Ministério da Justiça
Comissão Nacional de Política Indigenista
DEGRAVAÇÃO
5ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA CNPI
Comissão Nacional de Política Indigenista
Pinheiro Palace Hotel
Rio Branco/AC, 30/09 a 02/10/2009
(Transcrição Ipsis Verbis)
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5ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA CNPI
MESA DE ABERTURA
Teresinha – Bom dia a Todos e a Todas! Sejam bem-vindos a esta 5ª Reunião Extraordinária que
acontece na cidade de Rio Branco, estado do Acre, do dia 30 de setembro a 02 de outubro de 2009.
Quero convidar a fazer parte desta cerimônia de abertura e compor a mesa, o Dr. Márcio, Presidente
da CNPI; o representante do Governador do Estado e Assessor Especial dos Povos Indígenas,
Francisco da Silva Pinhanta. Com carinho convidamos o presidente da Assembléia Legislativa do
estado do Acre, Deputado Edvaldo Magalhães.
No momento são estas as autoridades políticas que estão aqui presentes. Conforme forem chegando a
gente vai chamando até a mesa.
Recebemos também com carinho os representantes das Organizações Indígenas do Estado do Acre,
Deputada Perpétua Almeida, acabou de chegar e gostaria de convidá-la a fazer parte da mesa.
Convidamos também o Secretário Municipal de Cultura, Marcus Vinícius, a compor a mesa.
Recebemos com carinho também os representantes das organizações indígenas do estado do Acre
convidados especiais para este evento. Presentes neste momento: Organização dos Povos Indígenas do
Rio Juruá, Sr. José Vandré; presente também a Srª Francisca Arara, da Organização das Mulheres
Indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia. Sejam bem-vindos.
As lideranças indígenas também da Associação Agro-Extrativista Poyanawa, Barão do Ipiranga, Sr.
Joel Poyanawa.
Da Cooperativa do Povo Xauãdanguá, Sr. Anchieta Arara. Sejam todos bem-vindos.
Saudamos também com carinho os representantes dos povos indígenas da Paraíba, do Oiapoque e do
Amazonas, mais especificamente de São Gabriel da Cachoeira, que foram convidados e vem prestigiar
a 5ª Reunião Extraordinária.
Aos convidados dos Ministérios, que se fazem presentes, que não fazem parte da CNPI, mas que se
propuseram a debater com esta Comissão assuntos de grande importância.
Sejam bem-vindos os administradores das Administrações Executivas da Funai de Rio Branco, Sr.
Porto; de João Pessoa, Sr. Petrônio; do Oiapoque, Sra. Stella; e de Marabá, Sr. Frederico.
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Sejam bem-vindos também os funcionários da Funai que fazem parte das subcomissões, e da equipe de
imprensa e da Presidência da Funai.
E em especial a todos os representantes indígenas, representantes governamentais e de ONGs, que
fazem parte desta 5ª Reunião Extraordinária da CNPI. Sejam todos bem-vindos.
E para nós darmos início, eu gostaria de convidar o representante indígena pelo estado do Acre, Toya
Manchineri, a dar o pontapé inicial desta reunião.
Élcio Machineri - Bom dia a todos e a todas, irmãos e irmãos. Meu nome é Toya Manchineri, sou da
fronteira do Brasil com Peru, somos da família Manchineri e em nome das organizações indígenas do
Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia quero agradecer a presença de todos, especialmente à
bancada indígena; e também a bancada do Governo, que nos auxiliaram a trazer a CNPI para o estado
do Acre, para que esta 5ª Reunião Extraordinária pudesse acontecer, na cidade de Rio Branco. Nestes
momentos os povos indígenas podem estar vendo a importância que tem esta Comissão de trabalhar as
questões de políticas públicas do Governo Federal para a população indígena. Então, eu quero
agradecer a presença de todos e dizer que são bem-vindos ao Estado do Acre, uma terra bastante
pequena, mas bastante “braba”. Mas o povo bastante acolhedor também, e simples, mas que ajudou e
vai ajudar a construir vidas melhores para todo o Estado Brasileiro.
Teresinha - Neste momento passamos a palavra ao representante do prefeito municipal de Rio Branco,
o Secretário de Cultura, Marcus Vinícius.
Marcus Vinícius - Bom dia a todos, e a todas. É um prazer para Rio Branco. O Prefeito está viajando e
me pediu para que eu viesse aqui representá-lo, devido à importância deste encontro. Rio Branco se
sente muito honrada em receber esse encontro nacional, dar as boas-vindas ao Presidente da Funai,
Márcio Vieira, todas as autoridades aqui presentes. Especialmente às autoridades indígenas que estão
aqui presentes. A gente sempre diz que o Município de Rio Branco não tem terra indígena demarcada
dentro de seu território, mas na verdade é como se Rio Branco a “aldeia-síntese” do Acre, porque aqui
a gente tem representantes de todas as etnias. Vejo aqui vários companheiros de luta que transitam
aqui, trabalham em Rio Branco, estão sempre por aqui. Então Rio Branco procura desenvolver
também suas políticas específicas, temos uma Câmara temática de culturas tradicionais, culturas
indígenas, um Conselho Municipal de Cultura e a gente tem podido então testemunhar a força deste
trabalho que vem sendo realizado nos vários âmbitos, não apenas ambiental, territorial, educacional,
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mas também cultural. E por isso então quero dar as boas-vindas a todos em nome do Prefeito; boas-
vindas a cidade de Rio Branco, espero que todos gostem. E desejar a todos um bom trabalho.
Teresinha - Neste momento passamos a palavra então ao Presidente da Assembléia Legislativa do
Estado do Acre, Dep. Edvaldo Magalhães.
Dep. Edvaldo Magalhães - Bom dia a todos os companheiros e companheiras aqui presentes, eu queria
cumprimentar o Márcio e agradecer em nome de pelo menos um pedaço muito importante do povo
do Acre, essa decisão de trazer a reunião da Comissão Nacional aqui para o nosso estado.
Vejo aqui uma reunião com uma representatividade tão plural e importante. Queria complementar
que, em nome do Saulo e do Meirelles, que vi por aí, os brancos aqui presentes; cumprimentar o povo,
várias lideranças indígenas de nosso estado: eu vi ali o Joaquim Yaoanaá, Joel Apoyanawa,) o Anchieta
Arara, o Antônio Apurinã, o Toya Manchineri, em nome deles eu queria cumprimentar as lideranças
indígenas aqui do nosso estado. Cumprimentar o Francisco Pinhanta aqui, que representa o nosso
Governador; o Marcus Vinícius que representa nosso Prefeito; e a Deputada Perpétua aqui presente.
Trazer a reunião para cá também é uma forma de a gente acender o debate acerca dos nossos
problemas e dos nossos desafios deste atual estágio que nós temos aqui, de construção de uma relação
entre as instituições públicas e as comunidades indígenas, a pauta de luta destas comunidades e
também os desafios colocados no atual estágio das organizações indígenas aqui do nosso estado. Acho
que o Acre já produziu bons exemplos e certamente terá muito ainda a construir nesta relação. Nós
por exemplo, lá na assembléia rendemos uma contribuição deste debate. Para se ter uma idéia, apesar
de termos aí 14 povos, a Constituição do nosso Estado sequer fazia uma única referência à constituição
do povo acreano. Então nós tivemos que construir todo um capítulo indígena e a Assembléia aprovou
isto com unanimidade, diferente do Plenário do Congresso Nacional, aonde se tenta subtrair direitos.
Aqui a gente acrescenta.
Eu queria muito aqui colocar nossa Casa à disposição da reunião. Eu sei que vocês vão ter três dias de
intenso trabalho, mas eu queria aproveitar, para num intervalo, ou numa boca de noite, antes de vocês
fazerem uma visita ali na passarela, que é um bom lugar para espairecer, numa boca de noite, vocês
darem uma passadinha e fazerem uma visita à nossa Assembléia, que vai ser um prazer receber a todos
e mostrar também o quanto de arte nós guardamos ali naquela Casa para prestigiar os nossos povos
indígenas aqui do nosso estado. Boa reunião para todos.
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Teresinha - Carinhosamente passamos a palavra à Senadora... Desculpe... Deputada (quase Senadora,
viu, Perpétua! Eu já estava anunciando como Senadora)... a Deputada Federal Perpétua Almeida.
Dep. Perpétua Almeida - Acho bom acabar com essa brincadeira de Senadora, e vamos guardando
meus votos de Federal mesmo. Bom dia companheiros e companheiras, pra mim é um prazer muito
grande estar aqui agora, receber esta comitiva tão importante, de todos os 4 cantos do Brasil. Me
permitam aqui saudar TODAS as lideranças indígenas, porque eu não quero nominar, porque dou
uma olhada assim eu vejo a turma que passa um bom tempo ali pelos corredores do Congresso, nas
reivindicações, na atuação, mas queria aqui especialmente o Márcio, aqui representante da Funai, seja
bem-vindo mais uma vez, Márcio, nosso parceiro; o presidente da Assembléia, Deputado Edvaldo; o
Pinhanta, que é o Secretário Indígena; aqui nosso representante da prefeitura, o Marcus.
É muito bom a gente estar aqui. Às vezes, quando a gente vê aquela confusão acontecendo nas
comissões em Brasília, ou num estado ou noutro, eu começo a conversar com os parlamentares
federais como é que a gente tem procurado fazer aqui no Acre, nesta relação com os povos indígenas,
com as lideranças indígenas. Eu tenho dito: “problemas nós ainda temos, imagina se não teríamos.
Acho que o movimento indígena vai ter problemas no Brasil enquanto índios e não-índios
continuarem existindo. Mas a gente tem buscado aqui tratar de forma diferente, respeitosa, os nossos
povos indígenas, e dado apoio especial às lideranças indígenas”.
O governador do Acre estava na vitoriosa conferência do PC do B neste último final de semana e ele
deixou o presidente nacional do PC do B muito surpreso, que estava presente nesta conferência,
quando ele dizia que está em um processo para que até o próximo ano toda a área rural do Acre e as
comunidades indígenas do Acre, sejam abastecidas, inclusive com internet, on-line, sem fio, aí para
todo mundo. E deixou surpresos alguns colegas.
E até quando a gente conversava com o presidente nacional do PCdoB, eu dizia para ele: “Olha, boa
parte das comunidades aqui já está neste processo. Eu recebi nesta semana, um e-mail de dirigentes
importantes de outros países, inclusive da França, querendo saber como é o Festival em Anauá,
porque eles tinham visto a página pela internet, inclusive a movimentação do Festival em Anauá do
Acre. Disse: olhe então como nossas comunidades estão tão organizadas”.
Companheiros e companheiras, acho que começa um grande momento para o movimento indígena
nacional. Na minha opinião é a chegada ao Congresso Nacional do nosso novo projeto que vai
garantir, que vai reafirmar os direitos dos povos indígenas, que é o Estatuto Indígena. Tinha hora que
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a gente não sabia ali para aonde correr: se a gente pedia pressa na votação do que estava lá, ou se a
gente pedia a saída dele, porque já estava caduco demais.
Acho que é um momento importante. Não sei o que a gente consegue neste ano, se temos condições
de avançar. Temos poucos parceiros naquela Casa. Mas vocês sabem que os poucos que temos, é com
eles que a gente vai fazer a confusão necessária para garantir a aprovação do novo Estatuto dos Povos
Indígenas no Brasil. Inclusive eu fiquei muito animada, eu comecei mas não terminei de ler... recebi
na semana passada de um grupo de lideranças indígenas: vem inovando, vem trazendo novidade para
as comunidades, novidades que vão requerer inclusive o debate interno para que as lideranças e a
população indígena compreendam o que se está colocando de novo ali. Mas a gente precisa ganhar
não só aqueles que já estão do nosso lado, a gente precisa trazer o máximo de parlamentares possível,
para garantir a vitória que os povos indígenas merecem no nosso Brasil. Acho que só aí nós vamos
estar iniciando um processo de resgate do que o Brasil até hoje não conseguiu fazer com os povos
indígenas no nosso país. Boa reunião, e eu acredito que aqui vão ser tomadas decisões importantes
para o movimento indígena no Acre e nacional. Muito obrigada.
Teresinha - Passamos a palavra ao Assessor Especial dos Povos Indígenas do Estado do Acre, que
neste ato também representa o Governador do Estado, Sr. Francisco Pinhanta.
Francisco Pinhanta - Bom dia a todos, a todas. Eu queria cumprimentar aqui o Márcio,
cumprimentando ao mesmo tempo a todos membros da comissão da CNPI; as lideranças indígenas
que estão aqui; as organizações não-governamentais; nosso companheiro Edvaldo; Perpétuo; Marcus
Vinícius; o governador não pode estar aqui neste momento, está em viagem, me pediu para
representá-lo; e saudar todos dizendo que sejam bem-vindos ao Acre. Aqueles que já estão vieram
antes, aqueles que estão vindo a primeira vez. E dizer que eu tenho acompanhado a movimentação das
reuniões da CNPI. Estive já em Brasília participei de uma reunião e ajudei a discutir até a vinda da
CNPI aqui ao acre. Felizmente está acontecendo aqui no Acre, como a gente tanto esperava. Queria
agradecer o esforço de cada membro de ter aceitado a visitar uma região que parece que é uma longe,
quando se olha a partir de Brasília, a partir de outros estados da região mais central do Brasil. E que é
um lugar, como foi falado pelo Marcus, e por alguns companheiros... até o próprio companheiro Toya,
que é pequeno, mas é um lugar que tem espaço para todos que vêm visitar este estado, um estado que
a gente está procurando fazer dele um lugar cada vez melhor, não do ponto de vista só da infra-
estrutura, que a gente está procurando trazer para este estado, mas um crescimento sustentável,
pensando o fortalecimento da política indígena. Vamos tentar fazer uma apresentação aqui das nossas
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dificuldades, dos avanços, e eu acho que este espaço é um espaço que contribui muito também para a
gente se auto-avaliar, pensando como estado, pensando em melhorar o nosso trabalho para os povos
indígenas. Queria agradecer a cada um e dizer que estamos bastante satisfeitos, honrados em receber
este encontro aqui no Acre, e o que a gente puder fazer para contribuir ao longo destes dias em que
vocês vão estar reunidos, nós vamos estar aqui. Trouxemos algumas lideranças indígenas pra conhecer
a todos vocês da comissão, poder dialogar também, e poder contribuir naquilo que for possível no
sentido de fazer um intercâmbio. Eu acho que esse é o momento em que cada um vai aprender coisas
novas também e conhecer a política nacional melhor, sobre o que está acontecendo ultimamente.
Eu tenho observado que a CNPI conseguiu orientar bastante, não só pensando nessa comissão a partir
de Brasília, como política nacional, mas o quanto ela contribui no sentido de orientar as políticas nos
estados.
A gente tem quebrado alguns tabus no sentido de estreitar as relações no conjunto dos órgãos das
políticas, tentando fazer uma política cada vez mais unificada e articulada.
Então nós aqui estamos felizes de recebê-los, e vamos estar juntos até o final. Um bom encontro para
todos. Obrigado.
Teresinha - Gostaríamos também de deixar registrado que, além das organizações indígenas já citadas
no início, também foram convidadas para esta reunião a Organização dos Povos Indígenas de
Tarauacá-OPITAR; a Organização dos Povos Indígenas do Rio Envira-OPIRE; Manxinerune Ptohi
Kajpaha Hajene-MAPKAHA (se está errado, desculpem); a Organização das Comunidades Agro-
Extrativistas Jaminawa-OCAEJ; A Organização Agro-Extrativista Yawanawa do Rio Gregório-
OEYRG; Organização das Comunidades Indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca do Acre Amazonas-
OPIAJABAM; Organização das Comunidades Indígenas Kaxarari-OCIAK; Organização dos Povos
Indígenas Apurinã e Jamamadi-OPIAJ; Organização dos Povos Indígenas do Purus; Associação dos
Seringueiros Agroextrativistas Kaxinawa do Jordão-ASKAJ; Organização das Mulheres Indígenas do
Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia-SITOAKORE, que está presente; Organização dos
Professores Indígenas do Acre-OPIAC; Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais
Indígenas do Acre-AMAAIAC; e as lideranças indígenas Kaxinauá, Jane Machineri e Moisés
Oxaninka ... Sejam bem-vindos, só que eu não recebi o nome de quem está presente.
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Lembramos também que nas nossas reuniões da CNPI sempre temos a participação do Ministério
Público Federal e da Procuradoria Geral da União. Nesta 5ª reunião Extraordinária está presente a
Dra. Alda, que sempre nos acompanha. Está aqui representando a Advocacia Geral da União.
E com carinho passamos a palavra ao nosso Presidente da CNPI, Márcio Meira.
Márcio Meira – Bom dia mais uma vez a todos os companheiros indígenas, às companheiras indígenas
também, saudar principalmente vocês, que são as autoridades principais aqui desta comissão. Queria
agradecer a presença da Dep. Federal Perpétua Almeida, companheira nossa lá no Congresso
Nacional, pessoa que tem sempre defendidos os direitos dos povos indígenas no Congresso, na Câmara
dos Deputados, mais especificamente; e queremos sempre contar com seu apoio lá, Deputada, agora
nessa luta do Estatuto dos Povos Indígenas, a criação da Comissão Especial, que a senhora possa estar
junto com a gente lá. Eu queria também agradecer a presença do Dep. Edvaldo, companheiro também
aqui que sempre está junto nesta luta em defesa dos direitos dos povos indígenas. Agradecer o
Francisco Pinhanta, aqui representando o Governador Binho, agradecendo sempre o acolhimento do
Governador Binho e do povo do Acre, e dos povos indígenas do Acre, quando a gente vem aqui.
Queria agradecer também o Marcus Vinícius que representa o prefeito de Rio Branco; Marcus
Vinícius que eu já conheço aí há algum tempo, aí da época da Cultura. Quando eu era da Cultura, a
gente ajudava aqui, trabalhava junto, na constituição do Sistema Nacional de Cultura do Acre.
E o Acre tem mesmo esta característica que ele falou, de ser o estado que construiu esta perspectiva de
uma convivência, de uma, como disse Chico Mendes: “de uma aliança dos povos da floresta”. Então eu
acho que isso é um ponto muito importante que ilumina sempre o pensamento do Brasil como um
todo, em termos da perspectiva dessa convivência entre todos nós.
Eu queria agradecer a presença dos companheiros de Governo: do Governo Federal, dos Ministérios,
que vieram à nossa reunião extraordinária aqui, agradecer especialmente o Toya, que é o nosso
representante, e que foi quem batalhou, junto com o Francisco aqui, para que essa reunião viesse aqui
para o Acre. Agradecer também a presença das lideranças indígenas q estão presentes aqui, no estado
do Acre; as organizações indígenas que estão presentes aqui; os nossos servidores da Funai, vemos que
tem vários servidores da Funai aqui presentes, tanto aqui do Acre quanto de Brasília, que se
deslocaram para cá; nossa companheira da Advocacia Geral da União, a Alda. Enfim, pode ser que eu
tenha esquecido alguém, mas todos se sintam contemplados, o pessoal das organizações não-
governamentais, não-indígenas, que estão presentes aqui também.
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Bom, é muito importante para nós podermos estar fazendo esta reunião aqui no Acre, já é a segunda
reunião extraordinária que nós fazemos fora de Brasília. A primeira foi no estado da Paraíba, na terra
indígena Potiguara, que os companheiros potiguares que estão aqui nos convidaram na época, tanto o
Caboquinho quanto o Capitão, que está ali. E aqui, vocês que pela primeira vez estão participando da
reunião da CNPI, que estão observando a reunião da CNPI, eu vou fazer rapidamente uma
apresentação aqui da Comissão, porque é uma forma também de vocês poderem ter o conhecimento
do que é a Comissão Nacional de Política Indigenista. Não sei ali quem é que está no comando das
operações... da nossa apresentação lá... já estão passando lá... Então, a Comissão Nacional de Política
Indigenista, CNPI, foi idealizada durante muitos anos, sua criação era o sonho de comunidades
indígenas e sociedade civil, e nos últimos anos ganhou adesão do Governo Popular, do Governo do
Presidente Lula. Ou seja, é uma reivindicação antiga do movimento indígena que tivesse uma
comissão, na verdade um sonho das comunidades indígenas de que tivesse um conselho nacional, que
nós demos um passo em direção a esse sonho instituindo, o Presidente instituindo a Comissão
Nacional de Política Indigenista, por decreto presidencial.
O sonho começou a se realizar em março de 2006, com o decreto do presidente Lula. A Comissão foi
instalada em abril de 2007, através de portaria do Ministro Tarso Genro, e no mesmo dia dada a posse
dos membros pelo Presidente da República, Presidente Luis Inácio Lula da Silva, lá no Palácio do
Planalto.
Em abril de 2008 o Executivo encaminhou o Projeto Lei de criação do Conselho Nacional de Política
Indigenista ao Congresso Nacional, aonde já foi aprovado em duas comissões e deverá passar por mais
duas comissões. Aí a Dep. Perpétua acompanha esta questão lá.
E foi a primeira tarefa da Comissão. Quando a Comissão foi instalada, a primeira tarefa da Comissão
foi elaborar um Projeto de Lei para criação de um Conselho Nacional de Política Indigenista
encaminhada ao Congresso. O Presidente Lula encaminhou ao Congresso e está lá em discussão. Esta é
uma das prioridades nossas de Governo para política indigenista no Congresso Nacional, além do
Estatuto; são duas das principais prioridades que nós temos lá.
A composição da CNPI: ela é paritária, metade governamental, metade com presença dos
representantes indígenas (são 20 representando os povos indígenas, com direito a voz; e 10 com
direito a voto).
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Temos 2 representantes das organizações não-governamentais, e seus respectivos suplentes, estamos
aqui presentes hoje com o representante do CIMI e a representante do ISA- Instituto Sócio-ambiental;
12 representantes governamentais e o Presidente da Funai, que preside a Comissão é o voto de
minerva. Então vocês podem imaginar a minha dificuldade, de ter que fazer o voto de minerva...
Graças a Deus a gente tem utilizado pouco, em geral a gente tenta aprovar por concenso as nossas
deliberações, as nossas decisões aqui. Mas quando é necessário também a gente vota.
Assegura-se assim a efetivação de uma política pública diferenciada. Eu acho que o central dessa
Comissão é essa questão de que as políticas públicas possam ser discutidas, debatidas, apresentadas e
que a gente possa com isso garantir a participação mais amplamente possível das comunidades
indígenas nesta discussão. Essa é uma novidade importantíssima porque a Funai, que é o Órgão
Indigenista do Estado brasileiro, durante muitos anos teve apenas como consulta o Conselho
Indigenista, que é o conselho que faz parte da estrutura da Funai, que não tinha este nível de
representatividade que tem a nossa Comissão.
A representação indígena na CNPI reflete as diferentes realidades culturais do país, pois temos a
presença de diversos povos, como: o Guarani, Tuxá, Ticuna, Kaiowá, Kaingang, Xocó, Satere Maué,
Terena, Kayapó, Xokleng, Wapichana, Surui, Karajá, Pareci, Pataxó Hã Hã Hãe, Xucuru, Potiguara,
Machineri, Gavião, Tapeba, Guajajara, Ingaricó, Xavante, Xerente, Xucuru Kariri, Wayjãnpi Wassu
Cocal, Pitaguari, Kambiowá, Kadiweu, Tembé e Tupinambá.
Com a criação da CNPI, não se faz mas política PARA os índios, e sim COM os índios. Essa é uma
frase que a gente sempre tem utilizado, que na verdade é uma frase que o movimento indígena sempre
tem colocado, que é a necessidade de que o Estado brasileiro, não só o Governo Federal, mas também
os estados e municípios, que a gente tenha a perspectiva da construção de uma política pública de
verdade. Política pública significa debate, participação, COM, e não de cima para baixo, como
historicamente se construiu.
E a composição da CNPI, nós temos aí os representantes governamentais, o presidente da FUNAI e o
vice-presidente da FUNAI são, por regulamento, presidente e o suplente do presidente.
Do Ministério da Justiça, temos a representação do Jorge Quadros, que não está no momento hoje
aqui, mas sua suplente é a Teresinha, que ao mesmo tempo ela é dublê de representante do Ministério
da Justiça e é Secretária-Executiva da Comissão, Chefe do Cerimonial, enfim, tem uma série de outras
utilidades. “Mil e uma utilidades” (risos)
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Da Casa Civil nós temos a representação do Celso Correa, que o suplente é o Darcy Bertoldo.
Secretária Geral da Presidência da República é a Quenes Gonzaga, a titular; suplente é o Alex Nazaré.
Do Gabinete de Segurança Institucional, é o Coronel Eustáquio Soares, e o suplente o Carlos Rogério
Ferreira Cota, está ali presente. O Coronel Eustáquio não pode estar, está viajando para o exterior, mas
talvez chegue ainda. Provavelmente.
Do Ministério das Minas e Energia, nós temos o titular que é o Cláudio Scliar, e o suplente, que é o
Carlos Nogueira, conhecido como Carlão, companheiro que está aí presente.
Do Ministério da Saúde, Funasa, o representante titular é o Wanderely Guenka, que é o Diretor de
Saúde hoje, da Funasa, e o suplente o Edgar Magalhães, que ainda não chegaram, estão vindo.
Do Ministério da Educação, o titular é o Armênio Schmidt, o suplente o Gersen Baniwa, também
estão a caminho.
Do Ministério do Meio Ambiente, nós temos a Cláudia Calório, que é a titular, e a suplente a Lylia
Galetti, que está aqui presente.
Do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a titular é a Olga Novion, e o suplente o Felipe
Daruirch.
Do Ministério do Desenvolvimento Social, o representante titular é o Aderval Costa Filho e a suplente
a Luana Arantes, estão chegando hoje.
Do Ministério da Defesa, o Coronel Marinho Rezende, que está aqui presente, o titular, e suplente o
Coronel Gustavo Abreu. Quero dizer para vocês que o Ministério da Defesa tem título de ser o
representante mais presente e disciplinado que existe na Comissão (risos). Sempre chega no horário,
fica depois do fim, não é Coronel?
Do Ministério do Desenvolvimento Agrário, nós temos o companheiro André, o Andrezinho aqui,
agora titular. E o companheiro André é tido como o representante mais fashion da Comissão (risos).
Ele e a Luana, mas é que ela não chegou ainda.
Nós temos os representantes indígenas por região também:
Na Região Amazônica nós temos o titular Jecinaldo Barbosa, Sateré-Maué, que não está presente aqui,
neste momento, porque ele foi recentemente empossado Secretário de Política Indigenista pelo estado
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do Amazonas, então certamente ele vai ter que se afastar aqui das suas funções, certamente vai ter aí
alguma alteração.
O suplente.... (interrupção) O Deputado Edvaldo vai ter que se ausentar agora, porque ele vai ter que
presidir a sessão lá na Assembléia Legislativa. A gente agradece muito sua presença aqui, Deputado,
mais uma vez.
(retorno) O suplente do Jecinaldo é o Sansão Ticuna, não sei se o Sansão já chegou.. ainda não chegou.
Nós temos aí também da região amazônica o Ak’Jabor Kayapó, está aqui presente, titular,
companheiro Ak’Jabor; e o seu suplente Antônio Tembé, famoso Piná, ele é mais conhecido como
Piná Tembé.
Temos a companheira Pierlângela Nascimento, Wapichana, professora aqui presente, lá de Roraima.
O suplente, o Dilson Ingaricó, que é também lá de Roraima.
Temos o Almir Suruí, aqui de Rondônia, titular, não está presente no momento, não chegou ainda,
mas tem o seu suplente aqui o Wellington Gavião, que está ali.
Temos também, continuando na Amazônia, o Kohalue Karajá, que é o titular, presente. O suplente é o
João Xerente.
Temos também, lá do Mato Grosso, nossa companheira, a professora Francisca Navantino Paresi. –
Professora, a senhora tem que levantar aí... (aplausos). E nós temos aí o suplente da professora
Francisca, que é o nosso querido amigo Crisanto Xavante.
Temos também o Élcio Machineri, que é o nosso companheiro Tóya, aqui do Acre, nosso anfitrião. A
sua suplência neste momento esta vaga.
Titular também, representando a Amazônia, vindo lá do Maranhão, o Arão Guajajara. E o suplente do
Arão é o Lourenço Krikati, também lá do Maranhão.
Aí nós temos também, vindo lá do Amapá, lá do Oiapoque, nossa companheira Simone Vidal
Karipuna. E tem o suplente também lá do Amapá que é o WKuru Wayjãnpi.
Bom, agora vou passar para a região Nordeste e Leste. Nós temos aí titular, vindo lá de Pernambuco, o
companheiro Marcos Xucurú, está aqui presente, grande companheiro; suplente, Manoel Messias,
Xucurú Cariri. O nosso Lindomar Santos Rodrigues, Xocó, representante do Nordeste, que é o nosso
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titular músico da Comissão. Para quem não sabe, ele é o músico oficial aqui da nossa CNPI, ele tem
um violão, que é o violão da CNPI, e um vozeirão também. E a Lylia Galetti é a suplente dele, é a
“cantora suplente” (risos). E nós temos a Cremilda, que é a sua suplente, Wassú Cocal.
Temos o nosso companheiro Luís Titiah, da Bahia, que está ali presente, Pataxó Hã Hã Hãe, O seu
suplente é o Ricardo Weibe, que está aí também, Tapeba.
E tem também o companheiro Antônio Pessoa, conhecido como Caboquinho, Potiguara, que está ali
presente. A sua suplente é a Rosa Pitaguari.
Nós temos também o José Ciríaco Sobrinho, conhecido com Capitão, Potiguara, que está aí presente
também. E temos a sua suplente, que é a Francisca Bezerra da Silva, Kambiowá.
Temos também o companheiro Sandro, Tuxá, e a sua suplente, que é a nossa querida Glicéria,
Tupinambá, que hoje não está aqui presente com a gente, mas sempre tem vindo a nossas reuniões. Já
fiquei sabendo agora aqui também que a Glicéria está esperando neném (risos), vamos ter um mascote,
né? (risos). Muito bem, muito bem...
Bom, da Região Sul e Sudeste nós temos aí o titular Donizete, Guarani; e o suplente, que é o Marcos
Tupã, que também não chegou, é Guarani, lá de São Paulo.
O companheiro Brasílio Pripá, Xokleng, que está aí, ele é o titular aqui da CNPI “contador de causos”
(risos), ele é o nosso principal contador de histórias. O suplente é o Ivan, Xokleng.
Temos também o Deoclides, Kaingang, lá do Rio Grande do Sul, que está presente. O suplente é o
Florêncio, Kaingang.
Da região Centro-Oeste dois: nós temos o Dodô, Terena, está aqui presente também. Seu suplente é o
Luís Kadiwéu.
E nós temos nosso grande Anastácio Peralta, Guarani Kaiowá, lá do Mato Grosso do Sul, tendo como
suplente o Roberto Carlos Martins, Kaiowá, lá do Mato Grosso do Sul também.
E temos também representantes das ONGs indigenistas. O Conselho Indigenista Missionário tem na
sua titularidade o companheiro Saulo Feitosa, está aqui presente. Que eu quero dizer que é outro
representante como o Coronel Marinho, bastante disciplinado, sempre chegando no horário, sempre
saindo no último horário. Temos que registrar aí sua contribuição... é o “representante do Papa”,
exatamente (risos). E suplente do CIMI na representação das ONGs é o Instituto de Estudos Sócio-
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Econômicos, o Ricardo Verdum, que também sempre participa de nossas reuniões, hoje não pode estar
aqui presente, mas lá em Brasília sempre participa, contribui.
E nós temos o outro titular, que é o CTI, Centro de Trabalho Indigenista, que é o nosso Gilberto
Azanha, que hoje não está aqui, não pode vir, e que tem sido um assíduo participante também da
nossa reunião lá em Brasília, e como suplência temos o Instituto Sócio-Ambiental, o ISA, que hoje está
aqui com sua representante Ana Paula Souto Maior, que está aqui presente e também tem dado uma
contribuição grande para a nossa CNPI.
Quando aprovado o Projeto de Lei do Conselho Nacional de Política Indigenista, além de todos estes
representantes que eu falei, nós vamos incluir 14 representantes indígenas e 8 Ministérios. Então, tem
Ministério que hoje não fazem parte da Comissão e que vão integrar o Conselho.
São eles: o Ministério da Cultura, que tem aqui hoje o representante, Marcelo Manzatti. Como o
Ministério da Cultura ainda não faz parte oficialmente da CNPI, a gente sempre convida e o
Ministério sempre participa, já de um tempo para cá. O Marcelo tem sido sempre o representante do
Minc aqui, é bem-vindo a nossa CNPI.
Nós vamos ter também o Ministério do Trabalho e Emprego; o Ministério das Cidades; a Secretaria
Especial dos Direitos Humanos; temos aqui a representante da Secretaria Especial dos Direitos
Humanos, a Luana; tem a Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, que vai
participar do Conselho, e que de vez em quando participa como convidado, da nossa Comissão; a
Secretaria de Agricultura e Pesca; o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento e o
Ministério das Relações Exteriores, que também de vez em quando participa como observador,
principalmente a Diretoria de Diretos Humanos lá do MRE, hoje eles não estão aqui.
O Projeto de Lei prevê que o Conselho será composto por 21 representantes do Governo Federal,
sendo 20 com direito a voto; 36 representantes dos Povos e Organizações Indígenas, 18 com direito a
voto; e 2 representantes de ONGs Indigenistas, pessoas jurídicas de direito privado, sem fins
lucrativos, que atuam há mais de 5 anos, e de forma sistemática na atenção e apoio aos povos
indígenas, com direito a voto. Isso já é a proposta do Conselho.
E nós temos as Subcomissões por tema. A Subcomissão 1 foi extinta: ela foi criada para elaborar o
Projeto de Lei do Conselho Nacional de Política Indigenista. Então, como ela já cumpriu os seus
trabalhos, ela foi extinta. Ela elaborou a proposta que foi encaminhada ao Congresso Nacional no dia
14 de dezembro de 2007.14
A outra Subcomissão 1, criada em dezembro de 2007, é uma subcomissão que trata de
Acompanhamento de Empreendimentos com Impactos em Terras Indígenas. A sua função é
acompanhar, discutir, propor normas e diretrizes para monitoramento dos empreendimentos que
impactam, direta ou indiretamente, as terras indígenas. Esta Subcomissão está em funcionamento.
A Subcomissão 2 também está em funcionamento: é a Subcomissão de Justiça, Segurança e Cidadania;
e tem como função propor diretrizes, instrumentos e normas para combater a criminalização de vidas
indígenas e o genocídio.
A Subcomissão 3, de Terras Indígenas, que tem a função de acompanhar e propor prioridades para os
processos de reconhecimento, desinstrução e proteção de terras indígenas.
A Subcomissão 4, de Etnodesenvolvimento, que tem como função acompanhar a gestão em
sustentabilidade em terras indígenas, no sentido de promoção com questões ambientais implícitas,
segurança alimentar.
A Subcomissão 5, de Assuntos Legislativos, tem a função de acompanhar os Projetos de Lei e Projetos
de Emenda Constitucional, em tramitação no Congresso Nacional e propor atualização do Estatuto do
Índio.
A Subcomissão 6, de Saúde Indígena, que tem a função de propor normas e diretrizes para a saúde
indígena.
A Subcomissão 7, de Educação Escolar Indígena, que tem a função de propor normas e diretrizes
para a educação indígena.
A Subcomissão 8, de Gênero, Infância e Juventude, que tem a função de acompanhar e propor
normas e diretrizes para abordar a situação de mulheres, crianças e jovens indígenas.
A Subcomissão 9, de Políticas Públicas, Orçamento e Gestão, que tem a função de propor diretrizes e
normas para o acompanhamento das políticas públicas em vários Ministérios, e acompanhar a
formulação e execução do PPA, participação, controle social, conferências, plano plurianual.
Ali tem algumas fotos das reuniões ordinárias e extraordinárias da CNPI; esta é uma foto da quarta
reunião ordinária, dezembro de 2007, com a presença do Ministro Tarso Genro. Nós estamos vendo aí
também a Dra. Débora Duprat, da 6a Câmara do Ministério Público, a Dra. Alda da AGU; reunião lá
em Brasília. Uma reunião que contou com a presença do Ministro da Justiça, Tarso Genro. Foi a
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primeira vez que ele foi em uma reunião da CNPI. Foi na reunião, aliás, que ele assinou a Portaria
Declaratória da Terra Indígena Potiguara, de Monte Mor.
Aí são fotos da plenária geral.. os representantes.. aí vocês estão vendo os nossos representantes aí, o
Gilberto Azanha, ele não está presente aqui... o Saulo.. a Olga...
Continuando: a dinâmica das reuniões: normalmente as reuniões acontecem assim: no primeiro dia,
tem uma reunião só dos representantes indígenas; no segundo dia, tem uma reunião das subcomissões;
no terceiro e quarto dias, tem a plenária geral. Então, na verdade, a reunião da CNPI, ela dura uma
semana. Porque na segunda-feira, o pessoal chega lá em Brasília, aí tem a reunião dos indígenas, as
subcomissões, e tem dois dias de plenária.
Esta reunião que está acontecendo aqui, está diferente um pouco porque é uma reunião
extraordinária, e a gente propôs fazer três dias de plenária, para a gente poder cumprir a nossa pauta,
bastante ampla.
Aí uma foto da reunião dos representantes indígenas, que acontece no primeiro dia... essa reunião é
uma solicitação da bancada indígena, porque o pessoal vem das áreas, e antes de acontecer a reunião o
pessoal faz a troca de informações, e com isso tem condições de chegar na plenária já com os temas
bastante mastigados.
No segundo dia tem a reunião das subcomissões. É bom lembrar que cada subcomissão é também
paritária, ela tem 3 representantes indígenas, 3 representantes governamentais, e tem os convidados,
que podem ser vários convidados, dependendo do tema, é livre a possibilidade de convidados, mas
tem que ser feito pelos membros. Mas sempre as subcomissões também são paritárias.
Aí tem, por exemplo, uma foto da subcomissão de Acompanhamento de Empreendimentos com
Impacto em Terras Indígenas.
Aí uma reunião da subcomissão de Justiça, Segurança e Cidadania; a de Gênero, Infância e Juventude;
a de Políticas Públicas, Orçamento e Gestão... essa aí a reunião da Subcomissão de Educação Escolar,
vocês estão vendo, o pessoal que não conhece, que essa reunião .. isso aí é a Terra Indígena
Potiguara... isso é para vocês verem como o Caboquinho e o Capitão moram em um lugar feio (risos)...
aí esse mar que vocês estão vendo é o único mar indígena que existe no Brasil... não, existem outros...
tem 24km de mar, que o pessoal diz que “tem terra indígena”, mas também tem “mar indígena”... é aí
nesse mar que a campeã brasileira de Surf, a Tininha, que é indígena, Potiguara, aprendeu aí nesse
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mar... você vê que está todo mundo sorrindo, feliz... teve uma Reunião Extraordinária que aconteceu
lá na Terra Indígena Potiguara.
Aí uma reunião da Subcomissão de Terras Indígenas; da Subcomissão de Etnodesenvolvimento ;
Assuntos Legislativos... aí vocês estão vendo aquele rapaz de óculos ali, ele é representante do MRE,
uma das vezes ele participou da nossa reunião.
Aqui já são as plenárias... o Coronel Caixeta, que era representante do GSI, que saiu, foi substituído,
porque foi promovido a General... a CNPI promoveu ele a General (risos), pois é, contribuiu, é
verdade... nós todos aqui torcemos muito, foi feita também muita reza para ajudar e ele foi promovido
a General (risos).
Vocês estão vendo fotos aí então, de várias reuniões plenárias da CNPI, que já foram realizadas.
Esta reunião ordinária acontece, normalmente, de dois em dois meses, em Brasília.
Aí vocês estão vendo a reunião de junho de 2008, que contou com a presença do nosso Presidente
Lula, mais 17 ministros de Estado. Foi no Ministério da Justiça, vocês estão vendo a foto no final da
reunião, a foto histórica com o Presidente Lula e todos os representantes indígenas, com o Ministro da
Justiça Tarso Genro. Essa reunião ficou marcada realmente como uma reunião histórica, foi toda
gravada, tem um DVD, que nós inclusive já passamos, este DVD, em várias reuniões, inclusive na
discussão do Estatuto, todo o pessoal deve ter visto. Nessa reunião tem que registrar a participação
especial do nosso companheiro Ak’Jaboro Kayapó, que está presente aqui, que teve uma participação
importantíssima nessa reunião com o Presidente Lula. E tinha 17 ministros, convocados pelo
Presidente, e que não tinham direito a voz, era só para ouvir. Só quem falou foi o Presidente e a
bancada indígena.
Então, isso era para mostrar para vocês um pouco, principalmente o pessoal do Acre aqui, que não
conhece a CNPI, que ouviu falar, mas ainda não tinha tido a oportunidade de ver mais
detalhadamente, o que é a CNPI, qual a sua função, qual a sua contribuição... e dessa forma, a gente
apresentou rapidamente, para vocês verem a importância da CNPI. E cada vez mais ela tem que
ganhar mais importância, mais espaço.
Eu diria que, para concluir, que o principal aspecto geral da política, digamos assim, indigenista com a
CNPI, é que a gente trabalhe muito a integração também das ações. Ou seja, o papel da Funai também,
ganha um relevo novo com relação também a CNPI, porque a Funai passa a ter um papel cada vez
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mais de articuladora, de coordenadora dessa política geral, em conjunto com os Ministérios que
participam da CNPI.
Então, eu acho que é um dado muito importante que no caso eu destaco também, da consulta, da
participação das comunidades indígenas nas decisões mais importantes. Por exemplo: o Estatuto dos
Povos Indígenas, nós passamos mais de um ano naquele texto, que a Dep. Perpétua se referiu, que o
pessoal está lendo, este texto foi produzido a partir de oficinas, 10 oficinas realizadas e promovidas
pela CNPI, em todo o Brasil, ... coordenadas pela Subcomissão de Assuntos Legislativos, mais
especificamente pelo Saulo, e pelo Carlão, representantes do Governo, que organizaram essas oficinas,
com ampla discussão, inclusive uma aqui no Acre.
Isso tudo mostra realmente a importância que tem a CNPI e a construção coletiva que a gente está
fazendo, de participação, de construção de políticas participativas no Brasil.
Então, essa demonstração aqui era para isso: era para poder socializar aqui com vocês a importância e
o quais são as funções da CNPI nesse processo recente, que o Presidente Lula tem liderado no nosso
país.
Então era isso... Teresinha, e agora, Teresinha? A Dep. Perpétua está precisando sair, o representante
aqui da prefeitura, Secretário de Cultura, também... obrigado mais uma vez pela presença, muito
obrigado. O Francisco vai aqui continuar representando a toda a institucionalidade aqui do Acre na
terça, no sentindo amplo, a institucionalidade indígena também.
Teresinha - Então, damos por encerrada a mesa de abertura e eu passo a coordenação desta 5ª Reunião
Extraordinária, como é de praxe, ao Sr. Presidente e, seguindo a pauta, deverá ser a apresentação do
Estado do Acre.
Márcio Meira – Presidente - O próximo ponto de pauta, que na verdade é o primeiro ponto de pauta
da nossa reunião, é a apresentação, pelo companheiro Francisco do governo do Acre, da política que o
Acre vem desenvolvendo há alguns anos, como a solicitação, feita pelo Governo do Acre, à CNPI, que
veio se realizar aqui, e a gente achou oportuna essa experiência do Acre. Eu queria passar a palavra ao
companheiro Francisco, para nos apresentar aqui a sua política, a experiência do Acre.
Francisco Pinhanta – Assessor Especial dos Povos Indígenas do Governo de Estado do Acre - Bom,
obrigado. Nós escolhemos três áreas do Governo, para fazer uma apresentação, eu espero que a gente
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possa, no final, fazer um fechamento destas três áreas que a gente escolheu para apresentar nesse
momento.
Nós vamos fazer uma apresentação rápida da área da SEMA, Secretaria de Meio-Ambiente, falando do
ordenamento territorial, a partir do zoneamento ecológico-econômico do estado, até aonde a gente
avançou nestas políticas de ordenamento, construção dos planos de gestão das terras indígenas. Depois
nós vamos também fazer uma apresentação rápida da área de produção e também da educação, e no
final eu vou tentar mostrar como é que a política tem conseguido, aqui no Acre, avançar de uma
maneira articulada, entre todas as áreas, e então eu precisarei, talvez, abrir para uma conversa entre a
gente.
A idéia é fazer um intercâmbio mesmo do que está acontecendo aqui e ouvir também neste encontro,
outras experiências. Nós estamos fazendo um esforço bastante grande, envolvendo diretamente as
comunidades nas decisões, as lideranças, pra que a gente respeite as diferentes situações, os diferentes
projetos de cada comunidade.
Então vão ser 3 técnicos que vão fazer a apresentação e no final eu faço uma fala para fechar essa
apresentação.
Como foi apresentado, Márcio, têm várias lideranças indígenas, de vários lugares do Brasil. Eu
acredito que a partir dessa apresentação, se tiver alguma pergunta que a gente possa abrir... nós vamos
tentar ser rápidos na apresentação, porque seria bom também para a gente ouvir alguma sugestão, ou
perguntas, por algo que não ficou bem claro.
Nós vamos citar alguns exemplos... tem lideranças indígenas aqui também do Acre, que poderão
também complementar.
Márcio Meira – Presidente - Eu queria aproveitar, enquanto o pessoal está arrumando a apresentação,
só para dizer que seria interessante que o pessoal pudesse se concentrar.. porque eu estou vendo que
está muito disperso. Acho que a gente tem que concentrar, prestar atenção, não é? Eu vou seguir a
orientação da professora Francisca, de que sempre que, como professora, ela sempre me recomenda
que de vez em quando tem que dar uma “chamada” nos alunos, na turma. Vamos concentrar, porque é
um momento muito importante esse em que o Francisco se referiu: a nossa reunião da CNPI, que está
acontecendo aqui no Acre, ela também tem um viés interessante, a que o Francisco se referiu, que é
essa troca de experiências de gestão participativa, ou experiência de gestões variadas e a gente tem que
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trocar estas experiências, aprender, ver o que tem e poder aprender com isso. Então vamos tentar
aproveitar essa oportunidade o máximo possível.
Marta – Bom dia a todos, eu sou Marta, da divisão de Etnozoneamento, da Secretaria de Estado de
Meio Ambiente, e hoje a Secretaria tem um departamento que trabalha a gestão territorial. Esse
trabalho de gestão territorial tem duas frentes principais, que a gente trabalha com os ordenamentos
territoriais locais, que são os OTLs, no caso dos municípios em zona rural e com o etnozoneamento
relacionado às terras indígenas.
Esse trabalho de gestão territorial em terras indígenas, ele vem orientado a partir do Z E, fases 1 e 2,
que começou na parte 1, a partir das orientações que vieram dos estudos de populações e terras e a
gente tem a oportunidade de ter aqui as pessoas que começaram esse trabalho que são o Terri Aquino,
o Marcelo Iglesias, que fizeram o estudo juntos e começaram todo esse trabalho de etnozoneamento
e gestão territorial dos povos indígenas no Acre. E ele vem, a partir do ZEE, para uma escala mais
local, de 1 para 50mil, e 1 para 80mil, com os etnozoneamentos e depois com os PGTIs, que a gente
chama de Plano de Gestão de Terras Indígenas.
Tudo isso está estruturado dentro da base do Governo, que são serviços básicos de qualidade para
todos, e a gente inclui os serviços básicos de educação, saúde, fortalecimento e valorização cultural,
produção sustentável voltada para a soberania alimentar tendo a gestão territorial como plano de
fundo para alicerçar todas essas estruturas de Governo.
Como a linha de trabalho vem a partir da verticalização do ZEE, só para a gente ter uma noção do que
a gente está falando: o ZEE ele classificou o estado em zonas, e as terras indígenas hoje estão ocupando
a zona 2, que é a zona sustentável dos recursos naturais e proteção ambiental, que pega aí os
assentamentos, as unidades de conservação, terras indígenas e tal. Só para enfatizar que nós temos 4
zonas, e cada uma dessas zonas tem programas específicos direcionados ao uso do território.
Aqui, um pouco do retrato das terras indígenas sobre as quais a gente está falando, são as terras
indígenas que estão localizadas dentro do estado do Acre, tem 34 terras indígenas, com 2.415,644
hectares, que representam 14,6% da extensão do estado. Boa parte disso está regularizada, 15 povos
indígenas, mais os grupos isolados, representados aqui pelo Meirelles, não é, Meirelles?
Aqui a gente tem, mais direcionado à nossa apresentação, o etnozoneamento ... o que é isso?
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É um instrumento de planejamento dos povos indígenas para a gestão dos territórios, é um
zoneamento participativo das terras indígenas elaborado a partir de diagnóstico e prognóstico da
situação sócio-econômica, política e ambiental. Esse é um conceito trabalhado com o professor Paul
Lira. E como que é esse fluxo dentro da estrutura de Governo? A gente tem o etnozoneamento hoje,
que fica dentro da SEMA, que tem a principal responsabilidade de estar articulando a elaboração deste
eco-zoneamento nas comunidades indígenas. A gente tem uma outra fase que é a elaboração dos
planos de gestão, que seria trabalhar os prognósticos, a resolução dos problemas identificados no
zoneamento, que também fica sob a estrutura da SEMA. E a gente tem também a implementação
desses planos de gestão, que parte da articulação das secretarias de Governo, das assessorias indígenas,
de parceiros e do povo indígena.
Mais na frente, pensando em uma perspectiva futura, a gente teria uma etapa de monitoramento e
avaliação e atualização desses planos. E ficar mais a cargo do povo indígena, da comunidade indígena
fazer isso, tendo atores e parceiros, mais como apoiadores desse processo.
O que que a gente tem nesses etnozoneamentos?
A gente trabalha com a metodologia de mapeamento participativo, e tem a elaboração de mapas
temáticos e diagnósticos, voltados para temas de recursos hídricos, históricos, de ocupação, pesca,
caça, ameaça, extrativismo e vegetação, aonde são discutidos todos estes temas, elencando as situações
atuais dentro destas temáticas, que são debatidas e futuramente são encaminhadas demandas para a
resolução de problemas e conflitos que forem identificados. Para que serve tudo isso?
Além de ter esta estruturação das demandas, da estratégia de gestão territorial das comunidades, a
gente pode dizer que tudo isso serve também como uma ferramenta política para a resolução de
problemas, visualização geral da terra indígena, diagnóstico dos recursos naturais, identificação dos
problemas, a gente vai fazendo tudo dentro desse processo.
Além... o Fernando Katukina, eu gosto sempre de citar ele, que ele fala que tudo isso é apenas uma
sistematização, ou seja, botar no papel tudo aquilo que as comunidades indígenas já têm: que já têm
suas estratégias de vida, de gestão, de sobrevivência dentro do território, e dentro desse trabalho a
gente bota tudo isso no papel para um melhor entendimento de todos os atores, tanto os indígenas
como os não-indígenas.
Voltando... a gente tem aqui a segunda etapa, como eu estava falando para vocês, com a elaboração
dos étneos a outra que é a construção do plano de gestão... essa foto aqui mostra um pouco do 21
trabalho que a gente fez no plano de gestão do povo indígena Katukina, onde passamos lá alguns dias
reunidos e foi trabalhado este plano de gestão pensando nos objetivos, metas, atividades e resultados,
foi uma experiência bem interessante... são exemplos de planos de gestão que a gente tem no estado.
E a terceira etapa, que é a implementação, que é uma implementação conjunta. Aqui eu queria só dar
uma enfatizada em uma pequena questão: o plano de gestão é elaborado em conjunto com a
comunidade e ele é do povo indígena, mas ele tem uma dupla função: tem a função de sistematizar
essas estratégias das comunidades indígenas para a gestão territorial, ambiental do território; mas ele
tem uma função para o Governo, que é fundamental, que é auxiliar o Governo na estruturação, na
criação dos seus programas e políticas para atuar com as comunidades indígenas. Por quê? O plano de
gestão não é só uma lista de demandas e acordos que são feitos nas comunidades para convivência
naquele território, ele é também um orientador, para que o Governo tire as suas diretrizes para a
formulação de programas. Não é pegar o plano de gestão e implementar todas as ações que existem ali
dentro. A orientação é que este plano de gestão siga como uma diretriz para a formulação de
atividades, e ele é uma ferramenta da comunidade para a articulação com seus parceiros, em
atividades em que ela tenha necessidade de trabalhar com outros parceiros, e ele é um orientador para
o planejamento dos programas de políticas do Governo. Então, ele tem um duplo objetivo, e ele tem a
utilidade nos dois lados da moeda.
Isso aqui é um pouco do que eu estava falando.. que no plano de gestão, o interessante é que a gente
discute aquelas temáticas e saem lá de dentro discussões e prognósticos de temáticas diversas.
E o que o Governo faz com isso?
Além de atender algumas demandas que são de caráter urgente, mais emergencial, é tirar as
orientações para as formulações dos seus programas, ou seja, se nos planos de gestão são recorrentes
atividades relacionadas a apoiar o repovoamento de faunas, são demandas expressas, a gente tem a
responsabilidade de montar um programa, uma política que vá atender isso de forma estruturada, não
uma atendimento de balcão, de atividade por atividade, mas estruturar isso dentro de um
organograma de Estado, para que essas demandas, essas necessidades das comunidades sejam todas
atendidas.
Isso aqui é um exemplo que a gente pode estruturar aí um programa de implementação de
(ininteligível), que na verdade já até existe, valorização de conhecimento tradicional, recuperação de
áreas protegidas, que são diretrizes que vão aparecendo nos planos de gestão; fortalecimento
22
institucional, garantia da segurança alimentar, fomento à produção de produtos agro-extrativistas,
implementação de arranjos produtivos. São exemplos de alguns programas que podem ser
estruturados, implementados, alguns deles, neste exemplo até já existem, para atender as comunidades
indígenas.
E aqui, pensando nessa coisa processual, seria um passo de execução disso. uma execução também
conjunta da comunidade e Governo nas ações. A avaliação, que seria avaliar se atingimos os objetivos
e metas pensados para o plano, se os objetivos continuam os mesmos ou mudaram com o passar do
tempo, e atualizar se necessário.
Essas aqui são algumas fotos mostrando um pouco do trabalho que a gente faz, essas fotos são, na sua
grande maioria, lá em Mumuadadi, que foi o primeiro etnozoneamento que o estado fez... esse aqui
também é no Mumuadadi, que é um trabalho de validação e entrega dos produtos que a gente fez, dos
diagnósticos, que são os mapas, os relatórios... aí é tudo lá na comunidade... elaboração de planos de
gestão, e um pouco da situação de como que a gente está trabalhando, isso aqui dentro do estado.
A gente tem um trabalho de etno-mapeamento, que é uma metodologia bem parecida, que também é
realizado pela comissão Pró-Índio, e o governo do estado atuou com esse programa inicialmente de
etnozoneamento nas terras indígenas impactadas com o asfaltamento das duas BRs, a BR 364 e 317,
que são estas terras indígenas verdes. Foi aonde o estado fez o trabalho de etnozoneamento e está
concluindo agora os planos de gestão. A comissão Pró-Índio trabalhou as terras indígenas mais de
áreas de fronteira, que são essas “laranjinhas”, com o trabalho de etno-mapeamento, que é um
trabalho bem similar feito pela comissão Pró-Índio.
Aqui é só um pouco do quadro de como a gente está. Na verdade este processo está nessa fase de
conclusão do plano de gestão, algumas terras indígenas a gente já tem plano de gestão concluído, já
tem algumas coisas sendo implementadas pelas comunidades, algumas ações o Governo já está
tomando conta para executar a sua parte e em outras a gente está em fase de conclusão e elaboração
agora. Eu não vou ler cada uma, porque vai ficar muito extenso e temos outras apresentações para
fazer. Obrigada.
Diná – Bom dia a todas as pessoas, eu sou a Diná, da Secretaria de Produção Familiar, SEAPROF, e
trabalho com as comunidades indígenas. No trabalho específico nas terras indígenas, a gente tenta
fomentar a soberania alimentar desses povos.
23
O paradigma da extensão agro-florestal em comunidades indígenas, o objetivo maior é a produção
sustentável das comunidades, para que elas criem suas próprias políticas e estratégias de alimentação,
buscando a soberania alimentar.
Nós trabalhamos oito programas estruturantes, e estes programas foram construídos em cima das
discussões com as comunidades, tratando essa questão da alimentação.
A gente tem resgate e reintrodução de sementes tradicionais em roçados, que prevê a doação de
sementes a diferentes povos indígenas que manifestem o interesse em resgatar, firmando o
compromisso de disseminá-las em outras comunidades, tão logo colham quantidade suficiente.
Os bancos que estão sendo constituídos pelos povos indígenas estão nos próprios roçados, ou seja, são
bancos itinerantes.
As sementes plantadas são cuidadas pelos agentes agro-florestais, catalogadas e monitoradas pela
extensão indígena.
Outro programa é o de Sistemas Agro-florestais. Prevê o reaproveitamento de capoeiras, respeitando
a regeneração natural, com a introdução de espécies frutíferas, além das essências florestais:
madeireiras e não-madeireiras. Trabalhamos com roçados sustentáveis, com o reaproveitamento das
capoeiras, com a leguminosa mucuma, com a mucuma preta, para tentar diminuir o uso do fogo.
A avicultura, que é outro programa, que prevê a criação de galinha caipira, com a melhoria do plantel,
com a introdução de novas raças.
Piscicultura, prevê a potencialização do iniciativa existente em manejo de lago, construção e
fechamento de açudes, aonde não há rio, e os lagos estão impossibilitados de serem manejados. A
gente constrói os açudes, através do DERAC, tudo isso em parceria com as instituições do estado e
realiza o fechamento; damos toda a orientação, desde a barragem, o fechamento, alevinagem, tudo.
Outro programa é o manejo natural da fauna silvestre. A gente respeita a diversidade, considera o grau
de contato entre os povos na realização das ações, ouvindo as comunidades. Comunidades que estão
com escassez, por exemplo, de caça, aí a gente vai... tudo isso ligado ao que está sendo trabalhado nos
planos de gestão. Enfatiza a educação ambiental com acompanhamento técnico nas comunidades.
Outra coisa é a formação dos agentes agro-florestais, que prevê a formação continuada desses agentes
com intercâmbio em comunidades indígenas e não-indígenas. Aonde estão acontecendo ações que
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estão dando certo,a gente leva esses agentes para conhecer essas realidades, para que eles comecem a
levar para suas comunidades também, conforme seus interesses.
Organização Comunitária e Associativismo. Prevê orientar às comunidades indígenas no que consiste
“organização comunitária”, explicando os diversos significados, o verdadeiro sentido do
cooperativismo, que vai muito além da legalização da instituição. Ou seja: muitas vezes as
comunidades nos procuram porque querem formar alguma organização. A gente vai desde a discussão
“para quê?”, às vezes será que é necessário ter esta organização?... então a gente faz toda essa discussão,
desde a criação até como está funcionando esta organização dentro da comunidade mesmo,
discutindo, porque é uma coisa de fora.
O Manejo dos Recursos Naturais e Florestais. Orienta e incentiva as iniciativas existentes nas
comunidades, em manejo de produtos florestais não-madeireiros. E aí a cadeia produtiva da
piscicultura, a gente tentou colocar algumas imagens para que as pessoas tenham uma ideia... a terra
indígena 27, aonde foi construídos os açudes, essa terra indígena fica lá no município de Itararacá, está
na área de influência da pavimentação da BR 364, então a gente tem um trabalho no estado todo, e
um trabalho mais específico na questão da produção forte lá... aí já o fechamento do açude.
Manejo Comunitário de Fauna. A gente trabalha mais especificamente com o tracajá, levando para as
comunidades que têm essa escassez, ou que perderam totalmente. Tem comunidades aonde só os mais
velhos conheciam esses tracajás, e hoje tem esse projeto de manejo em criatórios. A gente tem uma
experiência aqui, do pessoal aqui, do mamuatati, que não tinha mais, só tinha lá no final da terra e a
gente está trazendo para mais próximo das aldeias... aí a organização comunitária, em uma reunião
que a gente fez lá na aldeia 27, aonde foi construída pelo estado uma casa de comercialização, então a
gente está trabalhando essa questão da organização com eles. Ainda uma coisa inicial, junto também
com o estudo do Moacir, questão formadora nessa área.
A formação dos agentes. Essa formação, na verdade, é feita pela Comissão Pró-Índio, que é uma ONG,
que tem vinte e poucos anos de trabalho e o Governo do estado está trabalhando junto, mas nessa
coisa dos intercâmbios, dos cursos; na questão da SEAPROF, nessa área da produção. Então tem esse
agente agro-florestal dentro da comunidade indígena, que é um ator que trabalha, ele faz a articulação
dentro da terra com o Governo do estado. Então, alguns devem conhecer o agente, que é muito
importante. Então tem esse processo de formação continuada.
25
Quintais e sistemas agro-florestais. É um trabalho também que as agências, as comunidades já vinham
fazendo há algum tempo, porque a extensão agro-florestal trabalha com essa temática, e a gente está
tentando reflorestar os quintais, tentando implementar mesmo os sistemas agro-florestais, que são
frutíferas essências florestais, que todos conhecem, então é um trabalho que a gente faz também.
E o resgate das sementes tradicionais. Esse trabalho a gente começou em 2005, e aí tem a participação
do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Com um recurso pequeno nós começamos a fazer esses
bancos de sementes itinerantes. Tem uma coisa que difere esses bancos de sementes dos outros, que a
gente conhecer por aí, vocês devem conhecer também: é um banco que a gente constrói nos próprios
roçados das comunidades. O agente agro-florestal, que é esse ator que tem dentro da comunidade, ele
traz as informações para os nossos técnicos, nos escritórios dos Municípios, a gente monta o banco e
só faz a catalogação e faz o monitoramento disso, mas quem cuida é a própria comunidade, com as
suas sementes de interesse das famílias.
Avicultura. É uma coisa nova para algumas comunidades indígenas, também está dando muito certo
em algumas comunidades. A gente tenta trabalhar melhorando o plantel, melhorando as galinhas que
eles já têm em seus terreiros, levando outras espécies para ter esse melhoramento do plantel. Sistemas
agro-florestais. Só a foto aí para vocês verem como é que a gente trabalha.
E aí eu tratei um pouco dos investimentos que a gente teve em 2007 até agora, em 2009, de fomento
(ininteligível), de setecentos e pouco, e a gente tem um recurso pendente do MDA que vem no
próximo ano, que é aquele valor... e mais aquela coisa que a gente está realizando, fazendo nossos
ajustes com a assessoria indígena, com a SEMA, que é o recurso que vem p implementar todas essas
ações da produção. Nesse valor aí de 5 milhões para as comunidades.
E o futuro da extensão indígena, que a gente colocou aqui, que é essa coisa das práticas mesmo agro-
ecológicas, acreditando que isso vai a médio prazo mesmo, que é fortalecer as comunidades, que é
empoderar as comunidades, para tentar ter uma alimentação saudável, para que as elas busquem a sua
soberania mesmo, criem sua estratégia de produção nas comunidades, conforme o gosto de cada um,
tratando essa questão cultural, e é isso.
Eucilene – Bom dia, eu sou Eucilene, trabalho na Secretaria Da Educação, especificamente na
coordenação de educação escolar indígena. A nossa Secretaria atende a várias modalidades de ensino,
dentro delas nós estamos na coordenação de educação escolar indígena, com uma equipe técnica de
26
mais ou menos 12 pessoas aqui em Rio Branco, tendo também representantes de educação escolar
indígena nos municípios aonde tem povos indígenas.
Aqui são os princípios políticos e pedagógicos da Secretaria de Educação, especificamente da
coordenação de educação escolar indígena:
Nós trabalhamos com o envolvimento da comunidade educativa, respeito à diversidade étnica,
educação intercultural, ensino bilíngüe e formação continuada. Estes são os princípios que norteiam
os nossos trabalhos dentro da Coordenação.
As ações integradoras da educação escolar indígena: aqui nós temos o acompanhamento pedagógico;
formação continuada; apoio logístico de material; pesquisa e elaboração de material didático; e gestão
de escolas.
Bem, dentro da nossa Coordenação, nós trabalhamos com várias ações, mas sempre nos colocamos
assim: nós somos uma coordenação com uma gestão de uma pequena secretaria, porque nós
trabalhamos com tudo, desde o acompanhamento da merenda, construção de escola, formação do
professor, acompanhamento pedagógico, construção dos projetos político-pedagógicos... então, nós
trabalhamos.. tanto é que na nossa Coordenação nós temos uma parte que trabalha mais
especificamente o administrativo e outra equipe que trabalha o pedagógico, que são para a gente
poder dar as condições de acordo com o que as comunidades estão nos orientando.
Estes projetos político-pedagógicos que nós trabalhamos, que nós construímos, todos são específicos e
orientados de acordo com a orientação das comunidades. Nós tentamos trabalhar sempre com projetos
participativos, na coletividade, e vamos até as comunidades indígenas, até as terras indígenas, para
fazer esses projetos junto com eles, as orientações são dadas por eles. E aqui a gente sistematiza,
retorna novamente até a comunidade e apresenta, para avaliação da comunidade.
Aqui no Acre, agora até o final do ano, nós vamos estar mandando os projetos políticos das escolas
Kaxinawá, que é o maior povo que tem aqui no estado do Acre. Então a gente já está concluindo os
projetos, estamos nesse processo de avaliação e aí tem outros também que nós estaremos entregando
até o final do ano ao Conselho Estadual de Educação.
Com relação à construção de escolas: aqui estão as escolas já construídas e reformadas, mas quando
nós pegamos o estado, quando nós começamos a trabalhar o estado, em 1999, quando o estado começa
efetivamente a trabalhar com políticas para a educação escolar indígena... porque até então o que
27
tinha era, assim, um trabalho, um trabalho pioneiro da Comissão Pró-Índio, do estado do Acre, do
SINE, mas o estado mesmo, como política, ele ainda não trabalhava com toda a questão da educação
escolar indígena. Então, só a partir de 1999 é que a gente inicia mesmo esse trabalho.
Algumas escolas, estas escolas de 1 sala, elas atendem o ensino fundamental; as escolas maiores já
atendem o ensino fundamental e o 1º e 2º segmentos, ou seja, de 1a até a 5a série.
Aqui está a distribuição – eu vi que quase todo mundo está apresentando, não é? - a distribuição
geográfica das escolas nas terras indígenas. Em todas as aldeias, gente, tem escola, em todas! Pode ser
que algumas escolas ainda não tenham sido construídas, mas existe um espaço aonde funciona a
escola. Todos os professores estão em processo de formação também.
Aqui é a distribuição geográfica das escolas; nós temos 12 municípios que têm população indígena.
Nesses 12 municípios, aqui está a porcentagem, a apresentação de como é que está a distribuição
nesses municípios. E aí a gente percebe que Parauacá, que é o vermelhinho aí, é um dos municípios
que tem o maio número de população indígena; o Jordão, e Santa Rosa também. Então nós estamos
distribuídos nesses 12 municípios, a nossa atuação.
Aqui é a rede escolar: no estado nós temos uma rede escolar aonde a maior parte das escolas está no
estado, e uma rede menor, que é a rede dos municípios. São 3 municípios do estado que têm escolas
municipais: Jordão, Santa Rosa e Marechal Taumaturgo. Nos demais municípios toda a rede escolar
pertence ao estado, porque é uma conversa que nós temos com as comunidades, e aí é o
acompanhamento mesmo, é uma orientação das comunidades para a gente.
Aqui são algumas ações com relação às construções de escolas: essa construção de seis escolas nós já
executamos, com recursos do BNDES, nós já entregamos essas escolas... essas 22 escolas que nós
estamos aguardando recurso... desde 2007, tudo bem, mas estamos aguardando... e vai sair, ta? FNDE.
Nós temos também 11 escolas, no valor de 220 mil que, como eu falei para vocês, em todas as aldeias
tem escolas, funcionamento, mas algumas ainda não foram construídas... aí é uma série de fatores. Nós
fomos até as comunidades, porque uma das modalidades que a gente está utilizando é construir escolas
em parceria com as comunidades, então a gente viabiliza os materiais, as orientações que a
comunidade nos dá, a planta que a comunidade nos dá, e a construção se dá em parceria com as
comunidades. Então, nessas aqui, o processo de licitação que acontece é apenas dos materiais,
nenhuma empresa entra dentro da terra indígena, ela se dá com a construção com os próprios
indígenas.
28
Alunos indígenas: aqui são algumas fotos das escolas, aí vocês podem ver os alunos e as escolas como
eram. Essas escolas são bastante boas também, gente, porque na época do verão, não é, então... mas
algumas comunidades solicitam as construções das escolas, de acordo com as orientações deles, e a
gente faz.
Aqui já são alunos do ensino médio: é uma escola que a gente iniciou, que inclusive está aqui o Joel
Poyanawa, nós iniciamos tem 4 anos, o ensino médio, em uma terra indígena, aonde a terra indígena
nos deu a orientação para que pudéssemos estar trabalhando com o ensino médio também em outras
terras.
Hoje, aqui no estado do Acre, nós temos a terra indígena Poyanawa; a Terra Capinas Katukina, com
ensino médio; iniciaremos na Katukina Kaxinawá, no município de Feijó; e também em Parauacá, no
Kaos, em 2010, o ensino médio.
Aqui a porcentagem dos alunos, a demonstração aí do nível de matrículas na educação infantil,
primeiro segmento do ensino fundamental, que é de 1á a 4ª série, segundo segmento, de 5ª a 8ª, e o
ensino médio e o supletivo. Então, hoje são essas modalidades de ensino que são trabalhadas dentro
das escolas indígenas.
Como eu falei para vocês, é um gráfico mostrando a evolução de matrículas, só a partir de 1999
mesmo é que a gente começa a ter esses dados, é que o estado começa a ter esses levantamentos,
porque até então as escolas indígenas eram colocadas como escolas rurais. Não havia essa
especificidade, a gente não sabia realmente quantos alunos indígenas haviam na rede, e aí a gente vê
esse quadro, até 2008. Essas informações são do censo escolar de 2008 ainda, o de 2009 ainda está
sendo concluído. Então a gente vê um aumento de 925 alunos para 6.705 alunos, sabendo que em
2009 esse número já aumentou.
Aqui é mostrando um pouco a quantidade de alunos que nós atendemos e os valores, uma coisa assim
só para a gente ter uma ideia do investimento que hoje é feito para a educação escolar indígena aqui
no estado do Acre.
Formação dos professores: ela acontece desde 2000. Anualmente nós estamos fazendo essa formação,
atendemos, como eu falei para vocês, todos os povos indígenas que vivem aqui no Acre, hoje são
quinze. Todos eles estão em formação, alguns já concluíram o ensino médio, inclusive já ingressaram
na universidade, outros ainda estão em processo de formação. Então, nós trabalhamos tanto com
formação inicial quanto com formação continuada. 29
Aqui os professores em sala de aula, e a gente trabalhando com eles... um momento também ali
específico da cultura... aqui, gente, é um nível de formação dos professores, como vocês podem ver é o
magistério indígena, é o primeiro segmento, o ensino fundamental incompleto. O segundo segmento,
também incompleto, que é o ensino médio, que a gente tem ainda algumas pessoas que estão no
magistério indígena e que ainda estão no ensino fundamental, mas que está incompleto... aí a gente
vem trabalhando com esses professores. O ensino médio incompleto também... esse “vermelhinho” aí
que é o magistério indígena completo, e aí vocês podem ver que tem uma porcentagem pequena... o
ensino fundamental regular: nós pegamos também muitos professores que estudaram na rede regular
do estado e aí vieram para essa formação em magistério indígena... o ensino regular também médio; o
ensino incompleto superior indígena; e o ensino superior indígena rural, porque aqui tem duas
modalidades do ensino superior: alguns professores acessaram o específico indígena e outros
acessaram para professores da zona rural.
E nós temos 2 professores, que são o Maná e o Jaime Manchineri, que concluíram o ensino superior na
UNEMAT.
Os professores aqui em formação por etnia: Jaminawa, Manchineri, Katukina, Kaxinawá, Shawãdawa,
Iaxamin, Canadirapu? (foi o que eu entendi), Ianawa, Nuquini, Nawa, Jaminawa-Arara, Apolima-
Arara, Iawãnará, Xamenawa, e agora mais recentemente estão vindo também os Kotanawa para estar
aqui neste grupo junto com a gente.
Aqui há o suporte pedagógico às comunidades educativas: nós, os técnicos, estamos no processo
também de formação, para estar trabalhando com os povos indígenas, os nossos acompanhamentos
aqui na terra indígena. Como eu falei: tem o curso, depois a gente vai até a comunidade para fazer a
assessoria, o resultado deste acompanhamento, tanto do processo de acompanhar o professor e a sua
sala de aula, a produção do material didático e a construção do projeto político-pedagógico. Então, são
várias ações que a gente faz quando estamos indo fazer o acompanhamento pedagógico.
E é isso gente, que, na língua Kaxinawá, é pano...e que me desculpem os Kaxinawas se eu não
pronunciei direito e o povo Aruaque-Arauá, é porque nós não tivemos como entrar em contato para
saber como é a fina língua, mas é isso, nós estamos à disposição para qualquer dúvida, e convidamos
vocês a visitar a nossa Secretaria de Coordenação de Educação Escolar Indígena. Obrigada.
30
Francisco Pinhanta – Bom, foi muito bom... a Marta, a Diná e a Eucilene, as mulheres, e dizer que
também todo mundo ficou muito atento ao que estava sendo colocado. Eu vou fazer um resumo bem
breve, falar algumas coisas que marcaram muito.
Com relação às terras indígenas, às 35 terras indígenas hoje aqui no Acre, até 99 elas não eram
contabilizadas dentro do mapa do Acre, e política praticamente nenhuma. Então, a partir da primeira
fase do zoneamento, identificou-se as terras indígenas. A partir daí foi se aprofundando até chegarmos
a um plano de gestão das terras indígenas. Nós ainda não temos todas as terras indígenas como
gostaríamos de ter, com um plano de gestão pronto a orientar a todos aqueles que querem trabalhar
nessas comunidades. Mas a gente já conseguiu avançar muito quando a comissão Pró-Índio fez 8
planos, e o estado do Acre trabalhou com mais 8, nós estamos com 16, e temos previstos aí, até 2010,
ver se a gente consegue cobrir todas as outras que estão descobertas. Essa é uma marca interessante, e
a partir daí a gente consegue dialogar com outros atores também que estão trabalhando, pensando o
desenvolvimento dessas terras indígenas.
É muito difícil, é um processo demorado, porque é um processo educativo também, não é fácil, porque
a cultura muitas vezes, a maneira que é pensada através das maneiras políticas. Você está mudando
também toda uma lógica de trabalho em relação a essas comunidades. Então, para a gente foi bastante
interessante porque a gente pode introduzir, e aprendendo também dentro desse diálogo com as
comunidades, como lidar com cada uma realidade. Por mais que esteja garantido o direito, mas as
realidades diferentes precisam ser levadas em conta, porque se não a gente ou atropela um processo se
não se reconhece o que existe lá dentro e vai chegando e fazendo do jeito que a gente vê daqui de fora.
Então, essa sensibilidade é muito importante por parte dos técnicos nesse momento. Então, esse é um
ponto que eu queria destacar, uma marca que a gente quer deixar, porque as comunidades indígenas
não podem ficar correndo o risco de depender do mandato de um governo ou de outro, mas que elas
estejam preparadas para ter uma vida contínua, num processo aonde ela vai cada vez mais dando
ritmo para o seu projeto, para sua sustentabilidade e a sua auto-afirmação. A gente está buscando
muito trabalhar nesse sentido.
Com relação ainda a esses planos de gestão, nós estamos entrando em uma fase que é muito
interessante, que o governador Binho sempre tem falado, empoderar essas comunidades para que elas
possam estar fortalecidas para poderem enfrentar qualquer dificuldade, qualquer situação, a partir da
sua própria capacidade de gestão. Não sei se vocês viram que tem ali 5 milhões, um pouco mais de 5
milhões de um programa para investir na área da produção, e nós estamos querendo dar um passo
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além, que é colocar esse recurso através de convênio para essas comunidades, a partir dessas
comunidades que já têm os seus planos de gestão. É difícil e é muita coragem até do Governo em
acreditar no projeto, porque você transferir recurso para uma comunidade, para quem não está
preparado, muitas vezes é difícil ela fazer uma boa execução, por conta do processo burocrático e uma
série de coisas. Mas a idéia é fazer essa transferência com um acompanhamento, e tem um outro
programa que nós temos que é esta questão de a partir de um órgão do estado, que faz todo o processo
de capacitação e orientação dessas comunidades, sobre gestão. Então, há um programa de formação,
está sendo também bastante interessante no sentido do fortalecimento institucional da capacidade de
gestão dos seus projetos.
A outra coisa, relacionada ao que foi apresentado aqui pela SEAPROF, que é um órgão do estado: nós
temos procurado fazer com que as comunidades passem a ter uma segurança da sua base alimentar. O
excedente dessa ... uma hora, a partir dessa parte resolvida, vai entrar para uma outra escala de
produção. Então quando a gente olha, ainda tem comunidade, que por conta dessa mudança, da
pressão que houve, elas se mudaram de um local para o outro, elas deixam sementes para trás, não
conseguem levar tudo, e fica, muitas vezes, uma comunidades sem ter o seu banco de sementes para
poder trazer de volta, tem muitas dificuldades, perdem muitas coisas nessas mudanças, então tem um
programa no sentido de fazer esse intercâmbio de buscar trazer de volta, e tem avançado muito nesse
sentido. Esse é o primeiro passo. Tem outras ações... foi apresentado ali a questão da avicultura, da
piscicultura, nós temos comunidades muito próximas de cidade, também, nós vínhamos apresentar o
plano de mitigação, que é um outro programa que a gente tem que já investiu muito na área da
produção. Então, tem comunidades que não tem lago, que não tem rio, é pequena demais e a
população cresceu, e a gente investe em questões como essa. Não dá para investir, muitas vezes pode
até chegar o momento de investir, numa área que tem 200 mil hectares, ou 50 mil hectares, áreas
grandes, com o mesmo programa que você investe numa área que é pequena, que elas não têm rio,
não têm lago. Então, a gente tenta, a partir desse mapeamento, trabalhar com cada realidade. Então,
esse processo tem nos orientado bastante, garante estrutura política e a gente faz o diálogo com cada
uma, de acordo com a necessidade de cada uma. Então, a gente tem também procurado... não sei se
vocês viram, em alguns casos, no caso da terra indígena Colônia 27, uma área de 100 hectares, aqui no
Acre, próxima da cidade, ela é praticamente uma fazenda, aonde eles viviam rodeados de fazendas, e a
terra deles toda degradada também. Então, foi feito um trabalho forte no sentido de recuperar a área,
de fazer açudes, criação de galinhas, trazer uma agricultura, para que eles pudessem resolver essa
situação. Para você ter uma idéia, nem água para beber, no verão, as pessoas tinham. A gente fez uma
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intervenção, e as famílias estavam praticamente indo lá na comunidade para assegurar a terra, mas
não que lá fosse um lugar que desse para morar de verdade, algumas famílias ficavam permanentes,
mas a maioria ficava mais na cidade, e era próxima. E hoje a realidade é outra: todos moram na aldeia,
e vêm passear, e o abastecimento que era levado da cidade para a aldeia, agora eles têm produção na
aldeia, botando na cidade, todos morando na sua aldeia e passeando na cidade. São quadros que com
eles a gente vai aprendendo e sabe que é possível fazer muita coisa.
Tem alguns cantos que a gente não consegue, ao mesmo tempo, chegar com a política que a gente
gostaria chegar. Então, processos são processos, é demorado. No caso da educação, não sei se vocês
viram, em 1999 tinha registro de menos de mil alunos, hoje nós estamos falando de 6 mil. Escolas, era
praticamente zero, hoje temos professores em todas as aldeias. Agora, estruturas físicas de escola,
algumas foram feitas, já, pelo estado, já caíram, é preciso recuperar, outras ainda não foram feitas, mas
é um processo que se a gente medir houve um avanço, e o mais importante é a gente consegue
trabalhar hoje com uma política, não é uma coisa solta só para atender.. está estruturado um
programa, que é preciso melhorar, então, temos que buscar parcerias e dialogar bastante para a gente
conseguir dar um retorno. O mais importante é que tudo que a gente está fazendo aqui no Acre é
descentralizado, e trabalhado com cada comunidade. A gente não costuma decidir sem um projeto de
desenvolvimento em qualquer comunidade se ela não participa. A presença da comunidade é o que
sustenta, legitima o processo, todas as intervenções do estado naquela comunidade. Não é fácil, é
difícil, mas se a gente for olhar os avanços que tivemos, uma coisa que marcou muito foi a gente ter,
além de definido alguns eixos na política de Governo como a estratégia para o fortalecimento das
comunidades indígenas, a gente pode também educar, amansar o próprio estado para essa relação com
as comunidades indígenas, porque o estado mesmo é uma coisa muito pesada e muito difícil, e muitas
vezes, se não tiver uma determinação para fazer essa mudança e trabalhar aos poucos ela, não se
consegue mudar, porque o estado tem um ritmo que às vezes atropela processos, não consegue ter a
sensibilidade, não consegue dar o tratamento que tem que ser dado e prestar atenção em detalhes que
são interessantes, do ponto de vista de reconhecer estas diferenças.
Então, essa apresentação, ela poderia ser uma apresentação mais ampla, mas a gente tentou mostrar
três áreas do Governo que têm conseguido mostrar um pouco o esforço que a gente tem feito no
sentido de atender bem essas comunidades.
Nós fizemos uma outra coisa aqui que eu queria.. primeiro dizer qual o papel da assessoria indígena no
Governo, para vocês, talvez alguns já tenham experiência com isso, tem um órgão deste no estado, e
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outros ainda não. No caso do Governo do Acre, em 2003, foi criada uma secretaria extraordinária dos
povos indígenas e nós tivemos aí um avanço interessante, porque ela tinha o papel de juntar as áreas
de Governo, e a partir das demandas indígenas estruturar políticas para poder dar respostas para as
comunidades indígenas, acompanhar melhor as demandas indígenas, fazer esse debate também nas
comunidades indígenas, para que a gente passasse também a se conhecer, para que estado e
comunidades passassem a conversar. Mas houve uma mudança também agora no governo Binho, que
é o governo atual, de desfazer a secretaria e criar uma assessoria direta do gabinete do governador.
Porque isso: Para alguns verem que retroceder às vezes é um avanço, de ter criado uma secretaria, do
ponto de vista do Governo, não, porque já vinha se acumulando muito das demandas indígenas na
secretaria, então quando dava errado, era a secretaria indígena que não tinha resolvido, parecia que
tinha outro Governo dentro do Governo do estado, e isso dificultava, muitas vezes, a você estruturar a
política. E tinha o mesmo nível ser secretário, então todos cuidavam da sua parte, mas na hora do
diálogo, precisava tratar com o governador sobre as nossas dificuldades de entendimento, muitas vezes
e não tinha uma força de encaminhar os processos. E aí a secretaria extraordinária passava muitas
vezes, como ela não trabalhava com orçamento, ela ficava meio que presa, e as outras secretarias
esperavam que a secretaria indígena resolvesse o problema. Agora foi criada uma assessoria, e essa
assessoria passa a ter um papel onde faz a mesma função de articular, de trabalhar as demandas,
discutir internamente e externamente com as comunidades indígenas e também com outros parceiros,
mas ela tem um papel assim, aonde as determinações, as decisões, elas permitem que as secretarias
executem as ações a partir das orientações e não esperem que a assessoria indígena vá fazer. Ela tem
um papel realmente de articular os processos, de cobrar, de acompanhar as políticas. Então, cada uma
é avaliada e agente está trazendo para que elas prestem conta dos resultados dos seus serviços e não
esperem mais pela assessoria indígena, pelo assessor indígena. Mudou um pouco a figura, e esse é um
ponto que eu acho que é preciso levantar em conta, que essa mudança ela não retrocedeu, ela
conseguiu, eu acho, fazer com que o estado assumisse de uma vez por todas a política indigenista,
independente de ser a Secretaria de Educação, ou produção, um estado tem que assumir a política
indigenista e não um setor do Governo fazer a política indigenista do Acre. Essa é uma coisa bem
interessante que a gente está trabalhando.
Eu queria também falar de uma outra coisa aqui, que nós assinamos um termo de cooperação com a
Funai, que ajudou bastante a estreitar essa relação para legitimar também alguns processos que a
Funai, por conta da ausência em alguns momentos, não tinha instrumento, que é uma questão de
competência também para algumas atividades que a gente tinha que fazer. E eu queria dizer que nós
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estamos procurando fazer o máximo que a gente pode, não pensando só nesse momento, mas
pensando em uma estruturação que seja vista como política que compreenda médio e longo prazos.
Em abril nós lançamos um programa, no dia 20 de abril, um programa de valorização dos povos
indígenas aqui do Acre. Nós reunimos todas as áreas de Governo, com recurso assegurado para
investir nas comunidades indígenas em torno de 22 milhões de reais, quase 23 milhões de recursos
assegurados para as comunidades indígenas, em todos os programas indígenas. Então, para nós, o
desafio não é só fazer chegar na comunidade indígena, só executar esse projeto. É fazer ele chegar e
dar um efeito positivo na comunidade para que a gente possa, e que a gente tenha também, ao mesmo
tempo, habilidades para executar esses recursos. Por isso que grande parte daí, nós estamos tentando
fazer convênios com as comunidades para que elas, as associações, as organizações indígenas, possam
gerenciar esses recursos e administrar. São processos que nós estamos procurando fazer de uma forma
que as comunidades indígenas participem na hora de pensar a política, e na hora de executar elas
também tenham essa condição de ajudar fazer com que as coisas cheguem nas suas comunidades. Não
chegando a coisa pronta, você chega com o óleo diesel, com o teçado, com a casa, mas fazer com que
elas possam estar ajudando a fazer a gestão de tudo isso que está previsto, que está planejado para essas
comunidades.
Então, é um pouco isso da nossa apresentação, eu queria agradecer pelo espaço, espero que a gente
possa ter contribuído bastante e as apresentações, quem tiver interessado, pode pegar para levar para o
seu setor... então, muito obrigado pelo espaço que vocês deram para a gente.
Márcio Meira – Presidente - Bom, só informando que já estão gravadas essas apresentações para vocês
poderem levar.
Nós vamos abrir agora um espaço para perguntas do plenário da CNPI, para o Francisco, a equipe
técnica aqui do Acre. Acho muito interessante este momento justamente do debate para
aprofundarmos esta discussão da política aqui do Acre. Ainda mais em uma reunião que, amanhã,
depois de amanhã também, nós vamos ter momentos de outras experiências de desenvolvimentos de
políticas, que estão sendo apresentadas. Então, eu acho interessante... está aberta a inscrição. O
Marquinhos Xucuru, o André, o companheiro Kohalue, Quenes, então na seqüência aí, Marcos
Xucuru.
Marcos Xucuru – Bom dia a todos e todas, sou o Marcos Xucuru, da região Nordeste e Leste. Para a
gente é muito importante ver uma apresentação como essa, de um diagnóstico apresentado pelas
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pessoas que compõem essa articulação, essa assessoria especial. Com certeza nós vamos levar isso como
experiência para outras regiões, para outros estados, mas eu gostaria de fazer algumas perguntas
relacionadas à educação, especificamente, e também no que tange à questão da agricultura familiar, os
projetos que estão sendo desenvolvidos dentro dos territórios da auto-sustentabilidade. Como é que se
dá o acompanhamento desses projetos que estão sendo desenvolvidos e se há uma assistência técnica
para acompanhar esses projetos, porque nós temos algumas experiências em alguns estados, em
Pernambuco principalmente, aonde a gente muitas vezes acessa esses projetos, começa a desenvolvê-
los dentro das comunidades, mas como não há acompanhamento técnico, termina que o projeto, ele
não tem sustentabilidade, quando acaba o recurso, acaba o projeto. E aí, como é que vocês estão
trabalhando isso? Essa é uma das minhas perguntas.
Em relação à educação, sabe a questão da contratação dos professores, como vocês falaram que todos
os professores são indígenas, não, é que hoje todas as escolas tem professores, eu não sei se todos os
professores são indígenas, a pergunta é se todos são indígenas e como é que está a contratação destes
profissionais, porque em alguns estados, acho que na grande maioria dos estados do nosso país, temos
um grande problema, que é a contratação dos professores indígenas, porque não é muitas vezes
reconhecida a categoria, tem uma grande luta ainda; são contratos provisórios, a cada 2 anos, quando
acaba este contrato, é uma confusão para contratar novamente... eu queria saber como é que o
Governo do Acre tem tratado essa questão da contratação dos professores indígenas.
Márcio Meira – Presidente - Eu queria propor o seguinte: que se fizesse uma rodada, e que se pudesse
responder depois, ok? O próximo inscrito é o André, do MDA.
André Araújo – MDA – Boa tarde, quer dizer, bom dia ainda, meu nome é André Araújo do MDA. Já
que nós fomos citados na apresentação, eu me animei de trazer dois informes, até para dialogar aqui
com a apresentação do Acre, porque vamos precisar da ajuda, da experiência do Acre, para discutir
estes dois temas. A primeira questão que eu trago, que eu não sei se foi já discutida aqui, na CNPI, é
sobre a lei 11.947 de 2009, que trata da alimentação escolar, que institui que 30% da merenda escolar
ela deve ser obrigatoriamente comprada pela agricultura familiar, e aí quando a gente entende
“agricultura familiar”, nós estamos falando da agricultura indígena também, certo? Então, Presidente,
esse é mais um tema em que a Funai e o MDA vão precisar juntos estar coordenando esse processo de
diálogo com as comunidades, e com as experiências, para saber como implementar isso aí. E, gente, é
um tema muito importante mesmo, pode mudar muitas coisas nas comunidades, ao mesmo tempo que
garante a compra dos produtos que vocês estão ali todo dia produzindo, as crianças vão poder,
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finalmente, comer a comida tradicional na escola, e não aquela coisa industrializada que chega, que já
estão em trânsito junto do PRONAF. Obrigado.
Márcio Meira – Presidente - Obrigado, André. O próximo inscrito é o Kohalue Karajá.
Kohalue – Bom dia. Kohalue, Karajá, Amazonas. Eu queria fazer uma pergunta para o Francisco em
relação é... Bom, primeiro quero agradecer ( áudio com defeito) e com certeza também (ininteligível)
será que tem como levar alguns técnicos para mostrar para nós a experiência de trabalho e ou trazer o
nosso grupo para cá para conhecer o trabalho de vocês.
Márcio Meira – Presidente - Obrigado, Kohalue. Quenes a próxima inscrita da Secretária- Geral da
Presidência.
Quenes – SG/PR - Bom dia a todos, e todas aqui. Eu quero dizer que para mim é uma felicidade
retomar a CNPI, e agora, Presidente, como titular inclusive. Não que eu tivesse menos
responsabilidade por ser suplente antes, mas é claro que na condição de titular, não tem essa história
de ter que esperar alguém, tem que ser eu mesma. Então, primeiro era isso, dizer a todos os nossos
colegas da bancada indígena que para mim é uma felicidade isso.
Depois também, sabe, Márcio, te parabenizar pela iniciativa de trazer a CNPI para se reunir fora de
Brasília, nos estados. Eu acho que, para nós que somos do Governo, a gente tem muito mais a ganhar
com isso. Estando lá em Brasília, não é que a gente não valorize passar os 3, 4 dias na CNPI, mas é que
lá as demandas do dia a dia, principalmente a gente que é da secretaria e acaba tendo que ir apaga os
incêndios aqui e ali, não tem como a gente deixar de fazer uma atividade que o Ministro pede, e quer
na hora, para ir para a CNPI. E foi o que aconteceu na última, o MST estava lá, e a gente tinha que
negociar, então apesar de eu ter confirmado, não pude ir. Essa é uma coisa que eu acho que é boa,
porque quem vem, da parte do Governo, realmente vai se dedicar aos 3 dias, não corre esse risco de
um telefonema, etc. está aqui!
Outra coisa, que também é muito rica: é a troca de experiência, acho que a gente acabou de ver aqui
uma apresentação que eu considerei belíssima entre todas, que eu não conheço muito, mas do que eu
já pude ver de estados que trabalham com a questão indígena, e queria parabenizar o pessoal do
Governo, que está aqui nas próprias pessoas, mais as três companheiras, pela apresentação, e eu acho
que a gente está aprendendo com isso.
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Bom, em cima disso que eu queria fazer alguns comentários, Presidente. Bom, eu acho que o
Francisco ele falou um pouco do desenho do estado para trabalhar na perspectiva de fortalecer a
política indígena, falou do que foi criado anteriormente, que era uma secretaria, e depois uma
assessoria, e eu queria pegar exatamente isso, porque lá na Secretaria Geral da Presidência, nós
acompanhamos a discussão do processo de participação social e interlocução dos desenvolvimentos
sociais, com o Governo, mas ultimamente nós temos sido convidados a discutir sobre o desenho do
estado, aquilo o Presidente lula estruturou enquanto programa de Governo. Eu acompanho muito,
quando posso, a Secretaria de Política para as Mulheres e de Igualdade Racial, no caso tanto das
mulheres quanto da igualdade racial, acho que todos vocês conhecem a história, nós estávamos lá na
base cobrando para termos essas secretarias. Elas hoje, não só no conjunto do estado, mas do que elas
projetam enquanto política pública para esse segmento, elas também vivem um pouco essa... eu não
digo que é contradição, mas esse dilema de ser assessoria especial, quer dizer, secretarias ligadas à
Presidência da República, com status de Ministério, mas que têm o papel de interlocução interna no
Governo, para que os Ministérios, com ações finalísticas, que aportem recursos e elas, então, os
orientem para implementação dessa política. Isso traz uma reflexão de que, assim... a gente ouve
desses segmentos: “ah, era melhor a gente ter um Ministério, nós mesmos termos o nosso dinheiro e
fazer a nossa política”. Agora, se a política é transversal, resolver ter, pegando o caso aqui como você
contou: a secretaria , provavelmente ela tinha algum recurso, e ela tinha que elaborar a sua política e
tocar do começo ao fim, independente da Secretaria do Trabalho ou outra. Mas se ela por alguma
dificuldade, com esses poucos recursos, ou muitos que tivesse, não executasse, então ficava como
atribuição dela. Nós vivemos isso, principalmente, Márcio, quando houve mudança no Ministério do
Trabalho, que a Secretaria de Economia Solidária, o movimento social, propôs que ela mudasse do
Ministério do Trabalho, e que inclusive ficasse na Secretaria Geral. Nós ficamos muito preocupados
com isso, porque acho que tem algumas especificidades que precisam ficar dentro daquela estrutura
ministerial, outras não, ás vezes vinculada ao gabinete do Ministro, no caso ao gabinete do Prefeito,
ela tem muito mais condição de articular a política e fazer com que ela dê certo. Então, evidente que,
eu estou fazendo um pouco esse desenho, não sei se vocês estão compreendendo, mas acho que a
gente já viveu isso, em alguns momentos, com relação a Funai, e que vem, cada dia que se passa, a
partir do desenho foi formado, gerar o fortalecimento do órgão e não a criação de um novo ou
vinculação aqui ou acolá. Diferente da estratégia que você disse. Então, eu queria... é a primeira vez
também que eu estou ouvindo essa história de um governo ter optado por uma secretaria e depois uma
assessoria mais, digamos assim, em um lugar estratégico do Governo, que valoriza a política em
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relação a outros órgãos. Acho que isso é bem interessante, serve também de experiência para outros
governos, porque a gente sabe que isso está acontecendo em outros segmentos, acho que é melhor a
gente se apropriar um pouco desse desenho e até ficar como … elaborar um pouco sobre ele, sabe,
Márcio, porque nós acho que estamos aprendendo. São 7 anos de Governo, acho que no início, com
essas outras temáticas que eu falei, de mulher e de negros, a orientação do Governo era para que se
replicassem estruturas deste tipo nas prefeituras e nos estados. Acho que hoje a gente vem com uma
reflexão que, dependendo da estrutura do estado, isso não resolve, então a sistematização dessa
experiência de vocês, do anterior, da secretaria e hoje da assessoria, não entendi muito bem os nomes,
é muito válida para pensar um desenho de estado que trabalhe a política indígena, conforme as bases
que a gente tem da convenção 169, da OIT e tantas outras com esse caráter participativo. A gente quer
valorizar a experiência de vocês e também a iniciativa do Presidente de trazer essa comissão para cá.
Que a gente possa ir para outros estados, certo, Presidente? Para aprender um pouco mais. Obrigada.
Márcio Meira – Presidente - Obrigado, Quenes. O próximo inscrito é o Anastácio.
Anastácio – foi muito boa a apresentação, quero te parabenizar, mas eu tenho uma dúvida aqui, o país
é feito para atender (ininteligível e inaudível) outras coisas também (inaudível) que construção
(inaudível) a gente deve fazer para assegurar tu isso (inaudível) eu trabalhei na prefeitura em Goiânia
durante 8 anos, enquanto nós estávamos lá estava (inaudível), mas nós saímos, acabou tudo (inaudível)
então assim quando eu vejo o governador, o prefeito, (inaudível) pelo menos tenta fazer alguma coisa
boa, para mostrar o que está fazendo. E quando termina o mandando a gente (inaudível) aquelas
pessoas solidárias (inaudível) o que (restante do áudio ou inaudível ou inteligível)
Francisca – Bom dia a todos e a todas. Francisca Navantino, de Mato Grosso. Bom, algumas das
questões que foram apresentadas há pouco, lá no Seminário de Gestão Territorial que você colocou a
experiência de vocês aqui do Acre. Eu fiquei com alguma dúvida em relação à questão da educação
escolar no sentido de que eu não compreendi se vocês, pela fala da professora, se vocês não tinham
ainda ou já fizeram... porque todas as escolas indígenas hoje, a política está pautada no PAC, que é
uma relação com o PAR. Aí eu vi que vocês fizeram com o FNDE, para construção das escolas
indígenas. Eu pergunto se vocês têm os dois, o FNDE e o PAR para construção das escolas. Nisso que
eu fiquei na dúvida.
Outra coisa também que eu gostaria de saber, em relação , qual o espaço de diálogo na educação
escolar indígena. Quase todos os estados estão tendo um movimento muito grande, a gente tem
percebido isso nas conferências regionais, algumas eu pude acompanhar, outras eu não tive condições. 39
Mas sobre o espaço de diálogo entre a educação e a Secretaria de Estado ou secretarias municipais mas
geralmente é a secretaria de Estado de Educação, por nossa legislação é ela que é responsável, mesmo
que as escolas não estejam no seu sistema. Mas deve a acompanhar e ter um convênio com seus
municípios. Eu gostaria de saber se está havendo uma solicitação em relação a criação dos conselhos
indígenas, conselhos onde estão as instituições governamentais, não-governamentais e os povos
indígenas e os seus representantes. Então, nesse sentido eu pergunto qual é esse espaço no caso aqui,
porque foi apresentada aqui um pouco da realidade da escola. E outra coisa também eu tenho o prazer
de falar sobre os dois professores indígenas aqui do estado do Acre, que estiveram conosco lá em Mato
Grosso, durante 5 anos, estudando, formando-se no curso de licenciatura intercultural da UNEMAT,
da qual eu sou docente e também consultora na coordenação pedagógica. E a gente pôde, a partir da
experiência deles, do relato, da vivência deles, como professores e até lideranças, a gente sentiu um
pouco como que o Acre tem trabalhado essa questão da educação.
Outra questão também é a seguinte: eu recebi há 2 semanas atrás uma mensagem de um consultor de
vocês, aqui da Secretaria da Educação, que se chama Paulo Ferreira, de que ele está fazendo um
levantamento, um prognóstico sobre os projetos político-pedagógicos dos estados. Eu queria até saber
mais alguma coisa, porque no Mato Grosso fomos solicitados a prestar informações a respeito. Então, a
Secretaria de Educação do Mato Grosso gostaria de saber mais sobre isso, para que a gente possa fazer
um levantamento e mandar um levantamento e mandar um documento com várias experiências que
nós temos no Mato Grosso, e também colocar as informações necessárias, que vocês precisem. Eu
achei interessantes algumas questões que foram colocadas lá, que ele me disse que era para um
seminário que vocês vão fazer. Eu gostaria de saber também sobre isso. Obrigada.
Márcio Meira – Presidente - Bom, eu vou passar a palavra novamente aqui para o Francisco, pelo
menos eu não vi mais nenhuma inscrição, o Francisco vai responder aqui. Eu vou propor que, na fala
do Francisco, a gente encerre as inscrições, para a gente poder ir caminhando.
Francisco – Bom, tem uma questão aqui a respeito da produção, do trabalho que é feito nas
comunidades indígenas. Foi feita uma apresentação, muito rápida, realmente é difícil de entender o
que está acontecendo mesmo. A gente trabalha com uma lógica que às vezes, até tirando um pouco do
que a gente está oferecendo, porque às vezes não combina, não está de acordo com a realidade, estão a
gente está procurando trabalhar muito com esses cuidados mesmo. Eu, há dois meses atrás, eu andei
com o Meirelles, não sei se ele está aqui, nós sobrevoamos os isolados, então lá tinha, naquele isolado,
alguns roçados muito grandes. Roçados que eles fizeram o roçado, plantaram, não queimaram o
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roçado, então, uma agricultura muito forte a deles, à base de macaxeira, milho, banana, batata, essas
coisas... deu para ver no nosso sobrevôo. Eu acho que essa é a única maneira, se você quiser fazer uma
política de acreditar que existe naquela comunidade uma tecnologia , conhecimentos, e que há ali
uma sustentabilidade. Porque eles são povos isolados, que não têm contato com ninguém de fora, mas
eles têm uma segurança para a vida deles, para o dia a dia deles. Nós estamos trabalhar a política,
transferindo isso para a comunidade, para que a comunidade não fique na mão do Governo, fazendo
investimento em mudanças dentro dessas comunidades, que possam comprometer o futuro delas. Às
vezes você, não sei quem estava falando, você chega tentando dar uma dose a mais, e finda até
matando. Então, a gente tem esse cuidado. O que a gente está fazendo é transferir alguns, primeiro os
espaços, a Comissão Pró-Índio foi pioneira nisso aqui no Acre, tem tanto para os professores indígenas
como para os agentes agro-florestais, garantir um espaço aonde as comunidades indígenas faziam todo
um debate e esse debate, muito rico, falando de cada experiência daquelas, da vivência daquelas
pessoas nas suas comunidades nas relações com os temas que eram abordados ali. Então isso, era um
conteúdo muito forte, criando também ao mesmo tempo, apontando as necessidades de investir, e em
quê, naquelas comunidades. Foi um processo muito interessante até criar os agentes agro-florestais. Os
agentes agro-florestais são agentes que, não é pela remuneração que eles … é por conhecer nesses
espaços algumas técnicas para tentar aperfeiçoar, porque os povos indígenas são assim, eles vão
aprendendo coisas novas, de acordo com a necessidade vão adequando... Então isso foi interessante. A
gente está trabalhando é nesse sentido, de dar instrumentos novos, conhecimentos, novos, que são
tirados tanto do ponto de vista da ciência do homem branco, como da troca que tem cada grupo. É
claro que a gente, para fazer esses encontros, para fazer essa formação, tem um investimento alto,
tanto para reunir essas pessoas, quanto para levá-las de um lugar para outro e para poder introduzir
novos conhecimentos, tudo tem custo, e é o que está sendo feito nas comunidades, o trabalho em
questão da produção: trazendo de volta a semente, levando conhecimento, pensando sempre na
sustentabilidade, na qualidade de vida. Também passa por eles terem uma boa alimentação, e
tentamos diversificar essa produção a ponto de que não falte o alimento no dia a dia. Então, é uma
preocupação da comunidade, por isso que a gente acredita que isso tem sustentabilidade, não é uma
imposição do estado, é a comunidade que quer fazer isso. Então, a gente trabalha muito com essa
questão.
E aí, tem outros pontos que foram questionados aqui: a questão da merenda escolar. É um tema nosso
aqui também que estamos discutindo, que é uma demanda da comunidade, não existem programas
para comprar produção das comunidades indígenas, muitas vezes a comunidade indígenas tem uma
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produção que não é vista, e realmente chegam nas comunidades feijão, arroz, milho, um monte de
enlatados que vão para lá, passando por cima de uma produção. Por um lado você tenta resolver a
situação de ampliar a produção, diversificar, potencializar uma produção que esteja de acordo com a
vida da comunidade, por outro lado os programas, às vezes, passam por cima de tudo isso levando
estes produtos industrializados. Em algumas comunidades já resolveram essa situação, com a sua
própria produção, negociando com os órgãos a compra da merenda regionalizada, em um processo
ainda muito inicial. São as comunidades indígenas que já não recebem a sua merenda de fora, que já
produzem a sua própria merenda, e aí fazem o abastecimento e os programas só pagam essa merenda.
Estamos trabalhando para que um dia todas as comunidades indígenas do Acre possam ter isso
resolvido, isso é um avanço muito grande. Mas eu vou deixar a Eucilene para falar desse ponto aqui,
O intercâmbio, que foi colocado também aqui, da gente fazer esse diálogo com outro governo, eu
estive, acho que há 2 meses atrás, no Pará, a convite do Governo, junto com nossa equipe, para
conversar com eles. Quando nós apresentamos a estrutura, nós fizemos uma apresentação mais ampla
da estrutura política do Governo, como é que a gente pensa, e todos os programas que a gente tem
estruturado no Governo, e eles estavam discutindo a gestão da biodiversidade em terras indígenas.
Não estavam nem falando ainda de povos indígenas, de cuidados , estavam falando da biodiversidade
em terras indígenas. Então estão muito longe ainda de estruturar uma política, é uma vontade, um
grupo muito pequeno ainda dentro do Governo, tentando iniciar um processo mas tem que começar
mesmo. Aí eu fiz um questionamento, que eu não sei se foi bem entendido, se a preocupação era com
os povos indígenas ou com os recursos naturais, com a biodiversidade, e que grau de risco esses
recursos estavam passando e se os índios estavam sendo vistos como ameaça a esses recursos. Mas se
esclareceu mais para a frente, mas a pergunta foi nisso, nesse sentido de qual a visão de Governo, qual
tratamento aos povos indígenas. Às vezes tem questões que é preciso realmente conversar muito, e
nós estamos dispostos a fazer esse intercâmbio, porque eu acho que não se trata de uma política
isolada, o estado do Acre não vai estar bem, se a Amazônia não estiver bem, se o Brasil não estiver
bem se os países vizinhos não estiverem bem. Nós já fizemos vários debates aonde aparece pressão de
um pais vizinho, pressão de uma comunidade vizinha, sobre aquele determinado grupo. Os nosso
parentes isolados aqui no Acre vivem uma situação difícil, não por parte do Brasil, mas por fazerem
fronteira com uma fronteira bastante ameaçada pela exploração de madeira, enfim... Mas eu acho que
é uma questão que, se agente fizer esse movimento de tentar socializar o que existe, tentar trabalhar
no sentido de melhorar, é muito importante. A gente não está aqui só para mostrar o que a gente faz,
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mas é conhecer também o que os outros estados têm. E cada vez que eu sou convidado, eu procuro
aprender cada vez mais com os outros, a gente vive aprendendo.
E o desenho político, que foi colocado aqui, foi só um comentário, eu queria só destacar uma .. A
gente realmente está querendo fazer com que o estado como um todo, o Governo do Acre, ele se
estruture e pense política estruturante não para concluir por conta de um mandato. Por isso que essa
preocupação ela está em (ininteligível) de responsabilidade dentro do Governo para que o Governo
carregue isso de uma maneira que ultrapasse mandatos e crie responsabilidade no estado com outros
programas. Porque, de repente pode acabar o mandato de um Governo, acaba uma secretaria
indígena, e tudo está centralizado ali, leva tudo isso com ele e acaba a política que a gente está
tentando implantar. Então essa é a preocupação, e a gente pretende ganhar suporte, base, com a
estruturação dos programas, e a sustentação, que tem que vir a partir das comunidades indígenas. Esse
é o processo, e a comunidade, e eu estou falando comunidade não como só os representantes que
participam dos debates muitas vezes, mas a própria comunidade mesmo compreender esse contexto,
ela poder se ver no processo e com a sua responsabilidade também de cuidar dessa política. Nós
estamos trabalhando muito nesse sentido, para que a comunidade não fique esperando, ela saiba agir
no mento certo, se juntar, ver e buscar respostas para suas necessidades.
Mas, assim, as perguntas para mim foram perguntas que foram mais fala complementar do que vocês
fizerem aqui. Eu quero passar para a Eucilene para responder a essas perguntas mais específicas, em
relação à educação.
Eucilene – Bem, com a relação à contratação dos professores: nós aqui no estado do Acre, nós estamos
estudando juntos, nós formamos um grupo de trabalho, com a PGE (Procuradoria Geral do Estado),
junto com a Secretaria de Educação, OPIAC (Organização dos Professores Indígenas do estado do
Acre), e a comissão Pró-Índio, para ver a forma de como nós podemos fazer um concurso específico
para atender essa demanda existente no nosso estado. Porque hoje nós trabalhamos com uma
quantidade muito grande de professores, mas o concurso que teve foi em 1992. E ele já não atende a
demanda que hoje nós temos. Mas para que a gente possa fazer um concurso específico, a gente
precisa ter uma... estamos estudando, na verdade, a legislação. A Procuradoria Geral do Estado, a PGE,
ela está com a gente, para nos auxiliar. Aí nesse momento eu acho que também seria muito
interessante que alguém aqui dessa comissão estivesse junto, para estar nos ajudando. Porque vocês
sabem que, para atender ao que os povos indígenas, eles querem, ao mesmo tempo que é posto na
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legislação, então muitas vezes fica difícil. E aí nesse momento é que a gente está com esse grupo de
trabalho para esse estudo.
Com relação à alimentação escolar: aqui no Acre, em 2007, nós fizemos... existem já alguns
municípios, como Marechal Taumaturgo e Jordão que já fazem a compra direta da merenda nas
comunidades indígenas. Mas um programa de estado, como o Francisco colocou, nós ainda não temos.
Nós iniciamos, em 2007, a Secretaria de Educação junto com a SEAPROF, a colega que também fez
uma apresentação aqui, nós fizemos uma oficina na terra indígena Mamuadadi, envolvendo os povos
indígenas Manchineri e Jaminawa. Para primeiro fazer uma leitura e ver quais eram as possibilidades
de a gente estar comprando essa merenda diretamente das comunidades. E aí, nessa oficina,q foi
muito proveitosa, nós conseguimos pegar várias orientações das comunidades. Mas aí, gente, quando
nós chegamos aqui para implementar, nós esbarramos na lei. Que aí é a questão de prestação de
contas: como seria feita a prestação de contas desse recurso? Como seria a questão das notas fiscais?
Como que esse recurso, que é federal, seria repassado para as comunidades? Algumas comunidades, no
caso dos Manchineri e dos Jaminawa nós ainda iríamos estar constituindo os conselhos escolares.
Nesses conselhos escolares, nós pensamos o seguinte: que iríamos poder abrir uma conta e repassar o
recurso da merenda para essa conta, e a comunidade faria a prestação de contas. Só que nós tivemos
alguns problemas, e aí novamente na parte legal, que, o professor para fazer parte desse conselho ele
teria que fazer parte do quadro permanente do estado, e no caso nós só tínhamos apenas um professor
lá que era do quadro permanente do estado. E ainda não fizemos concurso. Então nós paramos aí nesse
momento, tanto é que tem ali o Tóya, que acompanhou, a gente ficou um tempão para estar indo até a
terra indígena, porque nós buscamos também, fomos até a Secretaria da Fazenda, eles informaram que
existia um bloco de notas, que o indígena, o produtor lá, poderia estar utilizando aquele bloco de
notas como uma nota fiscal, para fazer a prestação de contas. Então nós fizemos todos os
encaminhamentos, mas esbarramos nessa parte da prestação de contas. E aí, se vocês também
puderem nos ajudar nisso, nós temos uma boa disposição para estarmos implementando este programa
aqui no estado do Acre, mas tem algumas coisas que são difíceis. Então, a gente pede um apoio aí de
vocês também.
Com relação ao recurso para construção das escolas (se eu estiver passando alguma pergunta, por favor
vocês...): esse recurso do BNDES foi um recurso ainda de 2005, que nós executamos, de 2005 e 2006,
que foi executado agora. Então é por isso que ele se apresenta, e essas escolas aí são as escolas grandes,
as escolas que a gente chama de centro de formação, que são as escolas que, na grande maioria, estão
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oferecendo do ensino fundamental ao ensino médio. Mas realmente nós temos recursos do PAC, isso
aí foi antes do PAC, o recurso para construção é do PAC, são os recursos que nós temos também, que
são recursos que nós estamos aguardando aí para a construção de 22 escolas.
O espaço de diálogo para a educação escolar indígena: nós, aqui no Acre, nós não temos nenhum
conselho de educação escolar indígena. O que acontece é que nós, enquanto Secretaria de Educação,
juntamente com as organizações indígenas ou indigenistas, a gente promove diálogos, reuniões. Tipo a
OPIAC, que é a Organização dos Professores Indígenas do estado do Acre, a gente tem alguns
trabalhos que a gente faz em parceria com eles, como eles fazem em parceria com a gente. A Comissão
Pró-Índio... mas nós não temos instituído um conselho que reúna todas estas instituições, tanto
indígenas, indigenistas, como do Governo do Acre. Com relação ao Conselho Estadual de Educação, os
indígenas têm uma cadeira lá, pelo menos tinham, por conta das idas lá, essa questão mesmo da...
então, a da merenda, o Conselho Alimentar, nós não temos mesmo instituído nenhum conselho para
termos os fóruns de diálogo. O que nós temos aqui e que foi discutido e implementado no ano
passado, é o Fórum etno racial, que veio especificamente para tratar a Lei 10.645 e a 11.000 e também
é algo que, aonde diz para as escolas não-indígenas que é obrigatório ter no currículo a temática afro-
brasileira e a temática indígena. Então, existe esse fórum; mas com relação específica só à educação
escolar indígena, nós não temos. Mas, como o colega ali colocou, existe uma boa vontade, existe um
diálogo. É importante que seja instituído, porque o Governo que está hoje, existe uma boa vontade das
equipes, mas a gente não sabe nunca os próximos dias, os próximos anos, então é importante nesse
caso aí que a gente possa... a gente tem um diálogo bom, mas precisamos estar instituindo talvez um
conselho, algo que a gente possa estar conversando mesmo, com a OPIAC, CNPI... Agora mesmo nós
sediamos a Conferência Regional de Educação Escolar Indígena, então nós envolvemos todos. Nós
estávamos aqui, mas nós trabalhamos em equipe, a gente conhecer todo o pessoal, a gente se reúne, a
gente está indo na terra indígena, a gente senta, discute o que vai ser feito, mas é como eu estou
colocando para vocês, é o pensamento político do Governo, mas não tem algo assim instituído, como o
colega ali colocou, na lei.
