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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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Ficha para identificação da Produção Didático-Pedagógica

Título: Música Como Instrumento de Propagação da Dominação Masculina

Autor Rogério Zanetti

Disciplina/Área História

Escola de Implementação do Projeto e sua Localização

Colégio Estadual Santa Rosa – RuaJoão Tobias de Paiva Netto, 515 – Bairro

Cajuru

Município da Escola Curitiba

Núcleo Regional de Educação Curitiba

Professor Orientador Armando João Dalla Costa

Instituição de Ensino Superior UFPR

Relação Interdisciplinar Sociologia, Arte

Resumo Estudos recentes apontam o Paraná, suacapital e até cidades da região

metropolitana como locais onde ocorremmuitos assassinatos contra mulheres(alguns chamam de feminicídio). Masessa violência extrema deve ter uminício: não se imagina um homemmatando uma mulher sem motivo

aparente. Partindo da premissa de queessa violência começa em algum

momento, buscamos em Bourdieu aideia de violência simbólica: durantemilênios, o homem “naturalizou” umaviolência implícita e explícita contra amulher. Buscamos, nesse trabalho,

analisar o início dessa violência, aindaem sala de aula, através de um meio queos alunos comumente utilizam: a música.

Analisaremos a música produzida nosAnos 30 e 40 (Era Vargas) como recorte

para partirmos para uma análise damúsica produzida hoje, a fim de

responder uma pergunta básica: amúsica reproduz ou mesmo incentiva

atitudes violentas?

Palavras-chave Mulher, violência, música

Formato do Material Didático Caderno Pedagógico

Público Alvo Alunos do 3º Ano do Ensino Médio

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Apresentação

A violência existe desde que o homem começou a caminhar pela Terra. Desde osprimitivos hominídeos até hoje, o ser humano agride seu semelhante e, de formamais contundente, o seu diferente. E essa violência nem sempre é explícita, poismuitas vezes é disfarçada, subentendida, escondida, muitas vezes nas formas maisdistantes do que se imagina como violento. A música, por exemplo, é uma delas. A música tem diversos objetivos, desde o religioso até o “lazer desinteressado”(DUMAZEDIER, 2001 apud FERREIRA, 2010, p. 94). E, com o desenvolvimento dastecnologias, podemos ouvir música em todo e qualquer lugar. Muitos professores atéreclamam, pois muitos alunos insistem em ouvir música durante as aulas. Enfim, amúsica está presente em nosso cotidiano, ligada geralmente a boas sensações eemoções. E, talvez, por isso mesmo, a maioria das pessoas não faça uma relaçãoentre música e violência. Em algumas épocas, tentou-se ligar o rock'n'roll com atitudes violentas, e haviaquem apontasse determinadas bandas de heavy metal com satanismo, violência,sexismo e outras atitudes dignas de pessoas “problemáticas”. Mas, atualmente, essepreconceito diminuiu muito, visto que os “roqueiros” já são vovôs e não representamnada a não ser um certo saudosismo, por conta de quem os admirava. Até o funk e ohip hop, até a pouco tempo ligados à violência, perdem a cada dia essacaracterística, muitas vezes por força da mídia, a quem interessa lucrar com asmesmas. Os alunos utilizam cada vez mais os celulares para ouvir música, assim como eraaté a pouco tempo com aparelhos de MP3 e MP4, que pouco a pouco estão caindoem desuso. E as atitudes violentas, sejam nas respostas ríspidas, no bullying, oumesmo em brigas, também têm sido cada vez mais frequentes, no cotidiano escolar.Haveria alguma relação entre o aumento da violência e a frequência com que seescuta música? Essa pergunta é delicada e polêmica.Assim foi gestada a “base” para o presente Projeto e, consequentemente, para esseCaderno Pedagógico, que envolve violência e música, mas também envolve outraquestão: o aumento da violência contra a mulher. Poderíamos discutir a violênciacontra a criança, contra o idoso, contra o negro ou mesmo contra determinados tiposde roupas, ou tribos, por parte daqueles que não as aceitam. Mas optamos porlevantar a questão da violência contra a mulher, visto que ainda existe, mas muitasvezes é disfarçada, velada, talvez até mais do que a violência contra outros gruposespecíficos. E a metodologia aplicada parra esse fim também pode servir paraoutros tipos de violência.Como é sabido, em 2006 foi criada a Lei 11.340/2006, mais conhecida por Lei Mariada Penha, cujo objetivo é coibir a violência contra a mulher, especificamente. Noprimeiro ano, essa Lei coibiu esse tipo de violência, diminuindo as estatísticas. Masnos anos subsequentes os números voltaram a crescer e em 2013, chegaram aosíndices da década de 90, altíssimos, que motivaram a criação dessa legislação.Antes porém, de debatermos a questão da violência atual, fizemos um recortehistórico, para vislumbrarmos outros tempos, os anos 30 e 40, durante a chamadaEra Vargas. Nos Anos 30 e 40, o mundo estava passando por grandes mudanças: os EstadosUnidos e a União Soviética começavam a ser os novos polos político-econômicos eculturais, em substituição aos países europeus, que haviam dominado a cenadurantes séculos. O mundo já havia passado pela Primeira Guerra Mundial e pelaRevolução Russa. Mas também enfrentava-se a crise econômica, que teve seu

