Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
P OL IMERIZ A Ç Ã O D O ES T IRE NO
Projeto FEUP 2013/2014
Mestrado Integrado em Engenharia Química
Supervisor: José Inácio Martins
Monitor: António Carvalho
Estudantes:
Márcia Santos
Mariana Gomes
Paulo Silva
Pedro Gomes
Sofia Delgado
Sofia Silva
Vítor Pereira
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 2/22
RESUMO
Este trabalho foi realizado no âmbito da unidade curricular Projeto FEUP, do curso de Engenharia
Química da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Com a polimerização do estireno como tema central, foi, inicialmente, abordado o estireno como
matéria-prima e ponto de partida para a polimerização.
De seguida, foram descritos os principais mecanismos de produção do poliestireno, sendo estes
enquadrados na indústria de acordo com as vantagens e desvantagens que acarretam.
Posteriormente, referiram-se os principais condicionantes da reação de polimerização, que
influenciam o rendimento e a velocidade.
Por fim, abordaram-se as principais aplicações dos diferentes tipos de poliestireno.
PALAVRAS-CHAVE
Estireno; polimerização; poliestireno.
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 3/22
ABSTRACT
This report was written under the subject of Projeto FEUP of the first year of Chemical
Engineering in Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
With styrene’s polymerization as central topic, it was initially addressed styrene as a raw material
and a starting point for polymerization.
Then, the main mechanisms for the production of polystyrene were described, which are fitted in
industry under the advantages and disadvantages they imply.
Subsequently it was referred the main determinants of the polymerization reaction, which
influence its efficiency and speed.
Finally we discussed the main applications of different kinds of polystyrene.
KEY WORDS
Styrene; polymerization; polystyrene.
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 4/22
AGRADECIMENTOS
O grupo aproveita para agradecer a todos os que colaboraram na realização deste projeto,
nomeadamente e em especial ao professor José Inácio Martins e ao monitor António Carvalho, pelas
orientações e esclarecimentos prestados, bem como pelo tempo empregue para ajudar ao sucesso
do trabalho.
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 5/22
Índice
Introdução ............................................................................................................................................... 7
Processo de fabrico do poliestireno .............................................................................................. 8
Etapas de produção poliestireno em geral .................................................................................... 8
Mecanismos de Polimerização e processos .......................................................................................... 10
Reacções de polimerização .......................................................................................................... 10
Exemplos das reações de polimerização ............................................................................. 10
Polimerização por Adição ........................................................................................................ 10
Polimerização em solução via radicais livres ....................................................................... 10
Iniciação: .......................................................................................................................... 11
Propagação ...................................................................................................................... 12
Terminação ...................................................................................................................... 12
Polimerização por Condensação .............................................................................................. 13
Efeitos sobre a saúde ............................................................................................................... 15
Cinética ................................................................................................................................................. 16
Polimerização do Estireno ........................................................................................................... 16
Aplicações ............................................................................................................................................. 17
Versatilidade ................................................................................................................................ 18
Mercado Mundial.................................................................................................................................. 18
Conclusão .............................................................................................................................................. 21
Referências bibliográficas ..................................................................................................................... 22
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 6/22
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Exemplo “ Pellets” de poliestireno cristal. Forma esférica e cristalina.................................... 9
Figura 2: Fluxograma de fabricação do poliestireno (Neste caso, poliestireno cristal) .......................... 9
Figura 3: Esquema da fase de Iniciação ................................................................................................ 11
Figura 4: Formação dos radicais a partir do monómero de estireno ................................................... 11
Figura 5: Clivagem homolítica do peróxido de benzoíla formando dois radicais derivados de ácido
benzóico ................................................................................................................................................ 11
Figura 6: Esquema da fase de Crescimento .......................................................................................... 12
Figura 7: Uma das reações que ocorre durante a propagação na polimerização de poliestireno ....... 12
Figura 8: Esquema da combinação de dois macro radicais .................................................................. 12
Figura 9: Esquema da dismutação por transferência de um átomo de hidrogénio ............................. 12
Figura 10: Esquema da combinação de um macro radical com um centro ativo ................................. 13
Figura 11: Formação de um dímero a partir de dois monómeros ........................................................ 13
Figura 12: Formação do trímero ABA ................................................................................................... 14
Figura 13: Formação do trímero BAB.................................................................................................... 14
Figura 14: Esquema da reação de formação de um poliéster por polimerização por condensação .... 14
Figura 15: Esquema de formação de um poliuretano por polimerização por condensação ................ 14
Figura 16: Comparação da capacidade instalada, procura e produção de poliestireno em toneladas
por ano, nos principais mercados mundiais. ........................................................................................ 19
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Principais características das reações de polimerização por adição e por condensação ..... 15
Tabela 2: Mecanismo cinético básico para a polimerização ................................................................. 16
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 7/22
INTRODUÇÃO
A descoberta do monómero de estireno deve-se a Newman que o isolou, em 1786, através da
destilação do “líquido âmbar”, uma resina sólida obtida a partir de uma família de árvores nativas do
extremo Oriente e Califórnia. Este líquido liberta um odor de baunilha e era usado em propriedades
medicinais e na perfumaria. Contém um ácido cinâmico, que é facilmente descarboxilado para a
obtenção do estireno. A primeira polimerização do estireno é creditada a E.Simon, em 1839. Foi
obtido um composto sólido proveniente da destilação com vapor a partir de uma resina gomosa,
denominado estirol.
