Download pdf - patologias alvenarias

Transcript

MRIO KOJI TAGUCHI

AVALIAO E QUALIFICAO DAS PATOLOGIAS DAS ALVENARIAS DE VEDAO NAS EDIFICAES

CURITIBA 2010

Taguchi, Mrio Koji Avaliao e qualificao das patologias das alvenarias de vedao nas edificaes / Mrio Koji Taguchi. - Curitiba, 2008. 84 f. : il.; graf.; tabs. Orientador: Mauro Lacerda Santos Filho Dissertao (Mestrado) Universidade Federal do Paran, Setor de Tecnologia, Programa de Ps-Graduao em Construo Civil. 1. Alvenaria - Desempenho. 2. Vedao (Tecnologia). I. Santos Filho, Mauro Lacerda. II. Ttulo. CDD 693.1

TERMODEAPROVAO MRIOKOJITAGUCHI AVALIAOEQUALIFICAODASPATOLOGIASDASALVENARIASDEVEDAONAS EDIFICAES Dissertao aprovada com requisito parcial para obteno do grau de Mestre no Programa de PsGraduao em Construo Civil, Setor de Construo Civil da UniversidadeFederaldoParan,pelaseguintebancaexaminadora: Orientador: _______________________ Examinadores: Prof.Dr.MarcosAntonioMarino ProgramadePsGraduaoemConstruoCivil,UFPR ______________________________ Prof.Dr.RenataSBritoStramandinoli DepartamentoAcadmicodeConstruoCivil,UTFPR ______________________________________ Prof.MSc.WilsonGorges DepartamentodeEngenhariaCivil,PUCPR Curitiba,20deabrilde2010 _______________________ ProfDr.MauroLacerdaSantosFilho,PHD ProgramadePsGraduaoemConstruoCivil,UFPR

MRIO KOJI TAGUCHI

AVALIAO E QUALIFICAO DAS PATOLOGIAS DAS ALVENARIAS DE VEDAO NAS EDIFICAES Dissertao apresentada como requisito parcial obteno ao ttulo de Mestre pelo Programa de Ps Graduao em Construo Civil, do Setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paran rea de Concentrao: Ambiente Construdo Orientador: Prof. Dr. Mauro Lacerda Santos Filho, Ph. D.

CURITIBA 2010

Dedico este trabalho Sra. Sumi K. Taguchi, minha me, pelo incentivo, pela compreenso de minhas ausncias e tambm pela alegria das vitrias.

Agradecimentos

Agradeo Deus pela vida e pelos caminhos que tenho trilhado,

... ao meu pai ( in memorian ), onde quer que esteja tem me protegido, ... as minhas irms e suas famlias pela torcida, ... aos meus filhos Igor, Alissa e sua me Rosemara, ... minha filha Melissa e sua me Marileide,

... especiais ao meu orientador prof. Dr. Mauro Lacerda Santos Filho por compartilhar seus enormes conhecimentos, pelo incentivo e entusiasmo na elaborao deste trabalho, ... a Lindaura e Ziza, secretrias, pelos seus inestimveis prstimos, ... aos colegas e professores do PPGC pelo companheirismo e luta conjunta nesta jornada,

... todos aqueles que direta ou indiretamente colaboraram nesta jornada.

RESUMO

Este trabalho prope um modelo de avaliao qualitativa das condies patolgicas dos elementos de vedaes verticais, executadas em blocos cermicos nas edificaes, atravs de parmetros de desempenho. O objetivo desenvolver e propor uma ferramenta de auxlio na tomada de decises entre as vrias opes de patologias existentes, para escolher os mtodos de reparo disponveis. O estudo inicia-se com a reviso bibliogrfica dos materiais cermicos empregados nas alvenarias de vedao e as principais manifestaes patolgicas e suas origens nas alvenarias de vedao e as profissionais qualificados. Sua eficincia comprovada atravs da aplicao em estudos de casos, onde avaliado o desempenho de vrios painis de vedao. Para patologias e severidades semelhantes as avaliaes e procedimentos de interveno tendem a serem prximas. Palavra-Chave: alvenaria de tijolos, avaliao de desempenho, patologias, vedao.

ABSTRACT

This work proposes a model for the evaluation of pathological conditions of the qualitative elements of vertical wall of ceramic bricks in the buildings through performance parameters. The goal is to provide a tool to aid in decision-making among the various options available. The study begins with a literature review of the ceramic materials employed in the masonry wall and the main pathological manifestations and their origins on the walls and the consequences that these entail. Here it is proposed the method of qualitative assessment of pathologies. The basis of assessment is through visual procedure done by qualified professionals. Their efficiency can be established by applying case studies, which assesses the performance of various panels of walls. For pathologies and severity similar assessments and intervention procedures tend to be close.

Keyword: brick masonry, performance evaluation, masonry pathology, walls.

LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 - Lei da evoluo dos custos ................................................................ Figura 2 - Blocos cermicos para alvenaria de vedao .................................... Figura 3 - Bloco cermico de vedao com furos na horizontal ......................... Figura 4 - Bloco cermico de vedao com furos na vertical .............................

17 20 20 21

Figura 5 - Tijolos cermicos macios .................................................................. 23 Figura 6 - Mtodo convencional-revestimento de paredes ................................. 25

Figura 7 - Camadas constituintes do revestimento ............................................. 26 Figura 8 - Principais tipos de fissuras ou trincas encontradas em uma edificao ....................................................................................................................... Figura 9 - Tipos de umidade................................................................................ 31 42

Figura 10 - Destacamento de revestimentos cermicos ..................................... 43 Figura 11 - Manchas provocadas por micro-organismos .................................... 46 Figura 12 - Parede-1 ........................................................................................... Figura 13 - Parede-2 .......................................................................................... Figura 14 - Parede-3 .......................................................................................... Figura 15 - Parede-4 .......................................................................................... Figura 16 - Grfico da performance das paredes antes dos reparo .................. Figura 17 - Grfico da performance das paredes aps reparos ........................ Figura 18 - Grfico comparativo entre a performace referncia, antes e depois dos reparos .......................................................................................................... 74 64 65 65 66 69 73

LISTAS DE TABELAS

Tabela 1 - Resumo dos fatores ........................................................................... Tabela 2 - Resultados ......................................................................................... Tabela 3 - Resumo dos fatores aps reparos ..................................................... Tabela 4 - Resultados aps reparos ...................................................................

67 68 72 72

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Dimenses de fabricao de blocos cermicos de vedao ............ Quadro 2 - Dimenses nominais dos tijolos macios ......................................... Quadro 3 - Principais patologias de revestimentos e vedaes verticais e seus

22 23

fatores intervenientes ........................................................................................... 28 Quadro 4 - Configuraes tpicas de fissuras por sobrecargas .......................... Quadro 5 - Configuraes tpicas de fissuras trmicas ...................................... Quadro 6 - Configurao tpica de fissuras por retrao-expanso ................... 33 34 35

Quadro 7 - Configuraes tpicas das fissuras devido deformaes .................. 36 Quadro 8 - Configuraes tpicas das fissuras devido recalque das fundaes .............................................................................................................................. Quadro 9 - Configuraes tpicas das fissura devida as reaes qumicas e detalhes construtivo ............................................................................................. 38 37

Quadro 10 - Causas das infiltraes nas alvenarias ........................................... 40 Quadro 11 - Classe de severidade ..................................................................... Quadro 12 - Grau de danos ................................................................................ Quadro 13 - Extenso dos danos ....................................................................... Quadro 14 - Urgncia de interveno ................................................................. Quadro 15 - Classe de deteriorao ................................................................... 60 60 61 61 63

SUMRIO

1 INTRODUO .................................................................................................. 1.1 GENERALIDADES ........................................................................................ 1.2 PROBLEMA ................................................................................................... 1.3 OBJETIVO DO TRABALHO .......................................................................... 1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 1.5 DELIMITAO DO TRABALHO .................................................................... 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................... 2 REVISO BIBLIOGRFICA ............................................................................ 2.1 A PATOLOGIA E SUAS CONSEQUENCIAS ................................................ 2.2 MATERIAIS CERMICOS PARA ALVENARIA DE VEDAO .................... 2.2.1Generalidades ............................................................................................ 2.2.2 Blocos cermicos ..................................................................................... 2.2.3 Tijolos cermicos ...................................................................................... 2.2.4 Formas e dimenses nominais ............................................................... 2.3 ALVENARIAS ................................................................................................ 2.4 REVESTIMENTOS ........................................................................................ 2.4.1 Estrutura dos revestimentos ................................................................... 2.4.2 Estrutura dos revestimentos executados pelo mtodo convencional 2.5 PRINCIPAIS PATOLOGIAS DOS REVESTIMENTOS .................................. 2.6 CARACTERIZAO DAS PATOLOGIAS ESCOLHIDAS ............................. 2.6.1 Fissuras, trincas e rachaduras ................................................................ 2.6.1.1 Classificao das fissuras ........................................................................ 2.6.1.2 Classificao das fissuras segundo a abertura .......................................

12 12 13 13 14 14 14 16 16 19 19 19 22 23 23 24 24 25 27 29 29 30 30

2.6.2 Umidades ................................................................................................... 38 2.6.2.1 Infiltrao de gua ................................................................................... 38

2.6.2.2 Infiltrao pelos componentes da alvenaria ............................................. 39

2.6.2.3 Infiltrao pelas juntas de assentamento ................................................. 39 2.6.2.4 Infiltraes relacionadas a outros fatores ................................................ 40

2.6.3 Destacamento ou descolamento ............................................................. 43 2.6.4 Manchas .................................................................................................... 44

2.6.4.1 Eflorescncias .......................................................................................... 44 2.6.4.2 Microorganismos ...................................................................................... 45 3 MANUTENO ................................................................................................ 3.1 MANUTENO PREDIAL ............................................................................. 4 AVALIAO DAS PATOLOGIAS ................................................................... 47 47 49

4.1 MTODO DE AVALIAO DE CAMPO ........................................................ 49 4.2 DETECO DE DANOS ............................................................................... 50

4.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA OBSERVAO VISUAL ................. 51 4.4 DIAGNSTICO DA SITUAO .................................................................... 53

5 MTODO DE PESQUISA ................................................................................. 55 5.1 CONTEXTO DOS CAPTULOS ..................................................................... 55 5.2 CARACTERIZAO DO PROBLEMA .......................................................... 55

5.3 METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................... 55 5.4 SEVERIDADE OU NVEL DE GRAVIDADE DOS DANOS ........................... 56

5.5 CRITRIOS DE MEDIO ............................................................................ 56 6 MTODO PROPOSTO ..................................................................................... 58 6.1 NDICE DE PERFORMANCE DO ELEMENTO ............................................. 58 6.2 NDICE DE PERFORMANCE GLOBAL OU DO CONJUNTO ....................... 62 7 ESTUDO DE CASO .......................................................................................... 64 7.1 CARACTERIZAO DOS DANOS ............................................................... 64

8 ANLISE DOS RESULTADOS ........................................................................ 70 9 INTERVENES ADOTADAS E RESULTADOS DA AVALIAO DOS REPAROS ........................................................................................................... 71

10 CONCLUSES ............................................................................................... 75 11 CONSIDERAES DO MTODO PROPOSTO ............................................ 76

12 SUGESTES PARA FUTUROS TRABALHOS ............................................ REFERNCIAS ...................................................................................................

