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Janice Ghisleri

Paixões no Oeste

Vol. II

1ª Edição - 2011

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Copyright ©2011 – Todos os direitos reservados a:

Janice Ghisleri

1ª Edição - 2011

www.janiceghisleri.wordpress.com

Design da Capa: Gracilene Chaves

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sob penas criminais e ações civis.

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Haviam se passado quatro anos desde o casamento de

Ian e Jayne. Estavam tão apaixonados como quando se conheceram, viviam harmoniosamente e contemplavam dos mais felizes anos de suas vidas, tudo estava bem e perfeito.

Josh com quatro anos de idade estava um esplendor de menino, feliz e sorridente, ficava enlouquecido quando via os cavalos. Ian, era um pai muito atencioso, adorava colocá-lo consigo no cavalo e andar com ele pelos pastos, lhe mostrava tudo e conversava com ele dizendo que quando crescesse, o ajudaria na fazenda, que seria um grande homem. Encantado, o pequeno Josh o olhava como se todas as suas palavras lhe fizessem sentido. Angel, que estava com onze anos já montava muito bem os cavalos de porte grande. Jayne e Ian a incentivavam a galopar e ela passava horas com os cavalos e sempre saiam para fazer piqueniques, passeios, curtiam o máximo de tempo que podiam os quatro juntos.

A fazenda e o trabalho estavam às maravilhas, conseguiram desenvolver-se nos negócios de reprodução de cavalos. Por poucas vezes neste período tiveram dificuldades ou problemas, obtiveram sucesso e os lucros vinham facilmente os recompensando pelo esforço e empenho que dedicavam à fazenda. Eles trabalhavam incansavelmente, ampliaram e reformaram a casa grande deixando-a magnífica e melhoraram muito a fazenda.

O casal Buller fez nome entre os criadores de cavalos por maior parte dos Estados Unidos. Seus cavalos eram da mais alta estirpe, o sêmen de seus garanhões custava uma considerável quantia. Contrataram vários empregados para auxiliar nos trabalhos e homens armados que ficavam sempre de prontidão para segurança da fazenda, pois o aumento de roubo de cavalos aumentara consideravelmente na região e se tratando de reprodutores, um único cavalo custava uma pequena fortuna. Ian era muito atencioso e protetor, tinha medo que bandidos tentassem invadir a fazenda e pudesse não somente roubar seus cavalos, mas pôr em risco a vida de Jayne e das crianças. Ambos

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estavam orgulhosos um do outro, conseguiram o que qualquer ser humano gostaria de ter, amor, felicidade, uma família maravilhosa, dinheiro e reputação.

Willian e Emily estavam felizes juntos, cuidando atentamente de se amado filho Ethan, assim como David e Mary, que encantados viam sua pequenina Samantha que inocentemente começava desfrutar das alegrias da vida. Mitchel e Julia estavam bem, mas ainda não haviam sido agraciados com um filho, o que lhes trazia um certo desconforto, mas se amavam e levavam suas vidas tranquilamente.

A vida dos quatro amigos que traçaram seus destinos unidos com suas famílias andava a passos largos. Nos quatro anos que se passaram, viveram momentos de paz e harmonia. Seus laços de amizade continuavam fortes como rochas, sempre que podiam estavam juntos, ajudavam uns aos outros, compartilhavam todos os momentos de alegria e se ajudavam nas adversidades.

Naquele ano o inverno fora rigoroso, a neve caiu impiedosa tornando os pastos brancos. Os fazendeiros tinham trabalho dobrado, pois como não havia pastagem para os cavalos nem o gado, tinham que tratá-los com ração e feno e ter cuidados redobrados, pois tinham mais riscos de adoecerem. O trabalho ao ar livre também era penoso, levantar cedo como de costume era árduo, mas necessário. As crianças pouco saiam de dentro de casa, a não ser pelo fim da manhã e início da tarde se o sol fosse generoso, a diversão era brincar com a neve. A paisagem esbranquiçada dava às montanhas uma beleza descomunal.

Com a chegada da primavera a paisagem começava a mudar, o verde dava o ar de sua graça, os pastos esverdeavam possibilitando que as criações se divertissem com seu pasto ralo. O sol resplandecia com mais força e o vento já não era cortante. Os picos das colinas mais altas eram as últimas a perder seu branco pela neve. Mas pelas manhãs ainda era frio e acordavam com os intensos nevoeiros que cobriam as montanhas e a noite ainda era mais longa. Flores exóticas e coloridas começavam a florescer dando uma beleza peculiar àquele lugar. Os grandes cactos pareciam imponentes no meio da relva rala e as imensas árvores enchiam-se de folhas verdes. Era a vida respirando pelos vales de West Side.

** Na tarde de sexta-feira já estavam exaustos pela semana que

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havia sido árdua e lotada de atividades. Findando seus afazeres, Jayne foi orientar o jantar. Ian demorou mais tempo nas coxias até que foi para casa.

-Pensei que ia dormir com os cavalos. - Jayne disse sorrindo para ele e lhe dando um copo de refresco.

-Quase. Mas amanhã estarei livre para ficar com você e meus filhotes. - disse sorrindo e bebendo um gole do refresco.

Ian sentou-se na cadeira de balanço na varanda e suspirou profundamente.

-Meu querido, o que tem para fazer agora? - Jayne perguntou sentando no seu colo e abraçando-o.

-Bem... Eu pretendia descansar, estou exausto. -Está cansado para mim também? -Para você, nunca. -O que você acha de nós termos um momento a sós hoje? -Acho ótimo. O que tem em mente? -Você vai saber se vier comigo. Confia em mim? -Sempre... - disse sorrindo e dando um beijo na aliança de

Jayne. -Então pegue os cavalos que eu já volto. Ela foi para a cozinha e Ian ao estábulo, pegou seu cavalo e o

dela, que ainda estavam encilhados. Ela saiu com uma pequena cesta na mão, os dois subiram nos cavalos e começaram a galopar devagar.

-Aonde a senhora vai me levar? - Ian perguntou curioso. -Há tempos não vamos mais ao lago para olhar o pôr-do-sol

juntos e sozinhos. Hoje o horizonte vai ficar vermelho, acho que merecemos isso, não acha?

-Não poderia ser melhor! -O que seria de você sem mim? - disse sorrindo. -Provavelmente eu seria uma criatura chata e triste. -Chata e triste eu não sei se seria, mas pelo menos não teria

ninguém para bater você na corrida. Jayne atiçou o cavalo e saiu em disparada forçando Ian a dar

uma gargalhada e sair correndo atrás dela, ela adorava bater corrida com ele, e muitas vezes ela o vencia. Os dois correram pelos pastos alegremente até chegarem ao lago que tinha uma vista maravilhosa para contemplar o pôr-do-sol. A água estava translúcida e refrescante, adoravam tomar banho no lago, era isolado e tranquilo.

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Quando chegaram, Jayne rindo desceu do cavalo, Ian chegou logo atrás.

-Ian, eu acho que você me deixa ganhar quando batemos corrida, seu cavalo corre mais que isso.

-Ah! Acho que não, você é muito boa nisso e eu já ganhei de você. Aliás, você sempre sai na minha frente.

-Hum... Eu acho que está me enganando. -Acho que minto bem, não é? -Não. - os dois riram. -O que está pensando agora? -Não consegue adivinhar? -Não. -Então acho que vou ter que lhe mostrar. - Ian pegou Jayne

no colo e foi até a beira do lago e a jogou nele fazendo-a gritar e afundar na água, quando subiu ela começou a rir.

-Ian... Está gelada! Você me paga. -Pago o que você quiser. - disse rindo e pulou na água indo

encontrar-se com ela, abraçaram-se e beijaram-se apaixonadamente. -Nunca pensei que pudesse ser tão feliz. - disse ajeitando os

cabelos de Ian que lhe caiam nos olhos. -Eu também, querida. - ele a beijou docemente. - O que você

trouxe naquela cesta? -Hum, o que você gosta... Vinho, queijo, algumas frutas. -Espero que nossa vida seja sempre assim, sempre cuidando

um do outro. -Sempre vou cuidar de você. Eu não quero que seu amor por

mim morra nunca. -Jayne, isso é impossível. -O mesmo acontece comigo, você é maravilhoso. -Mesmo quando judio de você e a jogo na água gelada? -

perguntou rindo. -Ah sim, às vezes você me judia demais. -Então, vamos beber o vinho? Esta água está gelada demais. Saíram do lago e Jayne tirou sua saia e a torceu. -Minha nossa, isto pesa uma tonelada! -Não sei por que vocês mulheres usam tanta roupa. -Às vezes eu me pergunto a mesma coisa, eu acho que vou

começar a usar calças. - disse rindo. -Sério? Calças como homem? Teria coragem?

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-Ora e por que não? Seria muito mais prático para andar a cavalo e fazer minhas atividades, pelo menos para ficar na fazenda seria ótimo. O que acha? Permite-me usá-las? Muitas já usam.

-Você e suas modernidades. Sempre me surpreende com as suas idéias fora do juízo.

-Ian... -Tudo bem... Se você quiser pode usar, mas somente na

fazenda. Nada de calças na cidade, não quero falatórios. Ian arrumou os longos cabelos molhados de Jayne para trás

lhe caindo nas costas e depois a abraçou, a suspendeu nos braços fazendo com que ela ficasse com as pernas enlaçadas em sua cintura e os braços ao redor do seu pescoço e ele sorridente começou a dançar lentamente com ela e cantarolar uma música lenta. Jayne ficou o olhando e sorrindo, encantada com o gesto carinhoso e o ouvindo cantar. Quando ele parou de cantar beijaram-se apaixonadamente.

-Eu te amo tanto. - ela sussurrou. -Eu também. Jayne... -Hum? -Vinho... Ele a saltou num solavanco fazendo-a pensar que iria cair, ela

gritou de susto, mas ele logo a agarrou rindo e a pôs no chão, os dois riram e ela deu um tapa em seu braço por aquilo. Jayne abriu a cesta, estendeu uma toalha e colocou encima uma travessa com os queijos, vinho e os copos, sentaram-se no chão e serviram-se, sentiam uma imensa alegria e paz. Aqueles momentos sozinhos que de vez em quando se proporcionavam renovavam o sentimento puro e simples de amor que sentiam, apreciavam qualquer pequeno gesto que um fazia para o outro, nunca deixavam de celebrar o amor. O pôr-do-sol mostrava-se magnífico deixando o céu azul mais escuro, com rajados de laranja e avermelhado que se misturavam criando desenhos com algumas nuvens. Era deslumbrante, ficaram apreciando cada palavra, cada toque, cada sensação debaixo daquela imensa pintura criada por Deus. Adoravam a natureza e a usufruíam da melhor maneira possível para emoldurar seu amor.

** Ian estava na varanda, tomando café na sua canequinha de

esmalte, peça qual, Jayne nunca conseguiu fazê-lo abandonar, e nem sua mania de repousar o pé na cerca da varanda que o ajudava a

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impulsionar a cadeira de balanço. Ele estava trajando uma grossa jaqueta longa até os joelhos, de couro marrom com gola de pelo de carneiro, sobre uma camisa e um colete com um lenço amarrado ao pescoço, uma calça se sarja marrom mais clara e bota com as esporas engatadas no calcanhar. Este era seu hábito matinal para ver o amanhecer antes de sentar-se à mesa do café da manhã com a família. Isso quando não se permitia ficar na cama até mais tarde com Jayne. Às vezes acordava quando o galo cantava e ele mesmo fazia seu café e ia para a varanda, deixando-a dormir mais um pouco.

Ele ficou olhando os três amigos Mitchel, Willian e David se aproximarem em seus cavalos pela entrada principal da sua fazenda.

-Bom dia, amigos. - Ian disse feliz ao vê-los. -Bom dia, Ian. -Todos aqui a esta hora? Está tudo bem? -Como assim? Esqueceu-se que havíamos prometido pegar

um cavalo para Angel? -Ah! Não me esqueci, mas achei que não viriam hoje, estava

adiando isso, não sei se é uma boa idéia pegar um Mustang para ela. -É no que dá ficar contando histórias aventureiras para seus

filhos. -Eu? Ta bom... - disse olhando de cara feia para os rapazes. -Mas se você não trouxer um hoje, vai ter que trazer amanhã,

porque ela não vai desistir desta idéia. - Mitchel disse zombando dele. -Isto é. Ela quer porque quer um cavalo selvagem. Mas que

loucura, e ainda disse que o quer domar! Esta menina vai me dar um trabalho quando ficar mais velha.

-Ah, vai! - David disse rindo. -Eu acho melhor você preparar logo sua espingarda para os

marmanjões, pois ela vai se tornar uma mulher imensamente linda, e os gaviões vão começar a rondar.

-Ai Willian, não diga isso que me dá um frio no estômago. -É inevitável, ter filha mulher é sempre uma dor de cabeça. -É! Não vai ser fácil, meu amigo. - Willian disse. -Olá rapazes, como estão? - Jayne disse chegando à varanda. -Olá, Jayne. -Vocês vão à exposição na Califórnia? - Willian perguntou. -Estamos vendo ainda, mas creio que sim, será muito bom

para os negócios, haverá muitos fazendeiros importantes.

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-Haverá premiação para garanhões reprodutores, deveríamos inscrever Thor e Diamante, eles estão perfeitos, Ian. - Jayne disse.

-Sim. Se eles ganhassem uma premiação aí sim que teremos um bom lucro e compradores, aumentará os pedidos de cobertura.

-Então, estão esperando o quê para decidirem? Ouvi dizer que o prêmio é um valor bem alto.

-É que eu quero que Jayne vá junto comigo, mas não seria bom levar as crianças e deixar a fazenda sozinha por tantos dias.

-Mas será possível que vocês dois não podem se desgrudar por uma semana? Jesus! Eu acho que ao invés de casarem, vocês dois foram colados.

-Não enche Mitchel! - Ian disse rindo. -Ora, é verdade, casal favo de mel. Mas também se quiserem

ir os dois, seu capataz é muito responsável Ian, ele dará conta e cuidará bem da fazenda, acho que não deve se preocupar.

-Verdade. James está sendo muito valioso aqui, mas ele deve voltar logo para a fazenda do papai. Afinal, ele foi somente um empréstimo. - Jayne disse sorridente.