Entretanto, foi somente com a descoberta da quebra de ligações do etil-benzeno em moléculas
mais simples e do desenvolvimento de inibidores de polimerização eficientes que o estireno e
posteriormente o poliestireno começaram a ser comercializados em escala industrial.
Devido à alta exotermicidade da reação de polimerização do estireno, o desenvolvimento de
inibidores de polimerização foi necessário para evitar perdas durante a destilação do estireno a
partir do etil-benzeno e permitir a reserva do estireno de forma segura, evitando a formação de
polímero. A partir do desenvolvimento de inibidores eficazes, tornou-se fácil a polimerização do
estireno e consequente comercialização simples e rápida do poliestireno.
Os produtos de poliestireno fazem parte da sociedade atual, e são aplicados nos mais variados
segmentos como nos eletrodomésticos, bens de consumo, descartáveis, informática e construção
civil, entre outros, como será abordado ao longo do trabalho.
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 8/22
PROCESSO DE FABRICO DO POLIESTIRENO
O monómero para a produção do poliestireno é o estireno, que quimicamente é um
hidrocarboneto aromático insaturado de fórmula C6H5C2H3. É também chamado de
fenilacetileno ou vinilbenzeno. O estireno é um líquido, com ponto de ebulição 145°C e ponto de
solidificação -30,6°C. Quando puro é incolor, apresenta um odor agradável e adocicado. Pode ser
obtido industrialmente a partir de vários processos, no entanto o mais utilizado consiste na
desidrogenação do etil-benzeno.
O etil-benzeno é obtido a partir da alquilação do benzeno por reação com o etileno, na presença
de um catalisador, como por exemplo: cloreto de alumínio (AlCl3). A desidrogenação do etil-benzeno
é provocada pela ação do calor, na presença de óxidos metálicos, tais como o óxido de zinco, cálcio,
magnésio, ferro ou cobre.
A temperatura do sistema deve ser entre 600 °C e 800 °C. A reação é endotérmica e a pressão é
reduzida.
O grau de pureza do estireno utilizado no processo de polimerização dever ter um grau de pureza
superior 99,6%, uma vez que os contaminantes que provêm do seu processo de produção (etil-
benzeno e xilenos) afetam o peso molecular do poliestireno.
ETAPAS DE PRODUÇÃO POLIESTIRENO EM GERAL
Torre de alumínio: Objetivo de reter as impurezas provenientes da produção do estireno e
principalmente reter o anti polimerizador adicionado durante a fabricação do estireno (de forma a
evitar o amarelecimento no polímero).
Reatores em série: O monómero juntamente com os aditivos e o iniciador passam para os
reatores. Dá-se a iniciação mais rápida da reação, sendo os peróxidos, os iniciadores mais usados. Os
tipos de reatores e outros equipamentos variam de acordo com a tecnologia utilizada para a
fabricação da resina.
Desvolatilização: O objetivo é a separação do monômero não reagido e dos aditivos que não
foram incorporados na corrente principal contendo o polímero. É de salientar que, os equipamentos
envolvidos nesta etapa trabalham a uma pressão bastante reduzida e altas temperaturas com o
intuito de obter um polímero com elevado grau de pureza, visto que é uma especificação bastante
exigida pelos clientes, principalmente pelos produtores de embalagens alimentares.
Peletização/Granulação: A massa polimérica é transformada em” pellets”, que é a forma como o
polímero é entregue aos clientes.
