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doi: 10.4025/10jeam.ppeuem.03024
O PAPEL EDUCACIONAL DAS MÃES NO SÉCULO XIII: UM
ESTUDO SOBRE AS MÃES DE FRANCISCO E CLARA DE ASSIS
DIAS, Ivone Aparecida (PPE/UEM-GTSEAM)
OLIVEIRA, Terezinha (DFE/PPE/UEM-GTSEAM)
Nosso objetivo é apresentar algumas reflexões sobre o papel educacional das mães
na Idade Média. Deste período, elegemos duas mulheres do século XIII: Pica e Hortolana.
Estas mulheres foram mães de duas personagens marcantes na história: Francisco e Clara
de Assis.
Para nossa reflexão, trabalhamos com as seguintes fontes: a Vida I e Vida II1 de
Francisco, escritas por Tomás de Celano; a Legenda Maior e Legenda menor, de
Boaventura; a Legenda de Santa Clara; a Legenda Versificada de Santa Clara; a Bula de
Canonização de Clara. Sempre que necessário, buscamos apoio em outras fontes e em
outros autores que pudessem amparar nossas análises.
Inicialmente, a discussão está centrada na figura da mãe de Francisco, Pica. Em
seguida, são analisadas as ações educativas de Hortolona, mãe de Clara.
A mãe de Francisco por Tomás de Celano e Boaventura
Na Vida I, Tomás, ao relatar a existência de Francisco, traça como que um caminho
cronológico permeado por altos e baixos. Nesse percurso acidentado, fala de alguns
aspectos a respeito da educação recebida de seus pais “[...] desde o primeiro ano de sua
vida” (I Cel, 1,1). O autor não se embaraça ao apresentar os pais de Francisco como
pessoas mundanas, dadas às vaidades, míseros nos costumes. Vai mais longe ao dizer que
o comportamento desses pais não era exceção no quadro daquele contexto. Afirma, assim,
que naquele tempo, desde o berço, os pais se esforçavam “[...] por educar seus filhos de
1 Nas referências, estas obras estão identificadas como “Primeira de Celano” e “Segunda de Celano”.
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maneira demasiadamente relaxada e dissoluta” (I Cel 1,2). E para evidenciar que o fato era
muito comum, cita um poeta secular (sem nominá-lo) que teria dito: “‘Porque crescemos
no meio das práticas dos [nossos] pais, desde a infância nos seguem todos os males’” (I
Cel 1,5).
A avaliação da situação vigente é arrematada com a ideia de que “[...] a árvore de
raiz corrompida, continua crescendo corrompida, e o que uma vez se tornou depravado
dificilmente pode ser reconduzido à regra da eqüidade” (I Cel 1,8). Assim, assentando sua
reflexão nas palavras da Sagrada Escritura, Tomás salienta que uma árvore ruim não
poderia gerar bons frutos.
Para expor seu pensamento, o autor utilizou três imagens carregadas de profundo
significado bíblico e exploradas fartamente pela escrita hagiográfica medieval: a árvore, a
raiz e os frutos. Para Lurker (1993, p. 17), “no Novo Testamento, árvores frutíferas e
infrutíferas constituem alusão simbólica a homens bons e maus”. Quanto à raiz, afirma que
esta é a parte principal para a manutenção da vida de uma planta: ainda que morram ou se
retirem ramos, folhas e flores de uma planta, pressupondo que sua raiz se mantenha, a
mesma continuará viva. Quanto aos frutos, este autor salienta que, na linguagem bíblica
está sempre presente a ideia de que árvores boas e árvores ruins podem ser conhecidas por
seus frutos, como diz o texto do Evangelho de Lucas (6,43).
Tomás de Celano, não deixa de aludir a essa relação entre árvore, raiz e frutos para
falar sobre a relação entre Francisco e seus pais antes da sua conversão. Entretanto, como
conceber que, tendo nascido de “árvore de raiz corrompida”, Francisco tornara-se um
“fruto bom”, isto é, santo? Como explicar sua santidade se desde a infância – e até por
volta de vinte e cinco anos – vivera dominado pelas vaidades mundanas, com a conivência
e o consentimento de seus pais? Tomás não encontra resposta para a questão fora da ação
divina. Ou seja, pela natureza das relações humanas nas quais Francisco estava inserido,
não lhe seria possível alcançar a santidade; mas, Deus agira em seu favor. É o que Tomás
destaca em sua hagiografia.