-Will está tentando me convencer a ir também. - David disse. -Isso David, seria bom, terá a parte de gado também, acho

que poderá fazer negócios. - Ian disse. -Acho que você tem razão, será uma boa oportunidade. -Bem, então vamos indo? Temos uma lida braba para achar

um Mustang selvagem para sua filha, Sr. Buller. -Vamos. Todos foram indo para seus cavalos. -Vocês vão atrás de um Mustang? - Jayne indagou. -Sim, vou fazer um agrado para Angel trazendo um, já que

ela não fala em outra coisa, mas não diga nada até voltarmos, pois pode ser que não consigamos hoje. - Ian disse.

-Você vai mimá-la desse jeito, Ian. - Jayne disse sorrindo. -Olha quem fala... E você havia concordado. -Eu sei, mas tenho medo que ela se machuque com ele. -Não se preocupe. Não confia em mim para domar cavalos? -Nunca vi melhor domador que você. -Pois é, domei você. - disse rindo. -Ah, engraçadinho! Não vai comer nada? -Roubei um pedaço de bolo na cozinha. - ele disse sorrindo e

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Jayne riu. -Então, tome cuidado. -Sempre tomo. Até mais. - disse lhe dando um beijo. Os rapazes passaram a manhã toda em função de capturar o

Mustang, voltaram já era depois do meio dia com um muito rebelde, dava pinotes o tempo todo. Com muito trabalho conseguiram colocá-lo no cercado. Jayne e Angel foram para fora para vê-lo.

-Papai, que lindo! - Angel gritou toda eufórica. Ele muito sorridente veio ao seu encontro. -Gostou dele? -Sim, é lindo! -Então é seu. Papai prometeu e aí está ele. Angel gritou e pulou em seu pescoço o abraçando, estava

numa felicidade sem tamanho. -Vou domá-lo, o senhor me ajuda? -Claro querida. Mas você precisa ter paciência e cuidado. Não

pense em montá-lo até eu disser que pode, estamos entendidos? -Sim, senhor. Eu posso ficar aqui com ele? -Claro, vá pensando em um nome bem bonito. -Pode deixar. Ela saiu correndo e subiu no cercado pelo lado de fora, ficou

olhando para ele com um gigantesco sorriso nos lábios e Ian foi até Jayne que sorria para ele.

-Chame os rapazes, vão se lavar que vocês precisam almoçar. Não achei que demorariam tanto.

-Este deu mais trabalho do que pensei, ele é terrível. -E mesmo assim vai dar a ela? -Eu disse que era terrível, e não impossível de domá-lo. -Vocês é que são impossíveis. Desse jeito vão me deixar de

cabelos brancos. Vamos, vou pedir a Anna que aqueça o almoço. **

No outro dia se encontraram na fazenda de Willian para o rotineiro encontro das famílias e para comemorar o aniversário de Emily. Os Cullen também participaram do almoço, para parabenizar a filha e aproveitar para estarem com a família reunida.

-Fazia tempo que não nos reuníamos assim. - Willian disse. -Sim, eu estava com muito trabalho. - Ian disse. -Ainda não conseguiu terminar aquela porteira?

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-Não, mas quero deixar pronta antes de ir viajar. -Este nosso encontro está ficando lotado. - Mitchel disse

rindo e vindo de encontro de Ian e Willian que estava com o pequeno Ethan agarrado à sua perna.

-Sim. Antigamente éramos somente nós quatro e agora olha quanta gente, isso me deixa feliz. - Ian disse. -E você Mitch, já era hora de terem filhos, já faz tempo que casaram e até agora nada. Tem algo errado? - Ian perguntou um tanto cauteloso.

-Não há nada errado. Quando for a hora teremos um filho. Ian viu que algo estava estranho, mas não insistiu para não

constranger Mitchel, preferiu se calar. -Mitchel, não espere demais senão você vai brincar de

bengala com seu filho. - Willian zombou. -Willian, você anda muito engraçadinho, vai levar umas bifas

se não regular esta tua língua. -Eu não estou. Você é que anda chato e mal humorado, anda

dormindo com o traseiro descoberto? -Deve ter sido a neve, congelou o cérebro dele. - David disse

dando uma bebida a ele. -Ahn David, você também? -Beba e se anime, nós vamos parar de atormentá-lo. -Que milagre! Mudando de assunto, David, eu acho que você

poderia casar a Samantha com o Ethan ou Josh. Todos caíram na gargalhada. -Mitchel, essa foi demais. - Ian disse divertindo-se. -Minha nossa, isso vai demorar! - Willian disse rindo. -Minha filha ainda é um bebê e você já está falando em

casamento? Está a fim de me matar? -Ora, pelo menos saberia tudo sobre a família do homem que

vai casar com ela. - disse rindo. -Sabe que até gostei da idéia? - David riu. -Eu também gostei da idéia. - Ian disse. -Temos dois homens e uma mulher, alguém vai sobrar. -Pois é, vai saber, agora tem que ver se isso acontece daqui a

alguns anos. - Willian disse. -É. Bastante anos... - David disse fazendo careta. -A gente fica de olho, pois pode acontecer o que aconteceu

com o David e a Mary que foram criados tão juntos que pareciam até

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irmãos e deu no que deu. -Ah, verdade! -Há muitas famílias que fazem isso. Comprometem os filhos

de pequenos para se casarem quando crescem. -Verdade. Mas eu não gosto deste costume. - Ian disse. -E como minha princesa terá dois pretendentes, não poderei

fazer isso, pois não saberia qual dos dois escolher, Josh ou Ethan. -Escolhe Josh, é mais rico. - Mitchel disse rindo. Eles riram com gosto olhando para a cara que Ian fez, mas

achou divertido. -Ai Mitchel, que interesseiro. - Ian brincou. -Ora, foi uma piadinha. -Vamos comer. - Willian disse retirando a carne do fogo. Dirigiram-se para a mesa montada para acolher a todos e

serviram-se. Depois de almoçarem foi servido um café e um licor que Ian havia levado.

-Emily, eu gostaria de dar meu presente. -Ai Will, obrigada, meu amor. O que é? - disse animada e

sorridente esfregando as mãos de ansiedade. Emily pegou um pequeno embrulho quadrado, rasgou o

papel e avistou uma caixinha, a abriu e dentro havia uma corrente de ouro com um pingente em forma de coração todo trabalhado a mão com belíssimos e delicados relevos.

-Willian! -Ele abre. - disse mostrando como fazia. Emily abriu e dentro de cada lado havia uma pequena foto,

uma de Ethan e outra de Willian. Ela ficou emocionada e abraçou-o. -Will, é maravilhoso! Como conseguiu estas fotos? -Ah! Isto é segredo. Ele a ajudou a colocá-lo em seu pescoço e ela o abraçou

fortemente. Todos deram os presentes que haviam trazido para ela, foi um momento de balburdia e alegria. Emily parecia uma criança recebendo tantos presentes. Jayne olhou para Julia e a viu meio estranha e calada e foi falar com ela.

-Julia, você está bem? -Sim. Por que pergunta? -Eu ando achando você estranha, triste. O que está havendo? -Nada querida, eu só quero ir para casa descansar.

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-Hum... Está tudo bem entre você e Mitchel? -Está sim, não se preocupe, é só cansaço mesmo. -Sei que não é isso, eu a conheço. Se não quiser me contar,

não vou perguntar mais, mas se precisar conversar, estou aqui. -Irmã, não se preocupe, estou bem e não há nada de errado. -Está bem... Ficaram reunidos até meados da tarde quando começaram a

guardar tudo, o sol já havia sumido e todos estavam querendo descansar no fim do sábado.

-Jayne, se você for viajar com os rapazes fique de olho no meu marido.

-Por que eu tenho que ficar de olho nele? -Lá deve ter um bando de mulheres rondando. -Minha nossa! Se eu tiver que cuidar do Ian e de Willian eu

vou ter trabalho. -Ai não fale assim, que já fico com ciúmes. -Eu achava melhor é o Willian se preocupar com a Emily,

porque tem um fogo isso aí. - Julia brincou. -Ai, tenho nada. Eu só falo, mas não faço nada, e olhar não

tira pedaço de ninguém. Falando nisso tem um peão trabalhando lá em casa que me valha Jesus! Dá-me até um frio na barriga.

-Emily, sua doida, fique quieta! - Jayne disse espantada. -Eu estou quieta, não estou fazendo nada. -Mas está falando. -Está bem, eu vou fechar minha boca. Mas que aquele Nick é

lindo ah isso é, ai ai! -Emily! - Julia e Jayne disseram juntas arregalando os olhos. -Um dia você ainda vai se meter em encrencas por ser tão

desbocada. Meu Deus menina, onde perdeu seu recato? -Jayne, você me conhece, eu só falo, estou brincando. -Eu sei que sim, mas se alguém estranho a ouvir pode levar a

sério e sua reputação vai à lama. É melhor irmos, está ficando tarde e eu quero curtir meu maridinho o resto do dia. - Jayne disse.

-Ai que novidade! - Emily disse zombando dela. -Sabia que me falaram que existe uma tal de lua de mel?

-O que é isso? - Jayne perguntou. -Quando o casal se casa, ficam sozinhos por um período de

lua, podem sair, passear, viajar, enfim, só amor e borboletas coloridas.

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Claro que quem não é rico, não pode fazer estas coisas, então fica em casa, mas as pessoas evitam visitá-los, para deixá-los sozinhos.

-Por que não inventaram isso quando a gente se casou? -Jayne, já existia, nós que não sabíamos. E você e Ian vivem

integralmente em lua de mel, nunca vi tanto mel. - todas riram. -Verdade. Mas nós não viajamos, nós ficamos cuidando da

fazenda e dos meus filhotinhos, afinal quando realmente nos casamos estávamos com dois filhos.

-Ah é verdade. Fazer o quê, que façam quem se casar agora. -É, mas com Ian todos os dias é maravilhoso e cada dia o

amo mais. -É minha irmã, tivemos muita sorte. -Verdade. - disse sorrindo satisfeita. ** O dia de domingo estava tentando despontar, mas estava

preguiçoso assim como os moradores de West Side. O nevoeiro já estava levantando e o sol estava tímido atrás das montanhas. Ian havia contratado alguns empregados que moravam na fazenda. Construíra alguns ranchos na parte de trás da casa grande para eles, e eram encarregados de tratar as criações pela manhã e tirar o leite fresco. Coisa que Ian quis conseguir já que antigamente era ele que tinha que fazer isso quando morava sozinho. Sua vida mudou consideravelmente e sentia-se orgulhoso do que conquistou em tão pouco tempo com a ajuda de Jayne. Procurava proporcionar tudo de bom que pudesse dar a ela e aos seus filhos. Isso permitia que ele não precisasse mais levantar tão cedo nos fins de semana como era acostumado a fazer, mesmo porque adorava ficar um pouco mais na cama com ela.

Jayne acordou e se aconchegou para sentir o calor de seu corpo.

-Está com frio? - sussurrou sem abrir os olhos e a abraçando. -Aham... Quando você vai colocar minha lareira no quarto? -Desculpe, eu lhe prometi isto para este inverno, não foi? -Foi. Não cumpriu sua promessa. -Eu sei, mas vou providenciar, eu prometo... Tem certeza

que quer fazer isso? Nunca vi lareira no quarto, você e suas manias. -Tenho, mas agora você vai ter que me esquentar. -Com todo o prazer, meu amor. - disse enroscando-se mais

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nela e colocando sua perna por cima das suas coxas. -Venha comigo para a Nova Califórnia, assim teremos um tempo somente para nós, eu vou adorar viajar com você. E você é minha sócia, precisa estar presente para receber o primeiro prêmio do seu cavalo Diamante.

-Hum... - resmungou dengosa e pensativa. -Podemos fazer dessa viagem a nossa lua de mel, como você

me contou. O que acha? -Acho ótimo, mas nós vamos a trabalho. -Meu amor, nós não iremos ficar em função disso o tempo

todo, e nós podemos fazer coisas que nunca fizemos. Podemos ficar num bom hotel, ir a restaurantes, passear, podemos ver o mar.

-Ian, agora você me convenceu, vai ser maravilhoso! -Ótimo. Vou à cidade mandar o telegrama para a organização

para inscrever Thor e Diamante e vamos preparar tudo. Mas... O que você acha de nós começarmos nossa lua de mel agora e aí você termina de me convencer a ter a dita lareira.

-Acho perfeito. - disse sorrindo e o beijando. ** Jayne e Ian prepararam tudo para levar Thor e Diamante

para a exposição, e deixaram Kate e as crianças com os pais dela. Sr. Cullen andava meio adoentado e a presença alegre das crianças o deixava muito feliz.

Jayne, Ian, Willian e David acomodaram os cavalos no vagão traseiro do trem, próprio para o transporte de cavalos e embarcaram no vagão para os passageiros. O novo modelo da Maria Fumaça era requintado, fazia longas distâncias, era preparado para acomodar os passageiros em cabines privadas e bem decoradas. O vagão restaurante servia refeições e bebidas, tudo era confortável, desde os aposentos até o Ala Carte. O que era desconfortável era o valor do bilhete da passagem que era um tanto exorbitante, mas para fazer uma viagem cruzando diretamente quase três estados, era necessário. A viagem foi longa e cansativa fazendo algumas paradas no Novo México e no Arizona, mas eles transformavam tudo em diversão, estavam apreciando a viagem.

Chegando à Nova Califórnia, Jayne e Ian levaram Thor e Diamante diretamente para o reservado na exposição, os entregaram para o encarregado que iria lhes dar banho, cuidar de seu pelo e alimentá-los. Tudo estava bem preparado para que os cavalos fossem

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bem cuidados. Enquanto isso, David e Willian levaram as bagagens para o Hotel Califórnia Plaza, e depois, foram para a exposição para se encontrar com os dois.

-Ian, eu acho que vai ser uma ótima exposição. -Sim querida, eles são profissionais, tudo aqui é de primeira,

já avistei alguns fazendeiros importantes e pelo que vi dos outros cavalos, teremos boas chances de conseguir alguma premiação.

-Também espero, vai ser ótimo. Veja... - disse enganchada no braço de Ian e cochichando discretamente. - Aquele é o Sr. Callahan, um criador excêntrico de gado que tem o abatedouro que lhe falei.

-Hum... Ele demonstra sua excentricidade pelas suas vestes. - Ian disse brincando e olhando de relance para ele.

