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MACIEL,

Ilane Gomes. SISTEMA PBLICO DE ESCRITURAO DIGITAL (SPED): um estudo sob sobre o impacto causado pelo SPED ao profissional contbil na cidade de Juazeiro-BA. Petrolina: FACAPE, 2009. 84 p. Monografia (Trabalho de Concluso de Curso de Graduao) Bacharelado em Cincias Contbeis, Faculdade de Cincias Aplicadas e Sociais de Petrolina (FACAPE), Petrolina, 2009.

RESUMO

O profissional contbil sempre esteve presente no desenvolvimento econmico das empresas, transmitindo seus conhecimentos para auxiliar os gestores na tomada de decises. O Contabilista h muito tempo deixou de ser apenas aquele GuardaLivros, passando a ser um profissional envolvido diretamente nos processos da empresa e participante nas tomadas de decises. Atualmente, o mundo dominado pela tecnologia da informao, fazendo com que as informaes possam ser transmitidas de uma ponta do mundo outra em questo de segundos. Assim, natural que esse avano tenha alcanado a Contabilidade, buscando uma maior integrao entre as Escrituraes e os usurios das informaes. Nesse cenrio, nasce o Sistema Pblico de Escriturao Digital (SPED), institudo pelo Governo Federal, atravs do Decreto n 6.022/07, buscando, atravs da informatizao, aproximar a relao entre os contribuintes e os Fiscos dos trs poderes (Federal, Estadual e Municipal). O SPED basicamente divido em trs partes: Escriturao Contbil Digital (ECD ou SPED Contbil), Escriturao Fiscal Digital (EFD ou SPED Fiscal) e a Nota Fiscal Eletrnica (NF-e). O SPED trouxe diversos benefcios Classe Contbil, s empresas e sociedade em geral. Alguns benefcios a serem destacados so a reduo dos custos com a emisso e o armazenamento dos documentos em papel, a racionalizao e simplificao das obrigaes acessrias e o aperfeioamento dos servios de Escriturao, j que evita o retrabalho para o Contabilista. O estudo mostrou atravs da anlise dos dados coletados atravs do questionrio que os Contabilistas da cidade de Juazeiro-BA esto se adequando de forma constante ao SPED, prestando bons servios s empresas e se tornando profissionais cada vez mais capacitados.

Palavras-chave: Contabilista, Escriturao, SPED, Nota Fiscal Eletrnica.

ILANE GOMES MACIEL

SISTEMA PBLICO DE ESCRITURAO DIGITAL (SPED): UM ESTUDO SOBRE O IMPACTO CAUSADO PELO SPED AO PROFISSIONAL CONTBIL NA CIDADE DE JUAZEIRO-BA

Monografia submetida Coordenao do Curso de Cincias Contbeis, da Faculdade de Cincias Aplicadas e Sociais de Petrolina FACAPE, como requisito parcial para obteno do grau de Bacharel em Cincias Contbeis. Orientador: Prof. Esp. Scrates Vieira Donato

PETROLINA - PE 2009

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INTRODUO

A Contabilidade tem uma importncia marcante para gerar meios efetivos na gesto das empresas e est em constante desenvolvimento, pois est diretamente associada evoluo da humanidade, visto que todo o seu aperfeioamento gira em funo de atender a prpria evoluo do ser humano.

certo afirmar que os trabalhos manuais dentro das empresas, hoje em dia, esto cada vez mais desaparecendo, devido ao surgimento de novas tecnologias a todo momento, que so essenciais sobrevivncia da empresa no mercado de trabalho.

Segundo S (1998), uma nova viso da profisso do contabilista surgiu e agora parece estar passando por uma nova fase de gigantismo.

Tantas mudanas ocorridas para as empresas em razo das evolues tecnolgicas criaram muitos desafios no meio contbil, como por exemplo, o de acompanhar e se adequar evoluo da tecnologia da informao para agilizar os processos de Escriturao Digital dentro das empresas. Principalmente com a implantao do Sistema Pblico de Escriturao Digital (SPED), que surgiu para melhorar a relao entre o Fisco e o contribuinte.

O SPED foi institudo atravs do Decreto n 6.022, de 22 de janeiro de 2007, e definido como o instrumento que unifica as atividades de recepo, validao, armazenamento e autenticao de livros e documentos que integram a Escriturao comercial e fiscal dos empresrios e das sociedades empresrias, mediante fluxo nico, computadorizado, de informaes. Enfim, constitui-se em mais um avano na informatizao da relao entre o Fisco e os contribuintes, beneficiando as empresas sob diversos aspectos, incluindo a simplificao e racionalizao de obrigaes acessrias, reduo de diversos custos, principalmente com a emisso e o armazenamento de documentos em papel. E tambm beneficiando as administraes tributrias, proporcionando integrao administrativa, padronizao e

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melhor qualidade das informaes, racionalizao de custos e maior eficcia da fiscalizao.

Devido a tantas mudanas, o profissional contbil sabe que a constante atualizao de seus conhecimentos uma necessidade e uma exigncia imposta pela sua rea. Sob esse aspecto Primak (2009, p. 14), enfatiza que com o avano e aprimoramento da tecnologia da informao, a necessidade de mudanas no perfil do profissional contbil torna-se inevitvel. Este profissional dever estar atento s inovaes e tendncias tecnolgicas aplicando-as em suas atividades dirias.

A partir desta realidade, ser demonstrada a evoluo da profisso contbil propriamente dita, pois o Contador no mais aquele guarda-livros, incumbido apenas de lembrar as empresas de pagar tributos e realizar a Escriturao Contbil em livros e guard-los. Com essas mudanas tecnolgicas atuais, o mercado exige profissionais muito bem qualificados e que necessitam aprender sempre. De fato, a cada momento novidades tecnolgicas surgem, tornando obsoletos muitos dos conhecimentos anteriormente adquiridos.

Para isso, este trabalho divide-se em trs captulos, onde o primeiro demonstra o referencial terico que serviu de base para elaborao deste trabalho, explicando a importncia e a evoluo do perfil do Contabilista at a Era do Conhecimento; a essencialidade do uso da informtica para a Escriturao atual; e os impactos que o SPED e os seus subprojetos causaram para os profissionais contbeis.

O segundo captulo traz a metodologia adotada para a realizao deste trabalho.

Enquanto que o terceiro captulo traz a anlise dos dados da pesquisa de campo feita atravs de um questionrio de 14 perguntas aplicado aos Contabilistas da cidade de Juazeiro-BA, visando conhecer quais os impactos que a implantao do SPED trouxe aos profissionais desta cidade. Trazendo tambm as consideraes finais da autora sobre o trabalho realizado.

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1.1. TEMA

Sistema Pblico de Escriturao Digital (SPED): um estudo sobre o impacto causado pelo SPED ao profissional contbil na cidade de Juazeiro-BA.

1.2. JUSTIFICATIVA

O SPED um grande projeto que foi implementado atravs de um acordo nacional para promover a atuao integrada e unificada dos Fiscos nas trs esferas de Governo (Federal, Estadual e Municipal), uniformizando o processo de coleta de dados contbeis e fiscais, bem como tornando mais clere a identificao de ilcitos tributrios.

O SPED tem como premissas bsicas um melhor ambiente de negcios para os empresrios do Pas, reduo da concorrncia desleal entre as empresas, reduo de custos para os contribuintes e para as administraes tributrias, o documento oficial o documento eletrnico com validade jurdica para todos os fins com a utilizao da Certificao Digital padro Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira ICP Brasil, promover o compartilhamento de informaes e minimizar a interferncia no ambiente do contribuinte.

A entidade deve manter um sistema de Escriturao uniforme dos seus atos e fatos administrativos. Por meio da Resoluo n 1.020/2005, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) aprovou a Norma Brasileira de Contabilidade Tcnica 2.8 (NBC T 2.8) Das Formalidades da Escriturao Contbil em Forma Eletrnica, a qual dispe sobre os critrios e procedimentos para a Escriturao Contbil em forma eletrnica, bem como sobre a sua certificao digital, validao perante terceiros, manuteno dos arquivos e responsabilidade do contabilista.

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O Brasil ingressou em uma nova era contbil a partir do projeto SPED, isso reflete na qualificao dos profissionais atuais, pois no sero aceitos profissionais de contabilidade que no tenham conhecimentos de informtica. O perfil do profissional contbil mudou bastante do que existia na poca do guarda-livros. H tarefas que, em perodos anteriores, demandavam, pela sua importncia, parcela considervel do tempo de trabalho dos profissionais, mas que hoje, em funo do avano tecnolgico, tornaram-se simples e rpidas, perdendo espao, ento, para outras demandas que assumiram maior importncia, como por exemplo, ligando o profissional rea de gesto e controladoria da empresa que ele representa.

Este trabalho ir demonstrar os impactos causados pelo SPED ao profissional contbil da cidade de Juazeiro-BA, tendo que se atualizar devido evoluo da contabilidade da fase do papel para o formato digital.

1.3. PROBLEMA

Diante da sistemtica atual de Escriturao na Contabilidade do Brasil, com a implantao do Sistema Pblico de Escriturao Digital (SPED), como os profissionais contbeis da cidade de Juazeiro-BA esto se adaptando com a nova realidade desse sistema?

1.4. OBJETIVOS

1.4.1 OBJETIVO GERAL

Este trabalho tem como objetivo principal demonstrar o impacto trazido aos profissionais contbeis da cidade de Juazeiro-BA, devido implementao do Sistema Pblico de Escriturao Digital SPED, atravs do Decreto n 6.022, de 22

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de janeiro de 2007, mostrando a evoluo do perfil do Contador devido ao desenvolvimento tecnolgico que ele tem que acompanhar.

1.4.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

Fornecer informaes conceituais acerca dos tipos de tcnicas contbeis; descrever a evoluo do profissional contbil relativamente s mudanas tecnolgicas ocorridas; fornecer informaes acerca do projeto SPED, nos critrios de segurana, transparncia, confiabilidade e reduo de custos.

1.5. HIPTESE

A presente pesquisa demonstrar que os profissionais contbeis da cidade de Juazeiro-BA esto acompanhando adequadamente a nova sistemtica implantada atravs do SPED.

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2. REFERENCIAL TERICO

2.1 A CONTABILIDADE E A ESCRITURAO CONTBIL

2.1.1 UMA BREVE EVOLUO HISTRICA DA CONTABILIDADE

A histria da Contabilidade confunde-se com a prpria histria da nossa era, fazendo parte dela e ajudando a cont-la e registr-la para as geraes futuras, sem mesmo ter tido essa pretenso.

No se sabe quem inventou a Contabilidade, mas segundo S (2000, p. 9), provas arqueolgicas denunciam registros em grutas, ossos e outros materiais, contendo manifestaes da inteligncia humana na percepo de meios patrimoniais, qualitativa e quantitativamente, ou seja, constituindo a conta primitiva. Diante das palavras de S, verifica-se que o homem primitivo j demonstrava uma preocupao em obter meios de mensurar e controlar o seu patrimnio.

Ao longo do tempo observa-se que a capacidade de expresso comeava a despontar, com a arte escrita e o desenvolvimento da aritmtica, surgindo a partir da os primeiros registros contbeis manuscritos. Logo aps, com o uso da moeda como denominador comum, o surgimento da propriedade privada, a acumulao de capitais e a criao da empresa em sociedade.

