UNIVERSIDADE DO VALE DE ITAJAÍ UNIVALI PRÓ - REITORIA DE ENSINO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA BIGUAÇU
CIBELE GONÇALVES GOULART
O VESTUÁRIO NA CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE INFANTIL:
INFLUÊNCIA DA MODA
BIGUAÇU
2008
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CIBELE GONÇALVES GOULART
O VESTUÁRIO NA CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE INFANTIL:
INFLUÊNCIA DA MODA
BIGUAÇU
2008
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Psicologia na Universidade do Vale do Itajaí. Orientadora: Profª. Ilma Borges.
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CIBELE GONÇALVES GOULART
O VESTUÁRIO NA CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE INFANTIL:
INFLUÊNCIA DA MODA
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado aprovado, atendendo aos requisitos parciais para obter o grau de Bacharel em Psicologia na Universidade do Vale do Itajaí, no Curso de Psicologia.
BIGUAÇU / 2008
BANCA EXAMINADORA
___________________________________
Profª. Ilma Borges.
Orientadora
___________________________________
Profª. Rosana Alves Lins Cunha
Membro
___________________________________
Prof. Mauro José da Rosa
Membro
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Dedico este trabalho a todas as crianças que vivem em uma
sociedade repleta de símbolos e signos, e que a partir de uma cultura
irão se constituir. Que elas tenham a possibilidade de escolher e
internalizar o que lhes é apropriado para deste modo constituir a
subjetividade.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus por ter me dado o dom da vida, e por ter e estar
guiando os meus passos nesta caminhada.
Agradeço aos meus pais Valdir e Eliane e meus avós Altino e Geraldina, pela força e
empenho dispensados a mim, não só neste, mas em todos os momentos de minha vida que me
deram suporte e amor. Pelos sacrifícios para que eu conseguisse vencer esta etapa, fornecendo
todo meu estudo e sempre acreditando e incentivando a nunca desistir dos meus sonhos. É graças
à dedicação deles, que esse sonho pode ser realizado: tornar-me psicóloga.
Agradeço a minha madrinha Rosana que sempre me incentivou a entrar na academia,
aqui está à conclusão de uma parte deste sonho que é nosso e falta pouco para ser concluído, foi
com seu incentivo que aqui estou.
Ao meu namorado Carlos André, que em todos os momentos depositou amor e
dedicação, por toda compreensão e por perdoar meus momentos de stress e de distanciamento.
À querida amiga Jaqueline pela força durante esse período, que tornou este trabalho
menos árduo, pelo simples fato de estar caminhando junto comigo, me fortalecendo nos
momentos mais difíceis e me fazendo acreditar que eu conseguiria vencer mais esta etapa, hoje
vencida.
À grande e sempre amiga Cibelle, por estar ao meu lado em muitos momentos, sempre
me fazendo rir e alegrando minha vida.
A professora Ilma (orientadora) que construiu junto comigo este projeto, por tentar me
manter calma em meus momentos de insegurança e apoio em cada momento, me auxiliando
sempre com suas contribuições teóricas e práticas.
Aos professores Enis e Mauro e Rosana por terem aceitado participar da minha banca e
pelas contribuições oferecidas.
Aos entrevistados que se prontificaram a participar da minha pesquisa, que abriram um
pedacinho de suas vidas e relação amorosa para que eu pudesse realizar este trabalho, pois sem a
disponibilidade e boa vontade deles teria sido difícil concluir a minha pesquisa.
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Também aos meus colegas de curso, em especial para minhas amigas Jéssica, Roberta, e
Nilza que foram importantes nesta caminha longa da graduação, que se fizeram presentes em
quase todos os momentos na concretização da pesquisa, e nos momentos finais do curso, que
dividiram esses momentos de realizações e conquistas.
E a todos que, mesmo que indiretamente, contribuíram para minha jornada acadêmica.
Obrigada!
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Não importa o que fizeram
comigo, importa o que eu
faço com aquilo que
fizeram comigo.
Sartre
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RESUMO
A moda é um fator social, construído culturalmente, e passado de geração para geração através da educação das crianças. Deste modo desde a infância às crianças já estabelecem o contato com a moda através dos meios de comunicação, e da relação social, logo opinam e decidem o que desejam vestir. Tais fatores acabaram contribuindo para problematizar a influência do vestuário/moda na constituição da subjetividade infantil. A abordagem desta pesquisa foi de caráter qualitativo, do tipo exploratório, realizada individualmente com oito crianças, quatro da rede pública de ensino e quatro da rede particular de ensino, e quatro comerciantes do ramo do vestuário infantil da Grande Florianópolis. Os procedimentos de coleta de dados foram representações gráficas com as crianças e entrevista semi-estruturada com os comerciantes e crianças. A discussão dos dados coletados foi elaborada mediante a fala dos entrevistados, as referências teóricas e as considerações da pesquisadora através do método, análise de conteúdo. Como resultado, observou-se a importância dos fatores sociais, culturais, simbólicos e educativos, na constituição da subjetividade infantil, pois é inserido em uma cultura com fatores como estes que a criança, adquiri e significa o vestuário e constitui sua subjetividade. Sendo que o contexto familiar é a primeira instituição que a criança participa, e pode ser visto como mediadora neste processo educativo e formadora de opiniões dos filhos. A partir das relações, mediações e significações as crianças vão internalizando e se apropriando de valores que vêem a constituir sua subjetividade.
Palavras-chaves: Vestuário, Moda, Subjetividade Infantil.
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ABSTRACT
The fashion is a social factor, culturally constructed, and passed from generation to generation through education of children. Since children from infancy already set the fashionable contact with through the media, and social relationship, opinion and then decide what they want dressing. These factors eventually contribute to question the influence of clothing / fashion in the formation of subjectivity child. The approach of this research was qualitative in nature, the type exploratory held individually with eight children, four of the public education and four attending a private school, and four merchant infant clothing branch of the Greater Florianópolis. The procedures for collecting data were represented graphically with the children and semi-structured interview with the merchants and children. The discussion of the data collected was drafted by the speech of those interviewed, references and theoretical considerations of the researcher using the method, content analysis. As a result, it was noted the importance of social factors, cultural, educational and symbolic in the formation of subjectivity child because it is embedded in a culture with factors such as these, the child, and acquire the means clothing and is its subjectivity. Being that the family is the first institution that the child attends, and can be seen as a mediator in this education process and forming opinions of their children. From the relationship, mediation and the children are internalising meanings and values that is appropriate to look to be its subjectivity. Key words: Clothing, Fashion, subjectivity Infantil.
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IDENTIFICAÇÃO
ÁREA DE PESQUISA: Psicologia do Desenvolvimento, da Personalidade e Social.
TEMA: Discutem a relação entre desenvolvimento psicológico infantil / constituição da
subjetividade e a influência do vestuário numa perspectiva social.
TÍTULO DE PROJETO: O vestuário na constituição da subjetividade infantil: influência da
moda.
ALUNA
Nome: Cibele Gonçalves Goulart
Código de Matrícula: 0512244
Centro: Biguaçu
Curso: Psicologia
Semestre: 2008/1
ORIENTADORA
Nome: Ilma Borges
Categoria Profissional:
Titulação: Mestre em engenharia de produção - inteligência artificial.
Curso: Psicologia
Centro: Biguaçu
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SUMÁRIO
1 JUSTIFICATIVA................................................................................................12
2 TEMA...................................................................................................................14
3 PROBLEMÁTICA .........................................................................................................14
4 OBJETIVOS .......................................................................................................16 4.1 OBJETIVO GERAL.................................................................................................................16 4.1.1 Objetivos Específicos...........................................................................................................16
5 REFERÊNCIAL TEÓRICO..............................................................................17 5.1. HISTORIA DO HOMEM EM RELAÇÃO À MODA...........................................................17 5.2. CONSTITUIÇAO DA SUBJETIVIDADE NA PERSPECTIVA HISTÓRICO CULTURAL...................................................................................................................................19 5.3. INFLUENCIAS DA MODA NA CONSTITUIÇAO DA SUBJETIVIDADE.......................22 5.4. INFLUENCIAS DA MODA NA CONSTITUIÇAO DA SUBJETIVIDADE INFANTIL......................................................................................................................................23 5.4.1. Questões de Gênero............................................................................................................25 5.5. CONSUMO, MARCAS E ESTILO DE VIDA.......................................................................28 5.6. RELAÇAO DAS CRIANÇAS COM AS MARCAS..............................................................30
6 METODOLOGIA ..............................................................................................32 6.1. TIPO DE PESQUISA..............................................................................................................32 6.2. DESCRIÇAO DA AMOSTRA E PROCESSO DE SELEÇÂO.............................................33 6.3. PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS...................................................................33 6.4. ANÁLISE DE DADOS...........................................................................................................35 6.5. FLUXO METODOLOGICO...................................................................................................36 6.6. PROCEDIMENTOS ÉTICOS.................................................................................................36
7. ANÁLISE DOS DADOS....................................................................................38 7.1. PERFIL DOS ESTREVISTADOS..........................................................................................38 7.2. ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO DAS CRIANÇAS............................................................39 7.3 ANÁLISE DA ENTREVISTA COM OS COMERCIANTES................................................47
8. CONSIDERAÇÔES FINAIS............................................................................53
REFERÊNCIAS.....................................................................................................55
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APÊNDICES...........................................................................................................61 APÊNDICE A - Roteiro para a realização da dinâmica interativa – representação gráfica (desenho) com as crianças............................................................................................................62 APÊNDICE B - Entrevista semi–estrutura....................................................................................62 APÊNDICE C - Entrevista semi–estrutura...................................................................................63 ANEXO...................................................................................................................64 ANEXO I -Termo de consentimento livre e esclarecido...............................................................65 CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇAO DO SUJEITO ANEXO II - Documento que evidencia a pesquisa com caráter científico, o apoio de um supervisor e a comprovação de que a pesquisadora é aluna devidamente matriculada na instituição UNIVALI - CARTA DE APRESENTAÇÃO – Sujeitos da Pesquisa.....................70
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1. JUSTIFICATIVA
Este projeto de pesquisa refere-se a uma investigação sobre a influência da moda na
constituição da subjetividade infantil.
Como relevância social para o desenvolvimento desta pesquisa partimos do princípio
que a moda é um tema atual e existiu, como nos aponta Polimeni (2004), desde o tempo das
cavernas, onde os grupos de homens eram diferenciados pela aparência física e por suas
vestimentas. Tem-se em vista que este fenômeno permanece até hoje, pois as pessoas também
tendem de modo geral a se agrupar por possuírem semelhanças, sejam elas, pela idade, estilos de
vida ou ainda pelo estilo de vestir. Deste modo observa-se que com o passar do tempo os avanços
tecnológicos vêm modificando o repertório da moda e da vida das pessoas, onde os mesmos
vêem tentando se adaptar ao novo acompanhando as mudanças.
Observa-se ainda como relevância social, que a mídia tende a estar conduzindo as
pessoas a uma cultura voltada para o consumo, pois sua informação é de fácil acesso, sem
restrição a idades ou classes sociais. Como ressalta Campos e Souza (2003) a cultura do consumo
contribui para a formação do campo social. Desde a infância a experiência vai se consolidando
em atitudes centradas no consumo. Desta forma as crianças se tornam alvo da moda e um público
de consumidores, que estão em constante crescimento, precisando estar em contato com a
mesma.
A relevância científica do tema se fundamenta ao investigar a influência da moda na
constituição da subjetividade infantil, subjetividade aqui entendida na perspectiva da psicologia
histórico-cultural como sendo a organização dos processos de sentido e de significações que
aparecem e se constituem de diferentes formas e níveis no sujeito, como também nos diferentes
meios sociais que o mesmo atua.
Desta forma, a moda pode intervir na relação social da criança, podendo estar
classificando, unindo em padrões, e até mesmo podendo ser capaz de modificar a identidade da
criança – identidade como representações de papéis sociais, de acordo com que ela veste. Pois a
moda tende a demonstrar a posição do indivíduo dentro da estrutura social, assim como fazer
uma projeção de sua vida em uma perspectiva que compromete sua realidade.
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No campo científico, se viabiliza a possibilidade de ter avanços nos estudos da
constituição da subjetividade infantil tendo esta alguma influência da moda por se acreditar que
as pessoas vão se desenvolver a partir das relações e da cultura onde vivem. Nos modos de vida
atuais observa-se que a imagem tem muito valor social, e pode até mesmo ser confundida com a
subjetividade como aponta Maffesoli (1996, apud Mota, 2006) que denominou a
contemporaneidade como mundo imaginal, em razão das manifestações imaginárias e simbólicas.