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início na Bolsa de Valores de New York, os Regimes Totalitários e suasconsequências no Brasil: o fim da República Velha, o início da Era Vargas e aPolítica da Boa Vizinhança. E, nesse contexto, estava acontecendo a ascensão damulher, e a popularização do rádio e do cinema, dois meios de comunicação quemudaram até mesmo a forma como as pessoas se relacionavam, entre si, com seusgovernantes, e com as demais instituições, inserindo noticiários, propagandas, emesmo música, a pessoas que residiam até mesmo em lugares distantes dosgrandes centros. No Brasil, na época analisada, 70% da população residia na zona rural, e muitasvezes o pouco que sabia do mundo era através das notícias da Segunda GuerraMundial, na Hora do Brasil, criada por Vargas, nas músicas feitas por Noel Rosa eAry Barroso, e cantadas por Francisco Alves e Carmen Miranda, entre outros, oumesmo nos filmes de Fred Astaire e Ginger Rogers, ou das “femme fatale” docinema noir, tão características dos Anos 40. Mesmo com os avanços da época,percebemos que a mulher era tratada como uma boneca (as pin-ups), rainha do lar,quase uma figura santificada. Mas o seu oposto, a mulher independente, que lutavapor direitos iguais aos dos homens, era demonizada ou considerada “perigosa”, pois“Amélia é que era mulher de verdade”.O intuito desse Caderno Pedagógico é fazer uma análise da situação da mulher nosAnos 30 e 40, e das músicas feitas então, que depreciavam a figura feminina,sugerindo até mesmo violência contra as mesmas. Pretende-se suscitar o debatesobre essa questão, para então voltarmos ao nosso tempo, procurando responder aquestões como a presença de violência nas músicas feitas hoje, na análisesocioeconômica da violência contra a mulher e na percepção do início dessaviolência, e como ela ocorre dentro do contexto escolar, que é o primeiro contextosocial ao que o homem (e a mulher) estão expostos. As imagens que ilustram o texto são de bonecas feitas pela bibliotecária eprofessora de Arte Roseli Correa, sempre engajada na defesa das crianças, damulher, do idoso. Cada imagem (e cada boneca) foi feita com cuidado, de forma aintegrar o texto, e apresentar alguns estereótipos da mulher de outrora e, porquenão dizer, de hoje. Roseli, você é uma prova do que afirma Rita Lee, na música Corde Rosa Choque (1982), e serve para muitas outras mulheres:

Sexo frágil, não foge à luta

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A VIOLÊNCIA SIMBÓLICA

Em 2004, a revista Educação trazia, em sua capa, a palavra intolerância. E, em seuEditorial, intitulado “Todos os Nomes”, uma frase, que talvez sintetize a ideia desseprojeto: “ela está por todos os lugares”.

Essa é a questão que nos trouxe até aqui: a intolerância, que gera a violência, emtodas as suas formas, e provoca números assustadores, como os que foramapresentados em 2012 e 2013.

Tabela retirada do estudo realizado pelo CEBELA, disponível no Mapa da Violência 2012.

