SECRETARIA DE ESTADO DE SANEAMENTO E ENERGIACOORDENADORIA DE SANEAMENTO
DESCRIÇÃO DOS SISTEMAS EXISTENTES E PROJETADOS E
AVALIAÇÃO DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO
BÁSICO DO MUNICÍPIO DE ILHABELA
- PRODUTO2
PLANOS INTEGRADOS REGIONAIS DE SANEAMENTO
BÁSICO PARA AS UNIDADES DE GERENCIAMENTO DE
RECURSOS HÍDRICOS DA SERRA DA MANTIQUEIRA,
PARAÍBA DO SUL E LITORAL NORTE – UGRHIS 1,2 e 3.
Setembro / 2010
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
Cliente:
CSAN – SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA DE SÃO PAULO
Codificação: Revisão: Data de Emissão:
0872.RT.13.S.3902 00 Setembro/2010
PLANOS INTEGRADOS REGIONAIS DE SANEAMENTO BÁSICO PARA AS UNIDADES DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS DA SERRA DA MANTIQUEIRA, PARAÍBA DO SUL e LITORAL NORTE –
UGRHI’s 1, 2 e 3
DESCRIÇÃO DOS SISTEMAS EXISTENTES E PROJETADOS E AVALIAÇÃO DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO BÁSICO DO MUNICÍPIO DE
ILHABELA - PRODUTO 2
Emitido por:
Consórcio PLANSAN 123
Local:
São Paulo - SP
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
1
SUMÁRIO 1
SUMÁRIO ........................................................................................................................ 1 2
1. APRESENTAÇÃO .................................................................................................. 4 3
2. DADOS E CARACTERÍSTICAS DE INTERESSE DA UGHRI 03 .......................... 4 4
2.1 DESCRIÇÃO GERAL ..................................................................................... 4 5
2.2 ASPECTOS FÍSICOS ..................................................................................... 5 6
2.3 VEGETAÇÃO E USO DO SOLO .................................................................... 6 7
2.4 CLIMA ........................................................................................................... 10 8
2.5 CONJUNTURA SOCIO-ECONÔMICA ......................................................... 10 9
2.6 DISPONIBILIDADE HÍDRICA DA UGRHI 03 ............................................... 11 10
2.7 UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS ................................................ 15 11
2.8 INSERÇÃO DE ILHABELA NA UGRHI 03 ................................................... 17 12
2.9 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................... 19 13
3. BASES E FUNDAMENTOS LEGAIS DOS PLANOS MUNICIPAIS DE 14
SANEAMENTO ..................................................................................................... 19 15
3.1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 19 16
3.2. ABRANGÊNCIA DOS SERVIÇOS ............................................................... 21 17
3.2.1 Abastecimento de Água Potável ................................................................ 21 18
3.2.2. Esgotamento Sanitário ............................................................................... 23 19
3.2.3. Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos ....................................... 23 20
3.2.4. Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas .................................... 25 21
3.3. TITULARIDADE DOS SERVIÇOS ................................................................ 25 22
3.3.1. Essencialidade ............................................................................................ 25 23
3.3.2. Titularidade do Saneamento na UGRHI em Estudo .................................. 25 24
3.3.3. Atribuições do Titular ................................................................................. 27 25
3.3.4. Formas de Exercício da Titularidade dos Serviços .................................. 32 26
3.4. PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS: MODELOS INSTITUCIONAIS .................. 35 27
3.4.1. Prestação Direta pela Prefeitura Municipal ............................................... 35 28
3.4.2. Prestação de Serviços por Autarquias ...................................................... 36 29
3.4.3. Prestação por Empresas Públicas ou Sociedades de Economia Mista 30 Municipais ................................................................................................... 36 31
3.4.4. Prestação Mediante Contrato ..................................................................... 36 32
4.1. PLANO DE GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS DO LITORAL 33
NORTE - COMITÊ DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO LITORAL NORTE 34
(CBH-LN) - IPT - 2002 .................................................................................. 40 35
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
2
4.2. PLANO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS 2004-2007 - CONSÓRCIO 36
JMR/ENGECORPS - JULHO/2005 ............................................................... 40 37
4.3. PLANO DIRETOR PARA DISPOSIÇÃO FINAL DOS LODOS E DEMAIS 38
RESÍDUOS PRODUZIDOS PELOS SISTEMAS DE TRATAMENTO DE 39
ÁGUA E ESGOTOS DO LITORAL NORTE DO ESTADO DE SÃO PAULO - 40
ESTUDOS TÉCNICOS E PROJETOS ETEP LTDA - SETEMBRO/2005 ..... 43 41
4.5 MAPEAMENTO DE ÁREAS DE RISCO ASSOCIADOS A 42
ESCORREGAMENTOS E INUNDAÇÕES DO MUNICÍPIO DE ILHABELA - 43
TERMO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA IG-CEDEC DE 28/04/2006 - 44
INSTITUTO GEOLÓGICO - OUTUBRO/2006 .............................................. 44 45
4.5. RELATÓRIO DE SITUAÇÃO DAS SOLUÇÕES ALTERNATIVAS DE 46
ABASTECIMENTO DE ÁGUA DO LITORAL NORTE DO ESTADO DA SÃO 47
PAULO - COMISSÃO PERMANENTE DE ACOMPANHAMENTO DA 48
QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO DO LITORAL NORTE 49
- CP- ÁGUA - 2008 ....................................................................................... 46 50
4.6. PLANO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS DO LITORAL NORTE - UGRHI 03 - 51
2009 - COMITÊ DE BACIAS HIDROGRÁFICAS DO LITORAL NORTE - 52
DEZEMBRO/2009 ........................................................................................ 47 53
5 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA ..................... 51 54
5.1 SISTEMA PRINCIPAL .................................................................................. 51 55
5.1.1 Produção ..................................................................................................... 51 56
5.2 SISTEMAS ISOLADOS ................................................................................ 58 57
5.3 AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS ..................................................................... 60 58
6 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO ..................... 60 59
6.1 SISTEMA DE ESGOTOS SANITÁRIOS ....................................................... 60 60
6.2 SISTEMAS ISOLADOS ................................................................................ 62 61
6.3 AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS ..................................................................... 64 62
7 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS DE LIMPEZA URBANA E MANEJO DE 63
RESÍDUOS SOLIDOS .......................................................................................... 66 64
7.1 VISÃO GERAL DOS SERVIÇOS DE LIMPEZA URBANA E MANEJO DE 65
RESÍDUOS SÓLIDOS – SISTEMA PRINCIPAL, SISTEMAS ISOLADOS E 66
DOMICÍLIOS DISPERSOS ........................................................................... 66 67
7.1.1 Divisão de Atribuições................................................................................ 66 68
7.1.2 Limpeza Pública .......................................................................................... 66 69
7.1.3 Resíduos Sólidos Domiciliares .................................................................. 68 70
7.1.4 Resíduos Sólidos Inertes ........................................................................... 74 71
7.1.5 Resíduos de Serviços de Saúde ................................................................ 74 72
7.2 AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS, OBRAS, PLANOS E PROJETOS............... 75 73
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
3
8 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS DE DRENAGEM URBANA ................................ 75 74
8.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS...................................................................... 75 75
8.2. PRINCIPAIS OCORRENCIAS ...................................................................... 77 76
8.3 AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS ..................................................................... 78 77
9 DIAGNÓSTICO ECONÔMICO-FINANCEIRO ...................................................... 78 78
9.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 78 79
9.2 INFORMAÇÕES FÍSICAS ............................................................................ 79 80
9.3 INFORMAÇÕES FINANCEIRAS .................................................................. 79 81
9.4 INDICADORES ............................................................................................. 81 82
9.4 CONCLUSÃO ............................................................................................... 82 83
10 FONTES CONSULTADAS E INFORMAÇÕES DISPONIBILIZADAS ................. 82 84
11 ANEXOS I - DESENHOS ...................................................................................... 82 85
11.1 PLANTA 1:35.000 – LOCALIZAÇÃO DAS UNIDADES DO SISTEMA DE 86
ABASTECIMENTO DE ÁGUA – EXISTENTE (desenho nº 0872-DS-13-S-87
3901/00). ...................................................................................................... 82 88
11.2 PLANTA 1:35.000 – LOCALIZAÇÃO DAS UNIDADES DO SISTEMA DE 89
ESGOTAMENTO SANITÁRIO – EXISTENTE (desenho nº 0872-DS-13-S-90
3902/00). ...................................................................................................... 82 91
92
93
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
4
1. APRESENTAÇÃO 94
Este relatório compõe o “Produto 2 – Descrição dos Sistemas Existentes e Projetados e 95
Avaliação da Prestação dos Serviços de Saneamento Básico no Município de Ilhabela” 96
no âmbito do Contrato CSAN No 001/SSE/2009 firmado entre a SECRETARIA DE 97
SANEAMENTO E ENERGIA - SSE e o CONSÓRCIO PLANSAN 123, constituído pelas 98
empresas ETEP, JNS e HAGAPLAN, tendo por objeto final a elaboração de Planos 99
Integrados Regionais de Saneamento Básico e Atividades de Apoio Técnico à 100
Elaboração de Planos Integrados Municipais de Saneamento Básico para as Unidades 101
de Gerenciamento de Recursos Hídricos da Serra da Mantiqueira, Paraíba do Sul e 102
Litoral Norte – UGRHIs 1, 2 e 3. 103
Destaca-se que o “Produto 2”, como um todo, é o conjunto constituído por todos os 104
relatórios, com conteúdos que objetivam descrever e avaliar a situação atual do 105
saneamento básico, elaborados para cada um dos municípios inseridos nas UGRHIs 1, 106
2 e 3, excluído São José dos Campos que já tem seu Plano Integrado de Saneamento. 107
2. DADOS E CARACTERÍSTICAS DE INTERESSE DA UGHRI 03 108
2.1 DESCRIÇÃO GERAL 109
O gerenciamento de recursos hídricos no Estado de São Paulo passou a ser feito por 110
meio de Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHIs) com a Lei 111
Estadual nº 9.034, que dividiu o Estado em 22 unidades. A Unidade de Gerenciamento 112
de Recursos Hídricos do Litoral Norte (UGRHI 03) contempla quatro municípios, sendo 113
eles: Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba. 114
Da área total da UGRHI 03, cerca de 80% são formadas por áreas continentais e 20% 115
por áreas insulares, sendo que estas últimas são representadas pela Ilha de São 116
Sebastião e por outras 61 ilhas, ilhotas e lajes. 117
A Unidade de Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Litoral Norte – UGRHI 03 - 118
limita-se a nordeste com o Estado do Rio de Janeiro, a noroeste com a UGRHI 02, a 119
sudoeste com a UGRHI Baixada Santista e Alto Tietê e a sudeste com o Oceano 120
Atlântico. Esses limites compreendem uma área de 1.977 km². 121
122
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
5
UGRHI 03 123
124
Fonte: Relatório Síntese. Diagnóstico da Situação atual dos Recursos Hídricos do Litoral Norte, IPT 125
Na parte continental da UGRHI 03 existem diversas bacias hidrográficas cujos cursos 126
d’água partem das porções mais elevadas da Serra do Mar em direção ao Oceano 127
Atlântico e desembocam neste através de vários exutórios. A maior delas é a do rio 128
Juqueriquerê (junção dos rios Camburu e Claro), que apresenta uma área de 129
drenagem em torno dos 420 km2. Também na Ilha de São Sebastião os seus cursos 130
d’água desembocam no Oceano Atlântico através de diferentes exutórios. 131
2.2 ASPECTOS FÍSICOS 132
De forma sucinta, em relação às características do meio físico, destacam-se: a 133
presença de rochas ígneas e metamórficas nas porções serranas e sedimentares e na 134
planície; acentuadas declividades ao longo de toda a Serra do Mar; e espessas 135
camadas de solo de alteração intempérica e alta pluviosidade. Tais características, 136
associadas, atuam como condicionantes naturais para as elevadas suscetibilidades da 137
região a escorregamentos, erosões e inundações. Os padrões de uso e ocupação do 138
solo são, notadamente, de uso institucional, representado pelos parques estaduais, e 139
secundariamente, de uso antrópico. O relevo da UGRHI 03 é caracterizado como 140
Província Costeira. 141
O litoral norte pode, de forma simplificada, ser dividido em dois grandes 142
compartimentos: encostas e planícies, incluindo uma zona de transição entre esses 143
entes. Considera-se também a praia como uma segunda zona de transição entre a 144
planície e o mar. 145
A formação florestal da Mata Atlântica está presente em toda a área, bem preservada, 146
sobretudo no âmbito dos limites dos Parques Estaduais da Serra do Mar e de Ilhabela, 147
fator positivo para a preservação tanto da quantidade como da qualidade dos 148
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
6
mananciais, uma vez que a vegetação desempenha importante papel na contenção 149
dos processos erosivos. Os principais ecossistemas da região são a Mata Atlântica, 150
restinga, litoral rochoso, praias arenosas e pequenos fragmentos de manguezal. 151
Recursos Minerais 152
As atividades de mineração que aparecem na região estão relacionadas a rochas 153
ornamentais, materiais para construção civil, material de empréstimo, argilas, turfa e 154
água mineral. 155
Um grande desafio na atualidade é o aproveitamento de forma racional dos resíduos 156
provenientes de processos industriais, operações de lavra e beneficiamento de rochas 157
ornamentais. 158
Na construção civil, destaca-se a utilização dos agregados: areias, cascalhos e rochas 159
para brita, e rochas para cantaria. A produção de brita tem distribuição irregular ao 160
longo da Serra do Mar, com atividades em maior ou menor grau, de desmatamento e 161
remoção das camadas de solo situadas sobre o maciço. As alterações ambientais 162
comumente associadas à produção de brita, a partir de pedreiras, decorrem de 163
vibração, ruído, emissão de particulado, transporte, conflitos com uso e ocupação do 164
solo, etc. O desmatamento e o decapeamento executados sobre o maciço, modificam a 165
circulação das águas de superfície e de subsuperfície, instabilizando as porções 166
superiores dos taludes. As pedreiras, quando abandonadas, acabam por interferir na 167
instabilização dos maciços rochosos a partir da própria frente de lavra. 168
Áreas de Risco 169
Na UGRHI 03 verifica-se a presença de áreas degradadas, relativas a 170
escorregamentos/erosão e ao desmatamento. Os processos erosivos se intensificam 171
com o avanço da ocupação desordenada que atinge áreas destinadas à conservação 172
ambiental. A erosão não tem sido mais acelerada devido às próprias dificuldades que a 173
topografia serrana oferece à ocupação antrópica, mas que, por outro lado, favorece as 174
instabilidades de solos e encostas. 175
As encostas da Serra do Mar têm na vegetação, seu agente retardador e inibidor de 176
escorregamentos. A malha de raízes desempenha um papel mecânico resistente e a 177
floresta cumpre um papel fundamental na interceptação, na retenção e na eliminação 178
(evapotranspiração) de grande parte das águas de chuva, impedindo sua ação direta 179
sobre o solo, e diminuindo e diluindo no tempo sua capacidade de saturação. 180
2.3 VEGETAÇÃO E USO DO SOLO 181
A área territorial utilizada para as atividades antrópicas no litoral norte compreende 182
uma estreita faixa costeira devido à existência legal do Parque Estadual da Serra do 183
Mar que estabelece, na maioria das vezes, o limite superior para a área em que é 184
admitida a ocupação urbana. As características geotécnicas e condições de acesso 185
determinam, ainda, que essa ocupação se dê predominantemente nas áreas de 186
planície, baixas encostas e fundos de vale. 187
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
7
As funções urbanas dos quatro municípios da região (Caraguatatuba, Ilhabela, São 188
Sebastião, Ubatuba) são muito semelhantes, excetuando-se os serviços portuários de 189
São Sebastião. Os municípios têm hoje, como função principal, o atendimento aos 190
turistas e veranistas, através dos serviços de restaurantes, hotéis, acampamentos, 191
estabelecimentos varejistas e outros. Esse grupo de funções caracteriza a 192
homogeneidade da região, que se reflete nos tipos de uso e ocupação do solo. 193
O uso predominante do solo em toda a região é o residencial turístico, que se 194
apresenta na maioria das vezes em loteamentos e condomínios horizontais próximos à 195
orla marítima, tendendo hoje à verticalização e expansão para o interior. As sedes 196
municipais e seus arredores mais próximos agregam a maior concentração de 197
população fixa que se distribui também em alguns núcleos tradicionais e outros mais 198
recentes, estes últimos decorrentes do aumento da população fixa em função do 199
contingente migratório para a construção civil. 200
Nas praias de ocupação mais antiga a população fixa local, que antes ocupava a zona 201
da orla marítima, já foi deslocada para o interior enquanto que nas praias de acesso 202
mais difícil esse deslocamento ainda não se deu ou apenas se inicia. A população no 203
litoral norte chega quase a dobrar na temporada, pelo afluxo da população flutuante. 204
Cobertura Vegetal na UGRHI 03 205
206
Fonte: IF (2005). Extraído do Documento: Plano de Bacia Hidrográfica do Litoral Norte, 2009, IPT 207
Os usos de comércio e serviço estão concentrados nos núcleos urbanos, sendo que 208
em algumas praias já começam a se tornar expressivos. O uso industrial é pontual, não 209
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
8
se registrando nenhuma aglomeração de estabelecimentos que mereça destaque no 210
perímetro regional. O tipo de ocupação denominado uso institucional apresenta a maior 211
área de uso. São espaços ocupados por atividades públicas municipais, estaduais e 212
federais, além do Parque Estadual da Serra do Mar que abrange cerca de 80% do 213
território. 214
Unidades de Conservação 215
A UGRHI 03 possui as Unidades de Conservação que estão apresentadas no quadro a 216
seguir: 217
UC Proteção Legal Área (ha) Administração Municípios
Parque Nacional - PN
Serra da Bocaina
Decretos Federais nº
68.172/71 e nº 70.694/72
104.000 IBAMA Ubatuba
Parque Estadual - PE
P.E. Serra do Mar
Decretos Estaduais nº 10.251/77 e nº 13.313/79
315.390 Instituto
Florestal (SMA) Caraguatatuba, São Sebastião e Ubatuba
P.E. Ilha Anchieta Decreto Estadual
nº 9.629/77 828
Instituto Florestal (SMA)
Ubatuba
P.E. Ilhabela Decreto Estadual
nº 9.414/77 27.025
Instituto Florestal (SMA)
Ilhabela
Estação Ecológica E.E.
