MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE/ DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ENFERMAGEM
CINARA MARIA FEITOSA BELEZA
FATORES PREDITORES DE QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS NA ATENÇÃO BÁSICA
Teresina-PI
2014
CINARA MARIA FEITOSA BELEZA
FATORES PREDITORES DE QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS NA ATENÇÃO BÁSICA
Relatório de Dissertação apresentado ao Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí, como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Mestre em Enfermagem.
Área de concentração: Enfermagem no Contexto Social Brasileiro Linha de pesquisa: Processo de Cuidar em Saúde e em Enfermagem
Orientadora: Profa. Dra. Maria do Livramento Fortes Figueiredo
Teresina-PI
2014
CINARA MARIA FEITOSA BELEZA
FATORES PREDITORES DE QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS NA ATENÇÃO BÁSICA
Relatório de Dissertação apresentado ao Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí, como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Mestre em Enfermagem.
Aprovada em:______/______/_______ ___________________________________________________________________
Presidente/Orientadora: Profa. Dra. Maria Do Livramento Fortes Figueiredo – UFPI
___________________________________________________________________
1° Examinador(a): Profa. Dra. Maria Josefina Da Silva – UFC
2° Examinador(a): Profa. Dra. Elaine Maria Leite Rangel Andrade – UFPI
___________________________________________________________________
Suplente: Profa. Dra. Grazielle Roberta Freitas da Silva - UFPI
AGRADECIMENTOS
A Deus, primeiramente, pela oportunidade de mais essa conquista. Nos momentos mais difíceis, sua presença Invisível me acolhe e me dá forças para prosseguir e vencer meus propósitos.
Aos meus pais, Marlene Barbosa Feitosa Beleza e José Dilson de Souza Beleza, pelo amor incondicional, carinho, dedicação, otimismo e torcida incansável para o meu sucesso.
A minha irmã, Cínthia, pelo carinho e amizade. Sua confiança e apoio nos torna cada vez mais unidas.
Aos meus familiares e amigos por acreditarem na minha capacidade de vencer desafios.
A minha orientadora e professora Dra. Maria do Livramento Fortes Figueiredo, agradeço a oportunidade de trabalharmos juntas, o grande apoio e os ensinamentos compartilhados.
Às admiradas professoras Dra. Maria Josefina da Silva, Dra. Elaine Maria Leite Rangel Andrade e Dra. Grazielle Roberta Freitas da Silva, pelo tempo dedicado à apreciação desse trabalho e por suas importantes contribuições.
Aos demais professores do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem da UFPI por estimularem meu interesse pelo conhecimento e pela carreira acadêmica.
À equipe de coleta de dados (enfermeira Lívia Pereira e os acadêmicos de enfermagem da UFPI Kalebe Nogueira, Jéssica Silva, Remédios Santos e Isabela Nolêto) pelo compromisso e disponibilidade.
À equipe de agentes comunitários Cidade Jardim pela disponibilidade na fase de coleta de dados em “abrirem as portas” dos idosos residentes daquela área.
Aos queridos idosos entrevistados e seus familiares por colaborarem na concretização desse estudo.
A todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desse trabalho.
“Saber envelhecer é a grande sabedoria
da vida”.
(Henri Amiel)
RESUMO
Estudo descritivo e transversal com abordagem quantitativa dos dados, que teve por
objetivo identificar os fatores preditores de qualidade de vida de idosos cadastrados
na Estratégia Saúde da Família do município de Teresina (PI). A amostra foi
constituída por 383 sujeitos e a pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética. Os dados
foram coletados por meio de um questionário que abordava variáveis
sociodemográficas, econômicas e de saúde, e dos instrumentos de qualidade de
vida (QV), WHOQOL-Bref e WHOQOL-old. Como resultado, obteve-se que 67,9%
dos idosos eram do sexo feminino, a média de idade foi 70,9 (D.P: 8,2), 60,6% eram
analfabetos ou possuíam ensino fundamental incompleto, 50,9% eram casados,
66,6% procedentes do interior do Estado, 59,0% de cor parda e 76,2% eram
católicos. A renda média familiar e do idoso foi de 1 a 2 salários mínimos (35,2%) e
de até 1 salário mínimo (65,1%), respectivamente. Os idosos moravam, em média,
com 3,0 pessoas (D.P: 2,0) e 71,0% eram aposentados. Quanto ao estilo de vida,
91,1% afirmaram não ingerir bebida alcóolica e 70,2% não fumar; 62,7% referiram
dormir bem; 77,3% não praticam atividade física e 39,7% autoavaliaram sua saúde
como nem ruim/nem boa. Sobre as condições de saúde, as principais doenças
autorreferidas foram: hipertensão (58,0%), diabetes (10,7%) e osteoporose (10,4%).
A QV mensurada pelo WHOQOL-Bref obteve maior escore no domínio psicológico
(70,2) e menor no domínio ambiental (61,7). Já a QV avaliada pelo WHOQOL-Old
alcançou maior escore na faceta funcionamento dos sentidos (74,5), e menor na
intimidade (59,3). Por meio da regressão linear múltipla verificou-se que os fatores
preditores de QV, segundo os domínios do WHOQOL-Bref, foram as variáveis:
idade, sono reparador, praticar atividade física, ser católico, renda familiar,
autoavaliação de saúde (boa/muito boa) e quantidade de morbidades. Já os fatores
preditores de QV das facetas do WHOQOL-old foram todas as variáveis citadas
anteriormente, acrescidas de sexo feminino, com escolaridade, possuir companheiro
e renda do idoso. Os resultados sugerem a necessidade de capacitar os envolvidos
com os idosos para que desenvolvam estratégias que favoreçam a adaptação,
ajustamento e manutenção da QV.
Palavras-chave: Idoso. Qualidade de vida. Enfermagem.
ABSTRACT
This is a descriptive and cross-sectional study with quantitative data approach, which
aims to identify the predictor factors of life quality of elderly enrolled in the Estratégia
Saúde da Família program in Teresina (PI). The sample consisted of 383 subjects
and the research was approved by the Ethics Committee. Data were collected
through a questionnaire related to demographic, economic and health variables, and
QoL (Quality of Life) instruments, the WHOQOL -Bref and WHOQOL -old. As a
result, it was observed that 67.9 % of the elderly are women, the mean age is 70.9
(SD: 8.2), 60.6 % are illiterate or had incomplete primary education, 50.9 % are
married, 66.6 % are from the countryside, 59.0 % are mulatto and 76.2 % are
Catholic. The average family and elderly income is 1-2 minimum wages (35.2 %) and
up to 1 minimum wage (65.1 %), respectively. The respondents live on average with
3.0 people (SD: 2.0) and 71.0 % are retired. As for lifestyle, 91.1 % reported not
drinking alcohol and 70.2 % are non- smoking, 62.7 % reported to be able to sleep
well, 77.3 % do not exercise and 39.7 % self- rated their health as regular. About
health conditions, the main self-reported diseases were hypertension (58.0 %),
diabetes (10.7%) and osteoporosis (10.4%). The QoL measured by WHOQOL -Bref
had a higher score on psychological area (70.2) and lowest in the environmental field
(61.7). The QoL assessed by the WHOQOL -old achieved higher scores on the facet
of sensory abilities (74.5) and lowest in the intimacy (59.3). Through multiple linear
regression, it was found that the predictors of QoL according to the WHOQOL-Bref
were the variables: age, restorative sleep, physical activity, being Catholic, family
income, self-rated health (good / very good) and number of comorbidities. The
predictors of QoL of the WHOQOL-old facets were all the variables mentioned
above, plus females, education, income and having companion for the elderly. The
results suggest the necessity to train those involved with older people care to
develop strategies that enhance the adaptation, adjustment and maintenance of QoL.
Keywords: Elderly. Quality of life. Nursing.
RESUMEN
Estudio descriptivo y transversal con enfoque de datos cuantitativos, que tiene como
objetivo identificar los factores predictivos de la calidad de vida de los ancianos
inscritos en la Estratégia de Saúde da Família en la ciudad de Teresina (PI). La
muestra estuvo constituida por 383 sujetos y la investigación fue aprobada por el
Comité de Ética. Los datos fueron recolectados a través de un cuestionario que
aborda variables demográficas, económicas y de salud, y los instrumentos de
calidad de vida (CDV), el WHOQOL-Bref y WHOQOL-old. Como resultado de ello, se
pudo observar que el 67,9 % de los ancianos eran mujeres, la edad media fue de
70,9 (DE: 8,2), el 60,6 % eran analfabetos o tenían primaria incompleta, el 50,9 %
estaban casados, el 66,6 % son del interior del estado, 59.0 % eran mulatos y el
76,2% eran católicos. El sueldo promedio de la familia y de los ancianos fue de 1-2
salarios mínimos (35,2%) y de hasta 1 salario mínimo (65,1%), respectivamente. Los
entrevistados viven aproximadamente com 3,0 personas (DE: 2,0) y el 71,0 % eran
jubilados. En cuanto a estilo de vida, el 91.1 % reportó no beber alcohol y el 70,2 %
dicen ser no fumadores, el 62,7 % informó seren capaces de dormir bien, el 77,3 %
no hace ejercicios y el 39,7 % auto-calificaron su salud como regular. Acerca de las
condiciones de salud, las principales enfermedades auto-reportados fueron la
hipertensión arterial (58,0%), diabetes (10,7%) y la osteoporosis (10,4%). La CDV
medido por WHOQOL-bref tuvo una puntuación más alta en el campo psicológico
(70,2) y el más bajo en el campo del medio ambiente (61,7). La CDV evaluada por el
WHOQOL-old alcanzado las puntuaciones más altas en las capacidades sensoriales
(74,5) y más bajo en la faceta intimidad (59,3). A través de regresión lineal múltiple,
se encontró que los factores predictivos de la CDV de acuerdo con el WHOQOL-bref
fueron las variables: edad, sueño reparador, actividad física, ser católico, el ingreso
familiar, la auto evaluación de salud (buena / muy bueno) y número de morbilidades.
Los predictores de las facetas de la CDV del WHOQOL-old fueron todas las
variables antes mencionadas, añadido del sexo femenino, educación, tener un
compañero y los ingresos (el sueldo). Los resultados sugieren la necesidad de
capacitar a los participantes involucrados con las personas mayores para desarrollar
estrategias que mejoren la adaptación, arreglo y mantenimiento de la CDV.
Palabras clave: Ancianos. Calidad de vida. Enfermería.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Perfil sociodemográfico e econômico dos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383).........................................................................38 Tabela 2 - Dados relativos ao estilo de vida, sono, prática de atividade física e autoavaliação do estado de saúde dos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383).........................................................................................................41 Tabela 3 - Dados relativos à presença de comorbidades nos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383).........................................................................42 Tabela 4 - Identificação dos domínios e facetas de qualidade de vida mais favorecidos ou prejudicados nos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383).......................................................................................................................42 Tabela 5 - Distribuição das médias dos escores dos domínios do WHOQOL-Bref segundo as variáveis socioeconômicas e demográficas dos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383).........................................................................43 Tabela 6 - Distribuição das médias dos escores dos domínios do WHOQOL-Bref segundo as variáveis relativas ao estilo de vida, sono, prática de atividade física e autoavaliação do estado de saúde dos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383).........................................................................................................45 Tabela 7 - Distribuição das médias dos escores dos domínios do WHOQOL-old segundo as variáveis socioeconômicas e demográficas dos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383).........................................................................46 Tabela 8 - Distribuição das médias dos escores dos domínios do WHOQOL-old segundo as variáveis relativas ao estilo de vida, sono, prática de atividade física e autoavaliação do estado de saúde dos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383).........................................................................................................47 Tabela 9 - Análise de regressão linear múltipla para identificação dos fatores preditores de qualidade de vida segundo os domínios do WHOQOL-Bref dos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383)..............................................48 Tabela 10. Análise de regressão linear múltipla para identificação dos fatores preditores de qualidade de vida segundo as facetas do Whoqol-old dos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383)...............................................50
LISTA DE SIGLAS
DM - Diabetes Mellitus
ESF - Estratégia Saúde da Família
FMS - Fundação Municipal de Saúde
HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
OMS - Organização Mundial de Saúde
ONU - Organização das Nações Unidas
OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde
PNI - Política Nacional do Idoso
PNRMAV - Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e
Violências
PNSPI - Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa
QV - Qualidade de vida
SIAB - Sistema de Informação da Atenção Básica
SUS - Sistema Único de Saúde
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
USF - Unidade Saúde da Família
WHOQOL-BREF - World Health Organization Quality of Life - BREF
WHOQOL-OLD - World Health Organization Quality of Life - OLD
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 11
1.1 Contextualização do problema ........................................................................ 11
1.2 Objetivos ............................................................................................................. 14
1.2.1 Objetivo geral .................................................................................................... 14
1.2.2 Objetivos específicos......................................................................................... 14
1.3 Justificativa ......................................................................................................... 14
2 REFERENCIAL TEMÁTICO ................................................................................... 16
2.1 Envelhecimento populacional ........................................................................... 16
2.2 Qualidade de vida do idoso ................................................................................ 18
2.3 Políticas públicas voltadas ao idoso ................................................................ 21
2.4 Assistência à saúde da pessoa idosa e o cuidado de enfermagem ............... 25
3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 29
3.1 Tipo de estudo .................................................................................................... 29
3.2 População e local de estudo ............................................................................. 29
3.3 Tamanho e seleção da amostra ......................................................................... 30
3.4 Critérios de inclusão ........................................................................................... 30
3.5 Variáveis e instrumentos ................................................................................... 30
3.5.1 Dados sociodemográficos, econômicos e de saúde .......................................... 31
3.5.2 Avaliação da qualidade de vida de idosos.......................................................... 32
3.6 Coleta e análise dos dados ............................................................................... 34
3.7 Aspectos éticos e legais .................................................................................... 36
4 RESULTADOS ........................................................................................................ 38
4.1 Caracterização sociodemográfica, econômica e de saúde dos idosos ........ 38
4.2 Verificação dos fatores sociodemográficos, econômicos e de saúde
associados à qualidade de vida ............................................................................... 43
4.3 Fatores preditores da qualidade de vida dos idosos ....................................... 48
5 DISCUSSÃO ........................................................................................................... 53
5.1 Caracterização sociodemográfica, econômica e de saúde dos idosos ........ 53
5.2 Qualidade de vida dos idosos ............................................................................ 58
5.3 Fatores preditores da qualidade de vida dos idosos ...................................... 61
6 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 67
REFERÊNCIAS
APÊNDICES
ANEXOS
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização do problema
O envelhecimento é um processo inexorável e irreversível, caracterizado por
um conjunto complexo de alterações morfológicas, funcionais, psicológicas,
estruturais e fisiológicas que modificam o funcionamento de praticamente todo o
organismo e que são comuns a todos os indivíduos.
Apesar de ser dos menos precisos, o critério cronológico é o mais utilizado
para estabelecer o ser idoso, é usado também na delimitação da população de um
determinado estudo, na análise epidemiológica, ou com propósitos administrativos e
legais voltados para o desenho de políticas públicas. Entretanto, o ser idoso não
pode ser definido apenas pelo nível cronológico, pois outras condições, tais como
físicas, funcionais, mentais e de saúde, influenciam diretamente na determinação de
quem seja idoso (SANTOS, 2010).
O mundo se encontra no centro de uma transição demográfica única e
irreversível que em conjunto com a transição epidemiológica resulta no principal
fenômeno demográfico do século XX, denominado envelhecimento populacional. À
medida que as taxas de fertilidade diminuem, a proporção de pessoas com 60 anos
ou mais deve duplicar, entre 2007 e 2050, e seu número atual deve mais que
triplicar, e alcançar dois bilhões em 2050. Na maioria dos países o número de
pessoas acima dos 80 anos deverá quadruplicar para quase 400 milhões até lá
(NASRI, 2008; ONU, 2011).
No entanto, essa transição demográfica se encontra em fases diferentes nos
países desenvolvidos e em desenvolvimento. Enquanto nos primeiros o
envelhecimento ocorreu de forma lenta e associado à melhoria nas condições gerais
de vida; nos segundos, esse processo acontece de maneira rápida, sem que haja
tempo para uma reorganização social e de saúde adequadas para atender às novas
demandas emergentes. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), atualmente existem, no Brasil, aproximadamente 20 milhões de
pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, o que representa pelo menos 10%
da população brasileira. Segundo projeções estatísticas da Organização Mundial de
Saúde (OMS), no período de 1950 a 2025 o grupo de idosos no país deverá ter
aumentado em quinze vezes, enquanto a população total em cinco. Assim, o Brasil
12
ocupará o sexto lugar quanto ao contingente de idosos e alcançará, em 2025, cerca
de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade (BRASIL, 2010).
No Piauí, em 2000, existiam 236.954 pessoas com 60 anos ou mais, em 2010
essa população atingiu um número de 331.772, um aumento de 28,58%. Já em
Teresina, capital do Estado, em 2000 existiam 44.436 idosos, em 2010 foram
encontrados 107.882, o que representa um aumento significativo de 58,81% (IBGE,
2010).
Tal fenômeno tem induzido a uma reorganização do sistema de saúde, pois
essa população exige cuidados que são um desafio, devido às doenças crônicas
que apresentam, além de incorporarem disfunções nos últimos anos de suas vidas.
Logo, o prolongamento da vida somente pode ser considerado uma real conquista
da sociedade, à medida que agrega qualidade aos anos adicionais de vida (NASRI,
2008).
Entretanto, existem idosos de todos os tipos, e a maneira como lidam com a
velhice depende, em parte, do nível socioeconômico, de sua educação, da religião,
da identidade étnica ou nacionalidade, de sua família, de suas ocupações passadas
ou presentes, de seus campos de interesse, dentre outros. Cada caso é específico,
é necessário fazer uma avaliação precisa de cada idoso para verificar o que é
melhor para o seu estilo e qualidade de vida (MORAES; WITTER, 2007).
A expressão qualidade de vida (QV) tem sido analisada e propagada em
diversos contextos, com abordagens e significações diferenciadas. O que acaba por
tornar o conceito de QV multidimensional, definido em nível de senso comum, ora
objetivo ora subjetivo, e relacionado tanto ao nível coletivo quanto individual. Outro
aspecto importante é o fato dele ser particular ou de foro íntimo. Assim, somente o
indivíduo é que pode atestar a sua QV, de acordo com sua própria percepção
(SILVA, 2007).
O crescente interesse no construto QV representa um fundamental acréscimo
às investigações que objetivam medir o impacto de intervenções e identificar as
repercussões de determinadas situações no indivíduo. Além disso, QV representa a
possibilidade de entender as medidas de desfecho para além das classicamente
utilizadas (como mortalidade, morbidade e diminuição de sintomas) que, ainda que
importantes, não são suficientes para o completo entendimento de processos mais
complexos como o envelhecimento (CHACHAMOVICH; TRENTINI; FLECK, 2011).
13
Na pesquisa de Fleck, Chachamovich e Trentini (2003) que envolveu a
realização de grupos focais com pessoas velhas, os autores observaram que os
idosos de 60 a 80 anos que se autodescreveram como saudáveis definiram QV em
termos de ter alegria na vida, amor e amizade, ao passo que os idosos, da mesma
faixa etária, que se delinearam como doentes, a determinaram em termos de bem-
estar, dinheiro e sentir-se bem; os com mais de 80 anos, saudáveis, falaram em
saúde, espiritualidade e ter boas condições de vida, ao passo que os doentes da
mesma faixa etária usaram como critérios a independência, a cognição, a liberdade
e a saúde.
Assim, qualquer política pública destinada ao indivíduo idoso deve levar em
conta os fatores citados, como também a necessidade de participação dos idosos na
elaboração de suas diretrizes, ao abrir campo para a possibilidade de atuação em
variados contextos e para a formação de novos significados para a vida na idade
avançada. Além de incentivar, fundamentalmente, a prevenção, o cuidado e a
atenção integral à saúde (VERAS, 2009).
Logo, é importante que o idoso tenha objetivos na vida, acredite no futuro,
busque a felicidade e, se possível, aprenda a ser otimista. A capacidade dos
indivíduos pode ser otimizada. Afinal, o envelhecimento bem-sucedido é um desafio
para os idosos, suas famílias, a comunidade e as organizações governamentais. Em
suma, ele é um desafio de todos (MORAES; SOUZA, 2005).