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 9/22
O poliestireno é um material de polimerização simples e de fácil processabilidade, além disso,
é um termoplástico, tornando possível a sua reciclagem. Várias especificações são requeridas
durante a produção do poliestireno, dependendo da aplicação final desejada. As principais são:
Índice de Fluidez (IF);
Temperatura de amolecimento;
Transparência (no caso de ser cristal);
Resistência ao impacto, sendo essa qualidade, a principal.
As condições de processo são variadas e também dependem de:
Temperatura dos reatores;
Concentração de aditivos;
Temperatura dos equipamentos de separação;
Tipos de polibutadienos incorporados ao estireno (poliestireno de alto impacto).
As noções interiorizadas dos diferentes tipos de poliestireno serão esclarecidas no ponto
“Versatilidade” do relatório.
Figura 1: Exemplo “ Pellets” de poliestireno cristal.
Forma esférica e cristalina.
Figura 2: Fluxograma de fabricação do poliestireno (neste
caso, poliestireno cristal) .
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 10/22
MECANISMOS DE POLIMERIZAÇÃO E PROCESSOS
REACÇÕES DE POLIMERIZAÇÃO
As reações químicas que produzem polímeros a partir de monómeros designam-se por reações
de polimerização. Em geral, podem considerar-se dois mecanismos fundamentais de polimerização:
com crescimento em cadeia (adição) e com crescimento em etapas (condensação), no entanto,
existem outros mecanismos menos importantes, como a polimerização por coordenação, em que se
utilizam normalmente catalisadores metálicos.
EXEMPLOS DAS REAÇÕES DE POLIMERIZAÇÃO
Alguns termoplásticos, como o polietileno de baixa densidade e o poliestireno, são obtidos a
partir dos respetivos monómeros por processos de polimerização por radicais (adição); outros, como
os poliuretanos, são obtidos por polimerização por condensação; o nylon-6 por polimerização iónica
e ainda o polipropileno e polietileno de alta densidade por polimerização por coordenação. Outros
materiais poliméricos são, por exemplo, as resinas de poliéster, que se obtêm através de técnicas de
polimerização por condensação e por radicais.
POLIMERIZAÇÃO POR ADIÇÃO
Na polimerização por adição, as espécies responsáveis pelo crescimento das cadeias moleculares
são radicais, isto é, espécies moleculares com um eletrão desemparelhado. A esta espécie,
responsável pela iniciação da polimerização, atribui-se a designação de centro ativo e a ela se
adicionam, sucessivamente, novas moléculas de monómero para se formar o polímero. Daí advêm
as designações dadas a este tipo de polimerização: “polimerização por adição”, “polimerização
radicalar” ou “polimerização com crescimento em cadeia”.
(Ribeiro 1999)
POLIMERIZAÇÃO EM SOLUÇÃO VIA RADICAIS LIVRES
A polimerização radicalar é o método mais utilizado industrialmente, devido ao baixo custo, fácil
execução, compatibilidade com diversos monómeros e tolerância a impurezas e à água no meio
reacional. Este processo reativo é caracterizado pela existência de três etapas: iniciação, propagação
e terminação, todas com características, mecanismos e velocidades distintas.
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 11/22
INICIAÇÃO:
Para se formar espécies reativas, é necessário a utilização de um agente iniciador, que pode ser o
calor, radiações eletromagnéticas ou um agente químico. Nos dois primeiros casos, os radicais
formam-se através de cisão homolítica (quebra de duplas ligações). Deste tipo de iniciação obtém-se
um produto de elevado grau de pureza, o que é desejado industrialmente. No entanto, não
apresentam viabilidade, nomeadamente, devido às altas temperaturas exigidas. A iniciação química
é a que apresenta maior utilização a nível industrial. A partir de um iniciador que se dissocia em dois
radicais livres que se associam a um monómero (estireno).
No caso do poliestireno, um dos iniciadores utilizados é o peróxido de benzoíla. A sua
escolha depende da sua solubilidade e temperatura de decomposição. No caso de a polimerização
ser realizada num solvente orgânico (xileno), o iniciador deve ser solúvel no solvente e a sua
temperatura de decomposição deve ser igual ou menor ao ponto de ebulição do solvente. A sua
decomposição baseia-se na clivagem homolítica nas ligações O-O quando submetido a temperaturas
elevadas.
Figura 3: Esquema da fase de Iniciação,
em que I representa o Iniciador e R o Radical .
Figura 5: Clivagem homolítica do peróxido de benzoíla
formando dois radicais derivados de ácido benzoico.
