Download docx - Monografia Biodiesel

Transcript
Page 1: Monografia Biodiesel

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE HUMANIDADES

UNIDADE ACADÊMICA DE ECONOMIA

SIMONE BARBOSA ARAÚJO

UM ESTUDO ACERCA DA VIABILIDADE ECONÔMICA DA PRODUÇÃO DE

BIODIESEL A PARTIR DA MAMONA NO NORDESTE BRASILEIRO

Campina Grande – PB

2010

1

Page 2: Monografia Biodiesel

SIMONE BARBOSA ARAÚJO

UM ESTUDO ACERCA DA VIABILIDADE ECONÔMICA DA PRODUÇÃO DE

BIODIESEL A PARTIR DA MAMONA NO NORDESTE BRASILEIRO

Monografia apresentada ao Curso de Ciências

Econômicas da Universidade Federal de Campina

Grande, em cumprimento às exigências legais para

obtenção do grau de Bacharel em Ciências

Econômicas.

Orientador: Prof. Dr. Clodoaldo Bortoluzi

Campina Grande, PB

2010

2

Page 3: Monografia Biodiesel

SIMONE BARBOSA ARAÚJO

UM ESTUDO ACERCA DA VIABILIDADE ECONÔMICA DA PRODUÇÃO DE

BIODIESEL A PARTIR DA MAMONA NO NORDESTE BRASILEIRO

Monografia apresentada ao Curso de Ciências

Econômicas da Universidade Federal de Campina

Grande, em cumprimento às exigências legais para

obtenção do grau de Bacharel em Ciências

Econômicas

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Clodoaldo Bortoluzi(Orientador)

Prof.ª Drª. Marta Lúcia Sousa

Prof.ª Drª.Érika de França Paashaus

Campina Grande, PB

2010

3

Page 4: Monografia Biodiesel

Aos verdadeiros heróis da minha vida...

... os meus pais, Eleomar Nóbrega de Araújo e Maria Anunciada Barbosa Araújo.

4

Page 5: Monografia Biodiesel

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar e acima de tudo, a Deus.

Aos meus pais – Eleomar e Maria Anunciada – pelo amor, pelos ensinamentos de uma vida,

força, compreensão e pelo apoio de todas as horas.

A minha amiga Mariana – pela amizade, companheirismo e ajuda, principalmente durante a

elaboração deste trabalho.

A professora Érika – pelo carinho, compreensão, atenção, consideração e pelos ensinamentos

durante a minha vida acadêmica. Ensinamentos estes que levarei para o resto da vida.

A professora Marta - pelo carinho, pela atenção e pelos ensinamentos durante a minha vida

acadêmica.

Ao professor Clodoaldo – pelo carinho, pelos ensinamentos durante minha vida acadêmica e

pela paciência e consideração durante a orientação deste trabalho.

A todos os professores – os quais eu tive o privilégio de participar de suas aulas, pois aprendi

muito com cada um. Que com seus métodos de ensino procuraram compartilhar com seus

alunos os conhecimentos adquiridos durante uma vida, um professor não entra numa sala de

aula apenas com conhecimentos acadêmicos até mesmo porque estes últimos não são

adquiridos de forma separada dos conhecimentos de uma vida, caminham juntos.

A todos os meus amigos, pelo carinho, pela amizade e pela cumplicidade.

5

Page 6: Monografia Biodiesel

“O uso de óleos vegetais como combustível pode parecer insignificante hoje em dia, mas com o tempo irá se tornar tão importante quanto os de petróleo e carvão são atualmente.”

(Rudolf Diesel, 1912)

6

Page 7: Monografia Biodiesel

RESUMO

A partir do século XX, o petróleo consolidou-se como fonte energética dominante e

propulsora do desenvolvimento econômico da sociedade capitalista, gerando, assim uma

dependência em relação a este recurso. Entretanto, tal fonte é exaurível, ou seja, tem a

tendência a sumir à medida que é consumida. Assim, diante deste cenário e do crescente

aquecimento global, surge o biodiesel como alternativa ao diesel mineral, visto que é um

produto derivado de fontes renováveis como óleos vegetais e gorduras residuais. Assim,

muitos países passaram a produzir esse biocombustível e o Brasil seguiu esta tendência. O

governo brasileiro lançou, em 2004, o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel

– PNPB, que, além da preocupação com o aspecto econômico e ambiental, tem como

principal objetivo a inclusão social dos agricultores familiares do nordeste brasileiro

através da produção de biodiesel da mamona – meio de gerar emprego e renda na região.

Diante desse contexto, a proposta deste trabalho foi fazer um estudo acerca da produção de

biodiesel a partir da mamona no nordeste brasileiro. Para este trabalho foram utilizadas

pesquisas bibliográficas e documentais, a partir da leitura de livros, artigos, dissertações,

teses e outras pesquisas acerca do tema. De acordo com as pesquisas realizadas foi possível

concluir que o governo teve seu mérito ao implantar o PNPB, pois possibilitou o

desenvolvimento econômico, ambiental e social, mas, para que este seja realmente viável e

possa realmente efetivar a inclusão social dos agricultores familiares1, deve-se dedicar uma

maior atenção a estes, identificando os gargalos que comprometem a produção de biodiesel

e tentar corrigi-los, através de maiores investimentos na capacitação dos agricultores

familiares, de modo que estes sejam mais competitivos no mercado e construção de

unidades esmagadoras mais próximas as áreas de cultivo.

Palavras – chave: Biodiesel. Mamona. Nordeste. Inclusão social.

1 Utilizaremos a nomenclatura “Agricultores Familiares” como sendo o grupo de agricultores que trabalham em família para o plantio da mamona.

7

Page 8: Monografia Biodiesel

ABSTRACT

From the twentieth century, oil has established itself as the dominant energy source and

propelling the economic development of capitalist society, thus generating a dependency on

this resource. However, such source is exhaustible, ie has a tendency to disappear as it is

consumed. So before this scenario and the growing global warming, comes biodiesel as an

alternative to mineral diesel, since it is a product derived from renewable sources like

vegetable oils and waste fats. Thus, many countries started to produce the biofuel, and Brazil

followed this trend. The Brazilian government launched in 2004, the National Program of

Biodiesel Production and Use - PNPB that, beyond the concern with the economics and

environmental issues, has as main objective the inclusion of family farmers in Northeast

Brazil through the production of biodiesel castor bean - a means of generating employment

and income in the region. Given this context, the proposal was to perform a study on the

production of biodiesel from castor oil in the Northeast. For this work were used library

research and documentation from the reading of books, articles, dissertations, theses and other

research on the topic. According to research conducted it was concluded that the government

had to deploy its merits PNPB as possible the economic, environmental and social, but for

this to be truly viable and can really effect the inclusion of family farmers should devote

greater attention to these, identifying the bottlenecks that compromise the production of

biodiesel and try to fix them, through greater investment in training of farmers, so they are

more competitive in the marketplace and building closer the crushing units cultivation areas.

Key - words: Biodiesel. Mammon. Northeast. Social inclusion.

8

Page 9: Monografia Biodiesel

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Brasil. Demanda Total de Energia............................................................................ 24

Figura 2 – Fontes Renováveis na Matriz Energética Brasileira................................................. 25

Figura 3 – Evolução das Emissões Específicas de Co2 (em tCO2/tep, com base na Oferta

Interna de Energia)...................................................................................................................... 26

Figura 4 – Reação de Transesterificação................................................................................... 29

Figura 5 – Cadeia Produtiva do Biodiesel................................................................................. 38

Figura 6 – Performance da Entrega de Biodiesel.......................................................................45

Figura 7 – Sub–Regiões do Nordeste brasileiro..................................,,.................................... 51

Figura 8 – Matérias–primas utilizadas para produção de biodiesel em agosto de 2010........... 59

Figura 9 – Sementes de mamona............................................................................................... 60

Figura 10 – Mamona em cacho.................................................................................................. 61

Figura 11 – Área colhida, produção e rendimento..................................................................... 62

9

Page 10: Monografia Biodiesel

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Preços do biodiesel e óleo de soja........................................................................... 48

Gráfico 2 – Distribuição geográfica da capacidade instalada autorizada ...................................54

Gráfico 3 – Entrega de biodiesel das unidades produtoras em 2009 referentes aos leilões da

ANP............................................................................................................................................. 55

Gráfico 4 – Número de usinas participantes dos leilões em 2009............................................. 56

Gráfico 5 – Produção de biodiesel por Estado e município do Nordeste entregue em 2009..... 57

Gráfico 6 – Produção brasileira de mamona em mil toneladas, no período de 1990 a 2007..... 63

10

Page 11: Monografia Biodiesel

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Produção de veículos flex no Brasil 2003 – 2008................................................... 19

Quadro 2 – Matriz energética do Brasil atualmente.................................................................. 23

Quadro 3 – Produção de biodiesel na União Européia (Mil toneladas Métricas)..................... 31

Quadro 4 – Comparativo do modelo tributário do biodiesel e do diesel mineral...................... 43

Quadro 5 – Apoio direto do BNDES – Taxas de juros.............................................................. 49

11

Page 12: Monografia Biodiesel

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Capacidade de produção de biodiesel na UE em 2010........................................ 32

TABELA 2 – Custos de produção do biodiesel a partir dos custos agrícolas em R$/L (ano

agrícola 2004/2005).................................................................................................................... 40

TABELA 3 – Custos de produção a partir dos preços da matéria-prima agrícola comprada no

mercado em R$/L (ano agrícola 2004/2005).............................................................................. 41

TABELA 4 – Resumo dos Leilões do biodiesel........................................................................ 46

TABELA 5 – Preços dos biocombustíveis................................................................................. 47

TABELA 6 – Preços mínimos – mamona em baga....................................................................67

TABELA 7 – Simulação do custo de produção para 1 hectare da mamona, em sistema semi-

mecanizado e expectativa de produtividade de 2.000 Kg/ha.......................................................69

TABELA 8 – Resultados auferidos pelo produtor no sistema de consórcio da mamona com

outras culturas na cidade de Esperança – PB.............................................................................. 70

TABELA 9 – Redução das emissões do biodiesel..................................................................... 75

TABELA 10 – Mamona – série histórica de área – safra 1976/77 a 2008/09 em mil hectares

(Anexo B).....................................................................................................................................97

TABELA 11 – Relação de municípios do Estado de Alagoas aptos ao cultivo de mamona e os

períodos indicados para semeadura (Anexo C)........................................................................... 98

TABELA 12 - Relação de municípios do Estado da Bahia aptos ao cultivo de mamona e os

períodos indicados para semeadura (Anexo C)......................................................................... 100

TABELA 13 - Relação de municípios do Estado do Ceará aptos ao cultivo de mamona e os

períodos indicados para semeadura (Anexo C)........................................................................ 106

TABELA 14 - Relação de municípios do Estado do Maranhão aptos ao cultivo de mamona e os

períodos indicados para semeadura (Anexo C)......................................................................... 110

TABELA 15 - Relação de municípios do Estado da Paraíba aptos ao cultivo de mamona e os

Períodos indicados para semeadura (Anexo C)........................................................................ 112

TABELA 16 - Relação de municípios do Estado de Pernambuco aptos ao cultivo de mamona e

os períodos indicados para semeadura (Anexo C).....................................................................115

TABELA 17 - Relação de municípios do Estado do Piauí aptos ao cultivo de mamona e os

períodos indicados para semeadura (Anexo C)......................................................................... 118

TABELA 18 - Relação de municípios do Estado do Rio Grande do Norte aptos ao cultivo de

mamona e os períodos indicados para semeadura (Anexo C)...................................................122

12

Page 13: Monografia Biodiesel

TABELA 19 - Relação de municípios do Estado de Sergipe aptos ao cultivo de mamona e os

períodos indicados para semeadura (Anexo C).........................................................................124

13

Page 14: Monografia Biodiesel

LISTA DE SIGLAS

ANP – Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível

BEN – Balanço Energético Nacional

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CEPEA – Centro de Estudos em Economia Aplicada

CETENE – Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste

CHESF – Companhia Hidroelétrica do São Francisco

COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento

DNPM – Departamento Nacional da Produção Mineral

EBB – European Biodiesel Board

EMBRAPA – Empresa de Pesquisa Agropecuária

EPE – Empresa de Pesquisa Energética

FHC – Fernando Henrique Cardoso

FMI – Fundo Monetário Internacional

GTI – Grupo de Trabalho Interministerial

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços

IUEE – Imposto Único sobre Energia Elétrica

MAE – Mercado Atacadista de Energia

MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário

ONS – Operador Nacional do Sistema

OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo

PASEP – Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público

PIS – Programa de Integração Social

PNPB – Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel

Pronaf – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PTB – Partido Trabalhista Brasileiro

SIN – Sistema Interligado Nacional

SOBER – Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

TVA – Tenessee Valley Authority

UE – União Européia

SUMÁRIO1.

14

Page 15: Monografia Biodiesel

INTRODUÇÃO 142. MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA.................................................................162.1 HISTÓRICO DA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA......................................162.2 CRISE ENERGÉTICA BRASILEIRA........................................................................202.3 SITUAÇÃO ATUAL DA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA.........................212.4 VISÃO FUTURA PARA A MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA......................233. BIODIESEL..................................................................................................................273.1 CONCEITO.................................................................................................................273.2 HISTÓRICO................................................................................................................283.3 PROCESSO DE PRODUÇÃO....................................................................................293.4 O BIODIESEL NO MUNDO......................................................................................303.4.1 União Européia........................................................................................................313.4.2 Alemanha.................................................................................................................333.4.3 França......................................................................................................................333.4.4 Itália.........................................................................................................................343.4.5 Estados Unidos – EUA............................................................................................343.4.6 Japão........................................................................................................................343.4.7 Argentina.................................................................................................................353.5 O BIODIESEL NO BRASIL.......................................................................................353.5.1 Cadeia Produtiva....................................................................................................373.5.2 Aspectos Econômicos..............................................................................................393.5.2.1 Análise Econômica De Custos E Vantagens Das Alternativas De Combustíveis 393.5.2.2 Menores Custos......................................................................................................423.5.2.3 Tributação E Subsídios Fiscais E Selo Combustível Social..................................433.5.2.4 Leilões De Biodiesel..............................................................................................453.5.2.5 Preços.....................................................................................................................473.5.2.6 Disponibilidade De Financiamento........................................................................484. UMA ANÁLISE ACERCA DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DA MAMONA NO NORDESTE BRASILEIRO................................................................504.1 NORDESTE.................................................................................................................504.2 BIODIESEL NO NORDESTE....................................................................................534.2.1 A Mamona...............................................................................................................604.2.1.1 Zoneamento Agrícola.............................................................................................654.2.2 Aspectos Econômicos..............................................................................................664.2.2.1 Preço Da Mamona..................................................................................................664.2.2.2 Custo De Produção................................................................................................685. BIODIESEL: ASPECTOS SÓCIOAMBIENTAIS..................................................735.1 ASPECTOS SOCIAIS.................................................................................................735.2 Aspectos ambientais.....................................................................................................74CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................77REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................79 ANEXOS...........................................................................................................................87ANEXO A - Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005.......................................................88ANEXO B - Série histórica da área cultivada com mamona nas safras de 1976/77 a 2008/09 em Mil Hectares ..................................................................................................97ANEXO C - Zoneamento Agrícola: relação dos municípios do Nordeste (por Estado) aptos ao cultivo da mamona e os períodos indicados para semeadura..............................98

15

Page 16: Monografia Biodiesel

1. Introdução

Desde os primórdios das civilizações, as fontes de energia assumiram um papel de

impulsionador do desenvolvimento e crescimento socioeconômico das sociedades. O domínio

sobre o fogo foi o primeiro grande passo para a humanidade, na época o combustível existente

era somente a lenha. Mais tarde começou o uso do carvão mineral, que possibilitou a

metalurgia do ferro. Aliás, o carvão mineral foi o combustível que impulsionou a Revolução

Industrial. Foi com ele que as máquinas a vapor funcionaram e, através delas, o homem

conseguiu produzir grandes quantidades de produtos manufaturados.

Já a partir do século XX, o petróleo se consolidou como recurso energético dominante

na economia mundial. Com a descoberta do motor a combustão, o crescimento da

industrialização e a expansão dos meios de transportes passou-se a demandá-lo cada vez mais

com maior intensidade.

Com os choques do petróleo ocorridos na década de 70, o preço do barril atingiu

níveis elevadíssimos, assim, tornou-se evidente a necessidade de investir em novas fontes de

energia, a fim de manter o ritmo de crescimento e desenvolvimento da sociedade. Em virtude

da certeza quanto à finitude das reservas de petróleo e do aumento demasiado do aquecimento

global provocado pela queima de combustíveis derivados desse hidrocarboneto, o uso de

carvão mineral e pela emissão de fumaça das fábricas, dentre outros fatores surge à

preocupação em encontrar um substituto para esse recurso não–renovável.

Diante desse contexto, o biodiesel desponta como uma alternativa viável ao diesel

mineral, derivado do petróleo. Por ser um recurso renovável, obtido através do processamento

de óleos vegetais e gorduras residuais, tal biocombustível, além de menos poluente, pode

reduzir em até 78% a emissão de CO2, gás causador do efeito estufa.

No Nordeste brasileiro, a cultura da mamona vem despertando um maior interesse

para produção de biodiesel devido às suas características se adaptarem ao solo e clima da

região além de possibilitar a geração de emprego e renda para os agricultores familiares da

região. Neste trabalho pretende-se estudar a viabilidade econômica de se produzir biodiesel a

partir da mamona na região Nordeste do país.

Desse modo, o presente trabalho objetiva responder a seguinte questão: A mamona é

economicamente viável para a produção de biodiesel no Nordeste brasileiro?

Vislumbrando analisar essa problemática, delimita-se como objetivos específicos:

a) Descrever as características da mamona;

14

Page 17: Monografia Biodiesel

b) Discutir o Zoneamento agrícola como instrumento indispensável para o sucesso do

plantio da mamona, identificando as regiões e períodos mais propícios ao desenvolvimento da

ricinocultura, permitindo reduzir os riscos de inviabilidade econômica;

c) Analisar o processo de obtenção do biodiesel;

d) Observar a importância econômica do plantio da mamona para os agricultores

familiares;

e) Analisar as ações do Estado para promover um melhor plantio da mamona.

A problemática deste trabalho será respondida através de uma pesquisa bibliográfica e

documental, com base em leituras de livros, banco de dados eletrônicos, teses, dissertações,

artigos, dentro outros.

15

Page 18: Monografia Biodiesel

2. MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA

2.1 HISTÓRICO DA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA

Desde a descoberta do Brasil, a lenha é utilizada como fonte de energia. O ciclo da

cana de açúcar e do ouro foram desenvolvidos sustentados pela lenha.

O ciclo do café foi o primeiro que trouxe o uso do carvão mineral, não porque a

torrefação necessitasse, mas o dinheiro proporcionado pelo café, aliado a presença de

imigrantes que trouxeram uma massa crítica de conhecimento, aliado ao mercado brasileiro

que demandava cada vez mais produtos utilizados na Europa, desencadeou os primeiros

passos para a industrialização do Brasil. O carvão, além de energia mecânica gerado pelas

rodas d’água, também passou a substituir a lenha nas locomotivas a vapor (FERNANDES;

SANTOS, 2004, p. 2).

O carvão era importado dos EUA e principalmente da Inglaterra, sendo produzido

nacionalmente a partir de 1912. Com a Primeira Guerra Mundial (1914/1918) a dependência

do carvão importado entra em crise e continua nos anos que se seguiram devido à

reconstrução da Europa. Em paralelo, o desenvolvimento que o café proporcionou trouxe

investidores internos e externos para a geração de energia elétrica.

No início do século XX, o país ainda dispunha de poucas usinas, todas controladas

pelos Estados ou investidores nacionais, esse período coincide também com a chegada da

Light, empresa que dominaria a maioria dos investimentos de eletricidade do Brasil. Além

desta empresa, vários outros grupos privados nacionais e investidores estrangeiros instalaram-

se nos principais pólos dos Estados brasileiros através de usinas térmicas e preferencialmente

usinas hidroelétricas que foram gradativamente evidenciando seu potencial competitivo em

um país privilegiado em recursos hídricos. Dessa fase, destaca-se um dos mais criativos

empresários brasileiros do começo do século e o mais brilhante dentre os nordestinos, trata-se

de Delmiro Gouveia, primeiro brasileiro que conseguiu perceber o enorme potencial hídrico

do rio São Francisco e, em 1913, implantou uma das primeiras hidroelétricas do Nordeste.

No entanto, em 1930 começava um novo ciclo no Brasil que levaria Getúlio Vargas ao

poder. Até então a intervenção do Estado na indústria elétrica era praticamente inexistente,

como nos demais setores industriais do país. Porém, Vargas tinha uma visão estratégica que

visava à construção de uma nação moderna e industrializada, com forte intervenção estatal.

16

Page 19: Monografia Biodiesel

A primeira providência de Vargas foi através da criação, em 1933, do Departamento

Nacional da Produção Mineral (DNPM), para implantar o Código de Águas. A partir deste

código os aproveitamentos hidráulicos passaram a estar sujeitos a concessão ou autorização

do Governo Federal - reconhecendo os direitos das empresas estrangeiras já em atividade no

país, e as tarifas passaram a ser estabelecidas em moeda nacional - institucionalizando o fim

da cláusula ouro, com base no custo histórico, fixando-se em 10% a remuneração do capital

investido2 (PINTO JUNIOR et al, 2007, p. 201).

A regulamentação e a aplicação do Código de Águas foram feitas com grandes

dificuldades administrativas e políticas, e marcadas por fortes controvérsias jurídicas.

Durante o primeiro governo Vargas (1930/45), houve uma grande demanda de energia

elétrica no Brasil, devido à forte intervenção estatal na economia e do grande processo de

urbanização do país, daí decorre que as empresas do setor energético passaram a ter

dificuldades de atender as exigências do desenvolvimento nacional, tal fato se agravaria com

a 2ª Guerra Mundial, onde o esforço de guerra dos países industrializados tornou impossível a

importação de bens de capital para a ampliação do nosso parque energético.

Getúlio vislumbrava uma mudança radical para o setor energético, devido à presença

do controle estrangeiro nesse setor que era admitida com certa resistência. O primeiro passo

para seus objetivos, ocorreu com a proposta da criação da CHESF (Companhia Hidroelétrica

do São Francisco) pelo Ministro da Agricultura, Apolônio Sales, com o fim de aproveitar o

enorme potencial do rio São Francisco, inspirado no Projeto TVA (Tenessee Valley Authority)

do governo americano. Devido à deposição de Getúlio, a efetivação da CHESF só ocorreria

no governo de Dutra em janeiro de1947.

Com o retorno de Vargas (1951-1954), dentro de suas estratégias, foram implantadas

as principais diretrizes da sua gestão. Dentre elas a criação da Petrobras e da Eletrobrás.

Conforme Alves Filho (2003, p. 61) a Eletrobrás deveria executar o Plano Nacional de

Eletrificação, construir as grandes hidroelétricas e linhas de transmissão de alta tensão.

Deveria, outrossim, funcionar como uma holding que coordenaria todas as usinas de geração

elétrica do país, administrando o Imposto Único sobre Energia Elétrica (IUEE), negociando e

avalizando os empréstimos necessários ao financiamento dos grandes projetos em todo

território nacional. Desde sua elaboração, o projeto da Eletrobrás sofreu oposição das

concessionárias estrangeiras e de algumas estaduais, de vários políticos e ministros do próprio

governo, tramitando lentamente no Congresso até que sua discussão foi interrompida em

2 A remuneração de 10% foi estabelecida pelo Decreto – lei 3.128, de 19 de março de 1941.

17

Page 20: Monografia Biodiesel

1955, sendo retomada no ano posterior pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e de

parlamentares nacionalistas filiados a outros partidos.

No governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), assim como no governo de Vargas,

o uso múltiplo das águas deveria ficar sobre o controle do Estado. Tanto que, embora

Juscelino tenha sido um incentivador do ingresso de capital estrangeiro para desenvolver

nosso país, nunca o fez para a construção de usinas hidroelétricas. Como seu principal

objetivo era industrializar aceleradamente o país, em 1956, elaborou o famoso Plano de

Metas, no qual o país deveria crescer “50 anos em 5”. Tal plano propôs a organização de

vários setores, mas Juscelino elegeu a energia como principal prioridade, tendo em vista que

sua disponibilidade era indispensável para viabilizar qualquer plano estruturado de

desenvolvimento. Com um plano de grande dimensão, surgiram hidroelétricas em vários

lugares do território brasileiro, dentre elas destacam-se a de Furnas e Três Marias.

Ainda no seu governo foi aprovado o projeto da Eletrobrás, mas a Light iniciou uma

campanha pelo veto presidencial. Essa polêmica entrou pelo governo Jânio Quadros que com

o apoio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e dos diários associados,

finalmente conseguiu assinar a lei 3.890-A autorizando a União a criar a Eletrobrás.