A ênfase na criança foi enfocada, pois, a tendência da moda para elas leva cada vez mais
à aproximação do estilo dos adultos, seja na roupa, sapatos e / ou acessórios, podendo fazer assim
mediação na constituição da criança, pois as roupas infantis como relatam Barbosa & Quedes
(2008) devem estar de acordo com a subjetividade, o desenvolvimento físico, as atividades
praticadas pelas crianças. As vestimentas podem vir a contribuir na formação de sua
subjetividade, e definição dos seus papéis sociais que implicam em responsabilidades e
cooperação com o meio.
Como relevância pessoal, o interesse da autora pelo tema se deve a uma discussão
iniciada na aula de Psicologia Educacional I, na qual o tema refletido no momento abordava
como as crianças podem se retratarem, através de desenhos com roupas e características
marcantes divulgadas pela mídia e pelo marketing. A partir daí houve a iniciação de leituras no
tema e motivação para o desenvolvimento da pesquisa, por se tratar de um tema atual e que será
de grande importância para a formação acadêmica e profissional da mesma.
A moda tende a estar cada vez mais presente na vida da criança, fazendo com que os
limites que separam criança e adulto tendem na atualidade a desaparecerem. Parece não se
enfatizar mais a diferença entre estas duas categorias, adequando assim o mesmo modo de vestir
a ambas, não observando deste modo que o vestuário pode vir a intervir na subjetividade da
criança. Como aponta Sarlo (1997, apud Campos & Souza, 2003) “onde sinaliza que a infância é
uma experiência que praticamente desapareceu, pois se encontra restrita a uma adolescência
bastante precoce e uma juventude que se prolonga ate os 30 anos” (p.4).
Sendo assim cabe relembrar que a escolha deste tema surgiu a partir de reflexões, sobre
a maneira como a moda está presente no dia a dia das pessoas, e como pode ser sua interferência
na constituição da subjetividade infantil, já que a mesma carrega consigo significações e sentidos.
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2 TEMA
Discutem a relação entre desenvolvimento psicológico infantil / constituição da
subjetividade e a influência do vestuário numa perspectiva social.
3 PROBLEMÁTICA
A Psicologia tem como perspectiva estudar o psicossocial, a cultura e a história do ser
humano, o que envolve conseqüentemente analisar as relações, reações e emoções do homem em
sua vida social. Desta forma, tenta fundamentar, compreender e mediar os comportamentos
humanos nos diversos acontecimentos e mudanças ao longo de sua existência.
Considerando assim, uma conexão das relações do ser humano e os aspectos sociais que
são ações diárias na vida do sujeito, esta pesquisa tem como finalidade estudar a influência do
vestuário / moda na constituição da subjetividade infantil.
Atualmente, existe uma grande discussão acerca da questão da constituição da
subjetividade infantil no que diz respeito à influência do campo da moda e nesta perspectiva o
vestuário se torna uma peça fundamental. Sabendo-se que o vestuário é usado desde os
primórdios, onde os homens caçavam para se alimentarem e usavam as peles dos animais como
vestuário para proteção física e identificação do grupo, hoje ela adquiriu um novo significado
como aponta Mendonça (2002),
Foi ao longo da segunda metade do século XIX que a moda, no sentido moderno do termo, instalou-se. Com os processos tecnológicos em todas as áreas [...] e o que realmente interessa neste período é que a moda se torna objeto de desejo, onde o vestuário converte-se em concretizador de emoções, e contribuidor para a formação da personalidade (p.03).
Desta forma a moda passa a ter forte influência na constituição dos indivíduos, que
passam a se vestir não só para proteger o corpo, mas o vestuário vem cheio de significados e
símbolos que levam a identificar grupos com elementos de personalidade semelhantes.
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A criança também é alvo da moda e como relata Campos e Souza (2003) Temos acompanhado mudanças nas relações estabelecidas entre adultos e crianças, bem como o surgimento de uma nova produção da subjetividade em função da organização do cotidiano, pelo modo como a experiência das crianças, jovens, e adultos vem se transformando na sociedade de consumo (p.2).
Será que nos dias atuais o vestuário infantil perdeu sua leveza se tornando mais próximo
do vestiário do adulto podendo estar inadequado para a criança? O corpo infantil é quase
totalmente exposto, a criança pode ser projetada a um amadurecimento precoce e sua
subjetividade esculpida pela mesma ao enquadrar e classificar a mesma de acordo com o
repertório de significados que carrega o vestuário.
Diante do exposto, essa pesquisa apresenta como questão de investigação, a
seguinte pergunta: Qual a influência do vestuário na constituição da subjetividade infantil na
atualidade?
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4. OBJETIVOS
4.1. OBJETIVO GERAL
Analisar fatores sociais, educativos e psicológicos que contribuem para a constituição da
subjetividade infantil através da influência do vestuário / moda.
4.1.1 Objetivos específicos
• Caracterizar o significado do vestuário / moda na atualidade.
• Identificar quais os fatores sociais que podem vir a contribuir para a constituição da
subjetividade através da influência do vestuário / moda na infância em crianças.
• Investigar através dos processos educativos quais os fatores que podem vir a contribuir
para a constituição da subjetividade infantil a partir da influência do vestuário / moda em crianças
• Caracterizar como se desenvolve a representação simbólica do vestuário / moda a partir
dos processos psicológicos frente à constituição da subjetividade infantil em crianças.
• Investigar possíveis diferenças na noção de moda na infância a partir da relação de
gênero.
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5. REFERÊNCIAL TEÓRICO
5.1 HISTÓRIA DO HOMEM EM RELAÇÃO À MODA
Em tempos primitivos como aponta Anaz (2000) na antiguidade e na Idade Média a
moda se deslocava de forma oposta à tradição cultural do povo, havia uma relativa permanência
do passado. O conservadorismo dos traços culturais herdados era de extrema importância, regiam
os indivíduos que adotavam estes traços como leis. Desta forma a imposição tão forte dos
modelos herdados não dava a possibilidade de entrada da moda neste meio social. Como
reafirmar Anaz (2000),
A história do vestuário nas sociedades primitivas, da Antiguidade e da Idade Média baseada numa visão conservadora de reprodução e respeito ao passado. Mesmo os diferentes trajes e ornamentações existentes entre os integrantes dessas sociedades obedeciam a tradições e normas coletivas rígidas e praticamente permanentes (p. 01).
De acordo com Paulo Ghiraldelli Jr (2000) foi a partir do século XVI, que os adultos
começaram a ver a criança como um ser singular, pois até então homens e crianças se vestiam da
mesma forma, seus modelos eram iguais, sendo que as crianças eram vestidas como adultos.
Adquiriam o mesmo modelo dos adultos e muitas vezes assumiam os mesmos papéis sociais
desempenhados por eles.
Porém, com o avanço da civilização, os indivíduos passam a decidir o que é mais
adequado para o uso, de acordo com suas condições sociais e o meio social onde vivem,
determinando a vestimenta mais requintada ou simples, de acordo com sua condição e posição
sociais.
Com a segunda guerra mundial como aponta Polimeni (2004) em seu artigo “Costumes e
moda ao longo da história”, a moda se transformou, muitas mudanças vieram, os cabelos foram
cortados, as saias ficaram mais curtas, as cinturas desceram. Após a guerra a mulher continua a
investir na moda para seu bem estar, para estar bem apresentável e sensual.
Desta forma as mudanças vêm ocorrendo constantemente ao longo dos tempos, de forma
que os indivíduos estão sendo conduzidos a passar da era do costume e das tradições, que
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exaltavam a antiguidade e a imitação dos antepassados, para a era da moda, onde se imita os
novos modelos e se cultivam as novidades. Deste modo as semelhanças tendem a mudar de foco,
os indivíduos tornando-se mais parecidos com o novo modelo cultural, com as novas tendências
deixando de seguirem os modelos dos antepassados. Como aponta Anaz (2000) foi a partir do
final do século 19 e durante o século 20 que a moda estabeleceu-se como se concebe atualmente,
o gosto e o desejo pelo novo ganharam novas dimensões, tornaram-se mais intensos e freqüentes.
Neste período que a moda alcança a todas as dimensões da sociedade, classes sociais
ricas e pobres e torna forte sua influência. Começa-se a observar que a partir daí a diferenciação
social se torna mais forte e visível, as pessoas sentem necessidade de se vestirem bem para se
verem e serem vistos da melhor forma possível dentro do âmbito social.
Segundo Gilles Lipovetsky (1989, apud Anaz 2000) a moda une o conformismo e o
individualismo desde o seu começo. A evolução da moda não levou a uma explosão de
originalidade individualista, mas a uma neutralização progressiva do desejo de distinção no
vestuário. Mas Lipovetsky (1929, apud Anaz 2000) ressalta que por outro lado o individualismo
no vestuário aumentou notavelmente, pois atualmente as pessoas se vestem mais em função dos
gostos do que por conta de uma norma imperativa e uniforme.
Em contra ponto a idéia de Lipovetsky, (1989, apud Anaz 2000) observa-se que os
gostos tendem a serem manipulados se tornando dependentes como aponta Kotler (1995, apud.
Cardoso 2005) quando dizem que os gostos e comportamentos do consumidor podem ser
influenciados por fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos. Desta forma as motivações
internas e as influências externas como a mídia, as pressões sociais e as tendências da moda,
tendem a mudar o resultado final, o modo de vestir, pois estes fatores podem vir a moldar os
gostos e opiniões dos indivíduos.
No contexto da sociedade atual, houve um grande avanço tecnológico em todas as áreas,
inclusive nos meios de comunicação, através do qual a informação chega mais rápido às
sociedades e se torna formadora de opiniões. Por meio deste a moda entra na vida das pessoas e
ganha um lugar de destaque.
A moda torna-se mais um dos componentes para a constituição da subjetividade e da
identidade. Como nos afirma Mota (2006) “A moda especialmente o vestuário, cada vez mais
associada às formas do corpo e ao jeito de ser, não somente exprime, mas compõe identidades”
(p. 01). Sendo assim a moda passa a ser formadora de identidades individuais e coletivas e forte
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componentes para a constituição da subjetividade, já que a mesma é constituída através das
relações sociais.
Desta forma a moda adquire novo significado, deixando de ser usada com a simples
utilidade de proteger o corpo, e traz consigo significados e símbolos. Como relata Bergano
(1998) a roupa significa algo, e exatamente por significar algo que ela pode ser usada como
instrumento de mediação entre os indivíduos que a veste e o sentido que ela imprime nas ações
dos mesmos.
Sendo assim, a moda está nas vivências dos indivíduos, nas representações, e nas
relações das pessoas, aprovando ou desaprovando atitudes e estilos, e emitindo juízos de valor. O
vestuário sinaliza, isto é, aponta para significados e muitas vezes pode vir a servir como
instrumento de julgamento, já que o modo de vestir tende a estar de acordo com a identidade,
subjetividade e com os modelos sociais onde se está inserido.
5.2 CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL.
De acordo com a abordagem histórica cultural o homem se constitui a partir das relações
como ressalta Molon (1999): “O eu se constrói na relação com o outro, em um sistema de
reflexos reversíveis, em que a palavra desempenha a função de contato social, ao mesmo tempo
em que é constituinte do comportamento social e da consciência” (p.02). Desta forma os
fenômenos subjetivos não existem por si mesmos e nem afastados da dimensão espaço-temporal
e de suas causas.
Como aponta Vygotsky (1996)
Por isso se funda aí a solução do enigma do “eu” alheio, do conhecimento da psique dos demais. O mecanismo da consciência de si mesmo (autoconhecimento) e do reconhecimento dos demais é idêntico: temos consciência de nós mesmos porque a temos dos demais e pelo mesmo mecanismo, porque somos em relação a nós mesmos o mesmo que os demais em relação a nós. Reconhecemo-nos a nós mesmos na medida que somos outros para nós mesmos, isto é, desde que sejamos capazes de perceber de novo os reflexos próprios como excitantes. (Vygotsky, 1996b, pp. 17 -18 apud Molon, 1999, p. 101).
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De acordo com Ciarlini (2007) entender como esse homem é constituído implica então,
basicamente, em compreendê-lo como o resultado de um processo sócio-histórico no qual, atribui
à linguagem, importância singular, visto que, a concepção de sujeito se faz a partir desta; através
de interações que o sujeito estabelece com os representantes de sua cultura, tornando-a
significativa através dos recursos expressivos por eles usados. Assim, é na linguagem, que o
sujeito, mediante o intercâmbio social com outros sujeitos, planeja suas ações, imagina, cria,
reflete, representa e significa a realidade.
Desta forma Molon (1999) apresenta a idéia de Vygotsky que diz,
Assim, define-se a postura sociointeracionista de Vygotsky, colocando os dois aspectos fundamentais para isso: o conhecimento é construído na interação entre sujeito e objeto e a ação do sujeito sobre o objeto é socialmente mediada (p.75).