Em linhas gerais, a compreensão do que constitui o bom envelhecer e o seu
conceito tem se tornado uma forma de reação à associação entre velhice, perdas,
danos e inatividade. Com a utilização de modelos e teorias de promoção da saúde,
facilita-se a compreensão dos determinantes dos problemas de saúde e a orientação
das soluções que respondam às necessidades e interesses das pessoas idosas;
além de contribuir para a promoção de conhecimento, reflexão e decisão nos atos
de cuidar e agir (SILVA; SANTOS, 2010).
E o profissional de enfermagem, como um dos principais vínculos entre o
idoso, sua família e o sistema de saúde, pode oferecer cuidados abrangentes à
pessoa idosa, ao ajudá-la a manter o máximo de autonomia e dignidade, apesar das
perdas físicas, sociais e psicológicas; e ao visar a promoção da saúde individual e
coletiva e um envelhecimento com qualidade. Contudo, para que isso ocorra, a
enfermagem exige um domínio de habilidades e conhecimentos, ao pressupor uma
relação dialética entre o profissional com o ser idoso, o que requer dos profissionais
14
uma postura de constante reflexão e investimentos efetivos voltados para que a
assistência possa responder de forma concreta às necessidades e potencialidades
que o cuidado pode acrescentar ao idoso (CIRILO; AFFONSO; HORTA, 2010).
Assim, diante do crescimento da população idosa de Teresina, a inexistência
de um trabalho que avalie os fatores associados à QV de idosos residentes na sua
área urbana e o número insuficiente de estratégias de promoção da saúde do idoso
na rede pública; delimitou-se como objeto de estudo os fatores preditores de
qualidade de vida de idosos cadastrados na atenção básica da cidade de Teresina-
PI, no qual se busca avaliar a QV e identificar como o idoso a percebe, não no
âmbito de avaliação de uma determinada doença ou intervenção de saúde, mas
como ele se vê no contexto social.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Identificar os fatores preditores de qualidade de vida de idosos assistidos pela
Estratégia Saúde da Família (ESF) do município de Teresina (PI).
1.2.2 Objetivos específicos
Caracterizar o perfil sociodemográfico, econômico e de saúde dos idosos;
Identificar, entre os domínios e facetas de qualidade de vida, quais os mais
favorecidos e prejudicados;
Verificar os fatores sociodemográficos, econômicos e de saúde associados à
qualidade de vida;
1.3 Justificativa
A mudança do perfil demográfico no cenário mundial e, de forma mais
recente, no Brasil, tem, dentre suas manifestações, o aumento no número de idosos.
Esse fenômeno traz consigo grande impacto social, ao exigir mudanças desde o
nível de políticas públicas até o núcleo familiar, e suscita discussões e investigações
sob diferentes óticas, nas mais variadas áreas de conhecimento. E uma das
15
vertentes que vêm a ser estudada no contexto nacional e internacional diz respeito à
QV na velhice.
Avaliar as condições de vida do idoso reveste-se de grande importância
científica e social, por permitir a implementação de alternativas válidas de
intervenção, tanto em programas gerontogeriátricos quanto em políticas sociais
gerais, no intuito de promover o bem-estar dessas pessoas, particularmente no
nosso contexto. Desse modo, e com o propósito de orientar as políticas para um
envelhecimento bem-sucedido, bem como para alterar o panorama de ensino dos
profissionais de enfermagem, parece imprescindível conhecer o quê, para a maioria
dos idosos, está relacionado ao bem-estar, à felicidade, à realização pessoal, enfim,
à QV nessa faixa etária.
Diz (2003) afirma que é mais importante sentir-se bem do que estar bem, e
que os profissionais de saúde, especialmente os de enfermagem, necessitam
conhecer os níveis de QV da população sob sua responsabilidade para poder
planejar ações frente às necessidades levantadas, bem como avaliar o impacto das
mesmas.
Em Teresina, na Universidade Federal do Piauí foram desenvolvidos alguns
estudos de pós-graduação com idosos residentes em áreas assistidas pela equipe
ESF. Como as pesquisas que procuraram analisar o desempenho funcional, os
fatores de risco cardiovasculares, o estado nutricional e nível de atividade física dos
idosos; a qualidade da atenção odontológica; os fatores associados à ocorrência de
quedas, todas realizadas com idosos atendidos pelas equipes de ESF. Quanto à
produção de QV, independente da faixa etária, tem-se o estudo que avaliou a QV de
pessoas submetidas a transplante renal, por meio do questionário Medical
Outcomes 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36); outro analisou a QV de
pessoas em tratamento de hanseníase, e também utilizou o SF-36.
No programa de Mestrado em Saúde da Família da universidade Novafapi foi
realizada, em 2013, uma pesquisa que avaliou a QV de idosos cadastrados na ESF
da zona urbana do município de Floriano (PI), por meio do instrumento WHOQOL-
bref.
A presente pesquisa, então, justifica-se pela necessidade de um estudo que
contemple a percepção que a população idosa de Teresina tem de sua própria QV e
os fatores associados a ela, em prol da promoção da saúde do idoso e o
desenvolvimento do ensino e da pesquisa.
16
2 REFERENCIAL TEMÁTICO
2.1 Envelhecimento populacional
A longevidade da população é um fenômeno mundial. Em todo o mundo, a
proporção de pessoas com idade igual ou maior a 60 anos cresce mais rapidamente
que a de qualquer outra faixa etária. Entre 1970 e 2025, espera-se um crescimento
de 223%, ou em torno de 694 milhões no número de pessoas idosas. Em 2025,
existirá um total de aproximadamente 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos.
Até 2050, haverá dois bilhões, desses, 80% nos países em desenvolvimento (OPAS,
2005).
A demografia do envelhecimento demonstra que o século XX, mais do que
qualquer época, caracterizou-se por profundas e radicais transformações sociais, ao
desencadear a sobrevida da população como o fato mais significativo no âmbito da
saúde pública mundial. Aliado a isso, tem-se, a partir do final da década de 60, a
redução da fecundidade, que se iniciou nos grupos populacionais mais privilegiados
e nas regiões mais desenvolvidas, generalizou-se rapidamente e desencadeou o
processo de transição da estrutura etária, que levará, provavelmente, a uma
população quase estável, mas, desta vez, com um perfil envelhecido e ritmo de
crescimento baixíssimo, talvez negativo. O formato, até então extremamente
piramidal da estrutura etária, começou a desaparecer, ao anunciar um rápido
processo de envelhecimento e uma distribuição praticamente retangular (ALENCAR,
CARVALHO, 2009; CARVALHO, RODRÍGUEZ-WONG, 2008).
A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) define envelhecimento como
“um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não
patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros
de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao
estresse do meio-ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte” (OPAS,
2003).
Há, no entanto, importantes diferenças entre os países desenvolvidos e os
países em desenvolvimento em relação ao processo de envelhecimento. Por
exemplo, foi necessário mais de um século para que a França visse sua população
idosa aumentar de 7% para 14% do total. Em contraste, essa mesma variação
demográfica ocorrerá nas próximas duas décadas (entre 2011 e 2031) no Brasil. A
17
população idosa irá mais do que triplicar nas próximas quatro décadas, de menos de
20 milhões em 2010 para aproximadamente 65 milhões em 2050 (BRASIL, 2006;
VERAS, 2012).
Assim, no Brasil, o processo de envelhecimento da população ocorre de
maneira acelerada e causa impactos aos serviços públicos, que estão
despreparados para suprir as demandas desse perfil demográfico. Desse modo, no
país, problemas como transporte deficitário, insegurança e dificuldade de acesso
aos serviços de saúde, dentre outros, são questões que afetam negativamente a QV
da população e, portanto, necessitam de atenção dos gestores (SOUZA; LAUTERT;
HILLESHEIN, 2011).
Não há dúvidas de que o envelhecimento populacional provoca profundas
mudanças na sociedade, devido, principalmente, aos seus desafios, como o impacto
econômico e financeiro da aposentadoria e os cuidados com um número crescente
de idosos. Aliado a isso, tem-se na sociedade atual uma valorização excessiva da
juventude, mesmo que todos saibam que o envelhecimento é um processo normal e
que afeta a todos os seres humanos, o que acaba por produzir uma visão negativa
desse período da vida, e faz com que os próprios idosos detenham essa imagem, e
constitua-se uma das ideias preconcebidas sobre a velhice (TUMMINELLO et al.,
2011; REIS, CEOLIM, 2007).
O envelhecimento humano processa-se pela ação do tempo sobre os
indivíduos. Contudo, é um processo individual que se esgota na finitude objetivada
na morte. Envelhecer e morrer são experiências vitais singulares, próprias de cada
ser; entretanto, são reguladas por padrões socioculturais que definem a significação
de cada uma dessas experiências humanas na especificidade de uma época e de
um lugar (HORTA, FERREIRA, ZHAO, 2010; PINO, RICOY, PORTELA, 2009).
Para o ser humano, o envelhecimento, enquanto processo, vem repleto de
símbolos, valores incorporados, como maior grau de dependência, maior chance de
adoecimento, abandono, solidão e perda da capacidade física. Por vezes, é na dor
do corpo que a velhice é percebida, o que nos leva a pensar que o envelhecimento é
silencioso – não o percebemos, a não ser pelas perdas funcionais e/ou vicissitudes
do corpo, que passam a fazer parte da vida, na medida em que se envelhece.
Contudo, o ato de envelhecer implica em mudanças constantes, e saber lidar com as
perdas, ao buscar novas aquisições durante todo o processo de envelhecimento é o
que o torna saudável. Um envelhecimento será cada vez mais satisfatório quanto
18
maior for o poder do indivíduo de assimilar e não renunciar às mudanças físicas,
psicológicas e sociais, adaptando-se, sem sofrer em demasia, aos novos papéis
sociais que desempenhará no decorrer de sua vida (BRETAS et al., 2010).
O envelhecimento populacional é um fenômeno que não afeta apenas o
indivíduo, mas a família, a comunidade e a sociedade. Reconhece-se, no entanto,
que é um processo normal, dinâmico, que envolve perdas no plano biológico,
socioafetivo e político, e demanda vulnerabilidades diferenciadas por gênero, idade,
classe social, raça, regiões geográficas, dentre outras variáveis. Tais
vulnerabilidades refletem na expectativa de vida, na morbidade, na mortalidade
prematura, na incapacidade e na má qualidade de vida (ALENCAR; CARVALHO,
2009).
Assim, o processo de envelhecimento delimita mudanças expressivas de
ordem individual, familiar e social, cada uma com seus significados e relevâncias. Ao
envelhecer, o idoso e sua família mudam, adquirem determinados direitos legais e
perdem outros pelas dificuldades orgânicas e mentais trazidas pelo envelhecimento
(FIGUEIREDO; TONINI, 2006).
O processo de envelhecimento necessita deixar de ser visto apenas como
uma decorrência de fenômenos puramente naturais e biológicos, assim também
como um acontecimento profundamente influenciado pela cultura, na qual os
indivíduos reagem a partir de suas referências pessoais e culturais. E para isso, faz-
se necessária uma educação para a velhice nos diversos espaços, e que pode ser
alcançada com a construção social de uma imagem mais positiva do
envelhecimento. Afinal, envelhecer é um privilégio para aqueles que alcançam essa
etapa da vida (FERREIRA et al., 2010).
2.2 Qualidade de vida dos idosos
A definição de QV tem recebido uma variedade de definições ao longo dos
anos (MAGALHÃES et al., 2008). Entretanto, são identificadas duas tendências na
conceituação do termo QV: uma definição genérica e outra ligada à saúde. No
primeiro caso, QV apresenta uma acepção mais ampla, aparentemente influenciada
por estudos sociológicos, sem fazer referência a disfunções ou agravos. Quando a
QV é relacionada à saúde, ela engloba dimensões específicas do estado de saúde.
Nesse caso, a medida de QV tem sido proposta como um instrumento para verificar
19
a saúde da população e incentivar medidas de promoção da saúde (CAMPOS;
RODRIGUES NETO, 2008).
Contudo, o conceito de QV é subjetivo, dependente do nível sociocultural, da
faixa etária e das aspirações pessoais do indivíduo, que sofre interferência do meio,
das condições ambientais e econômicas em que vive (FREITAS, 2011; VECCHIA et
al., 2005). A avaliação da QV deve basear-se na percepção do indivíduo sobre o seu
estado de saúde, ao englobar aspectos gerais da vida e do bem-estar, isto é,
experiências subjetivas, influenciadas também pelo contexto cultural em que está
inserida (NUNES; MENEZES; ALCHIERI, 2010). Logo, o conceito de QV na velhice
também é composto por critérios subjetivos, influenciado pelos valores do indivíduo
e da sociedade em que ele vive (IRIGARAY; TRENTINI, 2009).
Segundo a OMS (1994), QV é a percepção que o indivíduo tem de sua
posição na vida dentro do contexto de sua cultura e do sistema de valores de onde
vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. É um
conceito muito amplo, que incorpora de uma maneira complexa a saúde física de
uma pessoa, seu estado psicológico, seu nível de dependência, suas relações
sociais, suas crenças e sua relação com características proeminentes no ambiente.
Assim, a QV na velhice pode ser compreendida como a manutenção da
saúde em todos os aspectos da vida humana: físico, social, psíquico e espiritual.
Pois, a multidimensionalidade da pessoa nem sempre apresenta o equilíbrio ideal e
precisa ser percebido de acordo com as possibilidades reais de cada sujeito
(FREITAS, 2011).
Entender como os idosos percebem o processo de envelhecimento, atrelado
à noção de QV, permite aos enfermeiros e demais profissionais de saúde pensar em
estratégias de ações de saúde para além do enfoque na doença. Compreender o
que os idosos valorizam, e como vivenciam suas questões de saúde, relações
sociais, convívio familiar, lazer, trabalho e, ainda, o acesso às suas necessidades
básicas, nos remete ao oportuno momento de trabalhar na perspectiva da promoção
da saúde, ao auxiliar os atuais e futuros idosos a viverem essa etapa com sucesso,
e de implantar ações que concretizem a mudança do modelo de assistência à saúde
no Brasil (PASKULIN et al., 2010).
Dentre os fatores que mais afetam o bem-estar das pessoas idosas,
destacam-se a perda da independência (decorrente das doenças crônicas ou
acidentes), a falta de uma rede social de apoio (amigos e familiares) e as questões
20
econômicas (que interferem na qualidade do atendimento médico, na alimentação e
no aceso às atividades de lazer) (ROCHA et al., 2010).
Assim, um dos aspectos que comprometem a QV do idoso é a dificuldade
financeira. Os recursos provenientes da aposentadoria são às vezes insuficientes
para atender suas necessidades básicas. A carência financeira limita as
possibilidades de escolha por parte dos idosos e de seus familiares que, por vezes,
são forçados a conviverem no mesmo espaço. E os laços afetivos, a sensação de
pertencimento e a relação de intimidade entre o idoso e a família não se relaciona
com a proximidade geográfica entre eles. Corresidir com um idoso pode gerar
sobrecarga emocional e situações de estresse se os membros da família não
estiverem preparados para a convivência multigeracional. A falta de divisão de
trabalho, as dificuldades de adaptação à nova situação, que incluem aspectos
culturais intergeracionais e financeiros, a redução de atividades profissionais, sociais
e de lazer podem ser condições adversas à QV do idoso, que é pressionado a fazer
concessões (INOYE et al., 2010).
À medida que a pessoa envelhece, sua QV se vê determinada, em grande
parte, por sua capacidade para manter autonomia e independência. A maioria dos
idosos teme a velhice pela possibilidade de se tornarem dependentes pela doença,
ou por não poderem exercer suas atividades cotidianas. Tal evento fortalece a
abordagem da manutenção de uma vida saudável, que significa comprimir
morbidades e prevenir as incapacidades (FERNANDES et al., 2010).
Como a população envelhece, a prevalência crescente de doenças crônicas e
incapacitantes, e a restrição de atividades que afetam a autonomia dos idosos afeta
a percepção de sua QV. Logo, manter os idosos funcionalmente independentes é o
primeiro passo para se atingir uma melhor QV. Para isso, é necessária a
implementação de programas específicos de intervenção que visem a eliminação de
fatores de riscos relacionados com a incapacidade funcional. O envelhecimento de
maneira ativa deve ser estimulado entre os idosos, pois ele é sinônimo de vida plena
e com qualidade. Daí a importância do apoio das instituições políticas e sociais, da
família, da rede de amigos e dos grupos de interesse comuns na luta contra a
discriminação e o preconceito que ainda hoje, na cultura de modo geral e,
especialmente, no Brasil, gira em torno do envelhecimento (FERREIRA et al., 2010).
Afinal, quando os indivíduos envelhecem com autonomia e independência,
com boa saúde física, desempenham papéis sociais, permanecem ativos e
21
desfrutam de senso de significado pessoal, a qualidade de vida dessas pessoas
pode ser muito boa ou, pelo menos, preservada (MARTINS et al., 2009).
A QV tem uma grande abrangência de significados e valores, como já
destacado, e depende de diversos fatores, como os sociais, os ambientais,
econômicos, biológicos e psíquicos (FALLER et al., 2010). Logo, conhecer a QV do
idoso e os fatores que contribuem para uma redução ou aumento da mesma tornam-
se imprescindíveis aos provedores de cuidados em saúde, gestores e políticos, para
que sejam capazes de melhorar a vida diária e a QV da população idosa; além de
fator essencial a ser considerado, quando se propõem ações e políticas de saúde
para esse grupo (PEREIRA et al., 2011).
2.3 Políticas públicas voltadas ao idoso
Passados 20 anos da realização da I Assembleia Mundial do Envelhecimento,
a ONU realizou, de 08 a 12 de abril de 2002, em Madri, a II Assembleia Mundial do
Envelhecimento, na qual foi aprovado o Plano Internacional sobre o Envelhecimento
2002. Tanto no primeiro como no segundo evento foi destacada como prioritária a
aplicação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, assim como a
necessidade de inclusão do idoso na vida social, cultural, econômica e política das
sociedades (BRASIL, 2005).
No Brasil, o processo de envelhecimento populacional tem sido discutido e
acompanhado por medidas destinadas a proteger os idosos, como cidadãos cada
vez mais presentes nas sociedades mundiais. Até a década de 70 do século XX, os
idosos recebiam, principalmente, atenção de cunho caritativo de instituições não
governamentais, tais como entidades religiosas e filantrópicas. A implantação de
uma política nacional para as pessoas idosas é recente no Brasil, pois data de 1994.
O que houve antes, em termos de proteção a esse segmento populacional, consta
em alguns artigos do Código Civil (1916), do Código Penal (1940), do Código
Eleitoral (1965) e de inúmeros decretos, leis e portarias (RODRIGUES, 2001).
Assim, em 1994 o país sanciona a Lei nº 8.842, da Política Nacional do Idoso
(PNI). Essa Lei tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, ao criar
condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na
sociedade. Tal política rege-se pelos seguintes princípios: cabe à família, à
sociedade e ao estado o dever de assegurar ao idoso todos os direitos de cidadania,
22
garantir sua participação na comunidade, defender sua dignidade, bem-estar e o
direito à vida; o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral; o
idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza e deve ser o principal
agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas através desta
política. As diferenças econômicas, sociais e regionais deverão ser observadas
pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na aplicação desta lei (BRASIL,
1994).
Em 2001, o Ministério da Saúde lançou a Portaria nº 737, que constitui a
Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências
(PNRMAV), para responder à violência social que se expressa nos índices de
homicídios, acidentes de trânsito, suicídios e outros, à qual os idosos também estão
expostos, sobretudo no que concerne à violência doméstica. No Brasil, em 2009, as
lesões causadas pelos acidentes e violências nessa população resultaram em
140.249 internações hospitalares e em 20.303 mortes, o que representa 15,2% de
todos os óbitos por causas externas (SOUZA, 2010).
Já em 2003, institui-se o Estatuto do Idoso, considerado um dos principais
instrumentos de direito do idoso, cuja aprovação representou um passo importante
da legislação brasileira. O Estatuto conta com 118 artigos sobre diversas áreas dos
direitos fundamentais, incluídas as necessidades de proteção dos idosos, que visam
reforçar as diretrizes contidas na PNI. Assim, além de incluir leis e políticas já
aprovadas, incorpora novos elementos e enfoques, ao dar um tratamento integral no
estabelecimento de medidas destinadas a proporcionar o bem-estar dos idosos.
