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A VERDADE 017 Ago / 2008 | 1

A VERDADE Newsletter de informação

Nº 17 Ago / 2008

Editorial: O estádio que paga para lá jogarem

Números anteriores

1. Portugal, que futuro?

2. Vox populi

3. Crise? Qual crise?

4. O que pensa Constâncio

5. Poupança, ou nem por isso?

6. Porque não sobe a taxa de desemprego

7. No reino do faz de conta

8. A ver a banda passar

9. Um homem é o que come!

10. O Admirável Mundo Novo

11. O controle da mente humana

12. Assim funcionam os tribunais!

13. O número do azar!

14. Portugal: uma economia submergente!

15. Espanha: uma economia emergente!

16. O declínio industrial português

17. O estádio que paga para lá jogarem

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No seguimento da análise da ascensão

e queda da Metalurgia Casal, uma das muitas

indústrias nacionais obsoletas que caíram

durante a recente reconversão do modelo

económico nacional para a tal tecnologia de

ponta que até já deu origem ao computador

Magalhães, esse ex-líbris do potencial

tecnológico da indústria portuguesa, parece-

nos oportuno dar a conhecer aos leitores quais

os novos negócios que prosperam em Aveiro

sob a batuta da respectiva Câmara Municipal.

Isto para o leitor não ficar a pensar que

com a falência de múltiplas indústrias

metalomecânicas do concelho os negócios

teriam parado de todo.

Antes pelo contrário. Continuam a

fazer-se negócios, e A VERDADE vai-lhe

revelar um deles, revelando os montantes

envolvidos, quem ganhou, quem perdeu, quem

paga, e as reais motivações por detrás da

Nova Economia de Aveiro

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O Estádio Municipal de Aveiro

O estádio Municipal de Aveiro foi um dos vários estádios construídos de raiz com

fundos públicos para acolher jogos do Euro 2004. Vamos conhecê-lo melhor através da

informação disponibilizada pela empresa municipal que o gere.

A construção

Antes de se iniciar a construção do

Estádio muita coisa teve de ser feita: começou-

se por adquirir os terrenos (quase 200

proprietários), avançar com o Plano de

Pormenor para os 32 hectares do pólo, bem

como com os projectos de Arquitectura para a

área envolvente (Arq. Lopes da Costa) e para o

Estádio propriamente dito (Arq. Tomás

Taveira).

A empreitada de construção do Estádio

foi adjudicada por pouco mais de 40 milhões

de euros a um consórcio composto pelas

empresas Tâmega, Hagen, Meci e Ensul, sendo

a cargo dele a elaboração dos projectos das

respectivas especialidades.

O Estádio Municipal de Aveiro iniciou

a sua construção em Junho de 2001.

A quantidade de terra movimentada

neste espaço foi de 1,5 milhões de metros

cúbicos.

Na construção do Estádio foram

empregues aproximadamente 31.090 metros

cúbicos de betão pronto, 3.960 toneladas de

aço e 103.000 metros quadrados de cofragens;

a quantidade de lajes alveolares pré-fabricadas

e pré-esforçadas ocupam uma área de 17.240

metros quadrados.

A cobertura do Estádio é feita, na sua

parte interna em policarbonato translúcido e a

externa em chapa "sandwich". Pesa 2.250

toneladas e ocupa uma área de cerca de 24.000

metros quadrados. É sustentada por um sistema

de 20 mastros e tirantes. Cada mastro tem um

comprimento aproximado de 20 metros,

pesando cada um mais de 10 toneladas.

Empresas de renome mundial como a

Siemens e a Daktronics estiveram envolvidas

na concepção e fornecimento de equipamentos

para o Estádio.

Em 2002, arrancou, entretanto, a

empreitada dos arranjos exteriores, (adjudicada

10000000

20000000

30000000

40000000

50000000

60000000

70000000

Va

lo

re

s e

m e

uro

s

Adjudicação

Construção

Custos do E. M. de Aveiro

Figura 2 O Estádio Municipal de

Aveiro custou mais 22

milhões de euros que o

orçamentado (um aumento

de 55%). Ninguém foi

responsabilizado. Mas os

contribuintes pagaram.

à Somague) integrando, nomeadamente, todo o

sistema de arruamentos que liga ao Estádio,

mais de 3.000 lugares de estacionamento, a

execução da Praça Nascente - e do terminal de

autocarros que se encontra no início da mesma

- e a plataforma onde o Estádio assenta (para

além claro, de todos os trabalhos de integração

paisagística, mobiliário urbano, redes de gás,

águas residuais e pluviais, comunicações e

energia).

Apesar de todo o enorme - e complexo

- trabalho de interacção das duas empreitadas,

foi possível em Setembro de 2003 proceder à

cerimónia de inauguração da obra.

Pouco mais de dois anos foi o tempo

que demorou a realizar, tendo custado perto de

62 milhões de euros.

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Figura 3 Planta do Estádio e terrenos

adjacentes

O Estádio ocupa uma área de 32

hectares e integra ainda um terminal de

autocarros, uma praça com 24.000 m2

, uma

alameda pedonal e estacionamentos para mais

de 3.000 ligeiros e 70 autocarros.

A lotação total do Estádio é de 30.127

lugares, 896 dos quais são especiais: 90 lugares

no camarote presidencial, 460 lugares em 35

camarotes "prestígio" e "empresa" e 360

lugares em 55 tribunas. Há ainda a considerar

897 lugares para os media.

A potência eléctrica instalada no pólo

do Estádio é de 12.360 KVA, isto é

sensivelmente a equivalente à de 4.500

apartamentos.

As bancadas pré-fabricadas do segundo

anel são suportadas por um total de 72 vigas

radiais de betão armado e pré-esforçado com

uma tensão de 2700 Kilo-Newtons, formando

consolas com cerca de 7,20 metros de

comprimento. As vigas principais da cobertura

vencem vãos próximos de 30 metros.

