PERCURSOS DA EDUCAO PR-ESCOLAR EM PORTUGAL: RECUPERAR A MEMRIA
Teresa Vasconcelos Encontro Educao Pr-Escolar 10 Janeiro 2015
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uma histria que tal como o destino da criana e da sua educao
h-de mediar entre o privado e o pblico; uma histria escrita em
sintonia com a histria da famlia, com a histria da mulher; uma
histria entre a famlia e a escola, uma histria que oscila entre a
proteo e a afectividade, a um lado, e a racionalidade cientfica e
tcnica a outro; uma histria entre a intuio, um saber-fazer a um
lado e uma normatividade terico-prxica a outro; uma histria adiada
e marcada por adiamentos, mas tambm uma histria fecundada pelo
fabuloso, pelo utpico, pelo sonho. (Justino de Magalhes 1997,
pg.115).
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PAPEL ESTRATGICO DA EDUCAO DE INFNCIA educao de infncia como a
primeira etapa da educao bsica: um servio pblico concebida e
encarada em estreita ligao com o 1 ciclo do ensino bsico realizada
num contexto de aprendizagem ao longo da vida. abrange as crianas
dos 0 aos 6 anos interface com as polticas sociais, ligada s
famlias e criao de redes de suporte s mesmas e ao desenvolvimento
local -, educao de adultos, ao combate excluso social, qualificao
da populao ativa, enfim, garantia de coeso social.
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EDUCADORAS/ES DE INFNCIA Encaramos ainda o trabalho dos
profissionais da infncia no contexto portugus temos mantido a
terminologia educadoras/es de infncia para demarcar o seu trabalho
de uma escolarizao precoce das crianas -, no apenas como uma ao
sobre e com as crianas, mas como uma ao sobre e com os
adultos.
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ORIGENS.... Os servios de proteo infncia tm uma longa histria
em Portugal. Foram prioritariamente orientados pelos princpios da
caridade crist podendo, segundo alguns autores (Ferreira Gomes,
1977; Bairro e Vasconcelos, 1997), remontar aos sculos XV e XVI com
a criao das Misericrdias que, entre outros servios sociais,
protegiam as crianas pequenas, os rfos, os enfermos e os presos . A
componente assistencial, com larga tradio no desenvolvimento deste
nvel educativo (0 aos 6), esteve sistematicamente associada ao
combate pobreza e prevalece ainda hoje, com uma especial incidncia
numa parte das Instituies Privadas de Solidariedade Social (IPSS),
financiadas pelas polticas sociais dos diferentes governos. Em1889,
durante a monarquia liberal, criado o primeiro jardim de infncia,
enquanto estrutura claramente orientada para a educao das crianas
dos 3 aos 6 anos de idade.
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REVISITANDO TERMINOLOGIAS... medida que formos fazendo uma
breve resenha histrica, detendo-nos especificamente nas polticas do
ps-25 de Abril de 1974, debruar-nos-emos sobre as diferentes
terminologias utilizadas para nomear e descrever os servios pblicos
destinados educao e proteo da a infncia. Estas diferentes e por
vezes opostas terminologias indicam alguma intencionalidade na
concepo subjacente orientao destes servios e aos seus objetivos,
permitindo entender a razo porque hoje preferimos utilizar o termo
amplo de educao de infncia.
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ASILOS DE EDUCAO Na Monarquia, as primeiras instituies
destinadas a crianas at aos 6 anos eram de iniciativa privada e
tinham preocupaes de carcter asilar, circunscrevendo-se s grandes
cidades, sendo destinadas a crianas de classes sociais mais
vulnerveis. No reinado de D. Pedro IV constituiu-se a Sociedade das
Casas de Asilo da Infncia Desvalida "destinadas a crianas de ambos
os sexos". Em plena monarquia liberal, a Carta de Lei n 1106 de
1880 indicava que as assembleias gerais distritais e os municpios
deviam promover a criao de asilos de educao como auxiliares da
escola primria para acolher crianas dos 3 aos 6 anos. A preocupao
com o desempenho das crianas na escola elementar conduz finalidade,
para os referidos asilos, de oferecer planos educativos
estruturados e consequentes (Magalhes 1997, p. 21) dando origem a
uma meta-escolarizao da educao de infncia que tendeu para a reduo
da ao educacional a uma propedutica escolar (ibid.).
