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    POLCIA MILITAR DE

    SANTA CATARINA

    Soldado PMSoldado PMSoldado PMSoldado PM

    NDICE Nvel Nvel Nvel Nvel SuperiorSuperiorSuperiorSuperior

    DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Constituio Federal: Constituio Federal: Constituio Federal: Constituio Federal: Dos Princpios Fundamentais. ........................................................................................................................... 1 Dos Direitos e Garantias Fundamentais - Dos direitos e deveres individuais e coletivos; Dos direitos sociais; Da nacionalidade. .............................................................................................................................................. 3 Da Organizao do Estado - Da organizao poltico-administrativa; Da administrao pblica. ................. 19 Da Organizao dos Poderes - Do Poder Legislativo (arts. 44 a 56); ............................................................ 27 Do Poder Executivo (arts. 76 a 91); ................................................................................................................ 32 Do Poder Judicirio (arts. 92, 95, 122 a 124); ................................................................................................. 34 Das funes essenciais Justia (arts.127 a 135). ........................................................................................ 41 Da Defesa do Estado e das Instituies Democrticas Do estado de defesa e do estado de stio (arts. 136 a 141); Das Foras Armadas; Da segurana pblica. ..................................................................................... 43 Constituio do Estado de Santa Catarina: Constituio do Estado de Santa Catarina: Constituio do Estado de Santa Catarina: Constituio do Estado de Santa Catarina: Da administrao pblica - Das Disposies Gerais; Dos Servidores Pblicos Civis da Administrao Direta, Autrquica e Fundacional; Dos Militares Estaduais. ....................................................................................... 45 ]Da Justia Militar. ........................................................................................................................................... 50 Da Segurana Pblica - Disposio Geral; Da Polcia Civil; Da Polcia Militar; Do Corpo de Bombeiros Militar; Da Defesa Civil; Do Instituto Geral de Percia. ............................................................................................... 50 DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL Cdigo Penal Brasileiro: Cdigo Penal Brasileiro: Cdigo Penal Brasileiro: Cdigo Penal Brasileiro: Da aplicao da lei penal. ................................................................................................................................. 2 Do crime. ........................................................................................................................................................... 4 Da Imputabilidade Penal. ................................................................................................................................. 20 Do concurso de pessoas. ................................................................................................................................ 22 Das penas. ....................................................................................................................................................... 40 Das medidas de segurana. ............................................................................................................................ 45 Da ao penal. ................................................................................................................................................. 45 Da extino da punibilidade. ........................................................................................................................... 46 Dos crimes contra a pessoa. ........................................................................................................................... 47 Dos crimes contra o patrimnio. ...................................................................................................................... 51 Dos crimes contra a dignidade sexual. ............................................................................................................ 55 Dos crimes contra a paz pblica. .................................................................................................................... 60 Dos crimes contra aadministrao pblica. ..................................................................................................... 63 Legislao esparsa: Legislao esparsa: Legislao esparsa: Legislao esparsa: Lei Federal n 9.455/97. .................................................................................................................................. 67 Lei Federal n 8.072/90. .................................................................................................................................. 68

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    DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Cdigo de Processo Penal: Cdigo de Processo Penal: Cdigo de Processo Penal: Cdigo de Processo Penal: Disposies preliminares. .................................................................................................................................. 1 Do inqurito policial. .......................................................................................................................................... 1 Da ao penal. ................................................................................................................................................. 22 Da ao civil. ................................................................................................................................................... 28 Da competncia. .............................................................................................................................................. 28 Da prova. ......................................................................................................................................................... 33 Do Juiz, do Ministrio Pblico, do Acusado e Defensor, dos Assistentes e Auxiliares da Justia. ................ 39 Da priso, das medidas cautelares e da liberdade provisria. ........................................................................ 40 LEGISLAO INSTITUCIONAL: LEGISLAO INSTITUCIONAL: LEGISLAO INSTITUCIONAL: LEGISLAO INSTITUCIONAL: Lei Federal n 9.503, de 23 de setembro de 1997 - Cdigo de Trnsito Brasileiro (CTB). ............................ 1 Decreto-Lei Federal n 1.001, de 21 de outubro de 1969 Cdigo Penal Militar (CPM). .............................. 57 Lei Estadual n 6.218, de 10 de fevereiro de 1983 (Estatuto dos Policiais Militares do Estado de Santa Cata-rina). ................................................................................................................................................................. 82 Decreto Estadual n 12.112, de 16 de setembro de 1980 (Regulamento Disciplinar da Polcia Militar do Estado de Santa Catarina RDPM). ............................................................................................................... 97 Decreto Lei Federal n 667, de 02 de julho de 1969 Que Reorganiza as Polcias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, dos Territrios e do Distrito Federal, e d outras providncias. ............. 104 Decreto n 88.777, de 30 de setembro de 1983 - Aprova o regulamento para as Policias Militares e Corpos de Bombeiros Militares (R-200). .................................................................................................................... 107 Lei Complementar Estadual n 587, de 14 de janeiro de 2013, dispe sobre o ingresso nas carreiras das instituies militares de Santa Catarina. ....................................................................................................... 112 LNGUA PORTUGUESA LNGUA PORTUGUESA LNGUA PORTUGUESA LNGUA PORTUGUESA I Gramtica : Classes de palavras: flexes nominais e verbais. .................................................................. 46 Anlise sinttica: relaes e sentidos entre oraes, perodos e funes sintticas dos termos. .................. 50 Sintaxe de regncia: verbos e sua predicao; regncia verbal e nominal, crase. ........................................ 49 Sintaxe de concordncia: concordncia nominal e verbal; concordncia gramatical e ideolgica (silepse). . 51 Colocao de pronomes: prclise, mesclise e nclise. ................................................................................. 30 Estilstica: denotao e conotao; figuras de linguagem: metfora, metonmia, prosopopia, anttese e ple-onasmo. ........................................................................................................................................................... 28 Semntica: sinonmia e antonmia. ................................................................................................................. 26 Pontuao: vrgula, ponto-e-vrgula, dois pontos, ponto de exclamao, ponto de interrogao e ponto final. . II Interpretao de texto. ..................... ......................................................................................................... 1 INFORMTICA INFORMTICA INFORMTICA INFORMTICA Conceitos bsicos de computao e micro-informtica. ................................................................................... 1 Conhecimentos em aplicativos e funes do Windows. Conhecimentos em Microsoft Office. ...................... 24 Conhecimentos bsicos de banco de dados. .................................................................................................. 51 Conhecimentos bsicos para a utilizao da Internet. .................................................................................... 54

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    Direito Constitucional A Opo Certa Para a Sua Realizao 1

    DIREITO CONSTITUCIONALDIREITO CONSTITUCIONALDIREITO CONSTITUCIONALDIREITO CONSTITUCIONAL Constituio Federal: Constituio Federal: Constituio Federal: Constituio Federal: Dos Princpios Fundamentais. Dos Direitos e Garantias Fundamentais - Dos direitos e deveres individuais e coletivos; Dos direitos sociais; Da nacionalidade. Da Organizao do Estado - Da organizao poltico-administrativa; Da administrao pblica. Da Organizao dos Poderes - Do Poder Legislativo (arts. 44 a 56); Do Poder Executivo (arts. 76 a 91); Do Poder Judicirio (arts. 92, 95, 122 a 124); Das funes essenciais Justia (arts.127 a 135). Da Defesa do Estado e das Instituies Democrticas Do estado de defesa e do estado de stio (arts. 136 a 141); Das Foras Arma-das; Da segurana pblica.

    DOS PRINCPIOS FUNDAMENTAISDOS PRINCPIOS FUNDAMENTAISDOS PRINCPIOS FUNDAMENTAISDOS PRINCPIOS FUNDAMENTAIS

    1. PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS1. PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS1. PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS1. PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS Os princpios constitucionais so aqueles que guardam os valores fun-

    damentais da ordem jurdica. Isto s possvel na medida em que estes no objetivam regular situaes especficas, mas sim desejam lanar a sua fora sobre todo o mundo jurdico. Alcanam os princpios esta meta proporo que perdem o seu carter de preciso de contedo, isto , conforme vo perdendo densidade semntica, eles ascendem a uma posio que lhes permite sobressair, pairando sobre uma rea muito mais ampla do que uma norma estabelecedora de preceitos. Portanto, o que o princpio perde em carga normativa ganha como fora valorativa a espraiar-se por cima de um sem-nmero de outras normas.

    O reflexo mais imediato disto o carter de sistema que os princpios

    impem Constituio. Sem eles a Constituio se pareceria mais com um aglomerado de normas que s teriam em comum o fato de estarem juntas no mesmo diploma jurdico, do que com um todo sistemtico e congruente. Desta forma, por mais que certas normas constitucionais demonstrem estar em contradio, esta aparente contradio deve ser minimizada pela fora catalisadora dos princpios.

    Outra funo muito importante dos princpios servir como critrio de

    interpretao das normas constitucionais, seja ao legislador ordinrio, no momento de criao das normas infraconstitucionais, seja aos juzes, no momento de aplicao do direito, seja aos prprios cidados, no momento da realizao de seus direitos.

    Em resumo, so os princpios constitucionais aqueles valores alberga-

    dos pelo Texto Maior a fim de dar sistematizao ao documento constitu-cional, de servir como critrio de interpretao e finalmente, o que mais importante, espraiar os seus valores, pulveriz-los sobre todo o mundo jurdico.

    1.1. Repblica1.1. Repblica1.1. Repblica1.1. Repblica A repblica no incio teve um sentido bastante preciso; tratava-se de

    um regime que se opunha monarquia. Nesta, tudo pertencia ao rei, que governava de maneira absoluta e irresponsvel. Alm disto, caracterstica das monarquias a vitaliciedade do governante e, via de regra, a transfern-cia do poder por fora de laos hereditrios. A repblica surgiu, portanto, em oposio ao regime monrquico, uma vez que retirava o poder das mos do rei passando-o nao. No h que se pensar, no entanto, que o povo passou, efetiva e diretamente, a governar, muito embora esta seja a primeira ideia de repblica, ou seja, a coisa do povo.