O Estádio possui dezanove bares, dois

restaurantes, um auditório, seis postos de

primeiros socorros, quatro balneários, quatro

ginásios, várias lojas e um centro de media

com capacidade para 700 pessoas.

Figura 4 Fotografia aérea do estádio à época da inauguração. Conforme se apercebe

facilmente na fotografia, o estádio fica localizado num ermo a 5 km do centro da

cidade de Aveiro. Os aveirenses que queiram assistir às partidas de futebol bem

têm que caminhar!

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Figura 5 Inauguração a 15 de Novembro de 2003

Os tempos áureos

O Estádio Municipal de

Aveiro, foi inaugurado a 15 de

Novembro de 2003 com o jogo

amigável entre as selecções de

Portugal e da Grécia.

Localizado a 5 kms do centro

da cidade de Aveiro, o estádio

é propriedade da EMA, EM,

empresa municipal detida a

100% pela Câmara Municipal

de Aveiro e é utilizado pelo

Sport Clube Beira Mar. Foi um

dos 10 estádios usados durante

o Euro2004, tendo acolhido

dois desafios da fase de

grupos. Cada um deles ficou

por 30 milhões de euros aos

contribuintes (62 milhões da

construção a dividir por 2)!

O Estádio Actual

Longe do glamour da inauguração, sem a conclusão integral do projecto inicial, o

Estádio Municipal de Aveiro onde foram esbanjados 62 milhões de euros, só na construção,

encontra-se actualmente em degradação acelerada, conforme A VERDADE documenta nas

imagens seguintes.

Um estádio a desbotar

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Espaço de convívio convidativo para os adeptos

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Mensagens para convívio social

Depósito de lixo reciclável

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À espera de alguém que passe

Centro de estágio das camadas jovens

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Efeitos das rajadas da nortada!

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Retretes funcionais e arejadas

Selva Urbana

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Escorrências

Os prejuízos ao erário público continuam

Se o leitor julga que com a conclusão do estádio já terminaram os custos para os

contribuintes portugueses, pode tirar o cavalinho da chuva. O que é facto é que o dito

estádio se transformou num cancro financeiro interminável para o erário público, conforme

lhe vamos explicar.

Os prejuízos da empresa Estádio Municipal de Aveiro E.M.

A empresa Estádio Municipal de

Aveiro (EMA) deverá registar no final deste

ano de 2008 um défice de exploração de

1,251 milhões de euros, contra cerca de 850

mil nos últimos anos.

A Câmara de Aveiro, accionista único,

decidiu no dia 10 de Março de 2008, com os

votos contra da oposição socialista, transferir

para a sua participada cerca de 2,3 milhões de

euros de forma que o resultado do exercício

seja nulo, em respeito pela lei das finanças

locais.

Parte da verba, 1,251 milhões, é

atribuída como “subsídio à exploração” da

empresa que explora o recinto construído para

o Euro 2004 de futebol.

A maioria PSD-CDS decidiu ainda

orçamentar nos Instrumentos de Gestão

Previsional da EMA para o ano de 2008 a

quantia de 1 milhão de euros a título de

“compensação” pela necessidade de liquidar o

Imposto Municipal de Imóveis referente a

exercícios anteriores em que se registou um

incumprimento legal resultante da não

inscrição matricial do estádio na Repartição de

Finanças. Em 2008, o IMI deverá representar

174 175,00 euros.

O executivo considera que os apoios

atribuídos garantem a gestão da empresa

“dentro de um padrão de normalidade”.

Informou ainda que permanecerá em

vigor o protocolo celebrado com o Sport Clube

Beira-Mar relativo à partilha das áreas

desportivas e que prevê o pagamento duma

verba de cerca de 580 000,00 euros ao clube.

O pagamento de anos anteriores

encontra-se pendente de acordo, ascendendo a

mais de um milhão de euros.

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A EMA perspectiva ainda um aumento

dos custos devido aos encargos com a

manutenção e conservação do património e ao

compromisso para com o Beira-Mar de

construir campos de treinos relvados adjacentes

ao estádio.

A administração alertou ainda para o

facto de grande parte do seu capital social estar

“exaurido, com os problemas legais que isso

poderá levantar”.

Os eleitos do PS na Câmara votaram

contra o orçamento por não acreditarem que

possa resolver os problemas da empresa.

Segundo o vereador Nuno Marques

Pereira, “não faz sentido” a existência da

empresa “só para pagar ao Beira-Mar”.

Apelou ainda ao presidente da Câmara, que é

também presidente da EMA, para “ultrapassar

o diferendo” com o clube.

O presidente da Câmara lembrou a

obrigação legal de anular o défice de

exploração, estranhando as críticas do PS.

“O que fizemos foi cumprir a lei e o que

foi dito pelo principal partido da oposição”,

disse Élio Maia.

Quanto à eventual extinção da EMA,

haverá implicações fiscais que podem ser

gravosas para o município.

Em causa, a eventual obrigação de

devolver “7 a 8 milhões de euros” de IVA

reembolsado pela construção do estádio.

“É o que nos dizem da Direcção-Geral

das Contribuições e Impostos. Vamos ter de

aguardar pelo parecer vinculativo antes de

tomar uma decisão. Não será extinta se

tivermos de devolver aquela verba”, adiantou

Élio Maia.

O presidente pede “serenidade” para

conduzir o processo. “Não me recordo de dizer

alguma vez que a EMA seria a primeira

empresa a extinguir, recordo-me de ter falado

no Aveiro Basket”, afirmou.

A Câmara de Aveiro paga ao Beira Mar para jogar no estádio!