E.E. Tupinambás Decreto Federal
nº 94.656/87 2.445,2 IBAMA Ubatuba e São Sebastião
Área de Proteção Ambiental - APA
APA Alcatrazes
Lei nº 848/92 e Decreto
Municipal nº 2.029/97
- Prefeitura Municipal
São Sebastião
APA Ilha de Itaçucé Decreto
Municipal nº 1.964/96
- Prefeitura Municipal
São Sebastião
continua 218 219
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
9
220
UCA Proteção Legal Área (há) Administração Municípios
Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN
RPPN Morro do Curussú-Mirim
Portaria IBAMA n° 87/99
22,8 Gradual
Participações LTDA
Ubatuba
RPPN Sítio do Jacu Portaria IBAMA
n° 52/01 1,59 Bernard Ledue Caraguatatuba
RPPN Toque-Toque Pequeno
Portaria IBAMA n° 09/00
2,70 Mieko Kishi São Sebastião
RPPN Rizzieri Portaria IBAMA
n° 05/03 1.282,00
João Batista Baldine Rizzieri
São Sebastião
Área sob Proteção Especial - ASPE
ASPE do Centro de Biologia Marinha da Universidade de São
Paulo - Cebimar
Resolução SMA de 10/2/87
107 SMA São Sebastião
ASPE do Costão do Navio
Resolução SMA de 10/2/87
199,32 SMA São Sebastião
ASPE do Costão de Boiçucanga
Resolução SMA de 10/2/87
192 SMA São Sebastião
Área Natural Tombada - ANT
ANT Serra do Mar e de Paranapiacaba
Resolução n° 40/85
1.300.000 Condephaat Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba
ANT Ilhas do Litoral Paulista
Resolução n° 8/94
- Condephaat Caraguatatuba, São Sebastião e Ubatuba
ANT Núcleo Caiçara de Picinguaba
Resolução nº 7/83
176,27 Condephaat Ubatuba
Terra Indígena - TI
TI Boa Vista do Sertão do Prumirim
Decreto Federal n° 94.220/87
920,66 FUNAI Ubatuba
TI Ribeirão Silveira Decreto Federal
n° 94.568/87 948,40 FUNAI São Sebastião
Reserva Biosfera
Reserva da Biosfera da Mata Atlântica
RBMA -
Cerca de 35.000.000
Conselho Nacional da
RBMA
Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba
Fonte: Plano de Bacia Hidrográfica do Litoral Norte, dez/2009
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
10
2.4 CLIMA1 221
O litoral norte caracteriza-se por pequenas planícies costeiras encontradas entre os 222
esporões da Serra do Mar, à exceção da Enseada de Caraguatatuba, que constitui a 223
maior porção sedimentar da região. Essa região, localizada no limite da zona tropical, é 224
fortemente influenciada pelos sistemas tropicais e polares, que atuam de forma 225
desigual, sendo que estes últimos determinam o ritmo climático regional. O confronto 226
entre esses dois sistemas é um dos principais responsáveis pela precipitação 227
pluviométrica da região, caracterizada como uma das mais chuvosas do país. 228
Os maiores índices pluviométricos encontram-se nas encostas de Ubatuba (Mato 229
Dentro, 3.200 mm) e os menores índices (1.371 mm) são registrados em Ilhabela, na 230
porção voltada para o canal, onde quase não penetram os fluxos atmosféricos (efeito 231
de sombra). 232
As chuvas são mais abundantes no verão, perfazendo 37% do volume total, sendo 233
janeiro, geralmente, o mês mais chuvoso. Na primavera, o confronto entre os sistemas 234
tropicais e extratropicais, ambos úmidos, provocam chuvas intensas e constantes, 235
apresentando índices pluviométricos elevados totalizando 29% do volume. O outono e 236
inverno têm uma participação de 19,3 e 14,7%, respectivamente. 237
No tocante à temperatura, a região do litoral norte não apresenta uma variação sazonal 238
tão marcante quanto na porção interior do território paulista. Os meses mais quentes do 239
ano estão relacionados com período de verão, com médias superiores a 24oC e os 240
meses mais frios correspondem a junho, julho e agosto, cujas médias variam entre 17 e 241
20oC. 242
2.5 CONJUNTURA SOCIO-ECONÔMICA 243
De acordo com o IBGE, no ano de 2000, nos quatro municípios que compõem a 244
UGRHI 03, a população total era de 223.914 habitantes e a população flutuante chegou 245
a 1.450.000 turistas, cerca de 6,5 vezes mais que a moradora. 246
A atividade econômica mais importante na UGRHI 03 é o turismo de veraneio, com a 247
predominância do setor terciário, comércio e serviços, o qual constitui a mola 248
propulsora do desenvolvimento regional. A extensa orla marítima e temperaturas 249
agradáveis o ano todo, propiciam condições propícias para atividades de lazer praiano. 250
Uma implicação direta é o grande número de moradias de uso ocasional, de hotéis e 251
de pousadas já existentes; a tendência é de expansão com o advento de novas 252
construções para atender à demanda turística. 253
O Terminal Marítimo da Petrobrás, em São Sebastião, é também, uma referência 254
importante na infraestrutura econômica da região, embora tenha uma capacidade 255
limitada como potencializador de outros investimentos. Há, ainda, a agricultura, em 256
algumas áreas destinadas à cultura de gengibre. 257
1 Fonte: Plano Diretor para Disposição Final dos Lodos e Demais Resíduos Produzidos pelos Sistemas de Águas e
Esgotos do Litoral Norte do Estado de São Paulo - SABESP, Relatório Final, elaboração: Estudos Técnicos e Projetos ETEP Ltda, 2005
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
11
2.6 DISPONIBILIDADE HÍDRICA DA UGRHI 03 258
A UGRHI do Litoral Norte é dividida em 34 sub-bacias hidrográficas e esta 259
compartimentação mostra-se bastante particular na região. Destacam-se as bacias 260
hidrográficas referentes aos rios da Iriri/Onça, Fazenda/Bicas, Itamambuca, Perequê-261
Mirim, Juqueriquerê, Maresias, Juqueí, Una e Camburi. 262
263
Fonte: Plano de Bacia Hidrográfica do Litoral Norte, 2009, IPT 264
Águas Subterrâneas 265
O Litoral Norte conta com dois sistemas aqüíferos: o sistema aqüífero fraturado 266
correspondente a terrenos cristalinos da Serra do Mar, permeáveis por fraturamento de 267
rochas e o sistema aqüífero sedimentar (aqüífero litorâneo), permeáveis por porosidade 268
granular, correspondendo a sedimentos ao longo das praias. Os citados Sistemas 269
Aqüíferos Cristalino e Litorâneo ocorrem, respectivamente, em cerca de 85 e 15% da 270
área do Litoral Norte. 271
272
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
12
Potencialidade de água Subterrânea na UGRHI 03 273
274
Fonte: DAEE/IG/IPT/CPRM (2005). Extraído do Documento: Plano de Bacia Hidrográfica do Litoral Norte, 2009, IPT 275
A porção do aquífero Cristalino que está contida na UGRHI 03 está com sua maior 276
dimensão protegida pelo Parque Estadual da Serra do Mar, apresentando baixíssima 277
ocupação antrópica. Os dois sistemas aquíferos da UGRHI 03, por serem livres, 278
apresentam vulnerabilidade natural à contaminação, no entanto, o Aquífero Litorâneo, 279
por ser um meio contínuo (sedimentar), é considerado mais sensível à contaminação 280
que o Aquífero Cristalino (meio descontínuo). 281
282
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
13
283
Disponibilidade Hídrica Subterrânea na UGRHI 03
Sub-bacias Hidrográficas
Área (km²) Oferta (m³/s)
Q7,10 50% Q7,10
1 79,9 0,860 0,430
2 74,2 1,090 0,545
3 166,4 2,170 1,085
4 21 0,240 0,120
5 56,4 0,640 0,320
6 37,5 0,480 0,240
7 102,6 1,350 0,675
8 16,5 0,250 0,125
9 61,5 0,710 0,355
10 67,7 0,700 0,350
11 23,6 0,300 0,150
12 4,2 0,490 0,245
13 35,5 0,490 0,245
14 25,3 0,430 0,215
15 39,8 0,670 0,335
16 419,4 2,790 1,395
17 16,8 0,060 0,030
18 10,6 0,190 0,095
19 18,1 0,310 0,155
20 21,9 0,210 0,105
21 28,1 0,160 0,080
22 33,2 0,381 0,191
23 36,2 0,540 0,270
24 24 0,330 0,165
25 14,9 0,210 0,105
26 120,7 1,720 0,860
27 18,9 0,113 0,057
28 13,1 0,080 0,040
29 12,3 0,110 0,055
30 49,8 0,230 0,115
31 38,3 0,160 0,080
32 91,3 0,500 0,250
33 85,6 0,480 0,240
34 29,2 0,150 0,075
Total 1.957,00 19.594 9.797
Fonte: Plano de Bacia Hidrográfica do Litoral Norte 2009, CBH Litoral Norte, dezembro/2009.
284
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
14
Águas Superficiais 285
Conforme já mencionado, os índices mais elevados de pluviosidade da região 286
encontram-se no alto da Serra do Mar e nas encostas de Ubatuba, enquanto que os 287
menores índices são registrados em Ilhabela. 288
Disponibilidade de Recursos Hídricos na UGRHI 03 e Estado de SP
UGRHI 03 Litoral Norte Estado de São Paulo
Dis
pon
ibili
dade
(m³/
s)
(1)
Vazão Mínima Superficial (Q7/10) 27,0 893,0
Reservas Exploráveis Água Subterrânea 8,2 336,1
Disponibilidade Total 35,2 1.229,1
(1) PERH, 2005. Fonte: “Situação dos Recursos Hídricos do Estado de São Paulo - ano base 2007”, SMA, 2009.
289
Disponibilidade Hídrica nas Sub-bacias da UGRHI 03 - Litoral Norte
Sub-Bacia Município Área de
Drenagem (km
2)
Disponibilidade Hídrica (m
3/s)
Q7,10
Rio Fazenda / Bicas Ubatuba 79,9 0,860
Rio Iriri / Onça Ubatuba 74,2 1,090*
Rio Quiririm / Puruba Ubatuba 166,4 2,170*
Rio Prumirim Ubatuba 21,0 0,240*
Rio Itamambuca Ubatuba 56,4 0,640*
Rio Indaiá / Capim Melado Ubatuba 37,5 0,480*
Rio Grande de Ubatuba Ubatuba 102,6 1,350
Rio Perequê-Mirim Ubatuba 16,5 0,250*
Rio Escuro / Comprido Ubatuba 61,5 0,710*
Rio Maranduba/Arariba Ubatuba 67,7 0,700
Rio Tabatinga Ubatuba/Caraguatatuba 23,6 0,300*
Rio Mocóca Caraguatatuba 40,2 0,490*
continua 290
291
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
15
continuação 292
Sub-Bacia Município Área de
Drenagem (km
2)
Disponibilidade Hídrica (m
3/s)
Q7,10
Rio Massaguaçu/Bacuí Caraguatatuba 35,5 0,490*
Rio Guaxinduba Caraguatatuba 25,3 0,430*
Rio Santo Antonio Caraguatatuba 39,8 0,670*
Rio Juqueriquerê Caraguatatuba/São Sebastião 419,4 2,790
Rio São Francisco São Sebastião 16,8 0,060
São Sebastião São Sebastião 10,6 0,190*
Ribeirão Grande São Sebastião 18,1 0,310*
Paúba São Sebastião 21,9 0,210*
Rio Maresias São Sebastião 28,1 0,160
Rio Grande São Sebastião 33,2 0,381*
Rio Camburi São Sebastião 36,2 0,540*
Rio Barra do Saí São Sebastião 24,00 0,330*
Rio Juqueí São Sebastião 14,9 0,210*
Rio Una São Sebastião 120,7 1,720*
Córrego do Jabaquara Ilhabela 18,9
Córrego Bicuíba Ilhabela 13,1 0,080*
Córrego Ilhabela/ Cachoeira Ilhabela 12,3 0,110
Córrego Paquera/Cego Ilhabela 49,8 0,230*
Cor. São Pedro/ São Sebastião/ Frade Ilhabela 38,3 0,160
Córrego Sepituba / Ipiranga/ Boneti/ Enchovas/ Tocas
Ilhabela 91,3 0,500*
Córrego Manso/ Engenho/ Castelhano/ Cabeçuda
Ilhabela 85,6 0,480*
Córrego do Poço Ilhabela 29,2 0,150*
Total 1.957,0 19,600
Fonte: CBH litoral norte - IPT/ nov/2000; Q 7,10 = Vazão Superficial Mínima Disponível; (*) Dados de Cadastro DAEE.
2.7 UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS 293
A utilização dos recursos hídricos é feita para diferentes tipos de uso conforme 294
definição do DAEE, sendo eles: Industrial: (uso em empreendimentos industriais, nos 295
seus sistemas de processo, refrigeração, uso sanitário, combate a incêndio, além de 296
outros), Urbano (água que se destina predominantemente ao consumo humano em 297
núcleos urbanos, tais como cidades, bairros, distritos, vilas, loteamentos, condomínios, 298
comunidades, dentre outros), Irrigação (água utilizada em irrigação das mais distintas 299
culturas agrícolas), Rural (uso da água em atividades na zona rural, tais como 300
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
16
aqüicultura, pecuária, dentre outros, excetuando-se o uso na irrigação que possui 301
classificação específica, conforme citado anteriormente), Mineração (diz respeito a toda 302
a água utilizada nos processos de mineração, incluindo lavra de areia), Recreação e 303
Paisagismo (uso em atividades de recreação, tais como piscinas, lagos para pescaria, 304
bem como para composição paisagística de propriedades (lagos, chafarizes, etc, e 305
outros), Comércio e Serviços (utilização da água em empreendimentos comerciais e 306
prestadores de serviços, seja nas suas atividades propriamente ditas ou com fins 307
sanitários em shopping centers, postos de serviços, hotéis, clubes, hospitais, etc.) e 308
outros (utilização da água em atividades que não se enquadram em nenhuma das 309
anteriores ou senão, quando a fonte de informação ou de registro do uso da água não 310
especifica claramente em qual a categoria se enquadra um determinado usuário. 311
As tabelas apresentadas ilustram os diversos tipos de utilização e foram extraídas do 312
Plano de Bacia Hidrográfica do Litoral Norte (2009): 313
Caracterização geral da utilização dos recursos hídricos na captação subterrânea e superficial na 314 UGRHI 03 315
Usos
Demanda (m3/s)
Captação Subterrânea Captação Superficial
Urbano 0,186 1,61
Rural - 0,512
Comércio e Serviços 0,003 -
Industrial 0,005 0,468
Geração de energia - 0,006
Outros 0,019 0,213
Total 0,213 2,809
316
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
17
2.8 INSERÇÃO DE ILHABELA NA UGRHI 03 317
Localização 318
Localização do Município de Ilhabela na UGRHI 03 319
320 Fonte: Plano de Bacias Hidrográficas do Litoral Norte 2009 321
O município de Ilhabela está localizado na Região Administrativa de São José dos 322
Campos e Região de Governo de Caraguatatuba, no Litoral Norte, a cerca de 190 km 323
da capital paulista. Limita-se a noroeste com o Canal de São Sebastião e a norte, leste, 324
sul e oeste com o Oceano Atlântico. 325
Acesso 326
O acesso a Ilhabela é realizado via balsa, a partir da cidade de São Sebastião, que por 327
sua vez é acessada pela Rodovia Dr. Manoel Hippolito Rego (SP-055). 328
Ocupação Populacional 329
A cidade de Ilhabela conta com 28.5262 habitantes, distribuídos em uma área de 330
348,30 km² e densidade de 81,90 hab/km². Mais da metade da população localiza-se 331
em zona urbana, pois a taxa de urbanização é de 99,16%. 332
A evolução da população urbana e rural em Ilhabela é apresentada no quadro a seguir, 333
sendo que enquanto a população urbana no município foi gradativamente crescendo, a 334
2 Projeção SEADE, consulta set/2010
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
18
população rural obteve seu pico nos anos de 1990 e 1995 (247hab), com posterior 335
redução nos anos seguintes, alcançando, no ano de 2009, cerca de 232 habitantes. 336
Local 1980 1990 1995 2000 2005 2006 2007 2008 2009
Evolução da População urbana
Ilhabela 7.515 12.550 16.349 20.506 24.361 25.107 25.875 26.656 27.458
Evolução da população rural
Ilhabela 228 247 247 246 227 223 218 225 232
Fonte: SEADE/2010
Unidades de Conservação 337
As Unidades de Conservação que abrangem o município de Ilhabela estão 338
identificadas no quadro a seguir: 339
UC Proteção Legal Área (há) Administração Municípios
Parque Estadual de Ilhabela
Decr. Est. 9.414/77 27.025 IF Ilhabela
Tombamento da Serra do Mar e
de Paranapiacaba
Res. Est. 40/85 1.300.000 CONDEPHAAT Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela
Reserva da Biosfera da Mata Atlântica RBMA
- Cerca de
35.000.000
Conselho Nacional da
RBMA
Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela
Fonte: CBH litoral norte – IPT / Plano Bacia Hidrográfica do Litoral Norte, 2009, IPT.
Sub-bacias 340
A UGRHI 03 foi dividida em 34 sub-bacias, distribuídas nos quatro municípios que a 341
configuram. O quadro a seguir apresenta as sub-bacias identificadas em Ilhabela, 342
(mapa ilustrativo do item 2.6 do presente relatório): 343
344
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
19
345
Nº Sub-bacia Área (km²)
27 Córrego do Jabaquara 18,9
28 Córrego Bicuíba 13,1
29 Córrego Ilhabela/ Cachoeira 12,3
30 Córrego Paquera/ Cego 49,8
31 Córrego São Pedro/ São Sebastião/ Frade 38,3
32 Córrego Sepituba/ Ipiranga/ Boneti/ Enchovas/ Tocas 91,3
33 Córrego Manso, Engenheiro, Castelhano/ Cabeçuda 85,6
34 Córrego do Poço 29,2
Fonte: CBH litoral norte – IPT / Plano Bacia Hidrográfica do Litoral Norte, 2009, IPT
2.9 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 346
- Plano de Bacia Hidrográfica do Litoral Norte 2009, Comitê de Bacia Hidrográfica do 347
Litoral Norte, dezembro/2009; 348
- RELATÓRIO Nº 57.540 - Plano de Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Litoral 349
Norte, Comitê de Bacia Hidrográfica do Litoral Norte, Fundo Estadual de Recursos 350
Hídricos – Fehidro, IPT; 351
- Plano Estadual de Recursos Hídricos 2004/2007 – UGRHI 03 Litoral Norte, Governo 352
do Estado de São Paulo – Conselho Estadual de Recursos Hídricos, Consórcio 353
JMR/Engecorps; 354
- Situação dos Recursos Hídricos no Estado de São Paulo – Ano base 2007, Governo 355
do Estado de São Paulo – SMA e Coordenadoria de Recursos Hídricos, São Paulo, 356
2009; 357
- Plano Diretor para Disposição Final dos Lodos e Demais Resíduos Produzidos pelos 358
Sistemas de Águas e Esgotos do Litoral Norte do Estado de São Paulo - SABESP, 359
Relatório Final, elaboração: Estudos Técnicos e Projetos ETEP Ltda, 2005; 360
- SEADE, consultas via site oficial em agosto/2010. 361
3. BASES E FUNDAMENTOS LEGAIS DOS PLANOS MUNICIPAIS DE 362
SANEAMENTO 363
3.1. INTRODUÇÃO 364
O presente item trata das questões jurídicas e institucionais que interferem na 365
elaboração dos planos municipais de saneamento básico nas seguintes Unidades 366
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
20
Hidrográficas de Gerenciamento de Recursos Hídricos: UGRHI 3/Litoral Norte, 367
conforme a divisão dos recursos hídricos do Estado de São Paulo, estabelecida no 368
Anexo I da Lei nº 9.034 de 27-12-1994. 369
Os planos de saneamento estão previstos na Lei nº 11.445, de 5-1-2007, que 370
dispõe sobre as diretrizes nacionais para o saneamento básico. Essa lei, que revogou 371
a norma anterior – Lei nº 6.528, de 11-5-1978, veio estabelecer, após longo período de 372
discussões em nível nacional, uma política pública para o setor do saneamento, com 373
vistas a estabelecer a sua base de princípios, a identificação dos próprios serviços, as 374
diversas formas de sua prestação, a obrigatoriedade do planejamento e da regulação, 375
o âmbito da atuação do titular dos serviços, assim como a sua sustentabilidade 376
econômico-financeira, além de dispor sobre o controle social da prestação. 377
Vale dizer que, com a edição dessa lei abriram-se, sob o aspecto institucional, novos 378
caminhos para a prestação dos serviços de saneamento básico e também para o 379
alcance dos objetivos ambientais e de saúde pública que envolvem a matéria. 380
Evidentemente, um longo caminho existe entre a edição da lei e a efetiva melhoria dos 381
níveis de qualidade ambiental desejados. Os planos de saneamento básico consistem, 382
dessa forma, em um dos instrumentos de alcance da efetividade da norma, conforme 383
será detalhado adiante. 384
Também será objeto de análise a Lei nº 11.107/07, que dispõe sobre os consórcios 385
públicos e que veio apresentar novos arranjos institucionais para a execução de 386
atividades inerentes aos Poderes Públicos, como é o caso do saneamento básico, 387
tanto no que se refere ao exercício da titularidade como à prestação dos serviços. 388
Com a edição da Lei nº 12.305, de 2-8-2010, que institui a Política Nacional de 389
Resíduos Sólidos, e considerando a forte interação entre essa norma e a Lei de 390
saneamento, serão verificados alguns conceitos aplicáveis aos municípios, no que se 391
refere aos planos de resíduos sólidos. 392
Serão abordados ainda dois temas fundamentais: a titularidade e a prestação dos 393
serviços. Em relação à titularidade, será verificado no que consiste essa atividade e as 394
formas legalmente previstas para o seu exercício. Quanto à prestação dos serviços de 395
saneamento básico cabe estudar as diversas formas de prestação, incluindo a 396
prestação regionalizada, modalidade prevista na Lei nº 11.445/07 e se caracteriza 397
pelas seguintes situações: 398
um único prestador do serviço para vários Municípios, contíguos ou não; 399
uniformidade de fiscalização e regulação dos serviços, inclusive de sua 400
remuneração; 401
compatibilidade de planejamento3. 402
403
3 Lei nº 11.445/07, art. 14.
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
21
404
3.2. ABRANGÊNCIA DOS SERVIÇOS 405
A Lei nº 11.445/07 define, como serviços de saneamento básico, as infra-estruturas e 406
instalações operacionais de quatro categorias: 407
a. abastecimento de água potável; 408
b. esgotamento sanitário; 409
c. limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; 410
d. drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. 411
3.2.1 Abastecimento de Água Potável 412
O abastecimento de água potável é constituído pelas atividades, infra-estruturas e 413
instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação 414
até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição4. Isso significa a 415
captação em um corpo hídrico superficial ou subterrâneo, o tratamento, a reservação e 416
a adução até os pontos de ligação e é um forte indicador do desenvolvimento de um 417
país, principalmente pela sua estreita relação com a saúde pública e o meio ambiente. 418
Para o abastecimento público, visando prioritariamente ao consumo humano, são 419
necessários mananciais protegidos e uma qualidade compatível com os padrões de 420
potabilidade legalmente fixados, sob pena de ocorrência de diversas doenças, como 421
diarréia, cólera etc. No que se refere à diluição de efluentes, muitas vezes lançados 422
ilegalmente in natura e sem o adequado tratamento pelos serviços de abastecimento 423
de água e esgotamento sanitário, a poluição dos corpos hídricos compromete as 424
captações de água das cidades que se encontram a jusante. 425
É dever do Poder Público garantir o abastecimento de água potável à população, 426
obtida dos rios, reservatórios ou aquíferos. A água derivada dos mananciais para o 427
abastecimento público deve possuir condições tais que, mediante tratamento, em 428
vários níveis, de acordo com a necessidade, possa ser fornecida à população nos 429
padrões legais de potabilidade, sem qualquer risco de contaminação. Os serviços de 430
água e esgotamento sanitário, essenciais em todos os centros urbanos, usam a água 431
de duas formas: para o abastecimento e para a diluição de efluentes. O fator captação 432
da água encontra-se estreitamente ligado à idéia do lançamento das águas servidas. 433
Parte da água captada é devolvida ao corpo hídrico, após o uso, o que implica que a 434