O período do regime militar de 1964 continuaria a dar prioridade ao setor energético

nacional, é nesse período que ocorre uma grande expansão da capacidade instalada de geração

elétrica. Já o presidente Geisel (1974/79), dirigiu o Brasil no período turbulento dos choques

do petróleo, onde este era monopolizado pela Organização dos Países Exportadores de

Petróleo (OPEP). O Presidente da Petrobras no período 1969/73, entendia bem a

complexidade da geopolítica do petróleo e suas características monopolistas. À medida que se

aprofundava em suas análises entendia que o Brasil importava maior quantidade de petróleo

do que produzia.

O raciocínio de Geisel foi agir de maneira tal que o Brasil procurasse alternativas para

substituir nossa notória deficiência de petróleo. Concentrou-se em três medidas básicas:

aumentar maciçamente o investimento em novas hidroelétricas, a fim de que, aumentando a

geração de eletricidade, pudesse trocar o máximo possível, o uso do consumo dos derivados

do petróleo por eletricidade. Dessa estratégia resultou que a capacidade hidroenergética do

país mais do que dobrou ao longo da década de 70 (ALVES FILHO, 2003).

No entanto, o maior feito de seu governo ficou conhecido como o maior projeto

alternativo de energia do mundo, o Pró-Álcool. Vislumbrando uma alternativa interna para o

petróleo, este projeto tinha como objetivo substituir a gasolina pelo álcool. Além do Pró-

Álcool, Geisel também pretendia implantar o Pró-Óleo, projeto que visava substituir o óleo

18

Page 21: Monografia Biodiesel

combustível por óleo vegetal, de produção interna, o que representaria a plena independência

do Brasil em relação ao petróleo. A primeira parte do Pró-Álcool foi executada com sucesso,

mas, lamentavelmente, depois de haver alcançado esse sucesso o programa foi desativado,

estando restrito hoje a adição de 24% do álcool adicionado à gasolina dos automóveis que

trafegam no país (ALVES FILHO, 2003).

Um aspecto importante no desenvolvimento da matriz energética brasileira diz

respeito à criação de carros Flex Fuel, onde este é capaz de funcionar com álcool, com

gasolina ou com qualquer mistura de ambos. Disponíveis no mercado desde 2003, os veículos

flex resultaram num grande sucesso e em agosto de 2008, a frota de automóveis e veículos

comerciais leves tipo "flex" tinha atingido a marca de 6,2 milhões de veículos, representando

23% da frota de veículos leves do Brasil (Quadro 1).

Ano

Autos

Flex

fabricados

Veículos

Flex

Comerciais

Leves

fabricados

Total de

Veículos

Leves3*

Produzidos

(incluindo

exportados)

Veículos

Flex

como %

do total de

veículos

leves*

2003 39.853 9.411 1.721.841 2,9

2004 282.706 49.801 2.181.131 15,2

2005 776.164 81.735 2.377.453 36,1

2006 1.249.062 142.574 2.471.224 56,3

2007 1.719.667 217.186 2.801.011 69,1

2008 1.992.217 258.707 3.009.034 74,8

Total 2003-08 6.059.669 759.414 14.561.694 46,8

Quadro 1 – Produção de veículos flex no Brasil 2003 - 2008Fonte: ANFAVEA 2008 e 2003-07 Frota flex total é 6.819.083 veículos

O sucesso dos veículos "flex", conjuntamente com a obrigatoriedade em nível nacional

de usar de 20 a 25% do álcool misturado com gasolina convencional (E25), permitiu ao etanol

combustível superar o consumo de gasolina em abril de 2008.

A tradição e cultura no uso do etanol como combustível, herança do programa Pró-

álcool criado nos anos setenta, favoreceu a rápida aceitação dos veículos flex no Brasil e seu

3 Nota: O total de veículos leves inclui automóveis e veículos comerciais leves com motor a gasolina, álcool puro, flex e diesel.

19

Page 22: Monografia Biodiesel

sucesso comercial. Quando os autos flex foram oferecidos no mercado brasileiro, o país já

tinha 30.000 postos de gasolina prontos para vender etanol em todo o país.

2.2 CRISE ENERGÉTICA BRASILEIRA

A crise de energia elétrica brasileira foi oficialmente decretada no dia 15 de maio de

2001. Porém, essa crise há muito tempo vinha sendo anunciada por especialistas, técnicos e

trabalhadores do setor desde que o governo iniciou alterações no modelo energético brasileiro.

Na prática, o desmonte do setor energético começou com a contratação da empresa

inglesa Coopers & Lybrand, em 1995. Esse seria um marco simbólico da sucessão de

gravíssimos erros que o governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) cometeria ao longo dos

últimos anos, convergindo para o impasse do racionamento. A empresa contratada era

especializada no sistema energético inglês, que é todo ele baseado em termoelétricas e, como

os fatos viriam a demonstrar, nada entendia de hidroelétricas (ALVES FILHO, 2003).

O nosso sistema elétrico é predominantemente hidráulico, 90% da energia gerada no

Brasil é proveniente da água armazenada nos reservatórios das usinas. Assim, foi planejado

para armazenar água suficiente para suportar períodos de chuvas abaixo da média e consumo

de energia acima da média por períodos superiores a cinco anos. Ocorre que, com o aumento

da demanda, a água acumulada foi sendo usada e não houve expansão na oferta de energia.

Foi usado, portanto, a reserva estratégica dos reservatórios (CUT, 2001).

As principais características do modelo energético de Fernando Henrique Cardoso,

visando a privatização do setor, foi promover demissões em massa perdendo seu potencial

técnico; vislumbrando promover a concorrência, promoveu o desmembramento de empresas;

reajustou tarifas acima da inflação visando tornar as empresas atrativas para a venda e desviou

recursos para pagar outras contas e cumprir acordos com o FMI (Fundo Monetário

Internacional) em detrimento de investimentos no setor. Privatizou a coordenação da operação

através da criação do ONS (Operador Nacional do Sistema) e criou o Mercado Atacadista de

Energia (MAE) que tem por objetivo operações de compra e venda de energia elétrica, é uma

espécie de bolsa de valores onde quem tem energia pode vendê-la pelo melhor preço.

A crise é consequência do modelo liberalizante de mercado competitivo imposto pelo

governo, seguindo o receituário do FMI e do Banco Mundial. Utilizando os argumentos de

fim do monopólio, maior competitividade, eficiência, produtividade descentralização, FHC

preferiu adotar o processo de privatização das empresas sem ter definido antes regras claras

20

Page 23: Monografia Biodiesel

para o setor. Quem comprou não investiu porque não foi obrigado a fazer isso e porque

preferiu aguardar para vender energia cara no Mercado Atacadista de Energia na época da

escassez, ou seja, especulação de espera (CUT, 2001).

Indiscutivelmente o fato é que, diferentemente da crise de 70, dessa vez sairíamos

fragilizados em termos econômicos, com menor capacidade de competição, dependentes de

pesadas importações, seja de equipamentos, seja de combustíveis e passaríamos a ocupar o

ranking dos países mais poluidores na produção de energia, mesmo possuindo grande

potencial em termos de fontes renováveis.

2.3 SITUAÇÃO ATUAL DA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) elabora, desde 2006, o Balanço Energético

Nacional (BEN). Este apresenta a contabilidade relativa à oferta e ao consumo de todas as

formas de energia no Brasil, contemplando as atividades de extração de recursos energéticos

primários, sua conversão em formas secundárias, a importação e exportação, a distribuição e o

uso final de energia (BEN, 2010).

O BEN constitui uma ampla base de dados energéticos, no qual é atualizado

anualmente. Este documento é tido como referência para os dados de energia do país.

De acordo com o BEN 2010 (ano base 2009), houve um aumento de fontes renováveis

na matriz energética brasileira em 2009, atingindo 47,3%. Esta é a maior proporção observada

desde 1992, quando o uso do carvão vegetal e da lenha eram mais intensos. Em 2009, o total

de energia consumida no país atingiu 243,9 milhões de toneladas equivalentes de petróleo

(Mtep), significando uma redução de 3,4% em relação ao ano anterior.

Entre os energéticos, houve um aumento no uso da energia hidráulica (5,2%),

refletindo as condições hidrológicas favoráveis. Em contrapartida, o consumo de derivados do

petróleo caiu, assim como o do gás natural e carvão.

A indústria foi a principal responsável pela retração na demanda de energia no Brasil

em 2009, entre os setores consumidores. Tal fato é explicado pela crise financeira

internacional. Contudo, outros segmentos, notadamente aqueles relacionados ao mercado

doméstico, mostraram-se resistentes aos impactos da crise.

O consumo de energia das famílias cresceu 1,7% e nos setores, público e de comércio,

o crescimento foi de 2,3%. O setor de transportes também apresentou um consumo maior de

21

Page 24: Monografia Biodiesel

energia, ainda que a variação tenha sido relativamente pequena (0,4%). A autossuficiência do

petróleo também foi confirmada em 2009, a produção de petróleo foi suficiente para atender a

demanda interna e houve um saldo positivo entre importações e exportações.

Dentre os derivados, os mais consumidos foram o óleo diesel e a gasolina. O consumo

de diesel mineral caiu 2,5% em relação a 2008 e isto pode ser atribuído, principalmente, a

dois fatores: o aumento do uso de biodiesel e a diminuição do transporte de cargas, como

reflexo na redução da atividade industrial. Já o consumo de gasolina automotiva cresceu

0,9%, apesar do avanço do etanol (BEN, 2010).

Em virtude de políticas de incentivo ao biodiesel, este cresceu 37,7%, em relação a

2008. Assim, a participação de biocombustíveis líquidos no setor de transportes aumentou de

19,2% em 2008, para 21,0%, em 2009, sinalizando para uma tendência de redução de

emissões de CO2 no setor. Em 2009, os biocombustíveis representaram 32,9% do consumo

final de energia. Esse percentual foi de 32,6% em 2008.

O Brasil é interconectado por mais de 90,3 mil Km de linhas de transmissão de alta

voltagem (230 kV ou mais), formando o Sistema Interligado Nacional (SIN) que atende cerca

de 98% do consumo de energia do país. A capacidade instalada do parque gerador brasileiro

conectado ao SIN é de 89,1 GW, da qual aproximadamente 83% é hidroelétrica. Essa

capacidade instalada inclui metade da capacidade instalada de Itaipu. A região Norte não

está interligada ao SIN, e, em razão disso, tal região é denominada de Sistema Isolado, o qual

compreende 45% do território nacional, porém representa somente 7% da demanda total do

país (RENOVA ENERGIA, 2010).

A matriz energética brasileira atualmente apresenta-se conforme o Quadro 2 a seguir.

22

Page 25: Monografia Biodiesel

Quadro 2 – Matriz Energética do Brasil atualmente.Fonte: Banco de Informações de Geração ANEEL apud Renova Energia4.

Como pode ser observado no quadro 2, atualmente, no Brasil, as hidroelétricas

apresentam uma grande capacidade instalada se comparada as demais fontes. Além disso, por

se tratar de uma fonte renovável, possui uma grande vantagem competitiva no país.

2.4 VISÃO FUTURA PARA A MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA

De acordo com os estudos de planejamento de longo prazo realizados pela Empresa de

Pesquisa Energética (EPE), ainda há um forte crescimento de demanda de energia no Brasil.

Entre 2005-2010, estimou-se uma oferta interna de energia de 5% ao ano, já nos anos

subsequentes, projeta-se um crescimento menor, de 3,6% e 3,4% ao ano nos períodos entre

2010-2020 e 2020-2030, explicado principalmente por uma maior eficiência energética, tanto

do lado da oferta quanto da demanda. Tal crescimento deve ser qualitativamente diferente,

pois, além de um crescimento sustentável pode-se esperar uma evolução da renda per capita e

em adição uma melhor distribuição de renda.

4 Disponível em: <http://www.aneel.gov.br> Acesso em: 24 fev. 2010.

23

Page 26: Monografia Biodiesel

O baixo consumo de energia per capita, que atualmente é mais baixo do que os

padrões mundiais aliado aos fatores anteriormente citados justificam o crescimento da

demanda nacional de energia de 3,8% ao ano, superando, em 2030, 550 milhões de tep5,

conforme indica a figura 1.

Figura 1: Brasil. Demanda Total de Energia. Fonte: Elaboração EPE.

Outra questão que merece destaque é a participação de fontes renováveis na matriz

energética brasileira. Estas, em 1970, eram superiores a 58%, devido à predominância da

lenha. No ano 2000, a participação de renováveis caiu para 53%, chegando a 44,5% em 2005.

Esta tendência deve se manter nos próximos anos, porém, a longo prazo visualiza-se a

possibilidade de reversão, a partir de 2010, conforme mostrado na figura 2.

5 tep= toneladas equivalentes de petróleo.

24

Page 27: Monografia Biodiesel

Figura 2: Fontes Renováveis na Matriz Energética Brasileira. Fonte: Elaboração Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Uma das questões mais relevantes atualmente é a preocupação mundial com as

mudanças globais de clima, especialmente o aquecimento do planeta. O Brasil destaca-se

nesse aspecto, por apresentar na produção de energia, reduzidos índices de emissão em

comparação com os demais países. Tal fato deve-se, ao elevado percentual de participação de

fontes renováveis na matriz energética brasileira, que em 2005 foram responsáveis por 44,5%

da oferta interna de energia do país.

No horizonte de longo prazo, aspectos como o nível de crescimento da economia e a

estrutura de expansão do consumo de energia exercem papel fundamental na evolução futura

das emissões de CO2. Mesmo considerando aumento da participação de fontes renováveis na

matriz, o nível de emissões deverá se ampliar nos próximos 25 anos (TOLMASQUIM;

GUERREIRO; GORINI, 2007, p. 6).

O setor de transportes e a indústria são os maiores contribuintes para a emissão de

CO2, mas, nos próximos 25 anos, a geração elétrica poderá apresentar as maiores taxas de

crescimento de emissões, cerca de 7% ao ano, fazendo com que a participação desse

segmento nas emissões aumente de 6% em 2005 para mais de 10% em 2030.

Admitindo-se que as emissões por unidade de energia consumida possam crescer em

curto prazo, em longo prazo, passados os efeitos das condições iniciais e dos fatores inerciais

que condicionam o comportamento da economia e da demanda de energia, essas emissões

passarão, no cenário formulado, a apresentar uma tendência declinante, como reflexo do

aumento da participação de fontes renováveis. Nesse panorama, o índice de 1,62 tCO2/tep,

25

Page 28: Monografia Biodiesel

calculado para 2005,evolui para 1,74 tCO2/tep em 2030, passando por um valor máximo de

1,79 tCO2/tep , conforme a Figura 3.

Figura 3- Evolução das Emissões Específicas de CO2 (em tCO2/tep, com base na Oferta Interna de Energia).

Fonte: Elaboração EPE.

Apesar de o índice ser 6,6% maior que o de 2005, o índice estimado para 2030 ainda é

bastante inferior a atual média mundial. O aumento do nível de emissões no curto prazo deve

ascender preocupações quanto à implantação de medidas e incentivo de iniciativas quanto à

reversão da situação que se visualiza possível.

Dentre as políticas definidas pelo governo brasileiro para incentivar a penetração de

fontes renováveis de energia destaca-se o Programa Nacional do Biodiesel que será abordado

detalhadamente no tópico a seguir.

26

Page 29: Monografia Biodiesel

3. BIODIESEL

3.1 CONCEITO

Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode ser

obtido por diferentes processos tais como o craqueamento, a esterificação ou pela

transesterificação. Esta última, mais utilizada, consiste numa reação química de óleos vegetais

ou de gorduras animais com o álcool comum (etanol) ou o metanol, estimulada por um

catalisador. Desse processo também se extrai a glicerina, empregada para fabricação de

sabonetes e diversos outros cosméticos.

De acordo com Knothe (2006), existe uma variedade grande de matérias-primas para

produção de biodiesel, dentre elas estão a mamona, o algodão, o amendoim, colza/canola,

soja, girassol, óleos usados em frituras, além de gorduras de origem animal.

A escolha da matéria-prima para produção de biodiesel também leva em consideração

fatores geográficos, pois dependendo da região em que é cultivada e das condições de clima e

solo, apresenta características específicas de produtividade e de percentual de óleo obtido.

O biodiesel pode ser utilizado puro ou misturado ao óleo diesel em diversas

proporções. Para caracterizar o volume percentual empregado em caso de mistura,

convencionou-se adotar a expressão BXX na qual B significa biodiesel e XX representa essa

percentagem. Como exemplo, a sigla B2 significa 2% de biodiesel misturado a 98% de diesel

(SEBRAE, 2007 apud NAVARRO 2007, p.28).

Atualmente, no Brasil, o menor percentual autorizado é o B5, que passou a ser

obrigatoriamente distribuído a partir de 1º de janeiro de 2010. Conforme Knothe et al (2006)

em muitos países utiliza-se a mistura binária diesel/biodiesel, ao invés do biodiesel puro

B100, neste sentido, os autores advertem que estas misturas não são caracterizadas como

biodiesel. Ademais, para os autores, o biodiesel além de ser totalmente compatível com o

diesel do petróleo em praticamente todas as suas propriedades, apresenta várias vantagens

adicionais em relação a este combustível fóssil:

É produzido a partir de matérias-primas renováveis, reduzindo assim a dependência por

derivados do petróleo e preservando suas últimas reservas;

É biodegradável, sendo assim, é absorvido facilmente pela natureza;

Possui alto ponto de fulgor, conferindo manuseio e armazenamento mais seguros;

Possui excelente lubricidade.

27

Page 30: Monografia Biodiesel

No Brasil, conforme Pinto Junior et al (2007) destacam-se algumas vantagens

comparativas na produção do biodiesel, pois, por situar-se numa região tropical, com altas

taxas de luminosidade e temperaturas médias anuais e também por possuir uma área de

expansão de terras agricultáveis satisfatórias, o território brasileiro é propício ao cultivo de

diversas oleagenosas.

3.2 HISTÓRICO

De acordo com Knothe (2006) o biodiesel já foi investigado como combustível para

motores do ciclo diesel mesmo antes da grande crise energética dos anos 70. A primeira

experiência realizada com o uso de combustíveis de óleos vegetais ocorreu por volta de 1900,

durante a Exposição de Paris, quando a companhia francesa Otto colocou em funcionamento

um pequeno motor diesel, projetado pelo seu inventor Rudolf Diesel, movido a óleo de

amendoim. O governo pretendia testar a potencialidade desse óleo vegetal, visando estimular

a autossuficiência energética de suas colônias na África.

A utilização de óleos vegetais como combustível foi verificada também quando

eclodiu a Segunda Guerra Mundial. Muitos governos sentiram-se inseguros com o suprimento

dos derivados de petróleo e passaram a adotar o óleo vegetal como combustível de

emergência. As indústrias de esmagamento e produção de óleo, instaladas para suprir a

demanda emergencial, não dispunham de uma base tecnológica adequada e acabaram não

progredindo após 1945, com o encerramento do conflito mundial (CARTILHA SEBRAE,

2007).

No Brasil, as Indústrias Matarazzo foram pioneiras na produção do combustível.

Durante os anos 1960, elas buscavam produzir óleo a partir de grãos de café. Da reação entre

o álcool da cana-de-açúcar, usado pelas Indústrias para retirar as impurezas do café, e o óleo

deste grão obteve-se glicerina e o produto que hoje é conhecido como biodiesel (LUCENA,

2004 apud NAVARRO, 2007, p. 29).

Na década seguinte, pesquisas mais apurada foram realizadas sobre o biodiesel pelo

professor e pesquisador Expedito Parente, da Universidade Federal do Ceará – UFCE, que na

década de 80 patenteou um sistema de extração de óleo por solvente, invenção própria para

extração em pequena escala, ficando conhecida como Prodiesel.

28

Page 31: Monografia Biodiesel

3.3 PROCESSO DE PRODUÇÃO

A alta viscosidade dos óleos vegetais impossibilita seu uso em motores diesel, pois

pode causar problemas operacionais nos motores, como a formação de incrustações e

depósitos. Para reduzir essa viscosidade dos óleos, faz-se necessário o uso do processo

químico de modo a torná-los aptos para funcionarem como combustíveis. “Apenas a

transesterificação leva a produtos comumente denominados biodiesel” (GERPEN e

KNOTHE, 2006, p. 29).

Através desse processo, o biodiesel é obtido por meio da mistura de um óleo vegetal

ou gordura animal com um álcool (metanol ou etanol) na presença de um catalisador. Desse

processo obtém-se o biodiesel e o seu subproduto, a glicerina.

A Figura 4 apresenta uma reação de transesterificação.

Figura 4- Reação de Transesterificação Fonte: O biodiesel e a inclusão social (2003).

Neste processo os alcoóis utilizados podem ser o metanol e o etanol. O metanol é um

álcool oriundo da mesma família do etanol; seu uso, como carburante, remonta ao início do

século, quando teve sua utilização como combustível pelo pioneiro Henry Ford. Pode ser

extraído da nafta, do xisto, gás, da madeira ou do carvão vegetal. Os meios mais simples e

29

Page 32: Monografia Biodiesel

usuais são a gaseificação do carvão vegetal e da madeira ou pirólise6 dos mesmos. São

necessárias 2 toneladas de madeira para uma produção de 200 litros de álcool ou metanol

O etanol (nome técnico do álcool etílico combustível) pode ser produzido a partir de

várias matérias-primas, como milho, trigo, beterraba e cana-de-açúcar. No Brasil existe o

etanol hidratado, com 5% de água, que abastece os automóveis flex, e o etanol anidro, com

0,5% de água, misturado na gasolina numa proporção de 20 a 25%.

Geralmente, no processo de transesterificação, usa-se o metanol devido a aspectos

técnicos e econômicos, pois geralmente o metanol é mais barato. No Brasil, entretanto,

incentiva-se o uso do etanol, por ser de baixo custo e devido à larga produção desta matéria-

prima no país.

3.4 O BIODIESEL NO MUNDO

Os conhecidos choques do petróleo, na década de 70, trouxeram de volta o interesse

pelos óleos vegetais, diminuindo de intensidade na década seguinte. O avanço do conceito de

desenvolvimento sustentável, as consequências do efeito estufa, as guerras no Oriente Médio,

atingindo alguns dos maiores países produtores de petróleo, e as questões estratégicas

relacionadas ao longo período de formação dos combustíveis fósseis, são os principais fatores

responsáveis pela procura da produção e uso do biodiesel (SILVA, 2006, p.15).

De acordo com NAVARRO (2007, p. 31), países da União Européia, atualmente,

constituem o principal mercado consumidor e produtor de biodiesel. Nações como os EUA,

Japão, Canadá, Malásia, entre outras, também vão ganhando destaque na produção desse

combustível seja com maior ou menor intensidade.

Na sequência deste trabalho, verificar-se-á qual a situação do biodiesel em alguns

países, com maior destaque para o Brasil.

6 Decomposição química obtida por aquecimento.

30

Page 33: Monografia Biodiesel

3.4.1 União Européia

A produção de biodiesel na União Européia acontece desde 1992. Para que haja o

desenvolvimento desse mercado, o governo concede subsídios às plantações de oleagenosas e

a isenção de impostos incidentes no combustível.

Dentre o cronograma incorporado a legislação da UE, que visa à utilização de energia

renovável está o Livro Branco. Neste livro, a UE e seus países membros definiram o objetivo

de aumentar a produção e o uso de energia renovável a um mínimo de 12% do total de

consumo doméstico de energia para o ano de 2010. As quantidades de energia verde e de

biocombustíveis deveriam ser de 2,2 e 5,75%, respectivamente (BOCKEY, 2006).

No Quadro 3 pode ser verificada a produção de biodiesel na UE em mil toneladas métricas –

MTM.

Países 2005 2006 2007 2008 2009Alemanha 1.669 2.662 2.890 2.819 2539

Áustria 85 123 267 213 310Bélgica 1 25 166 277 416Bulgária 4 9 11 25Chipre 1 1 1 9 9

Dinamarca7 71 80 85 231 233Eslováquia 78 82 46 146 101Eslovênia 8 11 11 9 9Espanha 73 99 168 207 859Estônia 7 1 0 0 24França 492 743 872 1.815 1959Grécia 3 42 100 107 77Irlanda 4 3 24 17Itália 396 447 363 595 737

Letônia 5 7 9 30 44Lituânia 7 10 26 66 98Malta 2 2 1 1 1

Holanda 18 323Polônia 100 116 80 275 332Portugal 1 91 175 268 250

Reino Unido 51 192 150 192 137Rep. Tcheca 8 133 107 61 104 164

Romênia 10 36 65 29Suécia 1 13 63 231 233Total 3.184 4.890 5.713 7.755 9.046

Quadro 3 – Produção de Biodiesel na União Européia (1000 toneladas métricas)Fonte: European Biodiesel Board

7 Sujeito a uma margem de erro de +/- 5%8 Sujeito a uma margem de erro de +/-10%, no ano de 2004

31

Page 34: Monografia Biodiesel

Observa-se, na análise do quadro 3, a evolução da quantidade de biodiesel produzida

na União Européia no período de 2005 a 2009, assim como o crescimento da produção de

biocombustível na Alemanha, França, Itália, os três países que se destacaram em termos de

capacidade produtiva do bloco. A Alemanha lidera o ranking na produção de biodiesel dentro

da UE, com volume de 2.539 toneladas métricas em 2009. Ademais a produção total do bloco

foi em 2007 de 5.713 toneladas métricas, ou seja, houve um aumento de mais de três mil

toneladas métricas em apenas dois anos.

