Universidade Estadual de Santa Cruz
PRODUTO EDUCACIONAL
O ENSINO DE FÍSICA TÉRMICA UTILIZANDO
HISTÓRIA EM QUADRINHOS
Franklin José Bomfim Ramos
Orientador: Prof. Dr. George Kouzo Shinomiya
ILHÉUS – BA
2018
1
O ensino de física térmica utilizando história em quadrinhos
Introdução
Este produto tem o objetivo de ensinar física térmica tendo como
material catalisador da aula o recurso da História em Quadrinho (HQ). Para
tanto foram selecionadas algumas HQ cujo conteúdo pudesse suscitar algum
tópico da física térmica.
Em um primeiro momento procuramos desenvolver o estudo sobre o
conceito de calor, a diferença entre calor e temperatura, transferência de calor,
o que de fato acontece quando nos envolvemos com agasalhos quando
sentimos frio. A primeira HQ deve nos levar a questionar o estudante a respeito
de algumas afirmações do senso comum e pouco refletidas do ponto de vista
da ciência, tais como: “este cobertor é muito quentinho”, “fecha a porta para o
frio não entrar”, “vista um casaco para se proteger do frio”; como se o frio fosse
algo físico e material que chegasse aos corpos, esfriando-os, retirando deles o
calor. Idéias como essas estão presentes no dia-a-dia nas falas das pessoas
sem ao menos causar estranheza em quem as ouve.
Cabe ressaltar que a idéia do calor e do frio como algo material que
permeia os corpos não é inédita, o primeiro a lançar um olhar
metodologicamente científico no calor, no sentido de medi-lo e tentar defini-lo
foi o médico escocês James Black (1728-1799). Ele imaginou que o calor era
uma espécie de fluido chamado calórico que interpenetrava nos corpos,
passando do de maior temperatura para o de menor temperatura até que
ambas se igualassem. Para comprovar sua idéia ele misturou certa quantidade
de água em ebulição com outra quantidade igual de água gelada e verificou
que a temperatura de equilíbrio se deu aproximadamente na média entre as
duas temperaturas iniciais. Ele explicou esse resultado dizendo que o excesso
de fluido (calórico) tinha sido distribuído uniformemente entre as duas
quantidades de água.
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Este conceito de calor durou até meados do século XIX quando
James Prescott Joule (1818-1889) realizou o experimento do equivalente
mecânico do calor, demonstrando que a energia mecânica pode ser convertida
em térmica e vice-versa, estabelecendo, por fim, que o calor nada mais é que
uma forma de energia. Voltaremos a este tópico mais tarde, na aula de
Termodinâmica.
Em relação à pergunta “o que é temperatura?”, é comum se ouvir de
alunos, a resposta de que é a medida do calor. É natural confundir a sensação
térmica com o “estar quente” ou “estar frio”, como se estes fossem conceitos
absolutos, quantitativos e precisos, ao invés de relativos e facilmente
confundíveis, bastando para isso que se pergunte a um grupo pequeno de
pessoas se aquele ambiente em que se encontram está frio ou está quente
para se perceber que, não raro, as respostas variam entre “está bom”, “está
agradável”, “está quente”, a depender da sensibilidade e gosto de cada um.
Entender a temperatura como um estado de agitação que está
relacionado com o movimento das moléculas e átomos que compõem a
matéria, isto é, com sua energia cinética média, e que, portanto, é quantitativo
e preciso é fundamental para diferenciá-la de calor, haja vista que a absorção
ou liberação de calor pelo material pode fazer variar sua temperatura, para
mais ou para menos, respectivamente.
A segunda HQ tem como foco central o ensino de escalas de
temperatura, uma vez que retrata um episódio em que Cascão está confuso
com um termômetro que não está graduado na escala Celsius, mas ele não
sabe disso. É preciso que um amigo, Nimbus, ao saber que o termômetro foi
trazido de outro país deduza que o mesmo esteja graduado em outra escala e,
assim, esclareça a Cascão do motivo da confusão e que o aparelho não está
quebrado.
Uma vez discutida a diferença entre calor e temperatura, cabe, com
essa HQ, fazer as seguintes perguntas: como fazer para medir a temperatura?
Será que todos os países a medem da mesma forma? Existe uma medida
absoluta de temperatura? O objetivo desta HQ é iniciar uma aula que poderá
desencadear uma discussão sobre a confecção de escalas e também na
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relação entre as diversas escalas utilizadas hoje em dia: Celsius, Fahrenheit e
Kelvin, esta última chamada de escala absoluta, pois não admite valores
negativos por se relacionar com a energia cinética das moléculas e átomos. O
zero absoluto, ou zero kelvin, equivalente a -273,15 ºC seria a temperatura
onde os átomos deixariam de vibrar.
A terceira HQ remete ao estudo da Termodinâmica, especificamente
à sua 2ª Lei por se tratar de transformação. É uma historinha em que Cascão
monta uma oficina para reaproveitar os brinquedos dos colegas transformando-
os em outros brinquedos. Ao longo do tempo alguns ficam entediados com o
novo brinquedo e exige de Cascão que traga o brinquedo antigo de volta,
desfazendo a transformação. Cascão então explica que não dá, não tem como
voltar e fazer o caminho inverso, contando com o apoio de Franjinha, o
cientista da turma, que ratifica exemplificando que uma omelete não vai voltar a
se transformar em um ovo.
