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04 - Editorial: Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - A semana de... Sonia Neves16 - Opinião: D. Manuel Linda18 - Dossier Lumen Gentium40 - Internacional

46 - Multimédia48 - Estante50 - Vaticano II52 - Agenda54 - Por estes dias56 - Programação Religiosa57 - Minuto Youcat58 - Pastoral da Saúde60 - Liturgia62 - Fundação AIS64 - Lusofonias

Foto da capa: D.R.Foto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

D. João Marcos,novo bispo[ver+]

Pelo Direito àAlimentação[ver+]

Um dia históricono Concílio[ver+]

Paulo Rocha|Fernando CassolaMarques |Manuel Barbosa |PauloAido |Tony Neves | D. Manuel Felício| Juan Ambrosio

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Leigos à prova

Paulo Rocha Agência Ecclesia

O documento do Concílio Vaticano II sobre aIgreja, Lumen Gentium, dedica todo o capítulo IVaos leigos: conceito, apostolado, testemunho,integração na hierarquia são abordagensseguidas para desafiar ao compromisso de todosno “crescimento da Igreja” e na “sua contínuasantificação”. E para definir a identidade emissão específica que lhes é devida, no conjuntoda comunidade crente.A constituição conciliar adota, por uma só vez, adeclaração “os leigos são” para referir os locais eas circunstâncias em que espontaneamentedevem viver de acordo com a proposta doEvangelho. Cerca de 25 anos depois, e após umSínodo dos Bispos em que o tema foi a vocaçãoe missão dos leigos na Igreja, o Papa João PauloII escreve uma Exortação Apostólica,Christifideles Laici, onde referência à identidadee compromisso laical no conjunto dosdinamismos eclesiais acontece de formapredominantemente afirmativa.

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Insiste-se em nove ocasiões noasserto “os leigos são” paradeclarar positivamente a missão e otestemunho que faz parte da suaidentidade.A memória de elementos normativossobre o protagonismo laicalacontece quando se assinalam 50anos de documentos estruturais daIgreja Católica, nomeadamente aLumen Gentium e todos os que oConcílio Vaticano II aprovou, e numcontexto em os leigos em Portugalsão chamados a novos desafios.A presença de leigos em estruturaseclesiais, como colaboradores,técnicos ou dirigentes, é um factocom história. Organismos pastorais,sociais, educativos e também decomunicação social, por exemplo,demonstram-no! Mas não deixa deser significativo que metade das

nomeações saídas daúltima Assembleia Plenária daConferência EpiscopalPortuguesa, uma dúzia, tenham sidoconfiadas a leigos. Sobretudoporque incluem serviços decoordenação em estruturas daIgreja dependente do episcopadoaté agora predominantementeconfiadas a clérigos.Ver aumentado o número de leigosentre os colaboradores e dirigentesdos organismos da ConferênciaEpiscopal Portuguesa é uma formade integração laical na hierarquia. Ésobretudo um momento que colocacada um à prova, como deveriamestar todos os que participam emqualquer projeto.No contexto eclesial, como emtodos, o que é necessário fazer temde ser sempre bem feito!

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"Pessoalmente não sou responsávelpor nada do que está em causanestas investigações (OperaçãoLabirinto sobre os vistos «gold»).Apesar disso (…) o ministro daAdministração Interna tem de tersempre uma forte autoridade para oexercício pleno e eficaz das suasresponsabilidades. É essaautoridade que politicamenteentendo ter ficado diminuída”,Miguel Macedo, ao demitir-se docargo de ministro da AdministraçãoInterna, Expresso, 16.11.204 “Diante do juiz Carlos Alexandre, odiretor do Serviço de Estrangeiros eFronteiras (SEF), Manuel Palos,admitiu ter agilizado algunsprocessos para a concessão devistos gold quando recebia pedidosespeciais para o fazer, não só porparte de António Figueiredo,presidente do Instituto de Registos eNotariado (IRN), mas também deoutros altos funcionários do Estadoque lhe ligavam nesse sentido,disse ao DN fonte próxima doprocesso”, noticia Diário de Notícias,17.11.2014 Os direitos fundamentais sociais têmde assentar num desenvolvimento

"O Banco de Portugal atuouconforme a melhor da suacapacidade e com o objetivo desalvaguardar os depositantes, masnão tem pretensão de infalibilidade”,Carlos Costa, na Comissãoparlamentar de inquérito ao casoBES, Rádio renascença, 17.11.2014 “Se temos um Banco de Portugalnão faz sentido que não contemoscom este supervisor para poderavaliar, analisar, propor, alertar assoluções que sejam maisadequadas", Ministra das FinançasMaria Luís Albuquerque, naComissão parlamentar de inquéritoao caso BES, Dinheiro Vivo,19.11.2014“Gostava que me permitissem que orepartisse com o povo da minhaterra, com todos os portugueses,que me querem tão bem e a quemeu quero tão bem. E viva Portugal”,Carlos do Carmo ao receber oGrammy Latino, 19.11.204

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Depois de um verão tardio, a chuva não deu descansodurante vários dias © Reuters

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de assentar num desenvolvimentoeconómico compatível com o nívelde satisfação desses direitos e issoé uma tarefa prioritária que podejustificar aquilo que os juristasclassificam como certas restriçõesaos direitos fundamentais, prontas aserem levantadas logo que odesenvolvimento o permitaRui Machete, ministro dos NegóciosEstrangeiros, Lisboa, 11.11.2014

Novo bispo coadjutor de Beja querajudar diocese a «crescer comoIgreja»D. João Marco, novo bispo coadjutorde Beja, partilhou em entrevista àAgência ECCLESIA as suasexpetativas acerca desta novamissão e recordou 40 anos desacerdócio marcados pelo trabalhopastoral e pela pintura, pela “luta”interior entre “o padre e o artista”. Nascido em 1949 na aldeia deMonteperobolso, localidade ruralsituada na Diocese da Guarda,desde cedo José João dos SantosMarcos começou a sentir-se“chamado para ser padre”, marcadopela vivência religiosa “dos seuspais e das gentes da sua terra”.Vivia-se uma época em que “o queaglutinava as pessoas era apertença à Igreja” e onde “oevangelho proposto era recebidocomo lei fundamental da vida”, frisaD. João Marcos.Foi neste contexto que começou asua caminhada de formaçãovocacional, passando pelosseminários de Santarém, Almada eOlivais, onde concluiu o seupercurso no Instituto Superior deEstudos Teológicos do Patriarcadode Lisboa.Ao mesmo tempo, acompanhava-o ogosto pelas artes, de tal forma que

“quando terminou o curso deteologia”, os seus formadoresdisseram-lhe para “ir estudarpintura”, tendo entrado na EscolaSuperior de Belas Artes de Lisboa.D. João Marcos sublinha que“sempre ficou claro que em primeirolugar era padre” e o que lhe “enchiaas medidas” era o trabalho pastoral.No entanto, essa “luta” interior entre“o artista e o padre” deu azo aalgumas histórias que ainda hojeguarda na memória.Uma delas envolveu D. Albino Cleto,antigo bispo de Coimbra já falecido,que o havia acompanhado comoformador no Seminário de Almada, eque o incentivou a fazer da suafaceta de artista uma “parteintegrante do seu ministério”.Uma lógica que o vai acompanhartambém na sua nova missão, comobispo coadjutor da Diocese de Beja,a “segunda maior do país” emtermos territoriais mas que noentanto tem “pouca gente e poucagente de prática dominical”.“Vejo a diocese como o bispo atual(nr. D. António Vitalino) a vê – terraa ser cultivada e trabalhada, terra

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a ser preparada e semeada peloevangelho para crescer como Igrejaviva nos moldes que o Senhor nosdá para viver nestes tempos”,aponta o novo bispo.Sobre o seu estilo e aquilo que aspessoas podem esperar dele, realçaque pretende estar no meio dascomunidades numa atitude de“amor, serviço e disponibilidade” eque as “pregações moralistas não omotivam”.

“Temos de fazer isto, ser assim… oevangelho é realmente uma boanotícia, mais do que um fardopesado, um dever a cumprir, umobjetivo a atingir”, conclui.D. João Marcos vai ser ordenadobispo este domingo pelas 16h00, naigreja dos Jerónimos, em Lisboa. Demanhã, às 06h00, na Antena 1 darádio pública, vai ser entrevistadopelo Programa ECCLESIA.

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Cáritas, missão promotorade transformação socialO Conselho Geral da CáritasPortuguesa aprovou o seu plano deatividades, após uma reunião dedois dias em Fátima, e frisou amissão de ser “promotora detransformação social”. Segundo ocomunicado enviado à AgênciaECCLESIA, os cinco eixos do novoplano da organização católica são"dar Voz aos Pobres; comunidadecristã; resposta à sociedade;organização e rede Cáritas; agentesCáritas”.Este plano é a resposta do serviçonacional da Cáritas ao PlanoEstratégico em Portugal, para otriénio 2014-2016, que se centrasobretudo na “animação equalificação da ação social naparóquia”, explica a instituição cujamissão, em comunhão com a Igreja,“é ser promotora de transformaçãosocial”.Eugénio da Fonseca, presidente dainstituição a nível nacional,reconduzido neste serviço pelaConferência Episcopal Portuguesa,revelou as três prioridades dopróximo triénio. Primeiro a “estreitacooperação com as CáritasDiocesanas” respeitando a sua“identidade e autonomia”; depoispretende a “melhoria daorganização”,

a “gestão e viabilidade financeira”dos serviços tendo como critério aqualificação das pessoas que nelestrabalham.Por último, o presidente da CáritasPortuguesa pretende a “integraçãodas ações nos objetivos eatividades” da Caritas Internationalise da Cáritas Europa “visando emespecial” o contributo da instituiçãonacional a “favor de outros povos”,com particular atenção para oslusófonos.O secretário da Comissão Episcopalda Pastoral Social e MobilidadeHumana convidou as diversasCáritas Diocesanas a participaremno encontro promovido pelaComissão Justiça e Paz com apresença do cardeal OscarRodrigues Maradiaga, presidente da‘Caritas Internationalis’, a 13 dedezembro, em Lisboa.

