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PLANTARMudas

de Manga

coleç oã

FRUTEIRAS

SÉRIEVERMELH

A

ediçãorevisada

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Embrapa Informação TecnológicaBrasília, DF

2006

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEmbrapa Mandioca e Fruticultura TropicalMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

PRODUÇÃO

DE MUDAS DE MANGA2a ediçãorevisada

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Coleção Plantar, 54

Produção editorial: Embrapa Informação Tecnológica

Coordenação editorial: Fernando do Amaral PereiraMayara Rosa CarneiroLucilene M. de Andrade

Revisão de texto e tratamento editorial: Francisco C. Martins

Editoração eletrônica: Grazielle Tinassi Oliveira

Ilustração da capa: Alvaro Evandro X. Nunes

Ficha catalográfica: Celina Tomaz

1a edição1a impressão (2006): 5.000 exemplares

2a edição1a impressão (2006): 1.000 exemplares

Todos os direitos reservadosA reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou

em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei n° 9.610).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Embrapa Informação Tecnológica

© Embrapa 2006

Produção de mudas de mangueira / Embrapa Mandioca e FruticulturaTropical. – 2. ed. rev. – Brasília, DF : Embrapa Informação Tecnológica,2006.47 p. : il. – (Coleção Plantar, 54).Na página de autores, Nelson Fonseca e Getúlio Augusto Pinto daCunha.ISBN 85-7383-377-71. Beneficiamento. 2. Enxerto. 3. Plantio. 5. Propagação vegetativa.

6. Semente. I. Fonseca, Nelson. II. Cunha, Getúlio Augusto Pinto da. III.Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. IV. Coleção.

CDD 634.44

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Autores

Nelson FonsecaEngenheiro agrônomo, D.SC. em Fitotecnia,pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura,Cruz das Almas, [email protected]

Getúlio Augusto Pinto da CunhaEngenheiro agrônomo, D.SC. em Fitotecnia,pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura,Cruz das Almas, [email protected]

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O agronegócio brasileiro é carente de informa-ções direcionadas ao pequeno produtor. O objetivoda Coleção Plantar é preencher essa lacuna cominformações oportunas e precisas sobre como produzirhortaliças, frutas e grãos numa área do sítio ou da fazenda,ou até mesmo num quintal.

Elaborado em linguagem conceitual simples edireta, o texto de cada título é dirigido ao produtorfamiliar, na certeza de que essas informações vãocontribuir para a geração de mais alimentos, renda eemprego para os brasileiros, permitindo, assim, que aagricultura familiar incorpore-se ao agronegócio.

No momento em que o agronegócio conquistao mercado internacional, a Embrapa InformaçãoTecnológica reafirma a importância desta coleçãodidática como referência para o produtor familiarproduzir com segurança, qualidade e eficiência.

Fernando do Amaral PereiraGerente-Geral

Embrapa Informação Tecnológica

Apresentação

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Sumário

Introdução........................................ 9

Escolha do Porta-Enxerto.................. 9

Seleção de Plantas-Matrizes............... 11

Beneficiamento da Semente................ 12

Época de Semeadura......................... 14

Formação da Muda............................ 25

Coeficientes de Produção.................. 46

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Introdução

No Brasil, nas últimas décadas, dianteda importância econômica que a mangaalcançou, a tendência atual é estabelecerpomares tecnicamente bem conduzidos, commudas enxertadas, provenientes de boasplantas-matrizes, para abastecer o mercadoconsumidor com frutos de boa qualidade.

Escolha do Porta-Enxerto

Neste item, são descritas as etapas paraprodução de mudas de mangueira de altaqualidade, pelos diferentes métodos de enxertia.

Ainda não foram experimentalmentedefinidos quais os melhores porta-enxertosou “cavalos” para mangueira. A escolha variade uma região para outra, e depende dadisponibilidade de sementes.

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No Nordeste, as cultivares Espada, Co-quinho, Carlotinha, Itamaracá e SantaAlexandrina são as mais utilizadas, ao passoque em Minas Gerais e no Estado de SãoPaulo, a preferência recai sobre Ubá, Sapa-tinho, Coquinho e Espada.