Deve ser caso raro. Custou 62 milhões

de euros, dos quais 50 milhões vindos da

banca, abriu em grande com jogos da selecção

e o Euro 2004, e agora, além dos jogos do

secundário Beira-Mar - 1.246 espectadores

por jogo em média,- dedica-se às feiras do

Oculto e do Caracol, exposições de carros

antigos e ”tunning”, concertos, festas

académicas e a uma liga de empresas. Não

satisfeito, tem uma novidade face a outros

recintos: paga ao clube local para lá jogar.

São 50 mil euros/mês - por 20 anos - para um

clube “ligado à máquina” segundo Mano

Nunes, presidente dos alvi-negros.

“Todos os meses, o Estádio Municipal

de Aveiro - Empresa Municipal (EMA) recebe

uma factura de aproximadamente 50 mil

euros” apontou Carlos Santos, vice-presidente

da Câmara Municipal de Aveiro (CMA) em

entrevista por “e-mail” - valor ao qual são

deduzidos despesas de manutenção do clube.

Este montante surgiu “de uma opção tomada

pelo anterior executivo como forma de fazer

com que o clube ocupasse as novas

instalações”.

Para o efeito foi assinado um protocolo

que prevê “que a empresa assuma os riscos

comerciais de exploração dos lugares

especiais [camarotes, publicidade estática,

restauração, aluguer de espaços para eventos]

durante 20 anos”, independentemente da

exploração desses lugares correr bem ou mal e

da divisão em que o clube estiver. E a descida

do Beira-Mar teve um impacto extremamente

negativo.

“Redução drástica das receitas,

dificuldades na comercialização dos lugares e

os consequentes resultados financeiros

negativos” especificou Carlos Santos. O

protocolo é visível nas contas do EMA. As

receitas anuais rondam 700 mil euros, e a

manutenção do estádio deve atingir os 627 mil.

As últimas contas aprovadas mostram

prejuízos de 841 00,00 euros, um valor que,

a manterem-se as actuais circunstâncias de

protocolo com o clube, se prevê “manter-se

mais ou menos constante” apontou o

vice-presidente da CMA.

Neste momento o município analisa

“diversos cenários de rentabilização” para o

Mário Duarte, não adiantando detalhes.

“Imaginação e vontade” é a receita de Carlos

Santos, que fala em “opiniões negativistas que

importa desmistificar” quando se lhe pergunta

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A VERDADE 017 Ago / 2008 | 12

sobre as teses de rentabilização do recinto.

Uma das possibilidades passa pelo

projectado Parque Desportivo de Aveiro - onde

o EMA está inserido -, que prevê campo de

golfe, pólo hípico, hotel e outros equipamentos

que podem ajudar à rentabilização do estádio.

Mas há algo inegável: “Admite-se que é

sobre-dimensionado para os jogos do clube”

assume.

Da divida de 50 milhões assumida pela

CMA, restam ainda 37,5 milhões por pagar.

Valeu a pena? “A sua construção foi uma

decisão colectiva na altura em que foi tomada.

O actual executivo tem o dever de a respeitar

e tudo fazer para evitar a degradação das

instalações. Ainda é cedo para fazer a

avaliação”.

Ocupados (4,14%)

Vazios (95,86%)

Taxa de ocupação do E. M. de Aveiro

Figura 21 Por cada 4 espectadores que

vão ao estádio existem 96

cadeiras vazias

Afinal que aconteceu ao antigo Estádio?

Continua lá e operacional.

Presentemente o antigo Estádio Mário Duarte

serve como campo de treinos da equipa

principal do Beira Mar, ou como recinto de

jogos das suas equipas de formação. Os jogos

grandes deixaram definitivamente o antigo

Estádio Mário Duarte e passaram para o

moderno Estádio Municipal de Aveiro,

construído para receber os jogos do

Campeonato da Europa de 2004 realizado no

nosso país e que actualmente é o palco dos

encontros disputados pelo Beira Mar na

condição de visitante.

De resto o antigo estádio continua

operacional e ainda no passado mês de

Fevereiro (03/02/2008) o Beira Mar lá

defrontou o Freamunde em jogo oficial. O

Beira Mar apenas mudou para o novo Estádio

Municipal por causa de receber o pagamento

que a Câmara lhe está a efectuar. De qualquer

modo as assistências no antigo estádio Mário

Duarte eram bem maiores que as actuais no

novíssimo estádio Municipal, conforme as

fotos documentam.

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Figura 22 Desafio no velho Estádio Mário Duarte, com uma boa assistência ...

Figura 23 ... e no novíssimo Estádio Municipal com as bancadas às moscas (1246

espectadores por jogo num estádio com capacidade para 30 000 pessoas).

As cadeiras coloridas servem apenas para parecer na televisão que o

estádio está lotado!

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Os responsáveis pelos prejuízos

Caro leitor, conforme já deve ter percebido, o Estádio Municipal de Aveiro foi um

negócio ruinoso para os contribuintes portugueses, não só com a sua construção, como

ainda o continua a ser actualmente devido aos juros dos empréstimos contraídos para a sua

construção e ainda com os custos de manutenção. Apesar de a decisão da sua construção

ter sido colectiva, há um nome que sobressai, por ter liderado todo o processo, o do

Presidente da Câmara de Aveiro, Dr. Alberto Souto de Miranda. Vamos conhecê-lo melhor.

Habilitações académicas

O Dr. Alberto Souto de Miranda que foi

Presidente da Câmara de Aveiro e dirigiu as

reuniões onde colectivamente, e, sem

qualquer respeito pelo suor, angústia e

dificuldades por que muitos portugueses

estão a passar, foi decidido esbanjar dezenas

de milhões de euros do seu dinheiro num

Estádio inútil, nasceu a 8 de Novembro de

1958 na freguesia da Glória em Aveiro.

