PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL AFRO-BRASILEIRO
NATAL – RN
RUDNEY HANDERSON DA SILVA (UFRN, Curso de Ciências Sociais - Estudante) LUIZ ASSUNÇÃO (UFRN, DAN - Orientador)
Introdução Metodologia A identificação do patrimônio cultural brasileiro para proteção legal é um capítulo novo na história do Brasil. Somente a partir da década de 1930, durante a Era Vargas, que intelectuais deixaram de serem homens apenas de pensamento e passaram a agir se mobilizando para propor uma política cultural de Estado que garantisse à transmissão desse patrimônio as futuras gerações. Políticas da cultura de fomento ao levantamento e identificação do patrimônio cultural imaterial brasileiro são mais recentes ainda. Uma legislação específica para este tipo de patrimônio só surgiu com o Decreto presidencial Nº 3.551, de 4 de agosto de 2000, que instituiu o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro.
Neste contexto, durante muitos anos a aplicação das leis de proteção apenas do patrimônio de ‘‘pedra e cal’’ negou aos grupos sociais de tradição afro-brasileira o reconhecimento do valor de seus bens culturais imateriais para à Nação. Em Natal, recorte geográfico deste projeto de pesquisa, temos dois bens culturais de natureza imaterial da cultura afro-brasileira salvaguardados, a nível nacional, em 21/10/2008, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), como patrimônio: as rodas de capoeira e o oficio dos mestres de capoeira, apesar da existência de muitos outros bens ainda não registrados/salvaguardados. O presente projeto de pesquisa está inserido em uma proposta mais ampla que propõe mapear o patrimônio cultural imaterial da cidade de Natal-RN. A pesquisa foi realizada de agosto/2015 a julho/2016 abarcando as regiões leste, sul e oeste da cidade do Natal. O projeto terá uma nova etapa voltada para o mapeamento da região norte da cidade.
Como referencial conceitual foram recuperadas as discussões que envolvem o patrimônio cultural imaterial no Brasil usando as noções de valor e memória social pensada por Cecília Londres (2005), Regina Abreu (2007) e José Gonçalves (2009), além dos estudos de pesquisadores como Câmara Cascudo, Veríssimo de Melo, Mário de Andrade, Luiz Assunção e Deífilo Gurgel sobre o tema da cultura afro-brasileira na cidade do Natal.
Para alcançar os objetivos colocados foi aplicada a metodologia do Inventário Nacional
de Referências Culturais (INRC), proposto pelo IPHAN, tendo como referências as
quatro categorias de bens culturais (Saberes, Celebrações, Formas de Expressão e
Lugares). Utilizou-se, ainda, das técnicas de entrevista, realizada com mestres da
tradição e da observação participante em atividades específicas de manifestações de
danças, festas e práticas religiosas.
Imagem: Afoxé Estrela da Manhã
Imagem: Estátua de Iemanjá e Nação
Zambêracatu
Fonte: Cristina Ferreira
Objetivo Conclusão
Fonte: Autoria própria
Fonte: Autoria própria
Mapear nas regiões leste, sul e oeste da cidade do Natal os bens culturais de
natureza imaterial que constituem patrimônio cultural imaterial afro-brasileiro.
Localizar e identificar os Saberes, as Celebrações, as Formas de Expressão e os
Lugares que estão inseridos no universo da cultura afro-brasileira da cidade
potiguar e que têm valor para a construção e afirmação de uma identidade
nacional e local.
Registrar a memória individual dos detentores de saberes da tradição.
Imagem: Bambelô Cajueiro Abalo
Fonte: Michela Bevilacqua
Referência Bibliográfica
Imagem: Reinado de Xangô
Durante a execução deste projeto de pesquisa foram mapeados 111 bens patrimoniais
da cultura afro-brasileira nas três regiões de Natal (leste, sul e oeste), agrupados nas
categorias de ofícios (6), celebrações (3), expressão (43) e lugares (59). Entre estes bens
estão os terreiros de jurema, umbanda e candomblé; as manifestações dos congos,
cocos e bambelôs; as rodas de capoeira; as festas religiosas populares como a de São
Cosme e São Damião e a de Iemanjá; as bandas de hip-hop; os grupos de maracatu
nação e de afoxé.
ABREU, Regina. Patrimônio cultural: tensões e disputas no contexto de uma nova ordem discursiva. Blumenau: Nova Letra, 2007.
CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. Belo Horizonte: Itatiaia, 1984.
LONDRES, Cecília. O patrimônio em processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2005.
GONÇALVES, José Reginaldo. A retórica da perda: os discursos de patrimônio cultural no Brasil. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ; IPHAN, 1996.
Fonte: Autoria própria
Imagem: Congo de Calçola