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CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA

IBMR - LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

BRUNO MORENO SANTOS DIAS

O treinamento de força, aeróbico ou combinado como proposta de

influência no processo inflamatório, relacionado à obesidade

Rio de Janeiro

Novembro de 2017

BRUNO MORENO SANTOS DIAS

O treinamento de força, aeróbico ou combinado como proposta de

influência no processo inflamatório, relacionado à obesidade

Professor orientador: Prof. Msc. Bruno Ribeiro Ramalho Oliveira

Monografia apresentada ao IBMR - Laureate

International Universities como requisito parcial

para a obtenção do grau de Bacharel em Educação

Física

D541t

Dias, Bruno Moreno Santos.

O treinamento de força, aeróbico ou combinado: como proposta de influência

no processo inflamatório relacionado à obesidade. [manuscrito] / Bruno Moreno

Santos Dias. Rio de Janeiro. –2017.

41 f.

Monografia (graduação) – Centro Universitário Hermínio da Silveira, curso

de Educação física, Rio de Janeiro, 2017.

Orientador: Bruno Ribeiro Ramalho de Oliveira.

1. Obesidade e adipocinas. 2. Processo inflamatório e treinamento de resistência.

3. Processo inflamatório e treinamento aeróbico. 4. Processo inflamatório e

treinamento combinado. I. Oliveira, Bruno Ribeiro Ramalho de. (Orient.). II.

Centro Universitário Hermínio da Silveira. III. Título.

CDD: 796

BRUNO MORENO SANTOS DIAS

O treinamento de força, aeróbico ou combinado como proposta de

influência no processo inflamatório, relacionado à obesidade

Professor orientador: Prof. Msc. Bruno Ribeiro Ramalho Oliveira

Aprovado em ___ de _______ de 2017

Grau obtido ______

BANCA EXAMINADORA

Prof. Msc. Bruno Ribeiro Ramalho Oliveira

_____________________________________________

Prof. Msc. Carlos Eduardo Vicentini

____________________________________________

Monografia apresentada ao IBMR - Laureate

International Universities como requisito parcial

para a obtenção do grau de Bacharel em Educação

Física

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Msc. Bruno Ribeiro Ramalho Oliveira pela orientação e ajuda durante o processo de

elaboração desse trabalho de conclusão de curso.

Aos Prof. Msc. Bruno Ramalho Oliveira e Prof. Msc. Carlos Eduardo Vicentini, membros da

banca examinadora e professores do curso de graduação, muito obrigado por todos os

ensinamentos.

Aos demais professores do curso de Educação Física e de Fisioterapia pelo conhecimento

compartilhado.

A todos os demais colaboradores do Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação.

Aos meus amigos do Rio de Janeiro e da Bahia que sempre me enviaram energias positivas,

pra vocês eu mando aquele axé!.

Aos meus orientadores no estágio, Alexandre Rocha Aquino González e Marcello Monteiro

Barbosa, dois exemplos de grandes profissionais.

A minha tia Casta Maria Silva Santos, que me acolheu aqui no Rio de Janeiro, e me adotou e

me tratou como um filho.

A minha família, Cacilda Silva Santos (mãe), José Renato de Souza Dias (pai) e Mariana

Santos Dias (irmã), muito obrigado por acreditarem em mim.

RESUMO

Esse presente estudo de revisão sistemática teve como objetivo apresentar a obesidade como

uma doença inflamatória, bem como mostrar as adipocinas: IL-6, TNF-a, PCR e leptina como

agentes pró-inflamatórios, e a adiponectina como um agente anti-inflamatório. O presente

estudo também buscou verificar os efeitos exercício de resistência, nos agentes pró-

inflamatórios e anti-inflamatório, sendo o exercício de resistência como estratégia única, ou

comparado ao treinamento aeróbio, ou usado no treinamento combinado (resistência +

aeróbio), buscando na literatura científica evidências que pudessem comprovar a eficácia do

exercício de resistência como ferramenta não farmacológica no combate dos agentes pró-

inflamatório na obesidade. O estudo foi realizado com 165 indivíduas obesos e 33 com

excesso de peso, e dentre os 5 estudos selecionados para essa revisão sistemática 2 estudos

relataram efeito direto em pelo menos 1 dos agentes pró-inflamatórios, 2 estudos mostram

correlação positiva do exercício com a adiponectina, que é um importante agente anti-

inflamatório. Conclui-se nesse trabalho de revisão que o exercício de resistência + aeróbio

apresenta maior eficácia no combate ao estado inflamatório crônico de baixo grau em

indivíduos obesos/excesso de peso.

Palavras-chave: Obesidade e adipocinas, Processo inflamatório e treinamento de resistência,

Processo inflamatório e treinamento aeróbio, Processo inflamatório e treinamento combinado.

ABSTRACT

This present systematic review study aims to present obesity as an inflammatory disease, as

well as to show adipokines: IL-6, TNF-a, CRP and leptin as pro-inflammatory agents, and

adiponectin as an anti-inflammatory agent. The present study also sought to verify the effects

of resistance exercise in the pro-inflammatory and anti-inflammatory agents, being the

resistance exercise as a single strategy, or compared to aerobic training, or used in combined

training (resistance + aerobic),searching for scientific evidence that could prove the efficacy

of resistance exercise as a non-pharmacological tool in the fight against pro-inflammatory

agents in obesity. The study was carried out with 165 obese individuals and 33 with

overweight, and among the 5 studies selected for this systematic review 2 studies reported a

direct effect on at least 1 of the pro-inflammatory agents, 2 studies show a positive correlation

of exercise with adiponectin, which is an important anti-inflammatory agent. It is concluded

in this review that resistance exercise + aerobic is more effective in the fight against low-

grade chronic inflammatory state in obese / overweight individuals.

Key words: Obesity and adipokines, Inflammatory process and resistance training,

Inflammatory process and aerobic training, Inflammatory process and combined training.

LISTA DE TABELAS

Fluxograma.................................................................................................................28

Tabela 1- Artigo 1…………………………………………………………………........29

Tabela 2- Artigo 2…………………………………………………………………........30

Tabela 3- Artigo 3.......................................................................................................31

Tabela 4- Artigo 4.......................................................................................................32

Tabela 5- Artigo5........................................................................................................33

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

0H: Hora 0

1RM: Uma repetição máxima

3H: Hora 3

24H: Hora 24

48H: Hora 48

AT: Aerobic training ( Treinamento aeróbio)

AT+RT: Aerobic training + Resistance training (Treinamento aeróbio + Treinamento

de resistência)

AIT: Aerobic interval training (Treinamento intervalado aeróbio)

DM-2: Diabetes mellitus tipo 2

DCV: Doenças cardiovarculares

DPOC: Doenças pulmonares obstrutivas crônicas

ERE: Eccentric resistance exercise (Treinamento de resistência excêntrica)

EXS: Excesso de peso sem treinamento

EXT: Excesso de peso com treinamento

FCmax: Frequência cardíaca máxima

HR: High responders (Alta resposta)

IL-1: Interleucina 1

IL-6: Interleucina 6

IL8: Interleucina 8

IL- 10 Interleucina 10

LDL : Lipoproteína de baixa densidade

IMC: Índice de massa corporal

MCP-1: Proteína químio atraente de monócito

MRNA: Ácido nucleico mensageiro

NR: Normal responders ( Respondentes normais)

NRT: Nolinear resistance training (Treinamento de resistência não linear)

OMS: Organização Mundial de Saúde (World health organization)

PAI: Fator inibidor do plasminogênio

PCR: Proteína C reativa

PN: Peso Normal

POF: Pesquisa do orçamento familiar

RI: Resistência a insulina

SM: Síndrome metabólica

TAB: Tecido adiposo branco

TAM: Tecido Adiposo marrom

TNF-a: Fator de necrose tumoral alfa

VO2MAX: Volume máximo de oxigênio

VS: Versus

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................10

2 OBJETIVOS ......................................................................................................12

2.1 Geral.....................................................................................................................12

2.2 Específico.............................................................................................................12

3 DESENVOLVIMENTO.............................................................................................13

3.1 Obesidade..............................................................................................................13

3.1.1 Tecido adiposo...................................................................................................14

3.1.2 Processo inflamatório.........................................................................................15

3.1.3. Marcadores inflamatórios ou adipocinas...........................................................16

3.1.3.1 Leptina.............................................................................................................16

3.1.3.2 Adiponectina....................................................................................................17

3.1.3.3 Fator de necrose tumoral alfa...........................................................................17

3.1.3.4 Interleucina-6....................................................................................................18

3.1.3.5 Proteína C reativa.............................................................................................18

3.2 Efeitos do exercício sobre a inflamação..................................................................19

3.3 Efeitos anti-inflamatórios do treinamento de força.................................................21

4 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................26

4.1 Base de dados.........................................................................................................26

4.2 Critérios de inclusão................................................................................................26

4.3 Critérios de exclusão...............................................................................................27

4.4 Estratégia de busca..................................................................................................27

5 RESULTADOS........................................................................................................28

6 DISCUSSÃO............................................................................................................34

7 CONCLUSÃO..........................................................................................................38

REFERÊNCIAS..............................................................................................................

