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Page 1: Noções de cartografia

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia Dep. Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal Laboratório de Epidemiologia e Bioestatística

PUBLICAÇÕES LEB / P-01 NOÇÕES DE CARTOGRAFIA, GEOPROCESSAMENTO E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Ricardo Augusto Dias Fernanda Ywasaki Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo

Maio / 2007

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Prefácio A idéia de publicar um material escrito sobre técnicas de geoprocessa-

mento e sistemas de informação geográfica (SIG) foi concebida junto com o I Curso de Aborgadem Geográfica de Problemas de Saúde Pública Veterinária, promovido pelo Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde A-nimal da FMVZ-USP, no primeiro semestre de 2003. À época, tínhamos três es-tagiários da graduação e dois alunos da pós-graduação com projetos específi-cos na área de epidemiologia geográfica. Assim, dada a demanda por um trei-namento acerca de SIG, os professores Marcos Amaku e Fernando Ferreira ti-veram a idéia de montar um curso específico, que capacitasse os alunos a utili-zarem os programas especialistas de maneira objetiva, sem supervisão dos docentes. Comprometi-me então a montar um curso gratuito, destinado não somente aos alunos ligados ao laboratório, mas a todos os interessados. Sur-preendentemente recebemos inscrições de pessoas ligadas ao serviço oficial estadual, municipal, pessoas ligadas a laboratórios oficiais, pós-graduandos do departamento e profissionais formados.

Trabalhar com programas SIG significa trabalhar com informações geo-graficamente posicionadas, sendo necessário um conhecimento básico de car-tografia, abordado no início da apostila.

Este material complementa o conteúdo apresentado no curso, e visa au-xiliar na busca da solução de problemas práticos do dia-a-dia, no trabalho aca-dêmico.

Em maio de 2007, foram feitas adaptações dos estudos dirigidos, ade-quando-os ao progama ArcGIS 9.2, organizadas por Fernanda Ywasaki.

Sumário 1. Noções de Cartografia ................................................................. 3 1.1. Projeções cartográficas ....................................................... 4 1.2. Sistemas de coordenadas .................................................... 7 1.3. Sistema UTM ........................................................................ 8 1.4. Referências .......................................................................... 11 2. Noções de geoprocessamento ..................................................... 12 2.1. Referências .......................................................................... 17 3. Programas SIG.............................................................................. 18 3.1. Estudo de Caso 1.................................................................. 18 3.2. Estudo de Caso 2.................................................................. 20 3.3. Estudo de Caso 3.................................................................. 20 3.4. Estudo de Caso 4.................................................................. 23 3.5. Referências........................................................................... 24

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1. Noções de cartografia Uma grande revolução no conceito da forma da Terra foi promovida por

Pitágoras (528 a. C), que propôs uma forma esférica ao planeta. Desde então, o conceito mudou bastante, e sabe-se que a forma da Terra não é tão regular como se imaginava.

O modelo proposto por Gauss (1828), fala sobre uma superfície irregular devido à ação das forças de gravidade e centrífuga sobre os oceanos. Porém tal modelo ocasionaria uma enorme dificuldade para localizar-se um ponto na superfície. Para simplificar, adotou-se um modelo geométrico chamado elipsói-de, que é a figura de uma elipse achatada nos pólos (Figura 1-1).

a

b

N

S

f = (a – b) / a = achatamento

ELIPSÓIDE

a

b

geóide

elipsóide

Figura 1-1. Representação do elipsóide e do geóide. Localmente, a forma do elipsóide e a sua posição relativa ao geóide de-

finem o que se chama de sistema geodésico (datum geodésico).

No Brasil, adota-se o Sistema Geodésico Sul Americano (SAD 69), que tem os seguintes parâmetros:

(a) Elipsóide de referência – UGGI 67 – semi-eixo maior (a): 6.378.160m – achatamento (f): 1/298,25 (b) Origem das coordenadas (Datum planimétrico) – estação: Vértice Chuá (MG) – coordenadas: 19°45’41,6527”S 48°06’04,0639”W – azimute geodésico para o Vértice Uberaba: 271°30’04,05” O sistema GPS (posicionamento global por satélite) utiliza o datum cha-

mado Sistema Geodésico Mundial 1984 (WGS 84). É importante configurar o GPS ao datum correspondente à região onde está sendo feito o levantamento.