Esse documento discute os direitos fundamentais do idoso, relacionados aos
seguintes aspectos: à vida, à liberdade, ao respeito e à dignidade, aos alimentos, à
saúde, à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer, à profissionalização do trabalho,
à previdência social, à assistência social, à habitação e ao transporte. Além disso,
discorre sobre medidas de proteção, política de atendimento ao idoso, acesso à
justiça e crimes. Contudo, apesar de publicado, o cumprimento e o respeito ao
Estatuto dependem da cobrança organizada da sociedade civil, com especial
destaque ao idoso (RODRIGUES et al., 2007).
Em 2005, foi desenvolvido pela Unidade de Envelhecimento o Curso de Vida
da OMS, como uma contribuição para a Segunda Assembleia Mundial das Nações
Unidas sobre Envelhecimento, realizada em abril de 2002, em Madri, Espanha, a
publicação “Envelhecimento ativo: uma política de saúde”. Um projeto de Política de
23
Saúde que busca dar informações para a discussão e formulação de planos de ação
que promovam um envelhecimento saudável e ativo. Esse trabalho aborda questões
e preocupações relacionadas ao envelhecimento da população. Seu público-alvo
abrange todos aqueles responsáveis pela formulação de políticas e programas
ligados ao envelhecimento. Além disso, aborda a questão da saúde a partir de uma
perspectiva ampla e reconhece o fato de que a mesma só pode ser criada e mantida
com a participação de vários setores (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2005).
Segundo a OMS, “envelhecimento ativo é o processo de otimização das
oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a
QV, à medida que as pessoas ficam mais velhas”. O objetivo do envelhecimento
ativo é aumentar a expectativa de uma vida saudável e a QV para todas as pessoas
que estão envelhecendo, inclusive as mais frágeis, fisicamente incapacitadas e que
requerem cuidados (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2005).
Já em 2006, é publicada a Portaria/GM nº 399, que apresenta as Diretrizes do
Pacto pela Saúde, que surgiu para consolidar o Sistema Único de Saúde (SUS), nas
quais estão contempladas três dimensões: pela Vida, em Defesa do SUS e de
Gestão. A Saúde do Idoso é uma das prioridades no Pacto pela Vida e mostra-se
oportuna ao apresentar e discutir, junto aos gestores, profissionais da Rede de
Serviços de Saúde e população em geral, a nova realidade social e epidemiológica
que se impõe através da mudança do perfil demográfico e epidemiológico da
população brasileira. Assim, neste documento, um compromisso é assumido entre
os gestores do SUS, em torno de prioridades que de fato apresentam impacto sobre
a situação de saúde da população idosa brasileira. Importante ressaltar que a Área
Técnica Saúde do Idoso reafirma a necessidade de mudanças na linha de cuidados
e da atenção a essa população, através da humanização do atendimento, bem como
do fomento de inovações, através da disseminação de conhecimentos específicos
para gestores e profissionais de saúde que atuam na rede, ao buscar parcerias e
divulgarem a ideia do Envelhecimento Ativo (BRASIL, 2010).
Em 2006, por meio da Portaria nº 2.528, o país aprova a Política Nacional de
Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI). A finalidade primordial dessa política é recuperar,
manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, ao
direcionar medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância
com os princípios e diretrizes do SUS (BRASIL, 1999).
24
No bojo da PNSPI, a capacidade funcional surge como um novo paradigma
de saúde, no qual a independência e a autonomia, pelo maior tempo possível, são
metas a serem alcançadas na atenção à sua saúde. Para tanto, suas diretrizes
essenciais incluem a promoção do envelhecimento saudável; a manutenção da
capacidade funcional; a assistência às necessidades de saúde; a reabilitação da
capacidade funcional comprometida; a capacitação de recursos humanos
especializados; o apoio ao desenvolvimento de cuidados informais; e o apoio a
estudos e pesquisas (ALENCAR; CARVALHO, 2009).
Muitas são as políticas que focam o idoso e sua família; porém, as
dificuldades na implementação abrangem desde a precária captação de recursos ao
frágil sistema de informação para a análise de condições de vida e saúde, e passam,
evidentemente, pela inadequada capacitação de recursos humanos. Apesar de nos
últimos anos o processo de envelhecimento vir a ser discutido, as mudanças a ele
intrínsecas ainda não parecem claras para a sociedade e suas instituições. Ou seja,
do ponto de vista da normatização legal, o envelhecimento é protegido no Brasil, e
há diretrizes a serem seguidas, mas cuja implementação ainda não se fez de forma
completa (MOTTA; AGUIAR, 2007).
Chama a atenção, neste processo de ratificação dos direitos sociais da
pessoa idosa como política de Estado, no que se refere especialmente às políticas
públicas de saúde, o importante papel atribuído às iniciativas de implementação de
estratégias de promoção à saúde da pessoa idosa. Entretanto, isso não significa a
imediata incorporação de uma perspectiva integral de cuidado (proteção, promoção,
tratamento e reabilitação da saúde), conforme preconizado no SUS, uma vez que as
mudanças socioculturais não dependem tão somente da institucionalização de
marcos legais. Dessa forma, é fundamental manter uma postura crítica e reflexiva,
tanto na formação e educação permanente dos profissionais de saúde quanto na
reivindicação dos direitos estabelecidos legalmente na PNSPI (COMBINATO et al.,
2010).
Fornecer instrumentos para os idosos aprenderem sobre seus direitos e
deveres significa desenvolver a cidadania e promover o acesso ao modelo de saúde
integrado.
25
2.4 Assistência à saúde da pessoa idosa e o cuidado de enfermagem
Na saúde, repensar QV é essencial, pois baseia-se na premissa de que uma
melhor saúde contribui para uma melhor QV e vice-versa (COLET; MAYORGA;
AMADOR, 2010). A longevidade, cada vez mais presente no ciclo de vida humano,
acarreta uma situação ambígua, ou seja, o desejo de viver cada vez mais, e, ao
mesmo tempo, o temor de viver com incapacidades e dependência. De fato, o
avanço da idade aumenta a chance de ocorrências de doenças e de prejuízos à
funcionalidade física, psíquica e social. Mais anos vividos podem ser anos marcados
por doenças com sequelas, declínio funcional, aumento da dependência, perda da
autonomia, isolamento social e depressão. E tal condição pode influenciar na QV,
uma vez que com essas morbidades podemos necessitar de cuidados em saúde
(MARTINS et al., 2009).
Em 2008, os idosos representaram 60,4% do total de 1.066.842 mortes de
residentes no país. Mais de 70% dos óbitos por doenças do aparelho circulatório, do
aparelho respiratório e das doenças endócrinas ocorreram entre eles. Em 2009,
foram também responsáveis por 21% do total de 11.102.201 internações
hospitalares do SUS. Pessoas idosas responderam por 55,3% das hospitalizações
por doenças do aparelho circulatório e por 43,7% das referentes aos problemas
endócrinos. Portanto, a magnitude dos problemas de saúde dos idosos e a
necessidade de o setor de saúde atuar adequadamente precisam ser
dimensionadas e compreendidas para uma adequação efetiva dos serviços
(SOUZA, 2010).
Se, por um lado, os idosos apresentam maior carga de doenças e
incapacidades e usam mais os serviços de saúde, por outro, os modelos vigentes de
atenção à saúde do idoso mostram-se ineficazes e de alto custo, e reclamam por
estruturas criativas e inovadoras. É por esse motivo que do ponto de vista da saúde
pública, a capacidade funcional surge como o conceito de saúde mais adequado
para instrumentalizar e operacionalizar uma política contemporânea de atenção à
saúde do idoso. Essa política deve ter como objetivo maior a manutenção da
máxima capacidade funcional do indivíduo que envelhece, pelo maior tempo
possível (VERAS, 2012).
No entanto, o que se percebe atualmente é uma desproporcionalidade no que
diz respeito à quantidade e à qualidade dos programas que se dedicam ao idoso, em
26
relação à intensidade do processo de envelhecimento em nosso país. Em parte, isso
se deve à falta de recursos humanos especializados para o adequado atendimento
das demandas dessa população, o que tornam essenciais os projetos de formação e
capacitação voltados aos profissionais que atuam em programas de atenção aos
idosos. Cabe também lembrar que na formação dos profissionais de saúde, em nível
de graduação de maneira geral, os aspectos relacionados ao processo de
envelhecimento, por vezes, não são contemplados nos projetos pedagógicos dos
cursos (QUEIROZ; RUIZ; FERREIRA, 2009).
Assim, o desconhecimento de aspectos fisiológicos, psicológicos, emocionais
e sociais específicos do idoso por parte dos profissionais que prestam assistência,
contribui para as deficiências na compreensão do idoso e para o atendimento
inadequado. O potencial para o autocuidado e a independência não serão
estimulados, ou serão anulados pelo profissional despreparado que assiste o idoso
(REIS; CEOLIM, 2007). Descobrir ou criar razões que deem significado à vida dos
idosos parece ser uma questão que deve estar presente nas ações dos profissionais
(FREITAS, QUEIROZ, SOUSA, 2010).
Dessa forma, a organização do sistema de saúde no Brasil precisa ser
ajustada aos diferentes perfis demográficos e epidemiológicos decorrentes do
aumento da população idosa. Afinal, a magnitude do aumento dos gastos em saúde
com os idosos dependerá essencialmente se esses anos a mais serão saudáveis ou
de enfermidades e dependência. A prevenção e o retardamento de doenças e
fragilidades, a manutenção da saúde e a autonomia serão os maiores desafios
relacionados à saúde, decorrentes do envelhecimento populacional (VERAS, 2012).
Pois, a dependência é o maior temor nessa faixa etária, e evitá-la ou postergá-la
passa a ser uma função da equipe de saúde, em especial na Atenção Básica.
A Atenção Básica é o contato preferencial dos usuários com os sistemas de
saúde. Em 1994, o Ministério da Saúde adotou a Saúde da Família como a
estratégia prioritária para a organização e estruturação desse sistema. A Saúde da
Família trabalha com práticas interdisciplinares desenvolvidas por equipes que se
responsabilizam pela saúde da população a ela adscrita, e na perspectiva de uma
atenção integral humanizada, ao considerar a realidade local e valorizar as
diferentes necessidades dos grupos populacionais. No trabalho das equipes da
Atenção Básica/Saúde da Família, as ações coletivas na comunidade, as atividades
de grupo, a participação das redes sociais dos usuários são alguns dos recursos
27
indispensáveis para atuação nas dimensões cultural e social (BRASIL, 2006). Nesse
caso, o cuidado à pessoa idosa deve ser um trabalho conjunto entre equipe de
saúde, idoso e família.
A detecção precoce de problemas de saúde é a estratégia ideal para manter a
capacidade funcional dos idosos, através do desenvolvimento de atividades
específicas como rastreamento de danos sensoriais, risco de queda, alterações de
humor, perdas cognitivas, prevenção de perdas dentárias e outras afecções da
cavidade bucal; bem como, visa a prevenção de deficiências nutricionais, avaliação
da capacidade e habilidade funcional no ambiente domiciliar e prevenção do
isolamento social, com a criação de grupos (TIER et al., 2006).
Por isso, os serviços de atenção à população idosa devem considerar as
diferentes dimensões do processo de envelhecimento: social, biológica, funcional,
intelectual, econômica, dentre outras; prever uma ação intersetorial, com atividades
multiprofissionais, tais como inclusão digital, estimulação cognitiva, exercícios físicos
para a terceira idade, enfim, contribuir para que o envelhecimento ocorra mantendo-
se a QV e a inserção social (CAETANO; TAVARES, 2008; NUNES et al., 2010).
O envelhecimento da população como uma perspectiva real também
necessita de reflexões na área da enfermagem, uma vez que a tendência é de que
os idosos representem uma parcela importante dos pacientes assistidos, como já
relatado. Por isso, os trabalhadores da área de saúde, em especial os de
enfermagem, devem compreender e respeitar o processo de envelhecimento ao
desenvolver uma prática que valorize a humanização do cuidado (TAVARES et al.,
2010).
Afinal, o cuidar é um processo dinâmico que depende da interação e das
ações planejadas a partir da compreensão e do respeito à realidade do cliente, de
sua família e de seu meio sociocultural. E para a enfermagem, tal concepção deve
pressupor a integralização da multidimensionalidade da pessoa idosa para a
promoção do viver mais saudável e a exaltação da vida, enquanto se vivencia o
envelhecer, ao lançar mão dos recursos disponíveis, com a finalidade de ajudar os
idosos a aproveitarem ao máximo suas capacidades funcionais, ao adotar
comportamentos e práticas saudáveis sempre negociadas horizontalmente entre o
idoso, a família e a enfermeira, e que almejam o contínuo desenvolvimento pessoal
de todos os envolvidos. Para isso, a prática de enfermagem deve ser demonstrada
em seus diferentes níveis de atuação, desde o cuidado da vida e saúde de uma
28
pessoa idosa em particular, até o da população idosa em geral, enquanto cuidado
que visa promover a saúde coletiva (GONCALVES, 2010).
Assim, a enfermagem não deve focar sua ação/cuidado na assistência
somente ao idoso portador de doenças, mas, atuar na promoção, educação,
manutenção e recuperação de sua saúde. Respeitar a independência do idoso, ao
primar pela participação deste no processo de cuidado, pode ser considerado uma
meta para a assistência qualificada. Ou seja, a enfermagem, ao trabalhar com
enfoque na QV, deve ressaltar a importância do desenvolvimento do autocuidado,
com a finalidade de garantir uma velhice saudável, por meio de mudanças de
hábitos e adoção de novos padrões de comportamento (MARTINS et al., 2007).
Os serviços de saúde e de enfermagem precisam ter uma perspectiva que
vise promover o envelhecimento ativo, o qual pode ser determinado através do
acesso às consultas médicas, assistência domiciliar, participação em grupos
terapêuticos, fornecimento de medicamentos pela rede pública, vacinação, serviços
curativos e de saúde mental. O contexto domiciliar é, também, um espaço de
promoção da saúde, no qual a enfermagem pode exercer um importante papel, ao
estabelecer parcerias com os familiares dos idosos e apoiá-los no desempenho de
atividades de cuidado, o que pode incluir orientações, treinamento e apoio
psicológico (VICENTE; SANTOS, 2013).
29
3 METODOLOGIA
3.1 Tipo de estudo
Trata-se de um estudo descritivo transversal, de abordagem quantitativa.
3.2 População e local de estudo
A pesquisa foi desenvolvida na zona urbana do município de Teresina (PI),
com idosos que residiam em áreas assistidas por equipes da ESF. De acordo com o
IBGE (2010), Teresina possui uma população total de 814.230 habitantes, composta
por 107.882 indivíduos com 60 anos ou mais (IBGE, 2010).
De acordo com dados do Sistema de Informação da Atenção Básica (Siab,
2012), requeridos na Fundação Municipal de Saúde (FMS), a ESF cobre a área de
aproximadamente 86% da população, com 191.938 famílias cadastradas e atendem
720.785 indivíduos, compostos por 80.766 idosos. A população geral de estudo
compreendeu 74.674 idosos cadastrados na zona urbana, o que representava
92,4% de acompanhamento desse grupo etário.
O sistema de saúde do município encontra-se atualmente organizado em três
Coordenadorias Regionais de Saúde (Centro/Norte, Leste/Sudeste e Sul). A
distribuição da população nas mesmas está expressa no Quadro 1.
Quadro 1. Número estimado de idosos da zona urbana cadastrados na Estratégia Saúde da Família, segundo as Coordenadorias Regionais de Saúde. Teresina-PI, 2012.
Coordenadorias Regionais de Saúde N° de idosos cadastrados
Sul 25.984
Centro/Norte 25.036
Leste/Sudeste 23.670 Fonte: Gerência de Atenção Básica (Geab) / Fundação Municipal de Saúde – Teresina-PI (2012)
Foram cadastradas numericamente as Unidades de Saúde da Família (USFs)
de cada Coordenadoria Regional; a Leste/Sudeste contava com 31 USFs, a Norte
com 24 e a Sul com 28. Realizou-se, então, o sorteio de uma UBS para cada
30
regional. A USF Sacy foi o local selecionado na regional Sul, a USF Dirceu II (3) na
Leste/Sudeste e USF Cidade Jardim na Centro/Norte. As pesquisas foram
realizadas nas referidas unidades.
3.3 Tamanho e seleção da amostra
A amostra prevista foi constituída por 383 sujeitos, os quais foram distribuídos
de forma proporcional ao número de idosos cadastrados nas Coordenadorias
Regionais de Saúde (Quadro 1). Logo, foram selecionados 133 sujeitos na regional
Sul, 129 na Centro Norte e 121 na Leste/Sudeste, que foram escolhidos por sorteio.
O número de indivíduos da amostra foi estabelecido por meio de cálculo
estatístico baseado no número de variáveis de interesse da pesquisa, obtido através
da fórmula:
n = n = Z2 p.q / e2, onde Z é o ponto de curva normal correspondente à área
de 95% do nível de confiança, “p” é o parâmetro e “e” é o erro amostral (erro
amostral de 5% e nível de confiança de 95%).
Após a delimitação estatística das amostras, foi feito um levantamento dos
idosos cadastrados nas referidas USFs em estudo, e sorteou-se os que fariam parte
da investigação.
3.4 Critérios de inclusão
Ter idade igual ou superior a 60 anos, residir na área de abrangência do
projeto, ser cadastrado na Estratégia Saúde da Família, ter condições de responder
ao instrumento de pesquisa.
3.5 Variáveis e instrumentos
Foram consideradas as variáveis sociodemográficas, econômicas e de saúde;
além da QV dos entrevistados, avaliada pelos instrumentos WHOQOL-bref e
WHOQOL-old.
31
3.5.1 Dados sociodemográficos, econômicos e de saúde
As variáveis do estudo foram agrupadas a partir da classificação sugerida por
Pereira (2007), acrescidas de um agrupamento relacionado aos aspectos de saúde.
Foi aplicado um questionário que contemplou as variáveis (APÊNDICE A):
Sexo: feminino ou masculino;
Idade: em anos completos. Agrupar-se-ão os idosos em três segmentos
etários: idosos jovens (60-69 anos), meio-idosos (70-79 anos) e idosos (a
partir de 80 anos) (VERAS, 2012);
Estado civil: solteiro; casado ou vivendo como casado; separado ou
divorciado/desquitado e viúvo;
Escolaridade: sem escolaridade, ensino fundamental incompleto e completo,
ensino médio completo e incompleto, ensino superior completo e incompleto;
Cor/Raça: parda; branca; negra; amarela e indígena;
Naturalidade: Teresina; outros municípios do Estado do Piauí e outros
Estados brasileiros;
Arranjo domiciliar: morar só ou acompanhado. Se acompanhado, especificou-
se o grau de parentesco ou outro tipo de relacionamento;
Ocupação profissional: aposentado; aposentado e empregado; empregado;
pensionista e não possui renda;
Crença religiosa: a prática ou não de alguma religião, especificando qual.
Optou-se utilizar a segunda questão de forma aberta, a fim de permitir a
expressão do indivíduo;
Condições econômicas: renda familiar per capita (calculada em salários
mínimos a partir da renda total das pessoas residentes na casa e do número
de moradores do domicílio) e renda do idoso (em salários mínimos);
Etilismo: consumo ou não de bebida alcóolica;
Tabagismo: fumante; ex-fumante e nunca fumou;
Sono: reparador; não reparador e insônia;
Problemas de saúde: o idoso refere ou não ser portador de alguma condição
crônica de saúde. Em caso positivo, quais os problemas;
32
Percepção da saúde: se percebe a saúde como “muito ruim”, “fraca”, “nem
ruim nem boa”, “boa”, “muito boa”;
Prática de atividade física: realização ou não de atividade física regular;
modalidade e frequência.
Foram levantadas, ainda, informações sobre moradia, tais como o tipo de
construção, que foi categorizado em residência construída em alvenaria, taipa, taipa
revestida, madeira e outros materiais, e o número de peças da casa, que foi obtido
por meio da contagem de cômodos.
3.5.2 Avaliação da qualidade de vida dos idosos
Para avaliar a QV, utilizou-se a versão abreviada em português do
Instrumento de Avaliação de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde,
o WHOQOL-bref, que foi validado no Brasil por Fleck, em 2000 (ANEXO A).