Já a capacidade de produção de biodiesel na UE para o ano de 2010 está representada

na TABELA 1.

TABELA 1 – Capacidade de Produção de biodiesel na UE em 2010

País Capacidade (1000 toneladas métricas/ano)

Alemanha 4.933

Áustria 560

Bélgica 670

Bulgária 425

Chipre 20

Dinamarca 250

Eslováquia 156

Eslovênia 105

Espanha 4.100

Estônia 135

Finlândia9* 340

França 2.505

Grécia 662

Hungria 158

Irlanda* 76

Itália* 2.375

Letônia 156

Lituânia 147

Luxemburgo 0

Malta 5

Os países baixos 1.036

Polônia 710

Portugal 468

9 * Indicando capacidades adicionais de hydrodiesel.

32

Page 35: Monografia Biodiesel

Romênia 307

Suécia 212

Reino Unido 609

Total 21.904

Fonte: European Biodiesel Board, 2010.

3.4.2 Alemanha

De acordo com Medeiros (2009, p. 40) a Alemanha se diferencia dos demais países

por permitir que o biodiesel seja misturado ao diesel do petróleo em proporções variadas e por

ser o único país onde o biodiesel pode ser encontrado na proporção de 100% (combustível

puro) nos postos de abastecimento.

Na Alemanha, 90% da matéria-prima utilizada para produção de biodiesel é o óleo de

colza/canola. Uma estratégia interessante na comercialização adotada pelos alemães foi a

disponibilização de dois bicos numa mesma bomba de combustível, sendo uma para óleo

diesel de petróleo, e o outro, com selo verde, para o biodiesel. Grande parte dos usuários

misturava, nas mais diversas proporções, o biodiesel com o diesel comum, até ganhar

confiança no novo combustível, cerca de 12% mais barato e com várias vantagens ambientais

( SILVA; FERNANDES, 2006).

3.4.3 França

Conforme o Relatório sobre o Biodiesel (2006) a França utiliza sistemas produtivos

semelhantes aos adotados pela Alemanha, porém o combustível é fornecido no posto já

misturado com o óleo diesel de petróleo na produção atual de 5%, mas esse percentual deverá

ser elevado para 8%. Atualmente os transportes públicos franceses consomem uma mistura de

até 30% de biodiesel.

Segundo o European Biodiesel Board (EBB), em 2009 a França produziu 1.959

toneladas métricas de biodiesel, já a capacidade de produção para o ano de 2010 é de 2.505

toneladas métricas, um crescimento de 546 mil toneladas métricas.

Na França, ainda foi criada a “Partenaires Diester”, uma entidade formada de grandes

produtores e consumidores de combustível, a fim de avaliar a viabilidade do biodiesel em

sistemas urbanos, em especial da cidade de Paris (BIODIESEL BRASIL, 2010).

33

Page 36: Monografia Biodiesel

3.4.4 Itália

Dentre os países produtores de biodiesel da UE, a Itália ocupa a terceira posição. Em

2009 sua produção chegou a 737 mil toneladas métricas, um aumento de 142 mil toneladas

métricas em relação ao ano anterior. Sua capacidade de produção para o ano de 2010 é de

2.375 toneladas métricas (European Biodiesel Board, 2010).

De acordo com Navarro (2007, p. 41), nesse país o biodiesel é produzido a partir dos

óleos de soja e canola, ambos importados devido à baixa produção dessas oleagenosas no

país. Assim, diante dos custos advindos da importação, o país se viu obrigado a reduzir os

incentivos fiscais para a produção do biodiesel em 2005.

3.4.5 Estados Unidos – EUA

O programa de biodiesel americano é bem menor do que o europeu e apresenta

importantes diferenças. A principal matéria-prima utilizada para produção de biodiesel é a

soja, outras matérias-primas como o amendoim,o crambe10 e a camelina11 são oportunidades

para a exploração, mas limitadas a alguns locais. As gorduras animais e os óleos de fritura são

fontes crescentes, com várias redes de restaurantes aderindo ao processo.

Atualmente, das 193 refinarias existentes no país, apenas 129 estão produzindo. Os

EUA esperam que apenas em 2015 a indústria do biodiesel esteja completamente

estabelecida. No momento, a situação ainda é instável, principalmente pelo decréscimo da

demanda nos últimos dois anos, associada à recessão econômica e pelo fim do subsídio de

US$ 1 por galão de mistura, em 31 de dezembro de 2009. Representantes do setor afirmam

que quando o subsídio voltar a indústria voltará a crescer.

3.4.6 Japão

De acordo com Navarro (2007) diferentemente dos outros países, o Japão não produz

biodiesel a partir de oleagenosas plantadas especificamente para essa finalidade, mas sim

10 Nativo da região do mediterrâneo. Seus grãos contêm um óleo não-comestível usado em produtos industriais.11 Pertence à família da Brassicaceas e seu cultivo data de épocas pré-históricas com o objetivo de produzir óleo. O cultivo dessa espécie teve seu apogeu na Europa durante o século dezenove, e seu declínio quando as culturas de trigo e colza começaram a se instalar até quase seu total desaparecimento após a Segunda Guerra Mundial.  

34

Page 37: Monografia Biodiesel

através da reciclagem de óleo de cozinha usado. Existem empresas no Japão que coletam e

converte o óleo residual em biodiesel para comercialização ou consumo próprio.

A cidade de Kyoto vem trabalhando desde 1997, em um projeto – Kyoto City’s

Biodiesel Project – que visa à reciclagem do óleo de cozinha usado.

Kyoto também estabeleceu diretrizes próprias para a produção de biodiesel e construiu

umas das maiores usinas de fabricação de combustível do Japão. O óleo é coletado por usinas

em casas, comércio da cidade, cozinhas de escolas, supermercados e departamentos públicos

(NAVARRO, 2007).

A produção de energia renovável é incentivada pelo governo no Japão. Ficou

estabelecido através do Renewable Portfólio Standard o aumento da produção de energia a

partir de fontes renováveis neste país. Assim, são oferecidos subsídios para a instalação de

conversores de bioenergia e para utilização destes. Dentre os combustíveis renováveis, o

biodiesel desponta como principal alternativa.

3.4.7 Argentina

Conforme Körbitz (2006, p. 234), na Argentina existe um enorme potencial para a

produção de biodiesel, pois além de ser o maior exportador mundial de oleagenosas e o

terceiro maior exportador de grãos, bem como de óleos comestíveis (principalmente de soja e

girassol) é ranqueada como quarto maior produtor mundial de grãos.

A maior barreira enfrentada atualmente pelo país está associada à crise econômica, que

compromete a decisão dos investidores e consequentemente a indústria do biodiesel.

3.5 O BIODIESEL NO BRASIL

O Brasil é considerado um dos países mais propícios para a produção de biodiesel,

devido à sua extensão territorial e condições climáticas favoráveis. Dentre as diversas

oleagenosas aptas para produção de biodiesel encontram-se a mamona, o dendê, a soja, o

girassol, além de outras alternativas que estão em fase de pesquisas. Porém, a oleagenosa que

será utilizada para produção de biodiesel deverá ser escolhida de acordo com o potencial da

região.

Este país tem em sua geografia grandes vantagens agrônomas, por se situar em uma

região tropical, com altas taxas de luminosidade e temperaturas médias anuais. Associada a

disponibilidade hídrica e regularidade de chuvas, torna-se o país com maior potencial para

35

Page 38: Monografia Biodiesel

produção de energia renovável. O Brasil explora menos de um terço de sua área agricultável,

o que constitui a maior fronteira para expansão agrícola do mundo. O potencial é de cerca de

150 milhões de hectares, sendo 90 milhões referentes a novas fronteiras, e outros 60

referentes a terras de pastagens que podem ser convertidas em exploração agrícola em curto

prazo (BIODIESELBR, 2010).

Em 2003 foi criado o Grupo de Trabalho Interministerial – GTI. Este grupo tinha

como objetivo analisar a viabilidade da produção e uso do biodiesel no país. Para alcançar tal

objetivo promoveu diversas audiências, onde foram consultados e ouvidos representantes de

ciência e tecnologia, produtores e trabalhadores rurais, universidades, agricultores familiares,

fabricantes de autopeças e parlamentares envolvidos com o assunto.

Conforme Navarro (2007, p. 41) encerrado o estudo, o GTI produziu um relatório – o

Relatório Final do GTI – contendo os vários benefícios que o país poderia usufruir com a

introdução do biodiesel na matriz energética. Vislumbrou-se que esse combustível poderia

contribuir com algumas questões fundamentais para o Brasil, tais como:

Geração de emprego e renda, sobretudo no meio rural;

Desenvolvimento das regiões mais carentes do país (Norte, Nordeste e Semi-Árido);

Diminuição de gases poluentes na atmosfera e, consequentemente, dos custos na área de

saúde, como o combate aos chamados males da poluição; e

Economia de divisas, com a redução das importações de óleo diesel.

Este relatório deu embasamento para o presidente da república Luiz Inácio Lula da

Silva estabelecer o Programa Nacional de Produção e uso de Biodiesel (PNPB) como ação

estratégica e prioritária para o Brasil. Assim, ainda em 2003, o Governo Federal instituiu a

Comissão Executiva Interministerial e o seu Grupo Gestor, responsáveis pela implantação do

Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel.

O PNPB foi lançado em dezembro de 2004, apresentando como principais diretrizes:

implantar um programa sustentável, promovendo inclusão social; garantir preços

competitivos, qualidade e suprimento; produzir o biodiesel a partir de diferentes fontes

oleaginosas e em regiões diversas (PORTAL DO BIODIESEL, 2010).

A introdução do biodiesel na matriz energética brasileira foi realizada através da Lei nº

11.097 (ver Anexo A), de 13 de janeiro de 2005 e estabelece a obrigatoriedade da adição

mínima de 2% de biodiesel ao óleo diesel (B2), a partir de 2008.

36

Page 39: Monografia Biodiesel

O óleo diesel comercializado em todo Brasil, desde 1º de janeiro de 2010 contém 5%

de biodiesel. Esta regra foi estabelecida mediante resolução do Conselho Nacional de Política

Energética (CNPE).

Segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), o Brasil está entre os maiores

produtores e consumidores de biodiesel no mundo, com uma produção anual, em 2009, de 1,6

bilhões de litros e uma capacidade instalada, em janeiro de 2010, para cerca de 4,7 bilhões de

litros.

3.5.1 Cadeia Produtiva

A produção industrial do biodiesel e o cultivo de matérias-primas, ou seja, a cadeia

produtiva do biodiesel tem grande potencial de geração de empregos, promovendo, assim, a

inclusão social, principalmente quando se considera o grande potencial da agricultura

familiar. No semi-árido brasileiro, a inclusão social é ainda mais notória.

Na Figura 5, pode-se observar a cadeia produtiva do biodiesel no Brasil, produzido a

partir de plantas oleagenosas, pois este também pode ser produzido a partir do sebo de boi,

assim como através de óleos de cozinha usados.

37

Page 40: Monografia Biodiesel

Figura 5 – Cadeia Produtiva do Biodiesel Fonte: www.sergipetec.org.br

A partir desta figura podemos observar que a produção de biodiesel envolve várias

etapas, desde a plantação das oleagenosas, produção agroindustrial do óleo até a produção

industrial do biodiesel.

Segundo Medeiros (2009, p. 47) pode-se criar empregos alternativos devido à

necessidade de transportar matérias-primas, sejam os grãos ou óleos para seus respectivos

destinos, assim como também o transporte de biodiesel até os postos de abastecimento. Este

transporte muitas vezes é realizado por atravessadores, que acabam angariando a maior parte

do lucro desta cadeia, gerando prejuízos principalmente para o produtor rural. Isto leva a

conclusão de que o Programa poderia ser mais eficiente se fosse construídas indústrias

esmagadoras mais próximas da área de cultivo das oleagenosas.

38

Page 41: Monografia Biodiesel

3.5.2 Aspectos Econômicos

Como foi apresentada anteriormente, a cadeia produtiva do biodiesel possui vários

aspectos econômicos, desde sua etapa agrícola onde é realizada plantio, colheita e

processamento do grão, beneficiando os agricultores por meio da geração de emprego e renda,

até sua etapa industrial (processo de transesterificação) onde são realizados investimentos em

tecnologias e construção de novas usinas.

Nos próximos sub-tópicos serão analisados de forma mais detalhada os aspectos

econômicos da produção de biodiesel a partir de oleagenosas no Brasil, para tanto, analisar-

se-á os custos de produção do biodiesel, preço, incentivos governamentais, financiamentos e

os leilões.

3.5.2.1 Análise Econômica De Custos E Vantagens Das Alternativas De Combustíveis

De acordo com Silva (2006, p. 75), a formação do custo de produção do biodiesel está

relacionada a vários fatores que podem influenciar diretamente neste custo. O autor ressalta

que os custos de produção do biodiesel podem ser afetados em até 25% pela escala de

produção e o custo final em até 50% pelo preço da matéria-prima. Ademais, os custos com

matéria-prima, óleo vegetal, álcool e catalisador usados no processo de transesterificação,

além de mão-de-obra e energia são fatores que incidem diretamente na formação de custos de

produção do biodiesel.

Como foi citada anteriormente, a escala de produção pode afetar em até 25% o custo

de produção do biodiesel, esta escala está relacionada com a capacidade de produção de cada

planta industrial, ou seja, ao tamanho da indústria, quanto maior a capacidade produtiva

menor serão os custos de produção. Conforme Guimarães (2005 apud SILVA, 2006, p. 75),

plantas com capacidade produtiva de 100.000 ton/ano apresentam reduções de custos de

produção, podendo oferecer preços mais competitivos ao consumidor final.

Estudos realizados pelo Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada –

CEPEA (2006) analisam o custo de produção do biodiesel a partir de diferentes matérias-

primas agrícolas nas cinco macrorregiões do Brasil, em plantas industriais de diferentes

escalas.

39

Page 42: Monografia Biodiesel

É importante destacar que os dados e análises dos custos de produção do biodiesel

foram feitos considerando as receitas e despesas dos subprodutos tanto da etapa de

esmagamento quanto de fabricação do biodiesel.

Para cada região, foi considerado o uso de matérias-primas compatíveis com suas

respectivas vocações agrícolas. Isso significa que foi estudada a produção de biodiesel a partir

das seguintes origens vegetais:

Região Sul: soja e girassol;

Região Sudeste: soja, girassol e amendoim;

Região Centro – Oeste: soja, caroço de algodão e girassol;

Região Nordeste: soja, caroço de algodão e mamona;

Região Norte: soja, mamona e dendê.

Os cálculos foram feitos para plantas industriais de biodiesel de três escalas anuais de

produção: 10 mil, 40 mil e 100 mil toneladas. Independentemente da escala, as unidades

industriais foram consideradas integradas, que vão da extração do óleo ao processamento do

biodiesel.

Calculou-se o custo de produção do biodiesel, tanto considerando-se a matéria-prima

agrícola a custo de produção quanto a partir do seu preço regional de mercado, com base nos

dados da safra 2004 – 2005. As cotações médias utilizadas referem-se ao período de junho de

2004 a julho de 2005, com exceção do dendê, cujos preços foram de agosto de 2005. Na

TABELA 2, analisa-se o estudo realizado a partir dos custos agrícolas, já na TABELA 3,

analisa-se o estudo realizado a partir do preço de mercado das matérias-primas nas suas

respectivas regiões. Vale frisar que os dados para os custos e preços das matérias-primas são

baseados na safra do ano agrícola 2004/2005.

TABELA 2 – Custos de produção do biodiesel a partir dos custos agrícolas em R$/L (ano agrícola 2004/2005)

Região

Municípios (UF) Matéria-prima

Escala da Planta Industrial (t/ano)

10.000 40.000 100.000

Sul Soja 1,910 1,786 1,714

Carazinho (RS) Girassol 1,771 1,649 1,579

Sudeste Soja 1,365 1,247 1,186

Piracicaba (SP) Amendoim 1,732 1,61 1,541

Girassol 1,656 1,534 1,467

40

Page 43: Monografia Biodiesel

Centro-Oeste Soja 0,997 0,883 0,829

Rondonópolis Girassol 1,150 1,034 0,997

(MT) Car. Algodão12 1,094 0,975 0,923

Nordeste Soja 1,793 1,670 1,601

Luiz Eduardo Mamona 1,707 1,585 1,517

Magalhães (BA) Car. De Algodão 0,824 0,712 0,662

Norte Soja 1,284 1,167 1,107

Marabá (PA) Dendê 1,349 1,231 1,170

Fonte: CEPEA apud Navarro (2007, p. 44)

TABELA 3 – Custos de produção a partir dos preços da matéria-prima agrícola comprada no mercado em R$/L (ano agrícola 2004/2005).

Escala da Planta Industrial13

Região

Município (UF)

Matéria-prima 10.000 40.000 100.000

Sul Soja 1,545 1,424 1,360

Carazinho (RS) Girassol 1,003 0,889 0,835

Sudeste Soja 1,491 1,372 1,308

Piracicaba (SP) Amendoim 1,999 1,874 1,800

Girassol 0,973 0,859 0,806

Centro-Oeste Soja 1,067 0,952 0,897

Rondonópolis Girassol 1,371 1,253 1,191

(MT) Car.Algodão 1,904 0,975 0,923

Nordeste Soja 1,066 0,951 0,896

Luiz Eduardo Mamona 2,348 2,219 2,138

Magalhães (BA) Car. Algodão 0,824 0,712 0,662

Norte Soja 1,016 0,902 0,848

Marabá Dendê 1,444 1,324 1,262

Fonte: CEPEA apud Navarro (2007, p. 44).

De acordo com os dados do CEPEA, o biodiesel produzido a partir do caroço de

algodão na região Nordeste é o mais barato do Brasil. De acordo com Lima (2007, p. 24), esse

resultado favorável ao caroço de algodão reforça a hipótese de que a produção de biodiesel

12 Para o caroço de algodão, em vez dos custos agrícolas, o estudo considerou o preço médio de mercado.Nota: Assumi-se lucro zero por parte da indústria integrada.13 Nota: Assumi-se lucro zero por parte da indústria integrada.

41

Page 44: Monografia Biodiesel

pode ter base econômica mais consistente a partir dos subprodutos, como: o caroço de

algodão, ou óleos residuais do dendê, da soja, do girassol e da própria mamona. Por outro

lado, contra essa viabilidade econômica, está a necessidade de produção do biodiesel em

grande escala para que atenda a um programa nacional.

Quanto ao biodiesel fabricado a partir da soja, o menor valor calculado foi para região

Centro-Oeste, considerando-se a obtenção da matéria-prima a custo de produção agrícola,

com base nos dados da safra 2005-2005, em uma usina de 100 mil toneladas por ano.

A análise dos custos de produção do biodiesel deixou clara a grande importância dos

subprodutos na contabilidade final de uma indústria integrada. Na maioria dos casos, o farelo

e a torta são gerados na extração do óleo representam prejuízo à unidade, com o agravante de

serem produzidos em grande quantidade. Já os subprodutos do processo de elaboração do

biodiesel propriamente dito mostraram-se superavitários (glicerina e álcool hidratado), porém,

gerados em quantidades relativamente pequenas (LIMA, 2007, p. 25).

Na análise do CEPEA (2006), foi considerada a possibilidade da usina de biodiesel

poder comercializar o álcool hidratado resultante do processo. Por essa razão, foram feitos

cálculos também levando-se em consideração a alternativa técnica de instalação de uma

coluna de desidratação do álcool. Devido os investimentos necessários para a aquisição desse

equipamento, ele foi considerado somente em plantas de 40 mil e 100 mil toneladas por ano.

De acordo com Lima (2007, p. 25), um custo que não pode ser desprezado na análise

da planta integrada é o administrativo, que envolve desde a mão-de-obra especializada até a

infra-estrutura utilizada, contudo, no trabalho do CEPEA (2006), não foram avaliados tais

dispêndios. Este trabalho, na verdade, calculou o custo de produção operacional do biodiesel,

em diferentes escalas de produção, por região e por oleagenosas previamente selecionadas.

A estrutura integrada, desde a fase agrícola, mostrou-se viável na região Sudeste, para

a soja e o amendoim, e na região Centro-Oeste, para a soja. Na região Nordeste, a estrutura

integrada mostrou-se viável apenas para a mamona, e na região Norte, apenas para o dendê.

3.5.2.2 Menores Custos

O biodiesel produzido a partir de caroço de algodão, na região Nordeste, em uma

planta de 100 mil toneladas por ano, é o mais barato do Brasil. Contudo, é difícil calcular o

custo de produção do caroço. Assim, considerou-se seu preço de mercado. Nesse caso, o custo

mínimo foi de R$ 0,66 por litro. Esse custo foi obtido com a receita do seu farelo,

comercializado a um valor maior que seu custo.

42

Page 45: Monografia Biodiesel

De acordo com Lima (2007, p. 26), levando-se em conta a matéria-prima,

efetivamente a custo de produção, o menor custo é o biodiesel fabricado a partir da soja na

região Centro-Oeste. Em uma planta de 100 mil toneladas por ano, um litro de biodiesel teria

um custo mínimo de R$ 0,83 por litro, consideradas as receitas e as despesas do subproduto.

Com relação à soja, matéria-prima utilizada nas cinco regiões do país, a sua aquisição

no mercado mostrou-se mais viável que a sua própria produção nas regiões Sul, Nordeste e

Norte. No Sul do país, a diminuição do custo de produção do biodiesel na média das três

plantas analisadas foi de 7%, na região Nordeste, a economia foi de 14,2%, e na região Norte,

a redução no custo final do biodiesel foi de 5,8%.

O biodiesel produzido a partir da mamona, cotada a preços de mercado, custou 23%

mais que o biodiesel produzido a partir de matéria-prima obtida a custos de produção agrícola.

3.5.2.3 Tributação E Subsídios Fiscais E Selo Combustível Social

O Governo normalmente concede subsídios de forma a impulsionar setores

estratégicos da economia. O uso desse instrumento no Brasil, especificamente no mercado de

biodiesel, tem caráter social e econômico.

O modelo propõe a redução total ou parcial dos tributos federais incidentes sobre os

combustíveis (CIDE, PIS/PASEP e COFINS) para produtores que apóiem a agricultura

familiar e promovam a inclusão social e a geração de emprego e renda nos segmentos mais

carentes da agricultura brasileira. Os tributos incidentes sobre o biodiesel e óleo diesel, são

apresentados resumidamente no Quadro 4.

Impostos

Federais

Agricultura

Familiar

Norte,

Nordeste ou

Semiárido

(qualquer

oleagenosa)

Agricultura

Familiar

Outras regiões

Agronegócio,

Norte,

Nordeste ou

semiárido com

qualquer

Oleagenosa.

Regra Geral

(demais

regiões,

formas de

agricultura e

matéria-prima)

Diesel

Mineral

CIDE Inexistente Inexistente Inexistente Inexistente R$ 0.070/m³

PIS/PASEP

e COFINS

R$ 0.00/m³

(100%

redução)

R$ 0.07/m³

(68% redução)

R$ 0.151/m³

(32% redução)

R$ 0.222/m³ R$ 0.148/m³

Total

Impostos

Federais

R$ 0.00/m³

(100%

redução)

R$ 0.07/m³

(68% redução)

R$ 0.151/m³

(32% redução)

R$ 0.222/m³ R$ 0.218/m³

43

Page 46: Monografia Biodiesel

Quadro 4 – Comparativo do modelo tributário do biodiesel e do diesel mineral. Fonte: MDA (2008)

Os dados revelam que o modelo tributário busca atender os princípios básicos do

PNPB, reduzir as disparidades regionais e promover a inclusão social mediante a redução dos

impostos nas regiões mais carentes do país a exemplo do Norte, Nordeste e Semiárido.

De acordo com o Departamento de Combustíveis Renováveis (2008, apud

MEDEIROS, 2009, p. 53) através do Decreto Lei nº 6.606/08, o governo brasileiro modificou

o modelo tributário até então vigente e recaído sobre o diesel e biodiesel. Para isto, reduziu as

alíquotas de PIS/PASEP e COFINS incidentes sobre o diesel e sobre a venda de biodiesel

bruto no mercado interno. Com tal mudança, a carga tributária máxima passa a ser R$ 0,178

por litro em vez dos R$ 0,218 cobrados anteriormente.

