O Atalaia de Israel
Um Estudo do Livro de Ezequiel
Dennis Allan
2009
www.estudosdabiblia.net
Distribuição Gratuita – Venda ProibidaO Atalaia de Israel
Um Estudo do Livro de Ezequiel
Dennis Allan
© 2009
Introdução à Literatura Apocalíptica nas Escrituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
O Atalaia de Israel: Introdução ao Livro de Ezequiel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Lição 1: A Visão da Glória de Deus (1:1 - 3:27) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Lição 2: Um Sinal para a Casa de Israel (4:1 - 7:27) . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Lição 3: A Glória de Deus Deixa o Templo (8:1 - 11:25) . . . . . . . . . . . . . . . 14
Lição 4: “E Sabereis que Não Foi sem Motivo” (12:1 - 15:8) . . . . . . . . . . . . 19
Lição 5: Uma História de Amor Incrível (16:1 - 17:24) . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Lição 6: Deus Age por Amor do Nome Dele (18:1 - 20:44) . . . . . . . . . . . . . 29
Lição 7: Avisos de Fogo e Espada (20:45 - 22:31) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Lição 8: Duas Meretrizes, uma Panela e um Viúvo (23:1 - 24:27) . . . . . . . 37
Lição 9: Profecias sobre os Vizinhos de Israel (25:1 - 28:26) . . . . . . . . . . . 41
Lição 10: Profecias sobre o Egito (29:1 - 32:32) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Lição 11: Deus Julga Entre Ovelhas (33:1 - 35:13) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Lição 12: Deus Ressuscita o Povo de Israel (36:1 - 37:28) . . . . . . . . . . . . . . 53
Lição 13: Deus Chama a Espada contra Gogue (38:1 - 39:29) . . . . . . . . . . 55
Lição 14: Deus Manda Medir o Templo Restaurado (40:1 - 42:20) . . . . . . . 63
Lição 15: A Glória do Senhor Enche o Templo (43:1 - 45:8) . . . . . . . . . . . . . 68
Lição 16: “O Senhor Está Ali” (45:9 - 48:35) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71O Atalaia de Israel 1
Introdução à Literatura Apocalíptica nas Escrituras
A
palavra apocalíptico, para muitas pessoas,significa algo catastrófico ou relacionado ao fim do
mundo. Quando falamos da literatura apocalíptica na Bíblia, porém, utilizamosoutro sentido
para esta palavra. Linguagem apocalíptica éum modo de expressão simbólico e até obscuro.
O estilo de linguagem empregado nestes livros ou trechos não é literal, mas uma maneira
simbólica de comunicar verdades importantes aos leitores.
Muitos comentaristas consideram Daniel o primeiro autor verdadeiramente apocalíptico. Ezequiel,
cujo trabalho antecede o de Daniel, escreveu muitos trechos num tom apocalíptico. Zacarias, um
profeta pós-exílico, também empregou o estilo apocalíptico quando motivou os judeus que
voltaram do cativeiro a reconstruírem o templo.
Aparentemente adaptando o estilo destes escritos inspirados para servir seus próprios fins, vários
escritores judeus produziram livros de natureza apocalíptica durante o período de 200 a.C a 200
d.C. Embora tendo um estilo semelhante e um conteúdo que freqüentemente concorda com os
livros bíblicos, estes livros contêm, também, falhas graves e contradizem a Bíblia em vários pontos.
Conseqüentemente, foram geralmente rejeitados e tratados como livros não inspirados de origem
humana.
Até a data do livro do Apocalipse, escrito por João nas últimas décadas do primeiro século, o estilo
apocalíptico tornou-se bem conhecido entre alguns setores da sociedade judaica. As descobertas
da comunidade de Qumran sugerem que os judeus que moravam lá, e talvez toda a seita dos
essênios, valorizava os escritos apocalípticos. É provável que outros judeus, também, conhessem
esse estilo de literatura até a época do Apocalipse. Independente de qualquer influência dos
essênios, os cristãos primitivos tiveram a mesma vantagem que os estudantes da Bíblia têm até
hoje: o privilégio de estudar a literatura apocalíptica do Antigo Testamento com intuito de saber
como abordar o livro do Apocalipse.
Abordando Estilos Literários Diferentes no Estudo da Bíblia
A
s tendências ocidentais, ao enfatizarem uma expressão prosaica e raciocínio lógico, podem
explicar, em parte, a dificuldade que muitos cristãos enfrentam no estudo de certas partes da
Bíblia. Uma boa parte da Bíblia foi escrita em linguagem simples e direta, mas outras partes
usam vários modosde expressão figurada. Podemos concluir que “nem todos os versículos foram
criados iguais”, desde que os estilos literários diferentes exigem abordagens diferentes no estudo.
Encontramos nas Escrituras diversas formas literárias. Entre elas:
! Prosa
! Poesia
! Parábolas
! Alegorias
! Metáforas
! Símiles
! Profecias
! Narração (histórica, biográfica, etc.)
! Literatura apocalíptica
! Debates
! Ilustrações
! E diversas outras2 Estudo do Livro de Ezequiel
Para compreender a mensagem transmitida por um autor, devemos considerar seu modo de
comunicação. Se aplicarmos uma afirmação literal de maneira figurada, ou interpretarmos
literalmente uma expressão figurada, estaremos cometendo equívocos no uso das Escrituras.
Dificuldades deste tipo são a fonte de muitas divergências entre estudantes da Bíblia nos dias de
hoje.
Algumas Características da Literatura Apocalíptica na Bíblia
E
stas observações se limitam aos livros apocalípticos bíblicos (inspirados por Deus). Não devem
ser aplicadas aos livros semelhantes de origem humana.
Algumas características importantes da literatura apocalíptica:
! Altamente simbólica; freqüentemente utiliza sonhos e visões
! Um escopo amplo de assuntos, às vezes tratando de questões não abordadas em
outros livros proféticos
! Sentido forte do controle de Deus sobre os assuntos terrestres
! Escrita em períodos de crise nacional
! Significados simbólicos de números
! Ênfase no futuro
No nosso estudo do livro de Ezequiel, como também em estudos dos livros de Daniel, Zacarias e
Apocalipse, é importante reconhecer e respeitar o estilo literário escolhidopelo Espírito Santo para
transmitir a sua mensagem aos leitores.O Atalaia de Israel 3
O Atalaia de Israel:
Introdução ao Livro de Ezequiel
O
livro de Ezequiel é um exemplo fascinante da riqueza da literatura bíblica. Escrito num
período de crise nacional, este livro ofereceu esperança a um povo que enfrentava o
desepero do aparente abandono por Deus. Ao mesmo tempo, o profeta usado por Deus
para transmitir esta mensagem encarava suas próprias crises. Usando linguagem rica e ilustrativa,
Ezequiel desafia o povo de Israel a aprender as lições da sua história, enfatizando a necessidade
da fidelidade a Deus para conseguir a restauração da comunhão com o Senhor. Este profeta
olhava além do estado sofrido dos exílios para ver o reino glorioso sob o domínio de Deus. Ele foi
escolhido como atalaia ou vigia para proteger o povo dos perigos do pecado. Ezequiel nos ensina
muito sobre o povo de Deus na época do Antigo Testamento, oferecendo um vislumbre do caráter
santo de Deus e, afinal, desafia cada leitor a examinar-se e a avaliar suas escolhas sobre Deus.
I. O Homem Que Escreveu o Livro de Ezequiel
A. Na introdução ao livro, encontramos esta afirmação: “veio expressamente a palavra
do SENHOR a Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote” (1:3)
B. Ele foi descrito como sacerdote (1:3)
1. Aparentemente, foi levado à Babilônia entre os valentes e principais homens na
segunda leva, que aconteceu em 597 a.C. (cf. 2 Reis 24:8-16). A posição de Ezequiel
como membro de uma família sacerdotal pode ajudar a entender a visita dos anciãos
de Judá à casa dele (8:1)
2. É o mesmo cativeiro usado como ponto de referência para marcar a data do livro (1:2)
3. Ezequiel estava na terra dos caldeus (babilônicos) quando recebeu sua primeira
revelação no quinto ano do cativeiro de Joaquim, em 593 a.C. (1:2-3)
C. O fato de Ezequiel proceder de uma linhagem sacerdotal esclarece o sentido provável da
referência ao 30º ano na data inicial do livro (1:1). As explicações mais comuns desta
referência sugerem que Ezequiel cita sua própria idade, dizendo que começou a profetizar
no seu 30º ano, ou seja, quando tinha 29 anos de idade. Com esta base, podemos fazer
algumas observações sobre a vida deste profeta:
1. Ele teria nascido por volta de 622 a.C., during o período das reformas iniciadas por
Josias. Ezequiel teria passado seus primeiros anos num período em que Jerusalém
estava livre da idolatria e guiada por um rei que honrava Deus e respeitava a lei do
Senhor
2. Ezequiel teria 17 anos quando Daniel e outros foram deportados por Nabucodonosor
II em 605 a.C.
3. Como jovem, ele poderia ter ouvido as mensagens do profeta Jeremias e visto a
ousadia daquele profeta fiel diante da oposição violenta e opressora
4. Não sabemos se Ezequiel conheceu pessoalmente o profeta contemporâneo, Daniel,
mas ele claramente sabia do trabalho e da reputação deste outro homem de Deus
(14:14,20; 28:3)
5. Os leitoresdolivro de Ezequielpoderiam terentendidouma mensagem especialmente
comovente do fato de um sacerdote escrever durante seu 30º ano. O serviço pleno de
um sacerdote levita começava ao atingir a idade de 30 anos (cf. Números 4:3; 1
Crônicas 23:3). Ezequiel teria se preparado a vida toda para servir no templo em4 Estudo do Livro de Ezequiel
Jerusalém. Agora, chegando à idade de 30 anos, ele estava a centenas de quilômetros
daquele lugar santo. Até terminar a sua mensagem, o templo seria totalmente
destruído. Quem poderia melhor compreender e comunicar a angústia destes exilados
do que um sacerdote novo que nunca teria o privilégio de servir no templo em
Jerusalém? Quem melhor para ter as visões de uma nova Jerusalém para dar
esperança ao povo no cativeiro?
D. Como outros grandes servos do Senhor, Ezequiel era um homem dedicado, com um
compromisso sério com Deus
1. Os primeiros capítulos mostram como a seriedade e a importância da sua missão
foram frisadas pela visão de Deus e o relato das instruções divinas que o profeta
recebeu
2. Parece que Ezequiel aceitou a sua tarefa voluntariamente, mesmo sabendo que teria
que ser firme e até duro com o povo no seu papel de atalaia
3. O trabalho dele exigia grandes sacrifícios e a força para superar sofrimento pessoal.
Suas cenas mudas envolviam demonstrações humilhantes. A tristeza de Ezequiel em
relação à queda de Jerusalém foi multiplicada quando a esposa dele morreu ao
mesmo tempo
II. O Contexto Histórico do Trabalho de Ezequiel
A. O Período do Trabalho Profético de Ezequiel
1. Ezequiel fornece datas específicas de várias visões, facilitando o nosso estudo em
termos do ambiente histórico
2. Começou em 593 a.C., durante o quinto ano do cativeiro de Joaquim (1:1-2)
3. A última visão que inclui uma citação de data ocorreu 22 anos depois, no 27º ano, ou
seja, por volta de 571 a.C. (29:17)
4. Estas datas posicionam todo o trabalho de Ezequiel no período do reinado de
Nabucodonosor II, o rei da Babilônia de 605 - 562 a.C. Ele foi responsável pelas
deportações dos judeus deJerusalém epeladestruição do templo e da cidade em 586
a.C.
B. O Local do Trabalho Profético de Ezequiel
1. Os versículos iniciais do livro dizem que Ezequiel estava
“no meio dos exilados, junto ao rio Quebar....na
terra dos caldeus” (1:1,3). Acredita-se que o rio
Quebar tenha sido um canal de irrigação que partia do
rio Eufrates perto da cidade da Babilônia, passando por
Nippur e voltando ao Eufrates perto de Ereque
2. Houve um acampamento ou povoado dos exilados em
Tel-Abibe, junto ao mesmo rio (3:15)
3. Ezequiel trabalhou, também, em outros lugares,
possivelmente próximos (3:22; 37:1)
4. Ele foi levado a Jerusalém em visões (8:5), mas não há
registro de nenhuma viagem para longe da região de Tel-Abibe
III. A Relação de Ezequiel com Outros Livros da Bíblia
A. Ezequiel pode ser comparado a Jeremias em termos do tempo do trabalho deles
1. O trabalho de Ezequiel iniciou antes de Jeremias terminar seu trabalho como profeta
2. Os dois foram fiéis, apesar de receberem missões difíceis
3. Os dois vieram de famílias sacerdotais
4. O estilo dos dois é semelhante, com ilustrações dramáticas em suas mensagensO Atalaia de Israel 5
Lição 1
A Visão da Glória de Deus:
Deus Envia um Profeta ao Seu Povo
(Ezequiel 1:1 - 3:27)
O
s primeiros capítulos de Ezequiel são alguns dos mais impressionantes na Bíblia. Ezequiel
estava no exílio, num ambiente que poderia ter sido deprimente para este jovem sacerdote,
mas ele foi levado numa visão à presença do Senhor. Ele se esforça para achar as palavras
para descrever as imagens que lhe foram apresentadas e consegue pintar um quadro em palavras
que ainda cria nos leitores a admiração que ele sentiu pela glória de Deus.
Mas a visão de Deus não foi dada apenas para satisfazer algum anseio humano. Esta visão serviu
para passar para Ezequiel a sua tarefa de proclamar a mensagem de Deus ao povo rebelde de
Israel. Ele recebeu as instruções para agir com resistência e uma cabeça dura, cumprindo fielmente
seu papel como o atalaia da casa de Israel. Da chamada de Ezequiel, podemos aprender muito
sobre a seriedade do nosso trabalho na divulgação do evangelho hoje.
I. A Visão da Glória de Deus (1:1-28)
A. A introdução ao livro (1:1-3)
1. No 30º ano (provavelmente da vida de Ezequiel – veja os comentários na introdução
deste estudo, páginas 3 e 4), Ezequiel teve visões de Deus
2. Ele estava entre os exilados de Judá, no território babilônico junto ao rio Quebar
3. A referência mais específica do versículo 2 identifica a data inicial do trabalho de
Ezequiel como 593 a.C., o quinto ano do cativeiro de Joaquim
4. Ezequiel, cujo nome significa “Deus fortalecerá”, era um sacerdote
B. Um vislumbre da glória de Deus (1:4-28)
1. É importante lembrar que Ezequiel nos dá uma imagem visual. Devemos focalizar a
imagem toda, e não nos perdermos com pormenores
2. Inicialmente, ele viu a imagem chegando de um lugar distante (1:4). Ele a descreve
como um vento tempestuoso e uma grande nuvem envolvida em fogo com uma luz
brilhante irradiando do meio dela
3. Quando a nuvem se aproxima, ele a descreve com mais detalhes (1:5-28)
a. A semelhança de quatro seres viventes saía do meio da nuvem (1:5; cf. Apocalipse
4:6-9)
1) Cada ser vivente tinha quatro rostos – de homem, leão, boi e águia (1:6,10)
2) Cada um tinha quatro asas (1:6,11; cf. Isaías 6:2; Apocalipse 4:8)
3) Eles tinham quatro pernas direitas, que pareciam com pés de um bezerro feitos
de bronze polido (1:7)
4) Tinham mãos de homem nos quatro lados, debaixo das asas (1:8)
5) Tinham a aparência de tochas, fogo e relâmpagos (1:13,14)
6) Cada ser tinha uma roda que parecia com uma roda dentro da outra (1:15-21)
a) Com estas rodas, os seres viventes movimentavam-seem qualquer direção
sem a necessidade de se virarem (1:17,9,12,14,20)
b) O movimento deles não estava restrito a terra; também se elevavam da
terra (1:19,21)
c) As rodas tinham olhos ao redor (1:18; cf. Apocalipse 4:8)
7) Quando consideramos estes seres viventes, junto com as referências relevantesO Atalaia de Israel 7
em outras passagens, podemos chegar a algumas conclusões:
a) Que estes seres são de uma posição muito alta, talvez as maiores
criaturas no céu. Parece que sempre estão na presença imediata de Deus,
totalmente dedicados ao serviço dele
b) Que eles têm uma relação com o mundo inteiro. As descrições dos seres
viventes e de suas posições sugerem a capacidade deles em enxergar tudo
e movimentar-se livremente em qualquer direção. Tais capacidades
enfatizam os atributos divinos de onisciência e onipresença
b. Os seres viventes evidentemente apóiam uma plataforma (firmamento) com a
aparência de cristal brilhante (1:22; cf. Êxodo 24:10; Apocalipse 4:6)
1) Quando movimentaram este firmamento, fizeram um barulho forte, sugerindo
o poder da voz de Deus (1:24)
2) De cima do firmamento, veio uma voz (1:-24-25). Ezequiel não diz
especificamente que era a voz de Deus, mas o contexto e a descrição seguida
do trono sugere claramente ser a voz do Senhor. Quando a voz falou, os seres
viventes se mostraram totalmente sujeitos à autoridade divina
c. Quando Ezequiel olha para cima do firmamento, ele vê a imagem maravilhosa da
presença de Deus. Ele parece incapaz ou hesita em olhar bem para a pessoa em
cima do trono (1:26-28)
1) Uma figura parecida com um homem estava sentada no trono
2) O resplendor de fogo e metal brilhante emanava do trono. O resplendor era
semelhante a um arco-íris ao redor do trono (cf. Apocalipse 4:3)
d. Ezequiel foi consumido com reverência, talvez com medo, quando viu a aparência
da glória de Deus. Ele caiu com o rosto em terra até ouvir a voz de Deus (cf. Daniel
8:17-18)
II. Deus Envia Ezequiel para Pregar ao Povo de Israel (2:1 - 3:15)
A. A chamada de Ezequiel veio quase 130 anos depois da queda do reino do Norte, que foi
conhecido como Israel. Até este período, o termo Israel estava sendo usado novamente
para se referir em geral ao povo escolhido de Deus. O trabalho de Ezequiel seria
principalmente relacionado ao povo de Judá, o reino do Sul, especialmente aos judeus que
haviam sido levados ao cativeiro na Babilônia
B. O Espírito de Deus pôs Ezequiel em pé para ouvir as instruções de Deus (2:1-2). Deus
chama Ezequiel de “Filho do homem” (2:1)
1. Esta expressão aparece 93 vezes em Ezequiel, quase a metade das ocorrências dela
em toda a Bíblia. No Antigo Testamento, aparece poucas vezes antes de Ezequiel (nos
livros de Jó, Salmos e Isaías) e duas vezes em Daniel. No Novo Testamento, se
tornou uma descrição comum de Jesus nos quatro relatos do evangelho, e aparece
raramente no resto do Novo Testamento (cf. Atos 7:56; Hebreus 2:6; Apocalipse 1:13;
4:14)
2. Em Ezequiel, este termo mostra a posição do profeta como homem em contraste
evidente com Deus. É uma expressão referente à humanidade do profeta,
subordinado claramente ao Criador – o Soberano Deus
C. Deus instrui Ezequiel a ser forte na sua tarefa de enfrentar o povo rebelde e teimoso da
casa de Israel (2:3 - 3:15)
1. O fato de Deus dirigir a mensagem “à casa de Israel” tem sido usado por alguns
para concluir que Ezequiel deve ter pregado em Jerusalém. Mas, este fato não é
suficiente para chegar a tal conclusão, por vários motivos:
a. Uma boa parte da casa de Israel já tinha sido deportada à Babilônia, e foi
totalmente apropriado para Deus dirigir sua mensagem a esses exilados (3:11)8 Estudo do Livro de Ezequiel
b. Outras pessoas poderiam ter levado a mensagem de Ezequiel a Jerusalém sem o
próprio profeta chegar ao local
c. Todas as referências no livro ao local colocam Ezequiel entre os cativos na
Babilônia. Simplesmente não há base no livro para dizer que ele tenha voltado para
Jerusalém
2. Ezequiel recebeu a responsabilidade de pregar, independente da reação ou resposta
do povo à mensagem (2:3-7)
3. Deus, então, deu-lhe uma ordem – de comer um rolo (livro) – com a advertência de
não se mostrar rebelde como a casa de Israel (2:8 - 3:3)
a. Nos dois lados do rolo foram escritas palavras de lamentações, suspiros e ais.
Assim, Deus revelou de antemão a natureza da missão de Ezequiel
b. O sabor era doce, como mel (cf. Apocalipse 10:8-11)
c. Ezequiel, como outros profetas, aceitou a responsabilidade de pregar a palavra,
reconhecendo sua obrigação de falar (cf. 3:10; Jeremias 20:9; Atos 4:20)
4. Ezequiel foi enviado para pregar as palavras de Deus (3:4; cf. 3:1) à casa de Israel, com
plena compreensão do fato que ele seria rejeitado pelos seus compatriotas (3:4-11)
5. A visão terminou com a saída de Deus da mesma maneira que ele havia chegado
(3:12-13)
6. Ezequiel voltou ao seu lugar entre os exilados em Tel-Abibe (3:14-15)
a. Ele sentiu amargura e excitação no seu espírito. Há várias explicações possíveis:
1) Raiva ou ressentimento por ter recebido uma tarefa tão difícil sem esperança
de aceitação pelo povo
2) Frustração por não ter mais a visão da glória de Deus
3) Um sentimento forte de indignação e justiça, compartilhando da ira de Deus
para com o povo pecaminoso de Israel. Esta explicação parece ser a melhor em
relação ao texto e em comparação com as experiências de outros profetas (cf.
Jeremias 6:11 econsiderea amargura da missão de João em Apocalipse 10:8-
11)
b. Depois da sua grande visão, Ezequiel ficou esgotado emocionalmente e assentouse, atônito, em Tel-Abibe
III. O Papel de Ezequiel como Atalaia de Israel (3:16-27)
A. A idéia de um profeta servir como vigia ou sentinela para avisar o povo de perigo iminente
não foi nova em Ezequiel. Encontramos a mesma imagem em profetas anteriores (Isaías
56:10; Oséias 9:8; Habacuque 2:1)
B. Ezequiel recebeu a tarefa de avisar o povo das conseqüências dos seus atos
1. Se ele cumprisse este dever, ele viveria, independente da resposta dos ouvintes à
palavra
2. Se ele negligenciasse a sua responsabilidade e ficasse quieto sobre o pecado dos
outros, ele seria culpado pelo sangue dos condenados
C. Deus impeliu o profeta ao vale, onde falou com ele outra vez (3:22-27)
1. Mandou que Ezequiel se fechasse na sua casa, como se estivesse preso
2. Deus falou que o profeta ficaria mudo, podendo falar para o povo somente quando o
Senhor o determinasse (cf. 1 Pedro 4:11). Pode ser que o silêncio de Ezequiel tenha
sido eventual, alternando momentos em que Deus mandasse Ezequiel ora falar ora
calar-se
Conclusão: Não é de admirar que Ezequiel tenha ficado atônito durante uma semana depois da
visão da glória de Deus! Ezequiel e os exilados de Judá devem ter sentido desespero quando
ficaram afastados do templo, mas o profeta teve a consolação de vero verdadeiro templo do DeusO Atalaia de Israel 9
vivo! Mas ninguém se aproxima de Deus sem encarar as suas responsabilidades. A visão destes
capítulos serviu para ajudar Ezequiel a apreciar melhor o caráter de Deus e para se preparar para
sua tarefa de pregar à casa rebelde de Israel.
