O Silêncio de Deus
Cleusa M.S.Pádua
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Título de capítulo 1 ................................................................................................................................................... 8
Título de capítulo 2 ................................................................................................................................................. 11
Título de capítulo 3 ................................................................................................................................................. 17
Título de capítulo 4 ................................................................................................................................................. 24
Título de capítulo 5 ................................................................................................................................................. 44
O SILÊNCIO DE DEUS
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Dedico a Deus meu criador e a Jesus meu redentor
Graça e Paz da Parte de Deus
O SILÊNCIO DE DEUS
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Título de capítulo 1
1- Os descendentes de Abraão no Egito
O Deus glorioso apareceu a Abraão, estando ele ainda na Mesopotâmia, antes de morar
em Harã, e lhe disse: - Saia da sua terra e do meio dos seus parentes e vá para a terra
que eu lhe mostrarei.
"Então ele saiu da terra dos caldeus e se estabeleceu em Harã. Depois da morte de seu
pai, Deus o trouxe a esta terra, onde agora vivem o povo de Israel.
Deus não lhe deu nenhuma herança aqui, nem mesmo o espaço de um pé. Mas lhe
prometeu que ele e, depois dele, seus descendentes, possuiriam a terra, embora, naquele
tempo, Abraão não tivesse filhos.
Deus lhe falou desta forma: - Seus descendentes serão peregrinos numa terra estrangeira,
e serão escravizados e maltratados por quatrocentos anos.
Mas eu castigarei a nação a quem servirão como escravos, e depois sairão dali e me
adorarão neste lugar.
Abraão gerou Isaque e Isaque gerou Jacó, e este os doze patriarcas.
Os patriarcas, tendo inveja de José, venderam-no como escravo para o Egito. Mas Deus
estava com ele o libertou de todas as suas tribulações, dando a José favor e sabedoria
diante do faraó, rei do Egito; este o tornou governador do Egito e de todo o seu palácio.
Depois houve fome em todo o Egito e em Canaã, trazendo grande sofrimento, e os nossos
antepassados não encontravam alimento.
Ouvindo que havia trigo no Egito, Jacó enviou seus filhos em sua primeira viagem.
Na segunda viagem deles, José fez-se reconhecer por seus irmãos, e o faraó pôde
conhecer a família de José.
Depois disso, José mandou buscar seu pai, Jacó, e toda a sua família, que eram setenta
pessoas.
Todas as almas, pois, que procederam da coxa de Jacó, foram setenta almas; José,
porém, estava no Egito.
Este trecho está contido na palavra de Deus, e este foi o número de vidas que entraram no
Egito com Jacó. Quais sejam: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom, Benjamim,
Dã, Naftali, Gade e Aser. Cada um entrou com sua casa.
O SILÊNCIO DE DEUS
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José era então governador do Egito, e fez habitar seu pai e seus irmãos, e deu-lhes
possessão na terra do Egito, no melhor da terra, na terra de Ramessés, como Faraó
ordenara.
E José sustentou de pão a seu pai, e a seus irmãos, e a toda a casa de seu pai, segundo
as suas famílias.
Sendo, pois José falecido, e todos os seus irmãos, e toda aquela geração.
Ao se aproximar o tempo em que Deus cumpriria sua promessa a Abraão, aumentou muito
o número do povo no Egito.
Os filhos de Israel frutificaram e aumentaram muito e multiplicaram-se, e foram
fortalecidos grandemente de maneira que a terra se encheu deles.
Então outro rei, que nada sabia a respeito de José, passou a governar o Egito. O qual
disse ao seu povo: - Eis que o povo dos filhos de Israel é muito, e mais poderoso do que
nós.
Então usemos sabiamente para com ele, para que não se multiplique e aconteça que,
vindo a guerra, ele também se ajunte com os nossos inimigos, e peleje contra nós, e suba
da terra.
E puseram sobre eles maiorais de tributos para os afligirem com suas cargas. Porque
edificaram a Faraó cidades de tesouros.
Mas quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicava, e tanto mais crescia, de maneira
que se enfadava por causa dos filhos de Israel.
E os Egípcios faziam servir os filhos de Israel com dureza, assim lhe fizeram amargar a
vida com dura servidão.
Os Israelitas estavam vivendo o momento de silêncio de Deus, pois Deus ainda não havia
se manifestado a eles e também não havia levantado nenhum profeta para falar com eles
,e tão pouco sabiam da promessa feita a Abraão, que seriam os filhos da promessa. Eram
eles os descendentes de Abraão que iriam herdar a terra prometida, e Deus já havia
preparado tudo, existia um plano de libertação para eles e uma terra lhes esperando.
Faraó agiu traiçoeiramente para com o povo e oprimiu-os, obrigando-os a abandonar os
seus recém-nascidos, para que não sobrevivessem.
Aconteceu que Faraó ordenou as parteiras Sifrá e Puá que ao ajudar as hebréias no parto,
e as virdes sobre os assentos, se for filho, matai-o; mas se for filha, então viva.
As parteiras, porém temeram a Deus, e não fizeram como o rei do Egito lhes dissera, antes
conservavam os meninos com vida.
O SILÊNCIO DE DEUS
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Deus foi bondoso com as parteiras; e o povo ia se tornando ainda mais numeroso, cada
vez mais forte.
Um homem da tribo de Levi casou-se com uma mulher da mesma tribo, e ela engravidou e
deu à luz um filho. Vendo que era bonito, ela o escondeu por três meses.
Quando já não podia mais escondê-lo, pegou um cesto feito de junco e o vedou com piche
e betume. Colocou nele o menino e deixou o cesto entre os juncos, à margem do Nilo.
A irmã do menino ficou observando de longe para ver o que lhe aconteceria.
A filha do faraó descera ao Nilo para tomar banho. Enquanto isso, as suas servas
andavam pela margem do rio. Nisso viu o cesto entre os juncos e mandou sua criada
apanhá-lo. Ao abri-lo, viu um bebê chorando. Ficou com pena dele e disse: “Este menino é
dos hebreus”.
Então a irmã do menino aproximou-se e perguntou à filha do faraó: “A senhora quer que eu
vá chamar uma mulher dos hebreus para amamentar e criar o menino?”
“Quero”, respondeu ela. E a moça foi chamar a mãe do menino.
Então a filha do faraó disse à mulher: “Leve este menino e amamente-o para mim, e eu lhe
pagarei por isso”. A mulher levou o menino e o amamentou.
Tendo o menino crescido, ela o levou à filha do faraó, que o adotou e lhe deu o nome de
Moisés, dizendo: “Porque eu o tirei das águas”.
Pela providência de Deus, Moisés - filho de escravos hebreus - foi encontrado e adotado
pela princesa egípcia, a filha do Faraó, sendo criado no palácio real como príncipe dos
egípcios: "E Moisés era instruído em toda a sabedoria dos egípcios, e era poderoso em
palavras e obras”. Ao mesmo tempo, o Senhor determinou que Moisés deveria ser
ensinado em sua infância, pela sua própria mãe. Isto significa que, ele foi instruído na fé de
seus pais, embora sendo criado como um egípcio (Ex. 2:1-10).
O SILÊNCIO DE DEUS
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Título de capítulo 2 2.1. O Povo e a Política
O faraó do Egito era a figura de poder dominante na terra. Era tão incrivelmente poderoso
que se referia a si mesmo como um deus e ninguém estava inclinado ou era capaz de
questionar isso.
Hoje não é tão diferente, embora vivamos no estado Democrático de Direitos temos a
política como figura predominante na terra. Intitulam-se deuses e mudam o curso natural
das coisas, contrariando o que o criador determinou através da tábua da lei, qual seja: Os
dez Mandamentos bem como a palavra revelada aos profetas.
O faraó exercia sua autoridade e influência sobre todas as pessoas no Egito sem esforço.
Usava a estratégia de dividir e conquistar. Estabeleceu distinções de classes, dividiu o
povo em grupos e tribos e colocou-os uns contra os outros. Os judeus, os filhos de Israel,
estavam no nível mais baixo da sociedade egípcia. Eram os escravos e servos. A família
de Moisés era dos filhos de Israel.
O Egito na época era o superpoder conhecido do mundo. O poder supremo estava nas
mãos de uns poucos. O faraó e seus ministros de confiança administravam os assuntos
como se as vidas da população tivesse pouca ou nenhuma consequência. A situação
política era de algumas maneiras semelhantes ao mundo político do século 21. Em uma
época em que os jovens do mundo são usados como bucha de canhão para jogos políticos
e militares dos mais poderosos, a história de Moisés é particularmente pertinente.
Moisés nasceu em um ano no qual os filhos dos Filhos de Israel eram mortos no momento
em que nasciam. Imagine o temor que permeou cada aspecto da vida sob tais condições.
A gravidez não era um evento a ser celebrado e apreciado, mas uma fonte de temor e
insegurança.
O comportamento de sua mãe virtuosa. Imagine as condições sob as quais ela deu à luz:
temerosa, em silêncio, provavelmente envolta na escuridão.
A mãe de Moisés era uma mulher virtuosa e temente a Deus e, portanto, em sua hora de
necessidade voltou-se para Deus e Ele inspirou suas próximas ações.
A mãe de Moisés passou os últimos meses ocultando sua gravidez por temor de que sua
criança seria morta, agora enquanto ela prende a respiração Deus a inspira a jogá-la no
rio. Não em um córrego manso, mas no rio Nilo, um rio enorme e poderoso com uma forte
corrente.
O SILÊNCIO DE DEUS
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A irmã de Moisés observa com medo, quando alguém da casa do faraó remove a cesta do
rio. Moisés foi jogado no rio para escapar da morte certa e foi parar no palácio do faraó.
Com certeza era demais para uma mãe aguentar, entretanto, os eventos que se seguiram
demonstrarão que a promessa de Deus é verdadeira.
O bebê Moisés foi levado para o palácio de faraó.
Possivelmente contra seu melhor julgamento, o faraó aceitou a criança que era parte do
plano de Deus para derrubar a casa real. Deus colocou Moisés como filho real do Egito
provendo-lhe com o apoio humano mais forte na terra, que estava protegido pela pessoa
que tinha tentado matá-lo.
Miriã irmã de Moisés reuniu toda sua coragem e se apresentou oferecendo uma solução.
Disse que conhecia uma mulher que amamentaria o bebê com muito carinho. Por que o
casal real aceitaria o conselho de uma criança desconhecida, se não fosse para cumprir o
plano de Deus? A irmã de Moisés recebeu ordens de correr e buscar a mulher.
A mãe de Moisés estava em casa. Estava descansando ou chorando em silêncio? Não
sabemos, porem Deus a aliviou de seu tormento quando sua filha entrou correndo pela
casa sem fôlego relatando a história que tinha acontecido com Moisés. Mãe e filha não
perderam tempo retornando ao palácio. Quando Moisés foi entregue à sua verdadeira
mãe, acomodou-se imediatamente e começou a mamar.
Este comportamento nos dá várias lições que são relevantes mesmo hoje. Confie em
Deus!
O mundo parece estar fora do controle, mas com certeza Deus está no comando e no
momento certo irá agir.
2.2. A Fuga de Moisés
Certo dia, sendo Moisés já adulto da idade de 40 anos, foi ao lugar onde estavam os seus
irmãos e descobriu como era pesado o trabalho que realizavam. Viu também um egípcio
espancar um dos hebreus. Correu o olhar por todos os lados e, não vendo ninguém, matou
o egípcio em defesa do oprimido e o escondeu na areia.
Ele pensava que seus irmãos compreenderiam que Deus o estava usando para salvá-los,
mas eles não o compreenderam.
No dia seguinte, Moisés dirigiu-se a dois israelitas que estavam brigando, e tentou
reconciliá-los, dizendo: - Homens, vocês são irmãos; por que ferem um ao outro?
O SILÊNCIO DE DEUS
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Mas o homem que maltratava o outro empurrou Moisés e disse: - Quem o nomeou líder e
juiz sobre nós?
- Quer matar-me como matou o egípcio ontem?
Quando o faraó soube disso, procurou matar Moisés, mas este já havia fugido e foi morar
na terra de Midiã.
Moisés imediatamente deixou os limites da cidade. Não teve tempo de retornar para sua
casa e trocar suas roupas ou preparar provisões. Moisés avançou pelo deserto em direção
a Midiã, o país que ficava entre a Síria e Egito. Seu coração estava cheio de medo e ele
temia voltar-se e ver as autoridades lhe perseguindo. Caminhou e caminhou e quando
seus pés e pernas pareciam conduzidos, continuou caminhando. Seus sapatos se
desgastaram no deserto e a areia quente queimou as solas de seus pés. Moisés estava
exausto, com fome e sede e sangrando, mas forçou-se a continuar, até que chegou a um
poço.