O primeiro se refere a um estudo feito pelo CEBELA (Centro Brasileiro de EstudosLatino-Americanos). Segundo essa sociedade sem fins lucrativos, em 2010, oEstado do Paraná foi o terceiro estado brasileiro onde mais se mataram mulheres(Imagem 1, acima), enquanto Curitiba foi a quarta capital com maior taxa dehomicídios, no país. Outros municípios próximos (Piraquara, Araucária, Fazenda RioGrande, Pinhais e São José dos Pinhais) ficaram entre os 100 municípios maisviolentos do Brasil, no que se refere a morte de mulheres. As taxas são percentuais,mas nem por isso menos preocupantes.

O segundo estudo foi realizado e apresentado pelo IPEA (Instituto de PesquisaEconômica Aplicada), que é ligado à Secretaria de Assuntos Estratégicos doGoverno Federal, e apresentado no Portal Compromisso e Atitude, em setembro de2013. Ele colocou o Paraná em 13º estado brasileiro, em taxa de feminicídios, no

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Brasil. Segundo o estudo, a média do Paraná é de 6,4%, quando a média brasileiraé de 5,8%.Quando vemos estudos que apontam o assassinato contra a mulher de forma tãoclara, pensamos em duas questões pertinentes: o que levou homens a tomar essetipo de atitude drástica, e porque essa violência não recrudesceu, mesmo com acriação da Lei Maria da Penha?

A biofarmacêutica Maria da Penha MaiaFernandes nasceu em Fortaleza (CE), em 1945.Em 1983, seu marido, o professor colombianoMarco Antonio Heredia Viveros, tentou matá-laduas vezes (uma com arma de fogo e outra poreletrocussão), deixando-a paraplégica. Foicondenado a oito anos de prisão, mas foi soltoem 2002. Atualmente está livre. Fonte: Wikipédia

- Você conhece a Lei Maria da Penha? Procure-ana Internet, dando ênfase ao Artigo 7º, que tratada violência doméstica:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm

Esse Projeto não pretende responder a todas as questões, mas ao menoscompreender onde essa violência nasce e, se possível, criar uma atitude deenfrentamento a essa violência, que comece no ambiente escolar, chegue àsfamílias, e auxilie a sociedade a combater esse mal, que “está por todos os lugares”.

Imaginamos que a violência nasce de forma subjetiva, simbólica. Por isso, nosapoiaremos na ideia da “violência simbólica”, analisada por Pierre Bourdieu:

é ainda mais surpreendente, que a ordem estabelecida, com suas relações de dominação, seus

direitos e suas imunidades, seus privilégios e suas injustiças, salvo uns poucos acidentes históricos,

perpetue-se apesar de tudo tão facilmente, e que condições de existência das mais intoleráveis

possam permanentemente ser vistas como aceitáveis ou até mesmo como naturais. Pierre Bourdieu

in A Dominação Masculina

Segundo essa teoria, a violência pode estar em qualquer situação, disfarçada enaturalizada, mas, ainda assim, violenta. E, em todas as épocas isso aconteceu. Porisso, nesse Projeto, optamos por analisar a violência embutida na música, e orecorte histórico é a Era Vargas (Imagem 3), época em que o Brasil se modernizou,e os meios de comunicação principais eram o cinema e o rádio. Teremos maioresdetalhes naos textos seguintes.

Getúlio Dornelles Vargas (1882/1954) nasceu no Rio Grande do Sul e foi Presidente do Brasil emdois períodos: 1930 a 1945 e 1951 a 1954. Costuma-se chamar esse grande período de EraVargas, sendo uma época de grandes transformações, no Brasil e no mundo. Fonte: Wikipédia

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A FEMME FATALEE

A DOMINAÇÃO MASCULINA

Para a intelectual Rose Marie Muraro, a dominação masculina teve início noNeolítico, nas sociedades de caça aos grandes animais. Dali em diante, os homensdominariam as mulheres por toda a História. E as mulheres foram divididas em doisgrupos: o grupo das submissas, que aceitavam essa dominação passivamente, e ogrupo das femme fatale (Quadro Abaixo), as mulheres indóceis, que não sesujeitavam e, por isso, deveriam ser dominadas, das mais diferentes formas.

Mulher Fatal ou Femme Fatale (em francês) é um estereótipo feminino muito utilizado na literatura, no teatro, na ópera e no cinema. Geralmente, é uma mulher bonita e sensual, que conquista os homens e consegue o que quer através da sedução. É um arquétipo que possui uma linha tênue entre o bem e o mal, podendo ser uma vilã, ou tornar-se uma heroína, como as mulheres que obtém a redenção, no Romantismo. Fonte: Wikipédia

– O que é estereótipo e arquétipo?