10

1. INTRODUÇÃO

Uma vez que a obesidade está sendo considerada uma pandemia, e que acontece por

diversos fatores e complicações, e possui no processo inflamatório sistêmico um imenso

“dificultador” de perda e controle de peso, o presente estudo tem por justificativa tentar

contribuir com a literatura científica procurando apresentar os efeitos do processo

inflamatório causado pela fagocitose do tecido adiposo branco por parte dos macrófagos e

mastócitos.

O presente estudo terá como questão norteadora, questionar se o treinamento de força como

intervenção única, comparado com treinamento aeróbio ou até o mesmo o treinamento

combinado, são capazes de diminuir o estado inflamatório sistêmico de baixo grau, assim

diminuindo os fatores pró- inflamatórios na obesidade.

A obesidade é o acúmulo irregular de gordura corpórea, capaz de induzir efeitos danosos a

saúde (OMS, 2005).

Em dias atuais, a obesidade chegou a um nível de pandemia, sendo considerada um

problema de saúde pública, por estar associada ao aumento do risco de doenças

cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2 (DM-2), hipertensão arterial, dislipidemia, doença

hepática e alguns tipos de cânceres (FRANCISQUELI; NASCIMENTO; CORRÊA, 2015).

Ao longo de muito tempo, pensava-se que o tecido adiposo era somente o principal local de

acumulação para o excedente calórico consumido. Durante as últimas décadas, dados

experimentais têm salientado sobre a biologia e bioquímica do tecido adiposo

(FRANCISQUELI; NASCIMENTO; CORRÊA, 2015).

O tecido adiposo é um órgão metabolicamente ativo, que tem função endócrina, e que é

capaz de produzir compostos biologicamente ativos que regulam a homeostase metabólica

(FRANCISQUELI; NASCIMENTO; CORRÊA, 2015)

.

11

Investigadores perceberam há algum tempo, que o processo inflamatório causado pelo stress

metabólico é diferente da inflamação comum mais conhecida que apresenta: dor, calor, rubor

e inchaço. No caso da obesidade, o processo inflamatório possui natureza diferente, o que

desencadeia a inflamação é o acúmulo anormal de nutrientes, que se manifesta aumentando o

tamanho do adipócito (hipertrofia), e sua quantidade (hiperplasia) (FRANCISQUELI;

NASCIMENTO; CORRÊA, 2015)

A inflamação é sugerida como um fator chave na resistência a insulina (RI). A inflamação

crônica de baixo grau, é refletida pelo aumento da concentração de proteína C reativa (PCR),

aumentando os níveis sistêmicos de algumas citocinas pró-inflamatórias. Vários relatórios

com diferentes grupos populacionais confirmam uma associação entre a inflamação sistêmica

de baixo grau, a síndrome metabólica(SM), o DM-2 e a aterosclerose (PETERSEN;

PEDERSEN, 2005).

Pesquisas recentes apontam que, o exercício físico aumenta os níveis sistêmicos de uma

série de citocinas com propriedades anti-inflamatórias. Discute-se então a possibilidade de

que o exercício físico exerça uma propriedade de anti-inflamação, e assim ser capaz de

proteger o indivíduo contra distúrbios médicos crônicos associados com o baixo grau de

inflamação sistêmica (PETERSEN; PEDERSEN, 2005)

O exercício regular oferece proteção contra a mortalidade por várias causas. Principalmente

por oferecer proteção contra aterosclerose, DM-2, câncer de cólon e câncer de mama. Além

de que, o treinamento físico é efetivo no tratamento de pacientes com doença cardíaca

isquêmica, insuficiência cardíaca, DM-2 e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)

(PETERSEN; PEDERSEN, 2005).

O treinamento de força tem parecido ser efetivo na redução do PCR em indivíduos obesos e

adultos mais velhos. Além disso, as mulheres podem ser mais sensíveis aos efeitos do

treinamento de força em adiponectina, leptina e PCR (SALLES et al., 2010).

12

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Realizar uma revisão sistemática sobre o papel do treinamento de força como intervenção

única, ou comparado ao treinamento aeróbio ou até o mesmo o treinamento combinado nos

fatores pró-inflamatórios na obesidade.

2.2. Objetivo específico

Observar o papel do treinamento de força sobre as substâncias pró-inflamatórias como a

interleucina-6(IL-6), o fator de necrose tumoral alpha (TNF-a); a proteína C reativa(PCR) e

leptina em indivíduos obesos sem diferenciação de gênero e idade.

Verificar aumento dos níveis de adiponectina como fator anti-inflamatório.

13

3. DESENVOLVIMENTO

3.1. Obesidade

A obesidade é entendida como o conglomerado exagerado de gordura corporal. Para se ter a

diagnose em adultos, o preceito mais normalmente utilizado é o Índice de Massa Corporal

(IMC) (OMS, 2005).

O IMC é aferido dividindo-se o peso pela altura elevada ao quadrado. É o modelo mais

adotado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que descreve o peso normal quando o

resultado da apuração do IMC está entre 18,5 e 49,9. Para determinar obesidade no indivíduo,

o IMC deverá estar acima de 30 (OMS, 2005).

A obesidade é fator de risco para muitos outros distúrbios. O indivíduo obeso está mais

suscetível a desenvolver complicações como hipertensão, doenças cardiovascular (DCV),

DM-2, entre outras. A obesidade possui diversas causas, e o excesso de peso pode ter relação

com a herança genética da pessoa, hábitos alimentares ruins, sedentarismo e até por desordens

metabólicas (OMS, 2005).

O quantitativo de pessoas obesas praticamente dobrou no Mundo desde 1980, sendo que 1,4

bilhão de indivíduos se apresentaram acima do peso em 2008. No Brasil, a quantidade de

pessoas com excesso de peso cresceu de 42,7%, em 2006, para 48,5%, em 2011; nesse mesmo

intervalo de tempo, o percentual de obesos elevou-se de 11,4% para 15,8%

(FRANCISQUELI; NASCIMENTO; CORRÊA, 2015).

O agravante de exagero de peso não atinge somente os adultos. Segundo a OMS, em 2011,

mais de 40 milhões de crianças com idade inferior a 5 anos se encontravam acima do peso. É

considerável que se destaque, que 30 milhões dessas crianças habitam em áreas urbanas de

Países de baixa e média renda. Isso mostra que o inconveniente não é exclusividade de Países

mais desenvolvidos. Essa circunstância também pode ser observada no Brasil, no qual em

2009, uma em cada três crianças apresentavam sobrepeso, com 40,3% dos meninos e 38% das

meninas estando acima do peso, revelando que o problema está iniciando cada vez mais cedo

(FRANCISQUELI; NASCIMENTO; CORRÊA, 2015).

14

A explicação principal da obesidade é o desacordo energético entre as calorias ingeridas e as

calorias gastas. No mundo todo verifica-se uma diminuição da prática de atividade física e um

crescimento no consumo de alimentos de alta taxa energética, abundantes em açúcar e

gordura. Nos Estados Unidos por exemplo estima-se que nos últimos 100 anos a ingestão de

gordura e açúcar aumentou 67% e 64% respectivamente: em contrapartida, a ingestão de

verduras e legumes declinou 26%, e o de fibras, 18%. No Brasil também observa-se uma

mudança nutricional, na qual informações da Pesquisa do Orçamento Familiar(POF) de 2008-

09 revelam que em comparação com os resultados referentes à POF de 2002-03, o grupo de

alimentos preparados e misturas industriais tiveram um crescimento anual domiciliar

percapita de (37%), pulando de 2,65kg para 3,51kg (FRANCISQUELI; NASCIMENTO;

CORRÊA, 2015).