A morte no deserto egípcio quente, seco e empoeirado seria o resultado provável da
jornada de Moisés. Cruzar o deserto inóspito, sem provisões e roupas inadequadas era
uma expedição fadada ao fracasso. Mais uma vez, a história de Moisés revela uma
verdade fundamental. Se um crente se submete totalmente à vontade de Deus, Ele o
proverá com fontes inimagináveis. Deus substituiu fraqueza por força e substituirá
fracasso por vitória.
Moisés chegou a salvo no oásis do deserto e o aroma da água e a sombra das árvores
devem ter parecido o paraíso na terra.
Moisés estava sobre o controle de Deus e quem sabe nem imaginava que a ajuda estava a
caminho.
Moisés, entretanto, não estava sozinho em seu recém-encontrado paraíso; o poço estava
cercado de pastores dando água a seus rebanhos.
O SILÊNCIO DE DEUS
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Moisés notou duas mulheres e seu rebanho de ovelhas. Estavam paradas um pouco mais
atrás, hesitantes em se aproximar do poço.
Moisés era um homem de honra. Embora estivesse exausto e desidratado, não pode
suportar ver as mulheres afastadas com medo de irem na direção do poço.
Moisés levou as ovelhas das mulheres para o poço, onde facilmente passou entre os
homens que já estavam lá.
Uma das duas mulheres retornou para Moisés. Conduzia-se com modéstia e timidez e
disse a Moisés: “Meu pai quer recompensá-lo por sua gentileza e o convida à nossa casa.”
Consequentemente, Moisés levantou-se e foi ver o homem idoso. Sentaram-se juntos e
Moisés relatou sua história.
Moísés foi morar com um sacerdote por nome Jetro, onde ficou morando como estrangeiro
e casou-se com uma de suas filha Zípora e teve dois filhos por nome Jérson e Elieser.
Como crentes não devemos nunca esquecer que Deus ouve nossas orações e súplicas e
responde. Nunca estamos sozinhos, assim como Moisés não estava sozinho enquanto
cruzava o deserto fugindo da única vida e terra que tinha conhecido.
Durante sua estada em Midiã, Moisés foi um pastor de ovelhas. Parece uma profissão
estranha, mas analisando de forma mais cuidadosa, podemos ver que os pastores de
ovelhas aprendem lições valiosas enquanto cuidam de seus rebanhos. Um pastor de
O SILÊNCIO DE DEUS
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ovelhas tem uma vida solitária e quieta; há tempo para reflexão e contemplação pessoal
sobre as maravilhas da vida.
Entretanto, ao mesmo tempo um pastor de ovelhas deve estar constantemente em alerta
para o perigo. As ovelhas em particular são animais fracos que exigem cuidados e
atenção constantes. Se uma única ovelha se desgarrar da proteção do rebanho, torna-se
presa fácil. Um pastor geralmente tem a função de proteger uma nação inteira e deve
estar alerta e ciente de qualquer perigo que ameace seus seguidores, especialmente os
fracos e oprimidos entre eles.
Muito tempo depois, morreu o rei do Egito. Os israelitas gemiam e clamavam debaixo da
escravidão; e o seu clamor subiu até Deus. Ouviu Deus o lamento deles e lembrou-se da
aliança que fizera com Abraão, Isaque e Jacó.
Amados a Bíblia fala que muito tempo depois, então o povo de Israel ficou sobre o silêncio
de Deus enquanto Deus estava agindo, senão vejamos:
Moíses tinha 40 anos de idade quando fugiu para o deserto
Entendemos então que além dos anos que antecederam o nascimento de Moisés,
passaram-se mais quarenta anos sob o silêncio de Deus.
Percebemos que é no silêncio que Deus trabalha, quando pensamos que não há solução,
não encontramos a porta de saída.
Deus olhou para os israelitas e viu a situação deles.
Passados quarenta anos, apareceu a Moisés um anjo nas labaredas de uma sarça em
chamas no deserto, perto do monte Sinai.
Vendo aquilo, ficou atônito. E, aproximando-se para observar, ouviu a voz do Senhor:
- Eu sou o Deus dos seus antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus
de Jacó. Moisés, tremendo de medo, não ousava olhar.
Então o Senhor lhe disse: - Tire as sandálias dos pés, porque o lugar em que você está é
terra santa.
- De fato tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egito. Ouvi seus gemidos e desci
para livrá-lo. Venha agora, e eu o enviarei de volta ao Egito.
Este é o mesmo Moisés que tinham rejeitado com estas palavras: -Quem o nomeou líder e
juiz?' Ele foi enviado pelo próprio Deus para ser líder e libertador deles, por meio do anjo
que lhe tinha aparecido na sarça.
Ele os tirou de lá, fazendo maravilhas e sinais no Egito, no mar Vermelho e no deserto
durante quarenta anos.
O SILÊNCIO DE DEUS
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Gerações de opressão tinham deixado uma marca indelével sobre os filhos de Israel. Anos
de humilhação e medo constante os tinham deixado ignorantes e obstinados. A maioria
deles tinha sido privada de confortos e luxos por todas as suas vidas. Ansiavam por
qualquer coisa que fosse um sinal de fortuna ou materialismo. Os filhos de Israel
acreditavam em Deus, tinham acabado de testemunhar os milagres e sinais mais
surpreendentes do poder de Deus, mas ainda assim cobiçavam um ídolo que viram em
sua jornada para fora do Egito.
Deus é misericordioso e perdoador. Depois de os filhos de Israel terem se purificado e
matado os idólatras entre eles, Deus aceitou seu arrependimento. Mesmo após sua
beligerância e teimosia contínua, os filhos de Israel mais uma vez sentiram o favor de Deus
sobre eles.
A condição humana está cheia de testes, tribulações e tremendas curvas de aprendizado.
A vida é cheia de surpresas. Entretanto, lembrar-se de Deus e empenhar-se para agradá-
Lo é a linha vital da humanidade.
O SILÊNCIO DE DEUS
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Título de capítulo n 3 3.1. Os descendentes de Benjamim em Gibeão e Jerusalém
Jeiel fundou a cidade de Gibeão e ficou morando ali. A sua mulher se chamava Maacá, e o
seu filho mais velho, Abdom. Os seus outros filhos foram: Zur, Quis, Baal, Ner, Nadabe,
Gedor, Aiô, Zequer e Miclote, o pai de Simeia. Os seus descendentes moravam em
Jerusalém, perto das outras famílias do seu grupo de famílias.
3.1.1 A família do rei Saul
Ner foi pai de Quis, e Quis foi pai do rei Saul. Saul foi pai de quatro filhos: Jônatas,
Malquisua, Abinadabe e Esbaal. Jônatas foi pai de Meribe-Baal, que foi pai de Mica.
Mica foi pai de quatro filhos: Pitom, Meleque, Tareia e Acaz. 36 Acaz foi pai de Jeoada, e
Jeoada foi pai de três filhos: Alemete, Azmavete e Zinri. Zinri foi pai de Mosa, Mosa foi pai
de Bineá, Bineá foi pai de Rafa, Rafa foi pai de Eleasa, e Eleasa foi pai de Azel.
Azel foi pai de seis filhos: Azricã, Bocru, Ismael, Searias, Obadias e Hanã. Eseque, o
irmão de Azel, foi pai de três filhos: Ulão, Jeús e Elifelete.
Os filhos de Ulão foram famosos soldados e atiradores de flechas. Ulão teve cento e
cinquenta filhos e netos. Todos estes foram membros da tribo de Benjamim.
3.1.2. Os que voltaram do cativeiro
O povo de Judá havia sido levado prisioneiro para a Babilônia como castigo pelos seus
pecados. Os primeiros que voltaram a morar nas suas propriedades e nas suas cidades
foram gente do povo, sacerdotes, levitas e servidores do Templo. Pessoas das tribos de
Judá, Benjamim, Efraim e Manassés foram morar em Jerusalém.
Moravam em Jerusalém os seguintes membros da tribo de Benjamim:
Salu, filho de Mesulã, neto de Hodavias e bisneto de Hassenuá; Ibneias, filho de Jeroão;
Elá, filho de Uzi e neto de Micri; Mesulã, filho de Sefatias, neto de Reuel e bisneto de
Ibnijas.
Novecentas e cinquenta e seis famílias da tribo de Benjamim moravam em Jerusalém.
Todos os homens cujos nomes estão escritos acima eram chefes de famílias.
O SILÊNCIO DE DEUS
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3.2. A aliança de Jônatas e Davi
Então disse o SENHOR a Samuel: Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado,
para que não reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite, e vem, enviar-te-ei a Jessé o
belemita; porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei.
E convidarás a Jessé ao sacrifício; e eu te farei saber o que hás de fazer, e ungir-me-ás a
quem eu te disser.
Fez, pois, Samuel o que dissera o Senhor, e veio a Belém; então os anciãos da cidade
saíram ao encontro, tremendo, e disseram: De paz é a tua vinda?
E disse ele: É de paz, vim sacrificar ao Senhor; santificai-vos, e vinde comigo ao sacrifício.
E santificou ele a Jessé e a seus filhos, e os convidou ao sacrifício.
fez passar Jessé a seus sete filhos diante de Samuel; porém Samuel disse a Jessé: O
Senhor não tem escolhido a estes.
Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os moços? E disse: Ainda falta o menor, que
está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, porquanto
não nos assentaremos até que ele venha aqui.
Então mandou chamá-lo e fê-lo entrar (e era ruivo e formoso de semblante e de boa
presença); e disse o Senhor: Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo.
Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele
dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e
voltou a Ramá.
E o Espírito do Senhor se retirou de Saul. atormentava-o um espírito mau da parte do
Senhor.
Então os criados de Saul lhe disseram: Eis que agora o espírito mau da parte de Deus te
atormenta;
Diga, pois, nosso senhor a seus servos, que estão na tua presença, que busquem um
homem que saiba tocar harpa, e será que, quando o espírito mau da parte de Deus vier
sobre ti, então ele tocará com a sua mão, e te acharás melhor.
Então disse Saul aos seus servos: Buscai-me, pois, um homem que toque bem, e trazei-
mo.
Então respondeu um dos moços, e disse: Eis que tenho visto a um filho de Jessé, o
belemita, que sabe tocar e é valente e vigoroso, e homem de guerra, e prudente em
palavras, e de gentil presença; o Senhor é com ele.
O SILÊNCIO DE DEUS
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E Saul enviou mensageiros a Jessé, dizendo: Envia-me Davi, teu filho, o que está com as
ovelhas.
Assim Davi veio a Saul, e esteve perante ele, e o amou muito, e foi seu pajem de armas.
Então Saul mandou dizer a Jessé: Deixa estar a Davi perante mim, pois achou graça em
meus olhos.
E sucedia que, quando o espírito mau da parte de Deus vinha sobre Saul, Davi tomava a
harpa, e a tocava com a sua mão; então Saul sentia alívio, e se achava melhor, e o espírito
mau se retirava dele.
Todos os soldados do rei Saul se acovardaram diante do gigante Golias, mas Davi aceitou
o desafio e matou o gigante e ficou famoso por isso, não voltou para a casa de seu pai e
Saul resolveu mandar Davi para frente de muitas batalhas e ele dava conta do recado, até
que Saul o pôs como chefe dos soldados de guerra.
Saul incumbiu Davi de diversas missões, e todas foram muito frutuosas. Colocou-o à frente
dos seus guerreiros, e ele ganhou a simpatia de todo o povo, inclusive dos servos do rei.
Tudo aparentemente parecia caminhar bem no reino de Saul, até o momento em que uma
cantiga nova começou a se espalhar por Israel.
As mulheres cantavam e dançavam na rua enquanto Saul desfilava em carro aberto, e ao
prestar atenção na letra o rei ficou muito indignado. Que música era essa?
_ Saul matou mil; Davi matou dez mil!
Saul irritou-se em extremo, e desagradou-lhe tal coisa. Dão dez mil a Davi, disse ele, e a
mim apenas mil! Só lhe falta a coroa!
Davi havia sido ungido rei de Israel quando era só um adolescente, ninguém sabia, nem
mesmo Saul, mas ali estava o novo rei ungido de Israel. Samuel manteve segredo sobre a
unção de Davi, porque temia Saul e não era ainda a hora de Deus levantá-lo sobre toda a
casa de Israel. Por causa da unção que só Deus, Davi, Samuel sabiam, a mão do Senhor
estava sobre ele e tudo o que ele fazia era bem sucedido, inclusive aos olhos de todo o
povo.