Figura 4: Formação dos radicais a partir do monómero
de estireno.
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 12/22
Figura 8: Esquema da combinação de dois macro radicais.
PROPAGAÇÃO:
Durante esta fase, às espécies reativas resultantes da etapa anterior adiciona-se uma nova
molécula de monómero, dando origem a um novo centro reativo aumentando, desta forma, o
tamanho da cadeia. Repetindo-se este processo, caracterizado pelo crescimento do polímero, até à
terminação da reação.
TERMINAÇÃO:
A paragem do crescimento da molécula dá-se com a destruição do núcleo ativo. Esta desativação
pode ser feita de diversas maneiras como:
Combinação de dois macro radicais obtendo-se um polímero de maior massa molecular
relativa:
Dismutação (desproporcionamento) ocorre quando é transferido um átomo de
hidrogénio de uma cadeia para outra:
Figura 6: Esquema da fase de Crescimento, em que R*
representa o Radical; M o monómero; RM* e RMM*
Macro radicais em crescimento.
Figura 7: Uma das reações que ocorre durante a propagação na polimerização de poliestireno .
Figura 9: Esquema da dismutação por transferência de um átomo de hidrogénio .
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 13/22
Figura 10: Esquema da combinação de um macro radical
com um centro ativo.
Combinação de um macro radical com um centro ativo formado na iniciação:
Na síntese de polímeros através da polimerização radicalar, as reações podem produzir muito
calor, devido à sua alta entalpia. Deste modo, durante este processo costumam utilizar-se reatores
selados ou atmosferas inertes para a síntese de polímeros em grande escala. Alguns destes, durante
o processo, precisam de ser arrefecidos, porque o calor que libertam pode iniciar a degradação do
produto final da reação.
POLIMERIZAÇÃO POR CONDENSAÇÃO
A polimerização por condensação dá-se em reações onde o monómero se polimeriza por etapas
ou passo-a-passo com libertação de moléculas de baixa massa molecular relativa. Contudo, há
reações de polimerização por condensação em que não há libertação destas substâncias, como no
caso dos poliuretanos.
O mecanismo de polimerização por condensação (ou polimerização com crescimento em etapas
ou passo-a-passo) é processado através de reações que ocorrem entre os grupos funcionais das
espécies moleculares presentes no sistema reacional. De uma forma esquemática, poder-se-á
representar o mecanismo da seguinte forma:
Reação de dois monómeros A e B para formar o dímero (AB):
Figura 11: Formação de um dímero a partir
de dois monómeros.
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 14/22
Reação do dímero (AB) com o monómero A ou B para formar o trímero (ABA ou BAB):
Reação do n-mero com o m-mero para formar o (n+m)-mero.
A polimerização por condensação é bastante mais lenta que a de adição, visto que a primeira é
essencialmente uma reação entre grupos funcionais de moléculas. Desta reação resulta a formação
de um novo grupo funcional característico. Como exemplo, pode-se referir a formação de:
Poliésteres que envolvem a reação de grupos –OH com grupos –COOH:
Poliamidas que pode envolver a reação de grupos –NH2 com grupos –COCl;
Poliuretanos que envolve a reação de grupos –N=C=O com grupos –OH:
Figura 12: Formação do trímero ABA.
Figura 13: Formação do trímero BAB.
Figura 14: Esquema da reação de formação de um poliéster por
polimerização por condensação
Figura 15: Esquema de formação de um poliuretano por polimerização
por condensação.
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 15/22
Se os grupos funcionais se localizarem apenas nas extremidades das moléculas intervenientes,
formar-se-ão polímeros lineares. Se alguns dos grupos funcionais não estiverem localizados nas
extremidades, formar-se-ão polímeros ramificados ou mesmo reticulados, havendo ainda a
possibilidade da formação de estruturas cíclicas por reação intramolecular entre grupos funcionais.
Na Tabela 1 apresentam-se um resumo das principais características das reações de
polimerização por adição e por condensação.
EFEITOS SOBRE A SAÚDE
Efeitos sobre a saúde decorrentes da exposição ao estireno podem envolver o sistema nervoso
central e incluem queixas de dor de cabeça, fadiga, tonturas, confusão, sonolência, mal-estar,
dificuldade de concentração, e uma sensação de embriaguez.
Tabela 1: Principais características das reações de polimerização por adiçã o e
por condensação.
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 16/22
CINÉTICA
A Cinética é a área da Química que estuda a velocidade das reações. Assim, o seu objetivo é
compreender como determinar as taxas de reação e que fatores influenciam estas.
