Transcript
  • Marcelo Franco Porto

    Universidade Federal de Minas Gerais

    [email protected]

    Modelo de cálculo de custos, implementação e geração de relatórios do Sistema Transcolar Rural – estudo de caso de municípios do estado de Minas

    Gerais/Brasil

    Nilson Tadeu Ramos Nunes

    Universidade Federal de Minas Gerais

    [email protected]

    Aline Anacleto Machado

    Universidade Federal de Minas Gerais

    [email protected]

    Lucas Vinicius Ribeiro Alves

    Universidade Federal de Minas Gerais

    [email protected]

    Bárbara de Oliveira Lara

    Universidade Federal de Minas Gerais

    [email protected]

    Patrícia Baracho Porto

    Universidade Federal de Minas Gerais

    [email protected]

    Leandro Cardoso

    Universidade Federal de Minas Gerais

    [email protected]

    Renata Maria Abrantes Baracho

    Universidade Federal de Minas Gerais

    [email protected]

    1500

  • 8º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO PARA O PLANEAMENTO URBANO, REGIONAL, INTEGRADO E SUSTENTÁVEL (PLURIS 2018) Cidades e Territórios - Desenvolvimento, atratividade e novos desafios

    Coimbra – Portugal, 24, 25 e 26 de outubro de 2018

    MODELO DE CÁLCULO DE CUSTOS, IMPLEMENTAÇÃO E GERAÇÃO DE

    RELATÓRIOS DO SISTEMA TRANSCOLAR RURAL – ESTUDO DE CASO DE

    MUNICÍPIOS DOS ESTADOS DE MINAS GERAIS/BRASIL

    M. F. Porto, N. T. R. Nunes, A. A. Machado, L. V. R. Alves,

    B. de O. Lara, P. B. Porto, L. Cardoso, R. M. A. Baracho

    RESUMO

    O projeto Transcolar Rural foi desenvolvido segundo a necessidade de melhora do sistema de

    transporte escolar em áreas rurais. Muitos alunos residentes no campo estão em atraso escolar

    e possuem baixo rendimento, fato que pode ser explicado pela dificuldade de deslocamento

    dos estudantes até as escolas. Municípios do estado de Minas Gerais têm aderido ao sistema

    através de um convênio com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) a fim de

    implementar o Transcolar Rural em seus contextos locais. Após a conclusão dos estudos,

    coleta de dados, e formatação do banco de dados, novas rotas de transporte escolar são

    geradas pelos modelos de otimização do projeto. Com as viagens definidas, é feito o cálculo

    de custos e confecção dos relatórios com as informações geradas, sendo esses dois processos

    o objeto deste artigo. O sistema objetiva diminuir os custos de operação, tanto do próprio

    programa, quanto da execução das rotas pelos operadores, a fim de produzir resultados a

    serem utilizados no planejamento do serviço.

    1 INTRODUÇÃO

    O direito à educação é uma garantia plena ressaltada no Artigo 205 da Constituição Federal

    brasileira, sendo um dever do Estado e da família, tendo em vista o pleno desenvolvimento do

    cidadão e seu preparo para o exercício da cidadania e qualificação do trabalho (BRASIL,

    1988). Mesmo após o intenso processo de urbanização que ocorreu no Brasil, ainda existem

    muitas famílias que residem no meio rural. Segundo o censo de 2010 do Instituto Brasileiro

    de Geografia Estatística (IBGE), a população rural brasileira representa 15,64%, sendo que a

    população com idade de 0 a 14 anos corresponde a aproximadamente 24% (IBGE, 2010). Em

    relação à educação, a pesquisa sobre analfabetismo apontou uma taxa de 6,8% para população

    urbana e 21,2% para população rural.

    Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2001, 72% dos alunos

    residentes no campo estavam em situação de atraso escolar (BOF, 2006). “Evasão escolar,

    baixo nível de instrução, repetência e defasagem idade-série são indicadores fortemente

    presentes na educação dessa população” (MARTINS, 2010). O censo escolar de 2013 mostra

    que o número de escolas em áreas rurais diminuiu entre 2003 e 2013 (INEP, 2013). O

    fornecimento de transporte escolar gratuito é um instrumento importante para prevenir a

    evasão escolar. Partindo do cenário onde o governo oferece este serviço, a melhoria do

    sistema e redução dos custos é essencial para desenvolvimento do país e garante melhor uso

    dos recursos públicos.