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Endurecer combatea atual sistema económicoA Comissão Nacional Justiça e Paz(CNJP) vai endurecer o seucombate a um sistema económicoque “mata”, é pouco “inclusivo” etem contribuído para uma cada vezmaior “desigualdade social”. Este éum dos pontos principais do últimodocumento publicado peloorganismo, intitulado “Reflexõessobre a exortação apostólicaEvangelii Gaudium ‘A alegria doEvangelho’ do Papa Francisco”,enviado à Agência ECCLESIA.Apesar de estar a passar por umafase de mudança, com a entrada deuma nova direção liderada pelo juizPedro Vaz Patto, “a CNJPconsiderou não dever furtar-se aodesafio que o documento do Papacoloca à sua missão”.Nesse texto, Francisco convida aIgreja Católica, e todas as suas“estruturas”, a adotarem uma ação“mais missionária” e uma posiçãomais “comunicativa e aberta”.O organismo laical ligado àConferência Episcopal Portuguesapretende ser no meio da sociedadeuma “voz profética”, como apontaFrancisco, na defesa dos direitosdas pessoas. No campo daeconomia, sublinha

a importância de afirmar a “rejeiçãoinequívoca e global” do atualpanorama, dominado por umsistema “injusto na sua raiz”.Sobre esta questão, a CNJP apontaque a Igreja Católica não pode ficarà espera de ter uma “alternativa”para “denunciar” o que se passa,como advogam algumas “vozesdentro e fora” do seu meio. “Arejeição do que é mau ou desumanotem valor próprio que seria gravenão reconhecer”, alertam osmembros do organismo.Depois, a CNPJ quer apostar noestabelecimento de “parcerias,nacionais e internacionais, comgrupos e organismos que tenham amesma preocupação” e procurar oapoio de “pessoas qualificadas” quecolaborem com ela de forma“permanente” na busca de soluções.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

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Oração inter-religiosa pela paz no Mosteiro dos Jerónimos

«Click to Pray»

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Encontros marcados

Sónia NevesAgência ECCLESIA

Chegou o mês de novembro trazendo consigo ooutono mais frio e chuvoso. Os dias sãopequenos e os guarda-chuvas escondem rostosiluminados de outras estações.Novembro é lembrado como o mês das almas,dos fiéis defuntos. Trinta dias que iniciam com atemática da morte: a visita aos cemitérios trazema saudade e as recordações de quem partilhou asua vida e já não está. A morte, um assuntotransversal, imprevisível, enigmático econsiderado, muitas vezes, tabu. Mas também éa morte que reconcilia, aproxima e fazreencontrar tantas famílias.Também de outros encontros é feito o mês… OSão Martinho é motivo para, de norte a sul dopaís, a mesa ter castanhas assadas e outrospetiscos e as comunidades marcarem encontro.Momentos de convívio, conversas, brincadeiras,cânticos e comunhão.Comunhão é uma das palavras presentes eincentivadas na Lumen Gentium como “vocaçãouniversal de todos os seres humanos”.Afinal todos podemos estar em relação, partilhar,estar e ser comunidade. Noutra versão masolhando para a perspetiva dos outros hoje éassinalado o dia nacional do pijama… Um diaindiferente para muitos mas que, para quem temcrianças até aos 10 anos, se torna sensível poisfaz parar e olhar para outras crianças que vivemem instituições. O dia nasceu de uma missão da“Mundos de Vida” e intitula-se um dia educativo esolidário feito por crianças que ajudam outrascrianças.

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Encontros em pijama para tantascrianças…Dias com simbolismo que nos fazemsair de nós e deixar os brilhos, luzese cores que já enfeitam os grandescentros de consumo lembrando umaépoca que se pretende simples e devalores.No meio de emails, postagens nasredes sociais e acelerados dias aoritmo do relógio imparável houve ummomento desta semana em quepensei… faltam poucos dias para oadvento, aqueles dias depreparação para o Natal e enchi-mede entusiasmo e força interior para,neste ano, ser diferente… Oencontro já está

marcado na agenda para dia 25 etenho de o preparar!Apareceu um vídeo, que aquipartilho, que confirmou essa ideia.Dois minutos, apenas.Olhar para o Natal em váriasperspetivas, tendo no centro oessencial. Preparar um caminho jáconhecido mas que se envolve denovos “panos”, acender uma velaque sabemos quando vai iluminarverdadeiramente e marcar encontrocom Quem temos a certeza quesempre lá estará.Que o advento, quase a chegar,seja tempo de comunhão e pleno deencontros.

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Francisco, o sinodal

D. Manuel Linda,Bispo das ForçasArmadase Segurança

“Que é que Jesus trouxe de novo ao mundo?”,perguntavam os pagãos, à maneira de Pilatos.Noutro cumprimento de onde e com maisseriedade, podemos interrogar-nos como muitosfazem: “Que é que o Papa Francisco trouxe denovo à Igreja?”.Trouxe muito. Não ao nível da doutrina,evidentemente, que essa, embora dita com alinguagem do tempo, é a mesma de sempre. Mascomo expressão daquele «revelar» o mistério daIgreja que tanto preocupou o Concílio Vaticano II.Francisco representa como que o ponto mais altoda compreensão do ser, da missão e da forma deactuar da Igreja enquanto comunidade ao serviçoda salvação do mundo, maturado ao longodestes cinquenta anos de pós-Concílio. Claroque, para aqui chegarmos, foram determinantestodos e cada um dos Papa anteriores: Paulo VI,João Paulo I, João Paulo II e Bento XVI. Todos seconstituíram em degraus nos quais a Igreja firmaos pés para atingir essa altura. Mas Franciscocomo que representa o ponto culminante.Porquê? Pela forma de «dar corpo» às grandesintuições do Concílio. Este, que não se quissecamente dogmático, optou por uma linhateológico-pastoral na qual ressalta a dimensãodialogante, acolhedora, maternal. Uma Igrejavoltada para o mundo, não de dedo em riste parao acusar, mas de mão estendida para o acolher eajudar a levantar-se. Sem perder a suaespecificidade doutrinal e as suas referênciasespirituais. Mas com a exigência dificílima

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de intentar uma resposta salvíficaàs pessoas concretas, portadorasde específicas carências,necessidades e frustrações. O quenem sempre é fácil de se conseguir.Por isso, mais reclama o diálogodentro da Igreja e desta com omundo. Diálogo também ele difícil,pois a unidade da fé não apaga apercepção e a visão inerentes àpersonalidade e à história de cadaum.Ora, isto tem uma designação:sinodalidade ou via sinodal. Que éuma postura bela, mas muitodelicada, já que exige elevadacomunhão eclesial e docilidade aoEspírito de Deus. E tem de começar,evidentemente, pelos ministros daIgreja.Dei comigo a matutar nisto, há dias,quando se encerrava a Semana dosSeminários. Pensei cá para os meusbotões: que «modelo» de Padrepara este tempo? O autoritário, quese

aproveita da escassez para seimpor? O divisionista, que em nomede um modernismo anquilosadodesconhece o que é a comunhãoeclesial? O activista, que programacomo um gestor sem alma e semcoração? O carreirista, que coloca aIgreja ao seu serviço em vez de secolocar ele ao serviço da Igreja e domundo? O gongórico, que em nomeda solenidade litúrgica feregravemente o culto divino? Oanárquico, que se celebra a si e nãoos louvores do Deus três vezessanto? O guerrilheiro, que, comonão se sabe «enfrentar» a simesmo, provoca o mundo combatinas e viatórios fora do contexto?Não! O único protótipo possível doPadre terá de ser igual ao da Igrejaque serve: salvífica, amorosa,maternal, acolhedora, dialogante.Numa palavra: sinodal. Como oPapa Francisco.

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Os cinquenta anos da LumengentiumEm 21 de novembro próximo aLumen Gentium cumpre os seuscinquenta anos.Esta Constituição dogmática sobre aIgreja é um documento estruturanteda árvore do Concílio, na medidaem que pretende responder àpergunta fundamental sobre aidentidade da Igreja em si mesma.Diante da vastidão dos assuntosnela tratados, selecionamos três,que consideramos decisivos para arenovação das nossas comunidadesda Fé, na hora atual. Um deles é anatureza da Igreja entendida comocomunhão (koinonia); ao outrodesignamo-lo com o título de“chamados á participação”; e oterceiro é o dever de construir aunidade pelo caminho do diálogo. 1. Igreja entendida como comunhãoA Lumen gentium pretendeidentificar, por um lado, a vocaçãouniversal de todos os sereshumanos à comunhão; por outrolado, dizer-nos onde está a fontedesta exigência universal decomunhão – o Mistério Trinitário deDeus e também qual o instrumentode que hoje o próprio Deus se querservir para promover

a comunhão no meio do mundo – aIgreja, sacramento da íntima uniãocom Deus e da unidade de todo ogénero humano (Lumen Gentium, nº1).A identidade da Igreja comunhãoexprime-se e aprofunda-seprincipalmente na celebração daEucaristia. A Eucaristia aconteceporque a Igreja se reúne emassembleia e dá cumprimento aoque Cristo mandou, quando disse:“Fazei isto em memória de mim”.E, neste aspeto, podemos dizer quea Igreja faz a Eucaristia. Mas não émenos verdade que a Eucaristia,enquanto presença real e atuantedo próprio Cristo, faz a Igreja.Nesta comunhão com Cristo e emCristo com o Mistério Trinitário deDeus radica a santidade da Igreja ea vocação à santidade de todos osseus membros. Por isso, comolembra a Lumen Gentium no iníciodo cap. V, a Igreja não pode deixarde ser santa, embora sabendo nósque ela é constituída por muitospecadores necessitados decontinuar a sua conversão à pessoade Cristo e ao seu Evangelho.A prática dos ConselhosEvangélicos

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constitui testemunho privilegiado dasua santidade. Neste anoespecialmente dedicado, porvontade do Papa Francisco, acelebrar o carisma da vidaconsagrada, no quadro dascomemorações do 50º aniversárioda publicação do decreto conciliar“Perfectae Caritatis”, que trata darenovação da vida religiosa, faz-nosbem revisitar o cap. V da LumenGentium sobre a vocação

universal à santidade.Porque a relação comunitária é ogrande “deficit” da sociedade atual,viver e testemunhar a experiênciada comunhão é o melhor serviçoque a Igreja pode prestar ao mundode hoje.

