A DINÂMICA LOCACIONAL INTRAURBANA E O CIRCUITO TERRITORIAL
DAS INDÚSTRIAS TÊXTEIS EM TRÊS LAGOAS - MS
Cristovão Henrique Ribeiro da Silva1
Edima Aranha Silva2
Eixo temático: O CAMPO E A CIDADE
RESUMO: Frente às novas dinâmicas territoriais incorporadas na cidade de Três Lagoas na ultima
década, novas formas de produção do espaço urbano foram promovidas, configurando novos
territórios e territorialidades. Sendo assim, a lógica industrial provê articulações possíveis em diversos
níveis do processo produtivo entre as empresas, no intuito de maximizar o lucro. No que se refere ao
processo produtivo e a espacialização, constatou-se que o setor têxtil se apresenta de modo coeso,
reforçando a noção de distrito industrial. O estudo revelou que há articulação no e do território entre as
diferentes unidades fabris, porém do mesmo setor.
Palavras Chave: Território, Circuito Territorial, Indústria Têxtil.
1 INTRODUÇÃO
Neste ensaio anseia sublinhar as funções exercidas pelas indústrias têxteis na produção
e (re)produção do território artificializado pela atividade industrial na urbe. Salientam-se as
novas formas e as funções atribuídas aos diferentes recortes territoriais componentes do
processo produtivo.
1 Mestrando em Geografia/PPGeo/CPTL/UFMS. [email protected]
2 Profª Drª do Programa de Pós-Graduação em Geografia/PPGEO/CPTL/UFMS [email protected]
Entendida como elemento fundamental de rearranjos territoriais a indústria é peça
chave e, portanto, torna-se uma das principais estratégias política de ordenamento do
território. As políticas dos gestores do organismo urbano reúnem forças e atividades para
adequar a cidade à fluidez e luminosidade exigida pelo capital industrial.
Figura 01: Localização da cidade de Três Lagoas.
A cidade de Três Lagoas, situada a leste de Mato Grosso do Sul (Figura 1) incorporou
o processo de industrialização e as atividades fabris se aglutinaram e organizaram
territorialmente a cidade, configurando os distritos industriais e posteriormente o parque
industrial. Os distritos industriais recebem essa denominação em decorrência da
complementaridade das atividades produtivas, horizontalmente articuladas no território.
Com base em (SANTOS, 2008a; 2008b; 2008c, 1992; 1993; 1996; 2005; SPOSITO,
2006; 2007; 2009; LENCIONI, 1998; CORREA, 2005), almeja compreender a lógica
industrial atrelada à produção do território, e evidenciar a contiguidade no e do processo
produtivo da indústria têxtil e seus respectivos rebatimentos multiescalares.
2 DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL, TERRITÓRIO E MULTIESCALAS
As múltiplas relações sociais promovidas pela intensa complexificação dos territórios,
após o advento da globalização, permitiram que alguns pontos do espaço geográfico fossem
dotados de luminosidade e/ou opacidade (SANTOS, 1996). Nesse sentido, a cidade e seu
sistema urbano-rural, promovem articulações, fragmentações e transformações necessárias
para os desdobramentos da demanda do mercado local/global no uso e (re)uso dos territórios,
por meio da ciência e da técnica.
[...] o espaço rural e urbano são redefinidos, na sua transformação, pelo uso
sistemático das contribuições da ciência e da técnica e por decisões de
mudança que levam em conta, no campo e na cidade, os usos a que cada
fração do território vai ser destinada (SANTOS, 1991, p. 9).
Num movimento ininterrupto, sobretudo industrial, novas formas e funções são
produzidas e incorporadas na cidade e cada entrecorte do território se (re)configura em
decorrência dos balizamentos de ordem global (SANTOS, 1996; 2005). A desconcentração
industrial é um processo iniciado no território metropolitano da cidade de São Paulo na
década de 1970 (SAMPAIO, 1987), uma vez saturado, as indústrias começam a direcionar os
seus investimentos ao longo das rodovias do interior do estado e a:
[...] distribuição espacial das atividades industriais indica a expansão
econômica do interior, que se faz acompanhar de um aspecto muito
significativo, dizendo respeito a uma nova fisionomia industrial do interior
com uma presença crescente de indústrias de bens de capital e de consumo
duráveis. [...] extraordinária expansão industrial dos anos 70 modifica a
estrutura industrial do interior [...] (LENCIONI, 1998, p. 2).
