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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE DESENHO INDUSTRIAL

CURSO DE TECNOLOGIA EM DESIGN GRÁFICO

AMANDHA CAMARGO OLIVEIRA

PADRONIZAÇÃO DOS PICTOGRAMAS

NAS EMBALAGENS ALIMENTÍCIAS DE INGREDIENTES QUE

DEVEM SER ALERTADOS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA

2019

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AMANDHA CAMARGO OLIVEIRA

PADRONIZAÇÃO DOS PICTOGRAMAS

NAS EMBALAGENS ALIMENTÍCIAS DE INGREDIENTES QUE

DEVEM SER ALERTADOS

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação,

apresentado à disciplina de Trabalho de

Conclusão de Curso, do Curso Superior de

Tecnologia em Design Gráfico do

Departamento Acadêmico de Desenho

Industrial – DADIN – da Universidade

Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, como

requisito parcial para obtenção do título de

Tecnólogo.

Orientadora: Profª. Esp. Milena Maria Rodege

Gogola

CURITIBA

2019

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TERMO DE APROVAÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 113

PADRONIZAÇÃO DOS PICTOGRAMASNAS EMBALAGENS ALIMENTÍCIAS DE INGREDIENTES QUE

DEVEM SER ALERTADOS

por

Amandha Camargo Oliveira – 1559931

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no dia 04 de julho de 2019 comorequisito parcial para a obtenção do título de TECNÓLOGO EM DESIGN GRÁFICO,do Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico, do Departamento Acadêmicode Desenho Industrial, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A aluna foiarguida pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo, que apósdeliberação, consideraram o trabalho aprovado.

Banca Examinadora: Prof. Manoel Alexandre Schroeder (MSc.)Avaliador IndicadoDADIN – UTFPR

Profa. Pamela Aragão Henriques (Esp.)Avaliadora ConvidadaDADIN – UTFPR

Profa. Milena Maria Rodege Gogola (Esp.)OrientadoraDADIN – UTFPR

“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso”.

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁPR

Ministério da EducaçãoUniversidade Tecnológica Federal do ParanáCâmpus CuritibaDiretoria de Graduação e Educação ProfissionalDepartamento Acadêmico de Desenho Industrial

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Dedico este trabalho a minha família, a

minha mãe, as minhas filhas e a meu irmão.

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AGRADECIMENTOS

O momento que vivo representa a realização de um grande sonho e o recomeço não só

profissional, mas também de vida. Portanto uso este espaço para agradecer as pessoas que me

ajudaram a cumprir este objetivo

Primeiramente quero agradecer a minha mãe, por todo o apoio durante essa longa

jornada de graduação, e sem o seu apoio incondicional, eu não teria chegado até aqui.

Agradeço a orientação inicial da professora Priscila Zimermman por ter me ajudado a

dar o ponta pé neste projeto, não finalizando devido ao fim de seu contrato com a instituição.

E agradecer o apoio da professora Milena Gogola por ter aceitado continuar um trabalho

em andamento de forma gentil e objetiva, me ajudando a chegar nos objetivos propostos.

Agradeço ao meu amigo Christian Oliveira por ter me incentivado tantas vezes a não

desistir do meu projeto diante das minhas dificuldades pessoais.

A Valeria Marques por ter me ajudado a distância a ingressar na faculdade, pois sem

seu apoio, não teria ingressado no curso.

E gostaria de agradecer a todos aqueles que cruzaram meu caminho durante essa jornada

chamada faculdade, aos que continuaram suas vidas e principalmente a aqueles que

permaneceram junto a mim. Deixo meu reconhecimento a todos que não mencionei, mas sabem

que de fato estão presentes em meus pensamentos e no meu coração.

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RESUMO

OLIVEIRA, Amandha Camargo. Padronização dos Pictogramas nas EmbalagensAlimentícias de Ingredientes que Devem Ser Alertados. Ano 2019. 126 folhas. Trabalhode Conclusão de Curso Tecnologia em Design Gráfico - Universidade Tecnológica Federal doParaná. Curitiba, 2019.

Este documento apresentará um estudo sobre a rotulagem de alimentos no Brasil, de forma aobservar as práticas nos últimos anos em relação a exposição de componentes alergênicospresentes entre os ingredientes destes. Atualmente há uma regulamentação para aidentificação desses ingredientes nas embalagens, porém muitas vezes passam despercebidaspelo público. Geralmente, a localização utilizada para informar a presença ou ausência deingredientes prejudiciais à saúde dos alérgenos localizam-se nas dobras das embalagens, ouem muitos casos, ficam muito próximos a outras informações gerando poluição visual,contribuindo para a difícil leitura e compreensão da mensagem, fazendo com que esse grupode pessoas, com necessidades alimentares especiais (os alérgenos), fiquem em dúvida quantoaos componentes realmente presentes no alimento. O objetivo deste estudo é mostrar que épossível criar uma alternativa visual, através de pictogramas, para facilitar a leitura dasinformações sobre os ingredientes alergênicos presentes nos alimentos e evitar danos futuros àsaúde deste público consumidor. Para o alcance dos objetivos propostos, foram utilizadasreferências bibliográficas sobre ISOTYPE de Otto Neurath, Semiótica abordada por CharlesS. Pierce e Lúcia Santaella, Design da informação, design de embalagem e pesquisas no meioeletrônico nos sites de órgãos públicos como Anvisa e IDEC, além do estudo de rotulagem daprofessora Carla Spinillo. A partir desse referencial teórico foi feito a aplicação desteconhecimento na criação dos esboços que serviram de referencial para a criação dospictogramas e foram feitas diversas avaliações de percepção e identificação dos pictogramasdesenvolvidos com os consumidores culminando em um modelo aprovado e pronto para seraplicado nas embalagens que podem ser utilizados nas embalagens, transmitindo estamensagem de maneira mais rápida e eficiente, para o consumidor.

Palavras-chave: Pictogramas. Alergias Alimentares. Alimentos. Alergênicos.

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ABSTRACT

OLIVEIRA, Amandha Camargo. Standardization of Pictograms in Food Packaging ofIngredients to be Alerted. 2019. 126 pages. 2019. Course Completion Work Technology inGraphic Design. Federal University of Technology of Paraná. Curitiba, 2019.

This document will present a study on food labeling in Brazil, in order to observe practices inrecent years regarding the exposure of allergenic components present among the ingredientsof these. Currently there is a regulation for the identification of these ingredients in thepackaging, but often go unnoticed by the public. Generally, the location used to report thepresence or absence of allergenic health-damaging ingredients is located in the folds ofpackages or, in many cases, is very close to other information generating visual pollution,contributing to the difficult reading and understanding of the message, causing this group ofpeople, with special dietary needs (the allergens), to be in doubt as to the components actuallypresent in the food. The objective of this study is to show that it is possible to create a visualalternative through pictograms to facilitate the reading of information about the allergenicingredients present in foods and avoid future damages to the health of this consuming public.In order to reach the proposed objectives, we used bibliographic references on ISOTYPE byOtto Neurath, Semiotics discussed by Charles S. Pierce and Lúcia Santaella, Informationdesign, packaging design and electronic search on the websites of public agencies such asAnvisa and IDEC. From this theoretical reference was made the application of this knowledgein the creation of the sketches that served as reference for the creation of the pictograms andmade several evaluations of perception and identification of the pictograms developed withconsumers culminating in an approved model and ready to be applied in the packaging thatcan be used in packaging, conveying this message more quickly and efficiently to theconsumer.

Key words: Pictograms. Food Allergies. Food. Alergies.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Adaptação do processo metodológico GODP. .......................................................... 18

Figura 2. Exemplificação das 8 etapas do GODP. ................................................................... 19

Figura 3. Selos Saudáveis do Chile. ......................................................................................... 34

Figura 4. Posicionamento dos selos nas embalagens dos produtos no Chile. .......................... 35

Figura 5. Exemplo fantasia de como a OPAS recomenda a rotulação no Brasil. .................... 35

Figura 6. Proposta Brasileira de Selos Saudáveis..................................................................... 37

Figura 7. Exemplo do modelo brasileiro. ................................................................................. 37

Figura 8. Símbolo dos transgênicos colorido. .......................................................................... 38

Figura 9. Embalagem de biscoito doce, frente. ........................................................................ 40

Figura 10. Embalagem de biscoito doce, verso. ....................................................................... 41

Figura 11. Embalagem de biscoito doce, zoom do verso. ........................................................ 42

Figura 12. Embalagem de macarrão, frente. ............................................................................. 43

Figura 13. Embalagem de macarrão, verso. ............................................................................. 44

Figura 14. Embalagem de macarrão, zoom do verso. .............................................................. 45

Figura 15. Embalagem de chocolate em pó, frente. ................................................................. 46

Figura 16. Embalagem de chocolate em pó, verso. .................................................................. 47

Figura 17. Embalagem de chocolate e pó, zoom do verso. ...................................................... 48

Figura 18. Embalagem de biscoito salgado, frente. .................................................................. 49

Figura 19. Embalagem de biscoito salgado, verso. .................................................................. 49

Figura 20. Embalagem de gelatina, frente. ............................................................................... 50

Figura 21. Embalagem de gelatina, verso. ............................................................................... 50

Figura 22. Referências visuais do Leite.................................................................................... 52

Figura 23. Representação ilustrada do leite. ............................................................................. 53

Figura 24. Referências visuais do trigo. ................................................................................... 54

Figura 25. Representação ilustrada do trigo. ............................................................................ 55

Figura 26. Referências visuais do ovo. ..................................................................................... 56

Figura 27. Representação ilustrada do ovo. .............................................................................. 57

Figura 28. Foto da capa do diário gráfico. ................................................................................ 58

Figura 29. Primeiros estudos de ícones. ................................................................................... 59

Figura 30. Ícones do leite. ........................................................................................................ 60

Figura 31. Ícones do trigo. ........................................................................................................ 60

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Figura 32. Ícones do ovo. ......................................................................................................... 61

Figura 33. Ícones do leite em Image Trace. ............................................................................. 61

Figura 34. Ícones do trigo em Image Trace.............................................................................. 62

Figura 35. Ícones do ovo em Image Trace. .............................................................................. 62

Figura 36. Vetores do leite. ...................................................................................................... 63

Figura 37. Vetores do trigo. ...................................................................................................... 64

Figura 38. Vetores do ovo. ....................................................................................................... 64

Figura 39. Questionário qualitativo dos ícones do leite. .......................................................... 65

Figura 40. Questionário qualitativo dos ícones do leite. .......................................................... 66

Figura 41. Questionário qualitativo dos ícones do trigo. .......................................................... 66

Figura 42. Questionário qualitativo dos ícones do ovo. ........................................................... 67

Figura 43. Alternativas selecionadas pelo questionário qualitativo. ........................................ 68

Figura 44. Novos ícones do leite, em Image Trace. ................................................................. 70

Figura 45. Novos ícones do leite vetorizados. .......................................................................... 70

Figura 46. Resultado do segundo teste qualitativo do leite. ..................................................... 71

Figura 47. Novos esboços do ícone do trigo, em Image Trace. ............................................... 72

Figura 48. Novos esboços do ícone do trigo vetorizados. ........................................................ 73

Figura 49. Resultado do segundo teste qualitativo do trigo. .................................................... 74

Figura 50. Ícones finais escolhidos. ......................................................................................... 75

Figura 51. Exemplo de triângulo segundo ................................................................................ 76

Figura 52. Estudo dos sinais de alerta. ..................................................................................... 77

Figura 53. Modelos de elementos gráficos externo. ................................................................. 78

Figura 54. Mockup teste de composição do triângulo. ............................................................. 79

Figura 55. Mockup teste de composição do quadrado. ............................................................. 80

Figura 56. Mockup teste de composição do quadrado. ............................................................. 81

Figura 57. Resultado do teste de composição externa. ............................................................. 82

Figura 58. Exemplo de alternativa de composição textual. ...................................................... 83

Figura 59. Tipos de variações textuais. .................................................................................... 84

Figura 60. Teste de fontes tipográficas. .................................................................................... 85

Figura 61. Tipografia Arial Bold. ............................................................................................. 85

Figura 62. Ícone do ovo finalizado com texto. ......................................................................... 86

Figura 63. Ícone do leite finalizado com texto. ........................................................................ 87

Figura 64. Ícone do trigo antes do ajuste, com uma espiga de trigo. ....................................... 88

Figura 65. Ícone do trigo após os ajustes, finalizado com texto. .............................................. 89

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Figura 66. Embalagens teste em ambiente de compra.............................................................. 91

Figura 67. Embalagens teste sob gôndola de mercado. ............................................................ 91

Figura 68. Exemplo de aplicação de redução de ícones nas embalagens. ................................ 95

Figura 69. Relação de tamanho do triângulo com a área branca. ............................................. 96

Figura 70. Relação de tamanhos dos ícones "contém". ............................................................ 97

Figura 71. Posições dos ícones nas embalagens. ...................................................................... 99

Figura 72. Posições dos ícones nas embalagens variações. .................................................... 100

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Tabela da metodologia aplicada ao projeto. ............................................................. 21

Tabela 2. Tabela de especificação de tamanhos dos pictogramas. ........................................... 94

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÔNICOS

AA - Alergias Alimentares

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ASBAI - Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia

FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura

GODP - Guia de Orientação para Desenvolvimento de Projetos

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDEC - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor

MEC - Ministério da Educação

OMS - Organização Mundial de Saúde

OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde

PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua

RDC - Resolução da Diretoria Colegiada

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 15

1.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 15

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 16

1.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 16

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................. 18

2 ALERGIAS ALIMENTARES .................................................................................... 23

2.1 ALERGIA X INTOLERÂNCIA .................................................................................. 25

2.2 ROTULAGEM DE ALIMENTOS NO BRASIL ......................................................... 25

3 LINGUAGEM VISUAL .............................................................................................. 28

3.1 SEMIÓTICA ................................................................................................................ 28

3.2 ISOTYPE ..................................................................................................................... 29

3.3 SISTEMAS PICTOGRÁFICOS .................................................................................. 30

3.4 DESIGN DE ADVERTÊNCIA ................................................................................... 31

3.5 DESIGN DA INFORMAÇÃO .................................................................................... 32

4 SIMILARES .................................................................................................................. 34

4.1 SELOS SAUDÁVEIS DO CHILE ............................................................................... 34

4.2 PROPOSTA DE ROTULAGEM BRASILEIRA......................................................... 36

4.3 SELOS TRANSGÊNICOS .......................................................................................... 38

5 O PROJETO ................................................................................................................. 39

5.1 ANÁLISE DAS EMBALAGENS E INFORMAÇÕES ............................................... 39

5.2 EMBALAGENS COM TRIGO, LEITE E OVOS ....................................................... 39

6 PESQUISA VISUAL DOS INGREDIENTES ........................................................... 52

6.1 PESQUISA VISUAL DO LEITE ................................................................................ 52

6.2 PESQUISA VISUAL DO TRIGO ............................................................................... 54

6.3 PESQUISA VISUAL DO OVO ................................................................................... 56

7 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS ............................................................................ 58