As cultivares poliembriônicas, que ge-ram duas ou mais plantas de uma única se-mente, são as mais indicadas, por induziremmaior vigor à muda. Geralmente, a Espadatem grande aceitação entre os viveiristas, emrazão do seu vigor e de sua tolerância à seca-da-mangueira, doença que afeta os pomares,principalmente no Estado de São Paulo.

Outros porta-enxertos resistentes àseca-da-mangueira usados são: IAC 100Bourbon, IAC 101 Coquinho, IAC 102Touro, IAC 103 Espada Vermelha e IAC 104Dura.

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Seleção de Plantas-Matrizes

As plantas-matrizes, fornecedoras degarfos e borbulhas para enxertia, devem serselecionadas. A seleção é feita tendo-se emvista suas qualidades superiores, com baseno seu comportamento durante vários anos.

As características essenciais para queuma cultivar de mangueira tenha uma boaaceitação comercial são as seguintes:

• Alta produtividade.

• Pouca ou nenhuma alternância de pro-dução, isto é, um ano produz muito,outro produz pouco.

• Resistência ou baixa suscetibilidade aoataque de pragas e de doenças.

• Peso do fruto entre 400 a 500 g, colo-ração externa atraente (de preferênciavermelha).

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• Aroma e sabor agradáveis.

• Polpa de boa consistência e não fibrosa.

• Tolerância ao manuseio e transportepara mercado distante.

• Semente pequena, em torno de 10% dopeso total do fruto.

Beneficiamento da Semente

Em condições naturais, a viabilidade dasemente de manga está em torno de até 2semanas após a colheita do fruto. Assim, asemeadura deve ser feita o mais cedo possí-vel, para se obter maior percentagem de ger-minação e porta-enxertos mais vigorosos.

Uma vez colhidos os frutos “de vez”ou maduros – livres do ataque de doenças e

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de pragas –, efetuam-se o descascamento, aretirada da polpa, a lavagem das sementes ea secagem à sombra, em local ventilado.

Após a secagem – que dura cerca de3 dias –, com o auxílio de uma tesoura depoda, extrai-se a casca (endocarpo) que en-volve a amêndoa, tendo-se o cuidado de nãomachucá-la, para evitar o ataque de fungos.

Esse tratamento possibilita uma germi-nação mais rápida (a partir de 2 semanas dasemeadura), maior percentagem de sementesgerminadas (90% a 95%), além de se obterplantas bem formadas, vigorosas e em condi-ções de serem enxertadas em menor espaçode tempo.

Deve-se semear uma quantidade desementes maior do que o número desejadode mudas, aproximadamente 40%, tendo-seem vista as perdas com a germinação e com

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o pegamento da enxertia. Na Fig. 1, são apre-sentadas as partes de uma semente de manga.

Fig. 1. Semente de manga com amêndoa.

Época de Semeadura

No Brasil, geralmente a semeadura é feitaentre outubro e março, período em que seconcentra a colheita, podendo-se optar pelosmétodos de semeadura direta e indireta.

Condutor de nutriçãoda amêndoa

Embrião

Película da amêndoa

Amêndoa

Casca com pêlos

Película externaprotetora da amêndoa

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Semeadura direta

A semeadura direta é feita utilizando-seembalagem individual, isto é, sacos de poli-etileno.

No viveiro (geralmente coberto com telade sombrite), é o local onde são colocadosos sacos de plástico com as mudas, emfileiras de 2 a 4 sacos, a espaços de 80 cm,aguardando-se a enxertia, que é feita na mudaou “cavalo”, dentro do saco de plástico. Os“cavalos” enxertados ficam no viveiro, atéficarem prontos para o plantio, no localdefinitivo.

Atualmente, a prática da semeaduradireta é bem utilizada entre os viveiristas,sendo apropriada para solos arenosos, quedificultam a retirada da muda com torrão.Sua maior vantagem é a economia de mão-

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de-obra e a formação da muda em menorespaço de tempo.

