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Page 1: Plurale em Revista - Edição 47

ano oito | nº 47 | maio / junho 2015 | R$ 10,00 AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE

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Butão, a terra da felicidade

artigos inéditos

amazônia, leitura, ecoturismo e argentina

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apresentado porpatrocínioparceiro de mídia

Como a inovação em sustentabilidade está transformando os negócios agora

rick ridgewaypatagonia

andré Palhano Virada SuStentáVel

alejandro litovskyearth Security group

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claudio sassakigeekie

edgard gouveiaplay the call

Fred gellitátil

juliana nunesbraSil kirin

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Butão e o índice de Felicidade; artigos inéditos, aMazônia, educação e Muito Mais

Editorial

por sônia araripe, editora de plurale

Em tempos de crise econômica global, nada mais atual do que discutir novas métricas para medir a qualidade de vida de uma população. O pequeno e deslumbrante Butão – quase es-condido entre os gigantes Índia e China - desa-

fia os mais céticos com a irradiante felicidade de seus habitantes, distante dos padrões de consumo imedia-tista dos tempos modernos.

O casal Giuliana Preziosi e Maurício Chichitosi – autores do Blog parceiro Histórias pelo Mundo – con-feriu de perto como é a vida deste povo hospitaleiro e acolhedor que inspirou o Índice de Felicidade Bruta. Confira este relato incrível, entremeado de fotos des-lumbrantes.

Como já tornou-se nossa marca, apresentamos três artigos inéditos sobre temas relevantes: a Encíclica do Papa Francisco sobre meio ambiente, por Rafaela Bri-to; os desafios hídricos, pelos professores Ana Tereza Spínola e Antonio Freitas e ainda um debate sobre al-guns dos símbolos nacionais, pelo escritor e ex-sena-dor Roberto Saturnino Braga.

Esta edição também traz duas matérias fortes sobre a Amazônia: Isabella Araripe esteve em Manaus acom-panhando Conferência sobre as águas tão estratégicas da região e Hélio Rocha mostra o desafio de populações tradicionais, como povos indígenas e ribeirinhos, dian-te de ameaças econômicas e políticas. Eu também esti-ve no sertão potiguar, no município de Currais Novos, visitando projeto premiado de escola pública com foco em inclusão social e digital. Lília Gianotti compartilha,

Jovens da periferia de São Paulo estudam temas atuais com a ajuda de Plurale em revista e a Ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, recebe em mãos a Edição 46

em primeira mão, belíssimo livro da fotógrafa Cláudia Ferreira, que acompanhou nos últimos anos a marcha das Margaridas, mulheres guerreiras.

A jornalista e escritora Raquel Ribeiro apresenta projeto muito interessante de educação ambiental para crianças através das minhocas. Da Argentina, a correspondente Aline Gatto Boueri, denuncia a polui-ção no Rio Tigre, nos arredores de Buenos Aires, pro-vocada por condomínios de luxo. E, de Londres, mais especificamente da charmosa região de Chelsea, a também correspondente Vivian Simonato, encanta com a visita à Exposição de Jardins floridos.

Não é só. Isabel Capaverde traz as novidades em ter-mos de cinema sustentável e Nícia Ribas conferiu, no Rio, o belo trabalho de duas jovens para incentivar a leitura, principalmente em comunidades. Leitura, aliás, incentivada também pelo jornalista Danilo Vivan, nosso colaborador. Voluntário, como todos nós, em boas cau-sas, Danilo dá aulas de Gramática e Literatura para jo-vens carentes em São Paulo. Aproveitou para comparti-lhar em sala de aula a recente Edição 46 de Plurale em revista (foto). Obrigada, Danilo! Agradecemos a sua ge-nerosidade e ficamos felizes por podermos estar atingin-do o nosso objetivo de ter o conhecimento sempre aces-sível a todos.

Edição 46, aliás, que teve forte repercussão, princi-palmente pela entrevista exclusiva com a Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, artigos inéditos e fo-tos espetaculares de Luciana Tancredo da Serra da Bo-caina. Entregamos em mãos exemplar de Plurale para a Ministra, que agradeceu a entrevista (foto).

Esperamos que aprecie a leitura!

3

DANILO VIVAN

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PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 20154 PLURALE EM REVISTA | Janeiro / Fevereiro 20154

ninho de leitura, por nícia ribas

22

cinema Verde, por isabel capaverde

64

exposição de flores em chelsea,leitura, por Vivian simonato

52argentina: poluição no rio tigre, por aline gatto Boueri

54

40.

12.

45 32.

30

livro eterniza a luta das mulheres reunidas na Marcha das Margaridas,

Conte xto

amazônia: em debate a questão das águas e do marco da biodiversidade,

Butão, a terra da

felicidade

por ana teresa spínola, antônio Freitas, rafaela Brito e roberto saturnino Braga

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CLÁUDIA FERREIRA

CLÁUDIO LOES

FOTOS DE DIVULgAçãO

artigos inéditos:

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Prêmio Mobilidade Urbana“Mobilidade com qualidade merece reconhecimento”

Realização:

Informações, inscrições e regulamento no sitewww.premiomobilidadeurbana.com.br

O PMU é uma iniciativa da Fetranspor que premia cases de sucesso para a evolução da mobilidade urbana no estado do Rio de Janeiro. Em 2015, a edição está ainda mais especial, e

os três primeiros colocados em cada categoria serão premiados. Afinal, são 60 anos de Fetranspor. Inscreva-se.

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Inscrições abertas

Até 10/8/2015

Categorias:

Educaçãoe Cultura

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Fotos de Maurício chichitosi (histórias pelo Mundo) – Butão

educação ambiental pelas minhocas,Por raquel ribeiro

Por lília Gianotti

36.

Por isabella arariPe e Hélio rocHa

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c a r t a s @ p l u r a l e . c o m . b rCartasQuem faz

DiretoresSônia Araripe [email protected] [email protected]

Plurale em site:www.plurale.com.brPlurale em site no twitter e no facebook:

http://twitter.com/pluraleemsite

https://www.facebook.com/plurale

Comercial

[email protected]

ArteJurandir Santos e Julio Baptista

FotografiaLuciana Tancredo e Eny Miranda (Cia da Foto); Agência Brasil e Divulgação

Colaboradores nacionaisAna Cecília Vidaurre, Isabel Capaverde, Isabella Araripe, Lília gianotti, Nícia Ribas e Paulo Lima.

Colaboradores internacionaisAline gatto Boueri (Buenos Aires),Ivna Maluly (Bruxelas), Vivian Simonato (Dublin), wilberto Lima Jr.(Boston)

Colaboraram nesta ediçãoAna Tereza Spinola, Antonio Freitas, Cláudia Ferreira, giuliana Preziosi e Maurício Chichitosi (Blog Histórias pelo Mundo), Fotos Divulgação Itaipu Binacional, Hélio Rocha, IHU On-Line, Leda Alvim, Lela Beltrão, Lília gianotti, Marina guedes, Moraes Neto, Rafaela Brito, Raquel Ribeiro, Roberto Saturnino Braga e Vinícius Lisboa (Agência Brasil).

Plurale em Revista foi impressa em papel certificado, proveniente de reflorestamentos certificados pelo FSC de acordo com rigorosos padrões sociais e ambientais.

Rio de Janeiro | Rua Etelvino dos Santos 216/202CEP 21940-500 | Tel.: 0xx21-3904 0932

Impressa com tinta à base de soja

Plurale é a uma publicaçãoda SA Comunicação LtdaCNPJ 04980792/0001-69Impressão: walPrint

Os artigos só poderão ser reprodu-zidos com autorização dos editores

© Copyright Plurale em Revista

“Em nome das Mulheres da Reserva Botânica, quero agradecer à Plurale em revista, em especial à editora Sônia Araripe, pela divulgação de nosso trabalho. Para os pequenos grupos rurais, que estão longe dos grandes centros, sem essas iniciativas o alcance ao mercado torna-se quase impossível. Parece pouco, mas para nós significa muito e poucas pessoas fazem. Isso faz a coluna Bazar Ético ser tão especial. Obrigada!”cecilia amorim de freitas, da ong mulheres da reserva Botânica, do rio de Janeiro, por email

“Professora Patricia Almeida Ashley, é sempre um privilégio contar com suas contribuições certeiras em Plurale. É mesmo tempo de refletirmos sobre a eficiência do Estado brasileiro. Há décadas, privilegiamos o inchaço da máquina pública ao investimento - em pessoas, infraestrutura, na ampliação de nossos potenciais. Obrigado por nos ajudar a pensar sobre como ajustar esse rumo.”christian travassos, economista, rio de Janeiro, por email

“Parabéns, como sempre, para toda equipe. Bela entrevista com a Ministra Izabella Teixeira. Deslumbramento nas fotos da Bocaina: muito competente a Luciana Tancredo. Exemplo notável o dessa rede de hotéis que leva as camareiras às nascentes do São Francisco, como relatou Nícia Ribas. Artigo corajoso o de Renato Manzano.”roberto saturnino Braga, escritor e ex-senador, rio de Janeiro, por e-mail

“Excelente artigo de Renato Manzano na Edição 46 de Plurale em revista que revela a importância de se valorizar a ética e o caráter em todo ambiente profissional. Se queremos verdadeiramente uma sociedade mais humana e justa, as mudanças têm que partir de cada um de nós. É uma questão de escolha. Parabéns pelas reflexões, professor.”

sérgio Vilas Boas, consultor e educador em sustentabilidade, marketing e inovação, ativista e net-ativista socioambiental, por e-mail

“Caro Renato Manzano, a falta de ética no meio empresarial e corporativo é uma extensão do que ocorre na política partidária em nosso país, se retroalimentam numa pérfida cadeia eivada de ganância. Entretanto, as exceções de praxe e alertas como o do texto, são os combustíveis para não perder a esperança.”francisco carlos de oliveira lima, consultor em desenvolvimento territorial e mPe’s, por e-mail

“Belíssimo texto, Renato Manzano !! Nosso respeito e admiração por aqueles que pagam o alto preço da dignidade profissional, seja em qual área for!!!Helder cavalcanti Vieira, consultor empresarial, por e-mail

“ Em nome da Will Art Photography, agradeço às jornalistas Marina Guedes , Sônia Araripe e a todo o time da revista pela matéria “Tubos, a possibilidade de encontrar o desconhecido”. Aproveito para parabenizar a  Revista Plurale pelas excelentes e sempre relevantes matérias.”Wilson aguiar - sócio e fotógrafo na empresa Will art Photography, da sunshine coast, Queensland, austrália, por e-mail

“Quero parabenizar o jornalista Nélson Tucci pelo artigo sério e compromissado publicado na Edição 46 de Plurale em revista sugerindo que sustentabilidade passe a ser uma disciplina obrigatória nas escolas brasileiras. Um alerta para que um dos pilares mais importantes na educação, a Ética, alinhada a um dos temas transversais tão urgentes em nosso século, a Sustentabilidade estejam presentes de forma mais eficaz no processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças e adolescentes. Parabéns!”eliane lemos ozores, diretora de gestão da ong entre rodas e Batom, são Paulo (sP), por e-mail

“Caro Nélson Tucci, dizem que as pessoas só aprendem pelo amor ou pela dor. Nesse caso, a segunda opção me parece mais verdadeira. As crises hídrica e energética pelas quais o país está passando, de certa forma, estão forçando a população a economizar e, ainda que de maneira lenta, a pensar no futuro. Por isso, o momento é mais do que oportuno para levar para as salas de aula a discussão sobre a importância dos recursos naturais.”Paulo rosa, Jornalista, de são Paulo, por e-mail

correçãoAs fotos da matéria “Um arquiteto que resgata o sagrado no que faz”, da Edição 46, são de Vivi Sodré Photo.

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14 e 15 de julho de 2015Local de realização: Fecomercio – São Paulo/SP

Estão abertas as inscrições para o maior evento da área de RI e Mercado de Capitais da América Latina. As vagas são limitadas, faça já sua inscrição.

O maior encontro do mercado de capitais brasileiro e da América Latina, em Relações com Investidores, já tem data marcada: dias 14 e 15 de julho próximos. Uma vez mais a capital de São Paulo sediará o Encontro Nacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais, promovido conjuntamente entre a ABRASCA – Associação Brasileira das Companhias Abertas e o IBRI – Instituto Brasileiro de Relações com Investidores.

O 17º Encontro Nacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais é parte do calendário de eventos das principais companhias abertas, agentes reguladores, dirigentes de entidades, analistas e pro� ssionais de investimentos, bem como advogados, auditores e especialistas em relações com investidores de todo o Continente.

Como acontece todos os anos, representantes de companhias abertas, bolsas de valores, consultorias e instituições � nancieras deverão passar pelo evento, que reúne público superior a 700 pessoas em seus dois dias de realização.

Paralelamente aos painéis da programação o� cial, haverá uma exposição de serviços composta de estandes onde as empresas e instituições expõem seus produtos e serviços pra um público customizado, tornando-se também um oportuno ponto de encontro de todo o mercado.

Mais informações:(11) 3107.5557 - (11) 3106.1836www.encontroderi.com.br

REALIZAÇÃO:

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ABRAPP, ABVCAP, AMEC, ANBIMA, ANCORD, ANEFAC, APIMEC NACIONAL, APIMEC SÃO PAULO, BRAIN, CODIM, FIPECAFI, IBEF, IBGC, IBRACON e IBRADEMP

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PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 20158

Entrevista

da ihu on-line

“A humanidade sempre teve dificulda-de de antever o futuro e tomar medidas que garantissem a sustentabilidade das ge-rações possíveis, e talvez estejamos desti-nados a cometer os mesmos erros dos maias, dos astecas e dos egípcios, que tive-ram colapsos civilizatórios”, adverte Ro-naldo Serôa da Motta  em entrevista à IHU On-Line, ao comentar as dificulda-des que os países têm tido no sentido de assumir metas rigorosas para conter os efeitos das mudanças climáticas nos próxi-mos anos.

Na entrevista a seguir, concedida por telefone à IHU On-Line, Motta pontua

“cop-21: acordo climático depende da china e dos eua”

“a principal questão é fazer com que a china e os eua aceitem qualquer meta. se eles aceitarem, o acordo sai, porque o mundo rateia o resto”, assegura o pesquisador

que será difícil os países chegarem a um acordo global na COP-21, que ocorre em Paris no final deste ano. Segundo ele, en-tre os principais impasses a serem resolvi-dos, está o da interpretação do “princípio de responsabilidade comum, mas diferen-ciada”, ou seja, qual deverá ser a contribui-ção de cada país para reduzir os efeitos climáticos. “Essa é a principal questão, mas o problema é justamente as diferenças que são difíceis de mensurar. De todo modo, são essas diferenças que irão norte-ar as divisões do orçamento global de car-bono”, pontua.

Ronaldo Serôa da Motta explica ainda que “há um conflito entre os critérios”, no sentido de definir quais países devem assu-

ronaldo serôa da Motta

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“ o que não pode acontecer é o mundo aceitar a responsabilidade de controlar as emissões e a china e os eua não se comprometerem”

mir mais responsabilidades. Na interpreta-ção dele, “essa questão deve ser lida no sentido de entender qual foi a contribui-ção de cada país para o aquecimento glo-bal. Os EUA, por exemplo, começaram a emitir gases de efeito estufa muito antes que os outros países e, nesse sentido, eles contribuíram mais. Mas é claro que daqui a 20 anos, com o crescimento da China, da Índia e do Brasil, a emissão desses países será maior, então haverá essa convergência. (...) Temos de compreender que a contri-buição de cada país é dinâmica ao longo do tempo, porque depende do nível de emissão anual, que vai afetando o nível de estoque de gases”.

Contudo, as expectativas de  Mot-ta para a formulação de acordo global na COP-21, o qual substituiria o Protoco-lo de Kyoto, não são muito otimistas. Segundo ele, por causa da crise econômica internacional, a tendência é que os países assinem um “acordo gradualista”, com metas pouco ambiciosas até 2030, “adian-do para 2050 as grandes reduções”.

Ronaldo Serôa da Motta  é doutor em Economia pela University College Lon-don e professor de Economia do Meio Am-biente e dos Recursos Naturais da Univer-sidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. Foi coordenador de Estudos de Regulação e de Meio Ambiente do IPEA e diretor da Agência Nacional de Aviação para as áreas de Pesquisa e Relações Internacionais.

IHU On-Line - Quais são as principais barreiras comerciais, econômicas e polí-ticas que dificultam a implantação de políticas de regulação de gases de efeito estufa?Ronaldo Serôa da Motta – O que existe é um conflito de interesses dos países signa-tários da Convenção em termos de quem irá assumir as responsabilidades no que se refere à redução de emissões que cada país tem de fazer. A quantidade total de emis-são sobre toneladas de carbono recomen-dada pelos cientistas não pode passar de um trilhão, porque senão a temperatura aumentaria acima de dois graus. Assim, esse orçamento de carbono tem de ser di-vidido entre os países, mas a dificuldade é que cada país quer uma parte maior desse orçamento a partir de uma justificativa. O que será feito na COP-21, em Paris, será

justamente tentar chegar a um consenso de como dividir esse orçamento.

– Uma das propostas da COP-21 é atri-buir princípio de responsabilidades co-muns, porém diferenciadas para cada país. Como vê essa proposta, dado o embate entre os países desenvolvidos e os que estão em desenvolvimento?– Essa é a principal questão, mas o proble-ma é justamente as diferenças que são difí-ceis de mensurar. De todo modo, são essas diferenças que irão nortear as divisões do orçamento global de carbono. Há um con-flito entre os critérios, por exemplo, quem emite mais hoje não quer dizer que tenha contribuído mais para o aquecimento glo-bal, porque o que vale é a quantidade de tempo que um país emitiu, já que os gases ficam mais de 100 anos na atmosfera. En-

tão, a contribuição de cada país depende do ano e da forma como se medem as emissões. Além do mais, os países perce-bem danos diferentes com o aquecimento global: alguns países, como os da Europa, consideram que irão sofrer muitos danos e, por isso, têm mais interesse em colabo-rar; por outro lado, países que acham que os danos serão menos prejudiciais, têm menos interesse em colaborar.

Essa é a questão que não se resolve e para a qual se pretende definir uma métri-ca na COP-21. Nesse sentido, o governo francês quer que essa meta seja definida antes da COP-21, ou seja, na reunião que antecede a Conferência, em outubro. O governo está jogando pesado para que se chegue a um consenso sobre a forma de rateio desse orçamento de carbono.

– Como deveria ser lido esse princípio de responsabilidade comum, mas dife-renciada? As metas mais robustas devem ser assumidas pelos países desenvolvi-dos ou pelos em desenvolvimento?– Essa questão deve ser lida no sentido de entender qual foi a contribuição de cada país para o aquecimento global. Os EUA, por exemplo, começaram a emitir gases de efeito estufa muito antes que os outros pa-íses e, nesse sentido, eles contribuíram mais. Mas é claro que daqui a 20 anos, com o crescimento da China, da Índia e do Brasil, a emissão desses países será maior, então, haverá essa convergência. Hoje a

ronaldo serôa da Motta

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Entrevista

contribuição de alguns países é menor, mas se, por exemplo, a China continuar cres-cendo mais do que a Europa, ela terá uma responsabilidade maior no futuro.

Temos de compreender que a contri-buição de cada país é dinâmica ao longo do tempo, porque depende do nível de emissão anual, que vai afetando o nível de estoque de gases. Essa é a confusão. Como vamos resolver isso? Essa é uma questão geopolítica e teremos de ver se os países terão interesse ou não de fazer um esforço, acomodando alguns países relutantes como a China, e dando para os chineses algumas emissões gratuitas, ou seja, um orçamento maior, desde que eles reduzam algo, ou isentando os países africanos mui-to pobres e isentando também a Índia. O Brasil tem pouca contribuição e não será afetado diretamente.

