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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

GABRIELA SILVA CESCA

PÊNFIGO FOLIÁCEO EM CÃO:

RELATO E ESTUDO DE CASO

Curitiba/PR

2016

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Gabriela Silva Cesca

Pênfigo foliáceo em cão:

Relato e estudo de caso

Curitiba/PR

2016

Monografia apresentada como requisito para

conclusão da Pós-Graduação em Clínica Médica

e Cirúrgica de Pequenos Animais, do Centro

Universitário CESMAC, sob a orientação do Prof.

M.Sc. Dheywid Karlos Mattos Silva.

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Gabriela Silva Cesca

Pênfigo foliáceo em cão:

Relato e estudo de caso

Curitiba, PR 20 de janeiro de 2016

– Orientador –

Curitiba, PR

2016

Monografia apresentada como requisito para

conclusão da Pós-Graduação em Clínica Médica

e Cirúrgica de Pequenos Animais, do Centro

Universitário CESMAC, sob a orientação do Prof.

M.Sc. Dheywid Karlos Mattos Silva.

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RESUMO

O pênfigo foliáceo é a doença autoimune mais comum em cães dentro do complexo

pênfigo. O tratamento de escolha para as doenças autoimunes é uso de glicocorticoides

associado ou não a azatioprina, dependendo da gravidade e da evolução dos sinais clínicos,

sendo prescritos também antibióticos sistêmicos e tratamentos tópicos sempre que

necessários. Em decorrência da alta taxa de efeitos adversos com o uso de imunossupressores,

muitos cães evoluem mal clinicamente com o aparecimento de sinais sistêmicos graves,

necessitando de outras terapias de suporte, internamento, e muitas vezes essas alterações

diminuem significantemente a qualidade de vida dos cães ou levam seus responsáveis a

optarem pela eutanásia. É de grande importância que no momento do diagnóstico seja

esclarecido aos proprietários que a doença depende da participação dos responsáveis para que

se tenha um sucesso no tratamento, tanto em relação à administração correta dos

medicamentos quanto à rotina de retornos e realização de exames de acompanhamento. A

paciente do relato foi diagnosticada com pênfigo foliáceo através de exame histopatológico e

tratada com associação de glicocorticoide e azatioprina, respondeu bem inicialmente à terapia,

mas evoluiu mal decorrente dos efeitos colaterais das medicações, evoluindo para óbito.

Palavras chaves: doença autoimune, glicocorticoide, azatioprina.

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LISTA DE ABREVIATURAS

ALT Alanina aminotransferase

BID Bis in die (leia-se duas vezes ao dia)

DNA Ácido desoxirribonucleico

IV Intravenoso

Kg Quilogramas

L Litros

Mg Miligramas

Mm Milímetros

Mmol Milimolar

RNA Ácido ribonucleico

SID Semel in die (leia-se uma vez ao dia)

TID Ter in die (leia-se três vezes ao dia)

UI Unidades internacionais

VO Via oral

°C Graus Celsius

% Porcentagem

> Acima de

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 5

2 REVISÃO DE LITERAURA 6

2.1 Epiderme 6

2.1.1 Camada basal 6

2.1.2 Camada espinhosa 7

2.1.3 Camada granular 7

2.1.4 Extrato córneo 7

2.2 Terapia com Corticóides 7

2.2.1 Classificação 8

2.2.2 Mecanismo de ação 8

2.2.3 Importância do fígado na terapia com glicocorticoides 9

2.2.4 Efeitos imunossupressores 9

2.2.5 O uso de glicocorticoides na terapia de doenças autoimunes 9

2.2.6 Efeitos colaterais 10

2.3 Terapia com azatioprina 10

2.4 Pênfigo Foliáceo 10

2.4.1 Etiopatogenia 10

2.4.2 Sinais clínicos 11

2.4.3 Diagnóstico 12

2.4.4 Tratamento 13

3 RELATO DE CASO 15

4 DISCUSSÃO 17

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5 CONCLUSÃO 20

REFERENCIAS 21

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INTRODUÇÃO

O pênfigo foliáceo é a doença autoimune do complexo pênfigo mais comum em

medicina veterinária (CRAIG, 2013). O primeiro relato em cães desta enfermidade ocorreu

em 1977 (GOMEZ et al, 2004). A doença é caracterizada por lesões em epiderme,

principalmente acometendo os desmossomos, estruturas de adesão da pele (MILLER et al,

2013). Este trabalho visa realizar uma revisão bibliográfica sobre o pênfigo foliáceo canino,

enfatizando as características clínicas, o tratamento e o prognóstico. Além disso, é realizado

um relato de caso de um cão diagnosticado com pênfigo, seguido de uma discussão sobre as

dificuldades encontradas no tratamento deste paciente.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Epiderme

A pele é o maior órgão conhecido em mamíferos e possui várias funções como formar

uma barreira protetora, manter forma, auxílio no movimento, produção glandular anexa,

termorregulação, estoque (eletrólitos, água, vitaminas, gordura, carboidratos, proteínas e

outros), percepção sensorial, proteção imunológica, secreção, excreção e produção de

vitamina D (MILLER et al, 2013).

Este grande órgão é dividido em 3 camadas: a epiderme, a derme e o subcutâneo ou

hipoderme. Será realizada uma breve revisão sobre a estrutura da epiderme, já que esta é a

camada mais acometida no pênfigo foliáceo.

A epiderme é a camada mais externa da pele e é composta por várias camadas de

células, agrupadas segundo sua morfologia, forma, polaridade e estado de diferenciação dos

queratinócitos (MILLER et al, 2013).

As camadas da epiderme são divididas, da região mais interna para mais externa, em:

camada basal, camada espinhosa, camada granular e estrato córneo. A epiderme, em cães e

gatos, é fina, possuindo entre 2 a 3 camadas de células nucleadas, sem contar o extrato

córneo. A epiderme possui de 0,1 a 0,5 mm de espessura na maior parte da cobertura dérmica,

entretanto, existem regiões mais espessas como os coxins e o plano nasal, que podem chegar a

uma espessura de 1,5 mm (MILLER et al, 2013).