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JARDINS E JARDINEIRAS Inaugurao, em 1882, no Jardim da Estrela
em Lisboa, do primeiro Jardim de Infncia Froebel, por iniciativa
governamental e a pedido de um grupo de intelectuais em contacto
com as mais recentes correntes pedaggicas na Europa. Interesse que
uma burguesia ascendente comea a ter pela componente educativa dos
servios de atendimento criana, garantindo uma formao humana e,
simultaneamente, uma igualizao dos grupos sociais. Com a estrutura
de um chalet suo, acolhia 200 crianas e as jardineiras de infncia
assim eram chamadas as educadoras - eram senhoras de boas famlias
que haviam feito uma formao na Sua. O livro que servia de guia s
jardineiras era a obra de J. F. Jacobs, Manuel Pratique des Jardins
denfants de Frdric Froebel, editado em Bruxelas.
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JARDINS-ESCOLA Tambm em 1882 criada a Associao das Escolas
Mveis pelo Mtodo Joo de Deus, uma iniciativa de carcter privado -
num tempo em que cerca de e as polticas pblicas se orientavam numa
perspectiva assistencial . A Cartilha Maternal de Joo de Deus
(1876) exemplo de uma metodologia de iniciao leitura que,
"enraizando-se na cultura popular" (Magalhes 1997, p. 130) procura
alfabetizar, no apenas as crianas, mas tambm a populao adulta
atravs das escolas mveis (1882). 75% da populao portuguesa era ento
analfabeta O mtodo Joo de Deus, constituindo-se como um plano de 25
lies para a alfabetizao das crianas, era um documento orientado
para a vertente leitura, escrita e contas. A referida Associao
tinha, entre os seus objetivos: instituir escolas maternais ou
jardins-escola para crianas dos 3 aos 7 anos, onde seja aplicado,
em toda a sua plenitude, o esprito e doutrina da obra educativa de
Joo de Deus, modelando assim um tipo portugus de escola infantil
(Gomes 1977, p. 51).
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ESCOLAS PARA A EDUCAO E ENSINO DAS CLASSES INFANTIS O pedagogo
Jos Augusto Coelho publica em 1893 o projeto para uma escola
infantil, um programa para as crianas dos 4 aos 8 anos, cujas
linhas de orientao se aproximam das ideias de Froebel e Montessori,
tendo como objectivo desenvolver a dimenso social da criana ao nvel
fsico, intelectual e tecnolgico para que esta se desprenda do meio
simples e individualista da famlia para realizar, no seio dos seus
companheiros, a dimenso social (Cardona 1997, p. 29-30).
Apresenta-se organizado segundo as reas de desenvolvimento
psicomotor, emocional, intelectual, social, esttico. O princpio
orientador visava suprir as condies educativas do meio domstico;
favorecer o desenvolvimento fsico das crianas; incutir-lhes todos
os bons hbitos e sentimentos em que seja possvel educ-las (ibid.).
O Decreto- Lei de 22 de dezembro de 1894 estabelece: Nas cidades de
Lisboa e Porto e em outras povoaes importantes podem ser
estabelecidas escolas para a educao e ensino das classes infantis
(Gomes 1977, pp. 48-49)
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ESCOLAS INFANTIS Reforma do ensino de 1894 - institudas as
escolas infantis: As escolas infantis recebem crianas dos 3 aos 6
anos e so destinadas a ministrar- lhes o ensino compatvel com a
idade, sendo a parte principal do tempo ocupado em recreaes (...)
(artigo 88). O programa das escolas infantis compreende: Cuidados
com o asseio, a sade e tudo o que respeite ao bem-estar da criana
na escola; Exerccios de linguagem, lies sobre objetos, contas e
narraes apropriadas inteligncia das crianas e que sirvam, quando
possvel, sua educao intelectual e moral; Exerccios de canto, jogos,
brinquedos, entretenimentos instrutivos ou simplesmente de recreio,
exerccios fsicos aconselhados pela higiene e que satisfaam as
necessidades de movimento das crianas (artigo 89) (Regulamento do
D-L de 22 de Dezembro de 1894, in:Vilarinho, 2000: 90)
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1891 :Decreto-Lei de 14 de Abril de 1891, artigo 21: legislao
de cariz assistencial ou, como diramos hoje, destinada prestao de
cuidados para crianas da classe trabalhadora. Obrigatoriedade das
fbricas com mais de 50 trabalhadores do sexo feminino possurem uma
creche com os necessrios requisitos higinicos para os filhos dos
respectivos operrios.