2. Chamados à participaçãoNa Igreja todos são chamados aparticipar na riqueza do mistériorecebido das mãos do próprioDeus,

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que se fez o próximo mais próximode cada um de nós, na pessoa deseu Filho Jesus.A cada um são oferecidos gratuitamente dons específicos quedevem ser reconhecidos, cultivadose colocados ao serviço de todos.Esses dons ou carismas preparame dispõem quem os recebe paraassumirem as várias tarefas eministérios necessários àconstrução do bem comum (nº12).Também sabemos que todos naIgreja participam no sacerdócioúnico de Jesus Cristo (LumenGentium, 10), mas alguns participamdele com um estatuto especial, aque se chama sacerdócioministerial. Através do Sacramentoda Ordem, estes recebem a missãode orientar e coordenar osdiferentes carismas na vida daIgreja para que se cumpra o bemcomum, com a máxima participaçãode todos.A renovação introduzida peloConcílio nas formas de entender avida da Igreja pediu que se criasseminstrumentos adaptados aoexercício da participação. Entre elesdestacam-se os sínodos dos bisposque, desde Paulo VI acontecem comregularidade temporal, constituídospor representantes dosepiscopados

de todo o mundo. Mas também sãode lembrar aqui as ConferênciasEpiscopais, criadas por países ouzonas territoriais e, nas dioceses, ossínodos diocesanos, os conselhospresbiterais e os conselhospastorais. Isto para além de outrasformas organizativas que permitem atodos envolverem-se cada vez maisna caminhada sinodal própria doviver cristão. 3. Chamados a construir a unidadepelo caminho do diálogoSer católica é uma das notasidentitárias da Igreja.Com base nesta abertura àcatolicidade, a LumenGentium conclui que todos oshomens são convidados a entrar naunidade católica do Povo de Deus.Aos católicos, em primeiro lugar,pertence-lhes reconhecer estemaravilhoso dom do chamamento àsalvação e ser-lhes fiéis até ao fim,sabendo que hão de disso prestarcontas.Os cristãos não católicos passarama ter, desde o Concílio Vaticano II,um lugar muito especial no coraçãoda Igreja e dos seus responsáveis.De facto, como expressamente diz

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a Lumen Gentium, “A Igreja sente-se unida por muitas razões a todosos que se honram do nome decristãos, por causa do Batismo,ainda que não professem a fé nasua integralidade ou não conservema unidade da comunhão debaixo dosucessor de Pedro” (nº15).Assumindo estas indicações, aIgreja entrou no movimentoecuménico, que havia começado,algumas décadas antes, em meiosnão católicos. O decreto sobre oecumenismo do mesmo ConcílioVaticano II Unitatis Redintegratio(1965), primeiro e

depois o Diretório para aplicaçãodos princípios e normas sobre oecumenismo (1993) completam aopção feita na Lumen Gentium peloecumenismo. É este mesmo espíritoque tem incentivado também emPortugal o diálogo regular comoutras confissões cristãs, sobretudoaquelas que têm estruturas eorientações estatutárias definidas nos seus sínodos e constituições,nomeadamente as ligadas aoConselho Português de IgrejasCristãs (COPIC).O coração da Igreja abre-se paraalém das comunidades cristãs nãocatólicas.E, por isso, o Concílio recomenda

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diálogo também com os nãocristãos. À cabeça deste diálogoestá a relação com os nossosirmãos mais velhos, os judeus.Como diz a Lumen Gentium, “emprimeiro lugar está aquele povo aoqual foi dada a aliança e feitas aspromessas e do qual nasceu opróprio Jesus Cristo” (LG, 16). Emsintonia com estas orientações, aIgreja aceita e promove relaçõesinstitucionais com as instânciasresponsáveis dos judeus e suascomunidades. Haja em vista a suarecomendação, ao mais alto nível,para que se promova anualmenteum dia do hebraísmo em cadapaís. Esperamos que estarecomendação também venha a

ter o seu cumprimento entre nós.No círculo daqueles com os quais aIgreja deseja dialogar e aprofundaras relações estão também osmuçulmanos. A LumenGentium dirige-se a eles compalavras de muita estima e apreço.Entre nós existe a preocupação dedialogar com os irmãosmuçulmanos, embora sem adesejável expressãoinstitucionalizada, a nível dasinstâncias responsáveis. Isto,apesar de ter já havido e continuara haver muitos contactos eencontros.A catolicidade da Igreja obriga a irainda mais longe, no esforço depromover o diálogo com todos. Enestes todos estão os que não

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conhecem a Cristo e tambémaqueles que, como diz o Concílio,sem culpa própria, não conseguiramchegar ao conhecimento de Deus,mas se esforçam por viver comhonradez. Esses também estão nocoração de Deus e a Igreja,segundo as orientações da LumenGentium (nº 16), deseja ir ao seuencontro para

dialogar com eles, rumando ametas de cooperação e unidade.Se esta reflexão puder motivar paraa releitura da Lumen Gentium, comsuas implicações na vida dasnossas comunidades cristãs,ficamos contentes.

D. Manuel R. FelícioBispo da Guarda

Com base na doutrina da Constituição dogmática Lumen gentium, decidi,entre outros temas, deter-me amplamente sobre as seguintes questões:a) A reforma da Igreja em saída missionária.b) As tentações dos agentes pastorais.c) A Igreja vista como a totalidade do povo de Deus que evangeliza.d) A homilia e a sua preparação.e) A inclusão social dos pobres.f) A paz e o diálogo social.g) As motivações espirituais para o compromisso missionário.Papa Francisco, exortação apostólica ‘A Alegria do Evangelho’, n.º 17

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Diálogo que interpela e santifica.No nº 8 da Lumen Gentium afirma-se que a Igreja de Cristo "subsistena Igreja Católica, governada pelosucessor de Pedro e pelos bisposem comunhão com ele, ainda quefora do seu corpo se encontremrealmente vários elementos desantificação e de verdade,elementos que, na sua qualidade dedons próprios da Igreja de Cristo,conduzem para a unidade católica."A afirmação é muito densa eprecisaria de ser bem analisadapara se poder entender em toda asua amplitude e consequências.Aliás, algumas das suas expressõestêm sido muito refletidas dandolugar a estudos e debates quecontinuam nos nossos dias.No breve espaço de que aquidisponho não é possível fazer ecodesse percurso, nem sequerenunciar as suas principais etapas,pelo que o meu objetivo é muitomais simples, passando pordestacar uma das ideias que é ditaneste pequeno excerto e que,muitas vezes, tem passado algodespercebida.Refiro-me à inequívoca afirmaçãoda existência de vários elementosde santificação e de verdade forado corpo da Igreja Católica. Talafirmação vem na linha de uma dasnotas

distintivas de todo o ConcílioVaticano II, que olha para o mundo epara a história não simplesmentecomo um espaço e um tempo ondedecorre a existência humana, mascomo realidades queridas e amadaspor Deus. A revelação e o diálogocom Deus não se dão apesar domundo e da história, mas pelocontrário acontecem, só podemacontecer, no coração desse mundoe dessa história. Por isso, não nosdeveria espantar que neles não sóexistam elementos de verdade,como também elementos desantificação.Com isto não pretendo minimamenteafirmar que tudo está bem e quenão existem dinâmicas que sãoverdadeiros obstáculos àconcretização do Reino de Deus. Sóalguém muito distraído, oucompletamente desligado darealidade poderia sustentar essaideia. Mas é também devido à faltade atenção e, porque não dizê-locom alguma ousadia, a algumadebilidade na vida da fé, que nemsempre se tiram todas asconsequências da presençaamorosa de Deus na história.Estar atenta a esse elementos,procurando-os e tornando-osvisíveis e inteligíveis é também umadas missões da Igreja, que nesseexercício é

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igualmente interpelada esantificada. Sinceramente estouconvencido de que Deus dialogacom o mundo através da sua Igreja,como igualmente dialoga com a suaIgreja através do mundo.É também através deste diálogo quea Igreja concretiza a sua missão,pelo que nunca pode deixar de oaprofundar em todos os momentosda sua existência. A experiência quese tem vivido no âmbito do sínododa família é disso um testemunho

evidente. E não nos deviasurpreender que a sua fidelidade seconcretize simultaneamente naescuta da tradição e dos sinais dostempos, ou seja, no ter semprepresente aquilo que Deus lhetransmitiu e que foi sendo traduzidoe formulado de determinadamaneira ao longo do seu caminhare, simultaneamente, na suadisponibilidade para a continuar aescutar a voz do Senhor que hoje,como sempre, fala ao seu povo e atoda a humanidade através da

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realidade histórica que vivemos.É verdade que nem sempre estediálogo é fácil, é verdade quemuitas vezes existem tensões, masnão serão estas tensões tambémuma nota distintiva de toda aexperiência cristã? Não é verdadeque o Mistério da Encarnação, doqual a Igreja também participa,aponta para essa mesma tensão,uma vez que nele se afirma que oMistério de Deus não se esgota nohumano, mas jamais pode deleprescindir?