  • A locomoção é uma necessidade indispensável para a realização de várias atividades humanas

    em sociedade, sendo a educação uma das mais importantes. Muitos investimentos são feitos

    no setor de transportes à medida que os grandes centros urbanos crescem; contudo, tais

    investimentos não são vistos com tanta intensidade no meio rural, devido à baixa demanda,

    grandes distâncias e precariedade de grande parte das vias. A necessidade do transporte é

    ainda mais intensa em áreas rurais devido à sua distribuição espacial e dispersão populacional.

    Com dificuldade de acesso a serviços públicos, a qualidade de vida da população do referido

    meio é precária em comparação com moradores de grandes cidades.

    Para garantir o acesso e permanência dos estudantes nas escolas, é imprescindível desenvolver

    programas com o objetivo de assegurar, entre outros aspectos, o transporte dos alunos à

    educação. Estudos realizados pelo FNDE mostram que mais de 4,8 milhões de estudantes da

    rede básica de ensino público residentes em área rural dependem do transporte para a escola

    todos os dias (FNDE, 2017.c). Nesse contexto, o projeto Transcolar tem como objetivo

    principal a otimização do serviço de transporte rural de alunos estaduais e municipais, visando

    a melhoria do atendimento e redução dos custos do serviço e melhor utilização dos recursos

    públicos.

    Soluções tradicionais de sistemas de transporte podem ser úteis a curto prazo, uma vez que

    possuem baixo custo e são facilmente implementadas, podendo fornecer valores

    suficientemente aproximados aos reais sem a necessidade de estudos adicionais e menor custo

    de implementação. Em contrapartida, sistemas de transporte inteligentes (ITS), apesar de

    requererem maior esforço inicial e investimentos, emergem uma nova forma de trabalhar

    partindo do princípio da comunicação e troca de informações para maior mobilidade,

    sustentabilidade e segurança. Muitas são as peculiaridades que permeiam o transporte de

    alunos em áreas rurais, principalmente relacionados a consumo de combustível, lubrificantes,

    pneus e manutenção, devido à natureza das estradas (em grande maioria sem pavimentação

    adequada) e o estado das mesmas. Métodos tradicionais utilizam coeficientes fixos para cada

    tipo de veículo, sendo que a melhor alternativa é adaptar os coeficientes em uma função de

    acordo com as características da via (inclinação, tipo de pavimento, condições, etc.) (NETO,

    2016).

    O projeto Transcolar foi desenvolvido com o objetivo de auxiliar os respectivos órgãos de

    educação de municípios do estado de Minas Gerais na gestão do transporte escolar de alunos

    residentes na zona rural. O sistema faz o diagnóstico do transporte e propõe as melhores rotas

    de acordo com os parâmetros de entrada. O projeto, que fo inicialmente desenvolvido para

    Minas Gerais, foi aplicado no estado do Espírito Santo e encontra-se em fase final de

    implantação. O recurso inical para estudos do mesmo foi financiado pelo Fundo Nacional de

    Desenvolvimento da Educação (FNDE), em parceria com a Universidade Federal de Minas

    Gerais (UFMG).

    O sistema desenvolvido no projeto é feito para operar independentemente, sendo necessário

    dispender recursos apenas para sua implantação e eventuais manutenções. O desenvolvimento

    deste trabalho foi feito segundo a necessidade de automatização de processos de cálculo de

    custos e geração de relatórios baseados nas informações geradas pelas demais fases do

    processamento. Este procedimento visa facilitar o uso da ferramenta e otimização de recursos.

  • 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

    O transporte escolar rural gratuito atua como um acessório do direito ao ensino público,

    possibilitando o acesso e permanência do aluno na escola. Diferentes políticas vêm sendo

    desenvolvidas ao longo do tempo a fim de democratizar o acesso ao sistema educacional e

    melhorar a educação pública. Neste contexto, o Programa Nacional de Apoio ao Transporte

    Escolar (PNATE) busca oferecer recursos para o transporte de alunos da rede de educação

    básica pública residentes em áreas rurais que necessitam do serviço (FNDE, Portal do FNDE -

    PNATE, 2017.a). Dados de 2014 apontam mais de 4,5 milhões de alunos beneficiados e mais

    de 5 mil municípios atendidos.