7.1 SELEÇÃO DAS ALTERNATIVAS ........................................................................... 65

7.2 DESENVOLVIMENTO DAS ALTERNATIVAS ESCOLHIDAS ............................ 69

7.2.1 PICTOGRAMAS DO LEITE ................................................................................... 69

7.2.2 PICTOGRAMAS DO TRIGO .................................................................................. 72

7.2.3 PICTOGRAMAS DO OVO ...................................................................................... 74

7.2.4 ÍCONES SELECIONADOS ..................................................................................... 75

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7.3 AS CORES ................................................................................................................... 76

7.4 COMPOSIÇÃO EXTERNA ........................................................................................ 76

7.5 ALTERNATIVA DE COMPOSIÇÃO TEXTUAL ..................................................... 83

8 PROTÓTIPO ................................................................................................................ 86

8.1 ÍCONE DO OVO ......................................................................................................... 86

8.1.2 ÍCONE DO LEITE .................................................................................................... 87

8.1.3 ÍCONE DO TRIGO ................................................................................................... 88

9 TESTE DE EMBALAGEM EM AMBIENTE DE CONSUMO..................................... 90

10 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS ........................................................................... 93

11 REGRAS DE APLICAÇÃO DOS PICTOGRAMAS ............................................. 94

11.1 TAMANHOS E REPRESENTAÇÃO DE SELOS .................................................... 94

11.2 APLICAÇÕES ........................................................................................................... 98

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 101

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 102

APÊNDICE ..................................................................................................................... 105

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO QUALITATIVO DE ÍCONES DE ALIMENTOS

ALERGÊNICOS .............................................................................................................. 105

APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO QUALITATIVO DE ÍCONES DE ALIMENTOS

ALERGÊNICOS (LEITE E TRIGO) ................................................................................ 109

APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO AVALIATIVO DE SINAIS DA INFORMAÇÃO . 111

APÊNDICE D – TESTE DE EMBALAGEM EM AMBIENTE DE CONSUMO ........... 112

ANEXOS ......................................................................................................................... 115

ANEXO A - RDC Nº 26, DE 2 DE JULHO DE 2015 – ANVISA 03/07/2015 10:07

RESOLUÇÃO - RDC Nº 26, DE 2 DE JULHO DE 2015 ................................................. 115

ANEXO B – ALERGIA ALIMENTAR (ARTIGO ASBAI) ............................................ 119

ANEXO C – PESQUISA DE ALERGIAS ALIMENTARES POR ONCOLOGISTAS .. 125

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1 INTRODUÇÃO

Este documento apresentará um estudo sobre a rotulagem de alimentos no Brasil, de

forma a observar as práticas nos últimos anos em relação a exposição de componentes

alergênicos presentes entre os ingredientes destes. Atualmente há uma regulamentação para a

identificação desses ingredientes nas embalagens, porém muitas vezes passam despercebidas

pelo público. Geralmente, a localização utilizada para informar a presença ou ausência de

ingredientes prejudiciais à saúde dos alérgenos localizam-se nas dobras das embalagens, ou em

muitos casos, ficam muito próximos a outras informações gerando poluição visual,

contribuindo para a difícil leitura e compreensão da mensagem, fazendo com que esse grupo de

pessoas, com necessidades alimentares especiais (os alérgenos), fiquem em dúvida quanto aos

componentes realmente presentes no alimento.

O objetivo deste estudo é mostrar que é possível criar uma alternativa visual, através de

pictogramas, para facilitar a leitura das informações sobre os ingredientes alergênicos presentes

nos alimentos e evitar danos futuros à saúde deste público consumidor. Para o alcance dos

objetivos propostos, foram utilizadas referências bibliográficas sobre ISOTYPE de Otto

Neurath, Semiótica abordada por Charles S. Pierce e Lúcia Santaella, Design da informação,

design de embalagem e pesquisas no meio eletrônico nos sites de órgãos públicos como Anvisa

e IDEC. A partir desse referencial teórico foi feito a aplicação deste conhecimento na criação

dos esboços que serviram de referencial para a criação dos pictogramas e foram feitas diversas

avaliações de percepção e identificação dos pictogramas desenvolvidos com os consumidores

culminando em um modelo aprovado e pronto para ser aplicado nas embalagens que podem ser

utilizados nas embalagens, transmitindo esta mensagem de maneira mais rápida e eficiente, para

o consumidor.

1.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver um sistema visual através de pictogramas para padronizar e facilitar a

identificação dos ingredientes alergênicos de acordo com a RDC N° 26, DE 2 DE JULHO DE

2015, de uma maneira clara, rápida e eficaz, focando precisamente os três principais

ingredientes que mais causam alergias no Brasil: o leite, o trigo e os ovos. (Anvisa, 2016).

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1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Levantar dados sobre alérgicos e alergênicos nos alimentos no país;

Buscar informações sobre as legislações existentes atuantes no momento;

Fazer estudos sobre a pictografia e sua relação/aplicação para com a semiótica e o design

gráfico;

Criar modelos de pictogramas baseados nas normas da Anvisa e da resolução RDC

n°26/2015, juntamente com design de embalagens para melhor desenvolvimento do mesmo;

Aplicação e testes de identificação do sistema visual desenvolvido junto ao público em

geral, para qualificação ou reprovação do mesmo;

Aplicação do sistema em embalagens simuladas digitalmente (mockup);

Aplicação em uma embalagem protótipo (embalagem física).

1.3 JUSTIFICATIVA

As embalagens de alimentos no Brasil possuem um grande papel na relação entre

indústria e o consumidor. São nelas em que as empresas apresentam os seus produtos e são

através delas que as empresas se comunicam com o seu público. Nesta comunicação inclui-se

as informações nutricionais.

De acordo com a resolução RDC n° 259, 20 de setembro de 2002, da Agência Nacional

de Vigilância Sanitária:

Os rótulos não devem apresentar informações que possam induzir o consumidor ao

equívoco, erro, confusão ou engano, em relação à verdadeira natureza, composição,

procedência do produto; estabelece a obrigatoriedade da apresentação das

informações sobre denominação de venda do alimento, lista de ingredientes,

conteúdos líquidos, identificação da origem, nome ou razão social e endereço do

importador, no caso de alimentos importados; identificação do lote, prazo de validade,

instruções sobre o preparo e uso do alimento, quando necessário. (ANVISA,2016).

Porém as informações contidas nas embalagens ainda não são claras o suficiente para

o consumidor, uma vez que algumas empresas ainda insistem em usar nomes e termos

desconhecidos pela população em geral para alimentos comuns como caseína (proteína do

leite), xarope de glicose (trigo), tocoferóis (soja), etc., afetando diretamente a todos,

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principalmente as pessoas que possuem algum tipo de alergia alimentar. Considerando os dados

da ASBAI (Associação Brasileira de Alergias e Imunopatologia), estima-se que as reações

alimentares de causas alérgicas no Brasil acometam 6-8% das crianças com menos de 3 anos

de idade e 2-3% dos adultos. (ASBAI, 2018). (VER ANEXO B).

De acordo com a ANVISA, “indivíduos com alergias alimentares podem desenvolver

reações adversas graves à alimentos que são consumidos de forma segura pela maior parte da

população, mesmo quando ingeridos em pequenas quantidades”. (ANVISA, 2016).

A principal preocupação das alergias alimentares é a anafilaxia1, que pode levar o

indivíduo a óbito se não tratada imediatamente. Estimativas internacionais indicam que entre

30 a 50% dos casos de anafilaxia são causadas por alimentos. Em crianças, esses números

podem alcançar 80% dos casos. Nos Estados Unidos, estima-se que as anafilaxias por alimentos

resultam em 30.000 emergências domiciliares, 2.000 hospitalizações e 150 mortes por ano.

(ANVISA, 2016).

Além de representar um sério risco à saúde, as alergias alimentares têm um impacto

negativo na qualidade de vida das famílias afetadas. Os cuidados necessários para evitar o

consumo do alimento alergênico requerem maiores gastos com alimentação e saúde, tornam as

atividades rotineiras complexas, dificultam o gerenciamento das relações sociais e das

atividades de lazer e geram elevados níveis de estresse e ansiedade. (ANVISA, 2016).

Com o intuito de melhorar as informações contidas nos rótulos e a saúde clínica da

população brasileira, a Anvisa aprovou em 2015 a resolução RDC n°26/2105, que regulamenta

a obrigatoriedade de se informar os produtos alergênicos nas embalagens, facilitando o acesso

a informação correta, compreensível e visível sobre os principais alimentos que causam alergias

no país, melhorando a qualidade de vida dos indivíduos com alergias alimentares. (ANVISA,

2016).

Logo, conclui-se que a criação desse sistema pictográfico ajudará o consumidor a

identificar os ingredientes presentes nas embalagens de maneira rápida e eficiente, pois um

sistema visual para a identificação dos alimentos alergênicos através dos pictogramas, traria

1Anafilaxia: É uma reação de hipersensibilidade aguda potencialmente fatal, que envolve a liberação de

mediadores dos mastócitos, basófilos e recrutamento de células inflamatórias. Anafilaxia inclui sintomas e sinais,

isolados ou combinados, que ocorrem em minutos ou em até poucas horas da exposição ao agente causal. Pode ser

de intensidade leve, moderada ou grave. Na maioria dos casos a anafilaxia é de intensidade leve, mas tem o

potencial de evoluir para fatalidade. A evolução é usualmente rápida, atingindo pico em 5-30 minutos, raramente

pode perdurar por vários dias.

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mais conforto e segurança para o consumidor, garantindo o consumo consciente de tais

produtos.

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O projeto terá como base a metodologia do GODP (Guia de Orientação para

Desenvolvimento de Projetos), na qual é centrado no usuário e possui uma metodologia

configurada por oito etapas que se fundamentam na coleta de informações, o desenvolvimento

criativo, a execução projetual, a viabilização e verificação final do produto. (GODP, 2016).

Primeiramente definem-se os blocos de referência do projeto:

Figura 1. Adaptação do processo metodológico GODP.

Fonte: Giselle Schmidt Alves Díaz Merino, 2016.

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A partir do reconhecimento do usuário (grupo de pessoas com alergias alimentares) e o

projeto a ser desenvolvido (criar um sistema visual através dos pictogramas), iniciou-se a

elaboração do trabalho seguindo os 8 passos que o método GODP apresenta:

Figura 2. Exemplificação das 8 etapas do GODP.

Etapa (-1) OPORTUNIDADES: Nesta etapa são verificadas as oportunidades do

mercado/setores, conforme o produto a ser avaliado, considerando um panorama local, nacional

e internacional e a atuação na economia.

Etapa (0) PROSPECÇÃO/SOLICITAÇÃO: Nesta etapa, após a verificação das

oportunidades é definida a demanda/ problemática central que norteará o projeto.

Etapa (1) LEVANTAMENTO DE DADOS: Nesta etapa são desenvolvidas as

definições do projeto com base em um levantamento de dados em conformidade com as

necessidades e expectativas do usuário, que contemplam os quesitos de usabilidade, ergonomia

e antropometria, dentre outros, bem como as conformidades da legislação que trata das normas

técnicas para o desenvolvimento dos produtos.

Fonte: GODP, 2016.

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Etapa (2) ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS: Após o levantamento das

informações, na forma de dados, os mesmos são organizados e analisados.

Etapa (3) CRIAÇÃO: De posse das estratégias de projeto, são definidos os conceitos

globais do projeto, sendo geradas as alternativas preliminares e protótipos. Estas são submetidas

a uma nova análise se utilizando de técnicas e ferramentas, permitindo a escolha daquelas que

respondem de melhor forma as especificações de projeto e atendimento dos objetivos.

Etapa (4) EXECUÇÃO: Nesta etapa, considera-se o ciclo de vida do produto em relação

às propostas. A partir destas sãos desenvolvidos protótipos (escala) e/ou modelados

matematicamente, para posteriormente elaborar o (s) protótipo (s) funcionais do (s) escolhido

(s), para os testes (de usabilidade, por exemplo).

Etapa (5) VIABILIZAÇÃO: Nesta etapa, já sendo definida a proposta que atende as

especificações, o produto é testado em situação real, junto a usuários. Somado a este são

realizadas pesquisa (no exemplo de uma embalagem, podem ser realizados em pontos de

venda), e junto a potenciais consumidores. Neste item podem ser utilizadas ferramentas de

avaliação de ergonomia, usabilidade e qualidade aparente.

Etapa (6) VERIFICAÇÃO: Todo projeto deveria considerar os aspectos de

sustentabilidade, focado no destino dos produtos após o término do tempo de vida útil, seu

impacto econômico e social. Esta etapa é considerada de vital importância, no sentido que

poderá gerar novas oportunidades, permitindo desta forma uma retroalimentação do percurso

do design. Em suma, um novo ponto de partida, rompendo (sutilmente) com o pensamento de

linearidade, num processo caracterizado por (pequenos) passos rumo à um pensamento

sistêmico.

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Seguindo os passos da metodologia citada, será aplicado neste projeto da seguinte

maneira:

Tabela 1. Tabela da metodologia aplicada ao projeto.

Etapa (-1)

Oportunidades

Pesquisar sobre a identificação dos alergênicos nas embalagens e

como elas funcionam e o público que recebem essas informações

Etapa (0)

Prospecção/ Solicitação

Identificar as normas de identificação dos alergênicos, número de

pessoas que possuem algum tipo de alergia alimentar e quais as

embalagens mais comuns consumidas por esses consumidores

Etapa (1)

Levantamento de dados

Buscar dados sobre a rotulagem brasileira nas embalagens

alimentícias, bem como órgãos responsáveis e leis vigentes

Etapa (2)

Organização e análise de

dados

Filtrar informações precisas, de preferência dos órgãos nacionais,

buscar similares em pictogramas, selos, embalagens

Etapa (3) Criação Estudar similares- conceito dos pictogramas/semiótica/design de

informação; Esboços e Mapa mental das ideias; Protótipos; Refinagem

Etapa (4) Execução Testes com as alternativas escolhidas

Etapa (5)

Viabilização

Ajustes; Produto final

Etapa (6) Verificação Verificar se o sistema criado foi eficaz ou não; considerações

finais; apontar novas possibilidades

Fonte: A Autora, 2019.

Como visto na tabela acima, na primeira etapa focará na coleta de dados sobre o assunto

abordado. Estará explicando um pouco mais sobre o problema, trazendo o conceito de alergias,

prevalência de alergias e as principais causas e consequências para o público alérgeno. Além

de expor como está o cenário atual de rotulagem de embalagens alimentícias no Brasil,

seguidamente da segunda etapa que visa filtrar as informações coletadas para serem utilizadas na

etapa da criação.