Juan Ambrosio,Faculdade de Teologia da

Universidade Católica Portuguesa

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É doloroso, mas existem divisões, cristãos separados, e nós mesmosvivemos divididos entre nós. Mas todos dispomos de algo em comum:todos nós cremos em Jesus Cristo, o Senhor. Todos cremos no Pai e noFilho e no Espírito Santo, e todos nós caminhamos juntos, estamos acaminho. Ajudemo-nos uns aos outros! Mas tu pensas deste modo, e tupensas daquela maneira... Em todas as comunidades existem bonsteólogos: que eles debatam, que procurem a verdade teológica, porquese trata de um dever, mas nós caminhemos juntos, rezando uns pelosoutros, levando a cabo obras de caridade. E assim construamos acomunhão, ao longo do caminho. Isto chama-se ecumenismo espiritual:percorrer o caminho da vida todos juntos na nossa fé, no Senhor JesusCristo.Papa Francisco, audiência geral, 08.10.2014

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O Concílio Vaticano II e oEcumenismo1. A forma como a Igreja Católica vêhoje a tarefa ecuménica,considerando-a uma opção"irreversível" e "prioritária", éimpensável sem o Concílio. Poroutro lado, o alcance do Vaticano IIsó se entende olhando para o pesoque a consciência do problemaecuménico teve no decurso doprocesso conciliar.A questão ecuménica estevepresente logo na intenção deconvocar o Concílio (anunciada noúltimo dia do Oitavário pela Unidade- 25.1.1959). Ainda antes do seuinício, João XXIII criou oSecretariado para a Unidade dosCristãos (15.6.1960), que veio a teruma importância fulcral na formacomo muitos temas foram refletidos.Finalmente, a 19.10.1962 (poucodepois do início da 1ª sessão), JoãoXXIII elevou o Secretariado ao nívelde Comissão conciliar, colocando-oem igualdade com as outrasComissões. 2. Do ponto de vista ecuménico, oConcílio representou um profundosalto qualitativo na consciênciacatólica. Pode falar-se mesmo deuma "transformação epocal", nosentido de que o Concílio marcou "oprincípio do fim" de umamentalidade de "Contra-Reforma",que condicionou

a identidade católica desde Trentoaté aos nossos dias, conduzindo-a aestreitezas confessionalistaslimitadoras da sua catolicidade. Paraessa mudança foi estimulante apresença de observadores nãocatólicos. 3. Em termos de conteúdos, aimportância ecuménica do VaticanoII encontrou expressão direta noDecreto Unitatis redintegratio (UR),votado a 19.11.1964, no mesmo diada Lumen Gentium (LG). Acoincidência de datas não é casual:o Decreto sobre o Ecumenismo temde ser lido em estreita ligação com aConstituição sobre a Igreja. Todosos aspetos da renovaçãoeclesiológica operada pelo Concíliosão de relevância ecuménica: desdeo novo sentido do mistério da Igrejaà visão da Igreja como "Povo deDeus"; desde as bases de umaeclesiologia de comunhão àvalorização, ainda que incipiente, darealidade das Igrejas Locais.A abertura ecuménica na LumenGentium emerge sobretudo naperceção da comunhão que já existeentre todos os cristãos, comunhãoessa assente em bens que edificama Igreja: a Palavra de Deus escrita;

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a fé trinitária; a vida da graça; a fé,a esperança e a caridade e outrosdons interiores do Espírito Santo,etc. (LG 15). Por isso, reconhece-seque a "Igreja de Cristo" não seidentifica pura e simplesmente coma "Igreja católica", mas "subsiste"nela. Ou seja: fora do espaço visívelda Igreja católica há elementos desantificação e de verdade, háeclesialidade (LG 8).

4. Dois outros documentos são degrande significado ecuménico. Emvárias das suas perspetivas - porexemplo, na conceção da Revelaçãoou na visão da relação entreEscritura e Tradição - a ConstituiçãoDei Verbum coloca sob outrospressupostos o diálogo com oscristãos provenientes da Reforma.Não menos relevante é aDeclaração Dignitatis humanae

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sobre a liberdade religiosa como umdireito social e civil, individual ecomunitário, a reconhecer peloEstado em todas e quaisquercircunstâncias. 5. O Decreto sobre o Ecumenismofoi um dos documentos querequereu maior disponibilidademental para a mudança (a suaaprovação exigiu grandecapacidade de diálogo interno).Destacam-se algumas das suasafirmações: os cristãos nãocatólicos são vistos como "irmãos noSenhor" (UR 3); há bens desalvação nas outras Igrejas eComunidades eclesiais (UR 3); oscatólicos

também foram responsáveis pelasdivisões (UR 3 e 7); o ecumenismoexige disponibilidade para umarenovação permanente (UR 3 e 6);no centro da tarefa da unidade estáo ecumenismo espiritual (UR 7 e 8);há uma legítima pluralidade naexpressão da verdade cristã (UR 4,9); importa atender à "hierarquiadas verdades" da fé (UR 11).

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6. A receção ecuménica do Concíliotem sido marcada por avanços erecuos (o que não acontece só naIgreja católica). De qualquer forma, avançou-se mais em quase 50anos do que nos últimos cincoséculos.Naturalmente, persistem tarefasbem complexas a enfrentar. A buscada unidade é questionada pornovos problemas e frequentementecontraditada na prática concreta.Um problema fulcral é que muitos

membros da Igreja (tambémhierarcas e teólogos) ainda nãointeriorizaram o que a tarefaecuménica exige em termos detransformação de mentalidade e deabertura à ação criativa do Espírito.

José Eduardo Borges de Pinho,professor da Faculdade de Teologia

da UniversidadeCatólica Portuguesa

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A fé da IgrejaDesde os primórdios, a Igreja é olugar da fé, da transmissão da fé, olugar no qual, pelo Batismo, nosimergimos no Mistério Pascal daMorte e da Ressurreição de Cristo,que nos liberta da prisão dopecado, nos doa a liberdade defilhos e nos introduz na comunhãocom o Deus trinitário. Ao mesmotempo, estamos imersos nacomunhão com os outros irmãos eirmãs de fé, com o inteiro Corpo deCristo, tirados do nosso isolamento.O Concílio Vaticano II recorda:«Deus quis salvar e santificar oshomens não individualmente nemsem qualquer vínculo entre si, masquis constituir com eles um povo,que O reconhecesse na verdade eO servisse fielmente» (Const. dogm.Lumen gentium, 9). Mencionandoainda a Liturgia do Batismo vemosque na conclusão das promessasnas quais expressamos a renúnciaao mal e repetimos «creio» àsverdades da fé, o celebrantedeclara: «Esta é a nossa fé, esta éa fé da Igreja que nos gloriamos deprofessar em Jesus Cristo nossoSenhor». A fé é virtude teologal,doada por Deus, mas transmitidapela Igreja ao longo

da história. O próprio São Paulo,escrevendo aos Coríntios, afirmaque lhes comunicou o Evangelhoque por sua vez também ele tinharecebido (cf. 1 Cor 15, 3). Há uma corrente ininterrupta de vidada Igreja, de anúncio da Palavra deDeus, de celebração dosSacramentos, que chega até nós eà qual chamamos Tradição. Ela dá-nos a garantia de que cremos namensagem originária de Cristo,transmitida pelos Apóstolos. Onúcleo do anúncio primordial é oevento da Morte e Ressurreição doSenhor, do qual brota todo opatrimónio da fé. Diz o concílio: «Apregação apostólica, que estáexposta de um modo especial noslivros inspirados, devia conservar-seaté ao fim dos tempos, por umasucessão contínua» (Const. dogm.Dei Verbum, 8). Deste modo, se aSagrada Escritura contém a Palavrade Deus, a Tradição da Igreja aconserva-a e transmite-a fielmente,para que os homens de todas asépocas possam aceder aos seusimensos recursos e se enriqueçamcom os seus tesouros de graça.Assim a Igreja «na sua doutrina,

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na sua vida e no seu cultotransmite a todas as gerações tudoo que ela é, tudo o que elaacredita» (ibidem). Enfim, gostaria de realçar que é nacomunidade eclesial que a fépessoal cresce e amadurece. Éinteressante observar como noNovo Testamento a palavra«santos» designa os cristãos no seuconjunto, mas certamente nemtodos tinham as qualidades para serdeclarados santos pela Igreja. Quese desejava então indicar com estetermo? O facto de que os tinham eviviam a fé em Cristo ressuscitadoforam chamados a tornar-se um

ponto de referência para todos osoutros, pondo-os assim em contactocom a Pessoa e com a Mensagemde Jesus, que revela a face do Deusvivo. E isto vale também para nós:um cristão que se deixa guiar eplasmar gradualmente pela fé daIgreja, não obstante as suasdebilidades, os seus limites edificuldades, torna-se como umajanela aberta à luz do Deus vivo,que recebe esta luz e a transmite aomundo.

Bento XVI,audiência geral, 31.10.2012

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Vaticano II: A transformaçãoecuménicaO Papa Francisco elogiou hoje a“mudança de mentalidades”promovida pelo decreto sobre oecumenismo ‘Unitatis redintegratio’,do Concílio Vaticano II, e pela açãoque se lhe seguiu “no ensinamentoteológico” e na ação pastoral daIgreja Católica.“Pertencem agora ao passado ahostilidade e a indiferença, quetinham cavado fossosaparentemente intransponíveis eprovocado feridas profundas, aopasso que foi lançado um processode cura que permite acolher o outrocomo irmão ou irmã, na unidadeprofunda que nasce do Batismo”,afirmou.O Papa falava aos participantes naassembleia plenária do ConselhoPontifício para a Promoção daUnidade dos Cristãos, que decorreem Roma sobre o tema ‘A meta doecumenismo: princípios,oportunidades e desafios nos 50anos da Unitatis redintegratio’.Francisco assinalou o 50.ºaniversário da promulgação destedecreto (21.11.1964), no mesmo diaem foram promulgados outros doisdocumentos conciliares: aconstituição dogmática sobre aIgreja, ‘Lumen gentium’, e o decretosobre as Igrejas orientais,

‘Orientalium Ecclesiarum’.“O conjunto destes trêsdocumentos, tão ligados uns aosoutros, oferece a visão daeclesiologia católica como foiproposta pelo Concílio Vaticano II.Por isso, quisestes dedicar osvossos trabalhos a refletir como aUnitatis redintegratio pode continuara inspirar o compromisso ecuménicoda Igreja no mudado cenário dehoje”, declarou o Papa.A intervenção sublinhou que a IgrejaCatólica pode “alegrar-se” pelo factode o ensinamento do Concílio tersido “amplamente recebido”,convidando a dar “graças a Deuspelos muitos frutos que foramrecolhidos durante este meioséculo”.“Em particular, tornou-se realidade oque o Concílio tinha recomendado,isto é, o reconhecimento de quantoexiste de bom e de verdadeira navida dos cristãos de todas ascomunidades”, referiu.Francisco recordou que os cristãosdas várias Igrejas e comunidadeseclesiais se empenham, emconjunto, “ao serviço dahumanidade sofredora enecessidade, pela defesa da vidahumana e da sua dignidadeinalienável, pela salvaguarda dacriação e contra as injustiças que

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afligem tantos homens e povos”.O Papa admitiu que as divisõespersistentes entre cristãos foramagravadas, nalguns casos, pordivergências sobre “novos temas

antropológicos e éticos”, convidandoa “cultivar o ecumenismo espiritual,para valorizar o ecumenismo desangue e caminhar juntos nocaminho do Evangelho”.