A principal questão é fazer com que a China e os EUA aceitem qualquer meta. Se eles aceitarem, o acordo sai, porque o mun-do rateia o resto. O que não pode acontecer é o mundo aceitar a responsabilidade de controlar as emissões e a China e os EUA não se comprometerem. Uma vez que Chi-na e EUA se comprometam com metas que possam ser verificáveis e críveis, o resto do mundo se encaixa, porque a Europa está disposta a bancar reduções de emissões que os outros não fizerem, mas ela espera que os demais aceitem ao menos algumas metas.

– O acordo bilateral entre EUA e China poderá ter algum impacto na COP-21, ou os países assinaram esse acordo bila-teral justamente para não se comprome-terem num acordo global?

–  Eles estão tentando fazer, paralela-mente, uma troca de tecnologia, porque eles têm interesse num avanço tecnológi-co, pois sabem que no futuro a tecnologia limpa será importante. Então, eles estão tentando fazer um acordo paralelo à Con-venção justamente para mostrar que, caso ela fracasse, eles têm um acordo.

- Qual é o peso da economia nas discus-sões e decisões acerca da redução de CO²? Quais são os entraves postos pela economia e, por outro lado, que meca-nismos positivos foram pensados a par-tir da economia?– Na questão das mudanças climáticas exis-tem duas linhas. A primeira delas é em re-

lação à agricultura no sentido de melhorá--la diante dos efeitos climáticos, uma vez que não é só o aumento da temperatura que causa problemas, mas também a altera-ção da temperatura faz com que o equilí-brio do planeta se altere e haja períodos de chuvas e secas mais intensos, o nível do mar aumenta e começa a ter um sistema de cli-ma completamente diferente do que se está acostumado a ver. Isso traz, para qualquer país, um desarranjo na sua estrutura, além de consequências econômicas muito sérias. Inclusive, gera fluxos migratórios muito fortes, como se observa com os refugiados que estão indo para a Europa.

A outra forma é criar alternativas de mitigação, de defesa. Outra maneira ainda é justamente reduzir as emissões. Essa ca-pacidade de reduzir emissões têm custos diferentes para cada país. Então, criam-se

mecanismos que permitam que esse esfor-ço seja mais barato através de países que possam contratar a redução de emissões em outros países, porque tanto faz em que país as emissões serão reduzidas, porque na atmosfera isso terá o mesmo efeito climáti-co. Por isso existem mercados de carbono, os países plantam e protegem florestas.

Há uma reflexão de que em países em desenvolvimento, que não têm um nível de desenvolvimento energético  muito alto, é mais barato reduzir emissões por-que eles podem adotar energias limpas e de eficiência energética. E, como o PIB deles é menor, o efeito sobre a renda é me-nor. Então se criou o mercado de carbono para que os países ricos fossem nos países pobres e fizessem a redução das emissões de carbono por um custo muito menor do que se fossem fazer em seus países e, com isso, as emissões caem.

Esse mercado não acabou acontecen-do de forma efetiva porque não há um acordo global. Ele só aconteceu na Europa porque a Europa decidiu cumprir o acor-do de Kyoto, que é um acordo de redução de emissões só dos países desenvolvidos. Esse mercado, se tiver um acordo global, irá funcionar, porque aí todos terão obri-gações e interesses em procurar lugares onde poderiam cumprir suas obrigações a custos menores.

“ em termos de um acordo internacional, o Brasil nunca vai assumir metas muito rigorosas”

gREENPEACE BRASIL

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“ Vislumbo um acordo gradualista, ou seja, até 2030 devem adotar metas pouco ambiciosas, adiando para 2050 as grandes reduções.

O mesmo irá acontecer com o REED. O REED visa o pagamento a proprietários de florestas para que eles não usem a floresta para a agricultura e possam manter a flores-ta em pé, ou com proprietários que plantem florestas e as conservem. Mas o mercado de REED é mais complicado, porque a flo-resta pode pegar fogo e aí tudo que os países economizaram de carbono pode ir para o espaço, literalmente, para a atmosfera.

A Europa poderia comprar carbono ou alugar florestas no Brasil, e como a flo-resta não seria desmatada, a Europa estaria reduzindo as emissões no Brasil, as quais poderiam ser transferidas para os países europeus. Só que se acontecer de a floresta pegar fogo, por exemplo, tudo que foi gas-to em dinheiro comprando carbono é per-dido, e os países teriam de comprar carbo-no novamente. Então, trata-se de um mercado delicado, porque o preço do car-bono é muito baixo e a quantidade de flo-restas que existe é muito alta, então, não tem muita atratividade econômica.

O Brasil tem uma experiência um pouco diferente com o Fundo Amazônia, que é um pagamento que uns países fa-zem, em especial a Noruega, para o Brasil reduzir as emissões por desempenho. Eles pagam cinco dólares para cada tonelada de carbono que o Brasil reduzir. O último acordo foi de um trilhão de dólares, e o Brasil pode usar esse dinheiro como quiser para controlar o desmatamento. Mas como o Brasil aplica esse dinheiro é uma questão complicada, a qual não quero tra-tar aqui, porque é muito controversa.

De todo modo, esse mercado não é atrativo para um produtor rural vender carbono, porque não há uma demanda

por controle de emissões, à medida que só a Europa está controlando as emissões na área energética de forma bastante signifi-cativa. E, quando eu falo de Europa, estou falando apenas da Alemanha e da Inglater-ra, que são as que fazem algo, para ser sin-cero. Nesse caso, o controle ainda é baixo para que esses mercados funcionem de forma eficiente, mas são experiências.

– Que tipo de acordo vislumbra na COP-21?–  Um acordo gradualista, ou seja, até 2030 devem adotar metas pouco ambicio-sas, adiando para 2050 as grandes redu-ções. Esse resultado que teremos na COP-21  será assim porque, dada a crise internacional, vai haver um acordo global em que todos irão participar, mas a meta provavelmente não será aquela de 30%, mas talvez uma redução de 20% e o res-tante será postergado para 2050.

– Que ações foram feitas pelo Brasil para reduzir as emissões de CO² até 2020, desde a aprovação da Política Na-cional sobre Mudança do Clima, em 2009?

– O Brasil fez um esforço muito grande em relação à redução do desmatamento, em-bora ela tenha sido muito mais focada na questão da biodiversidade. O país tem fei-to um esforço, ainda não significativo, mas importante, na redução das emissões da agricultura. Por outro lado, o país está re-duzindo a participação de energia hidráuli-ca e de biomassa na matriz energética, e usando mais termoelétricas. O Brasil está muito confortável porque ainda tem uma matriz limpa e o desmatamento já reduziu bastante. Assim, em termos de um acordo internacional, o Brasil nunca vai assumir metas muito rigorosas. Contudo, isso é ruim porque pode, inclusive, inibir um de-senvolvimento tecnológico. Os países que tiverem metas rigorosas serão capazes de desenvolver novas tecnologias. Esse é um grande desafio para o Brasil.

– Quais devem ser as contribuições do Brasil na COP-21?–  O Brasil terá uma participação muito mais de intermediário entre países desen-volvidos e em desenvolvimento do que pro-priamente apresentará uma contribuição significativa de mitigação. Como disse, o Brasil tem uma condição favorável porque não é um país em desenvolvimento que está prejudicando a negociação em termos de emissões e, por isso, vai tentar fazer uma intermediação entre EUA, Europa e China.

– Dado os acordos de curto prazo que foram feitos até agora, que medidas se-riam importantes para atingir emissões zero até 2100? Trata-se de uma expecta-tiva utópica?– Utópica não é, porque basta fazer um es-forço enorme para atingir essa meta e dire-cionar os gastos governamentais para inova-ções tecnológicas. Mas o problema é que politicamente talvez não seja viável, porque exige das gerações atuais um esforço grande de mexer nos padrões de consumo de ener-gia. É uma questão difícil de resolver, por-que as pessoas e os governantes de hoje não estarão vivos em 2100. A humanidade sem-pre teve essa dificuldade de antever o futuro e tomar medidas que garantam a sustenta-bilidade das gerações possíveis, e talvez este-jamos destinados a cometer os mesmos er-ros dos maias, dos astecas, dos egípcios, que tiveram colapsos civilizatórios. A grande diferença é que eles não sabiam o que pode-ria acontecer, mas nós sabemos.

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PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 201512

Rafaela Brito

Colunista

Encíclica, ou Litterae Encyclicae, constitui um dos documentos pontifícios utilizados pelo Papa para tratar de assuntos diversos. A Carta Encíclica pode ter caráter

social- como é o caso da Laudato Si- é di-rigida aos Bispos de todo o mundo e, por meio deles, a todos os fiéis. Desta vez, a Encíclica Laudato Si (Louvado Sejas), com o subtítulo “Sobre o Cuidado da Casa Co-mum”, publicada e divulgada, em 18 de junho de 2015, pelo Papa Francisco, foi es-perada, ansiosamente, por jornalistas, cien-tistas, estudiosos, céticos, políticos, cidadãos comuns, cristãos, líderes governamentais, de todo o mundo. Tornou-se, de fato, católica, que quer dizer, para todos ou universal.

Este é o primeiro documento escrito integralmente por Francisco, além de ser a primeira vez que um Papa aborda o tema da ecologia no sentido de uma ecologia

integral, requerendo a abertura para cate-gorias que transcendem a linguagem das ciências exatas ou da biologia e nos põe em contato com a essência do ser huma-no. A ecologia integral pressupõe a ecolo-gia ambiental, ecologia político-social, a mental, a cultural, a educacional, a ética, a econômica, a da vida cotidiana, isto é, en-globa a participação de todos, a partir de uma consciência compartilhada.

Como está a nossa “casa”? Existe uma mudança que “... é algo desejável, mas tor-na-se preocupante quando se transforma em deterioração do mundo e da qualidade de vida de grande parte da humanidade.” O trecho faz parte do ponto 18 da Encícli-ca e nos leva a repensar as problemáticas e os desafios de preservação e prevenção, as-pectos da proteção à criação e questões como a fome no mundo, pobreza, global-ização e escassez, apontados pelo documen-

to, e como estamos transformando desor-denadamente a Terra, casa de todos.

A desigualdade planetária faz com que aumente o número de excluídos e esqueci-dos. Sem o contato físico com as situações reais e concretas, não conseguimos oferecer soluções compatíveis com o diagnóstico in loco, sendo que “a desigualdade não afeta apenas os indivíduos, mas países inteiros, e obriga a pensar numa ética das relações in-ternacionais. Com efeito, há uma verda-deira «dívida ecológica», particularmente entre o Norte e o Sul, ligada a desequilí-brios comerciais com consequências no âmbito ecológico e com o uso despropor-cionado dos recursos naturais realizado historicamente por alguns países”, como afirma o ponto 51 do documento papal.

A Laudato Si nos leva a refletir sobre a importância ímpar como se apresenta, porque reforça a ideia de que o meio ambi-

COMO ESTá A NOSSA ‘CASA’?

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13

ente é um bem comum, uma herança cole-tiva de toda a humanidade, e temos todos as mesmas reponsabilidades para torná-lo melhor. Essa reflexão me lembra o que a doutrinadora leiga Chiara Lubich escreveu: “(…) Se a fraternidade universal for vivida os reflexos na sociedade logo serão eviden-tes. E um deles deverá ser uma estima recíproca entre os Estados e os povos. E isto é algo inusitado. De fato, estamos habitua-dos a ver acentuadas as fronteiras entre povo e povo; a temer a potência dos outros. No máximo se fazem alianças, em benefí-cio próprio. Mas dificilmente se pensa em agir unicamente por amor a outro povo – já que a moral popular jamais atingiu este ponto. Mas quando os indivíduos amarem efetivamente os seus próximos, brancos ou negros, vermelhos ou amarelos, como a si mesmos, será fácil transplantar esta lei en-tre Estado e Estado. (…)”.

A encíclica pode e deve servir de in-strumento educativo, guiando todas as pessoas de boa vontade a romperem com o antigo e ultrapassado paradigma que isola os problemas e procura soluções para cada um deles, sem se preocupar com os ecos-sistemas diferentes. Encoraja a busca pelo novo paradigma de visão inclusiva e inte-gral, por meio de iniciativas ousadas e urgentes, como uma petição, endereçada aos Chefes de Estado e de Governo dos países participantes da XXI Conferência Internacional sobre a Mudança do Clima, que acontecerá em Paris, de 30 de novem-bro a 15 de dezembro de 2015. A petição diz respeito à “ecologia integral” e pede compromissos concretos pela redução deci-siva da poluição, como um ato de respon-sabilidade com as futuras gerações.

O Papa afirma que, nas condições atuais da sociedade mundial, onde há tantas

desigualdades e são cada vez mais numerosas as pessoas descartadas, privadas dos direitos humanos fundamentais, o princípio do bem comum torna-se imediatamente, como con-sequência lógica e inevitável, um apelo à solidariedade e uma opção preferencial pelos mais pobres. Nos convida a assumir com-promissos para descobrir o valor de cada coisa, a contemplá-la com encanto, a recon-hecer que estamos profundamente unidos.

A publicação da encíclica papal demonstra a grande sabedoria, coragem e liderança que Francisco tem desenvolvido ao longo do seu pontificado, mostrando, por exemplo, como as alterações climáti-cas têm implicações morais e éticas de im-portância vital. Como venho defendendo há algum tempo, o princípio da fraterni-dade é o vetor, o guia a ser seguido para a aplicação do princípio da sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável. É o amor mútuo, o socorro entre os próprios indivíduos da sociedade que proporcio-nará a aplicabilidade de um ambiente eco-logicamente equilibrado e harmônico.

A interdependência que caracteriza a co-munidade internacional está ligada ao con-ceito de governança ambiental que é dado a cada Estado e aos indivíduos que dele fazem parte. Aplicar os princípios de fraternidade e de solidariedade, com ou sem o apoio estat-al, por meio da educação ambiental, ou pro-jetos e programas coletivos, fraternos, de amor mútuo, por moralidade e ética, com vistas à proteção do meio ambiente e dos re-cursos naturais, torna-se fundamental para a aplicabilidade da Encíclica, de cunho comu-nitário, universalista e fraterno.

(*) Rafaela Brito ([email protected] ) é Colunista colaboradora de Plurale. Advogada, em Brasília e em Fortaleza, sócia do escritório Carvalho, Moreira & Brito Advogados Associados. Mestranda em Estudos Ambientais pela UCES, em Buenos Aires. Especialista em Direito Ambiental pela Facinter. Espe-cialista em Direito Internacional pela UNIFOR. Membro da Comissão de Di-reito Ambiental, de Direitos Humanos e de Direito Internacional da OAB-CE. Palestrante e estudos realizados na Ale-manha, Argentina, Estados Unidos, Ir-landa, Itália e Reino Unido. Membro da delegação de Humanidade Nova das Na-ções Unidas para participar da Rio + 20.

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PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 201514

ArtigoAna Tereza Spinola

Antonio Freitas

BRASIL:

O PAÍS COM A MAIOR RESERVA DE ÁGUA

ÁGUADO PLANETA, SEM

NA TORNEIRA

“Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graci-osa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas

que tem”, já bem observou e relatou Pero Vaz de Caminha à corte portuguesa ao ver a incrível quantidade de água do recém-descoberto Brasil. O escritor português foi certeiro. O Brasil é um país privilegiado, com a maior reserva de água doce do mundo. A maior bacia hidrográfica do planeta (Amazônica). O maior reser-vatório subterrâneo de água (aquífero Guarani) e a maior planície alagável da Terra (Pantanal). Além disso, em 2011, foi descoberto o rio subterrâneo Hamza, lo-calizado a 4 mil metros de profundidade debaixo do rio Amazonas e com 6 mil metros de extensão.

Apesar de tantos recordes de água doce, um fato preocupante para todos nós, brasileiros, é a má gestão deste recur-so tão valioso que precipitou a maior crise hídrica já vivida pelo nosso país. É impor-tante ressaltar que, até os dias de hoje, o uso da água é o mesmo desde a época do Império. Ou seja, retira-se a água dos mananciais e, simultaneamente, o enche de detritos domésticos e industriais.

De acordo com dados do Instituto Trata Brasil, mais de 6,5 bilhões de m³ de água foram desperdiçados no ano de 2014, o equivalente a 40% do volume to-tal tratado no país e que poderia encher mais de seis vezes o sistema Cantareira. Em um ano, essa perda equivale a mais de R$ 8 bilhões de prejuízo. No Estado do

FOTOS DE ITAIPU BINACIONAL/ DIVULgAçãO

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Rio de Janeiro, colecionamos o título de campeão de vazamentos nas redes públicas e privadas. A Cedae desperdiça 62,69% da água tratada em Belford Roxo; 62,29% em Nova Iguaçu; 57,78% em São João de Meriti e 50% em Duque de Caxias.

Os dados mundiais também são preo-cupantes. Relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), divulgado em mar-ço, alerta para um déficit de 40% no abas-tecimento de água em 2030, caso não haja uma mudança dramática no uso, ger-enciamento e compartilhamento do re-curso. De acordo com a organização, nas últimas décadas, o consumo cresceu duas vezes mais do que a população e a estima-tiva é de que a demanda aumente 55% até 2050. A instituição afirmou também que a crise global é um problema de governan-ça e não somente de disponibilidade de recursos hídricos. Por fim, faz um alerta: o padrão de consumo mundial sustentável ainda está bem distante.

Diversos projetos vêm sendo discuti-dos para contornar esse problema, como o reaproveitamento da água do mar, da chu-va e até dos dejetos; o replantio de árvores nas margens dos rios e nos cumes das montanhas; interligação hídrica e hi-droviária; criação de fazendas de piscicul-turas e reservatórios de água para uso hu-mano, animal e geração de energia; melhor gestão das águas subterrâneas e maior con-scientização da população. No entanto, para que estas e outras iniciativas sejam eficientes ou até mesmo saiam do papel, é preciso um esforço mútuo tanto dos gov-ernantes quanto da sociedade.

No mundo, há diferentes exemplos de iniciativas: Hong Kong usa a água do mar para descarga; a Alemanha utiliza a água da chuva para irrigação; a Austrália adota controle eletrônico para mitigar perdas; a China superou a crise hídrica reciclando água; para evitar desperdícios, Singapura criou tarifa progressiva, enquanto o Japão apostou em tubos resistentes; e o estado de Nova York iniciou, em 1990, um amplo programa de proteção aos mananciais. E o Brasil? Há anos vem sendo relapso com a questão da água. Não temos uma política eficiente e adotamos poucas práticas sig-nificativas. Afinal, quais iniciativas em curso são realmente benéficas para o fim da crise hídrica?

No Estado de São Paulo, palco da crise, por exemplo, o sistema Cantareira está sendo conectado com outros reser-vatórios de forma a suprir todas as cidades adequadamente. A ideia é construir um sistema de “mão dupla”. Ou seja, quando um dos reservatórios tiver excedente de água, o volume será transferido para outra represa. O ideal seria ampliar este projeto de norte a sul do Brasil. Com isso, podería-mos evitar enchentes em determinada região e, ao mesmo tempo, minimizar a seca em outra localidade. Esta é uma apli-cação trivial da noção de vasos comuni-cantes. Desta forma, conseguiríamos at-ender plenamente o consumo de água humano, animal, agrícola e industrial.

Relatório da Empresa Brasileira de Pes-quisa Agropecuária (Embrapa), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Universidade de Campinas (Unicamp) apontou que um dos problemas do sistema Cantareira é o reflorestamento. Especialistas descobriram que há um déficit de árvores de 34,5 mil hectares na região da bacia. A situação é tão dramática que apenas 10% dos topos de morros e das margens do sistema têm mata nativa. Com o replantio das mudas nas beiras dos rios e nos cumes das mon-tanhas, como prevê a lei, ressurgem rios com água límpida e com uma quantidade normal de pescado. Já tivemos por aqui experiências positivas com este tipo de re-florestamento. No entanto, este é um trab-alho que ainda engatinha no Brasil, mas que pode ser, e muito, ampliado.

Com o potencial aquífero obtido por meio da revitalização dos rios, bem como o desenvolvimento do transporte hi-droviário, diminuiremos, fortemente,

outro problema: o transporte de grãos e demais produtos. Atualmente, cerca de 50% da produção agrícola brasileira é des-perdiçada pela deficiência do modal rodoviário.