A partir da terceira etapa, buscará projetos similares já em circulação para servir de

referência visual para os pictogramas a serem desenvolvidos. Para a criação usaremos os princípios

e conceitos da pictografia pontuados por João Neves e nos princípios básicos da pictografia

exemplificada no Isotype de Otto Neurath, que visa criar ícones de forma limpa, minimalista e clara.

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Paralelamente com os Fundamentos da Semiótica Aplicada (LUCIA, Santaella) estudaremos os

signos (ícone, índice e símbolo) para melhor criação e aplicação dos pictogramas e os estudos da

Gestalt para a elaboração dos ícones a serem desenvolvidos durante o projeto que tem como base a

regra de percepção visual, teoria formulada na década de 1920 pelos psicólogos alemães Max

Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-1940). (Gomes

Filho, 2000).

O ser humano tem uma grande habilidade para descobrir simetrias em formas

complexas, em formas naturais com simetria incompleta e até em objetos que tenham a simetria

distorcida. De acordo com os psicólogos gestaltistas, possuímos ainda a capacidade para

detectar padrões irregulares, baseando-nos em princípios de proximidade, similaridade e

continuidade. (GESTALT DO OBJETO, 2004).

Com base dos resultados da terceira etapa, a quarta etapa será a etapa de testes com

usuários para avaliar a viabilização ou reprovação dos pictogramas desenvolvidos até neste

momento do projeto, levando em consideração os fatores de influência do Design de

Advertência (Claudia Mont’Alvão) e os princípios do Design da Informação (Runes Petterson)

e o estudo de rotulagem brasileira da professora Carla Spinillo, para dar continuidade nos

estudos de pictogramas.

A quinta etapa será de ajustes, e aplicação em embalagens testes, utilizando os princípios

de Embalagem por Fábio Mestriner, (2002) para a implementação dos pictogramas nas embalagens.

A realização deste projeto se dará com a finalização dos pictogramas, juntamente com o

feedback do projeto pelos usuários através de questionários e poderá servir como inspiração para

estudos futuros.

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2 ALERGIAS ALIMENTARES

Alergias alimentares são reações adversas desencadeadas por uma resposta imunológica

específica que ocorrem de forma reprodutível em indivíduos sensíveis após o consumo de

determinado alimento. Essas reações apresentam ampla variação na sua severidade e intervalo

de manifestação, podendo afetar os sistemas cutâneo, digestivo, respiratório e ou

cardiovascular. Indivíduos com alergias alimentares podem desenvolver reações adversas

graves a alimentos que são consumidos de forma segura pela maior parte da população, mesmo

quando ingeridos em pequenas quantidades. (ANVISA, 2016).

Mais de 170 alimentos já foram descritos como causadores de alergias alimentares e

existem inúmeros fatores ambientais (ex. hábito alimentar, amamentação, alimentação

complementar, tipo do alimento, nível de processamento e forma de preparo do alimento) e

individuais (ex. carga genética, sexo, idade, etnia, atividade física, etilismo, uso de antibióticos

e de inibidores da acidez gástrica) que podem influenciar no desenvolvimento de alergias

alimentares. (ANVISA, 2016).

A literatura internacional indica que cerca de 90% dos casos de alergia alimentar são

ocasionados por apenas oito alimentos: ovos, leite, peixe, crustáceos, castanhas, amendoim,

trigo e soja. Esses alimentos são reconhecidos como alergênicos de relevância para a saúde

pública pelo Códex Alimentarius, organismo da FAO (Organização das Nações Unidas para

Alimentação e Agricultura) e da OMS (Organização Mundial de Saúde) responsável pela

harmonização internacional de regras para alimentos, e por diversos países. (ANVISA, 2016).

Atualmente no cenário brasileiro, os alimentos alergênicos abrangentes na

RESOLUÇÃO - RDC Nº 26, DE 2 DE JULHO DE 2015 são 16 alimentos, sendo eles:

Trigo, centeio, cevada, aveia e suas estirpes hibridizadas;

Crustáceos;

Ovos;

Peixes;

Amendoim;

Soja;

Leites de todas as espécies de animais mamíferos;

Amêndoa (Prunus dulcis, sin.: Prunus amygdalus, Amygdalus communis L.);

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Avelãs (Corylus spp.);

Castanha-de-caju (Anacardium occidentale);

Castanha-do-brasil ou castanha-do-pará (Bertholletia excelsa);

Macadâmias (Macadamia spp.);

Nozes (Juglans spp.);

Peçãs (Carya spp.);

Pistaches (Pistacia spp.);

Pinoli (Pinus spp.);

Castanhas (Castanea spp.);

Látex natural.

Vale ressaltar que a lactose e o glúten não são considerados alergênicos de acordo com

essa resolução, mas sim, alimentos intolerantes. (ANVISA, 2016).

Sobre a prevalência de alergias alimentares no Brasil, não existem pesquisas que

revelem a prevalência real de alergia alimentar na população brasileira. Os dados internacionais

apresentam grande variação em função das diferenças nas metodologias utilizadas. As

estimativas que utilizam dados objetivos, como a história clínica detalhada dos pacientes e

testes controlados de desafio, sugerem uma prevalência de 1 a 3%. (ANVISA, 2016).

Recentemente um grupo de oncologistas brasileiros realizaram um estudo para levantar

dados sobre os alérgicos no brasil e a partir desses dados, estima-se que as reações alimentares

de causas alérgicas no Brasil acometam 6-8% das crianças com menos de 3 anos de idade e 2-

3% dos adultos. (ASBAI, 2018). (VER ANEXO B).

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2.1 ALERGIA X INTOLERÂNCIA

É comum entre as pessoas confundirem as alergias alimentares com intolerância

alimentar. Por serem próximas, o que as diferencia são as reações recorrentes no organismo da

pessoa que as consumiu.

Na alergia alimentar há uma resposta imunológica imediata, isto é, o organismo cria

anticorpos como se o alimento fosse um agente agressor e por isso os sintomas são

generalizados. Já na intolerância alimentar o alimento não é digerido corretamente e, dessa

forma, os sintomas surgem principalmente no sistema gastrointestinal. Ou seja, as alergias

alimentares afetam diretamente o sistema imunológico enquanto a intolerância afeta o sistema

digestivo. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018).

2.2 ROTULAGEM DE ALIMENTOS NO BRASIL

A rotulagem de alimentos é um tema frequente na população brasileira e apesar de

abordada pela produção acadêmica no país (aproximadamente 90 artigos), esses estudos ainda

não são aplicados com tamanha frequência. A fiscalização ineficiente é apontada pelos números

de reclamações do Procon como principal fator para o descumprimento e a banalização das

normas estabelecidas para a rotulagem de alimentos no Brasil. (IDEC, 2016).

A legislação brasileira define rótulo como toda inscrição, legenda ou imagem, ou toda

matéria descritiva ou gráfica, escrita, impressa, estampada, gravada, gravada em relevo ou

litografada ou colada sobre a embalagem do alimento. Tais informações destinam- se a

identificar a origem, a composição e as características nutricionais dos produtos, permitindo o

rastreamento dos mesmos, e constituindo-se, portanto, em elemento fundamental para a saúde

pública. Cabe ressaltar que, no Brasil, as informações fornecidas através da rotulagem

contemplam um direito assegurado pelo Código de Defesa do Consumidor que, em seu artigo

6°, determina que a informação sobre produtos e serviços deve ser clara e adequada e com

especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como

sobre os riscos que apresentem. (IDEC, 2016).

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No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, é o órgão responsável

pela regulação da rotulagem de alimentos que estabelece as informações que um rótulo deve

conter, visando à garantia de qualidade do produto e à saúde do consumidor.

Atualmente no Brasil está em vigor a Rotulagem Nutricional Obrigatória elaborada pelo

Ministério da Saúde em 2005, diz que A Resolução ANVISA RDC 360/03 – Regulagem

Técnica Sobre Rotulagem Nutricional de Alimentos Embalados, torna obrigatória a rotulagem

nutricional baseada nas regras estabelecidas com o objetivo principal de atuar em benefício do

consumidor e ainda evitar obstáculos técnicos ao comércio. As porções indicadas nos rótulos

de alimentos e bebidas embalados foram determinadas com base em uma dieta de 2000 kcal

considerando uma alimentação saudável e foram harmonizadas com os outros países do

Mercosul. Elas estão publicadas na Resolução ANVISA RDC 359/03 – Regulamento Técnico

de Porções de Alimentos Embalados para fins de Rotulagem Nutricional. (ROTULAGEM

NUTRICIONAL OBRIGATÓRIA: MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS INDUSTRIAS DE

ALIMENTOS - 2º Versão,2005, pág. 7).

Há ainda em vigor a resolução para a regulamentação e a obrigatoriedade em informar

os produtos alergênicos nas embalagens alimentícias em todo o território nacional através da

Resolução de Diretoria Colegiada RDC n° 26/2015- “Rotulagem obrigatória dos alimentos que

causam alergias”, na qual deve-se informar na lista de ingredientes os alimentos alergênicos de

acordo com a resolução, em caixa alta, negrito, fonte em tamanho 10. (ANVISA, 2016).

De acordo com a ANVISA (“Rotulagem de Alergênicos nas Embalagens”, 2016), os

indivíduos que possuem alergias alimentares podem desenvolver reações adversas graves a

alimentos que são de consumo comum pela maior parte da população, mesmo quando ingeridos

em pequenas quantidades.

As alergias alimentares além de representar um sério risco à saúde, elas impactam de

forma negativa na qualidade de vida das famílias afetadas, pois, os cuidados necessários para

evitar o consumo do alimento alergênico são muito maiores, gerando excedente gastos com

alimentação e saúde, tornando o dia a dia mais complexo, dificultam as relações sociais e das

atividades de lazer e geram elevados níveis de estresse e ansiedade. (ANVISA, 2016).

Dados levantados junto à população que consulta o serviço Disque-Saúde do Ministério

da Saúde que possuem algum tipo de alergia a alimentos através do telefone 136, demonstram

que aproximadamente 70% das pessoas consultam os rótulos dos alimentos no momento da

compra, no entanto, mais da metade não compreende adequadamente o significado das

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informações, gerando dúvidas a respeito de ingredientes com nomes técnicos, não familiares ao

conhecimento popular. (IDEC, 2016).

De acordo com os testes do IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor,

2016), para avaliar o entendimento dos consumidores em relação as informações nutricionais

nas embalagens, no qual pediu-se para que estes avaliassem os rótulos das embalagens para

avaliar qual era o entendimento pessoal em relação as informações contidas nos rótulos.

Menos da metade dos consumidores saberia avaliar os níveis e a presença de sal, açúcar,

leite e gordura dos alimentos industrializados sem um rótulo visível. Com a informação

nutricional na parte frontal da embalagem, a porcentagem de consumidores que avaliou

corretamente os níveis desses nutrientes mais do que duplicou, chegando a 90% dos

consumidores que avaliaram corretamente o conteúdo nutricional do produto. O método

utilizado foi apresentar aos consumidores imagens de alimentos industrializados populares, no

caso do Brasil biscoitos “cream cracker”, alternando o modelo de exposição da informação

nutricional na embalagem, ora de maneira simples e clara e ora utilizando o formato tradicional.

(IDEC, 2016). (VER ANEXO C).

Conclui-se que apesar de existirem normas que regulam as informações nutricionais e

de alimentos alergênicos nas embalagens, os dados mostraram que a população ainda não está

identificando de forma clara as informações presentes nas embalagens de alimentos, além de,

muitas empresas estarem descumprindo as normas vigentes de rotulagem de alimentos.

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3 LINGUAGEM VISUAL

3.1 SEMIÓTICA

Semiótica é a ciência que estuda a linguagem dos signos e da comunicação, que

consistem em todos os elementos que representam algum significado e sentido para o ser

humano, abrangendo as linguagens verbais e não-verbais. A semiótica busca entender como o

ser humano consegue interpretar as coisas, principalmente o ambiente em que vive. Desta

forma, estuda como o indivíduo atribui significado a tudo o que está ao seu redor.

(SANTAELLA, 1990)

Charles Sanders Pierce (1839-1914), o primeiro grande estudioso da semiótica,

escreveu em um artigo “Sobre uma nova lista de categorias”, em 14 de maio de 1867, no qual

descreveu suas três categorias universais de toda a experiência e pensamento. Considerando

tudo aquilo que se força sobre nós, impondo-se ao nosso reconhecimento, e não confundindo

pensamento com pensamento racional, Pierce concluiu que tudo o que aparece à consciência,

assim o faz numa gradação de três propriedades que correspondem aos três elementos formais

de toda e qualquer experiência. Essas categorias foram denominadas:

Qualidade ou primeiridade (compreensão superficial de um texto);

Relação ou secundidade ( quando o sujeito lê com compreensão e profundidade

seu conteúdo);

Representação ou terceiridade (terceiridade está ligada à nossa capacidade de

previsão de futuras ocorrências da secundidade ou ligar a experiências de vida

pessoais).

Ainda para Pierce existem três tipos de signos, sendo eles:

Ícone – possibilidade qualitativa das coisas; semelhança e analogia; a imagem

representa o objeto (exemplo desenho de um cachimbo);

Índice – indica algo que está ligado; caráter físico existencial (pegadas na areia)

ou (onde há fumaça, há fogo);

Símbolo – relação de convenção com seu objeto, hábitos de uso (a bandeira de

um país; pomba branca da paz).

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Com base nos estudos feitos por Pierce, o projeto se beneficiará de um dos signos

estudados por ele e compreendido pela autora Lucia Santaella, o Ícone.

Dentre os três signos presentes no estudo da semiótica (Índice, Ícone e Símbolo), o

Ícone, por apresentar possibilidade qualitativa das coisas, semelhança e analogia com o objeto

original, se aproxima mais da proposta de criar uma linguagem visual de fácil compreensão por

parte do observador. (SANTAELLA,1990).

A opção escolhida para auxiliar na criação dos pictogramas leva em consideração a

agilidade em identificar os elementos e processar a informação o mais rápido possível,

buscando em suas memorias relações de semelhanças, além de facilitar esta leitura visual para

crianças, deficientes visuais, idosos e analfabetos – de acordo com o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), O Brasil ainda tem cerca de 11,8 milhões de analfabetos, o que

corresponde a 7,2% da população de 15 anos ou mais. (PNAD CONTÍNUA, 2016).

3.2 ISOTYPE

O ISOTYPE (International System of Typographic Picture Education), em português

Sistema Internacional de Educação Pictográfica Pictórica, é um sistema de linguagem

pictórica no qual foi desenvolvido pelo cientista social Otto Neurath e sua equipe, incluindo

ilustradores e designers, para transmitir informações socioeconómicas ao público em geral de

forma simples, visual e que se pudessem aplicar em museus, livros, pôsteres e material escolar.