1.1. Projeções cartográficas Entende-se por projeção cartográfica a representação de uma superfície

curva em uma plana. Isto acarreta diversos problemas, pois sempre serão ne-cessárias extensões ou contrações da superfície curva, de modo a acomodá-la em um plano. Programas SIG fazem estes ajustes automaticamente, e de acor-do com os parâmetros dados.

A seguir, seguem representações das projeções cartográficas mais co-muns, dentre elas as planas, as cônicas e as cilíndricas (Figuras 1-2 a 1-4).

Fonte: USGS – Map Projections URL: http://mac.usgs.gov/mac/isb/pubs/MapProjections/projections.html

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Figura 1-2. Exemplo de Projeção Plana. No caso, Ortográfica.

Figura 1-3a. Exemplo de Projeção Cônica. No caso, Policônica.

Figura 1-3b. Exemplo de Projeção Cônica. No caso, Cônica Normal de Lambert.

Figura 1-4. Exemplos de Projeção Cilíndrica (Equatorial, Transversa e Oblíqua)

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1.2. Sistemas de coordenadas São necessários para a localização de pontos através de coordenadas,

em uma superfície, seja plana ou curva. No caso de um elipsóide, utiliza-se meridianos e paralelos. No plano, utiliza-se coordenadas cartesianas (x e y).

Os meridianos cortam a Terra em dois hemisférios, de pólo a pólo. O meridiano de origem é o de Greenwich (0°).

Os paralelos são círculos que cruzam perpendicularmente os meridianos. O maior círculo é o Equador (0°). Os outros diminuem conforme se afastam do Equador, até se transformarem nos pólos (90°) (Figura 1-5).

Equador

Greenwich

elipsóideparalelos

meridianosmeridianos

Figura 1-5. Representação dos meridianos e paralelos.

Para a localização de um determinado ponto na superfície terrestre, de-

termina-se suas coordenadas em termos de latitude e longitude (Figura 1-6). A latitude é o arco sobre o meridiano que passa pelo ponto de interesse,

contado do Equador até o referido ponto. Sua variação é de 0° a 90°N (+ 90°) para o norte e 0° a 90°S ( – 90°) para o sul.

A longitude é o arco contado sobre o Equador que vai de Greenwich ao meridiano que passa pelo ponto de interesse. A oeste de Greenwich, a longitu-de varia de 0° a 180°W ( – 180°), até a Linha Internacional da Data. A leste de Greenwich, a longitude varia de 0° a 180°E (+ 180°), até a Linha Internacional da Data.

Equador

Greenwich

latitude

90°S– 90°

+ 90°90°N

pólo0°

+ 180°180°E

– 180°180°W

Equador

hemisfériohemisférioocidentalocidental

hemisfériohemisférioorientaloriental

longitude

Greenwich

Linha Internacional

da Data

Figura 1-6. Esquema do sistema de coordenadas baseado em latitude e longitude. 1.3. Sistema UTM É um sistema de coordenadas de uso primordial militar. Baseia-se na di-

visão do mundo em 60 fusos de 6° de longitude. A numeração destes fusos começa no fuso 1 (180 a 174°W) e continua para leste (Figura 1-7).

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Equador

Pólo Norte

Meridiano Central

10000 km

8000 km

6000 km

4000 km

2000 km

0 km

10000 km

8000 km

6000 km

4000 km

2000 km

0 km

Pólo Sul

100 km

300 km

500 km

700 km

900 km

- 30°

- 60°

- 90°

30°

60°

90°

6° de longitude

Equador

Pólo Norte

Meridiano Central

10000 km

8000 km

6000 km

4000 km

2000 km

0 km

10000 km

8000 km

6000 km

4000 km

2000 km

0 km

Pólo Sul

100 km

300 km

500 km

700 km

900 km

- 30°

- 60°

- 90°

30°

60°

90°

6° de longitude

fuso UTM

Figura 1-7. Fuso UTM.