    No trabalho de Santos (2010), o transporte escolar rural no Brasil é tratado como um

    instrumento de garantia de educação igualitária e de qualidade para todos os Brasileiros.

    Várias são as leis, diretrizes, planos e estatutos que estabelecem ações políticas necessárias

    para que o transporte escolar seja utilizado no sentido de garantir o acesso à educação e

    reduzir as desigualdades (SANTOS, 2010). Uma descrição geral do transporte escolar rural

    brasileiro é feita no artigo de Carvalho et al. (2010), com a descrição de condições

    operacionais (viagens e veículos) e dos usuários, os impactos no desenvolvimento escolar e o

    papel do estado e município no fornecimento deste serviço.

    Diversos trabalhos sobre o Transcolar já foram escritos desde a sua concepção, em 2012. É

    descrito como iniciativa do governo do estado de Minas Gerais com o objetivo de gerar uma

    solução para o problema do transporte escolar no estado. A justificativa é encontrada na

    necessidade de otimizar o uso de recursos, melhoria da metodologia de condução de pesquisas

    padronização dos veículos usados no transporte, entre outras ações relacionadas (PORTO,

    SARUBBI, THIERY, SILVA, & NUNES, 2015).

    O artigo de Porto et al. (2017) descreve o projeto Transcolar, segundo a implementação no

    sistema de transporte escolar rural do estado do Espírito Santo. Os autores descrevem a

    ferramenta como otimização, gerenciamento e controle de rotas e cálculo de custo de

    transporte baseado em um sistema de informações geográficas reais dos municípios. A

    plataforma GIS utilizada permite tratamento dos dados georreferenciados e visualização

    espacial, que permite identificar e corrigir inconsistências nas informações.

    O artigo de Porto et al. (2016) destaca a importância do desenvolvimento de Sistemas de

    Transporte Inteligentes (ITS) para gerenciamento de sistemas a longo prazo. Uma grande

    variedade de soluções pode ser desenvolvida a partir de tecnologias existentes ou mesmo com

    o objetivo de adaptações de funcionalidades. O artigo visa sugerir a infraestrutura mínima

    necessária para implementação de uma solução e destaca os desafios e limitações encontradas.

    O trabalho de Sarubbi et al. (2014) faz uma introdução ao tema e propõe um modelo

    matemático e um algoritmo para resolver a etapa de geração de rotas. O estudo de caso foi

    aplicado para o estado de Minas Gerais, com a base de dados do município de Governador

    Valadares. O objetivo foi reduzir a distância total percorrida por uma rota heterogênea de

    ônibus escolares (SARUBBI, SILVA, & PORTO, 2014).

    O trabalho de Porto et. al. (2015) desenvolve metodologia de geração de rodas utilizando o

    método de roteamento de veículos (VRP). O mesmo apresenta a formulação matemática para

  • o problema utilizando programação. Com uma base de dados similar e adaptações

    necessárias, a solução pode ser aplicada para qualquer outra localidade.

    O trabalho de Neto (2016) descreve em detalhes o procedimento e premissas de cálculo de

    transporte de pessoas com o estudo de caso do estado do Espírito Santo. Em suma, o valor

    final é a soma de custos fixos (que incluem combustível, lubrificantes, rodagem de pneus e

    manutenção) e variáveis (que incluem salários, depreciação e remuneração do veículo,

    seguros e impostos) do veículo. Se um veículo executa várias viagens durante o dia, o custo

    fixo é distribuído por todas as viagens na devida proporção de distância. A alocação de um

    veículo para realização de várias viagens durante o dia garante otimização dos recursos

    empregados.

    Em resumo, o custo de transporte é dado em reais por km (R$/km) e é a soma do custo

    variável e o custo fixo de cada viagem. Os detalhes e descrições são apresentados no trabalho

    de Neto (2016). O custo variável é a soma dos custos com combustível, óleos lubrificantes,

    custo de rodagem (pneus) e custo com manutenções. A unidade é em reais por km e o cálculo

    é feito como na seguinte equação. O custo fixo é a soma dos custos com salários,

    remuneração do capital, depreciação do veículo e impostos. O cálculo da parcela dos salários

    é feito multiplicando o salário pago ao motorista e acompanhantes (se houverem) pelo

    imposto. O imposto varia com o tipo de pessoa (física ou jurídica) e se há ou não desoneração

    de impostos.

