O FECHAMENTO DE LEITOS PSIQUIÁTRICOS E A DESASSSISTÊNCIA DE
PORTADORES DE TRANSTORNOS MENTAIS
Léo Dimmy Chaar Cajú1
Heriel Adriano Barbosa da Luz2
Antônio Carlos do Nascimento Osório3
RESUMO:
O objetivo deste trabalho é analisar o problema do fechamento de leitos psiquiátricos no
Estado brasileiro e a desassistência de pessoas com transtornos mentais, bem como, analisar
as políticas públicas depois da promulgação da Lei da Reforma Psiquiátrica. Sendo assim,
realizou um levantamento baseado nos indicadores do Conselho Federal de Medicina (CFM)
que revelam que o brasil entre 2005 e 2016 perdeu 38,7% dos leitos de internação
psiquiátrica na rede pública em hospitais psiquiátricos e hospitais gerais, logo, o fechamento
não acompanhou o crescimento populacional que foi de 12% no mesmo período. A redução
do número de leitos psiquiátricos é um infortúnio no que concerne à atenção que deveria ser
dada aos pacientes portadores de transtorno mental, principalmente aqueles em surto. Tal
prática se mostra como uma grande afronta aos direitos humanos e, por isso, nota-se ser
necessária a efetivação de políticas públicas que ensejem práticas que aumentem a
quantidade de leitos e, assim, possibilite um atendimento mais digno aos pacientes
psiquiátricos que precisem de internação.
Palavras-chave: Direitos Humanos, Políticas Públicas, Lei da Reforma Psiquiátrica, Leitos
Psiquiátricos.
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho aborda o problema da redução de leitos de internação um Psiquiatria
no Brasil como uma política que vai de encontro à Lei 10.216/2001 (Lei da Reforma
Psiquiátrica) e a consequente desassistência de pessoas portadoras de transtornos mentais.
Para isto, foi feito levantamento sobre o fechamento de leitos psiquiátricos, após o advento
da Lei da Reforma Psiquiátrica, com base em indicadores obtidos junto ao Conselho Federal
1 Mestrando do Programa de Psicologia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e participante do
Grupo de Estudos Acadêmicos do Referenciais Foucaultianos (GEIARF), vinculado ao CNPq.
[email protected] 2 Mestre pelo Programa de Psicologia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e participante do Grupo
de Estudos Acadêmicos do Referenciais Foucaultianos (GEIARF), vinculado ao CNPq. [email protected] 3 Professor Titular da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e Coordenador do Grupo de Estudos
Acadêmicos do Referenciais Foucaultianos (GEIARF), vinculado ao CNPq. [email protected]
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de Medicina (CFM). Os resultados apontam que entre 2005 e 2016 o Brasil perdeu 38,7%
dos leitos de internação psiquiátrica na rede pública em hospitais psiquiátricos e hospitais
gerais, já que em 2005 eram 40.942 leitos e em 2016 haviam apenas 25.097.
Curiosamente, no mesmo período a população brasileira cresceu 12%. A redução do
número de leitos psiquiátricos é um fator preponderante que afeta a possibilidade de
tratamento adequado de uma parcela dos portadores de transtornos mentais, caracterizando,
assim, uma séria infração aos direitos humanos. Além do mais, a Lei de reforma Psiquiátrica
não se mostra contra os leitos psiquiátricos ou hospitais psiquiátricos, já que o seu intuito é
orientar o acesso ao hospital psiquiátrico, não fechá-lo ou reduzir o número de leitos.
Logo, a situação da saúde mental no Brasil se mostra calamitosa, somente os Centros
de Apoio Psicossocial (CAPs) não dão conta de maneira efetiva de casos que exigem
internação. Sendo assim, faz-se necessário que as políticas públicas em saúde mental sejam
revistas no sentido de se efetivarem práticas que garantam os Direitos Humanos aos
portadores de transtornos mentais, o que perfaz também o aumento de leitos psiquiátricos.
Apesar do caráter humanizador da referida lei, vê-se que atualmente o Brasil passa
por uma grande crise no sistema, já que, em 11 anos o Brasil perdeu aproximadamente 11%
dos seus leitos psiquiátricos (CFM, 2017).