Cada fuso possui bandas horizontais de 8° de latitude, chamadas zonas, extendedo-se da latitude 80°S a 84°N. Cada Zona recebe uma letra (do sul pa-ra o norte), da letra 'C' à letra 'X' (o I e o O não existem, para evitar confusão com 1 e 0). A letra 'X' tem 12° de latitude.

Na região polar, o sistema UTM não se aplica, devendo ser utilizado o Sistema Universal Polar Estereográfico (UPS).

O sistema UTM baseia-se num quadriculado, que coincide com o Meridia-no Central do fuso e o Equador. Cada fuso é prolongado em 30' nas extremida-des, sobre os fusos adjacentes.

As coordenadas do quadriculado UTM são expressas em distâncias em metros do leste ("chamadas de easting") e do norte ("chamadas de northing").

Eastings: São medidas referenciadas ao Meridiano Central. O valor do Meridiano

Central é 500.000 m, um valor arbitrário, às vezes chamado de "falso eas-ting". Os valores mínimos e máximos são, respectivamente:

– 160.000 m e 834.000 m no Equador; – 465.000 m e 515.000 m na latitude 84°N. Nunca há valor igual a zero, pois a zona de 6° de longitude nunca exce-

de 674.000 m (Figura 1-7). Northings: São medidas referenciadas ao Equador. Ao norte do Equador, recebem

valores crescentes, sendo que o Equador recebe o valor 0 m N. Ao sul, recebem valores decrescentes, e o Equador recebe o valor 10.000.000 m N, de modo a evitar valores negativos.

Um problema também presente no sistema UTM é a deformação de esca-

la na representação plana, uma vez que o fuso possui forma curva. Conside-rando o fator de escala no Meridiano Central como sendo 1, o fator de escala nas extremidades do fuso é, aproximadamente 1,0015. Adotando o fator de escala igual a 0,9996 no Meridiano Central transforma o cilindro tangente em secante, o que torna possível assegurar um padrão mais favorável de defor-mação de escala ao longo do fuso.

O Brasil extende-se por 8 fusos UTM, como mostra a Figura 1-9.

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Figura 1-9. Fusos UTM sobre o Brasil (Fonte: IBGE, 1998) 1.4. Referências IBGE. Noções básicas de cartografia. Rio de Janeiro: IBGE, 1998. Versão on-line: www.ibge.net/home/geografia/decar/manual_nocoes/indice.htm Glossário: http://www.ibge.net/home/geografia/decar/glossario/glossario_cartogr

afico.shtm

Projeções: http://mac.usgs.gov/mac/isb/pubs/MapProjections/projections.html UTM: http://www.maptools.com/UsingUTM/index.html Conversões: http://www.cellspark.com/UTM.html Generalidades: http://www.fatorgis.com.br

* * * 2. Noções de geoprocessamento Geoprocessamento é o conjunto de técnicas de manipulação de bases

analógicas e digitais para a elaboração de mapas-base digitais em programas especialistas.

Os mapas digitais podem assumir duas formas básicas, baseadas em duas "entidades" primordiais: a grade e o vetor.

A grade (raster) é formada por pixels (menor elemento da imagem), sendo a cada um deles atribuído um valor (atributo). A localização de cada pi-xel e suas características intrínsecas dão origem a uma matriz.

O vetor é uma informação georreferenciada, que pode assumir a forma de pontos, linhas ou polígonos. A cada uma destas formas é também atribuído um valor (atributo).

A Figura 2-1 mostra a representação de um mapa de grade e um mapa vetorial, a partir de uma localidade hipotética.

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florestalago

várzea

(a)

(b)

florestalago

várzea

(a)

(b)

Figura 2-1. Representação de um mapa e grade (a) e um mapa vetorial (b). A utilização de uma ou de outra forma de mapa digital depende da base

utilizada na construção do mapa, da resolução desejada e do tipo de análise espacial a ser empregada. A construção de um mapa digital, seja ele de grade ou vetorial, inicia-se com a manipulação de uma base analógica ou digital. A seguir, alguns exemplos destas técnicas:

(a) Fotos aéreas: Baseia-se na obtenção de fotografias através de equipamento fotográfi-

co transportado por avião. Estas fotografias descrevem o terreno geométrica e topograficamente, podendo ser georreferenciadas (base digital) ou não (base analógica).