Na foto acima, a “femme fatale” loira e sensual. Foto de Puerto Iguazu (Argentina), tirada em 08/07/2012.

Na Antiguidade, essas mulheres eram apresentadas em mitos como os de Lilith,Dalila, Salomé e Medeia, para citar algumas. Eram mulheres belas, mas perigosas,cujas lendas deveriam servir de aviso aos homens, para que não se deixassem levarpor elas.

Na Idade Média, existiam até regras para a dominação masculina. DUBY,BARTHÉLEMY e LA RONCIÈRE explicam, em sua História da Vida Privada:

as mulheres, mais fracas e mais inclinadas ao pecado, devem ser trazidas à rédea. O dever primeiro

do chefe da casa era vigiar, corrigir, matar, se preciso, sua mulher, suas irmãs, suas filhas, as viúvas

e as filhas órfãs de seus irmãos, de seus primos e de seus vassalos. - (2009, p. 88)

Mesmo com o advento do Iluminismo, da Revolução Francesa e a ascensão políticada burguesia, pouca coisa mudou. No Século XIX, por exemplo, o Romantismoexplorou a figura da prostituta, da mulher que errou, mas que tem pretensões àredenção. No trabalho de Juliane Cristina Andrade e Francis Paulina Lopes da Silva,intitulado A Prostituta na Literatura: Contestação e Denúncia, observam que asempre foi uma figura polêmica que esteve, com frequência, presente nas

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produções artísticas e literárias. Assim, temos personagens marcantes, como aCarmen de Bizet, a Fantine de Victor Hugo, a Marguerite de Alexandre Dumas Filho,a Lúcia de José de Alencar, e muitas outras. A temática da “mulher forte edominadora” chegou ao Século XX, e invadiu os meios de comunicação de massa,como o cinema. As “vamps” do cinema-mudo, como Theda Bara e Gloria Swanson,eram, ao mesmo tempo, objetos de desejo e escândalo. E até figuras reais, como aespiã Mata Hari, mexiam com o imaginário masculino.

Voltemos a Pierre Bourdieu, que afirma:

Também sempre vi na dominação masculina, e no modo como é imposta e vivenciada, o exemplo porexcelência desta submissão paradoxal, resultante daquilo que eu chamo de violência simbólica, violência suave, insensível, invisível a suas próprias vítimas, que se exerce essencialmente pelas vias puramente simbólicas da comunicação e do conhecimento, ou, mais precisamente, do desconhecimento, do reconhecimento ou, em última instância, do sentimento. pg. 7

Em poucas palavras, percebe-se um paradoxo: a “femme fatale” precisa ser dominada, controlada, para que seja submissa. Mas, ao mesmo tempo, é o seu jeito incontrolável e destemido que provoca o homem que deseja dominá-la:

“Mesmo com todas as mudanças culturais, mulheres afrodescendentes, principalmente as mestiças ou 'mulatas', continuam a ser alvos de estereótipo de as mais sensuais e libidinosas entre as mulheres, perpetuado, principalmente, através da mídia...” - Bebel Nepomuceno in NovaHistória das Mulheres no Brasil, Mulheres Negra,Protagonismo Ignorado, 2012, p. 404.

– Você concorda com essa afirmação? Justifiquea sua resposta:

Na foto acima, a “femme fatale” brasileira, negra, relegada a segundo plano, mas guerreira. Foto do altar da Igreja de São Sebastião, Paranaguá, tirada em 31/08/2013.

Compreendi e corei de minha simplicidade provinciana, que confundira amáscara hipócrita do vício com o modesto recato da inocência – Paulo, personagemde Lucíola, ao perceber que ela era uma cortesã.

Veremos, a seguir, como era a vida das mulheres nos Anos 30 e 40.

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A MULHER NA ERA VARGAS

Como sabemos o Brasil foi governado por Getúlio Vargas entre 1930 e 1945, edepois, entre 1951 e 1954. À primeira fase damos o nome de Era Vargas. Nesseperíodo ocorreram muitas mudanças, no Brasil e no mundo: houve a CriseEconômica que teve início na Bolsa de Valores de New York, a Segunda GuerraMundial (1939/1945), a ascensão e queda do Nazi-Fascismo, a Política da BoaVizinhança, entre EUA e Brasil, a criação do estado de bem estar social, apopularização do cinema e do rádio, a entrada da mulher na política...

