Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
ENSINO DE HISTÓRIA E TECNOLOGIAS MIDIÁTICAS:O telejornalismo brasileiro e a formação da consciência
histórica
Salete OrsatoBrufati1
Claércio Ivan Schneider2
Resumo: O presente artigo apresenta a conclusão do trabalho realizado no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria de Educação do Estado do Paraná no período de 2013/2014. O enfoque foi: O telejornalismo Brasileiro e a Formação da Consciência Histórica. Na atualidade, o noticiário televisivo ocupa um lugar central como fonte de informação e de formação de opinião da maior parte da sociedade brasileira. Neste contexto, torna-se necessário estudar a importância do telejornalismo para a educação, procurando compreender e encontrar caminhos analíticos que levem a problematização destas instituições amplamente reconhecidas pela sociedade, mas em grande medida, tratadas de forma indiferente ou mesmo ignoradas pelos profissionais da educação. Em um país cuja maioria absoluta da população tem como fonte de informação os programas telejornalísticos, compreender e problematizá-los é tarefa fundamental nas instituições da educação, preocupados com a construção da consciência histórica dos alunos. A possibilidade de trabalhar com o telejornalismo nas aulas de história faz com que o professor busque reinventar sua prática pedagógica em sala, a partir do uso das mídias, conquistando o aluno para a participação do debate, refletindo em torno do valor do conhecimento na sua trajetória de estudante e de futuro trabalhador ou empregador. Para o processo educativo se realizar por excelência, deve-se desenvolver no estudante o sentido da autonomia e da liberdade para pensar, criticar e refletir sobre as práticas sociais. Com esta pesquisa espera-se instrumentalizar os professores para a utilização e problematização da fonte telejornalística enquanto meio de formação dos sujeitos históricos. Ademais, este estudo inova ao pensar a produção de material para trabalhar com o telejornalismo nas aulas de História, uma vez que não se tem evidências de pesquisas nessa área que focaliza os telejornais como fonte histórica, em especial para o ensino. Esperamos que esse trabalho contribua para a Gestão Democrática da Escola Pública Paranaense, com ações que transponham os muros da escola estudada e sirva como base e estímulo para o conhecimento.Palavras-chave: História. Tecnologias Midiáticas. Telejornalismo Brasileiro. Formação da Consciência Histórica.
1. Introdução
Este artigo é o resultado de um trabalho desenvolvido por meio do PDE
– Programa de Desenvolvimento Educacional, da Secretaria de Estado da
Educação do Paraná (SEED), em parceria com a Universidade Estadual de
Guarapuava e a Faculdade Estadual de Educação, UNICENTRO de Irati
1 Professora de História da Rede Estadual de Ensino do Paraná, participante do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) da SEED, em 2013/2014.
2 Orientador. Professor Adjunto do Departamento de História. Unicentro – Campus de Irati-Pr.
Paraná. Ingressando no PDE, optei por direcionar minha produção para a
temática da Educação do Ensino de história e as tecnologias midiáticas, com o
Título: “O telejornalismo Brasileiro e a Formação da Consciência Histórica”,
pois nos dias atuais, é cada vez maior a preocupação com a formação do
estudante, isto é, levá-lo a ter um olhar crítico diante dos fatos noticiados, pois
o descaso com que o telespectador vê e ouve os telejornais torna-o alienado
em relação à realidade onde vive. Ademais este estudo mostra aos professores
a percepção crítica e reflexiva com relação aos telejornais promovendo através
deste o processo cultural da sociedade, entendendo que é um caminho
possível, para a efetivação desse processo. Neste sentido, ressaltamos a
necessidade de entender: o que é a verdade na notícia?
Justifica-se a escolha da temática do telejornalismo como fonte de
ensino de História pela intenção de se trabalhar no campo do uso das
tecnologias para a formação crítica dos professores no ensino de História.
Buscou-se problematizar e fundamentar o uso de fontes midiáticas, em
especial do telejornalismo, como estratégia de ensino nas aulas a partir da
discussão e da reflexão das especificidades desta produção cultural midiática
na contemporaneidade. Buscou-se trabalhar com a historicidade de dois
telejornais brasileiros, o “Jornal Nacional”, da TV Globo, que é uma empresa
privada, e o “Jornal da Cultura”, da TV Cultura, que é uma empresa pública. As
escolhas se devem aos objetivos de tentar compreender os diferentes
formatos, características, reportagens e discussões que os editores destas
emissoras constroem e colocam em pauta para a população brasileira. Como
recorte temporal define-se os últimos 5 (cinco) anos, acreditando que com este
período pode-se trabalhar com os temas atuais que direta ou indiretamente
conferem sentidos a nossa ideia de Brasil.
O curso foi desenvolvido por meio de discussão sobre o tema
telejornalismo e fundamentação historiográfica: Qual a historicidade do
telejornalismo no Brasil? Quais podem sem considerados como os mais
importantes ou influentes? Como se faz um telejornalismo? Quem são os
profissionais da notícia? Quais os personagens centrais deste meio midiático?
Quais os interesses e os compromissos do telejornalismo brasileiro? Quem
financia os telejornais? O telejornalismo tem uma estrutura? Como são
selecionadas as notícias? Quem as seleciona? Através de seleção de textos
informativos, projeção e análise de vídeos tele jornalístico (matérias) do Jornal
Nacional e do Jornal da Cultura e o documentário “Muito Além do Cidadão
Kane.