At o sculo XVI o principal objetivo da Contabilidade era produzir informaes para o proprietrio da empresa, que geralmente tinha um nico dono. No existiam padres uniformes para a Demonstrao das Contas que eram mantidas em sigilo pelo proprietrio, no sendo comum haver uma distino entre suas contas e as da empresa.

A partir da a Contabilidade foi se desenvolvendo e adaptando-se s necessidades da sociedade. No final do Sculo XIX e incio do Sculo XX, ela sofreu um impacto

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muito grande com a expanso da Indstria, especialmente na Inglaterra e nos Estados Unidos, tendo em vista o advento da Revoluo Industrial.

Alm desses, outros fatos contriburam para a ocorrncia das vrias transformaes que a Contabilidade vem sofrendo ao longo dos tempos, dentre as quais se destacam: o crescimento da economia, o crescimento das organizaes e o surgimento e constante transformao da tecnologia de informaes.

No Brasil, a primeira regulamentao contbil data de 1870, atravs do reconhecimento oficial da Associao dos Guarda-Livros da Corte, pelo Decreto Imperial n 4.475. A profisso de Guarda-Livros ganhou uma nova denominao com a Lei n 3.384/58, onde ficou estabelecido que tais profissionais passariam a integrar a categoria de Tcnico em Contabilidade. Somente em 1945 foi criado oficialmente o Curso Superior de Cincias Contbeis, obtendo reconhecimento em 22 de setembro de 1945, atravs do Decreto n 7.988, baseado inicialmente no mtodo de Escriturao. A partir dos anos 60, o curso superior comeou a se desenvolver, por fora de exigncias legais e necessidade do mercado de trabalho. Hoje o Brasil ocupa um lugar de destaque no meio contbil mundial.

De acordo com o Art. 1 da Res. CFC 948, de 29 de novembro de 2002, modificada pela Res. CFC 991, de 11 de dezembro de 2003, ficou estabelecido a concesso do Registro Profissional nos CRCs, na categoria de Tcnico em Contabilidade, aos que ingressaram ou estiveram no Curso Tcnico somente at o exerccio de 2004, independente do ano de concluso do curso. Ento a partir do ano de 2005 as Instituies de Cursos Tcnicos de Contabilidade diminuram consideravelmente, aumentando-se a procura pelas Instituies de Nvel Superior, levando-se em considerao que a formao tcnica do profissional no atende aos requisitos exigidos para a formao do profissional da rea de Contabilidade, o que o impede de exercer adequadamente as suas atividades e usufruir de todas as prerrogativas previstas na legislao profissional, principalmente levando-se em considerao as exigncias do mercado de trabalho atual.

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2.1.2 O PROFISSIONAL CONTBIL

A profisso contbil regulamentada pelo Decreto-Lei n 9.295, de 27 de maio de 1946, que cria o Conselho Federal de Contabilidade e define as atribuies do Contador e do Tcnico de Contabilidade, instituindo-se o princpio bsico de que tudo o que envolve a matria contbil constitui prerrogativa privativa de contabilistas. So duas as categorias profissionais: Contador e Tcnico em Contabilidade, com algumas prerrogativas comuns e outras privativas somente dos Contadores.

O Contador um profissional de Nvel Superior, portador de diploma de Bacharel em Cincias Contbeis, devidamente registrado junto ao Conselho Regional de Contabilidade onde ser exercida a atividade. J o Tcnico em Contabilidade um profissional de Nvel Mdio portador do certificado de concluso de segundo grau, com a habilitao de Tcnico em Contabilidade, que tambm para exercer a profisso ter que estar devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade de onde ser exercida a atividade.

Segundo dados do CRC do Estado da Bahia, em 2008, existem 17.936 profissionais ativos no Estado da Bahia, sendo 235 profissionais da cidade de Juazeiro, dentre eles 82 so Contadores e 153 so Tcnicos em Contabilidade, conforme demonstrado no quadro a seguir:

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CONTADORES TCNICOS DELEGACIA HOMENS MULHERES HOMENS MULHERES TOTAL VITRIA DA CONQUISTA 126 86 218 77 507 JUAZEIRO 51 31 106 47 235 JACOBINA 16 9 96 34 155 FEIRA DE SANTANA 393 288 265 104 1050 ALAGOINHAS 54 40 98 51 243 ITABUNA 36 16 285 108 445 ILHUS 30 20 114 52 216 JEQUI 98 62 99 24 283 SANTO ANTONIO DE JESUS 30 17 127 68 242 GUANAMBI 20 15 112 41 188 ITAMARAJU 6 5 62 19 92 BOM JESUS DA LAPA 12 3 53 9 77 PAULO AFONSO 8 4 45 74 131 BARREIRAS 152 106 126 42 426 ITAPETINGA 8 1 97 22 128 BRUMADO 13 4 76 22 115 IREC 16 8 116 46 186 SENHOR DO BONFIM 13 6 78 21 118 SERRINHA 25 11 123 29 188 SANTA MARIA DA VITRIA 4 6 71 17 98 TEIXEIRA DE FREITAS 54 21 140 76 291 EUNPOLIS 43 20 80 52 195 VALENA 9 2 60 17 88 GANDU 2 2 38 17 59 IPIA 19 3 66 4 92 RIBEIRA DO POMBAL 31 19 60 43 153 ITABERABA 12 4 42 17 75 IBOTIRAMA 13 7 45 14 79 CAMACAN 8 4 28 9 49 CAMAARI 230 139 176 105 650 XIQUE-XIQUE 2 0 20 3 25 UBAITABA 4 1 30 8 43 SANTO AMARO 16 11 51 24 102 PORTO SEGURO 20 6 67 20 113 SEABRA 9 5 33 21 68 SALVADOR 4795 2789 2178 969 10731 TOTAL 6378 3771 5481 2306 17936 Fonte: Profissionais Ativos - CRC/BA 2008

O profissional contbil pode atuar em vrias frentes profissionais, alm da prpria gesto contbil de empresas, entidades pblicas e no-governamentais, especializando-se em diversas reas, como:

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Percia Contbil: de competncia exclusiva de Contador, devidamente

registrado em CRC, a atividade de Percia Contbil, tanto a judicial, como a extrajudicial e a arbitral. O profissional precisa demonstrar capacidade para pesquisar, examinar, analisar, sintetizar e fundamentar a prova no laudo pericial e no parecer pericial contbil. As normas que disciplinam a atividade do perito contbil so as Normas Tcnicas da Percia Contbil NBC T 13 e as Normas Profissionais de Perito Contbil NBC P 2. Cada vez mais as sentenas judiciais e arbitrais buscam estar pautadas em laudos tcnicos de peritos contbeis, j que estes propiciam o rigor de investigao, a independncia e a confiabilidade de clculos e opinies sobre controvrsias como apurao de haveres, lucros cessantes, impugnaes fiscais e avaliao de Patrimnio Lquido.

Auditoria: O profissional com formao acadmica em Cincias Contbeis, devidamente inscrito no CRC, poder auditar e emitir o parecer de diversas entidades, verificando a veracidade das informaes contbeis, detectando erros ou fraudes. Existe o Auditor Independente, que o profissional que no empregado da empresa em que se est realizando o trabalho de Auditoria e existe o Auditor Interno, que o profissional que empregado (ou dependente econmico) da empresa em que faz o exame da Contabilidade, e existe tambm o Auditor Fiscal, que um funcionrio pblico, no necessariamente Contador e cujo objetivo a fiscalizao de tributos.

Fiscal: a fiscalizao de contribuintes ou de contas de entes pblicos uma atividade complexa e extremamente tcnica, com certeza o Contabilista o profissional mais adequado para realizar este trabalho, j que possui um amplo leque de conhecimentos especficos (como domnio simultneo das normas contbeis, fiscais, trabalhistas, previdencirias, societrias e administrativas).

Gesto de Empresas: esta no uma atividade restrita a administradores, j que os Contabilistas so conhecedores profundos de finanas, custos e fluxo de caixa, e tm colocado suas capacidades frente de grandes empreendimentos.

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Gesto Pblica: esta rea muito carente de profissionais idneos e tecnicamente altura de um grande pas como o Brasil, pode ser incrivelmente melhorada com a utilizao das capacidades profissionais e criativas dos Contabilistas.

Atuarial: parte da estatstica ligada a problemas relacionados com a teoria e o clculo de seguros. Na terminologia tcnico-comercial, ATURIO designa o Contabilista especializado na Contabilidade e na Tcnica dos Seguros (previdencirios, patrimoniais e riscos complexos).

Consultoria: h Contabilistas que adquirem experincias especficas em determinados ramos de atividades (como planejamento tributrio), e podem oferecer aos 3 setores da sociedade (iniciativa privada, Governos e ONGs) um leque de solues para as complexas questes sociais, oramentrias e de mercado a que tais entidades se defrontam no dia a dia.

Ensino: universidades e centros de atualizao profissional necessitam de timos professores, com profundos conhecimentos contbeis, para formao de novos profissionais e aprimoramento de outros, em dezenas de disciplinas como, por exemplo, Contabilidade Rural, Contabilidade de Custos ou Oramento Pblico.

Pesquisa: um pesquisador contbil pode estabelecer-se como um escritor de tempo integral, e deixando um nobre legado de pesquisas e conhecimentos para muitas geraes;

Controller: um profissional ligado alta administrao da empresa, funcionando como um filtro que sintetiza, analisa e compila as informaes, repassando-as no tempo certo para as pessoas certas da organizao. Alm de analisar e interpretar as informaes contbeis, o Controller deve transformar essas informaes em objetivos de eficincia e eficcia dentro das empresas, usando a administrao para direcionar a empresa a alcanar tais objetivos e metas. O

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Controller pode atuar nas reas de Contabilidade Geral, Contabilidade de Custos, Controle Patrimonial, Oramento e Auditoria Interna.

O papel a ser desempenhado pelos profissionais da rea contbil, j no tem carter apenas tcnico. O perfil do novo Contador de um indivduo envolvido no processo e participante nas tomadas de decises.

Tais habilidades so requeridas dos profissionais, segundo Marion (2001, p. 57), devido ao fato de que a velocidade e a adequao da informao contbil devem acompanhar o ritmo das atuais mudanas no mundo dos negcios.

Muito do que a Contabilidade pode ser aferido pelo que a Contabilidade realiza dentro da atividade econmica. Pode-se facilmente verificar que um sistema simples de registro e anlise contbil no falta, nem mesmo na mais rudimentar das organizaes. Em certas organizaes pequenas, podero ainda faltar o Economista, o Engenheiro ou o Tcnico em Administrao, mas certamente no faltar o Tcnico em Contabilidade para tocar a escriturao, como vulgarmente se afirma. Isto caracteriza a essencialidade da funo Contbil. E, de acordo, com a evoluo da forma organizacional e com as dimenses do empreendimento, avoluma-se e enobrece-se a funo contbil. O Contador torna-se tambm o primeiro analista das informaes produzidas pelo sistema por ele montado e um dos auxiliares mais importantes dentro da entidade. (IUDCIBUS, 1997, p. 31).