O WHOQOL-bref é um instrumento composto de 26 itens pertinentes à
avaliação subjetiva do indivíduo em relação aos aspectos que interferem na sua
vida. Por se tratar de um construto multidimensional, o mesmo abrange quatro
domínios – físico, psicológico, relações sociais, meio ambiente – com duas questões
gerais sobre QV e mais 24 questões que correspondem às 24 facetas (subdomínios)
que compõem o instrumento original. As duas questões gerais sobre QV versam
sobre como o indivíduo avalia sua QV e sobre o quão satisfeito está com a sua
saúde. O instrumento WHOQOL-bref é a versão abreviada do WHOQOL-100, que
consiste em 100 perguntas. O método WHOQOL foi desenvolvido com enfoque
transcultural e tem sido utilizado para mensurar a qualidade de vida relacionada à
saúde, em grupos de indivíduos enfermos, sadios e idosos (TRENTINI, 2004).
Os quatro domínios, os respectivos subdomínios e o número de questões a
que correspondem são apresentados a seguir. Cada domínio é composto por
questões cujas pontuações das respostas variam entre 1 e 5.
Domínio 1 – Físico: dor e desconforto (questão 3); energia e fadiga (questão
10); sono e repouso (questão 16); mobilidade (questão 15); atividades da vida
cotidiana (questão 17); dependência de medicações ou tratamentos (questão
04); capacidade de trabalho (questão 18).
33
Domínio 2 – Psicológico: sentimentos positivos (questão 5); pensar, aprender,
memória e concentração (questão 7); autoestima (questão 19); imagem
corporal e aparência (questão 11); sentimentos negativos (questão 26);
espiritualidade/religião/crenças pessoais (questão 6).
Domínio 3 – Relações sociais: relações pessoais (questão 20); suporte social
(questão 22); atividade sexual (questão 21).
Domínio 4 – Meio ambiente: segurança física e proteção (questão 8);
ambiente no lar (questão 23); recursos financeiros (questão 12); cuidados de
saúde e sociais: disponibilidade e qualidade (questão 24); oportunidades de
adquirir novas informações e habilidades (questão 13); participação e
oportunidades de recreação/lazer (questão 14); ambiente físico; poluição,
ruído, clima, trânsito (questão 9); transporte (questão 25).
Com o intuito de adaptar o WHOQOL para a aplicação em idosos, o Grupo
WHOQOL desenvolveu um módulo adicional aos instrumentos WHOQOL-100 e
WHOQOL-bref, denominado WHOQOL-old (ANEXO B). Esse instrumento é um
módulo complementar que deve ser aplicado em conjunto com o WHOQOL-100 ou o
WHOQOL-bref. O WHOQOL-old é composto por 24 questões seccionadas em seis
facetas, que formam um domínio adicional ao incorporar questões relacionadas ao
envelhecimento. As facetas adicionais do WHOQOL-old são:
Funcionamento dos sentidos - impacto da perda do funcionamento dos
sentidos na QV do indivíduo;
Autonomia - independência do idoso de forma a ser capaz e livre para viver
de modo autônomo e tomar as próprias decisões;
Atividades passadas, presentes e futuras - satisfação com realizações na vida
e com objetivos a serem alcançados;
Participação social - participação em atividades da vida diária, especialmente
na comunidade;
Morte e morrer - preocupações acerca da morte e do morrer;
Intimidade - capacidade de ter relacionamentos íntimos e pessoais.
Cada domínio fornece uma pontuação individual. As respostas são baseadas
em uma escala de resposta Likert de 5 pontos (POWER; QUINN; SCHMIDT, 2005).
34
O WHOQOL-old é validado em português do Brasil, cuja versão apresenta um bom
desempenho psicométrico (Grupo WHOQOL-old, 2005).
3.6 Coleta e análise dos resultados
O WHOQOL-bref e WHOQOL-old são autoaplicáveis, porém, devido à
dificuldade de leitura e ao analfabetismo comum na comunidade estudada, optou-se
por entrevistas que foram realizadas pela própria pesquisadora e uma equipe
treinada sob sua supervisão, composta por uma enfermeira e quatro acadêmicos de
enfermagem da UFPI. O treinamento consistiu de reuniões com os entrevistadores,
com a finalidade de pareá-los por meio da apresentação do projeto de pesquisa,
com ênfase nos objetivos; e fornecimento de orientação sobre a utilização dos
materiais. Durante o treinamento, os instrumentos foram discutidos de modo
detalhado, bem como o procedimento das entrevistas, com destaque para a
importância da uniformidade na realização do levantamento.
Os instrumentos foram aplicados no domicílio do idoso, em privacidade e
apenas um encontro. Cada entrevista era realizada por único pesquisador; destaca-
se que na USF Cidade Jardim houve a participação dos agentes comunitários de
saúde, que auxiliaram na localização dos idosos. A coleta de dados ocorreu no
período de julho a dezembro de 2013; e era realizada em três ou quatro dias por
semana, nos turnos manhã e tarde. Cabe salientar que todos os respondentes foram
informados em relação à liberdade de acesso às informações do estudo e
receberam orientações detalhadas sobre a pesquisa; após a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), iniciou-se a aplicação dos questionários.
Aqueles que não atenderam ao entrevistador (a) após três visitas, em dias e horários
diferentes, foram descartados do estudo.
Os dados foram digitados no programa EXCEL 2010. Após a codificação de
todas as variáveis, elaborou-se um banco de dados que foi alimentado por técnica
de dupla entrada. Ao término da digitação, foi realizada a validação do banco com o
objetivo de conferir erros.
Para a análise da confiabilidade dos questionários de QV (WHOQOL-old e
WHOQOL-bref), utilizou-se o coeficiente alpha de Cronbach. A consistência interna
refere-se ao grau de uniformidade e coerência entre as respostas dos entrevistados
a cada um dos itens que compõem a prova, isto é, avalia o grau em que a variância
35
geral dos resultados associa-se ao somatório das variâncias individuais. Valores de
alpha de Cronbach acima de 0,7 foram considerados satisfatórios para o estudo
(BLAND; ALTMAN, 1997).
Na caracterização dos idosos, foi realizada a análise descritiva por meio de
médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos dos escores das variáveis
quantitativas e proporções para as variáveis qualitativas.
Quanto à análise estatística inferencial, a qualidade de vida compreendeu a
variável dependente. As variáveis independentes para a correlação foram: sexo,
idade, grau de escolaridade, estado civil, procedência, cor/raça, religião, arranjo
domiciliar, ocupação, renda total dos residentes no domicílio, renda do idoso,
etilismo, tabagismo, sono e repouso, prática de atividade física, autoavaliação do
estado de saúde e problemas de saúde.
Os instrumentos WHOQOL-old e WHOQOL-bref foram avaliados pelo teste
de Kolmogorov-Smirnov para verificar a aderência dos domínios e facetas à
distribuição normal, e determinar os tipos de testes estatísticos a serem utilizados.
Contudo, os dados não seguiram tendência de normalidade, por isso foram
utilizados testes não paramétricos.
Quanto aos fatores associados à QV, na análise de correlação entre o
WHOQOL-bref e Old e as variáveis quantitativas, foi utilizado o coeficiente de
correlação Spearman. Para a comparação das médias dos referidos instrumentos,
segundo as categorias das variáveis qualitativas dicotômicas, foi utilizado o teste
Mann-Whitney; e na comparação das médias entre as variáveis qualitativas com 3
ou mais categorias, foi utilizado o teste Kruskal-Wallis com post hoc de Dun.
Para compor os modelos de análise de regressão linear múltipla, foram
utilizadas todas as variáveis independentes, exceto arranjo domiciliar. A maioria
dessas variáveis foram recategorizadas:
a) Escolaridade: Com e sem escolaridade;
b) Estado civil: com e sem companheiro;
c) Cor: não branco (a) e branco (a);
d) Religião: não católico (a) e católico (a);
e) Ocupação: com e sem ocupação;
f) Renda familiar: Até 2 SM e >2 SM;
g) Renda individual: Até 1 SM e >1 SM;
36
h) Sono: não reparador e reparador;
i) Atividade física: sim e não;
j) Autoavaliação da saúde: muito ruim/fraca, nem boa nem ruim e
boa/muita boa.
Foi realizada a modelagem múltipla com todas as variáveis que apresentaram
p<0,10 na análise bivariada, com a finalidade de verificar quais são as variáveis
independentes/ previsoras que explicam melhor efeito sobre a QV de idosos. O valor
de “p” determinou a ordem de entrada no modelo múltiplo. O processo de
modelagem foi o stepwise forward. A variável independente permanecia no modelo
múltiplo com valor de p menor que 0,05 e/ou se fosse variável de ajuste. As
variáveis qualitativas foram transformadas em variáveis indicadoras (Dummy).
O teste do pressuposto de multicolinearidade foi realizado pelo FIV (Variance-
inflation factor) e Tolerance, e adotou como ponto de corte para a multicolinearidade
um FIV ≥ 4 e um Tolerance < 10 (GARSON, 2010). O teste não mostrou evidência
de presença de multicolinearidade entre as variáveis independentes estudadas para
a regressão linear.
Em todas as análises realizadas foi utilizado o nível de significância de 5%.
Para realização de dupla digitação, validação e verificação da consistência dos
dados, foi utilizado o programa Epi-info versão 7.0, e para a realização das demais
análises foi utilizado o SPSS para Windows versão 18.0.
3.7 Aspectos éticos e legais
O estudo foi realizado conforme as normas que regulamentam a pesquisa em
seres humanos, contidas na Resolução nº 466/2012, do Conselho Nacional de
Saúde (BRASIL, 2012).
O projeto de pesquisa foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP) da UFPI e aprovado com Certificado de Apresentação para
Apreciação Ética (CAAE) n° 06086812.8.0000.5214 (ANEXO C). Por se tratar de
uma amostra formada por idosos cadastrados pela ESF, o projeto também foi
submetido ao CEP da Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Teresina, recebendo
parecer favorável para sua realização.
37
Os idosos em estudo receberam o TCLE previamente à coleta de dados
(ANEXO D). O mesmo foi assinado em duas vias, uma permaneceu com a
pesquisadora responsável e a outra, com o participante da pesquisa.
38
4 RESULTADOS
4.1 Caracterização sociodemográfica, econômica e de saúde dos idosos
A Tabela 1 apresenta a distribuição dos idosos de acordo com as
características sociodemográficas e econômicas.
Tabela 1. Perfil sociodemográfico e econômico dos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383)
Variáveis n %
Sexo Masculino 124 32,4 Feminino 259 67,6
Faixa etária 60-70 anos 193 50,4 70-80 anos 120 31,3 ≥80 anos 70 18,3
Média (D.P) 70,9 (8,2) Escolaridade
Analfabeto 129 33,7 Fund. Incompleto 103 26,9 Fund. Completo 51 13,3
Médio Incompleto 15 3,9 Médio Completo 58 15,1
Superior Incompleto 04 1,0 Superior Completo 23 6,0
Estado civil Solteiro(a) 36 9,4
Casado(a)/União estável 195 50,9 Separado(a)/Divorciado(a) 42 11,0
Viúvo(a) 110 28,7 Procedência
Capital 62 16,2 Interior do Estado 255 66,6 Outros Estados 66 17,2
Cor Pardo(a) 226 59,0 Branco(a) 86 22,5 Negro(a) 64 16,7
Amarelo(a) 07 1,8 Religião
Católico(a) 292 76,2 Evangélico(a) 71 18,5
Espirita 02 0,5 Outras 02 0,5
Não possui 16 4,2
39
(Continuação) Tabela 1. Perfil sociodemográfico e econômico dos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383)
Variáveis n %
Quantidade de pessoas na residência
Média (D.P) 3,0 (2,0)
Com quem mora
Mora sozinho(a) 34 8,9
Cônjuge 33 8,6
Cônjuge e filhos 80 20,9
Filhos 53 13,8
Cônjuge, filhos e netos 55 14,4
Filhos e netos 66 17,2
Netos 12 3,1
Cônjuge e netos 16 4,2
Outros 34 8,9
Ocupação
Aposentado(a) 272 71,0
Empregado(a) 12 3,1
Aposentado(a) em atividade 20 5,2
Pensionista 40 10,4
Autônomo 20 5,2
Não possui renda 19 5,0
Renda familiar
Até 1 SM 50 13,1
1-2 SM 135 35,2
3-4 SM 124 32,4
5-6 SM 42 11,0
7-8 SM 17 4,4
9-10 SM 07 1,8
Acima de 10 SM 08 2,1
Renda do idoso(a)*
Até 1 SM 237 65,1
1-2 SM 70 19,2
3-4 SM 38 10,4
5-6 SM 09 2,5
7-8 SM 05 1,4
9-10 SM 01 0,3
Acima de 10 SM 04 1,0
Tipo de casa
Alvenaria 375 97,9
Taipa revestida 06 1,6
Taipa não revestida 02 0,5
Quantidade de cômodos
Até 5 cômodos 88 23,0
6 ou mais cômodos 295 77,0
Média (D.P) 7,4 (2,2)
SM: Salário Mínimo (R$=678,00); D.P: Desvio Padrão.
*Percentuais referentes aos idosos que possuem renda (n=364).
40
A maioria dos respondentes era do sexo feminino (67,6%). Cerca de 50,4%
dos idosos tinham de 60 a 69 anos, a média de idade foi de 70,09 anos (DP±8,2).
Quanto ao nível de escolaridade, 33,7% eram analfabetos e 26,9% ingressaram,
mas não concluíram o ensino fundamental.
Em relação ao estado civil, os casados ou unidos representaram 50,9% da
amostra, com uma parcela significativa de viúvos (28,7%). Quanto à cidade de
origem, predominaram os idosos naturais do interior do Estado (66,6%), seguidos
pelos nascidos em outros Estados (17,2%). Acerca da cor ou raça, 59% dos sujeitos
afirmaram ser de cor parda.
Quanto à religião, a católica é maioria entre os idosos (76,2%), seguida pelo
protestantismo (18,5%). Em relação ao arranjo familiar, a maior parte da amostra, ou
seja, 91,1% residiam com familiares (cônjuge, filhos, netos) e outros parentes; e
8,9% viviam sozinhos. Em média, os idosos moravam com três pessoas.
Quanto à ocupação atual, 71% disseram ser aposentados, enquanto 10,4%
relataram ser pensionistas. Afirmaram possuir alguma ocupação na época de
realização do estudo, 8,3% dos entrevistados. Houve, ainda, 5,2% de idosos que
afirmaram ser autônomo, o que totaliza 13,5% de sujeitos que exerciam algum tipo
de atividade. Cerca de 5% dos idosos não possuíam renda própria.
A renda familiar variou de 1 a 2 salários mínimos em 35,2% das residências
visitadas, seguida de 32,4% das famílias que possuíam renda total de 3 a 4 salários.
Com relação à renda do idoso, 65,1% possuía remuneração de até 1 salário mínimo.
Em relação ao tipo de moradia, a maioria (97,9%) residia em casa de
alvenaria, com média de 7,4 cômodos (DP±2,2). A tabela 2 apresenta os dados
relativos ao estilo de vida, sono, prática de atividade física e autoavaliação do estado
de saúde dos idosos.
41
Tabela 2. Dados relativos ao estilo de vida, sono, prática de atividade física e autoavaliação do estado de saúde dos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383)
Variáveis n %
Etilista
Sim 34 8,9
Não 349 91,1
Tabagista
Sim 34 8,9
Não 269 70,2
Ex-tabagista 80 20,9
Sono e repouso
Reparador 240 62,7
Não reparador 76 19,8
Insônia 67 17,5
Pratica atividade física
Exercícios aeróbicos 67 17,5
Hidroginástica 16 4,2
Musculação 04 1,0
Não pratica 296 77,3
Frequência atividade física
Média (D.P) 3,5 (1,1)
Autoavaliação do estado de saúde
Muito ruim 20 5,2
Fraca 61 15,9
Nem ruim nem boa 152 39,7
Boa 134 35,0
Muita boa 16 4,2
Com relação a aspectos de saúde, apenas 8,9% dos idosos entrevistados
afirmaram ser fumantes, já 20,9% se consideram ex-fumantes. Quanto ao consumo
de bebida alcóolica, 91,1% afirmaram não beber, e 8,9% referiram ser etilistas. Em
relação às características do sono, observou-se que 62,7% dos idosos classificaram-
no como reparador.
Afirmaram realizar atividade física 22,7% dos idosos; a mais frequente foi a
prática de exercícios aeróbicos (17,5%), como caminhadas. Foram citadas, ainda,
em menor proporção, a prática de exercícios de hidroginástica (4,2%) e musculação
(1,0%). Em média, os sujeitos realizavam atividades físicas três vezes por semana.
Em relação à condição subjetiva de saúde, a maioria dos idosos autoavalia
sua saúde como “nem ruim nem boa” (39,5%), 35,% a consideram boa e 21,1%
apresentaram autoavaliação negativa do estado de saúde. A tabela 3 apresenta
informações quanto à presença de morbidades nos idosos.
42
Tabela 3. Dados relativos à presença de comorbidades nos idosos participantes da
pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383)
Comorbidades n %
Hipertensão 222 58,0
Diabetes 41 10,7
Osteoporose 40 10,4
Artrose 38 9,9
Depressão 15 3,9
Dislipidemia 33 8,6
Úlcera/gastrite 19 5,0
Labirintite 18 4,7
Problemas cardíacos 28 7,3
AVE 13 3,4
Em relação aos dados sobre as condições de saúde, a frequência de doenças
autorreferidas, verificou-se que a maioria dos idosos mencionou pelo menos uma
doença, e a de maior prevalência foi a hipertensão arterial sistêmica (58,0%),
seguida de diabetes (10,7%) e osteoporose (10,4%).
A tabela 4 apresenta os domínios e facetas de QV mais favorecidos ou
prejudicados nos idosos.
Tabela 4. Identificação dos domínios e facetas de qualidade de vida mais favorecidos ou prejudicados nos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383)
Domínios Média D.P Mínimo Mediana Máximo α de
Cronbach
Whoqol-Bref
Físico 63,4 18,0 10,7 64,3 100,0 0,72
Psicológico 70,2 12,6 25,0 70,8 100,0 0,64
Social 69,8 13,7 8,3 66,7 100,0 0,75
Ambiental 61,7 13,5 21,9 62,5 100,0 0,72
Whoqol-Old
Habilidades sensoriais 74,5 21,7 0,0 81,3 100,0 0,56
Autonomia 62,2 17,9 0,0 62,5 100,0 0,52
Passado-presente-futuro 68,6 15,0 12,5 68,8 100,0 0,53
Participação social 62,2 16,4 6,3 62,5 100,0 0,51
Morte e morrer 67,7 26,7 0,0 75,0 100,0 0,67
Intimidade 59,3 24,5 0,0 62,5 100,0 0,60
Observou-se que a QV mensurada pelo WHOQOL-BREF obteve maior
escore no domínio psicológico (70,2), e menor no domínio ambiental (61,7). Já a QV
43
avaliada pelo WHOQOL-OLD alcançou maior escore na faceta funcionamento dos
sentidos (74,5), e menor na intimidade (59,3).
4.2 Verificação dos fatores sociodemográficos, econômicos e de saúde
associados à qualidade de vida
As médias dos escores e os desvios padrão de cada domínio do WHOQOL-
bref e faceta do WHOQOL-Old para cada variável de interesse são apresentados
nas Tabelas 5, 6, 7 e 8.