Deste modo, percebe-se que a reforma psiquiátrica não está funcionando
uniformemente no mundo inteiro e situações ligadas à realidade econômica, histórica, social,
cultural e política de um país são alguns fatores determinantes nas políticas públicas de
assistência à saúde mental em um Estado-nação (MACIEL et al., 2009).
Segundo indicadores do Relatório Saúde mental no SUS: acesso ao tratamento e
mudança do modelo de atenção (BRASIL, 2007), não se proporcionava um tratamento
adequado aos pacientes que se encontravam em situação de internação para tratamento
nestes hospitais, tampouco havia a garantia de direitos dos indivíduos que lá eram postos.
Vale ressaltar que nos anos de 1950, os hospitais psiquiátricos, principais
responsáveis no tratamento de pessoas com transtornos mentais em tempo integral e de
extensa duração em boa parte do mundo, já se encontravam em uma situação calamitosa,
pois, faltavam funcionários suficientes para responder à enorme demanda decorrente da
superlotação, além de já ser alvo de críticas decorrentes dos maus tratos.
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As consequências das críticas ao modelo de internação asilar acabaram fomentando
a possibilidade de reformas caracterizadas por dois grupos diferentes. Uns defendiam a
reforma da psiquiatria mediante a reorganização das instituições com o intuito de se tornaram
necessariamente terapêuticas e que se tornassem espaços públicos; outros, por sua vez,
visavam um corte radical com a psiquiatria tradicional ou eram defensores da Psiquiatria
democrática, como é o caso do italiano Franco Basaglia (BATISTA, 2014).
2 A REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL
A reforma psiquiátrica no Brasil não teve início com a promulgação da Lei
10.216/2001, mas muito antes disto, no final dos anos de 1980. A proposta de mudança que
surgia naquele momento, tinha a finalidade de superar o modelo de internação manicomial
para se dirigir uma forma de atenção universal à saúde (PITTA, 2011).
A consolidação da política em saúde mental baseada nestes novos parâmetros se deu
por meio da III Conferência Nacional de Saúde Mental no ano de 2001, da qual, o papel
estratégico de mudar o modelo que se voltava para a internação asilar passaria a se focar em
serviços extra hospitalares conferido principalmente aos Centros de Atenção Psicossocial
(CAPs) (FONTE, 2011).
Trata-se de uma mudança bastante significativa, já que os hospitais psiquiátricos se
consagraram na história como essenciais no tratamento e internação de pacientes com
transtornos mentais. Algumas práticas também caracterizam a história destas instituições,
tais como a exclusão, a violência e a centralidade médico-hospitalar (DUARTE; GARCIA,
2014).
Desta maneira se percebe que desde os anos 2000 há a formulação de uma rede e,
saúde mental que visa substituir o modelo voltado para a internação, assim, que busca
descentralizar a figura institucional do hospital. Neste mesmo período começa também o
programa de redução progressiva dos leitos psiquiátricos.
Ocorre que esta extinção progressiva dos hospitais psiquiátricos está se dando sem a
prévia criação da rede prevista para atender à toda a demanda dos pacientes psiquiátricos. O
quadro se agrava pelo fato de também haverem poucos leitos em hospitais gerais.
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No Relatório Mundial de Saúde, a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002)
defende que a verdadeira finalidade dos hospitais de grande porte é reduzir custos
econômicos, não o tratamento dos seus pacientes. Contestações como esta motivaram
diversos movimentos, como o do italiano Franco Basaglia que fomentou a primeira Lei
antimanicomial do mundo, na Itália, precisamente no ano de 1978.
Os manicômios eram vistos como lugares onde a violência era prática frequente e
que retirava qualquer perspectiva de recuperação do doente mental. Em verdade, servia mais
como “regulador social” (OLIVEIRA, 2011) por abrigar excluídos e oprimidos, pessoas
marginalizadas socialmente, indivíduos classificados negativamente.
No livro Vigiar e punir (2014), Michel Foucault disserta que as prisões são
instituições que especificam idealmente os indivíduos que a compõem, assim, todas as
infrações devem ser qualificadas, não pode deixar escapar nenhuma ilegalidade para não dar
esperança à impunidade, por isso o código deve ser exaustivo e explícito com a classificação
definidora dos crimes e fixadora das penas capaz de individualizar o criminoso.