O tamanho da embalagem deve permitirà planta desenvolver um bom sistemaradicular, uma boa altura e diâmetro do caulepara enxertia. Têm-se obtido bons resultados(melhor desenvolvimento radicular da muda)utilizando-se sacos de polietileno nasdimensões de 35 cm x 22 cm x 0,20 mm,perfurados na base e lateralmente, paraescoar o excesso de água usada na irrigaçãodas mudas.

Alguns dias antes da semeadura, enchem-se os sacos de polietileno, utilizando-se umamistura contendo três partes de terra de boaqualidade, uma parte de esterco curtido,3 kg de superfosfato simples e 500 g decloreto de potássio por metro cúbico. Obtêm-se, também, bons resultados – e a custos

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menores, por se evitar, principalmente, o es-terco curtido – utilizando-se como substratoterra vegetal (camada superficial do solo, até10 cm de profundidade), 15 g de super-fosfato simples por saco, colocadas a 2/3de profundidade no saco, e adubação foliarcom uréia a 0,3%, ou seja, a cada 100 L deágua adicionam-se 300 g de uréia.

A primeira adubação foliar é feita quan-do as folhas já estiverem duras e coriáceas,devendo ser repetida quinzenalmente. Naparte superior do saco, são deixados cercade 5 cm sem completar com a mistura, localonde é colocada a semente, isenta de sinto-mas de doenças, pragas ou lesões mecânicas,deitada ou com a face ventral voltada parabaixo (Fig. 2). A semente é coberta com umaleve camada de terra peneirada ou areialavada.

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Em seguida, faz-se a irrigação dos sacos,devendo-se continuar por todo o ciclo deformação da muda, 2 ou 3 vezes por semana.Ocorrendo a germinação de duas ou maismudas no mesmo saco, eliminam-se asexcedentes, deixando-se apenas a muda maisvigorosa.

No que concerne à nutrição das mudas,além da adubação foliar, recomenda-se

Fig. 2. Posicionamento correto de uma amêndoa de manga nomomento da semeadura.

Face ventral

Areiaou solo

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efetuar três adubações em cobertura, com5 g/planta (equivalente a uma colher das dechá bem cheia) da mistura contendo 100 gde uréia, 100 g de superfosfato simples e 60g de cloreto de potássio aos 60, 120 e 180dias após a semeadura.

Deficiências de Zn (zinco) e de Mn (man-ganês) podem ser corrigidas, pulverizando-se as mudas com uma solução composta de55 g de sulfato de zinco, 28 g de sulfato demanganês e 24 g de cal hidratada em 20 L deágua. Os sacos devem ser mantidos livresde plantas daninhas, e as mudas pulverizadas,sempre que ocorram doenças ou pragas,com produtos específicos para cada caso.

Para o controle da antracnose, recomen-dam-se pulverizações com fungicidas cúpricos(oxicloreto de cobre, variando a dosagem entre75 e 175/100 L de água; hidróxido de cobre,

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87 a 135 g/100 L de água); orgânicos(mancozeb, 120 a 200g/100 L de água);sistêmicos (benomil, 30 g/100 L de água).

Controla-se o oídio, utilizando-se S (en-xofre) (160 a 640 g/100 L de água). O enxo-fre é, também, indicado para o controle dosácaros, na dosagem de 500 g/100 L de água.

O tripes (Selenotrips rubrocinctus) éum inseto que pode atacar a parte inferiordas folhas das mudas, no viveiro.Pulverizações com fosforado de contato eprofundidade (parathion metílico, 70 mL/100mL de água) são bem eficientes no controle.

Geralmente, os defensivos recomen-dados para o controle das pragas são:parathion metílico (80 mL /100 L de água),malation (200 mL /100 L de água) e carbaril(140 g/100 L de água).