Neurath esperava criar um “padrão global para a educação e para unir a humanidade através de

uma linguagem de visão ordenada e universalmente legível” (LUPTON, 1989, p. 145).

O sistema ISOTYPE é composto por uma determinada configuração de símbolos

pictográficos que Neurath, chamava de “signos”, que poderiam ser modificados dependendo do

contexto da informação a ser descrita. Esses pictogramas eram organizados seguindo uma

sintaxe precisa desenvolvida por Neurath e sua equipe. O sistema ISOTYPE tinha como

propósito, oferecer os fatos mais importantes da proposição que estivesse descrevendo e, para

tanto, o designer deveria seguir as regras propostas no sistema, com a finalidade de criar

imagens autoexplicativas.

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3.3 SISTEMAS PICTOGRÁFICOS

Os sistemas pictográficos estão presentes no cotidiano social há muitos anos. Muitas

vezes nem se dá conta da participação desses elementos, porque a humanidade se acostumou a

vê-los por toda parte. Estão em etiquetas de roupas, mostrando como se deve lavar, secar e

passar; ou no trânsito, alertando sobre comportamentos adequados e inadequados dos

motoristas; em embalagens de produtos químicos que podem causar algum dano à saúde do

consumidor ou ao meio-ambiente; e em muitos outros casos. (NEVES, 2007).

Esses sistemas servem para emitir uma mensagem complexa para que uma maioria de

pessoas, inseridas em um mesmo contexto cultural, mas que não necessariamente falem o

mesmo idioma, de maneira eficiente. O surgimento deste tipo de comunicação data da década

de 1920. O ISOTYPE foi concebido por Otto Neurath, na Áustria. Seu lema ao criar este

processo de comunicação era “words divide, images unite” (palavras dividem, imagens unem).

Com isto, ele esperava educar e aproximar os povos. (NEVES, 2007).

Este foi apenas o projeto pioneiro de concepção de sistemas pictográficos, outros

surgiram em seguida, como GLYPHS e ICOGRADA, por exemplo. (NEVES, 2007).

Segundo Neves, não há uma relação formal de regras e nem mesmo receitas para a

elaboração conceitual de pictogramas e, por conseguinte, de um sistema pictográfico.

Um pictograma representa de um modo simplificado um objeto, o qual pode ser mais

ou menos icônico (mais ou menos como o modelo real), mas importa acima de tudo

que seja perceptível pelo maior número possível de utente... para isso é imprescindível

que se tenha consciência da categoria de pictogramas que precisarão ser criados para

o sistema em desenvolvimento, para que haja coerência e unidade entre os itens.

(NEVES, 2007).

É importante que o pictograma possa representar todos os objetos da categoria que está

representando. “Se cada figura tem de servir para todo o conjunto dos objetos possíveis

pertencentes a essa classe, a figura não deve prefigurar um objeto, mas toda a classe daqueles

objetos, ou seja, um conceito”. (NEVES, 2007).

Para que isso ocorra de maneira mais efetiva, é importante que se observe os critérios

descritos Neves (2007), que devem caracterizar a imagem pictográfica:

Iconocidade/Abstração: O modelo deve parecer com a imagem;

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Complexidade/Simplicidade: É uma combinação entre o número de elementos

usados para a composição da imagem e o grau de ordenação e desordenação

causado nesse processo;

Normatividade: O respeito às normas para a criação do desenho técnico;

Universalidade: A rápida apreensão de grandes grupos sociais da imagem

simbolizando o objeto real;

Historicidade: A relação que dado símbolo tem no histórico da humanidade,

para que não haja ruídos na interpretação da imagem;

Estética/Carga Cognitiva: O verdadeiro apelo à sensibilidade do espectador;

Fascinação: A imagem deve chamar atenção, para que cumpra sua finalidade

ela precisa ser vista.

Portanto, para a elaboração dos pictogramas que farão parte do sistema, é necessário

que se considerem todos esses critérios.

A exigência da transmissão de informação através de pictogramas obriga a conceber

signos concisos, simples, rapidamente compreensíveis; para isso há que procurar

estruturas gráficas elementares, para fazer justiça a um determinado tipo de percepção.

(NEVES, 2007).

3.4 DESIGN DE ADVERTÊNCIA

Para auxiliar na melhor criação dos pictogramas a serem desenvolvidos neste projeto,

será utilizado as recomendações do Design de Advertência (Cláudia Mont’Alvão), sendo elas:

Alto contraste;

Legibilidade dos caracteres;

Considerações quanto as características da população envolvida (baixa visão,

analfabetismo, etc.);

Considerações aos movimentos envolvidos;

Condições de iluminação boa visibilidade (ex. ambientes com fumaça, neblina, etc.);

Adequada refletância (quanto a luz incide e quanto é refletida);

As considerações de localização X tempo de exposição;

Redundância de informação e com estímulos de mobilidades diferentes (mensagem

verbal, pictórica, sinais luminosos, etc.);

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Interação (avisos interativos, contudo geram atenção individual);

Padronização (standards).

Nota-se que para este trabalho o contraste, legibilidade, caraterização e padronização

serão os principais itens a serem utilizados na criação dos pictogramas, devido a sua

aplicabilidade ser maior do que os demais itens.

3.5 DESIGN DA INFORMAÇÃO

O Design da informação compreende a pesquisa nos princípios para análise,

planejamento, apresentação e entendimento de mensagens – seus conteúdos, linguagens e

forma. Independentemente do meio selecionado, uma informação bem projetada vai satisfazer

requisitos estéticos, econômicos, ergonômicos, bem como temática. (PETTERSON, 2002)

Os princípios para o design de sistemas de informação pontuados por Petterson são:

Princípios funcionais:

Estrutura;

Simplicidade;

Clareza;

Ênfase;

Unidade.

Princípios estéticos:

Harmonia;

Proporção estética.

Princípios cognitivos:

Atenção/Percepção;

Processamento;

Memória.

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A partir deste referencial teórico, iniciou-se a execução deste projeto, buscando

trabalhos similares ao objeto de estudo desta pesquisa para auxiliar nas etapas de criação

seguintes.

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4 SIMILARES

Para desenvolver os pictogramas deste projeto, foram realizadas pesquisas sobre

projetos já existentes e reflexões relacionados a padronização de símbolos alimentícios.

Durante as pesquisas foram encontrados dois estudos de padronização dos símbolos de

alimentos. Um desenvolvido pelo Ministério da Saúde do Chile e outra no Brasil, este último

desenvolvido pela Professora Carla Spinillo na UFPR. Ambos serão abordados a seguir.

4.1 SELOS SAUDÁVEIS DO CHILE

O primeiro exemplo encontrado é a rotulagem de alimentos que vigora atualmente no

Chile, conhecida como “Selos Saudáveis” e que vem sendo inclusive estudado pelo Brasil para

uma possível implementação nas embalagens dentro do território nacional.

O objetivo desse sistema é garantir que as embalagens de pequeno ou grande porte,

apresentem de forma clara a quantidade de sal, açúcar, gorduras saturadas e calorias.

(MINISTÉRIO DA SAÚDE DO CHILE, 2016).

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), escritório da Organização Mundial da

Saúde (OMS) nas Américas, defende que a política do Chile seja adotada pelo governo

brasileiro. A proposta também é analisada pelos órgãos de saúde do Uruguai. (IDEC, 2016)

De acordo com a norma chilena, esses selos localizam-se na parte frontal, superior

direita, com a mesma forma do octógono de uma placa de alerta de trânsito, fundo preto com

borda branca, letras brancas em caixa alta, ocupando 10% da frente da embalagem, quando um

só nutriente crítico supere a norma, e aumentar para 20% no caso que sejam dois ou mais.

(Ministério da Saúde do Chile, 2016).

Figura 3. Selos Saudáveis do Chile.

Fonte: Ministério da Saúde do Chile, 2016.

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Figura 5. Exemplo fantasia de como a OPAS recomenda a rotulação no Brasil.

Fonte: OPAS/Divulgação, 2016.

Fonte: Ministério da Saúde do Chile, 2016.

Figura 4. Posicionamento dos selos nas embalagens dos produtos no Chile.

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4.2 PROPOSTA DE ROTULAGEM BRASILEIRA

O Idec apresentou uma proposta de rotulagem de alimentos juntamente com

pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com base no modelo chileno,

adaptando-os aos padrões brasileiros.

Seguindo os princípios do Design Informacional, legibilidade (facilidade de distinguir

letras), leiturabilidade (absorção rápida da mensagem) e articulação textual (escolha certa das

palavras para a mensagem), o símbolo do triângulo foi escolhido por ser símbolo universal de

advertência e diferentemente do octógono, que dependendo do tamanho da aplicação na

embalagem - que deve ocupar 10% da área frontal, para cada nutriente crítico - ele pode ser

confundido com um círculo, que está muito associado a publicidade, perdendo assim, sua

função original de alertar. (CARLA SPINILLO, 2016).

[...] A ideia foi tirada da placa [de trânsito] ‘pare’, mas acabou sendo um tiro no pé.

São muitos elementos para pouca área, fora que [o octógono] tem uma aparência que

lembra um favo de mel e remete a doçura. Além disso, quando muito reduzido, perde

o peso e parece um círculo. [...] (SPINILLO,2016).

A cor preta foi considerada a melhor opção, comparada com as outras cores mais

chamativas, por vários motivos. Primeiro, as embalagens de alimentos brasileiras costumam

abusar de cores quentes, portanto qualquer cor do tipo prejudicaria o efeito de alerta. Em

segundo lugar, o significado do preto — uma cor ligada historicamente a regulação e

obrigatoriedade, como as tarjas pretas dos remédios confirmam.

Para impedir que o alerta seja absorvido pelo design da embalagem, a proposta

considerou ainda que o triângulo seja sempre impresso sobre um retângulo branco (no caso de

embalagens coloridas) ou com contorno preto nas embalagens brancas.

O Idec também pretende que os alimentos que contenham alertas sobre reflexos nocivos

do consumo para a saúde se abstenham de anunciar características consideradas “positivas”,

como “fonte de vitaminas”. (Portal UFPR, 2017).

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Figura 7. Exemplo do modelo brasileiro.

Fonte: Instituto de Defesa do Consumidor, 2016.

Fonte: Instituto de Defesa do Consumidor, 2016.

Figura 6. Proposta Brasileira de Selos Saudáveis.

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4.3 SELOS TRANSGÊNICOS

Os selos transgênicos foram criados e estão em vigor no Brasil desde 2005, os quais tem

a função de identificar ingredientes que tenham sido alterados geneticamente nos alimentos.

(MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2005).

A norma garante que o símbolo seja usado em uma área visível das embalagens, e a

representação gráfica do símbolo deverá ser em policromia nas embalagens coloridas e em preto

e branco nos rótulos monocromáticos. O símbolo deverá constar no painel principal, em

destaque e em contraste de cores que assegure a correta visibilidade. O triângulo será equilátero.

O padrão cromático do símbolo transgênico, na impressão em policromia, conforme

apresentado acima e deve obedecer às seguintes proporções: Bordas do triângulo e letra T:

100% Preto; Fundo interno do triângulo: 100% Amarelo. Tipologia utilizada para grafia da letra

T deverá ser baseada na família de tipos Frutiger, bold, em caixa alta.

Figura 8. Símbolo dos transgênicos colorido.

Fonte: Ministério da justiça, 2005.

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5 O PROJETO

5.1 ANÁLISE DAS EMBALAGENS E INFORMAÇÕES

Para a criação dos pictogramas, foram analisados algumas embalagens de alimentos que

contém trigo, leite e ovos, citados no grupo virtual do Facebook sobre alergias alimentares:

APLV2 e Alergias Alimentares – Famílias Unidas de Curitiba, ao serem questionados sobre

quais ingredientes necessitam de mudança na sua identificação nos rótulos, os membros

sugeriram que fossem estudadas embalagens de bolacha cream cracker, leites vegetais, bolachas

doces e achocolatados em geral. A partir dessa coleta de informações a respeito dos alimentos,

foi possível ver qual era o nicho de produtos a serem analisados, com o objetivo de entender

como essas embalagens demonstram as informações nutricionais para o consumidor e auxiliar

na melhor aplicação dos pictogramas deste projeto nas embalagens.

5.2 EMBALAGENS COM TRIGO, LEITE E OVOS

Para analisar as embalagens e como as informações nutricionais e dos ingredientes

alergênicos estão colocadas, foram escolhidas embalagens que contenham leite, trigo e/ou ovos

em sua composição, observando as indicações do grupo virtual citado acima., sendo elas uma

embalagem de biscoito doce, uma embalagem de macarrão, uma embalagem de chocolate em

pó, uma embalagem de bolacha cream cracker, e uma embalagem de gelatina.

2 APLV: Alergia a Proteína do Leite de Vaca.

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Figura 9. Embalagem de biscoito doce, frente.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 10. Embalagem de biscoito doce, verso.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 11. Embalagem de biscoito doce, zoom do verso.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 12. Embalagem de macarrão, frente.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 13. Embalagem de macarrão, verso.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 14. Embalagem de macarrão, zoom do verso.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 15. Embalagem de chocolate em pó, frente.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 16. Embalagem de chocolate em pó, verso.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 17. Embalagem de chocolate e pó, zoom do verso.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 18. Embalagem de biscoito salgado, frente.

Fonte: A Autora, 2019.

Figura 19. Embalagem de biscoito salgado, verso.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 20. Embalagem de gelatina, frente.

Fonte: A Autora, 2019.

Figura 21. Embalagem de gelatina, verso.

Fonte: A Autora, 2019.

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Analisando as embalagens, é possível notar que todas elas apresentam as informações

nutricionais e a lista de ingredientes sempre na parte posterior das embalagens. Mesmo

seguindo as normas de rotulagem para alimentos alergênicos, essas informações não são

reveladas de imediato, fazendo com que o consumidor tenha que examinar toda a embalagem

em busca das informações relevantes a sua saúde. Mesmo com alimentos que contenham traços

de outros ingredientes, conhecida como contaminação cruzada, a informação ainda passa

despercebida, como é o caso da gelatina, que contém traços de trigo, ovos e soja, porém esta

informação importantíssima não está exposta adequadamente. Nesta embalagem a lista de

ingredientes não contém itens nocivos aos alergênicos, porem o alimento como foi elaborado

em máquinas que também produzem outros alimentos que possuem algum ingrediente

alergênico na composição, corre-se o risco de uma contaminação cruzada. Porém a informação

de pode conter seria melhor absorvida na parte frontal da embalagem.

Pode-se observar que, em todos os casos, a informação de nutricional está inserida na

parte posterior da embalagem, sob forma de tabela, e logo abaixo consta a lista de ingredientes,

sendo formatada a partir do ingrediente que tem mais participação na composição da receita,

para o que tem menos participação. E os ingredientes alergênicos, apesar de estarem descritos

nas configurações de caixa alta, bold e cumprindo a norma de rotulagem de alergênicos, não

alertam como deviam, pois, a informação não vem acompanhada de um box, elemento gráfico

ou mudança de cor que a destaque.