Existem 4 tipos celulares predominantes na epiderme. Os ceratinócitos, praticamente

as células constituintes da epiderme, perfazendo 85% do total de células desta camada da

pele; os melanócitos, células pigmentares sintetizadoras de tirosina; células de Langerhans,

grupo de células dendríticas com função imunológica local; e células de Merkel, localizadas

na camada basal, possuem tenofilamentos de ceratina e desmossomos, sua principal função é

sensorial (MILLER et al, 2013).

2.1.1 Camada Basal

É a camada mais próxima da derme. Essa região é composta por uma única linha de

células em forma de coluna ou cubo. A maior parte dessas células são ceratinóticos em

constante proliferação, empurrando as células mais velhas no sentido externo, substituindo as

células mortas da pele.

As células são mantidas ligadas por filamentos de queratina K5 e K14 através de

desmossomos, além disso, hemidesmossomos mantém a união entre a epiderme e a derme

(MILLER et al, 2013).

Os desmossomos são o principal componente de ligação na epiderme, é composto por

duas partes, uma delas na membrana de uma das células e a outra, na membrana da célula

vizinha (MILLER et al, 2013). Os componentes dos desmossomos são estruturados em duas

placas circulares de proteínas, as placoglobinas e as desmoplaquinas, uma em cada célula.

Das placas são emitidos filamentos de ligação constituídos por desmogleínas e desmocolinas,

formando assim um complexo adesivo entre as células (BREIKREUTZ et al, 2009;

SONNENBERG et al, 2007).

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Os hemidesmossomos tem por função manter a união entre a derme e a epiderme. São

complexos juncionais distribuídos ao longo da face interna dos ceratinócitos (PRIESTLEY,

1993). A união entre os ceratinócitos da epiderme e as células da derme é realizada por vários

componentes como as plaqueínas, antígeno penfigóide bolhoso tipo 1 e as plaquetinas. Além

dessas, fazem parte da estrutura moléculas do grupo das integrinas (LEIGH et al, 1994).

2.1.2 Camada Espinhosa

É a camada imediatamente acima da camada basal, composta pelas “células filhas”

desta última camada (SCHWARZ et al, 1979). A camada espinhosa é fina e composta,

geralmente, por duas linhas de células na maior parte da epiderme, mas torna-se muito mais

espessa em regiões de coxins e plano nasal, podendo chegar até 20 linhas de células

(MILLER et al, 2013).

A adesão entre as células da camada espinhosa é realizada por quatro componentes

aderentes: os desmossomos, hemidesmossomos, junções adesivas e adesões focais (SUTTER

et al, 1997).

2.1.3 Camada Granular

Essa camada tem presença variada na epiderme, normalmente contendo até duas linhas

de células, mas pode chegar até 8 linhas de células em regiões sem pelo ou no infundíbulo

piloso do pelo (PRIESTLEY, 1993).

As células dessa camada são achatadas e basofílicas, possuem um núcleo em forma de

estrela e vários grânulos de ceratohialina basofílica no citoplasma (MILLER et al, 2013). Essa

camada tem uma grande capacidade de filtrar os raios ultravioleta.

2.1.4 Extrato Córneo

A camada mais externa da epiderme é o extrato córneo. Nesta camada existem células

anucledas, achatadas e eosinofílicas denominadas corneócitos, essas são o ponto final da

queratinização, sendo constituídas por filamentos de ceratina, proteína matriz e membrana

plasmática reforçada com proteína com lipídeos de superfície associados (FREEDBERG et al,

2003). A principal função do extrato córneo é protetora, formando uma barreira biológica

(MILLER et al, 2013)

2.2 Terapia com corticóides

Os glicocorticóides sintéticos são também denominados anti-inflamatórios esteroidais,

já mencionando um dos seus principais efeitos farmacológicos, o controle do processo

inflamatório, local e sistêmico. Além desta utilização, os glicocorticóides são muito

empregados no controle da atuação do sistema imunológico, dado seu potencial

imunossupressor, sendo, portanto, utilizado em terapias de doenças autoimunes como o

pênfigo foliáceo.

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2.2.1 Classificação

Os glicocorticóides podem ser classificados de acordo com o período de duração de

seus efeitos em: rápido, intermediário e prolongado. Essa classificação assume como base a

hidrocortisona, glicocorticóide com características farmacológicas semelhantes aos

corticóides endógenos (JERICÓ & DE MARCO, 2010). A tabela 1 demonstra os principais

compostos glicocorticóides, sua potência e utilização em medicina veterinária.

TABELA 1 - Comparação dos principais glicocorticóides de utilidade farmacológica (tendo

como padrão a hidrocortisona)

Composto Afinidade por

receptor

glicocorticoide

Potência

glicocorticoide

Utilização farmacológica

Ação rápida

Hidrocortisona 1,0 1,0 Reposição emergencial de

corticoide / Controle de choque

anafilático

Cortisona 0,01 0,8 É convertida em hidrocortisona,

possui ação inativa até a conversão

Ação intermediária

Prednisolona 2,2 4,0 Terapias sistêmicas anti-

inflamatórias e imunossupressoras

crônicas.

Prednisona 0,05 4,0 Inativa até sua conversão em

prednisolona

Metilprednisolona 11,9 5,0 Ação anti-inflamatória e

imunossupressiva, quando em

forma de acetato promove

depósito em cães e gatos.

Triancinolona 1,9 5 Ação anti-inflamatório e

imunossupressiva. Relativamente

mais tóxica.

Ação prolongada

Dexametasona 7,1 30 Terapias anti-inflamatórias e

imunossupressivas agudas.

Indicada em testes de supressão

adrenal

Betametasona 5,4 30 Semelhante à dexametasona

2.2.2 Mecanismo de Ação

Os glicocorticóides interagem com a superfamília dos receptores nucleares. Esses

agentes farmacológicos conseguem atravessar a membrana celular livremente, graças a sua

característica lipossolúvel. No interior celular, a molécula se liga ao seu receptor no núcleo,

forma-se então um complexo funcional, com exposição de um domínio de ligação com o

ácido desoxirribonucleico (DNA). Este complexo (receptor-esteróide/DNA) interfere na

FONTE: JERICÓ & DE MARCO, 2010

modificado

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transcrição de RNA mensageiros, tanto estimulando quanto inibindo, interferindo portanto, na

produção de proteínas.