77 78

1 INTRODUO 1.1 GENERALIDADES No Brasil, segundo Teixeira(1990), muitos componentes so disponveis para execuo de vedaes verticais das edificaes, entre eles podem-se citar tijolos cermicos e blocos de concreto (blocos vazados de concreto ou concreto celular), blocos de gesso, divisrias e painis, e gesso acartonado. Conforme o observado na prtica construtiva os tijolos cermicos furados e blocos de concreto so os mais utilizados assim como os revestimentos argamassados. Da mesma forma pode se citar que so tambm bastante empregados as alvenarias em blocos de barro queimado (tijolos), com regularizao (emboo) em argamassa inorgnica e posterior acabamento em pintura, textura ou cermica. Os elementos de vedaes fazem parte de um ambiente onde convivem com outros elementos constituintes da edificao tais como o arcabouo estrutural, micro-clima, propriedades fsicas e qumicas inerentes a cada material. Alm da forma de execuo da edificao onde a qualidade dos materiais, mo-de-obra e tempo de execuo fazem parte do contexto construtivo. Este complexo ambiente possibilita o aparecimento de patologias nestes elementos, muitas vezes de difcil definio de suas origens, pois, os fatores patolgicos no so isolados, mas sofrem a influncia de vrios fatores. As manifestaes patolgicas so tambm responsveis por uma parcela importante da manuteno, de modo que grande parte das intervenes de manuteno nas edificaes poderia ser evitada se houvesse um melhor detalhamento do projeto e da escolha apropriada dos materiais e componentes da construo (COSTA JUNIOR, 2001). A importncia do estudo da Patologia das Construes est, em primeiro lugar, na necessidade de divulgao das manifestaes patolgicas mais incidentes, em segundo lugar, no conhecimento da evoluo dos problemas - quanto antes detectadas menor o custo para reparo dos elementos danificados (STEEN, 1991, apud ANDRADE,1997). Alm disso, tal estudo pode fornecer subsdios para preveno, atravs de controle de qualidade mais apurado de pontos especficos, e ainda subsidiar a reviso das normas, condicionar novos mtodos construtivos e subsidiar as correes de forma a otimizar os custos de reparao (DAL MOLIN, 1988).

1.2 O PROBLEMA Dentro do escopo deste trabalho busca-se refletir sobre o porque de conhecer as condies das edificaes e de seus elementos. Existem algumas poucas respostas que podem ser citadas de forma mais concisa: - proceder a manuteno de forma simples, baixo custo e com poucas demolies antes que ocorram graves deterioraes necessitando de reparos mais complexos, maiores custos e maiores processos de recuperao, - obter uma viso geral das condies da edificao quanto a deteriorao, - obter informaes da edificao quanto a durabilidade dos materiais e seus componentes para melhoramento do sistema de manutenes futuras. O problema de se avaliar a performance de uma edificao, ou de grupos delas, acaba por abrir outra questo, a qual implica em como se avaliar de uma maneira padronizada as edificaes?

1.3 OBJETIVO DO TRABALHO

O objetivo desde trabalho obter uma resposta para o problema propondo um mtodo qualitativo de avaliao das condies de degradao patolgica das alvenarias de vedao constituintes de uma edificao, atravs de uma padronizao na avaliao de sua performance, a fim de fornecer aos profissionais de engenharia e arquitetura um instrumento de avaliao da degradao dos painis em parte ou de forma global.

1.4 JUSTIFICATIVA

A falta de normas para que os diversos profissionais de engenharia e arquitetura possam elaborar avaliaes das degradaes de painis de alvenaria e consigam atingir resultados coerentes justifica-se uma proposta de mtodo de padronizao na avaliao do grau de deteriorao dos elementos constituintes da edificao para tomadas de decises quanto aos procedimentos de reparos, priorizao, poca, avaliao de custos, prazo e obteno de recursos.

1.5 DELIMITAES DO TRABALHO

Este trabalho visa propor um mtodo de qualificao patolgica de um elemento de alvenaria e/ou de seu conjunto como parte da edificao, no tendo como escopo a determinao das origens das patologias. Neste trabalho de proposio optou-se por pesquisar as influncias das patologias mais freqentes em alvenarias, quais sejam: - fissura/trincas (mapeadas e/ou localizadas); - umidade; - destacamento ou descolamento de revestimento/acabamento; - manchas (carbonatao, eflorescncia, micro-organismos).

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

O mtodo proposto foi desenvolvido obedecendo uma sequncia de etapas de forma a atingir o objetivo. Inicialmente fez-se uma anlise dos problemas das patologias nas alvenarias de vedao das edificaes e suas conseqncias, atravs de uma reviso bibliogrfica, utilizando como diretriz a experincia profissional e questionamentos apresentados durante os estudos de casos.

Em seguida aponta o problema da no existncia de uma norma ou padronizao na avaliao das patologias, o que dificulta o entendimento das grandezas das patologias existentes em uma construo, quando comparadas com outras edificaes. A reviso bibliogrfica faz um estudo dos materiais cermicos empregados, das patologias mais comuns em painis de vedao e suas conseqncias, formas de manuteno e reparos, e finalmente a proposta do mtodo de avaliao atravs do ndice de Performance. Para a validao do mtodo proposto foi realizada a avaliao do estudo de caso de quatro painis de alvenaria de vedao vertical e posteriormente feita a anlise de resultados.

2 REVISO BIBLIOGRFICA

2.1 A PATOLOGIA E SUAS CONSEQUNCIAS

A ocorrncia dos problemas patolgicos nas edificaes ocasiona uma reduo de sua vida til, que est diretamente relacionada com o desempenho dos materiais ou componentes da edificao. No texto de Souza e Rieper (1998), tanto os custos como as dificuldades tcnicas para a recuperao de falhas que se originam na fase de concepo e projeto, aumentam conforme a estrutura vai sendo construda. Assim, aps a obra pronta, a falha surgida na etapa de concepo, encarecer muito mais a construo, do que um erro que possa aparecer na fase de utilizao, no final do processo. Os problemas patolgicos apresentam manifestaes externas caractersticas, a partir da qual pode-se deduzir qual a natureza, a origem e os mecanismos dos fenmenos envolvidos, assim como pode-se estimar suas provveis conseqncias. Esses problemas so evolutivos e tendem a agravar-se com o passar do tempo (HELENE, 1992). Os problemas patolgicos s se manifestam aps o incio da execuo propriamente dita, a ltima etapa da fase de produo. Em relao a recuperao dos problemas patolgicos, segundo Helene (1992) "as correes sero mais durveis, mais efetivas, mais fceis de executar e muito mais baratas quanto mais cedo forem executadas". Estas seguem a lei de Sitter, que mostra os custos crescendo segundo uma progresso geomtrica, conforme apresentado na Figura 1. Mas devemos alertar, que em geral, os problemas patolgicos so evolutivos e tendem a se agravar com o passar do tempo, alm de acarretarem outros problemas associados ao inicial.(ZAPLA, 2009) Pode-se afirmar que as correes sero mais durveis, mais efetivas, mais fceis de executar e muito mais baratas quanto mais cedo forem executadas. Dividindo as etapas construtivas e de uso em quatro perodos correspondentes ao projeto, execuo propriamente dita, manuteno preventiva efetuada an-

tes dos primeiros trs anos e manuteno corretiva efetuada aps surgimento dos problemas, a cada uma corresponder um custo que segue uma progresso geomtrica de razo cinco (5). Segundo SITTER, colaborador do CEB Comit Euro-international du Bton formulador dessa lei de custos amplamente citada em bibliografias especificas da rea, adiar uma interveno significa aumentar os custos diretos em progresso geomtrica de razo 5, o que torna ainda mais atual o conhecido ditado popular no deixes para amanh o que se pode fazer hoje, por cinco vezes menos. extremamente importante que a fase de concepo, pr-anlise e projeto sejam bem pensados, para que sejam evitados futuros danos. A Figura 1 mostra o aumento exponencial do custo de interveno em relao ao tempo de tomada de deciso soluo do problema, que pode ser solucionado na fase de projeto (melhor situao) onde considera-se custo um. Nesta fase podese definir algumas medidas vitais para aumentar a proteo e a durabilidade da alvenaria.

Figura 1 - Lei de evoluo de custos (Sitter, 1984) FONTE: CEB apud HELENE (1992)

No grfico da figura 1, o eixo X relaciona os perodos de tempos, enquanto o eixo Y representa os custos diretos. Os tempos t1 (projeto), t2 (execuo), t3 (manuteno preventiva) e t4 (manuteno corretiva), representam as vrias fases de uma obra. Quanto mais tarde uma correo feita, maior o custo. Demonstra-se assim a importncia da percepo dos problemas na fase de projeto (HACKBARTH, 2006). Toda deciso tomada durante a fase de execuo implica num custo cinco vezes superior ao custo que teria sido acarretado se esta medida tivesse sido tomada na fase de projeto. No caso de manuteno preventiva acarretar a um valor vinte e cinco vezes superior ao valor se a deciso fosse de projeto, para o mesmo grau de qualidade e proteo. J a manuteno corretiva representa um valor de cento e vinte e cinco vezes se problema fosse detectado na fase de projeto (HELENE, 1992). Os custos de reparos so muito elevados, visto que muitas das manifestaes patolgicas poderiam ser evitadas com planejamento e investimento em projetos mais detalhados, seguindo a boa prtica, com a contratao de materiais e mode-obra qualificada e treinamento dos trabalhadores envolvidos no processo. Os estudos das patologias que podem ocorrer nas construes devem ser entendidos como um parmetro relevante, na medida em que se necessita uma otimizao do processo de projeto e da metodologia construtiva. Os seguintes aspectos denotam a importncia devida ao estudo das patologias envolvidas nas construes: - a evoluo da tecnologia dos materiais de construo e das tcnicas de projeto e execuo; - a conjuntura scio-econmica de pases em desenvolvimento, com obras conduzidas com rapidez, porm com pouco rigor no controle de qualidade; - a ausncia de uma mentalidade voltada manuteno ou preveno (custo inicial e custo final); - a ausncia de uma catalogao dos registros decorrentes do no acompanhamento em obra dos projetistas e construtores; - normalizao insuficiente.

2.2 MATERIAIS CERMICOS PARA ALVENARIA DE VEDAO

2.2.1 Generalidades Utilizados pelo homem desde 4.000 AC, os materiais cermicos destacamse pela sua durabilidade e pela facilidade da sua fabricao, dada a abundncia da matria-prima que o origina, a argila. Os blocos cermicos, ou tijolos, como so popularmente conhecidos, so um dos componentes bsicos de qualquer construo de alvenaria, seja ela de vedao ou estrutural. Os tijolos so produzidos a partir da argila, geralmente sob a forma de paraleleppedo, possuem colorao avermelhada e apresentam canais/furos ao longo de seu comprimento. Os blocos de vedao so aqueles destinados execuo de paredes que suportaro o peso prprio e pequenas cargas de ocupao (armrios, pias, lavatrios) e geralmente so utilizados com os furos na posio horizontal. (INMETRO, 2009)

2.2.2 Blocos cermicos Segundo a NBR 15270-1/2005 blocos so componentes de alvenaria que possuem furos prismticos e/ou cilndricos perpendiculares s faces que o contm. Os blocos cermicos para vedao constituem as alvenarias externas ou internas que no tm a funo de resistir a outras cargas verticais, alm do peso da alvenaria da qual faz parte. (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS, 2005). fabricado basicamente com argila, conformado por extruso e queimado a uma temperatura que permita ao produto final atender as condies determinadas em norma. A figura 2 apresenta os diversos tipos de blocos cermicos para vedao vertical.