Com relação ao Paulo... realmente nós estamos fazendo, Paulo Ferreira, nós estamos fazendo um
levantamento sobre todas as informações existentes sobre a educação escolar indígena no estados do
Brasil, porque nós queremos fazer um seminário. Esse seminário ele prevê as orientações gerais dos
projetos político-pedagógicos aqui do estado do Acre. Então, nós temos já as nossas linhas norteadoras,
mas estamos também agregando as experiências dos outros estados. As experiências boas, que a gente
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precisa estar fortalecendo. Então, nós estamos fazendo isso: buscando essas informações para fazer um
documento que tenha uma legitimidade, tanto dos povos indígenas aqui do Acre, como de outras
experiências de outros estados também.
E com relação às escolas... me procuraram ali e pediram que eu falasse um pouco mais sobre a questão
das escolas, que não foi muito bem entendido. Olha só: em todas as aldeias aqui do estado do Acre,
existem escolas. Estas escolas, muitas vezes, não estão construídas, são poucas, nós estamos com déficit
pequeno de construção de escolas. Elas não têm construído o espaço físico, a construção mesmo lá,
mas existe um espaço que a comunidade construiu... porque, muitas vezes, quando eu coloco assim, é
porque às vezes, algumas comunidades dizem o seguinte para a gente: “não, nós queremos uma escola
de um projeto”, mas em outras comunidades, a gente vem trabalhando com as especificidades de cada
povo, porque outras comunidades dizem: “não, nós queremos construir nossa própria escola”. Então
constroem no seu modelo, da sua forma, que é mais convencional. E aí, em todas as aldeias têm
escolas. Pode ser que em algumas aldeias faltem ser construídas, mas todas têm escolas. Fui clara nisso
aí?
Com relação à formação de professores, como nós colocamos: todos os professores estão em formação.
Nós trabalhamos tanto com formação inicial quanto com formação continuada. Então é um desafio
para nós, é um desafio. Existem dificuldades? Existem. Existem porque a cada ano que inicia-se,
aumenta o número de professores, então nós nunca paramos de ter a formação inicial, a gente sempre
está naquela continuidade, mas é algo que nós acreditamos que até 2010 vamos ter.... estamos
buscando resolver. Mas aí vocês também sabem, como o próprio Francisco colocou, é a questão das
aldeias, que às vezes cria-se novas aldeias. Criando-se novas aldeias, existe toda uma estrutura
também, então vem a escola, vem o professor, então é um pouco nesse sentido que eu gostaria de estar
colocando aqui para vocês. Se tiver alguma coisa que ainda não fui clara, podem perguntar.
Márcio Meira – Presidente - Eu queria... que eu esqueci, cometi um equívoco aqui, que o Capitão
tinha se inscrito, e eu esqueci de pedir para ele, ele era o último inscrito, antes, e eu devolvi a palavra
aqui para vocês responderem e tinha esquecido de passar a palavra para o Capitão, então eu queria
passar a palavra para o Capitão agora, para ele fazer também a sua intervenção.
Capitão – Eu queria parabenizar ....(primeiros segundos inaudíveis) e eu fui vereador no Estado, tentei
criar a secretaria no Estado e não consegui. Eu queria parabenizar vocês. Agora Eu fiquei com uma
dúvida na apresentação, que eu só vi ali os programas do Governo Federal, então eu queria perguntar
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ao Francisco se existe um orçamento próprio para as Secretarias, o quanto o Governo já gastou com os
povos indígenas, com os cofres do estado, nesse mandato dele.
Francisco – Bom, tem algumas siglas ali, mas esses recursos são gerenciados, administrados pelo
Governo do Estado, os recursos que vêm para cá de outros Ministérios... assim que os estados
funcionam. Não tem só recurso próprio. Você vê um monte de obra que é realizada, aí você tem verba
federal, aí através de um Ministério, e aí o Estado entra com uma contra-partida. A distribuição dos
recursos federais e estaduais se dá às vezes até direto com o Município... então, assim, tudo que entra
aqui no estado e os recursos próprios, que sejam de fontes diferentes, mas a ação é planejada, é
pensada como uma ação do Governo do Estado do Acre. Não é uma coisa que o Governo Federal vem
aqui dizer como é que tem que fazer. Existe uma gestão do Governo do Estado, em parceira com
outros financiadores. Inclusive com recursos do BID, e de outras fontes de recurso. Também, fez um
pouco de confusão ali BNDES, e... outras fontes de recurso. Mas a gestão é do Governo do Estado. O
Governo do Estado, até recurso próprio, ele não está distribuindo de maneira para “tampar buraco”,
existe um planejamento, aonde o recurso próprio, ora você aparece com uma contra-partida, em um
programa maior, ora eles custeiam uma ação de Governo. Mas é isso.
E com relação a montante de recurso o que eu posso dizer, no tocante à questão indígena, assegurado,
nós fizemos todo um levantamento para o que tem previsto até o final de 2010 executados, são esses
22, 23 milhões. Mas sempre chega mais, porque isso... vão aparecendo coisas novas, e a gente vai
discutindo, remanejando recurso, e o desafio é gastar o que está previsto, e as coisas novas, tentar
buscar recurso para atender. Mas não é uma coisa fechada, isso é uma coisa que está prevista, com
orçamento planejado para isso, mas a gente pode trazer mais recursos da Funai, de outros parceiros,
para aumentar o nosso volume de recursos e atender melhor as comunidades.
Márcio Meira – Presidente - Bom, aqui nós completamos a lista dos escritos, nós estamos nos
encaminhando já para o encerramento dessa parte da manhã, já são meio-dia e vinte. Eu queria
agradecer, e parabenizar aqui a apresentação do Governo do Acre, dizer que a Funai... nós realmente
assinamos um acordo de cooperação técnica com o Governo do Acre. Eu queria aproveitar para dizer
o seguinte: a Funai tem assinado acordos de cooperação técnica com municípios e estados que têm
procurado a Funai, demonstrando interesse em atuar com os povos indígenas. Então, nós assinamos
esse acordo com o Acre, o mesmo acordo nós assinamos com o Governo do Pará, com o Governo da
Bahia, assinamos também com o Município de Oiapoque, e com o Município de São Gabriel da
Cachoeira. Estamos em vias de assinar também com o Governo do Estado do Amazonas, com o
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Governo do Estado do Amapá, com o Governo do Estado do Espírito Santo, com o Governo do Estado
do Mato Grosso também, que tem demonstrado interesse, professora Francisca, e nós temos procurado
participar sim disso porque, como disse o Francisco, muitos recursos utilizados pelos estados são frutos
de repasse da União, mas se a gente tem um acordo de cooperação técnica, a gente tem melhores
chances de que estes recursos sejam aplicados de forma mais eficaz, de forma mais eficiente. Esse é o
primeiro comentário que eu queria fazer... Sim, Capitão?
Capitão – Eu queria dizer para o senhor que em 2011, se Deus quiser, nós vamos também assinar esse
convênio com o plano de Governo que eles nos prometeram lá.
Márcio Meira – Presidente - Se Deus quiser, Capitão. Nós estamos confiantes. E mais ainda: eu queria
registrar que alguns desses municípios que eu falei aqui, e estados, têm a participação de políticos
indígenas, que têm atuado para que esses convênios sejam assinados, inclusive prefeitos indígenas,
vereadores indígenas. Então nós esperamos também, Capitão, que em 2011 nós tenhamos deputados
estaduais indígenas; deputado federal ou deputada federal indígena, quiçá governadores indígenas.
Então, o Capitão vai ser promovido a Major, depois General...
Então, essa informação que eu estou dando, complementando aqui, porque é muito importante que a
gente possa aprimorar isso, e tem um potencial grande, tem outras prefeituras em que, inclusive
prefeitos indígenas, que a gente ainda não assinou acordo de cooperação, podemos assinar, em
Roraima nós temos lá a prefeitura de Normandia, a prefeitura Uiramutã, mesmo a prefeitura de
Itacaranã, que o vice-prefeito é indígenas; o Governo do Estado de Roraima ainda não nos procurou
para a gente fazer um acordo de cooperação técnica. Então, o que é importante é isso, que a gente
possa avançar nessa discussão.
E eu queria chamar a atenção, eu queria reforçar uma questão que foi levantada pelo André, do MDA:
realmente o Governo Federal tem um programa de aquisição de alimentos, que é o PAA, um
programa que conta com muitos recursos, como também os recursos do PRONAF, então eu queria
reforçar aí, solicitar para a gente se organizar mesmo, a partir da CNPI, a Funai junto com o MDA, e
chamar atenção aí, o MDS, chamar a atenção aí da nossa equipe para que a gente possa puxar esse
assunto mais forte. Porque? Porque ainda existem recursos do Programa de Aquisição de Alimentos ,
como disse o André, isso é legal, isso é de Lei, 30% dos recursos do PAA são para comprar alimentos
da comunidade que produz agricultura familiar, e aí incluída a agricultura indígena, para as merendas
escolares da comunidade. E são muitos recursos, e estes recursos normalmente são aplicados através da
CONAB... não é isso, André? É diferente? 48
André – MDA – A diferença é que são dois programas diferentes: o Programa de Aquisição de
Alimentos, de fato, conta com bastante recursos, e ele pode trazer uma complementação à merenda
escolar, por parte de alimentos produzidos pela comunidade. Essa lei, ela é interessante, importante,
porque ela torna obrigatória, a merenda que já é comprada pela prefeitura, ela necessariamente deve
ser 30% produzida pela comunidade. Então, são dois programas, duas coisas distintas, mas que se
complementam, isso é importante.
Márcio Meira – Presidente - Então era isso a que eu queria chamar a atenção, reforçando aqui
também a colocação do André.
Bom, antes de a gente fechar o período da manhã, só consultar aqui o nosso... mais uma vez agradecer
aqui ao Francisco e sua equipe... consultar o nosso plenário sobre a ata da nossa 4ª reunião
Extraordinária da Comissão Nacional de Política Indigenista, que foi realizada em 4 e 5 de junho de
2009. A gente está com a ata aqui, todos já receberam, para a gente aprovar a nossa ata. Eu queria
consultar se alguém tem algum comentário sobre a nossa ata. Se não tiver nenhum comentários, nós
vamos considerar aprovada a ata dessa reunião. Queria saber se tem algum comentário... Professora
Pierlângela ?
Pierlângela – Só uma pergunta, porque tem algumas vozes que não foram identificadas, mas com o
trabalho da Carla também, acho que ela tem como identificar para colocar lá. Não sei como está sendo
feito esse trabalho entre a Carla e a gravação, é importante, para não ficar só... tem que citar as falas.
Teresinha – Bom, é... Teresinha, Secretária-Executiva. Após feita a degravação, e vocês podem ver que
ela é extensa, passa pelo crivo da Carla, a Carla faz toda a revisão, e eu também. E tem algumas pessoas
que a gente não identificou, nem eu identifiquei, nem a Carla. Na última ata, que nós aprovamos na
reunião passada, eu tive o trabalho de ficar os 3 dias assistindo a fita na frente da televisão, para poder
identificar, porque tinha assim, 60% era “não identificado”. Por isso que é importante, cada vez que
um vai falar, o nome. Mesmo que vá dizer uma frase, se disser só “Pier”, a gente já sabe que é a
Pierlângela, mas tem algumas pessoas que não tem como identificar. A gente ouve a fita, vai até lá, e
ás vezes a câmera, aqui a gente está percebendo que está caminhando, em alguns lugares a câmera
ficou parada e a gente não consegue identificar nem na fita, então, por favor, digam o nome a cada
vez.
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Márcio Meira – Presidente - Então, com esse comentário da professora Pierlângela, e as explicações
dadas pela nossa Secretária-Executiva, eu recomendo que todo mundo agora preste a atenção de dizer
o nome antes de falar, e vou considerar aprovada a ata da nossa 4a Reunião Extraordinária. Teresinha.
Teresinha – Antes de o Presidente encerrar essa parte da manhã, eu gostaria de lembrar a todo o
pessoal... o pessoal percebeu que hoje foi uma reunião um pouco atípica, ou seja, não é normal nós
termos tantos expectadores. Então, lembrar que hoje à tarde ela volta a ser uma reunião normal, assim
como vocês todos decidiram que hoje estaria aberta de manhã, para a abertura, aberta a toda a
população que aqui comparecesse, mas que hoje à tarde então volta a ser somente os membros
indígenas, governamentais, ONGs, e convidados e os convidados das organizações indígenas. Então eu
pediria que cada um de vocês, quando chegarem hoje à tarde... ah, um detalhe: só vai participar quem
tiver o crachá. Mesmo quem já tem o crachá, passe por mim ali na entrada, que a gente tem também
mais um material para entregar, que não entregou o material em mãos para vocês hoje, que vai ser à
tarde. Então eu gostaria que vocês passassem, que eu vou estar ali na frente, passassem por mim, para a
gente então controlar todas as pessoas que entram, assim como decidido por vocês, e assim como diz o
nosso regimento interno.
Então seria isso, gente, obrigada!
Márcio Meira – Presidente - Então à tarde o início da reunião está marcado para as 14 horas. Então
nós temos aí 1h30 para o almoço, sem atraso. Bom almoço para todos e até as 14h para a gente
reiniciar os trabalhos.
Tarde do dia 30/09/09
Márcio Meira – Presidente - Eu quero pedir para o pessoal que está aí fora para ir entrando, a gente
vai começar. Terceira chamada! Eu queria saber se o pessoal da Secretaria dos Direitos Humanos já
está pronto para... se já está aí para... a companheira Luana... a gente vai começar, pessoal, quem
estiver aqui... quem não estiver, paciência. É só o tempo da Luana, da secretaria chegar aí, para a gente
começar.
Não Identificado - Pergunta (ininteligível, fala fora do microfone )
Márcio Meira – Presidente - Pela informação que eu recebi, foi feita uma combinação antes de que
teria aquela lista de convidados, de organizações, porque se a gente abre exceção para um, a tendência
é todo mundo querer …. então a gente tem uma lista de organizações, estão contempladas todas as
50
organizações... Teresinha, estou esperando a Luana para fazer a apresentação, porque já vai começar.
Assim que ela chegar a gente começa.
Luana, você já está, digamos, autorizada aí a começar a apresentação.
Antes de começarmos a apresentação da Luana, eu queria aqui só registrar a presença do Procurador
da República em Rondônia, Dr. Reginaldo, está presente aqui entre nós, logo em seguida vai ter a
pauta seguinte da nossa reunião... temos companheiros indígenas que chegaram também, que estão
participando aqui com a gente, logo mais vamos ter a pauta... E eu queria convidar o Dr. Reginaldo
para sentar aqui conosco na mesa, como representante do Ministério Público, embora nós saibamos
que ele não está aqui na função de representante do Ministério Público, mas como Procurador da
República de Rondônia, mas nós sempre contamos na reunião da CNPI, com a presença do
Procurador da República na mesa aqui conosco.
Nós vamos agora, seguindo a nossa pauta, vamos agora contar com a apresentação por parte da
Secretaria Especial de Direitos Humanos, de uma política que é importantíssima, que é a mobilização
nacional do registro civil de nascimento e, antes de passar a palavra para a Luana, que é da secretaria,
que está aqui para apresentar para nós essa política, de registrar que essa política é uma das políticas
públicas implantadas, iniciada no nosso Governo, no Governo do Presidente Lula, e que conta com a
participação da Funai, em uma parceria com a Secretaria Especial de Direitos Humanos, e que é uma
das ações que iriam ser apresentadas no conjunto de outras políticas, que vão ser apresentadas
amanhã, mas que nós antecipamos para hoje, e que fazem parte também da agenda mais ampla de
atividades, de ações, de programas do Governo Federal na área social, que a especificidade, que tem,
digamos assim, não só a especificidade, mas a qualificação diferenciada como diz a nossa Constituição,
com relação ao público indígena brasileiro. Então, vamos passar a palavra para a Luana para ela
apresentar para nós essa política.
Luana – Boa tarde a todos e a todas. Em nome do Secretário Especial dos Direitos Humanos, Paulo de
Tarso Vannuchi, eu agradeço a oportunidade do convite, de estar aqui presente, e de falar de um
assunto extremamente importante e prioritário para os Direitos Humanos, que é a certidão de
nascimento.
Antes de falar, eu vou falar três palavras que são importantes de a gente esclarecer: certidão de
nascimento, registro civil de nascimento e sub-registro civil de nascimento.
O quê é o registro civil de nascimento?51
São todas as informações do nascimento de uma pessoa, suas origens e sua filiação, que ficam
assentadas no livro do cartório, no livro do registrador.
Certidão de nascimento são as informações que estão nesse registro, que são passadas para um papel,
que é o primeiro documento da pessoa. Isso é a certidão de nascimento.
E o sub-registro civil de nascimento é o número de pessoas que nasce, em até 1 ano de idade,
aproximadamente, necessariamente 15 meses eles ficam sem essa primeira documentação.
Na minha fala eu quero falar qual é a importância desse documento, qual a política do Presidente Lula
para a gente erradicar o sub-registro civil de nascimento, e a relevância, ressaltar o porque que é tão
importante trabalhar com vocês, trabalhar com toda a população, com a comunidade indígena para a
gente conseguir enfrentar e garantir a certidão de nascimento para todos os brasileiros.
Eu gosto de pensar a certidão de nascimento como o coração da cidadania. A certidão de nascimento
ela vai fazer a cidadania pulsar. Sem a certidão de nascimento, eu sinto que a pessoa, ela não tem vida.
Fica mais difícil às crianças de acessar a educação de acessar a saúde, de acessar os programas sociais,
como o Bolsa-Família, por exemplo. A uma adulto, a certidão de nascimento, se ele não tem esse
documento, ele fica limitado, para conseguir fazer o registro de identidade dele, conseguir o CPF,
conseguir a carteira de trabalho, se inserir no mercado de trabalho formal, conseguir a escritura de um
pedaço de terra, conseguir um lar. Sem a certidão de nascimento então as pessoas ficam sem existir
para o estado.
Com base no número do registro civil de nascimento, que é organizado, que se contabiliza o número
populacional de um município. E aí que há a transferência dos fundos de município, que há o
planejamento de uma política pública, quantas escolas, quantas unidades básicas de saúde serão
planejadas.
Aí, um pouco do contexto, e resgatando: em 2003 foi quando o Governo Federal começou a planejar
as ações para a erradicação do sub-registro. Ele começou a se deparar com a problemática da
dificuldade que é as pessoas não terem a certidão de nascimento. E porque em 2003? 2003 foi quando
começou o programa Fome-Zero, e que os agentes começaram a fazer inscrição das pessoas no
cadastro e se depararam com a dificuldade de fazer a inscrição de algumas famílias, por estas famílias
não contarem com esse primeiro documento, e aí não conseguiam acessar os demais.
52
Em 2007, no âmbito da agenda social, que é lançada também uma política para crianças e
adolescentes, política para pessoas com deficiências, é lançada a agenda social pela erradicação do sub-
registro civil de nascimento e ampliação à documentação civil básica.
Agora, em 2009, o Presidente assina com os Governadores do Nordeste, da Amazônia Legal, o
compromisso Mais Amazônia Legal e Mais Nordeste pela Cidadania.
É importante até, na fala do Presidente, ele destaca que é fazer a política COM a população, e não
PARA a população. E desde quando a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, começou a pensar na
política de registro civil de nascimento, ela para e senta com a população, com a comunidade
indígena, para desenhar como é que se vai confeccionar essa documentação.
Então, em 2007 foi realizado o colóquio do registro civil dos povos indígenas. Em 2008, em parceria
com o Projeto Rondon, ele passa por toda a Amazônia... é... não, aconteceu no Estado do Amazonas,
este projeto piloto... perguntando às comunidades indígenas se havia o interesse de fazer o registro
civil de nascimento. Porque? Esse documento não é obrigatório aos povos indígenas, mas se vocês
desejarem, vocês podem confeccionar, mais do que isso, tem que ter garantido o nome que vocês
desejarem, na grafia que vocês desejarem, e a etnia. E, em 2009, agora, para desenhar o Mais Nordeste
pela Cidadania e Mais Amazônia Legal, o Governo Federal sentou com os Governadores, com os
agentes estaduais, para desenhar quais eram as ações e as metas para erradicar e enfrentar essa
problemática, e a Funai, na pessoa da Irânia, este presente, a Irânia e o Roberto Cunha, eles estiveram
conosco em cada estado, discutindo, levando o quê que ajudava, o que facilitava, para a gente
erradicar o sub-registro civil de nascimento.
Aí mostra um pouco o que motivou o Governo Federal, o Presidente Lula, a fazer esse compromisso
Mais Nordeste e Mais Amazônia Legal pela Cidadania. E em 2008 foi publicada a PNAD (Pesquisa
Nacional por Amostragem Domiciliar), que fica claro que a redução da pobreza vem diminuindo. O
Brasil em 5 anos fez mais do que a América Latina demorou 15 anos para fazer. Mas a gente tem
muito mais para fazer, principalmente na hora em que a gente olha os índices de desenvolvimento
humano na região Nordeste e Amazônia Legal.
Aí a gente gosta sempre de ler esta fala do Presidente: “Mas precisamos fazer alguma coisa especial par
ao Norte e o Nordeste diminuírem a desigualdade. Com base nessa pesquisa do IBGE, eu quero
chamar os Governadores do Norte e do Nordeste para que a gente tome atitudes, eu diria, mais
ousadas com relação ao Norte e Nordeste brasileiros. Eu quero fazer uma reunião com os
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Governadores, e depois tomar algumas decisões dentro do Governo para a gente melhorar mais
rapidamente a situação dos brasileiros que moram em regiões mais empobrecidas.” Disse isso, nossa,
absolutamente há 1 ano atrás, em setembro de 2008 aí, depois disso, o próprio Presidente se reuniu
com os Governadores, se reuniu com os Prefeitos, as equipes se reuniram com os agentes, tanto os
gestores estaduais quanto os gestores municipais, e foi desenhado esse novo compromisso.
Esse novo compromisso tem como objetivo, não criar novas ações, mas fortalecer as ações que já
estavam planejadas. E como este, ficaram 4. Os grandes focos para a gente são enfatizar as ações e
conseguir reduzir um pouco as desigualdades regionais e melhorar o índice de desenvolvimento
humano no Nordeste e na Amazônia Legal. Então, a redução do analfabetismo, este eixo é coordenado
pelo Ministério da Educação e aqui vocês já falaram como a educação é importante, na parte da
manhã, e como vocês vêm trabalhando. Redução da mortalidade infantil, Ministério da Saúde;
fortalecimento da agricultura familiar, Ministério do Desenvolvimento Agrário, o André, nosso
companheiro André, no início deu uma esplanada, já falou um pouco do que vem sendo desenvolvido;
e a erradicação do sub-registro civil de nascimento.
O grande objetivo dessa ação não é garantir esse primeiro documento por garantir, é garantir a
inclusão social, é garantir acesso às políticas públicas, porque também não adianta nada a gente levar o
documento até a população se a gente não leva as políticas públicas para garantir a cidadania.
E aí um pouco, de 200 a 2007, qual a estimativa do sub-registro. A gente vê que vem reduzindo, mas
ainda temos muito a fazer. Na próxima lâmina, fica claro, o Brasil está com 12,2% de índice de sub-
registro, o que indica que aproximadamente 400 mil crianças que nascem por ano não são registradas.
Se você olhar este índice por região, fica evidente que (ah, não sei se vocês conseguem ler), Nordeste
está com 22% e a Amazônia Legal com 23%, enquanto, se a gente olha para o Sul, 1,4%. Tem estados
no Sudeste, como São Paulo, que esse índice é negativo, que significa que as pessoas estão nascendo
em outros estados e indo se registrar em São Paulo. O Acre, já que a gente está aqui no Acre, o Acre
até que está bem, bom, pelo menos dentro do índice, ele está com 10,35, está abaixo do índice
nacional e ele é o menor índice na região Nordeste, Amazônia Legal.
Aí, a gente olhando, do mais escuro ao mais claro, esse índice de sub-registro.
Bom, é fundamental para a gente conseguir organizar a ação de registro civil de nascimento, a gente
constituir um comitê gestor. Comitê gestor em todos os níveis: nacional, estadual e municipal, para a
gente conseguir traçar e, antes de tudo identificar quais são as problemáticas, aonde exatamente, a
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gente sabe que consegue identificar que tem município que não é o município inteiro que tem
problema de sub-registro. Em uma determinada região as pessoas estão conseguindo registro, acesso a
políticas públicas, em outras não. Mesmo São Paulo, se a gente for pensar, tem bairros (eu sou
paulista, vou conseguir falar bem de São Paulo), tem bairros, que, ótimo, toda estrutura urbana, está
tudo preparado, muito lindo maravilhoso, e tem outras regiões com absolutamente nenhuma infra-
estrutura. Então, a gente tem que olhar para isso. E é fundamental aqui no Acre, antes tem o termo de
adesão a essa agenda social pela erradicação do sub-registro civil de nascimento e ampliação à
documentação civil básica. Os governos, todos, já aderiram a esse compromisso, e estão constituindo o
seu comitê gestor. Aqui no Acre, este comitê está constituído, a Funai tem participação, tem assento
nesse comitê, e é fundamental entrar em contato e levar a esse comitê quais são os interesses, quais são
as demandas da comunidade indígena para que elas sejam garantidas, tanto o relacionado a registro
civil de nascimento quanto toda documentação civil básica. Entende-se como documentação civil
básica RG, CPF e carteira de trabalho.
Para erradicar o sub-registro civil de nascimento, nós estruturamos as ações em 3 eixos:
A Condição Estruturante, que é como é que a gente vai fazer para que toda essa mobilização, toda essa
intensificação de ações que estão sendo colocadas nesse momento, elas não se percam daqui há algum
tempo. A gente não reduz ao índice, daqui há pouco ele levante.
Mobilização Nacional. Como é que a gente vai trabalhar para registrar quem hoje já nasceu e anda não
tem o documento, ainda não tem o registro civil de nascimento, não tem em mãos a sua certidão de
nascimento.
E a Ampliação da Rede, que a gente batiza com carinho de “Chorou, Registrou”. É como é que faz
para fechar a torneira do sub-registro, para garantir que toda criança, ao nascer, já tenha a certidão de
nascimento.
Vou começar pelo eixo que é o 3, eu comecei tudo ao contrário, a Condição Estruturante: o que está
focado neste eixo? Primeiro desenvolver um sistema nacional de registro civil. Hoje a gente não tem
exatamente a informação do registro, aonde é que está, onde é que está, isso que a gente está falando,
dos municípios, não é, em qual município as crianças estão nascendo e não estão sendo registradas,
como é que a gente compila tudo isso e principalmente, o que a gente estava falando de registro civil,
as pessoas elas ficam, só têm uma vez na vida o registro civil que é o que fica lá no cartório. Muitas
vezes as pessoas depois saem com a certidão de nascimento, perdem esta certidão de nascimento,
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precisam fazer a segunda via e não lembram e qual cartório foi feito o seu registro. Aí é todo um
trabalho. A gente imagina que com esse sistema informatizado a gente vai conseguir melhor
identificar e acompanhar. Outra coisa é trabalhar na revisão da lei mesmo, na revisão legislativa, nisso
que vocês estão trabalhando, e é importante na revisão do Estatuto dos Povos Indígenas olhar a
questão da documentação, e na Lei 6.015, ela também está sendo toda revisada para a gente facilitar o
acesso ao primeiro documento.
Padronização dos procedimentos e aperfeiçoamento dos fluxos. Quando a gente fala em
aperfeiçoamento dos fluxos, a gente está falando muito em como é que a gente faz para casar a
informação da saúde, a informação de nascido vivo, com a informação de registro civil de nascimento,
e para a padronização dos procedimentos, o que inclusive já foi feito agora em março, o Presidente
lançou o decreto que padroniza a “cara” da certidão de nascimento, hoje cada um tem uma certidão de
nascimento, tem uma colega que estava contando, que ela e os seus 3 filhos foram registrados no
mesmo cartório, e cada um tem uma certidão de nascimento com uma cara. Agora, a partir de janeiro
de 2010, toda certidão de nascimento vai ter o mesmo layout, uma mesma cara. O que também foi
padronizado foi o número de matrícula, agora a certidão de nascimento tem um número de matrícula,
que é composto pelo número do cartório, o número do livro... tudo isso vai facilitar enormemente,
principalmente a busca para as segundas vias das certidões. Também compõe a nova padronização da
certidão de nascimento, o número da DNV, .. alguns cartórios já o fazem, já colocam o número da
Declaração de Nascido Vivo na certidão, mas com essa obrigatoriedade a gente acredita que vai
facilitar identificar aonde as crianças estão nascendo e não estão sendo registradas, para fazer a busca
ativa desse documento.
Esse é o eixo 1 da agenda, que o (ininteligível) registrou, que é o fechar a torneira, o “Chorou,
Registrou”. O eixo mais forte que está aí é o unidade interligada, que é como é que a gente vai fazer
para aproximar o ato do nascimento ao ato do registro de nascimento. E o que está sendo implantado,
tem um sistema que ele foi desenvolvido pelo Estado de Pernambuco, que ele trabalha com um
sistema interligado da maternidade ao cartório, o que significa que a criança, ela nasce, é emitida a
Declaração de Nascido Vivo para ela, a DNV, o agente de saúde pega esse documento, pega os
documentos dos pais, vai em um sistema, põe toda essa informação, envia on-line para o cartório, o
cartório toma assento dessas informações, encaminha via on-line a certidão de nascimento e essa
certidão ela é impressa e já entregue aos pais para eles já saírem da maternidade com a documentação
dos filhos. Todo esse trâmite gira em torno de 40 minutos. A intenção é, não só garantir esse ato, que a
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criança saia, aproximar o registro civil de nascimento do ato de nascimento, quanto garantir que a
pessoas possa escolher nessas unidades interligadas , acho que vocês já devem, não sei, um pouco o
Acre tem. O Acre, o que ele em hoje são algumas maternidades que têm posto de saúde, posto de
cartório dentro da maternidade, que significa a criança até pode sair mas ela vai ter o registro civil de
nascimento dela naquele cartório. O que a gente pretende, é, com esse sistema interligado, o SIRC, a
maternidade ela estar conectada com vários cartórios daquele município, para que a pessoa possa
escolher ter o registro de nascimento da sua criança vinculado ao cartório de sua moradia. Fortalecer a
Declaração de Nascido Vivo também é um eixo para que as pessoas possam acessar as políticas
públicas já no início, isso a gente está falando principalmente das pessoas que estão afastadas de
cartórios, afastadas de grandes centros urbanos, estamos falando das pessoas que vivem em
comunidades indígenas, populações ribeirinhas, que elas possam, com a Declaração de Nascido Vivo já
acessar as primeiras políticas públicas. A gente está trabalhando muito nesse eixo com as parteiras
tradicionais também, isso, a gente teve uma reunião na semana passada com as parteiras, elas até
gostaram bastante, que é elas serem reconhecidas de fato como agentes de saúde. Então, esse é um
Projeto de Lei que foi encaminhado para o Congresso e empoderá a parteira para ela também
preencher essa Declaração de Nascido Vivo. E aí vem o mote de reconhecê-la como a profissional da
saúde também. E articular a rede SUS, para trabalhar com os agentes de saúde, todo mundo que faz o
acompanhamento do parto, as dolas, para preparar os pais, a família, para já levar, no ato do
nascimento, a documentação para conseguir confeccionar o registro civil de nascimento. É importante
destacar que, culturalmente algumas famílias não registram as crianças no primeiro momento porque
o pai não está presente, e às vezes ele não está presente porque teve que viajar a trabalho, ele trabalha
muito e foi viajar, é só o pai deixar uma declaração: “declaro que vai nascer e é meu filho...”, que aí já
dá para fazer o registro civil de nascimento, e aí, os profissionais que estão acompanhando o pré-natal,
eles informam isso à família, facilita o registro civil de nascimento.
Então está previsto aqui para o acre 20, a Elisângela me disse 30, já aumentou um pouco, então são 30,
para todo o Nordeste e Amazônia Legal 1.092 unidades interligadas. Dependendo, tudo isso será
implantado até o final de 2010, que é a meta, a gente tem como compromisso e a gente, toda a
sociedade brasileira, assinamos o compromisso de erradicar o sub-registro civil de nascimento até
dezembro de 2010.
No eixo Mobilização Nacional, que é alcançar as pessoas que hoje já nasceram e não têm a certidão de
nascimento, a estratégia é trabalhar com mutirões, é levar o cartório, levar a documentação civil
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básica até a população e realizar a campanha, realizar a mobilização. Dos mutirões, nós estamos
trabalhando bastante com o programa nacional de documentação da trabalhadora rural, esse é um
programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que trabalha com ônibus e percorre todas as
comunidades emitindo a documentação. Os CRAS, tem CRAS itinerante, também realizando a
documentação, as rotas da defesa, que são as ações cívico-sociais, as ACISOs, e a gente identificou, na
semana passada, que tem os barcos da previdência, o PREV-BARCO, que também dá para emitir
certidão de nascimento nessa mobilização. E trabalhar com campanhas, vocês receberam o panfleto, a
campanha deste ano, o Presidente Lula convidou o jogador Ronaldo Nazário, por ser uma
personalidade, ele é reconhecido, então todo mundo vai querer saber do quê que o Ronaldo está
falando. E convidou, e voluntariamente o jogador aceitou emprestar sua imagem para falar da
importância desse documento. Então, de mutirões, são 1.292 mutirões previstos na Amazônia Legal e
Nordeste
Márcio Meira – Presidente - Pessoal, vamos concentrar aí, porque está muito ruído...), 358 o mutirão
de documentação da trabalhadora rural.
Luana – MDS - Aí um pouco das peças publicitárias da apresentação seguinte, mas pode ficar nessa,
que está identificado para aonde foi esse material. E o que é esse material? Compõem o folder, que
vocês receberam agora,; cartaz, tem tanto um cartaz para colocar a informação aonde ocorrerá o
mutirão, quando ocorrerá o mutirão; cartilha, na cartilha tem um trecho falando da documentação aos
povos indígenas; bandeirola, para enfeitar o mutirão; totem, cartaz, envelope para guardar a certidão
de nascimento; camiseta, que eu estou vestindo também compõe as peças dessa campanha, que é “rodo
mundo tem um nome, sobrenome...”, identifica os mobilizadores dessa campanha. Também, essa
campanha prevê jingles de rádio, para também carros de som, ficarem andando, e o filme que será
passado no final da minha apresentação. O material que foi distribuído, a gente fez questão de fazer
esse material chegar nas pontas. Na campanha passada (essa já é a segunda versão dessa campanha), na
campanha passada a gente fez chegar até as secretarias estaduais, e contou com a redistribuição, e isso
não foi absolutamente garantido. Então, neste ano ela chegou às pontas mesmo: foi às prefeituras,
conselhos tutelares, comitês gestores e as administrações regionais e núcleos de apoio da Funai,
também receberam esse material da campanha. Se vocês não receberam, comuniquem que a gente
manda.
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É isso, eu agradeço a todos, eu falo muito rápido, então eu estou aberta agora a questionamentos,
queria abrir também a palavra à Irânia, da Funai, participa com a gente nessa mobilização, e também
para a Elisandra, que coordena as ações aqui no Acre, se tiverem mais alguma coisa para acrescentar.
Irânia - FUNAI – Boa tarde a todos e a todas. Bom, vocês receberam também um … Sou Irânia
Marques, Coordenadora Geral da Coordenação Geral de Índios Recém contatadas, que a gente
denomina de Coordenação Geral de Promoção Social, se Deus quiser vai sair da nova estrutura da
Funai, e que estamos coordenando exatamente a ação de proteção (ininteligível) dos povos indígenas,
que é uma ação do PPA, que está nesse panfleto que vocês receberam.
Dentro das nossas ações tem uma ação super importante, que é exatamente para promover o acesso da
documentação cidadã aos povos indígenas. E essa ação inicia-se exatamente pela emissão do registro
civil de nascimento. A Funai vem, através da nossa coordenação, participando de todos os
compromissos junto à Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República nesse
respeito à erradicação do sub-registro civil de nascimento. Principalmente levando em consideração
todas as especificidades dos povos indígenas, isso a Luana mostrou com o trabalho que a secretaria fez
junto ao Projeto Rondon, no Estado do Amazonas, e que a gente começou a observar os fatores
dificultadores para emissão do registro civil de nascimento, principalmente porque para os povos
indígenas, o documento que origina o registro civil de nascimento não é só a Declaração de Nascido
Vivo, mas também o registro administrativo, o RANI. Então o RANI ele também é um documento
oficial, legítimo, que confere aos povos indígenas a legitimidade como indígena e promove
exatamente o acesso a esse direito de cidadania, com o registro civil de nascimento. Então, a gente
vem trabalhando juntos, vem trabalhando inclusive, como a Luana falou, junto aos estados,
principalmente aos estados da Amazônia Legal e do Nordeste, aonde o sub-registro é muito grande.
Para isso a Funai, não só colocou como um de seus objetivos principais trabalhar a questão da
documentação cidadã, como também criou, dentro do seu orçamento, um plano interno exatamente
para custear as despesas com relação, qualquer despesa para favorecer o acesso aos indígenas para tirar
o seu registro civil de nascimento. Desde a saída da aldeia, como a manutenção na cidade. Todas essas
informações que estão aqui nesse panfletozinho, foram repassadas às unidades administrativas da
Funai, às AERs e os Núcleos, através de uma oficina nacional, aonde a gente colocou todas as
diretrizes, objetivos e ações a serem implementadas. E todo mundo já tem conhecimento. Agora a
gente faz questão de trazer na CNPI para dizer o seguinte: que é missão da Funai, é um compromisso
da Funai com os povos indígenas trabalhar a questão da erradicação do sub-registro. Então a gente
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quer oficializar isso aqui na CNPI, que é o nosso compromisso, nós estamos fazendo todos esforço para
que isso aconteça, junto aos estados e municípios, inclusive através da Agenda Social dos Povos
indígenas, através do Território da Cidadania, e também na operação do mutirão Arco-Verde, do
Ministério do Meio Ambiente, coordenado pela Presidência da República, que também, não é, Luana,
tem como uma das ações principais trabalhar na mobilização da erradicação, ou pelo menos da
diminuição do sub-registro civil de nascimento.
Então, eu, como representante da Funai e responsável por essa ação na Diretoria de Assistência, eu
gostaria de compartilhar essa informação com vocês. É isso, obrigada.
Márcio Meira – Presidente - Obrigado. Tem mais alguém que vai falar? Então nós vamos assistir ao
filmezinho e em seguida nós vamos abrir aqui para a plenária.
(apresentação de filme)
Márcio Meira – Presidente - Obrigado aí ao nosso companheiro Ronaldo Nazário.
Bom, um ponto importante aí que vocês perceberam, que eu queria ressaltar, que é o direito dos
indígenas de poder fazer o registro nos eu próprio nome, na sua língua, e também, quando querem
colocar a sua etnia no seu próprio nome. Esse direito muitas vezes é negado nos cartórios, então essa
mobilização também incluí esse trabalho, de reafirmação étnica. A certidão de nascimento é o
primeiro passo na afirmação étnica do povo, do cidadão indígena, e do direito à diferença cultural, que
está escrito na Constituição. Esse é um ponto muito importante também aí nessa campanha do
registro civil.
Eu queria imediatamente passar aí... obrigado à Luana, pela apresentação... abrir espaço aqui para o
plenário, para fazerem alguma pergunta, esclarecimentos, contribuições para esse trabalho que está
sendo desenvolvido, que é dinâmico... eu estou vendo já a inscrição do Aarão, do Titiah , a galera toda
ali... o Wellington, Caboquinho, Brasílio, Anastácio, tem um companheiro aqui que não é do plenário,
mas depois eu vou consultar, ver … já, já a gente vai consultar, mas você pode fazer a pergunta
também.
Vamos começar seguindo a ordem que eu falei, Arão.
Arão – Boa tarde, Sr. Presidente, José Arão Maresi Lopes, Guajajara. Sr. Presidente, eu tenho aqui
umas... na verdade, uma dúvida que me deixa com uma grande preocupação: é válida a iniciativa d
Governo Federal, para nós, enquanto comunidade indígena, muitos de nós têm perdido aí muitos 60
programas em função da inexistência do básico, que é inicialmente a certidão de nascimento. Mas por
outro lado, a minha preocupação é em relação a qual será o procedimento que será utilizado pelos
parceiros, ou pela própria Funai, em relação a quem de fato é índio, isso que nós até falamos aqui,
reconhecer algumas pessoas que se infiltram nas comunidades indígenas e a maioria dessas pessoas é
de pessoas sem procedência, sem documento, foragidos da justiça, são marginais, assaltantes e tudo,
então, de repente chega lá e diz “olha, eu sou índio, porque eu tenho o cabelo liso, cabelo preto, e
tal...”, aí inventa um nome enrolado lá, inventa uma língua que nunca existiu, quer dizer, o grande
cuidado que a gente chama a atenção aqui, é que ás vezes a gente vai acabar legitimando de fato os
bandidos, com documentos para que ele fique legitimado dentro da própria comunidade indígena.
O outro caso que eu chamo a atenção aqui, mais uma vez nesse sentido também, nós temos casos lá no
Maranhão, e eu acredito que em outros estados também pode ter algo parecido, tem parente lá que
tem duas certidões, duas identidades, dois CPFs, dos títulos, duas aposentadorias, quer dizer, e aí,
como é que fica? Será que não vai tirar o terceiro, com esse programa que se estende? Na verdade era
só isso que eu queria falar, obrigado.
Márcio Meira – Presidente - O próximo inscrito é o Titiah.
Titiah – Luís Titiah, representando as regiões Nordeste e Leste. Sr, Presidente, o que eu queria
esclarecimento, a campanha aí está até bonita, do Governo Federal, mas com algumas coisas a gente
fica preocupado.
Primeiro eu quero chamar a atenção, como vai ficar essa campanha, no que o parente falou aqui, na
fiscalização, nessa observação que o Aarão colocou.
A outra coisa, principalmente para o Nordeste, muitas coisas que pegam para o indígena, alguns
índios, pela invasão do não-índio na região, muitos índios tiveram que sair para se escravizar nas
fazendas dos próprios fazendeiros. E ali na época do Coronel (ininteligível) os próprios fazendeiros
que tiravam os registros dos parentes, tiravam com a data errada, eles que indicavam a data daquele
(inaudível), e hoje, no futuro, está sendo complicado para os indígenas, porque não estão podendo se
aposentar, já são velhos de 70, 65 anos que não podem aposentar, porque no registro estão com 50, 48
anos de idade. Aliás, na minha aldeia mesmo tem o exemplo de um índio Kiriri, que está lá vivendo
com a gente. Ele já tem... principalmente os vizinhos que conhecem ele há tempos lá da região, dizem
que ele não tem só 50 anos, mas foi o fazendeiro que registrou, então ele tem 50 anos. Hoje ele está
morando com a gente.
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Então a gente se preocupa com algumas coisas, não é? A gente precisa que a Funai reaja dentro dessa
regra aí.
Márcio Meira – Presidente - Wellington...
Wellington – Boa tarde parentes, parentas... eu acho que é a mesma fala... aliás, eu sou o Wellington,
do estado de Rondônia...
Seguindo a mesma fala dos companheiros aqui, uma questão que a gente enfrenta no estado de
Rondônia. Eu sei que é muito complicado para a Funai, e também para o Ministério Público Federal, e
também algumas ONGs, que são nossas parceiras, e nós enfrentamos este problema no estado de
Rondônia, de cadastramento das pessoas que dizem que são descendentes indígenas, mas a gente sabe
muito bem que qualquer cidadão brasileiro tem direito a acessar, ter a documentação, é um direito do
cidadão, mas a Funai, junto com o Ministério Público e as ONGs, tem que ter um pouco de cuidado
antes de tirar registro civil para as pessoas que chegam na Funai e já cobram a Funai para fazer
registro civil para eles. Então, a questão é que a gente enfrente esse problema muito sério porque, até
porque, eu não sei se vocês sabem muito bem que cada dia, cada ano, cada mês, estão surgindo muitos
parentes chegando na Funai, falando que são de tal etnia, aí a Funai começa a registrar. Fica uma
questão complicada para a gente. E isso é para ter mais direito do que os indígenas, hoje nós
enfrentamos na área de saúde, as pessoas que têm pouco, vamos dizer, por pouco tempo reconhecidos
como indígenas hoje começam a estar cobrando mais do que os indígenas legítimos, querendo ter mais
direito de serem atendidas como indígenas na área de saúde e de educação. Então, atrapalha uma
conquista que a gente teve durante esse tempo todo, não é? Mas além de, vamos dizer assim, vocês
sabem muito bem que o recurso da saúde indígena é repassado conforme a quantidade e número da
população indígena. Aí, de repente, a gente tira esse recurso para atender a demandas das pessoas que
não estão na programação, no orçamento do recurso, para atender a demanda deles. Então, uma
questão que o Ministério Público, junto com a Funai, e também com as ONGs, que estão trabalhando
nessa área, tem que começar a organizar melhor, para registrar as pessoas que estão surgindo.
Principalmente, companheiro Saulo, que sabe muito bem essa história, no estado de Rondônia, o
CIMI, a gente sabe muito bem que tem um papel importante, mas ao mesmo tempo peca um pouco
nessa área. Quando qualquer pessoa chega na porta do CIMI, começa já querendo que a Funai atenda
a demanda daquela pessoa, que chega no CIMI falando que é indígena, e também o Ministério Público
começa a pressionar a Funai. Então eu acho que tem que tomar nesse ponto aí, até porque já surgiram
vários problemas no estado de Rondônia, assim que o descendente procura, tira seu registro, carteira
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de indígena, aí ele fala assim “quero ver se a polícia ou (ininteligível) me impeça de garimpar na terra
indígena. Aí já chegou na área do povo Urue-Uau-Uau, já com a carteira na mão querendo garimpar.
Aí então é um problema sério que está acontecendo no estado de Rondônia. Então, eu acho que a
gente tem que primeiro realizar um estudo antropológico, para que a pessoa seja reconhecida como
indígena, e não qualquer pessoa chegar na porta da Funai já querendo ser registrada. O acho que essa
campanha vai abrir mais a porta para as pessoas estranhas.
Márcio Meira – Presidente - O próximo é o Caboquinho.
Caboquinho – Caboquinho, região Leste, Nordeste.
Bem, eu estou … achei bonita aqui a apresentação, viu, Luana... mas teria aqui 3 coisas que me
deixaram um pouco preocupado.
A primeira foi a questão de que Paraíba e Ceará ainda não criaram um comitê gestor, não é? Eu acho
isso até uma vergonha para os governadores.
A segunda coisa que eu vejo aqui, com essa inclusão dos nomes, quem quiser colocar os nomes, pelo
menos na região Nordeste, as igrejas, as paróquias, os padres, por melhor dizer, quando nós vamos
registrar qualquer nome que venha a corresponder com a questão indígena, eles não querem registrar,
“isso não é nome de gente, nome de gente tem que ser José, tem que ser Antônio, tem que ser
Maria...”, é uma outra preocupação que eu tenho. A gente tem que rever isso também com carinho.
Uma outra coisa que eu estou vendo aqui, de acordo com a fala do companheiro que me antecipou, é
que na realidade, e agora com essa convenção 169, todo mundo quer ser índio. E se for falar que não é
índio, eles querem briga. Porque, principalmente na região Nordeste, na minha região, isso é uma
preocupação muito grande, eu digo isso pelo meu povo. Há 3 anos atrás o meu povo tinha 10 mil
índios potiguara, hoje tem mais de 16 mil. É porque estão multiplicando demais, não é?
O Presidente Márcio conhece nosso trabalho lá, que nós começamos a fazer um trabalho de triagem,
fazendo um censo. Esse censo já trouxe muita dor de cabeça, mas nós já estamos tentando melhorar.
Eu acho que, viu, Luana, eu acho que deveria ter uma campanha nacional para se fazer um censo, mas
que fosse um censo seguro, um censo certo. Não chegar qualquer um, como nosso companheiro
Gavião chegou aqui e falou, chegar qualquer um e dizer “eu sou da família tal, sou do povo tal”, e vai
lá e consegue o registro e tem uma carteirinha até para garimpar. Quer dizer, está acontecendo isso
não só lá em Rondônia, está acontecendo isso eu acho que em quase todos os estados. Porque Paraíba,
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Ceará, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Maranhão também, eu acho que ali é uma coisa só. Viu,
Presidente Márcio, eu acho que nós temos que tomar medidas seguras mesmo para que isso não venha
a daqui a pouco todo mundo vai chegar na Funasa, vai acampar, chegar na Funai, vai acampar, porque
é isso que os caras fazem. O verdadeiro índio dificilmente ele ocupa, só ocupa quando está necessitado
mesmo. Mas o pessoal que está chegando agora, se cadastrando agora, esse aí está levando a uma
verdadeira revolução Então, nós temos que ter muito cuidado com isso.
Márcio Meira – Presidente - Próximo inscrito é o Brasílio.
Brasílio – Boa tarde, sou Brasílio Priprá – Xokleng de Santa Catarina, (todo som muito ruim)
Márcio Meira – Presidente - Bom, eu vou propor inscrito, como tem muitos inscritos, que a gente não
deixe a Luana, coitada, sofrer, então de 5 em 5 a gente passa para ela responder. Como foram 5 agora,
eu peço para ela responder, depois a gente continua com mais 5.
Luana – MDS – Bom, bem interessante essa discussão, porque traz um pouco da condição
estruturante, o que, que é que a gente vai precisar criar de condição estruturante para garantir
direitos, e direito a quem tem direitos, para não facilitar a fraude.
Primeiro, o motivo dessa grande mobilização é a cidadania. Mas a gente tem que estar preocupado sim
com as fraudes que venham a ocorrer. Para as fraudes o que acontece é para fazer... eu estou falando
muito do registro civil de nascimento, eu acho que depois até passo a palavra à Irânia para, e acho
importante a gente pensar, não é, RANI, como é, quais são os procedimentos, como é que a gente
padroniza para, no registro administrativo dos povos indígenas, só quem é povo indígena mesmo ter
garantido esse direito, para não ocorrerem as fraudes e duplicidades.
Hoje, para a confecção do registro civil de nascimento é necessária ou a Declaração de Nascido Vivo
ou vai com o registro administrativo, a RANI, e aí precisa pensar em como é que emiti a RANI, a
gente tem que discutir isso com a Funai; ou são duas testemunhas, aí tem que apresentar duas
testemunhas. Normalmente, principalmente falando nas pequenas regiões, aonde o sub-registro é
mais alto, os cartorários, as comunidades, o agente social, o agente de saúde, eles sabem quem é
daquela comunidade, eles conseguem identificar e aí conseguem dizer “não, realmente é daquela
família, aconteceu isso, isso e aquilo” e, na dúvida, o cartorário entra sim com um processo judicial
para identificar se realmente aquela pessoa é, e aí faz toda uma investigação para que essas fraudes não
ocorram hoje. Agora, hoje é, isso mesmo que o companheiro relatou, a gente tem pessoas, e não é nem
fraude, eu tenho a carteira de identidade em São Paulo, fui fazer a segunda via, estava em Brasília, fui 64
fazer a segunda via em Brasília, e aí fui obrigada a ter uma carteira de identidade com outro número,
porque a emissão da carteira não é em sistema nacional, cada estado tem a sua numeração,
automaticamente, eu tenho 2 identidades, 2 números de identidade. Graças a Deus, o CPF vincula
tudo isso e dá certo, eu não tenho grandes problemas de duplicidade. Óbvio, a outra, eticamente eu a
cancelei, a primeira.
Aarão – Só para colaborar, uma coisa é a alteração somente do número da identidade, eu entendo, a
outra é seu nome ser... como é seu nome? (Luana – Luana)... Luana, é você ter a identidade de Luana e
ter outra identidade de “Rita”, por exemplo, são duas situações totalmente diferentes.
Luana - MDS – É, o que eu explanei é até eu que tentei fazer, não para cometer uma fraude, fui
orientada a ter dois documentos, então imagina se eu realmente quisesse ir com duas identidades, ia
ser mais fácil. Isso á algo que a gente tem que discutir bastante, e está discutindo bastante. Quem está
nessa discussão é a SENASP principalmente.
Para averbação, vocês falaram de averbação, teve a idade diferente, um nome que saiu errado, para
fazer averbação infelizmente a gente ainda precisa iniciar um processo judicial . Eu recomendo,
oriento que procurem a Defensoria, e aí a Defensoria inicia todo esse processo judicial.
A terceira intervenção também foi a padronização dos procedimentos para emissão da RANI, que é
um pouco a preocupação de vocês. Pelo o que vou ouvindo vocês estão bastante preocupados em
outras pessoas que estão querendo virar índios porque tem outros, vários direitos garantidos. E aí, tem
que ter muita atenção, padronizar estes procedimentos da emissão do documento, isso a Irânia já está
discutindo, eu ouvi dizer, aí eu vou jogar, não sei muito a fundo, mas parece que o Mato Grosso do Sul
já tem sistematizado, como emitir esse documento, uma forma informatizada até, e acho que vale a
pena ver um pouco como é eles estão fazendo essa emissão, para garantir esse procedimento.
Paraíba e Ceará, a gente está na conversa, para constituir o comitê gestor, e eles nos garantiram que
nos próximos meses, isso eu estou falando um, dois meses, vai estar constituído o comitê gestor. É
fundamental.
O nome. Sim, a gente sabe que, infelizmente, muitos cartórios, não só paróquias, ainda discutem, e
não querem colocar, registrar com nomes dos povos indígenas, o nome que a pessoa tem o desejo de se
registrar, e aí, se esse direito não for garantido, cumpre recorrer às corregedorias estaduais. E, em as
corregedorias estaduais não resolvendo, encaminhar essa questão ao Conselho Nacional de Justiça. No
material de campanha, acho que na cartilha, fica mais claro isso: há necessidade, gente, é direito, isso é 65
direto de vocês, está garantido na Legislação, mas a gente sabe que entre a legislação e a execução
ainda há um caminho, que a gente precisa encurtá-lo.
No censo... o censo, ele hoje, a gente conseguiu inserir uma pergunta de registro civil de nascimento,
que pode discutir inclusive se a gente consegue na padronização da certidão de nascimento tem um
campo de observação, e esse campo de observação é justamente para a pessoa colocar então o que
significa o nome, para acrescentar algumas informações de etnias, para os ciganos colocarem a qual clã
que eles pertencem. A observação é para a gente usar para esses espaços, e quem sabe, daqui há um
tempo, com a população indígena colocando qual a etnia, qual...
E é isso, desculpem se eu deixei alguma coisa escapar, mas acho que é isso.
Márcio Meira – Presidente - O próximo inscrito é o Anastácio.
Anastácio – (inaudível) provavelmente fora do microfone
Márcio Meira – Presidente - O próximo inscrito é o Toya.
Tóya – Boa tarde, muito obrigado aqui Ângela. Tóya Machineri, Acre.
Como foi falado por meus amigos, um programa bastante interessante, acho que era necessário fazer
um programa deste tamanho, e aqui minha contribuição é para demonstrar mais, acho que nós temos ,
tem a convenção 169, que foi sancionada pelo estado brasileiro, e que lá tem alguns mecanismos que
orientam para a questão indígena, diz quem é índio, não é? Tem que pertencer a uma comunidade,
tem que uma comunidade reconhecer, então, a gente poderia estar trabalhando, a questão da
(ininteligível) de fraude, acoplado na comissão 169, então, essa é minha contribuição.
Márcio Meira – Presidente - O próximo inscrito é o Saulo, mas antes de passar para o Saulo eu queria
chamar a atenção para o seguinte: a política, essa política aí, ela surgiu em função da comissão 169, é
para seguir justamente o que diz a comissão 169, e a gente tentar aprimorar , o procedimento jurídico
de registro civil, respeitando a diferença cultural.
O próximo é o Saulo.
Saulo – CIMI – (inaudível)
Márcio Meira – Presidente - A próxima inscrita é a professora Pierlângela.
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Pierlângela – Pierlângela - Roraima. Eu queria fazer primeiramente um comentário sobre a nossa
pauta, que foi solicitada, e eu vou insistir, se não for na próxima, que essa extraordinária tinha
especificamente uma pauta que a gente considera muito importante, mas como coordenadora da
subcomissão e como a gente tinha solicitado, essa pauta sobre a questão da proteção social para os
povos indígenas e da questão social, cada vez ela é... e ontem, pela nossa reunião só dos indígenas, nós
vimos a necessidade que é nós discutirmos as políticas sociais, então eu vou ficar nessa insistência até a
gente achar uma pauta para a gente discutir isso com mais profundidade.
Acho importante a campanha ter sido colocada, na Paraíba também já foi apresentado o início desse
trabalho, e também tenho uma pergunta, até acho que para a Irânia, como está sendo feita essa
campanha nas comunidades indígenas, se existe nestas, porque a nossa grande preocupação é que, nos
locais de difícil de acesso, como é que vai chegar isso, porque as áreas que têm rios, que têm lugares
muito distantes, aí ela até falou, a gente tirou uma brincadeira quando ela falou “o pai deixa uma
declaração”, mas lá no meio do mato, ás vezes, não tem como deixar uma declaração. E aí eu quero
saber um pouco como a Funai está trabalhando com isso, quais são as metas e quais são os meios que
estão sendo utilizados. Porque eles têm uma experiência, e aí na educação a gente viu que o MEC teve
que se juntar à Funai, para poder realizar as conferências. E, para uma campanha deste porte nas
comunidades indígenas de difícil acesso, a estrutura é diferente, não é? Porque sai mais barato o povo
ir para a área, do que tirar o pessoal, mesmo tendo orçamento, tirar o pessoal para tirar esse registro
fora. Então, é uma pergunta que eu queria colocar, para a Irânia poder responder, porque a gente
precisa de ter metas, e saber quais são essas metas e como vão ser alcançadas, não é?
Márcio Meira – Presidente - O próximo inscrito é o Marcos, Xucuru.
Marcos Xucuru – Boa tarde a todos e todas, Marcos, Xucuru, região Nordeste e Leste.
Eu vou na mesma linha que o Saulo coloca... primeiro parabenizar a iniciativa, que é uma luta
constante do movimento indígena, dos povos indígenas, que é uma dificuldade essa questão do
registro civil. E, com certeza é um avanço muito grande para todos nós iniciarmos com essa ação, com
isso que foi apresentado aqui.
E me preocupo quando vejo, de fato, alguns parentes nossos fazendo esses questionamentos em
relação a quem é índio e quem não é, essa questão que me parece muitas vezes fica um ciúme muito
grande, aonde não pode acrescer à população porque de repente vai fragmentar, alguém vai ter mais
dinheiro ou para a saúde, ou para a educação, isso vai perder para uns, outros não, isso não … isso se
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vê muito.. para mim, nessa linha, acho que não é bem por aí, a gente não deve pensar nesse sentido, a
gente tem visto algumas pessoas se colocando dessa maneira. Isso me preocupa muito, principalmente
nós no Nordeste, aonde se começou a invasão há mais de 500 anos atrás, aonde nós temos
historicamente, no Brasil todo, há 500 anos atrás, mais de 5 milhões de indígenas, e hoje, pelas
contagens do IBGE, os números que a gente tem visto, a 750 mil indígenas... hoje já temos outros
dados que se levantam então. Vejam o que aconteceu com as populações indígenas, hoje tem pessoas
que não auto se afirmam e inclusive ainda de medo de morrer, porque são perseguidas, são
assassinadas, não podem falar sua língua. Então, a gente tem uma diversidade muito peculiar, no que
diz respeito a essa situação, então a gente não pode simplesmente chegar... se de repente um povo se
auto denomina: “ah, eu sou indígena”, e de repente a gente “ah, não pode ser indígena!”... porque? E
aí, quando a gente fala sempre tanto na Convenção 169, como o Caboquinho mesmo disse ali: “que a
Convenção 169 deixa essa coisa muito aberta”, e nós temos sempre utilizado a Convenção 169 a nosso
favor, Se a gente não pegar o Estatuto dos Povos indígenas, quantas questões nós colocamos ali em
favor dos povos indígenas. Então, nós temos que ter muito cuidado em relação a estar com algumas
falas que são colocadas. Isso me deixa uma preocupação muito grande. E eu, que sou do estado de
Pernambuco, nós temos esse cuidado sim... há pessoas que se aproveitam da situação, há! Mas isso não
é só indígena não, nós temos picaretas em tudo o que é lugar, então, a gente também tem que estar
atento a esse tipo de coisa. Mas, o que nós temos trabalhado em Pernambuco, especialmente no povo
Xucuru? Aí trazendo um pouco dessa realidade para o debate, para a gente poder compreender um
pouco disso. A gente tem trabalhado da seguinte maneira: acho que cada modelo de organização
sociopolítica de cada povo tem uma forma de agir diante destas situações enfrentadas. Quando uma
pessoa vai à Funai, de Recife, dizer “ah, eu sou Xucuru”... a primeira coisa que a gente conversou com
a (ininteligível) é, se chegar alguém lá, então você nos consulte, pegue o nome dessa pessoa, da
família, e mande ele nos procurar lá na comunidade. Então ele vai lá, procura, se realmente a pessoa
for, a gente pergunta aos familiares, de onde veio, de onde é. Recentemente, uma pessoa que estava
em Recife, passou sua vida toda em Recife, chegou na Funai dizendo que era Xucuru... eu falei:
“manda ele vir para a aldeia, para a gente conversar”, vamos perguntar sua família, seu bisavô, seu
tataravô, e por aí vai, e vai perguntando.... até você encontrar, de fato, um laço familiar que de fato
tenha uma ligação com os Xucuru, então, isso é muito tranqüilo, acho que dá para se trabalhar, isso
depende da maneira de cada povo se organizar e de tratar a coisa de forma séria, que não deixe
acontecer muitas coisas que acontecem, tão pouco isso.
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Márcio Meira – Presidente - O próximo inscrito, o último inscrito, na verdade, é o Ak’Jaboro, e em
seguida eu vou passar aqui de novo a palavra para a Luana, e para a Irânia também, que foi
perguntada. Ak’Jaboro.
Ak’Jaboro – (todo som inaudível)
Márcio Meira – Presidente - Obrigado, Ak’Jaboro. Na fala do Ak’Jaboro, o Aderval pediu também
para falar, a gente vai abrir espaço aí para o Aderval, e em seguida a gente passa aqui para a Luana.
Aderval - Aderval, MDS. Bom, peço desculpas pelo atraso, eu ontem tinha muitos compromissos, não
pude chegar, e o vôo atrasou um pouco agora no início da tarde.
Eu acho muito oportuna a discussão, não só sobre a campanha do registro de nascimento e
documentação civil, que na verdade o que está em pauta é a erradicação do sub-registro, tem muitas
pessoas que nem têm certidão, portanto não têm condições de acessar as políticas públicas em grande
medida.
No bojo dessa discussão, e olhando esse encarte, de fato os direitos sociais, em grande medida, dizem
respeito ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, em articulação com a Funai,
naturalmente, com a Diretoria de Assistência.
E boa parte dos programas sociais... são 27 programas, é certo que eles são construídos em uma
perspectiva universal, de atender todos os brasileiros, eles não foram pensados especificamente para
povos indígenas, mas são direitos universais! E como tal, podem ser, e devem ser acessados também
por povos indígenas. E daí, eu só gostaria de ressaltar a importância do Centro de Referência de
Assistência Social, porque, na verdade, é a via de acesso às políticas sociais, à Rede Sócio-Assistencial,
e é pouco acessada. Então, tanto o encaminhamento, quanto a documentação civil, quanto aos
direitos, ao sistema previdenciário, quer dizer, a porta de entrada do Sistema Único de Assistência
Social, é o Centro de Referência em Assistência Social. E os povos indígenas acessam pouco esse
serviço. Lá tem assistentes sociais e psicólogos para poderem fazer os encaminhamentos, e esclarecer
quanto aos direitos.
Agora, quanto à segurança alimentar e nutricional, existem ações emergenciais e existem ações mais
estruturantes. Por exemplo, o Programa de Produção de Alimentos, que é o direito que vocês têm de
produzir e consumi-los dentro de uma perspectiva da segurança alimentar nutricional, na modalidade
de compra direta e distribuição, é pouco acessada por povos indígenas. A gente conseguiu, inclusive,
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carimbar, nos recursos do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), 32 milhões para povos e
comunidades tradicionais e a gente está com dificuldades de acessar. Essa compra direta e distribuição
é operada com recursos do MDS, via CONAB, e a gente está fazendo inclusive oficinas para poder
otimizar o acesso dos povos indígenas a esses programas. Então, você vende sua produção, e ela é
consumida na escola, na própria aldeia. Então você ganha duplamente, porque você garante a
alimentação saudável, de qualidade, adaptada aos costumes alimentares, aos hábitos, e garante
também renda mínima,enfim, uma certa autonomia econômica no processo produtivo, porque a
compra é antecipada, o dinheiro é depositado na conta do CNPJ, pode ser uma associação indígena
que fornece a alimentação, no caso aí, produtos agro-alimentares, e aí, na medida em que a escola, o
CNPJ, informa que recebeu a produção, o dinheiro é liberado. Então, é um programa pouco acessado,
extremamente importante. Hoje em dia, no Brasil, a agricultura familiar, em grande medida, se vale
do PAA, Programa de Aquisição de Alimentos, a gente está em vias de transformá-lo em uma política
de estado, exatamente pela efetividade, e pela autonomia econômica e sustentabilidade que assegura
aos povos e comunidades que o acessam.
Então, assim, eu gostaria só de ressaltar de que segurança alimentar não é só ação emergencial, tem
programas estruturantes, que a gente teria que complementar um pouco aí a relação de programas
nessa perspectiva sócio-assistencial.
Márcio Meira – Presidente - Eu vou devolver logo a palavra aqui para a Luana e à Irânia, para darem
os esclarecimentos aí às perguntas que foram feitas.
Luana - MDS – Bom, as intervenções, a maioria foi muito mais esclarecendo e fortalecendo, do que
questionando, nesse momento.
Eu queria novamente agradecer a possibilidade, a oportunidade de estar aqui, porque, nestes
momentos, eu, muito mais do que falar do registro civil e mobilizar vocês, eu aprendo, eu aprendo e
me fortaleço, porque fica evidente a importância dessa documentação, para qualidade de vida, para o
cotidiano, então agradeço estar aqui novamente e volto sabendo mais um pouquinho, aprendendo
mais um pouco, para a gente continuar nessa militância.
A primeira intervenção, município e estado, que tem na certidão de nascimento: na certidão de
nascimento a pessoa registra aonde a criança nasceu, mas isso não significa que é onde ela mora,
muitas vezes, inclusive, aonde mora não tem como realizar o parto. Então, há outras formas de
comprovar o local de residência.
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As outras intervenções, acho que a maioria foi fortalecer mesmo, esclarecer coisas... Pierlângela.
Apesar de ser para a Irânia, de como organizar os mutirões, até agradeço tua intervenção, porque a
gente quer organizar esses mutirões com vocês, então até a... pronto, ela continua aqui, Elisandra... a
gente estava discutindo no início a Elisandra, Irânia e eu que a gente queria sentar com... daqui estou
aqui no Acre, a gente queria sentar com os representantes dos povos indígenas aqui do Acre, para a
gente traçar, não só o cronograma, mas como a gente vai realizar os mutirões. Não, não é fácil realizar
esses mutirões, dá um trabalho, mas a gente vê que o resultado para o cotidiano da pessoa, é
absolutamente necessário. Mas muitas vezes esses mutirões são organizados, para falar da situação,
acho que a situação mais complicada, que é entrar com barcos nos rios, e aí você para com esse barco
em algum lugar, saem as voadeiras, porque é aonde o rio não consegue entrar, saem as voadeiras, e aí
levam o cartorário, as políticas públicas até a comunidade, ou traz a comunidade a até esse barco,
porque foi a região mais próxima que ele conseguiu, para fazer vários serviços. Exemplo até... passar
por exame médico … a previdência, para conseguir os auxílios, exames odontológicos... e aí a gente
queria fechar uma data para voltar aqui ainda, em um prazo de um mês, para traçar quais as
comunidades que nós devemos ir, as comunidades indígenas, em qual momento, o que precisa levar
para além, vamos aproveitar este esforço do mutirão da certidão de nascimento e ver o que mais que
precisa levar de serviço nesse mutirão, e a gente programa. Então vocês já... não consigo identificar
quem são os representantes do Acre, mas se vocês já quiserem indicar uma data, dentro de um mês,
para a gente retornar e pactuar isso, ótimo. Acho que é isso.
Irânia - Irânia Marques, Funai. A primeira coisa que eu gostaria de colocar é que a decisão é ampliar o
direito de cidadania, o direito humano aos povos indígenas, que é o de ter o registro civil de
nascimento. Essa é a questão número 1: ampliar o acesso, e o direito de ter um documento que faz
parte do direito civil e humano dos povos indígenas.
Segundo: para isso, a Funai tem que se reestruturar sim. Infelizmente, ao longo dos anos, um
documento tão importante, como Registro Administrativo de Nascimento Indígena, ele foi
negligenciado. E ele é fundamental, como vocês viram , para ter o acesso ao registro civil de
nascimento e a certidão de nascimento, ele é fundamental! No início aconteceram muitas discussões....
“não precisa mais o RANI”, “tem que acabar com o RANI”, e aí a gente começou a conversar com as
comunidades indígenas e essa não foi a posição dos povos indígenas. Os povos indígenas diziam “nós
queremos o RANI, porque é um documento que é emitido pela Fundação Nacional do Índio e ele é
importante para a gente”. Então, com isso, eu quero dizer o seguinte: o registro civil de nascimento é
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um direito. Para todos? Todos que querem! Nós tivemos manifestações no Mato Grosso do Sul que, em
um primeiro momento, por uma má interpretação, os Terenas não quiseram, alguns grupos de Terenas
não quiseram, disseram “não, nós queremos o RANI e pronto”. Porque alguém... alguém não, um ator
social muito importante, uma Procuradora, chegou e disse para os indígenas que se a gente emitisse o
registro civil de nascimento os Terenas deixariam de ser indígenas. Quer dizer, tem muita coisa que
acontece, que ao longo do processo, a gente está conversando com os indígenas, a Funai está
conversando com os parceiros, e aí entram, através dos comitês, os cartórios, os magistrados, os
procuradores, os estados... porque? A gente não vai obrigar que todos os outros entes, federativos e os
outros parceiros, conheçam as especificidades dos povos indígenas. Cabe à Funai mobilizar os
indígenas, para juntos estarmos trocando esse conhecimento sobre essa especificidade e esclarecer
aqueles atores como a Lizândra, aqui do estado do Acre, da Secretaria de Direitos Humanos, ela quer
muito trabalhar com a gente, mas a gente precisa sentar com ela. Agora, se a Funai não senta com ela,
se os indígenas não sentam com ela, como é que ela vai conhecer essa especificidade? As parcerias são
muito importantes. Hoje a gente está discutindo o registro civil, amanhã nós vamos discutir a
previdência, os direitos previdenciários.... aí é que a “porca torce o rabo”, porque cai nessa questão:
“quem é esse cidadão indígena? Como é que a gente sabe que é indígena?”. Eu estou muito feliz com
essa discussão da CNPI, porque isso traz um elemento importantíssimo, que agente, enquanto
Fundação Nacional do Índio, está preocupado.
Outra questão que eu queria, Luana, até resgatar, é que o tempo inteiro a gente está falando
“Declaração de Nascido Vivo”, e a gente, no Projeto de Lei, está lutando para que coloque não só a
DNV, como o RANI. Nós já iniciamos, com a coordenação da Casa Civil, que está tratando a questão
dos Direitos Humanos, nós começamos uma conversa com a Secretaria Especial dos Direitos
Humanos, com a própria Funasa e o Ministério da Saúde, porque saiu uma portaria em fevereiro desse
ano que disse que a Funasa, o Ministério da Saúde, só podem emitir também a DNV para que os
indígenas possam acessar o registro de nascimento. Nesse momento nós ficamos preocupados “será
que não informaram que a Funai também tem um documento? Como é que se dá isso?”. Eu estou no
posto indígena, tem a equipe de saúde da família e tem o posto indígena da Funai... quem é que vai
emitir o quê? Então a gente precisa conversar. Então a Funai também sentou junto, e nós, não é,
Luana, estamos com um grupo de trabalho para tratar o fluxo e como vai se dar isso.
Outra questão, que a Ângela coloca, muito séria: que é como a Funai está se organizando? Primeiro é
isso: ela tem que se reestruturar, ela tem que resgatar, qualificar, quem são as pessoas que emitem essa
72
documentação, ela tem que ter orçamento para isso, ela tem que colocar no planejamento das suas
ações, que essa é uma ação prioritária. E foi esse processo que nós iniciamos nesse ano, quando a gente
definiu o recurso para essa ação. Então, até julho deste ano, nós repassamos para todas as unidades
gestoras da Funai, recursos para que os indígenas acessassem, não só o registro civil de nascimento,
como os outros direitos sociais e previdenciários, para todos. E todos foram informados! Neste
momento, a gente está com dificuldade orçamentária, inclusive já houve esforço do Presidente da
Funai em comunicar que nós estamos sem recursos para o segundo semestre, porque com a ampliação
desses direitos a Funai começou a trabalhar na estruturação da Funai, na área do serviço de assistência,
começou a trabalhar na qualificação dos seus servidores, porque o tema político-social é um tema que
não era muito discutido. Com isso, para o segundo semestre, a gente está com déficit orçamentário e
estamos esperando a liberação do recurso para dar continuidade a essas ações.
Por último, com relação aos mutirões: a Funai está participando de todos os comitês, todas as reuniões,
falou em “registro civil” nós estamos lá! E não só o nível central, nós estamos envolvendo nossas
unidades descentralizadas, porque a decisão política e a participação na formulação e no
acompanhamento, está no nível central, mas quem faz, se o administrador não assumir a
responsabilidade e o chefe de posto não assumir a responsabilidade, não sai! Então, a responsabilidade
é de todos, e a Funai está nesse movimento de qualificação, de reestruturação, para que a gente possa
realizar isso.
E, com relação aos mutirões, só voltando um pouco, por exemplo, um exemplo último, do Mutirão
Arco-Verde, que pega a linha de equação do Mutirão Arco de Fogo, que é o contrário, que é uma ação
positiva do Governo Federal. Nós estamos participando, só que nós dissemos o seguinte: fomos lá e o
comitê decidiu o seguinte: “nós não vamos realizar esse mutirão de qualquer forma... nós falamos a
mesma coisa, não é, Luana? … “de qualquer forma para os povos indígenas. A metodologia, a forma e
o jeito, não podem ser esses que vocês estão falando. Para os povos indígenas tem diferenças, tem
formas de fazer...” como é que a gente vai acessar toda a área de Roraima? A nossa maior preocupação
aqui no Acre, que são o norte do Acre e sul do Amazonas? Então tudo isso requer uma logística
diferente.
Então, só para dizer para os senhores que todas essas preocupações, que principalmente os indígenas
colocaram aqui, são preocupações nossas, da Funai, e nós estamos trabalhando realmente para que a
gente avance e que o importante aconteça, que é o acesso ao direito da cidadania! É esse o nosso
trabalho.
73
Márcio Meira – Presidente - A Elisandra queria fazer um comentário rápido...
Elisandra – Olá, boa tarde! Eu sou Elisandra, Coordenadora aqui do Programa de Erradicação do Sub-
Registro do estado do Acre.
Então, quando eu fui convidada eu não quis participar porque o momento não cabia, mas agora,
quando a Pierlângela fez o questionamento de como realizar esses mutirões... a gente tem previstos
em nossa agenda 25 mutirões, 16 já foram realizados. Então, quando a secretaria pensou no programa
de levar o acesso aos povos indígenas desse registro civil de nascimento, foi porque houve uma
demanda. Existe uma grande parcela dos povos indígenas que querem esses serviços. Tanto é que nós
estivemos na caravana da cidadania Feijó - nós temos um representante aqui, daquela região, eu
gostaria que ele levantasse o braço - e dos nossos atendimentos, 70% foram atendimentos aos povos
indígenas. Então, é real, é realista, o povo quer! E se eles querem, a gente precisa pensar juntos em
como atendê-los. Nós fomos pegos de surpresa. Nós não esperávamos que fôssemos atender uma
demanda tão grande de indígenas. Agora a gente se vê na necessidade de sentarmos e verificarmos
como atender os povos que estão mais distantes. Ele ficou de nos fazer um contato, estamos esperando
até hoje, até agora a gente poder sentar e discutir, porque é uma problemática social nossa, mas
sozinhos não temos como a gente ficar programando situações que não cabem à nossa realidade, à
realidade dos povos, e ele sabe como articular para que o acesso chegue a eles.
E a gente está aqui acessível, para que nós sentemos, e possamos pensar junto com vocês como chegar
à população que realmente precisa.
Márcio Meira – Presidente - Obrigado, Elisandra, e também à Luana e à Irânia.
O encaminhamento que eu percebo aqui da nossa discussão, pela intervenção de todos os indígenas
que estiveram aqui, principalmente, para a gente fica claro que essa política da documentação é muito
importante, que o direito universal ao registro civil não exclui o direito à diferença, que a certidão de
nascimento ela pode sim conferir o direito à diferença, não exclui, uma coisa não exclui a outra, e que
isso, inclusive, está previsto na Legislação,a Convenção 169 garante este direito. Até mesmo o Estatuto
do Índio 73, ele garante esse direito do indígena se auto-identificar e da sua comunidade reconhecer.
Então, a Legislação garante esse direito e, portanto, o que eu vejo como encaminhamento importante
é que, com os procedimentos, a metodologia e a maneira de fazer os mutirões daqui para a frente, que
seja aprofundada essa discussão da Funai e dos Direitos Humanos com as organizações indígenas, com
os movimentos indígenas e com os representantes aqui da CNPI, já quando o trabalho vai a campo, ou
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seja, de a gente desenvolver o trabalho. E da importância do trabalho das correlações e das nossas
administrações da Funai neste trabalho. É claro que sempre pode ter fraudes, fraude existe em todas as
áreas. Agora, nós temos que combater as fraudes.
Amanhã nós vamos continuar a debater esse tema, porque quando nós formos tratar amanhã tanto da
questão previdenciária, quanto da questão do censo do IBGE do ano que vem, nós vamos voltar a essas
questões que nós estávamos tratando nessa discussão. Então, por isso, eu acho que o encaminhamento
que fica é esse, da importância desse trabalho, da continuidade dele, mas do aprimoramento da
metodologia na ida a campo agora, com relação ás questões levantas aqui na CNPI.
Eu queria agora propor que a gente tenha um... a gente vai abrir aí 5 minutos de intervalo rápido, para
tomar um café aí, todo mundo e em seguida nós vamos voltar para nosso próximo ponto de pauta, que
é a questão do povo Cinta-Larga, lá em Rondônia.
Márcio Meira – Presidente - Segunda chamada. Segunda chamada já final aqui. Eu vou começar com
quem chegou, que tiver. Bom, eu vou começar. Esperando o restante do pessoal do pessoal chegando,
mas a gente já vai iniciar o nosso próximo ponto de pauta que trata da questão de garimpo nas terras
indígenas Roosevelt, o povo indígena Cinta-Larga. Essa pauta foi uma solicitação pela comunidade
Cinta-Larga da terra indígena Roosevelt, através também da Procuradoria da República, Dr.
Reginaldo que está aqui na mesa. Se trata de um tema grave que é conhecido de todos. Então foi feita
essa solicitação para que a CNPI possa escutar e ouvir estes problemas e a gente poder tratar deles
aqui. Eu gostaria de passar a palavra e registrar que tem a presença aqui de Venâncio Cinta-Larga
estão aqui, estão aqui do lado os companheiros e se os companheiros Cinta-Larga quiserem vir sentar
aqui do lado, bem aqui para ter mais visibilidade, Marcelo, Pio, nessa cadeira aqui do lado. Eu vou
passar a palavra para o Dr. Reginaldo para que ele possa trazer a sua para que ele possa fazer a sua fala
e em seguida a gente dar continuidade aqui a nossa exposição.
Dr. Reginaldo: Boa tarde a todos, eu sou Reginaldo Trindade do Ministério Público Federal em
Rondônia. Eu trouxe um texto escrito para garantir que nenhum assunto importante fosse deixado
para trás. Eu peço a atenção de todos. Senhor presidente, senhores membros, lideranças indígenas,
senhora e senhores, minha querida esposa que sempre está comigo. O povo Cinta-Larga tem sofrido
bastante em razão da desenfreada exploração de recursos minerais em suas terras, incrementada,
sobretudo, na última década. O garimpo de diamantes, embora impulsionado em 1999 ou 2000 já foi
responsável por alguns estragos, talvez irreparáveis para a comunidade tradicional. Os índios são
acusados de assassinato, tráfico e de hediondas práticas. No fundo, não passam de vítimas de um 75
processo sistemático de violência, de privação e de sérias violações de direitos humanos mais
fundamentais, abatidos principalmente por conta da total inoperância do governo brasileiro. Eles são
conhecidos como índios milionários, aqueles que possuem caminhonete, usam celular e tomam bebida
importada. Quando tirando as poucas, pouquíssimas lideranças que já estiveram envolvidas com a
exploração, a imensa maioria dos quase dois mil Cinta-Larga jamais usufruiu qualquer benefício
decorrente das jazidas minerais. Ao revés, parte considerável da comunidade indígena agoniza pela
falta dos mais elementares meios. Os índios passam fome, não têm onde morar, sofrem nas mãos da
FUNSA por falta de remédios, assistência médica de tudo. Não tem onde e nem como estudar e etc.
A ignorância em relação aos índios Cinta-Larga só não é maior ao desleixo a que estão relegados pelo
Governo Federal. Assumimos a defesa do povo em abril de 2004, na época em que 29 garimpeiros
haviam morrido em decorrência do conflito inter-étnico. Naquela ocasião, sobre influxo da
repercussão mundial desse trágico embate, o Governo Federal adotou uma série de medidas a respeito,
diversas reuniões tiveram lugar, inúmeras autoridades visitaram a região do conflito e se debruçaram
sobre a causa. Em setembro daquele ano foi constituído por decreto presidencial um grupo
operacional cuja missão precípua era impedir a maldita atividade. Esse grupos, cujos membros foram
designados em portaria do próprio ministro da Justiça e que é chefiado ao menos no plano executivo
pelo departamento da Polícia Federal jamais conseguiu desincumbisse da sua tarefa, qual seja, coibir a
exploração mineral nas terras indígenas do povo Cinta-Larga. Na verdade, ao início sequer os recursos
previstos do planejamento operacional eram repassados, o que obrigou a Procuradoria da República a
ingressar com uma ação judicial para compelir o Governo Federal a tanto. Por mais absurdo que possa
parecer aquele grupo operacional criado por ordem direta do presidente da República e secundado por
portaria do ministro da Justiça, não possuía os recursos necessários para desempenho da relevante
missão. Essa surreal situação persiste até hoje. Não obstante, as deliberações do Executivo tenham sido
reforçadas por ordem judicial onde se combinou até multa diária em caso recalcitrância, nem assim a
burocracia estatal tem sido vencida. O que será necessário fazer? O que fazer quando são
descumpridas ordens do presidente da República, do ministro da Justiça e do Poder Judiciário? Aliás, a
própria estratégia de atuação da Polícia Federal, digo, do grupo operacional talvez careça de melhor
reflexão. Tem se investido maciçamente em atividades ostensivas, sobretudo contra os índios as
maiores vítimas do processo, convidando-se de ações de inteligência, como se prender os pequenos
garimpeiros, índios ou não e se deixar livre os grandes financiadores do garimpo fosse resolver o
problema. A Polícia Federal tem sido mais eficiente no papel de aborrecer os índios. Chovem queixas
e reclamações contra o abuso cometido nas barreiras que circundam as aldeias Cinta-Larga. A grita é
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tamanha que há muito os índios têm reivindicados os valores que são destinados ao grupo chefiado
pela Polícia Federal.
No início, éramos frontalmente contra, na medida em que defendíamos que não se pode a pretexto de
se cobrir um santo, descobrir outro. Até porque o orçamento da União pode perfeitamente comportar
investimentos nas duas áreas, repressão e na proteção. No entanto, atualmente já começamos a
duvidar até mesmo de nossas convicções. Porque não deixa de causar espécie que o orçamento para a
Polícia Federal, algo em torno de 7 milhões por ano, supere inúmeras vezes os minguados recursos
destinados, quando são destinados, as atividades protetivas para o povo Cinta-Larga. O embate entre a
atividade protetiva, a atividade repressiva e protetiva, está posto para ser resolvido pelo Governo
Federal. Se, por um lado, continuamos a defender a necessidade da atividade policial na região, por
outro cada vez mais arraigamos a certeza de que o garimpo só será paralisado efetivamente, quando
propostas concretas de subsistência forem concebidas e executadas em prol dos índios. A paralisação
do garimpo, assim, tem ficado mesmo ao sabor das estações do ano e da boa vontade dos índios. A esse
respeito, lideranças Cinta-Larga anunciaram em maio de 2006 a paralisação do garimpo de diamantes
em seu território. A paralisação seria condicionada que o Governo Federal fizesse a sua parte,
fornecendo aos índios mecanismo de subsistência pela concepção e execução de projetos de
alternativas econômicas. Criou-se naquela época um grupo de trabalho entre a Procuradoria da
República em Rondônia, a FUNAI representada pelo GT Cinta-Larga e as lideranças indígenas. A
parceria funcionou razoavelmente bem até meados de 2007 quando aquele GT Cinta-Larga foi
desintegrado. Desde então esse trabalho não encontrou mais nenhum avanço significativo. Em agosto
de 2007 elaborou relatório das medidas adotadas pelo Ministério Público Federal em Rondônia nos
três anos anteriores. No documento, devidamente remetido à presidência da FUNAI constava uma
série de medidas que na nossa modesta opinião poderiam contribuir demasiadamente para amenizar a
dramática situação dos índios. As medidas foram elencadas de A a Z, no que podemos chamar o
abecedário Cinta-Larga. Embora boa parte daquelas medidas coincidissem substancialmente com os
clamores da própria comunidade índia, muitas se não todas, ainda estão aguardando solução até hoje.
Os brados dos índios são os mesmo há anos. Alimentação, saúde, educação, assistência jurídica e
dignidade.
Apesar de ecoadas insistentemente em todas as reuniões e encontros as súplicas não têm sido
assimiladas por aquele que deveria ser o mais atencioso ouvinte – o Governo Federal. No último mês
de junho, expedimos recomendação diretamente ao presidente da FUNAI onde pontuamos que abre
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aspas “a descontinuidade administrativa decorrente da constante alteração dos componentes do grupo
tarefa GT Cinta-Larga, a ausência de estratégias adequadas, a falta de método e planejamento, a
escassez de recursos e suporte técnico administrativo são algumas das principais mazelas que tem
obstado o desenvolvimento regular do trabalho” fecha aspas. Também realçamos como, aliás, temos
feito em praticamente todas as medidas judiciais e administrativas adotadas que abre aspas “o vácuo
deixado pela ineficiência da atuação do órgão indigenista tem sido preenchido por pessoas interessadas
em lucrar as expensas da miséria de todo o grupo indígena” fecha aspas. Vazios são preenchidos, não
tenham qualquer dúvida quanto a isto. A partir do instante em que o Governo Federal não se
desincumbe com o mínimo de profissionalismo e virtude de suas responsabilidades mais comezinhas
para com esses índios outras pessoas, raramente interessadas no bem estar da comunidade, passam a
ocupar os clarões deixados pela desídia do poder público, isso mesmo. O vácuo deixado pela
inescusável ineficiência do Poder Público Federal vem sendo preenchido pelo crime organizado,
podendo-se inserir nessa noção síntese, políticos, servidores corruptos, atravessadores, empresários,
multinacionais, e todos aqueles que, ansiosos por lucrar às custas da desgraça do povo Cinta-Larga,
vem alimentando o perverso circulo vicioso que se instaurou na região.
A sistemática macabra e perturbadora é absolutamente singela. O crime organizado coopta algumas
lideranças indígenas oferecendo-lhes facilidades que deveriam ser prestadas pelo próprio estado. Não
raro, em vez de pagamento em espécie, os índios são agraciados com créditos abertos no comércio da
cidade circunvizinhas a reserva indígena. Notadamente Espigão do Oeste e Cacoal, a ponto de
atualmente as dívidas do povo Cinta-Larga somarem centenas de milhares de reais. O pagamento das
dívidas alimenta a condenável prática e funciona como a principal engrenagem para perpetuação da
atividade exploratória. Quanto mais os índios garimpam ou deixam garimpar, mais eles devem e mais
precisam continuar garimpando. Viabiliza-se pois com o aval de algumas lideranças a atividade
garimpeira, cujo o produto é lavado pelas mais variadas formas e alimenta o mercado mundial. Os
índios envolvidos nesses processo tornam-se também reféns desse círculo pernicioso vítima do estado
de penúria e entregue a assanha de toda a sorte de pessoas inescrupulosas. Essas inesgotáveis dívidas,
muitas delas extorsivas ou mesmo inexistentes precisam ser enfrentadas pelo Governo Federal, não se
pode esconder por detrás da cômoda convicção de que se cuida de dívida de particulares contraídas
para fins escusos ou luxuosos. Isso não retrata com exatidão a realidade, parte dessas dívidas deveriam
ter sido feitas pelo próprio poder público. Outro tanto vem em benefício da própria comunidade
carente Cinta-Larga, muitos débitos são ilegais que serviram para movimentar o garimpo e há tempos
cobrada sobre a mira de arma de fogo. Ademais, e aqui a razão mais relevante a impor providências do
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Governo Federal, tais dívidas estão no coração da atividade garimpeira. Como já destacamos, elas
funcionam como uma das principais molas propulsoras da exploração mineral, e por isso mesmo, só
por isso já bastariam para ser enfrentadas pelo poder público. Outra reclamação dentre tantas, e o
elenco parece inesgotável diz com os processos e inquéritos, criminais ou não que pesam contra os
índios Cinta-Larga. Um levantamento preliminar elaborado pela indigenista Maria Inês Saldanha
Argrives a pedido da Procuradoria da República de Rondônia constatou-se que são mais de 1500 feitos
contra os índios. Está certo que esses números precisam ser depurados, mas disse sem qualquer receio
de errar que o povo Cinta-Larga está entre os mais envolvidos com a justiça no Brasil, quiçá no
mundo.
A esse respeito soubemos anteontem com grande satisfação da convocação de procuradores federais
para mutirão que será realizada em prol dos índios Cinta-Larga. Felicita-nos a realização dessa forca
tarefa, mas os trabalhos de nada servirão se não garantida para todo o sempre a permanência de um ou
mais procuradores da FUNAI em Cacoal, Rondônia para atender a constante demanda indígena
criminal, cível e trabalhista existente. Outra notícia alvissareira foi a reunião prevista para a próxima
semana para apresentação da Comissão que retomará os trabalhos em prol dos índios Cinta-Larga. No
entanto, senhor presidente, pairam na cabeça dos índios e na minha também, grandes perplexidades
em relação ao trabalho desse novo grupo. Quanto tempo ele ficará trabalhando no caso? Onde
permanecerá? Em Cacoal ou mesmo nas aldeias ou em Brasília? Se estiver com prazo certo de atuação
o que acontecerá depois? Essas indagações, como várias outras, esperamos ver diluídas se não hoje, no
máximo nas reuniões da próxima semana. Uma verdade parece gigantesca como uma montanha,
somente com estratégia, organização e método os problemas que tanto agonizam o povo Cinta-Larga
poderão ser minorados. Sem que a questão seja tratada com a preferência e a prioridade que ela
merece. Sem que existam pessoas técnicas e administrativas para abraçar as diferentes questões. Sem
que se estabeleça um orçamento razoável com regular e sistemática liberação dos recursos. Sem tudo
isso nada de significativo ocorrerá. Pequenos projetos por mais bem intencionados que sejam, não
ajudarão os índios a se livrarem da condição de reféns do crime organizado. Se tais projetos não
constarem de um programa maior, que contém ampliações efetivas de defesa da terra, valorização das
tradições e meios de subsistência para citar apenas algumas das necessidades, tais iniciativas, pouco ou
nada servirão.
Um programa ambicioso para mudança desse desolador quadro pintado à custa do sangue Cinta-Larga
é preciso ser pensado e, sobretudo, executado. A permanecer esse triste cenário, e desde o ano de 2004
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que nós estamos a insistir nessa tese, novos conflitos entre índios e não índios terão lugar. Muitas
outras pessoas, mais cedo ou mais tarde, tombarão e o lado mais fraco, o das comunidades indígenas,
será o perdedor, disso eu não tenho qualquer dúvida. No entanto, eu espero sinceramente estar
redondamente enganado quanto a esses sombrios prognósticos. Caminhando para o final, lembro de
uma reunião em maio desse ano, na capital da República, em que a Drª Deborah Duprat,
coordenadora da 6ª da Câmara do Ministério Público Federal, falava do esquecimento a que está
relegada a questão Cinta-Larga. Os problemas estão invisíveis aos olhos de todos. O silêncio impera no
movimento indígena e principalmente no Governo Federal. O que precisará acontecer, no entanto,
para a questão Cinta-Larga emergir? O que deverá o correr para esses problemas voltar a ter a
importância devida no Governo Federal? Quantos terão que sucumbir para que o assunto volte a ter o
lugar de destaque que merece, a reclamar proporcional atenção nas medidas?
O desafio Cinta-Larga, reconheço, é grande consideravelmente grande, maior que as forças da
combalida FUNAI. Mas é a Fundação Indigenista que não é a primeira vez que insistimos nessa ideia,
é ela que precisa assumir o seu papel de gerente de um processo de transformação desse estado de
coisas. Se a FUNAI não fizer quem mais fará? Sem falar que a dificuldade da batalha, não deve nos
afastar de uma guerra legítima, em prol de um mínimo de dignidade para esses índios. Por isso, senhor
presidente, lutaremos onde for preciso. Percorreremos órgãos públicos e entidades da sociedade civil.
Iremos ao Poder Judiciário apesar da pouca sensibilidade que tem demonstrado para a causa.
Acionaremos, se preciso for, até mesmo organismo internacionais. Não desistiremos jamais, porque
acreditamos que o problema dos índios se não podem ter solução integral, ao menos serão amenizados
em larga medida com o mínimo de comprometimento e responsabilidade na condução das ações. Em
uma carta Cinta-Larga data de 2005, o índios fizeram uma reclamação muito próxima as que serão
feitas hoje, aqui nesta data. Ao final do contundente documento, disseram que continuariam
esperando a acreditar na justiça.
Assim, rogo que o Governo Federal e que todos os senhores componentes das mais variadas pastas,
não deixem a esperança Cinta-Larga degenerar mais uma vez para frustração. Para finalmente
encerrar, vou pedir licença à assembléia para fazer um pedido pessoal ao presidente Márcio.
Presidente Márcio, faça uma força e compareça pessoalmente nas reuniões da próxima semana em
Cacoal, altere as datas dos eventos, se preciso for. Não deixe de comparecer nem que seja por uma
tarde. Vá lá e diga olhando nos olhos daqueles sofridos índios o que o senhor, o que a FUNAI pretende
fazer. Não os engane, não prometa nada que não possa ser cumprido. Eles já foram iludidos demais
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com promessas vazias e inexeqüíveis do governo. Não esconda as dificuldades. Convoque a
comunidade para somar com senhor nessa tão legítima batalha pelos direitos humanos do povo Cinta-
Larga. Em dezembro de 2007, quando o senhor esteve presente na aldeia Ruve e pôs fim ao incidente
de proporções internacionais eu lhe disse, talvez a memória não lhe permita lembrar, que o senhor
não tinha do que afligiu os índios Cinta-Larga, mas que poderia ter grande papel na mudança. Eu
continuo exatamente com o mesmo pensamento, o senhor tem pouca responsabilidade no flagelo que
assola os índios Cinta-Larga, mas com certeza o senhor pode fazer a diferença. Está em suas mãos.
Agradecemos imensamente a comissão por permitir que o drama desses índios seja trazido à discussão
em um foro tão relevante. Agradecemos especialmente ao índio e membro Almir Suruí que fez ecoar a
nossa pretensão nesse colegiado. Agradecemos de coração a paciência por terem nos ouvido. Nossa
súplica é a do povo Cinta-Larga, obrigado.
Márcio Meira – Presidente - Obrigado Dr. Reginaldo. Eu vou aqui agora abrir a palavra para
representantes do Cinta-Larga que queiram também complementar a sua manifestação.
Marcelo: Sou Marcelo Cinta-Larga, coordenador da organização indígena do povo Cinta-Larga, que é
conhecido como Conselho do povo Cinta-Larga. Queria saudar o presidente com (Pai queni pamam –
trecho na língua indígena) e também (Pai queni pamam – trecho na língua indígena) os parentes,
lideranças, indígenas, e (Pai queni pamam - trecho na língua indígena) é autoridade branco presente
aqui. E (Pai queni pamam - trecho na língua indígena) também para o Dr. Reginaldo Trindade, a
única pessoa que durante esses sete anos, não abandonou a gente com essa questão que a gente vem
enfrentando. O que eu queria falar também, como representante do povo Cinta-Larga dentro da
associação, queria dizer a vocês que nós desde o início do contato a gente sofremos (Sic), a gente
continuamos sofrendo (Sic) ainda com várias ganâncias de alguns brancos, não é? Eu quero dizer para
vocês a todos, que aqui somos indígenas Cinta-Larga, somos filhos do sobrevivente do Massacre do
Paralelo Onze, aonde o Massacre do Paralelo Onze chegou a quase extinguir o povo Cinta-Larga.
Onde nós éramos 5 mil índios Cinta-Larga, chegamos a 546 pessoas, quase fomos extinguidos. Onde
esse massacre foi batizado como Massacre do Paralelo Onze e nós depois desse massacre, desses 546
chegamos a cerca de 1600 a 1800 indígenas hoje. É uma, para quem enfrenta essa dificuldade, desde o
contato é muito triste, por isso os parentes, lideranças indígenas que fazem parte da comissão e as
autoridades não indígenas, presidente da FUNAI quero dizer que nós chegamos até a aqui e essa
discussão que está tendo com a questão do povo Cinta-Larga o descaso do governo brasileiro, não é a
única reunião, nós tivermos várias e conseguimos chegar até a aqui.
81
Por isso quero pedir apoio ao CNPI que avalia essa situação, que nós não queremos continuar
sofrendo. Muitas das vezes eu ouve da boca de alguns brancos dizendo assim: Cinta-Larga Tem 2
milhões 732 hectares de terra, é muita terra para pouco Cinta-Larga. Lógico, nós éramos 5 mil índios,
nós fomos a quase total perda. Por isso eu estou contando, relatando isso, fazendo triagem da nossa
vida para que vocês tenham um pouco do conhecimento do nosso sofrimento. Depois com a instalação
da Polícia Federal dento da nossa reserva, além do governo não atender nossas reivindicações, nossas
propostas para a melhoria para o povo Cinta-Larga, a Polícia Federal é o único que é beneficiado. Hoje
eu quero dizer como liderança do povo Cinta-Larga, representante do povo Cinta-Larga, quero dizer a
vocês que o povo Cinta-Larga através de justiça corrupta que eu digo, nós estamos sendo acabados.
Acredito que se a gente não analisar, procurar resolver, esse pode ser o fim do povo Cinta-Larga, eu
não quero isso para o meu povo. Sei que todo ser humano tem sentimento, cada lideranças desses que
eu vejo aqui, como liderança que eu já levei essa situação para o ONU, está Sandro Tuxá, Sandro Tuxá
me acompanhou me levou nessa situação. E outras lideranças presentes aqui sabem essa foi, a do que
eu estou falando hoje não é diferença do que eu já falei em várias reuniões, acompanhei vocês e
sempre coloquei essa situação. Nós queremos ser respeitados, reconhecidos como donos daquele
espaço lá. Não como governo através da Polícia Federal está dizendo que nós somos invasores, que nós
somos bandidos, dizendo que nós que somos causadores dos problemas. Coisa mais triste que eu vejo,
governo não sabe resolver um problema passivo. Resolver problema com sabedoria, não com
violência. Uma pedra conhecida como diamante, um dia presidente da República vai morrer e a pedra
vai continuar, porque pedra é pedra, ser humano é ser humano. Por isso eu digo, pedra de diamante
vale mais do que um índio Cinta-Larga isso eu não quero. Quero que o nosso povo, nós Cinta-Larga
seja reconhecido, respeitado porque nós garantimos aquele espaço lá, para nós viver. Por nós existir
existe aquela floresta naquele lugar, por isso eu quero pedir esse apoio a vocês, ao CNPI que olha mais
de perto esse nosso sofrimento para que nós buscamos resolver essa situação do povo Cinta-Larga.
Aqui nós trouxemos um documento, elaborado por lideranças Cinta-Larga, com as comunidades, uma
proposta com questão desse recurso da Polícia Federal que está fazendo a gente sofrer que está
matando a gente. Por isso nós trouxemos essa proposta para entregar a comissão eu vou convidar o
jovem liderança do povo Cinta-Larga, que é a liderança da aldeia Tenente Marques para fazer a leitura
desse documento.
Júnior: Boa tarde parentes. Meu nome é Júnior, eu vou tentar ler o documento que a gente trouxe.
Cacoal, 29 de setembro de 2009. A Comissão Nacional de Política Indigenista – CNPI – Almir
Naraiamonga, Suruí, Wellington Gavião. Prezados, cumprimentado vimos apresentar os interesses do
82
nosso povo. Expomos nossas considerações, expectativas das medidas a serem empregadas para que
possamos juntos garantir o desenvolvimento dos Cinta-Larga. Nossa opinião deverá ser analisada,
corrigida, se necessário, para que o atual cenário de nosso povo seja modificado e possamos alcançar a
melhoria da nossa qualidade de vida. Ao longo de muitos anos estamos lutando para sermos ouvidos
pelo governo brasileiro através da FUNAI, Ministério da Justiça, mas em muitos momentos fomos
desconsiderados. Mesmo que o nosso território reconhecido é legalmente demarcado em muitas
situações o que governo desconhece é legitimidade de nosso direito na ocupação das terras indígenas,
onde garantimos a preservação de todo o território ao longo de séculos. O acontecimento de morte de
29 garimpeiros invasores no nosso território, no caso a mídia tratou de propagar como se apenas os
invasores tivessem sido injustiçados. Nossa situação se tratou de propagar como se apenas os invasores
tivessem sido injustiçados – desculpe eu errei aqui – tratou-se de propagar como se apenas os
invasores tivessem sido injustiçados, nossa situação se agravou, pois após este episódio passamos a ser
marginalizados, ignorados, pelo poder público e a sociedade em geral, que passou a considerar apenas
as riquezas minerais contidas no subsolo de nossa terra. Desconsiderando a vida humana e as
humilhações enfrentadas por nosso povo, onde nossas mulheres e crianças Cinta-Larga são vítimas de
violência sexual e morte do mesmo modo como aconteceu no paralelo onze. Nós Cinta-Larga por
muito tempo fomos, acredito, agredidos dentro de nossa própria casa por alguns policiais federais que
desconhecem princípios dos direitos humanos. A existência das barreiras da Polícia Federal ao nosso
conhecimento, objetivada a proteção a fiscalização para evitar a invasão de nosso território. Mas
alguns agentes da Polícia Federal ignoram esse princípio e agem como agentes de agressão indígenas.
Falta de formação e de instrução, estamos cansados de ver o Governo Federal aplicando recurso em
uma fiscalização que não acontece. A prova concreta é retirada de madeira ilegal, caça ilegal, grileiros
que estão invadindo nossa terra acerca de 1600 metros de base para a Polícia Federal e outros fatos
comuns como a invasão dos aventureiros em busca de riquezas no garimpo de diamantes, sem que a
polícia tome nenhuma atitude. Sugerimos que a parte do recurso destinado pelo Governa Federal a
operação Roosevelt da Polícia Federal seja re-coordenada para a Fundação Nacional do Índio – FUNAI
– para que esta possa implementar projeto de hábito de produção, fiscalização conjunta com indígenas
e projetos que vissem o desenvolvimento das comunidades Cinta-Larga de uma forma geral.
Solicitamos ainda que seja realizado o mapeamento do território Cinta-Larga, que permitirá coletagem
de dados específicos sobre as potencialidades humanas e naturais.
A FUNAI juntamente com os próprios indígenas que são maiores protetores e reconhecedores do
território, deverão ser os princípios agentes de fiscalização contando com a parceria da Polícia Federal
83
e da Polícia Ambiental. Queremos que os diamantes apreendidos pela Polícia Federal sejam leiloados e
o recurso obtido com o leilão seja utilizado para pagamento das dívidas de indígenas Cinta-Larga
contraída no período de 2000 a 2006. Projeto de desenvolvimento sustentável nas aldeias, capacitação
de indígenas e fortalecimento institucional do Conselho Cinta-Larga. Outra questão que nos preocupa
é o alto número de processos judiciais contra os Cinta-Larga, queremos especial atenção neste caso,
pois na maioria das vezes estes processos estão causando graves impactos sobre todo o povo. E
finalizando, queremos apoio para inserção no mercado de venda de crédito de carbono através da
FUNAI. Com a promoção de oficinas para a disseminação de formação sobre alternativas econômicas
ambientalmente saudáveis para que não haja mais degradação com retirada de madeira, exploração
mineral e ilegal e desordenada em nosso território. Não gostaríamos de ter nos reportar ao governo
fazendo solicitação de cestas básicas ou saídas de emergências para as graves condições que as
comunidades Cinta-Larga enfrentam. Mas que a partir da aplicação correta deste recurso possamos
promover o nosso povo com a capacitação administrativa e financeira, pois acreditamos que a partir
do momento em que possamos entender que a gerenciar nossos potenciais, nosso povo avançará na
conquista de sua autonomia. Sem mais, despedimo-nos com saudação indígena. Só isso.
Marcelo: Este é o documento do povo Cinta-Larga com uma proposta. Nós encaminhamos esse
documento para o CNPI, nós estamos solicitando que o recurso destinado à Polícia Federal sete
milhões que seja repassado para a FUNAI. Porque a FUNAI pode local. A FUNAI tem competência e
conhecimento e respeita fiscalizar terras indígenas Cinta-Larga e também queremos parceria que os
índios sejam parceiros para fiscalizar esse trabalho. Porque durante esses anos que esse recurso está
nas mãos da Polícia Federal para fiscalizar as nossas terras, a nossa terra há menos de um mês passou
no Jornal Nacional os próprios indígenas prendendo madeireiros que tinham invadido a terra indígena
para poder explorar madeira. Em parceria junto com a FUNAI foi prendido esses invasores e também
a nossa terra está sendo invadida, foi invadida ta cheio de gado a 4 km da Polícia Federal da barreira
da Polícia Federal em Jaguatirica e também outros invasores que entram dentro da nossa reserva em
busca de estaca e vários outros recursos naturais estão sendo explorados enquanto a v Polícia Federal
está aí nos atacando com esse recurso, os 7 milhões. Por isso nós queremos que esse recurso seja
repassado para a FUNAI, para a FUNAI pudesse trabalhar com fiscalização e sustentabilidade e outros
mais com o povo Cinta-Larga. Eu acredito que isso que está precisando, uma inteligência passiva para
resolver essa questão do povo Cinta-Larga não com violência, assim que se resolve o problema desse
jeito eu acredito, tenho certeza que vai resolver esse problema do Cinta-Larga. Gostaria de agradecer a
comissão, lideranças não indígenas e os demais queria agradecer e muito obrigado.
84
Márcio Meira – Presidente - Obrigado Marcelo Cinta-Larga. Também ao Júnior pela apresentação do
documento. O documento pode ser entregue aqui para registrar a CNPI e a secretária executiva dar o
recebido. Eu vou abrir aqui para a gente poder escutar via plenária para entregar para os membros,
mas a gente também pode tirar cópia para distribuir para todos os membros aí e a CNPI dá o recibo, a
entrega do documento. Antes de passar a palavra para a plenária, eu queria só fazer alguns
comentários sobre esse tema porque como ele diz respeito, ele é um tema muito grave, muito
complexo e eu gostaria de passar algumas informações também complementares aqui antes de a gente
abrir o debate. Em primeiro lugar eu queria agradecer pela confiança dos Cinta-Larga na FUNAI
expressada aqui por essa apresentação e que demonstra que nós temos feito um diálogo desde que eu
cheguei na FUNAI. Agradecer também ao procurador Reginaldo. Nós temos procurado desde que eu
entrei na FUNAI estabelecer e fizemos desde então um diálogo franco com a comunidade Cinta-Larga
e o Ministério Público, inclusive mostrando as dificuldades que temos em relação a esse tema tão
complexo. Envolve uma série de fatores, inclusive jurídicos, como por exemplo, a questão da
regulamentação da mineração em terra indígena e outros temas mais correlatos.
De lá para cá, nós temos procurado tomar medidas importantes para que a gente possa avançar na
solução desses problemas, inclusive todas essas questões que foram levantadas aqui, foram
apresentadas ao nosso Ministro da Justiça, Tarso Genro, a FUNAI conseguiu uma audiência com o
ministro para que fosse levado a ele essa questão, sobretudo a questão relativa as queixas que a
comunidade tem em relação a Polícia Federal que é uma instituição importante e respeitada, mas que
naquele caso específico há queixas da comunidade. Essa apresentação foi feita ao ministro e ao diretor
da Polícia Federal quando a FUNAI conseguiu essa audiência, eu tive informações recentes de que já
houve algumas trocas de pessoas lá da Polícia Federal, eu queria até saber da comunidade se
realmente, que eu tive informações de que houve trocas de comandos de pessoas lá da Polícia federal,
eu queria saber se realmente houve essas trocas, está em fase de troca. E de fato há aí uma
desconfiança, uma desconfiança muito forte entre a comunidade indígena e a Polícia Federal e
quando há desconfiança nesse tipo de situação, realmente é difícil que as medidas de proteção sejam
efetivas. De fato também a Polícia Federal, aliás, a FUNAI recentemente em conjunto com os Cinta-
Larga nós provamos que, como disse o Marcelo, que se nós atuarmos em conjunto nós temos
condições de reprimir o tráfico ilegal de madeira que no caso foi feita a operação em conjunto, quer
dizer, nós só conseguimos prender os madeireiros dentro da terra indígena porque nós estávamos na
FUNAI junto com os Cinta-Larga nessa operação. Então o que nós precisamos, nós temos trabalhado e
apontado essa questão é de que precisa haver uma atuação combinada, conjunta da FUNAI com os
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índios Cinta-Larga e também com as outras comunidades indígenas de lá da região como os Suruí, os
Zoró e outros para que a gente possa realmente garantir a proteção daquelas terras indígenas dali do
corredor que é o corredor Tupi Mandé. Eu tive em um momento, inclusive, muito delicado naquela
região, naquele momento em que o representante da ONU estava lá e podemos desde então traçar esse
diálogo que eu fiz referência aqui. Então nesse sentido nós fizemos alguns diagnósticos importantes e
eu queria destacar.
O primeiro deles é realmente o histórico de ausência do Estado e uma ausência, inclusive da FUNAI
na região. E a presença da institucionalidade da FUNAI que tinha historicamente muitas vezes com
denúncias graves de envolvimento com a própria atividade garimpeira e isso nos levou muitas vezes a
trágicas situações. Então nós estamos operando lá desde que eu entrei na FUNAI um movimento de
mudança sério e radical lá na administração da FUNAI em Cacoal que é a administração que é onde
está a jurisdicionada as terras indígenas Roosevelt, mas também nas outras administrações que atuam
naquela região, naquele corredor, como a administração de Juína no Mato Grosso, noroeste do Mato
Grosso que foi quem fez a operação, inclusive junto com os Cinta-Larga recentemente e também na
administração de Ji-Paraná. Esse é um processo lento, nós sabemos aqui, todos sabem aqui como o
processo de reconstrução da FUNAI, de reestruturação da FUNAI em vários lugares do Brasil ele tem
sido feito e a dificuldade que é inclusive em função da demora mesmo dos processos burocráticos que
envolvem essa questão como, por exemplo, a questão de pessoal, a dificuldade de recursos humanos.
Nós estamos fazendo o concurso esse ano para poder requalificando o nosso quadro de pessoal,
inclusive aquela região vai ser contemplada com o nosso concurso público com um quadro de pessoal
priorizado exatamente por conta precariedade e da situação naquela região. Nós temos feito também
as operações, a Taís que é a coordenadora de proteção de terras indígenas da FUNAI que está aqui
presente, nós temos dialogado permanentemente aí com a comunidade para que essas operações sejam
feitas como foi citada aquela operação recente que prendeu os madeireiros lá na região na jurisdição
de Juína no noroeste do Mato Grosso.
Uma outra questão é essa que foi citada em relação a construção de alternativas, ou seja, não adianta a
gente ficar só fazendo repressão porque só a repressão não vai solucionar o problema como, aliás,
acontece em outras regiões do Brasil. Nós temos que ter uma política de promoção ali do étnico
desenvolvimento naquela região. Então, diante desse fato, nós verificamos que o grupo tarefa que
tinha sido criado antes da minha administração, inclusive foi citado pelo procurador, nós verificamos
que os recursos que estavam sendo deslocados, que aquele grupo tarefa desempenhasse as atividades
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de promoção, um diagnóstico feito pela auditoria, da Controladoria Geral da União, verificou que a
maior parte dos recursos era gasta em atividades não finalísticas nas comunidades. Inclusive isso
prejudicando as atividades e inclusive a imagem da FUNAI perante a comunidade. Então diante desse
quadro nós estamos agora como eu disse, semana que vem realizando uma reunião, porque nós
contratamos um grupo, uma comissão que vai exatamente trabalhar, desenvolver um programa
desenvolvimento, de étnico desenvolvimento, não só com a terra indígena Roosevelt, mas no
conjunto ali da região. E essa equipe estará lá semana que vem dialogando, conversando com a
comunidade para desenvolver esse trabalho com a comunidade. Para as atividades serem programadas
dentro da nossa responsabilidade da administração de Cacoal, ou seja, a nossa determinação é de que
as administrações de Cacoal, administração de Gi Paranã e administração de Juína sejam cada vez mais
fortes e com maior capacidade gerencial para que os programas de desenvolvimento daquela região
sejam capazes de enfrentar a vulnerabilidade que hoje existe ainda e que leva a essa situação dramática
que já foi narrada aqui pelos indígenas aqui presentes e pelo procurador. Então nós estamos aí com
essa atividade prevista e com relação à questão dos processos também, como disse, existem mais de
mil, a estimativa de mais de 1500, nós precisamos averiguar com mais detalhes esse processos, que tipo
de processos são, e separar o joio do trigo e etc. Então para isso também por iniciativa da FUNAI junto
a Advocacia Geral da União nós estamos, já foi publicado uma portaria, foi comunicado já ao
procurador, e a partir do dia 19 de outubro, um grupo de Procuradores da República, um mutirão de
Procuradores da República estará em Cacoal para que possam ser analisados esses processos, em uma
forma semelhante ao que foi feito também no sul da Bahia recentemente em um mutirão em função
da situação lá do sul da Bahia que a CNPI tomou conhecimento na reunião passada. Então esse
mutirão vai ser realizado e ele procurará diminuir esses processos, combater esses processos,
responder esses processos e se for necessário, nós vamos solicitar a AGU que esse mutirão continue até
que a gente possa realmente ter uma situação ali, jurídica mais razoável porque realmente ali é uma
situação em que os Cinta-Larga foram colocados como, digamos assim, legítimos defensores, quer
dizer, atuaram em legítima defesa em função de atuação de violência lá na região.