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REGULAMENTO DAS ESCOLAS INFANTIS Em 1896 elaborado o
Regulamento das Escolas Infantis (Dirio do Governo, n 141 de 27 de
Junho de 1896) como forma de responder s carncias sociais das
crianas. Este programa, com clara influncia das concepes pedaggicas
dos mais reconhecidos pedagogos europeus (Froebel e,
posteriormente, Montessori, Dcroly, e outros) pretendia, mais do
que a instruo num sentido restrito, o desenvolvimento natural das
crianas Cada escola tinha apenas funcionrios do sexo feminino: uma
professora habilitada com o curso de formao de professores para o
ensino primrio e duas monitoras para grupos de 20 crianas.
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A ESCOLA INFANTIL E O IDERIO REPUBLICANO O perodo da 1.
Repblica (1910-1931) corresponde a uma nova forma de conceber a
educao infantil, pois ela no apenas vista como um modelo de
preparao para a escolaridade formal, como no perodo anterior, mas
vista como uma forma de atendimento infncia tendo em ateno as
caractersticas prprias ao seu desenvolvimento. Fortemente
influenciado por Froebel e Montessori, o programa de 1911 continua
a assenta na realizao de exerccios de educao sensorial, aquisio de
hbitos de higiene e mtodos de trabalho norteados em harmonia com a
idade das crianas, a diversidade do seu temperamento, robustez,
precocidade ou atraso, tendo em vista o desenvolvimento integral,
fsico, moral e intelectual das crianas. O programa tem como
objectivo proporcionar um comeo de hbitos e disposies, nos quais se
possa apoiar o ensino regular da escola primria (Cardona 1997, p.
36).
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A ESCOLA INFANTIL E O IDERIO REPUBLICANO (CONT.) Objectivos da
educao infantil na I Repblica :desenvolvimento harmnico de todas as
faculdades fsicas, morais e intelectuais, dando s crianas ideias
teis, justas, exatas, de tudo o que, sem constrangimento, elas
possam compreender, conservar como auxiliar e preparatrio para
entrar na escola primria (artigo 1 g)), Permanece uma preocupao com
o desenvolvimento dos sentimentos morais subjacentes ao iderio
republicano e laico: o sentimento da solidariedade social, o
sentimento da disciplina e da ordem, da justia, da prpria dignidade
em geral, o sentimento do dever e a conscincia do direito (artigo 1
e.).
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CLASSES PREPARATRIAS E SECES INFANTIS Na sua passagem pelo
Ministrio da Instruo Pblica (1919), o filsofo Leonardo Coimbra
decreta que enquanto no existirem escolas infantis em nmero
suficiente haver, junto das escolas do ensino primrio geral,
classes preparatrias daquele ensino destinadas exclusivamente a
crianas de 6 a 7 anos (Gomes 1977, p. 76). Em 1926 abriram seces
infantis em escolas pblicas do Porto (Praa da Alegria e Passeio
Alegre) H que salientar o trabalho notvel desenvolvido por Irene
Lisboa (1892-1958) que, conjuntamente com a sua colega e
colaboradora Ilda Moreira, criou as seces infantis/classes
preparatrias oficiais da Tapada da Ajuda (1926) . Alm de ser
reconhecida hoje com uma das primeiras pedagogas portuguesas, Irene
Lisboa foi escritora, membro do Movimento da Seara Nova, mulher de
cultura, reconhecida autora de livros infantis. Introduziu as
ideias e prticas do Movimento da Escola Nova na educao portuguesa,
e inscrevia-se no melhor da cultura portuguesa de ento (Bairro e
Vasconcelos 1997, p. 10) Elaborou um programa para as escolas
infantis oficiais, Bases de Orientao para um Programa de Escola
Infantil, que ela apelidou de A Escola Atraente. Introduziu
mobilirio e equipamentos adequados idade das crianas e ao seu
contexto cultural, com uma adaptao s escolas infantis do
tradicional mobilirio alentejano pintado mo.