Por outro lado, a constituição do sujeito e da subjetividade implica a intersubjetividade,
pois acontece através do outro e pela palavra numa dimensão intersubjetiva. Logo, a
intersubjetividade é vista não no plano do outro e sim, da relação do sujeito com o outro. Desta
forma a constituição do sujeito passa pelo reconhecimento do outro, e pelo autoconhecimento do
eu, sendo todo processo vivenciado como externo em relação aos outros, para depois ser
internalizado pelo sujeito.
Como coloca Gonzales Rey (2005)
[...] as experiências individuais e subjetivas são possíveis apenas a partir das relações sociais e do espaço da intersubjetividade, e que estes têm existência e determinação material e histórica, quer dizer que a subjetividade não está predefinida em cada indivíduo nem constitui-se de processos ou estruturas universais da humanidade. Ao contrário configura-se como algo que se constitui nessas condições e que está sempre em processo, uma vez que decorre de situações concretas que incluem, necessariamente, as atividades objetivas e subjetivas do indivíduo (p. 114).
Desta forma observa-se que na psicologia histórico cultural a constituição da
subjetividade é feita através da mediação, pois os indivíduos não se relacionam somente de forma
direta. Logo a construção do conhecimento vem da interação mediada por várias relações, ou
seja, pela mediação feita por outros sujeitos. E esta mediação se divide em dois tipos como
distinguio Vygotsky (1991, apud Ciarlini, 2007): os instrumentos (no sentido de regular as ações
sobre os objetos) e os signos (criados para regular as ações sobre o psiquismo).
Segundo Pino (1992), Constituinte do signo e, portanto, da ordem simbólica - ambas produções sociais - a significação não pertence nem a ordem das coisas nem à das suas representações, mas à ordem da intersubjetividade anônima, em que, ao mesmo tempo em que é por ela constituída é constituinte de toda subjetividade. (Pino, 1992, p.322 apud Molon. 1999 p. 73).
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Neste processo o sujeito se torna interativo e não somente ativo, pois forma
conhecimentos e se constitui a partir das relações interpessoais. É através da troca com outros
sujeitos e consigo próprio que vai internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, o que
permite a formação de conhecimentos e da própria consciência, sendo esta, criada na vida social,
uma vez que as formas culturais de organização da vida e dos sujeitos humanos fornecem aos
indivíduos os meios como os conhecimentos, técnicas e instrumentos e os motivos para suas
ações no âmbito social.
O conhecimento e a experiência são socialmente produzidos e acumulados ao longo da
história, pelas gerações antecedentes, são apropriados pelos sujeitos através das relações sociais
que lhes fornecem os recursos de signos mediadores das ações humanas. O sujeito apropria-se,
portanto, do saber socialmente produzido pelas gerações passadas através das ações partilhadas
com outros significativos, incorporando significações a elas atribuídas e modificando conforme
sua vivência singular, e internalizando conforme é significante para o sujeito. Estas ações, por sua
vez, ocorrem em situações também sociais e historicamente determinadas.
Segundo Ciarlini (2007) a concepção de ser humano na teoria Vygotskyana resgata o
papel ativo e criativo do homem e da cultura, pois o homem constitui a cultura e
concomitantemente é constituído por ela. Como destaca Norbert Elias (2004)
[...] indivíduo e sociedade são de igual modo inúteis. Uma parte não existe sem a outra. Antes de mais tem simplesmente uma existência _ o indivíduo em sociedade com outros, a sociedade como sociedade de indivíduos (p.28).
A cultura é vista como resultado, da vida social e da atividade do homem na sociedade,
assim a cultura pode ser compreendida como o resultado das relações sociais características de
uma determinada sociedade. Nesta perspectiva Vygotsky (1991, apud, Ciarlini 2007) vem
reafirmar que a natureza da cultura está relacionada com o caráter duplamente instrumental,
técnico e simbólico da atividade humana. Desta forma, podemos dizer que a cultura é a totalidade
das produções humanas, sejam elas, técnicas, artísticas, científicas ou organizadas na forma de
instituições e práticas sociais.
Sendo assim, o homem e a sociedade estão em um processo constantes de interações e
de mudanças. O sujeito pode ser compreendido como um modelo da sociedade, pois nele se
reflete a totalidade das relações sociais.
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5.3 INFLUÊNCIA DA MODA NA CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE.
Como o indivíduo se constituí através das relações sociais e da interação com os outros
sujeitos em um espaço temporal, o meio nos apresenta muitos elementos que podem ser
influenciadores na constituição da subjetividade. Um destes elementos que será colocado em
destaque é a moda / vestuário.
A capacidade de comunicação simbólica é possível de ser encontrada em todos os tipos
de produtos, mas o vestuário é um dos mais eloqüentes e poderosos produtos que as pessoas
usam para se comunicar; é um meio de comunicação social expressiva, o objeto e seu signo de
maneira altamente visual, conectado intimamente com a pessoa (usuário) é conduzido por ela em
toda dimensão social de sua rotina diária.
Observa-se o vestuário presente em todas as relações e traz consigo significados e signos
que são interpretados de acordo com o contexto. Como pontua Miranda, Garcia, Pepece & Mello
(2000),
Produtos são providos de significado na sociedade; o estudo do simbólico reside em entender como as pessoas compõem o seu próprio conceito e compram ou rejeitam produtos que as identifiquem com a forma idealizada, impulsionadas pelas mensagens simbólicas deles. [...] os consumidores compram produtos para obter função, forma e significado (p.01).
Desta forma, Molon (1999) relata que os signos são estímulos instrumentais
convencionais de natureza social como a linguagem, a escrita, os cálculos, que na convivência
social são introduzidos na subjetividade pelo homem e, portanto não são nem orgânicos nem
individuais.
Logo, a moda pode adquirir papel de representar a imagem real, como também sua
fantasia idealizada. Nessa perspectiva, as formas da moda podem simultaneamente mascarar e
revelar; mostrar as identidades ou as simular. Deste modo os indivíduos ao se vestirem exercem
uma atividade significante e como coloca Duarte & Fensterseifer (2007).
Portar uma vestimenta é fundamentalmente um ato de significação, que ultrapassa razões como o pudor, proteção ou o adorno. E como todo ato de significação é um ato profundamente social (p. 01).
Prosseguem os autores citados argumentando que, a moda poderia ser determinada
assim como um comportamento de aceitação ou contestação do consumidor em relação ao
conjunto de valores representado por uma tendência. Nessa perspectiva, a moda pode ser uma
23
modificação obrigatória do gosto que faz ser o que se é em relação aos outros e que auxilia a
aderir àquilo que o sujeito se torna, e põe em circulação formas com valor significado de
afiliação, constituição e afirmação de grupos sociais.
Pode-se observar neste processo uma dialética, pois ao mesmo tempo em que grupos ou
pessoas fazem a moda, a moda configura a subjetividade ou pertencimento dessas pessoas a um
grupo. A moda deve, portanto, também ser considerada em suas relações com os grupos sociais;
pois os mesmos auxiliam a instituir e configurar, dotados de sistemas de preferências já
estabilizados na sociedade.
Nessa direção, segundo Duarte & Fensterseifer (2007), os valores na moda só significam
em função de suas propriedades sinaléticas e distintivas. Seguir uma moda traduz-se então por
assumir as marcas, segundo as quais um determinado grupo ou meio declina figurativamente sua
identidade; sugere ou indica seu pertencimento a uma classe social ou comunidade.
Desta forma pode-se dizer que não há comunicação ou moda ingênua, pois os dois
enquanto estímulos são produzidos com intenções de conduzir ou moldar os comportamentos dos
indivíduos em uma direção específica pré-determinada por estes estímulos. Contudo observa-se
que os estímulos podem ser os mesmos para toda uma sociedade, porém cada qual vai interpretar
de seu modo, dependendo da subjetividade, do estilo de vida, e da forma como vai codificar, e
internalizar estes estímulos.
5.4 INFLUÊNCIA DA MODA NA CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE INFANTIL
A criança ao nascer já está inserida em uma sociedade, com regras, papeis pré-
determinados, e modelos impostos, aos quais ela necessita se adaptar e aprender a conviver, e
desta forma se constituir a partir das relações que vai estabelecer no decorrer de sua vida.
De acordo com Pierre Bourdieu (1998) só se pode compreender verdadeiramente tudo
que é dito na conversa, ou no vestuário de uma pessoa em relação em um contexto, se souber ler
em suas palavras e suas vestimentas a estrutura das relações objetivas, presentes e passadas de
sua trajetória, pois o mesmo se constitui ao longo do tempo.
24
Segundo Norbert Elias (2004)
Não há dúvida de que o homem singular é educado por outros que já existiam antes dele; não há dúvida de que como parte integrante duma coletividade de homens, dum todo social – seja lá o que isso for – ele vai vivendo e crescendo, tornando-se adulto (p. 29).
Desta forma a criança já se encontra em uma sociedade com símbolos e signos pré-
determinados pelos indivíduos que a constituem, onde cada mercadoria e objeto já têm um valor
pré – determinado. Como aponta Vigotski (1994, apud Pino Sirgado, 2000) “o símbolo é a
produção do homem, como o instrumento, e como tal, faz parte da ordem da cultura e não da
natureza, tendo assim uma existência independente do organismo” (p.55). Já o signo segundo
Vigotski (1994, Pino Sirgado, 2000), “desempenha claramente a função de estimulo externo de
uma operação interna [...] o signo como expressão cultural” (p.56).
Como relata Silveira e Bernardo (1989) ao afirmarem que a mercadoria vem ao mundo
sob a forma de valores de uso, ou de corpos de mercadoria como as roupas sapatos e acessórios.
Desta forma elas aparecem como mercadorias ou formas de mercadorias na medida em que
possuem forma de valor.
Conforme Rodrigues (2008), da mesma forma que um indivíduo analisa as
características dos outros indivíduos com os quais ele estabelece algum tipo de relacionamento, o
consumidor examina as características dos produtos / roupas com a qual vai ter algum
envolvimento.
Os consumidores acabam por associar às roupas com características da subjetividade. O
vestuário providencia o significado simbólico e o valor emocional que contribui para a
preferência pela roupa. Sendo assim, as crianças da mesma forma que se agrupam por
semelhanças subjetivas tendem a se agruparem por semelhanças no modelo de vestir.
De acordo com Lisboa (2002) os meios de comunicações também tendem a influenciar o
modo de vestir e conseqüentemente a subjetividade infantil, pois a mídia faz parte do dia a dia
das crianças, trazendo inúmeras novidades para o mundo das mesmas, que diferentemente de
outras gerações só conviviam no âmbito familiar e escolar. Hoje as crianças convivem desde sua
existência com os meios de comunicação tendo contato com uma vasta diversidade cultural.
Com isso pode-se dizer que não existe um modelo de criança e infância universal, pois
as mesmas são constituídas e inseridas sócio-historicamente em diferentes realidades culturais,
que vem se modificando constantemente. Como ressalta Lisboa (2002)
25
Assim, observa-se atualmente as crianças sendo alvo explícito da Indústria Cultural e, conseqüentemente da televisão, como consumidoras em potencial e segmento autônomo do mercado, o que vem gerando várias discussões no âmbito da ética e do controle desses programas e publicidades dirigidas a esse público. Acreditando na possibilidade de uma educação emancipatória, torna-se necessário analisar e refletir o conteúdo desses produtos culturais que as crianças legítimas diariamente e acabam se constituindo em importantes elementos do mundo infantil, carregados de sentidos/ significados compartilhados (p.02).
Portanto a moda é um elemento cada vez mais presente na atualidade e na vida das
crianças. Os meios de comunicação, sobretudo a televisão favorecem as mesmas a terem
conhecimento e serem influenciadas pela moda. Já que estes meios não têm restrição alguma,
grande parte da população tem acesso à informação veiculada diariamente.
Por este motivo a criança tende a querer vestir e adquirir as mesmas características do
modelo que lhe é mostrado. No entanto como o indivíduo é ativo neste processo e capaz de fazer
escolhas ele tende a imitar o modelo com que mais se identifica, podendo igualmente, se
adequadamente orientado refletir sobre tal modelo.
Segundo Simmel, (1904. apud,Miranda, Garcia, Pepece & Mello 2000) a imitação pode
proporcionar satisfação de não estar sozinho em suas ações. Ao imitar não só transfere a
atividade criativa, mas também a responsabilidade sobre a ação dele para o outro. A necessidade
de imitação vem da necessidade de similaridade. Sob esta dimensão conclui-se que moda é a
imitação de modelo estabelecido que satisfaça a demanda por adaptação social, diferenciação e
desejo de mudar, sendo baseada pela adoção por grupo social.
Desta forma pode-se observar que a criança sempre tende a imitar um modelo ao qual se
identifica incluindo-se a um grupo social e adquirindo características estéticas ou subjetivas
similares do mesmo. Pois vai estar inserida em um contexto com modelos, signos e símbolos pré
- definidos aos quais vai se adaptando e se modelando conforme os mesmos.