Mais um ponto relevante é que, caso as reservas hídricas do Brasil não sejam utilizadas, seremos forçados a usar uma energia mais poluente gerada a partir do carvão e do óleo mineral e, eventualmente, a energia nuclear, considerada mais ar-riscada. Desta forma, precisamos explorar melhor o potencial de energias renováveis e mais limpas que o Brasil possui, como a solar, a eólica e a hidráulica. Assim, tere-mos de volta um país mais verde.

Os desafios de distribuição e consumo de água no Brasil e no mundo ainda são inúmeros. Para alcançarmos as metas, pre-cisamos aprimorar a engenharia estratégi-ca dos recursos hídricos. Para tal, face à realidade financeira brasileira, as ações e os projetos poderiam ser mais eficientes se aproveitássemos a tecnologia e os recursos privados disponíveis. Seria dar continui-dade à prática de concessões, como já ex-iste em aeroportos, telefonia e distribuição de energia. Com isso, a riqueza gerada atuaria diretamente na melhoria da sus-tentabilidade ambiental para atender, so-bretudo, comunidades carentes no que tange a alimentação, saúde e educação. Afinal, melhorar a forma de utilizar a água é algo muito mais sério do que o lu-cro e/ou o conforto imediato, é a garantia do desenvolvimento sustentável para as próximas gerações de brasileiros.

Antonio Freitas - Diretor da Socie-dade Nacional de Agricultura e Ana Ter-eza Spinola - Professora universitária.

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Roberto Saturnino Braga

Colunista

Em boa hora, o Ministério da Integração instituiu um denominado Prêmio Celso Furtado para os melhores trabalhos, teses, sobre Desenvolvimento Regional, elaborados em cada ano. E o Prêmio, a cada edição, homenageia, como símbolo, uma figura brasileira em-

inente ligada ao desenvolvimento. Neste ano de 2015, o home-nageado foi o grande economista Armando Dias Mendes re-centemente falecido, servidor de longa e bela vida dedicada ao tema do desenvolvimento regional, com uma atenção muito es-pecial ao desenvolvimento da Amazônia.

Cerca de 800 jovens brasileiros se inscreveram no concurso deste ano e mais de 600 enviaram trabalhos que foram criteriosa-mente analisados por uma banca especializada. Embora a remune-ração do Prêmio não de-ixe de ser atraente, o interesse demonstrado pelo tema e pelo prestígio do Prêmio é alvissareiro: revela a dimensão da cren-ça e do esforço da nossa juventude no estudo e na criatividade vinculados ao grande desafio do Desen-volvimento. Tive a opor-tunidade de comparecer à cerimônia de agraciamen-to dos vencedores e de sentir, em suas faces, o ânimo do cumprimento de uma missão de sig-nificado nacional.

E os Símbolos são muito importantes no fenômeno da mobilização da vontade de um país para o desenvolvimento. A Petrobras é um símbolo do sentimento nacionalista brasileiro; Brasília, onde se realiza o jul-gamento e a entrega do Prêmio, é um símbolo do Brasil Novo, desenvolvimentista, que ascendeu ao Planalto Central a assen-horeou-se de todo um imenso território que antes lhe pertencia quase só nos mapas; Celso Furtado é um símbolo do desenvolvi-mentismo brasileiro, do cuidado, do estudo, da racionalização do processo de desenvolvimento ligado ao interesse e à mobilização de todo o povo; e Armando Mendes tornou-se um símbolo do desenvolvimento da Amazônia, do esforço de busca dos camin-hos de realização deste desenvolvimento ainda não suficiente-mente equacionado.

Sou daqueles que acreditam que uma das etapas mais impor-tantes, senão a mais relevante para o Desenvolvimento do Brasil em nossos dias, é a do traçado das diretrizes de um processo de desenvolvimento da Amazônia que respeite verdadeiramente a ecologia da floresta, e que envolva todo o povo amazônida, uma

ciência da Amazônia ainda não decifrada, uma política para a Amazônia ainda não praticada.

Estamos bem conscientes, os desenvolvimentistas brasileiros, de que as desigualdades regionais ainda são muito grandes, inacei-táveis, e que a grande reserva de miséria do País ainda se encontra no Nordeste. Não se pode, evidentemente, descuidar da nossa populosa região mais pobre, mas é hora de reconhecer que o Nor-deste Brasileiro encontrou os seus caminhos: tem já uma forte e preciosa presença de universidades no seu interior, e aprendeu, tem hoje o saber social dos caminhos do desenvolvimento. E há um brasileiro, nascido na região, bem destacado e reconhecido nesta decisiva realização nordestina: chama-se Celso Furtado.

Outra grande parte do nosso País, outrora atrasada no processo econômico-social, o Centro-Oeste, é hoje a região brasileira de maior dinamismo neste processo, fruto, entre outros fatores, da sim-bólica mudança da Cap-ital efetuada no meio do século passado, e de toda a irradiação desen-volvimentista que se processou a partir deste novo pólo nacional.

O que falta no Bra-sil, agora, é a Amazônia: imensa e ambicionada riqueza biológica, hídri-ca, energética, mineral e humana toda em poten-

cial, à espera de caminhos ainda não desvendados, caminhos pro-fundamente novos, que não sejam comandados pelos bem conhe-cidos interesses do capital mas que abram, revelem ao mundo o que o mundo inteiro está aguardando: um novo desenvolvimento que respeite a natureza e priorize o ser humano, o desenvolvimento do século XXI.

E anuncio logo, com muita ênfase e muito entusiasmo, que o Centro Celso Furtado decidiu que o tema do seu próximo Con-gresso internacional bianual, no ano próximo, será a Amazônia, o Desenvolvimento da Amazônia, a realizar-se em Manaus, com a participação de importantes representações de todos os países amazônicos. E dois nomes brasileiros obviamente serão símbolos desse Congresso: Celso Furtado e Armando Mendes.

(*) Roberto Saturnino Braga é Colunista colaborador de Plu-rale. Economista, político e escritor de vários livros. É Dire-tor-Presidente do Centro Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento.

SÍMBOLOS: A AMAZÔNIA

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17

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P elo Brasi l

18 PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

“vem a responsabilidade, e responsabili-dade exige um processo decisório ético”.

seminário  - Além do lançamento do documento,  foi realizado pela GRI, em parceria com o Instituto Verificador de Comunicação (IVCBrasil), o seminário “Liberdade de Expressão e Transparência: Os Meios de Comunicação e seus Impac-tos na Sociedade Brasileira”. Especialistas debateram temas relacionados aos meios de comunicação e seu papel no movimen-to pela sustentabilidade.

O seminário abordou questões como regulamentação, transparência e impacto social da imprensa e das novas mídias, além da influência dos meios na visão de executivos e editores de veículos de circu-lação nacional que acompanham os novos modelos de desenvolvimento. Cheila Zor-téa, coordenadora da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho - do Grupo RBS - apre-sentou a experiência com o relatório GRI. “Tem sido muito valioso para o Grupo. Temos um quadro bem real de nossas ações”, disse. O diretor de Apoio Editorial da Editora Abril, Edward Pimenta, apre-sentou a linha editorial e o compromisso com a qualidade e com os leitores. “O jor-nalista continua sendo muito importante. Existe atualmente uma verdadeira catarse coletiva por conta das redes sociais. Mas o público é quem julga.”

Mídia sustentável - Tive o privilégio de participar de roda de diálogo com cole-gas editores de publicações de Sustentabi-lidade - Amália Safatle (Página 22) e Ri-cardo Voltolini (Ideia Sustentável/ Next) - com mediação da também jornalista Cé-lia Rosemblum, Editora do  Valor Econômico. “A mídia sustentável é muito relevante, mas, infelizmente, o segmento publicitário ainda não reconheceu isso. Normalmente, as negociações costumam acontecer diretamente com os executivos das empresas”, afirmou Ricardo Voltolini. Amália Safatle disse que a Página 22, pub-licação do Centro de Sustentabilidade da FGV (Gvces), passará a ser bimestral, e não mais mensal como nos últimos anos. “O jornalismo não está em crise. Mas te-mos que rediscutir as formas de financia-mento.”

Aron Belink e Gláucia Terreo abriram o evento

Jornalistas debateram sobre os rumos e a relevância da Mídia Sustentável (da esquerda para a direita): Ricardo Voltolini (Ideia Sustentável/NEXT), Amália Safatle (Página 22), Sônia Araripe (Plurale) e Célia Rosemblum (Valor)

por sônia araripe, editora de plurale Fotos de lela Beltrão/ divulgação

A GRI (Global Reporting Initia-tive) acaba de lançar o Setorial de Mídia. O lançamento no Brasil aconteceu no dia 17 de junho, durante o Seminário

“Liberdade de Expressão e Transparência: Os Meios de Comunicação e seus Impactos na Sociedade Brasileira”, realizado na sede da Fundação Getúlio Vargas, em São Pau-lo. O evento reuniu diversos especialistas da área de mídia, executivos de empresas e consultores da área de produção de balan-ços pela metodologia da GRI. A publica-ção, destinada a organizações do setor de Mídia, abrange os principais aspectos do desempenho de sustentabilidade que sejam significativos e relevantes ao setor.

“É um conteúdo relevante”, explicou Gláucia Terreo, Diretora da GRI no Brasil. O setorial, na verdade, foi lançado pela pri-meira vez em 2012, desenvolvido com base nas Diretrizes G3.1, mas passou por adap-tações e agora foi apresentado em novo formato para facilitar seu uso em combina-ção com as Diretrizes G4. Para quem não está acostumado com esta terminologia, é como se fosse um upgrade, com padrões e diretrizes ainda mais completos.

No Brasil, apenas três empresas de mí-dia publicam Relatórios em GRI: a Edi-tora Abril, o grupo RBS e o Grupo Gaze-ta, de Vitória. “Seria interessante que mais empresas seguissem este exemplo”, obser-vou Gláucia Terreo. O professor da FGV, Aron Belinky, moderou a roda de diálogo.

gri lança setorial de Mídia

Rodolfo Gutilla, presidente do Consel-ho do Ponto Focal Brasileiro da Global Re-porting Initiative e sócio diretor da CAUSE, também destacou a importância do docu-mento.  “Reportar com clareza é essencial para que um veículo de comunicação mostre seu comprometimento com a verdade e isso deve ser feito não somente com seus acertos, mas com erros também. Os relatórios são importantes para entender o papel da indús-tria da comunicação na defesa da liberdade de expressão”, disse Gutilla. 

Brainprint - O setorial de mídia lança o conceito de brainprint , em uma alusão ao footprint, citando o impacto e influên-cia na sociedade por meio do conteúdo da mídia. Como o paper explica, o  brainprint”significa que o conteúdo pode afetar atitudes, comportamentos e a opinião pública, o que impõe outras.” Junto com a liberdade, reforça o  paper,

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da cnseg

Estão abertas as inscrições para a 5ª edição do Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros, promovi-do pela Confederação Nacional

das Empresas de Seguros Gerais, Previ-dência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg). As inscrições irão até 30 de setembro. A premiação, criada em 2011, busca estimular e recon-hecer os trabalhos que contribuem para a inovação no mercado de seguros.

Poderão participar aqueles que forem colaboradores de empresas de seguros, previdência privada e vida, saúde suple-mentar, capitalização, resseguros, correto-ras e corretores de seguros e resseguros autônomos. Os projetos concorrerão nas

Prêmio Mobilidade Urbana“Mobilidade com qualidade merece reconhecimento”

Realização:

Informações, inscrições e regulamento no sitewww.premiomobilidadeurbana.com.br

O PMU é uma iniciativa da Fetranspor que premia cases de sucesso para a evolução da mobilidade urbana no estado do Rio de Janeiro. Em 2015, a edição está ainda mais especial, e

os três primeiros colocados em cada categoria serão premiados. Afinal, são 60 anos de Fetranspor. Inscreva-se.

PMU Especial Fetranspor 60 anos

Inscrições abertas

Até 10/8/2015

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Desenvolvimento Sustentável

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inscrições abertas para

o prêmio Mobilidade

urbana – especial Fetranspor,

60 anos

O Prêmio Mobilidade Urbana é uma iniciativa da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor).

Sua missão é a promoção de um amplo de-bate sobre Mobilidade Urbana de modo a gerar o amadurecimento das reflexões sobre o tema e contribuir para inovação no setor.

O tema Mobilidade Urbana refere-se aos meios, serviços, infraestruturas e políticas voltados à garantia dos direitos dos cidadãos, relativos aos deslocamentos de pessoas nas cidades.

o prêmio – lançado em 2010- tem por objetivo reconhecer os melhores trabalhos sobre o tema, desde que estejam direta ou indiretamente ligados à Mobilidade Ur-bana no Estado do Rio de Janeiro.

Excepcionalmente, em 2015, o Prêmio Mobilidade Urbana reconhecerá uma per-sonalidade que tenha contribuído de for-ma significativa para o desenvolvimento do tema objeto de cada categoria, e, de forma geral, uma personalidade de mer-ecido destaque especial pela sua relevante contribuição à Mobilidade Urbana, em comemoração ao 60º aniversário da Fetranspor.

O trabalho vencedor de cada categoria será premiado em cerimônia oficial, com o Troféu Mobilidade Urbana e um cheque no valor de R$ 20.000,00. A cerimônia de premiação será em novembro.

Leia o regulamento e saiba como se inscrever no site:http://www.premiomobilidadeurbana.com.br/

5ª edição do prêmio antonio carlos de almeida Braga de inovação em seguros: inscrições abertas

categorias “Produtos e Serviços”, “Proces-sos” e “Comunicação”. A avaliação será feita pela Comissão Julgadora em duas etapas, sendo a primeira de julgamento individual dos trabalhos.Este ano, a se-gunda fase foi ampliada, dando a 15 final-

istas a oportunidade de defender seus pro-jetos presencialmente. A mudança permite o conhecimento mais detalhado de um maior número de projetos concorrentes. Ao final do processo, os três primeiros co-locados de cada categoria serão premiados.

Para auxiliar e inspirar os interessados em participar da premiação, a CNseg pro-moverá, ao longo do período de inscrições, uma série de eventos voltados à inovação. A expectativa é de que o total de trabalhos concorrentes seja ainda maior que o re-corde de 78, registrado em 2014. O au-mento, de 41,3% em relação à edição an-terior, reafirma a importância do Prêmio dentro e fora da Confederação, que vê na iniciativa uma maneira de reforçar o papel do setor como agente fundamental do de-senvolvimento socioeconômico do país.http://www.premioseguro.com.br/

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20 PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

Vinicius lisboa - repórter da agência Brasil

O uso de agrotóxicos na agri-cultura brasileira mais do que dobrou entre os anos de 2002 e 2012, divulgou hoje (19) o Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a pesquisa Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS), o uso de agrotóxicos saltou de 2,7 quilos

de curitiba

Os vencedores do Prêmio LIDE de Meio Ambiente 2015 foram divulgados no dia 25 de junho, durante o 6º Fórum Mundial do Meio Ambiente,

que acontece em Foz do Iguaçu (PR). O ob-jetivo da premiação é homenagear empresas brasileiras, estrangeiras ou pessoas físicas que realizam projetos ambientais no Brasil. O prêmio é uma iniciativa do LIDE – Grupo de Líderes empresariais, maior organização empresarial do Brasil, reunindo cerca de 1.700 empresas que juntas são responsáveis por 52% do PIB privado do país.

A Fundação Grupo Boticário de Pro-teção à Natureza foi a instituição escolhida na categoria Unidades de Conservação (UC) pelo trabalho que desenvolve pela conservação da biodiversidade brasileira, especialmente no incentivo às áreas prote-gidas. “A Fundação Grupo Boticário foi uma das primeiras instituições a incentivar ações de proteção às UCs, além de possuir

Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, recebe o prêmio de Roberto Klabin, presidente do Instituto SOS Pantanal e do LIDE Sustentabilidade  (esq) e de João Dória Jr, fundador e presidente do Grupo Doria.

ANDERSON FERREIRA / DIVULgAçãO

duas reservas próprias. É um compromisso com a conservação que merece ser reconhe-cido”, afirma Gustavo Ene, CEO do LIDE.

Os projetos apoiados pela Fundação Grupo Boticário já beneficiaram mais de 400 UCs em todo o Brasil. Já as duas uni-dades de conservação criadas e administra-das pela instituição estão localizadas nos dois ambientes naturais brasileiros mais fragmentados e mais ameaçados de extin-ção: a Mata Atlântica (Reserva Natural Salto Morato, em Guaraqueçaba - PR) e o Cerrado (Reserva Natural Serra do Tomba-dor, em Cavalcante - GO).   Juntas, elas protegem mais de 11 mil hectares de áreas

naturais nativas que são habitat para cerca duas mil espécies de plantas e animais.

Para Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário é uma hon-ra poder receber mais essa premiação. “Sermos reconhecidos por este grupo de formadores de opinião é muito impor-tante, pois reflete que a conservação da natureza é relevante nas diversas regiões do Brasil e que estabelecemos a rota correta para trabalhar com essa causa, conquistan-do resultados sólidos e notório reconheci-mento”, destaca. A instituição já recebeu mais de 60 reconhecimentos públicos e em setembro deste ano completa 25 anos.

Fórum Mundial de Biodiversidade premia ações ambientais

uso de agrotóxicos no Brasil cresce mais de duas vezes e meia em dez anos

por hectare (kg/ha), em 2002, para 6,9 quilos por hectare em 2012 – variação de cerca de 155%.

Segundo o IBGE, os produtos mais usados em 2012 são os considerados perigosos ou muito perigosos, com 64,1% e 27,7% do total de produtos comercial-izados naquele ano.

Os herbicidas foram os agrotóxicos mais comercializados no período, com 62,6% do total de vendas, seguidos dos

inseticidas, com 12,6%, e dos fungicidas, com 7,8%. O uso de agrotóxicos por área foi maior na Região Sudeste, com 8,8 qui-los por hectare, e o estado de São Paulo foi o que fez o uso mais intenso em 2012, com 10,5 kg/ha. O segundo estado com maior uso de agrotóxicos é Goiás, com 7,9 kg/ha, e o terceiro, Minas Gerais, com 6,8 kg/ha.

O menor uso de agrotóxicos foi veri-ficado no Amazona e no Ceará, onde o valor é menor que 0,5 kg/ha.

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de são paulo

A BM&FBOVESPA e o Centro de Estudos em Sustentabili-dade da Fundação Getulio Vargas (GVces) realizaram, em 23 de junho, na FGV,

evento destinado exclusivamente a jor-nalistas, com as novidades sobre o processo do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) para 2015 e uma avaliação dos 10 anos de sua criação. Foram apresentados os destaques do novo questionário do ISE e a Plataforma de Indicadores do Índice.

Entre os principais destaques do novo questionário estão uma maior ênfase ao posicionamento estratégico das empresas

em relação à sustentabilidade e à geração de valor compartilhado, com a criação de novo critério na Dimensão Geral; uma mudança de indicadores de outras dimen-sões para a Dimensão Geral, que passa a ser preenchida inclusive pelas empresas controladas; explicitação do conteúdo das dimensões por meio de matrizes lógicas; organização de temas transversais (educa-ção, engajamento de stakeholders, gover-nança, saúde e segurança, cadeia de valor); adequação dos questionários Social e Amb-IF a diferentes perfis de empresas, por meio da incorporação de “trilhas de perguntas”; e a ênfase a questões de gover-nança de empresa públicas / economia mista e integridade na gestão.

ise 10 anos: BM&FBoVespa e gVces apresentam os destaques do novo questionário e a plataforma de indicadores do índice

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PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 201522

Cultura

por nicia ribas, de plurale do rio de Janeiro

Boas ideias para melhorar a qual-idade de vida nas grandes ci-dades são sempre bem-vindas. É o caso dos Ninhos de Livros que estão sendo espalhados

pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro, com o objetivo primordial de incentivar a leitura. Uma criação da Satrápia, agência carioca de benfeitorias para cidades, inspi-rado em iniciativa que já existe na França, o Ninho está fazendo sucesso: “Temos recebido muitos pedidos para instalação de Ninhos em diversos locais, inclusive em outras cidades do País”, revela a pub-licitária Renata Tasca, 29 anos. Ela e sua sócia, Myrtes Mattos, fundaram a Agência em 2013 e estão empolgadas com a boa aceitação dos Ninhos pelos cariocas.