E a partir daquele dia, Saul olhou Davi com maus olhos e intentava matá-lo.
Saul estava preocupado em manter a sua posição e a sua monarquia, e por suas atitudes,
podemos concluir que não tinha nenhum interesse pelo reino de Deus e em fazer a
vontade de Deus. Suas atitudes demonstram sua imensa ambição.
Davi não era capaz de compreender os ciúmes que o motivavam, e queria saber se,
involuntariamente, ele havia ofendido Saul de alguma forma.
O SILÊNCIO DE DEUS
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E perseguido por Saul que intentava contra sua vida, Davi fugiu de Naiote, em Ramá, foi
falar com Jônatas e lhe perguntou: - O que foi que eu fiz? Qual é o meu crime? Qual foi o
pecado que cometi contra seu pai para que ele queira tirar a minha vida?
- Nem pense nisso, respondeu Jônatas; -você não será morto! Meu pai não fará coisa
alguma sem antes me avisar, quer importante quer não. Por que ele iria esconder isso de
mim? Não é nada disso!
Jônatas disse a Davi: "Eu farei o que você achar necessário".
Jônatas fez tudo que lhe era possível para ajudar Davi. Quando soube que seu pai estava
decidido a matar Davi, Jônatas intercedeu por ele diante do pai, mostrando-lhe que Davi
nada fizera para receber este tipo de tratamento. Entretanto Davi era uma ameaça para a
continuidade de seu reino. Jônatas era realmente amigo de Davi, ele o amava e por isso,
se preocupava com Davi.
Jônatas bem sabia que Davi era o ungido de Deus, e que mais cedo ou mais tarde o
Senhor o colocaria no trono de Israel.
Então Jônatas fez Davi prometer que usaria para com ele da bondade do Senhor e que
"nem tão pouco cortarás jamais da minha casa a tua bondade: nem ainda quando o
Senhor desarraigar da terra a todos os inimigos de Davi"
E disse: - “Se eu continuar vivo seja leal comigo, com a lealdade do Senhor; mas, se eu
morrer, jamais deixe de ser leal com a minha família, mesmo quando o Senhor eliminar da
face da terra todos os inimigos de Davi”.
Assim Jônatas fez uma aliança com a família de Davi, dizendo: "Que o Senhor chame os
inimigos de Davi para prestar contas”.
E Jônatas fez Davi reafirmar seu juramento de amizade, pois era seu amigo leal.
Davi e Jônatas se despediram com muitas lágrimas, pois eram grandes amigos.
3.3 . A morte do rei Saul
Os filisteus lutaram contra os israelitas no monte Gilboa. Muitos israelitas foram mortos ali,
e o resto fugiu. Entre os que fugiram estavam o rei Saul e os seus filhos. Mas os filisteus
os cercaram e mataram Jônatas, Abinadabe e Malquisua, filhos de Saul. A luta estava
feroz em volta de Saul, que foi atingido por flechas inimigas e ficou muito ferido. Então
disse ao rapaz que carregava as suas armas:
— Tire a sua espada e me mate para que esses filisteus pagãos não caçoem de mim.
O SILÊNCIO DE DEUS
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Mas o rapaz estava muito apavorado e não quis fazer isso. Então Saul pegou a sua própria
espada e se jogou sobre ela. Quando viu que Saul estava morto, o rapaz também se jogou
sobre a sua própria espada e morreu junto com ele. E assim Saul e os seus três filhos
morreram juntos, e nenhum dos seus descendentes se tornou rei. Quando os israelitas que
moravam no vale de Jezreel souberam que o exército de Israel havia fugido e que Saul e
os seus filhos tinham sido mortos, abandonaram as suas cidades e fugiram. Então os
filisteus foram e ocuparam aquelas cidades.
Um dia depois da batalha, quando os filisteus voltaram lá para tirar dos mortos as coisas
de valor, acharam os corpos de Saul e dos seus filhos caídos no monte Gilboa. Então
cortaram a cabeça de Saul e pegaram as armas dele. Depois mandaram mensageiros com
elas para o território filisteu a fim de darem as boas notícias aos seus ídolos e ao povo.
Eles puseram as armas dele num dos seus templos e penduraram a sua cabeça no templo
de Dagom, o deus deles. Quando o povo da cidade de Jabes, em Gileade, soube do que
os filisteus haviam feito com Saul, os seus moradores mais corajosos foram, pegaram os
corpos de Saul e dos seus filhos e os levaram para Jabes. Eles os sepultaram debaixo de
um carvalho e jejuaram sete dias.
Saul morreu assim porque foi infiel a Deus, o Senhor. Ele desobedeceu aos
mandamentos de Deus e consultou os espíritos dos mortos, em vez de consultar o Senhor.
Por isso, Deus o matou e entregou o reino a Davi, filho de Jessé.
3.2. O silêncio de Deus na vida de Mefibosete
"E Jônatas, filho de Saul, tinha um filho aleijado de ambos os pés; era da idade de cinco
anos quando as novas vieram de Jezreel que Saul e Jônatas haviam morrido e sua ama o
tomou, e fugiu; e sucedeu que, apressando-se ela a fugir, ele caiu, e ficou coxo; e o seu
nome era Mefibosete." 2 Samuel 4:4.
Quando a notícia da morte de Jônatas e Saul numa batalha chegou à cidade, a babá de
Mefibosete quis fugir desesperada, como todos estavam fazendo. Ninguém sabia qual
seria a sorte dos que ficassem, agora que o rei tinha morrido. Principalmente os parentes
do rei, que costumavam ser os primeiros a serem perseguidos quando um reino caía.
Na pressa, ela perdeu o equilíbrio e derrubou Mefibosete, o garoto de 5 anos de idade que
trazia no colo. Mefibosete quebrou os dois pés e, os ossos acabaram se unindo do jeito
que ficaram deixando Mefibosete incapacitado de andar. Pode imaginar a vida que teve
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 22 ]
esse menino, deficiente físico e fugindo durante anos, com medo de ser encontrado e
morto pelo novo rei. Mefibosete era um homem de linhagem real,neto do rei.
Foi levado para a terra de Gileade, onde encontrou refúgio na casa de Maquir, o filho de
Amiel, em Lo-Debar, por quem foi educado.
Agora, ele está órfão de pai e mãe. Perdeu a majestade, perdeu a saúde e vive escondido
em um humilde povoado na casa de um bom homem chamado Maquir, que foi quem o
amparou, adotando-o como filho.
Mefibosete certamente cresceu sem perspectivas,andava se arrastando, vivendo de
favores e em extrema pobreza, no anonimato.
Certamente não tinha conhecimento da amizade e da aliança firmada entre seu pai
Jônatas e o rei Davi.
Assim, Mefibosete aprendeu a conviver com o silêncio. O silêncio de Deus
Mas Deus o observava atentamente.
Davi passou a morar na fortaleza e chamou-a cidade de Davi. Construiu defesas na parte
interna da cidade desde os muros de arrimo e foi se tornando cada vez mais poderoso,
pois o Senhor Deus estava com ele.
Então Davi teve certeza de que o Senhor o confirmara como rei de Israel e que seu reino
estava prosperando por amor de seu povo Israel.
O rei Davi já morava em seu palácio e o Senhor lhe dera descanso de todos os seus
inimigos ao redor.
Jônatas mesmo sendo filho do rebelde Saul,alcançou o coração de Deus por ser um
homem justo e sua bondade alcançou seu filho.
Deus havia traçado um plano de libertação para mefibosete.
Passados anos, Certa ocasião Davi perguntou: "Resta ainda alguém da família de Saul, a
quem eu possa mostrar lealdade por causa de minha amizade com Jônatas? "
Então chamaram Ziba, um dos servos de Saul, para apresentar-se a Davi, e o rei lhe
perguntou: "Você é Ziba? " "Sou teu servo", respondeu ele.
Perguntou-lhe Davi: "Resta ainda alguém da família de Saul, a quem eu possa mostrar a
lealdade de Deus? " Respondeu Ziba: "Ainda há um filho de Jônatas, aleijado dos pés".
"Onde está ele? ", perguntou o rei. Ziba respondeu: "Na casa de Maquir, filho de Amiel, em
Lo-Debar".
Então o rei Davi mandou trazê-lo de Lo-Debar.
Quando Mefibosete, filho de Jônatas e neto de Saul, compareceu diante de Davi, prostrou-
se, rosto em terra. "Mefibosete? ", perguntou Davi. Ele respondeu: "Sim, sou teu servo".
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 23 ]
Não tenha medo", disse-lhe Davi, "pois é certo que eu tratarei com bondade por causa de
minha amizade com Jônatas, seu pai. Vou devolver-lhe todas as terras que pertenciam a
seu avô Saul; e você comerá sempre à minha mesa".
Mefibosete prostrou-se e disse: "Quem é o teu servo, para que te preocupes com um cão
morto como eu? "
Então o rei convocou Ziba e disse-lhe: “Devolvi ao neto de Saul, seu senhor, tudo o que
pertencia a ele e à família dele”.
Você, seus filhos e seus servos cultivarão a terra para ele. Você trará a colheita para que
haja provisões na casa do neto de seu senhor. “Mas, Mefibosete comerá sempre à minha
mesa”. Ziba tinha quinze filhos e vinte servos.
Então Ziba disse ao rei: "O teu servo fará tudo o que o rei, meu senhor, ordenou". Assim,
Mefibosete passou a comer à mesa de Davi como se fosse um dos seus filhos.
Mefibosete tinha um filho ainda jovem chamado Mica. E todos os que moravam na casa de
Ziba tornaram-se servos de Mefibosete.
Então Mefibosete foi morar em Jerusalém, pois passou a comer sempre à mesa do
rei. E era aleijado dos pés.
Aleijado não se sentava na mesa com um rei. Era a lei da época. Davi manda que
ele venha à sua presença. Na presença de Davi se coloca como servo, sendo príncipe. As
pessoas o excluia, mas Deus o exaltou através de um rei.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 24 ]
Título de capítulo n 4 4.1. 400 anos de silêncio de Deus
Entre a última profecia, que foi a de Malaquias, e o aparecimento de João Batista,
estendeu-se um período de 400 anos, conhecido como “período interbíblico”, que é a
época que separou os períodos da história do Antigo Testamento e do Novo Testamento.
Ao término do livro de Malaquias no “Antigo Testamento”, a nação de Israel está de volta
na terra da Palestina(Israel) após o cativeiro babilônico
Durante esse tempo houve completo silêncio da parte de Deus, não tendo enviado nenhum
profeta, mas o Senhor Deus continuou operando, conduzindo o mundo para que na
plenitude dos tempos se cumprisse a promessa.
Por volta de 435 aC, quando o profeta Malaquias terminou o seu escrito, o centro do poder
mundial começou a mudar de direcao partindo do Oriente para o Ocidente. Até este
momento, a Babilônia tinha sido a grande potência mundial, mas esta logo foi sucedido
pelo império médio-persa. Esta mudança tinha sido previsto pelo profeta Daniel, o urso
peludo, que significa a divisão entre Média e a Pérsia, sendo que os persas predominaram
(Dan. 7:5).
4.1. A Cultura Grega a partir de Alexandre o Magno e a Helenização de Judá
Alexandre, o Macedônio, filho de Filipe, já reinava na Grécia, quando saiu da terra dos
ceteus e derrotou a Dario, rei dos persas e dos medos.
Travou numerosas batalhas, conquistou muitas fortalezas e matou os reis da terra. Chegou
até os confins do mundo e apoderou-se dos despojos de uma multidão de nações.
A terra emudeceu diante dele. Seu coração se exaltou e ele se ensoberbeceu. Mobilizou
um exército poderosíssimo e subjugou os territórios e os soberanos das nações,
obrigando-os a lhe pagarem tributo.
Certo dia ficou doente e percebeu que ia morrer,chamou seus altos oficiais,
que tinham sido seus companheiros desde a juventude, e, ainda em vida, repartiu entre
eles o reino.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 25 ]
Alexandre reinou durante doze anos, e morreu. Seus oficiais assumiram o poder, cada um
no seu lugar.
Após a morte dele, todos cingiram o diadema, e depois deles os seus filhos, por muitos
anos. E os males se multiplicaram na terra.
Deles saiu aquela raiz de pecado, Antíoco Epífanes, filho do rei Antíoco, que estivera em
Roma como refém e que tornou-se rei no ano cento e trinta e sete do reino dos gregos.
Por aqueles dias, saíram de Israel homens iníquos, que persuadiam a muitos, dizendo:
“Vamos fazer aliança com as nações que estão ao nosso redor, por que, desde que nos
isolamos, muitos males nos aconteceram”.
Essa proposta parecia boa.
