéérriiooss ddee iinncclluussããoo ee eexxcclluussããoo
1
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO
Critérios Inclusão Exclusão
Participantes
- Pessoas idosas (idade
superior ou igual a 65 anos)
- Todas as outras faixas etá-
rias
Intervenção
- Processo de cuidados de
enfermagem à pessoa idosa
em contexto comunitário
- Estudos efetuados em con-
texto hospitalar
Desenho
- Estudos de abordagem
qualitativa
- Revisões sistemáticas de
literatura
- Estudos de caso que reve-
lem resultados evidenciando
a temática
- Todos os achados da pes-
quisa que não apresentem os
critérios de inclusão
- Artigos sem carácter cientí-
fico
- Artigos repetidos em mais
de uma base de dados
73
AAnneexxoo XXVVII
CCrruuzzaammeennttoo ddaass ppaallaavvrraass--cchhaavvee
1
CRUZAMENTO DAS PALAVRAS-CHAVE
Bases dados
Palavras-
chave
CINAHL
Plus with
Full Text
MEDLI-
NE with
Full Text
Cochrane
Database of
Systematic
Reviews
Nursing & Allied
Health Collec-
tion: Compre-
hensive
MedicLatina TOTAL
Nurs* A 296 4260 107 12688 392 17816
Health Pro-
motion B 15 454 13 448 151 1097
Older adults C 66 4000 18 821 826 5143
A+B 4 70 4 156 14 243
A+C 27 396 2 149 2 583
B+C 2 52 0 22 1 78
A+B+C 0 10 0 4 0 14
74
AAnneexxoo XXVVIIII
AArrttiiggoo 11 -- Upstream thinking and health
promtion planning for older adults at risk of so-
cial isolation
75
AAnneexxoo XXVVIIIIII
AArrttiiggoo 22 -- Health Practices of Older adults in
Good Health
76
AAnneexxoo XXIIXX
AArrttiiggoo 33 -- Interventions to Reduce Cognitive
Decline in Aging
77
AAnneexxoo XXXX
AAnnáálliissee ddooss aarrttiiggooss
1
Estudo
Upstream thinking and health promotion planning for older adults at
risk of social isolation
WILSON; HARRIS; HOLLIS; MOHANKUMAR, 2010. Canadá
Participantes Idosos residentes na comunidade
Intervenções
Com o objetivo de identificar os fatores determinantes na saúde e as
estratégias de intervenção que previnam o isolamento social dos idosos,
procedeu-se em 2009 e 2010 à revisão sistemática de literatura com
recurso a 2 bases de dados científicas: CINAHL e Medline.
Desta pesquisa foram selecionados e analisados 5 estudos de investiga-
ção que destacam fatores determinantes na saúde, de particular relevân-
cia na compreensão e abordagem do isolamento social neste grupo etá-
rio.
Resultados
Os idosos necessitam de estar socialmente em contacto com a sua
comunidade ou com outras pessoas.
Os trabalhos de investigação analisados:
- Apresentam o isolamento social e o medo do isolamento social como
preocupações comuns entre os idosos;
- Destacam três fatores determinantes na saúde como fundamentais na
prevenção do isolamento social:
1. Hábitos de saúde e competências sociais de adaptação. Dado
que as doenças que advém da velhice revelam-se de uma impor-
tância adicional para os idosos ao reduzir a sua saúde e bem-
estar, é bastante importante preveni-las. Desta forma enfatiza-se
a importância de promover a saúde ao longo da vida, incluindo os
que estão prestes a reformar-se, dado que a reforma é uma fase
de transição muito significativa na vida do individuo.
2. Rendimento e estatuto social. Um dos estudos analisados refere
que existe relação entre os recursos financeiros inadequados e a
capacidade do idoso em socializar, dado o sentimento de solidão
ser mais comum entre aqueles que têm rendimentos económicos
reduzidos.
3. Redes sociais de apoio. Três dos cinco trabalhos analisados refe-
rem a importância das redes sociais de apoio como fator determi-
nante na saúde, na medida em que, os participantes expressaram
o desejo de ter alguém com quem conversar. Os indivíduos
socialmente envolvidos sofrem de menos stress, e a participação
pouco frequente dos idosos em atividades sociais e o fraco apoio
2
social estão associados a uma saúde física e mental debilitada.