A mulher já vinha reivindicando maiores direitos desde o Século XIX, quandocomeçou a trabalhar, cada vez mais, fora de casa. Mas essas mudanças eramlentas. Vejamos como era a vida das mulheres na Era Vargas:

Senhoras e moças, que antes não saíam às ruas desacompanhadas, agora passeiam sozinhas.

Apesar de ainda existir vigilância paterna, as moças das cidades já têm mais liberdade de escolher

seus namorados. O beijo romântico no estilo de Hollywood não escandaliza mais as famílias. O rádio

e a propaganda incentivam os novos hábitos. No campo, entretanto, os padrões patriarcais ainda

permanecem. O pai 'contrata' o casamento de suas filhas, e as leis de proteção à mulher ainda não

se estendem ao trabalho agrícola. Nosso Século, Vol 5, p. 127

Na década de 40, a Revista do Rádio perguntou“qual a melhor profissão para a mulher”: - A de esposa, porque é o mais belo cargo e oque a mulher pode exercer com facilidade esegurança – Joana D'Arc, da rádio Tupi. - Qualquer profissão serve para a mulher, desdeque ela não abdique de seus direitos de dona dolar, a dona da casa – Saint Clair Lopes.

Citado PRIORE, Mary Del in História do Amor noBrasil. Contexto, São Paulo, 2012. P. 274

- Comente as respostas dos entrevistados:

Na foto acima, a mulher sofredora mas calada: ela se conforma com a vida que leva, mas a deixa transparecer apenas noolhar. Foto do Largo da Ordem, Curitiba, tirada em 16/09/2012.

Esse é um pequeno recorte histórico, que nos ajuda a entender um pouco mais asituação das mulheres naquela época. Lembremos que, em 1930, o Brasil possuíacerca de 37 milhões de habitantes na zona rural. Para efeitos de comparação,estima-se que o número de mortos, na Segunda Guerra Mundial, foi em torno de 45milhões, superior à nossa população. Em 1950, eram cerca de 51 milhões.

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E quem eram essas mulheres? Temos os nomes de algumas delas, poucas, quepodem nos servir de exemplo de como era a vida de outras tantas, anônimas: aprofessora Anaíde Beiriz, a Miss Universo Yolanda Pereira, a política Carlota Pereirade Queiroz, a escritora Raquel de Queiroz, a atriz e diretora Gilda de Abreu, ascangaceiras Maria Bonita e Dadá, a comunista Pagu, as cantoras Carmen Miranda,Dalva de Oliveira e Aracy de Almeida, e muitas outras. Nos mais variadossegmentos, a mulher começava, aos poucos, a aparecer.

Eram essas mulheres que, segundo um Decreto de 1941, assinado por GetúlioVargas, deveriam ser educadas para ser

afeiçoadas ao casamento, desejosas de maternidade, competentes para a criação dos filhos e

capazes na administração da casa.

E quanto aos homens? O mesmo Decreto, criado por Gustavo Capanema, ensina:

Devem ser os homens educados de modo que se tornem plenamente aptos para a responsabilidade

de chefes de família.

O plano era facilitar o casamento e aumentar a natalidade, criando dificuldades parao homem solteiro e para a mulher que quisesse trabalhar fora. O cotidiano dessasmulheres não tinha nada de sensual, de “femme fatale”, de “vamp”, pois tinham quesobreviver, muitas vezes sem a presença de um marido. Mesmo assim, parece queeram perigosas, tendo que o próprio Governo sancionar leis de “dominaçãomasculina”.

Para saber mais: acesse a páginahttp://www.schwartzman.org.br/simon/capanema/capit4.htm e leia o trecho “OEstatuto da Família”. Depois, responda a questão: quais as medidas que o Governotomou, para que seu projeto fosse um sucesso?

Como pudemos ver, até aqui, a situação da mulher nos Anos 30 e 40 eracomplicada: ela carregava o peso de ser considerada frágil, delicada, mas, aomesmo tempo perigosa, sensual, alguém que precisava ser controlada, dominada,direcionada. E como era visto isso nos dois maiores meios de comunicação daépoca, o cinema e o rádio, via música? A seguir, vamos ver como o cinema e amúsica mostravam essas mulheres, e como influenciavam hábitos.