3.1.1. Tecido adiposo

Ao longo de muito tempo, pensava-se que o tecido adiposo era somente o principal local de

acumulação para o excedente calórico consumido. Durante as últimas décadas, dados

experimentais têm salientado sobre a biologia e bioquímica do tecido adiposo. Esse tecido não

é mais entendido como um tecido inerte que somente estoca gordura. O tecido adiposo é um

órgão ativo metabolicamente, que não é somente o principal local de acumulação para o

excedente energético, ele também possui função endócrina, sendo capaz de produzir uma

série de substâncias ativas biologicamente que ajustam a homeostase metabólica

(FRANCISQUELI; NASCIMENTO; CORRÊA, 2015).

O tecido adiposo nos mamíferos, se divide em Tecido Adiposo Branco (TAB) e Tecido

Adiposo Marrom (TAM). O TAM é mais vascularizado e se mostra predominantemente como

um termorregulador, aparecendo basicamente em fetos e recém-nascidos (MIRAGLIA; de

MELLO, 2012).

O TAB, por meio dos seus adipócitos secreta elementos bioativos como proteínas e

peptídeos de atuação local ou sistêmica, esses elementos são chamados de adipocinas. Cada

adipócito secreta quantidades mínimas desses elementos, entretanto por ser um dos maiores

órgãos do corpo humano, a produção de adipocinas causam um grande impacto nas funções

do corpo (MIRAGLIA; de MELLO, 2012).

15

O TAB não é constituído somente por adipócitos, também é constituído por outros tipos de

células chamadas de fração de estroma vascular, incluindo as células sanguíneas, células

endoteliais, pericitos, células precursoras adiposas, células do sistema imunológico e outras

mais (FRANCISQUELI; NASCIMENTO; CORRÊA, 2015).

Além das adipocinas produzidas pelo TAB: leptina, resistina e adiponectina, o TAB

também produz citocinas como interleucina-6 (IL-6), fator de necrose tumoral alfa (TNF-a),

proteína quimio atraente de monócito (MCP-1), fator inibidor do plasminogênio (PAI-1),

todas essas substâncias são secretadas pelo tecido adiposo que colaboram com a resistência a

RI, principalmente através do depósito de gordura na região do abdome. Devido a esses

fatores o tecido adiposo vem sendo reconhecido como um órgão fundamental de uma

intricada rede, que contribui para a regulação de uma série de funções biológicas como

controlar o apetite, o gasto calórico, a sensibilidade periférica à insulina, a capacidade

oxidativa, a absorção de lipídeos em tecidos não adiposos como o coração, fígado, células

beta pancreáticas e músculo esquelético. A gordura visceral desempenha uma função

importante na gênese das DCV, pois as citocinas inflamatórias são secretadas no organismo

pela veia porta, atingindo rapidamente o fígado e acelerando o processo inflamatório

(FRANCISQUELI; NASCIMENTO; CORRÊA, 2015; MIRAGLIA; de MELLO, 2012).

3.1.2. Processo inflamatório

Investigadores já perceberam há algum tempo, que o processo inflamatório causado pelo

stress metabólico é diferente da inflamação comum mais conhecida que apresenta: dor, calor,

rubor e inchaço. No caso da obesidade, o processo inflamatório possui natureza diferente, o

que desencadeia a inflamação é o acúmulo anormal de nutrientes, que se manifesta

aumentando o tamanho do adipócito (hipertrofia), e sua quantidade (hiperplasia). Essa

adipogênese implica na distinção de pré-adipócitos em adipócitos maduros, os quais

produzem adipocinas que em companhia podem ter efeitos autócrinos, parácrinos e

endócrinos. Por tanto, o estado inflamatório que assalta pessoas obesas é chamado de

inflamação metabólica ou metainflamação. Todo esse processo perturba o funcionamento do

tecido adiposo e vários dos seus mecanismos, determinando, então um tecido disfuncional.

No meio das características dessa disfunção, a massa de gordura apresentará transformações

em sua composição celular, como por exemplo uma adição no quantitativo de células

inflamatórias. O engajamento dessas células acontece por atividade das citocinas

quimiotáticas, como MCP-1 e interleucina-8(IL-8), que são secretadas pelos adipócitos. Uma

16

vez que introduzidos no tecido adiposo nas etapas mais avançadas da obesidade, os

macrófagos atuam no processo inflamatório por sintetizarem mais citocinas

(FRANCISQUELI; NASCIMENTO; CORRÊA, 2015).

Os termos adipocitocinas e adipocinas são utilizados e muitas vezes se embaralham na

literatura. Todas as duas são proteínas ou peptídeos produzidos pelo tecido adiposo.

Adipocitocinas, como TNF-a e IL-6 operam como citocinas reagindo com aumento na sua

liberação ao excesso de peso. Desta forma, o termo que aparenta ser mais coerente como

referência é adipocina, pois abrange todas as proteínas e peptídeos liberados pelos adipócitos

não importando sua função (MIRAGLIA; de MELLO, 2012).

A leptina e adiponectina são as adipocinas mais numerosas produzidas pelo TAB, tendo

participação no metabolismo dos lipídeos e carboidratos e ajustando os processos

metabólicos. Outras adipocinas são o TNF-a, IL-6 e interleucina-1(IL-1) (MIRAGLIA; de

MELLO, 2012)

3.1.3. Marcadores inflamatórios e adipocinas

3.1.3.1. Leptina

A leptina é um hormônio polipeptídeo com 167 aminoácidos do tecido adiposo que atua em

feedback, ajustando o apetite e o volume dos adipócitos por meio de procedimentos

hipotalâmicos, regulando a ingestão alimentar e a taxa metabólica basal. Aumentados níveis

de leptina inibem o apetite, a não ser que exista uma resistência a ela. A equivalência de

leptina livre e ligada é subordinada ao IMC, a quantidade de gordura corporal e aos níveis

incipientes de leptina. As pessoas obesas exibiriam uma diminuição no quantitativo de

receptores de leptina, provocando uma resistência à sua atuação periférica e esclarecendo o

aumento de peso. Os fatores ambientais como o consumo de alimentos e atividade física,

também aparentam estar atrelados a sensibilidade à leptina (MIRAGLIA; de MELLO, 2012).

17

3.1.3.2. Adiponectina

A adiponectina é uma proteína secretada unicamente pelo tecido adiposo e perde tamanho a

medida que o tecido adiposo aumenta, apresentando efeito antiaterogênico, inibindo a

aglutinação de monócitos ao endotélio vascular. Comprovações disponíveis sugerem que

pessoas que exibem concentrações circulantes aumentadas dessa proteína estão menos

suscetíveis ao DM-2, quando contrastados com indivíduos com concentrações diminuídas.

São efeitos vasculares; 1) atividade antiateroesclerótico; 2) diminuição da expressão do TNF-

a e redução desta adipocina sobre a resposta inflamatória do endotélio; 3) repressão dos

efeitos das lipoproteínas de baixa densidade oxidadas; e 4) repressão de migração e

alastramento de células endoteliais. Alterações dietéticas, objetivando diminuir a RI,

aumentam a expressão gênica da adiponectina, assim como seu conteúdo circulante

(MIRAGLIA; de MELLO, 2012).

Muitos estudos tem examinado a associação entre adiponectinas e marcadores inflamáveis

em diversas populações. O feedback anti-inflamatório da adiponectina aparenta ser mediado

por outras citocinas pró-inflamatórias como a IL-6, o TNF-a e a PCR (MIRAGLIA; de

MELLO, 2012).

3.1.3.3. Fator de necrose tumoral alfa

O TNF-a é uma citocina com atuação autócrina, parácrina e endócrina sintetizado pelo

tecido adiposo, associado a processos metabólicos e processos crônicos metabólicos de

inflamação, podendo suprimir a proliferação de células tumorais e provocar a apoptose

celular. O TNF-a atua nos adipócitos controlando o acúmulo de gordura corporal, através da

supressão da lipogênese e aumentando a lipólise (MIRAGLIA; de MELLO, 2012).

Constatações científicas têm apontado correlação positiva entre TNF-a e os componentes da

síndrome metabólica (SM), visto que ele predispõe à redução significativa dos transportadores

de glicose e à hipertrigliceridemia, por estimular à síntese de lipoproteínas de muito baixa

densidade, prejudicando a estrutura dos receptores de insulina. Existem ainda constatações de

que o aumento da expressão gênica do TNF-a, assim como sua elevada taxa plasmática, tem

potencial até de modificar a liberação de outras adipocinas, como a adiponctina, contribuindo

para a instigação da obesidade (MIRAGLIA; de MELLO, 2012).