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Semeadura indireta

A semeadura indireta é feita em semen-teiras, com repicagem para viveiro em sacosde polietileno. Esse processo é comumenteutilizado pelos produtores de mudas, egeralmente consta das seguintes etapas:

Escolha da área – A sementeira deve serlocalizada, de preferência, em terreno plano,fértil, solto e profundo. O local deve serarejado, protegido contra ventos, e estarpróximo a um manancial de água.

Preparo do terreno – Com uma enxadaou arado, revolve-se o solo até a profun-didade de 20 cm. Depois, quebram-se ostorrões, retiram-se os restos de raízes, tocose pedras existentes, de maneira que a áreafique livre desse material e em condições deser trabalhada.

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Preparo da sementeira – Geralmente, oscanteiros da sementeira são feitos com asdimensões de 10 a 20 m de comprimentopor 1,20 m de largura e l5 cm de altura. Entreeles, deve ficar um espaço livre de 60 cm delargura, para permitir ao viveirista efetuar ostratos culturais e fitossanitários.

A demarcação desses canteiros é feitacom fios de arame do tamanho do canteiroque se deseja formar, presos a quatropiquetes situados dois a cada lado dascabeceiras.

A seguir, revolve-se o solo e aplaina-seaté o nível do arame. Finalmente, abrem-sesulcos paralelos, a uma profundidade de5 cm, numa distância de 20 cm entre si, ondeserão colocadas as amêndoas.

Adubação – Quando do preparo dos cantei-ros, incorporam-se 5 a 10 kg de esterco de

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curral, 100 g de superfosfato simples e 50 g decloreto de potássio, por metro quadrado.

Semeadura – Depois do beneficiamento dassementes, é conveniente que as amêndoassejam semeadas imediatamente nos sulcos,deitadas com a face ventral voltada parabaixo, numa distância de 2 cm uma da outra.Em seguida, devem ser cobertas com umaleve camada de terra, e regadas, sempre quenecessário.

Tratos culturais

Para se obter mudas bem formadas esadias, faz-se, periodicamente, a eliminaçãomanual da vegetação nativa, a escarificação(afofamento) do solo e a irrigação (duranteo verão), pelo menos uma vez ao dia.

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Tratos fitossanitários

Na sementeira, podem ocorrer o ataquede doenças (como a antracnose e o oídio),de ácaros e de insetos. Nesse caso, efetuam-se pulverizações com fungicidas, acaricidase inseticidas, com os mesmos produtos edosagens indicados para a semeadura direta.

Repicagem

A repicagem dos porta-enxertos paraos sacos de plástico (viveiro) é feita aproxi-madamente 50 dias após a semeadura.Primeiro, faz-se uma seleção das mudas nasementeira, tendo-se o cuidado de nãodanificar a haste (tronco) nem a raizpivotante.

Recomenda-se aparar as pontas dasraízes, evitando-se que fiquem tortas na ripi-cagem (pião torto). Sempre que possível,

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conservar as amêndoas aderentes, para auxi-liar na nutrição das mudas recém-transplan-tadas.

Essa operação deve ser feita em diasnublados ou chuvosos. Como medida desegurança, é necessário que se disponha deum sistema de irrigação, para suprir asnecessidades de água.

Formação da Muda

Enxertia

Geralmente, o êxito dessa operaçãodepende de vários fatores, dentre os quaisdestacam-se:

• Afinidade entre o porta-enxerto e oenxerto [garfo ou borbulha (gema,“olho”)].

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• Época do ano, relacionada com ascondições fisiológicas do garfo ouborbulha e do porta-enxerto.

• Condições climáticas, sobretudo a tem-peratura e a umidade.

• Métodos utilizados.

• Habilidade do enxertador.

• Cuidados que antecedem e sucedem àoperação.

Época de enxertia

A mangueira pode ser enxertada durantetodo o ano, desde que se disponha de porta-enxertos aptos para a enxertia, garfos madu-ros, borbulhas intumescidas e não brotadas.Devem-se evitar os períodos chuvosos, umavez que essa condição reduz, sensivelmente,a percentagem de pegamento.

