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Direito da Empresa

O Cheque Sem Proviso

Mestrado em Gesto Universidade de vora 2012

Docente: Prof. Dr. Joo Vaz Rodrigues Elaborado por: Duarte Miguel de Matos Metrogos Mestrando N9242

ndice

I Introduo.................................................................................................................... 2 II O Cheque ................................................................................................................... 3 2.1.) Apresentao ........................................................................................................ 3 2.2.) Regras Gerais ........................................................................................................ 4 III O Cheque sem Proviso............................................................................................ 8 3.1.) Quadro Legal ........................................................................................................ 8 3.2.) Processo administrativo ........................................................................................ 8 3.2.1.) A Resciso da Conveno de Cheque ............................................................ 9 3.2.2.) A LUR (Listagem de Utilizadores de cheque que oferecem Risco) ............ 10 3.3.) Processo Criminal ............................................................................................... 11 IV Burla ou crime de emisso de cheque sem proviso? ............................................ 13 4.1.) Responsabilidade dos bancos ............................................................................. 15 V Concluso ................................................................................................................ 17 VI Referncias Bibliogrficas ..................................................................................... 18

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I IntroduoAo longo dos anos o cheque tornou-se um elemento quase simblico dos negcios e das trocas monetrias. At ao aparecimento dos pagamentos electrnicos era o meio de pagamento que melhor aliava segurana e facilidade de utilizao a uma elevada utilizao... e continua, hoje em dia, a ser um dos mais utilizados. No obstante a enorme diversidade de temas relacionados com o cheque, este trabalho ir incidir exclusivamente sobre o uso de cheque sem proviso e nos processos, administrativo e penal, que lhe esto inerentes; neste mbito abordarei tambm a questo, bastante pertinente, da falta de consenso no que diz respeito existncia de crime de burla no uso do cheque sem proviso. Numa fase inicial essencial fazer uma apresentao do cheque dos conceitos inerentes ao mesmo e das suas regras gerais (definidas na LUC) que permita criar bases de entendimento indispensveis a uma mais fcil interpretao do tema principal que, como foi referido atrs, se centrar no uso do cheque sem proviso. Considera-se cheque sem proviso o cheque emitido, cuja conta no dispe de fundos para o seu pagamento; o emissor deste tipo de cheque poder incorrer em penalizaes a dois nveis distintos: nvel administrativo (resciso da conveno de cheque e inibio do seu uso) e a nvel judicial (procedimento criminal, dependente de queixa e mediante a verificao de determinadas condies). Estes processos so tutelados pelo Decreto-Lei n454/91, de 28 de Dezembro, vulgo Regime Jurdico do Cheque sem Proviso e sero abordados numa segunda fase do trabalho. Por ltimo ser feita uma pequena abordagem a um paradigma actual, mas no recente, que a falta de um entendimento uniforme na jurisprudncia no que diz respeito classificao da emisso e entrega de cheque sem proviso como um crime de burla ou como um crime de emisso de cheque sem proviso e a responsabilidade dos principais intervenientes, o emissor e a entidade bancria sacada, em casos deste tipo.

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II O Cheque

2.1.) Apresentao A fim de abordar o tema do cheque sem proviso importante primeiro perceber o que o cheque, em que se fundamenta e como funciona. O cheque insere-se na categoria de ttulos de crdito. Especificando pode dizerse que se trata de um ttulo cambial devido sua origem histrica proveniente do contrato de cmbio, existente na Idade Mdia 1, cujas razes provm da lettera di pagamento, utilizada naquela poca para dar ordem aos banqueiros para executar pagamentos por conta dos depsitos do ordenante. Foi, todavia, em Inglaterra que o cheque veio a encontrar maior consagrao e plo de desenvolvimento e irradiao, tendo como base as ordens de pagamento emitidas pelos reis sobre os seus tesoureiro (exchecquer bill ou simplesmente cheque) 2. A definio mais corrente para ttulo de crdito -nos dada por Vivante: documento necessrio mas suficiente para o exerccio do direito, literal e autnomo, nele mencionado. Os ttulos de crdito tornam mais simples, rpida e segura a circulao de riqueza e a concesso de crdito uma vez que permitem faz-lo atravs da transmisso de um documento representativo dos bens em causa, facilitando largamente a circulao desses bens. Um crdito , essencialmente, a troca de uma prestao presente por uma prestao futura, ou seja, o diferimento no tempo de uma contra prestao. Comporta, por isso, dois pressupostos bsicos: a confiana do credor na honestidade e solvabilidade do devedor 3 e o decurso do tempo entre a prestao actual do credor e a prestao futura do devedor. Pode ento dizer-se, de forma bastante sintetizada, que um cheque uma ordem de pagamento dada pelo sacador ao sacado, para que este pague ao beneficirio, aquando da apresentao do documento, determinada quantia. De realar que o cheque no constitui, em si mesmo, um meio de pagamento, simplesmente confere ao beneficirio a expectativa de receber essa quantia. Assim, os intervenientes no cheque so:

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Miguel J. A. Pupo Correia, in Direito Comercial Direito da Empresa, 2007, pp. 453 e ss. Pupo Correia, op. cit., pg. 453. Pupo Correia, op. cit., pg. 441.