Terminados os estudos secundários foi estudar

para Coimbra onde aproveitou a embalagem

das passagens administrativas para concluir

uma Licenciatura em Direito pela Faculdade de

Direito da Universidade de Coimbra, em 1981,

com a média final de 16 valores

Sem perder tempo, avançou logo para

uma Pós-Graduação em Direito Europeu pela

“ULB - Université Libre de Bruxelles”, em

1983, e para uma Pós-Graduação em Ciências

Jurídicas pela Faculdade de Direito da

Universidade Clássica de Lisboa, em 1984.

Dez anos depois, em 1993 concluiu um

Mestrado em Direito das Comunidades

Europeias, pela Faculdade de Direito da

Universidade Clássica de Lisboa, com 17

valores.

Com base no seu curriculum exposto no

site da ANACOM, A VERDADE fez um

levantamento onde o leitor se pode aperceber

da multiplicidade de cargos ocupados por este

cavalheiro, muitos dos quais em simultâneo.

Experiência Profissional

1982 (1 cargo)

Cargo único

Universidade de Coimbra,

Assistente Estagiário da Faculdade

de Direito

1983 (1 cargo)

Cargo único

Universidade Clássica de Lisboa,

Assistente Estagiário da Faculdade

de Direito

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1984 (2 cargos)

Cargo 1 Cargo 2

Universidade Clássica de Lisboa,

1983 a 1989, Assistente Estagiário

da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

1985 (3 cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

1983 a 1989, Assistente Estagiário

da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Caixa Geral de Depósitos, Lisboa,

Jurista na Direcção dos Assuntos

Jurídicos

1986 (3 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

1983 a 1989, Assistente Estagiário

da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Caixa Geral de Depósitos, Lisboa,

Jurista na Direcção dos Assuntos

Jurídicos

1987 (4 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

1983 a 1989, Assistente Estagiário

da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Caixa Geral de Depósitos, Lisboa,

Jurista na Direcção dos Assuntos

Jurídicos

Cargo 4

Tribunal de Justiça da União

Europeia, no Luxemburgo,

Referendário do Advogado Geral

Português

1988 (4 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

1983 a 1989, Assistente Estagiário

da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Caixa Geral de Depósitos, Lisboa,

Jurista na Direcção dos Assuntos

Jurídicos

Cargo 4

Tribunal de Justiça da União

Europeia, no Luxemburgo,

Referendário do Advogado Geral

Português

Page 16: O Estadio Que Paga Para La Jogarem

A VERDADE 017 Ago / 2008 | 16

1989 (3 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

1983 a 1989, Assistente Estagiário

da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Caixa Geral de Depósitos, Lisboa,

Jurista na Direcção dos Assuntos

Jurídicos

1990 (2 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Caixa Geral de Depósitos, Lisboa,

Jurista na Direcção dos Assuntos

Jurídicos

1991 (3 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Caixa Geral de Depósitos, Lisboa,

Jurista na Direcção dos Assuntos

Jurídicos

Banco Europeu de Investimento,

Luxemburgo, Jurista no

Departamento Jurídico, Operações

com Portugal

1992 (3 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Tribunal de Justiça da União

Europeia, no Luxemburgo, 1992,

Referendário do Juiz Português

Banco Europeu de Investimento,

Luxemburgo, Jurista no

Departamento Jurídico, Operações

com Portugal

1993 (2 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Banco Europeu de Investimento,

Luxemburgo, Jurista no

Departamento Jurídico, Operações

com Portugal

1994 (5 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

Assistente da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Universidade Católica de

Lisboa,Professor Convidado nos

Cursos de Pós-Graduação em

Direito Comunitário

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A VERDADE 017 Ago / 2008 | 17

Cargo 4 Cargo 5

Universidade Católica do Porto,

Professor Convidado nos Cursos de

Pós-Graduação em Direito

Comunitário

Banco Europeu de Investimento,

Luxemburgo, Jurista no

Departamento Jurídico, Operações

com Portugal

1995 (3 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

Assistente da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Banco Europeu de Investimento,

Luxemburgo, Jurista no

Departamento Jurídico, Operações

com Portugal

1996 (3 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

Assistente da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Banco Europeu de Investimento,

Luxemburgo, Jurista no

Departamento Jurídico, Operações

com Portugal

1997 (4 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

Assistente da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Presidente da Câmara Municipal de

Aveiro,

Cargo 4

Banco Europeu de Investimento,

Luxemburgo, Jurista no

Departamento Jurídico, Operações

com Portugal

1998 (6 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

Assistente da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Presidente da Associação de

Municípios da Ria

Cargo 4 Cargo 5 Cargo 6

Presidente da Câmara Municipal de

Aveiro,

Presidente do Consórcio “Aveiro

Cidade Digital” (Consórcio entre a

Portugal Telecom - PT/Inovação, a

Universidade de Aveiro e a Câmara

Municipal de Aveiro)

Banco Europeu de Investimento,

Luxemburgo, Jurista no

Departamento Jurídico, Operações

com Portugal

Page 18: O Estadio Que Paga Para La Jogarem

A VERDADE 017 Ago / 2008 | 18

1999 (6 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

Assistente da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Presidente da Associação de

Municípios da Ria

Cargo 4 Cargo 5 Cargo 6

Presidente da Câmara Municipal de

Aveiro,

Presidente do Consórcio “Aveiro

Cidade Digital” (Consórcio entre a

Portugal Telecom - PT/Inovação, a

Universidade de Aveiro e a Câmara

Municipal de Aveiro)

Banco Europeu de Investimento,

Luxemburgo, Jurista no

Departamento Jurídico, Operações

com Portugal

2000 (7 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

Assistente da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Presidente da Associação de