Mas, para que os produtores recebam esses incentivos, deverão ser detentores do Selo

Combustível Social, um certificado concedido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário

(MDA) aos produtores que atendam aos seguintes requisitos:

Aquisição de percentuais mínimos de matérias-primas produzidas por agricultores

familiares, sendo 10% nas regiões Norte e Centro-Oeste, 30% no Sul e Sudeste e 50% no

Nordeste e Semi-Árido;

Celebração de contratos com agricultores familiares, estabelecendo preços e reajustes,

prazos e condições de entrega da matéria-prima, sendo a negociação realizada na presença

de sindicatos e entidades representativas desses agricultores; e

Prestação de assistência e capacitação técnica aos agricultores familiares (NAVARRO,

2007).

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) (2007 apud NAVARRO,

2007, p. 50) além da redução parcial ou total dos tributos federais, a posse do Selo

Combustível Social permite que o produtor de biodiesel participe dos leilões de compra

promovidos pela ANP e obtenha financiamentos mais amplos e em condições mais favoráveis

do que as vigentes no mercado junto ao BNDES e suas instituições financeiras credenciadas.

44

Page 47: Monografia Biodiesel

3.5.2.4 LEILÕES DE BIODIESEL

A mistura de biodiesel de 2% (B2) no diesel, entre os anos de 2005 e 2007, foi

autorizada de forma não compulsória. Em janeiro de 2008 começou o período de

obrigatoriedade da mistura de 2% (B2), tendo de passar a 5% até 2013. No segundo semestre

de 2008, a mistura foi elevada para 3% (B3) pelo governo, e no segundo semestre de 2009

para 4% (B4). Embora estivesse prevista para 2013, a mistura de 5% de biodiesel no diesel foi

antecipada para a partir de janeiro de 2010.

Para organizar esse novo mercado obrigatório e também fiscalizar a qualidade do

biodiesel, o governo atribuiu essa responsabilidade a Agência Nacional de Petróleo –ANP.

Uma das principais tarefas da ANP é realizar periodicamente os leilões de compra e venda do

biodiesel. Esses leilões reúnem produtores e compradores de biodiesel, sendo a principal

compradora a Petrobras.

A quantidade a ser comprada pelos produtores de diesel mineral é estipulada pela

ANP, assim como o preço máximo do biodiesel a ser vendido e o prazo de entrega (hoje

fixado em 3 meses). Aqueles que oferecerem os menores preços associados a um determinado

volume serão os vencedores do leilão, tal dinâmica evita a formação de assimetrias de

informação.

No decorrer do ano de 2008, muitos produtores que venceram os leilões, apesar de

haver capacidade suficiente para produzir biodiesel, não entregaram os volumes ofertados. A

título de exemplificação, a Figura 6 mostra-nos a falta de comprometimento de alguns

produtores, os volumes entregues totalizam apenas 30% do volume contratado.

Figura 6 – Performance da Entrega de BiodieselFonte: MENDES; COSTA (2009 apud Ministério de Minas e Energia - MME, 2009).

45

Page 48: Monografia Biodiesel

Devido à falta de comprometimento de alguns produtores, regras mais rígidas foram

estipuladas em relação ao cumprimento da entrega dos volumes leiloados. Assim, caso algum

produtor, por algum motivo, não entregue o biodiesel com a qualidade e volume ofertados no

leilão, sofrerão penalidades administrativas e poderão ser impedidos de participar do próximo

leilão. Tais regras surtiram efeito, o volume entregue passou para níveis próximos de 100%

do volume leiloado.

Os leilões exercem um importante papel no desenvolvimento interno de biodiesel. O

volume ofertado vem crescendo desde seu primeiro arremate no ano de 2005 (ver TABELA

4).

TABELA 4- Resumo dos Leilões do Biodiesel

Data do Leilão

UnidadesOfertantes

UnidadesClassificadas

Volume Ofertado (m³)

VolumeArrematado(m³)

Preço máximode referência

MenorPreço(R$/m³)

PreçoMédio(R$/m³)

31.05.2010 45 40 - 600.000 2.320,00 1.580,00 2.105,5817.11.2009 40 40 725.179 575.000 2.350,00 2.270,00 2.326,6724.11.2008 32 31 449.890 330.000 2.400,00 2.300,00 2.387,7612.07.2006 - - 1.141.335 550.000 - - 1.746,66

Fonte: Elaboração própria com base em dados da ANP, 2010.

Ainda assim existe uma discussão entre os agentes do setor sobre as necessidades dos

leilões da ANP. Uns defendem uma solução de mercado livre, onde os compradores e

vendedores de biodiesel estabeleceriam contratos determinando volume, preço, prazo de

entrega, sem a interferência da ANP.

Outros defendem a continuidade dos leilões devido aos seguintes benefícios:

Eliminar ou minimizar a assimetria de informações entre os agentes, uma vez que os

lances são abertos;

Garantir igualdade na disputa entre os grandes e pequenos produtores de biodiesel;

Facilitar a fiscalização do cumprimento do percentual de mistura de biodiesel no diesel

mineral sem haver necessidade de fiscalização de posto a posto de combustível;

Fornecer um ambiente competitivo entre os produtores a fim de permitir menores preços

de biodiesel para os consumidores e para a sociedade; e

Garantir a participação mínima da agricultura familiar no fornecimento de matérias-

primas para a produção de biodiesel com a exigência do selo combustível social para 80%

do volume negociado.

46

Page 49: Monografia Biodiesel

3.5.2.5 Preços

Segundo Cobra (1986 apud SILVA, 2006, p. 72) “o preço é uma variável

mercadológica sobre a qual, as organizações podem exercer gerenciamento, propiciando

ações que influa o comportamento do mercado.”

A política de preços adotada até agora para a venda do biodiesel são os leilões

realizados pela ANP, onde ficam estabelecidos os preços médios de venda, conforme

apresentado anteriormente no subtópico dedicado ao tema leilões de biodiesel.

De acordo com Mendes e Costa (2009, p. 258) o desenvolvimento do biodiesel

nacional só vem ocorrendo devido à obrigatoriedade legal, pois o seu preço sempre foi

superior ao diesel mineral, tornando-o, assim, pouco competitivo, conforme ilustra a

TABELA 5.

TABELA 5 – Preços dos biocombustíveis14

Ano Biodiesel(R$/litro)

Diesel(R$/litro)

Diferença %Biodiesel e diesel

2005 1,90 1,25 52,02006 1,79 1,36 31,62007 1,86 1,36 36,82008 2,60 1,47 76,92009 2,26 1,4315 58,5

Fonte: MENDES; COSTA, 2009 apud ANP, 2009.

Um fator importante a ressaltar é que, os preços do biodiesel dependem fortemente do

preço do óleo vegetal, este representa cerca de 80% a 85% do seu custo de produção. Outro

fator que determina o preço é o grau de competitividade que está relacionado com o número de

produtores e a capacidade de utilização ou ociosidade das plantas.

Segundo a ANP, no Brasil, atualmente existem 63 plantas produtoras de biodiesel,

correspondendo a uma capacidade total autorizada de 14.174,03m³/dia. Destas 63 plantas, 52

possuem Autorização para Comercialização do Biodiesel produzido, correspondendo a

13.779,83 m³/dia de capacidade autorizada para comercialização.

De acordo com Mendes e Costa (2009, p. 259) um dos principais determinantes do

preço do biodiesel é o preço do óleo de soja, visto que este representava 75% da matéria-prima

na produção de biodiesel nacional em setembro de 2009. Conforme o Gráfico 1 a formação de

preço da ANP acompanha o mesmo movimento do preço do óleo de soja. Assim, deduz-se que

14 Preço referenciado na porta do produtor sem ICMS.15 Média de preços de janeiro a outubro de 2009.

47

Page 50: Monografia Biodiesel

a ANP forma uma expectativa sobre o óleo de soja para determinar o preço de referência do

biodiesel para os leilões.

Gráfico 1 – Preços do biodiesel e óleo de soja Fonte: ANP e Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais – Abiove.

3.5.2.6 Disponibilidade de Financiamento

O Governo brasileiro propôs, através do Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social, um Programa de Apoio Financeiro ao Investimento em Biodiesel com

um leque de incentivos na área de crédito para financiamento de todas as fases de produção

(fase agrícola, produção de óleo bruto, produção de biodiesel, armazenamento, logística e

equipamentos para produção de biodiesel).

A principal condição imposta pelo BNDES para concessão do financiamento é o Selo

Combustível Social. Este é concedido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA a

produtores de biodiesel que promovam a inclusão social dos agricultores familiares que lhe

forneçam matérias-primas. O produtor de biodiesel deverá obedecer a critérios do MDA para

obtenção do Selo Combustível Social.

De acordo com Szuster (2008, p. 38) a detenção do Selo apenas permite maiores

benefícios, visto que qualquer produtor de biodiesel possui condições facilitadas de crédito.

48

Page 51: Monografia Biodiesel

Como pode ser visto no Quadro 5, as condições de financiamento apresentavam taxas de juros

bem menores do que as existentes no mercado.

Quadro 5 – Apoio Direto do BNDES- Taxas de Juros

Micro, pequenas e

Médias empresas-

com Selo Combustível

Social

Micro, pequenas e

Médias empresas-

sem Selo Combustível

Social

Grandes empresas –

com Selo

Combustível Social

Grandes empresas –

sem Selo

Combustível Social

TJLP + 1% a.a TJLP + 2% a.a TJLP + 2% a.a TJLP + 3% a.a

Fonte: BNDES – TJLP é a taxa de Juros de Longo Prazo editada pelo Governo pela Medida Provisória nº 802, Dezembro de 1994, apud SZUSTER, 2008.

Conforme Pacheco (2009, p. 41) o BNDES oferece apoio de até 90% dos itens

passíveis de apoio, para projetos detentores do Selo Combustível Social e até 80% dos itens

passíveis de apoio, para projetos sem Selo Combustível Social.

O PNPB ainda conta com o apoio do Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar – PRONAF que financia o custeio a produção de oleagenosas. O

financiamento só será concedido se o requerente apresentar o contrato de compra e venda

entre o agricultor familiar e o produtor de biodiesel.

O Banco do Brasil também possui um programa chamado BB Biodiesel, onde apóia a

produção, a comercialização e o uso do biodiesel como fonte de energia renovável e atividade

geradora de emprego e renda.

49

Page 52: Monografia Biodiesel

4. UMA ANÁLISE ACERCA DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DA MAMONA NO NORDESTE BRASILEIRO

O objetivo deste capítulo é fazer uma análise crítica acerca da produção de biodiesel a

partir da mamona na região Nordeste do Brasil, identificando as dificuldades e a viabilidade

desta oleagenosa nesta região. Para tanto, o capítulo irá dividir-se em vários tópicos com o

fim de esclarecer as características da região, justificar a adoção da mamona como oleagenosa

mais apta para produção de biodiesel nessa área, assim como discutir a viabilidade

econômica, social e ambiental da produção desta cultura.

4.1 NORDESTE

De acordo com Monteiro (2007, p. 102) o Nordeste é composto de nove Estados:

Alagoas (AL), Bahia (BA), Ceará (CE), Maranhão (MA), Paraíba (PB), Piauí (PI),

Pernambuco (PE), Rio Grande do Norte (RN) e Sergipe (SE).

A Região Nordeste do Brasil apresenta diversas configurações quanto aos aspectos

naturais dos principais elementos da natureza tais como relevo, vegetação, clima, hidrografia.

Devido a essas variações essa região foi regionalizada ou dividida em quatro sub-regiões:

Zona da Mata, Meio–Norte, Agreste e Sertão, conforme a Figura 7.

50

Page 53: Monografia Biodiesel

Figura 7 – Sub-Regiões do Nordeste Brasileiro. Fonte: Monteiro, 2007.

A Zona da Mata estende-se ao longo do litoral, desde o Rio Grande do Norte até o sul

da Bahia. A maior parte da população nordestina está concentrada nessa área, principalmente

nas grandes cidades, como Salvador (BA), Maceió (AL), Recife (PE), João Pessoa (PB) e

Natal (RN). Essa é a parte mais úmida e de solo mais fértil do Nordeste. Essa sub-região é

rica em recursos minerais, como o petróleo e o gás natural, produzidos em Sergipe, Rio

Grande do Norte e Bahia.

O Agreste ocorre entre a Zona da Mata e o Sertão. Está localizado no alto do Planalto

da Borborema, que se estende do sul da Bahia até o Rio Grande do Norte. Grandes cidades,

como Campina Grande (PB) e Caruaru (PE), foram originadas de grandes feiras de alimentos

e gado e hoje são grandes pólos industriais e de estabelecimentos comerciais importantes do

interior nordestino.

O Sertão é uma extensa área de clima semi-árido, caracterizado pela escassez e

irregularidade de chuvas e pela ocorrência de secas. O Sertão abrange parte de Pernambuco,

51

Page 54: Monografia Biodiesel

Paraíba, Alagoas, Sergipe, Piauí e quase integramente os Estados do Ceará e do Rio Grande

do Norte, isto é, a maior parte do Nordeste (MONTEIRO, 2007, p. 103).

A vegetação típica do Sertão é a Caatinga. Nas partes mais úmidas existem bosques de

palmeiras, especialmente a carnaubeira, também chamada "árvore da providência", por serem

todas as suas partes aproveitadas. O rio São Francisco é o maior rio da região e única fonte

perene de água para as populações que habitam as suas margens. Nele existem várias represas

e usinas hidrelétricas, como a de Sobradinho, em Juazeiro, estado da Bahia, e a de Paulo

Afonso, na divisa dos estados da Bahia e Pernambuco. A economia do Sertão Nordestino

baseia-se na pecuária extensiva e no cultivo de algodão em grandes propriedades de terra,

com baixa produtividade. O Sertão apresenta muitos rios temporários e baixo índice

pluviométrico, que também tem como característica a irregularidade, pois ocorrem longos

períodos sem chuva (Estiagem).

Por último, o Meio-Norte (também chamado de Mata dos Cocais) é uma faixa de

transição entre a Amazônia e o Sertão, abrange os Estados do Maranhão e Piauí. Apresenta

um clima seco (semi-árido) na sua porção próxima ao Sertão e um clima mais úmido em sua

porção próxima a Amazônia (MONTEIRO, 2007, p. 105)

Mais de 50% da área da região Nordeste possui clima semi-árido. Este clima

caracterizado por alta temperatura média anual, variando de 23° a 27°C, precipitações médias

anuais iguais ou inferiores a 800 mm/ano, alta insolação média anual (2.800h/ano),

evaporação de 2.000mm/ano ou mais e umidade relativa do ar média em torno de 50%. O

semi-árido nordestino tem como traço principal as frequentes secas, que podem ser

caracterizadas pela ausência, escassez, alta variabilidade espacial e temporal das chuvas. Não

é rara a sucessão de anos de seca seguidos de anos com precipitações muito superiores à

média.

De acordo com Carvalho (apud MEDEIROS, 2009, p. 63) as atividades econômicas

desenvolvidas na zona semi-árida do Nordeste são assentadas no cultivo agrícola, e,

apresentam níveis muito baixos de produtividade. As condições de trabalho, nessas áreas,

variam muito, destacando-se, portanto, os trabalhadores efetivos, o pequeno proprietário rural

e os trabalhadores sem terra, que realizam trabalhos temporários em troca de um salário, estes

trabalham para os médios e grandes proprietários.

Na zona semi-árida nordestina a situação dos trabalhadores rurais seja ele assalariado

ou não é bastante complexa, uma vez que, estes produzem na maioria das vezes para

subsistência, cultivando lavouras como feijão, milho e mandioca, no entanto tais produções

não geram excedentes, sendo necessária em anos de seca a intervenção governamental, na

52

Page 55: Monografia Biodiesel

promoção de outros meios de subsistência. Além disso, são desenvolvidas nestas áreas

culturas secundárias, um sistema de consórcio como o arroz e oleagenosas como a mamona,

girassol e gergelim (CARVALHO apud MEDEIROS, 2009, p. 65).

De acordo com Carvalho (apud MEDEIROS, 2009, p. 66) as atividades relacionadas

com o comércio e a indústria não são muito significativas nessas áreas, pois, a maior parte das

indústrias e estabelecimentos comerciais estão localizados nas capitais dos Estados e em

cidades de maior porte, no Agreste e Zona da Mata.

Com base no que foi dito acima, o próximo tópico buscará estudar a produção de

biodiesel no Nordeste destacando a mamona como principal oleagenosa. O cultivo desta

oleagenosa é incentivado pelo governo federal, devido às suas características peculiares, como

um meio de gerar emprego e renda no meio rural, principalmente no Nordeste brasileiro.

4.2 BIODIESEL NO NORDESTE

Conforme visto anteriormente, a região mais carente do Nordeste é a zona semi-árida,

onde predominam as secas, agravando assim a situação da população que vive no meio rural e

depende das chuvas para produzir os produtos necessários a sua subsistência. Nesta região, a

agricultura familiar (baseada no uso intensivo de terra e mão-de-obra) é predominante,

podendo-se afirmar que em momentos de seca a população fica vulnerável a qualquer tipo de

desenvolvimento baseado na produção agrícola, e muitas vezes há a necessidade de

intervenção do governo.

Em dezembro de 2004, foi lançado o Programa Nacional de Produção e Uso do

Biodiesel (PNPB), como forma de atender a expansão da demanda por combustíveis não

poluentes e na perspectiva de estimular a agricultura familiar. Tal programa tem o enfoque na

inclusão social e no desenvolvimento regional, visa geração de emprego e renda, além de

pretender estimular as economias de baixo dinamismo, como é o caso daquelas da região

semi-árida, ampliando as oportunidades de ocupação da mão-de-obra, aumentando a renda e

reduzindo as diferenças intra e inter-regionais.

No Nordeste, o Programa adotou como carro chefe a mamona, devido a essa

oleagenosa se adaptar bem ao solo e clima da região além de não necessitar de técnica

intensiva em capital para a sua produção.

Conforme Lins (2010, p. 6), 78,0% da produção atual de biodiesel brasileiro é

produzido no Centro-Sul e apenas 22,0% estão sendo processados no Norte-Nordeste (ver

53

Page 56: Monografia Biodiesel

Gráfico 2). A tendência é de forte concentração na região Centro-Oeste, que é a de maior

potencial de produção, com uma capacidade instalada de 1,2 bilhão de litros de biodiesel por

ano.

Gráfico 2- Distribuição geográfica da capacidade instalada autorizada Fonte: Lins, 2010 (apud ANP, 2009).

A maior parte do biodiesel brasileiro (82,5%) é produzido por apenas dez empresas:

Granol, Oleoplan, ADM, Brasil Ecodiesel, Petrobras, Caramuru, BSbios, Biocapital, Flagril e

Bracol) (ver Gráfico 3).

No Nordeste são cinco grupos empresariais que detém unidades industriais do

biodiesel: Petrobras, Brasil Ecodiesel, Comanche Clean Energy, Biobrax, Serrote Redondo e

HLC Environmental Holdings (Biovasf).

54

Page 57: Monografia Biodiesel

Gráfico 3 – Entrega de biodiesel das unidades produtoras em 2009 Referentes aos leilões da ANPFonte: ANP (2009 apud LINS, 2010).

Em 2009, apenas 41 usinas participaram dos leilões realizados no Brasil pela ANP, o

Nordeste respondeu por apenas 7 usinas participantes, conforme o Gráfico 4.

55

Page 58: Monografia Biodiesel

Gráfico 4 – Número de usinas participantes dos leilões em 2009

Fonte: Lins, 2010 (apud ANP, 2010).

O Gráfico 5, ilustra a produção de biodiesel por Estados nordestinos. Podemos

observar que a Bahia despontou na frente dos outros Estados com 79.257 m³ (Candeias,

Iraquara e Simões Filhos) entregues no ano de 2009, seguido pelos Estados do Ceará com

49.062 m³ (Quixadá e Crateús) e do Maranhão com 31.052 m³.

56

Page 59: Monografia Biodiesel

Gráfico 5 – Produção de biodiesel por Estado e município do Nordeste entregue em 2009

Fonte: Lins, 2010 (apud ANP, 2010).

De acordo com Lins (2010), atualmente, no Nordeste, são 19 fábricas de biodiesel em

diferentes estágios de implantação:

a) Cinco encontram-se em planejamento;

b) Seis em construção;

c) Oito estão produzindo.

Em Pernambuco

Estão funcionando as usinas de:

a) Caetés (Unidade piloto do CETENE) (produzindo para frota cativa);

b) Serrote Redondo, em São José do Egito (produzindo para frota cativa);

Estão em construção ou reestruturação

a) Miguel Arraes (em Pesqueira);

b) Biovasf (em Petrolina);

c) Serra Talhada (unidade comercial do CETENE).

57

Page 60: Monografia Biodiesel

Bahia

Estão funcionando as usinas de:

a) Petrobras (Candeias);

b) Comanche (em Simões Filho);

c) Brasil Ecodiesel (em Iraquara).

Está em construção ou reestruturação

a) Biobrax (em Una)

No Rio Grande do Norte:

Está em construção ou reestruturação

a) Petrobras (em Guamaré)

No Ceará

Estão funcionando as usinas de:

a) Petrobras (em Quixadá);

b) Brasil Ecodiesel (em Crateús);

Está em construção ou reestruturação

a) Nutec (em Fortaleza)

No Piauí

Está funcionando as usinas de:

a) Brasil Ecodiesel (em Floriano);

Está em construção ou reestruturação

a) Brasil Ecodiesel (em Teresina)

No Maranhão

Está funcionando as usinas de:

a) Brasil Ecodiesel (São Luís).

58

Page 61: Monografia Biodiesel

Percebe-se que a Brasil Ecodiesel está instalada em cada um dos quatro Estados

nordestinos, com grande potencial para produzir biodiesel, fazendo com que a empresa tenha

maior poder competitividade na região frente às outras empresas.

Devido à crescente demanda pelo biodiesel a tendência é que o biocombustível seja

produzido, de acordo com a disponibilidade de matéria-prima. Neste caso, a soja sai na frente,

devido a sua grande produção. Com base na Figura 8 abaixo, em 2010, 85,81% da produção

do óleo disponível para a produção de biodiesel foi originário da soja.

Figura 8: Matérias-primas utilizadas para produção de biodiesel em agosto de 2010. Fonte: Boletim Mensal de Biodiesel: ANP, 2010.

De acordo com Osaki e Batalha (apud MEDEIROS, 2009, p. 70), as regiões podem

atender a demanda de biodiesel nos seguintes percentuais: a região Centro-Oeste atenderia o

programa B41, a Sul, o B28, a Nordeste, o B5, a Sudeste, o B4 e a Norte B2. Desse modo é

possível observar que a região Centro-Oeste seria a grande produtora de biodiesel no país,

como de fato é. Segundo dados da ANP, grande parte das plantas produtivas pertencem à

região Centro-Oeste, isso pode, portanto, ser reflexo da grande produção de soja que se

verifica na região. Com um pequeno percentual de plantas autorizadas, o Nordeste necessita

de maiores investimentos, principalmente na produção da mamona, para que o objetivo social

dado ao cultivo dessa oleagenosa seja concretizado com sucesso.

59

Page 62: Monografia Biodiesel

4.2.1 A Mamona

A mamoneira pertence à classe Dicotiledoneae, ordem Geraniales, família

Euphobiaceae, gênero Ricinus e espécie R. communis L. No Brasil recebe as denominações de

mamoneira, rícino, carrapateira e palma-de-cristo. Na Inglaterra e Estados Unidos é conhecida

pelos nomes de “castor beans” e “castor oils”. Entre seus parentes mais próximos estão à

mandioca, a borracha e o pinhão (WEISS, 1983 apud LUCENA, 2009, p.3).

A origem desta planta é muito discutida, já que existem relatos, em épocas bastante

longínquas, de seu cultivo na Ásia e na África. A diversificação de um grande número de

variedades desta planta, encontradas tanto no continente africano, como no asiático,

impossibilita qualquer tentativa de estabelecer uma procedência efetiva da mamona

(BIODIESELBR, 2010).

A semente de mamona (Figura 9) possui forma e aparência semelhante ao inseto

carrapato, de nome latino ricinus.

Figura 9- Sementes de Mamona. Fonte: Biodiesel. Disponível em: www.portalsaofrancisco.com.br

Os frutos da mamona normalmente se apresentam nas cores, verde ou vermelha,

podendo ainda, serem encontrados com cores intermediárias. Com o amadurecimento, as

sementes podem ser liberadas ou não (SILVA, 2006, p. 28-29 apud BELTRÃO et al., 2001,

p. 51). A Figura 10 abaixo, ilustra a mamona em cacho.

60

Page 63: Monografia Biodiesel

Figura 10 – Mamona em cacho. Fonte: Um Rolls-Royce vegetal. Disponível em: www.ipea.gov.br

No Brasil, a mamona foi trazida pelos portugueses, com o propósito de utilizar seu

óleo para iluminação e lubrificação dos eixos das carroças. O clima tropical do Brasil facilitou

o seu alastramento.

Devido a algumas características peculiares da mamona, como por exemplo,

resistência às secas, é geralmente produzida em condições de sequeiro, isto é, sem irrigação e

é cultivada com utilização intensiva em terra e mão-de-obra. Tais características situam a

mamona como principal oleagenosa a ser cultivada no Nordeste brasileiro.

