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Para Jung, a psique, ou personalidade total, consiste em vários sistemas, atuantes entre si.

EGO

É a organização da mente consciente, compondo-se de percepções conscientes, de recordações, pensamentos e sentimentos. O ego fornece à personalidade identidade e continuidade. Ele é altamente seletivo, ou seja, muito material psíquico é levado a ele, porém, muito pouco sai dele ou atinge o nível da plena consciência. Isso é importante, porque caso contrário, ficaríamos sobrecarregados de tanto material acumulado na consciência.

INCONSCIENTE PESSOAL

O material que não obteve a aceitação do ego fica armazenado no inconsciente pessoal. Ele consiste também de experiências que antes foram conscientes, mas que agora estão reprimidas ou esquecidas por diversos motivos, como por exemplo, um pensamento desagradável e entristecedor, coisas mal resolvidas, um conflito pessoal ou moral, etc. Os conteúdos do inconsciente pessoal são acessíveis à consciência, existindo um transito de duas vias entre o inconsciente pessoal e o ego. Por exemplo, uma pessoa sabe os nomes de muitos amigos e conhecidos, mas eles não aparecem o tempo todo na consciência, ficando no inconsciente pessoal, que atua como um banco de memória. Outro exemplo é quando estamos aprendendo algo novo, mas que no momento não tenha tanta importância. No futuro, isso poderá ser importante e ser chamado do inconsciente pessoal. Ele também desempenha um papel importante na produção de sonhos, pois experiências que passam despercebidas durante o dia podem aparecer num sonho à noite.

COMPLEXOS

É um grupo organizado de emoções, lembranças, percepções e desejos que existem no inconsciente pessoal. Por exemplo, uma pessoa dominada por um forte complexo materno é muito sensível a tudo que a mãe diz ou sente, e sua imagem fica gravada para sempre em sua mente. Tende a imitar a mãe em suas preferências e desejos, preferindo, até mesmo, a companhia de mulheres mais velhas. Um dos objetivos da terapia analítica é liberar a pessoa da tirania desses complexos.

Um complexo não precisa, necessariamente, ser um obstáculo ao ajustamento da pessoa, pois eles também podem ser fontes de inspiração. Por exemplo, um artista obcecado com a beleza só se contentará com a realização de uma obra prima, aprimorando sua técnica, com o objetivo de produzir algo muito bonito. Jung fala que nossos complexos não provem só da nossa infância ou de nossas experiências como adultos. Eles também vêm de nossos ancestrais, nossa herança contida no inconsciente coletivo.

INCONSCIENTE COLETIVO

Ele é o reservatório que contém as experiências herdadas da espécie humana, que se acumula em conseqüência de repetidas experiências ao longo de muitas gerações. Logo, a história do indivíduo está ligada tanto à sua infância quanto á sua espécie. Para Jung, a “evolução e a

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hereditariedade dão as linhas de ação para a psique, exatamente como fazem com o corpo” (HALL, NORDBY, 2005, p.31).

O inconsciente coletivo é diferente do inconsciente pessoal, pois este último compõe-se de experiências que em certos momentos foram conscientes, mas o inconsciente coletivo nunca foi consciente na vida do individuo. Por ser o reservatório de imagens primordiais (primeiro, original), ele diz respeito ao desenvolvimento mais primitivo da psique. Essas imagens não são herdadas no sentido do individuo lembrar-se delas conscientemente, por exemplo, não herdamos o medo de cobras, mas sim, o potencial para temê-las.

ARQUÉTIPOS

São as experiências antigas contidas no inconsciente coletivo, também chamadas de imagens primordiais. “Ele é uma forma universal de pensamento (ideia) que contem um grande elemento de emoção” (HALL, LINDZEY, CAMPBELL, 2000, p.89). Por serem repetidas por várias gerações, ficam gravados na nossa psique, expressando-se em nossos sonhos e fantasias. Podemos citar o arquétipo de mãe, herói, Deus, morte, poder, velho sábio, entre outros.

PERSONA

É o rosto, ou papel público, que o indivíduo apresenta para os outros. Ela tem como objetivo causar uma impressão definida na pessoa. O núcleo do qual ela se desenvolve é um arquétipo, que se origina das experiências da raça. Como ao longo da história da espécie humana, a assunção de um papel social foi importante, originou-se o arquétipo da persona. O problema é quando o ego se identifica demais com a persona, e o indivíduo acha que ela reflete sua verdadeira natureza, e então outros aspectos da personalidade não conseguem se desenvolver.

ANIMUS E ANIMA

É também um arquétipo e refere-se ao conhecimento que os humanos são essencialmente bissexuais, pois, biologicamente cada sexo secreta os hormônios do seu sexo e do sexo oposto e psicologicamente cada sexo manifesta características e temperamentos do outro sexo devido a séculos de convivência. O arquétipo feminino no homem é chamado “anima” e o arquétipo masculino na mulher é chamado de “animus”. Por serem arquétipos, são produtos das experiências raciais do homem com a mulher e da mulher com o homem, o que permite que um indivíduo entenda e se relacione com o outro sexo. Para Jung, tanto a anima quanto o animus têm de ser expressos, ou seja, o homem tem de expressar suas características masculinas e femininas e a mulher suas características femininas e masculinas, caso contrário, essas características ficarão latentes e subdesenvolvidas.

A SOMBRA

É o lado obscuro da personalidade, o arquétipo que contem os instintos animais primitivos. Ela também é responsável pelo aparecimento, na consciência, de pensamentos, sentimentos, ações desagradáveis, que são escondidos pela persona ou reprimidos no inconsciente pessoal.

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A sombra não é só fonte de mal ou pecado, mas também de vitalidade, criatividade e emoção. É função do ego reprimir alguns instintos animais para sermos considerados civilizados, e ao mesmo tempo permitir uma expressão suficiente desses instintos, para fornecer criatividade e vigor á personalidade. Caso contrário, a psique se tornará maçante e inerte. “Ela ajuda a completar a pessoa inteira” (HALL, LINDZEY, CAMPBELL, 2000, p. 92).

SELF

Também é um arquétipo, representando a unidade, integração e harmonia da personalidade total. Para Jung, é a meta primordial da vida, nos empurrando em direção ao futuro (ao contrário das experiências passadas). Os processos, consciente e inconsciente, são assimilados para que o Self (centro da personalidade) se desloque do ego para um ponto de equilíbrio no meio do caminho entre as forças opostas do consciente e do inconsciente. Como resultado, o material do inconsciente passa a ter maior influência sobre a personalidade. (SCHLTZ, SCHULTZ, 2002.)

É uma meta, algo para se buscar, mas que muitas vezes não é alcançado. De acordo com Jung, acontece por volta da meia idade, pois nessa época o individuo começa a fazer um esforço para mudar o centro da personalidade que ele acha que é o ego para um que esteja no meio do caminho entre a consciência e a inconsciência. É importante lembrar que para que o Self se desenvolva, é necessário que os vários componentes da personalidade também se desenvolvam e se tornem conscientes. Para Jung, o Self provoca uma busca da integralidade, e as experiências religiosas verdadeiras podem ser um caminho para a realização dessa busca. Ele cita Buda e Cristo como as expressões do arquétipo do Self que podemos encontrar no mundo moderno.

Qual o foco da abordagem analítica? Individuação

Individuação é o processo pelo qual o ser humano chega ao autoconhecimento e é levado a estabelecer o contato com o seu inconciente.