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Observadas as práticas culturais relacio-nadas com a condução da sementeira e doviveiro, 6 a 8 meses após a repicagem dasmudinhas para os sacos de plástico, elasalcançam o diâmetro aproximado de um lápise adquirem condições de serem enxertadas.

Duas semanas antes da enxertia, deve-se irrigar o viveiro em dias alternados, depreferência à tarde. Com essa prática, a seivacirculará com abundância, possibilitandomaior percentagem de pegamento.

Se as plantas-matrizes estiverem próxi-mas ao local de enxertia, os ramos com bor-bulha poderão ser colhidos um dia antes.No entanto, se vierem de longe, convém fazera imersão de suas extremidades em parafina.Pode-se, também, acondicionar os ramos emrecipientes contendo serragem úmida e con-servá-los em local fresco e sombreado.

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Geralmente, colocam-se os garfos en-volvidos em folhas de jornal úmidas e dentrode sacos de plástico. Assim, os garfos sãoconservados por volta de 5 dias.

Métodos de enxertia

Os principais métodos utilizados na en-xertia são os seguintes:

Garfagem – Com suas variações (no topoem fenda cheia, à inglesa simples ou bise I elateral), onde o enxerto é o segmento doramo, em média com 15 cm de comprimento,contendo várias gemas ou “olhos”.

Os garfos ou ponteiros, utilizados nosmétodos de enxertia por garfagem, devemser colhidos maduros, sem apresentar danoscausados por pragas ou doenças. Devem,também, ser redondos, não angulares e estarmudando da cor verde para verde-cinza, com

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a gema apical ou da ponta bem intumescida.Os garfos podem ser preparados quandoainda presos à árvore.

O tratamento dos garfos consiste emeliminar suas folhas 1 a 2 semanas antes deretirá-los da árvore, para forçar o intumes-cimento das gemas e acelerar o pegamentoapós a enxertia.

Garfagem no topo em fenda cheia – Naenxertia da mangueira, esse método é o maisempregado e com amplas possibilidades deêxito. É importante que o porta-enxerto estejaem boas condições vegetativas e que seudiâmetro, em tomo de 1 cm, seja igual oubem próximo ao do garfo.

Com uma tesoura de poda, corta-se oporta-enxerto na região onde será feita a en-xertia, que geralmente fica a 20 cm acima dosolo (Fig. 3). Em seguida, com um canivete

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afiado, faz-se um corte vertical com 3 a4 cm de profundidade, abrindo o porta-enxerto ao meio.

Após a colheita do garfo com 15 cmde comprimento, são feitas de cada lado desua extremidade inferior, duas incisões emforma de cunha, com aproximadamente 3 a4 cm de comprimento.

Em seguida, introduz-se a cunha dogarfo, de modo a se conseguir o contato dotecido cambial (casca) pelo menos num doslados. Feito isso, ata-se a zona de união comfita de plástico de 2 cm de largura por 20 cmde comprimento. Finalmente, cobre-se o en-xerto com um saquinho de plástico transpa-rente, para evitar o ressecamento dos tecidos.

Em caso de êxito na enxertia, a partirda segunda semana, terão início as brotaçõesda gema apical ou das laterais do enxerto.

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Nessa fase, suspende-se um pouco o saqui-nho de plástico, para facilitar a brotação dasgemas. Na terceira semana, quando as folhascomeçarem a se desenvolver, retira-se o sa-quinho, definitivamente.

Ocorrendo brotações no porta-enxerto,estas devem ser eliminadas, para permitirmelhor desenvolvimento das brotações noenxerto. As irrigações devem ser feitas cons-tantemente, para propiciar o crescimento eo desenvolvimento das folhas novas.

Após 3 meses da enxertia, a muda –com pelo menos duas emissões foliares oufluxos vegetativos – estará pronta para serplantada no local definitivo. No momento doplantio, a fita de plástico colocada no localda enxertia deve ser retirada, para evitar oestrangulamento do caule.