É conhecido que parte dos efeitos dos glicocorticóides é devido a uma atuação

inibitória com um ativador de transcrição de DNA. Este ativador, um heterodímero conhecido

como AP-1, está envolvido na indução de vários genes como: do ácido araquidônico e, por

consequência, da cicloxigenase; da colagenase; da interleucina 2 e dos receptores da

interleucina 2.

2.2.3 Importância do fígado na terapia com glicocorticóides

O fígado promove a inativação da maioria dos glicocorticóides, produzindo processos

de oxidação, redução, hidroxilação e conjugação. Vale ressaltar que no caso da prednisona,

fármaco muito utilizado no controle dos sinais clínicos do pênfigo, o fígado possui a

importante função de ativação farmacológica, portanto, é necessário a correta função hepática

para a terapia com prednisona.

O fígado contribui com 70 % da biotransformação dos corticóides, locais extra-

hepáticos, como os rins, também participam do processo de inativação desses compostos.

A principal via de excreção dos glicocorticóides é a via renal, entretanto, parte dessas

moléculas, após biotransformação, pode ser adicionada à bile e excretada pela via intestinal.

2.2.4 Efeitos imunossupressores

Os glicocorticóides são utilizados na terapia do pênfigo pelo seu efeito

imunomodulador. A imunidade celular é afetada pois os glicocorticóides interferem na

apresentação dos antígenos aos receptores de membrana dos monócitos fagocitários.

Doses farmacológicas de glicocorticóides promovem linfopenia nas espécies

domésticas. Essa linfopenia deve-se a redistribuição dos linfócitos, contidos no

compartimento intravascular, para os compartimentos extracelulares como linfonodos, baço,

medula óssea e ducto torácico. Linfocitólise ocorre apenas em células linfoides de linhagem

neoplásica. A redução dos linfócitos no compartimento intravascular promove uma

diminuição da atuação dessas células no processo imunológico e inflamatório.

A modulação imunológica dos glicocorticóides também ocorre de maneira indireta. As

células B sofrem um processo de ativação, promovendo sua proliferação em resposta a

produção de fatores de crescimento produzidos pelos linfócitos T, como a interleucina-4, os

glicocorticóides inibem acentuadamente a produção desses fatores.

2.2.5 O uso de glicocorticoides na terapia de doenças autoimunes

As doenças imunomediadas, como o pênfigo foleáceo, são relativamente comuns na

medicina veterinária. O uso de glicocorticóides, em muitas ocasiões, é necessário para o

controle dos sinais clínicos da doença de forma crônica.

As doses necessárias para obter a imunossupressão podem variar de 2,2 a 6,6

mg/Kg/dia por via oral de prednisona e prednisolona (JERICÓ & DE MARCO, 2010). A

terapia inicia-se com uma fase de indução, que pode durar de 7 a 10 dias, mas em muitos

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casos pode se estender até o momento da remissão dos sinais clínicos apresentados. Ao

estabilizar o quadro clínico passa-se a uma fase de manutenção, com o objetivo de reduzir a

dose dos glicocorticóides. Inicialmente, na fase de manutenção, utiliza-se a dose máxima de

2,2 mg/Kg cada 24 horas nos primeiros 7 a 10 dias, após tenta-se instituir a terapia em dias

alternados na menor dose efetiva possível.

2.2.6 Efeitos colaterais

A utilização dos glicocorticóides normalmente atinge o objetivo do controle dos sinais

clínicos do pênfigo foliáceo, mas o uso, em doses suprafisiológicos, desses fármacos promove

o aparecimento de efeitos colaterais importantes, em algumas ocasiões, trazendo efeitos que

dificultam a sobrevida do paciente.

Os efeitos colaterais podem compreender o aparecimento de infecções recorrentes

devido a ação imunossupressora, hemorragias ou perfurações gástricas, diabetes melito,

pancreatite, doenças renais, insuficiência adrenal iatrogênica e hiperadrenocorticismo

iatrogênico.

2.3 Terapia com azatioprina

É um agente imunomodulador comumente utilizado em associação aos

glicocorticóides no tratamento de doenças autoimunes. A azatioprina é um bloqueador da

síntese purina, substâncias constituintes do DNA. Esse fármaco, portanto, promove a

diminuição da produção de DNA, o que reflete em uma diminuição da transcrição de RNA.

Esse efeito é mais importante nos linfócitos T do que em linfócitos B, mas ocorre

interferência nas respostas imunológicas celulares e humorais. A azatioprina ainda, pode

diminuir o número de neutrófilos e monócitos circulantes (DAGLI & LUCAS, 2010).

Os efeitos colaterais mais frequentes podem envolver irritação gastrointestinal,

alterações hepáticas, depressão da medula óssea, maior suscetibilidade à infecções e maior

predisposição ao aparecimento de neoplasias.

2.4 Pênfigo Foliáceo

O Complexo Pênfigo é um grupo de doenças autoimunes raras descrita em cães e

gatos e que é comparada à doença em humanos. Dentre as doenças incluídas no Complexo

Pênfigo, estão pênfigo vulvar, pênfigo vegetante, pênfigo pustular pan-epidérmico, pênfigo

foliáceo, pênfigo eritematoso, pênfigo paraneoplásico, penfigóide bolhoso, sendo que em cães

e gatos são mais comuns cinco tipos de pênfigo dos citados acima. Apesar da similaridade,

existem diferenças significativas entre a doença de cães, gatos e humano (SCOTT et al,

2001).

Dentre as doenças do complexo pênfigo, o pênfigo foliáceo é a doença autoimune

mais comum nos cães (OLIVRY et al, 2009), tendo sido relatado pela primeira vez em 1977

(GOMEZ et al, 2004).

2.4.1 Etiopatogenia

O pênfigo é uma dermatose autoimune onde anticorpos são dirigidos a glicoproteínas

dos desmossomos, principalmente a desmogleína, uma glicoproteína do grupo das caderinas

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de moléculas de adesão, gerando a perda da adesão entre as células, processo conhecido como

acantólise, gerando ceratinócitos soltos, ou células acantolíticas (AOKI et al, 2005; SCOTT et

al, 2001). Desmossomos são estruturas complexas envolvidas na adesão intercelular e estão

presentes no epitélio e músculo cardíaco (OLIVRY et al, 2009).