Referem que os três fatores podem ser abordados através de políticas e
estratégias de ação, iniciadas e/ou prosseguidas por enfermeiros estabe-
lecendo para tal parcerias com entidades locais e outros profissionais,
trabalhando individualmente ou em grupos na comunidade.
Os enfermeiros são fundamentais na identificação e ajuda a idosos em
risco de isolamento social, para além de defenderem a necessidade de
políticas e programas que garantam o apoio social e rendimento adequa-
do aos idosos.
Os enfermeiros trabalham em diferentes locais de prestação de cuidados
de saúde, onde podem detetar precocemente situações de risco. Ao longo
da sua formação também adquirem competências que lhes permite ter
uma visão holística da saúde e do bem-estar. Deste modo, os enfermeiros
identificam-se como um grupo-chave para serem advogados dos idosos
em risco de isolamento social.
Para prevenir o isolamento social é crucial promover hábitos de saúde
pessoais e competências sociais de adaptação entre os idosos. Para
identificar os idosos que detêm hábitos de saúde ou competências socias
que os colocam em risco de isolamento social, os enfermeiros podem:
Fazer o planeamento de visitas ao domicílio ou programas de ras-
treio de saúde anuais e posteriormente integram os idosos em
risco em programas sociais;
Realizar sessões de educação para a saúde diretamente a grupos
da comunidade, sobre a necessidade de se criarem programas e
atividades para aumentar a interação social entre os idosos. A
informação é também necessária para encorajar os participantes
a serem pró-ativos nas suas necessidades de apoio social, e
desafiar a ideia generalizada de que a doença é uma consequên-
cia inevitável do envelhecimento.
Muitas estratégias já provaram ser eficazes na redução do isolamento
social dos idosos:
Aulas de ginástica, programas comunitários de jardinagem e pro-
gramas artísticos.
“Befriending”, que acontece quando alguém tenta ser amigo de
alguém. A Manchester-based Mentoring and Befriending Founda-
tion é um exemplo de organizações que promovem a criação de
laços de amizade entre os indivíduos socialmente isolados. Ser
ativo em qualquer programa de voluntariado pode ajudar outras
pessoas a evitar a solidão e manter a sensação de utilidade na
3
comunidade. O conhecimento e experiências partilhadas entre
participantes poderão também encorajar a adoção de práticas de
saúde positivas.
A cedência de um espaço para que os idosos se possam encon-
trar e socializar, através de jogos de cartas ou outras atividades é
fundamental para que as interações sociais possam ocorrer. Se
os idosos estiverem diretamente envolvidos na organização des-
sas atividades, isto poderá fortalecer as suas competências
socais e de adaptação, aumentar as suas redes socais de apoio e
elevar o potencial da sustentabilidade contínua destas atividades.
O combate à discriminação com base na idade. O preconceito
para com o envelhecimento e os idosos tem inúmeros impactos,
incluindo o efeito prejudicial na participação dos idosos na socie-
dade. Este estereótipo sobre os idosos, entre outros, influencia a
interação entre os jovens e os idosos, levando a que estes se sin-
tam insignificantes. Retomar o envolvimento entre as múltiplas
gerações, em diversas formas mutuamente benéficas, representa
um dos métodos de reduzir estes estereótipos. De modo a apro-
ximar as gerações, os enfermeiros podem assumir a liderança,
realizando apresentações em escolas sobre a necessidade e os
benefícios do trabalho intergeracional, tendo os idosos como seus
professores assistentes.
Todos os enfermeiros devem ser treinados para avaliar a existência de
idosos potencialmente isolados, bem como aqueles que revelam efeitos
do isolamento social, e encaminhá-los para intervenções preventivas.
Enfermeiros informados têm a responsabilidade de educar, treinar e pres-
tar apoio à comunidade, aos decisores políticos e a outros profissionais de
saúde sobre a problemática do isolamento social.
Os enfermeiros podem, portanto, desempenhar um papel direto em ações
de ajuda a idosos para aumentar os seus contactos sociais, através da
implementação de estratégias, baseadas na evidência, que abordam os
fatores que tornam os idosos num grupo vulnerável ao isolamento social.