Deste modo, o que se visa é modular o próprio infrator, é necessário individualiza-
lo, analisando os eu modo de vida e seu pensar, como se fizesse uma taxonomia dos crimes
e dos castigos. Não há a finalidade de recuperar o considerado criminoso, mas sim classifica-
lo substancialmente como um delinquente.
A mesma percepção se enquadra significativamente nos manicômios e nos sujeitos
considerados loucos, já que o que importava nos antigos hospitais psiquiátricos dificilmente
era o efetivo tratamento e recuperação dos considerados doentes mentais, mas sim a
efetivação de mecanismos de exclusão.
Mesmo com estas barreiras institucionais, psiquiatras como Nise da Silveira se
destacaram no sucesso de resistência ao tratamento fixado nos hospitais psiquiátricos,
criticando e se contrapondo a tratamentos como lobotomia e eletrochoque. Esta psiquiatra
fundou em 1950 um centro de atenção psicossocial de portas e janelas abertas, que não mais
funcionava em regime de internato, denominado Centro das Palmeiras.
Este momento coincidia com o período de crescimento dos hospitais psiquiátricos no
Brasil, entre 1941 e 1961, que segundo Duarte e Garcia (2014, p. 42), “Essa expansão
representa o também a expansão do modelo médico assistencial privatista, no qual o setor
privado foi o principal prestador de serviços da assistência médica”.
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Em 1941 existiam 62 hospitais psiquiátricos no Brasil, sendo 23 públicos e 39
privados. No ano de 1961 este número mais que dobrou, eram 135 hospitais, dos quais 54
eram públicos e 81 privados (DUARTE; GARCIA, 2014, p. 42).
Na década seguinte, precisamente em 1971, o Brasil tinha 269 hospitais privados e
72 públicos, totalizando 341. Em 1981 este número chegou a 430, o recorde brasileiro, que
somavam 357 privados e 73 públicos. Posteriormente este número foi caindo para 259
privados e 54 públicos em 1991, e chegou a 211 privados e 45 públicos em 1997 (DUARTE;
GARCIA, 2014, p. 42).
Vale notar que a proporção em 1981 era de 1 hospital público para 4,9 privados.
Segundo indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa
de assistência médico-sanitária (BRASIL, 2009), no ano de 2009 a correlação era de 1,3
hospitais psiquiátricos públicos para cada 1 privado.
Vê-se aí que a significativa diminuição do número destas instituições se deu em
decorrência também das políticas públicas voltadas ao Movimento de reforma psiquiátrica,
iniciado na década de 1970 e só regulamentado em 2001 por meio da Lei 10.2016, que dispõe
sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o
modelo assistencial em saúde mental.
Apesar da análise dos marcos regulatórios serem vistos como algo necessário na
sociedade ocidental contemporânea, não é sua implementação que define as novas práticas
culturais. Por isso é necessário analisar os métodos e procedimentos utilizados pelos
dispositivos reguladores para construir as práticas sociais em determinado corte temporal,
como mecanismos de poder, em outras palavras, o que se denomina verdade em um espaço
temporal.
Assim, na análise dos mecanismos de poder e das relações de saber, o que se deve
fazer é perceber “os porquês das práticas sociais exercidas, suas contradições, elaborações e
seus limites enquanto diferentes processos” (OSÓRIO, 2010, p. 100), novos significados que
mudam e estão impressas na sociedade, assim, explicita fatores que transpassam o tempo e
justificam o presente.
Disto se percebe que as instituições possuem um papel fundamental de submissão a
um controle e, desta maneira, são caracterizadas como “espaço de disposição, arranjo,
formação, instrução, educação do corpo e da mente; marcada por princípios, métodos,
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sistemas, doutrinas” (OSÓRIO, 2010, p. 101). Elas agem para organizar os seus propósitos
que incutem como sendo atributos de práticas sociais, valores culturais que readéquam
significados e significantes.
Distintas instituições se interligam em práticas sociais onde os sujeitos são
controlados por valores pré-estabelecidos, de maneira explícita ou implícita “é o controle
que garante a obediência dos indivíduos às regras e à lei, bem como a outros critérios
considerados fundamentais ao bem-comum” (OSÓRIO, 2010, p. 104) e que por vezes se
dizem neutros.