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- Sacador a pessoa que ordena o pagamento do cheque (o titular da conta); - Sacado a entidade a quem ordenado que pague o cheque (o banco); - Beneficirio a pessoa nominalmente conhecida ou no (uma vez que poder ser identificado no cheque ou no) a favor de quem reverte o valor indicado no cheque (ao primeiro beneficirio do cheque chama-se tambm tomador); - Endossante a pessoa que, por endosso, transmite o benefcio do cheque a outra pessoa; - Endossado a pessoa que, por endosso, passa a ser o legtimo beneficirio do cheque; - Avalista a pessoa que se responsabiliza, no todo ou em parte, pelo pagamento do cheque (embora a figura do avalista esteja prevista na LUC (Captulo III) no vulgar a sua interveno neste ttulo de crdito).

2.2.) Regras Gerais O uso generalizado do cheque no seria possvel sem a existncia de legislao que discipline o seu preenchimento, regule os prazos para apresentao a pagamento, tutele as situaes de falta de proviso e crie a confiana indispensvel ao uso de qualquer ttulo de crdito. Esta legislao encontra-se descrita na Lei Uniforme do Cheque (LUC), que abordarei neste captulo, e no Regime Jurdico do Cheque (RJC), que ser abordado no captulo seguinte. As regras gerais do cheque encontram-se definidas na LUC 4. Abaixo encontram-se sintetizadas as que considero indispensveis para obter uma imagem satisfatria dos aspectos caracterizadores deste ttulo de crdito.

Requisitos do cheque (Art.1 e Art.2 da LUC) So requisitos obrigatrios do cheque (sem os quais o mesmo no produzir efeitos, salvo raras excepes): - A palavra Cheque; - A data e o local de emisso; - O local de pagamento;4

estes ttulos foram dotados de um regime unificado internacionalmente, atravs das duas Convenes de Genebra de 7.6.1930, que instituram a Lei Uniforme sobre Letras e Livranas (LULL) e a Lei Uniforme sobre Cheques (LUC), (Pupo Correia, op. cit., pp 454).

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- Mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada; - Nome do sacado; - Assinatura do(s) sacador(es).

Formas de emisso (Art-5 da LUC) Seguindo a sua natureza de ttulo de crdito, o cheque poder ser nominativo, ou seja, conter o nome do beneficirio (obrigando por isso identificao do seu apresentante) ou ao portador, quando no definido o beneficirio ( pagvel por simples apresentao, no havendo necessidade de identificao do beneficirio). O cheque nominativo poder ser emitido ordem ou no ordem. O que se prende com a sua transmissibilidade, como se ver em seguida.

Formas de transmisso (Art.14 a 17 e Art.20 da LUC) A forma de transmisso do cheque est directamente relacionada com as formas de emisso e mais uma vez reflecte a sua natureza de ttulo de crdito. Assim, um cheque nominativo ordem poder ser transmitido por endosso completo (quando indicado o nome do prximo beneficirio) ou incompleto ou em branco (quando o portador se limita a colocar a sua assinatura no verso); no caso de um cheque nominativo no ordem o mesmo apenas poder ser transmitido por cesso ordinria de crditos (Art. 577 e seguintes do Cdigo Civil); por ltimo, o cheque ao portador, que poder ser transmitido por tradio, ou seja, atravs da simples entrega do mesmo a um novo beneficirio.

Aval (Art.25 e 27 do LUC) O pagamento de um cheque pode ser garantido, no todo ou em parte, por um aval, sendo que o avalista obrigado da mesma forma que a pessoa que garante.

Cheques cruzados e cheques a levar em conta (Art.37 a 39 da LUC) So consideradas menes especiais de pagamento o cruzamento do cheque e a meno Para levar em conta. De acordo com o Art.37 da LUC o cruzamento poder ser geral (efectuando-se por meio de duas linhas paralelas, traadas na face do cheque) ou especial (quando tem escrito, entre os dois traos, o nome de uma instituio de crdito). O pagamento de um cheque com cruzamento geral apenas poder ser feito pelo sacado a um seu cliente ou a um banqueiro (Art. 38 da LUC). O pagamento de um cheque com cruzamento especial5

s pode ser efectuado pelo sacador ao banqueiro designado ou a um seu cliente, no caso de o cruzamento ser sobre o prprio sacado. Um cheque contendo a meno Para levar em conta (aposta transversalmente na sua face) ter que ser creditado necessariamente na conta de quem o apresenta uma vez que ao inserir esta meno o sacador ou o portador probe o seu pagamento em numerrio (Art.39 da LUC).

Cheque visado Criado como forma de garantir ao beneficirio o recebimento da quantia inscrita e de obstar s consequncias da destruio ou extravio deste 5. A pedido do sacador, o Banco sacado insere uma meno de visto, assegurando o pagamento. O visto apenas garante que, na altura em que foi feito, a conta se encontrava provisionada no montante indicado; dependendo do banco a deciso de colocar essa quantia em cativo at data de pagamento do cheque.