-Sim meu amor, mas para nós o que vale é a boa impressão que nos cabe dar a ele e o dinheiro que ele traz na guaiaca.

-Verdade. - concordou rindo. -Onde está David e Willian? Eles têm que o conhecer, se eles

fizerem negócios com ele, será ótimo. -Não sei, devem estar por aí, já devem ter vindo do hotel.

Vou procurá-los, vai ficar aqui? -Sim. Vou falar com algumas pessoas e com ele. - disse ela

apontando discretamente com a cabeça. -Cuidado, há muitos gaviões por aqui, principalmente este Sr.

Callahan, pelo que sei, adora uma bela mulher. -Hum, é mesmo? Não havia percebido. -Engraçadinha. -Não se preocupe meu amor, garanto que não há ninguém

aqui que me interesse mais do que você. Ian sorrindo lhe deu um beijo no rosto e se afastou, ficou

andando pelo espaço reservado olhando tudo, até que avistou Willian e David conversando e olhando o gado que estavam em um cercado.

-Ora, quem eu vejo, meus amigos se regalando com uma bela vista.

-Ian, veja que gado magnífico. -Pela marca é do Sr. Callahan. - disse os analisando. -Ele está

aqui, vocês têm que falar com ele. -Por quê? -Porque além de criador ele possui um abatedouro, ele pode

comprar seu gado.

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-Ótimo. Você o conhece? -Só de vista, mas Jayne o conhece. Ela pode apresentá-lo. -Onde ela está? -Nas baias, vão até lá, eu irei ver alguns cavalos. -Está bem, até mais. Ian continuou andando e sentiu que parecia que estava sendo

observado, mas não deu atenção, seguiu cuidadosamente olhando tudo que lhe aparecia pela frente. Quando ele estava distraído com seus olhos exigentes para analisar os cavalos, escorado com os braços cruzados numa cerca e com um dos pés na grade baixa, alguém lhe chegou pelo lado, fazendo-se olhar para os cavalos.

-Boa tarde. -Boa tarde, Senhora. - Ian disse olhando para a dama elegante

que parou ao seu lado. -Senhorita. - ela corrigiu. -Admirando os cavalos? -Sim, é meu trabalho. -Você mora aqui? -Não, eu moro em West Side, no Texas. -Ora vejam, vindo de longe para ver cavalos? -Não só ver, fazer negócios e também trouxe dois cavalos

para concorrer ao prêmio. -Que ótimo. Você vende cavalos? -Vendo e trabalho na reprodução. -Hum, isso parece interessante. -E a Srta., conhece cavalos? -Não, somente gosto, eu estou a passeio. -Que bom. - Ian a olhou bem, ela era uma moça bonita e

bem vestida. Mas ela o olhava de uma maneira tão devastadora que Ian virou o olhar sentindo-se incomodado.

-Vai haver uma festa, um baile por causa da exposição, o senhor gostaria de me fazer companhia?

Ian a olhou rapidamente e espantou-se com aquele convite. -Ham... Desculpe Senhorita, mas eu sou casado. - disse

mostrando a mão com a aliança. -Ora, mas isso não impede que o Senhor me acompanhe, não

é? Como amigos. - disse jogando um charme sedutor para cima dele. Ian ficou meio sem jeito com aquela investida direta e virou-

se para encará-la de frente.

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-Não quero ser rude, mas impede sim. Se eu for ao baile, eu irei com minha esposa, ela está aqui comigo.

-Uma esposa que acompanha o marido em exposições, isto é inusitado, geralmente as esposas ficam em casa cuidando dos filhos.

-Não é este o caso. Se me dá licença, eu tenho que ir, Senhorita... - disse fazendo menção que esperava que ela dissesse seu nome pela boa educação.

-Srta. Austin. - disse oferecendo a mão. -Encantado, com licença. - disse beijando sua mão e lhe deu

as costas. Ela ficou indignada com o seu descarte, não era acostumada

que lhe dessem as costas daquela maneira, dificilmente se negavam aos seus encantos. Quando ele estava se afastando, ela o chamou.

-Sr... - Ian se virou. -O Senhor não me disse seu nome. -Buller, Ian Buller. - ele fez reverência e virou-se novamente

saindo de perto dela. Ela o ficou admirando ir-se. O achou incrivelmente lindo e

encantador, pena que não se interessou por ela, ou melhor, se ele não fosse casado e metido a fiel, a teria admirado e aceitado seu convite. Assim passava pelos seus pensamentos.

Ian se encontrou com Jayne que conversava com um senhor muito distinto. Enquanto se aproximava, lembrou-se logo dele.

-Sr. Crawford, que prazer vê-lo novamente. -Boa tarde, Sr. Buller. Igualmente. - disse apertando sua mão. -Veio comprar algum cavalo? -Sim, vou comprar. Mas acho ótimo que o tenha encontrado

aqui, poderemos fazer negócios novamente. -Ótimo, e como estão as crias? -Sr. Buller, nós estávamos falando disso, os cavalos estão

espetaculares, realmente seus garanhões são de primeira. -Obrigado, Senhor. -Eu ampliei minha fazenda no Colorado, vou mandar alguns

cavalos para lá. No próximo mês quero levar duas éguas que adquiri num leilão e eu quero que emprenhem, pode fazer isso?

-Por certo. É só me avisar quando vai mandá-las. -Eu já lhe mostrei Thor e Diamante, Ian, e ele quer cria deles. -Ah sim, estes dois cavalos estão esplendorosos, garanto que

a cria deles será perfeita.

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-Muito bem, entrarei em contato, mas agora, se um dos seus garanhões ganhar a premiação, não vá me meter a faca. - disse rindo.

-Pode deixar, mas o Senhor sabe que será mais valorizado. - Ian disse sorrindo astuciosamente.

-Sim, eu sei. Boa sorte. -Obrigado e até mais. Jayne enganchou no braço de Ian e continuaram andando

lentamente. -Minha esposinha não perde tempo. -Não mesmo. - disse sorrindo. -Falou com Sr. Callahan? -Sim. Já o apresentei a David e Willian, os três devem estar

conversando neste momento. -Hum... E ele se comportou com você? -Ele é um galanteador meu querido, arrebata belas mulheres. -Sei... E a Senhora foi arrebatada também? -Fui sim, mas por outro homem. -É mesmo? Quem, posso saber? - disse a olhando espantado. -Não sei se você o conhece, ele tem uns olhinhos puxados,

cabelos compridos, me deve uma lareira... - Ian começou a rir antes que ela terminasse de falar.

-Muito engraçada. -Já está escurecendo, vamos para o hotel? Estou cansada. -Vamos. Saíram da exposição e Ian olhando para trás para ver se via

David e Willian, avistou aquela mulher novamente que andava atrás deles, mas distante. Ian fez de conta que não a viu, mas sabia que ela o estava cuidando.

-Amanhã vai ter um baile para abertura do evento, vamos? - ela perguntou. Disseram que iam enviar nossos convites para o hotel.

-Ouvi falar, podemos ir. Pegaram um coche de aluguel e seguiram para o hotel e pegando a chave na recepção encaminharam-se ao quarto.

-Nossa, que lindo! - Jayne disse olhando ao redor e retirando o chapéu que glamourosamente combinava com seu vestido.

-Ah, eu adorei esta cama. É bem maior que a nossa... E olha que eu acho a nossa grande. - Ian disse rindo.

-Pelo menos aí não tem perigo de cair da cama.

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-Ah, isso aconteceu só uma vez. - ele disse soltando uma bela gargalhada lembrando-se do episódio em que os dois brincando rolaram cama abaixo.

-Quero tomar um banho naquela banheira ali. Que maravilha que tem sala de banho! Não gosto das salas de banho públicas.

-Eu também não, assim nós podemos tomar banho juntos. - disse a abraçando.

-Adorei esta parte. - disse beijando seus lábios suavemente. -Quero jantar no quarto, assim não precisamos nos vestir

para ir ao restaurante, queria ficar aqui à vontade. -Está ótimo. Minha nossa! Como adoro luz elétrica. Quando

é que vamos ter este luxo na nossa casa? -Nem imagino. -Ian, este hotel deve custar uma fortuna. - disse olhando ao

redor. Temos dinheiro para isso? -Não importa, eu pedi o melhor quarto e não se preocupe

com isso. -Hum... Estou começando a gostar disso. - os dois sorriram e

se abraçaram. -Eu vou providenciar o jantar e o banho. ** No outro dia foram para a exposição, conversaram com

muitas pessoas, viram muitas criações e engataram negócios. Pela tarde foram passear pela cidade. A Nova Califórnia estava bem desenvolvida, com belíssimas construções e atrações, a cidade estava lotada de pessoas que vieram de fora. Uma Ópera House foi construída em estilo barroco com detalhes em Art Nuveau, e trazia atrações e óperas européias, havia belos restaurantes, casas e lojas, carros circulando entre as charretes, ladies desfilando novos modelos de roupas vindas da França, alguns modelos excêntricos de bicicletas que algumas moças modernas desfilavam com suas calças blummer. Ou ainda se via algumas mulheres vestindo roupas com algumas características de raízes espanholas e inglesas e muitos mexicanos com suas roupas características. A modernidade chegava à Nova Califórnia a passos lentos, mas já era nítida. Ian e Jayne andavam pelas ruas centrais de braços dados demonstrando alegria e curiosidade, comentavam sobre tudo que viam. Os dois foram à uma modista que havia vestidos prontos e Jayne provou vários, precisava comprar um vestido elegante para ir ao baile que exigia rigor. Ian a

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acompanhou, não tinha muita paciência para estas coisas, mas fez um esforço para não deixá-la sozinha.

-Jayne, você provou vários vestidos, já escolheu? -Já. -Qual deles? -Nenhum dos que você viu. -E por que não me mostrou? -Porque será surpresa, hoje à noite você verá. -Ah! Você e suas surpresas. Vamos, estou com fome. Pegaram as caixas e voltaram ao hotel, lavaram-se e trocaram

de roupa para irem jantar no restaurante do hotel. Era muito refinado, com pratarias e cristais, luminárias estrategicamente colocadas dando ao restaurante um ar muito aconchegante a meia luz. Pediram uma deliciosa refeição e para beber, um champagne.

-Um brinde a nós. - ele disse erguendo uma belíssima taça de cristal talhado, brindaram e beberam olhando-se carinhosamente.

-Meu amor, você está me olhando de maneira diferente, o que houve? - perguntou olhando para Ian meio desconfiada.

-Minha querida, eu não sei. Parece que algo aconteceu dentro de mim nos últimos dias, parece que de repente sinto mais necessidade de ficar perto de você. De fazer tudo com você. Eu tenho vontade de sorrir só de olhar seu rosto. Parece que meu amor está diferente, não sei explicar o que é. Parece difícil ficar sem ter você na minha mira. - Ian pegou na mão de Jayne sobre a mesa. -Eu te amo cada dia mais e sei que você é a única pessoa que vou amar na vida. Não quero me separar de você nunca.

Jayne colocou sua outra mão sobra a dele. -Fico tão feliz de ouvir isso, Ian. Eu sinto o mesmo por você,

sou tão grata pelo seu amor. Eu também não consigo ficar muito tempo sem olhá-lo. Eu te amo muito, meu amor.

-Obrigado por ter vindo comigo. - Ian beijou sua mão. Ambos olharam-se com um sorriso terno, com os olhos

compenetrados um no outro, felizes de estarem juntos. Serviram o jantar e eles o degustaram lentamente, conversaram e sorridentes aproveitaram aqueles doces momentos.

Terminando o jantar, foram para o quarto aprontar-se para o baile. Ian vestiu sua roupa nova e elegante, brigando com a gravata, como sempre. Jayne fechou-se no quarto de trajes, havia solicitado

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uma camareira do hotel para lhe ajudar com as vestes deveras complicadas, ela já havia ido embora, mas Jayne ainda não havia saído do quarto.

-Jayne, está viva aí dentro? -Já vou sair, só mais um segundo. -Mulher, nós estamos atrasados. - disse olhando no relógio

de bolso. -Mulheres e suas roupas. - resmungava impaciente enquanto arrumava o cabelo para trás. - quando Jayne saiu do quarto Ian a olhou dos pés à cabeça, ficou petrificado. Ela parou e ficou olhando para ele com um sorriso. -Minha nossa! - disse boquiaberto.

Jayne deu uma voltinha fazendo charminho, para que ele visse o belíssimo vestido vermelho com o corpete estruturado e uma pequena manga fofa, mas que deixava seu colo e ombros nus, as ancas traseiras fofas em tufos de tecidos lhe deixava com a silhueta bem marcada e elegante, e completando o seu inebriante visual, usava uma luva longa de cetim branco, ela ergueu uma parte dos cabelos para trás deixando alguns cachos definidos lhe caírem pelas costas.

-Então, gostou? -Jayne... Você está deslumbrante. - ele foi até ela e a olhava

com um olhar mais apaixonado que nunca. -Você é a mulher mais linda que eu vi. - disse extasiado e beijou a sua mão.

-Obrigada. Você também está lindo e elegante, parece um Lorde. - disse o olhando com admiração e ajeitando sua gravata.

-Eu tenho um presente para você, ia lhe dar depois, mas acho que vai combinar com seu vestido. Quer dizer, eu acho, não entendo muito bem destas coisas.

-O que é? Ian pegou sua maleta, pegou uma caixa de veludo de dentro e

foi à frente dela a abrindo. -Meu Deus! Ian... É maravilhoso. - disse passando os dedos

nos brincos e num colar que faziam jogo. -Isto é rubi de verdade? -É. -Onde conseguiu? Isso vale uma fortuna. -Há tempos eu queria lhe dar um presente assim e acho que

esta seria uma boa oportunidade para usá-lo. Ian retirou o colar da caixa e colocou em seu pescoço, Jayne

tirou os brincos que estava usando e colocou os que ele deu. Olhou- se no imenso espelho com uma grossa moldura de madeira talhada

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suspensa num cavalete. Ele estava atrás e a contemplava no espelho. -São lindos... -Você parece uma princesa. Ela se virou para ele e suspirou. -Obrigada meu amor... -Eu te amo. - disse sorrindo e acariciando seu rosto. -Eu também, mais do que você possa imaginar. Esta viagem

está sendo muito preciosa para mim. Beijaram-se e se deram um abraço longo e amoroso. -Vamos minha querida, estamos muito atrasados, os rapazes

devem estar tendo ataques lá embaixo. - disse dando o braço a ela. Desceram as escadarias e foram até o saguão do hotel onde

Willian e David estavam conversando, já impacientes. Quando olharam para os dois ficaram embasbacados os olhando se aproximar.