Tabela 5. Distribuição das médias dos escores dos domínios do WHOQOL-Bref segundo as variáveis socioeconômicas e demográficas dos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383)
Variáveis
Domínios do WHOQOL-Bref
Físico Psicológico Social Ambiental
Média (D.P) Média (D.P) Média (D.P) Média (D.P)
Sexo*
Masculino 64,5 (18,2) 71,7 (12,1) 72,4 (14,4) 62,1 (14,5)
Feminino 62,9 (18,0) 69,5 (12,8) 68,5 (13,2) 61,5 (13,0)
P-value 0,473 0,080 0,001 0,760
Faixa etária**
60-70 anos 66,7 (18,7)a 72,6 (12,1)a 71,0 (15,0) 62,6 (14,1)
70-80 anos 61,8 (15,5)b 68,6 (12,4)b 68,3 (12,8) 61,3 (12,5)
≥80 anos 57,1 (18,3)b 66,3 (13,0)b 68,8 (11,3) 59,9 (13,3)
P-value <0,001 0,001 0,063 0,227
Escolaridade*
Sem 61,6 (19,7) 69,6 (14,0) 70,3 (13,7) 59,7 (13,7)
Com 64,3 (17,1) 70,5 (11,9) 69,5 (13,8) 62,7 (13,3)
P-value 0,168 0,465 0,814 0,037
Companheiro*
Sem 62,6 (17,5) 69,4 (13,0) 67,3 (13,1) 61,1 (13,7)
Com 64,2 (18,5) 71,0 (12,2) 72,1 (13,9) 62,2 (13,3)
P-value 0,347 0,217 <0,001 0,592
Procedência**
Capital 66,1 (18,7) 70,2 (11,4) 69,8 (12,6) 62,3 (13,5)
Interior do Estado 62,9 (17,9) 70,1 (12,3) 70,7 (13,4) 61,2 (13,5)
Outros Estados 62,9 (17,8) 70,5 (14,8) 66,3 (15,4) 62,9 (13,6)
P-value 0,343 0,643 0,237 0,581
Cor*
Não branco(a) 63,9 (18,8) 70,3 (12,6) 69,5 (13,7) 61,4 (13,6)
Branco(a) 61,8 (15,1) 69,9 (12,6) 70,5 (13,9) 62,8 (13,3)
P-value 0,151 0,838 0,542 0,589
44
(Continuação) Tabela 5. Distribuição das médias dos escores dos domínios do
WHOQOL-Bref segundo as variáveis socioeconômicas e demográficas dos idosos
participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383)
Variáveis
Domínios do WHOQOL-Bref
Físico Psicológico Social Ambiental
Média (D.P) Média (D.P) Média (D.P) Média (D.P)
Religião*
Não católico(a) 60,2 (20,0) 69,6 (13,3) 66,2 (13,5) 60,1 (12,9)
Católico(a) 64,4 (17,3) 70,3 (12,4) 70,9 (13,6) 62,2 (13,7)
P-value 0,095 0,736 0,013 0,164
Ocupação*
Sem 62,2 (18,2) 69,6 (12,9) 69,3 (13,7) 61,9 (13,1)
Com 70,3 (16,1) 74,2 (8,9) 73,7 (15,7) 62,9 (15,5)
P-value 0,013 0,015 0,045 0,577
Renda familiar*
Até 2 SM 62,7 (17,4) 69,3 (12,7) 69,1 (12,9) 58,3 (13,4)
> 2 SM 64,0 (18,7) 71,0 (12,5) 70,4 (14,5) 64,8 (12,9)
P-value 0,222 0,069 0,172 <0,001
Renda idoso(a)*
Até 1 SM 61,3 (18,6) 69,0 (13,3) 69,4 (13,8) 59,7 (14,0)
>1 SM 67,0 (16,8) 72,2 (10,9) 70,2 (13,3) 66,0 (11,8)
P-value 0,003 0,025 0,202 <0,001
SM: Salário Mínimo (R$=678,00); *Teste Mann-Whitney, **Teste Kruskall-Wallis, a,b Letra diferente em uma mesma coluna significa diferença significativa pelo post-hoc Dun.
Os domínios físico e psicológico mostraram associação estatística com as
variáveis: faixa etária, ocupação e renda do idoso. Houve, também, associação entre
o domínio social e as variáveis sexo, companheiro, religião e ocupação; e entre o
domínio ambiental e as variáveis escolaridade, renda familiar e renda do idoso.
A tabela 6 apresenta a média dos domínios do WHOQOL-Bref segundo as
variáveis relativas ao estilo de vida, sono, prática de atividade física e autoavaliação
do estado de saúde dos idosos.
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Tabela 6. Distribuição das médias dos escores dos domínios do WHOQOL-Bref segundo as variáveis relativas ao estilo de vida, sono, prática de atividade física e autoavaliação do estado de saúde dos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383)
Variáveis
Domínios do WHOQOL-Bref
Físico Psicológico Social Ambiental
Média (D.P) Média (D.P) Média (D.P) Média (D.P)
Etilista*
Sim 77,8 (14,2) 79,0 (10,7) 75,2 (15,4) 68,6 (18,2)
Não 62,0 (17,8) 69,3 (12,4) 69,2 (13,5) 61,0 (12,8)
P-value <0,001 <0,001 0,004 0,001
Tabagista*
Sim 60,9 (17,9) 72,5 (11,7) 69,6 (14,9) 58,3 (15,7)
Não 63,6 (18,1) 69,9 (12,7) 69,8 (13,6) 62,0 (13,2)
P-value 0,372 0,241 0,966 0,199
Sono*
Não Reparador 55,3 (16,4) 66,9 (12,0) 66,5 (14,0) 58,1 (13,5)
Reparador 68,2 (17,2) 72,1 (12,6) 71,7 (13,2) 63,8 (13,1)
P-value <0,001 <0,001 0,002 <0,001
Pratica atividade física*
Sim 70,4 (12,7) 75,1 (9,7) 73,4 (11,3) 60,7 (13,5)
Não 61,4 (18,9) 68,7 (13,0) 68,7 (14,2) 65,2 (12,9)
P-value <0,001 <0,001 0,002 0,0012
Autoavaliação estado de
saúde**
Muito ruim/fraca 48,0 (17,6)a 64,4 (12,8)a 65,6 (15,7)a 56,4 (14,5)a
Nem boa nem ruim 62,0 (16,3)b 69,5 (11,9)a 69,6 (14,3)a 61,9 (14,0)b
Boa/Muito boa 73,2 (13,1)c 74,1 (11,9)b 72,2 (11,3)b 64,3 (11,6)b
P-value <0,001 <0,001 0,007 <0,001
*Teste Mann-Whitney, **Teste Kruskall-Wallis, a,b Letra diferente em uma mesma coluna significa diferença significativa pelo post-hoc Dun.
Observou-se associação significativa entre todos os domínios e as variáveis
etilismo, sono, prática de atividade física e autoavaliação do estado de saúde. A
tabela 7 apresenta a média das facetas do WHOQOL-Old segundo as variáveis
sociodemográficas e econômicas dos idosos.
46
Tabela 7. Distribuição das médias dos escores das facetas do WHOQOL-Old segundo as variáveis sociodemográficas e econômicas dos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383)
Variáveis
Facetas do WHOQOL-Old
Habilidade Sensorial
Autonomia PPF Participação
Social Morte e Morrer
Intimidade
Média(D.P) Média(D.P) Média(D.P) Média(D.P) Média(D.P) Média(D.P)
Sexo*
Masculino 73,2(24,3) 60,7(17,9) 69,8(15,3) 61,1(17,2) 71,8(26,9) 63,9(24,1)
Feminino 75,1(20,4) 63,0(17,9) 68,1(14,9) 62,7(16,0) 65,8(26,5) 57,1(24,4)
P-value 0,942 0,188 0,465 0,371 0,013 0,018
Faixa etária**
60-70 anos 79,3(19,9)a
66,3(17,1)a
70,4(15,8) 64,8(16,1)a 66,8(27,2) 60,8(25,3)
70-80 anos 73,3(20,8)a
60,3(16,6)b
67,0(13,6) 61,1(15,2)a 67,8(26,3) 58,4(23,6)
≥80 anos 63,4(23,8)b
54,5(19,4)b
66,5(14,9) 57,0(17,8)b 70,3(26,4) 56,8(23,7)
P-value <0,001 <0,001 0,056 0,007 0,643 0,366
Escolaridade*
Sem 70,5(23,0) 57,2(19,1) 67,8(14,2) 60,9(17,4) 68,6(27,7) 54,8(26,8)
Com 76,6(20,8) 64,8(16,8) 69,0(15,5) 62,9(15,8) 67,3(26,3) 61,6(22,9)
P-value 0,008 <0,001 0,302 0,309 0,470 0,021
Companheiro*
Sem 74,7(21,1) 62,4(18,6) 67,4(15,5) 61,3(15,5) 66,2(27,9) 51,2(25,4)
Com 74,3(22,3) 62,1(17,3) 69,8(14,6) 63,1(17,2) 69,2(25,5) 67,2(20,7)
P-value 0,968 0,821 0,122 0,242 0,396 <0,001
Procedência**
Capital 75,7(22,2) 64,9(14,2) 67,5(15,5) 62,5(15,9) 65,7(25,9) 54,5(27,5)
Interior Estado 73,9(21,6) 61,5(18,4) 69,1(14,1) 62,0(16,4) 68,7(26,7) 60,2(23,6)
Outros Estados 75,7(21,7) 62,5(19,1) 67,8(17,9) 62,8(17,0) 65,8(27,7) 60,6(24,7)
P-value 0,619 0,439 0,822 0,877 0,485 0,240
Cor*
Não Branco(a) 73,6(22,3) 61,4(18,4) 68,7(15,3) 62,4(16,7) 67,7(26,6) 58,2(24,8)
Branco(a) 77,8(19,1) 65,1(16,1) 68,5(14,3) 61,5(15,3) 68,0(27,3) 63,2(23,1)
P-value 0,165 0,097 0,973 0,477 0,799 0,098
Religião*
Não católico(a) 69,8(23,2) 60,4(17,6) 67,1(15,7) 61,1(16,8) 74,9(23,6) 59,8(25,0)
Católico(a) 76,0(21,0) 62,8(18,0) 69,1(14,8) 62,6(16,2) 65,5(27,3) 59,2(24,3)
P-value 0,016 0,186 0,427 0,787 0,003 0,804
Ocupação*
Sem 73,3(22,2) 61,6(17,9) 68,4(15,0) 61,5(16,3) 67,4(26,9) 59,0(24,6)
Com 83,6(17,2) 62,9(19,6) 71,5(14,6) 66,4(17,2) 69,7(26,8) 61,7(25,6)
P-value 0,004 0,611 0,305 0,054 0,585 0,424
Renda
familiar*
Até 2SM 72,4(21,7) 59,8(18,2) 67,4(15,1) 62,2(15,8) 66,5(27,3) 53,5(25,4)
> 2 SM 76,5(21,6) 64,6(17,4) 69,8(14,9) 62,2(17,0) 68,9(26,3) 64,8(22,3)
P-value 0,030 0,004 0,066 0,927 0,409 <0,001
Renda
idoso(a)*
Até 1 SM 70,1(22,6) 59,9(18,4) 67,7(15,4) 61,7(16,8) 66,7(27,6) 56,8(26,6)
> 1 SM 81,9(18,5) 66,4(17,0) 70,0(14,0) 62,6(15,7) 68,8(25,9) 62,9(20,5)
P-value <0,001 0,001 0,152 0,545 0,555 0,082
SM: Salário Mínimo (R$=678,00); *Teste Mann-Whitney, **Teste Kruskall-Wallis, a,b Letra diferente em uma mesma coluna significa diferença significativa pelo post-hoc Dun.
47
Observou-se que a faceta habilidade sensorial mostrou associação
significativa com as variáveis: faixa etária, escolaridade, religião, ocupação, renda
familiar e renda do idoso. Houve associação entre a faceta autonomia e as variáveis
faixa etária, escolaridade, renda familiar e renda do idoso; e entre a faceta
participação social e a variável faixa etária. A faceta morte e morrer mostrou
associação com as variáveis sexo e religião; e a faceta intimidade com as variáveis
sexo, escolaridade, companheiro e renda familiar. Não houve associação
significativa entre a faceta atividades passadas, presentes e futuras e as variáveis
sociodemográficas e econômicas.
A tabela 8 apresenta a média das facetas do WHOQOL-Old segundo as
variáveis relativas ao estilo de vida, sono, prática de atividade física e autoavaliação
do estado de saúde dos idosos.
Tabela 8. Distribuição das médias dos escores das facetas do WHOQOL-Old segundo as variáveis relativas ao estilo de vida, sono, prática de atividade física e autoavaliação do estado de saúde dos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383)
Variáveis
Facetas do WHOQOL-Old
Habilidade Sensorial
Autonomia PPF Participação
Social Morte e Morrer
Intimidade
Média(D.P) Média(D.P) Média(D.P) Média(D.P) Média(D.P) Média(D.P)
Etilista*
Sim 82,0(20,0) 70,0(16,3) 74,8(15,7) 70,6(15,0) 70,4(29,5) 72,8(22,8)
Não 73,8(21,7) 61,5(17,9) 68,0(14,9) 61,4(16,3) 67,5(26,5) 58,0(24,3)
P-value 0,011 0,007 0,017 0,005 0,334 0,001
Tabagismo*
Sim 71,7(22,6) 64,3(15,0) 68,4(13,6) 62,5(14,8) 56,8(26,3) 61,0(22,7)
Não 74,8(21,6) 62,0(18,2) 68,7(15,2) 62,2(16,5) 68,8(26,6) 59,2(24,7)
P-value 0,409 0,622 0,734 0,629 0,006 0,890
Sono*
Não reparador 68,5(21,5) 59,4(17,9) 66,9(14,9) 59,6(15,6) 64,9(25,6) 56,3(23,1)
Reparador 78,1(21,1) 63,9(17,8) 69,7(15,1) 63,8(16,6) 69,5(27,3) 61,2(25,1)
P-value <0,001 0,008 0,095 0,021 0,038 0,033
P-value 0,619 0,439 0,822 0,877 0,485 0,240
Pratica atividade física*
Sim 83,3(14,0) 68,9(14,9) 73,5(12,0) 69,2(12,8) 72,2(26,4) 64,4(21,8)
Não 71,9(22,9) 60,3(18,3) 67,2(15,6) 60,2(16,8) 66,4(26,7) 57,8(25,0)
P-value <0,001 <0,001 0,001 <0,001 0,045 0,063
Autoavaliação estado de saúde**
Muito ruim/fraca 61,0(23,5)a
54,2(19,8)a
64,3(15,7)a
54,2(17,3)a 65,0(28,3)
a 57,7(24,3)
Nem boa nem
ruim 73,0(20,8)
b 62,5(17,0)
b 68,9(15,3)
b 61,1(16,6)
b 65,4(26,1)a
60,2(24,9)
Boa/Muito boa 83,3(17,1)c
66,3(16,4)c
70,7(14,0)b
67,6(13,6)b 71,6(26,2)b
59,4(24,2)
P-value <0,001 <0,001 0,019 <0,001 0,040 0,655
*Teste Mann-Whitney, **Teste Kruskall-Wallis, a,b Letra diferente em uma mesma coluna significa diferença significativa pelo post-hoc Dun.
48
Observou-se que as facetas habilidade sensorial, autonomia e participação
social mostraram associação significativa com as variáveis etilismo, sono, prática de
atividade física e autoavaliação do estado de saúde. Houve, também, associação
entre a faceta atividades passadas, presentes e futuras e as variáveis etilismo,
prática de atividade física e autoavaliação de saúde; e entre a faceta morte e morrer
e as variáveis tabagismo, sono, prática de atividade física e autoavaliação do estado
de saúde. A faceta intimidade mostrou associação com as variáveis etilismo e sono.
4.3 Fatores preditores da qualidade de vida dos idosos
As variáveis que explicaram melhores efeitos sobre a QV são expostas
nas Tabelas 9 e 10.
Tabela 9. Análise de regressão linear múltipla para identificação dos fatores preditores de qualidade de vida segundo os domínios do Whoqol-Bref dos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383)
Domínios β IC95%(β) P r2a
Whoqol-Bref
Físico 0,412 Constante 73,54 58,28; 88,0 <0,001 Idade (anos)* -0,31 -0,50; -0,12 0,002 Renda idoso (>1 SM) 0,34 -2,82; 3,50 0,832 Com ocupação 0,85 -0,47; 2,16 0,206 Ser católico 1,18 -2,26; 4,63 0,500 Sono reparador 7,07 3,86; 10,29 <0,001 Praticar atividade física 5,08 1,48; 8,68 0,006 Autoavaliação saúde (nem boa/nem ruim) 9,49 5,43; 13,54 <0,001 Autoavaliação saúde (Boa/Muito boa) 16,71 12,37; 21,06 <0,001 Quantidade morbidades -4,65 -6,12; -3,19 <0,001
Psicológico 0,182 Constante 85,30 74,45; 96,15 <0,001 Idade (anos)* -0,25 -0,39; -0,11 0,001 Sono reparador 2,68 0,16; 5,19 0,037 Praticar atividade física 4,37 1,57; 7,18 0,002 Autoavaliação saúde (nem boa/nem ruim) 2,75 -0,44; 5,94 0,091 Autoavaliação saúde (Boa/Muito boa) 5,17 1,76; 8,57 0,003 Quantidade morbidades -2,68 -3,84; -1,53 <0,001
Social 0,072 Constante 63,46 58,96; 67,86 <0,001 Sexo feminino -2,89 -5,82; 0,04 0,054 Religião católica -2,89 0,62; 6,99 0,019 Sono reparador 3,63 0,62; 6,64 0,018 Praticar atividade física 3,37 0,11; 6,63 0,043 Autoavaliação saúde (nem boa/nem ruim) 2,10 -1,61; 5,80 0,266 Autoavaliação saúde (Boa/Muito boa) 3,77 -0,12; 7,65 0,058
49
(Continuação) Tabela 9. Análise de regressão linear múltipla para identificação dos fatores preditores de qualidade de vida segundo os domínios do Whoqol-Bref dos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383)
Domínios β IC95%(β) P r2a
Whoqol-Bref
Ambiental 0,115 Constante 52,27 48,99; 55,56 <0,001 Renda familiar (>2 SM) 4,34 1,26; 7,42 0,006 Renda idoso (>1 SM) 3,07 -0,14; 6,28 0,061 Sono reparador 4,40 1,46; 7,35 0,004 Praticar atividade física 1,91 -1,39; 5,22 0,256 Autoavaliação saúde (nem boa/nem ruim) 2,89 -0,82; 6,61 0,126 Autoavaliação saúde (Boa/Muito boa) 4,78 0,84; 8,72 0,018
β: Coeficiente de regressão linear; r2a: Coeficiente de determinação ajustado; IC95%: Intervalo de confiança de 95%; *Variável quantitativa continua.
O modelo da regressão que utilizou o domínio físico como variável
dependente e 07 variáveis de interesse, explicou 41% da variância do domínio físico
de QV. As variáveis que mais contribuíram para explicar o modelo, por ordem de
influência, foram: sono reparador (β=7,07, com p<0,001), praticar atividade física
(β=5,08, com p=0,006), quantidade de morbidades (β= - 4,65, com p<0,001) e idade
(β= -0,31, com p=0,002). As outras variáveis na equação não foram estatisticamente
significativas quando controladas.
O resultado de regressão que utilizou o domínio Psicológico de QV como
variável dependente e 07 variáveis de interesse, explicou 18% da variância do
domínio psicológico de QV. As variáveis que contribuíram para explicar o modelo,
por ordem de influência, foram as seguintes: autoavaliação do estado de saúde
(Boa/ Muita boa) (β=5,17, com p=0,003), praticar atividade física (β=4,37, com
p=0,002), sono reparador (β=2,68, com p=0,037), quantidade de morbidades (β= -
2,68, com p<0,001) e idade (β= - 0,25, com p=0,001).
No modelo de regressão, no qual a variável dependente foi o domínio
Relações Sociais, incluiu-se 06 variáveis de interesse. O modelo explicou 72% da
variância do domínio social de QV. As variáveis que contribuíram para explicar o
modelo, por ordem de influência, foram as seguintes: sono reparador (β=3,63, com
p=0,018), praticar atividade física (β=3,37, com p=0,043) e ser católico (β= - 2,89,
com p=0,019).
O resultado de regressão que utilizou o domínio Meio Ambiente como variável
dependente e 06 variáveis de interesse, explicou 11% da variância do domínio Meio
Ambiente de QV. As variáveis que contribuíram para esclarecer o modelo, por ordem
50
de influência, foram: autoavaliação do estado de saúde (Boa/ Muito boa) (β=4,78,
com p=0,018); sono reparador (β=4,40, com p=0,004) e renda familiar (>2 SM)
(β=4,34, com p=0,006). As demais variáveis na equação não foram estatisticamente
significativas quando controladas.
A tabela 10 apresenta o resultado da regressão linear múltipla que identificou
os fatores preditores de QV das facetas do WHOQOL-old.