Após essa breve análise das embalagens, ficou claro que apesar de seguirem as normas

de identificação dos alimentos que geram intolerância alimentar (lactose, glicose, glúten) e as

normas da própria RDC N° 26, DE 2 DE JULHO DE 2015 referente as indústrias alimentares

não priorizam a exibição dos componentes alergênicos no layout frontal da embalagem. As

informações de difícil percepção, e consequentemente, difícil entendimento e assimilação.

Desta forma, compromete-se a saúde alimentar dos consumidores, colocando em risco suas

vidas.

Conclui-se que o conteúdo é inserido apenas para cumprir as normas sem revelar real

preocupação com o consumidor. Nota-se que elementos de divulgação e contato como ícones

de Redes sociais como facebook, twitter possuem maior destaque no layout das embalagens do

que os ingredientes alergênicos, como no caso da embalagem de Nescau, onde o ícone de uma

rede social ocupa mais espaço no layout da embalagem que a presença dos ingredientes

alergênicos.

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6 PESQUISA VISUAL DOS INGREDIENTES

Antes de iniciar os esboços para a elaboração dos pictogramas, foi realizado uma breve

pesquisa visual sobre os itens a serem trabalhados no projeto, tendo como base suas imagens

mais comuns de serem retratados pela sociedade e suas alternativas para tais, além de identificar

como esses ingredientes podem ser ilustrados.

6.1 PESQUISA VISUAL DO LEITE

Na pesquisa realizada sobre o leite e suas formas de representação, as imagens que

surgiram foram as que mais se repetiram ao longo da pesquisa visual: o copo com leite, jarra de

leite, caixa de leite, e doces. A imagem da vaca e seu bezerro foram as menos presentes durante

a busca.

Figura 22. Referências visuais do Leite.

Fonte: Google Imagens, 2019.

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Figura 23. Representação ilustrada do leite.

Fonte: Google Imagens, 2019.

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6.2 PESQUISA VISUAL DO TRIGO

Na pesquisa sobre o trigo, a representação mais presente nas imagens foram a espiga do

trigo ainda no campo, na mesa, debulhada em grãos, a estado de farinha e em pães caseiros.

Figura 24. Referências visuais do trigo.

Fonte: Google imagens, 2019.

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Figura 25. Representação ilustrada do trigo.

Fonte: Google Imagens, 2019.

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6.3 PESQUISA VISUAL DO OVO

Na pesquisa visual dos ovos, as imagens que apareceram foram quase 100% do ovo

inteiro, sendo ou em pé ou com outros ovos ao seu redor. Ovos cozidos partidos ao meio, ovos

fritos e ovos em cartela de papelão foram outras reproduções visuais do ovo encontradas durante

a pesquisa.

Figura 26. Referências visuais do ovo.

Fonte: Google Imagens, 2019.

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Figura 27. Representação ilustrada do ovo.

Fonte: Google Imagens, 2019.

Definidos os padrões de representação dos alimentos, a partir dessas imagens aliadas ao

sistema pictográfico e a linguagem da semiótica aplicada juntamente com a iconocidade, partiu-

se para a elaboração dos primeiros esboços para o projeto, que será mostrada a seguir.

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7 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS

Os esboços iniciais, as ideias e as informações que serviram como referência para o

desenvolvimento do projeto foram anotados em folhas e em um diário gráfico, documentando

todo o processo de criação inicial dos pictogramas, de modo que a linha de pensamento utilizada

possa ser melhor compreendida, além de promover uma melhor organização visual das ideias

e dos resultados obtidos.

A geração de alternativas buscou seguir o que foi determinado durante as pesquisas,

focar em pictogramas que sejam identificados imediatamente, sem a necessidade de se aprender

sobre, buscando nas memórias a relação de semelhança e analogia, citados na semiótica, e

minimalista e sem perspectiva como rege as normas de criação do ISOTYPE.

Figura 28. Foto da capa do diário gráfico.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 29. Primeiros estudos de ícones.

Na criação dos ícones do trigo, usou-se as imagens da pesquisa visual como base para a

criação dos pictogramas. De acordo com a pesquisa, as formas mais usadas para representá-lo

foi seu formato “espiga”, ainda antes de ser colhida, nos campos. A Outra opção seria o saco

de farinha, mas poderia ser facilmente confundida com saco de açúcar, arroz, etc. Há ainda

representações do trigo em formatos de pães, baguetes, bolos, mas são formatos que vem a fugir

da primeiridade e iconocidade das imagens com semelhança ao produto real.

No que se refere ao leite, houve muita dificuldade em se chegar a uma forma que

representasse bem o ingrediente. Pois, se usado o conceito do animal, poderia remeter a outros

produtos, como a carne; se usado o conceito do balde, poderia remeter a outros artigos, como a

tinta. O formato de gota seria o ideal, mas poderia ser confundido com uma gota d’agua se

usado preto e branco ou ainda se usado uma cor que não se assemelha ao leite. Outras opções

para representar o leite seriam o copo com leite, caixa de leite, jarro de leite.

Referente ao ovo, a princípio pareceu ser um item sem muitas opções de representação

além de uma forma oval, mas durante a pesquisa visual, surgiram imagens e ideias do ovo

aberto, oval com gema no centro, casca do ovo semiaberto, ovos dentro de caixas etc. Pensou-

Fonte: A Autora, 2019.

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se no conceito animal da galinha, mas surgiu o mesmo problema de representar a vaca como

leite, de remeter a outros produtos como carne de frango ou item que contenha carnes.

Após a elaboração desse primeiro estudo, os esboços foram refeitos com caneta preta

para ter uma melhor visualização destes esboços.

Figura 30. Ícones do leite.

Fonte: A Autora, 2019.

Figura 31. Ícones do trigo.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 32. Ícones do ovo.

Fonte: A Autora, 2019.

Após os esboços serem refeitos com caneta preta, os desenhos foram manipulados

digitalmente afim de testar como se comportavam quando transformados em vetores. Nos

primeiros resultados notou-se a irregularidade no traço muito presente em alguns ícones, bem

como a perda de caraterística do ícone após vetorizado, como se a essência do ícone feito a mão

tivesse desaparecido ao ser digitalizado.

Figura 33. Ícones do leite em Image Trace.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 34. Ícones do trigo em Image Trace.

Fonte: A Autora, 2019.

Figura 35. Ícones do ovo em Image Trace.

Fonte: A Autora, 2019.

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Sendo assim, as melhores alternativas foram selecionadas e re-digitalizadas de maneira

mais criteriosa para ver como se comportavam dentro dos parâmetros dos pictogramas,

minimalista e icônica. Durante o processo de digitalização foi possível perceber que algumas

alternativas notáveis foram deixadas de lado detrimento às demais, mais comuns e menos

criativas. Percebendo isso, durante a manipulação digital foram inclusas outras alternativas, a

fim de enriquecer o projeto, não excluindo os resultados anteriores, pois algumas alternativas

poderiam ser utilizadas.

Figura 36. Vetores do leite.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 37. Vetores do trigo.

Fonte: A Autora, 2019.

Figura 38. Vetores do ovo.

Fonte: A Autora, 2019.

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7.1 SELEÇÃO DAS ALTERNATIVAS

Após a fase de digitalização dos ícones, foi realizada uma pesquisa com o público para

ser escolhida as três opções que seriam selecionadas como base para a continuação do projeto.

Como o projeto visa a comunicação dos pictogramas para com o consumidor, uma

pesquisa foi feita por meio de questionário, e o público escolheu a opção que mais lhe agradou,

trouxe conforto e entendimento rápido. (VER APÊNDICE A).

A pesquisa contou com 204 entrevistados. A primeira questão se referia à escolha de 3

ícones que melhor representassem cada ingrediente e na seguinte escolheria a melhor dentre as

três escolhidas anteriormente.

Com relação a escolha dos ícones do leite, os mais votados a opção 6 com 159 votos

(77,9%) e a opção 15 com 174 votos (85%).

A segunda pergunta que escolheria a melhor dentre as 3 melhores opções escolhidas

anteriormente por cada usuário, a opção 15 ganhou com 131 votos (64,5%).

Figura 39. Questionário qualitativo dos ícones do leite.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 40. Questionário qualitativo dos ícones do leite.

Fonte: A Autora, 2019.

Com relação ao ícone do trigo, o mais votado tanto na primeira questão quanto na

segunda foi a opção 12 sendo a primeira pergunta conquistado 160 votos (78,8%) e a segunda

pergunta com 101 votos (49,8%).

Figura 41. Questionário qualitativo dos ícones do trigo.

Fonte: A Autora, 2019.

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Com relação ao ícone do ovo, o mais votado tanto na primeira questão quanto na

segunda foi a opção 4, sendo a primeira pergunta conquistado 103 votos (49,8%) e a segunda

pergunta com 44 votos (20,7%).

Figura 42. Questionário qualitativo dos ícones do ovo.

Fonte: A Autora, 2019.

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Após analisar os resultados da pesquisa e os comentários do público, foi possível chegar

a boas conclusões para dar continuidade ao trabalho.

Em relação ao ícone do leite, muitos sentiram dificuldade em associar a imagem com o

leite, sendo que a maioria dos colaboradores afirmaram que as alternativas apresentadas

remetiam a água, e que a alternativa 6 poderia ser melhor trabalhada arredondando as arestas

para melhor remeter ao leite. Porém a caixa de embalagem cartonada prismática foi o ícone que

mais lhe remeteram ao leite. Considerando esses fatos, este trabalho seguirá com o ícone da

caixa cartonada e o copo com leite acompanhado da jarra.

A respeito do trigo, a opção 12 foi praticamente unânime, não dando vez para as demais

alternativas. Dentre os comentários feitos, os ícones apresentados estavam muito repetitivos e

muito simplificados, podendo ser comparados às demais plantas gramíneas. Portanto, o ícone

12 passará por refinações e melhorias para melhor compreensão do público.

O último ingrediente a ser avaliado foi o ícone do ovo. Foi o questionário que mais

acirrou durante a votação dos ícones, mas a opção 4 que remete a dois ovos, sendo um na

vertical e outro na horizontal foi a escolha do público. Nos comentários acerca dos ícones,

muitos gostaram da alternativa 9 (ovo aberto), aconselhando a Refinagem deste. A partir desses

dados, foram escolhidos os ícones 4 e 3 (ambos mais votados na primeira fase) para dar

continuidade a este trabalho.

Portanto, seguem-se para a próxima deste trabalho, a opção 4 para representar o ovo, a

opção 12 para representar o trigo e as opções 6 e 15 para representar o leite.

Figura 43. Alternativas selecionadas pelo questionário qualitativo.

Fonte: A Autora, 2019.

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7.2 DESENVOLVIMENTO DAS ALTERNATIVAS ESCOLHIDAS

Seguindo os princípios de cor e de tamanho dos pictogramas das normas chilenas, e do

uso da forma triangular dos estudos da Professora Carla Spinillo para identificação dos

nutrientes críticos nas embalagens, a elaboração dos pictogramas deste trabalho adotou o padrão

preto e branco, variando a representação dos ingredientes dentro de uma composição externa a

ser definido nos próximos capítulos.

Considerando o uso das cores preto e branco, os pictogramas foram elaborados para que

houvesse contraste com o fundo preto e se sobressaísse a composição externa a ser definida.

7.2.1 PICTOGRAMAS DO LEITE

Anteriormente, foi visto que o ícone do leite obteve no questionário duas opções

escolhidas e vários comentários acerca de sua representação. (VER APÊNDICE A).

Em decorrer disto, optou-se por refazer os ícones selecionados do leite tendo como

parâmetro as avaliações recebidas no questionário e colocá-los em teste novamente para sua

validação.

A partir dos resultados do teste qualitativo, os novos ícones do leite foram esboçados,

visando a caixa prismática cartonada e a jarra com um copo. Os novos estudos do ícone do leite,

foram anotados no diário gráfico, e assim como feito anteriormente, passaram por uma

digitalização rápida e as melhores opções foram vetorizadas com mais rigor.

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Figura 44. Novos ícones do leite, em Image Trace.

Fonte: A Autora, 2019.

Figura 45. Novos ícones do leite vetorizados.

Fonte: A Autora, 2019.

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A partir dos novos vetores, foi realizado um segundo teste de validação com o público

para que se pudesse escolher a melhor opção de representação do ícone do leite. O questionário

seguiu os mesmos critérios do primeiro teste, no qual consistia em duas perguntas, sendo a

primeira questão a escolha de 3 ícones que melhor representassem cada ingrediente e na

seguinte escolheria a melhor dentre as três escolhidas anteriormente.

Os resultados do leite, o ícone mais votado na visão do público tanto na primeira questão

quanto na segunda foi a opção 1, sendo a primeira pergunta conquistado 63 votos e a segunda

pergunta com 44 votos.

Figura 46. Resultado do segundo teste qualitativo do leite.

Fonte: A Autora, 2019.

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É possível notar que em ambos os testes realizados com os usuários, a caixa prismática

cartonada é o ícone que mais agrada o público. É interessante perceber como os hábitos de

consumo e na maneira de como os consumidores são educados a consumir, influenciam na

percepção dos alimentos. No caso do leite é possível notar que o público não associa a matéria-

prima do leite como leite, mas sim, a embalagem do produto, que no caso é a caixa prismática

cartonada.

Após essa reflexão sobre os resultados do ícone do leite, o ícone a ser trabalhado nas

próximas etapas será a caixa prismática cartonada.

7.2.2 PICTOGRAMAS DO TRIGO

O ícone do trigo apesar de ter tido uma alternativa escolhida pelo público no

questionário, a alternativa escolhida por ter recebido muitos comentários e dúvidas acerca de

sua formação, optou-se por fazer reajustes no ícone, e colocá-lo em teste novamente, bem como

o ícone do leite. Novos esboços foram feitos, agora visando melhorar o traço do ícone do trigo,

depois digitalizados rapidamente e após uma seleção dos melhores traços digitalizados com

mais rigor.

Figura 47. Novos esboços do ícone do trigo, em Image Trace.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 48. Novos esboços do ícone do trigo vetorizados.

Fonte: A Autora, 2019.

A partir dos novos vetores, foi realizado mais um teste de validação com o público, para

que se pudesse escolher a melhor opção de representação do ícone do trigo. O questionário

consistia em duas perguntas, sendo a primeira pergunta onde o usuário escolheria 3 ícones que

melhor representassem cada ingrediente e na seguinte escolheria a melhor dentre as três

escolhidas anteriormente.

Os resultados do trigo, o ícone mais votado na visão do público na primeira questão

foram as opções 1 e 2 sendo o primeiro ícone conquistado 65 votos e o segundo 62 votos; e a

segunda pergunta a opção 1 ganhou com 41 votos.