Não obstante, nota-se que a luta antimanicomial é demasiada longa e incompleta, isto
porquê, as práticas culturais não mudam necessariamente em decorrência do advento de
novas leis. Tampouco as instituições devem ser pensadas isoladamente, porque elas são “um
conjunto de práticas fundadas no exercício do poder em rede, num conjunto de tecnologias
que se repetem e legitimam, independente de seus propósitos – e não como um
estabelecimento” (OSÓRIO, 2010, p. 106).
As instituições se justificam pelas práticas sociais, criações culturais, vive-se em uma
sociedade que o papel da inclusão só se justifica pela exclusão, antes de tudo, uma sociedade
classificadora.
As leis, assim como outros saberes, não são uma evolução cronológica da sucessão
de saberes, são questões instituídas que advém de “diferentes movimentos que criam e
recriam outros significados e sentidos, deturpando muitas vezes, a própria razão da
existência da instituição” (OSÓRIO, 2010, p. 114), assim, os seres humanos reproduzem de
maneira consciente ou não os significados institucionais.
Esta mesma sociedade exerce práticas fundamentadas no poder, visto como uma
relação de forças em forma de rede que perpassa todos os indivíduos, estes que, por sua vez,
dificilmente podem oferecer resistência e não serem mais objetos destas instituições. O poder
em si não está localizado em um lugar específico ou em determinadas circunstâncias, mas
sim incrustrado no tecido social, logo, é uma estratégia complexa em determinada sociedade.
Verifica-se que a legitimação de políticas neoliberais originou a redução da
intervenção estatal na esfera social, disto deriva a redução de gastos principalmente no
serviço público.
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Há ainda a resistência dos donos de HPs em abrir mão do lucro e dos investimentos
que recebem por prestar serviços assistenciais. Com isso, há um rebatimento no
andamento da Reforma Psiquiátrica, pois, para o alcance de seus objetivos, tem de
haver a criação e a ampliação de uma rede de base extra-hospitalar. Para tanto, há
a necessidade de investimentos e a inversão dos gastos – aumento dos
investimentos em serviços extra-hospitalares e diminuição dos gastos nos
hospitais privados. (DUARTE; GARCIA, 2014, p. 42)
Vale notar que menos de 3% do orçamento federal é gasto nas políticas públicas em
saúde mental no Brasil (GONÇALVES, 2012), e que, apesar da promulgação da Emenda
constitucional nº 29, de 13 de setembro de 2000, que estabeleceu a base de cálculo mínimo
de recursos dos entes federativos na aplicação em ações e serviços públicos de saúde, esta
medida não resolve o problema da saúde pública brasileira.
Outro grande problema destacado por Duarte e Garcia (2014, p. 44) é que “a saúde
mental acaba se tornando um meio de lucratividade e, na maioria das vezes, o acesso ao
tratamento é mais rápido para aqueles que pagam pelos serviços”. Os autores ressaltam ainda
que 28% da população brasileira não tem assistência em saúde mental.
Segundo indicadores da 12ª edição do Saúde Mental em Dados (BRASIL, 2015, p.
13), os Estados de Rondônia, Espírito Santo e Mato Grosso não possuem serviço 24h
habilitados (CAPS III ou CAPSad III) e o Acre, Roraima e Tocantins não possuem CAPSi
habilitados.
Conota-se que a Reforma psiquiátrica não é uma prioridade, assim como, a política
de saúde mental no Estado brasileiro, já que os cuidados extra hospitalares não estão sendo
realizados satisfatoriamente, tampouco a destinação de verba para o treinamento dos
profissionais da área.
2.1 AS POLÍTICAS EM SAÚDE MENTAL E A REDUÇÃO DOS LEITOS
PSIQUIÁTRICOS
A Lei nº 10.216/2001 dispõe que uma das suas principais diretrizes é reestruturar a
assistência hospitalar psiquiátrica reduzindo gradualmente os leitos psiquiátricos. Assim,
tem a finalidade de efetivar um modelo de tratamento da saúde mental mitigando a
possibilidade de internação e com base comunitária, de forma a garantir a livre circulação
das pessoas portadoras de transtornos mentais pelos serviços e comunidade como um todo.