Municípios da Ria

Cargo 4 Cargo 5 Cargo 6

Presidente da Câmara Municipal de

Aveiro,

Presidente do Consórcio “Aveiro

Cidade Digital” (Consórcio entre a

Portugal Telecom - PT/Inovação, a

Universidade de Aveiro e a Câmara

Municipal de Aveiro)

Membro do Conselho de

Administração da “AveiroPólis,

SA”

Cargo 7

Banco Europeu de Investimento,

Luxemburgo, Jurista no

Departamento Jurídico, Operações

com Portugal

2001 (7 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

Assistente da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Presidente da Associação de

Municípios da Ria

Cargo 4 Cargo 5 Cargo 6

Presidente da Câmara Municipal de

Aveiro,

Presidente do Consórcio “Aveiro

Cidade Digital” (Consórcio entre a

Portugal Telecom - PT/Inovação, a

Universidade de Aveiro e a Câmara

Municipal de Aveiro)

Membro do Conselho de

Administração da “AveiroPólis,

SA”

Cargo 7

Banco Europeu de Investimento,

Luxemburgo, Jurista no

Departamento Jurídico, Operações

com Portugal

Page 19: O Estadio Que Paga Para La Jogarem

A VERDADE 017 Ago / 2008 | 19

2002 (7 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

Assistente da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Presidente da Câmara Municipal de

Aveiro,

Cargo 4 Cargo 5 Cargo 6

Presidente do Consórcio “Aveiro

Cidade Digital” (Consórcio entre a

Portugal Telecom - PT/Inovação, a

Universidade de Aveiro e a Câmara

Municipal de Aveiro)

Presidente do Conselho de

Administração da “Parque

Desportivo de Aveiro, PDA, EM”

Membro do Conselho de

Administração da “AveiroPólis,

SA”

Cargo 7

Banco Europeu de Investimento,

Luxemburgo, Jurista no

Departamento Jurídico, Operações

com Portugal

2003 (7 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

Assistente da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Presidente da Câmara Municipal de

Aveiro,

Cargo 4 Cargo 5 Cargo 6

Presidente do Conselho de

Administração da “Estádio

Municipal de Aveiro, EMA, EM”

Presidente do Conselho de

Administração da “Parque

Desportivo de Aveiro, PDA, EM”

Membro do Conselho de

Administração da “AveiroPólis,

SA”

Cargo 7

Banco Europeu de Investimento,

Luxemburgo, Jurista no

Departamento Jurídico, Operações

com Portugal

2004 (7 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

Assistente da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Presidente da Câmara Municipal de

Aveiro,

Cargo 4 Cargo 5 Cargo 6

Presidente do Conselho de

Administração da “Estádio

Municipal de Aveiro, EMA, EM”

Presidente do Conselho de

Administração da “Parque

Desportivo de Aveiro, PDA, EM”

Membro do Conselho de

Administração da “AveiroPólis,

SA”

Cargo 7

Banco Europeu de Investimento,

Luxemburgo, Jurista no

Departamento Jurídico, Operações

com Portugal

Page 20: O Estadio Que Paga Para La Jogarem

A VERDADE 017 Ago / 2008 | 20

2005 (7 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

Assistente da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Presidente da Câmara Municipal de

Aveiro

Cargo 4 Cargo 5 Cargo 6

Presidente do Conselho de

Administração da “Estádio

Municipal de Aveiro, EMA, EM”

Presidente do Conselho de

Administração da “Parque

Desportivo de Aveiro, PDA, EM”

Membro do Conselho de

Administração da “AveiroPólis,

SA”

Cargo 7

Banco Europeu de Investimento,

Luxemburgo, Jurista no

Departamento Jurídico, Operações

com Portugal

2006 (4 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

Assistente da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Vice-presidente da ANACOM

Cargo 4

Banco Europeu de Investimento,

Luxemburgo, Jurista no

Departamento Jurídico, Operações

com Portugal

2007 (4 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

Assistente da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Vice-presidente da ANACOM

Cargo 4

Banco Europeu de Investimento,

Luxemburgo, Jurista no

Departamento Jurídico, Operações

com Portugal

2008 (5 Cargos)

Cargo 1 Cargo 2 Cargo 3

Universidade Clássica de Lisboa,

Assistente da Faculdade de Direito

Advogado com inscrição na Ordem

dos Advogados, desde 1984

Instituto Nacional de Administração

- INA, Oeiras, Professor Convidado

nos Cursos de Direito Comunitário

Cargo 4 Cargo 5

Vice-presidente da ANACOM Banco Europeu de Investimento,

Luxemburgo, Jurista no

Departamento Jurídico, Operações

com Portugal

Page 21: O Estadio Que Paga Para La Jogarem

A VERDADE 017 Ago / 2008 | 21

Figura 24 O Dr. Alberto Souto de Miranda, ex-presidente da Câmara Municipal de

Aveiro

Publicações jurídicas

- “O Direito e a Linguagem”, 1981

- “O Sistema Monetário Europeu”, 1982

- “L’Effet Direct des accords internationaux”, in Revista de Assuntos Europeus, 1983

- “A modificação ou Resolução do Contrato por alteração das circunstâncias”, 1984

- “A autonomia do Direito Comercial”, in Operações Comerciais, 1988, Almedina, Coimbra

- “O Tribunal de Justiça e a apreciação não vinculada das questões prejudiciais” - 1990, Almedina,

Coimbra

- “O sector bancário e a realização do mercado interno” - 1990, Almedina, Coimbra

- “A competência dos Tribunais dos Estados-membros para apreciarem a validade dos actos

comunitários no âmbito do artigo 177º do Tratado de Roma” - 1989, Revista da Ordem dos

Advogados, Ano 49, Lisboa, pág. 559

- “A livre prestação de serviços e a realização do mercado interno” - 1990, Almedina, Coimbra

- “A propósito da jurisprudência do Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias relativa à