18

3.1.3.4 Interleucina-6

A IL-6 é uma citocina pró-inflamatória liberada por células endoteliais, células musculares

lisas, monócitos e macrófagos, que agem na evolução da hiperinsulinemia na SM. A IL-6

ainda pode coadjuvar com a promoção da leão aterosclerótica devido ao seu efeito endócrino,

autócrino e parácrino (MIRAGLIA; de MELLO, 2012).

A IL-6 tem sua aglutinação equivalente ao ajuntamento de tecido adiposo e seu

posicionamento preponderante é a região do abdome. O tecido adiposo sintetiza por volta de

três vezes mais IL-6 do que o tecido adiposo subcutâneo. O contento plasmático de IL-6

exprime convergência positiva com o crescimento da superfície corporal, e é antagônica à

sensibilidade à insulina. Essa proteína possui a capacidade de diminuir a lipase proteica,

instigar a produção de triacilglicerol hepático, auxiliando com o aumento dos ácidos graxos

livres e a hipertrigliceridamia relacionada à obesidade visceral (MIRAGLIA; de MELLO,

2012).

3.1.3.5 Proteína C reativa (PCR)

A PCR é uma proteína de estágio agudo sintetizada no fígado em replicação às citocinas

inflamatórias, principalmente o TNF-a, a IL-6 e a IL-1. A PCR é apontada como um

biomarcador do processo aterosclerótico, e também colabora com a patogênese da

aterosclerose (MIRAGLIA; de MELLO, 2012).

Estudos epidemiológicos contemporâneos vêm mostrando que sóbrias marjorações nas

concentrações de PCR, ainda dentro da faixa de referência, possuem o poder de prever o

aparecimento de DCV e DM-2. Nos últimos anos, um pequeno número de estudos vem

atrelando a obesidade e a PCR, principalmente em adultos, pelo fato de a PCR ainda ser

questionada se é um subproduto, ou está diretamente ligada a fisiopatologia de doenças

crônicas. Durante a infância, a prevalência de doenças crônicas é menor, devido a esse fato, a

ligação entre esse marcador inflamatório e a obesidade até então é pouco conhecido

(MIRAGLIA; de MELLO, 2012).

19

3.2. Efeitos do exercício sobre a inflamação

A aplicação de mudanças de estilo de vida, tais como restrição calórica e exercício regular,

tem sido defendido firmemente para o tratamento da obesidade e seus efeitos metabólicos de

inflamação crônica. A Restrição calórica é um bom tratamento para a inflamação na

obesidade, contudo, a perda de peso pode torna-se menos eficaz como uma intervenção anti-

inflamatória a longo prazo. O exercício regular poderia potencialmente regular os hormônios

metabólicos, independente dos seus efeitos na adiposidade, pode ser importante para o

tratamento da inflamação e condições relacionadas com a obesidade, como a SM (YOU et al.,

2013).

Resultados de vários estudos transversais indicam relações inversamente proporcionais

entre atividade física ou aptidão aeróbica e níveis de inflamação em homens e mulheres,

crianças e adultos e indivíduos adultos saudáveis e doentes. Os resultados mais consistentes

são para PCR do que para outros biomarcadores como TNF-a e IL-6. A associação entre

atividade física ou aptidão aeróbica e biomarcadores inflamatório é independente de

adiposidade, tabagismo, diabetes, drogas anti-inflamatórias e terapia de reposição hormonal.

Além disso, as conclusões de vários estudos prospectivos também suportam um efeito anti-

inflamatório da atividade física ou aptidão aeróbica (YOU et al., 2013).

No entanto, é notável que outros estudos relatem resultados insignificantes para a atividade

física ou aptidão aeróbica em relação a inflamação crônica. Estas discrepâncias como os

resultados podem ser os diferentes status de obesidade, atividade física e níveis de aptidão

física ou uma alta proporção de biomarcadores inflamatórios fora do intervalo de

concentrações (YOU et al., 2013).

O exercício aeróbio tem sido uma intervenção amplamente utilizada no tratamento da

inflamação crônica na obesidade. Recentemente vários estudos controlados e randomizados

suportam que o treinamento também é eficaz na redução da inflamação crônica em indivíduos

saudáveis e doentes. Os efeitos do treinamento de exercício físico na redução da obesidade e

inflamação crônica podem ter vários caminhos. Efeitos na produção de mediadores

inflamatórios de várias fontes incluindo o tecido muscular, tecido adiposo, células endoteliais

e células imunes inertes (YOU et al., 2013).

20

O efeito do exercício na inflamação do tecido adiposo tem sido analizada em vários estudos

em humanos. Alguns estudos relataram que o exercício crônico reduziu a expressão de

citocinas pró-inflamatórias e aumentou as anti-inflamatórias. No entanto deve-se destacar que

estes estudos não foram randomizados e controlados, foi somente coletado tecido adiposo

subcutâneo, enquanto que o tecido adiposo visceral é mais importante que o tecido

subcutâneo para a inflamação crônica (YOU et al., 2013).

Crescentes evidências suportam a existência de uma relação direta entre os níveis físicos e s

inflamação crônica. Em indivíduos obesos, o tratamento da inflamação crônica com

exercícios aeróbicos e/ou de resistência, tem mostrado resultados animadores. Embora muitos

estudos relatam que o treinamento de exercícios físicos, sem perda de peso tem efeitos

mínimos na redução da inflamação, existem vários fatores que podem influenciar como o

exercício afeta a inflamação crônica, como a linha basal da obesidade e saúde, status da

obesidade, tipo de doença, duração do exercício e exercício conformidade. Além disso, o

treinamento pode reduzir a inflamação e reduzir a produção de citocinas inflamatórias, células

endoteliais e células imunes inatas (YOU et al., 2013).

Estudos futuros são necessários para definir melhor os efeitos da dose-resposta dos

exercícios sobre os aspectos específicos da inflamação em cascata, como por exemplo:

iniciação, promoção, amplificação e sinalização. E para investigar o tecido celular e os

mecanismos pelo qual o exercício reduz a inflamação crônica e sistêmica em indivíduos

obesos (YOU et al., 2013)

A inflamação é proposta como uma condição muito importante na RI. A inflamação crônica

de grau leve, é circunspecta pelo aumento do acúmulo de PCR, aumentando os atatus

sistêmicos de variadas citocinas pró-inflamatórias. Diversas avaliações com diversos grupos

populacionais, atestam uma associação entre a inflamação sistêmica de baixo grau, a SM, o

DM-2 e a aterosclerose (PETERSEN; PEDERSEN, 2005).

Estudos contemporâneos, indicam que o exercício físico, eleva os níveis sistêmicos de várias

citocinas com características pró-inflamatórias. Especula-se então a verossimilhança de que o

exercício físico desempenhe uma propriedade de anti-inflamação, e assim ter a capacidade de

defender o indivíduo contra distúrbios médicos crônicos ligados com o baixo nível de

inflamação sistêmica (PETERSEN; PEDERSEN, 2005).

21

O exercício assíduo concede resguardo contra a mortalidade de derivadas causas.

Principalmente por conceder resguardo contra aterosclerose, DM-2, câncer de colón e câncer

de mama. Além disso, o treinamento físico possui eficácia no tratamento de pacientes com

doença cardíaca isquêmica, insuficiência cardíaca, DM-2 e DPOC (PETERSEN;

PEDERSEN, 2005).

O exercício de força têm-se mostrado ser efetivo na redução do PCR em indivíduos obesos

adultos e mais idosos. Além disso, as mulheres podem ser mais suscetíveis aos efeitos do

exercício de força em adiponectina, leptina e PCR (SALLES et al., 2010).

3.3. Efeitos anti-inflamatórios do treinamento de força

O treinamento de força, mostra-se como um efetivo componente no controle de peso, devido

ao aumento das despesas calóricas, massa corporal magra e taxa metabólica em repouso.

Além disso, o treinamento de força tem também demonstrado influenciar a função

vasculharem todo corpo, e aumentar a sensibilidade à insulina. Além disso, é especulado que

o treinamento de força pode diminuir os níveis em repouso do TNF-a e, em última instância,

diminuir a produção de PCR, reduzindo a massa corporal adiposa e níveis de leptina, assim

aumentando os níveis de adiponectina e aumentando à sensibilidade à insulina (SALLES et

al., 2010).