Perguntas
1. Descreva a aparência dos quatro seres viventes. Quem eram? Quais
seriam algumas das características dos seres viventes representadas
por estes aspectos da sua aparência?
2. Descreva as rodas. Qual foi a função delas?
3. O que ficava acima dos quatro seres viventes?
4. A descrição da aparência de Deus, dada por Ezequiel, não inclui muitos detalhes.
a. Qual seria o motivo de omitir detalhes nesta descrição?
b. Sua descrição de Deus enfatizou quais qualidades do Senhor?
5. O que quer dizer “Filho do homem” em Ezequiel?
6. Como Deus descreve o caráter da casa de Israel?
7. Ezequiel tinha motivo para sentir otimismo quando se preparou para sua missão? Explique.
8. Qual foi o significado de comer o rolo?
9. Qual foi a responsabilidade de Ezequiel como atalaia? Como podemos aplicar os mesmos
princípios nos dias de hoje?
10. Compare as características da visão de Deus em Ezequiel 1 com outras descrições deste tipo
na Bíblia. Cite algumas coisas semelhantes e algumas diferenças:
A visão de Ezequiel Comparações de outros livros da Bíblia
Tarefa opcional: Tente visualizar as rodas da visão de Ezequiel 1 e faça um desenho ou construa
um modelo (talvez de papelão). Se Se tiver habilidades artísticas, pode desenhar toda a cena do
capítulo 1.
3
Conclusão: Deus havia avisado Ezequiel que sua missão seria difícil. As primeiras tarefas do
profeta certamente foram suficientes para provar este aviso! A sua primeira mensagem tomou a
forma de uma cena dramática em que o profeta sofreu grande privação. Logo em seguida, ele
transmitiu uma mensagem de um destino infeliz, repetindo diversas vezes o refrão de lamentação,
“Haverá fim, o fim vem”. É provável que Ezequiel fosse identificado pelo povo, logo no início
do seu ministério, como um profeta esquisito e pessimista. Para uma nação que, durante muito
tempo, havia ignorado e rejeitado os apelos de Deus para seu arrependimento, tal mensagem de
um fim horrível foi necessária. Como um atalaia fiel, Ezequiel avisou o povo que estava andando
no caminho que levaria à morte.
Perguntas
1. Descreva a dramatização que Ezequiel fez para representar
o cerco de Jerusalém.
2. Por que Deus mandou que Ezequiel deitasse sobre seu lado? Durante quanto tempo iria
continuar assim?
3. Descreva o que ele comia e bebia, observando as quantidades diárias. Qual foi o ponto que
Deus queria ensinar com esta apresentação dramática?
4. Descreva o que Ezequiel fez com seus cabelos. Explique o significado desta parte da cena.
5. A afirmação de Ezequiel 5:9 significa que a destruição de Jerusalém foi a pior coisa que
aconteceu em toda a história do mundo? Explique sua resposta.
6. Como Ezequiel explicou o lado positivo (um benefício importante) do cativeiro dos judeus em
uma outra terra?
7. Quando a Bíblia diz: “o fim vem”, ela sempre se refere ao fim do mundo? Explique.
8. Como a afirmação de Deus em Ezequiel 7:22 teria sido chocante e até quase inacreditável
para os judeus da época de Ezequiel?
14 Estudo do Livro de Ezequiel
Lição 3
A Glória de Deus Deixa o Templo:
Visões da Corrupção de Jerusalém
(Ezequiel 8:1 - 11:25)
E
ste trecho é mais um relato altamente simbólico e impressionante. Ezequiel descreve a sua
viagem fantástica em visões ao templo em Jerusalém. Naquela cidade importantíssima para
o povo judeu, o profeta viu uma explicação dramática do declínio de Jerusalém e dos motivos
pelo castigodivinoquevinhasobreela. A arrogância dos habitantes e líderes de Jerusalém enfrenta
a realidade da vingança divina. Mas há um lado positivo nestas visões. Deus assegura ao profeta
que ainda recolheria seu povo e voltaria a ter comunhão com Israel.
I. Ezequiel Testemunha Diversas Abominações no Templo (8:1-18)
A. O contexto destas visões (8:1-4)
1. Esta visão foi recebida no 6º ano, no 6º mês, no 5º dia (8:1).
a. Entendendo a data como referência ao cativeiro de Joaquim (cf. 1:2), concluímos
que a visão aconteceu no ano 592 a.C.
b. O intervalo de tempo entre a primeira data (1:1-2) e esta visão é de um ano e dois
meses. Se Ezequiel tinha 29 anos no início do seu trabalho, ele teria completado
30 anos de idade até a data desta visão
1) Se estivesse ainda em Jerusalém, estaria iniciando seu serviço sacerdotal
2) Nesta visão, ele terá o privilégio deentrarnacasade Deus, mas enfrenta a triste
realidade do pecado do povo que levou à saída do Senhor de sua casa
2. Ezequiel estava na sua própria casa, ainda entre os exilados em Quebar (8:1)
3. Os anciãos de Judá estavam assentados diante dele, provavelmente procurando
orientação espiritual, como costumavam fazer (8:1; cf. 14:1; 20:1; 33:31)
4. Deus pôs a mão sobre Ezequiel, e o profeta viu uma figura celestial que nos lembra a
visão do capítulo 1 (8:1-2). Nesta seqüência, relatada nos capítulos 8 a 11, Ezequiel faz
comparações que mostram que a visão da glória de Deus aqui é basicamente igual à
visão que teve junto ao rio Quebar (8:4)
5. Ele foi levado pelo Espírito “a Jerusalém em visões de Deus” (8:3)
B. Deus permitiu que Ezequiel olhasse para dentro do templo para ver algumas das
abominações sendo cometidas na casa que representava a presença de Deus no meio do
povo escolhido (8:3-16; cf. 5:11)
1. Na entrada do pátio do templo do lado norte, Ezequiel viu a imagem dos ciúmes (8:3-
6)
a. Torna-se evidente que os efeitos das reformas de Josias, um dos melhores reis de
Judá, que morreu menos de 20 anos antes desta visão, não duraram muito (cf. 2
Reis 23:6)
b. Aparentemente, os últimos reis de Judá voltaram à idolatria de Manassés, até o
ponto de erigir uma imagem numa das portas do templo (cf. 2 Reis 21:7,11-12;
Jeremias 7:30; 15:4; 19:3-4; 32:34)
c. A porta do norte seria a entrada normalmente usada pelo rei quando vinha do seu
palácio para o templo. Sabendo da história da idolatria de vários reis, é provável
que o rei fosse um dos principais culpados destas práticas abomináveis
d. Talvez o aspecto desta descrição da idolatria no templo que mais nos surpreenda
nesta descrição da idolatria no templo seja o comentário no versículo 4: “a glóriaO Atalaia de Israel 15
do Deus de Israel estava ali”. Apesar da rebeldia de Israel na rejeição de Deus,
ele ainda não havia abandonado seu povo. Claramente, foi o pecado do povo, e
não a impaciência de Deus, que causou o sofrimento de Israel (8:5-6; cf. Isaías
59:1-2)
2. Ezequiel foi guiado até uma câmara escondida, onde ele encontrou 70 anciãos de
Israel participando de um rito idólatra e adorando animais (8:7-12; cf. Deuteronômio
4:15-18; Romanos 1:23-25)
a. O número 70 pode virdos 70 anciãosdosistema judiciário estabelecidono tempo
de Moisés (cf. Números 11:16,25), a mesma idéia encontrada séculos depois no
Sinédrio, o corpo governante dos judeus na época de Jesus e os apóstolos. O
número 70 é o produto de 7 x 10, sugerindo um número completo (e até santo)
e mostrando que a nação, em geral, havia se dedicado à idolatria
b. Alguns nomes são mencionados aqui (8:11) e em 11:1. Não temos informações
para melhoridentificarestaspessoas. Podem tersido líderes conhecidos do profeta
e do povo de sua época, assim mostrando aos cativos como a idolatria se
espalhava desde os mais elevados níveis da população
c. Estes anciãos tinham se convencidos que Deus não via seus pecados, e assim
participavam desses atos abomináveis com arrogância e desrespeito pela palavra
dele (8:12)
3. À porta da entrada do norte do templo, Ezequiel viu mulheres adorando o falso deus
Tamuz (8:13-14)
a. Tamuz era um deus de fertilidade
b. Na adoração deste falso deus, as pessoas choravam e participavam de rituais de
fertilidade
4. Por último, Ezequiel viu 25 homens, de costas para o templo, adorando o sol (8:15-16;
cf. Deuteronômio 4:19)
C. Depois de mostrar para Ezequiel todos estes crimes na área do templo, Deus enfatizou a
vingança que ele traria contra o povo rebelde que claramente merecia o castigo (8:17-18)
II. Executores da Vingança Divina Matam os Malfeitores (9:1-11)
A. Uma voz forte chamou sete homens para executar a justiça na cidade (9:1-2)
1. Seis deles trouxeram armas para esmagar e destruir (9:2)
2. O sétimo estava vestido de linho e trouxe um estojo de escrevedor (9:2)
B. Deus, da entrada do templo, falou com estes homens (9:3-7)
1. A glória de Deus se levantou do querubim (parece neste ponto uma referência aos
querubins da arca da aliança – cf. Êxodo 25:18-20) e foi até à entrada do templo, onde
aparentemente parou para orientar os executores (cf. 10:4)
2. Ele instruiu o homem com o estojo a passar pela cidade e colocar um sinal na testa
dos homens que foram angustiados por causa das abominações dos rebeldes em
Jerusalém (9:4; cf. Apocalipse 7:2-4; 9:4; 14:1)
3. Mandou, então, que os outros seis seguissem para matar sem misericórdia todos que
não tinham a marca dos justos (9:5-7). Eles foram obedientes à ordem divina
C. Ezequiel clamou ao Senhor em angústia, preocupado que todo o restante do povo seria
destruído (9:8). Aqui, e num apelo semelhante em 11:13, parece que Ezequiel entendia que
o povo de Deus incluísse apenas as pessoas na presença do Senhor (ou seja, na presença
do templo físico em Jerusalém). Deste ponto de vista, o restante teria que estar em
Jerusalém, e não afastado de Deus na Babilônia. Deus responde a esta idéia mais tarde (cf.
11:14-21)
D. Deus respondeu ao apelo de Ezequiel, dizendo que o pecado excessivo do povo realmente16 Estudo do Livro de Ezequiel
seria castigado sem compaixão (9:9-10)
E. Enfatizando a finalidade desta decisão de executar a punição, o homem com o estojo
voltou e disse que tinha terminado seu trabalho (9:11)
III. A Glória de Deus Deixa o Templo (10:1-22)
A. Como já observamos, Ezequiel faz comentários ligando esta visão àscenasanteriores junto
ao rio Quebar. Nossa ênfase no estudo deste capítulo estará nos atos de Deus, e não nos
detalhes da aparência da glória divina. É importante notar, porém, que:
1. Ezequiel agora identifica os quatro seres viventes como querubins (10:15,20; cf.
Gênesis 3:24; Êxodo 25:18-22; 1 Samuel 4:4; Salmo 18:7-12)
2. Não somente as rodas, mas os próprios querubins, estavam cheios de olhos (10:12;
cf. Apocalipse 4:8)
3. Cada querubim tinha quatro rostos. Quando comparamos a descrição aqui com a do
capítulo 1, percebemos que o rosto de boi é descrito agora como rosto de querubim
(10:14; cf. 1:10; 10:22)
B. O homem vestido de linho foi instruído a tomar brasas acesas do meio dos querubins e
espalhá-las sobre a cidade (10:1-2,6-14). A idéia de fogo ser lançado do céu é uma
representação comum do julgamento de Deus (cf. Gênesis 19:24; Levítico 10:2; Lucas
9:54; Apocalipse 8:5)
C. Quando o Senhor se levantou do querubim, o templo se encheu do resplendor da glória
de Deus (10:3-5)
D. Os querubins se levantaram da entrada do templo, levando a glória de Deus para fora da
casa dele (10:15-22). Deus saiu para o lado oriental (10:19), a mesma direção de onde virá
quando volta para a cidade restaurada (cf. 43:1-5). Esta cena claramente representava o
pior pesadelo possível para Ezequiel ou qualquer outro judeu temente a Deus. O Senhor,
finalmente, ficou tão irado pelo pecado da nação que ele foi embora do seu lugar no meio
do povo. Ezequiel tinha visto os acontecimentos celestiais atrás da calamidade da queda
de Jerusalém. Que dia triste para este sacerdote!
IV. Ezequiel Avisa sobre o Destino de Jerusalém (11:1-25)
A. Nas revelações deste capítulo, o Senhor responde à falsa confiança de alguns dos
habitantes rebeldes de Jerusalém, afirmando a certeza do julgamento iminente. Ao mesmo
tempo, ele procura fortalecer a confiança de Ezequiel e os outros exilados, prometendo a
restauração que viria depois
B. O Espírito levou Ezequiel à porta oriental do templo, onde ele viu mais uma cena para
mostrar a confusão e a maldade dos líderes em Jerusalém (11:1-4)
1. Ele viu 25 homens, entre eles alguns príncipes citados por nome (11:1-2). Nada no
texto aqui liga estes 25 homens com o grupo do mesmo número que adorava o sol
no mesmo lugar (cf. 8:16). Parece que este grupo era mais político, talvez homens
discutindo como agir diante da ameaça babilônica. Mesmo com a dificuldade citada
abaixo na interpretação do versículo 3, é claro que eles estavam agindo contra a
vontade de Deus: “são estes os homens que maquinam vilezas e aconselham
perversamente nesta cidade” (11:2)
2. Há algumas possibilidades na interpretação do provérbio de 11:3, entre elas:
a. Que o comentário sobre a construção de casas se refere às palavras de Jeremias
29:5. Neste caso, eles estariam negando a longa duração do cativeiro, como
profetizada por Jeremias. A idéia da carne na panela poderia significar que o povo
(a carne) não seria queimado ou destruído devido à proteção da panela. Assim o
povo não precisaria construir casas no cativeiro, porque a cidade santa daria aos
habitantes proteção de qualquer ataque de fora, e o cativeiro acabaria logo.O Atalaia de Israel 17
Sabemos que Jeremias ensinou contra pensamentos deste tipo
b. Que o comentário mostra o desespero dos judeus e seus líderes diante da
destruição iminente, mas que eles ainda não voltaram a Deus. Nesta interpretação,
o sentido seria do povo reconhecer seu destino, mas ainda recusar admitir a
necessidade de se arrepender. Assim, não devem construir casas, porque todos já
serão consumidos na panela fervente. De fato, Jeremias tentou convencer o rei
Zedequias (o mesmo que estava reinando quando Ezequiel teve esta visão) que o
único caminho que pouparia o povo seria o arrependimento e a decisão de se
render aos babilônicos (Jeremias 38:17-28). Esta interpretação sugere que o povo
entendeu que não teria poder para resistir aos babilônicos, mas que, mesmo assim,
recusou o conselho de Deus
c. Uma terceira interpretação junta aspectos das primeiras duas, sugerindo que não
deviam construir casas em Jerusalém com a guerra iminente, mas que os
habitantes iam sobreviver como carne numa panela que não é queimada. Esta
abordagem faz sentido no contexto, pois nos versículos seguintes, Deus diz que
retiraria os rebeldes do meio da cidade e que seriam mortos pela espada fora (11:7-
11; cf. 5:2)
d. Independente da interpretação específica do versículo 3, podemos ver claramente
que os 25 homens e os líderes citados estavam aconselhando uma política contra
a palavra de Deus, assim agravando uma situação que já estava péssima
C. O Espírito mandou que Ezequiel profetizasse contra estas atitudes erradas (11:5-13)
1. As atitudes dos judeus e dos seus líderes multiplicavam o sofrimento e as mortes
(11:5-6)
2. Deus prometeu novamente que traria julgamento contra os desobedientes
a. A cidade não seria a panela de proteção, pois os rebeldes seriam entregues à
espada até os confins de Israel, fora da cidade “protetora” (11:7-12)
b. Deus demonstrou a sua intenção quando matou um dos príncipes de Israel,
Pelatias, filho de Benaías (11:13; cf. 11:1)
1) Não sabemos se Deus, de fato, matou Pelatias, ou se a morte dele foi uma
parte da visão de Ezequiel
2) Ezequiel novamente clamou a Deus, perguntando se ia destruir o resto de Israel
(cf. 9:8; Amós 7:1-5). Parece que Ezequiel, como o povo judeu em geral,
entendia que o verdadeiro povo teria que ficar na terra. Se levasse alguns ao
cativeiro e matasse os que sobraram, acabaria totalmente com a nação? Esta
dúvida será respondida nos próximos versículos
D. Deus introduzedepois responde a um provérbio usado pelos habitantes de Jerusalém que
desprezava Ezequiel e os demais exilados: “Apartai-vos para longe do SENHOR; esta
terra se nos deu em possessão” (11:14-21)
1. Primeiro, Deus assegura Ezequiel que ele não abandonaria o povo durante o período
do cativeiro, que ele descreve como “um pouco de tempo” (11:16)
2. Ele segue esta promessa com outra, a da restauração do povo fiel depois do cativeiro
– a restauração de um restante santo (11:17-20). Como é comum nas profecias sobre
a volta do cativeiro, encontramos aqui uma mistura de idéias sobre a volta literal à terra
prometida com vislumbres do reino messiânico e espiritual do Novo Testamento
3. Os perversos seriam castigado pelos seus pecados (11:21)
4. É notável que Deus enfatiza aqui a responsabilidade individual, e não nacional. É um
tema importante em Ezequiel
E. A última cena desta visão de Ezequiel foi a saída da glória de Deus da cidade de Jerusalém
(11:22-23). Deus foi embora!
F. O Espírito devolveu o profeta ao seu lugar entre os cativos na Babilônia, e este contou tudo18 Estudo do Livro de Ezequiel
para os outros exilados (11:24-25). É provável que esta visão tenha respondido às
perguntas dos anciãos que procuravam a orientação de Ezequiel (cf. 8:1)
Conclusão: Ezequiel, como os outros exilados, tinha motivo para se preocupar com o futuro de
parentes e amigos em Jerusalém. Por causa do significado especial daquela cidade, tinham até
mais motivo para se preocuparem com o destino da cidade e do templo. A nação poderia
sobreviver se a cidade caísse? A queda de Jerusalém seria prova de Deus ter abandonado seu povo
e seus planos para a nação e até para a redenção no Messias? Estas preocupações são respondidas
nesta série fantástica de visões nas quais Deus abre a cortina e deixa Ezequiel ver o que está prestes
a acontecer com sua amada nação. Em cada cena, fica evidente que Deus é justoe soberano, que
ele controla os eventos e julgará em justiça os perversos e os fiéis.
Perguntas
1. Onde estava Ezequiel durante as visões dos capítulos 8 - 11?
2. Descreva as abominações que ele testemunhou no templo.
3. O que a marca na testa significava?
a. O que aconteceu com as pessoas que não receberam esta marca?
b. Foi uma marca literal? Explique.
4. Qual foi a tarefa dada aos outros seis homens?
5. Depois de completar o trabalho de marcar as pessoas, qual foi a próxima tarefa dada ao
homem vestido de linho? Explique o significado disso.
6. Nesta visão, qual palavra foi usada por Ezequiel para identificar os quatro seres viventes?
7. O que foi importante sobre a saída da glória de Deus do templo?
8. Como é que Deus mostrou para Ezequiel que Jerusalém poderia ser destruída e que o restante
ainda seria restaurado?
9. Como a mensagem de Ezequiel apresenta a doutrina de responsabilidade individual?
O Atalaia de Israel 19
Lição 4
“E Sabereis que Não Foi sem Motivo”
Deus Promete Julgar o Povo de Israel
(Ezequiel 12:1 - 15:8)
M
esmo com a queda de Jerusalém se aproximando, a naçãode Israelcontinuoua se enganar,
negando o seu destino. Falsos profetas que prometeram paz e vitória apareceram em
abundância, e foram bem-recebidos pelo povo comum e pelos nobres e poderosos. O papel
de Ezequiel entre os exilados sugere que muitos que já tinham sido levados ao cativeiro ainda
acreditavam que Jerusalém fosse inviolável, e que Israel não poderia ser totalmente destruído. A
tarefa de Ezequiel, então, foi tentar persuadir o povo que Deus de fato pretendia castigar a casa
rebelde de Israel. Ele se esforçou para trazer as pessoas ao arrependimento verdadeiro para
começar o processo de reconciliação com Deus. Nestes capítulos, Ezequiel apresenta sua
mensagem de julgamento divino por meio de ensinamento direto, encenação dramática e o
simbolismo de uma parábola. Para um povo que negava a possibilidade de tal julgamento, Ezequiel
apresenta as palavras firmes do Senhor avisando sobre o castigo iminente. “Sabereis que eu sou
o SENHOR Deus” (13:9), “e sabereis que não foi sem motivo quanto fiz nela, diz o SENHOR
Deus” (14:23).