    Hoje, no entanto, o conceito de repblica perdeu muito de seu conte-

    do. Isto se deu na medida em que as monarquias foram cedendo parcelas de seus poderes at contemporaneamente encontrarem-se quase que totalmente destitudas de qualquer prerrogativa de mando efetivo. As monarquias da Europa ocidental em nada diferenciam-se de suas vizinhas Repblicas, exceo da figura decorativa do monarca que nominalmente exerce as funes de chefe de Estado. Assim, em termos de regimes polticos, os conceitos de monarquia e repblica esto bastante esvaziados.

    Talvez por esta razo a nova Constituio reforce o seu significado falando de Estado Democrtico de Direito e ainda enumerando alguns fundamentos de nossa Repblica. Resumindo, ao termos que interpretar o princpio republicano, devemos ter em mente, fundamentalmente, a necessidade da alternncia no poder, por certo sua caracterstica mais acentuada.

    1.2. Federao1.2. Federao1.2. Federao1.2. Federao Ao lado do termo Repblica, inserto no art. 1 da Constituio de

    1988, encontra-se a palavra Federativa, ou seja, o Brasil adere forma Federativa de Estado.

    1.2.1. Histrico1.2.1. Histrico1.2.1. Histrico1.2.1. Histrico A ideia moderna de Federao surge em 1787, na Conveno de Phi-

    ladelphia, onde as treze ex-colnias inglesas resolveram dispor de parcela de suas soberanias, tornando-se autnomas, e constituir um novo Estado, este sim soberano. Assim, a Constituio de 1787, que deu surgimento aos Estados Unidos da Amrica, criou tambm uma nova forma de Estado, o federativo.

    No Brasil, embora as coisas tenham ocorrido um pouco s avessas, a

    forma federativa surgiu em 15 de novembro de 1889, junto com a Repbli-ca, por fora do Decreto n. 1. Dizemos por que s avessas: na experincia norte-americana, tnhamos treze pases independentes, que, atravs de um acordo, cederam parcela de seu poder ao novo ente que surgiu, resguar-dando assim muito do que antes era seu. No caso brasileiro, ao invs de diversos Estados, tnhamos um s; o Brasil todo respondia ao domnio do imperador. Depois de proclamada a Repblica e a Federao que se viu a necessidade de criarem-se os Estados-Membros, aos quais delegaram-se algumas competncias. Esta talvez seja uma das razes pelas quais o Brasil nunca chegou a ter uma verdadeira Federao, onde os Estados alcanam autonomia real.

    Outro dado para o qual se deve alertar no novo Texto o fato de ele ter

    includo o municpio como componente da Federao. Como sabemos o municpio uma realidade em nossa histria. Mesmo antes de existir o pas Brasil j tnhamos municpios, os quais eram importantes locus de poder. Inclusive tendo a Constituio do Imprio que passar pelo crivo das Cma-ras municipais para que chegasse a ser aprovada. Portanto, corrige o constituinte, ao incluir o municpio como componente da Federao brasilei-ra, o erro das Constituies anteriores.

    1.2.2. Princpio Federativo1.2.2. Princpio Federativo1.2.2. Princpio Federativo1.2.2. Princpio Federativo A federao a forma de Estado pela qual se objetiva distribuir o po-

    der, preservando a autonomia dos entes polticos que a compem. No entanto, nem sempre alcana-se uma racional distribuio do poder; nestes casos d-se ou um engrandecimento da Unio ou um excesso de poder regionalmente concentrado, o que pode ser prejudicial se este poder estiver nas mos das oligarquias locais. O acerto da Constituio, quando dispe sobre a Federao, estar diretamente vinculado a uma racional diviso de competncia entre, no caso brasileiro, Unio, Estados e Municpios; tal diviso para alcanar logro poderia ter como regra principal a seguinte: nada ser exercido por um poder mais amplo quando puder ser exercido pelo poder local, afinal os cidados moram nos Municpios e no na Unio.

    Portanto deve o princpio federativo informar o legislador infraconstitu-

    cional que est obrigado a acatar tal princpio na elaborao das leis ordi-nrias, bem como os intrpretes da Constituio, a comear pelos membros do Poder Judicirio.

    1.2.3. Caractersticas da Federao1.2.3. Caractersticas da Federao1.2.3. Caractersticas da Federao1.2.3. Caractersticas da Federao Poderamos, aqui, elencar inmeras caractersticas da Federao; a-

    bordaremos, entretanto, apenas aquelas que se nos demonstram mais importantes:

    1.) uma descentralizao poltico-administrativa constitucionalmente

    prevista;

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    2.) uma Constituio rgida que no permita a alterao da repartio de competncias por intermdio de legislao ordinria. Se assim fosse possvel, estaramos num Estado unitrio, politicamente descentralizado;

    3.) existncia de um rgo que dite a vontade dos membros da Fede-

    rao; no caso brasileiro temos o Senado, no qual renem-se os represen-tantes dos Estados-Membros;

    4.) autonomia financeira, constitucionalmente prevista, para que os en-

    tes federados no fiquem na dependncia do Poder Central; 5.) a existncia de um rgo constitucional encarregado do controle da

    constitucionalidade das leis, para que no haja invaso de competncias. Quanto diviso de competncias, que talvez seja o tema mais rele-

    vante no tratamento da Federao, ser abordada oportunamente quando tratarmos da Federao brasileira.

    1.3. Estado Democrtico de Direito1.3. Estado Democrtico de Direito1.3. Estado Democrtico de Direito1.3. Estado Democrtico de Direito em boa hora que a Constituio acolhe estes dois princpios: o De-

    mocrtico e o do Estado de Direito. Pois, como visto, o princpio republica-no, por si s, no se tem demonstrado capaz de resguardar a soberania popular, a submisso do administrador vontade da lei, em resumo, no tem conseguido preservar o princpio democrtico nem o do Estado de Direito.

    Antes, porm, de analisarmos estes preceitos, uma questo nos salta

    aos olhos: estabeleceu a Constituio dois princpios ou na realidade o Estado Democrtico e o Estado de Direito significam a mesma coisa? Daremos esta resposta atravs das seguintes palavras de Canotilho e Vital Moreira: Este conceito bastante complexo, e as suas duas componentes ou seja, a componente do Estado de direito e do Estado democrtico no podem ser separadas uma da outra. O Estado de direito democrtico e s sendo-o que de direito; o Estado democrtico Estado de direito e s sendo-o que Estado de direito (Constituio da Repblica Portugue-sa anotada, 2. ed., Coimbra Ed., 1984, v. 1, p. 73). Esta ntima ligao poderia fazer-nos crer que se trata da mesma coisa, no entanto, os autores complementam o pensamento da seguinte maneira:

    Esta ligao material das duas componentes no impede a considera-

    o especfica de cada uma delas, mas o sentido de uma no pode ficar condicionado e ser qualificado em funo do sentido da outra (Constitui-o, cit., p. 73). Conclumos, ento, tratar-se de um conceito hbrido, e para que possamos melhor compreend-lo, necessitamos percorrer, preliminar-mente, cada um deles.

    O Estado de Direito, mais do que um conceito jurdico, um conceito

    poltico que vem tona no final do sculo XVIII, incio do sculo XIX. Ele fruto dos movimentos burgueses revolucionrios, que quele momento se opunham ao absolutismo, ao Estado de Polcia. Surge como ideia fora de um movimento que tinha por objetivo subjugar os governantes vontade legal, porm, no de qualquer lei. Como sabemos, os movimentos burgue-ses romperam com a estrutura feudal que dominava o continente europeu; assim os novos governos deveriam submeter-se tambm a novas leis, originadas de um processo novo onde a vontade da classe emergente estivesse consignada. Mas o fato de o Estado passar a se submeter lei no era suficiente. Era necessrio dar-lhe outra dimenso, outro aspecto. Assim, passa o Estado a ter suas tarefas limitadas basicamente manu-teno da ordem, proteo da liberdade e da propriedade individual. E a ideia de um Estado mnimo que de forma alguma interviesse na vida dos indivduos, a no ser para o cumprimento de suas funes bsicas; fora isso deveriam viger as regras do mercado, assim como a livre contratao.

    Como no poderia deixar de ser, este Estado formalista recebeu in-

    meras crticas na medida em que permitiu quase que um absolutismo do contrato, da propriedade privada, da livre empresa. Era necessrio redina-mizar este Estado, lanar-lhe outros fins; no que se desconsiderassem aqueles alcanados, afinal eles significaram o fim do arbtrio, mas cumprir outras tarefas, principalmente sociais, era imprescindvel.

    Desencadeia-se, ento, um processo de democratizao do Estado; os

    movimentos polticos do final do sculo XIX, incio do XX, transformam o

    velho e formal Estado de Direito num Estado Democrtico, onde alm da mera submisso lei deveria haver a submisso vontade popular e aos fins propostos pelos cidados. Assim, o conceito de Estado Democrtico no um conceito formal, tcnico, onde se dispe um conjunto de regras relativas escolha dos dirigentes polticos. A democracia, pelo contrrio, algo dinmico, em constante aperfeioamento, sendo vlido dizer que nunca foi plenamente alcanada. Diferentemente do Estado de Direito que, no dizer de Otto Mayer, o direito administrativo bem ordenado no Estado Democrtico importa saber a que normas o Estado e o prprio cidado esto submetidos. Portanto, no entendimento de Estado Democr-tico devem ser levados em conta o perseguir certos fins, guiando-se por certos valores, o que no ocorre de forma to explcita no Estado de Direito, que se resume em submeter-se s leis, sejam elas quais forem.

    2. FUNDAMENTOS DA REPBLICA FEDERAT2. FUNDAMENTOS DA REPBLICA FEDERAT2. FUNDAMENTOS DA REPBLICA FEDERAT2. FUNDAMENTOS DA REPBLICA FEDERATIIIIVA DO BRASILVA DO BRASILVA DO BRASILVA DO BRASIL A Constituio traz como fundamentos do Estado brasileiro a soberani-

    a, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, a crena nos valores soci-ais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo poltico. Esses fundamen-tos devem ser entendidos como o embasamento do Estado; seus valores primordiais, imediatos, que em momento algum podem ser colocados de lado.