Ainda existe uma falta de acordo quanto aos efeitos crônicos do treinamento de força em

citocinas plasmáticas. Além disso, não está claro se o treinamento de força na ausência do

exercício aeróbio, dieta e outras intervenções de perda de peso, podem modificar os níveis

plasmáticos de citocinas. Contudo já existe número suficiente de estudos sobre o efeito do

treinamento de força sobre adiponectina, leptina, PCR e TNF-a para desenhar algumas

conclusões sobre o efeito do treinamento de força sobre essas citocinas (SALLES et al.,

2010).

A resposta inflamatória a curto prazo do treinamento de foça, tem sido amplamente descrita,

e pode produzir um efeito anti-inflamatório a longo prazo, efeito esse que está relacionado a

auto-regulação das citocinas (SAKURA, 2017).

22

Sobre a adiponectina, os estudos apontam significativos aumento nos níveis de adiponectina

após a intervenção de treinamento de força, inclusive elevados níveis séricos dessa adipocina.

Isso deixa evidente, que é no mínimo razoável concluir que o treinamento de força é a melhor

maneira de elevar os níveis de adiponectina, toda via ficando dependente da idade, sexo,

estado de saúde, duração e frequência semanal e intensidade dos exercícios (SAKURA,

2017).

Os indivíduos mais velhos parecem ser mais propensos a mudanças de adiponectina do que

os mais jovens, e as mulheres podem apresentar mudanças maiores do que os homens, e pode

haver também uma tendência para maior melhora dos núveis de adiponectina no excesso de

peso, na comparação de obesos e obesos diabéticos, mas esta informação requer maior

elucidação. Existe alguns estudos que sugerem que, mesmo sem mudanças na composição

corporal, o treinamento de força parece ser efetivo em aumentar os níveis de adiponectina

(SALLES et al., 2010).

No que diz respeito a leptina, alguns estudos demonstram reduções significativas na leptina

sérica. Características como duração do treinamento, intensidade e volume, aliados a

mudanças no estilo de vida apresentam alterações na concentração sérica de leptina, devido ao

treinamento de força. Alguns estudos sugerem que reduções nos níveis de leptina relacionado

ao treinamento de força podem não estar relacionado à idade e pode ocorrer tanto em homens

quanto em mulheres. Além disso, o treinamento de força poderia ser mais eficaz na redução

dos níveis de leptina em indivíduos com sobrepeso e obesidade do que em indivíduos

saudáveis (SAKURA, 2017).

O treinamento de força parece ser efetivo na redução dos níveis séricos de leptina mesmo

sem alterações na massa corporal. Formação de duração tão curta quanto 6 a 12 semanas de

treinamento mostraram diminuições significativas nos níveis de leptina. Enquanto maiores

intensidades de treinamento podem estar relacionadas a maiores resultados, eles não são

essenciais para atingir reduções significativas de níveis séricos de leptina (SALLES et al.,

2010).

23

Estudos também demonstram reduções significativas nos níveis séricos de PCR após a

intervenção com treinamento de força. Eles apoiam que o treinamento de força como

intervenção única pode ter efeitos positivos significativos nos níveis séricos de PCR em

adultos e idosos (SALLES et al., 2010).

Estudos com mulheres sugerem que o treinamento de força pode reduzir os níveis de PCR.

Além disso, o treinamento de força pode ser mais eficaz na redução do PCR comparando

indivíduos com sobrepeso e obesos com indivíduos saudáveis. Esses resultados podem estar

relacionados a níveis mais baixos na linha de base de PCR em indivíduos obesos ou com

excesso de peso, do que indivíduos saudáveis (SALLES et al., 2010).

Duração de treinamento superior a 16 semanas, com frequência de pelo menos duas sessões

por semana e intensidades de treinamento equivalente a aproximadamente 80% de uma

repetição máxima(1RM), pode ser necessário para reduções significativas de PCR. Entretanto

existe estudo que sugere que, programas de treinamento que atinjam frequências semanais

mais altas como seis sessões por semana por exemplo, e com intensidade de treinamento

máximo com 100% de 1RM, pode ser muito estressante e pode resultar em um aumento nos

níveis séricos de PCR, mesmo em indivíduos saudáveis (SAKURA, 2017).

Os estudos não sugerem influência significativa nos níveis séricos de TNF-a tendo o

treinamento de força como intervenção única. Esses resultados indiretamente apoiam

resultados anteriores que mostram que o treinamento de força não foi associado a alterações

nos níveis séricos de TNF-a. No entanto ainda não foram realizados estudos com intervenções

de longo prazo. Isso deixa aberto a possibilidade de que os níveis de TNF-a sofram mudanças

com durações mais longas tendo o treinamento de força como intervenção (SALLES et al.,

2010).

A resposta positiva das citocinas ao treinamento de força pode estar relacionada à

capacidade do treino físico induzir uma resposta inflamatória, primeiro por liberação de uma

sequência de citocinas pró-inflamatórias, e mais tarde por liberação de citocinas regulatórias e

anti-inflamatórias. No entanto o efeito específico do treinamento de força sobre citocinas e

inflamações, ainda são uma questão de debate (SALLES et al., 2010).

24

É especulado que o treinamento de força durante sucessivas sessões de treinamento, podem

produzir um efeito anti-inflamatório a longo prazo, relacionado a auto regulação de algumas

citocinas. Além disso resultados de vários estudos suportam a presença de uma relação direta

entre os níveis de citocinas e a massa muscular. Assim os efeitos multifocais do treinamento

de força na massa muscular, podem conduzir citocinas em repouso a induzir o organismo à

estado anti-inflamatório. Por outro lado, existem evidências que sugerem que para reduzir

alguns marcadores pró-inflamatórios, o treinamento de força deve ser combinado com outras

intervenções não farmacológicas, como o treinamento aeróbio e modificações dietéticas

(SALLES et al., 2010).

Respostas de citocinas ao treinamento de força, pode ser explicada pela influência positiva

descrita anteriormente dessa intervenção na sensibilidade à insulina no corpo inteiro. Isso é

atribuído principalmente a uma expressão aumenta na atividade de proteína de sinalização

chave envolvidas na regulação de absorção de glicose e metabolismo muscular.

Especificamente, concentrações aumentadas de adiponectina plasmática são positivamente

correlacionadas com a sensibilidade à insulina. Assim, sendo aumentada a adiponectina

devido ao treinamento de força sem intervenção dietética, mudanças de massa corporal podem

ser atribuídas a um aprimoramento da sensibilidade à insulina causada pelo treinamento

(SAKURA, 2017).

Os efeitos diretos do treinamento de força na absorção da glicose por parte do músculo

esquelético, elevação da regulação da adiposidade, lipólise tecidual, também pode estar

relacionada a melhorias de concentrações de adiponectina. Outros efeitos diretos do

treinamento de força, incluem uma regulação positiva da expressão de captadores de glicose

circulante, ativação crônica de proteínas atuantes no metabolismo de glicose e lipídeos, e

facilitação do sinal de insulina. Tudo isso pode também estar associado ao aumento de

concentração da adiponectina (SALLES et al., 2010).

Um mecanismo primário que poderia explicar a diminuição da leptina tendo o treinamento

de força como intervenção, seria a redução da gordura corporal por equilíbrio negativo de

energia. Entretanto, a maioria dos estudos, suportam a ideia de que a redução da leptina não

necessariamente deverá acontecer concomitantemente coma redução da massa corporal. De

mais a mais, dados anteriores sugerem que os níveis de leptina são reduzidos em indivíduos

fisicamente ativos, independente do IMC. Por tanto, as reduções dos níveis de leptina

25

induzido pelo treinamento de força, pode ser atribuído à alterações no balanço energético e

fatores reguladores, incluindo melhorias na sensibilidade à insulina e metabolismo lipídico.

Contudo os mecanismos responsáveis pelas alterações da leptina devido ao treinamento de

força precisam de alucidação adicional (SAKURA, 2017).

Sugeriu-se que o treinamento de força reduz diretamente os níveis de PCR reduzindo a

produção de citocinas no tecido adiposo, músculos e células mononucleares, e indiretamente,

aumentando à sensibilidade à insulina e melhorando a função endotelial. No entanto como

exatamente o treinamento de força reduz a inflamação e suprime os níveis de PCR, ainda não

está bem definido. Acredita-se que o efeito anti-inflamatório do treinamento de força sobre o

PCR pode ser mediado pela modulação da produção de citocinas de outros locais, como do

tecido adiposo, músculo esquelético e células mononucleares (SALLES et al., 2010).