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O CINEMA E O RÁDIO NOS ANOS 30 E 40

Oficialmente, a primeira sessão de cinema ocorreu em 1895, em Paris, por obra dosIrmãos Lumière. Hollywood começou a produzir filmes em 1910, e na década de 20o cinema ganhou som. A cor só viria na década de 30. E o cinema logo começou aescandalizar: o primeiro beijo cinematográfico aconteceu em 1896 (o primeiro beijogay seria em 1922); em 1930, foi aprovado o Código Hays, uma censura que passoua vigorar no cinema estadunidense até 1968. Tudo isso motivado por cenas fortes,protagonizadas por mulheres, apresentadas na telona como femme fatales.

O rádio, por sua vez, teve sua estreia, no Brasil, em 1922. E, durante a década de20, funcionava como rádio-club: poucas pessoas tinham acesso ao aparelho, eessas pessoas emprestavam seus discos clássicos, para tocar músicas elitistas.

A lei proibia a veiculação de anúncios e a programação era exclusivamenteeducativa: música clássica, palestras, aulas de ginástica e por aí vai – Marcos Alvito,p. 30

Segundo Alvito, foi o então deputado Getúlio Vargas que, em 1928, conseguiu que oCongresso aprovasse a publicidade no rádio. Daí em diante, a popularização damúsica seria rápida.

E assim, chegamos aos Anos 30 e 40:

Os hábitos de vida norte-americanos e europeus penetravam no país, via Hollywood, provocando

mudanças nas concepções de vida das classes médias e abastadas. Os filmes americanos exibiam

homens e mulheres incomparavelmente belos, vestidos por figurinistas sofisticadíssimos e levando

uma vida fascinante. Não podiam deixar de encantar as brasileiras, algumas das quais já começavam

a se sentir independentes dirigindo seus próprios automóveis. Os padrões morais transformam-se

rapidamente. (…) Mas a reivindicações feministas ainda eram tímidas. Exaltando um modelo feminino

abstrato, poucas mulheres teriam coragem de defender o divórcio, por exemplo. Nosso Século, V. 5,

p. 128

As mulheres do cinema eram mortais como todas que estavam na plateia. Mas haviatoda uma produção em torno delas, que as transformavam em “deusas” e “divas” desejadas pelos homens e copiadas pelas mulheres. Estrelas como Marlene Dietrich, Greta Garbo, Jean Harlow, Hedy Lamarr, Claudette Colbert, Vivien Leigh, Barbara Stnawick, Rita Hayworth, Veronica Lake, Lauren Bacall, Joan Bennett e Ava Gardner povoavam o imaginário masculino. E até personagens de desenho, como

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Betty Boop, ou estrelas de comédias e musicais, como Betty Grable, Katharine Hepburn e Ginger Rogers, podiam ser transformadas em pin-ups.

Gilda descendia de uma longa linhagem de sedutoras: Circe, Cleópatra, Lucrécia Bórgia, Carmen, Naná – todas belas, indignas, de confiança, em última instância más, belles damessans merci* (...) Gilda provocava seus homens e os rejeitava, ou pelo menos era o que parecia...” - FRIEDRICH, Otto. A Cidade das Redes: Hollywood nos Anos 40. Companhia das Letra, São Paulo, 1988.P. 268.

– Veja uma cena de Gilda e aponte as características da femme fatale: http://www.youtube.com/watch?v=4rWpND28Jos

*“belas damas, mas obrigado”

Na foto acima, nunca houve uma mulher como Gilda: a femme fatale, que seduziu astros e príncipes, teve seu nome posto numa bomba e foi uma das pin-up mais disputadas dos Anos 40. Foto da Rua XV, em curitiba, decorada para o Natal – 09/12/2012.

O advento da Segunda Guerra Mundial acabou influenciando no surgimento de umgênero cinematográfico específico: o filme noir, como citamos acima. Nesse tipo defilme, a mulher tinha um passado, era perigosa, ardilosa, mas também sensual.Segundo Mattos (2001), “no mundo noir, sua sexualidade é consistentementeapresentada como uma ameaça ao mundo patriarcal” (p. 16). E povoava oimaginário de milhões de fãs, homens e mulheres, pleo mundo todo.