O mercado de trabalho vem passando por significativas alteraes, pois na Era do Conhecimento a fase tcnica vem perdendo espao para a fase onde as habilidades intelectuais do profissional so fatores fundamentais. As exigncias de uma sociedade mais competitiva e globalizada desencadearam uma presso pela profissionalizao e educao continuada, exigindo que o profissional contbil seja qualificado e com capacidade de aprender sempre, estando sempre atualizado para oferecer os melhores servios.

Desta forma, a atuao do Contador no cenrio empresarial vem passando por grandes transformaes. O Contador deixa de ser o sujeito passivo, passando a atuar de forma mais ativa nas empresas. E principalmente aps a revoluo tecnolgica a partir do ano de 1994, houve uma facilitao do trabalho contbil, pois a informtica veio diminuir o nvel de esforo braal no preparo das informaes

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contbeis, e abrir espao para uma outra atividade que o pensar. O Contador precisa mais do que nunca estar preparado e qualificado para pensar e assim auxiliar nas tomadas de decises das empresas que ele representa. O ambiente interno e externo dentro das organizaes exige um profissional verstil e provido de conhecimento, mantendo assim a qualidade de sua atuao. O Contador que se limitar aos conhecimentos contbeis e se contentar em apenas fazer para o cliente o que a Legislao Fiscal determina est definitivamente condenado ao desaparecimento. Os tempos atuais e toda a tecnologia existente requerem um novo perfil profissional, pois o Contador precisa estar atualizado, ter uma viso ampla do que acontece em torno das organizaes e manter-se em constante processo de reciclagem dos seus conhecimentos, possibilitando assim uma Educao Continuada, pois o ttulo de graduao para o profissional nos dias de hoje no garantia de sucesso, sendo ento necessrio ps-graduaes, mestrados, participaes em congressos da classe, seminrios, leitura contnua e participaes de encontros empresariais, para saber das necessidades do mercado em que atua, alm da necessidade de obter conhecimentos em outras reas, como por exemplo, Administrao e Economia, contribuindo assim para o prprio desenvolvimento profissional e para o efetivo desempenho da gesto da empresa que ele representa.

Outro grande desafio que surge para os Contabilistas que eles precisam encarar o processo de convergncia do padro brasileiro s normas internacionais de contabilidade, institudo a partir da Lei 11.638/2007. O padro internacional de contabilidade exige que os Profissionais Contbeis tenham uma compreenso ampliada das reas econmica e financeira das empresas, dentre outras. Os profissionais da rea contbil enfrentam, portanto, uma fase de transio que est mexendo no s com o modo como so formados, mas tambm com seus processos de atualizao e capacitao, alm da exigncia de que assumam uma nova postura de atuao.

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2.1.3 AS INFORMAES CONTBEIS

A principal finalidade da Contabilidade fornecer informaes aos diversos tipos de usurios. Diante do exposto, observa-se que existe uma forte ligao da Contabilidade com o processo de informao e comunicao nas empresas. No estando limitada a registrar os dados que afetam o patrimnio da empresa, e sim, tendo o compromisso de transformar esses fatos contbeis, em informaes que sirvam de base para projees, comparaes, controles, planejamento, enfim, que auxiliem a gesto e a tomada de deciso.

comum e plenamente justificvel que os usurios das informaes contbeis tenham interesses diversificados em relao empresa. Por isso, essas informaes devem ser amplas e confiveis. No mnimo, elas devem ser suficientes para a avaliao da situao patrimonial da empresa e das mutaes sofridas pelo seu patrimnio.

As informaes geradas pela Contabilidade devem possibilitar aos seus usurios avaliar a situao e as tendncias da empresa, com o menor grau de dificuldade possvel, para que o usurio possa planejar suas prprias operaes.

2.1.4 OS USURIOS DAS INFORMAES CONTBEIS

A Contabilidade est sempre buscando uma forma de se adequar s necessidades de seus diversos usurios, dentro do contexto de evoluo socioeconmica e cultural desses usurios. De acordo com Marion (2002, p. 128), o objetivo principal da Contabilidade o de permitir a cada grupo principal de usurios a avaliao da situao econmica e financeira da entidade, num sentido esttico, bem como fazer inferncias sobre suas tendncias futuras.

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Existem dois tipos de usurios das informaes contbeis: os usurios externos empresa, que concentram suas atenes, de forma geral, em aspectos mais genricos expressos nas demonstraes contbeis, e os usurios internos, que so as pessoas que fazem parte da empresa e se utilizam das informaes contbeis para fins de administrao da empresa, de um modo geral.

Cada um desses usurios demanda um determinado tipo de informao, de acordo com seus interesses. Podem ser pessoa fsica ou jurdica, conforme o tipo de relacionamento que mantiver com a empresa.

USURIO

INFORMAO DESEJADA Comparar os nmeros da empresa em relao aos anos

Acionistas Governo Clientes Fornecedores Investidores

anteriores. Verificar se a fonte de renda est segura. Uma contabilidade dentro dos Princpios Contbeis e da Legislao Fiscal, demonstrando as contas com clareza, para verificao dos valores que deram origem aos tributos recolhidos. Ps-Venda de bens adquiridos e continuidade de fornecimento. Crdito e capacidade de pagamento. Informaes sobre a empresa que permitam comparao com outras, no sentido de fornecer subsdios para que possam escolher qual a melhor opo de investimento. Verificar o potencial de maximizao de lucros.

Quadro 01: Usurios Externos (Fonte: IOB on line)

USURIO Proprietrios/Administradores Empregados em geral

INFORMAO DESEJADA Anlises em geral Medio de desempenho

Quadro 02: Usurios Internos (Fonte: IOB on line)

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2.1.5 TCNICAS CONTBEIS

A fim de atingir sua finalidade de produzir informaes teis a diversos interessados, que podem ser os usurios internos e os usurios externos, a Contabilidade utiliza as seguintes tcnicas:

ESCRITURAO: o registro dos fenmenos patrimoniais, obedecendo aos

princpios e normas contbeis consagrados pela doutrina e pela tcnica, e feito em ordem cronolgica, o que d Contabilidade caracterstica de verdadeira histria do patrimnio.

O Novo Cdigo Civil, a Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, no seu artigo 1.179, determina que o empresrio e a sociedade empresria so obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou no, com base na Escriturao uniforme de seus livros, em correspondncia com a documentao respectiva, e a levantar anualmente o balano patrimonial e o de resultado econmico. Sendo dispensados dessas exigncias somente o pequeno empresrio e o empresrio rural, sendo-lhes assegurados tratamentos diferenciados, conforme o artigo 970, da Lei 10.460/02.

DEMONSTRAES CONTBEIS: so uma representao monetria

estruturada da posio patrimonial e financeira em determinada data e das transaes realizadas por uma entidade no perodo findo nessa data, exibindo a situao do patrimnio e a sua evoluo, bem como os fenmenos que o afetaram.

O objetivo das Demonstraes Contbeis de uso geral fornecer informaes sobre a posio patrimonial e financeira, o resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que so teis para uma ampla variedade de usurios na tomada de decises. As demonstraes contbeis tambm mostram os resultados do gerenciamento, pela Administrao, dos recursos que lhe so confiados. Para atingir esse objetivo, as demonstraes contbeis fornecem informaes sobre os seguintes aspectos de uma entidade: ativos; passivos; patrimnio lquido; receitas, despesas, ganhos e perdas; fluxo financeiro (fluxos de caixa ou das origens e aplicaes de recursos).

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Essas informaes, juntamente com outras constantes das notas explicativas s demonstraes contbeis, auxiliam os usurios a estimar os resultados futuros e os fluxos financeiros futuros da entidade.

importante destacar que, aps a edio da Lei n 11.638, de 28 de dezembro de 2007, que alterou parcialmente a Lei n 6.404, de 15 de dezembro de 1976, retificada e ratificada pela Medida Provisria n 449, de 03 de dezembro de 2008 (transformada na Lei n 11.941, de 27 de maio de 2009), foram estendidas s sociedades de grande porte, questes relativas elaborao e divulgao das demonstraes contbeis, bem como da obrigatoriedade de auditoria independente por auditor registrado na Comisso de Valores Mobilirios (CVM). Deste modo foi includa no rol das demonstraes obrigatrias para publicao a Demonstrao do Fluxo de Caixa (DFC), em substituio da Demonstrao de Origem e Aplicao de Recursos (DOAR), e a Demonstrao do Valor Adicionado (DVA), para as Sociedades por Aes de capital aberto. No entanto, em relao s Sociedades por Aes de capital fechado no esto obrigadas a elaborar a Demonstrao do Valor Adicionado.

Um dos aspectos positivos com a alterao legal levar a uma harmonizao entre as normas contbeis nacionais com as internacionais, e deste modo o grau de transparncia nas demonstraes contbeis permitir uma maior credibilidade entre os mercados, pois refletir a real situao econmica das empresas, ou seja, a divulgao de demonstraes transparentes ir aumentar o nvel de confiana do pblico em geral, assim fortalecendo o mercado interno e servindo de estmulo para o ingresso de recursos externos no pas.

So exemplos de Demonstraes Contbeis:

Balano Patrimonial: que expe os componentes patrimoniais da empresa. uma demonstrao contbil que tem por objetivo mostrar a situao financeira e patrimonial de uma entidade numa determinada data. Representando,

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portanto, uma posio esttica da mesma. O Balano Patrimonial constitudo pelo Ativo, Passivo e o Patrimnio Lquido.

O Ativo compreende os bens, os direitos e as demais aplicaes de recursos controlados pela entidade, capazes de gerar benefcios econmicos futuros, originados de eventos ocorridos.

O Passivo compreende as origens de recursos representados pelas obrigaes para com terceiros, resultantes de eventos ocorridos que exigiro ativos para a sua liquidao.

O Patrimnio Lquido compreende os recursos prprios da Entidade, e seu valor a diferena positiva entre o valor do Ativo e o valor do Passivo.

De acordo com a Lei 11.638/07, o Balano Patrimonial foi segregado em circulante e no circulante, como demonstrado a seguir:Ativo Ativo Circulante Ativo No Circulante Realizvel a Longo Prazo Investimentos Imobilizado Intangvel Diferido * Passivo Passivo Circulante Passivo No Circulante Patrimnio Lquido Capital Social Reservas de Capital Ajustes de Avaliao Patrimonial Reservas de Lucros Aes em Tesouraria Prejuzos AcumuladosFonte: Portal de Contabilidade (2009) * O Art. 38 da Lei 11.941/09, acrescentou o Art. 299-A Lei 6.404/76, estabelecendo que o saldo existente em 31 de dezembro de 2008 no ativo diferido que, pela sua natureza, no puder ser alocado a outro grupo de contas, poder permanecer no ativo sob essa classificao at sua completa amortizao.

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Demonstrao do Resultado do Exerccio (DRE): que visa a demonstrao das variaes patrimoniais, bem como o resultado econmico de um perodo administrativo. Destina-se a evidenciar a formao de resultado lquido do exerccio, diante do confronto das receitas, custos e despesas apuradas, a DRE oferece uma sntese econmica dos resultados operacionais de uma empresa em certo perodo. Embora sejam elaboradas anualmente para fins de divulgao, em geral so feitas mensalmente pela administrao e trimestralmente para fins fiscais. A DRE pode ser utilizada como indicadora de auxlio a decises financeiras.