-Minha nossa senhora! - David disse espantado. -Com todo respeito, Jayne, você está linda! - Willian disse. -Obrigada, rapazes. -Minha mulher não parece uma princesa? -Parece. Eu estou impressionado! Nunca vi uma princesa

antes, mas deve se parecer com isso. - todos riram de Willian. -Vocês também estão muito bonitos e elegantes rapazes. -

eles ficaram bobos sorrindo. -Mas se comportem. Dois homens bonitos assim numa festa sozinhos, hum... É um perigo.

-Perigo por quê? - David perguntou meio inocente. -Ora David, deixe de ser tapado, ela está se referindo a todas

as mulheres da festa que vão cair aos nossos pés. - Willian disse rindo. David soltou uma gargalhada estrondosa. -Pode deixar Jayne, vamos nos comportar, afinal somos

homens muito bem casados. - David disse. -Vamos então, o cocheiro já está esperando a um tempão. -

Willian disse. Logo que entraram na festa chamaram a atenção. A presença

dos três homens belíssimos e Jayne deslumbrante com sua roupa e beleza, resplandeceu na entrada principal do salão. Muitos os olharam e algumas moças vendo os três rapazes, cochichavam colocando a mão na frente da boca. Alguns homens a olharam, admirando a sua beleza e porque não dizer, a cobiçando. O anfitrião da festa, um dos homens mais ricos da cidade veio recepcioná-los.

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-Boa noite, sejam bem vindos. Sr. e Sra. Buller, correto? -Sim, Sr. Adams, é um prazer conhecê-lo pessoalmente. -

disse Ian estendendo-lhe a mão e ele a apertou. -Sra. Buller. - disse beijando sua mão. -Estou encantado, sua

beleza ofuscou todo o salão. -Obrigada. Sr. Adams estendeu a mão para David. -Sr. Stweart? -Sim. Prazer em conhecê-lo. -E o senhor deve ser Sr. Jonhson. São de West Side? -Sim. É um prazer senhor, obrigado pelo convite. -Por favor, fiquem à vontade. Peter vai levá-los até sua mesa,

o champagne está sendo servido, espero que apreciem a noite. -Obrigado. - Ian disse. O garçom os direcionou a uma mesa que ficava numa das

laterais e sentaram-se. Outro garçom já veio servir o champagne em suas taças. Os quatro conversavam animados e alguns canapés eram servidos enquanto alguns casais dançavam.

-Eu acho que devíamos ter trazido Emily e Mary, elas iriam adorar isso aqui. - Willian disse.

-Também acho. - David disse. -Vocês não foram persuasivos como meu marido. - Jayne

disse rindo para eles meio debochada. -É. Ian é sempre persuasivo demais. -Pelo menos agora eu estou bem acompanhado, enquanto

vocês estão aí largados, seus panacas. -Falou tudo. - David disse. -Olhem e aprendam seus bobos. - Ian disse rindo. -Você deveria fazer uma cartilha com instruções, não somos

como você. - todos riram. -Vamos fazer um brinde, já que agora não adianta reclamar,

pelo menos aproveitem a festa. -Ah vou mesmo! Pois acho que nunca mais na vida irei a uma

festa como essa. Brindaram e conversaram enquanto degustavam os canapés e

bebiam o champagne. -Vou dar uma volta. Vamos David, desgruda destes canapés,

parece que não jantou.

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-Ai, mas isso é bom demais. -David, eles podem revistá-lo na saída, não enfie canapés nos

bolsos. - Ian disse rindo. -Ah engraçado, também não sou morto de fome. -Vamos, homem! - Willian disse puxando o braço de David

que enfiava mais um canapé na boca. -Está gostando da festa? - Ian perguntou olhando para Jayne

amorosamente. -Amando. - disse passando os dedos no rosto dele. -Se eu soubesse a convidaria para dançar, mas me perdoe, eu

não sei. -Tudo bem meu amor, mas nós poderíamos nos mexer um

pouquinho, não precisamos dar um baile aqui, não é? -Verdade. Afinal, nós merecemos experimentar tudo que

temos direito e odiaria ver você ficar aqui sentada. - Ian ofereceu sua mão a ela e levantaram, distanciaram-se só um pouco das mesas. Ele a envolveu pela cintura e segurou sua outra mão e lentamente foram dançando e olhavam-se nos olhos.

-Viu? Está dançando. - disse sorrindo para ele. -Estou tão feliz, Jayne. Você nem imagina o quanto. -Eu também. Parece um dos contos de fadas da Angel. -Ah sim! Aqueles em que o príncipe vai salvar a princesa em

perigo e vivem felizes para sempre, dançam num baile num castelo, enfim... - concordou rindo.

-Exatamente. Você é meu príncipe que me salvou, moramos num lindo castelo e estamos dançando num baile.

-Perfeito, minha princesa! - eles dançaram por mais alguns instantes. -Todos os homens estão olhando para você.

-Estão olhando para o casal mais feliz da festa, só isso. -Sr. e Sra. Buller, que bom vê-los aqui. - Sr. Fergson disse se

aproximando. -Que bom revê-lo. -Sra. Buller... - disse beijando a sua mão. -Está esplendorosa

esta noite. -Obrigada. -Sr. Buller, em outras circunstâncias eu a roubaria do senhor.

- os três riram. -Será que o Sr. me permitiria uma dança com a sua esposa, com o maior respeito, por favor. - Ian olhou para Jayne.

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-Claro. Sr. Fergson foi dançar com Jayne. Era um senhor de idade,

cabelos totalmente brancos, muito gentil, riquíssimo e viúvo. Tinha título de Conde, mas detestava que o chamassem assim. Era inglês e há alguns anos mudou-se para os Estados Unidos, ainda esbanjava fortemente o sotaque britânico. Já havia feito alguns negócios com Ian e era agradabilíssimo de conversar, adorava contar histórias.

Ian foi até a mesa pegando a taça de champagne, tomou um gole e ficou olhando para eles, admirando Jayne de longe. Seu coração estava tão abarrotado de amor por ela, que parecia que transbordava pelos seus olhos que brilhavam como estrelas. Ele olhava para ela que ria das conversas de Sr. Fergson. Jayne enquanto dançava, de vez em quando buscava os olhos de Ian, pois se para ele era difícil parar de olhá-la, para ela era impossível, sorriram um para o outro e Ian deu um beijo na sua aliança para que ela visse, fazendo-a sorrir encantadoramente, e seus olhos brilharem ainda mais. Não havia uma pessoa que estava por perto que não reparasse nos dois. Ian os observava dançando tomando seu champagne e estava com um pequeno sorriso no canto da boca, admirado de como o sorriso dela iluminava aquele salão. Foi interrompido de seu devaneio por uma voz feminina ao seu lado.

-Boa noite Sr. Buller. Ian olhou e reconheceu a mulher. -Srta... Austin, não é? -Sim, boa memória. O que faz aqui sozinho? -Não estou sozinho. -Eu sei, mas sua esposa creio eu, está dançando com outro

homem, será que poderíamos dançar também? -Perdoe-me, mas eu não sei dançar como eles. -Não faz mal, eu também não sou exímia dançarina. Ian quis negar, mas ela insistiu, e sem querer ser rude foi

dançar. Conversaram e dançaram por alguns minutos, ela o olhava com olhar penetrante, que parecia querer entrar pelos seus olhos. Ian, evitava a olhar diretamente.

-Está constrangido ou não consegue me olhar? -Desculpe, eu sou meio tímido. -Adoro homens tímidos, são intrigantes. -Senhorita Austin, está sozinha aqui na festa?

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-Sim, mas poderia não estar. -Realmente poderia. Há muitos homens sozinhos, a senhorita

poderia estar dançando com algum deles. -Hum... Mas eu queria dançar com o Sr. -Fico lisonjeado, madame. -Você é muito bonito, seus olhos são exóticos. -Obrigado. A Senhorita também é bonita. - a música

terminou e iniciou outra. -Srta. Austin, obrigada pela dança, mas lamento, eu tenho que ir.

-Não vá, por favor, vamos dançar mais uma... - disse o segurando pela mão. -Teremos a dança marcada.

-Desculpe-me, eu não sei dançar, com licença. - Ian beijou a mão dela e saiu deixando-a, sentia-se constrangido. Foi até Jayne e Sr. Fergson que estavam do outro lado do salão conversando com David e mais dois homens e riam animados.

-Oi amor, tudo bem? - Jayne disse envolvendo seu braço quando ele chegou ao seu lado.

-Desculpe, estava conversando. -Estava dançando que eu vi. - disse sorrindo para ele dando

um olhar de que estava com uma ponta de ciúmes. -Sim, mas sou péssimo nisso. -Quem é a dama? -Uma admiradora de cavalos. -Hum... Eu acho que ela estava admirando você. -Meu amor, não precisa ficar com ciúmes. - ele a pegou pela

cintura dançando aos passos lentos com ela. -Não tenho olhos para mais ninguém, nem consigo parar de olhá-la. Aliás, eu sairia daqui com você agora mesmo.

-Se quiser, podemos ir. Eu somente quero ficar com você, não importa o lugar.

Ian sorrindo deu-lhe um beijo na testa. -Então vamos, eu acho que já impressionamos o bastante. Despediram-se de Sr. Fergson e dos rapazes. -Já vão? Mas é cedo. - David disse. -Vocês podem ficar, aproveitem a festa. Falando nisso onde

está Will? - Ian perguntou. -Não sei, deve estar por aí. Foram despedir-se de mais algumas pessoas conhecidas e do

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anfitrião. Encontraram Willian conversando com uma moça e foram até eles.

-Willian, estamos indo. - ele espantado os olhou. -Oi, mas já? - Ian olhou para a moça e fez uma cara que a

conhecia. -Ian, lembra-se da Jessy Jacob? - Willian disse sem jeito. -É claro, como vai? Quanto tempo eu não a via. -Bem obrigada. Sim, muito tempo. -Esta é minha esposa, Jayne. -É um prazer conhecê-la Sra. Buller. -O prazer é meu. - Jayne disse a observando. -Ham... Daqui a pouco eu também já estarei indo. - Willian

disse meio sem jeito. -Boa noite então, prazer em revê-la Srta. Jacob. - Ian disse. Ian e Jayne retiraram-se e foram para o hotel, enquanto

estavam no coche Jayne meio intrigada perguntou. -Quem é aquela Jessy? -Hum... Eu sabia que ia perguntar. É uma ex corte de Willian. -Ex corte? Ele parecia muito sem jeito quando nos viu. Não

é muito fácil encontrar ex cortes, Ian. -Meu amor, não se preocupe, são só amigos, e acho que ele

ficou sem jeito porque você é irmã da Emily. Aliás, nem vá comentar uma coisa destas, ela pode ficar com ciúmes.

-Ela deveria ter ciúmes desta mulher? -Não. Mas vocês mulheres adoram fazer um drama, então é

melhor não colocar chifres na cabeça de cavalos. -Drama? Eu nunca fiz drama por causa de ciúmes. -Porque eu nunca dei motivos. - disse sorrindo. -Hum... Porque eu confio em você, mas hoje eu poderia ter

feito um. -Não, não poderia porque eu não dei nenhum motivo para

isso, ou dei? -Não. Mas aquela dama estava louca para dar um motivo. Chegando ao hotel desceram do coche e foram para o quarto

pegando a chave na recepção. Ian começou a tirar o paletó e a gravata e jogou sobre uma poltrona, abriu alguns botões da camisa para ficar mais a vontade e tirou os sapatos. Jayne entrou na saleta de trajes e fechou-se lá. Ele havia pedido na recepção para trazerem uma garrafa de champagne e bateram na porta para entregá-la, e ele calmamente

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serviu nas taças. Jayne saiu da saleta e Ian a olhou petrificado novamente. Ela estava usando um lindíssimo penhoar de seda branca que ele nunca havia visto e propositalmente deixou as jóias e os cabelos soltos. Jayne andou calmamente com um leve sorriso no rosto e pegou uma das taças que ele estendeu a ela.

-Isso é... Novo... - ele disse meio aturdido. -Sim, eu comprei para você. -Minha nossa! - disse boquiaberto e fazendo cara de espanto.

-Um brinde a nós, e ao nosso amor. - brindaram e beberam. Ian a beijou ainda segurando a taça na mão. -Você está irresistivelmente sedutora.

-Posso seduzi-lo? - disse chegando seus lábios junto aos dele quase os tocando, o incitando ao beijo provocadamente, mas sem tocá-los.

Ian sentiu que seu corpo todo pegou fogo e fechou os olhos por um segundo. Pegou as taças e colocou na mesa e a abraçou beijando-a, fazendo com que sua respiração mudasse de ritmo. Jayne com seu corpo foi empurrando-o para trás até chegarem à beira da cama, ela o soltou e com as mãos lentamente o fez se sentar. Jayne vagarosamente foi abrindo o penhoar revelando a camisola de seda longa com detalhes de renda francesa no decote que sutilmente lhe revelava o corpo. Ian olhou para ela de cima abaixo e pensou que seu coração pararia de bater.

-Você vai me matar desse jeito. -Esta é a intenção, mas só se for de amor. Ian levou as pontas dos dedos até seu pescoço e foi descendo

lentamente delineando sua silueta. Seus dedos deslizavam pela seda macia e Jayne sentia o toque sutil em seu corpo fazendo-a estremecer, ele foi descendo as duas mãos pelas suas pernas e as subiu novamente levantando a camisola até suas coxas, Jayne sentou de a cavalo sobre as pernas dele o abraçando.