Para assistir: segundo Ronald Bergan, no livro ...Ismos Para Entender o Cinema (São Paulo,Globo, 2010), duas obras-chave do Cinema Noir são Relíquia Macabra (1941), dirigido por JohnHuston, e Pacto de Sangue (1944), dirigido por Billy Wilder. Além da Gilda de Rita Hayworth, aBrigid de Mary Astor e a Phyllis de Barbara Stanwick também entraram para a História do Cinema.

E o rádio?

sua capacidade de falar simultaneamente a incontáveis milhões, cada um deles sentindo-se

abordado como indivíduo, transformava-o numa ferramenta inconcebivelmente poderosa de

informação de massa, como governantes e vendedores logo perceberam, para propaganda política e

publicidade. Hobsbawm p. 194

Nos Anos 30 e 40, Getúlio Vargas desejou organizar o rádio de forma a ser umagregador cultural, no Brasil:

Grandes antenas, amplíssimo raio de ação: o objetivo da integração nacional é dos primeiros a serem

levantados pelo rádio. Mas, desde 1932, com o rádio comercial, o ideal de educar o distante

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sertanejo com música clássica vai sendo substituído pela meta mais modesta e realista de divertir as

massas urbanas. Nosso Século, V. 5, p. 88

Mesmo não conseguindo alcançar totalmente seu objetivo, Vargas foi um pioneiro dautilização política do rádio, chegando a encampar a maior rádio do Brasil, a RádioNacional, em 1940. Dessa forma, os maiores nomes da nascente música popularbrasileira, recebia pagamento como se fossem funcionários públicos. Nem mesmo a“Pequena Notável” Carmen Miranda, estava livre desse contexto.

Em setembro de 1909, deixando para trás amulher e as duas filhas – Olinda, dois anos enove meses; Carmen, sete meses –, José Mariae seu cunhado Amaro foram para o Porto e, delá, tomaram um navio de carga no porto deLeixões, em Matosinhos, para o Rio de Janeiro. -CASTRO, Ruy. Uma Biografia de CarmenMiranda. São Paulo, Companhia das Letras,2005. P. 13

– Maria do Carmo Miranda da Cunha, aCarmen Miranda, nasceu em Portugal, em 1909e morreu em Beverly Hills, em 1955. Mesmoassim, é considerada um dos maiores símbolosdo Brasil. Por quê?

Na foto acima, Carmen Miranda, a “Pequena Notável', símbolo do Brasil, assim como as Cataratas do Iguaçu, em fotografiatirada em 09/07/2012.

A propósito, Carmen Miranda foi o nome mais famoso a se integrar na Política daBoa Vizinhança: os EUA se aproximaram do Brasil, na década de 40, a fim dederrotar a Alemanha. E Vargas, que na década anterior enviou Olga Benário para umcampo de concentração, “mudou de lado” facilmente.

E foi Carmen Miranda, juntamente com sua irmã Aurora Miranda, que cantou amúsica que poderia simbolizar essa época:

Nós somos as cantoras do rádioLevamos a vida a cantar

De noite embalamos teu sonoDe manhã nós vamos te acordar

(Cantores do Rádio – Braguinha)

Mas, essa época foi muito violenta, haja visto a mortalidade da segunda Guerra Mundial. Hobsbawm chamou a primeira metade do Século XX de Era da Catástrofe. E, mesmo com a modernização das cidades, com o advento do rádio, com o exemplo das deusas do cinema estadunidense, ainda havia muita violência contra a mulher, naquele período. E podemos perceber isso pela letra de músicas compostas, principalmente, por homens.Na década de 30, por exemplo, Ary Barroso apregoava “dá nela” porque a mulher o

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provocava (Dá Nela, 1930); Noel Rosa chamava a mulher de “indigesta” e dizia que ela merecia “uma tijolada na testa” (Mulher Indigesta, 1932). Também dizia que não ia bater na mulher, pois ela gostava. Então, o maior castigo era não realizar os seus desejos. E os dois eram de famílias de classe média, e não negros ou favelados, como seria de se esperar, na época. Mas também haviam os “malandros”: em Amor de Malandro (1931), Francisco Alves afirmava que “se ele te bate, é porque gosta deti”. Nesse mesmo ano, Heitor dos Prazeres afirmava, em Mulher de Malandro, que “quanto mais ela apanhava, mais a ele tinha amizade”. Segundo Rodrigo Faour, existem muitas outras músicas com teor violento, feitas naqueles tempos.