Figura 2 - Blocos cermicos para alvenaria de vedao FONTE: Cermica Unio (2009)

O bloco cermico de vedao deve ser fabricado por conformao plstica de matria - prima argilosa contendo ou no aditivos, queimado a elevadas temperaturas. (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS, 2005). As figuras 3 e 4 e o quadro 1, apresentam as dimenses normalizadas pela NBR 15270 (2005) para os blocos de tijolos queimados.

Figura 3 - Bloco cermico de vedao com furos na horizontal FONTE: NBR 15270 (2005)

Figura 4 - Bloco cermico de vedao com furos na vertical FONTE: NBR 15270 (2005)

Quadro 1 - Dimenses de fabricao de blocos cermicos de vedao (cont.) FONTE: NBR 15270 (2005)

Quadro 1 - Dimenses de fabricao de blocos cermicos de vedao (final) FONTE: NBR 15270 (2005)

2.2.3 Tijolos cermicos macios Segundo a NBR 7170/1993, tijolo macio aquele que possui todas as faces plenas de material, podendo apresentar rebaixos de fabricao em uma das faces de maior rea . (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS, 1993) Segundo a NBR 7170/1993 o tijolo macio cermico, figura 5, fabricado com argila, conformado por extruso ou prensagem, queimado temperatura que permita ao produto final atender s condies determinadas em Normas . (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS, 1993)

Figura 5 - Tijolos cermicos macios FONTE: Cermica Unio (2009)

2.2.4 Formas e dimenses nominais Os tijolos comuns devem possuir a forma de um paraleleppedo-retngulo, sendo suas dimenses nominais as recomendadas no quadro 2, conforme a NBR 7170 (1993).Comprimento 190 190 Largura 90 90 Altura 57 90

Quadro 2 Dimenses nominais dos tijolos macios FONTE: NBR 7170 (1993)

2.3 ALVENARIA Para Sabatini (1984), a alvenaria caracteriza-se por ser um subsistema da construo produzido no canteiro, resultante da unio de seus componentes (tijolos ou blocos) atravs de juntas de argamassa, formando um conjunto rgido e coeso (SABBATINI, 1984). As paredes de alvenaria constituem um dos subsistemas mais importantes presentes nos edifcios, particularmente as paredes exteriores que, separando o ambiente interior do exterior, so decisivas para o desempenho dos edifcios. Apesar

desta inegvel importncia, as paredes exteriores, de um modo geral, so objeto de poucos cuidados (PEREIRA, 2005). So chamados componentes da alvenaria os tijolos ou blocos utilizados em sua execuo. Os componentes da alvenaria so elementos de tamanho e peso manuseveis, e geometria regular. As juntas de argamassa so constitudas pela argamassa de assentamento aplicada em estado plstico que, aps o endurecimento e cura, apresenta forma definida e funo de solidarizao dos componentes (SABBATINI, 1984). Para cumprir esta funo dever atuar sempre como freio, barreira e filtro seletivo, controlando uma srie de aes e movimentos complexos quase sempre muito heterogneos (NASCIMENTO, 2004). Ainda segundo Nascimento (2004), as principais propriedades das alvenarias so: - Resistncia umidade e aos movimentos trmicos; - Resistncia presso do vento; - Isolamento trmico e acstico; - Resistncia s infiltraes de gua pluvial; - Controle da migrao de vapor de gua e regulagem da condensao; - Base ou substrato para revestimentos em geral; - Segurana para usurios e ocupantes; - Adequar e dividir ambientes.

2.4 REVESTIMENTOS

2.4.1 Estruturas dos Revestimentos Os revestimentos de um modo geral so sempre constitudos de diversas camadas de materiais diferentes, ligadas entre si. Como esto intimamente ligadas, quaisquer deformao em uma dessas camadas resultar no aparecimento de tenses em todo o conjunto. Tais tenses dependem da espessura, do mdulo de elasticidade e, enfim, de todas as caractersticas fsicas prprias de cada camada.

As deformaes a que nos referimos podem ser de causas endgenas como, por exemplo, a retrao do concreto e das argamassas e a dilatao higroscpica dos revestimentos cermicos, ou causadas por esforos externos (BAUER, 1994).

2.4.2 Estrutura de revestimento executado pelo mtodo convencional H diversas possibilidades de construir as camadas, mas de um modo genrico esto presentes as seguintes camadas indicadas na figura 6:

Figura 6 Mtodo convencional de revestimento de paredes FONTE Bauer (1994)

a) Base: Constituda por elementos de alvenaria como: alvenaria de tijolos macios, de tijolos furados, de blocos de concreto, de blocos de concreto leve, de blocos slico-calcrio e concreto. b) Revestimento: Na construo civil, o revestimento a camada externa que cobre a alvenaria para dar-lhe acabamento e aspecto visual agradvel. Mais recentemente, os revestimentos exteriores dos edifcios tm sido objeto de grandes inovaes. O revestimento de uma parede, figura 7, constitudo por trs camadas (chapisco, emboo e reboco).

Figura 7 - Camadas constituintes do revestimento FONTE: ABCP (2009)

O chapisco necessrio para promover a aderncia do emboo, evitando que o mesmo se solte. O chapisco composto de argamassa de cimento e areia grossa no trao em volume de 1:3 e projetado sobre a superfcie da base. O acabamento extremamente spero e irregular, criando ancoragens mecnicas para aderncia da camada seguinte. Quanto maior for o contato das argamassas com o substrato de superfcie rugosa, melhor ser a ancoragem, e portanto, uma boa resistncia de aderncia. O emboo a camada de revestimento em argamassa com a funo de regularizar a base, propiciando uma superfcie que permita receber uma camada de reboco ou de revestimento decorativo (textura, argamassa decorativa, cermicas, pintura, etc) e a proteo da edificao, evitando a penetrao de agentes agressivos. Normalmente constitudo de uma mistura de areia, cimento e cal ou saibro , o emboo atua como base para a aplicao do reboco, devendo promover a boa ancoragem com ele e possuir uniformidade de absoro para que haja boa aderncia entre as duas camadas. Dependendo do tipo de acabamento especificado em projeto, o emboo pode se constituir na nica camada de revestimento, denominado emboo paulista. O emboo servir de base para assentamentos de azulejos e de cermicas, como acabamento de revestimento das paredes, aps completa aderncia de argamassa das alvenarias e chapisco. O reboco a camada de revestimento utilizada para cobrimento do emboo, propiciando uma superfcie que permita receber o revestimento decorativo ou que se constitua no acabamento final. Tem pequena espessura, sendo uma camada fina

que serve para preparar a superfcie para receber o acabamento final, lixamento, tinta base e pintura. O reboco d proteo externa s paredes, sejam elas de que material forem tijolo comum, tijolo furado, bloco de concreto, etc evitando infiltraes da chuva que porventura possam vir a prejudicar a vida til do material e o aparecimento de mofo por exemplo. O reboco, ou emboo como preferem alguns, o revestimento que ir determinar o acabamento de uma obra. As argamassas so destinadas a proteger as paredes contra a umidade externa ou preparar superficies internas para receber a pintura ou os revestimentos. 2.5 PRINCIPAIS PATOLOGIAS DOS REVESTIMENTOS

Segundo Ceotto (et al, 2005), as principais patologias observadas nos revestimentos externos, tambm aplicveis as internas, so: - Aparecimento de fissuras e trincas; - Umidade ascensional; - Descolamento do revestimento; - Alterao precoce no aspecto original do material, como, por exemplo, a perda da colorao, baixo desempenho e a baixa durabilidade dos materiais empregados . Tendo como foco as principais patologias de revestimentos e vedaes verticais, se tem os principais fatores no Quadro 3.

Patologia Infiltrao

Descolamento do revestimento

Desprendimento de cermica

Bolor

Desplacamento do revestimento de argamassa

Fatores intervenientes Revestimentos de argamassa: porosidade do reboco, execuo de juntas, utilizao de saibro. Alvenaria de vedao: falta ou deficincia de impermeabilizao (ascenso capilar), problemas de drenagem. Revestimentos de argamassa: hidratao da cal, grande quantidade de cimento e cal na argamassa, espessura da camada de argamassa (reboco), tipo de superfcie da base (rugosidade), ausncia de camada de chapisco, excesso de finos no agregado. Revestimento cermico: tipo de argamassa, espessura da camada de argamassa, caracterstica da base, movimentaes estruturais, dilatao trmica, tempo para incio de assentamento, ausncia de juntas, qualidade da cermica. Revestimento de argamassa e alvenaria de vedao: materiais utilizados (agregados, aglomerantes), umidade, ventilao, trao da argamassa, local de exposio, umidade. Revestimento cermico: aderncia base, espessura do revestimento, materiais utilizados, falta de chapisco.

Quadro 3 - Principais patologias de revestimentos, vedaes verticais e seus fatores intervenientes FONTE: (CINCOTTO, 1989; CINCOTTO et al, 1995; VEROZA, 1989; COZZA, 1996).

Se em qualquer uma das inspees executadas forem observadas anomalias no previstas, devem ser realizadas manutenes corretivas, levando-se em conta as causas geradoras (CEOTTO et al, 2005). Os fatores que podem estar diretamente correlacionados com patologias de revestimentos de argamassas so de uma forma geral (BAUER, 1991a; BAUER, 1991b; BAUER, 1991c): - Existncia de cal livre, - Instabilidade de volume (presena de xido de magnsio), - Cales sem atender aos requisitos mnimos normalizados, - Presena de argilo-minerais expansivos, - Molhagem deficiente da base, - Hidratao do cimento, temperatura, - Espessura de argamassa, - Emboo sem a aplicao anterior do chapisco, cura do emboo e/ou reboco, ausncia de vergas e contra-vergas .

- Qualidade dos blocos: dimenses incorretas, falhas na porosidade e acabamento superficial; - Argamassa de assentamento: consumo de aglomerantes, reteno de gua e retrao; - Alvenarias: geometria do edifcio, esbeltez, - Eventual presena de armaduras, existncia de paredes de contraventamento; - Recalques diferenciais em fundaes; - Movimentaes higroscpicas e trmicas. 2.6 CARACTERIZAO DAS PATOLOGIAS ESCOLHIDAS DAS ALVENARIAS DE VEDAO E SEUS REVESTIMENTOS

2.6.1 Fissuras, trincas e rachaduras As fissuras ocupam o primeiro lugar na sintomatologia das alvenarias de vedaes. A identificao das fissuras e de suas causas de vital importncia para a definio do tratamento adequado para a recuperao da alvenaria. A configurao da fissura, abertura, espaamento e, se possvel, a poca de ocorrncia (aps anos, semanas, ou mesmo algumas horas da execuo), podem servir como elementos para diagnosticar sua origem. Considerando-se as diferentes propriedades mecnicas e elsticas dos constituintes da alvenaria, e em funo das solicitaes atuantes, as fissuras podero ocorrer nas juntas de assentamento (argamassa de assentamento vertical ou horizontal) ou seccionar os componentes da alvenaria (blocos vazados de concreto). A fissura, de uma forma geral, uma patologia importante devido a trs aspectos: - O aviso de um eventual estado perigoso para a estrutura; - Comprometimento do desempenho da obra em servio (estanqueidade gua, durabilidade, isolao acstica, entre outros); e - Constrangimento psicolgico que a fissurao do edifcio exerce sobre os usurios (THOMAZ, 1989; ACI 224, 1998).