    Soberania a qualidade que cerca o poder do Estado. Entre os roma-

    nos era denominada suprema potestas, imperium. Indica o poder de mando em ltima instncia, numa sociedade poltica. O advento do Estado moder-no coincide, precisamente, com o momento em que foi possvel, num mesmo territrio, haver um nico poder com autoridade originria. A sobe-rania se constitui na supremacia do poder dentro da ordem interna e no fato de, perante a ordem externa, s encontrar Estados de igual poder. Esta situao a consagrao, na ordem interna, do princpio da subordinao, com o Estado no pice da pirmide, e, na ordem internacional, do princpio da coordenao.

    Ter, portanto, a soberania como fundamento do Estado brasileiro signi-

    fica que dentro do nosso territrio no se admitir fora outra que no a dos poderes juridicamente constitudos, no podendo qualquer agente estranho Nao intervir nos seus negcios. No entanto, o princpio da soberania fortemente corrodo pelo avano da ordem jurdica internacional. A todo instante reproduzem-se tratados, conferncias, convenes, que procuram traar as diretrizes para uma convivncia pacfica e para uma colaborao permanente entre os Estados. Os mltiplos problemas do mundo moderno, alimentao, energia, poluio, guerra nuclear, represso ao crime organi-zado, ultrapassam as barreiras do Estado, impondo-lhe. desde logo, uma interdependncia de fato.

    pergunta de que se o termo soberania ainda til para qualificar o

    poder ilimitado do Estado, deve ser dada uma resposta condicionada. Estar caduco o conceito se por ele entendermos uma quantidade certa de poder que no possa sofrer contraste ou restrio. Ser termo atual se com ele estivermos significando uma qualidade ou atributo da ordem jurdica estatal. Neste sentido, ela a ordem interna ainda soberana, porque, embora exercida com limitaes, no foi igualada por nenhuma ordem de direito interna, nem superada por nenhuma outra externa.

    Portanto, se insistiu o constituinte no uso do termo soberania, deve-

    mos ter em mente o seu contedo bastante diverso daquele empregado nos sculos XVIII e XIX.

    A cidadania, tambm fundamento de nosso Estado, um conceito que

    deflui do prprio princpio do Estado Democrtico de Direito, podendo-se, desta forma, dizer que o legislador constituinte foi pleonstico ao institu-lo. No entanto, ressaltar a importncia da cidadania nunca demais, pois o exerccio desta prerrogativa fundamental. Sem ela, sem a participao poltica do indivduo nos negcios do Estado e mesmo em outras reas do interesse pblico, no h que se falar em democracia.

    Embora dignidade tenha um contedo moral, parece que a preocupa-

    o do legislador constituinte foi mais de ordem material, ou seja, a de proporcionar s pessoas condies para uma vida digna, principalmente no que tange ao fator econmico. Por outro lado, o termo dignidade da pes-soa visa a condenar prticas como a tortura, sob todas as suas modalida-des, o racismo e outras humilhaes to comuns no dia-a-dia de nosso

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    pas. Este foi, sem dvida, um acerto do constituinte, pois coloca a pessoa humana como fim ltimo de nossa sociedade e no como simples meio para alcanar certos objetivos, como, por exemplo, o econmico.

    Quanto aos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, destaca-se,

    em primeiro lugar, que o trabalho deve obrigatoriamente ter seu valor reconhecido; e de que forma? Atravs da justa remunerao e de condi-es razoveis para seu desenvolvimento. Por outro lado, o livre empreen-dedor, aquele que se arriscou lanando-se no duro jogo do mercado, tam-bm tem que ter seu valor reconhecido, no podendo ser massacrado pelas mos quase sempre pesadas do Estado.

    Por fim, fundamento de nosso Estado o pluralismo poltico. A demo-

    cracia impe formas plurais de organizao da sociedade, desde a multipli-cidade de partidos at a variedade de igrejas, escolas, empresas, sindica-tos, organizaes culturais, enfim, de organizaes e ideias que tm viso e interesses distintos daqueles adotados pelo Estado. Desta forma, o plura-lismo a possibilidade de oposio e controle do Estado.

    3. TR3. TR3. TR3. TRIPARTIO DOS PODERESIPARTIO DOS PODERESIPARTIO DOS PODERESIPARTIO DOS PODERES Tambm arrola-se entre os princpios fundamentais a chamada triparti-

    o dos poderes, que poderia ter sido melhor chamada de tripartio de funes, uma vez que o poder ao povo pertence. O Legislativo, o Executivo e o Judicirio so meras funes desempenhadas pelo Estado, que exerce o poder em nome do povo.

    O trao importante da teoria elaborada por Montesquieu no foi o de

    identificar estas trs funes, pois elas j haviam sido abordadas por Arist-teles, mas o de demonstrar que tal diviso possibilitaria um maior controle do poder que se encontra nas mos do Estado. A ideia de um sistema de freios e contrapesos, onde cada rgo exera as suas competncias e tambm controle o outro, que garantiu o sucesso da teoria de Montesqui-eu.

    Hoje, no entanto, a diviso rgida destas funes j est superada,

    pois, no Estado contemporneo, cada um destes rgos obrigado a realizar atividades que tipicamente no seriam suas.

    Ao contemplar tal princpio o constituinte teve por objetivo tirante as

    funes atpicas previstas pela prpria Constituio no permitir que um dos poderes se arrogue o direito de interferir nas competncias alheias, portanto no permitindo, por exemplo, que o executivo passe a legislar e tambm a julgar ou que o legislativo que tem por competncia a produo normativa aplique a lei ao caso concreto.

    Alm destes conceitos bsicos, outros sero trazidos quando entrar-

    mos no estudo da organizao dos poderes propriamente ditos. 4. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS4. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS4. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS4. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS A ideia de objetivos no pode ser confundida com a de fundamentos,

    muito embora, algumas vezes, isto possa ocorrer. Os fundamentos so inerentes ao Estado, fazem parte de sua estrutura. Quanto aos objetivos, estes consistem em algo exterior que deve ser perseguido. Portanto, a Repblica Federativa do Brasil tem por meta irrecusvel construir uma sociedade livre, justa e solidria; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminao.

    5. O BRASIL NA ORDEM INTERNACIONAL5. O BRASIL NA ORDEM INTERNACIONAL5. O BRASIL NA ORDEM INTERNACIONAL5. O BRASIL NA ORDEM INTERNACIONAL Apesar da importncia que tm alcanado as relaes internacionais

    privadas, os Estados ainda so seus agentes mais importantes. O incre-mento da comunidade internacional e a cada vez maior interdependncia entre os Estados tm gerado, tambm, um incremento do sistema normati-vo internacional. Talvez seja esta a razo pela qual o constituinte preocu-pou-se em trazer os princpios fundamentais que regero nossas relaes internacionais, Constituio.

    O primeiro destes princpios o da independncia nacional, que pode-

    ria resumir-se no poder de autodeterminao do Estado brasileiro. E inte-

    ressante notar que ao prever tal dispositivo o Brasil no o fez olhando apenas para si mesmo, uma vez que previu o princpio da no-interveno, o que significa admitir a independncia das outras naes. No que tange autodeterminao dos povos, algumas vezes se faz confuso. Embora a ordem internacional reinante repouse sobre a noo de soberania do Esta-do, o constituinte pretendeu indicar que nossa poltica internacional respeita tambm, ao lado da independncia estatal, a autodeterminao dos povos especficos. Isto se d pelo fato de que muitas vezes um povo no inde-pendente, mas se submete a imposies de outros povos. Era o caso das colnias. Porm, aps a Segunda Guerra Mundial, o conceito perdeu bastante valor, uma vez que aquelas colnias tornaram-se independentes. No entanto, importante notar que ainda hoje, na prpria Europa, povos h que no conseguiram sua independncia, caso do Povo Basco, que vive em constante conflito com o Estado espanhol.

    Alm destes princpios que tm por objetivo o respeito independncia

    nacional e das outras naes e povos, o Brasil adere luta pelos direitos humanos, luta esta multissecular. Assim fica obrigado a dar guarida, por exemplo, Declarao Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela Assembleia Geral da ONU, em 10 de dezembro de 1948; e por consequn-cia fica tambm obrigado a repudiar toda violao a estes direitos. No mesmo passo impe-se o repdio ao terrorismo e ao racismo. A concesso de asilo poltico tambm encontra-se arrolada no art. 4.

    Numa terceira ordem de princpios temos a soluo pacfica dos conflitos e a defesa da paz, do que resulta a excluso da guerra, como medida razovel para a deciso de conflitos; porm, no faz o Texto qualquer meno a uma hierarquia na procura dos meios pacficos que devero ser trilhados na busca da paz. E sabido que h uma variedade destes, a comear dos jurisdicionais, que compreendem o recurso Corte Internacional de Justia e arbitragem, at os no-jurisdicionais, que implicam os bons ofcios, na conciliao e na mediao.

    Outro princpio proclamado pelo Texto diz respeito cooperao entre

    os povos para o progresso da humanidade. Este dispositivo parece-nos estar predominantemente voltado ao intercmbio de conhecimento cientfi-co. Direitos e Garantias Fundamentais: Direitos e Direitos e Garantias Fundamentais: Direitos e Direitos e Garantias Fundamentais: Direitos e Direitos e Garantias Fundamentais: Direitos e Deveres IndivDeveres IndivDeveres IndivDeveres Indivi-i-i-i-

    duais e Coletduais e Coletduais e Coletduais e Coletiiiivosvosvosvos Fonte: Direito Constitucional Didtico Kildare Gonalves Carvalho

    DelRey - MG A Constituio de 1988 ampliou consideravelmente o catlogo dos di-

    reitos e garantias fundamentais, desdobrando-se o art. 5 em 77 incisos, quando, pela Emenda Constitucional n. 1, de 1969, a matria era tratada em 36 pargrafos, que integravam o art. 153. A razo do aumento de disposies acerca do tema resulta, sobretudo, da constitucionalizao de valores penais que se achavam previstos na legislao penal ou processual penal.