-Eu te amo, Jayne... -Eu também te amo, amo, amo... Beijaram-se afogando as palavras que desapareceram por

completo, ele a girou lentamente a deitando na cama, indo sobre ela. Ian beijou cada parte de seu corpo lentamente e Jayne sentia seus lábios e suas mãos tocando-a que a fazia gemer de prazer. Ele estava tão enlouquecido por ela que a tocava de uma maneira intensa, como

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não havia feito antes e Jayne também o fazia, deleitando-se com o corpo perfeito dele, beijando sua pele macia, delineando seus músculos rijos e torneados. Diziam que uma mulher não poderia soltar tais barulhos, era indecente, mas Jayne não estava interessada em céu e inferno naquele momento e Ian muito menos, ele sabia que ela era ousada e gostava disso, pois ela era dele, se permitiam ser intensos um com o outro, isso os fascinava, os excitava mais. Amaram-se perdidamente, como se eles quisessem marcar cada movimento, cada toque em suas memórias. Entregaram-se àquela paixão que os queimava, sentiam-se intensos e arrebatados um pelo outro. O que estavam sentindo era tão profundo que lhes chegava doer. As sensações traziam o gemido de ambos, que eram abafados por intensos beijos. Seus movimentos eram como uma dança, perfeita harmonia, quando seus olhares se cruzavam eles tinham a sensação que podiam ver a alma um do outro. Estavam completos, rodeados de uma aura de felicidade e do mais intenso amor.

Naquela noite não queriam dormir, não queriam que aquilo acabasse nunca, amarem-se entre os lençóis era melhor que qualquer sono. Dormiram tarde e pouco, mas nem se sentiam cansados, o amor lhes dera uma essência de vitalidade, o suficiente para que as carícias lhes acendessem para que tudo recomeçasse novamente. Era impossível para eles ficar sem tocar-se, um fazia parte do outro, não havia regras, tabus, medos, vergonha, hora. Eram completos e perfeitos, nunca um recusara-se entregar-se ao outro, jamais conseguiriam deixar de unir-se, pois o desejo que ambos sentiam fazia crescer mais e mais, eram duas metades que precisavam estar unidas, e aquele estranho sentimento de sentirem falta um do outro que lhes vinha rondando ultimamente, intensificou-se naquelas demonstrações de amor e afeto. Precisavam estar juntos. Quando era alta madrugada, se entregaram ao sono e dormiram profundamente e abraçados.

Jayne acordou antes que ele e sorriu quando o viu dormindo com a cabeça sobre sua barriga. Ele pegou este costume há algum tempo, ele ficava naquela posição e Jayne ficava lhe acariciando os cabelos e conversavam, muitas vezes ele adormeceu daquela maneira. Então, à vezes ela o pegava fazendo a mesma coisa dormindo, ele se atravessava na cama deitando-se com a cabeça na sua barriga, como se involuntariamente esperasse que ela lhe acariciasse os cabelos.

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Sorrindo ela os acariciou retirando algumas mechas que lhe caiam no rosto e ela pode observá-lo sereno a dormir. Como o achava lindo. Sem querer acordá-lo, levantou-se devagar e repousou sua cabeça num travesseiro para que ele dormisse mais um pouco. Vestiu o penhoar e olhou as horas no relógio de bolso de Ian. O camareiro bateu à porta e alguns homens providenciaram o encher da banheira e também um café da manhã, com frutas, pães, café e suco, arrumaram tudo e saíram. Ela colocou algumas guloseimas em uma bandeja e levou até a cama.

-Hora de acordar meu amor. - sussurrou em seu ouvido e o beijando suavemente. - Ian sem abrir os olhos sorriu e resmungou alguma coisa. -Se você não acordar vou ter que tomar o café e banho naquela banheira enorme e quentinha sozinha. - tentou novamente sussurrando. Ian automaticamente abriu os olhos sorrindo, moveu-se na cama e espreguiçou-se. -Hum... Foi o café ou a banheira que o fez acordar de vez?

-Os dois. - disse a puxando para que se deitasse sobre ele. -Bom dia, dorminhoco. -Bom dia. Eu estava com saudade. -Saudade, de que? -De beijá-la. -Ah isso eu também estava. Os dois beijaram-se docemente e sentaram na cama e

deliciaram-se com o café e riam fazendo brincadeiras com a comida um com o outro.

-Temos que tomar banho para irmos, senão nós vamos nos atrasar, não podemos perder as apresentações. - Jayne disse.

Ian pegou o relógio e olhou as horas. -Temos tempo, ainda dá para nós aproveitarmos bem aquela

banheira. - disse com uma carinha maliciosa. -Hum... Isto tudo está ficando cada vez melhor. - disse rindo. Ian a pegou no colo e foi até a banheira, a despiu e entraram

na banheira juntos. -Jayne... A noite passada foi a mais incrível que eu já tive. -Para mim também foi. - ele a olhou estranhamente, parecia

que queria dizer algo. -O que foi, Ian? Você está estranho. - ela disse acariciando seu rosto.

Ele segurou a sua mão, beijou sua palma e a colocou em seu

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peito, ela pode sentir seu coração bater descompassado. -Você foi feita para mim, nunca pensei que pudesse desejar

tanto uma mulher como desejo você, como eu amo você. Quando eu estou nos seus braços, este é o único lugar que eu quero estar.

Jayne o ouvia e seu coração bateu fortemente, amava aquele homem perdidamente. Ela o beijou com um nó na garganta e sentia que seus olhos estavam inundados pelas lágrimas, mas eram de tanta felicidade, que parecia estar transbordando por seus olhos.

-Eu nunca quero me afastar de você. Se um dia eu o perdesse acho que eu morreria de tristeza. Prometa que sempre estará comigo Ian, prometa.

-Eu prometo. Você nunca vai me perder, Jayne. Abraçaram-se e beijaram-se fortemente, seus sentimentos

estavam mais intensos que nunca, eles sentiam medo de perderem-se e inexplicavelmente estavam com aquele sentimento no peito.

** Na apresentação dos cavalos, havia jurados que analisavam

todas as categorias cabíveis aos garanhões. Porte, marcha, pelagem, certificado de linhagem, uma avaliação médica perita, enfim, todos os requisitos deveriam ser analisados. Todos os cavalos faziam sua passagem pelos jurados um a um guiados por um encarregado e continham um número, a apresentação era feita pelo microfone por um locutor que dava as descrições de cada cavalo e atiçava a platéia que os via. Thor e Diamante estavam com as notas mais altas e todos estavam ansiosos pelo resultado que sairia no outro dia.

-Ian, eu acho que vamos conseguir premiação para os dois! -Eu também acho e isso é maravilhoso! -Esperar até amanhã será uma tortura. - Jayne disse eufórica

enquanto iam de encontro aos seus cavalos. -Muito bem, meu rapaz, estava lindo! - dizia sorrindo e acariciando a cara de Diamante.

-Estou muito satisfeito. Mesmo que nós não ganhemos o primeiro lugar, com certeza Diamante será o segundo. Mas agora vamos almoçar que já passa das duas e eu estou morrendo de fome.

-Eu também. A hora passou e eu nem me dei conta. -Depois podemos ir ver o mar, o que acha? -Acho perfeito. Foram almoçar e depois à praia, ela estava vazia e o som das

ondas parecia um cântico aos seus ouvidos. Ambos pararam na areia

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sentindo a brisa marítima. -Quanto tempo que eu não via o mar. A última vez que o vi,

nem percebi sua beleza. - Jayne disse olhando as ondas quebrarem. -Por quê? -Porque quando estive aqui estava atrás de Edward e Angel,

sentei-me na areia e apenas fazia chorar. Nem percebi como o mar é tão lindo, não conseguia nem ouvir este som do estrondo das ondas.

Ian a abraçou por suas costas, colocando seu queixo sobre seu ombro e Jayne cruzou seus braços sobre os dele.

-Isso passou meu amor. Agora você pode ver o mar com outros olhos.

-Verdade. Com você aqui, isto parece o paraíso. -Eu vim aqui quando era bem jovem com os rapazes, foi a

maior aventura e loucura que já fizemos juntos. Andar por aí sem rumo, e aqui no mar, brincamos como crianças. Foi muito bom. Acho que foi a única vez que fiquei longe de casa por tanto tempo. E quando voltei, estava tudo um caos. Depois nunca mais saí para tão longe. Primeiro, eu queria fugir dali, não aguentava ver a casa que meus pais viviam e depois foram mortos. Senti raiva daquele lugar, mas quando fiquei longe, me dei conta que ali é minha casa, minhas raízes, não sei viver longe daquilo. Por isso às vezes quando vejo as coisas que você gosta, tenho medo que sinta falta.

-Eu não sinto falta de nada. - disse se virando e olhando para ele. -Gostar de alguma coisa e não poder ter naquela hora, pode não significar nada. Eu tenho tudo que preciso, você e meus filhos. Somos abençoados Ian, temos tudo. Não pense estas coisas, que me falta algo, porque não falta. E além do mais, o que conquistamos foi juntos, se estamos aqui hoje e podemos ter o luxo de comer especiarias, tomar champagne, foi porque trabalhamos juntos como loucos para isso. Vamos poder dar aos nossos filhos um futuro lindo e feliz e eu adoro a fazenda, eu não sairia de lá por nada deste mundo.

-Você tem razão. Acho que nos acostumamos com os gostos dos outros. Eu acabei gostando de coisas que você gosta e você com coisas que eu gosto.

-Verdade. -Quando você esteve aqui, por acaso entrou no mar? -Não. -E você gostaria de entrar?

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-Até gostaria, mas podemos voltar outra hora e comprar uma roupa de banho, pois não às temos.

-Roupa de banho? - disse fazendo cara de más intenções. Jayne pelo olhar safado dele, percebeu logo sua intenção. -Não, não Ian... - Jayne saiu correndo gritando e ele foi atrás

dela a agarrando e a pegando no colo, ela batia os pés e gritava, ele rindo foi para o mar e se jogou com ela nos braços sobre as pequenas ondas. -Ian, seu maluco!

-Como pensa vir aqui e não cair na água? - disse segurando-a pela cintura e levantando-a.

-Meu Deus, como é bom! -Eu não disse? - abraçaram-se e riram muito, brincaram na

água como duas crianças, até cansarem, depois saíram do mar, caíram na areia rindo e Ian a beijou. -Você está salgada e cheia de areia.

-Aham, eu pareço o peixinho empanado que nós comemos no almoço. - riram. -Você vai ter que deixar as calças para pagar o coche que está ali há horas nos esperando.

-Vai ser divertido voltar para o hotel sem calças. - riram. -Mas o dinheiro que está no seu bolso está todo molhado. -Nossa, é verdade! -Que inconsequente. -Não faz mal, não era muito. Quando chegarmos ao hotel eu

pago o cocheiro, mas valeu à pena esta loucura toda. - disse rindo completamente feliz se jogando de costas na areia e olhando para o céu azul com um sorriso no rosto.

-Verdade, foi ótimo. - disse Jayne, suspirando e sentindo no rosto os raios do sol. Jayne se virou e foi por cima dele e o beijou. -Não íamos voltar para a exposição?

-Íamos, mas vamos amanhã, hoje só quero ficar com você. E agora está tarde e teríamos que tomar banho e trocar de roupa.

-Pois veja o que você fez. -Não me provoque, senão a jogo de novo na água. Jayne ficou deitada sobre ele com a cabeça em seu peito e ele

estava abraçado a ela. -Ian, nossos filhotinhos iriam adorar o mar. -Então teremos que trazê-los aqui algum dia. -Nós quatro aqui, iria ser maravilhoso. -Então vamos providenciar isso.

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Ian pegou na cintura dela fazendo cócegas para que ela saísse de cima dele, levantaram rindo e desgrenhados da água e areia. Foram até o coche tentando se alinhar e voltaram para o hotel, ficaram um pouco constrangidos, mas riam quando as pessoas os olhavam cochichando daquele estado deplorável que se encontravam. Sentiam-se adolescentes em sua vida apaixonada e madura. Foram para a sala de banho banhar-se e colocar roupas limpas, encontraram-se com David e Willian para jantar e depois todos foram descansar.

** Willian e David estavam acomodados no mesmo quarto, e

quando voltaram do jantar, David se jogou na cama afofando os travesseiros e olhou para o amigo que andava de um lado a outro. Estava aparentemente nervoso, com o semblante meio transtornado.

-Willian, quer parar de andar. -Estou nervoso. -Por quê? Você está esquisito o dia inteiro, está tentando

disfarçar principalmente quando Jayne está por perto, mas eu o conheço como a palma da minha mão. Por que está assim?

-Nada David, nada. -Olha só... Eu não sou cego, isso tem haver com a Jessy.

Onde vocês foram ontem que você sumiu do baile? -David, eu não quero falar sobre isso. -Willian, pode falar para mim, eu não vou falar para ninguém.

Pode confiar, se você está confuso, quem sabe eu posso ajudar. -É que nem eu mesmo sei o que pensar David, então me

deixe quieto. -Encontrá-la o deixou neste estado? Teve uma recaída? -Ela mexeu com minhas idéias, eu não sei o que fazer. -Will, eu estou besta! E Emily? Pensei que era louco por ela! -E sou David, eu sou. Amo Emily! -Mas então, homem, o que está querendo fazer? Vai colocar

em risco perder o que construiu com Emily, por causa da Jessy? Depois de tanto tempo, não achei que teria uma recaída destas. Nem sabia que gostava tanto da Jessy para se abalar desse jeito.

-Não é uma recaída, David. Só que ela me deixou atordoado, ela me disse umas coisas que me viraram do avesso.

-Que coisas, Will? Você ficou com ela ontem? Quando eu fui procurá-lo para virmos embora, não o encontrei, vim para cá e você

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não estava, nem vi você chegar. -Eu não devia tê-la deixado na época, na verdade eu devia ter

me casado com ela. -Meu Deus! O que está dizendo? Homem, se você dormiu

com ela, deixe isso para lá, esqueça isso e o assunto morre aqui. Isso não pode ter importância, mas eu não estou entendendo por que isso o deixou neste estado.

-Vou sair. Ele virou as costas e saiu porta afora. -Willian, volte aqui! - mas ele não deu atenção. ** Estavam nervosos e eufóricos esperando o resultado da

premiação. Anunciaram o quarto lugar e nada dos seus cavalos. Quando anunciaram o terceiro, que eles estavam esperando que fosse Thor, chamaram Astor. Os quatro gritaram e se abraçaram, isso já significava que Thor e Diamante receberam os dois primeiros lugares.

-Ai meu Deus, eu não acredito! - Jayne pulou no pescoço de Ian e ele a ergueu do chão e a rodou.