“Como bispo da Igreja que preside à caridade universal, desejo exprimir aminha gratidão aos que, ao longo destes 50 anos, trabalharam de váriasformas ao serviço da reconciliação e da comunhão entre todos oscrentes em Cristo, em particular aos que serviram o Secretariado para aUnião dos Cristãos e o Conselho Pontifício para a Promoção da Unidadedos Cristãos”Papa Francisco, 20.11.2014

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Os testemunhos dos mártires,prosseguiu, não faltaram nestes 50anos e “hoje mais do que nunca”desafiam os cristãos a “deixar que asua força leve à conversão a umafraternidade cada vez mais plena”.“Nestes meses, encontrando-mecom tantos cristãos não católicos oulendo as suas cartas, pude vercomo, apesar das questões abertasque ainda nos separam, existe umforte e difundido desejo de caminharjuntos, de rezar, de conhecer eamar o Senhor, de colaborar noserviço e na solidariedade com osfracos e com quem sofre”, revelouFrancisco.“Estou convencido disto: numcaminho comum, com a orientaçãodo Espírito Santo e aprendendo unscom os outros, podemos crescer na

comunhão que já nos une”,acrescentou.50 anos depois da ‘Unitatisredintegratio’, o Papa realçou que abusca pela “plena unidade doscristãos” continua a ser umaprioridade para a Igreja Católica euma das suas “principaispreocupações quotidianas”,pessoalmente.“A unidade é acima de tudo um domde Deus e é obra do Espírito Santo,mas todos somos chamados acolaborar sempre e em qualquercircunstância. Agradeço-vosportanto por todo o vosso trabalhoe, ao confiar-vos à intercessãomaterna da Beata Virgem Maria,peço-vos por favor que rezeis pormim e pelo meu ministério”, concluiu.

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Promover a restauração da unidade entre todos os cristãos é um dosprincipais propósitos do sagrado Concílio Ecuménico Vaticano II. PoisCristo Senhor fundou uma só e única Igreja. Todavia, são numerosas asComunhões cristãs que se apresentam aos homens como a verdadeiraherança de Jesus Cristo. Todos, na verdade, se professam discípulos doSenhor, mas têm pareceres diversos e caminham por rumos diferentes,como se o próprio Cristo estivesse dividido. Esta divisão, porém,contradiz abertamente a vontade de Cristo, e é escândalo para o mundo,como também prejudica a santíssima causa da pregação do Evangelho atoda a criatura.O Senhor dos séculos, porém, prossegue sábia e pacientemente o planode sua graça a favor de nós pecadores. Começou ultimamente a infundirde modo mais abundante nos cristãos separados entre si a compunçãode coração e o desejo de união. Por toda a parte, muitos homenssentiram o impulso desta graça. Também surgiu entre os nossos irmãosseparados, por moção da graça do Espirito Santo, um movimento cadavez mais intenso em ordem à restauração da unidade de todos oscristãos. Este movimento de unidade é chamado ecuménico. Participamdele os que invocam Deus Trino e confessam a Cristo como Senhor eSalvador, não só individualmente mas também reunidos em assembleias.Cada qual afirma que o grupo onde ouviu o Evangelho é Igreja sua e deDeus. Quase todos, se bem que de modo diverso, aspiram a uma Igrejade Deus una e visível, que seja verdadeiramente universal e enviada aomundo inteiro, a fim de que o mundo se converta ao Evangelho e assimseja salvo, para glória de Deus”.Decreto ‘Unitatis Redintegratio’, Proémio

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Epifania da diversidadeCinquenta anos da promulgação do decreto conciliar«Orientalium Ecclesiarum»‘Ex Oriente lux’ recita o antigoadágio ao qual pode ser atribuídatambém uma chave de leituracristológica. É como se a verdadeínsita neste ditado tivesse sidoproposta novamente à Igreja na suatotalidade há cinquenta anos com apromulgação do decreto‘Orientalium Ecclesiarum’ (OE) doconcílio ecuménico Vaticano II sobreas Igrejas orientais católicas, odocumento que afirmou aconsciência da sua riqueza e danecessária diversidade no seio daIgreja universal. O OE foi a coroação de umimportante caminho da consciêncialatina, nem sempre isento demomentos «obscuros», nãoobstante o Oriente cristão nuncatenha estado ausente da Urbe: ésuficiente pensar no estudo daslínguas orientais, na coleção demanuscritos orientais da Bibliotecaapostólica do Vaticano, até chegar àfundação em Roma em 1917 doPontifício instituto oriental. Ainstituição, no mesmo ano, daCongregação para as Igrejasorientais como dicastérioindependente foi possível graças aBento XV para manifestar a atençãoe o amor para

com os cristãos, «testemunhas vivasdas origens» (OE 2). O decreto levou ao cumprimento dequanto tinha sido encaminhado emparticular pela carta apostólica‘Orientalium dignitas’ de Leão XIII,que iniciou a desenraizar algunspreconceitos, em primeiro lugar o deuma «uniformidade universal»desejada em nome de umaeclesiologia que considerava aIgreja latina e o seu «rito» comomodelo de redução universal, naconvicção da ‘prestantia ritus latini’.Do mesmo modo os direitos e osprivilégios dos patriarcas tinhamdiminuído ou decaíram, tambémneste caso na ótica de uma certainterpretação do ministério doromano Pontífice.Na base havia talvez umaconsideração do cristianismooriental católico como um folclorepitoresco, por vezes nãocompreendido plenamente econfundido com a Igreja ortodoxa.

Cardeal Leonardo Sandri, prefeitoda Congregação para as Igrejas

Orientais‘L’Osservatore Romano’, 21.11.2014

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Muito se alegra este sagrado Concílio pela frutuosa e ativa colaboraçãoentre as Igrejas católicas Orientais e Ocidentais, e ao mesmo tempodeclara: todas estas disposições do direito se estabelecem em funçãodas presentes condições até quando a Igreja católica e as IgrejasOrientais separadas se encontrarem na plenitude da comunhão.Decreto ‘Orientalium Ecclesiarum’, conclusão

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Predomínio do Mercadotrava combate à fomeO Papa Francisco visitou hoje asede da organização das NaçõesUnidas para a Alimentação e aAgricultura (FAO), em Roma, ondeapelou ao respeito pelos direitosdos que sofrem com a fome,superando a lógica do mercado.“Enquanto se fala de novos direitos,o faminto está aí, na esquina darua, e pede o reconhecimento dacidadania, ser considerado na suacondição, receber uma alimentaçãode base saudável. Pede-nosdignidade, não esmola”, afirmou,durante a segunda ConferênciaInternacional sobre Nutrição.Francisco sustentou que, no esforçopara eliminar a fome a comunidadeinternacional deve rejeitar sistemasde “discriminação” que ligados à“capacidade de acesso ao mercadodos alimentos”.A luta contra a fome e adesnutrição, alertou, é dificultadapela “prioridade do mercado” e pela“preeminência da ganância”, quereduziram os alimentos a “umamercadoria qualquer, sujeita àespeculação, inclusive financeira”.“Nenhuma forma de pressão políticaou económica que se sirva da

disponibilidade de alimentos podeser aceitável”, sublinhou Francisco.A este respeito, acrescentou que odireito à alimentação só serágarantido se houver preocupação“com o sujeito real, ou seja, com apessoa que sofre os efeitos da fomee da desnutrição”.O Papa saiu em defesa do direito àalimentação e o direito à vida e auma existência digna, bem comopelo direito a ser protegidos pela lei,“nem sempre próxima da realidadede quem passa fome”, e recordou a“obrigação moral de partilhar ariqueza económica do mundo”.“Pessoas e povos exigem que ajustiça seja colocada em prática;não apenas a justiça legal, mastambém a contributiva e adistributiva”, precisou.Perante o diretor-geral da FAO,José Graziano da Silva, e a diretora-geral da OMS, Margaret Chan,Francisco elogiou a decisão dereunir nesta conferênciarepresentantes de Estados,instituições internacionais,organizações da sociedade civil, domundo da agricultura e do setorprivado."Há comida para todos, mas nemtodos podem comer, enquanto o

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desperdício, o descarte, o consumoexcessivo e o uso de alimentos paraoutros fins estão à frente dosnossos olhos", realçou.Nesse contexto, disse que a IgrejaCatólica está atenta a tudo o que serefere ao bem-estar “espiritual ematerial” das pessoas, emprimeiro lugar das que “vivemmarginalizadas e estão excluídas,para que sua segurança edignidade sejam garantidas”.A intervenção conclui-se com umaoração para que Deus “abençoe

todos aqueles que, comdiferentes responsabilidades, secolocam a serviço dos que passamfome e sabem atendê-los comgestos concretos de proximidade”.