O conhecimento dos fatores determinantes na saúde e o acesso à cres-
cente literatura sobre programas e intervenções baseados na evidência,
capacitam os enfermeiros dos meios para formular estratégias para pre-
venir o isolamento social nos idosos em risco.
Os enfermeiros encontram-se em excelente posição para promoverem a
saúde, como também utilizar a sua orientação social para moverem as
atenções para o desenvolvimento de cuidados biopsicossociais preventi-
vos alargados, para além dos tradicionais cuidados de saúde.
4
É fundamental perceber-se que o isolamento social é um problema
comum, sério e evitável, que afeta os idosos.
Os enfermeiros são fundamentais para garantir que o isolamento social
nos idosos seja compreendido e tratado.
É importante que os enfermeiros assumam rapidamente este desafio
antes que o rápido envelhecimento da população torne o isolamento
social num problema ainda maior do que o é atualmente.
N.º do Artigo – 1 Nível de Evidência – V
Tipo de Estudo – Revisão
sistemática de estudos des-
critivos e qualitativos
1
Estudo
Health Practices of Older adults in Good Health
KAREN, 2010. CALIFORNIA
Participantes 18 idosos com 75 e mais anos a residir em contexto comunitário que se
consideram saudáveis.
Intervenções
Este estudo teve como objetivo investigar as crenças, valores, estilos de
vida e os estados de saúde dos idosos com 75 e mais anos que se consi-
deram saudáveis, bem como as interações, através de observações, com
os profissionais de saúde que lhes prestam cuidados. Foram selecionados
4 locais de investigação: 2 consultórios médicos, uma casa de repouso e
uma residência sénior com apoio domiciliário. A escolha destes locais
prendeu-se ao facto de proporcionarem o acesso a idosos que vivem no
espetro da capacidade e funcionalidade físicas.
A realização deste estudo dividiu-se em 4 etapas. Na primeira fase os
profissionais de saúde de cada um dos locais de investigação foram con-
vidados a participar voluntariamente num debate para grupo-alvo onde foi
apresentado o objetivo do estudo e foi debatida a saúde dos idosos. Na
fase 2, foram realizadas sessões de observação dos participantes em
cada uma das instituições para recolher informação sobre a própria insti-
tuição, profissionais de saúde e os utentes. Estas sessões tornaram o
investigador visível e permitiu o encaminhamento de vários idosos para a
fase seguinte (fase 3). Dos 26 idosos que contactaram o investigador para
obter mais informações sobre o estudo, 18 concordaram em participar
tendo sido posteriormente realizadas as entrevistas a estes idosos. Poste-
riormente foi realizada uma entrevista de grupo composta por dois profis-
sionais de saúde de cada uma das instituições. Na reunião foi-lhes pedido
para descreverem idosos saudáveis aos quais prestam cuidados, debater
a forma como a saúde é avaliada pelos idosos e identificar as atividades
que promovem a saúde no envelhecimento. Esta abordagem multifaseada
permitiu a triangulação dos dados.
Resultados
14 dos 18 participantes considerou a sua saúde como boa ou excelente.
Embora 4 participantes tenham considerado a sua saúde como razoável
ou má, o investigador optou por incluí-los no estudo, após sugestão de
profissionais de saúde, na tentativa de perceber as diferenças na perce-
ção do estado de saúde.
Apesar das perspetivas discordantes na autoavaliação da saúde, todos os
idosos acreditavam encontrar-se ativamente envolvidos na gestão da sua
saúde e sentiam a necessidade de “se manterem vivos”. Contudo, apenas
9 praticavam exercício físico (p.ex. ginásio, fazer caminhadas). Os restan-
tes declararam que se mantinham ativos porque caminhavam até à loja do
2
bairro, cozinhavam e faziam a manutenção da casa. Manter-se ativo tam-
bém incluía atividades mentais. Todos os 14 participantes que se autoa-
valiaram como saudáveis falaram sobre participar em algum tipo de exer-
cício mental.