Já existem nove Ninhos no Rio: Rua 3, no Vidigal; Praça Sarah Kubitschek, em Copacabana; Arpoador; Praça Nelson

Projeto procura

estimular o hábito de

leitura entre os

cariocas. casinhas

para a troca de livros

estão espalhadas em

vários pontos do rio,

alguns perto de

comunidades

Mandela, em Botafogo; Parque Guinle, em Laranjeiras; Pedro II; Escola Parque; Praça Santos Dumont, na Gávea e Parque Lage, no Jardim Botânico. “A meta é in-stalar 50 na cidade e para isso estamos buscando patrocinadores”, diz Renata, citando a contrapartida do investimento: divulgação da marca da empresa no próprio Ninho, nas camisetas da equipe e no site da Satrápia.

Além de estimular o hábito da leitura, os Ninhos estão servindo para aproximar e criar laços entre vizinhos. No troca-troca de livros, todos saem ganhando. Toda se-mana, a equipe da Satrápia faz a ronda nos Ninhos, colocando nas casinhas livros doados que recebem em sua sede. As pes-soas podem colocar livros diretamente nos Ninhos próximos de suas casas ou enviar para a Satrápia.

Em janeiro deste ano, a Praça Sarah Kubitschek, em Copacabana, ganhou a casinha de passarinho. Recentemente,

UM NINHO PARA

As jovens Myrtes Mattos e Renata Tasca, da Satrápia, que lançaram a Ninho de Leitura no Rio.

DIVULgAçãO

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FOTOS: DIVULgAçãO

A editora Lúcia Kourry foi conhecer o Ninho de Copacabana: “É disso que precisamos. Facilitar o acesso aos livros, formar leitores”.

numa tarde chuvosa, a editora Lúcia Koury, que mora ali perto, foi conhecer o Ninho. Ela aproveitou para levar A doçura do mundo, de Thrity Umrigar, escolhido entre obras de Pedro Bandeira, Antonia Pellegrino, uma bíblia, um dicionário de inglês e até os pesados volumes de uma enciclopédia Barsa, que foram deixados sobre a mesa da praça porque não cou-beram na casinha. Para a Plurale, Lúcia

elogiou a iniciativa das criadoras do Nin-ho de Livros: “É disso que precisamos.Fa-cilitar o acesso aos livros, formar leitores”.

Além do projeto Ninho de Livros, a Satrápia já lançou outros, como Bairro Galeria, Fortaleza Sou Eu, 100 em 1, Te Vejo na Praça e Te Vejo na Quadra. Outra ideia que já começa a virar realidade é a de aliar o Ninho de Livros a eventos voltados para a literatura, como o que ocorreu na

inauguração da casinha do Vidigal, quan-do a escritora Thalita Rebouças coman-dou uma roda de leitura entre as crianças.

Mais informações: Site: www.satrapia.com.brFacebook: www.facebook.com.br/satrapiaVídeo Institucional: http://vimeo.com/100823925 Facebook Ninho de Livro: www.facebook.com/ninhodelivro

NÍCI

A RI

BAS/

PLU

RALE

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PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 201524

Educação

por sônia araripe, editora de plurale * de currais novos (rn)

Distante de Natal, em uma viagem de cerca de três horas em estrada que corta o agreste nordestino, o município de Currais No-

vos (RN) não tem muitas atrações turísticas. Um pequeno Cristo-Rei na praça principal, açude nas redondezas, algumas lojas “de grife” nas ruas princi-pais, igrejas e restaurantes de comidas

Bruno Henrique de Oliveira, estudante do grupo premiado; Mario Laffitte, Vice-presidente de Marketing e Assuntos Corporativos da Samsung para América Latina; José Vilton da Cunha, Prefeito de Currais Novos; Elba Alves, Diretora da Escola Tristão de Barros; Maria do Socorro da Silva, Secretária-Adjunta da Secretaria de Educação do Rio Grande do Norte e Ivanês Oliveira Alexandrino, professor de Física, coordenador do grupo premiado pelas invenções que misturam inclusão e sustentabilidade.

É CAMPEã EM PRêMIO DE EDUCAçãO & SUSTENTABILIDADE

típicas. Nenhum cinema ou outro ponto de interesse geral. No coração do Seridó - região de destaque no interior do Rio Grande do Norte - o município com cerca de 41 mil habitantes agora tem algo mais para se orgulhar. A Escola Es-tadual Tristão de Barros foi premiada no dia 2 de junho como destaque na pri-meira edição do concurso “Respostas para o Amanhã”, promovido pela Sam-sung. Como prêmio, uma sala de aula high-tech, com computadores, tab-lets e equipamentos de última geração.

O objetivo do Concurso é premiar es-colas públicas que tenham se destacado com propostas inovadoras de como ajudar a solucionar algum problema de suas co-munidades utilizando conceitos de Ciên-cia, Tecnologia, Engenharia e Matemática. No caso da escola no sertão potiguar, não faltaram ideias inovadoras e muito menos lideranças e uma turma de jovens com von-tade de fazer a diferença. “Trabalhamos com o lixo eletrônico, o chamado e-lixo, e procuramos soluções que pudessem incluir alunos especiais”, conta o professor de Físi-ca, Ivanês Oliveira Alexandrino, 45 anos. A partir de pedaços de celulares e outras par-tes de produtos eletrônicos, ele conseguiu, em um laboratório alternativo, com a ajuda de alunos do 3º Ano do Ensino Médio pro-duzir algumas “engenhocas” de fazer inveja ao “Professor Pardal”, personagem da Dis-ney que cria inventos curiosos e inovadores. O trabalho no laboratório tem três anos e exigiu comprometimento do grupo de alu-nos também fora do horário de aula.

Nasceram, assim, uma bengala ele-trônica e pulseira com vibra call de celula-res para deficientes visuais e uma cadeira de rodas elétrica, capaz de permitir que deficien-tes se movimentem ao enviar comandos dire-cionais por meio de um joystick de video-game. Os alunos também criaram um mouse óptico que, com uma lente tirada de um celular, pode aumentar o tamanho das le-tras de um texto e ajudar deficientes visuais na leitura. Um dos  “cobaias” foi o então aluno da Escola Tristão de Barros, o defici-ente visual João Paulo da Silva Vieira.

“Estou orgulhoso pelo o que desen-volvemos juntos”, contou à Plurale, o jo-vem que hoje tem 27 anos e estuda Física à distância na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. João Paulo se inspirou no Professor Ivanês e sonha um dia tam-bém poder ensinar outros jovens de Cur-rais Novos a achar soluções inovadoras. O projeto vencedor foi batizado de “Equilí-brio – para uma inclusão sustentável e um meio ambiente melhor” e venceu outras 363 práticas de vários colégios em dife-rentes pontos do Brasil. Antes, o Concur-so já existia em oito países da América Latina, mas 2014 foi a primeira vez que a iniciativa chegou também ao Brasil. A ex-pectativa dos organizadores é que o números de inscritos cresça no segundo ano, agora em 2015.

escola púBlica de currais noVos (rn)

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compartilharNinguém espere, porém, uma aguçada

visão comercial do Professor Ivanês e seus alunos. “Não queremos patentear ou gan-har dinheiro com o que criamos. Nosso objetivo é mesmo compartilhar, ajudar à quem precisa e incluir todos na mesma es-cola”, assegura. A Escola Tristão de Barros, criada em 1978, é modelo na região em inclusão de especiais.

O  vice-presidente de Marketing e As-suntos Corporativos da Samsung para América Latina, Mario Laffitte, explicou que os coordenadores da premiação ficaram impressionados com a qualidade dos proje-tos apresentados. “Todos realmente inova-dores. Ficamos satisfeitos por notar que muitas das propostas estavam ligadas à sus-tentabilidade, com foco em inclusão e meio ambiente”, disse. E completou: “Tivemos a grata surpresa de conhecer a Escola Estadual Tristão de Barros e seu excepcional trabalho. Eles mereceram vencer o concurso. Para nós da Samsung é uma alegria imensa entregar essa sala de aula interativa para uma escola que se destaca, e para educadores, que fazem a diferença e promovem a aplicação prática das teorias, além de estimularem o engaja-mento social dos jovens.”

No fim de 2014, os jovens de Currais Novos - e outros grupos de quatro escolas finalistas - estiveram em São Paulo, para serem premiados. “Foi incrível. Tínhamos esperança, mas não imaginávamos que

poderíamos sair de lá campeões”, revelou o jovem aluno Bruno Henrique de Olivei-ra, 17 anos, um dos envolvidos no grupo vencedor, que sempre gostou das discipli-nas de Exatas.

trabalho de equipeA visita da comitiva de executivos rep-

resentantes da empresa coreana no Brasil à Currais Novos, no coração do Seridó, na última terça-feira, dia 2 de junho, teve gosto mesmo de festa. Com direito à visita do Prefeito e uma leva de políticos, em-presários e comerciantes da região. “Estou certa que este será um dia inesquecível não só para a nossa Escola Tristão de Barros, mas também para Currais Novos e para toda a nossa região”, disse a diretora da Escola vencedora, a professora Elba Alves. A Tristão de Barros sofre, como a maioria das escolas públicas com as carências de infra-estrutura e da distância para os grandes centros. Não tem muros e a rede elétrica é antiga e sobrecarregada. Nem por isso, diretora, funcionários, professo-res e alunos deixaram de se engajar de corpo e alma em transformar do limão uma limonada. “Focamos no ensino, na gestão, no trabalho de equipe. Este é um prêmio para toda a “família” Tristão de Barros”, comemorava a diretora.

Apenas os alunos do 3º ano do Ensino Médio estiveram envolvidos diretamente com o projeto vencedor no concurso, mas

a Escola como um todo “abraçou” a inicia-tiva, explicou Elba Alves. Orgulhosa, apre-sentou dados: nove alunos participantes do concurso “Respostas para o Amanhã” foram aprovados no vestibular de universi-dades públicas em cursos de Ciências e Tec-nologia. Em toda a escola, foram 41 aprovados em universidades públicas. Os alunos vibraram não só com a sala intera-tiva mas também com a possibilidade de assistir um filme atual no telão instalado no pátio do colégio sem ter que ir até Natal.

edição 2015Especialistas em Educação participaram

do júri que escolheu os finalistas e depois a Escola vencedora. “Foram cases realmente relevantes. Fiquei muito impressionada com o que vi na Tristão de Barros. Um en-sino de qualidade e um grupo muito moti-vado. Fala-se muito no exemplo de outros países em educação. Mas esta escola mostra que é possível buscar inspiração aqui mes-mo, no Brasil “, disse Carolina Fernandes, coordenadora de Campanha e Mobilização da ONG Todos pela Educação, que partici-pou do julgamento.

“O trabalho da escola Tristão uniu a questão ambiental, a tecnologia e a inclusão de deficientes, o que é realmente muito es-pecial. Esperamos que, nas próximas edições do concurso, mais escolas se inspirem a criar projetos tão inovadores e revolucionários quanto esse”, diz Helvio Kanamaru, gerente de Cidadania Corporativa da Samsung para América Latina. Ele anunciou que a ideia é relatar o que aconteceu nestas escolas finalis-tas do concurso para que possam servir de exemplos para outros gestores e professores. “Vamos sistematizar o que aconteceu na Tristão de Barros e nas outras quatro finalis-tas para que estes cases possam ser compar-tilhados”, explicou Hélvio.

A edição 2015 do concurso “Respostas Para o Amanhã” está com as inscrições ab-ertas pelo site www.samsung.com.br/res-postasparaoamanha. Poderão se inscrev-er alunos do Ensino Médio de escolas públicas de todo o Brasil que tenham ide-ias inovadoras de como ajudar a solucio-nar algum problema de suas comunidades utilizando conceitos de Ciência, Tecnolo-gia, Engenharia e Matemática.

(*) A Editora viajou a convite da Samsung Brasil.

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PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 201526

Seguros

do rio de Janeiro

A Seguradora Líder-DPVAT – companhia privada adminis-tradora do seguro DPVAT (Seguro Obrigatório de Da-nos Pessoais Causados por

Veículos Automotores de Via Terrestre, mais conhecido como Seguro Obrigatório) – lançou recentemente o seu Relatório de Sustentabilidade de 2013, apresentando a evolução dos compromissos assumidos com o cidadão, acionistas e governo. Des-de 2012, a Seguradora é signatária dos Princípios para a Sustentabilidade em Se-guros (PSI), iniciativa das Nações Unidas para a integração das questões ambien-tais, sociais e de governança corporativa à estratégia e gestão das empresas do mer-cado segurador.

“O seguro DPVAT tem elevado cunho social. Assim, a aderência da Seguradora Líder-DPVAT, administradora do seguro, aos princípios norteadores do PSI foi um caminho muito natural. Fizemos uma revi-são estratégica e a sustentabilidade passou a integrar a própria cultura, os processos e resultados, como uma importante ferra-menta para a mitigação de riscos e aprovei-tamento de oportunidades de negócio”, avalia o Diretor-Presidente da Seguradora Líder-DPVAT, Ricardo Xavier.

O Relatório seguiu as diretrizes da GRI-G4, um conjunto de diretrizes da ONG holandesa Global Reporting Initia-tive de melhores práticas em transparên-

cia. Para quem não está muito familiariza-do com este tipo de tema, é fácil entender: conteúdos e indicadores acordados inter-nacionalmente permitem que as informa-ções contidas nos relatórios de sustentabi-lidade sejam acessadas e comparadas, disponibilizando, assim, dados aprimora-dos para informar as decisões de diferentes públicos estratégicos, ou stakeholders.

iniciativas sustentáveisO Relatório destaca a importância dos

Boletins Estatísticos, que apresentam, tri-mestralmente, um panorama das indeni-zações e perfil das vítimas de trânsito. O

uM seguro de cunho socialseguradora líder-dPVat, administradora do seguro dPVat, publica balanço social com práticas e ações sustentáveis relevantes

documento também traz o desenvolvi-mento de iniciativas que reduzam o uso de recursos naturais, como a criação do gru-po SustentabiLíder e do projeto Atitude Líder, que visa conscientizar os colabora-dores sobre a importância de adotar atitu-des mais sustentáveis em seu cotidiano.

“Acreditamos que a transparência é uma premissa de atuação da seguradora e que envolve a participação de todos os co-laboradores, ” afirma Xavier. Ele destaca que a sustentabilidade passou a ser defini-tivamente incorporada na visão estratégica da companhia. “Revisitamos nossa estraté-gia para que ela refletisse a necessidade de olharmos as operações de forma sistêmica, integrada aos nossos parceiros de negócio, beneficiários e demais partes interessadas, mapeadas na Cadeia de Valor”, explica.

Na mesma linha da busca por maior transparência, foi consolidada importante parceria com o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), uma Organiza-ção da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) dedicada exclusivamente para tra-balhar nos pilares delineados como funda-mentais para o atingimento do compromis-so assumido pelo Brasil perante à ONU, na redução do índice de acidentes de trânsito, e que ficou conhecido como a Década Mun-dial de Segurança de Trânsito (2011 a 2020).

Para facilitar o cidadão no licenciamen-to anual do seu veículo, com consequentes benefícios ao processo de arrecadação do seguro DPVAT, desde 2013 os proprietá-rios de veículos usados das categorias 3, 4 e 9 (ônibus, micro-ônibus, vans e motocicle-tas) podem fazer o parcelamento do valor do prêmio do seguro DPVAT, a ser pago em conjunto com o Imposto sobre a Pro-priedade de Veículos Automotores (IPVA).

aumento da rede de atendimentoOutro ponto destacado no Balanço So-

cial é o aumento da capilaridade do atendi-mento ao púbico com relevante parceria com os Correios, que passaram a receber os avisos de ocorrências (ou sinistros, como se fala no mercado de seguros) do seguro DPVAT. “Isso permite o alcance de nossa rede de atendimento a praticamente todas as cidades do Brasil”, destaca o Dire-tor-Presidente da Seguradora Líder. Tam-bém houve um esforço intenso na divul-gação de ações e prestação de contas ao público, seja através de campanhas educa-

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tivas e institucionais, como também em melhorias no site e nos canais de atendi-mento da Seguradora Líder.

Tantas iniciativas inovadoras e estraté-gicas garantiram premiações para a com-panhia. O trabalho conjunto para ampliar a rede de atendimento em parceria com os Correios garantiu à Seguradora Líder-DPVAT o primeiro lugar no prêmio Ino-vação e Sustentabilidade da CNSeg – Confederação Nacional das Seguradoras. Também foi destaque na 10ª Edição do Prêmio Innovare 2013, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), como incentivo às práticas inovadoras, que ajudam a modernizar o Sistema Judi-ciário Brasileiro: a Política de Conciliação implantada pela Seguradora Líder--DPVAT foi agraciada com a Menção Honrosa.

As Provisões Técnicas em 2013 atingi-ram o montante de R$ 4,1 bilhões, uma evolução de 16% em relação a 2012. Os resultados positivos se devem à diligência dos profissionais e parceiros na gestão des-tes recursos, mesmo em um período turbu-lento para o mercado financeiro brasileiro.

o que éO Seguro DPVAT foi criado por Lei

Federal, em 1974, com a finalidade de as-segurar que todos os cidadãos, que tenham sofrido danos pessoais como vítimas de acidentes de trânsito dentro do território brasileiro, pudessem ser amparados. O se-guro garante indenização, independente-mente de culpa, às pessoas transportadas ou não, pelos veículos ou por suas cargas. A natureza do seguro DPVAT é, em sua essência, social. Ou seja, são recursos da sociedade geridos para a sociedade. Dos recursos arrecadados, 50% são repassados à União, sendo 45% destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS), para o custeio da assistência médico-hospitalar das vítimas de acidentes de trânsito, e 5% ao Departa-mento Nacional de Trânsito (DENA-TRAN), para aplicação em campanhas de prevenção de acidentes de trânsito. Os 50% restantes são geridos pela Seguradora Líder dos Consórcios do seguro DPVAT S.A., para o pagamento de indenizações às vítimas de acidentes. O pagamento do prêmio do seguro DPVAT é imprescindível para que haja reservas que garantam o pa-gamento das indenizações.

Com a criação do seguro DPVAT, em 1974, cada proprietário de veículo passou a ter a obrigação de contratar o seguro obrigatório com a Seguradora de sua prefe- rência, que administra os prêmios e indeni-zações referentes à sua carteira de clientes. Em 1986, foi instituído o Convênio de Operações do seguro DPVAT, em regime de pool das Seguradoras, administrado pela Federação Nacional das Empresas de Segu-ros Privados e Capitalização (FENASEG).

O modelo de gestão da Seguradora Líder-DPVAT visa às melhores práticas de governança corporativa e técnicas de ges-tão do mercado segurador. A estrutura dos Consórcios do seguro DPVAT, em 2013, era composta por um pool de 75 Segura-doras Consorciadas, das quais 61 são acio-nistas da Seguradora Líder-DPVAT. As Consorciadas permanecem responsáveis pela análise/regulação dos sinistros, en-quanto a Seguradora Líder-DPVAT passa a representá-las nas esferas administrativa e judicial das operações do seguro DPVAT, o que resulta em mais unidade e responsa-bilidade na centralização de ações

destaques do relatório - Implantação do parcelamento do pa-

gamento do prêmio para os veículos usa-dos das categorias 3, 4 e 9 (ônibus, micro--ônibus, vans e motocicletas), em três parcelas iguais e mensais;

- Consolidação da parceria com os Correios: inclusão das 15 Unidades Fede-rativas restantes, totalizando 7.745 pontos de atendimento em todo o Território Na-cional ao final de 2013;

- Continuidade da Campanha Institu-cional de divulgação do seguro DPVAT: foco nas informações sobre o parcelamento do prêmio; - Consolidação dos conheci-

mentos sobre o seguro DPVAT, com ênfase na facilidade do acesso direto aos diversos canais de atendimento, sem necessidade de intermediários, e na segurança viária, por meio de filmes com cunho educacional;

- 10ª Edição do Prêmio Innovare 2013: a Política de Conciliação implanta-da pela Seguradora Líder-DPVAT foi agraciada com a Menção Honrosa;

- Reformulação do site institucional com o objetivo de facilitar o acesso às in-formações e estreitar o relacionamento com a sociedade, parceiros, imprensa e Seguradoras Consorciadas;

- Parceria com o ONSV – Observató-rio Nacional de Segurança Viária – tendo, entre várias ações, o Programa Observar com criação de 12 vídeos educativos desti-nados à prevenção de acidentes e orienta-ção dos condutores de veículos para uma atitude mais segura. Esses vídeos podem ser visualizados no endereço http://www.onsv.org.br/categoria/observar.