Então eu queria concluir aqui dizendo novamente que a FUNAI agradece essa demonstração de
confiança porque, de fato, nós estamos tentando estabelecer essa relação para que a gente possa
inclusive recuperar a imagem da FUNAI na região. A imagem que a FUNAI tem naquela região lá é a
pior possível. E nós estamos tentando trabalhar exatamente para que isso seja recuperado. E,
sobretudo, na atuação que a gente tem que fazer em conjunto, tanto nós FUNAI quanto a comunidade
indígena, com a Polícia Federal que precisa ter uma postura ali que seja condizente com o papel
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institucional que é tão reconhecido em outros lugares da Polícia Federal. Então eu gostaria de colocar,
trazer aqui para vocês essas informações, esses esclarecimentos e como a Taís está aqui presente,
qualquer dúvida ela estará aqui. Porque nós estamos trabalhando nessas operações de fiscalização em
conjunto com a administração de Cacoal, em conjunto com os Cinta-Larga e dizer também por último
que eu acho, e já me antecipando aqui, inclusive em termos de uma proposta, diante do que foi
trazido, eu queria propor aqui e já sugerir para a CNPI que nós pudéssemos fazer um, tomar uma
medida parecida, semelhante aquela que foi feita em relação ao sul da Bahia em que a subcomissão de
Segurança e Cidadania? Justiça e Cidadania da CNPI possa se deslocar à região de Cacoal, planejar esse
deslocamento para que possamos ter um relatório aí, não só tendo um relatório que nós já temos da
FUNAI, como também do Ministério Público, mas a própria CNPI institucionalizar, através da sua
subcomissão essa situação lá e que dessa forma, possa levar através desse relatório essa questão às
instâncias superiores. Então eu queria fazer essa sugestão, porque eu acho que essa é uma maneira
institucional da CNPI tratar como nós tratamos a questão, por exemplo, do sul da Bahia e temos
tratado também a questão lá do Mato Grosso do Sul. Então eu queria adiantar aí colocando essa
opinião e aqui abrir para a nossa plenária para fazer perguntas e questionamentos, sugestões em
relação a esse tema. Está inscrito o Brasílio, depois o Tóya, depois o Sandro, depois o Saulo, depois a
Lylia Galetti.
Brasílio: Brasília Xokleng - Na década de 14 o primeiro contato era cinco mil e depois logo passou a
cota de 300 pessoas e (Inaudível, fora do microfone). É muito triste, mas eu como tenho sempre um
pensamento positivo eu acho que junto da CNPI, o presidente da FUNAI, junto com o Presidente da
República, o Ministro da Justiça e todo aquele que possa ajudar no sentido de colaborar com o povo
Cinta-Larga para que isso não aconteça (Inaudível). Eu acho que é importante, eu acho que é uma
ideia muito interessante que o presidente da FUNAI e nós em conjunto faremos a reivindicação nós
iremos junto com o povo Cinta-Larga à Presidência da República (Inaudível). Eu quero agradecer o
espaço e acho que todos aqui devem colaborar (Inaudível).
Márcio Meira – Presidente - Tóya, próximo inscrito.
Tóya: Como o parente Brasílio falou, é uma situação bastante triste, e aí eu gostaria de trazer algumas
falas que aconteceram na Comissão Nacional de Política Indigenista de parentes relatando situações.
Uma é bastante, é uma frase que o irmão Anastácio Peralta utilizou, ele utilizou da seguinte forma: o
nosso povo é tipo o rio, empurram a pedra em cima que caiu em cima da gente espalhou e alguns
passaram por cima e outros morreram. Essa é a história do índio brasileiro, da omissão do Estado
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desde 1500 até a atualidade. Muita coisa tem mudado, mas tem que mudar bastante. Uma outra frase
também que é bastante triste, foi em um seminário de Gestão Ambiental que foi utilizado pelo outro
irmão Guarani Kaiowá, que ele falou o seguinte: nós do Mato Grosso, nós estamos vivendo pela fé
porque terra nós já não temos mais. Se eu precisar morrer eu morro para que meus filhos possam ter
futuro. Então é de norte a sul, leste a oeste a situação das populações indígena continua ruim. Há de se
alguma coisa seja, através da CNPI, ou seja, através realmente da união das forças do homem branco
com o homem indígena. Que tenhamos corações, para que a gente, em conjunto, possamos utilizar
essa nossa sabedoria para resolver esse problema nosso. Vejo bastante ação do governo brasileiro em
outros territórios, emprestando dinheiro para outros países, que também são sofridos, mas se nós não
organizamos a nossa casa, como é que nós vamos tentar organizar a casa dos outros? Então pediria a
toda bancada, tanto indígena quanto do governo para que nós pudéssemos fazer uma moção de apoio
aos problemas indígenas, não só Cinta-Larga, mas de todo o país. Que se criasse uma frente realmente
para resolver esses problemas que são de criminalização de lideranças indígenas. Que fosse resolvido e
que se colocasse programas que realmente beneficiasse o nosso povo. Muito obrigado.
Sandro (05’20’’ até 10’20’’): (Inaudível- fala fora do microfone ou distante). Fico muito triste em saber
que em 2007 (Inaudível) lá em Rondônia e surgiu um problema que estava acontecendo na região do
Cinta-Larga (Inaudível). E eu fico um pouco triste em saber que o povo (Inaudível), mas fico feliz ao
mesmo tempo em saber (Inaudível) na fala do procurador da República a gente tem o compromisso
dele em apoio, porque ele poderia ter desistido dos problemas. A gente vê isso muito presente na
FUNAI e a gente vê que há uma dificuldade dos (Inaudível) e por parte do governo a gente vê nos
bastidores (Inaudível). O índio nem sabia que diamante era valioso. O índio nem sabia que era
diamante. (Inaudível) por parte de alguns, muitos índios foram colocados para vender. Eu fico muito
triste porque (Inaudível), porque as plantações (Inaudível). As mulheres (Inaudível), não sei se isso
acontece hoje. Mas em algum momento as mulheres levantavam a roupa para ver se ali não estava
ocultando alguma pedra de diamante e isso era feito pela Polícia Federal. Não foi uma pessoa que me
disse, foi alguém, uma índia, sei lá de 70 anos, queixosa por causa de sua filha, sua neta e teve que
passar por uma barreira. Aconteceu um caso no (Inaudível). A nação brasileira chocou quando houve
aquele confronto direto e muitos morreram. (Inaudível) muitos dentro, só que ninguém pesa na
balança, que muitos Cinta-Larga também morreram. A exemplo do Massacre do Paralelo Onze. E aí os
(Inaudível) tomaram uma decisão (Inaudível), mas antes de matar, morrer. O turista tem que falar
(Inaudível). Hoje, hoje a tem que recorrer ao presidente da FUNAI, os dirigentes da bancada do
governo. Hoje, nós olhando para ex-dirigentes do governo (Inaudível), mas nós sabemos que cada um
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de vocês que aqui estão abriram (Inaudível) para a causa indígena, nossa luta. Eu acredito que tenham
muitos que fazem, eu acho que o único tratamento mínimo seria isso (Inaudível).
Márcio Meira – Presidente - Obrigado Sandro. Saulo.
Saulo Feitosa: eu também quero parabenizar os representantes Cinta-Larga porque a gente tem
presenciado nos últimos anos as repetidas idas às autoridades em Brasília na tentativa de resolver o
problema, o movimento através do Acampamento Terra Livre, sendo que tanto o Estado brasileiro
quanto a sociedade continuam insensíveis ao problema. Embora o procurador tenha pautado o
problema a partir de 2004, lembra-se de muitos problemas anteriores a isso, sendo que antes do
problema ocorrido naquele ano já havia sido previsto pelos próprios indígenas, o governo havia sido
alertado de que coisas graves poderiam acontecer. Então, aí fico preocupado quando novamente vem
apelo afirmando que outro evento dramático pode acontecer. Essa memória é importante ser feita, é
importante também essa veiculação que vocês fazem desde o trauma sofrido, porque ninguém leva em
consideração que é um povo que tem vivido sob um trauma e todos nós sabemos o peso do trauma
individual, como é que podemos (Inaudível) por trauma coletivo? É toda uma coletividade que tem
uma vida traumatizada por aquele trágico acontecimento. Então de fato, é importante vocês fazerem
esse apelo, e muito mais importante essa ligação que vocês estão fazendo com a vida humana. A vida
de cada um, de cada uma que faz parte do povo Cinta-Larga, a vida de cada garimpeiro que invade a
terra, a vida de cada um brasileiro que está no centro do problema, e não os diamantes. Acho muito
importante os dois documentos apresentados (Inaudível). O do Dr. Reginaldo, enquanto denúncia, e a
sua, Junior, enquanto perspectiva para o problema. E realmente o que resultou de tudo isso? O que
resultou do Massacre do Paralelo Onze, o que resultou do ano de 2004? A repressão feita pelo Estado.
O que é que vocês tem lá? A repressão, ok? A repressão por agentes do Estado, a repressão feita pela
Polícia Federal. (Inaudível) a gente não pode admitir que de tudo isso resulte só a repressão. E a
repressão que deveria ser contra os agressores, contra aos que cometem atos contra os povos
indígenas, ela está se dando (Inaudível). As denúncias são antigas, da forma como agentes da Polícia
Federal tem agido em relação ao povo Cinta-Larga. Tanto é, senhor presidente, que antes da sua
proposta eu já estava convencido de que esses recursos deveriam ser deslocados para a Funai, esse
reforço da Polícia Federal, eu já ia propor uma resolução da CNPI, e deixo em aberto qual o melhor
procedimento, mas com a possibilidade de que a CNPI aprove resolução ao ministro solicitando que se
proceda ao atendimento da solicitação. Podemos até esperar a visita que deverá ser feita pela
subcomissão, talvez seja melhor tomar essa decisão com base no que virem lá, que com a aprovação do
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pessoal a gente tenha uma ida, uma visita da subcomissão que possa avaliar a situação... essa resolução
poderia ser apresentada depois, mas eu quero só deixar aqui a minha preocupação e dizer que o
problema exige uma definição urgente, não dá mais para a gente esperar, ser omissos. Não é a primeira
vez que a questão Cinta-Larga aparece na CNPI; das outras vezes ela não foi pautada dessa forma, por
alguma questão ela foi retirada da pauta, mas ela já apareceu reiterada, na própria subcomissão de
Segurança e Cidadania, mas a gente vai protelando. Então, o importante que vocês vêem aqui fazer
esse apelo e a partir de agora, até por uma questão moral, não podemos continuar omissos a esse caso.
Márcio Meira – Presidente - Obrigado Saulo. Próxima inscrita é a Lylia Galetti.
Lilia Galetti: Boa tarde, Lylia Galetti Ministério do Meio Ambiente. Eu achei também da maior
importância a vinda aqui dos representantes do povo Cinta-Larga e da Procuradoria, na pessoa do
procurador Reginaldo Trindade, representou um documento bastante enfático, forte aqui para gente
sobre essa questão. Eu queria dizer algumas coisas. Eu estou tão sensibilizada ou perturbada, sei lá que
palavra queiram dar isso, eu sei o sentimento como fiquei quando os Tupinambás vieram colocar a
situação com relação a Polícia Federal. Vou pegar primeiro esse lado bem concreto, eu acho que as
grandes questões já foram colocadas na fala do próprio povo Cinta-Larga, do procurador, do Saulo, do
Márcio, enfim, de todos que se colocaram. Porque lida com uma questão muito sensível, eu acho, para
todos nós. Que a nossa sociedade ocidental tem a questão da tortura, dos Direito Humanos, da
completa ignorância em relação a essas questões. Uma ignorância no sentido não do não saber, que
seria até aceitável, mas de uma violência que parte de um conhecimento da Legislação. Não há a mais
absoluta possibilidade de entender, que um servidor público da Polícia Federal tenha atitudes como
estas que estão descritas aqui, que o procurador descreveu e que nós vimos de uma maneira muito
semelhante com a nação do Tupinambá. Aqui eu estou olhando aqui no olho da Pierlângela porque
Roraima teve uma experiência diferenciada, significa que é possível uma Polícia Federal que
reconheça os direitos dos índios, que saiba tratar com os direitos de um cidadão de uma maneira geral.
Não é só com índio, é inadmissível que qualquer cidadão brasileiro ou cidadã passe por situações de
vexame, de tortura, de agressão, de completa ignorância por parte de pessoas, profissionais, servidores
públicos que deveriam estar ali para defender esses direitos. Não dá mais para ter esse tipo de
comportamento. Então eu fico assim, bom, é importante a proposta que foi feita de que a comissão
faça a mesma ação que foi feita junto aos Tupinambás? Eu acho que deve, deve ser feito. É importante
trazer de novo aqui a Polícia Federal para uma mesma questão? Porque nós convidamos a Polícia
Federal para vir, foi muito interessante a presença, não me lembro que nível de autoridade que esteve
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aqui, que não estávamos preocupados com o Tupinambá especificamente. Tupinambá foi um caso
bastante grave, que repercutiu muito aqui dentro, mas a gente tinha, eu pelo menos tinha essa
perspectiva de que isso servisse e a gente falou muito disso aqui, o próprio Márcio falou, todas as
lideranças falaram da importância de que a Polícia Federal em todo o Brasil, não apenas em Roraima
ou em um ou outro caso, seja uma aliada na defesa dos direitos constituídos dos índios e de quem quer
que seja. O que de novo, não está acontecendo, então eu fico um pouco em dúvida e acho que deve ser
encaminhado dessa maneira, mas acho que a gente teria que ter um outro tipo de ação, essa área é
muito sensível, politicamente com o próprio governo a área é muito sensível que é a área da
segurança, mas eu penso que a gente teria que ter algumas ações mais de efetividade do
reconhecimento de direitos e aí eu acho que é de direitos indígenas mesmo, porque é uma situação de
vulnerabilidade, é diferente de um cidadão não índio, no sentido de a gente ir mais longe nisso. Eu
não tenho muita clareza de como que é isto, mas eu acho que primeiro tinha que ter uma corregedoria
nesse raio dessa Polícia Federal, que pudesse ela mesma investigar o que acontece nos sertões do Brasil
nessa relação. Porque a gente sabe que já é complicado em geral, na área de Direitos Humanos com
qualquer cidadão. Mas aí quando está se tratando de um grupo que já é vulnerável pela sua condição
étnica, em um país como o nosso que não consegue vencer o preconceito, a ignorância, e a ganância
em termo do modelo, que já é outra história, mas já está junto, eu não sei, eu acho que tinha que ter
uma corregedoria, uma capacitação específica para trabalhar e mais do que isso, e aí eu vou
generalizar, eu tenho muita clareza, o Brasil avançou muito nisso, de 1988 para cá, o governo do
presidente Lula trouxe avanços e contribuições fantásticas, mas o fato é que as populações indígenas,
quilombolas, que a gente chama de povos indígenas e comunidades tradicionais, elas continuam em
uma extrema invisibilidade e com uma enorme dificuldade em uma área de exigibilidade de direitos e
da efetivação deles pelo Estado. Nós estamos em um processo no Consea, que eu penso que poderia ser
uma contribuição também dessa comissão nesse trabalho árduo de estar criando e construindo aí uma
consciência de Direitos Humanos, de direito do Brasil como país pluriétnico e etc. que é um processo
que a gente está vivendo no Consea. A próxima plenária, reunião plenária do Consea é de 27 a 30 de
outubro. A Comissão Permanente de Povos Indígenas, juntamente com a Comissão Permanente de
Povos Tradicionais do Consea, propôs e foi aceita uma plenária sobre étnico desenvolvimento nas
políticas públicas de segurança alimentar porque o Consea é de segurança alimentar. Nessa linha,
exatamente nessa linha da dificuldade do Estado brasileiro de reconhecer direitos, de trabalhar a
questão da exigibilidade, quer dizer, o cara tem direito, não sabe que tem, não tem como exigir e
quem deveria ter a clareza e a consciência disso, não consegue ou não tem os meios, a moral, sei lá o
92
que, tudo a formação para dar conta. Então eu acho que a gente tinha que ir em uma linha, talvez, um
pouco mais forte, até fazendo uma aliança com comunidades tradicionais, quilombolas, seringueiros,
enfim, todas as categorias que hoje a gente chama de comunidade tradicional e dos ministérios que
tenham um maior envolvimento, às vezes até de pessoas que estão nos poderes nesses ministérios, na
máquina pública para que a gente tivesse algum tipo de campanha, ação, processo de capacitação e
formação em relação a essa questão dos direitos dos povos indígenas, e demais povos e comunidades
tradicionais. Essa é a primeira coisa.
Uma coisa também, eu estive em uma reunião convocada pela FUNAI, estava lá o Marcelo e mais um
grupo de lideranças Cinta-Larga onde a gente um projeto, é um projeto pequeno, concordo com a
visão de um projeto não dar certo, mas se estiver dentro de uma rede, dentro de uma ação mais ampla,
funciona. A FUNAI desenhou essa ação com o grupo de trabalho e tal e a gente, o MDS repassou um
recurso para um projeto e a gente encaminhou isso devagar, em função dessas questões de burocracia,
que é um outro dado que me coloca na seguinte perspectiva: é preciso, eu não sei se a comissão, eu
acho que também é uma ação maior porque envolve mudança de legislação. Nós, desde o início do
governo Lula lá no Ministério do Meio Ambiente, estamos tentando, fizemos esforço junto com o
MDS de alterar a Legislação, a 8666, para permitir agilidade em relação a, primeiro normas para que a
gente pudesse ter melhores condições, ou melhor, os índios terem melhores condições de acessar
recursos públicos. Porque convênio não acessa, não adianta, pequenas associações indígenas não tem
condição de fazer isso. Também em uma reunião no próprio MDS, na época das mortes em Dourados,
a questão lá da desnutrição, enfim, da fome lá em Dourados, eu fiz essa proposta, eu acho que me
acharam louca, eu acho que agora as pessoas estão um pouco mais acostumadas comigo. Vou repetir,
eu acho que tem certas situações com povos indígenas, que mereceriam claramente a declaração de
estado de emergência, para que o Estado pudesse agir sem ser amarrado pela burocracia da licitação.
Não é possível, eu defendi isso em um reunião na Casa Civil, no MDS, com um bando de ministérios
para ver a questão de Dourados era para estar, na época, o presidente da Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República, é vamos ver e tal. Mas eu acho que no fundo e aí volta à
questão. Há uma certa dificuldade, um preconceito institucional quando se trata de trabalhar com o
povo indígena, e quando se trata de trabalhar com povos e comunidades tradicionais. Não é a toa que
a FUNAI, como o senhor mesmo chamou, chamou a FUNAI de combalida, a combalida instituição.
Por quê? Por que a FUNAI é combalida? Por que a FUNAI tem problemas de se estruturar? Por que a
FUNAI tem problemas de se fortalecer? Se não pelo objeto, pelo sujeito das políticas pelas quais a
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FUNAI é responsável. Porque tem dinheiro, tem outras coisas em outros lugares, porque não aí? Para
mim não é a questão da minoria, não precisa de tanto dinheiro.
Então eu acho que é um papel fundamental do movimento indígena, do Governo Federal em suas
áreas distantes aí, unidades, sei lá, ministérios o que seja, das pessoas que estão envolvidas, da gente
tentar caminhar no sentido de efetivar um pouco mais isso. Eu acho que o Brasil avançou muito, mas
nós estamos encontrando e o caso da Polícia Federal, o problema da burocracia de repasse de recurso,
esse processo que o Márcio falou da enorme dificuldade, você está vendo que a situação é mais do que
emergencial, é urgente, tem que fazer alguma coisa imediatamente, mas voce tem que licitar, você
não tem gente, você não tem não sei o que, e o tempo vai passando. E nós inclusive que estamos nem
é o meu caso, o Márcio ocupa uma presidência de um órgão como a FUNAI, e que eventualmente as
próprias pessoas também acabam sendo queimadas nesse processo. Você passa lá quatro anos, fazendo
todo o esforço, não apenas com boa intenção, é trabalhando no sentido de fazer algo e eu acho que a
gestão do Márcio tem sido isso, esse esforço o tempo inteiro de resolver, de encaminhar e no fim das
contas a gente acaba não conseguindo. Então eu queria deixar isso como alerta e anunciar que, pedir
inclusive ao procurador uma cópia desse documento ainda hoje, estou voltando para Brasília depois de
amanhã, para que a gente encaminha junto com a carta do povo Cinta-Larga ao PNUD que é o órgão
da ONU que faz a gerência dos recursos desse programa do Ministério do Meio Ambiente chamado
Carteira Indígena que fomenta projetos de desenvolvimento sustentável dentro das comunidades para
que eles agilizem a liberação do recurso. Esse recurso demorou para vir para o Cinta-Larga, houve um
problema ano passado e esse dinheiro não pôde ser colocado diretamente na FUNAI. Veio através da
Carteira Indígena que não pode abrir mão de suas regras, o projeto teve que passar pelo Comitê
Gestor, ser aprovado, viu Marcelo, isso também é aqui uma satisfação que eu estou lhe dando, embora
o tempo inteiro eu tenha mandado mensagens para a administração lá de Cacoal sobre a situação do
projeto. O Martinho também está acompanhando, mas assim, já que não existe essa possibilidade de
em momentos de extrema emergência, eu acho que é o caso, como era ocaso do povo Guarani na
época, com recurso para fazer isso.
Em alguns casos eu acho que, em algum lugar alguém devia tentar, se não talvez os próprios
procuradores, porque eu acho fantástico o trabalho que o Ministério Público Federal faz, mas
obviamente também o Márcio consegue fazer no limite. É pressionar o próprio Estado para que
resolva as coisas, não tem mais muito. Talvez vocês pudessem também ajudar, me desculpa se eu me
refiro assim, as Procuradorias, o Ministério Público Federal, principalmente, lógico, a 6ª Câmara,
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ajudar nisso também a pensar isso, mudanças de legislação, o que pode contribuir efetivamente com a
inteligência jurídica que vocês têm para alterar a legislação? Para mudar algo de mais estrutural?
Porque fazer denúncia, dizer o que precisa ser feito, e diz bem e faz bem, mas também não está tendo
um resultado. Também é um vácuo na legislação brasileira com relação a questão dos povos indígenas
e comunidades tradicionais. Que eu saiba o Ministério Público Federal, não tem tratado, talvez, de
uma maneira mais profunda no sentido de poxa, vamos ver. Se é para repassar dinheiro para projeto
para isso, para aquilo, tem problema, se é para fortalecer as comunidades tradicionais, as suas
instituições, tem problema. Tudo demora, tudo é difícil, e isso não acontece em muitos dos
procedimentos, normas e regras quando se trata de acesso de recursos pelos grandes proprietários
rurais, pelos grandes comerciantes, as coisas vão mais rápidas. Então assim, algo tem que mudar além
da co-relação de forças políticas. Afinal de contas tem aí um governo de um presidente que é popular
e tal e que não teve estrutura, às vezes também não teve vontade e não sei, teve problemas, mas o fato
é que não basta ter lá um mandato popular, não basta se a estrutura do Estado não muda, não se
modifica. Nisso entra a questão da estruturação da FUNAI que a gente aqui na CNPI defende com
unhas e dentes. Então eu gostaria de ter as cartas e enviar diretamente ao PNUD solicitando imediata
liberação dos recursos do projeto e quero dizer ao Conselho Cinta-Larga que com esses dois
documentos que nós vamos levar para o Comitê Gestor da Carteira Indígena, está aqui mais um
membro de lá, para que os projetos passem na frente dos outros e sejam aprovados ainda esse ano. É
isso. Obrigada e desculpa o tempo.
Márcio Meira – Presidente - Obrigado Lylia. Eu vou sugerir que a partir de agora ficam encerradas as
inscrições porque já tem muita gente inscrita. Vou pedir também que cada um agora que vá falar que
seja mais objetivo também para a gente poder encaminhar. O próximo inscrito é o Carlão.
Carlos: Carlos Nogueira, Ministério de Minas e Energia. Bom, eu gostaria só de fazer um relato, uma
indagação e um esclarecimento sobre o que foi colocado aqui. Eu escutei atentamente as palavras do
procurador, da carta que ele colocou e eu participei de algumas das reuniões desse GT capitaneado
pelo Ministério da Justiça em Brasília, para discutir a questão dos Cinta-Larga, da questão dos
diamantes, da exploração ilegal na terra dos Cinta-Larga, em função de o órgão DNPM é um órgão
vinculado a minha secretaria. Quando eu fui para a reunião, eu coloquei claramente que eu acho que
o Ministério de Minas e Energia não deveria participar daquela discussão do GT repressão. Porque a
gente entendia que o conceito era outro. O conceito era de ilegalidade e ilegalidade é caso de polícia.
Certo? E nós não somos um órgão, nós somos o órgão gestor do patrimônio mineral brasileiro
95
legalizado. Enquanto do artigo 231 da Constituição não for regulamentado, mineração seja de que tipo
for, em terras indígenas é um ato ilegal. E nessa mesma reunião eu disse, representando o ministério,
que eu não acreditava que a repressão ia resolver o problema. Nós estávamos tratando de um bem
mineral chamado diamante, que desperta cobiça em todo mundo, eu costumo brincar que uma pedra
do tamanho dessa minha unha aqui, às vezes ela pode custar dois milhões de dólares, não tem detector
de metais que pegue em lugar nenhum, bota no bolso e cara pega um avião e vai embora, e eu dizia
isso porque essa repressão é inócua, porque há mil jeitos de sair com essas pedras dentro da reserva dos
Cinta-Larga. E o que eu acreditava era que tinha que ter um grupo de governo que pensasse o
desenvolvimento, étnico desenvolvimento da comunidade no aspectos deles, da própria comunidade
que devia ser formado pelos ministérios de Desenvolvimento Social, pelo MDA, pela FUNAI, pela
FUNASA, para propor soluções de que buscasse a dignidade, que resgatasse essa dignidade que estava
sendo perdida pelos índios Cinta-Larga, que resgatasse essa dignidade, para que eles pudessem, que
tem uma população sofrendo de questões básicas, mínimas de sobrevivência na comunidade que a
gente tinha relato, tinha fotografia, tinha coisas fantásticas nessa reunião que eu vi, quer dizer,
fotografias, e que eu acreditava só se fosse um evento desse tipo. Quer dizer, esquecesse a questão
mineral e partíssemos para dentro da terra dos Cinta-Larga com um propósito de desenvolvimento e
de ajudar, de fato aquela comunidade. Foi me dito que ia se criar esse grupo, esse grupo parece que foi
chamado para discutir uma vez e aí eu gostaria até que se perguntasse onde foi parar esse grupo.
Esse primeiro é uma, a primeira colocação que eu estou fazendo. Por que não, e aí está nas palavras do
procurador, eu acho que ele cita isso, quer dizer, o grupo era formado e se perdeu, se não me falha a
memória, isso era 2007 e aí resgatando a palavra do Saulo, que o que nós estamos vivendo aqui, nós
estávamos vivendo também quando essa criação desse grupo de repressão em 2007 porque já estava na
eminência em 2007, 2006, 2007 de ter outro conflito. O preço do diamante está subindo e tal. Bom,
esse é um questionamento que talvez possa perguntar. O que foi feito desse grupo? De buscar essas
alternativas, até por causa dos recursos como a Lilia colocou aqui. Esses ministérios têm ações focadas
no social. Uma indagação, eu não ia falar nisso, mas o Sandro colocou muito bem. Eu não consigo
imaginar, eu sou geólogo por formação, todo mundo aqui sabe, como é que uma pá mecânica de cinco
metros em cima de uma carreta de 12 eixos sai de São Paulo e entra na reserva de Cinta-Larga e
nenhum aparato de fiscalização é capaz de identificar da saída a essa entrada lá dentro da comunidade.
Isso não existe em lugar nenhum. Então eu tenho um termo que eu coloco é o seguinte: as falam que é
um garimpo clandestino. Na mineração, não tem clandestinidade, existe ilegalidade. Qualquer
sobrevôo, qualquer imagem de satélite é possível sim, hoje, com os instrumentos que temos hoje,
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identificar exatamente o local que está havendo o espúrio. Quer dizer, clandestino é jogo de bicho, o
cara pega mesinha sai de lugar em lugar, de esquina em esquina aí muda de lugar e você não acha.
Mas a mineração ela é fixa, ela está lá, e se quiser, eu estou só respondendo a indagação com as fotos
que eu vi, é impossível, entendeu, que ninguém tenha visto aquilo, só se desceu de OVNI. Quer dizer
para perceber, quer dizer, aquilo tem que ter estrada, dá para rastrear. Eu estou só respondendo, essa é
uma indagação do jeito que o Sandro fez. Eu como da área também o faço. E agora um esclarecimento,
para ser bem objetivo é que tem uma demanda feita pela carta que o Cinta-Larga leu aqui que eu não
me lembro qual era o nome, pedindo que os bens apreendidos sejam leiloados e os recursos revertido
na, eu só gostaria de dizer que esse é um tema complexo porque a Constituição diz que os bens
minerais são da União, certo? E a apreensão de bens da União, na realidade, quer dizer, o órgão que é
o gestor é o DNPM hoje. A Polícia Federal, qualquer órgão que apreender esses diamantes, eles são
leiloados, de fato são leiloados e esse valor vai na cota entre aspas do DNPM, mas de fato, vai para o
superávit do Tesouro, na realidade ninguém bota a mão nisso. Na realidade é só um esclarecimento
que não é uma coisa tão fácil em função da legislação, porque você não está leiloando um bem que não
era dos Cinta-Larga ou que era de A ou de B ou de C, você está leiloando um bem da União e isso é
Constitucional e tem que mexer aí talvez os advogados. Eu só estou dando um alerta porque está aqui
na carta deles, lembrando que é um tema complicado esse pedido aqui. E lembrando, vocês se
lembram que a cobiça desse bem mineral, é até engraçado, saiu nos jornais todos, dois policiais
rodoviário federal em um época foram presos com alguns diamantes dentro do carro, saindo de algum
lugar, provavelmente em direção a Goiânia. Quer dizer, os próprios que talvez estivessem na força
tarefa de repressão foram apreendidos só para mostrar que essa, só para esclarecimento ainda com
relação a apreensão dos bens minerais de uma maneira geral não é só o diamante.
Márcio Meira – Presidente - Pierlângela.
Pierlângela: Pierlângela. Essa situação que foi levantada hoje aqui e aí eu coloco aqui que vai ter uma
relação também. Acho que amanhã, as apresentações que vão ter é uma questão mais já pensando em
soluções. Eu acho que a apresentação de amanhã, eu estou aguardando ansiosa essa apresentação
porque envolve fiscalização e proteção das terras indígenas e principalmente a questão da gestão
territorial. Por quê? Porque dentro desse processo, e aí para nós foi colocado um fato, e já foram
colocadas outras situações nessa plenária da CNPI sobre várias situações e aqui também se a gente
trouxesse o povo Yanomami, eles iam colocar essa mesma situação outras terras também tem várias
situações. Então isso faz pensar, a gente tem que pensar mais longe, porque nós não vamos fazer
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somente continuar dentro da CNPI com ações pontuais. Hoje, nós temos garimpeiros na região
Yanomami e muitos, e ninguém fala disso também, se a gente trouxesse também aqui os Yanomami e
eles sentassem, eles iam contar a mesma história da invasão. E para nós a preocupação agora com a
terra indígena Raposa Serra do Sol. Por quê? Porque todo mundo, ah vai ficar, ficou o Uiramutã e
ficou o Normadia. O que acontece? A estrada que não é de nossa responsabilidade, passa por dentro da
terra indígena e vai lá para a fronteira, vai ficar no município do Uiramutã. De quem é a
responsabilidade? E aí eu trago para a gente pensar. Por quê? Porque a gente está falando de Polícia
Federal, estamos falando da FUNAI que são do mesmo ministério, que a priori, na CNPI, acho que a
gente já deveria ter encaminhado mais coisas. Por que se trata de um ministério, inclusive é onde a
CNPI está instalada com a Polícia Federal, com a FUNAI o Ministério da Justiça o próprio ministro,
nós temos que alavancar alguma coisa de política mesmo na área de fiscalização e proteção. Porque
muitas das vezes, a minha preocupação é que esses relatos como os do Cinta-Larga venham cair como
se fosse uma coisa comum. E aí as pessoas não vão mais se surpreender e aí vai ficar uma rotina. E a
gente vai achar que isso é comum e quando a gente começar a achar que as coisas são comuns em todo
o Brasil, e isso acontece, acontece comigo, acontece contigo, a gente pensa, pára de se surpreender e a
gente pára de pensar soluções claras para isso. então quando eu vi o relato e pensei nos outros relatos
que foram feitos aqui, pensei nisso. Quais são as nossas responsabilidades? Tanto da Polícia Federal,
quanto da FUNAI, quanto de nós mesmos indígenas com a nossa terra, como gestão do território.
Como é que nós vamos pensar isso enquanto política? Porque também a preocupação de Raposa Serra
do Sol está nesse sentido agora. Se a gente ficar sem fiscalização pode ser que aconteça o mesmo que
aconteceu com os Yanomami, pode ser que aconteça o mesmo que está acontecendo com eles. Então
como é que nós vamos pensar isso? Porque a nossa responsabilidade também e o nosso papel tem um
limite com o outro indígena. E tem da Polícia Federal e tem da FUNAI. O que nós precisamos fazer?
Nós temos que pensar e pensar rápido. Porque como disseram para a gente, o governo está acabando.
Se a gente tem que deixar um política nessa área de fiscalização e proteção das terras indígenas A
gente vai precisar de recursos? Precisamos de quê? Então eu fico muito preocupada e trago aqui essa
nossa situação de Roraima que é a situação hoje dos Yanomami e aí com a extrusão na Raposa Serra do
Sol, nós estamos preocupados como vai ficar isso dentro da nossa terra indígena, por que nós podemos
fazer algumas ações? Podemos, enquanto indígena, mas deixaram uma estrada, uma BR federal no
meio da nossa terra indígena, então vão ter que cuidar. Por quê? Porque por ela passa, é a entrada para
as comunidades. Quem é que garante que o cara vai sair de Boa Vista, vai passar na BR e vai só para o
Uiramutã? Não. Ele sai e entra nas comunidades indígenas e daí quem vai controlar? Só nós indígenas
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vamos controlar? Então essa CNPI é para pensar política. Eu acho que essa política não está difícil de
pensar, porque nós estamos FUNAI, Polícia Federal e indígenas todos praticamente trabalhando no
mesmo ministério. Eu acho que daqui dessa situação é que deve sair o primeiro exemplo, de uma
política mesmo efetiva porque eu acho que não tem como dizer o outro ministério não conversa, não
vem ninguém. Mas eu acho que efetivamente isso que eu queria colocar. E com relação a nós mesmos
a pensar na seguinte questão: a gestão territorial. E aí eu chamo a atenção, porque quando se está
falando do Plano Nacional de Política Ambiental, não é só pensar o meio ambiente, mas é pensar a
gestão do território. E a gestão do território inclui segurança, inclui a fiscalização, inclui a proteção.
Como é que está sendo discutido? Porque a gente vai além disso. E aí, é por isso que amanhã eu quero
ouvir o relato dos nossos parentes como é que eles estão pensando nesta gestão territorial, porque
depois que demarca a terra, depois que ela é homologada nós não precisamos ficar sozinhos, nós
precisamos é fazer um trabalho mesmo de gestão dentro desse território e isso inclui a
responsabilidade de cada um e eu acho que dentro da CNPI a gente pode sim construir essa política, se
é fortalecer, se para dentro da Polícia Federal, ter não é? Porque já foi aberto, não, vamos fazer uma
conversa. A gente tem que aprofundar dar um passo maior, com a Policial Federal. Se a FUNAI, hoje –
está aí a Taís que pode falar para gente o que é que precisa na fiscalização - se precisa mais recurso, se
precisa o que? Se já tem uma política, mas eu acho que neste ponto nós temos condições de avançar
aqui na CNPI dentro do Governo Federal. Então era isso que eu queria colocar.
Ak’Jaboro Kayapó (47´35´´ a 54´10´´ longe do microfone): Boa Tarde. Meu nome é Ak’Jaboro
Kayapó do estado do Pará. Marcelo, os problemas, para nós todos índios, não vai acabar, não vai
acabar. Tem tempos que nós temos estes problemas que estão acontecendo. Já foi pedido várias vezes
em Brasília apoio indígena e outras lideranças não me conhecem, mas vocês me conhecem a minha
luta e os problemas estão acontecendo com todos nós. Os problemas estão acontecendo em todo lugar.
Foi ontem eu soube um capitão da (Inaudível)... então todos de Brasília sabem dos problemas sérios
que estão acontecendo com gente. Em relação a esse minério, os homens brancos também roubaram
todos, já levaram para fora. Já que esse pessoal aqui, que comprou nossa mineração não está usando
aqui dentro do Brasil, comprou aqui e está levando para outro país então está levando dinheiro para lá
e cada vez mais o Brasil está ficando pobre, e o governo diz que não tem dinheiro (Inaudível). Então
agora, o problema que esse está lidando com a gente, eu já pedi para vocês uma vez, qualquer
problema, se eu já pedi mais outra vez este problema com os nossos parentes, o CNPI pode ajudar
vocês, nós vamos ajudar, nós estamos junto com vocês. Você já pediu para o governo, mas se alguma
que aconteceu igualmente aquele dia, continua, porque os brancos: Não o pessoal está lá mataram os
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brancos. Quem que foi? São os brancos que foram lá, não são os índios que vieram buscar aqui dentro
da cidade e levar para matar, negativo, eles mesmos é que foram, invadiram. Primeiros invasores que
está aqui no Brasil (Inaudível) e até hoje estão invadindo. Então quem começar invadir de novo
manda matar, quem quiser amizade manda me chamar. É sério pode mandar me chamar, e os índios,
unidos é mais forte, vamos fazer unidos brigar junto, o branco vai brigar com a gente nós vamos brigar
com eles também. Por isso que nós queremos unir os índios. Tem muitos parentes índios que
morreram nas mão dos brancos, e tem muitos brancos que já morreram nas mãos dos índios também.
Então qualquer coisa manda matar de novo, e bota pra FUNAI resolver, para o governo resolver,
ministério resolver, a o organização não governamentais (Inaudível) vai então resolver, para o
governo resolver, porque já pedimos muitas vezes, pedi para resolver este problema antes de
acontecer isso. Também quando ligaram para o presidente da FUNAI para resolver isso, não.
Presidente da FUNAI não faz isso sozinho. Cadê o Ministério Público? Cadê o Ministério do Meio
Ambiente? Cadê o IBAMA? (Inaudível) preservação do meio ambiente. Cadê a organização FUNASA?
(Inaudível). Se você estiver indo para ele levar esses problemas tem que levar junto, pessoas para
reconhecer os nossos problemas lá, ajudar a resolver isso, não é só a FUNAI, não é só a FUNAI que
tem que resolver isso, não é só a FUNAI que está recebendo recursos para defender índio. Tem muitas
organizações não governamentais recebendo realmente para isso. Tem o IBAMA recebendo muitos
recursos para realmente defender os Índios. Porque índio mesmo é que está segurando o pulmão do
Brasil. Se não fosse índio estar aqui no Brasil, já tinha pegado fogo e muita gente teria morrido de
poluição. Índio é que está segurando o pulmão do Brasil, (Inaudível) bota quente mesmo não pode
parar não, vamos juntar, vamos brigar junto e até (Inaudível). Obrigado.
Márcio (Presidente): Obrigado Ak’Jaboro, o próximo é o Titiah.
Luiz Titiah: Luiz Titiah, da região do nordeste e leste. Eu queria Presidente assim, mais quase nessa
linha do Ak’Jaboro, quero saudar aí os parentes aí, que vem trazer a situação que não é surpresa para
nós indígenas, porque é uma coisa que já é discutida no acampamento indígena. Agora mesmo nessa
semana nós visitamos o gabinete do deputado, na questão do estatuto nós vimos alguns deputados
colocando a situação dos Cinta-Larga. Mas assim presidente eu fico preocupado quando colocaram
aqui a questão da comissão da CNPI aí para região. Por que, por exemplo, nós demos uma questão lá
nossa do sul quando a comissão foi lá, fez seu relatório registrado pelas lideranças as pessoas que foram
prejudicadas e assim quando chegou aqui na CNPI algum membro do governo não acreditou no
relatório final nas suas falas. Então eu vejo assim, igual ao parente Ak’Jaboro colocou aqui, eu acho
100
que o ponto principal para resolver o problema, que não é só dos Cinta-Larga, como é das outras
regiões igual a companheira ali colocou. Eu acho que poderia ir lá o senhor como presidente da
FUNAI, ou o ministro ou o braço forte do ministro para estar lá, era um representante do Ministério
do Meio Ambiente para ver a questão do desmatamento, é a Secretaria Especial dos Direitos
Humanos, é a 6° Câmara da Procuradoria Geral da República, é um representante do exército para
estar lá olhando de perto a situação, e não só ir visitar, e não só ir conversar com os índios, levar uma
ação de resolver o problema. Porque pode acontecer da mesma forma: a comissão ir lá fazer seu relato
e quando chegar aqui ter dúvidas dentro da CNPI, então eu acho que perante agora o final desse
governo nós esperamos que tenha mais ação, e dizer para os parentes aqui que da avaliação que nós
fizemos indígenas, nas nossas reuniões eu acho que já está no momento de já darmos uma avaliada no
nosso trabalho em geral dentro da CNPI desse período. Porque nós já estamos chegando aí no final do
governo, o que nos já avaliamos, o que nós caminhamos e o que nós precisamos encaminhar ainda
nesse período e qual é o futuro nosso depois de um novo representante nesse país. Então a situação é
gravíssima, não também só dizer que é só os Cinta-Larga de outras regiões, e eu espero que para
caminhar tem que ser ação mesmo, senhor presidente. Porque vai ser outro registro que vai vir para
aqui igual aconteceu com nossos parentes Tupinambá, e só foi solicitado algum encaminhamento
quando veio registrar na CNPI derramamento de sangue e destruição dos parentes Tupinambás. Eu
acho que tem que ser bem respeitoso esse registro que está vindo aqui dos parentes Cinta-Larga e de
outras regiões né? Porque eu também estou igual a Pierlângela falou, amanhã pode sair mais outras
novidades de situação em outras regiões. Era só isso que eu queria colocar para ajudar aí nas falações
dos parentes.
Márcio (Presidente): Próximo inscrito é Wellington.
Wellington Gavião: Wellington Gavião, estado de Rondônia. Bom eu queria só reforçar as falas de
cada uma das lideranças indígenas, e também reforçar o apelo do companheiro procurador que
acompanha esse processo, esse problema que o povo Cinta-Larga está enfrentando, e eu acho que cada
um de vocês sabe os brancos, que são os não-indígenas, sabe muito bem que esse problema que o povo
Cinta-Larga está enfrentando, eu acho que o mundo inteiro sabe disso, e o que eu queria pedir ao
senhor Márcio que você que é o presidente da FUNAI, olhar mais com carinho esse problema que o
povo Cinta-Larga está enfrentando. Eu acho que você sabe muito bem desde o princípio, qual é o
processo, qual é o problema que o povo Cinta-Larga está enfrentando. Então mais uma vez eles estão
aqui trazendo esse apelo e pedindo apoio, e pedindo socorro com à bancada indígenas e não-
101
indígenas. Eu acho que a partir desse momento eu queria que você tenha olhar com mais carinho esse
problema que o povo Cinta-Larga está enfrentando. Como o Titiah acabou de falar, que antes de
acontecer mais problemas graves de novo a gente tem que tomar o mais rápido possível essa
providência. Eu acho que a companheira está ali também como acompanhou esse problema que o
povo Tupinambá está enfrentando e ela foi pessoalmente ver a situação. Aí eu queria te pedir também
à companheira para que você tenha sensibilidade também para apoiar também o povo Cinta-Larga
que está sofrendo com o problema que causou a exploração ilegal dos diamantes. Eu acho que cada um
de nós temos que, à partir de agora, abraçar essa causa junto com eles. Porque é uma questão muito
triste para nós indígenas ouvir apelo dos outros parentes e eu acho que nós temos que abraçar essa
causa mesmo. Eu acho que só isso que eu queria colocar.
Márcio (Presidente): Caboquinho é o próximo.
Caboquinho: Caboquinho, região leste-nordeste. Potiguara. Bem, Marcelo você é uma pessoa que eu
tenho sempre acompanhado em várias reuniões já estivemos debatendo isso dessa situação em outras
reuniões, como foi falado aqui no acampamento Terra Livre e em outras reuniões também. Conheço
um pouco de sua história sei como é que é a sua militância. Mas presidente o que eu queria falar aqui
na realidade, também queria agradecer aí pelo documento elaborado pelo Dr. Reginaldo, eu acho que
os procuradores tem que trabalhar com essa visão, na realidade são poucos os procuradores que tem
esse trabalho. Muito obrigado pela sua contribuição. Mas o que eu queria falar mesmo é o seguinte. Ás
vezes eu fico pensando que o estado em que nós vivemos em pleno século XXI, vinte dois
praticamente, ainda esse estado viver este tipo de emergência, esse tipo de violência, esse tipo de
decepção que eu diria. Eu acho que é chegada à hora presidente, de nós já dando encaminhamento
também, o senhor como presidente da CNPI, marcar uma reunião com máximo de urgência com o
governo Lula. Para que nós, tanto a CNPI quanto as pessoas, como o pessoal Cinta-Larga, como os
Yanomami, como o que está acontecendo lá no sul da Bahia, como o que está acontecendo lá em Mato
Grosso do Sul, para não dizer no Brasil todo. Marcelo você disse uma frase que eu fiquei pensativo,
você disse que um diamante lá na sua região vale mais que do que uma pessoa. Anastácio falou que a
soja vale mais que a vida de um índio, quer dizer é uma situação muito delicada para nós que somos
humanos, que somos militantes do movimento indígena, que participamos da questão social, que
defendemos os direitos humanos. Para a gente eu acho que é uma humilhação muito grande para nós
que somos representantes do nosso povo, somos liderança do nosso povo, que está ainda um momento
desses estar ouvindo uma calamidade dessa. Pessoas chegam aqui, todo o seu clamor , pedindo ajuda
102
pelo amor de Deus, senão a população indígena vai se acabar. É uma situação muito delicada, então já
é mais que hora que se marque essa reunião com o Presidente Lula para que nós repassemos isso
pessoalmente. Porque as instituições que até agora nós procuramos, como a Polícia Federal, estão
sendo um embargo para dentro das comunidades indígenas, e outras instituição que nós buscamos
também é no mesmo caminho. Então, está na hora de nós chegarmos junto do Presidente Lula e dizer:
Olha está acontecendo isso, isso, isso e isso. Somos nós que estamos passando por essas dificuldades.
Está certo que nós temos nossos parceiros, isso ninguém vai negar, são parceiros nossos que estão
prontos para contribuir, mas também tem várias instituições que também não gostam de ver índio.
Então o meu pronunciamento era mais nessa linha, dessa repressão como a Lília falou. Nós estamos
vivendo num país de repressão de fato, como foi falado também aqui é um governo social o Governo
Lula, tem contribuído muito com a questão social mas também tem muitas coisas ainda que nós
precisamos melhorar, muito obrigado.
Márcio (Presidente): Obrigado Caboquinho, o próximo é o Aderval.
Aderval: Aderval MDS. Bom, eu acho que questões de exploração ilegal e predatória não se resolvem
só com políticas de fiscalização e proteção, porque você acaba vulnerabilizando tanto lideranças e
comunidades e não oferecendo nenhuma alternativa econômica viável, sustentável, e aí não resolve
nada, então a ação coibitiva ou inibitória, qualquer que seja qualquer ação policial não vai resolver o
problema dos Cinta-Larga nunca. Então, eu não acho suficiente que a subcomissão de Justiça,
Segurança e Cidadania visite e faça um diagnóstico e inclusive proponha medidas cabíveis sob o ponto
de vista da proteção e sob ponto vista da fiscalização, não é suficiente. A Subcomissão de Ética e
Desenvolvimento precisa ser acionada para poder pensar com a comunidade projeto sustentáveis que
possam vir de encontro e servir como alternativa a isso que tem vulnerabilizado e fragilizado o povo,
não só os Cinta-Larga, mas tantos outros que são alvejados. Então assim, Márcio, eu gostaria de sugerir
que a subcomissão de Ética fosse acionada para poder sentar com a comunidade. Porque recursos é
fácil capitanear, captar em órgãos federais, sabe? Em havendo priorização, em havendo gestão política,
a gente consegue fazer um plus de recursos, para poder atender necessidades de projetos sustentáveis
em termos de produção de alternativas econômicas, senão a gente vai ficar sempre refém de políticas
inibitórias coibitivas, e não vai resolver a situação do povo Cinta-Larga não. Então essa é uma questão.
Olha, todas as questões colocadas aqui na carta deles, projetos que visem o desenvolvimento da
comunidade, étnico mapeamento, potencialidades humanas e naturais, mapeamento das
potencialidades, alternativas econômicas ambientalmente saudáveis, capacitação administrativa e
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financeira, o que é isso? Fortalecimento institucional e projetos produtivos. Quer dizer, então a gente
não pode ficar com o foco só, não acho que é uma questão irrelevante não, a gente tem que tentar
enquadrar a ação policial dentro de uma perspectiva indigenista, agora, não é suficiente nem no caso
deles nem caso de ninguém de nenhum de vocês. Bom essa é uma questão.
A outra, eu queria reforçar a sugestão da Lília, de que o Ministério Público tente fazer uma gestão
junto a Controladoria Geral da União, Tribunal de Contas da União, no sentido de facilitar o acesso e
gestão de recursos públicos por comunidades ou povos indígenas que as vezes não estão nas mesmas
questões de institucionalidade que estão outros empreendedores ou outros captadores de recursos
públicos. E aí, essa desigualdade acaba deixando sempre aquém, então essa é uma questão importante.
Queria lembrar o seguinte, hoje a gente tem uma modalidade de, já tem itinerário técnico e jurídico
formal para poder pegar a madeira apreendida em terras e unidades de proteção integral, madeira e
boi, equipamentos, o que seja. Jogar na bolsa de mercadorias e futuro, esse dinheiro cai no Fundo
Nacional de Combate à Pobreza, e é revertido para as comunidades foram lesadas, ou seja, cujas terras
sofreram espúrio. Porque não se pensar em uma alternativa correlata? Inclusive no termo de
cooperação do MDS com o IBAMA e Ministério do Meio Ambiente consta no objeto do termo de
cooperação que esses recursos vão ser revertidos para as comunidades que foram afetadas, roubadas,
que tiveram seus territórios depredados ou seus recursos naturais, enfim. Então assim, eu não sei se
isso se aplica a recursos minerais, mas eu só estou dizendo que existe um itinerário já existe caminho.
Vocês podem dizer: Ah, está lavando ou está regulamentando uma atividade ilegal? Bom depende de
quem vai estar sendo beneficiado dela. Se ela reverter em benefício para aqueles que foram lesados,
talvez seja uma alternativa viável, de qualquer forma fica aí um indicativo. Mas eu gostaria de reiterar
a necessidade de que não só a subcomissão de Justiça, Segurança e Cidadania visite ou esteja próxima
aos Cinta-Larga porque não vai resolver. Eles vão fazer um ótimo diagnóstico, vão sugerir medidas do
ponto de vista da fiscalização e da proteção mas a questão da sustentabilidade econômica vai ficar
descoberta. Não que eles não tenham sensibilidade para perceber isso, a questão não é essa, é porque
existem comissões com atribuições específicas e existem algumas que estão subutilizadas e a de Ética e
Desenvolvimento é uma delas.
Márcio (Presidente): A próxima inscrita é a Ana Paula.
Ana Paula: (inaudível – a fala toda fora do microfone e pessoas conversando simultaneamente ao
fundo – 4 minutos e 55 segundos – trecho extraído da síntese feita pela relatora Karla Carvalho):
propõe que se forme uma comissão mista para fazer essa visita aos Cinta Larga, tendo em vista a
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complexidade da questão; que em face de que é a ausência do Estado que cria essa situação absurda,
este deve pensar ações para se fazer presente na região. Com relação ao leilão, questionou se de fato
não haveria formas de reverter o resultado do leilão especificamente para o povo Cinta Larga; sobre a
atuação da Polícia Federal, pergunta se são apresentados relatórios da ação que está realizando, se
informam o que de fato está ocorrendo, quem compra, quem vende os diamantes, pois se a Polícia
Federal está presente há dois anos na região e não há resultados é óbvio que se deve mudar a forma de
agir, para isso envolvendo vários órgãos, como a Casa Civil e outros. Questiona onde está o trabalho
de inteligência da polícia; que devem ser apresentados relatórios periódicos informando quem
alimenta o garimpo, quem vende essas peças, quem compra, ou seja, informações resultantes de ação
de inteligência, não sendo aceitável apenas descentralizar recursos para o pagamento de diárias.
Propõe que não apenas a Funai e sim vários órgãos se façam presentes na área; que se diz que a
questão indígena é importante, mas o tempo passa e não se investiga de fato para onde vão os
diamantes, os quais se sabe que não ficam no Brasil, sendo inaceitável que se continue destinando
tantos recursos sem que se tenha resultado.
Márcio (Presidente): O próximo inscrito é o André e depois a Quenes Gonzaga que é a última inscrita
André – André Araújo do MDA. É mais para ajudar nesses encaminhamentos também, discordando
um pouco do Titiah acho que não adianta mandar somente as autoridades lá, porque vão tomar
também que decisão? Eu vou na linha do que a Ana Paula está colocando de que é preciso uma
avaliação. Eu queria pedir que a subcomissão de ética no desenvolvimento, esteja compondo também
essa comissão que vai lá também na terra indígena. Ao Procurador Reginaldo eu queria comentar a
história do grupo de trabalho, a experiência ao menos que eu pude participar do grupo de trabalho de
Dourados do cone sul guaranicauá foi uma experiência muito positiva, hoje depois de alguns anos a
gente vê uma FUNAI forte lá sabe, a gente tem um projeto de assistência técnica, a gente tem algumas
prefeituras se organizando nós temos um trabalho forte. Então de fato o grupo de trabalho que hoje
não se reúne mais, que está em fase de transição para a FUNAI, mais de fato um grupo de trabalho que
funcionou e trouxe alguns resultados. Então essa subcomissão que vai à terra indígena do Cinta-Larga
eu acho que já tem que apontar para este grupo de trabalho também, que todos os órgãos que
compõem os grupos de trabalho estejam presentes nesta visita. Esta visita tem que estar vinculada
diretamente a um novo grupo de trabalho ou a retomada deste grupo e talvez seja até importante se
colocar porque de fato este grupo nunca conseguiu trabalhar.
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O encaminhamento que eu queria fazer é isso, eu acho que tem que ir de fato uma subcomissão, uma
comitiva da CNPI lá, mas que ela tenha já uma ligação direta com o grupo de trabalho que já está
instituído ou que vai ser instituído dependente da decisão que se tomar. Porque eu também não
conheço os Cinta-Larga, mas ás vezes pode se dizer, ruim com a Polícia Federal pior sem ela, será que
a Polícia Federal só faz ação contra os índios mesmo? Ou estão impedindo que outros invasores
entrem na terra indígena. Então é preciso que se avalie isto. Eu comparo com a Polícia do Rio de
Janeiro, ela entra na comunidade e não sabe identificar quem é o criminoso e quem é o morador da
comunidade, então o que ela faz, ela trata todo mundo como bandido. É o princípio de alguns
exércitos em ocupações em outros países também. Então é uma situação bastante complexa. Esta
comitiva precisa avaliar também este aspecto aí. Para concluir neste mesmo contexto, eu fiquei
bastante preocupado com o que você colocou, o Reginaldo é o nosso único aliado que está há sete anos
lá. Se há máquinas gigantes lá há pessoas comprometidas com essa história também. Se o Márcio hoje
me encaminha para apoiar lá, vocês vão garantir a minha segurança lá? Contra essas poucas lideranças
Cinta-Larga que estão comprometidas com o crime organizado, então os órgãos são feitos de pessoas,
nós não podemos esquecer disso, eu acho que isso pesa, eu como servidor público estou me colocando,
eu me disponibilizaria a trabalhar lá e enfrentar um desafio desses, agora qual é a condição real de
segurança que nós vamos ter lá? Eu sei que a polícia não vai garantir, nesta situação só os índios
mesmo que vão garantir, agora, vão conseguir? Nesta conversa a gente tem que ser bem franco de
colocar em pauta como que o próprio povo está lidando com algumas figuras que estão deixando esta
coisa acontecer, porque tem, não é possível que não exista isso. Se todos os garimpeiros que entrassem
na terra fossem expulsos, massacrados não teria garimpo lá, isso é uma realidade, eu estou aqui indo ao
extremo tá, não se sintam ofendidos por favor. Eu estou indo ao extremo para colocar aqui em jogo
uma coisa que não foi falada, ainda que eu ache que não é uma coisa que vai ser resolvida aqui nessa
reunião, mas que seja considerada.
Quenes Gonzaga – Da Secretaria Geral da Presidência da República – Eu queria também contribuir
para os encaminhamentos. Eu acho que cada um aqui sabe a dor e a delícia do lugar que trabalha e
portanto falar dele, então eu muito embora não tenha conhecimento profundo sobre a situação dos
Cinta-Larga e tantos outros grupos indígenas que estão em condições diferenciadas no sentido de
ausência de Estado, como foi colocado, mais eu acho que até para dialogar com a Ak’jaboro e com o
nosso colega Titia, acho que essa comissão ela foi estruturada para isso, para ter interlocutores dos
diferentes órgãos do governo e também as lideranças dos movimentos indígenas e suas assessorias para
a gente tratar dessas questões. Algumas extremamente polêmicas e como já foi colocado aqui que um
106
grupo só, indo lá não resolve. Acho que tem assim como a demanda aqui apresentada ela tem um
caráter multidisciplinar, requer do governo isso também e acho que essa liderança de definir como
que é esse grupo e também as parcerias de outros poderes serão interessantes compor este grupo.
Eu acho que a gente tem que aqui dar nossas sugestões mais esperar que o nosso Presidente nos ajude
neste sentido porque senão a gente começa também há um certo maniqueísmo, determinados grupos
só são mauzinhos, só sabem trabalhar para massacrar os índios e outros que não, então primeiro acho
que chamar um pouco a atenção disso. Claro essa comissão que vai lá de preferência que ela seja mista
que ela tenha todo o respaldo dos órgãos que já estão trabalhando lá. Qual é o papel das comissões?
Vai ser o de fazer o diagnóstico e de voltar a discutir com vocês que ações podem ser propostas. Acho
que não é o caso de nenhum órgão aqui individualmente consegue resolver o problema, assim, é um
problema que o governo brasileiro tem que tratar. Eu queria pegar um outro gancho que é o seguinte;
eu sei que a gente fica emocionado e com tanto relato que parece que não existe nenhuma ação do
estado que queira resolver, mas se a gente pensar um pouco, acho que no próprio relato do Márcio e
do que vocês tem acompanhado e nós também no conjunto do governo, o tratamento com a questão
indígena ele vem sendo modificado a cada dia. O Márcio já colocou aqui as mudanças que houveram
na estrutura da FUNAI, todo um plano que já foi discutido. É evidente que não dá pra nos colocarmos
na condição de coitadinho, que pegamos um Estado detonado, que tem esta estrutura dura etc. É
responsabilidade de cada um de nós, a partir das nossas ações dentro de nossos próprios órgãos
transformar isso. E ás vezes aqui na CNPI não dá para perceber isso. Eu acho Márcio que para
contribuir, penso que fortalecer essa idéia da comissão, de um grupo sei lá que nome se dá a isso para
identificar primeiramente essa situação dos Cintas Largas, mais não deixar de olhar para outros casos
como o que a companheira Ângela falou, por que há casos que é de uma ação mais enérgica e é para
ontem e outros que a gente tem que trabalhar na prevenção. E eu acho que apresentar isso para a
FUNAI essas estratégias, para a FUNAI ir com o MJ, a citar um exemplo que nós nunca tínhamos
trabalhado como Secretaria Geral e ido numa ação de governo para resolver um problema que estava
eminente e poderia surgir crise que foi o de Belo Monte, nós fomos juntos com o GSI foi planejado
toda a ação, tinha polícia de toda categoria que eu nunca tinha nem visto, atuando, então não houve
nenhum problema. Então eu acho que é esta ação integrada, como disse a companheira com
inteligência em curso dos diferentes órgãos é possível de se fazer, seja no caso dos Cintas Largas ou em
outros grupos étnicos não vejo diferença nenhuma, agora eu acho que a gente tem que tomar um
pouco de cuidado para não ser muita alarmice daqui e tipo provocar os índios dando a entender, não,
vamos nos juntar mais para resolver com nossas próprias forças. Eu acho que é complicado a
107
(inaudível) existe para reforçar o diálogo dos órgãos do governo com as representações indígenas e
procurar as melhores saídas mais viáveis possíveis e racionais inclusive. Obrigado.
Reginaldo – Procurador – Só para fazer alguns esclarecimentos a Lílian do Ministério do Meio
Ambiente, mencionou a questão da Corregedoria da Polícia Federal. Existe uma Corregedoria e senão
todos mais a imensa maioria desses relatos de abusos principalmente nas barreiras, nós encaminhamos
à Corregedoria da Polícia Federal não obtivemos respostas ainda até hoje mais estamos monitorando,
gostaria de deixar bem claro que nosso discurso vigoroso não se volta apenas tão somente contra a
FUNAI, nós somos críticos assíduos permanentes do trabalho da Polícia Federal e cobraremos deles
que nos dêem uma resposta a respeito desses vários relatos de abusos e violações dos direitos dos
índios. Em relação à entrada de máquinas que o Carlos Nogueira chamou a atenção, o trabalho da
Polícia Federal ele é muito suscetível a críticas sob diversos aspectos, a gente precisaria aí de uns três
dias para discutir todas essas questões e também infelizmente num curto espaço de tempo não
teríamos condições de trazer tudo para os senhores. Mas o fato é que em relação especificamente à
entrada de máquinas ela sempre nos causou perplexidade porque não se garimpa diamante na peneira.
Em 2004, logo após a morte dos 29 garimpeiros, em maio ou junho de 2004 eu expedi uma
recomendação a FUNAI e principalmente sobretudo a Polícia Federal para que paralisassem o garimpo
aí eu sugeri umas mudanças que na minha modesta opinião se fossem implementadas elas
inviabilizariam a prática do garimpo, a Polícia deveria cercar a terra indígena, identificar as principais
vias de acesso, impedir que maquinários entrassem, máquinas, resumidoras, porque mingúem passa
com resumidoras pelo meio do mato. Resumidora é a máquina que serve para separar o diamante
enfim, ela faz o papel aí de 50, 100 peneiras e se fosse o caso para coibir os garimpeiros que ainda
assim insistissem em passar pelo meio do mato, instalar uma base dentro do próprio garimpo, que
poderia inclusive contar com índios e o pessoal da FUNAI. Essas medidas nunca foram adotadas
especificamente dessa forma e é como eu falei anteriormente a paralisação e reativação do garimpo
tem ficado ao sabor da vontade dos índios e das estações do ano, quando tem água para movimentar as
máquinas o garimpo está funcionando quando está seco paralisa o garimpo. E sempre insistir com a
Polícia Federal a respeito dessa paixão que eles têm por medidas ostensivas como se fosse a Polícia
Militar que estivesse ali em (inaudível) de medidas de maior inteligência e de maior eficácia mesmo.
Não adianta pegar o garimpeirozinho que às vezes é até uma vítima mesmo.
Eu falei muito dos índios como vítimas maiores nesse processo, mais também existem milhares de
garimpeiros muitos deles trabalhadores que não são bandidos e estão ali tentando ganhar a vida como
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todos nós estamos a fazer e eles também são vítimas desse processo todo. Aos meus olhares e eu já
estou nisso há vários anos, principalmente nos últimos tempos o papel da Polícia tem se voltado
principalmente para atingir essas pessoas, principalmente os índios que tem que ir e vir tem que
entrar e sair diariamente de suas terras. Em relação às visitas das subcomissões sejam elas quais forem,
mistas ou subcomissões de éticas no desenvolvimento, da justiça e cidadania enfim. Eu louvo essa
possibilidade, porque por mais que esforcemos nós não conseguimos relatar aqui para todos os
senhores a real situação dos índios, uma coisa é eu produzir um texto e ler aqui para os senhores, outra
coisa é os senhores irem lá senão na aldeia pelo menos lá em Cacoal que é a cidade mais próxima lá
melhor estruturada e ouvir da boca dos próprios índios olhando nos olhos deles. Então é muito
importante, até para efeito de sensibilização de quebrar essa distância que existe entre o governo e o
drama vive o povo Cinta-Larga. Então essa visita com um relatório seria muito, muito mesmo
pertinente. Em relação ao aperfeiçoamento da legislação que foi também sugerida pela Lílian e
também a gestão junto a CGU e ao TCU que o Aderval propôs. Eu queria só esclarecer que desde 2006
eu não trabalho mais na questão indígena, desde aquela época eu fui afastado e passei a trabalhar
apenas na questão da defesa do patrimônio público e fiquei apenas, é uma questão interna nossa lá a
gente foi re-dividido, na verdade foi consensual esse trabalho, para ser mais exato na época eu
intencionada permanecer na causa indígena, mais um colega insistiu tanto para ficar que eu acabei
ficando com o patrimônio público que sempre foi também uma das minhas paixões, daí desde então só
fiquei na causa Cinta-Larga e fiquei por vontade porque eu estava desenvolvendo um trabalho que
acreditava muito e que até hoje eu acredito, então eu não estou mais à frente da questão indígena e
aliás essas duas questões o trabalho do Ministério Público Federal, o aperfeiçoamento da legislação e
uma gestão junto ao CGU e ao TCU eu entendo que é um trabalho da instituição ministerial mais
especificamente do braço indígena da Sexta Câmara, então eu vou levar essas duas questões são muito
pertinentes muito interessantes à coordenadora da Sexta Câmara que é uma pessoa formidável a
Doutora Débora, para que ela pense isso enquanto política do Ministério Público Federal.
Em relação ao leilão dos diamantes, gostaria de esclarecer que existem ações judiciais que nós
ajuizamos para discutir esta questão dos diamantes, da propriedade, para quem deve reverter essa
riqueza que legal ou ilegalmente, aliás, ilegalmente foi extraída mais que ninguém vai pegar isso e
tacar fogo, tem que se dar uma destinação para isso. A respeito deste leilão da caixa econômica ele foi
feito em 2004 mediante uma medida provisória que depois veio a se converter em lei e basicamente se
determinou que em quinze dias os diamantes que já estavam apreendidos e os que estavam em poder
dos índios seriam leiloados e que o produto seria devolvido para os índios, e esse processo todo seria
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conduzido pela Caixa Econômica, só que essa medida econômica ela já exauriu seus efeitos. Essa é uma
questão que eu já levei ao presidente Márcio e que nós pretendemos discuti-la especificamente com o
BDN com o Ministério das Minas e Energia. Em relação aos relatórios da Polícia Federal, foi a Ana
Paula que me questionou a respeito, a Polícia Federal faz sim esses relatórios, regulares, eu não tenho
certeza da regularidade, mas uns quinze dias, no máximo um mês, são feitos relatórios e eles relatam
tudo até notícias de jornal eles constam lá. Então existem sim esses relatórios, essa questão gravíssima
que eu falei do não repasse dos recursos, o coordenador operacional que é o Delegado Maurício
Borges, ele me repassou inúmeros ofícios, aliás eu me secundei os próprios recursos dele para propor
as ações, a ação judicial, então ele sempre levando isso ao conhecimento dos superiores dele dentro do
departamento da Polícia Federal e até no próprio Ministério da Justiça essas situações. Então o
governo não pode de forma alguma se esconder atrás dizendo que não tem conhecimento porque essas
situações são sim relatadas. Em relação ao trabalho de inteligência eu concordo plenamente ele
precisa ser feito é preciso ir atrás dos financiadores, das pessoas sem as quais os garimpos não se
movimentam, na última reunião que nós tivemos nós chegamos a discutir isso esse enfoque da Polícia
Federal, que está agindo muito mais como uma Polícia Militar, uma Polícia ostensiva do que
propriamente uma Polícia de Estado, uma Polícia de inteligência. A missão deles que é coibir a
exploração de diamantes em território Cinta-Larga não está sendo cumprida por essa estratégia de
atuação. A questão da retomada do GT que foi mencionada pelo André, existia como ainda existe o
GO, que é o Grupo Operacional, esse é o grupo que é capitaneado pela Polícia Federal, que tem essa
missão de coibir a exploração de minérios no território Cinta-Larga, e o outro grupo que existia que
era o GT que era o Grupo Tarefa Cinta-Larga, esse no âmbito da Polícia Federal para fazer face entre
as medidas repressoras adotadas pelo GO e as medidas (inaudível) que deviam ser adotadas por esse
GT. Na minha concepção, na minha cabeça pela última reunião que eu tive com o presidente Márcio é
que essa comissão que vai se apresentar semana que vem para o povo Cinta-Larga, embora não leve
esse nome ela vai fazer às vezes do GT, na verdade esse GT ele nunca funcionou como deveria
funcionar ou como se esperava que ele funcionasse nunca, ele nunca funcionou, ele nunca teve
método,estrutura, planejamento, inteligência para agir diante das diferentes situações que apareciam.
Mais recentemente a partir de 2005/2006 que nós estamos acompanhando de perto, ele jamais teve
uma estrutura que permitisse que ele se desincumbisse de suas relevantes missões, então a gente
espera que essa comissão tenha essa estrutura porque não adianta nada dar a cadeira e a caneta porque
sem estrutura sem condições, sem apoio sem boa vontade política, não vai adiantar nada , só vai servir
para queimar as pessoas, não sei quem usou essa expressão aqui hoje, mais só serve para queimar a
110
biografia. É a questão das lideranças envolvidas em que o André colocou. Essa é uma questão muito
complexa, o que eu coloquei no meu texto eu defendo do fundo do meu coração, que essas lideranças
são vítimas desse processo. Em 2007 nós tivemos um índio preso acusado de homicídio tentado de um
advogado, ele ficou preso e seria julgado pela justiça estadual, porque a coisa já estava grave de tal
modo que já se cogitava de arrebatar ali o índio e sacrificá-lo em praça pública. Então por conta disso
e sabendo que aquele homicídio aquele crime estava ligado diretamente ao pro - funcionamento do
garimpo, mais ingressamos com uma ação judicial com pedido de declinação de competência e
demonstramos para o Juiz que ali se tratava de uma verdadeira disputa sobre direitos indígenas e aí a
causa foi deslocada para a justiça federal e aí nós acalmamos o cenário. Este texto é um texto de 34
páginas, infelizmente eu não tenho como esclarecer tudo aqui, mais ali sim eu deixei claro a
complexidade desse mecanismo das dívidas, de uma pessoa que vai cobrar um índio e geralmente uma
dívida distorcida com juros absurdos uma até mesmo já paga, coloca a arma na cabeça do índio aí ou
ele paga ou vai morrer ou vai tomar a casa dele e etc., etc. Então essa é uma questão muito complexa
mesmo. Para finalizar eu gostaria que Ministério Público Federal, nós da Procuradoria República em
Rondônia que estamos acompanhando e fazemos questão absoluta de acompanhar passo a passo à
questão Cinta-Larga que nós fossemos cientificados de todos os desdobramentos que forem adotados
aqui no âmbito da CNPI sejam eles quais forem e o que quer que venha ser deliberados quaisquer as
medidas que serão adotadas, eu gostaria de pedir encarecidamente a todos vocês que houvesse a
urgência possível na adoção dessas medidas, porque a cada nova visita de autoridades das mais
diversas à aldeia ou mesmo em Cacoal gera uma nova esperança nos índios. Só que pelo menos de
2004 para cá que eu venho acompanhando foram tantas as visitas infrutíferas, tantas promessas
descumpridas, que olha a paciência do povo Cinta-Larga eu acredito que já superou todos os limites
possíveis da tolerância. Então quaisquer que forem as medidas a serem adotadas que elas sejam dentro
desta urgência possível do trabalho da CNPI, muito obrigado.
Márcio (Presidente): – Obrigado Doutor Reginaldo. Eu queria consultar se o Marcelo tem algum
comentário ainda a acrescentar, se a gente pode tirar algum encaminhamento?
Marcelo – Pode.
Márcio (Presidente): – Eu vou tentar dar um encaminhamento aqui a partir da média do que foi
colocado, mais antes eu queria fazer uma referência a essa questão do grupo de trabalho que foi citado,
como eu fiz referência na minha fala inicial. Na época eu não estava na FUNAI ainda, foi criado um
grupo operacional quando houve aquele fato em 20004, coordenado pela Polícia Federal para que
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fossem feitas ações de repressão que desencadearam conflitos na região já em período mais recente a
partir de 2007, que foi criado um grupo tarefa coordenado não pela FUNAI, coordenado pela
Secretaria Executiva do Ministério da Justiça na época e esse grupo tarefa, o Procurador lembra, ele
teve sim recursos e muita diária foi gasta com esse grupo tarefa, eu tenho que externar isso para poder
dar informação para a CNPI disso. Então a avaliação que nós da FUNAI, quando eu cheguei na FUNAI
estive lá duas vezes na terra indígena, estive em Cacoal, estive conversando com o procurador já
várias vezes, conclusão que nós fizemos inclusive com uma auditoria interna que nós promovemos
sobre o trabalho desse grupo. A nossa conclusão é de que muito dinheiro foi gasto também aí e não se
chegou a um resultado concreto para a comunidade, por isso nós avaliamos que a medida correta é a
medida de fortalecimento correto institucional da FUNAI, quanta instituição lá na região no caso
Administração de Cacoal e que nessa instituição possa ter um plano de trabalho, um programa de
desenvolvimento para o povo Cinta-Larga. Foi por isso que nós contratamos esse grupo que está indo
semana que vem lá para discutir com o povo Cinta-Larga um programa de ético desenvolvimento lá
da região. Inclusive eu já me posicionei sobre este assunto formalmente no Ministério da Justiça,
sendo que essa estratégia que foi tomada naquela ocasião não surtiu os efeitos que deveriam ter
surtido. Então dito isso eu queria propor um encaminhamento a partir do que foi apresentado aqui
por todos. Em primeiro lugar eu acho que é o acolhimento das (inaudível) pela CNPI do documento
elaborado pelos Cinta-Larga. A primeira questão que eu encaro é que todo mundo aqui da CNPI
acolheu o documento trazido pelo Procurador Reginaldo e pela Comunidade Cinta-Larga e esse
acolhimento ser traduzido pelo que eu entendi inclusive da proposição do Sal e também do Tóya, que
esse documento seja traduzido também numa resolução da CNPI no sentido de apoiar essas
reivindicações apresentadas, elas são o primeiro ponto que eu considero do que foi dito aqui como
algo que tem que ser encaminhado.
O segundo ponto que eu considero muito importante também é que diante da gravidade do tema, do
assunto que é uma gravidade tanto quanto foi a gravidade de outros temas que nós já tratamos aqui, e
que a gente aqui também faça o mesmo procedimento que nós tratamos os outros temas de gravidade
que nós já tratamos que é a ida à região em caráter urgente como está sendo solicitado, e aqui eu
sugiro que a saída seja de duas subcomissões daqui da CNPI, a Subcomissão de Segurança Justiça e
Cidadania e a Subcomissão de Ética e Desenvolvimento. Pelo que eu entendi, eu acho que essas duas
subcomissões juntas, elas podem ir à região em caráter de urgência para em conjunto com o Ministério
Público, eu queria sugerir Procurador, que em vez da gente lhe informar que a comissão está indo,
que o Ministério Público e o Senhor como Procurador possa fazer parte da equipe quando ela estiver
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lá certo, junto com comunidade Cinta-Larga, para que lá possamos ter uma conversa com as
subcomissões mais detalhada sobre a questão e que seja trazida a CNPI com o relato e quais sugestões
inclusive de encaminhamento mais claras com relação aos Órgãos Federais, aos Órgãos Públicos do
Estado para as medidas que precisam ser tomadas além do limite da FUNAI especificamente que é a
instituição indigenista. Então este é o segundo entendimento que eu retiro aqui do que foi dito do que
foi colocado aqui pela bancada. Sim Capitão!
Capitão – (...) Sugestão fora do microfone.
Márcio (Presidente): – Capitão, eu entendo a sua preocupação, mas eu estou considerando aqui, nós
estamos aqui com a presença da comunidade Cinta-Larga, lideranças Cinta-Larga, eu estou
considerando que ninguém pode dar melhor segurança para esta subcomissão do que os próprios
Cintas Largas, certo, então nós vamos ter lá representantes oficiais da CNPI indígenas e não indígenas
e nós sabemos que quem vai poder dar a melhor segurança para esta subcomissão que vai estar lá são
os próprios Cinta-Larga.
Capitão – Só para colaborar. De repente a própria presença da própria Polícia Federal inibe também o
trabalho da subcomissão.
Márcio (Presidente): – Exatamente, era esse o complemento que eu ia fazer. Eu acho que primeiro a
segurança maior que nós vamos ter é do próprio povo Cinta-Larga. E em segundo lugar, se existe nesta
situação um clima de desconfiança entre a Polícia Federal e o povo indígena, se é recíproca esta
desconfiança, o ideal é que as subcomissões estejam lá sem a presença direta da Polícia Federal nesta
conversa. O que não significa que após a volta da subcomissão com o relato que ela trará, que nós não
possamos, inclusive que devemos com o CNPI e esse é o terceiro ponto de encaminhamento que eu ia
aqui sugerir como também o resultado que foi colocado pela CNPI. Que o terceiro passo é, feita a
viagem até lá, à volta a CNPI, que em caráter de urgência também a gente possa quanto a CNPI fazer
uma reunião estratégica de governo no âmbito do Ministério da Justiça, que é o Ministério o qual está
vinculada a FUNAI e também a Polícia Federal para que se estabeleça uma estratégia de emergência a
respeito da questão Cinta-Larga. Eu queria chamar a atenção também que essas subcomissões que
forem à região possam também conversar com a comissão que a FUNAI contratou para ir lá na região
semana que vem, porque esta comissão já está trabalhando a partir da semana que vem. Aí seria
interessante que a subcomissão pudesse conversar com esta comissão que foi contratada, de técnicos,
coordenada por um antropólogo que é conhecido aqui da CNPI, que é o colega Gilberto Azanha, todos
contratados por licitação. Então sugiro que a subcomissão também se reúna com esta comissão 113
contratada pela FUNAI. E o quarto ponto de encaminhamento, que é a definição maior da política de
proteção e fiscalização, ou seja, nós criamos, vocês vão lembrar, a própria CNPI indicou os
representantes indígenas para um grupo de trabalho interministerial da FUNAI com o Ministério do
Meio Ambiente, que está elaborando uma política nacional de gestão ambiental e territorial das terras
indígenas.
Então a sugestão que eu faço com o encaminhamento deste ponto que foi levantado é de que esse
tema da fiscalização e proteção seja levado ao GTI, esse GTI que já foi criado e que já está trabalhando,
que inclusive vai ter consultas, que vai ser realizado nas regiões daqui para abril do ano que vem e que
esse grupo incorpore de uma forma mais forte essa questão da fiscalização e proteção das terras
indígenas. Eu creio que com esses quatro encaminhamentos eu contemplo o que foi colocado,
inclusive a indignação aqui da CNPI em relação ao que tem acontecido lá, aqui é a instância mesmo
correta adequada para que o governo junto com os representantes indígenas possamos juntos
encontrar uma solução em solidariedade em conjunto com o povo Cinta-Larga. É aqui que nós
possamos encontrar uma estratégia de dar uma solução emergencial, nós temos uma questão
emergencial aqui de urgência, mais também não podemos esquecer que nós temos que tratar da
política de médio e longo prazo, para que isso não continue acontecendo, porque este fato que
acontece com o povo Cinta-Larga, também acontece, por exemplo, com os Ianomâmis lá em Roraima,
eu estive recentemente lá e que tem três mil garimpeiros lá dentro da terra Ianomâmi. Segundo consta
às informações lá que eu vejo com a Thaísa que é ela que está investigando mais lá essa questão. Tem
informações graves também, o Ak’Jaboro Kayapó que está aqui sabe disso, da presença do garimpo e
da madeira ilegal lá dentro da terra Kayapó, que nós temos tratado esse assunto também. Se a gente
for começar aqui a narrar as situações de invasão ilegal dentro das terras indígenas à gente pode cair
naquilo que a Pierlângela falou de achar que isso é rotineiro. Porque nós não podemos tratar isso
como se fosse uma questão rotineira, ou seja, nós temos que ter uma política de médio e longo prazo,
por isso eu estou colocando esse quarto ponto como uma questão muito importante também, como
resolução como encaminhamento. Eu queria escutar a nossa plenária se com esses quatro pontos a
gente contempla o que foi colocado aqui pelos companheiros Cinta-Larga, pelo Procurador e pelo que
foi colocado na plenária. A Lylia.
Lylia – Eu acho que em Minas Gerais o Márcio resumiu bem as coisas. Eu estou aqui me perguntando
se não seria o caso da gente dar um suporte aos encaminhamentos para o Ministério Público Federal a
corregedoria no sentido que ela se manifeste...
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Márcio – Presidente - Bom vamos começar? O nosso primeiro ponto de pauta, eu vou pedir para a
Marcela, está pronto Marcela? Nosso primeiro ponto de pauta, a CGPIMA da FUNAI, Marcela que é a
coordenadora geral vai fazer uma apresentação que foi solicitada sobre a metodologia que a FUNAI
tem utilizado para o encaminhamento dos processos de licenciamento ambiental que são feitos no
âmbito dos empreendimentos e o papel da FUNAI nesse processo, como é que foi feito, isso tudo vai
ser apresentado agora. Bom, então vamos iniciar.
Marcela – Bom dia a todos e todas! Eu sou a coordenadora geral de Patrimônio Indígena e Meio-
Ambiente da FUNAI e a gente têm como objetivo esclarecer os procedimentos da FUNAI no
acompanhamento de processos de licenciamento ambiental, que impacta em terra em povos indígenas
e também apresentar os procedimentos pra monitoramento do PAC (programa de aceleração do
crescimento). A competência da CGPIMA é algo mais do que o acompanhamento do licenciamento
ambiental, ela acompanha esses processos que afetem ou impactem terras e povos indígenas ela
também analisa e acompanha os projetos ambientais propostos pelas próprias unidades administrativas
da FUNAI por outros órgãos governamentais, por organizações não-governamentais e pelas próprias
associações indígenas e também conduz a suas relacionadas à conservação e recuperação da
biodiversidade de terras indígenas, então ela tem uma competência grande, mas no que se refere à
análise dos processos de licenciamento que é o nosso foco aqui, a gente atualmente acompanha mais
ou menos 340 processos de licenciamento ambiental que estão em trâmite na coordenação de meio-
ambiente. É preciso deixar claro que não existe uma regulamentação pra atuação da FUNAI nos
processos de licenciamento ambiental que significa que toda atuação, todo parecer, que a FUNAI faz,
enfim, todo processo que ela faz ela não é vinculante não existe nenhuma obrigatoriedade dentro da
lei que rege o licenciamento ambiental de acatar as sugestões e a intervenção da ordem de início (?)
mas a CGPIMA, ela vem ao longo dos últimos anos criando e adaptando procedimentos que a gente
vai apresentar que é uma prática na verdade de mais ou menos 3 ou 4 anos de acompanhamento
desses processos de licenciamento.
A gente tem uma diversidade de empreendimentos de etnias de localização geográfica desses
empreendimentos muito grande, o que complexifica a atuação, quer dizer, não é só uma tipologia nem
é só uma terra indígena afetada, enfim, e existe também com uma dificuldade um pouco que eu já falei
da ausência de regulamentação, mas a falta de clareza por parte dos órgãos ambientais, e mais os
órgãos estaduais que é o próprio IBAMA quanto ao envolvimento da FUNAI ao processo de
licenciamento. A participação da FUNAI nos processos de licenciamento dar-se a partir de uma base
115
legal, que a gente reúne aí pra definir a nossa participação a própria constituição federal de 1988,
principalmente no 225 e 231, a lei que institui a FUNAI de 1967, a lei 6001 que reconhece também
que a FUNAI é um órgão setorial, que é integrante do sistema nacional de meio-ambiente, o decreto
1141 que constitui os encargos da União a proteção ambiental das terras indígenas a própria resolução
do Conselho Nacional de Meio-ambiente que é o CONAMA 237 de 1997, que institui o licenciamento
ambiental e a convenção 69 da OIT. Quais são os princípios que a FUNAI adota para o
acompanhamento do licenciamento ambiental? A prevenção pelo sócio biodiversidade, a autonomia
dos povos indígenas, o respeito a sua organização social, costume, línguas, crenças e tradições, os
direitos originários sob as terras que os índios tradicionalmente hoje ocupam e o seu usufruto a
vedação da remoção dos grupos indígenas e de suas terras, salvo nas hipóteses previstas pela
constituição a participação dos povos indígenas interessados mediante procedimentos apropriados
respeitando suas tradições e instituições representativas, e o princípio da prevenção, precaução e
mitigação dos impactos ambientais e sócio-culturais. O licenciamento ambiental é o instrumento de
gestão ambiental que ele foi instituído pela política nacional de meio-ambiente tem como base legal a
resolução do CONAMA de 1986 a sua primeira E mais tarde em 1997 a 237 e eles tem esses
procedimentos que, o licenciamento ele tem um ciclo, que é o requerimento pelo empreendedor no
órgão ambiental então o requerimento do licenciamento não é na FUNAI é nos órgãos ambientais,
depois tem as três fases de licença, licença prévia que autoriza o empreendimento, não tem obra ainda
é só autorizar e fazer o projeto, licença de instalação que é quando você autoriza a construção, licença
de operação quando o empreendimento começa a funcionar, renovação da licença de operação. Estas
são as fases previstas em lei do licenciamento ambiental.
Essa é uma descrição que mostra... está meio desfalcada mas mostra o que a gente chama de
componente indígena do licenciamento ambiental, é assim que a gente se refere ao acompanhamento
da FUNAI, que é aquela bolinha no meio, o componente indígena esta dentro do instrumento de
gestão que é o licenciamento ambiental que é na bola maior o instrumento de gestão que ta dentro da
política nacional de meio-ambiente, então o componente indígena é uma parte do licenciamento
ambiental. São vários os órgãos intervenientes do processo de licenciamento a FUNAI é um deles, mas
ali tem FUNAI, tem Ministério Público Federal, IBAMA, Tribunal de Contas da União, Fundação
Palmares, Departamento Nacional de Pesquisa Mineral, Órgãos Estaduais de Meio-ambiente, IPHAN,
e tudo isso em volta do empreendimento, são diversos órgãos que são envolvidos. Mais uma ilustração
pra mostrar que a FUNAI ela tem atuado em três fases básicas do licenciamento. A primeira delas é
uma consulta pra que a gente atue na elaboração dos estudos de impacto indígena, que a gente chama
116
de termo de referência indígena, então no licenciamento prévio do empreendimento como é feito o
EIA/RIMA que é o estudo de impacto ambiental de viabilidade, a FUNAI atua compondo esse
EIA/RIMA e solicitando o estudo específico para realidade indígena, neste estudo são verificados
impactos ambientais e sócio-culturais do empreendimento. Bom! Uma vez o empreendimento
considerado viável e indo para a sua construção, a FUNAI acompanha então a elaboração de um plano
básico ambiental que é basicamente um plano que está associado aos impactos, então é como aquele
impacto pode ser compensado, mitigado, evitado nas terras de povos indígenas, feito esse plano o
terceiro acompanhamento que a ele não é também só feito pela FUNAI mas também pelos próprios
índios a execução e a supervisão da aplicação de um desse projeto de mitigação ambiental. Essa é uma
outra ilustração que também mostra os passos do licenciamento e na verdade é mais quando que se dá
o momento de participação indígena que é um princípio dessa atuação da FUNAI que ela se dá
também por meio da participação indígena, há muito tempo que a FUNAI não fala mais pelos índios,
enfim, isso é claro eu acho pra todo mundo e isso no nosso procedimento também é explícito, então
no licenciamento prévio pra elaboração de termo de referência a FUNAI então consulta os índios,
apresenta o empreendimento, então quer dizer propõe formas de estudos com a participação indígena,
depois são feitas as audiências públicas que também contém a participação, uma vez o
empreendimento sendo considerável viável, todo o detalhamento dos programas que sertão
executados também é feito com a participação indígena e também a o monitoramento de execução
desses programas que também prevê a participação da comunidade através de reuniões o que a gente
chama de audiência indígena mas enfim todo o processo de consulta e oitiva dos índios é feito todas as
fases do processo então o que a gente ta dizendo aí é que a consulta e a participação indígena ela não é
um momento único, em que você vai perguntar uma vez em relação ao procedimento, a gente encara
que a participação deve se dar do início até o fim e sempre que houver impacto do programa, essa
participação tem que ser garantida.
Então aqui só detalha mais um pouco sobre os procedimentos que eu já falei no âmbito da elaboração
do estudo de impacto ambiental, a gente pede um termo de referência indígena, que ele é o
instrumento orientador do estudo, estabelece as diretrizes do que tem que ter o estudo indígena, a
abrangência, qual é a forma de fazer isso, que tem que ir lá na comunidade, quais são os aspectos que
ele tem que levantar, tem que fazer a relação entre o impacto do empreendimento e a realidade
daquela comunidade indígena que esta sendo afetada, ele é um termo de referência que se relaciona
com o órgão licenciador ou o IBAMA no nível federal ou os órgãos estaduais a própria realidade da
FUNAI local, também fazemos reuniões técnicas com o próprio empreendedor com os técnicos órgão-
117
ambiental pra afinar o termo de referência indígena dentro do estudo de impacto ambiental e também
fazemos vistorias técnicas pra compor o termo de referência, essa é a primeira fase do estudo. A
importância do estudo do componente indígena ela é grande porque ela fornece elementos tanto pra
análise técnica da FUNAI e pra sua tomada de decisão, pra o seu parecer e também para as
comunidades indígenas, um elemento que traz ali um aprofundamento em relação aos impactos
daquele empreendimento que ajuda (inaudível) na tomada de decisão tanto da FUNAI quanto dos
indígenas, então é nessa fase de estudo que são identificados e avaliados realmente os impactos, a
gente também prevê lá nas etapas de participação, ele deve ser apresentado em linguagem acessível
para as comunidades indígenas e serve como base pra tomada de decisão, a partir desses estudos e do
diálogo com as comunidades que a gente emita nossos pareceres e que componha ali dentro dos
estudos de viabilidade, então que a gente tem a intenção que o estudo de impacto indígena o termo de
referência, o estudo do componente indígena, ele seja de verdade parte integrante de uma etapa de
viabilidade.
Uma vez o empreendimento sendo considerável viável o projeto básico-ambiental é o documento que
apresenta as medidas e o controle dos programas próprios postos nos estudos para as comunidades
indígenas, então ele é uma etapa anterior a licença de instalação que é o que autoriza a obra, então
esse é um outro documento que a gente também orienta a execução disso, os projetos eles também são
feitos com acompanhamento e com as diretrizes que a própria FUNAI com a participação das
comunidades indígenas acompanham pra que o projeto seja feito, depois disso uma vez os programas
tenham sido estabelecidos e construídos, na parte da licença de operação cabe então a FUNAI fazer
juntamente com os índios o acompanhamento e o monitoramento da execução dessa atividade, então
o trabalho não para a partir do momento em que a obra é começada, enfim, é um trabalho constante
uma vez o impacto sendo constante e os programas também sendo constante pra mitigar esses
impactos, a FUNAI então passa a ter o papel de monitorar juntamente com os povos indígenas o
acompanhamento dessas ações. Quais são as dificuldades que a gente enxerga nesse processo de
acompanhamento do licenciamento ambiental? Tem uma questão muito recorrente que é de
descontinuidade das políticas públicas que significa o seguinte: muitas vezes o próprio acesso de
licenciamento ambiental ele tem que dar conta de uma série de questões de ausência do Estado, então
aquilo que deveria ser um processo para mitigar o impacto daquele empreendimento acaba , quer
dizer, o Estado acaba tomando contato daquilo através do empreendimento e se levanta, quer dizer a
necessidade de diversas políticas públicas que não necessariamente estão ali envolvidas naquele
empreendimento, uma outra dificuldade é a ausência de regulamentação do nosso papel no
118
licenciamento, como eu disse não existe uma base legal ainda que obrigue, quer dizer que o parecer da
FUNAI seja vinculante, existe uma prática nesse sentido e a dificuldade do reconhecimento dos
impactos sócio-culturais, especialmente no entorno dessas terras indígenas, muitos empreendimentos
não estão dentro das terras indígenas, mas estão no entorno e causa impactos e não são impactos
somente ambientais mas são impactos sócio-culturais, a nossa experiência mostra que os termos de
referência pra estudo, eles tem colocado muito esta questão e não é muito fácil dialogar com a
realidade ambiental. Como desafio consideramos a regulamentação do componente indígena do papel
da FUNAI no licenciamento ambiental, dessa forma a gente considera que tanto o papel
constitucional como também a garantia que os povos indígenas possam participar desse processo em
toda a sua fase, além disso é qualificar todo o processo de consulta e participação garantindo a
informação de maneira breve e com antecedência aos povos indígenas e a própria estruturação do
órgão indigenista, quer dizer hoje a gente trabalha com mais de 300 processos, somos menos que 15
técnicos e que tem uma demanda muito maior do que a nossa capacidade de operacionalizar, embora
tenhamos um procedimento já proposto.
Como é que a FUNAI vem se organizando pra lhe dar com licenciamento? A gente fez em 2006 um
manual de procedimentos foi uma tentativa de sistematizar o que a gente já vinha fazendo, que é um
pouco deste procedimento todo que eu apresentei de como a gente acompanha como a gente
participa, em 2006 a gente fez uma primeira proposta de regulamentação que incluía uma extinção
normativa interna e também uma proposta para o CONAMA de inclusão, em 2007 a gente fez uma
parceria com a TNC pra a constituição de um banco de dados, inicialmente era um banco de dados pra
organizar os empreendimentos do PAC ,pra o nosso acompanhamento, mas hoje o banco de dados na
verdade contém todos os processos que a gente acompanha e a extinção normativa que é a
regulamentação dos procedimentos internos. Entrando um pouco no banco de dados, vou falar um
pouco do PAC, foi nossa necessidade de organizar a informação e o monitoramento dos
empreendimentos e particularmente o programa de aceleração do crescimento dentro da FUNAI. Ele
é um processo dinâmico, quer dizer o PAC ele sempre muda, sempre tem novos empreendimentos,
não é uma coisa que eu apresento uma lista aqui e no outro mês é a mesma lista, quer dizer, é um
processo dinâmico, tem empreendimento que sai do PAC tem outros que entram, quer dizer , o PAC
hoje ele não é um programa só de grandes obras, às vezes tem obras que são menores que estão ali
dentro, obras estaduais, enfim é um grande programa dinâmico e essa necessidade de a gente
monitorar. Então hoje a gente tem mais ou menos 340 processos de licenciamento que tramitam na
FUNAI Brasília que é a responsável pelo acompanhamento do licenciamento, não são as FUNAIs
119
estaduais, desses mais ou menos 63% estão no PAC, então o que significa que a maior quantidade de
empreendimentos não esta no PAC na verdade é o que a gente chama alguns de passivos ambientais,
outros são outros empreendimentos que não estão no PAC a nossa maior quantidade não é nele,
dentre esses processos quais são os que mais a gente tem? São os aproveitamentos hidrelétricos que são
usinas, pequenas centrais hidrelétricas em outras tipologias que são mais de 100 processos, linha de
transmissão e de distribuição sessenta e poucos processos e rodovias, tanto de pavimentação quanto de
duplicação que também são cerca de 60 processos. Banco de dados esta sendo incorporado, a gente
elaborou em 2007 estamos manejando ele, aprendendo a lhe dar com ele, praticando a forma de
atualizar esses dados e agora uma novidade que surgiu a partir deste concurso de temporadas que a
FUNAI fez , a FUNAI vai ampliar o sistema de terras indígenas, a idéia que esses dados que são de
acompanhamento do empreendimento possa ser incorporado no sistema de informação maior, que
incorpore várias informações dentro da FUNAI não só as informações fundiárias mas das ações das
aldeias da realidade de cada terra indígena e também dos empreendimentos então o banco de dados
ele na verdade vai ser incorporado dentro de um sistema de informação maior.
Só pra finalizar um pouco a gente ta discutindo uma instituição normativa interna da FUNAI, está
sendo discutida aí que a CGPIMA e as demais coordenações, discutimos também na sob convenções
de empreendimentos aqui da CNPI é uma necessidade de padronizar os procedimentos que a gente
tem e de deixar alguma coisa dessa prática que já vem tendo, que ela não tem normatização, ela tem
como público alvo o próprio quadro técnico da FUNAI da sede das administrações regionais outros
órgãos ambientais da administração pública, federal, estadual, municipal e o licenciamento ambiental
hoje de empreendimentos que impactam terras e povos indígenas não é feito somente pelo IBAMA
feito também no nível estadual e a nossa comunicação é precária ainda com isso os próprios povos
indígenas as universidades, centros de pesquisa, ONGs que lidam com a questão sócio ambiental que
muitas vezes são as responsáveis por fazer os estudos de impacto indígena os próprios
empreendimentos que necessitam de licença ambiental profissionais diversos que atuam nas áreas
consultórios, empresas de consultorias e os órgãos gestores de políticas públicas além da nossa
instituição normativa e que agente vem tendo publicar ainda esse ano também se faz necessário a
regulamentação do componente indígena no âmbito do CONAMA que é Conselho Nacional de Meio-
Ambiente que muitas questões que nós queremos normatizar internamente necessita de um
pronunciamento do próprio CONAMA pra que na verdade o que a gente tem a intenção é que o
parecer da FUNAI a atuação do órgão indigenista seja vinculante no licenciamento ambiental é uma
prática que esse governo vem adotando, quer dizer o PAC hoje ele tem o comitê gestor em que se
120
sentam numa mesma mesa os diversos órgãos ambientais a FUNAI esta nesse mesmo com o IPHAN
com o IBAMA todo mundo monitoramento do PAC, Chico Mendes, é quando pela primeira vez você
reconhece que essa fundação ela tem um papel ali no licenciamento esse papel ta reconhecido em
termos práticos mas em termos de lei ainda não, então a gente acha que isso precisar está explícito e
esse procedimento ele tem que ter um padrão, você tem que saber onde ele começa quais são as fases
que ele tem e onde que ele termina.
Então obrigada, agora só pra finalizar eu quero apresentar um pouco as listas do PAC que a gente
consegue produzir no banco de dados, eu vou até lá porque o arquivo outro. Bom, este é um tipo de
lista que a gente consegue elaborar com novas profundidades então a gente a nível do
empreendimento (...) o PAC ele aparece numa distância, então essa ferrovia ferro norte por exemplo
ela ta a 5 kilômetros da terra indígena então esse é um tipo de dado que a gente consegue gerar por
exemplo no nosso banco de dados agente até mostrou pras subcomissão que na verdade o bando de
dados ainda não está totalmente refinado, a gente ta tentando melhorar ele às vezes aparecem coisas
que não são, quer dizer, ou empreendimento duplicado mas de qualquer forma assim, é assim que a
gente controla a informação, então nós temos esse banco de dados e é a partir daí que a gente se situa
e vamos acompanhando o trabalho. Um outro tipo de lista só pra terminar o que foi pedido pra gente
apresentar é os empreendedores por exemplo então você tem ali por estado: Mato Grosso a terra
indígena rica em batisso (inaudível), pra fazer esse atestado administrativo não é nem
empreendimento mas que a gente também acompanha, no entorno, o desmatamento, e ali tem o
nome do empreendedor, por exemplo ferro norte ferrovias, também a gente consegue gerar esse dado,
quem é esse empreendedor, o estado que esta, enfim. Uma última lista que é também por tipo de
empreendimento, quer dizer o nome por terra indígena, o assunto, a tipologia e o tipo de
empreendimento poço tubular, ferrovia, hidrelétrica, enfim, são procedimentos que a gente tem
aperfeiçoado, a gente consegue agregar por terra indígena por estado , quer dizer pra monitorar essa
informação, então é isso, muito obrigada!
Márcio (Presidente) - Obrigado Marcela pela apresentação seria bom que você pudesse voltar aqui
Marcela e a gente vai abrir diretamente pro plenário perguntas e sugestões, dúvidas. Caboquinho
depois o Arão depois o Wellington depois a Ana Paula depois o Saulo
Caboquinho Potiguara – Caboquinho Potiguara região leste do nordeste Paraíba, o Marcela eu acho
que faltou você falar uma coisa a respeito dos empreendimentos indígenas também, estou me
referindo os empreendimentos indígenas hoje do corpo Potiguara. Eu acho que algumas pessoas aqui
121
já conhecem a trajetória que nós vimos já ao longo do tempo passando mas eu vou só fazer uma
memória aqui, é que na realidade nós tínhamos 180 tanques de camarões, nós tínhamos uma produção
semanal assim de mais de 30 toneladas de camarões no entanto o IBAMA interviu junto com o
Ministério Público sem a anuência da FUNAI, quero que fique isso bem gravado, sem a anuência da
FUNAI e tentou fechar os nossos tanques e aí foi quando , é isso que esta falando te que ter essa
conversação que realmente não teve nem o Ministério Público e nem tão pouco o IBAMA e foram pra
nossa área e nós prendemos o IBAMA e a Polícia federal, foi uma coisa muito desagradável por parte
da justiça, porque a Polícia Federal o IBAMA e com a área indígena e a gente prender, nós
prendemos, e isso deu uma revolução muito grande e aí foi quando o IBAMA procurou a FUNAI, tá
uma conversa, no entanto todo o empreendimento que nós tínhamos dentro da nossa área, foi quando
nós começamos a dialogar e conversar com os órgãos porque até aí não tinha ido ninguém, nem tão
pouco a FUNAI tava acompanhando, e aí nós começamos a fazer nosso estande de acordo com as
possibilidades nossa e começamos a dialogar no entanto nós temos apenas 48 tanques, nós temos uma
renda mensal de 100 mil reais em 48 tanques, e agora o IBAMA cismou de fechar os nossos tanques, e
aí nunca nos chamou para conversar, inclusive eu estou conversando com Marcela a gente esta
tentando um dialogo com o IBAMA e falou claramente que vai descer pra Polícia Federal e vai fechar
os nossos tanques, quer dizer não discute uma político-social, quer fechar o nosso tanque fecha, agora
vamos discutir uma saída também, porque são 250 famílias hoje que trabalham diretamente com o
camarão, como eu falei nós temos uma renda mensal de 100 mil reais, será que o IBAMA ou os órgãos
vai ter recurso pra fazer todo esse reparo, eu acho que nós temos que ver, ter uma política como você
falou aí toda essa, tem que ter uma licença prévia, tem que ter consulta, tem que ter isso tem que ter
aquilo, mas também tem que ver se os Potiguaras são direto como comedor de camarão, nós
produzirmos camarão, até antes dos nossos antepassados que vêm criando camarão, que vem pescando
camarão nós tanto tem o camarão nativo como também tem o camarão de cativeiro.
Eu acho que nós deveremos ver uma nova política, pra ver também esses condicionantes, porque não
é só chegar o IBAMA ou o instituto Chico Mendes e dizer, não todo o empreendimento dentro da
área dos potiguaras vai ser fechada, mas não olha do outro lado que o estado vizinho que tem
empresas multinacionais russas que acabaram o Rio Grande do Norte em todo o litoral do Rio Grande
do Norte hoje ter acabado com o tanque de camarões não olha do outro lado da nossa divisa que são os
usineiros que estão cheio de tanques de camarões, mas olha a nossa área porque fica dentro de uma
área da APA e isso nós também temos que rever e antes da APA chegar lá nós já estávamos lá
pescando e criando camarões mas agora vem uma nova lei passando por cima até da própria
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constituição que diz que o índio tem direito exclusivo do usufruto da água do rio e dos lagos, quer
dizer lá é mar também o que é água.
Aí os Potiguara hoje, nós estamos vivendo num clima de muita tensão por conta de ameaça , o próprio
IBAMA esta ameaçando ir e nós já falamos, pode vim , agora uso as palavras do Ak’Jaboro, pode ir
porque nós estamos preparados também caboclo, já pegamos uma vez a Polícia Federal, pegamos o
IBAMA agora se for, que eu to falando com toda a clareza aqui, se a polícia Federal ou o IBAMA
descer pra nossa área, nós vamos prender de novo w agora não vai ter Petrônio pra ir lá e não vai ter
ninguém pra soltar mais não, vai ver que o negócio vai ser mais forte , eu acho que nós deveremos ter
esse diálogo , eu to trazendo isso , já trouxe pra Marcela, Petrônio também já trouxe pra Marcela mas
no entanto, o IBAMA local é que esta fazendo todo o tumulto, nós não precisamos estar, hoje
brigando por conta nossa, nós precisamos procuráramos buscar políticas públicas pra ter saída, pra ter
uma outra alternativa. Obrigado!
Márcio (Presidente) - Obrigado Caboquinho, o próximo é o Arão
Arão - José Arão Marize Lopez, Guajajara do Maranhão, bom, é na verdade eu quero estender aqui
uma pergunta pra Marcela em relação a esse parecer da FUNAI nos assentamentos ambientais, ela
disse que não é condicionante e se não é condicionante eu gostaria de saber se esses pareceres que a
FUNAI têm omitido eles não são levados em consideração, se são pareceres do ponto de vista, se não
são, se são ilegais do ponto de vista jurídico? A outra pergunta que eu faço: qual é a distância do limite
da terra indígena demarcada e reconhecida pra implantação de projetos mesmo que seja projeto no
entorno da terra indígena já legalizada e tudo mais? E também em relação a aquelas terras indígenas
que estão em análise, em estudo , qual é a legalidade de implantação de projetos naquela área
pretensa? Eu estou falando isso aqui especificamente na Terra Indígena Bacurizinho que nós estamos
com um pedido inclusive já com reconhecimento de laudo antropológico publicado no diário oficial e
tudo o mais mas que no entorno na sua maioria os projetos de assentamento, inclusive autorizado pelo
INCRA e pelo próprio governo federal, já existe assentamento, já nessas áreas pretensas e também
projeto de empresas carvoeiras de soja de fazendeiros e tudo o mais. A minha preocupação também é
em relação às obras que eu vou impactar nas terras indígenas, que são as grandes obras do PAC, de que
forma então, qual vai ser a colaboração da FUNAI em relação a estas obras que vão impactar
diretamente nas comunidades indígenas, uma vez que, quase nada vai ser levado em consideração a
esses pareceres . Obrigado!
Márcio (Presidente) - Obrigado Arão, o próximo vai ser o Wellington 123
Wellington - Wellington de Rondônia, Marcela quando você diz que no programa PAC não é só obra
grande que é incluído, porque você falou que até pequenas centrais que é o PCHs, me preocupa uma
questão que a gente esta enfrentando no estado de Rondônia, eu acho que todo mundo sabe que está
sendo construída uma barragem grande no rio Madeira e aonde vai atingir várias terras indígenas e até
o momento nós não fomos convidados pra ser, pra discutir, pra participar da discussão desse projeto e
acho que foram convidadas duas ou três lideranças indígenas e a FUNAI em nenhum momento, não
se preocupou quanto às terras indígenas que iam ser atingidas por essa obra e duas terras indígenas foi
incluído no planejamento dessa obra que é a terra indígena Karitiana e também Karipuna e a maior
parte das terras indígenas que vai ser atingido também indiretamente e diretamente é a região de
Guajará e pouco tempo que a FUNAI começou a se preocupar a acompanhar e informar as lideranças
indígenas, essa é uma preocupação muito grande, até porque você estava lendo aquele plano que eu
fiquei preocupado, aí tem a participação efetiva da FUNAI no papel não querendo criticar e tem
também a participação das comunidades indígenas que são atingidas, então nessa questão a gente tem
que ver, não colocar só no papel a participação das comunidades indígenas , eu acho que a gente tem
que colocar na prática (inaudível áudio com defeito) em nenhum momento as comunidade indígenas
foi convidada pra ouvir ou também opinar e também garantir alguma coisa pra eles, então, eu acho
que é uma questão que a gente tem que rever isso aí na região de Viena também ta sendo construído
outro PCH onde vai atingir as terras indígenas , então tem vários pequenos projetos que a gente não ta
acompanhando que a FUNAI não esta nem se preocupando com nossa participação direta, então a
gente eu acho que só no papel não quer que seja feito assim mais...
Márcio (Presidente) - Obrigado! Wellington a Ana Paula.
Ana Paula – Instituto Sócio Ambiental – Esta apresentação foi uma solicitação da subcomissão que
acompanha empreendimentos em terras indígenas. Essa subcomissão já mandou para cá para a
plenária, eu acredito, alguns encaminhamentos. Um deles era a realização de seminários regionais que
levantassem quais são todos os problemas que existem de empreendimentos dentro de terras
indígenas, por exemplo, o que o Caboquinho colocou que eles têm problemas, e se isso não está dentro
do banco de dados, do acompanhamento, uma das idéias seria fazer a realização de seminários
regionais para que se levantasse o que existe realmente de problemas de obras que são realizadas
dentro das terras indígenas ou no entorno e que tenha impacto dentro das terras indígenas. A maioria
destas solicitações que chegam para a FUNAI chega por denúncias dos índios ou algumas vezes por
um órgão ambiental, mais muito dos problemas que acontecem não chega ao conhecimento da FUNAI
124
ou porque são obras que estão sendo construídas pelo município ou são obras do Estado e muitas vezes
são obras de empreendimentos privados, que aí não procuram passar por dentro do processo de
licenciamento ambiental, não obedecem à legislação Federal. Então uma das solicitações era essa, a
realização de seminários regionais para que se houvesse um levantamento nas regiões para saber quais
são essas obras. Uma outra solicitação era a realização de uma audiência com Ministra Dilma Rousseff
para discutir a questão das obras que são de relevante interesse da União e podem retirar o usufruto
exclusivo dos índios sobre os recursos naturais e pode excluir também a posse permanente dos índios
sobre as terras. Essas obras devem ter uma lei complementar, que vão dizer quais são essas obras e
como elas podem ser realizadas dentro de terras indígenas, não existe essa lei e as obras que são de
relevante interesse nacional que vão excluir o usufruto exclusivo dos índios, vão excluir a posse
permanente dos índios, estão sendo realizadas de maneira ilegal, então é discutir a necessidade de
haver essa lei complementar que venha legalizar essa situação. Então essa audiência eu acho que já foi
trazida para a plenária e precisa ter um andamento com relação a isso. Um outro ponto que eu acho
importante ressaltar é a questão da consulta aos índios de acordo com a convenção 169 da OIT. Como
foi colocada aqui, a manifestação da FUNAI é feita por uma prática, mais ela não é obrigatória e ela
tem dificuldades de ser implementada, mais a consulta aos índios é sim uma obrigação e ela está sendo
realizada dentro deste procedimento e nem sempre seguindo os requerimentos que são da convenção
169 da OIT . Então é importante regulamentar não só o papel da FUNAI , mais também ter claro a
realização da consulta aos índios, como prevê a OIT . Então eu acho que esses são os principais pontos
que eram importantes trazer aqui para a plenária para serem discutidos.
Saulo – CIMI – Eu quero dizer para a Marcela que eu acho importante esse esforço no
aperfeiçoamento do banco de dados. Inicialmente eu acho que a gente tem que se preocupar com duas
questões, se você foca muito a questão das obras que estão processo em licenciamento, mais eu
acredito que o banco ele oferece todas as informações das obras empacadas independente do processo,
se já passou ou não pelo processo e se a gente comparar o estado em que nós recebemos no ano
passado, os números que você coloca atual, há uma defasagem de quase cem terras, porque eu
enumerei as terras do PAC que na época eram 48 e agora são 60 e os outros empreendimentos eu acho
que são 458 se não me engano, então são obras que já passaram pela coordenação. O que é importante
primeiro que a gente tenha a informação geral de todas as obras que sofrem impactos, independente
de estar ou não em estudo na coordenação. Outro aspecto importante é que já houve um avanço,
quando se inclui a possibilidade de no relatório informar o empreendedor, mais no próprio diálogo
com a comunidade é importante o custo e o financiador, por exemplo, uma obra que é financiada pelo
125
BNDES ela requer por parte da gente, todos nós cidadãos brasileiros uma exigência maior em relação a
ela, é outra informação que eu considero importante para a discussão com as comunidades e espero
que o banco também deve considerar isso. O aspecto que a Ana Paula levanta das obras que são
caracterizadas como de relevante interesse, elas nos colocam outra preocupação, essa instrução
normativa ela não pode se estender por estas obras, ela tem que se restringir às obras que são
construídas fora das terras indígenas. Embora a gente afirme o trabalho que a FUNAI faz e o parecer
que a FUNAI vem a apresentar pode não ser vinculante quando se posiciona contra mais pode vir a ser
quando se posiciona a favor porque o uso não vai ser feito pelo órgão indigenista vai ser feito pelos
interessados, nos meus primeiros anos de indigenista eu já assumi a função ingrata de ter que
acompanhar todas as reuniões do conselho deliberativo da SUDENE porque repetidas vezes os
Governadores de Estado que eram membros de conselho certidões negativas da FUNAI dizendo que
não havia índios naquela região e eu tinha que arranjar alguém para dizer que o parecer da FUNAI
estava errado e que existe sim e com base naquele parecer muitos projetos foram implantados e ainda
hoje continua tendo com base naquele parecer da FUNAI obras que são instaladas e o empreendedor
usa o argumento de que houve o parecer favorável. Então o aprimoramento, o esforço que vocês estão
fazendo é importantíssimo o aprimoramento dos dados e a socialização dos dados com a população em
terras indígenas. Compreendendo isso, agora eu estou mais convencido à proposta da subcomissão
dessas oficinas regionais porque eu acho que elas vão funcionar como uma possibilidade de construção
das experiências das consultas que de fato elas têm caráter vinculante no exercício do texto proposto
pelo estatuto na questão da mineração se avançou até o poder de veto na consulta feita ao povo
diretamente atingido. Então eu acho que é um processo que a gente poderia avançar ainda mais.