David e Willian os abraçaram cumprimentando-os felizes pela conquista. Ian e Jayne ficaram numa felicidade tal que não conseguiam parar de rir. Foram chamados para receber os prêmios e todos os aplaudiam e eles ficaram posicionados do lado de seus cavalos. Diamante ficou com o primeiro prêmio e Ian o recebeu e Jayne recebeu o segundo de Thor.

Todos foram cumprimentá-los, foi um momento de imensa alegria. Ian e Jayne estavam tão sorridentes que nem cabiam em si, abraçaram os seus cavalos demonstrando todo o amor e respeito que sentiam por eles.

-Isto merece uma comemoração de primeira. - Willian disse abraçando os dois. David muito sorridente também os abraçou, parabenizando-os novamente.

-Sim, hoje vamos comemorar em grande estilo. - Ian disse. -E o que vamos fazer para comemorar? -Podíamos, jantar no restaurante do hotel, podemos convidar

algumas pessoas e fazer uma festa, o que acham? Por minha conta. - Ian disse animadamente.

-Acho ótimo! - disse Jayne. Conversaram com as pessoas que queriam convidar para o

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jantar e foram para o hotel, levando a grande soma em dinheiro que receberam pelos dois prêmios. Chegando lá, Ian e Jayne foram falar com o gerente para que colocasse o dinheiro no cofre, seria mais seguro. Conversaram com o métre para que preparasse um jantar especial para seus convidados e disse quantas pessoas estariam presentes, para que providenciassem tudo de acordo, depois foram para seus quartos. Jayne tirou o chapéu e o colocou na mesinha, nem conseguia parar de sorrir por um instante. Ian parou perto da cama e olhava para ela rindo com as mãos na cintura, seu rosto estava tão iluminado pela felicidade que parecia que um raio de luz pairava sobre ele. Jayne o olhou dando um imenso suspiro de satisfação.

-Nós conseguimos, Jayne! - disse orgulhoso e extasiado. Jayne gritou e correu, pulou nos braços dele colocando suas

pernas enroscadas na sua cintura e o abraçando pelo pescoço. -Meu amor, eu estou orgulhosa! Você merece isso. -O mérito é nosso, meu amor. Nós conseguimos, juntos. Beijaram-se rindo. Ian se jogou na cama e os dois rolaram

pela cama rindo e se beijando e na empolgação rolaram cama abaixo se estatelando no chão, fazendo-os gritar e rir mais ainda.

-Pelo jeito, nem esta cama deste tamanho consegue conosco! - Ian disse se matando de rir.

-Ai... Isso doeu! - ela disse rindo e fazendo cara feia. Beijaram-se, perdendo-se naquele momento tão feliz. Mais

tarde, todos foram reunindo-se no restaurante e seus convidados foram chegando e os cumprimentando alegremente. Champagne era servido livremente e degustaram o delicioso jantar. Conversaram e riram noite adentro, foi uma linda recepção, tal festa que Ian jamais pensou que ofereceria a convidados ilustres em sua vida, estava sentindo-se importante e orgulhoso de si mesmo e de sua esposa e não escondia isso de ninguém. Os amigos que os haviam contatados para as procriações anteriormente à premiação, reforçaram seus pedidos satisfeitos com os resultados dos seus cavalos. Sr. Callahan que também foi convidado interessou-se pelo gado de David e Willian e prontificara-se a ver seus rebanhos para comprá-los, deixando-os felicíssimos. Sr. Fergson contava histórias engraçadas fazendo todos rirem. Outros convidados como Sr. Adams e sua esposa eram mais reservados, mas agradabilíssimos e se divertiram com tudo. David, sempre risonho arrancava gargalhadas de suas

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próprias gargalhadas que contagiavam todo mundo. Foi uma noite impecável e agradável a todos. Ao tardar da noite, os convidados começaram a ir embora se despedindo alegremente. Mais uma noite feliz passara-se.

Willian tentava manter-se calmo para não dar na vista, mas seu nervosismo estava aparente e David tentou conversar com ele novamente, mas ele não disse nada. Disse que estava bem e que logo estariam em casa e as coisas voltariam ao normal. David parou de insistir, quanto ele quisesse falar, estaria ali para o amigo.

Finalizada as questões sobre a exposição, ficaram mais dois dias para passear. Ian e Jayne passaram praticamente sozinhos a maioria do tempo restante, aproveitando seus momentos juntos, mas foram com David e Willian à praia para admirar aquela beleza natural. Ficaram numa parte lateral da praia, colocaram uma toalha para que todos ficassem sentados bebendo um vinho, aproveitaram o mar, a areia e muitas brincadeiras. Contaram histórias de quando eles passaram por ali. Jayne aproveitou todas as brincadeiras que Ian fazia, na verdade, ele estava com um bom humor maior que já vira. Ela o admirava por aquilo, parecia um menino grande, às vezes tão energicamente sério, mas sem ser rude ou ríspido. Na verdade, a sua seriedade era tranquila e serena, falava calmamente até quando estava nervoso, poucas vezes o viu perder a calma ou alterar o tom de voz.

Por um momento Jayne percebeu que Willian havia sumido, olhou ao redor e o viu sentado na areia distante deles e sozinho, olhava o mar e ela cutucou Ian o fazendo olhar. Ele franziu a testa, sabia que o amigo estava com problemas.

-Eu vou falar com ele. - Jayne disse. -Querida, eu acho que não vai adiantar. -Eu já volto. - ela lhe deu um beijo e foi em direção a Willian. -David, Willian se envolveu com a Jessy, suponho. -Sim. Será que ele vai contar à Jayne, seria louco? -Ninguém resiste ao jeito manso da Jayne, se quiser, ela lhe

retira as tripas e você nem sente. David deu uma gargalhada. -É amigo... Você é um ferrado. -Sou! Mas sou um ferrado feliz. Ela me faz feliz, David! Mais

feliz que eu pudesse sonhar! Eu me orgulho dela e a amo muito. -Ah! Isso eu não posso negar, mas você precisa contar a ela.

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Ian, ela precisa saber de tudo. -Um dia eu vou contar, somente não achei o momento. -Quanto mais esperar, pior pode ser. -Ela vai me entender, faço isso por ela e meus filhos. -Ian, eu não sei como isso seria visto por ela de bom tom. -David, você sabe o que isso nos causou, somente os quero

proteger, Jayne vai querer o mesmo, eu a conheço. -Espero que sim, Ian. -Vocês prometeram, nunca vão falar nada. -Sim, nós prometemos. Fique tranquilo, nós vamos cumprir a

nossa promessa. **

Jayne chegando ao lado de Willian, sentou-se na areia. -Oi. - ela disse mansamente. -Oi. -Por que você está assim? Posso ajudá-lo? -Não. Eu estou bem, não se preocupe. -Willian, eu sei que você não está bem, está com algo lhe

queimando a cabeça e sei que provavelmente não irá me contar, se é sobre o que estou desconfiada.

-E posso saber do que está desconfiada? -Bem... Eu já o percebi estranho no dia do baile quando você

estava com aquela moça e depois disso, você só piorou. -Não é nada, estou com saudades de casa. Quero voltar logo. -Você não quer contar-me o que houve? -Por que contaria para você que é mulher e minha cunhada. -Willian, eu sou irmã de Emily, mas também sou sua amiga,

não sou? Não vou julgá-lo, eu prometo. Você sabe quanto sua família significa para você, não sou eu que tenho que lhe dizer isso. Mas estou odiando ver você aí desse jeito, eu quero ajudar.

-Estou atordoado. Estou me sentindo mal, por coisas que fiz. -Você traiu Emily, não foi? - perguntou com a voz suave

tentando não o assustar. Willian a olhou e respirou fundo. -Foi. Ele mesmo não acreditou que confessou aquilo à Jayne, mas

de uma maneira que nem soube como, praticamente jogou para fora o que estava entalado na sua garganta.

Jayne sentiu seu coração gelar e mil coisas lhe passaram pela

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cabeça. Sentiu vontade de esbofeteá-lo, mas conteve-se, prometeu que não o julgaria, ela respirou fundo tentando manter a calma.

-E por que você fez isso? - continuou com a voz mansa. Se demonstrasse seu desapontamento ele pararia de falar.

-Eu não sei, perdi a cabeça e eu fiquei bêbado. -Pelo jeito essa Jessy foi muito importante, você a conhecia

antes de Emily? -Sim, eu gostava dela. Mas quando eu conheci a Emily me

perdi completamente por ela, com seu jeito espevitado e sem tramelas na língua, e ela é tão linda. Encheu minha vida de alegria.

-Sim, ela é assim mesmo, às vezes eu sinto vontade de estrangulá-la, mas ela é um doce pecaminoso. Então você percebeu que ainda ama Jessy?

-Eu achei que a amava na época, Jayne. Mas ela era estranha, às vezes eu não entendia o que ela fazia. Eu disse a ela que eu queria fazer corte, me comprometer, mas ela não contou para ninguém, disse que seu pai e irmãos não permitiriam, e ela era muito nova. Mas nós nos encontrávamos mesmo assim. Depois nós nos afastamos e nos encontramos poucas vezes, aquilo era mais um flerte, eu tinha a impressão que ela não me amava. Depois que eu comecei a cortejar Emily, Jessy veio me procurar, ela queria me contar alguma coisa, mas eu não a deixei falar, estava eufórica e eu a cortei logo e disse que ia me casar com a Emily, que não havia mais nada entre nós.

-E o que ela fez? -Me deu um tapa na cara e foi embora sem dizer mais uma

palavra, depois disso eu nunca mais a vi, ela foi embora da cidade, eu nem sabia que ela estava aqui na Nova Califórnia.

-Então quando você a encontrou aqui, reviveram o passado, beberam demais e foram para a cama juntos.

-Foi. -E você está se sentindo culpado por isso? -Estou. Eu sei que não devia ter feito isso, mas tem algo que

está me matando de remorso mais ainda. -O que é? - disse meio descrente. -Isso ela só me contou depois, de manhã quando acordamos.

Na época o que ela tinha vindo me falar era que estava grávida, que esperava um filho meu.

-Meu Deus, Willian!

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-Mas como antes que ela falasse algo, eu disse que amava Emily e ia me casar com ela, Jessy não falou nada, simplesmente foi embora. Quando os pais dela ficaram sabendo da gravidez ela negou-se a dizer quem era o pai, ninguém sabia que nós nos encontrávamos. Então a mandaram para cá, morar com uma prima para ter o filho.

-E seu filho Will, onde está? Você o viu? -Não. Ela disse que morreu quando tinha dois anos de idade,

de pneumonia. Lágrimas correram dos olhos de Willian. Jayne viu a dor no

rosto dele e o abraçou. -Willian, eu sinto muito por tudo isso. Nem imagino como

você está se sentindo. -Estou péssimo, estou sentindo remorso duas vezes. Nunca

imaginei que um assunto desses me deixaria assim. -Que bom que se arrependeu. Isso demonstra que é um

homem íntegro, mas dormir com essa mulher foi um ato vil Willian. -Ela foi extremamente sedutora, vocês mulheres sabem bem

fazer um homem perder a cabeça. Mas depois ela me disse que fez de propósito, enchia minha taça o tempo todo, me envolvia com suas palavras e eu tolo, caí. Quando eu perguntei por que ela quis dormir comigo depois de tudo, se deveria estar me odiando, ela respondeu que aquela era a sua vingança, me fazer trair minha mulher e ainda fazer-me sentir culpado por tudo que ela passou.

-E ela conseguiu... - acrescentou Jayne. -Conseguiu. -Mas Emily não merecia isso, você podia ter resistido. -Mas eu acho que eu aceitei porque também quis me vingar

da Emily. -Como assim? O que ela fez? -Sempre aceitei as brincadeiras dela, relevei as bobeiras que

ela fala, mas eu ouvi a conversa de vocês no dia do aniversário dela. -Que conversa? -A do peão loiro lindo que trabalha para mim. - disse meio

irônico a olhando de canto de olho. -Ai meu Deus, Willian! - disse lembrando-se daquele dia. -Eu preparei uma festa para ela, eu lhe comprei um presente

caríssimo, que era mais que eu podia pagar, eu ia pedir para que ela viesse comigo para cá, e é isso que eu ouvi, ela ficar se derretendo por

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um peão. -Jesus! -Como vê, ela não é tão certinha.

Jayne nem sabia o que dizer a ele. Estava atordoada com tantas informações, nem sabia quem era culpado naquela história.

-Você aproveitou a chance com a Jessy para se vingar da Emily, e Jessy aproveitou sua raiva para se vingar de você. Willian, eu nem sei o que dizer-lhe e quem defender. Na verdade todos vocês são culpados, todos fizeram coisas erradas. Mas Emily nunca traiu você, ela te ama, ela tem aquele jeito de ficar falando bobeiras, mas ela jamais ficaria com outro homem.

-Como pode ter certeza, Jayne? Eu estou aqui e ela está lá, como vou saber se ela não ficou com ele.

-E por que você não o mandou embora? -Eu mandei, tive vontade de matá-lo, mas não fiz nada, só

dispensei os serviços dele, mas ele pode ter voltado lá. -Isso já é suposição. -Mas ela teria oportunidade. -E você deu a oportunidade, pois você poderia tê-la trazido. -É eu sei, mas eu quis ficar longe dela. Estava morto de

ciúmes e de raiva. Eu queria dar um tempo para que minha cabeça esfriasse, e olha no que deu, piorei tudo e agora nem sei o que fazer, nem sei como olhar para ela, nem sei o que fazer com Jessy.

-Primeiro você tem que descobrir aí no meio desta confusão que está seu coração e saber quem você ama.

-Eu amo Emily, a amo demais. -Então converse com ela sobre isso, conte a ela isso que você

sente, o que aconteceu aqui, quem sabe ela para com estas bobeiras e te perdoe. Ela não faz por mal falar essas coisas, são só brincadeiras. Emily é destrambelhada, mas é uma mulher direita e uma boa esposa, boa mãe. Vocês têm um filho, cuide do seu casamento.

-Eu sei Jayne, ela sempre foi tão boa para mim, dedicada a me fazer feliz, sei que ela me ama.

-Então Will... -Trair no pensamento também é trair, Jayne. Eu me senti

traído, nunca sequer olhei para outra mulher depois que estou com ela, e ouvir aquilo da sua boca foi como se eu tivesse visto eles se beijando. Senti uma raiva por dentro que me partiu em dois.