- Incremento nas ações de combate à fraude: 5.449 comprovações de tentativas de fraude, sendo 3.605 novas representa-ções criminais, das quais parcela significa-tiva deve resultar na instauração de inqué-ritos policiais, denúncias do Ministério Público e sentenças condenatórias;

- Participação em programas e conces-são de entrevistas divulgando além dos benefícios do seguro DPVAT, estatísticas de sinistros, viabilizando tomada de ações pontuais, inclusive, pelas Autoridades Pú-blicas e Privadas;

O Relatório completo está disponível para download no site da Seguradora Lí-der DPVAT: http://www.seguradoralider.com.br/SitePages/a-empresa-relatorio-sustenta-bilidade.aspx

“o seguro dPVat tem elevado cunho social. assim, a aderência da seguradora líder-dPVat, administradora do seguro, aos princípios norteadores do Psi foi um caminho muito natural.”

ricardo Xavier, diretor-Presidente da seguradora líder-dPVat

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PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 201528 PLURALE EM REVISTA | Janeiro / Fevereiro 201528

Frases

28 PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

“escrevo sem pensar, tudo o que o meu inconsciente grita. penso depois: não só para corrigir, mas para justificar o que escrevi.”“não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição.”“o passado é lição para se meditar, não para se reproduzir.”“o essencial faz a vidavaler a pena.”“não exijas mais nada. não desejo também mais nada, só te olhar, enquanto a realidade é simples e isto apenas.”“Quando a alma fala, já não fala nada.”“só o esquecimento é que condensa, e então minha alma servirá de abrigo.”“a felicidade é tão oposta à vida, que estando nela, a gente esquece que vive.”

um de nossos escritores

prediletos e pegando “carona” na

Feira literária internacional de

paraty 2015, também rendemos

nossas homenagens para Mário

de andrade. o modernista, o

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apaixonado pelo folclore

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PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

Água

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CONSERVAçãO DA

DEPENDE DE MANEjO INTEGRADO

BACIA AMAZÔNICA

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por isabella araripe, de plurale de Manaus Fotos de ingrid anne/ divulgação

A Amazônia é reconhecida mundialmente por ter a maior floresta tropical do mundo. Mas, sem as águas amazônicas essa floresta poderia virar um

grande deserto. As “Águas Amazônicas: Es-calas, Conexões e Desafios” foram o tema de conferência internacional realizada nos dias 19 e 20 de maio, em Manaus.

O evento - uma iniciativa da Wildlife Conservation Society (WCS Brasil), que tem como marco o Projeto SNAP – Ciência para a Natureza e Gente e foi implementa-do em colaboração com a The Nature Con-servancy (TNC) e o National Center for Ecological Analysis and Synthesis (NCEAS) - debateu como consolidar propostas para ampliar as ações de conservação na Bacia Amazônica, considerando a importância dos recursos, dos ambientes aquáticos e dos modos de vida tradicionais da região.

A Bacia Amazônica é o maior sistema hidrográfico do planeta, cobrindo uma área equivalente ao território continental dos Estados Unidos, e é responsável por 15% a16% da água doce que chega aos ocean-os. Mas, nos últimos dez anos, a degradação das florestas alcançou aproximadamente 20% da Amazônia e é uma grande ameaça.

“Precisamos considerar o manejo inte-grado de bacias para o bem-estar humano

e a conservação da biodiversidade da região amazônica”, explica Durigan. De acordo com o diretor da WCS no Brasil é preciso ter olhar diferenciado para que possamos seguir além das fronteiras geopolíticas.

A pressão sobre os recursos naturais tem aumentado de forma vertiginosa e sem con-trole e o problema não está apenas no lado brasileiro da Amazônia. Durante a conferên-cia internacional, Bruce R. Forsberg, do Inpa, alertou sobre as barragens que estão sendo construídas na região andina da Amazônia e podem causar grandes impactos sobre os ecossistemas aquáticos amazônicos, como redução da produção pesqueira, mortalidade de árvores, contaminação mercurial, etc.

Unidades de Conservação - Atual-mente, só no Brasil, cerca de 50% da Ba-cia Amazônica está protegida em unidades de conservação, terras indígenas ou ter-ritórios quilombolas. No entanto, estudos demonstram que esse percentual não é suficiente para garantir a conservação da biodiversidade e dos modos de vida dos povos regionais.

Outro tema apresentado no evento foi a pesca que ainda é o principal recurso natural proveniente dessa região. Sergio Rivero, da UFPA, lembrou que ela é chave para segurança alimentar da Amazônia e fonte fundamental de proteína para os ri-beirinhos. Segundo ele, 73% da Amazô-nia Brasileira consome pescado dos rios e não e por isso é preciso conservar as rotas migratórias e as áreas de alimentação, re-produção e os berçários.

peixes - Mais de uma centena de pro-jetos de novas hidrelétricas estão previstos para a Amazônia, alguns já em fase de implementação, gerando uma série de im-pactos irreversíveis. Segundo o pesquisa-dor e coordenador científico da WCS, Michael Goulding, caso seis barragens planejadas para a região andina sejam im-plementadas causariam impactos negati-vos no ecossistema amazônico por barrar fontes de sedimentos e nutrientes, áreas de reprodução, além de prejudicar as espécies migratórias de peixes, que representam até 90% da pesca comercial na região.

Somente no estado do Amazonas, o consumo de pescado é de 30 quilos por pessoa a cada ano. A pesca sustenta uma população heterogênea e atende desde populações ribeirinhas, passa pelas cidades e chega à exportação. Uma ação efetiva para o manejo pesqueiro passa pelo conhe-cimento da rota migratória dos peixes, das áreas de pesca e também da frota pesqueira

A conferência também apresentou os resultados do Grupo de Trabalho Amazônia Ocidental do SNAP, com uma série de análises científicas para auxiliar identificar processos chaves para serem considerados nas tomadas de decisão para ações na região e a Iniciativa Águas Amazônicas, através da qual a WCS pretende construir alianças em prol da conservação na Amazônia baseada nas conexões propiciadas pelas suas águas.

(*) A repórter viajou a convite dos orga-nizadores do evento.

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Amazônia

por hélio rocha, especial para plurale

A política ambiental brasileira segue em debate em Brasília e nas principais regiões onde há áreas de preservação. Consid-erado um avanço em termos

de proteção ao meio ambiente, por alguns especialistas, e criticado por outros por le-galizar áreas utilizadas de forma ilegal, o Código Florestal Brasileiro, aprovado há três anos, ainda provoca embate entre a classe política, proprietários rurais e ONGs. Caso parecido é o do Marco da Biodiversidade na Amazônia, que estabel-ece regras para o uso da riqueza natural do bioma amazônico, mas não deixa claro qual será a participação de povos tradicio-nais da região Norte, como ribeirinhos, indígenas e quilombolas, nos benefícios econômicos e sociais trazidos pela chegada

CIêNCIA, AGRONEGóCIO E A DISTRIBUIçãO DA RIQUEZA

NAtURALPopulações tradicionais lutam por destinação mais justa ao lucro gerado pela exploração econômica da floresta

de empresas interessadas na diversidade da fauna e da flora na região.

Desde muito antes de haver pesquisa científica ou grande negócios agrários na Amazônia, e consequentemente antes da transformação da biodiversidade em pat-entes e da terra num produto para o mer-cado, os povos tradicionais que ocupam a região Norte são os detentores do conheci-mento sobre as riquezas da região. Que benefícios a exploração econômica da flo-resta deixará a esses grupos sociais? Da mes-ma forma, questiona-se: qual o direito de minorias do campo à terra, num setor da economia dominado por grupos hegemôni-cos desde as Capitanias Hereditárias?

Segundo o diretor do Grupo de Trab-alho Amazônico (GTA), Rubem Gomes, o acesso desses segmentos minoritários da sociedade à riqueza que advém da explora-ção da biodiversidade é extremamente res-

trito. É, aliás, nulo se considerado o bene-fício direto, ou seja, o empoderamento e enriquecimento das comunidades que de-têm o conhecimento empírico sobre o uso da flora e da fauna amazônicas. “Acesso direto não existe. E se considerados as for-mas indiretas de benefício à população, também quase não há. A riqueza é levada para longe daqui”, protesta Rubem.

Amapaense, ele é filho de seringueiros e, hoje, mantém uma escola que desen-volve ações de educação para sociedades sustentáveis, que começou apenas como uma oficina de lutheria (produção de in-strumentos musicais a partir de madeiras amazônicas). A Oficina Escola de Lutheria da Amazônia (OELA) e o GTA trabalham pela coordenação das atividades de diver-sas comunidades tradicionais, em prol de mais e melhor participação nas lutas soci-ais da região. “Procuramos mudar esta cor-relação de forças, para garantir a parte de ribeirinhos, indígenas e quilombolas neste trabalho. Há duas vertentes da pesquisa científica na floresta. A primeira é a dos cientistas interessados em garantir progres-so à humanidade e qualidade de vida à população. Outra é a dos ‘inventores’, que

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vêm aqui em busca de patentes e enrique-cimento pessoal. Com essa não lidamos”, diz, taxativamente, o diretor do GTA.

Rubem afirma, ainda, que é difícil fazer da lei uma ferramenta de proteção dos povos tradicionais da Amazônia, visto que a própria Legislação foi pensada sem ouvir a voz dos povos da floresta. “Todo o processo de normatização do acesso à di-versidade deste ecossistema se dá atrope-lando as comunidades locais. A população daqui é tratada de forma ‘paternalizada’, como se não pudesse decidir por si e pela terra que habita há séculos.”

Tal impasse, a exemplo do quanto o Có-digo Florestal beneficiou o agronegócio ao anistiar produtores que desmataram Áreas de Preservação Permanente (APPs), como encostas e topo de morros, além de margens de rios, deixa evidente a luta das minorias por lograr representatividade nas decisões políticas que normatizam a conservação e a exploração sustentável das riquezas naturais.

Toda a avaliação do filho de seringueiros do Amapá vai ao encontro da análise do cientista político Paulo Roberto Figueira Leal. Para o especialista, a origem deste prob-lema está nos representantes da sociedade no

Congresso nacional. “É difícil haver uma legislação que contemple as pautas desses grupos sociais, visto que o que está represen-tado no Legislativo é o poder econômico, neste caso os grandes produtores rurais. Com o tamanho da bancada ruralista e de outros setores conservadores, a luta pelo at-endimento a demandas desses segmentos da sociedade é cada vez mais árdua.”

cadastro rural é o principal avanço, mas recenseamento ainda é desafio

No caso do Código Florestal, o estabe-lecimento de novas obrigações aos produ-tores rurais – como a preservação de 80% de vegetação natural em território amazônico, 35% no cerrado e 20% em outros ecossistemas –, mostrou-se insufi-ciente, segundo diversos ambientalistas. Neste caso, porque o cumprimento da lei depende da eficácia do Cadastro Rural, que busca registrar as propriedades para delas exigir os padrões estabelecidos pelo Código, além de salvaguardar as terras in-dígenas. Essa necessidade esbarra na re-sistência de alguns produtores em aderir ao registro oficial. O prazo para cadastra-mento seria encerrado em maio deste ano,

mas o Governo fez a prorrogação para até 2016, em razão da baixa adesão. O en-frentamento ao interesse de alguns fazen-deiros, no entanto, é considerado funda-mental por quem defende os direitos sociais das minorias do campo.

Para o jurista Bruno Stigert, a disputa pela terra, e pelos bens que dela se extrai, confunde-se com o surgimento da pro-priedade privada e, desde este momento, é o principal fomento da desigualdade social no curso da história. Neste caso, a resistên-cia em partilhar dos bens naturais, por parte de muitos detentores de terras e de meios de produção para pesquisa científi-ca, faz parte da mesma tensão na pirâmide social que atinge e mobiliza diversos gru-pos no espaço urbano. “A propriedade, independente de qual seja, foi adquirida de forma justa, num sistema igualitário? A história nos diz que não. Há um sistema injusto de acúmulo de capital e de rique-zas, com alguns dominantes e outros, dominados. Podemos levar este tema à questão do direito ao meio ambiente.”

De acordo com Bruno, a própria Con-stituição brasileira postula o meio ambi-ente como um direito e um dever de todos os cidadãos. Este ponto em particular seria a premissa para um questionamento sobre a função social das propriedades – e outras atividades que proporcionem lucros – ligadas aos ecossistemas brasileiros. “É fundamental a garantia dos direitos à terra de quilombolas, indígenas e outras mino-rias. Nisto, podemos tomar por preceden-te o próprio direito dos índios à reserva Raposa Serra do Sol, garantido pelo Su-premo Tribunal Federal (STF), contrari-ando interesses econômicos.”

Enquanto não há definição para o problema, no entanto, instituições como o GTA lutam por dar representatividade às populações locais e fazer frente ao poder econômico de empresas e elites agrárias. O principal avanço foi a assinatura, em abril deste ano, do primeiro Protocolo Comuni-tário da Amazônia, que regula as atividades comerciais envolvendo povos tradicionais, com base no direito de todos e no respeito às leis ambientais. “Esperamos avançar com esta e outras relações que estamos esta-belecendo entre os povos da Amazônia. O objetivo é sempre garantir qualidade de vida não só para quem vive aqui, mas para todo o mundo”, conclui Rubem Gomes.

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LEVANTAMENTO ESTUDA

BALEIAS-jUBARtE NA COSTABRASILEIRA

mento da plataforma continental brasileira, ao sul da Bahia e ao norte do Espírito Santo, onde se encontra o arquipélago de Abrolhos. Durante o verão, as baleias-jubarte, com um período de gestação de aproximada-mente um ano, migram para a An-tártida em busca de alimento e vol-tam ao Brasil no inverno, quando têm seus filhotes e se reproduzem.

Sob orientação do professor José Luiz Catão Dias no Labo-ratório de Patologia Comparada de Animais Selvagens (LAPCOM) da FMVZ, o estudo de Kátia identifi-cou as baleias presentes na região entre 2008 e 2012 por meio de imagens do padrão de pigmentação branca na parte ventral da cauda, que difere de uma baleia para a outra. Dessa forma, a pesquisadora pôde acompanhar a evolução de cada um dos animais.

Em campo - Foram fotografa-dos 622 animais em vida livre na primeira parte do estudo. A partir

das imagens, Kátia observou lesões cutâneas superficiais e profundas, evidências de interações com artef-atos de pesca e com animais de out-ras espécies, marcas de colisão com embarcações e até mesmo de intera-ções entre as próprias baleias.

Um dos maiores índices foi de casos de bolhas, nódulos e manchas descoloridas na pele das baleias. Se-gundo a pesquisadora, tais lesões não são normais e possuem origem desconhecida. Elas podem indicar possíveis doenças e infecções, o que as torna bastante relevantes conside-rando que há ocorrência delas em mais de 53% das baleias estudadas.

“Vi muitos arranhões superfici-ais, que deixam a pele com riscos brancos, ou feridas na nadadeira dorsal e nas protuberâncias da ca-beça das baleias. Provavelmente, são resultado de interação intraes-pecífica, que ocorre principalmente quando há a disputa entre os ma-chos para acasalar com as fêmeas”,

por Marília Fuller, da agência usp de notícias

A partir de análises vi-suais, estudos de cam-po e autópsias, a pes-quisadora Kátia Regina Groch estudou a saúde

das baleias-jubarte (Megaptera no-vaeangliae) na costa brasileira. Em sua pesquisa realizada na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootec-nia (FMVZ) da USP, ela  analisou como se dá a interação do animal com as atividades humanas na região, com sua própria espécie, com animais predadores e qual o impacto na sua sanidade.

As baleias-jubarte são uma das 14 espécies de cetáceos da subor-dem dos Misticetos, os quais pos-suem barbatanas no lugar de dentes. Com até 16 metros de comprimen-to, sua grande nadadeira peitoral dá a elas o nome Megaptera— “grande asa”, em grego. Nascem no alarga-

Biodiversidade marinha

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diz Kátia. Outros tipos de marcas, como riscos mais uniformes e de mesmo espaçamento ou pequenas mordidas em locais como a cauda, são indícios de interação com pre-dadores como tubarões e orcas.

Contudo, talvez o fator mais alarmante seja a percentagem de 17,7% de animais com sinais de emalhe em artefatos de pesca. “De-pendendo do tamanho da rede de pesca, pode ser pesada demais para o animal arrastar quando nada, fa-zendo ferimentos profundos em sua pele e extenuando-o de tal ma-neira que ele morre por não conse-guir se deslocar e pela infecção da ferida”. Ela ainda revela que essas são apenas as baleias as quais sobre-viveram e, portanto, esse número pode ser ainda maior, como é o caso daquelas com sinais de colisão com embarcações. “Muitas vezes, a interação delas com barcos e navios é fatal: uma hélice pode causar cor-tes profundos e até amputação”.

A pesquisadora também uti-lizou órgãos e ossos de baleias en-calhadas por toda a costa brasilei-ra. Por intermédio da autópsia desses animais, coletou e ex-aminou amostras para identi-ficar lesões e presença de bactérias ou vírus. Foram analisados os órgãos de 19 baleias, em sua grande maioria filhotes que enc-alharam ainda vivos.

Estudando os órgãos desses animais, Kátia concluiu que 73% deles possuía algum distúrbio relacionado ao nascimen-to, fazendo o filhote ter dificuldade respiratória. Foram encontradas, tam-bém, infecções bacterianas nas amostras, além de diversos sinais de trauma por choque com adultos, por predação e até estresse causado no momento em que o animal encalhou. Quando já em alto estágio de decomposição, Kátia analisou os ossos dessas bale-

ias. A parceria com o Projeto Baleia Jubarte permitiu que pudesse incluir em seu estudo os esqueletos do acervo. Ela encon-trou marcas de erosão nas articula-ções como as da artrite, desgaste de ossos, reação óssea por infecção ou por degeneração —  como o caso da artrose —  má formação óssea e fraturas.

Acompanhamento, manejo e monitoramento - A iniciativa de Kátia foi a primeira a levantar da-dos sobre a saúde das baleias-jubarte no Brasil, possibilitando o acompanhamento de cada uma de-las. “Contudo, pesquisas ainda pre-cisam ser feitas para elucidar algu-mas das lesões encontradas, as quais não possuem uma explica-ção”, disse Kátia.

Mais que isso, a pesquisadora acredita que os altos índices de sinais de interações entre o homem e as baleias devem servir de alerta. “É preciso que haja manejo e mon-itoramento das embarcações e ani-mais na região para diminuirmos essas porcentagens de interações, prejudiciais às baleias e aos própri-os pescadores”, completa.

Kátia já apresentou seu trabal-ho em conferências no Brasil, na África do Sul e na Nova Zelândia. Ela participa da  21st Biennial Conference on the Biology of Ma-rine Mammals  na cidade de São Francisco, na Califórnia, em dezembro deste ano, no qual expõe seu estudo sobre as doenças encon-tradas nas baleias-jubarte encalha-

das na costa brasileira.