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Vale notar que a internação em hospitais especializados de pessoas com problemas
psiquiátricos se dá no Brasil desde o século XIX, onde se concentrava nos Estados com
maior desenvolvimento econômico. Nos anos de 1970 começaram as experiências de
mudança na assistência psiquiátrica, se iniciando ainda com as instituições fechadas, para
depois buscar substituir os hospitais especializados por outras formas de tratamento.
Nos anos de 1990, o Ministério da Saúde, buscando seguir as recomendações da
Declaração de Caracas (1990), redireciona os investimentos em saúde mental para os
serviços de base comunitária, incentiva a criação de serviços em saúde mental de base
comunitária e visa a implantação de critérios mínimos de harmonização humanizadora dos
hospitais especializados.
Logo, o governo brasileiro objetivou reduzir os leitos psiquiátricos; expandir e
fortalecer a rede extra hospitalar dos Centros de Apoio Psicossocial (CAPS), Serviços
Residenciais Terapêuticos (SRTs) e Unidades Psiquiátricas em Hospitais Gerais (UPHG);
também inserir a saúde mental na atenção básica de saúde; criar e manter um programa de
profissionalização de recursos humanos calcados na reforma psiquiátrica; incluir os
familiares na participação no cuidado dos doentes mentais, garantindo o direito de ambos;
avaliar os hospitais psiquiátricos mediante o Programa nacional de avaliação dos serviços
hospitalares (PNASH / Psiquiatria).
Acreditava-se, assim, que esta mudança no atendimento público em saúde mental,
que foi amparada principalmente pela Lei n. 10.2016/2001, possibilitaria uma mudança
positiva no modelo de tratamento, que substituiria o isolamento pelo convívio familiar e
comunitário. Teria por base a efetivação de instituições como os Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS), as Residências Terapêuticas, os Ambulatórios, os Hospitais Gerais e
os Centros de Convivência. A internação só se daria em caso de extrema necessidade em
hospitais gerais ou em CAPS/24 horas, já que os hospitais psiquiátricos seriam
gradativamente extintos.
Deste modo, visou-se garantir os seguintes direitos das pessoas portadoras de
transtorno mental, conforme o Parágrafo único do artigo 2º da Lei 10.2016/2001:
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas
necessidades;
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar
sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho
e na comunidade;
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III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;
IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a
necessidade ou não de sua hospitalização involuntária;
VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu
tratamento;
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.
Tudo para visar a reinserção social do paciente, vedação da internação em instituições
asilares e mitigação da dependência institucional nos casos de longo período de internação.
A internação, ante regra, seria exceção com a o advento da referida lei, podendo se dar nos
seguintes casos, conforme o Parágrafo único do artigo 6º da Lei 10.216/2001:
I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;
II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a
pedido de terceiro; e
III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.
Nos dois primeiros casos há a necessidade do consentimento apenas do médico
registrado no Conselho Regional de Medicina (CRM), a compulsória depende de decisão de
um magistrado competente.
No que concerne aos limites máximo e mínimos anualmente de redução dos leitos
psiquiátricos, já que se deve dar gradualmente, em 2004 O Ministério da Saúde aprovou a
Portaria 52, que institui o Programa Anual de Reestruturação da Assistência Psiquiátrica
Hospitalar no SUS por meio do redirecionamento dos recursos financeiros à rede extra
hospitalar de saúde mental, onde se visaria remunerar menos os hospitais de maior
capacidade (DUARTE; GARCIA, 2013, p. 45).
Apesar do aspecto humanizador nos dispositivos legais, na prática, a rede em saúde
mental brasileira passa por uma crise com o fechamento dos leitos psiquiátricos. Isto porque,
O Conselho Federal de Medicina (CFM) não se mostra contrário à existência de Unidades
Psiquiátricas em hospitais gerais, desde que haja uma estrutura adequada e recursos humanos
capacitados, o que não está sendo respeitado. Além do mais, a permanência nestas
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instituições se daria somente por aqueles que necessitassem de um curto tempo de
internação.
Deste modo, o CFM (2017) reconhece que as Unidades Psiquiátricas em hospitais
gerais no Brasil são escassas, o que representa um número irrelevante de leitos psiquiátricos.