E ainda havia a violência subjetiva (ou simbólica), contida e músicas como Emília e Ai Que Saudades da Amélia, ambas de 1942. Se Haroldo Lobo afirmava que Emília é que era mulher, Mário Lago e Ataulfo Alves, diziam que Amélia era mulher de verdade. E por quê? Porque eram submissas, lavavam, passavam, cuidavam deles e das casas. Adalberto Paranhos, em A Ordem disciplinar e Seu Avesso: Música Popular e Relações de Gênero no Estado Novo, faz a relação entre o que se ouvia eo que se pretendia:

É impressionante a quantidade de canções que viraram muros de lamentação de mulheres

insatisfeitas com seus parceiros sanguessugas e com a sua condição de muro de arrimo da família.

Esse era o cenário musical da época em que Capanema pretendia criar um modeloideal de família, sendo que

salientava a necessidade de promover o aumento da população e de oferecer proteção estatal à

família monogâmica e ao casamento indissolúvel. Para tanto, propunha, entre outras coisas, a

“progressiva restrição da admissão das mulheres nos empregos públicos e privados” (apud

Schwartzman et. al., 2000: 128).

Finalizamos esse texto com uma referência às Diretrizes Curriculares de História(2008), que apontam

A articulação entre as dimensões temporais se expressa nas relações de temporalidade, taiscomo: processos, mudanças, rupturas, permanências, simultaneidades, transformações,descontinuidades, deslocamentos e recorrências. P. 61

Diante disso, propomos a reflexão sobre o que se mantém igual ou parecido àquelaépoca (permanências) o que mudou (mudanças) e quais as rupturas que ocorreram,para que chegasse à nossa atual situação. Mas, antes disso, vamos realizaralgumas atividades finais:

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ATIVIDADES

Trabalhando com ideias “uma violência que se exerce com a cumplicidade tácita dos que a sofrem e também, com frequência, dos que a exercem, na medida em que uns e outros são inconscientes de exercê-la ou de sofrê-la” (Bourdieu, 1997, p. 22 apud GONÇALVES, 2011, p. 59)

Bourdieu analisa a violência simbólica como algo inconsciente. Além da música, que outros meios podem servir como instrumentos de legitimação da dominação de um grupo sobre outro? Exemplifique e analise:

Trabalhando com Permanências Segundo o texto, a figura da “femme fatale” sempre existiu, na História. Cite exemplos de mulheres (atrizes, cantoras, modelos) que se utilizam desse arquétipo, hoje, e justifique suas indicações:

Trabalhando com Mudanças As músicas dos Anos 30 e 40 mostravam mulheres que apanhavam, eram submissas e atésustentavam os maridos, os “malandros”. E hoje?Como a mulher é retratada nas músicas? Houveram mudanças?

Trabalhando com Texto Complementares Acesse o endereço abaixo:

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/713-4.pdf

– Leia o subtítulo 2.2 – Os Astros e As Estrelas do Rádio e O Entretenimento

– Sintetize a ideia principal desse subtítulo:

Trabalhando com Imagens Procure na Internet imagens de cinco das mulheres citadas nos textos e procure apontar semelhanças entre elas, que expliquem o termo femme fatale. Justifique sua escolha

Trabalhando com Músicas Analise a letra das músicas Amélia e Emília(ambas de 1942) e analise a ideia de “violência”

contida nelas. Ela está presente ou não?

Agradecimentos: queremos agradecer a todosaqueles que nos auxiliaram nesse Projeto eCaderno Pedagógico, em especial a essas

mulheres: Prof.ª Lucineli Pickcius (pelo impulsoinicial, “pousando no coração do Brasil”), Prof.ª

Roseli Correia (pelas bonecas, fantásticas), Prof.ªNádia Gonçalves (por Bourdieu) e Viviane

Gonçalves Fernandes (pela ideia dos “sinais deviolência”, que iremos usar na fase dois), alémdos meus amigos e familiares, que me deram

toda força e incentivo. Obrigado!

Toda mulher quer ser amada/Toda mulher quer ser feliz –Todas as Mulheres do Mundo – Rita Lee Todas reunidas. Foto tirada em 22/11/2013.

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