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22 Diário Económico Sexta-feira 4 Dezembro 2015

deste sector, depois do ponta-pé de saída dado, em 2008,pelas mini-hídricas, a que seseguiu a eólica, a fotovoltaicapromete agora ser um dosprincipais motores de cresci-mento nas energias verdes.

O director-geral de Energia,Carlos Almeida, revelou on-tem, durante o congresso daAPREN, que Portugal tem ac-tualmente pouco mais de 400megawatts de capacidade ins-talada fotovoltaica. Um valorque fica muito aquém dos cercade cinco mil megawatts alcan-çados pela eólica.

“O panorama solar no nossopaís é ainda muito desolador nonosso país”, sublinhou, nomesmo encontro, António Sá daCosta. “Temosmais do dobro dainsolação dos países da Europa,mas só possuímos 450 mega-watts instalados. A Grã-Breta-nha tem 20 vezes mais potênciainstalada, nove mil megawatts,já para não falar na Alemanha,que superou os 40 mil mega-watts, 100 vezes mais. E amboscom metade da insolação quePortugal”, destacou o respon-sável pela APREN.

“Temos que olhar para o so-lar de outra forma. O desenvol-vimento que aí se adivinha nãopode ser só a instalação de cen-trais, mas que consiga dinami-zar o tecido empresarial e in-dustrial”, acrescentou.

Um alerta que tem como re-ferência o percurso da energiaeólica em Portugal, responsávelpela existência de um ‘cluster’industrial que contribuiu comcerca de 300 milhões de eurospara a balança de exportaçõesnacional e a criação de 400 milpostos de trabalho. ■

Portuguesa Mukiavança commaiorprojecto solarde sempre no País

Plano estratégicodas renováveisrevisto em 2016

Ana Maria Gonç[email protected]

AMuki Solar, uma nova empre-sa liderada por um dos antigosresponsáveis pela Direcção--Geral de Energia e Geologia(DGGE), Miguel Barreto, entroucom um pedido, neste organis-mo, para licenciar cerca de1.000 megawatts de projectosfotovoltaicos. Uma carteira quecorresponde a quase metadedas centrais solares fotovoltai-cas a aguardar aprovação naDGGE e que representa, a pre-ços de mercado, um investi-mento potencial superior a milmilhões de euros.

Em causa estão várias deze-nas de unidades de produção,com potências superiores a 10megawatts, as quais equivalemà actual central de ciclo combi-nado a gás natural da Tapado doOuteiro ou a duas centrais hi-droeléctricas do Alqueva.

O empresário Miguel Barre-to tem já uma participação ac-tiva nesta área de negócio, comdestaque para o continenteafricano, onde, através da Ges-to Energia, está a desenvolvervárias centrais fotovoltaicas, asmais recentes situadas na Li-béria e no Senegal. A GestoEnergia marca ainda presençano Quénia, Moçambique, An-gola, Senegal, Libéria, Ruandae Cabo Verde.

O projecto da Muki Solar en-contra-se ainda em fase de es-truturação e deverá contar coma participação de parceiros in-ternacionais.

Contactado pelo Diário Eco-nómico, o gestor confirmouapenas que este projecto é autó-nomo da Gesto Energia e que a

PNAER vai ser ajustado à novarealidade de mercado. Governoapoia investimento no sector.

O Plano Nacional de Acção paraas Energias Renováveis(PNAER) vai ser revisto em2016, revelou o director-geralde Energia e Geologia, CarlosAlmeida, durante o congresso“O Futuro da Energia”, promo-vido pela Associação Portugue-sa das Energias Renováveis.

A última alteração deste do-cumento data de 2013, sendo

agora necessário ajustá-lo ànova realidade do mercado, sa-lientou amesma fonte.

Pilar orientador da políticaenergética nacional, o actualPNAER define as trajectórias deintrodução das fontes de ener-gia renovável em três grandessectores: aquecimento e arrefe-cimento, electricidade e trans-porte.

Em 2020, Portugal compro-meteu-se, junto da União Euro-peia, ausarcercade31%deener-gia renovável.Umametaque im-

Empresas&FinançasMiguel Barreto, através da GestoEnergia, está actualmenteenvolvido em vários projectosfotovoltaicos em África.

Pau

laNunes

Energia Muki Solar, de Miguel Barreto, quer licenciar 1.000 MW deprojectos fotovoltaicos. São mais de mil milhões de investimento potencial.

EM LICENCIAMENTO

Projectos a aguardar luz verdeda Direcção-Geral de Energia eGeologia.

Energia Megawatts

Fotovoltaico 1.756

Hídrica 92

Térmica 26

Cogeração 25

Eólica offshore 25

Fonte: DGEG

sua concretização está sujeita àconcretização de várias etapas.

Com o aumento de escala anível mundial, a tecnologia fo-tovoltaica viu o seu custo caircerca de 70%, desde 2010. Hácinco anos representava o triploda eólica.

Apontada pelo presidenteda Associação Portuguesa dasEnergias Renováveis(APREN), António Sá da Cos-ta, como a terceira revolução

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AGENDA● Novo Banco pode entregar a partirde hoje o plano de reestruturação àDirecção-geral da Concorrência daUnião Europeia.

● Prossegue 41.º Congresso Nacionalda Associação Portuguesa dasAgências de Viagens e Turismo.

plica que 60% se concentre naelectricidade. “Hoje, esse valor éde 52%. Temos cinco anos parafazer os restantes 7%”, afirmou opresidente da Associação Portu-guesa das Empresas Renováveis(APREN),AntónioSádaCosta. “Éfácil e há vontade, por parte dosector, para cumprir esse objecti-vo”, reforçou. Uma intenção quecontacomoapoiodoGoverno.

“Temos margem para conti-nuar a investir no sector das re-nováveis. É um desígnio nacio-nal e uma obrigação do país que

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António Sá daCosta, presidenteda APREN,defende quePortugal temcondições paracumprir as metaspara as renováveisacordadas comBruxelas.

nos une a todos”, defendeu osecretário de Estado da Energia,Seguro Sanches.

Até Agosto de 2015, encon-travam-se instalados 12.140megawatts de tecnologias comrenováveis, maioritariamenteeólica e hídrica.

António Sá da Costa destacouo papel que Portugal pode de-sempenhar na exportação deenergia renovável para o centroda Europa, lamentando que asmetasdefinidaspelaUniãoEuro-peia, tendo como horizonte2030, não sejam vinculativas. Oresponsável da APREN acusouFrança de ser um dos principaisentraves às aspirações nacionais.“França continua a ser uma forçade bloqueio às nossas ambições,se não for combatida.” Em causaestão as restrições técnicas quecondicionam a capacidade detransporte de electricidade paralá dosPirinéus.■ A.M.G.


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