5.4.1 Questões de gênero
Segundo Saffioti (1994), gênero se caracteriza como representação e como auto -
representação. Neste estudo, a categoria gênero está sendo compreendida como atributos e
26
funções socialmente construídos, que configuram diferenças e inter-relações entre os sexos, que
vão além do biológico.
Neste sentido, ser homem ou ser mulher implica à incorporação desses atributos e
funções, como uma maneira de representar-se, valorizar-se e atuar numa determinada cultura
(Gomes, Nascimento e Araújo, 2007).
Desta forma a relação de gênero é uma construção cultural e social e representa um
processo contínuo e descontínuo de produção de lugares e poderes do homem e da mulher em
cada cultura e sociedade, pois as visões de homem e de mulher vão se modificando ao longo do
tempo e ganham novos significados.
Cabe ressaltar que as relações de gênero são construídas com base na interação social,
desta forma não se pode esquecer que tanto mulheres quanto homens exercem inúmeros papéis
em sua vida cotidiana. Participam da dinâmica social das mais diversas formas, transformam-se
de acordo com diferentes situações vividas, não se comportam da mesma maneira o tempo todo.
Como pontua Nogueira (2001),
O gênero é, deste modo, uma invenção das sociedades humanas, uma "peça de imaginação" com facetas multifacetadas, tais como construir adultos, homens e mulheres desde a infância, construir os "arranjos sociais" que sustêm as diferenças nas consciências de homens e mulheres, tais como a divisão das esferas da vida (privado/público) e a criação de significado, isto é, criar as estruturas lingüísticas que modelam e disciplinam nossa imaginação (p.19).
Gênero é um conceito relacional, ou seja, que existe um em relação ao outro Uma vez
que as mulheres e os homens são biologicamente diferentes, a sociedade impôs, arbitrariamente,
papéis diferenciados dentro de seu contexto relacional. Desta maneira, gênero não é um fato
biológico, mas um conceito formulado pela sociedade em um determinado momento histórico.
Entender gênero como organização social da diferença sexual como propõe Scott (1994,
apud Fonseca 2000), está longe de significar que gênero reflita ou implemente diferenças físicas
ou naturais entre homens e mulheres, mas sim que se coloca como saber que estabelece sentidos
para as diferenças corporais. E tais sentidos variam de acordo com a cultura e seus tempos
históricos, não podendo determinar univocamente como a divisão social será definida.
Assim como o gênero, a moda/ vestuário também é uma construção social que vai se
modificando e adquirindo significados diferentes ao longo do tempo. As mulheres, porém são o
grande alvo da moda, sendo fortes consumidoras.
Como relata Thompson, (1997, apud Miranda, Garcia, Pepece & Mello 2000), a moda
tem historicamente criado uma associação forte entre feminilidade e a busca do “estar na moda”,
27
onde se realça a importância da aparência na construção social da feminilidade. Logo, mulheres
são mais suscetíveis às mensagens de moda que os homens, e tendem a estabelecer mais contato
com a mesma.
Porém nos dias atuais se observa que a um crescente interesse dos homens a estarem na
moda. Segundo Rocha (2006),
O homem está cada vez mais vaidoso e seguidor de moda. Da mesma forma que o século 20 foi o século das mulheres, este começo de século de 21, definitivamente, está se delineando como o da redescoberta da vaidade pelos homens (p.01).
Pode-se observar que as relações de gênero estão presentes desde a infância, pois as
crianças já diferenciam os papéis e funções pré-estabelecidos para os meninos e meninas. A
família é a primeira instituição a distinguir estes papéis diferenciados, e a escola é o maior
reforçador desta distinção.
Como aponta Delamont (1985, apud Silva & Daolio 2007, p.04) “a escola vista como a
instituição da sociedade que mais fortalece as diferenças de gênero ao realizar processos de
socialização diferenciados para meninos e meninas”.
É na escola que as crianças têm um contato com um segundo grupo de referência, sendo
a partir deste que se vai intensificar seu processo de socialização e de identificação com os
grupos sociais. Seja pelas características subjetivas, estilo de vida, ou modo de vestir.
Sendo assim conforme Cruz & Carvalho (2008) “as aprendizagens de gênero
constituídas na infância desdobram-se em processos posteriores de reelaboração, os aquis sempre
dialogam com as lembranças deste período”. (p.65)
Deste modo como aponta Cruz & Carvalho (2008) as crianças lidam com modos de
viver as relações de gênero que lhes são dados a priori e os recriam de maneira particular, em
parte reproduzindo, em parte transformando, vivenciando de sua maneira este movimento social
de criar e recriar.
Assim segundo Ramires (2008) o gênero constitui uma camada do social, é parte de uma
totalidade que é sempre incompleta e que, permanece aberta no tempo e no espaço estando sujeita
a transformações. Portanto, as definições e atributos do que é ser homem ou ser mulher podem
ser vistas como um fluxo e não como algo estável.
28
5.5 CONSUMO, MARCAS E ESTILO DE VIDA
Segundo Diaz (2005) a moda constitui uma das estratégias mais bem sucedidas da
sociedade de consumo, pois, ao se apresentar como uma das expressões dinâmicas da
modernidade, sempre em busca da novidade, ela também passou a determinar ritmos de
produção, acumulação econômica e estilos de vida cujos reflexos puderam ser apreciados nos
diversos espaços do cotidiano.
A indústria da moda e a indústria da comunicação proporcionaram uma explosão por
completo dos processos de moda, que influenciam decisivamente na orientação das práticas de
consumo, nos estilos de vida e na identificação dos indivíduos com certos produtos. Como aponta
Diaz (2005).
Diante do fluxo de novidades no mercado e da constante re-significação a que os objetos estão submetidos, a moda se configurou como uma forma de especialização do consumo através da qual os indivíduos encontram elementos para executar estratégias de aparência. Na medida em que as identidades têm ficado cada vez mais vinculadas com práticas de consumo, a moda se constituiu em um dos mecanismos mais influentes na sua construção, fornecendo elementos que as tornam diversas, plurais e globais (p. 01).
De acordo com Eco (1989, apud Miranda, Garcia, Pepece & Mello 2000), o
comportamento de consumo pode ser explicado pela necessidade de expressar significados
mediante a posse de produtos, que comunicam à sociedade como o indivíduo se percebe enquanto
interagente de grupos sociais. Os atributos simbólicos são dependentes do contexto social que o
indivíduo vive. Sendo a moda símbolo na sua própria essência, parece certo afirmar que a ela se
aplica perfeitamente à transferência de significados, visando a comunicação entre os integrantes
de sociedades, onde tudo comunica e o vestuário desenvolve o papel de comunicador.
O consumo simbólico é a mensagem que as pessoas querem transmitir quando elas
consomem alguma coisa, pois muitas vezes consomem pelo valor simbólico e não pela
funcionalidade. O que é consumido, neste caso, não é o produto, mas sim seu significado, comum
entre a pessoa e a sociedade. A sociedade deve entender o simbolismo do produto do mesmo
modo que a pessoa, senão o consumo simbólico não faz sentido.
O consumo muitas vezes é orientado pelas marcas, onde o indivíduo tente a escolher o
que lhe é mais apropriado de vestir pelo valor de sua marca. Marca aqui entendida por Saddi
(2006) como um conjunto de características, conceitos e ações, como definição de uma
29
identidade que, percebida pelos indivíduos e carregada de significados, exemplifica e atrai um
tipo de indivíduo ou grupos.
De acordo com Leite & Rego (2006) as marcas se diferenciam por elementos
simbólicos, emocionais e intangíveis, ou seja, “aquilo” que a marca significa para o consumidor.
As diferenças simbólicas e emocionais, normalmente são construídas por meio da comunicação
de marketing.
Geralmente as marcas estão associadas ao estilo de vida do indivíduo, pois pessoas que
fazem uso de marcas reconhecidas e de grande divulgação geralmente são pessoas com boas
condições sociais / econômicas.
Estilo de vida segundo Amaral (1992) é a forma pela qual uma pessoa ou um grupo de
pessoas vivencia o mundo e, em conseqüência, se comportam e fazem escolhas. E conforme
Bourdieu, (1983, apud Amaral 1992), o que define os elementos que compõem o conjunto
simbólico a que se chama de estilo de vida é, basicamente, sua distância (dos elementos) em
relação às necessidades básicas dos indivíduos ou grupos.
Desta forma podemos observar que com a diversidade da vida moderna, surgem
variados estilos de vida. Como ressalta Bourdieu (2003 apud Massaratto 2007), a categoria classe
social já não é mais suficiente para compreender a construção das identidades na sociedade atual,
as pessoas se agrupam e se separam mediante escolhas individuais, baseadas no gosto subjetivo,
que transcende a classe social a qual se pertence.
De acordo com Massaratto (2007) como a sociedade moderna muda continuamente, isso
pode provocar uma revolução na cultura subjetiva, na relação do homem com os demais, com o
mundo, consigo mesmo e nos estilos de vida. Estas novas maneiras de se relacionar podem
encontrar suas formas de realização numa variedade de objetos que formam um novo repertório
material advindo da modernização. O qual é importante na (re) definição de si mesmo, da
subjetividade e do estilo de vida, assim o consumo adquire novos contornos.
Os sujeitos consumidores, ao realizarem suas escolhas acessam códigos simbólicos que
comunicam suas preferências, gostos, hábitos e o estilo de vida, ao qual pertencem.
Logo, estilos de vida, consumo e marcas estão vinculados, pois, o consumo e
principalmente o consumo de produtos portadores de marcas dependem do estilo de vida e a
condição social que o indivíduo se encontra, dentro do contexto onde vive. Pois, pessoas com
estilos de vida e condições financeiras melhores tendem a consumir e buscar mais pelas marcas.
30
5.6 RELAÇÃO DAS CRIANÇAS COM AS MARCAS
Hoje muitas crianças têm acesso às informações vinculadas pela mídia e já possuem
noção de dinheiro, economia, pobreza e riqueza. Desta forma, a grande maioria das crianças,
mais favorecidas sócio-economicamente estão cada vez mais informadas sobre o universo da
moda e do consumo, e interferem nas escolhas de produtos destinados às mesmas. Assim como
os adultos, elas buscam por consumo visando às marcas.
Segundo Cardoso (2005) o mercado do vestuário de criança tornou-se um segmento
muito atrativo e representa um grande negócio. Este é um mercado promissor e que resiste a
todas as crises. E por razões sociológicas, os pais gastam mais dinheiro com os seus filhos do que
com eles próprios.
Por sua vez, Chowdhary (1988, apud Cardoso 2005) descobriu que os jovens
consumidores procuram as informações sobre a moda e sobre as marcas de vestuário nas suas
relações sociais e nos amigos. Ressalta-se aqui que esta descoberta citada por Chowdhary é
significativa para aqueles consumidores com maior poder aquisitivo.
Não desconsiderando que consumidores (crianças e jovens) de classes menos
favorecidas socialmente não sintam as mesmas necessidades uma vez que, tem o acesso a
valorização das marcas enquanto produtos simbólicos através da mídia.
A roupa, particularmente a roupa de marca, é um produto de alto valor simbólico e de
forte identificação de grupos, definindo-se muito em termos de aceitação pelos seus semelhantes.
As marcas e o estilo de roupa são questões fundamentais nas dinâmicas dos grupos. Se uma peça
de roupa não tem os motivos aceitos pelos seus parceiros, a criança recusa-se determinantemente
a usá-la, pois acredita que se não estiver de acordo com o grupo pode vir a ser excluída do
mesmo.
Para Cardoso, (2004).
As marcas de vestuário representam bastante para as crianças e adolescentes, como um meio suplementar de satisfazer as suas necessidades de identificação, de aceitação e de pertença a um grupo. Em vez de desenvolverem a sua autonomia, as crianças escolhem as marcas que são populares no grupo e que representam uma imagem. (Cardoso, 2004 apud Cardoso 2005 p. 03).
31
As crianças reconhecem as marcas e se identificam com elas, uma vez internalizadas
como significante e como representação do grupo ao qual pertencem.
Dado que as crianças estão mais receptivas e disponíveis às ações da moda, investir em
vestuário para a criança é um negócio com retorno garantido para o mercado econômico. Pois é o
percurso mais fácil de fidelizar cliente num período único do desenvolvimento e do processo de
aprendizagem das crianças. É mais fácil aprender qualquer coisa quando se é novo. De acordo
com Luria, Leontiev, Vygotsky e outros (1991),
[...] a aprendizagem não é em si mesma desenvolvimento, mas uma correta organização da aprendizagem da criança conduz ao desenvolvimento mental, ativa todo um grupo de processos de desenvolvimento, e esta ativação não poderia produzir-se sem a aprendizagem. Por isso, a aprendizagem é um momento intrinsecamente necessário e universal para que se desenvolvam na criança essas características humanas não naturais, mas formadas historicamente (p.15).