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Garfagem à inglesa simples ou em bisel –Com essa técnica, obtêm-se bons resultados,quando o porta-enxerto e o garfo tiveremum diâmetro que varia da grossura de umlápis a 1,5 cm.

Para se proceder a esse tipo de garfa-gem, faz-se um corte em bisel no porta-enxerto, de baixo para cima, medindo de 3 a4 cm de comprimento, a uma altura de20 cm do nível do solo (Fig. 4). O garfo écolhido maduro e deve apresentar gemasapicais bem intumescidas, em aparenteestado de repouso e próximas a brotar. Essegarfo deve ter também o mesmo diâmetrodo porta-enxerto, ser cortado em bisel(3 - 4 cm), devendo medir de 15 a 20 cm decomprimento.

Procede-se, cuidadosamente, à justa-posição das superfícies cortadas do porta-

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enxerto e do garfo, de tal forma que ostecidos cambiais (casca) permaneçam emíntimo contato pelo menos num dos lados.

A zona de união deve ser firmementeamarrada com fita de plástico, a qual devecobrir toda a superfície cortada. Por sua vez,o garfo deve também ser protegido com umsaquinho de plástico transparente, para seevitar o ressecamento dos tecidos. Em segui-da, procede-se como no método da garfa-gem anterior.

Garfagem lateral – Nesse caso, são utili-zados porta-enxertos com 6 a 12 meses deidade, e que meçam, pelo menos, 1 cm dediâmetro, e apresentem garfos maduros comdiâmetro igual ou bem próximo ao do porta-enxerto, de modo que os cortes feitos emambos se adaptem o mais perfeitamentepossível.

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A uma altura de 20 cm do caule doporta-enxerto, faz-se um corte vertical decima para baixo, ligeiramente inclinado,atingindo o lenho e medindo de 3 a 4 cm decomprimento. Na extremidade inferior dogarfo de 15 cm de comprimento, fazem-seduas incisões, uma de cada lado, em formade cunha, de 3 a 4 cm.

Em seguida, introduz-se a cunha dogarfo no corte vertical do porta-enxerto, demodo que as superfícies cortadas do porta-enxerto e do garfo sejam postas em contato,e haja coincidência na justaposição daspartes, pelo menos num dos lados. O garfoé amarrado, firmemente, no porta-enxerto,com fita de plástico.

Depois, cobre-se o garfo com um sa-quinho de plástico, amarrando-se sua extre-midade inferior no porta-enxerto, para evitar

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que a água penetre no local da enxertia. Umavez feita a enxertia, faz-se a poda apical doporta-enxerto, para estimular a brotação dasgemas laterais.

Se a enxertia for bem-sucedida, as gemascomeçarão a brotar entre 2 e 3 semanas.Nessa fase, o garfo deve ser descoberto, eo porta-enxerto cortado a uns 5 ou 10 cmacima do ponto de enxertia, para acelerar odesenvolvimento da brotação do garfo.

A fita de plástico deve ser removidadepois que a primeira emissão de folhas tenhaocorrido. Após a segunda emissão de folhasdo enxerto, a parte restante do porta-enxertoserá cortada, o mais próximo da enxertia.

Borbulhia – Com suas variações (“T” inver-tido, escudo e placa retangular), é um tipode enxertia onde o enxerto é uma pequenaparte da casca com uma única gema.

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A principal vantagem desse método é aeconomia de material. Com uma porção ter-minal do ramo, podem-se obter cinco oumais enxertos. Os ramos mais jovens – comcerca de 3 meses de idade –, apresentamcondições mais satisfatórias para se obterborbulhas.

A grande inconveniência é a dificuldadede se obter gemas intumescidas em condi-ções de brotar, sendo que, em alguns casos,após a enxertia, elas permanecem um longoperíodo em estado de latência. Esse proble-ma é atenuado, condicionando-se as gemasa brotarem alguns dias antes da enxertia, peloanelamento, ou seja, um corte em volta doramo, próximo da sua inserção no galho, eeliminando-se a gema apical.