Fotografias georreferenciadas (formato geo-tiff) são arquivos digitais, e podem ser diretamente carregadas em programas SIG (em formato "raster") e a digitalização das informações geográficas pode ser feita em tela.

As fotografias em papel podem ser digitalizadas de duas formas. A pri-meira faz uso de mesa digitalizadora, que permite ao usuário redesenhar o mapa com auxílio de um cursor (mouse). A mesa possui sensores que permitem registrar a localização do cursor sobre sua superfície. Para isso, é necessário conhecer as coordenadas de, pelo menos, quatro pontos (um em cada vértice do mapa), para que toda a superfície seja georreferenciada adequadamente.

A segunda forma faz uso de um scanner, que transporta a informação do papel para um arquivo raster. Este arquivo raster pode ser digitalizado em te-la, porém para isso também é necessário conhecer as coordenadas de pelo menos quatro pontos da imagem.

(b) Cartas topográficas: Cartas topográficas são mapas elaborados a partir de levantamentos

aerofotogramétricos e geodésicos ou compilados de outras cartas topográficas em escalas maiores. Inclui acidentes naturais e artificiais, em que elementos planimétricos (sistema viário e outras obras) e altimétricos (curvas de nível) são bem representados.

Da mesma forma que fotografias em papel, as cartas podem ser digitali-zadas de duas formas. A primeira, fazendo uso da mesa digitalizadora e a se-gunda, utilizando o scanner, com digitalização em tela. Uma facilidade reside no fato das cartas apresentarem as coordenadas nas margens do mapa, agili-zando o processo de georreferenciamento.

(c) Imagens de satélite: São imagens obtidas eletronicamente (através da captação de energia

eletromagnética convertida em informação eletrônica), através de sensores (equipamentos instalados em espaçonaves ou satélites). Para serem utilizadas em programas SIG, algumas imagens necessitam ser corrigidas geografica-mente e radiometricamente.

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O sistema LANDSAT, por exemplo, produz imagens com resolução espa-cial de até 30X30 m (tamanho do pixel), na escala 1:1.000.000, cobrindo uma área de 185X185 km. Cada sistema possui suas especificações.

Além da resolução espacial da imagem, existe também a resolução tem-poral do sensor, ou seja, qual a periodicidade que o sensor passa no mesmo ponto. No caso do LANDSAT, é de 16 dias.

As imagens podem ser facilmente adquiridas pela Internet, e adiciona-das aos programas SIG. Dependendo do tamanho da área de estudo, é neces-sário fazer uma composição de várias imagens (mosaico). A montagem do mo-saico é muito simples, pois as imagens são georreferenciadas. Através da i-magem pode-se extrair informações como umidade do solo, temperatura, ca-racterística da vegetação, etc., validadas através de observações a campo.

(d) Levantamentos com GPS: O Sistema de Posicionamento Global (do inglês, Global Positioning Sys-

tem) é um sistema de rádio-navegação desenvolvido pelo governo americano, com vistas a ser o principal sistema de navegação do exército. O sistema per-mite ao usuário, de qualquer local da superfície terrestre, obter sua localização geográfica em tempo real, através de, no mínimo, quatro satélites em órbita. O GPS pode ser utilizado em quaisquer condições climáticas.

Existem dois tipos de serviços: SPS (Standard Positioning Service) e o PPS (Precise Positioning Service). No primeiro, o usuário não paga qualquer taxa, porém a exatidão das medidas horizontais e verticais varia em 100 e 140 m, respectivamente. O segundo serviço é restrito a usuários autorizados. Em maio de 2000, o governo americano autorizou o fim da degradação do sinal para os usuários do sistema SPS.