I. Deus Afirma a Iminência da Queda de Judá (12:1-28)
A. Aviso sobre a queda de Jerusalém (12:1-20)
1. As instruções de Deus para Ezequiel envolvem, como antes, o uso de uma cena
dramática para impressionar o povo com a urgência dos avisos sobre a queda de
Jerusalém (12:1-8)
a. Durante o dia, Ezequiel levou sua bagagem para a rua, agindo como se estivesse
se preparando para ir ao exílio
b. À tarde, ele cavou um buraco na parede e saiu por ele, levando a sua bagagem. A
idéia seria de uma tentativa de escapar ocultamente dos inimigos para evitar o
cativeiro
2. Quando o povo perguntasse sobre o significado da cena, Ezequiel responderia que ela
previa a tentativa fracassada do “príncipe em Jerusalém” escapar do inimigo para não
ser levado ao cativeiro (12:9-15)
a. Quando Jerusalém caiu (poucos anos depois desta profecia), o rei Zedequias
tentou fugir, de noite, da cidade (12:12; cf. Jeremias 39:4)
b. Zedequias foi capturado e deportado à Babilônia, mas o rei da Babilônia mandou
vazar os olhos dele antes de chegar à terra do exílio, conforme a profecia de
Ezequiel (12:13; cf. Jeremias 39:7)
3. No meio desta mensagem triste da queda de Jerusalém, Deus fala novamente dos
seus planos para poupar alguns que aprenderiam a lição da tragédia nacional de Israel
(12:16)
4. Deus mandou que Ezequiel vivesse mostrando a ansiedade e medo para relembrar o
povo que o julgamento chegaria em breve (12:17-20)
B. Resposta a um provérbio dos israelitas (12:21-28)
1. Parece que um provérbio se tornou popular em Israel como maneira de negar a
urgência da situação e até de negar a palavra profética do Senhor: “Prolongue-se o
tempo, e não se cumpra a profecia” (12:21-22)
2. Deus prometeu fazer cessar o provérbio, cumprindo em breve as profecias (12:23-28)20 Estudo do Livro de Ezequiel
a. Ele disse que as profecias da destruição seriam cumpridas nos dias daquele povo
(ou seja, durante aquela geração)
b. Ele deu para Ezequiel a resposta às afirmações dos falsos profetas que alegavam
que as profecias diziam coisas do futuro distante (12:26-28): “Assim diz o
SENHOR Deus: Não será retardada nenhuma das minhas palavras; e a
palavra que falei se cumprirá, diz o SENHOR Deus” (12:28)
c. Estes avisos, transmitidos por Ezequiel, são comparáveis aos avisos de outros
profetas sobre a necessidade de ouvir com urgência a palavra do Senhor (cf. Amós
6:1-3)
II. Os Falsos Profetas e Idólatras Seriam Castigados (13:1 - 14:11)
A. Os profetas que ofereciam uma falsa esperança de paz seriam rejeitados por Deus (13:1-
16)
1. A mensagem deles veio do seu próprio coração, mas falsamente a atribuíram a Deus
(13:1-3)
a. Sempre é perigoso quando a pessoa segue seu próprio coração, seu próprio
espírito, seus próprios sentimentos (cf. Provérbios 14:12; Isaías 55:8-9; Jeremias
10:23)
b. Há uma tendência forte, nos dias atuais, de enfatizar sentimentos da própria pessoa
como a coisa mais importante em relação a Deus. Muitosdesprezam ensinamento
sobre a doutrina da Bíblia e as exigências de Deus. Foi exatamente o problema que
Ezequiel enfrentou, e a mesma atitude que levava Israel à destruição
2. Os falsos profetas encorajaram o povo a se defender e a resistir o inimigo, mas eles
mesmos enfraqueceram a nação (13:4-16)
a. O efeito das falsas profecias foi a mesma de raposas entre as ruínas. Raposas
cavam túneis, que enfraqueceriam qualquer muro de defesa construído na
superfície (13:4-5)
b. As falsas profecias não vieram do Senhor (apesar das afirmações dos “profetas”)
e não seriam cumpridas (13:6)
c. Deus confronta os falsos profetas, perguntando diretamente se não tivessem
mentido (13:7). Não precisamos ouvir a resposta, pois qualquer defesa seria vã
d. Deus rejeita os falsos profetas, dizendo que não
entrariam na assembléia do povo do Senhor (13:8-
9; cf. Malaquias 3:16-18)
e. Os falsos profetas profetizaram “Paz, quando não
há paz” (13:10,16; cf. Jeremias 8:4-12).
f. O efeito foi o mesmo de chapiscar uma parede
fraca, tentando esconder os seus defeitos, ou de
fazer a caiação com cal inadequado, assim deixando
a parede desprotegida. O resultado: a parede ia cair
sob a pressão da ira de Deus (13:10-15)
g. O problema das profecias de paz naquela época
(13:16) é comparável à situação atual na qual
muitos pastores pregam doutrinas diluídas,
assegurando os ouvintes da sua salvação sem terem
cumprido os requisitos revelados por Deus.
Cuidado!
B. Deus libertaria o povo do controle de falsas profetisas e feiticeiras (13:17-23)
1. Deus dirige esta mensagem às profetisas e feiticeiras que enganavam o povo com suas
“revelações” (13:17-19)O Atalaia de Israel 21
a. A base da crítica foi a mesma citada em referência aos falsos profetas: as profecias
vinham do coração da pessoa, e não de Deus (13:17; cf. 13:2-3)
b. Estas mulheres evidentemente sevestiam de uma maneira especial (a descrição até
nos lembra das ciganas de hoje) e usavam seus feitiços para conduzirem as
pessoas à morte (13:18)
c. Por motivos financeiros (e parece que ganhavam pouco), elas mentiam a um povo
que queria ouvir as mentiras (13:19). Os que transmitem falsas profecias hoje,
sejam cartomantes, quiromantes, clarividentes ou pastores “evangélicos”,
conseguem enganar as pessoas somente porque muitas delas gostam de ouvir as
mentiras e põem sua fé nestas falsas “revelações”, e não na verdade que Deus já
revelou nas Escrituras
2. Deus promete livrar as vítimas das mãos destas enganadoras (13:20-23)
a. Elas caçavam almas, e Deus agiria para tirar as vítimas das mãos delas (13:20-21)
b. Elas fortaleciam a mão dos perversos no seu pecado, não deixando os pecadores
saírem do erro para voltar para Deus (13:22)
c. Deus livraria o povo destas falsas visões (13:23). Como? Considere duas
possibilidades:
1) Que qualquer poder que estas feiticeiras e profetisas usavam iria cessar. Se
agissem por influência de espíritos falsos e enganadores, estes poderes
acabariam. Neste sentido, alguns interpretam Zacarias 13:2 como uma profecia
da cessação dos poderes demoníacos depois da vinda do Messias
2) Que a purificação do cativeiro e o arrependimento do povo levaria os fiéis a
confiar exclusivamente na verdade de Deus, livrando-se totalmente do poder
do engano da idolatria, da feitiçaria e dos falsos ensinos (cf. João 8:32)
C. O Senhor revela seu plano para castigar os idólatras e falsos profetas (14:1-11)
1. Alguns dos anciãos de Israelforam novamentea Ezequiel, aparentemente procurando
orientação do Senhor (14:1; cf. 8:1)
2. A palavra do Senhor referente aos anciãos foi áspera, condenando os líderes por suas
inclinações à idolatria (14:2-5)
a. Ele falou de levantar ídolos dentro do coração (14:3), mostrando o problema de
uma atitude idólatra, e não somente das práticas visíveis da idolatria (cf. Jeremias
6:19; 17:10; Mateus 5:27-28; Filipenses 4:8; Colossenses 3:1-5; Hebreus 4:12)
b. Em conseqüência desta idolatria no coração, eles não tinham direito de
aproximarem-se de Deus para interrogar (14:3). O acesso a Deus depende de um
coração puro e voltado a ele (cf. Salmo 24:3-6; 5:4-7)
c. Os idólatras que ousavam ainda chegarem a Deus seriam castigados severamente.
Os que não aprenderam pela palavra, poderiam aprender somente pelos atos de
Deus (14:4-10; cf. Isaías 26:9)
d. Deus queria que o povo se purificasse de sua idolatria para ser verdadeiramente o
povo do Senhor (14:11). Como? “Convertei-vos, e apartai-vos dos vossos
ídolos, e dai as costas a todas as vossas abominações.... para que a casa
de Israel não se desvie mais de mim, nem mais se contamine com todas
as suas transgressões. Então, diz o SENHOR Deus: Eles serão o meu povo,
e eu serei o seu Deus” (14:6,11).
III. Deus Explica a Queda de uma Nação Inútil (14:12 - 15:8)
A. Deus mostra que Israel havia se tornado uma nação inútil que não merecia a misericórdia
dele (14:12-23)
1. Deus resolveu estender a mão contra Israel para castigar o povo rebelde (14:12-13)
2. A nação não seria poupada, mesmo se três grandes homens – Noé, Daniel e Jó –22 Estudo do Livro de Ezequiel
estivessem no meio do povo (14:14-20)
a. Este ponto é interessante no uso de três pessoas de períodos históricos diferentes
que se destacaram por sua fé em Deus, mesmo em ambientes de descrença e
infidelidade
1) Noé foi justo no meio de um mundo que Deus achou revoltante
2) Daniel, um contemporâneo de Ezequiel, já havia se destacado por sua fé em
Deus como um jovem levado ao cativeiro e confrontado com as tentações da
Babilônia
3) Jó foi considerado tão íntegro que Deus permitiu que Satanás o provasse. Os
amigos e a própria esposa, porém, não demonstraram a mesma confiança em
Deus
b. Mas a presença de homens como estes não seria suficiente para salvar a nação. A
confiança destes homens fiéis seria suficiente somente para a salvação deles. Aqui,
novamente, observamos a ênfaseneste livro quanto à doutrina de responsabilidade
individual diante de Deus
3. Mesmo assim, alguns seriam poupados e consolados (14:21-23)
a. Deus traria seus castigos fortes contra Israel (14:21)
b. Alguns habitantes da terra ainda seriam levados ao cativeiro, levando seus filhos
(14:22)
c. Vendo os exilados, eles teriam o consolo de compreender o motivo de Deus para
castigar a nação (14:23)
B. Deus usa uma parábola de uma videira para reforçar a
mensagem de sua justiça no castigo de Jerusalém (15:1-8)
1. A ilustração desta parábola focaliza o valor da madeira de
plantas diferentes num bosque
2. Deus diz que a “madeira” do ramo tenro de videira é inútil
para construção ou outras aplicações (15:1-5)
a. O sarmento não tem valor como madeira (15:1-3)
b. Ele serve apenas para queimar (15:4)
c. Depois de ser queimado, fica mais inútil ainda (15:5)
3. Se Jerusalém já se mostrou inútil antes de ser destruída, seria ainda mais inútil depois
de ser queimada (15:6-8). A nação merecia o castigo. Deus não achou valor nela para
lhe dar motivo para poupá-la
Conclusão: Jerusalém foi destinada à destruição devido a sua constante rebeldia contra Deus.
A tarefa de Ezequiel foi, em boa parte, convencer o povo que Deus realmente faria o que ele falou.
O profeta encorajava os transgressores a reconhecerem os seus pecados e aprenderem as lições
dos seus erros fatais.
Perguntas
1. Descreva a cena dramática do capítulo 12. Explique o significado.
2. Como foi cumprida esta profecia na queda de Jerusalém?O Atalaia de Israel 23
3. Nos últimos versículos do capítulo 12, Deus refutou qual provérbio popular?
4. O que Deus disse sobre os falsos profetas em referência a:
a. A fonte de suas revelações?
b. O efeito de suas profecias em relação ao destino do povo?
5. Explique o significado da ilustração da parede caiada. Há paredes caiadas deste tipo hoje?
6. Qual foi o crime das mulheres criticadas por Deus em 13:17-23?
7. No meio de tantas profecias de destruição e castigo, quais são algumas indicações do lado
positivo dos atos de Deus – os desejos e a esperança dele referente a Israel?
8. Qual foi o ponto das referências a Noé, Daniel e Jó?
9. Explique a parábola da videira e o significado dela no contexto das profecias de Ezequiel.
24 Estudo do Livro de Ezequiel
Lição 5
Uma História de Amor Incrível:
Como Deus Tratou Jerusalém Infiel
(Ezequiel 16:1 - 17:24)
O
s primeiros capítulos do livro de Ezequiel apresentam os temas principais. Deus estava
preparando um castigo definitivo para o povo de Judá, mas o próprio povo vivia negando
esta realidade. Algumaspessoas ainda seriam resgatadas por Deus, voltando a uma relação
especial de comunhão com o Senhor e até voltando para a terra prometida. Ele continua frisando
os mesmos temas, usando abordagens e ilustrações diferentes. Nos dois capítulos incluídos nesta
lição, ele fala sobre a infidelidade de Judá diante da bondade e proteção de Deus. O capítulo 16
é um dos mais bonitos e um dos mais feios na Bíblia. O capítulo 17 é uma parábola que fala de
plantas e águias para mostrar ao povo a loucura de buscar ajuda nos lugares errados.
I. Jerusalém, como uma Mulher Adúltera, Despreza o Amor de Deus (16:1-63)
A. O propósito desta mensagem: fazer o povo de Jerusalém conhecer as suas abominações
(16:1-2). Jerusalém, como cidade principal de Judá, representa a nação toda
B. Deus encontrou uma criança abandonada e cuidou dela (16:3-7)
1. Desde o princípio, o povo de Israel tinha sido abençoado por Deus, mas não por
mérito próprio (16:3)
a. Veio da terra de Canaã, como filho dos amorreus e dos heteus
b. Ele não se refere aqui literalmente a respeito de linhagem, mas ao fato de Deus ter
separado os descendentes de Abraão dos povos da terra de Canaã
c. Desde a sua origem, Israel foi diferente e privilegiado por causa da graça de Deus
2. A criança recém-nascida (Jerusalém) foi rejeitada e abandonada pelos próprios pais
(16:4-5)
3. Deus (representado aqui como um homem) passou perto desta criança e a pegou. Ele
cuidou da criança, e ela cresceu e se tornou uma moça bonita, embora ainda nua e
descoberta (16:6-7). Comparando esta parte da parábola com a história de Israel,
podemos entendê-lo como uma referência ao período antes da conquista da terra de
Canaã. Israel já era o povo de Deus, mas ainda faltava a proteção especial que ele daria
na terra prometida. Mais importante, ainda não tinha sido totalmente purificado da
imundícia da idolatria e outras abominações praticadas antes (cf. Josué 5:9)
C. Deus casou com a moça e lhe deu sua glória e beleza (16:8-14)
1. Nestes versículos, o papel de Deus muda. Ele passa de pai adotivo para marido
2. Deus viu que a moça havia atingido a maturidade, e ele casou com ela (16:8). É
interessante observar que Deus usa palavras como “juramento” e “aliança” quando ele
se refere ao casamento (cf. Malaquias 2:14). O casamento não é apenas algo que
acontece; envolve um compromisso sério entre as duas partes, um compromisso
descrito nas Escrituras como aliança
3. Agora que Deus casou com ela, ele lavou, vestiu e colocou jóias na sua esposa. Ela foi
sustentada com as melhores coisas, e se tornou uma mulher extremamente bonita e
famosa – a rainha casada com o Rei dos reis (16:9-14). É importantíssimo observar a
ênfase destes versículos na fonte da beleza e glória dela. Não é que Deus achou uma
mulher bonita e gloriosa e casou com ela. Toda a beleza e glória dela vieram do marido
(cf. Efésios 5:25-27). Ela não tinha beleza própria. Não merecia ser rainhaO Atalaia de Israel 25
D. A rainha se entregou ao adultério (16:15-22)
1. Apesar de todas as bênçãos que Deus lhe havia dado, a mulher usou sua beleza e suas
riquezas para praticar o adultério, oferecendo-se abertamente para outros “homens”
(16:15-19)
a. O adultério da mulher simboliza a idolatria do povo de Judá
1) Na figura do casamento, Deus é o marido
2) A idolatria – o envolvimento com outros “deuses” – éuma traição da aliança do
casamento entre a mulher (o povo de Judá) e seu marido (Deus)
3) Muitos dos rituais idólatras envolviam a imoralidade e a prostituição (cf.
Números 25:1-2; Apocalipse 2:14,20)
b. Israel utilizou as coisas que Deus lhe deu – roupas, jóias, perfumes, alimentos –
para servir os falsos deuses
2. A mulher infiel chegou ao extremo de oferecer seus filhos – filhos de Deus – como
sacrifícios aos falsos deuses (16:20-21)
a. A prática de oferecer sacrifícios humanos, especificamente de queimar filhos aos
ídolos, foi condenada e proibida antes dos israelitas tomarem posse da terra
prometida (Deuteronômio 12:29-31)
b. Acaz e Manassés, reis de Judá, desobedeceram esta ordem do Senhor (2 Reis 16:3;
21:6). Os pecados de Manassés são citados como motivo da queda de Judá (2 Reis
24:1-4)
3. Quando ela se entregou ao pecado, esqueceu do seu passado (16:22)
a. Se ela tivesse valorizado o resgate e a bondade de Deus, jamais teria se
comportado como adúltera
b. Nós, também, devemos lembrardanossa libertação como motivo para a fidelidade
(cf. Tito 2:11-14)
E. A mulher infiel multiplicou os seus erros (16:23-29)
1. Judá participou de todo tipo de idolatria
2. Deus comparou esta infidelidade com uma mulher imoral que se oferece a todos os
homens que passam
3. Ela se prostituiu, fazendo alianças e participando da idolatria das nações ao seu redor
– Egito, Filístia, Assíria, Babilônia, etc,
F. Judá se comportou não apenas como meretriz, mas como mulher adúltera (16:30-34)
1. Por ser casada (com Deus), as relações ilícitas dela constituíam adultério
2. Enquanto as meretrizes recebem pagamento dos outros, Judá pagava seus amantes
para ter relações com ela. Esta descrição destaca a condição patética de uma nação
corrompida pelo pecado e descartada pelos próprios cúmplices no erro. Em geral, o
Diabo e seus aliados tomam o que querem e, depois, descartam as suas vítimas
G. Jerusalém sofreria as conseqüências do seu adultério (16:35-43)
1. Deus deixaria os “amantes” de sua esposa infiel tratá-la como quisessem até que ela
parasse de agir como meretriz (16:35-41). Ela tinha se oferecido aos amantes; agora
seria exposta e envergonhada diante de todos
2. Neste castigo de Jerusalém, a ira de Deus seria satisfeita (16:42-43)
3. A penalidade legal para o adultério, conforme a lei do Antigo Testamento, foi a morte
(cf. Levítico 20:10)
H. O pecado de Jerusalém foi pior do que os erros de Samaria e Sodoma (16:44-59)
1. Jerusalém tinha seguido os pecados dos seus “pais” (a mãe hetéia e o pai amorreu,
16:44-45; cf. 16:3)
2. As irmãs dela foram Samaria e Sodoma (16:46-47)
a. Estes dois povos já haviam sido destruídos por causa das suas abominações
b. Jerusalém não aprendeu do castigo das “irmãs”; ainda fez pior do que aquelas26 Estudo do Livro de Ezequiel
cidades
3. Sodoma era uma cidade próspera mas arrogante, um povo que não ajudou os
necessitados (16:48-50)
4. Jerusalém foi pior do que estas outras cidades, assim “justificando” as irmãs (16:51-
52)
5. Deus traria Jerusalém de volta ao seu primeiro estado quando fizesse a mesma coisa
com Sodoma e Samaria (16:53-59)
a. Embora Deus refira-se aqui sobre restauração, parece que a mensagem destes
versículos é outra
b. Jerusalém já olhava para Samaria e, mais ainda, para Sodoma, como exemplo de
um povo destruído que nunca teria chance de ser restaurado
c. Agora, Deus diz que a possibilidade da restauração de todas estas cidades é a
mesma. Se Jerusalém considerava Sodoma uma causa perdida, agora percebe que
Deus olhava da mesma maneira para a “cidade santa”
I. Depois de falar em termos tão fortes sobre a depravação de Jerusalém, Deus fala de
reconciliação com Jerusalém (16:60-63)
1. A noiva bonita que se corrompeu com seus adultérios e outras abominações chegou
a ser rejeitada pelos próprios amantes. Ela se tornou feia e patética
2. Foi neste estado que Deus a tomou de volta, fazendo novamente sua aliança especial
e eterna com ela
3. Deus usa aqui o mesmo refrão que já usou 17 vezes entre capítulo 6 e 15, e que
aparece, ao todo, mais de 60 vezes no livro de Ezequiel: “Saberás que eu sou o
SENHOR” (16:62). Mas esta é a primeira vez que ele usa uma evidência positiva para
mostrar que ele é o Senhor. Nos casos anteriores, e ainda em várias outras vezes que
a frase aparece posteriormente no livro, ele mostra que é o Senhor pelo justo castigo
dos ímpios (cf. 6:7; 7:27; 12:15; 25:7; etc.). Desta vez, ele mostra a sua posição de
soberania pela bondade de tomar de volta o povo, demonstrando a sua misericórdia.
Depois, ele explicará esta categoria de prova: “Sabereis que eu sou o SENHOR,
quando eu proceder para convosco por amor do meu nome, não segundo os
vossos maus caminhos, nem segundo os vossos feitos corruptos, ó casa de
Israel, diz o SENHOR Deus” (20:44). Deus é exaltado quando ele humilha os
rebeldes pelo castigo. Mas o nome dele é engrandecido, também, quando o pecador
se humilha e se arrepende, recebendo o perdão do Senhor (16:63)
II. Uma Parábola de Águias e Árvores (17:1-24)
A. No texto do capítulo 17, a parábola é apresentada (17:1-10) e, depois, interpretada (17:11-
21). Neste esboço, a interpretação é intercalada com a própria parábola. É aconselhável
ler o capítulo inteiro antes de ler o resumo e os comentários abaixo
B. A primeira grande águia (a Babilônia) levou a ponta de um cedro (o rei e os príncipes de
Judá). A muda se tornou em videira que crescia e prosperava, mas não ficou alta. Judá
continuou a sua existência, subordinado à Babilônia e à aliança com ela (17:1-6,11-14).
Judá não foi destruído enquanto se submetia à Babilônia
C. A segunda grande águia (o Egito) apareceu, e a videira (Judá) se inclinou para ela e pediu
que ela a cultivasse (17:7-8; 15)
1. Um dos grandes conflitos em Judá do século 8 ao começo do século 6 a.C. foi a
questão de alianças. Alguns queriam confiar na Babilônia (e, antes dela, na Assíria),
enquanto outros queriam fazer alianças com o Egito
2. Em primeiro lugar, eles deveriam ter confiado exclusivamente no Senhor, recusando
qualquer aliança com os povos pagãos (cf. 16:26-29; cf. Isaías 30:1-3; 31:1)
3. Uma vez que Deus anunciou seus planos de usar a Babilônia para humilhar seu povo,O Atalaia de Israel 27
Judá deveria ter se submetido ao jugo deste império, serendendo ao invasor (Jeremias
6:8; 27:8–13)
D. Deus pergunta: Este povo que se rebelou contra a Babilônia viverá? (17:9-10; 15b)
E. A resposta: O rebelde será facilmente arrancado e morto (17:9-10,16-21)
1. O Egito não ajudaria na defesa, deixando o povo sofrer nas mãos dos babilônios
(17:17-18)
2. O rei e o povo (as pessoas que sobrevivessem a batalha) seriam levados ao cativeiro
na Babilônia (17:19-21)
F. Depois da interpretação da parábola, Deus acrescenta outra parte, dando ao povo a
esperança da restauração (17:22-24)
1. Deus tomaria um ramo tenro da ponta de um cedro, e este seria exaltado, plantado
sobre um monte (17:22)
2. Este ramo cresceria numa grande árvore, dando abrigo para diversos animais e aves
(17:23)
3. Todos saberiam que foi o Senhor que reverteu a situação, humilhando os poderosos
e exaltando os humildes (17:24)
Conclusão: Os capítulos 16 e 17 apresentam duas ilustrações excelentes das atitudes do povo
de Judá e das conseqüências do procedimento deste povo rebelde. O povo que dependia de Deus
por sua própria vida, sua beleza e seu sustento se tornou infiel e agiu como uma mulher adúltera.