Cheque pr-datado (Art. 28 da LUC) Trata-se de um cheque passado com data de emisso posterior. Uma vez que o cheque materializa uma ordem de pagamento vista o mesmo ser pago no dia em que apresentado a pagamento, independentemente da data de emisso em si inscrita (Art.28 da LUC). O comprador no possui nenhuma garantia legal de que o vendedor honrar as datas acordadas para desconto de um cheque prdatado. Porm a data colocada no corpo do cheque deve ser respeitada pela pessoa que o recebe, seno haver quebra de contrato entre as partes. Somente o banco no ter responsabilidade sobre o depsito antecipado de um cheque. Na hiptese de depsito do cheque pr-datado antes da data acordada entre as partes, caso o emitente venha a ter prejuzo causado decorrente da precipitao do depsito do cheque, poder entrar com uma aco de danos materiais contra o beneficirio. Revogao do cheque (Art.32 da LUC) O sacador poder proceder revogao (anulao) do cheque. I,mporta no entanto, referir que esta s produz efeito depois de findo o prazo de apresentao definido no Art.29 da LUC. A extino deste prazo, por si s, no obsta, ao pagamento do cheque. Podero haver excepes a esta regra nos casos em que, nos termos do n2 do Art.1170 do Cdigo Civil, o sacador, mediante declarao escrita, transmita instrues5

Pupo Correia, op. cit., pp.457.

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ao sacado no sentido de impedir o pagamento do cheque por motivo de roubo (apropriao indevida com recurso violncia), furto (apropriao indevida sem recurso violncia), extravio (perda do cheque), coaco moral (cheque emitido sob ameaa), incapacidade acidental (quando o cheque emitido num momento em que o sacador se encontra acidentalmente incapacitado ou impedido de exercer livremente a sua vontade) ou qualquer outra situao em que se manifeste falta ou vcio na formao de vontade (quando o cheque emitido em resultado de informao ou realidade adulterada por exemplo). Neste caso estamos perante uma revogao por justa causa que, por norma, tem efeitos imediatos, devendo o motivo indicado pelo sacador ser aposto no verso do cheque. Passemos agora ao tema central do trabalho o cheque sem proviso.

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III O Cheque sem Proviso

3.1.) Quadro Legal Tal como foi referido anteriormente, os grandes pilares reguladores do cheque so a LUC (Lei Uniforme relativa ao Cheque) e o RJC (Regime Jurdico do Cheque sem Proviso). Esta seco do trabalho remete-nos agora, principalmente, para o segundo. O RJC est definido no Decreto-Lei n454/91, de 28 de Dezembro. Este sofreu nos ltimos anos vrias alteraes com vista a melhor-lo: - Decreto-Lei n 316/97, de 19 de Novembro: deu nova redaco ao Decreto-Lei n454/91, aumentando as responsabilidades das instituies de crdito e do Banco de Portugal; - Decreto-Lei n 323/2001, de 17 de Dezembro: procede converso de valores expressos em escudos para euros em legislao da rea da justia; - Decreto-Lei n 83/2003, de 24 de Abril: acrescenta a utilizao de cheque aps resciso como motivo de incluso na LUR, autorizando ainda o acesso das instituies de crdito s informaes relativas a esses utilizadores; - Lei n 48/2005, de 29 de Agosto: procede quarta alterao ao regime jurdico do cheque sem proviso (artigos 2, 8, 11 e 11-A), determinando que deixa de ser penalmente tutelado o cheque emitido com valor inferior a 150,00, estabelecendo, em contrapartida, a obrigatoriedade de pagamento destes cheques, pelas instituies de crdito. O objectivo desta lei descriminalizar o uso do cheque sem proviso atravs do aumento da responsabilidade das instituies de crdito na atribuio de livros de cheques aos clientes, devendo as mesmas refinar o nvel de selectividade, baseando-se esta numa relao de conhecimento e confiana entre as mesmas e o cliente. Tambm se revestem de extrema importncia a Instruo n. 1/98 e o Aviso n. 1741-C/98 (2. Srie), nos quais o Banco de Portugal fixou os requisitos a observar na abertura de contas de depsito e no fornecimento de mdulos de cheque e transmitiu instrues visando a aplicao uniforme do RJC.

3.2.) Processo administrativo A utilizao indevida do cheque poder ter como consequncia, a nvel administrativo, ou seja, sem aco penal, a inibio do seu uso. Existe utilizao indevida quando a instituio de crdito recusa fazer o pagamento do cheque por uma razo imputvel ao sacador ou quando o banco se v obrigado a fazer o pagamento do cheque, mesmo