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Aborto e eutanásia,sinais de «falsa compaixão»O Papa afirmou que o aborto, aeutanásia e a “produção” de filhosmostram uma “falsa compaixão” quepõe em causa a dignidade dapessoa, pedindo que nenhum serhumana seja uma “cobaia”.“O pensamento dominante propõe,por vezes, uma falsa compaixão, aque considera como ajuda à mulherfavorecer o aborto, como um ato dedignidade procurar a eutanásia oucomo conquista científica ‘produzir ’um filho”, disse, num discursoproferido durante a audiência queconcedeu à Associação de MédicosCatólicos Italianos.Francisco criticou também autilização de vidas humanas “comocobaias de laboratório para,supostamente, salvar outras”. OPapa explicou que desde os temposde sacerdote ouviu várias objeçõessobre o aborto, considerando quenão se está diante de um “problemareligioso” ou “muito menos filosófico”.“É um problema científico, porque aliestá uma vida humana e não é lícitodeixar fora uma vida humana pararesolver um problema. ‘Mas não, opensamento moderno…’ Ouçam,

no pensamento antigo, nopensamento moderno, a palavramatar significa o mesmo”, assinalou,num tom coloquial.Segundo Francisco, o mesmoprincípio se aplica à eutanásia,incluindo a “eutanásia “escondida”que se dirige aos idosos. “Tambémexiste a outra [eutanásia], não? Issoé dizer a Deus: ‘Não, o fim da vidasou eu que decido, como eu quiser.É um pecado contra Deus criador:pensai bem nisso”, advertiu.

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Família «ideológica»ignora papel de pai e mãeFrancisco disse no Vaticano que aIgreja Católica rejeita uma famíliaconstruída com base em ideologiasque ignoram a “complementaridade”de um pai e de uma mãe naeducação dos filhos. “As criançastêm o direito de crescer numafamília, com um pai e uma mãe,capazes de criar um ambienteidóneo para o seu desenvolvimentoe o seu amadurecimento afetivo”,declarou, perante os participantesnum colóquio inter-religioso sobre acomplementaridade homem-mulher,promovido pela Congregação paraa Doutrina da Fé (Santa Sé).Francisco aproveitou esta ocasiãopara confirmar a participação no 8.ºEncontro Mundial das Famílias quevai decorrer em setembro de 2015,na cidade norte-americana deFiladélfia. A intervenção alertoupara a “armadilha” de se qualificar afamília a partir de conceitos denatureza ideológica, com um valor limitado do ponto de vista históricoe antropológico.“Não se pode falar hoje de famíliaconservadora ou de famíliaprogressista: a família é família.Não a deixemos qualificar assim comeste ou outros conceitos, denatureza ideológica. A Família é porsi mesma,

tem uma força própria”, precisou oPapa.Francisco elogiou a escolha do temada “complementaridade” para estecolóquio internacional, considerandoque o conceito está “na base domatrimónio e da família”.Neste contexto, o Papa alertou paraa “crise” provocado por uma “culturado provisório”, que leva cada vezmais pessoas a evitarem ocompromisso do casamento.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

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Irmã Hanan Youssef, religiosa da congregação das Irmãs do BomPastor, no Líbano

Apelo do Papa pela paz na Terra Santa

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Click to Prayhttp://clicktopray.org/

No próximo dia 21 de novembro oSecretariado Nacional doApostolado da Oração iráapresentar, em Fátima, o “Click toPray” (clique para rezar), que é umaaplicação digital que nos oferecepropostas de oração para trêsmomentos do dia. Assim, estasemana apresentamos uma viagematé à página deste extraordinárioprojeto que se encontra disponívelno endereço www.clicktopray.org.Ao entrarmos neste sítioencontramos um ambienteagradável com um design atual eonde facilmente se consegueaceder às várias opçõesdisponíveis. Como não poderiadeixar de ser, dependente da horaem que entramos na página,dispomos automaticamente daoração para esse tempo (manhã,tarde, noite).No item “orações para hoje”poderemos dizer que temos orepositório de todas as orações quejá foram produzidas e aconselhadasa serem rezadas por todos.Organizadas sequencialmente pordia, mas distribuídas pelos trêsmomentos, existe ainda apossibilidade de

pesquisarmos as orações para umadeterminada data.Caso pretenda saber quais asintenções do Papa Francisco para ocorrente mês, pode clicar na opção“intenções do Papa”. Aí facilmenteencontra quais são os propósitos dosucessor de Pedro para umdeterminado mês e ainda umaproposta de oração que está noseguimento dessa intenção.Um espaço que dependeinteiramente do visitante é o “muralde orações”. Onde, conforme onome indica, poderemos escrever anossa oração / prece que écomposta por três partes (título,oração e imagem) e que depois deaprovada, é publicada, tornando-seassim disponível para todos os quevisitem esta página concreta.Na opção “blog” encontramos umconjunto de notícias que vão sendoescritas pela equipa do Apostoladoda Oração e que de uma formasequencial, poderemos iragradavelmente consultando.Por último aconselhamos duasferramentas que poderemosdescobrir na parte inferior da páginainicial. Em comunidade click to pray,

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através de um mapa, vemos ondese encontram geograficamentedistribuídas as pessoas destacomunidade. Por outro lado, maisabaixo encontramos os rostos detodos aqueles e aquelas queaderiram a este mais recente efantástico projeto.Aqui fica a sugestão para quevisitem diariamente esta página ouque instalem a aplicação no vosso

dispositivo móvel, que se encontradisponível para as plataformas ios eandroid ou então, assinem anewsletter. Porque a aplicação clickto pray “ajuda-te a viver cada dia deforma diferente, com Jesus e unidoao Santo Padre”.

Fernando Cassola [email protected]

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Amor, silêncios e tempestadesO padre Gonçalo Portocarrero deAlmada apresenta esta sexta-feira onovo livro de José Luís NunesMartins, ‘Amor, silêncios etempestades’. A apresentação daobra está marcada para as 19h00,no Salão Nobre do Palácio daIndependência, em Lisboa.Amor, silêncios e tempestades é umlivro que procura a simplicidade.São 67 reflexões acerca dasquestões fundamentais daexistência humana. Semcomplicações. Cada texto é umdesafio concreto ao pensamentosobre a existência concreta epessoal de cada um. O amor, amorte, o sofrimento e a esperança,são alguns dos pontos essenciais aque o autor retorna várias vezes,enriquecendo e provocando sempreo pensamento de quem lê.Para além de apresentar a obra, opadre Gonçalo Portocarrero deAlmada prefacia o novo livro deJosé Luís Nunes Martins. Nelerefere que «ler uma crónica do JoséLuís Nunes Martins é sempre umaaventura surpreendente, porquenunca se sabe como termina».As crónicas nascem «de coisastriviais, prosaicas, quase banais.São sempre pistas em quefacilmente o leitor se reconhece,porque são situações

da sua vida, sentimentos que jáauscultou no seu coração, temoresalguma vez imaginados pela suamente.» Refere o sacerdote que«poder-se-ia dizer que estesescritos são verdadeiros caminhosdo pensamento: sem pretensõesacadémicas, não se destinam aossábios, mas traduzem, emlinguagem simples e eloquente, oque, com outra forma e terminologia,referem os grandes tratados».

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José Luís Nunes Martins nasceu em1971. Escreve todas as semanas nojornal i. Gosta de Filosofia. Estuda.Prefere o existencialismo cristão.Escreve. Trabalha nas áreas dacomunicação e da gestão decrises/emergências. Gosta decavalos, mar, montanhas etempestades.

Ficha TécnicaTítulo: Amor, silêncios etempestadesAutor: José Luís Nunes MartinsColeção: Questões atuaisSecção: AtualidadeFormato: 15 cm x 23 cmPáginas: 256Editora: Paulus Editora

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II Concílio do Vaticano: Milharesde emendas antes da «Luz dos Povos»

O texto da Constituição dogmática «Lumen Gentium»foi “demoradamente” discutido durante a segundasessão do II Concílio do Vaticano. Em relação aosquatro capítulos (posteriormente seriam os seisprimeiros) foram apresentadas “cerca de 4 milemendas” (Cf. Concílio Ecuménico Vaticano II –Documentos Conciliares e Pontifícios; Braga;Editorial A. O.).Depois de um processo moroso e devidamenteconsideradas as modificações propostas, o textodefinitivo foi sujeito globalmente à votação no dia 19de novembro de 1964. Dos 2145 votantes, 2134deram o «sim», 10 votaram negativamente e umpadre conciliar votou nulo. Dois dias depois (naúltima votação), dos 2156 votantes, apenas cinconão aprovaram o texto. Após estes resultados, oPapa Paulo VI promulgou “solenemente aConstituição” a 21 de novembro de 1964. (Cf.Concílio Ecuménico Vaticano II – DocumentosConciliares e Pontifícios; Braga; Editorial A. O.).Quando convocou o II Concílio Vaticano II, o PapaJoão XXIII tinha um objetivo bastante claro:Aggiornamento, atualização da Igreja diante dasquestões colocadas pela sociedade do século XX. AConstituição sobre a Igreja – Lumen Gentium (LG)(Luz dos Povos) – torna-se o tronco desteacontecimento realizado entre 1962-65. É precisorecordar que o Papa Montini (na altura ainda eracardeal) pediu para que o concílio se ocupasse deum único problema: A Igreja.A segunda constituição aprovada pelo II Concílio doVaticano (a primeira foi a «SacrosanctumConcilium»)

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representa, no campo eclesiológico,“uma autêntica revolução” (Cf.Darlei Zanon; «Para ler o ConcílioVaticano II; Lisboa, Editora Paulus).O texto é composto por oitocapítulos, onde se descrevemdiferentes aspetos da Igreja.Segundo o professor Manuel CostaSantos (Cf. Darlei Zanon; «Para lero Concílio Vaticano II; Lisboa,Editora Paulus) a ordem dos “trêsprimeiros capítulos mostra a«mudança copernicana» geradapelo concílio”. Talvez seja odocumento mais importante do IIConcílio do Vaticano porque«obrigou» os padres conciliares arefletirem sobre a “essência daIgreja”. A sua redescoberta comomistério marca este retorno àsorigens ao mesmo tempo que seabre “a todas as novidades trazidaspelos novos tempos”.A teóloga Manuela Carvalho (Cf.Darlei Zanon; «Para ler o ConcílioVaticano II; Lisboa, Editora Paulus)realça que a «Lumen Gentium»“ainda não é vivida nem aplicada[…]

Alguns pontos destaconstituição foram vistos, como aquestão da colegialidade e doepiscopado, mas o fundamento, araiz da própria Igreja é mais difícil.Exige da vida cristã”.