Deus, o marido dela, permitiu que ela sofresse as conseqüências dos seus erros por um tempo.
Quando ela chegou ao fundo do poço como uma mulher rejeitada e nojenta até para seus
amantes, Deus ofereceu seu amor não merecido, e tomou de volta sua esposa infiel. Na segunda
ilustração, Deus usa plantase águias para ilustrar a loucura das escolhas erradas do povo de Judá.
Novamente, ele encerra a história com uma afirmação da sua misericórdia para com a nação
rebelde. Com a mesma força que ele havia demonstrado sua santidade e justiça no castigo dos
ímpios, ele mostra seu caráter divino, também, na sua grande bondade.
Perguntas
1. Descreva como Deus cuidou de Israel desde a sua infância, quando
foi abandonado como uma criança rejeitada pelos pais.
2. Na história do capítulo 16, quem foram os pais de Israel?
3. Na segunda parte desta história (a partir de 16:8), qual foi o novo papel de Deus?
4. De onde vieram a glória, a beleza e a prosperidade da esposa de Deus?28 Estudo do Livro de Ezequiel
5. Depois de toda a bondade que Deus mostrou para com ela, que coisa terrível foi feita pela
mulher?
6. Descreva o extremo da depravação a qual ela chegou.
7. Como foi o castigo desta mulher adúltera?
8. Deus aceitaria de volta esta mulher infiel? Explique.
9. Capítulo 16 pode ser visto como uma história ì muito linda, í extremamente feia e
î incrivelmente linda.
a. Explique o sentido desta descrição em todos os três aspectos.
b. Considere as implicações desta história em relação à nossa redenção: Deus nos salva
porque somos atraentes?
10. Explique a parábola das águias e da árvore, identificando os elementos principais:
a. A primeira águia
b. A segunda águia
c. A videira baixa
d. A árvore plantada por Deus
O Atalaia de Israel 29
Lição 6
Deus Age por Amor do Nome Dele:
Sua Justiça e Misericórdia
(Ezequiel 18:1 - 20:44)
O
povo da época de Ezequiel, como fazem muitas pessoas hoje, tentava justificar seus erros
pela tática perversa de pôr a culpa em Deus. Questionaram a justiça dele, mas ele defendeu
sua retidão em lidar com o povo de Israel, julgando cada um conforme seus próprios atos
(capítulo 18). Como Deus de compaixão, que não sente prazer na morte do pecador, ele lamenta
o declínio de alguns dos últimos reis de Judá (capítulo 19). E se o povo se sentisse atingido pela
justiça de Deus, precisaria reconhecer a misericórdianão merecidaqueele demonstrou em poupar
alguns de uma nação rebelde (capítulo 20). Quando ele resgata a nação de Israel, Deus age por
amor do nome dele, não deixando as nações pagãs profanarem o nome do Senhor.
I. Deus Refuta um Provérbio Falso sobre a Responsabilidade Individual (18:1-32)
A. Este trecho trata de um provérbio que alguns falavam a respeito de Israel: “Os pais
comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram” (18:1-4)
1. Evidentemente alguns acreditavam que os filhos fossem cobrados e responsáveis pelos
pecados dos pais, e usavam este provérbio para comunicar uma noção de pecado
herdado, dizendo que o pecado dos pais passava para os filhos (18:1-2)
2. Deus responde ao provérbio dos homens, mostrando que cada pessoa é responsável,
individualmente, pelos próprios pecados (18:3-4)
B. A culpa pelo pecado não passa de uma geração para outra (18:5-18). Deus ilustra seu
ponto falando de três gerações de uma mesma família:
1. A primeira geração: Se o homem for justo, ele viverá (18:5-9)
a. Ele cita aqui vários exemplos das exigências da Lei do Antigo Testamento para
ilustrar o tema da justiça do homem (18:6-9)
b. O homem que fizesse tudo isso viveria por causa da sua justiça (18:9)
2. A segunda geração: Se o filho for injusto, ele morrerá (18:10-13)
a. Aqui, também, ele usa princípios bem conhecidos da Lei dada no monte Sinai
(18:10-13)
b. Este homem seria morto por causa dos seus próprios pecados: “o seu sangue
será sobre ele” (18:13)
3. A terceira geração: Se o neto for justo, evitando os erros do próprio pai, ele viverá
(18:14-18)
a. Os exemplos daobediência, como nos primeiros dois casos, se baseiam na Lei do
Velho Testamento (18:14-17)
b. No final da apresentação deste caso, Deus deixa bem claro que o filho não morreria
pelos pecados do pai
1) “o tal não morrerá pela iniqüidade de seu pai” (18:17)
2) Este homem justo “certamente, viverá” (18:17)
3) Mas o pai “morrerá por causa da sua iniqüidade” (18:18)
C. O resumo e algumas aplicações deste ensinamento: indivíduos escolhem a vida ou a
morte, e podem mudar de direção para o melhor ou para o pior (18:19-32)
1. Cada um decide como agir diante da palavra de Deus (18:19-20)
a. O filho não responde pelos pecados do pai (18:19)
b. “A alma que pecar, essa morrerá” (18:20)30 Estudo do Livro de Ezequiel
2. Quando o perverso volta a Deus, ele será perdoado e viverá. Deus deseja a vida para
todos (18:21-23; cf. 1 Timóteo 2:4; 2 Pedro 3:9)
3. Quando o justo abandona Deus e pratica a iniqüidade, ele será condenado e morrerá
(18:24)
4. Deus é justo (18:25-29) Deus responde à acusação de não ser justo
a. Ele é justo, e os caminhos dos homens são tortuosos (18:25,29; cf. Romanos 3:3-
4; Isaías 55:6-9)
b. Ele defende a sua justiça com uma série de ilustrações que mostram que:
1) A morte é resultado da iniqüidade do homem (18:26)
2) A vida é a recompensa da justiça do homem (18:27-28)
5. A aplicação prática deste ensinamento sobre o pecado, a culpa e as conseqüências
(18:30-32)
a. Deus julgará conforme os atos de cada um (18:30; cf. João 5:28-29; 2 Coríntios
5:10; Romanos 14:10; 2 Timóteo 4:1; Hebreus 4:13)
b. Deus apela ao povo para que, sabendo do julgamento justo que viria, cada um se
arrependesse dos seus pecados (18:30-31; cf. Atos 17:30-31)
c. Deus não queria que ninguém morresse e, por isso, pediu que se convertessem e
vivessem (18:32)
II. Lamentação pelos Príncipes de Judá (19:1-14)
A. A introdução à mensagem do capítulo 19 (19:1)
1. Deus mandou que Ezequiel transmitisse esta mensagem de lamentação sobre os
príncipes (reis – cf. 12:12) de Judá
2. Ezequiel usa aqui um estilo poético específico de lamentação, um tipo de canto
fúnebre, chamado, às vezes, de endecha. O ritmo no hebraico (que se perde
totalmente na tradução para outros idiomas) deu força para as palavras com seu tom
de tristeza e lamentação
B. A parábola dos leõezinhos (19:2-9)
1. Judá (ou talvez, especificamente, a família real) é comparado a uma leoa que cria seus
filhotes (19:2)
2. Um dos filhotes cresceu e foi apanhado e levado ao Egito (19:3-4). Em 609 a.C.,
depois da morte de Josias, Jeoacaz reinou três meses antes de ser preso e levado ao
Egito (cf. 2 Reis 23:31-34)
3. A leoa, frustrada, fez outro filhote ser leãozinho. Este também começou a ficar forte
mas foi apanhado e levado à Babilônia (19:5-9)
1) Esta linguagem poderia descrever os dois reis depois de Jeoacaz – Jeoaquim e
Joaquim – pois ambos foram depostos por Nabocodonosor e levados à Babilônia
(cf. 2 Crônicas 36:5-10)
2) Dois fatos favorecem a aplicação desta lamentação a Joaquim, e não a Jeoaquim:
a) O contexto de Ezequiel.
i. Ele começou seu trabalho depois da deportação de Joaquim (1:1-2). Se
Deus quisesse falar de todos os reis deportados, poderia ter incluído três
filhotes da leoa na parábola
ii. A próxima parábola já comenta sobre um galho fraco, provavelmente se
referindo a Zedequias, o rei em Judá na época desta profecia
b) Um aviso de Jeremias proibiu lamentação por Jeoaquim: “Portanto, assim
diz o SENHOR acerca de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá: Não
o lamentarão....” (Jeremias 22:18)
C. A parábola da videira (19:10-14)
1. A mãe (a leoa na parábola anterior) é representada como uma videira plantada juntoO Atalaia de Israel 31
às águas (19:10)
2. Ela tinha galhos fortes (19:11). Os cetros sugerem a autoridade de reis
3. Mas a videira forte foi arrancada e plantada num deserto, falando do cativeiro na
Babilônia (19:12-13)
4. Fogo saiu dos galhos e consumiu o fruto desta videira(19:14). Os galhos representam
os reis (19:11). O fogo saindo dos galhos pode servir para mostrar que os próprios reis
foram responsáveis pelo castigo deles e do povo
5. O resultado: a videira ficou sem galho forte para reinar (19:14). Este versículo sugere
que Zedequias, o homem que reinava em Jerusalém quando Ezequiel recebeu esta
mensagem, também não teria força para resistir os babilônios
III. Deus Fala sobre a Rebeldia, o Castigo e a Restauração de Israel (20:1-44)
A. A data desta profecia (7º ano, 5º mês, 10º dia) a coloca no ano 591 a.C. (20:1)
B. Deus recusou responder ao pedido dos anciãos, que procuravam conselhos do Senhor,
por causa dos pecados do povo (20:2-4)
C. Deus, por meio de Ezequiel, deu um resumo da história das atitudes rebeldes do povo de
Israel (20:5-32)
1. O povo foi desobediente antes de sair da terra do Egito (20:5-9)
a. Deus tinha motivo para castigar os israelitas lá no Egito, devido à rebeldia deles
b. Mas ele poupou o povo por amor do seu próprio nome – esta expressão aparece
cinco vezes no livro de Ezequiel, quatro delas neste capítulo (20:9,14,22,44; cf.
36:22). Mostra que Deus não agiu pelo mérito do povo, mas para manter a
santidade do seu próprio nome
diante dos povos
2. No deserto, aquela geração de
israelitas se rebelou contra o Senhor
e morreu antes de chegar à terra
prometida (20:10-17)
a. Deus fez uma aliança especial
com o povo de Israel no deserto
(20:10-12).
1) Deus usa a expressão “meus
sábados” 15 vezes no
Antigo Testamento, 10 delas
no livro de Ezequiel
(20:12,13,16,20,21,24;
22:8,26; 23:38; 44:24).
2) Guardar os sábados
representou a aliança
exclusiva que Deus fez com
os israelitas (cf. Êxodo 31:12-
18)
b. A rebelião do povo contra Deus merecia a destruição nodeserto, mas Deus não fez
isso por amor do nome dele (20:13-17). Sabemos, porém, que aquela geração não
entrou na terra prometida (cf. Números 14:20-24)
3. Os filhos deles, a geração que entraria na terra prometida, também se rebelou e
participou das abominações idólatras (20:18-26). Em várias ocasiões, a conduta do
povo merecia a destruição. Exemplos:
a. A rebelião de Corá e seus seguidores levou Deus a ameaçar a destruição total do
povo (Números 16:44-45)
O Sábado é para Todos? Os adventistas do
sétimo dia e alguns outros grupos religiosos
defendem a necessidade de guardar o
sábado nos dias de hoje. Eles enfrentam
algumas dificuldades que podemos observar
no estudo aqui:
ì Enquanto tentam provar, baseado em
Gênesis 2:1-3, que guardar o sábado se
tornou obrigação de todos os homens,
Deus diz outra coisa. Ele descreve o
sábado como sinal entre ele e o povo de
Israel (Êxodo 31:16-17)
í Ele disse que deu a lei do sábado aos
israelitas no deserto (Ezequiel 20:12)
î Ele condenou os israelitas por não
guardar o sábado, mas nunca dirigiu a
mesma crítica às nações gentias, que
foram condenadas por outros motivos32 Estudo do Livro de Ezequiel
b. A participação dos israelitas na idolatria dos moabitas e midianitas foi motivo para
a morte de 24.000 pessoas, e mais teriam morrido se não fosse pela intervenção
justa de Finéias (Números 25:7-9)
4. Depois de entrar na terra prometida, o povo foi infiel e praticou a idolatria (20:27-29)
5. O povo da época de Ezequiel mostrou a mesma atitude rebelde e, por isso, Deus não
respondeu quando Israel o consultava (20:30-32)
D. Deus derramaria seu furor sobre o povo para purificar a nação e trazê-la ao arrependimento
(20:33-38)
1. Novamente, Ezequiel destaca o benefício do cativeiro – Deus esperava a reconciliação
do povo com seu Senhor
2. Deus promete usar seu braço
estendido para tirar o povo do
cativeiro (20:33-34), uma expressão
da força irresistível do Senhor. A
mesma força divina que levou o
povo ao exílio traria o restante de
volta (cf. Jeremias 21:5)
3. Deus levaria o povo ao deserto para
julgá-lo face-a-face, trazendo Israel
à disciplina e à proteção da vara do
Pastor (20:35-38). A expressão
“passar debaixo do ... cajado”
(20:37) refere-se à relação
restaurada com o Pastor que conta
e cuida do seu rebanho (cf. Levítico
27:32; Jeremias 33:13)
E. Deus chamou a casa de Israel a
escolher o serviço a ele, deixando para
trás as suas práticas idólatras (20:39-44)
1. A idolatria não podia ser misturada com o serviço ao verdadeiro Deus (20:39)
2. O povo restaurado a Deus no seu santo monte lhe daria honra, serviço e prazer (20:40-
41)
3. A misericórdia de Deus em restaurar o povo à terra prometida seria prova da divindade
dele (20:42-44). Diante desta bondade de Deus, o povo sentiria nojo de si por causa
das abominações que praticara
Conclusão: Deus é justo em julgar cada um conforme a sua conduta, não culpando os filhos
pelos pecados dos pais, nem os pais pelos erros dos seus descendentes. A nação de Israel, em
conseqüência da sua longa história de rebeldia, merecia o castigo de Deus. Mas, repetidas vezes,
ele havia poupado a nação perversa. Por quê? Porque o povo merecia ser salvo? Não! Porque ele
queria manter a santidade absoluta do seu nome. Ele salvou um povo rebelde por amor do nome
dele, não deixando que outros povos o profanassem.
Perguntas
1. No capítulo 18, Deus responde a qual falso provérbio?
Sujeitos à Aliança de Deus (Ezequiel 20:37).
Um aspecto da promessa da restauração de
Israel são estas palavras de Deus: “Far-vosei passar debaixo do meu cajado e vos
sujeitarei à disciplina da aliança”. Esta
promessa não sugere que o povo fosse
isento, anteriormente, da obrigação de
obedecer a palavra de Deus (veja 20:30-31),
mas que agora teria a bênção de um
relacionamento renovado com Deus.
Semelhantemente, todos os homens hoje são
responsáveis diante de Deus e sujeitos à lei
de Cristo (cf. João 12:47-48; Mateus 28:18-
20; Atos 17:30), mas nem todos participam da
comunhão especial de filhos com seu Pai
celestial (cf. Hebreus 13:10).O Atalaia de Israel 33
2. É possível um pecador se arrepender e alcançar o perdão de Deus?
3. É possível um justo se desviar e perder a sua comunhão com Deus?
4. Herdamos o pecado dos nossos antepassados?
5. Deus quer que alguém seja condenado? Justifique sua resposta com citações de Ezequiel e
do Novo Testamento.
6. Responda às seguintes perguntas sobre a parábola da leoa e seus filhotes (19:1-9):
a. O primeiro filhote foi levado aonde?
b. Este filhote representa qual “príncipe” de Judá?
c. O segundo filhote foi levado aonde?
d. Este representa qual “príncipe” de Judá?
7. Na parábola da videira (19:10-14), donde veio o fogo que consumiu o fruto da videira?
8. O capítulo 20 resume a história da rebeldia de Israel. Identifique as fases da história citada
neste relato.
9. Por que Deus poupou um povo tão rebelde?
Desafios adicionais:
1. Usando o capítulo 18 e outras passagens bíblicas, responda a estas perguntas:
a. Nós herdamos a culpa pelo pecado de Adão e Eva?
b. Uma criança nasce já condenada por Deus?
c. Os filhos podem sofrer por causa dos pecados dos pais?
2. Temos obrigação de guardar o sábado nos dias de hoje?
34 Estudo do Livro de Ezequiel
Lição 7
Avisos de Fogo e Espada:
Deus Prepara-se para Castigar Seu Povo
(Ezequiel 20:45 - 22:31)
N
ovas mensagens reforçam os pontos apresentados nos primeiros capítulos do livro. Deus
traria castigo contra seu povo por causa das abominações praticadas na terra. Nesta lição,
ele avisa dos castigos pelo fogo e pela espada, e enumera as abominações do povo que
exigiram estejulgamento divino. Deusatéprocuraria um homem justo para salvaro povo, mas não
acharia nenhum!
I. Deus Traria Destruição com Fogo e com a Espada (20:45 - 21:32)
A. Deus enviaria fogo para queimar o bosque do Sul (20:45-49)
1. Esta profecia olha para o bosque do Sul, possivelmente se referindo à região do sul de
Judá, o Neguebe (20:45-47)
2. Deus acenderia um fogo que ia consumir o bosque (20:47-48)
a, Todas as árvores – secas e verdes
b. Toda a terra – do Sul ao Norte
3. Aparentemente, o povo respondeu ao aviso em incredulidade ou confusão, chamando
Ezequiel de “proferidor de parábolas”, assim dizendo que não deu para
compreender o aviso (20:49)
B. Numa profecia paralela, Ezequiel falou de destruição pela espada e assegurou o povo que
este julgamento realmente viria (21:1-7)
1. Se o aviso sobre o fogo não foi claro, não teria como entender este aviso de uma
maneira errada!
2. Nesta profecia contra Jerusalém, Deus disse que traria a espada contra todas as
pessoas da terra (21:1-4)
a. Todos os homens – justos e perversos
b. Toda a terra – do Sul ao Norte
3. Todos iam saber que foi o Senhor que agiu contra o povo (21:5)
4. Deus mandouque Ezequiel suspirasse, mostrando sua tristeza com este aviso (21:6-7)
Uma Comparação dos Pontos Principais dos Avisos do Fogo e da Espada
Aviso sobre o Incêndio no Bosque
(20:45-48)
Aviso sobre a Espada em Israel
(21:1-5)
Profecia contra o bosque do Sul Profecia contra Jerusalém
Um fogo no bosque A espada
Árvores verdes Os justos
Árvores secas Os perversos
Todos os rostos queimados A espada contra todo vivente
Julgamento do Sul ao Norte Julgamento do Sul ao Norte
Todos os homens verão que o Senhor acendeu
o fogo
Todos os homens saberão que Deus mandou a
espadaO Atalaia de Israel 35
C. Deus daria sua espada ao matador, e este a usaria para matar segundo as ordens do
Senhor (21:8-17)
1. A espada foi preparada – afiada e polida – para a matança (21:8-10)
2. Israel acreditava que a espada seria para os outros, os povos desprezados pelo rei
(21:10)
3. Mas Deus respondeu que a espada seria usada contra seu próprio povo – os príncipes
e o povo comum (21:11-13)
4. Na cena descrita aqui, parece possível que o próprio Ezequiel tivesse uma espada na
mão, batendo e virando a espada para representar golpes contra o povo; a espada
recebe suas ordens num ritmo militar que acrescenta mais intimidação – “vira-te ...
para a direita, vira-te para a esquerda...” (21:14-16)
5. Deus, controlando tudo que aconteceu, bateria suas palmas para executar sua ira. As
ordens vêm do Senhor (21:17)
D. A espada do rei da Babilônia viria contra Judá, e o poder do rei em Jerusalém seria abatido
(21:18-27)
1. Deus mandou que Ezequiel pusesse marcadores para indicar os caminhos para duas
cidades: Rabá (dos amonitas) e Jerusalém (21:18-20)
2. O rei da Babilônia chegaria à bifurcação e teria que decidir atacar uma cidade antes
da outra (21:21). Ele usaria vários meios de adivinhação para tomar a sua decisão.
Entendemos, porém, que o soberano Deus controlava o movimento do exército e
mandaria o rei da Babilônia para o lado que o Senhor quisesse
3. A adivinhação indicou que ele deveria atacar Jerusalém (21:22)
4. Os judeus ainda poderiam achar que estavam seguros, talvez confiando na sua aliança
com o Egito (21:23; cf. 17:15-17)
5. Mas Deus já havia determinado o castigo. O povo e o rei seriam rejeitados (21:24-27)
E. Os amonitas, porém, não escapariam ilesos (21:28-32)
1. Deus mandou que Ezequiel profetizasse contra Amom (21:28)
2. Deus traria a espada e o fogo contra os amonitas (21:29-31)
3. A destruição dos amonitas seria completa – seriam esquecidos (21:32; cf. 25:10)
II. Israel foi Condenado por suas Abominações (22:1-31)
A. A cidade sanguinária deJerusalém foicondenada por suas muitas abominações (22:1-13).
Entre os pecados citados:
1. Homicídio (22:3-4,9,13)
2. Idolatria (22:3-4,9)
3. Abuso do poder pelos governantes (22:6)
4. Desrespeito para com os pais (22:7)
5. Opressão de estrangeiros (22:7)
6. Maus tratos de viúvas e órfãos (22:7)
7. Profanação das coisas santas (22:8)
8. Calúnias (22:9)
9. Perversidade sexual (22:9-11)
10. Subornos e outras práticas desonestas nos negócios (22:12-13)
B. Deus traria o castigo e o povo não teria força para resistir; Israel seria disperso entre as
nações (22:14-16)
C. Deus ia purificar a nação com fogo, da mesma maneira que separa prata da escória na
refinação (22:17-22)
1. A ênfase aqui está no castigo da nação: “todos vós vos tornastes em escória”
(22:19)
2. A ilustração do processo de purificação de prata, porém, implicitamente olha para a36 Estudo do Livro de Ezequiel
salvação do restante, purificado pelo cativeiro
D. Os líderes da nação, como a população em geral, foram condenadospor Deus (22:23-29).
Ele comenta especificamente sobre:
1. Profetas que devoravam as almas das suas vítimas, alegando ter revelações do Senhor
(22:25,28-29)
2. Sacerdotes que profanavam as coisas santas, não distinguindo entre o comum e o
santo (22:26)
3. Príncipes que reinavam com violência e desonestidade (22:27)
E. Deus chega à cidade para castigar, e espera encontrar um homem justo que ficaria na
brecha para defender o povo, mas não encontra este homem (22:30-31)
1. Não devemos tratar este versículo literalmente até o ponto de negar a presença de
pessoas justas em Jerusalém. Pelo menos, Jeremias e Baruque ainda defendiam a
verdade e tentavam salvar o povo. Continuaram ativos até depois da queda de
Jerusalém (cf. Jeremias 43:1-7)
2. A figura mostra que a nação em geral havia se tornado tão corrupta que Deus não
achou motivo suficiente para poupá-la
Conclusão: O castigo tão merecido pelo povo de Judá se tornou inevitável, porque o povo se
corrompeu e recusou todas as oportunidades para se arrepender. As iniqüidades do povo, dos mais
poderosos às pessoas mais comuns, seriam castigadas pelo furor de Deus. Os julgamentos dele,
representados nestes capítulos pelo fogo e pela espada, atingiriam todos os habitantes da terra.