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ESTADO NOVO E BLOQUEIO S POLTICAS PBLICAS O perodo do Estado
Novo (1926-1974) foi fortemente marcado pelo retrocesso a nvel da
Educao de Infncia. Numa poltica baseada na ideologia da maternidade
e de regresso das mulheres ao espao privado domstico, em 1936 a
educao de infncia fica confinada Obra das Mes pela Educao Nacional,
sendo esta Obra a principal responsvel pela educao infantil e
pr-escolar, em complemento da ao familiar, e tendo como finalidade
orientar as mes atravs dos ideais de famlia proclamados pelo regime
ditatorial. O Ministro Carneiro Pacheco (Decreto-Lei n 28 081, de 9
de outubro de 193)7, extingue o ensino infantil oficial com o
argumento de que este tinha uma expresso diminuta (1% das crianas
portuguesas) ao tempo cerca de 50 escolas infantis oficiais. O
Decreto-Lei n 24402 de 24 de agosto de 1934 termina com a
obrigatoriedade de as fbricas criarem creches para os filhos das
mulheres trabalhadoras . As propostas de ensino infantil so
entregues iniciativa privada ou, eventualmente, a um tipo de
atendimento com carcter exclusivamente assistencial.
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CLASSES INFANTIS E CLASSES PR-PRIMRIAS Os estabelecimentos de
ensino particular colgios - incluam classes pr-primrias destinadas
sobretudo s crianas de 5 anos, no ano anterior sua entrada na
escolaridade obrigatria e/ou classes infantis destinadas s crianas
a partir dos 3 anos de idade. Cerca dos anos 50 as Escolas Privadas
de Formao de profissionais para a Infncia formavam educadoras
infantis ou, no caso da Associao dos Jardins-Escola Joo de Deus,
jardineiras de infncia. At ao 25 de Abril de 1974 a profisso era
interdita aos homens.
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CENTROS DE BEM-ESTAR INFANTIL No final dos anos 60 o Ministrio
da Sade e Assistncia apoia financeiramente os Centros de Bem-Estar
Infantil. A ento Direo-Geral da Assistncia, atravs do Instituto da
Famlia e Ao Social (Decreto-Lei n 413/71 de 27 de setembro) apoiava
pedagogicamente estes Centros mediante aes de formao. Em 1973,
financiados pelo Ministrio da Sade e Assistncia, haviam 430 centros
de bem-estar infantil que asseguravam assistncia a cerca de 30.000
crianas (Gomes 1977).
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ENSINO PR-ESCOLAR PBLICO Os anos 70 trazem novas preocupaes ao
sistema educativo. Em 1971, o Ministro Veiga Simo publica o Projeto
de Reforma do Sistema Escolar no qual, entre outras medidas, prope
a reintegrao do ensino pr-escolar pblico no sistema educativo
portugus. A terminologia ensino pr-escolar demonstrava o carcter
propedutico do mesmo, como uma mera preparao para a educao escolar.
Em alguns meios falava-se mesmo de ensino das primeiras letras. No
incio dos anos 60 a taxa de analfabetismo situava-se nos 38,1%, o
que justificava esta preocupao.
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EDUCAO PR-ESCOLAR: UMA CONQUISTA DE ABRIL
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PERODO REVOLUCIONRIO A revoluo iniciada a 25 de Abril de 1974
obriga a profundas mudanas econmicas, culturais e sociais em
Portugal criando condies para a valorizao e posterior expanso da
educao de infncia. Durante este perodo so as prprias comunidades
que se organizam autonomamente - comisses de moradores, comisses
democrticas de aldeias, comisses de ocupao de edifcios devolutos,
etc., - aproveitando recursos locais para criar novas instituies
vocacionadas para a educao e o atendimento de crianas.
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EDUCAO PR-ESCOLAR PBLICA A educao pr-escolar pblica nesses
anos, desenvolveu-se no tanto atravs de leis e decretos emanados de
instncias governamentais, mas sim em resultado de uma cidadania
posta em ato num processo de participao democrtica (Vasconcelos
1995,). O mpeto revolucionrio levou a reboque as autoridades, que
foram obrigadas a cobrir institucionalmente algumas dessas
iniciativas. Este perodo ps 25 de Abril (1974-1978) reflete
preocupaes referentes aos aspectos socioculturais da revoluo, com
forte pendor "politizante", valorizando-se as vivncias familiares,
comunitrias e sociais da criana e a sua integrao nos contedos das
prticas educativas (ibid.).
