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ORIGEM DA SOCIEDADE

Muitos pensadores, filósofos, cientistas e outros sempre buscaram formas de explicar a origem da sociedade, assim esbarramos em teorias das mais diversas, mas que sendo estudadas de perto, podemos ver que se aglutinam em dois grandes grupos, os naturalistas e os contratualistas.

Estudando-se as teorias que tratam da sociedade e da sua origem, podemos observar que há no ser humano uma vontade ou necessidade de viver em grupo, por desejo, por necessidade, por segurança, etc. Assim passamos a entender que o Homem é um ser racional e político, que se une para viver em grupos, porém de forma organizada.

Essa necessidade de convivência harmoniosa e organizada vem da característica do Homem possuir consciência e sentimentos e não somente instinto.

Na evolução da linha do tempo, e não poderia ser diferente, as teorias para explicar a vida em sociedade e o nascimento desta, tem seu início no Naturalismo.

NATURALISMO:

Esta teoria vem da necessidade natural do Homem de viver em grupos, tendo como explicação básica a sua condição de ser sociável e da dependência natural de uns para com os outros.

Mais remota explicação para isto vem do século IV a.C., na Grécia, com ARISTÓTELES: “ O homem é naturalmente um animal político.” Para ele somente um indivíduo vil ou superior ao próprio homem teria a vontade de viver em completo isolamento.

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ARISTÓTELES ainda acrescenta que os outros animais vivem em meros agrupamentos, mas o homem, por ter a noção do bem e do mal, do justo e do injusto, organiza seus agrupamentos, mas tudo está na necessidade natural do Homem.

Caminhando um pouco, chegamos a Roma, século I a.C., onde:

CÍCERO, logicamente influenciado por ARISTÓTELES, afirma: “a primeira causa da agregação de uns homens a outros é menos a sua debilidade do que certo instinto de sociabilidade em todos inato; a espécie humana não nasceu para o isolamento e para a vida errante, mas com uma disposição que, mesmo na abundância de todos os bens, a leva a procurar o apoio comum.”

Explicando, portanto que não seriam as necessidades materiais que levam o Homem a viver em sociedade, mas sim a disposição natural para a vida associativa.

Nos anos entre 1265 e 1273 d.C., SANTO TOMÁS DEAQUINO, certamente também influenciado por ARISTÓTELES, em sua obra:

“Summa Theologica” escreve: “o homem é, por sua natureza, animal social e político, vivendo em multidão, ainda mais que todos os outros animais, o que se evidencia pela natural necessidade.”. Porém ele ressalta, dentre outros, mais três pontos importantes para o Naturalismo, sendo: excellentia naturae –para homens que vivem em comunhão com a própria divindade, como exemplo citando os santos eremitas; corruptio naturae – explicando as exceções de turbações mentais; mala fortuna – quando o isolamento ocorre por questões alheias à vontade do Homem. Com estas três hipóteses de vivência isolada, SANTO TOMÁS DE AQUINO reforça que o normal do Homem é a vida

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social, portanto sendo a necessidade de convivência uma característica da natureza humana.

Há também autores mais modernos que defendem o Naturalismo, dentre os quais podemos destacar:

Oreste Ranelletti, que de acordo com DALLARI (2010, pág. 11), nos ensina que: “o homem é induzido fundamentalmente por uma necessidade natural, porque o associar-se com os outros seres humanos é para ele condição essencial de vida”. Só em tais uniões e com o concurso dos outros é que o homem pode conseguir todos os meios necessários para satisfazer as suas necessidades e, portanto, conservar e melhorar a si mesmo, conseguindo atingir o fim de sua existência. Em suma, só na convivência e com a cooperação dos semelhantes o homem pode beneficiar-se das energias, dos conhecimentos, da produção e da experiência dos outros, acumuladas através de gerações...

Falamos até aqui da necessidade natural do Homem viver em sociedade organizada, pois tem ele o conhecimento do bem e do mal, assim não podemos deixar de lado que tal associação e convivência também encontre suporte na vontade humana, e é a partir dessa consciência de vontade que nasce a teoria do CONTRATUALISMO, que no nosso entender não vem dissociada do NATURALISMO, mas sim a complementa.