Tabela 10. Análise de regressão linear múltipla para identificação dos fatores preditores de qualidade de vida segundo as facetas do Whoqol-Old dos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383)
Facetas β IC95%(β) P r2a
Whoqol-Old
Habilidades sensoriais 0,244 Constante 102,19 82,47; 121,91 <0,001 Idade (anos)* -0,52 -0,77; -0,27 <0,001 Ser católico 2,52 -2,18; 7,23 0,293 Renda idoso (>1 SM) 6,71 2,41; 11,01 0,002 Sono reparador 5,49 1,22; 9,76 0,012 Praticar atividade física 7,46 2,59; 12,33 0,003 Autoavaliação saúde (Boa/Muito boa) 8,98 4,63; 13,33 <0,001 Quantidade morbidades -2,96 -4,94; -0,98 0,003
Autonomia 0,156 Constante 88,75 71,54; 105,96 <0,001 Idade (anos)* -0,43 -0,65; -0,21 <0,001 Com escolaridade 4,28 0,24; 8,33 0,038 Renda familiar (>2 SM) 1,97 -2,12; 6,05 0,344 Renda idoso (>1 SM) 0,71 -3,63; 5,04 0,749 Sono reparador 1,71 -2,04; 5,46 0,372 Praticar atividade física 5,25 0,91; 9,59 0,018 Autoavaliação saúde (Boa/Muito boa) 3,59 -0,25; 7,42 0,067 Quantidade morbidades -3,14 -4,89; -1,39 <0,001
Passado-presente-futuro 0,042 Constante 72,29 58,33; 86,24 <0,001 Idade (anos)* -0,13 -0,31; 0,06 0,181 Renda familiar (>2 SM) 1,37 -1,66; 4,41 0,374 Praticar atividade física 4,77 1,08; 8,46 0,011 Autoavaliação saúde (nem boa/nem ruim) 3,58 -0,45; 7,61 0,082 Autoavaliação saúde (Boa/Muito boa) 5,14 1,07; 9,21 0,014
Participação social 0,139 Constante 90,46 76,36; 104,56 <0,001 Idade (anos)* -0,38 -0,57; -0,19 <0,001 Tabagista -2,97 -8,44; 2,51 0,287 Sono reparador 2,67 -0,55; 5,88 0,104 Praticar atividade física 7,28 3,59; 10,98 <0,001 Quantidade morbidades -3,55 -5,06; -2,05 <0,001
51
(Continuação) Tabela 10. Análise de regressão linear múltipla para identificação dos fatores preditores de qualidade de vida segundo as facetas do Whoqol-Old dos idosos participantes da pesquisa. Teresina-PI, 2013 (n=383)
Facetas β IC95%(β) P r2a
Whoqol-Old
Morte e morrer 0,058 Constante 77,70 69,52; 85,89 <0,001 Sexo feminino -7,36 -13,21; -1,51 0,014 Ser católico -9,77 -16,02; -3,51 0,002 Tabagista -13,45 -22,91; -3,98 0,005 Sono reparador 3,26 -2,31; 8,83 0,251 Praticar atividade física 7,07 0,76; 13,38 0,028
Intimidade 0,134 Constante 44,45 37,26; 51,64 <0,001 Sexo feminino -0,90 -6,26; 4,46 0,742 Possuir companheiro 13,98 9,01; 18,96 <0,001 Ter escolaridade 2,59 -2,61; 7,79 0,329 Cor branco(a) 3,87 -1,76; 9,49 0,178 Renda familiar (>2 SM) 6,74 1,78; 11,71 0,008 Sono reparador 2,99 -1,89; 7,87 0,229 Praticar atividade física 1,89 -3,77; 7,56 0,511
β: Coeficiente de regressão linear; r2a: Coeficiente de determinação ajustado; IC95%: Intervalo de confiança de 95%; *Variável quantitativa contínua.
O modelo de regressão que apresentou a faceta Habilidades sensoriais como
variável dependente e 7 variáveis de interesse, explicou 24% da variância da faceta
habilidades sensoriais de QV. As variáveis que mais contribuíram para explicar o
modelo, por ordem de influência, foram: autoavaliação do estado de saúde (Boa/
Muito boa) (β=8,98, com p<0,001); praticar atividade física (β=7,46, com p=0,003);
renda do idoso (>1SM) (β=6,71, com p=0,002); sono reparador (β=5,49, com
p=0,012); quantidade de morbidades (β= - 2,96, com p=0,003) e idade (β= - 0,52,
com p<0,001).
O resultado de regressão que utilizou a faceta Autonomia de QV como
variável dependente e 08 variáveis de interesse, explicou 16% da variância do
domínio autonomia de QV. As variáveis que contribuíram para explicar o modelo, por
ordem de influência, foram as seguintes: praticar atividade física (β=5,25, com
p=0,018), com escolaridade (β=4,28, com p=0,038), quantidade de morbidades (β= -
3,14, com p<0,001) e idade (β= - 0,43, com p<0,001).
No modelo de regressão, no qual a variável dependente foi a faceta Passado-
presente-futuro, incluiu-se 05 variáveis de interesse. O modelo explicou 4% da
variância da faceta Passado-presente-futuro de QV. As variáveis que contribuíram
para explicar o modelo, por ordem de influência, foram: autoavaliação do estado de
52
saúde (Boa/ Muito boa) (β=5,14, com p=0,014) e praticar atividade física (β=4,77,
com p=0,011).
O resultado de regressão que utilizou a faceta Participação Social como
variável dependente e 05 variáveis de interesse, explicou 14% da variância da faceta
Participação Social de QV. As variáveis que contribuíram para esclarecer o modelo,
por ordem de influência, foram as seguintes: praticar atividade física (β=7,28, com
p<0,001); quantidade de morbidades (β= - 3,55, com p<0,001) e idade (β= - 0,38,
com p<0,001). As demais variáveis na equação não foram estatisticamente
significativas quando controladas.
O modelo de regressão que apresentou a faceta Morte e Morrer como
variável dependente e 5 variáveis de interesse, explicou 6% da variância da faceta
Morte e Morrer de QV. As variáveis que mais contribuíram para explicar o modelo,
por ordem de influência, foram: ser tabagista (β= - 13,45, com p=0,005); ser católico
(β= - 9,77, com p=0,002); sexo feminino (β= - 7,36, com p=0,014) e praticar atividade
física (β=7,07, com p=0,028).
O resultado de regressão que utilizou a faceta Intimidade de QV como
variável dependente e 07 variáveis de interesse, explicou 13% da variância da faceta
Intimidade de QV. As variáveis que contribuíram para explicar o modelo, por ordem
de influência, foram as seguintes: possuir companheiro (β=13,98, com p<0,001) e
renda familiar (>2SM) (β=6,74, com p=0,008).
Nos anexos D e E apresenta-se a análise dos resíduos do modelo final para
os domínios do WHOQOL-Bref e facetas do WHOQOL-Old, os erros exibem
aderência à curva normal, com sequência esperada e presença de poucos outliers, o
que indica homocedasticidade. Portanto, os modelos não apresentam vieses.
53
5 DISCUSSÃO
5.1 Caracterização sociodemográfica, econômica e de saúde dos idosos
Nota-se, na presente pesquisa, uma proporção maior de mulheres, em
relação a homens. O predomínio de idosas também foi relatado em outros estudos
(SPOSITO et al., 2013; LINDEN JUNIOR; TRINDADE, 2013; MELO et al., 2013a;
SILVA et al.; 2012; TAVARES; DIAS, 2012). Essa distinção entre sexos é mais
acentuada no Brasil do que em outros países (IBGE, 2010). A menor mortalidade
feminina explica essa diferença e faz com que essa taxa cresça cada vez mais.
Consequentemente, a proporção de mulheres é tanto maior quanto mais idoso for o
segmento etário, e é mais acentuada na área urbana (CAMARANO, 2006). Isso se
deve a comportamentos específicos: as mulheres possuem maior cuidado com a
saúde e frequentam mais os serviços de saúde, os homens estão mais expostos a
acidentes de trabalho e de trânsito e, somam-se a isso, a prevalência de alcoolismo,
drogas e tabagismo – vícios que também afetam as mulheres, mas em menor
proporção (CHAIMOWICZ, 2006).
A proporção de idosos no grupo etário de 60 a 69 anos (jovens idosos), nesse
estudo, foi a maior. Esse resultado também foi relatado em outras pesquisas
realizadas sobre o perfil de idosos em Uberaba (MG), Recife e São Paulo, nos quais
era maior a densidade de idosos mais jovens, entre 60 a 69 anos (TAVARES; DIAS,
2012; NEVES et al., 2013; LIMA et al., 2011). Além disso, salienta-se que as
proporções referentes às faixas etárias encontradas nessa investigação foram
proporcionais às do censo de 2010 para Teresina (PI), que eram de 4,7% na faixa
dos 60 a 69 anos, 2,5% na faixa dos 70 a 79 anos e 1,1% na faixa acima dos 80
anos (IBGE, 2010).
Concernente à escolaridade, destaca-se o baixo nível de instrução dos idosos
participantes, o que corrobora com pesquisas de outras regiões do país (PEREIRA
et al., 2011; LIMA et al., 2011; TAVARES; DIAS, 2011). É relevante destacar que no
Brasil os idosos apresentam baixa escolaridade, normalmente associada à baixa
condição econômica (VIRTUOSO JUNIOR; GUERRA, 2011).
Um fato importante observado no estudo é que os idosos entrevistados
mencionaram, durante a aplicabilidade dos instrumentos, que interromperam seus
54
estudos devido à necessidade de trabalhar para contribuir com o sustento da família
ou devido a dificuldade de acesso.
A baixa escolaridade deve ser considerada também pelos profissionais de
saúde no desenvolvimento de atividades direcionadas ao idoso, ao contribuir para o
conhecimento sobre o processo de envelhecimento e possibilitar a vivência dessa
etapa de maneira mais saudável (TAVARES et al., 2013b).
Quanto ao estado conjugal, houve predominância de idosos casados (50,9%),
seguidos por viúvos, com 28,7%. Na investigação sobre capacidade funcional,
morbidades e QV de idosos em Uberaba (MG), a proporção de casados foi 48,9% e
de viúvos 37,2% (TAVARES; DIAS, 2012). Já em pesquisa realizada com idosos de
Piracicaba (SP), o percentual de idosos casados era de 65,9% e de viúvos 24,4%
(MODENEZE, 2013).
Com relação à naturalidade, observa-se um predomínio de indivíduos naturais
do interior do Estado (66,6%). Em 2010, um estudo realizado com a população idosa
de Macambira (SE), 83,3% dos 156 idosos que moravam na zona urbana procediam
da zona rural; a pesquisa foi desenvolvida com idosos pertencentes à área urbana e
rural. Explicações para os resultados obtidos relacionam-se novamente à baixa
escolaridade, associada às baixas condições econômicas. Afinal, devido às
precárias condições de vida e à ausência de oportunidades é possível que esses
idosos tenham sido privados de escolas e assistência à saúde e, então, mudaram-se
para a zona urbana com o objetivo de usufruir desses benefícios (CABRAL, 2010).
Quanto à classificação da população idosa entrevistada por cor ou raça,
verificou-se predominância dos indivíduos de cor parda (59,0%), seguido pela
branca (22,5%) e negra (16,7%). Esses resultados não se diferenciam da
distribuição da população nordestina como um todo, em que existe predominância
da população de cor parda, seguida pela branca. Segundo a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD), realizada em 2009, dos 9.658 idosos entrevistados
na região Nordeste, 58,8% eram pardos, 32,0% eram brancos e 8,9% eram negros
(IBGE, 2009).
Quando questionados sobre a crença religiosa, 4,2% dos respondentes
afirmaram não praticar nenhuma religião. A religião mais citada como exercida pelos
idosos foi a católica (76,2%). No estudo realizado em João Pessoa (PB), 72,1% dos
idosos professaram o catolicismo como religião (SILVA et al.; 2012).
55
Em relação ao arranjo familiar, observou-se predomínio de idosos que moram
com cônjuge e filho(s) (29,9%), seguidos dos que residem com filhos e netos
(17,2%); e com cônjuge, filhos e netos (14,4%). No projeto Saúde, Bem-estar e
Envelhecimento (Sabe), realizado em 2003 no município de São Paulo, verificou-se
que a maioria dos idosos vivia com sua família. Ainda segundo a pesquisa, os
idosos corresidiam com cônjuge e/ou filhos (sem netos) em primeiro lugar; em
segundo, somente com cônjuges e, em terceiro, em arranjos trigeracionais
(LEBRÃO; DUARTE, 2003).
Sabe-se que os filhos podem constituir uma fonte de apoio e prazer para
alguns idosos; para outros, estresse e conflito (SILVA et al., 2006). Contudo, a
família assume funções de estabilidade social para seus membros, proteção física e
mental, educação e sentimentos de satisfação. Trata-se, então, de um apoio para o
enfrentamento das adversidades comuns nessa fase da vida (ROCHA et al., 2009).
Concernentes à ocupação dos idosos em estudo, verificou-se que 71,0%
eram aposentados, 10,4% pensionistas e 13,5% exerciam alguma atividade laboral.
Ao analisar os dados do IBGE de 2012, verificou-se que a principal fonte de renda
para 66,2% dos idosos brasileiros era aposentadoria ou pensão; e cerca de 27%
ainda trabalhavam (IBGE, 2012). Dentre as principais atividades realizadas por
idosos em regiões urbanas destacam-se as comerciais e, dentre os aposentados
que ainda exerciam atividade remunerada, a atividade autônoma.
É importante destacar, quanto à atividade laboral, que os idosos possam
optar desenvolvê-la com o intuito de sentir-se ativo e atuante no mercado de
trabalho, e não por uma necessidade econômica de complementação da renda.
Destaca-se, ainda, que os idosos com maior nível de escolaridade têm maior
probabilidade de se manterem no mercado de trabalho (WANJAMAN; OLIVEIRA;
OLIVEIRA, 2004).
O temor da dependência, da perda da dignidade, da solidão e do sofrimento
podem anteceder a morte. O trabalho representa ser capaz de produzir e encontrar-
se ativo. O envelhecimento diz respeito diretamente à própria afirmação dos direitos
humanos fundamentais. Assim, a velhice significa o próprio direito que cada ser
humano tem de viver muito, mas, certamente, viver com dignidade (NERI, 2007).
Quanto à renda total dos residentes no domicílio, 35,2% das famílias
possuem renda de 1 a 2 salários mínimos; e 32,4% dispõem de 3 a 4 salários. Em
estudo que objetivou avaliar os fatores associados à QV de idosos dependentes
56
moradores do município de Jequié (BA), a renda de 53,85% das famílias era de um
a três salários mínimos (TORRES et al., 2009). Uma boa situação socioeconômica
mostra-se associada à melhor QV.
Referente à renda individual mensal do idoso, prevaleceu um salário mínimo
(65,1%). Pesquisa realizada com idosos residentes em Rodeio (SC) mostrou que a
maioria (76,5%) recebia entre um a três salários mínimos (VICENTE; SANTOS,
2013). Segundo o IBGE (2008), os idosos contribuem em 53% dos domicílios
brasileiros, com mais da metade do total da renda domiciliar, o que influencia
diretamente na QV e renda da população brasileira.
A família é uma das instituições mais importantes e eficientes no tocante ao
bem-estar dos indivíduos e à distribuição de recursos. Ela intermeia parte da relação
entre mercado e indivíduos, já que distribui rendimentos entre membros, assim como
faz a intermediação entre Estado e o indivíduo, ao redistribuir, direta ou
indiretamente, os benefícios recebidos. Discute-se, também, que em quase todo o
mundo tem crescido o número do período que os filhos passam como
economicamente dependentes de seus pais, na maioria dos casos idosos. Isso se
deve à instabilidade do mercado de trabalho, ao maior tempo despendido na escola
e à maior fragilidade das relações afetivas. Em ambos os casos, a corresidência de
pais idosos e filhos aparece como uma estratégia familiar utilizada para beneficiar
tanto as gerações mais novas como as mais velhas. Variações na renda dos pais e
dos filhos desempenham um papel importante na corresidência (CAMARANO;
KANSO; MELLO, 2004).
A maioria dos idosos morava em residências de alvenaria, com benfeitorias,
como teto e assoalho. Em 77,0% das residências o número de peças (cômodos) da
casa era de seis ou mais. Esses dados sugerem que, de um modo geral, as
condições de infraestrutura nas habitações dos idosos eram adequadas. Entretanto,
alguns desses se encontravam em situações de vulnerabilidade, e careciam de
benfeitorias básicas e serviços de saneamento nas residências.
Em relação ao consumo de bebida alcóolica relatado pelos idosos, verifica-se
que a maioria afirmou não beber (91,1%). Em estudo realizado em Porto Alegre
(RS), a prevalência de alcoolismo entre os idosos foi de 12,4%. Destaca-se que os
idosos, por apresentarem diversos problemas de saúde e o consequente uso de
medicações, que combinadas com as substâncias nocivas presentes no álcool os
57
tornam mais susceptíveis a internações, agravamento de quadro instalado,
dificuldade de recuperação e interação social (SENGER et al., 2011).
Quanto ao hábito de fumar, 70,2% dos participantes jamais fumaram, 20,9%
eram ex-fumantes e apenas 8,9% ainda eram tabagistas. Em Teresina, na pesquisa
sobre os hábitos de vida e o desempenho de idosos nas atividades básicas da vida
diária, 12,0% dos entrevistados eram tabagistas (COSTA NETO et al., 2013). Na
cidade de Rodeio (SC), 14% dos idosos eram fumantes, 29,1% eram ex-fumantes e
56,9% nunca fumaram (VICENTE; SANTOS, 2013). Apesar das diferenças
percentuais nos resultados obtidos em cada uma das categorias, as proporções
encontradas nessa investigação e nos demais estudos guardam a mesma ordem
hierárquica. Sabe-se que o tabagismo é um dos fatores de risco para danos crônicos
possíveis de modificação em qualquer etapa da vida, e que a cessação traz
benefícios amplos e aplicáveis a todas as faixas etárias (BRASIL, 2011).
Com relação aos hábitos de sono, 62,7% dos idosos o classificaram como
reparador e 37,3% relataram queixas a respeito do sono. Observaram-se proporções
semelhantes aos valores divulgados no estudo que comparou a ocorrência de
queixas de sono entre os idosos brasileiros nos munícipios de Campinas (SP) e
Parnaíba (PI), nos quais 28,7% e 35,9% dos idosos, respectivamente, qualificaram
seu sono como não reparador (SANTOS; CEOLIM; NERI, 2012).
Sabe-se que dificuldades para dormir afetam indivíduos de todas as idades;
no entanto, existe um aumento no número de afetados diretamente proporcional
com o aumento da idade. Comumente pessoas idosas manifestam dificuldades em
obter um grau satisfatório de sono, o que destaca a importância da análise desse
hábito ao avaliar globalmente a saúde do idoso (CORREA; CEOLIM, 2008).
A prática de atividade física foi relatada por apenas 22,7% dos idosos
entrevistados. No estudo de Lima et al. (2011), apenas 28,8% dos idosos afirmaram
realizar alguma exercício físico regular.
Os benefícios da prática de atividade física são amplamente divulgados pela
mídia e sociedade, contudo, poucos são os que a realizam regularmente,
principalmente o subgrupo de idosos. Espera-se, assim, que os profissionais de
saúde e gestores incentivem a implementação de políticas públicas que atendam às
necessidades dos idosos, no planejamento de ações voltadas para a promoção de
saúde, tanto na prevenção primária de doenças crônicas, como na prevenção
secundária em pacientes com doenças cardiovasculares e outras enfermidades, no
58
intuito de envolver a comunidade idosa na prática de exercícios; além de atrair a
atenção para a importância da inserção do profissional de Educação Física na ESF
(ALENCAR et al., 2010).
Na autoavaliação do estado de saúde, os achados dessa pesquisa
corroboram com os do município de Florianópolis (SC), em que o maior percentual
de idosos (45,28%) considerava sua saúde regular, seguido de uma avaliação
positiva (40,57%) (NICOLAZI, 2009).
Vale destacar que apesar de a maioria dos sujeitos entrevistados ter referido
saúde regular ou boa, uma grande proporção relatou ser portador de condições
crônicas e/ou fazer uso sistemático de medicação convencional. Assim, ter saúde
demarca a importância de distanciarmos a noção de QV do reducionismo biológico,
pois, para o idoso, ter uma doença controlada ou tomar remédios não o faz
perceber-se como um ser doente (PASKULIN et al., 2010).
Com relação às condições de saúde, observou-se a presença de pelo menos
uma doença, dentre as quais, a hipertensão, a diabetes e a artrose foram as mais
incidentes. Resultados similares ao estudo que objetivou descrever as condições de
saúde dos idosos residentes de Jequié (BA), nos quais as patologias mais
frequentes foram hipertensão (22,7%), diabetes e hipertensão (11,3%) e artrose e
hipertensão (8,0%) (REIS et al., 2010).