A porta está aberta para se iniciar o estudo da termodinâmica,
questionando os alunos se a natureza se comportaria do mesmo jeito que os
brinquedos transformados por Cascão. Note que, quando um brinquedo era
transformado em outro, continuava a ser brinquedo, fato que pode ser
relacionado com a 1ª lei da termodinâmica, uma vez que a energia total do
universo se conserva. Mesmo ocorrendo varias transformações de uma
modalidade de energia em outras, no balanço geral das energias, a quantidade
que se tinha antes, deverá ser a mesma depois das transformações, conforme
preconiza a primeira lei. Contudo, o produto enérgico final não mais se
apresentará integralmente tal qual se apresentava antes das transformações,
corroborando o que estabelece a 2ª lei da termodinâmica, ao formalizar que é
impossível a uma máquina térmica, retirar energia de uma fonte quente e
transformá-la integralmente em trabalho. Sempre haverá uma parcela de
energia não aproveitada pela máquina, o que chamamos popularmente de
desperdício.
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Aula 1: O que é Calor? Ou por que quando eu estou com febre eu sinto
frio?
A aula deve ser iniciada com a leitura da HQ. Devido ao seu caráter
lúdico, espera-se que os estudantes, neste momento, se deixem envolver pela
historinha, pois o caráter lúdico da HQ pode proporcionar uma mudança de
atitude com relação à aula de física, normalmente rotulada de difícil e chata.
Nesse sentido, a linguagem simples e alegre da HQ possibilita uma mudança
de postura que facilita o acesso à aprendizagem.
A história pode ser projetada através do projetor multimídia e/ou
fotocopiada e distribuída para os alunos, a depender dos recursos disponíveis
e da metodologia de trabalho que o professor escolher. Sugerimos trabalhar
com os alunos em grupos, pois assim é possível que a interação entre eles
desperte para novas indagações, o que certamente enriquecerá a discussão.
De início recomendamos que se leia a história inteira sem
interrupções nem explicações físicas e só após retome em partes com as
indagações que proporemos adiante.
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Figura 2: Cranicola se sente aquecido pelo cobertor, confundindo isolante térmico com fonte de energia térmica.
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Figura 3: Penadinho interpõe um travesseiro entre Cranicola e a pedra para impedir que ele perca calor para ela.
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Figura 4: Cranicola é levado para um ambiente de temperatura mais elevada e ele passa a absorver calor do ambiente.
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A partir da leitura da HQ, o professor volta para alguns quadros
ressaltando a informação através de algumas perguntas aos estudantes:
Neste quadro (Fig. 8) é possível investigar a intenção de Penadinho
ao dormir de cobertor. Pergunte aos alunos:
1- Por que Penadinho estava dormindo de cobertor?
2- Por que o cobertor nos dá a sensação de aquecimento?
Alguns alunos responderão que o cobertor aquece ou que ele estava
usando cobertor por que o mesmo é quentinho, conforme dito na figura 2
abaixo em relação ao cachecol.
É natural pensar dessa forma, faz parte do senso comum, uma vez
que com o uso de agasalhos nos sentimos mais aquecidos, entretanto, este
calor que sentimos não vem do agasalho, vem do nosso próprio corpo. O
agasalho ou cobertor funciona como isolante térmico, impedindo que o calor
Figura 5: Penadinho sugere que dormir de cobertor o manterá aquecido.
Figura 6: Demonstração de equívoco conceitual. O cobertor é isolante térmico.
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saia do nosso corpo para o ambiente, isto é, impedindo a troca de calor com o
ambiente. Tanto melhor será o cobertor quanto mais isolante ele for. Vale
ressaltar que um bom isolante térmico é o material que dificulta a transferência
de calor entre dois meios, criando uma barreira entre eles e impedindo a
tendência natural do equilíbrio térmico. O ar seco é um bom isolante térmico,
pois possui baixa condutividade térmica, conseqüentemente materiais muito
porosos, com muitos espaços de ar entre suas estruturas, como cobertores de
lã, são também bons isolantes térmicos.
O isolamento do cobertor envolto no corpo humano que irradia calor
cria uma região de efeito estufa entre o corpo e o material isolante, análogo ao
que acontece com o planeta Terra: a camada de ozônio bloqueia a onda
térmica que é irradiada pelo planeta, refletindo-a de volta para o solo
favorecendo o seu aquecimento.
Não se esqueça de reforçar para os alunos, portanto, que o cachecol
no pescoço de Cranicola não teve a função de aquecê-lo, mas sim de isolá-lo,
isto é, impedir que o calor produzido pelo nosso corpo saia para o ambiente.
Cranicola também afirma que a pedra está muito fria, mas se tanto
ele quanto a pedra estão ao ar livre há muito tempo, será que a pedra está
mesmo mais fria que ele?
Aproveite este quadro para desenvolver o conceito de sensação
térmica e transferência de calor por condução. Se ele está sentindo a pedra
fria, então está havendo transferência de calor dele para a pedra. Pergunte aos
alunos:
3- O calor está indo da pedra para Cranicola ou de Cranicola para a
pedra?
Ouça varias possíveis respostas. Se alguém disser da pedra para
Cranicola, replique com outra pergunta:
4- Se o calor está indo da pedra para Cranicola, então por que ele
não está se sentindo aquecido? Será mesmo que está indo da pedra para o
indivíduo? Quem sente frio é quem ganha calor ou perde calor?