A possibilidade do treinamento de força diminuir o TNF-a do músculo esquelético, através

do aumento da síntese proteica, sugere que o treinamento de força reduz os níveis de TNF-a,

apoiando a hipótese de efeitos anti-inflamatórios locais devido a intervenção com treinamento

de força. No entanto alguns autores sugerem que o exercício produz um aumento na liberação

de IL-6 dos músculos ativos, que podem, por sua vez, suprimir outros marcadores pró-

inflamatórios como o TNF-a. Além disso, maiores níveis de TNF-a foram anteriormente

associados com massa muscular e força diminuídas em homens e mulheres idosos ativos. Os

fatores sugerem que a intervenção do treinamento de força pode reduzir a expressão de TNF-

a, no entanto ainda não foi demonstrado uma diminuição dos níveis séricos de TNF-a devido

ao treinamento de força (SAKURA, 2017).

Fica claro, que estudos com maior tempo de intervenção, tamanhos de amostras maiores e

com diferentes populações, são necessários para abordar os efeitos do treinamento de força

em níveis séricos de citocinas. Apesar do número limitado de estudos sobre esse tema, os

estudos irão sugerir efeitos positivos do treinamento de força nos níveis de citocinas.

Entretanto particularidades das várias citocinas em resposta ao treinamento de força em

diferentes populações justificam ainda mais estudos futuros (SAKURA, 2017).

26

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo de revisão sistemática de literatura, realizado nas bases de dados

multidisciplinares e nas bases específicas da área de saúde no período de 06 de Março de

2017 a 07 de Maio de 2017.

4.1. Bases de dados consultadas

As bases de dados consultadas foram: Medical Literature Analysis and Retrieval System

Online (MEDLINE/ PubMed); e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da

Saúde (LILACS)

4.2. Critérios de inclusão

Foram considerados artigos que estabelecessem a obesidade como doença inflamatória e/ou

citassem as adipocinas descritas acima nos objetivos específicos como importantes agentes

inflamatórios e a adiponectina como agente anti-inflamatório

E artigos que entendessem o treinamento de força como intervenção única ou tendo uma

intervenção integrativa aliada como redutor desse processo inflamatório na obesidade, sendo

em adultos, crianças e idoso sem diferenciação de gênero.

Artigo tendo o treinamento de força comparado ou aliado ao treinamento aeróbio como

redutor desse processo inflamatório na obesidade, sendo em adultos, crianças e idoso sem

diferenciação de gênero.

Apenas artigos originais de língua inglesa ou portuguesa.

27

4.3. Critérios de exclusão

Foram desconsiderados artigos que fugissem da proposta de apresentar os aspectos

inflamatórios na obesidade.

Artigos que não estivesse em língua inglesa ou portuguesa.

Artigos que só apresentassem efeitos das intervenções em animais.

4.4 Estratégia de busca

O principal descritor utilizado foi a partir do DECS: obesidade e a partir de PALAVRAS

CHAVE de artigos: processo inflamatório; na base de dados; Literatura Latino-Americana e

do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS).

Na estratégia de busca utilizada na base de dados: Medical Literature Analysis and Retrieval

System Online (MEDLINE/ PubMed), os descritores utilizados foram: “strenght training” and

“adiponectin” and “obesity”; “combined training” and “obesity”; “endurence training” and

“strenght training” and adiponectin and obesity; “physical activity” and “inflammation” and

“obese”; “strength training” and “adipokines” and “obesity”.

28

5. RESULTADOS

Foram encontrados 110 (total de artigos considerando todas as bases de dados) artigos

científicos, sendo 0 na EBSCO, 106 na PUBMED e 4 na LILACS.

Retirados os artigos que não foram aceitos para esta revisão, restaram 5 artigos.

Figura 1: Etapas do processo de filtragem da seleção dos estudos

Artigos em bases de

dados PubMed (106),

Lilacs (4), Scielo (0)

Não houve artigos

duplicados

Artigos restantes após

avaliação do resumo (88)

Artigo(s) removido(s)

por fazer testagens em

animais (1)

Removidos os artigos

de revisão (12)

Artigos restantes após

revisão dos textos,

materiais e métodos (87)

Artigos excluídos por

não ser encaixarem nos

critérios de escolha (82)

Artigos selecionados

para esta revisão

sistemática (5)

Iden

tifi

caçã

o

Av

alia

ção

E

leg

ibil

idad

e In

clu

ído

s

29

Tabela 1- Identification of high responders interleukin-6 and creatine kinase following acute eccentric resistance exercise in elderly obese women. Procedência

(base de

dados)

Autores Título Periódico Descrição do estudo

Objetivos Métodos Resultados

PubMed

Tajra, Vitor.

et al, 2013.

Identification of

high responders

interleukin-6 and

creatine kinase

following acute

eccentric

resistance

exercise in elderly

obese women.

Identificando

Altas Respostas

para Interleucina-

6 e Creatina

Kinase Seguido

de Exercício

Agudo de

Resistência

Excêntrica em

Mulheres Idosas

Obesas.

Journal of

science and

medicine in

sport.

Published

online, 2013

Examinar a

resposta aguda da

creatina kinase e

interleucina-6

após uma sessão

de exercícios de

resistência

excêntrica em

mulheres obesas

idosas

classificadas

como de alta

resposta ou

respondentes

normais.

-90mulheres idosas obesas

152,6 ± 6,2 cm de altura,

massa corporal de 64,6 ±

12,1 kg, massa magra de

58,8 ± 5,5% e gordura

corporal de 41,2 ± 5,5%)

entre 60 e 69 anos

-7 séries de 10 RM à 110%

com 3 minutos de intervalo

entre as séries

-cadeira extensora

exercício excêntrico

-21 amostras de sangue

extraídas antes de 3, 24 e

48h após o exercício.

-Maior aumento na concentração sérica de CK

no grupo HR (, 233,4 (CI 95%: 150,0-316,9)

U/l em comparação com o grupo NR 22,5 (CI

95%: 17,3-27,8) U/I, pós ERE

-Maior aumento na concentração de IL-6 HR,

15,6 (CI 95%: 4,6-26,6) mg / ml

aproximadamente 850% significativamente

maior em comparação com NR, 1,6 ( 95% CI:

1,2-2,1) mg / ml ou aproximadamente 55%,

após ERE

0h- hora zero; 3h- hora três; 24h- hora vinte e quatro; 48h- hora quarenta e oito; ERE- exercício de resistência excêntrica; HR- alta resposta; NH- respondentes normais

30

Tabela 2- Dynamic Strength Training Improves Insulin Sensitivity Without Altering Plasma levels and Adipose Tissue in Obese Man.

Procedência

(base de

dados)

Autores Título Periódico Descrição do estudo

Objetivos Métodos Resultados

PubMed

Klimcakova,

Eva. et al,

2006.

Dynamic Strength

Training

Improves Insulin

Sensitivity

Without Altering

Plasma levels and

Adipose Tissue in

Obese Man.

Treinamento de

Força Dinâmica

Melhora

Sensibilidade a

Insulina sem

Alterar os Níveis

Plasmáticos e o

Tecido Adiposo

em Homens

Obesos

The Journal of

clinical

Endocrinology

& Metabolism

91(12):5107,

2006

Investigar em

sujeitos obesos , se

o treinamento

dinâmico de força

possui efeito

sensibilizador a

insulina e se está

associado a

mudanças na

expressão gênica

das adipocinas

envolvidas na

resistência a

insulina em níveis

plasmáticos.

-12 homens obesos de

meia idade entre 50 e 53

anos , com (IMC) 33,6 1,2

kg / m2

-exercícios 3 vezes por

semana durante 1 hora

com duração de 30 a 45

minutos, com intensidade

entre 60-70% de 1RM

-Entre 12-15repetições

máximas, usando supino e

leg press

-amostras de sangue

tiradas 2 dias antes e após

um jejum noturno de 9

horas

- O treinamento induziu um aumento na

eliminação da glicose do corpo inteiro taxa em

24%

-.Os níveis plasmáticos de leptina diminuíram

durante o treinamento (16,6 6,3 vs. 13,1 5,7

mg / ml) em 21% (P 0,02).

1RM- uma repetição máxima; VS- versus; IMC- índice de massa corporal;

31

Tabela 3- Inflammatory markers and adipocytokine responses to axercise training and detraining in men who are obese?. Procedência

(base de

dados)

Autores Título Periódico Descrição do estudo

Objetivos Métodos Resultados

PubMed

Nikseresht,

Mahmoud.

et al., 2014.

Inflammatory

markers and

adipocytokine

responses to

axercise training

and detraining

in men who are

obese?.