Demonstrao dos Lucros ou Prejuzos Acumulados (DLPA): que demonstra a movimentao ocorrida nos resultados de exerccios anteriores, podendo ser substituda, com vantagem, pela Demonstrao das Mutaes do Patrimnio Lquido (DMPL), pois esta abrange as variaes sofridas no exerccio por todas as contas integrantes do Patrimnio Lquido, sendo mais completa do que a DLPA.

De acordo com a Lei 11.638/07, para as empresas S/A no existe mais a rubrica de Lucros Acumulados. Assim, na DMPL, constar a coluna intitulada Prejuzos Acumulados, onde sero registradas todas as movimentaes que envolver o resultado do exerccio em anlise. A DMPL evidencia a mutao do Patrimnio Lquido em termos globais (novas integralizaes de capital, resultado do exerccio, ajustes de exerccios anteriores, dividendos, reavaliaes, etc.) e em termos de mutaes internas (no caso de prejuzo incorporaes de reservas ao capital, no caso de lucro transferncias de lucros acumulados para reservas, entre outras).

Demonstrao de Fluxo de Caixa (DFC): visa mostrar como ocorreram as movimentaes das disponibilidades e o fluxo de caixa em um dado perodo de tempo. O objetivo da DFC prover informaes relevantes sobre os pagamentos e recebimentos (dinheiro, conta corrente bancria e aplicaes) de uma empresa, ocorridos durante um determinado perodo. Destina-se a controlar as

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alteraes ocorridas durante o exerccio, no saldo de caixa e demais contas equivalentes de caixa. De um modo geral, a DFC indica a origem de todo o dinheiro que entrou no caixa em determinado perodo, bem como o resultado do seu fluxo financeiro, permitindo ao administrador melhorar o planejamento financeiro da empresa, e assim, evitar que o caixa possua faltas ou ocorra excessos e que se conhea, antecipadamente, as suas necessidades de dinheiro. Portanto a DFC permite aos gestores um melhor planejamento financeiro e aos investidores, credores e outros usurios a possibilidade de avaliar a capacidade da empresa honrar seus compromissos e de gerar futuros fluxos de caixa lquidos positivos.

Com o advento da Lei n 11.638/07 (art. 176, IV), a Demonstrao de Fluxo de Caixa (DFC) substituiu a Demonstrao das Origens e Aplicaes de Recursos (DOAR), sendo obrigatria a sua elaborao e publicao pelas companhias fechadas e pelas companhias abertas. Sendo que a companhia fechada com patrimnio lquido, na data do balano, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhes de reais) no ser obrigada elaborao e publicao da DFC.

Demonstrao do Valor Adicionado (DVA): tem como objetivo principal informar ao usurio o valor da riqueza criada pela empresa e a forma de sua distribuio. um tipo de relatrio contbil que apresenta informaes de natureza econmica, indicando como foi gerada a riqueza pela empresa e quais os fatores que contriburam para a sua gerao. De acordo com a Lei n 11.638/07, a DVA obrigatria para as companhias abertas.

A elaborao da DVA apresenta a riqueza gerada pela empresa, dividida pelos elementos que a geraram (empregados, financiadores, acionistas), e a sua distribuio. A inteno mostrar como o resultado da empresa foi alcanado, com a respectiva contribuio de cada parte envolvida para a produo da riqueza

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Notas Explicativas: embora no seja considerada uma demonstrao contbil, deve-se lembrar das Notas Explicativas, que so complementos das demonstraes contbeis, pois integram as mesmas e se destinam a esclarecer os principais critrios adotados na avaliao dos elementos patrimoniais e na apropriao dos resultados, alm de disponibilizarem outras informaes, tornando mais inteligveis as demonstraes contbeis e permitindo anlise mais segura do patrimnio e de suas variaes.

ANLISE DAS DEMONSTRAES CONTBEIS: permite analisar os

fenmenos contbeis que afetaram o patrimnio, atravs de comparaes e interpretaes das demonstraes contbeis, oferecendo aos usurios dados analticos e interpretaes sobre os componentes do patrimnio e sobre os resultados da atividade econmica desenvolvida pela entidade, tendo em vista que as demonstraes contbeis so sintticas e nem sempre esclarecedoras.

AUDITORIA: tcnica da Contabilidade que, atravs de procedimentos

peculiares, pode atestar ou certificar a eficincia e a eficcia dos controles contbeis e administrativos praticados pela empresa, com o objetivo de emitir um parecer sobre a sua adequao, consoante os Princpios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade e, no que for pertinente, a legislao especfica.

A Auditoria consiste no exame de documentos, livros, registros, inspees, obteno de informaes e confirmaes internas e externas, obedecendo a normas apropriadas de procedimento, objetivando verificar se as demonstraes contbeis representam adequadamente a situao nelas demonstrada.

Neste trabalho ser dado nfase tcnica de Escriturao e sua evoluo at a era digital.

2.1.5.1 ESCRITURAO

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A Escriturao uma tcnica contbil que consiste em registrar nos livros prprios, como por exemplo, Livro Dirio, Livro Razo, Livro Caixa, dentre outros, todos os acontecimentos que ocorrem na empresa e que provocam modificaes no Patrimnio. Quanto mais completos e transparentes forem os registros da Contabilidade, mais eficientes sero as anlises e posteriores tomadas de decises.

A Escriturao obrigatria, conforme determina a Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, o Novo Cdigo Civil Brasileiro, nos seus artigos 1.179 e 1.180:

Art. 1.179. O empresrio e a sociedade empresria so obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou no, com base na escriturao uniforme de seus livros, em correspondncia com a documentao respectiva, e a levantar anualmente o balano patrimonial e o de resultado econmico. 1 Salvo o disposto no art. 1.180, o nmero e a espcie de livros ficam a critrio dos interessados. 2 dispensado das exigncias deste artigo o pequeno empresrio a que se refere o art. 970. Art. 1.180. Alm dos demais livros exigidos por lei, indispensvel o Dirio, que pode ser substitudo por fichas no caso de escriturao mecanizada ou eletrnica. Pargrafo nico. A adoo de fichas no dispensa o uso de livro apropriado para o lanamento do balano patrimonial e do de resultado econmico.

garantido o sigilo da Escriturao Contbil, conforme art. 1.190, da Lei n 10.406/02, exceto em casos de fiscalizao tributrias.

Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poder fazer ou ordenar diligncia para verificar se o empresrio ou a sociedade empresria observam, ou no, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.

A Escriturao Contbil completa til para atender aos seguintes aspectos:

ASPECTO GERENCIAL: para subsidiar a tomada de decises, o planejamento e controle das atividades das organizaes. A Escriturao Contbil necessria

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empresa de qualquer porte como principal instrumento de defesa, controle e preservao do patrimnio.

ASPECTO SOCIAL: para fornecer dados estatsticos que ajudem a traar o perfil das empresas brasileiras, demonstrando o papel de destaque que cada tipo de empresa ocupa no cenrio econmico nacional.

ASPECTO LEGAL: por meio da regular Escriturao Contbil, a empresa poder evitar situaes de risco, como por exemplo, nos casos de:

Falncia: a mesma norma jurdica que trata do instituto da recuperao judicial ou extrajudicial das empresas, Lei n 11.101/05, prescreve que, para que a falncia no seja considerada fraudulenta, a empresa precisa demonstrar por meio dos livros mercantis e dos documentos que do suporte aos lanamentos que suas operaes guardam conformidade com os preceitos da legislao de regncia, sob pena de implicaes e sanes aos scios, administradores e prepostos vinculados.

Percia Judicial: a empresa que estiver desprovida de Escriturao Contbil revestida das formalidades, fica em situao de grande vulnerabilidade ftica diante da necessidade de comprovar, cabalmente, o cumprimento das obrigaes inerentes rea. O nus da prova recai sempre contra a figura da pessoa jurdica, que a faz mediante a constatao dos assentos feitos na Contabilidade, especialmente por meio do Livro Dirio.

Dissidncia Societria: as divergncias que porventura surjam entre os scios de uma empresa podero ser objeto de percia para apurao dos direitos individuais ou responsabilidades em relao aos fatos suscitados. A ausncia da Escriturao Contbil motivo para inviabilizar melhores concluses acerca do patrimnio lquido pertencente empresa, objeto de partilha entre os scios, impedindo que os trabalhos periciais se direcionem sobre direitos e obrigaes.

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Fiscalizao da Previdncia: a legislao previdenciria exige expressamente que as empresas mantenham uma Escriturao Contbil, sob pena de arbitramento, com reflexos negativos aos administradores e gestores financeiros.

Crime Tributrio: a Lei n 8.137/90, que define crimes contra a ordem tributria, econmica e contra as relaes de consumo, relaciona hipteses nas quais se materializam os chamados crimes contra a ordem tributria e restou evidenciado no apenas a importncia, como tambm a necessidade da existncia de Escriturao Contbil.

De acordo com o art. 1.177, da Lei n 10.406/02, o profissional contbil assumiu responsabilidade pessoal e solidria perante terceiros, relativamente aos servios prestados, ou seja, enquanto responsvel pela Escriturao Contbil, o Contabilista responde pessoalmente perante o seu cliente, quando praticar com culpa; e, solidariamente com o cliente, perante terceiros, se comprovado que praticou com dolo, podendo, inclusive, responder com seus bens patrimoniais, conforme demonstrado a seguir:

Art. 1.177. Os assentos lanados nos livros ou fichas do preponente, por qualquer dos prepostos encarregados de sua escriturao, produzem, salvo se houver procedido de m-f, os mesmos efeitos como se o fossem por aquele. Pargrafo nico. No exerccio de suas funes, os prepostos so pessoalmente responsveis, perante os preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos.

FORMAS DE ESCRITURAO:

A Escriturao pode existir de forma manual, maquinizado, mecanizado e informatizado.

SISTEMA DE ESCRITURAO MANUAL: a forma de Escriturao em

que o profissional se utiliza de caneta esferogrfica para escrever os fatos contbeis

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acontecidos na empresa. bem difcil imaginar um profissional Contbil atualmente se utilizando dessa forma de Escriturao, devido a toda tecnologia da informao hoje disponvel, desde simples computadores que podem ser facilmente adquiridos, devido aos custos cada vez mais acessveis, at softwares contbeis de ltima gerao existentes no mercado.

SISTEMA DE ESCRITURAO MAQUINIZADO: a forma de Escriturao

onde utilizada a mquina de escrever convencional para registrar os fatos contbeis. O profissional datilografa na mquina utilizando fichas trplices, que so fichas em trs vias, intercaladas por papel carbono. Este mtodo, assim como o mtodo manual, so muito antigos e h poucos profissionais que se utilizam dessas formas de escriturao, devido ao crescente uso da tecnologia da informao.

SISTEMA DE ESCRITURAO MECANIZADO: um sistema de

Escriturao muito parecido com o Sistema Maquinizado, a nica diferena o tipo de mquina de escrever utilizada, que contm mais recursos que a mquina de escrever convencional. Os profissionais que trabalham com as mquinas mecnicas so conhecidos por mecangrafos. Essas mquinas so pouco utilizadas e de difcil manuteno nos dias atuais.

SISTEMA DE ESCRITURAO INFORMATIZADO: tambm conhecido

como Sistema de Escriturao Eletrnico. o sistema onde o profissional Contbil utiliza recursos tecnolgicos modernos, como os computadores e softwares de processamento de dados, para registrar todos os fatos contbeis da empresa. De acordo com o rpido crescimento da informatizao, este sistema somente tende a crescer, devido a sua praticidade e eficcia.