CONTRATUALISMO:

Com o poder do raciocínio e da inteligência, o Homem sempre evoluiu ao longo do temo e essa evolução não tem parada. Assim em face da chegada de sociedades mais complexas, surge a necessidade de organização mais elaborada, do respeito entre os seres humanos, das limitações para a convivência harmoniosa.

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O mundo passou por várias formas de estruturas sociais, desde as mais primitivas tribos, navegando pela criação de cidades, cidades-estado, feudos, reinos, dentre várias, até chegarmos à estrutura social moderna.

Notório e público que toda essa evolução foi desenvolvida por várias fases, por muitas guerras, porém temos a necessidade de estudarmos tal evolução para entendermos onde estamos.

No Contratualismo, os autores, pensadores e filósofos conduzem a criação e a origem da sociedade para outro ponto, a vontade humana, a elaboração de um CONTRATO de convivência social. Comecemos então por PLATÃO:

Grego, nascido entre os anos de 428/427 a.C., tendo como seu seguidor ARISTÓTELES, PLATÃO foi o primeiro a deixar registros sobre o que, futuramente, seria o Contratualismo. Em sua a obra A República, que na verdade tinha como tema principal a justiça, ele se direciona no sentido de uma organização social construída racionalmente, sem mencionar a necessidade natural, trazendo a proposição de um modelo ideal de sociedade, com justiça e igualdade. Tal obra, já no século XVI influencia os Utopistas.

Thomas Moore, em “Utopia” e Tommaso Campanella, em “A Cidade do Sol”, procuram descrever uma organização social ideal, com isenção dos males e deficiências que viam nas sociedades daquela época. Em que pese não mencionarem a origem da sociedade, estes autores foram importantes na formação da consciência do que seria bom e viável para a constituição de uma sociedade, podendo classifica-los entre os contratualistas em razão de seus posicionamentos da vida social ser totalmente submissa à razão e à vontade.

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O Contratualismo nasce realmente em Thomas Hobbes, em 1.651, com a publicação da sua obra “O Leviatã”.

Na visão de Hobbes, o Homem vive inicial em estado natural, referindo-se aos primórdios dos tempos, e também à condição de convivência em situação de desordem, quando não tem suas ações reprimidas pela voz da razão ou então por instituições políticas eficientes.

Hobbes afirma que o homem é um ser perigoso se deixado em estado natural, pois é egoísta, luxurioso e inclinado a agredir seu próximo, assim ele necessita submeter suas paixões à razão ou ao controle de entes políticos ou então viveríamos “na guerra de todos contra todos”, pois cada um teria o temor de ser atacado pelo outro.

É exatamente para não se viver nesta condição de total insegurança que Hobbes propõe então o contrato social. No contrato social há o fortalecimento da razão, pois apesar de sua natureza má, o homem tem consciência dos princípios que o levariam a uma vida harmoniosa, assim para se superar o estado natural, Hobbes formula duas leis, que somente seriam viáveis dentro da firmação de um contrato:

a) Cada homem deve esforçar-se pela paz, enquanto tiver a esperança de alcança-la; e quando não puder obtê-la, deve buscar e utilizar todas as ajudas e vantagens da guerra;

b) Cada um deve consentir, se os demais também concordarem, e enquanto se considere necessário para a paz e a defesa de si mesmo, em renunciar ao seu direito a todas as coisas, e a se satisfazer, em relação aos demais homens, com a mesma liberdade que lhe for concedido com respeito a si próprio.

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Com a devida consciência dessas leis, os homens celebram um contrato de mútua transferência de direitos.

Essa transferência não se faz de homem a homem, mas sim de homem ao Estado (homem artificial e robusto, constituído pelo homem natural para sua proteção e defesa).