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Figura 49. Resultado do segundo teste qualitativo do trigo.

Fonte: A Autora, 2019.

7.2.3 PICTOGRAMAS DO OVO

Considerando os comentários e os votos do questionário a respeito dos ícones, o ícone

para representar o ovo foi aprovado e não sofrerá nenhuma alteração, podendo partir para a

próxima etapa, no qual será colocado com elemento gráfico externo e testado em mock up.

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7.2.4 ÍCONES SELECIONADOS

Para dar continuidade na elaboração dos ícones que irão fazer parte deste projeto, os

ícones que foram escolhidos pelo público na pesquisa de satisfação e semelhança dos ícones

aos ingredientes reais, sendo eles para o ovo, o ícone 4 (dois ovos); para o leite, o ícone 4 (caixa

prismática cartonada), e para o trigo, o ícone 1 (ramo de trigo).

Figura 50. Ícones finais escolhidos.

Fonte: A Autora, 2019.

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7.3 AS CORES

O trabalho terá como base o estudo da designer Carla Spinillo para a proposta brasileira

de rotulagem e identificação do sal, gorduras e açúcares nas embalagens de alimentos e a Norma

de Selos Saudáveis do Chile, predominando o estilo monocromático preto e branco, já que as

embalagens brasileiras usam com alta frequência cores quentes em suas composições, e utilizar

outras cores poderia gerar ruídos visuais e perder o foco de alertar sobre tal componente

alimentício.

Figura 51. Exemplo de triângulo segundo

As normas de rotulagem brasileira com

Rotulagem dos transgênicos.

7.4 COMPOSIÇÃO EXTERNA

Para a composição externa dos ícones, foram estudadas formas geométricas que também

podem ser encontradas em sinais de trânsito, sendo eles o círculo, o triângulo equilátero, o

quadrado e o cilindro boleado (este usado para identificar a quantidade de calorias nas

embalagens alimentícias) seguindo as cores do modelo dos selos saudáveis dos estudos da

Professora Carla Spinillo, que utiliza as cores preto e branco.

Nos estudos de composição, foram testados inicialmente o triângulo equilátero variando

as bordas entre pontuda e arredondada, e os tipos de círculos, mesmo que não utilizado dado os

Fonte: A Autora, 2019.

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estudos da Professora Carla Spinillo de que o círculo pode ser confundido com publicidade na

embalagem. (VER PÁG. 31).

A dificuldade em usar o triângulo na composição ao invés do círculo, é que na versão

do triângulo não é possível criar a opção “não contém”, pois, ter uma faixa cortando o símbolo

o deixaria grotesco e desproporcional visualmente, descartando a possibilidade de fazer ícones

para “contém traços” e “contém produto ultra processado”. Essa é a vantagem do círculo que

se cortado ao meio fica esteticamente e visualmente equilibrado.

Figura 52. Estudo dos sinais de alerta.

Fonte: A Autora, 2019.

Baseado nos conteúdos de design de advertência e no trabalho da professora Carla

Spinillo, foram elaborados três formatos de composição externa para o fundo dos ícones dos

alimentos.

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Figura 53. Modelos de elementos gráficos externo.

Fonte: A Autora, 2019.

Após essa breve reflexão acerca do formato da imagem gráfica externa, os ícones foram

testados digitalmente, para observar o comportamento destes nas embalagens, se estes iriam

cumprir o papel de alertar sobre a presença dos ingredientes alergênicos e definir a melhor

opção para fazer conjunto com os ícones dos alimentos. As imagens a seguir mostram os

mockups dos elementos gráficos externos aplicados em embalagem.

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Figura 54. Mockup teste de composição do triângulo.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 55. Mockup teste de composição do quadrado.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 56. Mockup teste de composição do quadrado.

Fonte: A Autora, 2019.

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Após essa simulação digital, foi realizada uma pesquisa de opinião para avaliar os ícones

e poder escolher a opção que melhor alertará a presença dos ingredientes críticos nas

embalagens de alimentos.

A pesquisa apresentou as três simulações digitais acima, as embalagens com o sinal

quadrado, o sinal do cilindro boleado e o sinal do triângulo e o entrevistado escolheria a opção

que mais lhe chamou a atenção.

Figura 57. Resultado do teste de composição externa.

Fonte: A Autora, 2019.

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A pesquisa abrangeu 27 pessoas e, de acordo com os resultados desta, o formato do

triângulo equilátero foi o símbolo que na opinião da maioria dos entrevistados chamou-lhes

mais a atenção tanto na embalagem, quanto a informar a presença de ingredientes alergênicos,

recebendo 12 votos (44,4%).

Com base nas reflexões e nos resultados obtidos através da pesquisa, a imagem que será

usada para a composição externa dos pictogramas será o triângulo equilátero, pois foi a forma

que cumpriu seu papel de destacar e informar o que se pretende.

7.5 ALTERNATIVA DE COMPOSIÇÃO TEXTUAL

Após definir a composição externa, houve a necessidade de se pensar a respeito das

variações de representação dos ingredientes alergênicos nas embalagens como: “contém”,

“pode conter traços de”, “contém derivados de”; uma vez que dependendo do grau de alergia

do usuário, o simples contato com o agente alergênico pode levar a óbito. Considerando que o

presente trabalho adotou a coloração monocromática, seria inviável o uso de outras cores para

fazer a diferenciação de composição destes.

A alternativa para retratar essas variações do “contém” e “contém derivados de” e “pode

conter traços de”, seria usar o ícone associado ao sinal de alerta, acompanhado de um texto logo

abaixo da imagem.

Figura 58. Exemplo de alternativa de composição textual.

Fonte: A Autora, 2019

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Analisando os textos, chegou-se à conclusão que as duas últimas opções de texto

ficariam muito extensas e ocupariam uma área muito maior no todo, e poderia tirar o foco dos

pictogramas dentro do sinal de alerta, fazendo com que os pictogramas perdessem o foco.

Portanto, optou-se por reduzir o texto para “derivados de” e “traços de” para que não perdesse

a unidade linear textual do ícone “contém x” e evitar que o texto chame mais atenção que o

pictograma.

Figura 59. Tipos de variações textuais.

Fonte: A Autora, 2019.

A seleção da fonte tipográfica usada para a composição textual foi um processo de

observação, na qual foi realizada uma pesquisa de famílias tipográficas sem serifas e alguns

testes junto aos pictogramas, analisando as combinações. O objetivo era encontrar uma fonte

que se adequasse aos pictogramas e destacasse os ícones sem ofuscá-los. Após essa seleção, a

fonte Arial Bold foi a escolhida, pois foi a fonte que mais se adequou ao triângulo e aos ícones

sem interferir na percepção e na leitura dos ícones. As figuras a seguir mostram o teste visual

de seleção da família tipográfica e a fonte escolhida.

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Figura 60. Teste de fontes tipográficas.

Fonte: A Autora, 2019.

Figura 61. Tipografia Arial Bold.

Fonte: A Autora, 2019.

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8 PROTÓTIPO

Após definir os ícones que representarão os ingredientes alergênicos, o formato de

composição externa, as cores e a composição textual deu-se início a união de todos esses

elementos para a criação do protótipo digital. O protótipo consiste em um ícone de ingrediente

alergênico, o triângulo equilátero para composição externa e as três variações de texto a

identificar cada tipo de ingrediente nos alimentos.

8.1 ÍCONE DO OVO

Figura 62. Ícone do ovo finalizado com texto.

Fonte: A Autora, 2019.

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8.1.2 ÍCONE DO LEITE

Figura 63. Ícone do leite finalizado com texto.

Fonte: A Autora, 2019.

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8.1.3 ÍCONE DO TRIGO

Durante a elaboração do ícone do trigo, houve a necessidade de ajustar o ícone ao

triângulo, pois quando o ícone colocado dentro do símbolo pareceu estar deslocado dentro

deste, além de não ter autonomia em chamar atenção por si só, diferentemente da composição

do leite e do ovo onde os ícones atraem as atenções por si mesmos. Pensando nisso, optou-se

em duplicar a representação do ícone dentro do triângulo para que houvesse mais equilíbrio,

além de reajustar o ângulo para que trouxesse mais harmonia para toda a composição. Pensando

na redução do ícone, foram retirados três gomos do trigo para que o ícone pudesse ficar maior

e mais visível. Após esses ajustes, seguiu-se para a criação do manual de aplicação

Figura 64. Ícone do trigo antes do ajuste, com uma espiga de trigo.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 65. Ícone do trigo após os ajustes, finalizado com texto.

Fonte: A Autora, 2019.

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9 TESTE DE EMBALAGEM EM AMBIENTE DE CONSUMO

Com as especificações realizadas e a tabela de medidas finalizadas, partiu-se para o

último objetivo deste projeto que é a realização do teste prático, onde os usuários manuseariam

as embalagens com os pictogramas para avaliar a qualidade e funcionalidade destes.

As embalagens escolhidas para o teste visaram os produtos que foram analisados no

capítulo “ANÁLISE DE EMBALAGENS”, como a embalagem de chocolate em pó, macarrão

e alimentos semelhantes a estes produtos. Para avaliar os pictogramas e suas variações de

tamanho nas embalagens, os pictogramas foram inseridos em embalagens reais em forma de

adesivos, para simular impressão em alta tiragem. Além das embalagens analisadas neste

projeto foi adicionado ao teste uma embalagem de pizza. Além da embalagem de pizza, foi

criado uma embalagem de torrada, pensando no seu layout a presença dos pictogramas de alerta

para visualizar como os pictogramas seriam inseridos numa arte final e impressa.

O teste ocorreu no Mercado Smarket, localizado na Avenida Toaldo Túlio, bairro São

Bráz em Curitiba e abrangeu 25 entrevistados, que se avaliou a composição, identificação e

verificação se o processamento da informação foi eficaz.

O teste continha nove perguntas, dentre elas se o usuário conseguia perceber a presença

dos pictogramas e se conseguiam entender a mensagem a ser passada de maneira rápida. As

embalagens foram colocadas em uma prateleira comum do mercado com o intuito de aproximar

o consumidor de uma ida ao mercado comum e ter a percepção do produto na gôndola. (VER

APÊNDICE D).

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Figura 66. Embalagens teste em ambiente de compra.

Fonte: A Autora, 2019.

Figura 67. Embalagens teste sob gôndola de mercado.

Fonte: A Autora, 2019.

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De acordo com a primeira pregunta, sobre o que os entrevistados haviam percebido de

diferente nas embalagens, sete pessoas mencionaram o excesso de cores nas embalagens. A

percepção da presença dos pictogramas de alerta obteve 12 votos. Dois entrevistados não

identificaram nada de diferente nas embalagens e os demais citaram a presença do leite em

todas as embalagens e outras observações. (VER APÊNDICE D).

A segunda questão perguntava se o observador conseguiu perceber a presença dos

pictogramas de alerta nas embalagens e, 91% disseram que sim, 1% não percebeu e 1% não

souberam disser.

Sobre identificar as informações contidas dentro dos ícones de alerta, 84% disseram ter

conseguido identificar, 12% não conseguiram e 4% não souberam dizer.

Sobre a informação presente ser útil, 100% dos entrevistados disseram que era útil, e

que inclusive deveriam ser maiores, para chamar mais atenção para os ícones.

A questão número 5 onde se perguntou se eles comprariam o produto com base nas

informações dos pictogramas, 76% disseram que comprariam, pois estariam cientes da presença

de tais alimentos, 16% não comprariam com base nessas informações pois para eles, a presença

ou ausência destes não afetariam na decisão de levar o produto para casa, enquanto 8% não

souberam dizer.

Porém na próxima questão, na qual consistia em saber se o ícone de alerta os avia

informado rapidamente a presença desses ingredientes, 96% disseram que sim, enquanto 4%

não souberam dizer.

Sobre a questão 7 de identificar as variações de “contém”, “derivados” e “traços”, 96%

disseram que sim, enquanto 4% não conseguiram. Inclusive alguns dos entrevistados não

sabiam o que era o termo “traços de”, sendo informado ao final da pesquisa sobre.

E na pergunta final que tinha o objetivo de saber se na opinião dos entrevistados os

pictogramas de alerta deveriam ser inseridos nas demais embalagens de alimentos, a reposta foi

unânime de 100%, pois são informações importantes que passam despercebidas pela maioria

deles e tê-las na parte frontal das embalagens fizeram com que eles tivessem consciência da

composição dos alimentos que eles consomem em suas casas.

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10 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

De acordo com as respostas obtidas, pode-se dizer que os pictogramas de alerta

funcionariam em um ambiente de consumo, realizando sua função de alertar sobre a presença

dos alergênicos. Como visto anteriormente, 100% dos entrevistados disseram que o sistema era

útil e que deveriam ser aplicados nas demais embalagens. Houveram algumas divergências em

relação ao tamanho dos ícones nas embalagens, pois, alguns entrevistados disseram que,

poderia ser menor, outros maiores, para se destacar ainda mais nas embalagens. Alguns

entrevistados disseram que poderia haver uma diferenciação simbólica nos símbolos “contém”

do símbolo “traços de” como variar as cores, ou até mesmo o formato da composição externa.

Durante a aplicação do teste em ambiente de consumo, muitos consumidores ainda

confundem alergias com intolerância alimentar, outros nem sabiam da existência dos diferentes

termos para cada tipo de ingrediente alergênico nos alimentos, e nem os ingredientes que entram

na categoria de alergênicos. Ao final de cada teste, os entrevistados tiveram suas dúvidas

esclarecidas e pode-se dizer que a pesquisa foi não somente para coletar dados, mas acabou

sendo uma intervenção educativa para todos.

Porém, levando em consideração os comentários do público, optou-se por retirar os

termos “derivados de” e “traços de”, focando apenas no termo “contém” para a finalização deste

projeto.

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11 REGRAS DE APLICAÇÃO DOS PICTOGRAMAS

Após finalizar os pictogramas, foi elaborado um manual de como seria a aplicação dos

pictogramas nas embalagens, visando proporção entre pictograma e embalagem, além da

localização em que estes seriam colocados, criando um padrão de aplicação para eles.

As medidas e proporções, além da localização serão abordadas a seguir.

11.1 TAMANHOS E REPRESENTAÇÃO DE SELOS

As medidas dos pictogramas nas embalagens foram pensadas, para que ocupassem um

tamanho razoável na embalagem, chamando a atenção dos consumidores, mas que não fosse

exageradamente grande.

Tendo como referência as medidas usadas na norma chilena do Selos Saudáveis, no qual

uma embalagem com área entre 200 x 300 cm² o selo equivale a 3x3 cm, várias embalagens

foram medidas e suas área frontal calculada, para definir um padrão de tamanho para os ícones

deste projeto. Para saber a área das embalagens, basta multiplicar o valor da sua base vezes

altura.