Perguntas
1. Na profecia sobre o bosque do Sul (20:45-49), qual seria o meio de
castigo usado por Deus?
2. Responda às seguintes perguntas sobre a profecia da espada contra Jerusalém (21:1-17):
a. A espada era de quem?
b. Quem seria eliminado pela espada?
c. Os líderes seriam isentos deste castigo?
3. A Babilônia chegariacom a espadaprimeiro contraJerusalém ou contra Rabá? A outra cidade
seria isenta do castigo?
4. No capítulo 22, qual cidade é chamada de sanguinária?
5. Cite, pelo menos, seis das abominações de Jerusalém citadas como motivos do castigo.
6. Deus compara o castigo de Judá com qual processo de purificação?
7. Quais categorias de pessoas são especificamente condenadas nos últimos versículos do
capítulo 22?
O Atalaia de Israel 37
Lição 8
Duas Meretrizes, uma Panela e um Viúvo:
Mais Mensagens do Castigo Merecido
(Ezequiel 23:1 - 24:27)
D
eus continua reforçando a sua mensagem, mostrando os motivos e a severidade do castigo
do povo rebelde. Nestes capítulos, ele usa três ilustrações para explicar sobre a queda de
Jerusalém. Na primeira, ele compara Israel e Judá a duas irmãs adúlteras, e mostra que este
pecado leva ao castigo de morte. Na segunda, o povo é comparado à carne numa panela
enferrujada, uma panela que não pode ser purificada nem pelo fogo. A terceira ilustração usa a
morte da mulher de Ezequiel para representar a destruição do templo, a delíciados olhos do povo.
I. A História de Duas Irmãs (23:1-49)
A. Deus aborda o problema da culpa de Judá, agora, com mais uma ilustração. Ele conta a
história de Oolá e Oolibá, duas irmãs, ambas meretrizes
B. Deus usa aqui o pecado de prostituição ou adultério para representar, simbolicamente, a
idolatria destes povos. Pecados de imoralidade sexual freqüentemente acompanhavam as
práticas idólatras, mas aqui é a infidelidade das próprias nações – a idolatria – que é vista
como prostituição
C. Elementos principais desta ilustração incluem:
1. Deus: o marido de Oolá e Oolibá
2. Oolá: Samaria ou Israel, o reino do Norte
a. Oolá significa “o tabernáculo dela” e serefere, provavelmente,à religião introduzida
por Jeroboão I
b. Israel não possuía o tabernáculo do Senhor. O “tabernáculo” ou a religião de Israel
era da nação, mas não de Deus
3. Oolibá: Jerusalém ou Judá, o reino do Sul
a. Oolibá significa “o meu tabernáculo está nela” e se refere, evidentemente, à
presença de Deus em Jerusalém
b. O templo em Jerusalém representava a presença de Deus e o centro da verdadeira
religião dos judeus
4. Amantes: ídolos e nações idólatras como a Assíria e a Babilônia
5. Prostituições/devassidões: a idolatria e a infidelidade de deixar de servir o verdadeiro
Deus para servir aos falsos deuses
6. Adultério: um termo mais específico de imoralidade sexual baseada num
relacionamento de pertencer a um outro. Aqui, as irmãs se tornaram adúlteras porque
se casaram com Deus (“foram minhas” – 23:4) e, depois, tiveram relações ilícitas
com outros “deuses” (“com seus ídolos adulteraram” – 23:37)
D. A juventude de Oolá e Oolibá (23:1-4)
1. As irmãs já se prostituíram no Egito, na sua mocidade (23:1-3). Sabemos que a
separação do reino aconteceu séculos depois de sair do Egito, mas nesta história,
Deus trata as duas nações como irmãs distintas desde a mocidade, assim
completando a figura do casamento e do adultério
2. Deus casou com as duas irmãs e elas tiveram filhos (23:4)
E. A infidelidade de Oolá (23:5-10)
1. Oolá (Samaria) se prostituiu com a Assíria (23:5-7)
2. Ela continuou as mesmas práticas imorais (idólatras) que trouxe do Egito (23:8)38 Estudo do Livro de Ezequiel
3. Deus, o marido traído, entregou Oolá nas
mãos dos amantes, os assírios (23:9)
4. Os amantes (os assírios) expuseram as
vergonhas de Oolá, levaram os filhos e as
filhas dela e a ela mataram (23:10)
F. Oolibá deveria ter aprendido a lição dos erros da
irmã dela, mas não o fez (23:11-21)
1. Ela fez coisas ainda piores do que as
devassidões de Oolá, prostituindo-se com os
assírios e os babilônios (23:11-17)
2. Mesmo quando Deus mostrou seu desgosto
com os pecados de Oolibá,ela continuou com
as mesmas práticas erradas (23:18-21)
G. Deus dirige as palavras de advertência a Oolibá, o
povo de Juda (23:22-49)
1. Por causa da infidelidade de Oolibá (Judá),
Deus a entregaria aos amantes dela – os
babilônios e os filhos da Assíria (23:22-23)
2. Os amantes agora são os instrumentos de
justiça que Deus traz para castigar
severamente a mulher adúltera (23:24-29)
a. O efeito de entregar Oolibá aos amantes
seria uma purificação da idolatria: “não
levantarás os olhos para eles e já não
te lembrarás do Egito” (23:27)
b. Semelhantemente, há situações em que uma igreja precisa entregar a Satanás um
malfeitor para a destruição dos desejos carnais (1 Coríntios 5:4-5). O resultado
esperado é a purificação e a salvação daquele irmão
3. Deus deixaria as nações castigarem Oolibá porque ela praticou a prostituição espiritual,
a idolatria, e não aprendeu com os erros de sua irmã, Oolá (23:30-35)
a. Judá não aprendeu a lição, e cometeu os mesmos erros que haviam levado Israel
ao castigo (23:30-31)
b. Deus daria a Oolibá o mesmo copo de desolação que deu a Oolá (23:32-35)
4. Um resumo dos crimes das irmãs infiéis (23:36-45)
a. Adultério/idolatria (23:37,40-45)
b. Derramamento de sangue (23:37,45)
c. Sacrifícios de filhos (23:37,38)
d. Contaminação do santuário de Deus (23:38,39)
e. Profanação dos sábados (23:38)
5. As mulheres adúlteras foram condenadas por Deus e seriam castigadas (23:46-49)
a. A punição para o adultério, na Lei do Antigo Testamento, foi a morte (Levítico
20:10)
b. A aplicação desta punição às irmãs adúlteras teria o efeito de impedir que outras
mulheres cometessem o mesmo pecado (23:48). A pena de morte, conforme a
vontade de Deus, serve como advertência para outras pessoas que enfrentam
tentações semelhantes
II. A Parábola de Carne numa Panela (24:1-14)
A. Esta profecia traz uma data importante, o mesmo dia que o cerco de Jerusalém começou
– contando as datas pelo reinado de Zedequias ou o cativeiro de Joaquim foi o nono ano,
A “Prostitiução” inclui o
“Adultério” – Ouvimos hoje
algumas doutrinas estranhas sobre
textos como Mateus 19:9 nas
quais algumas pessoas afirmam
que a prostituição (da palavra
porneia no grego) não pode
significar adultério. A conclusão
destes ensinamentos é a posição
que nega o direito ao divórcio em
casos de adultério. Ezequiel 23 é
um de vários exemplos bíblicos em
que a palavra prostituição (na LXX,
da mesma palavra grega usada
em Mateus 19:9) é usada para
descrever o adultério – relações
sexuais envolvendo uma pessoa
que já assumiu o compromisso do
casamento. Quando estudamos a
Bíblia, devemos prestar atenção
em detalhes deste tipo para não
sermos enganados por falsos
mestres que distorcem as
Escrituras.O Atalaia de Israel 39
décimo mês, décimo dia, ou seja, 589/588 a.C. (24:1-2; cf. Jeremias 39:1; 52:4; 2 Reis
25:1)
Datas Importantes: A Queda de Jerusalém
Acontecimento Data do Reinado de Zedequias ou
Cativeiro de Joaquim
Data a.C.
(Aproximada)
Cerco de Jerusalém Começa 9º ano, 10º mês, 10º dia 589/588
Brecha nos Muros 11º ano, 4º mês, 9º dia 587/586
Templo Queimado, Cidade Destruída 11º ano, 5º mês, 7º dia 587/586
B. Deus mandou que Ezequiel cozinhasse carne numa panela enferrujada (24:3-14)
1. Mandou que colocasse pedaços bons de carne, com os ossos, na água na panela
(24:3-5)
2. Depois falou para ele tirar os pedaços, sem escolha, da panela enferrujada (24:6)
3. Este ato serviu para condenara cidade sanguináriaquederramou sangue sobre pedra,
onde não foi coberto com pó (24:7-8). A culpa de Jerusalém continuou descoberta,
motivo de castigo (24:9-10)
4. Depois, ele coloca a panela enferrujada, vazia, sobre as brasas para tentar tirar a
ferrugem, mas não consegue purificar a panela (24:11-12)
5. A mensagem para Jerusalém: ela não seria purificada até Deus satisfazer a sua ira no
julgamento da cidade sanguinária (24:13-14)
III. A Morte da Mulher de Ezequiel Representa a Destruição do Templo (24:15-27)
A. De todas as ilustrações dramáticas do trabalho de Ezequiel, este deve ter sido a mais difícil
B. Deus falou para ele que a mulher do profeta ia morrer de repente, e que ele não poderia
lamentar por ela (24:15-17)
C. Pela manhã, ele falou ao povo e, à tarde, a mulher dele morreu (24:18)
D. No dia seguinte, ele fez o que Deus mandou e não lamentou pela mulher (24:18)
E. Quando o povo perguntou sobre o significado de tudo isso, ele explicou (24:19-24)
1. Deus falou que ele tiraria a “delícia” dos olhos do povo – o templo em Jerusalém, e
que os filhos deles seriam mortos (24:19-21)
2. Como Ezequiel não tinha lamentado, eles não lamentariam (24:22-24)
F. Ezequiel não teria outras revelações de Deus até chegar um mensageiro com a notícia da
destruição do templo (24:25-27)
Conclusão: Ezequiel continuou seus esforços para mostrar ao povo a justiça de Deus e para
chamar o povo rebelde ao arrependimento verdadeiro. Ele usou uma série de ilustrações para
avisar o povo, chegando à cena difícil de aceitar, sem lamentação exposta, a morte de sua mulher.
Já era tarde demais para salvar os habitantes de Jerusalém, mas Ezequiel ainda lutava para
resgatar alguns dos restantes entre os cativos.
Perguntas
1. Na história das meretrizes, quais são os nomes das duas
mulheres? Elas representam, respectivamente, quais povos?40 Estudo do Livro de Ezequiel
2. Nesta história, ele identifica especificamente três amantes, um de antes do casamento e mais
dois que entram na história depois. Identifique os três.
3. Nesta história, o adultério representa qual pecado espiritual?
4. A palavra “prostituição”, na Bíblia, pode significar “adultério”?
5. A pena de morte, no capítulo 23, serviu dois propósitos. Quais são?
6. Qual foi a data (usando o cativeiro de Joaquim) da profecia sobre a panela?
7. Na explicação da parábola da panela, qual foi o significado de derramar sangue numa pedra
e não na terra?
8. O que foi necessário para purificar a panela e tirar sua ferrugem?
9. Qual evento marcante na vida de Ezequiel simbolizou a destruição do templo?
10. Como é que Deus mandou que o profeta reagisse a este acontecimento triste?
O Atalaia de Israel 41
Lição 9
Profecias sobre os Vizinhos de Israel
(Ezequiel 25:1 - 28:26)
M
esmo nos livros proféticos dirigidos ao povo escolhido, é comum achar
trechos que contêm avisos para outras nações (veja Isaías 10-22; Jeremias 46-
51, Amós 1 e Sofonias 2). Ezequiel, também, contém uma parte dedicada às nações gentias.
Nesta e na próxima lição, vamos estudar as profecias sobre outras nações nos capítulos 25 a 32.
Nesta lição, consideraremos as profecias sobre os povos vizinhos de Judá – os amonitas, os
moabitas, os edomitas, os filisteus, e as cidades de Tiro e Sidom. Na próxima, veremos as profecias
sobre o Egito (capítulos 29 a 32). A mensagem destas profecias é clara e importante: Deus exerce
controle e julgará até as nações mais fortes.
Uma lição que devemos aprender deste trecho do livro é a abrangência do domínio divino.
Enquanto as nações gentias não participavam de uma relação especial como “o povo escolhido”
(uma comunhão especial limitada ao povo de Israel), elas ainda tinham a obrigação de reconhecer
a soberania de Deus e a responsabilidade de seguir os princípios divinos de moralidade, ética, etc.
Isaías descreve o padrão que servia como base para o julgamento divino das nações como “a
aliança eterna” (Isaías 24:5). Os conceitos básicos de santidade e justiça são características do
próprio Senhor, e assim fazem parte de todos os padrões que ele já deu aos homens.
Uma segunda lição é a fraqueza daqueles “poderes” dominantes no mundo. Nestas duas lições,
vamos observar a ênfase nos povos do Egito e de Tiro. Comentários no texto e informações
históricas sugerem que estas duas nações sofreram menos do que a maioria das outras durante
o período do domínio assírio na região. É possível que alguns israelitas tenham encontrado algum
motivo de esperança e coragem na força aparente do Egito e de Tiro, pensando que eles também
teriam condições de resistir a Babilônia. Ezequiel apresenta a resposta de Deus a qualquer noção
deste tipo, mostrando que estes povos poderosos, também, seriam julgados pela mão poderosa
do Senhor.
Nestas lições, vamos destacar principalmente a estrutura básica destas profecias sobre as nações.
Alunos que quiserem mais informações poderão procurar relatos históricos e outros comentários
bíblicos sobre os mesmos povos para ver como Deus cumpriu a sua palavra referente às nações.
I. Profecia contra Amom (25:1-7)
A. O crime dos amonitas: Eles se alegraram e zombaram quando Jerusalém caiu (25:3,6).
Veja a observação sobre a data destas profecias nos comentários abaixo sobre Tiro (26:1)
B. O castigo deles:
1. Seriam entregues aos “filhos do Oriente” (25:4)
2. Rabá se tornaria um lugar de repouso para animais (25:5)
3. Seriam destruídos (25:7).Jeremias49:6 esclarece a intenção de Deus, mostrando que
alguns amonitas sobreviveriam
II. Profecia contra Moabe (25:8-11)
A. O crime dos moabitas: Não reconheceram o lugar especial de Judá entre asnações (25:8).
O povo de Judá foi o povo escolhido por Deus, e os judeus eram parentes dos moabitas.
Não deviam ter considerado estes vizinhos como nação qualquer42 Estudo do Livro de Ezequiel
B. O castigo deles:
1. Deus abriria espaço onde eles tinham cidades (25:9)
2. Seriam entregues, junto com os amonitas, “aos povos do Oriente” (25:10-11)
III. Profecia contra Edom (25:12-14)
A. O crime deles: Comportamento vingativo para com o povo de Judá (25:12)
B. O castigo deles:
1. Deus faria da terra deles um deserto (25:13)
2. Ele usaria Israel como seu instrumento para executar a ira contra Edom (25:14)
IV. Profecia contra a Filístia (25:15-17)
A. O crime deles: Comportamento vingativo, aparentemente contra o povo de Israel (25:15)
B. O castigo deles:
1. Deus eliminaria os queretitas (25:16). Pela citação aqui, deduz-se que os queretitas
tenham sido filisteus ou um povo vinculado aos filisteus (cf. 1 Samuel 30:14)
2. O resto do povo da costa seria destruído (25:16)
V. Profecia contra Tiro (26:1 - 28:19)
A. A referência à data em 26:1 coloca esta profecia ou, pelo menos, a primeira mensagem
nesta série, no mesmo ano da queda de Jerusalém (587/586 a.C.). Este versículo não
identifica o mês, mas o contexto mostra que estas profecias foram feitas depois da queda
de Jerusalém, que aconteceu no quinto mês daquele ano (cf. 2 Reis 25:8-9)
B. O crime deles: Zombaram de Jerusalém quando a cidade caiu (26:2)
C. O castigo deles (26:3-21):
1. Deus enviaria muitas nações para destruir Tiro (26:3-4)
2. A cidade seria varrida e deixada como uma pedra lisa (26:4)
3. Tiro se tornaria lugar para
esticar redes de pescadores
para secarem (26:5)
4. As filhas (as cidades menores
dependentes de Tiro) seriam
mortas (26:6)
5. Nabucodonosor seria usado por Deus para liderar o cerco de Tiro e a destruição das
cidades filhas (26:7-13). A história confirma que Nabucodonosor cercou a cidade de
Tiro entre 585 e 572 a.C., levando à queda da cidade de Tiro e, posteriormente, a
destruição total da cidade continental
6. Aquela cidade nunca seria reconstruída (26:14,20-21). Observação: Existe hoje uma
cidade de Tiro no Líbano, mas não é a mesmacidadecontinental. O entulho da cidade
antiga foi usada para fazer um molhe e a nova cidade foi construída próxima à costa
D. As reações dos vizinhos de Tiro à queda da cidade (26:15-18)
1. Os “príncipes do mar” – os poderosos da região da costa – ficariam pasmos (26:15-16)
2. Os povos vizinhos lamentariam a queda de Tiro (26:17-18). A cena aqui lembra um
velório, introduzindo a descrição que virá nos versículos seguintes
E. Estendendo a imagem de uma procissão funerária, Deus fala da descida da cidade à cova,
da qual nunca voltaria (26:19-21)
F. Ezequiel faz uma lamentação sobre Tiro, usando a figura de um grande navio que
naufragou (27:1-36)
Para mais comentários sobre o significado da
profecia contra Tiro e seu cumprimento, veja:
“Profecia Cumprida: Evidência da Inspiração das
Escrituras”: http://www.estudosdabiblia.net/d37.htmO Atalaia de Israel 43
1. Ele descreve Tiro como um navio impressionante, construído por trabalhadores de
várias nações usando materiais de primeira qualidade (27:1-11)
2. Uma vez que o navio foi construído, ele foi envolvido no comércio com muitas nações,
adquirindo sua riqueza e seu poder dos povos (27:12-24). Vamos observar alguns dos
mesmos nomes no capítulo 38, onde daremos mais atenção ao significado destas
listas de povos
3. Tiro e seus dependentes cairiam em ruínas, como se fosse o naufrágio deste “navio”
(27:25-27)
4. As outras nações que faziam negócios com Tiro lamentariam o naufrágio (27:28-36)
G. Deus avisa sobre o destino do rei de Tiro (28:1-19)
1. O príncipe de Tiro se exaltou
como se fosse Deus, achando-se
invencível. Mas Deus humilharia
este homem (28:1-10)
a. Como a arrogância de outros
reis (a mesma atitude de
muitos governantes hoje), o
rei de Tiro mostrou seu
orgulho em se gabar como
se fosse o responsável pela
prosperidade do seu reino
b. Evidentemente com um tom
de ironia, Deus diz que este
rei se achava mais sábio que
Daniel
2. O rei de Tiro, pela sua maldade,
havia rejeitado as bênçãos do
favor divino. Foi como se tivesse
abandonado a beleza do Éden
ou renunciado uma posição
como querubim na presença de
Deus (28:11-19)
VI. Profecia contra Sidom (28:20-26)
A. O crime deles: Trataram o povo de
Israel com desprezo (28:24)
B. O castigo deles:
1. Sofrimento de doenças graves (28:23)
2. Mortes violentas (28:23)
C. A queda de Sidom completaria a remoção dos vizinhos de Israel que desprezavam o povo
escolhido (28:24-26)
D. Deus seria santificado pela aplicação da justiça (28:22)
Conclusão: O povo de Israel merecia o castigo e seria severamente disciplinado por Deus. Mas
as nações ao seu redor que achavam prazer no sofrimento do povo escolhido enfrentariam castigos
até mais severos. Olhando no mapa, podemos ver que as profecias destes capítulos tratam de
vizinhos de praticamente todos os lados – norte, sul, leste e oeste. Os que zombavam de Israel ou
maltratavam o povo escolhido teriam que responder para Deus.
Ezequiel 28 e a Origem de Satanás
É muito comum encontrar explicações da origem
de Satanás baseadas em Ezequiel 28 (a profecia
contra o rei de Tiro) e Isaías 14 (a profecia contra
o rei da Babilônia). Até o nome “Lúcifer”, aplicado
por muitos ao Diabo, vem de algumas traduções
de Isaías 14. Mas o estudo cuidadoso destes
capítulos mostra que as pessoas condenadas,
embora imitando muitas atitudes erradas de
Satanás, eram, de fato, reis de povos antigos.
Ezequiel 28 diz que fala de alguém que não
passa de homem (2,9) e que seria morto pela
espada de estrangeiros (7-10). Muitos justificam
a interpretação sobre Satanás por causa dos
comentários sobre Éden e o querubim (12-14),
mas Satanás não brilhava no Éden como
querubim. Ele entrou como serpente para tentar
o primeiro casal! Este trecho usa linguagem
simbólica que fala de Daniel e de um querubim,
mas o assunto da profecia é o próprio rei de Tiro.
Com certeza era um filho do Diabo (João 8:44),
mas este trecho não é uma história da origem do
Adversário.
Para mais sobre este assunto, veja:
“Quem é Lúcifer?”:
http://www.estudosdabiblia.net/bd510.htm
“A Origem de Satanás”:
http://www.estudosdabiblia.net/1999439.htm44 Estudo do Livro de Ezequiel
Perguntas
1. Nestes capítulos, quais povos são especificamente mencionados
como objetos da justiça divina?
2. Encontre, num mapa, a localização das nações citadas aqui. Observe
a posição geográfica delas em relação a Judá.