Acreditava-se que o alvo dos autoanticorpos, assim como acontece no pênfigo foliáceo

humano, seria a desmogleína 1, mas estudos mostram que menos de 10% dos cães acometidos

foram positivos para autoanticorpo da desmogleina 1. Em um cão com autoanticorpos não

reativos a desmogleína 1, foi encontrado IgG ligando-se a uma região extracelular do

desmossomo do ceratinócito. A natureza dos antígenos alvos dos autoanticorpos permanece

desconhecida (OLIVRY et al, 2009).

Em 1986 comprovou-se que a desmogleína 1 é o autoantígeno do pênfigo foliáceo

clássico e endêmico nos humanos sendo esta desmogleína uma molécula calciodependente

responsável pela adesão e integridade celular (AOKI et al, 2005).

2.4.2 Sinais Clínicos

Em humanos, caracteriza-se por uma doença vesículo-bolhosa e eritematosa, enquanto

que em cães caracteriza-se por uma apresentação pustular (CRAIG, 2013; SCOTT et al,

2001). As lesões principais são pústulas superficiais (MEDLEAU, 2006) mas por serem

frágeis, rapidamente evoluem para sinais secundários como erosões, crostas e alopecia

(OLIVRY et al, 2009; CRAIG, 2013).

Há três forma de pênfigo foliáceo nos cães. A primeira é o pênfigo foliáceo canino

espontâneo, onde Akita e Chow Chow parecem ser mais predispostos e a doença desenvolve-

se sem histórico prévio de exposição a drogas ou doenças de pele. A segunda forma, pênfigo

foliáceo induzido por drogas, parece ser mais comum em Labrador e Doberman Pinscher. A

terceira forma ocorre em cães com histórico de doenças crônicas de pele (prurido ou alergia)

há 1 ou mais anos. Esses cães com pênfigo induzido por doença crônica de pele também

foram expostos a múltiplas drogas, podendo ser ocasionalmente cães com pênfigo induzido

por drogas (SCOTT et al, 2001).

Lesões muito recentes consistem de máculas eritematosas que rapidamente progridem

para a fase pustular e crostas (SCOTT et al, 2001). Sinais clínicos iniciam-se em face, plano

nasal, narina, periocular e pina (GOMEZ et al, 2004) e depois podem se generalizar. Os pés,

coxins e virilha são frequentemente afetados e raramente há lesões em cavidade oral, regiões

mucocutâneas ou mucosas, ou despigmentação em narinas (CRAIG, 2013). Hiperqueratose de

região plantar é comum e pode ser o único sinal em alguns cães (MEDLEAU, 2006).

Simultaneamente aos sinais dermatológicos, alguns cães poderão apresentar linfadenopatia,

febre, dor, prurido, anorexia, depressão (CRAIG, 2013).

O pênfigo foliáceo atinge normalmente animais adultos a idosos, entre 4 e 8 anos de

idade (GOMEZ et al, 2004), sendo 65% dos casos em cães com 5 anos ou menos (SCOTT et

al (2001). Não há predisposição sexual segundo CRAIG (2013) mas em estudo de GOMEZ et

al (2004), foi demonstrado que machos foram mais acometidos. Algumas raças são mais

predispostas, como Akita, Cocker Spaniel, Husky Siberiano, Chow Chow, Pastor Alemão e

Labrador (GOMEZ et al, 2004). Segundo SCOTT et al (2001) Akita, Chow Chow,

Dachshunds, Doberman Pinscher, Terranova também são raças predispostas.

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Grande parte dos casos são idiopáticos, mas já se sabe que pode ser decorrente do uso

de medicações, picada de inseto e doenças crônica da pele (CRAIG, 2013). Fatores

ambientais podem iniciar desenvolvimento de sinais clínicos em indivíduos predispostos

(OLIVRY et al, 2009). Em humanos, já foi observado que pacientes que apresentaram

pênfigo foliáceo endêmico eram mais expostos a picada de simulídeos, e que insetos

transmissores de Leishmaniose e Doenças de Chagas também podem aumentar as chances do

aparecimento da doença nos indivíduos predispostos ao pênfigo foliáceo, por um mimetismo

antigênico desencadeando uma resposta autoimune (AOKI et al, 2005). Estudos demonstram

que o uso de produtos tópicos antiparasiticidas podem levar ao aparecimento de lesões de pele

em cães semelhantes ao pênfigo foliáceo, tanto imunologicamente quanto histologicamente.

BISIKOVA et al (2014) demonstraram aparecimento de lesões semelhantes ao pênfigo

foliáceo em cães após o uso de produtos à base de Fipronil + Amitraz + S-metopreno e relata

que as lesões podem estar restritas ao local da aplicação (29% dos cães em seu estudo) ou em

regiões distantes ao local da aplicação (71%) e que em 33% dos cães foi necessária apenas 1

aplicação do produto para o início dos sinais clínicos. OBERKIRCHNER et al (2011)

relataram aparecimento de dermatose pustular acantolítica associada a utilização de

Metaflumizona + Amitraz (Promeris duo), que também foi semelhante ao pênfigo foliáceo

clinicamente, morfologicamente, imunologicamente, e também quanto aos resultados ao

tratamento. Neste estudo, a maioria dos cães apresentaram lesões distantes ao pontos de

aplicação do produto (aproximadamente 63%) e destes, a grande maioria apresentou sinais

sistêmicos (apatia, anorexia, dor, febre, claudicação) e necessitou de medicação

imunossupressora.

2.4.3 Diagnóstico

Devem ser realizados diagnósticos diferenciais para demodicose, piodermite

superficial, dermatofitose, lúpus eritematoso sistêmico, dermatose pustular subcorneana,

erupção medicamentosa, dermatomiosite, dermatose responsiva a zinco, linfoma

epiteliotrópico cutânea (MEDLEAU, 2006), pênfigo eritematoso, lúpus eritematoso discoide,

doenças seborreicas, leishmaniose (SCOTT et al, 2001).

O diagnóstico definitivo é feito baseando-se em histórico, sinais clínicos, associados a

histopatologia e citologia, imunoistoquimica e imunofluorescência (SCOTT et al, 2001).

Presença de pústulas em cabeça, pina e coxins podem ser indícios de que não se trata de

piodermite, além da baixa resposta a antibióticos e baixas doses de corticoide (CRAIG, 2013).