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no existindo proviso na conta, por o cheque ser de valor no superior a 150,00 6. Em qualquer um dos casos o banco poder avanar com o processo de resciso de conveno de cheque (n7 do Aviso 1741-C/98 do Banco de Portugal). Verificada a falta de pagamento e uma vez notificada pelo banco ao emitente (atravs de carta indicando, obrigatoriamente, o local e o termo do prazo para regularizao da situao e as consequncias da falta dessa regularizao (n2, Art.1-A do RJC)) o mesmo dever regularizar a situao (liquidando a importncia indicada no cheque e procedendo demonstrao do seu pagamento junto do banco) no prazo de 30 dias consecutivos (n1 do Art.1-A do RJC). O cheque considerar-se- regularizado se: a) o portador o voltar a apresentar e receber o montante nele indicado; b) o sacador proceder a depsito, ordem do portador; c) o sacador exibir prova do seu pagamento ao portador. Nos casos previstos nas alneas b) e c) so devidos tambm juros moratrios desde a apresentao do cheque a pagamento, taxa legal, fixada nos termos do Cdigo Civil, acrescida de 10 pontos percentuais 7. A no regularizao do cheque no prazo de 30 dias ter como consequncia a resciso da conveno de cheque (n1 do Art.1 do RJC) e a incluso na Lista de Utilizadores de Cheque que oferecem Risco (n1 do Art.3 do RJC).

3.2.1.) A Resciso da Conveno de Cheque A conveno de cheque o contrato atravs do qual uma instituio de crdito e o(s) titular(es) de uma conta de depsito (ou seus representantes) acordam a movimentao da mesma atravs de cheque. As instituies de crdito so obrigadas a rescindir a conveno de cheque com quem ponha em causa o esprito de confiana que deve presidir circulao do cheque pela sua utilizao indevida. A resciso deste contrato obrigar devoluo dos mdulos de cheques fornecidos pelo banco e no utilizados, no prazo de 10 dias, por parte de todas as entidades abrangidas por tal deciso e proibio

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O Regime Jurdico do Cheque estabelece, no n1 do Art. 8 a obrigatoriedade de pagamento pelas instituies de crdito dos cheques que apresentem falta ou insuficincia de proviso de montante no superior a 150,00. Esta medida foi tomada, tendo em conta as recomendaes do Conselho da Europa e orientaes de algumas legislaes estrangeiras, com o intuito de contribuir para a reduo do volume de criminalidade relacionada com o uso do cheque. Esta obrigatoriedade poder no se verificar quando, de acordo com o n2 e n3 do Art.8, a instituio sacada recusar justificadamente o pagamento do cheque por motivo diferente da falta ou insuficincia de proviso (por exemplo, existncia de srios indcios de falsificao, furto, abuso de confiana ou apropriao ilegtima de cheque).7

No caso de regularizao de cheque de valor inferior a 150,00, pago pelo banco de acordo com o disposto no n1 do Art.8 do RJC, o emitente no incorre no pagamento de juros de mora.

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de emitir cheques sobre a instituio de crdito que procede resciso, a partir da data em que a notificao se considere efectuada 8. Segundo o n3 do Art.1 do RJC a resciso de conveno extensiva a todos os co-titulares da conta a que diz respeito o cheque, no sendo, no entanto, extensiva a cotitulares de outras contas nas quais o emitente do cheque tambm figure. As instituies de crdito devero anular a resciso relativamente aos cotitulares caso estes demonstrem que so alheios aos actos que a motivaram. Para tal, o banco ter em considerao, entre outras, as seguintes circunstncias meramente indiciadoras (enunciadas no Aviso n 1741-C/98 do Banco de Portugal): a) Declarao do titular emitente a assumir a responsabilidade exclusiva pela emisso do cheque no regularizado; b) Separao judicial ou divrcio dos titulares; c) O titular no emitente ter cedido a sua quota ou renunciado gerncia em sociedade comercial; d) O titular no emitente ter renunciado titularidade ou representao na conta de depsitos em causa; e) O cheque no regularizado ser de montante anormal relativamente aos demais movimentos a dbito na conta; f) Os titulares terem dissolvido sociedade civil. Caso o cheque seja apresentado a pagamento fora do prazo legal definido (Art.29 da LUC) deixar de estar provido de proteco legal e o seu emitente no poder ser punido criminalmente nem ver rescindida a conveno do seu uso caso o cheque seja devolvido. O Art.6 do RJC estabelece que a resciso de conveno no impede que as contas sejam movimentadas atravs de cheques avulsos (visados ou no), cartes, ordens de transferncias, etc. No poder tambm ser recusado o pagamento de cheques com fundamento na resciso da conveno de cheque ou no facto de o sacador se encontrar na LUR; se existir proviso ou for de valor inferior a 150,00, o banco pagar o cheque.

3.2.2.) A LUR (Listagem de Utilizadores de cheque que oferecem Risco) A LUR difundida pelo Banco de Portugal junto das instituies de crdito e constituda pelo conjunto de entidades, singulares ou colectivas, com as quais os bancos8

A notificao dever ser feita atravs de carta registada, conforme n1 do Art.5 do RJC, e considera-se efectuada, salvo prova em

contrrio, no terceiro dia posterior ao registo ou no primeiro dia til seguinte (caso este no o seja), mesmo que o notificando no se encontre na morada indicada ou recuse receb-la (n2 do Art.5 do RJC.