Devido ao incio da informatizao contbil, a partir de 1970, quando o microcomputador comeou a ser inserido ativamente no fluxo das operaes e servios das empresas, os profissionais contbeis deixaram de utilizar as antigas mquinas, como por exemplo, a mquina de escrever, e passaram a trabalhar de

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forma mais gil e precisa na forma de escriturar e processar as informaes contbeis, utilizando computadores e a tecnologia da informao.

Portanto, uma Escriturao completa, alm de obrigatria, importante para a obteno de dados que analisados venham a se transformar em informaes pertinentes e importantes para a sobrevivncia das empresas no contexto atual, com a economia globalizada e o mercado cada vez mais competitivo.

LIVROS DE ESCRITURAO:

Existem quatro categorias de livros de escriturao, que so os Livros Fiscais, Livros Sociais, Livros Trabalhistas e os Livros Contbeis.

LIVROS FISCAIS: so os livros que o Fisco exige das empresas, para

registrar as atividades fiscais e controlar os tributos, nas esferas de Governo Federal, Estadual e Municipal, como por exemplo:

Na esfera Federal: livros com o objetivo de controlar o IPI e o IR, alm da CSL. Livro de Registro de Inventrios Livro de Registro de Compras Livro de Apurao do Lucro Real (LALUR) Livro de Registro de Apurao do IPI Livro de Registro do Selo Operacional de Controle.

Na esfera Estadual: livros com o objetivo de controlar o ICMS. Livro de Registro de Apurao do ICMS Livro de Registro de Inventrios Livro de Registro de Entradas de Mercadorias Livro de Registro de Sadas de Mercadorias

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Livro de Registro de Impresso de Documentos Fiscais Livro de Registro de Utilizao de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrncias. Na esfera Municipal: livros com o objetivo de controlar o Imposto sobre Servios (ISS). Livro de Registro de Prestao de Servios Livro de Registro de Contratos de Prestao de Servios Livro de Recebimento de Impressos Fiscais e Termos de Ocorrncias.

LIVROS SOCIAIS: so os livros exigidos pelo Art. 100, da Lei 6.404/76, que

registram a vida social da companhia.

Livro de Registro de Aes Nominativas Livro de Registro de Aes Endossveis Livro de Transferncia de Aes Nominativas Livro de Registro de Partes Beneficirias Livro de Registro de Partes Beneficirias Endossveis Livro de Atas das Assemblias Gerais Livro de Presena de Acionistas Livro de Atas das Reunies do Conselho de Administrao Livro de Atas das Reunies da Diretoria Livro de Atas e Pareceres do Conselho Fiscal

LIVROS TRABALHISTAS: so os livros exigidos pela Consolidao das

Leis do Trabalho (CLT), cuja fiscalizao feita pela esfera Federal.

Livro de Registro de Empregados, cuja finalidade

identificar o empregado, inclusive com foto, constando, ainda,

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data de admisso, funo, salrio, forma de pagamento, etc., e deve, antes de sua utilizao, ser registrado no Ministrio do Trabalho.

Livro de Inspeo do Trabalho, com o fim de que nele

seja registrada, pelo agente de inspeo, sua visita ao estabelecimento, declarando a data e a hora do incio e trmino desta, assim como o resultado da inspeo, todas as irregularidades verificadas e as exigncias feitas, com os respectivos prazos para atendimento, devendo ser anotados, tambm, pelo agente da inspeo, de modo legvel, os elementos de sua identificao funcional.

LIVROS CONTBEIS: so os livros utilizados para registrar os fatos

contbeis da empresa. Os principais livros contbeis so:

Livro Dirio: um livro obrigatrio pela legislao

comercial (Cdigo Comercial), onde so registrados todos os fatos contbeis, em ordem cronolgica de dia, ms e ano.

Livro Razo: um livro obrigatrio pela legislao fiscal

(Regulamento do Imposto de Renda - RIR), devido s empresas obrigadas a declarar o Imposto de Renda com base no Lucro Real (Art. 18, Lei 8.218/91), e facultativo pela legislao comercial (Cdigo Comercial).

Livro Caixa: um livro auxiliar, Nele so registrados

todos os fatos administrativos que envolvam entradas e sadas de dinheiro.

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para

Livro Contas-Correntes: um livro auxiliar que serve controlar as contas que representam Direitos e

Obrigaes para a empresa.

2.1.6 A INFORMTICA E A CONTABILIDADE

A informtica propiciou ao profissional contbil a realizao dos servios de Escriturao em muito menos tempo, de forma mais segura, gerando dados mais confiveis. J no possvel imaginar um escritrio de Contabilidade que utilize os mtodos antigos no processo de Escriturao, no s pelo tempo que demandaria e pela perda de competitividade diante da concorrncia, mas tambm, por imposio do Governo, tendo em vista que vrias informaes que so geradas para o Fisco atualmente s podem ser transmitidos pela Internet. Um resumo da evoluo dos sistemas de informaes demonstrado no quadro abaixo:

Perodo 1950 (Mudanas tcnicas)

1960 (Controle gerencial)

1970 (Controle gerencial)

1980 (Atividades institucionais centrais) 1990 (Atividades institucionais centrais) 2000-2009 (Empresa sem fronteiras)

Caractersticas Mquinas de contabilidade eletrnica como principal inovao tecnolgica auxiliam o processo de automao da informao. Utilizao de dispositivos de armazenamento de dados. Os mainframes eram a inovao tecnolgica. Incio do enfoque aos Sistemas de Informao com a caracterstica principal para o incio da utilizao de sistemas em rede. Insero dos computadores pessoais nas rotinas empresariais. Integralizao dos sistemas de informao pela empresa e incio das atividades de conexo pela internet. Tendo como base a internet, a empresa no tem mais fronteiras e pode comunicar-se com seus clientes, fornecedores e rgos pblicos.

Quadro: A evoluo dos Sistemas de Informao nas organizaes Fonte: Infortabilidade (2009)

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As vantagens do uso da informtica pela Contabilidade so diversas, como por exemplo:

aumento da produtividade; melhoria da qualidade dos servios; mais estmulo para os profissionais da rea; atendimento s exigncias dos rgos quanto ao cumprimento de prazos; facilidade de acesso s informaes da empresa; maior segurana das informaes; maior espao fsico liberado no ambiente de trabalho.

O profissional contbil que se mantm atualizado, atento s inovaes tecnolgicas, possui um diferencial perante o mercado de trabalho, pois ele utiliza tcnicas que otimizam as solues contbeis e gerenciais num ambiente de trabalho competitivo, passando ento a ser mais valorizado.

Algumas das vantagens diferenciais no mercado de trabalho que o profissional da rea contbil pode obter quando se utiliza da informtica, so:

conseguir entender os problemas complexos das empresas, das organizaes sob enfoque sistmico; ser o profissional que gerencia os sistemas de informaes contbeis das empresas; operar aplicativos que atendam s suas necessidades de clculos, e necessidades grficas (aplicativos grficos); ser mais produtivo nas etapas de desenho, gerao e criao de sistemas de informaes estratgicas e operacionais; utilizar a informtica como meio eficiente para otimizar as solues contbeis e gerenciais num ambiente empresarial competitivo; proporcionar informaes integradas aos usurios, que reflitam realidades de diversas reas da organizao; participar ativamente da gerao de sistemas de avaliao de desempenho, acompanhamento de gesto por reas de responsabilidade, avaliao de resultados, etc. (CORNACHIONE JR. apud PRIMAK, 2009, p.15).

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A integrao entre a Contabilidade e a Informtica est alicerada, exclusivamente, na agilidade e eficcia, possibilitando ao profissional contbil interpretar e repassar de forma gil e entendvel as normas, leis e nmeros da empresa ao seu cliente, utilizando a tecnologia da informao a seu favor.

2.1.6.1 A ERA DIGITAL

A era digital j realidade, os novos tempos exigem, cada vez mais, rapidez, agilidade, eficcia e comunicao em tempo real. Os avanos tecnolgicos resultam da evoluo das necessidades humanas, que so satisfeitas pela utilizao dos mais novos produtos que facilitam o cotidiano dos profissionais, das empresas e da sociedade. Esses avanos tm exigido dos profissionais da Contabilidade aprimoramento na rea de tecnologia da informao e capacitao para atuar de forma efetiva com novas ferramentas.

O mundo atual dominado pela tecnologia da informao, fazendo com que o conhecimento possa ser transmitido de uma ponta do mundo outra em questo de segundos. Assim, natural que esse avano tenha alcanado a Contabilidade, buscando uma maior integrao entre os registros contbeis e seus usurios, internos e externos.

A Contabilidade Digital passa, necessariamente, pela utilizao de um computador com sistema (software) de informtica apto a desenvolver os procedimentos contbeis, utilizando-se da ferramenta de comunicao mais importante atualmente, a internet.

impossvel imaginar a concretizao dos atuais trabalhos contbeis dirios sem o uso da internet. At mesmo porque algumas obrigaes contbeis, como por exemplo o envio de declaraes aos Fiscos Federal, Estadual e Municipal, somente podem ser transmitidas atravs da internet.

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A adoo dessa sistemtica vem substituindo gradualmente a emisso de livros e documentos contbeis e fiscais em papel por documentos eletrnicos, diminuindo os custos com a emisso de papel e sendo garantida a sua segurana atravs da Certificao Digital, que garante privacidade, integridade, e validade jurdica dos documentos.

O Certificado Digital um documento eletrnico que identifica a pessoa jurdica (eCNPJ) ou a pessoa fsica (e-CPF), devendo ser emitido por uma entidade credenciada pela Infra-estrutura de Chaves Pblicas Brasileira (ICP-Brasil). O certificado propicia rapidez e segurana s comunicaes e transaes eletrnicas, com presuno de validade jurdica. Com o objetivo de combater a fraude e os crimes digitais, inclusive o pishing (roubo da identidade), os certificados digitais garantem a identificao do autor de uma transao, mensagem, documento, e asseguram que nenhuma informao foi alterada, garantindo a sua integridade. um recurso tecnolgico que traz como benefcios a desonerao de atividades burocrticas, o aumento de produtividade das empresas, os avanos efetivos para transaes econmicas privadas ou com o Governo, diminuio a drstica reduo de custos operacionais e a total economia com a eliminao do uso do papel.

A Contabilidade Digital implica numa interao muito forte entre os Fiscos e as empresas, atravs do compartilhamento de toda a Escriturao Contbil e Fiscal produzida pelas mesmas. Este sistema consiste, no apenas na criao de eficientes mecanismos de comunicao e compartilhamento de dados (em tempo real) entre as empresas e as entidades governamentais, mas na substituio de documentos fsicos (nota fiscal, livros fiscais e contbeis, etc.) por documentos digitais de igual valor jurdico para todas as finalidades, atravs do uso da internet e de certificaes digitais baseados nos padres de segurana digital nacionais.