Buscou-se por meio do material pedagógico apresentar as formas de
atingir os objetivos em relação ao estudo do telejornalismo, com enfoques da
notícia e suas manipulações frente ao telespectador, objetivando construir uma
nova interpretação dos fatos veiculados diariamente pela TV. Analisou-se o
caráter elitista das notícias para integrar os indivíduos a participação e a
compreensão crítica e reflexiva dos fatos locais e internacionais promovendo o
conhecimento de mundo e a sensibilização da formação da consciência
histórica.
A organização dos materiais deu-se em função dos encontros que foram
realizados com os docentes do Colégio Estadual Tancredo Neves na cidade de
São João – PR. A proposta teve a finalidade de desenvolver junto aos
professores de história uma ação que os incentivem a trabalhar com a mídia
televisiva – o telejornalismo – e sua importância para o ressignificar do ensino
de História a partir do uso de novas tecnologias midiáticas.
O curso contou com a participação de 10 professores de áreas
diversificadas num total de oito encontros de quatro horas semanais. O
interesse de professores de outras áreas do conhecimento, além da disciplina
de História, foi devido ao tema apresentado aos mesmos nos dias de
capacitação nos início do ano letivo, segundo eles é um tema novo que
provoca e instiga curiosidade. Teve ótima participação com debates
importantíssimos, levando o despertar e o interesse dos professores em
trabalhar em suas aulas, pois como eles afirmaram o curso superou as
expectativas e os possibilitou a novas ideias para trabalhar com os educandos.
No final do curso foi mostrado como o telejornal pode ser um grande
aliado do professor na preparação de suas aulas, pois ilustra informações
atualizadas dos fatos no tempo e no espaço. E estimular os alunos a fazerem
leituras críticas dos telejornais, mesmo que seja esta uma tarefa complexa e
que exige preparação do professor. Por fim realizou-se a avaliação com os
professores, instigando-os de que é possível levar os conteúdos dos telejornais
para o conhecimento dos alunos trabalhando o lado crítico da notícia e mostrar
que é possível haver diálogos interdisciplinares entre história, geografia, língua
portuguesa a partir do telejornalismo.
2. Desenvolvimento da pesquisa
Com o intuito de levar o uso da notícia bem como da cultura para sala de
aula foi analisado o jornal da TV Cultura que possui uma programação
jornalística bem variada e abrangente, direcionada ao conhecimento
educacional. A rede de televisão da TV Cultura é uma emissora brasileira,
pública de caráter educativo e cultural, direcionados ao público de todas as
idades. Com sede na Capital de São Paulo, A TV Cultura tem seu início,
quando ainda pertencia aos Diários Associados e tinha como objetivos o lucro
e a audiência. Em seguida, a emissora é comprada pelo governo do Estado de
São Paulo e passa a ser administrada pela Fundação Padre Anchieta. Passa
por um período na gestão do jornalista Roberto Muylaert que chegou bem
próximo do conceito de televisão pública. Por fim tem início a gestão de Jorge
da Cunha Lima e chega até o ano de 2006. Que passa por uma crise financeira
e pelo descumprimento de artigos do estatuto da Fundação Padre Anchieta e
continua sendo mantida por esta fundação até os dias atuais é uma Fundação
sem fins lucrativos. No seu discurso José Bonifácio Coutinho Nogueira dizia:
A Fundação Padre Anchieta, afirmando-se legionária do regime de liberdade, não terá qualquer posição política que não seja a de divulgadora dos postulados da democracia. Todas as formas de proselitismo serão recusadas. Sem quaisquer preconceitos religiosos, adotaremos a posição ecumênica, que unem a todos que creem em Deus. Aos espíritos jovens de todas as idades e condições sociais dirigiremos a nossa mensagem (...) a filosofia do nosso trabalho busca a democratização do ensino pela cultura (KUNSCH, 1999, p. 201-202).
Seus programas de televisão são educativos, transmitidos para todo o
Brasil via satélite e através de suas afiliadas e retransmissoras em diversas
regiões do Brasil.No setor de jornalístico, a TV Cultura exibe o telejornal –
Jornal da Cultura – que vai ao ar de segunda a sábado, às 19h15. Atualmente
é ancorado pela jornalista Maria Cristina Poli e outros eventuais
apresentadores como Andressa Boni, Ricardo Ferraz e Aldo Quiroga. O
programa telejornal da TV Cultura transmite notícias, nacionais e
internacionais, entrevistas, reportagens e prestação de serviços, disponibiliza
interação com redes sociais especializadas. Pautado com entrevistas
direcionadas a líderes políticos, escritores, esportistas, filósofos, músicos entre
outras personalidades que se destacam, inclusive internacionalmente, no
campo da informação intelectual. Atualmente o programa e conduzido por.
Mario Sergio Conti. O programa possui links ao vivo de diversos pontos do
estado e do país, com análises de comentaristas e jornalistas sobre tudo o que
acontece no meio social e econômico, cultural e esportivo.
O canal de Televisão da Rede Globo teve início com suas transmissões
no Brasil, na década de 1960, com o Jornal Nacional, sob o comando de Hilton
Gomes e Cid Moreira. Considerado um marco na história da TV brasileira. A
Rede Globo foi pioneira também na implantação da TV em cores no Brasil, em
1972. A emissora contava com uma programação nacional, já em 1975, a TV
Globo fica no ar 24 horas por dia. Destas, mais de cinco horas diárias são
dedicadas ao jornalismo. São mais de 500 profissionais no Brasil e no exterior.