Corroborando, a fisionomia industrial do interior é repaginada pela dispersão das
unidades produtivas e tais estratégias tecnificam, e a posteriori qualificam os territórios
(SANTOS, 2008c). Entretanto, a gestão do capital se mantém na grande metrópole, apesar de
um movimento célere dos objetos geográficos.
As indústrias propiciaram ao oeste paulista, através da mobilidade do capital
industrial, a conformação de novas territorialidades nos eixos rodoviários e nas cidades de
porte médio, num intenso refazer das estruturas urbanas e dinâmicas regionais (SAQUET,
2007; LIMONAD, 2007).
Esse processo de descentralização espacial das unidades de produção
industrial altera o jogo de forças políticas e sociais que incidem sobre o uso
do espaço urbano e sobre a rede de relações na dinâmica econômica e nas
dinâmicas territoriais nas cidades de porte médio, instaurando um novo
desenho estrutural que pode ser definido pelo paradigma dos eixos, nas áreas
com maior densidade econômica [...] (SPOSITO, 2009, p. 209)
Nesse rol, o dinamismo das atividades produtivas induz, produz e reproduz lógicas
verticalmente pré-estabelecidas (SOUZA, 1995). Na flecha do tempo, a mancha industrial do
estado de São Paulo (Figura 02), se expande paulatinamente nos eixos de desenvolvimento,
tendo como esteio a técnica, a ciência e a informação, pontuando no território o meio técnico-
científico-informacional (SPOSITO, 2009; SANTOS, 2007).
Figura 02: Expansão da Mancha industrial de SP/MS (1975 a 2002)
Tal prerrogativa confere um vocabulário industrial mais complexo para o interior
paulista e à medida que a mancha industrial se expande, novos territórios são inseridos na
multiplicidade de formas e hierarquizações da fluidez do capital industrial (SANTOS, 1988;
2008b; MAILLAT, 2002).
Os corolários da lógica da territorialização da indústria ao longo das rodovias no
estado de São Paulo, vão desembocar, no início da década de 1990, no leste de Mato Grosso
do Sul, especificamente na cidade de Três Lagoas, e se deu como o estopim de refazimento
das dinâmicas do meio-geográfico e de (re)ordenamento do território, para atender as
prerrogativas das atividades produtivas incorporadas na cidade (SILVA & LEMES, 2010).
Posto que, as forças centrípetas e centrífugas de produção do território no oeste
paulista, levaram a industrialização tardia à cidade de Três Lagoas, cujo processo se alicerça
em um feixe de fatores que instiga a nova tendência de produção/gestão e ordenamento
territorial da cidade, com a explosão de novas formas, funções e conteúdos no organismo
urbano. Desse modo, a cidade fragmentada e articulada pela atividade industrial se encaixa no
plural jogo multiescalar local/global (SANTOS, 1993; SPOSITO, 2007; ARANHA-SILVA,
2010).
O espaço se organiza conforme um jogo dialético entre forças de
concentração e dispersão. Nesse período, as forças de concentração são
poderosas, mas as de dispersão são igualmente importantes. As cidades
locais beneficiam-se das tendências à dispersão, essencialmente comandada
pela difusão generalizada da informação e do consumo (SANTOS, 2008, p.
91)
A desconcentração industrial deve ser compreendida como uma irradiação dialética.
Em primeiro lugar, ela centraliza o gerenciamento do capital industrial na metrópole e, em
segundo, espraia as atividades produtivas nos territórios do interior do País. Todo esse
prospecto é assistido pela técnica, a informação e a ciência – meio técnico-científico-
informacional – conferindo (re)hierarquizações territoriais que se encontram inseridas nas
escalas tanto local como global (SANTOS, 1991).
A superposição de escalas local/global na lógica industrial de produção do território é
uma premissa indirimível da compreensão das dinâmicas territoriais. Haja vista, a correlação
das atividades produtivas com os fatores de localização, tais como matéria prima, mercado
consumidor, gestão de capital e destino final da produção.