O posicionamento através de um único receptor GPS, é chamado posicio-namento absoluto, e não serve a fins geodésicos ou cadastrais. Os aparelhos têm capacidade de estocagem de pontos e rotas (linhas), que podem facilmente

ser descarregados num computador de mesa. Uma outra alternativa é a aco-plagem do receptor GPS em um computador de bolso (palmtop). Existe uma versão do software ArcView GIS (ESRI) para o sistema operacional Windows CE (Microsoft), disponível nestes modelos, chamada ArcPad (ESRI). Com a ajuda deste software, é possível fazer o levantamento e descarregá-lo automatica-mente no computador palmtop, sendo possível inclusive fazer algumas análi-ses espaciais, a campo.

Uma terceira alternativa é a anotação das coordenadas dos pontos em papel o que, no entanto, pode causar um viés de preenchimento. Dentro do Es-tado de São Paulo, por exemplo, um erro de preenchimento de um grau de lati-tude pode causar um erro de cerca de 110 km, e um erro de um grau de longi-tude, cerca de 80 km.

Apesar de suas imensas facilidades e possibilidade, o GPS tem algumas limitações, não podendo ser utilizado em cavernas, vales, sob vegetação densa e ambientes fechados.

(e) Manipulação de mapas digitais: Mapas digitais podem ser adquiridos em algumas bases oficiais, como o

IBGE. A disponibilização de mapas pode incluir informações demográficas. Es-tas informações podem ser adquiridas em diversas mídias e até mesmo na In-ternet. Os programas SIG permitem selecionar as informações de interesse e apresentá-las nos mapas, além da edição e a inclusão de novas informações, inclusive de outras bases.

Ao trabalhar com diversas bases digitais, de diversas fontes e, possi-velmente, com diversos sistemas de coordenadas, é necessário que todos se-jam incluídos em um único datum. O programa ArcGIS 8.1 permite a inclusão destas diversas bases, em a necessidade de alterar o datum de cada camada.

A Figura 2-2 mostra um esquema geral das técnicas de manipulação de bases analógicas e digitais.

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- levantamento GPS- mapas digitais

programa sig

- levantamento aéreo- cartas topográficas

raster

digitalização

- imagens de satélite

vetor

grade

- levantamento GPS- mapas digitais

programa sig

- levantamento aéreo- cartas topográficas

raster

digitalização

- imagens de satélite

vetor

grade

Figura 2.2. Exemplos de técnicas de manipulação de bases analógicas e digitais. 2.2. Referências GPS: http://www.garmin.com ArcPad: http://www.esri.com Pocket PCs: http://www.hp.com.br

Bases de dados: http://www.ibge.net Eventos: http://www.gisbrasil.com.br

* * * 3. Programas SIG A sigla SIG significa sistemas de informação geográfica. São programas

de computador especializados na coleta, organização, manutenção, análise e apresentação de informações referenciadas espacialmente.

As principais perguntas a serem feitas ao usar esta tecnologia são: O que? Onde? Ou seja, o que localizar e onde localizar.

Existem diversos programas especialistas: ArcView GIS, ArcGIS e ArcPad (ESRI); MapInfo; Idrisi; Spring (INPE); GRASS.

A seguir, os roteiros para acompanhamento dos estudos de caso apre-sentados no I Curso de Abordagem Geográfica de Problemas de Saúde Pública Veterinária.

3.1. Estudo de Caso 1 O objetivo deste estudo de caso é avaliar a distribuição espacial dos fo-

cos de importante zoonose bovina, na região de Ribeirão Preto. Foi realizado inquérito sorológico na região e as coordenadas geográficas foram obtidas a-través de GPS. O trabalho de campo foi realizado pela equipe do serviço oficial do Estado.

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Pergunta-se: (a) Qual a distribuição geográfica dos focos? Existe algum agrupamento

espacial dos focos, sugerindo a existência de alguma variável comum? (b) Existe associação de algumas Adicione a camada municípios.shp. va-

riáveis com a ocorrência da doença? Roteiro: Clique no ícone “ArcCatalog”. Adicione a camada municípios.shp arras-

tando o arquivo para o espaço em branco aonde está indicado “layers”. Esta camada utiliza o sistema geodésico (SAD 69).