O Jornal Nacional é transmitido no horário da noite às 20h30min, de
segunda a sábado, considerado horário nobre da programação na televisão.
Atualmente o telejornal tem como âncoras William Bonner - editor-chefe e
Patrícia Poeta, editora-executiva, O programa tem nove apresentadores
eventuais, que apresentam o jornal aos sábados ou nas folgas dos âncoras,
principais são eles: Alexandre Garcia, Ana Paula Araújo, Carla Vilhena, Chico
Pinheiro, Christiane Pelajo, Evaristo Costa, Heraldo Pereira, Renata
Vasconcellos e William Waack.
Em média 45 min. de duração, o Jornal Nacional transmite notícias
nacionais e internacionais, entrevistas e reportagens, notícias do esporte,
economia, política e atualidades, interage com várias redes sociais. O Jornal
Nacional também destaca as séries especiais abordando diversos temas em
série sobre problemas econômicos e sociais das várias regiões do Brasil.
É considerado um telejornal de credibilidade diante da população, que
passivamente assiste sem questionar de que forma as notícias são
transmitidas e nem se submetem a mudar de canal, pois as novelas são as
principais fontes de entretenimento e por estratégia vem logo após o Jornal
Nacional, líder de audiência da televisão brasileira. A Rede Globo, por ser a
maior rede de televisão do Brasil e uma das maiores do mundo, sofre críticas
constantemente sobre a sua influência na sociedade brasileira, são muitas as
controvérsias que envolveram o grupo ao longo dos anos.
Entre as Geradoras e Afiliadas, a Rede Globo cobre hoje quase cem por
cento dos municípios brasileiros, através de suas emissoras. Por conta da forte
presença e influência dos telejornais no cotidiano da sociedade, e sendo a
escola considerada, um espaço para formação de cidadãos conscientes e
participativos, é de fundamental importância inserir o uso dessa ferramenta
tecnológica na disciplina de História.
Com o desenvolvimento das tecnologias de modo geral, as fontes de
informação cada vez mais têm-se tornado amplas. Dessa forma, a sala de aula
também deve passar por modificações e mecanismos que venham contribuir
para um melhorar o ensino aprendizagem. Nessa direção é que a programação
televisiva - por meio do telejornal - pode ser um recurso interessante para
fomentar a busca de informações da parte do educador e do educando. Os
fatos noticiados, ainda que muitas vezes desvirtuados ou tendenciosos são
reais - diante destes, educador e educando são desafiados a entender o que
motiva um fato ou ação e tentar compreender o que isso impacta na realidade
de uma sociedade. A principal contribuição está em perceber que a atualidade
não é resultado do acaso e sim a manifestação da trajetória do passado.
2.1. Enquete em torno do telejornalismo na vida cotidiana
Iniciamos os trabalhos com uma enquete para ser respondida pelos
professores para obter conhecimento de suas realidades frente aos telejornais
para em seguida prosseguir com os trabalhos. Abaixo sintetizamos as
respostas a partir dos temas que nortearam a enquete.
* Sobre o telejornal que assistem: A maioria assiste o Jornal Nacional
pela força do hábito, pelo horário, é o canal que apresenta maior facilidade de
entendimento nos programas, também porque logo após o jornal vem a novela.
Por rotina, acomodação opta-se por assistir o Jornal Nacional da Rede Globo,
como se fosse uma tradição família.
* O que procuram saber nos noticiários: Sobre a política, economia,
pesquisas, situações em que se encontra o país em relação à Educação, os
fatos que ocorrem no dia a dia em diferentes regiões, situações climáticas,
social e cultural. As atualidades, acontecimentos políticos, históricos, culturais
que possam mantê-los atualizados e menos “alienados” no momento de
contextualizar e debater com os alunos. Também porque nas conversas do dia
a dia precisam ter pontos de vista e posicionamentos sobre temas e fatos
atuais.
* Como vêem o telejornalismo: Como fonte de investigação histórica e
estratégia para tornar o ensino de história mais reflexivo, pois é possível que o
professor de história e disciplinas afins trabalhe, mas é preciso que o aluno
desperte o interesse pelas informações repassadas como um todo evitando se
deter apenas nas notícias sensacionalistas e nos modismos. É uma forma de
prática viável de estar acompanhando os principais fatos e acontecimentos.
Uso do telejornalismo é uma fonte de investigação na prática pedagógica,
primeiro porque a linguagem do telejornal agrada e combina com os alunos,
segundo porque dá “vida” ao ensino de história e as demais disciplinas.
* Sobre os alunos se manterem informados: É muito importante, pois
eles já vêm para a escola com uma bagagem de conhecimento sobre o mundo
que os cercam. Levar este instrumento para a aula, através de vídeos
comparativos, com o uso dos computadores no laboratório de informática,
selecionar fragmentos de notícias que venham contribuir através de
informações que tenham e dê sentido ao aprendizado do aluno.
* Quanto à fonte de informação o que Jornal televisivo contribui para a
disciplina de história. É muito importante, pois os alunos se mantêm informados
dos fatos que ocorrem a sua volta em tempo real e o professor pode fazer uma
análise com os fatos do passado da história.