água servida deve submeter-se a tratamento antes da devolução, para que não 435
prejudique a qualidade desse receptor. 436
4 Lei nº 11.445/07, art. 3º, I, a.
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
22
Os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade 437
da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade são competência da 438
União, vigorando a Portaria nº 518, de 25-3-2004, do Ministério da Saúde, que aprovou 439
a Norma de Qualidade da Água para Consumo Humano. 440
O Decreto nº 5.440, de 4-5-2005, que estabelece definições e procedimentos sobre o 441
controle de qualidade da água de sistemas de abastecimento e institui mecanismos e 442
instrumentos para divulgação de informação ao consumidor sobre a qualidade da água 443
para consumo humano, fixa, em seu Anexo – Regulamento Técnico sobre Mecanismos 444
e Instrumentos para Divulgação de Informação ao Consumidor sobre a Qualidade da 445
Água para Consumo Humano, as seguintes definições: 446
água potável – água para consumo humano cujos parâmetros 447
microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de 448
potabilidade e que não ofereça riscos à saúde5; 449
sistema de abastecimento de água para consumo humano – instalação 450
composta por conjunto de obras civis, materiais e equipamentos, destinada à 451
produção e à distribuição canalizada de água potável para populações, sob a 452
responsabilidade do poder público, mesmo que administrada em regime de 453
concessão ou permissão6; 454
solução alternativa de abastecimento de água para consumo humano – toda 455
modalidade de abastecimento coletivo de água distinta do sistema de 456
abastecimento de água, incluindo, entre outras, fonte, poço comunitário, 457
distribuição por veículo transportador, instalações condominiais horizontal e 458
vertical7; 459
controle da qualidade da água para consumo humano – conjunto de 460
atividades exercidas de forma contínua pelo(s) responsável(is) pela operação 461
de sistema ou solução alternativa de abastecimento de água, destinadas a 462
verificar se a água fornecida à população é potável, assegurando a 463
manutenção desta condição8; 464
vigilância da qualidade da água para consumo humano – conjunto de ações 465
adotadas continuamente pela autoridade de saúde pública, para verificar se a 466
água consumida pela população atende a esta norma e para avaliar os riscos 467
que os sistemas e as soluções alternativas de abastecimento de água 468
representam para a saúde humana9. 469
5 Decreto nº 5.440/05, art. 4º, I.
6 Decreto nº 5.440/05, art. 4º, II.
7 Decreto nº 5.440/05, art. 4º, III.
8 Decreto nº 5.440/05, art. 4º, IV.
9 Decreto nº 5.440/05, art. 4º, V.
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
23
3.2.2. Esgotamento Sanitário 470
O esgotamento sanitário constitui-se pelas atividades, infra-estruturas e instalações 471
operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos 472
esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio 473
ambiente10. 474
Os esgotos urbanos lançados in natura, principalmente em rios, têm sido fonte de 475
preocupação dos governos e da atuação do Ministério Público, pela poluição da água 476
ou, no mínimo, pela alteração de sua qualidade, principalmente no que toca ao 477
abastecimento das populações a jusante. Certamente, o índice de poluição que o 478
lançamento de esgotos provoca no corpo receptor depende de outras condições, como 479
a vazão do rio, o declive, a qualidade do corpo hídrico, a natureza dos dejetos etc. Mas 480
estará sempre degradando, em maior ou menor grau, a qualidade das águas, o que 481
repercute diretamente na quantidade de água disponível ao abastecimento público. 482
E, para que essa água se torne potável, mais complexo – e caro – será o seu 483
tratamento. Ou seja, a disponibilidade de água para o abastecimento público depende, 484
entre outros fatores, do tratamento dos esgotos domésticos, questão que o país ainda 485
não conseguiu equacionar. A aplicação da Lei nº 11.445/07 pode vir a modificar essa 486
situação. Daí a importância dos planos de saneamento, entre outros instrumentos da 487
política de saneamento. 488
Tanto o abastecimento de água como o esgotamento sanitário, pela complexidade da 489
prestação, custos de obras – Estações de Tratamento de Água – ETA e Estações de 490
Tratamento de Esgotos – ETE, redes, ligações, observância das normas e padrões de 491
potabilidade – possuem um sistema de cobrança direta do usuário, por meio de tarifas 492
e preços públicos. A Lei de Saneamento determina, nesse sentido, que os serviços 493
terão a sustentabilidade econômico-financeira assegurada, sempre que possível, 494
mediante remuneração pela cobrança dos serviços de abastecimento de água e 495
esgotamento sanitário preferencialmente na forma de tarifas e outros preços públicos, 496
que poderão ser estabelecidos para cada um dos serviços ou para ambos 497
conjuntamente11. 498
3.2.3. Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos 499
A limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, considerados juridicamente como 500
elementos integrantes do saneamento básico, representam o conjunto de atividades, 501
infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento 502
e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de 503
logradouros e vias públicas12. 504
A limpeza urbana, de competência municipal, é outra fonte de inúmeros problemas 505
ambientais e de saúde pública, quando prestada de forma inadequada. Cabe também 506
ao Poder Público garantir a coleta, o transporte e o lançamento do lixo em aterros 507
10 Lei nº 11.445/07, art. 3º, I, b.
11 Lei nº 11.445/07, art. 29, I.
12 Lei nº 11.445/07, art. 3º, I, c.
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
24
sanitários adequados, devidamente licenciados, que impeçam a percolação do 508
chorume – “líquido de elevada acidez, resultante da decomposição de restos de 509
matéria orgânica, muito comum nas lixeiras”13 – em lençóis freáticos e a ocorrência de 510
outros danos ao ambiente e à saúde das populações. 511
Na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos 512
urbanos recicláveis ou reutilizáveis, atividades praticadas por associações ou 513
cooperativas, é dispensado o processo de licitação,14 como forma de estimular essa 514
prática ambiental. 515
O serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos urbanos é 516
composto, assim, pelas seguintes atividades: 517
coleta, transbordo e transporte do lixo doméstico e do lixo originário da 518
varrição e limpeza de logradouros e vias públicas; 519
triagem para fins de reuso ou reciclagem, de tratamento, inclusive por 520
compostagem, e disposição final do lixo doméstico e do lixo originário da 521
varrição e limpeza de logradouros e vias públicas; 522
varrição, capina e poda de árvores em vias e logradouros públicos e outros 523
eventuais serviços pertinentes à limpeza pública urbana.15 524
Assim como para os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário, a Lei 525
nº 11.445/07 determina que a limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos urbanos 526
terão a sustentabilidade econômico-financeira assegurada, sempre que possível, 527
mediante remuneração pela cobrança de taxas ou tarifas e outros preços públicos, em 528
conformidade com o regime de prestação do serviço ou de suas atividades16. 529
A Lei nº 12.305/201017, ao instituir a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispõe 530
expressamente sobre a necessidade de articulação dessa norma com a Lei nº 531
11.445/07, entre outras leis18. Cabe ressaltar que a nova norma trata de questões que 532
impactam os sistemas vigentes nos serviços de limpeza urbana, na medida em que 533
estabelece, em seus objetivos, “a não geração, redução, reutilização, reciclagem e 534
tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente 535
adequada dos rejeitos”, que por sua vez significa a “distribuição ordenada de rejeitos 536
em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou 537
riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais 538
adversos”19. 539
13 FORNARI NETO, Ernani. Dicionário prático de ecologia. São Paulo: Aquariana, 2001, p. 54.
14 Lei nº 8.666/93, art. 24, XXVII.
15 Lei nº 11.445/07, art. 7º.
16 Lei nº 11.445/07, art. 29, II.
17 A Lei nº 12.305/10 entrou em vigor na data de sua publicação, mas a vigência do disposto nos artigos 16 e 18 ocorrerá em dois anos da referida publicação.
18 Lei nº 12.305/10, art. 5º.
19 Lei nº 12.305/10, art. 3º,VIII.
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
25
3.2.4. Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas 540
Já a drenagem e manejo das águas pluviais urbanas consistem no conjunto de 541
atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas 542
pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de 543
cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas20. 544
Possui uma forte relação com os demais serviços de saneamento básico, pois os 545
danos causados por enchentes tornam-se mais ou menos graves proporcionalmente à 546
eficiência dos outros serviços de saneamento. Águas poluídas por esgoto ou por lixo na 547
ocorrência de enchentes aumentam os riscos de doenças graves, piorando as 548
condições ambientais e a qualidade de vida das pessoas. 549
Nos termos da lei do saneamento, os serviços de manejo de águas pluviais urbanas 550
terão a sustentabilidade econômico-financeira assegurada, sempre que possível, 551
mediante remuneração pela cobrança dos serviços na forma de tributos, inclusive 552
taxas, em conformidade com o regime de prestação do serviço ou de suas atividades21. 553
3.3. TITULARIDADE DOS SERVIÇOS 554
3.3.1. Essencialidade 555
Teoricamente, o que distingue e caracteriza o serviço público das demais atividades 556
econômicas é o fato de ele ser essencial para a comunidade. A sua falta, ou a 557
prestação insuficiente ou inadequada podem causar danos a pessoas e a bens. 558
Por essa razão, a prestação do serviço público é de titularidade do Poder Público, 559
responsável pelo bem estar social. Trata-se, pois, de um “serviço público, prestado pela 560
Administração ou por seus delegados, de acordo com normas e sob o controle do 561
Estado, para satisfazer as necessidades da coletividade ou a conveniência do 562
Estado”.22 563
Cabe salientar que a ação de saneamento executada por meio de soluções individuais 564
não se caracteriza como serviço público quando o usuário não depender de terceiros 565
para operar os serviços, da mesma forma que as ações e serviços de saneamento 566
básico de responsabilidade privada, incluindo o manejo de resíduos de 567
responsabilidade do gerador.23 568
3.3.2. Titularidade do Saneamento na UGRHI em Estudo 569
Todo serviço público, por ser essencial, se encontra sob a responsabilidade de um ente 570
de direito público: União, Estado Distrito Federal ou Município. Essa repartição de 571
competências para cada serviço é estabelecida pela Constituição Federal. Assim, por 572
exemplo, os serviços públicos de energia elétrica são de titularidade da União, 573
conforme estabelece o art. 21, XII, b. Os serviços públicos relativos ao gás canalizado 574
20 Lei nº 11.445/07, art. 3º, I, b.
21 Lei nº 11.445/07, art. 29, II.
22 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 329.
23 Lei nº 11.455/07, art. 5º.
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
26
competem aos Estados, em face do art. 25, II. Já os serviços públicos de titularidade 575
dos Municípios não estão descritos na Constituição, que apenas determina, para esses 576
entes federados, a prestação de serviços públicos de “interesse local”, diretamente ou 577
sob o regime de concessão ou permissão.24 578
Embora não haja qualquer dúvida quanto à titularidade dos municípios no que se refere 579
aos serviços de limpeza urbana e drenagem, em relação ao saneamento, há, porém, 580
uma discussão entre Estados e Municípios que tramita no Supremo Tribunal Federal, 581
ainda sem solução25.. 582
Paralelamente, a CF/88 transferiu aos Estados a competência para instituir regiões 583
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, agrupando Municípios 584
limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções 585
públicas de interesse comum.26 586
Em tese, os serviços de saneamento em cidades localizadas em regiões 587
metropolitanas, aglomerações urbanas ou microrregiões, seriam de titularidade 588
estadual, cabendo aos Estados assumir a titularidade nas hipóteses do art. 25, § 3º. 589
Contudo, muitos serviços de saneamento vêm sendo prestados por Municípios 590
localizados em regiões metropolitanas, situação que permanece ao longo de décadas. 591
Quando da promulgação da Constituição de 1988, não se alterou o que era já uma 592
tradição. 593
Diante desse impasse, e da indefinição do STF na solução da matéria, a Lei federal nº 594
11.107, de 6-4-2005 – Lei de Consórcios Públicos – veio alterar esse quadro, 595
estabelecendo novos arranjos institucionais para a prestação de serviços públicos, 596
inclusive os se saneamento básico, que tiram o foco da questão da titularidade. No 597
novo modelo, os entes federados podem fazer parte de um único consórcio, o qual 598
contratará os serviços e exercerá o papel de concedente, por delegação, através de lei. 599
A Lei nº 11.445/07, adotando essa linha, não define expressamente o titular do serviço, 600
prevendo apenas que este poderá delegar a organização, a regulação, a fiscalização e 601
a prestação dos serviços, mediante contrato ou convênio, a outros entes federativos, 602
nos termos do art. 24127 da Constituição Federal e da Lei nº 11.107/05. Cabe lembrar 603
que a delegação também pode ser concedida ao particular, nos moldes da Lei nº 604
8.987/95. 605
No caso da UGRHI objeto deste estudo, que se encontram fora de regiões 606
metropolitanas, não há dúvida de que os municípios são os titulares de todos os 607
serviços de saneamento básico28 e responsáveis pelos planos municipais de 608
24 CF/88, art. 30, V.
25 ADI/1842 – Ação Direta de Inconsticionalidade.
26 CF/88, art. 25, § 3º.
27 “Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes
federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos
serviços transferidos.” Redação da EC nº 19/98.
28 A discussão acerca da titularidade – entre Estado e Municípios, sobretudo em Regiões Metropolitanas - foi uma das causas do atraso no consenso necessário à aprovação
da política nacional do saneamento.
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
27
saneamento além de todas as outras ações relativas à sua correta prestação, com os 609
seguintes objetivos: cidade limpa, livre de enchentes, com esgotos coletados e tratados 610
e água fornecida a todos nos padrões legais de potabilidade. 611
3.3.3. Atribuições do Titular 612
É importante verificar no que consiste a titularidade de um serviço público. Já foi visto 613
que sua característica básica é o fato de ser essencial para a sociedade constituindo, 614
por essa razão, competência do Poder Público, responsável pela administração do 615
Estado. De acordo com o art. 9º da Lei nº 11.445/07, o titular dos serviços – no caso 616
presente, o município - formulará a respectiva política pública de saneamento 617
básico, devendo, para tanto, cumprir uma série de atribuições. 618
Essas atribuições referem-se ao planejamento dos serviços, sua regulação, a 619
prestação propriamente dita e a fiscalização. Cada uma dessas atividades é distinta 620
das outras, com características próprias. Mas todas se interrelacionam e são 621
obrigatórias para o município, já que a Lei nº 11.445/07 determina expressamente as 622
ações correlatas ao exercício da titularidade, conforme segue29: 623
I - elaborar os planos de saneamento básico, nos termos desta Lei; 624
II - prestar diretamente ou autorizar a delegação dos serviços e definir o ente 625
responsável pela sua regulação e fiscalização, bem como os procedimentos 626
de sua atuação; 627
III - adotar parâmetros para a garantia do atendimento essencial à saúde 628
pública, inclusive quanto ao volume mínimo per capita de água para 629
abastecimento público, observadas as normas nacionais relativas à 630
potabilidade da água; 631
IV - fixar os direitos e os deveres dos usuários; 632
V - estabelecer mecanismos de controle social, nos termos do inciso IV do 633
caput do art. 3o da Lei nº 11.445/07; 634
VI - estabelecer sistema de informações sobre os serviços, articulado com o 635
Sistema Nacional de Informações em Saneamento; 636
VII - intervir e retomar a operação dos serviços delegados, por indicação da 637
entidade reguladora, nos casos e condições previstos em lei e nos 638
documentos contratuais. 639
Cabe ressaltar que o Município, sendo o titular dos serviços, pode e deve exercer todas 640
as atividades relativas a essa titularidade – organização (planejamento), regulação, 641
fiscalização e prestação dos serviços - ou delegá-las a terceiros, por meio de 642
instrumentos jurídicos próprios, de acordo com o que a lei determina. 643
29 Lei nº 11.445/07, no art. 9º.
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
28
3.3.3.1. Planejamento 644
A organização ou planejamento consiste no estudo e na fixação das diretrizes e metas 645
que deverão orientar uma determinada ação. No caso do saneamento, é preciso 646
planejar como será feita a prestação dos serviços de saneamento, de acordo com as 647
características e necessidades locais, com vistas a garantir que essa prestação 648
corresponda a resultados positivos, no que se refere à melhoria da qualidade ambiental 649
e da saúde pública. O planejamento também corresponde ao princípio da eficiência30, 650
pois direciona o uso racional dos recursos públicos. Nessa linha, a Lei nº 11.445/07 651
menciona expressamente os princípios da eficiência e da sustentabilidade 652
econômica como fundamentos da prestação dos serviços de saneamento básico31. 653
Elaborar os planos de saneamento básico constitui um dos deveres do titular dos 654
serviços32. A elaboração desses planos se encontra no âmbito das atribuições legais 655
do município. Segundo a Lei nº 11.445/07, em seu art. 19, a prestação de serviços 656
públicos de saneamento básico observará plano, que poderá ser específico para cada 657
serviço – abastecimento de água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos, drenagem. 658
O conteúdo mínimo estabelecido para os planos de saneamento é bastante abrangente 659
e não se limita a um diagnóstico e ao estabelecimento de um programa para o futuro. 660
Evidentemente, é prevista a elaboração de um diagnóstico da situação e de seus 661
impactos nas condições de vida, utilizando sistema de indicadores sanitários, 662
epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos e apontando as causas das 663
deficiências detectadas33. É necessário o conhecimento da situação ambiental, de 664
saúde pública, social e econômica do Município, verificando os impactos dos serviços 665
de saneamento nesses indicadores. 666
A partir daí, cabe traçar os objetivos e metas de curto, médio e longo prazos para a 667
universalização34, admitidas soluções graduais e progressivas, observando a 668
compatibilidade com os demais planos setoriais. Cabe lembrar que o princípio da 669
universalização dos serviços, previsto no art. 2º da lei de saneamento, consiste na 670
ampliação progressiva do acesso de todos os domicílios ocupados ao saneamento 671
básico35, de modo que, conforme as metas estabelecidas, a totalidade da população 672
tenha acesso ao saneamento. 673
Uma vez estabelecidos os objetivos e metas para a universalização dos serviços, cabe 674
ao plano a indicação de programas, projetos e ações necessárias para atingir os 675
objetivos e as metas, de modo compatível com os respectivos planos plurianuais e 676
com outros planos governamentais correlatos, identificando possíveis fontes de 677
financiamento. 678
30 Previsto na Constituição Federal de 1988, art. 37.
31 Lei nº 11.445/07, art. 2º, VII.
32 Lei nº 11.455/07, art. 9º, I.
33 Lei nº 11.445/07, art. 19, I.
34 A universalização do acesso aos serviços de saneamento consiste em um dos pilares da política nacional de saneamento, nos termos do art. 2º, I da Lei nº 11.445/07.
35 Lei nº 11.445/07, art. 3º, III.
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
29
Os planos de saneamento básico devem estar articulados com outros estudos 679
efetuados e que abranjam a mesma região. Nos termos da lei, os serviços de 680
saneamento básico serão prestados com base, entre outros princípios, na articulação 681
com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à 682
pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e outras 683
de relevante interesse social voltadas para a melhoria da qualidade de vida, para as 684
quais o saneamento básico seja fator determinante36. 685
Essa articulação deve ser considerada na elaboração dos planos de saneamento, com 686
vistas a integrar as decisões sobre vários temas, mas que na prática, acabam por 687
impactar o mesmo território. 688
Embora a lei não mencione expressamente, deve haver uma correspondência 689
necessária do plano de saneamento com o Plano Diretor, instrumento básico da 690
política de desenvolvimento urbano, objeto do art. 182 da Constituição37. Nos termos 691
desse dispositivo, o Plano Diretor constitui lei municipal e é o instrumento básico da 692
política de desenvolvimento e de expansão urbana38. 693
Um ponto fundamental, nesse passo, consiste no fato de que a lei de saneamento, nos 694
termos do seu art. 19, § 3º, estabelece que os planos de saneamento básico 695
deverão ser compatíveis com os planos das bacias hidrográficas em que 696
estiverem inseridos. O Município não é detentor do domínio da água, mas sua atuação 697
é fundamental na proteção desse recurso. O lixo e o esgoto doméstico, gerados nas 698
cidades, são fontes importantes de poluição dos recursos hídricos. 699
Embora o Município seja um ente federado autônomo, a norma condiciona o 700
planejamento municipal, ainda que no tocante ao saneamento, a um plano de caráter 701
regional, qual seja o da bacia hidrográfica39 em que se localiza o Município. Essa regra 702
é de extrema importância, pois é por meio dela que se fundamenta a necessidade de 703
os Municípios considerarem, em seu planejamento, fatores externos ao seu território 704
como, por exemplo, a bacia hidrográfica. 705
Ainda na linha de projetos e ações a serem propostos, a lei prevê a indicação, no plano 706
de saneamento, de ações para emergências e contingências. Merece destaque o 707
item que prevê, como conteúdo mínimo dos planos de saneamento, mecanismos e 708
procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações 709
programadas40. Trata-se de um avanço na legislação, pois estabelece, desde logo, 710
que o conteúdo do plano deve ser cumprido, com a devida indicação de como aferir 711
esse cumprimento. 712
Nota-se que os planos de saneamento, pelo conteúdo mínimo exigido na lei, 713
extrapolam o planejamento puro e simples, na medida em que estabelecem, desde 714