Da mesma forma, adicione a tabela do banco de dados (propr.dbf) ao projeto. Carregue-a como tema-evento. Agora, é possível que o programa transforme as coordenadas de latitude e longitude, contidas neste banco de dados, em pontos no mapa. Para isso, clique com o botão direito do mouse so-bre a tabela (propr) e selecione “Display XY Data”. Associe como coordenadas X o campo 'Lon_dec' (longitude em graus decimais), e Y o campo 'Lat_dec' (lati-tude em graus decimais). Obs.: no banco é possível visualizar as coordenadas em grau, minuto e segundos (com décimos de segundo), que foram transfor-madas para grau decimal.

(a) Associe a condição da propriedade (foco ou livre) a cada ponto. Para isso, clique com o botão direito sobre o tema-evento “Propr_events”, acesse as propriedades da camada. Nela, vá até a aba “simbology”. Altere o tipo e legenda para 'Unique Value' (Valor Único), associe-o ao campo 'Resul_prop'. Clique em “add all values”. O valor 0 significa livre e 1, foco. Observe a distri-buição dos focos e verifique se existe algum tipo de agrupamento.

(b) Mostre algumas variáveis selecionadas no banco de dados (por e-xemplo, número de vacas em lactação, produção de leite em litros, etc.) na forma de gráficos. Altero o tipo de legenda para 'Graduated Symbol' (Símbolo

Graduado) e associe-o a variável escolhida. Observe se existe alguma variável associada à condição de foco e discuta.

3.2. Estudo de Caso 2 Busca-se com este estudo de caso observar espacialmente o comporta-

mento da epidemia de raiva em herbívoros no Estado de São Paulo, no período de 1996 a 1999. Um banco e dados associado ao mapa possibilitará realizar esta tarefa.

Pergunta-se: (a) Qual o comportamento da epidemia, no período de 1996 a 1999 em

termos espaciais e de prevalência? Roteiro: Adicione a camada sp.shp quatro vezes. Esta camada utiliza o sistema

geodésico (SAD 69). Em cada uma das camadas, associe o número de casos de raiva em herbívoros, para cada ano, de 1996 a 1999. Para isso, altere o tipo da legenda para 'Graduated Color' (Graduação de Cores) ou 'Dot' (Ponto). A pri-meira opção irá criar um mapa de gradiente de cores, de acordo com o número de casos. O problema esta opção é que nem sempre os pontos de corte para as categorias serão os mesmos, e o mapa pode confundir ou até mesmo enganar quem o esteja observando. A segunda opção permite associar um ponto, dis-tribuído aleatoriamente sobre o polígono do município correspondente, a cada caso da doença e pode fornecer uma informação mais precisa, no âmbito da quantificação da epidemia.

3.3. Estudo de Caso 3

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Trata-se de uma simulação do planejamento de uma campanha de vaci-nação anti-rábica canina em uma área urbanizada. Escolheu-se a área do Dis-trito de Saúde (PMSP) de Santo Amaro, que inclui os Distritos Administrativos de Campo Belo, Santo Amaro, Campo Grande, Socorro e Pedreira.

Pergunta-se: (a) Qual o número de doses de vacina são necessárias em cada bairro,

sabendo-se que a relação cão:homem é 1:6 e que deseja-se atingir uma cober-tura vacinal de 70%? A população canina atendida nas clínicas veterinárias (dados hipotéticos) representa 52% da população canina total em Campo Belo, 45% em Santo Amaro, 20% em Campo Grande, 35% em Socorro e 15% em Pedreira.

(b) Quantos postos de vacinação são necessários para atender a popula-ção-alvo e qual a melhor localização (considere um raio de atendimento de 700 m)? Considere que cada posto deverá vacinar 1000 cães.

Roteiro: Clique em “Layers”. Vá ao menu “ View” > “Data Frame Properties” >

“Coordinate System” > procure a projeção UTM > “WGS84” > “Zona 23S”> Aplicar > OK.

Adicione as seguintes camadas: - Praças (praças_utm.shp); - Ruas (ruas_utm.shp); - Bairros (bairros_utm.shp); - Setores censitários (reg_cens_31.shp) (IBGE, 2000). Estas camadas utilizam o sistema de coordenadas UTM.