* Sobre o conhecimento do Jornal da TV Cultura: O jornal é mais
dinâmico, pois eles transmitem as notícias com especialistas que explicam e
argumentam embasados em estudos dos acontecimentos levando ao
telespectador a notícia com mais clareza. É possível realizar ótimos trabalhos
através de seminários, debates, questionamentos, sempre escolhendo,
analisando as notícias de conhecimento da maioria dos alunos. Os fatos que
estão ocorrendo no país e no mundo, estas notícias podem ser trabalhadas em
todas as disciplinas. É um recurso disponível de fácil acesso, com linguagem
dinâmica e acessível, integra discursos linguagem trazem entrevistados
provoca polêmicas, produz discursos e posicionamentos, concentra a atenção
do telespectador. No entanto não se tem o hábito de assistir esse jornal. Só foi
assistido porque a professora pediu.
Salientar sobre a necessidade de assistir outros jornais além do Jornal
Nacional, foi o enfoque desta dinâmica. A atuação da profissão de professores
é buscar novas alternativas e conhecer mais a realidade das notícias como
elas são elaboradas e transmitidas. Na atualidade a informação é muito
importante, vivemos no que muitos autores definem como a era do
conhecimento, porém muitas vezes as informações não são esclarecidas como
devem ser, chegando ao conhecimento das pessoas deturpadas por valores e
interesses. Com as informações repassadas nos telejornais, é possível iniciar
as reflexões mais aprofundadas do conteúdo a ser desenvolvido, nesse caso a
outra face de um telejornal. Levar o aluno a ter um olhar crítico diante dos fatos
noticiados, pois o descaso com que o telespectador vê e ouve os telejornais
torna-o alienado em relação à realidade onde vive.
2.2. Conscientização histórica: Os usos do telejornalismo
Prosseguindo o curso, passamos a sintetizar as discussões das
atividades de leitura e reflexão do texto “Conscientização histórica e o
problema dos conteúdos” de Luís Fernando Cerri. As reflexões acerca do
assunto foram de que nada do que está acontecendo hoje está desligado do
passado. Os acontecimentos têm sempre um porque do passado. Todo o
presente precisa ter conhecimento de seus antecedentes, seu contexto de
surgimento interesse e sujeitos envolvidos, para poder ser avaliadas em suas
diversas conjunturas históricas. Devemos inserir os alunos nesse contexto,
para que possam conhecer a história e que sejam capazes de entender e fazer
uma ponte entre o presente e o passado. Assim formaremos cidadãos
autônomos, críticos e criativos.
O pensar histórico é estabelecer um diálogo com o mundo histórico do
aluno depois de compartilhar uma forma de pensar. A história não é feita por
grandes homens e sim pela sociedade em geral que viveram e vive todo um
contexto histórico, que atravessa mudanças. O pensar historicamente é
superar a decoreba de conteúdos, fatos, informações sem contextualização. É
compreender que o objeto de estudo em questão tem sua historicidade; porque
aconteceu? O que o precedeu? Pelos interesses de quem ou do quê? Os
envolvidos direta ou indiretamente? Quais discursos explícitos e implícitos que
validam o fato historicamente? É buscar compreender o que é o fato e suas
implicações, focando uma visão crítica e reflexiva. É ver mais do que o fato,
noticiado, mas toda sua contextualização e implicações. É ir além da
superficialidade das coisas e fatos. Tudo tem uma história, e essa história
envolve posicionamentos, implicações, decisões.
O “novo” no texto, significa a forma crítica autônoma e criativa de
ensinar, explorar a história. Uma história contextualizada e relacionada aos
acontecimentos atuais. As novas possibilidades de explorar no ensino de
história trabalhando com análise crítica e não apenas com a memorização de
fatos sem contextualizá-los, sem pensar seus antecedentes, efeitos e
consequências. Esse é o novo para partir do ensino de história formar um
pensamento autônomo, crítico e criativo. Nesta atividade, a projeção dos slides
que sintetizavam as ideias centrais do texto do Cerri, possibilitou desenvolver
diálogos com debates sobre como são produzidos os telejornais da Rede
Globo e da TV Cultura, a historicidade do telejornalismo no Brasil e das duas
emissoras em destaque neste projeto. Buscou-se problematizar a
compreensão dos diferentes formatos, reportagens e discussões que os
editores dessas emissoras constroem e colocam em pauta nos fatos noticiados
diariamente. Comentou-se também as características da programação dessas
emissoras. A Rede Globo sendo uma empresa particular tem sua programação
jornalística direcionada ao público em geral, mas com objetivos e interesses
específicos. Enquanto que a TV Cultura por ser uma emissora pública tem sua
programação direcionada ao conhecimento educacional.
A intenção dessa atividade foi de estimular a partir da leitura do texto
uma conscientização da importância do estudo da história. Estudar os
argumentos do autor que discorre sobre a compreensão do ensino de história,
conhecer seus antecedentes, seu contexto e surgimento, interesses e sujeitos
envolvidos, nas diversas conjunturas históricas. A ideia dessa análise foi a de
preparar os professores para posterior compreensão dos diferentes formatos e
características do telejornalismo brasileiro suas especificidades na produção
cultural midiática na contemporaneidade.
2.3. Trabalho com telejornais: Oficina de História
A fim de analisarmos a produção da notícia e do telejornal, selecionamos
e projetamos reportagens do Jornal Nacional e do Jornal da Cultura. Foram
analisadas e comparadas as diferenças entre as informações transmitidas e
observadas às montagens e discussões entre as notícias das duas emissoras.
Os professores descreveram os pontos negativos e positivos de cada
reportagem.