Alguns do povo resolveram ir ter com o rei, e este deu-lhes permissão para adotarem os
costumes das nações pagãs.
Construíram em Jerusalém um ginásio ao modo dos pagãos.
Disfarçaram a circuncisão e renegaram a aliança sagrada, ajuntando-se às nações e
vendendo-se para praticarem o mal.
Quando a seus olhos o reinado estava consolidado, Antíoco se propôs reinar também na
terra do Egito, pretendendo dominar nos dois reinos.
Invadiu o Egito com um exército imponente, com carros e elefantes, cavalaria e muitos
navios.
Travou combate contra Ptolomeu, rei do Egito, o qual ficou com medo de enfrentá-lo e
fugiu, deixando pelo chão muitos feridos.
Antíoco tomou as cidades fortificadas e saqueou as riquezas da terra do Egito.
Voltou então, depois de ter submetido o Egito no ano cento e quarenta e três, e subiu
contra Israel e Jerusalém com um possante exército.
Entrou no Santuário com arrogância e apoderou-se do altar de ouro e do candelabro com
os seus acessórios.
Também levou a mesa da apresentação dos pães, as vasilhas para as libações, os copos
e taças de ouro, o véu e as coroas, e toda a decoração de ouro que estava na fachada do
templo. Tudo ele saqueou.
Levou a prata e o ouro, os objetos de valor e mesmo os tesouros escondidos que pôde
encontrar.
Roubando tudo, voltou para a sua terra, depois de uma grande carnificina, e tendo
proferido palavras de extrema arrogância.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 26 ]
Houve grande luto em Israel, em todo o seu território.
Gemeram príncipes e anciãos, moças e jovens perderam o vigor, alterou-se a beleza das
mulheres. Todo esposo entoou lamentações, ficou de luto a que estava no leito nupcial.
A terra tremeu por causa dos seus habitantes e toda a casa de Jacó se cobriu de
vergonha.
Dois anos depois, o rei enviou às cidades de Judá o chefe dos impostos, o qual entrou em
Jerusalém com um grande exército.
Dirigiu aos habitantes falsas palavras de paz, e acreditaram nele. Foi quando caiu sobre a
cidade de repente, aplicando-lhe violento golpe e fazendo perecer muita gente em Israel.
Tomou os despojos da cidade, incendiou-a e destruiu suas casas e as muralhas ao redor.
Levaram prisioneiras mulheres e crianças, e apoderaram-se do gado.
Em seguida, reconstruíram a cidade de Davi com alta e sólida muralha e torres possantes,
tornando-a sua cidadela.
Nela instalaram uma gente perversa, homens iníquos, que aí se fortificaram.
Acumularam armas e víveres e, reunindo os despojos de Jerusalém, aí os depositaram.
Desse modo tornaram-se uma grande armadilha contra o povo de Deus.
Tornou-se aquilo uma emboscada para o Santuário, e um adversário maléfico para Israel
em todo o tempo.
Derramaram sangue inocente em redor do Santuário e macularam o lugar santo.
Fugiram por causa deles os habitantes de Jerusalém e a cidade tornou-se moradia de
estrangeiros. Sião tornou-se estranha à sua própria gente, e seus próprios filhos a
abandonaram.
Seu Santuário ficou desolado como um deserto, suas festas se transformaram em luto,
seus sábados em vergonha, e sua honra em nada.
Como fora grande a sua glória, multiplicou-se a sua ignomínia, e a sua exaltação se
converteu em luto.
Então o rei Antíoco publicou para todo o reino um edito, prescrevendo que todos os povos
formassem um único povo e que abandonassem suas leis particulares. Todos os gentios
se conformaram com essa ordem do rei, e muitos de Israel adotaram a sua religião,
sacrificando aos ídolos e violando o sábado.
No ano 168 a.C. na perseguição de Antíoco Epífanes ao povo de Deus o rei publicou um
edito exigindo que os judeus aceitassem os costumes dos outros povos e suspendessem
os holocaustos, os sacrifícios, violassem as festas e os sábados, profanassem o santuário,
erigissem altares, templos e ídolos, sacrificassem porcos e animais imundos, deixassem
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 27 ]
seus filhos incircuncidados e maculassem suas almas com toda sorte de impureza e
abominações.
Além disso, o rei mandou decretos por meio de mensageiros, a Jerusalém e às cidades de
Judá, para que adotassem as leis das nações da terra:
ficavam proibidos os holocaustos e sacrifícios e expiações no templo de Deus, e deviam
profanar os sábados e as festas,
e macular o Santuário e as pessoas consagradas.
Por outro lado, deviam levantar altares e templos e ídolos, e imolar porcos e outros
animais impuros.
Deviam também deixar seus filhos incircuncisos e profaná-los com todo tipo de
impureza e contaminação,
de modo que viessem a se esquecer da Lei e a mudar todas as observâncias.
E todo aquele que não agisse de acordo com a palavra do rei, seria morto.
Foi nesses termos que o rei Antíoco escreveu a todo o seu reino. Nomeou
inspetores para todo o povo, e ordenou às cidades de Judá que, uma após outra,
oferecessem sacrifícios.
Muitos do povo se uniram a eles, todos os que haviam abandonado a lei do Senhor
e praticaram o mal na terra.
Assim obrigaram Israel a se esconder e a permanecer em lugares de refúgio.
No dia quinze do mês de Casleu, do ano cento e quarenta e cinco, Antíoco levantou
sobre o altar dos holocaustos a abominação desoladora. Também pelas cidades de Judá
ao derredor ergueram-se altares, e queimavam incenso diante das portas das casas e nas
ruas.
Os livros da Lei que fossem descobertos, eles os rasgavam e lançavam ao fogo.
Onde quer que fosse encontrado um livro da Aliança, numa casa, ou se alguém estivesse
seguindo a Lei, o decreto do rei condenava-o à morte.
Como tivessem o poder, infligiam isto a Israel, a todos os que fossem descobertos, mês
por mês, nas várias cidades.
No dia vinte e cinco de cada mês ofereciam sacrifícios no altar que fora erguido sobre o
altar dos holocaustos.
As mulheres que haviam circuncidado seus filhos eram punidas de morte, segundo o
decreto, sendo seus filhinhos estrangulados, as casas destruídas, e mortos também os que
haviam praticado a circuncisão.
O SILÊNCIO DE DEUS
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Todavia, muitos em Israel permaneceram firmes, decididos intimamente a não
comerem nada impuro.
Preferiam morrer a se contaminar com esses alimentos, profanando a Aliança sagrada. De
fato, muitos morreram.
Assim, desencadeou-se uma ira terrível sobre Israel.
Neste mesmo ano 168 a.C. edificaram a abominação da desolação por sobre o altar do
Senhor (Dn 12:11). Trata-se de um pequeno altar construído por sobre o altar de
holocaustos e destinado ao culto idólatra.
11- “Depois de abolido o sacrifício diário e colocado o sacrilégio terrível, haverá mil e duzentos e
noventa dias.
12- Feliz aquele que esperar e alcançar o fim dos mil trezentos e trinta e cinco dias.” (Dn 12:11).
Antíoco Epífanes ocupou Jerusalém e perseguiu os judeus fiéis.
Naqueles dias surgiu Matatias, filho de João, filho de Simeão, sacerdote da descendência
de Joarib, o qual saiu de Jerusalém para estabelecer-se em Modin.
Ele tinha cinco filhos: João, cognominado Gadi;
Simão, chamado Tasi;
Judas, conhecido como o Macabeu;
Eleazar, chamado Auarã, e Jônatas, chamado Afus.
Vendo as blasfêmias que se cometiam em Judá e em Jerusalém,
Matatias disse: “Ai de mim! Para quê fui nascer, para ver a ruína do meu povo e a
destruição da cidade santa? Todos ficaram sem ação, enquanto ela era entregue às mãos
dos inimigos e o Santuário, às mãos dos estrangeiros!
Seu templo tornou-se como um homem desonrado; os adornos da sua glória foram
levados como presa de guerra; seus jovens, mortos pela espada dos inimigos!
Que nação não herdou parte do seu reino e não se apoderou dos seus despojos?
Todos os seus enfeites foram roubados; aquela que era livre, tornou-se escrava.
Vede: o nosso Santuário, nossa beleza e nosso orgulho. está devastado, profanado pelas
nações!
Para quê ainda viver?”
Matatias rasgou suas vestes, e seus filhos com ele. Cobriram-se com panos de saco e
choraram amargamente.
Os funcionários do rei, que vinham da parte dele para obrigar à apostasia, chegaram a
Modin para os sacrifícios, e muitos de Israel aderiram a eles. Matatias e seus filhos
também compareceram.
O SILÊNCIO DE DEUS
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Os que vieram da parte do rei disseram a Matatias: “Tu és um chefe ilustre e grande nesta
cidade, apoiado por filhos e parentes.
Toma, pois, a dianteira e cumpre a ordem do rei, como fizeram todas as nações e os
cidadãos de Judá e os que permaneceram em Jerusalém. Assim sereis contados, tu e teus
filhos, entre os amigos do rei, e sereis recompensados, tu e teus filhos, com ouro e prata e
numerosos presentes.
Matatias replicou, em voz alta: “Mesmo que todas as nações que moram nos domínios do
rei obedeçam à sua ordem, afastando-se cada uma da tradição de seus antepassados
para se conformarem às determinações do rei, eu, meus filhos e parentes continuaremos
fiéis à aliança dos nossos pais”.
Que o Senhor nos seja propício, para que não abandonemos a Lei e nossas tradições.
Não obedeceremos às ordens do rei, desviando-nos da nossa religião nem para a direita
nem para a esquerda.
Mal acabara ele de dizer essas palavras, um judeu adiantou-se, à vista de todos, para
sacrificar sobre o altar de Modin, segundo a ordem do rei.
Vendo isso, Matatias inflamou-se de zelo e tremeu de raiva: num impulso de ira santa,
avançou sobre o apóstata e trucidou-o sobre o altar.
Matou também o funcionário do rei, que obrigava a sacrificar, e destruiu o altar.
Agiu assim pelo zelo da Lei, como fez Finéias a Zambri, o filho de Salom.
Imediatamente Matatias saiu gritando pela cidade: “Todo aquele que tem o zelo da Lei e
quer permanecer na Aliança, saia daqui e me siga!”
Fugiu, então, ele e seus filhos, para as montanhas, deixando na cidade tudo o que
possuíam.
Houve então a revolta do sacertode judeu Matatias que agrupou um grande número de
homens fiéis e foi para as montanhas.
Muitos, que buscavam a justiça e o direito, desceram para o deserto e aí se
estabeleceram, eles, seus filhos, suas mulheres e seus rebanhos. Agravou-se o sofrimento
deles.
Foi denunciado, aos oficiais do rei e à guarnição que estava em Jerusalém, na cidade de
Davi, que alguns tinham rejeitado o decreto real e haviam descido para esconderijos no
deserto.
Muitos desses homens do rei correram atrás deles e os alcançaram. Acamparam junto
deles e prepararam-se para atacá-los em dia de sábado.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 30 ]
Disseram, pois, a eles: “Agora, basta! Saí, obedecei à ordem do rei, e tereis a vida salva!”
Os judeus responderam: “Não sairemos, nem tampouco obedeceremos à ordem do rei,
profanando o dia de sábado!”
Começou então o ataque.
Eles, porém, não reagiram, não atiraram uma única pedra, nem mesmo fecharam a
entrada dos seus esconderijos.
Disseram apenas: “Morramos todos em nossa integridade. O céu e a terra são
testemunhas de que nos matais injustamente!”
Assim mesmo, os homens do rei os atacaram naquele sábado. E eles morreram, com suas
mulheres, seus filhos e seus rebanhos, cerca de mil pessoas.
Quando souberam do que acontecera, Matatias e seus amigos choraram amargamente por
eles.
Comentaram, porém, entre si: “Se todos fizermos como fizeram os nossos irmãos, e não
lutarmos contra as nações por nossas vidas e por nossas tradições, eles em breve nos
eliminarão da face da terra”.
Tomaram, por isso, a seguinte decisão: “Se alguém vier atacar-nos em dia de sábado, nós
o enfrentaremos! Assim não morreremos todos, como morreram nossos irmãos em seus
esconderijos”.
Uniu- se então a eles o grupo dos hassideus, homens corajosos de Israel, todos apegados
à Lei.
Enfim, todos os que queriam escapar de tais males vieram unir-se a eles, reforçando o seu
movimento.
Assim organizaram um exército e começaram, na sua ira, a bater os pecadores e, no seu
furor, a golpear os ímpios. Os outros fugiram, procurando refúgio entre as nações.