A citologia e imprint deverá ser realizado através de pústulas intactas ou crostas

recentemente formadas e poderá ser observado presença de neutrófilos, células acantolíticas e

eosinófilos (MEDLEAU, 2006). A pústulas são neutrofílicas, podendo ter presença de

eosinófilos, subcorneal, intragranular e subgranular (CRAIG, 2013). As pústulas são estéreis e

cultura bacteriana poderá ser positiva devido a bactérias contaminantes (MEDLEAU, 2006).

Em um estudo de VAUGHAN et al (2010), 63% dos cães tinham infiltrado eosinofílico em

pústulas/crostas, infundíbulo do folículo piloso ou na derme, mas não houve diferença

estatística no aspecto da lesão quando comparado a cães em infiltrado eosinofílico.

Segundo VAUGHAN et al (2010), cães com doenças concomitantes tem mais chance

de ter infiltrado eosinofílico, não sendo atribuído as medicações utilizadas previamente ao

diagnóstico do pênfigo.

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A histopatologia de preferência deverá incluir pústulas intactas e apresentará pústulas/

vesículas/ fendas subcorneanas contendo neutrófilos e células acantolíticas, com quantidade

variável de eosinófilos (MEDLEAU, 2006; SCOTT et al, 2001).

Há possibilidade de realização de imunoistoquimica e imunofluorescência, mas são

comuns resultados falsos positivos e falsos negativos (MEDLEAU, 2006).

2.4.4 Tratamento

O tratamento depende dos sinais clínicos apresentados. Casos localizados e brandos

poderão ser tratados com esteróides tópicos, enquanto que lesões mais extensas necessitam de

tratamento com prednisona oral. A dose de indução deverá ser mantida até a remissão dos

sinais, embora a alopecia e crostas podem ainda estar presentes. Após a indução, a dose é

reduzida até chegar a dias alternados (SCOTT et al, 2001).

O tratamento em cães inicialmente baseia-se no uso de prednisona ou prednisolona em

altas doses (2-6 mg/kg SID ou BID), tentando reduzir para 1 mg/kg em dias alternados ou a

menor dose que mantenha o paciente sem recidivas dos sinais clínicos. A azatioprina pode ser

usada em cães juntamente com o corticóide, na dose de 1,5-2,5 mg/kg para tentar reduzir a

dose de corticóide (CRAIG, 2013) ou em situações que não houve melhora clínica

significativa em 4 semanas de tratamento apenas com corticosteróide (MEDLEAU, 2006).

Clorambucil, ciclosporina e ciclofosfamida também poderá ser utilizado (MEDLEAU, 2006).

Segundo CRAIG (2013), ciclosporina parece ser ineficiente no tratamento do pênfigo.

GOMEZ et al (2004) indicam iniciar terapia com corticóide associado a azatioprina, com a

menor dose possível, para diminuir os efeitos colaterais. Segundo BISIKOVA et al (2015), o

tratamento pode ser realizado com corticóide (dose acima de 2 mg/Kg), corticóide +

azatioprina ou azatioprina + ciclosporina. A tabela 2 mostra as doses de indução e

manutenção das medicações imunossupressoras esteróides e não-esteróides.

TABELA 2 - TERAPIA COM GLICOCORTICOIDES PARA DOENÇAS DE PELE

AUTOIMUNE E IMUNOMEDIADAS

Fármaco Dose de indução Dose de manutenção

Prednisona 1-3 mg/Kg VO q 12-24

horas

0,5-2 mg/Kg VO q 48

horas

Prednisolona 1-3 mg/Kg VO q 12-24

horas

0,5-2 mg/Kg VO q 48

horas

Metilprednisolona 0,8-2,4 mg/Kg VO q 12-24

horas

0,4-0,8 mg/Kg VO q 48

horas

Triancinolona 0,1-0,3 mg/Kg VO q 12-24

horas

0,1-0,2 mg/KG VO q 48-

72 horas

Dexametasona 0,1-0,2 mg/Kg VO q 12-24

horas

0,05-0,1 mg/Kg VO q 48-

72 horas

Succinato sódico de

metilprednisolona terapia

de pulso

1 mg/Kg IV por um

período de 3-4 horas q 24

horas por 2-3 dias

consecutivos

Outro glicocorticoide em

dias alternados

Dexametasona terapia de

pulso

1 mg/Kg IV uma a duas

vezes com 24 horas de

intervalo entre as doses.

Outro glicocorticoide em

dias alternados

FONTE: MEDLEAU, 2006 MODIFICADO

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Tratamento com tetraciclina associada a niancinamida pode ser uma opção terapêutica

no tratamento de pênfigo foliáceo, já que a remissão dos sinais clínicos é comparada ao uso de

glicocorticóide com ou sem azatioprina, e apresenta menores efeitos colaterais. Entretanto, o

início dos efeitos pode ocorrer em 3 a 6 semanas, necessitando muitas vezes do uso de outros

agentes terapêuticos (glicocorticóides tópicos e sistêmicos) durante as primeiras semanas de

tratamento (EDGINTON et al, 2011).

BISIKOVA e colaboradores (2015) demonstraram que o uso de terapia em pulso com

corticóide fizeram com que 61% dos cães do estudo alcançassem remissão completa do

pênfigo foliáceo nas primeiras 12 semanas de tratamento, com menores efeitos colaterais.

Não houve diferença estatística na sobrevivência de cães que utilizaram prednisolona

com os que utilizaram prednisolona associado a azatioprina (GOMEZ et al, 2004). Não houve

diferença estatística entre os cães com e sem infiltrado eosinofílico na resposta ao tratamento

e no resultado final mas cães com infiltrado eosinofílico tem mais chance de ter reações

adversas ao tratamento imunossupressor (VAUGHAN et al, 2010).

Cães com pênfigo foliáceo, induzidos por drogas podem ter remissão da doença

utilizando por pouco tempo corticoide, sem recidiva após desmame (GOMEZ et al, 2004).

É reportado que crianças tem melhor resposta ao tratamento e maior tempo de vida

quando comparado a adultos com pênfigo, mas isso não é observado em cães jovens quando

comparados a cães adultos (GOMEZ et al, 2004).