[...] o Senhor o olhou do céu (cf. Sl 32,13) [...]. Pousou, pois, sobre ele a mão do Senhor (cf Ez,1,3), e transformou-o a destra do Altíssimo (cf Sl 76,11), para que por meio dele fosse dada aos pecadores a confiança de renascerem para a graça, e ele se tornasse para todos exemplo de conversão a Deus (I Cel 2, 6-7, grifos na obra).
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Observa-se, desse modo, que a mãe de Francisco é lembrada, junto com o pai, mais
pelos exemplos viciosos do que pelos virtuosos. O que sobressai é a graça divina. Como
Salienta Miccoli (2004, p. 200), a primeira parte da biografia escrita por Tomás “[...]
procura marcar a intervenção e a obra da graça na vida de Francisco; uma graça que aos
poucos o orienta e o dispõe para sua opção religiosa”.
Ainda que no capítulo VI da Vida I Tomás fale novamente da mãe de Francisco e
refira-se a ela como mãe de coração terno e comovido diante dos sofrimentos do filho que
fora acorrentado pelo pai, não lhe retira, contudo, a característica de obstáculo na vida
espiritual dele. Ou seja, ele parece insistir que aquela mãe não teria sido auxiliar ou
cúmplice no processo de conversão do fruto de suas entranhas. Desde a infância,
juntamente com o marido, teria permitido e, talvez, até incentivado o filho ao mau
caminho, o dos vícios. E agora, ao vê-lo procurar o caminho que, para Tomás, seria o
correto, ou o reto caminho, a mãe, mesmo diante das cadeias de Francisco, tentava
dissuadi-lo, com palavras ternas, da vida virtuosa.
Assim, na Vida I, Tomás afiança que a mãe e o pai foram cúmplices da vida viciosa
que Francisco levara antes da conversão e, além disso, empenhavam-se em desviá-lo do
“bom” caminho quando a mão do Senhor já o havia tocado. Referindo-se à mãe, diz: “[...]
E ao ver que não podia chamá-lo de volta do seu propósito [...]” (I Cel 13,2); e, quanto ao
pai, “[...] vendo que não podia trazê-lo do caminho iniciado [...] (I Cel 14,1). Sem
conseguirem persuadi-lo, deixaram-no. Assim, pai e mãe são apontados como os primeiros
obstáculos na caminhada do filho rumo àquilo que, para o autor, seria a vida virtuosa.
Observa-se, desse modo, que Tomás de Celano expressa uma concepção sobre os papéis
materno e paterno no processo educacional dos filhos; para ele, os pais deviam ser,
especialmente, educadores da fé, da vida espiritual daqueles que geraram2.
Mas Tomás não é o único que aponta para a vida viciosa de Francisco, antes de sua
conversão, por influência de seus pais. Na Legenda dos Três Companheiros também
podemos ler que apesar dos pais o censurarem por gastos e pela vida desenfreada, porque
“[...] eram ricos e o amavam com extrema ternura, toleravam-no em tais coisas, não
querendo perturbá-lo” (LTC, I, 2,5).
2 É importante salientar, contudo, que ainda que Tomás considere os pais de Francisco como não tendo cumprido seu papel educacional por não cultivarem as virtudes, na linguagem hagiográfica, os obstáculos são relevados para mais destacar a santidade de quem os enfrenta.
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É interessante observar como o discurso de Tomás muda em relação à mãe de
Francisco na Vida II:
Esta mulher, amiga de toda honestidade, trazia nos costumes insigne virtude, alegrando-se por algum privilégio pela semelhança com Santa Isabel, tanto pela imposição do nome ao filho (cf. Lc 1,57-63), quanto pelo espírito profético. Pois, aos vizinhos que admiravam a magnanimidade e a integridade dos costumes de Francisco, como que instruída por oráculo divino, dizia: “Que pensais que este meu filho será (cf. Lc, 1,66)? Sabereis que, pela graça de seus méritos, ele há de ser filho de Deus” (cf. Mt 5,9) (II Cel 3,2-3, grifos na obra).
Entretanto, logo a seguir, ao falar do comportamento fino e agradável de Francisco
desde que se tornara “grandinho”, Tomás reafirma que seus costumes corteses faziam com
que ele parecesse “[...] não nascido da linhagem daqueles que se diziam seus pais” (II Cel
3,5). Não é evidente se a intenção do autor é marcar que Francisco se parecia com um
nobre (devido à sua generosidade excessiva) e não com um filho de comerciantes, ou, se o
que ele deseja é assinalar que Francisco era tão nobre de comportamento que não herdara
os vícios de seus pais, diferenciando-se deles desde pequeno. Todavia, quando se lê a
Legenda dos Três Companheiros (LTC 1, 2,4), observa-se que os pais repreendiam
Francisco dizendo-lhe que “[...] ele fazia tão grandes despesas consigo mesmo e com os
outros que não parecia filho deles, mas de algum grande príncipe”. Assim, nesta leitura, a
tônica recai na questão do pertencimento social de Francisco: ele não era nobre, apesar de
se comportar como tal.