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-Concordo, mas vocês dois são culpados das besteiras que fizeram, então esclareçam tudo. Vocês têm um filho lindo Willian, têm uma vida pela frente, não estrague seu casamento por futilidades, mal entendidos, traições, isso vai destruir vocês.

-Eu estou com medo de perdê-la, maldita hora que eu fui encontrar Jessy, maldita hora.

-Você a viu depois do baile? -Vi, fui falar com ela. Ela disse que nunca iria me perdoar,

que a morte do nosso filho foi minha culpa, que eu não estava lá para protegê-los. Eu estou me sentindo tão sufocado que mal consigo respirar. Se eu tivesse me casado com ela, meu filho estaria vivo.

-Calma Willian, não se culpe pela morte de seu filho, mesmo que você estivesse com ele, não o teria salvado. Você precisa esfriar a cabeça, assim nervoso você não vai achar solução nenhuma. E se você tivesse se casado com ela, não teria Emily e Ethan. O que aconteceu com Jessy foi horrível, mas agora pense no futuro, não há mais nada que possa fazer para consertar as coisas do passado. Tente consertar seu casamento com Emily e viver em paz, cuidar de Ethan. Seria terrível levar em frente um casamento abalado, com estes sentimentos horríveis que você está sentindo. Vamos, levante daí. - Jayne levantou e ofereceu a mão para que ele levantasse. -Eu não vou falar nada para a Emily, vou esperar que você esfrie sua cabeça e você mesmo resolva isso. Fale a verdade, abra seu coração, e somente aí você vai saber o que vai acontecer. Se vocês se amam de verdade isso vai ser perdoado, Willian.

Ele deu um imenso suspiro tentando arejar a cabeça. -Obrigado, Jayne. -Eu vou ajudar vocês. Isso tudo vai passar, você vai ver.

Venha, vamos almoçar, vamos beber alguma coisa, porque depois dessa até eu preciso de um uísque, e tente se distrair, pare de pensar um pouco nisso que daqui a pouco as coisas vão começar a clarear e você vai conseguir encontrar as soluções. Acredite em mim, pois vivi isso, o passado nos consome, mas o futuro é que no faz viver.

-É... Eu acho que você tem razão. -Bem... Vamos mudar de assunto. Eu tenho uma idéia, você

trabalha somente com compra e venda de gado, por que você não trabalha com reprodução? Você viu como eu e Ian nos demos bem, você também pode.

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-Reprodução de gado? Não entendo como precisa ser feito. -Eu também não, não entendo muito de gado, mas creio que

não deve ser muito diferente de cavalos. Você deveria comprar uns dois touros de linhagem e começar a fazer isso.

-Eles custam caro Jayne, eu não tenho dinheiro para isso. -Você vai vender seu gado agora, quem sabe o dinheiro dê, e

se precisar eu e Ian ajudamos. -Você acha que daria certo? -Acho que pode dar sim, vou conversar com Ian e veremos o

que dá para fazer. Mas acho uma boa idéia. Os dois foram encontrar Ian e David. -Parece que ela arrancou as tripas dele. - David brincou

cochichando para Ian, os observando se aproximar. -Parece que sim. - os dois riram. **

Chegou o dia de irem embora, pegaram o trem para voltar à West Side. Jayne, havia ido até a cabine trocar de roupa para o almoço, enquanto Ian e os rapazes foram para o vagão restaurante e pediram uma bebida, esperariam ela voltar para pedir o almoço. Mulheres trocarem de roupa, isso parecia mesmo uma demora que merecia uma bebida. Naquele momento monótono, Ian olhou pela janela e avistou homens a cavalo correndo pelas laterais do trem e pulavam nos vagões. Assustado, ele avisou os rapazes, levantou e saiu correndo para ir atrás de Jayne.

Ela que estava saindo de sua cabine e voltando para o vagão restaurante, foi surpreendida por um dos homens, que parecia conhecê-la, a agarrou a jogando contra uma mesa. Jayne sem esperar por aquilo gritou e arregalou os olhos fitando aquele homem que apontava a arma para seu pescoço.

-Onde está o dinheiro? - ele gritou. -Que dinheiro? -Não se faça de desentendida Sra. Buller, eu quero o dinheiro

dos prêmios. -Não sei do que está falando... -Eu a vi na exposição, a Senhora e seu marido ganharam dois

prêmios, eu quero o dinheiro. -Não está comigo. -Ah não? E com quem está?

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-Está no cofre do trem, na cabine central. Pode pegar, se seu cérebro conseguir abrir um, seu idiota.

-Hum... Algumas dinamites podem resolver isso. Vamos... O homem agarrou Jayne pelo braço e a puxou com toda

força quase o arrancando, mas desvencilhou-se dele e deu-lhe uma joelhada, o homem contorceu-se e ela abriu a porta, passou para o outro vagão e quando tentava fechá-la, ele se jogou contra ela abrindo-a violentamente fazendo Jayne cair no chão com o baque. Ele a puxou pelo braço levantando-a.

-Você quer morrer, mulher? -Solte-me. Vá pegar o dinheiro e me deixe em paz. Ela gritou esmurrando-o, o que fez ele se afastar um pouco

dela, Jayne olhou para o lado e pegou uma garrafa que estava na mesinha e a bateu contra sua cabeça, correu novamente saindo do vagão e pulou para o outro, o homem meio zonzo correu atrás dela. Jayne havia saído do vagão de passageiros, tentou abrir a porta para passar para o vagão de carga, mas estava trancada. Apavorou-se, pois não teria como fugir dele, o homem atirou nela e quase a acerta estilhaçando a pequena vidraça bem ao seu lado, ela defendeu-se dos cacos com os braços gritando. Sem saber para onde ir, ela olhou para a escada que dava acesso ao teto e sem pensar, a subiu. O bandido subiu atrás dela, atirou e errou novamente, mas ela sentiu a bala fazer-lhe vento pelos cabelos. Ian os seguiu, chegou à mesma escada, tentou abrir a porta e ouviu um tiro que vinha de cima e subiu, assim que avistou o teto do trem viu Jayne correndo tentando equilibrar-se e o homem a seguindo. Ian enlouquecido de pavor atirou diversas vezes no homem pelas costas e ele caiu, ficando estirado no teto.

-Jayne, pare! - ele gritou. Ela virou-se e avistou Ian que corria equilibrando-se. -Ian... -Volte. - disse tentando chegar até ela e esticando seu braço e

ela começou a voltar. David que estava logo atrás de Ian subiu a escada e os

avistou. Estavam passando por uma ponte sobre um rio, a ponte era estreita e somente tinha a largura dos trilhos. Ela estava quase alcançando Ian, mas o trem bruscamente freou dando um enorme solavanco, Jayne perdeu o equilíbrio e caiu no chão, foi escorregando e caiu para a beirada do vagão gritando e com o maior esforço

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conseguiu agarrar-se em uma barra elevada que havia nas beiradas, ficando com as pernas suspensas. Ian, quase caiu, mas conseguiu equilibrar-se e gritou quando a viu escorregar, mais que depressa, tomou equilíbrio e correu até ela.

-Jayne, segure-se! - gritava desesperado. David que com o solavanco do trem escorregou da escada e

quase caiu, conseguiu segurar-se e tentou subir novamente. Quando Ian chegou perto de Jayne na beirada do vagão e ia se abaixar para agarrar suas mãos, violentamente sentiu os golpes impiedosos das balas que o atingiram pelas costas.

-Ian! - Jayne gritou em pânico vendo-o ser atingido enquanto desesperadamente tentava ficar agarrada à barra.

Ele que estava em pé bem na beirada olhou para Jayne, como um último olhar, e caiu para frente despencando de cima do trem e caiu no rio. Jayne vendo-o cair soltou um grito agudo que não só ecoou pelas montanhas, mas lhe rachou o próprio coração. David avistou Ian caindo e seu coração gelou, descarregou sua arma aos gritos no homem que estava ainda apontando a arma estendido no chão, fazendo-o rolar e cair de cima do trem. David rapidamente pulou para cima do vagão.

-Ian... - gritou desesperado. -David. - Jayne gritou reconhecendo sua voz. Ele a ouvindo

tentou ver onde ela estava e desesperado tentou agarrar suas mãos. -Jayne, segure minha mão. -Não! Pegue os cavalos e vá para a margem. -O que? - perguntou sem entender quando ela o olhou e não

agarrou sua mão. Jayne impulsionou seu corpo com os pés para longe do

vagão e se jogou ponte abaixo procurando desesperadamente cair em pé na água. David ficou aterrorizado olhando-a se jogar atrás de Ian, soltando um grito. Ele a olhou até chegar à água e afundar. Jayne foi muito ao fundo e com todas as forças tentou subir meio atordoada, e recobrando o fôlego. David saiu correndo pulando para baixo do vagão, foi para os vagões da frente procurando Willian gritando seu nome, ele o encontrou, estava sangrando no braço.

-Willian, pelo amor de Deus, você está bem? -Sim, onde estão Ian e Jayne? -Ian foi baleado e caiu de cima do trem no rio, Jayne jogou-se

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atrás dele. - disse totalmente desconsertado e acenando os braços. -O que? - gritou apavorado. -Willian, nós temos que ir atrás deles. -Como? Vamos nos jogar no rio também? -Vamos pegar os cavalos que estão no vagão de carga. Saíram correndo vagão após vagão, até chegar ao de carga

onde estavam os cavalos, estava trancada e para abri-la dispararam diversos tiros na fechadura, puxaram a porta lateral imensa abrindo-a e por sorte esta parte do vagão estava na beirada do penhasco, rapidamente pegaram duas selas que estavam no canto do vagão e atrelaram aos cavalos. Montaram no Diamante e em Thor e de dentro do vagão foram até bem colados na outra lateral para pegar impulso, esporaram os cavalos e gritaram, num salto surpreendente, saltaram do vagão em terra firme.

-Vamos David, vamos descer a encosta, temos que chegar lá embaixo rápido. - cavalgaram com o coração apertado e gritando para que os cavalos corressem o mais que pudessem.

** Jayne nadava rio abaixo tentando avistar Ian e gritava seu

nome, mas não ouvia nenhuma resposta. De repente ela o avistou, estava ainda distante dela, mas tentava bater um dos braços e ficar com a cabeça para fora da água. Ela gritou desesperadamente pelo seu nome para ver se ele a podia ouvir e nadou mais fortemente. A correnteza que estava fortíssima, cada vez mais os levava rio abaixo. Jayne pôs em seus braços e pernas toda a força e rapidez possível, mas suas longas saias a atrapalhavam, aos poucos ela conseguiu alcançar Ian que afundava e subia, ela com todo desespero o agarrou, e os dois continuaram a serem puxados. Ela tentou com todas as forças nadar para a margem, mas o rio era largo e quando ela pensou que conseguiria, sentiu que a correnteza lhe puxava mais forte, a água começou a ficar mais turbulenta, já estava totalmente cansada e um barulho diferente lhe chegou aos ouvidos, olhou para frente e aterrorizada deu-se conta que havia uma imensa queda de água e os dois estavam sendo puxados para ela.

Jayne sentiu um terror tomar-lhe e puxou todas as forças de si para tentar chegar à margem, mas era quase inútil, estavam à beira da queda. Ela agarrou-se nuns galhos que adentravam na água, mas quebraram-se e ela foi mais abaixo e os dois chocaram-se em um

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tronco tombado para dentro da água, ela tentou desesperadamente segurar Ian, ela estava engolindo muita água e esta, judiava seu rosto e faziam seus olhos arderem. Jayne jogou seu braço livre tentando se agarrar ao tronco e com o outro segurava Ian, a força da água estava como um triturador envolto de seus corpos. Jayne escorregou do tronco dando uma volta pela sua lateral, pois a água que batia nele formou um turbilhão que a jogou para o lado, as lascas da madeira cruelmente lhe rasgaram o braço fazendo-a gritar, Ian parecia estar tomando alguma consciência e escorregou de seus braços, ela vorazmente o agarrou pelo punho. Estavam exatamente na beira da queda. Jayne usou de toda sua força para segurá-lo, mas sentiu uma dor tão intensa em seu ombro como se ele tivesse sendo arrancado, fazendo-a gritar pela dor horrível, com a força da água Ian parecia pesar quatro vezes mais o seu peso.

-Ian... Ian, agarre minha mão, por favor... - tentava gritar. Ele não conseguia mover-se com facilidade e erguer o braço

para tentar segurar-se, não reagia e a água castigava Jayne fazendo-a engolir muita água. Ela não sentia mais força no braço que lhe doía imensamente e a mão de Ian foi escorregando, ele abriu os olhos e a olhou, como se a encarando por um segundo, sem mais conseguir segurá-lo, a mão dele escorregou por seus dedos e ele caiu na cachoeira.

-Não, Ian! - gritou, sentindo um terror lhe tomar a alma. Ela não tinha mais forças para segurar o tronco e não

conseguia mais mover o outro braço, seu desespero foi tamanho que pensou em soltar-se, ela não sabia a altura da queda d’água, o que aconteceria se ela se soltasse, mas sentiu uma imensa vontade de morrer e seu pranto em meio àquela água turbulenta se confundiu. Perder Ian, seria algo que não passaria pela sua cabeça, estava quase desfalecendo de suas forças e suas vistas começaram a escurecer, sua mão deslizou do tronco e soltou-se, mas sentiu alguém agarrar-lhe os braços, soltou um grito de dor como se facas estivessem lhe atravessando o ombro.

-David, me ajude aqui. - Willian gritou sobre o tronco tentando puxá-la, os dois a puxaram e foram para a margem deitando-a no chão e segurando-a pelas costas.

-Jayne. - Willian chamou desesperado. -Will, Ian caiu... - ela dizia tossindo tentando pegar ar e em

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completo desespero. -Ian caiu... Willian tentou avistar lá embaixo da queda enquanto David a

segurava, mas via somente um imenso turbilhão de água, a queda era enorme. Jayne não sabia se sua dor era pelos ferimentos eu pela imensa dor que estava sentindo no coração, o corte do seu braço estava sangrando e ensanguentava sua roupa.

-David... Ian caiu, eu tentei segurá-lo, mas eu não consegui. - começou a chorar desesperada. -Vá atrás dele, por favor, me ajude, faça alguma coisa, David, ele não pode morrer, ele não pode morrer...