    Na dissertação de mestrado de Reis (2015) é abordado o assunto do transporte escolar rural e

    desenvolvido segundo o Problema de Roteamento de Veículos Capacitado, com algoritmos do

    tipo Column-and-cut para resolução do problema. O trabalho foi desenvolvido para aplicação

    no projeto, sendo o código uma das otimizações desenvolvidas. A formulação e o algoritmo

    resultantes apresentaram melhores limites e menor tempo de processamento.

    3 METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO

    O funcionamento do projeto transcolar é organizado na forma de requisições, onde o usuário

    cadastra os parâmetros de entrada e aguarda até que os resultados sejam processados. Os

    parâmetros iniciais são organizados para que os métodos de otimização utilizados possam

    alocar os veículos e gerar as viagens. A interface gráfica do projeto consiste em um website

    onde o usuário faz uma requisição de processamento. Cada requisição refere-se a um tipo de

    otimização em um município.

    O trabalho de Neto (2016) desenvolve a metodologia baseado na importância da estimativa de

    custos para planejamento e na minimização de divergências. A metodologia no qual o custo se

    baseia é derivada do modelo do Grupo de Estudos para Integração da Política de Transportes

    (GEIPOT), posteriormente chamado de Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes

    através da Lei nº 5.908 (GEIPOT, 2017). A título de ilustração, a Figura 1 apresenta uma

    captura de tela da mesma no Excel com as primeiras 7 viagens de uma requisição.

  • Figura 1 - Captura de tela de parte da planilha de cálculo de custos

    Os aplicativos foram desenvolvidos utilizando programação C#, o software Microsoft Visual

    Studio como plataforma de desenvolvimento, o banco de dados PostgreSQL e a API do

    Crystal Reports para criação de relatórios de banco de dados, instalada no Visual Studio.

    a. Aplicativo de cálculo de custos Para alimentação inicial do sistema, foram montadas tabelas de parâmetros de entrada. Os

    dados foram divididos entre estaduais, municipais e relativos ao veículo. Os dados estaduais

    são aqueles que se aplicam a todo o estado, ou seja, comuns à todos os municípios daquele

    estado. Foi montada uma tabela onde as colunas são os parâmetros e cada linha corresponde à

    um ano. Os dados considerados como estaduais foram: IPVA mensal, preço do pneu dos

    veículos, salários, seguro obrigatório, impostos de pessoa física e jurídica, adicional da

    estrada de terra, número de dias letivos no ano e do mês.

    Os dados municipais são aqueles que se aplicam apenas ao município no qual os custos estão

    sendo analisados. Foi montada uma tabela onde as colunas são os parâmetros e cada linha

    corresponde a um município. Os dados considerados como municipais foram: imposto de

    pessoa física e jurídica, com ou sem desoneração, COFINS, ISS, PIS e preços da gasolina e

    do diesel.

    Para melhor organização e entendimento do procedimento de cálculo, o programa foi dividido

    entre o executável do tipo Console Application (AppCalculaCustos) e a biblioteca de classes

    “CalculaCustos”. As classes no contexto da biblioteca “CalculaCustos”, de mesmo

    namespace, são o corpo do programa de cálculo de custos. Esta classe deve ser referenciada

    no programa executável e seus métodos invocados na ordem correta para execução do

    cálculo.

    i. Classe CalculaCustos Nesta classe encontram-se os métodos principais de organização do cálculo em geral. Cada

    procedimento deve ser organizado de forma sequencial para que os parâmetros sejam

    preenchidos devidamente e com as informações da requisição e correspondente município.

    Inicialmente o programa carrega todos os veículos cadastrados no banco de dados, separados

    por tipo e ano de fabricação. É criada uma lista de veículos, que, no contexto do aplicativo, é

    considerado um objeto, e cujo as propriedades são alimentadas com os parâmetros coletados.

    A tabela Veículos pode ser modificada, mas é necessário que haja apenas um registro de tipo

    de veículo com respectivo ano de fabricação para que funcione corretamente. São coletados

    também dados a serem utilizados nos custos fixo e variável, como descrito anteriormente.