Gostaria de obter esta listagem para conferir com a outra, inclusive não sei se vai distribuir para todo
mundo ou se a gente procura. Obrigado.
Tóya – Região Amazônica Estado do Acre e fundador da (ininteligível) – Eu vou aqui fazer uma
pergunta para um membro da assessora dos povos indígenas mais ao mesmo tempo ela é um pouco do
trabalho de turismo não é. A gente sabe muito bem que existe um grupo de trabalho interministerial
composto pelo Ministério da Justiça, Funai e Ministério do Meio Ambiente, que está discutindo isso e
está colocando a questão da proposta sobre turismo no projeto de lei, então a pergunta é como é que
funcionariam as comunidades que já vem fazendo este empreendimento, como é que a FUNAI
poderia estar ajudando essas comunidades a melhorar esses projetos? E uma outra coisa avisar parentes
que são do grupo de trabalho interministerial que agora às 10:00h está acontecendo uma
126
teleconferência para preparar a reunião de segunda-feira que acontecerá em Brasília? Essa era a
pergunta.
Ak’Jaboro: (fora do microfone) Bom dia. Meu nome é Ak’Jaboro, do Estado do Pará. Esses
empreendimentos que nós estamos discutindo agora são rotineiros, por que... os programas... que nós
estamos preservando sem receber nada. Um dia que nós nos encontramos lá em Brasília, e
(ininteligível) pediu para vocês resolverem a questão da nossa área que tem muitos (ininteligível)
indígenas. E lá... quanto tempo tem que eu pedi para legalizar esse Jaborondi? Oito anos. Oito anos
que eu pedi. De oito anos até aqui para legalizar este Jaborondi, o que prejudica meus amigos. Muito
tempo, e o IBAMA e a FUNAI não conseguem resolver nada. E naquele tempo, o meu povo, os
Kayapó... está retirando madeira ilegal. Esse é um problema sério. (áudio com defeito). As lideranças...
Ministério da União pediu que eu assumisse uma liderança maior que eu não queria, por que extraem
muitas madeiras e garimpo, ouro, mineração... Então eu não queria. Depois fizeram reunião com todas
as lideranças, dizendo que se realmente, se vocês pararem de extrair madeira ilegal e mineração eu
vou assumir. Senão você vai me jogar para morrer bem aí. Porque... aí sim. Por aí mesmo, se as
lideranças fizerem a reunião, chamar a FUNAI, chamar o IBAMA, chamar a Polícia Federal. Por que
já aconteceu outras vezes a questão de madeiras dentro da área... Até agora a madeira que foi presa
está lá ainda. Antes que eu viajasse para cá, os caciques fizeram reunião para tocar fogo nessa madeira
para esquecer de vez. Já pedi para o Márcio. Aí chega lá, eu conversei com ele... “Não, cacique, não é
assim não... O negócio está na Justiça, é muito demorado...” E ainda, essa madeira está acabando
também. (ininteligível). Então o que os caciques resolveram é que parou a venda de madeira. Ia
ajudar, ajudar a FUNAI, ajudar o governo, ajudar o IBAMA... É por isso que nós não vimos nenhuma
liderança dos Kayapó até agora.
E ainda, os Kayapós estão cobrando qual o projeto que pode ficar no lugar destas madeiras e deste
garimpo. Eles estão me cobrando. Até agora, há quanto tempo eu estou pedindo projeto para os
Kayapó? Muito tempo. Tem vários projetos de não destruir a Amazônia. Então o que eu estou
querendo falar para vocês é: resolve isso aí para mim. Urgente. Resolve isso para mim. (ininteligível).
Também, o dia que eu cheguei aqui em Brasília e a Polícia Federal veio e prendeu os parentes com as
penas, com tudo, (ininteligível). Então o que eu fiz: eu fui lá e conversei com o presidente do IBAMA,
conversei com o delegado da Polícia Federal (“Por que você fez isso?”) e ele disse que estão matando
estes pássaros todos. Nós não estamos matando e jogando fora, tirando só as penas. Nós estamos
matando e comendo, esta é nossa alimentação, que nós estamos aproveitando nesse sistema para
ajudar a sobrevivência de nossas famílias. Vendemos penas, e depois comemos a carne. Nós não
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estamos matando e jogando fora não. Sempre que estão julgando que... claro que nós índios somos
preservadores da floresta. E nós não recebemos nada, nada mesmo. Nada mesmo, vocês sabem muito
bem. Já que a FUNAI não tem recursos para manter muitos, milhões e milhões de indígenas, não dá
conta de ajudar. Não tem dinheiro, sempre a FUNAI não tem dinheiro... tem um orçamento bem
pequeno. Então tem que ajudar em alguns outros projetos para manter a sua comunidade. É isso que
nós queremos. Então, nesse PAC... Nesse PAC, a gente tem que resolver isso Marcela. Tem que
resolver isso para nós todos. Eu não estou falando só dos Kayapós. Tem vários parentes aqui que estão
querendo vender algumas coisas para manter, ajudar suas famílias. Não é só Kayapó, são muitos índios
do Brasil [dos quais] eu estou falando. Marcela, então resolve isso aí. Aproveito também... a madeira
que estava lá... antes de eu viajar para cá, outros caciques lá (ininteligível) estão bravos. Como é que
foi este problema? Como é que estão estes problemas? Que dia, mais ou menos, pode resolver isso?
Então, eu falo “Eu não sei, eu não estou acompanhando estes processos. Mas sempre estou cobrando,
sempre estou pedindo, para ver se resolve este problema rápido, porque a madeira está acabando.” Aí,
o próprio pessoal que estava lá... os indianos... que estavam lá, já perderam muita madeira. A própria
FUNAI, o próprio [governo] federal, o próprio IBAMA, que está lá cuidando, fiscalizando... mesmo
assim, já se perdeu muita madeira lá. (ininteligível). Eu mesmo fui lá, conversar com o pessoal, fui lá
para... Eles fizeram a dança lá para tacar fogo, e eles não deixavam. Então resolve isso aí para mim,
Marcela. (áudio com defeito).
Márcio (Presidente) - (áudio com defeito)
Francisca: representante do Mato Grosso. Marcela, eu estava observando aqui a sua apresentação,
então acima das questões que me preocupou muito, a região do povo Bororo. Eu tenho recebido muita
reclamação da parte deles de que muitas coisas que são discutidas, que são tratadas em relação à
situação deles (nós temos o caso aí de Jaridori)... Eu já falei uma vez aqui na CNPI, talvez seja um caso
que eu considero tão importante quanto o de qualquer outra situação de povo, porque os índios foram
expulsos da região, são ameaçados de morte... tem um grupo pequeno que não pode nem pisar naquela
região... Então a cacica de lá tem manifestado uma preocupação do desaparecimento do povo. Porque
além das ameaças existe outra situação gravíssima que tem ocorrido lá. Mas uma coisa que eu tenho
observado na sua apresentação... primeiro eu gostaria de ressaltar que eu concordo com... um pouco
do que eu ia falar o Saulo e a Ana falaram. E eles disseram essas questões mesmo. A questão dos
seminários...
128
A questão dos seminários regionais, a importância que eles têm para as comunidades indígenas, no
sentido de preparar as comunidades, de todos estes procedimentos que vêm ocorrendo, o papel da
própria FUNAI, que muitos povos estão descrentes desta situação, não acreditam mais. E nós sabemos
da situação de Mato Grosso. Esta aí a Lylia com o André que conheceram a nossa realidade, são de lá e
conhecem a nossa realidade. Mais uma coisa que me preocupou foi ver o seguinte: de toda a opressão
que o povo Bororo vem sofrendo, ainda por cima tem aqui empreendimentos pesados, como é essa
questão da ferrovia que passa dentro da terra deles. Aqui está envolvido os quatro territórios
principais do povo Bororo, que ainda ficou até do Dr. Márcio dar uma visita ali em Perigara. Você não
foi ainda né? (provavelmente “ainda não”.) Então. Eu estive conversando com alguns deles, e eles
manifestaram esta preocupação. Porque o Estado está envolvido com estas obras, e eles nunca foram
convidados para discutir esta questão. Quando são chamados, já é para a decisão final das coisas. Tipo
assim, “vocês têm que decidir se vocês aceitam ou não, qual é a condição...” Então isso me preocupa, e
muito. Então eu reforço esta questão de que a Ana falou da importância dos seminários, oficinas
precisam ser realizadas de preparação destas comunidades... E outra questão que eu queria falar
também é em relação à questão dos zoneamentos que aconteceram. A gente sabe que alguns estados já
fizeram, outros foram muito bem-sucedidos porque tiveram a participação dos índios. No meu estado
a gente teve graves problemas, porque apesar de termos feito o possível para participar, houve a
participação... mas se não fosse por... esforço mais dos índios do que do governo. E os índios, nestas
discussões do zoneamento é que eles ficaram sabendo destas obras que vão acontecer próximo às
terras indígenas deles. Então isso chamou uma atenção muito grande, e a gente ficou muito
preocupado com isso. Da FUNAI foram apenas duas pessoas que tiveram participação. Um foi o
Gabriel, outra foi a Paula, que acompanharam. Eu não sei quais foram os encaminhamentos que eles
deram lá no setor, no GPIMA, a discussão... como foi agora o acompanhamento final deste
procedimento.
E assim, você colocou aqui que uma necessidade que existe é o reconhecimento dos impactos sócio-
culturais, especialmente do entorno. Isto tem que estar bem claro também dentro da proposta do
zoneamento. Por exemplo, a participação da FUNAI é fundamental, e nem sempre a FUNAI foi
convidada para participar e acompanhar. Outra questão que eu queria perguntar a ti é: quem é o
representante indígena agora no CONAMA? A gente ficou sabendo que tinha um parente lá que
estava acompanhando tudo, e depois a gente não sabe se ele está fazendo ainda, se está participando,
quem é ele... que eu acho que é uma pessoa que deveria estar aqui também, deve estar também dentro
da subcomissão de Etnodesenvolvimento , da comissão de empreendimentos (intervenção fora do
129
microfone)... isso... porque é muito importante ele dar esclarecimentos, explicar para a gente... então a
gente nunca mais ficou sabendo, eu pelo menos não sei... já perguntaram para mim várias vezes e eu
não pude dar resposta. (intervenção fora do microfone). Está bom então. Era isso mesmo, obrigado.
Márcio (Presidente) - na verdade, nós temos só duas inscrições, e eu vou propor que estas sejam as que
fecham as inscrições, para voltar aqui para a Marcela. E assim que o microfone chegar lá na Lylia, eu
vou passar logo a palavra para a próxima inscrita, que é a Simone, e aí a Lylia vai dar o informe.
Simone.
Simone: Simone Karipuna, região norte, Amapá. Marcela, eu queria tirar... nós estamos com uma
dúvida... os povos indígenas do Oiapoque tiveram recentemente das lideranças indígenas um
questionamento, e há bastante tempo tem havido, sobre a questão da sobreposição de uma terra
indígena, que é próximo... da terra indígena Uassá, que fica um lago, chamado Maruani, e que logo
próximo fica um Parque Nacional (Caborãs). Então as comunidades lá próximas ficam solicitando
através da FUNAI (Brasília) que envie técnicos para que se faça um estudo sobre esta questão.
Também uma preocupação muito grande é em relação aos assentamentos próximos das comunidades
indígenas, porque a gente tem lá dois impactos muito grandes. Impacto do PAC, duas ações do PAC lá
dentro, que é uma BR, e que daqui a um tempo vai ser também uma ponte, que liga o Brasil à Guiana
Francesa. Então a gente fica numa preocupação muito grande, porque este assentamento fica a apenas
sete quilômetros da terra indígena. Então há uma preocupação grande neste sentido de que a FUNAI
central disponibilize técnicos para que eles façam este estudo, esta análise de toda esta questão destes
assentamentos e desta sobreposição, para que se tenha uma posição mais adequadas para as lideranças
indígenas. Obrigada.
Márcio (Presidente) - muito obrigado Simone. A próxima inscrita é a Pierlângela e depois a última é a
Lylia Galetti.
Pierlângela: Pierlângela, de Roraima. Nós tivemos acesso à Instrução Normativa... a subcomissão
passou para a bancada indígena e nós entendemos o papel da FUNAI nisso, a importância da
participação da FUNAI, porém nós temos outras questões que nós levantamos na nossa reunião da
bancada indígena, e que a própria Instrução Normativa coloca as obras dentro das terras indígenas,
está falando isso... e a gente viu que obras dentro de terras indígenas, que impactam dentro das terras
130
indígenas, precisam de uma regulamentação própria; e na própria listagem que foi colocada aqui pelo
CONAMA fala-se em mineração nas terras indígenas também. E que a Instrução normativa também
contempla isso. Então a gente uma preocupação muito grande com estas questões que já estão sendo
colocadas. E nos preocupa muito a questão não só da regulamentação, mas a questão política em si
também de toda a situação, principalmente com a FUNAI mesmo, com o nosso próprio órgão, e a
intervenção de outros ministérios dentro da própria FUNAI, que pode afetar realmente, que pode ser
uma via de mão dupla. Enquanto nós temos um órgão que defende, que é para a nossa defesa, a gente
considera também, e com muito cuidado... nós fizemos (não é da nossa competência, a gente sabe que
é do órgão, a Instrução Normativa é uma competência do órgão), mas a gente fazendo esta análise, a
gente ficou muito... não temos ainda uma clareza do que seria isso melhor.
E a outra questão, porque ela avança muito aqui, ela pega coisas aqui que realmente vão impactar, e
concorda com uma série de coisas que a gente ainda está discutindo aí. E quanto à resolução do
CONAMA também. Para nós, nós discutimos na nossa bancada que nós não temos clareza como seria
isso no CONAMA. Porque regulamentar, regulamenta. Hoje a FUNAI, a gente pode dizer que hoje
nós temos à frente um presidente que conhece, que entende... mas a nossa preocupação é que a gente
repasse tudo à FUNAI, e daqui a pouco venha um presidente que não seja como o atual presidente, e a
gente quer garantir... não que pessoas, mas que quando a regulamentação chegue, as pessoas que
estejam à frente, e principalmente, não só o presidente, mas quem está na ponta, que está lá nas
administrações regionais... que tem muitas administrações regionais que as regionais co-optam o
parente, que fazem... e a gente sabe, isso é realidade, não precisa ninguém estar dizendo, que existe a
FUNAI e FUNAIs. A nossa preocupação é essa: ter uma garantia de uma discussão mais ampla e séria
sobre essa questão deste licenciamento. A gente entende que a Instrução Normativa é competência da
FUNAI, aqui nós indígenas discutimos, mas nós ficamos muito preocupados com o que vai, tanto na
Instrução Normativa quanto o que vai para o CONAMA. Para que dê garantia também para nós povos
indígenas, e como nós discutimos, no Estatuto (e é o que o Saulo ressaltou ali)... é que nós podemos
dizer... Porque quando a gente vê que tem obras que quando é para beneficiar os indígenas, elas são
paradas. Geralmente às vezes até a construção de uma estrada, uma coisa que vai beneficiar a nós,
dificilmente ela vai para a frente. Sempre alguém arruma um jeito de não ir para frente. E às vezes, as
obras maiores sempre passam. E aí a gente tem isso lá em Roraima na terra indígena São Marcos. Passa
a União-Undiguri que vem, que abastece cidade, passa dentro da terra indígena... Mas nenhum
indígena ali tem energia da União Undiguri. Passa a obra, beneficia a população do estado todinho,
menos os indígenas. Então estas questões para nós também têm que ser consideradas nestas situações.
131
Porque quando é obra que beneficia politicamente (e aí a gente tem que colocar esta questão política,
porque aqui não está só o componente da legalidade, está o componente [político], aqui todos nós
somos sabedores disso).
Então a gente tem estes dois campos para tomar esta decisão, fazer uma análise política e legal. A
própria AGU, os nossos assessores, podem esclarecer mais isso, porque a gente precisa de maiores
esclarecimentos em relação à esta questão. No nosso entender a gente tem que ter um pouquinho de
tempo ainda, e estes seminários seriam importantes para isso. Porque a gente tem que discutir com as
comunidades. E quando eu estava lendo a resolução do CONAMA a gente percebeu também, quanto à
questão... inclusive a gente discutiu isto no Estatuto, de como vão ser ouvidas estas comunidades.
Porque a nossa preocupação, que a gente colocou também no Estatuto, é que devem ser ouvidas as
comunidades, e esta questão da representação tem um problema também. Nós já discutimos isto no
Estatuto. Quem representa quem, que a consulta deve ser feita lá na comunidade, porque às vezes o
representante usa a própria liderança para ir contra o seu próprio povo. Então isto também tem que
ser pensado. Estas discussões, esses seminários, são importantes para isso. Para a gente ter uma firmeza
daquilo que nós estamos delegando à FUNAI como instituição, não hoje quanto ao presidente, que a
gente considera e sabe que ele trabalha... mas como instituição. Pensando no que a instituição (estes
anos todos) e o que a gente quer daqui para a frente. Então era isso, o que a gente conversou na
bancada indígena. Obrigada.
Márcio (Presidente): Lylia, que é a última inscrita. Em seguida, volto a palavra para a Marcela.
Lylia: à essa altura é só no show, não tem como baixar este negócio. Gente, bom dia, deixando aqui
um informe do GTI para distribuição... como a gente se comprometeu aí com a Comissão... já vinha
fazendo, mas através do site, que nem todo mundo conhecia. Não sei quem teve realmente, que
cobrou aqui, teve realmente a curiosidade de abrir o site. Eu não sei se a gente tem até uma ligação
direta com a internet aqui mesmo, para dar uma mostrada, eu acho que seria uma coisa interessante. E
todo mundo [poderia] pegar de novo o endereço e acompanhar a discussão. Nós vamos ter as
consultas, vários fóruns, mas a página do Yahoo!, o site, ele é aberto para contribuições também,
recados, para chamar atenção para alguma coisa. É do tipo “fica ligado, entendeu, que a coisa está
funcionando.” Com relação à representação no CONAMA, a APIB, foi pedido diretamente para o
Ministro, para que fosse alterada esta representação, que antes era da antiga... esqueci a sigla
CAPOIBE. Esta solicitação veio para a gerência indígena, o CONAMA perguntando o que fazia com
132
aquilo, o Gabinete perguntando qual era a pertinência da solicitação que a APIB estava fazendo...
então nós fizemos uma nota técnica dizendo que agora tinha que reconhecer a Associação dos Povos
Indígenas do Brasil, que esta é a referência que a FUNAI e que a CNPI vêm trabalhando, e que então
recomendávamos a solicitação imediata à APIB da indicação do nome. E houve também... Primeiro
foi aprovado no CONAMA que a APIB é quem indica a representação, mas quando chegou na
Consultoria Jurídica, o processo bateu e voltou para a Gerência Indígena. Por quê? Porque o
CONAMA é um órgão muito cioso da sua legalidade, e tem que ser, porque lida com questões muito
delicadas muitas vezes, como é esta mesma da questão indígena. E eles pedem um documento de
dissolução da CAPOIBE e de legalização da APIB para que eles possam acatar a indicação dos nomes.
Que a APIB é quem tem o assento e que tem representação.
Diante desta situação eu fiz uma comunicação à APIB, até agora sem resposta, pedindo então que eles
se manifestassem, e dando inclusive uma idéia, uma sugestão... coloquei até isto no e-mail (“tomo a
liberdade”), acho que tem que ter este cuidado, vocês podem decidir outra coisa... mas a indicação de
que, já que não existe este documento de dissolução dessa organização, e a APIB foi criada dentro do
último acampamento, e não tem esta existência legal (e talvez nem pretenda ter), que a CNPI fizesse a
indicação. Porque aí resolvia o problema, acho. Não sei se mesmo assim a Consultoria Jurídica vai
exigir alguma coisa. Mas acho que se a gente sacramentasse aqui esta decisão, talvez a gente não
tivesse este problema jurídico. Eu não trouxe isto antes aqui dentro desta reunião porque eu estava
aguardando uma resposta da APIB. E aqui é uma reclamação mesmo. Porque eu acho que quando
vocês reivindicam e demandam coisas, se a gente não responde a gente leva paulada aqui. Então
devolvo na mesma medida. Eu estou discutindo com vocês, com as organizações indígenas, de igual
para igual. A APIB está devendo uma resposta sobre a questão do CONAMA, e o problema está na
mão do movimento indígena, e não do governo. Bom dia, obrigado.
Márcio (Presidente): Obrigado Lylia. Eu vou passar a palavra para a Marcela, e antes de passar a
palavra para a Marcela, eu só vou lembrar aqui (porque a Secretária Executiva Teresinha veio trazer
aqui para mim), que na reunião passada da CNPI, com relação à proposta das Oficinas... gente, vamos
prestar atenção... na reunião passada da CNPI surgiu a proposta das Oficinas, e foi aprovado na
reunião passada que elas sejam realizadas em 2010, no ano que vem... inclusive se propôs a criação de
um GT para tratar da questão do CONAMA em função das agendas deste ano de 2009 ainda
acentuadas (da CNPI) em relação ao Estatuto, e vocês vão lembrar também que nós temos 5 Oficinas.
Cinco consultas que vão ser já realizadas a partir deste ano do GTI. E nestas consultas do GTI está
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incluída também esta pauta de projetos e empreendimentos. Isto foi deliberado não reunião da CNPI
passada. Eu só estou lembrando isto aqui para que a gente considere, porque isto já foi tratado na
reunião passada e foi tomada esta decisão de que estas Oficinas sejam realizadas no ano que vem,
considerando tanto a pauta deste ano, já bastante pesada, quanto o fato de que as consultas do GTI já
incluem também esta consulta, este ponto, ou seja, de trazer as informações sobre empreendimentos.
Então a gente está aproveitando também estas cinco consultas que vão ser realizadas até Abril do ano
que vem. Então é só este informe que estou trazendo para lembrar (eu mesmo não lembrava,
Teresinha foi quem lembrou e trouxe aqui para mim). Marcela.
Marcela – Funai: Caboquinho, a gente acompanha os empreendimentos indígenas, temos
acompanhados estão Potiguara da cacinicultura. E de fato aí, não só com este exemplo, mas tem outros
exemplos de sobreposição (a companheira deu o exemplo do Oiapoque), tem vários... este é um tema
que a gente chama lá no GTI de tema quente. São diversos conflitos, a gente está tentando uma
mediação para este específico, e infelizmente os últimos acontecimentos lá com o IBAMA, estão
dando para trás na negociação que nós havíamos proposto. Acho que é muito claro que a questão da
gestão ambiental é muito importante para os povos indígenas também. Ak’Jaboro deu exemplos do
quanto os indígenas querem contribuir para isto, já contribuem em suas práticas, e o estado tem mais
é que apoiar isso e oferecer os meios para que se respeite a questão ambiental, para que vocês possam
ir aperfeiçoando cada vez mais. Acho que esta discussão que a gente tem feito lá na área Potiguara de
regularizar o que existe, de apoiar, de que vocês tenham direito à assistência técnica, que a
Universidade possa apoiar, que o Ministério de Agricultura e Pesca possa apoiar essas atividades... Mas
temos um impasse jurídico com o órgão ambiental, que a gente considera que o GTI pode e deve ser
espaço de proposição de políticas para superar todos esses impasses. Não dá mais para a gente ficar
brigando internamente, índios e unidades de conservação, porque acho que precisamos ser parceiros.
Também como encaminhamento do GTI a gente tinha solicitado a presença daqueles que decidem
também, para tratar. Não é uma discussão só técnica. Discussão técnica a gente já viu um monte de
encaminhamentos, agora... É até uma solicitação, um encaminhamento do próprio GTI que se pudesse
fazer uma conversa com o Ministro do Meio Ambiente, com o MinC.
Márcio (Presidente): eu quero aproveitar e dar o informe aqui que nós fizemos o convite já para o
Instituto Chico Mendes e para o IBAMA para vir aqui à CNPI, já foi feito e reiterado este convite.
Queria que a companheira Lylia do Ministério do Meio Ambiente pudesse reforçar isto lá... E além
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disso eu já solicitei audiência do grupo do GTI com o Ministro do Meio Ambiente semana passada, por
um acaso. Foi na semana passada que eu encontrei com ele pessoalmente. Então eu disse a ele que a
equipe da GTI estava pedindo audiência com ele há um tempão e não conseguia. Aí eu falei assim
“Não é possível, não chega para você então, eu acho. Deve ter alguma...” Ele me disse “claro que eu
recebo [a equipe da GTI]”. Então agora é só a gente...
Sandro: A COIAB que tinha pedido. Já tinha mandado algumas cartas pedindo, e aí depois a GTI....
Márcio (Presidente): então eu confundi, desculpa. Mas na hora H que eu falei com ele, que era rápido,
eu falei lá “Olha, é a GTI, tal...” De qualquer forma, ele me garantiu que abre a agenda dele para
receber, e é só uma questão de ver a data na agenda dele para ver isso. Inclusive Lylia, se você puder
falar com a Isabela, que estava do lado, e ela disse “é só falar comigo que eu acerto a data”, que é a
secretária executiva.
Caboquinho: Presidente, só um... Marcela, porque não se faz uma proposta de discutir esta questão da
cacinocultura também na GTI? Para a gente tentar essa audiência com o Ministro do Meio Ambiente.
Marcela: a idéia, Caboquinho, no GTI, é a gente discutir estes temas baseados em experiências, então
eu acho que o exemplo da cacinocultura é um dos principais que devem estar lá. Então aí vê com o
representante, que a gente tem reunião na semana que vem, 7, 8 e 9, é a última plenária do GTI para
decidir com relação ao texto da Política que irá para consulta. A primeira consulta é em novembro, é
no nordeste, então é o espaço (vocês estarão lá representados também) para a gente debater. Então as
condições institucionais a gente está tentando ver aí. Arão: o parecer da FUNAI, não é que ele é ilegal,
ele é legal, até porque o órgão indigenista tem a obrigação de se posicionar em todos os assuntos no
que se refere à defesa dos direitos indígenas, e o licenciamento ambiental envolve isso. Ele não é
vinculante, ou seja, não existe a obrigatoriedade, em termos de legislação de que se respeite a sua
opinião. Existe uma prática de que se escute, em se tratando de assuntos indígenas, a FUNAI; enfim,
mas não é vinculante. Em relação à distância dos empreendimentos nas terras indígenas, isso é uma
grande discussão na nossa Instrução Normativa, se a gente deveria colocar, elaborar critérios para isso
ou não... É muito complicado você definir o que é entorno... às vezes tem um empreendimento que
está a uma distância de 30 km de terra indígena e ele é tão ou mais impactante que um
empreendimento que está no limite. Então depende muito de cada especificidade. É difícil estabelecer
135
isso, principalmente porque se trata de espaço sócio-cultural, mas o uso que os povos indígenas fazem
do território ultrapassa isso e aquele impacto está lá. Então a gente tem alguns critérios levantados que
eu posso até colocar à disposição, mas a gente acha que explicitar isso deveria ser [mais] numa
resolução de CONAMA ou outra coisa do que dentro da Instrução Normativa da FUNAI. Wellington:
veja bem, essa coisa de sair do papel, do acompanhamento da FUNAI não ser só no papel e nem nas
comunidades indígenas, eu acho que é isso mesmo. Eu coloquei ali que a FUNAI ali sofre de falta de
estrutura. Acho que é o nosso grande desafio. A gente não consegue acompanhar todas as obras que
impactam terras e povos indígenas. Não adianta. Com a estrutura que a gente tem a gente não
consegue. Eu tenho seis servidores de carreira na CGPIMA, quatro servidores temporários e cinco
assessores. São essas pessoas que acompanham licenciamento, não são outras.
Não-identificado: e isso daí a gente tem agora.
Marcela: até dois anos atrás, até antes do presidente Márcio eram seis pessoas. São essas pessoas, não
são outras. É muito difícil acompanhar tudo. Acho que o exemplo das barragens do Madeira é um dos
exemplos que a FUNAI foi consultada tarde, teve uma atuação questionável, não colocou tudo que
tinha que colocar... A gente está tentando retomar isso, re-estabelecendo a defesa dos direitos
indígenas, colocando os programas, tentando considerar o impacto sinérgico das duas usinas... estamos
tentando fazer tudo isso. Então eu acho que o objetivo da apresentação é reconhecer um pouco que o
que a gente está propondo é uma prática que respeita os direitos, que reconhece a importância da
participação, reconhece a importância do papel do órgão indigenista em se manifestar, mesmo sem ser
vinculante... agora a gente não tem estrutura para lidar com todas as coisas, com as grandes obras e as
pequenas, porque às vezes uma pequena obra pode ser tão impactante quanto uma grande. Tenho
vários exemplos de PCHs pequenas que causam impactos de anos e anos naquela comunidade
indígenas, e enfim... Ana Paula: bom, aí eu acho que é encaminhamento dos seminários. A gente
poderia ver se faria junto com as consultas do GTI... teria que discutir como fazer isso. A questão da
consulta aos índios... aí é... só uma questão: esta Instrução Normativa foi elaborada já há dois anos.
Nós estamos retomando ela agora para aperfeiçoar. Acho que o Estatuto já colocou e já se pronunciou
ali com relação ao que é consulta, então nós teríamos que fazer esta aproximação. Eu realmente
defendo que a gente possa (ainda que eu entenda que são questões que são para o CONAMA, tem
questões que o próprio Estatuto ainda precisa de legislação, como os de Relevante Interesse e outras),
eu acho muito complicado que a gente não tenha neste governo, não deixe nenhuma normatização
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para o licenciamento ambiental. Nenhuma, o que é a preocupação da Pierlângela também. Então eu
acho que a gente tem que, entendendo talvez aquelas coisas que não podem ser explicitadas porque
carecem de regulamentação, mas que a gente possa avançar em algum sentido. Acho que esta é a
posição da FUNAI, pelo que a gente têm discutido. Saulo: os dados que você falou que estão defasados,
é o seguinte: os processos que estão no banco de dados são 500. Eu falei ali, o que vocês receberam
naquela lista, até tem outras coisas que não são licenciamento. Só de licenciamento são trezentos e
quarenta e alguma coisa, e é um dado dinâmico. Do banco de dados tem tudo. De viveiro de muda,
processo de recuperação de área degradada, planos de vida, tem um monte de coisa... planos de gestão,
pesca... são mais de quinhentos que estão lá no banco de dados. Então é difícil mesmo fazer este
controle, mas de fato não tem no banco de dados colocar o custo e o financiador como uma categoria.
Acho que eu vou levar como sugestão para a gente colocar.
E em relação à consulta da 169 eu acho que a gente teria que, para a Instrução Normativa, fazer (o que
já foi uma sugestão da subcomissão), que a gente pegue o Estatuto e faça, enfim, acrescente lá na
Instrução Normativa algumas coisas que o Estatuto já deliberou. Olha, o tema do turismo é um tema
que a gente está levando lá para o GTI também. Claro que carece de outra regulamentação, que não é
só a gente que faz, mas eu acho que o próprio GTI tem encarado a questão da gestão ambiental como a
gestão territorial também, ou seja, que inclui todas estas alternativas de Etnodesenvolvimento na
terra indígena. Tem a questão do turismo... Tem o que o Ak’Jaboro coloca, de manejo florestal, que
são temas que... os empreendimentos dentro de terras indígenas quando os indígenas são os
empreendedores. Nós estamos encarando que o que a gente chama de gestão ambiental e territorial é a
gestão que não é da conservação, que não é que você não pode fazer nada. Mas é aquela gestão que
respeita o usufruto exclusivo e o poder do território pelos índios. Então a gente está, eu acho,
caminhando neste sentido. Sim, existem muitos processos na FUNAI hoje que ainda carecem de
análise exatamente porque eu acho que a gente está caminhando na proposição das políticas. Então,
até agora o João está ali, eu vou esperar ele levantar para responder em relação ao projeto que ele
questionou do manejo. Bom, Chiquinha: o zoneamento lá do Mato Grosso a gente apoiou a ida dos
índios. A gente sabe que... (um pouco do que eu já falei) a CGPIMA tem uma atribuição enorme. Ela
não tem a atribuição só de acompanhar o licenciamento, ela tem a atribuição de lidar com todas as
temáticas que tem a ver com gestão ambiental, e a gente não tem tanta estrutura para acompanhar
todas as coisas. Mas no zoneamento a gente acompanhou, as pessoas vão continuar lá acompanhando
seus desdobramentos, e as gente tem buscado apoiar sim, não só para zoneamento mas também para
outras questões ambientais que afetem os povos indígenas. A gente pelo menos que os índios
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participem disso. Bom, o Fundo Amazônia, por exemplo é um destes, discussões de REDD, créditos de
carbono, é um monte de discussões ambientais que pelo menos se a gente não tem pernas para
acompanhar lá mas a gente têm apoiado. Eu acho que isso é muito positivo, que a gente apóie que pelo
menos os índios participem. A questão do Oiapoque da sobreposição parece, a Taís me informou aqui,
que está sendo resolvida lá pela CPTI, né Taís? A questão da sobreposição do Oiapoque... parece que já
tem algum encaminhamento aí no sentido de enviar alguém lá para fazer o estudo. Eu acabei
respondendo um pouco a Pierlângela, porque entrei na coisa. Na verdade a gente tinha a intenção de
trazer um pouco aqui para a plenária, um pouco discutir esta proposta para o CONAMA. Eu tinha
pensado em trazer a Instrução Normativa impressa, mas depois entendendo que é uma atribuição da
própria FUNAI... mas acho que a gente deveria avançar em pensar o que é papel do órgão indigenista
fazer, o que é papel da CNPI fazer, nesse sentido que eu já coloquei. Acho muito ruim que a gente saia
desse governo sem nenhuma regulamentação para este processo de licenciamento, porque a gente não
avançou em algumas coisas que a gente sabe que são coisas que... mineração, enfim... que talvez
demorem mais, mas que a gente possa fazer o esforço. Eu acho que a subcomissão de
empreendimentos, que é da própria CNPI, vem aprofundando a temática, ela possa discutir isso e
saber o que pode se colocar ali para que a gente faça. Como eu já falei, eu acho que a experiência do
PAC trouxe pelo menos este lado positivo de colocar na mesma mesa todas os órgãos e reconhecer que
a FUNAI tem um papel ali, um papel de se manifestar. A gente não se manifesta ainda do jeito que a
gente gostaria, mas ela tem, então eu acho que a gente tem que aproveitar para poder colocar esta
regulamentação. Cadê o Ak’Jaboro?. De qualquer forma, eu quero saber sobre o projeto de manejo
florestal. É outro tema que a gente tem enfrentado, e que é um tema também que a gente tem tratado
no GTI. Tem vários processos deles que estão lá na FUNAI, nós temos tentado um diálogo, e eu acho
que a própria CNPI já se pronunciou sobre o assunto do manejo madeireiro... quer dizer, já está no seu
Estatuto também. Então a FUNAI, que preside esta comissão, não pode sair daquilo que o próprio
Estatuto já colocou. O Estatuto é claro em colocar alternativas ao manejo madeireiro, estimular outras
práticas... Agora a gente tem que ter uma regulamentação para isso, porque hoje não tem. Não existe
hoje definido o que é um projeto de manejo florestal sustentável. Não existe. Então nós estamos aí
num esforço junto ao Serviço Florestal e dentro do próprio GTI para que a gente aproxime essas coisas
e consiga colocar uma coisa no lugar, como diz o Ak’Jaboro. É preciso ter uma alternativa à questão da
madeira.
Márcio (Presidente): bom, a Lylia tinha pedido para fazer alguns comentários também, e a Ana Paula
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pediu para fazer um comentário, o Toya agora está pedindo também. Eu queria sugerir o seguinte: que
se a gente começar a entrar num... nós vamos conseguir dar conta da nossa pauta aqui. Então eu
queria pedir que a Lylia fosse bem objetiva, a Ana Paula idem e o Toya idem. Sandro também. Então
Lylia.
Lylia Galetti: Eu acho que a Marcela colocou as principais questões, mas é lembrar o seguinte: daqui a
pouco a gente vai estar distribuindo o informe do GTI, em que pé estamos e qual é o calendário que a
gente está propondo para fechamento da proposta para aprovação dela aqui na Comissão Nacional. Eu
queria dizer o seguinte: foram muitas falas, muitas demandas, reivindicações, reclamações, denúncias
com relação ao IBAMA, e à área ambiental de maneira geral. Eu acho que seria interessante que esta
conversa aqui, este diálogo, as questões que são colocadas, chegassem diretamente na mão do Ministro
como registro da CNPI (“temos essas e essas e essas questões”). Porque eu vejo a coisa assim: nós temos
um processo, que é a construção da Política, que é um processo que já se revelou de imensa
importância. O Estado brasileiro, vários órgãos, já se dirigem ao Grupo de Trabalho solicitando que a
Política resolva isso, aquilo, aquilo outro. Vou citar um exemplo... dois exemplos. Um: Ministério do
Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Floresta, que tem uma demanda, uma pressão forte do
Ministério Público Federal para a questão de sobreposição, e que ainda não tinha respondido a isso.
Fez o Plano Nacional de Áreas Protegidas, tem lá uma referência (e esta é uma questão que a gente no
próprio GTI está retomando e está pedindo também que o Ministério se posicione) porque o Plano
Nacional das Áreas Protegidas dá uma direção para a questão da resolução da sua proposição que não
tem muita diferença do que a gente tem colocado aqui, do que está no próprio Estatuto. O Estatuto
avançou. Vocês lembram que eu não estava aqui, estava doente de licença, e houve a votação daquele
item daquele artigo do Estatuto sobre a sobreposição que o Ministério não sei se votou contra mas
com certeza se absteve.
É preciso ter clareza de que tem questões que de fato são delicadas dentro da própria área ambiental.
Que dentro do próprio Ministério do Meio Ambiente há diferentes visões, e o GTI tem permitido (e
eu acho que é um ganho fantástico) a reunião destas áreas agora com esta nova instituição (que é o
ICMBIO) para a discussão interna destas questões, da construção de consensos (internos e com a
FUNAI) para o encaminhamento destas questões. Eu, na época da discussão do Estatuto, fiz esta fala
aqui, e vou rapidamente reduzir. Não dá mais para a gente ter esta posição. Nem na área ambiental.
Este sectarismo, este conservacionismo exagerado, que não quer gente dentro da natureza, e nem por
outro lado uma posição que é real, que existe dentro da FUNAI – vamos ser bem claros – e dentro do
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próprio movimento indígena ou de lideranças individualmente que acham que o usufruto exclusivo e
garantido pela constituição permite tudo – inclusive a degradação ambiental feita pelos próprios
índios. Não é isso, e eu tenho certeza que a experiência que os índios estão apresentados, que foi
apresentado ontem aqui pelo próprio Acre, que várias organizações estão fazendo não é esta. Não
interessa para vocês isto, e vocês tem isso claro. Então eu acho que a gente tem que modificar este
discurso, não ficar só no denuncismo, ficar só no “Ah, eu faço o que eu quero, eu arranco as penas, eu
destruo porque isso é usufruto”... isso não leva a nada, a não ser pegar o que já é a prática da destruição
dos não-indígenas e adotarem também. Arrendamento para soja... Tem N problemas causados pelos
indígenas também em suas terras. Se a gente não reconhecer isso a gente não vai a lugar nenhum.
Então é esta construção que a GTI está fazendo. É que a gente possa respeitar a constituição, que os
índios tenham usufruto, e que ao mesmo tempo se cuide ambientalmente porque senão não vai ter
futuro é para ninguém. É isso.
Márcio (Presidente): A Ana Paula, o Toya e o Sandro, que rapidamente vão colocar...
Ana Paula: bom, eu queria agradecer, não só à Marcela, mas à equipe dela, que fez um enorme esforço
de sistematização para dizer o que a FUNAI está fazendo, como está fazendo, e, principalmente, as
dificuldades e o que tem falha, e trazer para cá para ser discutido e para a gente pensar também sobre
isso. E essa necessidade de adequar com outros espaços de discussão. Com a PNGATI, a GTI da
PNGATI, que está sendo discutido... Adequação com o que já foi discutido no Estatuto do Índio, para
que não fique coisas estanques e isoladas. A gente discute uma coisa numa subcomissão, o GTI discute
outra coisa, o Estatuto discute outra... Então há esta necessidade também de um esforço da gente
adequar os espaços de discussão. O que já está sendo aproveitado num espaço, trazer para o outro.
Para continuar este processo e buscar aperfeiçoar e resolver estes problemas. É isso.
Toya: Toya Machineri, região Amazônica. Seu presidente, eu gostaria de um tempo maior, porque
com relação à empreendimentos, eu recebi um documento da Organização dos Povos Indígenas do
Vale do Juruá em que eles trazem um problema para ser colocado na CNPI que eu acho que é de
bastante relevância. É um documento com duas páginas, eu... Este documento vai ser enviado à
FUNAI, ao Ministério Público Federal, à Coordenação de Revisão do Ministério Público Federal, ao
Ministério do Meio Ambiente, à Casa Civil da Presidência da República, Ministério da Defesa, e
também sendo encaminhando para a Organizações das Nações Unidas, da ONU.
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“A Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá, OPIRJ, Organização Não-Governamental sem Fins
Lucrativos, instituída para representar, reivindicar e defender os direitos e interesses comuns dos
povos indígenas da região, vem por meio deste reivindicar e manifestar publicamente nossos direitos e
preocupações no que diz respeito aos grandes projetos de infra-estrutura rodoviária e ferrovias,
prospecção e exploração de petróleo e gás em curso e planejados no Alto Juruá. A região que falamos
aqui tem uma história peculiar, localizada ao norte da Amazônia Brasileira, fronteira internacional
Brasil-Peru, onde a diversidade biológica se revelou uma das maiores do planeta, ou seja, uma imensa
área em que a ação humana não destruiu a diversidade. A região forma um mosaico contínuo de áreas
protegidas por 11 terras indígenas (das etnias Nukuini, Poyanawa, Katukina, Jaminawa, Arara,
Jaminawa-Arara, Poyanawa-Arara, Amawáka, Kaxinawá, (ininteligível) e Ashaninka), um parque
nacional e uma reserva extrativista. Ressaltamos que, no passado, digo, até a chegada das primeiras
frontes de exploração pioneiras do Caucho, (e em seguida, com mais intensidade, da borracha) a
diversidade de povos Indígenas era muito maior. Estes diferentes sistemas (Parque Nacional, Reserva
Extrativista e Reserva Indígena), coexistindo lado a lado e reforçando-se mutuamente, constituem, em
conjunto, uma experiência de reconhecimento do direito à sócio biodiversidade e à biodiversidade
hoje. Tanto os sistemas naturais quanto os sistemas humanos, que de fato constituem uma unidade na
área, podem estar à beira de um desastre provocado por políticas desenvolvimentistas inadequadas. A
história peculiar da região, também considerada um paraíso perdido, está ligada, de forma que as
populações que ali residem desde tempos imemoriais vêm utilizando seus recursos bem como a forma
de pensar em tratar as políticas públicas para a região. Um exemplo disso é a ação conjunto do
movimento indígena e social organizando constituições não-governamentais, o que pode ser
comprovado através de registros de encontros, seminários, fóruns, assembléias, pesquisas e livros, bem
como a implantação de uma universidade. Portanto, reivindicamos:
1º) Ao estado brasileiro através da Fundação Nacional do Índio (FUNAI); Procuradoria da República
do Estado do Acre; 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal; Assessoria
Especial dos Povos Indígenas do Estado do Acre; Coordenação das Organizações Indígenas da
Amazônia Brasileira (COIAB); Organizações da Nações Unidas (ONU); que sejam cumpridas as
recomendações previstas na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho e na
Declaração das Nações Unidas dos Direitos dos Povos Indígenas quanto à promoção de consulta prévia
consentida, informada e de boa-fé às comunidades e organizações indígenas a respeito das políticas
oficiais e de integração regional que venham a afetar seus territórios e modo de vida.
141
2º): Reivindicar a realização de agendas que possibilitem um diálogo transparente com as populações
indígenas e a sociedade em geral da região sobre os temas em questão. Como sugestão, que seja
realizada o mais breve possível a 2ª Reunião do Fórum Binacional de Integração e Cooperação para o
Desenvolvimento Sustentável da Região Acre-Ucayali. Na oportunidade, pactuar a realização de
estudo de impactos ambientais, assim como outras ações relevantes.
3º): reivindicar que o assunto em questão seja tratado no ambiente do Congresso Nacional, com a
participação imprescindível de representantes dos povos indígenas e comunidades locais.
4º): reivindicar, das instâncias competentes, informes periódicos às organizações e órgãos afins sobre o
andamento e processo do assunto em questão;
5º): reivindicar, em caráter de urgência, as devidas providências por parte de todos os órgãos
envolvidos haja vista algumas atividades já estarem sendo executadas, e até o momento não temos
nenhuma ação que garanta nossa participação no processo, conforme assegura a lei. Por fim,
esperamos pela consciência das pessoas que estão à frente das instâncias envolvidas para que possamos
garantir que nossa região, estado e país e a Amazônia seja um lugar seguro e bom de se viver. Nós,
povos indígenas, populações tradicionais, a humanidade e toda a biodiversidade, patrimônio mundial.”
Aí assina Luis Valdenir, que é o Coordenador, e José Flávio Kontanawa, Secretário. Esta é uma
preocupação que o pessoal do Vale Juruá está trazendo, que eu acho que a gente poderia estar
ajudando eles, e a gente também, a trabalhar estas questões, e Sr. Presidente, com relação ao banco de
dados, ele é bastante interessante. Mas o simples levantamento das questões não é suficiente para
resolver os nossos problemas. Através deste banco nós poderemos trabalhar numa coisa bem mais
consistente para as comunidades, para resolver os problemas das comunidades indígenas, que é a
questão dos recursos financeiros. E claro que as comunidades indígenas têm bastante Inteligência para
trabalhar o desenvolvimento e utilizar as coisas de natural, não com ganância. E acho que, se a gente
conseguir fazer isso, Sr. Presidente, nós estamos dando, a CNPI está dando uma contribuição bastante
grande para as comunidades e para a questão da biodiversidade também. Obrigado.
Márcio (Presidente): Sandro, bem objetivo.
Sandro: Sandro, pela região Nordeste-Leste. Bem, presidente, dado o que a Lylia falou em relação,
sobretudo, antes da sua fala agora, das preocupações que ela tem em relação às lideranças indígenas
admitirem os problemas que lá estão, e eu acho que uma prova clara é o que Ak’Jaboro acabou de
142
falar. Eu acho que a gente não pode deixar de levar em conta os problemas que são gerados pelas
próprias lideranças indígenas. O Sul é uma coisa muito clara disso, a questão da monocultura, e outras
áreas mais... Mas isso vem sendo apresentado com muito mais clareza por conta dessas lideranças, para
querer transformar e mudar. E eu acho que uma ação dessa do Ak’Jaboro é admitir tudo isso. “Nós não
queremos isso em nossa área, vamos criar outra alternativa. Vocês têm que nos ajudar. Porque a gente
quer parar com isso, mas quer criar outras alternativas. Quanto à questão do que eu ia falar mesmo,
que é a questão da indicação... Na reunião preparatória, aliás, numa reunião preparatória que nós
tivemos lá em Brasília, antes de irmos para a Câmara dos Deputados tentar fazer uma articulação lá no
congresso, prol à criação da Frente Parlamentar da Comissão Especial Indígena, e com alguns
militantes que a gente acredita que tenham sensibilidade da causa indígena, a gente chegou ao
consenso de ter uma nova reunião para ter uma reunião de estudo sobre o Estatuto, com a perspectiva
de nós criarmos a tão chamada contra-argumentação, daqueles temas mais polêmicos do estatuto que
a gente quer sensibilizar os parlamentares... então ter uma contra-argumentação clara para que eles se
sintam seguros em apoiar aquilo que nós estamos pleiteando.
Então eu acho que este momento seria um momento de sentar com a PIB, seria o momento de sentar
com as organizações, porque foi convidada a APOINME, foram convidados os dirigentes da
APOINME, foram convidados os dirigentes da COIAB... Até porque seria uma forma de estreitar cada
vez mais o movimento, que está sempre organizado, sentido a CNPI como não maior nem menor, mas
como uma articulação, parte deste movimento que a gente quer. E aí sim, talvez, se não tiver outro
jeito, os dirigentes que lá estão da antiga CAPOIB poder dizer que não mais quer representar e indicar
a APIB para a APIB assim poder fazer. Caso não seja, se assim não tivermos outra escolha, em
consenso. lá pode ser determinado que a CNPI assim o faça para que a gente possa colocar um
representante nosso lá de qualidade, que possa atuar em prol dos nossos direitos. Obrigado.
Márcio (Presidente): Obrigado. O Carlão também queria dar um informe aí rápido, não é Carlão?
Carlos Nogueira: É rápido... é uma sugestão, porque essa pauta de hoje está tratando de... Carlos
Nogueira, Ministério de Minas e Energia. Esta pauta de hoje está tratando de assuntos que afetam o
PAC e os programas de governo que podem afetar as comunidades indígenas. E aí, numa discussão
recente com a Marcela do Ministério de Minas e Energia e com o (não lembro o nome do...) Jaime, e
depois no PAC (porque eu estou falando de um assunto que envolve, que está no limite entre esses
dois... entre PAC e Programas), nós do Ministério de Minas e Energia, do governo do Presidente Lula
do segundo mandato, nós temos um programa chamado Programa Geologia do Brasil, que é o país 143
conhecer o seu território. Isso é um programa que é feito pelo serviço geológico do Brasil, CPRM, que
não é mais uma companhia de pesquisa desde 1994. E o governo entendeu que o reconhecimento
geológico básico, hidrológico, hidro-geológico, ele é importante para a tomada de decisão das obras de
infra-estrutura do PAC. Eu não posso fazer uma ferrovia de X mil quilômetros, eu não posso fazer
uma hidrovia... O trem-bala precisou que nós, do Ministério, fôssemos lá para mostrar o traçado do
trem, porque eu posso estar construindo uma ferrovia onde pode ter um tremor de terra, alguma
coisa, que vai causar um acidente com os povos. A questão de medicina de água, por exemplo. A Bacia
do Rio Amazonas, que o pessoal que é do Amazonas aqui sabe que a maior enchente do Amazonas foi
agora este ano. E com setenta e cinco dias de antecedência o Serviço Geológico do Brasil preveniu as
autoridades que este ano o Amazonas teria uma cheia. Eu não estou falando aqui de mineração, eu
estou falando de gestão do conhecimento do território.
E aproveitando uma deixa de ontem da apresentação do pessoal do Acre, o Serviço Geológico está
exatamente os mapeamentos que a gente chama de geodiversidade. A biodiversidade só existe se
existir a geodiversidade. E a biodiversidade, bem trabalhada na geodiversidade, é possível fazer o que
a Lylia disse aqui, "nem o extremo de lá nem o extremo de cá." Nos foi consultado, e eu preparei uma
apresentação, liguei para a Teresinha uma semana antes, a Marcela... de que poderia haver a
possibilidade de eu explicar o que é conhecimento geológico básico e não pesquisa mineral, para que
as comunidades indígenas entendessem o que são esses conceitos. E aí eu estou colocando aqui porque
eu estou vendo que a pauta está muito apertada e eu não quero apertar. Eu queria, se houvesse tempo
e a paciência de vocês, de... Eu estou fazendo isso porque eu preciso deixar registrado, eu vim com
este propósito. E eu não poderia sair daqui sem... "O que você foi fazer lá?" É uma questão que
interessa porque... olha, você não faz nenhuma obra destas grandes sem você conhecer o seu
território. Isso implica em que algum conhecimento deste vai atingir algumas terras indígenas. E é
preciso que a bancada indígena entenda o que é isto para concordar ou não. Eu não estou dizendo aqui
que nós não vamos consultar, eu estou trazendo uma informação que eu acho que é essencial para os
povos indígenas.
Márcio (Presidente): Carlão, eu vou fazer logo uma sugestão aqui de pauta, que você possa fazer esta
apresentação amanhã às 14 horas. Tudo bem? É muito importante, o Carlão trouxe esta apresentação...
Carlos Nogueira: E é importante que a apresentação vai ficar disponível, quem quiser levar a
apresentação...
144
Márcio (Presidente): É importante ele vai fazer esta apresentação, só que, por algum problema de
comunicação, a Secretária Executiva, eu mesmo, não soube desta apresentação, então a gente ficou
com a pauta aqui um pouco... Mas como nós temos uma janela de pauta amanhã às 14hs, então eu
estou já propondo amanhã às 14h a gente fazer esta apresentação. Estamos de acordo? Certo. Então
nós vamos agora fechar este ponto. Bom, eu considero que, com todas as contribuições que foram
dadas aqui, foram contribuições muito importantes... A gente vai estar (a Marcela anotou tudo aqui)
nos apropriando destas contribuições para melhorar cada vez mais este processo que a gente está
fazendo. Eu queria registrar dois pontos aqui. O primeiro ponto é este que diz respeito (na verdade é
um ponto só que tem dois desdobramentos)... que diz respeito ao legado. Nós temos uma questão
ambiental que não tem a ver só com os empreendimentos. Os empreendimentos também, mas não são
só empreendimentos, é uma questão ambiental e de gestão territorial, que nós, exatamente por isso,
criamos um grupo de trabalho interministerial que está cuidando de desenvolver uma política de
médio-longo prazo para isso. Então é muito importante que a gente deixe um legado de legislação, um
legado de regulação jurídica destes procedimentos, do que pode, do que não pode, do que deve, do que
não deve, como pode, como deve... A gente não pode perder a oportunidade deste governo para deixar
este legado, porque é isto que faz a diferença que a Pierlângela chamou a atenção. O governo não
pode estar preso às pessoas que estão nos cargos. As pessoas que estão nos cargos é que tem que estar
presas à uma legislação estabelecida e discutida com a população, com a sociedade civil, para que esta
política tenha continuidade e permanência. Então nós não podemos deixar de deixar este legado. O
trabalho que nós estamos fazendo neste campo é exatamente este, ou seja, de construirmos. Aí tem o
Estatuto, tem o capítulo lá que trata destes assuntos. Tem as Instruções Normativas que precisa fazer.
Tem o CONAMA que precisa fazer. Tem a política geral que tem que fazer. Todos eles são
importantes, como legado que a gente precisa deixar. Este é um aspecto.
O outro aspecto diz respeito à institucionalidade da FUNAI como instituição como o órgão indigenista
federal responsável. Então vocês viram aqui pelo informe da Marcela que nós já fizemos, neste
período recente, um fortalecimento institucional da FUNAI nesta área. O que a gente pode dizer é o
seguinte: nós saímos do péssimo para o ruim. Nós melhoramos, melhoramos... Mas nós saímos de uma
situação que era o péssimo, porque não tinha quase ninguém para trabalhar nesta área... Os processos
chegavam na FUNAI, ninguém sabia o fluxo dos processos, onde estava, como estava... "estava na
gaveta de quem?" "Aí não está..." "Não, está..." "Talvez, quem sabe..." Nós saímos disso para uma
situação em que nós temos um banco de dados, nós temos um controle sobre os processos. E nós
tínhamos lá uma meia dúzia de funcionários, hoje nós temos um grupo de 15 funcionários, ou seja,
145
mais do que o dobro do que tinha quando nós chegamos. Isso significa que nós saímos do péssimo para
o ruim. Eu estou falando isso por quê? Porque nós estamos num momento agora, também, de legado.
O legado tem que ser também um legado institucional. E neste momento, neste processo aqui de final
de 2009 até Junho de 2010 nós temos um processo conclusivo de fortalecimento institucional da
FUNAI. Conclusivo que eu digo, assim, desta etapa agora. Que começou desde que eu cheguei na
FUNAI neste mandato. Então nós temos um concurso público, vocês sabem que este concurso está
aprovado, já está em processo de andamento, o edital este ano ainda vai ser publicado, já está em fase
avançada lá de escolha da empresa que vai fazer o concurso. Até fevereiro do ano que vem a
expectativa é que a gente tenha provas realizadas, e até Junho a gente chamar os novos funcionários. E
com os aumentos salariais que houve ano passado, as gratificações, toda a mudança que houve na
estrutura dos vencimentos dos servidores, isso valoriza o concurso. As pessoas querem fazer o
concurso, querem vir para a FUNAI agora, por conta também da melhoria salarial. Então tudo isto que
eu estou dizendo... nós fizemos um concurso temporário este ano que já trouxe sessenta funcionários
de nível superior para a FUNAI Brasília nestas áreas todas, não só na área ambiental mas também nas
outras áreas. E, também, nós conseguimos, na semana passada, aprovar no Congresso Nacional o
Projeto de Lei de criação de cargos na FUNAI. Talvez vocês não tenha percebido ou se informado
disso, porque foi aprovado na semana passada e o Presidente agora vai sancionar. Porque foi o projeto
de lei, vocês lembram, que em 2008 nós mandamos um projeto de lei para o congresso para criar
cargos novos na FUNAI. Então esse Projeto de Lei foi aprovado semana passada. Então agora o
Presidente vai sancionar. Quando ele sancionar, significa que a FUNAI vai ter os cargos que nós
precisávamos para poder fazer essa recomposição e fortalecimento institucional. Então eu estou dando
estas informações porque, por exemplo, a CGPIMA é uma das áreas da FUNAI que vai ter um
fortalecimento com esses cargos que foram criados. Porque precisa ter realmente um fortalecimento.
Outra área é a área da Taís, que está ali, que é a área de fiscalização. Porque a área de fiscalização das
terras indígenas e a área da CGPIMA são duas áreas que tem trabalhar muito integradas. E a CPTI, na
FUNAI de hoje, é apenas uma coordenação. Com esta mudança aí, com esta aprovação, a CPTI vai
virar uma Coordenação Geral. Você já vai subir de posto, digamos assim, de patamar. De estatura. Ela
é baixinha, mas digamos que ela vai ganhar uma estatura maior. Porque isso? Porque nós estamos
priorizando estas áreas, como outras áreas, para que isso fique também como legado. Nós temos um
legado tanto na legislação, como também deixar um legado de fortalecimento institucional da FUNAI,
tanto em Brasília quanto na ponta. Com o concurso, com os vencimentos, e com as estruturas mais
fortalecidas. Este é um ponto importante para que a gente possa ter depois continuidade.
146
Independente de quem venha depois, a institucionalidade esteja consolidada o máximo possível para
que dê continuidade, independente de quem seja.
Então este é um ponto que eu queria colocar para vocês, aproveitando aqui para dar o fechamento,
porque eu acho também que isto responde a muitas das angústias e dos questionamentos aqui
colocados pela bancada indígena, principalmente, para que a gente tenha claro esta direção que nós
estamos tomando na FUNAI, e que tem relação direta com o Ministério do Meio Ambiente e com
outros Ministérios que atuam neste campo. Então com este acolhimento a gente fecha aqui este ponto
de pauta, o tema que o Carlão trouxe a gente coloca para amanhã, e agora nós vamos entrar no
próximo ponto de pauta. Nós estamos agora com 11h20, e vamos trabalhar ali até 12h00, 12h30, por
aí, avançar... O próximo ponto de pauta vai ser a apresentação sobre o Território da Cidadania. Eu
queria saber, quem é que vai apresentar? Fabiana. Fabiana, onde é que está a Fabiana? Já está vindo a
Fabiana. A próxima apresentação, a gente vai entrar aqui nesta pauta das políticas e programas em
andamento do governo federal, e o próximo então é o território da cidadania. Hoje a gente tem aí o
Território da Cidadania aí agora, temos o intervalo do almoço, e vamos continuar aqui todos estes
outros pontos das políticas e programas em andamento estão na pauta, à tarde. E amanhã de manhã
nós temos a questão do Decreto de Ingresso em Terras Indígenas, e às 14h00 nós temos a questão que
o Carlos vai apresentar, que vai substituir a questão da regulação fundiária (que nós tivemos um
problema aí que não vai ser possível nesta reunião tratar deste tema, por causa de uma questão...
Márcio - Amanhã também nós vamos... Esta questão da pauta nós não vamos entrar agora porque
depois a gente pode ver com a Teresinha como que ajusta a pauta para amanhã. Então nós vamos...
Ak’Jaboro - (inaudível).
Márcio - Está certo, Ak’Jaboro. A gente pode ver aí, com este ajuste de pauta, se tem um informe da
Saúde sobre o andamento do processo da criação da Secretaria, aquela questão toda do... A gente vê ai
com o Wanderlei se ele tem algum informe sobre este assunto. Arão.
Arão: De fato, Sr. Presidente, é de interesse da subcomissão e de toda a bancada indígena que, além
dos informes que a FUNASA tem a nos repassar, nós temos também alguns questionamentos e
algumas situações que não é novidade, mas é preciso a gente levar mais uma vez. Inclusive eu estou
aqui agora com um documento lá do vale do Javari... e algumas complementações necessárias para a
gente também esclarecer algumas dúvidas e também pedir orientações para encaminhamentos.
Obrigado.
147
Márcio (Presidente): Tudo bem. Só para lembrar uma coisa aqui. Vou chamar atenção para isso aqui.
Vocês lembram que a gente conversou sobre a pauta dessa reunião extra-ordinária. Nós estamos aqui
numa reunião extra-ordinária não trouxe então aquela questão que sempre tem nas ordinárias que é:
cada subcomissão traz aqui a discussão de cada tema. Então a gente não pode cair agora no risco agora
de trazer de novo as discussões de cada tema. O que nós estamos tratando aqui nesta reunião extra-
ordinária é vencer a pauta que a gente muitas vezes não consegue nas reuniões ordinárias para que a
gente possa ganhar aí, na discussão da próxima reunião ordinária, o debate. O que não quer dizer que
não é importante aí colocar a questão da saúde, acho que o informe sobre o andamento do processo [é
importante] e tudo. Só estou chamando atenção para isso para a gente não poder, digamos assim, não
seguir ou não ser rígido em relação à pauta que nós definimos para hoje e para amanhã. Então vamos
começar aqui, a Fabiana já está aqui do meu lado, e já vai apresentar aqui o Programa Territórios da
Cidadania. Vieram também aqui os companheiros lá do Rio Negro, porque vocês sabem, tem, no
Programa Territórios da Cidadania, dois territórios que são territórios indígenas da Cidadania. O
primeiro que foi implantando, que está já em curso, é o Território Rio Negro da Cidadania Indígena.
Então os companheiros do Rio Negro estão aqui, participando também, foram convidados. E o
segundo é o Território São Marcos e Raposa Serra do Sol, que iniciou este ano, está em processo inicial
lá. Mas além disso tem os outros Territórios da Cidadania que também tem a participação indígena.
Então nós vamos começar aqui, passar para a Fabiana a apresentação.
Fabiana - Funai: Bom dia a todos. Só reafirmando, o representante Luis Brasão que está aqui, ele é da
Diretoria da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro. Ele foi convidado porque, inclusive,
as últimas demandas que foram apontadas pela bancada indígena que a gente apresentasse, a FUNAI
apresentasse experiências com processos de gestão participativa... Então ele veio para isso também que
lá foi uma região que a gente desenvolveu isso, que é a pauta hoje da tarde. mas o Luis Brasão também
é integrante do Programa Território da Cidadania do Rio Negro, pensou e pensa com a formação disso
no processo, então essa apresentação q a gente vai estar aqui fazendo na realidade é um informe
dentro das políticas do governo federal, um informe de uma política específica que dialoga com as
terras indígenas, com os territórios indígenas, então a gente vai ter a participação tanto do Luis Brasão
quanto de Pierlângela, que também vem acompanhando este processo no território indígena São
Marcos e Raposa. A idéia é que esta apresentação/informe seja feita aqui a três vozes, a três mãos.
Como eu acredito que... A seis mãos, três vozes... como a gente vai fazer só um informe geral do que,
que é o programa, e daí eu peguei os próprios princípios nos quais o programa foi pensado... Desculpa,
Argemiro também está aqui presente, também é da Região do Rio Negro, ele é Coordenador de uma
148
Coordenadoria de (ininteligível), depois ele vai estar explicando como é o processo de organização
social na região. Se não eu vou me estender, e eu não vou...
Primeiro a gente queria falar o que é este programa, eu acho que este programa nunca foi debate da
CNPI, até onde eu sei... mas é um programa do Governo Federal lançado recentemente (final de 2007)
que teve sua implantação em 2008 e que dialoga com terras indígenas, quer dizer, é um programa do
governo que vem pensar o processo de desenvolvimento regional aí para a ruralidade do país. Pode
passar? Então o que, que é este programa? É um programa do governo federal. Ele tem como objetivo
(isto é o texto do programa, certo?) "a superação da pobreza, a geração do trabalho e renda no meio
rural do Brasil, uma estratégia de desenvolvimento territorial sustentável". Ele tem como objetivos
específicos a "inclusão produtiva de populações pobres dos territórios, o planejamento e integração de
políticas públicas", esse é uma das maiores estratégias/objetivos deste programa, que é pensar a
potencialização da ação a partir da articulação dos diferentes órgãos; ele busca a universalização dos
programas universais e básicos da cidadania, e procura ampliar o processo de participação social para o
conjunto de políticas do governo federal. Pode passar... Quais são os elementos conceituais deste
programa? É superar as desigualdades sociais a partir da potencialização da integração de políticas e a
participação do controle social. Ele pretende superar estas desigualdades sociais a partir de um
processo de planejamento social. Quer dizer, ele foca... Na realidade o Programa Território da
Cidadania vem de um programa que vinha sendo desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento
Agrário a partir da Secretaria de Desenvolvimento Territorial, a SDT, que era (não sei se vocês tem
conhecimento também) o Programa dos Territórios Rurais Sustentáveis. o que era isso? Era uma
região onde você tem um conjunto de municípios com características similares, com uma certa
identidade, seja nos aspectos culturais, sociais, seja nos aspectos de estrutura de meio-ambiente da
região... Então eram formadas estas regiões para pensar o desenvolvimento regional. Não dá pra
pensar a parte só do município, e sim na perspectiva da região.
E esse programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário também já trazia na estrutura dele a idéia
de ter um processo de gestão participativa para pensar o território. Então ele também tinha uma
estrutura de gestão, que também se chamavam conselhos ou colegiados aonde a sociedade também
participava do processo. O programa Território da Cidadania, então, incorpora estes conceitos, esta
noção de território, de região... estou falando rápido? Eu quero que os companheiros é que falem da
experiência, eu estou dando dar só um informe do que é... Então ele trabalha com os componentes
deste projeto do MDA, mas amplia isto para todo o território brasileiro e amplia também o processo da
149
gestão do programa, da gestão do processo. Atualmente temos 120 Territórios da Cidadania. Quais
foram os critérios para a conformação destes territórios, obedecendo o que o próprio MDA vinha
fazendo neste programa anterior? Então é o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos
municípios que compõem aquela região, maior concentração de agricultores, populações tradicionais,
concentração de terras indígenas foi um dos critérios utilizados para a conformação destes territórios,
maior número de beneficiários do programa Bolsa-Família, maior número de municípios com baixo
dinamismo econômico, organização social, enfim... E a idéia era que pelo menos um território do
Estado da Nação teria que ter um Território da Cidadania. A idéia também era que... A gente está
falando aqui também de municípios, de regiões onde não há dinamismo econômico, onde não há... A
maior parte dos recursos das prefeituras, por exemplo, que compõe estes territórios vêm via governo
federal. A maior parte destas prefeituras e municípios dos gestores desconheciam (desconhecem
ainda) os programas de governo, os incentivos do governo, seja do Ministério de Desenvolvimento
Social, seja as outras fontes, seja a Saúde, os incentivos do Ministério da Saúde... então são municípios
que contam basicamente com recursos do governo federal, com o fundo que vai para os municípios.
Então tem esta perspectiva...
E como funciona o programa, em linhas gerais? Ele mobiliza diversos ministérios e órgãos federais...
Estes órgãos federais que têm ações no território constituem o que é chamado de matriz de ação, quer
dizer, eles ofertam um conjunto de ações para este município. Estas ações que são ofertadas, a maioria
delas já são ofertadas, são ações que já vão para estes municípios mas que, por uma série de razões, as
regiões, os municípios não acessam estes programas, estes recursos. tem dificuldades de gestão para
isso, tem dificuldades inclusive de conhecer estes recursos. por outro lado também, a idéia era de se
ter... então para cada território este conjunto de outros órgãos federais e ministérios ofertam ações,
estas ações compõem o que é chamada de matriz de governo. Esta matriz é dividida em três eixos, o da
atividade produtiva, o da cidadania e direitos e a de infra-estrutura, e esta matriz vai para os
territórios conhecerem e dialogarem com estas ofertas. qual a diferença de uma região que você tem o
Território da Cidadania e a outra você não tem? Na região que você tem o Território da Cidadania,
você tem a oportunidade de visualizar o orçamento que cada órgão encaminha, e as metas que cada
órgão pretende alcançar com este orçamento. ele parte de um processo descendente de planejamento.
O governo se desloca, ele vai ofertar, e isso vai para o território, que tem a seguinte estrutura de
gestão. Pode passar... Pode passar. Volta, por favor.
150
Qual que é a estrutura de gestão deste programa? Você tem o Comitê Gestor Nacional, que é formado
pelo Executivo dos diferentes órgãos, que tem o apoio do Comitê Técnico Nacional (cada Ministério
tem um representante dentro deste Comitê), isso a nível nacional. Você tem o Comitê de Articulação
Estadual, e o Colegiado Territorial, que é a instância de decisão. O que é este Colegiado Territorial?
Ele tem uma composição paritária. Metade deste colegiado é formado pela sociedade civil, metade
deste colegiado é formado pelos órgãos de governo. É este colegiado que vai debater o conjunto de
ações que são ofertadas pelo governo federal, e mais do que isso, é este colegiado que vai definir o que
também é um outro termo utilizado dentro deste programa que é o Plano de Desenvolvimento
daquela região. O Plano de Desenvolvimento daquela região não é este monte de ação que o governo
oferta não. O Plano de Desenvolvimento desta região tem que ser pensado e construído a partir deste
Colegiado que dialoga com este monte de ação que o governo federal oferta para aquele território.
então é um espaço de decisão, é um espaço de deliberação, é um espaço do controle social, é um
espaço onde você pretende potencializar o processo da gestão social, do controle social. De uma certa
forma também, perifericamente, como resultados deste processo, a sociedade, os governos destes
territórios tem um maior conhecimento deste conjunto de políticas que estão sendo ofertadas, então
isso potencializa o processo de gestão social e do controle social sobre o conjunto destas políticas...
pode passar...
Qual o papel do colegiado? Ele tem este papel de elaborar o Plano de Desenvolvimento Territorial
(esta é a terminologia utilizada dentro do Programa, que a gente vai estar inclusive fazendo uma
crítica sobre isso), ele tem o papel de promover a interação entre diferentes gestores e conselhos...
Porque a idéia do Colegiado é dialogar com os outros conselhos setoriais, com os outros processos de
organização que existem dentro dessa região. ele vem, ele tem o papel de contribuir para qualificar a
integração destes programas e ações, ele tem o papel de qualificar esta ação de governo que vai ao
território. pode passar... ele tem o papel de ajudar na execução das ações, ele tem o papel de identificar
quais são as prioridades daquela região, o q aquela região quer, qual o plano de vida daquela região, o
desenvolvimento daquela região... e ele exerce o controle social sobre o programa. pode passar... Hoje,
nos 120 territórios da cidadania, nós temos 314 terras indígenas que estão dentro, que dialogam de
alguma forma com estes territórios da cidadania. existem terras indígenas, inclusive, que estão em
mais de um território da cidadania. 314, quer dizer, mais de 50% das terras indígenas.
Por outro lado, dos 120 territórios da cidadania que hoje estão operando, mais de 50% também
dialogam com terras indígenas. Pode passar... Dentro deste conjunto de 120 territórios indígenas,
151
existem dois territórios, como o Márcio já colocou, que são dois territórios indígenas da cidadania.
Especificamente. É uma outra conformação, uma outra idéia para se pensar o processo do
desenvolvimento regional. e estes territórios assim foram formados e carregam em si a idéia do
protagonismo que vai imprimir uma releitura do conceito de desenvolvimento regional, impondo aos
demais órgãos federais a proposta de uma quebra de paradigma deste processo... Isso porque nós temos
uma serie de impasses e desafios para pensar este processo do "desenvolvimento" para dentro destes
territórios. quais são estes? O território conceitual todo que vem por trás deste programa está baseado
na idéia de desenvolvimento rural. O desafio disto é: como é que a gente pensa em desenvolvimento
com a proposta de Etnodesenvolvimento ? Uma proposta da forma própria de cada povo dentro destes
territórios, do desenvolvimento destes territórios. Um outro impasse: os indicadores de qualidade de
vida dos indígenas versus IDH. Um dos critérios de conformação destes territórios é o índice de
desenvolvimento humano. A gente sabe que este não é um indicador... Serviu como uma provocação
(ininteligível) para se pensar a melhoria da qualidade de vida dos povos indígenas. e a outra, e aí
talvez o maior impasse e desafio que temos para estes territórios indígenas da cidadania, é romper com
o processo, com a lógica de desenvolvimentismo para pensar um processo de sustentabilidade e de
gestão territorial das terras indígenas. eu acho que estes são os maiores impasses e desafios que se
imprimem aí para os territórios da cidadania indígena. Pode passar... Agora, nos demais territórios da
cidadania (como falamos, em mais de 60 territórios da cidadania existem terras indígenas) há pouca
participação indígena nos Colegiados Territoriais, há pouca participação das administrações, quer
dizer, das estruturas locais, regionais da FUNAI, e este programa, de uma certa forma, pode
potencializar as ações da FUNAI dentro destes territórios, as ações que a FUNAI executa diretamente.
Aí a gente volta ao debate que foi um pouco aqui discutido, o papel da FUNAI como órgão
coordenador e articulador política, entende que este espaço dos Colegiados, seja o Colegiado
Territorial, seja na instância dos Comitês Estaduais para a gente fazer esta articulação e para a gente
potencializar estas ações dos outros órgãos para que elas de fato cheguem aos povos indígenas para que
fato elas sejam ações e programas efetivos no tocante à melhoria da qualidade de vida dos povos. Os
Colegiados e Comitês, neste sentido, são fóruns privilegiado para a qualificação e potencializarão das
ações direcionadas aos povos indígenas, sejam as ações que a FUNAI executa diretamente, seja as ações
dos demais órgãos, em cujos a FUNAI, e não sozinha, junto com o movimento, junto com os índios,
tem este papel de dialogar com esses demais órgão para que, de fato, sejam ações efetivas, que
dialoguem de fato com a realidade e com a demanda dos povos. Pode passar... Agora eu queria passar a
palavra para Luis Brasão, Argemiro e Pierlângela para que pudessem falar um pouco da experiência
152
que foi, no caso do Rio Negro, que já tem mais de um ano de implantação (no caso da Raposa está em
processo de implantação e implementação), e esta provocação que fizemos que não há participação
indígena nos demais Colegiados, também é uma proposta que a gente traz, sobretudo, à bancada
indígena da CNPI para que a gente pense se é ou não um espaço estratégico para participar, e se for,
como que a gente pode fazer para mobilizar as organizações indígenas e representações indígenas para
que participem também deste programa.
Luis Brasão: Bom dia a todos. Me chamo Luis Brasão dos Santos. Sou da etnia Baré. Hoje Diretor da
FOIRN, Federação das Organizações Indígenas, e temos 20 anos de luta na nossa organização
buscando melhoria para nossas comunidades indígenas. Então como é que se chegou à questão, até
onde nós estamos, na questão de território indígena? No primeiro ano do Lula, quando ele foi ele, a
FOIRN, juntamente com as suas aldeias, associações de base e coordenadorias, fez um documento, a
partir das nossas experiências-piloto que nós realizamos nas nossas comunidades, seja na educação, na
saúde, na sustentabilidade, ações sociais, enfim... E a gente achou por bem que precisaria, de certa
forma, uma ação voltada para nossas comunidades. E foi então, neste momento, que a gente construiu
os nossos programas regionais de desenvolvimento indígena sustentável, e a gente levou até a
Comissão de Transição no governo Lula no primeiro. Lá dizendo como que se queria... quais são as
dificuldades que nós temos... A partir das nossas experiências-piloto realizamos algumas atividades, e
que de certa forma ela teria como ser bem-sucedida. Precisaríamos da ação do governo, de algumas
ações de políticas publicas voltadas para àquelas ações. Passou-se os 4 anos, a gente acompanhando e
cobrando, e na segunda re-eleição do Lula, a gente novamente reiterou outra documentação que
encaminhamos, fomos até Brasília, entregamos novamente esta documentação com alguns acréscimos.
Então a partir deste momento se começava a ver a possibilidade de criar um território indígena da
cidadania. Até então a ida do Presidente a São Gabriel da Cachoeira em 2007 quando ele anunciou
esta possibilidade desta criação. Território Rio Negro da Cidadania Indígena.
E aí começamos a discutir isto junto com as instituições presentes, e quando foi implantando, já, o
território... Criamos o Colegiado... Mas a que, que servia neste momento o Território? Ele tinha
algumas linhas de seguimento, umas diretrizes a ser seguida, e não era muito... não condizia com a
nossa realidade. Chamamos essa responsabilidade mais uma vez para o Movimento Indígena,
reunimos todo o colegiado e começamos a discutir, realmente, como é que se queria que, a partir
daquele momento, fossem realizadas as ações dentro do território indígena da cidadania. Primeiro
criando a paridade do colegiado: 50% não-indígena, as instituições existentes no município de São
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Gabriel, e 50% de indígenas, para discutir isso de maneira mais de igualdade. Aí começamos a
caminhar, e a partir deste momento tivemos algumas reuniões, discussões, que já aconteceram não só
no município de São Gabriel mas em Barcelos... A área de abrangência da federação atinge três
municípios indígenas, que são São Gabriel, Santa Izabel e Barcelos, e vimos a necessidade de criar,
também, grupo diretivo, que até então não existia. Havia o Colegiado, mas precisaria criar um grupo
diretivo, que tivesse o papel de articulação junto ao governo. E também um articulador político,
dentro deste contexto. Analisando, qual o ponto positivo disto? Nós conseguimos avançar com o
controle social no acompanhamento de algumas ações que são direcionadas para a região. Porém, tem
alguns pontos negativos, que... Muitas delas não são dialogadas dentro do colegiado. Elas chegam, de
uma certa forma, digamos assim: quando vai se saber disso, algumas ações já estavam acontecendo, e o
Colegiado muitas vezes não tem conhecimento disso, e aí elas são colocadas de uma forma que a gente
não acharia que tem que ser daquele jeito, porque não é daquele jeito q a gente pensou para aquela
ação. Então algumas vezes elas não dão certo, porque as pessoas que pensam acham que a regi é igual
às outras. A nossa região, principalmente a região indígena, tem sua diferença, então ela precisa ser
discutida para que não haja... para que ela possa dar o mais certo possível. Então são algumas coisas
que a gente vê também que precisa, ainda, melhorar, avançar. E até hoje, a gente só tem a
aproximação de algumas instituições do governo.
A gente viu aí na apresentação que é uma ação articulada, há a presença de vários outros segmentos,
outras instituições, mas a gente consegue conversar principalmente, mais precisamente com a FUNAI,
com o MDA que está aí a gente... mas outras instituições que também fazem parte, a gente não
consegue dialogar. Há uma grande dificuldade de dialogar, e quando são abertos os editais, até hoje a
gente tem problema de acessar estes recursos, por uma série de burocracias... até também o contato
direto. Só vai se saber quando abre os editais, uma semana, duas semanas antes de fechar. Por quê?
Porque aí que vem, porque eu acho que as instituições que fazem parte deste pacote não estão
dialogando com o Colegiado, que seria a referencia principal nesta região, enfim, em todos os outros
territórios. Elas são colocadas à disposição, mas a gente acessa de vez em quando já faltam duas
semanas, e não conseguimos trazer uma ação em benefício. Durante a implantação até agora, a gente
ainda... Uma ação concreta, do território, a gente ainda não conseguiu. Mas a gente avançou na
questão do controle social, discutiu... Estamos vendo a questão de capacitação dos conselheiros que
fazem parte do colegiado, para poder saber qual a sua função, seu direito, seu dever... Como buscar
esses recursos. Então é mais ou menos o que nós temos de experiência aqui para colocar para os Sres.,
154
e eu passo a palavra aí para o Argemiro, que é um parente que veio junto comigo para fazer algumas
colocações.
Argemiro: Bom dia a todos, parentes... pessoas que estão presentes... Meu nome é Argemiro, sou de
etnia Arafasso, eu represento mais, na área, na região, como nosso representante no conselho, dentro
do Conselho dos Territórios Indígenas. Nosso trabalho maior é levar a discussão sobre a questão do
território aos programas, ao nosso povo que mora fora do município, fora da sede. O quê o governo
está trabalhando em cima dos povos indígenas. A nossa reivindicação é antiga. Vários anos atrás, vinte
anos atrás, a gente vinha reivindicando o apoio da instituição e do governo federal. Mas o momento
chegou aqui em que nós estamos reivindicando os nossos direitos. Porque nós estamos discutindo
muito também a questão da possibilidade de sobreviver e manter os povos indígenas na área através
deste programas do governo. Estamos tentando valorizar os povos, a questão do desenvolvimento
sustentável que foi colocada no slide. Porque o nosso trabalho maior está nas áreas, nas comunidades.
Os Senhores sabem muito que, de onde nós viemos, é uma distância muito grande. Estamos quase fora
do mundo, ficamos na fronteira entre Colômbia, Venezuela e Brasil. Um dos problemas maiores que a
reivindica, enfrenta, é a questão de vários programas: questão de saúde, questão da educação, questão
de sustentabilidade, que os povos enfrentam lá. É um problema sério que acontece hoje em dia sobre a
questão do modo de viver, de sobrevivência dos povos indígenas. Isso eu queria contribuir um pouco,
porque a gente tem muita coisa para falar, mas o que eu queria colocar é isso. Que a gente trabalhe
sobre a questão do controle social. Obrigado.
Francisca Navantino - Estou aqui no momento como Presidente. Passo a palavra à Francisca
Navantino, Mato Grosso.
Não-identificado: Meus parabéns, Chiquinha.
Francisca Navantino: eu passo a palavra à companheira Piér.
Pierlângela: Pierlângela, Roraima. A experiência nossa com o Território da Cidadania, inicialmente,
era o MDA. A FUNAI assumiu há pouco. E o MDA, como não tinha uma experiência com os povos
indígenas para que viesse a articular uma política dentro das terras indígenas, isso dificultou a
implantação do Território da Cidadania. Então nós passamos lá por um processo que, inicialmente, era
só Raposa e Serra do Sol. Só que a Terra Indígena São Marcos reivindicou que entrasse, e depois que
foi assegurado que entrasse a Terra Indígena São Marcos. Foi preciso fazer um parecer... mas nós
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consideramos o Território da Cidadania o mesmo trabalho que a gente faz aqui na CNPI. Só que para
nós ainda falta muito o que caminhar neste aprendizado, porque articular as políticas públicas que a
gente enfrenta ainda na CNPI, e lá na ponta, que eu considero que é... o trabalho realmente chegar na
ponta... e eu considero o território da cidadania um desafio por isso. Porque é articular lá na ponta um
programa que atenda à realidade de lá. Então esse desafio passa principalmente quando esse conselho
é instituído e tem esta... a questão paritária, e entra as prefeituras e o governo do Estado. Então
quando entra neste campo, e principalmente na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, e vocês sabem o
posicionamento do governo em relação à demarcação da Terra Indígena Raposa e Serra do Sol, esse foi
um dos maiores desafios, porque... aceitar uma parceria com o governo do estado dentro de uma terra
indígena que nas últimas falas deles ele falou que a gente ia ficar lá no zoológico... Então, sentar com
uma Secretaria dessa é difícil, e principalmente repassar recursos para eles executarem dentro da terra
indígena. Isso é um dos grandes desafios que tem que ser enfrentado ainda, porque realmente é difícil
de aceitar que este governo execute.
Então como fazer isso via governo federal, via prefeituras ou diretamente com as organizações? Existe
esta discussão do fortalecimento das organizações, também necessário porque dentro do território da
cidadania qualquer uma das ações de receber recursos do governo federal implica também em não
deixa a organização indígena numa situação em que vai executar e depois não ter pessoas que façam a
gestão desses recursos financeiros e acabar deixando a organização inadimplente junto ao governo. A
gente sabe disso de outros programas, de ações... Isso implica também no fortalecimento e na
capacitação para que possam gerir e fazer isso para que a gente não cometa os mesmos erros, que
muitas vezes vêm se repetindo. E às vezes... a gente têm discutido isso muito nas organizações dentro
do território da cidadania: como vai ser esta participação? Nós consideramos importante porque se
nós, indígenas, conseguirmos nos apropriar desta discussão... A dificuldade foi: quando foi para lá, o
programa já foi feito. É um programa, e quando se fala em assentados e colocaram todo mundo junto,
as comunidades tinham dificuldade de saber “Não, mas o que é específico aqui para indígena?” E
inclusive um informativo que foi feito pelo MDA causou um rebuliço, porque foi assim: agora o
território terra indígena Raposo e São Marcos tem R$24.000.000 para este território. Então foi feito
assim, sem uma forma de explicar melhor que são ações que já existem nos Ministérios, o que é, e
várias dessas ações já estão com o Bolsa Família, e outras ações na área de educação, saúde, enfim...
Mas foi colocado assim... era um recurso como se estivesse aí, os indígenas pudessem acessar e estava
ali, estava pronto. E aí nós temos os projetos que agora são prioritários, precisam ser feitos agora, tem
a médio prazo e a longo prazo.
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Então esta discussão enrolou muito a cabeça dos nossos parentes. E aí teve gente dizendo “Ah, vamos
criar um novo território?” “Vão separar”, etc. A explicação... só o termo Território da Cidadania já
criou uma grande confusão. E agora, vão dividir toda a terra? Três territórios? Então este
entendimento, lá em Roraima, a gente precisa avançar ele em muitas questões. Até porque, da forma
em que ele foi concedido inicialmente, nas comunidades indígenas houve uma rejeição. E este
processo, depois que passou para a FUNAI, é que está novamente sendo discutido com uma aceitação,
de como ele pode ser usado. Porque a forma pela qual o MDA levou foi impactante, impactou mesmo
e confundiu mesmo a cabeça de muita gente. Esta questão de recurso, recurso, tem recurso, vocês
precisam fazer isso, fazer isso... em plena desintrusão da terra indígena. Então, praticamente... as
pessoas que foram, e como tem recurso anual para isso, então... Enquanto a gente estava pensando ali
em como vai ser o Supremo, as decisões, o pessoal ia lá e dizia “Tem dinheiro, vocês tem que fazer
projeto.” Então isso ficou muito mal-conduzido no início. Então com a FUNAI assumindo isso, já foi
colocado que as próprias regiões já tem um plano de gestão territorial. Então que isto deva ser
considerado, que o território da cidadania considere isso porque não é através do que já vem pronto,
mas daquilo que já se tem discutido. Então as lideranças nas regiões já sabem o que vão fazer com a
área que foi degradada pelos arrozeiros, já foi discutido o que vai ser feito em determinados locais que
foram reocupados. Aonde vai ser produzido, o que vai ser produzido, qual a quantidade... quais são as
áreas de preservação que não vão ser mexidas. Então isso, em toda a região da Raposa Serra do Sol /
São Marcos, eles já fizeram... e os próprios problemas que tem lá. Então é a partir daí que eles estão
pensando que o território da cidadania é o inverso. É fazer esse inverso do que já tem, para que o
território da cidadania possa atuar naquilo que o povo já tem, e na necessidade do povo.
Então é esse pensamento lá das organizações indígenas... eu acompanhei este processo desde o inicio,
e a gente tinha estes debates muitos intensos com o MDA por causa disto. É uma forma diferente que
eles têm de ver esta questão territorial. E aí, para a questão indígena, a gente também considerou esta
falta de experiência deles, mas acho que a FUNAI hoje tem este papel importante, e principalmente
nós, indígenas. Porque a gente não pode aceitar um programa assim de qualquer jeito. A gente tem é
que, se ele existe, se vai beneficiar, nós temos que contar dele, dirigir ele de uma forma que vá
beneficiar, porque nós achamos importante. E aí um outro desafio é que o Território da Cidadania
abrange só duas terras indígenas. E as outras terras? Então houve uma pressão grande para nós, para as
organizações, com relação à isso: “agora vocês vão priorizar duas terras indígenas, e as outras terras
que são em ilhas, que são menores, como vai ficar?” Então nós colocamos isso também para a FUNAI:
como é que vai ficar? Porque as organizações indígenas atuam no estado todo, como o Conselho
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Indígena de Roraima, o CIR, atua... Fica muito complicado você exigir de uma organização trabalhar
só em duas terras indígenas. E as outras regiões, que são menores, que não tem mais caça, não tem
mais pesca, já estão pequenas... que ação vai ter lá? Então o Território da cidadania deixou uma grande
questão, principalmente para as organizações indígenas, porque quando a gente trabalha a gente
trabalha por todos, não é só por uma terra indígena? Então é um desafio que a gente tem trazido para
a FUNAI, para pensar como a FUNAI (que está coordenando os territórios da cidadania) vai atuar
nisso. A gente não pode deixar as outras terras indígenas fora disso. Nós estamos trabalhando para que
aquele território da cidadania dê certo. Mas nós também temos que pensar nas outras terras indígenas
que precisam. Então são estes questionamentos, são estas... Nós não temos ainda certeza do que vai
ser, nós estamos construindo, estamos debatendo como construir de uma forma que seja beneficial das
comunidades indígenas. Nós temos mais pontos de interrogação na nossa cabeça do que respostas, mas
nós sabemos aquilo que queremos para o nosso território. Se o programa vai dar conta disso, cada um
das suas responsabilidades, tem os Ministérios, tem as ações nos Ministérios... se os Ministérios estão
articulados, como é que isso está, a gente na realidade quer ver como se dá isso aí... E aí vai para nós
aqui na CNPI... É uma questão que eu acho que, através do território da cidadania, nós vamos ver se
realmente, nas comunidades indígenas, nessas terras indígenas, a articulação do governo chega. Para
nós é um ponto experimental das ações articuladas do governo junto com os povos indígenas. Aí a
gente vai saber se vai dar certo essa parceria lá na ponta, porque às vezes nas grandes conversas, no
diálogo dá certo, mas lá na ponta... esse é o campo experimental. Eu queria colocar isso sobre o
Território da Cidadania.
Francisca Navantino: neste caso eu abro agora para a plenária, as bancadas... Saulo... Caboquinho...
Lylia. Deixa eu colocar eu mesma logo porque eu estou doida para colocar mesmo. Eu vou colocar. Eu
estava com monte de curiosidade. Saulo.
Saulo: (inaudível) Saulo, CIMI. Fabiana, nós tivemos, no ano passado, uma apresentação feita pelo
Chefe de Gabinete do Ministro da Justiça (ininteligível), quando foi falar do PRONASCI, ele, na
apresentação do PRONASCI o presidente ficou de passar através do PRONASCI, tudo que a gente
(inaudível) urbano do Rio de Janeiro. Tanto que, para mim, veio imediatamente a idéia de que só vai
nos (inaudível) habitados pelas comunidades indígenas da área de segurança, por exemplo, (inaudível)
concreto, poderia usufruir dos recursos do PRONASCI através do Território da Cidadania (inaudível).
E aí, eu percebi, nesta apresentação que vocês fizeram, eu queria uma referência ao PRONASCI como
um dos componentes do território. Inclusive, eu estava achando que teria saído do universo do
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Ministério da Justiça, desta perspectiva, a (inaudível) coordenação do programa, do território.
(inaudível). Então o que eu coloco aqui? Eu trago a situação que hoje nós verificamos em muitas
comunidades indígenas, que apresentam o problema da segurança, e situações em que a comunidade
não consegue dar mais conta das demandas, alto índice de violência na comunidade... E aí as pessoas
começam a ver, nestes locais, possibilidades de buscar apoio externo para o estado, para resolver estes
problemas aí. Então a minha questão era esta: se o PRONASCI poderia, já à porta, porque na época
inclusive eu fiquei impactado com o montante de recursos que ele colocava que não eram pelas
populações indígenas, e que aí teria a possibilidade de contribuir. Neste sentido, seria importante, de
fato, na Organização dos Territórios da Cidadania, investigar estas que são bastante problemáticas.
Caboquinho: Caboquinho, região oeste-nordeste, Paraíba. Eu vejo algumas preocupações,
principalmente na questão dos editais, esta é uma das preocupações que eu tenho... Uma outra é sobre
a questão do quadro técnico indígena. Porque na maioria das vezes a comunidade não pode acessar
estes programas do governo porque, na realidade, não existem técnicos com a formação para acessar
estes programas. Assim como não existem técnicos para acessar, também não existem técnicos para
acompanhar todo aquele trabalho. Eu vejo que as comunidades indígenas pecam muito, perdem
muitos projetos, porque não tem técnicos disponíveis que tenham uma formação para estar
acompanhando estes projetos. Tanto que, muita das vezes, ONGs que não são indígenas é que acessam
estes projetos para trabalhar com índios. Eu vejo que nasce agora alguma possibilidade de dar certo
com a criação das ATEIs Indígenas. A criação das ATEIS, até agora, pelo que eu estou vendo, está
dando resultado, porque os índios, na realidade, estão tendo formação, se capacitando para que estes
projetos dêem certo. A minha interrogação era mais neste lado de ter, de fato, possibilidade de estar se
criando, se formando técnicos agrícolas, engenheiros agrônomos, mais por este lado. Senão, toda vez
nós vamos ficar como a Pierlângela falou: sempre vindo projeto de cima para baixo, e sem ter
acompanhamento de base muitas vezes a gente perde tudo:
Márcio (Presidente) - Chiquinha, Professora Chiquinha é a próxima.
Francisca Navantino, Mato Grosso - Eu tenho muitas questões para fazer, mas eu vou resumir. Eu
quero analisar esta apresentação que você... eu vou copiar para... Mas o que eu queria saber é o
seguinte: são 120 territórios, pelo que eu entendi. São 120 territórios, e uma das finalidades que se
prevê é a visualização dos orçamentos governamentais, não é isso? Ou seja, de todos os Ministérios...
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aí aquelas comunidades tomam conhecimento. Este Colegiado que você falou é um Colegiado que tem
indígenas e não-indígenas, governo e organizações. É isso? Neste sentido, eu queria ver a prioridade
destes colegiados na discussão da temática indígena. Porque a gente sabe que a maioria dos colegiados,
quando é assim (eu digo isso pela minha própria experiência no Conselho Nacional de Educação, no
Conselho de Educação Escolar Indígena do meu estado, e onde... estes colegiados grandes) o tema do
Indígena é indígena, até que se prioriza mesmo a temática indígena... Mas quando é um colegiado
muito maior, onde o governo está presente... é uma experiência que a gente tem vivido aqui. Se bem
que aqui também a pauta é indígena. Mas num colegiado onde se envolve, por exemplo, a discussão do
desenvolvimento do estado, é muito complicado. Até porque, como são trabalhados os conselheiros
para atuarem. Eles tem que estar muito bem afinado com as questões de políticas públicas, o que se
quer nas comunidades... porque ali ele não está representando só o povo dele, ele está representando
também a região, às vezes. Então é um pouco disso que eu gostaria que vocês abordassem para eu ter
um melhor entendimento. Outra coisa, também, que eu gostaria de saber, é o seguinte: por enquanto,
pelo que vocês apresentaram, só dois territórios indígenas foram contemplados. Eu queria verificar...
parece-me que estão previstos 60, não é isso? E qual é o critério para este tipo de seleção, como que
isto é trabalhado, como é pensado? E outra coisa também: é só a FUNAI que ficou encarregada de
fazer isso? Como a FUNAI articula com os estados? Porque a gente sabe que os estados, os governos,
eles querem mostrar a cara. E pelo que eu já vi, a maioria dos governos estaduais estão lidando com
recursos financeiros do governo federal. E dependendo, por exemplo, do Partido ao qual pertence o
governante, ele vai privilegiar o partido dele. Por mais que o dinheiro seja do PT, porque vamos falar
a verdade que é mesmo, lá a gente sabe que depois ele dá um jeito e fala que o recurso dele. Eu digo
isso porque a nossa experiência em Mato Grosso tem muito isso. Por exemplo, na educação eu
acompanho o orçamento e a gente sabe que os recursos são muito mais do governo federal do que do
governo do estado. E outra questão também é a seguinte: eu imagino a confusão que deve estar dando
dentro da cabecinha dos parentes em relação à discussão de território. Porque nós estamos vendo esta
situação, por exemplo, na discussão dos territórios educacionais. Quantas dúvidas nós temos hoje!
Quantas dúvidas necessitam de esclarecimentos... E, então, é uma outra questão que eu queria...
porque entram, pelo que eu entendi, todos os problemas, toda a relação. Mas o que prioriza mesmo é
aquilo que a comunidade já tem... (isso é uma proposta, não sei) versus o desenvolvimento daquele
estado, daquela região na qual o estado está contemplado.
Márcio (Presidente): Dra. Alda.
160
Alda - AGU: Cumprimento todos os membros desta Comissão por esta oportunidade de estar aqui
hoje, e mais uma vez agradeço o convite. Alda, da AGU. Presidente, e prezada Fabiana, eu pedi a
palavra agora para aproveitar o momento, que eu achei que este tema dos Territórios da Cidadania se
encaixa perfeitamente numa situação com a qual eu me deparei semana passada na terra indígena
Coroa Vermelha. Que é uma questão de segurança, até citada pelo colega Saulo. A situação é
complicadíssima, e eu acho que já que o governo federal está com esse programa, porque não
aproveitarmos e já fazermos um trabalho na parte de segurança, que o demanda à terra indígena
Coroa Vermelha hoje, neste programa do Território da Cidadania? Porque é cidadania que eles estão
precisando. Segurança lá é uma coisa muito séria, muito grave. Então eu gostaria de deixar claro que
eu desconheço mais detalhes sobre este programa, mas creio que o PRONASCI poderia atuar muito
bem, e nos ajudar, ajudar esta comunidade indígena de Coroa Vermelha com relação à parte de
segurança. Eu trouxe, Sr. Presidente, a pedido das lideranças e do Conselho de Caciques daquela
região, e do Cacique da terra indígena Coroa Vermelha, um documento no qual eu fiz... pedir licença,
e a Secretária deste Conselho, desta Comissão, distribuir aos membros do Conselho... E na reunião da
bancada indígena, eu pedi licença também para apresentar primeiramente à eles. Porque esta questão
me deixou extremamente preocupada, e pelo que eu vi no relato de todos os líderes que aqui estão, é
um problema que está atingindo a grande parte das terras indígenas. Mas, por um dever de ofício
(porque lá estive em reunião com a comunidade), eu não poderia deixar de estar aqui. Eu achei que
este momento, do Território da Cidadania, se encaixa muito bem para criarmos uma solução para
atender ao pleito deste povo. Então foi neste sentido que eu aproveitei agora para falar, e pedir, e
deixar isto registrado, por gentileza, em ata, porque é um pedido da comunidade. Não é eu, não é a
AGU que está solicitando, eu gostaria de deixar isto bem claro. Eu estou aqui sendo porta-voz de uma
comunidade indígena que pede que, ao ler este documento, vocês vão ver que ela solicita
urgentemente uma solução na área de segurança. Só isso. Obrigado.
Márcio (Presidente) - Obrigado Dra. Alda. O próximo e último inscrito é o Aderval.
Aderval: Aderval, MDS. Não é difícil entender que a proposta é de otimizar o acesso dos povos
indígenas às políticas, sejam elas universais ou específicas, e promover o controle social, informando
quanto de recurso vai para o estado, para o município, como funcionam os programas, todo este
mecanismo que, de fato, a maioria dos usuários dos serviços não conhece como funciona. Isso é muito
161
importante. E promover, também, além do controle social, o protagonismo indígena, em termos de
prioridades, enfim... Definir, no plano construído no âmbito do colegiado, naquele âmbito territorial,
de fato, prioridades. Porque é melhor vocês definirem isso do que nós, ou definirmos conjuntamente,
em função do conhecimento de causa. Os problemas são vivenciados na ponta. Isto tudo é muito
oportuno. É uma pena que a FUNAI não tenha pernas ainda para desenvolver esta ação integrada em
mais de dois territórios, ou quiçá três, quatro ou cinco, a gente não sabe o quanto a gente vai poder
otimizar o programa. A questão da execução, inclusive aventada pela Pierlângela, de que boa parte da
execução orçamentária é de transferência fundo a fundo... de fato os programas são executados via
Pacto Federativo... são poucas as ações de execução direta. Mas quando há a ação de execução a gente
esbarra numa questão que é a baixa institucionalidade. E não há nenhum órgão do governo, salvo a
FUNAI, que se proponha a investir em fortalecimento institucional. Então um dos motes do
programa, Fabiana, deve ser este. Para além de construir um plano, alinhavando as ações e tentando
integrá-las, o objetivo é otimizar. Algumas vão dar certo, outras não. Algumas são apropriadas, outras
não. Porque ação governamental é assim: nem todas foram pensadas e =construídas para povos
indígenas. Mas elas se enquadram dentro de direitos universais, e os povos indígenas devem acessá-las
como qualquer outro cidadão brasileiro. Então tem coisas que são adequadas, outras nem tanto; é
preciso fazer alguns ajustes. Mas a questão da institucionalidade é um agravante, e uma preocupação.
Então eu acho que, além de elaborar um plano, o que pressupõe naturalmente seminários para
informar os direitos de cidadania indígena, a constituição deste plano prioritário dentro do período de
governabilidade que a gente tem, os cursos de capacitação. A elaboração de projetos, gestão de
recursos públicos... que são os gargalos, seja da terra indígena, seja da carteira indígena, seja de um
projeto de inclusão produtiva... são gargalos que ninguém cobre, do ponto de vista operacional. E aí é
preciso que a FUNAI pense sobre como é que vai dar conta, preencher esta coluna que existe em
termos de financiamento público de ações. A questão da avaliação e monitoramente, a prestação de
contas... desde a elaboração de projetos. Tudo isto que dificulta a execução orçamentária, sobretudo a
execução de recursos públicos, a gente tem que acorrer oferecendo meninas condições para que a
comunidade possa gerir os recursos, ou então numa proposta de auto-gestão. Era mais isso que eu
queria colocar: a tônica (acho) dos Territórios Indígenas da Cidadania recai sobre a articulação de
políticas, buscando otimizar acesso, mas também sobre a questão do fortalecimento institucional,
senão a gente não vai decolar. Porque isto é um ponto nevrálgico e ninguém investe nisso.
162
Márcio (Presidente)- Obrigado, Aderval. Agora eu vou devolver aqui a palavra para a Fabiana e os
companheiros aqui para... (inaudível). Desculpa, Lylia, desculpa. É que na hora que eu fui fazer a
chamada você não estava na mesa. Eu abro aí o espaço aí para você falar. Eu só peço que seja bem
objetiva.
Lylia: Eu vou tentar o máximo, mas pode me cortar também. Me dá o tempo que você acha que deve.
Márcio (Presidente)- Dois minutos.
Lylia: Muito pouco... Destes dois minutos eu vou pedir uns trinta segundo para me desculpar. Eu não
sei se as pessoas estão percebendo, mas eu estou incomodada porque eu estou tendo que entrar e sair
todo o tempo em função de uma agenda complicada do ministério envolvendo a questão indígena.
Toda a nossa agenda aí junto com a FUNAI, inclusive, Reunião do GTI, etc. Sobre o Território da
Cidadania, eu achei muito interessante a fala dos indígenas, e eu acho que tem tudo a ver. E aí tem
tudo a ver também (eu insisto nisso), com a questão que a gente está discutindo no âmbito do
CONSEA, que é a inclusão definitiva da dimensão do Etnodesenvolvimento nas políticas publicas.
Claro que vai estar focado em Segurança Alimentar e mais outras. E estas questões que Pierlângela
levantou, os companheiros do Rio Negro levantaram, elas perpassam tudo isso. O Estado Brasileiro,
nesta gestão do presidente Lula, na gestão do Márcio na FUNAI, avançou muito nesta questão do
participação, do envolvimento, mas a gente tem dificuldade na área de executar. E eu queria (eu acho
que já fiz esta proposta uma vez) deixar uma proposta para a própria CNPI (que o Ministério do Meio
Ambiente, através da gerência indígena, se compromete, inclusive, a apoiar) que a gente pudesse fazer
uma publicação sobre políticas que os índios possam acessar, em linguagem acessível... Para deixar
também, estou na linha do legado. E uma ampla divulgação disso para que os índios efetivamente
comecem a saber que podem acessar. Porque muitos não sabem nem das políticas que existem, das
possibilidades que se abrem. Eu estive... eu acho que a Pierlângela... É interessante a idéia de que é um
campo ainda experimental, e acho que tem que ficar claro o seguinte: tudo bem, o Território da
Cidadania, você recorta... é um território de intervenção governamental, ele não existe na realidade
como território, mas foi levada em conta uma série de questões... e no caso do território indígena tem
uma dimensão que os outros normalmente não tem, que é um território que se define, também, pela
identidade: pelo fato de ser Território da Cidadania Indígena, propriamente dito.
163
A questão fica mais complicada quando é um Território da Cidadania onde existem terras indígenas, e
portanto tem que ter ações. Eu vou dar um exemplo muito breve aqui, de Dourados, que é um
território (Território da Grande Dourados). Tem uma ação do Ministério da Agricultura junto com o
Ministério da Pesca e o MDA, pelo fato de ser o órgão coordenador dos territórios, que é uma ação
de... um GT com ações de fortalecimento da cadeia do pescado no Território da Cidadania de
Dourados. Eu estive lá nesta reunião, nós conseguimos participar da reunião, meio que pegando o
bonde andando. Porque não passou pela cabeça das pessoas que o fortalecimento da cadeia dos
pescados pudesse interessar aos índios. É este tipo de percepção que a gente tem que mudar nos órgãos
públicos gestores. Se eles estão fazendo um Território da Cidadania que tem índios, e muitos
(imaginem Grande Dourados, gente. É só o que tem), e de repente se pensa numa ação para aquele
território onde as ações indígenas não estão. “Ah, houve um esquecimento, um problema de
comunicação...” Estive na FUNAI, conversei com a Margarida, a Margarida não estava nesta reunião.
O fortalecimento da cadeia de pescados, o diagnóstico que eles fizeram, eles levantaram 78
pisciculturas (tanques, lâminas d’água que eles chamam), 78 tanques de pisciculturas no território da
cidadania de Grande Dourados. Não incluíram os dos índios, que são 52. Portanto mais da metade das
áreas de pisciculturas que os não-índios têm. Nós entramos, eu depois conversei com a Margarida,
porque houve algum problema lá que a FUNAI não estava. Estava uma coluna em branco na matriz,
como se a FUNAI não tivesse nada a fazer ali. E não tinha sequer uma coluna do Ministério do Meio
Ambiente, que, junto com o MDS, fomentou lá vários tanques... E para a questão do Território do Rio
Negro, eu queria dizer o seguinte: o MMA, junto com o MDS, na ação da carteira indígena... nós
elegemos como uma cadeia produtiva a ser fortalecida (é um projeto em torno de R$ 500.000) a cadeia
da piaçava na região do alto Rio Negro. Nós estamos esperando a aprovação do Plano para ir lá, e aí,
Fabiana, vai ser fundamental... Porque na verdade é isso: Território da Cidadania tem lá os programas,
tem lá o dinheiro... e essa idéia de que não vai ter mais dinheiro para aquele lugar só porque já tem os
programas não é verdade. Você tem, por exemplo, um Ministério que tem uma ação, sei lá, para a
pesca. Ele tem o dinheiro, mas ele não sabe aonde vai fazer. O Território da Cidadania é que dá a
diretriz agora. Então se tem lá a grana, e o governo criou o Território da Cidadania por conta daqueles
critérios de pobreza, etc., o Ministério, ao invés de colocar aquele dinheiro em qualquer lugar (por
articulação de cúpula de governo), vai jogar no Território da Cidadania (em algum). Então é
importante ter clareza, porque podem vir mais recursos. Agora, para o território de Dourados,
também de R$ 500.000, para o fortalecimento da cadeia das piscicultura, e a região da BR-163, que
eu acho que não é território... É? A cadeia dos olhos e castanhas, só para indígenas, com este
164
mesmo valor. Então eu acho legal a gente marcar uma conversa e incluir isso aí, e ver aonde mais a
gente poderia ajudar nesta parte do acesso. De ter editais, sobretudo nos territórios que são da
Cidadania, que sejam direcionados diretamente para as organizações indígenas acessarem. E não
misturar. Na hora que você mistura, você está, na prática, excluindo, porque não dá para concorrer. É
isso.
Márcio (Presidente)- Obrigado, Lylia. Agora, Fabiana.
Fabiana – Funai - São muitas questões. Na verdade, o objetivo desta reflexão era aprofundar a reflexão
da CNPI, de toda a bancada indígena, para uma avaliação sobre o quanto é estratégico é este
programa. Do ponto de vista da articulação da política (como o Aderval colocou), de você
potencializar o processo de controle social uma vez que quem está no território vai conseguir acessar
pelo menos o que significam os mecanismos para aquela ação chegar lá, enfim... Então eu queria
começar a responder, ajudar no debate, e em função do que o Aderval colocou. Porque apesar disso,
apesar de terem sido constituídos os territórios da cidadania, que vem para melhorar este processo de
acesso à estas políticas, de entendimento destas políticas, seja pelo movimento social, seja pelos
gestores que estão ali, prefeitos, enfim... Ainda tem problemas, o próprio fato que veio gerar esse
território tem problemas, porque os editais acontecem e o Rio Negro não conseguiu acessar. Os editais
acontecem, e são... a idéia é que o desenvolvimento deste programa garanta isso. Tem o edital, o edital
chega, e você tem uma estrutura de colegiado que discute, que debate, está o tempo inteiro se
qualificando. Agora eu acho que, no caso (não sei se a gente chegou a deixar isso claro, mas
Pierlângela colocou), no caso dos Territórios Indígenas da Cidadania, a coordenação do processo é da
FUNAI, junto com os índios. Isso se fortaleceu muito, esse fortalecimento se deu muito a priori. Por
exemplo, o que a Pierlângela colocou à cerca do processo de introdução disso lá na Raposa, na verdade
ainda não era um Território da Cidadania, ali era um Território Rural Sustentável do MDA, com
pouca participação, muito parecido com o que aconteceu no Rio Negro. Por isso essa retomada que o
Luiz Brasão colocou. Mas eu acho que a responsabilidade sobre o aumento desta gestão social,
capacitar, ajudar, eu acho que ela, no tange à questão indigenista, ela pode não ser vista como única e
exclusivamente uma ação da FUNAI.
O que o programa quer é romper com isso. Eu imagino que a CNPI tenha isso como principio: pensar
como a gente fazer isso de forma compartilhada. Nunca a FUNAI... ela coordenada e articula, mas as
ações tem que ser compartilhadas, e os órgãos tem que ter responsabilidade sobre isso. Por exemplo, se
165
é o Ministério do Desenvolvimento Agrário, que hoje é quem tem mesmo recursos para fazer a
mobilização nos Territórios da Cidadania, o MDA precisa, e nós temos feito este esforço, a FUNAI
junto com o MDA, de conversar com o MDA e dizer “olha, como você vai pensar esse componente da
política indígena para pensar a capacitação das lideranças deste Colegiado, que no caso dos territórios
que não são indígenas, simplesmente você tem uma disputa muito maior dos diferentes segmentos que
estão ali presentes. E o que a gente quis também dar aqui, e enfatizar, a gente diz e eu repito, a
participação indígena tem sido muito devagar na maior parte dos Territórios da Cidadania. Então eu
acho que tem que ter isso. Os órgãos de governos que estão que tem, por exemplo, recursos para
desenvolver ações para aumentar a gestão social, para capacitar as lideranças indígenas que estão
dentro deste colegiado a entender melhor os programas, eu acho que tem que ter esta co-
responsabilização. Acho que tem que ter isso como encaminhamento, não sei. (inaudível). Tem que
prever isso. Mas é isso justamente que nós estamos colocando, que o território existe porque é pobre
em capital social. Então apesar do território existir, você ainda tem um problema de gestão social que
a gente tem que resolver.
Márcio (Presidente)- Acho que a questão aqui é a seguinte. Eu estou ouvindo, não tinha me
pronunciado aqui sobre este tema, até porque eu tive que sair para resolver uns problemas ali fora.
Mas o que é importante nesta questão do Território da Cidadania, o que tem que ficar bem claro, é o
seguinte: o território é um dado da realidade. O território já existe. O território já existe. O que não
existia era um programa Território da Cidadania, este programa realmente é novo. Agora o território
existe sim. Ele é um território, inclusive, construído social e historicamente, culturalmente. Então o
que o governo identificou é que existem territórios identificados historicamente, culturalmente no
Brasil que a população daquele território tem pouco acesso às políticas públicas que este governo
inclusive tem ampliado. Mesmo com as políticas públicas que nós criamos e que ampliam muito o
acesso, neste lugares não chegam. Então por isso o Presidente criou este programa, que é um
programa para, digamos assim, impulsionar mais ainda estas regiões que têm estas dificuldades. Por
isto que são chamados Territórios da Cidadania. Um dos critérios utilizados para a definição destes 120
Territórios da Cidadania foi a existência, nestes territórios, de terras indígenas. Além de quilombolas,
além de etc. E a identidade cultural daquele lugar também. Por exemplo, o Vale do Jequitinhonha. O
Vale do Jequitinhonha é um território culturalmente identificado, historicamente constituído no
Brasil. Ele não é indígena, mas ele é um território culturalmente instituído.
166
Então, por isso o Vale do Jequitinhonha é um território da cidadania. Porque é um lugar
extremamente pobre do ponto de vista econômico. Economicamente é pobre. Mas é um lugar
extremamente rico do ponto de vista cultural, assim como todas as terras indígenas. Podem até ter
dificuldades econômicas de acesso, mas todas as terras indígenas são extremamente ricas do ponto de
vista cultural. Então eu acho que o entendimento do programa tem que ser esse. Obviamente tem
alguns lugares (que nós colocamos esta questão na discussão com o Presidente lá atrás no início do
programa, foi a FUNAI que colocou esta questão) em que as terras indígenas e a população indígena
são majoritárias naquele território. O que identifica aquele território são os índios e suas terras,
majoritariamente. Então nestes casos, nós propusemos que eles fossem classificados como Territórios
da Cidadania Indígena, e que nestes casos a FUNAI, junto com o MDA, fossem os coordenadores junto
com os povos indígenas ali, tanto que o colegiado é majoritariamente indígena, nestes casos (o caso do
Rio Negro e o caso da Raposa e Serra do Sol / São Marcos, que está neste processo também). Não quer
dizer que os outros territórios que tenham terras indígenas, os indígenas não devam participar. Devem
sim, e a FUNAI também. Mas este é um processo realmente em construção que tem dificuldades
porque nós temos dificuldades institucionais, de pessoal, recursos, etc.; e também o movimento
indígena tem dificuldades, as comunidades tem dificuldades. Mas nós temos que ocupar; este é um
espaço que está aberto. O governo federal criou este espaço e abriu este espaço para ser ocupado. Cabe
a nós então ocupar este espaço. Então acho que esta é um pouco a idéia do programa. Eu, como estava
fora, talvez esteja... Sim, Lylia, mas este diálogo é permanente, ele está sendo feito permanentemente,
ele é um processo que está em curso. Nós temos, o tempo todo, um espaço de diálogo com o MDA, o
MDA está aberto a este espaço de diálogo. Agora as instituições... a gente não pode esquecer isso. Nós
temos tratado aqui na CNPI, hoje e ontem várias vezes, das instituições. As instituições são as pessoas.