Convenção de Bruxelas” - 1990, Almedina, Coimbra

- “The 1992 Challenge at National Level” - Rapport Portugais, I et II, Nomos Verlagsgesellschaft,

Baden-Baden, 1990 e 1991 (e.c.c. C. Botelho Moniz, Ana Sassetti e Cruz Vilaça)

- “Os poderes do Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias na apreciação das questões

prejudiciais no âmbito do artigo 177º do Tratado de Roma” - Tese de Mestrado, 1993

Outras Publicações

- “Vento Litoral”, Colectânea de intervenções na imprensa regional, 1997 EEA, Aveiro

- “Do Tempo da Terra”, Discursos como Presidente da Câmara Municipal de Aveiro, 2005,

Civilização Editora

Page 22: O Estadio Que Paga Para La Jogarem

A VERDADE 017 Ago / 2008 | 22

Porquê uma política de esbanjamento de

dinheiros públicos?

Caro leitor, a construção de um novíssimo Estádio Municipal de Aveiro, é apenas um

exemplo, infelizmente um de entre muitos em que o nosso país é fértil. Por todo o lado

pululam obras inúteis que os contribuintes não necessitavam, não pediram, não queriam,

não usufruem, e no entanto são obrigados a pagar.

Porquê então uma política ruinosa de obras públicas?

Figura 25 Camarote presidencial do Estádio Municipal de Aveiro, com 50% dos lugares

reservados para o executivo municipal. É daqui que, com todo o conforto, os

autarcas locais vêem o futebol.

A quem o dinheiro não custa a ganhar

também não custa a gastar

Esta é a razão número um. O dinheiro

que é esbanjado nestas obras públicas

faraónicas não sai do bolso dos políticos!

De facto ele sai mesmo é do bolso dos

contribuintes, que andam explorados até ao

tutano com impostos, taxas e coimas para

financiar obras públicas inúteis e de custo

exorbitante.

Porque se o dinheiro para financiar

estas obras inúteis fosse descontado não dos

impostos, mas directamente do ordenado dos

presidentes de Câmara, vereadores e membros

das Assembleias Municipais, poderá o leitor

estar certo que essas obras nunca seriam feitas,

e o esbanjamento terminava.

Bem como as “derrapagens” de custos.

Page 23: O Estadio Que Paga Para La Jogarem

A VERDADE 017 Ago / 2008 | 23

Uma população de otários

Um outro motivo é que uma parte

significativa da população portuguesa enferma

de uma limitação intelectual constrangedora. É

vulgar ouvir-se comentar relativamente ao

mandato de um presidente de Câmara que:

“-Não fez obras nenhumas enquanto lá esteve.”

De facto, para essas pessoas, a função

essencial de uma Câmara Municipal é

e n c o m e n d a r o b r a s p ú b l i c a s ,

independentemente de serem ou não

necessárias, sem atender às consequências

ecológicas (impermeabilização de solos, corte

de lençois freáticos, etc.), nem aos custos, de

construção, financeiros e de manutenção

depois de feitas.

Quem quiser ganhar eleições para

captar o voto destes otários, terá sempre que

prometer obras inúteis e adjudicar algumas

delas.

Um cancro para a carteira dos

munícipes

As obras públicas do tipo da descrita

são um factor de empobrecimento

generalizado da população. Atendendo a que

o concelho de Aveiro tem cerca de 70000

habitantes, só a adjudicação do estádio

municipal custou a cada habitante a módica

quantia de:

62 000 000 €

——————— = 885 € / munícipe

70 000 munícipes

Mas os gastos não se ficam por aqui. A

empresa municipal que explora (de facto não o

estádio municipal, mas a carteira dos

contribuintes) tem apresentado resultados de

exploração negativos consecutivos,

sucessivamente tapados com transferências de

dinheiro dos munícipes. Este ano de 2008 as

transferências irão atingir os 2 300 000,00 €!

Efectuando novamente os cálculos,

2 300 000 €

——————— = 33 € / munícipe

70 000 munícipes

Todos es tes custos estão a ser

patrocinados pelos contribuintes através de

valores exorbitantes do IMI - Imposto

Municipal de Imóveis, taxas, coimas,

estacionamentos etc. cobrados pela Câmara

Municipal.

As pessoas de Aveiro poderiam ter uma

vida mais desafogada, pagando menos

impostos, e vêem-se forçadas a despojarem-se

dos seus rendimentos para sustentar o

mastodôntico Estádio Municipal de Aveiro.

Com a agravante que à medida que o

tempo passa, os custos de manutenção terem

tendência a aumentar (quanto mais velho, mais

reparações) num ciclo de despesa infernal e

sem fim à vista para os munícipes.

O caso do financiamento ao Beira-Mar

Conforme A VERDADE aqui revela, a

Câmara Municipal de Aveiro celebrou um

protocolo com o clube mais representativo do

concelho, o Beira Mar que prevê o pagamento

de uma indemnização compensatória durante

20 anos para que este deixasse de jogar no

Estádio Mário Duarte e passasse a jogar no

novíssimo Estádio Municipal (veja o

protocolo completo no anexo à newsletter).

Essa indemnização, que começou por

ser de 500 000,00 € / ano, com as actualizações

vai já nos 580 000,00 €/ano, e irá custar no

final dos 20 anos uma quantia superior a

10 000 000,00 €. Integralmente suportada pelos

munícipes.

Porquê esta transferência dos jogos do

Beira Mar para o novo estádio?

Bom, existe uma razão de propaganda

e outra económica, que iremos esclarecer.

A razão de propaganda tem que ver

com o facto de quinzenalmente levar um

evento regular ao estádio (os jogos do Beira-

Mar na condição de visitado), para lhe dar

algum simulacro de utilidade. Caso o Beira

Mar não tivesse aceite transferir-se para o novo

estádio, o escandaloso esbanjamento de 62

milhões de euros ainda seria mais óbvio, pois

nesse caso estaríamos a falar de um Estádio

completamente às moscas, que não era

utilizado para a realização de quaisquer

desafios de futebol regulares.