Na primeira reportagem, referente às manifestações iniciadas no ano de
2013, transmitida pela TV Cultura, os professores entenderam como pontos
positivos: As reportagens são feitas com análise crítica, os comentaristas a
fazem com maturidade, tem eles segurança no que falam sobre os
acontecimentos. Os fatos são contextualizados, argumentados com
direcionamento, respeitando o discurso entre os especialistas. Buscam mostrar
a realidade com reflexão dos fatos em vários focos da notícia. A matéria é
repassada completa sem fragmentação da notícia o que esclarece por inteiro
os fatos dando um entendimento melhor ao telespectador. Como pontos
negativos destacaram: É provável que as notícias não atinjam o grande
público, o canal é pouco acessado pela população mais comum. As reflexões
são complexas e talvez sejam difíceis para a compreensão da grande massa
telespectiva. O telejornal traz excesso de informações dificultando o
entendimento do povo;
No trabalho com a matéria transmitida pela equipe de reportagem da
Rede Globo, também referente às manifestações iniciadas no ano de 2013,
assim os professores destacaram os pontos positivos: Uso da imagem do
jornalista Arnaldo Jabor considerando seu status no contexto da imprensa.
Como pontos negativos, os professores afirmaram: A reportagem traz
informações de forma autoritária e negativa. Não leva em conta o fato em si,
mostra àquilo que convém e no que diz respeito às manifestações. Lembram
que, no início, a Rede Globo não deu muita importância e depois, devido à
amplitude dos acontecimentos, obrigou-se a noticiar as manifestações.
Estabelece um conceito de verdade definindo os policiais como únicas vítimas.
O vídeo apresentado foi sobre os “Protestos em São Paulo em
17/06/2013” pela Rede Globo de Televisão, tendo como âncora da reportagem
Arnaldo Jabor. A reportagem tem como pano de fundo, palavras de baixo
escalão insultando a Rede Globo. Por outro lado recebe a crítica através do
repórter que também faz comentários desagradáveis, em tão debochado,
referentes ao aumento de R$0,20 centavos, conforme é identificado na
reportagem. Percebe-se, portanto, que as organizações Globo são fortemente
identificadas com a Direita da política Brasileira e manipulam as informações
de acordo com o que lhe convém. Mais tarde, na mesma reportagem, agora
pela rede de rádio CBN, o mesmo repórter Arnaldo Jabor, vem em público
explicar aos ouvintes sobre sua posição na reportagem anterior, dizendo que
errou em sua posição de crítico aos manifestantes, chamando-os de
irresponsáveis e fazendo provocações por causa de R$0,20 centavos.
Reconheceu que fez um erro de avaliação. Segundo ele que as manifestações
eram muito mais que isso no início o passe livre tinha a cara de anarquismo,
mas este representava uma inquietação que desde 1992 não vinha mais tendo
força e coragem entre a população jovem. Na sua fala aproveita para fazer
vários questionamentos dos sérios problemas que o Brasil enfrenta e que vem
se arrastando a mais de 50 anos, como ferrovias rodovias e muitas obras
públicas paradas danificadas, enfim. O objetivo nesta atividade se focou na
percepção da omissão das muitas informações que são vistas e não analisadas
no dia a dia nos telejornais brasileiros a partir do vídeo é possível mostrar aos
educandos o respeito em relação aos direitos de uma manifestação (do que se
pode ou não falar em público).
2.4. Trabalho com leitura e interpretação e debate de texto
Dando sequência ao curso, fizemos, noutro encontro, atividade de leitura do
artigo “O telejornal”, de Ciro Marcondes Filho. Houve reações de espanto das
participantes diante das manipulações e estratégias que são utilizadas num
telejornal, colocadas pelo autor. A indignação pode ser percebida no fato ainda
ingênuo de acreditarem que os telejornais que caem no gosto popular e são
assistidos em massa, deveriam pressupor um grande compromisso dos
responsáveis para planejar, produzir e executá-los. Esse patamar de audiência
deveria ainda garantir uma qualidade de notícias, matérias, fatos, assuntos,
eventos, acontecimentos, no sentido da formação crítica do cidadão.
Infelizmente, como debatemos, os telejornais são pensados de forma
anárquica para não permitir o tempo necessário à reflexão sobre os fatos
noticiados. A miscelânea de assuntos “polui” o telespectador que fica inerte,
confuso, com dificuldades de processar as informações. Pois é “bombardeado”
com diversas e inúmeras notícias ao mesmo tempo, partindo do trivial
chegando a grandes fatos políticos como se tudo pertencesse ao mesmo
universo de significação e de abordagem. Esse processo de manipulação do
telespectador já inicia na apresentação das manchetes.
Outro aspecto negativo dos telejornais tange a fragmentação das
notícias. Tirar o fato de seu contexto pode trazer outras significações, ocultar
intenções, direcionar sentidos, criar opinião de massa, inocentar corruptos,
desonestos, proteger culpados e criar pseudo-heróis. Contudo, esse processo
só seria desfeito com o uso de maior tempo para veicular as notícias. Afinal,
várias horas de entrevistas, pesquisas, coleta de dados, anotações precisam
ser condensadas e veiculas em tempo mínimo.
Não podemos deixar de citar, como sério agravante, das formas de fazer
o telejornal, o processo de personificação. É um grande risco por atribuir a um
ser específico a responsabilidade por fatos, quando isso pertence a um grupo,
a um conjunto maior institucional e social.