  • O segundo passo é carregar todas as viagens da requisição, que são colocadas em uma lista

    Viagens do Município; esses também representam objetos no contexto deste aplicativo, por

    isso serão escritos com a primeira letra maiúscula. Os dados da viagem que são utilizados são:

    placa do veículo, tipo de veículo, propriedade do veículo, capacidade do veículo, ano de

    fabricação do veículo, distância percorrida na viagem, quantidade de motoristas e monitores

    no veículo, se o veículo é especial (acessível a cadeirante) ou não, tipo de viagem, turno,

    sentido (ida ou volta), quantidade de alunos municipais e estaduais. O método associa o

    veículo correspondente (tipo e ano de fabricação) ao objeto Viagem. Cada viagem possui um

    veículo, e tanto a viagem quanto o veículo possuem características internas.

    O terceiro passo é calcular os custos, que são gravados em uma lista formatada, organizada

    pelo código da viagem e requisição. Atualmente os custos utilizados são: custo por km, custo

    mensal, custo fixo mensal, custo variável por km, custo mensal por aluno, custo estadual

    mensal, custo municipal mensal, custo estadual anual, custo municipal anual, custo diário e

    custo anual. O valor de cada custo é gravado na tabela viagem, preenchendo as colunas

    correspondentes e relativas a cada registro. Este método também informa o status da

    requisição relativo ao cálculo de custo, que pode ser 15 informando sucesso, ou 14, caso

    algum erro tenha ocorrido.

    ii. Classe AcessoBD Nessa classe encontram-se todos os métodos relativos a consultas no banco de dados. Ela tem

    como uma de suas referências a biblioteca Npgsql, que é compatível com o banco de dados

    usado no projeto. No início do programa, é feito uma tentativa de criar as 5 tabelas utilizadas

    pelo programa, que são: veiculos_dados, parametros_estaduais, parametros_municipais,

    valores_referencia_custo, parametros_req e parametros_veiculos_dados. Os dados usados no

    custo são retirados das três primeiras tabelas citadas, e as duas últimas tabelas são usadas para

    gravar os parâmetros utilizados de acordo com a requisição, funcionando como uma espécie

    de histórico, caso seja necessário verificar os parâmetros utilizados para o cálculo da

    requisição.

    4 APLICATIVO GERADOR DE RELATÓRIOS

    Os relatórios desenvolvidos em PDF e planilhas do Excel apresentam um resumo dos

    resultados do sistema de otimização de rotas e veículos. Diferentes relatórios foram

    desenvolvidos para a visualização de diferentes tipos de informação. Os relatórios de saída

    solicitados pelo usuário foram:

    • Relatório de viagens por município: detalha as informações das viagens de uma requisição apresentando, ao final, um resumo com a quantidade de alunos, custos e

    viagens do município e do estado com o transporte escolar de determinado município;

    • Relatório de viagens por veículo: agrupa os detalhes de cada viagem por veículo utilizado;

    • Relatório de viagens por escola: agrupa os detalhes de cada viagem por escola do município;

    • Relatório de detalhamento de viagem: apresenta os pontos de coleta ou entrega de alunos nos pontos de parada e escolas visitadas em cada viagem;

    • Relatório de mapas: apresenta imagens com o traçado de cada viagem, pontos de coleta de alunos e escolas no mapa do município;

  • • Relatório de outliers: apresenta uma lista com os alunos que não foram incluídos na solução por terem alguma restrição técnica;

    • Relatório de requisições: com informações de todas as requisições já processadas para o município. Apresenta o resumo das requisições por município gerado á partir da tabela de

    melhores resultados

    Foi utilizada a API do Crystal Reports da SAP para o desenvolvimento do layout dos

    relatórios, que permite criar relatórios a partir do banco de dados através de expressões SQL.

    A integração do Visual Studio ao Crystal Reports foi feita pela API da ferramenta

    (CRforVS_13_0_18), disponível no site da SAP.

    Para integrar os relatórios ao banco de dados do projeto, foi usada a ferramenta de

    desenvolvimento de drivers de conectividade de banco de dados aberta (ODBC), que pode ser

    encontrada no site do PostgreSQL. Finalmente, para integrar o Visual Studio ao banco de

    dados, foi utilizada a biblioteca de acesso ao banco Npgsql, obtida através da ferramenta de

    download de bibliotecas do próprio software de desenvolvimento (NuGet).