Sendo assim, é necessário avaliar-se constantemente o que as crianças estão aprendendo
em seus círculos de relacionamento. Pois na medida em que crescem e se desenvolvem, as
crianças adquirem hábitos de consumo, começando a preferir determinados produtos e marcas. É
crucial neste caso entender-se como os adultos medeiam a relação das crianças com esses
produtos e marcas.
Segundo Vygotsky (1989)
A criança consegue internalizar os meios de adaptação social disponíveis a partir da sociedade em geral através de signos. Para Vygotsky, um dos aspectos essências do desenvolvimento é a crescente habilidade da criança no controle e direção do próprio comportamento, habilidade tornada possível pelo desenvolvimento de novas formas e funções psicológicas e pelo uso de signos e instrumentos neste processo. Mais tarde a criança expande os limites de seu entendimento através da integração de símbolos socialmente elaborados (tais como: valores e crenças sociais, conhecimento cumulativo de sua cultural e conceitos científicos da realidade) em sua própria consciência (p. 142 e 143).
Neste processo de socialização, a família, o grupo e os meios de comunicação
desempenham um papel fundamental. A família, particularmente a mãe que é vista como
principal consumidora apresenta-se como o primeiro fator de influência e de educação do
consumo. A entrada na escola, o contato com novas pessoas e a aprendizagem escolar permite-
lhes conhecer uma nova realidade, confrontar novos conceitos e libertar-se da tutela dos pais.
A dinâmica do grupo exerce-se e exprime-se ao nível da identificação e do consenso
com os seus semelhantes. O contato privilegiado que as crianças têm com a mídia,
particularmente com a televisão, permite-lhes receber uma grande diversidade de informações e
conhecer novas situações, familiarizando-as com os produtos e com as marcas.
32
6. METODOLOGIA
6.1 TIPO DE PESQUISA
A presente pesquisa foi de caráter exploratório e de análise qualitativa, onde segundo
Minayo (2007) ela se ocupa, nas ciências sociais com um nível de realidade, ou seja, trabalha
com o universo dos significados, dos motivos, das crenças, dos valores e das atitudes. Qualitativa,
pois tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal
instrumento, e exploratória, porque tem como objetivo principal proporcionar uma maior
familiaridade com o problema, com a intenção de torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses
(Gil, 1991).
Sobretudo na pesquisa qualitativa, os significados, as normas de conduta são trabalhadas
entre pessoas que participam de uma entrevista.
A metodologia da pesquisa qualitativa deve ser de natureza teórica e prática concomitantemente. Aquilo que nas teorias o pesquisador aprende sobre observações empíricas e as experiências por ele vividas devem constituir o seu ponto de partida. Essas duas aprendizagens fornecem a instrumentação para observar e analisar a realidade de modo teórico desde o início. Fornecem recursos para ver os objetos da percepção na sua origem social, histórica e de funcionamento, na sua interdependência e determinação do seu desenvolvimento (Ludke & André 1986, p. 25).
Desta forma de acordo com Minayo (2007) em seu livro Pesquisa Social, o universo da
produção humana que pode ser resumido no mundo das relações, das representações e da
intencionalidade é o objeto da pesquisa quantitativa, sendo assim, dificilmente pode ser trazido
em números e indicadores quantitativos.
Como pontua Gil (1991), a pesquisa exploratória tem como objetivo principal o
aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições, sendo que seu planejamento é bastante
flexível, possibilitando a consideração dos mais diferentes aspectos do fato estudado. Já
Kerlinger (1980), afirma que a pesquisa exploratória tem como objetivo identificar a variável de
estudo tal como se apresenta, seu significado e o contexto onde ela se insere, neste tipo de
pesquisa pressupõem-se que o comportamento humano é mais bem compreendido no contexto
social onde acontece.
33
A presente pesquisa tentou aprofundar o conhecimento já existente no que se refere à
temática “A influência da moda na constituição da subjetividade infantil: vestuário”. Deste modo,
trata-se de um fenômeno social, que implica com o contexto sócio-histórico dos sujeitos, onde
não tem a pretensão de quantificar o fenômeno, mas sim adicionar mais informações, descrevê-lo
com mais propriedade, apropriando-se de dados novos do indivíduo em seu contexto.
6.2. DESCRIÇÃO DA AMOSTRA E PROCESSO DE SELEÇÃO.
A população do presente estudo foi composta em sua totalidade de oito crianças, na
faixa etária de 8 a 10 anos de idade, e de quatro comerciantes de lojas do ramo do vestuário
infantil da grande Florianópolis.
A amostra foi composta por quatro meninos e quatro meninas sendo dois meninos e duas
meninas, estudantes de escola da rede pública de ensino, e os outros quatro (dois meninos e duas
meninas), estudantes da rede particular de ensino. Os comerciantes de lojas do ramo de vestuário
infantil se subdividirão também em dois grupos, caracterizados a partir do seguinte elemento:
comércio de ruas abertas (dois comerciantes) e shopping (dois comerciantes).
A amostra foi escolhida de forma aleatória, através de um sorteio para escolha dos
sujeitos, crianças – mediante consentimento dos pais, e realizado na escola. Os comerciantes
foram selecionados também de forma aleatória, através de sorteio entre empresas do ramo de
vestuário infantil credenciados pelo CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas).
6.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
Os dados foram coletados nas dependências de uma escola da rede pública e em uma
escola da rede particular de ensino, e em duas lojas de vestuário infantil sendo uma loja popular e
34
outra de shopping da região da grande Florianópolis, somente após a aprovação de projeto pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVALI e após o contato com os representantes legais da
escola (diretoria).
Os instrumentos de coleta de dados selecionados para aplicação da pesquisa qualitativa e
exploratória foram: utilizou-se representação gráfica (apêndice A), ou seja, desenho produzido
pelas crianças, como representação de sua compreensão sobre o vestuário em suas concepções,
sendo esse instrumento utilizado para o estabelecimento do rapport (vinculo de empatia) com a
criança e posteriormente aplicou-se o instrumento entrevista semi-estruturada (apêndice B). Para
os comerciantes de lojas do ramo do vestuário infantil foi utilizada a entrevista semi - estruturada
(apêndice C).
Sobre os instrumentos:
Representação gráfica (desenho):
Conforme Silva (1998), o desenvolvimento do grafismo prevalece às interações sociais.
Portanto, na análise elaborada a partir dos desenhos, pretende-se avaliar a dimensão social, bem
como, os conteúdos culturais que aparecerão.
Gombrich (1986, apud Silva 1998), considera a participação do ambiente em que vive o
indivíduo, declarando que a arte não é somente a demonstração de uma visão pessoal, pois certas
obras só podem ser geradas dentro de determinados contextos sociais, devido à influência do
meio em que vive o indivíduo.
A teoria histórico-cultural permite ver o desenho como signo empregado pelo homem e
constituído a partir das interações sociais, e releva a importância da representação gráfica, já que
quando desenha-se, representa-se aquilo que se aprende culturalmente, e não apenas faz-se uma
cópia de um desenho. Portanto para o trabalho com crianças, como é o caso desta pesquisa, o
desenho torna-se um artifício indispensável para realização do mesmo.
Entrevista semi-estruturada:
35
Segundo Chizzotti (1995) esse tipo de pesquisa serve somente como orientadora para o
pesquisador, podendo este, sair do roteiro, com propósito de ampliar as perguntas, bem como,
entendê-las melhor, aprofundando-se mais no assunto. “Como não tendo uma imposição de
ordem rígida de questões, o entrevistado discorre sobre o tema proposto com base nas
informações que ele detém e que no fundo é a verdadeira razão da entrevista”. (pg. 33-34).
6.4 ANÁLISE DOS DADOS
Para a análise, dos dados obtidos por intermédio das representações gráficas (desenho)
aplicados às crianças; e das entrevistas semi-estruturadas com as crianças e os comerciantes do
ramo do vestuário infantil, foi elaborado a discussão dos resultados, articulado com o referencial
teórico, desenvolvido.
A análise dos dados coletados por meio da representação gráfica (desenho), e da
entrevista semi-estruturada com as crianças e os comerciantes do ramo do vestuário infantil, foi
desenvolvida a partir da técnica denominada, análise de conteúdo.
De acordo com Gil (1995), análise de conteúdo é a técnica que possibilita a
compreensão dos objetivos dos estudos desenvolvidos, através de descrição objetiva, sistemática
e quantitativa do conteúdo. Na análise de conteúdo é importante organizar o material que será
avaliado, depois aplicar as maneiras que foram escolhidas na fase anterior, e por último tentar
acima de tudo descobrir o que apareceu de forma implícita durante o processo, já que se for
avaliado somente o explícito, a pesquisa perde sua funcionalidade.
Para a análise de conteúdo utilizou-se a análise microgenética, que segundo Góes (2000)
trata-se da abordagem que possibilita a interpretação histórico-cultural dos processos humanos,
bem como, através dela pode-se investigar a constituição do sujeito, dando ênfase em suas
práticas sociais. É uma forma de construção de dados que requer atenção a detalhes e o recorte
de episódios interativos, sendo o exame orientado para o funcionamento dos sujeitos focais, as
relações intersubjetivas e as condições sociais da situação, resultando num relato minucioso dos
acontecimentos.
36
6.5 FLUXO METODOLÓGICO
Com a finalidade de ordenar seqüencialmente as etapas que caracterizaram a pesquisa, a
seguir, apresentam-se as mesmas na forma de um fluxo:
Etapa 1: Revisão Bibliográfica;
Etapa 2: Elaboração formal do projeto de pesquisa contemplando: justificativa,
problematização, objetivos, fundamentação teórica, metodologia e cronograma de
trabalho;
Etapa 3: Definição dos instrumentos metodológicos da pesquisa;
Etapa 4: Apresentação do projeto para avaliação da banca examinadora;
Etapa 5: Envio do projeto de Trabalho de Conclusão de Curso para o Comitê de Ética;
Etapa 6: Após a aprovação da Comitê de ética, inicia-se a pesquisa propriamente dita;
Etapa 7: Seleção e convite aos sujeitos de pesquisa;
Etapa 8: Início do trabalho de campo para a coleta de dados – aplicação das Etapas das
entrevistas com os sujeitos de pesquisa, questionário e desenho gráfico;
Etapa 9: Análise dos resultados após a coleta de dados;
Etapa 10: Retomada dos objetivos de pesquisa com a finalidade de elaborar parecer
conclusivo sobre a pesquisa;
Etapa 11: Fechamento do relatório da Monografia;
Etapa 12: Defesa perante a banca examinadora
6.6 PROCEDIMENTOS ÉTICOS
A pesquisa espera obter os resultados seguindo as exigências éticas e científicas da
Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996, na qual o tratamento aos participantes da pesquisa
37
deve ser digno, respeitando sua autonomia e comprometendo-se com a busca de benefícios para
os participantes e para uma relevância social.
Considerando que a pesquisa utilizará procedimentos que envolvem doze pessoas, sendo
oito crianças, e quatros comerciantes de lojas do ramo do vestuário infantil, será realizada a
leitura para ambos, respectivamente, do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo A),
de forma que se possa dar início às atividades. Somente após o aceite destes, expresso no referido
documento, a pesquisadora realizará a entrevista com os comerciantes do ramo do vestuário
infantil, e com crianças e o desenho gráfico com os alunos, após o consentimento dos pais.
A pesquisadora, atendendo aos princípios éticos da pesquisa que envolve seres humanos,
compromete-se com o sigilo das informações junto aos participantes, que será oficializado por
meio do Termo de Compromisso e também com a devolutiva dos resultados para os envolvidos.
A devolução será feita para os sujeitos crianças e comerciantes, sendo apresentados na forma de
seminário na escola e na loja, onde foram coletados os dados da pesquisa, bem como, entregar-
se-á o relatório da pesquisa para os responsáveis pela escola, afim de que os mesmos possam
usufruir desse conhecimento em suas atividades profissionais e educativas. Os resultados também
serão divulgados no formato de banca de defesa nas dependências da UNIVALI, como requisito
indispensável para aprovação da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Quanto ao monitoramento da segurança dos dados, somente as pessoas diretamente
envolvidas com a pesquisa, no caso a acadêmica e sua supervisora, deverão ter acesso às
informações contidas nos protocolos e aos documentos referentes à pesquisa. Estes pesquisadores
comprometem-se a mantê-los, sob a sua tutela, pelo período de cinco anos e, após, incinerá-los.
38
7. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Neste tópico, serão abordados e discutidos os resultados da coleta de dados, que foram
construídos a partir das evidências e afirmações obtidas através dos relatos dos sujeitos
entrevistados.