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2.2 SISTEMA PBLICO DE ESCRITURAO DIGITAL (SPED)

O Sistema Pblico de Escriturao Digital (SPED) foi institudo pelo Decreto n 6.022, de 22 de janeiro de 2007 e faz parte do Programa de Acelerao do Crescimento do Governo Federal do Brasil (PAC 2007-2010) programa de desenvolvimento que tem por objetivo promover a acelerao do crescimento econmico no pas, o aumento de emprego e a melhoria das condies de vida da populao brasileira. O SPED caracteriza-se como o instrumento que unifica as atividades de recepo, validao, armazenamento e autenticao de livros e documentos que integram a Escriturao Comercial e Fiscal dos empresrios e das sociedades empresrias, mediante fluxo nico, computadorizado, de informaes

O SPED foi institudo tendo em vista o atendimento ao disposto na Emenda Constitucional n 42, aprovada em 19 de dezembro de 2003, que introduziu o inciso XXII ao art. 37, da Constituio Federal, onde determina que as administraes tributrias da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, atuaro de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informaes fiscais, na forma da lei ou convnio.

Foi realizado em julho de 2004, em Salvador, o I ENAT Encontro Nacional de Administradores Tributrios, reunindo o Secretrio da Receita Federal, os Secretrios de Fazenda dos Estados e Distrito Federal, e os representantes das Secretarias de Finanas dos municpios das Capitais. O objetivo desse encontro foi buscar solues conjuntas nas trs esferas de Governo que promovessem maior integrao administrativa, padronizao e melhor qualidade das informaes; racionalizao de custos e da carga de trabalho operacional no atendimento; maior eficcia da fiscalizao; maior possibilidade de realizao de aes fiscais coordenadas e integradas; maior possibilidade de intercmbio de informaes fiscais entre as diversas esferas governamentais; cruzamento de informaes em larga escala com dados padronizados e uniformizao de procedimentos.

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No I ENAT foram aprovados dois Protocolos de Cooperao Tcnica, um na rea de Cadastramento (Projeto do Cadastro Sincronizado) e outro, de carter geral, que viabilizasse o desenvolvimento de mtodos e instrumentos que atendessem aos interesses das respectivas Administraes Tributrias.

No final de agosto de 2005, aconteceu o evento do II ENAT, em So Paulo, onde o Secretrio da Receita Federal, os Secretrios de Fazenda dos Estados e Distrito Federal, e os representantes das Secretarias de Finanas dos municpios das Capitais, assinaram os Protocolos de Cooperao n 02/2005 e n 03/2005, visando o desenvolvimento e a implantao do SPED, consolidando de forma definitiva a coordenao tcnica e o desenvolvimento do projeto sob a responsabilidade do Encontro Nacional dos Coordenadores e Administradores Tributrios Estaduais (ENCAT) com a participao da RFB.

A RFB afirma que o SPED consiste na modernizao da sistemtica atual do cumprimento das obrigaes acessrias, transmitidas pelos contribuintes s administraes tributrias e aos rgos fiscalizadores, utilizando-se da certificao digital para fins de assinatura dos documentos eletrnicos, garantindo assim a validade jurdica dos mesmos apenas na sua forma digital.

O SPED uma nova era para todas as empresas, sem distino. Os impactos so sentidos em todas as reas, desde a infraestrutura tecnolgica, passando pelos processos e procedimentos, pela comunicao e at a evoluo cultural das pessoas. Significa uma nova era nas relaes entre o Fisco e os contribuintes, certamente demandando aos profissionais de contabilidade uma postura diferenciada, tendo que acompanhar de perto as mudanas introduzidas por este processo e adaptar as suas habilidades e competncias, nelas incluindo tanto conhecimentos de informtica at a melhoria do processo gerencial da empresa. Algumas das reas diretamente impactadas pelo cenrio do SPED so:

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Tecnologia de Informao e Comunicao:

Deve-se atualizar os sistemas das empresas e implementar novas solues para a gerao dos arquivos magnticos definidos pelo SPED. Alm disso, as empresas tm que preparar a sua infra-estrutura de telecomunicaes para garantir um ambiente adequado ao volume de informaes que sero transmitidas/recebidas na comunicao com os Fiscos. O uso de sistemas de gesto e informao ser cada vez mais freqente, uma vez que, fundamentalmente atravs destes sistemas, as informaes eletrnicas sero retiradas e processadas para que, ento, sejam transmitidas ao Fisco. Os sistemas de informao e gesto empresarial, por sua vez, tero de trabalhar de forma cada vez mais integrada, possibilitando s empresas uma correta manipulao das informaes digitais e fornecendo segurana total quanto integridade de tais informaes. Outra questo muito importante que os contribuintes estaro obrigados a efetuar a guarda dos arquivos eletrnicos, ou seja, devero contar com estrutura tecnolgica para efetuar tal guarda digital.

Infra-Estrutura Fsica:

No novo cenrio, totalmente eletrnico, as empresas tero, eventualmente, que revisar a sua infra-estrutura fsica, para a adequao s diversas situaes que podem ocorrer, como por exemplo: a aquisio de novos computadores para os pontos de recebimento de notas; a disponibilizao de um local para a instalao de equipamentos para o armazenamento dos dados eletrnicos, etc.

Pessoas:

O SPED promove a quebra de alguns paradigmas, como por exemplo, o manuseio das notas fiscais em papel e a entrega de vrias obrigaes fiscais. Por este motivo, as pessoas envolvidas nestes processos so diretamente impactadas pelas mudanas do SPED, levando as empresas a investir em capacitao para que todos tenham o perfeito entendimento do novo cenrio, para assim estarem completamente adequadas a esta realidade. O SPED exige uma mudana cultural

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nos profissionais, seus processos de trabalho e mudanas de viso voltadas para o negcio das empresas.

Comunicaes:

Como o SPED envolve vrias reas de negcios, as empresas tm que se preparar para que os processos tenham uma comunicao eficiente, garantindo assim o fluxo das informaes, e consequentemente, o atendimento ao SPED por completo.

Legislao:

No cenrio do SPED, os Fiscos Federal, Estadual e Municipal esto integrados nos processos fiscal-tributrios do pas, gerando a possibilidade da reduo e simplificao das legislaes existentes. Alm disso, mantendo-se esta tendncia, o nmero de obrigaes fiscais ser reduzida, gerando um ambiente de negcios melhor para as empresas, evitando retrabalhos.

Processos de Negcios:

O SPED promove impactos diretos em diversos processos de negcios das empresas, como por exemplo, no faturamento (que passa a ser eletrnico), no recebimento das notas fiscais (que tambm passa a ser eletrnico), no atendimento s obrigaes fiscais, nos novos prazos, entre outros.

A completa implantao do SPED busca atingir os seguintes objetivos, conforme prev seu portal na internet:

Reduo de custos com a dispensa de emisso e armazenamento de documentos em papel. Eliminao do papel.

Reduo de custos com a racionalizao e simplificao das obrigaes acessrias.

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Uniformizao das informaes que o contribuinte presta s diversas unidades federadas. Reduo do envolvimento involuntrio em prticas fraudulentas.

Reduo do tempo despendido com a presena de auditores fiscais nas instalaes do contribuinte. Simplificao e agilizao dos procedimentos sujeitos ao controle da administrao tributria (comrcio exterior, regimes especiais e trnsito entre unidades da federao). Fortalecimento do controle e da fiscalizao por meio de intercmbio de informaes entre as administraes tributrias. Rapidez no acesso s informaes.

Aumento da produtividade do auditor atravs da eliminao dos passos para coleta dos arquivos. Possibilidade de troca de informaes entre os prprios contribuintes a partir de um leiaute padro. Reduo de custos administrativos. Melhoria da qualidade da informao. Possibilidade de cruzamento entre os dados contbeis e os fiscais.

Disponibilidade de cpias autnticas e vlidas da escriturao para usos distintos e concomitantes. Reduo do Custo Brasil. Aperfeioamento do combate sonegao. Preservao do meio ambiente pela reduo do consumo de papel.

O SPED compreende trs grandes subprojetos:

SPED Contbil ou Escriturao Contbil Digital ECD

SPED Fiscal ou Escriturao Fiscal Digital EFD

Nota Fiscal Eletrnica NF-e.

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Outro subprojeto integrante do SPED o Conhecimento de Transporte Eletrnico CT-e.

O acesso s informaes armazenadas no SPED dever ser compartilhado com seus usurios, no limite de suas respectivas competncias e sem prejuzo da observncia legislao referente aos sigilos comercial, fiscal e bancrio. Portanto, seus usurios no tero acesso amplo e irrestrito s informaes, elas sero disponibilizadas no limite da competncia de cada usurio. Os empresrios e as sociedades empresrias tambm podero acessar as informaes por eles transmitidas. (Art. 4, do Decreto n 6.022/07).

O cruzamento das informaes econmico-fiscais est cada vez mais eficiente, pois o trnsito dos dados eletrnicos, que antigamente estavam restritos aos papis, agora feito eletronicamente pelos prprios contribuintes para as autoridades fiscais, atravs de programas que validam as informaes e as transmitem via internet para o banco de dados do Governo.

O SPED manter funcionalidades de uso exclusivo dos rgos de registro para as atividades de autenticao de livros mercantis, conforme art. 7, do Decreto n 6.022/07. Ser possvel, portanto, a autenticao eletrnica dos livros mercantis, que hoje segue a disciplina da Instruo Normativa DNRC (Departamento Nacional de Registro do Comrcio) n 102, de 25 de abril de 2006.

Muitas so as implicaes legais para as empresas que no se adaptarem ou no cumprirem as obrigaes impostas pelo SPED. As penalidades vo desde multas de cinco mil reais pela no apresentao de arquivos, como a impossibilidade de emitir notas fiscais de vendas, por exemplo. Segundo informao prestada em agosto de 2009, pelo Coordenador-Geral de Fiscalizao da Receita Federal do Brasil, o Sr. Carlos Sussumu Oda, os resultados da implantao do SPED foram alm da expectativa. Mais de 30 mil estabelecimentos j aderiram Nota Fiscal Eletrnica, com mais de 317 milhes de

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notas fiscais emitidas. A quantidade de empresas que entregou a Escriturao Contbil Digital ultrapassou o nmero de empresas obrigadas. Eram 8.232 empresas obrigadas e 8.334 empresas enviaram os arquivos. Para a Escriturao Fiscal Digital, so cerca de 30 mil estabelecimentos obrigados em todo o pas e tambm existe a expectativa de grande adeso ao cumprimento dessa obrigao acessria (REVISTA FENACON EM SERVIOS JULHO/AGOSTO 2009).

2.2.1. SPED CONTBIL OU ESCRITURAO CONTBIL DIGITAL ECD

A Escriturao Contbil Digital (ECD) parte integrante do SPED, tendo sido instituda pela Secretaria da Receita Federal do Brasil atravs da Instruo Normativa n 787, de 19 de novembro de 2007. A ECD foi instituda para fins fiscais e previdencirios e dever ser transmitida pelas pessoas jurdicas a ela obrigadas, ao SPED, e ser considerada vlida aps a confirmao de recebimento do arquivo que a contm e, quando for o caso, aps a autenticao pelos rgos de registro.

A ECD a verso digital dos livros: Dirio, Razo, Balancetes Dirios, Balanos, Fichas de Lanamento e Auxiliares, quando existirem, que devero ser assinados digitalmente utilizando-se do e-CNPJ emitido por entidade credenciada ICP-Brasil.