Adicione também a camada de Massas d'Água (massas_d_agua.shp), em sistema geodésico (SAD-69) e transforme-a para o sistema UTM (WGS-84 - Zona 23S) . Esta opção será sugerida ao adicionar a camada.

A área correspondente à massa d'água (que banha alguns setores censi-tários) foi descontada da área total dos setores censitários. Utilize a a coluna 'Area_ret' da tabela de atributos da camada 'reg_cens_31.shp' para os cálcu-los de densidade animal.

(a) Cálculo do número de doses de vacinas e postos de vacinação: Cique com o botão direito sobre a camada 'Bairros_utm.shp' > “Open

Attribute Table”. Crie quatro novas colunas na tabela (‘Options’ > ‘Add Field’). Obs.: Para a realização dos cálculos de cada campo, clique com o botão direito sobre o campo referente > ‘Field Calculator’:

- Pop_cães: utilize a razão 1:6 para calcular a população canina total. - Vac_clin: utilize os valores hipotéticos das porcentagens da população

canina atendida em clínicas, por bairro, especificadas no enunciado. - Pop_alvo: calcule o tamanho da população canina a ser atendida pela

campanha (não atendida pelas clínicas). - N_postos: divida o valor obtido no campo 'Pop_alvo' por 1000, utili-

zando somente números inteiros e arredondamento para cima. (b) Localização dos postos: Utilize a tabela dos setores censitários para calcular a densidade animal

por setor censitário. Crie duas coluna na tabela de atributos da camada 'reg_cens_31.shp': 'Pop_cães' e 'Densidade'. Calcule a população canina por setor censitário da mesma forma que o item anterior, utilizando o campo “V04” (população humana na região censitária). Depois, calcule a densidade, por km2, dividindo os valores da coluna 'Pop_cães' pelos da coluna 'Area_ret'.

Crie um mapa temático da densidade canina por setor censitário. Crie um novo tema (camada) de pontos e adicione o número de pontos

correspondente ao número de postos de vacinação calculados no item anterior.

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Page 13: Noções de cartografia

No ArcCatalog clique com o botão direito (no espaço em branco da janela de arquivos) em nova “shapefile”. Nomeie “postos de vacinação” e em “feature type” selecione “points”. Adicione esta nova camada, arrastando-a para o ArcMap, como primeira camada. Altere para o modo de edição (se a barra de ferramentas não estiver aberta, vá ao menu ‘Tools’ > ‘Editor tookbar’) clican-do em ‘Editor’ > ‘Start Editing’. Em “target” selecione postos de vacinação. Uti-lize a ferramenta “sketch” (o ícone é um lápis) para determinar a localização dos postos. Observe onde se localizam áreas de alta densidade populacional e posicione os postos próximo a cruzamentos de ruas e praças.

Crie uma área de buffer em torno de cada posto (raio = 700m) e obser-ve se a cobertura espacial os postos é adequada. No menu “tools”, vá a “customize” > “commands” > “tools”. Arraste “buffer wizard” para o painel de ferramentas, onde constará como um ícone. Feche es-ta janela. No menu “view”, vá a “data frame properties” > “general” e altere as unidades para metros. Clique no ícone “buffer wizard” e siga as instruções. Não se esqueça de manter as medidas em metros! O buffer será criado como nova camada, portanto se a localização dos postos não ficarem boas, deve-se apagar esta camada criada e iniciar outro assistente.

3.4. Estudo de Caso 4 Trata-se da visualização do resultado de um modelo matemático propos-

to para febre aftosa, no Estado de Santa Catarina, baseado em dados da última epidemia. A construção de modelos como este possibilitam utilizar o computa-dor como um “laboratório de epidemias”. O estudo da história natural das do-enças, a observação de diferentes medidas de controle, com vistas à otimiza-

ção de custos e a utilização acadêmica (treinamento e ensino da Epidemiologia) são algumas das possibilidades desta ferramenta.

3.5. Referências Softwares: http://www.esri.com http://www.mapinfo.com http://www.dpi.inpe.br/spring/ http://www.vps.fmvz.usp.br/grass/index.html GIS: http://www.gis.com Cursos online: Esri Campus: http://campus.esri.com

* * *

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