O perfil dos entrevistados foi disposto em dois quadros abaixo, contendo os dados de
identificação das crianças, como: nome (substituídos por nomes fictícios para garantir sigilo),
idade, sexo, escolaridade, e rede escolar que freqüenta, e dos comerciantes contendo nome, sexo,
ramo e característica do atendimento comercial dos referidos.
7.1 PERFIL DOS ESTREVISTADOS
Foram entrevistados conforme mencionado anteriormente oito crianças sendo quatro
meninas e quatro meninos, dois meninos e duas meninas da rede pública de ensino e dois
meninos e duas meninas da rede particular de ensino, na faixa etária de 8 á 11 anos, residentes na
região de Florianópolis, e quatro comerciantes do ramo do vestuário infantil, sendo todas
mulheres, que possuem como público alvo de seus estabelecimentos comerciais crianças na faixa
etária de 0 á 15 anos de idade, residentes na região de Florianópolis.
Como exposto segue o quadro com as informações das crianças entrevistadas:
Nome
Sexo
Idade
Escolaridade
Rede Escolar
Lindinha Feminino 10 anos 4ª série Particular Docinho Feminino 8 anos 2ª série Particular Florzinha Feminino 10 anos 4ª série Pública
Moranguinho Feminino 11 anos 4ª série Pública Huguinho Masculino 11 anos 4ª série Pública Luizinho Masculino 8 anos 3ª série Particular Zezinho Masculino 10 anos 4ª série Pública
Joãozinho Masculino 11 anos 4ª série Particular Fonte: da autora, 2008
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De acordo com o acima mencionado segue o quadro contendo as informações dos
comerciantes do ramo do vestuário infantil.
Nome
Sexo
Rede de loja
Segmento social
atendido Rosa Feminino Shopping Classe média alta
Margarida Feminino Shopping Classe média alta
Violeta Feminino Comercio de ruas abertas
Classe média
Jasmim Feminino Comercio de ruas abertas
Classe média
Fonte: da autora, 2008
Inicialmente será analisado a perspectiva das crianças, quanto ao vestuário.
7.2 ANÁLISE DA PERSPECTIVA DAS CRIANÇAS
Em análise as respostas observa-se similaridades e diferenças quanto a relação das
crianças com a moda, como veremos através dos dados apresentados pelas entrevistas.
Na entrevista especificamente com as crianças foram abordadas sete questões, sendo que
na primeira questão interrogou-se quanto à roupa de preferência da criança, e na segunda qual o
estilo do vestuário que mais gosta de usar. Como terceira pergunta questionou-se se a criança
tem preferência por alguma marca específica de roupa, como quarta pergunta, buscou-se analisar
com que freqüência costuma acompanhar seus pais na compra de suas roupas. Na quinta
pergunta, se seus amigos costumam usar roupas semelhantes com as suas. Na sexta pergunta
investigou-se quem decide ou escolhe as roupas que a criança usa. E por fim como sétima
pergunta indagou-se como a criança escolhe suas roupas, ou seja, pela marca, cor, ou modelo.
Na primeira e segunda resposta, observou-se que há uma diferenciação por gênero, quanto à
roupa de preferência e o estilo que mais gostam. Os meninos escolhem a roupa pela praticidade e
o conforto que as mesmas possam lhe proporcionar. As meninas visam os detalhes, as
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combinações e os enfeites das roupas, usando de adjetivos para descrevê-las. Esta preferência
quanto ao estilo de vestir, de meninos e meninas pode vir a ser resultado da influência cultural e
do processo educativo, que formam subjetividades sociais e individuais. Pois o tema da
subjetividade nos conduz a colocar o indivíduo e a sociedade numa relação indivisível, em que
ambos aparecem como momentos da subjetividade social e da subjetividade individual.
Conforme Gonzales Rey (1997) a subjetividade social e individual atuam na qualidade
de constituintes e constituídos do outro e pelo outro. Isto conduz a uma representação do
indivíduo na qual, a condição e o momento atual de sua ação, expressa o tempo todo sentidos
subjetivos procedentes de áreas diferentes de sua experiência social, as que passam a se constituir
como elementos de sentido de sua expressão atual. Assim nesta perspectiva, o sujeito que aprende
expressa a subjetividade social dos diferentes espaços sociais em que vive no processo de
aprender. Nenhuma atividade humana resulta uma atividade isolada do conjunto de sentidos que
caracterizam o mundo histórico e social da pessoa .
Isto pode ser observado nas falas, de Lindinha, Docinho, Huguinho, Luizinho e
Zezinho.
“Prefiro vestido escuro, blusa amarrada de cor escura como o roxo, preto e vermelho”.(Lindinha) “Gosto de roupas de verão, de vestidos, saia com pelo, com brilho”.(Docinho) “Gosto de bermuda, regata e camiseta. Gosto de roupas frescas de verão”.(Luizinho) “Gosto de bermuda e regata [...] pra usar o dia todo é melhor, quando é calor” (Zezinho). “Shorte e regata, pois são mais confortáveis”. (Huguinho)
Para ilustrar as falas tem-se o desenho, que foi aplicado como complemento
metodológico para criar o rapport inicial com a criança. Através dos desenhos de Huguinho e
Moranguinho observa-se a diferença da preferência do vestuário entre meninas (detalhes) e
meninos (praticidade).
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Pode-se analisar está diferença quanto à preferência e estilo de vestir entre meninos e
meninas, dentro de um contexto social e cultural, que influência o homem em suas escolhas, a
partir da convivência. Os meninos tendem a se vestir de forma mais confortável e usar roupas
mais práticas conforme seus papéis sociais, optam na maioria das vezes pelo mais prático, sem
muitos detalhes. Já no caso das meninas o relevante na hora de vestir são os detalhes, beleza e
harmonia do vestuário, para não confundirem ou perderem seus papeis sociais de mulher,
presentes e pré-estabelecidos na sociedade. Fazem sacrifícios, para estar de acordo com o
esperado de uma mulher, mulher está que sempre deve estar bem apresentável, na moda, e bem
vestida.
Conforme Ramires (2008) a identidade de gênero não é um dado, mas sim o resultado de
uma construção, sendo esta de mão dupla, que tem um dentro e um fora ou seja um pessoal e um
social. Na interioridade estão os modos de sentir, perceber, pensar, julgar e decidir, e no âmbito
externo estão as condutas que operam como os meios de expressão que vão além de palavras,
abrangem gestos, posturas, vestuário, enfim uma exterioridade que se aprende e se compreende a
medida que se expressa para as outros.
As maneiras de ser não são inatas, nem prontas e acabadas, são construídas por meio da
observação e da interação social. Para Ramires (2008), “O ato de ver-se ou portar-se como
homem ou mulher em sua gama de possibilidades é parte crucial dessa construção remetendo a
formação de identidades e á modelagem de comportamentos” (pg.71)
42
Desta forma a participação da criança na escolha do vestuário, pode ser percebida como
um fator á estar contribuindo para a formação de sua identidade de gênero, e uma busca pela
autonomia, pois a partir do momento que se pode escolher, ou decidir o que vestir se começa a
criar autonomia pra em seu futuro poder sozinho fazer escolhas em todos os âmbitos da vida
pessoal.
Retomando na terceira pergunta do questionário acima mencionado pode-se analisar
através das falas dos entrevistados, a relação das crianças com as marcas, colocando-se em
destaque uma diferença entre as crianças da rede particular e da rede pública de ensino. Nas
crianças da rede pública de ensino observou-se que as marcas não estão em destaque, pois o
contato com a mesma está mais restrito, limitado em algumas vezes aos meios de comunicação, a
mídia, e a condição financeira não acessível. As marcas estão presentes em seu ambiente social,
mas não enfatizam a preferência em usá-las, por algumas limitações como estas.
Já na rede particular de ensino, as crianças entrevistadas possuem maior contato com as
marcas, tendo preferência por usarem roupas de marcas, e trazem este elemento associando as
roupas de marcas com a sendo roupas de qualidades como se ambas fossem sinônimos.
As crianças da rede particular de ensino vivem em ambientes sociais, onde possuem
maior contato com a marca através da mídia, das relações sociais e das condições financeiras,
sendo que o valor que é dado à marca é passado de pais para filhos através da educação. Como
pode observado na fala de Docinho e Luizinho,
“[...] A marca é importante, pois a roupa é boa e do meu tamanho”.(Docinho) “Escolho pela marca e cor e pelo modelo, mas o principal é a marca eu gosto de usar a marca [...] ela sempre trás o que eu gosto, pois ela sabe que tem que ser de marca”. (Luizinho)
Os desenhos de Docinho e Joãozinho retratam as relações com as marcas.
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Já nas falas de Moranguinho, Florzinha e Huguinho e no desenho de Zezinho e
Florzinha alunos de escola pública, não percebe-se diretamente esta relação com as marcas na
escolha do vestuário, como veremos,
“Pelo modelo, não importa a marca”. (Moranguinho) “Pela marca não. Escolho pela cor e pelo modelo”. (Florzinha) “Pelo modelo e pela cor, a marca não importa”. (Huguinho)
44
Observa-se neste ponto o fator do poder aquisitivo. Torna-se claro os diferentes níveis
sociais, e poder aquisitivo das famílias, entre os alunos de escola da rede pública e da rede
particular. Porém pode-se analisar como o acima mencionado, que ambos os grupos têm contato
com a moda, através da mídia, o meio de comunicação mais utilizado pela população em geral.
Segundo Duarte e Fensterseifer (2007) a moda sustenta a mídia que sustenta a moda,
pois a mídia se encarrega de sua difusão e imposição, e abre espaços para novas estações e
tendências, conforme exigência da própria indústria que a sustenta e a quem representa.
Engel (2000 apud Faria, Romeu, Cabanelas, Borges, Rodrigues, Fernandes, Braga,
Herminio, Lago 2006) vem reafirmar a interferência da mídia no consumo e a relação do poder
aquisitivo ao relatar que o consumismo possui um lugar fundamental na economia capitalista,
passando a impressão de gerar prazer e satisfação, mas tendo como realidade a insatisfação, pois
as pessoas procuram o produto que a mídia propaga como novidade, fazendo com que elas
fiquem insatisfeitas com o que possuem. Por mais que comprem nunca estarão satisfeitas porque
sempre vai aparecer outro objeto de desejo. Este comportamento demonstra uma frustração da
sociedade, um consumo alienado, forjado pelo sistema, fazendo com que as pessoas compre de
forma absurda sem ter um real sentido para isso.
Desta forma todas as crianças conhecem e sabem das diferentes marcas, sendo que cada
um dentro do seu contexto familiar e cultural vai estabelecer maior ou menos contato com as
marcas dependendo do poder econômico da família, e do valor atribuído as mesmas.
Na resposta da quarta pergunta que avalia com que freqüência às crianças costumam
acompanhar seus pais, na compra de suas roupas, pode-se ressaltar a influência da família. A
influência da questão de gênero, no caso feminino, a mãe como sendo responsabilizada pela
educação dos filhos, e mediadora do processo de aprendizagem, estando sempre presente e ativa
na escolha e na decisão de que roupa a criança, seu filho irá usar. De acordo González Rey
(2004), a família é uma via primaria e primordial para a educação da criança, por se basear
fundamentalmente na valorização das relações familiares.
Geralmente a maioria das crianças acompanha suas mães nas compras, e são as mesmas
que decidem qual a roupa as crianças devem usar quando vão sair e qual comprar. O pai em
grande parte não está presente na escolha do vestuário, pois não acompanha as compras, porém
muitas vezes não aprovam o estilo que os filhos usam. Em geral os pais das meninas não estão de
acordo, com as roupas das mesmas.
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Observamos esses dados nos relatos de Florzinha, Lindinha, Huguinho, Zezinho.
“Sempre vou com minha mãe comprar roupa [...] só quando é presente que não vou”. (Florzinha) “Sempre vou com minha mãe, meu pai não gosta de fazer compras, ele quase nunca vai”. (Lindinha) “Sempre é minha mãe quem decide o que eu vou usar”. (Zezinho) “A minha mãe quem decide a roupa e quando eu não gosto muito eu posso troca” (Huguinho)
De acordo com Maturana (1998 apud Uribe 2001) o processo de escolha do vestuário
também pode ser visto como um processo continuo de aprendizagem, onde ocorrem mudanças de
comportamento induzido pela necessidade de um acoplamento estrutural entre individuo e meio.
A aprendizagem corresponde às mudanças ocorridas ao longo da vida do individuo em função de
uma rede de interações e significações, com os outros e com o meio, que se orienta para a
adaptação em face de demandas decorrentes.
Desta forma neste processo se dá à criação e desenvolvimento do individuo e do meio,
embora a aprendizagem seja particularmente individual, pressupõem uma relação constante para
o exterior, em relação a um objeto real.