Poderia ser diferente? Certamente, porém isso infere mexer com
grandes interesses, poderes cristalizados, situações tradicionais, posições
sociais e políticas, etc. E quem está disposto a quebrar o status do
telejornalismo brasileiro? Um sonho, uma utopia? Talvez. Fugir dessa
manipulação será possível quando a população aprender a selecionar melhor o
que assiste e ouso dizer, aprender a mudar de canal ou mesmo desligar a TV.
Afinal, os telejornais usam tantos recursos para criar “estilos de
programa” padronizando pensamentos e a própria redação. E como agravante
tem os recursos ideológicos. Quanto, somos inocentes diante das notícias
veiculadas? Conseguimos perceber quando a realidade está sendo modelada
conforme os interesses de alguns? Discernindo quem são os grupos e quais
suas intenções?
Enquanto telespectadores temos falhas também. Aceitamos e temos
foco por sensacionalismo e violência, e se isso traz audiência e aumenta os
patrocinadores por arriscar outras formas de telejornalismo. Nosso perfil de
telespectador crítico e reflexivo poderia fazer a diferença.
De forma geral, constatamos que os professores conquistaram com o
curso consciência crítica desta fonte. Seus comentários acima sistematizados
apontam para a percepção de que nenhum telejornal é neutro, sempre há
interesses por trás do que é veiculado. A ênfase ou omissão de um fato já é em
si um direcionamento. Segundo os professores, muitas vezes somos levados a
acreditar em notícias que foram deturpadas para defender ou promover
alguém. Isto nos deve servir de alerta para que busquemos informações
fidedignas e façamos a comparação entre os vários emissores da mesma
notícia. Devemos refletir sobre o que é veiculado buscando analisar os fatos
apresentados e porque foram divulgados dessa forma. Não basta assistir ao
telejornal, é preciso ir além, criticar aquilo que estamos vendo e compreender
de que forma isso afeta nossa vida. É preciso sair do comodismo, da atitude
passiva e partir para uma postura questionadora e reflexiva que evite a
manipulação de nossas ideias.
2.5. Telejornalismo – Modos de Fazer
Com as informações contidas no livro “Jornal Nacional Modo de Fazer”,
de William Bonner, buscamos analisar, junto aos professores, às informações,
a estrutura e os critérios para selecionar os assuntos publicados pelo Jornal
Nacional, na visão do autor. A estrutura da “Rede Globo” faz chegar ao
telespectador de quase todo o Brasil as notícias do seu telejornal, em especial
o Jornal Nacional. Conhecê-lo é a forma de adquirir subsídios para ser crítico
quanto aos programas que envolvem a população, que pacificamente assistem
as notícias sem questioná-las. No livro “Jornal Nacional Modo de Fazer” possui
vastas informações em relação à Rede Globo, mesmo com o olhar direcionado
em seu favor, é uma pesquisa que pode levar ao conhecimento do professor e
do aluno.
Com as informações contidas no livro e das análises, foram lançadas as
questões seguintes para serem respondidas no grupo e anotadas para, em
seguida, serem compartilhadas com o grande grupo. Qual a repercussão de
um leitor do livro, que desconhecemos critérios para selecionar os assuntos
publicados pelo Jornal Nacional? Terá ele condições de analisar criticamente
as falas do autor nos textos do livro? Você acha que é possível reverter esse
quadro de ignorância do conhecimento de mundo dos leitores e
telespectadores da sociedade? Exponha sua opinião. Abaixo seguem algumas
opiniões registradas.
Nos dias atuais, com as informações são mais fáceis e acessíveis em diversos meios de comunicação disponível na sociedade faz com que a grande maioria das pessoas tenha mais criticidade e não acredite em tudo o que vêem. Na questão específica do livro, com certeza pela ilustração e o seu sensacionalismo ou ênfase dada nas coisas melhores ocorridas no Jornal Nacional no período específico faz com que muitas pessoas que lêem o livro se encantem, mas não se convencem de tudo. Para pessoas com pouco conhecimento e tem o livro como primeira informação, com certeza irá acreditar com mais veemência, e será mais difícil posterior convencê-las. De forma contrária. Professoras (Dilva e Marineusa)
Esse leitor acreditará que o que está exposto no livro é real e verdadeiro, pois não tem conhecimento crítico. Para ele o jornal somente terá pontos positivos e fatos reais sendo feito com a intenção de informar verdadeiramente seus telespectadores. Para que seja possível uma análise crítica do exposto no livro é necessário um conhecimento mínimo e motivação par fazê-lo. É possível reverter esse quadro de alienação se houver interesse por parte da mídia e da população em geral salientando que a escola pode e deve fazer a sua parte.Professoras (Eli, Rejane e Juliana)
Se um leitor que não tem conhecimento ler o livro “Jornal Nacional Modo de Fazer” com certeza vai considerar tudo maravilhoso. Certamente, fará alguma crítica talvez se questionada por alguém. Se for leitor, simplesmente por assim ser, deve ter condições de ter alguma noção do que lê. Condições de analisar criticamente as falas do autor do livro pode-se haver sim. Talvez sem profundidade e sem condições de relacionar o que é real e digno de ser exposto. Com certeza é possível reverter o quadro de ignorância do conhecimento de mundo dos leitores e telespectadores da sociedade. A educação escolar com uso de texto, trechos de telejornais para se fazer análise em sala de aula. Reeducação dos pais e principalmente as próprias mídias com sua força, mudar as formas de programa/cão e telejornalismo. Professoras (Mari Dendena.)