36 Lei nº 11.445/07, art. 2º, VI.
37 CF/88, art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
38 CF/88, art. 182, § 1º.
39 Ou Unidade de Hidrográficas de Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHI.
40 Lei nº 11.445/07, art. 19, V.
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
30
logo, as metas a serem cumpridas na prestação dos serviços, as ações necessárias ao 715
cumprimento dessas metas e ainda os correspondentes mecanismos de avaliação. No 716
próprio plano, dessa forma, são impostos os resultados a serem alcançados. 717
Tendo em vista a necessidade de correções e atualizações a serem feitas, em 718
decorrência tanto do desenvolvimento das cidades, como das questões técnicas 719
surgidas durante a implantação do plano, os planos de saneamento básico vem ser 720
revistos periodicamente, em prazo não superior a 4 anos, anteriormente à elaboração 721
do Plano Plurianual41. 722
No que se refere ao controle social, a lei determina a “ampla divulgação das propostas 723
dos planos de saneamento básico e dos estudos que as fundamentem, inclusive com a 724
realização de audiências ou consultas públicas”42. 725
No que diz respeito à área de abrangência, o plano municipal de saneamento básico 726
deverá englobar integralmente o território do município43. 727
O serviço regionalizado de saneamento básico poderá obedecer ao plano de 728
saneamento básico elaborado para o conjunto de Municípios atendidos44. 729
3.3.3.2. Regulação e Fiscalização 730
Regulação é todo e qualquer ato, normativo ou não, que discipline ou organize um 731
determinado serviço público, incluindo suas características, padrões de qualidade, 732
impacto sócio-ambiental, direitos e obrigações dos usuários e dos responsáveis por 733
sua oferta ou prestação e fixação e revisão do valor de tarifas e outros preços 734
públicos45. 735
É inerente ao titular dos serviços públicos a regulação de sua prestação, o que implica 736
o estabelecimento de normas específicas, garantindo que a sua prestação seja 737
adequada às necessidades locais já verificadas no planejamento dos serviços, 738
considerada a universalização do acesso. Uma vez estabelecidas as normas, faz parte 739
do universo das ações a cargo do titular fiscalizar o cumprimento das normas pelo 740
prestador dos serviços. 741
Conforme já mencionado, o planejamento e regulação encontram-se estreitamente 742
relacionadas, lembrando que cada atribuição correspondente à titularidade - 743
planejamento, regulação, fiscalização e a prestação dos serviços, embora possuam 744
características específicas, formam um todo articulado, mas não necessariamente 745
prestados pela mesma pessoa. Daí a idéia de que deve haver uma distinção entre a 746
figura do prestador e do regulador dos serviços, para que haja mais eficiência, 747
liberdade e controle, embora ambas as atividades se reportem aos titular. Nessa linha, 748
a Lei prevê que o exercício da função de regulação atenderá aos princípios da 749
41 Lei nº 11.445/07, art. 19, § 4o.
42 Lei nº 11.445/07, art. 19, § 5o.
43 Lei nº 11.445/07, art. 19, § 8o.
44 Lei nº 11.445/07, art. 17.
45 Decreto nº 6.017/05, art. 2º, XI.
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
31
independência decisória, incluindo autonomia administrativa, orçamentária e financeira 750
da entidade reguladora e da transparência, tecnicidade, celeridade e objetividade das 751
decisões46. 752
O art. 22. da Lei nº 11.445/07 estabelece como objetivos da regulação: 753
I - estabelecer padrões e normas para a adequada prestação dos serviços e para a 754
satisfação dos usuários; 755
II - garantir o cumprimento das condições e metas estabelecidas; 756
III - prevenir e reprimir o abuso do poder econômico, ressalvada a competência dos 757
órgãos integrantes do sistema nacional de defesa da concorrência; 758
IV - definir tarifas que assegurem tanto o equilíbrio econômico e financeiro dos 759
contratos como a modicidade tarifária, mediante mecanismos que induzam a 760
eficiência e eficácia dos serviços e que permitam a apropriação social dos ganhos 761
de produtividade. 762
Note-se que esses objetivos dizem respeito ao planejamento e à regulação dos 763
serviços, na medida em que tratam tanto da fixação de padrões e normas relativas à 764
adequada prestação dos serviços47 como à garantia de seu cumprimento. Além disso, 765
a regulação inclui o controle econômico financeiro dos contratos de prestação de 766
serviços regulados, buscando-se a modicidade das tarifas, eficiência e eficácia dos 767
serviços e ainda a apropriação social dos ganhos da produtividade. 768
Cabe ao titular dos serviços de saneamento a adoção de parâmetros para a garantia 769
do atendimento essencial à saúde pública, inclusive quanto ao volume mínimo per 770
capita de água para abastecimento público, observadas as normas nacionais relativas 771
à potabilidade da água48. No que se refere aos direitos do consumidor, cabe ao titular 772
dos serviços fixar os direitos e os deveres dos usuários. 773
Um ponto a destacar consiste na obrigação do titular estabelecer mecanismos de 774
controle social, definido como o “conjunto de mecanismos e procedimentos que 775
garantem à sociedade informações, representações técnicas e participações nos 776
processos de formulação de políticas, de planejamento e de avaliação relacionados 777
aos serviços públicos de saneamento básico”49. 778
Cabe também ao titular estabelecer sistema de informações sobre os serviços, 779
articulado com o Sistema Nacional de Informações em Saneamento50. Os sistemas de 780
informações se articulam com os planos, na medida em que fornecem informações à 781
46 Lei nº 11.445/07, art. 21.
47 Segundo o art. 6º, § 1o da Lei nº 8.97/95, serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade,
cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.
48 Lei nº 11.445/07, art. 9º, III.
49 Lei nº 11.445/07, art. 3º, IV.
50 Lei nº 11.445/07, art. 9º, VII.
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
32
sua elaboração e, ao mesmo tempo, são alimentados pelas novas informações obtidas 782
na elaboração desses planos. 783
Cabe também ao titular dos serviços intervir e retomar a operação dos serviços 784
delegados, por indicação da entidade reguladora, nos casos e condições previstos em 785
lei e nos documentos contratuais. 786
Na prestação regionalizada, as atividades de regulação e fiscalização poderão ser 787
exercidas por órgão ou entidade de ente da Federação a que o titular tenha delegado o 788
exercício dessas competências por meio de convênio de cooperação entre entes da 789
Federação, obedecido o disposto no art. 241 da Constituição Federal e por consórcio 790
público de direito público integrado pelos titulares dos serviços51. E, no exercício das 791
atividades de planejamento dos serviços, o titular poderá receber cooperação técnica 792
do respectivo Estado e basear-se em estudos fornecidos pelos prestadores52. 793
Na prestação regionalizada, a entidade de regulação deverá instituir regras e critérios 794
de estruturação de sistema contábil e do respectivo plano de contas, de modo a 795
garantir que a apropriação e a distribuição de custos dos serviços estejam em 796
conformidade com as diretrizes estabelecidas na Lei53. 797
3.3.4. Formas de Exercício da Titularidade dos Serviços 798
As atividades de regulação, prestação dos serviços e seu controle, inerentes ao titular, 799
podem ser efetuadas por ele ou transferidas a terceiros, pessoa jurídica de direito 800
público ou de direito privado, conforme será verificado adiante. 801
O exercício da titularidade consiste em uma obrigação. Por mais óbvias que sejam as 802
atividades necessárias para que se garanta o atendimento da população, essas 803
atividades devem estar descritas em uma norma ou em um contrato. Sem a fixação das 804
atividades a serem realizadas, não há como exigir do prestador o seu cumprimento de 805
modo objetivo. 806
Essa é uma crítica que se faz aos casos em que os serviços são prestados diretamente 807
pela municipalidade, por intermédio dos Departamentos de Água e Esgoto e das 808
autarquias especialmente criadas por lei para a prestação desses serviços. A questão 809
que se coloca é que o titular dos serviços - Município - não estabeleceu as regras a 810
serem cumpridas, nem mesmo nas leis de criação dos SAAES. Além disso, em se 811
tratando de órgãos e entidades da administração municipal, existe uma coincidência 812
entre o responsável pela prestação dos serviços e o responsável pelo controle e 813
fiscalização. Cabe ponderar que raramente se encontra uma regulação municipal 814
estabelecida para os serviços nessas categorias. 815
Na legislação aplicável à criação e implantação desse modelo – DAE e SAAE -, não se 816
cogitava de estabelecer a regulação nem fixar normas para a equação econômico-817
financeira dos serviços baseada na cobrança de tarifa e preços públicos e muito menos 818
51 Lei nº 11.445/07, art. 15.
52 Lei nº 11.445/07, art. 15, parágrafo único.
53 Lei nº 11.445/07, art. 18, parágrafo único.
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
33
a universalização do acesso era tratada como uma meta a ser atingida 819
obrigatoriamente. 820
Daí o estabelecimento, nos últimos anos, de novos modelos institucionais de prestação 821
dos serviços e mesmo do exercício da titularidade, com o objetivo de tornar mais 822
eficiente a prestação dos serviços de saneamento básico. 823
3.3.4.1.Delegação à Agência Reguladora 824
A Lei nº 11.445/07 permite que a regulação de serviços públicos de saneamento básico 825
seja delegada pelos titulares a qualquer entidade reguladora constituída dentro dos 826
limites do respectivo Estado, explicitando, no ato de delegação da regulação, a forma 827
de atuação e a abrangência das atividades a serem desempenhadas pelas partes 828
envolvidas54. 829
O Estado de São Paulo instituiu, pela Lei Complementar nº 1.025, de 7-12-2007, 830
regulamentada pelo Decreto nº 52.455, de 7-12-2007, a Agência Reguladora de 831
Saneamento e Energia - ARSESP, entidade autárquica e vinculada à Secretaria de 832
Saneamento e Energia do Estado de São Paulo. Em relação ao Saneamento, cabe à 833
ARSESP regular e fiscalizar os serviços de titularidade estadual, assim como aqueles, 834
de titularidade municipal, que venham a ser delegados à ARSESP pelos municípios 835
paulistas que manifestarem tal interesse 55. 836
Isso significa que, mesmo nos casos em que a titularidade dos serviços de saneamento 837
pertença aos municípios, como é o caso vigente na UGRHI em estudo, podem esses 838
entes celebrar convênio com ARSESP, no qual são delegadas a essa agência as 839
competências do titular dos serviços de saneamento no que se refere à regulação e à 840
fiscalização. 841
No caso dos municípios que concederam os serviços de saneamento – água e 842
esgotamento sanitário - à SABESP, por contrato de programa, ou concessão a 843
particular, esses entes poderão celebrar convênio de cooperação com a ARSESP, mas 844
não estão obrigados a fazê-lo, pois o modelo é flexível. Apenas a Lei Complementar 845
Estadual 1.025/07 exige, todavia, que a celebração do convênio de cooperação seja 846
precedida pela apresentação de laudo que ateste a viabilidade econômico-financeira 847
dos serviços56. 848
54 Lei nº 11.445/07, art. 23, § 1º.
55 A ARSESP é a nova denominação da Comissão de Serviços Públicos de Energia CSPE, que teve as suas competências estendidas para o saneamento básico.
56 Artigo 45 - Fica o Poder Executivo do Estado de São Paulo, diretamente ou por intermédio da ARSESP, autorizado a celebrar, com Municípios de seu território,
convênios de cooperação, na forma do artigo 241 da CF/88, visando à gestão associada de serviços de saneamento básico, pelos quais poderão ser delegadas ao Estado,
conjunta ou separadamente, as competências de titularidade municipal de regulação, fiscalização e prestação desses serviços.
§ 1º - Na hipótese de delegação ao Estado da prestação de serviços de saneamento básico, o prestador estadual celebrará contrato de programa com o Município, no qual
serão fixadas tarifas e estabelecidos mecanismos de reajuste e revisão, observado o artigo 13 da Lei nº 11.107/05, e o Plano de Metas Municipal de Saneamento.
§ 2º - As tarifas a que se refere o § 1º deste artigo deverão ser suficientes para o custeio e a amortização dos investimentos no prazo contratual, ressalvados os casos de
prestação regionalizada, em que esse equilíbrio poderá ser apurado considerando as receitas globais da região.
§ 3º - As competências de regulação e fiscalização delegadas ao Estado serão exercidas pela ARSESP,... vedada a sua atribuição a prestador estadual, seja a que título for.
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
34
3.3.4.2. Delegação a Consórcio Público 849
A figura do consórcio público encontra-se prevista no art. 241 da Constituição Federal 850 57 e seu regime jurídico foi fixado pela Lei nº 11.107, de 6-04-2005, regulamentado pelo 851
Decreto nº 6.017, de 17-1-2007. 852
Consórcio público é “pessoa jurídica formada exclusivamente por entes da Federação, 853
na forma da Lei nº 11.107/05, para estabelecer relações de cooperação federativa, 854
inclusive a realização de objetivos de interesse comum, constituída como associação 855
pública, com personalidade jurídica de direito público e natureza autárquica, ou como 856
pessoa jurídica de direito privado sem fins econômicos”58. 857
Somente podem participar como consorciados do consórcio público os entes 858
Federados: União, Estados, Distrito Federal e Municípios, não podendo nenhum ente 859
da Federação ser obrigado a se consorciar ou a permanecer consorciado. Sua 860
constituição pode ocorrer de uma única vez ou paulatinamente, mediante a adesão dos 861
consorciados ao longo do tempo. No presente caso, os formatos podem ser: 1. Estado 862
e Município e 2. somente municípios. 863
Os objetivos do consórcio público são determinados pelos entes da Federação que se 864
consorciarem59. Entre os objetivos do consórcio60 encontra-se “a gestão associada de 865
serviços públicos”, que significa “a associação voluntária de entes federados, por 866
convênio de cooperação ou consórcio público, conforme disposto no art. 241 da 867
Constituição Federal”61. 868
O consórcio público será constituído por contrato, cuja celebração dependerá da prévia 869
subscrição de protocolo de intenções62 o que envolve as seguintes fases: 1. subscrição 870
de protocolo de intenções63; 2. publicação do protocolo de intenções na imprensa 871
oficial64; 3. promulgação da lei por parte de cada um dos partícipes, ratificando, total ou 872
parcialmente, o protocolo de intenções65 ou disciplinando a matéria66 e 4. celebração 873
do contrato67. 874
§ 4º - Quando o convênio de cooperação estabelecer que a regulação ou fiscalização de serviços delegados ao prestador estadual permaneçam a cargo do Município, este
deverá exercer as respectivas competências por meio de entidade reguladora que atenda ao disposto no artigo 21 da Lei nº 11.445/07, devendo a celebração do convênio ser
precedida da apresentação de laudo atestando a viabilidade econômico-financeira da prestação dos serviços.
§ 5º - Na hipótese prevista no § 4º deste artigo, a ARSESP poderá atuar como árbitro para solução de divergências entre o prestador de serviços e o poder concedente.
57 “Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes
federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos
serviços transferidos.” Redação da EC nº 19/98.
58 Decreto nº 6.017/07, art. 2º, I.
59 Lei nº 11.107/05, art. 2º.
60 Decreto nº 6.017/07, art. 3º, I.
61 Lei nº 11.445/07, art. 3º, II.
62 Lei nº 11.107/05, art. 3º.
63 Lei nº 11.107/05, art. 3º.
64 Lei nº 11.107/05, art. 4º, § 5º.
65 Lei nº 11.107/05, art. 5º.
66 Lei nº 11.107/05, art. 4º, § 4º.
67 Lei nº 11.107/05, art. 3º.
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
35
O protocolo de intenções é o contrato preliminar, resultado de uma ampla negociação 875
política entre os entes federados que participarão do consórcio. É nele que as partes 876
contratantes definem todas as condições e obrigações de cada um e, uma vez 877
ratificado mediante lei, converte-se em contrato de consórcio público. 878
3.4. PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS: MODELOS INSTITUCIONAIS 879
O titular – Município - pode prestar diretamente os serviços de saneamento ou autorizar 880
a delegação dos mesmos, definindo o ente responsável pela sua regulação e 881
fiscalização, bem como os procedimentos de sua atuação68. Releva notar que “a 882
delegação de serviço de saneamento básico não dispensa o cumprimento pelo 883
prestador do respectivo plano de saneamento básico em vigor à época da 884
delegação”69. Desse modo, havendo qualquer ato ou contrato de delegação, cabe ao 885
prestador cumprir o plano de saneamento em vigor na época da edição desse ato ou 886
mesmo contrato. 887
No quadro jurídico-institucional vigente, os serviços de saneamento são prestados 888
segundo os modelos a seguir descritos. Em geral, a prestação de tais serviços é feita 889
por pessoas distintas, muitas vezes em arranjos institucionais diferentes, dentro das 890
possibilidades oferecidas pela legislação em vigor. Dessa forma, para tornar mais claro 891
o texto, optou-se por tratar dos modelos institucionais e, em cada um, aborda cada tipo 892
de serviço, quando aplicável. 893
A prestação regionalizada de serviços públicos de saneamento básico poderá ser 894
realizada por órgão, autarquia, fundação de direito público, consórcio público, empresa 895
pública ou sociedade de economia mista estadual, do Distrito Federal, ou municipal, na 896
forma da legislação ou empresa a que se tenham concedido os serviços70. Os 897
prestadores que atuem em mais de um Município ou que prestem serviços públicos de 898
saneamento básico diferentes em um mesmo Município manterão sistema contábil que 899
permita registrar e demonstrar, separadamente, os custos e as receitas de cada serviço 900
em cada um dos Municípios atendidos e, se for o caso, no Distrito Federal71. 901
3.4.1. Prestação Direta pela Prefeitura Municipal 902
Os serviços são prestados por um órgão da Prefeitura Municipal, sem personalidade 903
jurídica e sem qualquer tipo de contrato, já que, nessa modalidade, as figuras de titular 904
e de prestador dos serviços se confundem em um único ente – o Município. A Lei nº 905
11.445/07 dispensa expressamente a celebração de contrato para a prestação de 906
serviços por entidade que integre a administração do titular72. 907
Os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário são prestados, em 908
vários Municípios, por Departamentos de Água e Esgoto, órgãos da Administração 909
68 Lei nº 11.445/07, art. 9º, II.
69 Lei nº 11.445/07, art. 19, § 6o .
70 Lei nº 11.445/07, art. 16.
71 Lei nº 11.445/07, art. 18.
72 Lei nº 11.445/07, art. 10.
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
36
Direta Municipal. A remuneração ao Município, pelos serviços prestados, é efetuada 910
por meio da cobrança de taxa ou tarifa. Em geral, tais serviços restringem-se ao 911
abastecimento de água, à coleta e ao afastamento dos esgotos. Não há um registro 912
histórico importante de tratamento de esgoto nesse modelo, situação que, nos últimos 913
anos, vem sendo alterada graças à atuação do Ministério Público fundamentada na Lei 914
nº 7.347, de 24/07/85, que dispõe sobre a Ação Civil Pública. Tampouco as tarifas e 915
preços públicos são cobrados com base em uma equação econômico-financeira 916
estabelecida. 917
Os serviços relativos à drenagem e ao manejo das águas pluviais urbanas são em 918
geral prestados de forma direta por secretarias municipais. 919
Os serviços de limpeza urbana são prestados pelo órgão municipal, sem a existência 920
de qualquer contrato. 921
3.4.2. Prestação de Serviços por Autarquias 922
A autarquia é uma entidade da administração pública municipal, criada por lei para 923
prestar serviços de competência da Administração Direta, recebendo, portanto, a 924
respectiva delegação. Embora instituídas para uma finalidade específica, suas 925
atividades e a respectiva remuneração não se encontram vinculadas a uma equação 926
econômico-financeira, pois não há contrato de concessão. Tampouco costuma se 927
verificar, nas respectivas leis de criação, regras sobre sustentabilidade financeira ou 928
regulação dos serviços. 929
Os SAAE – Serviços Autônomos de Água e Esgoto são autarquias municipais com 930
personalidade jurídica própria, autonomia administrativa e financeira, criadas por lei 931
municipal com a finalidade de prestar os serviços de água e esgoto. 932
3.4.3. Prestação por Empresas Públicas ou Sociedades de Economia Mista 933
Municipais 934
Outra forma indireta de prestação de serviços pelo Município é a delegação a 935
empresas públicas ou sociedades de economia mista, criadas por lei municipal. Nesses 936
casos, a lei é o instrumento de delegação dos serviços e ainda que haja, como nas 937
autarquias, distinção entre o titular e o prestador dos serviços, tampouco existe 938
regulação para os serviços. 939
3.4.4. Prestação Mediante Contrato 940
De acordo com a Lei nº 11.445/07, a prestação de serviços de saneamento básico, 941
para ser prestada por uma entidade que não integre a administração do titular, quer 942
dizer, que não seja um DAE (administração direta) ou um SAAE (administração 943
indireta), depende da celebração de contrato, sendo vedada a sua disciplina mediante 944
convênios, termos de parceria ou outros instrumentos de natureza precária.73 Não 945
estão incluídos nessa hipótese os serviços públicos de saneamento básico cuja 946
prestação o Poder Público, nos termos de lei, autorizar para usuários organizados em 947
73 Lei nº 11.455/07, art. 10, caput.
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
37
cooperativas ou associações, desde que limitados a determinado condomínio, e 948
localidade de pequeno porte, predominantemente ocupada por população de baixa 949
renda, onde outras formas de prestação apresentem custos de operação e manutenção 950
incompatíveis com a capacidade de pagamento dos usuários e os convênios e outros 951
atos de delegação celebrados até 6-4-2005.74 952
3.4.4.1. Condições de Validade dos Contratos 953
Para que os contratos de prestação de serviços públicos de saneamento básico sejam 954
válidos, e possam produzir efeitos jurídicos, isto é, o prestador executar os serviços e a 955
Administração pagar de acordo com o que foi contratado, a lei impõe algumas 956
condições, relativas aos instrumentos de planejamento, viabilidade e regulação, além 957
do controle social. 958
Em primeiro lugar, é necessário que tenha sido elaborado o plano de saneamento 959
básico, nos termos do art. 19 da Lei nº 11.445/07. E de acordo com o plano elaborado, 960
deve ser feito um estudo comprovando a viabilidade técnica e econômico-financeira da 961
prestação universal e integral dos serviços, de forma a se conhecer o custo dos 962
serviços, ressaltando que deve se buscar a universalidade da prestação.75 963
A partir do plano e do estudo de viabilidade técnica e econômico-financeira, é preciso 964
estabelecer as normas de regulação dos serviços, devendo tais normas preverem 965
os meios para o cumprimento das diretrizes da Lei de Saneamento e designar uma 966
entidade de regulação e de fiscalização76. 967
A partir daí, cabe realizar audiências e consultas públicas sobre o edital de licitação, no 968
caso de concessão, e sobre a minuta do contrato. Trata-se de uma forma de tornar 969
públicas as decisões do poder municipal, o qual se submete, dessa forma, ao controle 970
social77. 971
Além disso, os planos de investimentos e os projetos relativos ao contrato deverão ser 972
compatíveis com o respectivo plano de saneamento básico78, o que corresponde ao 973
estabelecimento da equação econômico-financeira relativa aos serviços. 974
3.4.4.2. Contrato de Prestação de Serviços 975
Além da exigência, em regra, da licitação, a Lei nº 8.666/93 estabelece normas 976
específicas para que se façam o controle e a fiscalização dos contratos, estabelecendo 977
uma série de medidas a serem tomadas pela Administração ao longo de sua execução. 978
Tais medidas referem-se ao acompanhamento, à fiscalização, aos aditamentos, às 979
notificações, à aplicação de penalidades, À eventual rescisão unilateral e ao 980