Quanto ao episódio narrado na Vida I, o da libertação de Francisco das correntes
pela mãe, comovida com seus sofrimentos, na Vida II essa passagem não é registrada.
Neste escrito, a mãe parece ter sido lembrada no início do capítulo I apenas para mais
salientar a semelhança entre Francisco e João Batista. A mãe figuraria aqui apenas como
coadjuvante dispensável, sem muita importância. Talvez essa ideia possa ser melhor
considerada se levarmos em conta que na Vida I a mãe ainda tem certa importância quando
solta Francisco das correntes. Seu gesto, poderia significar o ponto inicial de seu
entendimento da vocação dele. Ela teria participado, assim, ainda que à distância (ou
indiretamente) da busca de Francisco. Contudo, na Vida II, o próprio Francisco é
apresentado como alguém que se autoliberta da prisão ao rir das cadeias que o prendem em
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Perúgia; Francisco é o protagonista de sua liberdade, enquanto a figura da mãe é apagada
nesta narrativa.
Boaventura, na Legenda Maior (LM), tal como Tomás na Vida I, fala da vida
mundana de Francisco antes de sua conversão, embora com menos ênfase na participação
dos pais: “[...] Pois, como na juventude tivesse sido educado em coisas vãs entre os
frívolos filhos dos homens (Cf. Sl 61,10) [...]” (LM I, 1,2, grifos na obra). Não há menção
direta ao papel educacional da mãe; diz, apenas, que Francisco era “[...] distraído pela
vontade do pai para as coisas exteriores [...]” (LM I, 2,1). Boaventura lembrará da mãe ao
narrar, como Tomás, o episódio da libertação das correntes. Vejamos um quadro
comparativo entre as duas narrativas:
Narrativa de Tomás de Celano Narrativa de Boaventura
“E aconteceu que, como o seu pai por
causa familiar urgente se tivesse
ausentado por algum tempo de casa e
como o homem de Deus permanecesse
algemado na prisão da casa, sua mãe, que
ficara sozinha com ele em casa, não
aprovando o ato de seu marido, consola o
filho com palavras ternas. E ao ver que
não podia chamá-lo de volta de seu
propósito, sua entranhas maternas se
comoveram para com ele e, tendo,
quebrado as cadeias, permitiu que ele
partisse livre” (I Cel VI, 13,1-2)
“E depois de pouco tempo, ausentando-se
o pai da pátria, a sua mãe, não aprovando
o ato do marido e não esperando poder
amolecer a inflexível constância do filho,
deixou-o partir livre das cadeias” (LM II,
3,1).
Observe-se que Boaventura não fala em nenhum momento de uma possível ternura
da mãe ao soltar Francisco. Ela o libertou porque discordava da ação do marido e porque
não conseguira fazer o filho mudar de ideia em relação à nova vida que aspirava. Desse
modo, na Legenda Maior parece permanecer o mesmo olhar repreensivo (tropeço,
obstáculo) que Tomás lançara sobre a mãe do santo de Assis na Vida I, não vendo nela
uma partícipe fundamental na conversão do poverello.
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Como na Vida II, de Tomás, em sua Legenda menor Boaventura também aproxima
Francisco da figura de João Batista, embora não estabeleça nenhuma relação entre sua mãe
e Isabel, a mãe do precursor de Jesus, como fizera Tomás. Eis a narrativa:
[...] Sendo oriundo da região do Vale de Espoleto, da cidade de Assis, primeiramente chamado de João pela mãe, (cf. Lc 1,60) e depois [chamado] de Francisco pelo pai, manteve, de fato, o nome dado pelo pai, mas também não abandonou o significado do nome dado pela mãe (Lm 1,3, grifos na obra).
Outro ponto que pode ser lembrado aqui em relação ao processo de conversão do
poverello é que, nos escritos de Boaventura a mãe de Francisco é nula, ausente, sem brilho.