Acredito sim que é possível reverter os quadros de ignorância de conhecimento dos leitores e telespectadores, temos um novo perfil de jovens (de estudantes) que tem liberdade onde se expressar e posicionar-se. Diferentemente de minha geração que foi “educada” para obedecer e acreditar em tudo como verdade absoluta. Mas por isso é preciso que a escola a mídia tenham coragem de “dizer a verdade” promover reflexões. Um leitor “desavisado” fica apenas no senso comum. Professoras (Joseane e Eliane)
O que me surpreendeu nesta atividade é que o livro “Modo de Fazer” de
Willian Bonner era desconhecido pelos professores. O conhecimento do
mesmo foi de suma importância para a leitura e debate entre os mesmos neste
encontro. O objetivo desta atividade foi de provocar a opinião dos professores a
respeito do conteúdo do livro. Mostrar como o “Jornal Nacional” é construído na
visão do autor, que também faz parte do elenco dos âncoras da Rede Globo.
Proporcionar a discussão sobre o que é um âncora, conhecer os bastidores de
um telejornal, seus personagens que constroem a notícia, qual a sua
credibilidade, enfim, questionar porque o povo passa a acreditar mais em um
repórter do que em um professor, e que estes venham proporcionar aos
discentes o conhecimento do lado sensacionalista da produção jornalística e
por fim que possam ver a notícia não apenas como um telespectador passivo,
mas com uma visão ampla dos fatos transmitidos.
2.6 – A miséria do Jornalismo Brasileiro
Outra atividade que marcou o projeto desenvolvido junto ao PDE refere-
se ao trabalho de problematização do vídeo do Telejornal da Cultura “Protestos
no Brasil”, juntamente com a leitura do texto “A miséria do Jornalismo
brasileiro”. Segue abaixo algumas colocações, elaboradas em forma de texto,
pelas professoras participantes do curso.
“Os debates da noite trouxeram várias reflexões evidenciando que é possível desenvolver a leitura crítica da mídia, leitura da TV. É possível aos órgãos colegiados da sociedade, a escola em especial poder realizar o exercício para intensificar a postura crítica e análise do conteúdo e forma que se apresenta nos órgãos de comunicação. Vamos ter coragem de levar o jornal para sala de aula e promover a reflexão sobre as formas de ler os meios televisivos, as maneiras mais adequadas levar diferentes possibilidades de fazer telejornalismo para que os alunos possam pensar. Podemos e devemos discutir a mídia na escola. Destacamos que a presença dos comentaristas traz mais informações e torna os telejornais mais atrativos e confiáveis. Percebemos a preocupação no Jornal da Cultura para não escolher “culpados” ao tratar das manifestações em São Paulo ao afirmar que os atos de vandalismo durante as manifestações foram causadas por “parte dos manifestantes” e também por afirmar que os próprios manifestantes ajudavam os policiais. Diferentemente, do que vimos no vídeo da Rede Globo com o repórter Jabor”. (Joseane e Eliane)
“Realmente a televisão é, um show e vulgaridade, onde os patrocinadores manipulam o consumo de seus telespectadores que não entendem a mensagem na íntegra.A miséria do jornalismo brasileiro alimenta o interesse pelas tragédias cotidianas, dando ibope ao programa, a TV e a imprensa.A imprensa crítica e ataca os concorrentes de uma forma de cativar a atenção dos telespectadores
para seus programas que na maioria das vezes não é de bom conteúdo”.(Eli e Marineusa)
“Ao assistirmos o vídeo do jornal da TV Cultura foi possível perceber claramente como uma mesma notícia pode ser apresentado de diferentes formas, de acordo com interesses de quem as veicula e ou patrocina. Foi perceptível o tato para evitar generalizações que pudessem ser ofensivas. Além disso, as notícias não são somente apresentadas, mas sim comentadas, analisadas por filósofos que estabelecem links entre as notícias, atualidades e fatos históricos.A TV Cultura não tem fins lucrativos e dessa forma pode apresentar as notícias de um modo imparcial.No texto “A leitura crítica de telejornais como instrumento de construção da cidadania” foi possível constatar que a TV visa agradar ao grande público e dessa forma acaba padronizando suas mensagens o que acaba empobrecendo-as. O jornalismo tem grandes relações políticas e econômicas, e a notícia, pois os meios de comunicação possuem relações comerciais e a notícia acaba se tornando um negócio. Precisamos ser críticos e perceber o contexto da informação, mecanismos internos da informação como indústria e produto, sempre buscando estabelecer relações entre várias fontes. Já o texto “a miséria do jornalismo brasileiro...”nos mostra que a Era da informação é uma ilusão. A ideologia do simples vence o mais chamativo, o dá Ibope, temos a sensação de estarmos informados, porém o que há é um sistema de desinformação seletiva, não conhecemos os assuntos a fundo.Somos educados para aceitarmos pacificamente, infelizmente a criticidade precisa ser mais trabalhada para que de fato sejamos capazes de “criticar”as informações que recebemos”. (Dilva Rejane e Julhana)
“Neste dia, assistimos o jornal da TV Cultura que informava as mesmas notícias que foram veiculadas no Jornal Nacional. A diferença é grande, na Rede Globo é dada maior ênfase as notícias que renda o máximo de aceitação do público, já que TV para eles visa à universalização, pretendendo atingir todo e qualquer receptor indistintamente. Já na TV Cultura, o jornal, trás a discussão, apresenta ensaios críticos. Além da jornalista, tem duas pessoas que podem ser filósofos, sociólogos, cientistas, políticos, que ao mesmo tempo em que revela a notícia, eles a comentam. Com certeza a informação não é padronizada, os conteúdos nem sempre condicionam a formação da mensagem. Desta forma há um driblar do empobrecimento da notícia. Por isso a função de grandes grupos sociais, sindicatos... Se torna considerada no contexto atual. E assim chamar atenção de comunicadores educadores para a responsabilidade de educar cidadãos no sentido de desenvolver a leitura crítica da mídia. Para isso acredito não se trata de afastar as pessoas dos jornais e telejornais, mas sim levá-los às salas de aulas e ordená-los, reordená-los e recriá-los. De certa forma a miséria do jornalismo brasileiro vem da época da ditadura que só dizia-se o que o poder político queria. Necessário se faz que se formem jornalistas que na objetividade, na imparcialidade e no compromisso com qualidade e verdade a toda população.” (Mari Terezinha Dendena)
Como foi visto nos noticiários diários da TV Cultura, entra em cena dois
ou mais especialistas de diversas áreas do conhecimento para comentarem as
reportagens. São importantes às colocações que os mesmos promovem, pois
fazem com que o telespectador entenda os fatos, que consequências eles
provocam diante da política, na economia e na sociedade. São debates e
discussões no próprio telejornal que ocorre após cada notícia transmitida.