    Outro aspecto que deve ser salientado o de que a declarao dos di-

    reitos fundamentais foi deslocada para o incio do texto constitucional (Ttulo II), rompendo assim a Constituio vigente com a tcnica das Cons-tituies anteriores, que situava os direitos fundamentais na parte final da Constituio, sempre depois da organizao do Estado. Essa colocao topogrfica da declarao de direitos no incio da Constituio, seguindo modelo das Constituies do Japo, Mxico, Portugal, Espanha, dentre outras, tem especial significado, pois revela que todas as instituies esta-tais esto condicionadas aos direitos fundamentais, que devero observar. Assim, nada se pode fazer fora do quadro da declarao de direitos funda-mentais: Legislativo, Executivo e Judicirio, oramento, ordem econmica, alm de outras instituies, so orientados e delimitados pelos direitos humanos.

    Esclarea-se, ainda, que a expresso estrangeiros residentes no Pa-

    s, constante do art. 50 da Constituio, deve ser interpretada no sentido de que a Carta Federal s pode assegurar a validade e o gozo dos direitos fundamentais dentro do territrio brasileiro.

    Em consequncia, mesmo o estrangeiro no residente no Brasil tem

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    Direito Constitucional A Opo Certa Para a Sua Realizao 4

    acesso s aes, inclusive mandado de segurana, e aos demais remdios judiciais; o que entende Jos Celso de Mello Filho. De fato, os direitos fundamentais tm, como vimos, carter universal, e deles sero destinat-rios todos os que se encontrem sob a tutela da ordem jurdica brasileira, pouco importando se so nacionais ou estrangeiros.

    AbrangnciaAbrangnciaAbrangnciaAbrangncia O Ttulo II da Constituio compreende cinco Captulos. Neles so

    mencionados os direitos e deveres individuais e coletivos (Captulo I), os direitos sociais (Captulo II), a nacionalidade (Captulo III), os direitos polti-cos (Captulo IV) e os partidos polticos (Captulo V). Portanto, os direitos fundamentais, na Constituio de 1988, compreendem os direitos individu-ais, os direitos coletivos, os direitos sociais e os direitos polticos.

    Os direitos individuais so aqueles que se caracterizam pela autonomia e oponibilidade ao Estado, tendo por base a liberdade - autonomia como atributo da pessoa, relativamente a suas faculdades pessoais e a seus bens. Impem, como vimos acima, ao tratarmos da sua classificao, uma absteno, por parte do Estado, de modo a no interferir na esfera prpria dessas liberdades.

    O direitos polticos tm por base a liberdade-participao, traduzida na

    possibilidade atribuda ao cidado de participar do processo poltico, votan-do e sendo votado.

    Os direitos sociais referidos no art. 60 da Constituio (educao, sa-

    de, trabalho, lazer, segurana, previdncia social, proteo maternidade e infncia, assistncia aos desamparados) so direitos que visam a uma melhoria das condies de existncia, mediante prestaes positivas do Estado, que dever assegurar a criao de servios de educao, sade, ensino, habitao e outros, para a sua realizao. A maioria dos direitos sociais vem enunciada em normas programticas que demandam interven-o legislativa para se tornarem operativas e aplicveis, pelo que no podem os seus destinatrios invoc-los ou exigi-los imediatamente.

    H autores que reconhecem a existncia, na Constituio, alm dos di-

    reitos sociais, de direitos econmicos, que, contidos em normas de conte-do econmico, visam proporcionar, atravs de uma poltica econmica, v.g., a que trata do planejamento de metas e de financiamento para a consecu-o do pleno emprego (direito econmico), a realizao dos demais direitos humanos, no caso, o oferecimento do salrio mnimo (direito social) e o suprimento das necessidades humanas, conferindo ao homem uma vida digna (direito individual). Os direitos econmicos envolvem, desse modo, normas protetoras de interesses individuais, coletivos e difusos. Nesse sentido, posiciona-se Jos Luiz Quadros de Magalhes, que classifica os direitos econmicos em: I direito ao meio ambiente; II - direito do consu-midor; III - funo social da propriedade rural e urbana; IV - transporte (como meio de circulao de mercadorias); V - pleno emprego (direito ao trabalho); VI - outras normas concretizadoras de direitos sociais, individuais e polticos).

    Fala ainda a Constituio em direitos coletivos, entendendo-se como

    tais aqueles cujo exerccio cabe a uma pluralidade de sujeitos, e no a cada indivduo isoladamente. Entende Jos Carlos Vieira de Andrade que o elemento coletivo integra o contedo do prprio direito - este s ganha sentido se for pensado em termos comunitrios, pois esto em causa interesses partilhados por uma categoria ou um grupo de pessoas. Esses direitos coletivos se apresentam s vezes como direitos individuais de expresso coletiva, em que o coletivo no sujeito de direitos (direito de reunio e de associao), e outras vezes se confundem com os direitos das pessoas coletivas (direito de organizao sindical). Como direitos funda-mentais coletivos previstos no art. 50 so mencionados: o direito de reunio e de associao, o direito de entidades associativas representarem seus filiados, os direitos de recebimento de informaes de interesse coletivo, dentre outros.

    Finalmente, relacionados com os direitos fundamentais, apresentam-se

    os deveres fundamentais, referidos no Captulo I, do Ttulo II, da Constitui-o, sob a rubrica de deveres individuais e coletivos. Por deveres, em sentido genrico, deve-se entender as situaes jurdicas de necessidade ou de restries de comportamentos impostas pela Constituio s pesso-as.

    Vale lembrar, a propsito, que os direitos individuais foram revelados

    na Histria como aquisio de direitos diante do Poder e no como sujeio a deveres.

    Da no existir, no Captulo dos Direitos Fundamentais, nenhum precei-

    to dedicado a um dever, de forma especfica e exclusiva. Os deveres se acham sempre ligados ou conexos com os direitos fundamentais (dever de votar, relacionado com o direito de voto - art. 14, 1, I; dever de educar os filhos, relacionado com o direito educao - art. 205; dever de defesa do meio ambiente, conjugado com o direito correspondente art. 225, etc.).

    Direito vidaDireito vidaDireito vidaDireito vida O primeiro direito do homem consiste no direito vida, condicionador

    de todos os demais. Desde a concepo at a morte natural, o homem tem o direito existncia, no s biolgica como tambm moral (a Constituio estabelece como um dos fundamentos do Estado a dignidade da pessoa humana - art. 1, III).

    No sentido biolgico, a vida consiste no conjunto de propriedades e

    qualidades graas s quais os seres organizados, ao contrrio dos orga-nismos mortos ou da matria bruta, se mantm em contnua atividade, manifestada em funes, tais como o metabolismo, o crescimento, a reao a estmulos, a adaptao ao meio, a reproduo e outras.

    A vida humana se distingue das demais, seja pela sua origem, vale di-

    zer, pelo processo de sua reproduo a partir de outra vida, seja pela caracterstica de sua constituio gentica: 46 cromossomos para as clu-las diploides (respectivamente, 23 para as clulas haploides ou gametas).

    Assim, o embrio protegido, sendo ilcito o aborto, porque, enquanto

    dura o processo fisiolgico do feto no tero, o homem tem direito vida embrionria. O aborto atualmente considerado ilcito pelo nosso Direito, salvo nos casos especiais previstos na legislao penal. Tem sido polmi-ca, contudo, a tipificao penal do aborto.

    H tambm controvrsia sobre a eutansia ou homicdio piedoso, em

    que a morte provocada para evitar o sofrimento decorrente de uma doen-a havida como incurvel. A Constituio brasileira no acolheu a eutan-sia. De fato, no a recomendam o progresso da medicina e o fato de que a vida um bem no s individual, mas tambm social, e o desinteresse por ela, pelo indivduo, no h de exclu-la da proteo do Direito.

    A pena de morte foi proibida pela Constituio de 1988, salvo em caso

    de guerra declarada (art. 5, XL VII, a). O Brasil ainda parte na Conven-o Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San Jos de Costa Rica), de 1969, cujo art. 4 menciona o direito vida como um direito fundamental e inderrogvel. Por fora tambm do art. 4, 2 e 3, h proibio absoluta para estender, no futuro, a pena de morte para toda classe de delitos, bem como de seu restabelecimento nos Estados que a hajam abolido, como o caso do Brasil, que aderiu a conveno em 25 de setem-bro de 1992.

    O Brasil se obrigou, portanto, ao no-estabelecimento da pena de mor-

    te no Pas. Na hiptese de violao dessa obrigao convencional, estaria configurada a responsabilidade internacional do Brasil.

    O debate sobre a licitude e a oportunidade da pena de morte remonta

    ao Iluminismo, no sculo XVIII, com Beccaria, que examinou a funo intimidatria da pena, ao dizer que a finalidade da pena no seno impedir o ru de causar novos danos aos seus concidados e demover os demais a fazerem o mesmo.

    Neste contexto que trata da pena de morte com relao e outras pe-

    nas. No pargrafo intitulado Doura das penas, Beccaria sustenta que os

    maiores freios contra os delitos no a crueldade das penas, mas a sua infalibilidade e, consequentemente, a vigilncia dos magistrados e a severi-dade de um juiz inexorvel.

    Assim, no necessrio que as penas sejam cruis para serem dis-

    suasrias. Basta que sejam certas. O que constitui uma razo (alis, a razo principal) para no se cometer o delito no tanto a severidade da pena quanto a certeza de que ser de algum modo punido. Portanto,

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    Direito Constitucional A Opo Certa Para a Sua Realizao 5

    conclui Beccaria, alm da certeza da pena, h um segundo princpio: a intimidao que nasce no da intensidade da pena, mas de sua extenso, como, por exemplo a priso perptua. A pena de morte muito intensa, enquanto a priso perptua muito extensa. Ento, a perda perptua da prpria liberdade tem mais fora intimidatria do que a pena de morte.