Outro detalhe importante desse métodoé verificar, por ocasião da enxertia, se a bor-

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bulha está colocada na posição correta, ouseja, com a gema situada acima da inserçãodo pecíolo (cabinho) foliar.

Borbulhia em “T” invertido – Faz-se umcorte vertical de 3 a 5 cm no porta-enxerto,a uma altura de 20 cm do nível do solo,utilizando-se um canivete bem afiado. Emseguida, faz-se um segundo corte horizontalna base vertical, formando um “T” invertido(Fig. 5).

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Fig. 5. Detalhes de uma enxertia tipo borbulhia, em “T”invertido.

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Depois, segurando-se, firmemente, oramo colhido e apoiando-o ao corpo, coma gema ou borbulha voltada para cima,consegue-se fazer uma incisão com umgolpe firme do canivete. Finalmente, retira-sea gema.

O próximo passo é a inserção do escu-do com a gema no porta-enxerto. Com aextremidade cega do canivete de enxertia,levanta-se, cuidadosamente, a casca de cadalado da incisão vertical e introduz-se o escudoembaixo dela, empurrando-o para cima.

A gema deve ajustar-se bem ao porta-enxerto, de tal modo que seus tecidos inter-nos não fiquem expostos. Em seguida, aborbulha é protegida, totalmente, e amarradacom firmeza ao porta-enxerto, com uma fitade plástico.

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Após 3 semanas, a atadura de plásticoé cortada. Se a enxertia tiver sido bem-suce-dida, a borbulha se apresenta verde e unidaao porta-enxerto. Nessa fase, decepa-se oporta-enxerto 5 cm acima do ponto de enxer-tia. Em aproximadamente 20 dias após adecepa do porta-enxerto ou cerca de 40 diasapós a enxertia, a borbulha começa a brotar.

Depois da segunda emissão de folhas,a parte restante do porta-enxerto é eliminada,quando, então, a muda estará em condiçõesde ser levada ao campo, o que provavelmenteocorrerá em torno de 6 meses após a opera-ção de enxertia.

Em alguns casos, logo após a enxertia,tem-se obtido mais êxito no pegamento deborbulhas com a dobra ou quebra do porta-enxerto acima do ponto de enxertia.

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Borbulhia em escudo – A única diferençaentre esse método e o anterior é que, neste,retira-se um escudo do caule do porta-enxerto com as mesmas dimensões doescudo retirado do enxerto, com 3 a 5 cmde comprimento (Fig. 6).

No porta-enxerto, o corte é feito de baixopara cima, cortando-se a casca com um

A B C D

Fig. 6. Borbulhia em escudo: A) Retirada do escudo do porta-enxerto; B) Escudo com borbulha retirada do ramo; C)Implante do escudo com a borbulha; D) Amarrio do escudocom a borbulha ao porta-enxerto.

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pouco de lenho. Deve-se ajustar bem o es-cudo do enxerto ao porta-enxerto, de talmodo que seus tecidos cambiais (cascas)estejam em contato. Amarra-se, firmemente,a borbulha enxertada, com uma fita de plás-tico e, em seguida, procede-se como no mé-todo anterior.

Borbulhia em placa retangular – Consisteem se retirar, do porta-enxerto, uma placaretangular da casca, com aproximadamente3 cm de comprimento por 1,5 cm de largura(Fig. 7). Com um canivete afiado, fazem-sedois cortes horizontais no caule do porta-enxerto, até atingir o cerne ou parte dura,numa distância de 3 cm, com 1,5 a 2 cm decomprimento.

Em seguida, fazem-se dois cortes verti-cais, ligando-se as extremidades dos corteshorizontais. Da retirada da casca, resulta uma

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1,5

-2,0

cm

3,0

cm

Enxert

o

Resto

do

pecío

lofo

liar

Lâm

ina

do

caniv

ete

Fig

. 7. D

etal

hes

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nxer

tia

do ti

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lhia

.

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abertura retangular com o cerne de cor brancaà vista. Em seguida, escolhe-se uma gemasadia no enxerto, fazendo-se um corte retan-gular com as mesmas dimensões do cortefeito no porta-enxerto.