Segundo GOMEZ e colaboradores (2004), quanto maior o tempo de tratamento e

maior o aparecimento de efeitos adversos, menor o tempo de sobrevivência dos cães e em seu

estudo, a maioria dos cães morreram nos primeiros 10 meses de tratamento.

Utilização de xampus antissépticos (a base de clorexidine ou peróxido de benzoíla) e

antibióticos sistêmicos para controle de piodermite secundária até o controle do pênfigo é

importante (MEDLEAU, 2006). Segundo GOMEZ e colaboradores (2004), a adição de

antibióticos no início do tratamento imunossupressor teve significância na taxa de

sobrevivência.

Os efeitos adversos, devido ao uso crônico de corticóide, muitas vezes em altas doses,

incluem poliúria, polidipsia, pancreatite, ganho de peso, perde de massa muscular, aumento da

ALT, infecções recorrente de pele e bexigas e em menor frequência, insuficiência hepática,

diabetes melito, calcinose cutânea, demodicose, coagulação intravascular disseminada,

convulsões. Muitos desses sinais levam ao proprietário por optar por eutanásia ou os levam a

descontinuar o tratamento de seus cães (GOMEZ et al, 2004).

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3 RELATO DE CASO

No dia 31/07/15 foi atendida em uma clínica veterinária particular na região de

Curitiba um cão do sexo feminino, aproximadamente 3 anos de idade, mestiça de Doberman

Pinscher, pesando 35,7 kg, não castrada. Seus proprietários relatam lesões crostosas pelo

corpo, especialmente em face, muito dolorido e levemente pruriginosa de evolução de 6

meses. Relatam que paciente já havia passado por consulta em outro estabelecimento

veterinário e foi diagnosticado, segundo os proprietários, uma doença dermatológica que

necessitaria de glicocorticóides para seu controle, mas não foi realizado nenhum exame na

época ou dito o nome da doença a eles. Na época, foi prescrito à paciente Deflazacorte que

estava sendo administrado à paciente desde então. Segundo os proprietários, as lesões

regrediram parcialmente mas se tentavam retirar a medicação, as lesões pioravam em questão

de dias. O exame físico demonstrou lesões crostosas em plano nasal, presença de

despigmentação em narina, crostas em pavilhão auricular, cabeça, periocular, membros. Havia

presença de vesículas e pústulas perioculares, pescoço, dispersas em várias regiões do corpo,

perivulvar. Paciente apresentava piodermite, descamação por todo corpo e segundo a

proprietária o prurido era leve e mais acentuado em região de narina e já relata poliúria,

polidipsia e polifagia. Paciente com febre (40°C) no momento do exame físico, linfonodos

não reativos, ausculta cardiorrespiratória sem alterações, mucosa normocorada, paciente

obesa. Foi realizado raspado de pele, negativo para ácaros mas não realizou-se citologia das

pústulas. Realizado exame de sangue, que demonstrou alterações apenas em ALT (430UI/L) e

Fosfatase Alcalina (1234 UI/L). Indicado suspender as medicações, sendo mantida apenas a

dipirona (25mg/kg TID) para controle da febre e indicado histopatologia da lesão 3 dias

depois, pois seria necessário sedação com paciente em jejum.

No dia 03/08/15 as lesões já haviam progredido bastante, paciente estava pesando 36

kg e foi realizado sedação com propofol para coleta de amostra de pele para histopatologia,

sendo coletado amostra de plano nasal, cabeça, orelha, abdome, sempre que possível sendo

coletado pústulas intactas, totalizando 5 fragmentos. Neste mesmo dia, foi realizado

ultrassonografia abdominal, que não demonstrou alterações, apenas leve reatividade hepática

mas sem alteração em tamanho/ volume do órgão. Foi prescrito cefalexina 30 mg/kg BID,

dipirona 25mg/kg TID, omeprazol 2 mg/kg SID, shampoo à base de clorexidene, pomada

cicatrizante na região dos pontos da biópsia, recomendação de uso de colar elisabetano. Não

foi prescrito glicocorticóide até resultado da histopatologia.

No dia 06/08/15 foi recebido o resultado da histopatologia que concluiu Dermatite de

interface liquenóide e intra-epidermal pustular subcorneal com acantólise, bastante

compatível com pênfigo foleáceo. Havia presença de neutrófilos e eosinófilos e formação de

coleções subcorneais e de crostas queratoleucocitárias nas quais se observam queratinócitos

acantolíticos.

Paciente retornou dia 07/08/15 e foi entregue aos proprietários o laudo da

histopatologia. As lesões neste retorno estavam bem mais extensas, e paciente não podia

permanecer sem colar elisabetano, pois demonstrava muito incômodo com lesões em face, e

proprietária manteve o uso da dipirona pois sem a medicação paciente ficava mais apática. Foi

prescrito prednisolona 2 mg/kg BID e azatioprina 2 mg/kg SID, ambas manipuladas devido ao

peso da paciente. Foram mantidos a cefalexina, omeprazol, dipirona e banhos antissépticos.

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No dia 12/08/15 paciente retornou para retirada dos pontos da biópsia e proprietários

não haviam iniciado as medicações imunossupressoras ainda, pois demoraram a pedir a

manipulação das drogas.

Paciente retornou apenas no dia 01/09/15, pois havia tido piora clínica segundo

proprietários e foi constatado que os mesmos pararam de forma abrupta a prednisolona

manipulada, pois havia acabado e não tinham entendido que seu uso era continuo, mesmo

estando esta informação presente na prescrição médica. Paciente estava apenas com

azatioprina. Proprietários suspenderam também o antibiótico sem consentimento da médica

veterinária. Lesões haviam regredido parcialmente, mas com a suspensão da prednisolona, as

lesões retornaram, assim como a febre. Foi realizado exame de sangue, que demonstrou

aumento da ALT (719 UI/L) e Fosfatase Alcalina (> 2000 UI/L) em relação ao exame anterior

e o leucograma apresentou linfócitos no limite inferior da normalidade. Solicitado ao

proprietário o retorno das medicações como prescritas já que os sinais clínicos haviam

piorado.