3. Qual nação foi vítima de crimes cometidos por todos estes povos gentios?
4. Explique a ilustração do navio bonito, Tiro, e seu naufrágio.
5. O que significa a “cova” nestas profecias (em 26:20, por exemplo)?
6. Entre os vizinhos de Judá, condenados nestes capítulos, qual recebeu o destaque maior?
7. Ezequiel 28:1-19 é uma explicação da origem de Satanás? Justifique sua resposta.
Desafios adicionais:
1. Pesquise sobre a palavra “Lúcifer”. De onde vem? O que significa? Nas Escrituras, é um nome
de Satanás?
2. Antes da vinda de Jesus, as nações gentias estavam sujeitas à vontade de Deus e obrigadas
a obedecerem ao Senhor?
3. Hoje em dia, todas as pessoas estão sujeitas à vontade de Jesus e obrigadas a obedecerem
ao Senhor?
O Atalaia de Israel 45
Lição 10
Profecias sobre o Egito
(Ezequiel 29:1 - 32:32)
N
a lição 9, consideramos as profecias sobre os vizinhos de Judá. Nos capítulos
29 a 32, Deus continua falando sobre castigos dos povos pagãos,
especificamente a nação poderosa do Egito.
Durante alguns séculos, o Egito tinha sido o principal rival dos poderes mesopotâmios – a Assíria
até o final do sétimo século a.C., e a Babilônia nas décadas depois da queda da Assíria. Durante
este tempo, os reinos na Palestina (Israel até a sua queda em 721 a.C., e Judá até a sua queda em
586 a.C.) vacilaram nas suas alianças – às vezes se alinhando com os egípcios e, outras vezes,
procurando o favor dos impérios da Mesopotâmia, esquecendo frequentemente do verdadeiro
protetor – Deus.
Nestes capítulos, Deus mostra que o Egito não teria poder para resistir a vingança divina executada
pela Babilônia. Da mesma forma que Deus usaria esta nação para punir o povo de Judá, ele
humilharia os egípcios pela espada babilônica.
I. Observações sobre Estas Mensagens
A. Deus deixa de falar sobre os vizinhos e agora dá atenção ao reino que o povo Judá havia
procurado como aliado para protegê-lo dos babilônios
B. Nestes quatro capítulos, Ezequiel apresenta sete mensagens ou palavras do Senhor, sobre
o Egito
C. Várias vezes, Deus usa o mesmo refrão já encontrado nos capítulos anteriores: “saberão
que eu sou o Senhor” (29:16,21; 30:19,25,26; 32:15)
D. Seis destas mensagens incluem referências às datas, que abrangem um período de 17
anos entre 587 e 571 a.C. Podemos organizar estas mensagens cronologicamente:
1. A primeira palavra (29:1-16) – no 10º ano, 10º mês, 12º dia
2. A segunda palavra (30:20-26) – no 11º ano, 1º mês, 7º dia
3. A terceira palavra (31:1-18) – no 11º ano, 3º mês, 1º dia
4. A quarta palavra (32:17-32) – no 12º ano,1º mês, 15º dia. Veja os comentários abaixo
sobre esta data
5. A quinta palavra (32:1-16) – no 12º ano, 12º mês, 1º dia
6. A sexta palavra (29:17-21) – no 27º ano, 1º mês, 1º dia
7. Uma palavra sem data, possivelmente da mesma data da anterior, ou seja 571 a.C.
(30:1-19; cf. 29:17). Neste caso, seria a sétima da série de profecias
E. No nosso estudo aqui, vamos considerar as profecias na seqüência que Ezequiel as relatou
II. As Profecias sobre o Egito
A. O Egito condenado por crimes cometidos contra Israel (29:1-16)
1. Esta profecia foi a primeira na seqüência desta série, e foi dada um ano depois da
Babilônia sitiar Jerusalém (29:1-2; cf. 2 Reis 25:1)
2. O Egito havia se exaltado, esquecendo que dependia de Deus até para sua própria
vida, que dependia do rio (Nilo) que Deus tinha feito (29:3)
3. O Egito seria castigado como um crocodilo e peixes jogados no deserto (29:4-5)
4. O Egito não apoiou o povo de Israel na sua necessidade e, por isso, seria castigado por
Deus (29:6-7)46 Estudo do Livro de Ezequiel
5. Devido aos crimes deste povo, o castigo do Egito seria severo (29:8-12)
6. Depois do castigo de 40 anos, os egípcios seriam restaurados à sua terra, mas não
seriam exaltados à posição de um império mundial (29:13-16). O Egito ainda existe
como nação, mas nunca voltou à importância que tinha até o 7º século a.C.
B. O Egito seria dado a Nabucodonosor (29:17-21)
1. A data mencionada aqui é a última no livro, mostrando que Ezequiel continuou seu
trabalho profético até, pelo menos, 571 a.C.
a. Esta data foi pouco tempo depois do fim do cerco de Tiro pelos babilônios, assim
explicando o comentário de 29:18
b. Conforme registros históricos, a Babilônia atacou o Egito aproximadamente três
anos depois desta profecia
2. O cerco de Tiro por Nabucodonosor levou à subjugação daquela cidade aos
babilônios, mas evidentemente não rendeu espólios suficientes para financiar a longa
campanha (29:18)
3. Portanto Deus pagaria o salário dosbabilônios,permitindo que tomassem os despojos
do Egito (29:19-20)
4. O castigo do Egito está ligado à prosperidade de Israel (29:21). Seja uma referência
ao resultado da vitória de Nabucodonosor, uma referência à volta do cativeiro ou uma
citação messiânica, o ponto é claro. É Deus, e não o Egito, que traz prosperidade para
seu povo (cf. 28:24-26)
C. O Egito e seus aliados cairiam (30:1-19)
1. Esta é a única nesta série de “palavras” que não inclui a data
2. Deus usaria a Babilônia como seu instrumento de justiça para castigar o Egito e seus
aliados – Etiópia, Pute, Lude e Arábia (30:1-12)
3. A abrangência deste julgamento é frisada pelas citações de vários lugares no Egito
(30:13-19)
D. O poder de Faraó seria quebrado (30:20-26)
1. Esta profecia é a segunda na série, sendo feita aproximadamente três meses depois
da primeira (30:20; cf. 29:1)
2. Deus já havia quebrado o braço do Faraó que, por falta de tratamento, não tinha se
recuperado e não conseguia tomar a espada (30:21)
3. Deus quebraria os dois braços, deixando o rei totalmente incapaz de se defender
(30:22-23)
4. Ao mesmo tempo, Deus fortaleceria os braços do rei da Babilônia e lhe daria sua
espada para vencer os egípcios (30:24-26)
E. A grande árvore do Egito seria cortada (31:1-18)
1. Esta é a terceira das palavras sobre o Egito, e veio a menos de dois meses depois da
segunda (31:1; cf. 30:20)
2. Deus começa com uma pergunta: A quem pode comparar a grandeza do Egito? (31:2)
3. A Assíria é usada como exemplo comparável (31:3-17)
a. A Assíria é comparada a um cedro do Líbano, uma árvore grande e majestosa
(31:3-9). É como se estivesse no jardim do Éden, superior a todas as outras árvores
(31:8-9)
b. Esta “árvore” se exaltou, e foi humilhada quando Deus a entregou nas mãos dos
seus inimigos (31:10-17). A queda desta nação é comparada à procissão funerária
em que o morto desce à cova (31:15-17; cf. 26:20; 32:17-32)
4. Da mesma maneira, Deus faria o rei do Egito descer à cova da morte (31:18)
F. Uma lamentação contra Faraó (32:1-16)
1. Esta é a quinta das “palavras” nesta série, e foi revelada cerca de 585 a.C. (32:1)
2. A lamentação descreve o Faraó como um crocodilo (a mesma figura de 29:3) que seriaO Atalaia de Israel 47
apanhado na rede de Deus e puxado para fora do rio pelos povos (32:2-3)
3. Faraó (representando o Egito) seria jogado em campo aberto onde os animais
comeriam sua carne (32:4-5)
4. A queda deste rei e do seu povo é descrita através de figuras fortes que sugerem o fim
do mundo – as estrelas, o sol e a lua escurecem – porque seria o fim do mundo deles
(32:6-8; cf. Joel 2:30-31; Mateus 24:29; etc.)
5. As nações lamentariam o castigo do Egito, que seria executado pela Babilônia (32:9-
16). Observamos aqui a semelhança desta profecia com a de Tiro. Depois das nações
lamentarem a queda de Tiro, ele desceu à cova (26:17-20). Depois desta lamentação
das nações sobre o Egito, ele descerá à cova (cf. 32:17-32)
G. O Egito desce à cova (32:17-32)
1. Há incerteza sobre a data desta profecia, devido a questões sobre o texto original
(32:17). Pode ser que esta profecia fosse revelada logo depois da anterior, ou que fosse
revelada antes, como a data na ARA sugere, e que o autor a colocou aqui por causa
do conteúdo, seguindo a mesma seqüência da profecia contra Tiro no final do capítulo
26
2. Apesar de sua beleza e grandeza, o Egito desce à cova e toma seu lugar no meio dos
incircuncisos (32:18-21)
3. Ele passa na frente dos outros mortos – nações ímpias já castigadas por Deus (32:22-
32).
a. Os valentes que apavoravam as pessoas nesta vida serão conduzidos à
conseqüência da sua crueldade
b. No final, é Deus que causa espanto nos corações destes “valentes” – Faraó e seu
povo (32:32)
Conclusão: Enquanto Ezequiel e a maioria dos outros profetas do Velho Testamento focalizavam
o relacionamento de Deus com a nação escolhida, Israel, este fato não isentava as outras nações
de responsabilidades diante do Senhor. Deus ocupa constantemente uma posição soberana sobre
todos os homens. Ezequiel, nas profecias contra as nações, relembra seus ouvintes deste fato em
termos práticos. Algumas nações sobreviviam durante séculos, com pouca preocupação com a
vontadede Deus. Elas se mostraram injustas, idólatrase arrogantes. Deus, por um tempo, tolerava
tal procedimento, mas nunca lhes deu a sua aprovação. Ezequiel fala do dia em que Deus traria
a sua justiça contra o Egito, um dos principais transgressores. Destas profecias, duas expressões
de Deus se tornam especialmente significativas: “Saberão que eu sou o SENHOR” e “Porque
também eu pus o meu espanto na terra dos viventes”.
Perguntas
1. O rei do Egito foi comparado a qual animal? Qual foi a sua atitude
sobre o grande rio do Egito?
2. Conforme o capítulo 29, a destruição do Egito seria total e final? Explique.48 Estudo do Livro de Ezequiel
3. Qual rei seria o instrumento de Deus para humilhar os egípcios?
4. Explique a profecia que usou a ilustração de braços quebrados e braços fortes.
5. Na profecia sobre o Egito no capítulo 31, a Assíria foi representada por qual planta? O que
esta ilustração tinha a ver com o Egito?
6. A Assíria estava no Éden (31:8-9)? Explique como este trecho ajuda para entender a profecia
sobre o rei de Tiro (28:12-13).
7. O que acontece com o animal que representa o Egito (veja pergunta número 1 acima) na
lamentação do capítulo 32?
8. Ezequiel 32:7-8 fala sobre o fim do mundo? Explique a sua resposta.
9. Compare 32:27 com 32:32. Qual terror na terra dos viventes deve ser temido?
O Atalaia de Israel 49
Lição 11
Deus Julga entre Ovelhas
(Ezequiel 33:1 - 35:15)
E
stes três capítulos apresentam as últimas das profecias “negativas” do livro de
Ezequiel. Servem como um resumo das mensagens do livro sobre o castigo do
povo de Judá, e acrescentam mais uma profecia sobre os edomitas. A partir do capítulo 36,
a mensagem do livro se torna positiva, com promessas da restauração dos fiéis à comunhão com
Deus.
Nos capítulos incluídos nesta lição, Deus fala novamente sobre o papel do profeta como atalaia,
condena os líderes maus do povo, e fala do seu próprio cuidado de Israel como o bom pastor. Em
contraste com a salvação que viria para o povo de Israel, ele fala novamente do castigo dos
parentes ao sul, os descendentes de Esaú.
I. A Culpa pelo Pecado de Judá (33:1-34:10)
A. Neste resumo da mensagem do livro, Deus considera quatro possíveis respostas a uma
pergunta implícita: Quem é culpado pelo pecado de Judá?
1. O atalaia? (33:1-16)
2. Deus? (33:17-20)
3. O povo? (33:21-33)
4. Os líderes/pastores? (34:1-10)
B. O papel do atalaia (33:1-16)
1. Se o atalaia tocar a trombeta para avisar o povo da chegada da espada e o povo não
der importância ao aviso, o próprio povo será responsável pela sua morte, e o atalaia
ficará sem culpa, porque avisou (33:1-5; cf. Jeremias 6:17)
2. Se o atalaia não avisar o povo,
ainda assim este sofrerá o
ataque, mas o atalaia será
culpado por não ter avisado
(33:6)
3. Deus repete os comentários
sobre o atalaia que já foram
considerados no estudo do
capítulo 3 (33:7-16). Este
trecho, praticamente no fim das
profecias sobre o castigo de
Israel, serve para encerrar este
aspecto da missão de Ezequiel,
mostrando que o profeta foi fiel
em cumprir sua tarefa
4. O atalaia, Ezequiel, foi
responsável pela culpa de Judá?
Não!
C. O povo acusa Deus de culpa (33:17-
20)
1. Apesar de todas as explicações e
provas já oferecidas neste livro, o
“Não é reto o caminho do Senhor”
(33:17-20)
O povo de Israel, como muitas pessoas fazem
hoje, atribuiu seu sofrimento à injustiça de Deus.
Neste caso, a resposta dele foi específica, dizendo
que eles sofreram por causa dos seus próprios
pecados. O sofrimento hoje pode ser por causa do
pecado do próprio sofredor, ou pode ser efeito da
corrupção de um mundo manchado pelo pecado,
em termos gerais. O sofrimento nunca vem da
injustiça de Deus. Mesmo quando não
compreendemos o Criador, não temos direito de
questionar a retidão dele. Quando as criaturas
discordam do Criador, elas sempre estão erradas!
O Princípio da Restituição (33:14-15)
Na explicação da sua justiça, Deus liga o
arrependimento à restituição. Aquele que furtou ou
defraudou o outro tem obrigação de devolver o que
tomou como parte dos frutos do arrependimento.50 Estudo do Livro de Ezequiel
povo de Israel negava sua culpa e ousou questionar a justiça de Deus (33:17,20)
2. Mas o problema foi o caminho torto do povo (33:17)
3. Deus repete os princípios básicos da sua justiça:
a. Se o justo abandonar a justiça, será condenado (33:18)
b. Se o perverso abandonar a sua injustiça, será salvo (33:19)
c. Cada um será julgado segundo seus próprios atos (33:20)
4. Deus foi responsável pela culpa do povo? Não!
D. Ezequiel recebeu um homem que havia escapado quando Jerusalém caiu (33:21-22). A
data dada aqui seria aproximadamente um ano e cinco meses depois da destruição do
templo. A menção aqui pode servir para frisar a realidade do castigo no meio de uma parte
do livro que trata da responsabilidade por este fato triste
E. A culpa do próprio povo na destruição de Jerusalém (33:23-33)
1. Alguns judeus evidentemente se confortavam em possuir as ruínas na terra,
acreditando que Deus lhes havia dado a terra irrevogavelmente. A noção que Deus
expulsaria seu povo da terra parecia inacreditável (33:23-24)
2. Deus lhes oferece uma explicação da realidade, mostrando que o julgamento dele foi
real, e que eles o trouxeram sobre si (33:25-29)
3. Quando Ezequiel pregava, muitas pessoas elogiaram as suas mensagens, mas não
fizeram a aplicação para mudarem a própria vida. Estas pessoas reconheceriam que
ele havia servido como profeta de Deus somente quando já era tarde demais (33:30-
33). Devemos aprender a lição deste trecho. Não adianta nada elogiar pessoas que
apresentam boas mensagens sobre a palavra de Deus se nãofizermos a aplicação para
mudar as nossas vidas (cf. Tiago 1:21-25)
4. O povo judeu foi responsável pelo seu próprio declínio? Sim!
F. A culpa dos líderes da nação no castigo de Israel (34:1-10)
1. Esta palavra é dirigida aos pastores de Israel, os líderes que deveriam ter cuidado das
almas do povo (34:1-2)
2. Ao invés de alimentar e proteger
o rebanho, estes líderes
satisfaziam seus desejos egoístas
e prejudicavam o rebanho (34:3-
4)
3. Sob esta liderança irresponsável
e cruel, o rebanho foi espalhado
e maltratado (34:5-6)
4. Deus culpou os pastores por
não cuidar do rebanho dele, e
prometeu livrar as ovelhas dos
maus tratos destes líderes (34:7-
10)
5. Os pastores de Israel foram
culpados na queda da nação?
Com certeza!
II. Deus Estabeleceria um Bom Pastor sobre Israel (34:11-31)
A. Deus já falou da sua decepção com os pastores de Israel, e agora fala da solução para o
problema do seu rebanho, Israel
B. Deus disse que ele procuraria as ovelhas dispersas para conduzir seu rebanho a bons
pastos (34:11-16). Compare 34:16 com textos que falam do cuidado dos cristãos para
seus irmãos (cf.1 Tessalonicenses5:14; Hebreus 12:12-13; Gálatas 6:1-2; Tiago 5:19-20)
Os Pastores Infiéis
A mensagem de Ezequiel 34, como a censura feita
por Jesus em Mateus 23, mostra claramente o
problema de líderes espirituais que não são fiéis a
Deus, e que não cumprem seu dever para com o
povo. Hoje, há alguns pastores qualificados e fiéis
no seu serviço, e devemos agradar a Deus por
eles. Mas, infelizmente, há muitos outros que se
encaixam nestas descrições de homens egoístas
e ambiciosos que dominam os outros para proveito
próprio. Tais pessoas não merecem o respeito de
ninguém! E aquelas ovelhas que seguem pastores
maus devem lembrar das palavras de Jesus – não
é só o pastor que cairá (Mateus 15:14).O Atalaia de Israel 51
C. O rebanho ainda seria julgado pelo pastor, separando aqueles que não pertenciam ao
rebanho (34:17-19). Alguns do próprio rebanho (não esqueça de que os pastores maus
faziam parte do rebanho de Israel) seriam rejeitados por serem ovelhas gordas que
beberam as águas claras e as sujaram para prejudicar as outras ovelhas
D. Para fazer a separação entre as ovelhas e proteger as boas, Deus poria sobre elas um só
pastor, Davi (34:20-24)
1. Davi seria pastor e príncipe (uma palavra que freqüentemente significa “rei” em
Ezequiel)
2. Este trecho olha para o papel do bom pastor no reino messiânico (cf. João 10:1-30)
3. Jesus não era, literalmente, Davi, mas um descendente do segundo rei de Israel que
mostrou as qualidades daquele rei/pastor
E. Israel teria o prazerdas bênçãos da comunhão com Deus neste estado restaurado (34:25-
31)
1. Ainda descrevendo os homens do reino figuradamente como ovelhas num rebanho
(34:31), este trecho descreve as bênçãos de Israel restaurado em termos de proteção
e sustento físico
2. O povo de Deus seria protegido de bestas-feras, ataques de inimigos, etc.
3. Receberiam “chuvas de bênçãos” sob a proteção do bom pastor
4. O ponto principal destas bênçãos é a comunhão com Deus (34:30-31)
III. Edom Seria Castigado (35:1-15)
A. Os edomitas haviam se regozijado com o sofrimento de Israel (cf. 25:12-14; Obadias 10-
14). Agora, Israel seria abençoado e Edom, destruído
B. O castigo de Edom seria severo (35:1-15)
1. Monte Seir representa o povo de Edom (35:2,15)
2. Edom foi condenado por suas atitudes e por seus atos contra Israel
3. Deus faria de Edom “extrema desolação” (35:7)
Conclusão: O julgamento viria, e os culpados seriam condenados. Deus não tinha culpa, e seus
profetas fiéis estavam livres de sangue. Mas o próprio povo havia pecado e merecia o castigo. E
seus líderes, os pastores de Israel, haviam aproveitado a sua posição para satisfazer seus desejos
egoístas. Também seriam condenados.
Mas o futuro seria melhor. Deus, por meio do seu servo, o rei/pastor segundo a ordem de Davi,
traria justiça e prosperidade para seu rebanho. Israel restaurado – o reino de Cristo – teria a bênção
da presença de Deus!
Perguntas
1. Como Deus avaliou a culpa ou inocência de cada personagem ou
grupo:
a. Ezequiel, o atalaia de Israel
b. O Senhor Deus
c. O povo de Israel
d. Os líderes/pastores de Israel52 Estudo do Livro de Ezequiel
2. A restituição tem alguma coisa a ver com o arrependimento? Justifique sua resposta.
3. Temos direito de falar, como os israelitas fizeram, que “Não é reto o caminho do Senhor”?
Explique a sua resposta e sugira aplicações deste princípio.
4. Quais foram algumas das críticas feitas por Deus sobre os pastores de Israel?
5. Quem cuidaria, de fato, do rebanho de Israel?
6. Todos os problemas do rebanho eram externos? Explique sua resposta, citando as palavras
de Deus sobre o que ele faria com as ovelhas.
7. Quais são os dois papéis do “servo Davi”?
8. Esta profecia sugere que Davi, literalmente, voltaria para reinar? Explique.
9. Monte Seir representa qual povo?
10. Qual foi o motivo principal do castigo deste povo?
O Atalaia de Israel 53
Lição 12
Deus Ressuscita o Povo de Israel
(Ezequiel 36:1 - 37:28)
N
os últimos 13 capítulos do livro, a mensagem de Ezequiel se torna positiva. Ele
fala sobre a restauração de Israel e sobre a beleza da comunhão do povo fiel
com Deus. A mensagem ofereceu esperança aos exilados, e também contribuiu à expectativa
nacional da vinda do Messias. Nos dois capítulos que estudaremos nesta lição, podemos ver a
maneira dramática de que Deus assegura o povo de seu poder para dar vida à nação morta.
I. A Condição Abençoada do Povo Restaurado (36:1-15)
A. Esta profecia é apresentada como contraste com a mensagem do capítulo 35
1. As duas mensagens são dirigidas aos montes dos respectivos povos
2. A primeira é uma profecia contra os edomitas (35:1-15; cf. lição 11 desta apostila)
3. A segunda é uma profecia de esperança para o povo de Israel (36:1-15)
B. Os inimigos, incluindo os edomitas, haviam falado contra Israel e aproveitado a situação
do povo no seu momento de fraqueza e angústia (36:1-5)
C. Deus havia castigado Israel no seu furor, mas agora castigaria as próprias nações (36:6-7)
D. Deus prometea restauração e a prosperidade do povo de Israel (36:8-15). Estes versículos
se dirigem aos montes de Israel, dizendo que homens e animais seriam multiplicados para
andar em paz sobre eles
II. A Impureza de Israel Seria Tirada (36:16-38)
A. Os pecados de Israel tinham causado a imundícia da terra diante do Senhor (36:16-17)
1. A ilustração de imundícia aqui se baseia nas regras da Lei do Antigo Testamento sobre
impureza (cf. Levítico 15:19-33; Números 19:14-19)
2. Este fato ajudará na interpretação do versículo 25 (abaixo)
B. Devido à imundícia de Israel, Deus lhe entregou às nações, onde o povo continuou a
profanar o nome do Senhor (36:18-21)
C. A salvação deste povo não foi por mérito dele, mas porque Deus agiu por amor do seu
próprio nome (36:21-32)
1. Ele restauraria Israel a sua terra (36:24)
2. Ele purificaria os homens das suas imundícias (36:25)
3. Daria ao povo um coração novo no lugar do seu coração de pedra (36:26)
4. O povo se arrependeria, sentindo nojo de si pelas suas abominações (36:31)
III. A Ressurreição dos Ossos Secos de Israel (37:1-14)
A. Para um povo morto no pecado, as promessas de restauração podem parecer fantásticas
e inacreditáveis. A visão deste trecho responde a quaisquer dúvidas!