Conforme Lane (ano Apud Parlato & Silveira, 1997),
“O ser humano se constitui como tal, através de um processo ontogênico, no qual os companheiros, os outros e suas histórias culturais caracterizam o salto qualitativo que irá nos transformar nos sujeitos, como os conhecemos hoje” (pg.17).
Deste modo é através da aprendizagem e das relações que as crianças significam o
vestuário e se constituem subjetivamente.
Por meio do desenho de Lindinha e Luizinho pode-se observar a diferenciação entre os
meninos e meninas em se tratando dos modos de vestir quanto aos papeis sociais pré-
estabelecidos, e novamente a gestão da busca dos detalhes das meninas e da praticidade dos
meninos.
46
È através da relação com o outro, e pelas mediações da linguagem, emoção, e
significados envolvidos na atividade dos grupos que se constitui a identidade social, a
consciência de si como diferente dos outros, porém semelhante a eles. Como no caso do
vestuário, o significado do mesmo é transmitido por um grupo, seja a família, amigos, ou a mídia
dentro de um contexto social.
Conforme Simão & Martinez (2004) o meio social ou o outro social não ocupa apenas
um lugar de comunicar mensagens que levam á construção da identidade pessoal, mas acontece
um processo de troca e participação ativa no convívio social que gera e integram os processos de
desenvolvimento que se fazem presentes na constituição da subjetividade de cada um dos agentes
sociais. Todo movimento relacional é um movimento com múltiplas possibilidades de
significação, construídas no momento da própria relação, sendo percebido como momento
intersubjetivo, que assume um eu entre nas relações do eu com o outro.
Entre outros meios o significado atribuído ao vestuário, pode ser um aspecto importante
que o individuo utiliza para desenvolver suas escolhas pessoais, podendo se assemelhar dos
demais, por significarem da mesma forma o vestuário que fazem uso.
47
7.3 ANÁLISE DA PERSPECTIVA DOS COMERCIANTES.
Nas entrevistas com os comerciantes do ramo do vestuário infantil, foram apresentadas
sete perguntas, tendo como primeiro questionamento com que freqüência os filhos
acompanham os pais nas compras de roupas, como segunda pergunta, se as crianças opinam na
escolha de suas roupas. A terceira qual a marca mais procurada e preferida pelas crianças. Foi
interrogado na quarta questão como os comerciantes percebem a relação das crianças com as
marcas, a quinta pergunta analisa, se os comerciantes percebem alguma relação entre a escolha
da roupa e o estilo de vida das crianças.
Já na sexta pergunta enfatizou-se a percepção dos comerciantes quanto há diferença na
escolha dos produtos em se tratando da condição econômica do cliente, e por fim como sétima
questão foi interrogado quem opina mais na escolha do vestuário, meninos ou meninas.
Através das respostas da primeira e segunda questão pode-se analisar que as crianças
tendem a estarem indo cada vez mais cedo ás compras com os pais. Eles não somente vão as
compras como também escolhem e opinam sobre o que querem e gostam de usar, mesmo que a
decisão final fique a cargo dos familiares, sobretudo a mãe. Nos relatos de Jasmim e Rosa
apresentados a seguir pode-se observar a freqüência e a influência das crianças na escolha do
vestuário.
“Cerca de 90% das crianças acompanham seus pais, e interferem na escolha das roupas. As crianças de 6 anos para cima já escolhem a roupa que querem”. (Jasmim) “Quase sempre os filhos acompanham os pais, cerca de 90% das crianças. As crianças de 2 anos para cima já estão juntos com os pais na loja e opinam na roupa”. (Rosa)
Por meio destes dados verifica-se que desde muito cedo as crianças acompanham e
influenciam na escolha do vestuário na hora das compras. Em média as crianças de 2 á 6 anos de
idade, já vão as compras com os pais.
Na quarta pergunta se percebe a relação das crianças com as marcas como já foi
enfatizado acima através das falas das crianças. Está visão e relação segundo os comerciantes,
depende de como a marca é vista dentro da cultura que a criança está inserida e como a mãe
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transmite o significado da mesma para criança através da educação. Como se pode observar nas
falas de Violeta e Rosa
“Relativo à relação com as marcas. Quando a mãe pode pagar eles já vem querendo a roupa de marca, mas quando as condições financeiras não são tão boas ás crianças já vêm sabendo o que querem, acredito que a mãe já fala em casa que não pode pagar muito caro, que tem pouco dinheiro, coisa desse tipo pra depois não chegar à loja e desmoralizar a mãe ou ficar brigando”. (Violeta) “As crianças não têm grande relação com as marcas, não são tão apegadas, mas elas sempre procuram o que passa na televisão ou o que o coleguinha tem. E isso depende muito da criança e da mãe. Como a mãe vê a marca e qual a importância da mesma que é passada pra criança”. (Rosa)
Desta forma a relação das crianças com o vestuário e mercadorias vem ser influenciada
pelo grupo familiar e valor simbólico cultural atribuído as marcas, como relatam Silveira &
Doray (1989), a mercadoria, neste caso o vestuário pode ser considerado como uma estrutura
simbólica, dotada de uma consistência histórica e de uma eficácia própria. Elas são mercadorias
devido a sua duplicidade, objetos de uso e simultaneamente portadores de valor. As
mercadorias/vestuário aparecem como mercadoria ou possuem a forma de mercadoria apenas na
medida em que possuem forma dupla, forma natural e forma de valor dentro de uma cultura.
Sendo que para Vigotski (1989, apud Sirgado 2000) a emergência da atividade simbólica
pode ser constituída, tanto na história da espécie quanto na história pessoal de cada individuo a
passagem do plano natural para o plano cultural.
De acordo com Bakhtin (1999), qualquer produto de consumo pode ser transformado em
um signo ideológico, desta forma adquiri um sentido que ultrapassa suas próprias
particularidades. Um signo não existe apenas como parte de uma realidade, ele também reflete e
refrata uma outra. Ele pode destorcer uma realidade, ser-lhe fiel, ou aprendê-la de um ponto de
vista específico.
Outros fatores das questões cinco e seis que se pode ressaltar é a relação entre a escolha
do vestuário e o estilo de vida, e a condição econômica, o poder aquisitivo do cliente. O estilo de
vida das pessoas se reflete na forma como elas se comportam em relação a compras, atribuindo-
lhes qualificações bastante precisas e facilmente identificáveis. As pessoas, de modo geral,
49
vestem-se de acordo com seu estilo de vida e condições financeiras; portanto, roupa é um
referencial.
Este aspecto foi mencionado de forma relativa como veremos nos relatos dos
entrevistados a seguir.
“Quem tem mais poder aquisitivo procura pelas marcas, os que têm menos condições, o pobre não importa a marca”. “Tem relação, o estilo de vida da criança e a escolha do vestuário e ainda o poder aquisitivo”.(Margarida). “[...] Às vezes a mãe dá pra criança o que não pode. [...] tem mãe que não tem condições, mas quer vestir a filha como uma patricinha, só porque é filha única e tem que dar tudo”. ( Jasmim). “As crianças sempre procuram por Lilica-Ripilica, mas nem sempre é o que as mães querem, às vezes elas querem mais barato, como Marisol, Kyly. [...] tem mães que podem dar roupas de marca e não dão, tem mães que não tem condições de dar a roupa de marca, mas vivem dando um jeitinho para comprar, e tem ainda aquelas que podem e dão tudo de marcas mesmo”. (Rosa). “Depende da condição econômica para escolher a roupa, quem tem melhores condições escolhe as mais caras, e quem tem menos condições, as mais baratas”. “Tem relação o estilo de vida da criança e a escolha da roupa”. (Violeta).
Na maior parte das vezes o poder aquisitivo, interfere na escolha do vestuário, sendo que
as famílias de classe média alta tende a procurarem mais por roupas de marcas, e a classe menos
favorecida a procurar por roupas mais populares. Porém isso não é regra como trouxeram os
comerciantes.
Algumas mães, mesmo com pouco poder aquisitivo, compram roupas de marcas, pois
para ela talvez isso seja importante e acreditem que seu filho vai ser bem visto entre os amigos,
na sociedade em que convive. Já em alguns casos tem mães com alto poder aquisitivo, que optam
por escolher as roupas dos filhos com outros critérios, qualidade, conforto, detalhes, e não visam
às marcas como prioridade de escolha, e outras que tem poder aquisitivo que escolhem visando à
marca.
A preferência ou não pelo compra do vestuário de marca é uma relação relativa, que
depende de muitos fatores, cultura em que vive, qual a cultura de consumo que tem, e qual a
imagem que a marca carrega dentro destes contextos.
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De acordo com Silveira & Doray (1989), as relações dos sujeitos reais com ideais e
valores que fundam a consciência do comercio e do poder aquisitivo pode ser compreendida,
remetendo-nos á raiz dos processos subjetivos, em direção a este movimento estrutural, que cada
indivíduo humano realiza com maior ou menor resultado, e que vai da atribuição antecipada dos
valores simbólicos e do conteúdo externo. Desta forma preenche seu ser de uma alteridade que o
completa, é extirpação simbólica destes atributos e ideais, á apropriação simbólica do sujeito de
sua subjetividade.
Na questão sete percebe-se, na fala dos entrevistados comerciantes a relação de gênero,
é novamente abordada, porém é relatada em um âmbito diferente, tratando-se de quem opina
mais na escolha do vestuário. Os comerciantes trazem as meninas como mais ativas neste
processo, sendo que escolhem e comparecem as lojas com maior freqüência acompanhadas das
mães, e as mães vêm como determinantes para contribuir na decisão da compra, e para
transmitirem o valor simbólico do vestuário e das marcas que a cultura trás. Valores estes
passados dentro de uma cultura de consumo, pela educação que é dada aos filhos.
Como se pode observar na fala dos entrevistados.
“As meninas opinam mais, as meninas são mais delicadas, gostam de combinar tudo, desde o sapato até o grampinho do cabelo”.(Violeta) “As meninas escolhem mais elas são mais metidinhas”. (Jasmim)
Conforme Faria, Romeu, Cabanelas, Borges, Rodrigues, Fernandes, Braga, Herminio,
Lago (2006) a cultura, e a classe social são os fatores que exercem a maior e mais profunda
influência, tendo a cultura como o principal determinante do comportamento e dos desejos de uma
pessoa. A criança, à medida que cresce, absorve certos valores, percepções, preferências e
comportamentos de sua família e de outras instituições.
Segundo González Rey (2004), a família é o grupo social no qual o homem expressa sua
maior intimidade e espontaneidade, visto que, como o grupo ela dispõe de uma margem de
liberdade para definir seu próprio sistema de normas, estilo de vida. No entanto essa liberdade de
possibilidades está sempre mediatizada pela sociedade, que exerce um papel decisivo nas funções
51
dos diferentes membros da família, assim como o próprio desenvolvimento individual desses, o
qual define as possibilidades de cada individuo concreto dentro do seio da família em diferentes
culturas e em diferentes momentos históricos de uma cultura. Assim a família é também um
cenário permanente de produção subjetiva.
Desta forma desde cedo, ainda na infância, já vão sendo internalizados e apropriados
pelas crianças, o conceito e o valor das marcas, dentro de uma cultura social e de consumo,
através de sua relação com o mercado de consumo.
Retomar os objetivos da pesquisa pode-se identificar nas respostas dos questionários,
objetividade por se tratarem de crianças e comerciantes deste modo às respostas nós dão indícios
e não afirmações que a autora pode propor através dos embasamentos teóricos. Tendo em vista
que esta pesquisa tinha como pretensão em seu objetivo geral analisar fatores sociais, educativos
e psicológicos que contribuem para a constituição da subjetividade infantil através da influência
do vestuário / moda.
Os objetivos específicos foram primeiro caracterizar o significado do vestuário / moda na
atualidade, tem-se em vista que o significado do vestuário mudou deixando de ser apenas uma
proteção pra o corpo para se tornar uma indumentária que transmite e revela valores. Como
segundo identificar quais os fatores sociais que podem vir a contribuir para a constituição da
subjetividade através da influência do vestuário / moda na infância em crianças. Um dos fatores
sociais que apareceu de forma indireta, mas como grande influenciador foram os meios de
comunicação em especifico a mídia que a maior parte das crianças possuem acesso.
Como terceiro objetivo específico foi proposto investigar através dos processos
educativos quais os fatores que podem vir a contribuir para a constituição da subjetividade
infantil a partir da influência do vestuário / moda em crianças. A relação das crianças com o
vestuário através dos processos educativos pode-se perceber, pois o vestuário é agregado ao
processo educativo contribuindo a constituição da subjetividade.