O facto de o clube só ter aceite utilizar

Page 24: O Estadio Que Paga Para La Jogarem

A VERDADE 017 Ago / 2008 | 24

o novo estádio mediante o pagamento de uma

indemnização, leva-nos a supor que os seus

dirigentes já estariam a prever uma quebra de

bilheteira em relação aos jogos do velho Mário

Duarte.

A razão económica prende-se com uma

tentativa de rentabilizar as infra-estruturas. O

objectivo aqui é o de que os jogos atraiam

espectadores ao estádio na esperança que estes

frequentem os 19 bares e dois restaurantes do

complexo, evitando o seu encerramento por

falta de clientes.

Afinal quem ganhou com o novo

estádio?

Conforme o leitor certamente suporá,

apesar de a construção do estádio se ter

revelado um negócio ruinoso para a

generalidade dos munícipes, nem toda a gente

ficou a perder.

A constituição da empresa municipal

Estádio de Aveiro, EM, permitiu criar mais

uma série de cargos de administradores.

Esses ficaram a ganhar.

Mais uma vez, as contas, os ordenados

pagos e o método de recrutamento não são

públicos. E deveriam sê-lo. Estando em causa

dinheiros públicos, a EMA, EM deveria

disponibilizar no seu site informação completa

indicando os nomes dos administradores, a sua

filiação partidária, o critério usado para o seu

recrutamento, os montante dos ordenados que

lhes estão a ser pagos, e as benesses extra

(viaturas, cartão de crédito, ajudas de custo,

etc.) de que usufruem. Estamos aqui, numa

situação que começa a ser recorrente, uma vez

mais em presença de uma situação pouco

transparente.

Fim aos subsídios!

Muitas empresas públicas, estatais ou

municipais, apresentam, ano após ano, custos

superiores aos proveitos. Tecnicamente estão

falidas e só não entram numa situação de

insolvência perante os credores porque estão

sistematicamente a receber dinheiro dos

contribuintes eufemisticamente apelidado de

“subsídios à exploração”.

Não deixa no entanto de ser contra-

natura verificar os ordenados principescos que

muitas dessas empresas pagam às

administrações.

A razão de não fecharem as portas?

Simplesmente para continuarem a proporcionar

rendimentos (ordenados, senhas de presença,

ajudas de custo, viatura de serviço, etc.) às suas

administrações, normalmente constituídas por

jotinhas de duvidosos princípios éticos.

A gestão das empresas públicas

0

1

2

3

4

5

6

7

Qu

an

tid

ad

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mp

re

go

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198219831984198519861987198819891990199119921993199419951996199719981999200020012002200320042005200620072008

Anos

Número de "empregos"

do Dr. Alberto Souto de Miranda

Figura 26 Gráfico ilustrando o número de empregos, actividades ou cargos em simultâneo que

constam da biografia oficial do Dr. Alberto Souto de Miranda, desde o início da sua carreira

profissional.

Se o leitor pensa que as empresas

públicas andam mal geridas, na maioria dos

casos estará enganado. Porque de facto, a

maioria dessas empresas anda mesmo é sem

gestor.

Quem já geriu empresas, ou mesmo

quem tiver apenas dois dedos de testa, sabe

perfeitamente que nos tempos actuais a

Page 25: O Estadio Que Paga Para La Jogarem

A VERDADE 017 Ago / 2008 | 25

administração correcta e eficiente de uma

empresa exige um gestor a tempo inteiro, que

entre às 9 horas, permaneça no seu gabinete,

e saia de lá às 18 ou 20 horas. Porque os

problemas e assuntos têm que ser resolvidos na

hora mediante uma análise cuidadosa, um

raciocínio eficiente e uma decisão ponderada.

De algum modo se compadecem com pseudo-

gestores que vão lá apenas uma vez por

semana, durante uma hora, ler os dossiers na

diagonal e deixar umas directivas genéricas.

Ora o Dr. Alberto Souto de Miranda

chegou a acumular 7 cargos diferentes em

simultâneo (!), incluindo vários Conselhos de

Administração (Para uma melhor ilustração,

consulte o gráfico da Fig. 26). E isso não

permite uma gestão atempada e eficiente das

sociedades.

Pessoas como o Dr. Alberto Miranda

sabem que a sua negligência e má

administração não lhes trarão quaisquer

dissabores. Porque os prejuízos que a conduta

deste turbo-administradores acarreta às

sociedades por eles administradas irão ser

cobertos com o dinheiro dos contribuintes

através dos famosos subsídios à exploração.

Ou então inventa-se um “contrato programa”

onde se transfere dinheiro por hipotéticos

“serviços públicos”, que ninguém solicitou ou

necessita. E metem-se os mesmos de sempre a

pagar.

A intenção com que pessoas destas

acumulam uma multiplicidade de

Administrações, sabendo que não têm tempo

para nelas permanecer e efectuar trabalho

válido, não é nem nunca foi a de gerirem a

empresa. De facto a sua intenção é apenas uma:

ir lá buscar dinheiro sob a forma de

ordenado, senhas de presença ou ajudas de

custo, e dessa forma melhorarem o seu

património pecuniário à custa do suor dos

contribuintes.

Que futuro para o novíssimo Estádio

Municipal de Aveiro?

Resumindo,

• O Estádio Municipal de Aveiro custou

62 milhões de euros na construção.

• Apresenta prejuízos superiores a 1

milhão de euros por ano, tudo

suportado pelo dinheiro que a Câmara

Municipal de Aveiro cobra aos

munícipes aveirenses e que quanto a

nós teriam melhor aplicação (por

exemplo baixando o valor do IMI que

as pessoas pagam e aliviando-lhes as

despesas com a habitação).