Nessa perspectiva, a desconcentração das unidades produtivas e a lógica industrial,
que de sobremaneira produzem, artificializam e qualificam o território, é o fio condutor para a
compreensão do contexto multiescalar (SANTOS, 1996; ARANHA-SILVA, 2010). Assim, os
dados são apreendidos aqui, para exemplificarem a noção de multiescalaridade de produção
territorial e os diferentes níveis de articulação entre as verticalidades e as horizontalidades da
tipologia industrial têxtil no parque industrial de Três Lagoas.
3 A COESÃO INDUSTRIAL TÊXTIL: UM ESFORÇO DE ANÁLISE
É valido afirmar que a indústria, como outrora exposto, é elemento propulsor de novas
dinâmicas na trama urbana e imprime no território múltiplas formas e funções (SANTOS,
1992). O território deve ser considerado como um amálgama de fatores interdependentes, que
se percolam numa refocilação ininterrupta instituída pelo movimento industrial, definindo seu
uso e (re)uso.
[...] o território é usado a partir dos seus acréscimos de ciência e técnica, e
tais características o define como um novo meio geográfico. Tanto sua
constituição como o seu uso exigem, todavia, parcelas volumosas de
informação que se distribuem segundo métricas diversas. A natureza dessa
informação e sua presença desigual entre as pessoas e os lugares tampouco é
alheia a esses conteúdos científico-técnicos. [...] com áreas de abundancia e
áreas de carências (SANTOS & SILVEIRA, 2008, p.93).
Destarte, o território mediado pelo feixe de atividades e relações superpostas,
articuladas e hierarquizadas pela técnica permite avançar na constituição de um novo meio-
geográfico de múltiplos conteúdos científico-técnicos (HAESBAERT, 2004; SANTOS, 2007;
SOUZA, 2001). A produção industrial se desdobra no território, cria e dilui territorialidades e
ainda possui suas interconexões para aprimorar o processo produtivo. Tal medida exige dos
gestores do território decisões que promovam uma maior fluidez/articulações no espaço
urbano-industrial (MANZAGOL, 1985; MAILLAT, 2002).
Nesse sentido, as possibilidades de integração territorial das atividades produtivas num
ponto do território avultam, e daí o conceito de coesão das indústrias, que num mosaico de
produções territoriais e produtivas reforçam o conceito de distrito industrial (BENKO, 2001;
GEORGE, 1983).
A conseqüência desse processo de coesão é a criação de áreas especializadas
tanto no interior do centro de negócios como nos distritos varejista,
atacadista e financeiro, como em áreas não centrais, onde parecem distritos
de grande concentração de consultórios médicos, ou ruas especializadas em
comércio de móveis ou automóveis e autopeças, ou ainda em distritos
industriais especializados (CORRÊA, 2005, p. 130)
O processo industrial de Três Lagoas impulsionou a configuração do parque industrial
continente de três distritos industriais, dois contíguos à malha urbana e um à 23km da cidade.
Neste ínterim, a coesão das atividades industriais é estabelecida no território tecnificado,
qualificado e sumariamente especializado.
O zoning territorial das atividades industriais da cidade definiu o Distrito Industrial I
(DI – 1), com tipologia predominante de fábricas ligadas à construção civil, o Distrito
Industrial II (DI – 2), onde há predominância de fábricas ligadas ao setor têxtil e de vestuário,
e o Distrito Industrial III (DI – 3) voltado à atividade produtiva de celulose e papel,
caracterizado pelas indústrias de grande porte.
Entretanto, a coesão industrial ocorre apenas em dois dos três distritos (DI - 2) e (DI –
3). O ramo têxtil se estrutura no distrito industrial II, da seguinte forma: são 9 fábricas (Tabela
01) num total de 36 no referido distrito, sendo consideradas para análise de
complementaridade apenas as que possuem registro na Federação das Indústrias do Estado de
Mato Grosso do Sul (FIEMS).