Deste modo, para alterar a velocidade das reações químicas é necessário analisar os fatores de
que depende a sua velocidade: Entre outros, a concentração dos reagentes, o estado físico dos
mesmos, a temperatura a que decorre a reação, e a presença de determinadas substâncias que se
designam por catalisadores e inibidores.
POLIMERIZAÇÃO DO ESTIRENO
Como vimos, a polimerização radicalar é o método mais utilizado industrialmente, daí ser aquele
que vamos analisar.
Na Tabela 2 apresentam-se as principais equações de reação da polimerização:
A etapa de iniciação é uma etapa muito importante no processo, pois é fundamental na
determinação do número de moléculas de polímeros que será formado e também no peso
molecular médio do polímero. Quanto maior a taxa de iniciação, maior a quantidade de radicais
livres presentes no meio reacional, implicando assim uma maior taxa de polimerização, visto que
poderá haver um maior número de radicais consumidos.
Na etapa de propagação, ocorre o crescimento da molécula de polímero. Este crescimento é
proporcional ao consumo de monómero e à produção de polímeros.
Por fim, na etapa de terminação, a constante global é dada pela soma das constantes de
terminação por combinação e dismutação (desproporcionamento). Temperaturas mais elevadas
Tabela 2: Mecanismo cinético básico para a polimerização .
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 17/22
contribuem para terminação por dismutação, pois facilita a libertação do átomo de hidrogénio de
uma molécula para a outra.
Deste modo, verificamos que as velocidades de reação dependem da concentração dos
reagentes, neste caso, radicais, monómeros e, posteriormente, macro radicais.
Isto, pois, quanto maior a concentração, maior o número de partículas no mesmo volume e,
assim, existe um aumento da frequência de colisões eficazes.
Aumentando a temperatura a que decorre a reação química, a velocidade aumenta. Tal
acontece, pois a agitação das partículas é maior, também contribuindo para o número de choques
eficazes.
Finalmente, uma outra maneira de alterar a velocidade de algumas reações químicas é através da
adição de pequenas quantidades de substâncias que não se consomem, nem se produzem no
decorrer das reações químicas. Este tipo de substâncias pode acelerar ou retardar as reações
químicas e designam-se, respetivamente, catalisadores e inibidores.
A presença de um catalisador provoca uma diminuição da energia necessária para o choque ser
eficaz. Deste modo, embora o número de choques seja o mesmo, aumenta o número de choques
eficazes, aumentando, por consequência, a velocidade da reação.
Assim, resta dizer que as taxas de reação dependem também das caraterísticas do iniciador e do
solvente utilizados.
APLICAÇÕES
O poliestireno reúne um conjunto de condições que lhe permitem ter uma grande área de
aplicação:
O facto de ter resistência ao impacto, dilatações e compressões;
Ter capacidade isolante de calor, som e humidade;
Grande estabilidade perante outros materiais, como cimento, gesso e até mesmo
alimentos;
Não se decompor e não absorver água.
Todas estas características fazem deste polímero um material de extrema importância na
sociedade moderna, uma vez que lhe permite ter uma grande área de aplicação, dependendo do
tipo de poliestireno em questão.
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 18/22
VERSATILIDADE
Existem quatros tipos de poliestireno e cada um tem o seu tipo de aplicação: o poliestireno de
alto impacto; o poliestireno cristalino ou comum; o polistireno resistente ao calor e, por último, o
poliestireno expandido. Embora todos eles apresentem algumas das principais características deste
polímero, cada tipo de poliestireno apresenta as suas próprias características que definem a sua
área de aplicação.
O poliestireno de alto impacto, tal como o nome indica, tem uma capacidade de aguentar com
impactos e por isso é usado para artigos técnicos, embalagens rígidas, como por exemplo, artigos de
computadores, impressoras, máquinas de ar condicionado e afins, artigos sanitários, etc.
O poliestireno cristalino é muito usado em artigos descartáveis como copos e talheres, em
brinquedos, na indústria farmacêutica, em tampas de garrafas e em artigos domésticos como
cabides, pentes, escovas de dentes, jarros, etc.
O poliestireno resistente ao calor é muito usado em embalagens de alimentos, etc., uma vez que
estes podem ser embalados ainda a quente e, como não reage com os alimentos, estes não ficam
com o seu sabor alterado nem emitem qualquer odor.