Elas não existem como se fossem uma coisa, digamos, separada. As instituições são as pessoas. A
instituição MDA são as pessoas do MDA que estão em Brasília, tem as pessoas do MDA que estão nos
estados e nos colegiados. E cada pessoa dessas é um mundo. É a mesma coisa da FUNAI. A instituição
FUNAI em Brasília é uma coisa. Outra coisa é a instituição FUNAI nas administrações regionais e os
técnicos que vão para a reunião do colegiado. Então isso vale para tudo. Vale para o Território da
Cidadania, vale para todos os outros programas. Então nós temos que considerar que este programa do
Território da Cidadania é um programa novo que é um espaço aberto pelo governo federal para o
protagonismo da sociedade civil e dos órgãos do estado brasileiro que se ocupam destas políticas para
que a gente possa melhorar e qualificar a ação. É claro que são processos, e aí vai depender das
pessoas. Então nós temos, realmente, que dialogar permanentemente com as pessoas dessas
167
instituições para que elas incorporem esta dimensão sócio-ambiental que você está falando. A questão
indígena, a questão do meio-ambiente, a questão das populações tradicionais, etc. Eu acho que este é o
ponto fundamental. Talvez eu esteja repetindo muito o que vocês já falaram aqui, mas o que eu estou
querendo dizer aqui é o seguinte: porque é tão importante que um programa como esse tenha sido
trazido aqui para a CNPI. Essa é a pergunta: porque é tão importante ter trazido um programa
Território da Cidadania (e que, dentro dele, tem esse componente indígena) para cá? Porque nós
queremos saber, na CNPI, o seguinte: este programa é importante, e ele precisa ser aperfeiçoado aqui
ou ali, mas ele é importante e é isso que a gente quer. Ou não. É isso que a gente precisa saber. Nós,
governo, precisamos saber: “olha, este programa realmente é muito importante, é um espaço que tem
ser ocupado, e nós queremos ocupar. E temos que fortalecer, com isto ou com aquilo, em termos de
aperfeiçoamento.” É isto, este é o ponto. Eu não sei (como eu estava fora), das intervenções que
aconteceram, que eu ouvi quando eu cheguei. Eu vi que elas foram todas nesta linha, de aperfeiçoar,
de melhorar, de reforçar e de qualificar. Então eu acho que, se é isto mesmo, vamos trabalhar. Deixa o
homem trabalhar. Naquela linha. Então eu acho que este é o entendimento que eu faço em termos do
que este trabalho é. Que foi esse o objetivo. Para ninguém depois... acho que os membros da CNPI da
bancada indígena tinham que ter conhecimento, a gente tinha que socializar esta informação sobre o
programa porque eu tenho ido nas áreas. E eu chego lá e falo do Programa Território da Cidadania e a
comunidade indígena está entendendo outra coisa. Então nós precisamos, enquanto atores políticos
que somos, tanto do governo aqui quanto das organizações indígenas, saber o que é de fato este
programa para poder chegar lá na ponta e explicar o que é, porque às vezes chega lá comunidade uma
explicação que a gente não está entendendo. Então por isso é importante vocês saberem exatamente
qual é o problema. Ele implica, por exemplo, em parcerias. No caso do Rio Negro nós assinamos um
acordo de cooperação técnica com a FOIRN, que é a principal organização indígena da região, nós
assinamos acordo de cooperação técnica com a prefeitura de São Gabriel da Cachoeira. Falta com as
outras duas (Barcelos e Santa Isabel). Nós assinamos um acordo de cooperação técnica com o ISA, que
é uma organização não-governamental que atua há 20 anos lá na região do Rio Negro... Isto implica
em parcerias que a gente precisa explicar e re-explicar, explicar de novo, etc. Então eu acho que é um
caminho assim interessante, que eu vejo como importante. Nós, como participantes da CNPI, cada
membro da CNPI, poder multiplicar esta informação e este espaço institucional criado... Ou seja, para
concluir aqui: a idéia do programa Território da Cidadania não é chegar de pára-quedas lá na região,
num disco voador, com um monte de coisa. É que lá na região, o protagonismo lá, local, da
comunidade, diga que aquele dinheiro do orçamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário, ou
168
orçamento do MMA, ou orçamento da FUNAI, seja aplicado nisso ou naquilo ou naquilo. Que a escola
que seja construída lá, viu professora Chiquinha, que a escola que tenha que ser construída lá, que vai
o recurso lá para o estado e para aquela região do território, ela seja construída naquela comunidade e
não na outra. Que ela seja feito de um jeito ou de um outro jeito. Isto se chama protagonismo local da
comunidade. Então este é um espaço que este programa criou. Nós temos que ocupar este espaço. Eu
acho que isso precisa ser levado aí pela bancada para as regiões, para explicar o que é, etc. E se for
necessário, até destes experimentos que estão sendo feitos serem divulgados, serem ampliados, esta
divulgação. Era mais ou menos que eu queria... aproveitei aqui para... Pierlângela quer falar alguma
coisa?
Pierlângela: Pierlângela. Eu acho que, para nós, a importância de ter trazido aqui para a CNPI é...
Como a CNPI tem esse papel (eu sei que tem outra instância que trata desta questão dos territórios),
mas aqui estão os órgãos de governo. E não pode estar desconectado. Quem trabalha realmente com as
ações dentro dos Ministérios é quem está sentado aqui hoje. Todos os que estão sentados aqui é que
tem, realmente, de fato... Então a nossa preocupação é essa: se, na outra instância, tem pessoas que não
estão discutindo aqui com a gente... porque eu acho que é até um fortalecimento para o próprio
encaminhamento das ações da CNPI. Porque estes representantes do Ministérios que as ações vão
chegar lá é que devem estar sabendo de como estão estas ações. Porque a outra instância que existe,
que trata dos territórios, e são outros representantes... às vezes não chega lá. Ou também não tem este
entendimento que estas pessoas do governo tem aqui. Então para nós é muito importante que os
representantes dos Ministérios que estão aqui saibam como está funcionando. Porque é até uma via,
para nós, de fortalecimento lá. Por exemplo, o Aderval falou dos 27 programas de assistência social do
MDS. Como nós vamos chegar lá com isso, também? Dentro do Território da Cidadania? Quem vai
levar é o Aderval ou a outra pessoa? No caso, como já tem a experiência do pessoal aqui, já devia levar
o pessoal que está aqui na CNPI. Porque senão você cria outras pessoas, que acaba a gente discutindo
uma coisa aqui na CNPI e outro grupo discutindo outra coisa. A importância de trazer para a CNPI
para nós é essa, desta articulação dos Ministérios, porque quem vai chegar lá são os Ministérios,
realmente a articulação dos Ministérios, e para nós estas pessoas que hoje estão citadas aqui é que
tratam diretamente, então... colocando um pouco sobre esta questão.
Márcio (Presidente)- Obrigado. Só passando a palavra aqui para vocês fecharem, colocarem alguma
coisa. Nós estamos com dez para uma já, então vamos ter aqui o intervalo do almoço.
169
Não-identificado: Só complementando alguns comentários que foram feitos aqui, por exemplo esta
questão, quando eu disse, que você falava aí de direcionar os editais específicos para que facilitasse a
gente acessar... acho que é um caminho que precisa se pensar e ser colocado, não só colocar aqui em
conversar no ar, mas tem que se colocar isto em prática. Porque muitas vezes eu tenho falado isso
(quando se discute estes territórios dentro do Colegiado durante os três anos de implantação), para as
pessoas que intermedeiem isso, já estamos praticamente, eu sei de cor e salteado todos os nossos
problemas. Eu sei qual é a prioridade 3,4,1,2, sucessivamente, de tanto trazer estes problemas para se
discutir no colegiado, se vai resolver, vai se buscar resposta, e nunca se tem. Uma delas é essa, que eu
tenho sempre colocado: dificuldade de acessar editais. Falta de técnico, falta de acompanhamento. É
uma delas. E outra delas é a questão dos articuladores, acho que os articuladores precisam articular,
mas precisam trazer a conversa para dentro do território. Não articular por outros caminhos. E aí vem
aquela questão que a Professora Francisca fala, que o dinheiro vai para o município através da
prefeitura, e vai através do estado, e os políticos que dizem que foi articulação deles, e faz disso uma
certa troca de moeda com a questão eleitoral. Acho que não é isso que se quer. Deste jeito, eu acho
que a gente não vai avançar em lugar nenhum. E é aí que o movimento indigenista sai do anonimato
para assumir este papel de fato. Porque sabemos o que queremos e sabemos fazer isso. Agora
precisamos que as pessoas tenham a vontade de deixar que a gente também participe disso. Não só
para ouvir, mas participando do planejamento, da construção dos planos que nós queremos. Acho que
era isso que eu queria colocar, para encerrar. Muito obrigado, eu passo aqui a palavra.
Não-identificado: Só colocar assim, que o Território da Cidadania, para nós vai dar certo e está dando
certo. Alguns programas já estão em atividade, que estão incluídos dentro do território vários
programas. Estão em desenvolvimento... o que nós queríamos já está sendo realizado. Como a
Francisca colocou. “Quando que vai ser...?” Não precisa chamar quando, nós vamos atrás. Nós
buscamos os programas. Por exemplo, por vários anos, como eu coloquei na minha fala, nós vimos
procurando solucionar nossos problemas através do governo, através do governo do estado, governo
municipal, governo federal, através dos programas, para desenvolver as atividades dos povos
indígenas. Este é o nosso objetivo principal. Eu queria colocar isto porque para nós é uma expectativa
(que eu tenho) que tem que dar certo.
170
Não identificada: (inaudível) Acho que o Márcio já deu aqui início à uma proposta de
encaminhamento. A idéia foi essa. Óbvio que quem não conhecia, e era novamente o programa, não
conheceu totalmente aqui. Acho que precisa aprofundar, entender o mecanismo, como funciona de
fato. Para a gente poder, de fato, utilizar ele como um espaço, como o Márcio colocou, que o governo
abre para a gente poder potencializar as nossas questões, demandas e prioridades para dentro dele. Um
exemplo disso foi a própria fala do Saulo sobre o PRONASCI. O PRONASCI é uma das ações que
podem conter ou não estas ações que são ofertadas. É interessante, por exemplo, pensar, a partir do
Território da Cidadania, potencializar a idéia de se pensar um processo de segurança dentro do
território. Eu não conhecia este caso que o Saulo colocou, mas isso é um exemplo das possibilidades
possíveis. Eu acho que o encaminhamento é um pouco neste sentido, acho que Pierlângela colocou
também um pouco, ela já sugere um encaminhamento. Ela quis dizer o seguinte: o Comitê Técnico
Nacional ou o Comitê Gestor Nacional deste programa nem sempre são os representantes de governo
que estão aqui presentes. E talvez o encaminhamento é isso, Pierlângela? Não entendi... Seria isso o
encaminhamento? Só para entender... de que os representantes de governo da CNPI então assumam
esta articulação dentro dos seus órgãos, é isso? Dialogando com quem está no comitê.
Lylia: Lylia Galleti, Ministério do Meio Ambiente. Concordo absolutamente, em gênero, número e
grau, com tudo o que o Márcio colocou sobre o Território da Cidadania, dando o parecer que a gente
não está falando a mesma língua. Apenas digo que é um Território de Intervenção de governo porque
o Vale do Jequitinhonha tem a sua identidade como Vale do Jequitinhonha e não como Território da
Cidadania. Então neste sentido a figura do Território da Cidadania é uma criação de governo muito
bem-vinda, absolutamente permanente, porque se trata de levar recursos para as áreas mais pobres do
país. O que eu queria, como encaminhamento... acho que está em andamento, não conheço todos.
Tem problemas, dificuldades... Sempre que tem que se tratar de povos indígenas e comunidades
tradicionais, tem problemas. Porque é uma população que ficou invisível ali às políticas públicas. No
caso dos índios, como se a FUNAI fosse responsável por tudo e ninguém faz mais nada. Então esta é
uma tradição, e uma tradição ruim do Estado Brasileiro, que toda a nossa luta é para modificar. Então
o que eu acho é o seguinte: tirando os territórios que são indígenas, que são completamente diferentes
dos territórios da cidadania onde tem indígenas. São duas coisas... água e vinho. Porque aqui são os
próprios índios, comitê e paritário e tal. Como tem esta dificuldade do estado brasileiro, e a gente não
pode estar em todo canto... Por exemplo, o André tem poucas pessoas no Ministério, muito poucas, no
MDA, que trabalham com a questão indígena. Ele lá dentro da SAF, quem mais? E aí você vai para a
171
SDT, que é responsável pelos territórios, você não tem uma referência de pessoas (você estava falando
que as pessoas são as instituições) para fazer só isso ou para estar preocupado o tempo inteiro com isso.
Então eu acho o seguinte: tudo o que foi dito aqui de encaminhamento é muito válido, tem que ser
feito. Eu como gestora me preocupar, estar buscando isso, todo mundo aqui dos Ministérios, Luz para
Todos, cadê? Devem estar já pensando em como se colocar nos Territórios da Cidadania. Agora eu
acho que mereceria um documento da CNPI ao comitê gestor nacional dos territórios falando que a
CNPI discutiu esta questão, o quanto nós achamos fundamental este programa... Mas, por conta das
circunstâncias, alertar para a questão de que... É esse negócio: o Lula vai lá, ou vamos nós, aí falamos
que tem esta coisa maravilhosa... “Acessem, vão lá...”, desconhecendo o básico. Por isso que eu estou
dizendo que é à nível de Comitê Gestor Nacional, que esta é a proposta que nós estamos levando para
o CONSEA: que se faça uma recomendação aos órgãos neste sentido. Porque o pessoal está lá, os
indígenas muitas vezes estão lá, tem área que tem forte capital social, vê na televisão e já vai atrás. Já
está daqui a pouco com um projeto, já está participando... Outros não tem este capital social, esta
capacidade. Um componente importante, eu acho, dentro... para aprimorar, para tornar mais efetiva a
participação destes grupos vulneráveis dentro destes territórios que já são profundamente vulneráveis
é o componente da mobilização social e da capacitação, do esclarecimento. Eu não sei, não tenho este
dado, talvez o André tenha. Dos X Territórios da Cidadania (não sei quantos) que tem terra indígena,
em quais, efetivamente, os indígenas estão representados no comitê local? Estão sendo considerados,
estão participando, estão mobilizados? A gente faz o nosso trabalho daqui da CNPI, faz o nosso
trabalho como gestor nos nossos órgãos, mas também diz “Olha gente, legal, o Território da
Cidadania. O CNPI discutiu e acha importante contribuir com tais e tais sugestões.” Só isso.
Não-identificada: Queria pedir desculpa aqui que, meio que me cortaste e perdi o fio da meada. Na
verdade são dois encaminhamentos que temos. Um encaminhamento é os territórios da cidadania
indígena, é um processo diferente, até metodológico de trabalho. E temos que pensar num
encaminhamento para os territórios da cidadania. Não ficou claro para mim qual que seria o
encaminhamento proposto, porque este movimento... está difícil. Eu estou perdendo o fio da meada.
Nós já iniciamos este processo, nós estamos iniciando este processo. O SDT não tem nenhum
especialista que entenda, como o André, mas a discussão tem sido feita. Com a SDT, com a PET, com o
Ministério do Meio Ambiente, esta discussão acontece, mas como que a gente qualifica esta?
Entendendo que nós temos duas situações. Uma são os Territórios da Cidadania Indígena, em cuja
coordenação eu acho que nós temos mais chance de inserção, e de pensar esse processo junto com os
172
índios. A outra são os outros territórios, que são mais de 60 territórios da cidadania com presença
indígena, e em alguns lugares de forte presença (digo de população dentro do território). O que a
gente pode encaminhar, com relação à isso?
Márcio (Presidente)- Bom, eu acho que ficou claro o encaminhamento. O encaminhamento é de
reforço do programa, valorização do programa, e a sugestão que esta questão dos povos indígenas nos
territórios da cidadania como um todo seja tratado com atenção especial pelo Ministério do
Desenvolvimento Agrário, que é quem coordena o programa. Então este é o encaminhamento. Agora,
está todo mundo com fome, é hora do almoço. O encaminhamento principal agora é este, o almoço.
São agora 13h00. Nós vamos voltar 14h30. 14h30 a gente retoma aqui os trabalhos. 14h30.
Tarde do dia 29/09
Márcio (Presidente)- Nós vamos começar agora... a proposta de organização da nossa agenda da tarde,
para a gente poder organizar direito aqui... Nós vamos... eu vou começar, agora à tarde, esta
continuação dos informes, digamos assim, informes qualificados das políticas, de algumas ações e
políticas que estão sendo desenvolvidas. A questão do IBGE, do censo... A questão também das ações
na área da cultura, que o Marcelo vai fazer o informe também aqui. Na educação também vai ser dado
o informe... e da questão da fronteira vai ser dado o informe. Em seguida nós vamos entrar na questão
do INSS também. E logo em seguida nós vamos entrar na questão das experiências participativas… E
nós temos que organizar bem porque este segundo ponto é um ponto muito importante, e tem que dar
um tempo para o pessoal tentar apresentar. Então a gente vai tentar ser bem objetivo aqui, porque
esses temas iniciais são muito mais de caráter de informe qualificado aqui para a plenária... para a
gente tentar ser mais objetivo com o tempo. Eu mesmo vou tratar do tema I, que é o censo, porque
infelizmente não deu para... a pessoa da FUNAI que está se ocupando diretamente disso não pôde vir,
e quem mais está sabendo do assunto e acompanhando, além dele, sou eu mesmo. Que é o Arthur,
com relação ao censo. E este é um tema muito importante que a gente queria trazer para dar um
informe aqui, porque ele é um tema, digamos assim, estratégico importante da política indigenista
brasileira do ano que vem. Então, sendo bem objetivo, é o seguinte: a FUNAI procurou o IBGE em
2007, logo que eu cheguei na FUNAI, e a gente recebeu um informe do IBGE que o censo 2010 ia ser
começado a ser discutido pelo IBGE. Porque como vocês sabem, o IBGE, de dez em dez anos, faz o
censo geral da população brasileira. O último foi em 2000, e o próximo vai ser ano que vem, em 2010.
173
E eles preparam o censo com 3 anos de antecedência. 3 anos antes eles já vão preparando o censo.
Então em 2007 a FUNAI foi informada de que eles iam começar a preparar este censo. No censo de
2000 vocês lembram que o IBGE fez um recenseamento incluindo, pela primeira vez, a auto-
identificação indígena... e isto indicou, na época, uma população de 735.000 indígenas no Brasil na
época... É por isso que a gente tem a estimativa hoje, quase dez anos depois, que pelo índice de
crescimento demográfico da população indígena no Brasil, e também pelo aumento da população
pelos processos de identificação étnica, que a população indígena brasileira hoje deve (é uma
estimativa) beirar a quase um milhão de indígenas no Brasil. Isso eu tenho falado na imprensa, tenho
dado entrevistas até, falando deste número. Aproximadamente um milhão, pela estimativa que a gente
em função destes dados do IBGE de 2000. Mas nós só vamos confirmar isto efetivamente ano que vem,
em 2010. Então, diante desta oportunidade a FUNAI, a partir de 2008, nós propusemos ao IBGE que o
censo do ano que vem pudesse ser mais detalhado do que o censo de 2000. E incluísse questões que
foram discutidas aqui na CNPI, várias delas na discussão do estatuto, enfim, várias discussões que a
gente tem feito aqui no âmbito da CNPI. Mas a gente não tinha trazido ainda para a CNPI este
informe, até porque a gente pautou várias vezes mas a gente sempre tinha outros temas e isso foi
sendo passado sempre para a próxima, e para a próxima... então por isto a gente não teve ainda ocasião
de trazer com mais detalhes isto. Eu estou trazendo este informe para cá hoje, e não significa que a
gente vai encerrar por aqui. A CNPI poderá, daqui para frente, ter mais informações detalhadas sobre
o processo que vai acontecer até o ano que vem. Mas, para resumir para vocês aqui os passos que
foram dados, a gente... primeira coisa: foi mantido pelo censo do IBGE de 2010 a mesma pergunta de
2000, ou seja: foi mantida a opção de identificação étnica indígena na ficha de recenseamento. Então o
recenseador que for visitar a casa, a residência de uma família indígena... a pessoa que vai estar
respondendo à ficha vai poder dizer, se identificar como indígena. Isto foi mantido, que já tinha em
2000. Quais são as novidades no de 2010 que não tinha no de 2000? A primeira coisa, a primeira
novidade é a seguinte: neste ano de 2010, pela primeira vez, o censo do IBGE... vocês estão
entendendo o que eu estou falando, está dando para entender? Em 2010, pela primeira vez, o censo do
IBGE vai ser feio via internet, completo. 100% dele vai ser via internet. O mesmo sistema utilizado
nas eleições, que você vai lá e vota na urna e tem um sistema que transmite o resultado via internet
para apuração. Então vai ser o mesmo tipo de equipamento que vai ser utilizado. Então esta é uma
novidade, que 100% do censo vai ser feito com este sistema. Isto significa o quê? Que, quando eles
passam a informação da residência que eles vão, cada residência tem uma coordenada geográfica e geo
referenciada. Então nós vamos, por exemplo: numa determinada residência em que mora uma família,
174
aquela residência vai estar geo-referenciada depois no mapa. A gente vai saber onde mora, no mapa,
cada pessoa. É. Quando a gente tiver o resultado, a sociedade como um todo vai ter a informação de
aonde vivem, por exemplo, os indígenas (não só os indígenas mas todos os cidadãos brasileiros vão
poder se identificar pelo georeferenciamento). Isso é um dado novo do recenseamento. Segundo ponto
importante: em 2010 o recenseamento também vai visitar todas as casas, todas as residências. Em
2000, no caso dos indígenas, foi feita uma estimativa, era um sistema de estimativa ainda, não era
integral. Desta vai ser integral. Então os recenseadores vão em cada terra indígena e vão em cada
aldeia fazer o recenseamento. Mais uma novidade: desta vez vai ser também utilizado aquele... O
IBGE divide o Brasil em áreas censitárias. Então desta vez vão haver áreas censitárias específicas para
as terras indígenas. As pessoas que vão ser contratadas para fazer o recenseamento, vão ter pessoas que
vão fazer o recenseamento só lá nas terras indígenas. Específicos. Esta é uma novidade também que
qualificará o resultado do recenseamento. Além disso, mais uma novidade que vai ter, eu diria que até
uma das mais importantes, com relação à informação que vai ser colhida. Desta vez, pela primeira vez,
quando o recenseador perguntar, ele vai perguntar “Você é o quê?” As perguntas são branco, preto,
pardo, indígena e amarelo. Estas são as perguntas que o IBGE faz. Não vamos entrar no mérito aqui.
Não vamos entrar no mérito... Quando a pessoa responder, o cidadão vai responder “Eu sou indígena”.
Quando marcar lá (é um computador, não vai ser papel) indígena, vai abrir uma página só para quem
é indígena. Vai abrir um questionário que só vai existir para quem responder que é indígena. Então o
cara que responder que é preto, branco ou amarelo, isso aí não vai ter. Só vai ter para quem responder
que é indígena. Aí este questionário vai ser aberto. Aí quando o questionário abrir vai perguntar “qual
é o seu povo?” Aí o que aconteceu? A FUNAI fez um levantamento. Nós estamos atrapalhando a
conversa de vocês aí? A FUNAI passou então... este trabalho está sendo da FUNAI com o IBGE, várias
reuniões foram feitas... A FUNAI fez um levantamento a partir dos dados que a gente já tinha, e de
outras informações que a gente colheu de outros parceiros, outras instituições, universidades, etc.,
uma lista de etnônimos. Etnônimos. Os nomes das etnias dos povos. Eu tenho uma lista enorme. Então
nós passamos esta lista para o IBGE. Então quando a pessoa for perguntada ‘qual é o seu povo’, vai ter
uma lista que vai abrir no computador. Aí o cara vai dizer lá o povo dele, e vai ver na lista “é esse
aqui”. Aí marca e parece. E aí vai registrar. Se ele for de um povo que não aparece na lista, ele vai
escrever qual é o povo e vai acrescentar na lista. Vai ser esta a forma de identificação. Além disso vai
ter também uma pergunta sobre que língua você fala em casa. Estas perguntas vão acontecer neste
questionário próprio, e isso vai trazer para nós as informações sobre a diversidade lingüística, a
diversidade étnica, com a localização, porque é geo referenciada. Então nós vamos saber aonde estão...
175
determinado povo está em tais lugares, tais territórios, tais lugares, etc. Nós vamos ter um nível de
informação sobre a população indígena brasileira jamais feito, em termos oficiais. É o dado oficial do
IBGE. Isto vai iluminar, vai orientar todas as políticas públicas que precisam ser feitas. Inclusive para a
parte importante da população indígena que vive hoje nas cidades. Que não vive na aldeia, que não
vive dentro da terra indígena, que vive nas cidades. Este informe, então, sobre a pesquisa do IBGE, era
importante trazer para vocês porque é importante que a gente se prepare, porque a FUNAI vai estar
trabalhando junto com o IBGE. Porque cada estado da nação tem um comitê de recenseamento (não
me lembro exatamente o nome), tem um comitê que organiza o recenseamento em cada estado. E a
FUNAI participa deste comitês em todos os lugares do Brasil, onde vai ter (sobretudo nas terras
indígenas) recenseamento.
Então é muito importante que vocês levem esta informação, e a gente pode depois ajudar a trazer mais
informações sobre isso... Talvez vocês já tenham escutado porque saiu uma matéria já na imprensa
sobre o novo recenseamento do IBGE, e já trouxe até esta notícia de que, pela primeira vez, vai haver
uma pesquisa sobre as línguas faladas. E a FUNAI já está se preparando para isto também nas áreas,
nas regiões, nas administrações regionais. Já tem tido reuniões nos IBGEs locais com a equipe da
FUNAI para este trabalho, e este tema é um tema estratégico. Parece uma coisa simples, mas este tema
é um tema estratégico. Eu me lembro que ontem nós tínhamos uma discussão aqui que surgiu sobre
quem é que não é índio. Quem é que não é índio no Brasil. Então a pesquisa da IBGE já é feita
partindo do pressuposto que quem se define como indígena é quem é indígena, e a sua comunidade.
Que é o que está na lei. Mesmo o Estatuto do Índio de 1973 já define: índio é quem se auto-identifica
e é reconhecido pela sua comunidade. Este é um pressuposto que o IBGE está utilizando também.
Então isto é muito importante que seja levado, principalmente pela bancada indígena, para suas
comunidades, orientando as suas comunidades, até porque a gente que sabe que fraude pode existir. A
gente que tem gente de má fé. O princípio é esse, mas pode ter gente que queira se aproveitar, se
utilizar desta oportunidade para fazer alguma manifestação errada no censo. Então vocês poderão
certamente ajudar muito a divulgar este procedimento que vai ser feito no ano que vem. É no segundo
semestre do ano que vem que o pessoal vai para campo fazer a pesquisa. Vai, com certeza. Por isto eu
estou chamando a atenção para isto, Capitão, porque nós não podemos... o Estado Brasileiro... é isso
que eu estou querendo deixar aqui claro para vocês. O Estado brasileiro... o IBGE é um órgão do
Estado brasileiro, oficial, que faz a contagem da população brasileira. A FUNAI é um órgão do Estado
Brasileiro responsável pela política indigenista. Então o Estado Brasileiro, não é ele (deixando bem
claro, isto está na legislação, não só na legislação, mas como do ponto de vista científico,
176
antropológico, etc.), não é o Estado que diz quem é índio e não é índio, quem é indígena e quem não é
indígena. Quem é Potiguara ou não é Potiguara, não é o Estado (nem o IBGE nem a FUNAI) que tem
que dizer. Nem que não é, nem que é. Quem é, ou quem não é, tem que se garantir lá, dizer, provar,
ou não. Então o princípio do recenseamento é o princípio da boa-fé. É o princípio de que quem vai no
recenseamento vai agir de boa fé. Vai dizer, e inclusive dizer que língua fala, qual o seu povo, etc. É
claro que poderá ter algum tipo de atitudes de pessoas de má fé, mas nós não podemos partir deste
pressuposto, senão a gente não vai nem fazer o recenseamento, não faria o recenseamento. Mas o
Estado vai fazer desta forma, porque é desta forma que a legislação brasileira garante e trata. Então
este era o informe que eu queria dar sobre o IBGE, só saber se tem alguma dúvida, porque este é mais
no sentido de informe. Titiah.
Titiah: Presidente, é o seguinte: eu queria ver esta questão do levantamento da aldeia, se vai ter a
participação de alguns membros indígenas, para estar acompanhando. Porque na última vez, lá na
minha aldeia, as pessoas que foram indicadas para fazer este levantamento em muitas regiões não
foram, porque não conhecia. [Queria saber] se vai haver a participação de alguns membros indígenas
para estar acompanhando esta equipe, até se capacitando para fazer este levantamento.
Márcio (Presidente)- Justamente. Importante esta pergunta. Justamente por isso que eu estou dando
este informe aqui. Porque nós temos tempo, o campo só vai ser realizado no segundo semestre do ano
que vem, a FUNAI e as administrações regionais estão orientadas a acompanhar e orientar o técnico
do IBGE, e informar a comunidade (“Olha, vai ter o recenseamento, nós estamos aqui trabalhando
para que os membros da CNPI também possam ajudar nesta informação”), para que a gente possa
evitar ao máximo ter problemas, e a gente ter um resultado bastante interessante e qualificando.
Caboquinho. Depois o Saulo quer também fazer um...
Caboquinho Potiguara: Só uma pergunta, Presidente: a FUNAI está preparada para atender esta
demanda de um milhão de índios?
Márcio (Presidente): Caboquinho, esta é uma pergunta interessante, porque... ela só reforça a força da
pesquisa, do censo. Porque o que acontece? Hoje tem gente que vai pro jornal e diz que tem 200.000
índios no Brasil. Eu vejo por aí. Tem gente que diz na televisão, no jornal... Hoje no Brasil só tem
300.000 índios, outro diz que tem 200.000. Tem gente que diz que não tem índio nenhum. Por
177
exemplo, lá em Santa Catarina o governador disse que não tem índio lá. O Basílio, então, é uma
entidade sobrenatural. Por isso o censo oficial é tão importante. Inclusive é importante para que a
FUNAI, que é o órgão indigenista do estado brasileiro, e também, viu Caboquinho, não só a FUNAI,
mas o estado brasileiro como um todo, os Ministérios como um todo, se preparem cada vez, se
qualifiquem cada vez mais para dar conta das políticas públicas para uma população que está
crescendo. Por isso o censo é muito importante. A questão é: se a FUNAI dá ou não dá conta, e os
Ministérios também dão ou não conta, esta questão vai ficar muito mais clara até de ser tratada com
um censo bem feito com uma população bem definida de forma oficial. Não paira dúvida. Censo do
IBGE. Saulo também se inscreveu, e a Professora Francisca, Sandro e o Anastácio.
Saulo: Saulo, CIMI. (Não fala ao microfone).
Márcio (Presidente)- O próximo é... Francisca. Depois o Anastácio. Agora o Brasílio também se
inscreveu.
Francisca Navantino: Francisca Navantino, Mato Grosso. Eu penso que estas informações que nos
foram colocadas são muito importantes, porque elas vão poder, de fato, caracterizar esta população
indígena. Por mais que a gente corra o risco de aparecer os fraudadores, acontece que, de uma forma
ou de outra, ele vai ter que se identificar de que povo que ele é. E levar em consideração, também, que
a FUNASA já vem fazendo alguns levantamentos sobre isso. Outro dia mesmo eu fiquei sabendo com
meu povo que alguns trabalhos que a FUNASA tem feito em relação à identificação das famílias,
também tem sido identificados quem são os seus parentes que estão fora da aldeia. Quem são. Eu
tenho acompanhado até porque no nosso conselho nós temos uma representante da FUNASA (a Irânia
conhece, que é a Elizete, que hoje está até nos Xavantes fazendo um trabalho lá, e ela tem sido uma
grande parceira para nós). E ela tinha colocado para nós, nesta reunião, que eles tem feito isto. Quer
dizer, a própria comunidade indica, para ajudar, inclusive, nestas identificações, quem são esses
parentes que estão fora da aldeia. “Fulano, Sicrano, onde estão? Em que Município? O que estão
fazendo lá?” Eu acho isto extremamente importante. Eu queria também comentar que este censo pode
dar um suporte muito grande para o censo escolar, porque há muito tempo que nós, do movimento
indígena, de professores, de educadores indígenas, a gente vem reivindicando a mudança no censo
escolar. Aprofundar mais e colocar mais específico o formulário. Ainda hoje tem algumas questões que
a gente não concorda. Tem mudado, mudou muito. Do tempo em que estava o Cléber lá para agora, a
178
gente sabe que teve algumas mudanças. Mas a gente precisa de mais uma identificação. Com isto, você
vai perceber da população estudantil no Brasil, e o aumento da população estudantil nas aldeias.
Principalmente na terceira etapa da educação básica, que é a mais vulnerável, e que a gente não tem
ainda uma definição de uma política de educação de como é o ensino médio. A maioria dos alunos está
fora das aldeias, e a gente não está vendo uma política voltada para as aldeias. Então eu acho que,
neste ponto, este censo, fazendo os cruzamentos que já vem fazendo um trabalho desta natureza, vai
contribuir muito para a gente ter, de fato, a cara da população indígena no Brasil.
Márcio (Presidente)- Professora Francisca, agora é o Sandro. Sandro, depois o Anastácio, depois é o
Marcos Xucurú, Irânia tinha pedido para falar alguma coisa ali, e Ak’Jaboro depois.
Sandro: (não fala ao microfone)
Márcio (Presidente)- Eu vou responder já um pouco me respondendo, porque sou eu mesmo o
expositor... vou fazer o dublê aqui. A pergunta inicial é o seguinte: a legislação brasileira diz que é
indígena ou índio quem se reconhece como tal e é reconhecido pela sua comunidade. A postura da
FUNAI, do estado brasileiro, é a seguinte: aquela pessoa que se identifica indígena individualmente,
isoladamente, e a comunidade a qual ele diz que pertence não o reconhece como tal, o estado tem que
respeitar a opinião da comunidade, para evitar justamente as fraudes que a gente estava se referindo
aqui. E isso não é incomum. Lá em Brasília tem um cidadão que mora lá na FUNAI, na garagem. Lá na
comunidade dizem que ele não é, mas ele não sai de lá da FUNAI. Eu estou dando um exemplo aqui.
Obviamente no recenseamento nós vamos ter um dado geral. O recenseamento é para a gente ter um
dado total da população indígena. É óbvio que tem sempre uma margem de erro, etc.… Agora no caso
a caso tem esta questão que a Ana Paula, na conversa, deve ter colocado, porque ela sabe que a
questão é jurídica, como é no Brasil o reconhecimento. Não é o estado que diz quem é, quem não é.
Então nós temos que respeitar sempre a comunidade. Até porque tem muitos indígenas brasileiros que
não são índios. Por exemplo, os isolados. Eles são indígenas, mas eles não são índios. Eles nem sabem
que existem os índios. Porque indígena é uma palavra que diz respeito àquele que é de origem, da
origem local. E eles não sabem o que são índios ainda, por enquanto pelo menos. Eles podem virar
índios um dia. Então por enquanto eles não são. O que eles são é alguma coisa que a gente sabe
também o nome. Pode ser que seja... O Meirelles é que conhece bem os isolados. Ele é especialista no
assunto. Mas eu estou dando este exemplo como... o que é importante é o auto-reconhecimento e o
179
reconhecimento da comunidade, que é o que diz a legislação brasileira. Com relação à... qual foi a
outra pergunta, Sandro? Teve duas perguntas que você fez. É tudo na mesma linha... E a comunidade
o reconhece como tal. Este também é um outro lado importante, que é, digamos assim, muitas vezes
polêmico. Mas agora eu estou te respondendo aqui como antropólogo. Quando uma determinada
comunidade indígena, tem um membro daquela comunidade que pode ser, por exemplo, um filho
adotivo, pode ser um marido ou uma esposa de um membro da comunidade que não é da comunidade,
que é de fora da comunidade, que não é indígena de origem... Ele pode ser reconhecido por aquela
comunidade como indígena, ele pode adotar aquela comunidade, seus usos, seus costumes, suas
tradições, como dele, e ele passa a ser reconhecido como tal. O que define, portanto, o indígena, não é
esse cocar que você está usando aí, embora ele seja um importante elemento de identificação. O que
define mesmo é esta questão de estar dentro. É óbvio que a legislação faz referência à origem,
obviamente, histórica, remete à uma historicidade, que está relacionada com os ancestrais pré-
colombianos. Isso também. Por isso é tão importante a questão da cultura, das tradições, dos costumes,
que são diferentes por causa disso. Mas isto é uma questão da comunidade, do seu povo, da sua
história. E não do estado brasileiro. Não é o estado brasileiro que define isso. Agora o próximo é o
Anastácio.
Anastácio: (fala fora do microfone) Acho que é importante, porque... principalmente quando falam da
língua. Nós temos um repertório lingüístico muito grande (inaudível). Argentina, Paraguai, Brasil... O
Mato Grosso do Sul (inaudível), tem parente aqui preocupado das pessoas se identificarem como
indígena, (inaudível), e nós ficamos preocupados lá, perguntando se é parente nosso... (inaudível),
orientar... (inaudível)... por causa do preconceito. E parece que no Congresso Nacional tem um
Projeto, que está correndo lá, de levantamento lingüístico... (inaudível) e foi bom passar isso aqui para
incentivar meu povo, (inaudível)... de identificar a língua, falar a língua... e isto traz para nós... que
nós talvez sejamos o maior povo que fala a língua (inaudível). E, como agora que parece que foi
aprovada a língua oficial do Mercosul para ser Guarany, a gente queria reforçar também o projeto do
nosso próprio país... O Paraguai também tem um pouco de preconceito de falar a língua deles. Falam
em casa, na rua é espanhol. E a língua oficial do Paraguai é o Guarany. E eu queria ver como é que a
gente fazia uma campanha também do Guarany, como língua do Mercosul.
Márcio (Presidente)- Esta questão da língua é realmente muito importante. A FUNAI sempre colocou
para o IBGE a importância de incluir a língua falada no censo. Existe um Projeto de Lei no Congresso
180
de incluir no registro do patrimônio cultural brasileiro de cunho imaterial as línguas faladas no Brasil.
Isto está em processo de discussão com o Ministério da Cultura, o IPHAM, a FUNAI e outras
instituições que têm trabalhado nesta linha. E este tema é um tema tão importante que nós
decidimos... hoje não está na nossa pauta, mas poderia estar, e a gente pode trazer... mas já teve pauta
da CNPI anterior. Nós temos uma política indigenista de valorização das línguas e culturas indígenas
em ameaça hoje. Nós estamos investindo, até o final do ano que vem, seis milhões de reais só neste
programa, através da FUNAI junto com parceiros nas universidades. Acho que a melhor política para
esta questão é a de valorização e promoção das línguas e culturas indígenas no Brasil. O censo entra
neste contexto, porque na medida em que ele valoriza isso ele também faz parte deste processo de
valorização. Acho que o próximo é o Brasílio.
Brasílio: (fala fora do microfone)a gente não vai descartar aqui a importância do censo, porque
(inaudível) a Francisca falou, colocando que (inaudível), até recursos para escola, para a saúde, para a
própria estruturação da FUNAI, que acabou que fizeram a pergunta ali se a FUNAI tem condições de
atender um milhão. Eu acho que ele leva para este lado. A gente sabendo... e a única forma da gente
saber realmente é através deste censo. Então é importante, eu acho que isso, politicamente, os povos
indígenas terão mais força na política, e terão mais este respeito até da própria sociedade, sabendo que
os povos indígenas estão em todo o Brasil. A gente sabe da importância do censo, e acho que
(ininteligível).
Márcio (Presidente)- Próximo é Marcos Xucuru e depois o Ak’Jaboro. E a Irânia que tinha pedido
também, não sei se ela está aí.
Marcos Xucuru: Marcos Xucuru, região nordeste - leste. Só queria fazer um comentário sobre a
importância que tem esse censo, tudo aquilo que os colegas já falaram. De nós sabermos, de fato, o
quantitativo de indígenas que nós temos, quantos povos realmente nós temos. Porque temos
trabalhado com isto muito variadamente, não sabemos de fato o quantitativo real que existe da
população. Inclusive para a gente trabalhar, e para esta comissão poder trabalhar, e futuramente o
Conselho Nacional, em cima das políticas públicas, da política indigenista do nosso país. Então eu
acho que é extremamente importante. Portanto a FUNAI com certeza vai ter este acompanhamento
na ponta. Tanto as AERs quanto os chefes de posto de que estão lá nas aldeias, ter um
acompanhamento é importante, eu acho, não perder este acompanhamento. E também as lideranças,
181
os agentes de saúde, acho que envolver todo esse pessoal nessa busca, neste censo, para que de fato
tenhamos uma realidade concreta do quantitativo dos povos indígenas hoje no nosso país. O que a
professora Chiquinha falou, que está acontecendo (não sei em todas as regiões, mas pelo menos em
Pernambuco, no povo Xukuru mais recentemente), a FUNAI já está fazendo um georeferenciamento
das casas, onde tem as fontes de água, enfim... Está fazendo todo um mapeamento que já está sendo
feito. Hoje a gente já consegue acessar, já tem um banco de dados colocado dentro de um sistema que
eu acho que é extremamente interessante, para que a gente inclusive saber localizar aonde está cada
coisa, e fica muito mais fácil da gente desenvolver um trabalho dentro do nosso território e para os
povos indígenas. Então é só um pouco isso, este comentário.
Márcio (Presidente)- A Irânia queria fazer um comentário.
Irãnia: Irãnia, FUNAI. Eu só queria reforçar uma questão importante. Quando a gente ver o censo, ele
vai ser de suma importância exatamente para a gente reconhecer o numero de indígenas no pais, e
para a tomada de decisão. O presidente Márcio colocou esta questão. Quando a gente vai fazer o
planejamento, vai pensar o orçamento das políticas públicas, a gente se baseia hoje em que
informação? Você tem uma informação do CAD único, você tem uma informação do SIASI, que é o
Sistema de Atenção à Saúde Indígena, você tem uma informação na FUNAI, tem uma informação de
outros órgãos, e assim vai... Qual é realmente o número de indígenas, onde eles estão, para que a gente
possa pensar e planeja as políticas públicas para estes povos. Então é fundamental. Vocês viram ontem,
quando a gente discutiu a questão do registro civil de nascimento. Para acessar o registro civil de
nascimento ou qualquer documentação ou qualquer política pública, não é necessário saber só quem é
a pessoa, o cidadão. É necessário também ter condições orçamentárias e financeira para planejar estas
ações e assim promover a cidadania. Então, estando na FUNAI e percebendo o avanço e cada vez mais
os direitos de cidadania... os indígenas querem os seus direitos, que sejam contemplados... nós temos,
enquanto estado, reconhecer e conhecer esta população e se estruturar para isso. E se faz muito
necessária a questão do censo. Hoje, mais do que nunca, eu sou uma defensora do censo, porque...
Para vocês terem uma idéia: nós planejamos... a CNPI foi quem fomentou a questão da área de
promoção de proteção e promoção social na FUNAI. E aí teve uma decisão, hoje nos ampliamos o
acesso, tudo mais... mas baseado em que número de população. Aí o Planejamento pergunta “Qual é a
meta física? Quantos indígenas?” A gente trabalha no chutômetro.
182
E tem outra coisa, e que não só tem... é muito mais fácil para a gente trabalhar com os índios aldeados.
Mas tem índios não aldeados, que moram na periferia das cidades. E aí não tem orçamento que dê
conta disso (agora eu estou falando como gestora). Porque o Ministério Público chega e diz “você tem
que atender aquela comunidade.” Com que orçamento? Como a gente vai priorizar isso? Então, para a
implementação de políticas públicas, é muito importante. Eu acho que, com o censo, a gente vai ter
um dado único. Aí cabe ao estado e seus parceiros. Estou olhando aqui para a Ana Paula, lembrando
que o ISA é um instituto que sempre está muito em cima, olhando este dado, etc., assim como outros
parceiros, outras instituições não-governamentais, sabem a importância disso. Então a gente tem
realmente que... e a partir disso a gente vai utilizar um único dado, não vários sistema de informação.
Outra questão, Sr. Presidente, que eu queria colocar por último, é a seguinte: eu vi a preocupação com
relação a quem são estes pesquisadores. Só para deixar registrado: uma experiência que eu achei
exitosa foi a experiência da Secretaria Especial de Direitos Humanos com o Projeto Rondon, quando
fez a pesquisa para saber o sub-registro de nascimento no estado do Amazonas. O que eles fizeram?
Eles fizeram parceria com o Estado, fizeram parceria com instituições não-governamentais indígenas,
como a COIAB, a FOIRN, várias instituições, capacitaram os indígenas e foram esses indígenas que
foram para as aldeias. Não foram brancos, foram indígenas. E outra coisa importante que a gente
percebeu é que quando eram um indígena que falava a língua daquele povo o sucesso foi maior ainda.
Porque em alguns lugares não deu para ser o indígena que falava daquele povo. Por exemplo, o Saterê
teve que ir para uma aldeia Tikuna, então isto dificultou um pouco. Mas por outro lado ele era
indígena, e como indígena ele sabia como lidar com aquela situação. Mas assim, o que a gente achou
bacana, e acho que a gente pode registrar isso como experiência exitosa (como a gente está na fase de
elaboração, que é isso). Da FUNAI fazer essa parceria com o IBGE e valorizar o máximo possível a
participação dos indígenas. Foi uma experiência exitosa que eu lembrei e quis trazer para vocês. É isto,
obrigado.
Márcio (Presidente)- Realmente tem gente que, como a gente falou, de má fé. E estas a gente tem
realmente que combater. Mas a regra geral é aquela que eu falei, temos que seguir. A fala de todo
mundo aqui só reforça essa maneira como a gente tem trabalhado com o IBGE, e nós vamos sempre
estar aperfeiçoando isso, acho que as sugestões que estão aparecendo aqui estão registradas, e vão estar
sendo consideradas. A gente vai tentar aperfeiçoar o máximo possível esse processo de recenseamento.
Se for possível, inclusive, que indígenas sejam contratados... tem que ver com o IBGE porque eles
fazem um concurso temporário para contratação do pessoal que faz o recenseamento. Quem sabe
183
alguns indígenas podem concorrer e ser classificados aí. Temos que ver lá com o IBGE esse processo.
(inaudível). Marquinhos está dizendo que em Pernambuco o IBGE já procurou alguns indígenas para
fazer...
Marquinhos: Recentemente, lá em Pesqueira, o pessoal do IBGE esteve lá me procurando, que eu
indicasse algumas pessoas para se fazer uma reunião, e que possivelmente a gente poderia indicar
algumas pessoas (claro que tem alguns critérios) para poder fazer um curso e para que eles possam eles
mesmos fazer o censo.
Márcio (Presidente)- Sinal de que o próprio IBGE já está considerando isso como algo que vai otimizar
o trabalho. Bom, vamos fechar aqui este ponto, considerando tudo que foi dito aqui. E vamos passar
para um próximo informe que vai ser feito pelo companheiro Marcelo Manzatti do Ministério da
Cultura.
Teresinha: Dr. Márcio... Teresinha, Secretaria Executiva. Só uma questão de informe, antes que
entrem para o próximo ponto de pauta. Nós recebemos um e-mail do Paulino Montejo, que é assessor
da bancada indígena na CNPI, em que ele coloca: “Prezados. Lamento não poder ter conseguido
comparecer à reunião, como já devem estar sabendo, por erro de nomes na minha passagem. Ou seja,
houve um pequeno erro: ao invés de constar Paulino Montejo, constou Paulino Guimarães, e a
empresa não deixou ele embarcar porque não era a pessoa que estava lá. Contudo, encaminho o
relatório das discussões, ações e encaminhamento do nosso último encontro em Brasília. Espero que
ainda ajude para as plenárias dos próximos dias. Mas interessa mesmo é realimentar e dar seguimento
ao processo que iniciamos no Congresso Nacional. Aguardo as suas considerações e comentários. Por
favor repasse aos companheiros que não dispõem de e-mail. Um abraço a todos e boa reunião.” Então
este é o informe que o Paulino Montejo passou para nós.
Pierlângela: Pierlângela. Só para ficar registrado em ata tudo junto. O nosso outro assessor, que é o
Paulo Guimarães, também não veio porque nós solicitamos que ele ficasse lá para acompanhar esta
questão do acórdão que saiu do STF. Então os dois assessores não puderam vir.
Márcio (Presidente)- Houve uma mutação. Virou uma pessoa só. O Paulino Guimarães. Virou uma
entidade só. Então pessoal, vamos seguir a nossa pauta agora. Seguindo nesta linha dos informes sobre
184
as políticas públicas... O Ministério da Cultura está desenvolvendo já há algum tempo, está em um
processo de evolução muito interessante, de políticas públicas para os povos indígenas... inclusive com
a FUNAI, desde 2007 junto com a FUNAI. Antes era meio separado, mas depois que eu vim para a
FUNAI a gente tem trabalhado junto. E o Marcelo está trazendo então alguns pontos, algumas
informações das políticas, alguns informes para a gente poder discutir.
Marcelo Manzatti: Muito obrigado, Sr. Presidente. Boa tarde a todos. Marcelo Manzatti, da Secretaria
da Identidade e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura. Nessa linha mesmo de, como
convidado, eu peço desculpas pela última reunião. A gente não compareceu porque houve um
extravio do convite, que acho que vai direto lá para o Ministro, e até chegar na peãozada (que sou eu),
às vezes o papel some. Então não fiquei sabendo, não pude vir à última reunião. Desta vez a gente se
organizou e pode estar aqui. Agradeço o espaço para poder das os informes sobre as políticas e ações
que o MIC está desenvolvendo na área da cultura. A principal noticia que eu queria dar a vocês, e
comemorar junto com vocês, inclusive, é a transformação do grupo de trabalho para as culturas
indígenas que existe desde 2005 no Ministério da Cultura, este grupo de trabalho foi, na última
reunião do Conselho Nacional de Política Cultural, transformado em Colegiado Setorial das Culturas
Indígenas. Isto significa o quê? Significa que agora este grupo de trabalho, que era um grupo restrito
de pessoas que tinham uma interlocução direta só com a Secretaria de Identidade vai ter um número
maior pessoas, mais representatividade, e uma interlocução direta com todo o Ministério da Cultura,
com todas as Secretarias e Entidades vinculadas ao Ministério da Cultura, como o IPHAM, a Ação
Palmares, a FUNAC e por aí afora. Este colegiado setorial, só existem 8 colegiados. Existem 19
segmentos dentro do Conselho Nacional, mas só oito colegiados foram criados, e o Colegiado das
Culturas Indígenas é um deles. Para que este colegiado se efetive, vai haver um processo eleitoral de
escolha dos membros deste colegiado, e este processo tem que se dar este ano, ou (até mais tardar)
janeiro do ano que vem, porque ele está dentro do processo da Conferência Nacional de Cultura, da II
Conferência Nacional de Cultura. Que já está em processo, nós estamos na fase municipal da II
Conferência. O organizador da I Conferência foi, aqui, o Márcio, e por conta do bom trabalho que foi
feito a gente já está indo para a II Conferência, e por conta disto também já tem no Congresso
Nacional tramitando uma outra boa noticia. Foi aprovado na Comissão de Educação e Cultura, na
semana passada, o Plano Nacional de Cultura, que foi produto deste processo que veio da I
Conferência. Agora ele vai para a Comissão de Constituição e Justiça, vai para o Senado e não precisa
ir a plenário para ser aprovado. Ele passando nas Comissões o plano já vale, ele é um plano para dez
185
anos... Tendo o Plano Nacional de Cultura aprovado, que é um plano geral de cultura no Brasil, nós
vamos passar para a segunda fase, que é a constituição dos Planos Setoriais. E este Colegiado Setorial é
justamente o espaço, o lugar de formulação deste plano setorial.
É por isso que é importante que a gente, neste processo de constituição do colegiado, a gente ter uma
representação de qualidade neste colegiado para que a gente possa produzir um plano e
conseqüentemente implementar estas ações, estas políticas aí nas próximas gestões. Porque o plano
tem uma validade de dez anos. Ele vai além deste governo, ele vai através pelo menos três governos.
Como que vai se dar este processo? O Colegiado tem vinte membros. Quinze da Sociedade Civil e
cinco do governo. Os membros do governo em geral são indicados pelos órgãos responsáveis e o
membros da sociedade civil através de um processo que eu vou descrever agora, e peço a mobilização
de vocês e a participação de vocês para qualificá-lo. A gente vai lançar uma Portaria convocando as
entidades do setor e as comunidades a enviarem para a gente listas de nomes. A gente vai escolher até
três nomes por estado, para compor uma espécie de colégio eleitoral. Ao todo, se todos os estados
fizerem as indicações a gente vai ter 81 pessoas que vão para uma reunião (estou articulando aí com o
Capitão para ver se a gente faz lá na Baía da Traição, que é um lugar cheio). Também tenho que... né?
Comer um pouco de camarão que lá não tem, quase. Vamos fazer lá, se não em Brasília, ou algum
lugar. Claro, eu estou convidando aqui agora. Então, destas 81 pessoas vão ser escolhidas as quinze
pessoas que serão as titulares e as trinta suplentes (são dois suplentes para cada titular). Então de um
universo de 81 pessoas, 45 vão estar compondo este colegiado setorial da parte da Sociedade Civil. São
três vagas por região: 3 no norte, 3 no sudeste, 3 no sul, 3 no centro-oeste. Isto não dá para mudar, isto
é uma coisa que, já no GT já houve bastante discussão... Infelizmente é o modelo que o regimento do
Conselho Nacional de Política Cultura impõe aos colegiados. Todos os colegiados são assim: o de
teatro é assim, o de cinema é assim, o de dança é assim, o de música é assim, o de cultura indígena e
cultura popular todos vão ser assim. É muito difícil conseguir uma boa representatividade com 15
pessoas que cubra razoavelmente as regiões do país, que cubra os diferentes povos, que cubra as
diferentes línguas e culturas indígenas, a questão de gênero, a questão da juventude, enfim... todas as
matizes que a gente encontra na questão cultural indígena. Então a gente vai ter que fazer um esforço
de fato para poder levar para lá pessoas que tem um grande conhecimento, tanto da sua região quanto
da cultura dos povos da região onde eles habitam, para que a gente possa também formular melhor
este plano setorial das culturas indígenas. Então aguardem, nós vamos comunicar amplamente isso, a
publicação desta portaria. A gente vai abrir um prazo para que vocês encaminhem.
186
O Presidente Márcio estava sugerindo ontem que a CNPI tivesse um papel mais pronunciado neste
processo. Eu concordo com ele. Eu não tenho autonomia para decidir isso, mas posso levar isso para os
meus superiores, e a gente pode de fato acolher, de alguma forma que a gente possa estudar junto aí
nos encaminhamentos, como que a CNPI pudesse indicar nomes, ou avalizar, ou em algum momento
pudesse ajudar o Ministério da Cultura a escolher estes nomes. A gente vai, no processo, obviamente
esperar que os estados tenham lá um processo de concenso. Vamos supor que o Amapá, por exemplo,
chegue lá e reúna as entidades no Amapá e consiga indicar 3 nomes só. Se vier duas listas, três listas, a
gente vai ter que fazer uma escolha. Existem critérios (15 critérios que foram estabelecidos pelo GT),
estes critérios tem pontuações objetivas que a gente vai atribuir e vai escolher os melhores nomes para
compor esta comissão, este colegiado setorial. Isto está dentro, como eu falei, dentro do processo da
Conferência Nacional de Cultura, para a qual eu convoco vocês. A Conferência, até o dia 30 de
outubro, tem que se realizar, nos municípios onde vocês moram, as Conferências Municipais. O prazo
para a convocação foi até ontem. Então se até ontem as Prefeituras e Secretarias de Cultura e Câmaras
de Vereadores dos municípios não convocaram a Conferência Municipal, vocês podem se mobilizar, a
sociedade civil pode se mobilizar, e convocar, junto com o Ministério da Cultura e com as comissões
estaduais, as Conferências. Porque se não houver a Conferência no Município de vocês, vocês não
podem eleger delegado para as etapas estaduais e a etapa nacional que vai acontecer de 10 a 14 de
Março do ano que vem. E, não participando, não elegendo delegado, obviamente a temática indígena,
as questões da cultura indígena não entram na pauta dos temas que vão ser discutidos na Conferência.
Então é importante mobilizar as comunidades, os indígenas, para a Conferência de Cultura, para que,
de fato, a gente possa ter cada vez mais bem colocada a questão indígena no campo da cultura. Chamo
a atenção também para outra Conferência importante que está acontecendo, e que já começou. É a
Conferência de Comunicação, a Conferência Nacional de Comunicação. A gente, no GT, uma das
diretrizes que foi executada na primeira fase foi a criação da Campanha de Valorização das Culturas
Indígenas, devido à grande invisibilidade da questão indígena na mídia, e também devido [ao fato de
que] quando a questão aparece, aparece sempre de uma forma muito negativa. Então todo o trabalho
que, às vezes, a gente demora anos para fazer, vem uma novela tipo uma Uga-Uga da vida e destrói,
em poucos segundos, todo um trabalho de valorização, de reforço da identidade indígena. Então o
problema que a gente tem de concentração dos meios de comunicação no Brasil é tão grave ou até
mais grave do que o problema da concentração de terras. Então abriu-se uma oportunidade, com a
convocação da Conferência Nacional de Comunicação, que acontece de 1 a 4 de dezembro, que a
gente possa discutir estes temas, que a gente possa, de uma certa forma, melhorar o espectro, melhorar
187
a qualidade das relações na área de comunicação no Brasil. Então os indígenas têm que participar
também deste processo, o Ministério da Cultura está mobilizando fortemente os seus agentes para que
eles possam participar e contribuir com o processo da Conferência. Assim como o Plano está no
Congresso Nacional, o Ministério da Cultura está com uma pauta muito pesada lá no Plano.
Então eu pediria a ajuda de vocês, colegas indígenas, que ajudem a gente a aprovar os projetos que
estão no congresso, porque isso tem impacto para a cultura indígena também. Uma lei importante que
está sendo votada a reforma da lei Rouanet, do PROFIC (Programa de Financiamento à Cultura)... no
corpo da reforma da lei Rouanet existe uma proposta que é a criação de fundos setoriais. Do mesmo
jeito que vai ter o Colegiado Setorial, os Planos Setoriais, a gente teria Fundos Setoriais. Hoje existe
apenas um Fundo que é o Fundo Nacional de Cultura, que tem cerca de 200 a 300 milhões de reais por
ano para todos os projetos de todas as áreas do Brasil inteiro, e a gente tem o Mecenas, que capta (pelo
menos ano passado captou) em torno de um bilhão e duzentos, um bilhão e trezentos milhões de reais.
Então a proporção entre o dinheiro que tem no fundo e o dinheiro que é captado via Mecenas está
desigual. A gente quer inverter isso, transformar o fundo num mecanismo mais importante, e
segmentar esse fundo. A gente propôs a criação do Fundo Setorial da Diversidade, Cidadania e Acesso,
que teria, de acordo com nossos cálculos, algo em torno de 500 a 600 milhões, que é a calha por onde
entrariam as propostas e os projetos de cultura indígena. Hoje a gente não tem isso. Hoje a SID, que é
a única Secretaria que trabalha com a cultura indígena no Ministério de forma pronunciada, tem um
orçamento de 7,5 milhões e meio apenas. Para tudo também. Para indígena, cigano, cultura popular,
louco, LGBT, criança, jovem, enfim... 7,5 milhões divididos para todo mundo. Então, na criação do
Fundo Setorial a gente vai para um patamar muito maior de recursos, e a gente vai poder atender
melhor às demandas, os muitos projetos que têm chegado a nós, projetos de qualidade sobre cultura
indígena que a gente não tem condições de atender hoje. O Meirelles mesmo estava lá esta semana
com um belíssimo projeto de exposição (está aqui, Meirelles?), convidar o pessoal para ver a exposição
sobre os índios isolados do Acre, está propondo aí a itinerança da exposição. Uma coisa barata, um
projeto pequeno, barato, e a gente não pode atender, por falta de absolutos recursos, estamos vendo aí
como a gente encaminha isso dentro do Ministério. Então a criação do Fundo Setorial, a aprovação da
reforma da Lei Rouanet é um dos projetos mais importantes que está dentro do Congresso. O que vai
garantir isto também é a aprovação de um outro projeto que é a PEC 150 (Projeto de Emenda
Constitucional 150) que, junto com o Plano Nacional, também foi aprovado na semana passada na
Comissão de Educação e Cultura. A PEC já é mais difícil, ela não passa só nas Comissões. Ela vai agora
para a Comissão de Constituição e Justiça, e depois vai a plenário. No plenário a gente tem um
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problema sério para aprovar porque a PEC diz, ou tenta, vincular 2% do orçamento à área da cultura,
como hoje é a área da saúde e da educação. Saúde hoje tem 12% e Educação 18%. A gente está
pedindo para a área da Cultura 2% no mínimo, e esses 2% (inaudível)... da União, é... então aí a gente
teria, no nível da União, 2%, 1m5% no nível dos estados e 1% no nível dos municípios. Com a criação
do Sistema Nacional de Cultura e a administração deste Fundo Nacional de Cultura, vem os repasses.
A gente ia redistribuir uma parte do dinheiro entre os estados e municípios. Dentro do projeto
também tem um projeto do Sistema Nacional de Cultura, que hoje não existe. O Francisco aqui estava
me contando que eles têm aqui um edital para culturas indígenas. O Ministério também tem. Então às
vezes tem dois dinheiros para um lugar só e às vezes falta dinheiro para os museus, ou falta dinheiro
para a música. Então a gente tem que melhorar isso criando o Sistema para que os projetos do
Ministério sejam de uma natureza, o do estado seja de uma outra, os municípios sejam de outra. Nisso
também o Márcio o Márcio tem muita responsabilidade sobre este processo, pode ajudar muito a
gente aí. Neste sentido a gente pediria, propondo aqui que o Ministério da Cultura, mesmo como
convidado, participe de alguma forma de algumas dessas comissões da CNPI, para contribuir, não sei,
não vi nenhuma comissão com uma proximidade grande com a temática da cultura (talvez
Etnodesenvolvimento )... então a gente está disposto a se juntar à este trabalho para colaborar na
medida do possível. A gente queria também, se eu pudesse dar um informe... Já que você disse que foi
aprovada semana passada a reforma administrativa da FUNAI... estava prevista a criação da
Coordenadoria Geral de Cultura. E a gente ficou sabendo agora que o companheiro Pedro Ortale saiu,
então a gente não sabe se isso vai continuar, se isso vai... era o nosso canal principal ali de articulação
do Ministério da Cultura com a Cultura na FUNAI. A gente estava com projetos bons de cultura
indígena, estava apoiando vários outros projetos lá, então era importante a gente estar afinado neste
sentido. Se pudesse dar um informe sobre isso, seria muito bom.
Um outro informe é a questão dos pontos de cultura indígena, que é uma ação do Programa do Parque
da Cultura, o Programa Mais Cultura, que tem a ver com o Território da Cidadania que foi
apresentado hoje. A gente tem prevista a implantação, até o ano que vem, de 150 pontos. Trinta deles
já iniciaram o processo de implantação, e a gente espera até o final deste ano começar mais sessenta e
sessenta ano que vem. A gente já recebeu as propostas das entidades que a gente convidou, está ainda
recebendo outras, estamos avaliando e montando o mapa destes pontos para que eles ocupem,
sobretudo, os Territórios da Cidadania. Tem 10 que vão ser implantados lá na Raposa, que é um dos
territórios indígenas, já fizemos contato com o CIR recentemente para o início da instalação dos 10
pontos lá na Raposa. No Rio Negro já tem 4, e nós esperamos chegar depois com mais alguns. Estamos
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trabalhando também com pontos de cultura em áreas urbanas, através do Projeto Índios Online e
através também do projeto Índios na Cidade, em São Paulo. Tem uma série de contatos com
comunidades indígenas em áreas urbanas. Então este processo dos pontos está neste pé, a gente já está
na fase de elaboração dos contratos e finalização dos mapas, de instalação dos pontos. Prêmio Culturas
Indígenas, o edital nosso Prêmio Culturas Indígenas, a gente não vai abrir edital este ano, mas a gente
vai premiar este ano assim mesmo. A gente vai fazer uma re-avaliação dos muitos projetos que a gente
recebeu na edição passada (a gente recebeu quase 800 preços, só 102 foram premiados), então a gente
tem um passivo de uns 700 processos, alguns deles de muito boa qualidade (o Saulo trabalhou,
participou da Comissão de Seleção), tem projetos lá que podem ser premiados. A gente conseguiu mais
um milhão da Petrobras, a gente tem dois milhões e meio da Petrobras para fazer este trabalho com o
Prêmio Culturas Indígenas. A gente teve uma crise, e com a crise econômica muitos patrocinadores
saíram do cenário cultural, provando que esta Lei Rouanet tem que ser reformada mesmo, porque
quando o cara... saiu todo mundo, até a Petrobras. Ficou todo mundo na mão, então o prêmio parou.
Agora a Petrobras está voltando, o pessoal está reavaliando as suas posições nesta área do patrocínio. A
Petrobras, a gente já tinha um milhão e meio, acenou com mais um milhão, estamos com dois milhões
e meio para refazer este trabalho do Prêmio Culturas que vai acontecer ainda este ano. E para o ano
que vêm, já está previsto no nosso planejamento mais um edital, um edital mesmo com mais ou menos
o mesmo tanto de recursos, para a gente finalizar o trabalho de edital nesta área. Fizemos também
agora, recentemente (o Caboquinho estava), no Rio de Janeiro, a 1ª Reunião de Trabalho do Grupo de
Museus e Espaço de Memória Indígena. Isto foi uma demanda que saiu de dentro do grupo de
trabalho (do GT). Reunimos 14 experiências diferentes de museus e espaços de memória construídos
em aldeias, que tem lá as suas características e suas dificuldades. Não sei se vocês lembram que no
texto do Estatuto dos Povos Indígenas existem uma série de considerações e recomendações sobre o
trabalho que tem que ser feito nestes espaços. São experiências muito interessantes que demandam
um apoio e uma parte, inclusive, dos pontos de cultura que a gente vai destinar para instalação nestas
áreas e nestes espaços de memória indígena.
Gostaria de dizer também que a gente mudou a data e o local do Encontro dos Povos Guarani da
América do Sul. Infelizmente, por uma série de problemas políticos sérios que a gente está
enfrentando lá, problemas graves de bloqueio tanto da parte do governo do Estado, mas sobretudo do
município de Dourados, onde iria acontecer o Encontro. O Encontro mudou, vai ser feito agora em
Diamante do Oeste, no Paraná, na Aldeia Ayetetê (grafia incerta), com o apoio, agora, da ITACUB
Nacional. Isto vai agora para fevereiro do ano que vem. O Encontro seria agora... continua lá. O
190
Avamarandu, que é uma parte do... este projeto deste Encontro estava dentro de um projeto maior
chamado Avamarandu (Os Guarani Convidam)... Esta ação continua no estado do Mato Grosso do Sul,
em várias aldeias, sobretudo na região de Dourados. R$1.100.100. É um projeto também incentivado
via Lei Rouanet. Ele vai continuar lá, a parceria aqui com a FUNAI, e o Encontro, só o Encontro, que
vai reuni 750 lideranças Guarani do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai mudou para fevereiro do
ano que vem e vai acontecer neste local do Paraná. Gostaria de dizer também que o Ministério da
Cultura conseguiu, agora, um canal da TV, o Canal da Cultura, que vai começar a funcionar em Maio
do ano que vem, e neste canal de cultura a gente vai ter um programa específico para a cultura
indígena. Este debate está começando lá dentro, a gente vai consultar vocês brevemente sobre isso, e a
gente espera que este programa tenha um espaço importante para a divulgação e difusão da profissão
áudio-visual, de todas as questões indígenas ligadas à área da cultura. Existe também um Projeto
tramitando dentro do congresso que é o Canal Indígena. É um canal inteiro, indígena, de uma pessoa
que tem uma concessão, que é o Marcos Altberg. Está sendo feito um estudo para a criação deste
canal, e a gente está destinando um recurso inicial para montar um banco de dados de imagens e com
trabalhos sobre cultura indígena para alimentar a programação deste canal que deve entrar no ar
brevemente. Isto é uma iniciativa privada de um cara que tem uma concessão e que o Ministério da
Cultura está apoiando, e a gente vai precisar também da ajuda de vocês para trabalhar com isso.
Queria dizer também que a gente foi convidado para atuar também na carteira indígena e no CEGEN,
Conselho de Gestão de Patrimônio Genético, então o Ministério da Cultura, além da CNPI, está nestes
espaços, podendo levar também a pauta da cultura.
Acho que é mais ou menos isso. Tem várias outras coisas, várias outras ações, tem a campanha de
valorização que agora vai para o rádio, que a gente vai levar da televisão para o rádio, que é um meio
mais acessado pelas comunidades indígenas. A gente esteve em Boa Vista fazendo o seminário da
diversidade cultural e lá recebemos uma proposta que achamos muito interessante, que foi realizar o
primeiro Encontro de Cultura das Fronteiras... a questão fronteiriça lá é muito importante para eles,
em outros lugares também, Mato Grosso do Sul, etc. A gente sabe que tem mais de 30 povos indígenas
que estão em ambos lado da fronteira, são 39 se não me engano, que estão no Brasil e outros países. É
preciso fazer uma reflexão sobre essa situação e como que a gente trabalha políticas, num contexto do
Mercosul (alguém perguntou a questão do Mercosul, acho que foi o colega lá). A questão da língua
Guarani, ela é uma língua oficial do Mercosul já. Isto foi aprovado na última reunião dos Ministros de
Cultura do Mercosul que aconteceu em Assunción, no Paraguai. Então o Guarani já é uma língua
oficial do Mercosul cultural. Agora as políticas que vão ser implantadas para que isso se efetive é que
191
vão começar agora. A gente precisa discutir isso junto. E é isso, esta questão do Grupo das Línguas,
que foi falado bastante aqui. Existe um grupo dentro do IPHAM trabalhando o inventário das línguas
indígenas para a criação do livro de patrimônio material, o quarto ou quinto livro do patrimônio
material, que séria o livro do registro das línguas. Estão sendo feitos uma série de estudos, tem várias
entidades representativas neste grupo... A gente vai procurar, na medida do possível, ir trazendo as
informações sobre o resultado disso. Este grupo era para ter se encerrado agora, e ele foi prorrogado
por mais um ano. As conclusões destes estudos e destes... vão ser finalizados só no ano que vem. Então
era isso, para início, muito obrigado pelo espaço, desculpa se eu passei o tempo.
Márcio (Presidente)- Obrigado Marcelo. Acho que estas palmas são muito representativas e merecidas
porque a gente vê aqui como o Ministério da Cultura, como eu falei no início, tem evoluído muito
positivamente na inclusão da questão indígena dentro da pauta, da agenda, do Ministério da Cultura.
Eu sou testemunha porque eu fui trabalhar no Ministério da Cultura em 2003, quando o governo Lula
começou, e eu me lembro que naquela época falar de indígena no Ministério da Cultura era a mesma
coisa que falar de E.T. E hoje a gente vê o Ministério da Cultura inserido plenamente aí (claro que
ainda tem muito a avançar), mas tudo isso aqui que foi colocado pelo Marcelo aqui são anúncios muito
importantes. Diante disso, antes de abrir algum comentário, alguma sugestão, eu queria fazer uma
sugestão, antecipar uma sugestão aqui para a CNPI, que é a seguinte: que a gente crie uma
subcomissão de cultura da CNPI. Acho que chegou a hora, acho que já está até atrasado nisto. Antes, a
gente teve aí uma dificuldade, até pelas nossas agendas (geralmente agendas de emergência), a gente
não criou até hoje uma subcomissão de cultura. Nós temos uma subcomissão de educação, nós temos a
subcomissão de saúde, e eu acho que até por tudo isto que foi apresentado aqui, pela pauta cada vez
maior da questão cultural, eu queria aqui antecipar uma sugestão de que a gente possa criar uma
subcomissão de cultura na CNPI. A gente vê aí, inclusive, o Ministério da Cultura, que já é nosso
convidado, se inserir diretamente nesta subcomissão. E ao mesmo tempo responder tua pergunta
dizendo que o que foi aprovado na semana não foi a re-estruturação, foi a criação de cargos. Então
estes cargos é que vão permitir fazer uma organização rodando, funcionando melhor na FUNAI.
E a avaliação que a gente tem em relação à questão da cultura é de que a FUNAI como um todo
precisa trabalhar esta questão da cultura, não adianta ter só um setor. Nós temos vários setores que
trabalham com a questão da cultura. O Museu do Índio é muito ativo na questão da cultura, e outros
setores... a Coordenação Geral de Artesanato. E sobretudo nós avaliamos que é importante que o
Ministério da Cultura seja o principal executor da política cultural para os povos indígenas no Brasil, e
192
a FUNAI ser parceira e ser a entidade que articule, que coordene esta política indigenista como um
todo. Acompanhe, esteja junto... Eu quero reforçar o que foi dito aqui pelo Marcelo, inclusive com
relação ao CNPC, que é o Conselho Nacional de Política Cultural, que foi uma conquista nossa do
governo Lula. Esse setorial de culturas indígenas do Conselho Nacional tem que ser levado a sério.
Acho que é muito importante ele ser constituído, ele vai dialogar certamente conosco aqui, com esta
subcomissão de cultura que pode eventualmente ser criada pela CNPI. Acho que este é um momento
da gente reforçar essa ação, deixar isto como um legado importante da CNPI e também do governo
Lula no próximo período. Eu vi que se inscreveu aqui o Marcos Wkuru, o Anastácio, o Arão e o
Caboquinho.
Marcos Xucuru: Marcos Xucuru, região nordeste/leste. Eu estava, na exposição que foi feita aqui do
colega... eu estava comentando com a professora Chiquinha que, de fato, a Comissão Nacional de
Política Indigenista não teve tanta... ficou um pouco afastada mesma desta questão da cultura para os
povos indígenas. A gente trabalhou, no estatuto, alguns elementos. A gente teve algumas dificuldades,
inclusive... Foram grandes debates, posteriormente tivemos a necessidade de chamar o pessoal do
Ministério da Cultura para poder contribuir também naquilo que nós iríamos propor para o Estatuto
dos Povos Indígenas. Eu acho que ainda tem muitas coisas que nós poderíamos estar colocando através
de Emenda, quando o Estatuto começar de fato a tramitar no Congresso Nacional. Mas, este
encaminhamento dado pelo Presidente era justamente de uma coisa que eu falei muito rapidamente
com a Professora, que a Comissão Nacional tenha esse acompanhamento mais sistemático, mais direto,
com esta questão da cultura para os povos indígenas, até diante da exposição que foi feita. Quando se
coloca na perspectiva de ter um canal, por exemplo, televisão para trabalhar a questão da cultura... até
para a gente saber o que entra, o que vai ser colocado, quem são estas pessoas, como se dá isso... até
porque hoje, com esta questão dos pontos de cultura que estão sendo criado, isso vai tomar uma
amplitude muito grande. Porque se trabalha em rede, então isto vai estar movimento muitas coisas,
via internet (por exemplo), que hoje é muito acessado. E temos também alguns projetos que nós temos
adquirido, como grupos de audiovisual. Por exemplo, lá em Xucurú, nós temos um grupo de
audiovisual, que nós temos jovens, a juventude, fazendo filme. Tem ilhas de edição, está fazendo
nossos próprios filmes, comentários. Tem que ver como isso vai ser trabalhado. Tem muita coisa para
nós nos aprofundarmos, discutirmos com relação à isso. É importante ter essa visibilidade da questão
indígena no pais, há tempos a gente tem falado sobre isso. Inclusive foi levantado, nas ultimas
reuniões, de termos essa inserção na mídia, trazendo os casos como o caso do povo lá do Mato Grosso
193
do Sul. Fazer uma campanha, foi trabalhado isso também. Então eu acho que nós temos muitos
elementos para que a sociedade brasileira tenha essa dimensão e compreenda a diversidade étnica e
cultural no nosso país e que não fica muitas vezes no discurso dos nossos parlamentares, dos nossos
políticos, e que na prática isso muitas vezes não acontece, até, muita vezes, pela falta de informação,
de conhecimento das nossas diferenças que existem nos diversos lugares do nosso país. Então o
encaminhamento que foi dado era justamente nesta perspectiva que eu estava pensando também, mas
como o presidente já adiantou a proposta da criação de uma subcomissão para tratar justamente deste
tema. Era justamente isso que queria colocar para a apreciação da plenária aqui na CNPI.
Márcio (Presidente)- Obrigado Marcos. Próximo é o Arão, depois o Caboquinho.
Arão: Bom, minha pergunta é para o rapaz que falou agora há pouco. Marcelo Manzatti, Ministério da
Cultura.
José Arão Marizê Lopes, Guajajara do estado do Maranhão. É uma pergunta em relação à participação
da Conferência Nacional. Qual o passo inicial? É participar da Conferência Municipal e daí se estende
para a estadual, e da estadual vir para a nacional, ou serão feitos.... Repetindo, a nossa participação na
Conferência Nacional que vem a ser efetivada. O processo inicial é a participação nossa, enquanto
indígena, nas Conferências Municipais, depois nas Estaduais e conseqüentemente na Nacional, ou vai
ter uma Conferência específica só para os indígenas, a nível do estado ou do município? É a dúvida
que eu tenho. O segundo ponto é em relação à nossa participação nessa Conferência Nacional de
Comunicação que vai ter, se o critério também é o mesmo. Porque a gente entende que o espaço for se
conquistando, tem que ser acompanhado por todos nós, independente de ser CNPI ou não. Mas eu
acredito que as portas e janelas que vão se abrindo, a gente tem que ocupar, principalmente quando se
trata da questão da comunicação. Seja trabalho através da radio comunitária, ou trabalho televisivo,
ou outra coisa desta natureza... Porque a gente precisa, não só para comunicação interna mas também
para informes extra-aldeias, ou alguma coisa desta ordem. Porque o que se vê aí, infelizmente, é a
mídia fazer uma campanha e ver nós, indígenas, somente do lado negativo. Não vêem que nós
também temos o lado positivo que é muito maior que o lado negativo que a mídia constrói de forma
tendenciosa, e nos prejudicando cada vez mais. E o terceiro ponto, em relação ao julgamento à estes
trabalhos que são enviados para o Prêmio Cultural Indígena. Eu faço um pedido, que fosse
encaminhados a todos nós os prêmios que tenham sido julgados e os atendimentos por região, para a
gente ter uma noção do que é feito de fato. Se tem participação indígena (eu sei que tem), mas... O
194
Caboquinho, por exemplo, até o ano passado ele achava que era um dos julgadores e de repente não
era mais. Nem comunicado foi. Passaram uma rasteira nele, igual à rasteira do Garrincha. Quando ele
tentou driblar, levou uma queda de 360º. Obrigado.
Márcio (Presidente)- Caboquinho, próximo inscrito.
Caboquinho: Não se preocupe, Presidente. Ele não tomou o remédio dele ainda hoje, por isso ele está
assim. Eu queria falar... Caboquinho, região leste-nordeste, Paraíba. Marcelo, só queria dar uma
contribuição também, até porque nós estivemos reunidos na semana passada. Eu queria só refletir um
pouco aqui acerca da questão dos museus e dos centros culturais. Na realidade, muitos povos
indígenas, principalmente da região nordeste, hoje, praticamente, não têm sua história escrita, de fato.
Mas a história memorial, no caso, as memórias. É tanto que, se você for fazer hoje na Holanda, em
Portugal, na França, você vai encontrar mais argumentos do que dentro do seu estado ou da sua
cidade. Nós levantamos este ponto, e isto ficou garantido pela parte do Ministério da Cultura, que
também se ia viabilizar recursos para que a gente fizesse este tipo de estudo, para que seja empregado
principalmente na questão de sala de aula, na questão da etnicidade daquele povo, da história étnica
mesmo. No caso de nós, Potiguar, nós temos um acervo muito grande, mas o nosso acervo está na
Europa. Tudo o que nós temos aqui são coisas que... são coisas que já estamos até ultrapassando a
questão histórica mesmo, daquilo que nós sabemos. Mas ficou muito claro, e ficou claro também que
estes povos que tem igrejas antigas, que hoje estão praticamente em ruínas, ali pode ser um museu.
Pode ser um museu também. Museu não é só aquele lugar onde se colocam os livros e se faz pesquisa
não. Pode ser um museu, no caso... nós temos os canhões aí da Segunda Guerra Mundial, etc. Ali é um
centro histórico. Ali pode ser museu, pode se estudar. Nós temos ruínas de igrejas feitas há 300, 400
anos atrás. Isso pode ser museu. Isto ficou garantido, Marcelo, para que o próprio Ministério venha a
compartilhar, principalmente nesta questão do re-estudo das histórias, principalmente daquele povo
que não tem sua história escrita. Era mais nesse lado. Obrigado. A proposta da criação da subcomissão
é importante, de antemão já quero me integrar também. Estou fazendo parte desta discussão junto
com o pessoal do Ministério da Cultura, e quero contribuir.
Márcio (Presidente)- Obrigado Caboquinho. O próximo inscrito é o Toya.
195
Toya: Até que enfim chegou minha vez. Boa tarde. Praticamente o que eu ia perguntar, o Marcos
perguntou, mas eu queria reforçar a questão da criação da subcomissão de cultura dentro da CNPI, e
também me coloco a disposição de uma outra questão, que os recursos do Ministério da Cultura
também sirvam para pesquisadores indígenas. Fazer este levantamento que o Caboquinho falou,
porque quando a gente entra no edital tem que ser cara que tem nível superior, historiador, coisa e
tal... Então que também se abrisse este espaço para os pesquisadores indígenas. Sr. Presidente,
solicitaria depois um espaço para dar um informe sobre o GT.
Márcio (Presidente)- O próximo é o Sandro.
Sandro: Sandro, da região leste-nordeste. Eu também ia na (inaudível). É verdade. Rapaz, eu acho que
antes de Marcelo tomar esta decisão de uma provável reunião lá na Paraíba, eu acho que ele devia ver
esta foto.
Márcio (Presidente)- Caboquinho, nós tiramos foto lá, não foi? Sentando no canhão.
Sandro: Fique à vontade, Caboquinho.
Caboquinho: Eu só queria somente dar o informe para vocês que foi aqui, nestes canhões, onde surgiu
o nome de Baía da Traição. Américo Vespúcio que escreve a primeira Litera Paraibana. Dentro da
primeira Litera Paraibana, ele traz a questão dos franceses que foram mortos ali, e foram assados e
comidos pelos Potiguaras. E daí que surge o nome da Traição. E baía, porque é baía, era uma baía
mesmo. Porque o verdadeiro nome da Baía da Traição não era Baía da Traição, se chamava
Akaiotibiró, que tem o significado de caju azedo, ou sabor desagradável. Então isto é um ponto
histórico. Daí Presidente, já levaram quatro canhões. E agora nós fizemos esta base aí para que não
levasse mais. Aquilo ali foi o pessoal do Exército, da Marinha. Tem uns canhões destes aí em... Eram
seis ou oito. Agora são só os três que tem. É do período colonial ainda. Tem umas histórias destes
canhões. Pegaram os índios, amarravam ali na ponta do canhão e ateavam fogo. E os índios caíam só o
pó, dentro do mar. Porque ali embaixo é o mar, é a praia. Tem também esta história também.
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Márcio (Presidente)- 0Obrigado Caboquinho, pela aula de história. Vocês sabem que o Caboquinho é
professor de História. Para quem não sabe o Caboquinho é professor de História. Meu colega, porque
eu também sou formado em História. Tem outros historiadores, aqui, eu estou vendo. Sandro.
Sandro: Retomando. Eu já me sinto contemplado em parte, por conta da fala de Toya e de
Caboquinho, da questão de historiador... Então é pedir para abrir dentro do MIC, o edital com um
recurso maior, com condições de contemplar a relação de atividade assim... dos 25.000 que são
ofertados para o Programa de Prêmio de Cultura, o que eu acho que é mais do que justo. Tem algumas
atividades que se tornam, acabam não sendo concluídas por conta do valor. Excede uma etapa, fica
esperando a outra etapa, acaba se desmotivando daquilo que é para ser feito e pensado. Eu acho que,
até lá, uma alternativa são parcerias. FUNAI, não sei. Outros mais. Mas enfim, o que eu queria
realmente recordar é que, no caso especial da região da qual eu faço parte, que é o Nordeste, a gente
sempre viu com bons olhos a questão do Prêmio de Cultura, e quero parabenizar o Ministério da
Cultura pelas inúmeras ações que vêm sendo feitas. Temos muitas articulações feitas com o então
Secretário de uma das Secretarias de Cultura, o Sérgio Mamberti, e acho que foi por aí que a gente
acabou fazendo um trabalho junto com o Museu Nacional do Rio de Janeiro, na pessoa do Pacheco. A
Mostra Indígena dos Índios do Nordeste... que eu acreditava que ia ter um incentivo maior por parte
do Ministério. Eu esperava que houvesse um incentivo maior, uma vez que a maioria das amostras que
se têm são dos Índios da Amazônia. E como há um grande acervo... não tão grande, mas dentro do
esperado, a gente esperava até uma menor quantidade desta amostra... a gente realmente acreditava
que ela fosse ser itinerante. Que ela pudesse ter sido apresentada em Brasília, que ela pudesse ter
corrido os quatro cantos do país. Quem não viu a Mostra Indígena dos Índios do Nordeste, acho que
está perdendo. É um acervo muito bacana, foram coletadas dos quatro cantos do Nordeste e do Leste.
Com o artesanato, com os adornos, com a tradição escrita, com imagens muito bacanas, e que era um
pouco para quebrar esta história que os índios do nordeste não detém em si culturas do artesanato, de
canto, de língua, de dança. E no meio dos índios do nordeste, séria uma oportunidade de aproximar
índios de outras regiões, do sul, do norte e do nordeste. E eu peço que esta mostra indígena, que ainda
está aí circulando nas articulações com o Pacheco. Acho que um dos principais apoiadores era a
Petrobrás, não sei se conseguiram outros. Que a gente poderia estreitar estes laços do Ministério da
Cultura... (inaudível) Fundação Joaquim Nabuco (bem lembrado, Lylia). Teve uma mostra no Ceará,
teve uma mostra em Pernambuco, não sei se houve outra. (inaudível) Agora, Rio. Agora vai ser no
Rio. Já está acontecendo. E nós estamos querendo trazê-la para Brasília. É incrível, acho que nós
197
estamos querendo até quebrar, para sentir que o Museu do Índio é do índio. É do Xingu, é de outras
regiões, mas do índio está difícil ainda. Que a gente quer que esteja lá a Mostra dos Índios do Nordeste
também. E eu quero dizer, Marcelo, que eu também me sinto muito contente de saber que o
Presidente está pleiteando, aí já propondo a criação da subcomissão. Atualmente estou como professor
de cultura no meu povo, e se tiver a oportunidade de fazer parte desta comissão eu quero fazer parte
dela.
Márcio (Presidente)- Certo. Próxima inscrita é a Simone. Tem o Anastácio, o Carlão e a Quenes.
Simone: Simone Karipuna, região amazônica, Amapá. É só mais um comentário na realidade.
Parabenizar esta iniciativa do Ministério da Cultura de estar com este interesse muito grande na
questão indígena. Na região do Amapá nós temos o Museu, o Museu dos Povos Indígenas do
Oiapoque-Koahi, que tem um papel muito importante na valorização da cultura, e que teve também,
de inicio, para que chegasse a este ponto que está... O presidente da CNPI que está aqui teve um papel
muito importante quando estava trabalhando com a Cultura, para hoje a criação do Museu Oiapoque.
Nós temos aqui presente o diretor do Museu dos Povos Indígenas do Oiapoque, que é todo gerenciado
por indígenas, o que é muito importante para a gente. Isto é muito importante para a nossa cultura.
Também registrar que, no inicio deste mês, também foi inaugurado o Centro de Formação de Pesquisa
do Povo Wajãpi. Então só para dizer da importância de se criar uma subcomissão para discutir a
questão da cultura, e isto vai ajudar a valorizar muito mais estas ações na região toda do Brasil, e
também na região do estado do Amapá. Obrigado.
Márcio (Presidente)- Próximo é o Anastácio.
Anastácio: (não fala ao microfone).
Presidente da Mesa: Próximo é o Carlão, depois a Quenes. Tem a Lylia, também. Desculpa, Lylia.
Carlos: Boa tarde, Sr. Presidente. Carlos Nogueira, MME. Eu não tinha me inscrito exatamente para
esperar que as pessoas falassem, se o assunto tivesse sido contemplado eu não... É que eu fiquei muito
assustado com a dinâmica do Marcelo falar, da quantidade de Programas e Projetos que ele falou... E
eu duvido (que eu prestei atenção) que alguém tenha memorizado tudo que ele disse. É muita coisa,
198
muito programa, muita ação, e que eu acho que mereceria o Marcelo fazer uma exposição de motivos
e anexar à ata da CNPI, para que a comunidade indígena entenda tudo o que está acontecendo com
relação à Cultura neste intercâmbio, inclusive com essa criação desta subcomissão. Só isso.
Márcio (Presidente)- Valeu Carlão. Lylia, depois a Quenes.
Lylia: então, era sobre a questão da exposição dos povos do nordeste, que talvez a gente pudesse (não
sei se o Marcelo pode ajudar), em que âmbito exatamente está esta questão da exposição. Quem sabe a
gente pudesse levar para as consultas da política nacional de gestão ambiental. A do nordeste já está
muito em cima, mas talvez para compor o contexto da consulta e levar para o conhecimento de outros
povos. Porque infelizmente, às vezes tem até a resistência de outros povos, considerados mais
tradicionais, em relação à estes povos indígenas do Nordeste. Então era uma sugestão neste sentido. E
dizer que eu amei a idéia do Museu do Oiapoque ser com índios. Eu acho que é fantástico, porque
geralmente a idéia, o imaginário que a população tem de museu, é de coisa que já não existe mais. A
presença viva dos índios na direção e no trabalho de museus indígenas, eu acho que é maravilhosa.
Era mais neste sentido, também faço minhas as palavras de todos que colocaram a importância dessa
subcomissão, e que a gente trabalhe junto com o Ministério da Cultura. Já está no Conselho? Eu
queria falar uma coisa bem rapidinho que eu esqueci em algum momento, com relação à questão do
Conselho. Imagino que não vamos ter grandes problemas na aprovação do Conselho, como talvez
tenhamos na do Estatuto. E que a CNPI já preparasse alguma coisa para a instalação desse conselho
fazendo um histórico do trabalho que a CNPI realizou. Eu acho que com todas as nossas auto-críticas,
e às vezes, críticas, “Ah, a gente pediu isso, não encaminhou”, essa coisa normal dentro da comissão,
mas eu acho que a gente fez muita coisa. Em dois anos...
Márcio (Presidente)- Dois anos e meio já.
Lylia: Está aí o Estatuto. A própria criação do Conselho já no Congresso. A política nacional de gestão
ambiental em andamento, e várias outras coisas. Até documentar... tem muita foto, tem vídeos. Fazer
um documentário, alguma coisa que pudesse deixar também na memória dessa história das relações
Estado e povos indígenas, o significado desta Comissão. Obrigada.
Márcio (Presidente)- Isto também é cultura, não é, Lylia. Quenes. Brasílio depois?
199
Quenes: Quenes Gonzaga, da Secretaria Geral. Acho que até o Márcio deve ter alguma resposta sobre
isso, Márcio. Espero que o que eu vou falar aqui seja complementar, ou que se adeque ao que a
Presidência da FUNAI está pensando. E não sei o Marcelo vai falar sobre isso. Mas o Arão falou da
participação na Conferência de Cultura, claro que o Marcelo vai responder sobre isso, mas ele falou
sobre a participação na Conferência de Comunicação. Eu não sei aqui se o Márcio já tem uma
estratégia para isso, para a participação dos indígenas. Se você tiver, me desculpe sobre o que eu vou
dizer, mas eu consultei lá em Brasília... Porque a Secretaria está fazendo parte da Coordenação da
Conferência de Comunicação junto ao Ministério das Comunicações. E nós estamos dialogando com
os diferentes grupos dos movimentos sociais a participação deles. Esta é uma Conferência
extremamente importante para o conjunto do governo, e acho que ainda mais importante para os
movimentos sociais... E a gente já sabe que determinados seguimentos vêm se preparando não é de
hoje para intervir, no bom sentido, nesta discussão de comunicação. Não sei ainda o acúmulo que se
tem sobre isso aqui, mas de qualquer forma a Secretaria Geral se coloca à disposição para trabalhar em
conjunto com você e essa CNPI para não só assegurar a participação dos indígenas como também
discutir como séria essa participação. Porque nós sabemos que na modalidade dos indígenas saírem
delegados nos municípios e nos estados, em conferência nenhuma tem dado muito certo. Então o que
eu conversei com o Gérson? Perguntei a ele: “Já tem esta demanda?” Ele disse que não tem
conhecimento, acredita que não. Mas que, uma vez que ela se materializando aqui pela CNPI, nós
poderíamos contribuir (a Secretaria Geral) para que fosse feito o melhor processo possível no sentido
da representação dos indígenas, seja ali uma conferência livre, seja uma consulta indígena, ou
assegurar que alguns indígenas (aí depois vocês vêem como é essa retirada) participem como
convidados, e a Secretaria Geral ajuda, contribui aí, junto com a FUNAI, para assegurar a participação
de vocês. É agora em dezembro. Queria também (não sei se serve como recomendação) aproveitar que
esta subcomissão vai ser estruturada... uma outra coisa que eu penso também que nós poderíamos era
já começar a discutir um pouco sobre isso. Não sei se dentro dessa subcomissão ou outra, mas para ter
um documento. Porque isto está sendo pelo segmento feminista, pelos negros, e enfim, outros tantos
grupos que sabem que não vão ter grande maioria participando em Brasília, mas eles já são setores que
estão fazendo esta discussão. Sei que muita coisa vai rolar, mas de qualquer forma, Presidente, eu
queria aqui registrar o interesse da Secretaria Geral em contribuir com a participação dos indígenas na
Conferência de Comunicação. Obrigado.
200
Márcio (Presidente)- Obrigado Quenes. Brasílio.
Brasílio: (não fala ao microfone).
Presidente da Mesa: Agora tem dois que já falaram, mas que pediram para fazer uma proposta rápida.
É o Saulo e a Lylia. É outro assunto. É outro que é mais ou menos o mesmo. Aliás o Saulo não tinha
falado ainda. (inaudível). Isto não está previsto. Como eu falei hoje de manhã, quando foi colocada
esta questão da saúde, eu falei o seguinte: “esta reunião extraordinária aqui, ela não está na pauta
previsto para tratar da questão da saúde.” Esta pauta não estava incluída. Nós temos aqui nesta reunião
extraordinária relatos de subcomissão. Então eu disse que poderia haver, até pela presença do
Wanderley, isso pode ser feito amanhã... é um informe, tanto o Arão, da subcomissão também, sobre o
processo de andamento relativo à questão da saúde. Acho que se tiver este informe vai ser amanhã,
porque hoje nós estamos com a agenda cheia. Claro, as conversas paralelas de bastidor são autorizadas.
Não tem nenhum problema. No âmbito da CNPI, no contexto mais amplo da CNPI. O Saulo quer
fazer uma proposta, a Lylia também.
Saulo: (não fala ao microfone ou microfone com defeito).
Márcio (Presidente)- só para tratar deste assunto. A FUNAI tem conhecimento disso, a assessoria
parlamentar nossa, FUNAI-MJ, já está produzindo uma nota técnica para o deputado que faz o
parecer, para que se explique a ele essa questão para que se dê o parecer favorável.
Saulo: (não fala ao microfone ou microfone com defeito).
Márcio (Presidente)- a Lylia tinha uma proposta.
Lylia: é sobre esta questão da Conferência. Eu... não sei nem se eu posso fazer esta proposta desta
maneira, mas... a proposta da criação da subcomissão de cultura, embora eu também ache que a
educação também esteja envolvida, mas... que já se criasse logo essa subcomissão, alguém pensasse
num formatinho que é igual às outras, em termos de participação, e que ela já começasse a operar,
inclusive para operar, inclusive para apoiar esta representação indígena da CNPI na questão da
Conferência de Comunicação. Eu não estava aqui, acho, nos momentos em que esta Conferência foi
201
colocada, e esta disponibilidade do governo de abrir o espaço para a gente estar nesta Conferência de
Comunicação. Eu acho, assim, altamente estratégica esta participação. Evidentemente não há tempo
para um processo de consulta com vários... consultas regionais, essa coisa toda... mas pensar em
alguma forma de participação aí que fosse pertinente ao movimento indígena, ainda que fosse através
dos próprios membros do CNPI e eles indicando alguma representação. Dependendo, vai ser um
sistema meio que de cotas, seria esta a possibilidade. Eu acho que é estratégico, do ponto de vista de
poder discutir com os próprios representantes dos meios de comunicação que vão estar lá sobre a
maneira como a imagem indígena é veiculada, como poderia ser, enfim... acho altamente estratégico.
Acho que séria, se a CNPI também puder ajudar nisso em termos de encaminhamentos, através da
própria Quenes... não sei. Acho que este é um... não dá para perder esta oportunidade de estar lá. É
um evento que vai ser altamente pela própria mídia, que tem acusado o governo brasileiro de querer
censurar... ou seja, querem continuar livremente também fazendo o tipo de discriminação e outras
barbaridades que fazem.
Márcio (Presidente)- eu queria só... não tem mais nenhum inscrito. Eu só queria, antes de passar de
volta aqui para o Marcelo, rapidamente, dizer aqui o seguinte: o nosso companheiro aqui Francisco
Pianko está convidando todos os membros da CNPI, ao final da nossa sessão de hoje, a visitar a
biblioteca da floresta, aonde tem uma exposição sobre os índios isolados aqui do Acre... então a gente
tem que procurar ser bem objetivo, porque senão a gente vai só às duas da manhã lá para ver esta
exposição, e ela não vai ficar aberta até essa hora.
Lylia: eu só esqueci de colocar uma coisa, e aí é um pedido, eu não sei, o Toya está aqui, mas é a
questão do informe do GTI. A própria CNPI... eu e Marcela, que coordenamos a GTI, estamos indo
embora na madrugada.
Márcio (Presidente)- mas o Toya vai ficar aqui?
Lylia: O Toya fica, mas eu e ela coordenamos a comissão.
Márcio (Presidente)- tudo bem, é porque nós temos uma agenda ainda longa.
202
Lylia: Tem problemas... a Chiquinha já veio conversar. As conversas de bastidores que são boas, que
adiantam as coisas...
Márcio (Presidente)- eu não estou contra dar informe. Eu só estou dizendo que tem uma agenda
longa, e a gente não pode... nós temos uma pauta a cumprir.
Lylia: eu sei que você não está contra, mas eu tenho mais essa pressão para esquentar a cabeça.
Márcio (Presidente)- então a questão é, de encaminhamentos (antes de passar para o Marcelo aqui) é a
seguinte: eu queria fazer uma proposta, uma nova proposta em relação ao que foi colocado aqui neste
debate da cultura, que a gente crie a subcomissão de cultura e comunicação, diante da questão da
comunicação estar dentro da questão da cultura, e da cultura estar dentro da questão da comunicação.
Acho que é um tema relevante, e eu queria propor a criação da subcomissão de cultura e
comunicação. Se não tiver nenhuma manifestação em contrário, já fica criada e aprovada hoje, nesta
assembléia extraordinária, a criação desta subcomissão; e proponho que ela já se constitua de hoje para
amanhã. Eu já me coloco aqui como querendo participar desta subcomissão de cultura e comunicação,
nas vezes que eu puder participar, obviamente (nem sempre vou poder), mas a FUNAI participará
como uma das partes do governo. E que essa subcomissão possa se reunir o mais rápido possível para
discutir toda esta pauta que o Ministério da Cultura trouxe e outras que existem. Porque a FUNAI tem
desenvolvido atividades, e outras instituições têm desenvolvido atividades correlatas à cultura, e que
possa, inclusive, discutir, no âmbito da subcomissão, a participação indígena nas duas Conferências,
tanto na de cultura quanto na de comunicação. Alguém se manifesta contrário à esta...?
Não-identificado: não, a gente não se manifesta contrário, mas com tanta bancada indígena... porque
já houve muitas pessoas se auto-indicando aqui, da bancada indígena...
Márcio (Presidente)- se colocando à disposição.
Não-identificado: mas a bancada indígena vai se reunir, e a gente escolhe as pessoas que farão parte
desta subcomissão.
203
Márcio (Presidente)- Certo. Não há nenhuma manifestação contrária à proposta? Não havendo
nenhuma posição em contrário, fica aprovada então a criação de uma subcomissão de cultura e
comunicação no âmbito da CNPI, e amanhã, no último dia desta assembléia extraordinária, nós vamos
definir os nomes da bancada indígena que vão participar desta subcomissão, e o setor governamental
também vai definir, em seguida, a nossa participação. Considerando que, como as outras, poderão ter
convidados, vários, participando também da subcomissão. Vou passar a palavra aqui para o Marcelo,
para dar uma fechada aqui, Marcelo.
Marcelo: bom, fico muito feliz pelo acolhimento das propostas, e o que foi aprovado agora realmente
vai dar margem para a gente trabalhar ainda mais estas questões... a gente luta lá no Ministério da
Cultura, desde que a gente começou a trabalhar com este tema, de que a pauta da cultura também
entre na pauta do movimento indígena, que é uma pauta sempre carregada por temas, como a da
terra, a da saúde, que mobilizam mais que a área da cultura... mas que a gente entende que a área da
cultura é muito estratégica para todos estes outros temas, inclusive para a própria questão da terra...
discutir a cultura também é uma arma... então por isso que a gente insiste, e fico feliz que tenha tido
esta receptividade aqui. Respondendo rapidamente as perguntas. O Arão... então a Conferência de
Cultura e a Conferência e Comunicação tem Regimentos diferentes, então os processos para
participação são bastante distintos. Na Conferência de Cultura existem os delegados, que tem direito à
voz e voto. Para você ser delegado com direito à voz e voto na Conferência Nacional que vai
acontecer de 10 a 14 de Março de 2010, você tem que passar por este processo que você citou. Eu me
elejo delegado no município, do município eu vou para a conferência estadual, e lá eu disputo para ser
delegado com todos os outros municípios do estado, e com todas as áreas, e saio de lá como delegado
para a Nacional. Existe aí uma outra instância que elege delegados com direito à voz e voto que é essa
pré-conferência setorial de cultura indígena que nós vamos fazer. São só dez delegados dentro desta
pré-conferência. Com aqueles 81 que eu falei, de lá saem 10. Então no mínimo 10 a gente vai ter. Um
outro jeito de participar é produzindo propostas. Então você pode produzir propostas nas
Conferências livres, e aí você pode fazer em qualquer lugar lá na sua comunidade. Você junta lá 10 ou
20 pessoas numa sala de aula, num sindicato, ou numa associação de bairro, numa associação indígena,
você pode fazer uma conferência livre. Existe um temário, existe uma cartilha de orientação para isso
no site do Ministério da Cultura, no blog da Conferência... depois eu posso passar os detalhes para
vocês... Vocês podem se reunir e produzir as propostas e encaminhar para a Comissão Executiva
204
Nacional, que vai incorporar os elementos que vocês produzirem no texto que vai ser discutido lá na
Conferência Nacional.
Tem também a Conferência Virtual, que é online o tempo todo. Você pode entrar o tempo todo lá no
blog e produzir propostas para a Conferência, que elas vão ser aceitas também. Agora tem também
uma possibilidade que a gente pode abrir aqui, que eu me comprometo a estudar com vocês, que é a
de levar membros da CNPI, ou membros desta subcomissão de cultura, não como delegados mas como
observadores, e como convidados da conferência. A gente tem uma cota de convidados do governo,
então a gente pode já encaminhar uma cota aqui para a CNPI (a gente decide o número depois) e a
gente pode levar também observadores, que aí não vão ter direito a voto, mas podem estar lá
participando. Os convidados têm direito à voz. Na Conferência de Comunicação, o processo é
diferente. Na Conferência de Comunicação não tem as etapas municipais e intermunicipais. Elas até
existem, mas são só preparatórias. Os delegados começam a ser eleitos nas etapas estaduais. Até o
momento, 18 estados convocaram as etapas estaduais, tem sete que não convocaram. Como tem o
Executivo da Conferência da Comunicação, ele se comprometeu a convocar estes sete estados, e aí lá
vocês podem, nas estaduais, se eleger delegados e ir até a etapa nacional. Lá também, na Conferência
da Comunicação, tem as livres e tem a Virtual. Vocês podem participar deste jeito.
A questão do prêmio também, que é pergunta do Arão, da comissão de seleção do prêmio, a
representação indígena é majoritária. Oito indígenas e sete não-indígenas. Nas duas edições anteriores
foi assim. E quem indica os representantes indígenas são as organizações indígenas. No nordeste, no
caso, foi a COIME. Então quem passou a rasteira no Caboquinho foi o pessoal da APOINME, e não a
gente. Apesar de ele ser baixinho, é difícil passar rasteira. A questão do valor do prêmio, que foi
comentada pelo Sandro, de ser R$25.000, a gente tem dificuldade. Porque essa é uma política mais de
reconhecimento do que de sustentabilidade de um programa de cultura indígena. A gente não tem
recurso hoje, até porque o dinheiro é via patrocínio, não é dinheiro orçamentário. Então a gente tem
que lutar para convencer o Ministério a criar, de fato, um programa que dê sustentabilidade à estas
ações. Já estavam previstos, nesta terceira edição, prêmios especiais para estes museus indígenas, que
seriam de R$ 60.000 ao invés de R$ 60.000. De fato, tem atividades que não se viabilizam com R$
25.000. Mas a gente tem visto que estes R$ 25.000 têm ajudado nesta parte de auto-estima, de
reconhecimento e de encaminhamento de algumas ações. Esqueci de dizer que A PINSUL é que vai
ser a proponente agora da terceira edição, a partir do rodízio que a gente estabeleceu neste GT. Então
205
a Tenodé Porã foi a proponente dos dois primeiros anos, agora é a ARPINSUL, depois é a COIME,
COIAB, assim sucessivamente. Esqueci de dizer também que, no colegiado setorial, vai se dar a eleição
do representante indígena no Conselho Nacional de Política Cultural. Esse representante hoje é o
Romancil Cretã, está vencendo o mandato dele agora em Dezembro, de dois anos. Ele pode ser
reconduzido mais uma vez, se assim vocês entenderem, ou pode ser feita uma eleição de um novo
representante. Isto vai se dar agora também no âmbito deste colegiado setorial.
Com relação aos museus, eu esqueci de dizer que a gente criou uma rede, uma rede de memória
indígena onde a gente está articulando estas experiências de museu através de uma lista de e-mail no
Yahoo! Grupos, que é [email protected]. Então tem muita gente que ainda está
fora, que a gente está incorporando agora. Quem quiser participar disso me dá os nomes me dá os
nomes que eu vou incluir na lista e vocês passam a interagir com o pessoal que está nesta frente de
trabalho dos museus indígenas, onde a gente está discutindo esta questão de repatriação de obras, de
referência para a cultura indígena, esta questão dos museus vivos e tudo mais. A questão do
intercâmbio que o Toya perguntou... a questão de recursos para fazer viagens de pesquisa e tudo
mais... Existe já um edital que vocês podem participar, que é o edital de intercâmbio... que a gente
chama de edital de passagem, mas é o edital de intercâmbio. Você pode, a qualquer momento,
apresentar uma proposta para o Ministério... Se você tem um convite para ir para a Holanda, a um
evento sobre cultura indígena, por exemplo, você pode dizer “Olha, preciso de uma passagem para ir à
Holanda.” E você... é um edital, você tem que ter uma.... Canadá tem também. Aquela história do
Ak’Jaboro, pode ir pro Canadá com uma passagem do Ministério. Mas é um edital, então você tem que
apresentar uma proposta que é sempre com três meses de antecedência. Então agora em Setembro a
gente está julgando as passagens que vão ser feitas a partir de dezembro. Então tem que pensar antes
de mandar a proposta. A questão da exposição Os Primeiros Brasileiros, esta exposição foi viabilizada
com recursos do Ministério da Cultura. O Ministério participou desde o início. A intinerância dela
está sendo viabilizada por isso. Então agora ela está no Rio de Janeiro, vai ficar um período lá, e já tem
intinerância agendada para Bahia (Salvador), São Paulo e Brasília. Estes três lugares já está organizado.
A gente pode levar ela para outros lugares, mas ela tem o problema que ela vai se desgastando, a gente
tem que renovar. E, por fim, a questão da educação e cultura que o Brasílio chamou a atenção...
Eu esqueci de citar que a gente está com um projeto junto à UnB de criar uma cátedra indígena dentro
da UnB e na USP também (na USP de São Paulo)... está sendo pensado todo um sistema de como
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colocar a sabedoria, os conhecimentos tradicionais indígenas neste espaço, que não é um espaço
amigável (vamos dizer assim) com relação ao conhecimento tradicional. O conhecimento acadêmico é
muito diferente, se processa de forma muito distinta do conhecimento tradicional. Então vai ser feito
um trabalho ano que vem. Primeiro vai ter um seminário para discutir diversas experiências, desde a
Universidade Autônoma do México, Universidade do Equador... experiências de introdução de
sabedorias tradicionais nas universidades tradicionais. Depois a gente vai montar um primeiro
programa... vai ser feita uma residência mútua. Os professores universitários vão residir nas
comunidades indígenas, e os indígenas vão ficar residindo um tempo na universidade, para que um
conheça o jeito do outro de produzir conhecimento, e depois vai ser construído um programa que vai
ser dado um curso no segundo semestre do ano que vem. Então ao longo de todo o ano de 2010 vai ser
feita esta experiência piloto de como produzir um espaço de educação na universidade, sobretudo de
conhecimentos tradicionais indígenas. Então é mais ou menos isso, agradeço de novo o espaço (o
grande espaço) que me foi dado. Fico muito honrado e agradeço as colaborações. Um abraço.
Márcio (Presidente)- obrigado Marcelo. E aí eu vou fazer um comentário agora... exatamente por
conta de a gente ter estendido e aberto este espaço para o debate da cultura, nós estamos com um
problema de tempo com relação à nossa pauta. Então eu queria aqui fazer uma proposta de
readequação da nossa pauta aqui hoje. Já são 17h05. E da pauta que nós temos aqui tem dois pontos
que são mais informes, e tem um que é o que eu considero o ponto mais importante da pauta de hoje,
que é a das experiências de gestão participativa que vieram aqui, dos estados. Eu queria sugerir que o
ponto da educação e, se der tempo, o ponto de política de fronteiras, a gente pudesse passar para
amanhã, para trazer como informe amanhã. Amanhã a gente vê aí como fazer, qual o horário a
gente... pode fazer amanhã de manhã, e a gente re-arruma os horários amanhã de manhã... e que a
gente pudesse agora, neste momento, fazer o intervalo de cinco minutos, que tem um intervalo aí... e
em seguida a gente entrasse já na pauta das experiências de gestão participativa, que eu considero a
pauta mais importante deste momento.
Não identificado: só a título de sugestão e colaboração: ao invés de começar às 9 da manhã, a gente
poderia antecipar para 8 horas. Eu acho que a bancada indígena não tem nenhuma oposição quanto a
isso. Eu queria ver se é consenso ou não, porque a gente ganha tempo e a pauta é longa. E
aproveitamos o tempo.
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Márcio (Presidente)- Com certeza, amanhã a gente pode começar às oito da manhã sem dúvida
nenhuma. Não há nenhuma posição contrária, então aprovado amanhã oito horas da manhã. E então
vamos a um intervalo agora de cinco minutos, e logo em seguida a gente vai entrar na pauta das
experiências de gestão participativa do Amapá, Amazonas e Paraíba. Não eu acho que deve ser umas 9,
nossa programação só termina na exposição na biblioteca da floresta tá? Faz parte do curso entendeu?
Se não, não ganha crédito, então nós vamos começar agora a apresentação de experiências de gestão
participativa que nós selecionamos, nós selecionamos aí para apresentar eu vou perguntar aqui se a
gente poderia começar pela Paraíba? Pode Petrônio? Companheiros, Capitão e Caboquinho que são da
Paraíba também se vocês poderiam começar a apresentação de vocês pela Paraíba pode? Então mãos a
obra, enquanto o pessoal vem, se não, não vem se alguém puder ir aproveitando para dizer que já está
começando lá e avisar a turma, chamar o Caboquinho também. A gente vai dar meia hora para cada
apresentação ta?
Petrônio - Boa tarde pessoal. Eu estou procurando o Caboquinho por que ele é o cacique geral
Potiguara para a gente não começar a explanação aqui sobre os Potiguara sem o cacique geral não é?
Está um pouco deslocado aqui. Boa tarde novamente, primeiro Presidente, eu gostaria de agradecer
essa oportunidade da gente poder aqui transmitir um pouco da nossa experiência de gestão
participativa não é? Eu vou contar um pouco da trajetória, da historia e como que isso aconteceu lá na
Paraíba em 99 nós estávamos vivendo aquela fase meia de conflito entre FUNAI e FUNASA que
estava se disputando quem efetivamente ficaria com a saúde indígena e a FUNASA chegou aos índios
fazendo diversas reuniões e oferecendo um modelo de criação de distritos sanitário e conselho
distrital, de conselhos locais e um modelo de implementação de controle social para que as decisões
fossem tomadas em conjunto, através de representações indígenas, aprovações de projetos de planos
de trabalho e execuções etc. e isso impressionou bastante os Potiguara que já eram bastante
organizados naquela época, então como a FUNASA sinalizou com essa proposta de trabalho de
participação, de transparência, de conselhos locais, conselho distrital e nós tínhamos recém chegado lá
na Paraíba apesar que eu sou Paraibano sou de Campina Grande eu estava em Pernambuco tinha
acabado de chegar lá, peguei toda a contabilidade da FUNAI e do primeiro semestre do administrador
quem e antecedeu e fui para a terra indígena chamei o conselho de lideranças e fui prestar contas do
que o meu antecessor tinha feito com recursos que tinha disponível, que a FUNAI tinha
disponibilizado e lá eles me perguntaram se a Funai não poderia também adotar aquele modelo de
conselhos participativos que a FUNASA estava sinalizando e nós dissemos que não tinha problema
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nenhum, a nossa intenção era exatamente essa que era trabalhar recurso público, que as contas
tinham que ser públicas e que para nós iria ser bastante interessante por que qualquer decisão tomada
teria a co-responsabilidade e o peso não ficaria unicamente sobre os ombros e a decisão do gestor.