As baleias-jubarte são encontradas desde o sul ao extremo norte da costa brasileira

FOTOS DE:

Marina guedes

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por raquel ribeiro, especial para plurale Fotos de cláudio loes e de raquel ribeiro

Desde 2009, Cláudio Loes desenvolve em municípios do Paraná o Projeto de Compostagem, reconheci-do como prática de referên-

cia em Educação Ambiental pelo Ministé-rio do Meio Ambiente, atendendo à Política Nacional de Resíduos Sólido. Ins- pirado nesse projeto, ele desenvolveu o Eco da Minhoca, uma série de atividades educativas bem pé-na-terra para turmas do 4º ano do ensino fundamental. Tudo começa com a leitura de A Fuga das Minho-

o educador ambiental cláudio loes assumiu uma missão: mostrar para as crianças que a máxima de lavoisier é a chave para preservar a natureza

“NADA SE CRIA, NADA SE PERDE,TUDO SE TRANSFORMA”

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cas, um livro para crianças que conta as aventuras dessas grandes operárias da terra e trata, nas entrelinhas, de consumo consciente e, principalmente, da impor-tância de compostar os resíduos orgâni-cos. Ou seja, separar as sobras da cozinha e as aparas de jardim e transformá-las, por um processo natural, em húmus, um ri-quíssimo adubo. “Conto a história antes da prática da observação. Os alunos me-lhoram seu comportamento, quererem no início pegar as minhocas com as mãos e depois passam a ter respeito por elas e esse cuidado pode ser estendido a todos os ani-mais”, avalia Cláudio. “Mas mais impor-tante do que aprender a valorizar as minho-cas é pensar no lixo que produzimos e ser responsável por ele, dar destino nobre aos resíduos e discutir o consumo desen-freado”, completa o especialista em Edu-cação Ambiental.

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Um simples dado responde a pergunta: do total de resíduo sólido urbano coletado no Brasil, 51,4% é matéria orgânica, ou seja, 94.309,5 toneladas/dia. Apenas 1,6% desse montante é destinado a unidades de compostagem e o restante é levado para li-xões, aterros controlados e aterros sanitá-rios, segundo o Diagnóstico dos Resíduos Sólidos Urbanos (IPEA, Brasília, 2012). Se esses resíduos fossem transformados em hú-mus e os materiais recicláveis separados, so-braria pouco “lixo”. Economia para a prefei-tura e respeitável redução do impacto ambiental – pois isso evitaria a emissão de gases poluentes, de contaminação de aquí-feros e do solo. Para essa mudança de para-digmas acontecer, Cláudio Loes acredita “na implantação de um programa de educação ambiental durante o período de um ano es-

por que compostar?

possibilidade de sentir a terra com as mãos, o uso de lupas e de fichas de obser-vação aumentam o interesse dos alunos e propiciam a compreensão de que a nature-za não produz lixo! O resíduo de um ser é alimento de outro; e assim sucessivamen-te”, diz o especialista.

Ao mesmo tempo em que os alunos vão aprendendo sobre o ciclo da terra, a história de A Fuga das Minhocas é conta-da por Cláudio e, em algumas situações, interpretada: “A união do imaginário e a realidade observada melhoram a percep-ção ambiental do aluno.” Um tema im-portante abordado no livro é a gigantesca produção de lixo nas cidades, questionan-do a cultura do descartável e incentivando o consumo consciente. Durante a leitura, o aluno percebe que não basta reciclar, é

Em Francisco Beltrão (PR), o Colégio Nossa Senhora da Glória, o Colégio Esta-dual Mario de Andrade e a Escola Estadu-al Cristo Rei; assim como a Escola Estadu-al Telmo Octávio Müller e a Escola Municipal Padre Afonso, ambas em Mar-meleiro (PR), já participaram dos proje-tos, desenvolvidos e aplicados pela sua empresa, a Ecophysis. “O objetivo princi-pal é religar os alunos com a natureza e aprender fazendo sobre compostagem, participação dos microrganismos e das minhocas no ciclo da vida; buscando, em um contexto amplo, ampliar a percepção ambiental”, resume Cláudio.

O Eco da Minhoca acontece em três etapas de cinco semanas cada: observação da decomposição do resíduo orgânico; chegada das tão esperadas hóspedes e ob-servação sobre como será dali para frente; por fim, plantio e observação do desenvol-vimento. Para a turma acompanhar o pro-cesso bioquímico da produção do com-posto, foram feitos vasos de garrafas de água de 20 litros (pet) com três tipos de diferentes composições orgânicas: somen-te resíduo orgânico e resíduo orgânico mais folhas, serragem, folhas ou palha de milho. Observando esses vasos, os alunos entendem como funciona a decomposição dos resíduos, o movimento das minhocas, como elas se alimentam e aeram o solo. “A

preciso evitar a compra de embalagens e produtos de vida curta, além de repensar nossos hábitos. Se cada um for responsável pelo lixo que produz, o impacto ambiental será menor.

Durante as atividades do Eco da Mi-nhoca, Cláudio ainda procura mostrar que os conteúdos aprendidos em sala de aula estão relacionados com todo o Meio Am-biente no qual estamos inseridos. “É im-portante fazer a ponte entre esses novos conhecimentos com os conteúdos da gra-de escolar. Exemplos: uma boa observação é escrita com um bom texto (Português), um gráfico precisa de números (Matemáti-ca), cada ficha a cada semana encadeia uma sequência (História), a apresentação do animal e onde é encontrado (Geografia e Ciências) e fazer o varal do lixo (Artes).”

colar, para ensinar a prática da composta-gem, relacionar a mesma com os conteúdos ensinados em sala de aula e criar o hábito, a rotina, de separar os resíduos orgânicos”.

Conquistar o prazo de um ano (em vez de ser apenas no Dia do Meio Ambiente) é um constante desafio para aplicação do projeto. Com tempo pode-se ter, além da prática da compostagem, atividades lúdi-cas como sessão de cinema, produção de textos e passeios de observação da nature-za. Para ensinar nas escolas, Cláudio Loes conta com sua vasta experiência, pesquisa e atualização constante: conhece diversos processos de compostagem e usa sua pró-pria casa como vitrine! “Se a criança não consegue fazer a ponte entre o que aprende na escola e sua realidade cotidiana, não há mudança no conjunto. Por isso mostro que

a compostagem pode ser feita até em apar-tamento.” O especialista acredita que “se cada um compreender e procurar religar sua existência com os ciclos naturais, todos poderemos ter uma vida melhor, sustentá-vel e aumentar nosso ciclo de existência enquanto espécie humana”.

Fontes e contato - O Projeto de Com-postagem, de Cláudio Loes, usa uma car-tilha de sua autoria, Informações Básicas para Fazer Compostagem, que contou com revisão técnica dos engenheiros agrô-nomos Sérgio Carniel e Nilton Fritz, da EMATER do Paraná, o Guia de Compos-tagem Caseira, de Raquel Ribeiro, e infor-mações técnicas da EMBRAPA. Cláudio Loes: (46) 9923-3094 -www.facebook.com/ecophysis?pnref=story/ www.eco-physis.com.br

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Estante

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orlando Villas Bôas e a construção do indigenismo no Brasil Por Orlando Villas Bôas Filho (org.), Editora Mackiense, 160 págs, R$ 216

O livro Orlando Villas Bôas e a Construção do Indigenismo no Brasil, organizado por Orlando Villas Bôas Filho, decorre da co-memoração do centenário de

nascimento de Orlando Villas Bôas, no ano de 2014, ocasião em que a Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), rea-lizou um amplo colóquio e uma exposição para a discussão e divulgação de seu legado.

A obra procura analisar a contribuição de Orlando Villas Bôas e seus irmãos para a construção do indigenismo brasi-leiro. Para tanto, reúne artigos de autores nacionais e es-trangeiros que, a partir de prismas distintos, analisam a he-rança dos irmãos Villas Bôas. Além disso, o livro compila depoimentos de diversas personalidades acerca do trabalho empreendido por Orlando Villas Bôas e seus irmãos para a proteção dos povos indígenas do Brasil.

Quatro e-books sobre reputação Por Tatiana Maia Lins, Make Make Comunicação, Gratuito

Ter boa reputação no mercado é um pré-requisito

para que as empresas sejam bem sucedidas. Especializada em Gerenciamento de Reputação Corporativa, a consultoria Makemake acaba de completar quatro anos de existência, realizando planejamento de comunicação, consultoria em re-putação, edição de conteúdo e cursos e workshops persona-lizados que ajudam empresas a construir e manter uma ima-gem positiva junto aos seus diferentes públicos.

Em comemoração ao aniversário, a consultoria resolveu lançar quatro e-books para apresentar ao público alguns pon-tos relevantes sobre o tema. São eles: “O que é Reputação Corporativa?”; “Reputação para pequenas empresas”; “Con-fiança: a base da reputação”; “Crise de Imagem: como reco-nhecê-las e contorná-las”. Com estes e-books, a autora e fundadora da Makemake, Tatiana Maia Lins, espera levar o debate sobre a Reputação para empresas que ainda não des-pertaram para esta necessidade. “A preocupação com a Re-putação não deve ser exclusiva das empresas de grande porte e listada em bolsa de valores. A Reputação é o que di-ferencia uma empresa de sua concorrente em um mercado onde produtos e serviços, cada vez mais, são vistos como commodities”, alerta Tatiana. O material está disponível no site da consultoria: http://www.makemake.com.br/

estratégias das empresas para a base da pirâmide Por Fernando Filardi, em coautoria com Adalberto Fischmann, Editora Atlas, 208 págs , R$ 60

O professor e pesquisador do Ibmec/Rj, Fernando Filardi, acaba de lançar o livro “Estratégias das empresas para a base da pirâmi-de: Técnicas e Ferramentas para Al-

cançar os Clientes e Fornecedores da Nova Classe Emergen-te”, pela Editora Atlas, em coautoria com Adalberto Fischmann.

Esta obra é resultante de um trabalho pioneiro dos autores no Brasil que visa investigar e entender as práticas adotadas pelas empresas que estão buscando compreender e aprovei-tar as oportunidades existentes junto à base da pirâmide social e econômica, que, nesse contexto, estão percebendo a impor-tância de desenvolver e adaptar estratégias específicas para se beneficiar do grande potencial de mercado que ainda se encontra pouco explorado.

alma da casa Por Tiago Petrik, RIOetc, 160 págs

Para comemorar os 450 dias da Casa Ipanema, a Sandálias Ipanema acaba de lançar o livro ‘’A Alma da Casa’’, reunindo depoimentos, fotos e um pedacinho da vida dos prota-gonistas dessa história. Persona-gens como Zazá Piereck (foto), Sha-ron Azulay, Fred Gelli, Demian jacob,

Peu Mello, josé Camarano, Renata Abranchs, Isabel jobim e André Carvalhal abriram suas casas e emprestaram um pouco de seus lares para decorar a Casa Ipanema. Em 160 páginas, o livro é um agradecimento a essas pessoas que constroem, jun-to da Ipanema, uma história que só está começando.

Carlos Franco – Editor de Plurale em revista

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Movimento social

por lília gianotti, especial para plurale do rio

Em agosto de 2015, a Esplana-da dos Ministérios vai receber mais de cem mil mulheres. Agricultoras, sem-terra, artesãs, quebradeiras de coco, seringuei-

ras, ribeirinhas, pescadoras, quilombolas, indígenas, domésticas, operárias, profes-soras, de diferentes sotaques, idades, ori-gens e etnias chegarão de todas as partes, carregando bandeiras, faixas, flores e suas crianças, com o firme propósito de apre-sentar mais uma pauta de reivindicações ao governo federal. Trata-se da Marcha das Margaridas, movimento feminista, criado há quinze anos, batizado em homenagem Margarida Maria Alves, líder sindical que morreu assassinada, em 1983, por defender os direitos das mulheres rurais.

Desde 2000, muitas conquistas já foram alcançadas por essas mulheres. Em todas as quatro edições da Marcha (realiza-das também em 2003, 2007 e 2011), um olhar atento e especialmente comprometi-

MARCHA DASMARGARIDAS: LIVRO

ETERNIZA LUTA E BELEZA

EM FOTOS

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FOTOS:

clÁudia Ferreira

do registrou a história, a luta, o colorido, os rostos, as marcas, os sorrisos... Claudia Ferreira1, fotógrafa e historiadora, esteve presente nas quatro. O resultado de sua entrega é o livro Marcha das Margaridas, que saí pela Editora Aeroplano, fruto de um esforço conjunto da Fundação Ford e da Confederação Nacional dos Trabalha-dores em Agricultura (CONTAG), já com lançamentos marcados para julho e agos-to, em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.

Marcha das Margaridas é um livro de fotografias ilustrado por textos, com cura-doria do premiado fotógrafo João Roberto Ripper, que conta a história das quatro primeiras Marchas e dessas mulheres. “Eu estava lá e precisava registrar esse momen-to em uma época em que não existiam câmeras digitais, celulares com câmeras nem redes sociais. Não havia o que fazer de imediato com aquelas imagens, mas eu tinha a certeza de que elas eram impor-tantes e precisavam ser guardadas”, diz Claudia.

Em 2003, a Marcha das Margaridas reuniu 50 mil mulheres, mais de 70 mil em 2007 e cerca de cem mil em 2011.

Claudia continuava seguindo as margari-das, com a missão de registrar essa história que ela vira nascer e com o sonho de de-volvê-la às suas protagonistas em um livro, onde elas pudessem visualizar o caminho percorrido e quanto, cada uma delas, fora importante na construção de um processo que resultou em tantas conquistas.

Sonho realizado. Em junho e agosto, o livro Marcha das Margaridas, de Claudia Ferreira, será lançado às vésperas da quinta edição da Marcha e distribuído, gratuita-mente, para os quatro mil sindicatos ru-rais existentes no Brasil, bibliotecas, cen-tros de pesquisa e para o maior número de mulheres do país. Além da versão impres-sa, um E-book, com a versão digital do livro e um PDF, ambos com acesso livre e gratuito, estarão disponíveis para quem quiser baixar.

“Este livro relata a trajetória de um movimento vibrante e vigoroso. São mui-tas imagens que depõem sobre a opção dessas mulheres de fazer da sua luta um elemento inegociável do seu cotidiano. O livro apresenta um jeito de lutar, que opta por ser amplo, inclusivo, participa-

tivo, colorido. Um jeito de lutar que per-cebe a si mesmo como ferramenta eman-cipatória para esta e para as próximas gerações. Um jeito de lutar que investe na relação entre as pessoas, ao mesmo tempo em que as compele à ação coletiva. É como se as Margaridas já tivessem nasci-do sabendo o que nos ensina Cora Cora-lina: o que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhan-do e semeando, no fim teremos o que colher.”, Nilcéa Freire, Diretora da Fundação Ford no Brasil.

(*) Claudia Ferreira é fotojornalista e historiadora, com passagens pelas reda-ções do Jornal do Brasil, Folha de São Paulo e Correio Braziliense, agências Sipa Press e Cone Sur press. Em 1988, começou a se interessar pelo movimen-to feminista. Sobre esse tema, lançou o livro Mulheres e Movimentos (Aeropla-no) e realizou dez exposições individuais em Londres, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília, Salvador e João Pessoa, além de várias coletivas nacionais e in-ternacionais.

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Movimento social

MARCHA DASMARGARIDAS:

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FOTOS:

clÁudia Ferreira

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Pelo mundo

Butão, a terra da

felicidade

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por giuliana preziosi Fotos de Mauricio cichitosi Blog histórias pelo Mundo www.historiaspelomundo.com.br

Antes de conhecer o Butão, estava curiosa para enten-der como é a vida em um país que mede seu desen-volvimento com um Índi-

ce de Felicidade Interna Bruta. Che-guei no aeroporto toda ansiosa querendo saber mais sobre isso, e um guia me perguntou: “O que é felicida-de para você?”

Em 1972, o 4º Druk Gyalpo decla-rou que a métrica para medir o progres-so do país seria o GNH (Gross National Happiness) ou FIB: Felicidade Interna Bruta. Ele acreditava que, dentro de um período de 5 anos, se seu povo não fosse mais feliz do que antes da implementa-ção do índice, seu plano teria falhado. A métrica foi sendo aprimorada e um conjunto de indicadores mais preciso vem sendo usado desde 2008.

E ai vem a pergunta: Como me-dir felicidade? O GNH possui uma abordagem multi-dimensional que visa atingir o equilíbrio entre as ne-cessidades atreladas ao bem estar ma-terial, espiritual, emocional e cultu-ral, presentes na sociedade. O conceito é pautado na crença de que felicidade pode ser alcançada por meio do equilíbrio das necessidades do corpo e da mente, em um am-biente seguro e tranquilo, diferente do sentimento momentâneo que sen-timos quando algo bom acontece, pois é passageiro.

O GNH tem quatro grandes pila-res e resolvi aproveitar nossa viagem para observar como estes pilares in-fluenciam o modo de vida no Butão.

O primeiro pilar é o Desenvolvi-mento Sustentável. Com um conceito tão complexo e abrangente como este, perguntei ao nosso guia o que era con-siderado desenvolvimento sustentável para o Butão e ele me respondeu expli-

cando que o Rei dá 5 hectares de terra para cada cidadão butanês e cabe a cada um construir sua casa, plantar sua comida, cuidar de seu espaço e seguir sua vida. O governo providencia o bá-sico e dá condições para que todos te-nham acesso ao necessário, mas o es-forço para manter o que é seu e crescer, depende de cada um.

A educação e assistência médica é gratuita e oferecida para todos. No en-tanto, para entrar na universidade, por exemplo, ou conseguir uma bolsa de estudos fora do país, o aluno passa por um teste e precisa ter uma nota míni-ma para ser aceito.

O segundo pilar é a Preservação e Promoção da Cultura. Desde de seu modo tradicional de se vestir até os festivais que ocorrem todos os anos em diferentes cidades, este item é fas-cinante de ser observado. Há muitos festivais no Butão e praticamente cada distrito tem o seu, mas cada um ocor-re em uma época diferente do ano.

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Pelo mundo

Estávamos em Paro durante seu festival, o Paro Tshechu. São quatro dias de festival com mú-sica e dança o dia todo. Mas não pensem que é só uma grande fes-

ta, pois tudo tem um significado. Na maio-ria das danças são usadas máscaras que sim-bolizam os espíritos a serem encontrados após a morte. Eles utilizam as danças como forma educativa de preparar as pessoas para o que elas encontrarão em outros planos.

O lugar onde ocorre o festival estava lotado mas, mesmo assim, não havia con-fusão e cada um tinha seu espacinho para sentar, mesmo que bem apertadinho. Além disso, por ser uma atividade solene, cada um usa a sua melhor roupa, sendo que para os homens o tradicional “Gho” e para as mulheres, a “Kira”, que geralmente são bem coloridas.

Conservação do meio ambiente é o terceiro pilar. Segundo dados do Climate Action Tracker, as emissões de GEE (gases de efeito estufa) do Butão são desprezíveis, visto que implicam menos de 2,23 Mt CO2 e (dados de 2010), o que corres- ponde a cerca de 3 MtCO2 -e per capita. Mesmo com as progressões que indicam aumento das emissões ao longo do tempo devido ao crescimento econômico, o país investe em se tornar carbono neutro. Cla-ro que é um país pequeno, com apenas 700 mil habitantes, mas tem cidades com

menos do que isso que tem uma pegada de carbono muito maior. Além disso, o espi-rito comunitário dá o exemplo, pois é co-mum organizarem mutirões de limpeza em suas vilas. A matriz energética do país é hidráulica e, também, a principal fonte de renda do país, pois exportam energia para a Índia e pra o Nepal.

Tivemos a oportunidade de visitar a 1ª Royal Bhutan Flower Exhibition. Para co-memorar o aniversário de 60 anos de seu pai, o Rei organizou essa exposição com objetivo de promover a aprendizagem e o envolvimento com a natureza, além de en-corajar a criação de mais espaços verdes em áreas urbanas, e olha que não faltam espaços verdes por todo o país.

E, ainda, outro fato curioso é que a parte do Himalaia que fica em território butanês é a única intocável até hoje, por ser uma região considerada sagrada, onde é proibida, inclusive, a entrada do próprio povo do país.

Boa Governança - O quarto pilar é a “Boa Governança” e esse é um exemplo

que vários governos deveriam imitar. Ape-sar de ser uma monarquia, as decisões são tomadas de forma bastante democrática. Duas vezes por ano ocorre a Assembleia Nacional, quando o Rei, o Primeiro Minis-tro e o Parlamento se reúnem para discutir o andamento do país.