Matatias e seus amigos fizeram incursões pelo país, destruindo os altares e circuncidando
à força os meninos incircuncisos que encontraram no território de Israel.
Assim perseguiram esses soberbos, e sua campanha começou a alcançar sucesso.
Defenderam a Lei diante da prepotência das nações e dos reis, e não deixaram os
pecadores levantar-se.
A perversidade de Antíoco Epífanes provocou a revolta dos Macabeus em 166 a.C., na
qual o sacerdote Matatias e seus filhos Judas Macabeu, Jônatas e Simão derrotaram os
sírios numa série de batalhas que asseguraram a independência da Judéia até 63 a.C.
No ano 63 a.C. o general romano Pompeu anexou Jerusalém ao Império Romano.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 31 ]
Entretanto, aproximava-se a morte de Matatias. Ele falou aos filhos: “Agora estão
prevalecendo a soberba e o castigo, é o tempo da ruína e da explosão da cólera.
Portanto, meus filhos, sede zelosos em cumprir a Lei e empenhai vossas vidas pela
Aliança dos vossos pais.
Lembrai-vos dos feitos dos nossos antepassados, do que eles fizeram em suas gerações,
e ganhareis glória imensa e renome eterno.
Acaso Abraão não foi fiel na prova e, por isso, considerado justo?
José, submetido à angústia, guardou o mandamento e tornou- se senhor do Egito!
Finéias, Quando Israel estava habitando em Sitim, o povo passou a fornicar com as filhas
de Moabe, que convidaram os filhos de Israel a juntarem-se a elas na adoração dos seus
deuses, como o Baal de Peor.
Deus comandou Moisés e os juízes de Israel que matassem todos que estavam adorando
Baal.
Quando um filho de Israel, Zimri, filho de Salu, príncipe dos simeonitas,trouxe um mulher
midianita,Cosbi, filha de Zur, chefe de uma casa de Midiã, e levou-a para sua tenda,Fineias
pegou uma lança, entrou na tenda, e atravessou os dois, pelo ventre, com a lança.
Com isto, cessou a praga que afligia o povo de Israel, que tinha matado vinte e quatro mil.
Deus disse a Moisés que Fineias apartou sua ira dos filhos de Israel, evitando que
ele os consumisse, e que ele, e sua semente, teriam sacedócio perpétuo, por ter sido
zeloso pelo seu Deus e ter feito expiação pelos filhos de Israel.15nosso pai, abrasado no
zelo de Deus, recebeu o testamento de um sacerdócio eterno.
Josué, cumprindo a palavra do Senhor, tornou-se juiz em Israel.
Caleb, dando testemunho na assembléia do povo, tomou parte na herança.
Davi, pela sua bondade, conseguiu o trono de rei para sempre.
Elias, cheio de zelo pela Lei, foi arrebatado para o céu.
Ananias, Asarias e Misael, por terem crido, foram libertados das chamas.
Daniel, pela sua integridade, foi libertado da boca dos leões.
E assim, repassando geração por geração, compreendei que jamais desfalecerão os que
esperam em Deus!
Não temais as ameaças dos pecadores, pois sua glória está no esterco e nos vermes:
hoje se exaltam e amanhã desaparecem, pois voltaram ao pó de onde vieram, e seu
projeto fracassará.
Meus filhos, sede fortes e agi valentemente segundo a Lei, pois nela sereis gloriosos!
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 32 ]
Aí está Simão, vosso irmão, que é um homem ponderado: obedecei sempre a ele, como a
vosso pai.
Judas Macabeu, valente desde moço, vai ser o vosso comandante: ele dirigirá a guerra do
povo.
Atraí, para vós, todos os cumpridores da Lei e assegurai a desforra do vosso povo.
Retribuí aos gentios aquilo que vos fizeram, observando sempre os preceitos da Lei”.
Depois de os ter abençoado, Matatias reuniu-se aos seus antepassados.
Em lugar de Matatias, surgiu Judas, chamado o Macabeu.
Deram-lhe apoio todos os seus irmãos e todos os que tinham ficado do lado de seu
pai, e que combatiam com entusiasmo por Israel.
Ele expandiu a glória do seu povo, revestiu a couraça como um gigante, empunhou suas
armas de guerra e travou combates, protegendo o acampamento com a sua espada.
Por suas façanhas parecia um leão, um filhote de leão rugindo sobre a presa.
Perseguia os ímpios que rastreava, e metia fogo nos que perturbavam o seu povo.
Escondiam-se os ímpios com medo dele, e todos os malfeitores foram tomados de pânico.
Por seu intermédio, a salvação foi levada a bom termo.
Causou dissabores a muitos reis; a Jacó, porém, alegrou com suas façanhas, e sua
memória será para sempre abençoada.
Ele passou pelas cidades de Judá, daí exterminando os injustos e afastando de Israel a ira.
Sua fama chegou até os confins da terra, porque ele reuniu os que estavam perecendo.
polônio mobilizou os gentios e um forte contingente da Samaria, para lutar contra Israel.
Informado disso, Judas saiu ao seu encontro, derrotou-o e o matou. Muitos caíram feridos,
e os sobreviventes fugiram.
Apoderando-se dos seus despojos, Judas ficou com a espada de Apolônio, e daí em diante
passou a lutar sempre com ela.
Entretanto, Seron, o chefe do exército da Síria, soube que Judas tinha reunido em torno de
si um grande número de homens fiéis, dispostos a sair para o combate, e disse: “Vou ficar
famoso e ganhar prestígio no reino, vencendo Judas e seus companheiros, que desprezam
a palavra do rei!”
Veio, pois, e com ele subiu um exército poderoso de ímpios, para ajudá-lo a tirar desforra
dos filhos de Israel.
Ele avançou até a subida de Bet-Horon, onde Judas foi enfrentá-lo com pouca gente.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 33 ]
À vista da multidão que vinha contra eles, disseram os homens de Judas: “Como
poderemos nós, tão poucos, lutar contra tamanha e tão aguerrida multidão? Ainda mais
que estamos hoje extenuados e em jejum!”
Respondeu Judas: “Não é difícil que muitos caiam nas mãos de poucos, pois não faz
diferença para o céu salvar com poucos ou salvar com muitos.
Pois a vitória na guerra não depende do tamanho do exército mas da força que vem do
céu.
Eles vêm contra nós transbordando de insolência e impiedade, para exterminar a nós,
nossas mulheres e nossos filhos, e levar tudo o que temos!
Nós, porém, lutamos para defender nossas vidas e nossas leis.
O próprio Senhor os esmagará diante de nós; não tenhais medo deles!”
Tendo terminado de falar, Judas atirou-se de improviso contra os inimigos. E Seron e seu
exército foram esmagados.
Os homens de Judas perseguiram-nos pela descida de Bet-Horon até a planície. Cerca de
oitocentos inimigos pereceram; os sobreviventes escaparam para a terra dos filisteus.
Então, Judas e seus irmãos começaram a ser temidos, e os gentios ao redor passaram a
ter medo deles.
Sua fama chegou até o rei, pois todas as nações comentavam as batalhas de Judas.
Ao ouvir esses comentários, Antíoco ficou furioso. Mandou reunir todas as forças do seu
reino, um exército poderosíssimo.
Abriu o seu tesouro, distribuiu um ano de soldo às tropas e ordenou-lhes que
ficassem de prontidão.
Percebeu, porém, que as reservas do tesouro terminavam e que os tributos da
região diminuíam, devido às dissensões e ruínas que ele mesmo provocara no país, ao
querer acabar com as leis antigas.
E ficou com medo de não ter mais recursos para seus gastos e doações, como acontecera
outras vezes, as doações que fazia antes com liberalidade, avantajando-se aos reis que o
haviam precedido.
Consternado profundamente, resolveu ir até a Pérsia, para recolher os tributos daquelas
províncias e reunir muito dinheiro.
Antes, porém, deixou Lísias, membro distinto da família real, à frente dos negócios do rei,
desde o rio Eufrates até a fronteira com o Egito.
Encarregou-o também de cuidar de seu filho Antíoco, até sua volta.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 34 ]
Confiou-lhe a metade das tropas e os elefantes, e deu-lhe instruções a respeito de tudo o
que havia decidido, especialmente quanto aos habitantes da Judéia e de Jerusalém.
Devia mandar um exército contra eles para esmagar e destruir as forças de Israel e o que
restava de Jerusalém, apagando do lugar a lembrança deles.
Devia também instalar estrangeiros como colonos em todo o seu território, dividindo o país
em lotes.
Levando a metade de suas tropas, o rei partiu de Antioquia, sua capital, no ano cento e
quarenta e sete. E, depois de cruzar o rio Eufrates, começou a percorrer as províncias do
planalto.
Lísias escolheu Ptolomeu, filho de Dorimenes, além de Nicanor e Górgias, homens
poderosos entre os amigos do rei.
Enviou com eles quarenta mil homens e sete mil cavaleiros, para invadirem o
território de Judá e devastá-lo, segundo a ordem do rei.
Puseram-se, pois, em marcha com todo esse exército e, aproximando-se, acamparam
perto de Emaús, na planície.
Quando os comerciantes da região souberam da notícia, muniram-se de ouro e prata em
grande quantidade, além de correntes, e vieram para o acampamento, a fim de comprar os
filhos de Israel como escravos. Ao exército de Górgias haviam-se juntado tropas provindas
da Síria e da região dos estrangeiros.
Judas e seus irmãos perceberam que a situação se agravava: exércitos estrangeiros
acampavam em seu território, e as ordens do rei eram para que se destruísse e se
exterminasse totalmente o povo.
Disseram uns aos outros: “Reergamos de sua ruína o nosso povo e combatamos por ele e
por nosso santuário”.
Convocada a assembléia, decidiram ficar preparados para a batalha e começaram a orar,
suplicando a Deus por piedade e compaixão.
Jerusalém estava despovoada, como um deserto: nenhum de seus filhos nela entrava ou
saía e o seu Santuário estava calcado aos pés. Estrangeiros ocupavam a cidadela, ali se
instalaram os gentios. Foi desterrado de Jacó todo o prazer, não se ouvia mais a flauta
nem a cítara…
Os judeus reuniram-se e foram para Masfa, perto de Jerusalém, onde havia outrora um
lugar de oração para Israel.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 35 ]
Jejuaram naquele dia, vestiram panos de saco e cobriram de cinza as cabeças e
rasgaram suas vestes.
Abriram o livro da Lei para consultá-lo, nele procurando o que os pagãos perguntavam às
imagens de seus ídolos.
Trouxeram também os paramentos sacerdotais, as primícias e os dízimos, e convocaram
os nazireus que haviam completado o prazo de seus votos.
E elevaram a voz até o céu, dizendo: “Que faremos da nossa gente e para onde a
levaremos?
Teu lugar santo foi calcado aos pés e profanado, teus sacerdotes jazem-no luto e na
humilhação…
Vê as nações coligadas contra nós, para fazer- nos desaparecer: tu bem sabes o que elas
planejam contra nós!
Como poderemos resistir contra elas, se não vieres em nossa ajuda?”
Em seguida, fizeram ressoar as trombetas e levantaram um grande clamor.
Então Judas designou os chefes do povo: os comandantes de mil, de cem, de cinqüenta e
de dez.
E disse aos que estavam construindo suas casas, ou que tinham casado recentemente ou
haviam plantado vinhas, e aos que estavam com medo, que voltassem para casa, segundo
o que permite a Lei.
Feito isto, levantaram o acampamento e se posicionaram ao sul de Emaús.
Disse então Judas: “Preparai-vos e sede corajosos. Estai prontos amanhã de manhã para
lutar contra essas nações que se reuniram contra nós para nos destruir, a nós e ao nosso
lugar santo.
É melhor para nós morrer na guerra do que ficar olhando a desgraça do nosso povo e do
nosso Santuário!
Como for a vontade divina no céu, assim será.”
Górgias tomou consigo cinco mil soldados de infantaria e mil cavaleiros escolhidos, e se
movimentaram à noite.
Queriam irromper no acampamento dos judeus e cair sobre eles de improviso. Os homens
da cidadela serviam-lhes de guias.
Judas o soube e partiu com seus valentes para atacar o exército do rei em Emaús,
enquanto os batalhões reais estavam ainda distantes do acampamento.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 36 ]
Quando Górgias chegou ao acampamento de Judas, de noite, não encontrou
ninguém. Começou a procurá-los pelas colinas, dizendo: “Estão fugindo de nós!”
Ao raiar do dia, Judas surgiu na planície com três mil homens, só que sem tantas
armaduras e espadas quantas gostaria de ter.
E divisaram o acampamento das nações, imponente, com soldados armados e a cavalaria
ao redor, e todos treinados para a guerra.