Além disso, as instituições que possuem este setor, em sua maioria não possuem a estrutura
adequado e tampouco profissionais qualificados.
Em decorrência destes fatores, o CFM (2017) recomendou ao Estado brasileiro que
criasse programas adequados e fundamentados cientificamente no que concerne à prevenção
ao suicídio, bem como, prevenção e tratamento de dependência química. Também requereu
que fossem revistos os valores destinados à rede de Saúde Mental, já que, nos últimos anos
esta área sofreu reduções significativas, principalmente decorrente da não correção nos
valores das tabelas que são inferiores a outras áreas da saúde em geral.
Na década de 1990, 90% dos gastos do Sistema Único de Saúde referente à saúde
mental eram destinados para o sistema hospitalar, em 2006, 56% passaram a se destinar à
rede extra hospitalar, enquanto apenas os outros 44% à rede hospitalar. De fato, esta política
está diretamente ligada aos anseios da reforma psiquiátrica motivada pela Lei 10.2016,
entretanto, o CFM defende que deve haver mais seriedade nos investimentos em recursos
hospitalares (FONTE, 2011).
Lucchesi e Malik (2009) destacam, com base em indicadores da Organização
Mundial de Saúde, que no ano de 2005 o índice de leitos psiquiátricos em hospitais gerais
no Brasil era de 0,12 para cada 10 mil habitantes. A média dos 180 países que participaram
da pesquisa era de 0,84 leitos psiquiátricos para cada 10 mil habitantes.
A média brasileira é inferior não só à média mundial, mas também à previsão
normativa da Portaria 1.001/2002, que dispõe a média de 0,45 leitos psiquiátricos para cada
mil habitantes. Esta norma foi substituída pela Portaria 1.631/2015, que aprova critérios e
parâmetros para o planejamento e programação de ações e serviços de saúde no âmbito do
SUS, onde o percentual passa a ser 11 vezes menor, 0,04 leitos por mil habitantes.
Em 20 de março de 2017, o Conselho Federal de Medicina expediu um nota
criticando o fechamento de leitos psiquiátricos:
A política adotada pelo Ministério da Saúde que pretende ampliar a redução do
número de leitos de internação em Psiquiatria no País segue na contramão dos
indicadores demográficos nacionais. Em 2005, as estimativas do Ministério da
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Saúde indicavam que cerca de 16,5 milhões de brasileiros seriam eventuais
portadores de transtornos psiquiátricos graves, portanto, passíveis de serem
referenciados para internações. Em 2016, esse número de potenciais pacientes
passou para 18,6 milhões, num aumento de 12%. No mesmo período, o total de
leitos de internação psiquiátricos retrocedeu em 39%. Na avaliação do 3º vice
presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Emmanuel Fortes, esse
movimento reflete uma visão preconceituosa contra o atendimento hospitalar em
Psiquiatria.
“Criou-se uma animosidade contra o hospital psiquiátrico, como se ele fizesse mal
à saúde do doente mental. O que faz mal é um hospital sem médicos e sem
condições de funcionar”, argumentou. Já Antônio Geraldo da Silva, lembra que
Lei 10.216/01 não estabeleceu o fim dos leitos psiquiátricos, “imposto por
portarias”. Ambos defendem que a lei foi elaborada para aperfeiçoar o
atendimento psiquiátrico e não para acabar com os leitos.
“A lei 10.2016/01 veio para disciplinar o acesso hospital psiquiátrico e não para
impedilo de funcionar. Ela diz que o hospital deve funcionar com uma equipe
competente, multiprofissional. Se não tiver médico, enfermeiro, assistente social,
psicólogo e terapeuta ocupacional, o local será considerado um asilo, impróprio
para tratamento”, argumenta Emmanuel Fortes. (CFM, 2017)
Assim, os indicadores mostram que em 11 anos o SUS fechou 85 hospitais
psiquiátricos e quase 16 mil leitos, eram 40.942 leitos em 2005 e 25.097 em 2016, ou seja,
redução e 38,7% na redução de leitos psiquiátricos, dos quais São Paulo, Rio de Janeiro,
Pernambuco e Minas Gerais reduziram 13.500 vagas. Em dezembro de 2016 o Brasil contava
com apenas 143 estabelecimentos que prestavam serviços especializados em saúde mental,
em face de 228 em 2005, uma redução de 85 hospitais psiquiátricos.