B. Ezequiel foi levado pelo Espírito a um vale cheio de ossos secos (37:1-2)
C. Deus mandou que Ezequiel pregasse aos ossos, profetizando sobre a ressurreição deles
pelo poder do Senhor (37:3-6)
D. O profeta foi obediente (37:7)
E. Enquanto Ezequiel profetizava, os ossos se ligaram, e tendões, carne e pele se formaram
sobre eles. Mas ainda não tinham vida (37:7-8)
F. Quando Ezequiel chamou, o Espírito (ou fôlego de Deus) encheu os corpos mortos e estes
passaram a viver (37:9-10)
G. Deus explicou o significado desta visão (37:11-14)54 Estudo do Livro de Ezequiel
1. Os ossos representam o povode Israel, cuja esperança estava “seca”depoisde alguns
anos de exílio (37:11)
2. Deus ressuscitaria o povo de Israel e o restauraria à terra (37:12-14)
IV. A Restauração de Um Reino sobre Um Rei (37:15-28)
A. Deus mandou que Ezequiel usasse dois pedaços de madeira para ilustrar a reunião das
duas casas do seu povo – Judá e Israel (37:15-23)
1. No primeiro pedaço de madeira, ele escreveu Judá para representar o reino do sul
(37:16)
2. No outro, ele escreveu Efraim para representar o reino do norte (37:16)
3. Ele ajuntou os dois para representar a reunião dos dois povos em um (37:17-22)
4. Deus colocaria um só rei sobre este povo unido (37:22)
5. O povo seria purificado e viveria livre de contaminações (37:23)
B. De mais importância do que a reunião das duas nações seria a comunhão do povo com
Deus e o governo do único Rei (37:23-28)
1. Eles seriam o povo dele, e ele seria seu Deus (37:23b)
2. Davi, o servo de Deus, seria seu Rei/Pastor eterno (37:24; cf. 34:23-24 e os
comentários sobre a mesma promessa na lição 11; compare, também, Salmo 110 e
a aplicação dele a Jesus no livro de Hebreus)
3. Deus faria com eles uma aliança perpétua de paz (37:26)
4. Ele habitaria para sempre no meio deles, no seu santuário (37:26-28)
Conclusão: É Deus quem vivifica! Israel se encontrava nas profundezas da morte, mas Deus
prometeu uma restauração que pode ser comparada a uma ressurreição. A partir destes dois
capítulos, a mensagem de Ezequiel se torna em uma palavra de esperança e confiança de um
futuro bem melhor para o povo de Israel. A abençoada comunhão com Deus descrita aqui poderá
ser realizada somente por meio do verdadeiro Rei dos reis, o descendente de Davi, Jesus Cristo.
Perguntas
1. Descreva, resumidamente, o contraste entre a profecia sobre Edom
(35:1-15) e a sobre Israel (36:1-15).
2. A promessa de 36:26 foi cumprida por meio de quem? Sob qual
aliança?
3. Qual foi o propósito principal da visão do vale de ossos secos?
4. Os dois pedaços de madeira (37:15-23) representam quem? Explique o significado desta
profecia.
5. Quem é o servo Davi (37:24). Justifique sua resposta.
Desafio adicional: Algumas pessoasusam Ezequiel36:25 para defender “aspersão”como modo
de batismo. Responda a este argumento.
O Atalaia de Israel 55
Lição 13
Deus Chama a Espada contra Gogue
(Ezequiel 38:1 - 39:29)
E
stes dois capítulos de Ezequiel têm atraído muita atenção de sensacionalistas,
exigindo estudo cuidadoso para separar a verdade revelada por Deus das
diversas especulações humanas. Na nossa abordagem a estes capítulos como estudantes
buscando entendimento, é importante tomar uma decisão sobre os nossos métodos. Podemos
estudar para extrair do texto o significado que Deus transmite, ou podemos inserir no texto as
nossas idéias e especulações. A primeira abordagem representa a busca honesta de pessoas que
querem aprender de Deus. A segunda é o método de pessoas que já chegam com seus
preconceitos e que procuram os justificar com interpretações que distorcem a palavra de Deus.
Devido à confusão nas diversas interpretações destes capítulos, o esboço desta lição segue um
padrão diferente das outras nesta série de estudos. A primeira parte apresenta um esboço do texto
e explicações da mesma maneira das outras lições. A segunda parte oferece uma introdução
resumida a alguns dos pontos polêmicos nos debates escatológicos referentes a estas mensagens
proféticas. Nenhuma das duas partes pretende ser completa, nem procura responder a todas as
possíveis dúvidas sobre o trecho. O propósito deste estudo é desafiar cada aluno a se esforçar para
entender melhor o que Deus revelou por meio do profeta Ezequiel.
A Primeira Parte: Examinando o Texto
I. Deus Traria Gogue contra o Povo de Israel (38:1-16)
A. Esta profecia não cita a data, mas se enquadra bem na seqüência das profecias em termos
do seu conteúdo
1. Nos capítulos anteriores, Deus assegurou o povo de Israel que a nação seria
ressuscitada e restaurada à proteção divina, enquanto inimigos como os edomitas
seriam humilhados (capítulos 35-37)
2. Este trecho serve para reforçar a convicção de que Deus mudaria a sorte do seu povo
e lhe daria vitória contra os inimigos ímpios
B. A profecia refere-se a “Gogue, da terra de Magogue”
1. O nome “Gogue” aparece em três livros da Bíblia (11 versículos na RA2):
a. Ezequiel 38:2,3,14,16,18,21; 39:1,11,15
b. Apocalipse 20:8 – onde Gogue e Magogue (diferente de Gogue de Magogue em
Ezequiel) representam as nações mundanas
c. 1 Crônicas 5:4 menciona um rubenita chamado Gogue. Esta citação parece não
ter nada a ver com as outras
2. A origem do nome “Gogue” em Ezequiel tem sido discutida ao longo da história
a. Exemplos de explicações incluem Giges, rei da Lídia, e Gâgu, chefe de uma tribo
do norte da Assíria (Harris, Archer e Waltke, Dicionário Internacionalde Teologia
do Antigo Testamento, 326)
b. Mesmo não sabendo a origem do nome, devemos observar as informações bíblicas
para compreender o significado simbólico de Gogue nesta profecia de Ezequiel.
Gogue e seus aliados representam os inimigos de Deus e de seu povo
3. Gogue é da terra de Magogue (38:2)
a. A palavra “Magogue” aparece 5 vezes na Bíblia (RA2):
i. Três vezes nas citações de Gogue acima mencionadas (Ezequiel 38:2; 39:6;
O Atalaia de Israel 63
Lição 14
Ezequiel Mede o Templo Restaurado
(Ezequiel 40:1 - 42:20)
E
stes capítulos introduzem a última série de visões de Ezequiel, nas quais ele vê
o templo restaurado. Nesta lição, vamos considerar alguns fatos importantes
que devem guiar a interpretação do texto e, depois, vamos observar os pontos principais
destes primeiros três capítulos da descrição do templo restaurado.
I. Observações Importantes para Guiar a Interpretação dos Últimos Nove Capítulos
de Ezequiel
A. Ezequiel falou do templo literal em Jerusalém que seria construído após o cativeiro na
Babilônia?
1. Algumas interpretações tratam este trecho como a planta para a construção do templo
depois do exílio
2. Problemas com esta interpretação incluem:
a. A idéia de uma aplicação literal e histórica (na época antes de Cristo) sugere uma
falha óbvia e grande, pois o templo construído por Zorobabel e outros não se
apoxima das medidas e descrições destes capítulos. Se for literal, alguém falhou!
i. Ou Ezequiel falhou em fazer uma profecia que não foi cumprida. Esta
explicação levanta sérias questões sobre a inspiração do livro
ii. Ou Zorobabel e os outros construtores falharam em não seguir a planta
revelada por Deus por meio de Ezequiel
b. Mas os relatos da reconstrução do templo não sugerem falha, nem pelo profeta,
nem pelos construtores. Deus mostrou a sua alegria com o novo templo e a
aceitação dos esforços dos construtores (cf. Ageu 2:3-4,19; Esdras 6:13-18,22)
3. Devemos rejeitar a interpretação literal histórica, porque ela não concorda com as
evidências bíblicas
B. Ezequiel falou de um templo literal que ainda será construído no futuro?
1. Algumas das interpretações mais comuns nos dias de hoje esperam o cumprimento
literal destas profecias num reino milenar futuro
2. Além das observações gerais sobre o pré-milenarismo apresentadas na lição 13,
notamos alguns outros problemas na aplicação desta interpretação aos últimos 9
capítulos de Ezequiel:
a. Este trecho fala claramente de sacrifícios de animais pelo pecado (40:38-43; 45:18-
25; 46:1-15). A aplicação literal deste trecho a um reino futuro enfrenta o problema
sério de defender sacrifícios de animais pelo pecado milhares de anos depois da
morte de Jesus, ou de abandonar o literalismo em alguns pontos. Considere o
dilema dos pré-milenaristas:
i. Se aceitar a noção dos sacrifícios serem literais, negam a eficácia e suficiência
do único sacrifício de Jesus Cristo (cf. Hebreus 9:11-15,24-28; 10:1-18)
ii. Se afirmar que os sacrifícios em Ezequiel são simbólicos, o sistema de
interpretação literal começa a desmoronar. Se os sacrifícios são simbólicos, as
medidas podem ser simbólicas, e o próprio templo pode ser simbólico, etc.
b. Os últimos capítulos do livro falam em festas e comemorações do Antigo
Testamento que foram meras sombras das coisas do reino de Cristo e que já
perderam seu significado no Novo Testamento. Encontramos referências às
celebrações anuais, mensais e semanais (45:18 - 46:8), exatamente as celebrações64 Estudo do Livro de Ezequiel
que Paulo descreveu como sombra das coisas que haveriam de vir em Cristo
(Colossenses 2:16-17). Novamente, os pré-milenaristas enfrentam um problema:
i. Se aceitarmos que estas celebrações são literais, estaríamos voltando da luz à
sombra, da liberdade à escravidão, do espírito que vivifica à letra que mata!
ii. Se reconhecer que a linguagem de Ezequiel, nestes pontos, é figurada e
simbólica, como justificar a interpretação literal de outros pontos do mesmo
trecho?
c. Estes capítulos falam de sacerdotes levitas que entram no santuário de Deus
(44:15-16; 48:11). Este fato apresenta mais um problema para a interpretação
“literal” dos pré-milenaristas.
i. Se aceitarmos que os sacerdotes literalmente são os levitas da família de
Zadoque, como explicaríamos:
a) O sacerdócio de todos os crentes? (1 Pedro 2:9)
b) O sacerdócio eterno de Jesus Cristo, que não era levita? (Hebreus 7:11-14)
ii. Os pré-milenaristas realmente acreditam num reino terrestre no qual o próprio
Jesus não seria mais o sumo sacerdote? Considere Hebreus 8:4
iii. Se admitirmos que as referências em Ezequiel aos sacerdotes levitas são
simbólicas e figuradas, como justificar a interpretação literal das outras coisas
nestes mesmos capítulos?
d. Há várias dificuldades na interpretação literal das medidas do templo. Por exemplo,
em vários versículos, a LXX dá as medidas em côvados, enquanto o Texto
Massorético as dá em canas ou não inclui a medida em si, só o número.
i. Este fato leva a diferenças nas traduções de versículos como 42:16:
a) A RA2, seguindo o Texto Massorético, traz “quinhentas canas”, que seria,
literalmente, quase 1,6 km.
b) A NTLH e a NVI, seguindo a LXX, trazem “duzentos e cinqüenta metros”
ii. O problema fica maior quando chegamos aos limites das tribos, onde a LXX
fala de uma área de 25.000 x 20.000 côvados (45:1; 48:9), e o Texto
Massorético traz 25.000 x 10.000 sem especificar a medida. Se for côvados
(como interpretado em várias traduções) seria uma área de 5 x 13 km. Mas, se
a medida for canas, como no Texto Massorético em 42:16, daria uma área de
32 x 80 km só para a região santa dos sacerdotes, e se tornaria impossível
posicionar tudo que é descrito nestes capítulos dentro dos limites geográficos
da Palestina
C. Ezequiel falou, usando linguagem simbólica, do reino messiânico espiritual que seria
estabelecido por Jesus Cristo? Esta é a abordagem que respeita o estilo e contexto de
Ezequiel e o ensinamento do resto da Bíblia. Consideremos alguns motivos que nos levam
a aplicar estas passagens simbólicas ao reino de Cristo que existe atualmente e existirá para
sempre
1. O texto destes últimos capítulos não admite uma interpretação literal. Além dos
exemplos citados acima, consideremos:
a. Qualquer interpretação literal já enfrenta problemas no primeiro versículo do
capítulo 40. Ezequiel foi levado a Jerusalém no ano 572 a.C. quando o templo,
literalmente, estava em ruínas. Necessariamente, começamos com uma
interpretação simbólica
b. Estrangeiros e incircuncisos de carne são excluídos do santuário de Deus (44:7-9).
Se for literal, teríamos que rejeitar tudo que o Novo Testamento ensina sobre a
abrangência universal do evangelho (Romanos 1:16; Gálatas 3:28; etc.)
2. O contexto de Ezequiel apóia a interpretação espiritual e simbólica que olha para a
comunhão dos fiéis com Deus no reino messiânicoO Atalaia de Israel 65
a. Dois dos principais temas do livro têm sido a comunhão com Deus e a
responsabilidade individual, temas que seriam aperfeiçoados no evangelho de
Jesus
b. A ênfase num santuário puro e adequado para a habitação de Deus ajusta-se
perfeitamente aos temas sobre o santuário espiritual do Novo Testamento
c. As profecias sobre o pastor/rei Davi do Antigo Testamento são aplicados no Novo
Testamento ao reinado atual de Jesus (34:23-24; 37:24-26; cf. Atos 2:29-36;
13:32-37; Hebreus 1:3-13; 2:9)
d. A linguagem simbólica do livro desde o início nos preparou para interpretar estes
últimos capítulos como descrições figuradas de verdades espirituais. Seria um
grave erro tentar forçar uma interpretação literal destes capítulos
D. A abordagem aos últimos capítulos neste estudo será uma aplicação da linguagem
simbólica do profeta ao reino messiânico que foi estabelecido por Jesus Cristo e que existe
atualmente
1. Enquanto as palavras “reino” e “igreja” têm significados diferentes e enfatizam
características diferentes do povo de Deus, os dois termos se referem ao povo que
serve a Jesus atualmente
a. João Batista, Jesus Cristo e os apóstolos pregaram sobre o reino que já estava
próximo (Mateus 3:2; 4:17; 10:7)
b. Jesus falou da igreja e do reino no mesmo contexto (Mateus 16:18-19)
c. A igreja é mencionada freqüentemente no livro de Atos e nas epístolas
d. A igreja de Corinto foi composta de santos (1 Coríntios 1:2)
e. Os santos foram transportados para o reino de Jesus (Colossenses 1:12-13)
2. Nos últimos capítulos do seu livro, Ezequiel emprega linguagem simbólica enraizada
nas práticas da lei conhecidas pelos judeus para falar sobre a relação especial de
comunhão com Deus no reino espiritual de Jesus
II. Ezequiel Mede o Templo (40:1 - 42:20)
A. Ezequiel teve esta visão no 25º ano do cativeiro (572 a.C.), no início do ano (40:1)
1. Se for o início do ano “religioso”, seria poucos dias antes da Páscoa, um momento
apropriado para refletir sobre a libertação divina
2. Se for o início do ano “civil”, o décimo dia do mês teria sido o Dia da Expiação, que
enfatizaria a purificação do povo
B. Ezequiel foi levado, numa visão, a Jerusalém (40:1-2)
C. Ele viu um homem com instrumentos para medir, que mandou que ele observasse e
anunciasse ao povo de Israel tudo que veria (40:3-4)
D. Ele foi levado para todas as partes do templo, e anotou as medidas e as descrições (40:4 -
42:20)
1. Nas interpretações literais destas medidas, diversos problemas surgem, alguns deles
citados nos comentários acima
2. Tratando a descrição simbolicamente, não precisamos nos preocupar com mapas e
medidas exatas, pois o ponto evidente é a perfeição deste santuário e da cidade
E. As medidas foram feitas com uma cana de um pouco mais de três metros de comprimento
(40:5). A descrição, neste versículo, do côvado longo (um côvado e quatro dedos) daria
aproximadamente 53 cm
F. Um resumo das medidas (40:4 - 42:20). Obs.: Para compreender melhor estas descrições,
procure um desenho da planta como, por exemplo, o que se encontra no Bíblia de Estudo
Almeida (RA2), página 905
1. O muro exterior: uma cana de altura e uma de largura (40:5); 500 canas (ou côvados)
de comprimento em cada lado do santuário (cf. 42:15-20)66 Estudo do Livro de Ezequiel
2. Ele começou com a porta do oriente, medindo a porta, as câmaras, o vestíbulo, os
pilares, etc. (40:6-16)
3. Passou para o átrio exterior, que media 100 côvados em cada lado (40:17-19)
4. Foi para a porta do norte e repetiu o processo de medir (40:20-23)
5. Fez a mesma coisa quando entrou pela porta do sul (40:24-27)
6. Era necessário subir sete degraus para chegar às portas do átrio (40:6,22,26)
7. Nas medidas das várias portas, vestíbulos, câmaras, pilares, etc., houve uma ênfase na
simetria com frases como estas: “cuja medida era a mesma para cada um”,
“mediam o mesmo”, “tinham as mesmas dimensões” (40:10,24,28; etc.)
8. Ele passou do átrio exterior para o átrio interior pela porta do sul, e mediu a porta, as
câmaras, os pilares, o vestíbulos, etc. Passou a medir o lado oriental e o lado do norte.
As escadas entre o átrio exterior e o interior tinham 8 degraus (40:28-37)
9. Ele descreveu a área usada para preparar “o holocausto e a oferta pelo pecado e
pela culpa” (40:38-43)
10. Falou das câmaras dos cantores e sacerdotes, destacando a família de Zadoque no
serviço sagrado(40:44-47). Estafamíliaserácitadaoutras vezes nos capítulos 43 e 44,
onde poderemos observar mais sobre o papel dela
11. Foi ao vestíbulo do templo, onde encontrou degraus para subir ao santuário (40:48-
49). Obs.: A LXX diz aqui que eram 10 degraus
12. O templo foi medido, dando destaque ao Santos dos Santos, que mediu 20 por 20
côvados (41:1-4)
13. Ao redor do santuário, havia três andares com 30 câmaras cada, e estas aumentavam
em largura conforme subiam (41:5-11)
14. Do lado ocidental do templo (o lado que não tinha porta de entrada), ficava outro
edifício de 70 por 90 côvados, com paredes de 5 côvados, levando a medida total do
comprimento a 100 côvados (41:12-15)
15. Ele descreveu o templo e suas esculturas de querubins e palmeiras (41:15-26)
16. Ele saiu para o átrio exterior e mediu celas dos lados norte e sul do edifício, com três
andares de galerias (42:1-12)
17. O homem explicou para Ezequiel que as câmaras do norte e do sul eram santas,
usadas para os sacerdotes comerem e guardarem as coisas sagradas (42:13-14)
18. Ele saiu do templo e mediu em redor: 500 canas (ou 500 côvados se seguir a LXX) em
cada lado (42:15-20). O muro servia para fazer separação entre o santo e o profano
Conclusão: O capítulo 42 encerra com esta explicação da função do muro ao redor do templo:
“para fazer separação entre o santo e o profano” (42:20). O propósito do exemplo do Deus
perfeito e santo, e de toda a sua revelação no Antigo e no Novo Testamento, é para fazer esta
distinção. Nesta visão, que representa a comunhão de Deus com seu povo, ele destaca a
necessidade da santidade. Aqueles que habitam na cidade (onde Deus entrará para habitar –
capítulo 43), precisam manter sua santificação.
Perguntas
1. Por que devemos rejeitar a interpretação literalhistórica dos
últimos nove capítulos de Ezequiel?O Atalaia de Israel 67
2. Comente sobre cada um dos seguintes problemas com a interpretação literal dos pré-
milenaristas, que geralmente dizem que estes capítulos falam do reino futuro de Cristo na
Terra:
a. Sacrifícios de animais pelo pecado
b. Celebrações de dias especiais – anuais, mensais e semanais
c. Sacerdotes levitas
d. A exclusão de incircuncisos (na carne) e estrangeiros
3. Apresente alguns motivos para aceitar uma interpretação simbólica que aplica estes capítulos
à comunhão com Deus que os santos têm, atualmente, em Cristo.
4. A igreja de Jesus já existe? Justifique sua resposta.
5. O reino de Cristo já existe? Justifique sua resposta.
6. Dê o comprimento aproximado das medidas usadas nestes capítulos:
a. O côvado “longo”
b. A cana/vara
7. Quantas portas davam acesso ao átrio exterior? Ficavam em quais lados?
8. Quantas portas davam acesso ao átrio interior? Ficavam em quais lados?
9. As entradas do átrio exterior tinham quantos degraus de subida?
10. As entradas do átrio interior tinham quantos degraus?
11. Tinha ainda outra escada para chegar ao templo?
12. Os sacerdotes que serviam nas coisas sagradas eram de qual família?
13. Este templo tinha quantas câmaras laterais em quantos andares?
14. Dê as medidas do muro exterior:
a. Altura
b. Largura (espessura)
c. Comprimento (cada lado)
15. Qual foi a função deste muro?
68 Estudo do Livro de Ezequiel
Lição 15
A Glória do Senhor Enche o Templo
(Ezequiel 43:1 - 45:8)
N
as visões dos capítulos 8 a 11, Ezequiel teve a profunda tristeza de ver a glória
do Senhor sair do templo e da cidade de Jerusalém. Assim Deus mostrou,
simbolicamente, que ele deixaria de habitar no meio do povo. Mas os últimos capítulos
trazem a esperança renovada. Deus promete a restauração (capítulo 36) e ilustra seus planos com
a ressurreição dos ossos secos (capítulo 37). Os inimigos não conseguem destruir o reino do
Senhor (capítulos 38 e 39). Numa nova série de visões, Ezequiel vê um templo perfeito que
simboliza a volta da comunhão com Deus, a habitação dele no meio do povo purificado (capítulos
40 a 48). Nos capítulos incluídos nesta lição, vamos ver a glória do Senhor encher este novo
templo, representando a grande bênção da presença de Deus com seu povo fiel.