Neste momento a maioria dirá o contrário, que o calor está saindo do
Cranicola e indo para a pedra, por isso que ele está sentindo frio.
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Aproveite esta fala dos alunos para retomar o último quadro da
historinha e perguntar:
5- E agora, nesta cena, o calor está indo de onde para onde?
Naturalmente eles dirão que do fogo para o Cranicola. Diante dessas
falas e conclusões discutidas é conveniente construir uma definição para o
calor, de forma sutil e processual, como sendo a energia térmica que irradia do
corpo de maior temperatura para o corpo de menor temperatura. Portanto, o
frio é uma sensação de perda de calor para outro corpo ou ambiente de
temperatura mais baixa e a sensação de calor, como no quadrinho do inferno,
é a absorção de calor vinda de outro corpo ou ambiente de maior temperatura.
Porém cabe perguntar: quão eficaz é esta transferência de calor?
Qual a celeridade da troca de calor entre dois corpos em contato térmico?
Recupere o quadro abaixo onde será possível discutir fluxo de calor,
uma vez que os alunos já compreenderam o sentido da transferência térmica:
do corpo de maior temperatura para o de menor temperatura.
Figura 7: Cranicola reclama do calor absorvido do fogo no ambiente.
Figura 8: Cranicola perde calor para a pedra
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6- Pergunte se é possível estabelecer uma relação entre a
quantidade de calor cedido por Cranicola à pedra e o tempo em que esta
cessão ocorreu?
7- Será que se a pedra absorvesse certa quantidade de calor de
Cranicola em um longo tempo, um dia, por exemplo, a sensação de frio seria a
mesma que se esta absorção de calor se desse em 1 segundo?
Procure analisar as respostas e para aqueles que responderam que
em menor tempo a sensação seria maior, pergunte se esta é uma relação
direta ou inversa com o tempo?
A taxa de transferência de energia térmica por unidade de tempo é
exatamente o que chamamos de fluxo de calor, representado pela letra () e
dado por = Q/t. Portanto, ratifique que, no caso da interação entre Cranicola
e a pedra, o fluxo de calor pode ter sido alto por dois motivos: um é o curto
intervalo de tempo em que a transferência ocorreu, outro pode ter sido a
diferença de temperatura entre os dois. Para resolver o problema do fluxo de
calor entre o crânio e a pedra, Penadinho inseriu um travesseiro entre os dois,
conforme visto na figura 5. O travesseiro tem área (A), espessura (e) e está na
interface entre duas temperaturas diferentes, a de Cranicola (T1) e a da pedra
(T2), com T1 > T2. Será que com um travesseiro mais alto, mais espesso, com
(e) maior, o fluxo de calor será maior ou menor? Pergunte aos alunos e espere
que eles concluam. Caso eles não consigam imaginar a dependência do fluxo
com o inverso da espessura, faça uma experiência de pensamento,
imaginando que duas pessoas estão deitadas sobre a cerâmica de suas casas
no inverno. A primeira está sobre um lençol de algodão e a segunda está sobre
um colchão. Qual das duas possivelmente reclamará mais do frio? Eles dirão
Figura 9: O travesseiro funciona como isolante térmico
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que foi a primeira, pois o lençol é mais fino. Feito isso, retome a pergunta do
travesseiro explicando que a espessura dificulta o fluxo de calor entre dois
meios, conforme eles puderam concluir.
Desta forma pode-se estabelecer que o fluxo de calor () é
diretamente proporcional à área da superfície de contato (A), à diferença de
temperatura entre os dois meios (T) e inversamente proporcional à espessura
do material na interface (e): A.T/e. E se trocarmos o travesseiro por uma
tábua de madeira, com a mesma área e a mesma espessura, nas mesmas
condições de temperatura, o fluxo de calor será o mesmo? Se colocarmos uma
chapa de zinco de iguais dimensões no lugar da tábua, obteremos o mesmo
resultado? A resposta é não, pois o fluxo de calor por condução depende de
uma constante intrínseca ao material utilizado na separação, chamada de
coeficiente de condutibilidade térmica e representada pela letra K.
Finalmente podemos concluir que o fluxo de calor através do
travesseiro sob Cranicola pode ser calculado por 𝜙 = 𝑘𝐴(𝑇1−𝑇2)
𝑒.
Agora chegou o momento de refazer aos alunos a pergunta proposta
no inicio da aula:
8- Por que sentimos frio quando estamos com febre?
A febre é o aumento de temperatura do corpo devido a alguma
infecção. Com a temperatura do corpo maior que a ambiente, o fluxo de calor
do corpo para o meio se dá de maneira mais rápida, fazendo com que
tenhamos a sensação de que está frio, quando na verdade não está, apenas
estamos perdendo calor mais rápido. Recomenda-se banho frio, nesses casos,
para diminuir a temperatura do corpo humano, reduzindo a diferença de
temperatura entre o corpo e meio ambiente e, por conseguinte, reduzindo o
fluxo de calor.
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Exercícios para retomada do conteúdo
1) Por que você não pode ter certeza se está com febre alta tocando
sua própria testa?