Tabela 01: Indústrias têxteis do Distrito Industrial II
Ordem Nome Ramo Setor Ano de
Instalação
MultiBrasil Têxtil Indústria 1999
02 Gep Têxtil Indústria 1999
03 Avanti Têxtil Indústria 2000
04 Corttex Têxtil Indústria 2000
05 Adar Têxtil Indústria 2002
06 Comask Têxtil Indústria 2002
07 Fibrasil Têxtil Indústria 2003
08 Sultan Têxtil Indústria 2004
09 Fatex Têxtil Indústria 2005
Fonte: Pesquisa de campo, 2011; Cadastro Industrial FIEMS, 2011;
Org.: PRUDENCIO SILVA, M. H, 2010; SILVA; C. H. R., 2011.
Porquanto, uma tipologia industrial aglomerada reduz custos de transportes, de
obtenção de mão de obra qualificada, dentre outros adendos e torna a lógica fabril mais
condensada e complexa. A integração produtiva das indústrias ocorre no mosaico territorial
tecnificado, e se perfaz vis-à-vis a indução de outros tipos fabris dessemelhantes, não coesos,
no distrito industrial.
[...] ao mostrar que o setor varejista do centro da cidade há uma tendência
das lojas de mesmo tipo de se aglomerarem apesar de não manter negócios
entre si. [...] O processo de coesão ou economias de aglomeração tende em
realidade a gerar conjuntos de atividades espacialmente coesas devido a: [...]
presença de lojas de linhas de produtores diferentes formando um conjunto
espacialmente coeso (CORRÊA, 2005, p. 129)
Destarte, o conjunto territorialmente coeso, não infere nos níveis de territorialização
de outras atividades não coalescentes, pelo contrário, permitem uma informatização do
território de forma mais dinâmica e célere, alicerçada no coadunar das funções dos objetos
geográficos e “[...] em um sistema urbano, as aglomerações são, todas, objetos geográficos
ou, ainda melhor, uma coleção de objetos geográficos, isto é, formas. [...]” (SANTOS, 2008,
p. 62).
A coletânea dos objetos geográficos coesos e seus atributos no território sejam eles as
redes, as vias de fluxos, seja a implementação tecnológica no processo produtivo, viabilizam
o escoamento da produção validando a coalescência das atividades produtivas e a relação
multiescalar de produção do território, como se evidencia no mapeamento dos principais
mercados consumidores mundiais da produção têxtil de Três Lagoas (Figura 3).
Figura 3: Principais destinos da produção industrial têxtil de Três Lagoas-MS (2007- 2011).
Fonte: FIEMS, 2011.
Assim sendo, a análise se pautou na interpretação da miscelânea escalar, cuja
instrumentalização do território revela uma produção industrial encadeada, qual seja o
processo fabril têxtil se estrutura territorialmente de modo coeso.
É preciso, portanto, notar que o processo de coesão pode se verificar
simultaneamente com os processos de centralização e descentralização,
gerando o aparecimento de áreas especializadas dentro do espaço urbano,
tornando assim sua organização mais complexa. Como modo através do qual
a relação custo benefício tende a favorecer a reprodução do capital, o
processo de coesão insere-se na linha da acumulação (CORRÊA, 20005,
p.130-131).
A especialização de pontos do território, como salientado anteriormente, por um lado,
estreita a relação entre as fábricas em escala local, e por outro, promove a explosão de
articulações e encadeamento em redes globais da zona e/ou distrito industrial. Assim como o
panorama industrial de Três Lagoas, o ramo têxtil, analisado aqui como parte de um todo, é
coeso na escala local e em similitude articulado/inserido na escala global (Figura 3).
[...] A realização de uma zona industrial apresentando um grau de integração
notável das atividades e uma forte capacidade de encadeamento é sempre
possível, mas ela implica a adoção de uma política muito mais seletiva das
atividades e das implantações (SPOSITO & FIRKOWSKI, 2008, p. 59).
Em outras palavras, as empresas do parque/distrito industrial vão selecionar principais
fornecedores e possíveis consumidores que se territorializam na zona industrial, no anseio de,
como ora exposto, maximizar lucros, avultar produção, otimizar processos produtivos ou até
acelerar as trocas de produtos manufaturados para posterior inserção no mercado (SPOSITO
& OLIVEIRA, 2009).