No dia 21/09/15 paciente retornou, sem febre, feridas bem cicatrizadas, apenas com

descamação no local onde haviam crostas, sem piodermite nem prurido nas lesões, já podia

ser mantida sem colar elisabetano. Ainda apresentava-se com poliúria, polidipsia, polifagia,

levemente ofegante. Mantido as doses das medicações imunossupressoras e suspenso

antibiótico, recomendado banhos com xampus hidratantes e hidratantes tópicos na pele, pois

havia muita descamação.

Solicitou-se retorno da paciente em 20 dias com expectativa de iniciar a redução da

dose dos imunossupressores mas paciente retornou apenas no dia 15/10/15, com alterações

clínicas como apatia, respiração ofegante, perda de apetite e hipertensão, outras avaliações

físicas estavam dentro de valores de referência. Exame de sangue demonstrou intensa

leucocitose com neutrofilia e monocitose, aumento da ALT (1214 UI/L), AST aumentada

(279 UI/L), Fosfatase Alcalina aumentada (>2000 UI/L), Glicemia 161 mg/dl, Bilirrubina

aumentada (3,5 mg/dl), Uréia baixa (6mg/dl), Creatinina baixa (0,2 mg/dl). O ultrassom

abdominal demonstrou fígado severamente aumentado de tamanho (alcançando região

mesogástrica) e ecogenicidade aumentada e demais órgãos dentro do padrão de normalidade.

Paciente foi internada com suspeita de insuficiência hepática podendo evoluir para

encefalopatia hepática. Foi realizado sondagem nasogástrica para alimentação e durante o

internamento passou a apresentar taquipnéia, taquicardia, padrão respiratório abdominal e

demais parâmetros dentro da normalidade. No dia 16/10/15 foi realizado hemogasometria,

que demonstrou pH dentro da normalidade, hipercalemia, e apresentou diminuição de

bicarbonato. Durante o internamento do dia 17/10/15 paciente estava muito apática, não se

levantava, foi necessário colocação de sonda nasal para oxigenioterapia e manteve-se na

alimentação via sonda nasogástrica. Demais parâmetros apresentava-se dentro da

normalidade. Paciente também apresentava níveis elevados nos valores de Lactato (7,87

mmol/L) e Bilirrubina (3,7 mg/dl) e Albumina no limite inferior (2,3 g/dl). Proprietários já

estavam cogitando a possibilidade de eutanásia pois não queriam suspender as medicações

imunossupressoras, mesmo sabendo que paciente estava com graves efeitos colaterais.

No dia 18/10/15 paciente veio à óbito.

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4 DISCUSSÃO

O caso relatado envolve uma paciente mestiça Doberman pinscher, corroborando com

SCOTT e colaboradores (2001). Além disso, a idade da paciente é condizente com o relatado

por GOMEZ e colaboradores (2004) e SCOTT e colaboradores (2001). Foi iniciado o

tratamento com Deflazacorte, prescrito em outro estabelecimento veterinário, mas apesar da

remissão das lesões, vale ressaltar que esta molécula de corticóide não faz parte dos

tratamentos clássicos em casos de doenças auto-imunes, dando-se preferência, para

prednisona ou prednisolona associada ou não a azatioprina (CRAIG, 2013). Além disso, o

tratamento foi iniciado sem uma confirmação histológica, apenas pelo exame dermatológico

(inspeção). É importante considerar os diagnósticos diferenciais para doenças crostosas e

pustulares nas regiões afetadas, como demodicose, dermatofitose, leishmaniose, lúpus

eritematoso sistêmico e discóide, piodermites superficial, doenças seborréicas (MEDLEAU,

2006; SCOTT et al, 2001), sendo que doenças auto-imunes são raras.

Este caso demonstra um grande problema dentro da dermatologia veterinária. Muitos

clínicos sabem que diversas lesões dermatológicas respondem bem à terapia com

glicocorticóides e, portanto, muitas vezes, a terapia é prescrita antes da realização de exames

diagnósticos. Além disso, não é repassado aos responsáveis os riscos inerentes ao uso

contínuo dos glicocorticóides nem são recomendados exames de acompanhamento.

A paciente apresentou localização e aspecto de lesões características da doença, como

descrito por GOMEZ e colaboradores (2004). Entretanto, a paciente apresentou

despigmentação nasal, lesão raramente observado (CRAIG, 2003). Além das lesões

dermatológicas, paciente no momento da primeira consulta, já apresentava sinais de poliúria,

polidipsia, poliúria e obesidade, o que pode ser decorrente do uso crônico de corticóide, já que

estava sendo tratada com Deflazacorte há 6 meses. Também apresentava hipertermia e dor nas

lesões, sinais comuns em casos de envolvimento sistêmico do pênfigo (CRAIG, 2003). A

avaliação bioquímica do sangue demonstrou alterações em enzimas hepáticas, também

ocasionado, possivelmente, pelo uso crônico de corticóides.

Foi prescrito antibióticos sistêmicos e banhos antissépticos para controle da infecção

bacteriana secundária, até resolução das lesões. Segundo GOMEZ e colaboradores (2004), a

adição de antibióticos no início do tratamento imunossupressor teve significância na taxa de

sobrevivência.

O resultado histopatológico demonstrou alterações compatíveis com pênfigo foliáceo

(MEDLEAU, 2006) e neste caso houve infiltrado eosinofílico (VAUGHAN et al, 2010).

Confirmado o diagnóstico de pênfigo foliáceo através do exame histopatológico, fez-

se necessário o tratamento imunossupressor com uso de glicocorticóides associado a

azatioprina. A escolha por esta associação foi realizada com o objetivo de, no futuro, diminuir

a dose de glicocorticóide o máximo possível, contando com a manutenção da remissão pela

azatioprina. Esta estratégia tem como base terapêutica manter a imunossupressão necessária

para a manutenção da paciente com o mínimo de efeitos colaterais sistêmicos possíveis, como

descrito por BISIKOVA e colaboradores (2015). Além disso, o uso da azatioprina é

recomendado neste caso, pois a paciente não apresentou remissão completa em 4 semanas

apenas com o uso de corticóide, como citado por MEDLEAU (2006).

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Optou-se pela utilização de prednisolona (fármaco ativo) ao invés da prednisona (um

pró-fármaco que necessita de metabolização hepática para ser ativado), pelo fato da paciente

já apresentar alterações em enzimas hepáticas e reatividade hepática no ultrassom.