A norma brasileira cita sobre a determinao da velocidade de propagao de onda ultra snica em concreto endurecido, NBR 8802 (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS, 1994b) a seguinte distino entre fissura e trinca: a) fissura a ruptura ocorrida no material sob aes mecnicas ou fsicoqumicas com at 0,5 mm de abertura; b) trinca a ruptura ocorrida acima de 0,5 mm. A aplicao destas terminologias indicada para o concreto armado, podendo ser utilizada tambm para alvenarias. Neste trabalho o termo fissura empregado sem distino entre fissuras, trincas ou rachaduras, mesmo que possam ser encontradas estas terminologias.

2.6.1.1 Classificao das fissuras As fissuras em paredes de alvenaria podem ser classificadas segundo diferentes critrios: a abertura, a atividade, a forma, as causas, a direo, as tenses envolvidas, o tipo, entre outras. 2.6.1.2 Classificao das fissuras segundo a abertura Segundo Bidwell (1977, apud DUARTE, 1998), as fissuras podem classificarse, segundo sua abertura, em: a) finas: fissuras com menos de 1,5 mm de abertura espessura; b) mdias: aberturas entre 1,5 mm e 10,0 mm; c) largas: superiores a 10,0 mm.

Duarte (1998) cita que outros autores propem diferentes escalas, tambm segundo sua abertura, tais como: negligenciveis, muito leves, leves, moderadas, severas, extensivas e muito extensivas. Alm disto, fissuras com aberturas inferiores 0,1 mm so chamadas capilares e consideradas insignificantes, no causando prejuzos durabilidade das edificaes.

As fissuras em alvenarias podem pronunciar-se de diferentes formas. Sendo ortogonais direo dos esforos de trao atuantes, manifestam-se em paredes de alvenaria sob forma de fissuras de direo predominantemente vertical, horizontal ou inclinada (ELDRIDGE, 1982). Consideram-se fissuras que podem provocar patologias aquelas que so visveis a olho nu, quando observadas a uma distncia maior que um metro, ou aquelas que, independentemente da sua abertura, estejam provocando penetrao de umidade para dentro das edificaes (CEOTTO et al, 2005). As fissuras e trincas, em geral, so ocorrncias muito comuns em edificaes e suas localizaes mais freqentes esto representadas na figura 8.

Figura 8 - Principais tipos de fissuras ou trincas encontradas em uma edificao FONTE: Ebatanaw (2001)

- Trinca horizontal: o adensamento da argamassa de assentamento dos tijolos ou blocos, falta de amarrao da parede com a viga superior, retrao das lajes ou ainda dilatao trmica de laje de cobertura (alvenaria estrutural); encunhamento precoce da alvenaria, falta de amarrao da parede com a viga superior ou retrao das lajes (fissuras prximas do teto); recalque da base; ascenso capilar por causa da deficincia ou falta de impermeabilizao da base (fissuras horizontais prximas do piso) ou ainda a expanso da argamassa de assentamento;

- Fissuras nas paredes em direes aleatrias: podem ser devido falta de aderncia da pintura, retrao da argamassa de revestimento, retrao da alvenaria ou falta de aderncia da argamassa parede; - Trincas inclinadas nas paredes so sintomas de recalques de fundaes; fissuras inclinadas que se iniciavam nos cantos das portas e janelas, que alm de recalque podem ser ocasionadas por ausncia de vergas ou contra vergas ou por concentrao de tenses (atuao de sobrecargas). - A trinca vertical na parede causada, geralmente pela falta de amarrao da parede com algum elemento estrutural como pilar ou outra parede que nasce naquele ponto do outro lado da parede; quando a resistncia trao dos componentes igual ou inferior da argamassa ou por retrao da alvenaria (retrao da argamassa de assentamento por causa do tipo e composio qumica do cimento, natureza e granulometria dos agregados, dentre outros). - No caso de fissuras horizontais, pode-se atribuir esta patologia expanso da argamassa de assentamento. Em fissuras mapeadas, a retrao da argamassa por excesso de finos de agregado, cimento como nico aglomerante ou gua de amassamento so tambm causas provveis (CINCOTTO, 1989; CINCOTTO et al, 1995). Os quadros 4 a 9 apresentam um resumo das diferentes configuraes das fissuras ocorridas em alvenarias e as provveis causas geradoras de cada uma destas tipologias (CASTRO, 2007).

Quadro 4 - Configuraes tpicas de fissuras por sobrecargas FONTE: Castro (2007)

Quadro 5 - Configuraes tpicas de fissuras trmicas FONTE: Castro (2007)

Quadro 6 Configurao tpica de fissuras por retrao-expanso FONTE: Castro (2007)

Quadro 7 Configuraes tpicas das fissuras devido deformaes FONTE: Castro (2007)

Quadro 8 Configuraes tpicas das fissuras devido recalque das fundaes FONTE: Castro (2007)

Quadro 9 Configuraes tpicas das fissura devida as reaes qumicas e detalhes construtivos FONTE: Castro (2007)

2.6.2 Umidade 2.6.2.1 Infiltraes de gua Entre as manifestaes mais comuns referentes aos problemas de umidade em edificaes encontram-se mancha de umidade, corroso, bolor, fungos, algas, lquens, eflorescncias, descolamentos de revestimentos, friabilidade da argamassa por dissoluo de compostos com propriedades cimentceas, fissuras e mudana de colorao dos revestimentos. H uma srie de mecanismos que podem gerar umidade nos materiais de construo, sendo os mais importantes os relacionados a seguir:

- absoro capilar de gua; - absoro de gua de infiltrao ou de fluxo superficial de gua; - absoro higroscpica de gua; - absoro de gua por condensao capilar; - absoro de gua por condensao. Nos fenmenos de absoro capilar e por infiltrao ou fluxo superficial de gua, a umidade chega aos materiais de construo na forma lquida; nos demais casos a umidade absorvida na fase gasosa. A infiltrao de gua pode ser agravada pela ao combinada do vento (presso), direo e intensidade tanto da chuva como do vento, e as condies de exposio da alvenaria. Eventuais anomalias, principalmente fissurao da parede, iro contribuir sobremaneira na gravidade das manifestaes patolgicas decorrentes. 2.6.2.2 Infiltrao pelos componentes da alvenaria Na fase de projeto necessrio analisar os seguintes itens, visando a minimizar os efeitos advindos da penetrao de umidade: - orientao das fachadas em relao aos ventos predominantes; Detalhes arquitetnicos e tcnicos das fachadas e muros, tais como frisos, pingadeiras, rufos e contra-rufos, beirais, platibandas, tipo de cobertura e respectivos detalhes, juntas de movimentao ou de controle em paredes muros externos e respectivos materiais de selagem das mesmas; intensidade e durao das precipitaes na regio da edificao; conhecimento das propriedades dos materiais constituintes das alvenarias, quanto higroscopicidade, porosidade e absoro dgua. 2.6.2.3 Infiltrao pelas juntas de assentamento A infiltrao de gua pelas juntas de assentamento pode acontecer por falhas na argamassa de assentamento, na interface argamassa/bloco vazado de concreto e pela prpria argamassa de assentamento. O quadro 10 mostra as diversas causas geradoras.

2.6.2.4 Infiltraes relacionadas a outros fatores Na fase de projeto devem ser adotados determinados cuidados, de modo a minimizar as infiltraes de gua. As chuvas, sob presso do vento ou no, provocam a formao de lminas de gua que iro escorrer sobre as fachadas. Portanto, para garantir a estanqueidade e minimizar a deteriorao do revestimento, devero ser adotados alguns detalhes construtivos, como pingadeiras, molduras, cimalhas, peitoris frisos, visando a dissipar concentraes de gua.

PRINCIPAIS CAUSAS DAS INFILTRAES EM ALVENARIAS ANOMALIAS CAUSAS GERADORAS Fissuras verticais contnuas na argamassa de Assentamento; Fissuras horizontais e verticais (tipo escada); Analisadas nos itens abaixo Fissuras horizontais. Fissuras nas prpria argamassa de assentamento Fissura na interface argamassa de assentamento e bloco cermico Infiltrao pela argamassa Retrao hidrulica da argamassa. Argamassa excessivamente rgida. Baixa reteno de gua pela argamassa Deficincia na execuo: espessura elevada da argamassa > 10 mm. Blocos excessivamente secos ou com contaminao. Argamassa com baixa reteno de gua. Argamassa preparada com excesso de gua de amassamento (elevada porosidade e permeabilidade gua).

Quadro 10 - Causas das infiltraes nas alvenarias FONTE: Bauer (1996)

Em revestimentos de argamassa, a chuva que penetra no emboo aprisionada no seu interior, no conseguindo sair com a mesma rapidez que entrou, pois encontra barreiras na pelcula de tinta, causando presses nessa pelcula com o rompimento e estufamento da pintura (ROCHA, 1996). Segundo Arajo (2003) entre os mais graves inconvenientes que a gua pode provocar nas alvenarias, est a degradao das superfcies quando essa gua congela; em tais condies, aumenta o seu volume, exercendo uma forte presso sobre a superfcie dos poros, provocando a separao de partes superficiais, cada vez mais profundas, de material ptreo e de ligante. Este fenmeno torna-se particularmente ativo na presena de pedras geladas. A permanncia da umidade nas paredes produz ainda fenmenos secundrios quando comparados com a degradao, mas bastante importantes no que se

refere habitabilidade, por exemplo, a resistncia transmisso do calor reduz-se para metade, em funo da quantidade de gua contida, com os bem notados inconvenientes de natureza higinica e econmica (bolores, despesas com aquecimento, etc.). A umidade, em conjunto com outros compostos de natureza qumica ou orgnica existentes nas alvenarias, na atmosfera ou no subsolo, provoca a formao de manchas ou de eflorescncias, as quais, a longo prazo, provocam o destacamento de materiais dos paramentos. Danos tpicos provocados pela umidade ascendente (ARAJO, 2003): - Manchas na base das construes; - Destruio dos rebocos e da argamassa de ligao, pela formao de sulfatos e pela sua consequente subida; - Formao de bolores; - Aumento da disperso de calor proveniente do interior do edifcio; - Alvenarias das paredes mais frias onde se verificam com muita facilidade fenmenos de condensao; - Ambiente insalubre; - Destacamento das camadas superficiais em algumas pedras e no tijolo, por efeito da cristalizao de sais. A figura 9 apresenta alguns tipos de umidade e sua forma de ocorrncia de acordo com a sua localizao nas alvenarias.