A mamona apresenta maior produtividade quando é cultivada em ambientes com

temperaturas variando entre 20° e 30ºC, precipitações de chuvas variando entre 450 e 1000

mm por ano (e superior a 500 mm em períodos chuvosos) e altitudes variando entre 300 e

1500 metros (BELTRÃO; ALVES, 2004 apud MEDEIROS, 2009, p. 71).

A cultura da mamona reveste-se de uma grande importância pelas várias aplicações

que o seu óleo encontra na atualidade. Segundo o Biodielbr (2010), na obra Historiorum

Mundi, de Plínio, conhecida há 1.900 anos, encontra-se o seguinte trecho no qual são descritas

as qualidades do óleo da mamona:

61

Page 64: Monografia Biodiesel

O óleo de mamona bebe-se com igual quantidade de água morna para purgar o corpo. Diz-se particularmente que purga os intestinos. É útil nas moléstias das articulações, em todas as inflamações ao ouvido e às assaduras. Com a cinza de peixe é usada na cura da sarna. Dá boa cor à pele e faz nascer o cabelo abundantemente. Nenhum animal é capaz de comer a semente da qual se extrai o óleo. Das bagas fazem-se lâmpadas de particular claridade. As folhas cozidas no vinho, se usadas corno emplastro e açafrão nas inflamações e, colocados por três dias no rosto, por três dias o purgam (BIODIELBR, 2010)

Sendo o principal produto da mamona, o óleo apresenta inúmeras aplicações, podendo

ser empregado em vários processos industriais, na fabricação de tintas, protetores e isolantes

(depois de desidratado), lubrificantes, cosméticos, drogas farmacêuticas, bem como a

fabricação de corantes, anilinas, desinfetantes, germicidas, óleos lubrificantes de baixa

temperatura, colas e aderentes, base para fungicidas e inseticidas, tintas de impressão e

vernizes, além de nylon e matéria plástica, em que tem bastante importância (BIODIESELBR,

2010).

Além da utilização do óleo industrializado da mamona, tem-se como subproduto, a

torta, que pode ser utilizada na recuperação de solos, pois é rica em fibra (mais de 35%) e

nitrogênio (5%) além de ser uma excelente fonte protéica para rações animais, quando tornada

atóxica.

Em termos de produção de mamona, o Brasil já ocupou o primeiro lugar no período de

1978/1982, equivalente a 32% do montante produzido. Porém, foi iniciada a partir do ano

agrícola 1985/1986, uma fase de redução da área colhida e quantidade produzida de mamona

em bagas no Brasil, que atingiu seu ponto mais baixo no ano agrícola 1997/1998, quando a

área e a quantidade produzida atingiram 12% e 3% dos maiores valores alcançados no ano

agrícola 1984/85 (Figura 11).

Figura 11 – Área colhida, produção e rendimento.Fonte: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br>

62

Page 65: Monografia Biodiesel

De acordo com IBGE/SIDRA (2008 apud CÉSAR, 2009) no Brasil, atualmente, a área

dedicada a mamona abrange cerca de 170 mil hectares e 93% dessa área está situada no

Nordeste. Essa não é uma opção dos nordestinos, mas uma necessidade, em virtude da falta de

culturas mais rentáveis que sejam resistentes às dificuldades climáticas da região. Ao longo

dos anos, a produção nacional de mamona tem sofrido grandes flutuações (ver Gráfico 6).

No ano de 2007, a produção brasileira esteve perto de 98,51 mil toneladas, 85% das

quais eram provenientes do Nordeste (CÉSAR, 2009, p. 54). Convém informar, que nesta

região, a produção concentra-se no Estado da Bahia.

Gráfico 6 – Produção brasileira de mamona em mil toneladas, no período de 1990 a 2007. Fonte: César, 2009. Elaborado a partir de dados disponíveis no IBGE/SIDRA (2008).

Em 1997/1998, no Brasil, tanto a produção de mamona, como a área destinada a sua

produção, atingiu seu ponto mais baixo. Essa redução foi devido à falta de competitividade

econômica da cultura em relação às demais culturas das regiões Sul e Sudeste. O declínio da

produtividade registrado no Nordeste, por sua vez, é atribuído a diversos fatores como:

desorganização do mercado interno quer do produtor quer do consumidor final; falta de

estrutura e inadequação dos sistemas de produção vigentes, em virtude da reduzida oferta de

produtos geneticamente melhorados; uso de sementes impróprias para o plantio, bem como

adoção de práticas culturais inadequadas; baixos preços pagos ao produtor rural; e reduzida

oferta de crédito a eles disponibilizada (VIEIRA et al, 1997 apud CÉSAR, 2009, p. 55).

De acordo com Medeiros (2009, p. 74) com base nos dados da série histórica do

plantio da mamona obtidos através da Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB para

o Nordeste (ver TABELA 6; Anexo B), para o período de 1977/78 a 2008/09, percebe-se que,

63

Page 66: Monografia Biodiesel

nesse período, a região se destacou como a maior produtora dessa cultura, atingindo um pico

de 410 hectares plantados na safra 1984/85. No entanto, no final da década de 80 e na década

de 90 houve um grande declínio da área plantada na região – de 256,0 mil hectares plantados

na safra de 1988/89 para 76,3 mil na safra de 1994/95. No final desta mesma década a

mamona apresentou muita oscilação entre recuperação e queda, chegando a ser produzida

numa área de 90,9 mil hectares na safra 1998/99. Essa cultura passou a apresentar maiores

recuperações já nos primeiros anos da década em curso, sendo produzida numa área de 209,8

mil hectares na safra 2004/05, este crescimento pode ser visto como um reflexo do

lançamento do PNPB juntamente com a criação do Selo Combustível Social.

A safra 2007/08 indica uma área de 155,9 mil hectares e prever um aumento para a

safra 2008/09 que poderá ser de 158,1 hectares. Apesar das oscilações, o Nordeste continua

sendo o maior produtor de mamona do Brasil, destacando-se os Estados da Bahia, Ceará,

Piauí e Pernambuco, os maiores produtores. A Bahia lidera o ranking de produção da

mamona e também mantém a primeira posição com relação à área cultivada, cuja previsão a

safra 2008/09 é de 152,2 mil hectares. O Ceará ocupa o segundo lugar com uma área de 26,4

mil hectares, este Estado vem crescendo muito em termos de área cultivada, devido à

implantação de um projeto estadual de biodiesel no ano de 2008. Pernambuco é o terceiro

maior produtor de mamona por área cultivada no Nordeste, no entanto, teve um declínio na

safra 2007/08 que foi de 3,7 mil hectares em relação à safra 2006/07 de 6,4 mil hectares, a

previsão para a safra 2008/09 fica em 3,7 mil hectares. O Piauí também apresentou declínios

em relação à área cultivada, tendo uma queda brusca na safra 2007/08 em relação à safra

2006/07, caiu 13,4 mil hectares para 2,7 mil hectares, e a previsão para a safra 2008/09

acompanha a safra anterior e fica em 2,7 mil hectares. Os dados para os outros Estados são

ínfimos e não foi apresentada a previsão para a safra 2008/09 (MEDEIROS, 2009, p.75).

De acordo com a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento, 2010), é factível

que para a safra de 2010/2011, haja incremento da área a ser cultivada, pelo fato da demanda

interna por este produto, como também a expectativa, segundo o INMET (Instituto Nacional

de Meteorologia) que este ano no Brasil, ocorra La Niña, fator climático causador de chuvas

abundantes no Nordeste, especialmente, nas regiões produtoras desta oleagenosa.

4.2.1.1 Zoneamento Agrícola

64

Page 67: Monografia Biodiesel

O zoneamento é um instrumento indispensável para o sucesso do plantio da mamona,

identificando e definindo as regiões e períodos mais propícios ao desenvolvimento da

ricinocultura, permitindo reduzir os riscos de inviabilidade econômica (SILVA, 2006, p. 32).

De acordo com Beltrão et al. (2001 apud SILVA, 2006) a mamoneira se adapta fácil

as várias condições de clima e solo, mas não se pode dispensar que sua cultura seja realizada

em áreas que comprovadamente tenham melhores condições, visando maior êxito econômico

da cultura. A mamoneira não se desenvolve bem em solos argilosos, com deficiência de

drenagem. Um melhor desenvolvimento vegetativo da planta está sempre associado a uma

boa fertilidade do solo.

Fatores como temperatura, umidade e luminosidade, são essenciais para a germinação,

crescimento e produção economicamente viável da mamoneira. Em regiões como o semi-

árido nordestino brasileiro, a luminosidade é de grande incidência, beneficiando a

produtividade pela elevação da taxa de fotossíntese das plantas.

As regiões produtoras de mamona do Nordeste brasileiro apresentam uma capacidade

de armazenamento de água no perfil de solo, variando de 50 mm a 120 mm. Face à

evaporação provocada pela alta radiação incidente na região, acontece uma deficiência de

água na maioria dos meses do ano. A baixa capacidade de armazenamento de água dos solos,

associado à inexistência de excesso de precipitação de chuvas, recomenda a região semi-árida

ao cultivo da mamoneira (BELTRÃO et al, 2001 apud SILVA, 2006).

Segundo Medeiros (2009) atualmente, o Nordeste brasileiro apresenta 655 municípios

aptos à produção de mamona, destacando-se a Bahia como maior produtor nacional e regional

desta oleagenosa. Nas TABELAs do Anexo C podem ser verificados os municípios

nordestinos zoneados pela EMBRAPA. São 33 no Estado de Alagoas (ver TABELA 11), 170

Bahia (ver TABELA 12), 97 Ceará (ver TABELA 13), 34 Maranhão (ver TABELA 14), 78

Paraíba (ver TABELA 15), 86 Pernambuco (ver TABELA 16), 113 Piauí (ver TABELA 17),

41 Rio Grande do Norte (ver TABELA 18) e 11 Sergipe (ver TABELA 19).

65

Page 68: Monografia Biodiesel

4.2.2 Aspectos Econômicos

Neste tópico serão abordados alguns aspectos econômicos referentes à produção de

biodiesel a partir da mamona como matéria-prima. Para isso, será feita uma análise sobre

algumas variáveis de fundamental importância tais como: preço e custo de produção da

mamona e o custo de produção do biodiesel a partir desta oleagenosa.

4.2.2.1 Preço Da Mamona

De acordo com Medeiros (2009), os agricultores da região semi-árida do nordeste

brasileiro geralmente têm na atividade agrícola a única fonte de renda, eles detêm as técnicas

necessárias à produção de suas culturas, na maioria dos casos de subsistência, mas que

também podem gerar excedente, vendido para fazer frente a outras necessidades com exceção

a alimentar.

Devido aos produtores já terem um conhecimento do mercado onde estão inseridos,

pois estes já possuem prática no cultivo de lavouras, principalmente o feijão, a mandioca e o

milho, ficam apreensivos com relação à mamona, precisamente quando o preço desta

oleagenosa não oferece um retorno que os compense. Muitos agricultores afirmam que o

preço da baga de mamona é muito baixo, não oferecendo um estímulo ao plantio desta

cultivar.

De acordo com a SOBER (Sociedade Brasileira De Economia, Administração e

Sociologia Rural, 2008), existe um temor dos agricultores familiares em relação às incertezas

quanto à produção de mamona, pois existe uma aversão ao risco em relação às mudanças que

podem vir a ocorrer nas técnicas de cultivo que até então são bem tradicionais.

A produção agrícola defronta-se com situações de risco de produção decorrentes de

variações no regime de chuvas, pragas e doenças. Quanto ao risco em relação aos preços,

estes podem ser percebidos de várias formas, e, uma delas é o fato deste ser determinado no

exercício futuro ficando logo exposto ao excesso de produção e políticas governamentais.

No caso da mamona não seria diferente. O mercado, por sua vez, já criou mecanismos

tentando reduzir os riscos de preços através da fixação de preços mínimos e incentivando uma

produção planejada, com contrato previamente estabelecido entre os agricultores e a indústria

de óleos vegetais. Mas essa fixação de preços pode não reduzir os riscos para os agricultores

familiares da região semi-árida do nordeste brasileiro, ao contrário, esta estratégia poderá

66

Page 69: Monografia Biodiesel

limitar a capacidade destes compensarem as perdas de produtividade causadas por condições

adversas através do aumento dos preços.

De acordo com MELO (1982); Vaz et al (2008 apud MEDEIROS, 2009, p. 77) devido

ao pequeno produtor rural não ter capacidade de sobreviver ao risco, este prefere trabalhar

com meios que ofereçam menor risco mesmo que isto implique em baixa produtividade.

Neste caso, se os agricultores trabalham com estratégias que ofereçam baixa produtividade,

certamente terão menores condições de serem mais competitivos e angariarem preços mais

atrativos.

Seria interessante que, para a produção de biodiesel, a indústria do óleo vegetal

conhecesse a produtividade dos agricultores familiares, para que a partir deste dado pudesse

definir preços que contrabalanceassem o custo de oportunidade dos agricultores, a fim de que

estes possam produzir os insumos necessários para o desenvolvimento do mercado do

biodiesel (MELO, 1982; VAZ et al, 2008 apud MEDEIROS, 2009).

Com vistas nessas questões o governo define preços mínimos para os produtos

agrícolas, entre estes, a mamona. Vale salientar que estes preços, como o nome já diz, é o

menor preço que se deve cobrar pelo produto, no entanto estes podem variar para cima ou

para baixo devido às conturbações do mercado, o ideal é que esta variação seja para cima. Na

TABELA 6, são apresentados os preços mínimos para as safras de 2006/07, 2007/2008,

2008/2009, 2009/2010, 2010/2011.

TABELA 6 – Preços mínimos – mamona em baga

Produto

s

Regiões e

Estados

Amparado

s

Unidad

e

Tipo/

classe e

básico

Preços mínimos

Mamona

(em

baga)

Norte,

Nordeste,

GO, MT,

MG e SP.

60 Kg Único

2006/0

7

2007/0

8

2008/0

9

Var 2009/1

0

2010/1

1

33,56 38,60 38,5916 5,34

%

40,65 40,65

Fonte: Plano Agrícola e Pecuário 2008/ 2009, 2009/2010 e 2010/2011.

Na TABELA acima observa-se que os preços mínimos estabelecidos pelo governo

para as safras 2006/07, 2007/08 e 2008/09 não apresentam estímulo econômico aos

16 Houve uma queda na safra 2008/2009 de 0, 026% em relação à safra 2007/08. Dados Legislação Federal para o Programa de Preços da Agricultura Familiar (PGPAF).

67

Page 70: Monografia Biodiesel

agricultores familiares, pois os preços de 33,56; 38,60 e 38,59 por saca equivale a preços por

quilo de R$ 0,55 para a primeira safra indicada e de R$ 0,64 para as safras de 2007/08 e

2008/09. Já nas duas últimas safras (2009/10 e 2010/11) os preços das sacas foram de 40,65

equivalendo ao preço por quilo de R$ 0,67, ou seja, houve apenas um pequeno aumento em

relação à safra anterior.

Segundo Medeiros (2009), para um pequeno produtor que geralmente cultiva em

pequenas áreas, a mamona vendida a este preço não gera retornos compensatórios, por

exemplo, se anualmente um agricultor cultiva três hectares de mamona com uma média de

800 Kg/ha e vende esta produção a um preço de R$ 0,64/Kg, obterá uma receita de R$ 1.536

por ano ou R$ 128 por mês. É importante frisar que neste cálculo levou-se em consideração

uma boa produtividade por hectare e não foram deduzidos os custos de produção, ou seja, o

retorno poderia ser menor.

De acordo com Gonçalves e Evangelista (2008), para o produtor de biodiesel, estes

preços não são vistos como um bom atrativo. Os autores relatam que no Ceará, em 2008, o

preço em baga da mamona estava custando R$ 0,70 e o litro de óleo R$ 1,70. Entretanto, são

necessários 2,5 Kg de mamona para produzir um litro de óleo, implicando em um custo de R$

1,75 só com a matéria-prima. Assim, os autores afirmam que a este preço não compensa

produzir óleo, podendo este ser um entrave a produção de biodiesel da mamona e a estratégia

de inclusão social.

4.2.2.2 Custo De Produção

Uma das variáveis mais importantes a ser levada em consideração por um agente

econômico, quanto à tomada de decisão acerca de algum investimento é o custo de produção,

pois para que um investimento seja viável economicamente os custos não podem exceder a

receita. Se isto ocorre o agente terá um prejuízo em vez de um lucro. Com base no que foi

dito, esta seção irá discutir o custo de se produzir a mamona, bem como o custo de produção

do biodiesel a partir desta oleagenosa.

De acordo com os dados do CNPA/EMBRAPA (2008), é difícil calcular com exatidão

o custo de produção da mamona, visto que não existe apenas um único sistema de plantio e

manejo para o seu cultivo, pois muitos fatores são envolvidos, como por exemplo, tecnologia

de plantio, quantidade de sementes, condições de preparo do solo, ocorrência de pragas e

doenças entre outras.

68

Page 71: Monografia Biodiesel

Segundo o CNPA/EMBRAPA (2008), podem ser considerados outros custos,

dependendo do tipo de cultivo, do tamanho da área, do modo como está organizada a

propriedade e da produtividade esperada, tais como aquisição e depreciação de máquinas,

manutenção de máquinas, seguros, custos financeiros (empréstimos bancários), desmatamento

e preparo do solo, entre outros.

Na TABELA 7 será apresentada uma simulação de custos de produção de 1 hectare de

mamona com uma estimativa de 2.000Kg/ha. Os dados apresentados na TABELA são apenas

alguns fatores participantes da formação de custos de produção do cultivo da mamona.

TABELA 7 – Simulação do custo de produção para 1 hectare da mamona, em sistema semi-mecanizado e expectativa de produtividade de 2.000 Kg/ha.

Item de custo Quant. Unidade Preço

unitário (R$)

Preço total

(R$)17 *

% do total

Aração 2,5 h.m. 30,00 75,00 6,8

Gradagem 1 h.m. 30,00 30,00 2,7

Semente 6 Kg 8,00 48,00 4,3

Sulfato de amônio 250 Kg 0,72 180,00 16,3

Superfosfato triplo 190 Kg 0,82 155,80 14,0

Cloreto de potássio 100 Kg 1,24 124,00 11,2

Plantio com matraca 1 d.h. 15,00 15,00 1,4

Capina com

cultivador

2 d.h.a 20,00 40,00 3,6

Retoque de capina

com enxada

5 d.h. 15,00 75,00 6,8

Formicida 1 Kg 10,00 10,00 0,9

Colheita 10 d.h. 15,00 150,00 13,6

Transporte com

carroça e animal

1,5 d.h.a 20,00 30,00 2,7

Secagem 3 d.h. 15,00 45,00 4,1

Descascamento 1 h.m 95,00 95,00 8,6

Saco de ráfia 33 Unid. 1,00 33,00 3,0

Total - - - 1.105,80 -

Fonte: CNPA/EMBRAPA (2008).

17 Valores referentes a julho de 2007.

69

Page 72: Monografia Biodiesel

Conforme a TABELA da página anterior percebe-se que, vários fatores influenciam no

custo de produção do cultivo da mamona, mas para que seja obtida uma boa produtividade é

de fundamental importância o uso de métodos como a aração, adubação, controle de pragas e

capina; com relação à colheita, dependendo da área a ser cultivada, ela pode ser mecanizada

ou manual, quanto ao transporte (com respeito ao transporte da mamona de dentro da lavoura

para um local de secagem) seu custo depende da distância a ser percorrida.

A secagem e o descascamento podem ser realizados diretamente pela colhedora, no

caso da colheita mecanizada. Logo, sem o uso do maquinário a secagem dependerá das

condições climáticas e da umidade inicial dos frutos e os descascamentos podem ser

realizados por máquinas direcionadas a este tipo de atividade ou manualmente. Os custos com

sacaria, por sua vez dependem da produtividade, nesta atividade utilizam-se sacos de 60 Kg

(MEDEIROS, 2009, p. 81).

Pode-se perceber que, a expectativa por hectare é bastante satisfatória quando se trata

de um cultivo mecanizado ou semi-mecanizado, mas, tal estratégia não se aplica aos

agricultores familiares do nordeste brasileiro, pois estes utilizam-se de métodos tradicionais,

de baixa produtividade. Entretanto, aqueles agricultores que fornecem grãos para os

produtores de biodiesel, beneficiam-se de técnicas mais avançadas proporcionadas por estes.

De modo geral, para que o custo de produção da mamona possa ser reduzido para os

agricultores familiares, o cultivo desta oleagenosa deve ser feito em consórcio com outras

culturas. Na TABELA 8, verificam-se os resultados auferidos pelo produtor no sistema de

consórcio da mamona com outras culturas na cidade de Esperança – PB.

TABELA 8 - Resultados auferidos pelo produtor no sistema de consórcio da mamona com outras culturas na cidade de Esperança – PB.

CULTURAS PRODUÇÃ

O

INSUMOS18 RBS19 M20

OBRA

21

%

RL22 RCB23 TR %24

Mamona 700 Kg 135,00 840,00 - 26 - -

Limão 04 cx. 200,00 100,00 - 3 - -

Feijão 720 Kg 12,00 300,00 - 9 - -

Batatinha 20 Kg 200,00 1.000,00 - 30 - -

18 Insumos: Sementes, esterco bovino e uréia.19 RBS. Receita Bruta do Sistema = Somatório da venda da produção de cada cultura = 3.304,00.20 Mão de Obra familiar: 70 dias a R$ 20,00.21 Contribuição % das culturas na receita.22 RL. Receita Líquida = RB – CP = 1.278,00 CP. Custo de Produção do Sistema = Insumos + M Obra = 2.026,0023RCB. Relação Custo Beneficio = RB/CP = 1,63 24 TR. Taxa de Retorno = RL/CP = 63,00%

70

Page 73: Monografia Biodiesel

Milho 720 Kg 30,00 264,00 - 8 - -

Erva doce 20 Kg 25,00 200,00 - 6 - -

Fava 720 Kg 24,00 600,00 - 18 - -

Resultados - 626 3304 1400 100 1278 1,63 63,00%

Fonte: Cartaxo et al., 2009.

Na TABELA 8 observa-se que o produtor conseguiu uma produção de 700 kg de

mamona, 300 kg de feijão, 720 kg de fava, 40 caixas de batatinha, 04 caixas de limão, 20 kg

de erva doce e 720 kg de milho. O custo de produção do sistema foi de R$ 2.026,00; a receita

bruta foi de R$ 3.304,00 que resultou em uma receita líquida de R$ 1.278,00 e uma relação

benefício custo de 61,31%.

De acordo com Cartaxo et al. (2009), o sistema de consórcio de diferentes culturas,

tendo a mamona como uma das culturas âncora, mostrou-se uma ótima opção capaz de

contribuir para consolidar o seu cultivo na maioria dos Estados do Nordeste. Principalmente

para os agricultores familiares, que adotam no manejo do cultivo de suas propriedades, a mão-

de-obra da própria família e, que conseguem estabelecer uma relação de venda da produção

de mamona, através do pré-contrato com venda garantida e preço justo, que assim valoriza

seu capital humano como fonte geradora de emprego e renda nas propriedades familiares do

Nordeste.

Foi realizada até agora, um estudo do custo de produção da cultura da mamona, mas

como já se sabe essa variável é uma das mais importantes na formação de custo do biodiesel.

No capítulo 2 foi verificado que a matéria-prima, dentre os vários fatores do custo de

produção do biodiesel, é a que apresenta maior impacto na formação deste.

De acordo com Silva (2006), o custo de produção do biodiesel depende da cultura

utilizada como matéria-prima. E, no caso da mamona o custo do óleo pode ser estimado com

base no custo de produção da baga e, no valor comercial dos subprodutos. Assim, segundo

Vaz et al. (2008 apud MEDEIROS, 2009) existe um modelo capaz de simular o custo de

produção de um litro de biodiesel baseado no custo de extração do óleo. No modelo abaixo é

exemplificado o caso da mamona.

Cb = Qm * PM + CE – Q f * PF + Ci

Cb = custo de produção de 1 litro de biodiesel

Qm = quantidade de mamona, em bagas, necessário para produzir 1 litro de óleo

71

Page 74: Monografia Biodiesel

Pm = preço da mamona + frete (R$/ Kg)

Ce = custos de extração/ L

Q f = quantidade de farelo gerado na produção de 1 litro

Pf = preço de venda do farelo – (ICMS, PIS, COFINS, Comissão sobre vendas, sacaria)

Ci = custo de industrialização do biodiesel

É possível notar no modelo acima, a análise feita por Silva (2006) no que diz respeito

à participação da matéria-prima no custo de produção do biodiesel. Com base no modelo

verifica-se que a maior parte do custo para obtenção do biodiesel está relacionada à matéria-

prima, ou seja, neste cálculo levou-se em consideração a quantidade da mamona em bagas, o

preço desta, o custo da extração do óleo, o subproduto gerado na extração do óleo (a torta), o

preço de venda do subproduto e por fim o custo de industrialização do biodiesel.