Esta redução gerou uma falha assistencial, já que, ao invés de aumentar conforme o
crescimento populacional, reduziu. Trata-se de um abafamento ao modelo de internação
fundamentado pela inserção da Lei da reforma psiquiátrica, já que esta, calcada nas críticas
de internação, isolamento e maus tratos aos pacientes psiquiátricos, visou fechar manicômios
e hospitais psiquiátricos. Em seu lugar seria implantada uma eficiente Rede de Atenção
psicossocial (RAPS).
Entretanto, como reconhecem o CFM e a Associação Brasileira de Psiquiatria, o que
seria necessário não era a redução nos moldes da internação hospitalar, mas sim uma reforma
voltada a uma humanização do atendimento hospitalar. Isto porque, o atual modelo, rejeita
as inevitabilidades dos pacientes em surto e que imprescinde de um acompanhamento
acentuado.
Verifica-se, portanto, que a atual política de redução do número de leitos
psiquiátricos no Brasil é uma grande afronta aos direito humanos e que, apesar do aspecto
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dito humanizador, o que se tem é uma desumanização das práticas voltadas aos pacientes
psiquiátricos.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de os marcos regulatórios não representarem diretamente a mudança das
práticas culturais em uma sociedade, percebe-se que as políticas públicas implementadas
com o advento da reforma psiquiátrica que se iniciaram em 2001 fomentaram uma grande
perda na eficiência do tratamento dado aos portadores de transtornos mentais.
Visando reduzir os leitos psiquiátricos, o governo brasileiro fomentou a criação de
uma rede calcada na assistência extra hospitalar que garantiria um atendimento digno e
humanizado aos doentes mentais, além da sua efetiva reinserção social.
Assim, reduziu os investimentos nos hospitais psiquiátricos e priorizou na Rede de
Assistência Psicossocial (RAPS). Buscou também criar leitos psiquiátricos em hospitais
gerais para pacientes menos graves que demandassem de um menor tempo de internação.
Entretanto, vê-se que os pacientes mais graves ou em surto não possuem uma
assistência adequada, já que os do primeiro caso necessitariam de uma internação para
tratamento, o que os CAPS 24 horas não conseguem suprir e os do segundo caso
necessitariam de uma estrutura mais eficaz dentro dos hospitais gerais ou hospitais
psiquiátricos.
Apesar de o Ministério da Saúde alegar que investiu na habilitação de leitos
psiquiátricos nos últimos anos, o que se vê é que a prestação de serviço não é adequada. Vale
ressaltar que, por mais que as políticas públicas da luta antimanicomial visarem a mitigação
da internação, muitos casos necessitam de internação.
O que deveria haver não era uma aniquilação dos hospitais psiquiátricos, mas, antes
de tudo, um tratamento mais humano dentro deles, que envolveria não só uma reestruturação,
mas também uma consciência subjetiva da prática dos profissionais da área. Este que é um
ponto bastante relevante no Sistema Único de Saúde como um todo, as boas práticas pelos
profissionais que não dedicam seu serviço de maneira satisfatória.
Desta maneira, o que seria necessário era extinguir os maus-tratos dentro dos
hospitais, não eliminá-los. A noção de socialização, que se atrela não só aos pacientes
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psiquiátricos como também aos detentos e outros grupos vistos vulgarmente como anormais,
é uma visão que visa muito mais excluir do que incluir. Não é de se estranhar que se comenta
que há alguns CAPS denominados capscômios, fazendo uma analogia com os antigos
manicômios.
São as práticas culturais que representam as efetivas mudanças em uma sociedade,
não os marcos regulatórios. Reduzir a quantidade de leitos psiquiátricos imaginando que
todos os pacientes da saúde mental vão se ressocializar imediatamente é uma utopia, já que,
para um tratamento efetivo, muitos precisam da internação.
Vê-se claramente que as políticas públicas não estão preocupadas com a efetivação
e boas práticas, mas simplesmente com o exercício de um poder capaz de ditar novos saberes,
como se fossem verdades absoltas na melhoria das condições de vida dos seres humanos,
mas que, de fato, não necessariamente melhoram o tratamento.
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