    Este argumento de ordem utilitarista poderia, contudo, ser ultrapassado

    caso se demonstrasse que a pena de morte preveniria os chamados crimes de sangue, com mais eficcia do que as outras penas.

    Neste caso, ter-se-ia que recorrer instncia de ordem moral, a um

    princpio tico, derivado do imperativo moral no matars, a ser acolhido como um princpio de valor absoluto. Mas como?

    Se o indivduo tem o direito de matar em legtima defesa, por que a co-

    letividade no o tem? Responde ento Norberto Bobbio: A coletividade no tem esse direito porque a legtima defesa nasce e

    se justifica somente como resposta imediata numa situao onde seja impossvel agir de outro modo; a resposta da coletividade mediatizada atravs de um processo, por vezes at mesmo longo, no qual se conflitam argumentos pr e contra. Em outras palavras, a condenao morte depois de um processo no mais um homicdio em legtima defesa, mas um homicdio legal, legalizado, perpetrado a sangue frio, premeditado. O Esta-do no pode colocar-se no mesmo plano do indivduo singular. O indivduo age por raiva, por paixo, por interesse, em defesa prpria. O Estado responde de modo mediato, reflexivo, racional.

    O saudoso Prof. Lydio Machado Bandeira de Mello, ao se insurgir con-

    tra a pena de morte, o fez admiravelmente em pgina insupervel: O Direito Penal um direito essencialmente mutvel e relativo. Logo,

    deve ficar fora de seu alcance a imposio de penas de carter imutvel e absoluto, de total irreversibilidade e irremediveis quando se descobre que foram impostas pela perseguio, pelo capricho ou pelo erro. Deve ficar fora de seu alcance a pena que s um juiz onisciente, incorruptvel, absolu-tamente igual seria competente para aplicar: a pena cuja imposio s deveria estar na alada do ser absoluto, se ele estatusse ou impusesse penas: a pena absoluta, a pena de morte. Aos seres relativos e falveis s compete aplicar penas relativas e modificveis. E, ainda assim, enquanto no soubermos substituir as penas por medidas mais humanas e eficazes de defesa social.

    Note-se, finalmente, que o direito sade outra consequncia do di-

    reito vida. Direito privacidadeDireito privacidadeDireito privacidadeDireito privacidade A vida moderna, pela utilizao de sofisticada tecnologia (teleobjetivas,

    aparelhos de escutas), tem acarretado enorme vulnerabilidade privacida-de das pessoas. Da a Constituio declarar, no art. 50, X, que so inviol-veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegu-rado o direito indenizao pelo dano moral decorrente de sua violao. Portanto, o direito de estar s e o direito prpria imagem, s vezes to impiedosamente exposta pelos meios de comunicao de massa, ganham eminncia constitucional, protegendo-se o homem na sua intimidade e privacidade. O dano moral decorrente da violao desses direitos, alm do dano material, ser indenizado, encerrando assim a Constituio a polmi-ca at ento existente no Direito brasileiro sobre a indenizao do dano moral.

    O direito honra alcana tanto o valor moral ntimo do homem como a

    estima dos outros, a considerao social, o bom nome, a boa fama, enfim, o sentimento ou a conscincia da prpria dignidade pessoal refletida na considerao dos outros e no sentimento da prpria pessoa. Envolve, portanto, a honra subjetiva e a honra objetiva, a primeira tendo por ncleo o sentimento de auto-estima do indivduo, o sentimento que possui acerca de si mesmo, e a honra objetiva significando o conceito social que o indivduo possui.

    O direito imagem envolve duas vertentes: a imagem-retrato e a ima-

    gem-atributo. No primeiro sentido significa o direito relativo reproduo grfica (retrato, desenho, fotografia, filmagem, dentre outros) da figura

    humana, podendo envolver at mesmo partes do corpo da pessoa, como a voz, a boca, o nariz, as pernas, etc. No segundo sentido, entendida como a imagem dentro de um determinado contexto, dizer, o conjunto de atribu-tos cultivados pelo indivduo e reconhecidos pelo meio social.

    Distingue-se ainda o direito de privacidade do direito de intimidade.

    Considere-se que a vida social do indivduo divide-se em pblica e privada. Por privacidade deve-se entender os nveis de relacionamento ocultados ao pblico em geral, como a vida familiar, o lazer, os negcios, as aventuras amorosas. Dentro, contudo, dessa privacidade h outras formas de rela-es, como as que se estabelecem entre cnjuges, pai e filho, irmos, namorados, em que poder haver abusos ou violaes. Assim, na esfera da vida privada h um outro espao que o da intimidade. H, portanto, uma noo de privacidade em que as relaes inter-individuais devem permane-cer ocultas ao pblico e existe o espao da intimidade, onde pode ocorrer a denominada tirania da vida privada, na qual o indivduo deseja manter-se titular de direitos impenetrveis mesmo aos mais prximos. Enfim, dir-se-ia que o espao privado compreende o direito privacidade e o direito intimidade, sendo exemplo de violao deste ltimo o ato do pai que devas-sa o dirio de sua filha adolescente ou o sigilo de suas comunicaes telefnicas.

    A inviolabilidade do domiclio constitui manifestao do direito priva-

    cidade de que cuidamos acima. A Constituio diz, no art. 5, XI, que a casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou durante o dia, por determinao judicial. Valem as seguintes observaes.

    IIII - o termo casa empregado no texto constitucional compreende qual-

    quer compartimento habitado, aposento habitado, ou compartimento no aberto ao pblico, onde algum exerce profisso ou atividade (Cdigo Penal, art. 150, 40). a projeo espacial da pessoa; o espao isolado do ambiente externo utilizado para o desenvolvimento das atividades da vida e do qual a pessoa pretenda normalmente excluir a presena de terceiros. Da noo de casa fazem parte as ideias de mbito espacial, direito de exclusi-vidade em relao a todos, direito privacidade e no intromisso. De se considerar, portanto, que nos teatros, restaurantes, mercados e lojas, desde que cerrem suas portas e neles haja domiclio, haver a inviolabili-dade por destinao, circunstncia que no ocorre enquanto abertos;

    IIIIIIII - o conceito de noite o astronmico, ou seja, o lapso de tempo entre

    o crepsculo e a aurora; IIIIIIIIIIII - as excees constitucionais ao princpio da inviolabilidade do domi-

    clio so: a) durante o dia, por determinao judicial, alm da ocorrncia das hipteses previstas para a penetrao noite; b) durante a noite, no caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro.

    Liberdades constitucionaisLiberdades constitucionaisLiberdades constitucionaisLiberdades constitucionais Vrios so os sentidos de liberdade. A liberdade, em sentido geral, consiste no estado de no estar sob o

    controle de outrem, de no sofrer restries ou imposies, tendo aqui sentido negativo. Mas significa tambm a faculdade ou o poder que a pessoa tem de adotar a conduta que bem lhe parecer, sem que deva obe-dincia a outrem. Jos Afonso da Silva diz que a liberdade consiste na possibilidade de coordenao consciente dos meios necessrios realiza-o da felicidade pessoal. J Ylves Jos de Miranda Guimares entende que a liberdade, conceitualmente, a fora eletiva dos meios, guardada a ordem dos fins. E Harold Laski entende por liberdade a ausncia de coao sobre a existncia daquelas condies sociais que, na civilizao moderna, so as garantias necessrias da felicidade individual.

    A liberdade, assim, inerente pessoa humana, condio da indivi-

    dualidade do homem. A Constituio estabelece vrias formas de liberdade, que passaremos

    a examinar. Liberdade de ao:Liberdade de ao:Liberdade de ao:Liberdade de ao: o ponto de contato entre a liberdade e a legalida-

    de - ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei (art. 5, II), base do Estado de Direito: um governo mais

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    Direito Constitucional A Opo Certa Para a Sua Realizao 6

    das leis do que dos homens. O sentido de lei aqui formal, ou seja, aquela espcie normativa elaborada pelo Congresso Nacional, segundo tramitao constitucional.

    Considere-se ainda que, embora o Executivo exera a funo legislati-

    va, ela efetivada em carter excepcional e exige a participao do Con-gresso Nacional em seu aperfeioamento, para que o ato legislativo se transforme em lei. Excluem-se, ento, a nosso juzo, do conceito de lei a que se refere o dispositivo constitucional, as medidas provisrias, pois que, embora tenham fora de lei (art. 62) desde a sua edio, no so leis, somente passando a s-lo aps o processo de converso que depende do voto da maioria absoluta dos membros das duas Casas do Congresso Nacional.

    De resto, vale ressaltar que a Constituio instituiu para determinadas

    matrias o princpio da reserva da lei, que coincide com a reserva de lei parlamentar, ou seja, matrias como criao de tributos, tipificao de crimes, restrio a direitos fundamentais, dentre outras, som ente podero ser disciplinadas em lei elaborada pelo Poder Legislativo, segundo tramita-o prpria.

    Liberdade de locomoo:Liberdade de locomoo:Liberdade de locomoo:Liberdade de locomoo: trata-se de liberdade da pessoa fsica, se-

    gundo a qual livre a locomoo no territrio nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens (art. 5, XV). O direito de ir, vir e ficar protegido pelo habeas corpus (art. 5 LXVIII). O direito de circulao no territrio nacional, em tempo de paz, livre, observando-se, no entanto, que, se a circulao envolver meios de transporte (bicicleta, automvel, motocicleta e outros), caber ao poder de polcia estabelecer o controle do trfego, sem que isso importe restrio ao direito. No caso de estrangeiros, a lei poder estabelecer limitaes para a entrada e sada do Pas com os seus bens, e, em tempo de guerra, poder esse direito sofrer mais limitaes, no exce-dentes, contudo, as previstas para o estado de stio.