Conforme o que foi apresentado, é importante destacar que necessita-se de políticas

que estimulem a produtividade agrícola com vistas a reduzir o preço da matéria-prima e

estimular a produção de biodiesel a partir da mamona.

72

Page 75: Monografia Biodiesel

5. BIODIESEL: ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS

5.1 ASPECTOS SOCIAIS

Nesta seção serão analisados os impactos da produção de biodiesel na geração de

emprego e renda na economia, destacando o Nordeste brasileiro.

De acordo com Navarro (2007), ao contrário da indústria de petróleo e derivados, a

produção de biodiesel envolve um número significativo de trabalhadores. No Brasil, onde o

desemprego atinge milhões de pessoas, a introdução desse combustível renovável na matriz

energética constitui a oportunidade de se criar inúmeros postos de trabalho, sobretudo, na

etapa agrícola de produção, que é mais intensiva em mão-de-obra do que a etapa industrial.

O principal objetivo do governo com a implantação do PNPB foi promover a inclusão

social dos agricultores familiares das áreas rurais, principalmente no Nordeste brasileiro.

Estudos desenvolvidos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério da Integração Nacional e Ministério das

Cidades mostram que a cada 1% de substituição de óleo diesel por biodiesel produzido com a

participação da agricultura familiar podem ser gerados cerca de 45 mil empregos no campo,

com uma renda média anual de aproximadamente R$ 4.900,00 por emprego. Admitindo-se

que para 1 emprego no campo são gerados 3 empregos na cidade, seriam criados, então, 180

mil empregos. Numa hipótese otimista de 6% de participação da agricultura familiar no

mercado de biodiesel, seriam gerados mais de 1 milhão de empregos. Faz-se, a seguir, uma

comparação entre a criação de postos de trabalho na agricultura empresarial e na familiar. Na

agricultura empresarial, em média, emprega-se 1 trabalhador para cada 100 hectares

cultivados, enquanto que na familiar a relação é de apenas 10 hectares por trabalhador. A cada

1% de participação deste segmento no mercado de biodiesel, são necessários recursos da

ordem de R$ 220 milhões por ano, os quais proporcionam acréscimo de renda bruta anual ao

redor de R$ 470 milhões. Ou seja, cada R$ 1,00 aplicado na agricultura familiar gera R$ 2,13

adicionais na renda bruta anual, o que significa que a renda familiar dobraria com a

participação no mercado de biodiesel. Os dados acima mostram claramente a importância de

priorizar a agricultura familiar na produção de biodiesel (BIODIESELBR, 2010).

Um exemplo positivo advindo da produção de biodiesel é a usina de Candeias na

Bahia, a primeira das três unidades de produção de biodiesel da Petrobras. Durante a fase de

73

Page 76: Monografia Biodiesel

elaboração do plano de negócios 2009-2013, a Petrobras Biocombustível analisou a

oportunidade de uma nova ampliação da capacidade de produção da usina em função da sua

privilegiada posição logística, o que facilita o recebimento de insumos e a distribuição do

produto para os grandes mercados.

O programa de suprimento agrícola da empresa conta hoje com 27.500 agricultores

familiares contratados nos estados da Bahia e Sergipe para a produção de oleaginosas

destinadas à Usina de Candeias. Além de garantir a compra das oleaginosas, a empresa

oferece sementes certificadas e assistência técnica aos agricultores familiares contratados,

com o objetivo de melhorar a qualidade e a produtividade da atividade agrícola na região.

Na safra 2008/2009, a Petrobras Biocombustível adquiriu da agricultura familiar

18.237 toneladas de grãos de mamona e girassol. Para a safra de 2010, serão 56.850 toneladas

e, com a duplicação da usina concluída, serão necessárias 114.000 toneladas de oleaginosas

produzidas pela agricultura familiar, ampliando assim a participação dos agricultores

familiares no projeto de produção de biodiesel, possibilitando maior geração de trabalho e

renda no campo (PLANETA SUSTENTÁVEL, 2010).

O processo de inclusão social permite que o governo economize com programas

assistencialistas, como por exemplo, o Bolsa Família, que consiste na concessão direta de

renda que beneficia famílias em situação de pobreza (com renda mensal por pessoa de R$ 70

a R$ 140) e extrema pobreza (com renda mensal por pessoa de até R$ 70).

Assim, a geração de emprego e renda proporcionada pela introdução do biodiesel na

matriz energética brasileira favorece as populações, agentes econômicos e as regiões mais

carentes do país, possibilitando uma melhor distribuição de renda e, consequentemente, a

redução da pobreza com a inclusão social.

5.2 ASPECTOS AMBIENTAIS

O consumo de combustíveis fósseis derivados do petróleo afeta significativamente a

qualidade do meio ambiente. Sua queima em motores provoca a emissão de poluentes como

os óxidos de nitrogênio (NOx), monóxido de carbono (CO), dióxido de enxofre (SO2) e o

dióxido de carbono (CO2), que é o principal responsável pelo efeito estufa.

De acordo com o Relatório Final do GTI (2003), o biodiesel puro diminui em mais de

78% as emissões de CO2 e é isento de óxidos de enxofre, principal causador da chuva ácida e

74

Page 77: Monografia Biodiesel

de irritações nas vias respiratórias. A TABELA 9 apresenta as reduções de emissões geradas

pelo biodiesel.

TABELA 9 – Redução das emissões do biodiesel

Tipo de Emissão B100

Emissões de hidrocarbonetos - 37%

CO2 - 78,45%

Material particulado - 32%

SOx - 100%

Fonte: GTI – RELATÓRIO FINAL – ANEXO II, 2003.

No entanto, o uso do biodiesel aumenta em aproximadamente 10% as emissões de

óxidos de nitrogênio (NOx), em relação ao óleo diesel; um problema que já vem sendo tratado

por pesquisadores.

De acordo com Navarro (2007), ao reduzir a poluição, o biodiesel também poderia

diminuir os custos com a saúde humana no país. Além disso, o biodiesel poderia gerar outras

vantagens econômicas para o país ao ser enquadrado nos mecanismos de redução de emissões

estabelecidos no Protocolo de Kyoto.

Com a assinatura do Tratado, em dezembro de 1997, países desenvolvidos e em fase

de transição para uma economia de mercado assumiram um compromisso de redução de

emissões totais dos gases geradores do efeito estufa para níveis inferiores em, pelo menos, 5%

dos registrados em 1990. Para tanto, foram definidas metas nacionais de redução

diferenciadas que deverão ser atingidas entre os anos de 2008 e 2012.

O protocolo estabeleceu, ainda, três mecanismos para auxiliar os países envolvidos a

cumprirem suas metas a custos mais baixos: o sistema de comércio e emissões, no qual uma

nação pode comprar de outra, cotas de reduções realizadas; implementação conjunta, que

possibilita os países realizarem juntos, projetos para diminuir as emissões; e o Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo (MDL), que permite o investimento em projetos de controle de

emissões dos gases causadores do efeito estufa realizados por países em desenvolvimento

(NAVARRO, 2007).

Assim, diante desse cenário, o Brasil deve atrair grandes investimentos pela

diversidade de negócios que oferece como a geração de energia renovável e a substituição de

combustíveis fósseis por biocombustíveis.

No contexto brasileiro, principalmente no Nordeste, a mamona é uma das principais

matérias-primas do biodiesel que pode participar efetivamente do processo de redução de

75

Page 78: Monografia Biodiesel

gases poluentes na atmosfera, uma vez que estudos apontam que a oleagenosa é capaz de

sequestrar em torno de 10 a 20 toneladas de carbono, por ano e por hectare plantado

(BELTRÃO, 2005; DÁLIA, 2006 apud NAVARRO, 2007).

De acordo com Medeiros (2009), no Nordeste, região onde o nível tecnológico da

agricultura familiar é baixo, desmatamentos, utilização de agrotóxicos e fertilizantes químicos

não configuram em muitas localidades um grande problema. No entanto, em regiões onde

existe um maior número de unidades produtoras de mamona já foram percebidos impactos

negativos destas práticas. Em Irecê – BA a crescente expansão da cultura da mamona com

base em um modelo tecnológico avançado em comparação com outras regiões do Nordeste

está sendo levada a cabo através do aumento do consumo de recursos naturais. Isso, porém,

prejudicou a qualidade do solo, causando impactos negativos sobre a água e a conservação da

biodiversidade.

Portanto, ao mesmo tempo em que a produção e uso do biodiesel melhora a qualidade

do meio ambiente, permitindo que o país se desenvolva sob bases mais sustentáveis, no

Nordeste do país ainda faltam maiores investimentos do governo, desde a capacitação dos

agricultores familiares até a tecnologia que estes deverão empregar e também políticas que

controlem a intensidade com a qual a tecnologia é empregada, evitando casos como o de Irecê

– BA citado anteriormente.

76

Page 79: Monografia Biodiesel

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como foi mostrado no transcorrer do trabalho, a degradação ambiental e o uso cada

vez mais intensivo dos recursos naturais na produção de bens e serviços, como é o caso do

petróleo, trouxe à tona a preocupação de se encontrar uma alternativa energética em

substituição aos derivados do petróleo. Seguindo tal raciocínio, o biodiesel surge como uma

alternativa ao diesel mineral, por ser um produto derivado de fontes renováveis que, além de

ser uma alternativa menos poluente, podendo reduzir em quantidades bastante expressivas

muitos dos compostos poluentes do diesel fóssil, possibilita também a continuidade de

atividades econômicas dependentes deste tipo de alternativa energética.

Foram caracterizados muitos benefícios associados à produção de biodiesel, dentre

eles está a geração de emprego e renda no meio rural e na indústria. Além disso, considerou-

se também os benefícios à saúde humana decorrentes da redução de emissão de gases

poluentes. Entretanto, verificou-se, como aspecto negativo o lançamento de dejetos industriais

no meio ambiente.

Conforme o exposto concluiu-se que em muitos países o biodiesel obteve uma boa

aceitação, neste trabalho foram citados União Européia, Alemanha, França, Itália, Estados

Unidos, Japão, Argentina e Brasil. Considerando-se o Brasil, foi mostrado que o país está

investindo seriamente na produção deste biocombustível, criando-se, assim, o PNPB com o

objetivo de incentivar a produção de biodiesel e promover a inclusão social dos agricultores

familiares da região Nordeste do Brasil, através do estímulo ao cultivo da mamona, pois esta é

de fácil cultivo e se adapta bem as condições de clima e solo da região. De acordo com tais

características, a mamona representa a melhor alternativa para geração de emprego e renda na

agricultura familiar do Nordeste brasileiro.

Entretanto, a proposta de inclusão social do PNPB pode estar ameaçada, pois mesmo

com os benefícios oferecidos pelo governo como as melhores condições de financiamento,

tributação e Selo Combustível Social que beneficiam os produtores industriais seriam

necessários incentivos aos agricultores familiares no sentido de que estes possam aumentar

sua produtividade e obter preços mais competitivos. Mesmo com os incentivos

governamentais, os produtores podem preferir a soja em vez da mamona para produção de

biodiesel, pois o custo do insumo exerce grande influência no custo final do biodiesel,

tornando a mamona menos competitiva que a soja.

77

Page 80: Monografia Biodiesel

Além destes gargalos é importante frisar que, em algumas regiões do Nordeste, a

crescente expansão da cultura da mamona com base em um modelo tecnológico avançado está

sendo levada a cabo através do aumento do consumo de recursos naturais. Isso, porém,

prejudica a qualidade do solo, causando impactos negativos sobre a água e a conservação da

biodiversidade. Portanto, ainda faltam maiores investimentos do governo, desde a capacitação

dos agricultores familiares até a tecnologia que estes deverão empregar e também políticas

que controlem a intensidade com a qual a tecnologia é empregada.

Contudo, deve-se reconhecer o mérito do governo com a implantação do PNPB, no

qual possibilitou o desenvolvimento econômico, ambiental e social, mas, para que este seja

realmente viável deve-se dedicar uma maior atenção aos agricultores familiares, identificando

os gargalos que comprometem a produção de biodiesel no Nordeste brasileiro.

Desse modo, pode-se sugerir maiores investimentos na capacitação dos agricultores

familiares, de modo que estes sejam mais competitivos no mercado e construção de unidades

esmagadoras mais próximas as áreas de cultivo, eliminando a figura do atravessador, detentor

da maior parcela dos lucros, pois este compra mais barato e vende mais caro, prejudicando

assim o agricultor familiar.

78

Page 81: Monografia Biodiesel

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A Eletrobrás na escala do tempo. Disponível em: <http://www.eletrobras.com.br/Em_Biblioteca_40anos/default.asp>. Acesso em: 2 ago. 2010.

Álcool: tipos, misturas e uso em automóvel. Disponível em:

<http://www2.uol.com.br/bestcars/ct/alcool.htm>. Aceso em: 31 out. 2010.

ALVES FILHO, João. Matriz energética brasileira: da crise à grande esperança. Rio de

Janeiro : Mauad, 2003.

Agência Brasil. ANP: consumo de álcool combustível é 50% maior em 2007. Disponível

em:<http://economia.terra.com.br/noticias/noticia.aspx?

idNoticia=200807152306_ABR_77211977>. Acesso em: 31 out. 2010.

Agência Nacional do petróleo, gás natural e biocombustíveis. ANP. Disponível em:

<www.anp.gov.br>. Acesso em: 24 jun. 2010.

Agricultura familiar, emprego e o lado social do biodiesel. Disponível em:

<http://www.biodieselbr.com/biodiesel/social/aspectos-sociais.htm>. Acesso em: 26 out.

2010.

Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Brasil). ANFAVEA.

Anuário estatístico, 2008. Disponível em:

<http://www.anfavea.com.br/anuario2008/capitulo2a.pdf>. Acesso em: 31 out. 2010.

Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Brasil). ANFAVEA.

Produção de automóveis por tipo e combustível. 2008. Disponível em:

<http://www.anfavea.com.br/tabelas/autoveiculos/tabela10_producao.pdf>. Acesso em: 31

out. 2010.

79

Page 82: Monografia Biodiesel

Balanço Energético Nacional 2010. Disponível em:

<http://www.epe.gov.br/Estudos/Paginas/Balan%C3%A7o%20Energ%C3%A9tico

%20Nacional%20%E2%80%93%20BEN/Estudos_13.aspx?CategoriaID=347>. Acesso em:

29 set. 2010.

Biodiesel. Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-

biodiesel/>. Acesso em: 17 set. 2010.

Biodiesel no Brasil. 2010. Disponível em:

<http://www.biodieselbr.com/biodiesel/brasil/biodiesel-brasil.htm>. Acesso em: 31 ago.

2010.

Biodiesel no Mundo. Disponível em:

<http://www.biodieselbrasil.com.br/biodiesel_mundo.asp>. Acesso em: 30 ago. 2010.

BOCKEY, Dieter. O estado-da-arte da indústria de biodiesel: o estado-da-arte do biodiesel na

União Européia. In: KNOTHE, Gerhard et al.. (Orgs). Manual de biodiesel. Tradução de

Luiz Pereira Ramos. São Paulo: Edgard Blucher, 2006, p. 216-226.

Cadeia produtiva do biodiesel. Disponível em: <http://www.sergipetec.org.br>. Acesso em:

2 set. 2010.

CARTAXO, Waltemilton Vieira et al. Cultivar BRS nordestina em sistema de policultivo

na agricultura familiar do município de Esperança – PB – safra 2009. Disponível em:

<http://www.cbmamona.com.br/pdfs/MAN-05.pdf>. Acesso em: 24 out. 2010.

Cartilha Etanol. Disponível em:

<http://www.etanolverde.com.br//upload/arquivos/cartilha_etanol.pdf>. Acesso em: 31 out.

2010.

80

Page 83: Monografia Biodiesel

Cartilha SEBRAE. Biodiesel. Disponível em:

<http://www.biodiesel.gov.br/docs/Cartilha_Sebrae.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2010.

CEPEA. Quanto custa produzir o biodiesel? . Disponível em: <www.cepea.esalq.usp.br>.

Acesso em: 16 out. 2010.

CÉSAR, Aldara da Silva. Análise dos direcionadores de competitividade para a cadeia

produtiva de biodiesel : o caso da mamona. 2009. 171 f. Dissertação de mestrado,

Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, 2009.

CNPA. Mamona. Disponível em:

<http://www.cnpa.embrapa.br/produtos/mamona/custo_producao.html>. Acesso em: 24 out.

2010.

Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Conjuntura mensal: mamona.

Disponível em:

<http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/3e7adb4ae87c5fae25b1f44dc41a77a2

..pdf>. Acesso em: 17 out. 2010.

Cultivo da mamona. 2003. Disponível em:

<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mamona/CultivodaMamona/

importancia.htm>. Acesso em: 16 out. 2010.

CUT, Sinergia. Crise energética no Brasil. 2. ed. São Paulo, 2001. Disponível em:

<http://tede.biblioteca.ucg.br/tde-busca/arquivo.php?codarquivo=592> Acesso em: 18 ago.

2010.

Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Disponível em: <www.epe.gov.br>. Acesso em: 3

ago. 2010.

Estados Unidos. Energy Information Administration (EIA). Disponível em:

<http://www.eia.doe.gov/emeu/cabs/topworldtables1_2.htm>. Acesso em: 7 set. 2010.

81

Page 84: Monografia Biodiesel

European biodiesel board. 2010. Disponível em: <http://www.ebb-eu.org/>. Acesso em: 25

ago. 2010.

FERNANDES, Flávio; SANTOS, Edmilson Moutinho. Reflexões sobre a história da matriz

energética brasileira e sua importância para a definição de novas estratégias para o gás.

2004. Disponível em: <www.bgconsultoria.com.br/pag/documents/Rio_Oil_Gas.htm>.

Acesso em: 16 ago. 2010.

Gazeta Mercantil. ANP estima que consumo de álcool supere gasolina. Disponível em:

<http://www.agropecuariabrasil.com.br/anp-estima-que-consumo-de-alcool-superegasolina/>.

Acesso em: 31 out. 2010.

GONÇALVES, Marcos Falcão; EVANGELISTA, Francisco Raimundo. Potencialidades da

Mamona como Matéria-Prima para a Produção de Biodiesel no Nordeste do Brasil. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 2008, Salvador. Anais do III Congresso

Brasileiro de Mamona – Energia e Ricinoquímica, 2008. p. 1-6.Disponível

em:<http://www.cnpa.embrapa.br/produtos/mamona/publicacoes/cbm3/trabalhos/

BIODIESEL/BD%2001.pdf>. Acesso em: 22 out. 2010.

GTI. Relatório final – Anexo II. 2003. Disponível em:

<http://www.biodiesel.gov.br/docs/anexo2.pdf>. Acesso em: 27 out. 2010.

Indústria de biodiesel nos EUA luta para continuar ativa. Tradução de Rosiane Correia de

Freitas, 2010. Disponível em:

<http://www.cntdespoluir.org.br/Lists/Contedos/DispForm.aspx?ID=2655>. Acesso em: 30

ago. 2010.

IPEA. Um Rolls-Royce vegetal. Disponível em:

<http://www.ipea.gov.br/desafios/edicoes/23/artigo20116-1.php>. Acesso em: 17 set. 2010.

82

Page 85: Monografia Biodiesel

KNOTHE, Gerhard. A história dos combustíveis derivados de óleos vegetais. In: KNOTHE,

Gerhard et. al. Manual de biodiesel. Tradução de Luiz Pereira Ramos: São Paulo: Edgard

Blücher, 2006, p. 5-18.

KÖRBITZ, Werner. O estado-da-arte do biodiesel na Ásia, nas Amércas, na Austrália e na

África do Sul. In: KNOTHE, Gerhard et. al. Manual de biodiesel. Tradução de Luiz Pereira

Ramos. São Paulo: Edgard Blucher, 2006, p. 203-256.

Leilões de biodiesel. Disponível em:

<http://www.anp.gov.br/?

pg=35171&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&cachebust=1287240139325>. Acesso em: 4

set. 2010.

LEMOS, William. Brazil's flex-fuel car production rises, boosting ethanol consumption to record highs Flex-fuels pump up ethanol. Disponível em: <http://www.icis.com/Articles/2007/11/12/9077311/brazils-flex-fuel-car-production-rises-boosting-ethanol-consumption-to-record-highs.html>. Acesso em: 31 out. 2010.

LIMA, Paulo César Ribeiro. O biodiesel no Brasil e no mundo e o potencial do estado da

Paraíba. 2007. Disponível em:

<http://www2.camara.gov.br/documentos-e-pesquisa/publicacoes/estnottec/

tema16/2007_1951.pdf>. Acesso em: 30 out. 2010.

LINS, Carlos José Caldas. Biodiesel no Brasil e no Nordeste: situação atual e perspectivas.

2010. Disponível em:

<http://www.apcagronomica.org.br/seminario2010/PALESTRAS/Painel5-Palestra2.pdf>.

Acesso em: 12 out. 2010.

MEDEIROS, Eliz Regina Clara de. Uma análise acerca da produção de biodiesel a partir

da mamona no semi-árido nordestino. 2009. 116 p. Monografia (Curso de Ciências

Econômicas)- Unidade Acadêmica de Economia, Universidade Federal de Campina Grande,

Campina Grande, PB, 2009.

83

Page 86: Monografia Biodiesel

MENDES, André Pompeo do Amaral; COSTA, Ricardo Cunha da. Mercado brasileiro de

biodiesel e perspectivas futuras. BNDES setorial.253-280 p. Disponível em:

<http://www.bndes.gov.br/siteBNDES/export/sites/default/bndes-pt/Galerias/Arquivos/

conhecimento/bnset/set3107.pdf>. Acesso em: 10 set. 2010.

Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA. Disponível em: <www.mda.gov.br>. Acesso

em: 26 jun. 2010.

MONTEIRO, Joyce Maria Guimarães. Plantio de oleagenosas por

agricultores familiares do semi-árido nordestino para a produção

de biodiesel como uma estratégia de mitigação e adaptação às

mudanças climáticas. 2007. 302 p. Tese. Programa de Pós-Graduação

de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2007.

NAVARRO, Tatiana Gurski. Biodiesel no Brasil: uma análise sobre o papel do governo

como condutor da eficiência econômica. 2007. 76 f. Monografia (Curso de Ciências

Econômicas) – Unidade Acadêmica de Economia, Universidade Federal de Campina Grande,

Campina Grande, PB, 2007.

OLIVEIRA, Neide. Gigante em crise. Disponível em:

<http://www.biodieselrevista.com/001/gigante-em-crise.htm>. Acesso em: 25 ago.2010.

O biodiesel e a inclusão social. Disponível em:

<http://www.fiec.org.br/artigos/tecnologia/BIODIESEL_2003.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2010.

PACHECO, Fernando Salim. Análise do mercado de compra de biodiesel no Brasil. 2009.

58 p. Monografia (Curso de Ciências Econômicas) – Universidade Federal do Rio Grande do

Sul, Porto Alegre, RS, 2009.

Petrobras biocombustível duplica usina de biodiesel. Disponível em:

<http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/petrobras/biodiesel-agricultura-familiar-usina-

biocombustivel-petrobras-537237.shtml>. Acesso em: 27 out. 2010.

84

Page 87: Monografia Biodiesel

PINTO JÚNIOR, Helder Queiroz; ALMEIDA, Edmar Fagundes; BOMTEMPO, José Vitor;

IOOTTY, Mariana; BICALHO, Ronaldo Goulart. Economia da energia: fundamentos

econômicos, evolução histórica e organização industrial. 2. impressão. Rio de Janeiro:

Elsevier, 2007.

Plano Agrícola e Pecuário – 2008/2009. Disponível em:

<http://www.fao.org.br/download/PAP2008a.pdf>. Acesso em: 22 out. 2010.

Plano Agrícola e Pecuário – 2009/2010. Disponível em:

<http://www.ibraf.org.br/x_files/.../PAP2009_WEB.pdf>. Acesso em: 22 out. 2010.

Plano Agrícola e Pecuário – 2010/2011. Disponível em:

<http://www.bb.com.br/docs/pub/siteEsp/agro/dwn/PAP20102011.pdf>. Acesso em: 22 out.

2010.

Portal do Biodiesel. Disponível em: < http://www.biodiesel.gov.br/>. Acesso em: 2 set.

2010.

Região Nordeste. Disponível em: <http://www.brasilrepublica.com/nordeste.htm>. Acesso

em: 12 out. 2010.

SILVA, Wilson Sotero Dália da. Mapeamento de variáveis mercadológicas para a

produção de biodiesel a partir da mamona na região nordeste. 2006. 114 f. Dissertação

(Mestrado em Engenharia Mecânica) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2006.

Disponível em:

<http://www.biodiesel.gov.br/docs/disserta%E7%E3o%20biodiesel1%20a%20partir%20da

%20mamona%20-%20Wilson%20Sotero.pdf> Acesso em: 5 nov. 2009.

SILVA, Márcia; FERNANDES, Anabela. Relatório Tema: Biodiesel. 2006. 14 p. Disponível

em: <HTTP://www.pme.online.pt/fotos/noticias/biodiesel.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2010.