    Além da geração dos relatórios, o aplicativo ainda é responsável por mais três tarefas. A

    primeira delas é a chamada do programa que gera os arquivos shape com as informações de

    geolocalização de alunos, escolas e viagens. Esse arquivo permite que os resultados sejam

    tratados em outra ferramenta GIS. Outra tarefa consiste na chamada do programa que gera as

    imagens das viagens a serem mostradas nos relatórios de mapas. A última tarefa é a

    atualização de uma tabela que reúne as melhores requisições por município, tipo de

    otimização e ano.

    Os shapefiles são arquivos georreferenciados capazes de armazenar dados. Para o projeto, são

    gerados shapefiles de alunos, outliers, pontos de parada e viagem para cada requisição. Os

    arquivos são compactados em uma pasta compactada (zip) e ficam disponível para download

    do usuário na interface do sistema. O gerador de relatórios executa a aplicação e procede para

    o próximo passo apenas ao fim da mesma. Quanto aos mapas, são gerados 2 para cada

    viagem: um com mapa das estradas ao fundo e um com a imagem de satélite (ortofoto). Um

    compilado com os dois mapas de uma viagem exemplo é exibido na Figura 2. Além dos

    arquivos de imagem (em PNG), também são gerados arquivos com extensão map com as

    mesmas informações.

  • Figura 2 – Mapas de viagem exemplo geradas pela aplicação geradora de mapas

    5 RESULTADOS

    a. Custos Após executar o programa, os valores dos custos são gravados nas respectivas colunas das

    respectivas linhas de viagens, como pode ser verificado na Figura 3. A referida imagem é uma

    captura de tela da tabela de dados de saída de viagens no banco de dados do projeto, para as

    primeiras viagens da requisição 1646 que é usada como exemplo. A validação dos resultados

    gerados pelo aplicativo é feita comparando o valor obtido pela planilha com o valor calculado

    pelo aplicativo e gravado no banco de dados.

    Figura 3 – Captura de tela do banco de dados

    Em relação à melhoria do custo, o mapa da Figura 4 comprova que os valores resultantes do

    processo de otimização do projeto Transcolar são melhores em comparação com o que é

    praticado nos municípios. Os valores em verde e laranja representam regiões onde os

    resultados do sistema foram mais eficientes e eficazes que os atuais dos municípios (2015).

  • Figura 4 – Mapa de comparação de custos

    b. Relatórios Os arquivos de relatórios reúnem dados da requisição processada, viagens geradas pelo

    processo de otimização e respectivos custos conforme a planilha citada, pontos de paradas

    para embarque de alunos ou desembarque nas escolas, totalizadores de acordo com a escola,

    município, requisição, entre outros dados. A Figura 5 exibe uma captura de tela do relatório

    de viagem por município como exemplo.

  • Figura 5 – Relatório de viagem por município

    6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    O desenvolvimento deste trabalho teve como objetivo automatizar as ações de cálculo de

    custos e geração de relatórios do projeto, de forma a gerar resultados precisos, consistentes e

    de fácil entendimento aos usuários. Com os aplicativos, o programa pode ser executado em

    um servidor sem a necessidade de interferência humana, bastando aguardar o tempo

    necessário para seu processamento de forma eficiente e eficaz.

    Com o objetivo do programa e as ferramentas utilizadas definidos, buscou-se determinar os

    dados de entrada dos aplicativos e a forma mais eficiente de implementar a funcionalidade. O

    planejamento evita retrabalhos e auxilia na documentação do código. A comparação final dos

    resultados gravados no banco de dados e obtidos na planilha de testes confirma o sucesso do

    cálculo de custos; os arquivos gerados sem erros e aprovados pelo usuário final evidenciam o

    sucesso da aplicação de relatórios.

    A padronização de processos reduz o custo com operação de sistemas e aumenta a

    produtividade. O resultado final é obtido com rapidez e confiança, sem a necessidade de

    intervenções e passíveis de modificações caso surja alguma demanda adicional. Os aplicativos

    gerados serão executados continuamente no servidor reservado exclusivamente para este fim,

    e o usuário do sistema, ou seja, o município utilizador do Transcolar, terá acesso apenas à

    interface e visualização dos resultados.