Resposta: o seu corpo inteiro está aproximadamente à mesma temperatura,
sendo assim, o fluxo de calor entre sua mão e sua testa quase não ocorrerá,
impedindo que você tenha a sensação de que está mais quente. Seria preciso que
houvesse uma diferença considerável de temperatura entre sua mão e a outra
parte do corpo em que tocasse para notar rapidamente a elevação da temperatura.
2) Em regiões desérticas, quentes durante o dia e frias durante a noite,
as paredes das casas frequentemente são feitas de argila. Por que é
importante que as paredes de argila sejam grossas?
Resposta: uma parede com a espessura apropriada mantém a casa aquecida
durante a noite por meio da diminuição do fluxo de dentro para fora, enquanto
durante o dia ela mantém frio o interior da casa devido à diminuição do fluxo de
calor de fora para dentro.
3) Identifique, entre as frases abaixo, a(s) errada(s) do ponto de vista
físico e depois corrija-a(s).
a) O refrigerante permanece gelado dentro de uma caixa de
isopor, pois ela não deixa o frio escapar.
b) A sensação de frio que sentimos ao tocar uma colher se deve
à perda de calor de nossa mão para a colher.
c) Uma sopa quente esfria com o tempo, pois fornece calor para
o meio ambiente.
Resposta: está errada a alternativa (a). O refrigerante permanece gelado dentro
de uma caixa de isopor, pois ela evita a troca de calor entre o refrigerante e o meio
externo.
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Aula 2: Temperatura, medida e escalas.
Nesta aula, procuraremos introduzir o conceito de temperatura,
ressaltando sua diferença para o calor, muitas vezes confundida pelos alunos,
conforme verificado na aula anterior.
Inicia-se a aula pela leitura da História em Quadrinho que segue, a
qual pode ser projetada em projetor multimídia e/ou distribuída aos alunos
fotocopiada. Segue-se a mesma recomendação da aula anterior: primeiro leia a
HQ com os alunos ou deixe que eles leiam e depois retome com as devidas
discussões.
É importante não perder de vista que na aula anterior a discussão se
deu em torno do conceito de calor, pois se preciso for, deverá ser retomada a
fim de esclarecer ainda mais o conceito de temperatura.
Figura 10: Cascão argumenta que o termômetro está quebrado pois indica uma temperatura ambiente muito acima da habitual.
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Figura 11: Nimbus percebe que se o termômetro veio de outro país, provavelmente ele deve estar graduado em outra escala de temperatura, a escala Fahrenheit.
Aproveite o primeiro quadro para investigar o conceito de
termômetro: Termo-metro.
1. Pergunte aos alunos o que para eles remete a palavra termo?
Figura 12: Cascão mostra o termômetro para Nimbus.
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Observe as respostas. Provavelmente alguns dirão que tem a ver
com calor, outros, temperatura.
Para que se usa um termômetro? É notório que utilizamos para
medir temperatura. Entretanto, o que seria a temperatura? Que grandeza é
essa que se pode medir com uma espécie de régua graduada? Esta medição é
direta ou indireta?
É importante notar que para se medir a temperatura de um corpo, é
necessário que o termômetro entre em contato com o corpo, espera-se algum
tempo e só então se observa a temperatura. Então podemos perguntar:
2. Por que esperar alguns minutos para conferir a temperatura no
termômetro?
Se os alunos tiverem dificuldade para responder a essa pergunta,
estimule com outra referente à aula anterior: o que acontece quando dois
corpos, de temperaturas diferentes, estão em contato térmico? Eles concluirão
que haverá troca de calor entre eles até atingirem o equilíbrio térmico. E com o
termômetro, não é a mesma coisa? Desta maneira está respondida à pergunta
do por que esperar alguns minutos antes de retirar o termômetro do corpo e
verificar a temperatura.
Note que ainda não concluímos o que é temperatura. O objetivo é
alcançar a discussão dos efeitos da troca de calor pela matéria. Ou seja, o que
acontece com os átomos da matéria quando ela cede ou absorve calor? Uma
vez que já definimos calor como sendo uma modalidade de energia e que a
energia não é criada nem destruída, porém transformada, a pergunta é:
3. Sabendo-se que os átomos estão em constante movimento de
translação, o que aconteceria com este movimento na medida em que
eles liberam energia na forma de calor? Em outras palavras, a
velocidade de translação dos átomos de um sólido, por exemplo,
aumenta, diminui ou permanece constante quando este material cede
calor para o meio ambiente?
A intenção é direcionar os alunos para a compreensão do fenômeno
e, por fim, à construção de uma definição para a grandeza temperatura. Após a
pergunta 3 é possível concluir que a temperatura tem relação intrínseca com o
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grau de movimento dos átomos e que, portanto, corpos que absorvem calor
tem seus átomos mais agitados, o que faz com que a temperatura se eleve e
corpos que cedem calor para outros tem seus átomos em menor agitação,
diminuindo assim a temperatura. A transformação de energia que ocorreu na
troca de calor foi energia térmica (calor) em energia cinética de translação
relacionada à velocidade média dos átomos, verificando assim, a conservação
de energia. Assim, átomos que absorvem calor aumentam energia cinética,
átomos que cedem calor perdem energia cinética.
A questão agora é entender de quais formas eu posso medir a
temperatura. Ou ainda, será que existe um padrão de medida preferida por
todos os países?