85

Page 88: Monografia Biodiesel

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (SOBER). Quais as

perspectivas da produção de biodiesel de mamona no Nordeste brasileiro. Disponível em:

<http://www.sober.org.br/palestra/9/140.pdf>. Acesso em: 21 out. 2010.

SZUSTER, Amir. Mercado brasileiro de biodiesel – a contribuição dos leilões para o

desenvolvimento do setor (2005-2008). 2008. 67 p. Monografia (Instituto de Economia) –

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 2008.

TOLMASQUIM, Maurício T.; GUERREIRO, Amilcar; GORINI, Ricardo. Matriz

energética brasileira: uma prospectiva. 2007. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101=3300200700030000&script=sci_arttext>.

Acesso em: 18 ago. 2010.

86

Page 89: Monografia Biodiesel

ANEXOS

87

Page 90: Monografia Biodiesel

ANEXO A- Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005

Presidência da RepúblicaCasa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI N° 11.097, DE 13 DE JANEIRO DE 2005.

Mensagem de veto

Conversão da MPv nº 214, de 2004

Dispõe sobre a introdução do biodiesel na

matriz energética brasileira; altera as Leis nos

9.478, de 6 de agosto de 1997, 9.847, de 26 de

outubro de 1999 e 10.636, de 30 de dezembro

de 2002; e dá outras providências.

        O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu

sanciono a seguinte Lei:

        Art. 1o O art. 1o da Lei no 9.478, de 6 de agosto de 1997, passa a vigorar acrescido do

inciso XII, com a seguinte redação:

"Art. 1o ......................................................

...................................................................

XII - incrementar, em bases econômicas, sociais e ambientais, a participação dos

biocombustíveis na matriz energética nacional." (NR)

        Art. 2o Fica introduzido o biodiesel na matriz energética brasileira, sendo fixado em 5%

(cinco por cento), em volume, o percentual mínimo obrigatório de adição de biodiesel ao óleo

diesel comercializado ao consumidor final, em qualquer parte do território nacional.

        § 1o O prazo para aplicação do disposto no caput deste artigo é de 8 (oito) anos após a

publicação desta Lei, sendo de 3 (três) anos o período, após essa publicação, para se utilizar

um percentual mínimo obrigatório intermediário de 2% (dois por cento), em volume.

(Regulamento)

88

Page 91: Monografia Biodiesel

        § 2o Os prazos para atendimento do percentual mínimo obrigatório de que trata este

artigo podem ser reduzidos em razão de resolução do Conselho Nacional de Política

Energética - CNPE, observados os seguintes critérios:

        I - a disponibilidade de oferta de matéria-prima e a capacidade industrial para produção

de biodiesel;

        II - a participação da agricultura familiar na oferta de matérias-primas;

        III - a redução das desigualdades regionais;

        IV - o desempenho dos motores com a utilização do combustível;

        V - as políticas industriais e de inovação tecnológica.

        § 3o Caberá à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - ANP

definir os limites de variação admissíveis para efeito de medição e aferição dos percentuais de

que trata este artigo.

        § 4o O biodiesel necessário ao atendimento dos percentuais mencionados no caput deste

artigo terá que ser processado, preferencialmente, a partir de matérias-primas produzidas por

agricultor familiar, inclusive as resultantes de atividade extrativista. (Incluído pela Lei nº

11.116, de 2005)

        Art. 3o O inciso IV do art. 2o da Lei no 9.478, de 6 de agosto de 1997, passa a vigorar

com a seguinte redação:

"Art. 2o .........................................................

..............................................................

IV - estabelecer diretrizes para programas específicos, como os de uso do gás natural, do

carvão, da energia termonuclear, dos biocombustíveis, da energia solar, da energia eólica e da

energia proveniente de outras fontes alternativas;

............................................................" (NR)

89

Page 92: Monografia Biodiesel

        Art. 4o O art. 6o da Lei no 9.478, de 6 de agosto de 1997, passa a vigorar acrescido dos

incisos XXIV e XXV, com a seguinte redação:

"Art. 6o .........................................................

.................................................................

XXIV - Biocombustível: combustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a

combustão interna ou, conforme regulamento, para outro tipo de geração de energia, que

possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil;

XXV - Biodiesel: biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a

combustão interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento, para geração de

outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem

fóssil." (NR)

        Art. 5o O Capítulo IV e o caput do art. 7o da Lei no 9.478, de 6 de agosto de 1997, passam

a vigorar com a seguinte redação:

"CAPÍTULO IV

DA AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO,

GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS

................................................................

Art. 7 o Fica instituída a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíves - ANP,

entidade integrante da Administração Federal Indireta, submetida ao regime autárquico

especial, como órgão regulador da indústria do petróleo, gás natural, seus derivados e

biocombustíveis, vinculada ao Ministério de Minas e Energia.

...................................................................." (NR)

        Art. 6o O art. 8o da Lei no 9.478, de 6 de agosto de 1997, passa a vigorar com a seguinte

redação:

90

Page 93: Monografia Biodiesel

"Art. 8 o A ANP terá como finalidade promover a regulação, a contratação e a fiscalização das

atividades econômicas integrantes da indústria do petróleo, do gás natural e dos

biocombustíveis, cabendo-lhe:

I - implementar, em sua esfera de atribuições, a política nacional de petróleo, gás natural e

biocombustíveis, contida na política energética nacional, nos termos do Capítulo I desta Lei,

com ênfase na garantia do suprimento de derivados de petróleo, gás natural e seus derivados,

e de biocombustíveis, em todo o território nacional, e na proteção dos interesses dos

consumidores quanto a preço, qualidade e oferta dos produtos;

...............................................................

VII - fiscalizar diretamente, ou mediante convênios com órgãos dos Estados e do Distrito

Federal, as atividades integrantes da indústria do petróleo, do gás natural e dos

biocombustíveis, bem como aplicar as sanções administrativas e pecuniárias previstas em lei,

regulamento ou contrato;

...............................................................

IX - fazer cumprir as boas práticas de conservação e uso racional do petróleo, gás natural,

seus derivados e biocombustíveis e de preservação do meio ambiente;

...............................................................

XI - organizar e manter o acervo das informações e dados técnicos relativos às atividades

reguladas da indústria do petróleo, do gás natural e dos biocombustíveis;

...............................................................

XVI - regular e autorizar as atividades relacionadas à produção, importação, exportação,

armazenagem, estocagem, distribuição, revenda e comercialização de biodiesel, fiscalizando-

as diretamente ou mediante convênios com outros órgãos da União, Estados, Distrito Federal

ou Municípios;

XVII - exigir dos agentes regulados o envio de informações relativas às operações de

produção, importação, exportação, refino, beneficiamento, tratamento, processamento,

91

Page 94: Monografia Biodiesel

transporte, transferência, armazenagem, estocagem, distribuição, revenda, destinação e

comercialização de produtos sujeitos à sua regulação;

XVIII - especificar a qualidade dos derivados de petróleo, gás natural e seus derivados e dos

biocombustíveis." (NR)

        Art. 7o A alínea d do inciso I e a alínea f do inciso II do art. 49 da Lei no 9.478, de 6 de

agosto de 1997, passam a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 49. .........................................................

I - ......................................................................

...............................................................

d) 25% (vinte e cinco por cento) ao Ministério da Ciência e Tecnologia, para financiar

programas de amparo à pesquisa científica e ao desenvolvimento tecnológico aplicados à

indústria do petróleo, do gás natural e dos biocombustíveis;

II - ................................................................

...................................................................

f) 25% (vinte e cinco por cento) ao Ministério da Ciência e Tecnologia, para financiar

programas de amparo à pesquisa científica e ao desenvolvimento tecnológico aplicados à

indústria do petróleo, do gás natural e dos biocombustíveis.

.........................................................." (NR)

        Art. 8o O § 1o do art. 1o da Lei no 9.847, de 26 de outubro de 1999, passa a vigorar com a

seguinte redação:

"Art. 1o .......................................................

§ 1 o O abastecimento nacional de combustíveis é considerado de utilidade pública e abrange

as seguintes atividades:

92

Page 95: Monografia Biodiesel

I - produção, importação, exportação, refino, beneficiamento, tratamento, processamento,

transporte, transferência, armazenagem, estocagem, distribuição, revenda, comercialização,

avaliação de conformidade e certificação do petróleo, gás natural e seus derivados;

II - produção, importação, exportação, armazenagem, estocagem, distribuição, revenda,

comercialização, avaliação de conformidade e certificação do biodiesel;

III - comercialização, distribuição, revenda e controle de qualidade de álcool etílico

combustível.

.............................................................. (NR)

        Art. 9o Os incisos II, VI, VII, XI e XVIII do art. 3o da Lei no 9.847, de 26 de outubro de

1999, passam a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 3o ..........................................................

.......................................................

II - importar, exportar ou comercializar petróleo, gás natural, seus derivados e

biocombustíveis em quantidade ou especificação diversa da autorizada, bem como dar ao

produto destinação não permitida ou diversa da autorizada, na forma prevista na legislação

aplicável:

Multa - de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) a R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais);

............................................................

VI - não apresentar, na forma e no prazo estabelecidos na legislação aplicável ou, na sua

ausência, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, os documentos comprobatórios de produção,

importação, exportação, refino, beneficiamento, tratamento, processamento, transporte,

transferência, armazenagem, estocagem, distribuição, revenda, destinação e comercialização

de petróleo, gás natural, seus derivados e biocombustíveis:

Multa - de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais);

VII - prestar declarações ou informações inverídicas, falsificar, adulterar, inutilizar, simular

ou alterar registros e escrituração de livros e outros documentos exigidos na legislação

93

Page 96: Monografia Biodiesel

aplicável, para o fim de receber indevidamente valores a título de benefício fiscal ou

tributário, subsídio, ressarcimento de frete, despesas de transferência, estocagem e

comercialização:

Multa - de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) a R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais);

...........................................................

XI - importar, exportar e comercializar petróleo, gás natural, seus derivados e biocombustíveis

fora de especificações técnicas, com vícios de qualidade ou quantidade, inclusive aqueles

decorrentes da disparidade com as indicações constantes do recipiente, da embalagem ou

rotulagem, que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes

diminuam o valor:

Multa - de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) a R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais);

.................................................................

XVIII - não dispor de equipamentos necessários à verificação da qualidade, quantidade

estocada e comercializada dos produtos derivados de petróleo, do gás natural e seus

derivados, e dos biocombustíveis:

Multa - de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais)." (NR)

        Art. 10. O art. 3o da Lei no 9.847, de 26 de outubro de 1999, passa a vigorar acrescido do

seguinte inciso XIX:

"Art. 3o ..........................................................

.................................................................

XIX - não enviar, na forma e no prazo estabelecidos na legislação aplicável, as informações

mensais sobre suas atividades:

Multa - de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais)." (NR)

        Art. 11. O art. 5o da Lei no 9.847, de 26 de outubro de 1999, passa a vigorar com a

seguinte redação:

94

Page 97: Monografia Biodiesel

"Art. 5 o Sem prejuízo da aplicação de outras sanções administrativas, a fiscalização poderá,

como medida cautelar:

I - interditar, total ou parcialmente, as instalações e equipamentos utilizados se ocorrer

exercício de atividade relativa à indústria do petróleo, gás natural, seus derivados e

biocombustíveis sem a autorização exigida na legislação aplicável;

II - interditar, total ou parcialmente, as instalações e equipamentos utilizados diretamente no

exercício da atividade se o titular, depois de outorgada a autorização, concessão ou registro,

por qualquer razão deixar de atender a alguma das condições requeridas para a outorga, pelo

tempo em que perdurarem os motivos que deram ensejo à interdição;

III - interditar, total ou parcialmente, nos casos previstos nos incisos II, VI, VII, VIII, IX, XI e

XIII do art. 3o desta Lei, as instalações e equipamentos utilizados diretamente no exercício da

atividade outorgada;

IV - apreender bens e produtos, nos casos previstos nos incisos I, II, VI, VII, VIII, IX, XI e

XIII do art. 3o desta Lei.

..............................................................." (NR)

        Art. 12. O art. 11 da Lei no 9.847, de 26 de outubro de 1999, passa a vigorar acrescido do

seguinte inciso V:

"Art. 11. A penalidade de perdimento de produtos apreendidos na forma do art. 5o, inciso IV,

desta Lei, será aplicada quando:

................................................................

V - o produto apreendido não tiver comprovação de origem por meio de nota fiscal.

...................................................................." (NR)

        Art. 13. O caput do art. 18 da Lei no 9.847, de 26 de outubro de 1999, passa a vigorar

com a seguinte redação:

"Art. 18. Os fornecedores e transportadores de petróleo, gás natural, seus derivados e

biocombustíveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade, inclusive

95

Page 98: Monografia Biodiesel

aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes do recipiente, da embalagem

ou rotulagem, que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou

lhes diminuam o valor.

................................................................." (NR)

        Art. 14. O art. 19 da Lei no 9.847, de 26 de outubro de 1999, passa a vigorar com a

seguinte redação:

"Art. 19. Para os efeitos do disposto nesta Lei, poderá ser exigida a documentação

comprobatória de produção, importação, exportação, refino, beneficiamento, tratamento,

processamento, transporte, transferência, armazenagem, estocagem, distribuição, revenda,

destinação e comercialização dos produtos sujeitos à regulação pela ANP." (NR)

        Art. 15. O art. 4o da Lei no 10.636, de 30 de dezembro de 2002, passa a vigorar acrescido

do seguinte inciso VII:

"Art. 4o ..........................................................

....................................................................

VII - o fomento a projetos voltados à produção de biocombustíveis, com foco na redução dos

poluentes relacionados com a indústria de petróleo, gás natural e seus derivados.

.................................................................." (NR)

        Art. 16. (VETADO)

        Art. 17. (VETADO)

        Art. 18. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

        Brasília, 13 de janeiro de 2005; 184o da Independência e 117o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Dilma Vana Rousseff Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de  14.1.2005

96

Page 99: Monografia Biodiesel

 

ANEXO B – Série Histórica da Área Cultivada com Mamona nas Safras de 1976/77 a

2008/09 em Mil Hectares.

TABELA 10. Mamona – série histórica de área- safra 1976/77 a 2008/09 em mil hectaresPERÍODO NORDESTE MA PI CE RN PB PE AL SE BA1976/77 207,1 0,5 3,1 30,0 - - 30,9 0,6 - 142,01977/78 268,8 0,3 5,0 30,0 1,5 - 36,9 0,4 - 194,71978/79 285,2 0,1 6,0 30,0 1,1 - 32,5 0,5 - 215,01979/80 353,5 0,1 8,9 24,0 - 2,0 30,2 0,3 - 288,01980/81 375,7 - 12,6 15,0 - 1,3 26,8 - - 320,01981/82 406,4 - 15,2 19,1 - 1,3 30,0 - - 340,81982/83 253,9 - 7,7 15,2 - 1,2 24,0 - - 205,81983/84 342,9 - 7,8 10,0 - 1,1 22,0 - - 302,01984/85 410,0 - 18,0 17,0 - 1,0 34,0 - - 340,01985/86 391,9 - 24,6 17,7 - 1,9 38,0 - - 309,71986/87 254,9 - 19,4 21,7 - 2,0 19,0 - - 192,81987/88 236,1 - 12,8 19,5 - 2,0 26,4 - - 175,41988/89 256,0 - 14,3 16,7 - 1,5 35,8 - - 187,71989/90 221,8 - 13,7 14,2 - 0,5 32,0 - - 161,41990/91 223,8 - 10,4 13,9 - 0,5 36,0 - - 163,01991/92 166,6 - 8,1 14,0 - 0,5 34,8 - - 109,21992/93 129,5 - 6,4 4,5 - 0,3 3,3 - - 115,01993/94 112,6 - 1,9 4,9 - 0,1 14,3 - - 91,41994/95 76,3 - 1,9 4,9 - 0,1 7,8 - - 61,61995/96 119,9 - - 0,4 3,9 - 6,1 - - 109,51996/1997 148,6 - - 2,1 0,3 - 5,6 - - 140,61997/98 131,9 - - 1,1 0,3 - 0,5 - - 130,01998/99 90,9 - - 0,6 0,3 - 0,9 - - 89,11999/2000 177,9 - - 2,6 - - 1,2 - - 174,12000/01 155,6 - - 2,4 - - 1,2 - - 152,02001/02 123,2 - - 1,9 - - 1,3 - - 120,02002/03 126,3 - - 1,9 - - 0,8 - - 123,62003/04 163,8 - 3,7 9,3 - - 2,5 - - 148,32004/05 209,8 - 12,0 18,0 2,2 - 8,2 - - 169,42005/06 142,2 - 15,8 10,1 0,8 - 7,4 - - 108,12006/07 151,2 - 13,4 9,6 0,7 - 6,4 - - 121,12007/08¹ 155,9 - 2,7 26,4 0,1 - 3,7 - - 123,02008/09² 158,1 - 2,7 26,4 0,1 - 3,7 - - 125,2

Fonte: CNPA/EMBRAPA (2008 apud Medeiros, 2009)

97

Page 100: Monografia Biodiesel

ANEXO C – Zoneamento Agrícola: relação dos municípios do Nordeste (por Estado) aptos

ao cultivo da mamona e os períodos indicados para semeadura.

TABELA 11– Relação de municípios do Estado de Alagoas aptos ao cultivo de mamona e os períodos indicados para semeadura.

MUNICÍPIOS

CICLOS: PRECOCE/MÉDIO/TARDIO

PERÍODOS DE SEMEADURA

SOLO TIPO 2 SOLO TIPO 3

Água Branca 9 a 11 9 a 12

Anadia 7 a 12 7 a 13

Arapiraca 10 a 11 10 a 11

Belém 7 a 12 7 a 13

Branquinha 7 a 12 7 a 13

Canapi 9 a 11 9 a 12

Chã Preta 7 a 12 7 a 13

Coité do Nóia 10 a 11 10 a 11

Colônia Leopoldina 7 a 13 7 a 14

Estrela de Alagoas 10 a 11 10 a 11

Flexeiras 7 a 13 7 a 14

Girau do Ponciano 10 a 11 10 a 11

Ibateguara 7 a 13 7 a 14

Igaci 10 a 11 10 a 11

Inhapi 9 a 11 9 a 12

Joaquim Gomes 7 a 13 7 a 14

Lagoa da Canoa 10 a 11 10 a 11

Limoeiro de Anadia 7 a 12 7 a 13

Mar Vermelho 7 a 12 7 a 13

Maribondo 7 a 12 7 a 13

Mata Grande 7 a 10 7 a 11

Minador do Negrão 10 a 11 10 a 11

Palmeira dos Índios 7 a 12 7 a 13

Paulo Jacinto 7 a 12 7 a 13

Pindoba 7 a 12 7 a 13

Poço dos Trincheiras 9 a 11 9 a 11

98

Page 101: Monografia Biodiesel

Quebrangulo 7 a 12 7 a 13

Santana do Mundaú 7 a 13 7 a 14

São José da Laje 7 a 13 7 a 14

Tanque d’Arca 7 a 12 7 a 13

Taquarana 7 a 12 7 a 13

União dos Palmares 7 a 13 7 a 14

Viçosa 7 a 12 7 a 13

Fonte: CNPA/EMBRAPA (2008 apud Medeiros, 2009)

TABELA 12 – Relação dos municípios do Estado da Bahia aptos ao cultivo de mamona e os períodos indicados para semeadura.

MUNICÍPIOS

PERÍODOS DE SEMEADURA

SOLO TIPO 2 SOLO TIPO 3

99

Page 102: Monografia Biodiesel

Abaíra 01 a 02 01 a 02

Adustina 03 a 04 03 a 04

América Dourada 01 a 02 01 a 02

Anagé 01 a 02 01 a 02

Andaraí 01 a 02 01 a 02

Andorinha 01 a 02 01 a 02

Angical 31 a 34 31 a 35

Antas 03 a 04 03 a 04

Antônio Gonçalves 01 a 02 01 a 02

Apuarema 01 a 02 01 a 02

Aracatu 01 a 02 01 a 02

Baianópolis 31 a 35 31 a 36

Baixa Grande 07 a 08 07 a 08

Banzaê 03 a 04 03 a 04

Barra 31 a 34 31 a 35

Barreiras 31 a 35 31 a 36

Barro Alto 01 a 02 01 a 02

Biritinga 01 a 02 01 a 02

Boa Nova 01 a 02 01 a 02

Bom Jesus da Lapa 31 a 34 31 a 35

Bom Jesus da Serra 01 a 02 01 a 02

Boquira 31 a 34 31 a 35

Botuporã 31 a 34 31 a 35

Brejolândia 31 a 34 31 a 35

Bumado 01 a 02 01 a 02

Buritirama 31 a 34 31 a 35

Caculé 01 a 02 01 a 02

Caem 01 a 02 01 a 02

Caetanos 01 a 02 01 a 02

Caldeirão Grande 01 a 02 01 a 02

Campo Alegre de Lourdes 31 a 34 31 a 35

Campo Formoso 01 a 02 01 a 02

Canápolis 31 a 34 31 a 35

Canarana 01 a 02 01 a 02

Candiba 31 a 34 31 a 35

Cansanção 03 a 04 03 a 04

Capela do Alto Alegre 07 a 08 07 a 08

Capim Grosso 01 a 02 01 a 02

Caraíbas 01 a 02 01 a 02

100

Page 103: Monografia Biodiesel

Carinhanha 31 a 34 31 a 35

Catolândia 31 a 35 31 a 36

Caturama 01 a 02 01 a 02

Central 01 a 02 01 a 02

Cícero Dantas 03 a 04 03 a 04

Cocos 31 a 35 31 a 36

Condeúba 01 a 02 01 a 02

Conceição do Coité 07 a 08 07 a 08

Contendas do Sincorá 01 a 02 01 a 02

Coribe 31 a 34 31 a 35

Correntina 31 a 35 31 a 36

Cotegipe 31 a 34 31 a 35

Cristópolis 31 a 34 31 a 35

Dário Meira 01 a 02 01 a 02

Dom Basílio 01 a 02 01 a 02

Euclides da Cunha 03 a 04 03 a 04

Fátima 03 a 04 03 a 04

Feira da Mata 31 a 34 31 a 35

Filadélfia 01 a 02 01 a 02

Formosa do Rio Preto 31 a 35 31 a 36

Guajeru 01 a 02 01 a 02

Guanambi 31 a 34 31 a 35

Heliópolis 03 a 04 03 a 04

Ibiassucê 01 a 02 01 a 02

Ibicoara 01 a 02 01 a 02

Ibipeba 01 a 02 01 a 02

Ibipitanga 31 a 34 31 a 35

Ibiquera 07 a 08 07 a 08

Ibititá 01 a 02 01 a 02

Ibotirama 31 a 34 31 a 35

Iguaí 01 a 02 01 a 02

Ipirá 07 a 08 07 a 08

Iraquara 01 a 02 01 a 02

Iramaia 01 a 02 01 a 02

Irecê 01 a 02 01 a 02

Itaberaba 07 a 08 07 a 08

Itaeté 01 a 02 01 a 02

Itagi 01 a 02 01 a 02

Itagibá 01 a 02 01 a 02

101

Page 104: Monografia Biodiesel

Itaguacu da Bahia 01 a 02 01 a 02

Itirucu 01 a 02 01 a 02

Itiúba 01 a 02 01 a 02

Ituacu 01 a 02 01 a 02

Iuiú 31 a 34 31 a 35

Jaborandi 31 a 35 31 a 36

Jacobina 01 a 02 01 a 02

Jaguarari 01 a 02 01 a 02

Jequié 01 a 02 01 a 02

Jeremoabo 03 a 04 03 a 04

João Dourado 01 a 02 01 a 02

Jussara 01 a 02 01 a 02

Jussiape 01 a 02 01 a 02

Lafaiete Coutinho 01 a 02 01 a 02

Lagoa Real 01 a 02 01 a 02

Lajedinho 01 a 02 01 a 02

Lapão 01 a 02 01 a 02

Lençóis 01 a 02 01 a 02

Livramento de Nossa Senhora 01 a 02 01 a 02

Luís Eduardo Magalhães 31 a 35 31 a 36

Macajuba 07 a 08 07 a 08

Macaúbas 31 a 34 31 a 35

Mairi 07 a 08 07 a 08

Malhada 31 a 34 31 a 35

Malhada de Pedras 01 a 02 01 a 02

Manoel Vitorino 01 a 02 01 a 02

Mansidão 31 a 34 31 a 35

Maracás 01 a 02 01 a 02

Marcionílio Souza 01 a 02 01 a 02

Miguel Calmon 35 a 36 35 a 36

Mirangaba 01 a 02 01 a 02

Mirante 01 a 02 01 a 02

Monte Santo 03 a 04 03 a 04

Morpara 31 a 34 31 a 35

Morro do Chapéu 01 a 02 01 a 02

Mundo Novo 07 a 08 07 a 08

Muquém de São Francisco 31 a 34 31 a 35

Nordestina 03 a 04 03 a 04

Nova Redenção 01 a 02 01 a 02

102

Page 105: Monografia Biodiesel

Novo Triunfo 03 a 04 03 a 04

Oliveira dos Brejinhos 31 a 34 31 a 35

Ourolândia 01 a 02 01 a 02

Palmas de Monte Alto 31 a 34 31 a 35

Palmeiras 01 a 02 01 a 02

Paramirim 01 a 02 01 a 02

Paratinga 31 a 34 31 a 35

Pé de Serra 07 a 08 07 a 08

Pedro Alexandre 03 a 04 03 a 04

Pilão Arcado 31 a 34 31 a 35

Pindaí 31 a 34 31 a 35

Pindobaçu 01 a 02 01 a 02

Pintadas 07 a 08 07 a 08

Piritiba 07 a 08 07 a 08

Ponto Novo 01 a 02 01 a 02

Presidente Dutra 01 a 02 01 a 02

Quijingue 03 a 04 03 a 04

Quixabeira 01 a 02 01 a 02

Remanso 31 a 34 31 a 35

Riachão das Neves 31 a 35 31 a 36

Riacho de Santana 31 a 34 31 a 35

Ribeira do Pombal 03 a 04 03 a 04

Rio de Contas 01 a 02 01 a 02

Rio do Antonio 01 a 02 01 a 02

Ruy Barbosa 07 a 08 07 a 08

Santa Maria da Vitoria 31 a 34 31 a 35

Santa Rita de Cássia 31 a 34 31 a 35

Santana 31 a 34 31 a 35

São Desidério 31 a 35 31 a 36

São Felix do Coribe 31 a 34 31 a 35

São Gabriel 01 a 02 01 a 02

São José do Jacuípe 01 a 02 01 a 02

Saúde 01 a 02 01 a 02

Sebastião Laranjeiras 31 a 34 31 a 35

Senhor do Bonfim 01 a 02 01 a 02

Sento Sé 01 a 02 01 a 02

Serra do Ramalho 31 a 34 31 a 35

Serra Dourada 31 a 34 31 a 35

Serrolândia 01 a 02 01 a 02

103

Page 106: Monografia Biodiesel

Sítio do Mato 31 a 34 31 a 35

Tabocas do Brejo Velho 31 a 34 31 a 35

Tanhaçu 01 a 02 01 a 02

Tapiramutá 07 a 08 07 a 08

Uibaí 01 a 02 01 a 02

Umburanas 01 a 02 01 a 02

Urandi 31 a 34 31 a 35

Utinga 01 a 02 01 a 02

Várzea da Roca 07 a 08 07 a 08

Várzea do Poço 07 a 08 07 a 08

Várzea Nova 01 a 02 01 a 02

Wagner 01 a 02 01 a 02

Wanderley 31 a 34 31 a 35

Xique-Xique 31 a 34 31 a 35

Fonte: CNPA/EMBRAPA (2008) apud Medeiros (2009)

104

Page 107: Monografia Biodiesel

TABELA 13 – Relação dos municípios do Estado do Ceará aptos ao cultivo de mamona e os períodos indicados para semeadura.