Para Tomás de Celano, na Vida II, a mãe de Francisco, como já foi dito, teve participação,
ainda que pequena, na formação do filho, afinal, se, como diz o biógrafo, ela era virtuosa, o
filho provavelmente aprendera algo dela. Boaventura, tanto na Legenda Maior quanto na
menor, desde o início dos escritos, enfatiza que a vocação de Francisco, a sua conversão, a
sua decisão pelo seguimento do Evangelho na pobreza, deveram-se à ação divina. Não
escreve de forma enfática, como Tomás, sobre como os possíveis costumes mundanos da
família influenciaram Francisco em seus primeiros anos; Boaventura fala deles,
lembrando-os superficialmente, o acento maior recai sobre a importância da graça divina.
Assim, por exemplo, diz o Prólogo da Legenda Maior:
Começa o prólogo da vida do bem-aventurado Francisco. Manifestou-se, nos últimos tempos, a graça de Deus nosso Salvador em seu servo Francisco a todos os [que são] verdadeiramente humildes e amigos da santa pobreza [...]. Pois o Deus excelso olhou [...] para ele, verdadeiramente pobrezinho e contrito[...] (LM, 1,1-2, grifos na obra).
Enquanto Tomás parece atribuir aos pais a “culpa” inicial pelo comportamento
frívolo de Francisco, os quais lhe ensinavam a insensatez e todas as formas de uma vida
viciosa – apesar de falar das virtudes da mãe na Vida II –, Boaventura parece isentar os
pais de uma participação mais marcante na vida dele. O autor atribui à graça e a uma certa
natureza o modo de ser de Francisco antes de sua conversão:
[...] No fundo do coração do jovem Francisco fora colocada divinamente uma generosa comiseração para com os pobres, a qual, crescendo com ele
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desde a infância [...] lhe enchera o coração com tão grande benignidade [...] (LM I, 1, 3, grifos na obra3).
Embora Tomás de Celano tenha realçado que os pais de Francisco o ensinaram
muitos vícios desde a infância, é possível dizer que alguns comportamentos corteses
também foram, certamente, aprendidos com eles. Entretanto, tanto Tomás como
Boaventura deram um tom de naturalidade com um misto de graça divina a esses
comportamentos. Assim, o primeiro diz que Francisco “[...] era muito rico, não avarento,
mas pródigo [...] agia muito humanamente, habilidoso e muito afável [...]” ( I Cel 2,4).
Para Frugoni (2011, p. 21-2), “Cortesia e liberalidade, as virtudes da aristocracia,
são as que Francisco decide cultivar e tomar como modelo, adotando para si a ideologia
cavaleiresca. São virtudes que não lhe pertencem de berço [...]”. Ou seja, tais virtudes eram
atribuídas à gente da nobreza e não aos burgueses que então se desenvolviam como
categoria social e da qual Francisco, por ser filho de comerciantes, fazia parte. Assim,
aquilo que Tomás entende como virtudes naturais – e que de alguma forma teria
preservado Francisco para o desenvolvimento de uma santidade posterior, embora as tenha
usado, inicialmente para sua perdição –, Frugoni (2011, p. 22) explica em termos de
relações histórico-sociais em desenvolvimento no período. Portanto, para a autora, antes da
conversão de Francisco, a sua prodigalidade e generosidade eram movidas não pela
simples “[...] compaixão pelos mais fracos, e sim pelo código social dos amigos nobres,
modelo meticulosamente adotado como se fosse uma lição a decorar”. Ela diz, ainda, que
provavelmente Francisco teria lido obras ou ouvido histórias com os conselhos dados aos
laicos de alta linhagem, como o que segue: “Agora cumpre esporear, e honrar os nobres
cavaleiros. Doar aos pobres peles de raposa e arminho: é ao doar que um homem de valor
se eleva” (apud FRUGONI, 2011, p. 22).
Provavelmente, os pais de Francisco, desejosos de vê-lo tornar-se cavaleiro, tenham
participado de sua educação cortês, ainda que não fossem nobres. Entretanto, como num
primeiro momento Tomás de Celano procura evidenciar a vida mundana de Francisco,
talvez para mais exaltar a sua santidade posterior, ele diz que as características corteses de
3 Na Legenda menor se lê, com pequena variação, a mesma ideia: “Havia, pois no fundo do coração do jovem Francisco, incutida divinamente com suave mansidão, uma generosa comiseração para com os pobres, a qual, crescendo com ele desde a infância [...] lhe enchera o coração com tão grande benignidade [...]” (Lm2 2,1, grifos na obra).
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Francisco mais favoreciam a sua insensatez (I Cel, 2,4). Desse modo, os próprios pais,
portanto, pai e mãe, seriam os responsáveis pela sua formação desregrada, apesar de cortês.