Marcadores

Inflamatórios e

Adipocitocinas

Respondem ao

Treinamento de

exercício e

Destreinamento

em homens

obesos?.

Journal of

strength and

conditioning

research,

28(12)/3399-

3410, 2014

Comparar os efeitos

do treinamento de

resistência não

linear, treinamento

intervalado aeróbio

e destreinamento

em marcadores

inflamatórios

selecionados em

homens obesos de

meia idade.

-33 homens obesos

porcentagem de gordura

corporal de 25%, de 34 a

46 anos de idade. -

Separados em grupos AIT,

NRT e CON.

- Os grupos realizaram 3

sessões samanais por 12

semanas seguida por um

período de 4 semanas de

destreinamento

- O NRT consistiu em 40 –

65 mimutos.

- 10 exercícios, 1 série de

20 repetições a 40% de

1RM para 7 sessões;

11,2/15,60 % 1RM para 12

; 10,3/10 75% 1RM para

10; 10,3/4 90% 1RM para

6 e 5,4/2 95% 1RM para 1

- O treinamento de AIT

consistiu em correr em

uma esteira em 4 blocos de

4 minutos com intensidade

de 80-90% da FCmax

separados de 3 minutos de

caminhada.

- Amostras de sangue

retirada entre 8 e 9 da

manhã após um jejum

noturno de 12 horas.

-Aumento nos níveis de adiponectina

comparando AIT com CON (0,09 6 229 vs

4,36 6 0,84mg-ml).

- Piora nos níveis de adiponectina após o

destreinamento, (AIT:3,4 6 1,7 vs NRT: 3,6 6

1,2 vs CON: 4,7 6 1,2 mg/ml).

-Aumento dos níveis de IL-6 após o

destreinamento, (AIT: 5,5 6 2,9 e NRT: 5,8

6,3 vs CON: 2,3 6 1,2).

-Tanto AIT quanto NRT foram eficazes em

diminuir a solução de molécula de adesão

intercelular-1, (AIT: 215, 2 6 142 e NRT:

187,2 6 117,5 vs CON: 416, 2 6 205,9 mg-

ml), e insulina,

(AIT: 4,8 6 2,7 e NRT: 4,0 610 vs CON: 7,4 6

3,0 mg/dl).

AIT- treinamento intervalado aeróbio; NRT- treinamento de resistência não linear; PCR- proteína C reativa; CON- controle; FCmax- frequência cardíaca máxima;

VS- versus

32

Tabela 4-Effects of 12 weeks of combined training without caloric restriction on inflammatory markers in overweight girls.

Procedência

(base de

dados)

Autores Título Periódico Descrição do estudo

Objetivos Métodos Resultados

PubMed

Lopez,

Wendel

Arthur. et

al., 2016.

Effects of 12

weeks of

combined

training without

caloric

restriction

on inflammatory

markers in

overweight

girls.

Efeitos de 12

Semanas de

Treinamento

Combinado sem

Restrição

Calórica em

Marcadores

Inflamatórios

em garotas com

excesso de peso

Journal of

Sports Sciences,

VOL. 34, no.

20, 1902–1912,

2016

Investigar os efeitos

do treinamento

combinado de

resistência e

aeróbico sem

restrição calórica

em mulheres jovens

com excesso de

peso

-33 meninas entre 13 e 17

anos com excesso de peso

(IMC ≥ 85% dividas em 2

grupos ( EXT e EXS) e um

grupo (PN), (IMC < 85%)

- O treinamento

combinado consistiu de 6

exercícios de resistência (3

séries de 6-10 repetições

entre 60-70% de 1RM)

seguido de exercício

aeróbio (caminhar/correr)

entre 50-80% do Vo2max

-Realizados na mesma

sessão 3 dias na semana

por 12 semanas.

-Amostras de sangue

coletadas pela manhã

(07:00 – 09:00), após um

jejum noturno de 12 horas

e 72 horas após a última

sessão de treino ou

avaliação.

-Reduções significativas de

leptina (P < 0,05: tamanho de efeito: -0,95 e

CI a 95%: -1,66 a -0,20); PCR (P < 0,05:

tamanho do efeito: -0,11 e CI a 95%: 0,80 a

0,59); resistência a insulina (P < 0,05:

tamanho de efeito: 0.50 e CI a 95%: -0.20 a

1.18).

-Redução de gordura corporal (P< 0,01:

tamanho do efeito: -0,46 e CI a 95%: -1.14 a

0.25); aumento de massa magra (P < 0,01:

tamanho do efeito: 0.72 e CI a 95%: 0.00 a

1.40); Vo2max( P < 0,01: tamanho do efeito:

0.87 e CI a 95%: 0.13 a 1.56); força no leg

press ( P < 0,01: tamanho do efeito: 0.89 e IC

a 95%: 0.15 a 1.58); força no supino (p < 0,01:

tamanho do efeito: 1.25 e CI a 95%: 0.48 a

1.96).

1RM- uma repetição máxima; PCR- proteína C reativa; VO2max- máximo volume de oxigênio; EXT- excesso de peso com treinamento; EXS- excesso de peso sem treinamento;

PN- peso normal; IMC- índice de massa corporal.

33

Tabela 5 - Long-term effects of aerobic plus resistence trainig on the metabolic syndrome and adiponectinemia in obese adolescents. Procedência

(base de

dados)

Autores Título Periódico Descrição do estudo

Objetivos Métodos Resultados

PubMed

Mello,

Marco

Túlio de. et

al., 2011.

Long-term

effects of

aerobic plus

resistence

trainig on the

metabolic

syndrome and

adiponectinem

ia in obese

adolescents.

Efeitos do

Treinamento

Aeróbico mais

de Resistência

em Longo

Prazo sobre a

Síndrome

Metabólica e a

Adiponectine

mia em

adolescentes

obesos.

The journal of

clinical

hypertension,

Vol. 13, no.5/ 2011

Identificar se o

treinamento

aeróbio aliado ao

treinamento de

força é mais

eficaz do que o

treinamento

aeróbio na

melhoria das

características da

síndrome

metabólica e

adiponectinemia

em adolescentes

obesos.

- 30 adolescentes , 10

meninas e 10 meninos

obesos (IMC 95%) com

idade de 15 à 19 anos

durante 1 ano de

intervenção, foram divididos

em dois grupos AT AT+RT.

- AT consistiu de 60 minutos

por dia entre 50-70%

Vo2max em uma esteira ou

cicloergômetro

- RT consistiu de 3 séries de

15 -20 repetições com 45

segundos de intervalo, nas 2

primeiras semanas de

adaptação. Em seguida foi

aumentando de acordo com

a evolução: 3séries de 6- 20

repetições com 45 segundos

de intervalo; 3séries 10-12

repetições com1 minuto de

intervalo; 3séries 6-8

repetições com 1,5 minutos

de intervalo.

- Amostras de sangue

coletadas por volta das 08:00

horas da manhã após um

jejum noturno.

- Ambos os grupos foram eficazes, no entanto o

grupo AT+RT obteve mudanças

significativamente maiores ao longo da

intervenção.

-Composição corporal: AT: antes (36.63±4.14)

e após (34.07_4.79) e AT+RT: antes

(37.23±5.19) e após (31.63±5.06); --Colesterol

total mg ⁄ dL: AT: antes (162.47±47.86) e após

(167.69±44.68) e AT+RT: antes (173.46±33.42)

e após(149.38±34.80)-Circunferência da

cintura: AT: antes (5.43±1.85), e após

(3.85±1.38) e AT+RT :antes (3.47

±0.53) e após (2.41±0.83).

-Glicose mg ⁄ dL: AT: antes (91.73±4.93) e

após (93.76+7.87) e AT+RT: antes (90.00_6.10)

e após (83.46±4.07).

-Adiponectina lg ⁄ mL: AT: antes(5.01

(3.20±10.21) a após (4.24 (3.02±10.69) e

AT+RT: antes(9.18 (6.12–13.86) e após(12.91

(8.43–16.13).

AT- treinamento aeróbio; AT+RT- treinamento aeróbio + treinamento de resistência; IMC- índice de massa corporal.

34

6. DISCUSSÃO

O presente estudo teve como meta principal verificar se treinamento de força como

intervenção única, ou comparado ao treinamento aeróbio, ou se até o mesmo o treinamento

combinado, podem ser instrumentos não farmacológicos no que diz respeito à diminuição do

processo inflamatório sistêmico de baixo grau em indivíduos obesos ou com excesso de peso.