Figura 9 - Tipos de umidade FONTE:Quartzolit (2009)

2.6.3 Destacamento, descolamento ou revestimento solto Ao se detectar este tipo de patologia, representada na figura 10, deve-se ampliar a observao na inspeo, a qual dever ser feita cuidadosamente em toda a fachada. Devero ser mapeadas todas as regies que apresentarem som cavo, registrando-se em desenhos ou esquemas para facilitar a anlise. Fissuras podero ocorrer concomitantemente com esse quadro patolgico.

Figura 10 Destacamento de revestimentos cermicos FONTE: Thomaz (1995)

fundamental se observar em que interface ocorre esse descolamento (base/chapisco, chapisco/argamassa ou argamassa/acabamento). Nas regies prximas do local de ocorrncia dos desplacamentos devero ser executados ensaios de resistncia ao arrancamento por trao, alm da verificao da presena de sais insolveis depositados junto superfcie onde ocorreram os desplacamentos. Nestes casos, a interveno dever ser promovida o mais rpido possvel, eliminando-se riscos com a segurana dos moradores e dos transeuntes.

2.6.4 Manchas Um dos problemas observados nas fachadas o aparecimento de manchas e eflorescncias. Estas manchas e eflorescncias podem estar relacionadas aos seguintes problemas: - infiltrao de gua atravs das falhas ou da porosidade do rejuntamento; - lavagem da fachada com soluo de cido muritico; - excesso de gua de amassamento da argamassa; - presena de impurezas nas areias, tais como xidos e hidrxidos de ferro. A identificao destas patologias (alterao no aspecto original do revestimento colorao, resistncia superficial), deve-se efetuar uma inspeo visual em toda a alvenaria, observando-se alteraes como descolorao e perda do brilho, manchas, descascamentos, esfarelamentos, eflorescncias, gretamentos, entre outros. 2.6.4.1 Eflorescncias

A eflorescncia a formao de depsitos salinos na superfcie dos revestimentos, alvenarias, concreto, argamassas, etc., como resultado da sua exposio a gua de infiltraes ou intempries. considerado um dano, por alterar a aparncia do elemento onde se deposita. H casos em que seus sais constituintes podem ser agressivos e causar degradao profunda. A modificao no aspecto visual pode ser intensa, onde h um contraste de cor entre os sais e o substrato sobre as quais se deposita, por exemplo, a formao branca do carbonato de clcio sobre granito escuro. Quimicamente a eflorescncia constituda principalmente de sais de metais alcalinos (sdio e potssio) e alcalino-ferrosos (clcio e magnsio, solveis ou parcialmente solveis em gua). Pela ao da gua de chuva ou do solo estes sais so dissolvidos e migram para a superfcie e a evaporao da gua resulta na formao de depsitos salinos. (GRANATO, 2005)

Para a ocorrncia da eflorescncia devem existir, concomitantemente, trs condies: - existncia de teor de sais solveis nos materiais ou componentes; - presena de gua; - presso hidrosttica necessria para que a soluo migre para a superfcie. Portanto, para evitar esse fenmeno, deve-se eliminar uma das trs condies. Com relao segunda condio para existncia de eflorescncia, nota-se que a gua pode ser proveniente da umidade do solo; da gua de chuva, acumulada antes da cobertura da obra ou infiltrada por meio das alvenarias, aberturas ou fissuras; de vazamentos de tubulaes de gua, esgoto ou guas pluviais; da gua utilizada na limpeza e de uso constante em determinados locais. Por fim, com relao presso hidrosttica, verifica-se que o transporte de gua por meio dos materiais e a conseqente cristalizao dos sais solveis na superfcie ocorrem por capilaridade, infiltrao em trincas e fissuras, percolao sob o efeito da gravidade, percolao sob presso por vazamentos de tubulaes de gua ou de vapor, pela condensao de vapor de gua dentro das paredes, ou pelo efeito combinado de duas ou mais dessas causas. Fatores externos que contribuem: - quantidade de gua; - tempo de contato; - elevao da temperatura; - porosidade dos componentes. Os sais podem alterar a aparncia da superfcie sobre a qual se depositam e em determinados casos seus sais constituintes podem ser agressivos, causando desagregao profunda, como no caso dos compostos expansivos.

2.6.4.2 Microorganismos Conforme Alucci e Flauzino e Milano (1985), o desenvolvimento de bolor ou mofo em edificaes podem ser considerados um grande problema com importncia

econmica e de ocorrncia comum em regies tropicais. Essa patologia provoca alterao na superfcie, exigindo na maioria das vezes a recuperao ou at mesmo a necessidade de se refazer revestimentos, gerando gastos dispendiosos conforme pode-se observar na figura 11.

Figura 11 Manchas provocadas por microorganismos FONTE: Thomaz (1995)

O crescimento de bolor est diretamente ligado, conforme os autores citados acima, existncia de umidade (alto teor no elemento o qual esto ou no ar). comum o emboloramento em paredes umedecidas por infiltrao de gua ou vazamento de tubulaes O emboloramento nada mais do que uma alterao que pode ser constatada macroscopicamente na superfcie de diferentes materiais, sendo conseqncia do desenvolvimento de microorganismos pertencentes ao grupo dos fungos. Assim, como todos os organismos vivos, estes possuem seus desenvolvimentos afetados com as condies ambientais, sendo a umidade um fator essencial. Os fungos precisam sempre de um teor de umidade elevado no material onde se desenvolvem ou uma umidade relativamente alta no ambiente.

3 MANUTENO Segundo Castro (2007), um imvel planejado e construdo para atender seus usurios por muito tempo. Para que esta expectativa seja concretizada, tornase primordial a prtica constante da manuteno preventiva deste bem. Infelizmente, essa prtica ainda no muito difundida no Brasil, ou seja, quando se fala em imveis, poucos so os usurios que realizam a manuteno preventiva to adequadamente quanto o fazem para outros bens, como automveis, equipamentos eletrnicos etc. A prtica sistemtica da manuteno preventiva em uma edificao reduz os custos de aes corretivas que, embora s vezes imprescindveis, geralmente representam gastos que poderiam ter sido evitados. importante ressaltar, no entanto, que a manuteno preventiva de um imvel no deve ser feita de maneira improvisada ou informal. Ela exige planejamento e deve ser entendida como um servio tcnico, executado por empresas especializadas e/ ou por profissionais treinados adequadamente para tal. Do ponto de vista do proprietrio, a manuteno adequada preventiva em seu imvel traz inmeros benefcios. Alm de promover a valorizao do bem no mercado imobilirio, a manuteno preventiva vai acarretar em um aumento da vida til da edificao, melhoria no desempenho de equipamentos e instalaes em geral, alm de garantir a segurana, o conforto e a economia para o proprietrio e para todos os indivduos que utilizam o edifcio. Segundo a NBR 5462/92, a manuteno uma prtica que envolve aes tcnicas e administrativas que, juntas, mantero ou devolvero a um item a capacidade de desempenhar determinada funo. 3.1 MANUTENO PREDIAL De maneira geral, uma edificao apresenta uma caracterstica que a diferencia de outros bens: sua vida til consideravelmente grande, e para que esse prazo seja de fato alcanado, torna-se fundamental a prtica da manuteno. Segundo a NBR 5674/99, manuteno predial o conjunto de atividades a serem realizadas para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificao e de suas partes constituintes de atender as necessidades e segurana de seus usurios.

Um pouco mais detalhada, a viso de Mirshawka et al. (1993) aborda conceitos de disponibilidade, de qualidade, de prazos, de custos e de vida til como parmetros para serem atendidos pela manuteno predial. Segundo Gomide et al. (2006), a manuteno predial pode ser definida em linhas gerais como o conjunto de atividades e recursos que garanta o melhor desempenho da edificao para atender s necessidades dos usurios, com confiabilidade e disponibilidade, ao menor custo possvel. A manuteno predial no tem como finalidade principal a execuo de reformas e/ ou alteraes de sistemas em resposta s anomalias de concepo, projeto ou execuo dos empreendimentos.

AVALIAO DAS PATOLOGIAS A avaliao das patologias das alvenarias e suas extenses tem como obje-

tivos imediatos os seguintes itens: - Detectar o processo de deteriorao na sua fase inicial; - Investigar e determinar as causas da deteriorao; - Monitorar o progresso dom processo de deteriorao, com respeito a intensidade e extenso dos danos, para tomar as corretas decises no tempo certo; Estas decises podem ser acompanhadas por aes direcionadas a preservao das condies existentes dentro dos limites aceitveis para uma posterior manuteno ou trabalhos de reparos. Uma avaliao completa ou parcial confivel das partes deterioradas podem ser feitas e o progresso da deteriorao poder ser acompanhada por inspeo regular em intervalos regulares de tempo. Uma inspeo inicial das construes novas muito importante, pois, serviro como referncia para inspees posteriores. De acordo com as condies avaliadas podero fazer parte do escopo os testes e medies por equipamentos. A classificao da avaliao das patologias da alvenaria fornecer subsdios para posterior priorizao de reparos ou manutenes, determinao de custos para a recuperao da edificao de forma parcial (danos localizados) ou integralmente (danos generalizados). O levantamento de campo pode dar subsdios para obteno de dados sobre um edifcio, servindo de base e fornecendo dados necessrios para o levantamento sistemtico de informaes (ZAPATEL, 1992; REIS; LAY 1994). 4.1 MTODOS DE LEVANTAMENTO DE CAMPO As atividades de inspeo, conforme a norma brasileira em vigor, NBR 9452 (1986), podem ser classificadas em trs tipos: - Inspeo cadastral - a primeira a ser efetuada, deve ser amplamente documentada, no s pelos dados de inspeo, mas tambm pelo projeto completo e por todos os informes construtivos disponveis;

- Inspeo rotineira uma inspeo programada, com intervalos de um a dois anos, destinada a coletar observaes e/ou medies para identificar qualquer anomalia em desenvolvimento ou qualquer alterao em relao a inspeo anterior. As inspees rotineiras so visuais e registradas atravs de documentao fotogrfica e preenchimento da ficha de inspeo; - Inspeo especial uma vistoria pormenorizada da obra, visual ou instrumental, realizada por engenheiro ou especialista com a finalidade de interpretar ocorrncias danosas detectadas na inspeo rotineira. Segundo Ceotto (2005), os mtodos utilizados para o levantamento de campo podem ser resumidos em quatro: - observaes visuais, - entrevistas, - questionrios e - levantamentos fsicos (medies). importante ressaltar que a escolha dos mtodos e tcnicas para a coleta e anlise das informaes no deve ser aleatria, devendo atender s caractersticas do objeto de estudo, do problema a ser investigado, da natureza das informaes, assim como s caractersticas especficas dos espaos e seus usurios (REIS & LAY, 1994). 4.2 DETECO DE DANOS De acordo com Watt (1999) danos podem ser prontamente detectados atravs de observaes de uma edificao ou um elemento em particular, ou estar oculta que uma simples observao no possa detectar. Existem vrias formas indicadoras de danos em uma edificao: - Visual: manchas, fissuras; - Fsico: falhas nas estruturas; - Olfato: odor;

- Auditivo: gotejamento de lquidos; - Ttil: superfcies irregulares. Danos ocultos podem no ser detectados por muitos anos e causarem srios danos. A deteco e diagnstico de tais defeitos ocultos requerem percia e uma investigao detalhada, incluindo tcnicas no destrutivas, testes de materiais, medies, monitoramento entre outros procedimentos. 4.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA OBSERVAO VISUAL Segundo Watt (1999) as principais desvantagens das avaliaes atravs das observaes visuais so: - A subjetividade da avaliao pode tornar os resultados mais vulnerveis falhas; - Observaes visuais no podem detectar defeitos latentes ou as fases iniciais de deteriorao. A primeira desvantagem pode ser superada atravs do desenvolvimento de um conjunto de definies para cada grau de danos que devem ser claramente distintas, de maneira que existam diferenas entre as definies de grau de danos prximos. Esta distino limita o nmero de grau de danos que podem ser utilizados para quatro ou cinco na maioria dos casos. A eficcia de um conjunto de definies de grau de danos, pode ser testada por um nmero de inspetores para avaliar independentemente as condies dos danos de um grupo de elementos de alvenaria. Estes inspetores faro um julgamento estatisticamente concebido. Uma quantidade considervel de avaliao e de iterao pode ser necessrio para estabelecer um conjunto satisfatrio de definies e as diferentes formas de degradao como fissura, umidade, destacamento de revestimento, eflorescncia. O pequeno nmero de danos em um elemento ou conjunto significa que cada dano est associado a uma estratgia de manuteno, tais como no fazer nada, manuteno preventiva, pequenos reparos, grandes trabalhos de reparos, reforo ou substituio.