A obrigatoriedade de entrega da ECD est inicialmente relacionada s sociedades empresrias sujeitas a acompanhamento econmico-tributrio diferenciado, nos termos da Portaria RFB n 11.211, de 7 de novembro de 2007, e tributadas pelo imposto de renda com base no lucro real, em relao aos fatos contbeis ocorridos a partir de 1 de janeiro de 2008. Sendo que as demais sociedades empresrias tributadas com base no lucro real tm a obrigatoriedade de adotar a ECD somente a partir de janeiro de 2009, ficando facultado a adeso ECD para as demais sociedades empresrias. (Art. 3, incisos I e II, da IN RFB 787/07).

Com a utilizao da ECD, as empresas tero que apresentar as declaraes relativas a tributos administrados pela Secretaria da RFB de forma simplificada, com

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vistas a eliminar eventuais redundncias de informaes. (Art. 3, 2, da IN RFB 787/07).

A ECD dever ser transmitida anualmente ao SPED at o ltimo dia til do ms de junho do ano seguinte ao ano-calendrio a que se refira a Escriturao, devendo ser submetido ao Programa Validador e Assinador (PVA), especificamente desenvolvido para tal fim, sendo disponibilizado na pgina da RFB na internet, contendo, no mnimo, as seguintes funcionalidades:

validao do arquivo digital da escriturao; assinatura digital; visualizao da escriturao; transmisso para o SPED; consulta situao da escriturao.

Destaca-se que nos casos de extino, ciso parcial, ciso total, fuso ou incorporao, a ECD dever ser entregue pelas pessoas jurdicas extintas, cindidas, fusionadas, incorporadas e incorporadoras at o ltimo dia til do ms subseqente ao do evento.

As informaes relativas ECD, disponveis no ambiente nacional do SPED, sero compartilhadas com os rgos e entidades, no limite de suas respectivas competncias e sem prejuzo da observncia legislao referente aos sigilos comercial, fiscal e bancrio, e poder ser feita de forma integral ou parcial.

Como toda obrigao est sujeita a penalidade pelo no cumprimento, a Instruo Normativa prev que a no apresentao da ECD no prazo fixado acarretar a aplicao de multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por ms-calendrio ou frao, conforme determina o art. 10, da IN RFB 787/07. O contribuinte, portanto, deve ficar atento ao prazo de entrega da ECD, sob pena de ter que arcar com a elevada multa prevista na legislao.

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2.2.2. SPED FISCAL OU ESCRITURAO FISCAL DIGITAL EFD

A Escriturao Fiscal Digital (EFD) parte integrante do SPED, tendo sido instituda pelo Convnio ICMS 143, de 15 de dezembro de 2006, de uso obrigatrio para os contribuintes do Imposto sobre Operaes Relativas Circulao de Mercadorias e sobre Prestaes de Servios de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicao ICMS e do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI.

A nova sistemtica de Escriturao Fiscal, vinculada ao SPED, unificar informaes fiscais de todos os contribuintes do ICMS e do IPI e substituir a Escriturao em livros fiscais no formato fsico. O objetivo do Fisco o de melhorar a eficcia na fiscalizao dos contribuintes, pois o sistema permitir uma anlise tributria sem a presena imediata do fiscal nas empresas, que somente ir diligenciar na empresa em caso de apurada alguma irregularidade.

Os custos com a adaptao contabilidade digital, por parte das empresas, dever ser significativo. No sistema de EFD, o Fisco receber as informaes eletrnicas em um formato especfico, obrigando os contribuintes a adaptarem seus programas contbeis e fiscais aos formatos definidos pela RFB. A EFD somente ter validade para efeitos fiscais aps a confirmao de recebimento do arquivo que a contenha, tendo sido disponibilizado pelos Fiscos das Unidades Federadas e Fisco Federal programa para validao do contedo, assinatura digital e transmisso do arquivo.

O Convnio ICMS n 143/06, na sua clusula oitava-A, determina que a EFD de uso obrigatrio a partir de 1 de janeiro de 2009, a todos os contribuintes do ICMS ou do IPI, sendo facultada a cada uma das unidades federadas, em conjunto com a Secretaria da Receita Federal do Brasil, estabelecer esta obrigao para determinados contribuintes durante o exerccio de 2008.

A EFD substitui a Escriturao e impresso dos seguintes livros, conforme a clusula stima, do Convnio ICMS n 143/2006:

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Registro de Entradas;

Registro de Sadas;

Registro de Inventrio;

Registro de Apurao do IPI;

Registro de Apurao do ICMS.

Com a ECD e a EFD implantados, a empresa estar dispensada de apresentar grande parte das informaes fornecidas na Declarao de Informaes EconmicoFiscais da Pessoa Jurdica (DIPJ) e outras obrigaes acessrias relativas a outros tributos (IPI, PIS/COFINS, etc) no mbito Federal.

A seguir so indicadas algumas das obrigaes acessrias que os contribuintes so atualmente obrigados pelos Fiscos a entregar, conforme demonstradas no Portal do SPED, e que podero ser incorporados pelo SPED:

Informaes do ICMS; Guias informativas anuais; Livros de Escrita Fiscal; Arquivos do Convnio ICMS 57/95, o conhecido SINTEGRA; Informaes do IPI na DIPJ; Detalhamento da origem do crdito no PER/DCOMP (Pedido Eletrnico de Ressarcimento ou Restituio/Declarao de Compensao), no caso de Ressarcimento de IPI; Coleta de dados em arquivos digitais pelo sistema SINCO (Sistema Integrado de Coleta); DNF - Demonstrativo de Notas Fiscais; DCP Declarao do Crdito Presumido do IPI;

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DE Demonstrativo de Exportao; DIF (Bebidas, Cigarros e Papel Imune); Arquivos digitais dos produtos do captulo 33 da TIPI (obrigao acessria especfica para os estabelecimentos industriais de produtos de higiene pessoal, cosmticos e perfumaria cuja receita bruta com a venda desses produtos seja igual ou superior a 100 milhes); Arquivo com balancetes mensais das instituies financeiras obrigado pelo BACEN e denominado arquivo 4010; Arquivo de demonstraes trimestrais entregue CVM denominado ITR;

Arquivo com balancetes mensais das seguradoras obrigadas pela Susep.

2.2.3. NOTA FISCAL ELETRNICA NF-e

A Nota Fiscal Eletrnica (NF-e) um dos subprojetos do SPED, tendo sido implantada a partir da assinatura do Protocolo ENAT 03/2005, de 27 de agosto de 2005, que atribui ao Encontro Nacional de Coordenadores e Administradores Tributrios Estaduais (ENCAT) a coordenao e a responsabilidade pelo desenvolvimento e implantao do Projeto NF-e, tendo sido instituda por meio do Ajuste SINIEF 07, de 05 de outubro de 2005.

As Administraes Tributrias despendiam grandes somas de recursos para captar, tratar, armazenar e disponibilizar informaes sobre a emisso de notas fiscais dos contribuintes. Os volumes de transaes efetuadas e os montantes de recursos movimentados crescem num ritmo intenso e, na mesma proporo, aumentam os custos inerentes necessidade do Estado de detectar e prevenir a evaso tributria. Assim, o projeto NF-e justifica-se pela necessidade de investimento pblico voltado para integrao do processo de controle fiscal, possibilitando: melhor intercmbio e compartilhamento de informaes entre os Fiscos; reduo de custos e entraves burocrticos, facilitando o cumprimento das obrigaes tributrias e o pagamento de impostos e contribuies e o fortalecimento do controle e da fiscalizao.

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A NF-e um documento de existncia apenas digital, emitido e armazenado eletronicamente, que poder ser utilizada em substituio a Nota Fiscal modelo 1 ou 1-A, pelos contribuintes do IPI ou do ICMS. Ento quando a empresa emitir a NF-e, ser gerado um arquivo eletrnico contendo as informaes fiscais da operao comercial, o qual dever ser assinado digitalmente, de maneira a garantir a integridade dos dados e a autoria do emissor. Este arquivo eletrnico, que corresponder NF-e, ser ento transmitido pela Internet para a Secretaria da Fazenda de jurisdio do contribuinte que far uma pr-validao do arquivo e devolver um protocolo de recebimento (chamado Autorizao de Uso), sem o qual no poder haver o trnsito da mercadoria. Ser transmitida tambm para a Receita Federal, que ser o repositrio nacional de todas as NF-e emitidas (Ambiente Nacional) e, no caso de operao interestadual, para a Secretaria de Fazenda de destino da operao e Suframa, no caso de mercadorias destinadas s reas incentivadas.

Para acompanhar o trnsito da mercadoria ser impressa uma representao grfica simplificada da NF-e, que chamada de DANFE (Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrnica), em papel comum, em nica via, que conter impressa, em destaque, a chave de acesso para consulta da NF-e na Internet e um cdigo de barras bidimensional que facilitar a captura e a confirmao de informaes da NF-e pelas unidades fiscais, conforme disposto na clusula nona, do Ajuste SINIEF 07/05. O DANFE no uma nota fiscal, nem substitui uma nota fiscal, servindo apenas como instrumento auxiliar para consulta da NF-e, pois contm a chave de acesso da NF-e, que permite ao detentor desse documento confirmar a efetiva existncia da NF-e atravs do Ambiente Nacional RFB ou site da SEFAZ na Internet.

O projeto NF-e possibilita mudanas significativas no processo de emisso e gesto das informaes fiscais, trazendo diversos benefcios e vantagens s partes envolvidas em uma transao comercial, sendo descritos a seguir, conforme disposto no Portal Nacional da Nota Fiscal Eletrnica:

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Benefcios para o Contribuinte Vendedor (Emissor da NF-e):

Reduo de custos de impresso; Reduo de custos de aquisio de papel; Reduo de custos de envio do documento fiscal; Reduo de custos de armazenagem de documentos fiscais; Simplificao de obrigaes acessrias, como dispensa de AIDF;

Reduo de tempo de parada de caminhes em Postos Fiscais de Fronteira; Incentivo a uso de relacionamentos eletrnicos com clientes (B2B).

Benefcios para o Contribuinte Comprador (Receptor da NF-e):

Eliminao de digitao de notas fiscais na recepo de mercadorias;

Planejamento de logstica de entrega pela recepo antecipada da informao da NF-e; Reduo de erros de escriturao devido a erros de digitao de notas fiscais; Incentivo ao uso de relacionamentos eletrnicos com fornecedores (B2B).

Benefcios para a Sociedade:

Reduo do consumo de papel, com impacto positivo no meio ambiente; Incentivo ao comrcio eletrnico e ao uso de novas tecnologias; Padronizao dos relacionamentos eletrnicos entre empresas;

Surgimento de oportunidades de negcios e empregos na prestao de servios ligados Nota Fiscal Eletrnica.

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Benefcios para as Administraes Tributrias:

Aumento na confiabilidade da Nota Fiscal;

Melhoria no processo de controle fiscal, possibilitando um melhor intercmbio e compartilhamento de informaes entre os Fiscos; Reduo de custos no processo de controle das notas fiscais capturadas pela fiscalizao de mercadorias em trnsito; Diminuio da sonegao e aumento da arrecadao;

Suporte aos projetos de escriturao eletrnica contbil e fiscal da Secretaria da RFB (Sistema Pblico de Escriturao Digital SPED).