recebimento do objeto contratado. 981
74 Lei nº 11.455/07, art. 10º, § 1º.
75 Lei nº 11.445/07, art. 11, II.
76 Lei nº 11.445/07, art. 11, III.
77 Lei nº 11.445/07, art. 11, IV.
78 Lei nº 11.445/07, art. 11§2º
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
38
O acompanhamento e a fiscalização da execução dos contratos constituem poder-982
dever da Administração, em decorrência do princípio da indisponibilidade do interesse 983
público. Se em uma contratação estão envolvidos recursos orçamentários, é dever da 984
Administração contratante atuar de forma efetiva para que os mesmos sejam aplicados 985
da melhor maneira possível. 986
Quando a Administração Pública celebra um contrato, fica obrigada à observância das 987
regras impostas pela lei, para fiscalizar e controlar a execução do ajuste. Cabe ao 988
gestor de contratos fiscalizar e acompanhar a correta execução do contrato. A 989
necessidade de haver um gestor de contratos é definida expressamente na Lei no 990
8.666/93, em seu art. 67. Segundo esse dispositivo, a execução do contrato deverá ser 991
acompanhada e fiscalizada por um representante da Administração especialmente 992
designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de 993
informações pertinentes a essa atribuição. 994
Esse modelo é utilizado, sobretudo, para a Limpeza Urbana. O modelo é o de contrato 995
de prestação de serviços de limpeza – coleta, transporte e disposição dos resíduos -, 996
poda de árvores, varrição, entre outros itens. 997
No caso da Drenagem Urbana, as obras, quando não realizadas pelos funcionários 998
municipais, são realizadas por empresas contratadas de acordo com a Lei nº 8.666/93. 999
No caso do abastecimento de água e esgotamento sanitário, a complexidade da 1000
prestação envolve outros fatores, como o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos 1001
e a política tarifária, entre outros fatores, que remetem à contratação por meio de 1002
modelos institucionais específicos. 1003
3.4.4.3. Contrato de Concessão 1004
Concessão de serviço público é o contrato administrativo pelo qual a Administração 1005
Pública delega a um particular a execução de um serviço público em seu próprio nome, 1006
por sua conta e risco. A remuneração dos serviços é assegurada pelo recebimento da 1007
tarifa paga pelo usuário, observada a equação econômico-financeira do contrato. 1008
O art. 175 da Constituição Federal estatui que “incumbe ao Poder Público, na forma da 1009
lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre mediante licitação, 1010
a prestação de serviços públicos. De acordo com o seu parágrafo único, a lei disporá 1011
sobre: 1. o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviço público, 1012
o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de 1013
caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão; 2. os direitos dos 1014
usuários; 3. política tarifária e 4. obrigação de manter o serviço adequado. As Leis nos 1015
8.987, de 13-2-1995, e 9.074, de 7-7-1995, regulamentam as concessões de serviços 1016
públicos. 1017
Para os contratos de concessão, assim como para os contratos de programa, a Lei 1018
nº 11.445/07 estabelece informações adicionais que devem constar das normas de 1019
regulação, conforme segue: 1. autorização para a contratação, indicando prazos e a 1020
área a ser atendida; 2. inclusão, no contrato, das metas progressivas e graduais de 1021
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
39
expansão dos serviços, de qualidade, de eficiência e de uso racional da água, da 1022
energia e de outros recursos naturais, em conformidade com os serviços a serem 1023
prestados; 3. as prioridades de ação, compatíveis com as metas estabelecidas; 4. as 1024
condições de sustentabilidade e equilíbrio econômico-financeiro da prestação dos 1025
serviços, em regime de eficiência, incluindo a) o sistema de cobrança e a composição 1026
de taxas e tarifas; b) a sistemática de reajustes e de revisões de taxas e tarifas; c) a 1027
política de subsídios; d) mecanismos de controle social nas atividades de 1028
planejamento, regulação e fiscalização dos serviços; e) - as hipóteses de intervenção e 1029
de retomada dos serviços79. 1030
3.4.4.4. Contrato de Programa 1031
As Empresas Estaduais de Saneamento Básico – CESB –, criadas no âmbito do 1032
PLANASA – Plano Nacional de Saneamento foram instituídas sob a forma de 1033
sociedades de economia mista, cujo acionista controlador é o governo do respectivo 1034
Estado. É o caso da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - 1035
SABESP, cuja criação foi autorizada pela Lei nº 119, de 29/06/7380, tendo por objetivo 1036
o planejamento, execução e operação dos serviços públicos de saneamento básico em 1037
todo o Estado de São Paulo, respeitada a autonomia dos municípios. 1038
A SABESP é concessionária de serviços públicos de saneamento. Para tanto, atua 1039
como concessionária, sendo que parte desses contratos remonta à década de setenta, 1040
pelo prazo de trinta anos, o que significa que alguns já estão renegociados e outros em 1041
fase de nova negociação por meio dos chamados “contratos de programa” 1042
celebrados com os Municípios. 1043
3.4.4.5. Empresa Privada 1044
O fundamento legal para a contratação de uma entidade privada pelo Poder Público 1045
por meio do instituto da concessão é o art. 30, V, combinado com o art. 175 da 1046
Constituição, e Leis nos 8.987, de 13/2/95 e 9.074, de 07/07/95. 1047
Por meio da concessão de serviço público, o titular do serviço público delega a um 1048
particular a sua execução em nome, por conta e risco do mesmo. A remuneração é 1049
assegurada pelo recebimento da tarifa paga pelo usuário. 1050
1051
79 Lei nº 11.445/07, art. 11, § 2º.
80 Alterada pela Lei nº 12.292/2006.
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
40
4. ESTUDOS, PLANOS, PROJETOS, OBRAS, LEVANTAMENTOS E 1052
LICENCIAMENTOS AMBIENTAIS EXISTENTES 1053
Os principais estudos, planos, projetos, obras, levantamentos e licenciamentos 1054
ambientais existentes, consultados para elaboração do presente produto, são listados a 1055
seguir: 1056
4.1. PLANO DE GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS DO LITORAL 1057
NORTE - COMITÊ DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO LITORAL NORTE 1058
(CBH-LN) - IPT - 2002 1059
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S/A – IPT apresentou 1060
para o Comitê das Bacias Hidrográficas do Litoral Norte os resultados obtidos na 1061
elaboração do “Diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos e elaboração do 1062
Plano das Bacias Hidrográficas do Litoral Norte – URGHI 3”. 1063
Os objetivos dos trabalhos realizados foram: definição de metas para o gerenciamento 1064
dos recursos hídricos da UGRHI; proposição de ações de curto (até 2003), médio 1065
(2003-2010) e longo prazos (2010-2020); discussão com o CBH-LN e apresentação da 1066
proposta em reuniões municipais; elaboração do Plano de Gerenciamento dos 1067
Recursos Hídricos do Litoral Norte até 2020. 1068
Dentre os itens abordados, foi realizada uma caracterização da então situação da bacia 1069
do Litoral Norte, em 2002, destacando-se os seguintes tópicos: 1070
- Caracterização Geral da UGRHI 3 1071
- Uso e Ocupação do Solo 1072
- Recursos Hídricos 1073
- Saneamento Básico 1074
- Resíduos Sólidos 1075
- Áreas Degradadas 1076
- Inundações 1077
4.2. PLANO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS 2004-2007 - CONSÓRCIO 1078
JMR/ENGECORPS - JULHO/2005 1079
O Plano Estadual de Recursos Hídricos 2004 a 2007 traz a situação dos recursos 1080
hídricos no Estado de São Paulo, caracterizando o estado em UGRHIs. Ele aborda a 1081
caracterização física em seus aspectos geológicos, geomorfológicos e hidrogeológicos, 1082
a caracterização socioeconômica, a evolução jurídico-institucional da situação dos 1083
recursos hídricos, a disponibilidade, usos e demandas dos recursos hídricos estaduais, 1084
a situação quanto aos serviços de saneamento e a situação das áreas degradadas pela 1085
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
41
erosão, movimento de massas, assoreamento e inundações. Abaixo seguem os 1086
aspectos mais importantes abordados no Plano. 1087
Abastecimento de Água 1088
Em termos de abastecimento de água, os dados do SEADE (2000) indicam para a 1089
cobertura global do Estado um valor da ordem de 97%. Cumpre destacar que os 1090
números obtidos com o emprego dos levantamentos do SEADE diferem daqueles 1091
constantes no Relatório de Situação dos Recursos Hídricos do Estado de S. Paulo 1092
(CRH/CORHI/DAEE, 1999). Isso se deve ao fato de que o índice de abastecimento de 1093
água do SEADE exprime a porcentagem de domicílios particulares permanentes 1094
atendidos por uma única ligação. 1095
Um aspecto de grande relevo para o uso racional dos recursos hídrico é o controle de 1096
perdas nos sistemas de abastecimento de água. As perdas podem ser de duas 1097
naturezas: perdas físicas, compreendendo os vazamentos na rede de distribuição e, 1098
perdas não físicas ou financeiras, ligadas aos volumes de água consumida pelos 1099
usuários, mas não faturado pelas empresas concessionárias, provocadas por ligações 1100
clandestinas ou deficiências no sistema de hidrometração/micromedição da 1101
concessionária. 1102
Existe uma relação entre o índice de perdas d’água, os índices de hidrometração 1103
(ligações de águas medidas/total de ligações de água existentes) e o volume de água 1104
micromedido (volume médio de água apurado por medidores de vazão instalados nos 1105
ramais prediais). Esses índices, bem como as relações entre os mesmos, constroem 1106
um quadro mais preciso das perdas de água existentes em cada empresa de 1107
saneamento básico. 1108
Apesar de todo o esforço da SABESP e demais concessionárias de serviços de 1109
abastecimento de água no Estado, para diminuir as perdas nos seus sistemas, estas 1110
continuam elevadas. 1111
Avaliações mais recentes, ainda não oficializadas, indicam que a relação entre o 1112
volume micromedido e o volume produzido situar-se-ia no Estado em torno dos 47%. 1113
Coleta e Tratamento de Esgotos 1114
Com relação aos sistemas de esgotos sanitários, em termos de coleta, a cobertura 1115
atinge 84% da população urbana do Estado; porém o tratamento dos esgotos só chega 1116
aos 38% da população urbana atendida com coleta de esgotos, mostrando a 1117
necessidade de aumentar essa cobertura, que é essencial para melhorar a qualidade 1118
das águas superficiais do Estado. 1119
Disposição de Resíduos Sólidos 1120
Para este serviço, há análises do Índice de Qualidade de Aterros de Resíduos (IQR) 1121
dos municípios do Estado, conforme dados obtidos do “Inventário Estadual de 1122
Resíduos Sólidos Domiciliares – Relatório 2003” publicado pela CETESB em 2004. O 1123
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
42
relatório em foco destaca a evolução referente à qualidade de resíduos dispostos 1124
adequadamente, que passou de 10,9% em 1997 para 70,9% em 2003. 1125
Metas do Plano Estadual de Recursos Hídricos 2004-2007 1126
As metas deste Plano estão divididas em três níveis: estratégicas, gerais e específicas. 1127
As principais características dessas metas se encontram resumidas a seguir. 1128
Meta Estratégica 1: Criar e manter atualizada uma Base de Dados do Estado de São 1129
Paulo (BDRH-SP) relativa ás características e situação dos recursos hídricos 1130
1. Desenvolver um Sistema de Informações em recursos hídricos 1131
2. Implementar uma sistemática de aquisição de dados básicos 1132
3. Implantar o monitoramento de uso e disponibilidade de recursos hídricos 1133
4. Realizar levantamentos visando o planejamento e conservação de recursos 1134
hídricos e a elaboração de estudos e projetos 1135
Meta Estratégica 2: Gerir efetiva e eficazmente os recursos hídricos superficiais e 1136
subterrâneos de modo a garantir o seu uso doméstico, industrial, comercial, ecológico, 1137
recreacional, na geração de energia, em navegação e na pecuária 1138
1. Implementar o gerenciamento efetivo dos recursos hídricos superficiais e 1139
subterrâneos (inclui outorga, fiscalização, cobrança) 1140
2. Promover a articulação interinstitucional, a participação e a parceria com o setor 1141
privado 1142
3. Acompanhar e desenvolver o Plano através de um conjunto de indicadores 1143
básicos 1144
Meta Estratégica 3: Proteger, Recuperar e Promover a Qualidade dos Recursos 1145
Hídricos com Vistas à Saúde Humana, à Vida Aquática e à Qualidade Ambiental 1146
1. Promover estudos visando o reenquadramento dos corpos d'água em classes 1147
preponderantes de uso 1148
2. Recuperar a qualidade dos recursos hídricos incentivando o tratamento de 1149
esgotos urbanos 1150
3. Implementar ações de proteção e controle de cargas poluidoras difusas, 1151
decorrentes principalmente de resíduos sólidos, insumos agrícolas, extração 1152
mineral e erosão 1153
4. Implementar ações de licenciamento e fiscalização visando assegurar a 1154
qualidade das águas superficiais e subterrâneas 1155
5. Apoiar os municípios no atendimento de problemas cruciais de qualidade da 1156
água para abastecimento, em áreas críticas 1157
Meta Estratégica 4: Contribuir para o Desenvolvimento do Estado e do País, 1158
Assegurando o Uso Múltiplo, Racional e Sustentável dos Recursos Hídricos em 1159
Benefício das Gerações Presentes e Futuras 1160
1. Promover o uso racional dos recursos hídricos 1161
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
43
2. Acompanhar e promover o uso múltiplo e sustentável dos recursos hídricos 1162
3. Estabelecer diretrizes e medidas contra superexplotação e contaminação de 1163
águas subterrâneas 1164
Meta Estratégica 5: Minimizar as Conseqüências de Eventos Hidrológicos Extremos e 1165
Acidentes que indisponibilizem a Água 1166
1. Apoiar as iniciativas de implantação de medidas não estruturais no controle de 1167
inundações 1168
2. Elaborar planos e projetos específicos visando o controle de eventos 1169
hidrológicos extremos 1170
3. Implementar as intervenções estruturais de controle de recursos hídricos 1171
4. Prevenir e administrar as conseqüências de eventos hidrológicos extremos 1172
Meta Estratégica 6: Promover o Desenvolvimento Tecnológico e a Capacitação de 1173
Recursos Humanos, a Comunicação Social e Incentivar a Educação Ambiental em 1174
Recursos Hídricos 1175
1. Promover o desenvolvimento tecnológico e treinar e capacitar o pessoal 1176
envolvido na gestão dos recursos hídricos, em seus diversos segmentos; 1177
2. Promover a comunicação social e a difusão ampla de informações alusivas a 1178
recursos hídricos 1179
3. Promover e incentivar a educação ambiental 1180
4.3. PLANO DIRETOR PARA DISPOSIÇÃO FINAL DOS LODOS E DEMAIS 1181
RESÍDUOS PRODUZIDOS PELOS SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUA 1182
E ESGOTOS DO LITORAL NORTE DO ESTADO DE SÃO PAULO - 1183
ESTUDOS TÉCNICOS E PROJETOS ETEP LTDA - SETEMBRO/2005 1184
O Plano Diretor em pauta teve como objetivo básico equacionar a disposição final de 1185
três tipos de resíduos produzidos nos sistemas de abastecimento de água e nos 1186
sistemas de esgotamento sanitário operados pela SABESP no litoral norte do estado 1187
de São Paulo, a saber: lodos produzidos nas estações de tratamento de água, lodos 1188
produzidos nas estações de tratamento de esgoto e os demais resíduos produzidos 1189
nos sistemas de água e esgoto, oriundos dos tratamentos preliminares das ETA´s e 1190
ETE´s, resíduos peneirados nas estações de pré-condicionamento e coletados nas 1191
estações elevatórias de esgoto. 1192
Esse trabalho abordou inicialmente as intervenções necessárias para a obtenção dos 1193
lodos na fase semi-sólida, onde o teor de matéria seca era da ordem de 20%, forma 1194
esta onde este resíduo passou a ser objeto de análises para a melhor forma de 1195
disposição final. 1196
A quantificação dos lodos a serem produzidos é de decorrência direta de três fatores 1197
básicos: das vazões a serem tratadas, da qualidade das águas brutas a serem tratadas 1198
e dos coagulantes introduzidos. Através de formulação empírica foi possível determinar 1199
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
44
as quantidades de sólidos a serem produzidos para as estimativas e projeções 1200
abordadas neste Plano Diretor. 1201
Quanto às soluções de disposição final, os lodos de ETA´s apresentaram duas 1202
alternativas básicas: encaminhamento a aterro, em solução conjunta ou exclusiva, e 1203
aplicação na construção civil, para a fabricação de produtos cerâmicos ou mesmo 1204
blocos de concreto. 1205
4.5 MAPEAMENTO DE ÁREAS DE RISCO ASSOCIADOS A 1206
ESCORREGAMENTOS E INUNDAÇÕES DO MUNICÍPIO DE ILHABELA 1207
- TERMO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA IG-CEDEC DE 28/04/2006 - 1208
INSTITUTO GEOLÓGICO - OUTUBRO/2006 1209
Este trabalho teve como objetivo apresentar os resultados do mapeamento de risco do 1210
município de Ilhabela/SP. O propósito foi fornecer subsídios à Defesa Civil Estadual 1211
para a identificação e o gerenciamento das situações de risco relacionadas a 1212
escorregamentos e inundações em áreas residenciais do município. Foi adotado uma 1213
abordagem que conjugasse a utilização de imagens de sensoriamento remoto de alta 1214
resolução e critérios simples para a setorização do risco, de forma a permitir um fácil 1215
entendimento por parte dos operadores de Planos Preventivos de Defesa Civil e uma 1216
rápida implementação de ações de prevenção e mitigação em áreas prioritárias. 1217
Os estudos foram realizados em 12 áreas-alvo definidas e indicadas previamente pela 1218
COMDEC de Ilhabela, onde foram identificadas situações de risco, com graus 1219
diferenciados quanto à probabilidade de ocorrência, à tipologia dos processos 1220
geodinâmicos envolvidos, e à severidade dos potenciais eventos, resultando na 1221
delimitação de 27 setores de risco, conforme apresentado na Figura a seguir. 1222
1223
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
45
1224
Figura: Distribuição das áreas de risco em Ilhabela (Fonte: IG, 2006) 1225
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
46
Do total dos setores em risco, 23 setores apresentaram risco a escorregamentos em 1226
encostas e 4 apresentaram risco a inundação/solapamento de margens. Com relação 1227
ao risco a escorregamentos em encostas, 3 setores apresentaram grau de risco baixo, 1228
7 apresentaram grau de risco médio, 10 apresentaram grau de risco alto e 3 grau de 1229
risco muito alto. Quanto ao risco a inundação/solapamento de margens, 2 setores 1230
apresentaram grau de risco alto e 2 setores apresentaram grau de risco muito alto. 1231
Um total de 451 moradias foram identificadas como sujeitas a algum tipo de risco nos 1232
setores mapeados, sendo que 432 moradias foram consideradas em áreas sujeitas a 1233
escorregamentos (40 em grau de risco baixo, 140 em grau de risco médio, 220 em grau 1234
de risco alto e 32 em grau de risco muito alto) e 19 moradias estão em áreas sujeitas a 1235
ocorrência de inundação (13 em grau de risco alto e 6 em grau de risco muito alto). O 1236
número de moradias foi estimado por meio da observação e contagem direta em 1237
imagens de satélite e, em algumas áreas, pela da contagem em campo. 1238
Os resultados do mapeamento mostram que dos 27 setores de risco mapeados, 1239
distribuídos em 12 áreas, 17 setores enquadraram-se nas classes de risco muito alta e 1240
alta, compreendendo 271 moradias em risco frente a processos de: escorregamentos 1241
(presentes em quase todas as áreas mapeadas); queda e rolamento de blocos (com 1242
destaque para as áreas denominadas Cantagalo e Morro dos Mineiros); inundação e 1243
solapamento de margens de córregos (presentes nas áreas denominadas Engenho 1244
Novo/Água Branca, Barra Velha 3 e Barra Velha 4). 1245
4.5. RELATÓRIO DE SITUAÇÃO DAS SOLUÇÕES ALTERNATIVAS DE 1246
ABASTECIMENTO DE ÁGUA DO LITORAL NORTE DO ESTADO DA SÃO 1247
PAULO - COMISSÃO PERMANENTE DE ACOMPANHAMENTO DA 1248
QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO DO LITORAL NORTE - 1249
CP- ÁGUA - 2008 1250
O objetivo principal deste levantamento foi o de conhecer a situação do abastecimento 1251
de água das populações sem acesso á rede pública da SABESP, bem como as 1252
soluções adotadas para o suprimento de água, onde as informações foram coletadas 1253
em campo utilizando-se uma planilha padrão para registro de dados e que, 1254
posteriormente, alimentaram outro sistema de registro informatizado, utilizando-se o 1255
programa EXCEL do sistema Operacional Windows. 1256
Adotou-se o critério de efetuar o levantamento apenas em áreas desprovidas de 1257
sistema de abastecimento operadas pela SABESP, embora se tenha o conhecimento 1258
que muitos imóveis atendidos pela rede pública fazem uso das soluções alternativas de 1259
abastecimento. Foram objeto de cadastramento todas as soluções alternativas de 1260
abastecimento de água que atendem mais de um imóvel, residencial ou comercial. 1261
Verificou-se que o perfil da população atendida por soluções alternativas de 1262
abastecimento de água é diferenciado entre os municípios. Enquanto em 1263
Caraguatatuba, Ilhabela e Ubatuba há uma predominância de população fixa que se 1264
abastece por este tipo de fonte, em São Sebastião a população flutuante se constitui 1265
em uma parcela significativa da população atendida por soluções alternativas. 1266
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
47
Das análises realizadas, verificou-se que a melhor situação é do município de 1267
Caraguatatuba que apesar de ter uma população fixa maior do Litoral Norte, detém a 1268
menor população atendida por soluções alternativas coletivas de abastecimento de 1269
água. A pior situação encontrada é o do município de Ubatuba que detém a maior 1270
população atendida por tais soluções, agravada pelo fato de em sua grande maioria se 1271
constituir em população residente. 1272
Ilhabela e São Sebastião se encontram em uma situação intermediária, porém o 1273
diferencial entre ambas é que enquanto em Ilhabela a população que se abastece de 1274
soluções alternativas é predominantemente a fixa, em São Sebastião é grande o 1275
contingente de população flutuante atendida por este tipo de fonte alternativa. 1276
Verificou-se também que das 406 soluções alternativas de abastecimento de água 1277
utilizadas pelas populações dos municípios de Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião 1278
e Ubatuba, apenas 27 (6,7%) são dotadas de sistema de cloração como forma de 1279
tratamento e, destes, 13 (3,2%) são dotados de processo de filtração. De acordo com o 1280
levantamento efetuado, verificou-se que das 406 soluções alternativas 287 (70,7%) a 1281
rede de distribuição é constituída por mangueiras flexíveis, tubulação mais sujeita a 1282
avarias, e por conseqüência, vazamentos permitindo assim a entrada de contaminação 1283
externa. Esta situação aponta para uma risco à Saúde Pública, visto que o consumo de 1284
água de qualidade duvidosa ou inadequada implica na possibilidade de transmissão do 1285
diversas doenças denominadas de veiculação hídrica, tais como: gastroenterites, 1286
hepatites dos tipos A e E, febre tifóide, criptosporidiose, amebíase, giardíase, entre 1287
outros. 1288
Assim, o levantamento conclui que é necessário definir uma estratégia inter-1289
institucional para estudar soluções para estes tipos de abastecimento de água, pois a 1290
situação do abastecimento de água às populações fixa e flutuante do Litoral Norte do 1291