Na transferência dos direitos, os homens naturais deixam seu estado primitivo (total liberdade e direitos), e por força do contrato passam a se impor compromisso, observância às leis, temor aos castigos, pois agora surge quem vai cuidar para que os direitos restantes sejam efetivamente garantidos e protegidos. Assim Hobbes também afirmava que é mais válido um mau governo do que o estado de natureza.

Em O Leviatã, Hobbes também defende a posição do governante e da soberania deste, pois mesmo que faça uma má lei, esta é sua vontade e seu descumprimento é injusto. A vontade do soberano representa a vontade do todo e portanto seu cumprimento leva à paz, pois não há conflitos.

Fica evidente que Hobbes sugeria o absolutismo.

As ideias de Hobbes permanecem intocáveis até o século XVII, quando, na própria Inglaterra, começam a surgir novos ideais, inicialmente conduzidos por John Locke, que combate a noção da “guerra de todos contra todos” e passa a fortalecer os sinais de que a natureza humana não é de caráter maléfico, em que pese ser defensor do escravagismo perpétuo.

A obra de Locke influencia a Revolução Inglesa (1688), a Revolução Norte Americana (1776) e os atos iniciais que levariam à Revolução Francesa.

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Surge, na França, Charles de Montesquieu, com sua obra “Do Espírito das Leis” (1748), contestando os ideais de Hobbes, mormente do ponto de vista da natureza humana, pois para ele o próprio instinto de sobrevivência não levaria o homem a se atacar mutuamente, mas sim a obedecer leis, tais como: o desejo da paz, o sentimento das necessidade, experimentado principalmente na procura por alimentos, a atração natural entre sexos opostos, o desejo de viver em sociedade.

Para Montesquieu, depois do respeito às leis naturais, o homem se organiza em sociedade para se fortalecer e a partir de então surgem as guerras. Ele ainda sustentava a afirmação de que nenhuma sociedade poderia subsistir sem governo. Apesar de não falar diretamente sobre pacto ou contrato social, sempre defendeu a existência do Estado para gerir e garantir a vida das pessoas.

Pouco tempo depois, aparece Jean-Jacques Rousseau, com sua obra “O Contrato Social” (1762), defendendo a bondade humana, assim como Montesquieu, porém Rousseau retorna à linha de Hobbes, dizendo que a sociedade existe a partir de um contrato social. Só que Rousseau não apostava no absolutismo e sua obra foi importante influência na Revolução Francesa (1789 - 1799), sendo seu livro chamado de “A Bíblia da Revolução Francesa”.

Sua obra não influenciou somente a Revolução Francesa, mas todos os movimentos sociais e políticos em defesa dos direitos naturais da pessoa humana, mormente nas seguintes afirmações: povo como soberano, reconhecimento da igualdade como um dos objetivos fundamentais da sociedade e consciência de que existem interesses coletivos distintos dos interesses de cada indivíduo. Rousseau fecha seu pensamento no fortalecimento do homem natural, que não pode ser feito a cada homem, mas sim na união

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destes, então o “Contrato Social” vem a estabelecer as regras para esse fortalecimento, devidamente organizado e harmônico, tendo um governo (Estado) para cuidar das pessoas, porém a soberania não é do governo ou do governante, mas sim do povo, que transfere seus direitos para que o governo cuide, buscando a primazia do interesse coletivo, sempre com respeito aos princípios da liberdade e da igualdade. Defendendo também que tais princípios não são plenos, pois no pacto social, cada indivíduo abre mão de parte de seus direito em prol do coletivo (cuidado pelo Estado). Entra-se então no Iluminismo.

OS PRIMEIROS GRUPOS HUMANOS:

              Em harmonia instintiva, os animais agem em sua natureza regidos por leis biológicas. Um mamífero, que faz parte de um grupo “superior”, também age por instintos, entretanto, desenvolve comportamentos mais flexíveis e lógicos. Ao deparar-se com situações problemáticas, os mamíferos são capazes de encontrar soluções, após analisar a situação, porque utilizam da inteligência. A experiência vivida mostra que a capacidade de lembrar e corrigir erros são o grande diferencial do mamífero. Porém, nem todos os mamíferos desenvolvem sua capacidade cerebral igualmente.