Através do quadro ao lado nota-se que Cascão utiliza uma
informação que parece ser uma unidade de medida para o número 77. Ao
declarar 77 graus para a temperatura ambiente, Nimbus conclui que está muito
quente, caso esta seja a temperatura em unidade de medida utilizada no Brasil.
Pergunte aos alunos em qual unidade de medida eles medem a
temperatura do próprio corpo. Se não todos, pelo menos alguns responderão
que é o grau Celsius, então, será que o termômetro de Cascão está medindo
nesta unidade?
O desapontamento de cascão com o termômetro só é esclarecido
quando ele afirma que o mesmo veio de outro país, dos “isteites”, fato que leva
o seu amigo a indagar de qual país veio. Ao saber que veio dos Estados
Unidos, ele conclui que o aparelho não estava quebrado, pois a unidade de
Figura 13: Cascão não se atenta para a unidade de medida no termômetro e por isso se confunde ao interpretar a medida.
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medida de temperatura naquele país não era a mesma usada aqui no Brasil,
porém era a escala Fahrenheit.
Feita esta discussão, pode-se esclarecer que um termômetro nada
mais é do que uma escala graduada, uma régua onde são registrados os
comprimentos atingidos pelo material que dilata dentro do tubo de vidro. A
dilatação varia linearmente com a temperatura, por isso podemos atribuir um
número que representa a temperatura para cada posição da escala. O
comportamento linear da temperatura facilita-nos a criar uma escala a partir de
dois pontos fixos, duas temperaturas Ta e Tb e suas subdivisões.
São três as escalas de temperatura mais conhecidas mundialmente:
Celsius, Kelvin e Fahrenheit. Estabelecendo-se duas temperaturas de
referência para as três escalas, no caso, os pontos de fusão e ebulição da
água, à pressão de 1,0 atm, por exemplo, pode-se deduzir uma relação entre
elas.
Figura 14: conclusão de que o termômetro está graduado na escala Fahrenheit.
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Figura 15: Relação entre as escalas Celsius, Fahrenheit e Kelvin, com seus respectivos pontos de fusão e ebulição da água.
A maneira de se obter uma equação de conversão serve para
quaisquer escalas, mesmo arbitrárias, nas quais sejam dadas duas
temperaturas fixas de referência.
𝑪 − 𝟎
𝟏𝟎𝟎 − 𝟎=
𝑭 − 𝟑𝟐
𝟐𝟏𝟐 − 𝟑𝟐=
𝑲 − 𝟐𝟕𝟑
𝟑𝟕𝟑 − 𝟐𝟕𝟑=
𝑻𝑿 − 𝑻𝒊𝒏𝒇𝒆𝒓𝒊𝒐𝒓
𝑻𝒔𝒖𝒑𝒆𝒓𝒊𝒐𝒓 − 𝑻𝒊𝒏𝒇𝒆𝒓𝒊𝒐𝒓= 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆
Considerando apenas as escalas conhecidas e simplificando a
equação, obtemos,
𝑪
𝟓=𝑭 − 𝟑𝟐
𝟗=𝑲 − 𝟐𝟕𝟑
𝟓
Note que esta é uma equação do primeiro grau e que, portanto,
obedece à relação f(x) = ax + b. É importante salientar esta propriedade para
os alunos, ressaltando o comportamento linear das temperaturas que nos
possibilita relacioná-las em um gráfico do tipo T=f(X), como mostrado abaixo.
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Para verificar esta dependência linear entre duas escalas de
temperatura, peça aos estudantes que utilize a equação de conversão entre as
escalas Celsius e Fahrenheit, por exemplo, e transforme três temperaturas
quaisquer de uma escala para outra e depois marque os valores
correspondentes em um gráfico de Celsius por Fahrenheit (CxF). Em seguida
peça que eles, a partir do gráfico, utilizando o que aprenderam em matemática,
quando viram função do primeiro grau, no primeiro ano, obtenham a função da
reta.
A intenção em retomar o conhecimento aprendido anteriormente é
mostrar que não existem fórmulas novas, como muitos alunos imaginam,
porém são as mesmas da matemática aplicadas em situações físicas
diferentes. Não há por que decorar um monte de fórmulas como se a física
fossem as equações à revelia dos fenômenos que as corroboram e lhes dão
sentido.
Abaixo selecionamos alguns exercícios para retomada do conteúdo,
como sugestão de início de atividades. O professor fique à vontade para
explorar outros exercícios, material de concursos e ENEM, pertinentes à sua
proposta de ensino.
Figura 16: Gráfico linear representando a função da temperatura T = f(X).
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Exercícios para retomada do conteúdo
1) O termômetro que Cascão estava usando indicava 77 ºF. Informe
para ele a temperatura que o termômetro marcava em ºC.
𝑪
𝟓=
𝑭−𝟑𝟐
𝟗
𝑪
𝟓=𝟕𝟕 − 𝟑𝟐
𝟗
𝑪
𝟓=𝟒𝟓
𝟗
𝑪 = 𝟓.𝟓
𝑪 = 𝟐𝟓 º𝑪
O que podemos concluir que não está tão quente assim.
2) Dois copos de água idênticos, com temperaturas de 10ºC e 20ºC, são
misturados. A temperatura resultante é 15 ºC. Como isso ocorre?