A segunda desvantagem relativa s limitaes das observaes visuais na avaliao das condies mais importante. Alguns defeitos que ocorrem nas edificaes no fornecem indicaes visuais e so classificados como danos latentes. Alguns danos latentes, em ltima anlise, podero produzir efeitos secundrios observados com indicaes primrias latente quando o defeito se torna grave, mas isto ocorre geralmente demasiado tarde para evitar a necessidade de maiores reforos e reformas. A maioria dos danos s se torna visvel quando tm evoludo significativamente. Isto significa que mais complexo, dispendioso, preocupante e uma ampla manuteno ser necessria do que teria sido caso a deteriorao tivesse sido detectada mais cedo. Nestas circunstncias, a estratgia da manuteno preventiva torna-se uma opo interessante, embora investigaes sistemticas so recomendadas para confirmar a presena de defeitos latentes. A principal vantagem da abordagem observao visual para avaliar a condio dos danos operacional. Ela pode ser feita como parte de uma inspeo sem exigncias adicionais, tais como isolamento do ambiente, interrupo de atividades, portanto, com pouco custo adicional. As outras principais vantagens so a sua simplicidade e as ligaes com manuteno estratgicas. As desvantagens associadas com as duas abordagens para a avaliao da condio acima discutidas sugerem uma abordagem que inclua as melhores caractersticas de ambos. Uma abordagem baseada na avaliao do estado da edificao pode ser recomendada, mas com a incorporao de suficientes ensaios nodestrutivos para permitir deteco de defeitos latente e diagnosticada, na maioria das circunstncias. Esta abordagem ir tambm permitir de forma mais discreta o estado em que se encontra a edificao. A avaliao da condio normalmente realizado para cada elemento de uma edificao combinados para dar uma condio global. o. Esta interao entre o grau de dano e a estratgia de manuteno fornece uma uniformidade de avalia-

4.4 DIAGNOSTICO DA SITUAO O estgio de diagnstico composto basicamente por trs atividades: inspeo, estabelecimento das medidas de desempenho e verificao da conformidade. Segundo Lichtenstein (1985), o diagnstico da situao o entendimento dos fenmenos em termos de identificao das mltiplas relaes de causa e efeito que normalmente caracterizam um problema patolgico. Cada subsdio, segundo este autor, obtido na vistoria do local, na anamnese ou nos exames complementares deve ser interpretado no sentido de compor progressivamente um quadro de entendimento de como trabalha o edifcio, como reage ao dos agentes agressivos, porque surgiu e como se desenvolveu o problema patolgico. O processo de entendimento de um problema patolgico pode ser descrito como o de gerao de hipteses ou modelos e o seu respectivo teste. Portanto, Lichtenstein (1985) afirma que o processo de diagnstico constitui na contnua reduo da incerteza inicial pelo progressivo levantamento de dados. Esta progressiva reduo da incerteza acompanhada por uma reduo do nmero possvel de hipteses, at que se chegue numa correlao satisfatria entre o problema observado e um diagnstico para este problema. O diagnstico de casos de patologia nas construes pode ser definido como a identificao da natureza, da causa e da origem dos desgastes. Para diagnosticar, preciso reunir o maior nmero de informaes e depois separar o essencial do acessrio. Para obter informaes pode-se utilizar o exame visual do desgaste e de seu meio ambiente; ensaios locais, rpidos e simples; estudos de laboratrio; consulta com os autores do projeto e com os usurios da edificao; estudo dos projetos, dos cadernos de encargos, das anotaes de canteiro, atas de reunies de obra, documentos diversos e correspondncias disponveis. A metodologia para o trabalho de diagnose apresenta trs fases distintas, a saber: - pr-diagnose: uma inspeo visual com o objetivo de estabelecer uma poltica de atuao; o reconhecimento do objeto de estudo; - estudos prvios: consistem em recolher informaes que se considere necessrio para chegar a um conhecimento completo do objeto de estudo;

- diagnstico: uma reflexo crtica e um trabalho de sntese, que permite a determinao do estado em que se encontra o edifcio, com base na anlise das informaes recolhidas nas fases anteriores.

5 MTODO DE PESQUISA 5.1 CONTEXTO DO CAPTULO O sequenciamento desenvolvido nesta pesquisa, apontando os caminhos percorridos para a construo desta dissertao. Inicia-se com a caracterizao do problema, a necessidade de um mtodo para a soluo e a seguir a filosofia empregada para o desenvolvimento do presente trabalho. 5.2 CARACTERIZAO DO PROBLEMA Nos meios acadmicos e cientficos existe uma grande quantidade de literaturas dedicadas aos sistemas de avaliao de patologias das estruturas de concreto e pavimentao, porm, carece dos mesmos em relao ao mtodo de avaliao de patologias das vedaes verticais em alvenaria e seu revestimento. Este trabalho procura contribuir com uma proposta de avaliao de desempenho das vedaes verticais em alvenaria baseada em inspees visuais, qualificando e classificando as patologias dentro do contexto da edificao. 5.3 METODOLOGIA DE PESQUISA ADOTADA O mtodo de pesquisa mais adequado o estudo de caso comparativo, isto , atravs da avaliao dos parmetros das condies de degradao de alvenarias tecnicamente ss ou em condies aceitveis, com outra (s) que apresentem maiores graus de patologias, quanto a segurana, custo de reparos e esttica. O estudo de caso um mtodo que focaliza eventos contemporneos e no exige controle sobre eventos comportamentais (YIN, 2005). Robson (1993) define estudo de caso como uma estratgia para fazer pesquisa que envolva investigao emprica de um fenmeno particular contemporneo, dentro do contexto da vida real, empregando mltiplas fontes de evidncia. A caracterstica, juntamente com a possibilidade de emprego de ferramentas tanto com enfoques qualitativos e quantitativos foram determinantes na opo pelo estudo de caso como mtodo de pesquisa do presente trabalho.

5.4 SEVERIDADE OU NVEL DE GRAVIDADE DOS DANOS O estado de conservao dos revestimentos existentes pode ser caracterizado pelos tipos de anomalias que revelam e pelo grau com que se manifestam. Com efeito, enquanto um revestimento fendilhado, mesmo que em grau elevado, pode ser reparado com alguma facilidade, recorrendo a tcnicas bastante conhecidas, o mesmo no se passa quando h deficincias de aderncia ao suporte ou de coeso entre as partculas, cuja preservao exige o emprego de tcnicas mais caras e complexas. Assim, surge o conceito de severidade da anomalia, que est relacionado, no s com o grau, mais ou menos elevado, da degradao provocada, mas tambm com a sua reparabilidade (MAGALHES, 2002) A severidade de um dano em particular ou nvel de gravidade que afeta a edificao ou parte dela tipicamente avaliada considerando-se algum parmetro de comparao (normas ou algum padro estabelecido), sendo avaliado pelo efeito que causa na edificao quanto a segurana, funcionalidade ou aspecto esttico. Deveser baseada numa escala pr-definida tal como usada nas classificaes de degradao em alvenarias como a classificao de Gaspar (2005), empregada neste trabalho. A limitao na avaliao visual da severidade e extenso da deteriorao geralmente significa que difcil estabelecer mais do que cerca de trs graus de danos, e isto pouco adequado. 5.5 CRITRIOS DE MEDIO A filosofia adotada consiste em dividir a estrutura em elementos funcionais. Para cada elemento so definidos os possveis defeitos e patologias, sendo estes usados para montar o catlogo ou lista de patologias referentes a um elemento de vedao ou ao seu conjunto. A opo pelo ndice de performance, foi a necessidade de encontrar um mtodo de avaliao padro, capaz de chegar a resultados prximos e coerentes mesmo avaliado por diversos profissionais, e tambm pela facilidade e rapidez com que se pode realizar estas avaliaes, quando se tratar de grandes quantidades de elementos de vedao ou mesmo edificaes.

Em outras palavras seria avaliar as mesmas patologias por diferentes profissionais obtendo-se assim uma uniformidade nas avaliaes atravs do ndice de performance. O grau de deteriorao de cada elemento ou conjunto determinado atravs de quadros pr-estabelecidos considerando-se a importncia relativa do elemento, intensidade dos danos e sua extenso. O ndice de performance determinado serve como um indicativo gerencial da condio geral da edificao, enquanto as notas individuais de cada elemento permitem uma anlise tcnica das necessidades de manuteno. Neste trabalho, os critrios e definies adotados no processo coleta e anlise dos dados so abordados com detalhe e aplicados a um exemplo real.

5 MTODO PROPOSTO O mtodo proposto neste trabalho provm das orientaes fornecidas pelo FIB (1998). O mtodo foi originalmente proposto para avaliao de uma grande quantidade de estruturas de obra pblicas da Europa tais como pontes e viadutos rodovirios (ZNIDARIC; ZNIDARIC, 1994), para identificar os casos mais deteriorados atravs de um ndice de Danos para poder planejar uma anlise mais detalhada e interveno de reparos. Um Fator de Deteriorao tambm considerado neste mtodo. O mtodo tem sido seguidamente adaptado para as estruturas de concreto armado (CORONELLI, 2006), e no presente trabalho proposto para a avaliao das patologias mais freqentes em alvenarias de vedao em blocos ou tijolos cermicos. O procedimento de avaliao qualitativo e quantitativo e deve seguir as fases seguintes: - Observao visual e verificao preliminar das condies das alvenarias: identificar as regies ou elementos mais criticamente danificados e medir a extenso do dano; - Determinao de um ndice numrico para os danos no elemento ou no conjunto considerado, baseado em observaes visuais da intensidade e extenso dos danos; - Avaliao quanto a segurana.