E assim começou, começaram os encaminhamentos nós percebemos que o conselho de lideranças
naquela época eu acho que eram 22, 23 aldeias cada aldeia tinha um representante e nós concluímos
em um debate que se nós fossemos ter um grupo de gestão com 23 membros ia ter certa dificuldade
todas as vezes que nós precisássemos nos reunir e nós propusemos que o conselho de liderança
aprovasse um grupo de gestão para trabalhar conosco para discutir participar do planejamento menor
7, 6, 8 membros sem um número muito certo. E assim foi aprovado, participavam professores,
participavam índios com experiência e vocação na área de agricultura, saúde, todos os setores e nós
propusemos que fosse dado um nome aquele grupo, foi batizado grupo de gestão indígena que ficou
abreviado como GGI e assim as coisas foram acontecendo nós passamos a partir de então a fazer o
planejamento da FUNAI. É obvio que aquelas despesas administrativas você não tinha que debater,
você tinha que ter telefone, carro funcionando, combustível tudo isso nós apresentávamos os valores
necessários pela experiência que nós tínhamos na área gerencial agora os recursos de atividade de fim
eles passaram a ser obrigatórios antes de serem aplicados e passar por esse grupo de gestão e nós
trabalhamos durante todo esse tempo até o inicio desse ano o grupo de gestão ele estava montado com
essas pessoas que o conselho de liderança tinha delegado para eles, só que no início desse ano ouve um
debate entre os lideres e eles acharam que o conselho de lideranças em algum momento estava
mandando mais que eles, estava decidindo mais que eles e propôs que esses grupo de gestão da forma
que nós tínhamos elaborado ele desde 99, 2000 para cá eles decidiram que ele agora deveria ser um
conselho de gestão só de lideres por que aquelas pessoas delegadas pelos lideres, muitas vezes estavam
tomando decisões que contrariavam os interesses de algumas lideranças.
Eu vou voltar quando a gente começou com essa questão de transparência essa gestão participativa, o
que foi que aconteceu na prática nós ganhamos a confiança dos Potiguara aquela relação estranha ela
não acontecia na nossa região, por que eles tinham a certeza e tem de 100% do recurso que chega na
administração regional vai ser destinado exatamente para aquilo que eles priorizaram e depois nós
vamos prestar contas, só que tinha que ter uma folga, por que na FUNAI está sempre correndo atrás
do prejuízo, apagando incêndios e a gente as vezes tem tomar decisão rápida que não dá tempo de
consultar tudo mundo, então ficou acertado assim, quem quisesse quer atendido na área de proteção
social antes chamávamos de assistência na área de desenvolvimento, se fosse para ter um atendimento
209
especifico e pontual tinha que ter um valor máximo para o administrador deliberar sozinho e sabe
quanto esse valor que o administrador de João Pessoa delibera sozinho 200 reais, nós só somos
autorizados a gastar 200 reais com uma demanda urgente pontual, se essa demanda for 201 reais nós
temos que levar para o grupo de gestão para que seja reavaliado isso foi muito bom para nós, por quê?
Porque freou propostas indecentes aquela coisa que o cara chega querendo que você atenda só ele a
família dele que ninguém vai saber acabou, por que ele sabe que tudo que chega lá tem que ser oficial
e vai ser público e todo mundo vai ficar sabendo. Então para nós foi uma tranqüilidade por que muitas
vezes os colegas se assustam achando que vão perder autoridade, vão perder autonomia, mas pelo
menos o cara ganha horas de sonho com certeza, então eu vou, sim, e com o passar do tempo como
nós ganhamos a confiança dos Potiguara a relação nossa ficou tão próxima que todos os conflitos,
todas as brigas Potiguara eles exigem que nós façamos a iniciação, nós viramos padre, juiz tudo ali
dentro da terra indígena todo conflito chama o administrador, chama a FUNAI para fazer a mediação,
aí nós percebemos também que apesar de eles serem extremamente organizados precisava de um
pouco de memória, de regra para isso aí foi quando veio a idéia de se inscrever um código de
comportamento dos Potiguara, antes de ler o código de comportamento para vocês verem como é
interessante foi isso que nós deu força e instrumentos para mediar as situações e tomar decisões eu
vou passar esse aqui, nós fizemos há algum tempo atrás esse material aqui para a gente mostrar um
pouco desse trabalho.
Márcio (Presidente): - Só para te informar que já usou 15 minutos do tempo de meia hora.
Petrônio - Perfeito, eu vou ser rápido, só uma introdução povo Potiguara uma população estimada de
14 mil índios, essa aqui nós não temos precisamente esse número, mas é um número satisfatório para
planejamento. As três terras somam 33.757 há então vou entrando também em outro assunto quando
foi feito o código de comportamento Potiguara em algumas exigências que na oportunidade certa
vamos mostrar aqui para vocês identificou-se uma outra necessidade, por que durante esses 500 e
tantos anos de contato com os Potiguara, muitas famílias não índias elas passarem a pertencer também
ao povo Potiguara através de casamentos com padrismo, cunhadismo e eles se queixavam muito que às
vezes pessoas que não eram de raiz Potiguara queriam assumir as lideranças, queriam mandar nas
aldeias, então foi necessário que nós investíssemos no censo pegamos uma carona que a FUNAI estava
fazendo apanhados pilotos naquela época em 2005 o conselho de liderança decidiu os critérios e a
prioridade, nós executamos e depois do censo estamos fazendo a triagem do censo, esse aqui quando
foi elaborado eram 29 aldeias agora já são 30 a coisa é tão dinâmica, mas dá um norte, então só
210
completando a idéia do censo nós estamos fazendo a triagem do censo reunindo os mais velhos mais
citados durante o censo nas aldeias e eles debatem entre eles e vão separando quem são as verdadeiras
famílias que origem Potiguara daqueles que viraram Potiguara com o passar da historia.
Então eu vou ler mais rápido, porque o presidente já me alertou aí pelo tempo desde de 5001 são
referidos como habitantes do mesmo território e você tem referencias, registros históricos dos
Potiguara desde 1.501 comunicam-se em português estão na língua do Tupi hoje ensinam o Tupi nas
escolas diferenciados o indicie de escolaridade elevado, área favorecida pela presença de Rios perenes
próximo ao mar diversidade de ecossistemas, conhecimentos de plantas medicinais, práticas
terapêuticas tradicionais e participação ativa determinante do controle social, outra coisa o Potiguara
não participa só ativamente de FUNASA e FUNAI não, ele já fizeram prefeitos, já fizeram vice
prefeitos, presidente de câmara, eles governam também na região. Isso aqui são informações, pegam 3
municípios Baía da Traição, Marcação, Rio Tinto são três terras indígenas que elas se complementam,
aqui está um mapa que mostra a territorialidade entre o rio Mamaguape e o rio Guamarantuba era a
princípio duas terras Maria e hoje estão transformadas em três terras indígenas em estágios fundiários
diferentes que somam os 33 mil e tantos hectares as Duas Marias, eram 57.700 aproximadamente ouve
uma supressão da terra Potiguara aqui de aproximadamente 14 mil hectares. Porque a primeira
demarcação foi feita ainda na ditadura militar eles tomaram essa decisão, mas hoje nós já conseguimos
reaver esses 33 mil e isso aí ainda está dentro de estudos e possibilidades, isso aqui foi tirado do Google
deixa eu ver se tem mais alguma informação, isso aqui a gente fala um pouco da dificuldade do meio
ambiente, monocultura da cana de açúcar o tempo não daria para a gente aprofundar um pouco. Pode
passar...
Nós conseguimos tirar todos os arrendatários de cana de dentro da terra indígena, pegamos a cana que
rebrotou os índios hoje passaram a ser empreendedores eles é quem cuidam da própria cana, vedem a
cana então lucravam 4 toneladas por hectares hoje lucram 40, isso aqui foi experiências de mandala,
são casas de farinha nós temos, isso aqui são os famosos tanques de camarão, criatórios de camarão,
aqui atrás é a área de mangue não é? Então o tanque de camarão ele é feito entre o mangue e a terra
firme isso é outra confusão que a gente levaria uma tarde aqui só falando desse assunto só aqui
ilustrando para vocês, então foi essa a experiência, então por conta disso nós nos sentimos também
muito honrado que o ano passado quando teve a montagem do colegiado do território em São Gabriel
o presidente pediu que nós fossemos lá para levar um pouco dessa vivencia com os Potiguara e ajudar
lá os índios do território do Rio Negro não é? E nós tivemos essa participação honrosa e fiquei feliz em
211
ver os índios aqui já com o embrião que soltamos lá da idéia da gestão participativa já trazendo aqui
um resultado dessa natureza, o código de costura se conseguir abrir, por favor, isso aqui foi
fundamental no norteamento na organização e na solução de diversos conflitos lá dentro porque a
princípio era chamado código de costura aí o pessoal começou questionando costura parece coisa de
galinha, galinha é quem faz costura aí muda para código de comportamento que da no mesmo é um
código mesmo ele diz quais são as atribuições do líder, depois teve que ter uma emenda que tinha
líder que não deixava consultar a comunidade a partir da aprovação desse código o comportamento de
costura para os lideres indígenas Potiguara estarão regulamentados pela própria etnia assim como
ficará estabelecido quem estará sujeito às penalidades devido às autoridades governamentais, fazendo
valer o respeito.
Isso aqui foi transferido... acho que está faltando alguma coisa... autonomia do povo Potiguara à luz da
Constituição do Brasil... só poderá assumir cargo de liderança o índio que pertencer a família
tradicional Potiguara e para comprovar que o cara é da família tradicional Potiguara foi preciso nós
fazermos o trabalho da triagem do censo quem residir na própria aldeia terá que ser aprovado pela
maioria dos índios da aldeia interessada, terá que ser referendado pela maioria dos membros do
conselho de liderança formado pelos representantes de aldeia e cacique geral. Porque a organização
deles é o seguinte: cada aldeia tem um representante, hoje eleito de forma democrática ou aclamado
de forma democrática, e Caboquinho que é o cacique geral, que representa todo esse conselho, e o
diplomata dos Potiguara é o cara que representa lá fora o conselho de liderança e lá dentro também
que o voto de minerava é dele, de vez em quando ele fica numas sinuca de bico lá, então está passivo
de avaliação os afastamentos de substituição dos conselhos de liderança. O representante que pode
denunciar, é comprovada da comunidade reconhecer como indígena a pessoa que não seja
descendente de Potiguara, isso aqui, para a gente, presidente, que vai cadastrar os índios naquele ... no
sistema do INSS... nós vamos ter que tomar o cuidado e o líder assinar junto conosco, porque a
responsabilidade maior é deles não é? Facilitar a apropriação domínio de lotes, propriedade, plantio ou
procriação por parte de não índio dentro de terras indígenas Potiguara, valer-se do cargo para tirar
proveito pessoal em detrimento do direito coletivo da comunidade, participar de manifestação de
desapreço envolvendo o nome de outra liderança do conselho, faltar com o respeito a membros da
comunidade ou envolver-se em escândalos, proveniência de uso de bebidas alcoólicas ou de droga.
As atribuições da liderança são: aprovar as famílias indígenas reconhecidas pelos índios idosos,
credenciados pelos conselhos de lideranças, autorizar construção de casa em decisão conjunta com o
212
chefe do PIM, autorizar utilização da terra para agricultura e agropecuária em decisão conjunta com o
chefe do PIM. Isso aqui também foi algo interessante, porque todas as autorizações eles fizeram
questão que o chefe do posto fosse co-responsável por ela... Preservar o meio ambiente, proteger
cabecearás, rios, lagoas, mangues, fiscalizando derrubadas e combatendo queimadas, proteger o
território da invasão e o fruto de não índios ali não é medir é mediar, conflitos internos, estabelecer
direitos individuais conforme costume tradicional Potiguara. Denunciar regularidade de terceiros em
suas jurisdição formalizar acordos entre índios na sede do posto, o posto Potiguara faz muita mediação
e formaliza muito acordo as lideranças deslocam, levam as pessoas que estão em conflitos e lá se faz
um acordo formal e deixa na memória lá.
Márcio (Presidente): - Petrônio você tem mais 5 minutos quero sugerir que se você pudesse tirar
cópias do código para distribuir, e pudesse entrar mais no principio da questão para pode a gente ter
tempo.
Petrônio - Eu só peço perdão pelos erros que passaram, mas foram erros de português, não foi erro
indígena ... então gente, isso aí eu vou passar a cópia para vocês, foram essas atitudes, essas
providências que fizeram com que nós conseguíssemos esse entrosamento e eu estou há 10 anos como
administrador em João Pessoa. Então eu acho que isso explica porque nós conseguimos essa relação
tão duradoura, por conta desse comportamento a equipe, os colegas lá em João Pessoa também foram
fundamentais, eles contribuíram consideravelmente ninguém faz nada sozinho, outra coisa nós
adotamos um modelo de gerencia na administração, gerencia matricial e como se fosse uma matriz
quem estudou matemática e estudou matriz o setor de educação é quem gerencia o recurso destinado
a ele, o setor produtivo e quem gerencia o recurso destinado a ele eu como administrador elejo apenas
quem paga primeiro, porque o recurso financeiro ele não acompanha o planejamento e não
acompanha o orçamento, aí cada setor cada um lá está autorizado a tomar suas próprias decisões e o
setor de educação, por exemplo, quando precisa qualquer decisão diferente, qualquer decisão maior é
obrigado a convocar tantos lideres como as organizações de professores, os próprios usuários para
fazer deliberações nós conseguimos conquistar esse espaço e assim nós conseguimos conquistar a
confiança que eu acho que ate agora nós tivemos isso.
Márcio (Presidente): - De quanto em quanto tempo se reúne o GGI?
213
Petrônio - O GGI não tem... é obrigatoriamente no momento de fazer o planejamento e
obrigatoriamente no momento de prestar contas no que fez, mas nesse intervalo aí todas as vezes que
um membro ou o próprio administrador sentir necessidade é convocado uma reunião. Interessante é
que o chefe de posto, Josafá, inclusive ele é índio Potiguara, também ela estava fazendo uma
observação, disse “Petrônio, a FUNASA, quando quer reunir o conselho distrital, coloca os caras num
hotel bom, dá todas as condições e os caras faltam... é o primo rico. Então a FUNAI faz reunião do
conselho de liderança, não dá transporte, não dá almoço, tem hora que não dá para fazer nada disso. E
não faltam, toda vez é casa cheia”, e as discussões são bastante interessantes e acaloradas e já se fez
várias experiências, nós chegamos até tirar, fazer reunião do conselho de lideranças em João Pessoa,
porque aparecia tanta gente querendo dá opinião na reunião que eles disseram, não vamos tirar daqui,
aí depois chegaram à conclusão que se tirasse perdia o seu objetivo principal, que era realmente fazer
a vontade da base, aí voltou-se, hoje em dia pode encher 200, 500 pessoas reclamando, mas o conselho
está reunido no meio do povo.
E esse ano, como houve essa remontagem, nós estamos tirando comissões temáticas para pode tomar
decisões específicas, quando nós fomo decidir a prioridade no orçamento do produtivo, então
decidiu-se 50% do recurso que a FUNAI conseguir vai ser destinado para milho, feijão e mandioca,
preparo de solo. Quer dizer, segurança alimentar, 15% vai ser para cercados, para pecuária 15% para
material de pesca, então é dessa forma que ás vezes se tira ata e às vezes não tem nem ata, e as coisas
são rigorosamente cumpridas, fica na memória de todo mundo. Nós somos cobrados, prestamos conta,
lógico que poderíamos fazer isso de uma forma mais regulamentar, mas até hoje nós não tropeçamos
na metodologia.
Márcio (Presidente): - Uma pergunta, como que funciona lá essa relação também da FUNAI e do GGI
com as outras políticas de outros ministérios e etc.?
Petrônio - Nós temos tido certa dificuldade de aproximar os índios Potiguara de uma forma geral do
território da cidadania e aquele velho discreto nas políticas públicas. Então na FUNASA nós também
participamos, desde o início nós fizemos parte do conselho e o GGI na realidade, como ele tem
representante de todas as aldeias não é? Necessariamente todos aqueles membros dali participam de
alguma comissão específica em algum lugar, então quando reúne realmente é multidisciplinar, tem
sido completamente transversal entre os líderes têm professores, têm agricultores, tem pessoal da área
de saúde e agentes comunitários está contemplado basicamente todos os setores, consegui responder?
Márcio (Presidente): - Ele cumpriu exatamente o tempo de 30 minutos, dois minutos.214
Petrônio - Disseram que era mamão com açúcar fazer isso na Paraíba, porque era uma única etnia e
era bastante fácil. Como nós trabalhávamos também com o estado do Ceará, então nós dissemos,
vamos ver como é mamão com outro adoçante, nós fomos lá e levamos um modelo semelhante. Lá,
como tem várias etnias, foi dividido em 7 micro regiões, o orçamento dividido por micro região e
cada micro região dessas se reúne e decide as suas próprias prioridades, sem uma interferir na outra,
porque aí nós somos localidade e as vezes etnias diferentes. Então quer dizer essas experiência-piloto
com uma única etnia bastante localizada nós também fizemos no Ceará e tivemos relativamente,
relativo mesmo, qual tem sido a dificuldade? Porque como a FUNAI ainda não adotou ainda essa
política como política do órgão muitas vezes a gente falta condições para isso, mas dentro dessa
remontagem da proteção social eu vi que tem uma sub-ação aí do MS que é suficiente para isso, então
pode ter certeza que 2010 não vamos ter tropeço.
Márcio (Presidente): - Obrigado Petrônio, eu queria sugerir o seguinte: que nós fizéssemos a
seqüência das três e no final a gente vai abrir para, até para vocês terem oportunidade de ver as três
experiências que a gente trouxe. Então eu queria agradecer o Petrônio, agradecer os companheiros
Potiguara vão ter oportunidade de falar logo mais também e o Caboquinho e o Capitão já tinham
falado várias vezes aqui na CNPI dessa experiência, agora foi dada a oportunidade maior de socializar
essa informação que o Petrônio trouxe para nós. Então obrigado Petrônio, logo você vai pode
responder dúvidas do pessoal.
O próximo grupo, para que pudesse fazer a apresentação, é o pessoal lá do estado do Amazonas o
pessoal do Rio negro das administração de São Gabriel da cachoeira e o trabalho que tem sendo feito
lá que esse trabalho lá de São Gabriel da Cachoeira. Já é um trabalho muito recente para comparar
esses daí você viram é o trabalho que o Petrônio falou já tem algum tem 10 anos desse trabalho lá na
Paraíba já o trabalho que vai ser apresentado agora é um trabalho recente, muito recente está
começando, esta em seu nascimento esse processo. Depois queria saber como que vai ser aí a
apresentação passar a palavra aí para os companheiros da FOIRN. Queria só registrar aqui antes que
essa apresentação era para ter um representante da administração lá de São Gabriel da Cachoeira que
não pode chegar teve dificuldade de chegar, então nós estamos com representantes aqui da FOIRN
que é a organização indígena parceira nossa lá e a Fabiana da FUNAI. A Fabiana que está
acompanhando lá o processo da FUNAI de Brasília, acompanhando o processo em São Gabriel que
como disse o Petrônio foi iniciado, ano passado ele foi lá no primeiro momento fazer uma
apresentação da experiência da Paraíba e a partir daí a gente começou a desenvolver o trabalho lá.
215
Participante não identificado - Mais uma vez boa tarde, aqui a comissão da CNPI é um prazer estar
aqui novamente trazendo os nossos trabalhos que vamos realizar, então como já foi dito pelo
presidente, esse plano integrado e compartilhado ela praticamente acabou de sair da sala de parto.
Estava justamente indo para o berço, começar a fazer o caminho do crescimento da vida, então
praticamente ela nasceu esse ano a gente iniciou esses trabalhos com a ida do Petroni, mas qual é a
necessidade disso? Como que surgiu? Como a conversa no início do ano com o presidente Marcio
Meira na época da entrada de nova diretoria, então a gente começou a discutir que havia essa
necessidade de acompanhar se ouvia falar já dessa experiência da Paraíba e a gente analisando nossos
trabalhos e também achamos que a gente teria como fazer isso e aí conversou com o Márcio Meira o
Petrônio e foi lá, depois a gente realizou uma oficina, por favor, pode passar?
Aí está a nossa maloca que está dizendo, está em Tucano tem a Pamaça apesar de ser Baré, mas
entendo algumas línguas da nossa região, então quer dizer em Português bem vindo a FUIRNE essa é a
nossa maloca que está no município para nós povos indígenas do Alto Rio Negro ela é um parlamento
onde se decido as coisas de suma importância para o movimento indígena, por favor, próximo. Esse aí
é o nosso organograma institucional da FOIRN, como que nós, nos organizamos? Primeira instancia
está a assembléia geral ela é uma instancia deliberativa e consultiva na segunda estância vem o
conselho diretor, após isso vem a terceira instancia que é diretoria executiva que somos os diretores
que são eleitos de 4 em 4 anos cada região tem uma representatividade dentro da diretoria, são 5 sub-
regionais são 5 diretores eleito por eleição direta ao lado está as coordenadorias regionais, que
representa cada coordenadoria representa uma calha de rio que nós temos aí a Cuitua, tem a CBC, a
Caianiquisse, a Cuidi e também a Caibrim cada região tem uma coordenadoria, então a nossa
coordenadoria executiva nós temos vários departamentos dentro da FOIRN, departamento de
educação, departamento de mulheres, temos setor de projeto, setor pessoal, setor financeiro, enfim e
dentro dela recentemente agora também foi criado uma demanda dentro de um oficina de um
seminário dos jovens indígenas e também se criou um departamento da juventude indígena volta e
Rio Negro e também tem um... foi duas coisas que depois desse seminário aconteceu, a criação do
departamento dentro da FOIRN e uma secretária da juventude esporte e lazer, próximo.
Como que a FOIRN funciona? O que é FOIRN? É Federação das Organizações Indígenas do Rio
Negro, nasceu para lutar em favor da demarcação das terras indígenas do Rio Negro foi fundada em 30
de abril 1987 quando então foram homologadas as demarcações de terras indígenas do Alto Rio Negro
é uma associação civil sem fins lucrativos. Então não temos vínculos partidários e nem religiosa. Tem
216
como objetivo principal defender os direitos dos povos indígenas que habitam a região do Alto Rio
Negro do estado do Amazonas Brasil, a mesma representa cerca de 750 comunidades indígenas e
agrega mais de 600 associações de bases e abrange três municípios do alto Rio negro, São Gabriel,
Santa Isabel e Barcelos onde habitam mais de 35 mil indígenas, pertencentes a 22 grupos étnico-
lingüísticos - Tucano, Aruaque, Imacu, Ianomâmi que existem nessa região. Depois delas temos várias
etnias, então tem Tucano, Dessano, Cubeu, Anano, Tuiuca, Piratapuia, Mirititapuia, Arapafe,
Carapanã, Bará, Seriano, Macuna, Baniua, Curipaco, Baré, Uerequena, Tariano, Rúpida, Yurúpida, Do,
Dobe e Ianomâmi, então essas são as etnias existentes no Alto Rio Negro.
Qual é a função da nossa assembléia? Quem é que rege o movimento indígena? Como eu já havia
falado anteriormente o objetivo dela é, é a maior instancia deliberativa do movimento indígena cujo
objetivo é estabelecer as metas e os planejamentos dos trabalhos da FOIRN. Analisa a provas, as ações
resolvida pela diretoria da FOIRN discute e aprova as contas da FOIRN, escolhe os membros da
diretoria dentro das regionais, nas 5 regionais e do conselho diretor através de eleição, dentro aquelas
candidatos pré-selecionados pelas assembléias regionais, por que a gente, qual a nossa visão do
movimento indígena para essa construção de lançamento participativo junto com a FUNAI, primeiro
necessidade de conhecer e acompanhar a execução da FUNAI ser transparente, participar da
construção , do plano e execução, outro melhorar as condições de vidas dos povos indígenas da região,
por que romper com o assistencialismo, ou seja, aquela prática de eu ir lá pedir você me dar sem saber
de onde vem, quanto custa, mas o que importa eu como indígena vou para minha casa contente, mas
estamos querendo ir além disso é fazer com que essa gestão chegue para todos de uma maneira
sustentável enfim e romper com a idéia de moeda de troca quando aparece um cacique que fala muito
aí vai alguém não é gasolina e você vai para aldeia e deixa de me perturbar não é? Deixa de estar me
cobrando perguntando quanto que eu tenho para gastar com educação, quanto que eu tenho na saúde,
quanto tenho para investir na piscicultura, então nós queremos romper com isso, enfim participar do
processo de decisão e implementação das ações e programas, não só ficar assistindo a gente, fazer
junto.
Dentro disso a gente fez uma... agora há dois meses não é? Que a gente assinou esse termo de co-
relação de gestão entre FUNAI e FOIRN e com a parceira ISA também no meio, então justamente
para que efetivasse isso, ela oficializasse essa relação, como que começamos de fazer o processo de
elaboração do plano? Criamos uma oficina de planejamento participativo que aconteceu entre 17 e 20
de março de 2009 contou com o apoio do ISA que vem nos assessorando o pessoal de Brasília FUNAI
217
de Brasília especificamente aqui a Fabiana que nunca mediu esforços para isso trabalhamos ela
aprendeu uma coisa com os paus do alto rio negro que a gente fala assim: ‘’Fabiana a gente temos tal
hora pra começar, hora pra terminar não tem , só depois que o dia raiar’’. É assim que trabalhamos não
é? Então quem participou desta, desse seminário, dessa oficina, então tivemos a organizações
indígenas de base as coordenadorias e também tivemos as instruções do município não é? IPHAN,
ITAN, CEPA, FEPEN, enfim,umas federais, outras municipais, secretarias de produção e após a oficina
ISA, FOIRN e FUNAI, São Gabriel com apoio da FUNAI sede, realizamos a complementação da
textualização da área e delimitação de orçamento necessário com ênfase na ação direta pela FUNAI.
Ou seja, a gente viu, a FUNAI disse: ‘’Olha a gente tem em São Gabriel 200 mil reais e dentro das
nossas necessidades a gente viu que a gente precisaria de mais e falamos com o presidente - presidente
qual é a possibilidade de aumentar o orçamento do ADR São Gabriel pra que possamos fazer mais
ações, não é? E ele prontamente nos atendeu e depois de muita briga, mas nos atendeu. Então, assim
nos fomos construindo e depois de determinar, já ter o nosso valor orçamentário, começamos a
priorizar algumas ações, que não foi muito difícil, porque já havia dito as nossas necessidades, temos
de cor e salteado.
Então, priorizando as ações, começamos a construir um plano que ela resultou nesse livro ainda nós
pretendemos aqui fazer alguns impressos para que elas sejam distribuídas também para outras
associações para as outras tribos indígenas que queiram que a gente pretende imprimir e fazer um
livro e distribuir. Construímos o nosso plano estratégico. E isso ela é uma coisa permanente, a gente
criou um grupo de gestão com a idéia do Petrônio, o GGI, mas a gente fazemos diferente, acho que
melhorar, a gente viu que a necessidade de cada dois meses o GGI se reunir para reavaliar as ações que
foram planejadas se foram executadas ou não se não foram por que e se ver o orçamento e tentar
reformular de novo dentro das prioridades, a efetivação desses projetos não é? Das suas ações, então,
nós temos a associação do plano estratégico da FUNAI e a situação dos povos indígenas das RA,
definição das operações e projetos de prioritário, gestão do plano. E o objetivo disso não é parar por aí
independentemente de quem que vai... se o Márcio vai continuar, se a FUNAI ... nosso objetivo é que
essas práticas sejam contínuas, que ela continue daqui para frente, chega a 10, 15, 20, 30 ... enfim, cada
dia melhorando essa participação dos povos indígenas e aí posteriormente também implantar essa
prática em outros segmentos da sociedade, não só com a FUNAI. Também com a FUNASA ou quem
for assumir a saúde indígena, também com as prefeituras, com as secretarias municipais, com as
instituições federais presentes no município, essa prática pretendemos levar também para dentro de
outras instituições.
218
Como que trabalhamos na oficina? A gente analisou primeiro, com a presença de todos os membros
que estão aí (ininteligível)... então no primeiro momento a FUNAI fez a apresentação do plano
estratégico da FUNAI, socializando o que ela tem, quais são os seus objetivos, quais são as diretrizes
desse órgão daqui para frente e a gente conhecer como que realmente a FUNAI a sua estrutura
administrativa. Tivemos apresentação de outros projetos inclusos na região, outros órgãos
governamentais e não governamentais, secretaria de educação, secretaria de saúde, secretaria de
produção e abastecimento do (ininteligível). Então, enfim, para a gente poder conhecer os problemas
também, e não só cair tudo na responsabilidade da FUNAI. Educação, de quem é a responsabilidade?
Educação, no ensino fundamental, é estado ou do município? E do município? Então vamos cobrar,
dentro das prioridades, vamos cobrar da secretaria municipal de educação; se for do estado, vamos
cobrar da Seduc. Enfim, nós fizemos todo esse mapeamento. E nós fomos identificando, então fizemos
um levantamento institucional dos problemas que eu falei e aí a fomos colocando cada um no seu
devido lugar e tentando colocar as pessoas chamando eles para a responsabilidade de atuar. Próximo.
Então, a apresentação aqui é o Toninho, quando a gente... na oficina, a gente estava socializando,
fazendo a apresentação dos objetivos da FUNAI... próximo... então aí nós já fizemos uma relação por
região, cada região... isso é um exemplo, no caso de transporte, por exemplo, a KBC localizou a causa
do problema na minha região é transporte, para que eu quero transporte? Para eu trazer meus
produtos para que eu possa vender ele de um peso melhor, desviados de atravessadores, com isso
voltar para a minha comunidade com mais benefícios, com mais coisas para a minha família. Enfim...
e aí a gente foi localizando, cada coordenadoria foi fazendo apresentação e transformou esse problema
para as causas para a gente poder dar continuidade. Próximo. E aí você identificava o problema.
Esse é um mapa nosso do Alto Rio Negro, das áreas demarcadas, isso identificava o problema, o
problema do transporte no Desana fica no Aracucachuira e aí a gente ia no mapa e dizia: é aqui o
problema, como que vamos fazer para resolvermos isso? É uma cachoeira que não consegue navegar
barcos de grande porte, o que vamos fazer? Vamos buscar falar com o ministro do transporte? Fazer
uma estrada? Então a gente localizava o problema e ia no mapa onde estava esse problema...
próximo... aqui são os grupos reunidos fazendo o levantamento dos problemas para ser apresentado
para a plenária... próximo... aqui também a mesma identificação, conhecendo a área para baixo
médio, e baixo Rio Negro, também a gente identificado no mapa que também tem um problema
muito maior que isso... próximo... aqui é a apresentação essa metodologia para a gente foi interessante
trabalhamos em grupos e nós fomos identificando, então essa roda maior é como se fosse a gente o
movimento não é? Estava lá na comunidade que é apresentado pelo FUIRNE no momento e fomos
219
identificados todas as outras instituições, de acordo com a suas relações com a comunidade você
colocava bem mais longe ou então você colocava ele bem próximo com uma gola maior, então teve,
por exemplo, para a gente lá do Alto Rio Negro apesar de ter uma relação como exemplo, a COIABE,
por exemplo, ficou bem distante ela está bem longe, porque a gente precisa melhorar a relação entre
COIAB e FOIRN, enfim que outras instituições sem (ininteligível) programa luz para todos. Até os
parentes que falavam “Programa luz para poucos”, que até agora ainda não chegou em São Gabriel da
Cachoeira na totalidade, nas comunidades. Foi assim que fomos fazendo, identificando qual era a
instituição que estava mais próxima, o que estava mais longe, porque estava longe e começamos a
explicar isso.
Aí também vários grupos apresentando da sua maneira, então pode ver que tem uma bolinha bem
distante, ele é grande, ele é importante para o desenvolvimento desse plano estratégico, porém, ele
está muito distante, próximo, (conversa paralela) ela está ligado, mas pode aproximar mais ou
melhorar essa interligação não é? Depois disso temos já o plano formulado que é o plano de ação a
gente identificou, por exemplo, o problema na sub-regional aí qual é o produto esperado? Quem vai
fazer isso? Quais são os parceiros? Como que vamos desenvolver esse problema? E também do lado a
gente colocou a matriz do território, aonde poderia acessar esse dinheiro para poder receber esse
problema, então temos um plano de ação e tentamos localizar onde vamos buscar isso, próximo, então
nosso objetivo desse plano estratégico é melhorar urgentemente a escolaridade dos estudantes
indígenas, reduzir a invasão escolar e a repetência, por quê? Precisamos melhorar a questão do ensino,
buscando não só com os alunos presentes mais qualidade de ensino, pessoas capacitadas da nossa
própria etnia, com mais capacidade para tal fim, para que possa melhorar o ensino. Então como não
tem o registro, os alunos saem, vão para cidade e não consegue se adaptar, volta, aí fica aquele
negócio, então reduz essa questão, aumenta essa questão de repetência. Outra é ampliar cobertura e
qualidade de serviço de saúde oferecido às comunidades indígenas, ampliar renda gerada nas
comunidades por meio de incentivo e projetos produtivos sustentáveis, então justamente aquela
questão você está precisando de alguma coisa, você vai lá e recebe um sacolão FUNAI, não é, o
programa fome Zero. A gente não quer mais isso, porque o sacolão, você vai para comunidade, passa 5
dias quando chega lá já acabou e aí? Queremos algo que nos dá garantia de aumento econômico nesse
sentido, não é? Melhorar o transporte fluvial e terrestre para o escoramento dos produtos e
deslocamentos das pessoas.
220
Então esse é o objetivo, porque estamos buscando construir esse plano estratégico com a FUNAI,
próximo, ampliar a disponibilidade de alimentos caça, aves e peixes nas comunidades da região,
porque hoje a região está ficando escassa dessas situações, porque sobrevivemos disso, então nós temos
que ter outra alternativa para que isso possa deixar, as aves, as caças se reproduza no seu tempo certo.
Enfim, garantir a emissão de documentos para os indígenas residentes em todas as comunidades
indígenas, por que se coloca isso? Porque quando se fala no alto Rio Negro, quando se fala em São
Gabriel, sempre fala em algumas ações, agora mesmo estamos tendo uma ação lá do mutirão de
documentação, mas chegou em São Gabriel apenas, e as comunidades? Nós temos que buscar um
plano que chegue às comunidades, porque eles não têm condições de vir até São Gabriel devido ficar
muito longe, o custo é muito caro para vim. Então precisamos rever essa situação, esse é um dos
objetivos também, melhorar a disponibilidade de serviços públicos básicos nas comunidades
indígenas. E melhorar não é só fazer de conta que está fazendo e não faz... próximo ... finalizar o
processo de demarcação das terras indígenas ... fomos a Brasília como a comissão, já falamos com a
FUNAI, então estamos, já têm alguns encaminhamentos já nesse sentido não é? Fortalecer a gestão
territorial, ampliar a cobertura e qualidade de fiscalização territorial realizado pela FUNAI,
demarcamos a terra, precisamos fortalecer essa fiscalização, então é um dos objetivos... próximo...
então o processo de gestão do plano co-gestão e controle social é fortalecer além de agente já vim
fazendo ela meio que diretamente a gente quer oficializar isso, nós vamos estar pedindo a reunião do
GGI já foi como deliberado que as coordenadorias passam a fazer esse controle social dos
desenvolvimentos das ações da FUNAI nas regiões onde estão os postos juntamente com os chefes de
postos, mas que seja uma maneira oficial, seja decretado, garantido para que nenhum funcionário,
nenhuma outra pessoa “ não, mas onde que está escrito isso” queremos isso oficialmente, então no
GGI foi determinado isso provavelmente vai chegar o encaminhamento já para o presidente, próximo,
para terminar, então é isso quando a gente se reuniu agora avaliamos ainda o GGI é formado por pelas
lideranças das coordenadorias e também os diretores da FOIRN e também os funcionários da FUNAI,
e a gente avaliou um ponto principal, a gente até falou como já estamos marcando aqui já o
intercâmbio com o Caboquinho para que ele possa ir até a nossa região para a gente fazer esse
intercâmbio, então a gente a nossa grande necessidade é ver como que se faz isso, através do programa
orçamentário que ainda a gente não domina, nós não dominamos isso para poder acompanhar melhor,
então nós precisamos dessa experiência como eles tem e a gente vai fazer essa troca de experiência já
marcado para novembro na segunda quinzena desse mês, então estamos já começando a fazer esse
intercâmbio em contra partida vamos vê como nós organizamos o nosso movimento, como que se
221
trabalha com a FUNAI tudo que eu estou colocando aqui vem vivenciar isso na prática, então como eu
tinha falado isso é um plano vivo, então eu passo prática a gente quer sempre está socializando é um
processo permanente, continuo e pactuação permanente, então como eu falei nós não queremos fazer
esse plano estratégico apenas durante esses 4 anos saiu o presidente, trocou o presidente e isso volta a
estaca zero, mas sim um prática no dia á dia, validação do controle social como eu falei, validação do
controle já é a decisão do GGI, validação do controle social, participação indígena nas coordenadorias,
nessa fiscalização oficial o desafio nós temos desafios, então a governança no contexto intercultural, a
continuidade da gestão e execução compartilhada, esse é um desafio, como eu falei é por que ela está
recentemente nós estamos criando, mas a gente já tem algumas, mas precisamos vencer esses desafios,
atenção de indígenas (conversa paralela) atuação de indígenas e não indígenas no contexto do
intercultural, ou seja, aquela questão que eu falei, então a gente quer levar para outras instituições e
também fazer com que os novos indígenas que estão a frente dessa instituição começa a entender esse
processo, nós queremos que eles entendam e a gente trabalhar junto, então são esses desafios que nós
temos e além disso o desafio principal é a região que é a região muito grande e precisamos atender
todas as comunidades, então aí está a nossa maloca que tinhas algumas, todos esses materiais tinham
um significado para a gente, então por isso que ela é todas as discussões de suma importância para o
movimento se discute dentro da maloca até o conselho distrital não é? Vanderlei se discute dentro da
maloca todos assuntos de grande importância dentro do movimento que é para as populações
indígenas. De dentro da nossa maloca certo? Próximo, então eu agradeço a vocês aí está escrito em 3
idiomas Tukano, Aium e língua geral, em português obrigado para vocês, obrigado pela atenção.
Márcio (Presidente)- Obrigado, companheiro da FOIRNE essas três línguas aí indígenas, Tukano,
Nheengatu e Baniwa. São três línguas oficiais do município de São Gabriel da Cachoeira e língua
portuguesa é o único município do Brasil. Eu acho que tem 4 línguas oficiais tem uma conquista
também importante lá do movimento indígena lá de São Gabriel da Cachoeira foi cumprido o tempo
também de 30 minutos e mais aquele descontinho para o Petrônio que também foi dado aqui, então
foi equilibrado não é? Então vou passar imediatamente a palavra para o pessoal do Amapá região do
Amapá, no caso do Amapá a Simone vai fazer uma apresentação, uma introdução vou chamar atenção
aqui no caso do Amapá são duas administrações regionais da FUNAI no primeiro caso e no segundo é
uma administração só que é João Pessoa e São Gabriel da Cachoeira, agora nós vamos no Amapá são
duas administrações, administração de Macapá e administração de Oiapoque, Simone.
222
Simone - Boa noite a todos, bancada indígena aqui presente é um prazer muito grande e uma emoção
também poder ter essa oportunidade hoje do povo, dos povos indígenas de Oiapoque fazer essa
apresentação aqui no berço da CNPI. Aqui está lideranças que vieram fazer uma apresentação do
plano de vidas dos povos indígenas de Oiapoque aqui presente o Sérgio que é o diretor do museu de
Oiapoque do povo Garibe mariuorno o Domingo Santa Rosa que do povo Garibe mariuorno e também
da administração de Oiapoque e que também faz parte do comitê gestor que trabalhou em toda a
construção desse trabalho para chegar o plano de vida dos povos indígenas, está também aqui como
foi no inicio o presidente mencionou tem duas administrações regionais presentes, administração de
Oiapoque na pessoa da senhora Estela que é do povo Karipuna e tem também um administrador da
administração de Macapá que aqui é bom que a gente sempre mencione em todas as nossas conversas
é que tem uma grande aliança entre as duas administrações e elas caminham junto com o movimento
indígena do estado isso só tem a fortalecer o movimento indígena dos povos indígenas de Oiapoque e
também dos povos indígenas do Amapá e do norte do Pará como eu volto a dizer é uma emoção muito
grande, obrigada pela atenção de todos que estão aqui presente nessa apresentação que vai ser feita
aqui vou chamar o Sérgio para iniciar essa apresentação, obrigada.
Sérgio - Boa Noite a todos e a todas primeiramente queria saudar a bancada indígena na pessoa da
Simone Karipuna segundo lugar queria saudar a bancada não indígena na pessoa do presidente Márcio
Meira, eu sou Sérgio dos Santos diretor do museu do índio museu Coari em Oiapoque e também
membro do comitê gestor indígena e nesses momentos estamos aqui, viemos de lá de Oiapoque para
justamente fazer essa apresentação desse plano para cá para essa reunião da comissão CNPI que eu
quero pedir desculpas do tempo, da pauta de vocês, mas é isso mesmo da certa forma a gente é
indígena e isso fortalece muita gente, as organizações indígenas enfim. Então o primeiro lugar o plano
de gestão sócio-ambiental dos povos indígenas do Oiapoque eu queria fazer um breve histórico com
relação a esse nosso trabalho que a gente vem discutindo há muito tempo desde quando nossos, as
nossa lideranças antigas que já se foram e trouxeram uma caminhada, um trabalho até um certo ponto
30 anos exemplos e daqui para frente nós pegamos esse trabalho para dar continuidade para frente no
movimento indígena como um todo, então esse aqui é um mapa geral a Terra Indígena Oassá que fica
as três terras indígenas, terra indígena Juminam e a Oaçá e Galibi que estamos com 36 aldeias dentro
dessas terras indígenas, com 4 etnias, Caripuna, Galibi, Galinham e Garibirmaruorno que sou eu e a
Garipuna Palicu que são os três rios também que é Rio Curipim, Oaçaia e Urucauá Oiapoque que fica
em algumas comunidades também, então para isso o tamanho dessa terra é de no total, no geral e de
518 mil hectares e no geral a população dessas comunidades são de 7 mil que habitam na região no
223
Oiapoque no norte do Amapá. Então esse nosso mapa que nós vínhamos trabalhando constantemente
com as comunidades indígenas, reunimos nas bases para pode montar um trabalho dessa natureza que
nós estamos apresentando para vocês agora.
E também nós temos exemplares desse trabalho que foi distribuído para vocês agora e esse trabalho é
importante, enquanto ele é importante enquanto nós como indígenas, como movimento indígena que
hoje estamos aqui fazendo um trabalho, divulgando um trabalho para as instituições públicas nos
estados, nos municípios até mesmo na esfera federal que isso é importante que as autoridades que
tenham conhecimento dessas nações propostas, então para isso eu tenho o meu amigo aqui o
Domingos Santa Rosa ela que vai estar fazendo essa apresentação aqui, eu apenas fiz uma abertura
aqui vou estar passando para ele, ok? Obrigado.
Domingos - Senhor Presidente, uma boa noite, à bancada indígena um abraço e aos parceiros um
outro abraço, vou apresentar nossos planos de vida que é o plano de é uma forma de descrever o que
se quer para o futuro, organizar esses objetivos e descrever como esperamos que eles sejam alcançadas
ele é feito de maneira coletiva e participativa, permitindo que idéias objetivos, prioridades, problemas,
soluções sejam compartilhadas e coordenadas contemplado anseios de toda a comunidade, o plano de
vida dos povos indígenas do Oiapoque é o planejamento participativo das demandas por políticas
públicas, as comunidades indígenas do Oiapoque. Ou seja, é um instrumento que indica a mudança
necessária para a melhoria da qualidade de vida, comunidades indígenas por conservação do meio
ambiente e sustentabilidade econômica. Ele foi feito com a realização de 5 oficinas nas principais
aldeias das três terras indígenas do Oiapoque, com apoio de parceiros e com um pouco mais de 260
lideranças e representantes indígenas. Depois das oficinas o trabalho e o documento foram avaliados,
validados na assembléia dos povos indígenas que aconteceu nos dias 25 e 26 de fevereiro de 2009, a
publicação do Plano de Vida dos Povos Indígenas do Oiapoque, em julho de 2009, pela APE, FUNAI e
TNC, que são os principais parceiros dos povos indígenas do Oiapoque.
E essa é uma foto de como foi construído o Plano de Vida; esse é o nosso consultor, uma pessoa que
sempre contribuiu com as ações; e essa é uma foto da aldeia Cumené, da primeira oficina de
construção do plano de vida... eixo temático, diretrizes, estratégicas e o que compõe nosso plano de
vida, com 6 eixos temáticos - saúde, educação, produção e outras atividades, território e meio
ambiente, cultura e movimento indígena... Apresentações e pactuações o processo permanente, o
processo permanente quer dizer que as apresentações elas sempre vão acontecer de uma maneira
constante até que a gente sensibilize as autoridades, as parcerias para somar na implementação desse
224
plano. Foi apresentado pela primeira vez na câmara dos vereadores do Oiapoque no dia 26 de junho,
foi a primeira etapa da implementação do plano de vida e a apresentação na Fortaleza de São José em
Macapá em 28 e 29 de agosto de 2009 para instituições governamentais, municipal estadual, estadual,
federal, organizações não governamentais e sociedade civil foi um grande evento que contamos com a
participação de várias instituições do estado, de Brasília também, de alguns outros estados que tiveram
presentes.
Para que serve o plano de vida? O plano de vida serve para sistematizar e agregar os interesses dos
objetivos e as metas dos povos indígenas para orientar o trabalho das instituições parceiras, de modo a
melhorar a capacidade de implementação política, das políticas públicas eficientes de curto, médio e
longo prazo, para resolver os nossos problemas de educação, saúde, cultura, meio ambiente de
maneira mais eficiente e objetiva para a nossa comunidade. Para que as instituições parceiras possam
trabalhar juntas, porque uma só pessoa ou instituição não é suficiente para resolver a maioria dos
desafios que enfrentamos. Essa é mais uma foto que demonstra a dinâmica que foi utilizada para que a
gente pudesse construir todas as propostas contidas do plano de vida. Essa é a comunidade Cumené do
povo indígena Paliku.
Como queremos que funcione? Esse é o nosso instrumento de negociação e de monitoramento das
políticas públicas que são realizadas dentro das terras indígenas... queremos que as instituições
parceiras governamentais e não governamentais adotem nosso plano de vida como instrumento de
orientação das ações atividades que são e que serão realizadas dentro das terras indígenas. Como
funciona? Espaço para implementação do plano de vida - primeiro nós tivemos um diagnóstico, que
foi as oficinas; as oficinas foram realizadas, como foi dito anteriormente, nas 5 regiões nas principais
aldeias das três terras indígenas e o segundo passo foi a análise dos resultados e validação; o terceiro
foi o seminário de apresentação e discussão a quarta realização do plano, implementação das
atividades e a quinta avaliação e monitoramento. Primeiro passo, apresentação do plano de vida para
as instituições, é o que a gente vem fazendo, o que está fazendo aqui na CNPI. A última etapa da
apresentação e o segundo passo é a elaboração dos projetos, terceiro passo é a implementação dos
projetos, que são projetos, são programas, são ações de governo e de instituições parceiras não é?
Monitoramento participativo, o quarto passo; o quinto passo é avaliação participativa, matrizes de
compatibilização de ações estratégicas.
225
E na apresentação de Macapá a gente construiu essa matriz de compatibilização estratégica de ações
estratégicas que é o nosso planejamento, é o nosso plano de ação, que é composto pelos eixos
temáticos não é? E depois as diretrizes estratégicas, as ações estratégicas, as políticas, programas,
projetos e ações governamentais, o órgão executor, órgão responsável, acesso a recurso e na dinâmica
que foi utilizado para construir a nossa matriz de compatibilização. foram utilizados 6 grupos nas
oficinas que foi composto pelos 6 eixos temáticos que foi educação, foi saúde, cultura meio ambiente,
produção e outras atividades e movimento indígena, aliança do plano de vida dos povos indígenas
organizações do Oiapoque e após a construção do nosso planejamento foi eleito, foi escolhido, foi
criado essa aliança do plano de vida dos povos indígenas do Oiapoque e que com essas atribuições, que
é participar do processo de elaboração, execução, monitoramento, elaboração do plano de vida,
articular com organizações governamentais e não governamentais para a identificação de políticas,
ações do plano de vida, potenciais ações do plano de vida e sensibilizar os gestores dos órgãos
governamentais e não governamentais sobre a importância do plano de vida, propor uma agenda de
trabalho para implementação do plano de vida, garantir o repasse de informações sobre o processo,
gestão do plano.
Quem compõe o plano? Quem acompanha o plano é o comitê gestor indígena, juntamente com as
comunidades indígenas e lideranças indígenas, o comitê gestor foi uma instituição criada para
acompanhar mais especificamente os projetos governamentais que causam impacto sobre as terras
indígenas. E, junto com as comunidades indígenas, junto com as lideranças indígenas, ele vai não só
acompanhar os outros projetos como também acompanhar o plano de vida e com o apoio da
organização e instituição governamentais, FUNAI, governo do estado do Amapá, CETRAPE, DENIT,
prefeitura de Oiapoque, Ibama, ICMbio, Eletronorte e etc. e organizações não governamentais, nós
indígenas, TNC, CIMI, GTZ, IEPE, além de outras instituições que venham a se juntar a nós,
participando das oficinas reuniões com comunidades cobrando do comitê gestor as informações,
fiscalizando se os recursos estão sendo aplicados adequadamente, de acordo com um plano de vida,
monitorando e avaliando a elaboração e execução de todos os projetos, denunciando as ações contras
às decisões das comunidades.
Forças que ajudam passando os povos indígenas do Oiapoque, caciques, vereadores, conselheiros,
professores indígenas, homens, mulheres, jovens agentes indígenas de saúde, agente ambientais
indígenas, organizações indígenas, comitê gestor indígenas e as assembléias indígenas, a natureza
preservada e a riqueza dos seus recursos naturais, floresta, fauna, área de campos, área de campos
226
alagados, áreas submersas, controle dos limites das terras indígenas do Oiapoque nas organizações
parceiras de apoio dos povos indígenas do Oiapoque, governamentais e não governamentais,
diagnóstico organizacional participativo da FUNAI. Esse é um outro ponto, assim, importante, porque
não adianta a gente se fortalecer de um lado e de outro lado a FUNAI é uma grande parceira nossa e se
os povos indígenas crescem a FUNAI tem que crescer junto, porque FUNAI é um instrumento muito
importante, uma instituição muito importante para os povos indígenas do Oiapoque, até porque 90%
dos funcionários são indígenas ou se não for 99% parece que tem um ou dois não índios na FUNAI.
Então por isso a gente fez o ... da FUNAI, para identificar as falhas e o potencial da instituição, forças
que atrapalham; tomada de decisões paralelas não baseadas em consenso da comunidade, do comitê
gestor indígena, a não liberação dos recursos em tempo hábil, projetos mal planejados e gerenciados,
atividades e recursos, projetos mal assessorados e sem acompanhamento, desvio de recurso público,
política não pública, que visa somente interesse público e pessoa, falta de comunicação entre os povos
indígenas e as instituições parceiras, descontinuidade dos projetos e mudança de governo, cooptação
políticas das lideranças, falta de sensibilidade dos parceiros empreendedores em relação à diversidade
dos grupos indígenas e ao significado do plano de vida.
Passos para a implementação do plano de vida dos povos indígenas do Oiapoque: 1) negociação do
plano de vida, 2)oficinas de projetos, 3) implementação dos projetos e o 4) é o monitoramento e
avaliação.
E os desafios: manter o espírito de convergência de instituições colaboradores e perspectiva, aspectos
de estratégias, manter e aperfeiçoar dialogo de inter-institucionalidade com foco na perspectiva do
plano de vida, avançar nas etapas de fortalecimento do poder local, avançar no fortalecimento das
ARS recursos humanos, capacitação, melhoria de infra-estrutura, melhoria e física equipagem e dos
parceiros, prefeituras ONGs associações indígenas, elaborar os planos de trabalhos dos termos de
cooperação técnica da FUNAI com parceiros e instituições com plano de vida, interação com o plano
de vida, manter e ampliar as organizações, parceiros, mosaico transfronterismo de áreas protegidas
Brasil Guiana Francesa e Suriname grande ferramentas, assembléias, conselhos associação dos povos
indígenas Oiapoque, associação (ininteligível) rede de parceiros, universidades, prefeitura municipal
do Oiapoque, governo do estado do Amapá, organizações não governamentais, algumas conquistas
regularização fundiária das três terras indígenas Oaçá, Gualibi, Juminam o companheiro Sérgio que
totalizam 500 mil, hectares totalizando as três terras indígenas, museu dos povos indígenas Oiapoque
museu Coarí, mapeamento ecológico participativo das terras indígenas e formação e capacitação de
227
indígenas, formação de professores de 1ª a 4ª série 170 professores, ensino fundamental e ensino
médio das comunidades reconhecimento de escola indígena, formação superior licenciatura
especifica, recursos regulares de geografia, direito administração e outros. Concurso publico especifico
para professores indígenas nós temos atualmente 127 professores indígenas que participaram do
concurso especifico e foram contratados pelo governo do estado, estão exercendo suas funções nas
escolas no ensino fundamental e ensino médio através do SOMEI é um sistema de ensino modulado
do estado, regularização da conferencia regional da educação escolar indígena, realização, celebração
de termos de cooperação técnicas da FUNAI com prefeitura Oiapoque e governo de estado do Amapá,
ONGS (ininteligível) TNC foi assinado recente o termo de cooperação numa visita do nosso presidente
de alguns Oiapoque que visitou pela segunda vez as terras indígenas e na oportunidade só fica
assinado esse termo de cooperação, está previsto nos próximos mês e acredito a assinatura em nível de
estado, ações implementadas em andamento, nessa foto demonstra a construção do mapa, construída
pelos povos indígenas utilizando foto satélites e foi construído esse mapa aí que está servindo para a
nossas ações, os projetos e para dinâmica nas salas de educação, nas escolas a ecologia do jacaré
também é um outro projeto que já foi concluído a pesquisa, foi produzido três grandes relatórios e
agora a gente está aguardando uma outra etapa de implementação que é mais relacionada a questão da
exploração para a sustentabilidade e para a geração de renda nas comunidades. Jacaré Açu, a formação
de agentes ambientais também isso aí demonstra aí uma capacitação dos agentes, pode passar que
nosso tempo está esgotando, seminário de sustentabilidade econômica dos povos Oiapoque, aí é a
coleta de semente no outro programa que temos aí de produtos florestais não madeireiro, pode passar
aí é o manejo do açaizal é uma outra potencialidade que a gente está tentando aproveitar para a
sustentabilidade são as mulheres que estão fazendo os manejo dos açaizais um exemplo muito bom
que a gente, inclusive está dentro do plano de vida, está sendo utilizado como projeto piloto, projeto
ação emergencial da geração de renda das comunidades, isso aí é o limite da terra indígena demonstra
como a gente faz a viventação como anualmente é feita a limpeza de todos os limites da terra indígena
onde tem linha seca e a gente mobiliza 8 equipes envolvendo 300 indígenas nos 4 cantos da terra
indígena, aqui também é um outro trecho de fiscalização (ininteligível) fiscalizando a BR 156 que fica
no limite da terra indígena do lado direito está a terra indígena do outro lado está as fazendas aqui é o
nosso museu Coarí, estava acontecendo um evento nos fundos do museu com a dança do Turé com
vários convidados aqui são os indígenas que estão assistindo o evento, uma sala com vários adereços,
adornos e artesanatos indígenas isso aí são os chapéus que utilizando a dança do Turé, aqui é uma
outra experiência inclusive essa experiência aqui foi incentivada pelos Ashaninka s em 2003 que
228
participaram de um grande evento do terceiro seminário dos povos indígenas do Oiapoque onde foi
convidado os Ashaninka e deram esse exemplo muito bom lá faz três anos que a gente está tentando
implementar esse projeto que é muito bom do manejo dos Quelônios da Tracajá, aqui é o nosso do
primeiro seminário, fórum sócio ambiental dos fóruns indígenas onde deu origem todas as lutas a
implementação de tudo isso que a gente construiu e esta tentando complementar daqui para frente,
aqui está um mapa da linha do projeto da região transfronteirista aqui está desenvolvido dentro dessa
área vários programas, nós estamos, nós participamos do conselho aí tem terras indígenas, tem três
terras indígenas aí, tem comunidades tradicionais, unidade de conservação, parque nacional da
montanha turrucumá tem o parque do Caborange onde é discutido já faz três anos que a gente está
inserindo nessa discussão das discussão transfronteristas, nessa mesma região está sendo discutido o
projeto mosaico também e também tem um outro projeto que interessa a gente que está discutindo
também que é o corredor da biodiversidade que vai desde as montanhas de Comucumaque até o
Cabrange que fica no inicio da Guiana Francesa, isso aqui é uma foto que da dança do Turé aqui são
crianças jovens indígenas Karipuna e Gualibi-mariuorno que estão numa confraternização
participando da dança do Toré essa foto também simboliza a nossa visão de futuro se tudo isso que a
gente tentar implementar significa que a cultura, a vida e a alegria dos povos indígenas vão ser
constantes, nossos agradecimentos vou deixando, então eu queria deixar para a nossa administradora
lá, nossos agradecimentos a CNPI parentes e parceiros na longa estrada do movimento indígena
continuamos nossa caminhada kaiabiana com muito disposição e alegria só para explicar essa palavra
kaiabiana significa um mito dos povos indígenas do Oiapoque que diz que uma cobra ela se
transformou e subiu para o céu e se transformou em uma constelação que daí gerou a vida, energia e a
descriminação dos povos indígenas, obrigado pela atenção.
Márcio (Presidente) - Eu queria que a nossa administradora de Oiapoque Stela e nosso administrador
de Macapá Frederico pudesse levantar aí se apresentar para CNPI, por que são responsáveis aí pela
direção da FUNAI na região e que abriram mão de apresentar para que os próprios companheiros
apresentassem aí o plano, e como foi o que aconteceu aqui com a FOIRNE, então feita essa
apresentação foi a terceira no tempo também de 30 minutos então eu queria agora abrir com o debate
não é? Eu queria propor também que a gente colocasse estamos agora aqui são 07:37 então que a gente
fosse até as 8:00 para a gente poder sair daqui encaminhada lá para a exposição da biblioteca da
floresta, então está aberto o Lindomar primeiro inscrito, depois a professora Francisca, depois a
Pierlângela, depois Sandro.
229
Lindomar - Boa noite a todos e a todas sou Lindomar (áudio muito baixo) interrogação tanto para a
CNPI (ininteligível) nessa apresentação e em especial para o senhor, sabemos que o controle social é
importante em todas as instâncias e o maior desafio pelo menos na região nordeste as administrações,
coordenadores (áudio baixo) dialogando e chegando ao entendimento dos senhores por que na região
nordeste (ininteligível) representante de conselhos de saúde está de parabéns o administrador da
Bahia (áudio baixo) que implantou esse trabalho, mas a maioria das regiões, ser representantes do
conselho distrital tem Caciques da FUNASA ser articulador da FOIRNE, ser articulador junto da
(ininteligível) e de outras organização que chama cacique (ininteligível) os nossos administrador na
maioria das outras vezes as pessoas que querem fazer um trabalho desse nessa visão (ininteligível) vai
trabalhar (ininteligível) que é muito importante e (ininteligível) da FUNAI (ininteligível) trabalhar
essa visão diferente com esses administradores dessa conferência.
Francisca - Francisca Mato Grosso bom presidente são experiências bastante especificas de cada região
de cada administração regional não é? Eu fico assim lembrando bastante do processo histórico da
política indigenista no nosso país para a gente chegar nessas experiências passamos por vários
momentos e situações e hoje existe um grande anseio por parte da comunidade de lideranças, de uma
mudança na política indigenista em relação aos povos indígenas não só da parte da FUNAI, mas de
uma maneira geral das instituições um pouco eu acho que o Lindomar já colocou isso, dos vícios, da
situação você teve oportunidade de ver a situação nossa em Mato Grosso não é? E lá em Cuiabá, por
exemplo, administração alguns povos de lá da região está aguardando aquela proposta que foi feita
para eles de se criar um conselho gestor e até hoje a gente está aguardando isso e levando em
consideração de que o meu estado é um estado bastante especifico mesmo bem peculiar na relação
com o estado e com a própria FUNAI ali é o berço do indigenismo e daquele indigenismo positivista,
assistencialista cheio de vícios e de que a mudança tem que vir não só da parte nossa indígena e os
índios tem essa clareza a gente percebe isso na conversa com eles, mas principalmente os próprios
gestores, eu acho assim que se a FUNAI está presente e essas experiências que foram colocadas aqui
que foram apresentadas aqui para nós experiências maravilhosas e exitosas, por que são dos dois lados
tanto da parte da FUNAI quanto do lado dos indígenas penso que pode ser uma marca registrada na
sua gestão como indigenista e isso muda muita coisa, muda a partir da existência da CNPI o Lindomar
colocou muito bem isso de como a CNPI pode atuar, mas principalmente na gestão da FUNAI e que
precisa mudar e muito e isso que eu coloco também no mesmo encaminhamento que o Lindomar fez
no sentido desse desafio que nós temos aqui na CNPI, mas o desafio maior da sua parte como
pertencente ao órgão indigenista de mudar essa nova relação não só do estado, mas da própria
230
instituição FUNAI com os povos indígenas nessa relação institucional que eu acho que isso que vai
ser a sua marca e eu penso que nós aqui da CNPI da bancada indígena temos total interesse lógico,
evidente da gente também marcar a nossa posição e o nosso apoio a esse tipo de iniciativa e essas
experiências, eu gostaria de reiterar para você e aqui para nós a necessidade de uma discussão ampla
com os povos indígenas que já manifestaram interesse nesse coisa, por exemplo, o meu estado de Mato
Grosso você sabe a situação lá pode ver lá conversar com alguns administradores e muitos deles tem
uma posição bem diferente do tradicional que vem aí desde o tempo de Rondônia, então a gente, eu
primeiro quero parabenizar a Stela os demais companheiros que apresentaram aqui, a Stela eu já
conheço a caminhada dela como uma mulher guerreira e que sempre teve aquela perspectiva mesmo
de se preocupar o seu povo e eu gostaria também de ressaltar aqui a importância dos setores que estão
envolvidos em todos os processos, setores da FUNAI que são pessoas que aqui já colocou que eu acho
que isso foi muito interessante são pessoas é que fazem a mudança e são pessoas que realizam as ações,
então eu volto assim essa mudança que você está fazendo dentro da própria FUNAI vai ajudar muito a
gente a mudar esse política indigenista, assistencialista, viciada e que nós não queremos mais isso eu
acho que é uma posição clara, ficou bem claro aqui não é? E eu penso que as organizações indígenas
têm muito a contribuir e as demais instituições do governo também nesse processo que a gente vai
encaminhar, eu particularmente eu gostaria de deixar uma marca na CNPI provavelmente não vou
continuar, mas no conselho provavelmente, mas eu gostaria de deixar uma marca registrada até por
que a gente tem acompanhado os anseios e interesses dos povos indígenas da maioria deles em fazer
uma mudança que possa fazer com que os povos indígenas sejam os verdadeiros protagonistas das
ações era isso.
Sandro - (áudio baixo) do nordeste lá da Bahia, bem (ininteligível) (áudio muito baixo) fico feliz com
essa experiência de uma maneira mais transparente (ininteligível) da Paraíba, conversei o senhor
Petrônio, com o Caboquinho e a gente vem (ininteligível) trás anos a questão da administração
infelizmente não conseguimos esse (ininteligível) depende de pessoas, das pessoas que querem cuidar
(áudio muito baixo) e aí vendo o trabalho apresentado por outras administrações fico mais tranqüilo
que tudo está baseando naquilo que estamos tentando construir, a gente quer construir realmente essa
participativa e aí uma região que lá (ininteligível) aproximadamente 10 povos da Bahia, (áudio muito
baixo) esse povo todos eles (ininteligível) trabalhar para as comunidades indígenas (ininteligível)
tanto é que emitiu uma carta da FUNAI datada junho de 2008 no encontro estadual de escolarização
indígena (ininteligível) pede ao presidente que nomeie um novo administrador (ininteligível)
realmente colocou uma pessoa que venha com tempo, por que temos movimentos indígenas daquela
231
região (ininteligível) muitas vezes questionam (ininteligível) essas ações contrarias com o objetivo
(ininteligível) (áudio baixo) já foi feito uma solicitação para um encontro que a gente possa realmente
sentar e( ininteligível) como experiência da Paraíba (áudio baixo) acredito que nós lá quem sabe
tomar um novo pode administrativo, por que lá o conselho gestor, gestão participativa (ininteligível)
construir toda uma estrutura de atividades para ser implementada ano a ano e na mesma linha da
Paraíba, (ininteligível) queremos chamar outros parceiros queremos tentar outros parceiros dentro do
conselho (ininteligível) então, eu acho que talvez a FUNAI já possa ousar mais um pouco em relação o
material que já dispõe (ininteligível) tem administrador que não tem nenhuma, não está nem aí
(ininteligível) desacreditado pensando em outras formas novas de pegar e revolucionar, quando chega
outras formas outros pensamentos e aquelas pessoas que sempre atuaram por uma boa causa veste a
camisa e consegue continuar, diferente daqueles que não querem (ininteligível) ou talvez estão no
lugar errado por motivos (ininteligível) eu queria na minha falar pedir para o Caboquinho
(ininteligível) obrigado pela presença.
Márcio (Presidente)- Obrigado Sandro o próximo é o Toya.
Toya – A CNPI é uma comissão muito de respeito boa noite, gostaria de parabenizar apresentação do
Petrônio e parabenizar também o povo do Caboquinho não é? Pelo trabalho que vem fazendo lá e os
irmãos aí da FOIRN que também tem um trabalho bastante interessante no alto Rio Negro, uma
organização de bastante peso que demonstra o conhecimento que os povos indígenas têm não é? Sobre
o seu projeto de vida isso é bastante interessante como também o pessoal da APIOINME que também
da mesma forma do Rio Negro demonstra onde quer chegar, senhor presidente nesse novo milênio
uma coisa bastante interessante é a abertura que o estado faz, os povos indígenas conquistaram com
relação a participação, com relação aos direitos e aqui nessas apresentações dá para ver claramente que
o discurso saiu e foi prática que é trabalhar com os povos indígenas e não para os povos indígenas e
gostaria também de apoiar a iniciativa do Sandro aqui, mas que o presidente baixasse uma portaria
dizendo que todas as administrações pudessem estar a partir de 6 meses está tudo implantado a
questão dos comitês de gestão participativa, por que a partir daí nós podemos conhecer realmente o
que está atrapalhando nossa vida dizer (ininteligível) se você não conhece seu inimigo como você
pode derrotar ele? Então o planejamento é essencial e como diz o Jorge Viana também: não adianta
uns remarem para frente e outros para trás por que a gente não vai sair de lugar nenhum, então eu
acho que nossa marca como o senhor presidente da FUNAI seria baixar essa portaria e dizer não tem
232
que em 6 meses todas as administrações está implementado esse trabalho que é de suma importância
para o movimento indígena.
Márcio (Presidente)- Fabiana vai falar no final aqui sobre, Caboquinho.
Caboquinho - Potiguara Paraíba, eu só queria agradecer por mais duas iniciativas as que as
administrações estão tomando não é? Por que na realidade há anos a gente vem conversando, mas eu
nunca tinha visto outra experiência eu preciso conhecer também essas outras experiências, vocês que
estão fazendo esse trabalho bonito, eu acho que é bom a gente fazer um intercambio, nós temos que
fazer um intercâmbio para que as pessoas que já vem vivenciando como nós Potiguara conhecer a
realidade de outro povo como aquele outro povo ir também na Paraíba para ver também como
estamos trabalhando, por que o bom é a gente ver na prática mesmo como que está funcionando, eu
acho que temos que fazer isso, eu só queria somente frisar somente essa interrogação.
Arão - Boa noite senhor presidente membros da CNPI, na verdade minhas palavras de agradecimento
pela demonstração desse valioso processo de libertação em que se encontra os parentes pela
demonstração que foi feita aqui é um passo positivo a gente entende que é um processo inicial, apesar
de ser um processo inicial, mas já é a prática e essa prática deve ser estendia a experiência foi
interessante ter falado aqui que é necessário fazer esse intercambio sim com outros estados a exemplo
eu cito o Maranhão que talvez seja uns dos piores estados hoje politicamente falando, internamente
em todas as situações, então aqui também parabenizo o Toya o pedido que ele estendeu o senhor para
que seja de fato decretado aí um período para que se implante essa gestão participativa nas
administrações regionais que de fato ainda hoje existe nas administrações que tem recurso existe ainda
aquele processo de toma lá da cá, eu te dou isso e você me apóia existe isso e a gente sabe também que
não vai ser fácil a gente sair desse roteiro de circulo vicioso que não é de agora não estou falando da
sua administração esse é um processo do CNPI que passou por outros presidentes por outras
administrações e é preciso mostrar esse novo horizonte desse novo olhar de se trabalhar por que daí
sim acredito que a gente enquanto indígena possa participar do processo, Sandro eu acho que estou
atrapalhando a conversa de você dois aí, esse processo e a gente não quer incorre, continuar pecando
ao longo desse processo em que sempre fomos guiados através de terceiros, agradecer aqui as equipes
que fizeram as apresentações por estado e dizer também aos parentes que estão aqui, não sei se estar
por nome, por região, mas digo a todos que estão presente aqui que suas regiões estão bem
representados aqui na CNPI temos aqui o Caboquinho, temos lá a Simone, temos a professora
Pierlangela a Chiquinha lá que ela é a nossa madrinha, nossa orientadora nos momentos de fraqueza
233
ela chega com o poder firme dela e diz; é assim que tem que ser é uma guerreira e aqui em publico
reconheço esse processo e assim também como todos os participantes não indígenas está aqui o
(ininteligível) que está me olhando fazer uma referencia a ele não é puxando o saco, imensamente de
coração agradecer para mim já saiu daqui com uma outra visão, eu não entendia de que forma
funcionava isso, mas serie um dos multiplicadores também dessa idéia lá no meu estado e se
necessário em outras regiões também estarei a disposição para participar desse processo por que eu
acredito que só assim a gente vai conseguir ter êxito sim nesse processo e agradecer ao Caboquinho
fiquei surpreso por ele ser representante caíque maior daquela região fazer parte desse código de
comportamento lá dentro só me chamou atenção o item E, mas esse é um caso que pode ser alterado
sem problemas, obrigado.
Pierlângela - Depois da fala do Arão altos elogios, mas só colocando aqui parabenizar pelas iniciativas
se os governos até hoje podem falar que não se tem um plano está aí a experiência de um plano, agora
é acompanhar mesmo e chegar com um livro e solicitar aqui a gente sabe o que nós queremos e vocês
qual vai ser a parte de vocês? Acho que para nós indígenas trás uma grande lição para todos nós
principalmente para aquelas áreas e aí eu quero fazer essa referencia a experiência são diária já
demarcadas, praticamente já garantidas no Amapá é uma situação que surpreendeu, tivemos lá eu e
Chiquinha e Weibe recentemente estivemos lá na conferencia de educação escolar indígena e nós
surpreendeu quanto ao nível de organização, o nível dessa articulação, então para nós é um exemplo
inclusive para nós enquanto a implementação dos territórios da cidadania para mim isso até avança a
questão dos territórios da cidadania o exemplo que eles estão dando e a gente levar isso, Roraima a
gente está iniciando esse processo e com certeza vamos convidá-los para ir lá, vocês todas as três
experiências por que lá em Roraima depois da demarcação da raposa serra do sol é isso que as
comunidades querem falar, querem fazer e precisa desses exemplos, precisa esse intercâmbio entre a
gente para a gente poder fazer, mostrar para os nosso parentes que é possível, por que muitas vezes as
pessoas também não acreditam que é possível, mas é possível e principalmente eu acho que dá uma
lição para o movimento indígena, por que? Por que muitas das vezes a gente fica só fala, fala na
oralidade e a gente sabe que as instituições se a gente não tiver inscrito muita das vezes a gente não
consegue visualizar, por que nós falamos eles são muito de ver o que está escrito, então é um exemplo,
mostrar isso e para nós vamos levar isso lá para o estado depois fazer um convite a vocês para
intercambiar essa experiência como os Macuxis e Wapichanas, com Yanomâmi e com os Ingaricó e
com todo povo de Roraima, então para ficar aí registrado por que posteriormente nós vamos organizar
isso, então parabéns para o movimento indígena é um exemplo para as instituições.
234
Quenes Gonzaga – Secretaria-Geral, bem fiquei emocionada com a propriedade, com o protagonismo
acho que vocês aqui principalmente dos povos indígenas eu vou estar aqui na pessoa do senhor Luiz
Barão dos Santos não é? Quando ele pegou aqui o microfone e apresentou com tanta propriedade o
que foi construído conjuntamente então antes demais nada vou começar por essa apresentação, mas
evidente que as três foram muito boas e acho que nos mostra para nós que estamos no momento no
governo como que o governo terá êxito e a população também se nós desenvolvermos políticas
publicas com a participação cidadã, isso vale para toda e qualquer política não só para a política
indígena, acho que falo isso por que fiquei bastante entusiasmada por que o que nós mais ouvimos do
nosso ministro por que é o ministro Luiz Dulce é que a secretária geral no conjunto dos órgãos do
governo recebeu a atribuição do presidente Lula de procurar trabalhar olhando sempre as formas de
participação social enfim incentivando junto aos nossos órgãos para que todos ele ao elaborar ou
executar suas políticas públicas levem em consideração o que pensam os beneficiários desse política e
eu acho que aqui a gente consegue visualizar isso, isso é muito bom quando a gente sabe que está
acontecendo nessa pequena revolução, mas grandiosa diante de tudo que nós sempre ouvimos falar da
FUNAI e que esse processo inclusive ele vem já acontecendo até anterior ao governo e ai a gente viu
aqui o companheiro Petrônio falando que tem dez anos, parabéns pelo trabalho que vocês fizeram lá
com os Potiguara tendo esse parabéns também ao Caboquinho e todo o povo Potiguara por ser
pioneiro de uma experiência de gestão pública compartilhada aonde os representantes do poder
público e os beneficiários dessa política são de fato sujeitos do processo e sem essa diferenciação, então
acho que também a experiência do Oiapoque eu nem sabia que era assim que escrevia, enfim é uma
coisa que a gente quer trabalhar, mas é um pouco distante da gente então ver o nome de tantas etnias
que a gente nunca ouviu falar as instituições que estão envolvidas no trabalho é muito enriquecedor
para a gente que está nesse momento fazendo parte desse governo do Lula você precisam acreditar
nisso e antes de mais nada é parabenizar o Márcio. Acho que o governo atualiza para FUNAI em
março e eu ouvi isso inclusive do nosso ministro que eu não conhecia ainda todos tinhas essa
expectativa de que a sua ida para FUNAI fosse para alargar esse processo de participação dos indígenas
junto as políticas públicas do governo como um todo, então eu acho que na pessoa do Márcio estender
esse parabéns a toda a equipe da FUNAI e que a gente tenha a expectativa de que com a sua condução
a gente consiga que já estamos conseguindo tirar a FUNAI desse lugar comum e um lugar ruim que o
governo estrutura para dialogar com os povos indígenas, então eu acho que é valorizar dizer que essas
três experiências apresentadas aqui são experiências extremamente exitosas na construção da política
pública onde os sujeitos beneficiários desse política podem participar de todas as etapas dela, a gente
235
está enfatizando muito a historia do controle, mas evidente que antes do controle já se dialogou qual
seria o presente dessa política, então eu entendo que esses três exemplos aqui desde fazer a oficina,
desenhar cada ponto, depois fazer o acompanhamento e como o senhor Luiz falou várias vezes nós
queremos fazer junto, nós queremos romper com o assistencialismo, então eu acho que isso é muito
importante tenho certeza que não só eu, mas talvez outros do governo, mas principalmente os mais
novos como eu (ininteligível) por que ele está me dando aula sobre os indígenas, mas a gente está
aprendendo muito é muito bom espero que a gente possa continuar ampliando essas experiências,
obrigada.
Irânia - Boa noite, Irânia - FUNAI. Eu queria dar primeiramente mais um informe que nós temos mais
um processo de formação de gestão participativa na FUNAI, a coordenação geral do projeto especial
coordenada pela Fabiana a coordenação geral de direitos indígenas coordenado pelo Paulo Oliveira
Pankararu e a nossa coordenação também já esteve fazendo esse trabalho com os Scariana e com os
Saterês Maué que é exatamente vinculada a nossa administração de Parintins, nós já trabalhamos na
formação, o conselho gestor já está formado e nesse semestre vai iniciar o segundo momento que é
exatamente da elaboração do estatuto, do plano de trabalho, então só para informa vocês que a gente
já tem mais um processo em Parintins acontecendo que é muito importante. E reafirmar mais uma vez
o seguinte, lembra quando o Petrônio no final falou assim da dificuldade por que as vezes os
indígenas, os próprios administradores, mas como a gente vai fazer isso? Tem recurso na FUNAI para
isso? Tem um plano de trabalho? Tem u orçamento para isso? É reafirmar que mais uma vez que a
FUNAI através do plano de trabalho de proteção social dos povos indígenas criou uma ação que é
exatamente para trabalhar com a mobilização das organizações indígenas, dos indígenas com relação
ao controle social a gente vem apoiando todas as grandes associações dos projetos na medida do
possível ajudamos na realização de vários fóruns como a APOINME a COIAB a APIRSUL a FORIN
um projeto aqueles de jovens várias questões a gente vem apoiando através dessa sub-ação que foi
criada esse ano, então só para dizer que a gente já iniciou um processo assim também como essa sub-
ação apóia a gestão participativa, então a gente vem apoiando e por ultimo eu queria reforçar o que
Sandro falou e lembrar da Pierlângela e o seguinte; de dizer que eu fico contente por que assim ela
lembrou ontem que o espaço da CNPI deveria ser acima de tudo o espaço da formulação de política e
hoje eu vi aqui um indicativo e na fala do Sandro isso ficou muito evidente que era um indicativo de
formar não só ter uma norma, mas de criar uma política de gestão participativa dentro da FUNAI, ou
seja, para a política indigenista onde a gente trabalha as diretrizes todas as ações que tem então uma
política eu acho que só uma norma não basta tem que ter uma política definida, então eu acho que
236
quando a CNPI aponta para isso estamos no caminho estou feliz com a CNPI, por que aqui no é só o
espaço de avaliação de política, mas de formular de propor, então eu acho que observado a realidade
as experiências aqui saiu proposições e essa da gestão participativa para mim é fundamental para a
fundação nacional do índio, obrigada.
Márcio (Presidente)- A Fabiana estava inscrita.
Fabiana - Quero dizer também minha contribuição aqui por que também na FUNAI eu tive um pouco
desse papel de pensar junto esse processo da gestão participativa e fico muito feliz que tenha saído da
bancada indígena na ultima reunião da CNPI o pedido disso e estar acontecendo aqui acho
extremamente estratégico por que eu acho que isso pode garantir sustentabilidade aos processos
futuros dessa práticas que a gente viu aqui nessas três regiões, eu acho esse exercício que fizemos hoje
de observar eu acho que não há receita metodológica, técnica de bolo pronto para a gente fazer isso
acho que cada lugar a gente vai ter um processo diferente de tecnicamente construir esse planos agora
o que é importante é nós temos como principio de atuação do próprio órgão da FUNAI é de respeitar
quando vai pensar nesse processo que é um processo que quer fortalecer o processo de protagonismo
na definição do seu plano de vida, na definição de suas prioridades de metas é respeitar esse processo
de organização social com o pão social com o primeiro passo para pensar no processo metodológico de
construção desse plano, por exemplo, no Rio Negro existia um processo de organização social forte a
partir das coordenadorias como (ininteligível) colocou aqui que são coordenadorias que tem uma
razão política, cultural enfim nós temos que ter essa capacidade de entender isso e não fazer sozinho e
fazer isso com os índios, então eu só queria manifestar isso também minha alegria de poder ter
participado, ter aprendido nesse processo com os movimentos especialmente os movimentos do Rio
Negro tive uma experiência também de poder participar um pouco, conhecer um pouco dessa
experiência no Amapá, então eu acho que é isso, acho que parabenizo a própria CNPI de ter colocado
isso como pauta, (ininteligível) uma demanda e aí eu queria dizer uma coisa que não depende de
pessoas apenas é claro que as pessoas fazem, mas não depende das pessoas se você consegue instituir
isso como processo, se o processo da gestão participativas nas AR a gente consegue institucionalizar
isso de fato e quando eu digo institucionalizar não é uma portaria, não é uma norma de
comportamento, mas de fato se o processo envolveu o movimento que para além de ter portarias ou
não você garante a sustentabilidade desse processo, isso eu ouvi lá no Rio Negro vamos fazer uma
portaria, mas independente disso não importa o gestor que entre nós já nos apropriamos desse
processo quem quer que seja, quem venha fazer vai ter que fazer dessa forma essa é a melhor forma,
237
então eu acho que não está centrado não depende só das pessoas então eu acho que a gente tem que
aproveitar esse momento político importante da gestão da FUNAI que pensa esse processo nesse
momento.
Capitão Potiguara - Eu quero só parabenizar (áudio baixo) dizer que a Paraíba hoje (ininteligível) de
orçamento participativo,mas isso não dizia o nosso trabalho da cidade (áudio baixo) só querer e ter
coragem de fazer.
Titiah - Boa noite Luiz Titiah representando a região nordeste e leste é o seguinte pela experiência
que nós vimos aí eu acharia que a minha opinião era juntar esse trabalho tempo que o Caboquinho
estava em outra região somar essa experiência juntasse essas três experiências e somasse nas regiões
que não tem onde a FUNAI criasse umas assembléias ou seminários que passa para outra região essa
grande experiência, por que lá para nós Pataxó Hã Hã Hãe, já criamos a comissão gestora só nas
conversas entre capitão, Caboquinho até o administrador na época que eu fui, criamos lá a comissão
gestora dos Pataxó Hã Hã Hãe e está trabalhando junto com o administrador lá, mas assim para isso
ser criado é isso que o pessoal fala não é? Alguns parentes falou aqui tem algumas políticas de alguns
funcionários que não quer ver isso implantado nas regiões, mas assim com tudo isso colocado eu
queria deixar aqui registrado que eu não sei se já chegou no conhecimento do senhor uma carta que
veio do cacique de coroa vermelha o conhecimento da bancada indígena que a gente precisa tratar
aqui na reunião da CNPI eles pediram com urgência acho que a situação dos Pataxó de Coroa
Vermelha não está muito bem dependendo da agenda de amanhã tratar o assunto de coroa vermelha
parece que o cacique com suas organizações está aguardando alguma resposta era isso que eu queria
contribuir.
Márcio (Presidente)- Obrigado Titiah amanhã a gente pode ver então esse tema de Coroa Vermelha, o
Titiah era o ultimo inscrito nós estamos no horário de 8:15 vamos encerrar nossa atividade de hoje,
vamos seguir para exposição, mas eu queria chamar atenção de uma coisa, Petrônio.
Petrônio - Queria lembrar que nós também iniciamos também essa idéia lá em Campo Grande nós
escancaramos as contas da administração e eu acredito que isso tenha tido repercussão não é? Só como
ele não lembrou eu estou deixando aqui para não esquecer.
Márcio (Presidente)- Eu queria fechar... a Teresinha vai dar os informes depois, mas antes disso.
André - Eu acho que o pessoal fez algumas propostas.
238
Márcio (Presidente)- Antes do encaminhamento só vou fazer alguns comentários eu queria dizer para
você o seguinte; quando a CNPI na reunião passada sugeriu que a gente trouxesse algumas
experiências de gestão participativa que a gente estava implantado a gente optou por trazer três
experiências, mas na verdade estamos iniciando esse modelo de gestão participativa em outras
administrações da FUNAI que não estão aqui eu queria também chamar a atenção disso, quer dizer,
tem alguns lugares como foi citado aqui a nossa administração de Parintins que começou a
desenvolver um trabalho de gestão participativa foi constituído já o comitê já iniciou esse trabalho lá
nós já começamos a fazer isso também que é a administração de Ilhéus que já constituiu o comitê já
começou a fazer uma discussão em relação ao orçamento lá em Campo Grande a gente começou meio
que travou aí volta, ainda não pegou o ritmo, mas acho que vai acabar numa nova fase entrando ritmo,
lá no Sul também na administração de Chapecó nós iniciamos um trabalho também de gestão
participativa na administração de passo fundo também, então tem várias iniciativas de gestão
participativa e recursos não dava para trazer todo mundo não dava para trazer todos que estão
começando, todas elas estão em fase inicial do processo inicial, mas com esse principio queria chamar
atenção também no seguinte nós quando chegamos na FUNAI eu falei desde o inicio que eu tinha
vindo para a FUNAI pra mudar, eu não vim para FUNAI pra ficar na mesma coisa que ela sempre foi
vim para fazer mudança, então por isso eu quero aqui dizer que eu estou muito satisfeito de ouvir aqui
da CNPI por que na verdade a manifestação da plenária era no sentido eu estou entendendo dessa
forma, pode continuar fazendo as mudanças por que estamos apoiando, por que estou dizendo isso?
Por que fazer mudanças na FUNAI como qualquer instituições públicas que vai completar 100 anos
ano que vem a CNPI mais FUNAI são 100 anos são mudanças difíceis de serem feitas por que se trata
de uma mudança de mentalidade, uma mudança de concepção e cultura institucional e isso não se
muda assim com decreto, com portaria, estou dialogando aqui até com a proposta que vocês fizeram
então eu posso fazer uma portaria e não adiantar nada, por que se não muda a cultura institucional,
por exemplo, no caso do Rio Negro eu vou fazer uma portaria, mas já é uma portaria que é
conseqüência da mudança provocada lá naquela portaria que a gente fez referencia a ela aí sim, por
que a portaria já conseqüência de uma mudança de uma concepção que foi colocada lá aí ela vai
funcionar, quer dizer, ela vai reforçar uma mudança que gera recurso, não adianta eu fazer uma
portaria ou decreto, por que isso não tem eficácia como a Fabiana falou cada situação é uma situação,
cada região é um caso diferente a gestão participativa ela é complexa em si e no caso da FUNAI é mais
ainda por que, por exemplo, no caso do Mato Grosso é um estado aonde a presença marcante do SPI é
a mais forte do Brasil e essa tradição de relação a assistencialista e paternalista não e? no Mato Grosso
239
implica que muitas vezes essa relação de gestão participativa leva muito tempo para mudar eu acho
que o exemplo mais evidente disso é a situação, por exemplo, da administrações na área xavante é
difícil você começar a implantar um modelo de gestão participativa, por exemplo, nas administrações
xavantes não por causa dos xavantes pelo contrario xavantes tem toda a capacidade de fazer um
esforço desses, mas é que foi durante tanto tempo que eles foram viciados nesse sistema clientelista
que é muito difícil leva tempo para você mudar e os nossos funcionários servidores da FUNAI tem um
papel muito importante nessa transformação vocês estão vendo aqui que quem veio aqui apresentar
esses três exemplos com exceção do caso do Rio Negro o administrador não é servidor, os três casos
tanto o administrador de São Gabriel que é Bené quanto ao administrador de João Pessoa que é o
Petrônio quanto o administrador de Macapá que é o Frederico, são todos servidores da FUANI e é
indígena no caso da Stela e do Bené também, então isso é demonstração também o seguinte não é oi
problema dos servidores da FUNAI também tem servidor da FUNAI que mudou o seu processo
também o seu relacionamento do processo indígenas ao longo relacionamento que se apropriou
desses conceitos entendeu agora tem outros servidores que realmente não conseguem fazer essa
passagem, então eu acho que esse é u processo de construção nós começamos esse processo agora
muita coisa começou antes também como é o caso do exemplo do Petrônio ai que tem 10 anos, tem
outras possibilidades, tem outras potencialidades e eu acredito que com o concurso público que
estamos fazendo agora e que até no final do ano que vem certamente vamos ter até o final do governo
Lula nós vamos ter uma primeira leva desse concurso trazendo para FUNAI pelo menos na
expectativa nossa se tudo der certo esse 425 talvez um pouco mais servidores novos 90% desses
servidores nós vamos colocar nas administrações, não vão para Brasília só 10% vai para Brasília esses
servidores 200 são de nível superior e são contratados para uma cargo novo que foi criado ano passado
por medida provisória que é o cargo de indigenista especializado de indigenista de nível médio, e de
indigenista de nível auxiliar, por tanto como profissionais como economistas, engenheiros, biólogos
que vão pode trazer experiências também novas para a FUNAI. Esse concurso nacional vai trazer
sangue novo, então eu acho que esse sangue novo também vai chegar num momento adequado para
que a gente possa começar a reforçar esse tipo de renovação, oxigenando a instituição ao mesmo
tempo, nós como eu falei hoje de manhã na semana passada tivemos a aprovação no congresso
nacional do projeto de lei que criou junto com o MDS a FUNAI e o MDS cargos novos na FUNAI
esses cargos novos permitiram a gente agora aí sim nesse próximo período isso terá que ser feito por
decreto presidencial uma organização da FUNAI adequada a esse momento vocês já viram que a Irânia
coordenadora geral de proteção social como temos falado aqui, mas na verdade formalidade atual ela é
240
coordenadora geral de índios recentes contatos, na verdade ela é coordenadora geral de onde não
existe mais, por que a política indigenista brasileira para povos indígenas isolados de recente contato
era coordenada pela CGI coordenação geral de índios isolados a qual faz parte o Meireles daqui, então
um decreto presidencial terá que ser feito para o que era uma coordenação geral deixe de ser para
mudar, para ser outra coisa algumas outras não vão continuar outras coisas mudam, precisam mudar
agora estou dizendo tudo isso, por que? Por que se vocês plenária da CNPI está dizendo olha é para
mudar, então eu vou continuar o processo de mudança vou continuar promovendo essas mudanças e
como diz: doa a quem doer, por que tem muita gente que não quer mudanças, tem muita gente que é
contra essas mudanças tem muita gente que mobiliza contra essas mudanças, inclusive com parentes
indígenas que vão na conversa que isso significa ou significaria que a FUNAI está deixando de fazer
sua função ou que eu estou acabando com a FUNAI etc. então eu estou colocando essas questões aqui
para a CNPI de forma de registrar na ata, por que essa ata depois vai lá tem um pessoal na FUNAI que
lê essas atas direitinho, então eu estou falando para essas pessoas aqui não vou parar de fazer as
mudanças que precisam ser feitas, pode ser que daqui uma semana ou daqui a 5 dias ou daqui há um
mês eu não seja mais presidente da FUNAI ou daqui há um ano, espero que seja até o final do governo
do presidente, mas enquanto eu tiver eu não vou para de fazer as mudanças que precisam ser feiras
nessa linha, nessa direção que estamos apresentando para vocês aqui, eu vi que a plenária apóia.
Participante não identificado – Senhor presidente, não querendo ser mal educado, mas só para
colaborar com sua fala e fortalecer é bom que se esclareça também que dentro da própria
administração central em Brasília existem pessoas contrarias a essas modificações que são pessoas
viciadas ao longo desses tempos e se mantêm jogando índio contra índio, contra servidor índio contra
CNPI é bom que se esclareça que tem gente dentro da FUNAI de Brasília fazendo campanha
contrarias essas mudanças isso queria esclarecer, obrigado.
Márcio (Presidente)- Ainda bem que são minoria a maioria dos servidores de FUNAI joga a favor hoje
eu acredito nisso, mas essa minoria ela tem força ela se mobiliza ela se articula não é? Então por isso
eu estou falando essas coisas por que eu acho que isso é muito importante para que essa agenda de
mudança continue, aqui mesmo no Acre nós estamos vivendo exatamente o momento de nascimento
dessa possibilidade que vocês viram hoje aqui, por que a administração do Acre aqui estava paralisada,
dialogando pouco com o movimento indígena com dificuldade de execução orçamentária, então tem
vários representante aqui do Acre estão me ouvindo aqui e estão agora escutando que essas mudanças
vão continuar e que o nosso companheiro Porto que está ali é o novo administrador aqui pelo menos
241
por enquanto, interino que veio para contribuir para fazer uma renovação, dialogar com o movimento
e desenvolver uma política participativa aqui no Acre, então vamos continuar fazendo essas mudanças
e como eu disse, doa a quem doer, e isso tudo tem haver com as outras coisas todas que a gente tem
feito aqui na CNPI a mudança do estatuto a mudança da própria CNPI conselhos tem todo um
conjunto de mudanças que precisam ser concluídas ou precisam ser consolidadas para que a gente
possa deixar isso tudo como legado. O presidente Lula lá em Roraima recentemente, tive com o
presidente Lula em Roraima recentemente segunda-feira da semana passada? Dia 14? E nessa ida lá
com presidente o presidente teve uma reunião de duas horas mais ou menos com os indígenas em Boa
Vista e nessa reunião o presidente falou uma coisa muito importante lá, eu quero que as conquistas
sociais do nosso governo do meu governo sejam consolidadas e transformadas, instituídas,
regulamentadas até o final do governo por que ele quer que o governo dele termine, mas essa
institucionalidade toda sejam garantidas, sejam continuadas independente de quem seja presidente ou
governador ou quem for no futuro, então isso daí ele falou, hoje em dia a gente pode falar ao
presidente ou presidenta por que são duas mulheres que são candidatas, então uma situação
institucional não estamos fazendo campanha para ninguém, três mulheres? Possibilidade ate de três
ou quem sabe até mais, então o encaminhamento que...
Participante não identificado - Presidente queria fazer só uma proposta, percebe-se que a FUNAI está
com uma proposta agressiva de recursos humanos e valorização dessa questão, então minha proposta é
o seguinte nós do MDA a gente junto com a CGGP espera mais de um ano um mapeamento de quem
são os técnicos agrícolas da FUNAI quem que está ligado ao setor produtivo e a gente não consegue ter
esse levantamento, estou colocando o problema que eu acho que também há outros setores aí pode
acontecer a mesma coisa então como você mesmo está colocando vai vir os DAS para servidores por
concursos eu só estou pontuando que eu acho que era importantíssimo que existisse um mapa que a
FUNAI antes inclusive das chegadas desses novos servidores tenha-se um mapa.
Márcio (Presidente)- Isso foi feito viu? O mapa foi feito por que para ser feito o concurso nós fizemos
um mapa antes dessa vez para saber aonde nos vamos alocar os servidores que viram para não ficar se
sobrepondo o que já tem e inclusive depois a gente pode disponibilizar esse mapa lá no caso especifico
aí dos técnicos agrícolas e etc.
Participante não identificado - Presidente só um minutinho eu estou achando muito importante essa
mudança do presidente está falando, realmente está se mudando a Funai para melhor é lento, mas o
processo é assim mesmo, mas eu queria lembrar ao presidente também lembra do povo Guarani que
242
tem 500 km de uma administração há quase 10 anos (ininteligível) consiga uma administração de
liderança, hoje ainda ligou para mim cobrando, cobra ao presidente.
Márcio (Presidente)- Por que são muitas coisas e a gente está no horário temos que ainda sair, mas a
administração regional de Itanhanhén litoral de São Paulo começou a funcionar essa semana que é
uma conquista dos Guarani do litoral que durou um ano para fazer esse movimento, por que muitas
vezes a FUNAI foi invadida lá Bauru para não acontecer isso, mas aconteceu e nós temos um
compromisso de criar uma administração do litoral sul para também atender o povo Guarani no litoral
sul esse processo vão continuar eu estou fazendo essa fala por que eu estou considerando que a CNPI
aqui está dando esse aval essa opinião um favor de que essas mudanças continuem ,então se não tem
nenhum manifestação contrario é essa que vai ser encaminhada daqui para frente, e esse eu acho que
é o encaminhamento principal do que foi apresentado aqui, então agora vamos seguir encerrar por
hoje, seguir aqui o convite do nosso companheiro Francisco para visitar a exposição na biblioteca da
floresta, mas olha logo do lado tem um barzinho depois para a gente também, restaurante também,
então até amanhã as 8:00h e a Teresinha vai dar alguns informes.
Teresinha - Por que amanhã é o ultimo dia, para lembrar de quem não passou do horário de saída aqui
de Rio Branco para o aeroporto.
Manhã do dia 01/10/09
Márcio (Presidente): Bom, nós vamos começar, queria pedir a todos que tomasse assentos nas suas
posições, nós vamos iniciar já os nossos trabalhos de hoje.
Teresinha: Bom dia gente, eu gostaria de lembrar as pessoas que tem que ter o deslocamento, por
favor nos procurem agora bem cedo de manhã, quem não nos deu o nome ainda com o horário de vôo
por favor, nos procure, ou eu, ou a Graci.
Márcio (Presidente): Bom, então nós vamos começar a nossa pauta de hoje, que agora já com atraso de
meia hora, mas começar com a pauta da educação. Nós vamos fazer um informe aqui, comunicar
também sobre o processo da educação, a Maria Helena vai expor o trabalho que está sendo feito em
parceria FUNAI com o MEC e também em parceria com as Organizações Indígenas, e que é muito
importante para a gente poder fazer uma avaliação desse processo que está se construindo na área da
educação, principalmente este ano, que nós estamos realizando a 1° Conferência Nacional de
Educação Escolar Indígena, cuja data da conferência final ainda não está totalmente confirmada, por
conta da questão da gripe suína, porque nós vamos reunir em Brasília, muitos indígenas do Brasil 243
inteiro e aí foi recomendação do Ministério da Saúde, que agente evitasse fazer a conferência na data
que estava marcada anteriormente e estamos remarcando esta data, esperando um último informe dos
casos de influência, que estão sendo passados por nós pela FUNASA, para que agente possa fechar esta
data. Então nesse contexto aí da realização da conferência, do processo todo de consolidação, ano que
vem da realização da conferência nacional de educação, é que agente está trabalhando aí em conjunto
com o MEC, esse trabalho conjunto também com os professores, com os profissionais da área de
educação. Eu passo a palavra aqui para a Maria Helena da FUNAI, da Coordenação Geral da
Educação, para ela expor rapidamente para agente poder ostentar ser bem mais, eu queria aliás
aproveitar e pedir para todos nós aqui hoje, tentar ao máximo possível ser bem objetivos e diretos nas
nossas intervenções porque não dá para agente ir de novo até oito e meia da noite, até porque hoje é o
último dia e nós temos aí algumas demandas aqui locais que eu vou ter que fazer no final da tarde,
então eu queria pedir que agente tentasse ser mais objetivo possíveis. Maria Helena.
Maria Helena - Funai: Obrigada, bom dia a todos, vocês vão observar que tem um visto de pelo
menos cinco pontos importantes, que vão estar direcionando as nossas informações, e que todos esses
pontos que estão colocados ali, eles são compartilhados, interligados e vão resultar, essa é a proposta
de governo, fazendo resultar em uma política de educação escolar indígena, e na verdade assim vai
informar que agora já são respostas de demandas, que vem sendo apresentadas a muitos anos pelo
movimento indígena, pela própria FUNAI, a exemplo do 1° ponto que é a 1° CONEI (Conferência
Nacional de Educação Escolar Indígena). E só para orientá-los, foi distribuído material, se vocês
puderem os que estão ali, está nessa página que foi distribuída, vocês podem acompanhar. Então,
como o Presidente já informou, houve aí esse processo de demora, de estar esperando a realização da
conferência, em função da questão da gripe, então dia 09/10/2009 vocês observem, haverá uma nova
reunião lá na FUNAI junto com o Ministério da Saúde, com a FUNASA, FUNAI e MEC e alguns
representantes indígenas que estão lá, para partir do monitoramento que a FUNASA fez, dos casos
confirmados e do foco da gripe, definir se terá ou não ainda a conferência nacional esse ano ou se só
para o ano que vem. E aí agente tem discutido, logicamente agente precisa ter o cuidado de evitar que
aglomere tantas pessoas e tenha problema, mas se a conferência ficar para 2010 a gente vai ter
algumas dificuldades que por exemplo, para realizar essa conferência nacional foi feito uma parceria
com o MEC, o MEC repassou o recurso para a FUNAI, e a FUNAI então fez toda a mobilização dos
representantes indígenas que deu no total de 2.700 participantes indígenas, fizemos as 18 conferências
regionais, então agente tem essa coisa do recurso, o ano que vem agente tem o período muito curto até
que libere o orçamento, agente a partir de junho não se pode fazer, e até porque a proposta é se fazer a
244
conferência nacional antes da CONAI que é o ano que vem. Então a previsão de qualquer forma, o
que se tem de data prevista, que o MEC conseguiu de espaço disponível para acomodar todo mundo é
de 16/11/2009 a 21/11/2009 lá em Luziânia no espaço da CNTI, então agente está trabalhando com
essa provável data e no dia 09/10/209 agente tem a definição e vocês vão estar sendo informados se vai
ser feito esse ano ou não. E no 2° ponto, dia 13/10/2009 haverá uma reunião em Brasília, também
coordenada pelo MEC, que é da Comissão Nacional de Educação Escolar Indígena (CNEI), dia
14/10/2009 e 15/10/2009 de qualquer forma haverá uma reunião da comissão organizadora da
Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena em Brasília também, para se estiver conferência,
dar em andamento nos procedimentos de tudo que a gente tem para fazer para agilizar, e senão, a
gente está então inclusive reavaliando esse processo. E porque que a gente tem o interesse de que a
Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena aconteça ainda esse ano, porque o 3° item que
vocês observam lá, a CONAE (Conferência Nacional de Educação), e ela discute a educação como um
plano nacional, discutem as seis modalidades que estão incluídas, inclusive a educação escolar
indígena, e as propostas que saírem da Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena serão
levadas para a CONAI em abril. E a CONAE tem garantido nela a participação de 30 delegados
indígenas, então esse é um movimento também da gente conseguir garantir a conferência. O 4° ponto,
aí eu só queria pedir para o rapaz colocar o outro slide, na verdade é o segundo daquela outra
apresentação. O 4° ponto se vocês observam no papel tem a avaliação do atual plano nacional de
educação, que tem ai um prazo que está previsto entre novembro de 2009 a abril de 2010, e aí eu vou
só fazer uma retrospectiva rápida, pode colocar, desse processo que foi inclusive apresentado na CNPI.
Em 2006 agente fez um trabalho de contratação de uma consultoria especializada para fazer a
avaliação do plano nacional, agente sabe que ele estabelecia 21 metas e objetivos importantes que
deveriam ser cumpridos pelas 3 esferas: municipal, estadual e federal, praticamente todos os prazos já
foram, já passaram e aí então precisa-se fazer uma avaliação desse processo, até para se subsidiar a
elaboração do novo plano nacional de educação e para pensar nessa proposta, o modelo de educação
escolar indígena, que vem sendo demandado. Em 2007, essa proposta foi apresentada na CNPI, na 2°
reunião ordinária do dia 30/08/2007, eu não sei se a maioria aqui se lembra que o Luiz Donizete foi o
consultor, ele veio conosco e fez a apresentação da proposta e a CNPI então recomendou que a FUNAI
na condição de jovem indigenista pudesse coordenar esse processo e que essa avaliação fosse feita,
então a avaliação ela não é um produto que é de responsabilidade só da FUNAI ou que a FUNAI vai
fazer a avaliação, a FUNAI não será a avaliadora ela vai estar coordenando o processo.
245
O recurso demandado para essa atividade é um orçamento da FUNAI, é da Coordenação Geral de
Educação, mas ela vai ser executada com uma série de articulação e parcerias interinstitucionais que
agente vai ver lá no final. Então, depois que foi definido e recomendado pela CNPI que déssemos
início e que fosse feito a avaliação, então tivemos um tempo que todo mundo sabe que
administrativamente não é tão simples um processo como esse, então foi organizado o processo
solicitatório que não foi um pregão, foi uma concorrência técnica e preço, e que então levou um
tempo para que ela fosse consolidada e agora agente então já passou desse período, pode passar o
próximo, e agente então agora vai começar a estar pensando já em implementação da proposta, então
essa avaliação, é uma avaliação de abrangência nacional e o principal objetivo é fazer uma avaliação
mesmo do que se tem hoje, do que está colocado das dificuldades, dos desafios que se tem, e construir
perspectivas que resultem no respeito, no atendimento, dos direitos dos povos indígenas conforme
vem sendo colocado pela própria legislação e na reflexão do dia-a-dia dessas comunidades. A
metodologia, a dinâmica que vai ser usada para essa avaliação, é que vai ser formado uma rede de
avaliadores indígenas e não indígenas por região com representantes em cada estado, e essa rede já
tem todo o material que foi pensado para a avaliação que eu vou mostrar para vocês aqui um
pouquinho, e aí essa avaliação vai ser feita diretamente nos estados tem todo o perfil dos avaliadores,
tanto indígena como não indígena. Os indígenas preferencialmente que sejam professores
preferencialmente os que saíram ou os que estão na licenciatura. E o coordenador de cada região
dessa, o não indígena, ele tem que ter uma experiência mínima em educação escolar indígena também
e conhecer a realidade ou contexto local regional onde vai ser feita essa avaliação.
E então como eu disse que não é uma tarefa, uma atribuição só para a FUNAI, qual é a proposta então,
será formado um grupo de acompanhamento que vai estar acompanhando essa avaliação, esse grupo
recebe todas as informações a quem avalia, quem discute, quem propõe, quem reencaminha numa
perspectiva coletiva interinstitucional para que agente possa garantir o êxodo, para que agente possa
garantir o sucesso que se espera nessa avaliação já que como é do conhecimento de todos, a oferta da
educação escolar indígena, a política que existe ou que será construída também, ela é fruto de uma
pactuação interinstitucional. Como é que está organizado o grupo de acompanhamento que foi
pensado inicialmente, é o CONSEDE que representa o Conselho dos Dirigentes Estaduais das
Secretarias Estaduais de Educação, a Comissão Nacional de Educação Escolar Indígena que é vinculada
ao MEC e que tem uma agenda e um processo histórico de trabalho, a UNDIME que é a União dos
Dirigentes Municipais ou seja do Secretários Municipais de Educação, o MEC, o Conselho Nacional de
Educação Escolar Indígena, a CNPI e a FUNAI. Então só pra dizer para vocês em que momento que
246
estamos agora, foi encaminhado esse mês passado um ofício pela presidência para todas essas
instituições para que elas então indiquem o seu representante para compor esse grupo de
acompanhamento para agente dar início ao trabalho, então agente já tem a confirmação do
CONSEDE, temos a confirmação do CNEI (Conselho Nacional de Educação Escolar Indígena), da
CNPI estamos aguardando a semana que vem do dia 13 de outubro que tem a reunião do CNEI espero
que nessa data seja tirado esse representante.
Participante não identificada: Presidente, só para complementar aí é que nós fizemos a reunião, o
documento foi encaminhado para a gente, e aí a bancada indígena diz que já está a CNPI lá mas
oficialmente é o senhor que vai encaminhar ainda, aí ela já colocou lá, mais aí o senhor ainda vai, mas
é a Francisca e o Weibe que foram indicados.
Maria Helena: Nesse processo licitatório, então a empresa que vai ser avaliadora, que vai coordenar
tudo isso, que vai fazer, é a Fundação Jurídica da Universidade Federal de Roraima, então na semana
que vem dia 06 e 07 agente já tem uma reunião com essa empresa para estar colocando em prática o
cronograma. E ainda pensava se o cronograma esse mês agora de outubro e toda essa preparação,
contratação, formação da rede de avaliadores e depois do trabalho propriamente dito. E qual é o
objetivo da nossa conversa aqui hoje, é que é importante que os representantes indígenas que aqui
estão e que tem os seus espaços de articulação local e regional, possa estar dando essas informações
para que agente depois venha ao momento de escolha desses avaliadores indígenas, e é importante que
vocês conheçam o material e possam a partir dessas informações estar participando dessa articulação.
Aí tem o prazo de execução que eu acabei de falar, e a gente vamos tentar cumprir esse cronograma,
que agora outubro é todo esse processo de articulação e mobilização, em novembro contratações das
equipes, no final de novembro e começo de dezembro uma capacitação que já está prevista no
processo, uma capacitação para essa rede de avaliadores, e depois do trabalho já de avaliação aí tem o
momento de apresentação dos relatórios preliminares e um seminário de socialização do que foi feito,
e por último a publicação e a difusão desses resultados.
Só para situá-los, agente colocou ali estimativa do recurso que é previsto para essa ação, para essa
atividade, eu considero que nos últimos 10 anos é o que de melhor a gente vai conseguir fazer, que é
no papel de instituição indigenista, que acompanha, que ajuda a formular essas políticas a estar
fazendo essa avaliação, então agente precisa somar os esforços e eu acho que a CNPI tem o papel
importante nisso que é de estar dando esse apoio, de estar ajudando a divulgar, socializar com todos os
segmentos em todas as instâncias, para que, que seja de fato uma avaliação de processo participativo e
247
que o resultado de fato resulte em propostas, em perspectiva de melhor qualidade de atendimento da
oferta da educação escolar indígena. E aí eu queria que agente voltasse aqui em um pacote aqui que foi
entregue para vocês em kit, e agente não vai dar para ficar discutindo o material aqui hoje até porque
ele demandaria pelo menos uns 4 a 5 dias para agente discutir, mas como considerando que a proposta
foi apresentada detalhadamente na reunião da CNPI de 2007 que nós colocamos ali, eu trouxe aqui
para vocês, tem um 1° texto aí que é uma nota explicativa que eu acho que é importante para que
possam estar divulgando, tem aí a cópia do ofício que a presidência da FUNAI encaminhou para as
instituições, solicitando a indicação dos representantes para compor o grupo de acompanhamento e
tem um outro documento que agente vai olhar depois.
E esse aqui por favor, eu gostaria que todo mundo acessasse aí no material que recebeu, nessa proposta
que o formato e essa arte gráfica ainda está em fase de ajuste mas, o material instrumental, o
instrumento que vai servir para essa avaliação é o que está colocado nesse material, eu não sei se o
pessoal ali recebeu, mas tem desse aqui para todo mundo. Aí então ele apresenta toda a metodologia
da avaliação e aponta inclusive como que deverão ser avaliados esses indicadores e todas essas metas
que estão colocadas, que são 21 metas, essa avaliação como eu disse ela vai ser na esfera: estadual,
municipal e federal, porque todas essas esferas tem a sua atribuição aí do ponto de vista legal, pode
passar para o próximo slide. E aí agente entra no 2° ponto que na verdade nessa pauta aqui nossa de
informes nessa 1° lista, ele é o 5° item, vocês observem nessa 1° aí que foi apresentada tem a discussão
do novo PNE, nós estamos falando de um processo de avaliação do PNE atual e já começa uma rodada
de discussão que é uma agenda feita pela Câmara dos Deputados, pela Comissão de Educação, quem
está fazendo esta articulação, quem é o presidente dessa comissão é a deputada Maria do Rosário do
PT do Rio Grande do Sul, o deputado Abi Kalil de Mato Grosso, Pedro Wilson de Goiás e o Alexandre
Borges de Mato Grosso.
Então essa Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, a partir de subsídios que o Conselho
Nacional de Educação Escolar Indígena organizou, vocês vão ter oportunidade depois de receber esse
material, nós estamos articulando a Câmara vai estar propondo, vai estar passando para a gente, já
começa uma rodada de discussão inicialmente era só no âmbito da comissão, junto da comissão com as
Assembléias Legislativas, e agora estão então agregando e chamando toda a sociedade civil para estar
discutindo. Então vocês observem que tem o cronograma, eu fiz uma mensagem aqui que vocês
observem foi para as unidades regionais, informando desse momento e a importância que tem de nós
articularmos e garantirmos a participação de representantes indígenas nessas discussões locais, e aí o
248
percurso vai ser o seguinte, tem esses encontros locais, as propostas vocês observem ali tem uma
agenda, tem uma xerox que eu pedi para a Teresinha entregar aí para todo mundo, que eu já estou
terminando, que já foi realizado a da região Centro Oeste e Sudeste, mas devido o pouco tempo para
articular quando agente tomou posse da agenda, agente tem que fazer alguns ajustes mas, tem aí
13/10/2009 e 14/10/2009 vai ser no Nordeste 1 que vai ser em Natal, 22/10/2009 e 23/10/2009 no Sul,
05/11/2009 e 06/11/2009 no Norte e ficou em Palmas e 12/11/2009 e 13/11/2009 em Salvador. E a
informação que nós recebemos da deputada é que, por exemplo, foi questionado por que, que o Norte
ficou em Palmas, aí ela fez uma fala que foi exatamente o resultado da articulação com as Assembléias
Legislativas, os estados que se dispuseram assediar o encontro, então agente está tentando mobilizar a
participação indígena para ir para esse momento de discussão porque aí tem um encontro nacional em
Brasília no dia 10/12/2009, o que sair desse resultado de dezembro, o resultado final, vai ser levado
para a CONAI em abril e o que for pactuado, o que for validado na CONAI, servirá de diretrizes para a
elaboração do novo plano que é para ser concluído e votado, aprovado até o final de 2010. Então os
informes eram esses e estou a disposição.
Márcio (Presidente): Obrigado Maria Helena.
Maria Helena: Foi tirado uma cópia dessa agenda, e de qualquer forma tem também essas datas aqui
nessa mensagem que eu mandei para as unidades regionais da FUNAI para ajudar a mobilizar, e
agente garante que todo mundo recebeu cópia antes do final.
Márcio (Presidente): Obrigado Maria Helena, está perto então para a gente.. Professora Francisca.
Professora Francisca: Bom dia a todos e a todas, eu sou Francisca, Mato Grosso, não eu queria só
também é, recuperar já uma das reuniões desse PME que aconteceu em Mato Grosso, não é mesmo
Maria Helena esqueceu. Exatamente, aí agente esqueceu e foi muito importante a articulação que
agente conseguiu fazer lá. Mato Grosso foi o 1° estado que fez essa 1° reunião, apesar de, sabe como é a
Assembléia Legislativa, o pessoal que é de Mato Grosso conhece muito bem lá a situação nossa mas,
como o Conselho de Educação Escolar Indígena tem uma articulação muito voltada para discussão, da
educação importante que ela esteve presente não só para com o segmento indígena institucional mas
principalmente no sentido de assegurar uma vaga como delegado para a CONAI, que é essa grande
Conferência Nacional de educação que vai acontecer.