Os resultados demonstraram que:
Os idosos que se autoavaliaram como saudáveis estavam mais
envolvidos com as suas famílias e comunidade do que os idosos
com uma perceção de saúde razoável ou má;
Os indivíduos saudáveis participavam em várias atividades na sua
comunidade e intergeracionais (voluntariado, tomar conta dos
bisnetos). Em contraste, os indivíduos com uma perceção de
saúde razoável ou má eram relativamente isolados, eram todos
reformados e tinham pouco envolvimento com a família ou traba-
lho com a comunidade;
Os idosos que se autoavaliaram como saudáveis revelaram maior
resiliência face à mudança. Aprenderam a adaptar-se à mudança
através de um envolvimento ativo com os outros, para melhor
enfrentá-la. Em contrapartida, o grupo que considerou a sua saú-
de como razoável ou má não apresentou a mesma capacidade de
adaptação. Em vez de se mobilizarem ou envolverem com outros
em resposta à doença ou ao stress, os membros deste grupo
pareciam resignar-se ou antecipar acontecimentos negativos.
Neste sentido, uma das principais conclusões do estudo é que o envolvi-
mento social é um importante fator associado à perceção de saúde e,
consequentemente, ao envelhecimento bem-sucedido.
Os profissionais de saúde descreveram “idoso saudável” como alguém
com “genica”, que “ainda faz imensas coisas” ou simplesmente “bastante
vivo” apesar dos seus problemas crónicos. Apontaram o nível de funcio-
nalidade como a evidência mais clara de saúde e afirmaram que este foi o
critério mais utilizado na seleção dos idosos que recomendaram para
entrevista.
No que respeita as atividades promotoras de saúde verificou-se que:
Apesar dos profissionais de saúde encorajarem verbalmente à
autonomia, durante as sessões de observação revelou-se notória
a forma como os residentes institucionalizados são prevenidos de
andar, sendo-lhes pedido para se movimentarem de cadeira de
rodas, e mantidos com fralda sistematicamente. Os profissionais
justificam esta atitude com a tensão existente entre segurança e
autonomia;
3
Nos consultórios, as atividades passavam por relembrar constan-
temente as datas das consultas e conversar com os pacientes
sobre a sua situação de saúde;
Na instituição com apoio domiciliário, os profissionais levavam os
residentes pela mão às diferentes atividades de grupo.
Quando o investigador abordou o facto de nas instituições os idosos se
encontrarem frequentemente sozinhos, os profissionais de saúde afirma-
ram ser muito importante conceder aos utentes momentos de privacidade,
para manterem a capacidade de estarem sozinhos.
Os profissionais de saúde reconheceram a importância de manter uma
atitude positiva à medida que o estado de saúde se altera.
Mesmo quando cuidados de saúde de apoio são necessários, tais como
os serviços de apoio ao domicílio ou tratamento qualificado, a promoção
de uma participação ativa em atividades e relacionamento com outros
residentes e com os próprios profissionais de saúde, proporcionavam uma
experiência positiva e associavam-se a uma perceção de si próprio de
boa saúde.
Tendo em conta os resultados encontrados, o estudo sugere algumas
estratégias que podem ser desenvolvidas pelos enfermeiros no sentido de
promoverem um envelhecimento saudável:
Os enfermeiros devem promover uma participação contínua dos
idosos em atividades e envolvimento nas suas famílias e comuni-
dades, de modo a viabilizar um envelhecimento saudável;
Devem continuar a encorajar os idosos que vivem na comunidade
a manterem-se ativos nas suas áreas de interesse;
Na qualidade de prestadores de cuidados de saúde, os enfermei-
ros devem avaliar a capacidade dos pacientes idosos em se
envolver, bem como analisar o papel que podem desempenhar no
apoio a esse mesmo envolvimento;
Em ambulatório, durante as consultas, é importante questionar os
pacientes sobre as suas atividades do dia-a-dia, tais como: a fre-
quência com que saem de casa, os seus hobbies, se têm amigos
e outros contactos externos;
Nas instituições, os enfermeiros devem avaliar a frequência com
que os residentes saem do quarto e o seu nível de participação
em atividades na instituição, bem como a interação com os fun-
cionários, outros residentes, familiares ou contactos externos.