• Desde o início que esteve sobre-

dimensionado. Construir um estádio

com 30 0000 lugares num concelho

com 70 000 habitantes, implicaria

depois de descontados os idosos,

doentes, e crianças que para o encher 1

em cada 2 pessoas teria de ir ao futebol.

A b s o l u t a m e n t e i r r e a l i s t a .

Incompetência, insanidade ou

interesses ocultos neste sobre-

dimensionamento? Decida o leitor.

• A média de espectadores por jogo é de

1246, uma taxa de ocupação de 4%.

• A Câmara Municipal de Aveiro

comprometeu-se a pagar ao Beira-

Mar 50 000,00 € / mês durante 20

anos para que o clube efectue os jogos

no novo estádio.

• Os ordenados e regalias dos

administradores da empresa municipal

que gere o estádio não são públicos.

• As hipóteses de o tornar

financeiramente auto-sustentável no

futuro (isto é, de os proveitos cobrirem

os custos) são remotas.

Page 26: O Estadio Que Paga Para La Jogarem

A VERDADE 017 Ago / 2008 | 26

• Quanto mais tempo, mais prejuízos irá

dar aos munícipes.

• O Dr. Alberto Souto Miranda ex-

Presidente da Câmara Municipal de

Aveiro, turbo-gestor com assento em

vários conselhos de administração em

simultâneo e responsável-mor por este

inqualificável esbanjamento de

dinheiros públicos, pisgou-se de

Aveiro e foi premiado com um bem

remunerado cargo de vice-presidente

da ANACOM.

(http://www.anacom.pt/content.jsp?co

ntentId=371265).

Caros amigos, o dinheiro que é cobrado

pelo Estado aos cidadãos deste país, é

pertença do povo e deve ser o povo a decidir

em que deve ser aplicado. E não é isso que

tem acontecido.

A classe política tem-se apropriado

desse património e tem-no desbaratado a seu

bel-prazer neste caso em obras inúteis e à

revelia da vontade dos eleitores. E neste

momento prepara-se para desbaratar mais num

novo aeroporto e no TGV. Ora este tipo de

conduta é próprio duma autocracia, nunca

duma democracia.

É nossa convicção que a realização de

obras desta envergadura só poderia ser feita

com uma autorização explícita dos eleitores, a

qual passaria pela disponibilização de

documentação que:

• Justificasse a construção;

• Contabilizasse os custos de construção,

e, os posteriores custos de manutenção

e exploração.

• Explicitasse como e por quem iria ser

efectuado o pagamento da obra.

E de seguida a sua construção iria a

referendo, só podendo avançar no caso de ser

aprovada pela maioria dos eleitores.

Qualquer apropriação pelos políticos de

fundos públicos e o seu esbanjamento em obras

públicas inúteis e faraónicas contra a vontade

dos eleitores - de facto, os legítimos donos do

dinheiro - deveria ser considerada um abuso de

confiança, por parte dos detentores de cargos

públicos, e ter um enquadramento penal e

criminal similar. Os responsáveis pelos

esbanjamentos deveriam ser alvo não só de

procedimento criminal, como ainda os seus

bens e rendimentos pessoais deveriam ser

confiscados e vendidos em hasta pública até

ressarcir integralmente a Fazenda Pública de

todos os prejuízos que causaram. Porque

delapidar o dinheiro dos contribuintes desta

forma é simplesmente criminoso.

É necessário também aprovar

legislação que termine com os turbo-gestores,

indivíduos que acumulam uma série de cargos

de gestão em empresas estatais distintas, pelos

quais são remunerados, sem contudo passarem

tempo em nenhuma delas. E os gestores de

empresas públicas que apresentem prejuízos

têm de ser responsabilizados pela má gestão.

Não se pode é continuar a tolerar a

pouca vergonha actual onde:

• os gestores públicos recebem

remunerações chorudas,

• vão uma hora por semana às

empresas picar o ponto,

• não fazem qualquer trabalho digno

desse nome,

• a s e m p r e s a s a p r e s e n t a m

sistematicamente prejuízos devido à

inexistência de um trabalho de gestão

qualificado,

• se inventem uns subsídios à

exploração para tapar os prejuízos,

• como resultado se aumentem os

impostos e taxas aos contribuintes

para pagar os tais subsídios à

exploração,

• e na hora da demissão ainda se

paguem indemnizações chorudas a

administradores que de facto só

causaram prejuízos.

Quanto ao futuro do novíssimo Estádio

Municipal de Aveiro, esse ex-líbris do mandato

do Dr. Alberto Souto Miranda à frente dos

destinos da Câmara Municipal de Aveiro,

Page 27: O Estadio Que Paga Para La Jogarem

A VERDADE 017 Ago / 2008 | 27

quatro anos após a sua inauguração já existem

blogues de munícipes aveirenses a sugerirem a

sua demolição pura e simples como solução

para evitar a sobrecarga dos munícipes com a

continuação dos prejuízos de exploração.

E-mails

1. Queremos aqui agradecer

publicamente a amabilidade e

gentileza das muitas e muitas

pessoas que nos têm contactado

via e-mail.

2. Lamentavelmente para nós

devido ao grande volume de

correspondência recebida não

conseguimos responder com a

rapidez que desejáveis e

mereceis. Daí algum atraso nas

respostas. Mas fica prometido

que iremos tentar responder a

todos!

3. Desde já o nosso MUITO

OBRIGADO. Bem-hajam pelo

interesse e continuem a enviar

os vossos comentários!

Lisboa, 1 de Agosto de 2008

Manuel Rodrigues Cunha

[email protected]

http://www.noticiasdeaveiro.pt/default.asp?c=noticiario&i=3423


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