A partir desta atividade, percebe-se que o confronto entre as notícias,
pode despertar o debate entre os alunos e são meios pelos quais os
professores podem conquistar o interesse na informação diferenciada que
estas comportam entre as emissoras, observando o grau de interesse entre
elas. Conforme as colocações dos professores o debate referente às duas
atividades foram pertinentes e bem produtivos este é o modo pelo qual é
possível realizar o debate crítico e reflexivo entre alunos e professores.
4. Considerações finais
Nos estudos desta pesquisa vimos que o telejornalismo desperta a
consciência histórica. Quando o professor analisa criticamente a produção de
um telejornal e passa a perceber que nele está envolvido um contingente de
pessoas, dinheiro e tecnologia, ele se dá conta do êxito que os telejornais têm
perante seus alunos. De acordo com Montezano (2002), “a escola segue uma
tendência de não problematizar o discurso do telejornal na sala de aula”. Isto
acontece, na concepção da autora porque a própria instituição percebe o
quanto os fatos são manipulados pela mídia e por isso é que a mesma é
negada.
A sala de aula passou por modificações e mecanismos que podem
contribuir para um melhor ensino aprendizagem. Por isso, o desafio inicial do
professor é criar estratégias para que o estudante exercite a participação, a
cidadania, através da análise crítica das notícias veiculadas nos telejornais.
Desenvolver diferentes metodologias, que contribua e estimule a criatividade, a
observação e a problematização do conteúdo apresentado.
Os noticiários televisivos apresentam muito da realidade atual do nosso
país, por isso é interessante fazer o comparativo ou leitura em mais de um
canal de TV, pois os pontos de vista e abordagem da notícia variam segundo
os interesses dos grupos detentores das emissoras. A importância de mostrar
aos alunos as verdadeiras instâncias de fabricação da notícia e das intenções
do telejornal faz com que estes venham refletir criticamente sobre ela, ao
mesmo tempo perceber os mecanismos da produção da informação, implicará,
em uma mudança de seu próprio referencial: de telespectador para analista e
pesquisador.
Acredito que este estudo possa colaborar nas reflexões acerca do
ensino de História e o seu papel na formação da consciência histórica e que os
telejornais são peças fundamentais para o saber dos adolescentes. Dessa
forma, é possível efetivar a História como disciplina educativa, formativa,
emancipadora e libertadora.
Sendo este estudo direcionado aos professores em especial, considero
os resultados desta pesquisa uma conquista para o avanço no conhecimento
na área do telejornalismo. Já que, os noticiários televisivos ocupam um espaço
considerável na vida dos telespectadores brasileiros. Os assuntos em pauta
muitas vezes fazem parte das conversas no dia a dia das pessoas, abordando
assuntos de política, economia, esportes, cultura, entre outros, e geralmente
são transmitidos em horários de grande audiência e abrangem não só o público
adulto, como também os mais jovens.
5. Referências Bibliográficas
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MARCONDES, Filho. Ciro. Televisão: A vida pelo vídeo. São Paulo: ed Moderna. 1988 p. 52 a 59.
MONTEZANO, Patrícia Christina. “Telejornal: o cotidiano em sala de aula”. In: CHIAPPIN, Lígia (Coordenadora Geral).Aprender e Ensinar com textos não escolares. São Paulo. Cortez, 2002, v.3. Disponível em: http://pt.slideshare.net/interfacesufmg/telejornal-em-sala-de-aula Acesso em 30 de julho de 2014
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ROLDÃO, Ivete Cardoso do Carmo. A Leitura Crítica de Telejornais como
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Telejornal da Cultura. Protestos no Brasil. Duração 48 min (quarenta e oito minutos, do dia 18/06/2013). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=MtQTejGeL4M Acesso em out de 2013.
Telejornal. Jornal Nacional. Duração 9 min. Disponível em:http://www.youtube.com/watch?v=t7m4r8L2Xvs Publicado no YouTube em 18/06/2013 Acesso em out de 2013.
Telejornal. Jornal da Cultura. Duração 01h00minh. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=4MPb3To2APgPublicado no YouTube em 25/06/2013.Acesso em out. de 2013.