Mas Judas disse aos seus homens: “Não temais a sua multidão nem vos apavoreis com o
seu ataque!
Lembrai-vos como foram salvos os nossos pais no mar Vermelho, quando o Faraó os
perseguia com o seu exército.
Vamos gritar ao céu, para que Deus tenha compaixão de nós e se lembre da Aliança dos
nossos antepassados e esmague hoje este exército à nossa frente.
E todas as nações saberão que existe Alguém que resgata e liberta Israel!”
Levantando os olhos, os estrangeiros viram os judeus que vinham contra eles, e saíram do
acampamento para dar-lhes combate. As tropas de Judas fizeram soar a trombeta e
atacaram. Os estrangeiros foram derrotados e fugiram para o campo, mas os que
atrasaram caíram sob a espada. E perseguiram-nos até1Gazara e a planície da Iduméia,
de Azoto e de Jâmnia. E pereceram, dos inimigos, cerca de três mil.
Ao voltar, com seu exército, da perseguição aos inimigos, Judas disse ao povo: “Não
fiqueis cobiçando os despojos, pois outro combate nos espera: Górgias e seu exército
estão nas colinas, perto de nós! Ficai firmes contra estes nossos inimigos e derrotai-os.
Depois, recolhereis os despojos com segurança”.
Ele ainda falava, quando apareceu uma patrulha deles, espionando do alto da montanha.
E viram que seus companheiros tinham sido postos em fuga e haviam queimado o
acampamento: a fumaça, que ainda se via, dava a entender o que tinha acontecido.
Vendo isso, encheram-se de pavor. E quando viram o exército de Judas na planície,
preparado para o confronto,
fugiram todos para a região dos filisteus.
Então Judas voltou para saquear o acampamento: encontraram muito ouro e prata,
tecidos de púrpura roxa e de púrpura marinha, e outras grandes riquezas.
Voltando, cantavam hinos e bendiziam ao céu: “Porque Ele é bom, pois eterno é seu
amor!”
Foi grande a vitória que se alcançou em Israel naquele dia.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 37 ]
Os estrangeiros que conseguiram escapar vieram contar a Lísias tudo o que
acontecera.
Ao ouvir isso, ele ficou consternado e abatido, porque as coisas em Israel não
tinham ocorrido como esperava, e o resultado era o contrário do que lhe havia mandado o
rei.
No ano seguinte, Lísias recrutou sessenta mil soldados escolhidos e cinco mil cavaleiros,
para subjugar os judeus.
Eles foram para a Iduméia e acamparam em Betsur. Judas saiu para enfrentá-los
com dez mil homens.
Ao ver o exército inimigo tão poderoso, pôs-se a orar: “Tu és bendito, ó Salvador de Israel,
que derrotaste a força de um gigante pela mão do teu servo Davi, e entregaste o
acampamento dos filisteus nas mãos de Jônatas, filho de Saul, e a seu escudeiro.
Entrega, pois, este exército nas mãos de Israel, o teu povo, e que eles, com seus soldados
e cavaleiros, fiquem envergonhados.
Amedronta-os, e quebra a audácia da sua força, para que sejam abalados pela sua
derrota.
Derruba-os pela espada dos que te amam, para que te louvem, com hinos, todos os que
conhecem o teu Nome!”
Travaram, pois, a batalha, e cerca de cinco mil homens do exército de Lísias tombaram,
morrendo diante deles.
Quando Lísias viu a derrocada do seu exército e a intrepidez de Judas, cujos homens
estavam dispostos a viver ou morrer corajosamente, voltou para Antioquia e começou a
recrutar estrangeiros, com a intenção de voltar à Judéia com um exército ainda mais
numeroso.
Disse então Judas, junto com seus irmãos: “Nossos inimigos estão derrotados. Vamos
subir a Jerusalém, para purificar o lugar santo e restaurá-lo.
Todo o exército se reuniu e subiram para o monte Sião.
Aí viram o Santuário abandonado, o altar profanado, as portas incendiadas, o mato
crescendo nos átrios como num bosque ou na montanha, os aposentos dos sacerdotes,
destruídos.
Rasgaram suas vestes e choraram amargamente, cobrindo-se de cinza.
Prostrados por terra, começaram a gritar, ao som das trombetas, clamando ao céu.
Judas ordenou a alguns de seus homens que contivessem os que estavam na cidadela,
enquanto era purificado o templo.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 38 ]
Para esta função escolhera sacerdotes sem defeito, observantes da Lei,
os quais purificaram o lugar santo e removeram para um lugar impuro as pedras que o
profanavam.
Deliberaram também sobre o que fazer do altar dos holocaustos, que tinha sido profanado,
e tiveram a boa idéia de o demolir. Assim, ele não continuaria a ser motivo de desonra,
pelo fato de as nações o terem profanado. Demoliram, pois, o altar e deixaram as pedras
no monte do templo, em lugar conveniente, até que aparecesse o Profeta esperado, para
decidir sobre o que fazer com elas.
Tomaram então pedras inteiras, não talhadas, segundo a Lei, e construíram um altar novo,
segundo o modelo do anterior.
Restauraram o lugar santo e consagraram a parte interna do Santuário e os átrios.
Fabricaram novos utensílios sagrados e introduziram no templo o candelabro, o altar do
incenso e a mesa.
Acenderam o fogo sobre o altar, bem como as lâmpadas do candelabro, para que
iluminassem o templo.
Colocaram em ordem os pães sobre a mesa, penduraram as cortinas e deram por
terminados todos os trabalhos.
Antes do amanhecer, no dia vinte e cinco do nono mês, isto é, o mês de Casleu, do ano
cento e quarenta e oito, eles se levantaram para oferecerem o sacrifício, de acordo com a
Lei, sobre o novo altar dos holocaustos que tinham construído.
Exatamente na mesma época e no mesmo dia em que os gentios o haviam profanado, o
altar foi consagrado em meio a cânticos e cítaras e liras e címbalos.
Todo o povo prostrou-se por terra, em adoração, e fez subir para o céu os seus louvores,
para Aquele que lhes tinha concedido o sucesso.
Durante oito dias celebraram a dedicação do altar, oferecendo holocaustos com alegria e
sacrifícios de comunhão e de ação de graças.
Enfeitaram a fachada do templo com coroas de ouro e pequenos escudos, e consagraram
os portais bem como os aposentos, onde colocaram portas.
Foi muito grande a alegria do povo, tendo sido cancelado o opróbrio causado pelas
nações.
Então, Judas e seus irmãos, e toda a assembléia de Israel, determinaram que os dias da
dedicação do altar seriam anualmente celebrados, no seu devido tempo, pelo espaço de
oito dias, a partir do dia vinte e cinco do mês de Casleu, com júbilo e alegria.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 39 ]
Nessa ocasião, fortificaram o monte Sião com muralhas altas e torres bem fortes ao
seu redor, para impedir que as nações voltassem, como antes, a calcar aos pés esses
lugares.
Judas postou ali uma guarnição para defendê-lo, dando-lhe meios para guardar
também Betsur. Assim, o povo teria uma defesa diante da Iduméia.
4.2. O Agir de Deus
O rei Antíoco estava percorrendo as províncias do planalto, quando ouviu dizer que havia
na Pérsia uma cidade famosa pelas riquezas, pelo ouro e pela prata, chamada Elimaida.
Diziam que o templo nessa cidade era muito rico, e nela havia cortinas de ouro, armaduras
e escudos aí deixados por Alexandre, o Macedônio, filho de Filipe, que havia reinado antes
na Grécia.
Para lá se dirigiu Antíoco e procurou apoderar-se da cidade para saqueá-la, mas não o
conseguiu. Pois os habitantes de Elimaida haviam sabido do seu plano e opuseram-lhe
resistência, enfrentando-o em combate. Sendo obrigado a bater em retirada, partiu muito
contrariado, pretendendo voltar para Babilônia.
Ele estava ainda na Pérsia, quando vieram anunciar-lhe que tinham sido derrotadas as
tropas enviadas contra a Judéia.
E que Lísias, tendo logo rumado para lá com um poderoso exército, fora posto em
fuga diante dos judeus. E que estes se haviam reforçado com as armas, os recursos e os
despojos abundantes tomados dos exércitos que foram destroçando.
Eles haviam também derrubado a Abominação que ele erguera sobre o altar de
Jerusalém, e ainda haviam cingido de altas muralhas o seu lugar santo, como outrora,
fazendo o mesmo em Betsur, cidade do rei.
Ao ouvir tais notícias, Antíoco ficou apavorado e transtornado totalmente, caindo
sem forças em seu leito. Adoeceu de tristeza, por não terem sucedido as coisas conforme
tinha pensado.
Ficou aí por muitos dias, aumentando nele a tristeza, cada vez mais, até pensar que ia
morrer.
Chamou então todos os amigos e disse: “O sono fugiu de meus olhos, e meu
coração se acabrunha de tanta aflição.Vivo dizendo para mim mesmo: ‘A que grau de
aflição cheguei e em que medonha tempestade me vejo envolvido!’ E no entanto eu era
feliz e estimado quando tinha o poder nas mãos!.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 40 ]
Agora me lembro das maldades que cometi em Jerusalém, de onde roubei todos os
objetos de ouro e de prata que nela se encontravam, e mandei exterminar os habitantes de
Judá sem motivo.
Reconheço que é por isso que estas desgraças me atingiram, e agora morro com
tanta tristeza, numa terra estranha!”.
Chamou então Filipe, um de seus amigos, e colocou-o à frente de todo o seu reino.
Entregou-lhe o seu diadema, o manto e o anel, para que fosse buscar o seu filho
Antíoco, cuidasse da sua educação e o preparasse para ser rei.
E ali, nesse lugar, morreu o rei Antíoco, no ano cento e quarenta e nove.
Quando soube da morte do rei, Lísias proclamou como novo rei o jovem Antíoco, a quem
havia educado desde a infância, e deu-lhe o nome de Eupátor.
4.2.1 Aliança dos Judeus com os Romanos
Judas escolheu Eupólemo, filho de João, filho de Acor, e Jasão, filho de Eleazar, e os
enviou a Roma para firmarem com eles um pacto de amizade e colaboração.
Deviam pedir que os romanos lhes tirassem o jugo, pois viam que o reino dos
gregos estava reduzindo Israel à servidão.
Eles partiram, pois, para Roma. Depois de longa viagem, entraram no senado e assim
falaram:
“Judas Macabeu e seus irmãos e o povo dos judeus nos enviam a vós para firmarmos
convosco uma aliança de paz, e para sermos inscritos no rol dos vossos aliados e amigos”.
A proposta agradou aos senadores.
E este é o texto da carta que eles gravaram em placas de bronze e remeteram a
Jerusalém, para que aí fosse conservada, entre os judeus, como memorial de paz e de
aliança:
“Prosperidade aos romanos e à nação dos judeus, em terra e no mar, para sempre! Longe
deles a espada e o inimigo!
Se for declarada a guerra primeiro aos romanos ou a qualquer dos seus aliados em todos
os seus domínios, a nação dos judeus lhes trará auxílio de todo o coração, segundo as
exigências do momento.
Aos agressores eles não darão nem fornecerão trigo, armas, dinheiro, ou navios,
conforme tiver parecido bem a Roma, e cumprirão estas cláusulas sem nada receber.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 41 ]
Da mesma forma, porém, se a nação dos judeus for envolvida em guerra, os
romanos lhes darão ajuda de todo o coração, segundo as possibilidades do momento.
Aos agressores não se fornecerá trigo, nem armas, dinheiro, ou navios, conforme tiver
parecido bem a Roma; e eles guardarão estas cláusulas sem falsidade.
Foi nesses termos que os romanos fizeram aliança com o povo dos judeus.
Se, no futuro, uns e outros decidirem acrescentar ou suprimir alguma coisa, façam- no
livremente: o que for acrescentado, ou suprimido, será ratificado.
Quanto aos danos que o rei Demétrio causou, nós lhe escrevemos nestes termos: ‘Por que
fizeste pesar o teu jugo sobre os judeus, nossos amigos e aliados?
Se eles de novo nos procurarem para se queixar de ti, nós lhes faremos justiça e
combateremos contra ti, por mar e por terra!’”
Depois destas coisa Judas Macabeu foi sucumbido Jônatas e Simão, irmãos de Judas,
recolheram o seu corpo e o sepultaram no sepulcro da família, em Modin.
Todo o povo de Israel o lamentou e chorou profundamente, guardando luto por ele durante
muitos dias.
Não paravam de lamentar: “Como foi sucumbir o herói, aquele que salvava o povo de
Israel?”