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tenham rescindido a conveno de cheque por utilizao indevida do cheque (n1 do Art.3 do RJC), pondo em causa o esprito de confiana que preside sua circulao. A divulgao desta listagem tem como principal objectivo informar o sistema bancrio dos clientes com os quais no devero celebrar conveno de cheque. As instituies de crdito podero tambm utiliz-la para avaliar o risco de crdito dos clientes. Ao ser integrada na LUR a entidade ficar impedida de celebrar nova conveno de cheque durante 2 anos, contados a partir da data de entrada na listagem. Contudo, o Banco de Portugal pode decidir a remoo antes de decorrido este prazo se existirem circunstncias ponderosas que justifiquem a necessidade de utilizar cheques (Art.4 do RJC). Esta deciso poder ser despoletada por requerimento da prpria entidade ou por proposta de qualquer instituio de crdito.

3.3.) Processo Criminal Nos casos em que haja emisso de cheque de valor superior a 150,00 apresentado a pagamento nos termos e prazos legais definidos no Art.29 da LUC 9, cuja devoluo por falta de proviso ou por outro qualquer motivo cause prejuzos patrimoniais o emitente poder incorrer em processo judicial. Este processo depender de queixa, por parte do lesado, contra o emitente para se iniciar (n1 do Art. 11-A do RJC) e o seu julgamento competir exclusivamente aos tribunais. Esta queixa dever fazer referncia aos factos que levaram emisso do cheque, data de entrega do cheque ao tomador e aos respectivos elementos de prova (n2 Art. 11-A do RJC). Na falta de algum destes elementos o Ministrio Pblico notificar o queixoso para, no prazo de 15 dias, proceder sua indicao (n3 Art.11-A do RJC). A pena principal aplicvel ao crime de emisso de cheque sem proviso a de priso at 3 anos ou multa, agravada, caso o cheque seja de valor elevado 10, para pena de priso at 5 anos ou pena de multa at 600 dias. O n4 do Art. 11 do RJC estipula que os mandantes (mesmo sendo empresas, associaes, etc,) so civil e solidariamente responsveis pelo pagamento das multas e indemnizaes em que os indivduos, na qualidade de seus representantes, incorram. A responsabilidade criminal extingue-se caso a situao seja regularizada nos termos e prazos previstos no Art. 1-A. Caso o cheque seja pago no intervalo de tempo entre o termo do prazo legal de pagamento e o incio da audincia de julgamento em 1 instncia, a responsabilidade criminal manter-se- mas a pena poder ser especialmente9

O cheque pagvel no pas onde foi passado deve ser apresentado a pagamento no prazo de oito dias. O cheque passado num

pas diferente daquele em que pagvel deve ser apresentado respectivamente num prazo de vinte dias ou de setenta dias, conforme o lugar de emisso e o lugar de pagamento se encontram situados na mesma ou em diferentes partes do mundo..10

Considera-se cheque de valor elevado todo aquele que exceder o valor previsto no Art. 202, alnea a), do Cdigo Penal.

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atenuada (n5 e n6 do Art. 11 do RJC). Para alm da pena de priso ou de multa a que pode ser condenado, todo aquele que seja julgado pelo crime de emisso de cheque sem proviso pode ainda incorrer em sanes acessrias. Assim, o juiz poder ainda conden-lo em interdio do uso de cheques por um perodo mnimo de seis meses e mximo de 6 anos. As sanes acessrias passveis de serem aplicadas, isolada ou cumulativamente, nestes casos, esto legisladas no Art. 12 do RJC. A interdio do uso do cheque comunicada ao Banco de Portugal, que por sua vez informa todas as instituies de crdito de que devem abster-se de fornecer ao agente e seus mandatrios mdulos de cheques, com excepo dos casos previstos no Art. 6 do RJC. Alm disso, o sujeito a quem tiver sido aplicada esta sano tem a obrigao de restituir s instituies de crdito todos os mdulos de cheques que estas lhe forneceram (e aos seus mandatrios) e abster-se de os emitir, sob pena de praticar os crimes de desobedincia e desobedincia qualificada, respectivamente (n7 do Art. 12 do RJC). O condenado em interdio do uso do cheque poder ver a sua situao judicial regularizada se o seu comportamento nos 2 anos seguintes ao cumprimento da pena principal, tornar razovel supor que o mesmo no voltar a cometer crimes da mesma natureza (n8 do Art.12). Caber novamente ao Banco de Portugal comunicar a todas as instituies de crdito a sentena que concede a reabilitao (n9 do Art. 12). Para alm da interdio do uso de cheque, o n1 do referido artigo identifica tambm a publicidade da deciso condenatria como meio de sano. Esta consistir na divulgao, nos lugares destinados para o efeito (jornais locais e editais nos locais destinados pela junta de freguesia, por exemplo) e por perodo no inferior a um ms, de extracto no qual constem os elementos da infraco e as sanes aplicadas, bem como a identificao do agente (n 3 e n 4). No caso dos cheques pr-datados apresentados a pagamento antes da data de emisso definida no haver consequncias para o emitente em caso de devoluo por falta ou insuficincia de proviso, ou seja, a devoluo de um cheque pr-datado no considerada crime de emisso de cheque sem proviso (n3 do Art.11 do RJC). Contudo, apesar de no ser punido criminalmente, fica sujeito obrigao de regularizao (caso o banco proceda ao pagamento do cheque por este ser de valor inferior a 150,00) de modo a evitar a inibio do uso de cheques uma vez que o banco fica sub-rogado nos direitos do portador at ao limite da quantia paga (Art.10 do RJC). Tal como foi referido atrs, uma vez que o cheque um ttulo de crdito pagvel vista (Art.28 da LUC), os bancos procedero ao seu pagamento se existir proviso mesmo que este seja apresentado a pagamento antes da data de emisso inscrita no documento.