Para aplicação de um pictograma em embalagens com área entre:

Tabela 2. Tabela de especificação de tamanhos dos pictogramas.

A - Menos de 100 cm² = ícone de 1,5 x1,5cm na área maior

da embalagem;

B - 100 a 150 cm² = ícone de 1,5 x1,5cm;

C - 151 a 200 cm² = ícone de 2 x 2 cm;

D - 201 a 250 cm² = ícone de 2,5 x 2,5cm;

E - 251 a 300 cm² = ícone de 3 x 3 cm;

F - 301 a 350 cm² = ícone de 3,5 x 3,5cm;

G - 351 cm² em diante = ícone de 4 x 4cm.

Fonte: A Autora, 2019.

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Embalagens com área inferiores a 100cm² como é o caso de muitos doces, os

pictogramas deverão ir para uma área isenta de elementos gráficos, e o tamanho do selo deve

ser de no mínimo 10% da área que ocupará. Embalagens superiores a 300cm² que necessitem

de dois ou mais pictogramas podem reduzir o tamanho do ícone em até dois intervalos para que

não fique desproporcional a marca e as demais informações do produto, desde que ocupe 10%

da área visível. Por exemplo: Uma embalagem com área de 360 cm² que necessite utilizar dois

pictogramas em sua embalagem, pela regra padrão deverá usar um pictograma com medida de

3,5cm, mas por necessitar de dois pictogramas poderá usar dois ícones de 2,5cm e assim

sucessivamente.

Figura 68. Exemplo de aplicação de redução de ícones nas embalagens.

Fonte: A Autora, 2019.

E a partir das medidas estabelecidas, todos os ícones e suas variações textuais seguiram

esses parâmetros, no qual o tamanho do triângulo se diferencia em 0,5cm (meio milímetro) da

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área branca, sendo a área branca de 1,5 cm², o triângulo terá 1 cm de base como mostrado a

seguir.

Figura 69. Relação de tamanho do triângulo com a área branca.

Fonte: A Autora, 2019.

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Figura 70. Relação de tamanhos dos ícones "contém".

Fonte: A Autora, 2019.

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11.2 APLICAÇÕES

De acordo com a norma chilena os selos saudáveis são colocados na parte superior

direita, e partindo desse princípio os ícones foram inicialmente colocados nesses parâmetros.

Porém observou-se que muitas embalagens brasileiras destinam o quadrante superior direito

para logomarca do produto ou outras informações, deixando o quadrante superior esquerdo

livre, como é o caso da embalagem de chocolate em pó, vista anteriormente, que possui todo o

quadrante superior direito ocupado por uma parte da logomarca, enquanto o quadrante oposto

se encontra livre.

As especificações sugeridas neste projeto é que os pictogramas se encontrem no

quadrante superior da embalagem, podendo ser tanto no lado esquerdo, quanto no lado direito;

sendo colocados a 0,5cm (meio milímetro) das bordas tanto da arte quanto da embalagem e a

0,2cm (dois milímetros) de ícone para ícone.

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99

Figura 71. Posições dos ícones nas embalagens.

Fonte: A Autora, 2019.

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100

Figura 72. Posições dos ícones nas embalagens variações.

Fonte: A Autora, 2019.

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101

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto se mostrou muito interessante. Durante o desenvolvimento do projeto do

sistema de pictogramas para identificação dos ingredientes alergênicos nas embalagens, foi

possível compreender a importância dos processos e metodologias do design, o registro de suas

etapas foi essencial para a elaboração do trabalho e para análise dos resultados.

A experiência de desenvolver um sistema pictográfico icônico com diversos elementos

e as possibilidades de configurações, para um mesmo ícone, proporcionou uma visão mais

ampla a respeito da criação de sistemas informacionais através dos pictogramas e do design de

forma geral.

O projeto promoveu o estudo de temas atuais que vem sendo abordado pelos

profissionais de design e pela população, como design da informação, Isotype e rotulagem de

alimentos. As pesquisas mostraram alguns dos problemas de rotulagem nas embalagens, como

colocá-las no seu verso, as normas vigentes e os dados sobre alergias no país. A dificuldade em

encontrar projetos já em pratica, chamou a atenção para que se pensasse mais a fundo do porquê

dessa ausência, já que essa temática tem uma grande relevância para a sociedade.

Sobre os resultados atingidos, pode-se dizer que cumpriram com o esperado. A ideia

principal era criar um sistema que identificasse os alergênicos nas embalagens de forma

pictográfica e ao final foi criado não somente esse sistema, mas um manual de aplicação, além

de criar variações textuais para os diferentes tipos de presença dos alimentos críticos nas

embalagens.

O feedback dos entrevistados durante os testes visuais e com o protótipo físico foram de

suma importância para os resultados finais desse projeto, pois acrescentou pontos de vistas

diferentes e opiniões ao projeto, contribuindo com uma visão mais realista e contextualizada de

como seria a atuação desse sistema na prática e o possível desempenho nas demais embalagens.

Saber que os pictogramas funcionariam e facilitariam a vida dos consumidores é a informação

mais relevante de todo o projeto, assim como as sugestões dadas durante o feedback.

Conclui-se que os pictogramas criados durante o projeto teriam a possibilidade de serem

colocados em prática e poderiam apresentar bons resultados, embora haja a necessidade de

ajustes conforme as sugestões dadas pelos entrevistados abordada na avaliação dos resultados.

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102

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APÊNDICE

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO QUALITATIVO DE ÍCONES DE ALIMENTOS

ALERGÊNICOS

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APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO QUALITATIVO DE ÍCONES DE ALIMENTOS

ALERGÊNICOS (LEITE E TRIGO)

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APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO AVALIATIVO DE SINAIS DA INFORMAÇÃO

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APÊNDICE D – TESTE DE EMBALAGEM EM AMBIENTE DE CONSUMO

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ANEXOS

ANEXO A - RDC Nº 26, DE 2 DE JULHO DE 2015 – ANVISA 03/07/2015 10:07

RESOLUÇÃO - RDC Nº 26, DE 2 DE JULHO DE 2015

Dispõe sobre os requisitos para rotulagem obrigatória dos principais alimentos que

causam alergias alimentares.

A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso das

atribuições que lhe conferem os incisos III e IV, do art. 15 da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de

1999, inciso V e §§ 1º e 3º do art. 5º do Regimento Interno aprovado nos termos do Anexo I da

Portaria nº650 da ANVISA, de 29 de maio de 2014, publicada no DOU de 02 de junho de 2014,

tendo em vista o disposto nos incisos III, do art. 2º, III e IV, do art. 7º da Lei nº 9.782, de 1999,

e o Programa de Melhoria do Processo de Regulamentação da Agência, instituído por meio da

Portaria nº 422, de 16 de abril de 2008, em reunião realizada em 24 de junho de 2015, adota a

seguinte Resolução de Diretoria Colegiada e eu, Diretor-Presidente Substituto, determino a sua

publicação:

Art. 1º Esta Resolução estabelece os requisitos para rotulagem obrigatória dos principais

alimentos que causam alergias alimentares.

Art. 2º Esta Resolução se aplica aos alimentos, incluindo as bebidas, ingredientes,

aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia embalados na ausência dos consumidores,

inclusive aqueles destinados exclusivamente ao processamento industrial e os destinados aos

serviços de alimentação.

§ 1º Esta Resolução se aplica de maneira complementar à Resolução RDC nº 259, de 20

de setembro de 2002, que aprova o regulamento técnico para rotulagem de alimentos

embalados, e suas atualizações.

§ 2º Esta Resolução não se aplica aos seguintes produtos:

I - Alimentos embalados que sejam preparados ou fracionados em serviços de

alimentação e comercializados no próprio estabelecimento;

II - Alimentos embalados nos pontos de venda a pedido do consumidor; e

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III - alimentos comercializados sem embalagens.

Art. 3º Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes definições:

I - Alérgeno alimentar: qualquer proteína, incluindo proteínas modificadas e frações

proteicas, derivada dos principais alimentos que causam alergias alimentares;

II - Alergias alimentares: reações adversas reprodutíveis mediadas por mecanismos

imunológicos específicos que ocorrem em indivíduos sensíveis após o consumo de determinado

alimento;

III - contaminação cruzada: presença de qualquer alérgeno alimentar não adicionado

intencionalmente ao alimento como consequência do cultivo, produção, manipulação,

processamento, preparação, tratamento, armazenamento, embalagem, transporte ou

conservação de alimentos, ou como resultado da contaminação ambiental;

IV - Programa de Controle de Alergênicos: programa para a identificação e o controle

dos principais alimentos que causam alergias alimentares e para a prevenção da contaminação

cruzada com alérgenos alimentares em qualquer estágio do seu processo de fabricação, desde a

produção primária até a embalagem e comércio;

V - Serviço de alimentação: estabelecimento institucional ou comercial onde o alimento

é manipulado, preparado, armazenado e exposto à venda, podendo ou não ser consumido no

local, tais como: restaurantes, lanchonetes, bares, padarias, escolas, creches.

Art. 4º Os principais alimentos que causam alergias alimentares constam no Anexo e

devem ser obrigatoriamente declarados seguindo os requisitos estabelecidos nesta Resolução.

Parágrafo único. Declarações referentes a alimentos que causam alergias alimentares

não previstos no Anexo podem ser realizadas, desde que sejam atendidos os requisitos

estabelecidos nesta Resolução.

Art. 5º As alterações na lista dos principais alimentos que causam alergias alimentares

devem ser solicitadas mediante petição específica e atender aos requisitos dispostos na

Resolução nº17, de 30 de abril de 1999, que aprova o regulamento técnico que estabelece as

diretrizes básicas para a avaliação de risco e segurança dos alimentos, e suas atualizações.

Art. 6º Os alimentos, ingredientes, aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia

que contenham ou sejam derivados dos alimentos listados no Anexo devem trazer a declaração

"Alérgicos: Contém (nomes comuns dos alimentos que causam alergias alimentares)",

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"Alérgicos: Contém derivados de (nomes comuns dos alimentos que causam alergias

alimentares)" ou "Alérgicos: Contém (nomes comuns dos alimentos que causam alergias

alimentares) e derivados", conforme o caso.

§1º No caso dos crustáceos, a declaração deve incluir o nome comum das espécies da

seguinte forma: "Alérgicos: Contém crustáceos (nomes comuns das espécies)", "Alérgicos:

Contém derivados de crustáceos (nomes comuns das espécies)" ou "Alérgicos: Contém

crustáceos e derivados (nomes comuns das espécies)", conforme o caso.

§2º Para os produtos destinados exclusivamente ao processamento industrial ou aos

serviços de alimentação, a informação exigida no caput pode ser fornecida alternativamente nos

documentos que acompanham o produto.

§3º Ingredientes, aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia derivados dos

principais alimentos que causam alergias alimentares podem ser excluídos da obrigatoriedade

da declaração prevista no caput, mediante atendimento ao disposto no artigo 5º desta Resolução.

Art. 7º Nos casos em que não for possível garantir a ausência de contaminação cruzada

dos alimentos, ingredientes, aditivos alimentares ou coadjuvantes de tecnologia por alérgenos

alimentares, deve constar no rótulo a declaração "Alérgicos: Pode conter (nomes comuns dos

alimentos que causam alergias alimentares)".

§ 1º A utilização da declaração estabelecida no caput deve ser baseada em um Programa

de Controle de Alergênicos.

§ 2º No caso dos crustáceos, a declaração deve incluir o nome comum das espécies da

seguinte forma: "Alérgicos: Pode conter crustáceos (nomes comuns das espécies)".

§ 3º Para os produtos destinados exclusivamente ao processamento industrial ou aos

serviços de alimentação, a informação exigida no caput pode ser fornecida alternativamente nos

documentos que acompanham o produto.

Art. 8º As advertências exigidas nos artigos 6º e 7º desta Resolução devem estar

agrupadas imediatamente após ou abaixo da lista de ingredientes e com caracteres legíveis que

atendam aos seguintes requisitos de declaração:

I - Caixa-alta;

II - Negrito;

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III - cor contrastante com o fundo do rótulo; e

IV - Altura mínima de 2 mm e nunca inferior à altura de letra utilizada na lista de

ingredientes.

§ 1º As declarações a que se refere o caput não podem estar dispostas em locais

encobertos, removíveis pela abertura do lacre ou de difícil visualização, como áreas de selagem

e de torção.

§ 2º No caso das embalagens com área de painel principal igual ou inferior a 100 cm2,

a altura mínima dos caracteres é de 1 mm.

§ 3º Sendo aplicável ao produto mais de uma das advertências previstas no caput, a

informação deve ser agrupada em uma única frase, iniciada pela expressão "Alérgicos:" seguida

das respectivas indicações de conteúdo.

Art. 9º Os alimentos, ingredientes, aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia

não podem veicular qualquer tipo de alegação relacionada à ausência de alimentos alergênicos

ou alérgenos alimentares, exceto nos casos previstos em regulamentos técnicos específicos.

Art. 10. A documentação referente ao atendimento dos requisitos previstos nesta

Resolução deve estar disponível para consulta da autoridade competente e ser encaminhada à

ANVISA, quando aplicável, para fins de registro sanitário.

Art. 11. O prazo para promover as adequações necessárias na rotulagem dos produtos

abrangidos por esta Resolução é de 12 (doze) meses, contados a partir da data de sua publicação.

Parágrafo único. Os produtos fabricados até o final do prazo de adequação a que se

refere o caput podem ser comercializados até o fim de seu prazo de validade.

Art. 12. O descumprimento das disposições contidas nesta Resolução constitui infração

sanitária, nos termos da Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977 e suas atualizações, sem prejuízo

das responsabilidades civil, administrativa e penal cabíveis.

Art. 13. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

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ANEXO B – ALERGIA ALIMENTAR (ARTIGO ASBAI)

ALERGIA ALIMENTAR

A Alergia Alimentar é uma Reação Adversa a determinado alimento. Envolve

um mecanismo imunológico e tem apresentação clínica muito variável, com sintomas

que podem surgir na pele, no sistema gastrintestinal e respiratório. As reações podem

ser leves com simples coceira nos lábios até reações graves que podem comprometer

vários órgãos. A Alergia Alimentar resulta de uma resposta exagerada do organismo

a determinada substância presente nos alimentos.

O que é Reação Adversa a Alimentos? É qualquer reação indesejável que

ocorre após ingestão de alimentos ou aditivos alimentares. Estas podem ser

classificadas em reações tóxicas e não-tóxicas. As reações não-tóxicas podem ser de

Intolerância ou Hipersensibilidade.

Exemplo de reação não-alérgica são as reações por ingestão de alimentos

contaminados por microorganismos. Estas se apresentam agudamente com febre,

vômitos, diarreia e geralmente acometem várias pessoas que ingeriram os alimentos

contaminados.

