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Transcript
  • Silncio!

    Era o que ela me dizia sem falar uma palavra.

    Numas trs ou quatro vezes, foi multido. Coro de ecos e suspiros

    Numas outras vezes, foi silncio

    De repente um esbarrar de ombros!

    Abaixei-me.

    Silenciosamente desviei de cachos, saias e bocas

    Alguns olhos me fitavam com vontade de abduo

    Vontade, corpo nu, choro

    De novo desviei

    Corro na multido fugindo de grandes olhos

    Olhos de fome

    Que dizem tudo

    Que gritam cavernas de corpos entrelaados

    Que me arrastam

    No consigo mais abaixar

    Cegando

    Cegando

    ...

    Escadas negras que levam a portas de madeira velha me convidam ao banquete dos

    corpos

    Na porta de sada teus olhos caavam minha sombra fraca

    Projetando um mostro na parede

    Procurei minhas asas brancas

    Perdidas na guerra dos braos

    Agoniado senti rasgar minhas costas algo no humano, escamoso e fedido

    Desesperado corria

    E os mesmos olhos se esbugalharam

    E um brao negro e macio me arrancou do cho

    Flutuei num mar de almas agoniadas

    Te vi de longe

    Nem grito nem splica

    S silncio