O que se depreende das leituras de Tomás e de Boaventura em relação à
participação da mãe de Francisco em sua formação inicial é um tanto paradoxal no
primeiro e praticamente apagada para o segundo. Em relação à conversão e às decisões de
Francisco por uma vida pobre, ambos os autores atribuem papel secundário à mãe, quando
não a caracterizam, juntamente com o pai e o irmão, como obstáculo ao processo de
vivência da nova vida. Desse modo, infere-se que Tomás e Boaventura são críticos do
comportamento materno, pois a mãe do poverello não assumira seu papel tal como se
esperava a partir de um modelo de mãe cristã educadora naquele contexto.
A mãe de Clara de Assis nas Legendas e na Bula de Canonização
Diferentemente da atuação educacional da mãe de Francisco – sobre a qual pairam
contradições, quando os escritos de Tomás (as Vidas I e II) são comparados –, a mãe de
Clara é APresentada como mulher de indiscutível caráter e muito virtuosa; nenhuma
nuvem de dúvida esconde seu comportamento cristão: ela é uma mulher de oração;
devotada e cuidadosa com a prole – suas filhas –; que peregrina; que faz e ensina a fazer
obras de misericórdia ou de caridade; que mantém boas relações de vizinhança; e se
apresenta como exemplo para outras mulheres.
Na Legenda de Santa Clara, também ela atribuída à autoria de Tomás de Celano4, a
mãe de Clara é referida da seguinte forma:
Sua mãe Hortolana, que devia dar à luz a planta frutífera no jardim da Igreja, também era rica em não poucos bons frutos. Embora presa aos laços do matrimônio e aos cuidados familiares, entregava-se como podia ao serviço de Deus e a intensas práticas de piedade (LSC 1,3-4).
4 Conforme Bartoli (1998), esta composição hagiográfica durante muito tempo foi atribuída a Boaventura. Mas, os trabalhos dos Bollandistas os levaram a descartar tal atribuição. Em 1895, G. Cozza-Luzzi a atribuiu a Tomás de Celano. Em sua esteira, outros pesquisadores como Pennachi, Grau, Casolini, entre outros, também viram na obra uma produção de Tomás de Celano. Assim, hoje, é quase unanimemente considerada como obra do celanense; entretanto, Bartoli salienta que uma autoria definitiva está na dependência de novas edições críticas a partir de novas comparações documentais.
De nossa parte, neste trabalho, consideraremos a obra como sendo da autoria de Tomás de Celano.
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No Processo de Canonização de Clara, a primeira das testemunhas, Pacífica de
Guelfúcio, que acompanhava Hortolana em suas peregrinações e era sua vizinha, disse que
a mesma “[...] tinha gosto de visitar os pobres” (ProcC 1,4). Eis, portanto, mais um registro
sobre a mãe de Clara identificada como mulher virtuosa e exemplar. Seu comportamento
estava na memória das mulheres de seu tempo.
Outro documento, e não menos importante que os precedentes, é a Bula de
canonização5 de Clara. Nela registra-se o seguinte a respeito de sua mãe:
[...] sua mãe, chamada Hortolana, mulher dedicada às boas obras, entrou devotamente nesta religião seguindo o exemplo da filha6. E aí, afinal, essa ótima hortelã, que produziu tal planta na horta do Senhor, concluiu felizmente os seus dias (BC, 28-29).
Na Legenda e na Bula, Hortolana é aquela que cultiva e modela Clara para a vida
inicial das virtudes. É dela que Clara aprende as orações e a prática das boas obras, em
especial, a prática de dar esmolas aos pobres. Assim, a mãe é educadora da fé, responsável
direta pela educação espiritual e humana; ela a educa para ver a condição do outro e
praticar misericórdia para com ele. Ambas as ações estão articuladas; misericórdia e fé
cristã caminhavam juntas no contexto marcadamente religioso.
Esse papel educador de Hortolana é salientado por Cremaschi (2009, p. 22-3) da
seguinte forma: “Sarà soprattutto la madre a prendersi cura di lei, senza delegare ad altri
l’affetto e l’educazione della piccolla. [...] È madonna Ortolana a insegnare a Chiara i
fondamento della fede cristiana [...]”.