    Liberdade de pensamento:Liberdade de pensamento:Liberdade de pensamento:Liberdade de pensamento: enquanto mera cogitao, o pensamento

    livre, em termos absolutos, pois no se pode penetrar no mundo interior. Jos Cretella Jr. diz que o ser humano pode pensar o que quiser (pensiero non paga gabella), no recebendo, por este ato, to-s, qualquer espcie de punio (nemo poenam cogitationis patitur). Alis, o pensamento, mau ou bom, que pode preocupar a religio, a qual recrimina o primeiro e exalta o segundo, estranho s cogitaes do mundo jurdico. No entanto, o prprio pensar tem sido objeto da ao administrativa, havendo regimes, em nossos dias, que preconizam e praticam a prpria mudana do pensa-mento, mediante a lavagem cerebral.

    Liberdade de conscincia ou de crena:Liberdade de conscincia ou de crena:Liberdade de conscincia ou de crena:Liberdade de conscincia ou de crena: assegurada pela Constitui-

    o (art. 5 VI, parte inicial) A liberdade de conscincia a liberdade do foro ntimo, em questo no religiosa. A liberdade de crena tambm a liberdade do foro ntimo, mas voltada para a religio. A Constituio decla-ra ainda que ningum ser privado de direitos por motivo de crena religio-sa ou de convico filosfica ou poltica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigao legal a todos imposta e recusar prestao alternativa, fixada em lei (inciso VIII). Esse dispositivo se refere escusa ou objeo de conscincia, nomeadamente em se tratando de servio militar (art. 143, 1), em que poder ser invocada, em tempo de paz, a fim de que o indiv-duo seja excludo de atividades essencialmente militares, sujeitando-se, contudo, a outros encargos que a lei estabelecer, em carter de substitui-o.

    Liberdade de manifestao do pensLiberdade de manifestao do pensLiberdade de manifestao do pensLiberdade de manifestao do pensamento:amento:amento:amento: o homem no se contenta

    com o pensamento interiorizado. Projeta o seu pensamento atravs da palavra ou oral ou escrita, ou outros smbolos que sirvam de veculo exteri-orizador do pensamento. A Constituio declara que livre a manifestao do pensamento, sendo vedado o anonimato (art. 5,IV), notando-se que a vedao do anonimato para que se possa tornar efetivo o direito de resposta, proporcional ao agravo, com indenizao por dano material ou moral imagem (art. 5, V).

    A Constituio, para garantir a livre manifestao do pensamento, de-

    clara que e inviolvel o sigilo de correspondncia e das comunicaes telegrficas, de dados e das comunicaes telefnicas, salvo, no ltimo caso, por ordem judicial, nas hipteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigao criminal ou instruo processual penal (art. 5,

    XII). Note-se que o sigilo das comunicaes poder ser suspenso na vign-cia de estado de defesa e estado de stio (art. 136, 1, I, b e c, e art. 139, III).

    H nesse ponto que examinar as noes de interceptao telefnica e

    gravao clandestina. A interceptao telefnica consiste na captao e gravao de conver-

    sa telefnica, no mesmo momento em que ela se realiza, por terceira pessoa sem o conhecimento de qualquer dos interlocutores.

    A gravao clandestina aquela em que a captao e gravao da

    conversa pessoal, ambiental ou telefnica se d no momento em que a mesma se realiza, sendo feita por um dos interlocutores, ou por terceira pessoa com seu consentimento, sem que haja conhecimento dos demais interlocutores (Alexandre de Moraes).

    A distino entre as duas modalidades de quebra do sigilo de conversa

    telefnica est em que, enquanto na interceptao telefnica nenhum dos interlocutores tem cincia da gravao, na segunda um deles tem pleno conhecimento de que a gravao se realiza.

    Note-se que a Constituio Federal prev exceo apenas relativamen-

    te interceptao telefnica ( art. 5, XII), desde que presentes os seguin-tes requisitos: a) ordem judicial ; b) para fins de investigao criminal ou instruo processual penal; c) nas hipteses e na forma que a Lei estabele-cer. A matria se acha regulada pela Lei n. 9.296, de 24 de julho de 1996. Anote-se que a adoo da escuta telefnica permitida apenas, como se viu, no mbito penal, para o exerccio da investigao penal ou com vistas instruo criminal. Assim, em princpio, seria incabvel postular a escuta para outras finalidades, sendo, pois, impertinente sua utilizao no proces-so civil, pois seria uma prova ilcita vedada pelo inciso LVI do art. 5 da Constituio. A propsito, o Supremo Tribunal Federal, em caso lder, no admitiu prova de adultrio obtida por gravao clandestina em fita magnti-ca, em ao de antigo desquite (RTJ 84/609). Em outro julgamento, e reforando esse entendimento, deixou consignado, em voto do Ministro Celso de Mello, que:

    A gravao de conversao com terceiros, feita atravs de fita magn-

    tica, sem o conhecimento de um dos sujeitos da relao dialgica, no pode ser contra este utilizada pelo Estado em juzo, uma vez que esse procedimento precisamente por realizar-se de modo sub-reptcio, envolve quebra evidente de privacidade, sendo, em consequncia, nula a eficcia jurdica da prova coligida por esse meio. O fato de um dos interlocutores desconhecer a circunstncia de que a conversao que mantm com outrem est sendo objeto de gravao atua, em juzo, como causa obstati-va desse meio de prova. O reconhecimento constitucional do direito privacidade ( CF, art. 5, X) desautoriza o valor probante do contedo de fita magntica que registra, de forma clandestina, o dilogo mantido com algum que venha a sofrer a persecuo penal do Estado. A gravao de dilogos privados, quando executada com total desconhecimento de um de seus partcipes, apresenta-se eivada de absoluta desvalia, especialmente quando o rgo da acusao penal postula, com base nela, a prolao de um decreto condenatrio (Ao Penal 307- DF).

    Realmente, no se deve desconhecer que as gravaes telefnicas a-

    presentam possibilidades de manipulao, atravs de sofisticados meios eletrnicos e computadorizados, em que se pode suprimir trechos da gra-vao, efetuar montagens com textos diversos, alterar o sentido de deter-minadas conversas, realizar montagens e frases com a utilizao de pa-dres vocais de determinadas pessoas, o que leva imprestabilidade de tais provas.

    Advirta-se, no entanto, que a rigidez da vedao das provas ilcitas

    vem sendo abrandada, mas em casos de excepcional gravidade, pela aplicao do princpio da proporcionalidade, caso em que as provas ilcitas, verificada a excepcionalidade do caso, podero ser utilizadas. Para tanto necessrio, contudo, que o direito tutelado seja mais importante que o direito intimidade, segredo e privacidade.

    Enfim, a regra geral a da inadmissibilidade das provas ilcitas, que s

    excepcionalmente poderiam ser aceitas em juzo, restrita ainda ao mbito penal, pois a razo nuclear das normas que imponham restries de direi-

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    Direito Constitucional A Opo Certa Para a Sua Realizao 7

    tos fundamentais no outra seno a de assegurar a previsibilidade das consequncias derivadas da conduta dos indivduos. Toda interveno na liberdade tem de ser previsvel, alm de clara e precisa.

    Anote-se que a censura foi proscrita da Constituio, mencionando o

    inciso IX, do art. 5, que livre a manifestao da atividade intelectual, artstica, cientfica e de comunicao, independentemente de censura ou licena, e o art. 220, 2, que vedada toda e qualquer censura de natureza poltica, ideolgica e artstica. Acentue-se, contudo, que a Consti-tuio institui como princpios orientadores da produo e programao das emissoras de rdio e televiso, dentre outros, os seguintes (art. 221, I e IV): I preferncia a finalidades educativas, artsticas, culturais e informativas; II - promoo da cultura nacional e regional e estimulo produo inde-pendente que objetive sua divulgao; III - regionalizao da produo cultural, artstica e jornalstica, conforme percentuais estabelecidos em lei; IV respeito aos valores ticos e sociais da pessoa e da famlia.

    Segundo o disposto 3 do art. 220 da Constituio, compete lei fe-

    deral estabelecer os meios legais que garantam pessoa e famlia a possibilidade de se defenderem de programas ou programaes de rdio e televiso que contrariem tais princpios, bem como da propaganda de produtos, prticas e servios que possam ser nocivos sade e ao meio ambiente.

    Compete, ainda, lei federal regular as diverses e espetculos pbli-

    cos, cabendo ao Poder Pblico informar sobre a natureza deles, as faixas etrias a que se recomendam, locais e horrios em que sua apresentao se mostre inadequada.

    O Estatuto da Criana e do Adolescente (Lei n. 8.069, de 13 de julho

    de 1990) dispe que nenhum espetculo ser apresentado ou anunciado em emissora de rdio ou televiso, sem aviso de sua classificao, antes de sua transmisso, apresentao ou exibio, constituindo infrao admi-nistrativa, sujeita a multa, o descumprimento desta obrigao. Em caso de reincidncia, a autoridade judiciria poder determinar a suspenso da programao da emissora por at dois dias (arts. 76, pargrafo nico, e 254, do Estatuto).

    Liberdade de informao jornalstica:Liberdade de informao jornalstica:Liberdade de informao jornalstica:Liberdade de informao jornalstica: est dito na Constituio que a

    manifestao do pensamento, a criao, a expresso e a informao, sob qualquer forma, processo ou veculo, no sofrero qualquer restrio, observado o disposto nesta Constituio (art. 220), sendo livre a expresso de comunicao (art. 5, IX). Assim, a liberdade de informao jornalstica, referida no 1 do art. 220, no se restringe liberdade de imprensa, pois alcana qualquer veculo de comunicao (rdio, cinema, televiso, dentre outros). Mas a liberdade de informao jornalstica se relaciona com o direito ao acesso informao (art. 5, XIV), ou seja, como direito individu-al, a Constituio assegura o direito de ser informado corretamente no s ao jornalista, mas ao telespectador ou ao leitor de jornal. O habeas data o instrumento que protege o acesso informao. O sigilo da fonte res-guardado, quando necessrio, ao exerccio profissional. A Constituio garante o direito de resposta proporcional ao agravo, bem como a indeniza-o pelo dano moral decorrente da violao da intimidade, vida privada, honra ou imagem da pessoa (art. 5, V e IX).

    Anote-se que a informao jornalstica se compe pela notcia e pela

    crtica. A notcia traduz a divulgao de um fato cujo conhecimento tenha importncia para o indivduo na sociedade em que vive, e a crtica denota uma opinio , um juzo de valor que recai sobre a notcia.