-Calma Jayne. - dizia tentando acalmá-la, mas ele mesmo estava aterrorizado. Jayne então, acabou por desmaiar.

-David, nós temos que achar um hospital. -Onde estamos? -Não sei, mas acho que estamos perto de Fox, vamos levá-la

para lá. -E Ian? -Você viu a altura disso? Como pode ele ter sobrevivido e

ainda baleado? Vamos levar Jayne e voltamos para procurá-lo, precisamos de ajuda, ou vamos procurá-lo e a levamos depois? Eu não sei o que fazer.

-Eu também não Will, não quero acreditar que Ian esteja morto. - David tirou um lenço do bolso e amarrou no braço dela que jorrava sangue. -Vamos ao hospital.

-Tudo bem, vamos fazer o seguinte, eu vou descer a encosta e procurar Ian, você leva Jayne ao hospital ou a um médico, sei lá, e depois você volta para cá, peça ajuda ao xerife para trazer alguns homens, quem sabe ele nos ajuda a fazer uma busca.

-Tudo bem. David subiu no cavalo e Willian colocou Jayne na sua frente

desacordada. -Consegue segurá-la? -Sim. David segurou fortemente o corpo dela presa no dele e saiu

em disparada, Willian subiu no cavalo e seguiu a encosta penhasco abaixo. David cavalgou por um bom tempo e entrando na cidade pediu se havia um médico, lhe informaram que havia um pequeno hospital e ele seguiu para lá. Ele desceu carregando Jayne no colo e adentrou gritando por socorro até que algumas enfermeiras vieram

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correndo ajudar, levaram-na à uma sala fechada, ele informou que iria voltar e deixá-la aos cuidados deles. Foi rapidamente a delegacia e pediu ajuda, o xerife concordou em ajudar e mandou chamar alguns de seus homens para que juntos seguissem David para fazer uma busca no rio, cavalgaram até a encosta da cachoeira, começaram a vasculhar as margens tentando encontrar o corpo de Ian, mas nada, depois de muito, se encontraram com Willian.

-Willian. - David gritou. -Você o encontrou? -Não. Onde ele está meu Deus? -Senhores, esta queda é impossível de alguém sobreviver,

ainda mais se ele estava desacordado e baleado como disseram, nesta parte da cachoeira há muitas pedras, acho impossível encontrar o corpo.

-Xerife, não fale corpo, ele não pode estar morto. - Willian disse nervosamente.

-Sinto muito, vamos descer mais o rio, mas a correnteza está muito forte. Se ele não morreu pelo ferimento, deve ter morrido afogado.

-Não me importo, fico aqui até encontrar, ele deve estar em algum lugar. - David disse com um nó na garganta.

Procuraram mas nada de encontrar, ficaram naquela busca desesperada até começar a escurecer.

-Estamos nisso por horas e já vai anoitecer, temos que voltar. - o xerife disse.

-Mas não podemos desistir, se ele estiver vivo, nós podemos achá-lo e o levar ao hospital.

-Sinto muito rapazes, mas no escuro não vamos encontrar nada, nós vamos voltar agora, amanhã podemos procurar novamente, mas por hoje a busca está encerrada.

Willian e David estavam contrariados, mas sabiam que o xerife estava certo.

-Will, vamos ficar procurando até que não possamos mais. - David disse.

-Tudo bem. O xerife e seus homens foram embora, e eles continuaram a

busca, mas nada encontraram. Já havia escurecido e não enxergavam mais nada.

-Temos que desistir, vamos à cidade ver como está Jayne e

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amanhã bem cedo voltamos e continuamos a busca. -Está bem, então vamos, não vai adiantar ficarmos aqui. Seguiram para a cidade e foram ao hospital, procuraram o

médico que atendeu Jayne. -Então doutor, ela está bem? - David perguntou. -Ela levou vários pontos no braço esquerdo pelos cortes, está

com o direito imobilizado, pois deslocou a clavícula, ela estava em choque então foi sedada, somente vai acordar amanhã.

-Meu Deus, que desgraça! Isso não pode estar acontecendo. - Willian disse andando de um lado a outro com as mãos na cabeça.

-Willian, eu não consigo acreditar que ele esteja morto, nós temos que encontrá-lo. E você está ferido, tem que pedir ao médico que olhe seu braço.

-Eu estou bem. Ah meu Deus, seria um milagre ele estar vivo, praticamente impossível. Vamos rezar para o acharmos, senão isso vai ser um desastre. O médico disse que trouxeram alguns feridos do trem para cá. Malditos bandidos. - Willian gritou sentindo dor no braço.

David chamou a enfermeira e pediu que cuidasse dele, Willian estava esgotado, seu ferimento doía e aceitou os cuidados. Passaram a noite no pequeno hospital, estavam exaustos, famintos e desconsolados, logo que amanheceu voltaram e percorreram vários quilômetros a partir do ponto que haviam parado, passaram quase o dia todo naquela situação, mas nada encontraram, nenhum sinal.

-David, vamos ter que desistir, se não encontramos nada até agora, não encontraremos mais... Acho que acabou. - Willian disse com o coração estraçalhado.

David o olhou com uma tristeza descomunal, não queria acreditar que o amigo estivesse morto. Ficaram imóveis, sem saber o que fazer.

-Haveria a possibilidades de alguém tê-lo encontrado e o tirado do rio? - David perguntou.

-É possível, podemos perguntar nas casas próximas e no hospital de Portland que não é muito longe daqui, para ver se alguém deu entrada.

E assim o fizeram, mas eles não encontraram nada, nenhuma pista. Ian realmente havia desaparecido nas águas, estava morto. Quando foram ao hospital no outro dia ver Jayne, falaram com uma

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enfermeira perguntando como estava, antes de entrar e falar com ela. -Senhor, fisicamente o estado dela é bom, logo vai melhorar

dos ferimentos, mas ela não para de chorar, chama por um nome, diz que é seu marido. Às vezes ela entra em estado eufórico e temos que acalmá-la, outras ela fica com o olhar parado sem se mover olhando para o nada. Sua tristeza a está consumindo. Vocês podem entrar, quem sabe a ajude.

Quando Jayne viu David e Willian entrarem no quarto, começou a chorar novamente. Willian sentou-se na cama e ela jogou-se em seu peito aos soluços.

-Diga que você o encontrou, por favor, me diga que ele não está morto.

-Jayne, eu sinto muito, mas não o encontramos. -Não é possível. O que vai ser de mim, dos meus filhos sem

Ian? Não posso viver sem ele. -Calma querida, nós tentamos tudo, mas não o encontramos,

com certeza ele deve estar morto. Não há mais nada que possamos fazer, eu sinto muito, Jayne.

-Não... Ela chorava incontidamente. Willian e David exauridos, não

conseguiram conter as lágrimas, perder Ian que era como um irmão para eles era dolorido demais, e vendo o desespero que Jayne se encontrava lhes causava ainda maior tristeza.

O médico liberou Jayne somente no dia seguinte, David e Willian a levaram para West Side. Durante este período ela não pronunciou nenhuma palavra, só fazia chorar. Chegando à cidade alugaram um coche e seguiram para a fazenda, James o capataz, veio recebê-los estranhando aquela chegada súbita e vendo o estado que Jayne se encontrava. Willian retirou Jayne do carro no colo e a levou para dentro de casa e chamaram a criada para ajudar a arrumar a cama, a colocaram ajeitada nos travesseiros e ali ela ficou, inerte.

-Jayne, você vai ficar bem até avisarmos alguém para vir aqui? Ela nem respondeu, acenou com a cabeça que sim e recostou

a cabeça no travesseiro e os rapazes foram para fora. -David, a tristeza dela está de amargar. -Eu sei Will, eles estavam tão felizes nestes últimos dias, Ian

estava radiante, nunca o tinha visto daquele jeito na minha vida. -Isso não podia ter acontecido.

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-Parece que nosso pacto quebrou-se. -Parece. Mas nós ainda estamos aqui e temos que continuar

firmes. Alguém tem que vir ficar com ela, tenho medo que faça uma besteira.

-Concordo. Vou para casa ver Mary e Samantha e depois vou à casa de Mitchel para avisá-los.

-Eu também vou para casa. - Willian disse esfregando as mãos no rosto fortemente.

-Você está bem? -Não. Além de tudo isso eu ainda tenho que enfrentar Emily. -Se precisar de mim amigo, me chame. Mas vou lhe dar um

conselho. Esqueça o que aconteceu lá. O que importa agora é Emily e Ethan, sua família, o resto não há mais nada que possa fazer, lute pelo seu futuro, lute com o que tem em suas mãos, esqueça o resto e não conte nada a ela, pois se contar vai criar uma situação irremediável Will, não faça essa besteira, enterre esse assunto. Temos que estar todos unidos para enfrentar a perda de Ian.

Willian e David se abraçaram demoradamente, tristes e destroçados, despediram-se e foram para suas casas.

A cabeça de Willian queimava, estava com todas aquelas preocupações anteriores e a morte de Ian, sentia-se em pedaços. Estava pensando como encararia Emily, se contaria para ela ou não. Nunca mentiu ou omitiu algo dela, aquela situação lhe corroia por dentro. Tinha medo de lhe contar e ela não lhe perdoar, tinha medo de não falar e viver encima de uma mentira. Estava confuso e temeroso, mas David estava certo, melhor seria ficar calado.

Chegando em casa, não viu ninguém, olhou no quarto e viu Ethan dormindo tranquilamente em sua cama. Willian sorriu quando o viu, acariciou levemente seus cabelos negros e sua pele macia, estava morrendo de saudades dele, não queria acordá-lo, então somente lhe deu um leve beijo em seu rosto. Saiu da casa procurando Emily, e o que seus olhos viram causou-lhe um terror, uma dor, e uma raiva que seu sangue ferveu quando avistou Emily e o peão estirados no chão ao lado do poço. Ele ficou mudo e paralisado. Eles riam e ele levantou-se, a pegou pelas mãos a levantando do chão, mas seus corpos colaram e Nick rapidamente a beijou, sem dar tempo para ela reagir. Willian pensou que fosse morrer Um frio congelante lhe desceu pela espinha e seu estômago embrulhou-se. No súbito

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tirou a arma do coldre e apontou para eles, com fúria a engatilhou e atirou bem próximo aos seus pés fazendo-os se assustar e Nick a soltou, os dois ficaram lado a lado o olhando com os olhos arregalados. O jovem tentou sacar sua arma, mas Willian atirou em sua mão que a deixou cair, ele se contorceu de dor segurando sua mão e caindo no chão.

-Willian! - Emily gritou apavorada. -O que este maldito está fazendo aqui? - gritou entre os

dentes e com os olhos que pareciam duas chamas verdes de ódio. -Sr. Jonhson, eu vim procurá-lo, eu... - disse gemendo, mas

Willian o interrompeu. -Cale a boca senão mato você agora mesmo. Procurar-me?

Eu o mandei embora seu desgraçado, e agora o vejo aqui com a minha mulher. Diga-me uma só uma razão para não matar vocês dois agora. - o rosto de Willian estava transtornado e falava alto com a voz forte e furiosa.

-Willian, não é nada disso que está pensando, Nick estava me ajudando com o poço.

Willian ainda mirando com a arma chegou perto dos dois. -Eu voltei para pedir meu trabalho de volta, o senhor não

estava, eu a estava ajudando com o poço. Willian olhou para ela que o olhava com os olhos apavorados

e com o coração acelerado de pavor. -Will, eu juro... -Eu vi vocês se beijando. - disse gritando a interrompendo. -Eu juro Sr. Jonhson, não fizemos nada demais. Ele deu uma coronhada no rosto do rapaz o fazendo cair

novamente e apontou a arma para sua cabeça. -Willian, pare com isso. - ela gritou apavorada. -Emily, entre agora mesmo. -Will... -Entre! - disse gritando com toda fúria e ela saiu correndo. -Você estava beijando minha mulher, e tem coragem de dizer

que não é nada demais? - ele ajoelhou-se com um joelho e encostou a arma debaixo do queixo de Nick.

-Foi um impulso... - disse com o sangue escorrendo pelo seu rosto e trêmulo.

-Eu deveria estourar os seus miolos, Nick. - ele engatilhou a

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arma novamente forçando mais contra seu queixo. -Não, por favor Sr., eu juro que não fizemos nada de mais,

foi só um beijo, eu só a ajudei a levantar, eu a ajudei a arrumar o poço, eu juro. Eu a beijei no impulso.

-O que mais aconteceu? -Nada, não aconteceu nada, eu juro, eu juro. Willian tentava controlar a sua raiva para não matá-lo, o

olhava com os olhos fulminantes e rangia os dentes, seu dedo tremia no gatilho. Ele levantou, o puxou pela camisa e o empurrou. -Saia daqui. Nunca mais nem pense passar perto desta fazenda, saia desta cidade, suma das minhas vistas e nunca mais volte, eu juro que se o ver de novo eu meto uma bala na sua cabeça.

Nick não falou nada, passou a mão no olho e a olhou vendo o sangue que caia de seu supercílio, foi juntar sua arma, mas Willian atirou no chão próximo a ele o impedindo.

-A arma fica. Nick sem dizer nada se virou e foi para seu cavalo, indo

embora da fazenda. Willian ficou ali parado com a respiração ofegante e tentava controlar sua raiva para não fazer uma loucura, sua cabeça estava queimando, teve vontade de gritar. Colocou a arma no coldre, juntou a outra do chão e entrou em casa como um furacão. Emily estava de pé perto do sofá da sala com as mãos juntas na frente do corpo e com os olhos arregalados, tremia dos pés à cabeça.

-Will, eu juro, foi ele que me beijou, eu não tive culpa. -Emily, como pôde? Como pôde olhar para ele daquele jeito?

Como pôde deixar este homem aqui na fazenda? Na nossa casa. - disse gritando.

-Mas Willian, ele trabalhava aqui e voltou e eu pedi que me ajudasse com o poço.

Willian foi para cima dela e a segurou pelos braços com toda força, seus olhos estavam soltando faíscas. -Você quer me convencer que ele não esteve aqui durante o tempo que eu estive na Califórnia?

-Não. Eu juro Will, eu não fiz nada. -Não? Vai me dizer que você não se derrete por este Nick?

Vai me dizer que vocês não estavam se beijando? Eu vi coisas? Você está apaixonada por ele?

-Claro que não. Eu não queria isso.