Na Legenda, a Hortolana educadora da vida espiritual é bastante evidenciada por
Tomás. Eis como ele se refere à relação entre mãe e filha: “[...] recebeu primeiro dos lábios
da mãe os rudimentos da fé e, inspirando-a e formando-a interiormente o espírito, esse
55 De acordo com Omaechevarria e seus colaboradores (1970), a Bula é um documento intimamente relacionado com o Processo de Canonização de Clara e com a sua Legenda. Pintarelli, et. al. (2008, p. 79) também enfatizam que esse documento, que apresenta um resumo da biografia de Clara de modo “[...] solene e elegante [...]” é dependente de seu Processo de canonização. Afirmam, ainda, que, conforme alguns críticos, o documento talvez já estivesse escrito antes da morte do Papa Inocêncio IV; contudo, quem o publicou foi o seu sucessor, Alexandre IV, o mesmo que canonizou Clara. 6 No olhar do hagiógrafo, Clara fora educada de tal forma que depois se tornou educadora da própria mãe.
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vaso, em verdade puríssimo, se revelou vaso de graças”7 (LSC, 3, 2). Da mesma forma, a
Legenda Versificada registra:
A filha, habitualmente segue os passos da mãe. De mente atenta, dócil de ânimo, com sentido muito lúcido, guardando num coração sincero as primícias da fé que recebeu da boca da mãe em seus verdes anos, já tratava de fazer de si mesma um templo para o Senhor (2LV, V)8.
Hortolana, portanto, é mostrada como o modelo de mãe geradora de vida santa; ela
é adjetivada como “raiz nobre”, “doce flor” e como “terra fértil”: condições para a geração
de frutos doces e abundantes. Ou seja, porque Clara fora gerada em terra fértil de virtudes,
como teria sido sua mãe, também ela gerou frutos abundantes:
Para que vou dizer mais? A árvore se conhece pelo fruto [...], e o fruto é recomendado pela árvore9. Já houve abundância de dons divinos na raiz para que houvesse abundância de santidade no ramo pequeno (LSC 2, 1-2).
A narrativa sobre a relação entre Clara e Hortolana difere da relação entre
Francisco e sua mãe, Pica, principalmente quando se considera a relação registrada na Vida
I. Francisco, inicialmente, é fruto de uma família de raiz corrompida (I Cel, 1,8); ele
necessitou da mão e do olhar de Deus para uma mudança de rumo na vida. Ela, ao
contrário, desde o nascimento foi ensinada pela mãe a viver em conformidade com os
princípios da vida espiritual. Assim, a educação recebida por Clara é descrita em contraste
7 Conforme Lurker (1993, p. 254), o sentido propriamente do vaso está relacionado com o conteúdo que o preenche. Em si mesmo, o vaso é oco; tomado na relação com o seu conteúdo, seu significado se evidencia. Considerada essa reflexão, podemos dizer que a imagem de Clara como “vaso puríssimo” e “vaso de graça” nesse contexto é relevante, afinal, pela educação recebida da mãe virtuosa (o conteúdo), o vaso puríssimo (Clara) pode encher-se da graça divina. Lurker (1993, p. 254) também lembra que “[...] Na Idade Média, o vaso não estragado foi figura da Virgem Maria, na qual amadureceu o filho divino”. Mas Tomás diz na Carta introdutória da Legenda de Santa Clara (LSC 14) que Clara é “[...] vestígio da Mãe de Deus e nova guia das mulheres”. Desse modo, o autor sente-se autorizado a adjetivar Clara como “vaso puríssimo” e “vaso de graça”. 8 A referência é 2LV por que a sigla 1LV indica a Legenda Versificada de São Francisco (PINTARELLI et. al., 2008). 9 Na Vida I, escrevendo sobre a vida de Francisco, Tomás de Celano, como já indicamos acima, também se utiliza da figura da árvore e da raiz em relação ao fruto. No entanto, o enfoque é outro. Enquanto em relação à mãe de Clara há um elogio direto, quando se referiu à vida de Francisco, buscou a comparação para salientar como a vida de Francisco, pela influência de seus pais, era corrompida antes de sua conversão: “Pois a árvore de raiz corrompida, continua crescendo corrompida, e o que uma vez se tornou depravado dificilmente pode ser reconduzido à regra da eqüidade” (I Cel 1,8).
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com a de Francisco. Enquanto ele era um folgazão e dado às festas e gastos vultosos, Clara
é mostrada como aquela que teria recebido a “melhor parte” desde a infância: “Seu
nascimento foi claro, claros os seus começos, clara a fé, claro o hábito, claros também os
costumes” (2LV II). Essa melhor parte significa que desde o nascimento10 ela teria sido
virtuosa devido às influências positivas recebidas da mãe, considerada mulher exemplar.