Resposta: dois ou mais corpos com temperaturas diferentes, em contato, trocarão
energia térmica até o equilíbrio térmico. Portanto, a água de maior temperatura (20
ºC) cederá calor para a água mais fria (10ºC). A primeira diminuirá de temperatura e
a segunda terá sua temperatura elevada até que elas atinjam o equilíbrio térmico,
isto é, até que ambas estejam com igual temperatura. Como o material era o
mesmo (água) e as quantidades eram idênticas (mesma massa), a temperatura de
equilíbrio térmico será um valor intermediário entre 10ºC e 20 ºC, dado pela média
aritmética. Portanto 15ºC.
3) Suponha que você aqueça 1 L de água no fogo por um certo tempo, e
que sua temperatura se eleve em 2ºC. Se você colocar 2 L de água
no mesmo fogo pelo mesmo tempo, em quanto se elevará a
temperatura?
Resposta: a temperatura se elevará em 1ºC, pois existe o dobro de moléculas de
água em 2 L e cada uma delas receberá, em média, metade da energia da fonte
térmica que é a mesma.
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Aula 3: Termodinâmica, 1ª e 2ª Lei
A HQ que segue retrata uma situação onde se verifica o esforço de
Cascão em reaproveitar os brinquedos de seus amigos transformando-os em
outros brinquedos. O dilema começa a aparecer quando alguns dos colegas
pretendem obter o mesmo brinquedo de volta, exigindo que Cascão desfaça o
que fez, como se voltasse no tempo.
Aproveitamos esta história para discutir a 1ª e a 2ª Lei da
Termodinâmica, no tocante à conservação da energia e à impossibilidade de se
transformar integralmente uma modalidade de energia em outra,
respectivamente, o que se configura na prerrogativa da 2ª Lei da
Termodinâmica.
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Figura 21: O colegas de Cascão querem seu brinquedo como era antes, porém Franjinha esclarece que não tem como reverter o processo.
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Figura 22: A história acaba com Franjinha ressaltando a importância de se reaproveitar coisas no dia a dia.
1ª Lei da Termodinâmica
Comece a aula a partir do título da HQ. Indague aos alunos o que
eles entendem da palavra transformar. Por que a historinha se chama
transformando? Eles dirão que é por que Cascão transformava brinquedos em
outros. Entretanto saliente que nos “novos” brinquedos ainda estava presente
parte da matéria prima dos primeiros, como no quadro do carrinho de boneca
transformado em penteadeira e do triciclo transformado em robô-bicicleta,
mostrado abaixo:
Figura 23: Exemplo de transformação mantendo-se a matéria prima dos materiais
30
Aproveite a fala de Franjinha, destacada no quadro ao lado, para
ressaltar que não só os cientistas transformam coisas o tempo todo, isto é,
manipulam a matéria, mas a própria natureza também o faz.
Como é sabido dos alunos, visto em séries anteriores, através da Lei
de Lavoisier, que na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma,
podemos pensar não em termos de massa, como supôs o pai da química
moderna, mas em termos de energia e assegurar que a energia total do
universo se conserva, mesmo sofrendo varias transformações.
Pergunte aos alunos de onde vem a energia luminosa da lâmpada
que está na sala. Após a resposta, pergunte de onde vem a energia elétrica
nos fios e assim sucessivamente, procurando chegar na potencial gravitacional
e na solar como fonte primária da energia na Terra. Argumente com eles que
as energias se transformaram, não integralmente como discutiremos mais
tarde, e que é possível inferir que a soma de todas as parcelas transformadas é
igual ao produto inicial da fonte energética.
Explique para os alunos que a conservação da energia faz parte de
uma das leis da física, a 1ª Lei da Termodinâmica a qual foi finalizada com o
experimento de joule do equivalente mecânico do calor.
Mostre através de projetor ou desenhe a imagem abaixo a fim de
explicar aos alunos como se deu o desenvolvimento da evolução do conceito
de calor que culminou na primeira lei. A intenção de James Prescott Joule era
verificar se existia alguma relação entre calor, e energia mecânica e, caso
Figura 24: Franjinha ressaltando que os cientistas transformam coisas sempre.
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existisse, medir a quantidade de calor equivalente à energia mecânica
produzida.
O calor até então era concebido como um fluido material chamado
de calórico que verteria do corpo de maior temperatura para o de menor
temperatura. Aquele que receberia calor deveria ficar, portanto mais pesado,
uma vez que receberia fluido e aquele que doaria deveria ficar mais leve, além
de só poder doar em uma quantidade finita visto que se algo contém fluido e o
doa, não pode fazê-lo infinitamente. Seria como imaginar um recipiente
fechado de onde se tira água sem repô-la e nunca seca. Este tipo de raciocínio
levou pesquisadores contemporâneos de Joule, como conde de Rumford e
Julius Mayer a questionarem a teoria do calórico.
O aparato experimental de Joule tinha a finalidade de verificar a
equivalência entre energia mecânica e calor. Quando os pesos desciam de
uma altura h fazendo girar as paletas dentro de um recipiente com água,
verificava-se, por meio de um termômetro que ocorria variação de temperatura.
Joule conseguiu calcular quanto de caloria a água estava absorvendo e quando
de energia potencial gravitacional os pesos estavam perdendo. A parcela de
Figura 25: experimento utilizado por Joule para encontrar o equivalente mecânico do calor.