Devemos lembrar em todo este trecho que Deus usa coisas conhecidas do sistema antigo para
representar a comunhão com ele no sistema que ainda viria. O reino de Cristo não inclui um altar
para os holocaustos (43:10-17), e muito menos os próprios sacrifícios pelo pecado (43:18-27). Os
sacerdotes hoje não são levitas (43:19). Não observamos dias especiais como a Páscoa, a Lua
Nova ou o sábado (45:18-25; 46:1-8), e não nos preocupamos com a repartição de territórios
geográficos (44:28; 47:13 - 48:29). Em todos estes casos, as coisas do sistema antigo servem para
representar os conceitos espirituais do reino do Messias, como as parábolas de Jesus que usavam
coisas terrestres para comunicar verdades celestiais.
I. A Glória do Senhor Entra no Templo (43:1-9)
A. Lembramos que a glória do Senhor saiu do templo e da cidade para o oriente (11:23)
B. A glória do Senhor veio do oriente, com as manifestações do poder divino – a voz, a luz
brilhante (43:1-3)
C. A glória do Senhor entrou no templo e encheu a casa (43:4-5). Comparamos este relato
à dedicação do tabernáculo (Êxodo 40:24-38; Números 9:15-16) e do templo (2 Crônicas
7:1-3)
D. Do interior do templo, Deus falou para Ezequiel e o homem (que media o templo) que ele
habitaria para sempre na presença do povo, e que o povo não profanaria mais o nome dele
com suas prostituições e outras impurezas (43:6-9; cf. 37:26-28; Jeremias 32:38-41; Isaías
52:10-12; 2 Coríntios 6:16-18)
II. A Santidade do Templo e as Medidas do Altar dos Holocaustos (43:10-27)
A. Deus mandou que Ezequiel mostrasse a perfeição deste templo para o povo de Israel, para
que o povo ficasse envergonhado por ter praticado abominações antes (43:10-11)
B. Ele frisou a santidade total deste templo (43:12)
C. Ele mediu o altar dos holocaustos, que seria abordado por uma escada do lado oriental
(43:13-17)
D. Os sacerdotes levitas, da família de Zadoque, ofereceriam os holocaustos neste altar
(43:18-19). Chegaremos ao motivo desta escolha dos descendentes de Zadoque no
capítulo 44. Por enquanto, devemos observar a ênfase na santidade daqueles que entram
o templo
E. As instruções sobre os holocaustos pelo pecado parecem com as orientações dadas a
Moisés e Arão na purificação do altar no tabernáculo e no início do serviço dos sacerdotes
(43:20-27; cf. Êxodo 29:35-37; Levítico 8:33-36)O Atalaia de Israel 69
III. O Acesso ao Templo Limitado aos Puros (44:1-27)
A. A porta do oriente, pela qual Deus havia entrado, permaneceria fechada, não permitindo
que outros entrassem pelo mesmo caminho (44:1-2). Encontramos uma exceção a esta
regra em 46:1, onde a porta seria aberta aos sábados e na Festa da Lua Nova
B. O príncipe assentaria diante do Senhor para comer o pão (44:3)
C. O homem levou Ezequiel à porta do norte, e pediu que observasse as restrições sobre o
acesso ao santuário (44:4-14)
1. Relembrou o povo das abominações do passado, quando permitiam a entrada de
pessoas impuras (44:6-8)
2. Estrangeiros incircuncisos não poderiam entrar (44:9)
3. Os levitas que haviam se desviado de Deus poderiam ajudar no serviço como guardas,
etc., mas não entrariam na presença de Deus para o serviço sacerdotal (44:10-14)
D. O serviço dos sacerdotes da família de Zadoque (44:15-27)
1. A família de Zadoque foi destacada por sua fidelidade aos reis Davi e Salomão em
períodos de crise nacional (44:15-16; cf. 2 Samuel 15:24-29; 1 Reis 1:5-10,32-49;
2:26-27,35)
2. Deus deu diversas orientações sobre o serviço destes sacerdotes diante dele (44:17-27)
a. Sobre as vestes e os cabelos (44:17-20)
b. Sobre o consumo de vinho (44:21)
c. Sobre o casamento (44:22)
d. Sobre o trabalho de ensinar o povo (44:23)
e. Sobre o papel dos sacerdotes como juízes (44:24)
f. Sobre a sua purificação (44:25-27)
IV. A Área Santa Preservada na Repartição da Terra (44:28 - 45:8)
A. Deus seria a herança dos sacerdotes (44:28; cf. Números 18:20)
B. Eles seriam sustentados pelas ofertas do povo (44:29-31; cf. Números 18:21-24)
C. Deus designou as medidas da porção santa da terra de 25.000 por 10.000 côvados, com
o santuário, de 500 por 500 côvados, no meio (45:1-4). Os sacerdotes ocupariam esta área
D. Os levitas teriam uma área anexa de igual tamanho (45:5)
E. Do outro lado, uma área de 25.000 por 5.000 côvados pertenceria à cidade (45:6)
F. Ao lado ocidental e ao lado oriental, o príncipe teria a sua herança até as fronteiras da terra
(45:7-8)
Conclusão: Para Deus habitar neste templo, seria importantíssimo manter a santidade. O templo
em si e toda a área ao redor dele teriam que refletir a santidade do Senhor. Somente as pessoas
purificadas e aceitas por Deus teriam acesso ao santuário. Os sacerdotes teriam que respeitar a
santidade do Senhor. Até a divisão do território próximo serviria para manter a separação entre o
puro e o imundo. Esta casa, a habitação de Deus, precisa ser pura!
Perguntas
1. De qual direção veio a glória do Senhor?
2. Para Deus ficar no templo,o que não poderia mais se encontrar neste
lugar santo?70 Estudo do Livro de Ezequiel
3. Quais levitas foram aceitos como sacerdotes neste novo templo? O que destaca esta família
na história de Israel?
4. Qual porta do templo ficaria fechada? Por quê?
5. Acesso ao templo foi vedado para quem?
6. Quais foram algumas das regras sobre o comportamento da família de Zadoque?
7. Por que os sacerdotes não receberam um território próprio?
68 Estudo do Livro de Ezequiel
Lição 15
A Glória do Senhor Enche o Templo
(Ezequiel 43:1 - 45:8)
N
as visões dos capítulos 8 a 11, Ezequiel teve a profunda tristeza de ver a glória
do Senhor sair do templo e da cidade de Jerusalém. Assim Deus mostrou,
simbolicamente, que ele deixaria de habitar no meio do povo. Mas os últimos capítulos
trazem a esperança renovada. Deus promete a restauração (capítulo 36) e ilustra seus planos com
a ressurreição dos ossos secos (capítulo 37). Os inimigos não conseguem destruir o reino do
Senhor (capítulos 38 e 39). Numa nova série de visões, Ezequiel vê um templo perfeito que
simboliza a volta da comunhão com Deus, a habitação dele no meio do povo purificado (capítulos
40 a 48). Nos capítulos incluídos nesta lição, vamos ver a glória do Senhor encher este novo
templo, representando a grande bênção da presença de Deus com seu povo fiel.
Devemos lembrar em todo este trecho que Deus usa coisas conhecidas do sistema antigo para
representar a comunhão com ele no sistema que ainda viria. O reino de Cristo não inclui um altar
para os holocaustos (43:10-17), e muito menos os próprios sacrifícios pelo pecado (43:18-27). Os
sacerdotes hoje não são levitas (43:19). Não observamos dias especiais como a Páscoa, a Lua
Nova ou o sábado (45:18-25; 46:1-8), e não nos preocupamos com a repartição de territórios
geográficos (44:28; 47:13 - 48:29). Em todos estes casos, as coisas do sistema antigo servem para
representar os conceitos espirituais do reino do Messias, como as parábolas de Jesus que usavam
coisas terrestres para comunicar verdades celestiais.
I. A Glória do Senhor Entra no Templo (43:1-9)
A. Lembramos que a glória do Senhor saiu do templo e da cidade para o oriente (11:23)
B. A glória do Senhor veio do oriente, com as manifestações do poder divino – a voz, a luz
brilhante (43:1-3)
C. A glória do Senhor entrou no templo e encheu a casa (43:4-5). Comparamos este relato
à dedicação do tabernáculo (Êxodo 40:24-38; Números 9:15-16) e do templo (2 Crônicas
7:1-3)
D. Do interior do templo, Deus falou para Ezequiel e o homem (que media o templo) que ele
habitaria para sempre na presença do povo, e que o povo não profanaria mais o nome dele
com suas prostituições e outras impurezas (43:6-9; cf. 37:26-28; Jeremias 32:38-41; Isaías
52:10-12; 2 Coríntios 6:16-18)
II. A Santidade do Templo e as Medidas do Altar dos Holocaustos (43:10-27)
A. Deus mandou que Ezequiel mostrasse a perfeição deste templo para o povo de Israel, para
que o povo ficasse envergonhado por ter praticado abominações antes (43:10-11)
B. Ele frisou a santidade total deste templo (43:12)
C. Ele mediu o altar dos holocaustos, que seria abordado por uma escada do lado oriental
(43:13-17)
D. Os sacerdotes levitas, da família de Zadoque, ofereceriam os holocaustos neste altar
(43:18-19). Chegaremos ao motivo desta escolha dos descendentes de Zadoque no
capítulo 44. Por enquanto, devemos observar a ênfase na santidade daqueles que entram
o templo
E. As instruções sobre os holocaustos pelo pecado parecem com as orientações dadas a
Moisés e Arão na purificação do altar no tabernáculo e no início do serviço dos sacerdotes
(43:20-27; cf. Êxodo 29:35-37; Levítico 8:33-36)O Atalaia de Israel 69
III. O Acesso ao Templo Limitado aos Puros (44:1-27)
A. A porta do oriente, pela qual Deus havia entrado, permaneceria fechada, não permitindo
que outros entrassem pelo mesmo caminho (44:1-2). Encontramos uma exceção a esta
regra em 46:1, onde a porta seria aberta aos sábados e na Festa da Lua Nova
B. O príncipe assentaria diante do Senhor para comer o pão (44:3)
C. O homem levou Ezequiel à porta do norte, e pediu que observasse as restrições sobre o
acesso ao santuário (44:4-14)
1. Relembrou o povo das abominações do passado, quando permitiam a entrada de
pessoas impuras (44:6-8)
2. Estrangeiros incircuncisos não poderiam entrar (44:9)
3. Os levitas que haviam se desviado de Deus poderiam ajudar no serviço como guardas,
etc., mas não entrariam na presença de Deus para o serviço sacerdotal (44:10-14)
D. O serviço dos sacerdotes da família de Zadoque (44:15-27)
1. A família de Zadoque foi destacada por sua fidelidade aos reis Davi e Salomão em
períodos de crise nacional (44:15-16; cf. 2 Samuel 15:24-29; 1 Reis 1:5-10,32-49;
2:26-27,35)
2. Deus deu diversas orientações sobre o serviço destes sacerdotes diante dele (44:17-27)
a. Sobre as vestes e os cabelos (44:17-20)
b. Sobre o consumo de vinho (44:21)
c. Sobre o casamento (44:22)
d. Sobre o trabalho de ensinar o povo (44:23)
e. Sobre o papel dos sacerdotes como juízes (44:24)
f. Sobre a sua purificação (44:25-27)
IV. A Área Santa Preservada na Repartição da Terra (44:28 - 45:8)
A. Deus seria a herança dos sacerdotes (44:28; cf. Números 18:20)
B. Eles seriam sustentados pelas ofertas do povo (44:29-31; cf. Números 18:21-24)
C. Deus designou as medidas da porção santa da terra de 25.000 por 10.000 côvados, com
o santuário, de 500 por 500 côvados, no meio (45:1-4). Os sacerdotes ocupariam esta área
D. Os levitas teriam uma área anexa de igual tamanho (45:5)
E. Do outro lado, uma área de 25.000 por 5.000 côvados pertenceria à cidade (45:6)
F. Ao lado ocidental e ao lado oriental, o príncipe teria a sua herança até as fronteiras da terra
(45:7-8)
Conclusão: Para Deus habitar neste templo, seria importantíssimo manter a santidade. O templo
em si e toda a área ao redor dele teriam que refletir a santidade do Senhor. Somente as pessoas
purificadas e aceitas por Deus teriam acesso ao santuário. Os sacerdotes teriam que respeitar a
santidade do Senhor. Até a divisão do território próximo serviria para manter a separação entre o
puro e o imundo. Esta casa, a habitação de Deus, precisa ser pura!
Perguntas
1. De qual direção veio a glória do Senhor?
2. Para Deus ficar no templo,o que não poderia mais se encontrar neste
lugar santo?70 Estudo do Livro de Ezequiel
3. Quais levitas foram aceitos como sacerdotes neste novo templo? O que destaca esta família
na história de Israel?
4. Qual porta do templo ficaria fechada? Por quê?
5. Acesso ao templo foi vedado para quem?
6. Quais foram algumas das regras sobre o comportamento da família de Zadoque?
7. Por que os sacerdotes não receberam um território próprio?
O Atalaia de Israel 71
Lição 16
“O Senhor Está Ali”
(Ezequiel 45:9 - 48:35)
A
bênção da presença de Deus no meio do povo é resumida na descrição de uma
terra onde os líderes são pessoas espirituais que guiam o povo no seu serviço,
e onde o próprio Senhor habita no meio da sua congregação. Usando as características da
terra e da lei conhecidas pelos israelitas, Deus mostra simbolicamente como seria a comunhão por
meio de Jesus. Nestas figuras ele descreve a nossa comunhão com o Senhor!
I. O Serviço dos Príncipes (45:9 - 46:18)
A. Da mesma maneira que Deus falou para o povo não voltar às abominações do passado (cf.
44:6-8), ele disse para os príncipes não voltarem às suas práticas abusivas (45:9)
B. Eles governariam, e cobrariam impostos, usando medidas justas (45:10-12)
C. O povo faria ofertas ao príncipe, e este, por sua vez, seria responsável em fornecer os
holocaustos e as ofertas para os dias de festas (45:13 - 46:15)
1. Desta maneira, o príncipe assume um papel importante na vida religiosa do povo
2. São mencionados aqui vários dias de comemoração:
a. Anuais: Ano Novo e Páscoa (45:18-25)
b. Mensais: Lua Nova (46:1-3,6-8)
c. Semanais: Sábado (46:1-5)
d. Ofertas diárias (46:13-15)
D. Quando o povo entrasse no templo nos dias de festas, entraria por uma porta e sairia por
outra, usando somente as portas do norte e do sul (46:9)
E. A porta do leste seria aberta quando o príncipe trouxesse ofertas voluntárias (46:12; cf.
46:1-3; 44:1-2)
F. As heranças, tanto da família do príncipe, como do povo, seriam protegidas para
permanecerem na mesma família (46:16-18; cf. 1 Reis 21)
II. As Águas que Saem do Templo (46:19 - 47:12)
A. Deixando o assunto do príncipe, o homem leva Ezequiel novamente a ver as instalações
do templo, mostrando as cozinhas dos sacerdotes nos cantos do átrio exterior (46:19-27)
B. Voltaram para a entrada do templo, de onde saiu água (47:1)
C. Ezequiel acompanhou o homem enquanto este mediu o rio (47:2-5)
1. 1.000 côvados depois do templo, a água chegava aos tornozelos de Ezequiel (47:3)
2. Depois de 2.000 côvados, chegava aos joelhos (47:4)
3. Depois de 3.000 côvados, chegava aos lombos (47:4)
4. Chegando a 4.000 côvados, o rio era tão profundo que não era possível atravessar
(47:5)
5. Obs.: Mais uma vez, uma interpretação literal não faz sentido. Na natureza, um rio
cresce assim somente quando tiver acréscimo de água de outras fontes (chuva, riachos
que deságuam no rio, etc.)
6. Como veremos nos versículos que seguem, o ponto aqui é de uma só fonte da vida –
esta água vem unicamente de Deus e se multiplica para sustentar a vida no seu
caminho
D. O homem explicou este rio para Ezequiel (47:6-12)
1. Ele mostrou muitas árvores às margens do rio (47:6-7)
2. Explicou que o rio saía para o oriente até chegar ao Mar Morto, deixando as águas do72 Estudo do Livro de Ezequiel
mar (mas não as dos pântanos próximos) saudáveis (47:8-11). Aqui encontramos mais
um motivo para rejeitar a interpretação literal histórica, pois o Mar Morto continua
salgado até os dias de hoje (veja outros comentários sobre as interpretações literais na
lição 14)
3. Dos lados do rio teriam árvores que constantemente produziriam fruto para se comer,
e cujas folhas serviriam de remédio (47:12)
E. Esta descrição do rio que vem da casa do Senhor representa a vida que Deus oferece a
todos por meio do evangelho de Jesus Cristo (cf. Joel 3:18, observando o contexto de
2:28-32 citado por Pedro no Pentecostes; Zacarias 13:1; 14:8-9; João 4:10-14; 7:38;
Apocalipse 21:6; 22:1-2)
III. A Repartição da Terra (47:13 - 48:35)
A. Deus deu as instruções para a divisão da terra entre as doze tribos de Israel, novamente
usando os conceitos conhecidos do Antigo Testamento para representar a bênção da sua
presença no meio do seu povo. Lembramos que, mesmo no Novo Testamento, Israel ou
as doze tribos representavam a totalidadedo povo de Deus (cf. Romanos 2:28-29; Gálatas
3:29; Apocalipse 7:4-8)
B. Ele definiu os limites gerais da terra que seria dividida entre os judeus e os estrangeiros que
moravam no território dos israelitas (47:13-23)
C. Ele especificou os territórios de sete tribos que ficavam ao norte da região sagrada (já
descrita em 45:1-8) em faixas que se estendiam dos limites da terra, do leste ao oeste. A
divisão começa no norte (48:1-7)
1. Dã (48:1)
2. Aser (48:2)
3. Naftali (48:3)
4. Manassés (48:4)
5. Efraim (48:5)
6. Rúben (48:6)
7. Judá (48:7)
D. Ele falou de novo da divisão de uma área de 25.000 por 25.000 côvados para a região
santa e a possessão da cidade (48:8-20; cf. 45:1-8)
1. A parte central, de 10.000 por 25.000 côvados, incluiria o santuário e a área dos
sacerdotes (48:9-12)
2. Os levitas teriam uma área de 10.000 por 25.000 côvados (48:13-14)
3. Uma faixa de 5.000 por 25.000 côvados ficaria como a área civil, com a cidade
ocupando a parte central desta região (48:15-20)
E. As áreas ao oriente e ao ocidente da região sagrada pertenceriam ao príncipe (48:21-22)
F. Continuando para o sul da região sagrada, ele definiu os limites das faixas das outras cinco
tribos (48:23-29)
1. Benjamim (48:23)
2. Simeão (48:24)
3. Issacar (48:25)
4. Zebulom (48:26)
5. Gade (48:27-29)
G. Cada lado da cidade teria três portas, e cada porta receberia o nome de uma das tribos
(48:30-35)
1. Portas do norte: Rúben, Judá, Levi (48:30-31)
2. Portas do leste: José, Benjamim, Dã (48:32)
3. Portas do sul: Simeão, Issacar, Zebulom (48:33)
4. Portas do oeste: Gade, Aser, Naftali (48:34)O Atalaia de Israel 73
H. A medida da cidade toda em redor foi de 18.000 côvados (48:35); 20.000 se incluir os
arredores (48:17)
IV. O Nome da Cidade (48:35)
A. Nas últimas palavras de um livro que enfatizou, do começo ao fim, a importância da
comunhão com Deus, a cidade é denominada: “O SENHOR Está Ali”
B. No meio de discussões sobre a interpretação dos últimos capítulos, não devemos
esquecer-nos do significado deste último versículo
1. No início do livro, as visões de Deus serviam para mostrar que ele ainda estava com
os judeus, mesmo eles estando longe de casa no exílio (capítulos 1 e 3)
2. Num dos piores momentos da sua carreira, Ezequiel viu a realidade triste das
abominações do povo como motivo para Deus abandonar a sua casa (capítulos 8 a
11)
3. Na última visão do livro, ele vê Deus entrar no novo templo (43:1-12)
4. Agora, ele chega às últimas palavras do livro: “...e o nome da cidade desde aquele
dia será: O SENHOR Está Ali”
Conclusão: O livro de Ezequiel nos oferece uma oportunidade para compreender melhor a
perspectiva divina da comunhão entre Deus e o homem. Este profeta abriu a cortina para nos
mostrar melhor como o pecado interrompe a relação de homens com Deus. Ezequiel mostra um
Deus que não se agrada de hipócritas e não aceita serviço sem compromisso e dedicação. Deus
quer a pureza e quer que nós nos desprezemos – sentindo nojo de nós mesmos – pelos pecados
que temos cometido contra o Senhor. Ao mesmo tempo, ele mostra que Deus não sente prazer
na rejeição de pecadores. Ele deseja levar seu povo para o abrigo do seu amor.
As visões e as profeciasde Ezequiel respondem àsdúvidas e ao medoque surgiriam naturalmente
entre os exilados. Por meio da revelação divina, ele guia o povo do desespero e desânimo de sentirse totalmente abandonado, pelo caminho do arrependimento e remorso, à esperança de uma
reunião gloriosa com Deus. As palavras dele chamam todos nós a aceitarmos o desafio de Paulo:
“...purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como espírito, aperfeiçoando a
nossa santidade no temor de Deus” (2 Coríntios 7:1). Quando consideramos a mensagem de
Ezequiel à luz da revelação do Novo Testamento, temos motivo para repetir as palavras de Paulo:
“Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Romanos 7:25).
Perguntas
1. Descreva algumas maneiras que os príncipes nesta nova cidade
seriam diferentes dos líderes de Israel no Antigo Testamento.
2. Responda às seguintes perguntas sobre o rio descrito no capítulo 47:
a. De onde saiu a água?
b. Para onde esta água corria?74 Estudo do Livro de Ezequiel
c. Quais foram alguns dos efeitos das águas deste rio?
d. O que este rio significa?
3. Faça uma lista das tribos que receberam território nestes capítulos de Ezequiel, do norte ao
sul, e compare a posição das tribos com a repartição da terra no Antigo Testamento. Os
mapas seriam iguais?
4. Qual foi a área total da região sagrada?
5. A cidade tinha quantas portas? Quais foram os nomes dados às portas?
6. Qual nome foi dado à cidade?