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De enaltecer que, tal como foi referido atrs, a existncia (ou no existncia) de procedimento criminal e a sua regularizao no interfere com a existncia e o decorrer de um processo administrativo de inibio do uso do cheque.

IV Burla ou crime de emisso de cheque sem proviso?A entrega de um cheque sem proviso, para pagamento de servios ou bens, pode configurar um crime de emisso de cheque sem proviso ou burla. O crime de burla visado no Cdigo Penal, estando inserido no Livro II Parte Especial, no Ttulo II Dos crimes contra o Patrimnio e no Captulo III Dos crimes contra o patrimnio em geral. O Art. 217 do Cdigo Penal estipula: 1 - Quem, com inteno de obter para si ou para terceiro enriquecimento ilegtimo, por meio de erro ou engano sobre factos que astuciosamente provocou, determinar outrem prtica de actos que lhe causem, ou causem a outra pessoa, prejuzo patrimonial punido com pena de priso at 3 anos ou com pena de multa. 2 - A tentativa punvel. 3 - O procedimento criminal depende de queixa. 4 - correspondentemente aplicvel o disposto no artigo 206. e na alnea a) do artigo 207. Estamos, ento, perante um crime de burla quando, de forma astuciosa, determinado sujeito A, pretendendo obter para si ou para terceiro enriquecimento ilegtimo, induz em erro um indivduo B, levando-o a praticar actos que lhe causam a si (indivduo B), ou a outrem, prejuzo patrimonial. Considera-se enriquecimento ilegtimo o enriquecimento de um sujeito por consequncia do empobrecimento de outrem no havendo causa justificativa desse enriquecimento. De referir que no necessrio haver enriquecimento do agente para que se verifique um crime de burla, bastando para isso que haja prejuzo patrimonial do lesado. Por erro entende-se a representao errnea de uma realidade concreta com o intuito de influenciar o comportamento/consentimento da vtima. O erro ou engano poder ser feito por palavras (onde se incluem tambm os textos e os cdigos gestuais; havendo situaes em que basta a mentira para que se verifique este tipo de crime), por actos concludentes (comportamentos aparentemente idneos mas que constituem um acto ilcito; por exemplo, um sujeito que finge ser polcia e cobra multas aos condutores) ou por omisso quando haja o dever de informao (de acordo com o Art.10 do Cdigo Penal) e este no seja cumprido, aproveitando o estado de erro em que o sujeito j se encontra para tirar partido do mesmo.13

O crime de burla est inserido nos crimes semipblicos uma vez que, tal como est estipulado no n3 do Art.217 do Cdigo Penal, o procedimento criminal est dependente de queixa. Poder, no entanto, e tal como est definido no n4 do Art.217 do Cdigo Penal, constituir um crime particular, passando o procedimento criminal a estar dependente de queixa e acusao particular quando se verifique uma das situaes descritas na alnea a) do Art.207 do Cdigo Penal. Isto , quando o agente do crime for cnjuge, ascendente, descendente, adoptante, adoptado, parente ou afim at ao 2 grau da vtima, ou com ela viver em condies anlogas s dos cnjuges. A pena aplicada ao agente poder ser especialmente atenuada caso este proceda restituio da coisa apropriada ou reparao dos prejuzos causados, nos termos do Art.206 do Cdigo Penal (ver tambm n4 do Art.217 do Cdigo Penal). Actualmente no existe consenso na jurisprudncia no diz respeito a saber se estamos perante uma burla ou um crime de emisso cheque sem proviso quando feita uma entrega de um cheque sem proviso para obteno de um produto ou servio. De facto, ... do prprio prembulo do Decreto Lei n 454/91 resulta expressamente que a aplicao das penas do crime de burla ao sacador do cheque sem proviso () uma consequncia material desse comportamento com os que integram aquela figura do direito clssico. 11. Na dcada de 90 o Prof. Germano Marques da Silva chegou a propor, no seu anteprojecto de alterao do Decreto-Lei n 454/91, de 28 de Dezembro, a revogao da alnea a) do n1 e n2 do Art.11 do RJC, remetendo-se para o regime geral, j que era entendimento que a punio do crime de emisso de cheque sem proviso constitua uma forma de execuo do crime de burla. O referido anteprojecto serviu de base ao Decreto-lei n 316/97, de 19 de Novembro, embora o legislador tenha optado por conceder ao crime de emisso de cheque sem proviso (nas suas diversas modalidades, ora constituindo um regime especial que crime de burla, ora havendo proximidade material com aquele tipo de crime) um tratamento autnomo devido aos problemas e questes especficas que este suscita. certo que, para que exista um crime de burla, no basta que seja ocultada a falta de proviso na altura da entrega do cheque, pois quem recebe o cheque tem conscincia da sua possvel falta de proviso; de acordo com o que foi referido atrs, para se verificar um crime de burla necessrio que o sacador, por meio de conduta astuciosa, convena o tomador do cheque da existncia de proviso. Teoricamente, sendo o cheque utilizado com meios astuciosos e nos termos descritos no Artigo 217 do Cdigo Penal, estaramos perante uma situao em que o agente deveria ser punido por crime de burla. No entanto, talvez por, pragmaticamente, no domnio do Direito Penal, se verificar a regra de que a lei especial prevalece sobre a lei geral, uma vez que nela o legislador entendeu ser mais preciso na definio dos factos que do forma ao ilcito, no isso11