O quarto objetivo foi caracterizar como se desenvolve a representação simbólica do
vestuário / moda a partir dos processos psicológicos frente à constituição da subjetividade infantil
em crianças. Verificou-se que a representação simbólica do vestuário pode adquiriu um
significado diferente em cada cultura em que a criança está inseria e a partir deste significado faz
suas escolhas e se apropria, tendo este como um fator colaborador para a constituição da
subjetividade. Como quinto objetivo se investigou possíveis diferenças na noção de moda na
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infância a partir da relação de gênero em que percebeu-se a tendência das meninas a buscarem o
vestuário por detalhes e harmonia, e os meninos a escolherem pela praticidade e conforto.
Por fim os fatores sociais, como a representação simbólica cultural, os meios de
comunicação e os processos educativos contribuem para a constituição da subjetividade infantil
através da influência do vestuário / moda. Fatores estes transmitidos pelo meio das relações que
acontecem sucessivamente no ambiente social em que vivem e que contribuem para a formação
da subjetividade infantil.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O interesse da autora pelo tema surgiu pela necessidade de compreender a implicação do
vestuário na constituição da subjetividade infantil. Assim, a mesma se propôs a descrever quais
os aspectos sociais, os fatores do processo educativo e o processo de representação simbólica do
vestuário, identificando como se fazem presentes e podem vir a contribuir para a constituição da
subjetividade infantil.
A importância do tema se fundamenta ao investigar a implicação do vestuário na
constituição da subjetividade infantil tendo como influência a moda.
A partir dos dados coletados pelas crianças e comerciantes, verificou-se que desde a
infância as crianças estabelecem contato com a moda e esta, por sua vez, influencia na escolha do
vestuário. Este contato com a moda pode ser estabelecido através dos meios de comunicação e da
educação, que é transmitida á criança em um meio social. Em grande parte dos casos é a família
que faz o papel de mediadora deste processo de relação com a moda e de educadora dos filhos.
Outro ponto a ser ressaltado é a diferença das relações de gênero quanto à escolha das
roupas. Os meninos buscam a praticidade e as meninas tendem a ser mais detalhistas, buscando a
harmonia no vestuário. Deste modo as meninas são mais ativas e exigentes, opinando com maior
freqüência na hora de escolher o vestuário e os meninos, em sua maioria, deixam a decisão de
escolha do vestuário para ser tomada pelos familiares, em grande parte dos casos pelas mães
como mediadoras do processo em muitos casos, destacando-se aqui novamente a relação de
gênero.
A relação das crianças com o vestuário, a moda e as marcas, pode ser considerada como
o resultado de relações sociais, culturais, processos significativos e educativos, geralmente
transferidos para as crianças através da figura da mãe na instituição familiar, onde estabelecem
suas primeiras relações.
Os entrevistados trazem ainda como dado relevante que o grau de contato com a moda e
as marcas pode depender muito das condições financeiras das famílias em que a criança está
inserida: na maior parte dos casos as crianças que freqüentam a rede publica de ensino, possuem
pouco contato com a moda, e as crianças da rede particular fazem uso do vestuário de marca e
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procuram pelo mesmo. Desta forma, as pessoas tendem a se vestirem de acordo com seu estilo de
vida e condições financeiras.
Através deste estudo, verificou-se a necessidade de realização de outras pesquisas
relativas ao vestuário/moda e suas influências na constituição da subjetividade infantil, para
contribuir de forma mais profunda no entendimento dos fenômenos que envolvem a temática,
uma vez que se têm poucos registros científicos sobre o tema. Sugere-se, então, a realização de
mais pesquisas nesta área, para que se possa problematizar a temática dos fatores sociais e sua
influência na constituição da subjetividade infantil.
Por fim, este estudo demonstra a importância de compreendermos a influência do
vestuário/moda nas relações sociais, para que possamos problematizar a maneira como as
crianças se constituem e são socializadas, juntamente com os símbolos e signos existentes em sua
cultura.
A autora pode concluir através do estudo que o vestuário/moda tende a estar cada vez
mais cedo e presente na vida das crianças influenciando na constituição da subjetividade infantil
por meio das relações sociais e o processo educativo. A primeira instituição que a crianças é
inserida e estabelece relações é a família. podendo está ser vista como a principal mediadora para
o processo de constituição da subjetividade infantil.
55
REFERÊNCIAS
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61
APÊNDICES
62
APÊNDICE A
ROTEIRO PARA A REALIZAÇÃO DA DINÂMICA INTERATIVA - REPRESENTAÇÃO
GRÁFICA (DESENHO) COM AS CRIANÇAS.
1- Será entregue uma folha de papel A4 à criança.
2- Será oferecido lápis de cor com a consigna de que ela deverá produzir um desenho de sua
preferência em relação ao vestuário.
3- Será solicitado que a criança desenhe na folha de papel como ela se vê em relação com o
vestuário.
APÊNDICE B
ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
• Para as crianças:
1-) Qual a roupa de sua preferência?
2-) Qual o estilo de roupa que você mais gosta de usar?
3-) Tem preferência por alguma marca específica de roupa?
4-) Com que freqüência você acompanha seus pais, na compra de suas roupas?
5-) Seus amigos costumam usar roupas parecidas com as suas?
6-) É você que decide ou escolhe as roupas que faz uso?
7-) Como você escolhe suas roupas? (marca, cor, modelo)?
63
APÊNDICE C
ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
• Para os comerciantes do ramo do vestuário infantil:
1-) Com que freqüência os filhos acompanham os pais nas compras de roupas?
2-) As crianças opinam na escolha das roupas?
3-) Qual a marca mais procurada e preferida pelas crianças?
4-) Como você percebe a relação das crianças com as marcas?
5-) Você percebe alguma relação entre a escolha da roupa e o estilo de vida das crianças?
6-) Você percebe que há diferença na escolha dos produtos quanto à condição econômica do
cliente?
7-) Quem opina mais na escolha do vestuário, meninos ou meninas?
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ANEXOS
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ANEXO I
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado (a) a participar, como voluntário, da pesquisa intitulada O
VESTÚARIO NA CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE: INFLÛENCIA DA MODA. A
mesma tem como objetivo geral, analisar fatores sociais, educativos e psicológicos que
contribuem para a constituição da subjetividade através da influência do vestuário / moda, e como
objetivos específicos, Caracterizar o significado do vestuário / moda na atualidade, Identificar
quais os fatores sociais que podem vir a contribuir para a constituição da subjetividade através da
influência do vestuário / moda na infância em crianças; Investigar através dos processos
educativos quais os fatores que podem vir a contribuir para a constituição da subjetividade
infantil a partir da influência do vestuário / moda em crianças; Caracterizar como se desenvolve a
representação simbólica do vestuário / moda a partir dos processos psicológicos frente à
constituição da subjetividade infantil em crianças; Investigar possíveis diferenças na noção de
moda na infância a partir da relação de gênero.
Sua metodologia consiste em uma pesquisa de caráter exploratório e de análise
qualitativa. Os instrumentos de coleta de dados selecionados para aplicação da pesquisa serão
representação gráfica (desenho) e entrevista semi-estrutura. Após a coleta dos dados obtidos a
analise dos dados será feita através da análise de conteúdo microgenética.
Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do
estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do
pesquisador responsável. Em caso de recusa, você não será penalizado (a) de forma alguma.
66
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:
Título do Projeto: O VESTÚARIO NA CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE:
INFLÛENCIA DA MODA
Pesquisador Responsável: Ilma Borges
Telefone para contato: 9960-7482
Pesquisadores Participantes: Cibele Gonçalves Goulart
Telefones para contato: (48) 3243-1543 / 9128-2427
Quanto aos aspectos éticos, os pesquisadores informam que:
a) Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo, garantindo meu anonimato, e o resultado
apenas mostrará os possíveis benefícios atingidos pela pesquisa;
b) A aceitação não implica que sou obrigado (a) a participar da pesquisa até seu final. A
qualquer momento posso interromper minha participação, bastando, para isto, comunicar os
pesquisadores;
c) Minha participação é voluntária, não terei direito a remuneração;
d) Esta pesquisa é de cunho acadêmico e não visa uma intervenção imediata;
e) Durante a participação, se tiver alguma reclamação do ponto de vista ético, poderei
contatar com o responsável desta pesquisa;
f) A entrevista terá em média 50 minutos. Caso eu sinta qualquer desconforto poderei
interromper minha participação.
g) Não há riscos previsíveis por minha participação;
h) Os resultados serão divulgados na apresentação da pesquisa perante defesa para a banca
examinadora, de forma pública, no período de novembro de 2008, conforme calendário da
Coordenação de TCC do Curso de Psicologia da Univali – Centro de Estudo de Biguaçu/SC,
e posteriormente a apresentação possivelmente ser publicada em revista científica.
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i) Estou ciente que a minha participação nesta pesquisa beneficiará os estudos sobre
Presença/ausência familiar e as implicações desta, para a aprendizagem escolar, devido às
mudanças contemporâneas.
j) Ao final da pesquisa, se for de meu interesse, a devolutiva dos resultados poderá ser
realizada através de uma cópia impressa e/ou eletrônica.
k) As entrevistas somente serão gravadas com a autorização do (a) Senhor (a), sobre a qual
será mantido anonimato.
l) Para participar dessa pesquisa, o (a) Senhor (a) deverá assinar o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido. Esse termo determina que o (a) Senhor (a) aceita participar da pesquisa
como voluntário (a) e pode desistir de fazê-lo se não se sentir à vontade, sem que sofra
qualquer penalidade.
Nome do pesquisador: ___________________________________________________
Assinatura do pesquisador: ________________________________________________
CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO – COMERCIANTE
Eu _________________________________________________________________,
RG______________________, CPF __________________________ abaixo assinado, concordo
em participar do presente estudo como sujeito. Fui devidamente informado (a) e esclarecido (a)
sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios
decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a
qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade.
Local e data: ____________________________________________________________
Nome: ________________________________________________________________
Assinatura do Sujeito ou Responsável: _______________________________________
Telefone para contato: ____________________________________________________
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CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO –
RESPONSÁVEIS / CRIANÇAS
Eu _________________________________________________________________,
RG______________________, CPF __________________________ abaixo assinado, concordo
que meu filho ___________________________________ participe do presente estudo como
sujeito. Fui devidamente informado (a) e esclarecido (a) sobre a pesquisa, os procedimentos nela
envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-
me garantido que posso retirar meu consentimento de participação de meu filho a qualquer
momento, sem que isto leve a qualquer penalidade.
Local e data: ____________________________________________________________
Nome: ________________________________________________________________
Assinatura do Sujeito ou Responsável: _______________________________________
Telefone para contato: ____________________________________________________
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO / COMPLEMENTAÇÃO
Você está sendo convidado (a) a participar, como voluntário, bem como, autorizar que seu
filho participe também dessa pesquisa. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no
caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias.
Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa, você não será
penalizado (a) de forma alguma.
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INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:
Título do Projeto: O VESTÚARIO NA CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE:
INFLÛENCIA DA MODA
Pesquisador Responsável: Ilma Borges
Telefone para contato: 9960-7482
Pesquisadores Participantes: Cibele Gonçalves Goulart
Telefones para contato: (48) 3243-1543 / 9128-2427
Observa-se que para fins de obtenção dos resultados da pesquisa em relação ao tema, os
pesquisadores consideram fundamental que seja realizada também uma investigação a respeito
das perspectivas das crianças/filhos sobre o assunto em discussão. Portanto, os pesquisadores
solicitam consentimento para realizar a dinâmica, em que através desenhos as crianças/filhos
expressem sua opinião.
Nome do pesquisador: ___________________________________________________
Assinatura do pesquisador: ________________________________________________
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ANEXO II
Documento que evidencia a pesquisa com caráter científico, o apoio de um supervisor e a
comprovação de que a pesquisadora é aluna devidamente matriculada na instituição UNIVALI.
CARTA DE APRESENTAÇÃO – Sujeitos da Pesquisa
Prezado (a) Senhor (a), ___________________________________________________, tendo
como perspectiva desenvolver a pesquisa intitulada O VESTÚARIO NA CONSTITUIÇÃO
DA SUBJETIVIDADE: INFLÛENCIA DA MODA apresentamos os seguintes objetivos:
Eu, Cibele Gonçalves Goulart, acadêmica do curso de Psicologia da Universidade do
Vale do Itajaí – UNIVALI, regularmente matriculada – pelo nº. 05.1.2244, e sob o consentimento
desta com relação ao caráter científico da pesquisa, tendo como orientação técnica e profissional
da professora Ilma Borges, Mestre em Engenharia de Produção, solicito a apreciação do projeto
de pesquisa em anexo.
No aguardo do deferimento do pedido acima exposto, agradeço a atenção.
Cordialmente
_______________________ _________________________
Ilma Borges Cibele Gonçalves Goulart
Pesquisadora orientadora Acadêmica Pesquisadora
Biguaçu, ___ de ______________ de 2008.