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Novembro 2014

Dia 21* Fátima - Carmelo de S. José eDomus Carmeli - Jornadas práticassobre comunicação digital comapresentação pública de «Click ToPray», a APP do Apostolado daOração (Jesuítas). * Açores - Ilha de São Miguel (PontaDelgada) - Início da actividade«Conversas CaFÉ» sobre aexortação apostólica do PapaFrancisco e promovida peloDepartamento da Pastoral Juvenil. * Funchal - Igreja do Colégio -Lançamento do livro «ConcílioVaticano II - 50 anos depois» daautoria de D. Teodoro de Faria,bispo emérito do Funchal. * Itália - Roma (UniversidadeGregoriana) - O Conselho Pontifíciopara a Promoção da Unidade dosCristãos assinala o 50.º aniversáriodo decreto «Unitatis Redintegratio» * Aveiro - Reunião da Comissão daFormação Permanente do Clerocom D. António Moiteiro

* Lamego - Casa de São José -Conselho Presbiteral presidido porD. António Couto * Lisboa - Igreja de São Nicolau -Almoço/debate com D. ManuelClemente sobre o «Sínodo dosBispos sobre a Família» epromovido pela Associação dosJuristas Católicos. * Lisboa - Salão Nobre do Palácio daIndependência - Lançamento dolivro «Amor, Silêncios eTempestades» da autoria de JoséLuis Nunes e com apresentação dopadre Gonçalo Portocarrero deAlmada. * Évora - Igreja da Sagrada Família(Auditório dos Álamos) -Conferência sobre as comunidadescristãs destroçadas pela guerra epelo extremismo islâmico na Síria eno Iraque pela irmã Hanan epromovida pela Fundação Ajuda àIgreja que Sofre. Dia 22 de Novembro* Vaticano - Entrega do PrémioRatzinger, considerado o ‘Nobel’ daTeologia, que distingue este anopela primeira vez uma mulher, abiblista francesa Anne-MariePelletier.

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* Santarém – Sé - Encontro decoros paroquiais e conferênciasobre «Cantar a alegria doEvangelho na Liturgia» * Portimão - Centro Pastoral deFerragudo - Acção de formaçãobíblica sobre o livro do Apocalipseorientada pelo padre Mário Sousa * Évora - Jornada Diocesana deLiturgia e Catequese * Funchal - Colégio de SantaTeresinha - Jornada diocesana doApostolado dos Leigos centrado notema da família.* Braga - Museu D. Diogo de Sousa- Conferências rusgueiras sobre«Religiosidade popular - crenças,cultos e promessas» promovidaspela Rusga de São Vicente,Universidade do Minho eUniversidade Católica Portuguesa. * Aveiro - Salão D. João Evangelistade Lima Vidal - A Paróquia de NossaSenhora da Glória dá início àactividade «Fórum de Pais» quevisa reforçar a consciência daimportância da família na educaçãointegral (também religiosa) dosfilhos.

* Aveiro - Encontro da ComissãoDiocesana Justiça e Paz com D.António Moiteiro * Braga – Famalicão - O arcebispode Braga, D. Jorge Ortiga, moderaum debate sobre «A ciência dahumanização» promovido pelaFundação Cupertino de Miranda. * Aveiro - Auditório do Seminário deAveiro - Assembleia dos agentes depastoral juvenil presidida por D.António Moiteiro. * Fátima - Hotel Cinquentenário -Encontro Nacional do VoluntariadoHospitalar em Oncologia * Lisboa – Odivelas - 33º Encontrode Coros Litúrgicos em honra deSanta Cecília promovido pelaParóquia de Odivelas * Lisboa - Odivelas (PavilhãoPolivalente de Odivelas) - Iniciativa«Oração Pela Paz em Nome daTolerância» promovida pelaAutarquia de Odivelas.

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Sexta feira, dia 21 de novembro decorrem em FátimaasJornadas práticas sobre comunicação digital, com aapresentação pública da aplicação «Click To Pray»,desenvolvida pelo do Apostolado da Oração. No sábado, no Vaticano, tem lugar a Entrega doPrémio Ratzinger, considerado o ‘Nobel’ da Teologia,que distingue este ano pela primeira vez uma mulher,a biblista francesa Anne-Marie Pelletier. Dia 24 de Novembro, a Cáritas diocesana do Algarve,promove um seminário sobre «O franchising socialpotenciado pelo marketing social» Será na EscolaSuperior de Educação e Comunicação do Algarve.A Cáritas Diocesana do Algarve promove um semináriopara divulgar os resultados preliminares do projetoCria(C)tividade, «o franchising social potenciado pelomarketing social». Na terça feira, o Papa Francisco visita e profere umdiscurso no Parlamento Europeu emEstrasburgo, França. Dia 25 de novembro, tem lugar em Barcelona, oCongresso Internacional da Pastoral nas grandescidades. Iniciativa que conta com a participação de D.Manuel Clemente.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h18Domingo, dia 23 - Centeáriodo início da I Guerra Mundiale o relevo das capelaniasmilitares. RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 24 -Entrevista a Aura Miguel e aFrancisco Sarsfield Cabralsobre a visita do Papa aoParlamento Europeu e àTurquia;Terça-feira, dia 25 -Informação e entrevista aJoão Paiva sobre o ciclo de conferências "Palavras notempo";Quarta-feira, dia 26 - Informação e entrevista ao padreFernando Sampaio sobre a Pastoral da Saúde;Quinta-feira, dia 27 - Informação e entrevista a AnaSpranger sobre a Família;Sexta-feira, dia 28- Apresentação da liturgia dedomingo pelo padre Armindo Vaz e frei José Nunes. Antena 1Domingo, dia 23 de novembro, 06h00 - Reportagemda V Jornada de Teologia Prática e entrevista a D.João Marcos Segunda a sexta-feira, 24 a 28 de novembro - 22h45 -Apresentação do Ano da Vida Consagrada.

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«Desafios e perspetivasda pastoral juvenil no mundo atual»A cidade de Münster (Westfália), naAlemanha, acolheu o encontroanual da Pastoral das Migrações,destinado aos agentes pastoraisdas missões lusófonas implantadasna Suíça e Alemanha. O encontrodecorreu de 13 a 17 de outubro efoi organizado de forma conjuntapelas Coordenações das missõesdos dois países, dirigidasrespetivamente pelos padre AloísioAraújo e Monsenhor ManuelJaneiro.Estiveram presentes 32 membrosdas equipas pastorais, entre padrese leigos, contando-se também aparticipação amiga de D. AntónioVitalino, responsável no seio daConferência Episcopal Portuguesapelo sector das migrações.Marcaram ainda presença o Directornacional da pastoral dosestrangeiros na Alemanha, StefanSchohe, e o Referent da pastoraldos católicos de outras línguas nadiocese de Münster, Franz-ThomasSonka.As jornadas desenrolaram-se sob otema «Desafios e perspetivas dapastoral juvenil no mundo atual»,com orientação do padre EduardoNovo, MIC, diretor do departamento

nacional da Pastoral Juvenil. Oconferencista apontou a formação eeducação dos jovens como umamissão prioritária para a Igreja,percorrendo as grandes linhas doMagistério sobre o tema, e osensinamentos dos Papas maisrecentes.Assinalaram-se as marcas maissignificativas da identidade ecarácter da juventude hodierna, aproposta de um projeto de pastoraljuvenil, ou de linhas de ação sobre apastoral juvenil, e tendo comoreferência, entre outras, o Pe.Riccardo Tonelli, SDB na sua obra«Para uma Pastoral Juvenil aoserviço da Vida e da Esperança».Por fim, debateram-se asestratégias de organização eimplantação da referida pastoral noseio das comunidades emigrantes.Os participantes tiveram aindaoportunidade para dedicar algumtempo à descoberta dos tesourosque conserva a cidade de Münster,nascida em torno domosteiro/catedral que lhe dá o nomee que acaba de festejar os 750 anosde fundação.O último dia ficou assinalado

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pela deslocação ao santuáriomariano de Telgte e pela visita aomuseu Religio, que conserva, entreoutras preciosidades, o espólio dobem-aventurado cardeal Von Galen,figura notável da resistência aoNazismo na Alemanha.De salientar que na área deMünster

vivem e trabalham cerca de 2000portugueses emigrados. Sãoapoiados por uma Missão católicalusófona aí radicada, actualmente acargo do padre Paulo Areias. Padre João Luís pelo DepartamentoNacional da Pastoral Juvenil

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Ano A – 34º domingo do TempoComumSolenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei doUniverso Entrar naternura do Reide Amor

Neste 34.º Domingo do Tempo Comum, que termina ociclo do Ano A da liturgia, celebramos a Solenidade deNosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.Este rei não é como os outros: o seu Reino não édeste mundo, a sua coroa é de espinhos, o seu tronoé uma cruz, o seu poder é diferente do poder domundo, o seu exército é composto por homensdesarmados, a sua Lei são as bem-aventuranças e oamor, o seu Reino é um mundo de paz.A primeira leitura de Ezequiel utiliza a imagem do BomPastor para apresentar Deus e para definir a suarelação de carinho, ternura e amor pelo seu povo. Umbelíssimo texto sobre o cuidado extremo de Deus paraconnosco, que importa reler.Na segunda leitura, Paulo lembra aos cristãos que ofim último da caminhada do crente é a participaçãonesse Reino de Deus de vida plena, para o qual Cristonos conduz.No Evangelho, impressiona, pela sua simplicidade eprovocação, a parábola do juízo final: apresenta oFilho do Homem sentado no seu trono, a separar aspessoas umas das outras “como o pastor separa asovelhas dos cabritos”.No primeiro diálogo, o rei acolhe as ovelhas e convida-as a tomar posse da herança do Reino. No segundo, orei afasta os cabritos e impede-os de tomar possedessa herança.Qual é o critério que o rei utiliza para acolher uns erejeitar outros?A questão decisiva está na atitude de amor ou deindiferença para com os irmãos que se encontram