As polimorbidades e a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis,
em especial a hipertensão arterial entre os idosos, denotam a necessidade dos
serviços de saúde reorientarem o modelo de atenção hegemonicamente centrado no
atendimento de doenças agudas. Ademais, os profissionais de saúde,
especialmente o enfermeiro, devem estar aptos para identificar esse quadro e
auxiliar o idoso e seus familiares no enfrentamento dos desafios advindos das
polimorbidades crônicas, ao enfatizar o autocuidado, a manutenção da autonomia e
a inserção social (TAVARES et al., 2013a).
5.2 Qualidade de vida dos idosos
De acordo com os resultados encontrados no presente estudo, pode-se
afirmar que os idosos analisados apresentaram bons escores de QV em todos os
domínios do WHOQOL-bref e nas facetas analisadas do WHOQOL-Old, quando
comparados à pontuação máxima (100%) dos escores. As médias para cada
59
domínio, transformadas em porcentagem, apresentaram-se bastante semelhantes
às encontradas por Pereira et al. (2006) em estudo realizado com idosos da cidade
de Teixeiras (RS).
Dentre os domínios do WHOQOL-bref, o psicológico foi o que contribuiu
positivamente com maior média, assim como o estudo consultado, em que os
autores inferiram um ajustamento psicológico das pessoas idosas (COELHO, 2012).
Na avaliação de QV de idosos com baixo, moderado e alto nível de atividade física,
que residiam em dois subdistritos no sul de Jacarta, Tibete, evidenciaram-se maiores
escores e associação entre o domínio psicológico e a melhor QV (KUSUMARATNA,
2008). Um tema de destacada importância dentre uma série de características na
velhice é o conceito de bem-estar psicológico e sua correlação. Diversos autores
têm descrito como esses fenômenos estão intimamente implicados na determinação
de uma melhor QV nos idosos. E, dentre as linhas de investigação já conduzidas,
sobressaem-se a satisfação, o senso de controle, a autoeficácia, os mecanismos de
autorregulação e a capacidade de lidar com o estresse (coping) (CHACHAMOVICH;
TRENTINI; FLECK, 2011).
O estado emocional constitui um dos fatores de maior impacto sobre os
escores de QV. Afinal, sintomas de depressão e ansiedade são preditores de QV
relacionada à saúde de magnitude comparável à percepção do estado de saúde em
populações de idosos, ou seja, a presença de ansiedade/depressão tem um impacto
tão relevante quanto o fato de um idoso perceber-se como doente (SULLIVAN,
2000). Ou seja, ao pensar em saúde e, consequentemente, em QV, os idosos
conseguem ultrapassar o sentido de ausência de doença; assim, mesmo com suas
limitações socioculturais e de instrução, o bem-estar mental, com destaque para a
espiritualidade e religiosidade, mostra-se como fator bastante influente no
enfrentamento dos vários sofrimentos e dificuldades da vida (DIAS; CARVALHO;
ARAÚJO, 2013).
O domínio meio ambiente foi o que mais comprometeu a QV, por meio de
aplicação do WHOQOL-bref. Estudos com a QV de idosos da região metropolitana
de Vitória (ES), confirmam esse resultado com relação à baixa média no domínio
meio ambiente (OLIVEIRA; GOMES; PAIVA, 2011). No referido instrumento, esse
domínio abrange aspectos relacionados à segurança, acesso ao serviço de saúde,
meio de transporte e condições de moradia. É um item relevante na percepção do
idoso, afinal, as piores pontuações confirmam seu impacto na QV.
60
No Brasil, o processo de envelhecimento da população acontece de maneira
acelerada e causa impactos aos serviços públicos, despreparados para suprir as
demandas desse perfil demográfico. Desse modo, problemas como transporte
deficitário, insegurança e dificuldade de acesso aos serviços de saúde, dentre
outros, são questões que afetam negativamente a QV da população e necessitam,
portanto, da atenção dos gestores (SOUZA; LAUTERT; HILLESHEIN, 2011).
Como apontado por Perracini (2006), os idosos expressam o desejo que os
ambientes propiciem autonomia, mas com certo grau de cuidado e especificidade, o
que traduz a necessidade de adaptação dos espaços às capacidades físicas e
sensórias diminuídas. Trata-se do modelo que pressupõe o curso contínuo entre
apoio, acolhimento e autonomia ao longo do processo de envelhecimento.
No Whoqol-Old, o maior escore de QV na faceta “funcionamento dos
sentidos” corrobora com a pesquisa conduzida com idosos residentes da zona
urbana de Campina Grande (PB) (MELO et al., 2013b).
Os déficits de habilidades sensoriais, apesar de presentes nos idosos, muitas
vezes não são percebidos, e não trazem impacto direto em sua QV, até que se
tornem evidentes, e necessitem de intervenção médica e uso de próteses. Essas
limitações parecem não afetar a percepção subjetiva do idoso com sua saúde,
porém, devem ser valorizadas pelos profissionais de saúde, com vistas a retardar
suas manifestações (FALLER et al., 2010).
O processo natural de envelhecimento associa-se a uma redução da
acuidade visual, devido às alterações fisiológicas das lentes oculares e doenças de
retina. Cerca de 90% das pessoas idosas necessitam do uso de lentes corretivas
para enxergar adequadamente. Quanto à audição, cerca de um terço dos idosos
referem algum grau de declínio na acuidade auditiva. A presbiacusia – perda
progressiva da capacidade de diferenciar os sons de alta frequência – é uma das
causas mais comuns relacionas a essa queixa. Muitas vezes o idoso pode não
perceber essa perda e, por essa razão, não referi-la (BRASIL, 2006). Assim, a
diminuição fisiológica da visão e da audição podem facilitar os riscos de acidentes e
queda, pela lenticação das reações defensivas; além de desempenhar papel
importante nas atividades sociais e familiares.
61
A faceta intimidade obteve o menor escore de QV, concordante com o estudo
sobre idosos moradores da cidade de Jequié (BA), no qual essa faceta obteve a
média de 53,16 pontos (TORRES et al., 2009).
Estudo realizado em duas equipes de Saúde da Família de um município de
Minas Gerais verificou que dentre as alterações decorrentes do envelhecimento
destacam-se, na percepção do idoso, a perda da capacidade reprodutiva e
diminuição da libido (RIBEIRO; ALVES; MEIRA, 2009). Dessa forma, é necessário
que os profissionais reconheçam as dificuldades e obstáculos referentes às relações
íntimas dos idosos, afinal, esse é um componente que contribui para uma melhor
QV. Destaca-se, ainda, que as relações familiares e de amizade são aspectos
relevantes entre idosos, que auxiliam no enfrentamento de situações diárias e nos
sentimentos de solidão, mais perceptíveis na velhice (AREOSA; BENITEZ;
WICHMANN, 2012). Estratégias devem ser implementadas com o intuito de manter
o autocuidado com a saúde, de investigar membros familiares que possam oferecer
suporte social, assim como na ampliação da rede de contato.
Uma questão também a ser discutida seria a elaboração de políticas públicas
direcionadas às mulheres idosas, que por apresentaram maior expectativa de vida,
são em sua maioria viúvas. Tais políticas devem propiciar o apoio social às mulheres
idosas, o melhor acesso aos serviços de saúde e a manutenção de sua participação
ativa na sociedade, a fim de evitar dependências, isolamento e institucionalização
(MARCHIORI; DIAS; TAVARES, 2013).
5.3 Fatores preditores da qualidade de vida dos idosos
Em relação ao sexo, verificou-se que essa variável de interesse teve
associação estatística na análise multivariada com a faceta morte e morrer, na qual
as mulheres reportaram piores índices de QV do que os homens. Em uma pesquisa
realizada com os idosos de Medellín, Colômbia, as mulheres obtiveram as menores
pontuações no valor médio de QV em relação aos homens (ESTRADA et al., 2011).
Diversos estudos confirmam que o homem idoso possui maiores escores em todos
os domínios de QV em relação às mulheres. Isso pode ser confirmado pela
influência que as questões de gênero representam na QV, no qual o envelhecimento
é percebido pela mulher de forma mais negativa, o que compromete os domínios de
QV (VITORINO; PASKULIN; VIANA, 2012).
62
Quanto à idade, os idosos mais velhos, na análise multivariável, perceberam-
se com pior QV, de modo estatisticamente significativo, do que os idosos mais
jovens, nos domínios físico, psicológico e nas facetas autonomia, funcionamento dos
sentidos e participação social. Os resultados do estudo mostram, então, que quanto
maior a idade, pior a QV dos idosos.
De certa forma, esse fato pode ser explicado pelo processo de
envelhecimento, que produz alterações em todos os órgãos e sistemas do corpo
humano (FREITAS et al., 2006). Contudo, a piora na QV, estatisticamente
significativa em vários domínios e facetas contemplados pelo WHOQOL-bref e Old,
não deve ser percebida apenas como um processo natural do envelhecimento; ela é
causada também pelo aumento da ocorrência de doenças crônicas e incapacidades
funcionais nessa população (TAVARES et al., 2007).
As correlações também indicam que os idosos com maior idade tendem a
apresentar menor pontuação na faceta autonomia (MELO et al., 2013a). Entretanto,
além da idade, esse declínio pode ocorrer devido a limitações físicas, sociais,
financeiras, ou pela impossibilidade de trabalhar. Os sujeitos com maior autonomia
possuem mais sentimentos de controle sobre sua vida, o que gera a possibilidade de
fazer planos para o futuro e os tornam mais esperançosos (BULLA; KAEFER, 2003).
Observar-se que com o avanço da idade surgem inegáveis alterações nas
relações sociais dos idosos, que tendem a diminuir, fruto das próprias
particularidades do envelhecimento. A diminuição da capacidade física, com
consequente redução da mobilidade e a perda de pessoas conhecidas e/ou
significativas, resultam em uma diminuição dos contatos sociais, tornando-se cada
vez mais difícil permanecer socialmente ativo (ARAÚJO; RIBEIRO, 2012).
O idoso com escolaridade é um fator preditor de melhor índice de QV na
faceta autonomia. Em estudo realizado para comparar a percepção de QV entre
idosos da comunidade e institucionalizados, os sujeitos com maior escolaridade
reportaram melhores índices de QV, na análise multivariável, nos domínios
psicológico e relações sociais (VITORINO; PASKULIN; VIANNA, 2013). Na
investigação que buscou analisar os fatores associados à QV relacionada à saúde,
no Irã, identificou-se que menor nível educacional está associado à infelicidade e às
dificuldades nas relações sociais entre os idosos (TAJVAR; ARAB; MONTAZERI,
2008).
63
Em princípio, presume-se que sujeitos com grau de instrução mais alto
dispõem de um espectro mais amplo de recursos para adaptar-se ao meio (INOUYE
et al., 2010). O que corrobora com Novelli (2006), que evidenciou que níveis de
escolaridade mais elevados levam à adaptação mais satisfatória, afetividade mais
consistente e maior autonomia, que por sua vez, correlacionam-se com melhor
percepção de QV.
O estado conjugal apresentou associação estatística, na análise multivariável,
entre ter companheiro e possuir melhor QV na faceta intimidade. No estudo que
objetivou conhecer em que medida o sentido de vida pode diminuir os efeitos do
estresse na QV de idosos, a variável casado correlacionou-se com os fatores
específicos: morte e morrer (r = 0,14, p < 0,05) e intimidade (r = 0,29, p < 0,001)
(MELO et al., 2013a). Alguns estudos mostraram que a maioria dos homens e
mulheres que mantêm algum tipo de vínculo conjugal, apresentam mais sentimentos
de companheirismo e amor, pois expressam melhor seus afetos e sexualidade,
mesmo que seja por meio de simples gestos, como um olhar, um abraço, um toque
de mão ou um sorriso (MOURA; LEITE; HILDEBRAND, 2008; SILVA et al., 2011).
Outro fator em estudo foi a prática religiosa, que obteve associação, na
análise multiváriavel, entre ser católico e possuir pior percepção de QV no domínio
social, e melhor na faceta morte e morrer. Os valores obtidos indicam
proporcionalmente a QV - valores mais altos sugerem alta QV associada ao
domínio, e valores mais baixos o oposto. Na faceta "Morte e Morrer", no entanto,
ocorre o inverso.
De modo contrário a essa investigação, Souza, Lautert e Hilleshein (2011)
encontraram, em Porto Alegre, associação estatística por meio da análise
multivariável entre praticante de religião e reportar melhores índices de QV nos
domínios psicológicos e relações sociais.
A religiosidade exerce papel significativo na existência humana, ao
proporcionar um amparo seguro para lidar com os desafios cotidianos geradores de
estresse, como isolamento, dependência, solidão e ansiedade, que permeiam a vida
de idosos, e, por vezes, ocasionam doenças. Assim, as crenças religiosas estimulam
a adoção de práticas saudáveis, por atribuírem significados aos fatos, e favorecem
ao idoso a compreensão de que ele é parte de algo mais amplo. Qualquer atividade
realizada em grupo, nas quais os integrantes possuam alguma identificação entre si,
é uma atividade empreendedora de relacionamentos, que estimula o indivíduo a
64
adquirir maior autonomia, melhorar sua autoestima, QV, senso de humor e promover
sua inclusão social (BARRICELLI et al., 2012). Por isso, os achados contrários
observados nesse estudo, que reportou baixo escore de QV no domínio social,
remetem à reflexão de que a ideia que as pessoas idosas têm maior religiosidade é
superestimada, e que talvez nesse contexto a associação com prática religiosa
esteja mais relacionada com a presença de uma atividade social do que com crença
religiosa propriamente dita.
No presente estudo, “morte e morrer” apresentaram baixo escore de QV, o
que demonstra pouca preocupação e temor dos idosos quando o assunto é a morte.
Nesse caso, a espiritualidade deve ser considerada, afinal, percebe-se uma grande
adesão à religião, por parte da população entrevistada, o que pode contribuir para
que os idosos não temam a morte (BAJOTTO; GOLDIM, 2011).
Nos domicílios onde a renda total dos residentes foi maior que dois salários
mínimos, os idosos perceberam-se com melhor QV nos domínios ambiental e
intimidade. Observou-se, também, que idosos com renda maior que um salário
mínimo foi um fator preditor de melhor QV na faceta funcionamento dos sentidos.
O estudo de Joia, Ruiz e Donalisio (2007) aponta que os fatores
socioeconômicos influenciam significativamente a QV da população, pois a situação
econômica proporciona suporte material para o bem-estar do indivíduo; modifica a
maneira de lidar com as condições de habitação, com as pessoas que o rodeiam,
com a independência e a estabilidade financeira. Ressalta-se, ainda, a necessidade
de que os profissionais de saúde, em parceria com a comunidade, adotem
estratégias para o enfrentamento dos desafios relacionados à população de menor
nível socioeconômico, de acordo com a disponibilidade de recursos de cada
localidade e do serviço de saúde (TAVARES et al., 2013a).
O tabagismo associou-se negativamente na análise multivariável, mas por
tratar-se da faceta morte e morrer, essa percepção de QV foi positiva. Ou seja, os
idosos fumantes, em estudo, mostraram menor temor sobre a morte.
Quanto à variável sono, os idosos que relataram dormir bem perceberam-se
com melhor QV em todos os domínios do WHOQOL-bref (físico, psicológico, social e
ambiental), e na faceta funcionamento dos sentidos. Em estudo com o WHOQOL-
bref, Pereira et al., (2011) encontrou associação estatística na análise multivariável
entre não dormir bem e pior QV nos domínios físico e psicológico.
65
É consenso que os problemas do sono podem causar dificuldades no
desempenho cognitivo, distúrbios do humor, problemas emocionais, mau
desempenho no trabalho e em atividades de lazer, além de prejuízo do bem-estar
físico e mental (PEREIRA et al., 2011). À medida que a idade avança, as pessoas
tendem a dormir menos, e os distúrbios do sono aumentam. O processo de
envelhecimento ocasiona modificações na quantidade e qualidade do sono, que
afetam mais da metade dos adultos acima de 65 anos de idade que vivem em casa,
e 70% dos institucionalizados, com impacto negativo na sua QV. Tais alterações
podem causar repercussões na função psicológica, no sistema imunológico e em
outros sistemas, ao afetar diretamente a QV do idoso (LINDEN JUNIOR;
TRINDADE, 2013).
Em relação à prática de atividade física, verificou-se que os idosos que
realizam exercícios, na análise multivariável, alcançaram melhor QV nos domínios
físico, psicológico e social; e nas facetas funcionamentos dos sentidos, autonomia,
passado-presente-futuro e participação social; morte e morrer, nesse caso mostrou
associação positiva, que significa que os idosos, em estudo, praticantes de
atividades físicas, preocupam-se mais com a ideia de finitude e morte. No estudo
conduzido por Vitorino, Paskulin e Viana (2012), que avaliou a QV de idosos
institucionalizados, os sujeitos que realizavam atividade física apresentaram
associação positiva com os domínios físico, psicológico, meio ambiente e na escala
geral WHOQOL-bref. Esses achados também corroboram com os resultados de uma
revisão sistemática, que investigou o impacto da atividade física na QV de idosos, e
identificou que a prática de exercícios físicos colabora para sua melhoria, por
auxiliarem os idosos a manterem maior vigor e energia nas atividades diárias,
diminuição das incapacidades motoras e, assim, proporcionar elevação da
autonomia (OLIVEIRA et al., 2010).
Com a consciência de finitude, novas atitudes e mudanças de hábitos
auxiliam no processo de envelhecimento. Nomeadamente na atividade física tem-se
um importante recurso para minimizar as perdas provocadas por esse processo, ao
aumentar ou manter a aptidão física da população idosa, potencializar o bem-estar
funcional e melhorar sua QV, que está definitivamente ligada ao grau de satisfação
do indivíduo em todos os sentidos da vida pessoal (MORAES et al., 2007).
66
Com relação à autoavaliação do estado de saúde, os idosos que a definiram
como boa/muito boa mostraram melhor QV nos domínios físico, psicológico e
ambiental; e as facetas funcionamento dos sentidos e passado-presente-futuro.
A quantidade de morbidades foi um previsor que impactou negativamente a
QV nos domínios físico e psicológico; e nas facetas autonomia e participação social.
De modo similar, Tavares et al. (2013b) encontraram, através da análise
multivariável, associação entre morbidade e ter pior QV nos domínios físico e
psicológico, e nas facetas habilidades sensoriais e intimidade.
O menor escore de QV no domínio físico associado à presença de
comorbidades pode estar relacionado às dificuldades de acesso aos serviços de
saúde, bem como às possíveis limitações impostas pelas doenças, que podem
influenciar negativamente a capacidade para o trabalho e para as atividades
cotidianas; e, consequentemente, interferir nos sentimentos positivos e de bem-estar
psicológico. Um número acentuado de morbidades também causa impacto negativo
no funcionamento dos sentidos, devido às possíveis repercussões na sua vida diária
e a maiores dificuldades na interação com outras pessoas, causadas pelas
limitações delas oriundas (TAVARES et al., 2013b; TAVARES et al., 2012).
A presença de comorbidades com o avançar da idade pode mudar o cotidiano
do idoso e gerar um sentimento de dependência, o que pode intervir na sua maneira
de agir, afinal, o idoso se sentirá inseguro, pois a diminuição de sua autonomia atua
sobre sua identidade como um fator de limitação (FONSECA et al., 2010). Os idosos
também apontam o envelhecimento como veículo possibilitador de alterações na
saúde, que os impedem de realizar atividades antes prazerosas, e apontam que a
ocorrência de doenças é o fator que mais impede a realização dessas atividades
(FREITAS; QUEIROZ; SOUSA, 2010).
67
6 CONCLUSÃO
Os idosos que participaram desse estudo eram, na maioria, do sexo feminino,
procedentes de municípios do interior do Estado e encontravam-se na faixa etária de
60 a 69 anos. Em relação às questões socioeconômicas, as maiores concentrações
eram de idosos com renda de até um salário mínimo, analfabetos e com ensino
fundamental incompleto, de cor parda, casados, aposentados e praticantes de
alguma religião, em suma, católicos. Quanto ao arranjo domiciliar, a maioria dos
participantes morava acompanhada, principalmente por familiares, e residiam em
casas de alvenaria.
Em relação ao estado de saúde, a maioria dos idosos a avaliou como nem
ruim/nem boa e boa. Contudo, grande parte dos mesmos, apesar de considerar-se
razoavelmente saudável, relatou ter problemas de saúde, principalmente
hipertensão, e fazer uso sistemático de medicação convencional. Um número
exponencial de respondentes referiu não realizar exercícios físicos. Grande parte
dos idosos também afirmaram não fumar e não consumir bebida alcóolica.