Toda Assembleia, que tem duração de um mês, é transmitida pela TV local e as pessoas realmente acompanham, porque no final do dia, um dos parlamentares vai em um programa de televisão do canal lo-cal, para uma entrevista aberta onde as pessoas podem ligar fazendo perguntas e comentários sobre o que está sendo dis-cutido. Se algo causa descontentamento da população, volta para discussão.

Todas as pessoas que conversamos adoram o seu jovem Rei, que tem apenas 35 anos, e o vêm como um grande líder, seguindo o exemplo de seu pai. Algu-mas pessoas nos contaram que o Rei não para em seu gabinete, pois está sempre circulando pelo país, visitando os vilarejos, as cidades, e conversando com as pessoas para ver os pontos a serem melhorados em seu governo. É comum encontrar quadros do Rei e da família real em todos os lugares.

Os quatros pilares se desdo-bram em 9 princípios, que são a base para os indicadores do GNH. Uma pesquisa é feita anualmente para mensurar esses indi-cadores e avaliar o desenvolvimento do país. Para conhecer mais sobre os indica-dores e sua metodologia, uma ótima fonte é o site do Centro de Estudos do Butão (www.bhutanstudies.org.bt).

os nove princípios do índice de Felicidade interna Bruta no Butão são:

Padrão de vidaEducaçãoSaúdeDiversidade cultural e ResiliênciaVitalidade da comunidadeUso e equilíbrio do tempoBem estar emocionalVitalidade e diversidade do ecossistemaBoa governança

Conhecer o Butão foi diferente de qualquer viagem que já tínhamos feito, e olha que estamos viajando pelo mun-do. Lá vimos: trabalhadores contentes

FestiVal de paro

Pelo mundoFotos de Maurício chichitosi

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com seu trabalho, famílias reuni-das se divertindo, pais educando seus filhos, pessoas com orgulho do governo do País, crianças rin-do e brincando com a gente mes-mo sem entender o que faláva-mos, jovens compenetrados em seus estudos e orgulhosos de mos-trar o que estavam aprendendo, monges atenciosos e simpáticos, voluntários ajudando na organi-zação do festival, jovens da co-munidade auxiliando os policiais (com jaquetas dizendo “Amigos

da Polícia”), pessoas fazendo mu-tirão para limpar o lixo das ruas, idosos sempre nos cumprimen-tando com um sorriso, ruas sem semáforos com o trânsito funcio-nando muito bem, pessoas traba-lhando arduamente nas planta-ções de arroz, mas com um sorriso no rosto disposto sempre a dizer um “olá”, orgulho e valorização da cultura local, respeito ao meio ambiente, fé e espiritualidade. E, agora, pergunto: O que é felicida-de para você?

O Butão fica escondido entre dois gigantes, a Índia e a China, no continente asiático. O turismo é controlado no país, mas visitá-lo não é tão difícil quanto parece, desde que se programe com antece-dência e faça contato com uma das agências de tu-rismo credenciadas pelo governo Butanês. Para ob-ter o visto, é necessário fechar um pacote completo com uma destas agências. Não é barato, pois custa em média U$280 dólares por dia, por pessoa, mas nesse valor está incluído hospedagem, refeições, guia e motorista durante todo o período, transporte e entrada em todos os lugares a serem visitados.

A lista das agências pode ser encontrada no site: http://www.tourism.gov.bt/directory/tour-operator

Há voos para o Butão saindo da Índia, Nepal, Bangladesh, Cingapura e Hong Kong, mas não há muitas opções de dias e horários, pois as duas companhias áreas que fazem o percurso também são administradas pelo governo butanês. O con-trole não é para inibir o turismo, e sim para evitar que o número de estrangeiros seja maior do que o país pode abrigar, o que, convenhamos, pode-ria prejudicar o índice de felicidade interna do país. Além disso, esse controle facilita para que sua viagem seja uma experiência prazerosa, sem stress de filas, lugares lotados, trânsito etc.

reFerências:www.grossinternationalhappiness.org - Site so-bre o Índice de Felicidade Interna Brutawww.bhutanstudies.org.bt - Centro de Estu-dos do Butãoww.bhutannewsonline.com - Site com deta-lhes da história e da economia butanesawww.climateactiontracker.org/countries/bhu-tan.html - Emissões de GEE do Butão

SOBRE O HISTÓRIAS PELO MUNDOGiuliana Preziosi e Mauricio Cichitosi decidi-

ram inverter um pouco a possível “lógica”, ou me-lhor, o padrão das ações esperadas após o casamen-to. Ao invés de economizar para comprar um apartamento e se estruturar para a chegada dos fi-lhos, resolveram viajar pelo mundo por 500 dias. Ela, trabalha com sustentabilidade, ele trocou a advocacia pela fotografia.Para acompanhar essa aventura acesse: www.historiaspelomundo.com Facebook: https://www.facebook.com/histo-riaspmundoInstagram: @Historiaspelomundo

coMo chegar no Butão

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Pelo mundo

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E n s a i o FOTOS: MAURÍCIo CIChItoSI

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Pelo mundo

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E n s a i o FOTOS: MAURÍCIo CIChItoSI

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Pelo mundo

por Vivian simonato, correspondente de plurale na comunidade europeia de chelsea, londres

Encantada com tanta beleza, me perco admirando uma abelha que, preguiçosamente, voa baixinho, pousando de flor em flor. Papoulas de um vermelho

vibrante aparecem, aqui e ali, entre as la-vandas, peônias, rosas, estevas e osman-thus, que entre outras flores fazem do cenário uma pintura delicada. O caminho de terra nos convida a um passeio gostoso e, nesse momento, encontramos James Basson, que, sentado numa mesa charmo-sa sob uma oliveira, nos sorri e começa a explicar mais sobre o jardim que estamos visitando.

James é o criador do “Jardim de um perfumista em Grasse” para a luxuosa marca de cosméticos francesa L’occitane en Provence. Difícil é acreditar que não estamos em Grasse, a capital mundial do perfume, muito menos na Franca. O “Jardim de um perfumista em Grasse” encontra-se no Hospital Royal de Chelsea, uma das áreas mais requintadas de Lon-dres, onde aconteceu, em junho, a mostra de jardinagem RHS Chelsea Flower Show 2015. Os detalhes delicados desse jardim

UMA VISITA AO ESTONTEANTE RHS CHELSEA FLOWER SHOW 2015impressionam e intrigam. A mostra dura apenas cinco dias. Porém, nada ali denun-cia sua breve vida. O lavatório de pedra (ou, do francês, lavoir), igual aos que são facilmente encontrados nos arredores de Grasse - e nos quais as mulheres proven-çais se reuniam para lavar suas roupas e conversar - está coberto de musgos. A figueira tem figos maduros. Laranjas pen-

dem da laranjeira.... É muito fácil acredi-tar que tudo sempre esteve ali. E é por essa atenção aos detalhes, exigidas dos muitos exibidores, e a ideia de trazer o melhor em jardinagem, que o RHS Chelsea Flower Show vem encantando britânicos e visi-tantes de todo o mundo há mais de 100 anos.

tradição em jardinagemO RHS Chelsea Flower Show é realiza-

do anualmente em Londres desde 1913 pela Sociedade Real de Horticultura (Roy-al Horticultural Society – RHS – em in-glês). O evento somente teve intervalos por conta das duas Guerras Mundiais. E, apesar de ter perdido o título de maior ex-posição de flores da Grã-Bretanha para o RHS Hampton Court Flower Show em 1993, o RHS Chelsea Flower Show ainda é a exposição de flores mais prestigiada e também fortemente associado com a Família Real, cujos membros frequentam o dia de abertura a cada ano. Desde o final da década de 70 o evento tornou-se tão popular que em 1979 os organizadores ti-veram que fechar as catracas para evitar a superlotação. Desde então, há limitação e “apenas” 157 mil ingressos são vendidos todos os anos.

O perfumista da L`Occitane em Provence, James Basson, apresenta para a repórter Vivian Simonato o jardim que criou para o evento

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FOTOS DE VIVIAN SIMONATO

Muito mais que floresA tradição e sucesso de eventos como

o RHS Chelsea Flower Show, no entanto, abrem muitas oportunidades para que mais ações, além das exposições, sejam realizadas. Pensando exatamente nos desa-fios futuros sobre mudança climática, a Sociedade Real de Horticultura, organiza-dora dessa e de outras exibições, anunciou recentemente um investimento massivo de £100,000 em 10 anos para aumentar a visibilidade e os benefícios de todos os as-pectos da horticultura.

Dentre as principais áreas contempla-das no investimento está a criação de ini-ciativas que visam incentivar o cultivo de jardins domésticos, evitando que espaços verdes sejam pavimentados e contribuin-do para a diversidade de plantas e ma-nutenção da vida selvagem. Atrair e for-mar futuras gerações de horticultores e cientistas hortícolas é outro objetivo do investimento, que prevê divulgar carreiras em horticultura para um público mais amplo, criando, inclusive, mais oportuni-dades de estágio em parceria com empre-sas. E, um outro foco importante para os próximos 10 anos é estabelecer ações para encorajar a população a cultivar seus próprios alimentos. Essa iniciativa tem por objetivo construir uma sociedade mais resiliente às mudanças climáticas e garan-tir melhor seguridade alimentar para a na-ção, frente à demanda por comida com as expectativas de crescimento da população mundial para 9 bilhões ate 2050.

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destroem bioma e intensificam enchentes

condomínios de luxo

na argent ina

construídos sobre pântanos que escoam a água quando há chuvas intensas, bairros privados se multiplicaram no distrito de tigre, na província (estado) de Buenos aires.

El Encuentro, um dos bairros privados vizinhos de Las Tunas

Meio ambiente

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por aline gatto Boueri, de Buenos aires correspondente de plurale na argentina Fotos de Monk Fotografia e eidico

O pequeno distrito de Tigre, na Zona Norte da província (estado) de Buenos Aires é uma das grandes atrações turísticas da região. Com

cerca de 400 mil habitantes, o município engloba outras localidades e é famoso pelo delta, que está cercado pelo Rio de La Plata e pelo Rio Paraná. Tigre é muito procurado por fanáticos de esportes náuti-cos ou por quem quer escapar do verão portenho e se hospedar nas ilhas que compõem a paisagem do distrito.

Desde os anos 1990, Tigre também começou a ser explorado como alternativa de moradia para quem desejava sair dos grandes centros urbanos, sem se afastar muito - e podia pagar caro por isso. O estilo de vida bucólico associado a condomínios luxuosos passou a ser uma característica marcante das novos empreendimentos imobiliários, conhecidos como countries, que materializam a utopia para uns, disto-pia para outros, do bairro amuralhado, com segurança privada, do qual não seria ne-cessário sair para quase nada.

enchentesInacessíveis para simples transeuntes,

esse tipo de construção se multiplicou no Tigre, quase sempre sobre pântanos que

cumpriam uma importante função no ecos-sistema local: esse tipo de bioma absorve as crescentes dos rios e ajudam no escoamento da água quando há chuvas intensas.

Para os grandes condomínios de luxo, a destruição dos pântanos não é um grande problema. Elevados artificial-mente, estão acima do nível dos bairros populares que os cercam. Seus muros retêm o avanço da água e, caso seja ne-cessário, possuem sistemas de comportas para facilitar o escoamento em momentos de emergência.

Quem sofre - e muito - são os vizinhos menos abastados. Um exemplo é o bairro Las Tunas, cercado por três countries, onde cada vez que chove há temor de que o pior aconteça. Em março de 2014, em meio a uma grande enchente, os mora-dores, desesperados, começaram a romper parte do muro de um dos condomínios privados, com a esperança de que a água escoe. Os relatos são de que a segurança privada por trás dos muros respondeu com tiros.

Juan Wahren, militante da organiza-ção popular Fogoneros, que trabalha em Las Tunas, conta à Plurale que as enchen-tes passaram a ser muito mais graves no bairro desde que chegaram os countries foram construídos. “Ao transformar os pântanos em zona habitáveis, a fronteira das inundações avançou em lugar de retro-ceder, o que teria acontecido com uma urbanização responsável, que trouxesse

melhorias estruturais”, aponta. “A função que antes era do pântano, agora é dos bairros populares: se inundam para que a água não chegue aos ricos”.

Wahren conta que, com a elevação dos terrenos vizinhos para a construção dos condomínios de luxo, Las Tunas passou a ser um poço, o que deixa o bairro muito mais vulnerável às cheias. Um quarto country, Nordelta - que também é um dos maiores - está um pouco mais distante de Las Tunas, mas tem impacto direto sobre a vida do bairro popular.

O riacho Las Tunas, que atravessa o bairro homônimo e também o Nordelta, tem altos níveis de contaminação porque cruza uma zona de indústrias muito polu-entes, como frigoríficos e fábricas de celu-lose. Segundo Wahren, o country constru-iu uma espécie de filtro que faz com que os dejetos se acumulem no bairro popular.

cidade excludenteO impacto eco social dos countries não

poderia ser analisado sem pensar o projeto de cidade que é pensado hoje no Tigre. Se-gundo dados de um relatório da Unicef publicado em 2010 e divulgados por meios de comunicação argentinos, somente 17,3% dos moradores do distrito têm aces-so à rede de esgoto, enquanto 35,7% con-tam com água corrente. A distribuição da terra também é desigual: os condomínios de luxo ocupam 60% dos terrenos habi-táveis, onde moram 10% dos tigrenses.

Tigre está todo cortado por riachos e é destino turístico para quem quer escapar do verão portenho

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PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 201556

Wahren avalia que os empreendimen-tos imobiliários do Tigre estão pensados em um modelo de cidade excludente. “Há um impacto ecológico e social muito forte: são grandes extensões de terra onde não se pode caminhar livremente”, lamen-ta. “Além disso, há um investimento mui-to grande em turismo - que não é ruim, ao contrário, é bom que as pessoas possam conhecer esse lugar lindo que é o Tigre. O problema é que se faz isso em detrimento das pessoas que moram aí, que não usu-fruem de melhorias estruturais”.

Um exemplo é a construção de vias expressas de acesso a esses condomínios. As obras, públicas, são questionadas por servir somente aos moradores dos bairros privados. Como é impossível ultrapassar a barreira das guaritas de onde seguranças privados vigiam as entradas dos countries, grande parte dessas avenidas é utilizada somente por quem tem a permissão para entrar nos condomínios, ou seja, quem mora lá ou é convidado por algum mora-dor.

Os movimentos sociais que atuam no Tigre tentam deter esse tipo de empreen-dimento e pressionam o poder público para que se proíba a construção de novos countries. Wahren reclama que falta diálo-go com o poder público. “Mas seguimos em luta”, conclui.

Distrito de Tigre é famoso pelo delta, que está cercado pelo Rio de La Plata e pelo Rio Paraná

Família é surpreendida no meio de um churrasco pela crescida do rio

Meio ambiente

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por nícia ribas, de plurale

Preocupados com o futuro da educação de seus filhos, um gru-po de pais residentes em Manaus está organizando um seminário para sensibilizar gestores de es-

colas públicas locais sobre a questão da humanização e democratização do ensino. Eles conseguiram agendar a ida de três palestrantes: 

“Conseguimos o apoio da Secretaria Municipal de Educação de Manaus, que vai fornecer o espaço, e convidar todos os ges-tores de escolas públicas do município (são 220 diretores de escolas). Agora estamos pedindo contribuições a particulares para custear as passagens aéreas e hospedagem dos palestrantes, diz o pai de Tainá, quatro anos, e Maia, dois, Ingo Daniel Wahnfried.

Iniciativas como esta estão surgindo em vários estados brasileiros, na tentativa de alavancar uma necessária transforma-ção no ensino básico. O mundo mudou, a Internet colocou a informação ao alcance de todos, porém a escola continua a mes-ma, oferecendo conteúdo, exigindo o acúmulo de dados nas cabecinhas dos alu-nos. Essas mudanças levam tempo para serem assimiladas.

o que tem sido feitoEm outubro de 2013, foi publicado o

III Manifesto pela Educação do Brasil . Como anexo ao Manifesto, o documento “Mudar a Escola, Melhorar a Educação: transformar um país” que tem o intuito de florescer um debate nacional para mudar a educação brasileira em cada federação.

O documento propõe uma nova con-strução social da escola, servindo como diretrizes para Educação no Século XXI na direção de uma sociedade justa, solidária e sustentável. O documento traz alguns princípios como:

Educação

pais traBalhaM pela transForMação da

ESCoLA

1. Educar-se para integralidade; 2. Educar-se em solidariedade; 3. Educar-se na diversidade; 4. Educar-se na realidade; 5. Educar-se na democracia; e 6. Educar-se com dignidade.

“Na contra-mão deste princípios, as escolas com modelo tradicional domi-nam. No geral as particulares são muito conteudistas e não estimulam a gestão participativa e a formação do aluno críti-co e criativo. Nas públicas, vemos vários exemplos de projetos inovadores interes-santes, mas são muito pontuais e, no ger-al, elas seguem o padrão caótico e tradi-cional da educação pública”, diz a pedagoga Ana Bocchini, uma das mães do grupo de Manaus.

Pensando em tudo isso, eles formaram um coletivo de pais, mães e educadores interessados em propor uma alternativa de educação para Manaus. Este coletivo ex-iste há cerca de três meses e, em encontros quinzenais, vem dividindo anseios para aquilo que acreditam ser uma educação de qualidade, propondo alternativas e estu-

dando formas de transformar a educação escolar.

A primeira ação pública deste coletivo será promover um seminário nos dias 31/7 e 1/8 de 2015 para pais, mães e edu-cadores, com foco em diretores de escolas públicas e particulares apresentando temas relacionados à educação integral e democrática. “Estamos buscando algu-mas parcerias e a arrecadação desta cam-panha servirá para arcarmos com custos de passagem e hospedagem dos palestran-tes, bem como compra de materiais para a realização do evento”, explica Ingo Wahnfried.

Para conhecer melhor esse movimento que surge na base da sociedade brasileira, e para fazer doações pra o seminário em Manaus, aí estão os endereços do site do grupo de Manaus e de um filme no You-tube sobre o tema.

http://juntos.com.vc/pt/seminario-educacaomanaus

h t t p s : / / w w w. y o u t u b e . c o m /watch?v=HX6P6P3x1Qg

DIVULgAçãO

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ISABELLA ARARIPEP elas Empr esas

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instituto alcoa completa 25 anos com campanha

O Instituto Alcoa está presente em todas as localidades em que a Al-coa atua. A organização acaba de completar 25 anos e os números mostram que há muito para

comemorar. Em 2014, a organização fechou seu balanço com 46 projetos apoiados, 135 mil pes-soas beneficiadas, 22 mil horas de trabalho vol-untário e mais de dois mil funcionários como voluntários, resultado de um investimento de mais de R$ 6 milhões aplicados pelo próprio In-stituto e pela Alcoa Foundation.

Para comemorar os 25 anos do Instituto, a Alcoa doou R$ 10,00 para cada compartilha-mento dos cinco posts que foram produzidos para a campanha com o mote “Compartilhar faz bem”. As doações foram para a Fundação Abrinq, organização sem fins lucrativos que tem como missão promover a defesa dos direitos e o exercí-cio da cidadania de crianças e adolescentes. A ação aconteceu na rede social Facebook em maio de 2015. O valor total da doação foi de R$ 11.920,00, ultrapassando um pouco a meta ini-cial de 1.000 compartilhamentos para R$ 10 mil.