32
energia mecânica não conservada só poderia estar indo para a água em forma
de caloria que Joule chegou à relação aproximada de 1 cal = 4,2 Nm (J).
Em outras palavras e em linguagem moderna podemos escrever que
a quantidade de calor (Q) absorvida pela água é igual ao trabalho (W) realizado
pelos pesos mais a variação da energia interna (U) das moléculas de água:
Q = W + U
Note que nesta equação simples está demonstrado o princípio de
conservação e transformação da energia. De um lado da igualdade tem-se a
energia térmica recebida pelo fluido, do outro lado da igualdade a origem dessa
energia mais a parcela de energia química representada pela energia interna
das moléculas. Ou seja, o calor estava vindo do trabalho realizado pelos blocos
em movimento, da energia mecânica dos mesmos.
A intenção deste trabalho é utilizar a HQ para iniciar o estudo de
física térmica, não pretendemos aqui aprofundar o conteúdo nas minúcias do
cálculo que envolvem a primeira Lei. Aconselhamos o professor a fazê-lo em
outro momento, pois uma vez que o interesse dos alunos ao novo
conhecimento já foi despertado, ficará mais fácil aplicar a Primeira Lei às
máquinas térmicas e às transformações gasosas.
2ª Lei da Termodinâmica
Vamos construir agora uma linha de raciocínio para iniciarmos o
estudo da 2ª Lei da termodinâmica.
Uma forma de resgatar a atenção dos alunos para o enredo da HQ é
perguntá-los em que momento os amigos de Cascão começaram a ficar
contrariados com ele? Note que a confusão começou quando queriam desfazer
a transformação. Recupere estas informações através dos quadros seguintes,
releia os diálogos com os alunos e questione sobre a possibilidade de fazer
algo que foi transformado voltar a ser o que era, exatamente igual.
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Figura 26: Dudu e Cebolinha exigem que o processo seja revertido, fato que contraria a 2ª Lei da Termodinâmica.
1) Quando Dudu e Cebolinha quiseram seus brinquedos como antes, qual
foi a resposta de Franjinha?
“quando se transforma uma coisa é quase impossível ela voltar ao que
era antes!!”,
“um omelete pode voltar a ser um ovo?!”
“O papel pode voltar a ser árvore?!”
2) Apesar de a energia se conservar, após uma transformação eu consigo
obter toda a energia que existia antes da transformação?
A 2ª Lei da termodinâmica vem estabelecer como as transformações
ocorrem e impor um sentido para o fluxo de energia.
Relembre com os alunos que apesar de a 1ª Lei da Termodinâmica
garantir que a energia total do universo se conserva, a 2ª Lei estabelece que a
energia não se conserva do mesmo jeito, porém que nas sucessivas
transformações sempre resultará uma parcela de energia não aproveitada. A
energia química do combustível que o carro transforma em energia mecânica
(trabalho) também gera calor nos atritos das engrenagens do motor e com o ar.
A energia elétrica que é transformada em luminosa pela lâmpada também é
transformada em térmica, pois a mesma se aquece liberando calor para o meio
ambiente, chamado de fonte fria em uma máquina térmica.
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Portanto uma das formas de enunciar a 2ª Lei da Termodinâmica
pode ser dizendo que é impossível retirar energia de uma fonte e
transformá-la integralmente em trabalho, isto é, em outro tipo de energia
sem que haja desperdício. Tanto melhor será a transformação quanto menor
for o desperdício, em outras palavras, quanto menos a máquina térmica
desperdiçar energia para a fonte fria, maior será a sua eficiência ou
rendimento.
Explique para os alunos que o rendimento (𝜂) pode ser entendido
como um balanço energético, uma taxa de energia aproveitada, chamada de
trabalho ou energia útil (W), em relação à energia total disponível (Q), daí
podermos escrever
𝜂 =𝑊
𝑄
Ora, fica evidente que, se em toda transformação sempre há
desperdício, então o trabalho (W) será sempre menor que a energia total (Q), o
que nos leva a concluir que 0 ≤ 𝜂 < 1, ou seja, o rendimento nunca será 100%,
corroborando o estabelecido pela 2ª Lei da Termodinâmica.
Desta maneira pode-se iniciar o conceito de entropia como uma
tendência de a energia ir para um estado de menor qualidade ou maior
desordem, do ponto de vista atômico. Uma fruta evolui de verde para madura e
apodrecida, não o contrário. A energia quando se transforma espontaneamente
de uma forma em outra, sempre será para um estado de maior desordem,
nesse sentido dizemos que a entropia está aumentando. Ninguém evolui da
velhice para a juventude, mesmo que aparentemente pareça mais jovem.
Fica a cargo do professor em outra aula aprofundar as discussões
da 2ª Lei da Termodinâmica e aplicá-la aos motores a diesel, álcool e gasolina,
explicar sobre o ciclo de Carnot etc. Nesse primeiro momento tivemos o
interesse em iniciar as discussões que suscitariam debates mais profundos.
Esta aula ocorreu em dois horários de 50 minutos cada e após essas
discussões foi distribuído aos alunos um questionário discursivo para
aprimoramento de conteúdo.