A Intolerância à Lactose é uma reação alérgica? A intolerância à lactose é uma

desordem metabólica onde a ausência da enzima lactase no intestino determina uma

incapacidade na digestão de lactose (açúcar do leite) que pode resultar em sintomas

intestinais como distensão abdominal e diarreia. Esta intolerância geralmente é dose

dependente e o indivíduo pode tolerar pequenos volumes de leite por dia ou se

beneficiar dos leites industrializados com baixos teores de lactose. Portanto, a

Intolerância à Lactose não é uma Alergia Alimentar apesar de frequentemente

confundida pelos familiares e profissionais de saúde. Torna-se importante esta

diferenciação, pois a orientação nutricional é distinta. Enquanto na intolerância à

lactose, eventualmente, é possível ingerir pequenas quantidades de leite, na Alergia

às proteínas do leite, a alimentação não deve conter leite ou derivados.

Qual a prevalência da Alergia Alimentar? Estima-se que as reações

alimentares de causas alérgicas verdadeiras acometam 6-8% das crianças com

menos de 3 anos de idade e 2-3% dos adultos.

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Os indivíduos com outras doenças alérgicas apresentam maior incidência de

Alergia Alimentar? Pacientes com doenças alérgicas apresentam uma maior

incidência de Alergia Alimentar sendo encontrada em 38% das crianças com

Dermatite Atópica e em 5% das crianças com quadro de asma.

Quais os fatores envolvidos na Alergia Alimentar? A predisposição genética, a

potência antigênica de alguns alimentos e alterações a nível do intestino parecem ter

importante papel. Existem mecanismos de defesa principalmente a nível do trato

gastrintestinal que impedem a penetração do alérgeno alimentar e consequente

sensibilização. Estudos indicam que de 50 a 70% dos pacientes com Alergia Alimentar

possuem história familiar de alergia. Se o pai e a mãe apresentam alergia, a

probabilidade de terem filhos alérgicos é de 75%.

Quais os alimentos mais frequentemente envolvidos na Alergia

Alimentar? Qualquer alimento pode desencadear reação alérgica. No entanto, leite

de vaca, ovo, soja, trigo, peixe e crustáceos são os mais envolvidos. A sensibilização

a estes alimentos (formação de anticorpos IgE) depende dos hábitos alimentares da

população. O amendoim, os crustáceos, o leite de vaca e as nozes são os alimentos

que com maior frequência provocam reações graves (anafiláticas).

Os alimentos podem provocar reações cruzadas, ou seja, alimentos diferentes

podem induzir respostas alérgicas semelhantes no mesmo indivíduo. O paciente

alérgico ao camarão pode não tolerar outros crustáceos. Da mesma forma, pacientes

alérgicos ao amendoim podem também apresentar reação ao ingerir a soja, ervilha ou

outros feijões.

E quanto aos corantes e aditivos alimentares? As reações adversas aos

conservantes, corantes e aditivos alimentares são raras, mas não devem ser

menosprezadas. O corante artificial tartrazina (FD&C amarelo#5), sulfitos e glutamato

monossódico são relatados como causadores de reações. A tartrazina pode ser

encontrada nos sucos artificiais, gelatinas e balas coloridas enquanto o glutamato

monossódico pode estar presente nos alimentos salgados como temperos (caldos de

carne ou galinha). Os sulfitos são usados como preservativos em alimentos (frutas

desidratadas, vinhos, sucos industrializados) e medicamentos tem sido relacionados

a crises de asma em indivíduos sensíveis.

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Quais as principais manifestações clínicas da Alergia Alimentar? São mais

comuns as reações que envolvem a pele (urticária, inchaço, coceira, eczema), o

aparelho gastrintestinal (diarréia, dor abdominal, vômitos) e o sistema respiratório,

como tosse, rouquidão e chiado no peito. Manifestações mais intensas, acometendo

vários órgãos simultaneamente (Reação Anafilática), também podem ocorrer. Nas

crianças pequenas, pode ocorrer perda de sangue nas fezes, o que vai ocasionar

anemia e retardo no crescimento. Sintomas nasais isolados não são comuns.

O que é Reação Anafilática? É uma reação súbita, grave que impõe socorro

imediato por ser potencialmente fatal. A Reação Anafilática pode ser provocada por

medicamentos, venenos de insetos e alimentos. Na Alergia Alimentar, o alimento

induz a liberação maciça de substâncias químicas que vai determinar um quadro

grave de resposta sistêmica associado à coceira generalizada, inchaços, tosse,

rouquidão, diarréia, dor na barriga, vômitos, aperto no peito com queda da pressão

arterial, arritmias cardíacas e colapso vascular ("choque anafilático").

O exercício físico pode provocar reação anafilática? Exercício físico pode

provocar reação anafilática muito raramente. Associação de ingestão de alimento e

exercício físico extenuante também tem sido observada.

O que é Síndrome de Alergia Oral? É uma manifestação de Alergia Alimentar

que ocorre após contato de determinados alimentos com a mucosa oral. As

manifestações ocorrem imediatamente após contato do alimento com a mucosa da

boca, ocasionando coceira e inchaço nos lábios, palato e faringe. O edema de glote

não é freqüente. Ocorre principalmente em pacientes com alergia aos polens e os

alimentos mais frequentemente envolvidos são: melão, melancia, banana, maçã,

pêssego, cereja, batata, cenoura, ameixa, amêndoa, avelã e aipo.

Como o médico pode fazer o diagnóstico de Alergia Alimentar? O diagnóstico

depende de história clínica minuciosa associada a dados de exame físico que podem

ser complementados por testes alérgicos. Na história clínica, é fundamental que o

paciente ou seus pais, no caso das crianças, auxilie fornecendo detalhes sobre os

alimentos ingeridos rotineiramente ou eventuais. Em algumas situações é possível

correlacionar o surgimento dos sintomas com a ingestão de determinado alimento. Em

outras ocasiões o quadro não é tão evidente, necessitando de história mais detalhada.

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Isso ocorre principalmente quando as reações ocorrem horas após a ingestão do

alérgeno.

A Alergia Alimentar ocorre mais frequentemente nas crianças pequenas onde

o leite de vaca e o ovo são os alimentos mais comuns. Apesar de muitas vezes

incriminado (pelos pais e avós) como causa de Alergia Alimentar, o chocolate

raramente causa alergia. Nestes casos, se torna necessário pesquisar alergia às

proteínas do leite de vaca ou da soja, usadas em sua fabricação. Nos adultos, o

camarão é queixa freqüente em nosso meio.

Qual a importância da Alergia Alimentar na Dermatite Atópica? Segundo

alguns autores, a Alergia Alimentar está presente em 38% das crianças com Dermatite

Atópica moderada/grave.

A Dermatite Atópica se apresenta com um quadro de coceira de intensidade

moderada a grave, irritabilidade, escoriações provocadas pelo ato de coçar a pele,

ressecamento generalizado da pele e eczema simétrico nas dobras dos cotovelos e

joelhos, pescoço, face e superfície extensora dos braços e pernas. Os alimentos mais

envolvidos são o leite de vaca, ovo, soja, trigo.

O que é o teste alérgico? É um método diagnóstico seguro e geralmente

indolor. Deve ser realizado pelo médico especialista que após história clínica e exame

físico, determinará quais substâncias podem ter importância no quadro clínico e,

portanto, deverão ser avaliadas. O desconforto pode ocorrer pelo prurido (coceira)

localizado à área do teste, no caso da reação positiva. Na maioria das vezes é

realizado no antebraço após higiene local com algodão e álcool. O resultado é obtido

em 15 a 20 minutos e a reação positiva consiste na formação de uma pápula vermelha,

semelhante à uma picada de mosquito. Esta reação indica presença de IgE específica

ao alimento testado. Algumas vezes torna-se necessário realizar o teste com o próprio

alimento in natura. Em algumas situações, o teste cutâneo deve ser substituído pela

dosagem de IgE específica no sangue. São elas: necessidade de uso diário de anti-

histamínicos (antialérgicos), não disponibilidade de material para teste, presença de

eczema severo ou história sugestiva de reação intensa (reação anafilática) a

determinado alimento. Muitas vezes o alergista realiza as duas formas de avaliação

para ter maior segurança no diagnóstico.

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Como tratar a Alergia Alimentar? Até o momento, não existe um medicamento

específico para prevenir a Alergia Alimentar. Uma vez diagnosticada, são utilizados

medicamentos específicos para o tratamento dos sintomas (crise) sendo de extrema

importância fornecer orientações ao paciente e familiares para que se evite novos

contatos com o alimento desencadeante. As orientações devem ser fornecidas por

escrito visando a substituição do alimento excluído e evitando-se deficiências

nutricionais até quadros de desnutrição importante principalmente nas crianças. O

paciente deve estar sempre atento verificando o rótulo dos alimentos industrializados

buscando identificar nomes relacionados ao alimento que lhe desencadeou a alergia.

Por exemplo, a presença de manteiga, soro, lactoalbumina ou caseinato apontam para

a presença de leite de vaca. Todas as orientações devem ser fornecidas aos pacientes

e familiares.

O que fazer caso venha ocorrer a ingestão acidental do alimento? A exclusão

de um determinado alimento não é tarefa fácil e a exposição acidental ocorre com

certa freqüência. Os indivíduos com Alergia Alimentar grave (reação anafilática)

devem portar braceletes ou cartões que os identifiquem, para que cuidados médicos

sejam imediatamente tomados. As reações leves desaparecem espontaneamente ou

respondem aos anti-histamínicos (antialérgicos). Pacientes com história de reações

graves devem ser orientados a portar medicamentos específicos (adrenalina), mas

torna-se obrigatório uma avaliação em serviço de emergência para tratamento

adequado e observação, pois em alguns casos pode ocorrer uma segunda reação,

tardia, horas após.

O paciente que apresenta reação a determinado alimento poderá um dia voltar

a ingeri-lo? Aproximadamente 85% das crianças perdem a sensibilidade à maioria

dos alimentos (ovos, leite de vaca, trigo e soja) que lhes provoca alergia alimentar

entre os 3-5 anos de idade. O teste cutâneo permanece positivo apesar do

aparecimento da tolerância ao alimento. A sensibilidade ao amendoim, nozes, peixe

e camarão raramente desaparece.Em alguns casos, principalmente nas crianças, a

exclusão rigorosa do alimento parece promover a diminuição da alergia. O alimento

deve permanecer suspenso por aproximadamente 6 meses. Após este período o

médico especialista poderá recomendar uma reintrodução do alimento e observar os

sintomas. Se o indivíduo permanecer assintomático e conseguir ingerir o alimento, o

mesmo pode ser liberado. Caso ocorra qualquer sintoma, a dieta de eliminação deve

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ser mantida. A presença de reação alérgica grave, como a anafilaxia ao amendoim,

contra-indica esta reintrodução. Nos pacientes altamente sensibilizados, a presença

de quantidades mínimas do alimento pode desencadear reação de extrema

gravidade.

Existe algum meio de prevenir a Alergia Alimentar? Algumas orientações

devem ser dadas aos recém-nascidos de pais ou irmãos atópicos. O estímulo ao

aleitamento materno no primeiro ano de vida é fundamental assim como a introdução

tardia dos alimentos sólidos potencialmente provocadores de alergia. Recomenda-se

a introdução dos alimentos sólidos após o 6º mês, o leite de vaca após 1 ano de idade,

ovos aos 2 anos e amendoim, nozes e peixe, somente após o 3º ano de vida.

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ANEXO C – PESQUISA DE ALERGIAS ALIMENTARES POR ONCOLOGISTAS

Pesquisa revela que consumidores identificam os alimentos mais saudáveis a partir de

rotulagem frontal em formato de triângulo. ( Disponível em https://idec.org.br/embalagem-

ideal )

Com o intuito de avaliar qual rótulo frontal é o mais apropriado para a população

brasileira, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) realizou uma pesquisa online

com 1607 brasileiros e brasileiras entre agosto e outubro deste ano.

Os participantes foram questionados sobre quais produtos apresentaram nutrientes

acima do recomendado para uma alimentação saudável e o número de acertos foi de 75,7% para

as embalagens com as advertências em formato de triângulo, contra 35,4% para as embalagens

com o modelo de semáforo.

O impacto destes números para apenas um dos nutrientes críticos avaliados, se

colocados em uma escala populacional, é de que 53 milhões de brasileiros compreenderiam os

rótulos em formato de triângulo, enquanto que com o modelo de semáforo seriam somente 35

milhões.

De acordo com a nutricionista do Idec, Ana Paula Bortoletto, se estes dados fossem

referentes a todos os nutrientes críticos contidos nos produtos, o número de brasileiros

favorecidos seria ainda muito maior.

“O selo de advertência fornece uma informação compreensível para a maior parte da

população brasileira. Nossa proposta inclui pessoas com baixa escolaridade e também

daltônicas, que não conseguem diferenciar as cores presentes no modelo de semáforo”, destaca.

A metodologia da pesquisa

A pesquisa incluiu questões para os participantes responderem dando notas em uma

escala com numeração de 1 a 7 - em que os extremos representam sentidos negativos e positivos,

respectivamente.

O triângulo, comparado ao semáforo, foi eleito como a forma mais confiável para

transmitir a informação nutricional sobre os produtos. Enquanto a nota média para a

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confiabilidade das informações presentes no triângulo foi 5,6, o semáforo teve uma pontuação

média de 4,8.

Foi constatado também que o modelo de semáforo não afeta a percepção do consumidor

sobre a qualidade nutricional de um produto. Quando uma embalagem sem nenhum rótulo

frontal foi comparada à que continha a rotulagem de semáforo, a pontuação dada pelos

participantes foi praticamente a mesma.

“Esse resultado demonstra que a inclusão do semáforo no rótulo frontal de um produto

nao fornece mais informação ou informação diferente daquela já presente na atual rotulagem

brasileira. Ou seja, não faz diferença”, afirma Bortoletto.

A pesquisa do Idec foi realizada em parceria com o Nupens/USP (Núcleo de Pesquisas

Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo) e a UFPR (Universidade

Federal do Paraná).

O estudo foi apresentado à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 30 de

novembro como parte do processo de aprimoramento da rotulagem nutricional brasileira.

A proposta do Idec

Entre as mudanças apresentadas na proposta de rotulagem nutricional do

Idec, destaca-se a inclusão de um selo de advertência na parte da frente da embalagem de

alimentos processados e ultraprocessados (como sopas instantâneas, refrigerantes, biscoitos,

etc.) para indicar quando há excesso dos nutrientes críticos: açúcar, sódio, gorduras totais e

saturadas, além da presença de adoçante e gordura trans em qualquer quantidade.

Os pontos de corte para o que é excessivo devem seguir o modelo de perfil de nutrientes

da OPAS (Organização Panamericana da Saúde), baseado nas recomendações da OMS

(Organização Mundial da Saúde).