Depois da morte de Judas, reapareceram os ímpios por todo o território de Israel, e
os que praticam a maldade reergueram a cabeça.
Por essa ocasião alastrou-se uma fome terrível, e a região entregou-se a eles,
aderindo a seu partido.
Por sua vez, Báquides escolheu homens ímpios para governarem o país.
Estes começaram a procurar e devassar os partidários de Judas, entregando-os a
Báquides, o qual se vingava deles e os cobria de escárnios.
Foi grande então a tribulação em Israel, como nunca houve desde o fim do tempo dos
profetas.
Reuniram-se então os partidários de Judas e disseram a Jônatas:
“Desde que teu irmão Judas morreu, não há mais alguém como ele, que lidere a luta
contra os inimigos, contra Báquides e todos os adversários de nossa nação.
Por isso te escolhemos hoje em lugar dele, para seres o nosso guia e chefe, e para levares
adiante a nossa luta”.
Jônatas, de fato, assumiu nesse tempo o comando, sucedendo a Judas, seu irmão.
Assim, a espada cessou de afligir Israel. Jônatas foi morar em Macmas, e ali começou a
governar o povo. E fez desaparecer os ímpios do meio de Israel.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 42 ]
4.2.2. Alexandre Balas nomeia Jônatas Sumo Sacerdote
No ano cento e sessenta, Alexandre Epífanes, filho de Antíoco, desembarcou em
Ptolemaida e a ocupou. Bem recebido, começou aí o seu reinado.
Ao saber disso, o rei Demétrio reuniu um enorme exército e partiu para enfrentá-lo.
Demétrio mandou também uma carta a Jônatas em termos cordiais, fazendo-lhe
grandes promessas.
Pois dizia consigo: “Apressemos-nos em firmar a paz com ele, antes que ele o faça
com Alexandre contra nós.
Pois Jônatas certamente se recorda de todos os males que causamos a ele e a seu
irmão e a todo o seu povo”.
Nessa carta dava-lhe autorização para recrutar um exército e fabricar armas, e a se
conduzir como seu aliado. Prometia também entregar-lhe os reféns que se encontravam na
cidadela.
Jônatas veio então a Jerusalém e leu a carta diante de todo o povo e daqueles que
se encontravam na cidadela.
Todos ficaram muito assustados ao ouvirem que o rei lhe dava autorização para
recrutar um exército.
Os que estavam na cidadela entregaram os reféns a Jônatas, e este os devolveu a
seus pais.
Jônatas passou a morar em Jerusalém, e começou a reconstruir e restaurar a
cidade.
Aos que estavam executando os trabalhos, ordenou que levantassem os muros ao
redor do monte Sião usando pedras quadradas para maior resistência, e eles assim o
fizeram.
Então os estrangeiros, que estavam nas fortalezas construídas por Báquides,
puseram-se em fuga.
Cada um abandonou o seu posto e foram- se embora, para sua terra.
Somente em Betsur permaneceram alguns dos que tinham abandonado a Lei e os
mandamentos: ali era o seu lugar de refúgio.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 43 ]
O rei Alexandre soube das promessas que Demétrio tinha feito a Jônatas.
Contaram-lhe também as batalhas e façanhas que Jônatas e seus irmãos tinham realizado
e os sofrimentos que tinham suportado.
Então comentou: “Onde encontraremos um homem igual a este? Vamos fazer dele
agora o nosso amigo e aliado!”
Escreveu-lhe, pois, uma carta, nestes termos:
“O rei Alexandre a seu irmão Jônatas, saudações.
Ouvimos, a teu respeito, que és um homem valente e corajoso, e que és digno de
ser nosso amigo.
Por isso te nomeamos hoje sumo sacerdote da tua nação e te concedemos o título de
amigo do rei, para que nos apóies em nossos objetivos e nos conserves a tua amizade.” E
mandou-lhe um manto de púrpura e uma coroa de ouro.
Jônatas revestiu-se com a túnica sagrada no sétimo mês do ano cento e sessenta,
na festa das Tendas. Enquanto isso ia recrutando soldados e fabricando muitas armas.
Libertados por Deus de graves perigos, o povo de Deus lhe rendeu grandiosas ações de
graças por terem podido enfrentar o rei.
Pois foi ele quem fez desaparecerem os que combateram contra a cidade santa.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 44 ]
Título de capítulo n 5 5.1. Passamos a entender a história
Por volta de um século depois da época de Neemias, o povo judeu ainda achava-se sob a
tutela da Pérsia. Os monarcas persas tratavam os judeus com especial tolerância,
permitindo-lhes adorar livremente a Deus, e observar a Lei de Moisés. Durante este
período, houve luta constante entre a Pérsia e o Egito. Judá, portanto, encontrava-se
"entre a bigorna e o martelo", e muito sofria com isso.
Alexandre Magno derrotou o exército medo-persa em 333 a.C., tornando a Macedônia na
maior potência de seu tempo. Ele estendeu seus domínios até o Egito, Ásia Menor,
Babilônia e Pérsia, alcançando inclusive o Norte da Índia. À semelhança dos persas, tratou
com tolerância aos judeus. Promoveu o florescimento do idioma e da cultura gregos, e
fundou diversas cidades, entre as quais Alexandria, no Egito. Alexandre morreu com a
idade de 33 anos, em 323 a.C.. Com ele, morreu também o seu império.
Depois da morte de Alexandre, seu império ficou sob o governo de quatro de seus
generais. A Síria coube a Seleuco; e, o Egito, a Ptolomeu. Por volta do ano 320 a.C.,
Ptolomeu I passou a dominar a Judéia. Sob essa dinastia, o povo judeu vivia
pacificamente. E, assim, a colonização judaica, no Egito, foi incentivada, resultando, entre
outras coisas, na tradução do Antigo Testamento para o grego - a Septuaginta.
Depois de haver permanecido como tributário do Egito por cerca de cem anos, a nação
judaica caiu sob o poder dos reis sírios no ano de 198 a.C. Embora estes monarcas hajam
inicialmente favorecido os judeus, Antíoco IV Epífanes (175-164 a.C.), encetou a
helenização de seus domínios, pois odiava a religião judaica. Antíoco destituiu o sumo
sacerdote, proibiu o sacrifício diário no templo, e, sobre o altar de Deus, erigiu ele um altar
a Zeus. Em 168 a.C., a profanação chegou ao clímax, quando predispôs-se a sacrificar um
porco sobre o altar. Como se não bastasse, vendeu milhares de famílias judias como
escravas.
Em 167 a.C., Deus suscitou um libertador na pessoa de Matatias. Este santo e resoluto
sacerdote era pai de três filhos que se destacariam com igual valor na história de Israel:
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 45 ]
Judas, Simão e Eleazar. Com seu exemplo e enérgicas exortações, logrou despertar nos
filhos e no povo o ardor pela defesa da fé. Judas destacou-se pelo gênio militar. Ganhou
muitas batalhas contra forças superiores, reconquistou Jerusalém, e promoveu a
purificação do templo com a restauração do culto a Jeová. E, assim, foi instituída a festa da
dedicação para comemorar a retomada da Cidade Santa e da Casa de Deus. Com a morte
dos filhos de Matatias, João Hircano, filho de Simão, 135-106 a.C., começou a sobressair-
se na administração da Judéia. E o país passa a desfrutar de sua legendária prosperidade.
O general Pompeu tomou Jerusalém, submeteu a nação judaica e instalou a Hircano II
Antípater no poder. Este soberano títere foi sucedido por seu filho, Herodes, o Grande.
Depois da batalha de Accio, em 31 a.C., Herodes, o Grande, levou César Augusto a
confirmá-lo no governo de toda a Palestina. Herodes tinha uma personalidade mui
polêmica. Embora fosse idumeu e possuísse uma alma pagã, esforçava-se por ganhar a
simpatia dos judeus. Para tanto, fortificou e embelezou Jerusalém, reconstruiu o templo e
ajudava regularmente ao povo. Todavia, era consumadamente cruel. Ordenou a morte do
pai, Hircano II, e de sua esposa, Mariane.
Herodes, o Grande, nasceu no ano de 73 a.C. e foi rei da Judéia entre 37 a.C. e 4 a.C. A
mãe de Herodes era de origem árabe, e o pai, um general talentoso, era edomita. Mesmo
tendo sido criado como judeu, Herodes era considerado um forasteiro por muitos dos seus
súditos e, nessa condição de semijudeu, não partilhou o prestígio social das poderosas e
antigas famílias de Jerusalém. Três anos após a morte do pai por envenenamento, em 43
a.C., Herodes foi atrás da ajuda dos romanos, pois os partos haviam invadido a Judéia e
uma facção macabéia rival aliou-se aos invasores, voltando-se contra ele. Depois de
escapar de Jerusalém com a família, Herodes derrotou os partos e seus aliados judeus,
viajando em seguida para Roma, onde o Senado, em reconhecimento à sua inabalável
lealdade, o nomeou rei da Judéia. Apesar do sucesso em muitas áreas, a vida privada de
Herodes era turbulenta: tinha dez esposas e mais de doze filhos, que formavam uma
família recheada de freqüentes conspirações, alimentando a paranóia e a crueldade do
monarca. Em 29 a.C., mesmo amando profundamente Mariana, durante um surto de
ciúme arquitetado por sua irmã Salomé, mandou executá-la, mergulhando em profunda
depressão e passando a chamar o nome dela como se quisesse tirá-la da sepultura.
É também apontado como o principal responsável pela morte de três de seus filhos. Herodes, o Grande, matou muitas pessoas, direta ou indiretamente. Não poupava esforços para tirar do seu caminho qualquer um que considerasse uma ameaça ao seu reino. Porém, o que marcou de forma profunda a vida desse tirano não foi o fato de ter mandado executar a sua inocente esposa por quem ardia de paixão, mas a matança de crianças até
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 46 ]
dois anos de idade, em Belém, determinada por ele, a fim de eliminar Aquele em quem a Profecia havia se cumprido e que seria proclamado Rei dos judeus e Salvador do mundo. Assim, considerando que o menino Jesus era um perigo para o seu reinado, não percebeu que havia mandado executar Aquele que não é apenas o Rei dos judeus, mas o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Por falta de temor a Deus, Herodes não entendeu que o Senhor Jesus Cristo não veio para roubar ninguém, mas para dar a vida eterna a todo aquele que Nele crê (Jo 3.16). Era este o Herodes que reinava na Judéia quando do nascimento de Jesus.
5.2. A providência de Deus e o triunfo do seu povo
Sucedeu, pois, nos dias de Acaz, filho de Jotão, filho de Uzias, rei de Judá, que Rezim, rei
da Síria, e Peca, filho de Remalias, rei de Israel, subiram a Jerusalém, para pelejarem
contra ela, mas nada puderam contra ela.
E deram aviso à casa de Davi, dizendo: A Síria fez aliança com Efraim. Então se moveu o
seu coração, e o coração do seu povo, como se movem as árvores do bosque com o
vento.
Então disse o Senhor a Isaías: Agora, tu e teu filho Sear-Jasube, saí ao encontro de Acaz,
ao fim do canal do tanque superior, no caminho do campo do lavandeiro.
E dize-lhe: Acautela-te, e aquieta-te; não temas, nem se desanime o teu coração por causa
destes dois pedaços de tições fumegantes; por causa do ardor da ira de Rezim, e da Síria,
e do filho de Remalias.
Porquanto a Síria teve contra ti maligno conselho, com Efraim, e com o filho de Remalias,
dizendo:
Vamos subir contra Judá, e molestemo-lo e repartamo-lo entre nós, e façamos reinar no
meio dele o filho de Tabeal.
Assim diz o Senhor DEUS: Isto não subsistirá, nem tampouco acontecerá.
Porém a cabeça da Síria será Damasco, e a cabeça de Damasco Rezim; e dentro de
sessenta e cinco anos Efraim será destruído, e deixará de ser povo.
Entretanto a cabeça de Efraim será Samaria, e a cabeça de Samaria o filho de Remalias;
se não o crerdes, certamente não haveis de permanecer.
E continuou o Senhor a falar com Acaz, dizendo:
Pede para ti ao Senhor teu Deus um sinal; pede-o, ou em baixo nas profundezas, ou em
cima nas alturas.
Acaz, porém, disse: Não pedirei, nem tentarei ao Senhor.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 47 ]
Então ele disse: Ouvi agora, ó casa de Davi: Pouco vos é afadigardes os homens, senão
que também afadigareis ao meu Deus?
Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à
luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel.
Passados alguns anos
Existiu, no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da ordem
de Abias, e cuja mulher era das filhas de Arão; e o seu nome era Isabel.
E eram ambos justos perante Deus, andando sem repreensão em todos os mandamentos
e preceitos do Senhor.