Como já dissemos, esta ensinara à Clara os primeiros rudimentos da fé cristã bem como o
exercício das boas obras. Assim, conforme a Legenda de Santa Clara, desde muito
pequena, ela
Estendia a mão com prazer para os pobres (cf. Pr 31,20) e, da abundância de sua casa, supria a indigência (cf. 2Cor 8,14) de muitos. [...] Assim cresceu a misericórdia com ela desde a infância (cf. Jó 31,18), e tinha um coração compassivo, movido pela miséria dos infelizes. Gostava de cultivar a santa oração [...]. Como não dispunha de contas para repassar os Pai-nossos, usava um monte de pedrinhas para numerar suas pequenas orações (LSC 4,1-2).
Ensinar as primeiras orações era uma das principais responsabilidades das mães
cristãs no período medieval. Tal responsabilidade vinha de longa data. Desde o período da
Patrística, ou, da transição da Antiguidade para a Idade Média é possível encontrar
registros dessa atividade educacional como atribuição delas. Assim, por exemplo, São
Jerônimo (1962, p. 240) insiste na carta endereçada à Leta, mãe de Paulinha, uma criança
destinada à vida religiosa: “[...] A ti te tenga por maestra; a ti te admire tierna niña”.
Na esteira desse pensamento, no século IX, Dhuoda, dama da casa dos carolíngios,
pode ser lembrada como exemplo de mãe preocupada com a educação cristã de seus filhos.
Em seu Manual para meu filho (1975), escrita para seu filho Guillaume, chama a atenção
para a importância da oração e do canto dos Salmos. Para Riché (1975, p. 36), os Salmos
tinham lugar relevante na espiritualidade carolíngia dos leigos letrados e, igualmente, um
papel importante na educação das crianças. Era através dos saltérios, coletâneas de trechos
dos Salmos, que muitas delas eram educadas. Isso possibilitava aos leigos letrados, durante
10 Para Orígenes – autor da antiguidade cristã – o chamado de Deus para trabalhar em seu reino se daria, para alguns, na pequena infância; para outros, na juventude; alguns são chamados na maturidade e, por fim, outros, na idade extrema, quando se aproxima a morte (BAGLIANI, 2006). Na Legenda de Francisco e na de Clara observamos que essa relação está presente: para Francisco, o chamado na juventude; para Clara, na pequena infância.
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toda a sua vida, guardar na memória “[...] les versets qu’ils avaient appris dès leur premier
âge”.
Rosvita de Ganderdheim, religiosa alemã do século X, em sua peça teatral
Sabedoria (1986) também enfatiza o papel das mães como educadoras da fé de seus filhos,
em especial, das filhas. Elas deviam ensinar as primeiras orações e a firmeza de
comportamento diante dos obstáculos que porventura se apresentassem à vivência da fé.
Desse modo, constantemente, pelo emprego de diversos instrumentos educativos –
cartas, manual, peça teatral, legendas – na medievalidade chamava-se a atenção das mães
quanto às suas responsabilidades em relação à sua prole; em especial, lhes eram lembrados
os seus deveres para com a educação espiritual de seus rebentos. Hortolana assumiu essa
tarefa computada às mães naquele contexto, conforme salientam os escritos consultados.
Na Legenda de Santa Clara, bem como na Legenda Versificada, por exemplo, ela é
descrita de modo a salientar a sua grandiosidade como educadora. Sua atividade
educacional foi tão intensa que gerou duas santas: Clara e Catarina (a qual assumiu o nome
de Inês quando da entrada no mosteiro). Além disso, igualmente Beatriz, a irmã mais nova
de Clara, também entrou para a vida religiosa. Assim, Hortolana é registrada por Tomás
como uma mãe exemplar, como aquela que não podia ser esquecida, pois a forma como
desempenhara sua tarefa educacional poderia contribuir com a educação de outras mães.
Portanto, ainda que a Legenda tenha como intenção primeira falar sobre a santidade de
Clara e, assim, edificar os cristãos, não menos importante é o destaque dado à contribuição
da mãe para que a santidade da filha pudesse se manifestar. Como afirma o texto da Bula
de Canonização de Clara, Hortolana foi uma ótima hortelã, uma agricultora capaz de gerar
Clara na horta do Senhor; isto é, ela a educou na fé cristã desde a infância. Tal educação
teria tido importância fundamental em sua santificação. Agora, findo tal processo, com a
morte e canonização de Clara, ambas, mãe e filha foram lembradas como geradoras de
virtudes no interior da Igreja. Hortolana é elogiada como sendo o modelo perfeito de mãe,
de educadora cristã. Dela se disse que dera à luz a uma planta frutífera (LSC, 1-3); de
Clara, atenta aprendiz dos ensinamentos maternos, o autor destaca: “[...] Ela fez no terreno
da Igreja o jardim da humildade, formado pela falta de muitas coisas, em que se colhe uma
grande variedade de virtudes” (BC, 35).