Antnio A. T. Pinto in Cheques sem Proviso Regime Jurdico Anotado, pp. 105.

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que se verifica; como de resto se poder constatar no Acrdo do Tribunal da Relao de Coimbra, de 19 de Janeiro de 2005, Processo 3965/04, no qual o Tribunal qualifica o crime descrito como crime de emisso de cheque sem proviso apesar de, aparentemente, o mesmo reunir as caractersticas de um crime de burla. Deciso que, existindo um regime jurdico especfico para este tipo de situao, faz todo o sentido tendo em conta o que foi referido anteriormente acerca da priorizao da lei especial sobre a lei geral. Tambm o Acrdo do Tribunal da Relao do Porto, de 28 de Abril de 2004, Processo: 0411116, infere nesse sentido.

4.1.) Responsabilidade dos bancos Ao ser lesado o beneficirio do cheque, atravs da entrega de um cheque sem proviso por parte do sacador, o mesmo continua lesado caso o banco se recuse a efectuar o pagamento desse cheque. Posto isto que h que indagar qual a responsabilidade da instituio de crdito, uma vez que este dever responder sempre pelos seus actos, ao nvel da responsabilidade civil extracontratual, nos termos do n1 do Art.483 do Cdigo Civil 12; como, de resto, se pode verificar no Acrdo Uniformizador de Jurisprudncia do Supremo Tribunal de Justia n 4/2008, de 4 de Abril de 2008. Assim, no que respeita, por exemplo, aos actos de tentativa de evaso ao pagamento dos mnimos obrigatrios por parte das instituies de crdito, atravs de argumentaes do gnero: existe irregularidade do saque ou recebemos instrues para cancelar o cheque, no havendo legislao especfica para este tipo de ilcito uma vez que o RJC no os aborda (na vertente de ilcito por uso indevido por parte do banco), os mesmos devero seguir o regime geral, existindo assim a possibilidade de serem enquadrados no crime de burla por meio de palavras, uma vez que, em alguns casos, se pode considerar que mente ao cliente (sendo a mentira o suficiente para se afigurar o crime de burla), e/ou por meio de actos concludentes uma vez que, de acordo com A. M. Almeida Costa (1999) 13, integram o crime de burla os casos em que a conduta do sujeito activo cria ou assegura / aprofunda o engano da vtima. De acordo com o autor 14 o aspecto fulcral da burla por actos concludentes radica na circunstncia de o sujeito activo, atravs da conduta, veicular uma viso falsa ou deturpada da realidade.

12

O n1 do Art.483 do Cdigo Civil estipula que: Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposio legal destinada a proteger interesses alheios fica obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes da violao..1314

A. M. Almeida Costa in Comentrio Conimbricense do Cdigo Penal, 1999, pg. 302. A. M. Almeida Costa in Comentrio Conimbricense do Cdigo Penal, 1999, pg. 304.

15

Diz-nos a jurisprudncia 15 que o banco ser tambm responsabilizado pelos danos causados ao portador do cheque (independentemente do seu valor) caso recuse efectuar o pagamento do mesmo, dentro do prazo definido no artigo 29 da LUC, por motivo de ordem de revogao por justa causa do sacador, quando esta no seja devidamente comprovada pelo mesmo, de acordo com o que est definido no Art.342., n. 1, do Cdigo Civil. Ou seja, a alegao da existncia de justa causa carece de ser demonstrada, competindo ao Tribunal o exerccio da livre apreciao da prova de forma a avaliar a veracidade e adequabilidade dos elementos justificativos da revogao por justa causa, havendo, em regra, a possibilidade de recurso. O Acrdo do Supremo Tribunal de Justia n. 9/2008, de 25 de Setembro de 2008, veio fixar jurisprudncia exactamente nesse sentido Nos casos em que haja furto, roubo ou extravio do cheque o sacador deve proibir o pagamento do mesmo, comunicando essas instrues ao banco atravs de declarao escrita. Essa proibio dever, no entanto, ser justificada, caso contrrio o acto tomar a forma de crime de emisso de cheque sem proviso. Caber depois s autoridades judicirias apurar a validade do pedido de revogao por justa causa. Caso a causa da comunicao seja justificada o sacador deve ser ilibado da autoria de crime de emisso de cheque sem proviso. Se, pelo contrrio, se chegar concluso de que a proibio do pagamento foi feita apenas com o intuito de evitar o pagamento do cheque, o sacador incorrer na prtica de um crime de emisso de cheque sem proviso.