Buscando na literatura científica evidências que possam comprovar que esses exercícios são

de fato um tratamento não farmacológico, e que possam influenciar nas adipocinas pró

inflamatórias: IL-6, TNF-a, PCR e leptina, e que encontre na Adiponectina um fator anti-

inflatório. O principal achado do presente estudo foi: uma provável diminuição do estado

inflamatório através da diminuição do tecido adiposo visceral, apresentando uma possível

correlação direta entre a massa adiposa e o perfil inflamatório em indivíduos obesos. No

entanto, nenhum dos estudos mostra relação direta do treinamento de força, treinamento de

força comparado com aeróbio ou treinamento combinado na diminuição das adipocinas pró-

inflamatórias: IL-6 e TNF-a, mas encontram na adiponectina uma importante adipocina com

efeitos anti-inflamatórios. Outros achados que já eram esperados de se encontrar foram:

diminuição da resistência a insulina, aumento de massa magra e diminuição do percentual de

gordura.

Dentre os cinco estudos (KLIMCAKOVA, EVA. et al, 2006; LOPEZ, WENDEL ARTHUR.

et al, 2016; NIKSERESHT, MAHMOUD. et al, 2014; MELLO, MARCO TÚLIO de. et al,

2011; TAJRA, VITOR. et al, 2013) não relataram diminuição das adipocinas pró-

inflamatórias: IL-6 e TNF-a em indivíduos obesos/excesso de peso após as intervenções com

exercício. Por outro lado o estudo de (TAJRA, VITOR. et al, 2013) utilizando treinamento de

força excêntrica participantes em grupo HR e NH, observou aumento de concentrações de IL-

6 sérica no grupo HR das 0h às 24h quanto de forma aguda em comparação ao grupo NR após

a intervenção com ERE, mostrando diminuições ao longo do tempo e voltando aos níveis

basais após 48h depois do ERE.

35

O autor ainda descreve que o estudo teve uma descoberta chave, que foi a existência de um

grupo HR para IL-6 em mulheres idosas obesas após o desempenho com ERE, ele talvez

tenha encontrado a existência de um grupo HR devido às mudanças hormonais que acontecem

com a mulher com a queda de estrogênio e progesterona e pelo fato de serem obesas existe

uma tendência de haver resposta a IL-6 devido ao volume de TAB.

No estudo do (KLIMCAKOVA, EVA. et al, 2006) em que foi usado o exercício de força

dinâmica como intervenção única, com exercícios envolvendo grandes grupamentos

musculares de membro superior e inferior. Nesse presente estudo o treinamento não produziu

uma mudança significativa no corpo ou em outra variável antropométrica, entretanto o

exercício levou a aumentos acentuados de força muscular. O estudo não encontrou alterações

nos índices de insulina plasmática, concentrações de glicose no sangue e índice de

metabolismo lipídico. Esse estudo ainda não detectou alteração na concentração de PCR,

também não observou mudanças nos níveis plasmáticos de adiponectina, IL-1, IL-6 e TNF-a.

Entretanto foi encontrado diminuição nos níveis plasmáticos de leptina. O estudo ainda

observou aumento na taxa de eliminação de glicose e aumento da sensibilidade a insulina. O

autor não encontrou alteração da expressão gênica no tecido adiposo das adipocinas

investigadas.

Nos estudos de (LOPEZ, WENDEL ARTHUR. et al, 2016; NIKSERESHT, MAHMOUD. et

al, 2014; (MELLO, MARCO TÚLIO de. et al, 2011), onde se apresentaram com intervenções

parecidas, usando treinamento aeróbio e de força em suas testagens, os autores encontraram

resultados próximos.

No estudo de (LOPEZ, WENDEL ARTHUR. et al, 2016), onde é feita uma intervenção

com treinamento combinado, dividindo em grupos: excesso de peso e treinamento, excesso de

peso controle e um grupo peso normal. Assim como no estudo anterior do (KLIMCAKOVA,

EVA. et al, 2006), não foram observadas diferenças significantes nas reduções de TNF-a, IL-

6.

36

O estudo de (LOPEZ, WENDEL ARTHUR. et al, 2016), demonstrou relação positiva de

PCR com leptina, resistina e a massa gorda além de ser positivamente relacionado com a

resistência a insulina. O PCR teve relação negativa com a adiponectina, demonstrando talvez

uma capacidade anti-inflamatória da adiponectina, que também possuiu relação negativa com

leptina e colesterol total. O estudo ainda observou que no final do treinamento houve

diminuição significativa do percentual de gordura e aumento da massa magra no grupo

treinamento e excesso de peso, e ainda foi encontrado aumento da sensibilidade a insulina,

redução significativa de PCR e leptina nesse mesmo grupo. Demonstrando assim que o

treinamento combinado parece ter efeito direto em algumas adipocinas pro-inflamatórias.

No estudo de (MELLO, MARCO TÚLIO de. et al, 2011),assim como no estudo de (LOPEZ,

WENDEL ARTHUR. et al, 2016), também utiliza o treinamento combinado como forma de

intervenção, só que dessa vez comparado ao treinamento aeróbio, e dividiu os participantes

em grupos AT+RT e AT somente. Após seis meses ambos os grupos apresentaram

significante redução de massa corporal, massa gorda, gordura visceral e circunferência da

cintura. Além disso, ambos os grupos apresentaram melhora na massa magra e

adiponectinemia.

O estudo ainda observou que no curto prazo, o grupo AT+RT mostrou significante redução

na gordura subcutânea, colesterol total e colesterol de lipoproteínas de baixa densidade

(LDL), enquanto que o grupo AT apresentou reduções na glicose e triglicerídeos.

O estudo ainda observou que o grupo AT+RT apresentou melhoras de adiponectinemia e

pressão arterial sistólica quando comparado ao grupo AT. O aumento das concetrações de

adiponectina parece estar relacionado com a diminuição da massa de gordura, mostrando que

o treinamento combinado parece ser eficaz no tratamento de adiponectinemia, sendo a

adiponectina um fator anti-inflamatório.

37

O estudo de (NIKSERESHT, MAHMOUD. et al, 2014), comparou o treinamento de

resistência com treinamento aeróbio intervalado como estratégia de intervenção, e dividiu os

participantes em grupos: NRT, AIT e controle. O autor encontrou redução de massa corpora

total em AIT e NRT, sendo que o grupo AIT obteve mais reduções, e houve também redução

de massa gorda nos grupos AIT e NRT quando comparado ao grupo controle.

Assim como nos estudos de (KLIMCAKOVA, EVA. et al, 2006), o estudo não encontrou

mudanças significativas em PCR, TNF-a e IL-6 após o treinamento, no entanto ocorreu piora

nas concentrações de adiponectina que é um fator anti- inflamatório e aumento nas

concentrações de IL-6, ambas após um período de destreinamento. Mas o estudo corrobora

com o estudos de (MELLO, MARCO TÚLIO de. et al, 2011), que o exercício aumentam os

níveis de adiponectina.

No que diz respeito ao aumento de adiponectina não houve diferença entre os grupos AIT e

NRT, no entanto os níveis de adiponectina foi signicativamento maior comparando os grupos

AIT e NRT com o grupo controle. E ambos os grupo AIT e NRT foram eficazes em reduzir

níveis de insulina em jejum.

38

7. CONCLUSÃO

Concluindo, o treinamento aeróbio combinado com o treinamento de resistência parece ser o

mais eficaz no combate ao estado inflamatório sistêmico de baixo grau em indivíduos obesos,

por oferecerem maiores reduções da massa adiposa visceral e por parecer apresentar maiores

elevações nos níveis de adiponectina. Apesar de não haverem efeitos agudos diretos na

maioria dos estudos, um dos estudos dessa revisão sistemática encontrou diminuição de PCR

em adolescentes com excesso de peso.

O treinamento de força não apresentou melhora direta, no estado inflamatório sistêmico de

baixo, entretanto foi capaz de aumentar força muscular, e no que diz respeito ao público idoso

feminino, o uso de treinamento de força excêntrica pode até elevar o nível de IL-6 de forma

aguda, alertando para ter um cuidado na abordagem. Finalizando, o treinamento de resistência

necessita de mais estudos com protocolos mais parecidos entre si, e talvez com um tempo

maior de intervenção, já o treinamento combinado parece estar consolidado como melhor

maneira de se combater o estado inflamatório de baixo grau em indivíduos obesos e/ou com

excesso de peso.

39

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