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UMA REDE NACIONAL DE JARDINS DE INFNCIA Em Linhas de Ao do
Ministrio da Educao e Cultura, aprovadas no Conselho de Ministros
de 16 de Agosto de 1974 Uma verdadeira reforma do sistema
educacional tem de alicerar-se na criao de uma rede nacional de
jardins de infncia, pois desde a tenra idade que se jogam as
possibilidades de igualizar as oportunidades para as crianas vindas
de diferentes extractos sociais e culturais Programa de Governo
apresentado Assembleia da Repblica em 2 de Agosto de 1976:
Apontar-se- para a criao de um sistema de educao pr-escolar oficial
em que se integrem os estabelecimentos agora a cargo dos vrios
Ministrios
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ESTATUTO DOS JARDINS DE INFNCIA Decreto-lei n 542/79 de 31 de
Dezembro Enquadramento legal que permitisse a expanso de uma rede
pblica de jardins de infncia e "legalizar" os j existentes Criao do
Conselho Consultivo - ligao s autarquias, s famlias, ao 1 ciclo e
comunidade Ncleos de jardins de infncia numa determinada zona para
a planificao pedaggica e elaborao de projectos educaivos comuns
Apoio intenso da rede de Inspectoras do Ministrio da Educao
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EDUCADORAS/ES DE INFNCIA As/os profissionais dos 0 aos 6 anos
comearam a insistir em serem chamadas de educadoras/es de infncia,
e no educadoras infantis, uma terminologia que desvalorizava o
carcter profissional do seu trabalho. A profisso passou a estar
acessvel aos dois sexos, embora at hoje os ndices sejam limitados
1,6% de homens educadores de infncia -, facto que demonstra ainda
uma feminizao da profisso, a sua desvalorizao, e a prevalncia de
modelos tradicionais nas profisses atribudas a cada sexo.
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ESTABELECIMENTOS DE EDUCAO PR- ESCOLAR A publicao da Lei de
Bases do Sistema Educativo, vem reconhecer o papel da educao
pr-escolar no sistema educativo. A Lei n 46/86, de 14 de outubro de
1986 refere que a Educao Pr-Escolar , no seu aspecto formativo,
complementar e/ou supletiva da ao educativa da famlia, com a qual
estabelece estreita colaborao. No entanto, no seu artigo 5 ressalva
que se destina s crianas com idades compreendidas entre os trs anos
e a idade de ingresso no ensino bsico, no reconhecendo as
responsabilidades do Ministrio da Educao na etapa dos zero aos trs
anos. Prevaleceu a terminologia estabelecimentos de educao
pr-escolar que era a utilizada na Lei de Bases do Sistema
Educativo. De par com estas iniciativas, o Ministrio da Educao
apoiava projetos que, ao abrigo da legislao que contemplava o apoio
a experincias pedaggicas, explorassem modalidades alternativas ao
jardim de infncia, tais como a animao infantil em meio rural e a
itinerncia
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PARECER N1/94 A EDUCAO PR-ESCOLAR EM PORTUGAL Este Parecer,
ouvidos todos os parceiros e entidades responsveis, foi a mola
impulsionadora para a prioridade poltica do XIII Governo
Constitucional: o alargamento e correspondente desenvolvimento de
uma rede nacional de educao pr-escolar, constituda por iniciativas
pblicas, privadas e de solidariedade social, levantando a
possibilidade de se estabelecerem Linhas Orientadoras das
Atividades Educativas Pr- Escolares. Parecer n2/95 - Anlise de um
Projeto de Decreto-Lei (n 173/95)
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PR-ESCOLAR COMO PRIMEIRA ETAPA DA EDUCAO BSICA O Programa do
XIII Governo Constitucional deu prioridade expanso da rede nacional
de educao pr-escolar que em 1988 havia estagnado numa taxa de
cobertura de 36%. Logo que entrou em funes, o governo, encomendou
um Relatrio Estratgico para o Desenvolvimento e Expanso da Educao
Pr-escolar (Formosinho e Vasconcelos, 1996) Por despacho n 186
ME/MSSS/MEPAT/96 de 9 de Setembro, criou o Gabinete
Interministerial para a Expanso e Desenvolvimento da Educao
Pr-Escolar A Lei n 5/97, de 1 de fevereiro, Lei-Quadro da Educao
Pr-Escolar, Decreto-Lei n 147/97i e despachos subsequentes
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LEI-QUADRO DA EDUCAO PR-ESCOLAR Em 1997 publicada a Lei n. 5/97
determinando que compete educao pr-escolar favorecer o
desenvolvimento harmonioso da criana (...) contribuir para corrigir
os defeitos discriminatrios das condies socioculturais no acesso ao
sistema escolar, com orientao pedaggica flexvel para uma melhor
adaptao aos diferentes contextos socioculturais e zonas geogrficas
e funcionando em articulao com a comunidade.