MUNICÍPIOS SOLO TIPO 1 SOLO TIPO 2

Abaiara 01 a 02 01 a 03

Acopiara 01 a 02 01 a 03

Aiuaba 01 a 02 01 a 02

Alcântaras 01 a 02 01 a 03

Altaneira 01 a 02 01 a 03

Antonina do Norte 01 a 02 01 a 02

Ararendá 01 a 02 01 a 03

Araripe 01 a 02 01 a 06

Aratuba 01 a 02 01 a 03

Arneiroz 01 a 02 01 a 03

Assaré 01 a 02 01 a 03

Aurora 01 a 02 01 a 03

Baixio 01 a 02 01 a 03

Barbalha 01 a 02 01 a 03

Barro 01 a 02 01 a 03

Baturité 01 a 05 01 a 06

Boa Viagem 01 a 02 01 a 03

Brejo Santo 01 a 02 01 a 03

Campos Sales 01 a 02 01 a 02

Canindé 01 a 02 01 a 03

Capistrano 01 a 05 01 a 06

Caririaçu 01 a 02 01 a 03

Cariús 01 a 02 01 a 03

Carnaubal 01 a 04 01 a 05

Catarina 01 a 02 01 a 03

Catunda 01 a 02 01 a 03

Cedro 01 a 02 01 a 03

Choro 01 a 02 01 a 03

Crateús 01 a 02 01 a 03

Crato 01 a 02 01 a 03

Croatá 01 a 02 01 a 03

Deputado Irapuan Pinheiro 01 a 02 01 a 03

Farias Brito 01 a 02 01 a 03

Graça 01 a 04 01 a 05

105

Page 108: Monografia Biodiesel

Granjeiro 01 a 02 01 a 03

Guaraciaba do Norte 01 a 04 01 a 05

Guaramiranga 01 a 05 01 a 06

Ibiapina 01 a 04 01 a 05

Icó 01 a 02 01 a 03

Iguatu 01 a 02 01 a 03

Independência 01 a 02 01 a 03

Ipaporanga 01 a 02 01 a 03

Ipaumirim 01 a 02 01 a 03

Ipu 01 a 02 01 a 03

Ipueiras 01 a 02 01 a 03

Irauçuba 01 a 02 01 a 03

Itapagé 01 a 02 01 a 03

Itatira 01 a 02 01 a 03

Jardim 01 a 02 01 a 03

Jati 01 a 02 01 a 03

Juazeiro do Norte 01 a 02 01 a 03

Jucás 01 a 02 01 a 03

Lavras da Mangabeira 01 a 02 01 a 03

Madalena 01 a 02 01 a 03

Mauriti 01 a 02 01 a 03

Meruoca 01 a 02 01 a 03

Milagres 01 a 02 01 a 03

Milhã 01 a 02 01 a 03

Missão Velha 01 a 02 01 a 03

Mombaça 01 a 02 01 a 03

Monsenhor Tabosa 01 a 02 01 a 03

Mulungu 01 a 05 01 a 06

Nova Olinda 01 a 02 01 a 03

Nova Russas 01 a 02 01 a 03

Novo Oriente 01 a 02 01 a 03

Orós 01 a 02 01 a 03

Pacoti 01 a 05 01 a 06

Palmácia 01 a 05 01 a 06

Parambu 01 a 02 01 a 02

Pedra Branca 01 a 02 01 a 03

Penaforte 01 a 02 01 a 03

Pereiro 01 a 02 01 a 03

Piquet Carneiro 01 a 02 01 a 03

106

Page 109: Monografia Biodiesel

Poranga 01 a 02 01 a 03

Porteiras 01 a 02 01 a 03

Potengi 01 a 02 01 a 02

Quiterianópolis 01 a 02 01 a 03

Quixadá 01 a 02 01 a 03

Quixelô 01 a 02 01 a 03

Quixeramobim 01 a 02 01 a 03

Redenção 01 a 05 01 a 06

Reriutaba 01 a 02 01 a 03

Saboeiro 01 a 02 01 a 03

Salitre 01 a 02 01 a 02

Santa Quitéria 01 a 02 01 a 03

Santana do Cariri 01 a 02 01 a 03

São Benedito 01 a 04 01 a 05

Senador Pompeu 01 a 02 01 a 03

Tamboril 01 a 02 01 a 03

Tarrafas 01 a 02 01 a 03

Tauá 01 a 02 01 a 03

Tianguá 01 a 04 01 a 05

Ubajara 01 a 04 01 a 05

Umari 01 a 02 01 a 03

Uruburetama 01 a 02 01 a 03

Várzea Alegre 01 a 02 01 a 03

Viçosa do Ceará 01 a 04 01 a 05

Fonte: CONAB/EMBRAPA (2008) apud Medeiros (2009).

107

Page 110: Monografia Biodiesel

TABELA 14 – Relação de municípios do Estado do Maranhão aptos ao cultivo de mamona e os períodos indicados para semeadura

MUNICÍPIOS

PERÍODOS DE SEMEADURA

SOLO TIPO 1 SOLO TIPO 2

Alto Parnaíba 31 a 36 31 a 01

Amarante do Maranhão 34 a 02 34 a 03

Balsas 31 a 36 31 a 01

Benedito Leite 31 a 36 31 a 01

Buritirana 34 a 02 34 a 03

Colinas 34 a 02 34 a 03

Davinópolis 34 a 02 34 a 03

Feira Nova do Maranhão 31 a 36 31 a 01

Fernando Falcão 34 a 02 34 a 03

Formosa da Serra Negra 34 a 02 34 a 03

Fortaleza dos Nogueiras 31 a 36 31 a 01

João Lisboa 34 a 02 34 a 03

Loreto 31 a 36 31 a 01

108

Page 111: Monografia Biodiesel

Mirador 34 a 02 34 a 03

Montes Altos 34 a 02 34 a 03

Nova Colinas 31 a 36 31 a 01

Paraibano 34 a 02 34 a 03

Passagem Franca 34 a 02 34 a 03

Pastos Bons 34 a 02 34 a 03

Porto Franco 34 a 02 34 a 03

Riachão 31 a 36 31 a 01

Sambaíba 31 a 36 31 a 01

São Domingos do Azeitão 34 a 02 34 a 03

São Félix de Balsas 31 a 36 31 a 01

São Francisco do Brejão 34 a 02 34 a 03

São João do Paraíso 34 a 02 34 a 03

São João dos Patos 34 a 02 34 a 03

São Pedro dos Crentes 34 a 02 34 a 03

São Raimundo das Mangabeiras 31 a 02 31 a 03

Senador La Rocque 34 a 02 34 a 03

Sítio Novo 34 a 02 34 a 03

Sucupira do Riachão 34 a 02 34 a 03

Tasso Fragoso 31 a 36 31 a 01

Fonte: CONAB/EMBRAPA (2008) apud Medeiros (2009).

109

Page 112: Monografia Biodiesel

110

Page 113: Monografia Biodiesel

TABELA 15 - Relação de municípios do Estado da Paraíba aptos ao cultivo de mamona e os períodos indicados para semeadura.

MINICÍPIOS

PERÍODOS DE SEMEADURA

SOLO TIPO 2 SOLO TIPO 03

Água Branca 02 a 03

Aguiar 02 a 03

Alagoa Nova 05 a 07 05 a 08

Arara 05 a 07 05 a 08

Araruna 05 a 07 05 a 08

Areia 05 a 07 05 a 08

Areial 05 a 07 05 a 08

Bernadino Batista 02 a 03

Boa Ventura 02 a 03

Bom Jesus 02 a 03

Brejo dos Santos 03 a 04

Cachoeira dos Índios 02 a 03

Cacimba de Dentro 05 a 07 05 a 08

Cajazeiras 02 a 03

Campina Grande 05 a 07 05 a 08

Carrapateira 02 a 03

Catingueira 02 a 03

Conceição 02 a 03

Coremas 02 a 03 02 a 03

Cuité 05 a 07 05 a 08

Curral Velho 02 a 03

Damião 05 a 07 05 a 08

Diamante 02 a 03

Dona Inês 05 a 07 05 a 08

Emas 02 a 03

Esperança 05 a 07 05 a 08

Ibiara 02 a 03

Igaracy 02 a 03

Imaculada 02 a 03

Itaporanga 02 a 03

Juru 02 a 03

Lagoa Seca 05 a 07 05 a 08

Lastro 02 a 03 02 a 03

Mãe D’Água 02 a 03

Manaíra 02 a 03

111

Page 114: Monografia Biodiesel

Marizópolis 02 a 03

Massaranduba 05 a 07 05 a 08

Matinhas 05 a 07 05 a 08

Maturéia 02 a 03

Montadas 05 a 07 05 a 08

Monte Horebe 02 a 03

Nazarezinho 02 a 03

Nova Floresta 05 a 07 05 a 08

Nova Olinda 02 a 03

Olho D’Água 02 a 03

Paulista 03 a 04

Pedra Branca 02 a 03

Piacó 02 a 03

Poço Dantas 02 a 03

Poço de José de Moura 02 a 03 02 a 03

Princesa Isabel 02 a 03

Puxinanã 05 a 07 05 a 08

Queimadas 05 a 07 05 a 08

Remígio 05 a 07 05 a 08

Riachão 05 a 07 05 a 08

Riacho dos Cavalos 03 a 04

Santa Cecília 06 a 07

Santa Helena 02 a 03 02 a 03

Santa Inês 02 a 03

Santa Teresinha 02 a 03

Santana de Mangueira 02 a 03

Santana dos Garrotes 02 a 03

São João do Rio do Peixe 02 a 03 02 a 03

São João do Tigre 02 a 03 02 a 03

São José da Lagoa Tapada 02 a 03 02 a 03

São José de Caiana 02 a 03

São José de Piranhas 02 a 03

São José de Princesa 02 a 03

São José do Bonfim 02 a 03

São Sebastião de Lagoa de Roça 05 a 07 05 a 08

São Sebastião do Umbuzeiro 05 a 06 05 a 06

Serra Grande 02 a 03

Solânea 05 a 07 05 a 08

Sousa 02 a 03

112

Page 115: Monografia Biodiesel

Triunfo 02 a 03 02 a 03

Uiraúna 02 a 03 02 a 03

Vierópolis 02 a 03 02 a 03

Fonte: CONAB/EMBRAPA (2008) apud Medeiros (2009).

113

Page 116: Monografia Biodiesel

TABELA 16- Relação de municípios do Estado da Pernambuco aptos ao cultivo de mamona e os períodos indicados para semeadura.

MUNICÍPIOS

PERÍODOS DE SEMEADURA

SOLO TIPO 2 SOLO TIPO 3

Agrestina 06 a 07 06 a 08

Alagoinha 05 a 07

Altinho 05 a 06 05 a 07

Amaraji 06 a 07 06 a 08

Angelim 06 a 07 06 a 08

Araripina 06 a 08

Arcoverde 06 a 08

Barra de Guabiraba 06 a 07 06 a 08

Belém de Maria 06 a 07 06 a 08

Belo Jardim 05 a 07

Betânia 01 a 02

Bezerros 06 a 07 06 a 08

Bodocó 36 a 02

Bom Conselho 06 a 07 06 a 08

Bonito 06 a 07 06 a 08

Brejão 06 a 07 06 a 08

Caetés 06 a 07 06 a 08

Calçado 06 a 07 06 a 08

Calumbi 01 a 02

Camocim de São Félix 06 a 07 06 a 08

Canhotinho 06 a 07 06 a 08

Capoeiras 06 a 07 06 a 08

Catende 06 a 07 06 a 08

Cedro 36 a 02

Chã Grande 06 a 07 06 a 08

Correntes 06 a 07 06 a 08

Cortês 06 a 07 06 a 08

Cumaru 06 a 07 06 a 08

Cupira 06 a 07 06 a 08

Custódia 01 a 02

Exu 36 a 02

Flores 01 a 02

Frei Miguelinho 06 a 07 06 a 08

Garanhuns 06 a 07 06 a 08

Granito 36 a 2

Gravatá 06 a 07 06 a 08

114

Page 117: Monografia Biodiesel

Iati 05 a 07

Ibirajuba 05 a 07

Ipubi 36 a 02

Itaíba 05 a 07

Jaqueira 06 a 07 06 a 08

Joaquim Nabuco 06 a 07 06 a 08

Jucati 06 a 07 06 a 08

Jupi 06 a 07 06 a 08

Jurema 06 a 07 06 a 08

Lagoa do Ouro 06 a 07 06 a 08

Lagoa dos Gatos 06 a 07 06 a 08

Lajedo 06 a 07 06 a 08

Macaparana 06 a 07 06 a 08

Machados 06 a 07 06 a 08

Maraial 06 a 08

Mirandiba 36 a 02

Moreilândia 01 a 02 36 a 02

Palmares 06 a 08

Palmeirina 06 a 07 06 a 08

Panelas 06 a 08

Paranatama 06 a 07 06 a 08

Pedra 05 a 06 05 a 07

Pesqueira 05 a 07

Poção 05 a 07

Pombos 06 a 07 06 a 08

Primavera 06 a 07 06 a 08

Quipapá 06 a 07 06 a 08

Riacho das Almas 06 a 07 06 a 08

Sairé 06 a 07 06 a 08

Salgueiro 36 a 02

Saloá 06 a 07 06 a 08

Santa Cruz da Baixa Verde 01 a 02

Santa Maria do Cambucá 06 a 07 06 a 08

São Benedito do Sul 06 a 07 06 a 08

São Bento do Una 05 a 07

São João 06 a 07 06 a 08

São Joaquim do Monte 06 a 07 06 a 08

São José do Belmonte 01 a 02 36 a 02

115

Page 118: Monografia Biodiesel

São Vicente Ferrer 06 a 07 06 a 08

Serra Talhada 06 a 07 36 a 02

Serrita 36 a 02

Sertânia 01 a 02

Taquaritinga do Norte 06 a 08

Terezinha 06 a 08

Trindade 36 a 02

Triunfo 01 a 02

Tupanatinga 05 a 07

Vertentes 06 a 07 06 a 08

Vitória de Santo Antão 06 a 07 06 a 08

Xexéu 06 a 07 06 a 08

Fonte: CONAB/EMBRAPA (2008) apud Medeiros (2009).

TABELA 17 - Relação de municípios do Estado do Piauí aptos ao cultivo de mamona e os períodos indicados para semeadura.

MUNICÍPIOS

CICLO INTERMEDIÁRIO

SOLOS: TIPOS 2 E 3

PERÍODOS

Alagoinha do Piauí 01 a 06

Alegrete do Piauí 01 a 06

Alvorada do Gurguéia 34 a 03

Anísio de Abreu 34 a 03

Antonio Almeida 01 a 03

Assunção do Piauí 01 a 06

Avelino Lopes 31 a 03

Baixa Grande do Ribeiro 31 a 03

Barra D’Alcântara 01 a 06

Barreiras do Piauí 34 a 03

Belém do Piauí 01 a 06

Bertolínia 31 a 03

116

Page 119: Monografia Biodiesel

Bocaina 01 a 06

Bom Jesus 31 a 03

Bonfim do Piauí 31 a 03

Brejo do Piauí 34 a 06

Buriti dos Montes 01 a 06

Caldeirão Grande do Piauí 01 a 06

Campinas do Piauí 01 a 06

Campo Alegre do Fidalgo 01 a 06

Campo Grande do Piauí 01 a 06

Canavieira 34 a 03

Canto do Buriti 34 a 03

Capitão Gervásio Oliveira 01 a 06

Caracol 34 a 03

Caridade do Piauí 01 a 06

Castelo do Piauí 01 a 06

Colônia do Gurguéia 31 a 03

Conceição do Canindé 01 a 06

Coronel José Dias 31 a 03

Corrente 31 a 03

Cristalândia do Piauí 31 a 03

Cristino Castro 31 a 03

Curimatá 31 a 03

Currais 34 a 03

Dirceu Arcoverde 01 a 03

Dom Expedito Lopes 01 a 06

Dom Inocêncio 31 a 03

Domingos Mourão 01 a 06

Eliseu Martins 31 a 03

Fartura do Piauí 01 a 06

Francisco Macedo 01 a 06

Francisco Santos 01 a 06

Fronteiras 01 a 06

Geminiano 01 a 06

Gilbués 34 a 03

Guaribas 34 a 03

Inhuma 34 a 03

Ipiranga do Piauí 34 a 03

Isaias Coelho 01 a 06

Itainópolis 01 a 06

117

Page 120: Monografia Biodiesel

Jacobina do Piauí 01 a 06

Jaicós 01 a 06

João Costa 01 a 06

Julio Borges 31 a 03

Jurema 34 a 03

Lagoa de São Francisco 01 a 06

Lagoa do Barro do Piauí 01 a 06

Lagoa do Sítio 34 a 03

Manoel Emídio 34 a 03

Marcolândia 01 a 06

Massapé do Piauí 01 a 06

Milton Brandão 01 a 06

Monsenhor Hipólito 01 a 06

Monte Alegre do Piauí 31 a 03

Morro Cabeça no Tempo 31 a 03

Nova Santa Rita 01 a 06

Novo Oriente do Piauí 01 a 06

Padre Marcos 01 a 06

Pajeú do Piauí 01 a 06

Palmeira do Piauí 34 a 03

Paquetá 01 a 06

Parnaguá 31 a 03

Patos do Piauí 01 a 06

Paulistana 01 a 06

Pavussu 34 a 03

Pedro II 01 a 06

Picos 01 a 06

Pimenteiras 01 a 06

Redenção do Gurguéia 31 a 03

Riacho Frio 31 a 03

Ribeiro Gonçalves 34 a 03

Rio Grande do Piauí 34 a 03

Santa Cruz dos Milagres 01 a 06

Santa Filomena 34 a 03

Santa Luz 31 a 03

Santana do Piauí 01 a 06

Santo Antonio de Lisboa 01 a 06

São Braz do Piauí 31 a 03

São Francisco de Assis do Piauí 01 a 06

118

Page 121: Monografia Biodiesel

São Gonçalo do Gurguéia 34 a 03

São João da Canabrava 01 a 06

São João da Varjota 01 a 06

São João do Piauí 01 a 06

São Julião 01 a 06

São Lourenço do Piauí 01 a 06

São Luís do Piauí 01 a 06

São Miguel do Tapuio 01 a 06

São Raimundo Nonato 31 a 03

Sebastião Barros 31 a 03

Sebastião Leal 31 a 03

Simões 01 a 06

Simplício Mendes 34 a 03

Sussuapara 01 a 06

Tamboril do Piauí 34 a 03

Uruçuí 31 a 03

Valença do Piauí 34 a 03

Várzea Branca 01 a 06

Vera Mendes 01 a 06

Vila Nova do Piauí 01 a 06

Fonte: CONAB/EMBRAPA (2008) apud Medeiros (2009).

119

Page 122: Monografia Biodiesel

TABELA 18 - Relação de municípios do Estado do Rio Grande do Norte aptos ao cultivo de mamona e os períodos indicados para semeadura.

MUNICÍPIOS

PERÍODOS DE SEMEADURA

SOLO TIPO 2 SOLO TIPO 3

Alexandria 02 a 03 02 a 03

Almino Afonso 02 a 03 02 a 03

Antonio Martins 02 a 03 02 a 03

Bodó 04 a 05

Campo Redondo 05 a 06 05 a 06

Carnaúba dos Dantas 03 a 04

Cerro Corá 04 a 05

Coronel Ezequiel 05 a 06 05 a 06

Coronel João Pessoa 02 a 03 02 a 03

Currais Novos 04 a 05 04 a 05

Francisco Dantas 02 a 03 02 a 03

Frutuoso Gomes 02 a 03 02 a 03

Jaçanã 05 a 06 05 a 06

Japi 05 a 06 05 a 06

José da Penha 02 a 03 02 a 03

Lagoa Nova 04 a 05

Lajes Pintadas 05 a 06 05 a 06

Lucrecia 02 a 03 02 a 03

Luís Gomes 02 a 03 02 a 03

Major Sales 02 a 03 02 a 03

Marcelino Vieira 02 a 03 02 a 03

Martins 02 a 03 02 a 03

Messias Targino 02 a 03 02 a 03

Monte das Gameleiras 05 a 06 05 a 06

Paraná 02 a 03 02 a 03

Parelhas 03 a 04

Patu 02 a 03 02 a 03

Pilões 02 a 03 02 a 03

Portalegre 02 a 03 02 a 03

Rafael Godeiro 02 a 03

Riacho de Santana 02 a 03

Santana do Seridó 03 a 04

São Bento do Trairi 05 a 06 05 a 06

São Miguel 02 a 03 02 a 03

120

Page 123: Monografia Biodiesel

São Vicente 05 a 06

Serra de São Bento 05 a 06 05 a 06

Serrinha dos Pintos 02 a 03 02 a 03

Sítio Novo 05 a 06 05 a 06

Tenente Ananias 02 a 03 02 a 03

Tenente Laurentino Cruz 05 a 06

Umarizal 02 a 03 02 a 03

Venha – Ver 02 a 03 02 a 03

Viçosa 02 a 03 02 a 03

Fonte: CONAB/EMBRAPA (2008) apud Medeiros (2009).

TABELA 19- Relação de municípios do Estado do Sergipe aptos ao cultivo de mamona e os períodos indicados para semeadura.

MUNICÍPIOS

CICLOS: PRECOCE/MÉDIO/TARDIO

PERÍODOS DE SEMEADURA

SOLO TIPO 2 SOLO TIPO 3

Carira 7 a 9 7 a 9

Frei Paulo 7 a 10 7 a 11

Macambira 7 a 10 7 a 11

121

Page 124: Monografia Biodiesel

Monte Alegre de Sergipe 7 a 9 7 a 10

Nossa Senhora Aparecida 7 a 8 7 a 8

Nossa Senhora da Glória 7 a 9 7 a 11

Poço Verde 7 a 8 7 a 9

Riachão do Dantas 7 a 10 7 a 11

Ribeirópolis 7 a 9 7 a 10

Simão Dias 7 a 10 7 a 11

Tobias Barreto 7 a 9 7 a 10

Fonte: CONAB/EMBRAPA (2008) apud Medeiros (2009).

122