    Desse modo, o direito de informao jornalstica deve ser exercitado

    segundo esses requisitos, considerando-se ainda que o fato a ser noticiado seja importante para que o indivduo possa participar do mundo em que vive.

    O direito informao jornalstica, para que seja considerado preferen-

    cial aos demais direitos da personalidade, deve atender aos requisitos acima referidos, dizer, versar sobre fatos de real significado para o socie-dade e a opinio pblica. Versando sobre fatos sem importncia, normal-mente relacionados com a vida ntima das pessoas, desveste-se a notcia do carter de informao, atingindo, muitas vezes, a honra e a imagem do ser humano.

    A respeito do assunto, o Tribunal de Alada Criminal de So Paulo dei-xou consignado que:

    No cotejo entre o direito honra e o direito de informar, temos que es-te ltimo prepondera sobre o primeiro. Porm, para que isto ocorra, neces-srio verificar se a informao verdica e o informe ofensivo honra alheia inevitvel para a perfeita compreenso da mensagem.

    Nesse contexto, que onde se insere o problema proposto nossa so-

    luo, temos as seguintes regras: 1.) o direito informao mais forte do que o direito honra; 2.) para que o exerccio do direito informao, em detrimento da

    honra alheia, se manifeste legitimamente, necessrio o aten-dimento de dois pressupostos:

    a) a informao deve ser verdadeira; b) a informao deve ser inevitvel para passar a mensagem. Considere-se ainda que, como qualquer direito fundamental, a liberda-

    de de informao jornalstica contm limites, pelo que, mesmo verdadeira, no deve ser veiculada de forma insidiosa ou abusiva, trazendo contornos de escndalo, sob pena de ensejar reparao por dano moral (RT 743/381).

    LiberdadLiberdadLiberdadLiberdade religiosa:e religiosa:e religiosa:e religiosa: a liberdade religiosa deriva da liberdade de pen-

    samento. liberdade de crena e de culto e vem declarada no art. 5, VI: inviolvel a liberdade de conscincia e de crena, sendo assegurado o livre exerccio dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteo aos locais de culto e a suas liturgias. A liberdade de crena envolve a de no ter crena e a de aderir ou mudar de religio.

    A liberdade de culto a liberdade de exteriorizar a f religiosa, median-

    te atos e cerimnias, como procisses, adoraes, cantos sagrados, mis-sas, sacrifcios, dentre outros. Afirma Jos Cretella Jr. que, na verdade, no existe religio sem culto, porque as crenas no constituem por si mesmas uma religio. Se no existe culto ou ritual, correspondente crena, pode haver posio contemplativa, filosfica, jamais uma religio.

    A Constituio assegura, nos termos da lei, a prestao de assistncia

    religiosa nas entidades civis e militares de internao coletiva (art. 5, VII), mas no art. 19, I, veda ao Estado estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencion-los, embaraar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relaes de dependncia ou aliana, ressalvada, na forma da lei, a colaborao de interesse pblico. Assim, todos os cultos devero receber tratamento de igualdade pelo Poder Pblico, j que o Estado confessional existente no Imprio foi abolido com a Repblica.

    Liberdade de reunio:Liberdade de reunio:Liberdade de reunio:Liberdade de reunio: diz o art. 5 XVI, que todos podem reunir-se pa-

    cificamente, sem armas, em locais abertos ao pblico, independentemente de autorizao, desde que no frustrem outra reunio anteriormente convo-cada para o mesmo local, sendo apenas exigido prvio aviso autoridade competente. A reunio consiste no agrupamento voluntrio de diversas pessoas que, previamente convocadas, acorrem ao mesmo lugar, com objetivos comuns, ensina Jos Cretella Jr. E o gnero, do qual a aglomera-o constitui espcie, entendendo-se por aglomerao o ajuntamento de vrias pessoas sem pr-aviso, imprevisto, levadas pela curiosidade, pelo acontecimento fortuito.

    A reunio diferencia-se da associao, pois que esta tem base contra-

    tual e carter de continuidade e estabilidade. A reunio de pessoas desarmadas livre, somente sofrendo limitao

    caso a sua realizao impea outra reunio convocada para o mesmo local. Exige-se apenas prvia comunicao autoridade competente, no lhe cabendo, no entanto, indicar o local da reunio, que escolhido pelos seus participantes. Nada impede que a polcia tome providncias para o res-guardo da ordem pblica durante a reunio, sem, contudo, frustr-la, de-vendo, ao contrrio, garantir a sua realizao.

    Liberdade de associao: a associao consiste num direito individual

    de expresso coletiva, como j acentuamos. Sua base contratual, seu fim lcito, e o elemento psquico maior do que na liberdade de reunio (o objetivo comum ser realizado em tempo relativamente longo, implicando vnculos mais duradouros e contnuos).

    A Constituio trata das associaes no art. 5, XVII a XXI. A criao

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    Direito Constitucional A Opo Certa Para a Sua Realizao 8

    de associaes e, na forma da lei, de cooperativas independe de autoriza-o, vedando-se a interferncia do Estado em seu funcionamento. A disso-luo ou a suspenso das atividades das associaes s se dar mediante deciso judicial, exigindo-se, no primeiro caso, trnsito em julgado. Diz ainda a Constituio que ningum ser compelido a associar-se ou a permanecer associado, reproduzindo-se a regra no art. 8, V, relativamente aos sindicatos. Permite o texto constitucional (art. 5, XXI) que as associa-es, quando expressamente autorizadas, tm legitimidade para represen-tar seus filiados, judicial ou extrajudicialmente.

    Liberdade de exerccio profissional:Liberdade de exerccio profissional:Liberdade de exerccio profissional:Liberdade de exerccio profissional: dispe o art. 5, XIII, que livre o

    exerccio de qualquer trabalho, oficio ou profisso, atendidas as qualifica-es profissionais que a lei estabelecer. Trata-se do direito de livre escolha da profisso. A liberdade de ao profissional, reconhecida pela Constitui-o, exclui o privilgio de profisso, de que eram exemplos ilustrativos as corporaes de ofcio. Mas a liberdade de trabalho est condicionada s qualificaes profissionais previstas em lei federal (cabe Unio legislar sobre condies para o exerccio de profisses art. 22, XVI, parte final), entendendo-se por qualificaes profissionais o conjunto de conhecimentos necessrios e suficientes para a prtica de alguma profisso.

    Liberdade de ensino e aprendizagemLiberdade de ensino e aprendizagemLiberdade de ensino e aprendizagemLiberdade de ensino e aprendizagem: embora se caracterize como

    manifestao do pensamento, a Constituio destaca a liberdade de apren-der, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber, segundo os princpios do pluralismo de ideias e de concepes pedaggicas e coexistncia de instituies pblicas e privadas de ensino (art. 206, II e III). Refere-se a Constituio no s liberdade de ensinar, mas tambm liberdade de aprender e de pesquisar. Assim, se por um lado o professor dispe de autonomia sobre o que ensinar, limitada, certo, pelo contedo programtico da disciplina, por outro lado o aluno tem o direito de reclamar um trabalho srio de seus mestres.

    Direito de igualdadeDireito de igualdadeDireito de igualdadeDireito de igualdade A Constituio abre o Ttulo da Declarao de Direitos afirmando, no

    caput do art. 5 que todos so iguais perante a lei, sem distino de qual-quer natureza, dispondo ainda o seu inciso I que homens e mulheres so iguais em direitos e obrigaes, nos termos desta Constituio. A igualda-de figura tambm no art. 3, IV, da Constituio, como objetivo fundamental do Estado brasileiro.

    Ao cuidar dos direitos sociais, a Constituio insere o princpio da i-

    gualdade nos incisos XXX e XXXI, do art. 7, ao proibir: diferena de salrios, de exerccios de funes e de critrio de admis-

    so por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; qualquer discriminao no tocante a salrio e critrios de admisso do

    trabalhador portador de deficincia, notando-se que a vedao da letra a se estende aos servidores pblicos civis (art. 39, 2).

    O princpio da igualdade o que mais tem desafiado a inteligncia

    humana e dividido os homens, afirma Paulino Jacques. De fato, a igualda-de formal, entendida como igualdade de oportunidades e igualdade perante a lei, tem sido insuficiente para que se efetive a igualdade material, isto , a igualdade de todos os homens perante os bens da vida, to enfatizada nas chamadas democracias populares, e que, nas Constituies democrticas liberais, vem traduzida em normas de carter programtico, como o caso da Constituio brasileira.

    No exame do princpio da igualdade, deve-se levar em conta, ainda,

    que, embora sejam iguais em dignidade, os homens so profundamente desiguais em capacidade, circunstncia que, ao lado de outros fatores, como compleio fsica e estrutura psicolgica, dificulta a efetivao do princpio.

    Da ser incorreto o enunciado do art. 5 de que todos so iguais sem

    distino de qualquer natureza, pois prever simetria onde h desproporo visvel no garantir igualdade real, mas consagrar desigualdade palpitante e condenvel.

    Igualdade, desde Aristteles, significa tratar igualmente os iguais e de-

    sigualmente os desiguais, na medida em que se desigualam. A questo, no entanto, saber quem so os iguais e quem so os de-

    siguais. Para isso, importa conhecer os fatores de desigualao, j que,

    como se verificou, as coisas, os seres e as situaes, se apresentam pontos comuns, revelam diferenas em alguns aspectos ou circunstncias.

    Como ento identificar as desigualaes sem que haja o comprometi-

    mento do princpio da igualdade sob, naturalmente, um ponto de vista normativo?