Estado de São Paulo é preocupante, considerando o grande número de pessoas que 1292
não tem acesso à rede pública de abastecimento de água pela SABESP. 1293
4.6. PLANO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS DO LITORAL NORTE - UGRHI 03 - 1294
2009 - COMITÊ DE BACIAS HIDROGRÁFICAS DO LITORAL NORTE - 1295
DEZEMBRO/2009 1296
Este relatório compreende a Revisão do Plano de Bacia da UGRHI 03 2008/2011, 1297
definida de acordo com a Lei Estadual de Recursos Hídricos no7663/91 e suas 1298
regulamentações ou, mais especificamente, pela Lei no 9.034/94, de 27/12/1994, que 1299
dispôs sobre o Plano Estadual de Recursos Hídricos para o biênio 1994/95. 1300
O Plano constitui-se em um dos mais importantes instrumentos de gestão e 1301
gerenciamento dos recursos hídricos e é uma exigência da Política Estadual de 1302
Recursos Hídricos, que deve ser cumprida por todos os Comitês de Bacia Hidrográfica 1303
do Estado de São Paulo, pois é nele que são organizados os elementos técnicos de 1304
interesse e estabelecidos objetivos, diretrizes, critérios e intervenções necessárias para 1305
o gerenciamento dos recursos hídricos, ordenados na lógica de programas, metas e 1306
ações para execução em curto, médio e longo prazos. 1307
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
48
Diagnóstico Geral da UGRHI 03 1308
Na questão da qualidade das águas (particularmente as superficiais), a UGRHI 03 1309
apresenta de forma geral bons índices de qualidade, mas alguns pontos monitorados 1310
na Bacia recebem influência muito forte de populações que residem a montante, tal 1311
como é o caso da Bacia do rio Barra do Saí, classificada como ruim no ano de 2007. 1312
Mas, também, na região mais populosa da UGRHI, ou seja, na Sub-Bacia do rio 1313
Juqueriquerê, constata-se qualidade ruim em 2007 no índice de proteção da vida 1314
aquática, considerando-se o monitoramento efetuado pela CETESB. 1315
Esse problema está associado diretamente às porções de lançamento direto do esgoto 1316
sem o devido tratamento prévio. Analisando-se os municípios da UGRHI como um 1317
todo, constata-se que o índice de coleta da carga poluidora de origem doméstica é 1318
baixo, dos quatro municípios, três coletam em média 30% da carga poluidora, mas 1319
todos tratam 100% dos volumes coletados. 1320
Quanto ao lixo doméstico, constatou-se situações relativamente boas, considerando-se 1321
o indicador IQR, que mostra condições de tratamento dos resíduos sólidos domiciliares, 1322
monitorado pela CETESB, pois a grande maioria dos municípios apresentou condições 1323
adequadas no ano de 2007. Apenas o município de Ubatuba possui condição 1324
inadequada. 1325
Em relação ao quadro geral do balanço de ofertas e demandas de recursos hídricos, a 1326
UGRHI possui 24 sub-bacias utilizando menos de 25% da oferta hídrica, 5 sub-bacias 1327
utilizando menos de 37,5% e mais ou igual a 25% da oferta hídrica, 1 sub-bacia 1328
utilizando mais ou igual a 37,5% e menos que 50% da oferta hídrica e 4 sub-bacias em 1329
situação crítica, utilizando mais de 50% da oferta hídrica. 1330
A UGRHI possui rede de monitoramento de qualidade e quantidade dos recursos 1331
hídricos e acompanhamento sistemático pelos órgãos competentes; sendo que, no 1332
âmbito do Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos, ações no 1333
sentido de adensamento dessa malha de monitoramento. 1334
Qualidade das Águas Superficiais 1335
As fontes de poluição das águas superficiais possuem origens diversas estando, 1336
principalmente, associadas ao tipo de uso e ocupação do solo e relacionadas a cargas 1337
pontuais de origem doméstica e cargas difusas de origem urbana. O uso predominante 1338
do solo na UGRHI 03 é urbano. Apresenta o maior índice de vegetação natural do 1339
Estado, que corresponde a 8,1% de sua área total, onde são encontrados 1340
remanescentes contínuos da Mata Atlântica, abriga dezessete áreas protegidas, 1341
divididas em cinco Unidades de Conservação Integral, quatro Unidades de Uso 1342
Sustentável e oito áreas especialmente protegidas. 1343
O deflúvio superficial urbano transporta os poluentes que se depositam na superfície do 1344
solo, que são carreados pelas águas das chuvas para os cursos d´água superficiais, 1345
estando o seu potencial de contaminação associado à ausência de coleta de esgotos 1346
ou à deficiência de limpeza pública. Por sua vez, o deflúvio superficial agrícola está 1347
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
49
condicionado às práticas agrícolas utilizadas e à época do ano que se realizam as 1348
atividades de cada safra (preparação para o plantio, aplicação de fertilizantes e 1349
defensivos agrícolas e a colheita). Na época de chuvas, é grande a contribuição de 1350
sedimentos proveniente dos processos erosivos. 1351
As fontes de poluição de origem urbana ou doméstica estão diretamente relacionadas 1352
com a estrutura do saneamento ambiental no município. Para abranger os diferentes 1353
poluentes presentes nos cursos d’água, a Cetesb seleciona indicadores ambientais de 1354
qualidade da água, sendo consideradas 50 variáveis mais representativas, compara e 1355
faz a análise destes para manter a qualidade necessária e fomentar a melhoria desta. 1356
Cargas Poluidoras de Origem Doméstica 1357
As cargas poluidoras de origem doméstica referem-se aos pontos de lançamento de 1358
esgotos, coletados em áreas urbanas pela Sabesp. 1359
No município de Ilhabela o tratamento de esgoto é de 100%, dos 4% coletado. Estima-1360
se que a carga orgânica lançada diariamente é da ordem de 1.442 Kg de DBO5,20
, em 1361
diversos córregos que vão para o mar. 1362
No município de São Sebastião são lançados diariamente 3.399 Kg de DBO5,20
. O 1363
tratamento é de 100% dos 30% da carga orgânica poluidora coletada. 1364
Em Ubatuba são coletados 28% dos esgotos e 100% tratados. É lançada diariamente 1365
nos rios e seus tributários uma carga poluidora de 3.218 Kg de DBO5,20
. 1366
Em Caraguatatuba apenas 35% de seu esgoto é coletado e 100% desse esgoto é 1367
tratado. Assim é lançada diariamente nos rios e seus tributários uma carga de 3.429 kg 1368
de DBO5, 20. 1369
Resíduos Sólidos Domésticos 1370
As informações acerca da geração de resíduos domésticos foram obtidas no Inventário 1371
Estadual de Resíduos Domiciliares, elaborado pela CETESB com dados de 1997 a 1372
2007. 1373
A quantidade de resíduos sólidos domésticos gerados por município é calculada 1374
aplicando-se o índice de produção per capita obtido pela CETESB em pesagens 1375
periódicas. Esse tipo de estimativa consiste em método prático, mas podem ocorrer 1376
desvios em relação ao que ocorre na realidade, em decorrência de vários fatores, tais 1377
como: tipo de atividade produtiva predominante, nível sócio econômico, sazonalidade 1378
de ocupação, nível de interesse e participação da população em programas de coleta 1379
seletiva e de ações governamentais que objetivem a conscientização da população 1380
quanto à redução da geração de resíduos. 1381
Os índices utilizados consideram apenas os resíduos de origem domiciliar, ou seja, 1382
aqueles gerados nas residências e no pequeno comércio, não sendo computados os 1383
resíduos gerados em indústrias, na limpeza de vias públicas, podas, limpezas de 1384
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
50
córregos e outros que freqüentemente são enviados para os aterros sob uma 1385
classificação única de resíduos sólidos urbanos. 1386
Os 4 municípios que possuem sede na Bacia do Litoral Norte, geram 131,9 toneladas 1387
diárias de resíduos sólidos de origem doméstica. O município de Caraguatatuba gera 1388
39,04% de todo os resíduos sólidos domésticos na Bacia. 1389
Comparando as condições dos municípios no período de 1997 a 2007, nota-se que o 1390
município de Ubatuba até 2006 destinava seus resíduos sólidos domiciliares em 1391
condições inadequadas. 1392
O município de Ilhabela em 1997 tinha condição controlada, a partir de 2000 até 2003 1393
estava em condição inadequada e, de 2004 a 2007, estava no enquadramento 1394
adequado com valor de IQR igual a 10. 1395
Já no município de São Sebastião houve uma melhora do IQR no ano de 2005, que 1396
passou a ter condição adequada até 2007. 1397
Em Caraguatatuba o IQR passou a ter condição adequada somente no ano de 2007. 1398
Segundo a CETESB, em 2008 os municípios não possuíam o TAC (Termo de 1399
Compromisso de Ajustamento de Conduta). Ressalta-se que apenas o município de 1400
Ubatuba não tinha Licença de Instalação e de Operação. 1401
Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde 1402
A Lei N° 12.300/2006, que instituiu a Política Estadual de Resíduos Sólidos do Estado 1403
de São Paulo, define Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) como os provenientes de 1404
qualquer unidade que execute atividades de natureza médico-assistencial humana ou 1405
animal; provenientes de centros de pesquisa, desenvolvimento ou experimentação na 1406
área de farmacologia e saúde; medicamentos e imunoterápicos vencidos ou 1407
deteriorados; provenientes de necrotérios, funerárias e serviços de medicina legal; e os 1408
provenientes de barreiras sanitárias. Esse tipo de resíduo merece atenção especial 1409
desde sua geração até o da destinação final, por trazer risco tanto à saúde pública 1410
como ao meio ambiente. 1411
Neste Plano de Bacias encontram-se informações do ano de 2007 sobre os Resíduos 1412
Sólidos de Serviços de Saúde, originárias das empresas responsáveis pela coleta, 1413
tratamento e disposição final, descritas na tabela abaixo. Sabe-se que o grupo A 1414
abrange os resíduos que apresentam riscos à saúde pública e ao meio ambiente 1415
devido à presença de agentes biológicos (resíduos hospitalares) e o grupo B abrange 1416
drogas quimioterápicas, resíduos farmacêuticos e demais produtos considerados 1417
perigosos. 1418
1419
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
51
1420 Tabela: Síntese das informações sobre a coleta, tratamento e destinação dos resíduos de 1421 serviços de saúde. 1422
5 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA 1423
5.1 SISTEMA PRINCIPAL 1424
5.1.1 Produção 1425
O abastecimento de água do Município de Ilhabela atualmente atendido pela SABESP 1426
limita-se à porção oeste da ilha e é realizado por três sistemas produtores, a saber: 1427
- Pombo (ao sul), 1428
- Água Branca (região central) e 1429
- Armação (ao norte). 1430
O distrito de Paranabi situa-se na costa leste da ilha, junto à Baia dos Castelhanos e 1431
não é abastecido. 1432
Os sistemas Água Branca e Armação operam em conjunto no mesmo sistema 1433
distribuidor. 1434
5.1.1.1 Sistema Produtor Pombo 1435
O Sistema Produtor Pombo, fica situado mais ao sul da área urbanizada da Ilha. 1436
A captação de água é realizada no córrego do Pombo, por meio de uma pequena 1437
barragem de nível, com bacia hidrográfica com área da ordem de 8,31 km², que produz 1438
uma vazão mínima de permanência de aproximadamente 74 l/s. Da barragem a água é 1439
aduzida por uma tubulação de ferro fundido (Ø 200 mm) por gravidade com extensão 1440
aproximada de 80 m até uma caixa de areia, onde são feitas também as aplicações do 1441
cloro (Hipoclorito de Sódio), soda e flúor seguindo para uma ETA 1442
A ETA é uma estação compacta, do tipo filtração direta pressurizada, composto por 1443
unidades pré-fabricadas de filtros verticais e uma estação elevatória a montante dos 1444
filtros; tem uma produção de água tratada em média 40 l/s (144 m3/h), com capacidade 1445
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
52
nominal de 50l/s. Essa operação é toda automatizada, 24 h/dia. e não há equipamento 1446
para medição da vazão de saída na ETA. 1447
Além das unidades descritas, a ETA também conta com um conjunto de bombas para 1448
lavagem de filtros, sala de comando dos filtros, casa de química e depósitos de 1449
materiais. A estação conta também com equipamento básico para análises de 1450
parâmetros químicos e toda a área que compreende a ETA está cercada. 1451
Saindo da ETA a água tratada é conduzida para um reservatório de 100m3, instalado 1452
na mesma área da estação; para posterior distribuição. 1453
A distribuição a partir deste ponto é feita por gravidade atendendo os bairros Feiticeira, 1454
Curral e Praia Grande e parcialmente bairros vizinhos aos citados. 1455
1456 ETA Pombo - filtros pressurizados horizontais (fonte: ETEP/2005) 1457
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
53
1458 ETA Pombo - caixas de areia e tubulação de recalque para filtros (fonte: ETEP/2005). 1459
1460 ETA Pombo - reservatório em 1º plano e filtros ao fundo (fonte: ETEP/2005). 1461
5.1.1.2 Sistema Produtor Água Branca 1462
O Sistema Produtor Água Branca, situado na parte mais central da Ilha; é o maior 1463
sistema em operação e o único dotado de um tratamento completo. 1464
A captação é realizada no córrego Água Branca, na parte central do lado oeste da Ilha, 1465
na bacia do córrego Perequê, através de uma barragem de nível, com uma bacia de 1466
contribuição de 8.24 km² e contando com uma vazão explorável da ordem de 74 l/s. 1467
Da barragem a água é aduzida por uma tubulação de ferro fundido até uma caixa de 1468
areia, onde ocorre o reforço proveniente do sistema Armação (Ø 250 mm), localizada a 1469
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
54
aproximadamente 100 m de distancia da caixa de area, de onde a água é conduzida 1470
para uma caixa de quebra-pressão com “by-pass”, utilizada para prover uma maior 1471
capacidade ao sistema. Deste ponto a água segue por gravidade, com diâmetro de 300 1472
mm, para alimentação da ETA. 1473
A ETA opera toda por gravidade, composta por 2 conjuntos de floculadores, 1474
decantadores e filtros (4 unidades), cada um com capacidade de 25 l/s, operando 24 1475
h/dia com operador porque não é automatizada. 1476
1477 ETA Água Branca - vista geral das instalações (fonte: ETEP/2005). 1478
Após o tratamento a água segue para um reservatório, o maior em operação no 1479
município, com capacidade de 2000 m3. 1480
1481
ETA Água Branca, a direita reservatório de 2.000, a direita reservatório de 2.000m³ 1482 - Vista Geral (fonte: PlanSan). 1483
O rede de distribuição de água tratada atende os bairros Perequê, Morro dos Mineiros, 1484
Saco da Capela, Centro, Morro do Castelo, e parcialmente os bairros adjacentes aos 1485
citados. 1486
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
55
No período de alta temporada, parte da área atendida por este sistema passa a receber 1487
água do Sistema Armação. 1488
5.1.1.3 Sistema Produtor Armação 1489
O Sistema Produtor Armação, situado mais ao norte de Ilhabela, é o menor sistema 1490
existente. 1491
A captação é realizada no córrego Armação, através de uma barragem de nível na cota 1492
50 m aproximadamente. Com uma bacia hidrográfica de contribuição em torno de 1 1493
km², a vazão mínima é da ordem de 8 l/s. A partir da barragem a água é aduzida por 1494
uma tubulação recebendo a desinfeção por cloro (“pinga pinga”) no seu curso, até a 1495
estação de tratamento de água. 1496
A ETA opera 24 h/dia, por gravidade, composta apenas por um conjunto de dois filtros 1497
do tipo fluxo ascendente, com capacidade nominal de 10 l/s, operação manual porque 1498
não é automatizada.e qualidade insatisfatória do manancial. 1499
O Sistema não possui reservação e após o tratamento segue diretamente para 1500
distribuição, atendendo aos bairros ao norte da ilha, ou seja Viana, Siriuba, Ponta 1501
Azeda, Armação e Ponta das Canas. 1502
1503 ETA Armação - vista geral (fonte: ETEP/2005). 1504
5.1.2 Caracterização do Sistema de Reservação 1505
O sistema de reservação de água tratada da Ilhabela, concentra-se no Sistema Água 1506
Branca. 1507
A capacidade total de reservação do sistema Água Branca é mostrada a seguir no 1508
quadro 5.1.2. 1509
1510
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
56
QUADRO 5.1.2 1511
RESERVAÇÃO - SISTEMA ÁGUA BRANCA 1512
Reservatório Tipo Volume (m³)
Engenho D´água 1 - Baixo Semi-enterrado 40
Engenho D´água 1 - Alto Semi-enterrado 14
Morro dos Mineiros Semi-enterrado 35
Tesouro da Colina Apoiado 50
Água Branca Semi-enterrado 2.000
Cantagalo Apoiado 50
Morro da Cruz 1 Apoiado 50
Morro da Cruz 2 Apoiado 50
Total - 2.289
Fonte: Relatório Informações Gerenciais - I da SABESP-RN, novembro de 2003 1513
5.1.3 Caracterização da distribuição por Sistema Produtor 1514
5.1.3.1 Rede de distribuição do Sistema Distribuidor Pombo 1515
O sistema distribuidor atendido pelo sistema Pombo contava em novembro de 2003 1516
com 16.688 metros de rede distribuidora, incluindo 703 metros de adutoras. 1517
Em relação ao número de ligações de água, o quadro abaixo apresenta o total 1518
existente no sistema distribuidor Pombo. Todas as ligações ativas de água são 1519
hidrometradas. 1520
QUADRO 5.1.3.1 1521
LIGAÇÕES - SISTEMA POMBO 1522
Item
Categoria
Residencial Comercial Industrial Pública Mista Total
Total de ligações 739 47 2 6 5 799
Total de economias 823 47 2 6 13 891
Fonte: Relatório Informações Gerenciais I – SABESP RN, novembro de 2003 1523
5.1.3.2 Rede de Distribuição do Sistema Distribuidor Água Branca 1524
A rede de distribuição possui uma extensão de 73.169 m, incluindo 933 metros de 1525
adutoras. 1526
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
57
Em relação ao número de ligações de água, o quadro abaixo apresenta o total 1527
existente no sistema distribuidor Água Branca. Todas as ligações ativas de água são 1528
hidrometradas. 1529
QUADRO 5.1.3.2 1530
LIGAÇÕES - SISTEMA ÁGUA BRANCA 1531
Item
Categoria
Residencial Comercial Industrial Pública Mista Total
Total de ligações 5.287 618 27 72 46 6.050
Total de economias 5.569 618 27 72 101 6.387
Fonte: Relatório Informações Gerenciais I – SABESP RN, novembro de 2003 1532
Na área de influência do Sistema Distribuidor Água Branca estão implantados sete 1533
“boosters” e uma estação elevatória de água (EEA) da rede de distribuição, abaixo 1534
descritos: 1535
1. “Booster” Sergipe (fora de operação); 1536
2. “Booster” Santa Catarina (fora de operação); 1537
3. “Booster” para o bairro de Barra Velha Alta, com um reservatório de sobras de 50 1538
m³, dotado de um sistema de liga-desliga automatizado via cabo telefônico; 1539
4. “Booster” para o bairro de Reino, junto ao próprio sistema Água Branca, que opera 1540
24 horas/dia; 1541
5. “Booster” para o bairro do Morro da Cruz, ou Itaguassu, queopera 24 horas/dia; 1542
6. “Booster” para o bairro de Itaquanduba ou Morro dos Mineiros, com um reservatório 1543
de sobras de 40 m³, dotado de um sistema de liga-desliga automatizado via cabo 1544
telefônico; 1545
7. “Booster” para a Praia da Pedra do Sino, que permanece ligado quando o sistema 1546
Armação está fora de operação; 1547
8. EEA para o bairro do Engenho d’Água, com um reservatório de sobra de 14 m³, 1548
dotado de um sistema de liga-desliga automatizado via cabo telefônico. 1549
5.1.3.3 Rede de Distribuição do Sistema Distribuidor Armação 1550
O sistema distribuidor Armação contava em novembro de 2003 com 4.303 metros de 1551
rede distribuidora, incluindo 300 metros de adutoras. 1552
Em relação ao número de ligações de água, o quadro abaixo apresenta o total 1553
existente no sistema distribuidor Armação. Todas as ligações ativas de água são 1554
hidrometradas. 1555
1556
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
58
QUADRO 5.1.3.3 1557
LIGAÇÕES E ECONOMIAS - SISTEMA ARMAÇÃO 1558
Item
Categoria
Residencial Comercial Industrial Pública Mista Total
Total de ligações 261 13 3 2 1 280
Total de economias 273 13 3 2 3 294
Fonte: Relatório Informações Gerenciais I – SABESP RN, novembro de 2003 1559
5.2 SISTEMAS ISOLADOS 1560
Atualmente os bairros Santa Cruz, Barreiro, Lajeado, Machadinho, Sertãozinho, Santo 1561
Antônio não são abastecidos pela Sabesp e contam com sistema próprio de 1562
abastecimento. Os bairros distantes da sede como Pico Agudo, Rio Preto de Baixo, Rio 1563
Preto de Cima, Cassununga e Fazenda Velha também não são atendidos pela Sabesp. 1564
O abastecimento destas localidades não está previsto no Plano de Ampliação da 1565
SABESP. 1566
A caracterização dos sistemas isolados não foi disponibilizada pelo município.1567
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
59
1568
1569
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
60
5.3 AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS 1570
A Sabesp atua no município de Ilhabela desde 1975, quando o decreto 6.892 de 16 de 1571
outubro de 1975 autorizou a Sabesp a incorporar a Companhia de Saneamento da 1572
Baixada Santista – SBS e administrada pela Unidade de Negócio Litoral Norte desde 1573
1996, quando foi criada. A concessão dos serviços do sistema de abastecimento de 1574
água esta em processo de renovação com a Prefeitura de Ilhabela. 1575
Em 2009, a Sabesp implantou duas adutoras de 900 e 2.950 metros, respcetivamente, 1576
com o objetivo de melhorar a distribuição e produção de água para o abastecimento da 1577
região central de Ilhabela. 1578
Demandas de obras do município: 1579
- Sistema de Abastecimento de Água Pombo – Melhoria e ampliação; 1580
- Sistema de Abastecimento de Água - Água Branca – Melhoria e ampliação; 1581
A estação não possui caixa de chegada, impossibilitando a regularização da 1582
vazão de entrada de água bruta no local pelo operador da ETA e, 1583
consequentemente, limitando a operação da mesma. O sistema não tem 1584
medidor de vazão (tanto na entrada quanto na saída) na estação. 1585
- Sistema de Abastecimento de Água - Armação – Melhoria e ampliação. 1586
O sistema armação em épocas de muita chuva costuma apresentar problemas 1587
de cor e turbidez. 1588
Ver desenho nº 0872-DS-13-S-3901/00 1589
6 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO 1590
6.1 SISTEMA DE ESGOTOS SANITÁRIOS 1591
Ilhabela dispõe de sistema de esgotos sanitários somente na região central da cidade, 1592
incluindo os Bairros Saco da Capela e Santa Tereza. 1593
Este sistema é formado por redes coletoras, elevatórias de esgotos, Estação de Pré-1594
Condicionamento (EPC) e disposição final por emissário submarino no Canal de São 1595
Sebastião. 1596
A área do sistema é esgotada por duas bacias (bacia 4 - Saco da Capela e bacia 5 - 1597
Santa Tereza) que, juntas, totalizam cerca de 13.265 metros de rede coletora e 624 1598
ligações domiciliares. 1599
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
61
Os esgotos coletados nessas bacias são bombeados por duas elevatórias (bacia 4, 1600
localizada a cerca de 950 metros ao sul da EPC e bacia 5 a cerca de 450 metros ao 1601
norte da EPC), para o poço de sucção da elevatória da EPC. 1602
O sistema de disposição final compreende uma estação de pré-condicionamento (EPC) 1603
e um emissário submarino com 260 metros de extensão e 250 mm de diâmetro em 1604
PEAD, que lança os esgotos a 24 metros de profundidade no canal de São Sebastião. 1605
A EPC, construída em 1997, está localizada na margem esquerda do rio Nossa 1606
Senhora da Ajuda, no final da rua Dr. Carvalho e é composta das seguintes unidades: 1607
estação elevatória final, peneira estática para remoção de sólidos grosseiros e tanque 1608
de contato para a ação do hipoclorito de sódio na desinfecção dos efluentes. 1609
Para controle dos odores gerados pelos gases da EPC, objeto de queixas da 1610
comunidade de Ilhabela, foi executado em 2001 um projeto de sistema de controle de 1611
odores. 1612
O quadro a seguir mostra uma visão geral do sistema de esgotamento sanitário do 1613