Adicionalmente, os enfermeiros devem avaliar cuidadosamente as
atividades disponíveis. As atividades em pequenos grupos pode-
4
rão revelar-se mais proveitosas do que aquelas que incluem
grandes grupos, de modo a estimular a conversa entre os mem-
bros.
N.º do Artigo – 8 Nível de Evidência – VI Tipo de Estudo – Descritivo
e interpretativo
5
Estudo
Interventions to Reduce Cognitive Decline in Aging
Williams; Kemper, 2010. EUA
Participantes População idosa a residir na comunidade
Intervenções
Com o objetivo de aprofundar os conhecimentos científicos sobre a pro-
moção do envelhecimento cognitivo saudável nos idosos, foi realizada
revisão sistemática de literatura.
A revisão de literatura identificou relatórios de investigação concluídos em
2000, através de uma pesquisa com os descritores “cognition” e “aging”
nas seguintes bases de dados: MEDLINE, CINAHL e PsycINFO.
Este estudo apresenta:
Os resultados dos trabalhos de investigação que analisaram as
relações entre dois fatores – o estilo de vida e as atividades – e o
envelhecimento cognitivo
Os resultados dos estudos de investigação que testaram ações
de intervenção com o objetivo de melhorar a função cognitiva
Resultados
Este estudo identificou práticas inerentes a diferentes estilos de vida, tais
como a educação, os tempos-livres, o envolvimento intelectual e conhe-
cimento, que se encontram associadas à manutenção bem-sucedida das
capacidades cognitivas. A atividade física, alimentação e socialização são
fatores adicionais, ligados à manutenção da capacidade cognitiva no
envelhecimento.
Relativamente às atividades cognitivas os estudos revelam que os indiví-
duos com profissões cognitivamente estimulantes mantêm um funciona-
mento cognitivo mais elevado à medida que envelhecem. Contudo, o seu
desempenho irá eventualmente diminuir com o avanço da idade.
No que respeita às atividades físicas, muitos estudos investigaram os
benefícios do exercício físico no envelhecimento. A atividade física
aumenta a cognição exponencialmente, uma vez que o exercício cardio-
vascular aumenta o fluxo de sanguíneo cerebral e a condução de oxigénio
aumentando assim a formação de neurónios e mantendo o volume cere-
bral.
Outros estudos analisaram como o apoio social e o envolvimento em ati-
vidades sociais afetam a cognição no envelhecimento, e determinaram
que a interação socia e atividades produtivas, reduzem as consequências
da mortalidade, da mesma forma que o exercício físico.
No que respeita à nutrição, verificou-se igualmente uma associação entre
uma alimentação equilibrada e a manutenção do desempenho cognitivo
6
no envelhecimento.
No geral, estes estudos fornecem um suporte inicial para a premissa de
que a atividade física e mental, o apoio social, e uma alimentação equili-
brada fornece efeitos protetores na cognição à medida que se envelhece.
Com base nestes dados e com o objetivo de melhorar a função cognitiva
dos idosos, os estudos testaram ações de intervenção e verificaram que:
As intervenções cognitivas que melhoram a função cognitiva con-
sistem no treino de memória (através do ensino de estratégias
mnemónicas, concentração e relaxamento), na formação de
memória;
A prática de exercícios aeróbios revelou-se como benéfica na
preservação da função cognitiva.
A implementação de ações de intergeracionalidade conduziu a
um aumento da atividade cognitiva para os idosos
No âmbito da intervenção nutricional, foi realizado um estudo num
grupo de idosos com pouco ou nenhum declínio cognitivo que
consumiram diariamente durante 6 meses uma bebida enriqueci-
da, apresentaram a curto e médio prazo melhorias na memória.
Tendo em conta os resultados apresentados, as autoras concluíram que:
Os enfermeiros se encontram numa posição excecional para
aconselhar os idosos sobre a promoção da saúde cognitiva e
desenvolver ações de intervenção que otimizem a cognição nos
idosos.
A implementação de intervenções pode ser realizada através de
sessões aconselhamento dos pacientes sobre os efeitos benéfi-
cos da atividade cognitiva, da prática do exercício físico, a intera-
ção social e alimentação equilibrada na saúde cognitiva.
N.º do Artigo – 9 Nível de Evidência – V Tipo de Estudo – Revisão
sistemática de literatura