E, assim, ela foi muito importante também para outro lado que a gente pode compreender a
importância que terá esse eventos porque a construção do novo PNE de 2010 a 2020 a gente fica
249
muito preocupado como é um projeto lei que vai estar tanto no Congresso Nacional quanto nas
Assembléias Legislativas e aí a comissão esta articulando isso como fica os outros povos nos outros
estados, então eu acho assim que essa apresentação que a Maria Helena fez agora é muito importante
vocês guardarem todas essas informações para que possa cada representação indígena possa estar
repassando isso para os professores, para o movimento indígena e acompanharem nos seus estados a
gente vai fazer o possível para estar acompanhando, via Congresso Nacional e como a Deputada Maria
do Rosário é uma pessoa que está responsável, o deputado Federal Paulo Rubens conversamos com ele
também, será o relator segundo ele então isso vai nos ajudar e muito fazer o acompanhamento de nós,
outra preocupação que eu queria manifestar aqui é que saiu também a avaliação técnica que a própria
comissão do Congresso fez, a Comissão de educação fez, saiu aquela avaliação e na avaliação esta
colocada lá que a educação escolar indígena não é modalidade e tem muito pouco informação da
educação escolar indígena, isso nos preocupou e muito essa situação por isso que para nós o PNE do
ponto de vista do que nós aprovamos aqui para ser feito essa avaliação vai mostrar a verdadeira cara da
educação escolar indígena e provar que ela de fato é uma modalidade então essa é uma questão que eu
considero muito importante porque são 10 anos ai de ações que os governos terão que fazer para
educação escolar indígena.
Capitão Potiguara – Leste/Nordeste: Professora, esse é um esclarecimento com relação a Paraíba a
população indígena da Paraíba queria saber se tem assim um número definido de participantes,
quando chegar la como vão ser as discussões, se é direto, porque quando nós tivemos no gabinete da
deputada Maria do Rosário a assessora dela disse que é um encontro Regional é o estado que esta
organizando, então praticamente a FUNAI não tem a participação de organização nesses eventos, era
isso que eu queria saber a participação da comunidade como vai ser feita.
Pierlângela - Roraima: Eu queria só reforçar a questão principalmente dos nossos parentes em relação
a partir de agora fazer o acompanhamento nos seus estados dessa avaliação com a formação, com a
escolha inclusive acompanhar esses indígenas que vão participar, quem vão ser esses avaliadores,
porque para nós é muito importante isso porque vai ser um primeiro documento que vai mostrar
realmente como esta a educação escolar indígena porque outras avaliações já foram feitas mas não
foram publicadas.
Nós temos o exemplo disso que foi feito um diagnóstico da educação escolar indígena em 2006 foi
amplamente como mostrava todas as problemáticas da educação escolar indígena no país esse material
não foi publicado, então a gente tem ele, temos conhecimento dele, utilizamos como fonte mas sem
250
ser um dado oficial, então é importante que a partir de agora porque através dessa avaliação é que nós
temos que dizer como esta a realidade das nossas escolas porque vai ser um documento oficial, uma
avaliação oficial e tem que sair mesmo as questões que lá, que a gente fala, fala, fala mas que parece ser
que não fica registrado então eu queria chamar atenção para isso para que nós pudéssemos ficar
atentos em relação a esses avaliadores como vai ser feita essa avaliação para que ela tenha maior
transparência possível, era isso.
Marco Xucurú: Uma pergunta bem rápida mesmo, perguntar se esse projeto que esta na câmara dos
deputados, que eu entendi também, vai haver uma participação dos municípios e estados é? Porque
assim se vai passar pela a Assembléia Legislativa é importante que o movimento indígena estar
acompanhando de pertinho essa discussão principalmente as organizações professores indígenas que
tem nos estados para que de fato haja uma ampla discussão e ampla participação efetiva do movimento
indígena, o que é importante para nós aqui da bancada indígena principalmente que fazemos parte
dessas organizações nós vamos estar levando esse material, entregando e discutindo com os
professores indígenas em cada estado para que temos conhecimento da situação e fazer esse
acompanhamento.
Participante não identificada: Bom dia a todos e todas, uma pergunta assim Maria Helena um ponto
de desconexão nossa em relação com a conferência de educação escolar indígena e a conferência
Nacional de Educação, te pergunto: Em que PEC estar que a gente soube que a educação escolar
indígena ela foi adiada se eu não me engano, quer dizer, não sabemos exatamente por que problemas
desde o início o MEC convidou a secretaria geral para participar mas a gente não participou porque
não tivemos perna não tínhamos gente para que pudesse estar junto em cada momento desses
encontros, e a gente perdeu um pouco desse time ai, a pergunta é, como vocês vão fazer assim tentar
acompanhar a conferência de educação escolar indígena, ela vai remeter um documento para
nacional, vai ser tudo novamente discutido, se puder abordar um pouco isso só para a gente atualizar
em conjunto com o governo e ver como a gente contribui, obrigada.
Maria Helena: Primeiro ai respondendo a pergunta do Capitão, em relação a discussão em relação a
essa agenda dos encontros regionais para começa a pensar no novo plano, na verdade assim, a gente
tomou conhecimento da agenda e como a Chiquinha disse eu participei da que teve no Mato Grosso e
conseguimos articular com a Câmara com essa comissão, com esses deputados que se garantisse a
participação indígenas nos locais porque não é um evento que esta sendo organizado pelas as
secretarias estaduais são as assembléias legislativas que estão fazendo uma discussão muito geral a
251
partir de alguns subsídios que o Conselho Nacional de Educação apontou isso para vocês, eu não
trouxe esse material porque ainda não esta disponível a Câmara esta fazendo uma revisão, esse aqui é
o documento que vai sair que eles estão chamando de subsídios o nome é Mais 10, são para mais de 10
anos aí eles trazem algumas contribuições aponta algumas questões, algumas prioridades para cada
modalidade de educação que deve ser construído nos próximos 10 anos e dentro dessa modalidade tem
a educação escolar indígena.
E uma outra modalidade importante que a gente tem que se preocupar que é a questão da educação
ambiental que também esta colocada nesse documento, e ai Capitão o que foi feito, nós conseguimos
essa articulação com a câmara para garantir a participação dos representantes indígenas e como a
gente sabe a gente já estamos em outubro a questão orçamentária a condição de executar, mas o
FUNAI eu coloquei na mensagem para alguns lugares que vocês receberam que o FUNAI está se
organizando para ajudar e garantir a participação de representantes indígenas. Então logicamente que
dependendo da região tem um custo maior, tem um custo menor, por exemplo a região Norte toda
para Palmas isso tem um impacto mais assim, não sei se três ou quatro ou cinco, cada unidade regional
vai estar discutindo isso com vocês. Mas o importante é que se garanta pelo menos a presença
indígena em cada um desses encontros.
Então não dá para eu dizer para você agora se são cinco ou quatro por região porque vai depender de
tanto orçamento que a gente tem para isso como da condição da unidade regional de executar esse
recurso, mas a FUNAI a coordenação geral está de antena ligadíssima nessa agenda e está garantindo a
participação indígena, vai garantir em todos os outros. Foi distribuído ontem, acho que vocês
receberam uma cópia desse informativo, é bom que vocês leiam que aqui tem mais explicações sobre
isso. E o Marcos Xukuru perguntou se tem a participação dos Estados e Municípios, na verdade,
participam todos os segmentos, desde os sindicatos, as universidades, as secretarias municipais, os
institutos de educação que são os antigos CEFET, aí todo mundo participa desses eventos, mas os
estados e municípios estão lá na mesma condição que a gente, não é um evento que você, eles fazem
primeiro uma rodada de apresentação, tem uma conferência né, Mato Grosso foi Aby Kalil que fez, e a
de Minas foi o professor Jamil Cury. E depois tem dois painéis que se dividem, e tem seis grupos
temáticos, e nesses grupos tem gestão e financiamento, tem uma série de temas lá que são discutidos, e
a gente se inscreve para cada GT desses e saem as propostas não voltadas para a educação escolar
indígena especificadamente, mas a gente discute, discute, e acaba colocando as propostas que a gente
acredita e que vocês estão esperando.
252
Então essas propostas que saírem desses encontros regionais, vem pro encontro nacional em dezembro
em Brasília, e eles vão pra CONAI em abril e o que for consolidado, e pactuado na CONAI, na grande
conferência vai servir de subsídio pra discussão e a elaboração de um novo plano. E em relação a
participação indígena é o que eu tinha colocado desde o início, a gente precisa tá garantindo, e aí eu
não atrelo isso só ao movimento organizações indígenas, que seja um professor, que seja uma
liderança, alguém que possa tá para participar. E em relação a fala do Saulo : “As duas preocupações
são as mesmas nossas.” , Primeiro, o atual PNE, ele, que vai ser avaliado desde o processo de avaliação,
a gente vai tá então nessa reunião de terça e quarta com a Júri que é a fundação que vai tá fazendo esse
processo, organizar o cronograma de modo que a gente consiga fazer como eu tinha dito no início.
Começar a avaliação propriamente dita a partir de novembro, e aí em abril que é a grande CONAI,
que é a grande Conferência Nacional, a gente já tem um pré resultado, um resultado preliminar dessa
conferência, que isso vai tá dialogando com o resultado das conferências regionais de educação escolar
indígena que saíram, e esses resultados vão todos pra CONAI em abril, e daí o que sair discutido e
pactuado vai então servir de subsídio pra esse novo plano. E quanto a questão dos delegados, assim,
primeiro, quando a Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena tava sendo organizada, e que
uma comissão organizando a CONAI, o MEC pactuou internamente no próprio MEC, que garantiria
que os delegados indígenas que fossem indicados nas Conferências Regionais de Educação Escolar
Indígena, fossem pra CONAI como delegados. Aí, isso ficou pactuado. Depois teve uma falta de ajuste
interno, e então isso não ficou garantido porque a comissão organizadora da CONAI, que é a grande
conferência, disse assim, olha os indígenas tão discutindo uma outra pauta, é uma outra agenda e a da
CONAI que na verdade é na nossa mesma perspectiva, que é pensar um sistema nacional de educação
escolar indígena, então não ficou garantido isso.
Mas o que a gente conseguiu fazer, primeiro, quando as conferências municipais de educação, que não
é indígena, é um monte de conferência, vamos tentar entender, quando elas começaram a ser
realizadas, nós, principalmente, eu, “Chiquinha Veiga e [inaudível] ” , insistimos que o MEC
garantisse que a gente articulasse com os Estados pra ter representantes indígenas nessas municipais, e
teve um município que não cedeu, e que não permitiu a participação de representantes indígenas,
portanto não saiu nenhum delegado nesses casos das municipais. Tentamos garantir nas conferências
regionais que ainda estão agora por ser executada, em boa parte. Então qual é o nosso esforço? É
mobilizar os indígenas pra que eles possam ir, aí a FUNAI se propõe, aí ela redimensiona o orçamento
pra priorizar isso, pra garantir que eles vão pra essas conferências regionais e possam vir pra nacional.
A fala que a Chiquinha fez foi a seguinte: “Nesses encontros regionais que a câmara está organizando,
253
tá fazendo com as Assembléias Legislativas?” , é um evento, e aí Capitão, é importante de dizer, é um
evento aberto, todo mundo que chega lá, que se inscreve pode participar. E aí então, no caso de Mato
Grosso ficou garantido que, quem, os indígenas que participaram lá, e no caso a própria FUNAI que
tava lá representada também, já sairiam, isso é uma proposta da própria comissão de educação da
câmara, que já sai como delegado pra CONAI.
Então por um lado a gente tem essa possibilidade de fazer um equilíbrio quando não se tem essa
garantia pra CONAI. Mas na última reunião que nós tivemos o Armênio garantiu que foi pensado
desde o início trinta vagas pra representantes indígenas para a CONAI, e eles tão fazendo então esse
ajuste interno pra garantir que tenha essa representação lá. E Quenes eu tinha falado no início, e acho
agora que nessa fala você pôde então talvez acompanhar que assim, na verdade uma coisa não tá
desarticulada e nem fica fora do contexto de discussão, de definição de políticas, então a CONEI ela
foi adiada, ou tá suspensa esperando a definição agora da última avaliação, e monitoramento da
FUNASA que aí é uma decisão técnica, ela não é política né, então a gente ter respeitado isso. E
haverá uma reunião dia 09 lá em Brasília, na próxima semana, pra a partir desse monitoramento que a
FUNASA vai apresentar saber se definitivamente tem ou não conferência esse ano. E aí eu tinha dito
porque que a gente tá torcendo pra que seja possível fazer esse ano porque a gente tem todo esse
percurso aí até chegar na CONAI o ano que vem, então dia 09 fica definido, e se for definido que tem
esse ano, é de 16 a 21 de novembro la em Luziânia na CNTI.
E aí assim, eu só quero agradecer principalmente aqui ao movimento indígena né, e assim, acho que
foi um desafio que a FUNAI assumiu né, muita gente achava que a gente não conseguiria fazer as
dezoito conferências, dar conta da mobilização de todos os representante indígenas, e a gente mesmo
com alguma unidades fechadas na época da conferência, nós conseguimos, a FUNAI conseguiu
garantir a participação de todos os indígenas que eram pra estar lá e cumprimos exatamente o
cronograma. A última foi a do Rio Branco mesmo que foi em Plácidos de Castro que seria numa terra
indígena, e por causa da gripe veio pra cá, e então conseguimos fechar o cronograma como estava
planejado. Das dezoito conferências regionais, todas foram realizadas conforme previsto né, então é
isso.
E pra nacional eu quero só informar, Presidente, rapidinho, como é que tá organizada a nacional, os
delegados indígenas das conferências regionais que saíram pra nacional, todo o percurso aéreo do local
mais próximo de onde ele mora, ou reside, que seja aéreo pra Brasília, é responsabilidade do MEC, o
quê que a FUNAI assumiu nesse processo, a saída de todos os delegados das suas comunidades, das
254
suas aldeias, até o local mais próximo do aeroporto, todos os delegado por exemplo, Yanomami, o
pessoal que tá em área de difícil acesso que precisa ser de transporte aéreo, a FUNAI também assumiu
isso, trazê-los ao aeroporto mais próximo pra que ele possa embarcar, e o deslocamento, aquela
despesa que vocês acompanharam nas regionais, que é o auxílio financeiro que custeia a despesa
desses delegados nessa movimentação. E no caso de Mato Grosso, toda área xavante, e parte do
Araguaia também que o transporte será terrestre, e o pessoal de Minas Gerais, isso também é
responsabilidade da FUNAI, então a gente tá somando esse esforço aí pra garantir que a conferência
aconteça com muita qualidade, que as respostas possam ser mensuradas futuramente num prazo não
tão longo, é isso, obrigada.
Márcio (Presidente)- Tem dois inscritos. Fazer uma pergunta subjetiva aí. Agora o Marcos também
quer fazer uma pergunta. Marcos Xucuru região nordeste e leste.
Marcos: Diante da resposta que a companheira deu, a gente percebe que os municípios ainda hoje, se
fecha pra questão, não todos mas a grande totalidade se fecha pra questão indígena, isso é uma grande
preocupação que nós temos sempre tratado aqui nesta comissão, seja ele na área da educação, seja ele
na área da saúde, enfim, da subsistência das próprias populações indígenas. E por isso temos aqui a
preocupação nessa comissão, de trabalhar com a grande responsabilidade dessas ações, das políticas
públicas, possam ser direcionadas pelo governo federal dentro dos territórios indígenas. Por isso temos
garantido o fortalecimento das instâncias que hoje temos né, como a FUNAI. Temos trabalhado aí a
questão da saúde, a criação dessa secretaria né, de saúde indígena, enfim, mas quando o que o
[inaudível] coloca, que reforça justamente a minha preocupação, na medida que você não participa
dessas conferências municipais, e que essa dificuldade porque a indicação pros delegados pra estadual
tem que vir das que acontecem nos municípios né, teoricamente acontece desta forma, então, se já
não há garantia, da não participação nas estaduais, quais são as garantias que nós vamos ter pra vir pra
conferência nacional?
E aí a gente vai ter um prejuízo muito grande nesse sentido, a grande pergunta é, essa conferência
nacional ela vai dá subsídio pra os deputados né, essa comissão pra fazer essa avaliação e fazer o novo
planejamento né, esse que você apresentou, então eu só queria perguntar se há possibilidade de nós
enquanto bancada indígena ou a PIB, através de um deputado ou alguns deputados a gente fazer
frente, dentro dessa comissão e colocar algumas propostas, se há possibilidade da gente fazer essa
intervenção via, quando essa discussão estiver nesta comissão ou quando estiver sendo feito este
debate, a gente tem que colocar nossas propostas aí, que possa ser garantido por que a gente percebe
255
que há um fechamento por parte de alguns Estados e Municípios nessa questão da educação escolar
indígena para nós, então a pergunta é essa.
Márcio (Presidente)- Aderval, com o Aderval a gente encerra aqui as perguntas pra Maria Helena.
Aderval: Desculpe, Aderval, MDS - Maria helena, desculpe a pergunta tardia mas é que eu não tenho
tanta familiaridade, eu tava me certificando de que o questionamento seria apropriado ou não com
quem entende mais do que eu. É, com relação ao instrumento de avaliação Maria Helena, eu fiquei
preocupado aqui na mesa quatorze, falando sobre as diretrizes curriculares né, os parâmetros
curriculares, e quando eu vi os questionamentos do dos instrumento de avaliação, eu não vi nada
específico sobre os temas transversais, que são primordiais pra Educação Escolar Indígena, eu gostaria
de sugerir que você colocasse tanto no âmbito do governo federal quanto estadual, como é que os
temas transversais da educação com relação aos direitos constitucionalmente assegurados,
sustentabilidade, e outros temas transversais tem sido tratados na educação escolar indígena, porque
eu acho que esse é um diferencial da Educação Escolar Indígena dentre outros, e é um desafio também
porque é o que faz a diferença dentre outros aspectos. E assim, achei muito genérica a colocação,
também olhei muito rapidamente, posso até tá cometendo alguma, é, bom é só uma sugestão de que se
coloque o questionamento específico sobre os temas transversais.
Márcio (Presidente)- Obrigado.
Maria Helena: Então, na fala do Weibe ele colocou essa dificuldade, a preocupação de garantir a
mobilização desses delegados dessas conferências pra CONAI, não é isso Weibe, e aí eu só quero
informar porque na verdade eu disse a educação se a gente fosse tratar disso aqui teria que ser quase
três dias pra dar os detalhes, mas nós já fizemos preocupados com isso né, nós pautamos, a CGE
pautou uma reunião com o MEC, é o senhor Arlindo, e já então fechamos um acordo, o seguinte, o
MEC se responsabiliza por todas as passagens aéreas e a FUNAI de novo pros trinta pra CONAI, a
FUNAI então garante a mobilização da aldeia até o local onde embarca, e seja com combustível, com
transporte, com frete, o que for necessário pra que ele possa chegar em Brasília, então isso já tá
garantido, inclusive preferi na conversa nem receber recurso do MEC pra isso porque a gente tem
dificuldade pra executar e dependendo do período que fosse, e então assim isso já tá garantido a
participação, se eles garantirem lá as trinta vagas, está garantido que as trinta pessoas chegarão lá
porque a FUNAI vai garantir essa mobilização.
256
E em relação ao que o Marcos colocou da possível articulação com a câmara né. Nessa reunião lá em
Cuiabá nós conversamos com alguns deputados dessa comissão e eles então se colocaram a disposição
pra que inclusive nos próximos encontros regionais já tenha a participação indígena inclusive nas
mesas que tão começando a discutir e que tem as representações e inclusive a Pierlângela teve não sei
se a Chiquinha nessa rodada de vocês lá em Brasília semana passada tá construindo essa articulação já
com a câmara dos deputados pra garantir isso que você acabou de colocar, então a gente já tá
pensando, estamos tentando agendar uma reunião em breve também com o próprio presidente da
FUNAI e a câmara, e também essa que a Pierlângela começou a conversar pra fazer essa reunião e
garantir que vocês tenham algum momento de discussão e de conversa com eles pra tá pautando essa
agenda mais específica. Aderval, eu te garanto uma coisa, eu já li tanto, primeiro que isso aqui foi um
parto dolorido né, mas assim, te garanto que embora tenha lido várias e várias vezes, eu não me
lembro se tem, e se não tem algo sobre os sistemas transversais, mas se não tiver, foi o maior pecado
do mundo porque a gente tem isso como preocupação e como uma ponta fundamental e aí nós vamos
tá avaliando e como vocês observam nesse documento, lá no final tem outras questões pra avaliação
que é na página setenta e quatro, o que vocês ao lerem o material, sentir necessidade ou sentir falta e
achar que precisa incluir nós estamos a disposição pra fazer isso. [Participante não identificável:
inaudível] Tem, vamos fazer, porque isso aqui é um documento pra formatar, se existe alguns ajustes é
possível fazer, tá bom, muito obrigada pela contribuição. Só pra fechar,essa avaliação é importante
porque ela vai está avaliando a educação escolar indígena desde as séries iniciais onde tem e a
proposto está colocado, o que tá sendo colocado como política até o ensino superior, então é
importante a gente lembrar que ela não vai cuidar só da educação fundamental, que é um dos
problemas do atual plano, focalizou profundamente a questão do ensino fundamental e deixou os
outros níveis sem discutir, é isso.
Márcio (Presidente)- Obrigado Maria Helena. Nós temos um encaminhamento importante que é a,
nós temos aqui na plenário que votar a indicação do nome indicado pela CNPI o suplente para a , eu
esqueci agora, qual é a , é uma comissão, qual é o nome da comissão [conversa simultânea] a comissão
do é essa que a professora, é a comissão de avaliação do PNE, pois é, a bancada indígena, a bancada
indígena indicou o nome da professora Francisca e o suplente, o Weber tá, então nós precisamos aqui
fazer uma votação, eu queria saber se a plenário como um todo tem alguém que se manifesta contrário
a indicação do nome da professora Francisca titular e Weber suplente. Ninguém manifestando em
contrário fica provada a indicação dos dois nomes tá. Tinha algum outro encaminhamento professora?
257
Francisca: E assim, um outro, Francisca Navantino Mato Grosso. Tinha um outro encaminhamento
que seria dar recomendações ao Ministério da Educação em relação a determinadas questões que nós
tínhamos discutido, e esse, como na reunião passada nós tivemos o tempo né, por conta do seu
aniversário né presidente, e aí nós, eu queria ver se, não eu não tenho, não é cobrança não, então eu
queria saber se a gente vai tratar agora, ou a gente vai, se bem que tem algumas coisas aqui que ainda,
ou a gente vai tratar pra outra reunião que, mas eu acho que poderia, como que vai ser tratadas essas
resoluções né?
Márcio (Presidente)-: Se tem alguma, algum, eu acho que o melhor seria então fazer uma, a comissão
fazer um encaminhamento depois com mais segurança aí, não é, pra gente poder, poder votar né.
Acho que é melhor. Então fica provado então aí, o nome da professora Francisca, do suplente não é,
do Webe, e eu queria agradecer a Maria Helena, a equipe toda dela na educação da FUNAI, mais a
equipe do MEC que não está presente aqui mas que trabalhou também bastante aí nesses processos
todos, e a equipe da subcomissão de educação por esse trabalho se, olha é muito importante e eu acho
que é mais um desses, desses legados que nós vamos deixar aí na, até o final do ano que vem né, com
relação a política indígena brasileira, uma avaliação importante para projetar o futuro né, os próximos
dez anos, o plano nacional de educação, então vamos entrar imediatamente no próximo ponto de
pauta. Convidar aqui, companheiros do INSS.
Marcos Xucuru: Senhor presidente, Marcos Xucuru, eu só queria registrar a ausência do MEC aqui
nessa nossa reunião, pra gente um tema tão importante como esse que tava na pauta, e não
comparecer pra gente é uma desfeita muito grande e uma falta de compromisso né, com a, com esta
comissão. Eu só queria registrar isso, deixar registrado, e a gente repudia essa ausência do MEC aqui
nesta comissão.
Márcio (Presidente)- Parece que houve uma justificativa, uma dificuldade do titular e do suplente, e
eu vou solicitar que depois a Teresinha repasse para a bancada e pra comissão qual foi a justificativa.
Então nós vamos passar imediatamente para o próximo ponto de pauta. Eu queria convidar aqui, os
companheiros aqui do INSS. Próximo ponto de pauta é sobre o acordo de cooperação técnica assinado
pela FUNAI com o Ministério da Previdência, INSS, o Ministério da Justiça, FUNAI, Ministério da
Previdência, INSS, sobre o segurado especial indígena, que é esse material que vocês receberam aqui
tá, e também esse folder que vocês receberam, e esse trabalho vai ser agora explicado [?] informe
qualificado sobre ele aqui pela Doutora Fátima Goulart que aceitou o nosso convite aqui da CNPI, pra
estar conosco aqui, e a Irânia também da FUNAI, que é a FUNAI que acompanha esse processo então.
258
Teresinha/SE: Só uma questão de ordem Senhor Presidente, só explicando que a questão do MEC pra
nós, pra secretaria executiva tinha sido confirmado a presença do Gersen nessa reunião. Pra minha
surpresa quando a gente chegou aqui a Chiquinha e a Pierlângela me colocaram que ele teria dito pra
elas que não viria pra essa reunião. Então, estava confirmado e aí para a secretaria executiva ele não
justificou.
Márcio (Presidente)- Bom então, aqui tem um encaminhamento de que secretaria executiva na volta
pra Brasília procure saber o que foi que aconteceu para a ausência do Ministério, e a gente procura ver
na próxima reunião, corrigir o que for necessário. Então eu passo a palavra aqui pra Doutora Fátima, já
agradecendo antecipadamente a sua presença aqui conosco.
Doutora Fátima Regina: Bom dia a todos, autoridades presentes, colegas servidores públicos e
representantes das comunidades indígenas. O meu nome é Regina, eu sou servidora do, é Fátima
Regina Senhor Presidente, isso, Fátima Regina. E sou servidora do INSS, e quero dizer pra vocês que
eu tenho imenso prazer de estar aqui neste momento por dois motivos, os maiores dois motivos.
Primeiro porque eu tenho ao longo deste tempo que estamos desenvolvendo cada astro do segurado
especial, tenho tido muito contado com as comunidades indígenas, e aprendido muito com as
comunidades indígenas, sobretudo com os Potiguara da Bahia da Traição, onde a gente está
desenvolvendo lá na Paraíba o Sistema do Cadastro do Segurado Especial.
Então eu queria externar o meu respeito a FUNAI por esse trabalho, queria externar o meu respeito a
comunidade indígena, e dizer que a gente está junto nesse trabalho pra tentar construir um cadastro
que vá amenizar as dificuldades que hoje nós temos com relação aos indígenas na Previdência Social.
Eu sou do Rio Grande do Sul, já deu pra perceber né, gaúcha de Uruguaiana, mas “báh tchê', alguém
falou ali. Assim, todo o outro lado do Brasil, e também tem um outro motivo maior, e tenho ainda um
motivo também que é meu particular, de alegria de estar aqui porque eu dou da terra de Plácido de
Castro, eu sou de São Gabriel, da própria cidade de onde saiu Plácido de Castro e veio pro Acre, então
eu sempre tive muita vontade de estar no Acre, então eu agradeço a Deus e a vocês a oportunidade de
estar aqui hoje. Tá bom? Exatamente, Sepe Tiarajú grande guerreiro indígena, e Plácido de Castro que
tem muito a ver com o Acre, e por isso pra mim é uma satisfação muito grande, eu me sinto muito em
casa podendo estar no Acre, muito obrigada a vocês. Bem, eu teria todo tempo do mundo pra
conversar com vocês sobre a previdência social e eu sei que o assunto é muito palpitante, mas o
Presidente me disse que eu tenho uma horinha só pra conversar com vocês, isso é muito triste, mas eu
259
prometo que, mas eu me coloco a disposição pros próximos eventos aonde nós possamos ter mais
tempo pra conversar sobre previdência social.
É um tema que me interessa, e eu tenho trinta anos na casa, essa assinante, e eu estou muito envolvida
nesse momento, nesse projeto que vai ajudar muito a comunidade indígena, vai resolver muitos dos
problemas da FUNAI e da própria previdência. Vejamos então assim, nós vamos falar alguns tópicos
bem rápidos que se referem ao nosso acordo de cooperação técnica, porque se entrássemos no assunto
nós teríamos muitos dias pra ficar conversando, então vamos falar inicialmente qual é o foco desse
nosso trabalho que nós estamos fazendo. Hoje nós temos, todos temos conhecimento, ou quase todos,
e eu me reporto mais a população indígena, nós temos o Cadastro Nacional de Informação Social, o
CNIS, o que é o CNIS, é um consócio administrado pela previdência, pela Caixa Econômica, pelo
Banco do Brasil, pelo Ministério do Trabalho, aonde estão inseridos todos os vínculos dos
trabalhadores brasileiros, todos, os meus como servidora pública, os nossos como servidora pública, o
da empregada doméstica que contribui para a previdência, o do trabalhador que paga seu carnêzinho
mensalmente, o do médico, o do dentista, o do empregado da farmácia, ali da padaria, tudo tá lá no
CNIS, bonitinho.
Quando eu preciso de um benefício da previdência, que eu adoeço, que eu vou me aposentar, eu
chego lá, e o quê que acontece, meus vínculos estão todos lá, bonitinho naquele banco de dados da
previdência que é um dos maiores do Brasil, e que se chama CNIS. O quê que acontece, o segurado
especial que é o trabalhador rural, que é aquele que é o trabalhador na agropecuária, na cultura, na
pesca, a comunidade indígena, os vínculos deles não tá lá no CNIS, não existe no CNIS, existe de todos
os trabalhadores, veja bem, excetuando-se os do trabalhador rural, do segurado especial, e esse
segurado especial, o quê que ocorre com ele, toda vez que ele precisa do benefício na previdência, ele
vai ter que chegar num balcão da previdência e comprovar sua condição de trabalhador rural. Toda
vez, porque? Porque não tem um banco de dados deles, não fica no banco de dados, fica do menino
que trabalha na padaria, fica os meus vínculos a do médico, da doméstica, de quem paga carnê mas
não fica a do segurado especial. Então se ele precisar um benefício por mês, um auxílio doença, um
salário maternidade, depois a sua aposentadoria, o quê que ocorre com ele? Eles têm que fazer tudo de
novo, comprovar tudo de novo, levar toda a sua documentação e comprovar tudo de novo, isso gera
um atraso muito grande, isso gera muita especulação, isso gera muito retrabalho para o servidor da
previdência, e conseqüentemente ficam prejudicados quem?
260
Os trabalhadores rurais que são os servidores especiais. O que esse cadastro está visando agora? Que
isso não aconteça mais, a partir de que nós coloque esse sistema em produção, e ele já está pronto, nós
estamos ultimando os preparativos, a partir desse momento o quê que vai acontecer? As informações
do indígenas que é o que nós estamos tratando aqui, todos os servidores especiais inclusive os
indígenas vão também para o CNIS, beleza. Então indo para o CNIS o vínculo fica lá, comprovadinho,
se ele trabalhou de oitenta a noventa vai estar lá, se ele trabalhou desde os dezesseis anos que é a data
início pra alguém começar a contribuir e a trabalhar no regime geral de previdência, vai estar lá,
comprovado, bonitinho, então, vocês imaginam a diferença que a gente pretende que tenha a partir
desse sistema que não vai mais haver essa necessidade aqui de comprovar a cada benefício, vai estar
comprovado como todos os demais trabalhadores brasileiros de vez. Isso eu acho o grande ganho, isso
é o resgate dessa cidadania perante a previdência social, e evitar esse desgaste que existe hoje que é tu
teres que comprovar a cada vez que tu vai solicitar um benefício, tu tem que comprovar novamente, e
em se tratando da comunidade indígena que a gente sabe que é das dificuldades de se locomover, das
dificuldades de procurar uma agência da previdência, isso vai acabar.
Essa é a proposta, simples, prática, não tenho muito a falar sobre ela, mas tenho a dizer pra vocês que
é um ganho muito grande, e todos os trabalhadores rurais, não só a população indígena. Então o quê
que ocorre hoje e nós sabemos disso e a previdência é conhecedora disso? Ocorre que o tratamento é
diferenciado para o trabalhador rural, para o segurado especial, nas diversas agencias da previdência
social, disso temos conhecimento por falta de uniformização, é o retrato, é verdade. Existem atritos,
existem muitas situações em que as pessoas e principalmente o segurado especial indígena não tem
reconhecido os seus direitos perante a previdência, não saindo em defesa de ninguém, e a minha
defesa neste momento é exatamente da população indígena, porque eu estou representando a
previdência, mas para resolver, para tentar resolver a, o nosso relacionamento com a população
indígena, eu diria pra vocês que os servidores também tem a sua preocupação porque eles estão com a
responsabilidade, a de reconhecer direitos, e direitos que vão ser mantidos pela vida toda, e é dinheiro
público, e é lei, e a lei diz assim que toda vez que um segurado especial, isto é, indígena, e todos os
trabalhadores precisarem de um benefício tem que comprovar. E o servidor tem que fazer o quê? Ele é
um servidor público, ele tem obrigação de fazer exatamente o comprimento disso, e ele tem que fazer.
Hoje com a criação do sistema nós vamos ter outra realidade, que é a realidade de poder comprovar
uma vez só e ficar lá comprovado.
261
Bem, aí nós precisamos assim, o nosso encontro precisaria englobar a legislação previdenciária, pra
que vocês, as comunidades indígenas tenha o maior conhecimento da legislação previdenciária, como,
esse encontro de legislação demandaria de um tempo muito maior, tem um material a respeito de
legislação que eu trouxe, que tá num pen-drive, mais tarde vocês poderão copiar, porque não tem
como nós falarmos. Hoje eu vou falar pra vocês só um pouquinho do que é um segurado especial,
segurado especial de um modo geral. Porque, porque não basta eu ser doméstica para eu ter os direitos
da previdência, não basta eu ser médica pra ter os direitos da previdência. Eu tenho que pagar todos os
meses, não basta eu ser professor ou ter qualquer uma função pra eu dizer eu trabalho, e eu tenho os
direitos perante a previdência social, eu preciso ser contribuinte, então, assim como não basta eu ser
indígena. Não é pelo fato de que eu nasci indígena, que eu tenho direito aos benefícios pelo simples
fato de eu ter nascido indígena, eu tenho que ser um indígena segurado especial, isto é, que trabalho
na minha terrinha, ou na minha terra, ou na minha aldeia, quer seja pra minha sub-existência, quer
seja pra vender, pra comercializar, quer seja no artesanato, confeccionando, quer seja, é preciso que eu
seja um trabalhador, não basta ter nascido indígena, essa é a diferença. Segurado especial indígena é
aquele que trabalha, aí o quê que acontece com o exercício da atividade, ela é informal, ela não tá
registrada lá naquele CNIS, porque não tem um vínculo empregatício.
Então o quê que vai acontecer, a FUNAI nesse acordo, nesse convênio que a gente tá fazendo, essa
cooperação técnica passa a ter a responsabilidade e a testar esse CNIS quem é indígena e segurado
especial. Simples, não é mais da competência da previdência a partir de agora, vai ser da
responsabilidade dos próprios indígenas e da FUNAI que vão declarar, vão entrar no sistema, vão fazer
o cadastro de cada um, e cada um vai ser articulado de sua forma nas suas comunidades indígenas, vai
então fazer o quê? Cadastrar e dizer desde quando, até quando essa pessoa é segurado especial
indígena. O quê que fica pra previdência nesse caso? Fica pra previdência verificar se de oitenta a
noventa a FUNAI atesta que ele foi segurado especial indígena. O quê que a previdência vai ver, tem
um vínculo no CNIS naquele período, esse indígena esteve empregado, então aquele período vai ser
descaracterizado como segurado especial indígena, ele serve, continua servindo para os benefícios,mas
não para o benefício de segurado especial indígena. Então não há descaracterização, apenas de
segurado especial, ele é um segurado da previdência social e continua sendo, mas naquele período,
porque tá lá o vínculo dele? Então, ele continuou sendo indígena e isso ninguém tira, mas ele não foi
segurado especial, ele tem direito aos benefícios da previdência como um trabalhador urbano que foi,
porque ele pagou, porque ele contribuiu, porque ele trabalhou, por que foi empregado porque ele teve
carteira assinada, e isto quem vai verificar é a previdência.
262
Os demais eventos quem vai verificar é a FUNAI. Isto é, o bojo é o centro do acordo cooperação
técnica que eu não vou entrar nas cláusulas com vocês, é um documento que não cabe entrar com
vocês, mas é pra vocês entenderem que é o significado do acordo. A partir do momento que o sistema
estiver lá no ar, aquela declaração via papel que os sindicatos, os , as FUNAIS fazem, mandam, as
comunidades mandam vai estar no sistema. Beleza, vai tá lá no CNIS. Então, isso é incontestável, isso
é, a previdência não vai contestar, a previdência só vai contestar os vínculos que ele teve durante esse
período, poder descaracterizar um período que ele não tenha estado trabalhando como segurado
especial indígena certo? Então a gente trouxe uma apresentaçãozinha. O Pedro tá ali gerenciando essa
apresentação, é só pra mostrar pra vocês alguma coisa do sistema. É rápido e depois a gente vai abrir
pra algumas questões a respeito do sistema tá, a gente não está focando toda legislação, porque se
focássemos teríamos muito, muito, muito, muito pra falar, então vamos mostrar o sistema que é o
objetivo do nosso trabalho hoje. É, a Irane está aqui me ajudando a fazer a colocação pra vocês, que
esse sistema foi feito por o INSS e a FUNAI. Nós construímos lá na Paraíba, estamos construindo, ele
não está, é, então assim, em acordo com a FUNAI e consultando as comunidades indígenas, o Petrônio
acho que tá por aqui também, podem me ajudar.
Então assim, reunimos várias vezes, e pedimos subsídios pra FUNAI pra nos dizer como construir um
sisteminha que fosse prático, bem fácil para que a comunidade indígena seja cadastrada, e a FUNAI foi
quem sugeriu juntamente com a comunidade indígena como vamos fazer esse sisteminha. Então a
gente vai tentar mostrar, ele ainda não tá em produção, ele não tá pronto, vai estar em pouco tempo ,
e aí então o quê que nós temos, nós partimos do CADE PF, do sistema que é hoje pra fazer uma
inscrição, esse sistema vocês já usam, todos usam hoje, e ele está na internet, que é pra inscrição de
qualquer pessoa que queira se inscrever, independente de ser segurado especial ou não. Então, lá são
os dados cadastrais, ali estão os dados cadastrais, podem confirmar, esses dados cadastrais, eles são da
maior importância que todos os dados sejam informados. Nesse momento são os dados só do cadastro,
só da pessoa física em si, pode passar Pedrinho. Então ali ele gera um nit, e é dalí que nós vamos
mostrar o sistema, a gente não tem foco em mostrar a primeira parte porque nós vamos mostrar o
sistema como é que ele fica pro cadastro do indígena. Então, lá ele aparece os dados da pessoa, ali ele
pergunta o tipo de solicitante, aí nós marcamos FUNAI, é lentinho, mas é rápido também. É porque
são poucas telas, ali, a área de abrangência dessa FUNAI.
Vamos terminar pra ver se a gente consegue, ele pode perguntar? perguntando junto? [Participante
não identificável: Eu acho melhor terminar [inaudível] porque o sistema é meio lento aqui, pode
263
perder algum tempo. É a internet é lenta e é ambiente de... Pode marcar então, vamos ver se ele, é, ali
é a identificação do servidor da FUNAI, que vai estar informando, a assinatura digital, a senha, ali é a
abrangência, ele é um sistema bem simples, a proposta é que vai ser o menos número de informações
possíveis porque a FUNAI deverá cadastrar a sua população indígena, então são poucos dados, ali
então sai o CNPJ da FUNAI, a razão social, o endereço da onde que foi feito, os dados daquela pessoa
que foi cadastrado, e alí então dados específicos do indígena, isso é o que nos interessa. A etnia
primeiro, escolhemos uma lá, escolhemos uma terra indígena, tão todas cadastradas segundo a FUNAI
que nos entregou, escrevemos o nome da aldeia isso é dado para ser escrito, é campo texto, a unidade
da federação a que pertence, o município, é o município vai depender do estado, aqui no Acre, vamos
achar o município lá, pode continuar Pedrinho, também ele já tá dividido pelo município dos estados,
é uma tabela, não há necessidade de digitar, aí vem o que é importante, período de exercício de
atividade, nesse momento a FUNAI vai estar colocando qual é o período que esse indígena exerceu a
atividade de segurado especial, isso após os dezesseis anos, então ele tá colocando lá, o período de 1°
de janeiro de 2000 até 2009, adiciona o período, ali, já está adicionado o período, com a possibilidade
de alterar se de repente ele cedeu conta, pode adicionar mais períodos se ele quiser, outros períodos
porque ele pode não estar no primeiro momento já definindo, ele pode hoje ao fazer o cadastro definir
pra um auxílio doença, dizer que ele tem o último ano como segurado especial, 2008/2009, mas
anteriormente ele sabe que esse indígena foi segurado especial há muitos anos.
Então, o que vai acontecer, ele pode num outro momento acrescentar, tem mais 10 anos, tem mais 5
anos, tem mais 2 anos, e aí ele vai adicionando períodos lá. O momento da FUNAI fazer a
comprovação da atividade não precisa necessariamente ser em uma única vez, ela poderá em diversas
vezes confirmar o período de atividade e continuar confirmando posteriormente, se fizer um cadastro
hoje e daqui a 3 ou 4 quiser confirmar mais um período ela vai confirmando os demais períodos
subseqüentes à inscrição, a partir dali vamos já adiantando, a partir dali tem um campo texto onde a
FUNAI vai justificar esse cadastro que ela ta fazendo, vai dizer se o indígena trabalhou em uma outra
aldeia, o campo texto lá, se ele está vindo de uma outra comunidade, se ele não apresentou
documentos, quais documentos ele apresentou, se ele tem ou não documentos, isso fica cadastrado ali,
pode confirmar Pedrinho? Aí ele confirma a inscrição e aparece um comprovante com todos os dados
informados, ali estão os dados da FUNAI, os dados da própria pessoa, os dados da atividade que é a
etnia, o período que ele exerceu, e ai quando efetiva a inscrição, só para vocês saberem, que é um
momento importante que nós falamos no início, é o momento que esses dados estão indo para o CNIS
certo?
264
Esse é o momento que efetiva a inscrição, então está indo para o CNIS os dados do segurado especial,
muda totalmente o caráter então de até agora ser só declaratório e só durante um pedido de benefício
é nesse momento que vai estar indo para o CNIS, isso vai estar nesse momento migrando para lá, aí a
partir de agora o segurado especial indígena vai ter o seu tempo já comprovado lá no CNIS, como os
demais trabalhadores brasileiros, pode efetivar, e ai sai um comprovante impresso diz lá que o
segurado especial indígena foi inscrito com sucesso sai todos esses dados e esse comprovante fica com
a pessoa que se inscreveu, la ta o NIT, o número do trabalhador, o período, as informações sobre a
previdência dizendo que essa declaração foi com base nas informações prestadas e quais os
documentos e imprime esse documentozinho, o importante é que vocês tenham em mente que é
nesse momento que a informação do tempo exercido de atividade do segurado especial indígena está
indo para o CNIS e esse não vai mais ser mexido, ele só vai ser mexido, como em qualquer outro
trabalhador brasileiro, se houver uma denúncia, se houver a necessidade de..., isso para qualquer
trabalhador existe, ou se houver alguma apuração a ser feita, é nesse momento, então estamos assim
colocando nesse momento todo o período de exercício de atividade do indígena, quando ele precisar
de um benefício ele não vai mais precisar fazer na agência da previdência, certo? Eu espero ter
esclarecido, a gente tem muita coisa para conversar e eu me coloco a disposição se eu puder esclarecer
algumas coisas para vocês.
Márcio (Presidente): Muito Obrigado, Fátima Regina, vamos abrir agora para inscrição, o primeiro
que tinha sido inscrito era o André que se inscreveu antecipadamente, depois do André o Arão, depois
o Brasílio, Caboclinho, Titiah, Tóya e Marcos Xucurú, vamos tentar seguir essa ordem ai.
André Araujo do MDA: Fátima, parabéns pela apresentação, super didática, acho que se todas as
apresentações da CMPI fosse assim a gente conseguia avançar mais, eu tenho uma dúvida que é a
seguinte, você coloca que o papel do INSS é então cruzar as informações, certo? Que a FUNAI vai
disponibilizar nesse sistema com outras informações que o INSS dispor daquela mesma pessoa, não é?
E aí há um problema concreto, que eu já trabalhei nessa área da educação previdenciária e a gente
vivenciava lá que era o seguinte, o indígena ele trabalha na sua terra, correto? E ele também pode
prestar serviços, não é? Ele pode prestar outros serviços a um projeto, no projeto de uma ONG ou de
uma empresa e aí essa empresa, essa ONG ela faz a contribuição do INSS então ela lança ao sistema a
informação daquele trabalhador e aí o INSS considerava então que ele naquele momento deixava de
ser um segurado especial, esse era o entendimento na época que a gente vivenciava eu não sei como
que está hoje, por isso que eu antecipadamente fiz a pergunta porque na verdade o indígena não vai
265
deixar de trabalhar na sua terra, na minha concepção ele não vai deixar de ser um segurado especial,
não é? Porque ele continua nas suas atividades na terra e tudo mais, entretanto esse conflito de
informações ai sempre prejudicava os agricultores, no caso eu trabalhava com os ribeirinhos do
amazonas, então nós tínhamos esse problema, então eu questiono a vocês tanto à Fátima quanto a
Helena, se foi pensado nesta questão, não é? Não sei se todo mundo entendeu a pergunta, vai ter lá o
cadastro que a FUNAI vai informar, mas por outro lado vai ter o INSS vai cruzar com outras
informações de serviços de autônomos que vocês podem prestar para outros e ai isso dá problema, essa
é a minha dúvida.
Fátima: Veja só, segurado especial é aquele independentemente de ser indígena ou não é aquele que
trabalha exclusivamente em atividade rural, se ele estiver exercendo uma outra atividade ele não é
segurado especial, então realmente se ele for foi o que eu falei a previdência vai verificar, só que, qual
é o ganho, qual é a diferença de agora para a época que tu estás falando, o que, que a legislação diz?
Antes se exercesse ficava descaracterizado para todo o sempre, hoje não, tu só vai excluir aquele
período, sem prejuízo nenhum, quer dizer tu tem 10 anos de segurado especial, tu tem 1 ano que tu
trabalhou lá numa determinada atividade, as pessoas não queriam nem dar a sua carteira, não
queriam nem pagar a previdência para não perder, hoje não, porque vai estar lá e apenas vai ser
descaracterizado como segurado especial, então essa é a mudança, naquela período, não ele como
sendo segurado especial como era antes, realmente era assim e não é mais, a partir da 11718 não é
mais, descaracteriza aquele período, então havia até a história que as pessoas não deixavam assinar
carteira, não recolhiam para a previdência porque não queriam ser descaracterizados para toda a vida,
não é mais assim, descaracteriza só o período em que ele exerceu, isso não prejudica, segunda
pergunta?
Márcio (Presidente): É o Arão, a segunda pergunta, a gente vai seguir aqui pergunta e resposta.
José Arão Guajajara - Maranhão: Eu tenho na verdade não só uma pergunta eu tenho quatro, primeira
pergunta: quem já é segurado, se ele também vai passar por esse crivo de inscrição, se ele também
será incluído nesse procedimento?
Fátima: Vai, esse que nós fizemos inclusive era um que já tinha NIT, o sistema vale para os novos que
estão sendo inscritos e os que já são, os que já são porque NIT é o número do trabalhador brasileiro, o
meu é para sempre, o teu é para sempre, e o deles e de todo mundo é para sempre, então o que, que
vai ser feito? Foi exatamente o que o Pedro fez ali, ele pegou alguém que já tinha o NIT e só colocou
as informações como segurado especial, qualquer um de nós, já está contemplado, se eu deixar hoje de 266
ser funcionária pública e for ser segurada especial eu vou pegar o meu NIT e é no meu NIT que vai
essas informações. Segunda?
José Arão: A segunda é em relação à responsabilização, no caso a eventual responsabilização de
alguém por essa inscrição, vai ter uma inscrição do funcionário da FUNAI no caso? Ele vai ser
responsável por essa inscrição? Ele vai ter uma coleta dos dados, e tal |inaudível| alguma coisa dessa
ordem?
Fátima: Vai, responsabilidade solidária, previdência e FUNAI, somos todos servidores públicos, o que,
que acontecia até agora, a responsabilidade era solidária, só que era papel, porque no momento em
que a FUNAI estava mandando um documento para a previdência dizendo que esse segurado era um
indígena e era um segurado especial era um compromisso, apenas agora vai ser no sistema,
responsabilidade solidária, a FUNAI diz a metade e a previdência diz a metade, sim vai ser
responsabilizado.
José Arão - Tá, a terceira e penúltima pergunta, na verdade é um questionamento em relação a esse
limite de empréstimo dos aposentados, eu sou do Maranhão já me identifiquei, mas lá a gente tem
convivido com situações absurdas, tem aposentado lá que está recebendo 10 reais por mês e muitos
deles nem isso recebe mais, quer dizer, não existe limite de empréstimo, Bom Sucesso, BMG, Merco
não sei o que lá, são bancos, itinerantes que as pessoas andam com as pastas nas ruas, fazem
empréstimo muitas das vezes nem é o próprio indígena, nem é o próprio segurado que faz
empréstimo, é o senhor que fica lá no comércio, que retém o cartão do aposentado do próprio
indígena, eu gostaria de saber se o INSS não tem um dispositivo de limitar o valor máximo, o teto
máximo de empréstimo desses aposentados e aproveitando aqui, que é vinculante a pergunta aqui,
porque é que as pessoas intermediárias muitas vezes, os intermediadores, eles só com o NIT eles já
fazem empréstimo em nome do futuro beneficiado, o que acontece levam um parente lá para
aposentar, já emite esse número ai que é o NIT, com esse número do NIT o intermediário lá, ele já faz
empréstimo de 4000 reais ou 3000 reais em nome daquele miserável futuro e quando ele já pensa em
receber o primeiro pagamento ele já fica devendo 3, 4 anos, é um problema que eu to citando aqui eu
não sei se é um problema específico do Maranhão mas é um problema que a gente vive lá e que é
muito sério. Obrigado.
Fátima Regina: Arão, não é o foco do nosso assunto hoje a legislação e os assuntos que se referem a
empréstimos, ou a benefício, porque foi o que eu falei, nós precisaríamos de um tempo muito maior
para ver isso o qu, que eu posso te dizer quanto a isso, é que existe a possibilidade de qualquer pessoa, 267
que tenha um beneficio na previdência, já pedir na previdência que bloqueie a possibilidade de
empréstimos, é a única coisa que eu posso te adiantar, eu não posso te responder a tua pergunta
porque não é o foco do nosso assunto, o nosso assunto é mostrar esse sistema e falar sobre o acordo,
então eu não gostaria de entrar no mérito.
José Arão: A senhora me desculpa, mas infelizmente a gente não tem essas oportunidades que a gente
tem agora, o foco eu sei, eu entendo porque eu não sou anormal, eu entendo que o foco principal é
isso, mas eu quero aproveitar o momento, porque a gente não tem a oportunidade, vou repetir mais
uma vez, de lançar essas perguntas, porque lá nos estados a gente está cansado de questionar isso, e eu
entendo que a senhora como representante da instituição mesmo que o foco principal não seja essa
que eu to falando, mas é o momento, a oportunidade que eu estou aqui como representante daquele
estado por isso que eu estou fazendo a pergunta para a senhora eu entendo muito bem o foco principal
é esse, mas eu quero só aproveitar o momento, se puder responder agora tudo bem, se não então deixa
para outra oportunidade.
Fátima Regina: Ótimo, olha só Arão, foi o que eu falei no início, esse é um dos primeiros encontros
que a gente ta tendo, a gente teve um em Brasília que foi com legislação e que a gente teve mais
tempo para conversar, isso foi o que eu falei, por mim a gente tem todo dia, e nós vamos ter muitos
encontros para conversar sobre previdência de agora em diante porque agora nós somos mais
parceiros, então esse teu assunto não tem duvida de que é da maior relevância, e não é só com relação
aos segurados especiais, é com relação a todos os tipos de trabalhadores que recebem benefícios da
previdência, a gente não tem duvida que o teu assunto vai ser levado, a gente vai levar todos os
assuntos, eu só estou pedindo para vocês que tenham paciência porque nem tudo eu vou poder
responder para vocês, não tem dúvida Arão, a gente se coloca a disposição, e nós vamos ter muito mais
encontros para isso, mas o teu assunto vai ser levado e a FUNAI está organizando capacitações
regionais agora, nós vamos ter encontros em vários lugares do Brasil, mas com mais tempo para que
nós possamos discutir e levar pontualmente as duvidas e os problemas de vocês, tá bom?
José Arão: Obrigado
Fátima Regina: A Irânia quer falar um pouquinho.
Irânia: Bom, só para não deixar, eu acho que a Fátima Regina já pontuou, porque essa questão que está
sendo colocada, que o Arão colocou, isso não se dá apenas com os benefícios previdenciários, os
benefícios sociais também, então essa é uma discussão que passa pelo bolsa família, também por todas
268
essas políticas e programas de renda, isso tudo traz assim, ao mesmo tempo que a gente amplia o
acesso, e no caso aqui a gente está trabalhando a ampliação de um direito, não é? Ampliar e promover
o acesso a um direito, que é o direito previdenciário e que muitas vezes ele é negado exatamente por
que? Porque agente não tinha dentro do sistema nacional, um sistema específico que atendesse as
necessidades dos povos indígenas, que respeitasse essa necessidade, a questão do segurado especial
como foi colocado, o que é isso? Se vocês derem uma olhada no folhetozinho tem duas perguntas que
nós colocamos no final que responde, porque antigamente trabalhador rural era só considerado quem?
Os índios aldeados e ai chegava na FUNAI ou no INSS, os indígenas que por um motivo ou outro estão
morando fora das aldeias, e esses indígenas não tinham o acesso, chegavam no INSS eram bloqueados,
não você não é trabalhador rural, você não mora na aldeia, não é assim que acontecia? Nesse
momento o mais importante desse acordo e cooperação técnica é isso é ampliar, e essa lei, tudo vem
por conta de uma lei que foi um acordo que aconteceu no Rio Grande do Sul que provocou essa lei
que mudou a categoria de segurado especial para os indígenas, e hoje o artesão, o pescador, não é?
Então tem “n” questões que a gente tentou esclarecer um pouquinho nesse panfletozinho, mas que
depois a gente vai tentar fortalecer nos encontros regionais que vai explicar melhor isso, mas assim, a
questão do acesso é o primordial, e os problemas desse acesso a gente vai ter que discutir e tirar uma
solução junto com todos, tem que ser solidário isso.
Márcio (Presidente): O próximo inscrito é o caboclinho, depois tem o Titiah, depois tem o Brasílio, ta
aqui na seqüência, se acalma que você vai falar.
Caboclinho Potiguara: Eu sou da Paraíba, bem na realidade eu queria só contribuir também com o seu
relato eu queria dizer que na realidade esses pontos que estão sendo levantados aqui pelos nossos
parentes, isso ai na nossa região também acontecia muito, inclusive até chefe de posto ainda responde
processo lá porque elaborou principalmente declarações, declarações indígenas por pessoas que não
eram índios, enfim várias coisas, mas eu não vou entrar no mérito não, eu só queria dizer que para se
fazer um cadastro desse ai, nós buscamos principalmente a questão do censo, o levantamento do censo
que foi feito dentro da área potiguara, então isso contribuiu muito para que o chefe hoje estar fazendo
o trabalho junto com a Regina, isso contribuiu muito porque todo levantamento é feito a partir do
levantamento feito pelo censo, era só isso para concluir.
Fátima Regina: Eu agradeço à contribuição do caboclinho e agradeço mais uma vez à maravilhosa
nação Potiguara que foram assim os grandes culpados também desse cadastro porque eles estiveram
junto com a gente fornecendo as informações pra nós lá na Paraíba.
269
Márcio (Presidente): O próximo inscrito é o Luís Titiah.
Luís Titiah representante da região nordeste-leste: Eu só queria deixar registrado aqui na CNPI como
que essa questão que foi representada ai, principalmente na minha região acontece muito, muitos
velhos que estão com os seus documentos assim feitos pela pessoa não branca que a idade não bate
com a realidade, e para essa questão da aposentadoria como é que vai ficar se entra o INSS e a FUNAI,
para estar consertando os documentos desses indígenas para ter o direito a sua aposentadoria, |
inaudível| a história dos outros velhos que tem mais de 60 anos, 70 anos e ta com o registro com 50
anos, não é? E mais novo com idade de velho, isso ai eu acho que tem que ter uma fiscalização em
cima disso ai, e para encerrar eu queria ver como é que faz para a gente ter o endereço para acessar,
nessa questão que foi levantada para informações, reclamações, alguma coisa assim, muito obrigado.
Fátima Regina: Tá, eu depois forneço para vocês o materialzinho que eu tenho da legislação, e o
endereço também, ta? Eu tenho no pen-drive ali, e depois eu vou copiar, certo? Obrigada pela sua
colaboração e eu vou passar para a Irânia quanto ao registro civil, ta?
Irânia: Bom como eu falei antes de ontem, a gente iniciou essa discussão pelo registro civil de
nascimento e eu falei que com a questão do segurado especial e a responsabilização da FUNAI em ser
o cadastrador, desse beneficio, que é que vai se responsabilizar não é mais o INSS, quer dizer o INSS
pode continuar nada impede, mas ele vai ser feito pela FUNAI, a gente descobriu o que? Que
infelizmente mais uma vez confirmando aqui, a desestruturação que foi com relação a informação dos
indígenas, isso partiu desde o registro administrativo, e do registro civil, ai a gente vê que está
totalmente desestruturado e qual é o grande desafio da FUNAI?
É novamente reestruturar toda informação com relação aos indígenas e isso não vai ser fácil, vai passar
pela qualificação do servidor, e tudo mais, porque olha, se vocês observaram, o servidor da FUNAI é
que vai ter uma assinatura digital, se ele colocar uma informação incorreta, cair essa informação no
CNIS, e bater depois que cruzar, ele vai ser diretamente responsabilizado, então ele tem que estar
muito bem preparado para isso, até o Petrônio brinca, não é? Que tem dentre os direitos
previdenciários, tem o auxílio reclusão, ai diz que vai ter que criar auxílio reclusão para o servidor da
FUNAI, é o Petrônio que brinca, para os familiares não é Petrônio? Por quê? Porque isso aí é de uma
grande responsabilidade e a FUNAI vai ter que correr na velocidade de como a gente abastece um
avião no ar, porque infelizmente o nosso registro administrativo é falho, essa questão que foi colocada
pelo Titiah é do Brasil inteiro, foi negligenciada a questão do Rani que é o principal documento,
porque para alimentar o sistema não precisa ser o registro civil do nascimento, pode ser o registro 270
administrativo que ainda é um documento legal, com o Rani a gente consegue cadastrar os nossos
segurados especiais, ta certo? Então essa informação, então é um grande desafio, mas eu acho que é
isso mesmo, é o papel nosso de estado, tem que reestruturar, tem que fazer as coisas corretas e com
isso a gente vai tentar corrigir as distorções e os problemas do passado, então assim viu Titiah é uma
grande, a gente está assim eu acho que os cabelos brancos vão aumentar pra caramba não tem
problema, não só os meus como também os dos colegas que estão na ponta, mas a gente vai tentar
reestruturar para aos poucos ir eliminando essa questão, não vai ser fácil, não vai ser da noite para o
dia, vai demorar um tempo, mas a gente vai ter que trabalhar nesse sentido, corrigir as distorções e os
erros que a gente venha cometendo ao longo dos anos, ta ok?
Márcio (Presidente): Irânia, o Petrônio quer contribuir um pouco.
Petrônio de João Pessoa: Titiah, algumas correções dessas, infelizmente nós vamos ter que entrar na
justiça, agora o que vai ser bom para nós da FUNAI é que nos vamos ter acesso ao banco de dados do
INSS então só vai errar quem quiser.
Luís Titiah representante da região nordeste-leste: Viu Petrônio, mas não é essa questão que a gente se
preocupa na região, por que lá mesmo, esse registro da FUNAI não existe, eles não aceitam, o estado,
como é que fica? Por exemplo tem alguns índios lá, que a invasão na nossa região que é registrado pela
idéia do fazendeiro que ele trabalhava, você entendeu? Então o velho que tem 65, 70 anos está com o
registro na idade de 50 anos, se a FUNAI tinha como, sei lá, criar uma lei ou algum regime que votasse
a registrar, cadastrar essa pessoa de novo, com a idade completa, segundo fiquei sabendo as
informações não sei se é verdade eu queria perguntar a senhora ai, parece que tem um exame que faz
no dente da vítima que descobre a idade da pessoa, eu não sei se é verdade.
Márcio (Presidente): É o seguinte tem outras pessoas inscritas a doutora está inscrita também, eu acho
que podia, não é?
Doutora Alda: Me perdoe aqui, mas é só para contribuir nessa questãozinha ai do Arão e do Titiah,
esse caso Titiah que você está dizendo eu creio viu doutora, que há uma saída única, não é o INSS que
vai resolver esse assunto diretamente, o órgão dentro da sua atividade administrativa, no caso é muito
simples, a própria defensoria publica pode atender esse senhor, esses senhores, para anular mostrando
porque há um exame realmente, não é de dente não, há um exame técnico, científico, médico que
avalia a idade das pessoas através dos ossos, através de mais outros exames outras identificações que só
eles sabem, então é muito simples isso, é um processo que logicamente tem que ser judicial, que é um
271
registro e que só poderá ser identificado a idade desse senhor, dessa senhora através de um exame, de
um laudo médico, mas através de uma ação judicial e não pelo órgão do INSS administrativo, ele não
pode olhar essa situação creio eu.
Márcio (Presidente): O próximo inscrito é o Brasílio.
Brasílio: Doutora Fátima eu acho que a sua colocação foi muito importante, eu devo agradecer pela
explicação que a senhora fez, eu acho que no caso quem deve atuar é a polícia, porque isso ai é caso de
polícia não INSS, mas eu acho importante que a |inaudível| colocou também que os funcionários da
FUNAI serão também melhorados para fazer, eu acho importante, não só dar as instruções a eles, mas
também que eles tenham responsabilidade no que faz para que futuramente não atrapalhe esse
benefício dos povos indígenas, o que eu quero dizer é que no sul do Brasil, pelo menos no meu estado
99% tem acesso a esse benefício eu fico muito agradecido pela explicação da senhora eu acredito que a
gente avançou muito nos últimos anos, eu só tenho a agradecer, mas fico ainda com a minha
preocupação que o nosso colega ai, o Guajajara colocou sobre esses empréstimos sobre os benefícios,
eu sei que não é responsabilidade do INSS, muitas vezes é caso de polícia mesmo, mas existe uma
preocupação de nós, representantes indígenas, que conhecemos as bases, e essas bases estão sofrendo
com isso, eu gostaria que a senhora levasse como uma sugestão que tivesse um limite, a senhora pode
fazer a sugestão em nome de nós, porque nós que vamos pedir, e que isso fosse feito para que pelo
menos 50%, 40 pudesse fazer esse empréstimo, mais do que isso porque senão é feito o empréstimo
hoje durante a semana ele come o dinheiro e depois fica 3 anos esperando que venha outro
pagamento, mas eu só tenho a agradecer à senhora foi muito bem explicado, eu acho que já mudou
muito e eu só tenho a agradecer porque vai mudar 100%, meu muito obrigado.
Fátima Regina: O Pedro está anotando ali algumas coisas que a gente pode levar, eu agradeço à
contribuição da doutora que falou aqui para nós, dando o cunho legal de muitas coisas que é do
conhecimento dela, muito mais do que o nosso, obrigada doutora, e é assim que se faz parceria, é
trabalhando à muitas mãos, porque se a gente quer chegar à algum lugar, a gente tem que fazer
parcerias, se a gente quer realmente resolver a gente tem que fazer parcerias, ninguém define nada
sozinho, não é? Vamos à próxima pergunta?
Márcio (Presidente): Tem a doutora Alda que quer fazer um esclarecimento, para a pergunta do
Brasílio.
272
Alda - AGU: Tóya me permita, é um esclarecimento que vai resolver uma outra questão que o Arão
levantou e agora o Brasilinho reforçou, essa questão eu creio doutora Fátima Regina, a senhora me
corrija se eu estiver errada, o INSS ele tem esse limite que vocês estão solicitando no desconto salarial,
no empréstimo, que vocês chamam de salário consignatório, de consignação, no benefício que o INSS
paga aos beneficiados, é já existe esse limite na legislação, já existe um limite, é um limite me parece
de 30%.
Fátima Regina: Tá saindo um documento limitando ainda mais esse valor, eu não quis entrar no
mérito porque eu não tenho conhecimento suficiente para isso.
Alda - AGU: É verdade doutora, é isso mesmo é um limite significado em 30% vamos supor que seja
menos 28, em fim, é alguma coisa nesse sentido, isso não adianta ninguém acessar além disso por quê?
É bloqueado imediatamente quando o credor vai acessar o desconto no salário do beneficiado além
desse limite o INSS não concede ele bloqueia, e é questão que já está estabelecida no sistema, ocorre
que, Arão, me parece que o que está acontecendo em vários lugares é o seguinte, é uma conivência
entre o segurado e o credor, no caso realmente ai não é um caso de INSS e culpa da previdência, e sim
é um caso até de polícia, de abuso, de desrespeito, que ele fica com o cartão o senhor do comércio, ele
vai lá, o beneficiado faz a dívida ele se apodera do cartão, da senha inclusive e ele mesmo desconta,
não é o órgão do INSS que tem essa responsabilidade de controle, ele já tem estabelecido no sistema o
controle, 30%, passou daquilo ele não autoriza, agora se vai além disso já é uma outra situação entre o
segurado e os que estão se beneficiando desses empréstimos, não é? Até por uma questão de fraude, de
abuso, é a questão de abuso, eu quero até ver com vocês eu acho que estou sendo clara, não é o órgão
que pode, ele não vai estabelecer, e não é só para a questão indígena, mas isso pode estar em toda a
sociedade, para todas as pessoas que são dependentes, que são beneficiados desse sistema e que tem o
cartão de benefício que vão lá todo mês e saca através da sua senha, está acontecendo isso realmente,
mas ai já é uma questão de polícia, não é uma questão mais do órgão da previdência, desculpa doutora,
eu acho que deu uma esclarecida para os colegas. Obrigada.
Márcio (Presidente): O próximo inscrito é o Tóya.
Tóya Machineri - Bom dia, Tóya Machineri, da região amazônica Acre, muitas das perguntas que eu ia
solicitar já foram esclarecidas, não é? Eu gostaria de deixar aqui uma solicitação quanto ao período de
pagamento por exemplo, do benefício de aposentadoria, não é? Que por exemplo para outras regiões o
período é interessante tem estrada, coisa e tudo, mas para a gente na Amazônia, principalmente aqui
no estado do Acre, é bastante complicado nos meses de inverno, não é? Onde para tu chegar na 273
comunidade leva muitos dias, e as vezes quando o segurado vem, ele depende de estrada de ramal
muito longe, as vezes o benefício dele está bloqueado por conta dos 60 dias, que tu tem que retirar, e
ai seria, mas não respondi aqui, mas ta pensando juntamente o INSS com a FUNAI, já que é um
segurado especial dessa área a gente poderia estar trabalhando um prazo maior para as populações
indígenas que vivem na Amazônia porque as distância são bastante grandes.
Fátima Regina: Para que o benefício ficasse mais tempo disponível sem ser bloqueado?
Tóya Machineri - Isso.
Fátima Regina: Vamos levar a tua reivindicação, tá?
Tóia Machineri- Obrigado.
Fátima Regina: E eu queria dizer assim, que já falei no início, já que tu é aqui do Acre, dizer que é
uma grande satisfação estar aqui no Acre, é uma coisa que desde sempre eu queria ter vindo e essa
oportunidade é muito boa de eu estar aqui, estou assim encantada de poder estar vindo aqui depois de
todas as vezes que se ouviu falar lá em São Gabriel aqui do Acre. Pode fazer a próxima?
Márcio (Presidente) -O próximo sou eu mesmo que estou conduzindo, eu tive algumas preocupações,
mais o Marcos Xucuru região nordeste-leste, o que Petrônio mostrou ali, um formulariozinho, que
está se pensando, não é? E eu fiquei a pensar em algumas questões, algumas delas já foram respondidas
pela senhora, nós temos hoje uma situação que são os professores indígenas, os agentes de saúde e de
saneamento básico, isso é uma das nossas realidades hoje, que são contratados provisoriamente,
contratos temporários, que não tem carteira assinada, e alguns deles recebem inclusive em alguns
estados menos que um salário mínimo, as prefeituras no caso dos agentes de saúde, as prefeituras
fazem um recolhimento de uma pequena parte desse recurso, do salário que eles recebem, só que de
repente esse profissional sai da sua atuação da saúde, como agente de saúde, ele não tem como reaver
aquela contribuição que foi tirada, e sem contar que se o agente de saúde ela engravida, tem a criança,
ela não vai ter como ter esse segurado especial, porque teoricamente ela vai estar trabalhando por
mais que ela não tenha registrado, no que o Petrônio me mostrou aqui, pede para colocar a renda
familiar da pessoa para saber se ela se enquadra ou não como segurada especial, então digamos que
tenha aqui, pelo que eu vi, uma produtor, uma pessoa que tenha uma área extensa de terra e que está
produzindo, não é? Ele é trabalhador rural, mas de repente ele ganha por mês mais de 1000 reais,
certo? 2000 reais, segundo ele está se discutindo a porcentagem ai, não é? Que ele automaticamente
quando cruzar os dados ele vai perder o segurado especial, porque ele atingiu mais do que o valor que 274
vocês estão discutindo ainda essa questão ai, então a pergunta é essa, como que fica essa situação dos
indígenas nesse sentido? Eu acho que a gente precisa discutir melhor essa situação, essa é a minha
pergunta.
Fátima Regina: A respeito da filiação de uma pessoa ao regime geral da previdência social ele tem os
direitos de acordo com o regime que ele está no momento e com a categoria, se ele for segurado
especial ele vai ter os direitos aos benefícios como segurado especial, aqui ele está colocando a situação
que é uma situação de lei, é uma situação ilegal, por que? Porque essas pessoas estariam trabalhando
em uma atividade urbana sem contribuição, então no momento que ele deixa de ser segurado especial,
mesmo que seja por um tempo, vai trabalhar numa prefeitura ou seja onde for ele tem que ter
contribuições para aquele regime, aquele regime que tem que bancar os seus benefícios naquele
momento, então está havendo uma situação ilegal quanto ao regime em que ela está trabalhando, e é
isso que tem que ser focado, e não o fato do segurado especial, o segurado especial vai descaracterizar
se encontrar a contribuição, não encontrando continua sendo segurado especial, agora assim, há uma
situação ilegal nesse momento, que é uma contratação, por mais que seja por tempo determinado, mas
que não está havendo contribuição, porque ai digamos que uma gestante que está precisando de um
benefício, um salário maternidade naquele momento ou um auxílio doença, ela vai recorrer ao regime
como trabalhadora urbana, então a doutora pode me ajudar, está havendo nesse caso sim uma
contratação ilegal, ai não afeta o segurado especial, porque se não houver contribuição o que vai
acontecer? O sistema vai localizar essa pessoa lá como segurado especial e pronto agora existe um
trabalho que está irregular, é isso doutora?
Doutora Alda: Exatamente doutora, é exatamente isso. Já foge ao critério administrativo é uma
questão irregular que tem que ser apurada, não é? E na apuração você vai ter que regularizar e etc,
mas é exatamente isso.
Participante não identificado: Eu queria prestar esclarecimentos adicionais, isso foi quando nós
estivemos em uma capacitação em Brasília, reunindo representantes de todas as administrações
regionais, e lá nós resumimos as exigências e os limites e os parâmetros da legislação, traduzimos mais
ou menos em um questionário prévio que nós planejamos lá, lógico que isso ai é uma coisa
completamente embrionária ainda, vai ser melhorado, mas ali ele já da os limites da legislação, por
exemplo a legislação diz que é segurado especial quem usa até 4 módulos fiscais, 4 módulos fiscais são
aqueles módulos rurais com base no INCRA, então isso teoricamente quer dizer que se o índio tiver
uma quantidade de |roçado| maior que os 4 módulos rurais, ele já não está mais enquadrado como
275
segurado especial, como outros parâmetros de renda per capita de outros benefícios então nós fizemos
ai mais ou menos um roteiro para não corrermos o risco na hora de lançar os dados no banco de dados
do INSS fugindo dos parâmetros legais, então isso ai é um norte para nos amparar e nos dar respaldo
na hora do preenchimento.
Fátima: No auxílio reclusão presidial, não é?
Participante não identificado: Senão volta o auxílio reclusão, não é Irânia?
Fátima: Essa discussão a respeito da legislação eu queria dizer a vocês que os organizadores, eu não sei
muito bem porque é a primeira vez que eu participo, eu queria dizer a vocês que é parte da legislação,
e nós podemos e devemos porque há um acordo e esse acordo diz que precisa ser orientado todas as
comunidades indígenas e a FUNAI para que em cada evento haja um espaço maior para que a
previdência possa falar de legislação com vocês, porque assim, o que pode melhorar a pessoa a adquirir
os seus direitos e os servidores a concederem esses direitos é exatamente o conhecimento dos direitos,
então nós temos que falar em plenária e muito sobre os direitos e os deveres, e eu acho que assim, é
um início recém e eu acho que a gente tem que ser inserido sempre que houver eventos da
comunidade indígena ou que seja qualquer categoria de assegurado especial a gente tem que estar
junto, porque a medida que vocês vão tendo conhecimento vai facilitando, agora tem que ser um
espaço maior, agora o documento que o Petrônio apresentou para a gente em Brasília, e que a FUNAI
estava presente, ele é muito interessante ele atinge assim, engloba todas as exigências, tudo que é
preciso para que fique concentrado, é bom que nos eventos de vocês, vocês reúnam e estudem o
documento.
Márcio (Presidente): Eu estou vendo tem inscritos aqui o Sandro, a Simone, a Quenes e o Weibe, e eu
queria propor que a gente a partir de agora encerre as inscrições, tá? Próxima inscrição.
Sandro - região nordeste-leste: (fora do microfone) Bem, eu estava querendo rever um pouco do que o
Wellington falou, porque ele chamou a atenção e eu fiquei bastante preocupado, mas como a Regina
acabou de falar |longo trecho inaudível| e também gostaria de lembrar para uns parentes porque |a
gente quer ampliar a rede de distribuição e tem uma ação tutelar, e a gente ta preocupado com isso|
tem parente que tem sociedade |de direita|, |inaudível| até |inaudível| de empréstimo, então tem que
ser verificado isso |inaudível| nesse sentido, agora isso que está acontecendo no maranhão eu me
recordo de a Chiquinha lá do |inaudível| lembrou pra gente uma determinada reunião que estava
acontecendo lá nos Xavantes em outras áreas, |é questão de crime muitos e muitos comerciantes |
276
trecho inaudível| cartão da previdência, |inaudível| parente, e isso dificultando o poder de compra, o
parente não consegue comprar o alimento, não consegue ter as condições necessárias para asseguração
do dentista da sua família, e aí eu estava até querendo sugerir que talvez fosse o caso de ponto de
pauta, porque tem que ter uma ação para esse sentido, na minha região, na questão por exemplo do
oeste da Bahia, surgiu lá o grupo |inaudível| que o pessoal recebeu do empreendimento da chefe 50%
ficou retido na mão desse cigano, hoje meu povo já está passando dificuldade de fome, porque a mais
de 6, 7 meses não recebe o benefício| da chefe e metade, olha estamos falando de cento e pouco mil
reais que cada família recebeu, pegava-se 2, 3 mil reais a título de empréstimo porque o recurso era
muito limitado e cobravam 100%, 200% de juros, quando recebia o benefício ficava tudo na mão
deles, então eu acho que é caso mesmo de uma ação de intervenção federal em determinadas áreas que
agente poderia listar e colocar até como ponto de pauta, porque ai por exemplo isso acontece
praticamente de norte a sul, então talvez trazer uma sugestão para a próxima reunião, |inaudível|
priorizar algumas ações, para realmente reter essas ações desses criminosos, isso é crime.
Márcio (Presidente): Eu queria, eu não sei se os ar condicionados estão funcionando, está muito
quente aqui dentro, o próximo é a Simone.
Simone Karipuna - Amapá: Na realidade assim, lá no Oiapoque, na administração de Oiapoque, a
administração cedeu um para o INSS desenvolver suas atividades, próximo a sede da administração,
isso facilita muito o trabalho, porque antes as lideranças, as pessoas tinham que se deslocar para outro
município para poder acessar o benefício e isso foi uma facilidade, mas também vem outra
preocupação já na administração de Macapá, a preocupação de como esse acesso, o Tóya foi muito
feliz na fala dele quando fala no período que tem para poder acessar o benefício de 30, de 60 dias, 90
dias não é? 60 dias para poder acessar, e lá é uma região muito complicada que é nas terras indígenas
na região do parque do Tumucumaque, não é? Porque o acesso é apenas com avião, e as vezes a
FUNAI não tem esse transporte para poder trazer essas pessoas para poder receber seus benefícios, e
isso as vezes leva tempo de mais, então seria bom se vocês pudessem verificar esse tempo para ter essa
flexibilidade de tempo, e outra coisa também, que foi um questionamento que eu fiz aqui e não
consegui uma resposta é obrigatório ter o título de eleitor? Porque na sua fala eu tive uma dúvida, no
campo lá se é obrigatório, porque em vista tudo isso que eu falei da dificuldade dessa... obrigada.
Fátima: Primeiro eu queria dizer que as boas práticas são para ser aplicadas, ela está contando uma boa
prática que a previdência e a FUNAI em acordo eles estão conseguindo um trabalho conjunto que
facilita, e trabalho que facilita é tudo que nós precisamos, então assim, bom saber que existem boas
277
praticas, e é para ser divulgada, quanto ao pedido de vocês para dilatamento do prazo para receber o
benefício eu vou estar levando para as autoridades competentes, não prometo que sim porque não sou
eu quem decido, mas levar eu vou estar levando, e quanto ao documento que tu perguntas o título
não, é preciso que tenha documento apenas, não é necessário o título, ali a apresentação ela como é
para formar um banco de dados por isso que ela pede o maior número de documentos isso se tiver,
porque nós sabemos que para que nós possamos hoje identificar os homônimos, identificar pessoas
com o mesmo nome, a gente quanto maior o número de dados que tu tiver no sistema melhor, então é
desejável, mas não obrigatório o título, tá bom?
Quenes Gonzaga, Secretaria-Geral da Presidência: Oi eu sou a Quenes Gonzaga da Secretaria-Geral da
Presidência, gostaria de parabenizar a minha colega de governo pela apresentação eu acho que a
previdência tem nos dado muito boas notícias, em relação a essas mudanças não só para trabalhar com
o acesso, ampliar o acesso dos indígenas mas também dos quilombolas e dos trabalhadores rurais
também, a minha inscrição, presidente, é para contribuir com uma resposta da minha companheira
aqui, que eu acho que merecia ser melhor explicitado aqui na CNPI, na verdade assim e dialoga com a
pergunta do Arão que eu não sei se ele está aqui, tá? Que é sobre a história dos empréstimos
consignados, em abril teve este ano todos vocês conhecem, é apresentado ao governo brasileiro a
pauta do grito da terra que traz as demandas dos trabalhadores rurais, e nós acompanhamos lá pela
secretaria geral essa pauta ela é entregue pelo presidente e ela é trabalhada pelo conjunto do governo,
e nós é que fazemos em conjunto com o MDA a compilação dessas respostas para entregar um
documento do governo para este movimento.
E aí, companheira, eu vou explicitar aqui o que foi a resposta do ministério da previdência porque ela
é pública e ela foi inclusive para a página da CONTAG e nós enquanto governo consideramos isso
uma tremenda de uma conquista, porque a preocupação com os empréstimos consignados ela é
colocada nessas pautas nacionais desde 2003, desde a entrada do nosso governo então eu entendo que
embora talvez o ministério já tenha uma resposta clara do banco central e até esteja adotando uma
estratégia que ainda não possa ser explicitada tudo bem, mas eu acho que a gente pode já dizer as
medidas que o ministério já tomou e foi ali em abril, então eu creio que já tenha alguma coisa mais
concreta em relação a isso.
Mas eu acho que é importante não só para o Arão, mas para todos os nossos colegas indígenas saber
disso, que o ministério da previdência está agindo em conjunto com o banco central para solucionar
essa questão, então só para vocês terem uma idéia, a pergunta da CONTAG entre tantas outras eles
278
diziam assim: que pediam ao governo, no caso ao ministério da previdência que imprimisse maior
rigor na fiscalização dos empréstimos para os aposentados e pensionistas, o que que respondeu o
ministério da previdência? É longa a resposta mas eu vou já para o final dela porque a nossa planilha
pergunta sobre, tem a demanda, a situação atual da demanda, e as providências, eu vou relatar aqui só
as providências que o INSS, ministério da previdência tomou junto ao banco central, lá diz o seguinte:
“Está em andamento a assinatura do termo de cooperação técnica com o banco central para enviar as
informações para o INSS dos bancos e dos correspondentes bancários que estão envolvidos em
reclamações com contratos irregulares ou fraudulentos”. Então assim desde ali de abril, quer dizer,
isso não sei se foi exatamente em abril, mas o ministério já vem tendo essa preocupação de em
conjunto com o banco central identificar quem são essas empresas financiadoras que se apropriam
dessa lacuna e fazem esse tipo de coisa, qual foi no campo da providência o que o ministério também
respondeu?
E isso foi em conjunto com o banco central porque a mesma questão nós também mandamos para o
ministério da fazendo que é quem responde a parte que mexe com grana no governo, os dois
ministério então, quer dizer o INSS se posicionou para a gente dizendo que estava aguardando da
diretoria do banco central que eu não consegui identificar qual porque só tem a sigla a resposta desta
assinatura, desse termo de cooperação, então eu creio que muito em breve o governo brasileiro já
possa dizer para todos vocês não só para os indígenas, como para os trabalhadores rurais, ribeirinhos
em fim a todos aqueles que estão sendo vitimas desse tipo de calote digamos assim, qual é a medida
que o governo colocou em curso para superar essa situação, aqui na resposta do ministério ainda diz
que fez uma série de mudanças inclusive com definição quando assinado pelo aposentado, quer dizer,
ele elenca aqui 3 ou 4 itens que depois a gente eu acho que em combinação com a companheira do
ministério aqui pode disponibilizar para a FUNAI para que ela inclusive sempre possa dar essa
informação porque isso é esclarecedor.
Eu acho que é ruim a gente não dizer para vocês que o governo, sabendo dessa situação que ela é
muito complicada, não fez nada, o governo está fazendo, diz aqui inclusive que a diretoria de
benefícios do ministério da previdência, ela vai acompanhar o andamento dessas reclamações por
meio da sua ouvidoria até o fim, até a resolução de cada caso então eu entendo que para os nossos
colegas da CNPI que tem esses casos seja no Maranhão ou em qualquer outro lugar do país, é
importante que se identifique junto à área da FUNAI que cuida disso e à previdência para que a gente
possa dar essa resposta que eu acho que ela traz algum alento, não é justo que deixemos os nossos
279
aposentados, que muitas vezes só tem esta renda para comprar remédio, nas mãos de emprestadores
picaretas, Obrigada foi só para contribuir, tá?
Márcio (Presidente)- Obrigado Quenes, o último inscrito é o Weibe ai a gente encerra aqui as
perguntas.
Weibe Tapeba: longo trecho inaudível fora do microfone fazer uma crítica ao atual |trecho inaudível|
bom, no estado do Ceará após um processo que envolve os conflitos fundiários, atendente social |
trecho inaudível tem mais |trecho inaudível| com relação ao índice elevado de mais de 50% |
inaudível| atendimento de emergência naquele período, geralmente |trecho inaudível| INSS não são
claros e o próprio atendimento são preconceituosos e discriminatórios |inaudível| perseguição, então
em alguns municípios do estado do Ceará onde as pessoas já prendem pessoas |trecho inaudível| já
chegam la com pontos negativos e com a possibilidade muito grande de não serem assistidos com a
aprovação |trecho inaudível| então, |inaudível| situação, mas ao mesmo tempo |inaudível| é um grande
avanço |inaudível| da FUNAI mas a gente ainda cai em uma espécie de interrogação, não é? |trecho
inaudível| o que nós vamos fazer?
Porque hoje agricultores que vão atrás da mercadoria, |trecho inaudível| não tem recurso nenhum mas
tem que ir atrás de advogados e das pessoas públicas, |trecho inaudível| muito difícil |inaudível| alguns
processos |trecho inaudível| e a própria FUNAI está tentando ver uma alternativa possibilidade de que
esses processos que forem objeto de depoimentos |trecho inaudível|, temos também para finalizar, |
trecho inaudível| ano passado uma oficina de um fornecedor |trecho inaudível| da união européia e foi
feito |trecho inaudível| política do INSS que discrimina muitas vezes cancela |trecho inaudível|
tendenciosos, muitas vezes pejorativas, |trecho inaudível não se pode permitir, |trecho inaudível|.
Fátima: A região é Fortaleza, Ceará, não é? Eu quero agradecer à colega não está aqui no momento,
mas assim o esclarecimento dela foi muito importante, e eu disse no momento com relação ao que o
colega colocou ali eu falei no início eu falei para vocês, a previdência tem conhecimento sim de
muitas coisas praticas. E é por isso que a gente está tentando fazer neste momento atribuir a quem tem
direito, a quem conhece realmente a população indígena porque o servidor da previdência tem
obrigação de verificar no CNIS para ver se há um vinculo que descaracterize o indígena como
segurança especial. Esse vai ser o compromisso, em não havendo ele não vai fazer nem entrevista mais
como indígena. Isso eu posso lhe garantir que é isso que está sendo, agora os servidores capacitados
também a respeito do tratamento a respeito de como que eles vão agir a partir do acordo. Eles não vão
280
inclusive fazer entrevista. Então, assim, eu a credito que grande parte dos problemas que vocês
estavam tendo eles não vão ter mais.
Porque vai ser a FUNAI quem vai fazer isso. O servidor do INSS não tem condições de verificar, de
saber quem é indígena quem não é. Se alguém tem esse conhecimento é a FUNAI e vai ser a FUNAI
quem vai atestar. E eu acho que esse é o grande ganho. Eu acho que vocês vão realmente ter um
alento nessa parte. E eu tenho visto falei no inicio de muitos lugares onde as práticas são as mais
absurdas. Reconheço, peço desculpas porque eu acho imoral, acho desumano um tratamento para
qualquer pessoa ou para qualquer segmento da sociedade seja indígena seja qualquer tipo de segurado
especial. Podem acreditar que muitos dos servidores e muito das pessoas da previdência estão em
defesa sim dos interesses dos indígenas e eu sou uma delas e estou fazendo todo esse trabalho em
função de poder resgatar isso que eu acredito, isso que eu confio, isso que a previdência que não é de
um modo geral são casos específicos, e isso tem em qualquer segmento. É o que a previdência pensa a
respeito é o respeito que a população, que a gente tem pela população indígena. Eu posso lhe garantir
que vai melhorar sim, muito a partir de agora.
Marcos Xucuru: Eu acabei esquecendo que foi logo no inicio da sua fala que assim a pensar e eu queria
saber melhor como é que funciona isso, o que a senhora falou que a FUNAI é quem diz quem é
indígena. Eu fiquei a me perguntar, é? Logo no inicio ela falou dessa maneira e eu queria saber
esclarecimento sobre isso.
Fátima Regina: Olha só. A FUNAI vai dizer quando que o indígena é segurança especial. É isso, talvez
eu tenha lhe esclarecido bem. Assim como os sindicatos diz quem são os trabalhadores rurais que são
assegurados especiais, a CEAP que diz quem são os pescadores que são assegurados especiais e a
FUNAI vai dizer quem são os indígenas que são segurados especiais. Talvez eu estava meio ansiosa na
minha fala no inicio e não tenha esclarecido bem. Está bom? Eu acho que falar sobre previdência em
qualquer momento que a gente pode falar o assunto é muito interessante. É interessante para mim,
interessante para vocês e falaríamos o resto do dia hoje. Eu quero agradecer ao interesse de vocês
pedir desculpas se algumas coisas eu não tenho condições de falar hoje devido ao tempo e dizer a
vocês que nós estamos a disposição e queremos estar juntos com vocês para que nós possamos resgatar
tudo que for de direito e também esclarecer a população indígena e tudo em que ela tem de direito,
trabalhando junto com a FUNAI e trabalhando junto com vocês. Muito obrigada pelo que eu aprendi
aqui hoje com vocês, muito obrigada pelo o que vocês me ensinaram e eu peço a vocês a oportunidade
de aprender mais com vocês. Me convidem se eu puder e se os meus chefes me mandarem eu vou
gostar de estar presente nos eventos de vocês. Tenha um bom evento e muito obrigada a todos. 281
Márcio (Presidente) -: Eu queria agradecer muito a presença entre nós aqui da Regina. Agora eu
acertei. E aproveitar para dizer, que ela falou do chefe dela, aproveitar para agradecer o nosso
ministro da Previdência Social, José Pimentel, que foi uma pessoa que se empenhou lá do Ceará, e
ainda eu cearense, lá da terra do [?], que se empenhou pessoalmente junto com a FUNAI para que
pudéssemos dar este avanço defensor. E foi defensor desse processo desde o inicio e dizer para vocês
que nos consideramos esse avanço muito importante, um passo muito importante. A FUNAI inclusive
nesse processo ela está, nós temos uma sub-ação do PPA específica para os recursos, para esta
atividade porque não tinha antes e nós estamos fazendo um trabalho que qualificação dos servidores
do FUNAI também para esta atividade.
Já começou acontecer junto com o INSS. Portanto, também uma ação que a FUNAI assuma seu papel,
a sua responsabilidade como uma instituição que atua em parceria com outros ministérios nas políticas
públicas. Que outros ministérios executam, mas que a FUNAI acompanha que a FUNAI tem um papel
importante neste processo. Então acho que aqui, nesse caso também nós podemos dizer que é mais um
importante passo que está sendo dado pelo governo do presidente Lula com relação a acesso a direitos,
acesso a direitos fundamentais para a população indígena Brasileira. Agora é claro que outras medidas
precisam ser tomadas também paralelas a este direito, por exemplo, a questão das fraudes que
acontecem. Por exemplo também em relação ao preconceito com o pessoal indígena, por exemplo, a
este abuso que os comerciantes fazem em relação aos aposentados, e medidas também tem que ser
tomadas em relação a isso.
E, tem também outras questões que talvez e estas também possamos aprofundar com nossa parceria
com o INSS, que é o acesso em regiões distantes, por exemplo, no caso do pacto no COMAC citado
pela Simone, mas tem outras situações também, no caso do Rio Negro, e algumas companhias que
tenho acompanhado do Rio Negro, as distâncias geográficas são tão grandes que o segurado paga mais
para ele chegar lá na cidade para receber a aposentadoria dele do que a própria aposentadoria, ou, a
Funai é que paga o transporte para que este segurado chegue na cidade ou no local para receber, e o
custo que o Estado tem com o transporte é maior que o custo a pagar de aposentadoria, caso por
exemplo do COMAC. Os transportes aéreos são pagos pelo Funai ou pela Funasa como eventualmente
e, o aposentado chega em Macapá para receber o benefício, recebe o benefício mas ele até conseguir o
avião de volta, na próxima viagem ele já gastou todo o benefício dele, já foi explorado pelo
comerciante na região também, e fica lá mendigando em Macapá antes de voltar para sua terra
Indígena.
282
Então questões que precisamos avançar, e talvez aqueles que a própria previdência já tem, os Barcos
da previdência social, que podem ser expandidos, a gente pode pensar em alternativa neste campo, e
até mesmo na questão do transporte aéreo, quem sabe a gente pode avançar também neste campo.
Então de qualquer forma creio que este passo que nós demos aqui é um passo gigantesco para esta
agenda tão importante o segurado especial Indígena, eu queria agradecer muito a presença da Regina,
do Pedro, e agradecer também aqui o nosso pessoal da coordenação do Funai que atuado Irânia e sua
equipe que tem atuado nesta questão com o Ministério da Previdência.
Nós estamos agora exatamente 11:05 nós vamos entrar no próximo ponto de pauta que é de respeito
ao decreto de ingresso de Indígenas, este é o próximo ponto de pauta, esse ponto foi na última reunião
da CNPI, foi tratado este assunto, o ministério da Justiça trouxe uma proposta de decreto e como não
houve na época na reunião da CNPI um entendimento em relação a este conteúdo do decreto, o
encaminhamento que foi dado foi de que a subcomissão de assuntos legislativos tratasse do conteúdo
do decreto de forma que pudesse vir ou que pudesse ser apresentado pela CNPI como sugestão
respeitando o conteúdo que tinha sido aprovado pela CNPI no Estatuto, de povos indígenas em
questão de ingresso em terra indígena, então eu queria saber, ouvir a subcomissão de assuntos
legislativos sobre o encaminhamento que a subcomissão trouxe em relação a esta discussão. Não sei
que é que da subcomissão que vai tratar deste tema. Saulo.
Saulo: (fora do microfone) Na reunião do dia 23 nós não fizemos o consenso na verdade a discussão
primeira se da sobre o conhecimento da necessidade do decreto e de tudo que já existe hoje em termo
de portaria [inaudível]. Questão primeira, seção que aconteceu e independente disso o próprio
conteúdo da proposta ele é bem mais complicado, a gente dividiu pela ocasião para não estender a
reunião. A minuta, a termo que pretende adequar tudo que já existe em termo de regulamentação a
correção verbal [inaudível]. Na verdade a consulta a terma no principio da autonomia e a minuta
propõe o inverso [inaudível] e ele permaneceu a proposta que foi apresentada em agosto desse ano.
Então esta foi uma discussão por parte governo que havia o entendimento que deveria já discutir o
conteúdo [inaudível] e por parte do Ministério da Justiça ao conhecimento do que é necessário que
seja retificado. E na seqüência eu apresentei para a justiça [inaudível]. Fizemos uma discussão lá
Brasília e lá terça-feira houve toda discussão e mais uma vez esse entendimento da não necessidade do
decreto foi acirrado chegando inclusive a fazer um estudo na parte daquela legislação e resultou em
uma proposta de resolução. Nós apresentamos ontem diante de todos da subcomissão [inaudível].
Márcio Presidente: Bom é, eu faço a seguinte pergunta para a subcomissão, porque na reunião passada
da CNPI nós encaminhamos a seguinte forma: Que a subcomissão e sobre tudo a bancada indígena da 283
subcomissão apresentasse uma proposta de texto para que fosse apresentado para o plenário e que
fosse apresentada em seguida para o Ministério da Justiça. O Ministério da Justiça na reunião passada,
e esse foi o encaminhamento se colocou aberto plenamente o ministro da justiça e se posicionou neste
sentido, aqui a subcomissão e a bancada indígenas apresentasse uma proposta condizente com o que
foi aprovado no estatuto.
Então eu queria saber se esta é uma cláusula pétrea da subcomissão ou da bancada indígena não aceite
em hipótese nenhuma um decreto, que, se é isso quais são as razões para isso? Porque eu estou
trazendo aqui um questionamento um posicionamento do Ministério da Justiça do próprio ministro
que tem sido um ministro absolutamente solidário e te sido um ministro absolutamente claro nas suas
posições em relação, digamos assim, a pauta indianista e a CNPI. Então eu queria saber disso por quê?
Porque nós temos uma avaliação, quando eu digo agora nós que não representa o CNPI, nós enquanto
governo temos uma avaliação de que enquanto o estatuto não é aprovado é necessário que haja uma
regra clara e consistente quanto esta questão do ingresso e que isso não significa em hipótese alguma
que se abra mão da consulta as comunidades que é quem efetivamente define o ingresso ou não de
terceiros nas terras indígenas, obviamente que o FUNAI como órgão indianista cabe ouvir a
comunidade sobre a sua posição.
Eu queria saber da subcomissão se houve algum posicionamento em relação a isso, porque, estou
fazendo esta pergunta porque se isso esta posição é uma, como eu disse é uma cláusula pétrea então
não adianta nem a gente abrir aqui ou valerá pouco no plenário da CNPI o debate desta natureza e nós
encaminharemos o que for, e encaminharemos exatamente isso, que há um impasse e que, portanto
caberá o ministro receber essa posição da CNPI. Eu queria saber, consultar aqui se isso é definitivo ou
se tem algum espaço para uma continuação no âmbito da subcomissão sobre este tema.
Participante não identificado: Primeiro posicionamento da Subcomissão [inaudível].
Participante não identificado: Não estou me referindo à posição da bancada não governamental na
subcomissão.
Participante não identificado: As razões a gente pelo texto, que pode distinguir pelo texto pelas
mesmas razões. Ele é um texto [inaudível] agora se pode mudar de posição é discutível [inaudível]. Na
verdade o que eu lembro da discussões é que o entendimento desta proposta que foi apresentada,
você tem vários decretos e se não tem, se não foram discutidos se não foram [inaudível] a convenção
resolve. Enquanto outras questões o entendimento deles é ou ficar [inaudível] novidade na minuta é a
restituição a autonomia. Porque se mantém o que já existe [inaudível]. Então se vai se manter aquilo
284
que já existe então se mantenha as portarias ou se não mexa em nada. A discussão que foi adotada é a
seguinte, se é para discutir é para discutir tudo. Discutir tudo você não discute em pouco tempo. E
discutir tudo demanda muita discussão com vários segmentos dentro da própria CNPI e fora da CNPI.
Então como a gente já entendeu que a minuta é que se mantém, alguns decretos se considera
importante então se mantenha o que já tem e nós colocamos o que consideramos e que se estar
fazendo o decreto no nosso entendimento apenas para implicar em limitação da autonomia. Porque
essa é a leitura que a gente.
Ana Paula – ISA - Eu acho que têm várias questões com relação a minuta do decreto. A primeira é a
própria justificativa dela que a gente discutiu, sentou, conversou, mas a gente não entende, a gente vê
o ministro como um parceiro, o ministro da justiça, compreende que ao longo desses anos ele tem sido
um parceiro, agora ele não tem a justificativa de isentar, regulamentar o ingresso em terras indígenas
por meio de um decreto cuja as duas versões que circularam e a segunda que não foi apresentado são
restritivas dos direitos dos índios à autonomia. Como é que está hoje? Hoje os índios tem autônima
para dizer quem entra e quem não entra, dentro de terras ao índios elas estão regulamentadas por
meio de por meio de [?] e por meio portarias da FUNAI. Que a gente saiba pela análise que a gente faz
não tem nenhum problema com estas portarias que tenham dado um, não sei, algum problema sério
ou que elas tenham causado problemas aos índios por meio de ingressos de terceiros que se submetem
a elas. Os problemas principais que a gente tem em terras indígenas e a questão dos ingressos ilegais,
como por exemplo, a questão do garimpo. Ontem a gente ouviu aqui eles falando dos problemas que
eles têm, estão com Polícia Federal lá a 2 anos e não conseguem resolver aquela situação. Então a
gente acha que a questão do ingresso do jeito que está hoje que é feita a autonomia dos índios onde
eles decidem quem entra e quem não entra e como eles acham que tem problema ou atividade pode
vir a zerar algum tipo de prejuízo aos direitos indígenas tem então as normas inscrição normativa 01
tem a portaria nº. 177 e outros documentos da própria FUNAI que tem o poder de policia de
interditar. Então como as duas propostas uma que circulou e a outra que foi acrescentada, teve caráter
de restringir esta autonomia dos índios. A primeira porque coloca o ministério da justiça como um
órgão que autorizaria quem entra e quem não entra. O segundo coloca a FUNAI como um órgão que
autoriza quem entra e quem não entra e isso retira a autonomia dos índios. Também por ser
restritivos. E por próprio apresentar um texto alternativo tem o artigo 34 que é do estatuto dos povos
indígenas, que diz lá os índios decidem que não e quais são as exceções.
285
Então aquele artigo 34 é o texto. Só isso fazer remissão as portarias que já existem porque quando ela
tenta regulamentar algumas situações que estão regulamentadas por portarias elas ficam muito mais
não é nem nesse caso mais restritivo, mas muito menos detalhados do que as próprias portarias que já
existem. A 177 e a inscrição normativa nº 01. Então. A gente acha, um que não há justificativa para
tentar mudar o que já existe, a gente entende que a legislação é deficiente e quando apresenta um
texto que restringe os direitos dos índios à autonomia então isso é preocupante. Que se tem que ter
um novo texto seria um texto que está no estatuto e se é possível ser mais amplo essa mudança é como
o Saulo colocou teria que se ter mais tempo para analisar a proposta. Ana Paula juíza, acho que não
coloquei quando comecei a falar.
Márcio, Presidente - Não tem nenhum inscrito então vou fazer um comentário, uma, novas perguntas
primeiro com relação a questão restritiva, quer dizer de restringir as comunidades indígenas e sua
autonomia. Como eu falei no inicio a proposta que foi aprovada na CNPI passada era de que se fosse
feito pela subcomissão e a bancada indígena obviamente governamental por isso um texto que não
restringisse isso que pudesse manter a autonomia das comunidades nesse termo de ingresso. Esse é o
primeiro ponto que não há nenhum posicionamento contrário da parte do Ministério da Justiça e do
ministro em relação a isso. Segundo, com relação à justificativa Ana Paula. Qual é a justificativa
fundamental do ministro? Exatamente de que uma portaria do presidente da FUNAI não tem o
mesmo peso de um decreto do presidente da república em relação aos problemas que foram citados
por vocês, do garimpo ilegal, ou seja, entidades as mais variadas possíveis de caráter legal de ingresso
sem pedir autorização da comunidade então o decreto da presidência da república, do presidente da
república, teria com mais força para que a gente pudesse, as comunidades e a FUNAI como órgão
responsável de início coibir essas ilegalidades. Então a questão que eu faço normalmente é se a
bancada não governamental indígena não governamental, poderia nos apresentar uma proposta que
pode ser, como eu disse repito, na reunião passada foi colocado isso, coerente com o texto do estatuto,
porque isso está claro para o Ministério da Justiça, para que possa ser levado ao Ministro da Justiça.
Porque o ministro da justiça está convencido de que um decreto presidencial sem que fira nada do que
foi colocado no estatuto e muito menos a autonomia das comunidades na decisão, porque eu acho uma
preocupação correta levantada pela bancada indígena com relação aquela minuta. Ou seja, vamos
esquecer a minuta, que nós estamos colocando é o seguinte: o ministro tem uma posição de que é
necessário que haja um maior peso no ponto de vista legal no caso de um decreto que regulamente
esta questão dentro daquilo que a CNPI e a bancada indígena concorde. Certo? Mas que respeite todos
esses pontos que você colocou.
286
Então a pergunta é se há, por isso que eu fiz a pergunta inicial para o Saulo. Se há espaço político, e
inclusive de confiança política em função de ser um ministro e um ministério que tem sido, como eu
disse, claro nas suas posições em relação a questão e a temática dos diretos indígenas nesse últimos
dois anos e meio, se há espaço político para uma conversa, continuar essa conversa sobre esta
possibilidade. Essa é a questão que eu estou colocando porque se há espaço nem é aqui nesse momento
que nós vamos discutir porque não há tempo para isso, mas a questão é essa.
Participante não identificado: Eu só, nós temos uma fala da comissão aí abrimos [?]. Já antecipando
uma discussão que houve durante a reunião com os indígenas. Qualquer perspectiva que foi
apresentada lá isso demandaria uma proposta que vai um pouco mais memorização de tudo que foi
citado ali, porque aqui cita, aqui cita que a gente, exercitando. Então, da dois [?] e o resto cita. A
gente inclusive [inaudível]. E muita coisa que está aqui ela vai conflitar na aplicação, qualquer texto
novo por isso que também nem deveria adequar que se fosse propor nós devíamos ter um texto
articulando com isso não era só citar decreto tal, seria inclusive um texto bem maior porque a minuta
ela fere bem maior eu acho que nessa perspectiva até fui colocar lá a primeira questão que as pessoas
discutiram, por isso eu falei para a subcomissão [inaudível] ficava em dúvida [inaudível]. Porque havia
esta necessidade da harmonização geral e ainda teria que se mexer em tudo. E como a minuta ela
vinha apenas reafirmando o que já existia eu vi que muita coisa que existe que tem esses problemas
que expliquei então o trabalho é um trabalho é grande realmente demandaria mais tempo. E se o
ministro quer fazer algo que ele tenha de importante então que seja algo que vá com consistência que
é elaborada, harmonizada como foi bem elaborada pelos indígenas.
Márcio (Presidente) -Só um momento que elas já se inscreveram. Só para, exatamente por esta razão
que o ministro nos delegou a CNPI e deu o aval para que a CNPI possa fazer esta proposta por isso na
reunião passada nós propusemos exatamente que fizesse, exatamente que fosse feito isso. Por isso eu
fiz essa pergunta inicial eu acho que é isso, que a gente tem um trabalho consistente efetivamente.
Pierlangela: Eu quero fazer também um outro questionamento. Quero fazer na realidade um
questionamento. Em relação, vem o próprio Ministério da Justiça essa questão de que hoje, tudo bem,
a gente discute um decreto presidencial, tal. Isso não abre precedente para outras questões também
vierem à tona e começar a discutir outras questões, outros ministérios, a própria Câmara. Porque
assim no nosso entendimento não é, regulamenta o que está dentro do estatuto e sempre falam para a
gente o estatuto pode demorar e quanto mais a gente abre vários decretos, a gente mexe na legislação
287
vai ser uma legislação, a gente entende, que vai ser uma legislação complementar ás outras existentes
e as outras caem quando essa sair? Então a minha pergunta é essa. Porque hoje a gente está falando de
nível de ministério, mas também a nossa preocupação é começar abrir precedentes.
No caso se estou falando na questão política, do ato em sim, do ato sem sim do que a gente o ministro
pretende fazer a proposta do ministro. Então a minha pergunta é essa. E a outra é que dentro de
verificar tudo isso, inclusive, quando a subcomissão passou a minuta e nós fizemos uma analise tem
uma legislação que se mantém, quer dizer só fez a transferência dela para colocar ela como a que a das
Forças Armadas e do ingresso da Polícia Federal que é a 4.412 de 2002. Essa não se alterou só colocou
ela que vai segui-la da mesma forma.
Então a contradição na minuta e a outra questão é que levantando os dados também nos vimos a
questão do ingresso de estrangeiros e também é outro esclarecimento que eu queria da bancada
governamental esta questão do ingresso de estrangeiros, que a gente viu que o ministério das relações
tem uma legislação para isso e, nesta legislação esta dizendo que o ingresso para trabalhar em terras
indígenas ele é pelo ministério das relações exteriores eles não dão visto, se a pessoa disser que vai
trabalhar em terra indígenas e foi citado alguns exemplos para a gente de vistos que são negados
devido a isto e a gente sabe que tem estrangeiros né dentro de terras indígenas, como é isso? Eu
gostaria de saber mais detalhes da bancada governamental, se houve este olhar mais profundo nestas
legislações que outros ministérios têm né e que vão de encontro com este daqui, então duas perguntas
nesse sentido.
Márcio (Presidente) -Próximo inscrito é o Carlão.
Carlos Nogueira MME: Eu sou membro da subcomissão e gostaria de esclarecer que não chegou a um
denominador comum, porque existia um vício de origem na discussão, existia um nó que era este
entendimento da bancada indígena que estava tendo uma inversão de atribuições entre governo e, não
tinha texto para resolver isto porque o texto que foi submetido era no sentido contrário. Nestas
reuniões da gente como o Saulo colocou, nós e eu particularmente não sou advogado e, entendo e
inclusive pegando esta última fala da Pierlângela é que um decreto minimiza este aspecto que ela
levantou, no meu ponto de vista, um decreto presidencial ele enquadra o MRE, eu acredito, não sou
advogado mas enquadra, acho que é um ponto positivo neste aspecto por exemplo você tem uma
determinação presidencial, este é o entendimento nosso na discussão e a pergunta que eu anunciava
era a seguinte: Existia algum impedimento por parte do ministério da justiça, ou seja, do ministro da
288
justiça de que esta questão que foi levantada pelos indígenas de inversão de atribuições, se isso era o
ponto nó?
Participante não identificado: Não
Carlos Nogueira MME: Não foi dito que não, nesta reunião paralela, foi dito que não e isto
distencionava e abria um precedente para que houvesse uma nova rodada de discussão, para se propor
um novo texto, e alguém colocou e não recordo quem que, o que esta no estatuto dos povos indígenas,
tem um artigo que ele retrata exatamente estas condições para entrada, então isto poderia ser
trabalhado de um melhor formato, pegar os dados que estão no estatuto, e eu entendo, eu entendi sua
dúvida mas, eu acho o seguinte, se tudo que a gente puder ir com o Aval do presidente melhora o
trâmite do estatuto, isto é uma opinião minha, eu acho o seguinte, se tiver um decreto que reflita o
artigo do estatuto dos povos indígenas e já assinado agora ele facilita a tramitação desse assunto no
congresso, eu acredito, no meu ponto de vista, assim eu acredito, agora a pergunta que eu coloco aqui
senhor Presidente é o seguinte: o tempo porque a gente sabe que nós estamos em um período onde o
próprio ministro da justiça de se descompatibilizar para sair candidato e qual o time do ministro, quer
dizer, nós temos que devolver esta pergunta a ele a CNPI para entender qual é o time e se existe esta
possibilidade desta discussão, eu acho que este é um tema que precisa ser mais trabalhado para não
cometermos erro. Assim este tempo tem que ser dito, não adianta a gente deliberar aqui e o ministro
como foi dito ai pelo Márcio, que uma determinação é o ministro que quer regulamentar isso quer
dizer, qual é o time dele? Entendeu?
Participante não identificado: Próximo inscrito é o Quadros.
Quadros - Ministério da Justiça: Eu sou advogado mas não sou especialista na questão indígena, atuo
na área de segurança mas têm algumas coisas básica que eu acho que precisamos registrar aqui, até em
vista das discussões que nós fizemos nestas duas ocasiões na subcomissão. Primeira coisa: o decreto
presidencial ele sai a qualquer momento não existe nenhuma garantia, não existe nenhum sistema que
impeça que o presidente todo dia ou a qualquer dia ou a qualquer hora ele cria um decreto
presidencial, esta proposta aqui não sinaliza para nada,ela não vai abrir um espaço uma oportunidade
caso ele invente começar a criar decreto e enviar para o congresso, isso é uma preocupação que não é
necessária ser feito.
A outra questão que eu acho que é fundamental é assim: eu acho que a comissão deveria considerar, o
governo governa, os governantes estão para fazer suas ações ter suas compreensões muitas das vezes
não atende o povo, não atende as necessidades da gente, outras vezes elas são adequadas, me parece
289
que no momento que o governo é sensível a uma reclamação efetiva e correta da comissão que diz
assim olha, encaminhou um documento lá e não passou para cá, ele recolhe o documento e diz assim,
preciso mandar mas quero submeter a vocês, eu compreendi todos os argumento que o Saulo, Dra.
Ana, e os outros pessoal que participou do grupo colocaram, a única incompreensão que eu tenho é
assim se tu pode fazer um decreto e ai o Dr. Márcio já disse o porque, que quer fazer e qual a garantia,
porque melhora dar mais visibilidade, se há esta possibilidade, se há esta vontade, fazer o decreto,
porque nós não podemos adequar o decreto? E não comungo com o argumento do Saulo que isso é um
grande complicador porque nós não vamos fazer um novo estatuto.
Nós vamos fazer um decreto enxuto que normatize, que dê mais clareza, que permita que as pessoas,
que a comunidade compreenda, conforme este negócio procede de que as instituições policiais e
judiciárias tenham mais clareza também na forma que devem atuar e que este tema seja efetivamente
pauta. Porque aqui nesta própria comissão já ouvi várias vezes as questões que são referidas de
ingresso irregular, de problemas é evidente que a polícia e o não tenha atendido suficientemente para
eliminar, mas é incompreensível que tu não consiga trazer esta pauta com uma prioridade, com uma
preocupação e com isso fazer esta parceria e ai o apelo e disse desde o início que eu não participei
deste trabalho, mas um apelo no sentido da parceria entre esta comissão e este governo e, tirando esta
questão e esta dúvida de que pode estar escondido atrás desta ação alguma outra coisa que não seja de
interesse, então meu apelo nesse sentido é esse. Nós já fizemos duas discussões e nas duas discussões
nós compreendemos a posição contrária ao conteúdo do decreto tranqüilamente, mas, nós não
compreendemos, não conseguimos compreender porque a radicalização no sentido de que não querer
fazer um simples decreto e não um outro estatuto. Seria isso.
Márcio, Presidente: O Paulo Pankararú pediu para fazer um comentário também, escrito.
Paulo: Bom dia, vou fazer um comentário mais do ponto de vista formal, obviamente que o decreto
ele deve seguir o conjunto de normas existentes e em especial a constituição Federal. A convenção 69
como Lei internalizada pela ordem jurista do pais também deve ser obedecida. Se o decreto estivesse
né a propósito tiver em desacordo com esta legislação, então não terá validade por isso que de fato faz
sentido a discussão de que a normalização desta questão esteja em harmonia a legislação existente.
Nem o presidente da República ninguém pode baixar um ato normativo que não esteja de acordo com
a legislação, aí existe as várias vias para corrigir, ou seja, na esfera administrativa ou judicial, mas isso
tudo para dizer que a própria constituição Federal e a legislação 69 são instrumentos que trata da
questão indígena de uma forma genérica, traça as diretrizes e para ter uma aplicação e uma realização
290
da norma deve haver ou uma lei complementar, como menciona o Sandro ou outros conjuntos de
normas de que se vale a administração pública para realizar estas atividades.
E no caso um decreto, da mesma forma que a constituição fala demarcação de terra do direito dos
povos indígenas a ter uma terra demarcada e que há uma referência em uma lei especial, que é a Lei
6001, também tem um decreto dizendo como que o poder executivo vai atuar para fazer aquela
demarcação, então as entidades públicas para desenvolver suas atividades, elas precisam ter um
conjunto de normas a serem observadas. As portarias são válidas também, mas a portaria em última
análise é um resumo da síntese daquela atuação estrita do órgão público e quanto a efeito sobre
terceiros esses efeitos eles devem ser cuidadosamente tratados porque pode gerar nulidade. Daí porque
nós recebemos várias demandas, eu vou falar do ponto de vista do governo, o que deve respeitar o
comunismo e sair, é uma questão pacífica.