município de Ilhabela. 1614
QUADRO 6.1 1615
Descrição 1997 2009
Ligações (un) 90 624
Redes (m) 1.307 13.265
Emissários / Interceptores (m) 74 260
Estações elevatórias (un) 0 5
Estações de tratamento de Esgotos 0 1
Capacidade de tratamento (l/s) 0 30
Índice de coleta 1% 4%
Índice de tratamento 100% 100%
População atendida por coleta e tratamento de esgoto 172 1.304
Fonte: Sabesp
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
62
1616 EPC Saco da Capela – Edificação (fonte: ETEP/2005).
EPC Saco da Capela - tanque de contato (fonte: ETEP/2005).
6.2 SISTEMAS ISOLADOS 1617
Atualmente os bairros Santa Cruz, Barreiro, Lajeado, Machadinho, Sertãozinho, Santo 1618
Antônio não são atendidos pela Sabesp e contam com sistema de fossa septica. Os 1619
bairros distantes da sede como Pico Agudo, Rio Preto de Baixo, Rio Preto de Cima, 1620
Cassununga e Fazenda Velha também não são atendidos pela Sabesp. 1621
O atendimento destas localidades não está previsto no Plano de Ampliação da 1622
SABESP. 1623
1624
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
63
1625
1626
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
64
6.3 AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS 1627
Em relação ao sistema de esgotos sanitários, o município de Ilhabela possui 1628
atualmente 624 ligações , cuja coleta é feita através de 13.265 m de rede coletora e 1629
260 m de emissário submarino. Atualmente, 4% da população urbana do município têm 1630
seu esgoto coletado, sendo que 100% dos esgotos coletados são encaminhados à 1631
Estação de Pré-Condicionamento. 1632
Obras de Ampliação do Sistema de Esgotamentos Sanitarios em andamento: 1633
a. Sistema de Esgotamento Sanitários ITAQUANDUBA – ETAPA 2 FASE 2 1634
Obras Quant. Valor (R$)
Rede Coletora 1.008 m 731.138,74
Estação Elevatória de Esgotos (EEE 1.1-1, 1.1-2, 1.2, 1.3-1, 1.3-2, 2.1, 2.2 e 3.1)
8 unid 2.530.256,36
Linha de recalque 3.192,93 m 1.698.006,34
Estação de Pré-condicionamento 154 l/s 2.281.257,58
Emissário terrestre 190 m 165.440,07
Emissário submarino 941 m 5.059.898,97
Fonte: Sabesp
- Início: 07/08/2008 1635
- Término: 31/01/2010 (aditivo: 29/05/2010) 1636
- População beneficiada: 30.536 habitantes 1637
- Bairros Beneficiados: Barra Velha (operacionalização das redes implantadas), 1638
Itaquanduba, Itaguassu e Perequê. 1639
- Investimento Total: R$ 12.465.998,06 1640
b. Sistema de Esgotamento Sanitários PRAIA DO PINTO E PONTA AZEDA 1641
Obras Quant.
Rede coletora 1.388 m
Ligações 176 unid.
Estação Elevatória de Esgotos (EEE 1, 2, 3 e 4) 4 unid.
Linha recalque 746 m
Fonte: Sabesp
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
65
- Término: 31/01/2010 (aditivo: 29/05/2010) 1642
- População beneficiada: 1.650 habitantes que abrangem as áreas das. 1643
- Bairros Beneficiados: Praias do Pinto e Ponta Azeda 1644
- Investimento Total: R$ 1.155.501,93 1645
c. Sistema de Esgotamento Sanitários ITAQUANDUBA – ETAPA 3 – Reversão 1646
dos esgotos do Saco da Capela 1647
Obras Quant.
Rede coletora 14.321,30 m
Ligações 1.046 un
Estação Elevatória de Esgotos 3.2 1 un
Adequação da Estação Elevatória de Esgotos Saco da Capela 1 m
Linha recalque 2.010 m
Fonte: Sabesp
- Início: jun/2010 1648
- Término: 3Mai/2012 1649
- População beneficiada: 15 mil habitantes que abrangem as áreas das. 1650
- Bairros Beneficiados: Pitaquanduba, itaguaçu, Perequê e Saco da Capela 1651
- Investimento Total: R$ 8.452.888,62 1652
Demandas de obras do município: 1653
Ampliação dos serviços de coleta e tratamento para os sistemas isolados da 1654
Ilhabela por parte da Sabesp. 1655
Registro de ocorrências em sistema isolados de esgoto, mantidos pela Prefeitura: 1656
A fossa coletiva foi construída pela prefeitura 1657
no bairro Barra Velha. O sistema não comporta 1658
mais a quantidade de esgoto que recebe. Os 1659
dejetos escorrem pelas paredes de concreto e 1660
pelas bordas e caem em um riacho, que está 1661
em uma área que deveria ser preservada. Além 1662
do mal cheiro, o vazamento de esgoto traz 1663
outros incômodos como ratos, aranhas e 1664
baratas. A prefeitura espera resolver o 1665
problema quando a Sabesp concluir a rede 1666
coletora, em 2011. 1667
Ver desenho nº 0872-DS-13-S-3902/00 1668
1669
Publicado no SOS Rios do Brasil Referencia 22/04/2009
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
66
7 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS DE LIMPEZA URBANA E MANEJO DE 1670
RESÍDUOS SOLIDOS 1671
7.1 VISÃO GERAL DOS SERVIÇOS DE LIMPEZA URBANA E MANEJO DE 1672
RESÍDUOS SÓLIDOS – SISTEMA PRINCIPAL, SISTEMAS ISOLADOS E 1673
DOMICÍLIOS DISPERSOS 1674
7.1.1 Divisão de Atribuições 1675
No município de Ilhabela, a divisão dos serviços de limpeza urbana e manejo de 1676
resíduos sólidos apresenta atualmente a seguinte configuração: 1677
Grupo Atividade Executor
Limpeza pública Varrição de passeios, vias e praias Prefeitura Municipal
Manutenção de passeios e vias Prefeitura Municipal
Manutenção de áreas verdes Prefeitura Municipal
Limpeza pós feiras livres Prefeitura Municipal
Manutenção de bocas de lobo Prefeitura Municipal
Resíduos sólidos domiciliares Coleta e translado Prefeitura Municipal
Transbordo e transporte Sem informações
Reaproveitamento e/ou tratamento Prefeitura Municipal
Destinação final Prefeitura Municipal
Resíduos sólidos inertes Coleta e translado Sem informações
Reaproveitamento e/ou tratamento Sem informações
Destinação final Sem informações
Resíduos de serviços de saúde Coleta e transporte Sem informações
Tratamento Sem informações
Destinação final Sem informações
Observando-se o quadro, nota-se que a própria Prefeitura Municipal, através de sua 1678
Secretaria de Meio Ambiente, assume a execução de diversos serviços, como limpeza 1679
pública e coleta e triagem de resíduos sólido domiciliares. Quanto aos resíduos inertes 1680
e de serviços de saúde, ainda não forneceu informações. 1681
7.1.2 Limpeza Pública 1682
Os principais serviços de limpeza pública realizados no município são os seguintes: 1683
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
67
- varrição de passeios, vias e praias; 1684
- manutenção de passeios e vias; 1685
- manutenção de áreas verdes; 1686
- limpeza pós feiras livres; e 1687
- manutenção de bocas de lobo. 1688
Varrição de Passeios, Vias e Praias 1689
A varrição de passeios e vias é realizada manualmente, com periodicidades variáveis 1690
em função das características dos locais atendidos. A limpeza é executada por equipes 1691
padrão compostas por duplas de varredores, que se alternam nas funções de varrer e 1692
juntar os detritos e de recolhê-los no lutocar e trocar os sacos plásticos depois de 1693
cheios. 1694
A coleta dos sacos com os detritos resultantes da varrição manual é realizada pela 1695
própria equipe da coleta domiciliar convencional, que os conduz até a destinação final. 1696
A limpeza das praias é realizada manualmente por equipes padrão e os detritos 1697
resultantes são recolhidos por uma frota de 4 caminhões, que também atende à 1698
manutenção de áreas verdes. 1699
Manutenção de Passeios e Vias 1700
A manutenção dos passeios e vias se processa através dos serviços de capina das 1701
ervas daninhas surgentes nos pisos, de roçada dos matos e de raspagem das poeiras 1702
e areias acumuladas pelas águas de chuva nas sarjetas. 1703
Estes serviços são executados por equipes padrão, com periodicidades variáveis em 1704
função das características dos locais atendidos e da intensidade das chuvas que 1705
interferem na proliferação das ervas daninhas e matos. 1706
Também os detritos e restos vegetais resultantes destes serviços são recolhidos pela 1707
mesma frota que atende à limpeza de praias e à manutenção de áreas verdes. 1708
Manutenção de Áreas Verdes 1709
Por áreas verdes, entendem-se todos os espaços públicos recobertos por vegetação 1710
rasteira ou de maior porte, como praças, canteiros centrais e outros. 1711
A manutenção das áreas verdes, realizada através dos serviços de corte de gramíneas 1712
e de poda de árvores, se restringe apenas ao perímetro urbano. 1713
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
68
Estes serviços são executados por equipes padrão, com periodicidades variáveis em 1714
função da intensidade das chuvas que interferem no crescimento da vegetação e da 1715
época adequada para cada espécie e os restos vegetais resultantes destes serviços 1716
são recolhidos pela mesma frota que atende à limpeza de praias e à manutenção de 1717
passeios e vias. 1718
No momento, a área até então usada para sua disposição já se encontra saturada e a 1719
municipalidade está em busca de outro local. 1720
Limpeza de Feiras Livres 1721
A limpeza dos locais após a realização de feiras livres é realizada através da varrição e 1722
recolhimento dos resíduos sólidos. 1723
A coleta dos sacos com os detritos resultantes deste serviço de limpeza é realizada 1724
pela própria equipe da coleta domiciliar convencional, que os conduz até a destinação 1725
final. 1726
Manutenção de bocas de lobo 1727
A manutenção das bocas de lobo distribuídas pelas vias públicas inseridas no 1728
perímetro urbano é realizada através da limpeza, desobstrução e recolhimento dos 1729
detritos formados, quase sempre, de poeiras, terra e principalmente areias trazidas 1730
pelas águas das chuvas e pelos ventos. 1731
Os detritos resultantes deste serviço são recolhidos pela mesma frota que atende à 1732
limpeza de praias e à manutenção de passeios e vias e de áreas verdes. 1733
7.1.3 Resíduos Sólidos Domiciliares 1734
Dada a importância deste segmento dentro do gerenciamento municipal, a 1735
caracterização dos serviços relativos aos resíduos sólidos domiciliares foi subdividida 1736
de acordo com os seguintes temas: 1737
- coleta e translado dos resíduos; 1738
- transbordo e transporte dos resíduos; 1739
- reaproveitamento e/ou tratamento dos resíduos; e 1740
- destinação final dos resíduos. 1741
Coleta e translado dos resíduos 1742
De acordo com o Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares da CETESB, a 1743
geração em função da população residente se aproxima de 10,3 t/dia. Porém, como 1744
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
69
ocorre com os demais municípios sujeitos ao acréscimo da população flutuante 1745
decorrente da sazonalidade provocada pelos turistas com moradia e os de passagem, 1746
imagina-se que a geração média deva ser substancialmente superior, atingindo cerca 1747
de 20 a 30 t/dia. 1748
No município, para a coleta de lixo que atinge 98% das residências domicílios, 1749
incluindo as Comunidades Tradicionais, são praticadas duas modalidades: 1750
- coleta regular porta a porta dos resíduos sólidos do tipo “úmido”, que englobam 1751
principalmente a parcela orgânica presente no lixo; e 1752
- coleta seletiva porta a porta dos resíduos sólidos do tipo “seco”, representados 1753
pelos materiais recicláveis. 1754
BAIRROS RESÍDUOS
ORGÂNICOS MATERIAIS
RECICLÁVEIS
Bexiga: Osmundo, Escola Anna Leite, R. Benedito José Lourenço (parte de baixo), R. da Caixa D’Água, Pousada Por do Sol, Pousada do China
2ª, 4ª e 6ª feiras 3ª, 5ª e sábados
Bexiga: R. Benedito José Lourenço (parte de cima), R. da Captação da SABESP, R. dos Eucaliptos, R. Conde D’Eu
3ª, 5ª e sábados 3ª, 5ª e sábados
Portinho, São Pedro, Curral, Praia Grande, Veloso 2ª, 4ª e 6ª feiras 3ª, 5ª e sábados
Portinho (Campo de Futebol), Av. Mário Covas (a partir do bairro Borrifos) Diariamente 3ª, 5ª e sábados
Praia do Julião, Mirante da Ilha, Feiticeira (parte de cima) 3ª, 5ª e sábados 3ª, 5ª e sábados
Feiticeira (parte de baixo), R. Sergipe (Barra Velha) 2ª, 4ª e 6ª feiras 3ª, 5ª e sábados
Barra Velha (Gleba II) 2ª, 4ª e 6ª feiras 2ª, 4ª e 6ª feiras
Barra Velha (Gleba II – R. Amapá, R. Macapá, R. Rio Branco) 3ª, 5ª e sábados 2ª, 4ª e 6ª feiras
Barra Velha (Gleba I) 3ª, 5ª e sábados 2ª, 4ª e 6ª feiras
R. dos Carijós Diariamente 2ª, 4ª e 6ª feiras
Reino, Toca, Green Park 3ª, 5ª e sábados 3ª e 6ª feiras
CESP 2ª, 4ª e 6ª feiras 2ª, 4ª e 6ª feiras
Av. Faria Lima Diariamente 3ª, 5ª e sábados
Morro da Cruz 2ª, 4ª e 6ª feiras 3ª, 5ª e sábados
Perequê 3ª, 5ª e sábados 2ª, 4ª e 6ª feiras
Jardim Éden 2ª, 4ª e 6ª feiras 2ª, 4ª e 6ª feiras
Água Branca 3ª, 5ª e sábados 2ª, 4ª e 6ª feiras
Cocaia, Costa Bela I , Costa Bela II 2ª, 4ª e 6ª feiras 3ª e 6ª feiras
Bairros do Norte (Avenida) Diariamente Diariamente
Siriúba I (até Pacuíba) 2ª, 4ª e 6ª feiras 5ª feiras
Saco do Indaiá 3ª, 5ª e sábados 3ª, 5ª e sábados
Continua 1755
1756
1757
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
70
Continuação 1758
BAIRROS RESÍDUOS
ORGÂNICOS MATERIAIS
RECICLÁVEIS
Vila (morro do cemitério) Diariamente 2ª, 5ª e sábados
Vila (Centro) Diariamente Diariamente
Itaguassú, Itaquanduba 2ª, 4ª e 6ª feiras 2ª, 4ª e 6ª feiras
Saco da Capela 2ª, 4ª e 6ª feiras 2ª, 4ª e 6ª feiras
Engenho D’Água I, Engenho D’Água II 3ª, 5ª e sábados 3ª, 5ª e sábados
Grandes Geradores (mercados, pousadas e lojas) Diariamente 3ª, 5ª e sábados
Observando o quadro, nota-se que nos bairros mais centrais do município, onde se 1759
concentra a maior parte dos domicílios e estabelecimentos, ambas as coletas são 1760
processadas diariamente, ou seja de segunda a sábado. 1761
Nos demais bairros, com uso predominantemente residencial, a frequência destas 1762
coletas é predominantemente alternada, variando de 1 a 3 dias por semana. 1763
Para a coleta regular dos resíduos sólidos domiciliares do tipo “úmido”, são mobilizados 1764
4 caminhões do tipo coletor compactador, cada qual acompanhado de equipe padrão 1765
formada por motorista do caminhão e coletores. 1766
Para facilitar a posterior triagem por tipo de material, a coleta seletiva dos resíduos 1767
sólidos do tipo “seco” se utiliza de 3 caminhões sem compactação, igualmente 1768
acompanhados de suas guarnições. 1769
Transbordo e transporte dos resíduos 1770
Como a Prefeitura Municipal não mencionou nenhum tipo de transbordo de resíduos 1771
sólidos, presume-se que os do tipo “úmido” são transportados para a destinação final 1772
através dos próprios caminhões coletores compactadores que os recolhem, o mesmo 1773
acontecendo com os do tio “seco”. 1774
Reaproveitamento e/ou Tratamento dos Resíduos 1775
A separação final e o reaproveitamento dos materiais recicláveis oriundos da coleta 1776
seletiva porta a porta é realizado no Centro de Triagem, que pode ser observado nas 1777
fotos subsequentes. 1778
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
71
1779
Vista das instalações do Centro de Triagem (Fonte: Plansan 123) 1780
1781
Vista do galpão do Centro de Triagem (Fonte: Plansan 123) 1782
Supõe-se que, embora de propriedade da Prefeitura Municipal, este Centro de Triagem 1783
seja operado no sistema de cooperativa de catadores já que, conforme informação da 1784
municipalidade, é responsável pela fonte de renda de 23 famílias. 1785
Destinação Final dos Resíduos 1786
Segundo consta no Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares da CETESB, 1787
até o ano de 2009, os resíduos sólidos domiciliares do tipo “úmido” e dos demais 1788
detritos não reaproveitáveis gerados no município foram destinados ao Aterro Sanitário 1789
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
72
de Tremembé, operado pela empresa Resicontrol do Grupo Veólia, situado no 1790
município de mesmo nome, no Vale do Paraíba do Sul. 1791
Porém, pelo fato de não ter sido citada nenhuma operação de transbordo que pudesse 1792
otimizar esse transporte a longa distância e pela falta de informações mais precisas da 1793
Prefeitura Municipal, deduz-se que a destinação dos resíduos sólidos domiciliares do 1794
tipo “úmido” e dos demais detritos não reaproveitáveis esteja ocorrendo em unidade 1795
localizada no próprio município. 1796
As fotografias a seguir apresentadas sugerem tratar-se de um aterro dotado de 1797
impermeabilização de base, caracterizada pela manta plástica que reveste sua 1798
superfície inferior. 1799
Além disso, supõe-se ser dotado de sistema de captação de líquidos percolados no 1800
interior do maciço, uma vez que apresenta reservatório para chorume, e de gases, 1801
através de tubos de concreto. 1802
Finalmente, por ser equipado com retroescavadeira e trator de esteiras, deve obedecer 1803
aos procedimentos recomendáveis a um aterro sanitário, como compactação e 1804
cobertura das células de lixo. 1805
1806
1807
Vista dos taludes revestidos por manta plástica impermeabilizante (Fonte: Plansan 123) 1808
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
73
1809
Vista de tubos de concreto usados nos drenos verticais (Fonte: Plansan 123) 1810
1811
Reservatório de chorume (Fonte: Plansan 123) 1812
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
74
Retroescaveira e trator de esteiras (Fonte: Plansan 123) 1813
Tendo em vista que a unidade é dotada de impermeabilização de base, sistemas de 1814
captação de líquidos percolados e de gases e reservatório de chorume, além de 1815
equipamentos utilizados nas práticas recomendáveis de implantação, operação e 1816
manutenção, pode-se concluir que o município está atendido por um aterro sanitário, a 1817
ser enquadrado pela CETESB como “com condição adequada”, devendo ter Licença de 1818
Instalação – LI e Licença de Operação – LO. 1819
Porém, por ser recente, ainda não compareceu no Inventário Estadual do ano de 2009 1820
e, assim sendo, não recebeu seu IQR – Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos 1821
que, certamente, pelo que se constatou pelas fotografias, deverá ser no mínimo igual 1822
ou superior a 8,0. 1823