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ORIENTAES CURRICULARES PARA A EDUCAO PR-ESCOLAR ME/NEPE (Ncleo
de Educao Pr-Escolar) publica as Orientaes Curriculares para a
Educao Pr-Escolar (OCEPE, Despacho n. 5220/97 de 10 de Julho) As
Orientaes Curriculares (no um currculo formal, mas, sim, orientaes)
para todos os estabelecimentos financiados pelo Estado quer pblicos
quer de solidariedade social ou consignam o princpio da tutela
pedaggica nica por parte do Ministrio da Educao As Orientaes
Curriculares no invalidam a existncia dos diferentes modelos
curriculares existentes na tradio pedaggica portuguesa Os princpios
da articulao de contedos e da transversalidade so imanentes ao
processo de construo de um projeto curricular para o grupo de
crianas (Circular n 17/DSDC/DEPEB/2007).
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RECOMENDAO N 3/2011 SOBRE A EDUCAO DOS ZERO AOS TRS ANOS, Em
2011 o Conselho Nacional de Educao (CNE) aprova por unanimidade a
Recomendao n 3/2011 sobre A Educao dos Zero aos Trs anos, Esta
Recomendao Geral (composta por 11 recomendaes especficas), concebe
a educao dos 0 aos 3 como um direito das crianas e das famlias,
insistindo na responsabilidade do Ministrio da Educao e Cincia pela
qualidade educativa dos estabelecimentos destinados s crianas dos 0
aos 3 anos. Recomenda a elaborao de linhas pedaggicas orientadoras
para o trabalho em creche
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EDUCAO DE INFNCIA E ESTABELECIMENTOS DE EDUCAO DE INFNCIA A
agenda internacional da OCDE e o seu impacto em Portugal: a
terminologia educao e cuidados para a infncia, enfatizou a
essencialidade da perspectiva educativa, no deixando de
corresponder necessidade de cuidados para a infncia, numa
perspectiva de equidade social. A prpria OCDE, consciente das
contradies de uma nfase na perspectiva educativa alertava para os
perigos de uma escolarizao precoce da infncia (OECD, 2006). Da
podermos afirmar que, em Portugal, evolumos para a terminologia
mais abrangente de educao de infncia (ou estabelecimentos de educao
de infncia) que podem, no caso das Instituies Privadas de
Solidariedade Social (IPSS), garantir em simultneo o atendimento e
educao dos 0 aos 3 e dos 3 aos 6 anos de idade.
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UM NOVO CONCEITO: ESPAOS DAS CRIANAS ... so espaos fsicos
(certamente), mas so espaos simultaneamente sociais, culturais,
discursivos espaos criados como servio pblico, lugares de vida
cvica (). Nestes lugares, as crianas encontram-se umas com as
outras e com os adultos. Tais lugares colocam o presente em
primeiro plano mais do que pensarem no futuro: so parte da vida, no
apenas uma preparao para a vida. So espaos para os temas de
interesse das crianas, ainda que no excluam as agendas intencionais
dos adultos. Nestes espaos as crianas so reconhecidas como cidads
com direitos, membros participantes dos grupos sociais de que fazem
parte, agentes das suas prprias vidas, mas, tambm, interdependentes
dos outros, co-construtoras de saberes, de identidades e de
cultura, crianas que coexistem e convivem com as outras crianas, na
base do que so, mais do que daquilo que possam vir a ser. Os espaos
das crianas so para todas as crianas numa base democrtica, cruzando
diferentes grupos sociais. So espaos para a criana total (Dewey),
no para a criana seccionada de muitos servios para as crianas (Moss
e Petrie 2002).
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UM POEMA FINAL O mistrio est todo na infncia: preciso que o
homem siga o que h de mais luminoso maneira da criana futura (Jos
Tolentino de Mendona)