6.1 NDICE DE PERFORMANCE DO ELEMENTO A expresso geral baseado no boletim do CEB para a determinao do ndice de performance do elemento (IP) a soma dos fatores para cada tipo de dano i no elemento inspecionado conforme equao (1), IP= D = Bi x K1i x K2i x K3i x K4i Onde: IP ndice de performance do elemento (1)

D ndice dos danos Bi valor bsico associado ao tipo de dano i K1i fator da importncia do elemento de vedao K2i fator indicativo da intensidade do dano i K3i fator indicativo da extenso do dano i K4i fator indicativo da urgncia de interveno para o dano i O parmetro Bi expressa o valor da importncia relativa do tipo de dano em relao aos demais inspecionados com relao segurana e/ou durabilidade do elemento inspecionado. Na presente pesquisa considerou-se que os destacamentos possuem importncia relativa superior a umidade e manchas, portanto, foi adotado um valor maior para Bi. O Quadro 11 associa valores de Bi com a classe de severidade J o parmetro K1i expressa a importncia do elemento dentro do contexto da edificao ou uma de suas partes. Poder-se-ia existir alm da alvenaria de vedao convencional, alvenaria de vedao estrutural, neste caso, o fator de importncia da alvenaria estrutural seria superior ao da convencional. Na presente pesquisa as alvenarias inspecionadas foram consideradas convencionais, portanto, com importncia igual e fator de importncia unitria; Por outro lado o parmetro K2i determinado atravs de critrio de avaliao visual qualitativa, varia em quatro escalas de valores, K2i = 0,5 1,0 1,5 2,0 (Quadro 11 e 12).

Item

Tipo de dano

Classe de severidade

1 5~10% leve,aparente leve,aparente

2 11~30% leve, aparente presena de fungos,mofos,eflorescncias leve,desagregao da cor, textura fissuras vsiveis com lente, 0,1~0,3 mm

3 31~50% localizada pintura/textura, desagregadas

4 >50% extensas infiltraes extensas manchas de fungos, mofos, eflorescncias separao de paredes/muros ou revestimento cermico, pedra. fissuras extensas, fragmentao da superfcie.

Umidades

Manchas

Destacamentos

leve,aparente eventual fissura capilares, = 30

7 ESTUDO DE CASO Para esta pesquisa foram adotados 4 (quatro) tipos de danos: umidade, manchas, destacamentos e fissuras. Foram realizados estudos de casos de 4 (quatro) paredes de vedao externa em alvenaria de tijolos de uma edificao trrea para validar a aplicao do mtodo. 7.1 CARACTERIZAO E AVALIAO DOS DANOS As paredes das figuras 12 e 13, apresentam fissuras localizadas com aberturas acima de 10 mm, a figura 14 apresenta uma parede com abertura de fissura acima de 10 mm, manchas e umidade com extenso inferior a 10%. A figura 15, apresenta uma parede com forte umidade e manchas com extenso acima de 75% da rea do elemento.

Figura 12 - Parede-1 FONTE: O autor (2009)

Elemento construtivo: Vedao Altura: 4,60 m Comprimento: 6,20 m Tipo de dano verificado: fissura Abertura: mdia 8 mm Abrangncia: < 50% da supercie

Figura 13 - Parede-2 FONTE: O autor (2009)

Elemento construtivo: Vedao Altura: 4,60 m Comprimento: 6,20 m Tipo de dano verificado: fissura Abertura: mdia 12 mm Abrangncia: > 50% da supercie

Figura 14 Parede-3 FONTE: O autor (2009)

Elemento construtivo: Vedao Altura: 4,60 m Comprimento: 5,00 m Tipo de dano verificado: umidade , Mancha e Fissura Abertura: mdia 15 mm Abrangncia: umidade (~20%), Mancha (~10%), Fissura (>50%)

Figura 15 Parede-4 FONTE: O autor (2009)

Elemento construtivo: Vedao Altura: 4,60 m Comprimento: 5,00 m Tipo de dano verificado: umidade Abertura: 8 mm Abrangncia: > 60% da supercie Aps a inspeo visual preenche-se a tabela 1 para as quatro paredes, caracterizando os danos atravs da escolha criteriosa dos fatores.

Tabela 1 Resumo dos fatores ELEMENTO DE O2 VEDACLASSE TIPOS DE SEVEDANOS RIDADE Umidade Parede refe- Manchas rencia Fissuras 4 4 4 1 1 2 1 1 1 2 2 2 1 1 1 4 4 8 16 Bi K1i K2i K3i K4i IP/K1i Mm

Parede-1 Fissuras 3 2 1 1,5 0,5 5 7,5 7,5

Parede-2 Fissuras Umidade Parede-3 Manchas Fissuras Umidade Parede-4 4 2 1 4 4 2 1 1 2 1 1 1 1 2 1 0,5 2 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 5 3 2 5 3 10 1,5 0,5 10 3 12,0 3 10

FONTE: O autor (2009)

Determinam-se as somas reduzidas (Mm) de referncia e as efetivas pelas expresses (5) e (6), resultando na coluna a direita da tabela 2. As expresses (3) e (4), fornecem os valores das somas dos danos efetivos e de referncia, cujos valores constam na Tabela 3. Com a equao (2), determina-se o ndice de Performance Global (IPg) cujo valor em percentual encontra-se na coluna IPg da Tabela 2. A parede referncia a parede hipottica em que conferida a ela o catlogo de patologias observadas e os graus de danos considerados mais elevados sem necessidade de interveno. Esta parede ser empregada como base de comparao entre as paredes inspecionadas, ou seja, o grau de danos determinados sero porcentagens dos danos da parede referencia.

Tabela 2 - Resultados

Elemento

K1m

Mm,ef

Def

K1m

Mm,ref

Dref

IPg

Classe

deteriorao

Parede ref Parede-1 Parede-2 Parede-3 Parede-4 GLOBAL

1 1 1 1 1 7,5 10 12 3 7,5 10 12 3 32,5

1 1 1 1 1

16 16 16 16 16 16 16 16 16 64

100 VI 46,8 VI 62,5 VI 75 IV 18,8 50,8 VI

FONTE: O autor (2009)

Conforme o ndice de performance (IP e IPg) obtido possvel determinar o nvel de qualidade do ambiente estudado na edificao em tela. Os resultados a partir da comparao com os valores do Quadro 15 permitem esta avaliao. Para a visualizao grfica foi adotado o grfico radar, pois permite que sejam observados os pontos crticos e os pontos altos da performance dos elementos de vedao. No caso da aplicao do mtodo do ndice de performance num caso prtico de avaliao possvel colocar em um mesmo grfico os diferentes elementos, grupos de elementos ou construes para melhor visualizao da performance destes. A escala do grfico o ndice de performance (Ip) que varia de 0 a 100%. Sendo que quanto menor e formato regular for a rea do grfico, melhor e mais uniformes sero as performances. A figura 16 apresenta o grfico radial dos ndices de performances das paredes do presente estudo de caso antes das intervenes.

Figura 16 - Grfico da performance das paredes antes dos reparos FONTE: O autor (2009)

8 ANLISE DOS RESULTADOS Conforme a tabela 2, as paredes apresentaram alto ndice de deteriorao (classe VI) comprometendo principalmente a segurana e insalubridade local. As paredes 1, 2 e 3 foram analisadas individualmente com maior cuidado devido a importncia relativa das fissuras (Bi= 2) e apresentaram alto grau de severidade. Como estas trs paredes apresentaram alto grau de deteriorao devido as fissuras de aberturas mdias maiores que 10 mm, optou-se por realizar uma avaliao mais aprofundada de suas origens. Concluiu-se que as fissuras eram provenientes de recalques dos pisos, visto que sob as paredes no existiam vigas de apoios apenas foram assentadas sobre um piso no armado de 10 cm de espessura e houve o recalque do solo base por carreamento de partcula de solo fino, criando espaos vazios sob a laje de piso e como conseqncia o recalque diferencial com aparecimento das fissuras nas paredes de alvenaria. Analisou-se ,individualmente, tambm a parede 4, esta apresentava forte infiltrao pela falha de execuo nas calhas e tambm por falta de impermeabilizao no baldrame. O conjunto das 4 (quatro) paredes inspecionadas apresentaram classe de deteriorao VI (deteriorao grave ou crtico) conforme a tabela 2.

9 INTERVENES ADOTADAS E RESULTADOS DA AVALIAO PSREPAROS As paredes das figuras 12, 13 e 14 foram escoradas e posteriormente demolidas e reconstrudas com vigas de apoio. Aps a reconstruo novas inspees foram realizadas e estas apresentaram individualmente ndices de performance (Ip) dos elementos, inferiores a 5, o que as classificam na classe de deteriorao I / II (pequenas falhas de superfcie na execuo) Quanto a parede da figura 16, optou-se pela readequao das calhas e impermeabilizao na face crua dos tijolos com posterior revestimento em argamassa. Aps os reparos e posterior recuperao esta apresentou Ip inferior a 5 enquadrando-se na classe de deteriorao I / II. O conjunto das 4 (quatro) paredes avaliadas apresentaram ndice de performance global (IPg) igual a 9,4 classificando o conjunto na classe de deteriorao II. As tabelas 3 e 4 apresentam o resumo dos valores da avaliao obtidos aps os reparos das paredes, demonstrando a significativa reduo na Classe de Deteriorao antes e aps os reparos tanto analisando-se cada elemento, assim como o grau de deteriorao do conjunto.

Tabela 3 Resumo dos fatores ps reparos

ELEMENTO DE VEDAO

BiTIPOS DE DANOS CLASSE SEVE(Q.1) RIDADE (Q.1) 4 4 4 1 1 2

K1i

K2i(Q.1/2)

K3i(Q.3)

K4i

(Q.4 IP/K1i ) 1 1 1 4 4 8

Mm,reduzida

Parede refe- Umidade rencia (pior hiptese sem Manchas interveno) Fissuras Umidade Parede-1 Manchas Fissuras (8 mm) Umidade Parede-2 Manchas Fissuras (8 mm) Umidade Parede-3 Manchas Fissuras Umidade Parede-4 Manchas Fissuras

1 1 1

2 2 2

Mm,ref16

Mm11 2 1 0,5 0,5 1 0,5 0,5

Mm21 1 1 1 1 2 1 2 1 1 1 1 1 1 1 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 1 1 0,5 1 1 0,5 0,25 0,5

Mm30,5 0,25 0,25 0,75

Mm40,5

FONTE: O autor (2009)

Tabela 4 Resultados ps reparos

ElementoParede ref Parede-1 Parede-2

K1m 1 1 1

Def

Mm, ref16

Dref

IP e IPg100

Classe de deterioraoI I

0,5 0,5

16 16

2,1 2,1

Parede-3 Parede-4

1 1

0,75 0,75 0,25 0,25 2

16 16

16 16 64

3,1 1,1 3,2

I / II I I / II

Conjunto das 4 paredes

FONTE: O autor (2009)

A figura 17 apresenta o grfico dos ndices de performances das paredes do presente estudo de caso aps as intervenes, onde ntida a reduo da rea de performance global.

Figura 17 - Grfico da performance das paredes aps reparos FONTE: O autor (2009)

A figura 18 apresenta o grfico dos ndices de performances conjugados da parede referncia e das paredes do presente estudo de caso. Demonstra a acentuada diferena entre as performances antes e aps os reparos.