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Exercícios para retomada de conteúdo
1) João Pedro, físico e poeta, em seu livro de realismo fantástico, “Os sonhos de Alice”, brinca com a implacável tendência do universo à desordem, tendência essa que permite distinguirmos o passado do futuro. Para isso, João Pedro nos convida a imaginar um filme de um ovo quebrando sendo passado de trás para a frente. Uma pessoa desinformada, ao entrar na sala nesse exato momento e vir pedaços de casca e gema se juntando para formar um ovo, vai entender na hora que o filme está sendo passado de trás para a frente. Isso ocorre porque, quando o filme é apresentado do futuro para o passado, a tendência natural do ovo se inverte. Explique, do ponto de vista da termodinâmica, por que parece ser impossível que as cascas quebradas voltem a ser ovo.
Resposta: do ponto de vista da 2ª Lei da Termodinâmica, é impossível se
caminhar do estado de maior desordem para o estado de maior ordem. Em processos naturais
a entropia é sempre crescente.
2) O trecho grifado no poema ao lado faz referência a uma importante lei da física. Cite essa lei e explique o seu significado.
Resposta: a 2ª Lei da
Termodinâmica estabelece que é impossível uma
máquina retirar calor de uma fonte e transformá-
lo integralmente em trabalho, sem que haja
desperdício.
3) Muitos já devem ter assistido ao famoso filme “O Curioso Caso de Benjamin Button”, no qual é contada a história de uma criança que nasceu com a aparência de um velho, fazendo com que muitos acreditem que ela viverá pouco tempo, mas a cada ano que passa ela fica mais nova, deixando todos perplexos. A história contada no filme é ficção e viola a 2ª Lei da termodinâmica. Explique por que?
Dilatação do Tempo
Amar para sempre parece tão impalpável quanto o comprimento do infinito. Como acreditar nas declarações de eternidade Se tudo está em movimento, Se a vida é dinâmica. A máquina do amor desperdiça energia à medida que funciona. É a lei. Diante da impossibilidade de prever, Da imprevisibilidade do tempo É melhor amar em ciclos Aumentando o rendimento do tempo.
Franklin Ramos
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4) (Enem) A invenção da geladeira proporcionou uma revolução no
aproveitamento dos alimentos, ao permitir que fossem armazenados e transportados por longos períodos. A figura apresentada ilustra o processo cíclico de funcionamento de uma geladeira, em que um gás no interior de uma tubulação é forçado a circular entre o congelador e a parte externa da geladeira. É por meio dos processos de compressão, que ocorre na parte externa, e de expansão, que ocorre na parte interna, que o gás proporciona a troca de calor entre o interior e o exterior da geladeira.
Nos processos de transformação de energia envolvidos no funcionamento da geladeira,
a) a expansão do gás é um processo que cede a energia necessária ao resfriamento da parte interna da geladeira.
b) o calor flui de forma não espontânea da parte mais fria, no interior, para a mais quente, no exterior da geladeira.
c) a quantidade de calor cedida ao meio externo é igual ao calor retirado da geladeira.
d) a eficiência é tanto maior quanto menos isolado termicamente do ambiente externo for o seu compartimento interno.
e) a energia retirada do interior pode ser devolvida à geladeira abrindo-se a sua porta, o que reduz seu consumo de energia.
Resposta: o calor é transmitido espontaneamente do corpo de maior temperatura para o de menor temperatura. Já nos refrigeradores acontece o inverso de modo forçado, ou seja, o calor flui de forma não espontânea da parte mais fria, no interior, para a mais quente, no exterior da geladeira. Letra b.
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Anexo B A Lei do Gato. HQ onde Franjinha faz experimentos para investigar
por que o pão com manteiga sempre cai com a manteiga virada para baixo.
Esta HQ está como material extra, fora do eixo Física Térmica, como sugestão
para o professor se quiser expandir esta metodologia de ensino com outros
assuntos e outra série, por exemplo.
Aqui sugerimos ao professor que utilize esta HQ para discutir com os
estudantes a metodologia de pesquisa e investigação da ciência, procurando
demonstrar que uma Lei física nasce, comumente, de um modelo que procura
reproduzir com maior aproximação possível, o fenômeno observado na
natureza.
Figura 27: A Lei do Gato. Magali questiona por que a manteiga sempre cai virada para baixo no pão com manteiga.
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Figura 28: A Lei do Gato. Franjinha é procurado por Magali para solucionar o dilema do pão com manteiga.
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Figura 29: A Lei do Gato. Franjinha planeja um experimento confrontando a tendência do gato cair com as patas viradas para o chão com a tendência da manteiga no pão cair virada para o chão.
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Figura 32: A Lei do Gato. Franjinha percebe que o experimento não saiu como previsto pois o gato comeu o pão.
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Anexo C Do Contra e a bola. Nesta história o professor pode iniciar uma
discussão sobre movimento relativo e referencial, uma vez que nos dois
primeiros quadros têm-se uma bola girando em relação aos personagens que a
equilibra em seu próprio dedo indicador e no último quadro é mostrada uma
bola parada em relação ao ambiente com o personagem girando ao seu redor.
Quem está girando? Cascão ou a bola? Em relação ao que? No
caso do último quadrinho, Do Contra está mesmo girando em relação à bola?
Existe algum referencial no qual a bola giraria em torno de Do Contra?
Questionamentos como esses podem ser discutidos e respondidos a partir
dessa HQ, por isso a disponibilizamos para o professor como um recurso a
mais que ele pode explorar com outra série, inclusive.
Figura 34: No referencial da bola, Do Contra gira em torno dela.