           O Homem é o ser que melhor agrupa informações e experiências em sua memória. A inteligência existe em todos os seres deste grupo, entretanto, é o saber que torna o ser humano diferente. Só o homem é transformador da natureza, e o resultado desta transformação chama-se Cultura.  Mas, para produzir cultura, o homem precisa da linguagem simbólica. Os símbolos são invenções humanas por meio das quais o homem pode lidar abstratamente com o mundo que o cerca. A linguagem introduz o homem no tempo, porque permite que ele relembre o passado e

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antecipe o futuro pelo pensamento. Isso é o que chamamos de produção histórica. Ao fazer uso da linguagem simbólica, o homem torna possível o desenvolvimento da técnica e, portanto, do trabalho humano.

           A linguagem simbólica e o trabalho constituem, assim, os parâmetros mais importantes para distinguir o homem dos animais. Ao definir trabalho humano, assinalamos um binômio inseparável: o pensar e o agir. A própria condição humana é de ambigüidade.

        Quando nos referimos ao homo sapiens, enfatizamos a característica humana de conhecer a realidade, de ter consciência do mundo e de si mesmo. A denominação homo faber é usada quando nos referimos à capacidade de fabricar utensílios, com os quais o homem se torna capaz de transformar a natureza. Pensar e agir são inseparáveis, isto é, o homem é um ser técnico porque tem consciência, e tem consciência porque é capaz de agir e transformar a realidade. Ao fabricar um utensílio, o homem pré-histórico criara um prolongamento do próprio corpo: o arco e a flecha o manterão o mais longe possível da caça, por exemplo. Em breve, ele não matará apenas para sobreviver. Há o

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assassinato, a consciência da morte, a dor e também o prazer de matar o inimigo.

          Analisar a Pré-História é observar um percurso que vai girando no tempo e desemboca nas Civilizações, nas cidades, no Estado Monárquico, nas guerras, nas artes. No continente africano foi descoberta a mais antiga ferramenta de pedra de que se tem notícia: uma faca de aproximadamente 2 milhões 600 mil anos de idade. Ela foi produzida pelo Australopithecus, primeira espécie a estabelecer o diálogo entre a mão e o cérebro, a transformar uma coisa em ferramenta. Esse período inicial de produção de ferramentas rudimentares de pedra é chamado de Paleolítico.

            No Paleolítico, os grupos humanos eram nômades e viviam da pesca, da coleta de frutos e da caça aos pequenos animais para conseguir alimentos. Nessas sociedades não havia necessidade de força física para a sobrevivência, e nelas as mulheres possuíam um lugar central. A comunidade coletiva era Matricêntrica. A mulher era considerada um ser sagrado, porque pode dar a vida (linearidade) e, portanto, ajudar a fertilidade da terra e dos animais. Sociedade Matrilinear é o sistema de filiação e de organização social no qual só a ascendência materna é levada em conta para a transmissão do nome, dos privilégios, da condição de pertencer a um clã ou a uma determinada classe social. Nos grupos matricêntricos, as formas de associação entre homens e mulheres não incluíam nem a transmissão do poder nem a da herança, por isso a liberdade em termos sexuais era maior. Por outro lado, quase não existia guerra, pois não havia pressão populacional pela conquista de novos territórios. Com o passar dos anos, as ferramentas foram sendo aperfeiçoadas: a invenção da lança e, mais tarde, a do arco e flecha facilitaram bastante as caçadas.

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             O uso sistemático do fogo, possivelmente a cerca de 500 mil anos, passou também a distinguir o homem dos outros animais. Graças a ele, as cavernas e as moradias construídas pelos humanos contavam com uma fonte de luz, calor, proteção e o cozinhar dos alimentos. O homem do Paleolítico desenvolveu, também, a linguagem oral, a fala, apesar da longa demora para ser construída, foi um dos passos importantes na construção da humanidade, permitindo ao homem partilhar com seus semelhantes conhecimentos, experiências e sentimentos, tornando-se, assim, o fator decisivo no desenvolvimento da Cultura.


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