A localidade escolhida para o mapeamento foi o Médio Juruá, que compreende mais de 50 comunidades ribeirinhas situadas às margens do Rio Juruá, no município de Carauari (AM).

coca-cola Brasil e natura lançam

diagnóstico social inédito de território

da amazônia

de Manaus

A Coca-Cola Brasil e a Natura lançaram no dia 24 de junho, durante o I Seminário Interna-cional Índice de Progresso So-cial, o IPS Comunidades – um

mapeamento social inédito de comunidades da Amazônia brasileira. O IPS Comuni-dades foi desenvolvido e implementado a partir da metodologia do Índice de Progres-so Social, concebido pelo economista amer-icano Michael Porter. A pesquisa é pioneira no mundo ao utilizar dados primários para

Com um faturamento de R$ 101,7 bi no ultimo ano, a indústria brasileira de cosméticos representa mais de 1,8% do PIB nacional, como aponta os números da Associação Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC). Diante deste cenário aque-

cido, a DOM Strategy Partners, consultoria 100% nacional focada em estratégia corporativa, ouviu os stakeholders das principais em-presas do segmento para saber como geram e criam valor apenas para si também consumidores, acionistas, funcionários e sociedade.

Dessa interação, foi criado o ranking MVP (Mais Valor Pro-duzido) Brasil – Beleza e Cosméticos 2015. O estudo aponta O Boticário, Natura, Procter & Gamble, Johnson & Johnson e Unilever como as cinco empresas do setor que mais produzem valor a partir da percepção, avaliação e recomendação de seus stakeholders. Pelo segundo ano consecuti-vo, o O Boticário mantém a liderança no levantamento com a pontuação de 8,23. A Johnson & Johnson sobe duas casas e fica em segundo lugar com a nota 8,21; a P&G figura na terceira co-locação com 8,18. Encerrando a listagem, veem a Unilever (7,96) e a Natura (7,66) que no ano passado estava na segunda posição.

o Boticário é a empresa de cosmético que mais gera valor

aos seus stakeholders

mensuração de desenvolvimento socioam-biental a nível local. A partir do diagnóstico – elaborado no âmbito da rede #Progresso Social Brasil e com apoio técnico da Ipsos –, empresas, órgãos governamentais, ONGs e movimentos sociais poderão alinhar os es-forços de investimento na região.

A localidade escolhida para o mapea-mento foi o  Médio Juruá, que com-preende mais de 50 comunidades ribeir-inhas situadas às margens do Rio Juruá, no município de Carauari (AM). A Na-tura e a Coca-Cola Brasil já estão pre-sentes na região, com projetos que fo-

mentam cadeias de fornecimento sustentáveis de ativos da biodiversidade local, mas queriam ir além. Dessa forma, no último ano, foi iniciado na região do Médio Juruá (foto) um processo inte-grado e coparticipativo de fortalecimen-to das instituições locais, de criação de espaços democráticos e de engajamento de múltiplos atores. Essa articulação cul-minou com a formação de um Fórum de Gestão Territorial Tríplice, no qual setor privado, governo e sociedade civil trab-alham juntos em busca de soluções para os desafios regionais

DIVULgAçãO

DIVULgAçãO

A funcionária Mônica Paiva é uma das voluntárias em projeto social em Juriti, no Pará

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ESTE ESPAçO É DESTINADO A NOTÍCIAS DE EMPRESAS. ENVIE NOTÍCIAS E FOTOS PARA [email protected]

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“UITP Awards” destaca os projetos inovadores, desenvolvidos nos dois últi-mos anos em cidades e regiões ao redor do mundo, que contribuam para o setor de transporte público e que atendam à proposta da UITP, de duplicar o merca-do de transporte em todo o mundo até 2025 (PTX2). O trabalho com o qual a Federação concorreu – intitulado “Re-formulando a demanda do Rio de Janei-ro com uma rede de BRTs” – foi desen-volvido em parceria com a área técnica do Rio Ônibus e do Consórcio BRT. Já o “Y4PT Health Awards” é uma categoria da premiação cujo objetivo é identificar os programas sobre mobilidade urbana, realizados e/ou dirigidos por jovens e que visam a contribuir para o desenvolvim-ento de uma sociedade mais saudável.

DIVULgAçãO

sustentabilidade nagelateria Momo

Inaugurada no final de 2013, na Rua Dias Ferreira, no Leblon, a gelateria Momo desde a sua abertura se preocupa para que todos os detalhes da sua opera-ção causem o menor impacto possível

ao meio ambiente. Neste mês de maio, mais duas iniciativas foram implementadas: um serviço de entregas feito por uma scooter elé-trica, sem emissão de gases poluentes e a dis-tribuição, todas às terças-feiras, na loja do Leblon, de pacotes de um quilo de borra de café para serem utilizadas como adubo.

Outra atitude sustentável da Momo é o uso de lâmpadas de LED em todas as lojas, que além de garantir uma redução expressiva no consumo de energia podem ser recicladas por não possuírem metais pesados. Os jogos americanos e sacolas são feitos com papel reciclado e os potinhos de gelato são produ-zidos com papel proveniente de florestas cer-tificadas. Os copos usados para o consumo de água filtrada, que os clientes podem se servir à vontade, são de vidro, evitamos as-sim o descarte de embalagens plásticas.

arcos dorados está entre as 5 melhores empresas para trabalhar da américa latina

A Arcos Dorados, maior fran-quia de McDonald’s no mundo, com operações em 20 países da América Latina, está entre as cinco melhores

empresas da região para trabalhar, se-gundo o instituto Great Place to Work® (GPTW). A pesquisa, realizada com 2.994 empresas e quase 4 milhões de co-

Márcia Vaz, gerente de Responsabilidade Social da Fetranspor, recebe a Menção honrosa com Diogo, Victória e Wanderson, representantes do Diálogo Jovem

Fetranspor vence o “uitp awards 2015” e o diálogo Jovem sobre Mobilidade,

programa da Fetranspor social, conquistou menção honrosa no prêmio

A Fetranspor venceu, em jun-ho, o “UITP Awards 2015”, na categoria “Estratégia de Transporte Público”, e o Diálogo Jovem sobre Mobil-

idade, programa da Fetranspor Social, conquistou menção honrosa no prêmio “Y4PT Health Awards 2015″, uma das categorias do “UITP Awards 2015″. A cerimônia de premiação foi realizada em 10 de junho, em Milão, na Itália, durante o 61º Congresso Mundial da UITP, que aconteceu entre os dias 8 e 10.

Estiveram presentes: o presidente ex-ecutivo da Federação, Lélis Teixeira; a diretora de Mobilidade Urbana, Richele Cabral; e três integrantes do DJ – Victo-ria Roza (19 anos), Wanderson Nogueira (16 anos) e Fábio da Silva (28 anos). O

laboradores, colocou a Arcos Dorados em quinto lugar no ranking das melhores 25 multinacionais.

“Somos o ‘primeiro emprego’ para milhares de jovens latinoamericanos e es-tamos orgulhosos de ser uma das melhores empresas para trabalhar na região, ofere-cendo treinamento e oportunidade de car-reira”, afirma Woods Staton, CEO da Ar-

cos Dorados.Um estudo realizado

recentemente pela TNS em países da América La-tina apontou que 29% dos jovens entrevistados querem trabalhar na rede. A empresa é uma das maiores empregado-ras de jovens na região, capacitando mais de 75 mil a cada ano. No Bra-sil, são mais de 48 mil empregados.

DIVULgAçãO

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Vida Saudável

60 PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

A Ecorgânico nasceu da iniciativa de Renato Martelleto e Hugo Queiroz – dois ativistas dos orgânicos - cuja a missão é a de promover o consumo de alimentos 100% orgânicos e agroecológicos de for-ma confiável e com preços justos. Este tra-balho já vem valorizando e incentivando centenas de famílias agrícolas de todo país (RJ, SP, MG, RS, SC, PR, AL) . Neste novo espaço, localizado bem próximo do Centro da cidade do Rio de Janeiro, no

França obriga supermercados a doarem alimentos

que seriam descartados

sopas sob medida para o inverno Sopas são, é claro, destaques no inverno

que já é um dos mais frios das últimas déca-das em todo o país. Até mesmo no Rio, os cariocas passaram a consumir mais sopas. É possível utilizar diversas opções de ingredi-entes, lembrando sempre que o ideal no caso de uma sopa variada de legumes ter um item de cada cor/categoria. Assim, nos ver-melhos e laranjas pode ser uma cenoura, ou abóbora e nos verdes há opção de bertalha ou espinafre. Uma boa alternativa também é usar um só ingrediente predominante, como o alho poró ou a ervilha em grão. Há também sopas detox e as que podem aproveitar grãos e outros itens. Pesquise re-ceitas, use a criatividade e curta o inverno.

do portal ciclo Vivo

Os supermercados franceses serão proibidos de jogar fora os alimentos que não foram vendidos. De acordo com uma legislação, aprovada recentemente pela As-sembleia Nacional, os estabelecimentos serão obrigados a doar os alimentos a in-stituições de caridade ou para serem usa-dos na alimentação de animais.

A lei tem como objetivo reduzir o des-perdício, ao mesmo tempo em que permite economia financeira e minimiza a emissão de gases de efeito estufa. De acordo com as autoridades francesas, o desperdício no país é alto, com cada cidadão jogando fora, anu-almente, de 20 a 30 quilos de alimentos. O custo financeiro deste problema chega a 20 bilhões de euros. São mais de sete milhões de toneladas de alimento perdidos ao ano.

tradicional Bairro de Fátima (junto da Lapa e de Santa Teresa), você encontra in-úmeras opções de alimentos de mercearia e hortifruti livres de agrotóxicos e trans-gênicos. Em breve, os sócios terão tam-bém uma loja virtual, entregas domicili-ares e cursos de culinária alternativa. EcorgânicoRua Riachuelo, 241/ loja 32 (Galeria Fátima) - Bairro de Fátima – RJ / Tel.: (21) 2242-0601/ facebook Ecorganico

loja de orgânicos no Bairro de Fátima (rJ)

inverno 2Mudanças bruscas de temperatura

acabam trazendo resfriados simples, gripes e até mesmo viroses. É bom ter cuidado reforçado com a alimentação. Alguns alimentos ajudam a fortalecer o sistema imunológico. Como a couve, ce-noura e tomate, ricos em betacaroteno, antioxidante que combate as infecções e estimula as células imunológicas. Outra boa dica é o gengibre, que tanto pode ser ingerido em receitas e na salada como também na forma de chá, em sopas e su-flês. O mel também é ótimo pela ação bactericida e antisséptica. Um pouco de goji berries a cada dia e cacau também são indicadas.

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do rio de Janeiro

Acaba de chegar ao mercado ca-rioca a LOV, marca de sucos prensados a frio pioneira no quesito orgânico no sudeste do Brasil - seus produtos pos-

suem o selo de certificação orgânica. Com fábrica construída do zero e atendendo a todos os padrões da Anvisa necessários para uma produção segura, a marca carrega no seu DNA três pilares essenciais no segmen-to o qual atua: Local, Orgânico e Vegano.

Local, porque a LOV quer, cada vez mais, incentivar pequenos e médios produ-tores e a agricultura familiar a trabalharem com produção orgânica e se certificarem. Orgânico, pois trabalha com produtos to-talmente livres de agrotóxicos, focando na saúde e bem-estar do seu consumidor – hoje o Brasil é o maio consumidor mun-dial de agrotóxicos, com consumo de, aproximadamente, 7kg per capita. E, fi-nalmente, vegano porque os ingredien-tes não são processados termicamente a uma temperatura superior àquela que comprometa sua atividade enzimática, mantendo os sucos “vivos”.

A prensagem a frio é o melhor mé-todo de fazer um suco e manter seus nutrientes e enzimas intactos, o mé-todo permite não utilizar conser-vantes ou aditivos químicos para manter os sucos, evita o contato dos vegetais e frutas com o calor de centrífugas e liquidificadores im-pedindo a oxidação dos ingredi-entes. Comparado com o pro-cesso tradicional, o prensado a

Vida saudável

local, orgânico e VeganoloV, marca carioca de sucos prensados a frio

frio preserva até 5 vezes mais os nutrientes, vitaminas e minerais encontrados nesses alimentos in natura. Sem a utilização de água, açúcar ou conservantes, os sucos da LOV são 100% naturais e a não pasteuriza-ção dos mesmos preserva o valor nutricio-nal de cada ingrediente.

A sócia e idealizadora da LOV, Tatiana Veras, é hoteleira e chef vegana, com pas-sagem pelo Le CondonBleu, mas que en-trou no mercado financeiro aonde ficou por anos. Com a abertura da marca volta às suas origens. Para iniciar o negócio, estu-dou na Califórnia no Matthew Kenny In-

stitute – Matthew é chef do restau-rante Make, em

Santa Mônica, considerado o melhor em alta gastronomia vegana do mundo. Com um ano inteiro se dedicando a todos os processos de construção da fábrica, produção e aquisição do selo orgânico jun-to ao Ministério da Agricultura, e tudo o que diz respeito ao negócio, brinca que hoje pode prestar consultoria na área.

Tatiana conta com a sócia Marília Lu-cas, nutricionista que gerenciava o serviço de nutrição de um dos hospitais referência do Sul do Brasil, com mais de 500 leitos. A mesma assume a responsabilidade por toda a produção da LOV, formando, então, uma sociedade que se completa: trazendo inova-ção, sabores e nutrientes com a garantia de um processo que assegure a saúde do cliente.

Os seis sabores da LOV já po-dem ser encontrados em alguns pontos de vendas cariocas como o Talho Capixaba, Casa Carandaí,

Jaeé, Deli do Golden Green e Le De-panneur, além da venda no site www.lovsaude.com.br.

A marca também possui pacotes de assinaturas e programas de Detox para ajudar na eliminação de toxinas acumuladas pelo consumo de alimen-tos industrializados, bebidas, entre out-ros. Os sucos podem ser comprados fres-cos ou congelados, o último permite maior durabilidade.

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Ecoturismo

Fernando de noronha vai ganhar bicicletas públicas

para turistas e moradoresO arquipélago de Fernando de Noronha ganhará mais um

incentivo ao uso do transporte sustentável. Serão 105 bicicle-tas públicas, sendo três para deficientes visuais e duas para de-ficientes físicos. O projeto Bike Noronha será gratuito para moradores e turistas . A ideia é da Secretaria de Turismo, Es-portes e Lazer de Pernambuco, por meio do ‘Programa Pedala PE’, e inclui as bicicletas elétricas, que já existem na Ilha.

Ao todo, serão implantadas oito estações, com espaço de convivência, e 12 estações de apoio. Serão sinalizados 30 es-paços para realização de trilhas, com uso compartilhado en-tre pedestres e ciclistas. O prazo para início das atividades será de 90 dias após a conclusão do processo licitatório. 

parque nacional do itatiaia comemora 78 anosO Parque Nacional do Itatiaia, no

Rio de Janeiro, comemorou 78 anos no dia 14 de junho. O parque foi o primeiro a ser criado no Brasil e é administrado

pelo Instituto Chico Mendes de Conser-vação da Biodiversidade (ICMBio). En-tre as principais atrações estão a escalada, o montanhismo e o banho de cachoeira

no Lago Azul e nas cachoeiras do Com-plexo do Maromba: Piscina do Marom-ba, Véu de Noiva e Itaporani. O ingresso para o público em geral é de R$ 27,00.

isaBella araripe

parque da Fonte grande terá arvorismo e tirolesa

O Parque da Fonte Grande, em Vitória, terá novos atra-tivos: o arvorismo e a tirolesa. A proposta é da Secretaria Mu-nicipal de Turismo, Trabalho e Renda (Semttre) e foi aprovada pelos membros do conselho do local no dia 18 de junho.

O parque já teve 11 pontos mapeados e receberá os mar-cos geográficos que mostram os locais que serão utilizados. A previsão é que até março de 2016 a concessão deva estar fi-nalizada. Aos domingos, o Parque da Fonte Grande promove as caminhadas ecológicas, cujo percurso tem cerca de 5 km. As inscrições devem ser feitas durante a semana pelo telefone (27) 3381-3521, pois a atividade é restrita a 40 pessoas.

Um paraíso ecológico localizado no Vale do Ribeira, mais precisamente dentro do Parque Estadual Caverna do Diabo. A Gruta da Tapagem, que ficou conhecida popular-mente como Caverna do Diabo fica no município de Eldo-rado, a 295 km da capital de São Paulo, com acesso pela Régis Bittencourt (BR-116), ela ainda está rodeada de tril-has, cachoeiras e mirantes com vistas skyline.

O local é aberto para visitas de terça-feira a domingo das 8h às 17h e os ingressos custam R$ 12,00. Mais infor-mações: (13) 3871-1242

caverna do diabo atrai turistas em são paulo

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i s a b e l c a p a v e r d e @ p l u r a l e . c o m . b r

cineMa Verde ISABEL CAPAVERDE

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inscrições abertas para evento na espanha

Fica 2015 em númerosO Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental –

Fica 2015 recebeu a inscrição de 327 filmes (111 internacionais, 200 nacionais, sendo 55 goianos e 16 coproduções entre Brasil e outros países). Para a Mostra Competitiva foram selecionados 21 produções: 12 nacionais, nove internacionais e sete filmes goia-nos. São cinco longas-metragens, três médias-metragens e 13 curtas-metragens. Esta edição terá como tema principal a água, com representantes de peso para o debate sobre a situação ambi-ental e sobre o audiovisual. O festival acontece entre os dias 11 e 16 de agosto na Cidade de Goiás.

cachoeiro de itapemirim e seu primeiro festival de cinema

ambiental e sustentávelNos primeiros dias de julho, Cachoeiro de Itapemirim

(ES) teve a primeira edição do CINE.EMA – Festival de Cin-ema Ambiental e Sustentável de Burarama - Cachoeiro de

Itapemirim. Durante quatro dias o tema “Águas e Florestas do Espírito San-to” foi alvo de debates em atividades paralelas ao festi-val, como oficinas com es-colas, trilhas ecológicas e apresentações musicais. A ideia foi vincular a pro-gramação com a educação. Nas mostras competitivas a seleção contou com 14 filmes de setes estados, to-dos tratando de temas am-bientais. O cinema foi montado a céu aberto.

No Centro de Reeducação da Polícia Mili-tar  (CREED), unidade prision-al militar do Es-tado de Pernam-buco foi criado o Preciso – Pro-grama de Exi-bição de Cinema

Social, garantindo a exibição, a produção, a promoção de even-tos e o ensino de cinema às camadas socialmente excluídas e de baixa renda. O programa surgiu dos eventos audiovisuais bem sucedidos realizados no CREED, que utilizam o cinema como uma de suas ações  ressocializadoras.  Na unidade prisional mili-tar são realizados o  CineCreed - Mostra de Filmes Digitais, o Mostrajovem-Cinema.com, as Sessões Cineclubistas e a Oficina de Cinema Digital, que como diz em site site “transcenderam a alternativa ao ócio e firmaram-se como eficazes promotores de entretenimento, cidadania,  cultura, solidariedade e geração de renda extra para os reeducandos, seus familiares e comunidade circunvizinha”. O próximo CineCreed, que desde 2011 passou a ser mostra competitiva atraindo produtores de cinema de todo país, já está com seu edital de inscrição disponível no site www.precisope.com.br e o prazo se encerra no dia 30 de agosto.

Filmes brasileiros podem ser inscritos nas competições oficiais de longas-metragens, para filmes com mais de 60 minutos de du-ração, e de curtas-metragens, para produções com até 30 minutos no 41º Festival de Cinema Íbero-Americano de Huelva, na Es-panha, que será realizado de 14 a 21 de novembro. Para ambas as categorias, as obras devem ter sido finalizadas a partir de 1º de setembro de 2014 e serem inéditas no circuito comercial espanhol. A critério da organização, os filmes inscritos poderão também inte-grar alguma das mostras não competitivas do festival. As inscrições devem ser feitas pela internet, por meio da plataforma online Up to Fest. O prazo para inscrição se encerra dia 31 de julho.

Ferramenta ressocializadora educativa

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i m a g e m

E m destaque nesta edição é foto de LEDA ALVIM, que clicou esta abelha em meio a flores na sua cidade natal, São José dos Campos, no Vale do Paraíba (SP). Filha da jornalista Virgínia Silveira (uma das principais especialistas na cobertura de defesa) e do militar da Aeronáutica Humberto Alvim, Leda acaba de completar 15 anos.

Traz no DNA o gosto pela natureza e pelo fotojornalismo. Confira outras fotos dela: https://www.facebook.com/Alvimphotos? pnref=story .

foto: leda alvim

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