Por último, o poliestireno expandido, é um polímero que é submetido a um agente expansor que
lhe permite aumentar o seu tamanho. Este polímero apresenta uma grande capacidade isolante ao
calor e ao som e, por isso, é muito usado na construção para isolar as diferentes divisões de um
certo imóvel.
MERCADO MUNDIAL
Relativamente à distribuição do consumo de poliestireno, estudos indicam que há um
crescimento de aproximadamente 2% do consumo anual deste polímero. A área das embalagens e
dos artigos técnicos são as mais significativas e representam dois terços do consumo total de
poliestireno. Na Europa Ocidental e nos EUA, cerca de 50% do poliestireno é consumido em
embalagens. Por outro lado, artigos técnicos feitos com este polímero representam cerca de 20-25%
do mercado destas zonas do mundo. Na Ásia, apenas 25% deste material é usado em embalagens,
enquanto 50% é usado em artigos técnicos. Esta parte do mundo é responsável pelo consumo de
aproximadamente de 40% enquanto a região do NAFTA e a União Europeia consomem cerca de 25%
do seu consumo total.
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 19/22
Atualmente, o mercado do estireno está maioritariamente voltado para a fabricação de
poliestireno (PS), sendo cerca de 60%, seguidamente do ABS e de borrachas sintéticas. O PS é assim
o quinto termoplástico mais consumido no mundo com 7,8% do consumo mundial de
termoplásticos. Apesar de o PS ser um material bastante versátil, com grandes variedades e
aplicações, enfrenta hoje a concorrência de diversos produtos, como o papel, o vidro, a madeira, e
os plásticos PP, PVC e ABS. Consequentemente, a sua produção enfrentou uma diminuição.7
Na América do Norte, houve uma projeção da diminuição da capacidade em mais de 272 mil
toneladas, de 2005 a 2010, sendo o excesso de capacidade de produção ainda um problema, apesar
das reduções.
Na Europa, outro mercado que cresce a taxas vegetativas, também teve a sua capacidade
instalada diminuída, sendo que houve uma redução de 345 mil toneladas, de 2005 para 2010.
Entretanto, a procura de poliestireno na Europa aumentou cerca de 6% no mesmo período, havendo
assim um aumento do nível operacional no continente passando de 81% para 90%.
Esta situação tem-se mostrado diferente na Ásia, sendo que o consumo do PS neste continente
cresce cerca de 8% ao ano, passando assim a liderar o consumo mundial. Entre 1996 e 2001, 56% do
acréscimo da procura mundial de poliestireno foi oriunda da região asiática.
Embora a América do Sul tenha tido um pequena participação nos últimos anos, a nível mundial,
essa região apresentou uma taxa de crescimento de 5,2% ao ano, no período de 1993 a 1998,
Figura 16: Comparação da capacidade instalada, procura e produção de
poliestireno em toneladas por ano, nos principais mercados mundiais.
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 20/22
continuando a crescer bastante, demonstrado pelo aumento da capacidade, que passou de 441 mil
toneladas para 861 mil em 10 anos.
Por fim, o mercado no Médio Oriente, apesar de ser o que apresenta menor capacidade
instalada, 556 mil toneladas atualmente, é um mercado que pode ser considerado bastante
promissor, sendo que aumentou 65% entre 2000 e 2005, mantendo-se constante desde então.
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 21/22
CONCLUSÃO
A partir dos dados obtidos com a realização do trabalho foi possível concluir que a polimerização
do estireno é um processo relativamente complexo que se revela essencial no panorama atual.
Mesmo que a maioria das pessoas não se aperceba, muitos do materiais com que contactamos no
dia-a-dia são fabricados a partir de polímeros de estireno, nomeadamente, embalagens, brinquedos
e produtos descartáveis.
Foram analisadas as várias formas de polimerização do estireno, detalhando-se as reações
químicas envolvidas no processo e a forma como a concentração dos reagentes, a temperatura e a
presença ou não de catalisadores afetam a velocidade das referidas reações.
A procura de polímeros de estireno aumentou em certas zonas do mundo o que,
consequentemente, provocou um desenvolvimento da sua produção nesses locais. No entanto, o
balanço a nível mundial é negativo devido principalmente á concorrência de outros materiais
utilizados para os mesmos fins.
Polimerização do Estireno - Projeto FEUP 22/22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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suspensão.", acedido em 02/10/2013. Brown, T.L., H.E. LeMay, B.E. Bursten, C. Murphy, and P. Woodward. 2012. Chemistry: The Central
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