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em situações dramáticas denecessidade, os que têm fome, osque têm sede, os peregrinos, osque não têm que vestir, os queestão doentes, os que estão naprisão. Jesus identifica-Se com ospequenos, os pobres, os débeis, osmarginalizados. Manifestar amor esolidariedade para com o pobre éfazê-lo ao próprio Jesus emanifestar egoísmo e indiferençapara com o pobre é fazê-lo aopróprio Jesus.À luz da cena apresentada porMateus, as parábolas dos domingosanteriores ganham nova força.“Estar vigilantes e preparados”consiste, principalmente, em viver oamor e a solidariedade para com ospobres, os pequenos, osdesprotegidos, os marginalizados.Os egoístas e os

indiferentes não têm lugar no Reinode Deus.Não esqueçamos nunca este factoessencial: o Reino de Deus está nomeio de nós. Depende de nós fazercom que o Reino deixe de ser umamiragem, para passar a ser umarealidade a crescer e a transformaro mundo e a vida das pessoas.Empenhemo-nos nesta semana emdar, em nome do Senhor, ternura ereconforto aos pequenos até aquiignorados e tão próximos de nós, nonosso prédio, bairro e cidade e,quem sabe, até na nossa casa, nacomunidade cristã, na comunidadereligiosa. Entremos na ternura doRei de Amor.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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A assistência espiritualnos cuidados de saúdeUma necessidade essencial - Naexperiência dos profissionais desaúde, na literatura científicarecente e também na experiênciamilenar da Igreja, a espiritualidadeé, para muitos doentes, uma fontenatural de conforto, bem-estar esaúde, pois fomenta um sentidopara a vida, a reconciliação consigopróprio e com os outros, a procurade Transcendência, a redescobertaou o reencontro com Deus. É, porisso, reconhecida pelo Decreto-Lei253/2009 como uma «necessidadeessencial, com efeitos relevantes narelação com o sofrimento e a doença». Existe, por isso, em todos osHospitais do SNS e alguns privadosum Serviço de Assistência Espirituale Religiosa, organizado efuncionando de forma regular paraprestar cuidados espirituais ereligiosos a todos os doentesinternados que os solicitem, emliberdade de consciência e culto (cf.art. 1º).

A Assistência espiritual ereligiosa é prestada aoutente a solicitação dopróprio ou dos seusfamiliares ou outros cujaproximidade ao utenteseja significativa, quandoeste não a possa solicitare se presuma ser essa asua vontade.

(Decreto Lei 253/2009, art. 4)

A assistência espiritual noscuidados de saúde - Sendo aassistência espiritual umanecessidade e um direito, ointernamento hospitalar não é nempode constituir um impedimento àprática e vivência da fé. A atençãoàs necessidades espirituais dosdoentes faz parte,

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Assistência religiosa e cuidados de saúde:tema apresentado aqui semanalmente

e no programa Ecclesia, RTP2, em cada quarta-feiraEntrevista ao padre Fernando Sampaio

“Se tiver de ser internado(a), não esqueça, peça avisita do capelão aos enfermeiros logo no início dointernamento. Não fique à espera”. (Comissão Nacional da Pastoral da Saúde) portanto, dos cuidados de saúde. (Ésabido que as necessidadesespirituais são uma forte causa desofrimento). Desta forma, osprofissionais devem acolhê-las comrespeito e sem qualquer pressão oucensura (cf. artº 4º, 1), procurandoque sejam

satisfeitas segundo o desejo dodoente e em tempo adequado. Mais,devem ainda informar os doentesdos seus direitos e da existência noHospital de um Serviço deAssistência Espiritual e Religiosa,horários e formas de acesso (Artº12º).

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Cristianismo em risco no Médio Oriente?

“Façam alguma coisa”O Arcebispo libanês D. JohnDarwish esteve em Portugal, aconvite da Fundação AIS e fez umdramático apelo: é preciso fazeralguma coisa pelos Cristãos doMédio Oriente antes que seja tardede mais. E deixou uma perguntaincómoda: “Como foi possível aospaíses ocidentais terem permitidoisto?“Venho de uma região ferida”, disseD. Darwish, em Lisboa, durante aapresentação do Relatório deLiberdade Religiosa da FundaçãoAIS. A região ferida é o MédioOriente e o país de que fala é oLíbano. Uma região onde “aspessoas são chacinadas diante dosmedia, onde as mulheres sãovioladas e vendidas, as igrejas emesquitas destruídas”. O Líbano,apesar de tudo, é ainda um oásis nomeio do caos e do horror quetomaram de assalto a região. Masos cristãos libaneses temem que aguerra lhes entre de novo pelascasas dentro.Todos os dias, denuncia esteprelado, são “testemunhados actoshorríveis e, infelizmente, todos estesactos diabólicos são cometidos emnome de Deus e das religiões”.

D. Issam Darwish aponta o dedo aosjihadistas, em especial ao ISIS. “Osvários grupos islâmicos radicais,como o ISIS, proclamaram parte daSíria e do Iraque como um EstadoIslâmico. Eles controlam váriospoços de petróleo e estão bemconsolidados no terreno”, explica,antes de perguntar: “Como foipossível aos países ocidentaisterem permitido isto?” Medo do futuroO Arcebispo teme o futuro, poissabe que esses grupos jihadistasestão às portas do país e continuamsedentos de sangue. O Líbanocontinua a ser um caso raro noMédio Oriente, pela coexistênciaentre as diversas religiões. Nestemomento, este pequeno país decerca de 4 milhões de habitantesacolhe mais de 1 milhão e meio derefugiados. O risco de colapso éenorme. D. Darwish trouxe-nos orelato vivo de quem testemunhatodos os dias o drama dosrefugiados, de quem chega aoLíbano aterrorizado e de mãoscompletamente vazias. “Eles estãomuito traumatizados, deixaram

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tudo o que tinham e chegaram aoLíbano sem nada. Experimentaramo sofrimento, viram familiares seremassassinados. Foram forçados afugir, às vezes de noite, a pé, com aroupa que traziam vestida”.“Façamalguma coisa”, diz o prelado nestasua outra missão que é acordar aconsciência da comunidadeinternacional. “Os jihadistas queremexpulsar os Cristãos dos paísesárabes”, diz, alertando que a“Europa e o mundo ocidental estãofechados sobre si mesmos.”Fechados

e sem quererem ver o problema. “Amaior parte dos que combatem naSíria e Iraque chegam da Europa.”Estes são tempos de violênciainaudita. Os Cristãos sofrem, sãoperseguidos e precisam de ajuda. Épreciso apoiar os refugiados nadiocese de D. Darwish. “Façamalguma coisa”, pede-nos estearcebispo. Não podemos ficarindiferentes a esta tragédia.

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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Essa ‘caixa’ ainda manda muito!

Tony Neves

A televisão ficará para a história como a ‘caixaque mudou o mundo’. Haverá sempre quem olhepara o século XX e reconheça uma era antes eoutra depois da TV. Transformou hábitosfamiliares e pessoais, juntou famílias e vizinhosem torno de grandes eventos, mas tambémquebrou rotinas, derrubou tabus.A grande novidade que a televisão trouxe foi ade mostrar imagens quase em tempo real deacontecimentos passados a milhares de kms…ouali no virar da esquina. Encurtou o espaço e otempo, fez muitas pessoas alegrar-se comacontecimentos positivos ou chorar de dorperante tragédias e derrotas.De senhora das famílias, a televisão tem visto oseu poder ultrapassado pelas novas tecnologiasda comunicação. Muitas pessoas já não olhampara ela como o melhor meio de informação,cultura e divertimento. O computador, através dainternet e das redes sociais, oferece hoje maispossibilidades de comunicar e de interagir. Asnovas gerações, em muitos momentos, passambem sem a TV, preferindo estar on-line, aconversar com quem querem, quando querem,como querem e com a linguagem queescolherem falar com o interlocutor.A televisão tem os dias contados? Não meparece. Dizia-se isso dos jornais e livros quandoapareceu a Rádio e tal não veio a acontecer.Dizia-se isso da Rádio e da Imprensa quandosurgiu a Televisão e também sobreviveram todos.Há, sim, mudanças

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que acontecem, obrigando a umamodernização de tecnologias econteúdos.Hoje, quase toda a gente temacesso a um número elevado decanais televisivos, uns generalistase outros temáticos, uns abertos eoutros codificados. Mas a verdadeque salta á vista é que a guerra dasaudiências tem nivelado por baixo aqualidade dos programas exibidosna televisão. É triste constatar que oshare das audiências é tanto maisalto quanto mais baixa é a qualidadedo programa. Isto não é um dadoaplicável a toda a programação,mas a parte muito significativa dela.Há tempos, um amigo brincalhãodizia-me que, em televisão, sempreque desce a qualidade aumenta o

interesse! Não se pode generalizar,pois tal ofenderia os muitosprodutores televisivos que pautam asua vida pela seriedade ecompetência.A televisão terá sempre o seu nichode mercado, mas deve modernizar-se em tecnologia, conteúdo,linguagem e marketing. Lendo asexpectativas da audiência, vai-seadaptando aos telespectadorescorrespondendo aos seus anseios.Mas gostava muito de ver maisexigência de qualidade dosprodutores como resposta a umpovo que quer uma programaçãoque aumente a cultura das pessoasque se formam, informam e divertema ver ‘a caixa que mudou o mundo’.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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