15

vide Acrdo do Tribunal da Relao de Coimbra, de 11 de Maio de 2010, Processo 1608/08.1TBPBL.C1; Acrdo do Tribunal da Relao de Coimbra, de 01 de Junho de 2010, Processo 310/09.1TBPCV.C1; e Acrdo do Tribunal da Relao de Coimbra, de 15 de Fevereiro de 2011, Processo 34/09.0TBMIR.C1.

16

V ConclusoO uso do cheque sem proviso revelou-se simultaneamente um tema bastante mais interessante e bastante mais abrangente do que inicialmente previ. Tentei, da forma mais correcta possvel, abordar os seus principais aspectos. medida que avancei no trabalho fui adquirindo a clara percepo de que existem muitos mais assuntos que elevam ainda mais o interesse deste tema e que podero ser aprofundados e a abundncia de fontes de informao tornou a execuo do mesmo de certa forma, viciante. Apesar da sua antiguidade julgo que o cheque continuar a ser um elemento de grande relevncia e bastante utilizado, principalmente ao nvel do negcio com entidades colectivas, pelas suas caractersticas [transmissibilidade, nvel de especificidade na forma de pagamento e segurana no pagamento (uma vez que poder ser avalizado ou visado)]. Por sua vez, tambm o uso de cheques sem proviso se verificar enquanto este tipo de documento existir e circular e certamente iro ser lanados novos decretos-lei complementares e correctivos tendo sempre como objectivo manter o esprito de confiana que a base em que assenta todo este conceito. Por ltimo, julgo tambm no ser de excluir a hiptese de criar legislao especfica, baseada na jurisprudncia j existente, para tutela das aces das instituies de crdito no que diz respeito sua responsabilidade ao nvel do pagamento do cheque, como existe j para os emitentes (RJC), de forma a obter uma maior preciso na delimitao dos factos que podero constituir o acto ilcito, que permita sair da esfera da responsabilizao apenas ao nvel civil e tornar o tratamento destes casos mais clere e assertivo.

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VI Referncias Bibliogrficas

ALMEIDA COSTA, ANTNIO M. - Cdigo Penal, Art 217 - Burla. In FIGUEIREDO DIAS, JORGE, coord. - Comentrio Conimbricense do Cdigo Penal - Parte Especial, Tomo II: Coimbra Editora, Dezembro de 1999. ISBN 972-32-0855-5; BANCO DE PORTUGAL - Cadernos do Banco de Portugal: Banco de Portugal, Lisboa, 2002. Caderno n 3 - Cheques, Regras Gerais. ISSN 1645-3468; BANCO DE PORTUGAL - Cadernos do Banco de Portugal: Banco de Portugal, Lisboa, 2003. Caderno n 4 - Cheques, Restrio ao seu uso. ISSN 1645-3468; BANCO DE PORTUGAL, Aviso n 1741-C/98, de 04 de Fevereiro de 1998; BANCO DE PORTUGAL, Instruo n 1/98, de 04 de Fevereiro de 1998; Cdigo Civil Portugus: Edies Almedina SA, Coimbra, Novembro de 2005; Cdigo Penal Portugus: DL n. 48/95, de 15 de Maro de 1995. Disponvel em: ; COSTA, CATARINA A. A. - Crime de burla e cheque sem proviso, 2007. Disponvel em ; Lei uniforme relativa ao cheque, Decreto-Lei n. 23 721, de 29 de Maro de 1934. Disponvel em: ; PINTO, ANTNIO A. T. - Cheque sem Proviso - Regime Jurdico Anotado: Coimbra Editora, Janeiro de 1998. ISBN 972-32-0796-6; PINTO, FRANCISCO PEREIRA - Crime de burla e emisso de cheques sem proviso, 2006. Disponvel em; PUPO CORREIA, MIGUEL J. A. - Direito Comercial - Direito da Empresa, 10 Edio: Ediforum, Setembro de 2007. ISBN 978-972-8035-82-2; Regime Jurdico do Cheque, DL n.454/91, de 28 de Dezembro. Disponvel em: ; SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIA, Acrdo n 9/2008, de 25 de Setembro de 2008, Processo 3394/07, 5. Seco;18

TRIBUNAL DA RELAO DE COIMBRA, Acrdo de 01 de Junho de 2010, Processo 310/09.1TBPCV.C1; TRIBUNAL DA RELAO DE COIMBRA, Acrdo de 11 de Maio de 2010, Processo 1608/08.1TBPBL.C1; TRIBUNAL DA RELAO DE COIMBRA, Acrdo de 15 de Fevereiro de 2011, Processo 34/09.0TBMIR.C1; TRIBUNAL DA RELAO DE COIMBRA, Acrdo de 19 de Janeiro de 2005, Processo 3965/04; TRIBUNAL DA RELAO DE COIMBRA, Acrdo de 19 de Janeiro de 2010, Processo 3310/08.5TJCBR.C1; TRIBUNAL DA RELAO DO PORTO, Acrdo de 28 de Abril de 2004, Processo 0411116;

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