As considerações acima nos possibilitam compreender, ainda que sinteticamente, a
importância do papel educacional das mães no século XIII. Para Dalarun (1990), este foi o
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século no qual a mulher triunfou como mãe; para ele, o culto a Maria, a mãe de Jesus, teria
tido fundamental relevo nesse processo de reconhecimento da maternidade. Entretanto,
quando se considera a tese de Duby (1997) e de Optiz (1990), a ideia de Dalarun pode ser
questionada: para Duby (1997), nas casas das altas linhagens medievais, as crianças eram
separadas de suas mães ainda na primeira infância. Desse modo, pelo menos até o século
XII, a mãe era considerada a responsável imediata pela educação das crianças até os sete
anos. E, de acordo com Optiz (1990, p. 378), a partir desse século, houve um aumento
considerável no número de filhos entre a nobreza e as famílias artesãs das cidades. Nesse
processo, em muitas dessas casas, as amas e não mais as mães tomaram “[...] a seu cargo
os lactentes e as crianças pequenas”. Sendo assim, talvez a importância da educação
realizada pelas mães tenha ocupado um espaço grandioso não apenas no século XIII, mas,
isso sim, durante toda a Idade Média11, como pudemos observar a partir de São Jerônimo,
Dhuoda e Rosvita. Portanto, pode-se questionar: no século XIII, o fato da insistência na
importância das mães no processo educacional de seus pequenos não foi devido, muito
mais à sua retirada paulatina desse processo – principalmente em relação às casas das altas
linhagens – do que à sua participação engajada?12 O culto à Maria não se desenvolveu
precisamente como uma das estratégias para relembrar às mães a sua tarefa social, a qual
não podia ser abandonada e que, naquele contexto passava por transformações evidentes?
Esses questionamentos nos remetem, novamente, às figuras de Pica e Hortolana, as
mães de Francisco e Clara. Nos escritos do Celanense Tomás, Pica, na Vida I, em especial,
aparece como tendo faltado com os seus deveres, com a sua responsabilidade educacional
para com Francisco; ainda que, como mostramos, na Vida II, o autor dê algum destaque à
virtude daquela mãe e à sua esperança de que Francisco ainda seria um homem de Deus.
Hortolana, ao contrário de Pica, é apresentada como o perfeito modelo de mãe, aquele
capaz de influenciar com palavras, atitudes e comportamentos e assim, gerar novas
mulheres santas, virtuosas, modelos para os cristãos. Desse modo, para Tomás de Celano,
11 Ainda na contemporaneidade o papel da mãe e sua influência na educação dos filhos é bastante lembrada. Em relação à educação para a vida religiosa, destacamos como exemplo uma pesquisa realizada por Carrier (1971 – data de publicação no Brasil) em 1966 envolvendo três mil seminaristas católicos, provenientes de oito instituições destinadas à formação do clero, de quatro países: Itália, França, Malta e Canadá. Para a pergunta sobre as pessoas que exerciam maior influência na vocação religiosa, as respostas apontaram em primeiro lugar os padres e, em segundo, as mães. O pai, em geral, não apareceu nas respostas; quando apareceu, ficou em terceiro ou em posições bem posteriores, mas nunca em primeiro ou segundo lugar. 12 Embora essa ausência não possa ser generalizada para todas as mulheres; como vimos, com base em Cremaschi (2009), a mãe de Clara não teria delegado a tarefa educacional a terceiros.
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Hortolana teria cumprido com satisfação seu papel materno, pois respondera de maneira
acertada e profunda às disposições modelares estabelecidas para as mulheres de sua
condição. Enquanto a mãe de Francisco teria semeado em terra infértil – mas que produziu
frutos devido à ação divina –, a mãe de Clara trabalhara em terra boa. Ou seja, as Fontes
analisadas destacam que a santidade de Francisco deveu-se à ação da graça divina; porque
o Senhor o olhou sua santidade pode ser concretizada. Clara, por sua vez, também se
tornara santa pela graça divina, mas, ao contrário de Francisco, sua santidade teria tido
uma participação profunda da educação recebida de sua mãe desde os seus mais tenros
anos.
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