7.1.4 Resíduos Sólidos Inertes 1824
Os resíduos sólidos urbanos, convencionalmente qualificados como “inertes”, 1825
abrangem os entulhos gerados pela construção civil, a partir de obras novas, reformas 1826
e/ou demolições. 1827
No caso de Ilhabela, este segmento tem grande importância devido à crescente 1828
urbanização verificada nos últimos anos, particularmente através de casas de veraneio 1829
que, em muitos locais, já se aproximam dos limites máximos das cotas topográficas 1830
impostas pelas áreas de preservação ambiental. 1831
Por informação obtida junto à Prefeitura, sabe-se que o material oriundo da construção 1832
civil é entregue já separado, como madeira, aços e concreto, e que os entulhos deste 1833
último tem sua maior parte reaproveitada através de trituração, para ser utilizada como 1834
cascalho. 1835
7.1.5 Resíduos de Serviços de Saúde 1836
Apesar de não ter sido fornecida informação pela municipalidade, pelo fato de estar 1837
sendo cogitada uma unidade de tratamento térmico que atenda aos quatro municípios 1838
integrantes da UGRHI 3, deduz-se que o município de Ilhabela segue os mesmos 1839
procedimentos adotados pelos demais, ou seja, atualmente exporta seus resíduos de 1840
serviços de saúde para unidades localizadas no Vale do Paraíbe do Sul. 1841
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
75
Se esta premissa for válida, as prováveis unidades utilizadas para o tratamento desses 1842
resíduos são o micro ondas da empresa ATT Ambiental Tecnologia e Tratamento Ltda., 1843
localizado no município de Jacareí/SP, ou o incinerador da empresa Pioneira Ambiental 1844
Ltda., localizado no município de Suzano/SP, ambas dotadas de Licença de Instalação 1845
– LI e Licença de Operação – LO. 1846
7.2 AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS, OBRAS, PLANOS E PROJETOS 1847
Apesar da escassez de informações, pode-se afirmar que os serviços de limpeza 1848
urbana e de manejo dos resíduos sólidos efetuados no município aparentam atender às 1849
necessidades da comunidade, mesmo tendo de se submeter ao aumento de demanda 1850
deflagrado pela população flutuante em determinados períodos do ano. 1851
Assim, a maior preocupação se concentra no gerenciamento da destinação 1852
ambientalmente adequada para os resíduos, mediante custos admissíveis. 1853
Com relação aos resíduos sólidos domiciliares, o fato da municipalidade já estar 1854
promovendo coleta seletiva e direcionando o seu produto a um Centro de Triagem já 1855
representa um largo passo para o seu bom gerenciamento. 1856
Além disso, constata-se pelas fotos anteriores, que a unidade de disposição final para 1857
os resíduos não reaproveitáveis, em preparação ou já em operação, assegura os 1858
padrões de aterro sanitário, através de seus dispositivos de proteção à saúde pública e 1859
ao meio ambiente. 1860
Desta forma, as preocupações se concentram na indefinição de local para a destinação 1861
final dos demais resíduos, particularmente para aqueles gerados pelos serviços de 1862
manutenção de áreas verdes. 1863
Apesar do seu descarte irregular não provocar os mesmos impactos de contaminação 1864
dos resíduos não inertes, este tipo de detritos também podem degradar terrenos e o 1865
meio ambiente adjacente através, principalmente, da erosão de encostas e do 1866
assoreamento das drenagens e cursos d’água. 1867
Finalmente, no que se refere aos resíduos de serviços de saúde, por exigir destinação 1868
final especializada, para evitar os altos custos deorrentes de sua exportação para as 1869
unidades do Vale do Paraíba do Sul, a municipalidade não vê outra solução que não 1870
seja através de um esforço conjunto dos quatro municípios do Litoral Norte. 1871
1872
8 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS DE DRENAGEM URBANA 1873
8.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS 1874
Ilhabela está situada na Região Hidrográfica Atlântico Sudeste, segundo a Agência 1875
Nacional das Águas (ANA), na Bacia Hidrográfica do Litoral Norte. De acordo com a 1876
CETESB uma região litorânea pode abrigar três tipos de recursos hídricos superficiais; 1877
as águas doces; as águas estuarinas ou salobras e as águas marinhas ou salinas. No 1878
Litoral Norte, região onde está localizado o município de Ilhabela, os rios apresentam-1879
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
76
se geralmente com pequeno curso e volume de água, sucedendo-se curtos trechos 1880
meândricos de planície aos vales abruptos e quedas d’água de regime torrencial na 1881
estação chuvosa. 1882
As chuvas constituem-se em uma das principais causas da deterioração da qualidade 1883
das águas das praias. Esgotos, lixos e outros detritos são carreados para as praias 1884
através de galerias, córregos e canais de drenagem na ocorrência de chuvas, 1885
produzindo, assim, um aumento considerável na densidade de bactérias nas águas 1886
litorâneas. Deve-se lembrar ainda, a prática disseminada na região litorânea de se ligar 1887
o sistema coletor de águas pluviais à rede de esgoto, assim como a interligação dos 1888
sistemas coletores de esgoto à rede de drenagem pluvial, que também são muito 1889
prejudiciais à qualidade sanitária das águas das praias. Durante as marés de enchente, 1890
o grande volume de água afluente, além de favorecer a diluição dos esgotos presentes 1891
nas águas das praias, age no sentido de barrar cursos d'água eventualmente 1892
contaminados. Já nas marés vazantes, ocorre o fenômeno inverso, havendo uma 1893
drenagem das águas dos córregos para o mar, levando maior quantidade de esgotos 1894
às praias. 1895
O município de Ilhabela está inserido nas Bacias Hidrográficas constituídas pelos 1896
Córrego do Jabaquara, Córrego Bicuíba, Córrego Ilhabela/Cachoeira, Córrego 1897
Paquera/Cego, Córrego São Pedro/ São Sebastião/ Frade, Córrego Sepituba / Ipiranga/ 1898
Boneti/ Enchovas/ Tocas, Córrego Manso/ Engenho/ Castelhano/ Cabeçuda e Córrego 1899
do Poço. 1900
O posto pluviométrico de Ilhabela, conforme consulta ao banco de dados do DAEE – 1901
Departamento de Águas e Energia Elétrica é o de prefixo E2-012, conforme quadro a 1902
seguir: 1903
Município Prefixo do Posto Nome Altitude Latitude Longitude Bacia
Ihabela E2-012 Ihabela 10 m 23°47’ 45°21’ Vertente
Atlântico(LN)
Fonte: DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica 1904
Segundo o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a Agricultura – 1905
CEPAGRI (www.cpa.unicamp.br), o clima da região é caracterizado por temperatura 1906
média anual de 24,8°C, oscilando entre mínima média de 18,1°C e máxima média de 1907
31,5°C. A precipitação média anual é de 1507,4 mm. 1908
A análise das precipitações foi elaborada com os dados do posto pluviométrico E2-012, 1909
o qual apresenta um histórico maior de dados e, cuja localização está mais próxima à 1910
área urbana de Ilhabela. 1911
A figura a seguir possibilita uma análise temporal das características das chuvas, 1912
apresentando a distribuição das mesmas ao longo do ano, bem como os períodos de 1913
maior e menor ocorrência. 1914
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
77
1915
Precipitação média mensal no período de 1943 a2004 – posto E2-012 1916 (Fonte: Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE, acesso em 21 de setembro de 2010) 1917
Por meio do gráfico acima é possível verificar uma variação sazonal da precipitação 1918
média mensal com duas estações representativas, uma predominantemente seca e 1919
outra predominantemente chuvosa, apresentada na maior parte do município. 1920
O período mais chuvoso ocorre de outubro a abril, quando os índices de precipitação 1921
média mensal são superiores a 107,8 mm, enquanto que o mais seco corresponde aos 1922
meses de maio a setembro com destaque para junho, julho e agosto, que apresentam 1923
médias menores que 76,2 mm. 1924
Deve-se ressaltar que os meses de janeiro, fevereiro e março apresentam os maiores 1925
índices de precipitação, atingindo uma média de 215,8 mm e 194,4 mm e 204,8 mm, 1926
respectivamente. 1927
8.2. PRINCIPAIS OCORRENCIAS 1928
- Dia 19 de janeiro de 2010, equipes de manutenção trabalhavam no Itaquanduba, 1929
na construção do muro de contenção da via que dá acesso à parte alta do bairro, que 1930
com o acúmulo de chuva, cedeu, causando um buraco, com o barro invadindo o 1931
terreno de uma residência. 1932
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
78
1933 O diretor de obras orienta a equipe na construção do muro de sustentação (Fonte: Informativo 1934
Prefeitura Municipal de Ilhabela - Foto: Leninha Viana/ PMI) 1935
- Informação Publicada em 7 de março de 2009 – Agencia Globo. A prefeitura de 1936
Ilhabela confirmou um caso de leptospirose na cidade. Outros 7 casos ainda estão 1937
sendo investigados. Os pacientes residem em bairros distintos do município, por isso 1938
acredita-se que não haja uma única fonte de contaminação. A maioria dos casos tem 1939
uma relação com o contato com inundações ou enchentes, pois a urina de animais 1940
contaminados, presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama, 1941
elevando o risco do contato humano com a bactéria. 1942
- Há relatos de alagamentos nas ruas próximas a orla nos períodos de chuvas, 1943
sobre a influência das mares altas; concentranto as águas pluviais por falta de 1944
escoamento. 1945
8.3 AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS 1946
O sistema de drenagem necessita de cadastro para verificação de sua capacidade. A 1947
partir daí deverá ser executadas as ampliações/implantações identificadas. 1948
9 DIAGNÓSTICO ECONÔMICO-FINANCEIRO 1949
9.1 INTRODUÇÃO 1950
Os serviços de abastecimento de água e de Esgotamento Sanitário do município de 1951
ILHA BELA, pertencente a URGRHIU 3, são prestados pela Cia. de Saneamento 1952
Básico do Estado de Paulo - SABESP. 1953
A presente análise financeira tem como objetivo a criação de parâmetros para a 1954
projeção do fluxo de caixa descontado e obter informações sobre o grau de 1955
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
79
sustentabilidade financeira. Baseia-se em dados estatísticos, físicos e financeiros 1956
associados à prestação dos serviços, obtidos junto ao SNIS para os anos de 2006, 1957
2007 e 2008. 1958
9.2 INFORMAÇÕES FÍSICAS 1959
A Tabela 1 a seguir mostra o resultado da pesquisa referente aos dados físicos mais 1960
importantes para a análise que se pretende. 1961
Tabela 1 1962
PLANSAN123 - ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO Dados Físicos
Município: - ILHABELLA
Descrição Un. 2006 2007 2008
População
Urbana Hab 25.919 23686 25.336
Atendida com água Hab 19.582 20.427 21.252
Atendida com Esgoto Hab 1.177 1.199 1.211
Ligações
Água ativas Quant. 7.965 8.214 8.660
Água -Micromedidas Quant. 7.965 8.214 8.660
Água -Totais Quant. 8.611 8.907 9.356
Esgoto Totais Quant. 572 598 626
Esgoto Ativas Quant. 540 552 577
Economias Ativas de Água Quant. 9.252 9.532 10.036
Ativas de Esgoto Quant. 677 688 710
Volumes
Produzido de Água 1000/m³/ano 2.938 3.016 3.254
Consumido de Agua 1000/m³/ano 1.873 2.075 2.015
Faturado de Água 1000/m³/ano 2.142 2.338 2.300
Coletado – Esgoto 124 143 136
Faturado de Esgoto 1000/m³/ano 177 201 194
Tratado de Esgoto 1000/m³/ano 124 143 136
Empregados Quant. 31 28 28
Fonte: SNIS
A visualização das informações físicas mostra que os dados apresentam uma razoável 1963
consistência, onde não se denota nenhuma oscilação brusca na tendência de todas as 1964
variáveis, a não ser com relação à população urbana do município, no ano de 2006 1965
9.3 INFORMAÇÕES FINANCEIRAS 1966
A tabela 2 a seguir mostra as informações financeiras obtidas na fonte citada. 1967
1968
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
80
Tabela 2 1969
PLANSAN123 - ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO
Dados Financeiros - R$ a preços correntes
Município: - ILHABELLA
Descrição Un. 2.006 2.007 2.008
Receitas
Operacional direta - Água R$ 4.498.124 5.166.510 5.202.929
Operacional direta - Esgoto R$ 559.088 665.724 663.741
Indiretas R$ 154.567 172.704 240.451
Total R$ 5.211.779 6.004.939 6.107.121
DEX
Pessoal R$ 3.109.226 3.127.736 3.075.426
Materiais R$
Produtos Químicos R$ 362.211 494.183 532.980
Energia Elétrica R$ 671.383 734.243 668.232
Serviços R$ 1.912.434 2.114.587 2.535.955
Gerais R$ 945.361 1.117.772 997.341
Fiscais R$ 100.032 488.338 456.262
Total R$ 7.100.646 8.076.859 8.266.196
Geração Própria de Recursos R$ (1.888.868) (2.071.921) (2.159.074)
Serviço da Dívida
Amortização R$ 1.501.269,45 1.053.039 959.367
Juros R$ 961.779 732.455 710.925
Total R$ 2.463.049 1.785.494 1.670.292
Contribuição para Investimento R$ (4.351.916) (3.857.415) (3.829.367)
Investimentos
Despesas Capitalizáveis R$ 1.017.075 221.115 392.759
Água R$ 1.283.569 1.038.847 1.169.376
Esgoto R$ 536.480 197.356 711.901
Outros R$ 1.120.993 18.894 61.211
Total R$ 3.958.117 1.476.211 2.335.248
Fluxo Livre R$ (8.310.033) (5.333.626) (6.164.614)
Arrecadação 5.060.768,60 5.983.620 6.103.244
Créditos de Contas a Receber R$ 1.130.165,22 744.407 1.221.478
Fonte: SNIS
A tabela mostra um comportamento consistente das variáveis, em termos de tendência. 1970
A prestação dos serviços, de acordo com tais dados, produz uma Geração de 1971
Recursos Próprios negativa. Consequentemente não gera recursos financeiros com a 1972
prestação dos serviços suficientes para cobrir os dispêndios financeiros com as 1973
despesas de exploração. 1974
Assim sendo, existe a necessidade de transferir recursos para atender esta 1975
insuficiência e para atender as necessidades de investimento para a expansão dos 1976
serviços. 1977
Deve ser levantado junto à Sabesp, se as informações de despesas incorporam as 1978
indiretas, com a administração de operação e central ou se referem tão-somente às 1979
despesas diretas da prestação dos serviços. 1980
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
81
9.4 INDICADORES 1981
Para criar uma base de parâmetros para subsidiar a projeção do Fluxo de Caixa 1982
Descontado calculou-se os indicadores físicos e financeiros constantes da Tabela 3. 1983
Tabela 3 1984
PLANSAN123 - ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO Indicadores
Município: - ILHABELLA
Descrição Indicador Unidade 2006 2007 2008
Fís
ico
s
Produtividade 1000Lig_A/Emprg. Empregado 3,89 3,41 3,23
Indice Faturamento Vol.Faurado/Vol.Consumido Coeficiente 1,14 1,13 1,14
Densidade Água Economias/Ligação Água Coeficiente 1,16 1,16 1,16
Densidade Esgoto Economias/Ligação Esgoto Coeficiente 1,25 1,25 1,23
Consumo Médio Água m³/Ligação/mês m³ 30,7 30,6 31,3
Coleta Média Esgoto m³/Ligação m³ 19,1 21,5 19,7
Indice de Inatividade-Água Ligações totais/inativas % 7,5% 7,8% 7,4%
Indice de Inatividade-Esgoto Ligações totais/inativas % 5,6% 7,7% 7,8%
Perdas (VP - VC)/VP \* % 36,2% 31,2% 38,1%
Fin
an
ce
iro
s
Tarifa Média de Agua Receita Agua/Vol.Fat.Agua R$ 2,10 2,21 2,26
Tarifa Média de Esgoto Receita Esg./Vol.fat.Esg R$ 3,16 3,31 3,42
Custo Médio - Pessoal Desp.Pessoal/Empregado R$ mil 100 112 110
Custo Médio - Materiais Desp.Mat/Ligação (A+E) R$ 0 0 0
Custo Médio - P.Quim. Desp.P.Quim./Vol.Agua Prod. R$ 0,1233 0,1639 0,1638
Custo Médio - E.Elétrica Desp.E.Eletrica/Vol.Agua Prod R$ 0,2285 0,2435 0,2053
Custo Médio - Serviços Desp.Serviços/Ligação (A+E) R$ 224,86 241,23 274,54
Custo Médio - Gerais Desp.Gerais/Ligação (A+E) R$ 111,15 127,51 107,97
Custo Médio - Fiscais Desp.Fiscais/Ligação (A+E) R$ 11,58 54,86 48,69
Magem Operacional GPR/RT \** % -36,2% -34,5% -35,4%
Inadimplência (RT-RA)/RT \*** % 2,9% 0,4% 0,1%
Atrasos acumulados CR/RT* 365 \**** Dias 79 45 73
\* VP - Volume Produzido de Agua e VE - Volume Consumido de Água \** GPR - Geração Própria de Recursos e RT - Receita Total \*** RT - Receita Total e RA - Receita Arrecadada \**** CR - Contas a Receber de Usuários e RT - Receita total 1985
Os indicadores estão refletindo a qualidade dos dados primários, onde se observa uma 1986
razoável consistência, em termos de tendência e podem ser utilizados como 1987
parâmetros básicos para as projeções financeiras, após uma confirmação pela Sabesp. 1988
SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA
82
9.4 CONCLUSÃO 1989
Para a elaboração do fluxo de caixa descontado é preciso efetuar as projeções dos 1990
dados físicos que compõem os sistemas de abastecimento de água e de esgotamento 1991
sanitário, conforme constam na tabela 1, bem como os investimentos necessários para 1992
cumprir as metas do Plano de Saneamento, além da criação de cenários alternativos, 1993
para a realização de uma análise de sensibilidade. 1994
10 FONTES CONSULTADAS E INFORMAÇÕES DISPONIBILIZADAS 1995
- Dados de campo obtidos nas visitas técnicas realizadas ao município. 1996
- Plano Gestor de Turismo Estância Balneária de Ilhabela - Caracterização Geral 1997
da Destinação Turística 2005 1998
- “Plano Diretor para Disposição Final dos Lodos e Demais Resíduos Produzidos 1999
pelos Sistemas de Águas e Esgotos do Litoral Norte do Estado de São Paulo”, 2000
elaborado pela Estudos Técnicos e Projetos Etep Ltda em atendimento ao 2001
Contrato CSS Nº. 19.729/01 e sua A.S. Nº. 01 de setembro/2005, firmado com a 2002
SABESP. 2003
- “site: www.sabesp.gov.sp.br” 2004
11 ANEXOS I - DESENHOS 2005
11.1 PLANTA 1:35.000 – LOCALIZAÇÃO DAS UNIDADES DO SISTEMA DE 2006
ABASTECIMENTO DE ÁGUA – EXISTENTE 2007
(desenho nº 0872-DS-13-S-3901/00). 2008
11.2 PLANTA 1:35.000 – LOCALIZAÇÃO DAS UNIDADES DO SISTEMA DE 2009
ESGOTAMENTO SANITÁRIO – EXISTENTE 2010
(desenho nº 0872-DS-13-S-3902/00). 2011
Recommended