    Como o projeto encontra-se em estudos de expansão para outros estados do Brasil, futuros

    trabalhos desenvolvidos sobre aplicativos devem detalhar as alterações feitas para aplicação

    regional. Sugere-se também aumentar a flexibilidade do código para utilização automática em

    outros estados, reduzindo cada vez mais a necessidade de mão de obra inicial para aplicação

    do projeto. É preciso aumentar o leque de possiblidades e criar entradas automáticas para os

  • programas. A sugestão é a criação de um aplicativo do tipo Windows Forms, ou seja, com

    interface gráfica, com início automático juntamente com o sistema, que alimente as variáveis

    e inicie os aplicativos de Cálculo de Custos e Geração de Relatórios, permitindo modificar e

    salvar os parâmetros de entrada. Outra sugestão é a consolidação das duas ferramentas em um

    aplicativo Windows Forms de execução contínua.

    7 AGRADECIMENTOS

    Este trabalho foi apoiado e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de

    Minas Gerais (FAPEMIG), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

    Tecnológico (CNPq); Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

    (CAPES) e pela Secretaria de Educação do Estado do Espírito Santo e Secretaria de Educação

    do Estado de Minas Gerais.

    8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    Bof, A. M. (2006). A Educação no Brasil Rural. Brasília, Distrito Federal, Brasil: Instituto

    Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.

    BRASIL. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, Distrito Federal,

    Brasil.

    FNDE. (25 de Outubro de 2017.a). Fonte: Portal do FNDE - PNATE:

    http://www.fnde.gov.br/programas/pnate

    FNDE. (25 de Setembro de 2017.b). Programa Caminho da Escola. Fonte:

    http://www.caminhodaescola.com.br/

    FNDE. (2 de Outubro de 2017.c). Programa Caminho da Escola - Histórico - Portal do

    FNDE. Fonte: http://www.fnde.gov.br/programas/caminho-da-escola/sobre-o-plano-

    ou-programa/historico

    GEIPOT. (11 de Novembro de 2017). Fonte: GEIPOT: http://www.geipot.gov.br/

    IBGE, I. B. (2010). Censo Demográfico 2010: Resultados da Amostra.

    INEP, I. N. (2013). Censo Educacional 2013. Brasil.

    Martins, A. P. (2010). Análise dos impactos das condições do transporte escolar rural no

    rendimento escolar dos alunos. Brasília, Distrito Federal.

    Neto, E. L. (2016). Proposta de metodologia de cálculo do custo operacional para o transporte

    escolar rural: estudo de caso do estado do Espírito Santo. Dissertação de mestrado em

    Geotecnia e Transportes (p. 111). Belo Horizonte, Minas Gerais: Universidade

    Federal de Minas Gerais.

    Porto, M. F., Nunes, N. T., Carvalho, I. R., Barros, P. H., & Baracho, R. M. (2017).

    Environment for Analysis of Rural School Transportation: A Case Study in Espírito

    Santo/Brazil. The 8th International Multi-Conference on Complexity, Informatics and

  • Cybernetics: IMCIC 2017 - POS PROCEEDINGS (pp. p. 1-6). Orlando, Florida:

    International Institute of Informatics and Systemics, 2017.

    Porto, M. F., Carvalho, I. R., & Porto, R. M. (2016). Influence of Intelligent Transportation

    System in a Road Infrastructure. Proceedings of IMCIC - ICSIT 2016, p 210-215.

    Porto, M. F., Sarubbi, J. F., Thiery, S., Silva, C. M., & Nunes, N. T. (2015). Developing a

    GIS for Rural School Transportation in Minas Gerais, Brazil. Journal of Systemics,

    Cybernetics and Informatics, v. 13, p. 1-6.

    Reis, A. F. (2015). O Problema do Transporte Escolar Rural: Uma abordagem Column-and-

    cut para o Problema de Roteamento de Veículos Capacitado. Belo Horizonte, Minas

    Gerais, Brasil: Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais.

    Santos, T. M. (2010). Transporte Escolar Rural na Perspectiva de Gestores e

    Planejadores/Operadores: Subsídios para Políticas Públicas. Brasília, Distrito

    Federal, Brasil: Dissertação de mestrado, Universidade de Brasília.

    Sarubbi, J., Silva, C. M., & Porto, M. F. (2014). Estudo de Caso: o Problema do Transporte

    Escolar Rural em Minas Gerais. XLVI Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional,

    (p. 13). Vitória, Espírito Santo, Brasil.


Recommended