A QV mensurada pelo WHOQOL-BREF obteve maior escore no domínio
psicológico (70,2), e menor no domínio meio ambiente (61,7). Já na QV pelo
WHOQOL-OLD, o maior escore foi na faceta funcionamento dos sentidos (74,5) e os
menores na intimidade (59,3).
Através da regressão linear múltipla, verificou-se que quanto mais anos
tinham os idosos, piores os índices de QV nos domínios físico e psicológico; e nas
facetas funcionamento dos sentidos, autonomia e participação social. As mulheres
perceberam-se com pior QV do que os homens na faceta morte e morrer. Os idosos
que possuíam escolaridade mostraram-se com melhor QV do que os sem
escolaridade na faceta autonomia. Os que tinham companheiro(a) manifestaram
melhor QV do que os sem companheiro(a) na faceta intimidade. Já os que relataram
ser católicos obtiveram pior QV do que os não católicos no domínio social, e melhor
QV na faceta morte e morrer. E os idosos que autoavaliaram sua saúde como
boa/muito boa reportaram melhor QV do que os que a autoavaliaram como nem
ruim/nem boa ou ruim nos domínios físico, psicológico e ambiental; e nas facetas
funcionamento dos sentidos e passado-presente-futuro.
Os participantes do estudo que relataram possuir renda familiar maior que 2
SM apresentaram melhores índices de QV do que os com renda familiar inferior a
68
esse valor nos domínios ambiental e intimidade. Já os idosos com renda maior que 1
SM reportaram melhores índices de QV do que os com renda inferior a 1 SM na
faceta funcionamento dos sentidos. Os que fumavam perceberam-se com melhor
QV do que os não fumantes na faceta morte e morrer. Os sujeitos que afirmaram
possuir sono reparador revelaram melhores índices de QV do que os com sono não
reparador nos domínios físico, psicológico, social e ambiental; e na faceta
funcionamento dos sentidos. Os idosos que praticavam atividade física reportaram
melhores escores de QV nos domínios físico, psicológico e social; e nas facetas
funcionamento dos sentidos, autonomia, presente-passado-futuro, participação
social e morte e morrer. E, verificou-se que quanto maior a quantidade de
morbidades referidas, piores os índices de QV nos domínios físico e psicológico; e
nas facetas funcionamento dos sentidos, autonomia e participação social.
Ao analisar o perfil dos participantes em estudo, verificou-se que de modo
geral as condições de vida desses idosos são melhores que as de alguns outros
idosos brasileiros, para os quais questões básicas de sobrevivência ainda não foram
atendidas. Entretanto, também foram identificados sujeitos em situação de
fragilidade, em razão de questões como falta de acesso à instrução, renda
insuficiente para o sustento da família e ausência de informações sobre hábitos
saudáveis de vida. Idosos frágeis, também em função de questões relativas ao meio
ambiente, como a insegurança vivenciada nas regiões onde moram, habitação
inadequada, dentre outras. Assim, o perfil obtido no estudo evidencia a necessidade
de os idosos serem atendidos em suas particularidades. A adequação de políticas
públicas e de saúde, a formação de novos profissionais e a capacitação da equipe
de saúde no atendimento à população idosa são estratégias importantes a serem
implantadas frente à crescente demanda desse grupo e sua heterogeneidade.
A análise da QV de grupos sociais é um importante caminho para conhecer
aqueles que recebem os cuidados, pois permite a proposição de intervenções mais
efetivas, e um tratamento para além do enfoque de doenças. Com informações
acerca da QV dos idosos e os fatores associados, a enfermagem pode acender uma
série de reflexões sobre o processo de envelhecimento, fundamentadas nas
percepções dos idosos e na sensibilidade para pensar em atividades mais
adequadas para eles.
Em Teresina, existem alguns projetos voltados à população idosa como o
Programa Terceira Idade em Ação (PTIA), vinculado à Pró-reitoria de Extensão da
69
UFPI, que atende pessoas a partir de 60 anos, e oferta uma política educacional
para atividades em diversas áreas do conhecimento, na promoção da saúde,
atividades artístico-culturais, esportivas e de lazer. Academias públicas para os
idosos foram instaladas em alguns bairros da cidade, com o objetivo de promover a
QV desse grupo. O poder público do município também tem discutido a aplicação de
políticas públicas para o idoso em aspectos, como a distribuição de remédios e
transporte. Entretanto, existem deficiências, por exemplo, o Estatuto de Idoso tem
poucos avanços em Teresina. Essa parcela da população é lesada e vítima de
fraudes, constantemente, pelos seus próprios parentes e vizinhos.
Diante desses resultados, é necessário constituir parcerias entre os
profissionais de saúde, idosos, familiares e organizações sociais que visem a
promoção de aspectos que interferem positivamente na QV desses idosos, como a
realização de atividades físicas, alimentação saudável, formação de redes de apoio
social, abstinência de fumo e álcool, uso correto de medicamentos, acesso aos
serviços de saúde e informações sobre seus direitos. Logo, as avaliações e
intervenções de enfermagem devem ser propostas, a fim de promover a QV desse
grupo etário.
Assim, também por se tratar de uma amostra de idosos usuários da Atenção
Básica/SUS, esses dados contribuem para a formulação de políticas públicas e para
redirecionar a atenção à saúde da pessoa idosa na cidade de Teresina (PI). A
promoção de estilos de vida mais saudáveis, com a participação da ESF e os
profissionais de enfermagem, pode representar um grande impacto na melhoria dos
indicadores de QV e nos custos relacionados à gestão dos serviços.
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81
APÊNDICES
82
APÊNDICE A – Formulário de dados sociodemográficos, econômicos e de saúde
FICHA DE INFORMAÇÕES SOBRE O RESPONDENTE N° _____
SEXO (1) Masculino (2) Feminino
IDADE (em anos completos) _______________
GRAU DE ESCOLARIDADE
(1) Não alfabetizado (5) Ensino médio completo
(2) Ensino fundamental incompleto (6) Ensino superior incompleto
(3) Ensino fundamental completo (7) Ensino superior completo
(4) Ensino médio incompleto
ESTADO CIVIL
(1) Solteiro(a) (4) Separado(a)
(2) Casado(a) (5) Divorciado(a)
(3) Vivendo como casado(a) (6) Viúvo(a)
CRENÇA RELIGIOSA
Praticante de alguma religião? (1) Sim (2) Não. Qual?__________________
ARRANJO DOMICILIAR
(1) Mora sozinho
(2) Mora com ______ pessoas
Com quem o(a) Sr.(a) mora?
(1) Cônjuge
(2) Cônjuge e filho(a)
(3) Filho(s)
(4) Cônjuge, filho(s) e neto(s)
(5) Filho(s) e neto(s)
(6) Netos(s)
(7) Outra(s) pessoa(s) (especificar)
________________________________________
83
OCUPAÇÃO
(1) Aposentado. Que ocupação exercia?___________
(2) Empregado___________________
(3) Aposentado e Em atividade__________________
(4) Pensionista
(5) Autônomo
(6) Não tem renda própria
CONDIÇÕES ECONÔMICAS
Renda total das pessoas residentes no domicílio:
(1) até 1 salário mínimo (5) de 7 até 8 salários
(2) de 1 até 2 salários (6) de 9 até 10 salários
(3) de 3 até 4 salários (7) acima de 10 salários
(4) de 5 até 6 salários
Renda do idoso: (numeração igual à anterior):________
PRATICA ATIVIDADE FÍSICA? (1) Sim (2) Não
Tipo:______________________________________
Frequência:_________________________________
PARTICIPA DE GRUPOS?
(1) Grupos de convivência
(2) Grupos de promoção da saúde
(3) Outros grupos
(4) Não participa de grupos
COMO ESTÁ SUA SAÚDE? (1) Muito ruim
(2) Fraca
(3) Nem ruim nem boa
(4) Boa
(5) Muito boa
O SENHOR (A) TEM PROBLEMAS DE SAÚDE? (1) Sim (2) Não
Se sim, quais? __________________________________________________
84
ANEXOS
85
ANEXO A – INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO WHOQOL-bref
Instruções
Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida,
saúde e outras áreas de sua vida. Por favor, responda a todas as questões. Se
você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha
entre as alternativas que lhe parecem mais apropriadas. Essa, muitas vezes, poderá
ser sua primeira escolha.
Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós
estamos perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as
duas últimas semanas. Por exemplo, pensando nas últimas duas semanas, uma
questão poderia ser:
nada muito pouco
médio muito completamente
Você recebe dos outros o apoio
de que necessita?
1
2
3
4
5
Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos
outros o apoio de que necessita nessas últimas duas semanas. Portanto, você deve
circular o número 4, se você recebeu "muito" apoio como abaixo.
nada muito pouco
médio muito completamente
Você recebe dos outros o apoio
de que necessita?
1
2
3
4
5
Você deve circular o número 1 se você não recebeu "nada" de apoio.
86
Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe parece a melhor resposta.
muito ruim
ruim nem ruim nem boa
boa muito boa
1
Como você avaliaria sua
qualidade de vida?
1
2
3
4
5
muito insatisfeito
insatisfeito
nem satisfeito
nem insatisfeito
satisfeito
muito
satisfeito
2
Quão satisfeito (a) você está com a sua saúde?
1
2
3
4
5
As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas
duas semanas.
nada muito
pouco
mais
ou
menos
bastante extremamente
3
Em que medida você acha
que sua dor (física) impede
você de fazer o que você
precisa
1
2
3
4
5
4
O quanto você precisa de
algum tratamento médico
para levar sua vida diária?
1
2
3
4
5
5
O quanto você aproveita a
vida?
1
2
3
4
5
6
Em que medida você acha
que a sua vida tem
sentido?
1
2
3
4
5
7
O quanto você consegue
se concentrar?
1
2
3
4
5
8
Quão seguro (a) você se
sente em sua vida diária?
1
2
3
4
5
9
Quão saudável é o seu
ambiente físico (clima,
barulho, poluição,
atrativos)?
1
2
3
4
5
87
As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é
capaz de fazer certas coisas nestas últimas duas semanas.
nada muito
pouco
médio muito completamente
10
Você tem energia suficiente
para seu dia a dia?
1
2
3
4
5
11
Você é capaz de aceitar sua
aparência física?
1
2
3
4
5
12
Você tem dinheiro suficiente
para satisfazer suas
necessidades?
1
2
3
4
5
13
Quão disponíveis para você
estão as informações que
precisa no seu dia a dia?
1
2
3
4
5
14
Em que medida você tem
oportunidades de atividade
de lazer?
1
2
3
4
5
As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a
respeito de vários aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.
muito
ruim
ruim nem ruim
nem bom
bom muito
bom
15
Quão bem você é capaz
de se locomover?
1
2
3
4
5
muito
insatisfeito
insatisfeito nem satisfeito
nem insatisfeito
satisfeito Muito
satisfeito
16
Quão satisfeito(a) você
está com o seu sono?
1
2
3
4
5
17
Quão satisfeito(a) você
está com sua capacidade
de desempenhar as
atividades do seu dia a
dia?
1
2
3
4
5
18
Quão satisfeito(a) você
está com sua capacidade
para o trabalho?
1
2
3
4
5
19
Quão satisfeito(a) você
está consigo mesmo?
1
2
3
4
5
88
20
Quão satisfeito(a) você
está com suas relações
pessoais (amigos,
parentes, conhecidos,
colegas)?
1
2
3
4
5
21
Quão satisfeito(a) você
está com sua vida
sexual?
1
2
3
4
5
22
Quão satisfeito(a) você
está com o apoio que
você recebe de seus
amigos?
1
2
3
4
5
23
Quão satisfeito(a) você
está com as condições do
local onde mora?
1
2
3
4
5
24
Quão satisfeito(a) você
está com o seu acesso
aos serviços de saúde?
1
2
3
4
5
25
Quão satisfeito(a) você
está com o seu meio de
transporte?
1
2
3
4
5
As questões seguintes referem-se a com que frequência você sentiu ou experimentou
certas coisas nas últimas duas semanas.
nunca Algumas
vezes
frequentemente muito
frequentemente
sempre
26
Com que frequência
você tem
sentimentos
negativos tais como
mau humor,
desespero,
ansiedade,
depressão?
1
2
3
4
5
Alguém lhe ajudou a preencher este questionário?.....................................................
Quanto tempo você levou para preencher este questionário? .....................................
Você tem algum comentário sobre o questionário?
OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO
89
ANEXO B - INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO WHOQOL-Old
Este questionário pergunta a respeito dos seus pensamentos, sentimentos e sobre
certos aspectos de sua qualidade de vida, e aborda questões que podem ser
importantes para você, como membro mais velho da sociedade.
Por favor, responda todas as perguntas. Se você não está seguro a respeito de que
resposta dar a uma pergunta, por favor, escolha a que lhe parece mais apropriada.
Essa pode ser muitas vezes a sua primeira resposta.
Por favor, tenha em mente os seus valores, esperanças, prazeres e preocupações.
Pedimos que pense na sua vida nas duas últimas semanas.
Por exemplo, pensando nas duas últimas semanas, uma pergunta poderia ser:
O quanto você se preocupa com o que o futuro poderá trazer?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
Você deve circular o número que melhor reflete o quanto você se preocupou com o
seu futuro durante as duas últimas semanas. Então, você circularia o número 4, se
você se preocupou com o futuro “Bastante”; ou circularia o número 1, se não tivesse
se preocupado “Nada” com o futuro. Por favor, leia cada questão, pense no que
sente e circule o número na escala que seja a melhor resposta para você para cada
questão.
Muito obrigado (a) pela sua colaboração!
90
As seguintes questões perguntam sobre o quanto você tem tido certos sentimentos
nas últimas duas semanas.
old_01 Até que ponto as perdas nos seus sentidos (por exemplo, audição, visão,
paladar, olfato, tato), afetam a sua vida diária?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
old_02 Até que ponto a perda de, por exemplo, audição, visão, paladar, olfato, tato,
afeta a sua capacidade de participar em atividades?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
old_03 Quanta liberdade você tem de tomar as suas próprias decisões?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
old_04 Até que ponto você sente que controla o seu futuro?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
old_06 Quão preocupado você está com a maneira pela qual irá morrer?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
old_07 O quanto você tem medo de não poder controlar a sua morte?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
old_08 O quanto você tem medo de morrer?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
91
old_09 O quanto você teme sofrer dor antes de morrer?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
As seguintes questões perguntam sobre quão completamente você fez ou se
sentiu apto a fazer algumas coisas nas duas últimas semanas.
old_10 Até que ponto o funcionamento dos seus sentidos (por exemplo, audição,
visão, paladar, olfato, tato) afeta a sua capacidade de interagir com outras pessoas?
Nada Muito pouco Médio Muito Completamente
1 2 3 4 5
old_11 Até que ponto você consegue fazer as coisas que gostaria de fazer?
Nada Muito pouco Médio Muito Completamente
1 2 3 4 5
old_12 Até que ponto você está satisfeito com as suas oportunidades para continuar
alcançando outras realizações na sua vida?
Nada Muito pouco Médio Muito Completamente
1 2 3 4 5
old_13 O quanto você sente que recebeu o reconhecimento que merece na sua
vida?
Nada Muito pouco Médio Muito Completamente
1 2 3 4 5
old_14 Até que ponto você sente que tem o suficiente para fazer em cada dia?
Nada Muito pouco Médio Muito Completamente
1 2 3 4 5
92
As seguintes questões pedem a você que diga o quanto você se sentiu satisfeito,
feliz ou bem sobre vários aspectos de sua vida nas duas últimas semanas.
old_15 Quão satisfeito você está com aquilo que alcançou na sua vida?
Muito insatisfeito Insatisfeito Nem satisfeito nem Satisfeito Muito satisfeito
1 2 insatisfeito 4 5
3
old_16 Quão satisfeito você está com a maneira com a qual você usa o seu tempo?
Muito insatisfeito Insatisfeito Nem satisfeito nem Satisfeito Muito satisfeito
1 2 insatisfeito 4 5
3
old_17 Quão satisfeito você está com o seu nível de atividade?
Muito insatisfeito Insatisfeito Nem satisfeito nem Satisfeito Muito satisfeito
1 2 insatisfeito 4 5
3
old_18 Quão satisfeito você está com as oportunidades que você tem para participar
de atividades da comunidade?
Muito insatisfeito Insatisfeito Nem satisfeito nem Satisfeito Muito satisfeito
1 2 insatisfeito 4 5
3
old_19 Quão feliz você está com as coisas que você pode esperar daqui para
frente?
Muito insatisfeito Insatisfeito Nem satisfeito nem Satisfeito Muito satisfeito
1 2 insatisfeito 4 5
3
old_20 Como você avaliaria o funcionamento dos seus sentidos (por exemplo,
audição, visão, paladar, olfato, tato)?
Muito insatisfeito Insatisfeito Nem satisfeito nem Satisfeito Muito satisfeito
1 2 insatisfeito 4 5
3
93
As seguintes questões se referem a qualquer relacionamento íntimo que você
possa ter. Por favor, considere essas questões em relação a um companheiro ou
uma pessoa próxima com a qual você pode compartilhar (dividir) sua intimidade mais
do que com qualquer outra pessoa em sua vida.
old_21 Até que ponto você tem um sentimento de companheirismo em sua vida?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
old_22 Até que ponto você sente amor em sua vida?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
old_23 Até que ponto você tem oportunidades para amar?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
old_24 Até que ponto você tem oportunidades para ser amado?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
VOCÊ TEM ALGUM COMENTÁRIO SOBRE O QUESTIONÁRIO?
OBRIGADO (A) PELA SUA COLABORAÇÃO!
94
ANEXO C – Parecer Consubstanciado do CEP
95
96
97
Anexo D - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Título do estudo: Qualidade de vida dos idosos residentes em Teresina (PI)
Pesquisador (es) responsável(is): Maria do Livramento Fortes Figueiredo
Instituição/Departamento: Universidade Federal do Piauí/ Dep. Enfermagem
Telefone para contato: (86) 9981-5878/ (86) 8823-2610
Local da coleta de dados: Unidade Saúde da Família Sacy, Unidade Saúde da
Família Dirceu II e Unidade Saúde da Família Cidade Jardim.
Prezado (a) Senhor (a):
• Você está sendo convidado (a) a responder às perguntas deste questionário de
forma totalmente voluntária. Antes de concordar em participar desta pesquisa e
responder este questionário, é muito importante que você compreenda as
informações e instruções contidas neste documento. Os pesquisadores deverão
responder todas as suas dúvidas antes de você se decidir a participar. Você tem o
direito de desistir de participar da pesquisa a qualquer momento, sem nenhuma
penalidade e sem perder os benefícios aos quais tenha direito.
Objetivo do estudo: Avaliar a qualidade de vida dos idosos residentes na área
urbana do município Teresina, Piauí – Brasil;
Procedimentos. Sua participação nesta pesquisa consistirá apenas no
preenchimento deste questionário, respondendo às perguntas formuladas que
abordam o perfil sociodemográfico, econômico e de saúde, incluindo a avaliação da
qualidade de vida na percepção do idoso.
Benefícios. Esta pesquisa trará maior conhecimento sobre o tema abordado, sem
benefício direto para você, mas com possíveis benefícios para a população idosa de
Teresina (PI).
Riscos. O preenchimento deste questionário não representará qualquer risco de
ordem física ou psicológica para você.
Sigilo. As informações fornecidas por você terão sua privacidade garantida pelos
pesquisadores responsáveis. Os sujeitos da pesquisa não serão identificados em
nenhum momento, mesmo quando os resultados desta pesquisa forem divulgados
em qualquer forma.
98
Ciente e de acordo com o que foi anteriormente exposto, eu
_________________________________________________, estou de acordo em
participar desta pesquisa, assinando este consentimento em duas vias, ficando com
a posse de uma delas.
Local e data,
____________________________ _________________
Assinatura N. identidade
_______________________________________
Profa. Dra. Maria do Livramento Fortes Figueiredo
Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em
contato: Comitê de Ética em Pesquisa – UFPI - Campus Universitário Ministro
Petrônio Portella - Bairro Ininga Centro de Convivência L09 e 10 - CEP: 64.049-550 -
Teresina - PI tel.: (86) 3215-5734 - email: [email protected] web:
www.ufpi.br/cep.
99
ANEXO E - ANÁLISE DE RESÍDUOS DOS MODELOS ESTATÍSTICOS DO
WHOQOL-bref
100
ANEXO E - ANÁLISE DE RESÍDUOS DOS MODELOS ESTATÍSTICOS DO
WHOQOL-old