Nessa análise da complementaridade produtiva entre os estabelecimentos industriais
têxteis, a metodologia empregada considera ao menos uma troca ao mês entre as fábricas
localizadas no distrito. Os dados foram obtidos via trabalho de campo e/ou coleta de
informações nos sites das respectivas empresas, para delinear o que se denomina de inputs e
outputs do e no território (SANTOS & SILVEIRA, 2008).
No circuito territorial têxtil tem-se um conglomerado de 15 empresas que exercem
funcionalmente complementaridade entre si (Tabela 2), numa complexa tessitura industrial
organizada e articulada em diversas fases do processo produtivo têxtil.
Tabela 2: Objetos geográficos complementares (têxtil)do parque Industrial
Nome Ramo Setor Ano de Instalação
Tubotec
MultiBrasil
Gep
Embalagens
Têxtil
Têxtil
Indústria
Indústria
Indústria
(Desativada)
1999
1999
Avanti Têxtil Indústria 2000
Corttex Têxtil Indústria 2000
Adar Têxtil Indústria 2002
Comask Têxtil Indústria 2002
Fibrasil Têxtil Indústria 2003
Citroplast Embalagens Indústria 2003
Sultan Têxtil Indústria 2004
Fatex Têxtil Indústria 2005
Emplal Embalagens Indústria 2005
Braga
Tng
Embalagens
Têxtil
Indústria
Indústria
2008
2009
Seller Têxtil Comercial 2009
Ycks Têxtil Comercial 2010 Fonte: Pesquisa de campo, 2011; Cadastro FIEMS, 2011;
Org.: PRUDENCIO SILVA, M. H, 2010; SILVA; C. H. R., 2011.
Nas articulações da lógica industrial as redes produtivas são alinhavadas entre os
diferentes objetos geográficos monofuncionais, e à medida que a importância dentro da cadeia
produtiva se maximiza, mais atividades a indústria irá comportar, como é o caso da Corttex. A
referida empresa é detentora do número maior de funcionários, mais tecnologia empregada no
processo produtivo, por conseguinte, compra ou repassa produtos e/ou artefatos têxteis para
toda a cadeia produtiva.
Baseando-se no construto teórico-meteodológico de Corrêa (2005), concebe-se um
organograma da complementaridade no ramo têxtil cujas empresas mantêm relações de troca
de fluxos, informações e mercadorias de modo intradistrital, as que ocorrem dentro do distrito
industrial como é o caso Adar/Avanti/Fatex; e interdistrital, que evadem os limites do recorte
territorial do distrito, cuja relação se evidencia nas empresas Corttex/Seller/TNG.
Cumpre ressaltar que a coesão das atividades é múltipla e insere na dinâmica do
circuito das fábricas que não são têxteis, mas colabora na integração territorial do processo
produtivo, como ocorre com as fábricas de embalagens Citroplast/Braga/Emplal, como
evidencia o fluxograma na Figura 4.
Figura 4: Coesão das atividades produtivas do ramo Têxtil.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atividade industrial no organismo urbano produz articulações e (re)arranjos
territoriais múltiplos. E assim, o território se artificializa e se instrumentaliza de acordo com
lógicas exógenas e verticais, uma vez que essas últimas são estratégias que presidem a
essência do capital industrial.
As dinâmicas territoriais provenientes da mobilidade da indústria são capazes de
promover rebatimentos consideráveis no organismo urbano. Nesse aspecto, a mobilidade
industrial configura territórios artificializados e instrumentalizados pelos incrementos da
técnica, da informação e da ciência, aptos a proporcionar um melhor ordenamento territorial
dos processos produtivos (LIMONAD, 2007).
A osmose/coesão das atividades industriais do mesmo tipo num ponto do território, no
caso os distritos industriais, provê uma maior complexidade ao meio-geográfico no qual está
inserido. A proposta aqui empreendida, embora passível de debate e análise, se insere no
intenso processo de constituir, de produzir, de hierarquizar e de fragmentar territórios.
Ademais, almeja-se o contribuir para a compreensão de espaços em transição, os quais
são os receptáculos desses empreendimentos – indústrias – que complexificam e qualificam o
território nas cidades médias brasileiras In totum.
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