E não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e ambos eram avançados em idade.
E aconteceu que, exercendo ele o sacerdócio diante de Deus, na ordem da sua turma,
Segundo o costume sacerdotal, coube-lhe em sorte entrar no templo do Senhor para
oferecer o incenso.
E toda a multidão do povo estava fora, orando, à hora do incenso.
E um anjo do Senhor lhe apareceu, posto em pé, à direita do altar do incenso.
E Zacarias, vendo-o, turbou-se, e caiu temor sobre ele.
Mas o anjo lhe disse: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua
mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João.
E terás prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento,
Porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio
do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe.
E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus,
Disse então Zacarias ao anjo: Como saberei isto? pois eu já sou velho, e minha mulher
avançada em idade.
E, respondendo o anjo, disse-lhe: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui
enviado a falar-te e dar-te estas alegres novas.
E eis que ficarás mudo, e não poderás falar até ao dia em que estas coisas aconteçam;
porquanto não creste nas minhas palavras, que a seu tempo se hão de cumprir.
E o povo estava esperando a Zacarias, e maravilhava-se de que tanto se demorasse no
templo.
E, saindo ele, não lhes podia falar; e entenderam que tinha tido uma visão no templo. E
falava por acenos, e ficou mudo.
E sucedeu que, terminados os dias de seu ministério, voltou para sua casa.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 48 ]
E, depois daqueles dias, Isabel, sua mulher, concebeu, e por cinco meses se ocultou,
dizendo:
- Assim me fez o Senhor, nos dias em que atentou em mim, para destruir o meu opróbrio
entre os homens.
E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada
Nazaré,
A uma virgem desposada com um homem, cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome
da virgem era Maria.
E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita
és tu entre as mulheres.
E, vendo-o ela, turbou-se muito com aquelas palavras, e considerava que saudação seria
esta.
Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus.
E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus.
Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de
Davi, seu pai;
E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.
E disse Maria ao anjo: Como se fará isto, visto que não conheço homem algum?
E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do
Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer,
será chamado Filho de Deus.
E eis que também Isabel, tua prima, concebeu um filho em sua velhice; e é este o sexto
mês para aquela que era chamada estéril;
Porque para Deus nada é impossível.
Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra.
E o anjo ausentou-se dela.
Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la
secretamente.
E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José,
filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do
Espírito Santo;
E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos
seus pecados.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 49 ]
Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta,
que diz;
Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de
EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco.
E José, despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua
mulher;
E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus.
E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de
Judá,
E entrou em casa de Zacarias, e saudou a Isabel.
E aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e
Isabel foi cheia do Espírito Santo.
E exclamou com grande voz, e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do
teu ventre.
E de onde me provém isto a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?
Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de
alegria no meu ventre.
Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe
foram ditas.
Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor,
E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador;
Porque atentou na baixeza de sua serva; Pois eis que desde agora todas as gerações me
chamarão bem-aventurada,
Porque me fez grandes coisas o Poderoso; E santo é seu nome.
E a sua misericórdia é de geração em geração Sobre os que o temem.
Com o seu braço agiu valorosamente; Dissipou os soberbos no pensamento de seus
corações.
Depôs dos tronos os poderosos, E elevou os humildes.
Encheu de bens os famintos, E despediu vazios os ricos.
Auxiliou a Israel seu servo, Recordando-se da sua misericórdia;
Como falou a nossos pais, Para com Abraão e a sua posteridade, para sempre.
E Maria ficou com ela quase três meses, e depois voltou para sua casa.
E completou-se para Isabel o tempo de dar à luz, e teve um filho.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 50 ]
E os seus vizinhos e parentes ouviram que tinha Deus usado para com ela de grande
misericórdia, e alegraram-se com ela.
E aconteceu que, ao oitavo dia, vieram circuncidar o menino, e lhe chamavam Zacarias, o
nome de seu pai.
E, respondendo sua mãe, disse: Não, porém será chamado João.
E disseram-lhe: Ninguém há na tua parentela que se chame por este nome.
E perguntaram por acenos ao pai como queria que lhe chamassem.
E, pedindo ele uma tabuinha de escrever, escreveu, dizendo: O seu nome é João. E todos
se maravilharam.
E logo a boca se lhe abriu, e a língua se lhe soltou; e falava, louvando a Deus.
E veio temor sobre todos os seus vizinhos, e em todas as montanhas da Judéia foram
divulgadas todas estas coisas.
E todos os que as ouviam as conservavam em seus corações, dizendo: Quem será, pois,
este menino? E a mão do Senhor estava com ele.
E Zacarias, seu pai, foi cheio do Espírito Santo, e profetizou, dizendo:
Bendito o Senhor Deus de Israel, Porque visitou e remiu o seu povo,
E nos levantou uma salvação poderosa Na casa de Davi seu servo.
Como falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio do mundo;
Para nos livrar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam;
Para manifestar misericórdia a nossos pais, E lembrar-se da sua santa aliança,
E do juramento que jurou a Abraão nosso pai,
De conceder-nos que, Libertados da mão de nossos inimigos, o serviríamos sem temor,
Em santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida.
E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, Porque hás de ir ante a face do
Senhor, a preparar os seus caminhos;
Para dar ao seu povo conhecimento da salvação, Na remissão dos seus pecados;
Pelas entranhas da misericórdia do nosso Deus, Com que o oriente do alto nos visitou;
Para iluminar aos que estão assentados em trevas e na sombra da morte; A fim de dirigir
os nossos pés pelo caminho da paz.
E aconteceu naqueles dias que saiu um decreto da parte de César Augusto, para
que todo o mundo se alistasse(Este primeiro alistamento foi feito sendo Quirino presidente
da Síria).
E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 51 ]
E subiu também José da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi,
chamada Belém (porque era da casa e família de Davi),
A fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida.
E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz.
E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura,
porque não havia lugar para eles na estalagem.
E, tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos
vieram do oriente a Jerusalém,
Dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no
oriente, e viemos a adorá-lo.
E o rei Herodes, ouvindo isto, perturbou-se, e toda Jerusalém com ele.
E, congregados todos os príncipes dos sacerdotes, e os escribas do povo, perguntou-lhes
onde havia de nascer o Cristo.
E eles lhe disseram: Em Belém de Judéia; porque assim está escrito pelo profeta:
E tu, Belém, terra de Judá, De modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá; porque
de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo Israel.
Então Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exatamente deles acerca do
tempo em que a estrela lhes aparecera.
E, enviando-os a Belém, disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino e, quando o
achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore.
E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela, que tinham visto no oriente, ia
adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino.
E, vendo eles a estrela, regoziram-se muito com grande alegria.
E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram;
e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra.
E, sendo por divina revelação avisados num sonho para que não voltassem para junto de
Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho.
E, tendo eles se retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José num sonho, dizendo:
Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te
diga; porque Herodes há de procurar o menino para o matar.
E, levantando-se ele, tomou o menino e sua mãe, de noite, e foi para o Egito.
E esteve lá, até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do
Senhor pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 52 ]
Então Herodes, vendo que tinha sido iludido pelos magos, irritou-se muito, e mandou matar
todos os meninos que havia em Belém, e em todos os seus contornos, de dois anos para
baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos.
Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias, que diz:
Em Ramá se ouviu uma voz, Lamentação, choro e grande pranto: Raquel chorando os
seus filhos, E não quer ser consolada, porque já não existem.
Morto, porém, Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu num sonho a José no Egito,
Dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel; porque já
estão mortos os que procuravam a morte do menino.
Então ele se levantou, e tomou o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel.
E, ouvindo que Arquelau reinava na Judéia em lugar de Herodes, seu pai, receou ir para lá;
mas avisado num sonho, por divina revelação, foi para as partes da Galiléia.
E chegou, e habitou numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito
pelos profetas: Ele será chamado Nazareno.
E o menino crescia, e se robustecia em espírito. E esteve nos desertos até ao dia em que
havia de mostrar-se a Israel.
Ora, havia naquela mesma comarca pastores que estavam no campo, e guardavam,
durante as vigílias da noite, o seu rebanho.
E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor,
e tiveram grande temor.
E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que
será para todo o povo:
Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor.
E isto vos será por sinal: Achareis o menino envolto em panos, e deitado numa
manjedoura.
E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais,
louvando a Deus, e dizendo:
- Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens.
E aconteceu que, ausentando-se deles os anjos para o céu, disseram os pastores uns aos
outros: Vamos, pois, até Belém, e vejamos isso que aconteceu, e que o Senhor nos fez
saber.
E foram apressadamente, e acharam Maria, e José, e o menino deitado na manjedoura.
E, vendo-o, divulgaram a palavra que acerca do menino lhes fora dita;
E todos os que a ouviram se maravilharam do que os pastores lhes diziam.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 53 ]
Mas Maria guardava todas estas coisas, conferindo-as em seu coração.
E voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e
visto, como lhes havia sido dito.
E, quando os oito dias foram cumpridos, para circuncidar o menino, foi-lhe dado o nome de
Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido.
E, cumprindo-se os dias da purificação dela, segundo a lei de Moisés, o levaram a
Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor
(Segundo o que está escrito na lei do Senhor: Todo o macho primogênito será consagrado
ao Senhor);
E para darem a oferta segundo o disposto na lei do Senhor: Um par de rolas ou dois
pombinhos.
Havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem era justo e temente
a Deus, esperando a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele.
E fora-lhe revelado, pelo Espírito Santo, que ele não morreria antes de ter visto o Cristo do
Senhor.
E pelo Espírito foi ao templo e, quando os pais trouxeram o menino Jesus, para com ele
procederem segundo o uso da lei, ele, então, o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e
disse:
Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, Segundo a tua palavra;
Pois já os meus olhos viram a tua salvação,
A qual tu preparaste perante a face de todos os povos;
Luz para iluminar as nações, E para glória de teu povo Israel.
E José, e sua mãe, se maravilharam das coisas que dele se diziam.
E Simeão os abençoou, e disse a Maria, sua mãe: Eis que este é posto para queda e
elevação de muitos em Israel, e para sinal que é contraditado. (E uma espada traspassará
também a tua própria alma); para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.
E estava ali a profetisa Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Esta era já avançada em
idade, e tinha vivido com o marido sete anos, desde a sua virgindade;
E era viúva, de quase oitenta e quatro anos, e não se afastava do templo, servindo a Deus
em jejuns e orações, de noite e de dia.
E sobrevindo na mesma hora, ela dava graças a Deus, e falava dele a todos os que
esperavam a redenção em Jerusalém.
E, quando acabaram de cumprir tudo segundo a lei do Senhor, voltaram à Galiléia, para a
sua cidade de Nazaré.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 54 ]
E o menino crescia, e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus
estava sobre ele.
E, naqueles dias, apareceu João o Batista pregando no deserto da Judéia,
E dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse:Voz do que clama no
deserto:Preparai o caminho do Senhor,Endireitai as suas veredas.
E este João tinha as suas vestes de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno de
seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre.
Então ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão;
E eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.
E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus, que vinham ao seu batismo, dizia-lhes:
Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura?
Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento;
E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo
que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão.
E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não
produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.
E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após
mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará
com o Espírito Santo, e com fogo.
Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará
a palha com fogo que nunca se apagará.
Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele.
Mas João opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim?
Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir
toda a justiça. Então ele o permitiu.
E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o
Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele.
E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.
O SILÊNCIO DE DEUS
[ 55 ]
Amados,
Desde o ínicio Deus tem trabalhado arduamente para redenção do seu povo.
Povo que criou para estar com ele e o adorar, assim como os pais tem seus filhos ao seu
redor. Assim também o nosso pai e criador nos criou para estarmos ao seu redor.
Em todo o tempo Deus tem estado entre nós.
Todos os castigos aconteceram não para ruína, mas para correção do povo de Deus.
De fato, não deixar impunes por longo tempo os que agem impiamente, mas logo atingi-los
com castigos, é sinal de grande benevolência.
Pois não é como com as outras nações, que o Senhor espera com paciência para puni-las,
quando elas cheguem ao cúmulo dos seus pecados. Assim, conosco, ele decidiu castigar-
nos, sem esperar que nossos pecados chegassem ao extremo.
Por isso, jamais retirou de nós a sua misericórdia: ainda quando corrija com desventuras,
ele não abandona seu povo.
E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem
clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.
E João viu um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra
passaram, e o mar já não existe.
E não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira;
mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro.
Eii Psiu!
Quando Deus está falando, este é o momento em que está nos revelando o que irá fazer e
quando Deus está em silêncio alegre-se, Deus está colocando em prática o que nos
revelou.
FIM