    Em notvel monografia acerca do tema, Celso Antnio Bandeira de

    Mello acentuou: Para que um discrmen legal seja conveniente com a isonomia, im-

    pende que concorram quatro elementos: que a desequiparao no atinja, de modo atual e absoluto, um s in-

    divduo; que as situaes ou pessoas desequiparadas pela regra de direito se-

    jam efetivamente distintas entre si, vale dizer, possuam caracters-ticas, traos, nelas residentes, diferenados;

    que exista, em abstrato, uma correlao lgica entre os fatores diferen-ciais existentes e a distino de regime jurdico em funo deles, estabelecida pela norma jurdica;

    que, in concreto, o vnculo de correlao supra-referido seja pertinente em funo dos interesses constitucionalmente protegidos, isto , resulta em diferenciao de tratamento jurdico fundada em razo valiosa - ao lume do texto constitucional - para o bem pblico.

    Pondere-se ainda que a ideia de igualdade se relaciona com a da pr-

    pria justia, quando se trata de exigir de cada um aquilo que sua capacida-de e possibilidade permitirem, e conceder algo a cada um, de acordo com os seus mritos (justia distributiva).

    Anote-se que a igualdade perante a lei, declarada em nossa Constitui-

    o (art. 5, I), significa uma limitao ao legislador e uma regra de interpre-tao. Esclarece

    Manoel Gonalves Ferreira Filho que, como limitao ao legislador, probe-o de editar regras que estabeleam privilgios, especialmente em razo da classe ou posio social, da raa, da religio, da fortuna ou do sexo do indivduo. E tambm um princpio de interpretao. O juiz dever dar sempre lei o entendimento que no crie privilgios de espcie alguma. E, como juiz, assim dever proceder todo aquele que tiver de aplicar uma lei.

    O princpio da igualdade, como se v, no absoluto, como nenhum

    direito o . De incio, a Constituio, embora estabelea no art. 5, caput, que o di-

    reito igualdade tem como destinatrios brasileiros e estrangeiros residen-tes no Pas, ressalva, no 2 do art. 12, algumas diferenciaes. Assim, por exemplo, no obstante vede a extradio de brasileiro, o texto constitu-cional a admite para o brasileiro naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalizao, ou de comprovado envolvimento em trfico ilcito de entorpecentes e drogas, na forma da lei (art. 5, LI), tornan-do ainda privativa de brasileiro nato ou naturalizado h mais de dez anos a propriedade de empresa jornalstica e de radiofuso sonora e de sons e imagens, aos quais caber a responsabilidade por sua administrao e orientao intelectual (art. 222).

    Tambm no tocante proibio de critrio de admisso por motivo de

    idade, quanto ao servio pblico, assinala Celso Antnio Bandeira de Mello que tal requisito como regra no pode ser exigido. Isto porque haver hipteses nas quais do fator idade pode resultar uma especfica incompati-bilidade com algum determinado cargo ou emprego, cujo satisfatrio de-sempenho demande grande esforo fsico ou acarrete desgaste excessivo, inadequados ou impossveis a partir de certa fase da vida. No se tratar, pois, de uma pretendida limitao indiscriminada e inespecfica inadmitida pelo texto constitucional -, mas, pelo contrrio, da inadequao fsica para o satisfatrio desempenho de certas funes como consequncia natural da idade.

    O Supremo Tribunal Federal, depois de reconhecer a vedao consti-

    tucional de diferena de critrio de admisso por motivo de idade como corolrio do princpio fundamental de igualdade na esfera das relaes de trabalho, estendendo-se a todo o sistema do pessoal civil, ressaltou que pondervel, no obstante, a ressalva das hipteses em que a limitao de idade se possa legitimar como imposio da natureza e das atribuies do

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    Direito Constitucional A Opo Certa Para a Sua Realizao 9

    cargo a preencher. Assinale-se ainda que a Emenda Constitucional n. 19/98, ao dar nova

    redao ao inciso II do art. 37, reforou esta tese, ao prever que a investi-dura em cargo ou emprego pblico depende de aprovao prvia em concurso pblico de provas ou de provas e ttulos, de acordo com a nature-za e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei.

    A prpria Constituio prev ainda idade mnima de trinta e cinco e

    mxima de sessenta e cinco anos para os cargos, por nomeao do Presi-dente da Repblica, de Ministro do Supremo Tribunal (art. 101); do Superior Tribunal de Justia (art. 104, pargrafo nico); do Tribunal Superior do Trabalho (art. 111, 1); de Juiz dos Tribunais Regionais Federais (art. 107); e idade mnima de 35 anos para o cargo de Ministro civil do Superior Tribunal Militar (art. 123, pargrafo nico).

    H entendimento no sentido de que a idade mnima e mxima (respei-

    tado nesta ltima o limite de sessenta e cinco anos), para o ingresso na magistratura de carreira, poder ser fixada em lei (Estatuto da Magistratu-ra), o mesmo ocorrendo quanto aos cargos iniciais da carreira do Ministrio Pblico, cujo limite de idade ser estabelecido em lei. Tal entendimento tem como fundamento o fato de que os magistrados e os membros do Ministrio Pblico tm regime funcional prprio, no se submetendo ao disposto no art. 39.

    Direito de propriedade Direito de propriedade Direito de propriedade Direito de propriedade FundamentosFundamentosFundamentosFundamentos A propriedade, objeto imediato dos direitos fundamentais (art. 5, ca-

    put), garantida pelo inciso XXII e constitui princpio da ordem econmica (art. 170, II).

    O direito de propriedade abrangente de todo o patrimnio, isto , os

    direitos reais, pessoais e a propriedade literria, a artstica, a de invenes e descoberta. A conceituao de patrimnio inclui o conjunto de direitos e obrigaes economicamente apreciveis, atingindo, consequentemente, as coisas, crditos e os dbitos, todas as relaes jurdicas de contedo econmico das quais participe a pessoa, ativa ou passivamente, ensina Ylves Jos de Miranda Guimares.

    Para o Direito Natural, a propriedade antecede ao Estado e prpria

    sociedade, e no poder ser abolida, mas seu uso poder ser regulado em funo do bem comum.

    Funo social da propriedadeFuno social da propriedadeFuno social da propriedadeFuno social da propriedade Concebida como direito fundamental, a propriedade no , contudo, um

    direito absoluto, estando ultrapassada a afirmao constante da Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado, de 1789, considerando-a sagrada.

    Ao dispor que a propriedade atender a sua funo social, o art. 5,

    XXIII, da Constituio a desvincula da concepo individualista do sculo XVIII. A propriedade, sem deixar de ser privada, se socializou, com isso significando que deve oferecer coletividade uma maior utilidade, dentro da concepo de que o social orienta o individual.

    A funo social da propriedade, que corresponde a uma concepo ati-

    va e comissiva do uso da propriedade, faz com que o titular do direito seja obrigado a fazer, a valer-se de seus poderes e faculdades, no sentido do bem comum.

    Mencione-se, ainda, que a funo social da propriedade vai alm das

    limitaes que lhe so impostas em benefcio de vizinhos, previstas no Cdigo Civil, pois que elas visam ao benefcio da comunidade, do bem comum, do interesse social.

    A funo social da propriedade urbana vem qualificada pela prpria

    Constituio, ao estabelecer, no 2 do art. 182, que a propriedade urbana cumpre sua funo social quando atende s exigncias fundamentais de ordenao da cidade, expressas no plano diretor.

    Observe-se que o plano diretor, obrigatrio para cidades com mais de

    20 mil habitantes, o instrumento bsico da poltica de desenvolvimento de expanso urbana e ser estabelecido em lei municipal (art. 182, 1 e 2). O Poder Pblico municipal, mediante lei especfica para rea includa no plano diretor, poder exigir, nos termos da lei federal, do proprietrio do

    solo urbano no edificado, subutilizado ou no utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:

    I - parcelamento ou edificao compulsrios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progres-

    sivo no tempo; III - desapropriao com pagamento mediante ttulos da dvida de

    emisso previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de at dez anos, em parcelas anuais, iguais e suces-sivas, assegurados o valor real da indenizao e os juros legais (art. 182, 4, I a III). O Prof. Raul Machado Horta, depois de di-zer que os captulos da Poltica Urbana, da Poltica Agrcola, Fundiria e da Reforma Agrria esto igualmente impregnados de normas ambguas e elsticas, sob a aparncia de razoabili-dade, mas que podero conduzir a resultado extremos, na medi-da em que o legislador preferir explorar contedo dilatador da norma constitucional federal autorizativa, adverte para o fato de que a lei municipal, sob a invocao do princpio da funo soci-al da propriedade, poder sujeitar o proprietrio urbano a retalia-es locais, muitas vezes inspiradas no facciosismo poltico.

    A funo social da propriedade rural vem qualificada no art. 186 da

    Constituio, ou seja, cumprida quando atende, simultaneamente, segun-do critrios e graus de exigncia estabelecidos em lei, aos seguintes requi-sitos:

    I - aproveitamento racional e adequado; II - utilizao adequada dos recursos naturais disponveis e preser-

    vao do meio ambiente; III - observncia das disposies que regulam as relaes de traba-

    lho; IV - explorao que favorea o bem-estar dos proprietrios e dos

    trabalhadores. DesapropriaoDesapropriaoDesapropriaoDesapropriao Os bens do proprietrio podero ser transferidos para o Estado ou para

    terceiros, sempre que haja necessidade ou utilidade pblicas, ou interesse social, mediante prvia e justa indenizao em dinheiro, ressalvadas as hipteses constitucionais em que a indenizao se far mediante ttulos da dvida pblica (art. 182, 4, III -desapropriao como sano ao propriet-rio de imvel urbano no edificado, subutilizado ou no utilizado), e ttulos da dvida agrria (arts. 184 e 186 - desapropriao, pela Unio, por interes-se social para fins de reforma agrria, do imvel rural que no esteja cum-prindo sua funo social).

    H necessidade pblica sempre que a expropriao de determinado bem indispensvel para atividade essencial do Estado. H utilidade pblica quando determinado bem, ainda que no seja imprescindvel ou insubstituvel, conveniente para o desempenho da atividade estatal. Entende-se existir interesse social toda vez que a expropriao de um bem for conveniente para a paz, o progresso social ou para o desenvolvimento da sociedade.

    A Constituio prev, no art. 5, XXV, que, no caso de iminente perigo

    pblico, a autoridade competente poder usar de propriedade particular, assegurada ao proprietrio indenizao ulterior,