Para retirar a borbulha, deve-se enfiar alâmina do canivete num dos cortes verticais,fazendo-se leve pressão lateral, para que oretângulo cortado com a gema se destaquedo cerne. Por ocasião do encaixe, deve-seter cuidado de não colocar os dedos nassuperfícies internas e laterais da placa, parapermitir ou facilitar o pegamento.

Após a operação, a placa é completa-mente coberta com uma fita plástica. Oscuidados subseqüentes à condução da mudasão semelhantes aos aplicados às borbulhiasanteriores.

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Coeficientes de Produção

A Tabela 1 apresenta as horas detrabalho (h/ d = homem/dia, sendo um diade 8 horas) e de insumos necessários para aprodução de 1.000 mudas de mangueira.

Com base nesses dados, cada produtorpode fazer sua previsão de custo, tomando,como referência, os preços unitários de cadafator em sua região, por ocasião do plantio.

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Tabela 1. Coeficientes técnicos para produção de 1.000 mudasde mangueira.Discriminação Unid. Quant .1 . Serviços de terceiros

Construção de viveiro: capina, fixação dos mourõese caibros e cobertura com palha ou sapé

Beneficiamento de frutos e sementes

Preparo da terra e enchimento de sacos(raspagem e peneiramento)

Semeadura

Tratos culturais e fitossanitários (capinas,pulverizações, adubações e outros)

Irrigação

Realização de enxertias

2 . Insumos (1)

Frutos de manga

Facas

Canivetes para enxertia

Tesouras de poda

Sacos de polietileno tamanho 35 cm x 20 cm x 0,20 mm

Uréia

Superfosfato simples

Cloreto de potássio

Cal virgem

Sulfato de cobre

Garfos de manga

Plástico para enxertia

Sacos para geladinho

Mangueira transparente 3/4"

Pulverizador costal

Adesivo para pesticidas

Óleo mineral

Inseticida Termicidol

Inseticida Stron

h/d

h/d

h/d

h/d

h/d

h/d

h/d

un.

un.

un.

un.

un.

kg

kg

kg

kg

kg

un.

m.

un.

m.

un.

un.

un.

kg

un.

20

10

20

2

20

30

5

1.500

2

2

2

1.500

10

50

10

5

5

1.500

10

1.500

40

1

1

2

2

1

(1) Não constam insumos para a construção do viveiro.

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49

Endereços

Embrapa Informação TecnológicaParque Estação Biológica (PqEB),

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[email protected]/liv

Embrapa Mandiocae Fruticultura Tropical

Rua Embrapa, s/n, Caixa Postal, 744380-000 Cruz das Almas, BA

Fone: (75) 3621-8000Fax: (75) 3621-8097

[email protected]

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Coleção Plantar

Títulos Lançados

A cultura do alhoAs culturas da ervilha da lentilhaA cultura da mandioquinha-salsa

O cultivo de hortaliçasA cultura do tomateiro (para mesa)

A cultura do pêssegoA cultura do morangoA cultura do aspargoA cultura da ameixeiraA cultura da manga

Propagação do abacaxizeiroA cultura do abacaxiA cultura do chuchu

Produção de mudas de mangaA cultura da maçã

A cultura do urucumA cultura da pimenta-do-reino

A cultura da castanha-do-brasilA cultura do cupuaçu

A cultura da pupunhaA cultura do açaí

A cultura da goiabaA cultura do mangostão

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52

A cultura do guaranáA cultura da batata-doce

A cultura da graviolaA cultura do dendêA cultura do caju

A cultura da amora-preta (2ª edição)A cultura da melancia

A cultura do mamão (2ª edição)A cultura da banana (2ª edição)

A cultura do limão-taiti (2ª edição)A cultura da acerola (2ª edição)

A cultura do maracujá (2ª edição)A cultura da batata

A cultura da cenouraA cultura do melãoA cultura da cebolaA cultura do sapoti

A cultura do coqueiro: mudas

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5-7

38

3-3

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