Todo tratamento crônico é dependente do responsável pelo animal. Neste caso houve

descontinuidade do tratamento com glicocorticóide, sem consentimento do clínico

responsável, por um período de uma semana, o que foi suficiente para o retorno das lesões.

Além disso, vale ressaltar que a suspensão abrupta do uso de glicocorticóides pode gerar

consequências severas, como hipoadrenocorticismo iatrogênico. A importância da realização

da medicação segundo a indicação foi reenfatizada para os responsáveis pelo paciente durante

o retorno.

Como a paciente permaneceu um período de uma semana apenas com azatioprina, mas

não manteve a remissão dos sinais, foi necessário a reintrodução da terapia com

glicocorticóide sistêmico, apesar do aumento de extravasamento de enzimas hepáticos

avaliado em novos exames.

No retorno deste segundo início de tratamento, a paciente apresentou melhora clínica

em relação as lesões penfigóides, ou seja, remissão num período inferior a quatro semanas de

tratamento, pode-se, portanto, dizer que o tratamento foi eficaz (MEDLEAU, 2006). Os sinais

sistêmicos, no entanto, permaneciam excetuando-se a dor e a febre.

A paciente evolui mal sistemicamente, iniciando sinais clínicos que ainda não haviam

sido observados no caso. Em nova avaliação hematológica, a paciente apresentou alterações

condizentes com a utilização crônica de glicocorticóides (GOMEZ et al, 2004). Além disso, a

paciente demonstrou aumento de extravasamento de enzimas hepáticas associada à

diminuição sérica de uréia e creatinina, podendo indicar insuficiência hepática. Em avaliação

ultrassonográfica, foi possível observar um grande aumento do volume hepático, podendo ser

esta a causa da dispnéia apresentada pela paciente, a hepatomegalia deslocando o diafragma

no sentido cranial, limitando a expansão torácica e obrigando o paciente a compensar

expansão com frequência.

A sequência do internamento foi realizada com tratamento e manobras de manutenção

da homeostase da paciente. Foi realizado exame de hemogasometria, que apesar de

demonstrar pH normal, indicava diminuição de bases (base excess) e de bicarbonato, portanto,

a taquipnéia pode ser compensatória a este fato (RABELO & RIBEIRO, 2012).

Os níveis aumentados de lactato indicam hipoperfusão periférica (RABELO &

RIBEIRO, 2012) e podem ser explicados por dois fatores neste paciente. O primeiro é a

dispnéia em si. No exame de hemogasometria constatou-se que a paciente apresentava uma

saturação de oxigênio de 90% (referência 95% segundo HASKINS, 2015), ou seja, não havia

uma quantidade de oxigênio normal sendo transportado pelo sangue. O segundo fator que

deve ser considerado, é a compressão das estruturas abdominais causada pela hepatomegalia,

incluindo a compressão da veia cava abdominal e aorta caudal. Esse último fato, além de

dificultar a perfusão tecidual, promove um acúmulo de líquido na região cranial do paciente,

podendo aumentar valores de pressão arterial sistêmica.

A paciente veio a óbito naturalmente com a piora do quadro no internamento, apesar

do tratamento realizado. Os responsáveis já cogitavam a realização de eutanásia, pois havia a

necessidade da descontinuidade do tratamento com os glicocorticóides, o que poderia

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propiciar o reaparecimento das lesões de pele e, consequentemente, do desconforto da

paciente. Este caso clínico se assemelha ao desfecho descrito por GOMEZ e colaboradores

(2004), tanto em tempo de sobrevida após o tratamento, sendo que este paciente já foi

atendido com 6 meses de tratamento prévio, quanto pelo fato de que as complicações

decorrentes do tratamento com glicocorticóides poderem gerar dificuldade à vida, à ponto de

levarem os responsáveis a requisitar a eutanásia.

O tratamento de doenças crônicas em medicina veterinária é complexo, dispendioso e,

em algumas situações, pode ser frustrante. O clínico é dependente dos responsáveis no

tratamento, já que o uso correto das medicações melhora a sobrevida e diminui a incidência

de efeitos colaterais. No caso específico do pênfigo é citado que muitos pacientes não tem um

período prolongado de sobrevida ou apresentam efeitos colaterais ao tratamento severos,

diminuindo a qualidade de vida (GOMEZ et al, 2004). É importante conscientizar os

responsáveis sobre o tratamento no momento do diagnóstico, ressaltando a dose a ser

utilizada, o período de tratamento, a importância do comparecimento nos retornos marcados e

a atenção ao início de sinais clínicos durante o tratamento.

A terapia com corticóides ainda é a principal arma no tratamento do pênfigo (MILLER

et al, 2013), mas também é um grande limitador na sobrevida dos pacientes devido a

frequente incidência de efeitos colaterais.

Deve-se tomar cuidado ao utilizar novas moléculas de glicocorticóides,

principalmente, pela falta de pesquisa na eficiência das moléculas no tratamento do pênfigo e

da gravidade de possíveis efeitos colaterais descritos ou não descritos.

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5 CONCLUSÃO

As doenças auto-imunes são raras na clínica de pequenos animais sendo essencial a

realização de diagnósticos diferenciais para as doenças pustulares, crostosas e descamativas

nessas espécies. Raspado de pele, histopatologia e citologia são úteis nessa investigação e não

se recomenda iniciar um tratamento apenas pela inspeção médica e localização das lesões. A

maioria dos casos de pênfigo foliáceo tem uma evolução desfavorável, não só pela doença em

si mas também pelos efeitos colaterais das medicações utilizadas. Desta forma, é importante

que haja um acompanhamento clínico dos pacientes e que seja introduzido um tratamento de

manutenção com as menores doses possíveis que se mantenha o quadro em remissão ou

realização de associações de imunossupressores. Deve-se deixar claro aos proprietários os

riscos inerentes ao tratamento e a importância de realiza-lo conforme a recomendação do

médico veterinário, sem alterações ou suspensões das medicações.

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Page 26: PÊNFIGO FOLIÁCEO EM CÃO: RELATO E ESTUDO DE CASO · Gabriela Silva Cesca Pênfigo foliáceo em cão: Relato e estudo de caso Curitiba/PR 2016 Monografia apresentada como requisito

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