O Protocolo ICMS 10, de 18 de abril de 2007, instituiu a obrigatoriedade do uso da NF-e para empresas do setor de combustveis e cigarros em todo o pas, a partir de 1 de abril de 2008. J o Protocolo ICMS 42, de 03 de julho de 2009, objetiva escalonar a ampliao da obrigatoriedade de uso da NF-e de forma que, at o final de 2010, estejam alcanados por esta obrigatoriedade todos os contribuintes do ICMS que se enquadrem em pelo menos uma das seguintes situaes:

Desenvolvam atividade industrial;

Desenvolvam atividade de comrcio atacadista ou de distribuio;

Pratiquem sadas de mercadorias com destino a outra unidade da Federao;

Forneam mercadorias para a Administrao Pblica.

Para escalonar esta ampliao de obrigatoriedade de emisso, o anexo nico do Protocolo 42/09 dividiu as atividades de indstria, comrcio atacadista e distribuio ao longo de trs perodos (respectivamente, abril, julho e outubro de 2010), atravs de descries baseadas na Codificao Nacional de Atividade Econmica (CNAE),

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tendo estabelecido uma quarta etapa, em dezembro, para as operaes interestaduais e de venda para a Administrao Pblica.

Muitas dessas atividades repetem produtos j descritos nas fases do Protocolo 10/07, por este motivo, existe no Protocolo 42/09 um dispositivo que diz que Ficam mantidas as obrigatoriedades e prazos estabelecidos no Protocolo ICMS n 10/07, de 18 de abril de 2007, ou seja, os prazos do Protocolo 42/09 no se aplicam para aquelas empresas j alcanadas pela obrigatoriedade de uso na NF-e em razo de algum dispositivo do Protocolo 10/07, mesmo que cumulativamente pratiquem operaes descritas por alguma CNAE listada no anexo nico do Protocolo 42/09.

Importante ressaltar que as Secretarias da Fazenda oferecem um software gratuito para emisso de NF-e, sem limite de utilizao. Alm disso, h no mercado uma ampla oferta de tecnologias para empresas de pequeno e mdio porte, cobradas por utilizao. Os pacotes podem incluir, alm da implantao do software, treinamento dos funcionrios, armazenamento das notas (obrigatrio por cinco anos) e integrao com outros sistemas da empresa, como os de gesto financeira e de planejamento de produo. Os custos variam, mas h solues a partir de 20 centavos por nota fiscal emitida.

2.2.4. CONHECIMENTO DE TRANSPORTE ELETRNICO CT-e

O Conhecimento de Transporte Eletrnico (CT-e) o novo modelo de documento fiscal eletrnico, institudo pelo AJUSTE SINIEF 09, de 25 de outubro de 2007, que tem como objetivo a implantao de um modelo nacional de documento fiscal eletrnico para a substituio da sistemtica atual de emisso dos documentos fiscais em papel que atualmente acobertam os servios de transporte interestadual e intermunicipal, reduzindo custos, simplificando as obrigaes acessrias dos contribuintes e permitindo, ao mesmo tempo, o acompanhamento em tempo real das operaes comerciais pelo Fisco.

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O conceito adotado trata o CT-e como um documento de existncia apenas digital, emitido e armazenado eletronicamente, com o intuito de documentar prestaes de servios de transportes de cargas, cuja validade jurdica garantida pela assinatura digital do emitente e pela Autorizao de Uso fornecida pela administrao tributria do domiclio do contribuinte.

O CT-e poder ser utilizado pelos contribuintes do ICMS em substituio aos seguintes documentos fiscais:

Conhecimento de Transporte Rodovirio de Cargas, modelo 8;

Conhecimento de Transporte Aquavirio de Cargas, modelo 9;

Conhecimento Areo, modelo 10;

Conhecimento de Transporte Ferrovirio de Cargas, modelo 11;

Nota Fiscal de Servio de Transporte Ferrovirio de Cargas, modelo 27;

Nota Fiscal de Servio de Transporte, modelo 7, quando utilizada em transporte de cargas.

O CT-e tambm poder ser utilizado como documento fiscal eletrnico no transporte dutovirio e, futuramente, nos transportes Multimodais.

Os benefcios que o Projeto CT-e trar so mudanas significativas no processo de emisso e gesto das informaes fiscais, trazendo grandes benefcios para os contribuintes, para a sociedade e para as administraes tributrias, basicamente os mesmos benefcios institudos pela implantao da Nota Fiscal Eletrnica.

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Como o CT-e um documento de existncia exclusivamente digital, para acobertar a prestao de servio ser impressa uma representao grfica do CT-e, intitulado DACTE (Documento Auxiliar do CT-e), em papel comum (Clusula dcima primeira, do Ajuste SINIEF 09/07). No DACTE conter impressa, em destaque, a chave de acesso para consulta do CT-e na internet e um cdigo de barras unidimensional que facilitar a captura e a confirmao de informaes do CT-e pelos Postos Fiscais de Fronteira dos demais Estados. O DACTE no um conhecimento de transporte, nem substitui um conhecimento de transporte, servindo apenas como instrumento auxiliar para consulta do CT-e no site da SEFAZ.

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3. METODOLOGIA

A metodologia da pesquisa entendida como o conjunto detalhado e seqencial dos mtodos e tcnicas cientficas a serem utilizados ao longo da pesquisa, de tal modo que se consiga atingir os objetivos propostos. Segundo Cervo e Bervian (2002, p. 64), a pesquisa uma atividade voltada para a soluo de problemas tericos ou prticos com o emprego de processos cientficos. A pesquisa parte de uma dvida ou problema e, com o uso do mtodo cientfico, busca uma resposta ou soluo.

3.1. Objeto de Estudo

O estudo tem como objeto evidenciar o impacto causado pelo SPED ao profissional contbil da cidade de Juazeiro-BA, mostrando a evoluo do perfil do Contabilista devido ao desenvolvimento tecnolgico que ele tem que acompanhar.

3.2. Classificao da Pesquisa

Para atender aos objetivos deste trabalho monogrfico, a pesquisa classificada como descritiva, preocupada em observar os fatos, registr-los, analis-los, classific-los e interpret-los, sendo que o pesquisador no interfere neles. Assim, os fenmenos do mundo fsico e humano so estudados, mas no so manipulados pelo pesquisador (ANDRADE, 2002 apud BEUREN, 2008, p. 81).

Quanto aos procedimentos, a pesquisa se caracteriza como bibliogrfica e de campo.

A pesquisa bibliogrfica consiste na consulta a livros, revistas, peridicos, sites oficiais e outras fontes, tendo por finalidade fundamentar teoricamente o estudo realizado, por meio da apresentao de argumentos e dados arrolados

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anteriormente por outros estudiosos. O estudo bibliogrfico trar conceitos sobre as tcnicas contbeis, dando nfase tcnica de Escriturao. Mostra tambm a importncia do uso da informtica na contabilidade e a atualizao do profissional contbil para acompanhar essa evoluo.

A pesquisa bibliogrfica busca conhecer e analisar as contribuies culturais ou cientficas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema. Ela constitui parte da pesquisa descritiva ou experimental, quando feita com o intuito de recolher informaes e conhecimentos prvios acerca de um problema para o qual se procura resposta ou acerca de uma hiptese que se quer experimentar. (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 65 e 66).

J o segundo procedimento utilizado a pesquisa de campo, aplicando-se um questionrio de 14 perguntas, conforme demonstrado no anexo 1, a uma amostra de 121 profissionais de Contabilidade atuantes na cidade de Juazeiro-BA, a fim de se verificar qual o nvel de conhecimento dos Contabilistas sobre o SPED e qual o impacto que a implantao desse sistema trouxe para a rotina de trabalho desses profissionais.

3.3. Mtodo de Coleta e Anlise dos Dados

O mtodo de coleta dos dados utilizado nessa pesquisa de campo foi a aplicao de um questionrio contendo 14 perguntas fechadas, dirigidas aos Contabilistas da cidade de Juazeiro-BA.

Ressalta-se que na cidade de Juazeiro existem 189 profissionais atuantes, cadastrados no Conselho Regional de Contabilidade. Entretanto, 41 desses profissionais no tm um cadastro atualizado, a fim de que se possa entrar em contato com os mesmos. A pesquisa foi aplicada, ento, a 148 profissionais cadastrados, sendo que 27 no respondeu a pesquisa. Ento, do total de

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profissionais existentes na cidade de Juazeiro, 121 profissionais colaboraram com este estudo, respondendo o questionrio.

Os questionrios foram enviados, atravs de e-mail, para 90 endereos eletrnicos dos Contabilistas que tm ficha de cadastro atualizada no CRC de Juazeiro. Sendo que desses 90 e-mails, 63 questionrios foram devidamente respondidos. Tambm foram aplicados, de forma presencial, 58 questionrios, sendo os mesmos respondidos e devolvidos no mesmo momento.

Com os questionrios coletados, inicia-se a fase da tabulao dos dados e definies percentuais dos itens constantes nas questes, representando esses nmeros atravs de grficos. Posteriormente, foi feita a anlise e a interpretao das informaes coletadas.

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4. ANLISE DOS DADOS

A constante atualizao dos conhecimentos para o Contabilista uma necessidade e uma exigncia imposta por esta rea de atuao, devido a todas as inovaes tecnolgicas existentes, levando-se em considerao a atual tecnologia da informao at o Sistema Pblico de Escriturao Digital (SPED).

Os Contabilistas tm um papel muito importante durante todo o processo de implantao do SPED, pois o sistema traz muitas vantagens aos servios contbeis, incluindo toda a praticidade com a reduo de retrabalhos de escriturao at a reduo de custos com a emisso e armazenamento de documentos em papis. A profisso contbil passa por uma transformao muito significativa. O Contabilista obrigado a estabelecer um novo perfil profissional para se adequar s mudanas do cenrio mundial, devendo estar sempre atualizado, investindo numa educao continuada, buscando constantemente novos conhecimentos e possuindo uma melhor viso empresarial.

4.1. Analisando os Dados

A pesquisa demonstrou que a quantidade de profissionais com idade at 35 anos bem considervel, somando 60% dos entrevistados, indicando uma Classe Contbil jovem na cidade de Juazeiro.

J a quantidade de Contabilistas que tem acima de 35 anos soma 40% da quantidade de entrevistados, conforme demonstrado no grfico abaixo:

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5% 30% 20%

10% 35%Entre 21 e 25 anos Entre 26 e 30 anos Entre 31 e 35 anos Entre 36 e 40 anos Acima de 41 anos

Grfico 1 Faixa Etria Fonte: Da Autora

Diante de um cenrio de mudanas tecnolgicas, globalizao e gerao de novas oportunidades no mercado de trabalho, o crescimento da participao feminina se destaca cada vez mais em meio a todas essas mudanas e inovaes. Na presente pesquisa ficou demonstrado que a participao feminina bastante representativa na rea Contbil, na cidade de Juazeiro. Do total de entrevistados, 45% dos Contabilistas so mulheres.

45% 55%

Masculino

Feminino

Grfico 2 Sexo Fonte: Da Autora

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A partir do ano de 2005, as Instituies de Cursos Tcnicos de Contabilidade diminuram consideravelmente, devido ao Art. 1 da Res. CFC 948/02, modificada pela Res. CFC 991/03, onde ficou estabelecido a concesso do Registro Profissi