Figura 18 - Grfico comparativo entre a performance referncia, antes e depois dos reparos FONTE: O autor (2009)

10 CONCLUSO A qualificao das patologias das alvenarias caracterizadas pelo mtodo proposto de acordo com o ndice de performance do elemento (IP) ou do conjunto (IPg) analisado, fornecem subsdios para uma avaliao equilibrada de cada elemento e do conjunto de elementos. O mtodo proposto fornece de forma rpida com baixo custo sem envolvimento de equipamentos, importantes informaes quanto ao grau de esttica, segurana, higiene e suas limitaes de uso e prazo de reparos ou intervenes. Serve tambm como um indicativo gerencial da condio geral da alvenaria, enquanto os ndices individuais de cada elemento permitem uma anlise tcnica das necessidades de manuteno. Embora o estudo de caso tenha se restringido a um estudo de caso, pode-se concluir que o mtodo vlido para uma avaliao das performances das alvenarias convencionais e abre novas frentes para avaliao das performances de outros elementos construtivos incluindo vrios pavimentos.

11 CONSIDERAES SOBRE O MTODO PROPOSTO O mtodo proposto atravs dos ndices de performance fornece uma importante ferramenta para a padronizao na avaliao de patologias das edificaes possibilitando o ranqueamento ou classificao dos elementos ou mesmo das edificaes quanto a severidade dos danos que apresentam. Os resultados obtidos neste trabalho, mesmo com pequeno nmero de estudos de casos, demonstram a facilidade e a coerncia dos ndices de performance obtidos e a proximidade das intervenes adotadas ou a serem adotadas. Portanto, o mtodo baseado no ndice de perfomance tem validada sua justificativa e aplicabilidade nos meios tcnicos pela facilidade de elaborao, interpretao dos resultados e a padronizao do mtodo. Abrindo tambm a possibilidade de uma avaliao mais aprofundada com uso de equipamentos ou outros tipos de exames mais especficos e detalhados.

12 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS Este trabalho de pesquisa tem o objetivo de propor e justificar o mtodo dos ndices de performance nas avaliaes dos painis de alvenarias no estruturais e abre novos horizontes de pesquisas entre as quais: - Aprimorar os ndices de danos atrelando-os aos ndices de performance e suas intervenes; - Atrelar os ndices de performance ao custo de manuteno ou reparos; - Criar normas para padronizao nas avaliaes pelo mtodo exposto; - Empregar o processo para a padronizao das avaliao de obras pblicas novas e antigas, criando um arquivo do histrico das edificaes, facilitando o gerenciamento de manuteno, programao de reparos, avaliao histrica das degradaes e seu ciclo de vida.

REFERNCIAS

AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Guide for consolidations of concrete. Famington Hills: ACI, 1998. 1 CD ROOM. ALUCCI, M. P. ; FLAUZINO, W. D. ; MILANO, S. Bolor em edifcios: causas e recomendaes. Tecnologia de Edificaes, So Paulo: Pini, Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo, 1988. p.565-70. (Coletnea de trabalhos da Div. de Edificaes do IPT). ANDRADE, J. J. O. Durabilidade das estruturas de concreto armado: anlise das manifestaes patolgicas nas estruturas no estado de Pernambuco. Dissertao (Mestrado em Engenharia) . Curso de Ps-Graduao em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1997. ARAJO, A. B. Umidade e degradao nos edifcios. [S.l]: IST, 2003. Disponvel em:< http://maxpages.com/achille32>. Acesso em: 19 nov. 2009. (Traduzido do original em italiano). ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 5462: Confiabilidade e mantenabilidade terminologia. Rio de Janeiro, 1993. ______. NBR 6118: projeto de estruturas de concreto: procedimento. Rio de Janeiro, 2003. _______NBR 6136: blocos vazados de concreto simples para alvenaria estrutural. Rio de Janeiro, 1980. ______. NBR 6460: tijolo macio cermico para alvenaria: verificao da resistncia compresso. Rio de Janeiro, 1983a. ______. NBR 6461: bloco cermico para alvenaria: verificao da resistncia compresso. Rio de Janeiro, 1983b. ______. NBR 7170: tijolo macio cermico para alvenaria. Rio de Janeiro, 1983c. _______NBR 8041 - Tijolo macio cermico para alvenaria -Forma e dimenses Padronizao. Rio de Janeiro, 1983.

_______NBR 8802 - Concreto Endurecido - Determinao da Velocidade de Propagao de Onda Ultra-Snica. Rio de Janeiro, 1994. ______. NBR 15270-1: componentes cermicos. Rio de Janeiro, 2005. BAUER, L. A. F. Materiais de construo. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1994. BAUER, Roberto J. F. Patologias em alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto. So Paulo: Mandarim, 1996. (Caderno tcnico alvenaria estrutural, 5). ______. Falhas em revestimento. Revista Construo, n. 2246, fev. 1991. p. 19. ______. Falhas em revestimento. Revista Construo, n. 2250, mar. 1991. p. 23. ______. Falhas em revestimento. Revista Construo, n. 2257, maio. 1991. p. 21. BUILDING RESEARCH ESTABLISHIMENT. Assessment of damage in low-rise building. Digest 251. Garston: BRE, 1995. CASADO, Alberto L. Sistemas de recuperao de fissuras da alvenaria de vedao: avaliao da capacidade de deformao. So Paulo, SP, 1997. Dissertao (Mestrado) - Universidade de So Paulo, So Paulo, 1997. CASTRO, U. R. Importncia da manuteno predial preventivas e as ferramentas para sua execuo. Minas Gerais, MG, 2007. Monografia de concluso de curso (Especializao) - ttulo de especialista em Construo Civil, Universidade Federal de Minas Gerais, 2007. CCANS. CEMENT AND CONCRETE ASSOCIATION OF NEW ZEALAND. Information Bulletin, n. 44. Disponvel em: http:// www.cca.org.nz. Acesso em: 25 out. 2009. CEOTTO, L. H.; Banduk, R. C.; Nakakura, E. H. Revestimentos de Argamassas: boas Prticas em projeto, execuo e avaliao. Porto Alegre: Prolivros,2005. (Recomendaes Tcnicas HABITARE, 1). CERMICA UNIO. Disponvel em:> Acesso em: 01 jan. 2009.

CINCOTTO, Maria A, SILVA, Maria Anglica C., CARASK, Helena. Argamassas de revestimentos: caractersticas, propriedades, e mtodos de ensaio. So Paulo: IPT, 1995.118 p. CINCOTTO, Maria A. Patologia das argamassas de revestimentos: anlise e recomendaes. 2. ed. So Paulo: IPT, 1989. 13p. CORONELLI , D . Condition rating for the evaluation of the safety of corroding RC structures. International Conference on Structure, Faults and Repair, Engineering Tech. Press. 11. ed. Edinburgh, UK: Forde, 2006. CDROM. COSTA JR, M. P. Avaliao ps-ocupao e manuteno estratgica de escolas pblicas. 2001. Dissertao (Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Esprito Santo, Esprito Santo, 2001. COSTA, Antnio C. A linguagem das trincas. Revista Tchne, So Paulo, n.3. mar./abr., 1993, p. 14-18. COZZA, Eric. Atire a primeira pedra. Revista Tchne, So Paulo, n. 22, mai/jun., 1996, p. 35-38. CRESSON, Rolland. Plafonds: dcollements denduit et de peinture. CSTB Magazine, n.122., mars./avril, 1999, p. 47-49. DAL MOLIN, D. C. C. Fissuras em estruturas de concreto armado: anlise das manifestaes tpicas e levantamento de casos ocorridos no estado do Rio Grande do Sul. 1988. Dissertao (Mestrado em Engenharia) - Curso de Ps-Graduao em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1988. EBANATAW, Roberto. Fissuras e trincas. Disponvel em: http://www.ebanataw.com.br/roberto/patologias/trincas.htm. Acesso em: 5 ago. 2009. DUARTE, R. B. Fissuras em alvenarias: causas principais, medidas preventivas e tcnicas de recuperao. Porto Alegre: CIENTEC, 1998. (Boletim tcnico, 25). ELDRIDGE, H. J. Construccin, defectos comunes. Barcelona: Gustavo Gili, 1982.

FIB. Strategies for testing and assessment of concrete structure. CEB Bulletin, n.243, 1998. Disponvel em: < http://fib.epfl.ch/publications/ceb/243/>. Acesso em: 15 out. 2009. GASPAR, P. L.; BRITO, J.. Assessment of the overall degradation level of an element, based on field data. 10DBMC International Confrence On Durability of Building Materials and Components. LYON [France] 17-20 April 2005. FA - UTL, R. Prof. Cid dos Santos, Plo da Ajuda, 1300 Lisboa. 2005. GRANATO, J. E. Patologia das fachadas revestidas de cermica e granito. Patologia das construes . 2005. Notas de aula. HACKBARTH, F. B. Avaliao de problemas estruturais de uma edificao em concreto armado in loco com propostas de solues. Florianpolis: UDESC, 2006. HELENE, P. R. L. Manual para reparo, reforo e proteo de estruturas de concreto. 2. ed. So Paulo: PINI, 1992. INMETRO. Informao ao consumidor. Disponvel em: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/tijolo.asp. Acesso em: 01 jan. 2009. ISAA, G. C. (ed.) Concreto: ensino, pesquisa e realizaes. So Paulo: IBRACON, 2005. LINCHTENSTEIN, NB; Patologia das construes: procedimento para formulao do diagnsticos de falhas e definio de conduta

Recommended

Alvenarias luiz sergio franco Documents

patologia das alvenarias - cecc Documents

40 01 -QUALQUER ALTERAÇÃO DE ALVENARIAS, ESQUADRIAS ...€¦ · 04/01/2016 observaÇÕes 01 -qualquer alteraÇÃo de alvenarias, esquadrias, acabamento em geral deve ser conferido Documents

Terminologia relativa a alvenarias - paginas.fe.up.ptpaginas.fe.up.pt/~earpe/conteudos/TPPC/terminologiaalvenaria.pdf · Alvenaria localização – alvenarias interiores, de compartimentação, Documents

Explorando a matemática na construção de casas de alvenarias Documents

CN - Faria e Chastre_Seminario Alvenarias 2015.pdf Documents

Aco Alvenarias Documents

Patologias em alvenarias€¦ · estruturas, da mecânica dos solos, da física e da química, dando origem, assim a uma nova “ciência”, designada por “Patologia das Construções”, Documents

ALVENARIAS DE VEDAÇÃO Alvenarias de vedação são aquelas destinadas a compartimentar espaços, preenchendo os vãos de estruturas de concreto armado, aço Documents

Fissuras Em Alvenarias Documents

Critérios de Dimensionamento de Reforços de Alvenarias de Documents

Execução de Alvenarias Estrutural Sem Função Documents

Alvenarias - Condi Es t Cnicas de Execu o Documents

AULA 3 2010 - Alvenarias - Execucao e Planejamento Documents

MATERIAIS E PROCESSOS - ALVENARIAS Documents

Tecnologia dos Materiais: Alvenarias Education

ALVENARIAS NÃO ESTRUTURAIS PATOLOGIAS E … Pag 187-206.pdf · fissuração e à resistência à passagem da água; - A criação de blocos muito leves, permitindo um bom isolamento Documents

FISSURAÇÃO DE ALVENARIAS NAS ZONAS EM CONSOLA … · elementos a aparecer patologias e a carecer de intervenções. Assim, foi definido como objectivoprincipal, para este trabalho, Documents