Agora do ponto de vista quem atua no poder publico sabe que diariamente chega questões de ingresso
de pessoas que não são garimpeiros, porque se a gente conseguirmos identificar facilmente quando a
legislação está sendo afrontada, mas, posso dizer que sempre tem chegado notícias na FUNAI de que a
ingresso e que uma parte da comunidade não está de acordo porque não seguiu critérios que vinha a
atender os interesse das comunidades. Então isso é pó que se escuta por um lado das comunidades, por
outro lado também há aqueles que querem ingressar em terras indígenas, e daí posso mencionar um
caso específico os setores da imprensa e, que ficam irritados porque tem que seguir um procedimento,
uma portaria, e para segura isso como uma portaria é muito difícil. Então toda esta pressão recai sobre
o FUNAI e a resposta tem que sair do FUNAI porque inclusive as comunidades indígenas também
pressionam por ter escutado, por exemplo, lá na área humano tem uma pressão muito forte por parte
dos setores de comunicação que querem fazer entrevistas toda hora, querem publicar alguma coisa
nem sempre a favor das comunidades, em outros lugares acontece também.
Então um decreto por ter na hierarquia normativa, um decreto está acima uma portaria, sendo um
decreto do presidente da República você vai discutir também a competência, qual o órgão do
judiciário que vai decidir sobre isso. Então tem vários aspectos e por isso a minha sugestão como atua
nessa área e que realmente o princípio da autonomia seja sempre seguido, mas, o que se possa tirar
destas portarias o que já esta sendo regulamentado para proteção das terras indígenas para tratar deste
assunto posso passar para um texto de um decreto e que se possa ir um pouco alem com as demandas
das comunidades indígenas, até para acrescentar: A convenção 69 o texto dela é um texto muito geral,
ela diz que os governos do Estado deverão fazer a regulamentação da própria comissão isto não gera
nenhum conflito com a proposta de ter um novo estatuto é ao meu modo de ver até avança e cria um 291
fato e uma nova pratica administrativa e vai colaborar para que quando tiver aprovação da Lei ai seja
um ponto resolvido também. Presidente Obrigado. Conselheiros, obrigado. Era isso.
Márcio, Presidente: Obrigado Paulo. Coronel Marinho.
Coronel Marinho do Ministério da Defesa: Eu entendo que o encaminhamento que o presidente da
CNPI que chegar a final é se haverá condições de dialogar em cima de um decreto ou se a posição da
bancada indígena é exatamente contrária a criação deste decreto. Então eu acho que nossa discussão
está gerando em cima deste objetivo final. Eu vou apenas aqui fazer alguns comentários, dentro desta
resolução que foi preparada no artigo terceiro, cita oito documentos, são citados oito documentos,
quando foi apresentado na última reunião a minuta, eu fui o primeiro até conversei com o Coronel
que está aqui do lado falei assim: esta minuta não está de acordo com artigo 34 da proposta e o acerto
que foi feito na, que foi encaminhado que seria feito uma proposta que ajustasse.
Aproveitamos também as palavras do nosso advogado da Funai eu acho que a força de um decreto em
cima de portarias de resoluções ela gera poder político para ações políticas então quando houver uma
intervenção a ação política tem que estar respaldada em legislação. Não se faz ação política, não se
exerce o poder político sem um respaldo jurídico. Então o entendimento da defesa, no meu
entendimento, é da defesa que consolidando todas essas documentações e até como bem colocou o
Saulo que existem até umas coincidências dessas regulamentações seria uma ótima oportunidade
centralizar no documento todas essas... os 8 documentos aqui citados e dando força política para que a
FUNAI, com o decreto presidencial, exerça seu principal papel, que é ação política sobre os demais
órgãos que estão envolvidos nesse processo. Então, essa é a visão que tem a defesa a respeito e
tentando também contribuir para que a bancada indígena tenha conhecimento, valores que subsidie
para decidir quanto o encaminhamento final, se pode ser negociado por decreto ou não.
Márcio, Presidente: Bom é. O Sandro se inscreveu agora porque não tinha nenhum escrito. Sandro.
Sandro: [inaudível]
Márcio, Presidente: Ta. Se você sugere eu posso fazer um comentário antes e te passar a palavra eu
acho que a questão, o coronel Marinho levantou esta questão certa quer dizer aqui a discussão no
momento a partir do que veio da bancada não governamental indígena e indianista é se a gente tem
condições de discutir a possibilidade de um decreto ou se a decisão é de não ter decreto. Porque
dependendo da posição nós vamos dar encaminhamento. Então eu acho que é nessa linha mesmo o
292
governo tem uma posição e eu acho que foi colocado claramente aqui pelo governo, pelos vários
representantes do governo aqui e inclusive eu como não só como presidente da CNPI mas também
trouxe uma posição como presidente da FUNAI que eu conversei com o ministro sobre este assunto
então trouxe esta posição também. Mas nós precisamos tomar uma decisão para dar o
encaminhamento. Eu acho que de qualquer forma nós aqui não vamos ter condições de entrar no
mérito, porque não há tempo hábil para isso dependendo da decisão. Sandro.
Sandro: Aqui pelo nordeste e leste bem presente. A gente finalmente chegamos a trabalhar a fundo
nesse decreto, estudamos ponto a ponto os que novamente [inaudível] e realmente estávamos
convicto de que uma das melhores alternativas era fazer com que ele realmente fosse incluído no
texto do estatuto. Como há um impedimento por parte da bancada do governo que soa emergencial,
que é uma coisa que precisa ser feito, pelo menos como é levantado por parte da bancada do governo,
eu estava discutindo aqui que talvez a gente precisaria de algum tempo, talvez para a próxima reunião.
e eu consultei a turma, alguns porque nós conseguiríamos amadurecer a idéia, conseguiríamos, até
porque na próxima reunião da CNPI nós estamos sugerindo que uma semana antes é a bancada
indígena possa chegar porque nós temos novamente [?] reflexões e estudos sobre estatuto para
tramitar no Congresso e levantar cada vez mais nosso grito, nossa voz em prol do estatuto.
E talvez nessa reunião, com a articulação mais amadurecida em relação ao texto do decreto e até
dando alguns encaminhamentos que possam ser importantes para a nossa caminhada desta questão
desse tema. O que está referindo é exatamente que talvez não tenha se consumido, como o Saulo já
falou, com o tempo pelo menos para aprontar, aprofundar nesta discussão. Então assim a discussão
continua para outros momentos voltamos a falar nela, provavelmente na próxima reunião e aí a
bancada indígena começa a se articular melhor com uma coisa mais transparente, mais clara, absoluto.
Márcio (Presidente): Toya.
Toya: Toya, boa noite, estado Acre. Primeiro agradecer ao Paulo pelo esclarecimento que ele fez e eu
particularmente estava muito inseguro com relação ao Congresso e mais com esse esclarecimento que
da para a gente continuar a discussão e ganhar tempo para a próxima reunião. Uma coisa bem mais
detalhada. Obrigada
Márcio (Presidente) -Bom, não tem mais nenhum inscrito. Eu queria sugerir já que o posicionamento
pelo que eu estou entendendo do posicionamento do Toya e do Sandro foi fruto da conversa da
bancada indígena. Eu só quero colocar uma preocupação que é a preocupação com o tempo é como foi
dito inclusive pelo Carlão nós temos um tempo político em função do calendário eleitoral que todos
293
nós sabemos aqui então eu queria sugerir já que há uma posição de que se continue a conversa sobre o
tema e de que a subcomissão possa trabalhar nesse meio tempo, de que a gente possa tentar aqui a
subcomissão continue trabalhando e que essa, essa, sobre tudo a bancada não governamental possa em
conjunto conosco, conjunto com o governo eu queria sugerir eu não sei se o Paulinho Pankararu faz
parte da subcomissão. É. Paulinho! É, eu queria sugerir que você pudesse se agregar a essa subcomissão
e em conjunto com a bancada de governo, sobre tudo com a bancada não governamental indígena
pudesse ajudar a que a gente pudesse ter um texto e se este texto pudesse ficar pronto até antes da
reunião próxima da CNPI. Mas que for fruto de construção de um entendimento da subcomissão, que
aqui na CNPI de hoje a gente possa ver uma espécie de um aval político para que a subcomissão possa
trazer esta proposta e seja enviada para todos e a gente poder dar um encaminhamento para o
ministro com o tempo um pouco mais, digamos assim, curto do que esperar até dezembro.
Porque a próxima reunião da CNPI é em dezembro. Então eu queria sugerir este encaminhamento
como um encaminhamento que é uma mediação na verdade entre as posições que foram colocadas
aqui. Eu queria consultar a plenária aqui se nós poderíamos encaminhar desta forma, eu queria saber
se tem alguma manifestação.Carlão.
Carlão: Seu presidente ontem na casa de Nogueira antes da reunião da subcomissão ali foi proposto
exatamente isso se houvesse este consenso hoje aqui nesse plenário de que a subcomissão assumisse,
quer dizer, dos dois lados as suas responsabilidades e representasse os lados, quer dizer nós estamos do
lado de um porque nós vamos chegar por consenso, é obvio Então se apresentasse a CNPI e que na
simplesmente seria só referendado eu usei até uma palavra que perguntei para os advogados como é
que as vezes quando o presidente despacha sem escutar os seus pares e depois referendado, então quer
dizer essa palavra, ad, ad alguma coisa.
Márcio (Presidente) -Ad-referendo? Eu só queria saber se tem alguma manifestação em contrário.
Participante não identificado: Não, ao contrário não. (risos)
Márcio (Presidente) -Uma manifestação a mais, então. É, professora Pierlângela.
Pierlângela: Pierlângela, Roraima. Bem eu só queria acrescentar aqui que seja esmiuçado melhor
porque a gente viu que do decreto tem muita coisa faltando, se for falar de legislação e a minha
preocupação é com essas legislações paralelas que não foram. A pesquisa de biotecnologia não tem
nada o ingresso com a pesquisa em biotecnologia e essa preocupação com a questão da regulamentação
294
de estrangeiros que para a gente é bem complicada e se essa resolução do Ministério de Relações
Exteriores isso tem que ser bem observado e eu coloco aqui uma pergunta novamente é em relação se
há possibilidade também de isso de colocar porque aqui está falando do decreto de, e é uma
provocação que faço que no decreto 4.412 se também há possibilidade de alterar dentro desta
legislação alguma coisa, então também.
Márcio (Presidente) -Bom. É. Como a sua intervenção na verdade não é sobre o encaminhamento que
eu propus então estou encarando que foi aprovado o encaminhamento. Certo? De a gente continuar a
discussão e tentar dentro da subcomissão a participação do Paulo Pankararu na subcomissão para
contribuir e como tempo mais curto a gente tentar um entendimento sobre o conteúdo deste decreto.
E estes temas que você levantou serão discutidos obviamente dentro desse debate. E com relação ao
decreto 4.412 eu me lembro que na discussão do estatuto nós já tivemos uma decisão aqui de que o
conteúdo dele ficou absolutamente preservado lá no estatuto. Então o entendimento que eu tenho é
de que a CNPI já tratou deste tema quando cuidou de preservar, inclusive foi um entendimento junto
com o Ministério da Defesa na época das discussões do estatuto sobre este conteúdo. Mas a
subcomissão poderá tratar deste tema ou e de outros temas no debate. Então aprovado este
encaminhamento. São meio dia agora nós temos um ponto de pauta o último ponto de pauta na
verdade é que é o ponto de pauta do Carlão. Então nós vamos passar este ponto de pauta do Carlão
que já estava decidido na verdade para as 14 horas. Então nós vamos ter o intervalo do almoço agora e
às 14 horas nós retomamos aqui com o ponto de pauta do Carlão que é a questão geológica.
Participante não identificado: Só uma questão. Se alguém perdeu um celular, alguém perdeu um
celular e está comigo, tá.
Tarde Dia 01/10/09
Márcio (Presidente) - Olha eu quero aproveitar para fazer um comunicado oficial que vai ser
registrado em ata da CNPI (áudio com defeito) isso é um orgulho para todos nos brasileiros então para
registrar em ata isso uma conquista nossa, Presidente Lula fez um discurso agora ao vivo lá uns dez
minutos, emocionante, ao lado do nosso companheiro Edson Arantes do Nascimento Pelé, certo... da
Izabel, grande jogadora Hortência, do Cielo nadador, vamos comemorar, certo, o nosso ministro Tarso
Genro estava lá ao lado, também o ministro do esporte, Orlando Silva. Quem mais eu vi lá... tinha um
monte de gente lá, foi uma farra lá, na hora que saiu o resultado e ao vivo na televisão, estava
almoçando e estava passando ao vivo, mas a farra mesmo foi no Rio de Janeiro que era feriado hoje no
295
Rio e tinha uma multidão na praia lá, comemorando lá o resultado. Falou muito bonito, foi
emocionante, aliás todos nos emocionamos, olha nos emocionamos lá no restaurante agora que nos
estávamos almoçando e quando o presidente Lula falou todos nós lá a gente se emocionou por que
realmente, ele próprio estava chorando quando ele falou de emoção, ele disse se morresse hoje ele já
estava satisfeito por tudo que ele já contribuiu, vou deixar a minha barba crescer para mim ficar
emocionado, ele estava muito emocionado mas foi muito bonito o discurso dele emocionante.
Então, a propósito, provavelmente nem todo mundo que está aqui agora assistiu, mas vai poder assistir
à noite com certeza vai passar repetidas vezes... com certeza eu acho que isso aí só coloca mas um
desafio para nós, porque eu acho que nos temos aí os jogos dos povos indígenas que são realizados esse
ano, vai acontecer novamente eu acho que a gente poderia fazer até uma, quem sabe uma proposta de
que de alguma forma os jogos dos povos indígenas têm cada vez mais apoio, inclusive dos setores
esportivos do Ministério do esporte de outros setores. Quem sabe os indígenas terem o espaço também
lá na Olimpíada, pelo menos na abertura ou algum momento ali. Então eu acho que é uma agenda que
a gente pode abrir aí também, quer dizer importante, interessante para valorizar.
Não identificado - Presidente eu queria passar um recado de Marcelo, o Ministro da Cultura ele
deixou para o convite da CNPI participar da reunião da Paraíba (inaudível).
Márcio (Presidente) - Aliás a gente ficou de até hoje no final da reunião criar a subcomissão de
Cultura e Comunicação, então eu não quero que seja esquecido isso a bancada indígena ficou de se
reunir para escolher, não foi escolhido, não foi, os três membros da subcomissão de Cultura e
Comunicação era bom que vocês pudessem.
Não identificada – Todos também presidente tem um encaminhamento sobre o PNE.
Márcio (Presidente) - O encaminhamento sobre o PNE, mas já foi aprovado não já estar aprovado o
nome da Francisca, agora os três nomes já estar registrado em ata já foi aprovado (inaudível) o que
falta é os três nomes da bancada indígena e os três nomes do governo para participar da subi comissão
de cultura e comunicação, então eu vou agora imediatamente passar a palavra para o companheiro
Carlão para ele poder fazer as posições suas posições sobre, assim não sei muito bem sobre o que é mas
tem alguma coisa a ver sobre com geologia e mineração.
Carlos Nogueira – Boa tarde, Carlos Nogueira MME, bom primeiro de agradecer a oportunidade de
colocar esse assunto aqui, porque o Ministério de Minas e Energia, através da Secretaria de Geologia,
Mineração e Transformação Mineral, de que eu sou secretario adjunto, a gente tem as atribuições de 296
formular as políticas públicas do setor de geologia e hidrologia do Brasil e nós temos dois órgãos
vinculados à gente, um é o Serviço Geológico do Brasil que é a CPRM e o outro que é o DNPM que é
o Departamento Nacional de Produção Mineral, que são dois órgãos distintos - um trata da questão de
fazer os levantamentos que são obrigatórios, estão na Constituição, e o outro é de gerir o patrimônio
mineral através das concessões de lavras. São dois órgãos completamente diferentes e nós temos um
programa no PPA chamado Geologia do Brasil, no qual foi detectado durante o programa de governo
do presidente que nós estamos aquém, muito aquém do conhecimento geológico e do território
brasileiro e que nós precisávamos, o governo precisava intervir urgente nisso.
E nunca se teve na história do Brasil o tanto de recurso que foi disponibilizado para cartografia
geológica, hidrologia do Brasil nos últimos seis anos; na gestão nós estruturamos a CPRM e recurso
tem, mas mesmo assim nós não conseguimos cumprir as metas, em função do que o Brasil é um país
continental nós não conseguimos cumprir as metas e vocês vão ver aí que a cartografia ainda é
precária do ponto de vista de conhecimento mesmo do Estado de ter esse conhecimento, e do ponto
de vista de cartografia terrestre, cartografia náutica, ontem alguém estava falando aqui que se tiver
que fazer uma ... os rios podem estar (ininteligível) errados porque quando as cartografia foi feita
foram feita ainda não tinha GPS os cruzamentos de rio a bacia de inundação as zonas muda
constantemente e essas informações precisam ser autorizadas.
Então tendo em vista que o princípio da CPRM é fazer um mapeamento e precisa da autorização da
bancada indígena nas suas terras quando tiver que fazer esse serviço lá ainda mas é necessário essa
apresentação porque o governo entendeu que o conhecimento do território é básico pressuposto para
fazer infra-estrutura eu não posso fazer por exemplo aqui no Acre. Vou dar um exemplo - se eu quiser
fazer uma rodovia no Acre é um problema, porque falta material, brita, os materiais para construção
dessa estrada o estado é teoricamente por falta de conhecimento geológico é pobre nesses materiais de
empréstimo. Então talvez seja hoje um dos lugares mas caros se asfaltarem, fazer uma rodovia um
calçamento uma rua pavimentar, uma rua no estado do Acre. Em função inclusive da deficiência, o
presidente tomou essa decisão, então, isso passou a ser parte do PAC, quer dizer, entrou o
conhecimento geológico como pressuposto para infra-estrutura, por exemplo, o trem bala essa decisão
foi tomada na época do trem bala o trem bala sai do Rio de Janeiro vai ate Campinas, qual o traçado
melhor do trem bala? Aonde ele vai passar? Ele vai passar em serra vai ter que abri túnel dentro da
rocha ele vai passar em pântanos ele vai atravessar rios, quando ele chegar no rio ele vai passar por
297
baixo ou por cima? Isso quem define é a geologia não tem outra saída entendeu para isso e as pessoas
não percebem.
Aí eu queria colocar isso aqui para diferenciar da regulamentação do artigo 231 que a IE pesquisa a
regulamentação da atividade mineraria que não é o que eu vou falar aqui hoje na terra indígena que
estar sendo discutido no estatuto dos povos indígenas é outra concepção do conhecimento do estado
com os seus estados. Próximo ai, por favor, próximo ai, bom, então na realidade nos vamos falar aqui
dos levantamentos geológicos, hidrológicos e gestão territorial que a missão da CPRM que ela deixou
de ser CPRM a CPRM estar completando 40 anos hoje esse ano e em 94 ela deixou de ser uma
empresa mista, ela tinha um caráter de pesquisa mineral em 94 ela deixou de ter esse caráter e passou
a ter uma missão passou a ser uma empresa publica e passou a ter a definição de gerar e fundir o
conhecimento geológico e hidrológico básico necessário para o desenvolvimento sustentável do Brasil.
Próximo, e no programa de governo o que essa empresa, o que essa companhia tem que fazer, ela tem
que elevar o conhecimento geológico do território com a porta tecnológica como ferramenta pra
desenvolvimento regional do país, ampliação do programa do estudo geológico de oficio de
hidrogeológico e de gestão territorial com a democratização do acesso a esse conhecimento que
permita o desenvolvimento de política de ornamento territorial e de desenvolvimento regional
sustentável, possibilitando a implantação de empreendimentos geradores de emprego e renda,
promovendo a inclusão social admissão das desigualdades regionais a elevação do DH como agente
econômico social nas regiões minerárias e com melhoria das condições de saúde da segurança do
trabalho e a minimização dos impactos ambientais da mineração.
Então hoje na CPRM nós estamos trabalhando não com conceito de mapa geológico nós estamos
trabalhando como eu disse ontem aqui com o conceito de mapa geodiversidade, o que esses mapas
refletem - inclusive no dia que tive a reunião com a Marcela e com o outro eu esqueço o nome do
outro que estava lá, eu mandei dois exemplares e posso depois mandar alguns para CNPI na escala que
nós temos... na escala de um para um milhão, que não é uma escala... tem que melhorar, mostrando
para os cincos grandes eixos, agricultura, pesca, pecuária, quais são as adequalibidades e as restrições
que cada região apresenta em função do seu solo da pobreza do solo, da riqueza do solo, da abundância
de água, da escassez de água, dos regimes pluviométricos, dos pantanais, do cerrado.
Então nós estamos trabalhando com conceito de geodiversidade, onde a biodiversidade só vai existir
se ela for bem trabalhada. Vocês sabem, o Brasil, a Terra tem 75 por cento de água, não se resume na
realidade terra 25 por cento e dentro desses 25 por cento nós temos mais de 15 por cento, que são
298
terras totalmente inapropriadas à vida humana... nós temos a quota acima de três mil metro a vida é
muito rara. Nos pântanos nos temos problemas, nos desertos nos, então nos temos se a gente pensar
bem nos temos uma fina camada da terra que nos precisamos trabalhar, trabalhar bem para poder
diferentemente, eu tenho uma versão diferente de conceito de que nos estamos acabando com a terra,
nos não estamos acabando com a terra não, a terra vai continuar borbulhando nos estamos acabando
com a raça humana na terra é diferente, a terra ela vai se adequar com temperatura de 35, 60 de 40 ela
vai continuar como planeta, agora a vida humana é outro departamento.
Próximo, as atribuições legais do serviço zoológico, então nos termos da constituição de 88 no artigo
21 inciso 15, compete a união é organizar e manter o serviço oficiais de estatísticas que ontem ou foi
hoje, ontem foi um debate forte do censo, por que o censo é importante, por que é importante as
pessoas entrarem na aldeia nas aldeias e fazer recenseamento estar lá, é importante estatística isso já
na visão constitucional é de geografia de geologia e cartografia por isso que eu estou dizendo a questão
da cartografia da Amazônia, então isso é um pressuposto constitucional do serviço geológico brasileiro
hoje, com a transformação da empresa companhia pesquisa e recursos minerais 94 pela lei 8970 a
CPRM passou a exercer as atribuições dos serviços geológicos do Brasil, então ela não pode requerer,
ela só pode requerer na intervenção numa possibilidade de intervenção do estado por uma questão de
escassez ou de uma barreira que o Brasil possa ser prejudicado com, ai o ministro de estado pode
exercer o papel e pedir que ela requer a área, mas fora isso não.
Próximo, bom aí essa transparência, essa apresentação ela já estar gravada lá no computador lá no meu
pen drive lá e as pessoas pode copiar tranquilamente não tem segredo nenhum, então quais são as
funções, subsidiar formulação de política mineral e geológica, participar do planejamento e
coordenação, e executar o serviço de geologia e hidrologia e responsabilidade da união em todo
território nacional, estimular o descobrimento e o aproveitamento dos recursos minerais e
(ininteligível) do país, orientar, incentivar e cooperar com entidades públicas ou privadas na
realização de pesquisa e estudos destinados ao aproveitamento dos recursos minerais (ininteligível) do
país, elaborar sistema de informação cartas e mapas que traduzem o conhecimento geológico,
hidrológico nacional tornando acessível aos interessados colaborar em projeto de preservação do meio
ambiente em ação complementar aos dos órgãos competentes da administração publica e federal,
estadual e municipal, realizar pesquisas de estudo relacionados com fenômenos naturais ligados a
terra, tais como os terremotos, deslizamentos, enchentes, (ininteligível) desertificação e outros bem
299
como relacionados a paleontologia e a geologia marinha, da apoio técnico cientifico aos órgãos da
administração publica federal, estadual e municipal no amplo da sua área da atuação.
Próximo, aí o que falei excepcionalmente só no caso excepcionalmente ela poderá realizar pesquisa
mineral desde que expressamente determinado pelo ministério de minas energias, cabe ressaltar que
desde da sua transformação em empresa publica a sua atribuição de serviço geológico não houve ate a
presente data ato especifico do ministro de minas energias conforme determina a lei para realização
da pesquisa mineral. Por conseguinte os levantamentos geológico básicos executados rotineiramente
pela CPRM não se confunde com a pesquisa mineral propriamente dita conforme definida no código
de mineração.
Próximo, bom a importância do levantamento geológico básico, primeiro estudo meio fios, físico a
questão geotécnica eu costumo citar um exemplo, alguém de vocês aqui já desceu no aeroporto de
Cofins em Belo Horizonte e eu gostaria quando vocês fizesse a próxima vez se nunca observaram,
sente na janela e quando o avião já estar assim muito próximo do solo vocês começam a olhar para os
lados, vocês vão ver que tem umas espécies de umas panelas, onde tem cheio de arvore que não tem
saída de água, quer dizer como se fosse uma lagoa e para onde vai à água que entra ali, quer dizer ela
vai para algum lugar, vou mostrar então uma transparência, então será que o aeroporto de Confins foi
construído isso são dolinas, essas são rochas calcarias são sonrizal a água vai penetrando e vão formar
cavernas lá em baixo e com o tempos essas cavernas vão se acomodar ai vai haver abalos sísmicos
locais e que pode mudar o panorama de um aeroporto. Não sei se exatamente o aeroporto estar a cima
de que, mas eu dou um exemplo claro que talvez uma obra que tivesse ter sido talvez melhor
detalhada na época sem o (ininteligível) de coisas políticas de construir uma obra para inaugurar,
posteriormente (ininteligível) posteriormente a etapa da analise da informações existentes deve ser
executada a etapa de reconhecimento de campo, abrangendo sempre a maior área do que diretamente
necessária para o estudo, a gente trabalha com escala a geologia como a geografia, cartografia ela não
trabalha com limites definida de distritos de município, as cartas são georeferenciada são quadrada ou
retangulares e perpassam os municípios os estados e ate nações.
Então às vezes a gente precisa, por exemplo eu não posso fazer o mapa do estado do Ceara o exemplo
sem conhecer a geologia do estado do Piauí por que as seqüências elas entram no estado a dentro ou
sai estado a dentro e não vão ser interrompidas pelo limite físico que foi imposto, atuando sempre nas
fases inicias do estudo do solo e os estudos geológicos. Vaz traz informações de extrema importância
para o uso e ocupação do solo de qualquer área sem interferir ou causar impacto na região estudada,
300
com relação as atividades relacionadas ao levantamento geológico básico ela se restringem a coleta
amplamente espaçada de amostras superficiais por parte de um profissional especializado. Em geral
um profissional faz encaminhamentos planejados munidos apenas com bússolas, caderneta de campo,
GPS, máquina fotográfica, martelo, lupa, canivete e utensílios básicos, o estudo pode incluir ainda a
coleta sistemática de sedimentos de drenagem e tem por objetivo indeterminados espessam dos
elementos químicos nas áreas em questão.
O produto levantamento geológico básico é um relatório acompanhado de um texto explicativo que
aborda as características geológicas e evolutiva da região em questão, acompanhando eventualmente
do correspondente mapa geológico, isso é importante por que, por exemplo, as vezes uma
determinada comunidade que passa um rio num determinada comunidade que as pessoas usam uma
das ciências a serem desenvolvida bastante no ramo da geologia é a geologia médica, porque as pessoas
moram em um determinado locais e a água daquele local por uma questão natural, você pode ter uma
rocha radiativa lá na cabeceira da sua drenagem você não sabe disso, a água passa naquele rochoso essa
rocha vai (ininteligível) os minerais vão se dissolvendo vão se incorporando (ininteligível). Por isso
nós temos águas radiativas, águas cloretadas, águas bicarbonatadas, (ininteligível) cada, quando você
pega uma garrafinha de água mineral, você pode olhar, cada uma tem uma característica específica.
Então é interessante, não só na geologia médica, a questão dos deslizamentos e aí o que eu queria
mostrar a questão do mapa, ali tem um mapa de 1 para 500 mil são as quadriculas que perpassam, você
pode ver que na América do Sul ali, nos para conhecer os estados do Mato Groso do Sul, do Mato
Grosso de Rondônia, Acre, a gente tem que ter as informações dos países vizinho na escala de 1 para
250 mil, isso vai diminuindo e para 100 mil praticamente a gente se restringe ao trabalho dentro do
Brasil.
Aí vocês olham eu estou falando de informações oficiais e óbvio que as empresas de mineração detêm
informações particulares das áreas que pesquisam, elas gastaram aquele dinheiro não necessariamente
pode informar ao governo ou não, assim se eles abandonarem a área, então olhe que nós só
conhecemos os territórios numa escala adequada de planejamento que o governo entende, que é 1
para 100 mil nos só conhecemos 14 por cento nos só temos um banco de dado no Brasil e olha a
Amazônia entendeu, é isso nós estamos falando da fronteira que todo mundo diz a última fronteira do
conhecimento e tal. Então se necessita de informação mais precisa para o planejamento, até para
restringir pessoal, não estou dizendo... não estou querendo fazer apologia aqui... estou dizendo até
para dizer não a gente precisa conhecer certo. Mas você precisa ser com certeza para se tomar da
301
decisão, ou para 250 mil e a gente tem uma cartografia razoavelmente e exatamente naquele vazio lá
que foi proposto mapeamento náutico, marítimo, náutico terrestre e geológico, que é uma parceria do
ministério de Defesa, Aeronáutica, Marinha, Exército e CPRM o presidente Lula numa canetada, 350
mil bilhões de reais esse projeto até 2011 estar sendo executado. Próximo, esses são os levantamentos
ai é uma característica que minimizou de mais um impacto do trabalho do geólogo na época de 70, 80
os trabalhos de geologia primeiro o geólogo ia pro campo e depois tinha aéreo geofísica que era muito
cara levar avião, voar e você só usava aéreo geofísico naqueles locais onde você já tinha um
conhecimento básico, hoje não as tecnologia evoluiu bastante o custo diminuiu e inverteu se a
posição, hoje você faz uma aéreo levantamento, você não entra nem lá é o avião que sobrevoa a área e
as informações os contrastes que esses determinados aparelhos vão gerar ele vai me dar um locais
onde eu vou ter duvidas, eu vou lá só checar, eu vou me diminuir a minha inclusive a minha
participação antrópica no terreno.
Próximo, aí é um exemplo claro eles são aparelhos os sistemas são (ininteligível) normalmente é usado
para petróleo mas o eletro (ininteligível) é usado para geologia como todo, você estar vendo ai um
avião voando com vários tipos de aparelhos.Próximo, e ai próximo, pode clicar quatro vez ai, ai e gera
vai gerar. Próximo, mas um e vai gerar esse tipo de mapa aqui, é a mesma área estar entendendo, e
essas duas técnicas eu como geólogo como engenheiro eu vou identificar olha quais são os complexos
e vou lá só para checar onde é o limite e ai mesmo eu não preciso mas estar lá, vinte, trinta, quarenta,
cinqüenta dias, sessenta dias no campo eu tenho essas informações mas em tempo mas rápido, o
governo gasta menos, gasta mas dinheiro assim numa primeira fase mas recupera com informações
muito mas precisa dos tipos de rocha eu estou vendo ali os trendes as diversas, um geólogo ali é fácil
de dizer mais ou menos que são granitos são sedimentos.
Próxima é só uma informação, ai depois vai o geólogo para o campo olha lá o cara vai bater num
afloramento tal vai medir ali se a camada estar mergulhando para cá é muito importante, esse
mapeamento por que as vez você diz há tem uma plantação de soja aqui e o cara jogou pesticida e
inseticida e ai o terreno estar mergulhando para cá, mas as rochas estar mergulhando é para cá e ai
estar todo mundo pensando que o inseticida estar indo para lá e ele estar agindo para cá, entendeu, e
ai os negos estão bebendo a água aqui achando que estão livre dos problemas lá, então é importante
estar mostrando estar vendo as camadas tem percolação, tem fraturamento, tem direções então é
importantes as pessoas saberem disse entendeu, por exemplo, os técnicos, por exemplo, não estou
dizendo quem não é, mas os departamentos das áreas, a secretaria de meio ambiente do município e a
302
secretaria de desenvolvimento do estado tem que estar sabendo disso. Próximo, bom qual a
importância disso para sociedade. Próximo, bom primeiro desenvolvimento sustentável é impossível
hoje é obvio que tem praticas não só na mineração eu estava ali por acaso no computador eu não sei se
era o Tiago que estava com um livro do lado e (?) um avião e tornou o Jatobá não sei o que e era
falando sobre inseticida por isso que eu lembrei, estava lá mostrando quer dizer em qualquer área
existe desenvolvimento é pacifico de trazer, agora a gente tem que aprender a fazer com
responsabilidade não é, então primeiro ordenamento, veja que a gente trabalha essa tela é uma tela
que não foi produzida para cá, você pode pegar todas as apresentações da secretaria de 2004 para cá,
ela estar nessa ordem, ordenamento territorial estar lá em cima quer dizer passou a ser a prioridade
nos poderíamos ter colocado descoberto e avaliação da jazida lá em cima, isso quando a gente escreve
texto a gente prioriza normalmente a gente estar colocando ai que tem uma concepção pelo menos
hoje no estado do governo com essa preocupação pode ser que lá na frente mude o congresso estar ai,
mude as leis as políticas mude o ministro mas essa é a nossa meta hoje.
Próximo, bom o que eu estava falando primeiro à geologia ambiental acompanhamento pesquisa
possíveis geológicas do Brasil ele tem disponibilidade dos recursos humanas tecnológicas e
operacionais para atender as demandas da sociedade brasileira relativa ao conhecimento do meio
físico, participando de projetos de estudo sobre geologia e ambiental e parceria com os órgãos ai tantos
federais e municipais estaduais como os órgãos não governamentais e academia, o estudo sobre
geologia ambiental tem por objetivo incentivar a aplicação do conhecimento da ciência geológica ao
desenvolvimento de estudos e novos métodos de tecnologia a serviço da preservação ambiental e
melhoria da qualidade de vida da população, nesse sentido vem desenvolvendo de forma sistemática
linha de ações com enfoque na Nasa e redução de danos e perdas provocados por desastre naturais em
especial a desertificação escorregamentos e inundações avaliação de anomalia geoquímica.
Eu acabei de falar aqui em sedimento de fundo água e solo e possível associações com problema de
saúde publica e analise e remedição de impactos ambientais promovido pela atividade mineral por
meio de subsídios de execução de planos de recuperação de área degradada pela mineração, nos
estamos fazendo um trabalho e parece ser formiguinha mas a gente estar sentindo, por exemplo, nos
temos uma passivo ambiental por irresponsabilidade de empresários do Sul do Brasil e Santa Catarina
a questão do carvão mineral, que é o que a gente chama, nos temos três tipos de atividade mineral no
Brasil as minas em atividade, as minas paralisadas que a gente chama de mina órfão, as minas ativas a
gente sabe estar lá trabalhando se precisar vai o ministério publico, vai promotor, as minas paralisadas
303
a gente também sabe quem são as pessoas. Agora as minas órfãos é um problema porque isso foi do
século passado era quase um sistema, como é que chama, era familiar, as pessoas abandonaram aquilo,
passaram para outras e o stado não tem como identificar quem foi o causador desse dano.
Então hoje o Estado é o réu, então o Estado tem que reparar esse dano, então nós estamos trabalhando
nós estamos com 74 prades sendo feitos na bacia carbonífera, são planos de recuperação de áreas
degradadas no valor de 6 milhões, só para fazer os estudos, para depois orientar que cada caso é um
caso. Então olha, quer dizer, parece que o país ganhou lá atrás, mas nos estamos pagando o custo dele
hoje, quer dizer nos podíamos estar fazendo escolas com esses 6 milhões, estar fazendo uma rede de
drenagem em algum local, estamos reparando um erro lá de trás.
Próximo, a geologia básica, então essa é a questão da geologia do Brasil que é voltada realmente às
informações geológicas a descobertas de bens minerais a geologia medica como eu falei, compreendo o
desenvolvimento de projetos em regime em parceria objetivo de (ininteligível), fornecer o gestor de
saúde pública elemento para relação entre anomalias geoquímicas naturais ou oficiais do meio físico.
Por exemplo, houve uma tragédia na Espanha no século 19, 20, 19 para 20, onde uma comunidade
começou a ter alta incidência de mercúrio no sangue e todo mundo deve ter algum garimpo ou
alguma planta e o que tem que foram atrás as pessoas consumiam muito peixe e o peixe é um grande
assimilador do mercúrio, por isso que causa grande problema e o pescado da Espanha ela não
conseguia detectar, não tinha nenhuma atividade, não tinha nenhum mina conhecida e depois de
mais de 10 anos se descobriu que na França tinha uma empresa que manipulava mercúrio e a causa
estava no outro país. Entendeu? Quer dizer, a Espanha que estava sofrendo com esse problema.
Então, quer dizer, tem toda essa... é uma anomalia natural ou alguém está contribuindo para isso, eu
lembro que logo quando eu me formei um professor meu me falou uma história que nos Estados
Unidos a gente já está aí há mais de 30 anos atrás existia muito, todas as indústrias no início do século
na década de 60, 70 se instalavam próximo de rios porque você pegava água, captava e jogava os
resíduos dentro dos rios. Era comum isso na década de 50, 60 e aí como resolver esse problema... os
Estados Unidos fez uma lei muito fácil, muito simples, quer dizer muita burocracia, falou o seguinte:
olha você vai instalar sua fábrica, o rio está passando aqui, você vai instalar sua fábrica aqui, o rio está
correndo para lá então você está proibido de pegar água a montante, você vai captar água a jusante.
Então o cidadão estava jogando resíduos no rio aqui, ele tinha que pegar aquilo ai ele viu o problema
dentro da planta dele, que ele estava causando, aí doía no bolso dele, ele tinha que colocar filtros, quer
dizer, aí começa... é uma quase uma forçada de bolso para as pessoas entenderem a problemática. 304
Então na realidade a gente visa informar, por exemplo, dei um exemplo aqui estava conversando na
roda, o Ministério da Saúde tem mania de fazer campanha para passar flúor na boca dos meninos e às
vezes tem comunidade que a água do rio a água que eles bebem já é altamente floretada e o excesso
de flúor dá fluoroze e fluoroze é a carie provocada. Então as pessoas perdem dente não sabem porque,
ah mas eu coloquei flúor na minha boca, o médico veio aqui e tal, mas o excesso de flúor gera um
problema, isso são situações que podem ser evitadas pela informação. Próximo, a geologia marinha, e
eu vou contar uma - todos nós aqui que fizemos o ginasial ou o secundário, sei lá como se chama
hoje...
Márcio (Presidente) - Carlão é só para você... só para questão do tempo.
Carlos – Nós apresentamos, nós aprendemos que o Brasil tem 8 bilhões e meio de quilômetros
quadrados, todos nós aprendemos isso. Na realidade nós temos 13 milhões que são a plataforma
continental, área juridicamente brasileira, é território imerso e talvez mais importante que hoje que o
pessoal estar lá, entendeu, então quer dizer, tem toda uma questão da gente entender também isso aí
para subsidiar o governo a tomar decisão. Nós estamos pleiteando ampliação da plataforma
continental brasileira na ONU que saiu fácil dois pedaços, e os outros dois que estão pleiteando em
função do pré-sal que está lá no limite, os homens lá já estão começando a colocar dificuldade porque
eles podem vir no mar internacional e depois retirar o petróleo da camada pré-sal.
Próximo, e aí eu estou mostrando para vocês o que é que não conhecer a geologia, o que resulta,
deslizamento, enchente, fazer condomínio a toque de caixa para colocar a população em área de um
maciço rochoso totalmente podre que vai deslocar isso, depois vai gerar tragédia, o uso urbano. O
próximo olha aí a causa do deslizamento, a tragédia em Belo Horizonte, não isso foi em Campos de
Jordão em 2000.
Próximo, a questão da hidrogeologia esse posto aqui da esquerda em Gorjeia, no Piauí, ele jorrou
durante mais de 30 anos lá desse jeito, aí ninguém tomava providência, um estado altamente carente
em água desperdiçando suas águas, hoje eles estão controlados, estão fechados, quer dizer falta de
informações numa população que pode drenar essa água. Próximo, esse aí mostra outro desperdiço de
políticas erradas no Nordeste brasileiro, semi-árido, de poços jorrando sem o menor controle
enquanto a outra comunidade lá, por falta de uma bomba, está lá a família toda em pé ali precisando
para bombear e furos na maioria das vezes em locais inapropriados que gerou água saloba. Vamos ver
esse outro poço aqui que está interditado porque gerou, foi furado em cima de rochas graníticas que
deu salinado na água e aí quer dizer... 305
Próximo, o programa de hidrologia... esses e o trabalho dos pesquisadores da CPRM levantando os
níveis do rio para evitar tragédia e eu contei aqui de novo, Manaus foi teve a maior cheia do ano esse
ano e foi alertada 75 dias antes por causa desse serviço aí de medições de vazões e evitou se uma
grande tragédia em Manaus esse ano em função de 75 dias antes. As autoridades e não acreditaram
ficaram na dúvida que ouviu o Amazonas criar a maior cheia de todos os tempos, desses últimos anos,
sei lá quantos anos e só, parece que 800 pessoas tiveram problemas, era para ser um, quem mora na
região talvez, Manaus sabe o que eu estou dizendo.
Próximo, bom, qual é a, nós temos um rede hidrometeologica nacional vocês vão ver os pontos ai no
mapa que vou colocar a prevenção de cheias e enchentes, precisão de deslizamento e cheias urbanas,
monitoramento da qualidade das águas, dimensionamento dos sistemas de abastecimento públicos,
acompanhamento e azoamento de rios e barragens e dimensionamento de obras hidráulicas, pontos
reservatórios e hidrelétricos. Aqui nós temos aqui um companheiro da FUNASA aqui muitas vezes a
FUNASA faz furo de... em aldeias e tem que saber na geologia... tem que estar lá para dizer se não vai
furar errado ou vai gastar dinheiro para furar, para fazer um poço ele estar seco, ou a água não estar
habilitada ... eu sei, mas é preciso conhecer, estou dizendo que é preciso conhecer para fazer as coisas
com clareza, o mesmo dado hidrológico ele serve para gestão de energia e gestão das águas.
Próximo, por incrível que pareça olha o número dessa é a nossa rede um trabalho gigante todos esses
pontinhos pretos ai tem um cidadão que recebe meio salário mínimo, eu sei lá quanto, para ir todo dia
no pluviômetro coletar se choveu, se não choveu, levar a régua lá no rio, medir. São mais de 5 mil,
4.125 estações no Brasil inteiro, o Brasil tem 5.600 e tantos municípios que quase a totalidade dos
municípios se tem, é um trabalho realmente Hércules do centro da CPMR.
Próximo, bom a questão que vou passar é a questão... é, os dados são coletados, é o nível de águas os
dados da chuva a qualidade do PH, (ininteligível) oxigênio, os vazões do rio, consolidar esses dados.
Próximo, e aí um exemplo clássico para isso, isso aqui nós estamos falando na bacia do rio Doce - todo
ano vocês viam, ouviam a cidade de Governador Valadares ser inundada todo ano, todo ano é
histórico isso ai, está lá a ilha ler o rio Doce enche passa e daqui a pouco ele lava a ilha ali onde está.
Por incrível que pareça nesse caso pega as casas ricas, é todo mundo que queria morar na beira do rio,
os ricos e tal, o pessoal mas pobre estão no alto, então não são atingidos. E aí qual é o trabalho que é
feito lá? É medir as vazões e ir mostrando os picos quais são, o que está acontecendo, se está
assoreando, se alguém desmatou onde não devia.
306
Próximo, aí é a questão do Pantanal, Pantanal é um sistema altamente complexo, por exemplo, vocês
vêem inundações em São Paulo, porque, porque o rio Tietê está sendo assoreado, aí você tem que
manter uma pá, tirar material de dentro do rio para que o rio corra dentro do seu canal, para que não
inunde as ruas no Pantanal. Nós não podemos fazer isso, pelo contrário, nós temos que deixar o rio
assorear para que as águas transbordem e permita que a grande extensão territorial do pantanal possa
ter as lagoas durante o ano todo. Se eu drenar o rio e fizer com que a água corra só na calha eu vou
transformar aquela área verde num maior deserto do Sudeste, do Sul do Brasil. Então você vê como
que são duas coisas a mesma coisa que eu falei mas você tem que tomar medidas diferenciadas.
Próximo, ai é o rio Amazonas, rio Negro e Amazonas como eu mostrei (ininteligível) o pessoal, olha lá
a gente informa com uma precedência de 15, 45 e 75 dias as autoridades dos problemas das enchentes,
57 mil pessoas diretamente beneficiadas esse ano em função dessa informação. Próximo - bom a
questão do apoio da gestão territorial, desenvolvimento sustentável, a questão do zoneamento
ecológico econômico. O Acre que mostrou no primeiro dia uma apresentação que é exatamente isso a
ser feito e eu gostaria até de dizer que a CPRM poderia ser parceira nesse tipo de ação, por que tem
um banco de dados incrível, tem tecnologia talvez até para, não só com o Acre, mas com os outros, eu
acho que deveria ter um acordo de cooperação técnica para esses assuntos, mineração e meio
ambiente, apoio ao técnico a município e regiões metropolitanas, o (ininteligível) geo-ambiental e o
geo-ecoturismo também.
Nós geólogos estamos no campo, eles estão identificando monumentos naturais, primeiro para
transformar em geopartes, nós estamos transformando, nós estamos catalogando os locais físicos
brasileiros que têm beleza natural para que eles não sejam destruídos, para que eles sejam preservados,
são os famosos geo-pacto. Nós já temo o geo-pacto o parque do Brasil reconhecido pela UNESCO na
Chapada do Araripe.
Próximo, aí é a questão do zoneamento ecológico, esse foi o consórcio ZE com a ANA, EMBRAPA,
IBAMA, IMPE, CPRM, IBGE para mapa de uso da terra e ontem eu estava vendo exatamente a
apresentação do pessoal do norte do Oiapoque, fizeram um mapa baseado só simplesmente nas
sensibilidades deles separando o que eles entendiam que é mata mesmo o que é cerrado o que é
alagados. Eu estive olhando o mapa, quer dizer, mas tem tecnologia para melhorar, inclusive para
melhorar e muito os dados que vocês estão gerando, então é um trabalho pioneiro, importantíssimo
que eles fizeram lá, eu estava prestando atenção aqui mas tem outras técnicas que podem ser
acrescentadas além disso.
307
Próximo ... o que eu estava falando, do caso em que você tem um terreno bonitinho lá em cima e tal e
lá em baixo você não sabe nada do que está acontecendo, a água está formando uma tremenda cratera
e de repente pluf, vai tudo embora e ninguém sabe por que. Então esse é um exemplo que eu dei lá de
Cofins em Minas Gerais. Próximo, bom aí no caso como o conceito que a gente está trabalhando com
geodiversidade para planos diretores municipais, planos diretores de minerações, planos de
desenvolvimento de infra-estrutura, plano de bacia hidrográfica, o zoneamento econômico ecológico,
sistema nacional de unidades de conservação, áreas de limitações administrativas provisórias - a LAP.
A princípio eu peguei esses dados antigos porque a 163 ela foi, por um determinado tempo,
considerado uma área administrativa para quantos faziam o levantamento e o Ministério do
Planejamento ele está preocupadíssimo com os grandes eixos de desenvolvimento, por exemplo, Norte
-Sul, BR 163, transnordestina. Nós poderemos estar dando um tiro no pé, porque eu estou ligando
isso... o miolo do Brasil, aos grandes centros de meio, mais fácil para a população chegar... eu posso
estar incentivando o êxito rural então ao longo desses grandes eixos. Eu preciso conhecer o território
para desenvolver pólos auto-sustentáveis, para que as pessoas não vão, pelo contrário eles se
estabeleçam, gerem a sua riqueza, sua renda, preservem suas culturas, mas não precisem se deslocar
em busca dos grandes sonhos da cidade grande.
Então o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão já nos contatou para que a gente, ao longo
dessas grandes obras ferroviárias, rodoviárias, 100 quilômetros de cada lado, a gente faça um
levantamento detalhado do que é que... como esses terrenos se comportam... então a gente está
começando a trabalhar nesse sentindo da importância, por isso que nós entramos no parque.
Próximo, aí eu vou mostrar umas... às vezes, até porque eu faço questão de mostrar isso aqui... é a
questão, que todo mundo é possível às vezes de fazer atividades... no ano de 1975 a 1980... são imagens
de radar. Estava se construindo a Tucuruí... e lá Tucuruí estava bem na pontinha e aí já estava o
desmatamento agropecuário, atividade antrópica lá em cima ali e lá em baixo as áreas protegidas pela
região de Carajás. Tem duas formas - uma APA, uma reserva, e ao longo da Belém-Brasília estava se
desenvolvendo todo um conjunto de atividades... os amarelinhos são os desmatamentos. Próximo, em
1999, 20 anos depois um desastre, mas as áreas estão lá preservadas, as matas lá na reserva, lá onde está
a mineração em Carajás, está preservada.
Márcio (Presidente) - Eu só vou contribuir contigo aí, para te mostrar que aquela parte grande verde
na ponta direita sul e a outra parte verde que está do outro lado ali são as terras indígenas.
308
Carlos – Com certeza, eu sei disso, por isso, é o mesmo caso, porque a outra lá, que é uma área de
preservação. Próximo e aí a Floresta Nacional de Carajás. Então, as pessoas quando olham essa foto
pensam que esse roxo dentro da FLONA é a mineração; isso não é a mineração, isso são as cangas
(ininteligível) já não existia árvore na época e que foi isso que permitiu a descoberta do depósito de
Carajás que no pouso forçado o geólogo teve que descer (ininteligível) e achava que era calcário,
desceu pegou o martelo, bateu e viu que era minério de ferro, e aí Carajás surgiu. E Carajás, ele está lá
naquela pontinha daquela seta branca e o N4 naquela pontinha e representa hoje de toda mata que
tem dentro da FLONA, calculado 2 por cento da área. A área pela mineração hoje só atinge depois de
quase 30 e tantos anos de atividade 2 por cento da atividade, quer dizer, é possível fazer... quer dizer,
com trabalho e com responsabilidade, permitir que se preserve a área. Agora olha ao redor Aí
atividade antrópica, a ação agropastoril, cidades que foram construídas. Eu só coloco esse exemplo
porque ele reflete o que a Lílian ontem nos colocou: não podemos, nem ser lá de cá nem de cá demais,
mas a gente precisa saber o que é importante pro país e aí tomar a decisão correta.
Próximo, e aí o exemplo de uma mina - hoje pro conceito que nós estamos trabalhando, aquele buraco
lá na frente que era a cava já se torna no lago, hoje ele está enchendo e a área do bota fora está sendo
recuperada com curva de nível, recuperando a paisagem. Gerou impacto, esse é um exemplo típico, se
gera impacto, claro que gera, nunca ninguém disse que não gera impacto, mas é possível minimizar
esses impactos.
Próximo, bom é aí, para concluir, a função dessa fala minha aqui é que há claras diferenças entre o
estudo geológico básico e atividades relacionadas à busca de depósitos minerais. Os levantamentos
geológicos básicos dão suporte ao conhecimento da geodiversidade, do meio ambiente e da integração
dos mesmos, dos riscos naturais, de conseqüências para a prevenção e o uso sustentável dos recursos
naturais, configurando-se em instrumento essencial para subsidiar a avaliação do meio físico, o
planejamento e a formulação de políticas publicas para ordenamento territorial da região. Esses
levantamentos contribuem ainda para se entender a história geológica de uma dada região e
conseqüentemente do planeta, portando o estudo da CPM se configura como levantamento geológico
básico, que não se confunde com a pesquisa mineral, conforme definido no código de mineração.
Próximo eu gostaria de dizer o seguinte: gostem ou não gostem algumas pessoas, tudo que a gente está
fazendo dentro da Secretaria de Geologia e Mineração, eu fui o relator desse caderninho aí, apresentei
publicamente no setorial, isso faz parte está lá escrito, ao Lula, ao presidente do programa setorial de
governo, isso foi apresentado. Quer dizer, o que nós estamos fazendo na Secretaria de Geologia de
309
Mineração e Transformação Mineral está dentro do programa que o governo atual, o governo do
presidente Lula, concebeu para o desenvolvimento do país. Então eu me sinto orgulhoso de fazer
parte desse projeto, gerando riqueza, trabalho e renda para o Brasil, esse foi o mote do nosso dever.
Próximo e aí para vocês vêem como a natureza ela é bela isso. Isso é uma mina no México, os cristais,
olha o tamanho dos cristais, e o homem insignificante dentro da natureza. Então por isso que eu acho
que às vezes o conceito está invertido, o homem é que vai se extinguir.
Próxim, ... eu terminei, eu ia só mostrar uma relação dos mapas que estão no pacto, mas eu acho que
não faz sentido para mostrar... isso aqui são ... nós estamos fazendo no Mato Grosso e tem uma
reserva indígena marcado ai em amarelo vocês estão vendo. Olha aí o resultado dessa história: a
reserva está lá no meio, a atividade antrópica está toda aqui, quer dizer, eu tenho todo aspecto para
saber daqui do lado de lá e o Estado às vezes fica impedido de saber o que está no meio ali e que talvez
sejam vocês o mais prejudicado pelo não conhecimento disso.
Márcio (Presidente) - Aí no caso é uma terra indígena?
Carlos – Pois é, não eu estou mostrando, eu fiz questão de colocar, presidente, para mostrar.
Márcio (Presidente) - Só estou explicando qual é o nome da terra indígena.
Carlos - Que parece que às vezes a gente vem aqui falar e as pessoas pensam “esse cara está ficando
maluco”. Não, eu estou dizendo que tem uma realidade, está aí agora vai sempre haver a necessidade.
A CNPI, é claro nisso aqui, a decisão pertence aos índios e eles vão decidir se não nós não queremos
conviver com isso, mas foi uma informação que eu trouxe, essa era a idéia... a idéia de colocar que as
pessoas saibam de fato o que é uma coisa e outra. Ok presidente, obrigado.
Márcio (Presidente) – Obrigado, Carlão, eu queria só perguntar Carlão para você, antes de abrir para
consulta aqui da plenária, que não ficou claro para mim. Quer dizer, talvez tenha ficado só
parcialmente entendido por mim, talvez pelos outros também: a sua apresentação foi uma
apresentação muito didática muito interessante, sobre a importância do conhecimento, pelo que eu
entendi, a importância do conhecimento geológico, da geodiversidade do Brasil e isso inclui as terras
indígenas, que são 13 por cento do território nacional. Eu queria entender, perguntar qual o sentido,
qual a questão central aí no caso a partir dessa apresentação que você fez.
Carlos – Ela tem uma colocação que antes de... bom, antes de eu me inserir aqui na CNPI e você ser
presidente existia uma dificuldade de 100 por cento do Serviço Geológico do Brasil para tentar fazer o 310
seu papel, que é conhecer o território. Então havia sempre uma alegação de que não se poderia entrar
em terra indígena para fazer, para se obter esse tipo de informação, entendeu? Então hoje o que eu
estou querendo mostrar é o seguinte: que a decisão continua sendo dos indígenas, mas que eles
entendam que talvez seja importante conhecer isso, saber disso. Esse que é o recado.
Márcio (Presidente) -Agora estão abertas as inscrições - a professora Francisca, o André o Caboclinho.
Francisca – Bom, como o presidente falou, o Carlão foi, assim, foi bem didática a sua apresentação. Aí
eu queria assim, no meu entendimento do que eu pude compreender essa sua apresentação eu entendi
que assim também que está tendo uma mudança de mentalidade das políticas públicas em relação a
essa condução, porque antes não se falava em uma discussão ampla com a população, ouvindo o povão
e tal. Em relação a nós piorou, imagine construir uma estrada bem ao lado de uma terra indígena,
ninguém tomava conhecimento, então a gente não ia, nunca fomos consultados e tal. Mas o que eu
queria assim que você me explicasse, assim que essa política que está sendo pensada, que está sendo
trabalhada, mudando de certa forma o foco, estar mais próximo inclusive da realidade brasileira que
você citou alguma questão, por exemplo a política mineral, você coloca essa democratização dos
conhecimentos.
Nesse foco de democratização dos conhecimentos, você fala da geodiversidade e ai eu entendi a
democratização, acho extremamente importante, mas assim da geodiversidade que cria uma
concepção que você pudesse... dado que o pensamento que eles estão trabalhando se é a partir da
questão ambiental qual é a... você estar entendendo isso que eu queria saber.
Márcio (Presidente) -- Eu acho que podia passar fazer a rodada primeira, o próximo é o
Caboquinho,depois o André.
Caboclinho – Eu fico preocupado Carlão, até porque eu sou leigo nessa questão, principalmente nessas
questões que você levanta, meu nome e Caboclinho sou da Paraíba Potiguara. Presidente, na realidade
essa questão técnica porque os nomes que ele falou aqui eu nunca nem vi na minha vida, pronto um
nome como gama é (ininteligível) estudo meu físico, geotécnico, geológico básico, quer dizer são
palavras técnicas que para mim realmente eu tenho dificuldade de entender. Eu creio que meus
companheiros que esteja também aqui também têm esse mesmo pensamento; eu acho Carlão, assim
você fez a sua apresentação muito bonita para quem entende desse meio, mas eu acho que a gente,
como comissão, como bancada indígena, nós temos que saber também o significado dessas palavras
311
porque de repente vem aí uma coisa boa, mas de repente uma palavra dessa possa significar uma coisa
ruim para nós. É mais nisso aí.
Márcio (Presidente) -André.
André Araújo – André Araújo, MDA, Carlão, mais uma curiosidade: tem um slide aí que, se o
companheiro puder colocar de novo, de Carajás, que eu queria questionar a você se você sabe que é
impressionante como a diferença dos limites, então ali na parte leste da FLONA ali a ação trópica é
muito alta, mas passa ali da linha e teoricamente pela divisão satélite está preservada. E aí eu queria
que você comentasse um pouco de qual é a política territorial que é feita pela Vale, ou que a Vale
contribui para que esses limites continuem preservados e aí eu acho que isso é importante também
porque você tem colocado, e eu concordo em parte com o que você coloca que, se há hoje um
empreendimento com recurso para fazer uma parceria ambiental com as comunidades seria o setor
minerário. Então, já que o tema é gestão ambiental e territorial dessa CNPI eu acho que é importante
a gente conversar sobre isso, mas na parte sul já há de fato um pouco de entrada de ação antrópica
dentro da FLONA, mas, então na parte Leste o roxo ali na direita e a parte de dentro da FLONA está
super preservada, ali já em baixo no sul já há uma certa invasão da ação antrópica para dentro da
FLONA, é segundo, pode ser que tenha um erro ai da... mas enfim, como que a vale contribui nessa
política de gestão territorial que garante aí esse nível de preservação.
Márcio (Presidente) -Bom não tem nenhum escrito, eu não tinha vista então é Pierlângela depois Ana
Paula.
Pierlangela – É Pierlângela,Roraima, a minha pergunta a área aonde esta sendo feita a extração, a
mineração, ela está bem visível e quanto aos trabalhadores, toda essa questão do pessoal que trabalha
na mineração, onde é que ele se localiza, onde é que fica dentro desse território?
Márcio (Presidente) - Ana Paula.
Ana Paula – Ana Paula – ISA. Carlão, eu entendi que você disse que em 14 por cento do território
nacional já foi feito um levantamento (inaudível). Certo então o restante não foi feito. Entendo
também que esse é um trabalho continuado, aí eu queria saber se você tem prioridade, critérios para
as áreas em que atuam, o que está planejado daqui par frente, se vocês têm recursos disponíveis para
realizar esses trabalhos. É basicamente isso.
Márcio (Presidente) - Carlão.
312
Carlão - Bom é o seguinte, Francisca é o seguinte - o conceito de geodiversidade que a gente está
trabalhando é um conceito novo do ponto de vista, porque quando a gente falava em pesquisas
geológicas as pessoas atribuíam logo a questão de procurar minérios e ai no mundo a questão dos
desastres, os terremotos, os grandes terremotos, nós não temos aqui mas no mundo tem a questão...
Caboquinho está certo, porque tem palavras que é obvio que não são do cotidiano de vocês, mas todas
essas palavras elas são muito fáceis de serem, por exemplo, são métodos, todos aqueles métodos que eu
coloquei ali são métodos indiretos, eu não preciso tocar no solo, não preciso ... é uma emissão de uma
radiação do vai e volta, o aparelho capta e um aparelho registra a diferença de densidades, de cor da
rocha, do reflexo da sua possível radioatividade que tem no mineral, essas coisas, cada uma tem uma
atribuição.
E esse conceito de geodiversidade ele parte do princípio de que você tem que ter um conceito
ambiental primeiro para você desenvolver, porque a história que eu estava falando, por exemplo, a
preocupação da gente é a vida em cima da Terra certo? Então a terra ela em que servir para esse fim,
quer dizer, a área habitada do território do planeta Terra ela tem que servir para isso, quer dizer, a
gente tem que deixar legados para outras e outras gerações. Então você não tem que se preocupar com
um único tema só, você é um conjunto de temas, aquele que era necessariamente... antes era
prioritário, ele passa a não ser talvez mais prioritário, e que você possa tomar decisões de dizer, assim,
por exemplo, o sudoeste do Piauí, o novo ciclo o ouro não é o ciclo... o ciclo é da soja, mas um novo
território da soja do Brasil é o sudoeste do Piauí. Aí a gente pergunta assim: “o solo lá do Piauí ele tem
capacidade de absorver uma atividade, uma lavoura intensiva, como é a soja? Por quanto tempo? E o
que vai acontecer daqui a três, quatro, cinco, seis ciclos? O que vai acontecer com aquilo lá?”.
Então o governo, se ele estiver incentivando tem que se preparar para aquilo lá ele tem que entender
ou qual é a alternativa se não for lá, aonde, é a mesma coisa de expansão urbana, por exemplo, as
grandes pedreiras do estado de São Paulo da Capital de São Paulo estava a 50, 60 quilômetros do
centro urbano de São Paulo há 100 anos atrás, 50 anos atrás, hoje elas estão dentro de São Paulo eu
tenho um problema agora. Aliás eu tenho dois problemas, eu tenho um problema do conflito da
atividade mineral que gera pó, gera zoada, ruído, gera riscos e tem o conflito da distância, porque, se
eu for buscar outra pedreira mais de 100 quilômetros, longe da habitação, é um novo custo ele vai
aumentar, então o gestor... a melhor coisa que aconteceu foi quando houve a lei em que todos os
municípios com mais de 20 mil habitantes têm que ter um plano direto. Esse trabalho serve para dizer
“olha, a população vai a cidade vai crescer para cá, porque para cá tem um distrito industrial é
313
incompatível essas duas”. Então esse é o conceito que a gente está trabalhando, entendeu, não sei se
me fiz entender bem.
Então, bom com relação ao Caboquinho eu acho que está correto, por exemplo, geotécnica diz
respeito à capacidade das rochas de suportar pesos, trações.
Eu vou ter que gastar concreto para caramba para segurar as paredes, quer dizer, na realidade eu vou
construir uma via onde as pessoas pode ter segurança, quando eu trabalho maciço rochoso compacto
eu não preciso fazer isso, vocês já devem ter atravessados túneis que a parede é a rocha a própria rocha
e passarem outros que você tem, olha o acidente do metro em São Paulo, porque aquilo caiu, caiu por
que aquilo era um eixo de rio antigo, o Tietê passava ali, foi deslocado e tinha um nível abaixo da
superfície que ninguém interpretou aquele nível, era um rio que o rio vai mudando, os meandros do
rio vão mudando e tem uma conformação ali com certeza de areia muito grande, não agüentou o peso,
uma dilatação e aconteceu.
Então tem palavras ... realmente a apresentação, eu acho que não é por essa apresentação que vai
tomar a decisão, a idéia aqui não era essa, quer dizer, é simplesmente mostrar o que está se fazendo
para que vocês entendam, quer dizer quando as pessoas tocarem, abordarem assunto desse tipo vocês
terem um mínimo de informação para saber do que está se tratando, saber que tem um órgão que
vocês, na dúvida, podem ligar para lá, está lá o site para tomar essa decisão, essa informação, para
saber se é verdade o que está acontecendo.
Com relação ao André, eu não tenho dúvida, André, às vezes eu mostro essa apresentação da Vale, eu
queria até... eu nem coloquei o nome da Vale ali para não... mas ela só está ali... o que eu estou
querendo colocar pessoal: a mata não está ali não é porque tem mineração ou não tem mineração não,
é porque tem uma unidade de conservação, é isso que eu quero dizer, sabe como que é, está
preservada porque tem uma unidade de conservação. O que eu estou querendo mostrar ali é que é
possível ter uma unidade de conservação, e se a empresa tiver responsabilidade social com custos delas
preservar. E estou respondendo já o André: ela tem a responsabilidade de fazer o monitoramento
daquele polígono, lá ela tem essa responsabilidade, se ela não estiver cumprindo essa responsabilidade
e se não tivesse uma floresta nacional ali, não tinha Vale, não tinha Exército, não tinha ninguém, o
povo teria entrado na mata do mesmo jeito, do jeito que entraram ao lado dela, foram até o limite sul
ali que o André colocou... está ali porque existe uma área de preservação ambiental, como o
presidente Marcio colocou, que a parte verde embaixo ali também tem uma reserva indígena, é
também uma unidade de conservação de certo ponto de vista.
314
Então, eu não estou fazendo uma apologia de que a mineração, no caso, não eu estou mostrando que
só está lá porque tem uma unidade de conservação, mas vírgula é possível ter mineração dentro da
unidade de conservação sem estragar, sem tanto prejuízo ao meio ambiente, eu não sei se respondi
(inaudível) ela ajuda na toda fiscalização toda fiscalização do entorno, ela é responsável pela
fiscalização.
Márcio (Presidente) - Nesse caso ai eu posso até, eu fui, quando eu era pesquisador, quando eu ainda
trabalhava com pesquisador em 85 eu estive lá na base de exploração de ferro lá de Carajás, fazendo
pesquisa, eu era estagiário, bolsista na época, do Museu Goeldi, tinha parceria lá com a Vale naquela
época, e quando foi criada justamente essa floresta nacional, naquela época foi feito exatamente um
acordo, quer dizer a Vale ficou obrigada a contribuir com a fiscalização e manutenção da unidade que
é federal, certo, floresta nacional responsabilidade da União, mas a Vale ficou responsável e aquela
área fora, que é a área ocupada é justamente onde era o garimpo de Serra Pelada, uma parte ali. Então
garimpo de Serra Pelada era ali e ali tinha aquele monte de gente que fazia garimpo, o garimpo, girava
em torno de Serra Pelada onde tem Curionópolis, que é a cidade de Curionópolis, do famoso major
Curió.
Então aquela área toda destruída era a área do garimpo de Serra Pelada e o entorno, aquela população
estava ali, já na área lá dentro da área da mina da Vale, então eu me lembro quando eu fui lá fazer essa
pesquisa... eu estou falando isso porque a sua pergunta foi isso, como eu conheço lá, conheço
pessoalmente lá a situação é exatamente essa situação ai, a mesma coisa no caso da Terra Indígena
Parakanã, que por outro empreendimento a Eletronorte assumiu o compromisso ai com a FUNAI de
manter de colaborar com a fiscalização e preservação então a área Parakanã. Até hoje é uma área
preservada com o apoio da Eletronorte, é um outro exemplo de esse tipo de situação que se gerou
naquela década, início da década de 80.
Carlos – Com relação à Pierlângela, o pessoal a Vale do Rio Doce mantém uma vila - quem não
conhece é uma vila fantástica, são casas boas, excelentes, as pessoas moram lá, os trabalhadores assim
porque antes trabalhavam, antes da implantação, as pessoas trabalhavam em regime de folga, tinha
casas pros geólogos, engenheiros etc. e de 30 e 30 dias eles saíam, passava 10 dias voltava e ia para suas
casas, hoje já existe um núcleo onde grandes partes das pessoas moram na região e outras pessoas
terceirizadas moram fora da FLONA, em Paraupebas, na cidade. Tem uma cidade de Paraupebas, os
terceirizados têm uma cidade que é um problema, é um eixo de desenvolvimento da região tanto pela
315
agricultura como pelo desenvolvimento, já que a cidade virou um pólo de atração de pessoas em busca
de emprego, então a cidade tem crescido mais do que a média da região.
A última pergunta aqui foi Ana Paula - recurso, sim na realidade Ana é o seguinte: de 2003 para cá
sistematicamente a gente vem tendo recursos crescentes, eu não coloquei gráficos aqui nem nada tal
mas é um negócio..., é uma curva cara, é um negócio chocante como o governo tem investido nessa
área, diferentemente do governo passado, onde a gente chamou de curva da morte. Na geologia nós
temos a expressão que são chamadas “curva da morte”, o Estado deixou de priorizar o setor, o DNPM
foi quase à falência, a CPRM passou 15 anos com as pessoas sentadas simplesmente para receber seu
salário, ninguém ia para o campo, ficava trabalhando mapa, retrabalhando, escrevendo. Então houve,
e agora mais tranqüilo para te responder, porque como entrou no PAC, quer dizer o governo
entendeu que esse conhecimento ele é básico para infra-estrutura, os recursos do PAC são carimbados
então nós estamos garantidos, pelo menos até 2010 nós não teremos corte no orçamento para isso aí.
Agora a prioridade das áreas... a prioridade das áreas ela tem a ver primeiro com demandas muitas
vezes dos estados, não é, nós temos uma parceria com alguns dos 26 estados eu acho que 19 ou 20 a
gente tem parceria para desenvolver os mapas geológicos, estaduais, geodiversidade estatuais e ai a
gente vai nos locais, por exemplo, não faz sentido eu sair faço um aqui, faço outro ali, então a gente
tem um critério de ir agregando para ir fechando o mapa. Mas o estado às vezes ele tem uma
prioridade, então a gente, dependendo vai fazendo de acordo com essas prioridades e atuação nossa
ela é basicamente a priori no embasamento cristalino que a gente chama, porque, porque nas bacias
dos grandes rios a NP já tem competência de fazer levantamentos aéreos de ofício, então a gente não
vai sobrepor, os recursos já estão escassos, não vamos disputar, é pedir trabalho se a gente pode usar os
dados deles posteriormente para fazer essa inferência que a gente tem, ok?
Márcio, Presidente – O Fred da FUNAI também queria fazer um comentário, uma pergunta, Fred.
Fred – Da licença, Carlão, o licenciamento de empreendimentos nas terras indígenas e entorno,
especialmente no entorno, tem tido algumas dificuldades com relação a fixar distanciamento da terra
indígena para os empreendimentos no seu entorno, apesar que alguns critérios são adotados entre eles
a baia hidrográfica o tipo de empreendimento, a história de contato da população indígena, também a
geologia da área utilizada para empreendimento. E apesar disso a FUNAI tem solicitado aos órgãos
licenciadores e aos empreendedores o aprofundamento dos estudos, detalhamentos desses estudos
exatamente para apontar pra medidas (ininteligível) para evitar os impactos sócios ambientais sobre as
populações indígenas e quase sempre não é atendida, apesar de que a legislação é muito clar, tanto a 316
Constituição Federal, por que concerne a proteção das terras indígenas, obrigação da união com as
terras indígenas e toda a legislação ambiental nacional que fixa e determina obrigações com as
populações locais não é, de ouvi-la de participação delas nos processos apesar de tudo isso ainda é, a
uma grande dificuldade, eu queria colocar essa questão aqui para reflexão por que nos sabemos que a
legislação sempre esteve voltada e preocupada com empreendimento com os empreendedores com o
resultado econômico desse processo e muito pouco quase nada com relação as populações afetadas essa
é a historia do país, quando você coloca ali que participou ativamente na produção na elaboração de
uma proposta pro governo Lula eu fiquei animado juro, falei bom é um governo popular é um governo
democrático estar trazendo a população os interesses das populações para perto dos negócios de
estados para discutir com os empresários as suas relações os seus interesses então eu gostaria que você
pudesse planar um pouquinho sobre essa proposta e de como é que estar inserido hoje uma audiência
publica com participação efetiva da população com os tempos os times necessário para que ela possa
compreender esses processos esses procedimentos e para que ela de fato possa tomar decisões a
respeito desses assuntos, quer dizer dentro dos seus interesses quando você levanta aqui aquela
questão de uma estrutura geológica dos mercúrios de rocha que faz aquela explicação que pra cá e pra
lá você estar entendendo eu acho fantástico por que é isso mesmo por que a gente consegue
vislumbrar de uma superfície não é exatamente o que estar dentro da estrutura geológica e pode estar
afetando a terra indígena apesar da distancia do empreendimento e ai, é, por que essa dificuldade
também por que a dificuldade estar preocupada com empreendimento nunca teve preocupado com
população, queria que você comentasse um pouco essa questão para gente.
Carlos – Bom Fred eu assim se eu peguei o, eu gostaria de dizer que a gente tem ate dificuldade
também de responder isso por que a gente estar brigando para ter um conhecimento e nos dizia
sempre que isso era impossível não dar não pode e tal e se vocês fizerem essa consulta aos órgãos de
meio ambiente, nos não fomos demandado com certeza sendo assim eu pelo menos não conheço então
precisaria talvez levantar esses dados, o que eu acho que é importante nessa historia é o seguinte é que
hoje dentro pelo menos dentro do ministério de minas energia dentro da secretaria parece incrível,
mas a diretoria da secretaria a secretária nossa hoje a diretoria geral do DNPM toda diretoria e a da
CPRM são exatamente as mesmas pessoas com exceção de uma única pessoa que é o Gilhos que era o
secretario que foi com a ministra Dilma para casa civil todos nos estamos lá desde de 2003, quer dizer
existe um espaço da interlocução e da discussão, quer dizer eu comentava com o Marcio ontem eu
acho quer dizer assim, eu acho que era importante (ininteligível) a CPRM ter um convenio sei lá
técnico com a FUNAI na hora que a FUNAI tivesse ameaçado com processo com problema deles
317
alguma coisa chama o, nos não vamos nos não estamos dentro do estatuto dos povos indígenas lá se for
aprovado nos não estamos dizendo se vai ser necessário um laudo geológico um laudo antropológico
um laudo ambiental nos estamos dizendo isso lá no estatuto certo, então por que talvez ate não
antecipar algumas questões desse tipo ate para que quando o gaiato vier lá querer, a gente já sabe o
que tem lá por que como é que eu digo não numa imensidão dessa que eu mesmo não tenho certeza
do que eu sei de lá e a maioria que eu tenho e inferência de coisas de ponta aqui que eu ligo com
ponta de lá, ah mas lá eu passei naquela estrada na BR é vi então lá na outra eu suponho que aquilo é
uma continuidade que pode ser, ou pode ser verdade ou não pode ser verdade, entendeu Ana, eu acho
que é um órgão técnico eu acho que a serviço geológico do Brasil poderia sim assessorar quando
necessário quando a FUNAI achasse que era interessante isso ai é uma sugestão entendeu talvez a
gente tentasse essa parceria.
Márcio, Presidente – Bom nos não temos mas nenhum escrito, eu faço seguinte leitura aqui da
discussão, a impressão que eu tive não sei se foi essa mesmo mas a impressão que eu tive é que o
Carlão na sua apresentação ele quis mostrar principalmente eu acho que a questão central do que o
Carlão quis mostrar para nos aqui da CNPI, principalmente depois de lá da longa discussões que nos
tivemos ai no estatuto sobre o capitulo de mineração de que o serviço geológico brasileiro a CPRM o
serviço geológico brasileiro uma instituição que faz um tipo de trabalho que é um trabalho de
conhecimento de estudo e não de mineração esse é um ponto que a informação que ele trouxe que eu
entendi que era para a CNPI ter conhecimento de que é uma distinção clara entre o serviço geológico
brasileiro que faz estudos e pesquisa sobre o solo o subsolo etc. do Brasil não é, não sou do ramo estou
interpretando aqui e diferente da parte de mineração isso é um primeiro ponto que é um outro órgão
que é o DMPM e que dessa forma, pela leitura que eu fiz também da sua apresentação você estar
argumentando que é de interesse de todos inclusive de todos, inclusive dos povos indígenas que este
estudo seja feito inclusive também na parte que cabe as terras indígenas então esse foi um outro
entendimento que eu fiz da sua colocação, como nos temos uma questão ai que é pelo que eu entendi
também que é, que há uma meta de ampliação desses estudos, desses mapas cartográficos, geológicos e
etc. e que nessa meta certamente incluirá em algum momento estudos dentro das terras indígenas que
fiquem entendido pela CNPI que esses estudos não têm nada haver com mineração, estou entendendo
que foi essa a sua linha ai, então estou entendendo também que estar consultando nesse sentido a
CNPI ou trazendo a informação para CNPI de que caso haja em algum momento uma solicitação uma
demanda para esses estudos que fique claro que não em nada a ver com mineração, isso tem haver
com os estudos da geodiversidade do território brasileiro.
318
Carlos – É obvio seu presidente que esses estudos ele vai aparecer os tipos de rocha rochosa lá e tal,
mas não é objeto do estudo, ai deixar bem claro aqui que eu fiz aqui foi informação entendeu, eu acho
que os povos indígenas vão continuar tendo a sua autonomia para decidir o que eu quis trazer
socializar um assunto que nos estamos tratando dentro do governo a política do governo pra que os
indígenas têm esse entendimento dessa política de governo.
Márcio, Presidente – Então se é esse entendimento, esse é o entendimento que eu fiz, se esse é o
entendimento de toda aqui a plenária se isso foi entendimento, eu queria, em primeiro lugar eu queria
louvar iniciativa do Carlão com representado aqui do ministério de minas energias e mas
especificamente da secretaria de mineração de trazer antecipadamente para CNPI essa informação,
por que às vezes a gente é surpreendido não é, quando já existe o problema, quer dizer o problema é
colocado por que, por que um técnico do governo precisa ingressar na terra indígena para fazer algum
tipo de estudo e de repente nos não sabemos qual é o estudo para que é, não só as comunidades como
a própria fundação nacional do índio (inaudível) microfone.
Fred – Desculpa, uma questão que foi colocado diante que eu coloquei e o Carlão já adiantou que é
quando a FUNAI precisar de detalhamento assim em estudo a FUNAI recorrer ao CPRM para.
Márcio, Presidente – Isso eu ia chegar lá, eu ia chegar lá é que é então eu queria primeiro fazer esse
registro eu acho que é importante que a CNPI reconheça essa iniciativa feito pelo ministério de minas
energias através do seu representante aqui o Carlão de trazer antecipadamente para CNPI essa
informação não é, até por que pode surgir essa demanda deve surgir essa demanda e a gente já saber o
que significa, alem disso ficou claro também nas suas explanação Carlão de que eventualmente esses
estudos fora mesmo das terras indígenas pode ajudar a gente identificar problemas que possa ser
causados fora da terra indígena mas que atinjam dentro de uma terra indígena, quer dizer uma
mineração que uma mineradora que alguém, alguma atividade de mineraria que estar acontecendo a
20 quilômetros da terra indígena de repente por conta do estudo geológico feito a gente vai saber eu
ela possa causar conseqüência lá na água do rio que estar dentro da terra indígena, então eu acho que
isso ai também é um dado que eu considerei e que o Fred chamou atenção para isso, muito importante
não é, então eu gostaria de registrar duas coisas, primeiro essa sugestão e ai eu acho que seria
interessante se a CNPI não se opuser a isso, interessante da proximidade o da proximidade não mas da
possibilidade de um acordo técnico da FUNAI com a CPRM que a gente possa aprofundar a mutua
contribuição, colaboração da FUNAI com a CPRM serviço geológico brasileiro eu acho que é
importante, até para que a gente possa também contribuir no plano da PNGATI que a gente chama, a
319
política nacional de gestão ambiental territorial das terras indígenas eu acho que esse é um campo que
também pode contribuir pra essa discussão, e o segundo ponto que é o fato de que caso haja a
necessidade de algum momento de ingresso desses técnicos em terras indígenas nos vamos proceder
como de praxe nos vamos proceder a consultas as comunidades indígenas de cada caso para que a
comunidade seja informada de tudo isso que você falou aqui, e nesse sentido eu acho que aqui foi
muito importante por que o representante puderam ter acesso essa informação qualificada, para que a
gente possa obter da comunidade a sua decisão sobre essa atividade, caso ela vem ocorrer, seja
necessária dentro da terra indígena, então queria saber se essa minha leitura aqui, interpretação que
eu fiz aqui da exposição e das preocupações se são essas mesmos e se alguma manifestação aqui do
plenário, Ana Paula.
Ana Paula – Eu queria ainda um esclarecimento, eu me lembrei eu acho que esse ano ou ano passado
o CIR conselho indígena de Roraima, recebeu uma solicitação de que a CPRM entrasse dentro da, as
terras indígenas na verdade do estado de Roraima não só uma ou outra mas eu acho que em varias
terras indígenas, eu acho que isso passou pela FUNAI também, e ai entra de novo para aquela minha
pergunta, já estar sendo realizados então o trabalho dentro das terras indígenas ? Por que eu me
lembro do CIR receber essa solicitação e da FUNAI também ter recebido já isso então esses trabalhos
tem 14 por cento do estado que já foi conhecido, foi por isso que eu perguntei e agora os que estar
acontecendo, esses trabalhos estão sendo continuados, se estão sendo continuados em terras indígenas
também.
Carlos – Não eu tinha uns 10 slides ali vou mostrar onde estão, onde vai ter interferência de terra
indígena, mostrei um só, quer dizer o que nos estamos fazendo é quando chega à terra indígena a
gente para, certo, ai você viu eu mostrei duas cartas de 1 para 250 mil que ai nos passamos para outro
lado fazemos o mapa e no meio da terra indígena inserido, eu tenho um ponto do lado de cá um ponto
do lado de cá, você nunca viu um mapa em branco não tem mapa em branco eu quero dizer o seguinte
o Brasil tem um conhecimento geológico na escala de 1 para 1 milhão perfeita é um banco de dado
mas moderno do mundo hoje na escala de 1 par a1 milhão só que a escala de 1 par a 1 milhão é um
centímetro no mapa ele representa em torno de 100 quilômetro mais ou menos de distancia, então
tudo que cabe de 100 quilômetro na superfície eu tenho que arrumar todinho para caber dentro de
um centímetro, então ele não serve para planejamento estratégico, quer dizer eu não tenho, o ser
humano é incapaz de perceber as nuanças o traço de uma lapiseira 0.5 já é ai 30,40,50 quilômetros
320
entendeu e eu posso estar afetando, então na realidade eu acho que numa época passada ai eu não sei
exatamente, houve acho que houve somente na época do Projeto Rondon Brasil entrou se
(ininteligível) geólogos entraram em terras indígenas na época estava na Amazonas como foi o
método como foi a consulta eu realmente não conheço isso, hoje agora nos temos o procedimento de
solicitar a entrada pela via FUNAI, FUNAI consulta as comunidades indígenas e os projetos que estava
ali eu ia mostrar se todos eles ao redor deles a gente tem o acesso da área mas não tem na terra
indígena vai ficar um vazio não fica um vazio entre aspas, por que pelo esses métodos ai a gente
consegue inferir e imaginar e trabalhar, agora na escala de 1 para 100 mil que é a escala da decisão que
ai é um centímetro ele tem um quilômetro no papel ai eu já posso colocar dados já posso fazer
planejamento estratégicos e esse convenio que estou fazendo que eu já fiz que nos estamos fazendo
com os estados é de trazer para escala de menor e subi escalas nas regiões onde os estados querem uma
determinada atividade, agora nos estamos parados, parados não assim nos estamos tentando o Marcio
faz parte lá da GEPAC como a gente estar, qual é o grande problema aqui agora que é um problema
pro Marcio é obvio também por que a FUNAI no caso, por que como a gente faz parte do PAC agora é
diferente a prestação de contas que eu faço ao governo hoje ela é diferente da outra anterior eu não
tinha, eu tinha o PPA, eu tinha 4 anos para prestar conta do meu PPA agora com o PAC qual é o meu
indicador lá no PAC, quilômetro quadrado mapeado ou linha de vôo voada, entendeu, então eu digo,
eu vou mapear durante o ano de 2009, 100 milhões de quilômetros quadrado, certo como é que você
vai fazer isso entendeu ai eu faço a minha escala de trabalho quando chega no mês que vem o pessoal
do GEPAC lá fala para eles, vocês estão atrasados ah por que na região norte choveu entendeu
(ininteligível) nos temos que esperar a janela do tempo para poder entrar na região aquele negocio
todo, você vai justificando, mas vai chegar uma hora que essas quadrículas que foram colocadas no
PAC elas vão elas vão parar eu vou chegar 80 por cento por que daí 20 por cento que vai representar
as áreas que eu diria ter um procedimento mas lento na questão da entrada dela por que vai precisar
consultar FUNAI, FUNAI vai entrar em contato com as comunidades indígenas a velocidade não é o
que o PAC quer, essa é a diferença, o problema nosso que agente não pode mapear retângulo,
triângulo, a gente tem que mapear quadriculo e ai a gente topa nesse impasse que vamos ser cobrado
lá, ai o Marcio vai ser cobrado por que estar dificultando o outro vai cobrado, mas não é o
(ininteligível) isso é uma outra historia estou só dizendo como é, por que a gente entrou no PAC a
gente agora estar com o mesmo olho nos estamos sendo cobrado com a mesma batuta que estar sendo
cobrado os outros que não é, não é por causa de mapeamentos que o Brasil vai deixar de, eu posso
esperar 3 meses 4 meses lá mas como estar dentro do PAC eles estão nos cobrando.
321
Márcio (Presidente) -Saulo.
Saulo – (inaudível) o único meio utilizado para (inaudível), microfone, então o que eu estou
colocando (inaudível) é um caso de estudo, o caso do estudo (inaudível) exatamente na consulta, no
caso da mineração (inaudível) essa é a minha primeira preocupação, a segunda preocupação
(inaudível), ou seja, pra minerado (inaudível alguns segundos), então justamente dentro desse
compreensão eu acho que não é uma coisa tão simples assim na hora que precisar para fazer à consulta
(inaudível) importante a informação e é importante também (inaudível alguns segundos) aqui ate
mesmo no estatuto a gente discutia ate mesmo (inaudível).
Carlos – Saulo concordo contigo em partes, mas eu gostaria, eu acho o seguinte, se eu sei do que eu
tenho certo se a comunidade indígena determinada ela conhece bem a sua vegetação seu solo a sua
geologia sua hidrografia ela tem muito mas condição de fazer uma avaliação daquilo que foi pedido, eu
particularmente comungo desse principio certo, outra coisa que eu acho se nos tivermos uma imagem
do real da geologia estou falando de geologia agora, vai ficar muito mas fácil a gente dizer não no
pedido de entrada numa determinada terra indígena, por exemplo, vamos imaginar que o artigo 231 o
estatuto dos povos indígenas fosse aprovado agora, e nos temos um vazio cartográfico geológico ai na
Amazônia muito grande, nos poderíamos ter uma quantidade de pedidos de abertura de processos
para mineração em terra indígena é inferências você estar entendendo e eu, se eu conhecer a região
eu quero acreditar como geólogo eu sou, eu minimizarei esses pedidos por que para cada mil pedidos
de pesquisas que as pessoas vê o mapa a Heloisa tem um mapa desses dos pedidos de pesquisa, pedido
de pesquisa é uma expectativa para cada mil, três geram ocorrência e um gera uma mina, entendeu
então olha o grau de riscos da pesquisa, você estar entendendo, então quer dizer eu jamais iria pedir
numa determinada área que parece que tem uma formulação geológica mas no mundo todo não existe
uma mina trelada aquele tipo de rocha, então eu não vou procurar aonde tem uma possibilidade
maior, eu minimizaria essa é a minha opinião, eu acho que você conhecer, quer dizer o povo que não
conhece o que não tem não pode decidir o que fazer, essa eu acho que é uma posição minha, Saulo.
Saulo – Concordo plenamente com você (inaudível alguns segundos) um conhecimento próprio, então
não é o nosso conhecimento esse conhecimento já existe (inaudível alguns segundos) agora o que eu
estou colocando é que essa ação por mais importante que ela seja, ela gera impacto, então o estudo
gera impacto, então se gera impacto (inaudível) então que aja precaução na autorização (inaudíveis
alguns minutos). 322
Márcio, Presidente – Bom como a discussão estar enveredando por um tema mas técnico, ate
esmiuçando assim político também, mas técnico também esmiuçando digamos ate que ponto o estudo
vai não vai etc., então eu sugiro o seguinte que a FUNAI e a CPRM partido do que foi apresentado
aqui que nos vamos estabelecer essa possibilidade de fazer um convenio mas próximo e ao longo desse
processo nos vamos poder informar CNPI com mais detalhe desses, e poder tomar uma decisão um
pouco mas substanciosa sobre esse processo de qualquer forma estar valendo a legislação atual sempre
e quanto não for aprovado o estatuto para que qualquer pessoa ingresse na terra indígena para fazer
qualquer tipo de atividade terá que ser consultada a comunidade e explicado para comunidade, todas
as digamos medidas que serão tomadas e os impactos que elas terão para que a comunidade tome a sua
decisão sobre a autorização desse ingresso, então obrigado Carlão pela apresentação realmente o Saulo
tem razão eu gostaria de ter sido o teu aluno ser teu aluno por que é realmente é um bom professor
mesmo, esse ponto era o ultimo ponto da nossa pauta eu queria consultar aqui a Teresinha se tem
algum encaminhamento, ela estar no celular, (inaudível) então nos estamos fechando a nossa pauta e
só temos os encaminhamentos finais aqui já com relação a próxima reunião e com relação a outros
assuntos, Titiah.
Titiah – De repente, boa tarde eu queria ver como que vai ficar a questão lá do parente de coroa
vermelha do estremo sul, eu estou aqui com a copia da carta, eu queria ver qual é o encaminhamento
que nos vamos dar daqui para frente.
Márcio, Presidente – Esse assunto de coroa vermelha o Titiah me falou ontem e a gente pode depois
ver não foi tratado aqui no plenário mas ele me relatou ontem a situação foi relatado ontem a situação
lá grave, alguma situação que estar acontecendo lá de segurança e nos podemos tratar desse assunto
foi, Sandro quer fazer algum comentário? Sandro.
Sandro – (inaudível alguns segundos) e dentro da bancada indígena a gente estava querendo
(inaudível) para que haja uma força tarefa no sentido (inaudível) proibir (inaudível) que realmente
uma força tarefa realmente pela policia federal para que normalmente que possa minimizar o impacto
que estão sofrendo no cotidiano (inaudíveis alguns segundos).
Márcio, Presidente – Essa solicitação feita por documento e entregue a CNPI acolhida pela CNPI, por
isso que eu estava entendendo como foi tratada ontem conversei também com Titiah ontem o
documento foi entregue a CNPI, o entendimento que eu faço, é que o documento foi entregue foi
323
acolhido pela CNPI foi respaldado pela plenária para que a presidência da CNPI tome providencia no
sentido que a policia federal o que for necessário ser feito seja feito com máximo de urgência lá na
região, então esse é um entendimento que nos temos desde ontem, Saulo.
Saulo – (inaudível), importante constatar em ata (inaudível alguns segundos) que possa pensar na
construção (inaudível) que se tenha uma atuação definida (inaudível alguns segundos) a própria
Gerusa demonstrou preocupação (ininteligível) forma que foi formulada (inaudíveis alguns minutos).
Márcio, Presidente – Na verdade eu vou passar para a doutora Alda responder por que eu confesso
que essa semana nos estamos aqui eu presidindo aqui há reunião o tempo todo eu não tive nem
condição de acompanhar nada relativo a essas digamos assim, lá em Brasília as discussões lá na área
jurídica na GU, então eu acho que a doutora Alda talvez tenha a informação que eu não tenho.
Alda – Presidente eu não tenho, assim também eu estou aqui essa semana e eu soube bom procede
realmente que estar sobre o ministro Menezes Direita havia pedido vista e estava e ai de lá para cá,
quer dizer depois desse aparecimento não sei se houve uma distribuição desse processo para outro
ministro eu creio que não, e agora também tem um outro dado um lado dado até que eu acho até
interessante, porém o nosso ministro hoje ainda advogado geral da união Antofilo estar indo pro lugar
assumir a vaga do ministro Menezes (ininteligível) obviamente todos os processos que estão nesse seu
gabinete, passaram a ser distribuído para o ministro que antecede, e daí mas nesse caso eu tenho já um
grande receio é bom para nos por eu nos conhecemos muito bem o posicionamento do ministro
Antofilo a respeito das questões indígenas um homem extremamente sensível, mas tem um problema
ele defendeu em juízo tanto tempo essa questão, eu não sei se nessa da CO dessas do Pataxó ele vai
poder se manifestar, ele poder pegar o processo e julgar por que pode ser que ele se de por impedido
por que ele falou com a AGU o advogado geral da união então fica uma coisa eu creio que ainda estar
em suspense, o Saulo você soube que já foi colocado novamente em pauta é isso que você ia me falar.
Saulo - (inaudíveis alguns segundos).
Alda – Seja exatamente em função da paralisação de todo o processo que estar no gabinete do ministro
Menezes (ininteligível) estava ele estar sobre estado até que o próximo que eu creio que é do ministro
(ininteligível) assuma e comece a trabalhar nos processos ai sim (ininteligível) mas é isso mesmo.
Márcio, Presidente – Bom nos temos aqui uma questão para encaminhar que é a escolha dos três
membros da subi comissão de cultura e comunicação do governo e da bancada não governamental,
uma bancada indígena não governamental não sei se, obviamente que não deu tempo da gente tratar 324
de vocês poderem ver esses nomes mas não sei se a gente poderia nesse momento estabelecer aqui
rapidamente um tempo para poder definir esses nomes e a gente poder aprovar aqui (inaudível) por
que a gente já quer que seja aprovado aqui e já vai chamar para uma reunião a subi comissão de
cultura e comunicação a bancada indígena tem que escolher três nomes, três titulares (inaudível)
(ininteligível) quer perguntar?
Não identificado - (inaudíveis alguns minutos).
Márcio, Presidente – Obrigado (ininteligível).
Não identificado - (inaudíveis alguns minutos).
Márcio, Presidente – Certo. Com certeza, obrigado (ininteligível) só dar um esclarecimento que
(ininteligível) tem razão numa coisa ai e nos tomamos uma decisão na CNPI de que a subi comissão
iria lá com os Caiapós para poder explicar fazer uma explicação mas detalhada do estatuto dos povos
indígenas, nos tínhamos marcado já estava agendada essa ida quando o presidente Lula fosse lá, só por
conta de ter sido adiado a ida do presidente lá, por questões de agenda do presidente a comissão
acabou também não indo, então eu queria propor que essa comissão a subi comissão a gente faça
novamente essa agenda e independente a ida do presidente por que se não a gente acaba não
cumprindo essa missão eu só queria sugerir para (ininteligível) uma coisa (ininteligível) que a gente
pudesse fazer essa reunião fora da terra indígena um lugar lá uma cidade próxima, e ai trazer as
lideranças lá para perto, não sei se para você seria alguma problema mas eu acho que seria mas fácil
para a gente poder fazer a reunião, em vez de fazer em alguma aldeia fazer numas das cidades
próximas lá pode ser Tucumã pode ser, alguma outra cidade lá próxima para poder fazer a reunião, por
que facilita para o transporte locomoção logísticas e etc. mas isso pode ser discutido depois com a
secretaria executiva sobre essa questão logísticas, e com relação há questão da saúde esse tema não
estava na pauta de hoje aqui, nos estamos acompanhando esse ponto tanto eu como o presidente da
FUNAI o doutor Vanderlei também estar acompanhando temos um grupo de trabalho e em breve nos
teremos alguma posição espero na casa civil do ministério do planejamento sobre esse tema. Bom não
sei se já ouve ai alguma definição dos nomes ai da subi comissão de cultura, então vamos dar um
tempinho ai de 10 minutos para que a bancada indígena possa escolher três nomes e o governo
também vai aqui poder define os seus três nomes.
Teresinha/SE – Só uma questão de ordem eu pediria que o pessoal não dispersasse por que eu tenho
alguns encaminhamentos a dar aqui no final para não dispersasse.
325
Márcio, Presidente – Todo mundo volta para cá para gente poder ainda (inaudível) apresentar os
nomes e encerrar a reunião, 10 minutos
Márcio, Presidente – Tem um convidado permanente da subcomissão ele não é, só não é partes dos
três por que como ele não é formalmente membro da CNPI o Ministério da Cultura não pode ser
titular mas o ministério da cultura será um convidado permanente da Subcomissão de Cultura e
Comunicação, certo, fica provado então a composição da subi comissão e aprovado também de que
essa subi comissão deve marcar uma reunião próxima para tratar de assunto relativo,usar a política
desse campo e mais proximamente da conferencia ou das conferencias de que vão estar realizando não
é, para tratar dessa agenda toda ai relativa a cultura e comunicação da parte do governo também o
companheiro Carlão se colocou a disposição para participar como convidado por uma razão muito
simples, ele é musico ele canta ele é artista certo, estar bom, então o Lindomar também eu acho que
vai ser convidado sempre também para participar que é o nosso musico oficial, estar certo, então vai
ter que escolher quem é o coordenador, no dia da reunião a gente escolhe, no dia da reunião eu e
vocês vão escolher quem é o coordenador de vocês ai e nos do governo vamos escolher o nosso
coordenador, certo, estar bom, então com isso nos concluímos a nossa reunião certo, eu quero
agradecer a presença de todos, participação de todos, a dedicação de todos daqui, já vou passar a
palavra Caboclinho, agradecer a participação de todos mas uma vez, considero que essa reunião
extraordinária foi muito frutífera, muito produtiva, nos conseguimos é cumprir uma pauta uma
agenda que ficou atrasada durante muito tempo por que toda vez a gente tinha a discussão do estatuto
nos últimos tempos então a gente conseguiu três dias realmente com um trabalho muito dedicado
cumpriu uma boa parte da pauta que estava atrasado, então nos vamos ter ai um, ganhamos bastante
com isso e queria agradecer então muitos por esse esforço agradecer o governo do Acre que nos
recebeu aqui com todo bom acolhimento, com toda dedicação, com carinho, agradecer o Toya que é o
nosso representante do Acre na comissão que também, digamos assim ele que foi inclusive o quem
provocou a primeira, essa vinda dessa reunião extraordinária aqui pro Acre, queria agradecer a nossa
companheira Teresinha nossa secretaria executiva, toda equipe da secretaria executiva por esse
esforço de sempre, para que a gente possa ter realizado essa reunião aqui, e dizer que vamos ter ainda
a nossa reunião nos temos ate o final do ano ate dezembro numa longa caminhada, e vamos ter muitas
batalhas e vamos ter a nossa ultima reunião em dezembro e a gente tem ai como definir ao longo do
processo, nas próximas semanas a gente definir já alguma proposta de pauta para próxima reunião,
tem o Caboclinho e a Pierlangela estão querendo colocar falar, Titiah falar algumas coisas ainda,
Caboclinho.
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Caboclinho – Caboclinho região Nordeste Leste, presidente eu também queria agradecer em nome do
meu povo Potiguara o acolhimento que foi dado aqui no Acre principalmente pela pessoa do Toya
pessoa que teve com nos assim dia e noite praticamente, obrigado Toya, agora o que eu queria ver
como era já dar um indicativo da próxima reunião da CNPI, já que o estado do Mato Grosso do Sul
estar passando por uma situação um pouco complicada eu diria até complicada demais e a próxima
reunião a gente olhar essa possibilidade e se fazer a próxima reunião da CNPI em Mato Grosso do Sul.
Márcio, Presidente – Certa próxima, a sugestão do Caboclinho fica registrada, Pierlangela, depois
Titiah depois Toya.
Pierlangela – Como nos não falamos do estatuto mas ficou e eu queria aproveitar a presença da
Teresinha ai ficou marcado um seminário para gente realizar e ai nos marcamos para esse mês mas
conversando nos estamos remarcando ele para o inicio de novembro, inicio de novembro para fazer
essa articulação sobre a questão do estatuto é um seminário sobre o estatuto novamente, então queria
só registrar que ficou para o inicio de novembro e para ver a disponibilidade de recursos financeiros
para realização desse seminário, conforme já foi aprovado nas reuniões anteriores.
Márcio, Presidente – Titiah.
Titiah – Titiah representando a região Nordeste e Leste, seu presidente queria desde já agradecer a
vossa excelência agradecer a todos aqui agradecer os parentes aqui da casa o Toya o secretario
Francisco por nos acolher aqui um bom tratamento no período que nos ficamos aqui nessa reunião,
mas desde já também queria deixar registrado para fortalecer nos membro indígena da CNPI que na
próxima reunião se tiver algum calendário para o ano que vem que começa já mapear nas regiões em
outras regiões que ainda não foi criada a reunião da CNPI que isso é um caminho de reforçar a gente
nas nossas localidades elevando um reconhecimento da CNPI nas regiões, que ai fortalece não só nos
mas aquele povo e a própria CNPI e também (ininteligível) fortalecer que a Pierlangela já colocou nos
precisamos desse seminário para ver a questão do estatuto e também ter um reconhecimento em
algumas leis que precisamos nos mesmo da bancada indígena precisamos estar reconhecendo para
defender o nosso direito e o direito do nosso povo, obrigado.
Márcio, Presidente – Obrigado Titiah, o Toya depois do Toya o Anastácio depois o Sandro e depois o
Arão e agora o Basílio (inaudível) rapaz tem um pessoal quês estar cobrando aqui embora presidente
termina logo esse negocio ai (inaudível).
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Toya – Esses cabras estão muito avexado, Boa tarde em primeiro lugar gostaria de agradecer em nome
das organizações indígenas e em nome de Luis Loqueir que é um das lideranças jovem o Joel Apoanaia
que é um dos vereadores bastante eficiente no município dele, Anchieta Arara e Francisca aqui dos
movimentos de mulheres, para nos foi uma grande honra trazer uma comissão nacional de política
indianista para cá, por que nesses últimos tempos não tinha acontecido alguma coisa diferente em
nosso estado na questão de políticas não é, mas do governo federal e a CNPI demonstra que há uma
nova forma do estado trabalhar a problemática indígena, bem aqui no nosso estado também se iniciou
isso com o governo Jorgeano é claro que tem falhas na implementação mas é um caminho que estar se
trilhando para que o desenvolvimento do estado não venha ferir as questões dos direitos dos povos
indígenas, mas que o estado e os povos indígenas possa sempre caminhar de como um acordo
pactuando seus projetos de vida e dizer presidente que para mim é uma grande honra estar recebendo
toda a bancada indígena e a bancada do governo também que se não fosse todos provavelmente nos
não teria acontecido essa reunião aqui e uma outra coisa dizer que, que para os povos indígenas é
bastante interessante a questão da aliança se nos tivermos a aliança nos podemos construir o mundo
que a gente quer e como disse Carlão é preciso conhecermos onde a gente pisa que é para a gente
poder elaborar os nossos projetos se a gente não conhece o espaço geográfico que nos utilizamos nem
o potencial de riqueza que nos temos como que nos vamos poder planejar o futuro em nosso povo e
lembro aqui a questão por exemplo do próprio (ininteligível) antes não sabia de nada o que existia nas
comunidades indígenas, através desse levantamento é possível elaborar projetos de vida da própria
comunidade a própria comunidade conhecer o que tem lá dentro, claro que é bem menos do que
apresentação que o Carlão fez mas é um indicativo da construção de um trabalho em comum acordo,
obrigado.
Márcio, Presidente – O próximo eu não anotei aqui, Anastácio.
Anastácio – Anastácio (inaudível) eu quero reforçar de novo o convite da CNPI para Mato Grosso do
Sul por que é uma necessidade por causa de agrado ou não, sabemos que vamos encontrar muita coisa
lá, vai ter o apoio que nos tivemos aqui no Acre mas precisa eu acho que a CNPI foi feita para estar
aonde ela é chamada de coisas de necessidade (inaudível) eu quero forçar o convite (inaudível) ao
presidente (inaudível) e também quero agradecer em nome do Toia o Acre por ter acolhido a gente
aqui principalmente de Rio Branco e eu também tem conhecimento de outras coisas que eu não
conhecia que isso para mim faz parte vai fazer parte do meu currículo para gente apontar uma coisa e
pedir também que encarecidamente pros governantes (inaudível) até o governo federal que cuida
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muito desse povo que ainda não teve contanto que talvez a gente queira agradar demais (inaudível
alguns segundos) depende muito de nos (inaudível alguns segundos) muito obrigado.
Márcio, Presidente – Obrigado Anastácio, próximo é o Sandro.
Sandro – (inaudível) eu queria encarecidamente a bancada do governo (inaudível) desde que
aconteceu o primeiro acampamento de terra livre aconteceu (inaudível alguns segundos) agora eu
acho que é um outro cenário talvez aqui em primeiro momento eu estou solicitando a outra reunião
extraordinária agora (inaudível) para o final do ano passado (inaudível) mas agora eu acho que é outra
realidade outro momento eu peço encarecidamente a bancada de governo que (inaudível) essa
solicitação esse pleito da bancada indígena é para que seja a próxima reunião lá no Mato Grosso do Sul
(inaudível) e uma outra questão eu queria lembrar o presidente e todos que estão aqui que essas
ultimas falas (inaudível) das áreas indígenas (inaudível) e agradecer em nomes dos parênteses do Acre
o Adriano que tiveram todo tempo aqui conosco , participando (inaudível) da CNPI da pessoa do Toya
é um prazer estar aqui e agradecemos a colhida (inaudível).
Márcio, Presidente – Arão.
Arão – Presidente eu prometo que vou ser breve também é um minuto só, bom como já foi feito os
agradecimentos mas eu queria fazer um agradecimento especial ao Toya que foi o mentor intelectual e
trouxe a CNPI para cá mas também estender aqui o agradecimento ao Francisco que estar aqui
representando o governo e representando muito bem inclusive tem acompanhado atentamente ai as
nossas proposições e as aprovações também encaminhadas aqui, e eu só tenho que agradecer e
também aos parênteses que retorna aos seus lares aos braços de suas esposas que estão lá aguardando
com certeza com muito cuidado e as casadas também aos braços dos seus maridos dos seus esposos as
mulheres falando da minha parte vou fazer isso que estou, não agüento mas duas semanas fora de casa
é um perigo, mas seu presidente eu queria fazer aqui um pedido mesmo que fora da agenda aqui, eu
queria como não foi aberto aqui a pauta para questão da saúde eu queria um encaminhamento talvez
na próxima reunião que o presidente do fórum e o representante do (ininteligível) fizesse parte como
convidado nas reuniões da CNPI até para gente não ter essas idéias e esses encaminhamentos
diferenciados é uma proposta que eu tenho para que a gente pudesse legitimar.
Márcio, Presidente – Essa questão ai Arão ela foi decidida já algum tempo e todas as reuniões nos
convidamos esses representantes, todas como convidados.
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Arão – Bom então vamos reformar mas uma vez de repente, vamos reforçar, quem sabe próximo ao
natal ai eles apareçam e no mas parentes muito obrigado e estou agradecido e só isso mesmo boa tarde.
Márcio, Presidente – Obrigado, Basílio.
Basílio – (inaudível) eu queria agradecer o Toya e todo o pessoal aqui do Acre, nossos irmãos, o
Francisco o Meireles todo o pessoal que estar aqui que colaborou, ajudou, sugeriram idéias (inaudível)
eu acho que foi um experiência para mim muito interessante pra mim que sou lá do Sul vim aqui no
Acre, aprendi muita coisa e eu quero agradecer pelo Álvoro bem tranqüilo e muito educado
(inaudível) então para mim foi uma experiência boa e eu convido vocês (inaudível alguns segundos)
então muito obrigado.
Márcio, Presidente – O ultimo inscrito é o Lindomar.
Lindomar – Bom, desculpa, primeiro eu gostaria de agradecer a Deus por ter (ininteligível) a nossa
vinda e também pedir a ele (ininteligível) volta, basta atravessar todo o pais da forma que a gente
atravessou (ininteligível) de Sergipe até aqui, quero agradecer aqui os parentes do Acre ao especial
nosso companheiro (ininteligível) primeiro gostaria também de (ininteligível) a ausência de alguns
membros do fórum (ininteligível alguns minutos) um momento de uma nova eleição com certeza esse
final de ano estar se elegendo uma nova diretoria (ininteligível) tenho certeza que na próxima ira
fazer parte (ininteligível) e também acrescentar o convite a proposta do Aron (ininteligível alguns
segundos) eu gostaria o senhor como presidente pudesse estar ajeitando (ininteligível alguns minutos)
faço parte do GT um grupo de trabalho (ininteligível) a pressão (ininteligível) acontecer o seminário o
seminário já aconteceu (ininteligível alguns segundos) muito obrigado.
Márcio, Presidente – É capitão, eu já tinha encerrado a inscrição mas rapidinho, em respeito ao
Capitão.
Capitão – Queria agradecer a eficiência da Teresinha, muito bem, nota 10, Ao senhor também eu
quero agradecer ao senhor também.
Márcio, Presidente – Eu? Obrigado, muito obrigado. Bom antes da gente encerrar a professora
Pierlangela quer fazer um convite especial aqui rapidamente.
Pierlangela – Já antecipando o convite para 2010 dias 13 a 17 de abril vai ser a grande festa da
comemoração da Raposa Serrado do Sol então estão todos convidados, independente se seja comissão
ou se já tenhamos o conselho sejas vocês do conselho ou não vocês estão convidados então já tenha 330
que se programar aqui, e queria antecipar por que se desse para realizar uma extraordinária nesse
período lá por que o presidente Lula vai esta lá também, já faço o convite e essa solicitação se der para
fazer a extraordinária nesse período lá, e o presidente Lula já confirmou então todos estão convidados,
obrigado.
Márcio, Presidente – Bom o convite estar feito eu acho que essa proposta tem que ser considerada
também assim como a proposta também do Mato Grosso do Sul vai ser considerada também então nos
vamos analisar ai essa agenda para considerar também essa questão, então.
Não identificado – Presidente só um pedido, eu sei que eu sou chato é por que eu sou de 7 meses, é
por que muito de nos aqui eu inclusive não tive nem como adquiri um pen drive que é baratinho o
meu estragou e tudo mas tem informação importante que foram apresentados aqui que nem todos
estão tendo condição de levar isso documentado, eu queria sugerir para Teresinha que ela pudesse nos
enviar isso através dos e-mails, com certeza, que vai servir de base lá para gente.
Márcio, Presidente – Se não for possível por e-mail vai ser entregue através de um DVD, certo
gravado DVD e passado para todo mundo todas as informações.
Não identificado – Esta certo, só pra reforçar aqui o pedido da parente de Pierlangela que o senhor
atente bem para essa data que para nos alem de ter sido uma vitória histórica é uma marca histórica
também da CNPI e fazer presente lá na comemoração e eu tenho certeza que o senhor não vai ser
candidato a governador, por tanto vai ter espaço para ir ate lá, obrigado.
Márcio, Presidente – Com certeza, eu não sou candidato a governador pode ficar tranqüilo, eu queria
agradecer mas uma vez aqui eu queria agradecer ao governo do estado do Acre aqui representado pelo
secretario o status de secretario a assessor de assuntos indígenas que aqui representa o governador do
Acre por telo recebido aqui termos nos acolhido aqui no Acre agradecer o Toya novamente que é o
nosso representante do Acre na CNPI e aproveitando para dizer para todos os indígenas que estão aqui
do Acre estão nos assistindo aqui, testemunhar para vocês o seu representante na CNPI o Toya tem
sido um representante assíduo que sempre defende leva as questões do Acre para CNPI que tenha
defendido sempre os interesses dos povos indígenas aqui do Acre, então o testemunho que eu estou
dando aqui para vocês por que nem sempre, as vezes as pessoas ficam sabendo a reunião da CNPI
acontece lá em Brasília e ai perde muita gente ata acha que o cara estar viajando para lá para passear,
não estar não, estar lá para trabalhar estar participando das nossas reuniões lá ativamente, então eu
queria testemunhar isso para vocês aqui para eles saber que essa é uma reunião, vocês viram, tiveram
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oportunidade de assistir e virão aqui como nos trabalhamos e trabalhamos mesmos, então eu queria
registrar isso e mas uma vez agradecer a todos e desejar um ótimo fim de semana uma boa viagem de
volta para as suas digníssimas esposas e digníssimos esposos como disse o Arão e um bom final de dia
ainda e noite, Teresinha tem alguns encaminhamentos práticos aqui.
Teresinha – Bom eu não poderia deixar de agradecer também ao componentes da Secretaria-
Executiva, por que o pessoal tem agradecido a secretária-executiva, mas a secretária-executiva e o
trabalho todo aqui não é feito só por mim, então os agradecimentos que vocês se dirigiram a mim, eu
gostaria de também de estender a Graci, a Karla, e nessa reunião também excepcionalmente nos
tivemos a participação especial de outras pessoas que foi Salete - Chefe de Gabinete da Funai, que veio
comigo desde a precursora, Jaqueline da presidência da FUNAI e o Mayson, a Leia, o Fred, a Leia
desculpe, é que a Leia faz parte conosco também, mora no nosso coração Leia, você também estar ai
desculpe que eu esqueci ... então assim, a secretaria-executiva não funciona somente comigo mas com
toda a equipe. Agradecer o pessoal da FUNAI que veio colaborar, o pessoal aqui de Rio Branco enfim
todo o pessoal que trabalhou junto conosco na secretaria-executiva... na organização.
Bom quanto ao seminário que a Pierlangela coloca que foi decidido, eu já entrei em contato nos
estamos no final da nossa grana do nosso recurso.Temos que garantir a nossa ultima reunião ordinária
do ano que é em dezembro eu pedi uma suplementação ao ministério que o ministério repasse mais
para a FUNAI. A questão das diárias e de passagens eu não obtive a resposta mas eu garanto para vocês
que assim que eu tiver a resposta eu já entro contato via e-mail com vocês ou via telefone, lembrar
que daqui até dezembro a nossa próxima reunião nos temos que planejar o ano que vem, então tudo
que nos vamos fazer o ano que vem, no ano 2010 nos temos que discutir ou então ao menos fazer um
pré planejamento para gente conseguir garantir o recurso para a gente tocar todo o ano que vem. Eu
devo apresentar ao ministério ponto a ponto se vai ter seminário... Quantas reuniões ordinárias e
preferencialmente eles estão pedindo um calendário já do ano, aproximado é lógico, tipo assim
reunião de dezembro... enfim um planejamento geral para o ano todo, já tem alguns pontos, tipo assim
a Pierlangela coloca o da Raposa Serra do Sol. Então a gente já vai colocar, mas em dezembro na
próxima reunião eu vou pedir um ponto de pauta para que a gente faça um planejamento de 2010.
Bom outro ponto aqui seria, antes que eu esqueça alguém esqueceu dois pen drive grudado no outro
na sala da secretaria executiva peço que procure comigo. Obrigado pela participação de vocês todos.
Márcio, Presidente – Um grande abraço na todos.
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